icnf fitonotícias n.º8 - 4º trimestre de 2015
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Boletim informativo sobre fitossanidade florestalTRANSCRIPT
Destaques
NMP: obrigatoriedade de corte de pinheiros e ou-tras resinosas A eliminação de coníferas hospedeiras
do NMP, secas ou a secar, tombadas e
localizadas em áreas ardidas é obriga-
tória em todo o país, sendo prioritária
nas áreas com Editais publicados. O
incumprimento ou deficiente cumpri-
mento das ações referidas está sujeito
a coimas e sanções acessórias. Para
mais informações consulte o(s) Edital
(is) referente(s) ao(s) distrito(s) onde
se localizam as árvores das quais é
proprietário(a), usufrutuário(a),ou ren-
deiro(a).
Xylella fastidiosa: Circu-lação na UE de plantas hospedeiras.
O aparecimento de novos focos de
Xylella fastidiosa na UE originou uma
alteração da legislação comunitária,
destacando-se o estabelecimento de
uma lista de géneros e espécies hospe-
deiras identificadas como suscetiveis à
bactéria.
Alertam-se os fornecedores de MFR
para a obrigatoriedade dos géneros e
espécies indicadas nessa lista, seja qual
for a origem das plantas (produzidas
na UE ou importadas de país terceiro),
circularem com passaporte fitossani-
tário exceto se a sua aquisição não
tiver fins profissionais.
Gorgulho-do-eucalipto: Seminário Realiza-se dia 17 de março em Santa
Cruz da Trapa o seminário sobre o gor-
gulho-do-eucalipto, promovido pelo
ICNF, I.P., DGAV, INIAV, I.P., CELPA e
Câmara Municipal de S. Pedro do Sul.
n.º1
Editorial
Em foco
Phytophthora spp.: pragas de elevada nocividade
O género Phytophthora possui várias espécies com elevada nocividade e que
podem provocar danos e prejuízos acentuados em espécies florestais
(castanheiros, carvalhos, pinheiros, amieiros, nogueiras, faias, etc.), tendo sido
descritas, entre 2001 e 2012, mais 103 novas espécies de Phytophthora, em que
64% delas foram encontradas em viveiros florestais, florestas ou outros ecossis-
temas naturais. Este acréscimo deveu-se ao: i) aumento do comércio internaci-
onal de plantas em contentor, considerada a principal via de dispersão de Phy-
tophthora spp a longas distâncias; ii) desenvolvimento de novos meios de dete-
ção molecular e de identificação, e iii) aumento da prospeção de diferentes
espécies de Phytophthora.
Muitas destas espécies afetam essencialmente o sistema
radicular, causando a podridão do colo radicular em mais
de 90% dos problemas detetados em plantas lenhosas.
Outras espécies, como por exemplo P. ramorum, afetam
o tronco e a parte aérea. De um modo geral, os sintomas
manifestam-se na parte aérea, através de cloroses, trans-
parência da copa, folhas pequenas, murchidão dos re-
bentos e folhas, necroses nas folhas, escorrimentos ou
manchas escuras no tronco e morte súbita.
A dispersão dá-se através da água de rega, da chuva, do transporte de terra e de material vegetal infetado. Veículos transportando terra nos pneus ou pessoas que transportem terra aderente aos sapatos podem con-tribuir também para a sua disseminação. Solos com má drenagem, baixo teor de matéria orgânica ou pobres em nutrientes são algumas das condições favo-ráveis para o desenvolvimento destes agentes bióticos nocivos.
Em Portugal são conhecidos os efeitos nefastos de P. cinnamomi e P. cambivora
(responsáveis pela doença-da-tinta) no declínio que afeta castanheiros, sobrei-
ros e azinheiras. Contudo, é pouco conhecida a verdadeira dimensão da ameaça
colocada por outras espécies de Phytophthora em ecossistemas e viveiros flo-
restais. Para reverter esta situação e tendo em consideração as medidas de
proteção fitossanitária legalmente impostas dada a classificação de algumas
espécies como organismos de quarentena, nomeadamente P. ramorum, o ICNF,
I.P. tem, desde 2012, implementado ações de prospeção a nível nacional para
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Muitas das espécies do género Phytophthora são agentes bióticos nocivos que
podem provocar danos acentuados nas espécies vegetais suas hospedeiras,
tanto em viveiros como em árvores adultas. A nível mundial têm sido identifica-
dos problemas fitossanitários graves em diversas espécies florestais, decorren-
tes da ação de Phytophthora spp., tendo sido descritas, entre 2001 e 2012, cer-
ca de 103 novas espécies. Em Portugal são conhecidos os efeitos e a distribuição
de P. cinamomi em castanheiro, sobreiro e azinheira, existindo no entanto me-
nos informação sobre outras espécies de Phytophthora, nomeadamente P. ra-
morum, situação que se tem procurado reverter com o aumento das ações de
prospeção a nível nacional.
Saiba mais
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Decisão de Execução (UE) 2015/2417 da Comissão, de 17 de dezembro , altera a Decisão de Execução (UE) 2015/789 no
que se refere às medidas para impedir a introdução e a propagação na União de Xylella fastidiosa (Wells et al.)
Decreto-Lei n.º 254/2015, de 30 de dezembro, prevê um regime especial e transitório de formação do aplicador de pro-dutos fitofarmacêutico
Diplomas legais recentes
Phytophthora spp: recolha de amostras
Tendo em consideração que os sintomas associados a Phytophthora spp são comuns a diferentes pragas, a aplicação das medi-
das de prevenção e controlo mais adequadas na luta contra estes agentes bióticos nocivos depende da sua identificação, sen-
do para esse efeito necessário recorrer à recolha de amostras para posterior análise laboratorial. Os métodos de recolha de
amostras são diferentes consoante o tipo de material a ser testado, devendo existir sempre uma identificação do local onde
são recolhidas as amostras (fotografias e/ou coordenadas geográficas). Devem amostrar-se as árvores/plantas que apresen-
tem sintomas associados à presença de Phytophthora spp.
Material Vegetal
- Cancros no tronco: recolher a amostra na periferia do cancro, retirando a casca até se
observar a transição entre os tecidos sãos e os necrosados. Retirar da zona de transição
pedaços de floema e xilema. Colocar o material em água destilada (ou engarrafada) e
durante os 2 dias seguintes mudar a água 4 vezes por dia (de modo a reduzir o excesso
de polifenóis).
- Ramos: localizar no ramo a zona de transição entre os tecidos sãos e doentes. Cortar
um pedaço do ramo de modo a incluir a zona de transição, com cerca de 15 cm de com-
primento, e 7,5 cm de cada lado da zona de transição. Envolver os ramos em papel hu-
medecido e colocar em saco de plástico bem fechado.
- Folhas: recolher 4 a 6 folhas por planta (com diferentes graus de evolução dos sintomas, desde as lesões mais recentes às
mais antigas). Envolver as folhas em papel humedecido e colocar em saco de plástico bem fechado.
Saiba mais
esta praga, também conhecida como morte-súbita-dos-carvalhos, enquadradas nos programas de prospeção nacionais coor-
denados pela DGAV.
Em 2014, foi reforçada a recolha de informação sobre Phytophthora spp. com o estabelecimento de um protocolo entre o
ICNF, I.P. e a Universidade do Algarve (UAlg), para a realização de uma pesquisa a nível nacional de Phytophthora spp., tanto
em ecossistemas como em viveiros florestais, enquadrada com os objetivos do projeto RESIPATH – “Respostas das Florestas e
Sociedades Europeias a Espécies Invasoras Patogénicas”. Além de melhorar o conhecimento sobre a presença de Phytophtho-
ra spp. em Portugal, pretende-se divulgar informação sobre medidas de prevenção e controlo e elaborar um manual de boas
práticas fitossanitárias associado a estes agentes bióticos nocivos. De acordo com o último relatório (janeiro de 2016) elabo-
rado pela UAlg, foram recolhidas 452 amostras (386 de solo, 12 de casca e 54 armadilhas em linhas de água) tendo a presen-
ça de Phytophthora spp sido confirmada na maior parte dos locais amostrados. Encontra-se a decorrer a identificação dos
isolamentos no sentido de determinar as espécies de Phytophthora presentes nos diferentes locais: até agora já foram identi-
ficadas 30 espécies de Phytophthora (incluindo 8 espécies novas).
(Project - RESIPATH—Respostas das Florestas e Sociedades Europeias a Espé-cies Invasoras Patogénicas BIODIVERSA/0002/2012 Rela-tório de progresso janeiro 2016)
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Prevenção e controlo
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ATENÇÃO!
Todas as amostras devem ser
enviadas rapidamente para um laboratório oficialmente reconhe-cido.
Conservar as amostras em local fresco até ao seu envio para labo-ratório (material vegetal mantido a 10 – 15 ºC; amostras de solo mantidas abaixo de 20ºC).
Local N.º locais amostrados N.º isolamentos de Phytophthora spp
Floresta 62 717
Viveiros 13 177
Linhas de água 42 1056
Total 110 (7 são comuns a 2 categorias) 1950
Até final de março
Elimine da sua área florestal as
resinosas tombadas, ardidas,
afogueadas ou que apresentem a
copa seca ou a secar assim como
os sobrantes da exploração. Este
procedimento é obrigatório em
todo o país
Planeie as suas operações de
exploração florestal e comerciali-
zação de produtos e subprodutos
de resinosas atempadamente,
tendo em atenção as alterações à
circulação e armazenamento de
material lenhoso que têm lugar a
partir de abril.
Elimine, preferencialmente, as
árvores doentes, enfraquecidas
ou mortas durante a execução
das faixas de gestão de vegeta-
ção, à volta da sua edificação ou
de outras infraestruturas, para
prevenção dos incêndios flores-
tais legalmente prevista pelo De-
creto-Lei n.º 17/2009, de 14 de
janeiro.
Até final de maio
Para controlo da processionária-
do-pinheiro pode aplicar cintas
em volta dos troncos das árvores,
embebidas em cola à base de
poli-isolbutadieno e/ou proceder
à recolha manual e queima das
lagartas encontradas no solo
(cuidado com os pelos urtican-
tes). Pode ainda mobilizar o solo,
nos locais onde se suspeita ter
ocorrido o enterramento das la-
gartas, para destruição das pu-
pas.
Recomendações
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Investigação
Solo
O solo deverá ser recolhido junto do sistema radicular da árvore, a uma dis-tância de 30-150 cm da base do tronco e a uma profundidade de 10-30 cm. Reco-lher pelo menos 1 kg /2 L de solo. Colo-car em saco de plástico bem fechado.
Plantas de viveiro
Além de plantas que apresentem sinto-mas, poderão ser amostradas plantas as-sintomáticas que se apresentem com menor desenvolvimento quando compa-radas às plantas do mesmo lote. Pode-rão ser recolhidas amostras de material vegetal (da forma anteriormente descri-ta) e solo (conteúdo total do contentor).
Água
Poderá ser avaliado o estado fitossanitá-rio de águas superficiais (por exemplo, águas de rios ou ribeiros usados para regas). Devem colocar-se armadilhas flutu-antes com folhas jovens de diferentes espécies, durante 3 a 5 dias. As armadi-lhas devem ser envolvidas em papel humedecido e colocadas em saco de plásti-co bem fechado.
Pesquisa de Phytophthora spp.
RESIPATH – “Respostas das Florestas e Sociedades Europeias a Espécies Inva-
soras Patogénicas” (BIODIVERSA/0002/2012)
Este projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, conta com
a participação de 14 parceiros oriundos de dez países. A equipa portuguesa,
dirigida pelo Prof. Alfredo Cravador da UAlg, integra também o Dr. Thomas
Jung que lidera a linha europeia de trabalho 4 “Deteção e alerta precoce de
agentes patogénicos fúngicos e oomicetas”, a qual visa desenvolver uma pes-
quisa de Phytophthora spp., agentes responsáveis por alguns dos mais devas-
tadores problemas fitossanitários que afetam espécies lenhosas e ecossiste-
mas naturais, essencialmente disseminados e instalados por via da utilização
de materiais florestais de reprodução oriundos de viveiros infetados por estes
agentes bióticos nocivos. Este estudo contribuirá não só para aumentar os
conhecimentos em biologia e ecologia de Phytophthora spp., fornecendo indi-
cações sobre como e onde aplicar metodologias para o seu controlo, como
também para a conservação dos ecossistemas e para o aumento dos seus ren-
dimentos e sustentabilidade.
Objetivo: Estudar de que forma as florestas europeias são afetadas e como
respondem a agentes patogénicos invasores, bem como desenvolver meios
para mitigar o seu impacto.
Participação nacional: Universidade do Algarve - grupo de investigação do
Laboratório de Biotecnologia Molecular e Fitopatologia.
Situação: em execução até 31 de dezembro de 2016.
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Recolha de amostras de solo
Armadilha flutuante
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Ficha técnica
Coordenação Divisão de Fitossanidade Florestal e
Arvoredo Protegido
Conteúdo Dina Ribeiro, Helena Marques, José Rodrigues, Sofia Domingues, Suzel Marques e Telma Ferreira.
Design gráfico e criatividade Inês Vasco
Contactos
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP | Departamento de Gestão de Áreas Classificadas
Públicas e de Proteção | Divisão de Fitossanidade Florestal e Arvoredo Protegido
Avenida da República, 16 - 1050-191 Lisboa | tel. 213 507 900 | www.icnf.pt
Para receber o nosso boletim informativo ou propor sugestões, envie um email para [email protected]
NMP: Última reunião da Task Force Após um ano de vigência, decorreu nos dias 19 e 20 de outubro, em Bruxe-las, a sexta e última reunião da Task Force. Esta reunião teve como objetivo efetuar o balanço das atividades de-senvolvidas por Portugal e Espanha, com particular atenção para a revisão das recomendações efetuadas pela Task Force para o controlo do NMP em Portugal e Espanha.
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Aconteceu
Agenda Portuguesa de Investigação e Inovação no sobreiro e na cortiça: Agenda 3i9
A equipa de Coordenação do Cen-tro de Competências do Sobreiro e da Cortiça (CCSC) apresentou publi-camente no dia 5 de novembro, na CAP, a Agenda 3i9.
A Agenda 3i9 surgiu na sequência dum processo participativo de aus-cultação dos parceiros do CCSC, que envolveu 81 investigadores e técni-cos de 27 entidades. Foram identifi-cadas 5 ações de suporte facilitado-ras e ações de investigação prioritá-rias, que integram as linhas estrutu-rantes de cinco planos funcionais:, um dos quais é o “Plano Nacional de Defesa contra Agentes Bióticos”.
A Agenda 3i9 pode ser consultada no site do INIAV , I.P., da FILCORK e da UNAC .
Cancro-resinoso-do-pinheiro: Ação COST FP1406
O ICNF I.P. participou os dias 25 e
26 de novembro, em Santander-
Espanha, na reunião do projeto
COST FP1406 Pine pitch canker
strategies for management of Gi-
bberella circinata in greenhouses
and forests, onde foi apresentado o
estado e evolução deste fungo nos
diversos países participantes, com
destaque para a sua biologia, com-
portamento, prevenção e controlo.
Realizou-se ainda uma visita a uma
área florestal de Pinus radiata, in-
fetada com este agente biótico
nocivo, para observação dos sinto-
mas in loco.
Sugador-das-pinhas: Pro-tocolo para avaliação de danos e medidas de con-trolo
Decorreu no dia 01 de outubro, na Câmara Municipal de Alcácer do Sal, a assinatura do protoco-lo "Avaliação de danos e medidas de controlo do sugador das pinhas Leptoglossus occidentalis", esta-belecido entre INIAV, I.P., ICNF, I.P., DGAV, ISA, Município de Alcá-cer do Sal, UNAV e Cecílio, S.A., com o objetivo de constituir um grupo de trabalho para avaliar, em termos nacionais, a perda de pro-dução e de rendimento do pinhão e identificar os principais agentes causadores, bem como a apresen-tar proposta de medidas práticas, exequíveis e mais adequadas ao controlo deste inseto.
Gorgulho-do-eucalipto: Manual de boas práticas
No último trimestre de 2015 foi aprovado e divulgado o Manual de boas práticas: gorgulho-do-
eucalipto, elaborado pelo ICNF,
I.P., em colaboração com DGAV, INIAV, I.P. e CELPA.
Este manual destinado a técnicos e proprietários, fornece informação sobre a identificação desta praga, respetivo ciclo biológico, meios de luta, recuperação das zonas mais afetadas e ainda sobre as regras e procedimentos relativos à aplicação de produtos fitofarmacêuticos.
Folh
eto
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déc
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