ja - set. 2010
DESCRIPTION
Jornal de Abrante - edição Setembro 2010TRANSCRIPT
jornal abrantesde
Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5476 - ANO 111 - GRATUITO
Falsas borboletas dão espectáculo de vida São efémeras, de nome e de vida, fizeram a habitual aparição em Abrantes. página 17
NATUREZA
Loja do Cidadão inaugurada na Barquinha Loja da “segunda geração” já está ao serviço do Médio Tejo. página 5
REGIÃO
SETEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]
Sardoal em festaa construir o futuro
Associação de Agricultores em processo de fusão Agricultores de Abrantes e Chamusca querem ganhar escala e peso político. página 5
AGRICULTURA
O Sardoal está a festejar os 479 anos da Carta Régia de D. João III, pela qual foi eleva-do à categoria de vila. Celebrar o passado é sobretudo reforçar a identidade e, assim, tomar balanço para o futuro. Entre 22 e 26 de Setembro, há um conjunto de iniciativas que trabalham por dentro a vida que os “lagartos” do Sardoal querem partilhar com quem os visita. A começar nas festas, é claro. E quem aceitar o convite e souber apro-veitar a oportunidade, vai levar que contar.
páginas 9 a 16
José-Alberto Marques, professor e poeta Professor reformado, poeta, ficcionista. Tem 70 anos e vive há 40 em Abrantes. página 3
ENTREVISTA
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
2 abertura
FOTO DO MÊS
André PintoAbrantes
A minha melhor experiên-
cia, senão a única, foi ter
ido ao festival Bons Sons
em Sem Soldos [Tomar].
Correu muito bem, gostei
da música e do ambiente.
Foi uma noite bem passa-
da.
Qual foi a sua melhor experiência este Verão?
SUGESTÕES
INQUÉRITO
Alice BatistaRio de Moinhos
Fui passar uma semana de
férias a Monte Gordo e no
último dia visitei o Aqua
Show Park. Foi uma óptima
experiência que recomen-
do vivamente. Valeu a pena
a viagem.
Francisco LopesPego
Foi apreciar alguns mer-
cados, os mercados sema-
nais, onde se compreen-
de que não há directivas
da União Europeu, porque
tudo se vende na rua. Foi
interessante perceber que
estas actividades não se
realizam em espaços pró-
prios, fazem-se nas ruas
do centro da cidade.
Delfi na MarinhoPego
Como passei o ano todo
a trabalhar, foi importan-
te ter um tempo para a fa-
mília. Desfrutar de tempo
livre só para mim, e tam-
bém, passar algum tempo
com os amigos mais che-
gados.
EDITORIAL
Tão InFelizes, coitados ...
NUNO BRAGANÇAIDADE 31 anos
RESIDÊNCIA Carvoeiro - Mação
PROFISSÃO Engenheiro Agro-
Pecuário
CARGO Engenheiro Agro-Pecuá-
rio e Presidente da Junta
UMA POVOAÇÃO Frei-João, freg.
Carvoeiro
UM CAFÉ Café Central, Carvoei-
ro
UM BAR Casa do Serro (Albufei-
ra)
UM PETISCO Caracóis, salada de
orelha, presunto, queijo
UM RESTAURANTE Ponte Velha
(Sertã)
PRATO PREFERIDO Arroz de ma-
risco
UM LUGAR PARA PASSEAR Pe-
nínsula de Setúbal - Arrábida
UM RECANTO PARA DESCO-BRIR Concelho de Mação
UM DISCO Mutter - Rammstein
UM FILME Avatar
UMA VIAGEM Porto Santo, Picos
da Europa
UM LEMA DE VIDA Keep Cool,
ne stress pas.
FICHA TÉCNICA
Director GeralJoaquim Duarte
DirectorAlves Jana (TE.756)
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179
E-mail: [email protected]
RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]
Joana Margarida [email protected]
André Lopes
PublicidadeRita Duarte
(directora comercial)[email protected]
Miguel Ângelo [email protected]
Andreia P. [email protected]
Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa
Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355
2002 SANTARÉM Codex
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil, Albertino Antunes
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,
Gabriela Alves e João [email protected]
MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-
rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]
Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)
Sónia [email protected]
Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)
Hugo [email protected]
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia 83%
jornal abrantesde
Abrantes é uma senhora desleixada. Comprou um fato novo, mas veste-o cheio de nódoas, rasgões, remendos…
ALVES JANA
1. Palácios de excelência,
em ilhas de qualidade, num
oceano de mediocridade. As-
sim é Portugal. Nos palácios
vive-se excelentemente. Nas
ilhas, fora dos palácios, vi-
ve-se com bastante qualida-
de. No resto oceânico a vida
é medíocre, ou mesmo má.
Basta andar por aí, para ver
como destes vários modos
se vive em Portugal. Para me-
lhorar a vida, sobretudo no
espaço oceânico de medio-
cridade, a solução é melho-
rar a qualidade, a começar na
efi cácia e na efi ciência.
2. Um estudo da Newsweek
revelou que, mesmo assim,
Portugal encontra-se na 27ª
posição na lista dos melho-
res países do mundo para vi-
ver. O que mais nos importa
talvez seja a vida nos 26 an-
tes de nós. Mas, no mínimo, a
27ª posição não se pode con-
siderar a desgraça. Talvez o
seja no espaço da nossa me-
diocridade.
3. Mas a revista Forbes diz
que estamos na 70ª posição
quanto ao grau de satisfa-
ção pela vida que levamos.
De 27ª posição objectiva
para 70ª subjectiva é quase
um salto mortal. E o Índice
Mundial de Felicidade é ain-
da mais terrível: em 2009 es-
távamos na 98ª posição. Vi-
vemos bem, mas
somos infelizes. De
que sofremos nós,
afi nal? Donde vem
este sofrimento?
Enquanto não soubermos,
somos apenas vítimas, inca-
pazes até de procurar solu-
ção.
4. Por aqui passa um dos
problemas fundamentais da
nossa vida: a qualidade per-
cebida é muito inferior à qua-
lidade de facto da vida que
vivemos.
5. Afi nal, que podemos fa-
zer para vivermos mais satis-
feitos com aquilo que temos,
mas sem perder energia para
trabalharmos para aquilo que
queremos?
jornaldeabrantes
à conversa 3
JOSÉ-ALBERTO MARQUES
“Considero-me sobretudo um poeta”ALVES JANA
Vive em Abrantes há 40 anos e vai fazer 71 de idade em Outubro. Nasceu em Torres Novas (1939), passava férias na aldeia de San-tos, Mação, e formou-se em Histó-ria por Lisboa. Professor de profi s-são, poeta desde o movimento da “poesia experimental”, fi ccionista já chamado “o James Joyce portu-guês”, performer reconhecido. Au-tor do primeiro poema concreto publicado em Portugal em 1958. Foi o convidado para abrir o Fes-tival de Poesia de Belo Horizonte, Brasil, no ano passado. Enfi m, um homem com lugar cativo na lite-ratura portuguesa.
Professor, poeta, fi ccionista, performer. Qual a ordem pessoal de importância?
Pela ordem do meu prazer. Con-
sidero-me sobretudo um poeta,
desde o movimento da Poesia Ex-
perimental. Depois, fi ccionista. Te-
nho poucos livros de fi cção, mas é
onde os críticos mais costumam pe-
gar. Professor. Eu não seria a mesma
pessoa, e o mesmo escritor, se não
tivesse sido professor, se não tivesse
de fazer o esforço de tornar simples
para os alunos o que para mim pró-
prio complexifi cava. E depois per-
former.
Donde nasceu esse primeiro po-ema concreto publicado em Por-tugal em 1958?
Tive sorte. Aos 16 anos fi quei do-
ente e fui obrigado a fi car um ano
em casa. Decidi então que queria se
hipnotizador, e comecei a escrever
para as embaixadas à procura de
grandes hipnotizadores. Nos ma-
teriais que me enviaram da embai-
xada do Brasil tomei contacto com
o movimento da poesia concreta,
que nasceu no Brasil com Haroldo
de Campos, Augusto de Campos,
Décio Pignatari e outros. Mais tarde,
no Clube de Torres Novas vi um nú-
mero do Paris Match com um traba-
lho sobre esse mesmo movimento
e já estava preparado para lhe pres-
tar atenção. Esse poema é fruto de
tudo isso.
Donde veio o despertar para a escrita?
Lembro-me de, em criança, gostar
muito da banda desenhada do Ca-
valeiro Andante. Quando os meus
colegas liam Enid Blyton, já eu pre-
feria A Selva, de Ferreira de Cas-
tro. Quando Vergílio Ferreira publi-
cou Aparição [1959], modifi cou-me
completamente. Escrevia para um
suplemento cultural de um jornal
de Torres Novas. Fiz parte da primei-
ra direcção do Cine Clube de Torres
Novas, o que signifi ca que me movi-
mentava nesse meio. Terá resultado
de tudo isto.
Porquê Abrantes?Por acaso. Ia de comboio para a
Covilhã, onde dava aulas. Quando
o comboio parou em Abrantes, saí
para ir beber um café e o comboio
foi-se. Peguei num táxi, subi à cida-
de e fui ao Ciclo Preparatório [então
no Convento de S. Domingos]. Pedi
para falar com o director, o Victor
Marques, e perguntei se não tinha
um lugar de professor para mim,
porque fi cava bem mais perto de
Torres Novas. Estava lá também o
Ferraz Diogo, que tinha publicado
um livro que eu conhecia, e come-
çámos a falar de literatura. O direc-
tor propôs-me um horário de fran-
cês e eu aceitei. Foi assim.
Quais os momentos mais mar-cantes do percurso de escritor?
Sem dúvida que o momento alto
foi, no ano passado, a minha partici-
pação no Festival de Poesia de Belo
Horizonte, uma espécie de sonho
de uma vida. Fui convidado para
abrir o festival. Era o único portu-
guês, entre poetas de toda a Amé-
rica do Sul. Além de performances
e sessões de poesia, houve sessões
em universidades, entrevistas, en-
fi m, um pouco de tudo.
Qual o método de trabalho?Muita leitura, mesmo muita. Por
volta das cinco da tarde, lancho
qualquer coisa e ponho-me ao tra-
balho até ao jantar. Depois, volto
ao trabalho até… até apetecer. Sou
um homem da noite. Gosto muito
de ler em voz alta. [Tem, aliás, uma
leitura notável.] Depois de escrever
um texto, leio-o em voz alta e cor-
rijo-o.
Quais as três obras suas que destacaria?
Hiperlíricas (2004), que considero
o meu melhor livro de poesia, Sala
Hipóstila (1973), de fi cção, e O Ele-
fante de Setrai (1977), um livro que
saiu com alguns erros e que gosta-
ria de reeditar.
Projectos?Publicar. Tenho dois livros numa
editora para análise, um de poemas
e um romance. Estou a escrever um
livro, Sítio da Memória, de pequenas
histórias auto-biográfi cas, e um li-
vro de poemas, De Lume, que nunca
publicarei, para dar trabalho a quem
cá fi car [risos], e ainda um outro que
espero publicar. Além disso, que-
ro arrumar os meus papéis, queria
criar um blogue e gostava de fazer
uma coisa que fi casse como rasto
da minha passagem por Abrantes,
deixar na cidade fl orida um texto
escrito em fl ores, por exemplo do li-
vro Zara, que é sobre Abrantes. Tal-
vez no Outeiro de S. Pedro. Ficava
bem aí, não fi cava?
Abrantes, há 40 anos. Isso aju-dou ou difi cultou a carreira lite-rária?
Desde há 40 anos, que eu saiba,
ainda não surgiu aqui o que se cha-
ma um escritor. Há poesia popular,
mas não mais que isso. Foi pena a
morte do Augusto Mendes, ele ia a
todo o lado. Eu já teria feito muito
mais coisas.
A “arca” de José-Alberto Mar-ques vai ter surpresas para nos dar?
É capaz de ter [risos]. Peças de te-
atro, textos para crianças, livros de
poemas… coisas já feitas. Além da-
quilo em que, como disse, estou a
trabalhar.
Qual deverá ser o destino dos papéis que fi carem?
Não sei ainda. Gostava que fi cas-
sem em Abrantes, mas era preciso
garantirem que eles teriam trata-
mento por um profi ssional qualifi -
cado, por exemplo um crítico literá-
rio. Na Biblioteca Nacional têm esse
tipo de tratamento. Ainda não sei.
JOSÉ-ALBERTO MARQUESNascimento: 1939Covilhã: 1964Abrantes: 1969Alguma outra obraA Face do Tempo, 1964Aprendizagem do Corpo, 1983A Gramática a Rimar, 1989Loendro, 1991Zara, 1995Padrões, 1999I’man, 2009
• José-Alberto Marques foi destaque num jornal de Belo Horizonte, Brasil.
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
4 actualidade
MAÇÃO
Encontro de ZIF´s debate futuro da fl oresta
Arrancou no dia 10 o progra-
ma PROVE, dinamizado pela
Tagus (Associação para o De-
senvolvimento Integrado do
Ribatejo Interior). Os primeiros
cabazes foram entregues no dia
10 de Setembro, sexta-feira, en-
tre as 17 e as 20 horas, o horá-
rio em que todas as semanas os
produtores vão disponibilizar
os cabazes aos consumidores.
Nesta primeira fase do PROVE,
a Tagus registou cerca de três
dezenas de inscritos que pu-
deram seleccionar os produtos
hortícolas que pretendem rece-
ber semanalmente de produto-
res locais. Estes cabazes serão
compostos por legumes e tubér-
culos que sirvam de base para
sopa, vegetais para saladas e
duas ou três variedades de legu-
mes, fruta ou ervas aromáticas.
Os abrantinos que queiram re-
ceber estes cabazes poderão
inscrever-se em qualquer fase
do projecto desde que as en-
comendas sejam feitas até dois
dias antes da distribuição sema-
nal realizada à sexta-feira. Para
fazer a encomenda basta aceder
ao portal www.prove.com.pt e
preencher as fi chas de cliente e
de encomenda, onde pode as-
sinalar os produtos que não de-
seja receber, de uma lista de 60
que estão disponíveis no site.
O local escolhido para a distri-
buição dos cabazes foi o anti-
go quartel dos Bombeiros de
Abrantes porque tem espaço e
a sua requalifi cação ainda vai de-
morar algum tempo, segundo o
JA conseguiu apurar.
A fi gura da ZIF – Zona de Interven-ção Florestal foi criada em 2005 e actualmente existem 127. Repre-sentantes das “entidades gesto-ras” de 107 estiveram presentes no 1º Encontro Nacional de Entidades Gestoras de ZIF, no passado dia 31 de Agosto, no Mação. O Encontro foi organizado pela AFLOMAÇÃO – Associação Florestal do Concelho de Mação, criada em 2005 e gestora de 5 ZIF’s no concelho.
Este Encontro Nacional de ZIF’s,
portanto bem representativo do
sector, foi a oportunidade para “par-
tilhar experiências, difi culdades e
mais importante, elaborar um do-
cumento com as conclusões a en-
viar às entidades com interesse na
temática fl orestal”.
Entre as conclusões aprovadas, en-
contra-se a reivindicação ao Estado,
das seguintes medidas: garantir a
continuidade do Fundo Florestal
Permanente, actualmente
suspenso, para apoio à constitui-
ção e funcionamento das ZIF’s; criar
medidas que viabilizem os investi-
mentos fl orestais e instrumentos fi -
nanceiros que permitam contornar
a descapitalização dos proprietá-
rios fl orestais; criar um observató-
rio de acompanhamento das ZIF’s e
promover a execução do cadastro
simplifi cado.
As Entidades Gestoras de ZIF ter-
minam afi rmando que “A consti-
tuição das ZIF marca, apenas, o
início de uma longa e profunda
alteração na forma de uso e gestão
do território e não um fi m por si” e,
por isso, “urge continuar o traba-
lho desenvolvido e encontrar, ra-
pidamente, formas de ultrapassar
os actuais constrangimentos” com
que estão a difi cultar o bom anda-
mento do processo.
No fi nal deste Verão, em que os
incêndios vieram, mais uma vez,
alertar para o mau estado das nos-
sas fl orestas, este Encontro Nacio-
nal pode ser uma das portas de saí-
da para o problema que todos reco-
nhecem mas que tarda a dar passos
para um futuro diferente.
O que é uma ZIF?“Uma ZIF é uma área fl orestal con-
tínua, que pertence a vários proprie-
tários que se organizam para proce-
derem à gestão e defesa comuns do
seu património fl orestal, apoiados
por uma entidade gestora única
com capacidade técnica adequada
e dotada de um centro de custos.”
A constituição de uma ZIF visa “in-
troduzir escala e profi ssionalização
na acção do ordenamento e da ges-
tão fl orestal, em zonas onde a di-
mensão da propriedade só o per-
mite através da organização dos
proprietários fl orestais em torno da
gestão e defesa comuns do patri-
mónio individual”.
Concentradas no lote 65 do Par-
que Industrial de Abrantes (zona
norte), as novas instalações dos Ser-
viços Municipalizados podem agora
prestar um melhor serviço aos seus
clientes.
O novo edifício é constituído por
dois pisos. Um com zona de aten-
dimento, serviços administrativos,
serviços técnicos, chefi as e adminis-
tração; outro com zonas técnicas e
serviços de apoio.
Segundo Pina da Costa, presiden-
te do Conselho de Administração, o
investimento nesta nova sede dos
SMA foi de 970 mil euros. Pina da
Costa disse ainda ao JA que “este
novo espaço é o concretizar de um
sonho e ao mesmo tempo um desa-
fi o para a nossa capacidade de res-
posta aos nossos utentes. No fundo,
é uma etapa vencida para os servi-
ços municipalizados”.
Relativamente ao antigo espaço
dos SMA, Maria do Céu Albuquer-
que, presidente da Câmara Muni-
cipal de Abrantes referiu que uma
parte “é destinada para a Adminis-
tração Regional Hidrográfi ca do
Tejo e a outra para a Universidade
da Terceira Idade de Abrantes. Va-
mos trabalhar rapidamente para
que ambas as instituições se pos-
sam instalar nos edifícios”.
As facturas da água e ambiente
podem ser pagas na Tesouraria da
Câmara Municipal, para além de na
nova sede dos SMA, bem como por
transferência bancária, multibanco,
nos CTT ou através dos sistemas
payshop ou megarede.
Abrantinos já provam produtos hortícolas
ABRANTES
SMA têm novas instalações
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
actualidade 5
As Associações de Agricul-
tores de Abrantes e da Cha-
musca estão a preparar um
processo de fusão, com vis-
ta ao ganho de “escala e
peso político e económico”.
Fundadas em 1985 e 1989,
respetivamente, a Associação
de Agricultores dos conce-
lhos de Abrantes, Constância,
Sardoal e Mação e a Associa-
ção dos Agricultores de Char-
neca (que engloba os municí-
pios de Chamusca, Almeirim
e Alpiarça) representam cer-
ca de seis centenas de agri-
cultores e uma área de 100
mil hectares de terrenos agrí-
colas e fl orestais. Desta for-
ma passa a apresentar um
peso negocial muito grande,
o que dá garantia de ganhos
de efi ciência, de produção e
de certifi cação que permiti-
rá negociar com rendimen-
to de escala para os agricul-
tores associados, sublinhou.
Luís Damas, da Associação
de Agricultores de Abrantes,
Constância, Sardoal e Mação,
explicou que este é um pro-
cesso “importante”, visando
a melhoria económica dos
associados, através da “op-
timização dos recursos”. Se-
gundo disse ao nosso jornal,
o processo iniciou-se ago-
ra e deverá estar concluído
no próximo ano, se os asso-
ciados assim o pretenderem.
A fusão das duas entidades,
através da criação de uma
nova associação, que é a pro-
posta mais viável, vai ter de ser
ratifi cado em assembleia ge-
ral. O objectivo é simples: “ga-
nhar escala, dimensão, peso
político e económico, além de
outras complementaridades
que, de parte a par-
te, se podem majorar”.
A completar os 25 anos de
existência, a associação de
Abrantes pode assim passar as
suas actividades para a nova
estrutura, tanto mais que, se-
gundo o dirigente, há muitos
acordos que foram consegui-
dos ao longo dos anos para
os agricultores desta região
que não vão fi car perdidos.
Segundo Luís Damas, a fusão
das associações é importan-
te em termos de “racionaliza-
ção de meios técnicos e hu-
manos”, num processo em
que as duas entidades, uma
mais especializada na parte
fl orestal e outra no setor agrí-
cola, “não perdem identida-
de, antes assumem um perfi l
polivalente e pluridisciplinar”.
Luís Damas acrescenta que há
questões que ainda não estão
em cima da mesa mas admi-
te que a sede da nova estru-
tura não fi que em Abrantes
ou Chamusca, onde se situ-
am actualmente as sedes das
associações. “A sede da nova
estrutura pode fi car sedeada
em Constância, por exem-
plo” mas, adiantou ainda, “a
ideia é manter dois pólos,
um em Abrantes e um outro
em Chamusca”. Luís Damas
adiantou também que nes-
te processo de fusão pode-
rá vir a acolher os concelhos
de Tomar e Vila Nova da Bar-
quinha, municípios hoje “sem
expressão associativa de rele-
vo” e também sem estrutura
associativa dos agricultores.
Uma das áreas de trabalho,
considerada como ponto de
partida passará, por exem-
plo, por novos desafi os e no-
vos projectos, pelo ordena-
mento e planeamento fl o-
restal, a defesa da fl oresta
contra incêndios, a certifi ca-
ção fl orestal e a aposta no
bem estar ambiental e ani-
mal. As duas associações jun-
tas aumentam consideravel-
mente as potencialidades
do trabalho já desenvolvido.
Resta agora que os associa-
dos de ambas as estruturas
validem as propostas das di-
recções das duas associações
vigentes.
Jerónimo Belo Jorge
A loja do cidadão “de segunda
geração” inaugurada na passada
semana em Vila Nova da Barqui-
nha é a primeira que vai servir o es-
paço territorial do Médio Tejo. Tra-
ta-se de um investimento de 600
mil euros para uma população de
duzentas e vinte mil pessoas.
Este serviço está presente no
centro histórico da vila. Nesta in-
fra-estrutura vão estar balcões es-
pecializados de serviços públicos
como a Segurança Social e o Ins-
tituto dos Registos e do Notariado,
para além de um Balcão Multi-ser-
viços (BMS), com os serviços da
administração central e munici-
pal. Com uma só senha, o cidadão
pode, por exemplo alterar a mora-
da do seu cartão de cidadão, subs-
tituir a sua carta de condução ou
fazer uma reclamação junto da Di-
recção-Geral do Consumidor.
Miguel Pombeiro, presidente
da Câmara de Vila Nova da Bar-
quinha, explicou ao JA que “está-
vamos a trabalhar neste projecto
desde 2007, uma vez que conside-
ramos que esta loja do cidadão re-
presenta um patamar superior de
relação quer com o cidadão, quer
com as empresas. É de facto uma
marca confi ança na nossa região”.
Joana Margarida Carvalho
Nova Loja do Cidadão serve o Médio TejoBARQUINHA
ABRANTES E CHAMUSCA
Associações de Agricultores em processo de fusão
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
6 economia
Chama-se Academia Palma da Mão e é o novo centro de explicações e ATL de Abrantes, localizado na Urbanização dos Plátanos, em Alferrarede.
Andreia Costa e Sandra Salgueiro
são as empresárias deste projecto que
nasceu há um ano atrás, aquando es-
tavam a tirar um curso de empreende-
dorismo promovido pela Tagus Valley.
Ambas as jovens são naturais de Sar-
doal e desde muito cedo desejaram
poder vir a trabalhar com crianças. O
sonho foi realizado… Esta segunda-
feira, dia 13 de Setembro, é o dia de
abertura da Academia que aposta al-
gumas valências para fazer a diferença
em relação aos demais centros espa-
lhados pelo concelho.
Antes de mais, o transporte das crian-
ças, pois vão buscá-las á escola. Depois,
a junção de ATL com centro de explica-
ções pois, segundo Andreia Costa, “não
há este serviço conjunto em Abrantes.
Além disso, as actividades diárias pen-
sadas para o ATL também são uma
inovação”: o treino de competências
sociais, o ateliê de comunicação, a ex-
pressão dramática, as artes plásticas, a
educação sexual, a educação alimen-
tar e o ateliê de vida rural.
O serviço de explicações será garan-
tido por docentes qualifi cados e vai já
começar com o inglês.
Segundo as jovens empresárias, “a
Academia consegue abarcar nas suas
instalações vinte crianças e é destina-
do a aos alunos do 1º ao 3º ciclo”, com
as explicações a poderem ir até ao 12º
ano..
O nome escolhido, Palma da Mão, se-
gundo Andreia Costa, surge porque
“tudo cabe na palma da mão, desde o
conhecimento, o divertimento, a brin-
cadeira, o lazer e a aprendizagem”.
NA PALMA DA MÃO
Um sonho tornado vida em Alferrarede
JOANA MARGARIDA CARVALHO
Na última edição do JA fomos conhecer o que tem de melhor ser empresário. Este mês, os mesmos empresários respondem a uma nova questão.
Que conselho dá a quem está a começar a construir uma empresa?
Alfredo Lopes – Profi forma
É fundamental, a pessoa ter um espírito
próprio empreendedor, não ter medo. É pre-
ciso pensar bem aquilo que se faz, planear
muito bem, não se lançar às propostas de
qualquer forma e estudar bem o mercado
onde está a apostar.
João Garrafão - Allianz
Muita motivação e acima de tudo muita
dedicação à empresa em que está a apostar.
António Gonçalves - Click Viagens
Deverá ter atenção porque o mercado não
está fácil. Se não se vê com condições sufi -
cientes para poder avançar, é preferível es-
tar sossegado, pois se avançar vai estragar
o mercado de outros empresários que tra-
balham no mesmo sector. O não ter resulta-
dos no seu projecto, enquanto empresa, po-
derá ter como consequência uma frustração
grande em termos pessoais e profi ssionais.
João Nogueira - JN Materiais Construção
O mais importante é saber o que se quer fa-
zer e onde se quer fazer. É necessário fazer um
estudo ao mercado, saber se há ou não muita
concorrência na área pretendida. Deverá ter
um sentido de organização e gestão muito
apurado. Também tem de saber comprar, ter
uma política efi caz de venda e ter um produ-
to apelativo. O amor e gosto por aquilo que se
faz é, sem dúvida, o mais importante.
Carlos Sousa - STI
Deverá ter um conhecimento muito exac-
to do plano de negócio, ou seja, saber o que
quer e saber como vai fazer. Também, deve
estudar muito bem o mercado e perceber
como funciona o quadro legal onde se move
a empresa e o empresário. Há que ser extre-
mamente frio na forma como encara o seu
percurso empresarial.
Delfi na Baptista - Reciclagem de Sucatas Abrantina
O primeiro investimento do novo empre-
sário é nele como pessoa. Se ele for uma boa
pessoa terá um bom desempenho como
empresário. É importante uma boa relação
com os outros, uma relação de confi ança,
de interacção e parceria com outras entida-
des. Ser uma pessoa humilde, para saber ou-
vir. Ouvir as experiências das pessoas mais
velhas que são o ponto de equilíbrio e que
não podem ser postas de parte porque são
velhas. É necessário olhar para trás e ter em
conta hábitos e valores que nos dias de hoje
estão um pouco esquecidos.
Claudino Costa – Abranfrio
Nesta altura de crise, o novo empresário
deverá esperar. Aguardar para ver se a nossa
economia melhora. Pensar, em primeiro lu-
gar, no projecto consistente que quer levar
em frente.
Vítor Esteves -Medicina Higiene e Segu-rança no Trabalho – Grupo Medisigma
Ser inovador, não copiar e não enveredar
por aquilo que é óbvio. Ser inovador para
que possa oferecer o melhor aos possíveis
consumidores. O maior desafi o é ser inova-
dor.
Inquérito aos empresáriosABRANTES
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
mação 7
O Parque de Campis-
mo de Ortiga conta ago-
ra com uma novidade,
chamam-se tepees, e são
bungallows mais peque-
nos. Cada uma destas es-
truturas tem capacidade
para duas pessoas, com
duas camas individuais,
uma mesa-de-cabeceira,
zona de arrumação e elec-
tricidade. São uma nova
oferta de conforto para
quem escolhe Ortiga para
descansar e passar uma
férias. Vasco Estrela, vi-
ce-presidente da Câmara
Municipal de Mação, dis-
se ao JA que “estas duas
estruturas pretendem res-
ponder ao crescente nú-
mero de campistas que
têm procurado o Parque
de Campismo de Ortiga” e
acrescentou “que a Câma-
ra Municipal vai continuar
a fazer apostas no parque
de campismo, bem como
na divulgação turística da
zona”. Para contactar o
Parque de Campismo de
Ortiga pode fazê-lo atra-
vés do telefone 241 573
464.
O município de Mação é
o palco do X Encontro de
Bandas Civis de Mação,
no próximo dia 19 de Se-
tembro. “Jardins de Verão”
é o tema principal des-
ta edição do encontro de
bandas fi larmónicas, “em
homenagem ao Jardim
Municipal”. A Associação
Filarmónica União Ma-
çaense une-se à Câmara
Municipal de Mação para
proporcionar à população
um espectáculo com duas
bandas convidadas, a Ban-
da de Alhadas de Baixo, da
Figueira da Foz, e a Banda
de Mira de Aire, para além
da organizadora.
A iniciativa terá início às
15 horas em vários pon-
tos de Mação. Às 15h30,
inicia-se em frente da Câ-
mara Municipal a recep-
ção de boas vindas onde
as bandas apresentam os
respectivos hinos. Segue-
se um desfi le musical até
ao jardim, para o concer-
to fi nal.
Liliana Wah
X Encontro de bandasMAÇÃO
Parque de campismo conta com dois tepees
ORTIGA
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
8 região
ALVES JANA
Manuel Dias nasceu em Abrantes em 1930, vai fazer portanto 80 anos em breve. É uma das pessoas que pode falar com experiência pró-pria do modo de passar o Ve-rão naquele tempo.
Eu tinha um grupinho, éra-
mos aí uns cinco, que durante
anos seguidos, trabalhávamos
aqui no cabeço e íamos dia-
riamente para o Tejo. Acabá-
vamos o trabalho, juntávamo-
nos do Outeiro de S. Pedro e
num minuto púnhamo-nos
Tejo, porque descíamos aque-
las barreiras a correr.
Nós tínhamos um barco,
que tínhamos comprado por
duzentos escudos, ainda me
lembro. Fartávamo-nos de re-
mar. Fazíamos competições a
ver quem demorava menos
tempo a ir de barco ao outro
lado. Levávamos umas con-
servas, com 17 ou 18 anos já
bebia copos, apanhávamos
lá uma bebedeira ou outra, e
dormíamos debaixo dos sal-
gueiros ou, se estava mais
fresco da madrugada, numa
barraca em pano que, por
acaso fui eu que fi z. Era na foz
da Ribeira de Coalhos, onde
havia muitas sombras. Todos
os dias, durante 4 ou 5 meses.
Jantávamos e dormíamos lá.
Aquilo era um gozo.
O Tejo entre pontes não era
lá muito apetecível, porque a
margem norte, a das Barreiras
do Tejo, era horrível, cheia de
canas, de lixo e de pedras. Do
outro lado era melhor, mais
limpa, mas era onde as fraga-
tas iam carregar a cortiça, aí
pelos meus 12 anos.
É preciso falarmos do que
era Abrantes e Tejo há 60 e
há 70 anos, portanto na dé-
cada de 40-50. Abrantes era,
como o país, uma sociedade
rural, o que só se veio a mu-
dar na segunda metade do
século. O Verão pedia água e
a água era ali, no Tejo. Ainda
não havia [para nós] a Nazaré,
e muito menos o Algarve. En-
tão, aos domingos, que então
não havia sábados [livres], na
zona da ponte ferroviária, jun-
tavam-se centenas de pesso-
as. Iam da cidade, da Chainça,
a pé, com um cesto com o al-
moço e uma manta de trapos
para pôr no chão, e passavam
ali o dia.
E os jovens, como eu, aí com
os meus 14, 16 ou 17 anos,
éramos muito atraídos pelo
rio. Mas houve um ano em
que o Tejo, no período de um
mês, matou lá três. Um deles
vi eu morrer, era uma criança
de 11 anos, da Chainça.. Ainda
começámos a correr para ver
se o agarrávamos, mas correr
com água pelo joelho é muito
difícil, e quando lá chagámos
o miúdo já não tinha hipóte-
se, já estava no fundo. Depois,
morreu um soldado. E mor-
reu outro, que já não recordo
quem foi. E uma vez, à noite,
nós dissemos: - Temos que ir
embora daqui, se não um dia
morre um de nós. Então, fomos
falar com a D. Maria Amélia,
da Quinta de Vale de Robão,
pedir para irmos acampar lá.
Na altura era uma quinta cui-
dada, com árvores, uns tan-
ques… - Nós somos amigos,
costumamos ir para o Tejo, mas
morrem lá muito. Se nos dei-
xasse vir para aqui acampar lá
em baixo ao pé dos tanques.
Nós não estragamos nada, até
limpamos aquilo… Ela disse
que sim: - Podem vir, e passá-
mos a ir para lá.
Então, uma parte das famí-
lias, sobretudo aqui da cida-
de, começaram a ir também
para o Vale de Robão, e co-
meçaram a armar as tendas,
que também as tinham, no
sítio dos eucaliptos que ti-
nham já um certo porte e ha-
via boas sombras. Chegámos
lá a juntar umas 12 ou 15 ten-
das, portanto 12 ou 15 famí-
lias. Éramos já umas dezenas
de pessoas, porque as famílias
não eram como as de hoje,
havia lá uma que tinha 12 fi -
lhos, eram os Caixinhas.
À noite, conversávamos mui-
to. Houve uma vez em que
até fi zemos um baile dentro
de água, num tanque. O Tejo
esqueceu, houve um divórcio
do Tejo. Nós gostávamos mui-
to do rio, mas começámos a
odiar o Tejo. E depois andou
dezenas de anos um divórcio
entre a cidade e o rio.
Quem tem os anos que eu
tenho, assistiu a já muita coi-
sa nesta terra e neste rio. O
rio, no meu tempo, no Verão,
era um rio de sólidos. Hoje, ir
ao rio, dar ali uma volta, espe-
cialmente à noite, com aquele
mar de água, as luzes da cida-
de refl ectidas na água, é um
encanto.
NAQUELE TEMPO
O Tejo, casamento e divórcio
jornaldeabrantes
especial sardoal 9
Este suplemento do Jornal de Abrantes insere-se na Campanha de Lançamento da 5.ª fase do Programa MODCOM – Modernização do Comércio, enquadrado pela Associação Comercial e Serviços dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. Projecto AnimaSardoal
Como tudo começou…Antes do 25 de Abril de 1974, a personali-
dade própria de cada Concelho e das suas
gentes estava diluída em parolos slogans de
amor à pátria e as diferenças culturais faziam
tremer os tenebrosos Salazar e Caetano. Com
a Revolução dos Cravos tudo mudou e a ins-
tauração do Poder Local democrático abriu
as portas às celebrações importantes para o
povo.
No Sardoal, o primeiro “Dia do Concelho”,
festejando a elevação do lugar de Sardoal à
categoria de Vila, em 1531, foi levado a efeito
entre 16 e 20 de Setembro de 1977. Uma pe-
quena confusão histórica, logo rectifi cada no
ano seguinte, levou a que essa primeira co-
memoração fosse a 20 e não a 22 de Setem-
bro, esta sim, a data correcta da Carta Régia
assinada por D. João III, conferindo tal distin-
ção. Este foi o embrião das festas e a partir
daí, o “Dia do Concelho” nunca mais deixou
de ser celebrado pelo Município.
Em 1986, o GETAS (uma associação sócio-
cultural) promoveu, na Praça Nova, uma ini-
ciativa a que chamou “Semana Cultural”. Du-
rante sete dias, entre 13 e 19 de Setembro,
apresentou um programa variado, que ia
desde um Festival de Arroz Doce até à pro-
jecção ao ar livre de fi lmes e diaporamas, pas-
sando pela música popular, teatro, folclore, fi -
larmónicas e dança. Esta iniciativa que regis-
tou enorme impacto público, foi justifi cada
como sendo uma alternativa ao mercantilis-
mo das designadas “festas de Verão” e a ten-
tativa de preenchimento do vazio deixado
pelo fi m dos grandiosos festejos em hon-
ra de Santa Maria da Caridade, organizados
pela Misericórdia, no Cimo do Convento.
Finda esta “Semana Cultural”, a edilidade le-
vou a efeito a celebração do Dia do Concelho,
até 22. As infra-estruturas montadas no local
serviram aos dois eventos.
No ano seguinte, 1987, por proposta da en-
tão Presidente da Câmara, Francelina Cham-
bel, as duas entidades juntaram-se. Preten-
dia-se, assim, rentabilizar esforços, recursos
e capacidades. Foi então formada uma Co-
missão (três membros da autarquia e dois do
GETAS) e, pela primeira vez, surgiu o conceito
“Festas do Concelho”, embora com a sub-de-
signação “2.ª Semana Cultural”.
Pouco a pouco o certame foi evoluindo e
integrando novas ofertas: artesanato, con-
cursos, feira do livro, gastronomia, etc. A par-
ceria Município/ GETAS durou até 1992. Em
93 as Festas foram assumidas integralmente
pela Câmara Municipal devido a uma quebra
de actividade do grupo, que, mesmo assim,
continuou muito ligado à sua “alma e cora-
ção”.
Hoje, as Festas do Concelho são um factor
essencial de dinamização económica, social
e cultural do Sardoal, das suas associações
e dos seus agentes individuais e colectivos.
Uma montra privilegiada para a divulgação
das suas belezas e potencialidades. As festas
põem o Sardoal a “mexer”!...
Mário Jorge Sousa
Sardoal em Festa
a construir o futuro
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
10 especial sardoal
JOANA MARGARIDA CARVALHO
O que signifi cam estas festas para o concelho de Sardoal?
É um momento alto para o nosso
concelho. É uma altura em que ce-
lebramos historicamente a elevação
do Sardoal à categoria de vila. Ao
mesmo tempo, é um espaço onde
os sardoalenses podem trocar ex-
periências com os visitantes, sobre
o que temos de bom na nossa terra,
como a gastronomia, o artesanato, a
música e muito mais.
Quais as apostas para este ano?Vamos apostar na gastronomia,
pois no nosso entender é uma das
formas de trazer mais pessoas para a
vila. Vamos ter a cozinha fervida, um
dos pratos tradicionais do Sardoal, o
bacalhau assado, os grelhados e ou-
tras especialidades. Em relação aos
espectáculos, vamos reunir uma di-
versidade de estilos musicais, da mú-
sica clássica ao rock alternativo. No-
mes conceituados vão passar pelo
Sardoal, como Susana Félix, Anabela
e Ana Lains. No dia 23, vamos ter o
Seminário Florestal, para falarmos de
temáticas que são de grande impor-
tância para a região. No dia 24 de Se-
tembro, as Jornadas do Património
vão ter o apoio e organização da Ta-
gus. Haverá, ainda, uma exposição de
pintura e o lançamento do livro: “Li-
vro Primeiro da Misericórdia de Sar-
doal”. Também vai ser apresentada a
antevisão do que queremos para a
Casa dos Almeidas, um espaço que
é do município e que pretendemos
aproveitar como arquivo municipal
e centro de estudos do património.
Em conclusão, ambicionamos que
as festividades do concelho sejam a
mostra das nossas valências.
Estas festas são um modelo que se vem mantendo ou é um mode-lo renovado?
É um modelo idêntico ao do ano
passado, mas mais recheado. A es-
trutura é a mesma, mas contém no-
vos ingredientes.
De que forma é que as associa-ções vão contribuir para estas fes-tividades?
Vai haver um espectáculo do Ge-
tas - Centro Cultural de Sardoal. As já
tradicionais tasquinhas e o artesana-
to vão ser asseguradas por algumas
associações do concelho. Também,
a Banda Filarmónica estará presente
na inauguração.
Quanto a custos?
Barato… muito barato (risos). Uma
candidatura que fi zemos ao Mod-
Com, permitiu-nos não encarecer
os custos. Estes festejos não chegam
aos 50.000 euros e a pater da Câmara
não chega dos 30 mil.
Há cerca de um mês decorreu o Festival Alternativo, uma nova aposta por parte da Associação de Jovens. Qual o balanço por parte da Câmara?
Para já o que tem de mais positivo
é a existência de uma associação ju-
venil, que faz e tem vontade de fazer
bem. Relativamente ao Festival, eu
estive presente e gostei do que vi. É
gratifi cante ver um grupo de jovens
que se interessa pela terra e tem pro-
jectos para dinamizar esta região.
O Centro Cultural. Apostas para este ano que aí vem?
As apostas passam por aquilo que
o Centro Cultural tem seguido até
aqui, muita música, teatro e exposi-
ções. Não só com nomes consagra-
dos como tem acontecido no tea-
tro, mas também, pretendemos que
o Centro Cultural seja o berço de al-
guns grupos e artistas que queiram
ter a sua apresentação no mundo
do espectáculo. Para o próximo ano,
estamos a tentar que a pintora Gra-
ça Morais exponha o seu trabalho
no nosso centro. Nos espectáculos
musicais, pretendemos fazer a apos-
ta principal na vertente do jazz e da
música clássica. Não traz multidões,
mas traz um grupo específi co de
pessoas, que se deslocam ao Sardoal
para ver estes géneros musicais.
O que é, como funciona a Loja Social?
Esta é uma acção do Gabinete da
Acção Social da câmara municipal.
É uma loja que tem disponível para
as pessoas carenciadas um conjun-
to de produtos alimentares, roupas
e outros acessórios. E neste aspecto,
temos tido muitas ofertas, por exem-
plo da parte dos alunos do concelho,
que oferecem à Loja Social o produ-
to das suas iniciativas.
E a procura?Infelizmente, esta loja tem grande
procura, por pessoas do concelho. E
depois, também existe a chamada
pobreza envergonhada e nesse as-
pecto tentamos nós, câmara, chegar
junto dessas pessoas.
Como vai o PAMPI, de que falá-mos em Abril passado?
O PAMPI - Plano de Apoio Munici-
pal a Pessoas Idosas vai ser lançado
agora nas Festas do concelho, para
ter inicio no mês de Outubro. Com a
contribuição das Juntas de Fregue-
sia e da Câmara Municipal, uma psi-
cóloga, uma assistente social e uma
socióloga vão correr o concelho de
forma a dar apoio aos idosos. Te-
rão também um gabinete de apoio
onde os interessados podem deslo-
car-se para apresentar os seus pro-
blemas, que vão ser ouvidos e en-
caminhados. Também, com o apoio
da Biblioteca Municipal, o espaço co-
nhecido como a Casa do Ensaio da
Música vai ser aproveitado para a
produção de outras actividades para
esta classe etária: teatro, declamação
de poesia, leitura expressiva, pintura
e outras actividades, todas efectua-
das pelos idosos.
Como vai o Conselho Municipal do associativismo?
Houve uma primeira reunião e daí
ainda não há novidades, porque as
associações começaram a preparar
as suas actividades e festas de verão.
Após as festas do concelho vamos
retomar as reuniões.
O Sardoal integra as Redes do Tejo. Que está a ser conseguido?
No dia 6 de Outubro, está previs-
to um colóquio sobre “Políticas Lo-
cais, Pobreza e Exclusão Social”. Pre-
tendemos ter a presença da Ministra
da Educação, do Secretário de Esta-
do da Administração do Território e
do Presidente da Associação Nacio-
nal de Municípios, nomes ligados
à temática que se vai debater. Para
breve, em Torres Novas, na Feira So-
cial, também vamos marcar a pre-
sença do município.
Quais são as maiores necessida-des das freguesias do concelho?
Há zonas do concelho que ainda
não têm saneamento básico. Esta-
mos com vários projectos em mão
para requalifi car e melhorar estes lu-
gares, mas vai com tempo. Não esta-
mos parados, uma vez que já apre-
sentamos várias candidaturas que
estão a ter o seguimento necessário.
Como vai o projecto de um novo pavilhão no Sardoal?
É preciso rever o problema. Esta-
mos a preparar a candidatura para
requalifi car a Escola Secundária. A
nova escola vai ter um pavilhão des-
portivo. Temos de avaliar se é ne-
cessário um outro equipamento do
mesmo género. O novo pavilhão da
Escola pode ser utilizado como pavi-
lhão municipal. Mesmo que seja ne-
cessário melhorá-lo face ao que são
as exigências de um pavilhão esco-
lar.
Como está a história dos semá-foros?
É uma situação vergonhosa, uma
vez que temos semáforos presos
por arame. Há cerca de dois meses,
a Estradas de Portugal mandou cá
alguém, ligaram os semáforos, mas
deixaram um ligado no chão. Isto
não se compreende!... Podia ter pro-
vocado um incêndio. Qualquer dia
colocamos um slogan “não pare ao
vermelho, pois pode levar com o si-
nal em cima”!
Abrantes, Mação, Constância, V. N. Barquinha têm ou estão a pre-parar projectos de impacto nacio-nal e internacional. O Sardoal está distraído ou tem outras opções es-tratégicas?
Tem também um projecto que terá
impacto nacional, numa primeira
fase, mas não quero revelar para já.
Em Outubro daremos novidades.
Está há quase um ano na Câma-ra. Já há resposta para a dúvida de Abril passado, de saber “se é isto que eu quero” para o futuro?
O que agora quero é continuar a
fazer o trabalho que tenho feito, ou
seja, dar o meu melhor.
Mas é notório que o presidente Fernando Moleirinho está cada vez menos presente publicamen-te. E nestas coisas não há acasos.
Não sei se é bem assim Fico satis-
feito por o Presidente da Câmara
confi ar no seu Vice-Presidente e, por
isso, delegar-me o que entende. E eu
tenho muitos pelouros e tento cum-
prir e dar o meu melhor.
Qual foi a sua melhor experiên-cia pessoal neste verão?
Ter recebido boas notícias em ter-
mos de saúde.
Quando é que as ruas do Pisão são alcatroadas? Os habitantes acreditam que Fernando Molei-rinho não se vai embora antes de cumprir o prometido.
Nós temos um levantamento das
necessidades ao nível das ruas do
nosso concelho e todas elas vão en-
trar em candidaturas. Estamos de-
pendentes da aprovação dessas
candidaturas, pois a câmara não tem
verba para arranjar tudo o que dese-
ja.
As ruas do Pisão já constam de uma
candidatura feita em janeiro e já di-
vulgada na Assembleia Municipal.
Estamos a aguardar o resultado.
À CONVERSA COM MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
“Ambicionamos que as festividades do concelho sejam a mostra das nossas valências
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 11
As festas de Sardoal vão de-
correr de 22 a 26 de setem-
bro. A novidade para este
ano passa pela realização do
Seminário Florestal e das Jor-
nadas do Património.
No primeiro dia do certame,
as cerimónias têm início às 16
horas com o lançamento da
obra, “Livro Primeiro da Mise-
ricórdia de Sardoal” e da aber-
tura da exposição de pintu-
ra contemporânea de Jorge
Lopes. Estas cerimónias con-
tam com a presença da Ban-
da Filarmónica União Sardo-
alense e dos Getas, com uma
largada de balões.
Na quinta-feira, o dia arran-
ca com o Seminário Florestal,
subordinado ao tema “Por
favor, não nos deixem arder
outra vez”, no Centro Cultu-
ral Gil Vicente. À noite os fes-
tejos reúnem a presença de
“The Grim Reaper Society e
“The Scart”.
Sexta-feira, dia 24 de setem-
bro, têm lugar as Jornadas do
Património, promovidas pela
TAGUS - Associação para o
Desenvolvimento Integrado
do Ribatejo Interior, que vão
ter inicio às 9 horas, no Centro
Cultural Gil Vicente. Da par-
te da tarde, visita à exposição
na Casa Grande sobre aspec-
tos do património de Sardo-
al. Nos espectáculos musicais
da noite, Ana Laíns e o tribu-
to aos Queen marcam a pre-
sença no palco principal.
A segunda Resistência BTT
e a apresentação da revista
“Zahara” vão acontecer no sá-
bado. Também neste dia, es-
pera-se a actuação do Ran-
cho Folclórico “Os Resinei-
ros” de Alcaravela, a actuação
do grupo “Groove da Vila” e o
concerto com Susana Felix.
No último dia dos festejos,
VIII Festival Hípico, promovi-
do pela Associação Recreati-
va da Presa, encontro Motard
com o espectáculo Freestyle,
de Paulo Martinho, a actua-
ção do grupo “Piano Vox” e o
concerto de Anabela e Carlos
Guilherme.
Joana Margarida Carvalho
A Jornada do Património vai
fazer, no dia 24, nas Festas do
Sardoal a apresentação públi-
ca do Guia do Património Ru-
ral. Trata-se, no essencial, de um
instrumento para a cataloga-
ção do património rural, desen-
volvido pela Direcção-Geral da
Agricultura e Desenvolvimento
Rural. Até agora era fácil saber
como catalogar por exemplo
uma peça de património artís-
tico, mas não o chamado patri-
mónio rural. E, no entanto, não
é necessário explicar a impor-
tância do património rural para
o desenvolvimento por exem-
plo do interior do país. Por isso,
esta Jornada, integrada nas Jor-
nadas Europeias do Património,
tem uma dimensão bem maior
do que um mero encontro de
refl exão.
Além do lançamento do Guia,
no Centro Cultural Gil Vicente,
vamos ter um almoço de cozi-
nha fervida e depois uma visi-
ta guiada pelo centro históri-
co com especial destaque para
o Convento de Santa Maria da
Caridade, Igrejas Matriz e da Mi-
sericórdia e retábulos quinhen-
tistas do Mestre de Sardoal. No
átrio da Casa Grande será aber-
ta ao público a Exposição “Sar-
doal, Espaço de Fé e Religio-
sidade”, divulgando as vastas
potencialidades concelhias na
vertente do turismo religioso.
Por fi m, terá lugar uma “Ofi cina
de Tapete de Flores”, aqueles ta-
petes que, pela Semana Santa,
enfeitam as capelas da vila. Esta
Jornada do Património é, assim,
um marco na afi rmação do Sar-
doal com uma vocação assumi-
da no domínio do património
religioso.
Além da Tagus, organizadora,
e da Câmara Municipal do Sar-
doal, vão ainda participar repre-
sentantes das Direcções-Gerais
da Agricultura e da Cultura e do
Instituto Politécnico de Tomar.
JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO
Guia do Património Ruralfaz a festa no Sardoal
O Programa das Festas
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
12 especial sardoal
MUNICÍPIO DE SARDOALCAMÂRA MUNICIPAL
AVISONos termos e em cumprimento do disposto no artigo 78º do Decreto-Lei nº 555/99 de 16 de Dezembro, na actual redacção, torna-se público, que nesta data foi emitido o Alvará de Licença de Loteamento nº 1/2010, em nome de Edisar - Construções, Ldª, número de contribuinte 503 584 843, que titula a aprovação de loteamento e respectivas obras de urbanização que incidem sobre o prédio sito em Sarabando - Sardoal, da freguesia de Sardoal, descrito na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, sob o nº 2382 e inscrito na matriz cadastral rústica sob o artigo 88 da Secção R da respectiva freguesia.
A operação de loteamento, aprovada por deliberação da Câmara Municipal de 19/07/2010, e os projectos das obras de urbanização admitidos por despacho do Vereador em regime de tempo inteiro datado de 6/08/2010, respeitam o disposto no e apresentam, de acordo com a planta que constitui o anexo, as seguintes características:
Área total do prédio: 920,00 m2.
LOTE Nº 1:• Área do lote: 296,50m2;• Área total da construção: Até 256,35m2., (habitação - até 225,00m2 , estacionamento
coberto - até 31,35 m2 )• Área de implantação: 85,45m2;• Finalidade: Habitação; • Número de pisos acima da cota da soleira: 1;• Número de pisos abaixo da cota da soleira: 2;• Número de fogos: 1.
LOTE Nº 2:• Área do lote: 230,50m2;• Área total da construção: Até 240,00m2., (habitação - até 200,00m2, estacionamento coberto - até 40,00 m2 )• Área de implantação: 80,00m2;• Finalidade: Habitação; • Número de pisos acima da cota da soleira: 1;• Número de pisos abaixo da cota da soleira: 2;• Número de fogos: 1.
LOTE Nº 3:• Área do lote: 289,00m2;• Área total da construção: Até 247,44m2., (habitação - até 225,00m2 , estacionamento coberto - até 22,44 m2 )• Área de implantação: 82,48m2;• Finalidade: Habitação; • Número de pisos acima da cota da soleira: 1;• Número de pisos abaixo da cota da soleira: 2;• Número de fogos: 1.
Cedências: São cedidos à Câmara Municipal, para integração no domínio público 104,00m2
, destinados a estacionamentos, passeios e espaços verdes de utilização colectiva.Para a conclusão das obras de urbanização foi fi xado o prazo de 30 dias.A execução das obras de urbanização não ser objecto da celebração de contrato de urbanização.Foi prestada a caução a que se refere o artº 54º do Dec.Lei nº 555/99 de 16/12, na actual versão, no valor de 1.943,63€, mediante Paços do Concelho de Sardoal, 26 de Agosto de 2010
O Vereador(em regime de tempo inteiro)Joaquim Gonçalves Serras
ANÚNCIOS 100% GRATUITOS
Bar PuroO Bar Puro encontra-se aberto desde
1992, sendo um dos bares mais antigos
na vila de Sardoal. Nasceu da iniciativa
de um grupo de amigos que, perante a
existência de um único bar na vila, de-
cidiram abrir um novo espaço. Maiori-
tariamente frequentado pelos mais jo-
vens, o Bar Puro possui um espaço aco-
lhedor, com esplanadas e sala de jogos,
onde é habitual a existência de festas e
música ao vivo. Localizado no centro da
vila, está aberto todos os dias. Inicia as
suas actividades às 13h, fazendo uma
pausa entre as 16h e as 21h.
Potes BarEm pleno centro do Sardoal encon-
tramos um ambiente acolhedor. Com
uma decoração rústica, o Potes Bar é fre-
quentando pelas várias classes etárias.
As actividades organizadas agradam de
uma forma geral. As festas temáticas às
quartas-feiras e sábados, os torneiros de
matraquilhos, a sala de jogos e os pe-
quenos brindes são alguns dos chamati-
vos ao público. Localizado junto da CGD,
o Potes Bar está aberto durante toda a
semana, abrindo às 12h30 e terminado
às 2h durante a semana, e às 4h, sextas,
sábados e vésperas de feriado.
Quatro TalhasO restaurante-bar Quatro Talhas co-
meçou por ser idealizado como uma
petisqueira-bar e nasceu em 2003 pelas
mãos de dois sócios. Sendo um restau-
rante bastante conhecido na “Vila Jar-
dim”, o Quatro Talhas disponibiliza aos
seus clientes, para além de boa comida,
música ambiente que vai desde os Blues
a um pouco de Jazz. Fora da programa-
ção habitual, o cliente poderá ainda con-
tar, casualmente, com algumas apresen-
tações de Fado. Localizado junto ao
Pelourinho, o Quatro Talhas abre às 11h
e encerra as suas actividades às 24h.
Marco Serras meteu pés ao caminho e mãos ao traba-
lho. Hoje, passados cinco anos, tem um atelier no Sardo-
al onde o restauro e criação de mobiliário, o vitral, o mo-
saico e a iluminação convivem ao serviço de vários tipos
de clientes. A ofi cina é num velho lagar, junto à matriz
da vila. Os clientes estão um pouco por todo o país. Por
exemplo, os seus candeeiros, numa estética infantil e ju-
venil, vendem-se bem no Algarve, mas não só. O êxito
tem vindo do boca a boca, que é uma das melhores for-
mas de crescer com sustentação.
Formado em design, o artista e artesão redescobre téc-
nicas antigas e trabalha novas formas ao gosto dos dias
de hoje. Azul Limão é uma cor bonita, não é? É a cor do
sonho, e da arte.
AZUL LIMÃO
Ofi cina de restauro e outras artes
Ao encontro da música e animaçãoPara aqueles que procuram uma ex-
periência mais animada e no âmbito
social, o Sardoal dispõe de vários esta-
belecimentos nocturnos, empenhados
em animar a sua noite e proporcionar-
lhe boa música, boa comida e uma ex-
celente companhia.
Liliana Wah
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 13
Como é que se vive em povoações
como Brescovo, Salgueira ou Codes,
da freguesia de Santiago de Montale-
gre? Adriana, nome suposto por causa
do isolamento, aceitou falar um pouco
da vida que leva.
Faço a vida normal de uma mulher ca-
sada. Mas com muito sossego, com o
piar dos pássaros nocturnos e às vezes
também dos javalis. Não tenho medo
dos javalis, eu não me meto com eles e
no quintal não tenho grande coisa que
me possam estragar. Depois, saio de
manhã para o trabalho e regresso ao
fi m do dia. Os meus pais vivem perto
e é assim. No fi m-de-semana, não há
muito que possa ser alterado. No fi m-
de-semana, faz-se a vida de casa mais o
quintal. Quem quer e pode vai à missa,
a Santiago. Cafés, não há. Só em S. Do-
mingos. Junta de Freguesia ou associa-
ções também não têm uma presença
forte. Há povoações onde só restam
duas ou três famílias, ou melhor, dois
ou três fogos habitados por pessoas
mais ou menos da mesma família. A
Junta de Freguesia arranjou-nos o cami-
nho. Mas também nunca lhe pedi nada.
Associações, só em S. Domingos e em
Santiago, mas como eu não vou beber
café…
Há pessoas que escolhem este tipo
de via e um ambiente de grande qua-
lidade sob o ponto de vista da proxi-
midade da natureza. Outros sentem
o peso do isolamento. Adriana fala
de si. Eu sou dali, o meu marido é de
perto. Quando casei, optámos por fi car
aqui porque pude reconstruir a casa dos
meus bisavós, que me foi oferecida. Fize-
mos a obra e agora, é como se fosse na
cidade, estamos a pagar o empréstimo.
Este é um lugar para onde se pode vir
por opção. Mas, para os que são dali,
é diferente. Os mais velhos, não têm
sequer alternativa. Os meus pais sem-
pre viveram ali. Creio que nem saberiam
viver noutro lado. Mas para os mais no-
vos, como Adriana e o marido, a vida
apresenta-se como um dilema: fi car
ou sair. Ficar é difícil, porque não há
empregos e trabalhar por conta pró-
pria é complicado. As pessoas conhe-
cem-se todas, e na hora de pagar é mui-
to difícil. Os calotes são mais que muitos.
Por isso, a solução parece ser simples:
ou trabalhar fora ou partir para longe.
Adriana trabalha fora, mas, confessa,
estou a pensar emigrar com o meu ma-
rido, à procura de uma vida melhor, é
claro.
Alves Jana
ALVES JANA
É uma pequena capela, não tem ain-da 40 anos, mas já tem muito que contar. Tão pequena como o Pisão, Alcaravela, onde fi ca situada, uma povoação onde já só habita uma fa-mília de cinco pessoas e uma outra pessoa vem dormir todos os dias. Mas que, como é costume, recebe mais gente nos fi ns-de-semana e no tempo de férias.
Tudo começou quando Frei João
António, natural dali, pensou em fa-
zer no Pisão, uma capela que servis-
se as várias povoações daquele re-
canto da freguesia. Se bem o pensou,
melhor o fez. Como franciscano, Frei
João António pensou numa réplica
da Igreja da Porciúncula, o lugar mais
sagrado dos franciscanos, o templo
que S. Francisco reconstruiu quando
“ouviu” de Cristo a ordem para “res-
taurar a minha Igreja”. Os apoios fo-
ram vários, Manuel Inácio deu o terre-
no, e em Agosto de 1973 a capela era
inaugurada como Nova Porciúncula.
A inauguração teve a bênção tanto
da diocese como dos franciscanos. E
a vida começou ali a rotina dos dias e
das celebrações litúrgicas.
Mas a vida tem voltas imprevistas.
O vento pós-conciliar abriu algumas
mentes à renovação e fechou outras
na defesa da tradição. A verdade é
que Frei João acaba por partir para o
Canadá e Estados Unidos, por casar e
aderir à Igreja Anglicana.
A história não é conhecida ao por-
menor, nem talvez interesse. A ver-
dade é que a capela foi abandonada
pela paróquia e a diocese. Até que, no
fi nal dos anos 90, se constituiu uma
comissão local para o seu restauro e
daí se formou a ANAP, Associação dos
Naturais e Amigos do Pisão, que to-
dos os anos se reúne no seu berço.
Frei António regressou a Portugal,
integrado numa missão anglicana.
E quase todos os anos é convidado
pela Associação a vir celebrar a litur-
gia na reunião dos naturais e amigos
daquele pequeno lugar. Até aqui, pa-
rece que tudo está em ordem, é assim
a vida.
Acontece, porém, que por detrás
desta aparente normalidade, há um
confl ito com a diocese, que deixou de
ali celebrar qualquer culto. “Ainda há
pouco, quando a imagem de Nossa
Senhora visitou os vários lugares da
freguesia, no Pisão, fi cou numa gara-
gem, não quiseram que viesse aqui
para a capela. Houve pessoas que,
indignadas, se foram embora”, conta
Pedro Gaspar, presidente da ANAP. E
Luísa Pedrosa, tesoureira, explica que
“os ventos do ecumenismos ainda
não sopram por estes lados”. Nos con-
tactos com a diocese, seja a nível lo-
cal com o pároco, seja a nível central
com o bispo, “eles são politicamente
correctos, mas depois não há respos-
ta”, explica Luísa Pedrosa.
No passado dia 14 de Agosto, na as-
sembleia geral da ANAP foi assinado
um documento de doação do terre-
no pelo proprietário à Associação e
a direcção recebeu um duplo man-
dato: legalizar a posse da capela em
nome da ANAP e fazer algumas obras
de benefi ciação. Além disso, vai con-
tinuar os contactos com a diocese até
à normalização da situação. Frei João
António “já disse que, se a causa do
problema é ele, deixa de vir ao Pisão”,
mas a Associação pensa que não
faz sentido voltar as costas àquele a
quem se deve a construção da Nova
Porciúncula. E, do seu ponto de vista,
“o Cristo é o mesmo”.
A Nova PorciúnculaFrei João, que mais uma vez foi con-
vidado pela ANAP a celebrar na cape-
la do Pisão, por ocasião do encontro
anual, explica o pequeno templo.
É uma réplica da Igreja da Porciún-
cula, em Assis, Itália, e foi pensada
como a Nova Porciúncula. O topo da
capela tem dois níveis.
Na parede, propriamente dita, ve-
mos, em mosaico, imagens da vida
de S. Francisco e uma representação
de santa Maria dos Anjos, a quem é
dedicada a Porciúncula original. No
retábulo do altar, também em mo-
saico, temos uma imagem estilizada
do Pisão, encimada pelo crucifi xo fr-
naciscano.
Nas paredes laterais, temos vitrais
com fl ores, um motivo franciscano,
e com a pomba da paz, à esquerda a
descer sobre o Pisão e à direita a subir
do Pisão para o Alto.
O dilema do Portugal profundo
Capela de S. Francisco não consegue fazer a paz
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
14 especial sardoal
Paulo Sousa não é apenas um
fotógrafo, é um fotógrafo suces-
sivamente premiado. Mas nem só
isso. Paulo Sousa tem dado o me-
lhor de si para documentar o cor-
po e a alma da sua terra, o Sardo-
al. Há muitas formas de descobrir
o Sardoal e as suas gentes, a sua
vida. Mas uma delas, imprescin-
dível é através da obra de Paulo
Sousa que, assim, se transformou
num nome irrecusável da memó-
ria visual da sua terra.
Nasceu no Sardoal e sempre
aqui tem vivido. Descobriu a fo-
tografi a num curso de animador
cultural, profi ssão que exer-
ce na Câmara do seu conce-
lho, e nunca mais parou de
saber mais. Tem feito vários
cursos, entre eles a licen-
ciatura em fotografi a, no
Politécnico de Tomar. Com
o muito que sabe, tem diri-
gido vários cursos de foto-
grafi a.
Se lhe saísse um prémio
gordo a sério, deixaria tudo
para se dedicar à fotogra-
fi a. Não apenas a fotogra-
far, mas a ensinar e a criar
oportunidades para a fo-
tografi a enquanto forma
de arte e para os fotógra-
fos que, como todos, precisam de
oportunidades.
E, importa dizê-lo, é um homem
bom. Bom e humilde a tal ponto
que é bem possível que não lhe
seja dado o devido valor. Porque
um artista com esta craveira…
nem todas as terras têm a sorte
de ter.
Mas não basta falar sobre. É pre-
ciso descobrir o homem e a obra.
Nas páginas digitais de fotogra-
fi a olhares.aeiou.pt/lagarto e no
seu blogue objectivasubjectiva.
blogspot.com.
Alves Jana “Há bruxas, mas eu nunca vi nenhuma”ALVES JANA
Entre nós habitam ainda velhas
narrativas onde se misturam factos
do mundo e imaginação popular,
medos ancestrais e a sempre reno-
vada necessidade de encontrar ex-
plicação e segurança num mundo
que sempre é ameaçador. Fomos
procurar algumas histórias de bru-
xas. Importa dizer que elas, as his-
tórias, se encontram um pouco por
todo o lado e quase todas dizem o
mesmo. São “invariantes culturais”
na sua estrutura mais funda. Por
isso aparecem também no conce-
lho do Sardoal.
Luísa Amaro da Silva, nasceu
em Entrevinhas, Sardoal, e tem 80
anos.
Eu tinha um irmão mais velho e
ele dizia que tinha visto uma bru-
xa no quarto dele, com um chapéu
de palha na cabeça, mas ele não a
podia descobrir. E nunca descobriu.
Ele dizia que a conhecia, que era vi-
zinha, mas não a podia descobrir.
Elas juntavam-se às encruzilha-
das dos caminhos a dançar. Mas se
alguém se metesse com elas, elas
ameaçavam, faziam-nas ir levar às
costas até onde elas quisessem.
Maria Celeste Augusto, de Vale
Formoso, Alcaravela, tem 85 anos e
traz-nos uma narrativa de família.
O meu sogro contava que quan-
do a mulher tinha os fi lhos peque-
nos, o que é que elas faziam? En-
travam pelo buraco da fechadura
e iam buscá-los à cama, e pô-los na
cinza, empoavam-nos todos, mas-
carravam-nos todos, e eles come-
çavam a chorar. E o meu sogro ia lá
buscá-los.
E outra vez, ela fez o mesmo. E o
meu sogro…
- Mau… Isto não está bom.
Pantou-os no meio deles os dois.
E elas iam lá buscá-los, punham-
nos na cinza, empoavam-nos todos
e mascarravam-nos todos.
Então, o meu sogro foi pôr uma
medida de linhaça em cima de um
banco atrás da porta. Elas foram a
entrar, bateram na linhaça e entor-
nou-se tudo pelo meio do chão.
Ela começou a apanhar, mas tinha
de apanhar uma por uma [grão a
grão] e então ele apanhou-a. Deu-
lhe uma sova! E ela disse para o
meu sogro: - Vais levar-me a minha
casa que eu não sou capaz. Teve de
ir levá-la às costas a Entre-as-Serras,
que ela era de lá. E aquela já morreu.
Ela disse que ele nunca descobrisse.
Mas ele descobriu depois dela mor-
rer. Isto era o que o meu sogro con-
tava. Contou-o muitas vezes para
mim. Isto foi passado na Tramaga
de Alcaravela. O meu sogro chama-
va-se Albino Gonçalves.
Maria Rosa, nasceu em Andreus,
há 84 anos. A sua história é de por-
tas adentro.
O meu marido já morreu. Dizia
que as bruxas iam lá de noite, que
diziam cantigas, faziam parvoíces.
Ele mexia-me para ver se eu acorda-
va e eu nunca ouvi nada. Mas aqui-
lo continuava: - Esta noite vieram cá
outra vez.
Uma vez disse-me: - Eu não pos-
so dizer quem são, mas eu conhe-
ço-as. Só me disse assim: - Neste
nome, há aí alguma pessoa adulta?
– Não, só crianças. – Não me digas
que aquela criança já anda metida
numa coisa daquelas.
Isto foi [durante] anos. Eu às vezes
pensava “isto é da cabeça dele, pois
eu não ouço, não vejo nada”.
Mas, depois, ele era já doente e fo-
mos para Monte Real, para as ter-
mas. De maneira que também lá o
perseguiam, tão longe. Ele, coita-
do, queixou-se lá para a senhora. E
a senhora disse assim: - Você gosta
de ir à missa? – Gosto. Da minha re-
ligião faço aquilo que sei. – Olhe, o
senhor, agora, faz uma coisa aqui, e
promete fazer até que você se lem-
bre, até que seja vivo. Você deita-se
na cama, reza o credo em cruz em
cima de você que elas nunca mais
vão a sua casa. E daí em diante ele
nunca mais se queixou. Não sei se
aquilo era da cabeça dele ou o que
é que realmente acontecia.
Além disso, conta uma história em
que foi personagem.
Quando eu era miúda, até aos três
meses, era uma borreguinha, dor-
mia muito bem. Mas dos três me-
ses aos cinco a minha mãe até tinha
de varrer comigo ao colo que eu
nunca me calava. A pontos, coita-
da, [que]eu estava já seca como um
pau e ela disse para o meu pai: - Te-
mos que ir algures, isto não é coisa
boa. O meu pai, coitado, com pou-
ca vontade, mas lá foi. Era numa
terra distante, mas não sei onde. O
homem lá deitou as cartas e disse:
- O senhor vai para casa e faz estes
defumedouros, com anecril, arruda
e essas coisas assim. E o meu pai: -
Ouça lá, um inocente não sai à rua
praticamente e não fala para nin-
guém, que mal é que podia fazer?
E ele diz assim: - Olhe, o senhor fi ca
com esta palavra só: os nossos são
os piores. O meu pai veio para casa,
a minha mãe lá tinha aquelas coi-
sas, fez-me os defumedouros e nes-
sa noite já dormi toda a noite.
Pequenas histórias destas há-as
por todo o lado. Nem é preciso pro-
curar muito para as descobrir. Mas,
é claro, entre pessoas que tenham
vivido antes da luz eléctrica ter es-
pantado todos estes medos.
Luísa Amaro da Silva, Maria Celeste Augusto e Maria Rosa.
A memória fotográfi ca do Sardoal
PAULO SOUSA
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
especial sardoal 15
A Santa Casa da Mise-
ricórdia do Sardoal, no
seu fazer bem ao corpo
e à alma, não esqueceu
“o vinho alegra o cora-
ção do homem”. Vai daí,
lançou o Vinho Santa
Casa, de que mostra-
mos a garrafa. Como
não tem produção pró-
pria, socorreu-se, e bem,
da produção da Quinta
do Côro. Quem quiser,
tem à sua disposição
na Santa casa, contra a
oferta de um donativo.
É uma forma de soli-
dariedade e é óptimo
tanto para coleccionar
como… para beber.
Nesta forma de vida, se vida
é, por um milionésimo de se-
gundo se perde a medalha
de ouro e por um minuto se
perde o comboio e talvez o
futuro. É o tempo do tempo
acelerado, do agir instantâ-
neo.
Não será que perdemos a
faculdade de ver, por falta
de tempo? Não basta olhar,
como um boi para um palá-
cio. Não se vê com os olhos.
Para ver, o que se diz ver, é
necessário sobretudo a cabe-
ça e o coração. E tempo.
Só com tempo, com vagar,
com calma, se pode obser-
var e ver, com “olhos de ver”.
E com esse modo de ver vale
a pena percorrer os recantos
destas nossas terras do in-
terior. Descobrir o que mal
se mostra, e por detrás dis-
so perceber a vida que ali
está condensada. Uma fon-
te num recanto esquecido, e
as mil estórias que canta ca-
lada no silêncio da tarde. Um
penhasco, de que se contam
histórias da “moura encan-
tada”. Uma levada de água,
uma pequena ponte, uma
barreira de sustentação de
terras, e muitas outras obras
de engenharia rural e popu-
lar, milhões e milhões de ho-
ras de trabalho, a tornar habi-
tável uma terra madrasta, a
resistir contra a fome quase
permanente, a sonhar com
um futuro novo.
É nesse património simples,
muitas vezes esquecido, em
que o nosso interior é rico,
que se encontra um fi lão a
aproveitar. As vilas e aldeias
do interior nunca serão me-
trópoles, e estas nunca terão
a paz, o sossego, o silêncio, a
proximidade da terra, a fres-
cura natural da água que cor-
re duma bica, a memória ao
vivo dum tempo em que as
coisas eram à nossa dimen-
são, mas eram duras, muito
duras de roer.
Todos somos fi lhos e netos
dessa vida que em cada es-
quina se nos dá a ver, a pen-
sar, que nos diz que, no fun-
do, o mais essencial da vida
não é aquilo em que pomos
toda a confi ança, mas o que
desde o princípio dos tem-
pos tem alimentado a alma
dos homens e mulheres. On-
tem, como hoje, valia a pena
viver.
Alves Jana
Foi há um ano que se deram a conhe-cer nas Festas do concelho de Sardoal, mas foi a 4 de Outubro que se reuniram para constituir uma associação. A Estí-mulo - Associação de Jovens de Sardo-al (AJS) nasceu a partir de uma conver-sa de amigos, onde foi falado que há uns anos atrás tinha existido uma As-sociação de jovens na vila.
Segundo Mauro Nogueira, presiden-
te da Direcção, era grande a vontade de
agarrar na anterior associação e fazer
algo para o concelho “porque o Sardo-
al está cada vez mais parado”, uma vez
que “os jovens vão estudar para fora e
fi cam por lá porque não têm nada que
os faça voltar”. Depois de constituída a
Associação, a 6 de Fevereiro de 2010,
várias foram as actividades que reali-
zaram, como o baile de Carnaval, o Dia
Limpar Portugal, Dia Mundial da Crian-
ça, animação na Festa da Bosta Solidá-
ria, em Alcaravela com jogos tradicio-
nais e o Festival de Música Alternativa
Sardoal Estímulo, do qual parte das re-
ceitas reverteram para a Cruz Vermelha
Portuguesa.
Para o futuro, estão a ser planeadas
mais acções, entre elas formações nas
mais diversas áreas através do Instituto
de Soldadura e Qualidade, workshops,
palestras, pretendendo ainda fazer
uma ligação com os mais idosos, atra-
vés de actividades onde estes possam
conviver com os jovens. Os principais
objectivos da Estímulo passam pela
cooperação entre os seus associados
na realização de actividades de âmbi-
to cultural, desportivo, lúdico, social e
pedagógico.
O vice-presidente, Pedro Marques,
referiu ao JA que ainda há um longo
caminho a percorrer “para que as Ins-
tituições do concelho reconheçam
credibilidade à AJS”, mas “precisamos
da ajuda de todas elas para crescer-
mos”. Com 25 jovens associados, a AJS
procura novos sócios e por isso tem ins-
crições abertas “para que todos juntos
possam ser mais fortes”. Para ser sócio
basta ter mais de 12 anos e gosto pelo
associativismo. Muito da divulgação da
associação passa pelas novas platafor-
mas sociais da Internet, por isso a AJS
criou um blogue que pode ser consul-
tado em www.ajsardoal.blogspot.com
Devagar que quero ver
Fonte da Salgueira
Associação de Jovens de Sardoal afi rma-se com Festival Alternativo
O vinho Santa Casa
jornaldeabrantes
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
actualidade 17
JERÓNIMO BELO JORGE
Foi um fenómeno que se ve-rifi cou praticamente todas as noites do mês de Agos-to. Quase sempre à mesma hora, 21.30h, junto ao rio Tejo os postes de iluminação pública “juntavam” à sua vol-ta milhares de pequenos in-sectos.
Uma espécie de borboleta
branca, semelhante à dos bi-
chos da seda, atraiam à luz.
Embora sem problemas de
maior, estes insectos torna-
vam-se incomodativos face à
quantidade que diariamen-
te aparecia. Barreiras do Tejo
(margem Norte do Aquapo-
lis), Rossio, Rio de Moinhos,
Constância e outros locais ri-
beirinhos registaram este
fenómeno. Mas afi nal que es-
pécie de insecto era este? A
rádio Antena Livre foi à procu-
ra de explicações.
Adriana Galveias, do Museu
de História Natural de Lisboa,
e Ernestino Maravalhas do
Tagis - Centro de Conserva-
ção das Borboletas de Portu-
gal, revelaram que a “espécie
em questão é Ephoron virgo
e pertence à Ordem Epheme-
roptera, Classe Insecta”.
Portanto, não são borbole-
tas, são efémeras. Estas são in-
sectos com metamorfose in-
completa o que signifi ca que
passam por três estádios de
desenvolvimento: ovo, ninfa
e adulto.
driana Galveias revelou tam-
bém que “as ninfas são aquá-
ticas, possuem uma armadura
bucal mastigadora e alimen-
tam-se de detritos e matéria
vegetal e algumas podem ser
predadoras”.
Sobre o seu aparecimento
apenas em Agosto a investi-
gadora revelou que o seu ci-
clo de vida “caracteriza-se por
uma diapausa na fase de ovo
que ocorre no Outono e In-
verno e que acaba em mea-
dos de Abril, quando a larva
eclode. Durante o período de
crescimento, a ninfa alimenta-
se de partículas em suspen-
são que estão presentes nos
cursos de água.
Em Agosto, os machos e as
fêmeas emergem e num pe-
ríodo de tempo muito cur-
to, acasalam e as fêmeas co-
locam os ovos perto do rio”.
A surpresa desta explicação
prende-se com o facto desta
espécie ser “um excelente bio-
indicador da qualidade ecoló-
gica dos rios”.
Ao nível do ecossistema,
esta espécie é um importan-
te recurso alimentar de peixes
e aves, e também tem grande
importância na decomposi-
ção de matéria orgânica.
Como nota fi nal, realce-se
que este pequeno insecto, se-
gundo os investigadores “não
é prejudicial para o homem
nem para outros animais”.
Com o fi nal de Agosto as
efémeras deixaram de apare-
cer nos seus voos nocturnos
de acasalamento. Resta per-
ceber se a espécie vai conti-
nuar a visitar-nos no próximo
ano.
ANÚNCIOS 100% GRATUITOS
Batalha jurídica inviabiliza reparação da Avenida do Paiol
A estrada do Paiol, como
é conhecida em Abrantes,
entre o hospital e as Bar-
reiras do Tejo está há qua-
se um ano apenas com cir-
culação no sentido descen-
dente. Com o mau tempo
aluiu a barreira de suporte
e, por isso, abateram alguns
metros de pavimento.
A solução técnica é fácil
e não muito dispendiosa.
Cerca de três semanas de
obra e 80 mil euros de orça-
mento, segundo fontes da
autarquia abrantina.
Porquê, então, a demora
da reparação de uma das
principais entradas para o
centro da cidade e acesso
a um dos nós da A23 para
quem circula a partir do Sul
do concelho?
A Câmara de Abrantes ain-
da tentou avançar rapida-
mente para a reparação da
barreira caída, mas como a
responsabilidade teria de
ser repartida com o proprie-
tário do terreno, não houve
entendimento e o proprie-
tário, segundo a presidente
da Câmara, “impediu” a en-
trada de qualquer máqui-
na nos seus terrenos. Logo,
legalmente, a Câmara fi cou
impedida de fazer a obra. O
processo avançou para Tri-
bunal, mas as primeiras pro-
vidências não resultaram e,
por isso, o processo jurídico
segue agora uma segunda
fase que passa pela publi-
cação em edital da decisão
judicial de permitir a inter-
venção nos terrenos parti-
culares.
Maria do Céu Albuquer-
que afi rmou ao JA que,
logo que o processo jurídi-
co esteja concluído, a “repa-
ração do deslizamento das
barreiras deverá demorar
um mês”. A autarca diz que
espera que “dentro de pou-
co tempo tudo esteja diri-
mido” por forma a “evitar
que aquela rua passe o In-
verno nesta situação”.
Jerónimo Belo Jorge
As “borboletas” nocturnas que são afi nal Efémeras
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
18 jornal de abrantes 110 anos
Domingo, 11 de Setembro de 1910
GRANDIOSA CORRIDA MISTASerão corridos 4 touros e 4 vaccas do abastado proprietario José
Henriques, da Gollegã, os amadores e artistas são todos da Gollegã, e um
valente grupo de moços de forcados todos de Abrantes.
Esta corrida é promovida por uma comissão de artistas [isto é, operá-
rios] desta villa.
Já ha grande animação jamais [sic] que os preços serão convidativos.
Breve saem os programas com o detalhe da corrida.
ASSIM SE ESCREVIA NO JORNAL DE ABRANTES, NO…
Escola móvelFalla-se numa escola movel
para as Hortas [hoje Alferrarede].
Não concordamos, como nun-
ca concordámos com a missão
que em Abrantes funcionou o In-
verno passado.
As missões das escolas moveis
devem funcionar onde exista
maior numero de necessitados
de luz.
Perto de nós, temos Paul, Vale
da Cerejeira, Senhora da Luz,
onde nunca passou sombra de
mestre para o ensino.
Mais distante, temos Bemposta,
S. Facundo, Pego, etc., onde tão
preciso é ensinar a ler a mulher.
Em qualquer desses pontos, não
ha meia duzia de mulheres que
saibam ler, ao que nos parece.
Vá para ali a escola movel regi-
da por professora, e prestar-se-á
um altíssimo serviço a esses po-
vos.
PUBLICIDADE
AmaOff erece-se de primeiro leite. Nesta redacção se diz.
PARLAMENTO PORTUGUEZVai abrir-se em breve; delle fazem parte 14 deputados que o povo de Lis-boa, Setubal e Beja, elegeu por sua legitima e expontanea vontade. São el-les os illustres cidadãos: Srs. Drs. Bernardino Machado, Teofi lo Braga, Aff onso Costa, António José d’Almeida, Alexandre Braga, Alfredo Magalhães, Miguel Bombarda, António Luiz Gomes, João de Menezes, Brito Camacho, Aurelio da Costa Ferreira e Fernandes Costa; Vice-almirante Candido dos Reis e José Maria de Feio Terenas.
A’vante pelos interesses desta pobre Nação! – A’vante pelos interesses do Povo!
Viva a Patria! – Viva a Republica!
jornaldeabrantes
cultura&espectáculos20
Abrantes 16, 23 e 30 de setembro – Visita nocturna guiada ao
Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes –
Castelo – Museu D. Lopo de Almeida
Até 29 de setembro – Exposição – Henrique Santos e
Silva: Centenário do Nascimento – Dia de encerramen-
to com concerto de Orfeão de Abrantes
Até 4 de outubro – Exposição – Aguarela de Sérgio
Guerini – Galeria Municipal de Arte
24 de setembro – Teatro “Uma história de Dois” com
Teresa Guilherme e Guilherme Filipe – Cine-teatro São
Pedro, às 21h30
CINEMA – Espalhafi tas, às 21h30 – Cine-teatro São
Pedro:
15 de setembro – “Nada Pessoal”, de Urszula Antoniak
22 de setembro – “Shirin”, de Abbas Kiarostami
29 de setembro – Documentário de Mariana Castro e
Sílvio Santana sobre a pintora Maria Lucília Moita
Constância Até 30 de setembro – Mostra Bio-bibliográfi ca do es-
critor João Aguiar – Biblioteca Alexandre O’Neill
Até 26 de setembro – Exposição de pintura de Carlos
Frederico – Posto de Turismo
24 a 26 de setembro – Jornadas Europeias do Patri-
mónio
DVDteca à sexta – Biblioteca Alexandre O’Neill, às
15h00:
17 de setembro – “A Casa Fantasma”
24 de setembro – “Os Fura Casamentos”
Sardoal 22 a 26 de setembro – Festas do Concelho de Sardoal
2010 – Artesanato, BTT, I Encontro Motard, exposição,
lançamento de Livro e animação com Anabela e Carlos
Guilherme, Susana Félix, Ana Laíns, Tributo aos Queen,
entre outros
22 de Setembro a 23 de outubro – Exposição “Ser
o Rei para quê?”, de Jorge Lopes – Centro Cultural Gil
Vicente
Barquinha 25 de setembro – Festa da água do Tejo – Debates, pa-
lestras, exposição e música - Centro Cultural da Barqui-
nha, das 9h00 às 22h00
A partir de 25 de setembro – Exposição “Proteger o
rio, Preservar a Água” – Centro Cultural da Barquinha
2 de outubro – Sábados às cinco com…António Rol-
dão – Ciclo de palestras sobre Património – Centro Cul-
tural da Barquinha, às 17h00
Mação 19 de setembro – X Encontro de Bandas Civis – Banda
de Alhadas de Baixo, Banda de Mira de Aire, Banda de
Mação, a partir das 15h00
AGENDA DO MÊS
Centenário do nascimento de Henrique Santos Silva, em Abrantes
Entre os dias 24 e 26 de setembro Constância vai
ser palco das Jornadas Europeias do Património. No
dia 24 haverá um percurso pedestre “Descobrir o
Património da Ribeira de Alcolobre ao Crepúsculo”,
que tem lugar às 18 horas. Durante estes três dias
do evento o Museu dos Rios e das Artes Marítimas
recebe visitas guiadas entre as 14h00 e as 17h30. No
último dia das Jornadas será exibido o fi lme “Cons-
tância em 1924”, no Auditório da Casa-Memória de
Camões, às 17h15. Todas as actividades terão entra-
da gratuita.
As aguarelas do Sérgio Guerini vão estar em expo-
sição na Galeria Municipal de Arte até 1 de outubro.
Sérgio Guerini nasceu em São Paulo, Brasil, e estudou
pintura e aguarela com grandes nomes desta arte.
Regressa a Abrantes depois de ter ganho a I Bienal
de Aguarela Brasileira em Portugal, em 2006. Desta
vez apresenta-se com uma exposição de aguarelas
em nome individual, uma parte das quais inspirada
em materiais e formas arquitectónicas da cidade de
Abrantes. Um trabalho a ver de terça-feira a sábado,
das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30.
Nasceu a 18 de Setembro de 1910
e faleceu a 30 de Janeiro de 1981.
Foi relojoeiro de profi ssão, na ouri-
vesaria Palma, mas distinguiu-se en-
tre nós pela sua formação musical e
pela sua execução de violino. Mas foi
sobretudo por ter dirigido o Orfeão
de Abrantes desde 1933 até à sua
morte que fi cou conhecido como
o Maestro Henrique Santos Silva.
Com ele, o Orfeão obteve grandes
êxitos tanto em Abrantes como no
exterior, chegando mesmo a obter
o galardão de Comendador da Or-
dem de Benemerência. Após a sua
morte, a Câmara Municipal atribuiu
o seu nome à rua em que viveu. Para
assinalar o centenário do seu nasci-
mento, a Biblioteca Municipal mos-
tra até 29 de Setembro uma exposi-
ção com objectos do espólio do ho-
menageado. No dia 29, às 21h30, o
Orfeão de Abrantes associa-se com
um concerto na Biblioteca.
Constância celebra Jornadas de património
O rei vai nu?, no Sardoal“Ser o Rei para quê?” é o tema da exposição de pintura, da au-
toria de Jorge Lopes, a partir de 22 de setembro, no Centro Cul-tural Gil Vicente, no Sardoal e até 23 de Outubro.
Jorge Lopes nasceu em Tomar, em 1981. Actualmente vive e
trabalha na capital da Alemanha, Berlim. É licenciado pela Escola
Superior de Artes e Design, de Caldas da Rainha, desde 2004. No
ano seguinte conquistou uma Bolsa, no âmbito do programa in-
ternacional Leonardo da Vinci. Participou já em várias exposições
individuais e colectivas em Tomar, Lisboa, Óbidos, Torres Vedras e
diversas cidades alemãs.
Sérgio Guerini volta à Galeria de Arte
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
cultura 21
LUGARES COM HISTÓRIA
O Convento de Santa Maria da CaridadeTERESA APARÍCIO
Numa colina, sobranceira à vila de Sardoal, arejada e de onde se pode admirar uma bonita paisagem, en-contra-se o Mosteiro de Santa Ma-risa da Caridade, de que se salienta a igreja, com uma arquitectura inte-ressante e rica em história e obras de arte.
Sabe-se que uma comunidade de
frades menores franciscanos, vindos
de Abrançalha, se instalou neste lo-
cal em 1571, onde já havia uma er-
mida dedicada a Nossa Senhora da
Caridade, cuja imagem era objec-
to de grande devoção por parte do
povo da região, que ali acorria em
numerosas e muito frequentadas ro-
magens. A bela imagem da Senhora,
obra do gótico tardio, feita em pedra
de ançã, passou para a igreja do Con-
vento de que continuou a ser a pa-
droeira.
Para a construção do primeiro Con-
vento muito contribuíram os habitan-
tes de Sardoal, dando dinheiro con-
forme as suas posses, salientando-
se entre eles, com o seu contributo
avultado, D. Duarte de Almeida, fi lho
do 3º conde de Abrantes, homem
muito devoto e dedicado aos frades
de S. Francisco. Em 1677, foi dado o
padroado do Convento a D. Gaspar
Barata de Mendonça, natural desta
vila e que foi o primeiro arcebispo do
Brasil. A ele se deve a reedifi cação da
igreja, fi cando então com a confi gu-
ração que ainda hoje apresenta. Tão
ligado esteve a ela em vida, que dela
não se quis separar após a morte, fi -
cando sepultado num rico mauso-
léu que se encontra na capela-mor,
do lado da Epístola.
A igreja possui uma única nave, fi -
cando a capela-mor separada desta
por um arco cruzeiro. No exterior, à
entrada, do lado direito, encontra-se
a capela do Senhor dos Remédios,
ornamentada com azulejos azuis e
brancos, do século XVIII, que repre-
sentam cenas da Paixão. No interior
está um Cristo, em madeira, com
uma coroa de espinhos e um joelho
em terra, muito semelhante a uma
imagem do Senhor dos Passos.
Este templo possui peças de arte
sacra de muito interesse. Além da
imagem de Nossa Senhora da Ca-
ridade, é também detentor de um
oratório do século XVI, em estilo
Namban, este caracterizado por ter
infl uências de Portugal e do Japão.
É formado por três peças: a que está
ao centro, encimada por um frontão
triangular, é a maior e nela encontra-
se, sobre uma lâmina de cobre, uma
bela pintura da Virgem com o Me-
nino ao colo e é ladeada por duas
meias portas que se podem fechar,
protegendo assim a parte mais no-
bre, que contem a pintura. O orató-
rio é de madeira, revestido de laca
negra e decorado com incrustações
em madrepérola. Os elementos da
decoração são inspirados na nature-
za, ao gosto nipónico, salientando-
se dois pares de pombas e represen-
tações de laranjeiras, cameleiras e
cerejeiras, árvores que no Japão são
muito carregadas de simbolismo.
Sabe-se que este oratório, que pro-
vem de um centro de produção ja-
ponês, veio parar a este conven-
to por oferta de Dona Jerónima de
Sousa, cumprindo a vontade de seu
marido Gaspar de Sousa de Lacerda
e foi colocado no altar de Nossa Se-
nhora da Esperança.
Os frades franciscanos viveram nes-
te Convento até 1834, ano em que
Joaquim António de Aguiar decre-
tou a extinção das ordens religiosas.
Foi, depois, entregue à Santa Casa da
Misericórdia, que ali instalou um hos-
pital, que funcionou até 1979. Hoje e
após a remodelação das instalações,
fi cou ali a funcionar um lar de idosos,
também pertencente à Misericórdia.
Bibliografi a: Gonçalves, Luis Manuel, “Sardo-
al, do Passado ao Presente”, edição da Cãmara
Municipal do Sardoal, 1992. Valente, Francisco
J. Esteves, Revista Zahara, nº 11 e 15, edição do
CEHLA - Palha de Abrantes
NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES
A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE.
Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dezanove de Agosto de dois mil e dez, exarada de folhas vinte e quatro a folhas vinte e seis, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E UM – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores HERMINIO SER-RAS, e mulher MARIA TERESA VERMELHO, casados no regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, residentes na Rua de São Miguel, em Venda, Alcaravela, Sardoal, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios:UM) Prédio rústico, sito em Taberna Seca, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de quinhentos e sessenta metros quadrados, a confrontar de Norte com Clara Serras, de Sul com Luís Silva, de Nascente com caminho público e de poente com Manuel Jacinto, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 405 da secção D.DOIS) Prédio rústico, sito em Vale Castanheiro, na freguesia de Alcaravela, do con-celho de Sardoal, composto de pinhal e eucaliptal, com a área de onze mil novecentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com António Machado, de Sul com João Lopes Louro, de Nascente com António Rodrigues Vermelho e de Poente com António Vermelho Rodrigues, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 62 da secção L.TRÊS) Prédio rústico, sito em Soalheira, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de nove mil seiscentos e quarenta metros quadrados, a confrontar de Norte e Nascente com Herdeiros de João Ba-tista, de Sul com Alfredo Rodrigues, e de Poente com Aníbal Alexandre, omissona Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 81 da secção M.Que os prédios ora justifi cados estão inscritos na matriz em nome dele justifi cante marido e que são possuidores, do prédio indicado em UM E TRÊS desde, pelo menos, mil novecentos e setenta e três, os quais vieram à sua posse por doação meramente verbal, de seus sogros e pais José Rodrigues Vermelho e Luísa Maria, casados que foram no regime da comunhão geral de bens, residentes em Vale de Onegas, Alca-ravela, Sardoal e do prédio indicado em DOIS desde, pelo menos, mil novecentos e sessenta e três, o qual veio à sua posse por compra meramente verbal a Adelina Serras, solteira, maior, residente em Lisboa, todos já falecidos, portanto todos há mais de vinte anos, não tendo sido celebradas as respectivas escrituras.Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades pelos mesmos proporcionadas, limpando as árvores e os matos, cortando e retirando a madeira, pagando os respectivos impostos, com ânimo de quem exerce um direito de propriedade próprio e legítimo, à vista e com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, de modo pacífi co, contínuo e público, sendo reconhecidos por toda a gente como seus donos, pelo que se pode afi rmar que adquiriram os identifi cados prédios por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais.Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou alguém do que nesta se narra ou transcreve.Abrantes, 19 de Agosto de 2010
A Notária(Sónia Maria Alcaravela Onofre)
(em Jornal de Abrantes, edição 5476 - Setembro de 2010)
NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES
A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE
Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e sete de Agosto de dois mil e dez, exarada de folhas sessenta e nove a folhas setenta verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E UM-A,deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores, a) JOSÉ BATISTA e mulher LAURA DE CASTRO BATISTA,casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia de Souto, do concelho de Abrantes e ela da freguesia de Castanheiro, do concelho de Carrazeda de Ansiães, residentes na Avenida do Paiol, número 516, segundo andar esquerdo, em Abrantes, e b) MANUEL PIRES BATIS-TA e mulher CASSILDA DA CONCEIÇÃO PIRES, casados no regime da comunhão geral de bens, naturais, ele da freguesia de Souto, do concelho de Abrantes e ela da freguesia e concelho de Vila de Rei, residentes na Rua Janela da Serra, número 12, em Lourel, Sintra, DECLARARAM que, com exclusão de outrém, são donos e legítimos possuidores, EM COMUM, do seguinte prédio:-Prédio Rústico, sito em Lagoeiro, na freguesia de Fontes, do concelho de Abrantes, composto de pinhal, com ária de doze mil setecentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Adelaide Mendes Sarmento, de Sul com Herdeiros de Manuel Machado, de Nascente com Herdeiros de Manuel Machado e caminho e de Poente com ribeiro, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 253 da secção N;Que o prédio ora justificado está inscrito na matriz em nome deles justifi cantes maridos e que, eles justifi cantes são possuidores do prédio acima identifi cado e que este veio à sua posse por compra verbal, não titulada a Manuel Baptista, solteiro, maior, residente que foi no lugar de São Domingos em Sardoal, antes do ano de mil novecentos e sessenta e cinco, logo há mais de quarenta anos.Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, cultivando-o cortando a madeira, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, pacifi camente, porque sem violência, conti-nua e publicamente, de, forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição do citado imóvel seja por usucapião.Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.Abrantes, 27 de Agosto de 2010
A Notária(Sónia Maria Alcaravela Onofre)
(em Jornal de Abrantes, edição 5476 - Setembro de 2010)
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
22 publicidade
CLASSIFICADOS
• Aluga-se Moradia rús-tica T4 Região de Sardoal. 966213138
• Procuramos jovem para de-partamento comercial, ramo automóvel. 933830001
• Vende-se apartamento r/c, 3 quartos, sala, cozinha, wc. Charneca do Maxial, nº 49, To-mar. 55 mil euros. 915873478
• Vende-se vivenda r/c - 1º andar, quintal. Charneca do Maxial, Tomar. 240 mil euros. 913075053
• Vendo vivenda 123m2 e ter-reno 185 m2 com árvores, em bom estado, Alferrarede Ve-lha. Telemóvel: 967 032 876
• Compramos - Vende-mos - Artigos criança em 2ª mão. Rua Alexandre Hercu-lano, 32 Abrantes. Telemóvel. 968142525
• Precisa-se de um empre-gado que tenha família, para guardar ovelhas e regas. Te-lefone: 241833122
• Vendo Vivenda 123 m2 e Terreno 185 m2 com árvores, em bom estado, Alferrarede Velha. Telemóvel: 967032876
• Culto, Educado, Católico, si-tuação económica estável, de-seja conhecer senhora para casamento, união de facto. As-sunto sério. T 241572677 TLM 936584063
jornal abrantesde
Ver pág. 12
ABRANTES
Margarida Maria Matos dos Reis14.11.1983 - 22.08.2010
Agradecimento
A Família, profundamente sensibilizada, agradece a presença, o carinho e a oração de todas
as pessoas que a acompanharam na sua dor.
Alexandre Fernandes
AGRADECIMENTO
A Família de Alexandre Fernandes agradece a todos os que o acom-panharam à sua última morada e que de algum modo manifestaram interesse pela evolução do seu estado de saúde.Agradecem também a forma carinhosa e profi ssional como foi tratado pelas equipas do Apoio Domiciliário da Stª Casa da Misericórdia Abrantes, pelas equipas de Enfermagem do Centro de Saúde Abrantes e pelas equipas Multi-profi ssionais (Urgência, Medicina Interna, Consultas Externas do C.H.M.T.-EPE, Unidade de Abrantes).A todos o muito obrigado.
ABRANTES
Dr. Luís SoaresN. 09-07-1952 - F. 30-07-2010
AGRADECIMENTOA família de Luís Soares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vêm por este meio agradecer reconhecida-mente a todas as pessoas que o acompanharam à sua última morada, no dia 31 de Julho de 2010.A todos o nosso profundo reconhecimento
AGRADECIMENTO
ISILDA DA ASSUNÇÃO PAIVA RATANA OLIVEIRA
Seu marido Albano Oliveira, fi lhos, noras, netos, bisneta e restantes familiares, agradecem, por este meio, a todas as pessoas, não só às que participaram nas cerimónias fúnebres e que acompanharam no dia 9 de Agosto de 2010 este seu familiar à sua última morada, no cemitério dos Cabacinhos em Abrantes, como também a todas as pessoas que posteriormente vêm manifestando o seu pesar. Tornamos extensivo este agradecimento a todas as pessoas que, com a sua presença, assistiram à missa do 7.º dia. A todos o nosso Bem-Haja. Aproveitamos, ainda, para informar que a missa do mês, será no dia 09 de Setembro próximo, pelas 19H15, na Igreja de S. Vicente, a confi rmar.
ABRANTES - ROSSIO AO SUL DO TEJO
António Paulo Marrafa FernandesN. 10-06-1913 - F. 09-08-2010
AGRADECIMENTO
Sua fi lha, genro e netos, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que assistiram à missa de corpo presente e o acompanharam á sua última morada no cemitério de Rossio ao Sul do Tejo.
SETEMBRO2010
jornaldeabrantes
saúde 23
CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEMDE ABRANTES
Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690
CONSULTAS POR MARCAÇÃOACUPUNCTURADr.ª Elisabete Alexandra Duarte Serra
ALERGOLOGIADr. Mário de Almeida;
Dr.ª Cristina Santa Marta
CARDIOLOGIADr.ª Maria João Carvalho
CIRURGIADr. Francisco Rufi no
CLÍNICA GERALDr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa
DERMATOLOGIADr.ª Maria João Silva
GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira
MEDICINA INTERNADr. Matoso Ferreira
NEFROLOGIADr. Mário Silva
NEUROCIRURGIADr. Armando Lopes
NEUROLOGIADr.ª Isabel Luzeiro;
Dr.ª Amélia Guilherme
OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel
OFTALMOLOGIADr. Luís Cardiga
ORTOPEDIADr. Matos Melo
OTORRINOLARINGOLOGIADr. João Eloi
PNEUMOLOGIADr. Carlos Luís Lousada
PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia Gerra
PSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;
Dr.ª Maria Conceição Calado
PSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma
UROLOGIADr. Rafael Passarinho
NUTRICIONISTADr.ª Carla Louro
SERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria João
TERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins
Actividade industrial e os serviços de Saúde Pública
SAÚDE É ... Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere
A indústria melhorou a nossa vida pro-
porcionando objectos que utilizamos
em qualquer gesto banal em nossas ca-
sas, no trabalho, no lazer, etc., estando
presente em tudo o que fazemos. Mas
a partir da “invenção” da industria o Ho-
mem tem de conviver com toda a polui-
ção e danos causados por esta. Surgem
assim novas doenças associadas à indus-
trialização.
A poluição do ar gerada pela combus-
tão fóssil (carvão e derivados de petróleo,
utilizados como combustíveis nas indus-
trias e nos carros) contribuem para o apa-
recimento no Homem de bronquites, ri-
nites, além de destruírem a camada de
ozono, contribuindo para o aumento do
efeito de estufa.
A poluição das águas, provocada pe-
las descargas de poluentes, podem origi-
nar doenças de pele e contribuem para a
destruição da fauna e fl ora, fundamental
no equilíbrio da cadeia alimentar.
A Poluição sonora, provocada pelo ru-
ído do trabalhar de todas as máquinas
que nos rodeiam no dia a dia (transpor-
tes, industrias), provoca no Homem do-
enças como o “stress”, aumento do ritmo
cardíaco, náuseas e perturbações auditi-
vas graves.
A poluição dos solos, devida à utiliza-
ção massiva na agricultura de adubos e
químicos, com o objectivo de produzir
mais e mais rapidamente produtos agrí-
colas, leva ao crescente aumento dos li-
xos urbanos e industriais. Esta forma de
poluição é responsável por alergias e in-
toxicações por pesticidas e fertilizantes.
Os serviços de saúde publica são funda-
mentais no processo de licenciamento e
vigilância de toda a actividade industrial,
sendo um parceiro valioso entre outros
(M. Economia Inovação e Desenvolvi-
mento, é quem tutela o licenciamento
industrial - Despacho Regulamentar n.º
61/2007, M. Ambiente e Ordenamento
do Território, M. Trabalho e Segurança
Social, etc.), ao fazer cumprir, dentro de
sua área de intervenção, a adopção das
técnicas adequadas à gestão de resíduos
sólidos, líquidos e gasosos industriais ou
urbanos. Relativamente aos pedidos de
licenciamento cabe á saúde publica in-
formar a entidade licenciadora do cum-
primento legal a que a actividade indus-
trial está sujeita, e fi scalizar o seu funcio-
namento, minimizando assim os riscos
de doenças para o Homem e a poluição
do meio ambiente.
“A maior recompensa para o trabalho
do homem não é o que se ganha, mas o
que ele nos torna.” John Ruskin
Paulo BastosTécnico de Saúde Ambiental