jeronymo monteiro - a cidade perdida

150

Upload: silvio-nascimento

Post on 03-Jun-2018

226 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 1/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 2/150

 A CIDADE PERDIDA A CIDADE PERDIDA

HÁ QUEM ACREDITE QUE NOSSA TERRA FOI BERÇO DE ANTIGAS CULTURAS DE-SAPARECIDAS E QUE NOSSOS ÍNDIOS SÃO FIM DE RAÇA, RESTOS DE UM POVO QUEHABITOU PLANALTOS, LITORAL E SERRAS EM TEMPOS REMOTOS. TÊM-SE ENCON-TRADO VESTÍGIOS DE CULTURAS E RAÇAS ANTIGAS EM VÁRIOS PONTOS DO PAÍS.

AS INSCRIÇÕS RUPESTRES, TÃO ABUNDANTES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL,ESPECIALMENTE NO NORTE E NORDESTE, NÃO FORAM AT HO!E DECIFRADAS ESÃO ATRIBUÍDAS ORA A FENÍCIOS, ORA AOS PRÓPRIOS SILVÍCOLAS E AT AOS BAN-DEIRANTES. A VERDADE QUE NÃO SE SABE QUEM AS ESCULPIU NAS PEDRAS.

COM ESTE MATERIAL O AUTOR DESTE LIVRO TECEU A NOVELA

 A Cidade PerdidaCopyright © (1948) by Jerônimo Barbosa Monteiro.

Jeronymo Barbosa Monteiro (1908 – 1970)

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 3/150

DEDC!"#$! ! %&'io aier *e "o&e*o+,ie& -ompanheiro na ine,'e& 

aent.ra///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 4/150

EXPLICAÇÃO INDISPENSAEL

"anto a&io -omo e. estamos -ertos *e .e entre os o-asionais &eitores *este &i2

ro h' *e se en-ontrar a&g.m at&ante / 3 a esse pro'e& &eitor .e o espe-ia&men2te *e*i-a*as estas &inhas/5a*a *eem re-ear os !t&antes  .e habitam ain*a o -ora6o *o Brasi&/ .e se

ree&a *e se. segre*o neste &iro ser' toma*o pe&o &eitor -om.m -omo *esbraga*a,antasia/ 5ing.m ai a-re*itar no .e est' es-rito &' pe&as &timas p'ginas+ *e toineross:mi& .e pare-e+ embora se;a a per,eita e<presso *a er*a*e/ =or isso+ anossa in*is-ri6o no -a.sar' nenh.m transtorno e nem instigar' in*ese;'eis isitasa !t&antis a Eterna / abemos .e nenh.ma isita -onseg.iria se apro<imar a&m *oponto permiti*o pe&os g.ar*as *os =ostos !an6a*os / em a permisso *o >ran*e0a-er*ote + ;amais -onseg.iriam -hegar at on*e -hegamos/

 !&m *isso+ .eremos *i?er .e+ ree&an*o o .e *es-obrimos nesta marai&hosaiagem+ estamos nos *esin-.mbin*o *e .ma -&ara imposi6o *o Destino/ Estamos-ertos *e .e o =rimeiro 7rienta*or  espera .e o ,a6amos+ embora t.*o pare6a in2*i-ar o -ontr'rio/ !*emais/// gostar:amos *e ter ,i-a*o para sempre em !t&antis aEterna / 5o p.*emos/ Mas preten*emos o&tar e t.*o ,aremos para o -onseg.ir/

3 er*a*e .e a&io est' m.ito m.*a*o+ *irigin*o .m ;orna& ra*io,@ni-o e to*oentreg.e a negA-ios *e imAeis/ Mas no importa/ .a&.er -oisa me *i? .e iremosterminar os nossos *ias *e i*a na.e&e &.gar marai&hoso+ ao &a*o *e .in-as e *e ani&a/ a&io tem2me *ito .e no -onseg.iremos nem -hegar ao primeiro =osto !an6a*o / Mas no importa/ "entaremos/ E. sei .e a&e a pena

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 5/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 6/150

2 5o bem assim/ s e<p&ora*ores tKm apenas per-orri*o a&g.ns *os gran*esrios *o interior *o Brasi&+ sem ;amais penetrar m.ito &onge pe&as margens/ E entre o"apa;As e o ing. h' .m m.n*o+ on*e -aberiam ,o&ga*amente 'rios Esta*os e.ro2pe.s/ 5enh.m e<p&ora*or per-orre. essa imensa e<tenso *e terra/ . o-K pensa.e simF

2 Ento+ o-K me est' a;.*an*o/ e e<p&ora*ores e<perimenta*os+ habit.a*os aosrigores *as se&as+ no p.*eram e<p&orar esse m.n*o+ -omo iremos nAs ,a?K2&oF E+ain*a mais+ -omo po*eremos ir *ar -om o "emp&o per*i*o nessa asti*oF

2 5As o ,aremos/ =or.e amos -om roteiro -erto e in*i-a6Hes seg.ras/2 ra o-K tem a -oragem *e -hamar Oin*i-a6Hes seg.rasP a esses arabes-os .e

en-ontramos e sobre -.;a origem ignoramos t.*oF2 =er,eitamente/ E. -reio/ "enho -on,ian6a abso&.ta nas in*i-a6Hes .e poss.:mos/2 o-K est' ent.siasma*o *emais/2 5o esto./ "enho srios motios para -rer+ e+ a&m *isso+ o-K sabe .e poss.o

-ertos -onhe-imentos///2 ra/// .e -onhe-imentosF

=are-e.2me .e a&io ia per*er a pa-iKn-ia Mas -ontro&o.2se+ e+ *epois *e r'pi*os.spiro+ prosseg.i.Q

2 Jeremias+ no posso entrar em *eta&hes/ o. *eposit'rio *e segre*os .e a posi26o .e o-.po me impe*e *e ree&ar/ Mas o-K pre-isa ter -on,ian6a em mim/ !,ina&+e. parti-iparei *a s.a sorte+ o-K no ir' so?inho/ =or .e+ ento+ e. haeria *e o in2*.?ir a prati-ar &o.-.rasF .6aQ ! tra*i6o *as re&igiHes o-.&tas *e .e os ini-ia*ostKm -onhe-imento ensina .e e<iste .m "emp&o o-.&to no mais re-@n*ito re-esso *a !mri-a *o .&/// E. no .eria e no *eia *i?er2&he isto+ mas en,im/// 2 *epois *e&onga pa.sa+ e -omo .e impe&i*o por .ma ,or6a interior+ a&io -ontin.o.Q 2 5essetemp&o esto g.ar*a*os os teso.ros *os antigos sa-er*otes *o C.&to 0o&ar / !t os

en,eites sagra*os .sa*os por e&es na hora *o sa-ri,:-io+ -omo bra-e&etes+ peitorais+-intos e 'rios apetre-hos+ a maioria em ori-a&-o+ a: esto/ 5o se es.e6a *e .e+&ogo apAs a *es-oberta *o Brasi&+ ,oram istos a&g.ns abor:genes -om en,eites *essegKnero+ seg.n*o a,irma C&emente Bran*erb.rger na s.a O5oa >a?eta *a "erra *oBrasi&P + em 11/

2 ra+ a&io/ o-K///2 Espere/ ! mesma tra*i6o+ .e -onhe6o m.ito bem+ e .e o me. prin-ipa& pon2

to *e apoio+ a,irma o seg.inteQ O7 C!M5L7 =!$! 7 "EM=7 0# 0E$R E5C752 "$!D7 =7$ !SEE SE DEC%$!$ 7 M0"3$7/P

2 5o/ 3 por isso mesmo/ %ran-amente+ m.ito mistrio/ 5o e;o na*a -&aro/ 3

sA issoQ tring.&os+ -:r-.&os+ Or.nasP+ OmamtramsP O&At.s *e mi& pta&asP+ *e-i,ra6Hes///5o

%oi ento .e+ pe&a seg.n*a e?+ i a&io e<a&tar2se/2 Ca&e a bo-a+ ignorante o-K na*a K+ na*a sente+ na*a enten*e e na*a sabe/

Mas tem .e a-re*itar em mim+ por.e e. enten*o+ e;o e sei/2 =ois ento+ ' so?inho/ E.+ positiamente+ no o.a&io erg.e.2se *.m p.&o/ .a -are-a estaa io&'-ea e se.s o&hos pare-iam .e2

rer sa&tar sobre mim/ %.&mino.2me -om .m o&har e .ma pa&araQ2 D"! $e-ostei a -abe6a no espa&*ar *a po&trona e ,e-hei os o&hos/ .i se.s passos pe2

sa*os a,astarem2se/ ! porta bate. -om ,or6a/ Depois+ ,oi o porto .e bate. e seabri. noamente+ em re-.o+ rangen*o/ Eram seis horas/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 7/150

T T T

*ia estaa &in*o+ e a &embran6a *e ir at G -i*a*e no era m'/ 5a pra6a *o =a2triar-a era -oni*atia a es-a*aria *a ga&eria s.bterrnea/ E+ .an*o e. -hegaa em

bai<o+ -oin-i*ia estar -hegan*o+ tambm+ o @nib.s *e anto !maro/ a partir a?io/=.&ei *entro *e&e/ =are-e aent.ra an*ar n.m @nib.s a?io em o =a.&o/

me. pensamento era ir at anto !maro e a&mo6ar ;.nto G represa+ mas .an*opassaa por BrooI&in+ &embrei2me *e Mate.s+ e sa&tei/

Era gostoso -aminhar sem pressa pe&a estra*a em *ire6o ao Mor.mbi/ ar *amanh estaa ,res-o/ Da terra s.bia agra*'e& -heiro in-&assi,i-'e& s p'ssaros pia2am+ e oper'rios -r.?aam -omigo+ apressa*os/ E&es *e-erto no tinham+ -omo e.+.m prob&ema i*iota na -abe6a/ 5o pensaam em penetrar sertHes *es-onhe-i*os Gpro-.ra *e in-r:eis "emp&os *o o&/// !s po6as *e 'g.a &ama-enta eram &in*as nas.a tran.i&i*a*e *e e<pe-tatia/ mataga& .e marginaa a estra*a+ intrin-a*o e

s.;o+ era ri*:-.&a s.gesto *as matas irgens .e me a-enaam *e &onge/ !panheimorangos si&estres .e me so.beram marai&hosamente bem+ e o&hei a*mira*o os ;o's -or *e ,ogo .e en,eitaam o er*e es-.ro *a ,o&hagem/

.an*o apare-e. a ponte .e atraessa o rio+ a -asa *e Mate.s estaa perto/ !sebe .e a ro*eia bai<a/ !s ;ane&as esto to*as abertas+ o .e in*i-a .e ning.mmais *orme &' *entro/ Dois garotos+ s.;os+ brin-am no monte *e areia .e sobro. *a-onstr.6o+ e &' no ,.n*o *o .inta&+ Mate.s+ -om -a&6as e&has e rasga*as e -a&6an2*o taman-os+ est' arr.man*o o arame *e esten*er ro.pa/

De-erto+ Mate.s tambm no se preo-.pa -om misteriosos "emp&os *o o&+ e nopensa em imposs:eis iagens pe&o serto -entra& *o Brasi&/

Dei .m berroQ2 &' Mate.sE&e o&to.2se iamente e s.a -ara ri. to*a/2 Jeremias ! esta hora Entre 2 E para *entroQ 2 Mari.inha+ arr.me .m -a, para

o -ompa*re JeremiasE *epois+ &impan*o as mos nas -a&6as es,arrapa*asQ2 Mas .e *iabo ,oi issoF o-K Gs sete *a manh a.i neste ,im *e m.n*o .e

.e an*a ,a?en*o pe&o mato a .ma hora *estasF2 =assei .ma noite atrib.&a*a/ .eria me *istrair .m po.-o+ respirar ar p.ro///

 !-ho .e esto. enenena*o/

2 R&-oo&+ ;' sei///2 5o+ me. -aro/ =ior *o .e isso/ *eias2 !h///+ ento ,e? m.ito bem/ Depois *o -a, amos ao rio pes-ar .ns a-ar's para

o a&mo6o/ enha/D/ Mari.inha+ mineira bonita+ .m tanto estraga*a pe&a i*a+ a-abaa *e preparar

o -a, na pe.ena -o?inha+ -om os .atro ,i&hos menores embara6an*o2&he os pas2sos+ re-&aman*o e *is-.tin*o/ "omamos o -a, em -ane.inhas *e &ata/ 5a -asa *eMate.s t.*o *e &ata/ !s pane&as so *e &atas *e banhaU as -ane-as+ &atas *e &eite-on*ensa*oU os pratos+ &atas *e marme&a*a/ 3 .m para:so primitio e bom+ -om anat.re?a embos-a*a em to*os os -antosQ ne&e prAprio+ na s.a boa -ompanheira+ nos-in-o irre.ietos ,i&hos+ nos es-assos mAeis e na a&egria sa.*'e& .e po&i&ha t.*o/Mate.s .m rapa? .e apren*e. a ier a i*a -om simp&i-i*a*e e sem *ese;os *es2me*i*os 2 -omo esse *e pro-.rar "emp&os *o o&///

Do *egra. *a so&eira sA se iam as 'rores *o terreno i?inho+ o gran*e -. a?.& e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 8/150

o morro *o Mor.mbi+ .e -ansaa a ista n.ma s.bi*a esta,ante/2 Mate.s+ me *iga .ma -oisa/ o-K a-re*ita .e ha;a no -entro *o Brasi& a&g.m

est:gio *e -ii&i?a6Hes antigasF ! perg.nta estaa to ,ora *e .a&.er -ogita6o *o e&ho amigo+ .e e&e no a

enten*e. bem/2 Como F Cii&i?a6Hes *e on*eF

2 =erg.nto se o-K a-re*ita .e possa haer est:gios *e .m passa*o gran*ioso+-om -ii&i?a6Hes e gran*es poos &' no meio *as matas *o Brasi&/

2 !h 5at.ra&mente De-erto .e os :n*ios .e ,oram en-ontra*os a.i *eem ter.m passa*o/

2 ei/ Mas .e esp-ie *e passa*oF2 Sm passa*o -ii&i?a*o+ -&aro/ e e&es no tiessem poss.:*o .ma gran*e -ii&i2

?a6o no estariam no esta*o em .e ,oram en-ontra*os/2 ra essa .e i*eia abs.r*a a s.a2 Mas -&aro A .em ;' tee .ma -ii&i?a6o m.ito gran*e e arti,i-ia& .e po*e

a-abar sen*o o .e so os nossos :n*ios/ 3 pre-iso -ansar2se *e t.*o na i*a+ *o

&.<o+ *as ,estas+ *os arti,:-ios+ para se -hegar a -ompreen*er bem as *e&:-ias *a i*asimp&es ;.nto G 5at.re?a/// E os nossos :n*ios ;' passaram por t.*o isso/ Eis por.ee&es no OtopamP a nossa -ii&i?a6o+ por mais .e a gente os .eira O-ii&i?arP/ 5Asestamos arr.inan*o a i*a *e&es+ matan*o2os+ *estr.in*o2os/ e ,@ssemos h.ma2nos e inte&igentesU se so.bssemos respeitar os *ireitos a&heios 2 *ei<ar:amos esseshomens ier em pa? a i*a .e me&hor &hes apro.esse/ Mas no/ "eimamos emobrig'2&os a a*otar o nosso arti,i-ia& e *e&etrio sistema *e i*a///

nterrompi2o+ espanta*oQ2 3 assim .e o-K pensa+ Mate.sF2 5at.ra&mente/ .em -ompreen*e a i*a+ tem .e pensar assim/ o-K no ai

me *i?er .e esta sor*i*e? em .e iemos+ esta trama intrin-a*a *e ma&*a*e+ ine2 ;a+ in;.sti6a+ -r.e&*a*e e A*ios 2 a i*a para .e ,omos -ria*os///2 Est' bem+ Mate.s/ amos pes-ar/ rio =inheiros ,oi *esia*o *o se. antigo -.rso/ !gora+ o bra6o+ meio estagna*o+

moe2se &entamente *emais para mere-er o nome *e rio+ e est' preso entre pro,.n2*os barran-os/ 5a 'g.a serena e t.ra h' gran*e .anti*a*e *e a-ar's+ e o a-ar'torra*inho m.ito gostoso/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 9/150

CAP!"#LO (

ES"E M#NDO NÃO ) DOME# CON&ECIMEN"O*

=es-ar + -om -erte?a+ a mais agra*'e& *as o-.pa6Hes/ "a&e? por ser o me&horprete<to para se permane-er G margem *e .m rio+ embebi*o o pes-a*or no s.ae,&.i*o *a nat.re?a/ .anto a mim+ no h' esta*o *e irrita6o -apa? *e resistir a *.aso. trKs horas *e pes-aria em manh enso&ara*a/

J' t:nhamos *.as *?ias *e a-ar's en,ia*as no -ipA+ .an*o Mate.s o&to. ao as2s.ntoQ

2 Mas o .e .e ho.e+ JeremiasF

2 o-K -onhe-e o a&ioF2 !.e&e se. amigo -are-a .e an*a meti*o n.ma re&igio es.isitaF2 Esse mesmo/ E&e .er .e e. o a-ompanhe no sei para on*e+ a ,im *e *es-obrir

.m "emp&o *o 0o& + e os restos *e antiga -ii&i?a6o+ .e+ *i? e&e+ *ee ter e<isti*ono Brasi& em s-.&os passa*os/

2 Marai&hoso E o-K no .er irF2 5em sei/// E o pior .e e. .e tenho a -.&pa *e t.*o/// Esta ma*r.ga*a+ e&e

,oi me a-or*ar para *i?er .e *eemos partir amanh+ .e ;' tem o roteiro pronto eno sei .e mais///

2 E o-K///5o respon*i/ Sm ga&ho .e *eriaa giran*o+ &eo.2me o o&har para &onge/ A

.an*o e&e *esapare-e. na -.ra .e o&tei ao ass.ntoQ2 o-K se re-or*a *e .m tio me.+ -hama*o !*o&,o+ .e ,oi para as >.ianas h' .ns

*e? anosF2 im/ o-K me ,a&o. *e&e/ .e .e tem -om issoF2 Bem/// .ma histAria m.ito &onga/ "io !*o&,o morre. na ene?.e&a+ h' .m ano+

e e. re-ebi .ma e&ha ma&a .e e&e *ei<o./ Dentro *e&a+ -om o.tras b.gigangas+ i2nha .m pe*a6o *e gra*e *e ,erro bati*o+ m.ito antiga+ e *e *esenho rea&mente -.2rioso/ 5.n-a ,i? -onta *a.i&o/ !o -ontr'rio+ sem -ompreen*er .e motio po*eriater &ea*o me. tio a g.ar*ar pe*a6os *e ,erro e&ho+ por 'rias e?es estie tenta*oa atirar ,ora a gra*e/

Sm *ia+ porm+ t.*o m.*o. -om respeito ao O,erro e&hoP/ %oi o seg.inteQ en-on2trei2me -om a&io na -i*a*e+ *epois *e m.ito tempo sem nos ermos/ o-K sabe/Conersa ai+ -onersa em+ ,a&amos no tempo em .e traba&hamos ;.ntos na oro2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 10/150

-abana+ re-or*amos os -ompanheiros .e nos *ei<aram sa.*a*es e+ a,ina&+ a&io-arrego.2me para o .arto on*e mora+ &' para os &a*os *o =ara:so/ 5o .arto *e&esA haia &iros/ iros por to*os os -antos+ nas estantes+ *entro *o g.ar*a ro.pa+ em-ima *as mesas e empi&ha*os no -ho/ E o interessante .e os &iros *e&e so *a2.e&es .e a gente K+ pega+ apa&pa+ ,o&heia e no .er &argar mais/ "o*os estaamin*i-an*o .e a&io tem esp:rito inestiga*or+ *e*i-a*o a est.*os pitores-os+ apai2

<onantes e ta&e?/// estranhos/ Bem sei .e nem to*os aproam o gKnero *e espe-.2&a6Hes a .e a&io se entrega+ mas e&e sin-ero/ !&g.ns esp:ritos menos are;a*osta&e? at n.tram -erto re-eio perante s.as preo-.pa6Hes e s.as i*eias Mas essesso to&os/ 5a er*a*e+ no h' na*a *e misterioso o. perigoso na espe-ia&i*a*e .ea&io abra6o./ E. sabia+ ;'+ -ertas -oisas+ mas sA nesse *ia .e p.*e -ompreen2*er me&hor o nosso amigo+ e per-ebi+ ento+ .o tota&mente a&heios a t.*o .antoe. ;' pensara eram os est.*os a .e e&e se *e*i-aa/ 3 in-r:e& -omo neste m.n*oh' -oisas importantes *as .ais n.n-a s.speitamos se.er e .e+ no entanto+ en2-hem a i*a *e m.&ti*Hes

Mate.s o.ira o me. &ongo *is-.rso sem se mani,estar+ mas+ nesse momento+ *e.

.m aparte bem i&.stratio/2 Bem sei/ .ponhamos .ma pessoa .e goste *e ,&ores/ E&a ,i-ar' en-anta*a*iante *e .m &in*o ;ar*im ,&ori*o Sm *ia+ a&g.m &he apresenta .m e<emp&ar *e O-a2 tt&eya &abiataP / Com -erte?a+ essa pessoa ,i-ar' espanta*a *iante *as magn:,i-as ,o2res *e inte -ent:metros *e *imetro/ Depois+ esse a&g.m &he *ir'Q isto .ma or.:2*ea+ .ma O-att&eya &abiataP  *o 5orte *o Brasi&/ !s or.:*eas so p&antas e<traor*i2n'rias+ .e m.ita gente -hama+ erra*amente+ *e parasitas/ E&as no s.gam a seia*as 'rores on*e iem/ =o*em prosperar sobre pe*ras+ o. em asos *e <a<im+ .e+ei*entemente+ no tKm seia a&g.ma para o,ere-er/ iem gra6as aos mi-ro2orga2nismos .e em s.as ra:?es trans,ormam os e&ementos *o ar e *a 'g.a em matria

assimi&'e&/ "Km .m gKnero *e i*a -omp&etamente *i,erente *o *e to*os os o.trosegetais -onhe-i*os e arma?enam nos pse.*ob.&bos reseras *e energia para resis2tir aos ma.s per:o*os/ 5o .m m.n*o noo para a.e&a pessoa .e ama as rosase os -raosF

2 Ei*entemente+ Mate.s/ 3 e<atamente o .e .ero *i?er a respeito *e a&io e*os se.s &iros e est.*os/ E.+ positiamente+ no -onhe-ia a.i&o/ E&e poss.:a+ *en2tro *e se. .arto+ .m m.n*o -omp&etamente noo para mim/ !&g.mas horas *e -on2iKn-ia no se. .arto sossega*o ,i?eram -om .e o -onhe-esse me&hor *o .e eminte anos *e -o&eg.ismo e -onersa *e mesas *e bar/ Mas o-K .er er o mais in2teressanteF !panhei+ *e entre os se.s &iros+ .m o&.me no sei *e .e a.tor+ .e

trataa *os se&agens *o Brasi&/ Era ,artamente i&.stra*o/ ra+ os nossos in*:genassempre mere-eram a minha mais -omoi*a simpatia+ embora e. no tiesse ti*ooport.ni*a*e *e os -onhe-er me&hor/ E<aminan*o+ m.ito interessa*o+ as gra.ras+parei *iante *e .ma *e&as e *isseQ

2 e;a+ a&io 3 ei*ente 5o po*e haer *i*a a&g.ma s nossos :n*ios so*es-en*entes *os orientais+ *os mongAis/// e;a e;a isto

Em e? *e o&har a p'gina *o &iro+ a&io o&ho.2me sorrin*o paterna&mente e *isseQ2 E por .e no po*ia ser o -ontr'rio+ JeremiasFEssas po.-as pa&aras+ *itas por .ns &'bios sorri*entes+ na .iet.*e si&en-iosa *o

.arto+ en.anto a -h.a -a:a insistente &' ,ora 2 ,oram -omo .ma -atap.&ta .e se

pHe em moimento/2 -ontr'rioF -ontr'rioF ComoF2 im/ imp&esmente o -ontr'rio/ =or .e no ho *e os mongAis+ os orientais e o

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 11/150

resto *os homens ser *es-en*entes *os nossos in*:genas+ o. me&hor+ .m ramo -o&a2tera& *a ra6a amer:n*iaF

2 ra+ a&io/// pare-e brin-a*eira/ E. tenho &i*o a&g.ma -oisa a esse respeito/ ei.e os -hineses so bem mais antigos *o .e os g.aranis///

2 Mas por .e so mais antigosF2 =or.e t.*o o proa/ ! s.a histAria mi&enar+ a s.a tra*i6o///

2 Mas .e os nossos :n*ios po*em ter .ma histAria .e+ *e to mi&enar+ se per2*e. na noite *os tempos/ ! *os -hineses+ to noa .e ain*a po*e ser per,eita2mente &embra*a///

2 ra/// e as ins-ri6Hes r.pestres/// o-K sabe .e nas ro-has *o interior *o Brasi&se en-ontraram ins-ri6Hes .e in*i-am a isita ,eita ao Brasi& por poos *e o.trasterras+ antes *e 100/ De-erto+ a&g.ns *esses isitantes .e *eram origem aosnossos in*:genas///

2 E+ se assim ,osse+ por .e no teriam e&es -ontin.a*o as -ii&i?a6Hes *e s.as p'2trias+ -ii&i?a6Hes to gran*es .e permitiram a traessia *o o-eano e *eram origema .ma es-rita///F

2 Bem/// .er *i?er .e e&es regre*iram+ e es.e-eram t.*o/// -om e<-e6o *e a&2g.ns+ .e+ ,i<an*o2se na or&a *o =a-:,i-o+ -onseg.iram progre*ir+ -omo os !?te-as+"o&te-as+ n-as+ et-/

D.rante minha ,a&a+ a&io -onserara o sorriso nos &'bios e me o&haa -om ar *epaterna& -on*es-en*Kn-ia+ -omo .em o&ha .m menino .e+ -om .m -aniete e .matora *e peroba+ traba&ha na -erte?a *e .e ai ,abri-ar .m io&ino/

=rotesteiQ2 De .e riF 5o ,oi isso mesmoF2 Jeremias 2 -ome6o. a&io pa.sa*amente+ sem a&terar a o?+ -omo era se. -os2

t.me ,a&ar 2 o-K ai o.ir .mas -oisas .e &he .ero *i?er/ "a&e? se;a ma6ante+

mas o-K pre-isa o.ir para no tornar a *i?er to&i-es e para a;.*ar a repor as -oisasnos se.s *ei*os &.gares/ o-K a-aba *e *i?er o .e to*o m.n*o *i? e to*o m.n*oa-eita+ por.e ,oi *i.&ga*o -om ,oros *e era-i*a*e -ient:,i-a/ Mas+ -omo to*os os.e repetem o .e o.em+ no .so. o -rebro+ no tento. ra-io-inar/ Diga .ma -oi2saQ o-K sabe+ por a-aso+ .e o nosso Brasi& est' sit.a*o no O-ontinente mais antigo*o m.n*oPF

2 im/// tanto .e Conan Doy&e+ .an*o .is arran;ar .m -en'rio a*e.a*o para as.a histAria *o OM.n*o =er*i*oP + -om animais ante*i&.ianos ain*a ios+ es-o&he.o p&ana&to -entra& *o Brasi&/

2 sso ,antasia+ Jeremias/ 3 -&aro .e Conan Doy&e sabia *e a&g.ma -oisa+ mas a

er*a*e -ient:,i-a+ me. -aro Jeremias+ .e o p&ana&to -entra& *o Brasi&  ,orma*ope&as ro-has perten-entes ao per:o*o -hama*o+ em geo&ogia+ O*e transi6oPU ro-has.e no ,oram -obertas por nenh.ma ,orma6o mais re-ente/

2 Mas/// isso///2 Espere/ 5o h'+ em nenh.m o.tro ponto *o nosso p&aneta+ to gran*e e<tenso

*e terreno .e o,ere6a ig.a& aspe-to/ E essas ro-has *e transi6o assim+ G ,&or *aterra+ proam+ simp&esmente+ .e o p&ana&to -entra& *o Brasi& ;' emergira *as 'g.ashaia m.itos e m.itos s-.&os .an*o o.tras partes -ome6aram a s.rgir e se-ar aoar/ De-erto+ o-K sabe .e as ro-has se ,ormam pe&os *epAsitos se*imentares .e seo a-.m.&an*o no ,.n*o *as 'g.as///

2 Bem/ Mas///2 Ca&e2se !gora+ est' ,a&an*o a CiKn-ia so&o *a maior parte *o nosso pa:s -onstit.:*o *e ro-ha primitia+ ar-ai-a/ 5o p&ana&to -entra& a,ora+ por to*os os -an2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 12/150

tos+ o O-rista&inoP+ ro-ha .e -onstit.i os &eg:timos a&i-er-es *o g&obo/ 5o !ma?onasa,&oram ro-has *o per:o*o permiano e at o si&.riano+ o mais antigo *os terrenos pa2&eo?oi-os+ ,oi assina&a*o nos sa&tos *e 'rios rios *o !ma?onas e *o =ar'/ sto -on,ir2ma o .e e. ;' *isseQ .e esta parte *o g&obo estaa ;' e<posta ao ar+ e+ ta&e?+ -o2berta *e egeta6o primitia+ en.anto as o.tras partes+ ain*a merg.&ha*as na'g.a+ -ontin.aam re-eben*o noas -ama*as *e se*imento e .e+ mi&Knios mais

tar*e+ emergin*o+ ,ormariam os o.tros -ontinentes+ o Oe&ho m.n*oP et-+ mas+ naer*a*e+ os noos -ontinentes+ *e -onstit.i6o geo&Agi-a mais re-ente *o .e a *oso&o brasi&eiro/ =ense bem sobre isto+ e no es.e6a n.n-aQ se a nossa terra s.rgi.*as 'g.as mi&Knios antes *as o.tras+ *ee+ tambm+ ter re-ebi*o a semente *a i*ami&Knios antes *e&as/ %oi .m a*iantamento .e tomamos e .e ning.m nos po*er'mais tirar/

2 Espere/ sso histAria antiga *emais/ .e .e tem .e er -om os -hineses eos mongAisF

2 Chegaremos &'/ Como K+ o Onoo m.n*oP .e Co&ombo e Cabra& *es-obriramera+ pre-isamente+ o mais antigo *os m.n*os e+ -omo o *emonstro. e =&ongeon+

*epois *e on?e anos *e -ons-ien-iosas pes.isas 2 era tambm o ber6o *a ra6a h.2mana e+ portanto+ o ber6o *a -ii&i?a6o+ pois .e+ nas-en*o primeiro a.i o homema.i *ee ter eo&.:*o primeiro/

2 Bem///2 sso+ Jeremias/ Bem M.ito bem+ at o-K -ompreen*er' t.*o -&aramente+ *en2

tro em bree/ !t po.-os anos atr's+ os -ientistas a-re*itaam .e o OhomoP   tiesseapare-i*o sA no per:o*o .atern'rio+ en.anto *esapare-iam os animais monstr.o2sos .e se -onen-iono. -hamar Oante*i&.ianosP+ e .e seriam prAprios *o ter-i'rio/E&es teriam morri*o *.rante a *a*e >&a-ia&   .e ani.i&ara to*os os egetais *e.e se n.triam/ =ois bem+ o-K sabe .e os per:o*os geo&Agi-os se -ontam por mi2

&hHes *e anos/2 Mas o apare-imento *o homem no .atern'rio .m ,ato proa*o/ .atre,ages///2 =roa*o+ no/ 3+ apenas+ .m ,ato Os.stenta*oP/ .6a istoQ Lomens *e re-onhe-i2

*a probi*a*e -ient:,i-a+ -omo =eter .n*+ !niba& Matos+ =e*berg+ Morton+ !meghino+Lr*&i-Ia+ e o.tros+ pes.isan*o -om -ritrio em *i,erentes pontos *a !mri-a *o .&+en-ontraram est:gios inso,ism'eis *a e<istKn-ia *e .ma -ii&i?a6o m.ito+ mas m.i2to+ anterior Gs ,amosas -ii&i?a6Hes -hinesa+ eg:p-ia+ persa+ romana o. .a&.er o.tra*as ;' est.*a*as e pes.isa*as pe&o homem/ E+ o .e mais signi,i-atio+ proaram.e o homem ;' e<istia na !mri-a *o .& pe&o menos ao ,im *o per:o*o ter-i'rio/sto Q o homem ;' iia no nosso -ontinente a&g.ns mi&hHes *e anos antes *a po-a

em .e se a-re*itaa tiesse e&e s.rgi*o/ Compreen*e isso+ JeremiasF 3 m.it:ssimoimportante 5a agoa anta+ nas %.rnas *e o eopo&*o+ no Esta*o *e Minas >era2is+ en-ontraram2se oitenta es.e&etos *o Ohomo ameri-an.sP   *e mist.ra -om ossa2*as *e gran*es herb:oros .e sA e<istiram pe&a po-a "er-i'ria / .er *i?er+ at.e se proe o -ontr'rio+ .e esses homens e esses animais ,oram -ontemporneose+ portanto+ o Ohomo ameri-an.sP   ter-i'rio Mas h' mais+ ain*a+ o.6aQ o g&ipto2 *onte  ie. na Era "er-i'ria  e era .m monstr.oso anima&+ -o.ra6a*o -omo o tat.*os nossos *ias/ =ois ,oram en-ontra*as+ a.i+ na !mri-a *o .&+ -arapa6as *e g&ip2 to*ontes  -obertas -om tra6os e arabes-os ei*entemente ,eitos por mo h.mana+ eembai<o *e .ma *essas -arapa6as en-ontraram o es.e&eto *e .m *os primitios

habitantes *a !mri-a/ sto t.*o+ em terrenos *a Era "er-i'ria / 3 -on-&.*ente+ in*is2-.t:e&/Como o-K po*e imaginar+ e. estaa esmaga*o -om essas ree&a6Hes/ E<-&ameiQ

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 13/150

2 sso .e sabe*oria Esto. positiamente at.r*i*o/ Esse m.n*o no *o me.-onhe-imento

2 !-re*ito+ 3 nat.ra&/ E+ agora+ ra-io-inemos .m po.-o/ e o homem apare-e. na !mri-a antes *e apare-er em .a&.er o.tro &.gar+ por.e a.i se en-ontraam as-on*i6Hes ne-ess'rias ao se. apare-imento+ temos .e em o.tros -ontinentes apare2-eram as -on*i6Hes ne-ess'rias G i*a h.mana/ 3 &Agi-o+ portanto+ .e o homem se2

g.i. -om o tempo/ A mi&hares *e anos mais tar*e .e a-re*itar .e o se. pro-es2so eo&.tio norma& prosameri-ano se passasse para esses &.gares+ e .e+ a.i nose. ber6o nata&+ mer-K *a eo&.6o -.mpri*a+ ;' estiesse a -aminho *a -ii&i?a6o+en.anto ra6as *i,erentes+ inteiramente se&agens+ apare-iam nos *iersos pontos*o m.n*o///

2 "em ra?o/ sto bastante -&aro///2 Mas ain*a h' mais/ 5as -ama*as in,eriores *o .atern'rio+ a.i na !mri-a+ ,o2

ram en-ontra*as -abe6as *e ;aa&i artisti-amente &ara*as+ -omo -ita =ere? er*:a/ 3,'-i& tirar a -on-&.so/ e nos primeiros tempos *o .atern'rio o homem era -apa?*e se entregar a mani,esta6Hes art:sti-as+ .e ;' poss.:a mi&hares *e anos *e eo2

&.6o+ no -&aroF2 im/ 3 bem -&aro/ Esto. -ompreen*en*o a*mirae&mente/ Como se abrem nooshori?ontes

2 !gora+ e;amos o.tro aspe-to *a mesma .esto/ "o*os os pes.isa*ores *a ar2.eo&ogia s.& ameri-ana eri,i-aram .e e<istem+ *e norte a s.& *o -ontinente+ tes2tem.nhos *e to*o gKnero+ *ei<a*os por .ma -ii&i?a6o *esapare-i*a+ -omo se;amQr.:nas *e temp&os+ pa&'-ios+ pirmi*es+ hipoge.s+ tm.&os+ mon.mentos *e esti&o ori2gina&+ -.;as &inhas ar.itet@ni-as no se pare-em -om as *os mon.mentos eg:p-ioso. gre-o romanos/ !.i em o =a.&o+ no antigo m.ni-:pio *e Bata&ha+ ,i?eram seri-as *es-obertas ar.eo&Agi-as/ 3 -onhe-i*a a -&ebre Oes,ingeP *o =aran' / Em

Boa ista+ no $io >ran*e *o .&+ ,oram *es-obertas as bases *e .ma -onstr.6o mo2n.menta&/ L' :*o&os ?oomor,os e antropomor,os na erra *e in-or'/ L' r.:nas *e.ma -i*a*e mon.menta& na Bahia/ E h'+ a&m *e t.*o+ ins-ri6Hes r.pestres+ petrAg&i2,os+ s:mbo&os e sinais anti.:ssimos graa*os em mi&hares *e ro-has+ por to*o o inte2rior *o Brasi&/

2 Mas+ espere e t.*o isso er*a*e+ por .e a -iKn-ia o,i-ia& teima em -onsi*e2rar o riente -omo ber6o *o homem e *as -ii&i?a6HesF

2 ra/// =or.e+ para o -omo*ismo na-iona& mais ,'-i& *e-&arar .e .ma ,ormaestranha na pe*ra simp&es O-apri-ho *a 5at.re?aP+ *o .e organi?ar e<a.stias e-.stosas pes.isas bem *irigi*as/ E por.e+ .ma e? estabe&e-i*o .e o riente+ a

 Rsia+ ,oi o ber6o *a h.mani*a*e+ a -iKn-ia *i,i-i&mente .erer' o&tar atr's+ e ser'pre-iso imenso traba&ho para in*.?i2&a a isso/ ra+ -omo a.i no nos in-omo*amosabso&.tamente -om tais prob&emas+ ai t.*o no me&hor *os m.n*os e se a,asta a tra2ba&heira en,a*onha *e aban*onar o .e est' ,eito para se re-ome6ar sobre noasbases/ !-re*ito+ no entanto+ .e apesar *e to*a a resistKn-ia e *o pro,.n*o &etargo*o interesse na-iona&+ a er*a*e ai abrin*o -aminho+ por.e as proas se a-.m.&am*e ta& maneira .e+ *entro *e a&g.ns anos+ to*o o m.n*o ter' .e se -.rar G ei2*Kn-ia/ "a&e? os nossos s'bios reso&am+ tambm+ tomar a -oisa mais a srio///

D.rante a&g.ns min.tos nos mantiemos em si&Kn-io/E. pensaa na.i&o t.*o 2 .m m.n*o noo+ ibrante+ apai<onante+ rep&eto *o per2

,.me m:sti-o *o passa*o+ *e .m passa*o &ong:n.o+ to &ong:n.o .e a imagina6oa-i&a em &o-a&i?'2&o em .a&.er po-a ao &ongo *o tempo/ Depois+ reatei o ,io *a-onersaQ

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 14/150

2 a&io+ o-K ,a&o.+ ain*a h' po.-o+ em ins-ri6Hes r.pestres+ petrAg&i,os e s:mbo2&os///

2 3 er*a*e/ =e&o interior *o Brasi&+ espe-ia&mente no 5or*este+ nos arre*ores *e5ata&+ en-ontram2se pe*ras graa*as -om s:mbo&os estranhos/ interessante .em.itos *esses s:mbo&os+ embora ,eitos h' mi&Knios 2 os nossos se&agens no sA noos sabem *e-i,rar+ -omo no tKm memAria a&g.ma sobre e&es e tambm no ,a?em

na*a seme&hante 2 so m.ito pare-i*os -om os .e se en-ontram nas es-ritas sagra2*as *e 'rios poos *os -hama*os OantigosP+ *a Rsia+ *a R,ri-aU e m.itos *e&es seasseme&ham+ mesmo e<traor*inariamente+ a signos *e Iaba&a  hebrai-a/ o -om.ns+por e<emp&o+ nas ins-ri6Hes r.pestres *o Brasi&+ os -ara-teres rni-os/

2 $ni-osF .e .er *i?erF2 O$.naP   o o-'b.&o .e signi,i-a OhomemP+ e a Iaba&a   o in-&.i at ho;e/2 sto tra? em si possibi&i*a*es gran*iosas 2 e<-&amei+ per-eben*o+ n.m re&an-e+ a

tremen*a importn-ia *a.e&a obsera6o/2 em *i*a/ E e;o .e o-K est' -ome6an*o a apreen*er o ,.n*o *a -oisa///2 im/ Esto. entreen*o a&go *e gran*e importn-ia+ m.ito empo&gante+ mas sin2

to2me in-apa? *e pensar so?inho/// o-K/// .e .e pensa *e t.*o isso+ !,ina&F2 .e e. penso m.ito simp&es+ Jeremias+ mas+ no at.a& esta*o *os -onhe-i2

mentos estabe&e-i*os+ po*er' pare-er &o.-.ra/ A o -onto a o-K por.e somos ami2gos+ e+ mesmo .e &he pare6a abs.r*o+ o-K no ai me matar///

2 Diga &ogo/ Esse premb.&o me ,a? esperar a&go m.ito importante/2 o-K o.ir' e ;.&gar'/ =enso .e no p&ana&to -entra& *o Brasi& *ee ter2se *esen2

o&i*o+ em po-as m.ito primitias+ .ma -ii&i?a6o+ .e seria o ponto *e parti*apara to*as as *e-anta*as -ii&i?a6Hes *o m.n*o/ Da.i teriam sa:*o os homens .e+,.n*an*o a !t&nti*a + se tornariam os mais ,amosos e misteriosos seres *a nossara6a/ Da !t&nti*a  e&es se teriam passa*o para a R,ri-a+ -om os e&ementos .e *e2

ram nas-imento G *e-anta*a -ii&i?a6o eg:p-ia/ ! -ii&i?a6o s.&2ameri-ana+ -omo to2*as as o.tras+ *eia ter2se basea*o n.m prin-:pio re&igioso+ e este sA po*ia ser oC.&to 0o&ar + por.e na*a impressiono. to pro,.n*amente o homem primitio -omoo so&+ por.e bem &ogo e&e apren*e. a re-onhe-er .e *o so& .e nos em to*a ai*a/ E a tra*i6o nos ensina .e os temp&os *o so& eram+ -om.mente+ s.bterr2neos/// !,ina&+ o me&hor parar por a.i/ sto no passa *e imagina6o/

E. estaa ,i-an*o pert.rba*o+ por.e me &embraa *e .ma -oisa/2 Esto. me &embran*o///2 De .KF2 3 a respeito *e s:mbo&os/ "enho a&go .e ta&e? se;a importante/

2 o-K temF2 "enho/2 Mas tem o .KF2 3 .m traba&ho em ,erro bati*o .e re-ebi *a ene?.e&a+ n.ma ma&a .e me. tio

me man*o.+ .m tio .e ,oi para as >.ianas h' m.itos anos/a&io me<e.2se nerosamente na -a*eira/2 Espere/ o-K *i? .e tem .m traba&ho em ,erro bati*o/// .e esp-ie *e

traba&hoF .e tem .e er -om o .e estiemos -onersan*oF2 5o sei pre-isamente/ Mas so .ns *esenhos/// Sm -:r-.&o+ .ma -r.?/// -reio .e

tem tambm .m so& e meia &.a///

a&io .ase p.&o./ Mas trato. *e se *ominar e+ ;' sereno+ ,a&o.Q2 =o*e ser .e o-K este;a engana*o+ Jeremias+ e .e esse traba&ho no tenha a2&or a&g.m/ Mas tambm po*e ser .e s.-e*a e<atamente o -ontr'rio/ =re-iso er

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 15/150

isso/ =re-iso er -om .rgKn-ia

T T T

Mate.s o.ira a minha &onga narra6o em si&Kn-io e pes-an*o -ons-ien-iosamen2te/ Era -omo se e. tiesse esta*o ,a&an*o so?inho e+ na rea&i*a*e+ ,a&ara para mimmesmo -omo n.m sonho+ re-or*an*o -om pra?er as min-ias *a.e&e primeiro en2-ontro -om a&io *epois *e *e? anos *e a.sKn-ia/

2 E *epoisF 2 perg.nto. e&e .an*o i. .e o me. si&Kn-io se tornara &ongo *e2mais/

2 DepoisF a&io ,e? .esto *e er a gra*e *e ,erro na.e&a noite mesmo/ J' erama*r.ga*a .an*o -hegamos G minha -asa/ ogo .e i. o pe*a6o *e ,erro ,i-o.&o.-o/ !tiro.2se a e&e e+ at romper o *ia+ estee *ebr.6a*o sobre a mesa+ interpre2tan*o+ est.*an*o+ ,a&an*o so?inho/ E. a*orme-i *e -ansa6o+ mas e&e me a-or*o.+

.ase Gs noe horas+ *i?en*oQ2 Jeremias/ sto o maior a-ha*o *e to*os os tempos/ =osso &ear -omigo+ paraest.*ar me&horF

Con-or*ei &ogo/ E. .eria era *eitar2me+ *es-ansar/ sso ,oi h' *ois *ias/ E ho;epe&a manh e&e me apare-e. em -asa+ 's -in-o horas+ berran*oQ O=artiremos ama2nhP

2 =artiro para on*eF2 ei &' .antos pei<es o-K pes-o.F2 =er*i a -onta/ Mas ;' temos *emais/ amos embora+ .e a Mari.inha ain*a tem

.e prepar'2&os para o nosso a&mo6o/

s a-ar's estaam *e&i-iosos/Depois *o a&mo6o+ o&tamos para a -i*a*e/ Mate.s *irigi.2se para a $eparti6oon*e traba&ha e e.+ em sing.&ar *isposi6o *e esp:rito+ *irigi2me G -asa *e a&io/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 16/150

CAP!"#LO III

DA DISC#SSÃO... NASCE A L#+

Este capítulo trata ainda de arqueologia e opiniões científicas. O leitor poderápulá-lo, se quiser, passando logo ao 4, onde começa a ação. Mas, como é um capí-tulo curto, se puder l-lo, mel!or. "empre se esclarecem algumas coisas nele.

T T T

a&io re-ebe.2me em se. .arto -omo se na*a *e norma& se tiesse passa*o/

Conersamos+ nos primeiros min.tos+ sobre -oisas sem importn-ia/ Depois+ inten2-iona&mente+ e&e perg.nto.Q2 E entoF2 5o esto. m.ito -onen-i*o ain*a/ !-ho abs.r*o .e .ma gra*e *e ,erro .e

no se sabe *e on*e eio tenha .ma ins-ri6o -apa? *e &ear *ois homens a ,a?er.ma iagem -omo essa/ E h' a&g.ns pontos obs-.ros+ .e *ese;o ain*a *is-.tir -omo-K/

2 Est' -erto/ Mas o.6aQ .an*o Champo&&ion *es-obri. a -&ebre pe*ra O$osettaPe -om e&a en-ontro. a -hae para *e-i,ra6o *os hierAg&i,os+ to*os a-haram .e e&eestaa ma&.-o/ 5o .ero ,a?er ana&ogias+ mas ei*enteQ asso-io to*os os e&emen2

tos *e .e *ispomos sobre a pr2histAria *o Brasi& e as tra*i6Hes re&igiosas *o passa2*o+ para -hegar a .ma -on-&.so &Agi-a 2 e o-K em me *i?er .e &o.-.ra o .eesto. ,a?en*o///

2 Mas+ es-.te///2 Espere o-K no -ompreen*e+ ento+ .e ne-ess'rio ,a?er -on-essHes Gs &en2

*as e G tra*i6o para -hegar a a&g.ma er*a*e .e tem ra:?es m.ito ,.n*as no =as2sa*oF o-K no sabe .e to*as as &en*as assentam sobre ,atos er:*i-osF !&teram+mo*i,i-am o. *et.rpam a er*a*e ini-ia&+ mas a essKn-ia *os ,atos primitios &' est'+inta-ta no ,.n*o *a erso ,antasista/ E+ se no sabia+ ,i.e saben*o agora *o se2g.inteQ a ar.eo&ogia brasi&eira registra enorme .anti*a*e *e ins-ri6Hes r.pestres*e -ar'ter m'gi-o/ Mesmo os -o&e-iona*ores *essas ins-ri6Hes po*em ignorar isso/Mas e.+ -omo m.itas o.tras pessoas+ sei2o per,eitamente/ ! magia e a histAria *ospoos primitios esto to intimamente &iga*as .e imposs:e& estabe&e-er2se as

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 17/150

s.as ,ronteiras///2 ra E o-K teiman*o !ngyone Costa+ .e a.tori*a*e em ar.e&ogia+ *i?

.e as ins-ri6Hes r.pestres *o Brasi& no tKm signi,i-a6o a&g.ma/ eg.n*o e&e+ nopassam *e *iertimento *os :n*ios+ o. mar-a6Hes *os ban*eirantes/

2 ! opinio *e&e+ *a .a& e.+ e m.itos o.tros -omigo+ *is-or*amos/ Consi*ere .eas ins-ri6Hes esto graa*as em ro-has *.r:ssimas+ .e tKm resisti*o G a6o *os s2

-.&os/ =ara se graarem tra6os e ,ig.ras nestas ro-has+ ,oi pre-iso aos in*:genas .sar*e o.tras pe*ras .e o atrito ia gastan*o/ L' ins-ri6Hes .e *eem ter &ea*o m.i2tos meses para se -omp&etarem/ o-K a-ha+ a-aso+ .e isso *iertimentoF ! er*a2*e .e e&as eram ,eitas por .ma seita espe-ia& *e sa-er*otes+ o. Os'biosP+ .e sA,a?iam isso+ -om .m ,im *etermina*o/ .a&.er .m per-ebe .e h' a&go mais srioa:/ !&m *isso+ no se po*e a-eitar .m *i&ema *isparata*o -omo esseQ O*e :n*ios+ o.*e ban*eirantesP/ E por .e no h' re,erKn-ia a&g.ma+ nas histArias *as ban*eiras+ aessas ins-ri6HesF =or .e os ban*eirantes .e o&taam no ,a&aram+ ;amais+ *essapr'ti-aF

E. -ome6aa a a-i&ar+ mas+ -omo para ;.sti,i-ar a minha atit.*e *a ma*r.ga*a+

teimeiQ2 Bem/ Mas no e sA !ngyone/ !niba& Matos tambm a-ha .e as nossas ins-ri2

6Hes no tKm signi,i-a6o a&g.ma+ a no ser .an*o in*i-am ,ontes+ po.so *e -a6a+gr.tas e o.tras -oisas *e .ti&i*a*e ime*iata nos matos/

2 5o bem assim/ !niba& Matos a*mite .e as ins-ri6Hes possam ter signi,i-a*o*i,erente e *i? .e a&g.mas po*em ser apenas isso .e o-K re,eri./ E&e a-eita as-on-&.sHes *a pr2histAria no p em .e e&as se apresentam por.e+ -omo a*is&a.5eto+ no .er se ante-ipar Gs *es-obertas .e sA e<p&ora6Hes esta,antes e bem ori2enta*as+ -om est.*os min.-iosos+ po*em rea&i?ar/ .an*o a ar.eo&ogia ,or toma*aa srio em nossa terra+ e to*os os pontos *e pro'eis ;a?i*as pr2histAri-as ,orem

inestiga*os -om a aten6o .e mere-em 2 ento saberemos -oisas .e agora nospare-em abs.r*as+ mas .e+ G me*i*a .e ,orem s.rgin*o+ nos pare-ero+ ento+per,eitamente normais/ !&m *isso+ note .e as pe*ras graa*as -om ins-ri6Hes nose en-ontram sA nas matas/ "ambm se en-ontram nas praias+ nos -ampos+ nasmargens *os rios/ E o.tra -oisaQ os ban*eirantes teriam a preo-.pa6o *e in*i-arpontos *e -a6a*as e *e po.so mais espe-ia&mente &' pe&os &a*os *a =ara:ba+ *o $io>ran*e *o 5orte e *e =ernamb.-o+ es.e-en*o2se *isso em o.tros &.garesF

2 =ois sim/ ".*o isso bonito/ Mas a er*a*e .e m.itos s'bios se interessampe&a pr2histAria brasi&eira e na*a *o .e o-K *i? ,i-o. proa*o at agora/

2 M.itos s'biosF ra essa Diga Opo.-osP/ E bem po.-os+ at =eter .n*+ por

e<emp&o+ interesso.2se pe&a nossa pr2histAria e re-o&he. materia& *e gran*e a&or+imenso mesmo+ para .m sA homem/ E&e estabe&e-e.+ por e<emp&o+ a e<istKn-ia *oOLomem agosantenseP  e &eanto. o . *e .m passa*o m.ito mais remoto parao homem ameri-ano+ *o .e ning.m o.saria esperar/ !niba& Matos e se.s -ontin.a2*ores *es-obriram o OLomem *e Con,insP + tambm *e eneran*a antig.i*a*e/ 5oBai<o !ma?onas ,oi *es-oberta essa pre-iosa -ermi-a mara;oara+ .e in*:-io in2*is-.t:e& *e gran*iosa -ii&i?a6o///

2 Cii&i?a6o .e sA pro*.?i. -ermi-aF2 o-K no gosta mesmo *e .sar o -rebro+ Jeremias ".*o tem .e &he ser e<p&i2

-a*o min.-iosamente Laia+ ao &ongo *o bai<o !ma?onas+ at a s.a imensa ,o?+.ma gran*e -ii&i?a6o/ En-hentes -atastrA,i-as *o rio+ o. o.tras -oisas to srias.anto essa+ *estr.:ram t.*o/ s .e se sa&aram *o *esastre no tinham+ *e-erto+meios para re-onstr.ir a -ii&i?a6o *esapare-i*a+ mas po*iam repro*.?ir a arte *a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 18/150

-ermi-a+ -.;a matria prima no ,a&taa/ Consi*ere .e .an*o .m poo -ome6a ase preo-.par -om a arte+ a be&e?a+ o en,eite *os se.s ob;etos *e .so 2 ;' aan6o.m.ito em -ii&i?a6o materia&/ Con-or*a -omigoF

2 Con-or*o/ Mas+ .anto Gs ins-ri6Hes+ nenh.m s'bio a-ho. ain*a re&a6o entree&as e as passa*as -ii&i?a6Hes *e .e o-K ,a&a/

2 C&aro/ 5o se en-ontro. a -hae ain*a/ E nem se ,e? empenho em en-ontr'2&a/

s s'bios *a E.ropa no nos *o o.i*os/ s espe-ia&istas na matria no nos *oimportn-ia/ 5o .erem e<aminar os e&ementos -onstantemente renoa*os .e seapresentam para proar .e o nosso -ontinente o mais antigo e .e os amer:ge2nas+ os homens *e ra6a erme&ha *a !mri-a+ Km *a Era "er-i'ria   e so+ portanto+os primeiros habitantes h.manos *o g&obo terrestre/

2 sso po.-o positio/ 3 matria *emasia*o *is-.t:e&/ 5o e<istem proas inso2,ism'eis/ -rnio *e 5ean*ertha&///

a&io interrompe.2me br.s-amente/2 .a& -rnio *e 5ean*ertha&+ .a& na*a o-K .e est' imposs:e& !t ontem+

no *is-.tia -oisa a&g.ma/ !-eitaa o .e e. &he *i?ia e pare-ia *isposto a ir ao ,im

*o m.n*o !gora+ *e repente+ *e. para *.i*ar at *o .e est' entran*o pe&oso&hos =ois ,i.e saben*o .e+ .eira2o o. no o .eira a -iKn-ia o,i-ia&+ o Ohomoameri-an.sP  ,oi o mais antigo *o g&obo+ e .e+ por isso mesmo+ po.-o se est' in-o2mo*an*o -om as opiniHes em -ontr'rio *o sr/ *e .atre,ages+ o. *e .em .er .ese;a

3 ,'-i& er .e a&io ia se e<a&tan*o+ e se e. op.nha resistKn-ia era apenas para-ontin.ar -oerente -om o arro.bamento *a.e&a ma*r.ga*a/ Em er*a*e+ a-re*ita2a no *es&.mbrante passa*o *a !mri-a+ e estaa *e a-or*o -om o me. amigo/ a-e*er+ portanto+ .an*o me &embrei *e &eantar mais .ma *i*aQ

2 Est' bem+ a&io/ Con-or*o/ Mas respon*a a mais .ma -oisa sAQ os petrAg&i,os

brasi&eiros tKm rea&mente .m signi,i-a*o o-.&toF2 5o/ !bso&.tamente+ no tKm/2 5oF2 C&aro .e no/ "Km signi,i-a*o O*es-onhe-i*oP para nAs/ Mas .em os ,e? no

tee a inten6o *e o-.&tar -oisa a&g.ma+ m.ito ao -ontr'rio/ .an*o *es-obrirmos a-hae+ a nossa Ope*ra *e $osettaP 2 t.*o ,i-ar' -&aro/

2 E por .e ain*a no se *es-obri. a -haeF2 Bem/// 3 pre-iso notar .e a es-rita pr2histAri-a brasi&eira no se asseme&ha a

nenh.ma *as o.tras ;' est.*a*as/ e tiesse seme&han6a+ a s.a signi,i-a6o no se2ria mais segre*o/

2 3 -&aro/2 sto e<tremamente importante+ e *eia apai<onar to*os os -riptAgra,os *om.n*o/ abe a .e -on-&.sHes ;' -hegaram os .e se *e*i-aram ao ass.ntoF .e aes-rita pr2histAri-a brasi&eira *ee ser -onsi*era*a a me *e to*as as o.tras es-ritas*o m.n*o+ por.e to*as estas apresentam -ertos -ara-teres .ase ,i<os *a nossa///

2 C&aro/ Contin.e/2 Entre as es-ritas mais antigas est.*a*as 2 os -ara-teres sabeanos+ -retenses+

mega&:ti-os+ etr.s-os+ pr2histAri-os *o Egito+ berberes+ s.merianos+ bem -omo osantigos a&,abetos gregos+ ,en:-ios+ hebrai-os e ibri-os 2 en-ontram2se inmeros si2nais+ .ns i*Knti-os e o.tros seme&hantes aos 7 -ara-teres pr2histAri-os *o Brasi&+

re,eri*os e est.*a*os por !&,re*o Bran*o/ e;a+ agora+ a -on-&.so &Agi-a a .e isto-on*.?Q OEm to*os os a&,abetos e -ara-teres es-ritos *o m.n*o antigo+ embora nosen*o e&es ig.ais entre si+ en-ontram2se m.itos ig.ais aos -ara-teres pr histAri-os

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 19/150

brasi&eirosP/2 3 assombroso =ositiamente assombroso2 3 a p.ra er*a*e+ eri,i-a*a/ !&i's+ o -on,ronto no tra? gran*es *i,i-.&*a*es/

.a&.er .m o po*e ,a?er/ 3 ei*ente+ pois+ .e a es-rita 2 me+ *e on*e to*as aso.tras *eriaram e .e gero. to*os os a&,abetos *o m.n*o 2 a.e&a .e ,oi .sa*ape&os antigos habitantes *a !mri-a *o .&+ e -.;os est:gios at ho;e po*em ser en2

-ontra*os/ Da.i sa:am os gr.pos .e+ ,i<an*o2se em o.tros pontos *a "erra+ &ea2am -onsigo esse importante -onhe-imento .e+ *epois+ eo&.:a e se mo*i,i-aa se2g.n*o as ne-essi*a*es e -ontingKn-ias pe-.&iares a -a*a regio/ !&g.ns *esses gr.2pos+ ,or6a*os por -ir-.nstn-ias .e no -onhe-emos+ regre*iriam e se tornaram se&2agens+ per*en*o o -onhe-imento *a es-rita/ .tros+ *e,rontan*o -on*i6Hes ,aor'2eis+ progre*iram+ eo&.:ram+ ,.n*aram gran*es -ii&i?a6Hes+ aper,ei6oaram o sistema*e es-rita at o trans,ormarem na ,orma at.a&mente .sa*a/ 5o entanto///

2 Chega Chega 2 interrompi/ 2 5o ,a&e mais Es.e6a a minha atit.*e *esta ma2nh/ Esto. *e a-or*o -om o-K/ Dei<e er o roteiro e///

2 E o .e+ JeremiasF

2 E partiremos amanh+ a&io

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 20/150

CAP!"#LO I 

,#INCAS CON"A #MA&IS"-RIA IN"ERESSAN"E

5o mapa+ a gente -orre o *e*o e *i?Q2 !t a.i+ amos *e trem/ Depois+ amos *e ;ar*ineira at a&i/ Em seg.i*a+ amos

a -aa&o at///Mas .an*o a gente entra n.ma seg.n*a -&asse (no haia *inheiro para O&.<osP)

e se pHe a ro*ar *ia e noite sobre tri&hos ma& a;.sta*os 2 ento -ome6a a en-arar as-oisas *e maneira .m tanto *iersa/

5as primeiras *o?e horas+ !in*a passa/ ent.siasmo sempre maior .e o -an2

sa6o/ !*mira2se a paisagem+ -onersa2se e t.*o *istrai/ Depois+ -ome6a o in,erno/ sa-o&e;ar *o trem+ .e a prin-:pio no se notaa+ martiri?a os ossos/ ! trepi*a6o+ininterr.pta+ aba&a os neros/ ! poeira irrita os o&hos e a garganta/ ! im.n*:-ie+ .ese a-.m.&a por to*os os -antos+ e a ,e*entina eno;am/ ! e-onomia no *ei<o. espa26os entre os ban-os+ para se esten*er as pernas/ ! ma*eira r.*e -omo o *iabo+ eai es,o&an*o a espinha/ Sm er*a*eiro in,erno/ E a gente+ *e to*o o -ora6o+ -on2-or*a -om Monteiro obatoQ O ni-o me&horamento .e ,a&ta nas estra*as *e ,errona-ionais -ana&i?ar a ,.ma6a *a &o-omotia para *entro *os -arros *e seg.n*a-&asse/P !:+ ,i-aria o -on,orto atingi*o+ *e a-or*o -om a i*eia .e *e&e ,a?em os *iri2gentes *as estra*as -om re&a6o aos passageiros .e no tKm meios para ia;ar *eprimeira/

Depois *e in,initas horas *e s.p&:-io+ -hegamos a !n'po&is+ no Esta*o *e >oi's+.ma -i*a*e sem -on,orto/ =e&o .e nos *isseram+ >oinia+ .e no &onge+ est' ,i2-an*o .ma be&e?a *e -i*a*e+ mo*erna+ e -om to*os os me&horamentos/ e'amos*e o =a.&o .ma re-omen*a6o para o .in-as+ .e &ogo en-ontramos/ Era .m ra2pa? moreno+ -.rti*o pe&o ar &ire+ homem *e po.-as pa&aras e *e po.-as -arnes 2to*o ms-.&os/ ! nossa -onersa -om e&e no tee *i,i-.&*a*es/

2 =ois + se. .in-as/ Disseram2nos .e o-K -onhe-e t.*o por a: a ,ora+ os ma2tos+ os rios+ o serto///

2 3/// a gente -onhe-e/ 5as-i em =a&ma+ e a minha i*a tem si*o sempre an*arpor a:/

2 .erer' ir -onos-oF2 .ero+ -omo noF2 Mas se o-K nem sabe para on*e amos+ nem o .e amos ,a?er///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 21/150

2 5o mVimporta/ J' esto. para*o a.i h' seis meses/ =re-iso an*ar .m po.-o+para *esen,err.;ar+ e o .e o ,a?er+ isso -om os senhores/

2 o-K ;' tem g.ia*o e<p&ora*oresF2 'rias e?es/2 E .anto -ost.ma ganharF2 Con,orme/ .a& ai ser o seri6oF Diamantes+ o. o.roF

2 5em *iamantes+ nem o.ro/.in-as o&ho.2nos -om ar sabi*o+ sorri*ente/2 "o*os *i?em o mesmo/ Depois+ passamos *ias e *ias reiran*o areia+ &aan*o

-as-a&ho+ enterra*os na &ama at G -int.ra/2 o-K no pre-isa a-re*itar em nAs 2 *isse e./ 2 Mas a er*a*e essa/ 3 -&aro+

porm+ .e se apresentar .ma boa oport.ni*a*e+ no *ei<aremos *e tentar a sortepara a.mentar a nossa ,ort.na///

2 .e pe.ena *emais 2 -omp&eto. a&io/ 2 5o po*eremos *espre?ar oport.ni2*a*e a&g.ma/ Mas garantimos .e nossa inten6o no essa/

Deia haer em nossos rostos a&g.m e&emento *e ,ran.e?a ei*ente .e ,a&taa

Gs pa&aras/.in-as abri. o rosto n.m sorriso ,ran-o e aperto.2nos as mos+ *i?en*oQ2 >osto assim/ 5o me agra*am esses estrangeiros .e iem atr's *e o.ro e *ia2

mantes e .e at pare-em ,i-ar &o.-os/ "o*os os anos s.rgem a&g.ns por a.i e pa2gam m.ito bem/ "ie iagens *e ganhar -in-o -ontos &impinhos/

2 5o &he po*eremos pagar isso+ .in-as/2 J' per-ebi/ 5o ,a? ma&/2 =o*eremos+ .an*o m.ito+ pagar &he+ pe&o ,im *a iagem+ .ns *ois mi& -r.?eiros/

Mas se en-ontrarmos o.ro+ o. pe*ras pre-iosas+ o-K ter' a meta*e *e t.*o/2 Combina*o/ .e amos ,a?erF

Cons.&tei a&io -om o o&har/2 5o sei se o-K ai -ompreen*er 2 *isse e&e/2 Mas temos obriga6o *e ser sin-eros -om o-K 2/ -ontin.ei/ 2 Embora no a-re*i2

te em nAs+ *iremos a er*a*e/ amos ao -entro *o Brasi&+ pro-.rar os restos *e .maantiga -ii&i?a6o/

 ! e<presso *e .in-as mo*i,i-o.2se *e ta& mo*o .e a&io in*ago.Q2 .e h'F =are-e .e o-K se ass.sto.+ .in-as///2 5o/ 5o me ass.stei+ no/ =o*em -ontar -omigo/2 Mas h' .a&.er -oisa///2 Bem/// 3 .e ;' passo. por a.i .m mo6o .e parti. para o serto -om o mesmo

,im/a&io sobressa&to. 2se/ .a -are-a empa&i*e-e./2 Sm mo6oF .an*oF .em era e&eF E .e -onseg.i.F2 Chamaa2se ean*ro+ e ,a&aa ma& a nossa &:ng.a/ Ssaa A-.&os es-.ros+ -apa-e2

te bran-o e .mas ro.pas -omp&i-a*as/ .an*o ia pe*ras -om ris-os ,i-aa a&.-ina2*o/ !-ho .e era &o.-o+ mas+ me. pai///

a&io interrompe.2o *e maneira io&enta+ -omo ;amais o i ,a?er/ !garro. os om2bros *e .in-as e perg.nto.+ o&han*o2o ,irmemente nos o&hosQ

2 .e ,im &eo. esse mo6o+ .in-asF .an*o ,oi issoF2 ai ,a?er *e? anos/ E. tinha 1 e a-ompanhei a e<pe*i6o/ Me. pai era o g.ia/

E&e sim+ -onhe-ia t.*o+ to*o esse m.n*o *e De.s Mas e&e e ean*ro s.miram/ 5.n2-a mais o&taram

 !.e&e esbo6o *a histAria *e .in-as nos *ei<o. ,as-ina*os/ =e*imos .e -onti2n.asse/ ! noite estaa .ente+ mas -ome6aa a soprar .ma brisa agra*'e&/ 5As es2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 22/150

t'amos senta*os sob o a&pen*re *o bar 2 .m p.<a*o -oberto *e ,o&has *e pa&meira+e beb:amos .ma esp-ie *e -ere;a *e ,abri-a6o &o-a&+ na*a *esagra*'e&/ intemetros a&m -ome6aa a mata+ -erra*a+ misteriosa+ sombria 2 e *e&a -hegaam atnAs -ri-ris+ pios+ g.in-hos e -oa<os estranhos/ .in-as+ -om s.a -amisa *e meiaatras *e -.;os rasgHes se ia a pe&e bron?ea*a *esenhan*o ms-.&os possantes 2era .ma ,ig.ra bem -o&o-a*a no -en'rio semi2se&agem/ a&io+ a -are-a bri&han*o G

&.? *o &ampio *e .erosene+ era a ,ig.ra *a impa-iKn-ia/ E&e teimara em ir sem-hap.+ apesar *e t.*o o .e &he ,a&ei sobre inso&a6Hes e -e,a&eias =ensei at .eesperaa -onseg.ir+ -om o -rnio assim e<posto ao tempo+ .ma noa pro*.6o *e-abe&os/ J' e.+ no/ ! &onga e<posi6o *a -abe6a ao so& *aa2me horr:eis *ores+ e+por isso+ iera m.ni*o *e .m O-o&onia&P *e pa&ha+ ,res-o e &ee/

2 5o sei -omo e<p&i-ar 2 -ontin.o. .in-as en.anto e. pensaa na -are-a *ea&io/ 2 E. an*aa pe&os 1 anos/ Me. pai era homem se-o+ *.ro -omo -erne *epa&meira/ =ara e&e no haia *i,i-.&*a*es nem perigos/ Constr.:a .ma -anoa so?inhoUaraa serto *.rante .m mKs inteiro+ sem parar/ Era .m homem Mor'amos em=a&ma+ on*e t:nhamos .m s:tio/ sr/ ean*ro apare-e. por &' no -ome6o *a esta6o

*as 'g.as/ inha *e Caa&-anti G pro-.ra *e me. pai/ 5As t:nhamos .ma mata *e-astanheiras+ e bene,i-i'amos a -astanha no engenho .e -onstr.:ramos/ 5a.e&etempo+ en*ia2se o A&eo m.ito bem+ e a nossa i*a era ,o&ga*a/ Me. pai no pre-isa2a se meter em e<p&ora6Hes/// Mas .e .eremF E&e era assim "ro-aa t.*o por.ma iagem nas matas irgens 2 .in-as interrompe.2se+ -om os o&hos per*i*os naes-.ri*o *a mata prA<ima/ Embor-o. .m -opo *e -ere;a+ &impo. os &'bios -om op.&so e as -ostas *a mo+ e -ontin.o.Q

2 ean*ro apare-e. e *isse .ma por6o *e -oisas+ -omo isso .e os senhores *is2seramQ .e ia pro-.rar .ma -i*a*e no sei on*e+ .m temp&o/// =are-e .e ,a&o. emMan@a + o. no sei .e/// =ois isso ent.siasmo. me. pai *e ta& maneira .e e&e no

.is saber *e mais na*a/ embro2me *e .e+ .an*o -onseg.i .e me. pai prome2tesse .e me &earia+ tambm ,i.ei &o.-o *e -ontente/ E. era -omo e&e+ *oi*o pe&omato+ e at agora so. assim/ Minha me sempre *i?ia .e n.n-a ira .m ,i&ho topare-i*o -om o paiQ Oos *ois ma&.-osP/// Coita*a .an*o partimos+ me. pai *ei<o. oirmo *e&e toman*o -onta *e minha me+ *o s:tio e *a ,'bri-a *e A&eo/// e esse -a2na&ha nos ro.bo./ %i-o. -om t.*o n,e&i?mente+ e&e ,oi prVa Bahia///

Depois *e embor-ar o.tro -opo *e -ere;a+ -om o&har sombrio+ .in-as -ontin.o.Q2 ean*ro estee em nossa -asa *.rante .m mKs/ E&e e me. pai ,i-aram to ami2

gos -omo se ,ossem parentes/ Compro. trKs gran*es -anoas+ a;.sto. -in-o O-abrasPes-o&hi*os+ e partimosQ E&e+ me. pai+ e. e os -in-o O-abrasP/ Des-emos o "o-antins/

5.ma para*a .e ,i?emos+ .ns oitenta .i&@metros para bai<o *a embo-a*.ra *o rio !rinos+ ean*ro .ase ,i-o. &o.-o/ !&i+ no -Arrego  *a =e*ra $is-a*a+ e<iste .ma&a;e -om sinais/ D.rante trKs *ias ean*ro an*o. em o&ta *a pe*ra+ o&han*o+ ,a&an2*o so?inho/ Depois+ reso&e. aban*onar o rio/ Sm -amara*a ,i-o. toman*o -onta*as -anoas+ -om or*em *e o&tar a =a&ma se no apare-Kssemos *entro *e trKs me2ses/ eg.:amos+ ento+ por terra/ Eh m.n*o Barbari*a*e Era an*ar+ an*ar to*ai*a eamos mais *e .m mKs para -hegar ao rio !rag.aia+ em ,rente G i&ha *oBanana&/

 !rran;amos *.as -anoas *e :n*ios e *es-emos o rio+ g.ia*os por .m <ambiA  .e,i?era -amara*agem -onos-o/ Chegan*o ao ,im *a i&ha+ *esembar-amos na o.tra

margem e entramos a -aminhar pe&a ertente entre as serras *o $on-a*or e *os>ra*as/ aramos mato *.rante trKs meses+ at -hegar ao rio ing./ 5o *ia seg.in2te+ ean*ro+ me. pai e Ernesto+ .m *os -amara*as+ seg.iram so?inhos+ para atraes2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 23/150

sar o rio e -ontin.ar para *iante/ E. e os o.tros -amara*as ,i-amos a&i+ para esperara o&ta *e&es/ 5o &hes *igo na*a///

5a.e&a ?ona h' :n*ios -aiapAs+ ;.r.nas e s.i's / !t mesmo os tapiraps  -ost.2mam *es-er at a&i/ M.itas e m.itas e?es tiemos .e nos es-on*er *e&es/ o,re2mos *ois ata.es+ e Mano+ .m *os me.s -ompanheiros+ ,i-o. graemente ,eri*o -om.ma ,&e-ha*a/ Estiemos nessa agonia *ois meses/ 5o ,im *esse pra?o+ reso&emos ir

pro-.rar os trKs .e tinham parti*o e -hegamos at ao rio riri+ em -.;a margem en2-ontramos sinais *e a-ampamento .e sA po*eria ter si*o ,eito por e&es/ Mas ,omosata-a*os por .m ban*o *e :n*ios ,ero?es+ n.s e -om o -orpo to*o pinta*o/ Creio .eeram m.n*.r.-.s / "iemos .e o&tar/

2 E e&esF2 5.n-a mais *eram not:-ias/Ca&a*o+ *e sobre-enho -arrega*o e o&har per*i*o nas tristes &embran6as &ong:n2

.as+ .in-as embor-o. *ois -opos *e -ere;a/ E. e a&io est'amos espanta*os-om a.e&a histAria+ .e nos *aa in*:-ios m.ito seg.ros *o .e ir:amos passar+ mas.e tambm nos *i?ia .e est'amos no bom -aminho/

2 o-K -hego. at ao ririF 2 perg.ntei/2 Cheg.ei/2 5o h' *e ser ,'-i&+ heinF2 3 .ma iagem terr:e& =re-isa m.ita -oragem/2 .e aspe-to tem a margem *e &'F 2 perg.nto. a&io/2 3 .ma morraria .e no a-aba mais/s o&hos *e a&io tieram .m &ampe;o na es-.ri*o e se.s &'bios ma& se entrea2

briram .an*o e&e *isseQ2 3 isso/ "emos .e -hegar a:/.in-as o&ho. o *e &a*o+ e se.s o&hos negros se animaram/

2 3 a: .e *ese;am irF 2 perg.nto./2 Mais para *iante ain*a+ .in-as/ Mais para *iante///2 !t on*eF2 5o sabemos/ o-K no est' anima*oF.in-as p@s2 se em p/ e.s ms-.&os apare-iam+ trgi*os+ sob os b.ra-os *a -a2

miseta/ Laia .ma -erta nobre?a em se. porte/2 .an*o .erem partirF2 ogo .e ,or poss:e&/ E .er:amos .e o-K se en-arregasse *e t.*o/2 5o tenham -.i*a*o/2 De .antos -amara*as pre-isaremosF

2 .atro o. -in-o mateiros *e-i*i*os+ bem es-o&hi*os+ sero s.,i-ientes er' pre-i2so *ei<ar proisHes em ab.n*n-ia e a&g.m *inheiro -om as ,am:&ias *e&es/2 em *i*a/ "emos -in-o mi& -r.?eiros+ .in-as/ e;a o .e se po*e ,a?er -om

isso/2 5o ai -hegar/ Mas ,a&em -om o -orone& Mar-on*es+ e e<p&i.em *o .e se tra2

ta/ E&e &o.-o por essas -oisas/ E+ a propAsito/// e&e tem .ns ob;etos .e *e-erto in2teressaro aos senhores/

2 .e ob;etos soF2 5o sei bem/ 3 .m aso e o.tros Otre-osP/2 !manh pro-.raremos o -orone&/ E amos *ei<ar t.*o nas s.as mos+ por.e+

na er*a*e+ no enten*emos *isto/ .eremos .e o-K trate *e t.*o+ -omo se ,osseo -he,e/2 =o*em ,i-ar sossega*os/ Dentro *e .ma semana estar' t.*o pronto/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 24/150

.in-as aperto.2nos as mos e sai./5As ,i-amos ain*a sob o a&pen*re+ toman*o mais .ns go&es *e -ere;a+ -onersan2

*o e o.in*o os misteriosos r.:*os not.rnos *a mata prA<ima/ .an*o pe&as on?ehoras nos re-o&hemos ao .artinho *e ma*eira .e a&.g'ramos a&i mesmo no bote2.im+ ning.m mais estaa a-or*a*o em !n'po&is/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 25/150

CAP!"#LO  

 A PLACA DE BARROE O %M#IRAI"Ã' 

-orone& Mar-on*es ,oi mais ti& e genti& *o .e esper'amos/ .an*o &he e<p.2semos os nossos pro;etos+ ent.siasmo.2se tanto .e nos sentimos na obriga6o *e o-oni*ar para ir -onos-o/

2 n,e&i?mente no me poss:e&/ "enho .e ,a?er o.tras iagens/ Mas .ma *as-oisas *e .e mais gostaria/ 5o .eria morrer sem er -om os me.s o&hos a&g.nsrestos *as antigas -ii&i?a6Hes *e nossa terra/ Mas .m *ia !h/// =or.e+ -omo o-Ks+e. a-re*ito .e ho.e no Brasi& .ma -ii&i?a6o para sempre per*i*a Conhe6o mais

o. menos o ass.nto e -reio .e .m *ia se h' *e ,a?er ;.sti6a G nossa terra+ re-onhe2-en*o .e *a.i partiram os -ii&i?a*ores *o m.n*o////2 3 o .e pensamos tambm+ -orone&/ E por isso .e reso&emos merg.&har nes2

se serto/2 %a?em bem/ 3 .m traba&ho ti& G p'tria e prAprio para a mo-i*a*e/ J' sabem .e

tenho .mas -oisas -.riosasF -orone& &eo.2nos a .m .artinho+ rigorosamente tran-a*o+ -omo se g.ar*asse

.m teso.ro/ E no seria rea&mente .m teso.roF ! primeira pe6a .e nos mostro. era .m aso antropomor,o+ -ermi-a *e&i-a*a+

traba&ha*a -om ei*ente gosto art:sti-o/ Do se. ,ormato gera& *e n,ora+ *esta-aa2se a ,ig.ra h.mana esti&i?a*a .e &embraa+ remotamente+ a es-.&t.ra eg:p-ia -&'ssi2-a/ Mas os tra6os *o rosto *en.n-iaam o tipo mongo&oi*eQ ,a-e &arga+ ma6s *o ros2to sa&ientes+ o&hos bem separa*os/ -orone& e<p&i-o. .e o aso &he ,ora tra?i*o por.m homem in*o *as margens *o !rag.aia/ Mas+ in,e&i?mente+ e&e -hegara horrie&2mente m.ti&a*o+ sem &:ng.a+ e sem ore&has/ aso estaa parti*o em -in-o pe*a6ose o -orone& o re-onstit.:ra/

5o sei por.e+ no a-re*itei m.ito na histAria *o ia;ante m.ti&a*o+ e so.be+ *e2pois+ .e a&io tambm no &he *era -r*ito/ De-erto+ o e&ho -orone& tinha motiospara o-.&tar a er*a*eira origem *o aso+ e nAs no :amos in*agar .e motios eramesses/

Laia na -ai<a *e ,erro 'rios o.tros ob;etos -.riosos/

Sm era .m pe*a6o *e -a-himbo *e barro -o?i*o .e tiera+ sem *i*a+ a ,orma*e homem *e gran*e -abe6a e -orpo -ari-at.ra&mente pe.eno/ ! -abe6a+ es-aa*apor *entro+ era o ,orni&ho e estaa re.eima*a+ o .e in*i-aa .so/ ! ,ig.ra estaa

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 26/150

*e ;oe&hos e entre os ps ;.ntos sit.aa2se o ,.ro on*e se intro*.?ia o -an.*o/ so&hos *a ,ig.ra eram estranhamente sa&ta*os+ enormes+ em *espropor6o -om o ros2to/ %a?ia &embrar -ertas es-.&t.ras in-ai-as/ Laia+ ain*a+ .ma *essas ,ig.rinhas *ebarro .e nos m.se.s apare-em -omo Obone-as *os :n*iosP / a&io+ .e ;' est.*a2ra o ass.nto+ a,irmo. .e no eram abso&.tamente bone-as+ mas sim :*o&os+ rema2nes-entes *e -.&tos .e se per*eram na noite *os tempos/

2 3 pre-iso notar 2 e<p&i-o. e&e 2 .e estas ,ig.ras+ tenham a origem .e tierem+obe*e-em sempre G mesma ,orma e tKm to*as .ase o mesmo tamanho/ 5o h' Obone-asP sem pernas+ e no *e se -rer .e to*os os :n*ios+ *e to*as as &atit.*es+,i?essem+ para se.s ,i&hos+ Obone-asP *e barro+ to*as ig.ais e to pe.enas/

Entre to*os+ porm+ o ob;eto .e mais impressiono. a&io ,oi .ma gran*e p&a-a*e barro -o?i*o+ mo&*a*a em ,orma *e ban*e;a em -r.?/ -entro *a -r.? era &iso ebem no meio ia2se .m -.bo+ ta&e? a&tar+ -om a &etra OP  perto/ 5os .atro bra6os+arre*on*a*os+ eram ei*entes *egra.s *e ar.iban-a*as/ ! .m -anto haia .maporta *e entra*a+ G .a& se -hegaa por es-a*aria/ =ro-.ramos repro*.?ir+ em *ese2nho+ essa -.riosa pe6a+ para .e o &eitor possa ,ormar me&hor i*eia *e&a/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 27/150

a&io+ .e est.*o. essa p&a-a *.rante m.itas horas+ *isse .e era+ simp&esmente+a repro*.6o *e .m temp&o+ o. &o-a& *e a*ora6o *o o&/ 5o a&tar *o -entro ,i-aa osa-er*ote+ e nas ar.iban-a*as+ o poo/ E *e-&aro.+ a,ina&+ .e a p&a-a tinha gran*eimportn-ia para os nossos traba&hos 2 o .e o ,.t.ro *emonstro. ser -erto/

Laia+ ain*a+ a&g.ns pe.enos ob;etos .e a&io apenas o&ho.+ -onsi*eran*o2os

sem a&or/ -orone&+ porm+ apanho. entre os *e*os .ma ne,rite+ o Om.ira.itP*os ama?onenses+ e e<ibi.2a ao me. amigo+ -om o&har interroga*or/

2 in*o 2 *isse a&io/ 2 Sm Om.ira.itP ///2 E<amine2o bem/Era+ rea&mente+ .ma pe6a marai&hosa/ ! &in*a pe*ra er*e estaa ta&ha*a em ,or2

ma *e homem n. O*e p+ -om os bra6os erg.i*osP 2 o .e ,ig.raa a -&ebre O$.naP.e signi,i-aa ri.e?a e po*er/ .an*o a&io per-ebe. isso+ ,i-o. impressiona*o+ enem sabia o .e *i?er/ &haa espanta*o para o -orone& .e+ agora+ ass.mia+ a se.so&hos+ importn-ia m.ito maior *o .e se esperaria/

2 ee2a 2 *isse o -orone&/ 2 ee2a+ no a per-a+ .e &he ser' m.ito ti&/ =osso &he

repetir a -&ebre ,raseQ On ho- signo in-esP/a&io estreme-e.+ e+ apanhan*o o -or*o *e prata .e o -orone& &he esten*ia+

passo.2o pe&o b.ra-o .e haia na pe*ra+ pen*.ran*o2a em seg.i*a ao pes-o6o/2 5o sei -omo &he agra*e-er+ -orone&/ senhor ,oi proi*en-ia&/ !gora+ tenho -er2

te?a *e .e atingiremos o nosso ,im/ 5a o&ta &he *eo&eremos o Om.ira.itP / -orone& sorri. misteriosamente/ E nAs no -ompreen*emos o se. sorriso/ Mas o

-erto .e n.n-a mais passar:amos por !n'po&is+ ten*o o&ta*o por o.tro -aminho+e o -orone& morre. no mKs passa*o+ sem tornar a er a s.a pe*ra er*e+ .e a&iotra? -onsigo at ho;e/

-orone& ,oi .m teso.ro para nAs/ em e&e+ ;amais ter:amos rea&i?a*o a temerosa

aent.ra/ =atro-ino.2nos a iagem+ proi*en-ian*o t.*o o .e pre-is'amos/ Entre2go.2nos *e? mi& -r.?eirosU *e.2nos seis m.&as arrea*asU e o,ere-e.2nos -onse&hos *einestim'e& a&or/

 W noite+ no a&pen*re *o bote.im+ *iante *as -ere;as+ -oment'amos -om espan2to a atit.*e *a.e&e e&ho respeit'e& e a&io *isse+ antes *e nos retirarmos para*ormirQ

2 3 me&hor no ,a&ar/ 5em po*emos ,a?er i*eia *e .em se;a esse homem+ masgaranto .e no abso&.tamente o .e pare-e/

2 .e .er *i?er+ a&ioF E. tambm o a-hei misterioso/2 A &he *igo istoQ o bom K<ito *e nossa iagem est' abso&.tamente seg.ro/

2 =or .e pensa assimF2 5em e. sei/ Mas+ o. er*a*e+ o. esto. re*on*amente engana*o/ E -reio .eno me engano/ 5o se es.e6aQ OCom este sina&+ en-er'sP  

T T T

5.ma .inta2,eira *e ma*r.ga*a+ bem antes *e nas-er o so&+ as seis m.&as+ -arre2ga*as+ estaam a&inha*as no terreiro+ *iante *o bote.im/ =erto *e&as+ ia2se o -oro2

ne& Mar-on*es+ sorri*ente e amigo/ .in-as -ontratara *ois homens apenas+ O.ea&iam por *e? -a*a .mP+ *i?ia e&e/ Eram sertane;os magros+ ,ortes+ re.eima*os+ -o2bertos -om &argos -hapeirHes *e pa&ha/ Ssaam -a&6as e pa&etAs *e brim sobre -ami2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 28/150

sas rasga*as e -a*a .m tinha .ma garr.-ha e .m ,a-o G -int.ra/ Estaam *es-a&26os/ 5o in,.n*iam m.ita -on,ian6a .anto G a&entia+ mas .in-as respon*ia pore&es e era o bastante/ mais a&to aten*ia por a&a.+ e o o.tro -hamaa2se "obias/

s petre-hos .e -arregaam as m.&as tinham si*o re*.?i*os por .in-as+ -omraro tino+ ao m:nimo in*ispens'e&+ e .ma *e&as+ .e no &earia -arga h.mana+ tra2?ia os o&.mes mais pesa*os/ .an*o o so& -ome6o. a *o.rar o -.me *e anta $ita+

m.ito -e*o ain*a+ abra6amos o -orone& e nos p.semos a -aminho na seg.inte or2*emQ .in-as+ a&io+ e.+ a&a. e "obias+ .e p.<aa a se<ta m.&a pe&a -or*a/

=art:amos para %ormosa+ primeira etapa *e nossa iagem pe&o interior *e >oi's+r.mo G in-r:e& aent.ra/ E *e &onge o.:amos ain*a os a.grios *e boa iagem .enos ,a?ia o -orone& Mar-on*es/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 29/150

CAP!"#LO I

 A MENSA/EM DE 0ERRO

Depois *e a&g.mas horas *e mar-ha sob o so&+ paramos G sombra *e ,ron*osas 'r2ores+ G beira *e .m regato+ para preparar o a&mo6o e *es-ansar .m po.-o/

E+ en.anto a&io *ormia -a&mamente+ a &.?i*ia -are-a e<posta ao ar+ .in-as ee. mantiemos &onga pa&estra/ .in-as+ apesar *e rsti-o e sem -.&t.ra+ poss.:a es2p:rito &-i*o e+ habi&i*osamente+ me &eo. a -ontar -omo ha:amos reso&i*o ,a?er ta&iagem/

2 =or a-aso/ ! &tima -oisa .e e. esperaa em minha i*a era ir meter2me nes2tes sertHes/ a&io+ tampo.-o+ ;amais penso. nisso/ E&e sabia .e e<iste+ no interior*o Brasi&+ .a&.er -oisa .e se pren*e Gs antigas -ii&i?a6Hes+ mas e. nem se.er

s.speitaa *isso/ 5o entanto+ a mim .e se *ee a rea&i?a6o *a iagem+ o. me2&hor+ *ee2se a .m tio me.+ -hama*o !*o&,o+ .e morre. na ene?.e&a h' mais *e.m ano///

2 J' sei/ e. tio *ei<o. *o-.mentos e mapas///2 5o/ Dei<o.2me .ma ar-a+ e+ *entro *e&a+ estaa g.ar*a*o .m traba&ho em ,erro

bati*o+ pe*a6o *e gra*e .e no sei on*e e&e arran;o./ De-erto ,oi &' pe&as >.ianas/.an*o a&io i. a gra*e *e ,erro+ ,i-o. -omo &o.-o/

2 =or .KF .e .e haia na gra*eF2 =ara mim no haia seno *esenhos *e ,erro+ -omo os *e to*as as o.tras gra2

*es/ Mas para a&io haia .ma signi,i-a6o *e e<traor*in'ria importn-ia/ Basta *i2

?er .e e&e passo. .ma noite inteira+ at Gs noe horas *a manh seg.inte+ em mi2nha -asa+ e<aminan*o a gra*e e ,a?en*o -.i*a*oso *esenho *e&a/ E. estaa at ,i2-an*o -om me*o/ .an*o e&e me ,a&aa na.e&as -oisas e. sentia .e me. esp:ritoa-i&aa e .e sombras se esten*iam sobre os me.s senti*os/

.an*o entramos no .arto *e&e+ -om o *esenho no bo&so+ est'amos na.e&e es2ta*o *e esp:rito .e m.ito se asseme&ha ao -ansa6o+ e eitamos ,a&ar no ass.nto.e nos tra?ia ;.ntos/ %a&'amos *e -oisas *i,erentes/ E. .e+ reatan*o os ra-io-:2nios a .e me inha entregan*o *epois *o -.rso *e pa&eogeogra,ia .e a&io ,i?erana noite anterior+ -ome-eiQ

2 =ensei m.ito+ a&io/ Esto. -onen-i*o *e .e o nosso -ontinente ,oi o ber6o *ah.mani*a*e e *a -ii&i?a6o/ $ea&mente+ se o homem apare-e. neste -ontinente *.2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 30/150

rante o per:o*o mio-eno 2 .e ,oi o primeiro *a Era "er-i'ria  2 *.rante os mi&hHes*e anos .e *e-orreram at a Era .atern'ria   *ee ter progre*i*o -onstantemen2te/ E nessa po-a p@*e emigrar+ s.rgin*o em o.tros pontos *o g&obo e *an*o origemGs ag&omera6Hes h.manas .e mais tar*e ,ormariam as so-ie*a*es a,ri-anas e asi'2ti-as/

2 3 o .e tenho *ito 2 apoio. a&io/2 3 ei*ente/ homem no po*eria ter ,i-a*o esta-ion'rio *.rante mi&hares *e

anos para progre*ir *e .m sa&to mais tar*e/ Sma -oisa+ no entanto+ no -ompreen2*o/ Como .e os nossos antepassa*os ameri-anos regre*iram at -hegar ao esta2*o em .e se en-ontraam na po-a *o *es-obrimentoF

2 =o*e ser .e *epois *e ter atingi*o o a.ge+ a -ii&i?a6o s.&2ameri-ana tiesse*e-a:*o+ at ao *esapare-imento+ en.anto+ em o.tros pontos+ ,&ores-ia a -ii&i?a6o*os !t&antes  .e+ por s.a e?+ *e-ai.+ *an*o &.gar G *os eg:p-ios e G *os maias+ a?2te-as e in-as///

2 im/ =o*e ser/2 =o*e ser+ tambm+ .e partin*o *a.i+ *ei*o a -a.sas .e ignoramos+ os ho2

mens tenham se passa*o a o.tro -ontinente+ *ei<an*o pe.enos gr.pos in,eriores+in-apa?es *e -ontin.ar a -ii&i?a6o/ E po*e ser ain*a .e gr.pos sa:*os *esta partese &o-a&i?assem em o.tros pontos *este mesmo -ontinente+ sem se preo-.par -omnenh.ma esp-ie *e progresso e+ torna*os se&agens+ o&tassem+ m.itos anos *e2pois+ a ata-ar os .e tinham ,i-a*o entreg.es G s.a pa-:,i-a tare,a *e progresso/

2 im/ =o*em2se ,ormar inmeras hipAteses/2 .er er .ma -oisaF i*ioma t.pi2g.arani   *ee ter si*o per,eito+ pois .e+

apesar *e &onga *e-a*Kn-ia .e nat.ra&mente o eio m.ti&an*o *.rante s-.&os+ ain*a ho;e .ma &:ng.a ,a&a*a no apenas por s'bios e est.*iosos -omo s.-e*e -omo grego e o &atim+ mas -orretamente por m.itos mi&hares+ ta&e? mi&hHes *e pessoas

no =arag.ai+ na Bo&:ia e nas ,ronteiras *o Brasi&/ A .ma &:ng.a -om gran*es re-.r2sos e -apa-i*a*e *e resistKn-ia po*eria permane-er+ -omo essa+ atras *o tempo+apesar *a in,i&tra6o *ominante *as &:ng.as -aste&hana+ port.g.esa e ing&esa/

2 "em ra?o/ A .m gran*e poo po*eria ter mane;a*o e aper,ei6oa*o .ma &:ng.aassim/ Mas tenho ain*a .ma *i*aQ por .e .e+ em to*as as regiHes on*e ,&ores2-em gran*es -ii&i?a6Hes+ sempre se en-ontram est:gios e a.i isso no a-onte-eF

2 J' ,a&amos *isso/ =rimeiro+ po*emos imaginar .e a -ii&i?a6o .e ,&ores-e. a.i,oi m.ito anterior Gs mais antigas *e .e temos -onhe-imento na Rsia e na R,ri-a/eg.n*o+ h' engano *e s.a parte+ -omo tambm ;' ,a&amos/ s est:gios ab.n*ampor to*os os &a*os+ e *e to antigos se -on,.n*em -om os a-i*entes nat.rais/ Mas o

prin-ipa& o seg.inteQ o nosso poo no tem e*.-a6o s.,i-iente para se interessarpe&o ass.nto e para aa&iar .a&.er en-ontro ,ort.ito/ Sm &ara*or .e em .a&.er-anto *a E.ropa en-ontre .m pe*a6o *e &o.6a *e ,orma estranha sabe &ogo a .emse *irigir+ sabe .e -onm g.ar*'2&o para -om.ni-ar o ,ato a a&g.ma instit.i6o -i2ent:,i-a/ e ,or o -aso+ &ogo *epois se ,a?em es-aa6Hes no &o-a&/ Mas+ a.i/// nin2g.m se in-omo*a -om essas ninharias/// e nem mesmo -om -oisas mais importan2tes/

2 ! propAsito+ &embro2me *e ter isto+ h' a&g.ns meses+ n.ma -asa *a =ra6a *o=atriar-a+ e<posi6o *e pe6as ar.itet@ni-as+ o. -oisa pare-i*a+ antigas+ en-ontra*asn.ma es-aa6o no interior *e o =a.&o/ .e ,im &eo. a.i&oF

2 5o sei/ Mas+ ,osse o. no -oisa importante+ *e-erto est' es.e-i*o/ Entre nAs onorma& no ,a?er -aso/ abe o .e F o,remos *e O*o.toriaP ag.*a/ !.i to*om.n*o a.tori*a*e+ to*os sabem *emais e so s.periores/ e a&g.m traba&ha*or

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 31/150

en-ontrar no -ampo .ma pre-iosi*a*e ar.eo&Agi-a+ em 99 por -ento *os -asos me2ter' a en<a*a e *estr.ir' t.*o/ Mas+ se por esp:rito -.rioso reso&er -onserar oa-ha*o+ -ons.&tar' o primeiro O*o.torP .e en-ontrar 2 o *e&ega*o+ o pre,eito o..a&.er o.tro/ Este+ por s.a e?+ senta*o sobre a Oabe*oriaP+ *ar' .ma o&ha*a+,ar' .m tre;eito+ e e<-&amar'Q OBobagem sso .ma pe*ra -om.m/ s e,eitos *aeroso nas pe*ras ,ri'eis so -apri-hosos s eios arenosos *esagregan*o se pro2

*.?em pe*a6os assim Gs e?es -om a ,orma *e -a-himbo/ =.ro a-aso/ sso boba2gem sem a&or/P . ento+ *i?emQ Ora/// isso .m pe*a6o *e aso *e barro .e-ai. por a:///P E assim se &aram as senten6as .ponha .e o &.gar on*e se ,e? .ma-ha*o *a.e&es ri-o em pe6as ar.eo&Agi-as/// estar' t.*o per*i*o+ por.e o O*o.torP ;' e<p&i-o. .e bobagem

2 E as gran*es -onstr.6HesF2 3 a mesma -oisa/ !s .e se en-ontram so &ogo i*enti,i-a*as -omo O-apri-hos na

nat.re?aP/ !&m *isso+ a parte mais interessante *o Brasi& est' ain*a -oberta *e ma2tas+ e *espooa*a/ L' banha*os intermin'eis+ matas irgens+ serras imensas ine<2p&ora*as+ .e po*em g.ar*ar s.rpresas/ ,ato .e no se pro-e*e. a nenh.ma

e<p&ora6o sistem'ti-a em nossa terra+ a,ora as pes.isas *e =eter .n* e !niba&Matos+ nas -aernas *o $io *as e&has em Minas >erais/ E *eemos sa&ientar .eestas ni-as *eram gran*es e proeitosos res.&ta*os/ me&hor+ porm+ est' por ,a2?er/ 5o nos es.e6amos *e .e na Xn*ia os temp&os *os misteriosos -.&tos antigosso to*os es-aa*os no interior *e montanhas/ mesmo se *' na R,ri-a e em 'riospontos *o Egito/

2 o-K .er *i?er .e a.i na !mri-a *o .&///2 3 .ma simp&es hipAtese+ bem enten*i*o/ Mas+ ,a&an*o seriamente+ a-re*ito .e

nesses imensos sertHes *o Brasi& *ee haer temp&os *essa esp-ie+ .e .a&.er*ia sero *es-obertos/

2 =or nAsF2 5As *es-obriremos .m+ pe&o menos/2 Como .e o po*e a,irmarF2 =or esta mensagem *e ,erro/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 32/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 33/150

CAP!"#LO II

DECI0RAÇÃO DAMENSA/EM DE 0ERRO

2 Mas esto. aborre-en*o o-K -om esta histAria to*a+ .in-as/2 5a*a *isso Esto. gostan*o m.ito senhor nem imagina -omo interessante2 =ois no pare-e/ sto U e. gosto/ =or mim+ ,a&aria nisso o *ia to*o+ mas+ para os

o.tros/// a gente n.n-a sabe/2 ra/// E. a-ho &in*o/ Contin.e/ .e .e *i?ia a.e&e pe*a6o *e gra*eF Esto.

.eren*o saber/

2 Como e. ;' *isse+ a&io tinha est.*a*o pro,.n*amente a.e&es ,erros e&hos+ e+.an*o esten*emos o *esenho sobre a mesa+ -ome-ei a sentir .ma -erta inibi6o+preen*o .e a&g.ma -oisa *e m.ito estranho me ia ser ree&a*o/ Laeria+ em er2*a*e+ isso a .e se -hama OCiKn-ia -.&taP F Laeria+ em er*a*e+ .ma seita -ien2t:,i-o2re&igiosa -.;os membros+ atras *os tempos+ *espre?an*o o pa*ro -om.m *ei*a+ *espre?an*o os apetites e pra?eres .&gares+ se haiam *e*i-a*o ao est.*o *asmisteriosas ,or6as .e resi*em *entro e em re*or *e nAs para -hegarem a res.&ta2*os positios .e a -iKn-ia e<otri-a teima em ignorar e .e haiam -ria*o s:mbo&ospara se e<primir *e ta& mo*o .e sA os ini-ia*os+ em .a&.er tempo+ os possam en2ten*erF Me. esp:rito+ po.-o a,eito a &i*ar -om mistrios e -oisas sobrenat.rais+ resis2tia em a*mitir ta& tese/ Mas+ por o.tro &a*o+ pare-ia haer+ &' bem no ,.n*o *o me.ser+ .ma ten*Kn-ia+ .m imp.&so .e me -oni*aa a abrir os bra6os para estreitaresse -onhe-imento+ esse -ontato estranho .e to agamente se an.n-iaa/ 5estesass.ntos+ no se trata *e -ompreen*er o. no -ompreen*er/ "rata2se+ sim+ *e -rero. no -rer+ e e. no saberia *i?er honestamente se a-re*itaa o. no+ mas+ e<ami2nan*o2me+ ;.&gaa2me mais propenso a a*mitir *o .e a rep.*iar/

*esenho estaa sobre a mesa/ a&io o haia re,eitoU no era mais a.e&a pri2meira -Apia em pape& -om.m+ mas .m -.i*a*oso *esenho a nan.im+ ,eito em Ati2mo pape& *e &inho+ pe&o .a& e. po*ia a-ompanhar per,eitamente as e<p&i-a6Hes/

 !.e&as &inhas negras tomaam -orpo *iante *os me.s o&hos/ =are-iam animar2

se na estranhe?a+ na *es.sa*a -omposi6o geomtri-a/ !gora+ a.i&o ia a*.iriri*a+ ia ,a&ar+ atras *as pa&aras *o me. amigo/ &hei para e&e/ =asseaa *e .m&a*o para o.tro+ *e -abe6a bai<a+ o&hos prega*os no -ho+ pensatio+ a -a&a io&'2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 34/150

-ea re&.?in*o G &.? *a &mpa*a/De repente+ paro./ %i<o. em mim se.s o&hos -astanhos e ,a&o.Q2 Come-emos pe&a -r.? .e est' *entro *o gran*e -:r-.&o/ tra6o erti-a& *a -r.?+

seg.n*o a tra*i6o *a Iaba&a  hebrai-a+ -omo *e to*as as -osmogonias+ signi,i-a oO&:ngan sagra*oP + s:mbo&o eterno *o ,ogo e *a origem so&ar+ o prAprio so&+ .e -onsi*era*o a energia ini-ia& e -ria*ora/ tra6o hori?onta& signi,i-a o O-teisP + a prA2pria i*a mani,esta*a/ !ssim+ a -r.? o temp&o *o De.s20o& / Como K+ e&a est' ins2-rita *entro *e .m gran*e -:r-.&o/

2 E .e .er *i?er o -:r-.&oF2 3 o e.ia&ente gr',i-o *o !bso&.to 2 o .e no tem prin-:pio nem ,im/2 E o tring.&oFa&io *etee2se .m momento a pensar/ Depois+ *ebr.6o.2se sobre o *esenho+

-omo se .isesse pa&p'2&o -om os o&hos/2 Esse tring.&o .ase *esnorteante+ por.e+ representan*o a *iin*a*e nos ri2

tos ma6@ni-os+ + tambm+ a ,orma -onsagra*a *os a&tares *a magia///2 Espero enten*er isso mais tar*e+ a&io/ E a ,&orF2 ! ,&or o O&At.s *e mi& pta&asP  e assim -o&o-a*o no topo *a -r.? torna ain*a

mais *i,:-i& a interpreta6o gera& *o s:mbo&o+ .ma e? .e e&a signi,i-a Oo per,eitoini-ia*oP + o a&to sa-er*ote/ "a&e? signi,i.e .e a penetra6o tota& *o segre*o este2 ;a resera*a .ni-amente ao mais per,eito -onhe-e*or *os sagra*os mistrios/

2 Enten*o/ Contin.e/2 bsere agora estas *.as r.nas+ .ma G *ireita e o.tra G es.er*a *o gran*e -:r2

-.&o/ ! primeira representa o Ohomem *e p -om os bra6os erg.i*osP + e a o.trarepresenta o Ohomem senta*oP / 2 E a&io e<emp&i,i-o.+ primeiro erg.en*o os bra26os+ *epois a-o-oran*o2se 2 o .e repro*.?ia+ rea&mente+ os *ois pe.enos *ese2nhos/

 Depois+ -ontin.o.Q2  Ohomem *e p -om os bra6os erg.i*osP  signi,i-a ri.e?a e po*erU o Oho2

mem senta*oP  signi,i-a pa? e tran.i&i*a*e/ bsere+ agora+ .e e&as esto -o&o-a2*as na *ire6o &este2oeste+ o. se;a+ na *ire6o em .e ,&.i a -orrente *as ,or6as -As2mi-as+ e a prApria tra;etAria *o so&/ 5o se es.e6a *isto+ .e ser' importante/

2 5o me es.e-erei/ Contin.e/2 e;a agoraQ a &.a+ assim &o-a&i?a*a no -anto s.perior es.er*o+ est' em oposi6o

ao so&+ .e se en-ontra no -anto in,erior *ireito/ e tomarmos o gran*e -:r-.&o -omoo g&obo terrestre+ eremos .e so& e &.a simbo&i?am .ma posi6o astro&Agi-a per,eitaQo e.inA-io *e o.tono/ 5o se es.e6a *isto+ tambm/ mais importante+ porm+ estar o s:mbo&o ins-rito sobre .ma Ope*raP /

2 .e pe*raF2 Chamamos Ope*raP  a esse ,riso .a*rang.&ar .e eno&e to*o o s:mbo&o/ 3 pre2

-iso *esbast'2&a at -hegar G er*a*e/2 !h/// agora -ompreen*o/ Contin.e/2 Creio .e o-K se re-or*a *e nossas -onersas anteriores/ %a&amos .e teria ha2

i*o+ na !mri-a *o .&+ .ma -ii&i?a6o m.itas e?es mi&enar+ e -on-&.:mos+ por ,or26a *os testem.nhos a-.m.&a*os+ .e essa -ii&i?a6o no mera ,antasia+ mas e<is2ti. rea&mente/ =ois bem/ e e<isti.+ -omo temos .e a*mitir+ tee por base .ma re&i2gio+ -omo+ a&i's+ to*as as -ii&i?a6Hes 2 e essa re&igio sA po*eria ter si*o o C.&to*o 0o& + por.e o o& ,oi a primeira e m'<ima *iin*a*e para to*os os poos/ %oi oprimeiro =o*er+ o mais rea& e sens:e&+ e por isso+ o .e primeiro &ogro. os agra*e-i2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 35/150

mentos e a a*ora6o *o homem/ Chega*os a este ponto+ temos .e re-onhe-er .m,ato -entenas *e e?es -omproa*o pe&os ar.eA&ogos e historia*ores *a antig.i*a2*eQ .ase to*os os temp&os *e*i-a*os ao De.s20o&   eram s.bterrneos/

2 E+ assim sen*o///2 !ssim sen*o+ po*emos *ar mais .m passo na interpreta6o *o nosso s:mbo&oQ o

"emp&o *o 0o&   representa*o pe&a -r.? *entro *o -:r-.&o est' n.m morro+ a.i re2presenta*o pe&o tring.&o+ .e + tambm+ a ,orma -onsagra*a *os a&tares *a magia/ !gora t.*o se torna mais -&aro+ no F

2 3 o .e espero/ e;amos/2 e no Brasi& e<iste+ o. e<isti.+ .m temp&o on*e se a*oro. o De.s20o& + ,ora *e

*i*a .e se &o-a&i?a no interior *e .ma montanha e .e+ para o en-ontrar+ teremos.e seg.ir as -&aras in*i-a6Hes *o s:mbo&o/

2 Chego. o momento so&ene+ a&io2 =or .eF2 =or.e agora .e no enten*o mais na*a/ o-K *isse .e est' t.*o -&aro+ mas

a minha impresso .e ,i?emos .ma bara&ha*a ine<tri-'e&/

2 5o h' perigo/ ! ponta *a mea*a est' na nossa mo/ iga as minhas pa&arasQ e.inA-io *o o.tono+ a.i in*i-a*o pe&as posi6Hes re&atias *o so& e *a &.a+ *ee se*ar no ponto -entra& *o -:r-.&o+ na interse-6o *os *ois bra6os *a -r.?/ En-ontrare2mos esse ponto seg.in*o a prApria tra;etAria *o so& in*i-a*a pe&as r.nas+ isto + &este2oeste/

2 5o enten*o/ E.inA-io *o o.tono+ *ire6o *as r.nas+ tra;etAria *o so&+ ponto-entra& *o -:r-.&o/// t.*o isso m.ito impre-iso/ .e *ese;amos .m ponto is:e&+tang:e&+ -o&o-a*o na&g.m &.gar sobre a s.per,:-ie *a terra/ Como o en-ontraremosF

2 eg.in*o as in*i-a6Hes *o s:mbo&oU ,a?en*o -'&-.&os astro&Agi-os e astron@mi-os+&o-a&i?aremos geogra,i-amente o ponto .e nos interessa/

2 Bem/ sso -om o-K/ %a&e mais sobre a ta& Ope*raP / "rope-ei ne&a/2 E&a m.ito importante+ por.e ser' o nosso ponto *e re,erKn-ia/ "o*as as men2

sagens .e nos ,oram &ega*as pe&as tra*i6Hes o-.&tas+ so metA*i-as/ e os s:mbo&ose<p&i-atios .e est.*amos esto ins-ritos na pe*ra+ .er *i?er .e e&a o nossomar-o+ o ponto ini-ia& e ,ina& *as pes.isas/

2 Esto. -ome6an*o a enten*er/ Contin.e/2 Estamos aan6an*o seriamente+ Jeremias/ 5o sA apreen*emos o senti*o o-.&to

*o s:mbo&o+ -omo -hegamos .ase G so&.6o/ E *igo mais///2 Sm momento 2 interrompi/ 2 o-K est' ,a&an*o -om ta& ent.siasmo .e pare-e ;'

ter en-ontra*o .ma barri-a -heia *e o.ro e pe*rarias+ -omo nos bons tempos em

.e se en-ontraam teso.ros *e piratas/2 o-K est' engana*o 2 E pe&a primeira e? i a&io ?angar2se/ 2 .e me inte2ressa simp&esmente a eri,i-a6o ar.eo&Agi-a+ o en-ontro *o temp&o o. *e se.sest:gios+ para po*er proar+ irre,.tae&mente+ a to*os os *es-rentes *o m.n*o+ .eem nossa terra ;' ,&ores-e.+ em tempos i*os+ gran*iosa -ii&i?a6o/ E se+ .an*o -he2garmos+ ho.er barri-as *e o.ro o. pe*rarias 2 ;.ro .e e&as perten-ero e<-&.sia2mente a o-K

2 Combina*o Mas o-K est' ,a&an*o -omo .em ;' reso&e. a iagem por a: a ,oraG pro-.ra *o "emp&o/

2 ra essa empre pensei .e no ho.esse *i*a .anto a isso/ %aremos a ia2

gem+ no ,aremosF2 C&aro E por .e no a ,ar:amosF2 5at.ra&mente 5o po*eremos per*er esta oport.ni*a*e+ a mais rara .e ;' se

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 36/150

apresento. a .a&.er morta&+ e<-&.sie a .e ,e? -om .e Co&ombo e Cabra& ies2sem G !mri-a/ %oram+ tambm+ ree&a6Hes seme&hantes .e os tro.<eram/

2 "em ra?o+ a&io/ eremos noos Co&ombos e Cabrais/ E iremos+ nem .e se;asA pe&a aent.ra+ e para *es-ansar .m po.-o *esta i*a imbe-i& .e &eamos na -i2*a*e/ remos/ Contin.e/

2 Como o-K *isse+ pre-isamos en-ontrar o ponto geogr',i-o+ o .e ,aremos por

meio *e -'&-.&os/ !&m *isso+ temos o.tra re,erKn-iaQ .ma &en*a *e origem t.pi+ -o2nhe-i*a em 'rios pontos *o Brasi&/ Mas -ome6arei pe&os -'&-.&os/

2 #timo .ero er o mago em a6o .ero K &o ris-an*o os arabes-os -aba&:sti2-os+ e a-abar e<train*o *os sinai?inhos m'gi-os a gran*e ree&a6o

2 Ssarei sinai?inhos m'gi-os+ mesmo+ e o-K os -onhe-e/ o m'gi-os+ mas o se..so .niersa&+ -om.m e -ont:n.o+ tiro.2&hes to*o o a&or *e magia/// abe .ais soF

2 ei/ o hierAg&i,os+ petrAg&i,os e r.nas/2 5o/ Ssarei os *es-en*entes *e&es/ s nossos -onhe-i*:ssimos a&garismos 'ra2

bes/2 E. bem i .e era sA OpapoP/// E a ta& &en*a *e .e o-K ,a&o. h' po.-oF

2 o-K -onhe-e2a/ 3 a &en*a *a Me *o 7.ro /2 Conhe6o+ sim/ Em g.ap+ at ho;e essa &en*a tem ,oros *e rea&i*a*e/2 E -omo -ontam a &en*a em g.apF2 3 mais o. menos istoQ em -ertas noites *e ero+ .ma bo&a *e ,ogo sai *e .m

monte *e -.;o nome no me &embro+ *es-ree .ma -.ra no -. e ai -air sobre oMorro *a =ai<o/ Di?em .e a.e&e .e se en-ontrar sobre o morro+ no momento*a .e*a *a bo&a *e ,ogo+ ,i-ar' ri-o e ,e&i? para o resto *a i*a/ =or isso .e abo&a *e ,ogo -onhe-i*a -omo a OMe *o o.roP /

2 Com pe.enas ariantes a mesma &en*a .e -orre em to*o o Brasi&/ Di?em.e no $io o ,en@meno ;' ,oi obsera*o na =e*ra *a >'ea/ Certos -onhe-imentos

.e tenho e .e no .ero ree&ar a,irmam .e essa bo&a *e ,ogo assina&a o &o-a&on*e e<iste o. e<isti. .m "emp&o *o 0o& /

2 e assim+ po*emos ir ao $io+ o. a g.ap =ara .e ir ao -entro *o Brasi&F2 eria interessante+ se no tissemos esta Omensagem *e ,erroP  .e *eemos

respeitar/2 Est' bem/ !,ina&+ o-K monopo&i?o. o ass.nto/ .an*o ai ,a?er os se.s

-'&-.&osF2 Lo;e mesmo/ Esta noite estaro prontos e ento saberemos .a& o ponto e<ato

.e *eemos a&-an6ar/

a&io -ome6aa a a-or*ar/.in-as pare-ia inteiramente a&heio a t.*o o.in*o a minha narratia/ .an*o pa2

rei+ e&e me interrogo. -om os o&hos/2 5o *ia seg.inte pe&a ma*r.ga*a 2 -ontin.ei 2 a&io ,oi me a-or*ar *i?en*o .e

partir:amos *entro *e Y4 horas///2 E esse &o.-o .ase me bate. 2 protesto. a&io sentan*o2se/ 2 5o sei .e *ia2

bo &he *e. nesse *ia2 ra+ nat.ra&+ a&io o-K em me tirar *a -ama Gs -in-o horas para *i?er a.i2

&o "enha *A .e me a&e. ,oi o Mate.s e .m passeio .e ,i? em seg.i*a pe&o

-ampo/ e no ,osse isso -reio .e no teria in*oa&io &eanto.2se e eio me *ar .m sonoro tapa nas -ostas en.anto ria gostosa2mente/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 37/150

2 !-ho .e hora *e prosseg.ir+ no + .in-asF2 5o -e*o para isso+ se. a&io/ "emos .ns tre?entos .i&@metros at %ormosa///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 38/150

CAP!"#LO III

#M ES"IRÃO PI"ORESCO

5As *ois .er:amos .e as m.&as an*assem mais *epressa/ !-h'amos a s.a an2*a*.ra *emasia*o &enta/

2 o m.ito bem assim 2 *i?ia .in-as/ 2 5o se es.e6am *e .e o tempo paranAs no po*e e<istir/

2 Mas temos tre?entos .i&@metros at %ormosa+ .in-as2 Mais o. menos isso/2 E .an*o iremos -hegar+ assimF2 .em sabeF ".*o *epen*e *o -aminho e *o esta*o *o tempo/ =o*eremos ,a?er

40 o. 0 .i&@metros n.m *ia+ o. po*eremos ,a?er apenas 10/ Laer' *ias em .e

no ,aremos nem .m/2 .e massa*a 5.n-a -hegaremos2 Chegaremos+ sim essen-ia& a.i+ para -hegar &ogo+ no ter pressa so& -ai. sobre nAs .an*o entr'amos n.m tre-ho *e mata -erra*a+ ,i-an*o

para tr's a e<tensa -ampina/s p'ssaros .e gritaam ao &onge iam em.*e-en*o G nossa passagem/Daa2se G.e&e -aminho o nome *e Oestra*aP/ =or a&i passaam os -arg.eiros+ o

ga*o e os e:-.&os .e *e tempos em tempos *eman*aam %ormosa o. *e &' i2nham/ Mas a seme&han6a *a.e&a pi-a*a -om as estra*as estaa sA no ,ato *e nohaer 'rores p&anta*as no &eito/

D.rante .atro horas trotamos sob o *osse& *a mata+ -om pe.enas interr.p6Hes*e -&areiras mais o. menos gran*es/ Depois+ s.bimos .ma en-osta bastante :ngre2me+ .ase *espi*a *e egeta6o/ 5a o.tra ertente+ a p&an:-ie per*ia2se *e ista/B.ritis apare-iam em pe.enos -apHes+ ,ig.ran*o i&hotas er*es na -ampina a-in?en2ta*a/ !&g.ns embir.6.s enga&ana*os *e amare&o pinta&gaam a&egremente a paisa2gem+ e .ma o. o.tra s.-.pira -ome6aa a ,a?er *esabro-har as s.as a&as ,ores/

 ! noite -ai. agra*'e& e no armamos as ten*as/ Dormimos sob o -. estre&a*o+*epois *e ,orra*o o -ho -om os pe&egos/ =e&o meio *a noite -ome6o. a es,riar+ e a2&a. &eanto.2se para a-en*er a ,og.eira .e *ei<ara prepara*a/ Depois *isso *ormi-omo .ma pe*ra+ -ontan*o2me a&io no *ia seg.inte .e -om e&e se *era o mesmo/

.an*o .in-as nos a-or*o.+ a a&io e a mim+ ain*a no eram -in-o horas/ Mase&e e os *ois -amara*as ;' estaam em atii*a*e+ e t.*o pronto para a -ontin.a6o*a iagemQ m.&as arrea*as e -arrega*as e o -a, pronto/ 5a noite anterior e&es ha2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 39/150

iam pea*o as m.&as/ em isso+ pe&a manh haeria .m enorme traba&ho para asapanhar/ =o.-o *epois est'amos noamente a -aminho+ pe&a ,res-a a*mir'e& *ama*r.ga*a/

5o h' o .e *i?er *os oito *ias .e se seg.iram/ Caminh'amos o *ia to*o+ *es2

-ansan*o apAs o a&mo6o+ pe&as horas mais .entes+ *ormin*o ao re&ento+ e a-or*an2*o *e ma*r.ga*a para -aa&gar *e noo/ .in-as -a6ara *ois ea*os -ampeiros/ a&2io e e. gastamos inmeras horas pro-.ran*o est:gios *e pr2histAriaU paran*o ;.n2to *e to*as as pe*ras G pro-.ra *e ins-ri6Hes+ penetran*o nas -aernas .e apare2-iam e es-aan*o os mont:-.&os -om .e *epar'amos/ Mas essas nossas pes.isas+ta&e? .m tanto in,antis+ no *eram res.&ta*o a&g.m/

D.rante a &onga -aminha*a atraessamos a&g.mas O,a?en*asP+ o .e *es-obr:amospe&as -er-as -ain*o aos pe*a6os e por a&g.mas -abe6as *e ga*o .ase se&agens.e pastaam &iremente na asti*o *as -ampinas/ .anto a -asas+ no imos mais.e -ho6as/

3 in-r:e& .e *epois *e to ermos -aminhos apare6a .ma -i*a*e -omo %ormosa+-om boas -asas *e ti;o&o+ -obertas *e te&has+ .ase to*as ro*ea*as *e ,ron*osos po2mares/ e*i,:-io *a .sina e&tri-a+ *e .atro an*ares+ re-m2termina*o+ to*o *e-on-reto+ s.,i-iente para se ,a?er i*eia *o .e o resto/

 ! nossa empoeira*a -araana ,oi re-ebi*a -om -erto espanto e &ogo ro*ea*a *e-rian6as+ as .ais+ passa*o o primeiro momento+ se p.seram a ,a?er intermin'eisperg.ntas/ !&g.ns marman;os nos ro*earam tambm+ mas &imitaram2se a o&har eno perg.ntaram na*a/

Eram .atro horas e *o a&e sopraa ento ,rio .e na*a pren.n-iaa *e bom/ !a&t.ra *e 900 metros em .e se en-ontra a -i*a*e -ontrib.:a para a.mentar o ,rio/

Em %ormosa en-ontramos+ !,ina&+ bom po.so+ em boas -amas+ e p.*emos tomara&imenta6o *e-ente+ embora pagan*o t.*o m.ito -aro/5o *ia seg.inte ,omos isitar a agoa %eia+ .e ,i-a *o o.tro &a*o+ ;.nto G -i*a*e/

 !pesar *o nome+ .ma be&a &agoa+ gran*e e pitores-a/ ! pre,eit.ra *e %ormosaman*o. arr.mar G s.a margem .m re-anto para pi.eni.es+ insta&an*o+ G sombra*as 'rores+ mesas e ban-os rsti-os/ !&i *es-ansamos por a&g.m tempo+ obseran2*o os ;a-ars .e boiaam+ sossega*amente -omo tron-os *e 'rores ro*a*as/ Mais&onge+ .m pes-a*or+ a-o-ora*o+ ia tiran*o+ reg.&armente+ se.s pei<es *a 'g.a si&en2-iosa e .ieta/

En.anto isso+ .in-as *aa .m repasse no materia& e+ -om os *ois -amara*as+

,a?ia -onsertos .rgentes/ .an*o *ei<ei a margem *a &agoa en-ontrei .m e&hote pi2tores-o .e me o,ere-e. e<-e&ente bsso&a+ por pre6o *e pe-hin-ha/ Di?ia2se mari2nheiro aposenta*o+ e+ .an*o &he -omprei a bsso&a+ agarro.2se a mim -omo -arra2pato/ .eria G ia ,or6a in-orporar2se G e<pe*i6o+ a,irman*o .e sabia on*e en2-ontrar o.ro e pe*ras pre-iosas em ab.n*n-ia/ Dei<o.2nos+ a,ina&+ em pa?+ *epois*e ter toma*o .ma respeit'e& .anti*a*e *e -a-ha6a or*in'ria e ,oi ,a?er in-ompre2ens:e& *is-.rso para os ;a-ars an-ora*os no &o*o *a margem/

Dormimos ain*a essa noite em %ormosa/ Mas tanto a&io -omo e. est'amos an2siosos por re2en-etar a -aminha*a para o serto/ Con,orto e boa -ama era m.itobom+ mas se estissemos G pro-.ra *essas -oisas ter:amos ,i-a*o em o =a.&o/

$e,eitos e a&egres *ei<amos %ormosa Gs -in-o horas *a manh seg.inte r.mo ao

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 40/150

nosso prA<imo po.so+ .e seria em &hos DVRg.a+ -er-a *e 0 .i&@metros *istanteseg.n*o os -'&-.&os *e .in-as/ Creio .e no era tanto+ por.e -hegamos -om oso& ain*a a-ima *o hori?onte/

&hos DVRg.a -onsta+ apenas+ *e .ma r.a empoeira*a/ ! penso .e nos in*i-a2ram era to s.;a e po.-o -oni*atia .e pre,erimos passar a noite n.ma taperaaban*ona*a+ ao ,im *a r.a+ ;' ,ora *a pooa6o/ =e&o menos+ a&i no haia G nossaespera+ -omo na penso+ .m e<r-ito *e baratas+ p.&gas e per-ee;os/ Comemosbem na -asa *e .m -onhe-i*o *o .in-as+ goiano gor*.-ho e ,o&ga?o .e nos *i2erti. -om ino-entes pia*as .e -ontaa pis-an*o pi-ares-amente os o&hinhos pe2.enos/ .in-as -ompro. *e&e gran*e .anti*a*e *e -or*a *e ,abri-a6o &o-a&+ re2sistente e &ee/

=e&a ma*r.ga*a+ ao *ei<armos a i&a+ passamos pe&o pntano on*e nas-e o rio =i2rapetinga/ Da: em *iante -ome6'amos a ia;ar pe&a ba-ia *o "o-antins+ o .e nos*aa -erta sensa6o *e a&:io/ Era .e+ *e a&g.m mo*o+ -ome6'amos a Oentrar noe&ementoP/

 ! Oestra*aP era sempre ig.a&+ mas *isting.iam2se ne&a+ on*e haia &ama en*.re-i2

*a+ sinais *e pne.m'ti-os/ Deem ser a.tKnti-os herAis os motoristas .e se metempor estes ato&eiros

"er:amos agora+ at Caa&-ante+ .m &ongo e ,asti*ioso estiro/

Dois *ias *epois atraessamos a a. o "o-antin?inho e entramos na Chapa*a *os ea*eiros/ Sma -aminha*a ininterr.pta *e seis horas &eo.2nos ao rio =issarro+em -.;a margem ,i?emos po.so/ s arre*ores ;' estaam toman*o aspe-to maisb'rbaro e se&agem/ A *e &onge em &onge atraess'amos a&g.ma ,a?en*a *e -ria26o e *e e? em .an*o en-ontr'amos .ma tapera hesitante+ sem saber se haia

o. no *e *esabar sobre a estra*a/A no *ia seg.inte .e imos -omo so bonitos os morros .e -ir-.n*am a Cha2

pa*a+ mas no nos *etiemos para apre-iar o espet'-.&o/ $.mamos -ora;osamentepara ea*eiros+ on*e -hegamos G tar*inha/ 5o -onta+ essa i&a+ -om mais *e .ma*e?ena *e -asas+ to*as -obertas -om ,o&has *e pa&meira in*ai'/ M.ito interessante o Morro *a Ba&isa+ a -.;a sombra *es-ansa o pooa*o/ =rosseg.imos+ e as *i,i-.&*a2*es *a mar-ha -res-eram pe&o -entro *a Chapa*a+ -oa&ha*a *e pe*ras so&tas+ n.mas.bi*a *i,:-i&/ !traessamos o $io =reto na nas-ente e+ pe&a noitinha+ -heg'amosao -imo+ in*o *es-ansar G beira *o ribeiro =o.so !&to/

5o *ia seg.inte -ontornamos a 'r?ea *e antV!na e ,omos a-ampar na margem*o rio *o mesmo nome+ n.ma &apa .e no p.*emos e<aminar *ireito por ,a&ta *e-&ari*a*e+ o .e nos ,e?+ a a&io e a mim+ esperar ansiosos pe&o romper *a a.rora/ !ntes *e a*orme-er+ .in-as -onto.2nos .e essa &apa tem nome/ Chamam2na aO-asa *e pe*raP / s -aminhantes to*os se abrigam a&i para *ormir o. ,.gir aostemporais+ .e so ,re.entes e terr:eis na Chapa*a+ e os -a6a*ores ,a?em *e&a se..arte&2genera& nas gran*es tempora*as/

5o *ormi bem/ onhos agita*os me ,a?iam a-or*ar -onstantemente e sA o -&aro*a ,og.eira a-esa G entra*a .e me animaa a tentar o sono *e noo/

Determin'ramos permane-er a&i o *ia seg.inte+ por *ois motiosQ .in-as pre-isa2a passar em reista as seis m.&as e -.rar .ma *e&as+ ,eri*a pe&a m' -o&o-a6o *a-arga e tomar o.tras proi*Kn-iasU e nAs *ois .er:amos rea&i?ar -omp&eto e<ame*essa gr.ta+ .e nos pare-ia m.ito interessante/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 41/150

CAP!"#LO IX

 A %CASA DE PEDRA' 

 !ssim .e a &.? *o *ia o permiti.+ p.semo2nos em atii*a*e/ a&a. e "obias &impa2ram .ma antiga pi-a*a .e ia at a margem *o rio antV!na e &earam os animaispara a 'g.a/

a&io+ e. e .in-as *isp.semo2nos a ini-iar a pes.isa na O-asa *e pe*raP/ imos+G entra*a+ em 'rios &.gares+ est:gios *e ,og.eiras+ sina&+ nat.ra&mente+ *a passa2gem *e ia;antes .e a&i pernoitaam/ ! -aerna era .m sa&o *e pe*ra+ em abAba2*a+ -om .ns .atro metros *e &arg.ra e o.tros tantos *e a&t.ra/ so&o+ *e areiaaerme&ha*a e se-a/ Depois *e -.i*a*osa obsera6o pare-e.2nos .e em .ma *aspare*es haia a&g.ns tra6os/ impamo2&a -om gran*e traba&ho e *isting.imos n.me2

rosas ins-ri6Hes ,.n*amente ta&ha*as na pare*e &isa/ n,e&i?mente no p.*emos *e2terminar se eram antigas o. mo*ernas+ e o &iro *e !&,re*o Bran*o O! Es-rita =r2histAri-a *o Brasi&P + .e &e'amos+ no nos a;.*o. a *e-i,rar t.*o/ Disting.imos o$a   *.p&o+ o. Oo ,ogo *a terra e o ,ogo *o -.P + a terr:e& *iin*a*e bras:&i-a+tambm -onhe-i*a e a*ora*a em Creta+ on*e simbo&i?aa a *iin*a*e *a *estr.i6o/Disting.imos+ ig.a&mente+ "hta + .e era a !thenK  *os gregos+ a =a&&as  *e Lomeroe a Minera  *os &atinos+ e .e ,oi+ ain*a+ *e.sa *a !t&nti*a / Disting.imos em se2g.i*a o.tros s:mbo&os+ mas no -onseg.imos &ig'2&os para ,ormar senti*o/

>o?amos+ no entanto+ *essa estranha e pro,.n*a sensa6o *e estar -ontemp&an*otra6os ,eitos por mos h.manas h' mi&Knios+ mos .e obe*e-iam a .m -rebro

pensante e .e *ese;aam transmitir a a&g.m .m signi,i-a*o+ .ma i*eia+ .ma no6o.a&.er/ .em teria si*o esse graa*or *e s:mbo&osF Em .e po-a teria ii*oF.a& seria o se. -re*o+ a s.a re&igioF Como se -hamaria o se. pooF E .e *ese;a2ria *i?er -om a.e&es tra6osF Estaria an.n-ian*o a&g.ma -at'stro,e .e se apro<ima2aF .em sabe se no seria .m sobreiente *essa -at'stro,e+ *ei<an*o para os ho2mens *o ,.t.ro a &tima mensagem *o se. pooF

5o -anto s.perior *a graa6o haia o .e pare-ia representar .m &agarto por-ima *e .m so& -oroa*o *e raios+ e &' estaa+ tambm+ por bai<o *o so&+ o tring.&o a.e a&io emprestaa enorme importn-ia/ 5a*a p.*emos+ porm+ -on-&.ir *a:/ 5area&i*a*e+ no ,'-i& -on;.gar+ para -on-&.so inte&ig:e&+ .m so&+ .m &agarto e .m

 Oa&tar *a magiaP/%artos *os signos+ -ontin.amos o e<ame *a -aerna e+ ao -hegar G pare*e *o ,.n2*o+ imos .e e&a no era *e pe*ra+ -omo as &aterais+ mas sim *e terra *esmorona2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 42/150

*a+ *e -erto+ .m b&o-o *esaba*o *e -ima/ =.semo nos a -aar -om sing.&ar -ora2gem nessa pare*e+ e+ .an*o a&a. nos eio -hamar para o a&mo6o+ en-ontro.2nosen&amea*os *e s.or e barro+ mas i.+ tambm+ .e t:nhamos aberto .m b.ra-o poron*e se aistaa o interior negro *e o.tra -aerna///

"omamos .m banho -on,ort'e& no ribeiro *e antV!na e *epois ata-amos -omora? apetite o a&mo6o *e -arne *e tat. e os restos *e .m ea*o/ "obias+ o -o?inhei2

ro+ re-ebe. *es.sa*os -.mprimentos pe&a e<-e&Kn-ia *o a&mo6o/ "a&e? nos pare-es2se mais *e&i-ioso gra6as G ,ome .e t:nhamos e tambm pe&a satis,a6o .e nos*aa o en-ontro *os signos e *a seg.n*a -aerna *a O-asa *e pe*raP /

5o ,im *a re,ei6o+ a&io in.iri. .in-as a respeito *a -aernaQ2 o-K -onhe-e essa gr.ta h' m.ito tempo+ .in-asF2 Conhe6o+ *es*e menino/ 3 o po.so ,or6a*o *os .e Km -a6ar ea*os por estas

ban*as+ e sere *e po.so aos .e o *e iagem pe&a estra*a/2 E e&a ,oi sempre assimF2 empre/ 5.n-a o.i *i?er .e ,osse maior///2 sso .er *i?er .e o b&o-o -ai. *o teto h' ;' m.itos anos 2 *isse2me a&io/ De2

pois+ para .in-asQ2 "a&e? tenhamos .e nos *emorar a.i mais a&g.m tempo/2 =ois *emoraremos .anto ,or ne-ess'rio/ =or isso .e e. *isse .e no po*e2

mos -ontar -om o tempo/2 Ento+ en.anto os animais *es-ansam e se a&imentam+ nAs ,aremos a e<p&ora2

6o *a -aerna/ o-K sabe+ no+ JeremiasF %oi em -aernas -omo esta .e =eter.n* *es-obri.+ no $io *as e&has+ ossa*as ,Asseis *e homens e animais/

2 ' *entro *ee ser es-.ro+ a&io/ "eremos .e proi*en-iar &.?es/2 .in-as nos arran;ar' a&g.mas to-hasU hein+ .in-asF2 !rran;am2se+ sim/

5o ,oi ,'-i& en-ontrar ga&hos .e serissem para ar-hotes/ .in-as per-orre. omato prA<imo *.rante m.ito tempo/ !,ina&+ arran;o./ Sm in*i:*.o not'e&+ a.e&e/ Cer-a *e *.as horas *a tar*e+ penetramos os -in-o+ m.ni*os *e ar-hotes a-esos

e o.tros *e resera+ na noa -aerna .e se abrira ao ,.n*o *a primeira/.in-as e os *ois -amara*as s.rpreen*eram2se &ogo -om o se. ,ant'sti-o aspe-to/2 Esta&a-tites 2 e<-&amo. a&io/$ea&mente+ mi&hares *e esta&a-tites pen*iam *o teto+ es-orren*o ao en-ontro *as

esta&agmites .e s.biam *o so&o/ sa&o+ m.ito gran*e+ estaa -heio *e -o&.nasbran-as+ *o mais estranho aspe-to/ W -&ari*a*e a-i&ante *os ar-hotes+ as -o&.nas sem.&tip&i-aam a per*er *e ista+ e as sombras se moimentaam pe&os mi& mean*ros

*an6an*o em ,ormas ,ant'sti-as nas pare*es &ong:n.as/ 5em to*as as -o&.nas esta2am termina*as/ Em se. traba&ho pa-iente+ a 5at.re?a no se importa -om os *ias+os meses+ os anos o. os s-.&os/ ! Eterni*a*e est' G s.a *isposi6o+ e as -o&.nas.e se ,ormam me*iante ,inas -ama*as *e 'g.a -a&-i,i-a*a+ mar-han*o nos *oissenti*os+ .ma *e bai<o e o.tra *e -ima+ -aminham sem pressa/ Sm *ia estaro .ni2*as/ !&g.mas+ ;' termina*as+ grossas+ atestaam o traba&ho mi&enar *a pa-iente gota*e 'g.a/ .tras+ pen*iam *o teto+ a ponta ag.*a para*a a meio -aminho+ e apon2tan*o para pontas .e *o so&o s.biam &entamente+ para o en-ontro .e se rea&i?aria+.em sabe .antos s-.&os mais tar*e/ !&g.mas+ re-m2a;.sta*as+ eram marai&ho2sas+ m.ito ,inas no meio+ e engrossan*o reg.&armente at Gs e<tremi*a*es in,erior es.perior/

Des*e a in,n-ia o.:ramos ,a&ar em pa&'-ios en-anta*os/// Est'amos agora *en2tro *e .m *e&es+ a.tKnti-o+ marai&hosamente a.tKnti-o si&Kn-io so&ene+ .ase

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 43/150

aterra*or+ era ponti&ha*o pe&o gote;ar -onstante+ &ento+ a.i e a&i/ E nAs -in-o est'a2mos to imAeis -omo as prAprias esta&a-tites+ o&han*o marai&ha*os+ em.*e-i*os/ !pesar *e ter &i*o m.itas e?es *es-ri6Hes *e tais gr.tas+ e. ;amais esperaa .e oespet'-.&o tiesse essa so&ene gran*e?a 2 to imper,eito o o-ab.&'rio h.mano E-omo o me. mais pobre ain*a *o .e o *o -om.m *os es-ritores+ sei .e ning.mai -ompreen*er a impresso .e re-ebi/ Desisto+ mesmo+ *e pro-.rar transmiti2&a/

 !-res-entarei+ apenas+ .e sonhar .m sonho marai&hoso e estar na.e&a -aerna+era a mesma -oisa/

 !,ina&+ *epois *e &ongos momentos *e est.pe,a6o+ -onseg.imos nos *espren*er*o &.gar em .e ha:amos para*o e *emos mais a&g.ns passos/ a&io abai<o.2ses.bitamente e apanho. *o so&o a&go pare-i*o -om .m osso/ eri,i-amos &ogo+ po2rm+ .e se trataa *e .m pe*a6o *e -o&.na+ e em po.-os min.tos *e e<ame nos-onen-emos *e .e ,ora parti*o io&entamente/

2 !&g.m an*o. por a.i 2 *isse a&io/ 2 sto obra *o homem/ ! *estr.i6o n.m-erto gra. sempre in*i-a a presen6a *esse bi-ho in,e&i?/ .in-as+ amos -aar .mpo.-o a.i+ -om -.i*a*o/

Era ,'-i& -aar na.e&e so&o *e terra ma-ia+ e sob a *ire6o *e a&io+ a&a. e "o2bias iam abrin*o &entamente .m gran*e b.ra-o *e trKs metros *e *imetro/Meio metro abai<o *a s.per,:-ie+ mais o. menos+ apare-eram .atro pe*ras gran2

*es+ ro&i6as+ enegre-i*as pe&o ,ogo/ %oram postas *e &a*o e a es-aa6o -ontin.o.+a&argan*o2se o b.ra-o/ nterrompemos o traba&ho -er-a *e sete horas+ .an*o "o2bias preparo. .m &igeiro ;antar+ na o.tra parte *a -aerna/

%oi no *ia seg.inte .e en-ontramos a t:bia ,ossi&i?a*a/ !.mentan*o o -ampo *ee<p&ora6o+ *esenterramos .m -rnio parti*o e .m ma<i&ar .e po*ia perten-er aesse o. a o.tro -rnio 2 t.*o no mesmo esta*o *a t:biaQ ,ossi&i?a*o+ -om in-r.sta26Hes -a&-'rias e m.ita terra a*erente/

 !o anoite-er *emos -om a game&a *e barro -o?i*o+ ornamenta*a -om *esenhos.e sA mais tar*e ha:amos *e -ompreen*er/ n,e&i?mente a game&a parti.2se emtrKs pe*a6os .an*o a &imp'amos/ ent.siasmo *a.e&es a-ha*os &eo.2nos a tra2ba&har at tar*e *a noite e *.rante to*o o *ia seg.inte+ at nos -onen-ermos *e.e na*a mais haia a&i/ .an*o &aamos no ria-ho as pe6as en-ontra*as+ a nossa,a&ta *e pr'ti-a nos &eo. a in.ti&i?ar o -rnio e a t:bia/

$estaa2nos inta-to apenas o ma<i&ar+ sem *ente a&g.m+ as .atro pe*ras negras*e ,.ma6a e a game&a parti*a em trKs pe*a6os/ Depois *e .ni*os esses pe*a6os+ e2ri,i-amos .e o *esenho *a game&a no era mara;oara+ -omo esper'amos .e ,os2se/ 5o -entro haia .m rosto h.mano+ em tra6os &igeiros+ grosseiramente representa2*o/ s tra6os ornamentais+ partin*o *os o&hos e *a bo-a+ a,astaam2se em -:r-.&os-on-Kntri-os at Gs bor*as *a pe6a/ E. ;amais me atreeria a -hamar a.i&o *e Oar2t:sti-oP/ Mas+ bem -onsi*era*as as -oisas+ e &ean*o em -onta o nmero *e anos .ea.e&a game&a estiera assim enterra*a+ 2 a&io *isse .e *eia passar *e mi& anos 2e&a era+ -ertamente+ not'e&/

a&io *e. mais *e mi& anos para to*as as pe6as a&i en-ontra*as+ e no sei em .ese baseo. para *i?er isso/ ei .e o pro-esso *e ,ossi&i?a6o *os ossos m.ito &ento+e mi& anos so .m pra?o m:nimo/ Mas sei+ tambm+ .e+ -on,orme a .a&i*a*e *oterreno+ a pro,.n*i*a*e+ o teor -a&-'rio+ o gra. *e .mi*a*e e o.tros ,atores+ o pro2-esso po*e ser retar*a*o o. a-e&era*o/ 5o entanto+ no posso a-eitar a opinio *ea&io sem reseras/ omente .m perito po*eria aa&iar a i*a*e *a.e&e materia&/

5a ma*r.ga*a seg.inte -ontin.amos a iagem+ *es-en*o a Chapa*a em *ire6o a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 44/150

Caa&-ante+ .e ,i-a no groto+ &' em bai<o/ %oi essa .ma *as ;orna*as mais peno2sas .e ,i?emos+ pe&as *i,i-.&*a*es *o terreno pe*regoso+ :ngreme e -ansatio em*emasia/ rio antV!na *espenhaa2se em 'rias -as-atas at -hegar G pe.ena-i*a*e es-on*i*a entre ,o&hagens *e ,ron*osas 'rores/

Chegan*o a Caa&-ante+ ,omos re-ebi*os/// a tiros s *isparos pipo-aam por to2*os os -antos+ e e.+ n.m moimento instintio+ preparei2me para ,.gir/ .in-as me,e? sina& para .e ,i-asse .ieto/ =.<o. a s.a garr.-ha e *isparo. os *ois tiros parao ar/ a&a. e "obias ,i?eram o mesmo/ eg.i.2se .ma gran*e ,.?i&aria+ e homens e-rian6as apare-eram -orren*o+ gritan*o+ a&egres/

2 3 -ost.me *a terra 2 e<p&i-o.2me .in-as ao o.i*o+ para *ominar o bar.&ho/2 Creio .e esse o ni-o &.gar *o m.n*o on*e os amigos se re-ebem a tiros 2

gra-e;o. a&io+ .an*o -ompreen*e./.in-as era -onhe-i*o *e to*o m.n*o a&i/ !-eito. o -onite *o se. 5i-o&a.+ e+ as2

sim+ tiemos Atimo ;antar e bom po.so na.e&a noite/5a manh seg.inte 5i-o&a. &eo.2nos para er a -.riosi*a*e *e Caa&-ante+ -i*a2

*e antigamente ri-a e moimenta*a+ -om gran*es ;a?i*as *e o.ro e pe*ras pre-iosas

2 o Ob.ra-o *o o.roP/ Era .m gran*e po6o+ -om 'g.a/ Conto.2nos 5i-o&a. .e a.e&epo6o ,ora ,eito pe&os es-raos+ para e<tra6o *e o.ro/ Sm *ia estaam oito *e&es tra2ba&han*o &' em bai<o .an*o+ s.bitamente+ rebento. .m o&ho *V'g.a+ .e -ome6o.a en-her o b.ra-o/ 5ing.m se importo. m.ito+ mas a,ina& os pobres homens morre2ram a,oga*os a&i *entro/ Disse e&e+ ain*a+ .e h' -er-a *e -in.enta minas aban*o2na*as+ *e o.ro e pe*rarias+ espa&ha*as pe&os arre*ores/ sso+ porm+ no nos inte2ressaa/ .e .er:amos eram in,orma6Hes *e o.tro gKnero+ .e+ a,ina&+ no -onse2g.imos/

 !ssim+ &ogo *epois *o a&mo6o+ .e ,oi seri*o Gs *e? horas+ partimos/ !traessa2mos o rio Banana& e -ome6amos a s.bir os 700 metros *a erra *a !e Maria+ o

.e tiemos .e ,a?er a p+ por .ma pi-a*a *e pe*ras so&tas+ e p.<an*o os animaispe&as r*eas/ =aramos por 'rias e?es+ para re-.perar as ,or6as/ ! s.bi*a era terr:2e& Chegamos ao -imo pe&a tar*inha 2 e imos .e a&era a pena o sa-ri,:-io/

panorama .e se *es-ortina magn:,i-o/ !s 'rores mais ab.n*antes so enor2mes A&eos+ o .e *' ao mato .m tom gera& aerme&ha*o/ !pare-em+ *epois+ ipKs -o2bertos *e ,ores amare&as/ espet'-.&o -rom'ti-o interessante+ pois in-&.i 'riastona&i*a*es+ in*o *o aerme&ha*o *os A&eos+ serra abai<o+ -om os ipKs amare&os *epermeio 2 at ao bran-o *os pa.s2terra .e -res-em na p&an:-ie+ &' em bai<o/ nte2ressante ain*a obserar2se .e esta ertente *a serra tota&mente *i,erente *a o.2tra/ E&a -oberta *e egeta6o &.<.riante+ ao passo .e a o.tra+ .e s.bimos *es*e

Caa&-ante+ n.a e es-a&ara*a/5a *es-i*a+ passamos pe&as ,a?en*as O=iteiraP e O=e*ra Bran-aP+ in*o a-amparn.m bos.e *e b.ritis+ G margem *o Cotia/

5o *ia seg.inte a&mo6amos no =o.so B.ra-o %rio+ G margem *o o %&i<+ e ,o2mos pernoitar nas ,a&*as *o morro *o =ote+ ;.nto ao $io *o Morro/ ! regio in2,esta*a *e on6as+ e+ por isso+ ro*eamos o a-ampamento -om -in-o ,og.eiras .emantiemos a-esas *.rante to*a a noite/ !&i's+ *ormimos bem+ no ten*o o.tro in2-@mo*o seno o *e a&imentar as ,og.eiras *e e? em .an*o/ 5o o.imos on6a a&2g.ma+ nem o.tro bi-ho/

Mais .m *ia+ e -hegamos ao sop *a erra *e .ro %ino/ !&mo6amos G margem

*o rio *as ages+ a,&.ente *o rio *as !&mas/Est'amos terminan*o o a&mo6o+ .an*o imos passar .ma -anoa -om trKs :n*ios

n.s+ ostentan*o magn:,i-os -o-ares *e penas bran-as e erme&has/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 45/150

2 o :n*ios >aiHes   2 e<-&amo. .in-as/ E p@s se a gritar+ -haman*o2os+ na O&:ng.a gera&P/ s :n*ios+ porm+ *eiam estar -om pressa+ por.e a-e&eraram as re2ma*as e+ sem o&har para tr's+ *esapare-eram *entro em po.-o/

"rKs *ias *epois+ o aspe-to *a paisagem -ome6o. a m.*ar/ Des*e ea*eiros :2nhamos pa&mi&han*o .ase apenas *esertos+ -om pe.enos tre-hos *e mato+ e+ nos&timos -in-o *ias+ .ni-amente terrenos *esertos e pe*regosos/ !gora+ *a -harne-a-ome6aam a erg.er2se 'rores+ .e mais para *iante se ,oram ami.*an*o at setornarem a mata &.<.riante .e an.n-ia as pro<imi*a*es *o rio =aran/

Chegamos ao =aran+ a,ina&/ Do o.tro &a*o+ .m amontoa*o *e -asinhas rebri&han2*o ao so&Q =a&ma+ .e est' sit.a*a na -on,&.Kn-ia *o =aran -om o rio *a =a&ma/ rio =aran e o rio *as !&mas+ .e ne&e *esembo-a .ns -in.enta .i&@metros abai2<o *e =a&ma+ so os maiores ,orma*ores *o "o-antins+ -om -.;as 'g.as ansi'amostraar -onhe-imento/ Em ,rente a =a&ma+ o =aran tem .ns .inhentos metros *e&arg.ra 2 .m &in*o rio+ manso e si&en-ioso/ W margem+ estaa atra-a*a a e&h:ssimabar-a .e se a&.ga para a traessia/ Entramos ne&a+ -om to*a a nossa+ -arga/ s ani2

mais atraessariam a na*o/ bar.eiro .m e&ho+ m.ito e&ho+ a&.ebra*o+ *e &ongas barbas bran-as e ,a?o seri6o h' mais *e 40 anos/ "em .m marai&hoso -abe&o *e nee+ reo&to e emara2nha*o 2 er*a*eiro tipo b:b&i-o/ =ro-.rei *es-obrir em s.a -abe6a ninhos *e p'ssa2ros/ Mas no haia nenh.m+/// !;.*amos a impe&ir a e&ha bar-a+ .e t:nhamos .eesa?iar -ontin.amente -om .ma &ata *e banha+ tambm ,.ra*a/ Do ponto em .eaportamos+ na margem ,ronteira+ trKs .i&@metros nos separaam *e =a&ma/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 46/150

CAP!"#LO X

 ES"!/IOS DE #M M#NDO MOR"O

Em =a&ma+ .in-as tee *e isitar m.ita gente e respon*er a inmeras perg.ntas/"o*os .eriam saber por on*e an*ara+ .e ,i?era+ se ganhara m.ito *inheiro+ .e ia,a?er agora+ e mais .ma por6o *e -oisas *esse gKnero/ Estiemos na -i*a*e *.ran2te trKs *ias+ *es-ansan*o/ s animais pre-isaam *e trato e a&a. tinha .e -.rar a,eri*a .e ,i?era n.m p+ &ogo ao sair *e ea*eiros+ e .e inha pioran*o *ia a *ia/

=a&ma no tem mais .e meia *?ia *e r.as/ !s -asas so .ase to*as *e ti;o&o enAs nos a*miramos *os imensos .intais .e poss.em+ -heios *e ;a.eiras+ man2g.eiras e aba-ateiros 2 mas so to*as m.ito antigas+ o .e *' G -i*a*e o triste as2pe-to *e r.:na/ 5o rio =aran+ .e sere *e banheiro G pop.&a6o+ h' *ois &.gares

resera*osQ .m para os homens e o.tro para as m.&heres+ este .m po.-o a-ima *oprimeiro/ !s 'g.as so mornas/ 3 .m gosto a gente a&-an6ar a na*o os bai<ios *eareia -obertos *e sei<os .e ponti&ham o &eito *o gran*e rio/

 W parti*a+ a nossa pe.ena e<pe*i6o se *ii*i. em *.as/ a&io+ .in-as e e.ir:amos pe&o rio+ em -anoa+ -on*.?in*o a&g.ns ,ar*os *e -oisas ne-ess'rias/ a&a. e"obias iriam por terra/ De:amos re2en-ontrar nos no -Arrego *a O=e*ra $is-a*aP  2a.e&e ta& .e *ei<o. ean*ro O&o.-oP 2 ,i-an*o -ombina*o .e .em -hegasse pri2meiro esperaria pe&os o.tros/ ! *istn-ia a per-orrer at ao -Arrego *a =e*ra $is2 -a*a  era+ mais o. menos+ *e Y0 .i&@metros+ o .e seria ,'-i&+ rio abai<o/

5As trKs nos ree?'amos nos remos+ *os .ais nos ser:amos mais para *irigir a

embar-a6o *o .e para a impe&ir/Sm .i&@metro mais o. menos para bai<o (as *istn-ias tKm .e ser to*as Omais

o. menosP+ por.e esta gente no tem m.ita no6o *e *istn-ia+ e O.i&@metroPna*a signi,i-a para e&a+ .e me*e t.*o em &g.as e estas mesmo so Omais o. me2nosP e&'sti-as///) passamos pe&a embo-a*.ra *o rio *a =a&ma+ .e entra io&enta2mente pe&o =aran+ ,orman*o rebo;os perigosos/ Da: em *iante+ o =aran m.*a *enomeQ passa a -hamar se =aranatinga/ Mais -in-o .i&@metros e -ome6aram as -or2re*eiras/ !perta*o entre a&tas margens *e ro-ha+ o rio esp.ma+ espa*ana e esbrae2 ;a+ esto.ran*o -omo anima& en,.re-i*o/ .ei ,rio/ 5o esperaa atraessar inteiroa.e&e in,erno+ e mi& e?es me arrepen*i *e no ter i*o por terra+ -om a&a. e "o2

bias/ %e&i?mente+ a -anoa no ,oi Otorpe*ea*aP+ -omo e&es *i?iam+ re,erin*o2se ao en2-ontro -om as pe*ras .e .ase sempre ,ata&/ >ra6as G per:-ia *e .in-as+ atra2essamos in-A&.mes o perigoso passo+ e -hegamos a =orto %e&i-iano ao anoite-er/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 47/150

Est'amos esgota*os *e -ansa6o e -omo6o+ mas inteiros/5a ma*r.ga*a seg.inte -ontin.amos a iagem+ rio abai<o+ en-ontran*o ,re.en2

tes -orre*eiras+ sempre perigosas/ Mais abai<o+ na margem es.er*a+ *esembo-a oMaranho+ e+ *a: em *iante+ ia;amos em p&eno "o-antins/

 !s margens *o "o-antins tKm gran*es e<tensHes *e praia *e areia bran-a on*e+seg.n*o *i? o .in-as+ h' ab.n*n-ia *e tartar.gas/

 !o ,im *esse seg.n*o *ia *e iagem -hegamos G embo-a*.ra *o -Arrego *eanta Cr.?/

2 !: para *entro 2 *isse .in-as+ apontan*o para o -Arrego 2 h' .ma pe*ra -om si2nais graa*os/

2 o-K sabe on*e e&a ,i-aF 2 perg.nto. a&io+ ;' ent.siasma*o/2 %i-a &' para -ima/ E. n.n-a a i/ A o.i ,a&ar/ 5em sei se e<iste+ mesmo/2 "emos .e er isso *e perto+ .in-as/2 =ois amos/ Mas sA amanh -e*o/ Lo;e ;' m.ito tar*e/

5a manh seg.inte+ assim .e -&areo. o *ia+ -ome6amos a s.bir o -Arrego/ Dete2e2nos .ma -a-hoeira+ .ns -in-o .i&@metros a-ima *a embo-a*.ra/ rio *espenha2a2se &' *e -ima -om gran*e estron*o/ !marramos o bar-o e p.&amos para terra/

terreno *e ro-ha er.ptia+ e a egeta6o ra.:ti-a/ !s ro-has ass.mem aspe-2to inespera*o+ ,ormas -apri-hosas e ,ant'sti-as em torno *o p&at@ *e on*e o rio se&an6a para bai<o/ !s 'g.as *o -Arrego se espraiam no &eito *e pe*ra+ sem -hegar aos ;oe&hos *a gente/ eg.imo2&as a&g.m tempo e -hegamos assim a .m &o-a& -.rioso+,orma6o ro-hosa .e seria a&armante para esp:ritos *espreeni*os/ Era .m semi2-:r2-.&o+ asto an,iteatro .e+ embora arr.ina*o pe&o tempo+ pare-ia prepara*o para re2-eber gran*e assemb&eia .an*o e<aminamos a estranha estr.t.ra+ nosso espanto

-res-e./ 5.merosos assentos estaam es-aa*os no an,iteatro *e ro-ha E pare-e.2nos+ ain*a+ .e a.e&a -on-ha -ria*a *e assentos ,i?era parte+ primitiamente+ *e.ma estr.t.ra maior+ ta&e? -ir-.&ar/ !o -entro abria2se .m tne&+ pe&o .a& passaa oregato .e se ia *espenhar mais a*iante/ !pesar *os estragos *o tempo+ po*iam2seper-eber sinais *e traba&ho na pe*ra/ !.i&o *eia ter si*o .ma obra gran*iosa/ De2pois *e per-orrer o mon.mento+ a,astan*o as eras .e o -obriam+ o&han*o t.*o -.2riosamente+ estreme-en*o+ &an6an*o e<-&ama6Hes+ a&io paro. *iante *e mim e *is2se -om o? trKm.&aQ

2 Jeremias Estamos pisan*o .m &.gar sagra*o2 o-K est' -erto *issoF

2 em *i*a/ Esse o &.gar on*e o poo se re.nia para rea&i?ar a&g.ma -erim@niare&igiosa =or a.i *ee ter hai*o .m a&tar%oi sA &an6ar .m o&har em re*or para en-ontrar os est:gios *o a&tar/ ! -erta *is2

tn-ia *o an,iteatro+ bem em ,rente ao -entro *e&e+ imos+ no &eito *o rio+ os restos*e .m gran*e pi&ar em ,orma *e -r.?+ *e pe*ra e so&i*amente ,i<a*o G ro-ha/ .ehaeria+ antigamente+ sobre a.e&e sA&i*o pi&arF Sm a&tar+ .ma p&ata,orma+ o. .mp&pitoF .em o po*eria saberF E -omo teria si*o *estr.:*oF =or a&g.ma io&enta en2-henteF =or mos h.manasF =or a&g.m -ata-&ismoF Jamais en-ontrar:amos a respos2ta para essas perg.ntas e para m.itas o.tras .e s.rgiam a -a*a instante/ Mas a&iestaa e&e+ so&i*amente -imenta*o ao so&o -om a 'g.a r.more;an*o em torno/// .e

seres teriam ta&ha*o+ a;.sta*o e -imenta*o a.e&as pe*rasF E em .e po-aF =ara.e ,imF .antos s-.&os haia .e a 'g.a ro&aa assim sobre o pi&ar+ in*i,erente+-orroen*o2o &entamenteF =erg.ntas/// A perg.ntas ".*o a.i&o era .m imenso pon2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 48/150

to *e interroga6o s.spenso sobre a ListAria *a !mri-a/ E por on*e an*ariam asrespostasF

Do &.gar on*e est'amos+ -om os ps merg.&ha*os na 'g.a+ ;.nto ao a&i-er-e *er2r.:*o+ o&hamos o an,iteatro/ aspe-to ma;estoso ,e?2nos per-eber .e somente .mpoo *ota*o *e sing.&ar sentimento *e gran*e?a po*eria ter rea&i?a*o seme&hanteobra/ ria-ho+ passan*o pe&o tne& *e pe*ra+ inha em &inha reta at ao pi&ar+ e -on2

tin.aa+ in*o *espenhar2se+ &' a*iante/E<aminan*o noamente o an,iteatro+ -ompreen*emos .e os se.s -onstr.tores

haiam aproeita*o .ma sing.&ar ,orma6o ro-hosa (o-orre.2nos .e po*eria tersi*o .ma -ratera) para ta&h'2&a em ,orma *e ar.iban-a*as/ ! parte posterior *o an2,iteatro era *e ro-ha br.ta+ sem traba&ho a&g.m a no ser ao -entro+ sobre o tne&.e *aa passagem ao ria-ho/ Laiam po&i*o a: .m gran*e retng.&o *e ro-ha+ *e.ns trKs metros .a*ra*os+ -omo .ma ,o&ha *e &iroU esse retng.&o estaa -oberto*e ins-ri6Hes em -ara-teres bras:&i-os   e+ aparentemente+ em *esor*em/

En-imaa a ins-ri6o .m tring.&o+ ten*o .ma -r.? no rti-e s.perior/ "anto e.-omo a&io ,omos toma*os *e angstia o&han*o a.i&o/ 5o po*:amos *e-i,rar a

ins-ri6o+ mas sent:amos .e e&a nos *aria a e<p&i-a6o *e to*o o mistrio/ Copia2mos -.i*a*osamente to*os os sinais+ na or*em em .e estaam e respeitan*o as*istn-ias re&atias/ Mais tar*e+ -onseg.imos *e-i,r'2&os+ o. assim pensamos/

$epro*.?imos a.i os signos+ tais -omo os imos+ e a signi,i-a6o .e to traba2&hosamente &hes *emos/

s &eitores po*ero aa&iar+ por a:+ -omo ter:amos ,i-a*o impressiona*os *iante *e2&es+ &' &onge+ no seio *a mata+ sob o gran*e -. a?.&+ *iante *a.e&e pare*o *e ro2-ha *e imemor'e& i*a*e///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 49/150

C.staa2nos imenso *ei<ar o &o-a&/ E&e e<er-ia sobre o nosso esp:rito estranha ,as2-ina6o/ Eo&aa2se *a&i .ma atmos,era *e to et.sta so&eni*a*e .e est'amos-omo .e magneti?a*os/

E a&io tee .ma i*eiaQ2 e sobre este pi&ar haia .ma -onstr.6o .e ,oi arrasta*a pe&a -orrente?a+ os

pe*a6os *eem estar atira*os &' embai<o+ sob a -a-hoeira/Compreen*emos/ Demos a o&ta e *es-emos *o p&at@+ -hegan*o+ po.-o *epois+ ao

&o-a& on*e -a:a a 'g.a .e se *espenhaa *o a&to/ Eno&i*os pe&a poeira &:.i*a+ ti2ramos a ro.pa e metemo2nos+ os trKs+ na 'g.a+ -ome6an*o as pes.isas ;.nto Gmargem/ Em bai<o *a .e*a haia .m b.ra-o pro,.n*o e perigoso/ Mesmo .in-as+.e era .m gran*e na*a*or+ no se atree. a meter2se a&i/ Mas ,oi se apro<iman*o omais poss:e& *o po6o .e e&e ,e? .m a-ha*o/ Chamo.2nos+ e ,or-e;o.+ meio en,ia*ona 'g.a/ a&io+ .eren*o -orrer para perto *e&e+ -ai.U ;' ia sen*o arrasta*o+ .an*oo seg.rei por .m bra6o/

%irman*o2se noamente+ perg.nto.Q

2 .e + .in-asF2 !&g.ma -oisa/ 3 pesa*o/=.semo2nos os *ois a a;.*'2&o e+ *epois *e imenso traba&ho+ e<tra:mos *o &o*o *o

,.n*o .ma -.riosa pe6a *e pe*ra/ Era .m ,ronto+ -.i*a*osamente &ara*o+ pesa*:s2simo/ =ara o -o&o-ar na margem ,i?emos es,or6os .ase sobre2h.manos/ imos+ !,i2na&+ .m pe*a6o *e ,ronto+ m.ti&a*o+ -orro:*o+ -oberto *e &imo/ E *epois *e o &impar-.i*a*osamente+ ,i-amos mais .e pagos pe&o gran*e traba&ho/ !o -entro+ entre *e2&i-a*as ap&i-a6Hes *e pe*ra+ haia .ma p&a-a *e meta& .e+ pe&a -onsera6o e o bri2&ho .e &ogo a*.iri.+ nos pare-e. G primeira ista o.ro/ Mais tar*e -on-&.:mos .e*eia ser ori-a&-o+ o misterioso meta& to .sa*o na !mri-a+ ain*a ao tempo *a *es2

-oberta/ 5essa p&a-a+ graa*a em -ara-teres .e a&io p@*e interpretar -om ,a-i&i2*a*e+ haia esta ins-ri6oQ

 %CRONOS1 DE A"LAN"IS'

Me. amigo .ase *es,a&e-e./ Desmes.ra*amente abertos+ se.s o&hos ,i-aram ,i2<os na p&a-a *.rante a&g.ns min.tos/ Depois+ m.rm.ro.+ -om -ara *e &o.-oQ

2 e;am &hem Cronos Cronos *e !t&antis   Esto. ,i-an*o *oi*o2 E. tambm a-ho 2 opinei/a&io pron.n-iaa pa&aras *esarti-.&a*as+ *aa .ns passos+ a-ari-iaa a p&a-a

-om as pontas *os *e*os e passaa as mos pe&a -a&a arro<ea*a/2 Esperem "enho me*o *e en&o..e-er/// ".*o se po*er' es-&are-er=are-ia *esaira*o/.in-as ass.sto.2se/ eg.ro.2o pe&os bra6os ,ortemente e berro.Q2 r/ a&io r/ a&io .e issoF .e .e est' sentin*oF2 arg.e2me/// berro. e&e arran-an*o2se br.ta&mente *as mos *e .in-as/ 2 ar2

g.e2me 2 E+ ime*iatamente+ mais -a&mo+ -ome6o. a ,a&ar -om maior -&are?aQ 2 Cro2 nos *e !t&antis /// ;' esto. me re-or*an*o/// %oi Lenri.e -h&iemann+ no s-.&opassa*o/// E&e *es-obri.+ na Rsia Menor+ ;.nto aos Dar*ane&os+ .an*o ,a?ia es-aa26Hes para en-ontrar "roia+ .m aso -om essa mesma ins-ri6oQ OCronos+ *e !t&an2 

tisP/  Depois+ en-ontraram2se me*a&has e moe*as+ -om a ins-ri6o mais -omp&etaQODo $ei Cronos+ *e !t&antisP / E mais tar*e+ a.i na !mri-a+ -reio .e ,oi no Chi&e+en-ontraram2se asos+ estat.etas+ me*a&has e moe*as e<atamente ig.ais G.e&as *a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 50/150

 Rsia Menor/ E+ agora+ s.bitamente+ a.i+ em p&eno -ora6o *o Brasi&/// sto Esta ma2rai&ha E nAs 5As+ ;.stamente+ entre mi&hHes *e homens+ .e iemos *ar -omisto 3 *e en&o..e-er

Ca&o.2se+ e+ *.rante a&g.ns momentos+ permane-e. imAe&+ *e o&hos semi2-erra2*os+ ,itan*o a p&a-a+ -om .m sorriso para*o nos &'bios/ De repente+ agarro.2me br.2ta&mente pe&os bra6os e e<-&amo.Q

2 Cronos + Jeremias Cronos  ,oi .m rei *e !t&antis   .e ie. h'+ pe&o menos+ 100mi& anos 100 mi& abe o .e .er *i?er istoF abeF

 ! tar*e ia morren*o/ ento *ei<ara *e soprar/ Estaa t.*o to per,eitamenteimAe& .e a gente sentia a pa.sa pesar sobre a prApria i*a/ E nAs trKs+ n.s+ namargem *o regato+ imAeis tambm+ *iante *o ,ronto parti*o+ *iante *a p&a-a *eori-a&-o .e -ontinha a estranha ins-ri6o/// =e*ra &ara*a haia -em mi&hares *eanos+ por *e*os h.manos h' -em mi& anos *esapare-i*os+ e .e assim inha *o ,.n2*o *as i*a*es a-enar2nos -om a ponta *e .m mistrio *e-erto para sempre in*e-i2

,r'e& ! nat.re?a+ .ieta+ in*i,erente+ -ontemp&aa2nos/ E a p&a-a *e ori-a&-o+ e&ha *e

mi& s-.&os+ bra*aaQ

CRONOS1 DE A"LAN"IS* 

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 51/150

CAP!"#LO XI

OS SELA/ENS LO#ROS

5ossa -anoa *es-e. o rio anta Cr.? rapi*amente e ,oi &ogo agarra*a pe&a -or2rente?a *o "o-antins/ a-ha*o *a.e&e ,ronto nos *ei<ara positiamente esmaga2*os/ Mesmo .in-as+ .e *e-erto no po*ia aa&iar per,eitamente o .e signi,i-aaa.e&a p&a-a *e ori-a&-o 2 estaa em *ep&or'e& esta*o *e neros+ -omo se tiesse&ea*o .ma s.rra/ 5enh.m *e nAs tinha onta*e *e ,a&ar/ a&io+ ao me. &a*o+ estaa-om o .ei<o apoia*o na mo e o o&har ,i<o/ s remos moiam2se -ompassa*amen2te e o se. -hapinhar na 'g.a era o ni-o som *e i*a .e nos -hegaa aos o.i*os/E. -ontemp&aa as 'g.as serenas *o rio+ mas no as ia/ ia .m estranho poo+ en2o&i*o em amp&as tni-as+ -a&6a*o *e san*'&ias+ moen*o2se pe&a p&ata,orma *e ro2

-ha+ s.bin*o para os assentos *e pe*ra *o an,iteatro/// !s ,ig.ras n.n-a terminaam*e s.bir+ e me. esp:rito ro*aa em o&ta *a -ena -omo ,a&ena em o&ta *a &.?+ re,a2?en*o sempre o mesmo -:r-.&o/

.an*o+ pe&o meio *ia+ a o? *e .in-as ressoo.+ pare-e.2me estranha e &ong:n2.aQ

2 Este o -Arrego *a =e*ra $is-a*a /5ing.m &he respon*e./ .in-as apontaa .m ria-ho .e *esembo-aa no "o-an2

tins/ $ia-ho .e+ em o =a.&o+ seria .m rio respeit'e&/// .in-as paro. a -anoa napraia/

2 ! =e*ra $is-a*a   &ogo a&i 2 a-res-ento./

2 amos K2&a 2 m.rm.ro. a&io+ erg.en*o se &entamente/ !marra*o o bar-o+ sa&tamos e s.bimos pe&a margem *o regato/Xamos por ir+ -omo se na*a mais tiesse importn-ia+ *epois *a.e&e a-ha*o mira2

-.&oso .e por si sA a&eria a iagem/ ! =e*ra $is-a*a era .ma gran*e &a;e+ &igeiramente in-&ina*a+ e graa*a em to*a

a s.a e<tenso+ -om *esenhos geomtri-os+ -:r-.&os e sinais .e repro*.?imos inte2gra&mente para .e o &eitor possa ,a?er i*eia e<ata *a mesma/

5o ,osse a&io .em e+ -ertamente+ o nosso traba&ho estaria per*i*o *a: por*iante/ =ara mim+ a ins-ri6o no tinha a&or a&g.m/

5o se trataa *e petrAg&i,os+ nem i*eogramas+ e tampo.-o *e hierAg&i,os/ Eram

simp&esmente sinais+ gran*e srie *e -:r-.&os *e 'rios tamanhos+ *ispostos em apa2rente *esor*em/ .e po*eria ser a.i&oF =or mim+ teria simp&esmente seg.i*o a ia2gem+ sem &hes *ar importn-ia/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 52/150

En.anto -ontemp&'amos a &a;e+ .in-as ,a&o.Q2 r/ ean*ro estee .m *ia inteiro a.i/2 E estee tambm on*e estiemos ontemF 2 perg.nto. a&io/2 5o+ nem e. n.n-a o.i ,a&ar *a.i&o/ Mas a.i+ paramos+ e o r/ ean*ro ,i-o.

m.ito interessa*o+ ,e? .ma por6o *e -'&-.&os+ e reso&e. m.*ar o r.mo *a iagem/.an*o sa:mos *e =a&ma+ a inten6o *e&e era seg.ir at =orto 5a-iona&/ Mas+ *e2pois *e est.*ar esta pe*ra+ e&e m.*o. *e i*eia Dei<amos a -anoa a.i e seg.imospor terra/

D.rante o si&Kn-io .e se seg.ia+ a&io est.*o. atentamente a O=e*ra $is-a*aP/Depois+ m.rm.ro.+ -ome6an*o a interessar2seQ

2 Dir2se2ia .m r.mo in*i-a*o por meio *e estre&as/// mas pare-e .e ,a&ta .a&.er-oisa/// .in-as

2 =ronto/2 .e .e o r/ ean*ro ,e?+ *epois *e est.*ar esta pe*raF2 5o sei/ %i-o. m.ito -ontente/ Depois+ reso&e. aban*onar o "o-antins e ir por

terra *ireito ao !rag.aia/2 im/ Mas e. sinto .e isto no est' -erto/ %a&ta .a&.er -oisa/ e;o *ois sinais

.e no tKm ra?o *e estar ao &a*o *as estre&as/// a no ser .e tenham signi,i-a6oespe-ia&/ 5o h' *i*a *e .e esses sinais representam estre&as+ e+ se no me en2gano+ trata2se *o signo *e Rries+ o. Carneiro/ =o*eria interpret'2&o -omo .eren*onos a-onse&har bran*.ra+ teimosia+ ,or6a *e onta*e+ persistKn-ia/ Mas+ para .e soa.e&es *ois sinais em ,orma *e ,erra*.ra+ ;.nto G.e&as *.as estre&asF

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 53/150

2 =are-em po&tronas 2 s.geri e./a&io *e.2me .ma pa&ma*a nas -ostas+ ;' anima*o/2 E.re-a J.stamente+ Jeremias =o&tronas amos interpret'2&os+ ento+ -omo Oas2

sentosP + o. O&.gar on*e se *es-ansaP///2 E *a:F2 Bem/// po*er:amos imaginar .e .an*o essas *.as estre&as passarem por *eter2

mina*o &.gar *o ,irmamento+ a&go se *ee ,a?er///2 bs-.ro+ a&io/2 5a*a obs-.ro+ Jeremias/ Creio .e *eer:amos saber em .e momento essas

*.as estre&as passam pe&a -asa respe-tia+ no Zo*:a-o/ o-K sabe .e o Zo*:a-o *ii*i*o em 1Y -asas///

2 5o sabia/ Mas .an*o ser' issoF2 J' *irei/ Depen*e *e a&g.ns -'&-.&os simp&es/2 Bem/ E *epoisF2 !-re*ito .e+ *es-oberto isso+ *eeremos esperar a passagem *as estre&as pe&a

-asa+ e+ ento+ seg.iremos no r.mo in*i-a*o/

2 ra ean*ro no espero. na*a *isso2 .em sabeF =o*eremos imaginar 'rias hipAtesesQ o. e&e no se &embro. *e in2

terpretar assim estes sinais+ e no &igo. o Zo*:a-o a e&esU o. ,e? isto mesmo .e e.,i?+ e se en-ontraa e<atamente no momento a*e.a*o e prosseg.i.U o. interpreto.t.*o -orretamente+ e+ impa-iente+ parti. sem esperar o momento oport.no/ 5o sees.e6a *e .e e&e no regresso./ 5o sabemos o .e -onseg.i.+ nem se ie o.est' morto/

2 o-K .erer' *i?er .e e&e no -onseg.i. bom K<ito por ter *espre?a*o estes si2naisF

2 .em sabeF 5o po*emos *espre?ar -oisa a&g.ma nesta aent.ra/ i*amos -om

-onhe-imentos .e esto ,ora *o nosso -ontro&e/ s nossos antepassa*os *isp.2nham *e sabe*oria e *e ,or6as -om as .ais nem sonhamos/ =ara .ase to*os nAs amagia agora ob;eto *e *espre?o+ mas nem sempre ,oi assim/ 5o passa*o+ e&a eraa&go m.ito importante e e<er-e. in,&.Kn-ia *e-isia sobre os *estinos *a h.mani*a2*e/ 5a maioria+ os s'bios *o passa*o &ong:n.o no eram seno magos+ e *a magia*eriaram as -iKn-ias mo*ernas+ atras *a !&.imia+ *a !stro&ogia/// e ho.e pro2gresso por parte *a -iKn-ia+ isso se *ee e<-&.siamente G magia *os nossos ante2passa*os/ E nem se.er po*emos *i?er .e a magia no era -iKn-ia+ pois .e *es-o2nhe-emos t.*o a se. respeito+ e sabemos somente o .e a &en*a nos transmiti./

E. tinha .e me -.rar/ a&io enten*ia *essas -oisas e e. no enten*ia/ me&hor

era *ei<'2&o ,a?er/ !-ampamos ao &a*o *a =e*ra $is-a*a+ on*e armamos a gran*e ten*a/ En.antoa&io se engo&,aa nos se.s -'&-.&os+ e. e .in-as reso&emos bater o mato em o&2ta+ -a6an*o/

.an*o o&tamos+ -om .m ea*o e .ma -apiara+ ao anoite-er+ a&io *e-&aro.Q2 "eremos .e ,i-ar a.i a-ampa*os *.rante *o?e *ias/2 Do?e *ias+ a&ioF 3 m.itoa&io p@s se a e<p&i-ar a ra?o *a espera/ Mas era -omp&i-a*a *emais+ e *esisti

*e enten*er/ embro2me sA *e .e e&e a-ho. ain*a .e est'amos -om m.ita sorte/2 Chegamos a.i na po-a apropria*a+ por p.ra sorte/ e *emor'ssemos mais 1

*ias a -hegar+ ter:amos .e esperar *.rante .m ano+ at .e os astros se a-hassemnoamente em -on;.n6o/2 E ean*ro+ a&ioF

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 54/150

2 "a&e? e&e tenha -hega*o atrasa*o+ o. a*ianta*o+ o. tambm+ no momento e<a2to/ .em sabeF

2 =o*e ser+ ain*a+ .e no tenha interpreta*o os s:mbo&os+ no F2 .em sabe+ Jeremias .anto a nAs+ para ,a?ermos as -oisas bem ,eitas+ *ee2

mos sair *este ponto *a.i a *o?e *ias/=ortanto+ *isp.semos t.*o para o &ongo a-ampamento/

"rKs *ias mais tar*e -hegaram "obias e a&a. -om as seis m.&as/ inha -om e&es oesta,eta *o -orreio+ .e haiam en-ontra*o na estra*a/ 3 .m pobre *iabo .e -ami2nha *.?entos .i&@metros a p e o.tros *.?entos para regressar+ -on*.?in*o a -or2respon*Kn-ia/ E&e passo. o resto *o *ia e to*a a noite -onos-o+ -ontan*o2nos a s.amiser'e& i*a/ 5o *ia seg.inte+ bem -e*o+ parti./ eaa a tira-o&o a ma&a *e -or2respon*Kn-ia ao &a*o *o borna&+ on*e transporta pe*a6os *e -arne se-a e ,arinha 2ni-o a&imento para .m mKs *e iagem a p/

5os *ias seg.intes -a6amos ain*a e ,i?emos .ma boa proiso *e -arne .e "o2bias preparo. no ,.meiro/ !s m.&as ,artaram2se *e -omer e *es-ansar/

=assaram2se os *o?e *ias/ s astros -.mpriram o se. *eer e pe&a ma*r.ga*a *o*-imo ter-eiro+ partimos atraessan*o para a margem oeste *o "o-antins/ !&i *ei2<amos a -anoa+ bem abriga*a+ e re-ome6amos a pa&mi&har a ,&oresta/

La:amos mo*i,i-a*o o p&ano ini-ia& *a iagem+ pois '&io *i?ia .e *e:amosobe*e-er Gs in*i-a6Hes *a =e*ra $is-a*a/

":nhamos+ agora+ .e mar-har mais *e seis-entos .i&@metros para noroeste+ ata&-an6ar o !rag.aia -er-a *a ponta norte *a &ha *o Banana&/ 5ossa inten6o eraatraessar o  !rag.aia  nesse ponto e penetrar no Esta*o *o =ar'+ seg.in*o pe&a,ronteira *esse Esta*o -om o *e Mato >rosso/

em .in-as+ estar:amos to*os per*i*os/ .in-as era .m -amara*a rea&mente e<2traor*in'rio+ mateiro at Gs &timas ,ibras *o se. ser/ Conhe-ia o mato+ era inte&igen2te+ tinha presen6a *e esp:rito e nenh.m segre*o *a se&a &he era *es-onhe-i*o/ e.instinto *e orienta6o+ in,a&:e&/ .an*o e. no sabia abso&.tamente em .e *ire6o,i-aa o morro .e a-abaa *e *ei<ar+ e&e o sabia sempre -om e<ata pre-iso/ !&i's+a&io se orientaa ig.a&mente bem+ o.tro tanto s.-e*en*o -om a&a. e "obias+ e2&hos ia;antes *a.e&es ermos/ !s m.&as -aminhaam -om seg.ran6a+ eitan*o ato2&eiros e &.gares perigosos/ A e. me sentia miserae&mente *esorienta*o na.e&e in2,erno er*e/ e me *ei<assem so?inho+ *aria mi& o&tas em torno *o mesmo ponto/"ambm+ no sei me orientar nem n.m e*i,:-io/ Depois *e entrar ne&e+ n.n-a sei *e

.e &a*o a ,rente///

T T T

Mar-h'amos+ agora+ ao en-ontro *a serra *os Chaantes+ por .m terreno -ober2to *e &.<.riante egeta6o/ 5.merosos pntanos se esten*iam G nossa ,rente+ sob a,&oresta espessa+ o .e nos obrigaa a ,re.entes ro*eios/ !traess'amos -onstan2temente+ a a.+ -Arregos+ ria-hos e &agoas/ En-ontr'amos+ tambm+ &argos tre-hos

*e terreno *es-oberto+ se-o e pe*regoso/%oi no oitao *ia *e iagem *epois *e *ei<armos o "o-antins+ .e nos *e,ronta2mos -om .ma imensa &agoa *e &eito semea*o *e i&hotas/ =are-e. .e nas margens e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 55/150

nas i&has+ a&g.m estabe&e-era ieiros *e aes *e to*as as esp-ies/ :amos+ *e on*e est'amos+ mi&hares *e asas agitan*o se/ e .m ornito&ogista ,i2

?esse parte *o nosso gr.po+ teria a maior emo6o *e s.a i*a+ en*o re.ni*as ao a&2-an-e *a mo *e?enas *e esp-ies *e aes *i,erentes 2 gran*es perna&tas bran-os+ ;.b.r.s pensatios+ gar6as gra-iosas+ pe&i-anos pap.*os+ siriemas -ismarentas+ ga&i2nho&as+ patos+ e tantas o.tras Era .m espet'-.&o marai&hoso =or &ongo tempo+ ,i2

-amos embee-i*os na -ontemp&a6o *a.e&e ieiro nat.ra& no seio *a mata/Desperto.2nos .m sbito bater *e asas G nossa *ireita/ Sm ban*o *e aes &ean2

to. oo -om gritos estri*entes/ =o.-o *epois+ mi&hares *e aes s.biam aos ares+ ba2ten*o as asas+ gritan*o+ grasnan*o+ oan*o em -:r-.&os sobre a &agoa/

2 Xn*ios 2 m.rm.ro. .in-as/Estreme-i/ a&io o&e. para mim os o&hos in.ietos/.in-as+ a&a. e "obias apertaram as -oronhas *as espingar*as .e haiam retira2

*o *os ,ar*os+ e ,irmaram2se me&hor nas se&as/2 5o *eemos atirar 2 *isse .in-as/ 2 5o *eemos atirar em hipAtese a&g.ma+ a

no ser .e se;amos ata-a*os io&entamente/ e ,ormos pr.*entes+ no haer' peri2

go/ E+ *esmontan*o+ .in-as en-aminho.2se reso&.tamente para o ponto *e on*ehaia &eanta*o oo o primeiro gr.po *e aes/ eg.imo2&o+ *epois *e pren*er as m.2&as em 'rores prA<imas/

 !ntes .e a&-an6'ssemos o gr.po *e pa&meiras on*e e&e se internara+ .in-as rea2pare-e.+ seg.i*o *e perto por trKs estranhas personagens/ D.as inham arma*as *ear-o e ,&e-ha+ e a ter-eira arrastaa respeit'e& massa *e ma*eira .e+ -omo imos*epois+ tra?ia en-ai<a*a na e<tremi*a*e ag.*a pe*ra/ .in-as ,a&aa -om e&es eapontaa2nos/ s trKs pararam e ,itaram2nos *e sobre-enho -arrega*o+ so&tan*o mo2noss:&abos e sa-.*in*o a -abe6a/ Eram grotes-os esses trKs se&agens n.s+ *e pe&ebr@n?eo2aerme&ha*a/ Daam impresso *e est.pi*e? e ,ero-i*a*e+ *e ,or6a br.ta+

mas no *e agi&i*a*e e *estre?a/ =o.-o *epois+ ,ormaam+ se&agens e e<p&ora*ores+.m sA gr.po/ E. *es-on,iaa e temia/.in-as+ porm+ ,a&o.Q2 Est' t.*o em or*em/ E&es moram na &ha *o Banana&+ iro -onos-o at &'/ Em

tro-a+ *aremos .m ,a-o a -a*a .m/2 5o haer' perigo *e trai6oF 2 perg.ntei/2 5o/ =o*emos ter -on,ian6a/2 empre o.i *i?er .e esses :n*ios so ,ero?es/2 o mesmo+ .an*o os en,.re-em -om ata.es inteis/ !&i's+ e.+ .e -onhe6o

to*a a b.gra*a *esta ?ona+ posso &hes *i?er .e a maioria *os :n*ios mansa+ -or2

*ata e no tem *ese;o *e g.errear -om os bran-os/ s :n*ios sabem+ porm+ .eno po*em -on,iar nos bran-os+ por.e estes+ sempre .e os Kem+ -ome6am poratirar sobre e&es+ Mas os :n*ios tKm .ma esp-ie *e senti*o .e os aisa *o perigo eos pHe *e sobreaiso .an*o os isitantes tKm m's inten6Hes/ =o*emos -on,iar nes2tes/ abem .e no temos inten6Hes ma&o&as/

2 5o pre-iso ,a&ar mais 2 *isse a&io 2 -on,iamos em o-K+ .in-as/$ea&mente+ era o me&hor .e t:nhamos a ,a?er/ a-erta*o era o.i2&o e obe*e-er

Gs s.as s.gestHes/

Come6aa a es-.re-er/ !s ten*as ,oram arma*as rapi*amente+ e as re*es s.spen2sas+ por.e o tempo no estaa m.ito ,irme/ s trKs :n*ios *esapare-eram no matoe a noite se passo. sem noi*a*e/

.an*o rompe.+ o so& ;' nos en-ontro. a -aminho+ g.ia*os pe&os trKs se&:-o&as+

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 56/150

.e -aminhaam a p na nossa ,rente+ o -orpo &igeiramente -.ra*o para *iante+passo r'pi*o+ -a*en-ia*o e &ee/ !s -abe6as *os trKs moiam2se -ontin.amente para.m e o.tro &a*o+ em -onstante igi&n-ia/ =assaam entre os ramos to habi&mente.e no ,a?iam r.mor a&g.m e ma& moiam os ga&hos/ Esg.eiraam se por entreemaranha*os *e -ipAs e arb.stos+ .e nAs t:nhamos *e -ortar -om ,a-Hes/

5a ertente *a serra *os Chaantes+ os trKs :n*ios ,oram inestim'eis g.ias/ em

e&es+ ter:amos .e per*er m.ito tempo pro-.ran*o -aminhos prati-'eis+ eitan*obanha*os/ E&es seg.iam sem hesita6o+ por .ma tri&ha .e no per-eb:amos mas.e+ ei*entemente+ e<istia e era -&ara para se.s o&hos/ 5o pre-isamos atraessarnenh.m pntano en.anto os tiemos por g.ias/ bserei .e+ -aminhan*o+ notro-aam pa&ara/ eg.iam em si&Kn-io+ .m atr's *o o.tro/

 i .m *e&es ,&e-har .ma ae em p&eno oo e ir b.s-'2&a sem tit.bear no meio *ama-ega espessa/ "ro.<e2a+ *epeno.2a e a&i mesmo ,e? ,ogo e asso. a ae/ 5o erahora *e a&mo6o+ mas os :n*ios no &igam para isso/ Comem .an*o tKm oport.ni*a2*e/ ! ae ,oi *ii*i*a em trKs pe*a6os+ -a*a .m apanho. o se. e -ontin.aram a -a2minhar en.anto arran-aam bo-a*os Gs *enta*as/ o.be+ *epois+ .e os in*:genas

-omem -ontin.amente+ haen*o a&imento e no estan*o o-.pa*os em .a&.er ta2re,a .e os impe6a *e o ,a?er/ "ambm+ no haen*o a&imentos o. estan*o empe2nha*os em a&g.ma o-.pa6o m.ito sria+ so -apa?es *e passar trKs o. .atro *iasem -omp&eto ;e;.m/ !&i's+ o ;e;.m entre e&es .sa*o e -om *iersas irt.*es/ Ssam2no para -.rar .ase to*as as *oen6as/ Des*e .e se a-he in*isposto+ o in*:gena *ei2<a *e -omer -omp&etamente e sA bebe 'g.a morna+ at .e se a-he inteiramentebom/

=assa*os *e? *ias *o en-ontro *a &agoa+ -hegamos ao !rag.aia+ a&g.ns .i&@me2tros a-ima *a ponta norte *a &ha *o Banana&/ .in-as -a&-.&ara a iagem em Y0*ias+ no m:nimo/

Depois *e a-amparmos+ os trKs meteram2se pe&o mato e *esapare-eram+ *i?en*o.e esper'ssemos/ =assa*a .ma hora+ reapare-eram pi&otan*o .ma enorme -anoa/a&io+ e.+ a&a. e "obias embar-amos/ .in-as iria por terra+ -om as m.&as+ para

nos en-ontrar G a&t.ra *a ponta norte *a &ha/Des-emos o !rag.aia+ e+ nesse mesmo *ia+ ao entar*e-er+ en-ost'amos+ *iante

*a i&ha+ on*e esperamos por .in-as+ .e no *emoro. m.ito/ .rgi.2nos ain*a -omo so& *e ,ora/ !traessamos to*os+ ento+ para a margem ,ronteira/

 !&i+ -a*a .m *os :n*ios re-ebe. a s.a ,a-a *e mato+ o .e os *ei<o. e<.&tantes *esatis,a6o/ Depois+ o&taram G s.a -anoa/ .in-as ain*a os -oni*o. para nos g.iarat o ing.+ mas e&es se re-.saram terminantemente/ 5o iriam por -oisa a&g.ma+

isto -omo no estaam em boa harmonia -om os tapiraps   e -aiapAs   e sA se ar2ris-ariam a entrar em se.s territArios em gran*es ban*os bem arma*os/5oamente sAs+ na manh seg.inte ini-iamos a mar-ha pe&o territArio paraense+

r.mo ao a&e *a ,ronteira .e *ii*e as serras *o $on-a*or e *os >ra*as/ itiner'rio era o seg.inteQ eg.ir .ma &inha para&e&a G ,ronteira *e Mato >rosso e

=ar'+ at -hegar ao ing./ Des-er por este rio seis-entos .i&@metros+ e+ toman*opor terra+ seg.ir para oeste at en-ontrar o rio riri+ atraess'2&o e+ seg.in*o o mes2mo r.mo oeste a&-an6ar o rio C.r.' 2 nosso ob;etio ,ina&+ *e a-or*o -om as -on2-&.sHes a .e -hegara a&io por meio *e se.s -'&-.&os m'gi-os/

D.rante os *ois primeiros *ias atraessamos imenso pra*o semea*o+ a.i e a&i+ *e

pe.enos bos.es/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 57/150

5a ma*r.ga*a *o ter-eiro *ia tiemos o mais ang.stioso *espertar *e to*a a ia2gem at entoQ est'amos -er-a*os *e se&agens+ e .in-as -&assi,i-o.2os &ogo-omo tapiraps /

 !presentaam2se tambm inteiramente n.s+ mas m.ito bem arma*os+ -omo sean*assem em tare,a g.erreira/ "inham aspe-to m.ito *esagra*'e& e e<a&aam .m

-heiro -ara-ter:sti-o mais *esagra*'e& ain*a/ %i?eram2nos &eantar+ ;.ntar G pressat.*o o .e t:nhamos/ Depois+ ro*earam2nos e obrigaram2nos a -aminhar para on*ee&es .eriam/ Come-ei a *.i*ar seriamente *as teorias pa-i,istas *e .in-as+ tantomais .e as nossas seis m.&as+ ao .e pare-e+ haiam si*o mortas por e&es/ "a&e?no -onhe-essem esses animais e os ;.&gassem perigosos+ mas+ *e .a&.er mo*o+tie onta*e *e ,a?er bar.&ho por -a.sa *isso/ .in-as *iss.a*i.2meQ

2 eria &o.-.ra+ Ose.P Jeremias/ E&es no sabem o .e ,i?eram/ e re-&amarmos+o pensar .e estamos -om *isposi6o *e g.errear+ e en,.re-em2se/ En,.re-i*os+so -omo animais se&agens/ Dei<em -orrer/ Da.i por *iante as m.&as *e po.-o nosiriam serir/

En.anto .in-as te-ia estas pon*era6Hes+ os tapiraps   ,a?iam gran*e a&ga?arra+emp.rraam2nos para .e an*'ssemos mais *epressa/ 5o -ompreen*iam .e nAsno sab:amos an*ar pe&a se&a -omo e&es o ,a?iam/ "o*as as nossas bagagens iamnos ombros *e meia *?ia *e&es+ mas a-re*ito .e -om a inten6o *e ,i-ar -om e&ese no para nos &irar *o peso/ De repente+ .m *e&es *e. -om o ta-ape no ombro *ea&io/ a&io grito. e -amba&eo./ E. sa&tei sobre o se&agem e a-ertei2&he .m m.rron.m *os o&hos -om .ma preste?a *e .e no me ;.&gaa -apa?/ angran*o+ o :n*io.e -a:ra senta*o &eanto.2se e p.&o. para mim/ Es.iei2me e e&e bate. -om a -a2be6a n.m tron-o *e 'rore -om tanta in,e&i-i*a*e .e pare-e. ter per*i*o os senti2*os/ 5o mesmo instante+ .in-as p.&aa sobre mim/

2 o-K est' &o.-o+ Jeremias Est' &o.-o E&es nos mataro2 Dei<e2me+ .in-as Esses im.n*os se&agens///2 Ca&e2sea&io intereioQ2 .in-as tem ra?o+ Jeremias/ %i.e .ieto/ E&es no sentem as -oisas -omo nAs

as sentimos/// =re-isamos no os ata-ar+ no *ar sina& *e raia///2 E *ei<ar .e e&es nos amassem -om os ta-apesF ra+ a&ioe;a -omo ,or+ os se&agens en-araram a -oisa *e maneira *i,erente *a.e&a .e

.in-as esperaa/ "angeram2nos noamente para *iante+ e .m *e&es ,i-o. ao &a*o*o -ompanheiro ,eri*o/ Esto. abso&.tamente -onen-i*o *e .e se tornaram mais

*e&i-a*os *a: por *iante/ =enso .e o ni-o mo*o *e ensinar -ortesia aos se&agens abrir2&hes as -abe6as/ !ssim -aminhamos o *ia to*o+ sem o.tro in-i*ente/ J' -a:ra a noite .an*o -hega2

mos G a&*eia+ !pesar *e estarmos esgota*os *e -ansa6o e *e ,ome+ mantiemos ati2t.*e s.perior e enrgi-a/ !s -abanas *os :n*ios estaam *ispostas pe&o terreno semor*em+ aos gr.pos+ sob 'rores+ em o&ta *o gran*e terreno &impo *e egeta6o+mas -heio *e *etritos *e to*a esp-ieQ ossos+ -ar-a6as meio apo*re-i*as+ ,r.tos es2traga*os+ ;a-'s no termina*os+ pe*a6os *e tron-os e ga&hos *e 'rores/ 5o -entro*o terreiro haia .m gran*e ga&po -oberto *e pa&ha+ e ,&e-ha*o par-ia&mente n.ma*as e<tremi*a*es/ Era a O-asa *os homensP + na .a& as m.&heres no po*iam en2trar sob prete<to a&g.m/

.an*o -hegamos+ ho.e gran*e a&ga?arra/ M.&heres e -rian6as+ inteiramenten.as+ nos ro*earam+ ,a&an*o -omo gra&has/ !s m.&heres me pare-iam to*as e&has+

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 58/150

*es&ei<a*as+ po.-o &impas+ -om os &ongos -abe&os negros *esgrenha*os e .nta*os+e<a&an*o -heiro *esagra*'e&+ os imensos seios pen*entes e as pernas ar.ea*as/ !&g.mas tra?iam ao peito -rian6as .e se agarraam -omo -arrapatos/ s pe.enos.e an*aam pe&o -ho eram s.;os+ magros e to*os ostentaam enormes entres/ !&g.ns ro:am pe*a6os *e ossos+ -omo animai?inhos/ Mas pare-iam sa*ios e a&egres+ios e 'geis/ 5o .e to*os eram in*is-.tie&mente *e primeira ,or6a+ homens+ m.2

&heres e -rian6as+ era na gritaria+ na a&ga?arra .e sabiam ,a?er a primor/ Depois+mos po.-o &impas+ *e grossas .nhas enegre-i*as+ se esten*eram para nAs+ a ,im *enos apa&par/ Mas repe&imos essas -ar:-ias in*ese;'eis+ embora sem io&Kn-ia/ Est'2amos *ispostos a no *ei<ar .e e&es entrassem em &iber*a*e e<-essia -onos-o/

De repente+ a a&ga?arra -esso./ M.&heres e -rian6as se a,astaram rapi*amente/ shomens abriram a&as+ para *ei<ar passar .m enorme se&agem+ tron-.*o+ e<-essia2mente en,eita*o *e penas m.&ti-ores e tra?en*o na mo .m ,ormi*'e& ta-ape -heio*e pe*ras in-r.sta*as/ En,ia*o no bra6o tra?ia+ tambm+ o maior ar-o .e ;' i atho;e/ e. rosto pinta*o *e negro e erme&ho era bestia& e os pe.enos o&hos amen2*oa*os bri&haam sinistramente/ .an*o sorri.+ i .e tinha os *entes pont.*os/ E&e

se entregaa ain*a ao antigo -ost.me *e &imar os *entes -om pe*a6os *e pe*ras/ 3essa .ma opera6o to *o&orosa .e sA mesmo homens se&agens ao &timo ponto apo*em prati-ar/

.an*o -hego. *iante *e nAs+ o importante personagem o&to.2se s.bitamente eerg.en*o o ta-ape *e. .ma or*em+ n.m grito g.t.ra&/ me*iatamente+ -omo atingi2*as por *es-argas e&tri-as+ as m.&heres e as -rian6as+ .e ain*a tinham ,i-a*o pora&i+ se rasparam e s.miram por tr's *as -ho6as e *as 'rores/ s homens a,astaram2se mais+ e em o&ta *e nAs ,i-o. .m gran*e espa6o/ !.e&e .e -oman*ara o ban*ona ,&oresta permane-e. *iante *o gran*e -a-i.e/ Entre os *ois estabe&e-e.2se &ogo.m anima*o *i'&ogo+ *e sons g.t.rais a-ompanha*o *e m.itos gestos/ !o ,im *e

&ongo tempo+ o -he,e *o ban*o *a ,&oresta a,asto.2se e ,oi ter -om os o.tros/ homen?arro+ ento+ *irigi.2se a .in-as+ em tom so&ene+ e empo&an*o o peito/.in-as respon*e.2&he+ no mesmo tom+ -omo se estiesse *e-&aman*o .m *is-.rso/E. estaa -om .ma onta*e *oi*a *e rir/ D.rante mais *e .ma hora os *ois ,i-aram Obaten*o papoP/ Es-.re-era/ J' haiam a-en*i*o 'rias ,og.eiras no gran*e terreiro+.an*o o homen?arro en-osto. a testa na testa *o nosso -ompanheiro/ Em seg.i*aos *ois ,i?eram .ma pro,.n*a -.rat.ra+ retiran*o2se o homen?arro to ma;estosa2mente -omo -hegara/ E ento ,i-amos em &iber*a*e/

A mais tar*e .e so.bemos o .e se passara *.rante a &onga e grotes-a -on,e2rKn-ia/ ,ato *e termos si*o aprisiona*os pe&os :n*ios era norma&/ E&es aprisionaam.a&.er pessoa .e en-ontrassem e no perten-esse G s.a tribo -a-i.e+ a.e&ehomen?arro .e aparentaa tanta importn-ia+ pensara .e ramos -on.ista*o2res+ .e :nhamos para &hes preparar .ma -i&a*a a man*o *os <aantes+ o. por-onta *os bran-os para tomar posse *as terras/ .in-as+ porm+ so.be -onen-K2&o*e .e na*a *isso era er*a*e+ mas .e+ ao -ontr'rio+ .er:amos ir para *iante+ atao rio ing.+ e mais para a ,rente ain*a/ E&e ,i-o. *e -onersar -onos-o na manhseg.inte+ para reso&er sobre a nossa sorte/

5o *ormimos m.ito ma& sobre a pa&ha+ n.ma -ho6a .e a&a. e "obias &imparamo me&hor poss:e&/

Ma& haia *esponta*o o so&+ ieram2nos b.s-ar+ para ir G O-asa *os homensP +on*e ;' nos esperaam o -a-i.e e mais a&g.ns homens importantes *a tribo/ a&io+.e ia ao regato &aar2se+ .an*o nos -hamaram+ estaa sem -amisa+ -om o torson./ E assim .e o -a-i.e *e. -om os o&hos no Om.ira.itP + treme.+ e+ per*en*o

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 59/150

a imperia& -ompost.ra+ &eanto.2se+ -hego.2se ao me. -a&o amigo e .ase en-os2to. o nari? na pe*ra er*e+ para o&h'2&a me&hor/ Estaa positiamente apaora*o/ o&to.2se para .in-as e *isse pre-ipita*amente meia *?ia *e pa&aras/

.in-as ,oi sain*o+ pe*in*o2nosQ2 enham+ enham/// Depressa/2 .e a-onte-e.+ .in-asF 2 perg.nto. a&io/ =are-e .e o homen?inho se ass.s2

to. -om isto/// isto///2 5o sei o .e ho.e/ Mas e&e *isse .e estamos &ires e po*eremos partir .an2

*o .isermos/ =e*i. .e sa:ssemos por.e tinha ass.nto m.ito importante para tra2tar -om os se.s -ompanheiros/

$in*o+ a&io a,asto.2se na *ire6o *o regato/ E po.-o *epois+ .an*o est'amosto*os re.ni*os+ apresentaram2se *ois :n*ios+ mo6os e ,ortes+ .e nos ,i?eram mes.2ras o,ere-en*o2nos gran*es pe*a6os *e -arne assa*a/

Comemos e+ *.rante a -omi*a+ .in-as -onerso. -om e&es/ o.bemos+ ento+.e os *ois estaam *esta-a*os+ pe&o -a-i.e (a .em -hamaam =iaia ) para nosa-ompanhar at o ing./ Era .ma sorte+ tanto mais .e e&es -arregariam a maior

parte *a nossa bagagem/ entimos+ tambm+ .e a nossa parti*a estaa sen*oapressa*a/ $ea&mente+ *ei<amos a a&*eia -er-a *as *e? horas *a manh+ es-o&ta*ospe&os *ois :n*ios/

5o ,'-i& a-ompanhar os tapiraps  em s.a -aminha*a pe&a mata/ Esto no se.e&emento nat.ra&/ Moem2se -om agi&i*a*e in-r:e&+ por mais pesa*os .e pare6amUp.&am+ *esiam2se rapi*amente+ eitam ga&hos e -ipAs+ e prosseg.em sempre/ J'nAs+ nos embara6'amos ,re.entemente nas &ianas+ nos ga&hos+ pis'amos a terra,o,a .e -obria m.n*.s 2 e nos -ans'amos terrie&mente+ ao passo .e e&es pare2

-iam nem sentir a -aminha*a/ eg.:amos em ,i&a *e .m+ e pro-.r'amos repetir osmoimentos *o :n*io .e nos ia G ,rente/ o.tro :n*io -aminhaa aparentemente ao a-aso/ ra ia G ,rente+ ora atr's+ ora G

es.er*a e ora G *ireita/ Ws e?es *esapare-ia *.rante m.ito tempo+ e+ .an*o as2sim a-onte-ia+ -orrespon*ia2se -om o -ompanheiro por meio *e sons .e imitaam o-anto *e a&g.m p'ssaro/ !o reapare-er+ Gs e?es *i?ia ao o.tro :n*io a&g.mas pa&a2ras em o? bai<a/ ra+ ,oi n.ma *essas e?es em .e e&e se *emoro. m.ito+ .eo.imos r.:*o s.speito no mato/ Depois+ o?es h.manas/ !&g.m berraa ,rasesinarti-.&a*as/ nosso g.ia :n*io ,e?2nos sina& para ,i-armos .ietos+ e p.&o. para omato+ *esapare-en*o sem ,a?er bar.&ho/ Momentos apAs+ esta&o. .m enorme berrei2

ro a-ompanha*o *e r.:*os estranhos/2 amos er 2 *isse .in-as/ 2 =are-e .e esto brigan*o/Metemo2nos no mato+ e &ogo *emos -om o mais inespera*o *os espet'-.&osQ

n.ma -&areira+ os nossos *ois g.ias batiam2se terrie&mente -om .m o.tro se&agem/Mas .e se&agem Era bran-o e tinha os -abe&os -omp&etamente &o.ros/ embro.2

me .m NiIing *as &en*as es-an*inaas+ e era to ,ero? -omo a.e&es o tinham si*o/s trKs &.taam -om se.s ta-apes/ !penas+ a massa .sa*a pe&o &o.ro era maior emais pesa*a .e as o.tras *.as ;.ntas/ s trKs &.taam -om ine<-e*:e& agi&i*a*e/s ta-apes -antaam no ar+ e e&es gritaam *iabo&i-amente/

$e-eamos .e os nossos *ois g.ias matassem o &o.ro e pe*imos a .in-as .e os,i?esse parar/ .in-as berro.+ mas no -onseg.i. na*a/ s trKs -ontin.aam a ma2&har+ -omo se ,osse a.e&a .ma obriga6o in*e-&in'e&/ &o.ro *e,en*ia2se e ata-aaa&entemente/ Era .m ser estranho+ -omp&etamente n./ ! pe&e era morena+ .eima2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 60/150

*a pe&o so&+ mas os -abe&os m.itos &ongos &he -a:am pe&as -ostas &argas/ obran-e2&has e bigo*es+ tambm &o.ros e eri6a*os/ Era enorme e e<traor*inariamente ,orte/Menos 'gi& .e os *ois tapiraps + &eaa a&g.ma antagem por.e *es-reia+ -omse. enorme ta-ape+ mo&inetes terr:eis+ -apa?es *e esmagar t.*o .e s.rgisse em,rente/ Bran*ia2o -om tamanha io&Kn-ia .e sA a ,enomena& agi&i*a*e *eseno&i*ape&os *ois a*ers'rios os &iraa *a morte/ .an*o a.e&es -a-etes se entre-ho-a2

am no ar+ soaam -aamente/ E+ ao mesmo tempo em .e *eseno&iam o sing.&ar-ombate+ os trKs gritaam e se <ingaam a&entemente+ -omo se isso ,i?esse partein*ispens'e& *a &.ta/ 5As -in-o a&i -ontin.'amos para*os a pe.ena *istn-ia+ im2potentes+ -ontemp&an*o o -ombate .e sA po*eria terminar -om sang.e e morte/

De repente+ .m *os tapiraps  ro&o. pe&o -ho+ e o sang.e espa*ano. em o&ta/.an*o o -orpo se imobi&i?o. ao &a*o *e .ma moita+ no imos seno .Va massa

sangrenta *os ombros para -ima/ E no -ho -ome6o. a -res-er rapi*amente .mapo6a r.bra/

s o.tros *ois+ no entanto+ -ontin.aram a -ombater+ -omo se na*a tiesse a-onte2-i*o/ 5o min.to seg.inte i *istintamente o ta-ape *o gigante &o.ro -air sobre o om2

bro *o tapirap/ 5o re-or*o -omo senti o r.:*o *os ossos esmaga*os+ mas ,oi -oisame*onha/ tapirap ,e? .ma -areta horr:e& e ,i-o. r:gi*o+ *e p+ imAe&/ &o.ro+aproeitan*o a oport.ni*a*e+ *es-arrego.2&he o ta-ape na -abe6a+ *e -ima para bai2<o/ ! -abe6a *esapare-e. &itera&mente+ e *e sob o ta-ape .e se enterrara no -orpo*o pobre :n*io espa&haa2se .a&.er -oisa -omo .ma massa *e morangos -om -re2me esmaga*os/ !s pernas *o tapirap ergaram e o -orpo *esabo./

gran*e se&agem &o.ro sorri. enorme sorriso .e &he *ei<o. G mostra os *entesamare&os e pont.*os/ Co&o-o. sobre os ombros o ta-ape -heio *e sang.e e -ami2nho. sorri*ente para nAs/

"obias+ -heio *e s.sto+ aponto.2&he a garr.-ha e grito.Q O=areP se&agem+ po2

rm+ -om o sorriso imobi&i?a*o na ,a-e+ -ontin.o. a -aminhar/ .i .in-as gritar a"obias .e no atirasse/ Mas no mesmo instante o tiro partia/ se&agem &o.ro *e..m p.&o+ seg.ran*o o est@mago -om as *.as mos+ berran*o ,eito &o.-o/ Depois+tor-e.2se sobre si mesmo+ e+ *obran*o as pernas+ ro&o. para o -ho+ -omo .m tron2-o abati*o/

.in-as+ ,.rioso -omo e. n.n-a o ira+ atiro.2se sobre "obias e *e.2&he a&g.mas,ortes bo,eta*as/ "obias emp.rro.2o+ e .in-as -amba&eo.+ trope6an*o e a,astan*o2se/ 5esse momento 2 nAs nem t:nhamos ain*a -ompreen*i*o bem o .e se passara+2 o.i.2se .ma a&ga?arra no mato+ e &ogo .m terr:e& som -ao+ e "obias era atira*o&onge en.anto so&taa .m .rro *e anima& abati*o/ Corremos+ e .an*o o ro*eamos+

e&e ;' estaa morto/ Em se. peito estaa enterra*o pro,.n*amente .m ma-ha*o *epe*ra .e &he a,.n*ara to*a a -ai<a tor'-i-a sang.e sa:a grosso+ m.ito es-.ro+ emenormes borbotHes/

E ,oi ento .e -ai. sobre nAs o ban*o *e 0e&agens o.ros / E&es *eiam terassisti*o a t.*o+ *es*e o in:-io+ empo&eira*os nas 'rores prA<imas+ por.e sa&taam*e&as -omo ma-a-os+ ro*ean*o2nos/ Eram .ns trinta+ o. mais+ e -a*a .m *e&es era arepro*.6o *o o.tro/ "o*os ig.ais/ !&t.ra a-ima *a norma&+ m.ito ,ortes+ torsosenormes+ bra6os -ompri*os+ pe&.*os+ *e &ongos -abe&os+ &ongas barbas emaranha2*as+ &ongos bigo*es 2 t.*o &o.ro+ *e .m &o.ro .eima*o/ "ra?iam ma-ha*os *e pe*raen-astoa*os em ,ortes -abos *e ma*eira/ Da -inta *e -o.ro .e &hes -ingia os rins+

pen*iam o.tras armas+ .e *eiam ser p.nhais *e bamb./ Estaam n.s+ no tinhamtat.agem nem pint.ra+ nem en,eite a&g.m/ !penas a.e&e -into *e -o.ro e as ar2mas/ Srraam -omo animais e se.s pe.enos o&hos a?.is re,&etiam ,ero-i*a*e/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 61/150

$o*earam2nos p.&an*o+ berran*o+ bran*in*o se.s pesa*os ma-ha*os 2 e ;.ro .enesse momento -onsi*erei en-erra*a para sempre a nossa aent.ra/ e a.e&es *ia2bos r.ios se &embrassem *e mane;ar se.s ma-ha*os+ -om -erte?a as nossas armasno teriam ti*o tempo *e entrar na &.ta/

Mas e&es no se &embraram/ $o*earam2nos e impe&iram2nos br.ta&mente para a,rente/ Ssaram+ sim+ se.s p.nhais *e bamb./ E. e os o.tros sentimos+ por 'rias e2

?es+ as pontas ag.*as -.t.-arem2nos a pe&e/ E no passo. *isso/ ":nhamos .e an2*ar+ an*ar *e .a&.er maneira+ aos tran-os+ por &.gares on*e no haia -aminho/ Ese an*amos/// 5enh.m obst'-.&o nos ,a?ia parar E&es inham aos g.in-hos+ -orren2*o+ paran*o+ s.bin*o Gs 'rores+ p.&an*o para o -ho 2 -omo er*a*eiros ma-a-os/

Mas .an*o es-.re-e.+ notamos .e a ia-i*a*e *e&es *imin.:a -onsi*erae&2mente/ "ornaam se in.ietos G me*i*a .e a noite se apro<imaa/ J' no -orriam/Caminhaam o mais ;.nto poss:e&+ o&han*o ansiosamente para to*os os &a*os/ Emse.s o&hos haia me*o/ .an*o a noite *es-e.+ e&es pararam+ re.ni*os em b&o-o+ e*is-.tiram -om o? a&tera*a/ Em seg.i*a+ apressa*os+ ;.ntaram .m monte *e ga&hose+ ,a?en*o ,ogo &aboriosamente -om *ois pe*a6os *e pa.+ a-en*eram a gran*e ,o2

g.eira/ E a paisagem+ a ,og.eira e os estranhos 0e&agens o.ros  2 t.*o tomo. oaspe-to irrea& *e .m -onto *e ,a*as+ G -&ari*a*e bai&ante *as -hamas/ E&es pare-iamter nos es.e-i*o -omp&etamente/ entaram2se o mais perto .e p.*eram *a ,o2g.eira+ .ase amontoa*os+ *e to ;.ntos/ %a&aam po.-o e em o? bai<a/ =or *.ase?es notei .e .an*o .m *e&es se erg.ia para *ar a&g.ns passos+ trope6aa -omose estiesse tonto+ o. -ego/

D.as horas se passaram+ mais o. menos/ !gora+ e&es estaam si&en-iosos+ -a:*osnas mais ineross:meis posi6Hes+ amontoa*os .ns sobre os o.tros/ Dormiam/

a&io ,a&o.Q2 Es-.tem/// esses homens tKm me*o *o es-.ro///

2 !-ho .e e&es no en<ergam na*a *e noite 2 *isse e./2 =or isso mesmo .e *eem temer as treas///"en*o -hega*o a esta -on-&.so+ -on-&.:mos tambm+ nat.ra&mente+ .e est'a2

mos &ires/ =o*:amos es-apar2&hes .an*o .isssemos+ *.rante a noite/ E&es ;amaisnos perseg.iriam/ E a&a. prop@s .e es-ap'ssemos na.e&a noite mesmo/

2 5o 2 *isse a&io/ 2 !s inten6Hes *e&es para -onos-o no po*em ser m's/ e .i2sessem+ ;' nos teriam tr.-i*a*o e e. tenho interesse em obserar me&hor esses se&2agens/ L' m.ito po.-as re,erKn-ias a .ma tribo *e 0e&agens o.ros + no Brasi&/Estamos *iante *e&es+ o .e ta&e? no tenha a-onte-i*o a e<p&ora*or nenh.m+ e *e2emos aproeitar esta rara oport.ni*a*e/ !-ho .e *eemos arris-ar2nos em s.a

-ompanhia por mais .m *ia o. *ois/ Es-aparemos .an*o .isermos+ *.rante a noi2te/Dis-.timos .m po.-o sobre o ass.nto/ E. e a&a. a-h'amos mais pr.*ente ,.gir

&ogo/ .in-as+ porm+ era *e opinio .e no -orr:amos perigo a&g.m+ e+ assim+ re2so&emos ,i-ar/ ! noite ,oi tran.i&a/ si&Kn-io era interrompi*o apenas pe&os r.:*osnormais *a se&a e pe&os ron-os *os se&agens a*orme-i*os/ !&i's+ e&es no ,i?eramseno ron-ar/

Dormiram a noite to*a *e .m sono ininterr.pto e pesa*o/

 ! mar-ha *o *ia seg.inte ,oi penosa/ .b:amos interminae&mente por .m espigoresse.i*o+ sem sombras+ nem 'g.a/ E nesse *ia imos -omo os 0e&agens o.2 ros  eram magn:,i-os -a6a*ores/ Ssaam bo&ea*eiras/ !tiraam2nas *e &onge+ io&en2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 62/150

tamente e o anima& ,i-aa -om as pernas *e ta& mo*o pea*as .e ro&aa pe&o -ho+sen*o em seg.i*a abati*o -om o ta-ape/ 5esse *ia .saram as bo&ea*eiras por trKse?es+ e *e -a*a e? ,oi abati*o .m bom ea*o/ ":nhamos+ assim+ -omi*a ab.n*an2te/ E&es -omiam a -arne -r.a+ e ,i-aram a*mira*os .an*o nos iram assar os nossospe*a6os/

=or 'rias e?es tentamos entab.&ar -onersa -om e&es+ mas sem res.&ta*o/ a&io+

pe&o ,im *o *ia+ *isse 2me .e *eiam ter .ma esp-ie *e inte&igKn-ia O*i,erenteP *anossa/ E ao anoite-er+ -ontin.'amos *iante *e .m mistrio/ 5o nos ma&trataam+no nos enten*iam+ no se preo-.paam -onos-o 2 ,a?iam2nos -aminhar para .m*estino .e nos era -omp&etamente *es-onhe-i*o/

Com a in*a *as sombras+ repetiram2se e<atamente as -enas *a noite anterior/ Co2me6aram a trope6ar+ tontos/ Detieram2se+ !,ina& e a-en*eram .ma gran*e ,og.eira/

3 interessante notar .e pro-e*iam -omo er*a*eiros animais/ 5o tomaam o.2tra pre-a.6o seno a-en*er as ,og.eiras/ Depois *ei<aam2se -air em .a&.er &.2gar e a*orme-iam em seg.i*a/

 ! noite estaa m.ito .ente e aba,a*a+ -omo os *ois *ias anteriores/ 5As no po2

*:amos *ormir+ tanto era o -a&or e tamanha a se*e .e nos martiri?aa/Mas *e repente -ome6o. a soprar a entania e &ogo .ma -h.ara*a -ompa-ta -ai.sobre nAs+ *an*o2nos *e&i-iosa sensa6o *e ,res-or/ Est'amos+ agora+ no a&to *omorro+ on*e se &eantaam a&g.mas 'rores+ .e pare-iam -obertas *e prata ao io2&ento -&aro *os re&mpagos/

.bitamente esto.ro. .m estron*o ens.r*e-e*or/ -. e a terra ,oram io&enta2mente i&.mina*os+ e .ma *as 'rores+ -omo eno&ta em manto *e &.?+ tor-e.2se eabate. se sobre si mesma/

=ois nem to*o esse in,erna& r.:*o a-or*o. os 0e&agens o.ros  o. ,e? -om .ee&es se moessem/ Contin.aam amontoa*os no -ho+ imAeis+ inermes+ -omo -oi2

sas .e na*a tiessem a re-ear *os e&ementos *esen-a*ea*os/ "inhamo2nos posto*e p+ e -onseramo2nos .ni*os .ns aos o.tros+ imAeis tambm e ,as-ina*os pe&oempo&gante espet'-.&o/ ! sensa6o *e ,res-or .e ha:amos senti*o ao in:-io *a-h.a+ se trans,ormara agora em into&er'e& ma& estar+ por.e o tempora& era *ema2sia*o io&ento para o nosso gosto/ 5ossas bagagens+ eno&i*as em o&ea*os+ esta2am amontoa*as ;.nto a .m tron-o *e 'rore -a:*o e bri&haam na es-.ri*o sob osre&mpagos *es&.mbrantes .e se s.-e*iam rapi*amente+ i&.minan*o as *eso&a*as-er-anias/ %oi *epois *e .ma srie .ase ininterr.pta *e .atro o. -in-o re&mpagos.e .in-as berro.Q

2 &hem G es.er*a $o-he*os/// .em sabe se h' a&g.ma -aerna a&iF

=.semo nos a -orrer para o gr.po *e ro-he*os/ !&-an6a*o+ per-orremo2&o+ pro-.2ran*o .ma -ai*a*e on*e nos p.*ssemos abrigar/ =o.-o *epois+ est'amos no inte2rior *e amp&a -aerna aberta na ,a-e *e .m *os ro-he*os/ En-har-a*os at os ossos+sent:amos gran*e satis,a6o por ,i-ar ,ora *o a&-an-e *a.e&e tremen*o *i&io/ Eras.,i-iente sentir .m teto sobre a -abe6a+ para .e a impresso *e -on,orto ,ossegran*e 2 ta& a -apa-i*a*e *e a*apta6o *o homem Gs mais *iersas sit.a6Hes/

 ! tempesta*e no amainaa/ !o -ontr'rio+ pare-ia re-r.*es-er/ 5.n-a em minhai*a i -air tanta 'g.a =or perto -a:am raios/ .:amos estron*os ens.r*e-e*ores+ et:nhamos .e ,&e-har os o&hos+ *es&.mbra*os pe&os ,ort:ssimos -&arHes/

Depois+ o ento m.*o. e -ome6o. a atirar a -h.a para *entro *a nossa -aernaem -ata*.pas hori?ontais/ %omos ,.gin*o+ re-.an*o para o ,.n*o+ at -hegarmos Gpare*e .e ,&e-haa a gr.ta/ .bimos ao ressa&to .e a ro*eaa -omo .m ro*ap+ ea&i ,i-amos os .atro+ imAeis+ o&han*o/ E haia o .e er ! gr.ta tinha .ma estra2nha -on,orma6o/ e. so&o era mais bai<o .e o n:e& *o -ho &' ,ora/ =are-ia .m

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 63/150

,.n*o *e ba-ia/ E nesse ,.n*o a 'g.a se ,oi a-.m.&an*o po.-o a po.-o+ at .e+passa*o a&g.m tempo+ nos :amos *iante *e .m &ago/ obre o ressa&to est'amos ase-o mas a 'g.a -ontin.aa a s.bir+ por.e o ento emp.rraa a -h.a para *entroem -ata*.pas/ e -ontin.asse a s.bir assim+ em bree ter:amos .e ,i-ar merg.&ha2*os/

2 Jeremias 2 grito. '&io 2 sto est' ,i-an*o preto =are-e .m tm.&o 5o sei o

.e amos ,a?er *a.i a po.-o2 ogo .e -&arear saberemos 2 *isse e.+ embora me sentisse ta&e? mais inseg.ro

*o .e e&e/a&a. -ome6o. a .ei<ar2se/ Estaa in.ieto/5o h' motio para *esespero 2 *i?ia e.+ .e reso&era ser o O,orteP *a t.rma/ 2

Da.i a po.-o a ma*r.ga*a i&.minar' t.*o+ e po*eremos sair/ 5o pre,er:e& estara.i abriga*os *a -h.a *o .e &' ,oraF

5o sei o .e a&a. ia respon*er+ por.e+ nesse instante+ a 'g.a a&-an6aa o res2sa&to on*e est'amos trepa*os/ !-ho .e p.&amos+ mas no me &embro bem/ .i2mos .m estron*o .e en-he. to*a a -aerna+ e senti .e me ,a&taa o -ho sob os

ps/ Em seg.i*a+ .ma aa&an-ha &:.i*a me agarro. e atiro. para bai<o/ %.i arrasta2*o para .m negro -orre*or+ entre 'g.as esp.mantes/ Era atira*o *a.i para a&i eme. -orpo batia -ontra obst'-.&os sem -onta/ -rebro ,.n-ionaa+ porm+ emmeio a essa *o&orosa ba&br*ia+ e n.m *-imo *e seg.n*o -ompreen*i o .e a-on2te-eraQ ressa&to a&.:ra+ es-aa*o pe&a 'g.a+ e a torrente+ agora+ se atiraa para a&2g.ma ga&eria e<istente no ,.n*o *a -aerna+ arrastan*o2nos/

.anto tempo *.ro. a.e&a tort.raF 5o sei+ mas+ to inespera*amente -omot.*o o .e nos inha a-onte-en*o me senti preso pe&as ro.pas a .a&.er -oisa ,ir2me/ !tirei os bra6os para a ,rente e as mos agarraram ,irmemente .ma ponta *e ro2-ha/ =.*e+ ento+ erg.er o -orpo e respirar/ Depois+ pro-.rei -onso&i*ar a minha posi2

6o/ ! 'g.a es-a-hoaa+ ,.riosa+ em re*or *e mim na es-.ri*o e esp.maa *espe2*a6an*o2se -ontra a ro-ha on*e me re-o&hera/ !o .e me re-or*o+ minha impressomais pro,.n*a ,oi *e .e ;amais -onseg.iria sair *a.e&e tne& sinistro+ ;amais torna2ria a er o a?.& *o -.+ o er*e *as matas///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 64/150

CAP!"#LO XII

OS "2M#LOS INIOL3EIS

 o&tei a mim sob impresso *e pa? in,inita+ *e tota& .iet.*e/ Estaa en-har-a*o/Mas ,oi .ma io&enta *or no ombro *ireito .e me ,e? re-or*ar *o .e a-onte-eraQos 0e&agens o.ros + a tempesta*e sobre o morro+ a -aerna+ a en<.rra*a s.bter2rnea/ !-omo*ei2me me&hor sobre a ro-ha on*e estaa preso pe&a ro.pa+ e .is pen2sar/ Mas no p.*e/ ! *or no ombro era ,orte+ e a -on,.so no me. -rebro tremen2*a/ Me.s o&hos ansiosos pro-.raam in.ti&mente .ma rstia *e &.?/ !s treas eramtotais e pa&p'eis/

Depois+ -ompreen*i .e era pre-iso sair *a&i/ =re-isaa an*ar/ Mas+ em .e *ire26oF eantei2me+ e+ ao a-aso+ tatean*o -om os ps e as mos+ *ei .m passo/ $es2

a&ei e -a: *entro *a 'g.a/ Era .m regato .e ro&aa -om io&Kn-ia/ Deia ser o resto*a 'g.a *a -aerna+ .e se es-oaa para o ,.n*o *a terra/ %oi ento .e -onseg.ie&aborar o primeiro ra-io-:nioQ e *es-esse+ a,.n*aria nas entranhas *a terraU s.bin2*o+ -hegaria G -aerna e G &iber*a*e/

Estaa to -ansa*o .e a s.bi*a ,oi .ma tort.ra/ "rope6aa e -a:a a to*os os mo2mentos/ .an*o aistei o -&aro+ minhas mos e minhas pernas+ *e tanto se arrasta2rem pe&as arestas *as pe*ras+ sangraam/ Mas a.e&a &.? *bia ,oi .m ,orte estim.2&ante e .m resta.ra*or *e ,or6as/ Contin.ei s.bin*o -om maior seg.ran6a e+ po.-o*epois+ -hegaa G -aerna/

 !gora+ o ,.n*o era .m &o*a6a& es-.ro+ mas+ &' ,ora+ o so& bri&haa -om tanta inten2

si*a*e .e me *e. onta*e *e gritar *e a&egria/ !-re*itei+ na.e&e momento .e agente so,re mais -om as treas *o .e -om ,ome o. se*e/ Corri para o so&+ -hapi2nhan*o pe&o -ho es-orrega*io/ !traessan*o o pe.eno espa6o por trKs e?es res2a&ei e me esten*i a ,io -ompri*o na espessa -ama*a *e &ama/ Mas -omo era gosto2so+ *epois+ *esgr.*ar *a pe&e as p&a-as *e &ama resse.i*a

Deia ser meio *ia+ por.e o so& estaa a pino/ ":nhamos+ ento+ passan*o o resto*a noite e meta*e *o *ia *entro *a.e&e tne& en*o .e era to tar*e+ me. ego:s2mo tee .e re-.ar+ para *ar passagem a o.tros sentimentosQ

2 n*e estariam .in-as+ a&io e a&a.F Em re*or+ haia ro-has+ *eso&a6o e por-ima o so& g&orioso/ Dentro *a -aerna+ a &ama estaa se-an*o e -ome6aa a ra-har+

e ao ,.n*o+ a entra*a negra *o tne& pare-ia -oni*ar2me para .ma *es-i*a ao in,er2no/ Era .m abismo+ e+ -omo to*os os abismos+ atra:a/ De repente+ i .a&.er -oisa.e se me<ia sobre as pe*ras+ na entra*a *o tne&/ Estreme-i/ eria a&.-ina6oF

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 65/150

&hei bem/ =.s2me *e p e ,i<ei os o&hos/ im/ !&g.ma -oisa es-.ra se me<ia a&i/Corri/ =atinhei *e noo na &ama e -heg.ei ao ,.n*o/ Esten*i o bra6o e minha motrKm.&a seg.ro. o.tra mo+ ansiosa+ .e pro-.raa se agarrar G sa&iKn-ia *a ro-ha/$e-onhe-i o gran*e ane& simbA&i-o on*e *.as r.nas &a*eaam a pe*ra -onsagra*a/Era a mo *e a&io/

=.<ei2a+ e o rosto sangrante *o me. amigo s.rgi./ E&e abri. os o&hos e *e se.s &'2

bios in-ha*os sa:ram .mas pa&arasQ2 Jeremias/// 3 o-KF Ento/// ! o? morre.+ n.m ,io/ ! -abe6a tombo. pesa*amente/ "ie .e o es-orar+ para .e no ro&asse para a

&ama *a -aerna/ Entrei no tne&+ para &eantar o se. -orpo e po*er tir'2&o *a&i+ mas,i? o.tra *es-oberta/ !tr's *e a&io+ bem nos se.s -a&-anhares+ estaa o.tro -orpo/Era .in-as+ *eita*o na 'g.a+ -om o rosto meio merg.&ha*o/ !o .e pare-e+ a&ioiera s.bin*o e arrastan*o o nosso a&ente g.ia/ !-omo*ei a&io *a me&hor maneira.e p.*e e p.<ei .in-as para -ima/ =.2&o ao ombro e &eei2o para ,ora+ esten*en2*o2o no -ho+ ao so&/

Depois+ ,.i b.s-ar a&io e ,i? o mesmo -om e&e/ !&i ,i-aram os *ois &a*o a &a*o+sob o -a&or ii,i-ante *o so& .e *es-ambaa/ esta*o *os me.s *ois -ompanheiros+ -omo o me. prAprio a&i's+ era *ep&or'e&/

$o.pas rasga*as+ en&amea*as+ mos+ rosto e pernas ,eri*os e ensang.enta*os/E a&a.F Estaria io ain*aF "eria si*o arrasta*o ao ,.n*o *o abismo pe&a en<.rra2

*aF=ensaa nisso+ senta*o ao &a*o *os *ois+ e ,a?ia p&anos para ir em b.s-a *o -om2

panheiro per*i*o .an*o o.i .ma o? ro.-aQ2 ing. ing. amos atraess'2&oEra a&io .e se sentara e+ -om o&hos *esme*i*amente abertos+ ,itaa os ro-he2

*os em ,rente/2 n*e est' o ing.F 2 perg.ntei+ ina*erti*amente/2 !&m 2 *isso e&e esten*en*o o bra6o para oeste 2 pre-isamos atraess'2&o *e2

pressa/2 !-or*e+ a&io o-K est' sonhan*oa&io estreme-e.+ *ei<o. -air o bra6o e ,ito.2me/2 .e F2 o-K estaa a&.-ina*o+ a&io/2 5o era a&.-ina6o+ Jeremias/ E. i o ing./ i nas s.as margens .m gr.po *e

homens *e te? bron?ea*a+ esti*os -om ro.pas bri&hantes+ m.ito ;.stas///

2 %oi sonho+ a&io/ o-K estee sem senti*os at agora/ =re-isa -omer a&g.ma -oi2sa e *es-ansar/ !-abamos *e o&tar *o abismo/A ento e&e pare-e. en<ergar o .e em rea&i*a*e o ro*eaa/ &ho. em torno+

o&ho. para mim e para .in-as+ .e -ontin.aa *esa-or*a*o/ =or &timo+ ,ito. a -a2erna e a entra*a *o b.ra-o negro+ ao ,.n*o/

2 Como .e sa:mos *a.e&e tne&F2 5o sei/ ,ato .e sa:mos/2 E a&a.F2 a&a. no sai./ A nAs trKs/2 Ento+ temos .e ir pro-.r'2 &o/2 3 -&aro/ =re-isamos ir pro-.r'2&o/.in-as moe.2se e+ po.-o *epois+ a-or*aa/ =are-ia ter presente na memAria

t.*o o .e haia s.-e*i*o+ por.e perg.nto. &ogo pe&o -ompanheiro a.sente/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 66/150

.an*o so.be .e a&a. ain*a no o&tara *o tne&+ &eanto.2se e+ -amba&ean*o+,a&o.Q

2 amos pro-.r'2&o/ 5o po*emos aban*onar assim o nosso -ompanheiro/2 amos+ sim+ .in-as/ E. sA esperaa .e o-Ks *ois a-or*assem/ Mas estamos

,ra-os para tentar .a&.er -oisa/ "emos .e esperar .m po.-o+ seno+ nAs tambm,i-aremos por &'/ =rimeiro tratemos *e -omer/

E os trKs nos p.semos a -aminho *o &timo a-ampamento on*e tinham ,i-a*o os0e&agens o.ros /

.e en-ontramos no era abso&.tamente a&enta*or/Dos trinta se&agens .e na spera a&i tinham a-ampa*o -onos-o restaam trKs+

e+ esses mesmos+ estaam mortos+ esmaga*os sob os tron-os *e *.as 'rores .ehaiam *esaba*o sobre e&es *.rante a tempesta*e/ !o &a*o+ .m en<ame *e mos-asa?.is ?.nia sobre os restos *e .m *os ea*os -a6a*os no *ia anterior/ Dos o.trosse&agens+ nem sina&/ . tinham si*o arrasta*os morro abai<o pe&a en<.rra*a+ o.haiam parti*o para se. ignora*o *estino+ sem se importar -om o .e nos a-onte-e2ra/ ,ato era esteQ !&i est'amos nAs+ so?inhos *iante *o *es-onhe-i*o+ ten*o no

&a*o trKs -a*'eres e a&g.ns pe*a6os *e ea*o/ 5o eram m.ito bri&hantes as nossasperspe-tias/

.in-as+ porm+ no per*e. tempo/ Come6o. a es-o&her a&g.ns ga&hos se-os para,a?er ,og.eira e man*o.2nos separar pe*a6os *e -arne *e ea*o/ En.anto a -arneassaa+ pro-.ramos as nossas -oisas/ 5a*a mais restaa/ s nossos ,ar*os *e .ten2s:&ios e ro.pas haiam *esapare-i*o/ En-ontramos trKs bo&ea*eiras+ *ois ar-os+ .a2tro ta-apes e gran*e nmero *e ,&e-has -om pontas *e osso e pe*ra 2 -oisas estas.e haiam ,i-a*o emaranha*as nos ga&hos *e .ma *as 'rores -a:*as/ Essa+ era anossa ri.e?a+ esses+ to*os os nossos re-.rsos para empreen*er a &onga -aminha*a.e ain*a nos restaa/

Depois *e -omermos -om a&ente apetite+ arr.mamos -omo nos ,oi poss:e& os pe2*a6os *e -arne ain*a aproeit'eis e+ toman*o as armas+ o&tamos aos ro-he*os/ ! *es-i*a pe&o tort.oso -orre*or s.bterrneo no era -oisa ,'-i&/ 5em mesmo os

ar-hotes *e ma*eira resinosa+ .e .in-as arran;ara+ -onseg.iam i&.minar a -onten2to os tenebrosos mean*ros *o tne&/ ! sombra *e a&io+ .e ia G minha ,rente+ *an26aa ,antasti-amente na pare*e/ E&e pare-ia *ar p.&os ,renti-os e repentinos+ ora a&26an*o2se ao teto+ ora esmagan*o2se no so&o/ regato era .m tKn.e ,io *e 'g.a+.e *es-ia s@,rego+ serpentean*o/ Mas o so&o e as pare*es *a ga&eria bri&haam -omre,&e<os a?.&a*os e marrons/

2 "erreno .&-ni-o 2 m.rm.ro. a&io a-or*an*o e-os mi&enares/ sto *ee ser

.ma antiga -hamin *e .&-o+ para es-oamento *e &aas/ Estamos *es-en*o para o-a&*eiro on*e a nat.re?a preparo. os se.s -o?imentos minerais/.in-as+ .e inha e<aminan*o atentamente o -ho+ *isse *e repenteQ2 =or a.i tem passa*o m.ita gentea&io o&ho.2me+ espanta*o/ !.i&o era to in-r:e&+ -omo se e&e tiesse *ito .e a

ga&eria *e pare*es i*ra*as haia si*o es-aa*a por mos h.manas/ =aramos parae<aminar o so&o+ e tiemos .e nos -onen-er *e .e .in-as *issera a er*a*e/ so&o estaa gasto+ &iso+ -omo se ,osse .m -aminho tri&ha*o por mi&hares *e ps *.2rante nmero in,inito *e anos/ !s pontas+ as arestas+ estaam arre*on*a*as+ e+ nospe*a6os p&anos+ o *esgaste ,i?era .m &eito sens:e&/

2 em *i*a+ h' *esgaste 2 *isse a&io/ Mas po*e ser ,eito pe&as pe*ras .e ro2&am e se arrastam .an*o a 'g.a ,a? en<.rra*a/

2 sso no 2 ata&hei e./ 2 ! 'g.a n.n-a *es-e. por a.i/ o-Ks bem iram .e oanteparo *e ro-ha .e -obria a entra*a *o tne& rebento. esta noite/ !ntes *isso+ a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 67/150

'g.a no po*eria ter penetra*o/ %oi .m a-i*ente ao .a& assistimos/ De-erto+ *.ran2te o.tras tempesta*es+ a -aerna po*e ter ,i-a*o a&aga*a+ mas o anteparo n.n-a*ei<o. a 'g.a passar para o -orre*or/ e a 'g.a sempre se es-oasse por a.i+ o an2teparo no teria rebenta*o esta noite/

2 Jeremias tem ra?o 2 *isse a&io/ 2 Dee ser isso mesmo+ e e. gostaria *e teristo a -aerna G &.? *o *ia antes *e se ter rebenta*o o anteparo/ Laia+ possie&2

mente+ .ma porta *issim.&a*a .e *aa para este -orre*or/ Mas amos+ pre-isono per*er tempo/ a&a. *ee estar &' no ,.n*o+ em .a&.er -anto/

Contin.amos a *es-er+ ;' toma*os *e .m sentimento -on,.so *e respeito e mara2i&ha/ E no ha:amos *es-i*o m.itos metros+ .an*o .in-as+ .e ia na ,rente+ nos,e? pararQ

2 enham enham er istoCorremos e &ogo a&-an6amos o nosso amigo+ .e estaa para*o+ o&han*o/5a.e&e ponto o -orre*or ,ora a&arga*o e estaa ,&e-ha*o por .ma pare*e *e pe2

*ra+ ,orman*o pe.eno sa&o/ 5a pare*e+ estreita porta *aa passagem para *iante+on*e o tne& -ontin.aa/ Dos *ois &a*os *a porta a ro-ha ,ora artisti-amente traba2

&ha*a+ e<pon*o ao nosso o&har s@,rego *ois magn:,i-os a&to2re&eos/ *a es.er*arepresentaa .m enterro/ Dois homens -aminhaam -arregan*o .ma re*e s.spensa*e .m pa. .e se apoiaa em se.s ombros/ E *entro *a re*e estaa o -orpo a -ami2nho *a &tima mora*a/ W *ireita+ o -orpo estaa esten*i*o sobre .ma mesa+ *entro*e .ma sa&a re*on*a em abAba*a/ !o &a*o *a mesa iam2se os *ois homens .e ha2iam transporta*o o -a*'er/ ! pare*e *a -aerna+ em o&ta *a mesa+ apresentaaabert.ras re*on*as+ *e misteriosa .ti&i*a*e/ s homens .e :amos a&i tinham barba2 e isto era *esnorteante+ por.e as ra6as amer:n*ias .e -onhe-emos no so bar2ba*as/ .e homens eram a.e&es+ entoF !s es-.&t.ras .e ei*entemente se -om2p&etaam para representar o ato *a in.ma6o eram per,eitas nos se.s menores *eta2

&hes e tinham a.e&e ar s.ti&+ ine<p&i-'e&+ *as obras *e eneran*a antig.i*a*e+ pro2*.to *e -ii&i?a6Hes *espenha*as na oragem *os s-.&os/ !&m *a barba+ os ho2mens tra?iam o -abe&o -ompri*o e estiam esp-ie *e tni-as amarra*as G -int.rapor .m grosso -or*o/ s ps estaam -a&6a*os *e san*'&ias *e so&as grossas presas-om -orreias tran6a*as/

":nhamos e<amina*o as es-.&t.ras em si&Kn-io+ .m marai&ha*o si&Kn-io to pesa2*o -omo os s-.&os sem -onta .e *eiam ter passa*o m.*os por a.e&as pe*ras &a2ra*as/

Come-ei+ *e repente+ a sentir .ma sensa6o estranha+ *e angstia impotente -on2tra o mistrio inso&e&/ !s treas .e se pro&ongaam a&m *a porta pare-iam esten2*er2me bra6os ge&a*os/ E o si&Kn-io gritaa2me ao o.i*o ,rases in-onso&'eisQ

2 Esta a -asa *os mortos Esta a -asa *os mortos 5o sair's mais *a2 .i 5.n-a mais 5.n-a mais

Estreme-i/ .is ,a&ar+ mas no p.*e/ si&Kn-io e as treas me apertaam insi*io2samente a garganta se-a/ Depois+ -omo ro&ha *e -hampanha .e sa&ta s.bitamente+minha o? e-oo.Q

2 a&io E este nome+ assim pron.n-ia*o br.s-amente+ ,oi -omo .m so-o io&ento*es,eri*o no si&Kn-io imAe&/ s *ois se o&taram para mim+ espanta*os/ E. *eia es2tar -om a ,isionomia transtorna*a+ por.e a&io me seg.ro. pe&os ombros e per2g.nto.+ ansiosoQ

2 .e ,oi+ JeremiasF .e a-onte-e.F .e tem o-KF2 o&tar/// amos/// o&tar2 o&tarF o&tarF o-K est' &o.-oF o&tar por .eF o&tar+ ;.stamente agora .e es2

tamos no &imiar *e gran*es *es-obertasF .i.+ JeremiasF >ran*es *es-obertas Es2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 68/150

tamos na pista *e .m empo&gante mistrio Estamos *iante *a mais e<traor*in'ria*as ree&a6Hes -om respeito G pr2histAria *este -ontinente Estamos -om as mossobre o misterioso passa*o *a !mri-a 2 e o-K ,a&a em o&tar &he para essas ,ig.2ras &he+ Jeremias Contemp&e essas es-.&t.ras ,eitas por mos .e *esapare-eram.em sabe h' .antos mi&Knios &he para e&as/// 5o &he s.gerem na*aF

2 5o/// 2 ba&b.-iei o&han*o &amentae&mente para as ,ig.ras *e pe*ra/ 2 5o s.ge2

rem/// .e haiam *e s.gerirF2 &he bem2 Esto. o&han*o/// .e Fa&io &an6o.2me .m o&har .e e. ;amais po*eria -&assi,i-ar entre os o&hares h.2

manos/ Depois+ &entamente+ apertan*o2me o bra6o+ perg.nto.Q2 Estes homens *as es-.&t.ras so os se&agens *o Brasi&FCa: em mim/ Compreen*i on*e a&io .eria -hegar/enti2me s.bitamente empo&ga*o+ arrasta*o/2 "em ra?o E. *eo estar &o.-o E&es tKm .ma seme&han6a m.ito remota -om os

nossos se&agens/// Mas no so os mesmos

2 .e &he pare-emF2 ero eg:p-iosF2 5o/ "Km a&go .e &embra os eg:p-iosU no o so+ porm/ E a&io o&ho. &onga2

mente+ apai<ona*amente+ para as ,ig.ras es-.&pi*as/ Depois+ o&to.2se para mim epron.n-io. .ma pa&ara+ .ma sA/// mas .e pa&ara .e m.n*o estaa en-erra*one&a

2 !t&antes5o tie .m ni-o seg.n*o *e *i*a/ Compreen*i ime*iatamente .e assim era+

.e a.e&es homens antigos .e transportaam .m *e,.nto eram !t&antes  5em meo-orre.+ no momento+ .o e<traor*in'ria e temerosa era essa hipAtese+ .o arro2

 ;a*a e impro'e& era essa a,irmatia *e a&io5a*a *isso/ !-eitei+ simp&esmente+ -omo se estiesse en*o ,otogra,as *e pessoas-onhe-i*asQ eram !t&antes  &hei mais respeitosamente para a.e&es seres *e bar2bas e grossas san*'&ias *e -o.ro/// !t&antes   E pe&a seg.n*a e? me assa&to. a er2tigem/ Braghine+ Braghine =or .e no est's -onos-o neste serto *o Brasi& -entra&F=or .e no *es-este -onos-o a este tenebroso tne&F =or .e no ens o&har estesa&to2re&eos .e seriam .m hino *e g&Aria para os te.s o&hosF E esta porta+ Braghine+ta&ha*a pe&as mos *os !t&antes + *esses !t&antes  em .e tanto a-re*itaste 2 estaporta ta&ha*a *iretamente no -rista&ino+ no a&i-er-e io *o g&obo 2 isto seria para oste.s senti*os .m *es&.mbrante poema !.i esto e&es+ Braghine s !t&antes  =e&a

primeira e?+ no m.n*o+ a.i esto+ repro*.?i*os n.ma es-.&t.ra+ os te.s ama*os !t&antes  Braghine Jean Carrre+ Ernesto Mora&es+ Cap*ei&a/// to*os "o*os As .ea-re*itastes nos !t&antes + to*os As .e sab:eis *a er*a*e em ossos -ora6Hes 2por .e no estais a.i -onos-oF

 ! o? *e a&io me arran-o. s.bitamente ao *e&:rio/ enti .e me. -rebro+ por.m seg.n*o+ estiera a-i&an*o G beira *o abismo/ !.e&a o? *e a&io pare-ia ir*e m.ito &onge e o -onta-to *a mo .e me to-o. o bra6o me *e. a sensa6o *eio&ento -ho.e e&tri-o/

2 amos/ ' em bai<o *ee haer -oisas///2 LeinF !h/// sim/// &' em bai<o/// os !t&antes ///

%oi ento .e .in-as ,a&o. pe&a primeira e?+ e tanto s.a o? -omo s.as pa&aras+estranhamente prosai-as e *es&o-a*as na.e&e ambiente en-anta*o+ me -hamaram*e,initiamente G rea&i*a*eQ

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 69/150

2 5o sei -omo ain*a no en-ontramos a&a.///2 Dee ter si*o arrasta*o at ao ,.n*o pe&a -orrente 2 *isse a&io/ 2 Des-en*o ha2

emos *e *ar -om e&e/E nAs *ois -ompreen*emos .e+ *es.manamente+ ha:amo2nos es.e-i*o *o mo2

tio *a *es-i*a pe&a -hamin .&-ni-a/ J' no nos &embr'amos *e a&a.+ *o nosso-ompanheiro *esapare-i*o/ an6amos .m &timo o&har Gs marai&hosas es-.&t.ras+ e

seg.imos .in-as .e ;' atraessara a porta e -ontin.aa a *es-er/ Empare&hamos-om e&e/

2 !.i&o m.ito importanteF 2 perg.nto. .in-as/2 !.e&as es-.&t.rasF 2 *isse a&io/ 2 im/ o important:ssimas !s mais impor2

tantes .e se en-ontraram no m.n*o at ho;e/ o to importantes .e .ase nos,i?eram es.e-er *o a&a./

2 Mas .a& a importn-ia *e&asF2 A por e&as+ ,i-a proa*o .e no ,i?emos .ma iagem inti&+ .in-as/ Mesmo

.e no en-ontr'ssemos mais na*a 2 isto seria o bastante/ Essas es-.&t.ras tKm+ ta&2e?+ -em mi& anos/ .an*o ,oram ,eitas+ no haia ain*a -ii&i?a6o a&g.ma no Egito+

as pirmi*es estaam m.ito &onge *e ser imagina*as+ a >r-ia no e<istia ain*a+ aChina ain*a no tinha se ,orma*o/// sso ,oi .an*o a  !t&nti*a + ain*a G ,&or *a'g.a+ era a -&.&a mater *a h.mani*a*e+ e os !t&antes  eram os senhores *o m.n*o2 .m m.n*o bem maior *o .e a.e&e .e os romanos tanto se org.&haam *e *o2minar///

E&es ieram a.i+ e a s.a a&ta -.&t.ra est' proa*a por essas es-.&t.ras .e a-a2bamos *e er/ E&es ieram a.i+ no Brasi&+ neste pe*a6o *o Brasi& Compreen*e-omo isso importante+ .in-asF

2 Compreen*o/ Mas+ a&a.///2 o-K tem to*a ra?o/ amos pro-.r'2&o/

Contin.amos a *es-er+ e+ a&g.m tempo *epois+ *esembo-amos na amp&a -aerna-ir-.&ar/ Era to gran*e .e as pare*es *o ,.n*o ma& se per-ebiam apesar *os trKsar-hotes .e emp.nh'amos/ .e primeiro nos -hamo. a aten6o ,oi .m b&o-o *epe*ra bran-a+ -o&o-a*o no -entro *a imensa -aerna/ !an6amos pe&o -ho &ama2-ento/ b&o-o era *e m'rmore e tinha a ,orma *e pirmi*e tr.n-a*a/ obre e&e es2taa .ma gran*e ta6a *e m'rmore+ marai&hosamente es-.&pi*a e po&i*a/ ! ta6a es2taa enegre-i*a por *entro e+ no ,.n*o+ imos .ma -ama*a *e A&eo en*.re-i*o 2pe&o menos assim nos pare-e./

2 Sm a&tar *e per,.mes 2 *isse a&io/ 2 !.i eram .eima*os A&eos arom'ti-os/ Mas a o? *e .in-as eio *e &ongeQ

2 !.i est' e&e/// morto.in-as estaa -.ra*o+ &' &onge+ na parte mais bai<a *a -aerna/ e. ar-hote p.2nha re,&e<os r.bros na pare*e negra/ Corremos/ Era .ma po6a *e 'g.a &ama-enta+ ea&i estaa+ meio merg.&ha*o na &ama+ *a -int.ra para -ima+ o -orpo *e a&a./ =.<a2mo2&o/ En&amea*o+ es,arrapa*o+ *es,ig.ra*o+ estaa irre-onhe-:e&/

D.rante .ns momentos+ toma*os *e emo6o+ no *issemos pa&ara/ Depois+ .in2-as m.rm.ro.Q

2 =re-isamos &e' &o para -ima e enterr'2&o/2 E&e no morre. a,oga*o 2 m.rm.ro. a&io/ 2 .an*o -hego. a.i+ ;' estaa

morto/ =obre -ompanheiro Mas no o &earemos para -ima+ .in-as/ E&e ,i-ar' a.i+e a.i ter' o tm.&o mais g&orioso *a terra 2 E a&io apontaa a pare*e -ir-.n*an2te/ 3 .e em to*o o re*or a -aerna era -ria*a *e ni-hos -ir-.&ares+ *ispostos emseis sries sobrepostas/ !s trKs primeiras ,i&as *e bai<o para -ima estaam tapa*as

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 70/150

-om portas *e bron?e proi*as *e grossa argo&a/ ! .arta tinha .ns inte ni-hos ta2pa*os/ resto *a .arta e as *.as *e -ima estaam -om to*os os ni-hos abertos/ !.e&es b.ra-os se abriam negros na ro-ha+ -omo bo-as *ispostas a -ontar segre*ospaorosos e imemoriais/ 5o -ho+ ao &ongo *a pare*e -ir-.&ar+ estaam en-osta*asas portas *e bron?e G espera *e serem .ti&i?a*as/ aspe-to gera& *a -aerna era o*e .ma -ripta -om gaetas mort.'rias/

2 o tm.&os/// tm.&os *e !t&antes / Em -a*a .m *estes ni-hos ,&e-ha*os h' .mat&ante  morto h' mi&hares e mi&hares *e anos =ois n.m *estes ni-hos ir' *ormir se.eterno sono+ mi& s-.&os *epois+ .m *e se.s *es-en*entes E e. tambm gostaria *eser sep.&ta*o a.i/

5em .in-as nem e. *issemos .a&.er -oisa/ eantamos+ -om a a;.*a *e a&2io+ o -orpo *e a&a. e &eamo2&o para ;.nto *a pare*e/ eantamo2&o e en,iamo2&o*entro *o primeiro ni-ho a?io *a .arta ,i&a/ Depois+ erg.emos *o so&o a porta *ebron?e 2 e -omo era pesa*a+ enhor =.semo2&a na abert.ra e ,omos a;eitan*o+ i2ran*o para .m e o.tro &a*o+ por.e haia .ma posi6o e<ata para e&a penetrarU.an*o en-ontramos a posi6o+ en-ai<o.2se s.ae e ,irmemente+ -omo a porta *e

.ma -ai<a2,orte/ .an*o .isemos e<perimentar se estaa ,irme+ imos .e+ pormaiores .e ,ossem os nossos es,or6os+ no -onseg.:amos moK2&a .m mi&:metro se2.er/ Estaa o ni-ho hermeti-amente ,&e-ha*o =enso .e a porta se a;.stara porpresso e no haia ,or6a h.mana -apa? *e arran-'2&a/ A G -ons.ma6o *os s-.2&os+ no &timo *ia *e i*a *o g&obo+ e&a sairia ta&e? *o se. &.gar+ sa-.*i*a pe&os es2treme6Hes *e agonia *a terra

Mais tar*e+ .an*o a&io .is e<aminar o -a*'er *e a&g.m *os !t&antes  a&i se2p.&ta*os+ *e.2se o mesmo/ 5o ,oi poss:e& moer nenh.ma *as tampas *e bron?e+por maiores .e ,ossem os nossos es,or6os/ Corremos os tm.&os .m por .m 2 eeram .atro-entos e trinta 2 e nenh.m se *ei<o. abrir/

e e<istem no m.n*o tm.&os inio&'eis 2 -ertamente so esses

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 71/150

CAP!"#LO XIII

,#INCAS PRA"ICA #MA 0ELONIA

=or maior .e ,osse a atra6o e<er-i*as sobre nAs por a.e&e estranho -en'rio *ee&hos s-.&os+ no po*:amos ,i-ar a&i -ontemp&an*o as inamo:eis gaetas *e bron2?e/ Era pre-iso o&tar G s.per,:-ie/ !*emais+ -ome6'amos a sentir to*o o peso *o-ansa6o at G.e&e momento reti*o pe&a ,as-ina6o/

 !ssim+ po.-o *epois+ per-orr:amos *e noo o &@brego -orre*or *e &aa en*.re-i*a+pisan*o nos mesmos &.gares on*e os !t&antes  2 .em sabe h' .antos s-.&os 2haiam pisa*o tambm+ -arregan*o se.s mortos .eri*os

%omos paran*o pe&o -aminho+ G pro-.ra *e est:gios *a per*i*a -ii&i?a6o+ e+.an*o -hegamos G -aerna+ ;' estaa es-.ro/ Dei<amo2nos -air+ e<ten.a*os+ G -&a2

ri*a*e *a &.a .e -ome6aa a s.bir/ !&i a*orme-emos e a&i passamos a noite 2 .manoite e<-ep-iona&mente -'&i*a 2 sem .erer pensar nos perigos poss:eis *a regioagreste e *es-onhe-i*a/ 5o entanto+ se ,osse er*a*e .e preo-.pa6Hes e re-or*a26Hes tristes tiram o sono+ no ter:amos *ormi*o .m min.to se.er/ Mas as preo-.pa26Hes se &eantaram -onos-o+ ias e -r.-iantes aos primeiros a&bores *a manh/

Est'amos os trKs -omp&etamente sAs na.e&e ermo+ e<postos a to*as as s.rpre2sas/ 5ossos -ompanheiros nos haiam aban*ona*o para sempreU nossas m.&as ;'no e<istiamU t.*o o .e poss.:amos e o .e ha:amos re.ni*o *.rante a iagem 2armas+ m'.inas ,otogr',i-as+ instr.mentos+ mantimentos+ re&:.ias 2 t.*o *esapare2-era/ .a& seria o r.mo .e *e:amos tomar+ agora+ para a&-an6ar o ing.F

a&io+ no entanto+ aponto. para oeste+ -om ,irme?aQ2 3 para &'/ amos/=artimos+ -arregan*o as ri.e?as .e nos restaamQ trKs bo&ea*eiras+ .atro ta-a2

pes+ *ois ar-os e .m amarra*o *e ,&e-has/ !,ina&+ era me&hor assim+ agora .e t:nha2mos .e -ontar somente -om as nossas prAprias -ostas/ 5o t:nhamos &ombosa&heios para -arregar o&.mes+ nem *e homens+ nem *e m.&as/// !traessamos oa-ampamento on*e t:nhamos para*o -om os 0e&agens o.ros  e ,omos ,or6a*osa espantar .m tat. .e re,o-i&aa no -a*'er *e .m *e&es/ .isemos &eantar a 'r2ore+ mas ,oi imposs:e&/

=assamos e os mortos &' ,i-aram/

.bimos .ma en-osta bastante in-&ina*a e+ &' *e -ima+ a&io ,e?2nos o&tar e ob2serar o panorama/ Est'amos na bor*a *e .m gran*e -:r-.&o/ !os nossos ps esten*ia2se .ma imensa ba-ia/ 5o meio *e&a e&eaam se penhas2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 72/150

-os atormenta*os/2 Estamos *iante *a -ratera *e .m .&-o e<tinto/ ! -aerna *e on*e sa:mos ,i-a

&' na.e&as ro-has *o meio/ Deia ser .ma *as -hamins por on*e as &aas s.biramem tempos remot:ssimos/ !.e&e sa&o em .e esto os tm.&os *ee ter si*o+ emo.tros tempos+ .m -a&*eiro -heio *e minerais ,.n*i*os/ =ossie&mente os  !t&antesen-ontraram2no e o a*aptaram ao ,im para .e seri./

Depois *e .m &timo o&har para a -ratera+ -ome6amos a *es-er a en-osta *o &a*ooposto+ e -ontin.amos a iagem+ triste iagem *e trKs pigme.s per*i*os n.m imen2so terreno *eso&a*o+ on*e raras 'rores ra.:ti-as se erg.iam penosamente *o so&optreo =e&a tar*e+ nossos ps -ansa*os &eantaam pe.enas n.ens *e poeira *o-ho+ ao arrastar2se tr@pegos/ Est'amos terrie&mente -ansa*os e pare-ia2nos .enos *es,a?:amos em s.or sob os ar*ores *o so& in-&emente/

 !s sombras *a noite ,oram re-ebi*as -omo .m in-a&-.&'e& bene,:-io 2 por.e -ome&as nos -hego. a primeira sensa6o *e ,res-or/ Mas a se*e a.mento.+ ta&e? por.esob o so& abrasa*or e&a nos pare-esse norma&+ o .e no se *aa sob a ,res-.ra *anoite/ 5o t:nhamos+ porm+ rem*io a&g.m para isso e+ assim+ pro-.ramos em o

a*orme-er/ =or mais .e nos reir'ssemos sobre o mato rasteiro+ no -onseg.:amos-on-i&iar o sono/

Deia ser meia2 noite .an*o .in-as se erg.e. e *isseQ2 me&hor an*ar/ e -aminharmos *.rante a noite+ progre*iremos mais e no

nos -ansaremos tanto/ E temos .e -aminhar+ para en-ontrar 'g.a/ .an*o s.rgir oso& no po*eremos *ar mais .m passo/ amos/

5em a&io nem e. pro-.ramos se.er *is-.tir/ Era bom ,a?er .a&.er -oisa paraa-abar -om a.e&e tormento *e tentar *ormir G ,or6a/ E+ assim+ po.-o *epois+ a &.ai&.minaa -om s.a p'&i*a &.? trKs pobres .&tos -ansa*os -aminhan*o pe&a p&an:-iesem ,im+ *eso&a*amente+ para .m ,.t.ro misterioso/

primeiro -&aro *a ma*r.ga*a en-ontro.2nos *es-en*o .ma :ngreme &omba*a*e pe*ra n.a/ >ra*atiamente o hori?onte se ,oi tingin*o *as -ores mais aria*as emais &in*as .e se possam imaginar/ =osta n.m .a*ro+ a.e&a ma*r.ga*a seria &e2a*a G -onta *e &o.-a ,antasia/ =ensei -omigo .e no *eia estar m.ito ma&+ pois-onseg.ia+ ain*a+ a-har a&g.ma -oisa bonita///

Caminh'amos .an*o o so&+ enorme+ r.bro -omo -obre po&i*o+ sa&to. a-ima *ohori?onte/ Est'amos+ porm+ no &imite *a ,or6a e -oragem/

2 5o posso mais/ amos parar 2 *isse a&io/2 im/ amos parar/ Esto. morto///2 5o "emos .e -ontin.ar 2 e-oo. a o? ro.-a *e .in-as+ .e tinha .m ar *e

into&er'e& a.tori*a*e/2 5o 2 protestei/ 2 Contin.ar agora+ para .eF me&hor *es-ansar+ *ormir/ Con2tin.aremos pe&a tar*e+ -om a ,res-a///

2 De -erto 2 m.rm.ro. a&io+ -abe-ean*o/ 2 me&hor *ormir/ &hem/// a&i est'.ma pa&meira/// e pararmos+ se nos *eitarmos+ no nos &eantaremos mais/ terre2no *es-e/ e;o &' em bai<o sombras .e *eem ser 'rores/ e o terreno *es-e e seh' 'rores &' embai<o+ .e h' 'g.a/ amos eantem2se =ara a ,rente

enhor Como .in-as estaa a.torit'rio E no era poss:e& *ei<ar *e &he obe*e2-er/ E&e a*.irira .ma ,or6a enorme/ eantamo2nos penosamente+ e re-ome6amos a-aminhar+ *es-en*o a &omba*a/ .in-as ia na ,rente/ eaa *ois ta-apes ao ombro+.m ar-o+ os restos *e -arne o o amarra*o *e ,&e-has/ Depois+ a&io+ -om .m *os ta2-apes e as bo&ea*eiras pen*entes *o pes-o6o/ =or &timo+ e.+ -om .m ta-ape+ aoombro+ e o o.tro ar-o en,a*o no bra6o/

Como ,oi penosa a mar-ha *esse *ia Como :amos trope6an*o a -a*a passo+ pe&a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 73/150

tar*e Como -amba&e'amos Minha &:ng.a engrossara e<traor*inariamente/ Minhasa&ia se tornara pastosa e amarga/ E .in-as -ontin.aa ine<or'e&

2 =ara a ,rente =ara a ,rente amos 2 e *aa &argos e pesa*os passos e.s ps-a:am ao so&o -omo se ,ossem *e -h.mbo+ e e&e os arran-aa *e noo+ impie*osa2mente+ para *e noo atir'2&os para a ,rente/

.an*o o so& ia *es-amban*o+ e&e -arregaa t.*o o .e poss.:amosQ os .atro ta2

-apes+ os *ois ar-os+ as ,&e-has+ as bo&ea*eiras e o restinho *e -arne assa*a/E. arrastaa penosamente .ma perna apAs o.tra+ sem &eantar os ps/ a&io+ ain2

*a G minha ,rente+ ,a?ia o mesmo/De repente+ trope-ei+ -ai e bati -om a ,ronte em .a&.er -oisa *.ra/ ang.e -o2

me6o. a pingar/ a&io+ o&tan*o2se+ eio -air *e ;oe&hos ao me. &a*o e en-osto. se.im.n*o &en6o G ,eri*a *a minha testa/

.in-as a&-an6o.2nos em trKs passa*as e paro.+ -amba&eante+ ao nosso &a*oQ2 amos Coragem/// =ara a ,rente/// 2 *i?ia e&e -om o? ro.-a e o*iosa/Mas e. sentia a i*a ,.gir2me pe&os o&hos+ pe&a bo-a+ pe&os o.i*os+ pe&os mem2

bros entorpe-i*os *e -ansa6o/ M.rm.reiQ

2 E. ,i-o/// o o-Ks/// Dei<em2me/// so. .m empe-i&ho/// 2 =.ra .i<ota*a Eram,rases .e e. g.ar*aa *e a&g.ma *essas *e&etrias &eit.ras em .e h' herAis sobre2h.manos .e e. .eria era .e e&es ,i-assem a&i+ e morressem ao me. &a*o/ im2p&esmente Mas no o.i mais na*a+ nem senti mais se*e nem -a&or+ nem -ansa6o 2na*a Ca:ra no pa:s *a =a? !bso&.ta/

TTT

.an*o abri os o&hos+ minha -abe6a -ome6o. a girar io&entamente/ Depois paro.+e o so&o p@s2se a e<e-.tar .m ba&an6o &argo e r:tmi-o/ ! &.a+ m.ito p'&i*a+ no -.inst'e&+ ensaiaa estranhos passos *e *an6a/ .e -oisa mais *esagra*'e& eanteio bra6o+ mas e&e torno. a -air pesa*amente para o &a*o 2 e -ai. sobre .m -orpo+ e+&ogo *epois+ -hego. aos me.s o.i*os .ma o? &ong:n.a e ma& seg.raQ

2 Ento+ JeremiasF 2 sopraram/2 3 o-K+ a&ioF 2 minha o? era .m sopro tambm/2 o. e./// =er*o2 im+ a&io///2 =er*o/// e. so. o ni-o -.&pa*o/ E. .e os tro.<e///2 amos morrerF2 em *i*a///Come-ei a -horar bai<inho/ E&e -horaa tambm/ !-he ri*:-.&o .anto .iser+ &eitor/ $ia2se/ Mas e. .eria .e o-K estiesse em

me. &.gar .eria K2&o a&i+ G noite+ n.m *eserto *a.e&es+ semi2morto *e -ansa6o+-om o -orpo *espe*a6a*o e o esp:rito em ,arrapos+ -om se*e+ -om ,ome+ sem espe2ran6a .eria K2&o assim Lo;e e. tambm a-ho ri*:-.&o a.e&e -horo 2 tanto mais.e nos roman-es *e aent.ras .e an*am por a: os personagens pa*e-em m.itomais e n.n-a -horam Mas+ me. -aro &eitor+ personagem *e roman-e .ma -oisa egente *e er*a*e o.tra

Depois+ a.e&a o? -ansa*a+ ,ra-a+ pastosa+ perg.nto.Q

2 n*e est' .in-asF2 .in-asF 2 repeti interrogatiamente/ 2 5o sei/// .in-asE. .isera gritar+ mas esto. -erto *e .e so&tei apenas .m som ro.-o e ina.*:e&/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 74/150

Com gran*e es,or6o+ sentamo2nos e o&hamos em torno/ Minha -abe6a ;' no giraa/ so&o estabi&i?ara2se em s.a posi6o norma&/ ! &.a+ m.ito -&ara+ pare-ia -orrer entren.ens *i',anas e -&areaa m.ito bem a *eso&a*a p&an:-ie+ re-ortan*o -ontra o -.es-.ro a si&h.eta *e a&g.mas 'rores resse.i*as/

.in-as no era is:e&/2 Ban*i*o 2 *isse e.+ raiosamente/ 2 %oi embora

2 .em sabe se e&e ,i-o. &o.-o2 o.-o na*a Essa gente assim mesmo .is se sa&ar so?inho2 E agoraF2 !goraF amos *es-er por a:/ e en-ontrar a.e&e ban*i*o+ ;.ro .e o matarei=.semo2nos *e p+ *epois *e ingentes es,or6os/ Em me. -orpo no haia nenh.m

*os Y0 ossos .e no estiesse *oen*o/ $e-ome6amos a -aminha*a para o ,.n*o*o a&e sombrio+ G p'&i*a &.? *a &.a/ 3ramos *.as sombras+ *.as a&mas pena*as-amba&eantes+ *es-en*o para o in,erno

=enso .e no t:nhamos *a*o ain*a -in.enta passos+ .an*o -a: *e ;oe&hos/ a&2io *e. mais .m passo o. *ois+ e *esabo. no -ho+ ao -ompri*o/ !rrastei 2me at

e&e e seg.rei2&he a mo/ Es-a&*aa/2 Est' bem 2 *isse e&e ao me. o.i*o -om o? e<traor*inariamente ro.-a 2 est'

t.*o a-aba*o/// ean*ro *esapare-e.+ h' anos/ pai *e .in-as *esapare-e./ "o2bias *esapare-e.+ a&a. *esapare-e. e nAs amos *esapare-er tambm/// 3 pena/ imos tanta -oisa E e. .eria tanto -ontar ao m.n*o o .e imos e o-K es-apar+-onte t.*o+ Jeremias/ E. o. morrer/ Mas+ no ,a? ma&/ !.i ;' ho.e .ma gran*e -i2i&i?a6o+ e+ no ,.t.ro+ o.tra h' *e se erg.er *as -in?as *a &tima+ e h' *e ser .ma-ii&i?a6o h.mana+ sem armas+ sem ma&*a*e+ sem trai6Hes+ sem in;.sti6as/// s ho2mens sabero se -ompreen*er .ns aos o.tros+ e sabero .e a ,e&i-i*a*e est' ema-har Atimo o *ia *e ho;e e ter abso&.ta -on,ian6a no *ia *e amanh/ "enho -erte?a

Minhas &'grimas eram sa&ga*as -omo o *iabo/a&io .eria ser sep.&ta*o &' atr's+ -om a&a.+ n.m *a.e&es tm.&os *os !t&an2 tes /// E no *isse mais na*a/ .a mo aperto. ,ra-amente a minha/ Depois+ se.s *e2*os a,ro.<aram/ .a -abe6a pen*e. e a ,a-e po.so. s.aemente sobre a areia *oso&o/ Minha -abe6a pen*e. tambm/ arg.ei o -orpo/ !,ina&+ o me&hor era mesmo*es-ansar *e .ma e?/ ! &.a estaa .ietinha &' em -ima+ agora/ E pare-ia ,ria///,ria/// to ,ria

.an*o ,e-hei os o&hos+ -ome-ei a o.ir msi-a/ Mas e. sabia .e ning.m estaato-an*o na*a/ Era *entro *o me. -rnio/ ons estri*entes e *esen-ontra*os *e ;a??,eriam2me a -abe6a por *entro///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 75/150

CAP!"#LO XI 

O INIS!EL INIMI/O

.e istoF ons *e harpaF em *i*a/// estas notas to s.aes+ to *o-es+ to &:2.i*as+ so *e harpa E .e ,res-or .e *e&i-ioso ,res-or

Sma o? &ong:n.a e -e&estia& pron.n-ia o me. nome em 'rios tons m.ito *o-es.is abrir os o&hos+ mas no p.*e/ Estaa t.*o negro por *entro e por ,ora *osme.s o&hos/ 5a*a me importaa/ A .eria -ontin.ar a o.ir a harpa/ A .eria -on2tin.ar a sentir a.e&e ,res-or ben*ito .e se espa&haa pe&o me. rosto+ .e *es-iape&a minha garganta+ .e ia at ao ,.n*o *a a&ma/ Mas a harpa -esso. *e to-ar+ e-ai. .ma gran*e sereni*a*e sobre mim/ 5o senti mais -oisa a&g.ma/ Era -omp&eta2mente ,e&i?

.an*o *espertei+ o so& ;' estaa a&to no ?Knite/ Laia .m gran*e si&Kn-io em tor2no/ ' em -ima+ sobre a minha -abe6a+ *e en-ontro ao -arrega*o a?.& *o -.+ espa2&haam2se os ramos *e .ma gigantes-a 'rore/ &hei primeiro para .m &a*o/ a&io+*eita*o *e -ostas+ pare-ia imerso em sono pro,.n*o e tinha a -abe6a en-har-a*a/Do o.tro &a*o+ .in-as+ senta*o sobre .ma pe*ra+ -o&o-aa pontas *e s:&e< em ,&e2-has *e bamb./ =erto *e&e haia .m monte *e pe*a-inhos *e pe*ra+ on*e e&e es-o2&hia as pontas .e serissem/ Sm ma6o *e ,inos bamb.s estaa en-osta*o Gs s.aspernas+ e e&e mane;aa agi&mente .ma -as-a erme&ha *e -ipA+ -om a .a& amarraaas pontas Gs ,&e-has/ bserei em si&Kn-io+ por m.ito tempo+ -omo se estiesse ,a2?en*o e<atamente o .e *eia e na*a ,osse estranh'e&/ .in-as traba&haa serena2

mente/ bserei+ tambm+ .e no -ho+ ao se. &a*o+ estaa .m -as-o *e tartar.ga+bem gran*e+ a&m *e o.tros menores/%oi sA *epois .e o.i o r.:*o *a 'g.a mar.&hante/ E+ &ogo em seg.i*a+ .in-as

o&ho.2me/2 &' EntoF Me&horF2 n*e estamosF2 5a margem *o ing./eantei2me e -aminhei para se. &a*o/ Do:a2me to*o o -orpo/ entei2me e apanhei

.m *os -as-os/2 Com isso .e &eei 'g.a para o-Ks///5esse momento me &embrei *e t.*o+ *e repente/ ! intermin'e& -aminha*a tr@pe2

ga+ a se*e+ o esgotamento+ e -omo e. e a&io nos ha:amos *eita*o+ esperan*o amorte/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 76/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 77/150

-omoi*os+ e *epois ,omos para a Casa *e =e*ra/Diante *e&a+ a&io bo.iabri.2seQ2 Sma -asa Sma -asa *e er*a*e 5o enten*o2 Constr.:mos essa -asa en.anto o-K *ormia+ a&io/ amos ,i-ar moran*o a.i/2 3/// 2 tit.beo. e&e+ sorrin*o+ *es-on-erta*o/ 2 nteressante/ M.ito interessante

.em *es-obri. istoF

2 .in-as/ En.anto *orm:amos e&e an*o. ,a?en*o e<p&ora6Hes+ e .an*o a-or*ei ;' tinha t.*o isto &impo+ -o&hi*o essas ,r.tas+ ,eito ,ogo e prepara*o .ma re,ei6oE&e *i? .e h' o.tras -asas ig.ais a esta e .e h' por perto -ampos .e ,oram p&an2ta*os/

2 L'+ sim/ E no m.ito &onge/2 Dee ser .ma antiga -o&@nia/2 %oi aban*ona*a h' m.ito tempo 2 *isse e./2 5o -reio 2 respon*e. .in-as/ 2 5o *ee haer m.itos anos .e os mora*ores

se retiraram/ !s p&anta6Hes ,oram -.i*a*as at pe&o menos -in-o o. seis anos atr's/2 Esto. pensan*o n.ma -oisa 2 *isse a&io/ 2 Estas -asas no ,oram -onstr.:*as

pe&os se&agens/ E&es no ,a?em -asas assim+ mesmo por.e no permane-em m.itotempo no mesmo &.gar+ gostam *e an*ar m.*an*o/ sto ,oi mo *e gente -ii&i?a*a/o -asas bem ,eitas+ sA&i*as/ 5at.ra&mente os mora*ores ,oram ata-a*os pe&os :n2*ios e obriga*os a ,.gir+ o. mortos/ Mas h' tambm .ma -oisa/ e tiesse hai*oa.i .ma -o&@nia *e gente -ii&i?a*a+ *e brasi&eiros o. e.rope.s -apa?es *e ,a?er es2tas -asas+ a not:-ia teria -hega*o Gs -i*a*es mais prA<imas/ E&es no po*eriam ,i-arinteiramente iso&a*os/

2 Mas+ entoF///2 =enso 2 -ontin.o. a&io 2 .e os :n*ios *esa&o;aram os mora*ores *a.i e o-.2

param o &.gar+ mas o se. instinto n@ma*e os &eo. &ogo embora/ bserem esse te2

&ha*o/ 5o o primitio/ 5o se ,a? .ma -asa *e pe*ra -oberta *e ,o&has *e pa&mei2ras/// !in*a se *isting.em est:gios *o primeiro te&ha*o *a -asa/ 5at.ra&mente+ *es2morono. -om o tempo e os :n*ios .e a -obriram -om pa&meiras/

2 !-ho me&hor -omer+ a&io/ Depois o-K *is-.te esse prob&ema/ ! proposta *e .in-as era a-erta*a e a&io -on-or*o. ime*iatamente/Depois *e&e -omer -omo .m gigante+ ,omos per-orrer os arre*ores/ En-ontramos

gran*e nmero *e -asas+ .e a egeta6o estaa ina*in*o e eno&en*o a&ente2mente 5enh.ma *e&as tinha te&ha*o+ e em a&g.mas se notaam os restos *a -ober2t.ra *e ,o&has *e pa&meiras/ !s -asas haiam si*o -onstr.:*as seg.n*o .m p&ano+ emsemi2-:r-.&o+ n.ma pra6a semi2-ir-.&ar -om r.as irra*iantes/ E<p&oramos m.ito bemos arre*ores+ o .e tomo. to*a a tar*e+ e a-abamos *e mo*i,i-ar a opinio primiti2a/ s -onstr.tores *as -asas no haiam si*o obriga*os a ,.gir+ pois .e no ha2iam *ei<a*o na*a atr's *e si/// De-erto m.*aram2se -a&mamente+ por .m motio.a&.er .e *es-onhe-emos/

s -ampos *e -.&t.ra+ .e tambm per-orremos+ haiam si*o re-on.ista*os pe&aegeta6o natia/ $estaam+ to*aia+ a&g.mas to.-eiras *e bananeiras+ bos.etes *eman*io-a+ *e 'rores ,r.t:,eras+ e .ma esp-ie *e batata *o-e se&agem/ aspe-togera& era *e *eso&a6o e aban*ono/

En.anto e. e a&io e<amin'amos as batatas *o-es+ .in-as+ .e estaa G beira*o barran-o+ grito.Q

2 enham -' enham er .ma -oisa

5a s.a o? haia .m ape&o impressionante+ .e nos ,e? -orrer/ ! riban-eira tinha .ns -in-o metros *e a&t.ra+ era ta&ha*a a pi.e+ e+ &' em bai<o+

em horrorosa -on,.so+ amontoaam2se ossos h.manos em enorme .anti*a*e/ Ca2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 78/150

eiras+ t:bias+ per@nios a.&taam na.e&a -on,.so+ i*enti,-an*o os es.e&etos aoprimeiro o&har/

2 amos e<aminar isso mais *e perto 2 *isse a&io/ 2 =o*emos -o&her in,orma26Hes/// -om esses es.e&etos 2 ! i*eia era ,nebre+ mas no nos ass.staa/ J' est'2amos -a&e;a*os/

%i?emos .ma gran*e o&ta+ e po.-o *epois nos en-ontr'amos no ,.n*o+ entre os

es.e&etos/ Contamos+ primeiro+ 8 -aeiras/ M.itos ossos estaam -obertos *e ter2ra+ mas to*os se apresentaam abso&.tamente &impos *e -arne e -arti&agens+ e nos-rnios no haia mais sina& *e -abe&os 2 o .e *aa a i*eia *o gran*e nmero *eanos *e-orri*os sobre a.e&es *espo;os/

2 !-re*ito .e estas 8 -aeiras se;am apenas a -ama*a s.perior 2 *isse a&io 2sob a terra *ee haer m.itas mais/ sto pare-e .m -emitrio/

Depois+ &eantan*o .m *os -rnios+ a&io aponto. para a bre-ha aberta no ,ron2ta&/

2 &hem/ sto ,oi em i*a *a -riat.ra+ ta&e?/ Sma -a-eta*a io&enta///ea*os por esse in*:-io+ e<aminamos o.tros ossos e en-ontramos inmeros sinais

*e io&Kn-ia/2 Dee ter hai*o gran*e &.ta+ &' em -ima/ s en-i*os ,oram atira*os a.i para

bai<o e a.i morreram+ e a.i ,i-aram///2 A po*e ter si*o isso+ .in-as/ E+ possie&mente+ moraam na.e&as -asas///Dentro *a minha -abe6a se *esenro&aram rapi*amente as tremen*as -enas *e .e

a.e&e &o-a& ,ora teatro+ .em sabe haia .antos anos ata.e aos pa-:,i-os mo2ra*ores *as -asas *e pe*ra/ ! *esespera*a *e,esa+ a &.ta sangrenta e a *errota ,ina&/ !.e&es .e :amos a&i no ,.n*o haiam simp&esmente morri*o/// Mas seriam sA es2sesF .antos o.tros teriam si*o -arrega*os pe&os se&agensF E .em seriam esseshomensF Bran-osF erme&hosF !t&antes F Brasi&eirosF EstrangeirosF =a*resF !ent.2

reirosF .em po*eria respon*er a essas perg.ntasF !s -asas+ *e-erto+ ,oram teste2m.nhas *e t.*o+ mas essas ;amais po*eriam ,a&ar/ E as perg.ntas ,orm.&a*as per2mane-eriam sem resposta+ ain*a por m.ito tempo/

5o entanto+ -omo a&io noto.+ haia .m ,&agrante -ontraste entre a.e&es es.e2&etos .e s.geriam .ma &.ta tremen*a+ e as -on-&.sHes a .e ha:amos -hega*opo.-o antes+ ao eri,i-ar .e os .e aban*onaram as -asas no ,.giram por.ena*a haiam *ei<a*o atr's *e si/// Era .m mistrio+ e ta&e? o p.*ssemos *e-i,rara&g.m *ia/

D.rante m.ito tempo an*amos entre os ossos *es-arna*os+ tentan*o arran-ar2&hes o segre*o *a i*a e *a morte/ E assim nos eio en-ontrar a noite/ o&tamos G

-asa *e pe*ra+ -ansa*os+ abati*os+ -om .m estranho peso na a&ma/.in-as a-ho. me&hor no ,a?er ,og.eira/2 5o sabemos on*e estamos/ me&hor tran-ar a porta -om a&g.ns ga&hos e nos

*eitarmos no es-.ro+ a: *entro/ !proamos a s.gesto e -onstr.:mos .ma sA&i*a porta -om ga&hos e bamb.s/ en2

ta*os no -ho+ tentamos -onersar+ mas era imposs:e&/ 5o nos sa:a *e *entro *oso&hos a iso *a.e&as -riat.ras .e haiam si*o mortas+ .e haiam apo*re-i*o &'em bai<o *a riban-eira e -.;os ossos esbran.i6a*os se espa&haam no ,.n*o *a ra2ina/ $eso&emos+ pois+ tratar *e *ormir/ De minha parte+ &eei m.ito tempo iran*oe reiran*o no -ho+ antes *e me entregar ao sono/

 !-or*ei -om a estranha impresso *e .e a&g.m se en-ontraa ao nosso &a*o+ a&2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 79/150

g.m .e no era amigo/ a-.*i me.s -ompanheiros/2 5o notaram na*aFenta*os+ o&hamos em torno/ Est'amos no pe.eno -ompartimento *o ,.n*o+ o

mesmo *o ,ogo+ para aproeitar2&he o -a&or/.in-as &eanto.2se si&en-iosamente+ e passo. para a sa&a *a ,rente/ =o.-o *epois

o&taa+ segre*an*oQ

2 ! porta "iraram a portaCorremos os trKs para o -ompartimento *a ,rente+ e imos+ -ontra a -&ari*a*e &'

*e ,ora+ .e a porta+ ,eita -om tanto traba&ho no se en-ontraa mais no &.gar/ a:2mos para o terreiro/ *ia -ome6aa a -&arear+ e .ma aragem ,ria nos p.nha arrepiosna pe&e/ 5ing.m/ 5a*a se me<ia/ si&Kn-io era -omp&eto+ a-abr.nhante/ A .m o.o.tro pio ,orte inha *o seio *a mata/

Entramos noamente+ e para ter .ma s.rpresa maior e mais *esagra*'e&/ ! nossaresera *e mantimentos+ ,r.tas+ -arne 2 t.*o haia *esapare-i*o/ !&g.m an*ara emtorno *e nAs e nos *espo;ara/ 5o entanto+ reinaa o mais -a&mo si&Kn-io na manhnas-ente/

Entreo&hamo2nos+ e sentimos .e o pni-o estaa m.ito prA<imo/2 =re-isamos ter -a&ma 2 a-onse&ho. a&io/ 2 e nos .isessem matar+ a esta hora ;' no -oners'amos/ "a&e? e&es sA .isessem as proisHes/

2 Mas .em sero e&esF2 e&agens+ *e-erto/2 Con-or*o 2 *isse .in-as/ 2 Mas amos embora/ 3 pre,er:e& a ,&oresta"ornamos a sair/ ! -&ari*a*e a.mentara+ e a a&ga?arra *os p'ssaros era in,erna&/

Ban*os *e araras+ *e peri.itos e papagaios passaam berran*o -omo possessos/Chegan*o ao &o-a& on*e .in-as estiera traba&han*o na tar*e anterior+ eri,i-amos.e to*as as ,&e-has prepara*as por e&e haiam *esapare-i*o+ bem -omo os -as-os

*e tartar.gas/2 earam t.*o o .e en-ontraram *e ti&+ e+ *e-erto+ no nos -onsi*eraram s.,i-i2entemente bons 2 -has.eo. a&io/

2 .e temos a ,a?er 2 *isse .in-as 2 preparar a&g.mas ,&e-has+ terminar os ar2-os e *ar o ,ora/ Este &.gar ma& assombra*o/

%oi o .e ,i?emos+ e+ pe&a hora *o a&mo6o+ -a*a .m -om se. ar-o e .m amarra*o*e ,&e-has+ est'amos na margem *o ing.+ sem ter en-ontra*o nenh.m motio *ea&arme/ !&i nos esperaa .ma s.rpresa/ Laia seg.ramente trinta pirogas en-a&ha*asna areia *a praia/ !ssim .e as imos+ re-.amos+ re-ean*o ter si*o aista*os tam2bm/ Depois+ por entre os tron-os+ p.semo2nos a obserar os arre*ores/ C.sto.+

mas -onen-emo2nos *e .e no haia se&agem a&g.m por perto/ 5ing.m tomaa-onta *as embar-a6Hes/ Cheios *e -oragem e por ini-iatia *e .in-as+ -orremos+metemo2nos n.ma *as -anoas e remamos igorosamente para a margem ,ronteira/ ! -orrente?a ,e?2nos *eriar m.ito e sA abor*amos a margem mais *e .m .i&@me2tro a ;.sante/ =.&amos+ *ei<an*o a -anoa+ .e &' se ,oi+ rio abai<o+ ro*an*o+ e mete2mo2nos pe&a ,&oresta .e se esten*ia G nossa ,rente/

D.rante m.ito tempo -aminhamos o mais *epressa poss:e&/ =aramos ao er .magran*e ae po.sa*a n.m a&to ga&ho/ .in-as reso&e. e<perimentar s.a per:-ia-omo ar.eiro $eteso. a -or*a+ e a ,&e-ha parti./ .imos .m ba.e s.r*o/ gran2*e p'ssaro abri. as asas -omo para oar+ e *e. .m grito+ mas as asas bateram o ar*esor*ena*amente e e&e ro&o. in*o a -air aos nossos ps/ Era enorme+ bran-o+ *e,o,as penas/ "inha pena-ho erme&ho na -abe6a e enorme bi-o re-.ro/ =oss.:a gar2ras a,ia*as e pernas ,ort:ssimas/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 80/150

Con-or*amos em .e *eia ser .ma ae *e rapina/ De .a&.er mo*o+ ,orne-e.2nos e<-e&ente assa*o e era isso apenas o .e esper'amos/ ! s.a -&assi,i-a6o nonos importaa abso&.tamente/

2 5o -ompreen*o -omo .e no en-ontramos ning.m ain*a 2 *isse .in-as+.an*o *e noo :amos a -aminho/

2 =ois e. estimo bastante no en-ontrar/ !-ho m.ito me&hor an*armos sAs/

2 Mas .e no amos sAs/2 ComoF 2 espanto.2se a&io 2 o-K .er *i?er .e a&g.m nos seg.eF2 em *i*a/ Esto. -erto *e .e imos sen*o seg.i*os *es*e .e sa:mos *a -asa

*e pe*ra/ "a&e? *es*e antes/enti .m -a&a,rio/2 Mas -omo .e no imos ning.m at agoraF2 =ois isso e<atamente o .e mais preo-.pa/ 5o sabemos .em so/ 5o sabe2

mos se so amigos o. inimigos e o .e *ese;am *e nAs/ e os tissemos isto+ ;'saber:amos *isso/ De .a&.er mo*o+ *eem ser se&agens/ A e&es so -apa?es *ean*ar pe&o mato sem se *ei<ar per-eber/

Contin.amos a -aminhar+ -arregan*o esse peso/ !o -air *a noite+ paramos perto*e .m ribeiro e ,i?emos *.as gran*es ,og.eiras/ !ssamos o resto *o p'ssaro e -ea2mos/ 5ossa -onersa+ *esanima*a e reti-ente+ giro. em torno *o mesmo ass.ntoQ.em seriam os homens .e nos perseg.iam+ por .e o ,a?iam+ por .e no semostraam+ .e preten*iam *e nAsF

 ! noite -ai. negr:ssima+ pois a &.a sA se &eantaria mais tar*e+ .ase sobre a ma2*r.ga*a/

 !*orme-i &ogo+ apesar *as preo-.pa6Hes/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 81/150

CAP!"#LO X 

 A ES"RAN&A SERRA 0ORMOSA

 !-or*ei+ ,ortemente sa-.*i*o+ e o.in*o a o? *e a&io+ a&tera*a+ nerosaQ2 eante2se+ Jeremias E&es///2 E&esF .emF2 E&es/// estieram a.i/embrei2me *os nossos misteriosos perseg.i*ores e notei .e est'amos Gs es-.2

ras/ !penas a -&ari*a*e p'&i*a *a &.a ming.ante i&.minaa as 'g.as -antantes *o ri2beiro/

2 E as ,og.eirasF2 E&es apagaram/ Jogaram 'g.a em -ima/

5esse momento+ .m .&to es-.ro apare-e.+ in*o *o gr.po *e 'rores mais prA<i2mas e a o? *e .in-as soo.Q2 5ing.m .miram2se e &earam t.*o A *ei<aram as bo&ea*eiras///2 Ca-horra*a 2 e<-&amei+ in*igna*o/ 2 Coar*es n*e esto esses im.n*os *ia2

bosF =or .e no apare-em &ogoF2 Ca&ma 2 a-onse&ho. a&io/ 2 5o a*ianta a gente se e<a&tar/ =or en.anto ain*a

estamos ios2 Sns ban*i*os+ o .e so 5ing.m os i.F.in-as respon*e. &entamenteQ2 E. estaa sonhan*o -om e&es/// onhaa .e nAs trKs -orr:amos por .ma p&an:-ie

e .e *e repente ieram *es-en*o *o -. inmeros g.erreiros n.s e sem ,a-e/ Eramtantos .e -obriam a &.? *o so& e ,i-o. t.*o m.ito es-.ro///2 De-erto o-K sonho. -om isso .an*o apagaram as ,og.eiras/2 "a&e?/ Dei<e -ontin.ar/ E&es -hegaram ao -ho+ a&-an6aram2nos e nos eno&e2

ram/ Sm me agarro. e+ -om ,or-a *es-om.na&+ ia me arran-an*o o bra6o/ !-or*einesse momento/ Estaa t.*o es-.ro e o me. bra6o es.er*o+ sob o -orpo+ a*ormen2ta*o/

2 Bem+ sonhos so to&i-es+ .in-as/ .e *eemos ,a?er a-en*er o.tras ,og.ei2ras/

J.ntamos ga&hos se-os e a-en*emos o.tras ,og.eiras/Mas .em *i? .e p.*emos a*orme-erF 5o ho.e meio/ =assamos o resto *a

noite a-or*a*os+ impressiona*os -om a.e&es estranhos perseg.i*ores inis:eis .eno nos *aam trg.as e -.;as inten6Hes no po*:amos -ompreen*er/

s primeiros -&arHes *o noo *ia ieram en-ontrar2nos senta*os+ -onersan*o+

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 82/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 83/150

 ! primeira -oisa .e imos ,oi .m ban*o *e ea*os .e pastaam -a&mamente+mais abai<o+ G margem *o arroio/

2 Chego. a hora *e .sarmos as bo&ea*eiras 2 *isse .in-as/ 2 amos -ombinar oata.e/ Este -ampo tem a ,orma *e .ma ,erra*.ra eno&i*a pe&a mata/ !s *.aspontas aan6am pe&a -ampina+ ten*o o regato ao -entro/ s ea*os esto entre as*.as pontas *a ,erra*.ra/ o-Ks seg.iro+ .m pe&a es.er*a+ e o.tro pe&a *ireita/ E.

esperarei a.i/ .an*o -hegarem Gs pontas *a mata+ -orram para o -entro+ espan2tem os ea*os e+ se p.*erem+ &an-em as bo&ea*eiras/ !&g.m h' *e -orrer para ome. &a*o/// amos/

 !ssim ,i?emos/ E. seg.i pe&a ponta *a es.er*a e a&io pe&a *a *ireita/ .in-as,i-o. a&i/ Chegamos ambos ao mesmo tempo Gs pontas *a mata/ a:mos -orren*oem *ire6o ao ban*o *e ea*os+ gritan*o e agitan*o as bo&ea*eiras/

=or .m momento+ e&es ,i-aram imAeis+ -omo .e prega*os ao so&o/ De repente*eram .m sa&to -on;.nto e &an6aram2se em *oi*a -arreira/// mas nenh.m para o &a*o*e .in-as 2 ao -ontr'rio+ to*os em *ire6o ao -ampo aberto/ Mas a&io e e. est'2amos a&erta/ $o*amos as bo&ea*eiras por -ima *a -abe6a+ e &argamo2&as/ E&as ,oram

-air entre os animais/ Sm *e&es *e. &ogo tremen*o trambo&ho e ,i-o. no -ho es2pernean*o+ enre*a*o/ .tro+ re-eben*o a bo&ea*eira nos -hi,res+ *e. ,ant'sti-o sa&topara a ,rente e p@s se a -orrer to &o.-amente .e passo. a*iante *e to*os e s.mi.G *istn-ia/

.in-as inha -orren*o+ e os trKs nos atiramos sobre o ea*o preso+ ao mesmotempo em .e o resto *o ban*o *esapare-ia ao &onge/ Com s.a ,a-a+ .in-as san2gro.2o a&i mesmo+ en.anto *i?iaQ

2 %.i tapea*o+ mas no ,a? ma&/ "eremos -omi*a para a&g.ns *ias///2 E per*emos .ma bo&ea*eira 2 *isse e. 2 o ea*o &eo.2a/2 !-ionaremos o ea*o por apropria6o in*bita e ab.so *e -on,ian6a 2 *isse a&2

io/ 2 Mas+ por en.anto+ -on*enaremos este a pagar o -rime *o irmo///"iemos e<-e&ente a&mo6o+ .e nos permiti. retomar o -aminho -om m.ito maisigor/

5esse *ia+ ,e? .m -a&or *os *iabos+ e+ antes *e bia-ar+ tomamos .m reigorantebanho no ribeiro/

Depois+ a-en*emos as ,og.eiras+ preparamos o ;antar e ,i-amos -onersan*o at-er-a *e *e? horas+ .an*o reso&emos *ormir/

Con,esso .e+ por mais estpi*o .e isto pare6a+ nos t:nhamos es.e-i*o -omp&e2tamente *os nossos inis:eis perseg.i*ores/ 5a manh seg.inte+ re-or*amo2nos *e2&es G ,or6a/ !s ,og.eiras tinham si*o noamente apaga*as -om 'g.a/ !s *.as bo&ea2*eiras haiam *esapare-i*o bem -omo to*a a -arne *e ea*o .e sobrara/

2 sto *emais 2 e<-&amo. .in-as+ ao *es-obrir a maroteira/ 2 =re-isamos tomar.ma proi*Kn-ia

2 .e proi*Kn-iaF 2 perg.nto. a&io/2 5o sei/// =ro-.r'2&os !-abar -om e&es2 =are-e2me *i,:-i&/// bem *i,:-i&Est'amos to*os in.ietos+ esta*o *o .a& a passagem para o pni-o apenas .m

passo/ Lo.e a&g.ns momentos *e si&Kn-io/ Depois+ a&io ,a&o.Q2 5o enten*o/// isto pare-e .e no tem ne<o/// mas tambm+ Gs e?es+ ,i-o pen2

san*o .e os nossos perseg.i*ores tKm .m ,im em ista/// E&es *eem estar pro-.2ran*o -onseg.ir .m e,eito .a&.er///

2 Mas .e e,eitoF 2 perg.ntei/2 5o sei/ Mas e&es esto seg.in*o .m mto*o///2 ra///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 84/150

2 im/// $epare/// 5o nos apare-em/// no nos ass.stam/// mas pro-.ram priar2nos *o a&imento e *os meios *e o obter/

2 ei/ .erem nos matar/ 5o issoF2 5o -reio+ Jeremias/ e o .isessem+ ;' tieram m.itas oport.ni*a*es para o ,a2

?er/ E no as aproeitaram/ 5o+ no/ ,im .e tem em ista o.tro+ .e no -om2preen*emos ain*a/

2 5em o -ompreen*eremos ;amais/ .an*o -hegar o momento *e -ompreen*er+estaremos mortos+ -omi*os e ta&e? *igeri*os no est@mago *esses im.n*os se&a2gens///

5esse *ia+ mais .ma e?+ ini-iamos a -aminha*a -om o est@mago a?io+ o .e no m.ito agra*'e&/ Mas+ pe&o -aminho+ .an*o atraess'amos bos.es+ .in-assempre -onseg.ia arran;ar ,r.tos e ra:?es+ .e mastig'amos an*an*o/ a&io a-ho..e isso era .ma er*a*eira marai&ha+ por.e assim Ono per*:amos tempo para-omerP/// 5o &he respon*emos -oisa a&g.ma/ imp&esmente -aminh'amos+ seg.in2

*o2o+ por.e e&e se -o&o-ara na *ianteira e s.a -are-a bri&haa &' a*iante+ aos raiosar*entes *o so&/Contin.'amos a *es-er pe&a margem *o ribeiro+ e o terreno -ome6aa a mos2

trar2se mais *i,:-i&/ ! mata emaranhaa2seU os nossos ,a-Hes tinham .e traba&harsem *es-anso/

D.rante 'rios *ias -aminhamos assim+ a&imentan*o2nos *e ,r.tos+ ra:?es e pe.e2nos animais .e .in-as -onseg.ia apanhar *e e? em .an*o/ Chegamos ao rioon*e o ribeiro *esembo-aa/ Era .m -.rso *V'g.a mais o. menos ,orte+ -om .ns100 metros *e &arg.ra/ =ara a&m+ no m.ito &onge+ erg.ia se .ma serra+ atraessa2*a em nosso -aminho/

2 ! erra %ormosa 2 e<-&amo. a&io/ 2 3 na o.tra ertente .e -orre o rio ririEstamos -a*a e? mais perto !traessamos o rio a na*o+ -omo ,i?ramos ;' o.tras e?es+ p.<an*o atr's *e nAs

.ma ;anga*a *e ga&hos sobre a .a& inha a nossa ro.pa/.an*o -ome6amos a s.bir a serra+ -ome6amos tambm+ sim.&taneamente+ a

sentir .ma aga angstia+ .ma es.isita impresso *e iso&amento/ ! erra %ormosa re-ortaa -ontra o -. per,is pitores-os/ =o*er:amos ter bati?a*o

a&g.ns *os aspe-tos mais -.riosos -om nomes e<traagantes+ -omo Oo -ara-o&P+ Oamama*eiraP+ Oa -abe6a *e -aa&oP+ Oo .r.b.P+ Oa mesa re*on*aP+ Oa bigornaP + etantos o.tros/ Era espet'-.&o ,as-inante+ ta&ha*o em propor6Hes monstr.osas/ Cen'2

rio prAprio para a representa6o *a pe6a O! Constr.6o *o M.n*oP/"a&e? ,osse isso o .e nos esmagaaQ a e<-essia gran*e?a *a paisagem/ Cas-a2tas *espenhaam2se pe&as en-ostas *e granito -om estron*os ens.r*e-e*oresU ege2ta6Hes ,ant'sti-as se &eantaram *as rainas mi*as+ ,etos arbores-entes s.rgiam*os grotHes .mbrosos/ .e 'rores eram a.e&asF .e gigantes-os egetais eramesses .e tanta estranhe?a nos -a.saamF ! nossa impresso era *e estarmos *ian2te *os monstr.osos e<emp&ares *e .ma ,&ora h' m.ito *esapare-i*a/ =or .e ra?oessas 'rores nos -hamaam to po*erosamente a aten6o+ se ha:amos passa*opor mi&hHes e mi&hHes *e o.tras sem sentir na*a *e parti-.&arF

5essa noite no nos &imitamos a a-en*er ,og.eiras/ Estabe&e-emos O.artos *e i2

gi&n-iaP/ %oi penoso+ mas+ em -ompensa6o+ permiti.2nos passar a noite sossega*a2mente e a-or*ar *es-ansa*os+ sem .e na*a *e anorma& nos tiesse a-onte-i*o/5ossa primeira re,ei6o se -onstit.i. *e ,r.tas .e en-ontramos -om *i,i-.&*a*e+

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 85/150

por.e .in-as no re-onhe-ia nas 'rores em re*or as s.as e&has ,orne-e*oras *e,r.tos -omest:eis/ Em to*o -aso+ mastigamos a&g.ns+ e<traor*inariamente s.-.&en2tos+ e+ se;a -omo ,or+ a&imentamo2nos/

.bimos *.rante to*o o *ia+ e pernoitamos em p&ena montanha+ n.ma -aerna es2-aa*a pe&a eroso/ Dentro *e&a -res-iam gran*es to.-eiras *e aen-as+ samambaiase ,etos *e estranhas ,ormas/ 5.m tron-o+ .e se in-&inaa para ,ora+ -res-en*o G

pro-.ra *o so& 2 enorme tron-o r.goso e mo&e 2 -res-ia .m ,ormi*'e& e<emp&ar *eor.:*ea+ *e esp-ie -ertamente no -&assi,i-a*a ain*a/ ! ,orma gera& &embraa oDen*robi.m + mas a in,&ores-Kn-ia no sa:a *os gomos *os pse.*ob.&bos+ e sim+*o 'pi-e *os mesmos+ -omo nas -att&eyas / !s ,ores tinham apro<ima*amente o,ormato *as &abiatas + -om &abe&.ns .e eram mais seme&hantes aos *os on-i*i.ns$ogersii / ! -o&ora6o era estranhaQ pta&as ro<o2negro e &abe&.m a?.&/ =or esse tem2po+ a minha pai<o pe&as or.:*eas ;' haia passa*oU mesmo assim+ senti pro,.n*aemo6o ao -ontemp&ar a.e&e e<emp&ar er*a*eiramente e<traor*in'rio e .e+ *e2-erto+ *ei<aria &o.-o .a&.er or.iti-.&tor -ons-iente/

En.anto e. a*miraa as or.:*eas+ a&io pes.isaa o interior *a gr.ta+ G pro-.2

ra *e est:gios h.manos+ e .in-as preparaa .ma re,ei6o -om ra:?es .e+ seg.n*oe&e+ *eiam ser m.ito boas///

Es-.re-e. e a ,og.eira p.nha ,ant'sti-os re,&e<os nas pare*es *o interior *a gr.ta/C.sto.2nos a*orme-er+ -om a impresso *e iso&amento .e nos perseg.ia+ mas no-reio .e possa transmitir per,eitamente o .e era/ 5o se *eia+ nat.ra&mente+ ao,ato *e nos en-ontrarmos sAs+ sem o.tros -ompanheiros+ por.e haia m.itos *ias.e assim ia;'amos/ :nhamos sAs os trKs *es*e .e *ei<'ramos o -emitrio s.b2terrneo 2 e t:nhamos atraessa*o morros+ ,&orestas e pntanos sem sentir iso&amen2to/ ent:amo2nos+ por assim *i?er+ Oem nossa terraP+ -omo se estissemos garanti2*os e protegi*os por &eis e -ost.mes -om.ns Gs terras -ii&i?a*as/ Mas+ agora+ *es*e

.e s.b:amos a erra %ormosa+ era -omo se tissemos entra*o n.ma regio *eo.tro p&aneta 2 e to*a a impresso *e seg.ran6a *esapare-era/ ab:amo2nos iso&a2*os+ *esprotegi*os+ G mer-K *e ,or6as in-ontro&'eis/ E era .ma paorosa impresso+essaU .ma impresso intrans,er:e&/

 !-or*amos pe&a ma*r.ga*a -om essa mesma impresso e+ -om e&a ain*a+ re-o2me6amos a s.bi*a/ s nossos perseg.i*ores teriam esta*o no nosso &a*o nessa noi2teF 5o o so.bemos/ 5a*a t:nhamos .e nos p.*esse ser tira*o+ e a ,og.eira ,i-araa-esa to*a a noite/

.an*o s.b:amos+ en-ontramos+ em -ertos tre-hos+ a&go s.rpreen*enteQ a&g.ma;eitara as ro-has em ,orma *e *egra.s nos pe*a6os mais perigosos *a s.bi*a/ !&2

g.mF . seriam nat.rais a.e&es *egra.sF Jamais o -onseg.imos saber+ apesar *epro-.rarmos -.i*a*osamente est:gios *os traba&ha*ores .e po*eriam ter ,eitoa.e&a es-a*a/

Bem+ *e na*a a*ianta estarmos *es-reen*o a s.bi*a *a serra/ Basta *i?er .e &e2o. -in-o *ias para -hegar ao a&to/ !traessamos tre-hos ,'-eis+ tre-hos *i,:-eis etre-hos perigosos/ ! penosa sensa6o *e iso&amento no nos aban*ono. .m instan2te+ at -hegarmos ao topo/ ! paisagem+ apesar *e *es&.mbrante+ no -onseg.i.+n.n-a+ ameni?ar a.e&a impresso/

 !o anoite-er *o .into *ia -heg'amos+ a,ina&+ ao -.me *a gran*e serra+ .ma es2p-ie *e p&at@ .e ma& per-eb:amos na obs-.ri*a*e/ Em ,rente+ abai<o *e nAs+ era

t.*o negro/ 5a*a se po*ia er/ 5o en-ontramos+ tambm+ nenh.ma esp-ie *eabrigo/ Depois *e mastigar a&g.ns *a.e&es ,r.tos .e nos -ansaam ;' o pa&a*ar+esten*emo2nos na pe*ra n.a/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 86/150

CAP!"#LO XI

NO LIMIAR DO CAOS

 !-or*amos ao som *e io&ent:ssimo troo .e ,i-o. ribomban*o &ongamente+-omo .e arrasta*o G ,or6a por entre pi-os *e montanhas/ nstintiamente nos sen2tamos e nos apro<imamos .ns *os o.tros+ -om os o&hos m.ito abertos nas treas/

2 "rooa*a 2 *isse a&io em o? bai<a/E+ -omo para -on,irmar a s.a genia& *es-oberta+ .m seg.n*o troo esta&o.+ to

io&ento -omo o primeiro/ mensa espa*a *e ,ogo ?ig.e?ag.eante *es-e. *o -. emete.2se pe&a terra em a&g.m &.gar+ prA<imo+ G nossa es.er*a/ .imos .m gigan2tes-o esta&i*o/ Chego. at nAs ,orte -heiro *e terra .eima*a+ e+ por .m r'pi*o mo2mento+ se *es-ortino. aos nossos o&hos *es&.mbra*os .ma paisagem atormenta*a/

Era o panorama *o -aminho por on*e ha:amos *e -ontin.ar a nossa iagem/ "ie aimpresso *e .e a&g.m haia atira*o para a.e&e -anto to*as as ro-has+ to*os osmateriais sobra*os *a -onstr.6o *os p&anetas/ iso to r'pi*a -omo .m pis-ar *eo&hos+ mas to ia e impressionante .e me ,i-o. graa*a na retina at ho;e/

2 o-Ks iramF2 E. i/2 E. tambm/ =are-e o in,erno///Sm ter-eiro troo esto.ro./ E o.tra &:ng.a *e ,ogo ris-o. as treas G nossa es2

.er*a/ A .e esta e? e&a parti. *a terra+ e.i&ibro.2se *.rante a&g.m tempo+ tre2m.&an*o+ e *epois s.bi. em *ire6o a .m noe&o *e n.ens negras/ Em seg.i*a en2

ro&o.2se sobre si mesma+ regiran*o+ trans,ormo.2se n.ma gran*e bo&a :gnea e+ -omobo&ha *e sabo so&ta+ *e. .m sa&to+ per-orre. o -. enegre-i*o e reo&to n.ma &on2ga par'bo&a e ,oi merg.&har no hori?onte G nossa ,rente+ atr's *e .m imenso pi-onegro .e i&.mino. *.rante .m *-imo *e seg.n*o/

2 ! Bo&a *e %ogo 2 m.rm.ro. a&io -om a o? presa/2 ! &en*a/// a OMe *o 7.roP ///5esse momento *esabo. o ag.a-eiro/ ! -h.a -ome6o. a -air em torrentes+ -om

r.:*o ens.r*e-e*or/ ! terra estaa amea6a*a *e s.bmerso De-erto+ ia haer o.tro*i&io/ Eram -ataratas ro&an*o ininterr.ptamente 2 e nAs sem nenh.ma possibi&i*a*e*e abrigo 5a.e&a noite *os 0e&agens o.ros + haia as ro-has ao nosso &a*oU

mas+ agora+ na*a/ Est'amos no a&to *e .m morro+ n.m p&at@ p&ano/ E a 'g.a ro&an2*o+ ro&an*o///2 E se *es-ermosF 2 gritei/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 87/150

2 o-K est' &o.-o e *ssemos .m passo para bai<o+ a en<.rra*a nos &earia ime2*iatamente -omo pa&has

$e,&eti .e rea&mente seria assim/ ! 'g.a se pre-ipitaa -om tamanha io&Kn-iape&as ertentes *a serra+ .e .a&.er tentatia *e *es-i*a seria simp&esmente s.i-:2*io/ E+ assim+ a&i tiemos .e ,i-ar imAeis sob o ag.a-eiro+ assistin*o ao terr:e& es2pet'-.&o *os re&mpagos .e se s.-e*iam io&entos+ *es&.mbrantes+ seg.i*os por

*emora*os e ens.r*e-e*ores troHes/ =or 'rias e?es+ G &.? *as ,a:s-as+ entreimosas ro-has amontoa*as+ em *esor*em &' em bai<o+ sem+ no entanto+ po*er ,a?er i*eiae<ata *o er*a*eiro -en'rio/

*ia nas-e.+ mas a tempesta*e -ontin.o. ig.a&+ io&enta+ ininterr.pta/ =are-:a2mos ,&e-ha*os *entro *e .m -:r-.&o *e -ortinas -in?entas+ .e no nos *ei<aa en2<ergar na*a+ a&m *e a&g.ns metros/ Era t.*o ,os-o+ impenetr'e&/

*ia se passo. inteirinho+ arrasta*o+ &ento+ *esespera*or+ *entro *essa -h.a pe2sa*a+ ma-i6a+ intermin'e&/ Ca-hoeiras ro&aam pe&a serra abai<o+ ;.ntan*o se.s es2tron*os aos estron*os *os troHes/

 !o anoite-er+ est'amos -ansa*os e irrita*os/

2 .e -oisa in,erna& sto n.n-a mais ai terminar %oi sempre assim De-erto sAno -hoe. no momento em .e -hegamos/ Mas isto ,oi sempre assim2 $ea&mente ;' *emais 2 -on-or*o. a&io/2 =are-e o ,im *o m.n*o/ .in-as+ .e estiera -a&a*o+ ,a&o. tambmQ2 pior .e estas -h.as se pro&ongam Gs e?es por .ma semana/ J' tenho is2

to -h.as -a:rem *.rante .m mKs seg.i*o/ .e raro er .ma tempesta*e io2&enta -omo esta/

 !s pa&aras *e .in-as no eram na*a anima*oras/

Mas+ ,e&i?mente+ a.e&a tempesta*e no *.ro. .m mKs+ nem .ma semana/ Depois*a meia2noite -ome6o. a *imin.ir a s.a io&Kn-ia e+ pe&a manh+ ;' no -hoia/.an*o o so& nas-e.+ o -. estaa to &impo+ to a?.&+ to sereno -omo se ;amaisho.esse e<isti*o n.ens/ Era .m -. &aa*o+ es,rega*o+ po&i*o -omo pare*e *ea?.&e;os re-m ensaboa*a/

&hamos o a&e para on*e *eer:amos *es-er/ E tiemos *iante *e nAs o espet'-.2&o mais ang.stioso .e o&hos h.manos ;' p.*eram -ontemp&ar/ .e os re&mpagosnos tinham permiti*o er a intera&os+ e G &.? r'pi*a+ era apenas .ma amostra m.itoaga *a rea&i*a*e/ ! per*er *e ista 2 at on*e o -. e a terra se -on,.n*iam namesma &inha 2 era t.*o .m mar *e es-ombros

 !.e&a primeira impresso .e e. tiera me o&to. G menteQ Era -omo se o pe*rei2ro .e -onstr.i. as es,eras -e&estes tiesse &an6a*o para a&i as sobras *o materia&/>igantes-os pe*a6os *e ro-ha atira*os ao a-asoU montHes enormes *e areia+ o. *o.e pare-ia areiaU -oas imensas -omo -rateras *o e<tintos .&-HesU &agoas *e 'g.asimAeis 2 e+ a.i e a&i+ a&g.ns arb.stos+ mas .e arb.stos >a&hos retor-i*os+ n.s+*is,ormes+ sem ,o&has

2 Bem me pare-e. .e isto o in,erno 2 *isse .in-as esb.ga&han*o os o&hos paraa.e&e horror/

2 E temos .e atraessar isso 2 m.rm.rei ,as-ina*o pe&a ,ea&*a*e ine<-e*:e& *a2.e&e abismo/

2 J' .e temos *e o atraessar+ amos &ogo

2 im+ a&io 2 *isse .in-as+ sem ent.siasmo 2 mas on*e en-ontraremos manti2mentos e 'g.aF

5o t:nhamos pensa*o nisso/// Mantimentos/// Rg.a/// !s ine<or'eis -a*eias .e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 88/150

&imitam os passos *o homem%omos at G bor*a *o p&at@/ &hamos a ertente por on*e ha:amos s.bi*o/ .e

*i,eren6a ! ,&oresta se esten*ia+ er*e;ante+ esp&Kn*i*a+ *es*e os nossos ps+ in*oper*er2se ao &onge+ na &inha *o hori?onte !&i estaam a i*a+ 'g.a+ a&imentos+ som2bras ,res-as Em bai<o *a.e&as 'rores+ era poss:e& ier+ ao passo .e &' para*iante sA nos esperaam a ari*e?+ o -a&or+ a ,ome+ a *eso&a6o+ o -ansa6o

2 im/// 2 *isse a&io+ -omo se estiesse &en*o o me. pensamento 2 para tr's+t.*o me&hor/ Mas o nosso *estino a.e&e+ para a ,rente 2 e para a ,rente -ami2nharemos

5o *is-.timos/ iramos para -hegar a .m *etermina*o &.gar 2 e+ o. -hegar:a2mos a e&e+ o. morrer:amos no -aminho %a?ia mais *e seis meses .e *ei<'ramoso =a.&o+ e no po*er:amos *esistir agora/ J' ha:amos atraessa*o .m *eserto-heio *e amea6as *e morte+ e t:nhamo2&o en-i*o !&m *isso+ *e:amos estar perto*o ,im 2 se .e os -'&-.&os *e a&io estaam -ertos/

2 Bem/ amos ser pr'ti-os+ ento 2 *isse e./ 2 Des-eremos *e noo at a or&a *a,&oresta %aremos proiso *e ,r.tos e ra:?es+ en-heremos a&g.mas -aba6as *e 'g.a+

*es-ansaremos a&g.mas horas e o&taremos para atraessar o Caos///%oi o .e ,i?emos/ 5a ,&oresta+ .in-as so.be en-ontrar gran*e proiso *e ,r.tos

e ra:?es/ Dormimos to*a a noite+ .e bem o pre-is'amos e+ na manh seg.inte+bem -e*o+ en-hemos *V'g.a oito gran*es -aba6as *e pes-o6o ,ino+ .e amarramos-om -ipAs G -int.ra e+ -a*a .m *e nAs+ arma*o *e .m -a-ete 2 ni-a arma .e as-ir-.nstn-ias nos permitiam+ a&m *os ,a-Hes *e .e n.n-a nos ha:amos separa*o2 imo2nos noamente sobre o p:n-aro *a serra on*e ha:amos passa*o as *.as noi2tes *e tempesta*e/

=or .m *esses a-asos ine<p&i-'eis+ a&io *es-obri. n.m pi&ar *e pe*ra ig.a& ao.e ;' en-ontr'ramos *ias antes+ a&g.ma -oisa .e &he -hamo. a aten6o/

2 enham er L' .ma ins-ri6o+ a.i$ea&mente+ n.ma *as ,a-es *o pi&ar+ a .e se o&taa para o Caos+ estaam pro2,.n*amente graa*os *ois gr.pos *e tra6os+ o *e -ima representan*o *ois tring.2&os+ 'pi-e -ontra 'pi-e+ e o *e bai<o+ *.as &inhas -.ras entre&a6a*as/

a&io e<amino. os tra6os *.rante a&g.ns momentos+ e+ *epois+ ,a&o.Q2 sto tem .m gran*e signi,i-a*o/ s *ois tring.&os+ -o&o-a*os nesta posi6o+ .e2

rem *i?erQ O%ogo *o -. e ,ogo *a terraP / tring.&o *e -ima $a   e o *e bai<o "a / primeiro representa o ,ogo *a terra e o seg.n*o+ o ,ogo *o -./// embrem2se *as *.as noites passa*as+ e ero .e isso .er *i?er a&g.ma -oisa///

2 E essas *.as &inhasF

.erem *i?er .ase o mesmoU representam o O!bismo *o -.P  e o O!bismo *a"erraP / $e-or*em2se *o .e imos/ &hem para esse -en'rio+ e;am a a&t.ra em .eestamos 2 e per-ebero a &iga6o pro,.n*a entre essas ins-ri6Hes e a rea&i*a*e *o &o2-a& em .e estamos/ =ortanto+ *e-&aro mais .ma e?Q Estamos no -aminho -erto=ara a ,rente

ni-iamos a ines.e-:e& mar-ha para o Caos tempo -ontin.aa Atimo/ -.+a?.& -omo o interior *e .ma t.r.esa bem po&i*a/ opraa .ma aragem s.ae 2 e+ &'em bai<o+ aos nossos ps 2 Oo -ampo *e *estro6os *o m.n*oP

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 89/150

CAP!"#LO XII

O ALE DOS ESCOMBROS

Esta -aminha*a por entre os *estro6os gigantes-os ,oi a parte mais penosa *eto*a a nossa iagem/ !s *i,i-.&*a*es -ome6aram no sop *a gran*e serra+ .e &ea2mos *ois *ias para *es-er/ !s ro-has *e -apri-hosas ,ormas estaam+ -omo ;' *isse2mos+ atira*as a esmo e ,ormaam mean*ros+ -orre*ores+ &abirintos ,atigantes/ Aaan6'amos -ontornan*o os pe*ro.6os em &ongas o&tas+ ora para a *ireita+ orapara a es.er*a/ sso no seria na*a+ pois a.mentaria apenas *e a&g.ns .i&@metroso nosso per-.rso/ pior era o so&o+ gran:ti-o+ r.goso+ irreg.&ar+ .ma tort.ra para osps/ 3 ,'-i& -a&-.&ar -omo estaria o nosso -a&6a*o *epois *e seis meses *e mar-ha+embora nos tissemos proi*o *e botas e<-ep-iona&mente ,ortes+ e embora tisse2

mos ,eito boa parte *a iagem em -anoa e nas m.&as/ !s so&as se haiam a*e&ga6a2*o m.ito -om a -ontin.i*a*e *o pisar sobre as s.per,:-ies r.gosas e irreg.&ares *ap&an:-ie atormenta*a 2 e tiemos .e ,i-ar .m *ia inteiro *es-ansan*o e re,res-an*oos ps+ assim .e en-ontramos .m regato *e 'g.as erme&has .e -orria entre asro-has e isto+ *epois *e *ois *ias *e mar-ha/

D.rante esse *es-anso+ sentimos -om maior intensi*a*e o .anto era *eso&a*o+terrie&mente *eso&a*o o a&e *os es-ombros / De -ima+ inha .m so& in-&emente+.e reerberaa nas arestas *as pe*ras/ Do so&o s.bia .ma temperat.ra bo-horna&.e pare-ia agarrar2se G pe&e *a gente/ E+ sobret.*o+ reinaa .m si&Kn-io ma-i6o+*enso -omo 'g.a/ si&Kn-io+ .e estamos a-ost.ma*os a sentir+ o si&Kn-io *a noite

na -i*a*e+ no -ampo+ o. na mata+ ,eito *e mi&hares *e pe.enos r.:*os .e o nos2so o.i*o no *isting.e nem *isso&e/ !&i ,a&taa isso/ %a&taa to*a e .a&.er mani2,esta6o *e i*a/ %a&taa .a&.er esp-ie *e r.:*o/ Era o si&Kn-io abso&.to/ 5o poss:e& transmitir2se a impresso .e nos esmagaa 2 e isto+ esta in-apa-i*a*e *etransmisso *e -ertas sensa6Hes m.ito sa.*'e& para o &eitor+ .e+ assim+ se &ira*a angstia/ A s.portamos esse pesa*e&o *.rante .m *ia inteiro *e imobi&i*a*e por2.e nos preo-.p'amos m.ito em a&iiar os ps e por.e est'amos m.ito -ansa2*os/

.in-as e<perimento. beber .m po.-o *a.e&a 'g.a erme&ha *o regato+ mas-.spi. &ogoQ

2 Brrrr >osto *e ,err.gemE. e a&io tambm e<perimentamos o Ogosto *e ,err.gemP *a.e&a 'g.a+ .e

era+ rea&mente+ m.ito pron.n-ia*o/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 90/150

=e&a tar*e+ .an*o ;' nos sent:amos bem me&hor+ e .an*o a impresso *e so&i*oia a.mentan*o -om a.e&a imobi&i*a*e *o ar .e -ara-teri?a os o-asos em .e a5at.re?a pare-e *ese;osa *e *es-ansar por .m min.to+ a&io &eanto.2se e -ome26o. a an*ar/ .bi. a .ma &omba*a *e granito+ .ns -em metros a*iante+ e po.-o *e2

pois -hamo.Q2 Jeremias enha -' A o-K/// .in-as .e ,i.e a:///eantei2me e -aminhei para a&io/2 e;a/// &he bem para a.e&a pe*ra a -.;a sombra .in-as est' senta*o///&hei e+ instintiamente bra*eiQ2 SVa moa&io -on,irmo.Q2 Sma gigantes-a mo ,e-ha*a+ no FEra esse o ,ormato *a ro-haQ .ma gigantes-a mo+ -om seis metros *e a&t.ra+ ,e2

-ha*a e apoia*a sobre o so&o/ 5As estiramos senta*os G sombra *a.e&e mons2

tr.oso p.nho+ e .in-as &' -ontin.aa+ pe.enino+ entre os *e*os an.&ar e m*io *omo *e pe*ra/ ! per,ei6o *a es-.&t.ra era impressionante nos se.s menores *eta2&hes 2 t.*o min.-iosamente es-.&pi*o+ -omo se .m *espropor-iona& artista tiessetraba&ha*o -arinhosamente na.e&a obra/

5o .er:amos a-re*itar .e ,osse obra h.mana+ e+ no entanto+ sA po*:amos o&harpara e&a+ sob a impresso *e .e .m es-.&tor haia an*a*o em re*or *a pe*ra+ -oms.as ,erramentas+ sobre an*aimes+ po&in*o+ *esbastan*o+ *an*o ,orma/ 5o entanto+na.e&e &.gar+ sA po*ia ser+ rea&mente+ .m -apri-ho *a 5at.re?a///

Depois+ .in-as eio para o nosso &a*o e arris-o.Q2 %oi a&g.m .e ,e? isto/// Est' m.ito bem ,eito

=er*oe2nos a 5at.re?a por essa irreerKn-ia/ Mas -hamamos em nossa *e,esa .m,ato .e a-onte-e ,re.entemente e *e-erto ;' a-onte-e. -om o-K+ &eitorQ .ma se2nhora .a&.er para *iante *e .m ramo *e marai&hosas ,ores/ &ha+ o&ha e e<-&amaQ2 .e &in*as =are-em arti,i-iais

Depois+ o&tamos para a sombra *a mo *e pe*ra+ ;.nto ao regato ,err.ginoso ea&i passamos a noite/

me*onho si&Kn-io .e nos esmagaa ,oi s.bitamente interrompi*o/ !-or*amos-ertos *e .e ho.era .ma e<p&oso em .a&.er parte+ no &onge/ $.mores s.r*os+pro,.n*os -omo o ro*ar *e pesa*os -arros+ en-hiam agora o &argo espa6o tort.ra*o*o a&e/ Depois+ para o nas-ente+ o -. -ome6o. a ass.mir tons aerme&ha*os+ a-i2&antes+ .e a.mentaam a -a*a min.to+ at se trans,ormar to*o o -. n.ma imensaman-ha r.bra/

2 .e ser' issoF 2 in*ago. a&io/ 2 =are-e -&aro *e in-Kn*io2 n-Kn*ioF 2 perg.ntei espanta*o/ 2 eria rea&mente .ma -oisa sem pre-e*entes+

ro-has ar*en*o no *eserto.in-as .e no *isse na*a/ Corre. e s.bi. a .ma a&ta ro-ha/ iamos s.a si2

&h.eta negra -ontra o ,.n*o r.bro *o -. 2 e ;.ro .e era .ma -ena *e ,as-inantebe&e?a 2 e *e .ma be&e?a tr'gi-a/

Depois+ a s.a o? -hego. at nAs+ esgani6a*aQ

2 %ogo %ogo Est' t.*o em -hamas &' em bai<oCorremos e po.-o *epois est'amos+ o,egantes+ ao &a*o *o nosso g.ia/ rosto *e

me.s amigos estaa -or *e brasa/ e.s o&hos+ arrega&a*os *e espanto+ bri&haam

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 91/150

-omo -arHes a-esos/ ! &tima ,rase *e .in-asQ OEst' t.*o em -hamas &' em bai<oP+ pare-e.2nos+ ao

primeiro go&pe *a ista+ e<presso *a rea&i*a*e/ Mas+ *epois *e a-a&ma*os per-ebe2mos .e no era bem isso/ 5a er*a*e haia ,ogo &' embai<o+ mas no estaa Ot.*oem -hamasP/

.e :amos era .m imenso &ago *e -hamas+ a,asta*o *e nAs .ns trKs .i&@me2

tros/ Dir2se2ia .ma ba-ia *e granito -heia *e petrA&eo ar*en*o/ !.i e a&i+ &abare*asse &eantaam+ esti-aam2se io&entamente+ estor-en*o2se+ &ambiam as n.ens e *e2-res-iam -omo e&'sti-os re&a<a*os/ 5a margem *o &ago haia trKs imensos rep.<os*e ,ogo+ trKs -o&.nas *e -hamas &:.i*as .e+ .ais mang.eiras *e bombeiros+ ;orra2am *a terra merg.&han*o no -entro *o b'ratro ,am:omo/

Est'amos m.*os/ 5o haia o .e *i?er/ A po*:amos o&har/ &har ,i<amente ogran*e e terr:e& espet'-.&o/ r.:*o s.r*o -ontin.aa/ !s &abare*as &eantaam2separa as n.ens+ .mas atr's *as o.tras+ in-ansae&mente/

Estiemos m.ito tempo a&i+ ,as-ina*os/ Depois+ -omo era pre-iso *ormir+ *es-e2mos/

 !ntes *e a*orme-ermos+ a&io+ .e estaa m.ito pensatio+ ,a&o.Q2 !-ho .e -ompreen*i *o .e se trata/ Estiemos o&han*o para .m .&-o ,r.stra2*o/// 5at.ra&mente+ h' no s.bso&o minerais em ,.so/ ! e<panso *os gases abri.a.e&es rep.<os *e ,ogo+ e a -on-ai*a*e nat.ra& en-he.2se *e &aas/ "iemos a rara,e&i-i*a*e *e -hegar a.i no momento em .e os gases e<p&o*iram+ *an*o origemaos trKs estranhos OgeisersP :gneos/ e isto no *.rar m.ito tempo+ amanh eremos*e perto -omo ,i-o. o &ago/

 o&tamos a esten*er nos ;.nto G mo *e pe*ra/D.rante m.ito tempo+ ,i.ei o.in*o os ron-os s.bterrneos e en*o o -&aro *o

,ogo no -.+ .e a.mentaa e *imin.:a -onstantemente///

T T T

 !-or*amos -om o so& a pino+ n.ma atmos,era esbrasea*a/.bimos a e&ea6o/ !gora+ &' a*iante+ haia rea&mente .m &ago+ *e s.per,:-ie re2

bri&hante+ &isa+ po&i*a -omo .m espe&ho/ 5o haia ne&a o m:nimo moimento/ 5ohaia mais ,ogo/ !penas+ a.i e a&i+ *a asta s.per,:-ie espe&hante se erg.iam+ pre2g.i6osamente+ o&.ta?inhas *e ,.mo a?.&+ .e pare-iam a&-an6ar o -.+ mas se *es2,a?iam *epressa/

2 !: est' 2 *isse a&io/ 2 ".*o .ieto/ !s ,or6as *a 5at.re?a esto *es-ansan*o///2 !-ho m.ito me&hor assim 2 opino. .in-as/2 =ois e. no 2 a-.*i/ 2 Era .m espet'-.&o marai&hoso e e. gostaria *e K2&o no2

amente/2 .e gosto estraga*o 2 e<-&amo. a&io/ 2 Mas -reio .e este *ee ser .m espe2

t'-.&o periA*i-o/ 5o ,oi a primeira e?+ nem ser' a &tima .e os trKs rep.<os *e,ogo se erg.em sobre esse &ago *e &aa///

2 amos in*oF 2 &embro. .in-as/ 2 5o temos proisHes para m.ito tempo///%omos in*o/// .er:amos passar perto *o &ago+ mas no ,oi poss:e&/ rra*iaa .m

-a&or to s.,o-ante+ .e tiemos *e passar bem &onge/ !.e&a imensa s.per,:-ie+ &isa

-omo .m espe&ho+ *entro *e a&g.m tempo+ -erto estaria ,ria e sA&i*a+ -omo gran*e&ente *e -rista& ,.n*i*a para ,a?er parte *e a&g.m .&tra2potente te&es-Apio/

=assamos a*iante e seg.imos o nosso -aminho+ sem o.tra noi*a*e+ seno o in2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 92/150

,in*'e& si&Kn-io/ =e&a tar*e *esse *ia+ .an*o *es-ans'amos+ .in-as e<-&amo.+ *erepenteQ

2 ra bo&as !gora .e esto. per-eben*o2 .e F 2 perg.ntei+ espanta*o/2 si&Kn-io J' sei2 .e tem o si&Kn-io+ .in-asF

2 3 por.e no h' nenh.m anima&+ nenh.ma ae neste *eserto J' iram a&g.mp'ssaro oan*oF

2 3 isso mesmo 2 aproo. a&io/ 2 ! a.sKn-ia *e 'rores e *e animais .e tornato ang.stiosa esta so&i*o 5o h' a m:nima mani,esta6o *e i*a a.i/// e :sse2mos+ ao menos+ a&g.ma serpente+ .a&.er -oisa ia/// ;' nos sentir:amos o.tros

5esse momento+ per-ebi a&go &' a*iante+ ;.nto a .ma pe*ra negra/ .spen*i a res2pira6o e ,i? sina& *e si&Kn-io nos me.s -ompanheiros/

2 .e ,oiF 2 perg.nto. a&io/2 =ssii. 2 ,i? e./ 2 L' .m anima& .a&.er a&i///Caminhamos &entamente para o ponto on*e e. ira .a&.er -oisa se moer/ E o.2

tra e? essa -oisa se me<e./ Desta e?+ porm+ nAs trKs imos o moimento/2 3 .m bi-ho 2 m.rm.ro. .in-as/2 Bem 2 *isse a&io+ a&egre+ a meia o? 2 ento e<iste i*a por a.iChegamos at bem perto *a pe*ra negra .e o-.&taa o bi-ho e es-on*emo2nos

atr's *e o.tra/ .in-as pego. n.m sei<o e atiro.2o ao &o-a& on*e a -oisa se moera/Lo.e .m moimento r'pi*o -omo .m re&mpago/ En-o&hemo nos instintiamente/

2 5o po*e ser 2 protesto. .in-as/ 2 Ja-ars no iem em &.gares se-os -omoeste

 ! O-oisaP .e se moera to rapi*amente e parara era+ rea&mente+ .ma -abe6a *e ;a-ar+ o. ta& me pare-era/ ! *i,eren6a estaa em .e os o&hos+ m.ito sa&ta*os+ ti2

nham estranha mobi&i*a*e e .e sobre o ,o-inho se &eantaa .ma -rista -Arnea .ese pro&ongaa para tr's/ =are-ia .ma serra *e gran*es *entes/ E+ a ;.&gar pe&a -abe26a+ o bi-ho *eia ser m.ito gran*e/ De repente+ a bo-a *o O;a-arP se abri.+ e *e*entro *e&a p.&o.+ -omo mo&a+ .ma &:ng.a trKm.&a+ ,&e<:e&+ bi,.r-a*a+ e .e se re-o2&he. &ogo/

2 3 .m &agarto gigante 2 *isse a&io/2 Esperem/// o. ,a?er esse ma&-ria*o se apresentar 2 e+ apanhan*o .ma pe*ra

maior+ .in-as atiro. 2a/ Ento+ imos/ bi-ho *eseno&e.+ rapi*amente+ espanto2sa e&o-i*a*e/ =asso. perto *e nAs+ ,a?en*o2nos p.&ar e ,oi parar mais a*iante+ emp&eno so&+ moen*o nerosamente a &onga -a.*a/

2 J' sei 2 *isse a&io -om ar *o.tora&/ 2 Me.s amigos Estamos *iante *e .m ani2ma& *as po-as pr2histAri-as+ mas .m anima& .e+ seg.n*o os nat.ra&istas+ no *e2ia e<istir a.i/ Esse o Oaran.s Iomo*osensisP+ .ma esp-ie gigantes-a *e sa&a2man*ra en-ontra*a na i&ha *e [omo*o e .e -ontaa seis representantes no Zoo *eBer&im/ Chega a me*ir sete metros *e -omprimento+ e esse *ee ter .ns -in-o o.seis 2 e+ seg.n*o *i?em+ iem nos *esertos e sentem2se per,eitamente G onta*e no,ogo///

2 Ento+ ;' sei on*e ai 2 interrompe. .in-as/ 2 ai tomar o se. banho?inho na2.e&e &ago .e ,i-o. &' atr's///

 !ssim ,oi .e traamos -onhe-imento -om o primeiro habitante *o a&e *os es2 

-ombros / E e&e no pare-e. in.ietar2se m.ito -om a nossa presen6a/ Dei<o.2se ,i2

-ar+ imAe&+ -omo se ,ora .ma -obra+ botaa para ,ora a -ompri*a &:ng.a+ para re-o2&hK2&a ime*iatamente/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 93/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 94/150

CAP!"#LO XIII

SER3 #M A"LAN"E4

"iemos gran*e *i,i-.&*a*e em s.bir a serra es-a&ara*a/ !t a&io estaa en,ra2.e-en*o+ apesar *e to*a a s.a -oragem+ e e. *eo+ a bem *a er*a*e+ *i?er omesmo *e mim+ embora me ,osse ,'-i& inentar .ma por6o *e -oisas a me. respei2to/// Mas .in-as/// esse sim Era o mesmo a&ente g.ia .e ;' o.tras e?es nos sa&2ara -om a s.a sing.&ar energia/ !nimaa2nos/ .bia agarosamente e obrigaa2nosa ,a?er o mesmo embora estissemos .ase sem na*a para -omer+ e+ portanto+ ti2ssemos pressa *e -hegar ao O,imP/ e t:nhamos bastante 'g.a+ a-onte-ia o -ontr'2rio -om a -omi*a/ De to*os os ,r.tos e ra:?es .e ha:amos -o&hi*o na ,&oresta antes*e *es-er para o a&e *os es-ombros + sA nos restaam a&g.mas ra:?es .e+ a&m *e

serem po.-as+ tinham pssimo gosto e eram m.ito ,ibrosas/ De tanta -oisa boa .etiramos a prin-:pio+ sA nos sobraa o pior/ "anto er*a*e .e o ma& *.ra mais.e o bem/

%oi *.rante essa s.bi*a .e nos &embramos noamente *os nossos inis:eis per2seg.i*ores+ .e haiam *a*o ,re.entes sinais *a s.a presen6a *es*e .e sa:ramos*o -emitrio s.bterrneo at G entra*a no a&e *os es-ombros / .em seriamF.ais seriam as s.as inten6HesF E por .e no se teriam mani,esta*o noamenteF

2 E. a-ho 2 *isse a&io 2 .e e&es tentaram nos ,a?er *esistir *a iagem+ sem .e2rer empregar io&Kn-ia/// e+ agora+ *epois *e entrarmos no a&e *os es-ombros + *e2-erto a-haram .e no seria mais pre-iso interir por.e nos *estr.ir:amos so?i2

nhos/// Mas enganam2se2 "a&e? o-K tenha ra?o 2 opinei/ 2 Mas a-ho m.ito me&hor assim/ J' temos m.i2tas preo-.pa6Hes para .e ain*a por -ima pre-isemos estar pensan*o em perseg.i26Hes e perseg.i*ores///

Era ao entar*e-er e est'amos senta*os sobre .m b&o-o *e granito+ na imensa so2&i*o -ir-.n*ante/ !ntes *e nos esten*ermos para *ormir+ atiramos ,ora os restos *e,r.tas .e ain*a -arreg'amos+ e ,i?emos .m amarra*o -om as ra:?es ,ibrosas+ *e2pois *e -omer .m p.nha*o -a*a .m/

Dois *ias *epois+ porm+ imos+ -om espanto+ .e tambm as ra:?es ,ibrosas sehaiam estraga*o/ Deseno&era2se ne&as intensa ,ermenta6o/ .in-as+ no *ia ante2

rior+ tinha2as merg.&ha*o na 'g.a por a&g.m tempo para torn'2&as mais ma-ias/ "a&2e? isso as in.ti&i?asse/ !tiramos t.*o+ .m po.-o antes *o meio2*ia+ .an*o ;' est'amos a pe.ena *is2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 95/150

tn-ia *o a&to *a serra/ =assamos+ ento+ terr:eis momentos/ ,.t.ro nos pare-iatr'gi-o/ Como ha:amos *e ,a?er+ n.m ermo *a.e&es+ sem possibi&i*a*es *e a&imen2ta6oF o&tarF embrei2me -om sa.*a*e *a.e&e Oaran.sP  .e :ramos &' para tr'se pare-e.2me .e+ assa*o+ e&e *aria .m e<-e&ente petis-o/// Esto en*o -omo anat.re?a h.manaF

.e t:nhamos a ,a?er era+ .ni-amente+ -aminhar+ e -aminhar sem *es-anso+ pois

.e o *eserto tinha .e a-abar a&g.res/ W tar*e -hegamos ao a&to *a serra/ Do o.tro &a*o/// erg.ia se o.tra montanha+

a&m *e .m a&e po.-o pro,.n*o+ por on*e -orria .m ,io *V'g.a/E. e a&io *ei<amo2nos -air+ *eso&a*os+ a&i mesmo/.in-as obrigo.2nos a ,i-ar noamente *e pQ2 5o 5a*a *isso 5a*a *e *esnimo o apenas .atro horas e po*eremos -he2

gar &' em bai<o antes *a noite/// amos Ca*a metro .e an*emos .m metro ga2nho na -orri*a -om a morte

5o ,oi poss:e& resistir/ =.semo2nos+ noamente+ a -aminho para o ,.n*o *o a&e+e o ,i?emos -amba&ean*o/

Deitamo2nos+ a,ina&+ ao &a*o *o -Arrego+ e+ apesar *a ,ome+ *ormimos/ !gora .e *es-obrimos por.e nos momentos mais -r:ti-os .in-as nos obrigaa a ,a?ermaiores es,or6os e an*ar maisQ era por.e+ a&m *e nos ,a?er ganhar tempo+ nos-ansaa *e ta& maneira .e *ormir:amos bem+ apesar *a ,ome e *a se*e/

Di?em por a:+ e es-reem tambm+ .e a gente po*e ag.entar me&hor a ,ome *o.e a se*e/ =o*e ser+ mas+ no *ia seg.inte+ .an*o .isemos reini-iar a -aminha*apara s.bir a montanha .e t:nhamos pe&a ,rente+ sentiamo2nos *e ta& maneira ,ra-os.e isso no ,oi poss:e&/ "err:eis *ores me ro:am o est@magoU a -abe6a me *o:a *emo*o paoroso e as pernas bambeaam/ $e-.sei2me a seg.ir/ a&io .is ban-ar oa&ente e *e. a&g.ns passos+ para -air mais a*iante/ .in-as insisti.+ grito.+ <ingo.2

nos/ A ,a&to. nos bater/ Mas ,i-amos a&i+ est.pi*amente+ -omo -rian6as teimosas/5a*a nos interessaa seno -.&tiar as *ores .e sent:amos/.in-as ,e-ho. -arran-a e sento.2se a -erta *istn-ia+ o&han*o *eso&a*o para o

a&to *o morro/a&io ,itaa .m *a.e&es arb.stos resse.i*os e retor-i*os .e -res-iam no *e2

serto/ De repente+ *isseQ !h/// se essa 'rore tiesse ,o&has+ e. as -omeriaE. o&hei tambm+ e tie .ma inspira6o/ eantei2me e+ -.ra*o+ apertan*o o es2

t@mago -om ambas as mos+ arrastei2me at o arb.sto/ Com o nari? perto *o se.-a.&e+ senti .e me inha 'g.a G bo-a/ an-ei a mo a .m ga&ho e parti2o/ Era -omo

.m ta&o *e -o.e/ i+ -om espanto+ .e esse estranho arb.sto *as ro-has+ apesar *ese. aspe-to re.eima*o+ era s.-.&ento eei o pe*a6o G bo-a e mor*i2o/2 o-K est' &o.-o 2 ,a&o. a&io -om o? ro.-a/ 2 Dei<e isso =o*e ser enenoso2 ei &' 2 respon*i -om a bo-a -heia+ baban*o e mastigan*o a po&pa *o ga&ho/ 2 3

gostoso5o min.to seg.inte+ os *ois estaam ao me. &a*o e mastigaam g.&osamente p.2

nha*os *os ga&hos se-osEngra6a*o homem engra6a*o !.i&o+ para *i?er a er*a*e+ -om &i-en6a *a

pa&ara+ era .ma por-aria s ga&hos tinham m.ito s.mo+ mas no tinham gosto *e-oisa a&g.ma Eram &eemente a*stringentes e *ei<aam .m baga6o seme&hante ao*a -ana *e a6-ar/

=ois essa O-oisaP nos so.be *e&i-iosamente Depois *e -omer o arb.sto inteiro ,i2-amos re-on,orta*os !ssim+ p.*emos -ontin.ar/

 !an6amos G es-a&a*a *a montanha -omo se ,@ssemos a .m passeio higiKni-o/ 3

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 96/150

er*a*e .e+ -ompara*a G montanha ;' en-i*a+ esta era pe.ena/ Mas+ *e .a&2.er mo*o+ era .ma montanha e s.bir montanhas sA e<er-:-io agra*'e& para os.e nas-eram -om -ora6o *e a&pinistas/

5o *ia seg.inte G tar*e+ est'amos no -imo+ e ento+ *es-ortino.2se ante os nos2sos o&hos o panorama .e tanto a&me;'amos

 !o &onge+ a partir *as ,a&*as *a montanha+ esten*ia2se .ma er*e;ante e intrmina

,&orestaEsper'amos *ormir marai&hosamente+ pois .e t:nhamos+ agora+ bom materia&

para sonhos -or2*e2rosa/// Mas+ to in-ompreens:eis so os -apri-hos *a bio&ogiah.mana+ .e essa ,oi a pior noite .e tiemos/ "ie pesa*e&os+ a-or*ei mi& e?es e ime.s -ompanheiros tambm in.ietos e insones/ E o pior .e tiemos+ pe&a ma2nh+ *espertar na*a ine;'e&/

so& ;' se tinha erg.i*o .an*o abri os o&hos+ e a primeira -oisa .e i ,oi .m ho2mem+ *e p+ a pe.ena *istn-ia/

5o primeiro instante+ pensei .e ,osse .m *os me.s -ompanheiros+ e ia -ham'2&o+.an*o per-ebi .e estaa esti*o *e maneira m.ito estranhaQ Ssaa .ma esp-ie

*e tni-a+ aperta*a G -int.ra por .m -into rebri&hante/ =or bai<o .saa .m -a&6o+-omo i mais tar*e/ !s pernas estaam n.as e os ps -a&6a*os -om san*'&ias *egrossa so&a+ e presas aos ps por a&g.mas -orreias/ Estaa meio *e -ostas/

2 &' 2 gritei/ homem o&to.2se &entamente para mim+ e ento+ i &he o rosto+ *e nobres tra2

6os e *e -or a-obrea*a/ embraa+ remotamente+ as ,ig.ras *os bai<os re&eos *o-orre*or s.bterrneo/ !penas o&ho./ 5o *isse .ma pa&ara/ Depois+ o&to.2se e ,i2-o. na posi6o primitia/ Ento+ -hamei me.s -ompanheiros/ E&es a-or*aram+ ierampara o me. &a*o e os trKs ,i-amos senta*os no -ho+ o&han*o para o estranho isi2tante/

.in-as+ apontan*o para o homem+ perg.nto. a meia o?Q2 .em F2 5o sei 2 respon*i+ no mesmo tom/ 2 a&io .e o *es-.bra/=.semo2nos *e p e o homem iro.2se para nAs+ mas no ,a&o.U ,i-o. o&han*o -.2

riosamente+ .m e o.tro/ a&io tomo. a pa&araQ2 Ento+ senhor/// senhor/// .em F !-hei a perg.nta ra?oae&mente i*iota/ =are-e.2me .e e&e .e tinha o *ireito

*e nos arg.ir/ Mas a&io ,K2&a+ e pronto nosso homem .e no se impressiono.abso&.tamente/

=ron.n-io. .ma bree s:&aba e esten*e. o bra6o em *ire6o G ,&oresta+ &' em bai2<o/ Depois+ -ome6o. a an*ar/

2 De-erto .er .e o sigamos 2 *isse a&io/ 2 amos/eg.imo2&o/ E&e an*aa -om passo seg.ro+ e&'sti-o+ e&egante e nAs trot'amos

atr's/2 o-Ks repararamF 2 perg.ntei/ 2 $epararam -omo e&e se pare-e -om os homens

*as es-.&t.ras *a.e&e -emitrioF2 3 isso mesmo 2 e<-&amo. a&io ent.siasma*o/ 2 E. estaa .eren*o me &em2

brar on*e ira -aras ig.ais a essa/// isso mesmo2 er' .m at&ante F 2 perg.nto. .in-asF2 Bem/// isto est' pare-en*o .m sonho+ .m roman-e/// Mas -reio .e tenho .e

respon*er a,irmatiamente/ Esse homem *ee ser .m *es-en*ente *ireto *os !t&an2 tes /// Bem Kem .e no tem m.ita seme&han6a -om os in*:genas .e estamosa-ost.ma*os a er///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 97/150

E.+ ento+ senti o Oesta&oP *e ieira+ e *espe;eiQ2 Mas a&io+ se e&e no se pare-e -om os nossos in*:genas+ -omo .e estes po2

*em ser *es-en*entes *os at&antes + -omo o-K tem s.stenta*oF2 E -ontin.o a *i?er o mesmo/ s nossos se&agens so *es-en*entes *os !t&an2 

tes / !penas+ -o&o-a*os em sit.a6Hes *iersas+ obriga*os a &.tar -om *i,i-.&*a*es eten*o .e ier em -&ima e ambientes *is-or*antes+ e ta&e?+ tambm+ por o.tras-a.sas .e no -onhe-emos+ nem s.speitamos 2 *esiaram2se *a i*a primitia e setornaram se&agens+ a*otan*o noos h'bitos+ ini-ian*o i*a *i,erente/ =er*i*os pe&asse&as+ espa&ha*os pe&o -ontinente *.rante s-.&os e s-.&os+ so,reram pro,.n*as a&2tera6Hes/ !&g.ns+ -omo os in-as+ em terreno prop:-io+ -ontin.aram as tra*i6Hes *ese.s an-estrais (o-Ks *eem saber .e .an*o =i?arro -hego. a C.?-o+ esta era.ma -i*a*e sagra*a+ on*e se a*oraa o o&+ e .e iia n.ma -ii&i?a6o p.ramente

 !t&nti*a )U o.tros+ em -ontato -om a se&a br.ta&+ -orri*os *e .m &a*o para o.tro+por gr.pos *ispersos e *iante *a ne-essi*a*e *e &.tar hora a hora por t.*o 2 per*e2ram a -ii&i?a6o e a sabe*oria *e se.s antepassa*os+ trans,orman*o2se nos se&a2gens atrasa*os .e -onhe-emos/ 5o entanto+ a-re*ito .e ha;a 'rios -entros pe&o

interior *o -ontinente+ e ta&e? mesmo no Brasi&+ .e -onseram est:gios *esse pas2sa*o gran*ioso/// pe&o menos+ espero .e assim se;a///

2 Bem/// a-re*ito+ ento+ .e estamos terminan*o a nossa ;orna*a///2 5at.ra&mente/ Esse *ee ser .m at&ante  .e nos ai &ear ao ponto ,ina&///2 =ois e. a-ho .e agora .e estamos -hegan*o ao -ome6o 2 opino. .in-as/2 =or .eF2 ra+ Jeremias/// Esse -aa&heiro .e ai a: na ,rente no me inspira -on,ian6a a&2

g.ma/ !o -ontr'rio/ Creio .e nos ai *ar m.ito traba&ho/2 5o -reio/2 =or .eF

2 5o sei/ =ressentimento/2 =ois eremos os se.s pressentimentos///Contin.'amos a -aminhar reg.&armente atr's *o nosso >.ia/ E e&e no an*aa ao

a-aso+ mas seg.ia .m -aminho bem ap&aina*o .e po*eria nos ter passa*o *esper2-ebi*o/ por isso+ progre*:amos rapi*amente/ =e&o meio2*ia .isemos parar para -o2mer a&g.ma -oisa/ "entamos ,a?er o nosso g.ia -ompreen*er isso+ mas in.ti&mente/=e&o menos+ e&e nos emp.rro. para a ,rente+ emitin*o monoss:&abos in-ompreens:2eis/

2 sto ai ma& 2 *isse e.+ -ome6an*o a ?angar2me/ 2 er' .e esse i*iota no per2-ebe .e pre-isamos -omerF

2 5o sabemos o .e e&e per-ebe+ Jeremias+ mas o -erto .e pre-isamos ter pa2-iKn-ia/ !rran.emos a&g.ns ga&hos *os arb.stos e amos -omen*o en.anto -ami2nhamos/

 !ssim ,i?emos+ e -omemos gran*e nmero *e ga&hos *a.e&e arb.sto s.-.&ento eins:pi*o/ =o.-o *epois+ porm+ imos .e t:nhamos agi*o -omo to&os/ Bem *i?iasempre a&ioQ Oaber esperar ser s'bioP/

Meia hora mais tar*e+ o at&ante  se *etee *iante *e .ma pe*ra bran-a em ,orma*e mar-o .i&omtri-o+ monA&ito .e ostentaa .ma ins-ri6o+ e+ por bai<o *e&a+ ha2ia .ma -ai*a*e on*e o homem en,io. a mo para retir'2&a seg.ran*o .m embr.2&ho ,eito -om gran*es ,o&has er*es e ,res-as/

ento.2se no -ho+ *e pernas -r.?a*as+ *esembr.&ho. o pa-ote e tiro. *e *entro*e&e a&g.ns be&os pe*a6os *e -arne assa*a "eimosamente+ t:nhamos en-hi*o o es2t@mago -om a po&pa ,ibrosa *o arb.sto+ mas+ mesmo assim+ G ista *a.e&e a-epipe+

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 98/150

,i-amos *es&.mbra*os+ e nos sentimos -apa?es *e -ome6ar *e noo/ homem ,e? .m gesto .e no a*mitia *i*a/Em .a&.er parte *o m.n*o+ .eria *i?erQ2 iram2see nos serimos/// De-&aro .e essa ,oi a -arne mais gostosa .e ;' proei em

to*a a minha i*a/// e -hega

"ermina*a a re,ei6o e .an*o ;' -aminh'amos noamente+ satis,eitos+ a-han*ot.*o marai&hoso 2 tanto as nossas sensa6Hes so ,i&has *o est@mago 2 a&io ,a&o.Q

2 Esto en*oF 3 -ii&i?a*o 3 h.manoE at .in-as -on-or*o./ !gora+ a ,&oresta estaa prA<ima+ e o terreno ia m.*an*o *e aspe-to/ ! ro-ha ia

 ;' no apare-ia to .ni,ormemente+ mas pis'amos &argos tre-hos -obertos *e terra/s arb.stos .e nos haiam sa&o a i*a &' atr's+ *esapare-eram+ e em se. &.gars.rgiam *a terra o.tras p&antas+ ain*a ra.:ti-as+ mas Op&antas er*esP !pertan*o opasso+ -hegamos G or&a *a ,&oresta ao anoite-er/

nosso g.ia paro./ &ho. para to*os os &a*os+ interrogatiamente+ -omo se espe2

rasse er a&i a&g.ma -oisa .e no estaa/ Depois+ -o&o-an*o as mos em o&ta *abo-a+ emiti. .m grito ag.*o e trKm.&o/ Sm min.to *epois+ s.rgiam entre as 'roresseis .&tos+ to*os seme&hantes+ tanto nos tra;es -omo na ,isionomia+ e to*os arma2*os *e ar-o e ,&e-ha/ Dois *e&es tra?iam ao ombro/// as nossas bo&ea*eiras

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 99/150

CAP!"#LO XIX

POS"O AANÇADO DE A"LAN"ES

2 Eh Jeremias/// Jeremias///Era a&io+ e ,a&aa em o? m.ito bai<a+ ao me. o.i*o/Estaa t.*o es-.ro e si&en-ioso/ $espon*i no mesmo tomQ2 &' .e ho.eF2 n*e estamosF n*e est' .in-asF2 5o sei/// .in-as 2 -hamei &eantan*o a o?/2 5o grite/ Esto. a.i/ Estamos presos/2 =resosF 2 a*miro.2se a&io/ 2 Mas presos por .eF2 5o sei/// os !t&antes  *eem sabK2&o/

2 Diabo/// =are-e .e o-K est' .eren*o me a-.sar+ .in-asF2 5o esto.+ no/ o-K no tem -.&pa/.i a&io so&tar .m gemi*o/ "entei &eantar2me+ e -orrentes met'&i-as se entre2

-ho-aram/ E. estaa preso a .ma -orrente+ -omo se ,osse .m anima& ,ero? Sm -into*e meta& me -ingia a -int.ra e me pren*ia+ pe&a -orrente+ a .m poste *e ma*eira/ !omesmo poste estaam presos os me.s -ompanheiros+ *e ig.a& mo*o/ eantei2me,a?en*o s.bir no poste a argo&a *e meta& .e ne&e estaa en,ia*a/ .is tir'2&a+ masno era poss:e&/ poste *eia ser m.ito a&to/ "entei an*ar/ 5o po*ia *ar mais *e*ois passos em .a&.er senti*o/ %i.ei ,.rioso+ e griteiQ

2 .e .e esses i*iotas esto pensan*oF .ero .e me so&tem

2 Ca&ma Ca&ma+ Jeremias E. tambm esto. a-orrenta*o2 =ois sim/ Mas o-K .e tee a i*eia *e *es-obrir e&has -ii&i?a6Hes/ 3 ;.sto .ese;a :tima *e&as o-Ks esto *is-.tin*o G toa/ sso no a*ianta na*a/ 5o temoso.tro rem*io seno esperar .e amanhe6a/

a&io na*a *isse/ E. ain*a resm.ng.ei a&g.mas pa&aras pesa*as e *epois mer2g.&hei nos me.s pensamentos/

2 Bonito %a?er essa imensa iagem para ir a-abar a-orrenta*o a .m poste+ -omoanima& se&agem M.ito interessante .em sabe &'+ ain*a+ o .e nos espera *a.ipor *iante .em sabeF

De .a&.er mo*o+ porm+ -omo *issera .in-as+ o mais a-erta*o era esperar/5a*a po*:amos ,a?er e+ *e-erto+ entregarmo2nos G irrita6o no era o me&hor mo*o*e passar as horas/

tempo .e ,a&taa para amanhe-er -.sto. terrie&mente a passar/ E. me &amen2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 100/150

tei o tempo to*o+ en.anto .e *entro *e mim -res-ia o re-eio pe&o .e po*eriame&es ,a?er2nos/

 !,ina&+ *es*e os primeiros -&arHes *a a.rora p.*emos eri,i-ar a h.mi&hante sit.a26o em .e est'amos/ Cobria2nos imenso ga&po+ te&heiro -oberto *e pa&ha/ -hoera *o terra bati*a+ m.ito bem nie&a*o+ e ne&e se iam ,in-a*os m.itos postes ig.aisG.e&e .e nos pren*ia/ Ca*a .m *esses postes se en-ontraa g.arne-i*o *e ,orte

-orrente ig.a& Gs nossas/ D.rante a&g.m tempo inspe-ionamos em si&Kn-io o .e nosro*eaa/ Depois+ ,a&eiQ

2 M.ito bem+ '&io !.i estamos go?an*o as *e&:-ias *a -ii&i?a6o *os !t&antes /5o e<atoF !t&antes /// =or-aria/// sto *ee ser o ga&po *os prisioneiros/

2 =er,eitamente/ Dee ser isso/ Mas+ *iga2me+ Jeremias/// para .e .e o-K temessa -abe6a em -ima *os ombrosF

2 5o sei/ e o so.besse+ no teria ,eito esta iagem para permitir .e me a-or2rentassem a .m tron-o+ -omo es-rao/

2 o-K est' bobean*o/ Sse a -abe6a/2 !gora tar*e/ Deia tK2&a .sa*o antes+ .an*o estaa em o =a.&o/ !gora+ ;'

no pre-iso/ .em a ai .sar+ nat.ra&mente+ *ee ser .m *esses miser'eis antro2pA,agos///

5esse momento+ .in-as intereio+ irrita*oQ2 o-Ks pare-em *ois to&os =ara .e .e esto *is-.tin*o a:F .e a*ianta issoF

.e est' ,eito+ est' ,eito =re-isamos ter -a&ma e pensar/2 3 o .e e. *igo/ Mas no sei .e *iabo .e *e. nesse Jeremias/2 .e *e.F Bo&as De. .e no esto. a-ost.ma*o a ser trata*o -omo .m bi-ho

se&agem A isso2 Es-.te 2 ,a&o. a&io -om to*a a -a&ma/ 2 e o-K e mais .ma t.rma *e -ompa2

nheiros iessem n.m pe*a6o *e terra on*e estiessem g.ar*a*os teso.ros+ on*e

estiesse t.*o .anto o-Ks mais amassem 2 e *e repente apare-essem trKs s.;eitosestranhos 2 .e .e o-K ,a?iaF"it.beei/2 Bem/// nat.ra&mente/// man*aa2os o&tar/ 3 isso Man*aa2os o&tar+ mas no os

trataria -omo animais2 sso o .e o-K *i? agora o-K no tem nem -oragem *e *i?er o .e pensa/

.e o-K ,aria+ e. seiQ -hamaa os o.tros -ompanheiros+ metia meia *?ia *e ba&asno -orpo *e -a*a .m *os estranhos+ .e o .e se ,a? &' para os nossos &a*os///

2 Mentira E. ;amais ,aria isso2 Bem/ !*mitamos+ ento+ .e o-K os ,aria o&tar/ Mas *iga2me .ma -oisaQ .e

.e esta gente em ,a?en*o h' m.itos e m.itos *ias seno -oni*ar2nos a o&tarF2 .eF o&tarF 3F =ois e. n.n-a o.i na*a a esse respeito/ o-K o.i. a&g.ma -oi2sa+ .in-asF

2 5enh.m *e nAs o.i.+ Jeremias/ Mas po*:amos ter -ompreen*i*o+ por.e o.e e&es tKm ,eito/ Des*e .e sa:mos *o -emitrio s.bterrneo+ pro-.ram+ por to*osos meios+ impe*ir .e -heg'ssemos a.i/ E sem .sar *e io&Kn-ia/ =o*iam ter2nosmata*o *?ias *e e?es+ e no o ,i?eram/ =ro-.raram tornar a iagem imposs:e&+ ,o2ram nos tiran*o t.*o .e t:nhamos/ Mas+ nAs+ teimosamente+ -ontin.amos+ ignoran2*o t.*o/ Conseg.imos -hegar a .m ponto on*e &hes pare-e. .e o me&hor era+ !,i2na&+ a;.*ar2nos/ %oi .an*o apare-e. a.e&e at&ante  para nos g.iar+ -om proisHes*istrib.:*as ao &ongo *o -aminho/ Bem/ !.i -hegamos/ E&es nos tKm em se. po*er/abem .e somos teimosos+ -.riosos e in,atig'eis/ $eso&eram tirar2nos a &iber*a*etemporariamente+ at .e possam saber me&hor .em somos e .e .eremos/ 3 ra2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 101/150

?o'e& !-ho .e so m.ito h.manos/ 5o me. mo*o *e er+ para eitar -omp&i-a6Hes,.t.ras e&es *eiam nos matar &ogo/ Era mais seg.ro/

2 !-ho .e a&io tem to*a a ra?o+ Jeremias/ Em .a&.er parte *o m.n*o h' -a2*eias e prisHes para os inasores///

2 E .em inasorF E.F2 =ara e&es+ to*os o somos/ embre2se *e .e e&es no nos -onhe-em/

2 =ois bem/ Chega 5As .e no sabemos .em so e&es Mas haemos *e sabK2&o+ e+ *e-erto+ .an*o isso *e na*a mais nos a&er 2 e re-.sei2me a -ontin.ar a-onersa+ Estaa *e ma. h.mor/ !.e&a -orrente me *ei<aa ,.rioso/ =.s2me a an2*ar em re*or *o poste+ en.anto os *ois -ontin.aam a -onersar/

De-orri*a meia hora ta&e?+ apare-eram por tr's *a pa&i6a*a *ois homens+ esti*os-omo o nosso g.ia/

2 !: esto os tais+ a&io 2 *isse e./ 2 Enten*a2se -om e&es/ Diga2&hes .e no so2mos .ma noa esp-ie *e ma-a-os perigosos

2 E&es o -ompreen*ero &ogo/2 ' esperan*o/// e me to-arem+ .ebro2&hes a -abe6a

s *ois homens nos obseraam *.rante a&g.ns momentos+ en.anto tro-aamentre si pa&aras em &:ng.a estranhamente -omposta *e monoss:&abos s.aes e *eagra*'e& tom m.si-a&/ Depois+ o mais a&to *e&es aponto. para a&io/ 5at.ra&mente+estaa ,aorae&mente impressiona*o -om a rAsea -are-a *a.e&e &o.-o/ mais bai2<o *irigi.2se ao nosso -ompanheiro+ abri.2&he o -into e &iberto.2o/ Esperaa .e nos,i?essem o mesmo+ mas enganei2me/ earam a&io para ,ora+ sem nos *ar aten6o/

 %i.ei ,.riosoQ2 &' e.s se&agens m.n*os se&agens 5As tambm somos gente enham

abrir esta ;o6aMas ning.m se importo. -om o me. ape&o/

2 o-K ;' i. .e ban*i*os+ .in-asF o nos matar .m por .m/// E. bem imagi2naa .e .e se po*eria esperar *e bom *essa genteF Estamos per*i*os+ .in2-as

2 .e *iabo o-K est' imposs:e& "enha .m po.-o *e -a&ma/// 3 -&aro .e .ee&es .erem saber .em somos e o .e iemos ,a?er

2 Mas ento+ *eiam ter2nos &ea*o tambm 5o me -on,ormo/ .ero sair *a.i.in-as ,ran?i. as sobran-e&has e sorri. -om resigna6o/ En-osto.2se ao poste e

,e-ho. a bo-a -omo .em no *ese;a *i?er mais .ma pa&ara/

tempo passaa e a&io no apare-ia/ 5ing.m apare-ia/ ='ssaros -antaam ao&onge/ =apagaios gritaam e o -a&or se tornaa mais s.,o-ante *e momento a mo2mento/ E a minha in.ieta6o -res-ia/

2 .in-as///2 .e F2 .e ser' .e a-onte-e. -om o a&ioF2 5o sei/2 er' .e e&e o&taF2 !-ho .e sim///2 E se o mataramF2 Ento+ no/

2 er' .e e&es esto ,a?en*o a&g.ma -oisa r.imF2 Como .e e. posso saberF2 =.<a "ambm o-K no sabe na*a

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 102/150

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 103/150

2 E&es pensam .e somos se&agens/// mas e. &hes mostrei .e esto m.ito enga2na*os/// 2 *isse2&he -om Kn,ase/

%i?eram2me sentar n.m ban-o e .in-as sento.2se a me. &a*o/=o.-o a po.-o+ ,.i me re,a?en*o 2 e p.*e obserar/a&io o&tara para ;.nto *a mesa on*e estaa o e&ho/5otei+ ento+ a presen6a *e o.tra pessoa 2 .e no era at&ante / Era+ ei*entemen2

te+ .m in*:gena brasi&eiro+ a&to+ *esempena*o+ e<traor*inariamente m.s-.&oso/ "ra?iaistoso -o-ar *e penas m.&ti-ores e .ma tanga *e -ores ias+ en,eita*a -om ,ran;as/5os bra6os e pernas+ bra-e&etes *e penas -o&ori*as e -on-has+ e -a&6aa .ma esp-ie*e san*'&ias *e -o.ro -r./ Estaa .m po.-o a,asta*o e ,a&aam bai<o/ es,or6o .e,i? para prestar aten6o a-abo. me -ansan*o/ .ia2os &onge e+ -a*a e? menos 2at .e t.*o se *esane-e./

TTT

 !-or*ei esten*i*o n.ma re*e n.m .arto m.ito -&aro/Com gran*e espanto eri,i.ei .e estaa n. e -om o -orpo -oberto *e .ma -a2

ma*a *e erni? se-o+ .e me in-omo*aa terrie&mente/ Estaa &itera&mente enerni2?a*o+ *os ps G -abe6a/ Mas no sentia *or a&g.ma 2 e -ompreen*i .e esse erni?*eia ser .m .ng.ento -om o .a& haiam -.ra*o os me.s ma&es e a-aba*o -om to2*as as *ores .e her*ara *a &.ta -om os !t&antes / ra+ isto+ me&hor *o .e to*as aspa&aras+ era prop:-io a me ,a?er pensar -om re&a6o aos nossos hospe*eiros/ 5opo*iam ser to se&agens se assim pro-.raam minorar os me.s so,rimentos/

entei 2me na re*e+ -om os ps to-an*o o -ho e i ao me. &a*o+ sobre .ma ban2

.eta+ a&g.mas pe6as *e ro.pa+ .e+ *e-erto+ no eram as minhas///Deiam+ porm+ ser para mim+ mas+ *e .a&.er mo*o+ e. no me po*eria estirassim to*o enerni?a*o/// Caminhaa -om *i,i-.&*a*e por -a.sa *a.e&a pe&:-.&ase-a .e se me agarraa G pe&e/ Cheg.ei at a porta e abri2a/ Era/// .m .arto *ebanho im+ senhores Sm .arto -&aro+ e o -ho+ no -entro+ es-aa*o em ,orma *ebanheira -heia *e 'g.a+ .ma 'g.a -&ara e &:mpi*a+ .e -oni*aa G imerso///

Meia hora mais tar*e+ e. estaa e&egantemente esti*o G &tima mo*a at&nti-a/.anto Gs *ores/// na*a Era -omo se+ ;amais em minha i*a+ tiesse briga*o/ ai *o.arto+ -aminhei pe&o -orre*or e+ G entra*a *a sa&a+ o.i as -onhe-i*as o?es *osme.s amigos/

 !ssim .e passei os .mbrais+ ieram os a&egres -.mprimentosQ2 M.ito bem im+ senhor2 a&e e&e .e e&egn-ia.in-as e a&io estaam+ -omo e.+ esti*os G mo*a at&ante + e bem e&egantes+

*eo *i?K &o/ !bra6amo2nos/2 Ento+ Jeremias/// -omo se senteF2 M.ito bem/ M.it:ssimo bem/.in-as+ obsero.Q2 Caramba o-K ontem estaa positiamente en*iabra*o .e .e &he a-onte2

-e.F2 5a*a Estaa sa,a*o -om a.e&es homens/ o-K i. -omo a.e&e pati,e me agre2

*i.F

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 104/150

2 5o *iga isso+ Jeremias E&e no o agre*i. -oisa nenh.ma/ o-K .e &he *e..m so-o no peito+ sem mais nem menos/ e no tiesse ,eito isso+ t.*o teria -orri*om.ito bem///

2 Mas+ ser' poss:e&+ .in-asF o-K .eria .e e. me *ei<asse tratar -omo .mse&agemF

2 Dei<e *isso+ Jeremias/ E&e ,oi at *e&i-a*o/ o-K estaa ,ran-amente into&er'e&/

 a&io intereioQ2 ra amos *ei<ar *e *is-.ssHes inteis 2 e+ m.*an*o *e tomQ 2 o-K i. .e

marai&hoso rem*io e&es &he ap&i-aram+ JeremiasF2 3 er*a*e .e *iabo a.i&oF2 5o sei/ Sntaram2&he o -orpo ontem G tar*e -om .m .ng.ento e *isseram .e

ho;e o-K no sentiria mais na*a/2 E no senti mesmo/ Dormi -omo .m aba*e+ e no sinto -oisa a&g.ma/ 3 -omo se

n.n-a me tiessem ma-h.-a*o+ esses se&agens///2 ' em e&e *e noo 2 resm.ngo. .in-as/2 E -omo o as -oisasF 2 perg.ntei/ 2 o-K ontem estaa to*o entreti*o -om

a.e&e barba6as/ .em e&eF2 ai t.*o bem/ barba6as o Che,e *o =osto !an6a*o/2 =osto !an6a*oF2 im/ Em .a&.er &.gar+ &' para *entro *as se&as+ entre montanhas+ est' sit.a*o

o 5-&eo Centra& *os !t&antes / =e&o .e p.*e per-eber+ .ma esp-ie *e impriore&igioso/ Em torno *o 5-&eo Centra& + a gran*e *istn-ia+ h' .m -:r-.&o *e =ostos

 !an6a*os  -omo este+ .e e&am pe&a seg.ran6a *o 5-&eo ///2 =or .e to*as essas pre-a.6HesF .e .e e<iste &' no -entro+ entre as monta2

nhasF2 5o sabemos ain*a/ Mas pro-.raremos saber/ Estamos &i*an*o -om .m poo

m.ito inte&igente/ e&hote me ,e? tantas e to h'beis perg.ntas .e ,i-o. saben*o*e nAs t.*o .anto .is/ !&i's+ e. na*a tinha a es-on*er/// E sabe *e .ma -oisaFE&es e<terminam to*os os estranhos .e se apro<imam/

2 Ento/// .er *i?er .e nAs///2 Creio .e no/ =or en.anto+ estamos a sa&o+ gra6as ao m.ira.it   e ao *ese2

nho .e -onseg.i repro*.?ir para e&e/ .an*o i. as *.as -oisas+ o e&ho -.ro.2serespeitosamente/ %oi 'g.a na ,er.ra/ "rato.2me -om to*o o respeito *a: por *iante/Disse2&he .e *ese;'amos ir ao 5-&eo Centra& + mas e&e respon*e.2me .e isso se2ria imposs:e&/ Depois *e m.ita insistKn-ia e *is-.sso+ a-abo. -on-or*an*o emman*ar .m emiss'rio -om as noi*a*es e para tra?er .ma resposta/ "eremos .e

esperar e+ en.anto isso+ estamos em &iber*a*e/2 Est' bem/ Me&horo. m.ito/ amos *ar .m giro+ ento/2 amos/ Mas o&he .e no h' na*a .e er+ a&m *as -asas e *os homens/ Con2

ersar -om e&es no po*emos+ por.e no os enten*emos/ !s -asas so to*as *epe*ra+ -omo a.e&as .e ;' imos/ E em o&ta h' -ampos *e -.&t.ra/

2 amos/ amos tomar .m po.-o *e ar/

T T T

Laia atii*a*e no gran*e p'tio *e terra bati*a/ Lomens e m.&heres se entrega2am a *iersos traba&hos/ Dois homens &i*aam -om .m gran*e -oo+ .e iriam &an2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 105/150

6ar+ *e-erto+ ao rio prA<imo/ ' no e<tremo *o p'tio+ a&g.mas m.&heres+ a-o-ora*as*iante *e .m monte *e argi&a+ mo*e&aam ob;etos *e -ermi-a/ Laia ao &a*o .an2ti*a*e *e asos+ pratos e o.tras -oisas+ prontas/ Mais a,asta*o+ o ,orno *e -o?imentoe+ sob .ma gran*e 'rore+ a&g.mas ;oens pintaam atentamente os e<emp&ares ;'termina*os/ "o*a a.e&a gente estaa satis,eita+ e o ar impregna*o *e a&egria *es2preo-.pa*a e ,e&i? -omo e. no ia h' m.itos anos+ *es*e a minha in,n-ia/ &ha2

am2nos -om -.riosi*a*e e simpatia/ em hosti&i*a*e/=assamos pe&o gran*e porto e *ei<amos para tr's a pa&i6a*a .e -er-aa to*a a

a&*eiaU metemo2nos na tri&ha .e+ entre a pa&i6a*a e o bos.e+ pare-ia *ar o&taG.e&e estranho a-ampamento/ "ransp.semos o ga&po *os prisioneiros+ on*e ;' t:2nhamos ,i-a*o a&g.mas horas/ !&i estaam os tron-os+ -a*a .m -om a s.a -orrenteenro&a*a/

2 E&es *eem ter m.itos inimigos 2 *isse .in-as/ 2 e no os tiessem+ no pre-i2sariam *e to*os esses postes/

2 =o*e ser -oisa *o passa*o+ .in-as/2 5o pare-e+ a&io/ Est' t.*o m.ito bem -onsera*o+ m.ito &impo e pronto para

entrar em a6o a .a&.er momento///Depois *e e<aminar o ga&po+ tomamos .m &argo -aminho .e se *irigia+ para oespesso *a mata/ Era .m -aminho amp&o e &impo+ -oberto *e areia re-entemente -o2&o-a*a/

 W me*i*a .e aan6'amos+ e. sentia .m aperto no -ora6o+ .ma sensa6o *esa2gra*'e&/ !traessamos *epressa a mata e entramos n.ma regio a-i*enta*a/ Cha2mo.2nos &ogo a aten6o -erta parti-.&ar *isposi6o *os ro-he*os+ n.ma -o&ina .mpo.-o a,asta*a/ s trKs o sentimos ao mesmo tempo e apertamos o passo em *ire26o G -o&ina/ =o.-o *epois+ pro,.n*amente emo-iona*os+ eri,i-amos estar n.m &o-a&*e -.&to+ -omo a.e&e .e en-ontr'ramos *estr.:*o G margem *o "o-antins+ pe&o

prin-:pio *a iagem/ !&i no -orria regato+ mas &' estaam os assentos em an,iteatro+e *iante *e&es o a&tar inta-to/ Era esse a&tar simp&esmente .ma &a;e *e pe*ra .a*ra2*a+ po.sa*a sobre .atro -o&.nas *e pe*ra tambm/

M.*os *e emo6o ro*eamos a -onstr.6o+ e atr's *o an,iteatro en-ontramos amesma ins-ri6o .e ;' :ramos no o.troQ

OE0"E 3 7 "EM=7 !0 DES0!0 E 70 DES0E0 =7DE$7070 D7

C3S D\7 "7D7 7 =7DE$ !7 >$!5DE [!$!]+M7$SB!B! D70 B$!00P

Est'amos *e noo merg.&ha*os no m.n*o *e sonho+ mas *esta e?+ no sei por2.e+ e. no sentia a.e&e *es&.mbramento+ mas apenas sensa6o estranha e in*e,i2n:e&/

%i-amos m.ito tempo obseran*o a ins-ri6o ,as-inante e+ *epois+ ,omos er *eperto a gran*e &a;e *o a&tar+ .e era a ni-a -oisa .e rea&mente no -onhe-:amos/

 !pro<imamo2nos+ e a impresso *e horror -res-e./ !o -hegarmos ao se. &a*o+ e. me a*iantei/ ! pe*ra+ .e era &eemente -@n-aa+

tinha .m ori,:-io no -entro e estaa to*a -oberta *e .ma -rosta es-.ra/2 .e istoF 2 perg.ntei passan*o o *e*o/

&hei para os me.s -ompanheiros/ Estaam ambos -om in*e,in:e& e<presso *ehorror no rosto/ E&es haiam -ompreen*i*o o .e e. no -ompreen*era+ G primeiraista/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 106/150

2 ang.e/// sang.e se-o 2 m.rm.ro. .in-as+ n.m sopro/2 ang.e h.mano 2 gritei e.+ estrang.&a*amente -heio *e horror+ es,regan*o ,re2

neti-amente o *e*o .e passara sobre a -rosta es-.ra/ E+ *e repente+ n.ma reo&ta+a-res-enteiQ 2 !gora sabemos para o .e serem os postes *o ga&po

M.*os+ tontos+ insens:eis+ -aminhamos para .m &a*o/ =or entre a -on,.so *eme. esp:rito+ pare-ia re-onhe-er o terreno/ Comigo na ,rente+ *es-emos o *e-&ie+

-omo .e atra:*os por estranha ,or6a/ De repente+ o terreno apresento. .ma .e*abr.s-a+ a pi.e e e. parei G beira *o pre-ip:-io/ &hei para bai<o/ ' no ,.n*o+ a .nsinte metros+ haia .ma -on,.so *e -oisas bran-as/ Me.s o&hos se re-.saam a OerP+ mas no ho.e o.tro rem*io/ Eram ossos h.manos -rnios+ t:bias+ ,Km.res///

Sm -heiro na.seab.n*o se erg.ia *a.e&e horror/=asso.2me pe&a mente+ ento+ a.e&e o.tro monte *e ossa*as ig.a& a esse/// De

repente+ t.*o -ome6o. a ro*ar ertiginosamente em re*or *e mim/ Depois es-.re2-e./ a-i&ei/ enti .e ia me pre-ipitar sobre a.e&es restos h.manos/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 107/150

CAP!"#LO XX

JEREMIAS ABANDONA OS AMI/OS

 ! mo ,orte *e .in-as amparara2me a tempo/ 5o ,osse e&e+ e. teria ro&a*o &'para bai<o+ in*o me ;.ntar Gs ossa*as e aos -orpos em *e-omposi6o/ .an*o mepasso. a ertigem+ ;' reposto e -om p&ena -ompreenso *o .e representaa a.e&eoss'rio ree&a*or+ o&tei2me para a&ioQ

2 !gora o-K no tem mais *es-.&pas para apresentar+ a&io/ Este no o &.gar.e nos -onm/

2 E. tambm me sinto ma&/// 2 *isse .in-as/2 Compreen*o o .e o-Ks sentem/ Mas/// no h' ra?o para termos me*o/Me. esp:rito *e. .m sa&to+ para se atirar sobre a&io -omo .m anima& se&agem/

2 .eF Depois *a.e&e ga&po -om os tron-os/// *epois *a.e&e *epAsito *e -a*'2eres/// *epois *a.e&e a&tar man-ha*o *e sang.e se-o/// o-K *i? .e no h' ra?opara me*oF Mas o-K ;' penso. no .e signi,i-a t.*o isso+ a&ioF

2 J' pensei/ ' em bai<o ain*a h' a&g.ns -a*'eres -.;as ,ei6Hes ain*a se po*emre-onhe-er/// so *e se&agens///

2 im/ E .e tem issoF er' o-K *a mesma tKmpera *e =i?arro e se.s homens+.e -ortaam em pe*a6os os in*:genas para os *ar *e -omer a se.s -esF

2 5o se e<a&te+ Jeremias/ Bem sabe .e ning.m -omo e. respeita os se&agensbrasi&eiros/ Mas -ompreen*a/// -o&o.e2se na sit.a6o *os  !t&antes /// =or *iersase?es os se&agens *eem ter tenta*o ata-ar o =osto / !ssa&taram+ proo-aram

g.erra+ ,oram en-i*os e mortos o. e<e-.ta*os/2 sso tanto po*e ser+ -omo no ser er*a*e/ De .a&.er mo*o+ e&es po*em nos-onsi*erar tambm se&agens intr.sos+ e ,a?er -onos-o o .e ,i?eram -om a.e&es.e &' esto apo*re-en*o/

2 o-K teimoso+ Jeremias/ abe m.ito bem .e se e&es nos .isessem matar ;' oteriam ,eito/ "ieram *e?enas *e e<-e&entes oport.ni*a*es para isso/ omos trKs+ ee&es so -entenas/ .e os po*eria impe*irF !&m *o mais+ -onersei -om o e&ho/ !ntes *a -onersa+ po*e ser .e e. -on-or*asse -om o-K/ Mas+ *epois+ no/ E&essabem per,eitamente .e no iemos -om ,ins s.speitos o. perigosos///

2 =ois e. no me ,io ne&es/ 5o posso ter -on,ian6a em gente .e a-orrenta os

se.s seme&hantes -omo se ,ossem animais e os atira *.m barran-o abai<o+ -omo se,ossem sa-os *e -is-o/2 Lei *e -onersar noamente -om o e&ho+ para saber o .e signi,i-am esses -a2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 108/150

*'eres/ amos o&tar para o =osto /2 E. no o&to/2 5o o&taF =ara on*e ai+ entoF2 5o sei/ =re,iro morrer *.ma ,&e-ha*a em p&ena se&a+ o. ser :tima *e .ma

on6a/ %.girei/ 5o ,i-o a.i/2 o-K est' &o.-o+ Jeremias o-K no po*e ,.gir/// =rimeiro+ ;' sabe o .e -.sta

an*ar por a:/// a ,&oresta+ o *eserto/// as serras/// o-K no tem armas/ Como -onse2g.ir' a&imentoF

2 Comerei *a.e&es arb.stos se-os///2 5o h' *a.e&es arb.stos se-os em to*o &.gar///2 E. me arran;arei/ "enho -on,ian6a na minha boa estre&a/2 o-K no *.rar' trKs *ias+ so&to nessa se&a/2 5o ,a? ma&/ 5o sei se *.rarei *ois *ias a.i/2 Es-.te+ Jeremias+ se;a sensato/ .ponhamos .e+ por .m mi&agre+ o-K -onsiga

o&tar+ e -hegar a >oi's+ e a o =a.&o/ Mas me *iga .ma -oisaQ .e .e iemos,a?er a.iF

2 ei &' o-K .e *ee saber *isso///2 ei2o+ e o-K o sabe tambm+ -omo .in-as no o ignora/ iemos em b.s-a *os

est:gios *e .ma antiga -ii&i?a6o/ iemos pro-.rar proas *e .e o Brasi&+ .e o-ontinente mais antigo *o g&obo+ ,oi+ tambm+ o ber6o *a mais antiga ra6a h.mana/ iemos pro-.rar proas .e nos habi&item a a,irmar .e a origem *a h.mani*a*e s.&2ameri-ana/// iemos pro-.rar proar .e os !t&antes + a primeira ra6a h.mana+a.i apare-eram+ a.i eo&.:ram+ a.i se ,i?eram homens+ *a.i partiram para ,.n2*ar a !t&nti*a + para *a:+ ento+ ir ,.n*ar+ na R,ri-a+ na Rsia+ as -ii&i?a6Hes mais re2-entes+ -.;os est:gios so -&aros e .e seriam toma*as -omo as primeiras -ii&i?a26Hes/// iemos///

2 ra bo&as sso so i*eias s.as+ pessoais+ to&as2 MinhasF Minhas+ *i? o-KF 2 a&io empa&i*e-e./ 2 %ran-amente E. ain*a no o

-onhe-ia+ Jeremias !gora .e esto. en*o .em o-K ///2 =ois so. assim mesmo/a&io ,a?ia io&entos es,or6os para se a-a&mar+ para no per*er o *om:nio/2 Diga2me .ma -oisa+ JeremiasQ o-K ,oi obriga*o a irF 5o -on-or*o. -omigo+

ent.siasma*oF 5o eio a.i para *es-obrir+ -omigo+ os restos *e .ma antiga -ii&i2?a6oF

2 5o/ E. no sabia *e na*a *isto/2 5oF 2 berro. a&io/ 2 .er *i?er .e esto. ,i-an*o &o.-oF

2 o-K sempre ,oi &o.-o/ A .m &o.-o tomaria esta ini-iatia/2 Mas por .e .e o-K eioF 2 perg.nto. .in-as+ en.anto a&io+ neros:ssi2mo+ an*aa *e -' para &'/

2 im pe&a aent.ra/ =ara -onhe-er o interior *o Brasi&/ 5.n-a pensei .e pass's2semos *o "o-antins/ 5o ponto a .e -hegaram as -oisas+ na*a mais me interessa/.ero o&tar/

a&io esta-o. na minha ,rente/ Estaa p'&i*o+ se.s o&hos bri&haam e s.as mostremiam/

2 *iota Estpi*o2 *iota o-K///

2 Chega 2 berro. .in-as interpon*o2se/ 2 Chega%ora *e si+ a&io berraaQ2 "emos ,eito .ma Atima iagem+ .ma iagem rea&mente esp&Kn*i*a/ ".*o nos tem

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 109/150

-orri*o Gs mi& marai&has/ en-emos to*as as *i,i-.&*a*es e -onseg.imos o .e ;a2mais a&g.m -onseg.i. e o .e ta&e? ;amais a&g.m -onsiga para o ,.t.ro/ E o-Ktem -oragem *e ren.n-iar/// *e .erer o&tar/// o-K ;' i. a&g.ma -oisa assim+ .in2-asF

2 5em sei o .e *i?er/ !-ho .e Jeremias ,oi mor*i*o por a&g.m inseto enenoso/5a er*a*e+ t.*o tem -orri*o me&hor *o .e e. esperaa/ "enho ,eito e<-.rsHes me2

nores e mi& e?es mais perigosas/ =are-e+ at+ .e estamos sen*o protegi*os por ,or26as o-.&tas///

2 %a&em o .e .iserem/ E. sei o .e *eo ,a?er/ 5o .ero -ontin.ar/ o-Ks *oispre,erem ,i-ar e ser :timas *esses ma&*itos br.tos/ =ois ,i.em/ E. o&to/

2 3 .ma est.pi*e?/2 =ois se;a/ E o-Ks no o impe*ir .e e. parta///2 Mas ;' se i. .m anima& ig.a& a esteF 2 e<p&o*i. a&io/ 2 J' se i.F abe *e .ma

-oisa+ JeremiasF sso -oar*ia2 *iota o. o&tar *a.i mesmo2 ' para o *iabo .e o -arreg.e

2 ' para o in,erno o-K+ se. inentor *e asneiras Esto. ,arto *e o-K+ *as s.asteorias i*iotas+ *os se.s !t&antes  *e meia2pata-a e *e t.*o istoa&io *ee ter en&o..e-i*o *e repente+ por.e+ *e .m sa&to se atiro. sobre mim/

Mas e. no .eria brigar/ Corri e ,.gi *o se. a&-an-e/En.anto -orria+ o.i a o? *e .in-as a-a&man*o2o e a&io+ possesso+ pro,erin*o

pesa*os pa&arHes -ontra mim/=o.-o *epois+ penetrei na ,&oresta e no o.i mais na*a/D.rante mais *e trKs horas -aminhei sempre para a ,rente/ -a&or aba,a*i6o *a

se&a ,a?ia2me s.ar ab.n*antemente/ E. ia+ porm+ -heio *e in*igna6o e sentia2me -apa? *e -hegar ao ,im *o m.n*o/

Depois+ -ome-ei a trope6ar e a me enre*ar nos -ipAs/ eio a ,ome/ 5o -omia *es*e a manh/ =ro-.rei ra:?es e ,r.tos *a mata+ -omoira .in-as ,a?er tantas e?es/ Mas no en-ontrei -oisa a&g.ma .e serisse para-omer/ Com to*a a -erte?a+ na.e&a ma&*ita mata no haia na*a -omest:e&///

Contin.ei a -aminhar+ -ansa*o+ mo&ha*o *e s.or+ -om .ma -res-ente angstia meina*in*o o -ora6o/ E .e ,ome

Mais tar*e+ .an*o ;' estaa ,i-an*o *esespera*o+ i .ma gran*e 'rore -arrega2*a *e -a-hos *e .ns ,r.tinhos *e -or amare&o2rosa*o/ enti -res-er 'g.a na bo-a+ ereso&i s.bir G 'rore/ Era .m e<er-:-io *i,:-i&+ .e e. no tentara ain*a at ento/Depois *e 'rias tentatias+ rasg.ei a ro.pa+ mas teimei/ Conseg.i+ !,ina&+ *e p.ra

raia+ -hegar at .ma -erta a&t.ra/ Esten*i a mo para o -a-ho mais prA<imo+ e.an*o a ponta *e me.s *e*os ;' o to-aam+ parti.2se o ga&ho se-o em .e e. meagarrara+ e -a: *e *ois metros *e a&t.ra/ %i.ei -om o ombro magoa*o e reapare-e2ram to*as as *ores res.&tantes *a s.rra anterior/

%.rioso+ sentei2me no -ho e ,i.ei o&han*o para -ima+ est.pi*amente+ -ontem2p&an*o os ,r.tos .e me pare-iam -a*a e? mais apetitosos/ Eram bonitos+ tinham.m bri&ho opa-o e<traor*inariamente atraente/ Deiam ser m.ito n.tritios/ enti+ *erepente+ .e me seria abso&.tamente ne-ess'rio -omer a&g.ns *a.e&es ,r.tos+ a.a&.er pre6o/ Era .ma ne-essi*a*e imperiosa+ tota&

Come-ei a pro-.rar+ ,.riosamente+ .ma ara para -om e&a *err.bar a&g.ns -a-hos/5o en-ontrei na*a/ "entei arran-ar os ga&hos mais prA<imos *e .mas pe.enas 'r2ores/ Es,a&,ei2me tor-en*o2os+ p.<an*o2os+ mas in.ti&mente/ Eram *e .ma ,ibra in2*estr.t:e&/ E&es -e*iam+ esta&aam+ mas no se partiam/ %i.ei ro*ea*o *e ga&hosassim+ tor-i*os+ *es,o&ha*os+ erga*os+ &as-a*os -omo ,rat.ras e<postas+ mas teimo2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 110/150

samente inamo:eis/embrei2me ento *e *err.bar os ,r.tos -om pe*ras/Conseg.i arran-ar+ *e .m pe.eno barran-o prA<imo+ a&g.ns torrHes+ e -ome-ei

*esor*ena*o bombar*eio -ontra os proo-a*ores e apetitosos ,r.tinhos amare&o2 ro2sa*os/ D.rante m.ito tempo me entreg.ei est.pi*amente a esse h.mi&hante e<er-:2-io/ m.n*o+ rasga*o+ -oberto *e s.or &ama-ento+ atiraa os terrHes .e se *es,a2

?iam -ontra os ga&hos+ -a*a e? -om menos ,or6as/ %i.ei -om o pes-o6o *oen*o eos bra6os .ase *es&o-a*os/ bra6o es.er*o *o:a2me terrie&mente+ por -a.sa *otombo/ .ase -horaa *e raia/

De repente+ -ai. .m -a-ho/ Dei .m grito e pre-ipitei2me para o &.gar on*e -a:ra/Era .ma moita *e espinhos e *e a&to -apim2baioneta/ !,o-inhei ab;etamente+ -omo.m anima& G pro-.ra *e pasto+ e so,regamente pro-.rei o -a-ho/ !,ina&+ tri.n,ante+,eri*o+ mais im.n*o *o .e n.n-a+ sa: *a moita -om .m -a-ho re&.?ente na mo/Ento+ tinha onta*e *e -horar e rir ao mesmo tempo/ Como era &in*o o ,r.tinho .e*esta.ei *o -a-ho =o.-o menor .e .ma me<eri-a+ ma-io+ agra*'e& ao tato Es2,reg.ei2o n.m pe*a6o *e ro.pa menos s.;o e &eei2o G bo-a+ partin*o2o ao meio

n.ma *enta*a/C.spi ime*iatamente/ Brrrr .e por-aria 5.n-a tie na bo-a -oisa mais horr:e& ta& ,r.to era he*ion*o =ositiamente rep.gnante

 !tirei -om raia o -a-ho -ontra o tron-o *a 'rore e e&e a&i se esborra-ho. -om .mr.:*o *esagra*'e&+ -omo se tiesse emiti*o .ma risa*a se-a e sar-'sti-a/ &hei ,.2riosamente os &in*os -a-hos .e pen*iam *os ga&hos+ e <ing.ei a 'rore *e nomeshorrorosos Depois+ -ontin.ei a an*ar+ esgota*o+ -om .m pssimo gosto na bo-a e-.spin*o sa&ia grossa+ ab.n*ante e amarga/

 ! raia e a *e-ep6o ,i?eram2me es.e-er *a ,ome por a&g.m tempo/ Mas+ *epois+e&a o&to.+ imperiosa+ e re-ome-ei a pro-.rar ,r.tos o. ra:?es+ es-a&aran*o as mos/

5.m &ament'e& esta*o *e est.pe,a6o e impotKn-ia+ tie *e -ompreen*er .e en2-ontrar na mata o .e -omer .ma arte .e *eman*a -onhe-imentos seg.ros/ De2pois *e ,a?er esta importante *es-oberta+ ,.i ata-a*o *e io&ento -ansa6o e *esni2mo/ Come-ei a s.speitar .e a ,.ga empreen*i*a era remata*a to&i-e/ 5a*a -onse2g.iria+ so?inho na mata/ Mas o resto *e org.&ho impe&i.2me para a ,rente/ Contin.eia an*ar+ e+ em bree+ me arrastaa miserae&mente entre os et.stos tron-os/

 !n*ei o *ia to*o/ !o es-.re-er+ o&hei em torno+ G pro-.ra *e .m &.gar para *ormir/ E i+ ento+ .a&2

.er -oisa ,ami&iar G minha es.er*a/ Era .m ga&ho retor-i*o+ atormenta*o+ -om as,ibras *o &enho e<postas ao ar/ Mais &onge haia o.tros+ no mesmo esta*o/ &hei para-ima/ !o &.s-o ,.s-o+ os -a-hos *e ,r.tinhos amare&o2rosa*os estaam imAeis+ es2peran*o a noite/ En-ontraa2me em bai<o *a ma&*ita ,r.teira *e ,r.tos rep.gnantes' estaam os -a-hos &in*os+ apetitosos E+ no entanto+ *entro *a.e&a &in*a -as-a+sA haia ,e&

Me. -ora6o batia+ *es-ompassa*o/ !pertaa os p.nhos -om ,or6a+ n.m paro<is2mo *e raia/ D.rante to*o o *ia e. an*ara+ e no ,i?era seno *ar .ma gran*e o&ta+o. -:r-.&os sobre -:r-.&os

=.s2me a an*ar *e noo/ Era .ase noite/ E. trope6aa+ -a:a+ &eantaa me e -a2minhaa -om ,or6a+ raioso+ -om onta*e *e -horar+ -horar *e A*io 2 A*io *os !t&an2 tes + *e a&io+ *e .in-as+ *os se&agens+ *a pr2histAria+ *os ,r.tinhos amargos e*e mim

De repente+ o -ho esta&o. *ebai<o *os me.s ps/ !,.n*ei io&entamente+ no meio*e ga&hos e *e bar.&ho ens.r*e-e*or+ nas treas/ Minha -abe6a bate. em .a&.er-oisa *.ra/ E senti2me -omo se a&g.m soprasse minha a&ma *e *entro para ,ora///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 111/150

CAP!"#LO XXI

S#BMISSÃO DE JEREMIAS

$e-.perei os senti*os ain*a eno&to pe&as treas/ 5o en<ergaa .m pa&mo *iante*o nari?/ =.s2me *e p e -ome-ei a apa&par em o&ta+ a-aban*o por eri,i-ar .e es2taa *entro *e .ma -oa -.;as ,rias pare*es *e terra eram -orta*as a pr.mo/ "enteis.bir por e&as mas -onseg.i apenas es-a&arar os *e*os+ at ser obriga*o a *esistir+-ansa*o e *esespera*o/

enta*o na terra mi*a e ge&a*a+ p.s2me a re-or*ar t.*o o .e *e *esastroso mehaia a-onte-i*o *es*e .e *ei<ara os me.s -ompanheiros/ De-i*i*amente+ no es2taa -om sorte/// e esta ,ome atro? .e sentia/// =ensan*o bem+ o me&hor era o&tarpara a -ompanhia *e&es/ e ,osse h'bi& e pa-iente po*eria in*.?i2&os a ,.gir -omigo e

ento+ ;.ntos+ sim/// E se e&es no .isessemF/// Bem+ neste -aso+ o me&hor ain*a era,i-ar -om e&es+ para+ to*os .ni*os+ arrostar o resto *a aent.ra/// im/ De-erto issoseria me&hor *o .e an*ar per*i*o no mato+ arris-a*o a morrer *e maneira ignAbi&/Depois+ embora os tais !t&antes  ,ossem in*i:*.os perigosos e perersos+ a&io *e2ia estar ra-io-inan*o -ertoQ ta&e? nos *ispensassem maior -onsi*era6o *o .e aosse&agens .e haiam -hega*o at e&es/ ":nhamos -hega*o pa-i,i-amente+ sem pre2tensHes *e -on.ista+ e ta&e? no nos esperasse o mesmo *estino *a.e&es .e ha2iam apo*re-i*o no ,.n*o *o barran-o/

Estas -oisas to*as re*emoinhaam na minha -abe6a+ e a-abaram -onen-en*o2me *e .e e. ,i?era .ma gran*e asneiraU .e os !t&antes  tinham boas inten6Hes

para -onos-o e .e no -orr:amos perigo a&g.m/ =ortanto+ o me&hor era o&tar/im/// mas -omoF !gora+ estaa enterra*o n.ma -oa+ e sentia penetrar2me pe&as-ostas o ,rio mi*o *a pare*e *e terra/// !ssa&to.2me s.bitamente .m ,renesi/ =re-i2saa sair+ -orrer para a a&*eia+ en-ontrar me.s amigos/ $e-ome-ei a tentar a es-a&a2*aU inti&Q a pare*e mi*a+ es-orrega*ia+ a pr.mo e &isa+ era imprati-'e&/ Deia estar-om os *e*os em pssimo esta*o+ por.e me *o:am m.ito/ !in*a se ho.esse a&g.2ma -&ari*a*e+ se e. p.*esse er a pare*e+ ta&e? ,osse poss:e&/ Mas assim+ no/

bom senso+ !,ina&+ me re-omen*o. .e sossegasse+ pro-.rasse ,i-ar .ieto epassasse em repo.so as po.-as horas .e *eiam ,a&tar para amanhe-er/

=ro-.rei *ormir+ mas o me. est@mago *o:a *e ,ome+ o ,rio *a terra penetraa2me

os ossos+ e o -rebro no *ei<aa *e traba&har esteri&mente em torno *as perip-ias ;' passa*as e *as .e ta&e? sobreiessem/ Ce*ia ao -ansa6o+ a,ina&+ .an*o a a.ro2ra -ome6aa a -&arear o -. &' no a&to+ entre os ramos *as 'rores/ Laia no ar &ees

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 112/150

tons rAseos e -in?entos/Dormi po.-os min.tos+ por.e+ ao a-or*ar+ ang.stia*o+ em sobressa&to+ -om a

bo-a amarga *o gosto *os ma&*itos ,r.tinhos 2 ain*a no -&areara *e to*o/=.*e+ ento+ er on*e passara a.e&as horr:eis horas *a noite/Era .ma -oa .a*ra*a+ -om *ois metros *e pare*e *e -a*a &a*o e .ns trKs *e

pro,.n*i*a*e+ ta&ha*a a pr.mo/ !s pare*es -obertas *e m.sgos e &:.ens in*i-aam

.e no era noa/ 5.m *os -antos+ a eroso -aara *epressHes e b.ra-os+ e por a&iera poss:e& s.bir/

Em -ima+ morto *e -ansa6o+ -ome-ei a pro-.rar o -aminho .e me &earia ao pos2to aan6a*o/ Mas senti2me mais per*i*o ain*a *o .e no *ia anterior/ ,ato *e teran*a*o em o&ta+ -omo .m i*iota+ tiraa2me to*a a ini-iatia/ .is orientar2me pe&oso&+ mas no me &embraa *e .e &a*o estiera a minha sombra+ na manh anterior+.an*o estaa na a&*eia at&ante / =.s2me a an*ar ao a-aso+ o&han*o ansiosamentepara to*os os &a*os+ pro-.ran*o re-onhe-er .a&.er parti-.&ari*a*e .e me in*i-as2se o -aminho/ Mas era inti&/ ".*o a.i&o era in,erna&mente seme&hante

Come-ei *e noo a per*er a -abe6a/ "ie onta*e *e -horar e+ *e repente+ n.m

er*a*eiro a-esso *e &o.-.ra+ -ome-ei a gritar+ -haman*o os nomes ora *e a&io+ora *e .in-as/

De repente+ pare-e.2me o.ir .ma o? &ong:n.aQ2 Jeremias///>ritei mais a&to/De-orri*os a&g.ns momentos+ tornei a o.ir me. nome/ J' no haia *i*a/ 5o

era a&.-ina6o/ !&g.m me -hamaa na se&a/ $o:*o *e emo6o+ -ontin.ei a gritar+para orientar o me. sa&a*or+ e+ passa*o a&g.m tempo+ i os me.s *ois amigos .e+a-ompanha*os *e *ois !t&antes + -aminhaam *iretamente em minha *ire6o/

2 EntoF/// 2 perg.nto. a&io+ sorrin*o ma&*osamente/ 2 =asso. bem a noiteF De2

sisti. *e o&tarF2 a&io 2 respon*i o mais org.&hosamente .e me ,oi poss:e& na -ir-.nstn-ia/ 25o bonito ir ?ombar *e mim nesta sit.a6o/ Contin.o a pensar *o mesmo ;eito/Mas tenho .e retro-e*er por.e no sei me orientar na ,&oresta 3 isso/

a&io sorri. ain*a+ -ontra,eito+ e .in-as ,a&o.Q2 o-K est' n.m &in*o esta*o/// amos/ amos embora+ pre-isa tomar .m banho e

se a&imentar/2 E *ormir 2 -omp&etei/ !gra*e-i a .in-as -om .m o&har e partimos/%oi .ma -aminha*a si&en-iosa+ .e *.ro. -er-a *e .ma hora+ o .e me ,e? er

.o perto est'amos *o me. ponto *e parti*a+ tanto mais .e an*'amos *eagar+

*ei*o ao me. esta*o/.an*o -hegamos G a&*eia e. estaa e<a.sto+ -amba&eaa e no po*ia *ispensaro a.<:&io *os *ois -ompanheiros/ 5o ,oi poss:e& -omer nem tomar banho/ Ca: nare*e e a*orme-i ime*iatamente/

T T T

 !o a-or*ar+ inte e .atro horas mais tar*e+ no -ontei aos me.s amigos as aen2t.ras na mata+ por.e a.e&e episA*io *a ,r.teira+ .e me energonhaa e irritaa+haia *e os ,a?er rir m.ito/ =er*era+ tambm+ -omp&etamente+ a onta*e *e ,.gir+mas+ para ser -oerente -omigo mesmo+ -ontin.ei a a,irmar .e *ese;aa *ei<ar a.i2&o na primeira oport.ni*a*e/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 113/150

2 o-K -ontin.a a ser .m to&o/ Estamos sen*o trata*os -omo hAspe*es *e honra///2 Bom proeito/ .e *ese;o saber .an*o amos o&tar G -ii&i?a6o/2 "enho -onersa*o *iersas e?es -om o -he,e/2 E e&e ;' &he ensino. .m bom -aminho para o&tarmosF2 3 .m homem inte&igente+ e .e est' bem a par *e t.*o o .e se passa no Onosso

m.n*oP/ "em agentes nas -i*a*es brasi&eiras mais prA<imas+ e sabe *e t.*o+ in-&.si2

e os pormenores *a g.erra .e se *esenro&a entre a !&emanha+ t'&ia+ Japo e oresto *o m.n*o/

2 #timo/ E -omo .e e&e &he e<p&i-o. a.e&es restos h.manos atira*os ao ,.n*o*a riban-eiraF

.a&.er .m teria per*i*o a pa-iKn-ia/ Mas a&io no era .a&.er .m/// o&to.2se para .in-as+ .e+ -a&a*o+ senta*o n.m tron-o+ *iertia2se *an*o go&pes *e ,a-on.m ga&ho se-o 2 e *isseQ

2 .in-as+ e<p&i.e a este -abe6a *.ra///2 %oi e<atamente o .e a&io penso. 2 *isse e&e/ 2 o os restos *e se&agens .e

ata-aram o =osto / De tempos em tempos+ os in*:genas se renem em gran*es gr.2

pos e tentam assa&tar a -i*a*e/2 E ento+ os !t&antes  *estroem2nos+ no F2 E&es tKm .e se *e,en*er+ Jeremias/ o-K ;' i. .m ata.e *e se&agensF 3 .ma

-oisa terr:e&/ =are-em &o.-os e no respeitam -oisa a&g.ma/ Destroem e .eimam ematam a torto e a *ireito/ .an*o g.erreiam+ tornam2se rea&mente mais ,ero?es *o.e .a&.er anima&/ *i,i-i&mente re-.am/

2 E. sei/ Mas para .e a.e&es tron-osF2 !&i e&es aprisionam os se&agens .e -onseg.em -apt.rar/ =ro-.ram ,a?K2&os

-ompreen*er .e no so inimigos/ Depois+ so&tam2nos+ para ,a?K2&os er t.*o/ s.e -ompreen*em so *eo&i*os Gs s.as a&*eias+ mas os .e -ontin.am inimigos+

tKm .e ser e&imina*os/2 Mas e&es no a-haram na*a me&hor *o .e os postes+ -orrentes e barran-osF2 Mas 2 intereio a&io 2 ser' esse .m tratamento in*igno+ *a*a a psi-o&ogia parti2

-.&ar *os se&agensF2 Est' bem/ Con-or*o em .e so .ns an;os/ Mas+ a.e&e a&tar -oberto *e sang.e

h.mano se-oF2 5o sang.e h.mano+ Jeremias/2 a&io sso o .e e&es *i?em+ e o-Ks pare-em *ispostos a a-re*itar em t.*o/

er' er*a*eF2 =or .e no haia *e serF "ero e&es me*o *e nAs+ para estarem mentin*oF

2 5o sei/ 5o gosto *e&es+ e prontoLo.e .ma pa.sa/ Depois+ a&io re-ome6o. a ,a&arQ2 !ntigamente+ os =ostos !an6a*os  .e ro*eiam o 5-&eo Centra&   eram mais

a,asta*os+ e ,oi .m *e&es .e imos *estr.:*o no -aminho+ &' on*e haia -asas *epe*ra *este&ha*as///

2 ei 2 interrompi 2 on*e haia .m barran-o -heio *e ossa*as+ -omo a.i///2 J.stamente/ Mas esses postos mais a,asta*os eram m.ito hosti&i?a*os pe&os se&2

agens/ Laia *emasia*as g.erras e *emasia*as mortes/ $eso&eram+ ento+ trans,e2rir a &inha mais para tr's+ *imin.in*o o -:r-.&o em torno *o 5-&eo / !ssim esto maisseg.ros/ "o*os os =ostos !an6a*os  esto em -onstante -om.ni-a6o entre si+ e

e&am pe&a seg.ran6a *o 5-&eo /2 Mas .e *iabo ,a?em e&esF =ara .e e<istemF2 =erg.ntei isso ao e&ho -he,e/ 5o sei se enten*i bem/ =are-e2me .e e&es se

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 114/150

-onsi*eram .m poo pre*estina*o a gran*e misso no ,.t.ro/ L' in.mer'eis s-.2&os+ h' mi&Knios .e iem *e a-or*o e respeitan*o -erta misso sagra*a+ .e em*e po-as es.e-i*as/ -rebro .e *irige t.*o est' no 5-&eo Centra& + per*i*oentre serras ast:ssimas e inating:eis/

2 Mas .e .e e&es ,a?emF2 5a*a/ Conseram a tra*i6o+ e esperam/

2 E .e .e e<iste no 5-&eo Centra&F  2 sso .e *ese;o saber/ =e*i ao e&ho -he,e .e man*asse a&g.m nos a-ompa2

nhar at &'/ E&e se re-.so./ 5o o po*e ,a?er sem primeiro re-eber or*ens/ J' proi2*en-io. para se -om.ni-ar -om o =rimeiro 7rienta*or ///

Depois *e &onga pa.sa em .e to*os estiemos pensatios+ a&io -ontin.o.Q2 E&es esto bem organi?a*os e so m.ito h'beis/ L' mais *e .m mKs .e nos

Km seg.in*o pe&as se&as/// Des*e o en-ontro -om os 0e&agens o.ros / =o*iamnos ter mata*o ,a-i&mente/

2 E por .e no o ,i?eramF2 5o sei+ mas penso .e esto in,orma*os *e nossa iagem *es*e o in:-io/ !.e&e

-orone& Mar-on*es+ por e<emp&o/// 2 e *epois *e .ma pa.saQ 2 Criaram to*as as *i,i2-.&*a*es em nosso -aminho+ para nos ,a?er retro-e*er e+ ta&e?+ para -omproar at.e ponto somos tena?es/ 5o .iseram impe*ir *e&ibera*amente a iagem/ !-re*ito.e isso mesmoQ .eriam p@r G proa a nossa inte&igKn-ia+ a nossa -apa-i*a*e *e&.ta+ a nossa resistKn-ia///

2 en*o assim+ a&io+ temos .e re-onhe-er a e<istKn-ia *e .m gran*e e po*ero2so 0.perior  entre e&es/

2 !ssim *ee ser+ Jeremias/ Dee e<istir .m 0.perior + .e t.*o sabe+ t.*o K e -.2 ;as or*ens so in*is-.t:eis/

2 sso *' m.ito o .e pensar///2 =ense+ ento/ E. no tenho ,eito o.tra -oisa+ *es*e .e me p.s em -onta-to

-om e&es/.in-as -ontin.aa senta*o sobre o tron-o+ *an*o go&pes -om o ,a-o no pe*a6o

*e pa./ "ambm e&e pensaa/A e.+ sA e. teimaa em permane-er s.r*o e -ego para t.*o o .e me ro*eaa+

para a signi,i-a6o estranha *a.e&a bem organi?a*a a&*eia *e pe*ra+ erg.i*a emp&ena se&a+ *istante *e to*os os re-.rsos+ G margem *e .m inAspito *eserto/// g.ar2*a aan6a*a *e o.tra -i*a*e .e *eia ser gran*iosa A e. teimaa em no tomar-onhe-imento *essa -oisa marai&hosa e ins.speita*a em to*o o m.n*o "eimaa empensar apenas em mim prAprio+ sem *ar aten6o a mais na*a/ 5o re,&etia .e ha2

:amos -hega*o a&i -omo intr.sos+ .e me ins.rgia -ontra e&es e agre*ira2os br.ta&2menteU .e e&es+ no entanto+ nos a&imentaam e abrigaam sem na*a nos perg.ntar+-omo se nos *eessem respeito/ Con,rontan*o serenamente os a-onte-imentos+ -on2-&.:a .e o se&agem+ a&i+ era+ .ni-amente+ e.///

D.rante meia hora estie re,&etin*o+ pensan*o+ e ning.m ,a&o./ Depois+ p.s2me*e p e -aminhei+ agita*o+ *e .m &a*o para o.tro/ .an*o parei+ tomara .ma reso&.26o/

2 a&io+ .in-as/// Des-.&pem/ "enho si*o .m to&o+ .m -rian6o&a/// =ara o ,.t.ro///2 ra/// 2 interrompe. .in-as/ 2 Compreen*emos/ sso era nat.ra&/ o-K estaa

e<a.sto -om a iagem/

2 5at.ra&mente 2 -ontin.o. a&io/ 2 Compreen*emos per,eitamente/ 5a*a temos.e *es-.&par/ o-K tem esta*o -om o sistema neroso irrita*o+ mas a -.&pa no s.a/// o-K tem si*o sempre .m e<-e&ente -ompanheiro///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 115/150

s *ois estaam isie&mente -omoi*os/ enti sbita e<a&ta6o+ e gran*e tern.raQ2 J.ro 2 *isse e. so&enemente 2 .e a-onte6a o .e a-onte-er+ irei -om o-Ks at

ao ,im+ se;a e&e .a& ,or 5o sei o .e me *e.///2 5o se ,a&a mais nisso/ Est' a-aba*o/

T T T

a:mos os trKs em *ire6o G pra6a -entra&+ e sA ento notei .e era reesti*a *egran*es &a;es *e pe*ra+ &isas+ e ig.ais/ s gr.pos *e -asas estaam arr.ma*os empe.enas r.as .e irra*iaam *a pra6a/ ! gran*e -asa on*e moraa o e&ho -he,e+estaa so?inha+ no &a*o oposto G entra*a+ o-.pan*o .m .arteiro/ "o*as as -asaseram trreas+ *o mesmo ,ormato+ embora .mas ,ossem maiores e o.tras menores/.ebran*o a &inha *o -:r-.&o haia *.as gran*es -onstr.6Hes -o&o-a*as simetri-a2mente+ *ois gran*es ga&pHes -om ;eito *e o,i-inas o. *epAsitos/ !o ,.n*o+ 'rios o.2

tros ga&pHes+ *o mesmo ,ormato+ e menores/ Dos ga&pHes menores inham r.:*os,ortes+ *e marte&os+ g.in-hos+ serrotes+ arrastar *e -oisas+ et-/ 2 t.*o o .e -ara-te2ri?a o,i-inas em atii*a*e/ s !t&antes  se moimentaam+ in*o e in*o+ -r.?an*o apra6a+ entran*o e sain*o *os e*i,:-ios2o,i-ina !o passarmos pe&a -asa *o -he,e+ i+ao ,.n*o *a r.a+ &' atr's+ .ma nesga *e er*e 2 .m grama*o+ e .ma -rian6a passo.-orren*o/ Crista&inas risa*as in,antis soaam &onge/ %i? i*eia *e .m Op&aygro.n*P eno me enganaa/ =o.-o *epois+ no ,im *a r.a+ est'amos *iante *e .m gran*e ta2b.&eiro *e grama sombrea*o -om gr.pos *e 'rores/ Crian6as n.as+ *e ambos os se2<os+ -orriam+ sa&taam obst'-.&os+ &.taam+ ;ogaam pe&ota+ gritaam e riam 2 *ier2tiam2se+ -omo gostam *e ,a?er to*as as -rian6as *e to*as as partes *o m.n*o/ !o

&a*o+ sob imensa prgo&a -oberta *e istosa trepa*eira ,&ori*a+ m.&heres  !t&antessenta*as em tos-os ban-os te-iam ,a?en*as *e -ores ias+ o. pintaam e<emp&ares*e -ermi-a+ en.anto igiaam as -rian6as/

5ing.m se importo. -onos-o+ nem nos o&ho. *e ,orma parti-.&ar/ !s -rian6asnem se *etieram+ nem a&teraram o ritmo *e se.s brin.e*os/

 !&i estiemos &ongo tempo *iante *a.e&e *iino espet'-.&o+ a.e&as -rian6as .eiiam em p&ena nat.re?a

Sm at&ante  -hego.+ sobra6an*o gran*e -esto -heio *e ,r.tos .e *eposito. no-ho+ no &onge *e .m gr.po *e meninos/ eanto.2se &ogo *e to*o o ban*o .magritaria in,erna&+ e+ -omo ,ormigas atra:*as por *o-e+ to*as as -rian6as se atiraram+

-orren*o para o -esto/ Em po.-os momentos e&e estaa a?io+ e os garotos+ rin*o-om a.e&a a&egria .e em *a a&ma in,anti& e .e sA e&a tem+ metiam os *entes naspo&pas saborosas/

E. me es.e-era *o m.n*o/ ! ine,'e& msi-a *a in,n-ia satis,eita e ,e&i? trans2portaa me para .m -. m.ito *istante/

De repente+ a&g.m se apro<imo. *e nAs e to-o. no ombro *e a&io/Era a.e&e in*:gena a&to e ,orte .e estiera ao &a*o *o barba6as/2 Che,e .er ,a&ar///2 J' amos 2 respon*e. a&io/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 116/150

CAP!"#LO XXII

 AN"E O PEN&ASCO SOMBRIO

e&ho .eria nos *ar .ma not:-iaQ2 Esto. a*mira*o/ 5o esperaa isto/ D.rante a nossa histAria a-onte-e. 'rias e2

?es re-ebermos estrangeiros+ mas ;amais passaram *a.i+ e .ase to*os ,oram e<2termina*os *epois *e po.-os *ias/ Esta a primeira e? .e pessoas no nas-i*as*entro *e nossas -i*a*es tKm &i-en6a+ ;' no *igo *e ir ao 5-&eo Centra& + mas sim2p&esmente *e ier/ Mesmo entre os nossos+ posso -ontar pe&os *e*os os .e ;' ,o2ram ao 5-&eo / $e-omen*o2&hes .e se;am pr.*entes/ Creio ain*a ser ti& ais'2&os.e *e-erto ;amais po*ero o&tar G s.a terra nata&/ =ara nossa seg.ran6a+ ning.mpo*e saber .e e<istimos+ nem -omo iemos/

2 ComoF 2 perg.ntei/ 2 E&e *i? .e n.n-a mais sairemos *a.iF sso *ee ser gra2-e;o/

2 Dei<e o homem ,a&ar+ Jeremias2 omos obriga*os a tomar pre-a.6Hes por.e no -hega*o ain*a o momento

*e ree&ar ao m.n*o a nossa presen6a///2 .er *i?er .e os senhores so rea&mente !t&antes F  2 im/ omos o .e resta *essa g&oriosa ra6a 2 a primeira ra6a -ii&i?a*a *o m.n*o/2 Mas por .e iem iso&a*osF2 =or.e o m.n*o+ ta& -omo est'+ no nos po*er' re-eber/ 3 -e*o/ "emos gran*e

misso a -.mprir+ importante pape& a representar na Com*ia L.mana / Mas a nos2

sa hora *e entrar em -ena no -hego. ain*a///2 E/// essa hora *emorar' m.itoF2 5o sei/ 5ing.m sabe/ Mas o tempo no importa/ Esperamos h' s-.&os sem

-onta+ e -ontin.aremos a esperar en.anto isso ,or ne-ess'rio/ importante .eeste;amos a.i .an*o -hegar o momento/ Estamos organi?a*os para .an*o -he2gar a nossa e?+ e -.i*amos apenas *e o estarmos sempre/ omos os g.ar*iHes *ea&g.ma -oisa imorta&+ .e ,a&ta -a*a e? mais aos homens *o osso m.n*o/ E&es sea,astaram tanto *a nat.re?a .e/// 2 o e&ho interrompe.2se+ e+ *an*o .m s.spiro+-ontin.o.Q 2 Bem/// no me -ompete ,a&ar sobre estas -oisas/ !&g.m &hes ,a&ar' -ommaior a.tori*a*e *o .e e.///

2 ei/ s e<tremos se to-am///2 =er,eitamente+ ;oem/ s e<tremos se to-am/ 3 bem isso/// s homens apren*e2ram a ser homens -om os !t&antes + e isso ,oi h' m.itas -entenas *e s-.&os e ,oi

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 117/150

neste mesmo &.gar/// Depois+ os homens progre*iram e se en-heram *e org.&ho+ ;.&2garam2se *e.ses e se es.e-eram *os simp&es Man*amentos *a %e&i-i*a*e / Estoregre*in*o+ -ertos *e .e -ontin.am a progre*ir/ Mas a -ii&i?a6o *e on*e ieram+morrer'/ E *a.i se espa&har'+ o.tra e?+ a semente *o Bem+ *a Esperan6a e *a i*a///

2 Mas///

2 Chega 2 *isse o e&ho erg.en*o a mo/ 2 5o me perg.ntem mais na*a/ o+ e &'a&g.m &hes po*er' ,a&ar me&hor *o .e e./

entamente o e&ho *es-e. *o estra*o+ en-aminhan*o2se para a porta .e ,i-aana pare*e *e tr's/ eanto. a -ortina e *esapare-e./ 5As ,i-amos o&han*o a tape6a2ria .e ba&an6aa s.aemente/

%oi a &tima e? .e o imos/ in*:gena espa*a*o sorri.2nos e *isseQ2 enham///>.io.2nos para ,ora+ mas no nos ,e? sair *a pra6a pe&a &arga porta .e ha:amos

-r.?a*o 'rias e?es/ Con*.?i.2nos para tr's *a -asa *o e&ho+ e+ *epois *e nos ,a2

?er ro*ear o Op&aygro.n*P sa:mos por .m pe.eno porto .e *aa *iretamente paraa mata/

Sma &arga estra*a apare-e. *iante *e nAs+ e+ a&inha*os a .m &a*o+ oito !t&antes /.atro -arregaam ,ar*os e os o.tros .atro iam bem arma*os -om &an6as+ ar-ose ,&e-has e ,a-Hes re&.?entes/ in*:gena aponto. os homens e ,a&o.Q

2 E&es os &earo/ Boa iagem Em seg.i*a+ retro-e*e.+ atraesso. a porta e s.2mi./

5o mesmo instante+ os oito !t&antes  ini-iaram a mar-ha pe&a estra*a .e araa a,&oresta/ =e&o menos+ eram -amara*as *e-i*i*os+ .e no per*iam tempo em -oner2sa/// E ,oi assim prosai-amente+ sem mais premb.&os+ .e ini-iamos a memor'e&

mar-ha pe&a estra*a *a ,&oresta+ r.mo ao 5-&eo Centra& *os !t&antes ///s nossos g.ias -aminhaam em passo -a*en-ia*o+ ig.a&+ si&en-ioso+ *e gran*eren*imento/ Com e&es .e apren*emos a -aminhar+ a ,a?er &ongas mar-has seme<-essio -ansa6o/ 5o -onersaam/ !penas+ *e &onge em &onge+ tro-aam .mabree pa&ara+ ta&e? *e a*ertKn-ia para .a&.er parti-.&ari*a*e .e nos passaa*esper-ebi*a/ 5As trKs+ porm+ -oners'amos+ -omentan*o a per,ei6o *a estra*a+paimenta*a *e pe*ra em to*os os &.gares on*e isso era ne-ess'rio/ s -.rsos *e'g.a eram atraessa*os em pontes *e pe*ra/ s pntanos eram ig.a&mente trans2postos em sA&i*as pontes/ ! preo-.pa6o m'<ima *os -onstr.tores ,ora ,a?er+ tanto.anto poss:e&+ .ma reta/ !s rampas eram m.ito s.aes e as -.ras *e &ongos ra2

ios/ Laia obras *e arte para passagem *as 'g.as e a&as para eitar os estragos *aeroso/ $ar:ssimas e?es ia;amos a -. aberto/ =roposita*amente+ *e-erto+ a estra2*a ,ora to*a rasga*a no seio *a mata+ o. ento+ haiam p&anta*o bos.es on*e noho.esse matas nat.rais/

Como ;' t:nhamos obsera*o+ os !t&antes   no tinham hora -erta para -omer/ Co2miam .an*o sentiam onta*e/ .an*o per-eberam .e nAs t:nhamos horas mar-a2*as para as re,ei6Hes po.-o se importaram -om isso+ e sA o-asiona&mente nos a-om2panharam/ 5os .atro ,ar*os inham a&imentos em ab.n*n-ia+ o .e nos *ei<o.bem a&iia*os+ por.e sab:amos .anto -.sta a ,a&ta *e a&imentos na mata///

 ! mar-ha *e .atro *ias pe&a e<-e&ente estra*a no tem na*a .e se possa -ontar/%oram .atro *ias serenos+ sem pert.rba6Hes+ *.rante os .ais mar-hamos sem

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 118/150

-ansa6o+ -omemos bem e *ormimos me&hor/ 5o haia ponte para atraessar o gran2*e rioU .samos .ma -anoa/ Do &a*o *e &'+ a estra*a+ sempre ig.a&+ penetraa em ter2reno montanhoso e -ome6aa a ,a?er -.ras n.merosas/ ! ,&oresta no era -ont:n.aU&argas -&areiras a separaam/ .bimos po.-o a po.-o+ at nos en-ontrarmos na en2-osta *e er*a*eira serra/

eamos *ois *ias e .ase to*o o ter-eiro para ga&gar a serra+ e+ .an*o -hega2

mos ao -imo+ en-ontramo2nos *iante *e .m e<traor*in'rio panorama+ .e ma& se*ei<aa er sob a &.? morib.n*a *o so& poente/

Como amontoa*o *e es-.ras n.ens+ se *es*obraa+ at ao in,inito+ .ma s.-esso*e montanhas *e s.ae aparKn-ia/ Era .m on*ear -ont:n.o+ intermin'e&+ -omo se.m o-eano tiesse s.bitamente petri,i-a*o s.as on*as/ E a&m+ .ase na &inha *ohori?onte+ e&eaa2se .m morro mais a&to .e to*os os o.tros+ *ominan*o to*a aterra em re*or/ "inha a ,orma *e .m -one+ e a impresso *e ma;esta*e si&en-iosa.e se *espren*ia *e&e imposs:e& *es-reer/ ! obs-.ri*a*e ia tragan*o o ,ant'sti2-o ma-i6o/ Sm *os g.ias+ ao nosso &a*o+ esten*e. &entamente o bra6o e m.rm.ro.Q

2 >eom'

5o enten*emos essa pa&ara+ mas imos os o.tros sete abai<ar respeitosamentea -abe6a e -ompreen*emos .e a.e&e -one era o mar-o *o nosso *estino/

enti .m arrepio/ rosto *e a&io pare-ia i&.mina*o por estranha &.? interiorUse.s o&hos bri&haam intensamente e nos &'bios estaa para*o .m sorriso e<t'ti-o/.in-as arrega&aa espanta*os o&hos para a imensi*o .e a noite engo&ia pa.&atinae ine<orae&mente/

Disp.semo2nos a passar a noite a&i no a&to *a serra/s !t&antes + seg.n*o se. -ost.me+ ,i-aram ;.ntos+ a a&g.ma *istn-ia *e nAs/2 Jeremias 2 es-.tei a&io s.ss.rrar *epois *e &ongo si&Kn-io/ 2 Estamos perto Es2

tamos -hegan*o Estamos no &imiar *a maior *e to*as as *es-obertas ,eitas at ho;e

pe&o homem/// 3 &' a*iante+ Jeremias entre a.e&as montanhas atormenta*as+ na2.e&e imenso ro-he*o/// >eom'   ' .e se en-ontra o segre*o *a origem *o ho2mem+ e ta&e? tambm o segre*o *o se. ,im E estamos a po.-os passos

E e.+ sob a presso *e .ma emo6o estranha+ in*e,in:e&+ s.ss.rrei tambmQ2 sto t.*o est' me ,a?en*o ma&/// gran*e *emais para a minha -ompreenso///

"enho me*o2 E. tambm sinto -erto re-eio+ Jeremias/ Mas passar'/ "emos .e ir at ao ,im/.in-as+ -.;os o&hos bri&haram n.m re&mpago ,.gitio+ ,a&o. -om simp&i-i*a*e se2

renaQ2 E. no sinto na*a+ nem me*o nenh.m/ Mas esto. pensan*o no ;eito *e o&tar/

=or.e sei .e teremos *e ,.gir e .e no o po*eremos ,a?er por esta estra*a///2 Dei<e/ 5o a&e a pena pensar na o&ta+ se ain*a nem -hegamos/Depois+ ,i-amos os trKs em si&Kn-io+ e no sei .an*o a*orme-emos/

TTT

 !-or*ei r.*emente sa-.*i*o pe&o bra6o+ e o.i a o? enro..e-i*a *e a&io+ ;.ntoao me. o.i*oQ

2 Depressa &he+ Jeremias &heentei2me+ ain*a a tempo *e er .ma gran*e bo&a *e ,ogo .e atraessaa o -.+

i&.minan*o as montanhas -om pa&or espe-tra&/ gran*e -one+ >eom' + era .ma

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 119/150

massa negra+ imAe& &' no ,.n*o/ De repente+ porm+ i&.mino.2se e ,i-o. -oberto *eestrias *e &.?/ ! bo&a *e ,ogo -a:ra sobre e&e e se *es,i?era em mi&hares *e &:ng.asr.bro2bran-as+ &ogo *esapare-i*as+ engo&i*as pe&a es-.ri*o/ =o.-o *epois+ -omo.e sa:*o *e .m &etargo+ a&io ,a&o.Q

2 sina&+ Jeremias ! Ome2*o2o.roP   s:mbo&o *o po*er E s.a o? pare-ia es2tranha+ &ong:n.a+ ta& a emo6o .e a embargaa/ "eriam os  !t&antes  tambm ob2sera*o o estranho ,en@menoF 5o sabemos/ =e&o menos+ no o.imos as s.as o2?es+ e no per-ebemos moimento a&g.m entre e&es/

.in-as no i. na*a/ Dormia pesa*amente/5As *ois no -onseg.imos *ormir o resto *a noite/ %i-amos senta*os+ o&han*o o

hori?onte negro+ o&han*o para as estre&as+ to n.merosas -omo e. n.n-a ira/ ' no,.n*o *e nossa a&ma pressent:amos .m noo ,en@meno/ .a&.er -oisa estranha *e2ia s.-e*er ain*a+ .a&.er -oisa .e no po*:amos saber o .e ,osse/ E as horaspassaram+ sem .e na*a a-onte-esse/ !,ina&+ .ma gran*e bo&a *e ,ogo -ome6o. as.rgir por tr's *a morraria+ en-hen*o o -. *e ,ai<as erme&has+ ro<as e amare&as/

Era o so&/ s oito !t&antes  p.seram2se *e p/ =o.-o *epois+ .in-as &eantaa2

se tambm+ satis,eito/ Depois *e -omer ,r.tas+ p.semo2nos noamente a -aminhope&a estra*a+ *iretos ao gran*e -one &' no hori?onte+ agora nimba*o por .ma poeira*e &.? *o.ra*a/

Da: em *iante a -aminha*a se torno. mais *i,:-i&/ D.rante horas *es-:amos a pro2,.n*os a&es+ e *.rante o.tras horas in,in*'eis s.b:amos intermin'eis en-ostas/n*e'amos -om as montanhas+ a-ima e abai<o+ -omo .m bar-o per*i*o no mar+mas seg.in*o .m r.mo -erto/

Ca*a e? .e -heg'amos ao a&to *a .ma serra+ aist'amos mais perto o gigan2tes-o penhas-o sombrio .e nos atra:a -omo .m im/ Depois *o seg.n*o *ia+ sA oper*:amos *e ista .an*o *es-:amos a pro,.n*as rainas/ ' estaa e&e+ ao &onge+

-omo .m gigantes-o *e*o erg.i*o para nos in*i-ar o -aminho/D.rante .atro *ias s.bimos e *es-emos morros E+ !,ina&+ en-i*a a &tima etapa+imo2nos ,rente a ,rente -om o -o&osso/ E&e se erg.ia nas-en*o+ inespera*amente+*o -ho+ ao -entro *e imensa p&an:-ie .e er*e;aa aos nossos ps/ Era .Va massanegra+ empo&gante+ a&-anti&a*a+ to a pi.e+ .e a&pinista a&g.m po*eria ;amais pen2sar em es-a&'2&a/ !o se. re*or+ a p&an:-ie p&anta*a -om 'rores *ispostas em -:r-.&os-on-Kntri-os ao monstr.oso morro/ E a estra*a+ .e :nhamos pa&mi&han*o+ *es-ia*iante *e nossos o&hos+ serpentean*o+ es-orren*o por bai<o *as 'rores *a p&an:-iepara ir *esapare-er *e en-ontro G m.ra&ha *o ro-he*o/ Est'amos para*os+ imAeis+m.*os *e emo6o/

De repente+ o?es se erg.eram+ ao nosso &a*oQ2 >eom' >eom's oito !t&antes  estaam a;oe&ha*os+ *e -abe6a bai<a+ m.rm.ran*o a pa&ara sa2

gra*a/ Depois+ erg.eram2se+ e+ *e bra6os esten*i*os para a montanha+ -ome6aram are-.ar+ at .e se o&taram e partiram+ *e o&ta+ sem nos *i?er .ma pa&ara+ sem nos&an6ar .m o&har/

2 De-erto+ esto proibi*os *e passar *a.i///2 E. tambm o .eria estar+ a&io/ =ara *i?er a er*a*e///2 5o -ome-e *e noo 2 interrompe. a&io 2 no re-ome-e/ amos *es-er/.in-as ;' ia *es-en*o e ,oi a -ontragosto .e os a-ompanhei estra*a abai<o/ =a2

re-ia preso por a&g.m po*er misterioso/ Mas na*a po*ia ,a?er/ 5a.e&e ponto+ t:nha2mos .e ir a*iante+ *e .a&.er mo*o/Creio po*er a,irmar .e os trKs retar*amos a *es-i*a o mais poss:e&/ =ar'amos

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 120/150

sob .a&.er prete<to+ e tambm sem prete<to nenh.m/ .e nos retinhaF Me*oF ! noite eio s.rpreen*er2nos ain*a a meio -aminho *a en-osta/ Dei<amos a estra2

*a e nos abrigamos sob .ma 'rore bem -opa*a/ entamo2nos+ G espera *e .e a&2g.ma -oisa nos iesse ,a?er an*ar/ "entamos -onersar+ mas sA o po*:amos ,a?er emo? bai<a e as pa&aras morriam m.ito *epressa/

sono no inha/ 5ossos o&hos estaam presos ao -o&osso *e pe*ra+ m.ito aga2

mente *e&inea*o na es-.ri*o+ is:e& apenas -omo .ma man-ha mais negra/ E ashoras se arrastaam/

T T T

Em meio a penosa ig:&ia+ o.imos sons+ .e nos p.seram ime*iatamente a&erta/Era -omo o tanger *e n.merosos sinos+ mas sem o som met'&i-o *os sinosU -hega2

am at nAs -omo .e eno&tos em ,o-os *e a&go*o+ s.aes+ ma-ios+ &entos/// o2

&.me ,oi a.mentan*o+ mas a .anti*a*e permane-e. a mesmaQ ae&.*a*o+ ma-io+*o&ente/ embraa -ertas mo*.&a6Hes *a msi-a orienta&+ impreistas+ aparentemen2te *es-one<as+ mas -heias *e ,as-inante en-antamento/

Erg.emo2nos/ E+ s.bitamente+ .ma &.?inha apare-e. trem.&an*o+ &' em bai<o nap&an:-ie+ -omo .m ,.ro -an*ente no negror/ =is-a2pis-o. .m instante+ moen*o2separa .m &a*o/ De repente+ o.tra s.rgi. atr's *e&aU hesito. por .m seg.n*o e seg.i.apAs a o.tra/ Depois o.tra+ mais o.tra+ mais o.tra/// to*as s.rgin*o assim *e sbito+-omo se sa:ssem *e .m b.ra-o negro+ inis:e&/ E -ontin.aam a s.rgir+ e -aminha2am+ .mas atr's *as o.tras+ em ,i&a+ n.ma pro-isso on*.&ante/ Centenas *e &.?esamb.&antes+ persistentes+ misteriosas/// E os sinos tangiam+ en-hen*o o ar *a.e&e

som ma-io+ marai&hoso+ mono-Ar*i-o e+ -ont.*o+ ,as-inante 2 msi-a estranha paranossos o.i*os+ me&o*ia monAtona+ enerante+ abissa&+ .e proo-aa ertigem/ En2,im+ a &tima &.? s.rgi. e seg.i. atr's *as o.tras/

 ! pro-isso estaa -omp&etaU em &onga ,i&a esten*ia2se pe&o terreno+ interrompia2se a.i e a&i+ es-on*i*a *e-erto por a&g.mas 'rores+ e -ontin.aa &' a*iante+ asta-.ra .e+ ao .e imaginamos+ passaa por tr's *o -o&ossa& ro-he*o/ Depois+ a brisanos tro.<e o som en,ra.e-i*o *e .m imenso -oro *e o?es -antan*o .ma &itaniaon*e no se *isting.iam sons ag.*os nem graes/ Era -omo o ,&.ir e re,&.ir *e on*asn.ma praia *istante/ 5o tinha pa&aras/ n*.&aa -omo o som *os sinos e -omo apro-isso *e &.?es/ Espa6a*as+ &ongas+ mo*.&a*as n.m ritmo enerante+ as notas&ong:n.as -hegaam at nAs assimQ

2 /// !/// 7/// E/// S/// 7/// E///

E+ ibrante+ -&aro+ -omo .e anima*o *e estranha i*a prApria+ .m tre-ho se *es2ta-o.Q

2 /// E/// 7/// S/// !///

 ! &itania ,oi se e<ting.in*o s.aemente na *istn-ia+ -om a pro-isso .e tambm*esapare-ia na gran*e -.ra/ imo2&a ain*a *.rante a&g.m tempo+ -aminhan*o naes-.ri*o+ -omo .ma in,in*'e& &agarta *e o&hos &.minosos/ !,ina&+ a &tima &.? tre2m.&o. e *esapare-e.+ engo&i*a pe&a sombra+ *e-erto por tr's *o ro-he*o/ som *ossinos *.ro. mais a&g.ns seg.n*os+ e morre. to s.aemente -omo -ome6ara/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 121/150

".*o ,i-o. pro,.n*amente si&en-ioso+ pro,.n*amente es-.ro+ pro,.n*amente imA2e&/ E nesse si&Kn-io+ nessa imobi&i*a*e+ nessas treas pa&pitaa i*a+ .ma i*a .esent:amos ro6ar pe&o nosso esp:rito+ mas .e no -ompreen*:amos/

5enh.m *e nAs *isse .ma pa&ara/Deitamo2nos em si&Kn-io sob a 'rore/ E. a*orme-i pesa*amente/

.an*o a-or*ei+ o so& estaa a&to/ Me.s -ompanheiros a-or*aram+ .m apAs o.tro/Est'amos -ansa*os+ esmaga*os+ e sem apetite+ mas -omemos a&g.mas ,r.tas *ogran*e -esto .e .in-as tra?ia/

=.semo2nos a *es-er o .e restaa *a montanha+ e+ -om o so& a pino+ pis'amosa p&an:-ie er*e;ante/ so&o era -oberto *e ,ino -apim/ ! estra*a+ paimenta*a *epe*ras bran-as+ seg.ia at G bo-a es-.ra aberta na base *o ro-he*o/

.an*o -hegamos ao .mbra& *a imensa porta+ *etiemo2nos/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 122/150

CAP!"#LO XXIII

#M A"LAN"E 0ALA SOBREO M#NDO MODERNO

2 e;am bem in*os ! o? inha *e *entro+ *as treas/ ! pronn-ia tinha estranho a-ento/Em seg.i*a+ .m at&ante  s.rgi. *as sombras *o imenso porta&/ !sseme&haa2se aos

.e ;' -onhe-:amos/ %isionomia a-ent.a*amente *e-i*i*a+ te? bron?ea*a+ gran*enari? a.i&ino/

2 Bem in*os a !t&antis+ a Eterna/2 mesmo nome 2 m.rm.ro. a&io+ ,as-ina*o/ 2 nome antigo/

2 mesmo nome+ o mesmo poo+ os mesmos -ost.mes 2 ,a&o. o at&ante  n.m sor2riso bon*oso/ Entrem/ o&tamo2nos+ porm+ a .m -hama*o *e .in-as/2 enham er///%omos/ a&io arrega&o. os o&hos/2 C. s:mbo&o+ Jeremias s:mbo&o2 im 2 -onseg.i e<-&amar+ ,as-ina*o tambm/ 2 ! Ope*raP /// gran*e -:r-.&o so2

bre o tring.&o/// o &At.s *e mi& pta&as/// as r.nas /// o so& e a &.a///E a&i ,i-amos os trKs+ embasba-a*os+ o&han*o o mira-.&oso s:mbo&o .e nos tro.2

<era *es*e o =a.&o+ agora a&i per,eitamente repro*.?i*o em graa6o na ro-ha+ ao

&a*o *a mon.menta& entra*a/ Era estonteante e *aa ertigens/ .antos mi&hares *e.i&@metros 2 *e intranspon:eis .i&@metros 2 separaam a.e&es *ois s:mbo&osSm+ em o =a.&o+ *entro *a e&ha ar-a in*a *as >.ianas o. *a ene?.e&a+ e o o.2tro a.i+ no -entro *o serto+ .ase na ,ronteira entre o =ar' e o !ma?onas+ ;.nto a.ma porta .e *aa para o mistrio "o separa*os+ e+ no entanto+ to .ni*os

at&ante  o&haa para nAs+ sorri*ente/2 Conhe-emF 2 perg.nto. e&e/2 Conhe-emos 2 respon*e. a&io/ 2 sso .e nos tro.<e at a.i/ %oi a primeira

ree&a6o/ Sm pe*a6o *e gra*e *e ,erro .e o tio *e Jeremias tro.<e *as >.ianas+o. *a ene?.e&a+ no sabemos/

2 5em *e .ma+ nem *e o.tra/ Do =er./ Do gran*e "emp&o *o 0o&   no =er./ !gra*e *o a&tar *os sa-ri,:-ios/ L' m.itos anos e&a ,oi *estr.:*a e *espe*a6a*a/Era .m ,arrapo *e histAria .e ,a?ia reier gran*es *ramas sombrios/ Mas o

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 123/150

at&ante  no .eria -ontar a histAria/2 Entrem/eg.imo2&o atras *a porta/ 5o era porta/ Era tne&/=ara .e os &eitores possam ,a?er i*eia *o &o-a&+ amos tentar e<p&i-ar a.e&a

-onstr.6o/ De &onge+ :amos o gran*e -one *e ro-ha -omo se ,osse .ma pe6a ni-ae &isa/ Mas+ na er*a*e+ e&e era ro*ea*o *e .ma m.ra&ha+ tambm *e granito/ ! -on2

,orma6o *as -rateras &.nares po*e *ar i*eia apro<ima*a *a estr.t.ra/ Entre o -onepropriamente *ito e a m.ra&ha .e o eno&ia ininterr.ptamente haia .m espa6oamp&o+ *e .m .i&@metro+ ta&e?+ -oberto *e egeta6o/ ! porta .e a-ab'amos *etranspor era o tne& .e atraessaa a m.ra&ha+ .m tne& &ongo e tort.oso/ Creio .ea.e&a porta po*ia ser ,e-ha*a *e mo*o a e*ar .a&.er entra*a no re-into+ por.ees-a&ar a m.ra&ha seria imposs:e&/ Jamais o homem p.*era *ispor *e to ine<p.g2n'e& ,orta&e?a/

2 =or .e tantas pre-a.6HesF 2 in*ag.ei/2 =or.e no -on,iamos nos homens .e pooam o m.n*o *e on*e Km/ o,rem

*a ,ria *a -on.ista/ .erem -on.istar t.*o/ !t o .e no pre-isam+ at o .e

no po*em -onserar/ E essen-ia& .e nAs possamos ier em abso&.ta tran.i&i*a2*e e seg.ran6a/ nosso sistema simp&es e e,i-iente/ A po*ero -hegar aos nos2sos =ostos !an6a*os  a.e&es a .em .isermos *ei<ar passar/ Mesmo sem a nos2sa interen6o+ os .e se aent.ram nessas ,&orestas so &ogo itima*os+ pe&os se&2agens+ pe&as ,ebres+ pe&a ,ome+ pe&as serpentes+ por mi&hares *e perigos/ Mas os.e -onseg.em es-apar *e t.*o isso no passaro *os =ostos !an6a*os + sem onosso -onsentimento/ Eitamos+ assim+ a isita *e import.nos .e trariam atr's *e sio.tras isitas+ mais import.nas ain*a/ omos intransigentes+ pois .e temos .mamisso a -.mprir no ,.t.ro+ e haemos *e -.mpri2&a/

2 .e misso essaF

2 3 h.mana e *iina+ e sA ter' &.gar .an*o s.rgirem -ertas -ir-.nstn-ias+ .an2*o a at.a& -ii&i?a6o tier *estr.:*o t.*o .anto no m.n*o e<iste *e respeit'e& e *eh.mano 2 o .e no *emorar' m.ito+ por.e o homem en&o..e-e. *e p.ro org.2&ho/ Ento+ entraremos em -ena+ -om noas bases *e i*a/ !t &'+ no po*emos serpert.rba*os+ e no pert.rbaremos ning.m/ Dei<amos .e os homens se entre*eo2rem G onta*e em nome *e *ireitos e *e po*eres .e e&es no enten*em nem *omi2nam/

2 Mas po*e ir .m e<r-ito e///2 mposs:e&/ "ota&mente imposs:e&/2 Mas h' o.tros meios/ ! -ii&i?a6o ai aan6an*o+ as -i*a*es se esten*em+ o

-on.istan*o os *esertos e as matas+ e .a&.er *ia estaro prA<imos *este &.gar/Ento/// at&ante  ri. gostosamente/2 .e sonho+ me. amigo .e sonho A *e .em se ent.siasmo. -om os pro2

gressos *a t-ni-a mo*erna e se es.e-e. *e t.*o o mais/// ! -ii&i?a6o *e .e osenhor ,a&a ;amais -hegar' at .a&.er *os nossos =ostos !an6a*os / 5o ter'tempo/ 5a er*a*e+ e&a ;' est' em a*ianta*o pro-esso *e *e-omposi6o/ =ensa .eest' ia e ,orte+ mas engana2se/ Est' o-a e apo*re-i*a/ A tem -as-a/ Da.i por*iante os homens &.taro barbaramente para -onserar o .e tKm+ e essa mesma&.ta ser' .m pro-esso *e *estr.i6o+ tanto mais .e+ empenha*os a ,.n*o nessa

&.ta+ no po*ero progre*ir/ $egre*iro+ ento+ seg.ra e pa.&atinamente+ at o ,im/eria magn:,i-o se e&es p.*essem o&tar ao esta*o *e se&agens/ Mas no o po*ero/ !garrar2se2o *esespera*amente aos restos *e .m -on,orto ,i-t:-io e ,ata&+ e para o

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 124/150

-onserar+ matar2se2o impie*osamente/ s *ois &timos homens seriam -apa?es *e&.tar at a morte pe&a posse *e .m apare&ho *e barbear/// 2 Depois *e -.rto si&Kn-io+-ontin.o.Q 2 !s g.erras se s.-e*ero sem interr.p6o/ Depois *e -a*a g.erra haer'*esor*em+ ro.bos+ ,ome+ e g.erras -iis/ En.anto a&g.ns pa:ses estierem assim &.2tan*o+ o.tros estaro tratan*o *e a&imentar essa &.ta e essa *esor*em+ para os *o2minar/ Depois+ os pa:ses .e se -onseraram ,ortes &.taro entre si para *isp.tar a

posse *as :timas+ e as :timas sero arrasta*as G &.ta+ *e .m e *e o.tro &a*o 2 t.*oisto em nome *a h.mani*a*e+ *a bon*a*e+ *a ;.sti6a+ *o *ireito 2 notem bem/

 !o ,im *e -a*a g.erra+ haer' pa:ses -ertos *e terem a&-an6a*o itAria esmaga*o2ra+ e estabe&e-ero as normas *a ,.t.ra pa?+ para garantia *a .a& sA e&es+ en-e*o2res+ *eero permane-er ,ortes e arma*os/ 5a rea&i*a*e+ no -onseg.iram seno*estr.ir mais .m bo-a*o *o m.n*o e tero ane<a*o aos se.s prAprios e 'r*.osprob&emas+ m.itos o.tros prob&emas re,erentes aos poos sob s.a *epen*Kn-ia .e*eem organi?ar e *e,en*er/

Estes poos .m *ia se reo&taro+ se &eantaro para *estr.ir por s.a e?/ empre,oi assim+ mas o perigo est' em .e as armas .e se inentam so -a*a e? piores e

mais *estr.i*oras+ *a: a *estr.i6o ,ina& ineit'e&/ s homens iero assim+ empre2gan*o to*a a s.a in*stria+ to*a a s.a inte&igKn-ia+ to*o o se. po*er no a, *e se*e,en*erem *e ata.es+ *e se prepararem para o.tras g.erras+ *e impe*ir *e .eo.tros prati.em inasHes/

E to*os os *ias per*ero terreno+ e -a*a *ia sero mais intransigentes+ mais ani2mais+ menos h.manos/ r.mo .e a ossa -ii&i?a6o tomo. o r.mo *a r.:na/5a*a mais po*er' ,a?er o Mo&o-h   parar+ por.e a gran*e mo&a .e o moe a Co2bi6a/// s homens *o se. m.n*o prometem+ ,a&am+ ,a?em p&anos 2 sem a m:nima in2ten6o *e -.mprir s.as promessas/ s se.s homens *e goerno esto *e ta& maneiraes-rai?a*os aos in*.striais e argent'rios .e sA goernam ten*o em ista o interes2

se *estes e apenas .an*o -oin-i*e o interesse *o poo -om os *a.e&es .e ,a2?em a&go a-erta*o/ ! Cobi6a per*e. os homens+ me.s amigos/2 E os senhores+ tKm a&g.m rem*io -ontra a -obi6aF2 "emos/ "o*os o tKm o. o -onhe-em/ .e ,a&ta a -oragem *e o ap&i-ar/2 E .a& esse rem*ioF at&ante  sorri./2 Como per*eram *e ista as er*a*es mais simp&es2 .e er*a*esFE&e sorri. mais .ma e?+ ,e? .ma &igeira mes.ra+ e *isseQ2 Me. *eer tra?K2&os at a.i/

em o per-eber+ en.anto e&e ,a&aa+ t:nhamos atraessa*o o ;ar*im interno+ pene2tra*o no ro-he*o -entra&+ por .m &ongo tne& e est'amos agora n.ma sa&a *e *i2mensHes normais+ mobi&ha*a -on,ortae&mente+ -omo .a&.er sa&a sem &.<o/ Boaspo&tronas+ .ma mesa/

2 entem2se e esperem .m po.-o/entamo2nos+ e e&e sai. sem *i?er mais na*a/2 Ento+ JeremiasF .e *i? *isso t.*oF2 5a*a posso *i?er/ Esse homem impressiona a gente/2 ! er*a*e *ita -om simp&i-i*a*e sempre impressiona/2 5o sei se e&e tem ra?o/// 2 m.rm.ro. .in-as/2 E e. -reio .e tem/// !-re*ito no .e e&e *i? e tambm penso .e a.i po*e es2

tar a semente *e .ma noa h.mani*a*e+ mais -oerente e mais Oh.manaP 2 respon2*e. a&io/

2 =o*e ser/// E.///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 125/150

2 .6a+ .in-as/ Esto. sentin*o .ma impresso estranha e noa/ !gora+ *epois.e esse homem ,a&o.+ *i?en*o -&aramente -oisas .e to*os nAs sentimos mas notemos -oragem *e *e-&arar+ agora -ompreen*o .e estamos+ rea&mente+ no ,im *anossa org.&hosa -ii&i?a6o/ s sinais esto to*os &'+ ei*entesQ a *eassi*o+ a imo2ra&i*a*e+ o *esp.*or+ a nsia *e rapinagem+ o *espre?o pe&os h.mi&*es 2 sinais .ea-ompanham sempre a *egeneres-Kn-ia proo-a*a pe&o O-&:ma<P *a -ii&i?a6o/

Creio .e estamos -ome6an*o a *es-er o o.tro &a*o *a montanha/ .tro sina& a-onstit.i6o *os goernos abso&.tistas+ o *om:nio -a*a e? maior *a ,or6a/ !s *e2mo-ra-ias at.ais so ,arsas+ e no tKm mais -ampo/

E&as .erero reagir+ &.taro+ mas se trans,ormaro+ sem o sentir+ em *ita*.rastambm/ .er *i?erQ estamos ien*o .ma po-a *e io&Kn-ias/ Da:+ os gran*ese<r-itos+ as gran*es po&:-ias+ a es-rai?a6o *o poo/ Este reagir' a prin-:pio+ masse a*aptar' -om o -orrer *os anos+ e -a*a pa:s ser'+ ento+ .m rebanho *e es-raostraba&han*o sob *om:nio *os Orepresentantes *a &eiPQ ,.?is+ baionetas+ metra&ha*orase bombas at@mi-as// E *ominan*o t.*o 2 o org.&ho+ a o&pia *o po*er e *o man*o+*o *om:nio abso&.to/ sto &ea os homens G &o.-.ra+ ao *esairamento e ao -rime 2

sempre em nome *a Ohonra *a p'triaP2 o-K se a*apto. m.ito *epressa Est' ,a&an*o -omo e&es/ !t pare-e .e oat&ante  &he *e. a pa&ara///

a&io o&ho.2me *e mo*o parti-.&ar+ per-.-iente e bon*oso+ e m.rm.ro.+ &enta2menteQ

2 E por .e no seria e.+ tambm+ .m at&ante F///.ase *ei .m p.&o+ e ,oi -omo .e se .ma -ortina se tiesse *es-erra*o *e repen2

te/ Compreen*i+ n.m re&an-e+ .ma por6o *e -oisas .e at ento me eram ine<p&i2-'eis/ a&io estaa sereno+ per,eitamente senhor *e si+ -omo se se en-ontrasse nose. e&emento nat.ra&/ 5o sei o .e &he ia *i?er+ por.e .m homem entro.Q

2 e;am bem in*os a !t&antis+ a Eterna  2 -.mprimento. e&e -om agra*'e& sor2riso/ Era .ma -riat.ra simp'ti-a+ -omo+ a&i's+ to*os os !t&antes  .e t:nhamos istoat ento/

ento.2se e+ -omo se nos -onhe-esse h' m.ito tempo+ -ome6o. a -onersar -o2nos-o sobre *iersos motios+ a iagem+ a i*a nas gran*es -i*a*es brasi&eiras/ Emer*a*e+ e&e -onersaa -om a&io/ .in-as e e. ramos meros espe-ta*ores/ D.2rante a&g.m tempo+ estie a&heio G -onersa+ absori*o em pensamentos prAprios *i2,erentes/ Depois+ o&tei ao -en'rio+ e prestei aten6o/

2 3 nat.ra& .e assim se;a 2 *i?ia o at&ante  2 por.e somos a ra6a mais antiga *o.nierso/ ! nossa &:ng.a a &:ng.a mater / ! nossa gra,ia ho;e est' eo&.:*a+ mas

e&a se -omp.nha *e -erto nmero *e sinais .e *eram origem aos sinais gr',i-os *eto*os os a&,abetos *o m.n*o/ =or isso+ to*os e&es se asseme&ham aos nossos/ s -a2ra-teres sabeanos + por e<emp&o+ tKm 40 ,ormas i*Knti-as Gs *os nossosU os mega2 &:ti-os + Y^U os ibri-os + 1_U os -retenses + 1U os gregos + 14/ Com este mesmonmero Km os s.merianos+ etr.s-os+ pr2histAri-os *o Egito+ ,en:-ios+ pni-os+sina:ti-os+ oghni-os *a r&an*a e rni-os *a Es-an*in'ia /

2 sso .er *i?er 2 ,a&o. a&io 2 .e a es-rita pr2histAri-a *o Brasi& -onstit.i oresto *e .ma es-rita anti.:ssima e .niersa&+ a me *e to*as as es-ritas at.aisF

2 C&aro+ me. amigo E to*os a.e&es .e -onhe-em a sagra*a -iKn-ia *o erbo e*o $itmo   esto aptos a penetrar a magia misteriosa *as pa&aras/

2 Magia *as pa&arasF 2 perg.ntei/ 2 Mas .e tem isso .e er -om os -ara-teresantigos *o Brasi&F

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 126/150

2 ! perg.nta seria embara6osa para a.e&e a .em a CiKn-ia *o erbo   ,osse es2tranha/// Me. amigo+ o homem no inento. &ei a&g.ma/ "o*os os ,en@menos+ -om2preens:eis o. no+ repo.sam em &eis *as .ais m.ito po.-as so ho;e *e,ini*as eest.*a*as/ Mas h' .ma &ei b'si-a -.;o -onhe-imento permite ao homem o *om:nio*as ,or6as s.tis *a nat.re?a/ 3 a &ei .e rege o ,en@meno *a =a&ara + &ei intimamen2te &iga*a aos ,en@menos *a sonometria+ -ronometria /// en,im+ a prApria ei Mate2 m'ti-a *o Cosmos///

2 Sm momento 2 interrompi/ 2 5o -onsigo -ompreen*er o r.mo *esta -onersa/=are-e2me -on,.sa e sem &Agi-a///

at&ante  o&ho.2me -om ar *e paterna& to&ern-ia/ Depois+ -omo .e em monA&o2go+ -ontin.o.Q

2 h mistrio *os mistrios h *rama h.mano *a in-ompreenso L' .antos s2-.&os o homem+ na s.a i*a *i'ria+ a -a*a momento+ prostit.i a =a&ara  2 instr.men2to m'gi-o por e<-e&Kn-ia e sem o .a& as mais e&ea*as opera6Hes *o pensamento ;amais atingiriam o m.n*o sens:e& ! =a&ara  pHe em ;ogo ,or6as .e o m.n*o no-onhe-e e proo-a rea6Hes *e -.;a e<istKn-ia e&e nem se.er s.speita

Como nas-e. a es-ritaF h+ ine,'e& mistrio *a -on-ep6o Ensina a nossa e&h:s2sima tra*i6o .e+ para representar gra,i-amente -a*a .m *os sons *a nossa &:ng.a+os a.g.res empregaram sinais .e -orrespon*iam a -a*a .ma *as posi6Hes .e ohomem ass.me nos atos prin-ipais *a i*a/ Ca*a sina& -orrespon*e a .m som *eter2mina*o e -orrespon*e+ tambm+ a .m mo*o *e e<primir a prApria i*a/

Como sabem+ os !t&antes  se espa&haram por to*o o m.n*o+ e as -on*i6Hes *ei*a .e en-ontraram nos 'rios pontos *o g&obo ,oram a&teran*o a base *e -.&t.ra.e &hes era prApria+ e mo*i,i-an*o a menta&i*a*e+ e+ portanto+ a &ing.agem es-rita e,a&a*a/ 5o + portanto+ i&Agi-a nem -on,.sa a nossa -onersa/// !.i no Brasi&+ pore<emp&o+ p'tria *e origem *o primeiro homem e *a primeira -ii&i?a6o 2 a terra .emais -e*o assisti. G eo&.6o *o homem+ por.e a terra mais antiga *o m.n*o 2a.i mesmo temos ,risantes e<emp&os *a ,or6a *as pa&aras///

2 !.iF 2 perg.ntei+ mais para *i?er a&g.ma -oisa/2 im/ ! pa&ara OBrasi&P + por e<emp&o/// L' .antos mi&hares *e anos e&a *esigna

esta parte *o m.n*o .iseram impor2&he o.tros nomes+ mas na*a p@*e en-er a,or6a *o primitio+ por.e a e&e est' &iga*o o prAprio *estino *a terra/ Era Brasi&+ e,i-o. Brasi&/ E ser' Brasi&+ en.anto ho.er sobre a terra .m homem -apa? *e pro2n.n-iar .m nome///

=or .m momento ,i-amos -a&a*os/ %it'amos o at&ante + -omo se e&e ,osse .mpresti*igita*or prestes a nos assombrar -om a&g.ma habi&i*a*e ,enomena&/ erena2mente+ -ontin.o.Q

2 E a pa&ara !mri-aF =ensam a-aso .e se *ee ao nome *a.e&e naega*orF5o/ 5em e&e se -hamaa !mri-o+ e sim !&berri-o / E&e .e mo*i,i-o. se. nomepor ai*a*e/ !mri-a+ -om pe.ena mo*i,i-a6o+ ,oi sempre o nome *e to*o o -onti2nente/// !merr:.a + era -omo nAs+ os !t&antes + o -ham'amos h' m.itos mi&hares*e anos 2 O !merr:.a P+ &.gar on*e sopram &iremente os entos///

Lo.e .m si&Kn-io mais &ongo/ E. pare-ia sonhar/ E o.i a o? *e a&io+ -&ara+ i2branteQ

2 ".*o isso marai&hoso e int.itio/

.in-as+ -om os o&hos arrega&a*os+ i&.mina*os por .ma -hama *e ent.siasmo+ es2to.ro. *e repenteQ2 Caramba sto ,ormi*'e&

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 127/150

 !.e&a b.r&es-a+ mas ent.si'sti-a e<-&ama6o p.sera ,im G entreista/ at&ante&eanto.2se+ sorrin*o+ *e.2nos a&g.mas in,orma6Hes e termino.Q

2 !manh+ *epois *o e<er-:-io matina& no par.e+ irei b.s-'2&os para apresent'2&os ao =rimeiro 7rienta*or /

Depois *e ter sa:*o o at&ante + .in-as *e-&aro. .e estaa -om ,omeQ2 3 sempre assim/ .an*o o.6o a&g.m ,a&ar m.ito+ ,i-o -om .ma ,ome &o.-a/2 Mas .e .e o-K *i? *o homem+ .in-asF2 ra/// os homens so to*os ig.ais/ .em est' por -ima .em sabe t.*o e tem

ra?o///E -om essa estarre-e*ora opinio+ sa:mos *o nosso .arto e+ pe&o &ongo -orre*or+

*irigimo2nos ao re,eitArio/5o haia porta/ -orre*or *esembo-aa n.ma gran*e sa&a -ir-.&ar i&.mina*a por

m.itas ;ane&as/ Espa&ha*as em o&ta haia mesas *e pe*ra *e tampo -@n-ao/ obre.ase to*as se en-ontraa gran*e .anti*a*e *e ,r.tas+ a&g.mas *as .ais e. no-onhe-ia/ 5a pare*e+ por bai<o *as ;ane&as+ haia pe.enas portas+ -omo portas *e,ornos/ !brimos a&g.mas/ =or tr's *e -a*a .ma *e&as haia .ma -ai*a*e e+ na -ai2

*a*e+ .ma ban*e;a enorme+ -om pe*a6os *e -arne assa*a/ Como nos *issera oat&ante + esse era o regime *os habitantesQ ,r.tas e -arne assa*a/ 5o haia hor'rio*e re,ei6Hes/ Ca*a .m -omia .an*o &he apete-ia/

J' nos ha:amos habit.a*o G.e&e regime *e -arne e ,r.tas+ e+ por isso+ -omemos-om satis,a6o/ Depois+ o&tamos pe&o &ongo -orre*or+ e *iante *e nossa porta+ para2mos/ Laia ne&a .ma ins-ri6oQ

O0R7+ JE$EM!0+ S5C!0L#0=EDE0 DE L75$! DE !"!5"0 2 ! E"E$5!P

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 128/150

CAP!"#LO XXI 

O "em56o do So6

D.rante o resto *o *ia ning.m nos pert.rbo. e *es,r.tamos *e -omp&eta &iber*a2*e/ Xamos e :nhamos pe&os -orre*oresU ,omos ao par.e .e ;' atraess'ramos na2.e&a manhU en-ontramos m.itos !t&antes + e to*os nos -.mprimentaam+ o.+ pe&omenos+ assim pensamos+ por.e nos *irigiam a pa&ara O>eom'P  

=e&a tar*inha+ ,omos repo.sar em nosso .arto/ ent:amos .m gran*e bem2estar+-omo se a prApria atmos,era .e respir'amos ,osse .a&.er -oisa boa e repo.san2te/// Estranhamente+ Osent:amosP .e a&i sA haia bon*a*e e boas inten6Hes/ 5o sei-omo e<p&i-ar isto+ mas -reio .e *ee haer m.itas pessoas .e o saibam/

 !noite-e.+ e a*orme-emos s.aemente/ Est'amos+ em er*a*e+ -ansa*:ssimos+

pe&a -aminha*a e pe&as emo6Hes *a.e&e *ia -heio *e mistrio/

 !-or*ei *eagarinho+ *esperta*o pe&os sons p&angentes e opressios .e pare-iamestar ressoan*o h' m.ito tempo *entro *o me. -rnio/ $e-onhe-i2os/ Eram os sinos.e p&angiam+ na.e&as mesmas notas &ongas e ae&.*a*as .e ;' o.:ramos+ nanoite anterior+ na en-osta *a montanha/

D.rante a&g.m tempo o.i+ imAe&+ a.e&es sons ,as-inantes/ Depois+ sentei2me e.ma o? -hego. at me.s o.i*os+ bai<a e -.i*a*osaQ

2 Est' o.in*o+ JeremiasF

2 Esto./ E o-KFDe-erto e&e no reparo. na to&i-e *a perg.nta/2 Esto. tambm+ h' m.ito tempo/2 E o .in-asF2 Dee estar *ormin*o/2 .em .e po*e *ormirF 2 perg.nto. .in-as/2 .e ser' issoF 2 -ontin.o. po.-o *epois/2 Dee ser a pro-isso *as to-has///2 er' .e e&es ,a?em isso to*as as noitesF2 eria abs.r*o/ "a&e? tenhamos -hega*o n.m momento espe-ia&/

&.ar penetraa pe&as *.as gran*es ;ane&as 2 .m &.ar marai&hoso/ Essa p'&i*a-&ari*a*e e o som *istante *os sinos *aam ao ambiente .m sabor *e irrea&i*a*e .epert.rbaa e a-abo. por me in-omo*ar/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 129/150

2 amos er a pro-issoF2 amos/ em tambm+ .in-asF2 C&aro/ .e .e e. ,i-aria ,a?en*o a.iFDei<amos o nosso .arto e -aminhamos pe&o -orre*or+ para o &a*o *o par.e/ Mas

per-ebemos .e o som *os sinos ia2se tornan*o menos *istinto/ 5o par.e+ -ami2nhamos *e .m &a*o para o.tro+ estranhas sombras in.ietas+ in*e-isas ao &.ar+ e

a-abamos o&tan*o ao -orre*or/ Caminhamos para o &a*o *a sa&a *e re,ei6Hes+ nota2mos .e se ia o.in*o me&hor/

2 Dee ser para os ,.n*os 2 obsero. .in-as/5o sa&o *e re,ei6Hes *emos -om .ma porta aberta em ,rente G.e&a *o -orre*or/

E era ei*ente .e os sons se o.iam agora mais niti*amente/ !an6amos s@,regos+ -ertos *e .e a&m *a.e&a porta haia a&go para er/ Era

.m &ongo -orre*or+ es-.ro e -.ro/ .an*o ini-i'amos a -aminha*a no interior *a2.e&e tne& -hego. at nossos o.i*os+ pe&a seg.n*a e?+ a.e&a &itania p&angente/ !s estranhas pa&aras -ompostas *e ogais apenas+ ,&.t.aam no espa6o -om sing.2&ar *o6.ra+ em gran*e e<tenso e pro,.n*i*a*e/

-orre*or s.bia sensie&mente+ sempre em -.ra+ s.bin*o para inespera*a a&t.ra/5oo -orre*or+ sempre o&tean*o para a es.er*a+ mais p&ano/ E agora+ os sons .eo.:amos era msi-a/ Msi-a *o&ente+ estranha+ *e notas &entas e trKm.&as+ .e se*emoraam no ar+ -omo se ,i-assem agarra*as a e&e e -om preg.i6a *e se esair/ e2riam sinos o. ArgosF E a &itania *e ogais on*eaa o espa6o+ *es&i?an*o ao &a*o *as,as-inantes notas *o *es-onhe-i*o instr.mento/ De repente+ o -orre*or termino. eimo2nos *iante *o -.+ .m -. -&aro+ re-ama*o *e estre&as/ Est'amos sobre .map&ata,orma esten*i*a sobre o abismo/

E o abismo///' no ,.n*o+ a .ns trinta metros+ o. mais+ est'amos en*o a per,eita repro*.6o

*a p&a-a *e barro *o -orone& Mar-on*es/ !s .atro -on-has *os an,iteatros estaam-heias *e assentos+ e m.&ti*o *e !t&antes  ;' a&i se en-ontraa/ =or .ma abert.ranegra penetraa a pro-isso+ -a*a .m emp.nhan*o a s.a to-ha/ 5o poss:e& *es2-reer o .o *es&.mbrante e irrea& era a.i&o/ Centenas *e to-has i&.minaam oasto espa6o em ,orma *e -r.? *e bra6os -.rtos/ Mais to-has entraam pe&a abert.rae os se.s porta*ores+ &entamente+ iam tomar &.gar nas -on-has+ seg.n*o .ma or2*em .e no po*:amos -ompreen*er ain*a/ E a.e&a m.&ti*o -antaa e a msi-as.bia serenamente na noite/

Est'amos *es&.mbra*os+ ,as-ina*os sobre a p&ata,orma/ E+ *e repente+ a&iom.rm.ro.Q

2 "emp&o *o 0o& s se.s o&hos -inti&aam+ e e&e estaa+ em er*a*e+ trans,ig.ra*o/ 5o era o a&2io+ o me. amigo *e inte anosU era o.tra -riat.ra+ .m ser .e s.rgia na.e&e mo2mento+ .e nas-ia -om as notas p&angentes *os sinos+ -om a &itania a*orme-e*ora*e mi& o?es/ !pertan*o me o bra6o perg.nto. Q

2 .e *ia ho;eF2 18 *e mar6o/// por .eFenti .e a&io estreme-ia/ E ,oi -om o? estranhamente s.ae e pro,.n*a .e

m.rm.ro.Q2 E.inA-io *o .tono/// E+ *epois *e .ma pa.sa+ -omo .e para respon*er ao

me. o&har interroga*or+ a-res-ento.Q 2 3 neste *ia .e os !t&antes 

  -e&ebram o gran2*e $it.a& L.mano e 0o&ar///

=are-e .e sA ento per-ebi .anto era rea&+ signi,i-atia e sria a.e&a -ena .e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 130/150

se *esenro&aa &' em bai<o/ ! pro-isso a-abara *e entrar/ "o*os estaam agora senta*os+ .&tos imAeis e ne2

gros sob o pa&or *o &.ar+ sinistros G -inti&a6o irreg.&ar *e mi&hares *e to-has/ -an2to pro&ongaa2se n.ma nota intermin'e& e o som estaa para*o+ preso Gs an,ra-t.o2si*a*es *a ro-ha/

Depois+ o si&Kn-io -ai.+ sbito+ sobre o an,iteatro+ en-he.2o e s.bi. at nAs+ opres2

sio -omo .Va mo .e estrang.&a/Diante *os an,iteatros haia .m espa6o a?ioU esp-ie *e arena+ em -.;o -entro se

erg.ia .ma mesa *e pe*ra &isa/ Diante *e&a ia se .ma gran*e -r.?+ aparentemente*e pe*ra tambm/ Era impressionante a.e&e espet'-.&o+ agora+ sob o si&Kn-io e aimobi&i*a*e/ A as to-has pa&pitaam/

E ento+ *e .ma porta .e *eia ,i-ar por bai<o *a p&ata,orma on*e est'amos+-ome6aram a sair+ em pro-isso+ .&tos -or *e -in?a+ .e+ &entamente+ *e mos atr's*as -ostas e -abe6a bai<a+ ro*eaam o a&tar e iam ,ormar gr.pos .ni,ormes *iante*as .atro -on-has *o an,iteatro em torno *a -o&.na/ .tros+ .e -hegaram apAs-.rto intera&o+ ro*earam o a&tar *e pe*ra/ Depois+ n.m si&Kn-io .e pare-e. maior e

mais pesa*o+ entro. a impressionante ,ig.ra *o >ran*e 0a-er*ote + eno&ta em am2p&a e ,&.t.ante ro.pagem bran-a/ Em passos &entos -hego. ao a&tar+ paro.+ apanho.*e -ima *e&e .ma gran*e espa*a re&.?ente .e sA ento imos/ Des-e. as es-a*as+e sempre em passo &ento+ *irigi.2se G -o&.na *o nas-ente/ Empertigo.2se e erg.e. a-abe6a e os *ois bra6os+ a gran*e espa*a rebri&hante aponta*a para o -./

rrompe.+ *e sbito+ *a m.&ti*o+ .m -i-io .e se erg.e.+ ro&o. aba,a*o+ mons2tr.oso+ e -esso. *e repente/ >ran*e a-er*ote *irigi.2se G -o&.na ,ronteira+ e a-ena se repeti./

Depois+ repeti.2se ain*a nas *.as o.tras -o&.nas/ E ento+ o >ran*e 0a-er*ote +em passos ma;estosos+ o&to. ao a&tar *o -entro/ Co&o-o.2se *e ,rente para a -r.? e

permane-e. ereto+ imAe&+ a mo *ireita -om a espa*a erg.i*a para o a&to+ a es.er2*a para a ,rente/ =are-ia .ma est't.a to ptrea -omo o prAprio a&tar/ !ssim perma2ne-e. por .m espa6o *e tempo .e me pare-e. intermin'e&/ Depois+ a espa*a *es2-e. e s.a ponta to-o. o a&tar/ 5o mesmo instante+ a o? -rista&ina *o >ran*e 0a-er2 *ote   e&eo. se no gran*e si&Kn-ioQ

2 Oem+ oh 0anta =a&ara em+ oh 5ome 0agra*o 5ome 0agra*o *a %or2 6a 0.prema em+ Energia 0.b&ime+ s.prema D'*ia *o !&t:ssimoP

Me. De.s .e ,or6a .e terr:e& ,or6a haia na.e&a ino-a6o ! ro-ha+ o ar+t.*o pare-e. reagir e estreme-er no -onta-to *a pre-e misteriosa

 imos+ ento+ -om imenso espanto+ a 0a-er*otisa n.a + &eantar2se *os ps *a

gran*e -r.? e -aminhar -om passos e&'sti-os para a ,rente *o a&tar/ eanto. ambosos bra6os para o -.+ erg.e. o rosto e ini-io. .ma pre-e+ as primeiras pa&aras es2tranhas e misteriosas *e .m -nti-o ma-io e eno&enteQ

2 O=anphage/// Lagios/// Chaire/// s-h.rion// !bra<as/// !broton/// =angene2 tor/// !thanaton/// Lagios Lagios LagiosP

E a m.&ti*o *as to-has repeti. n.m potente -oroQ2 Lagios Lagios Lagioseg.i.2se+ ento+ a &itania &angorosaQ O/// !/// 7/// P   .e prosseg.i.+ a-ompa2

nhan*o os sons *os sinos .e *e noo en-heram o -. e a terra/ D.rante a&g.mtempo o.i.2se a &itania+ .e -esso.+ !,ina&+ n.ma nota &onga e triste/ me*iatamen2

te *epois+ erg.e.2se noo -nti-o+ entoa*o por .ma ni-a o?/ Era o >ran*e 0a-er2 *ote  .e -antaa o &o.or *o >ran*e 5ome /

%oi r'pi*o e+ .ma e? termina*o+ e&e se *irigi. aos se.s *is-:p.&os+ -om o? poten2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 131/150

te .e penetraa a ro-haQ2 in*e a mimE os *is-:p.&os assim o ,i?eram/ Dei<aram se.s &.gares ;.nto Gs .atro -o&.nas e

-onergiram em massa para o a&tar/ ! 0a-er*otisa  estaa abati*a aos ps *a -r.?+,orma in*e,in:e& e en-anta*ora/

"en*o em o&ta *e si os *is-:p.&os esti*os *e -in?ento+ o >ran*e 0a-er*ote   o&2to.2se so&enemente para -a*a .ma *as .atro -o&.nas .e simbo&i?aam os .atropontos -ar*eais+ e .atro e?es pron.n-io. o nome pro,.n*amente sagra*oQ

2 OE7S!P   !ben6oo. os *is-:p.&os+ sopro. nos o&hos *os mais prA<imos e e<-&amo.Q2 OE. so. a ,onte eterna+ manan-ia& *a *o-e ambrosia *a .a& brota a

i*aP/// ! 0a-er*otisa  erg.e.2se n.m moimento e&'sti-o+ e e<e-.to. .ma *an6a marai2

&hosa em torno *o a&tar+ .ma *an6a *e si&Kn-io e *e ritmo ,as-inante/.an*o e&a paro. no se. &.gar+ o >ran*e 0a-er*ote  tomo. *o -'&i-e .e estaa

sobre o a&tar+ aben6oo.2o e apresento.2o G m.&ti*o em torno+ *i?en*o Q2 OE. so. o Caminho+ a er*a*e+ a i*aPE to*a a.e&a m.&ti*o+ erg.en*o para o -. as to-has+ re-ito. em .n:ssono a

gran*e pre-eQ2 OEs-.ta+ =ai *e t.*o o .e ,oi -ria*o+ .? Diina+ >ran*e Dei*a*e ".+ -a.2 

sa in,inita *e t.*o o .e e<iste+ *' i*a a este te. poo D' i*a G.e&es .enos seg.em e nos o.em+ is:eis o. inis:eis 2 para .e to*os possamosparti-ipar *o $eino *a J.sti6a+ pois .e -.mprimos a EP

 ! m.&ti*o si&en-io./ ! 0a-er*otisa  *e noo e<e-.to. a s.a *an6a m:sti-a+ *esta e? per-orren*o to*o

o espa6o e *eten*o 2se *iante *e -a*a .ma *as -on-has on*e estaa o poo/ .an2*o o&to. ao se. &.gar+ o >ran*e 0a-er*ote  erg.e. os bra6os e re-ito. a pre-e ,i2na&Q

2 O7h t.+ be&e?a ima-.&a*a ".+ .e *'s o b'&samo para to*as as -hagas e.e a&entas o ,ogo .e a&imenta a i*a ".+ .e *'s a i*a+ permite .e re-o2 nhe6a em ti a minha prApria i*a e a i*a *o me. poo E. -onhe6o o te.mistrio+ o sagra*o mistrio .e te eno&e/ 0ei .e ,oste *a*a ao m.n*opara tornar in,initas as -oisas ,initas e &imita*as ".a -abe6a+ oh Cr.?+ erg.e2 se ma;estosa para o -. e simbo&i?a a i*a "e. p+ -omo .ma &an6a+ est' -ra2 a*o na terra+ para .e a;.*es+ em se. imp.&so o&itio+ to*as as -riat.ras ".s o 0:mbo&o *a i*a Eterna+ oh Cr.?

E o si&Kn-io re-ai./ !gora era .m si&Kn-io opressio+ esmaga*or+ -heio *e terr:eispromessas "o*as a.e&as ,a-es+ o&ta*as para o -.+ pare-iam esperar .m mi&agre/

>ran*e 0a-er*ote + imAe&+ -om os *ois bra6os e o rosto erg.i*os para o a&to+ o-orpo in-&ina*o para tr's+ pare-ia ter2se trans,orma*o em est't.a *e bran-o m'rmo2re/

Me. -ora6o *imin.i. *entro *o peito/ .e teria a-onte-i*oF "eria to*a a.e&agente se trans,orma*o em pe*ra+ -omo as :timas *o rei *a "hess'&iaF

Mas eis .e sbito t.*o se i&.mina *e e<traor*in'ria &.?/ &hei para -ima+ e 2 oh+marai&ha *as marai&has 2 i a bo&a *e ,ogo+ a OMe *o o.roP + .e *as a&t.ras*es-ia sobre o an,iteatro/ "err:e& me*o me ina*i. e instintiamente ia re-.ar+ mas.m p.&so *e ,erro me retee/ E e. tie .e er ! bo&a *e ,ogo *es-e. sobre o a&tar+e+ si&en-iosamente+ se *es,e? em &:ng.as+ ;atos+ -hamas e &en6Ais :gneos+ eno&en2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 132/150

*o+ n.m banho *e ,ogo+ o >ran*e 0a-er*ote + a 0a-er*otisa + os *is-:p.&os+ sa&pi2-an*o ain*a a m.&ti*o imAe&

E o >ran*e 0a-er*ote + -om os bra6os abertos em -r.? sob o banho &.minoso+ e<2-&amo. em m:sti-o transporteQ

2 O$e-ebei o santo sina& sobre o osso pes-o6o+ sobre os ossos &'bios+ so2 bre o osso -ora6o 2 para .e os torneis os Ler*eiros *a .?P

 ! bo&a *e ,ogo se *es,i?era -omp&etamente/ Mas o >ran*e 0a-er*ote   permane2-e. hirto+ sorri*ente e ,e&i?/

s sinos re-ome6aram a to-ar e a m.&ti*o re-ome6o. s.a p&angente &itaniaU aso?es se erg.eram po.-o a po.-o+ at en-her o espa6o/ E+ &entamente+ a pro-issore-ome6o./ Ca*a .m se ,oi &eantan*o e en-aminhan*o para a porta negra/ !s to2-has moimentaam2se *eagar+ .ma apAs o.tra *esapare-en*o sob a abAba*a/

Meia hora *epois ain*a est'amos a&i+ petri,i-a*os+ -ontemp&an*o o gran*e an,i2teatro a?io *e poo+ mas on*e o >ran*e 0a-er*ote + a 0a-er*otisa   e os *is-:p.&os-ontin.aam+ imAeis+ perante o a&tar/ >ran*e 0a-er*ote  estaa ain*a -om osbra6os abertos em -r.? e a ,a-e o&ta*a para o -./

 ! ang.stiosa magia ,oi rompi*a pe&a o? *e a&io+ .e segre*o.Q2 amos/ E&es pre-isam ,i-ar a sAs/ &hei ain*a e i a espa*a re&.?ir .ma &tima e?

sobre o a&tar/ 5.m re&mpago *e &.-i*e?+ per-ebi+ sobre a pe*ra *o a&tar+ man-hases-.rasU no -entro haia .m ori,:-io/// a&io+ porm+ me arrastaa+ e e. estaa em.2*e-i*o/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 133/150

CAP!"#LO XX 

O Primeiro Orientador OL"A AO "EMA

5o *ia seg.inte+ pe&a manh+ an*amos pe&o par.e+ em meio a 'rias *e?enas *e !t&antes / !.e&e rit.a& *a manh era -.rioso/ par.e en-hia2se *e homens e m.2&heres *e 'rias i*a*es e era -omo se to*os ,ossem -rian6as so&tas em &iber*a*e *ere-reio/ Corriam+ p.&aamU positiamente+ brin-aam Chamaam2se aos gritos+ riamm.ito/ !&g.ns passeaam so&it'rios e pensatios+ sob as gra-iosas 'rores e o.tros ,i2-aam senta*os sobre a grama o. nos ban-os *e pe*ra/

 ! -ena era -inematogr',i-a/ Despren*ia2se *e&a ta& atmos,era *e ,e&i-i*a*e e *es2

-.i*o .e a gente es.e-ia a i*a*e e sentia no peito+ noamente+ o -ora6o in,anti&/5As ramos so&i-ita*os por estranhos :mpetos/ ":nhamos onta*e *e -orrer e p.&arpe&o grama*o+ mas ramos+ ao mesmo tempo+ reti*os por .m es-rp.&o -ompreens:2e&/ 5o entanto+ e&es nos *ei<aam n.m G onta*e nat.ra&+ -omo se ,@ssemos e&hosamigos/

 !s m.&heres estiam tni-as esoa6antes+ e tinham os -abe&os negros arr.ma*osem ,orma *e -oroa/ 5o eram be&e?as+ mas tinham .m en-anto to nat.ra&+ to es2pontneo e sa.*'e& .e a gente as a-haa &ogo ,ormosas 2 to in-erto o -on-eito*e be&e?a/

Dentro *e a&g.m tempo+ .ma hora+ ta&e?+ os gr.pos -ome6aram a *imin.ir/ =o.-oa po.-o+ homens e m.&heres iam *esapare-en*o+ -aminhan*o sem pressa+ ,e&i?es+rin*o e -onersan*o anima*amente/

%i-amos+ !,ina&+ sA nAs trKs no par.e+ imAeis e m.*os+ -ontemp&an*o o -en'rioa?io/ Em me.s o.i*os ressoaa ain*a a a&a-ri*a*e *a.e&as -riat.ras/

a&io permane-ia *e o&hos ,i<os n.m ponto ago+ e .in-as sorria+ ,e&i?/2 .e bonito 2 ,oi o -oment'rio ingKn.o e instintio *o nosso g.ia e+ agora+ *i&eto

-ompanheiro/&hei para e&e+ e *epois para a&io+ no momento em .e este+ s.spiran*o+ *i?ia+

pensatioQ2 E&es *es-obriram a ,e&i-i*a*e///

T T T

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 134/150

Depois *e termos -omi*o a&g.mas ,r.tas no Osa&o *e re,ei6oP+ o&tamos ao nosso.arto e en-ontramos a&i G nossa espera a.e&e homem .e nos re-ebera no *ia an2terior/ Depois *e a&g.mas pa&aras+ e&e nos an.n-io.+ so&enemente+ .e o =rimeiro7rienta*or  .eria ,a&ar -onos-o/

"omamos o -aminho .e t:nhamos ,eito *.rante a noite/ .bimos o mesmo -orre2*or e as mesmas es-a*as+ mas+ antes *e -hegar G p&ata,orma sobre o abismo+ oat&ante  abri. .ma porta e seg.imos .m -orre*or G es.er*a/ Chegamos &ogo a o.traporta .e estaa entreaberta/ at&ante  emp.rro.2a e *e.2nos passagem/ Era .ma-e&a *e pe*ra+ *o tamanho *e .m .arto -om.m/ enta*o+ o&han*o para ,ora pe&aamp&a ;ane&a+ estaa .m e&ho *e &onga -abe&eira e &onga barba bran-as/

.an*o se o&to. para nAs+ imos .e s.a i*a*e *eia ser -onsi*er'e&+ mas *es.a ,isionomia transpiraa bon*a*e e ,ran.e?a 2 e isto me &embro. .e no iraain*a em pessoa a&g.ma *a.e&e poo as -ara-ter:sti-as to -om.ns no nosso m.n2*o+ *os temperamentos impa-ientes+ -r.is+ ego:stas/ "o*os tinham a.e&e ar *e,ran.e?a e &ea&*a*e .e inspiraa+ &ogo+ i&imita*a -on,ian6a/

at&ante  .e nos tro.<era *ei<o.2nos+ o&tan*o+ e a porta ,oi noamente en-os2ta*a/

e&ho obsero.2nos *.rante a&g.ns momentos+ sem na*a *i?er/ Depois+ re-os2to.2se mais e -ome6o. a ,a&ar/ .a pa&ara era -a&ma e simp&esQ

2 5o sei se *ea &ament'2&os o. ,e&i-it'2&os por terem -hega*o at a.i/// De-erto+per*eram2se na&g.ma ,&oresta e ieram por a-aso///

2 5o senhor 2 -ontesto. a&io+ .e era nat.ra&mente o mais in*i-a*o para ,a&arpor nAs/ 2 iemos *e&ibera*amente pro-.rar o "emp&o *o 0o& /

2 abiam ento *a s.a e<istKn-iaF2 5o sab:amos -om -erte?a+ mas aent.ramo2nos e+ *.rante a iagem+ nossas es2

peran6as a.mentaram e se trans,ormaram em -erte?a/2 .e esperaam en-ontrarF2 Esper'amos+ apenas+ en-ontrar proas *e .e o Brasi& ,oi o ber6o *a h.mani*a2

*e e *a -ii&i?a6o+ atras *os  !t&antes / 5o esper'amos+ porm+ en-ontrar osprAprios !t&antes + ios///

2 Mas .a& o interesse em saber .e o Brasi& ,oi o ber6o *a h.mani*a*eF2 interesse pe&a er*a*e/ ! -iKn-ia+ monopo&i?a*a por a&g.ns s'bios e.rope.s+

insiste em a,irmar .e o ber6o *a -ii&i?a6o teria si*o a R,ri-a e o *a h.mani*a*e a Rsia/ Mani,esta -omp&eto *espre?o pe&o Brasi& e pe&a !mri-a+ nesta .esto/

2 Bem/ Mas .a& a antagem+ em se estabe&e-er esse pontoF2 ! antagem es-&are-er os prob&emas *a ListAria/ an-io sorri./2 D.i*aF 2 perg.nto. a&io/2 5at.ra&mente .e *.i*o/2 =or .eF2 =or .eF E. sei .e o-Ks sA se moem por ai*a*e/ ! er*a*e se-.n*'ria+ e

sA se respeita .an*o -oin-i*e -om os *ese;os/ .e o-Ks pro-.ram so sinais *es.periori*a*e em re&a6o aos o.tros poos///

E&e paro. e ,ito.2nos/ E. ia me irritar/ De-erto+ e&e era .ma *essas pessoas .epensam monopo&i?ar a sabe*oria/

Mas o e&ho -ontin.o.Q2 5o esta*o em .e o-Ks se en-ontram no h' nenh.m interesse ime*iato em sa2

ber2se *essas -oisas/ e iessem em pa? e se -ompreen*essem per,eitamente .ns

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 135/150

aos o.trosU se tiessem os se.s prin-ipais prob&emas reso&i*os 2 ento po*eriampes.isar por amor G er*a*e/ Mas no assim+ e t.*o o .e ,a?em tem .m seg.n2*o motio+ .ma inten6o o-.&ta e para -onseg.ir antagens/ o-Ks no iem/ .2tam -omo se -a*a .m *os poos *e &:ng.a *i,erente+ e Gs e?es *e &:ng.a seme&han2te+ ,osse -onstit.:*o *e .ma esp-ie *i,erente *e animais ,ero?es .e pre-iso *es2tr.ir a to*o o -.sto/ antagem antagem pessoa& e antagem -o&etia 2 eis a i*eia

,i<a 5a*a ,i?eram at ho;e para -onseg.ir harmonia e pa?+ seno *is-.rsos/Dis-.rsos e p&anos ine<e.:eis+ tra6a*os pe&as na6Hes mais ,ortes -om o int.ito

se-reto *e manter as o.tras sob o se. *om:nio+ embora aparentemente assim nose;a/ Es.e-em2se sempre *e .ma -oisa importanteQ on*e h' en-e*ores+ h' en-i2*os+ e -omo a pa? n.n-a assina*a em termos ;.stos+ o en-i*o -ontin.a en-i*o ese prepara in-ansae&mente para ser en-e*or a&g.m *ia+ no importa .an*o/ !s &i26Hes *e A*io so transmiti*as *e pais a ,i&hos+ no &ar e na es-o&a+ *e gera6o em ge2ra6o///

2 Bem sabemos *isso 2 interrompi+ irrita*o 2 mas no po*emos re,ormar o m.n*o/  e&ho o&ho.2me e+ -om .ma o? pa.sa*a+ -ontin.o.Q

2 3 er*a*e/ 5em o-Ks+ nem nAs/ !gora tar*e para isso/ A*io .ma ,&orestap&anta*a na a&ma .niersa& e tem ra:?es *emasia*o pro,.n*as/ ! h.mani*a*e -ami2nhar' assim+ pe&o -aminho *a r.:na+ at a tota& *estr.i6o/ Mas isto .ma &i6o+ etem .e serir a a&g.m/ =or isso estamos nAs a.i+ en*o e apren*en*o+ e ensinan2*o aos nossos *es-en*entes a&g.mas no6Hes ,.n*amentais *e i*a .e os h' *e ,a2?er ier em pa? n.m m.n*o me&hor/

$i2me ,ran-amenteQ2 5o6HesF Mas no6Hes to*os nAs temos+ senhor =rimeiro 7rienta*or / Conhe-emos

as boas regras *a J.sti6a+ *a Bon*a*e///2 5o a-re*ito/ Mas embora assim ,osse+ isso sA proaria .e -onhe-er as boas

normas no a*ianta/ 3 pre-iso iK2&as e ap&i-'2&as/ simp&es -onhe-imento *a J.sti26a no ,a? ning.m ;.sto/ eria pre,er:e& .e os homens no -onhe-essem regra a&2g.ma e iessem em &ea&*a*e e harmonia/

2 E .em -onseg.ir' esse mi&agreF 2 perg.nto. a&io/2 5o m.n*o em .e o-Ks iem+ isso ser' imposs:e&/ o-Ks prati-am o ma& *e&i2

bera*amente+ saben*o o .e ,a?em e pro-.ran*o enganar aos o.tros e a o-Ksmesmos/ s homens *e goerno+ sem e<-e6o+ -.i*am .ni-amente *e ,orta&e-er s.aposi6o no po*er+ e esten*er os tent'-.&os o mais &onge poss:e&+ embora G -.sta *e-rimes+ in;.sti6as e *es.mani*a*es/ >oernar ;' no signi,i-a -oisa a&g.ma seno O*ominarP/ E os *omina*os sabem *isso e no pro-.ram eit'2&o seno por pa&aras

inteis/ 5a*a po*er' mais in-.tir no esp:rito *os homens *e ho;e as mais simp&es no26Hes *e .ma i*a *igna e &impa/2 .er *i?er .e estamos per*i*osF2 E<atamente/ Esto per*i*os/2 Como ai ser entoF 2 perg.nto. a&io/2 5As temos .m &iro 2 ,a&o. pa.sa*amente o an-io 2 .e nos g.ia h' mi&hares *e

anos/ =or e&e temos -on*.?i*o a nossa i*a+ e gra6as a e&e temos ii*o em per,eitapa? e -.&tian*o a semente *e on*e h' *e s.rgir a h.mani*a*e *o ,.t.ro/ !tras*os s-.&os tem si*o o nosso g.ia e o nosso pro,eta/

2 .e *i? o se. &iro sobre o nosso m.n*oF2 .e e. ;' &he *isse/ .e no h' sa&a6o/ 5As+ os !t&antes + ,.n*aremos a ,.2

t.ra -ii&i?a6o 2 a -ii&i?a6o *e,initia+ on*e se aproeitaro to*as as gran*es &i6Hes*o passa*o/

2 abe .e estamos em g.erraF 2 perg.nto. *e repente .in-as/ 2 !&emanha+ Ja2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 136/150

po e t'&ia -ontra os o.tros/ o os tota&it'rios ,as-istas e na?istas -ontra as Demo2-ra-ias///

e&ho sorri.2 ngKn.os Esses nomes na*a signi,i-am/ "o*os os goernos .e o-Ks tKm so

tota&it'rios e ,as-istas/ po*er *omino. *e,initiamente os homens atras *e .maminoria *e atrei*os aent.reiros+ .e monopo&i?am as in*strias+ os armamentos e

o *inheiro/ Esto em g.erra/// e .an*o no o estieramF empre o homem matan2*o o homem+ por.e a s.a po&:ti-a to arbitr'ria+ ne,asta e *es.mana .e ten*eineitae&mente a e<p&o*ir em g.erras periA*i-as/ .e o-Ks -hamam *e pa? no seno .m per:o*o -on,.so *e esgotamento materia& e -ansa6o mora&+ *.rante o .a&se preparam atiamente para a g.erra seg.inte///

Depois *e .ns momentos *e pa.sa+ e&e -ontin.o.Q2 o to ns-ios .e se ;.&gam senhores *e to*as as ,or6as e a-re*itam ter *omi2

na*o a prApria 5at.re?a D.rante a g.erra+ tomam2se *e ,.ror assassino+ matam2se aos mi&hHes e *estroem t.*o impie*osamente/ 5a*a mais tem a&or/ 5o entanto+-onseg.i*o o armist:-io+ pe&o tota& *om:nio *o poo *estr.:*o+ to*a a.e&a -oragem+

a.e&e ,eror *esapare-em+ e no so -apa?es *e ,a?er a ni-a -oisa sensataQ *es2tr.ir to*os os instr.mentos mort:,eros e g.erreiros .erem+ sempre+ oh geniais -o2ar*es+ a Opa? arma*aP E ento+ sA ento+ .an*o os -ampos e as -i*a*es esto ;.n-a*os *e *estro6os e *e -a*'eres *e -rian6as tr.-i*a*as 2 ino-am os tais pre2-eitos *e ;.sti6a+ ig.a&*a*e+ h.mani*a*e///

2 $ea&mente/// .ma &o.-.ra 2 m.rm.ro. a&io/2 o-Ks ,abri-aram .ma engrenagem *e &o.-.ra+ e ,oram toma*os por e&a/ 5o se

*etero+ a menos .e *estr.am a engrenagem/// mas no a *estr.iro n.n-a/2 Mas .a& a -a.sa *issoF2 ! Cobi6a E&a per*e. os homens/ *ese;o *esen,rea*o *e &.-ros+ -a*a e? maio2

res+ -ega os homens/ o-Ks se &an6aram n.ma -orri*a *esespera*a para a -on.ista*o &.<o+ *o -on,orto+ *os bens materiais+ *a ri.e?a+ es.e-i*os *e .e a -arne noie+ .em ie o esp:rito/ Jamais ho.e no se. m.n*o to *es-ontro&a*o *ese;o*e *ominar e go?ar+ -omo agora/ E ta&e?+ tambm+ em po-a a&g.ma+ ho.esse tan2tos mi&hHes *e -riat.ras so,ren*o ,ome+ misria e ,rio/ ! g.erra .e o-Ks ,a?em no -omo a g.erra Onorma&P+ .e atira o tigre -ontra o &eo+ o &obo -ontra o -a-horro/3+ ao -ontr'rio+ .ma a6o -.i*a*osamente prepara*a pe&a minoria *ominante+ .e-om e&a a.,erir' gran*es &.-ros e antagens/ !s minorias a&imentam a g.erra -om a-arne+ o sang.e e os sonhos *a.e&es mesmos a .em e<p&oram+ pren*em e ator2mentam *.rante a pa?/ Mas no ser' isto bastante -&aroF 3 *.rante as g.erras .ese a-.m.&am gran*es ,ort.nas+ mas as gran*es ,ort.nas n.n-a so para a.e&es .ese arrastam nas trin-heiras+ .e respiram os gases *e&etrios e so ata-a*os *e *i2senteria e se abrigam+ para atirar+ atr's *e montes *e -a*'eres apo*re-i*os/ Esses+.an*o -onseg.em o&tar+ an*aro+ *epois+ G pro-.ra *e emprego+ pobres en;eita*os*a i*a+ in.ti&i?a*os e tontos/ $eparem .e as na6Hes mais imperia&istas e -:ni-aspro-.ram *ar aos se.s so&*a*os *e to*as as -ategorias+ na ,rente *e bata&ha+ o m'2<imo -on,orto+ o me&hor a&imento/// 3 pre-iso i&.*i2&os+ a&iment'2&os e -onser'2&os+por.e e&es so Om'.inas *e ,a?er *inheiroP///

e&ho interrompe.2se *e noo/ &haa2nos+ -omo a obserar o e,eito *e s.as pa2&aras/ E. -ome6aa a a-re*itar .e est'amos *iante *e .m perigoso *ese.i&ibra2*o/

2 E ,ora *a g.erra o mesmo 2 -ontin.o. e&e 2 5ing.m mais to&era a mo*stia ea simp&i-i*a*e/ 5ing.m -ompreen*e .e a er*a*eira ,.n6o *o homem OierP/

 "o*osQ pobres+ reme*ia*os+ ri-os e mi&ion'rios -orrem *esen,rea*amente atr's *e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 137/150

trKs -oisasQ *inheiro+ *inheiro e *inheiro/ empre mais *inheiro E+ se obserarembem+ ero .e to*os os meios serem/ e o homem se enenena+ en,renta perigose arris-a a i*a para enri.e-er 2 -omo h' *e respeitar os *ireitos e a i*a *o se.prA<imoF Eis o .e o-Ks ,i?eram *o m.n*o

E. estaa ,arto *a.e&a -onersa/ .eria ir embora/ a&io+ porm+ e at .in-as+pare-iam ,as-ina*os/ E o e&ho -ontin.o. a ,a&ar/ Depois -onto. -omo a !t&nti*a   ti2

nha si*o *estr.:*a por .m *ese.i&:brio+ ao s.rgir+ n.m gran*e moimento te&ri-o+ a-or*i&heira *os !n*es/ Como os at&antes se haiam espa&ha*o pe&a !mri-a *o .&+pe&a R,ri-a+ *an*o origem aos o.tros poos/ Como *epois *a inaso *e estranhospoos+ terrie&mente se&agens+ .e *ominaram as -i*a*es *a R,ri-a e ,.n*aram -i2*a*es na E.ropa+ .m gr.po se&eto *e !t&antes   tinham o&ta*o ao ponto *e parti*a+o -ora6o *o Brasi&+ tra?en*o o se. iro+ o 7r'-.&o  e a semente *a *eia E a.i ti2nham ,i-a*o+ G espera///

2 E a.i estamos at agora+ e a.i ,i-aremos ain*a .em sabe ain*a por .antoss-.&os/// *a.i irra*iar' a -ii&i?a6o+ para tomar -onta *e .m m.n*o noo/ ".*o se,ar' &entamente+ sem &.tas nem -ho.es/ ear' mi&Knios+ ta&e?+ mas a&er' a pena+

por.e ser' a ni-a oport.ni*a*e+ para a h.mani*a*e+ *e ass.mir o se. er*a*eiropape& sobre a terra/

2 .er *i?er .e os senhores so !t&antes  &eg:timosF2 3 -&aro/ s .e a.i se estabe&e-eram+ h' mi&hares *e anos+ eram os maiores+ os

mais s'bios e per,eitos homens *a nossa ra6a/ "ro.<eram -onsigo o 7r'-.&o   e a*eia .e h' *e -riar a h.mani*a*e per,eita/ 5As somos se.s *es-en*entes+ -onti2n.amos a s.a obra+ e os nossos *es-en*entes assim -ontin.aro+ sem esmore-er/abemos .e somos a h.mani*a*e em mar-ha/ abemos para o .e iemos/ abe2mos .e o "empo no tem &imites+ e+ por isso+ no temos pressa///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 138/150

CAP!"#LO XXI

 ANILA

Est'amos o.tra e? no par.e+ *epois *e termos passa*o .ma parte *a noite *is2-.tin*o as pa&aras *o =rimeiro 7rienta*or / E. no estaa *e a-or*o -om e&e+ mastinha .e o respeitar+ por.e era a e<presso *o pensamento *e .m poo/

Mas a-h'amos2nos *es&o-a*os na.e&e ambiente/ 5o po*:amos -ompreen*er ai*a *a.e&e mo*o/ e no era poss:e& enri.e-er e progre*ir+ .e se po*ia ,a?erFn*e estaa o est:m.&oF

Eram .ase sete horas *a manh e gran*e nmero *e !t&antes   en-hia o par.e/Em gr.pos+ e&es ,o&gaam+ riam+ -orriam e gritaam+ -heios *e i*a e *e .m pra?erin,anti& .e *aa ine;a/

%oi n.ma *essas -orrerias .e .ma pe.ena eio+ *e repente+ -air *e ;oe&hos *ian2te *o nosso ban-o/ eanto.2se &entamente+ antes .e p.*ssemos a;.*'2&a/ =or .mmomento+ o&ho.2nos+ sorrin*o/ Depois+ sento.2se na re&a G nossa ,rente e ,a&o.Q

2 o os brasi&eiros+ noF2 omos/ Chegamos h' po.-os *ias///2 ei/ abemos *e t.*o/ iemos a-ompanhan*o a iagem *es*e .e o-Ks -hega2

ram ao ing./2 omos os primeiros estranhos a -hegar a.iF 2 perg.nto. .in-as/2 5o/ J' -hegaram o.tros/ s &timos ,oram *ois homens+ h' m.itos anos+ .an2

*o e. era ain*a menina/ Sm era e&ho e o o.tro+ mo6o/ Chegaram .ase mortos/ s

nossos -ompanheiros tieram .e os -arregar *es*e o rio riri ///.in-as tee .m &ampe;o no o&har/ %ito. a mo6a e perg.nto.+ -om o? ma& seg.raQ2 Como se -hamaamF2 e&ho -hamaa2se Jos///2 ///e o mo6o+ ean*ro 2 -ontin.o. .in-as/ 2 Jos era me. pai/// n*e est' e&eF2 ean*ro ie *o o.tro &a*o *o ro-he*o/ Jos morre./.in-as abate.2se/ .a ,isionomia m.*o. isie&mente+ en-hen*o2se *e r.gas/

M.rm.ro.Q2 =ai/// pobre pai///%i-amos em si&Kn-io/ .in-as es,or6o.2se para serenar/

2 =osso er a sep.&t.ra *e me. paiF 2 perg.nto./2 5o temos sep.&t.ras/ s mortos so -rema*os/.in-as permane-e. absorto em s.a *or+ e a&io tomo. a pa&estra+ perg.ntan*o

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 139/150

se po*:amos ,a&ar -om ean*ro/2 5at.ra&mente .e po*em/ .an*o .iserem/// e&e ie no Bairro este/2 "o*os os mortos so -rema*osF 2 perg.ntei/2 "o*os/ 5o h' espa6o para -emitrios/2 Mas nAs imos .m -emitrio s.bterrneo///2 !h "ambm temos .m+ *entro *a montanha/ Mas *estina2se e<-&.siamente aos

7rienta*ores / Esses so -onsera*os para sempre/2 Emba&sama*osF 2 perg.nto. a&io/2 !o morrer+ s.bstit.i2se o sang.e *e s.as eias por .m &:.i*o o&eoso/ Depois+ e<2

traem2se a&g.mas :s-eras+ e *e,.ma2se o -a*'er -om ,.ma6a *e -ertas eras eA&eos arom'ti-os/ Em seg.i*a en-erra*o n.ma gaeta .e se ,e-ha hermeti-amen2te/ D.ram assim eternamente/

.in-as pare-ia s.r*o e a&heio a t.*o/ e. ar pensatio e triste pena&i?aa2me/2 5o h' ra?o para o-K ,i-ar triste+ .in-as/ e se. pai tiesse morri*o na se&a+

&onge *e to*o so-orro+ o. nas mos *os se&agens+ entre so,rimentos+ seria terr:e&/Mas e&e morre. a.i+ entre estas boas pessoas+ -er-a*o *e amigos e *e aten6Hes///

2 3 -erto 2 *isse a mo6a/ 2 %oi trata*o -om to*o o -arinho+ -omo se ,osse .m *osnossos/ E+ agora+ enham/ amos brin-ar/

5o .isemos/ 5o nos sent:amos ain*a s.,i-ientemente integra*os na.e&a i*ae pare-ia2nos ri*:-.&o sair a -orrer pe&o grama*o/

E&a reso&e. ,i-ar -onos-o/2 .e preten*em ,a?erF 2 perg.nto./2 5o sabemos 2 respon*e. a&io/ 2 5em sabemos ain*a .anto tempo ,i-aremos

a.i///2 .anto tempo ,i-aroF ra essa/// ,i-aro para sempre Da.i ning.m sai+ espe2

-ia&mente estrangeiros/

2 5ing.m saiF 5em os !t&antes F2 Bem/ !&g.ns saem/ s .e so es-o&hi*os to*os os anos para *esempenhar mis2sHes &' ,ora/// "emos mi&hares *e -ompanheiros espa&ha*os por to*os os pa:ses/

 !: estaa .ma ree&a6o positiamente espantosa/ n-r*.&o+ perg.nteiQ2 Como F L' !t&antes  espa&ha*os por to*os os pa:sesF2 im/ Em to*os/ "emos !t&antes  .e so engenheiros+ m*i-os+ t-ni-os *e to*a

esp-ie+ ,orma*os em ,amosas .niersi*a*es *o se. m.n*o/ !&g.ns so+ at+ pes2soas *e importn-ia na a*ministra6o+ nas &etras e na -iKn-ia+ mesmo no Brasi&/

2 Mas isso assombroso =are-e ,antasia2 =or .eF "em a&go *e imposs:e&F

2 mposs:e&+ no/ Mas assombroso/ C.sta a a-re*itar/2 Mas -&aro ! gente pre-isa saber o .e o-Ks ,a?em+ -omo pensam+ -omo go2ernam+ e+ para isso+ temos .e estar em -onta-to -om o-Ks+ e esse o meio maisnat.ra&/

2 De t.*o .anto imos e o.imos a.i 2 *isse a&io 2 isso o mais impressionan2te/ .6a///

 ! mo6a+ porm+ ;'no nos o.ia/ eg.rara as mos *e .in-asQ2 o-K est' m.ito triste+ .in-as/ sso no sere *e na*a/ enha -omigo+ .e o.

&he mostrar a&g.mas -oisas bonitas *o nosso par.e///

E&a &eanto.2se e p.<o.2o pe&as mos/ .in-as *ei<o.2se &ear e+ po.-o *epois+ambos *esapare-iam entre gr.pos *e !t&antes + para o &a*o *o bos.e *e a-'-ias/2 E estaF 2 perg.nto. a&io passan*o a mo pe&a -are-a/ 2 .e .e me *i?+ Je2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 140/150

remiasF2 .e .e posso *i?erF sto espantoso/ Estamos *iante *e .m poo .e sabe o

.e ,a?+ tem .ma *iretri? *e,ini*a e pare-e goerna*o pe&as er*a*eiras &eis nat.rais*o homem///

2 %e&i?mente para o m.n*o+ Jeremias/ %e&i?mente para a esp-ie h.mana/ sto .ma gran*e esperan6a+ por.e+ na er*a*e+ &' o nosso m.n*o est' pererti*o+ *es2

mora&i?a*o e na*a se po*er' esperar *e bom/2 Mas imagine isso+ a&io/// !t&antes   espa&ha*os pe&a terra+ em to*as as gran*es

-i*a*es+ obseran*o+ traba&han*o/// magine+  !t&antes  no $io+ em o =a.&o+ em=orto !&egre+ Be&o Lori?onte/// em to*as as -apitais+ in*o e in*o -omo se ,ossembons brasi&eiros///

2 E no o so+ JeremiasF Mais brasi&eiros *o .e .ais.er o.tros2 im/ Mas ,a&o *e o.tro ponto *e ista/ o-K -ompreen*e/ 3 .ma -oisa ina-re*it'2

e& sto proa .e estamos &i*an*o -om .m poo rea&mente bem organi?a*o/ %a?2me a-re*itar em t.*o mais *o .e a.i&o .e o.i ontem+ *o =rimeiro 7rienta*or ///Diga me .ma -oisa+ a&io+ .e .e o-K pensa+ sin-eramente+ *istoF

2 =enso .e e&es tKm ra?o/ !*miro+ a-ima *e t.*o+ a in.ebrant'e& , .e tKmno ,.t.ro/ !.i esto h' -entenas *e s-.&os+ *ispostos a esperar o.tras -entenas+at .e -heg.e o momento .e ag.ar*am/ $epare .e nenh.m *e&es pensa em siprAprio+ mas to*os traba&ham para .m ,im -om.m .e no bene,i-iar' a nenh.m*os .e iem neste momento/ "raba&ham para o M.n*o+ para a L.mani*a*e+ paraa.e&es .e ho *e nas-er .em sabe .an*o

a&io -a&o.2se e se. o&har introerte.2se+ per*en*o2se no ,.t.ro+ m.ito *istante+.an*o to*a a h.mani*a*e seria ,e&i?///

Me. pensamento sa&to. para a-onte-imentos mais re-entes/ =ensei na mo6a .e&eara .in-as/ Era bonita e genti&+ a&egre e sa.*'e& -omo sA se en-ontraam a&i/

Cheia *e i*a e -om -rebro -&aro e are;a*o/2 n*e an*aro a.e&es *oisF 2 perg.ntei/2 Deem an*ar por a:/ pessoa& ;' est' se retiran*o/// *a.i a po.-o e&es apare2

-em/2 E&a bonita/2 o-K a-ho.F E. no gostei/ 5o me pare-e. bem m.&her/ ! gente sente2se+ *es2

*e &ogo+ G onta*e *emais -om e&a/ 5o gosto/ E pare-e .e to*as as m.&heres !t&antes  so assim/

2 ra/// pois e. a-hei2a m.it:ssimo ,eminina/ 3 .e estas mo6as tKm sa*e per,ei2ta+ e pensam -&aramente *emais/ 5o estamos a-ost.ma*os/

2 =o*e ser/ Mas no me agra*am/2 De o.tra e?+ traga .ma -ompanheira/2 ODe o.tra e?PF o-K pensa .e sairemos *a.iF2 3 -&aro =reten*er' o-K ,i-arF2 E. no/ Mas e&es preten*em .e ,i.emos+ e no sei -omo po*er:amos es-apar/

 !&i's+ o-K *ee -ompreen*er .e a seg.ran6a *e&es e<ige .e no possamos o&tarpara a nossa terra/

2 ra/// po*eremos m.ito bem g.ar*ar segre*o/ E ning.m me obrigar' a ,i-ar/2 =ois sim/// g.ar*ar segre*o/// Ento e. no -onhe6o o-K+ JeremiasF e o&tar2

mos+ a primeira -oisa .e o-K ai ,a?er+ .an*o -hegarmos+ ser' es-reer .m &iro a

respeito///2 5o es-reerei na*a/2 ' ,a&an*o/// e. bem sei/// &he/ !: Km e&es///

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 141/150

s *ois inham in*o+ &entamente+ entreti*os em anima*a -onersa/Chegan*o perto *e nAs+ a mo6a tomo. ambas as mos *e .in-as+ o&ho.2o bem

nos o&hos+ sorrin*o e *isseQ2 5o ,a&te amanh+ .in-as///2 5o ,a&tarei+ ani&a/2 E o-Ks enham tambm 2 *isse e&a sorrin*o/ E *espe*i.2se/ ai. -orren*o e

po.-o *epois *esapare-ia atr's *e .ma ponta *e ro-ha/.in-as a-ompanho.2a -om o&hos ,e&i?es/ E m.rm.ro.Q2 En-anta*ora2 Est' sen*o -on.ista*o+ hein+ .in-asF 2 perg.ntei+ ?ombeteiro/2 5o/ 5a*a *emais/ Sma boa amig.inha///2 Bem 2 s.spiro. a&io/ 2 amos -omer as nossas ,r.tas/

T T T

%oi .m *ia monAtono/ .in-as pare-ia no m.n*o *a &.a+ anima*o -omo e. ain*ano o ira/ a&io reso&era ,a?er pia*as 2 as pia*as mais sem gra6a *o m.n*o e e.sentia .ma irrita6o s.r*a e in-ompreens:e&/ E&es interpretaram ma& a minha irrita26o e a&io reso&e. ,a?er2me a&o *as s.as in,ames gra6o&as/ e pensaam .e e.-obi6aa ani&a+ estaam m.ito engana*os .in-as .e ,i-asse -om e&a 2 se era o.e preten*ia///

5ing.m nos pro-.ro. *.rante o *ia to*o/ =o.-o *epois *e anoite-er+ ani&a irrom2pe. no nosso .arto+ -omo se ,i?esse parte *a ,am:&ia/ Estee por m.ito tempo -on2ersan*o -onos-o sobre 'rios ass.ntos+ e a*miro.2se .an*o so.be .e no nos

haiam *a*o .ma o-.pa6o .e nos a;.*asse a passar as horas/Depois *e termos -onersa*o por &argo tempo+ ani&a -oni*o. nos para irmos aopar.e+ .e estaa .m &.ar marai&hoso/

%omos/$ea&mente+ a noite era e<-ep-iona&mente -&ara e bonita/ par.e pare-ia .m ;ar*im *e sonho banha*o pe&a &.? argKntea *a &.a/ entamo2

nos n.m *os ban-os e *iisamos+ ao &ongo *a m.ra&ha+ o.tros ban-os o-.pa*os porpessoas aos pares/ .&tos -&aros se moiam tambm entre as 'rores+ em passos&entos/ =er-ebemos+ em bree+ .e nAs *ois+ a&io e e.+ est'amos sobran*o/ ! -oi2sa no era -onos-o+ e sim -om a.e&e *iabo *e goiano .e iera para nos g.iar///.isemos &eantar2nos+ mas ani&a no nos *ei<o./ Come6o. a e<p&i-ar -omo esta2am *ii*i*os os bairros resi*en-iais/

2 5este 5-&eo  sA moram os -asa*os e s.as ,am:&ias 2 e<p&i-o. e&a 2 e os ,i&hos atY0 anos/ o-Ks+ .an*o se -asarem+ iro para a.i+ tambm///

2 ai *emorar 2 *isse e.+ rin*o/Em seg.i*a+ ani&a *e.2nos as &timas noi*a*esQ ! g.erra prosseg.ia+ terrie&2

mente -r.e&/ s r.ssos entraam io&entamente na !&emanha/ s ameri-anos+ *epois*e atraessar a Lo&an*a+ tambm -ombatiam em so&o a&emo/ ng&eses e ameri-anos-ome6aam a *espen-ar sobre a !&emanha+ *o a&to *os !peninos/ Japo estaasen*o bombar*ea*o pe&os ameri-anos+ *es*e bases em i&has *o =a-:,i-o e *e porta2aiHes/ >.erra+ morti-:nio+ *estr.i6o+ sang.e/// -omo se to*os os homens no ,os2sem irmos e -omo se no iessem to*os em b.s-a *e .m mesmo ,imQ a ,e&i-i*a*e

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 142/150

CAP!"#LO XXII

PON"OS DE IS"A DE #M A"LAN"E

Est'amos -onersan*o sobre a g.erra+ .an*o se apro<imo. *e nAs .m in*i:2*.o+ .e+ sem maiores -erim@nias+ se in-orporo. ao gr.po/

tema *a nossa -onersa *ei<o.2nos n.ma sit.a6o h.mi&hante+ perante os *ois/De &onge no per-eb:amos -&aramente .ais eram os OnossosP i*eais 2 os i*eais .e*esen-a*eiam g.erras+ *estroem -i*a*es+ -ha-inam mi&hHes *e -riat.ras h.manas/5o -ompreen*:amos bem .e .ma -o.sa 2 ,osse e&a .a& ,osse 2 -onseg.isse ;.sti,i2-ar tamanha he-atombe/ homem nos *i?ia .e no h' i*ea& a&g.m+ reiin*i-a6o

nenh.ma .e possa ;.sti,i-ar tamanha barb'rie/ 5As nos es,or6'amos para er a-oisa por o.tro prisma/.an*o e. &he *isse .e pre-is'amos+ a to*o o -.sto+ *errotar os nossos inimi2

gos+ e&e ri. e perg.nto.Q2 .e inimigosFEra *i,:-i& e<p&i-ar2&he/ %a&ei nos interesses na-ionais+ no inter-mbio+ nos mer-a2

*os+ nas ,ontes *e pro*.6o/2 %ran-amente 2 *isse e&e+ 2 5o -ompreen*o por.e possa haer barreiras e mer2

-a*os a -on.istar e interesses .e so *e .m poo e no so ig.a&mente *o o.tro/Mas+ se h' isso+ se o-Ks se *ii*iram -omo inimigos+ interpon*o m.ra&has entre .nse o.tros+ isso proa+ apenas+ .e so pro,.n*amente estpi*os/ Esta no a primei2ra g.erra/ ra+ se as g.erras ,oram motia*as por essas .estHes+ o-Ks ;' *eeriamter e&imina*o as -a.sas+ re,orman*o a estr.t.ra *a so-ie*a*e e *as re&a6Hes entre ospoos+ *estr.in*o as barreiras+ &ibertan*o o -omr-io+ ,a?en*o2se amigos+ en,im/ =or.e ra?o+ *epois *e -a*a g.erra+ persistem na man.ten6o *o esta*o *e -oisas .egero. a g.erraF e tKm -oragem s.,i-iente para *esen-a*ear he-atombes em .emorrem mi&hares e mi&hares *e pessoas e em .e os pre;.:?os materiais tomam .&toassombroso e r.inoso 2 por .e no tKm a -oragem simp&es e mais h.mana *e mo2*i,i-ar to*a a estr.t.ra *a a*ministra6oF Dee haer+ nos se.s pa:ses+ -ertos pon2tos+ -ertas instit.i6Hes+ -ertas normas *e *ireito .e+ por -erto+ so a -a.sa *os atri2tos e *as g.erras 2 e o-Ks no po*em ignorar .ais se;am/ er'+ por a-aso+ mais

penoso s.primir esses ,o-os *o .e *estr.ir -i*a*es inteirasF2 senhor no -ompreen*e 2 *isse e./ 2 eria *i,:-i& *e e<p&i-ar///2 Di,:-i&+ no/ 3 imposs:e& e<p&i-ar+ *es*e .e no .eiram -on,essar .e esto er2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 143/150

ra*os e agem est.pi*amente+ por estarem es-rai?a*os a prin-:pios erra*os e por es2tarem s.;eitos a gr.pos *e pessoas .e mane;am os homens G onta*e/ o-Ks pa2gam para serem *espre?a*os+ es-arne-i*os+ presos+ .sa*os -omo animais *e tropa e-omo animais *e mata*o.ro/ En.anto ho.er .em enri.e6a G -.sta *a *esgra6aa&heia+ G -.sta *a *estr.i6o 2 o-Ks estaro erra*os/

En,im+ no a*ianta na*a repro*.?ir t.*o o .e a.e&e intrometi*o at&ante   eio

nos *i?er/ E&e ,a&aa -omo .m papagaio+ por o.ir *i?er+ e so&taa t.*o o .e &he i2nha G -abe6a+ -omo .m ingKn.o+ *es-onhe-en*o as -a.sas reais *os nossos sagra2*os -on,&itos

.em no se interesso. pe&a -onersa ,oi o par .in-as2ani&a+ .e+ senta*o nagrama+ ao nosso &a*o+ pare-ia embebi*o em .ma -onersa m.ito *i,erente *a nossa/a&io me *isse mais tar*e .e e. a?e*ara a *is-.sso -om obsera6Hes impertinen2tes e inoport.nas+ e .e m.itas e?es per*era o ,io *a -onersa+ preo-.pan*o2mem.ito em &an6ar o&ha*e&as para o par e+ mesmo+ es,or6an*o2me para o.ir as pa&a2ras .e e&es tro-aam/ !,irmo+ porm+ .e isso no er*a*e/ e o&hei o par .mae? o. o.tra+ ,oi por a-aso+ e se a?e*ei a *is-.sso ,oi por.e o at&ante   intrometi*o

*i?ia asneiras e no respeitaa *ei*amente os sagra*os *ireitos *e .ma p'tria/ E&eno iia entre nAs+ e+ portanto+ na*a po*ia saber *o .e estaa ,a&an*o/

magine2se+ por e<emp&o+ .an*o -hegamos ao ponto em .e se trato. *as -&as2ses traba&histas (sto ,oi *epois *e e&e ter *es-rito .m -omp&i-a*o sistema em .eiem+ on*e t.*o *e to*os+ e a terra no tem *ono+ e -a*a 5-&eo  se en-arrega*a instr.6o obrigatAria+ e mais .ma por6o *e -oisas sem ne<o)/

E. perg.ntei2&heQ2 Espere/ %a&e2me *a prote6o ao traba&ha*or/2 .e prote6oF2 h+ senhor Mas+ as &eis traba&histas !s garantias o,ere-i*as aos oper'rios

2 5o enten*o/2 3 to simp&es Como .e se garante estabi&i*a*e aos traba&ha*oresF .a& agarantia .e o-Ks &hes *o *e .e no sero e<p&ora*os+ ma&trata*os///

2 5o sei o .e .er *i?er/ Mas *e .a&.er mo*o+ a.i no temos garantias/ =or.e haiam .ns *e ter garantias e o.tros noF 5o somos to*os traba&ha*oresF

2 Conhe6o essa -antiga/// ei o .e .er *i?er -om isso *e Oomos to*os traba&ha2*oresP/// L' .ma -&asse *e homens .e se empregam em seri6os mais pesa*os+mais h.mi&*es+ -omo os ,erreiros+ os ,.n*i*ores+ os pe*reiros+ os mar-eneiros+ osagri-.&tores/// Esses homens+ em to*os os pa:ses -ii&i?a*os+ so ob;eto *e .ma &e2gis&a6o espe-ia& .e a &tima -on.ista *as -&asses pobres

2 egis&a6o espe-ia&F 2 perg.nto. e&e espanta*o/ 2 Mas por .eF2 .e ingen.i*a*e =ara .e no se;am e<p&ora*os pe&os patrHes+ para .e te2nham garantia *e .m or*ena*o m:nimo+ *e aposenta*oria+ *e assistKn-ia m*i-a+ *e,rias+ e o.tros *ireitos///

2 Espere 2 e<-&amo. e&e &eantan*o2se/ 2 sso .er *i?er/// at&ante  interrompe.2se+ -om ,isionomia *e espanto e o&hos arrega&a*os/ De repente+ e<-&amo.Q

2 !bs.r*o .er *i?er+ ento+ .e no se. pa:s os oper'rios perten-em a .ma esp2-ie in,erior+ so ta&e? animais *omesti-a*os+ *i,erentes *e o-KF

%i.ei ,.rioso -om tamanha est.pi*e? .e era .ma o,ensa para os nossos nobrestraba&ha*ores e griteiQ

2 senhor i*iota s oper'rios so gente -omo nAs E ;.stamente para .e se2 ;am trata*os -omo gente+ -om to*a a -onsi*era6o e ;.sti6a+ .e -riamos a &egis&a26o traba&hista

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 144/150

2 Mas ;.stamente o .e e. penso 2 respon*e. e&e+ sem se a&terar/ 2 3 ;.stamen2te isso e e<iste a ne-essi*a*e *e se -riar .ma &egis&a6o espe-ia& para proteger ooper'rio e *ar2&he .m -erto n:e& *e i*a+ por.e e&es+ na er*a*e+ so seres in,e2riores+ abai<o *a es-a&a h.mana -om.m/ e no ,ossem+ estariam en.a*ra*os nas&eis -om.ns+ .e regem to*os os *ireitos h.manos///

2 ra+ p:&.&as senhor no enten*e na*a *isso Em to*o o m.n*o h' &eis prote2

gen*o os traba&ha*ores///2 $ea&mente+ no enten*o+ no/ Des-.&pe/ E+ se assim+ -omo o-K *i?+ esto ,a2

?en*o m.ito ma&+ por.e esto *ii*in*o a h.mani*a*e em *ois gr.pos *istintos+-om &egis&a6Hes *i,erentes para -a*a .m/ sto tem .e ir a.mentan*o+ a.mentan*osempre+ e ser' a -a.sa *e -on,&itos tremen*os no ,.t.ro/ .e ,a?em *es.mano/5o po*e haer *i,eren6a entre os homens/ omos to*os ig.ais/

2 abe *e .ma -oisaF 2 *isse e.+ -onten*o me a -.sto/ 2 5o poss:e& -onersar-om o senhor/

2 !-re*ito/ Estamos -o&o-a*os em pontos *e ista to *i,erentes+ .e no nos en2ten*eremos/// pe&o menos to -e*o/

2 5o nos enten*eremos n.n-a 2 berrei/ 2 o-Ks so &o.-os e ision'rios/2 o.-osF 5AsF 2 e&e ri./ 2 Mas+ me. amigo+ obsere .e nAs no ,abri-amos arma*e esp-ie a&g.ma+ no temos barreiras a&,an*eg'rias+ no temos &egis&a6o traba2&hista+ no en*emos -oisas .e no so nossas+ -omo terra+ -asas+ et-/ 5o *estr.:2mos -i*a*es nem -riat.ras h.manas+ a no ser .an*o nos Km ata-ar/// omos &o.2-osF

2 Com &i-en6a/ a&io+ amos emboraF2 amos/ Com &i-en6a/ =re-isamos pensar m.ito sobre isto+ para po*er o&tar ao

ass.nto/ 3 *i,:-i& para nAs/.in-as -on-or*o. *e m' onta*e/ ! -onersa entre e&e e ani&a estaa mais ani2

ma*a *o .e n.n-a/ !,ina&+ erg.e.2se ao mesmo tempo .e e&a+ ambos -om asmos *a*as/D.rante &ongos momentos ,i-aram assim+ mos nas mos+ o&hos nos o&hos+ sorrin2

*o/ !,ina&+ ani&a sai. -orren*o+ e e&e ,i-o. ain*a -om os bra6os esten*i*os e .m sor2riso nos &'bios+ -omo .m bo-A/

.an*o -hegamos ao .arto+ e. ain*a estaa neroso/2 "emos .e o&tar+ o mais *epressa poss:e&/ Esta gente ma&.-a e perigosa/2 S/// mas o-K pare-ia satis,eito+ Jeremias///2 5o+ no/ Esperaa o.tra -oisa/ =re-isamos ,a&ar -om o =rimeiro 7rienta*or  e

*ar .m ;eito *e sair *a.i/ sto .ma ;a.&a -heia *e &o.-os perigosos/

.in-as no pensaa assimQ2 5o sei para .e tanta pressa/ 5o imos na*a+ ain*a2 =ara mim+ ;' imos *e mais/ =re-isamos ,.gir/ sto me -heira a trag*ia/2 =ois e. esto. -om onta*e *e ,i-ar 2 *e-&aro. o g.ia/2 sso a primeira impresso/ ! -oisa ista por ,ora/ Mas+ se o-K .sasse o -re2

bro///2 5o/ 5.n-a i ning.m to tran.i&o e ,e&i? -omo esta gente/ Depois+ a.i mor2

re. me. pai/ ean*ro an*a por a:/// tenho onta*e *e ,i-ar///2 Mas .e *iabo .er o-K ,a?er nesta terra *e &o.-osF2 .ero ier entre e&es2 J' *e-i*i. issoF2 5o ain*a+ mas no h'2*e ser *i,:-i&/ ani&a *isse2me .e a.i se ,a? t.*o o .e

se ,a? na nossa terra 2 menos pA&ora+ armas e m.ni6Hes///2 3 .ma pena %ran-amenteQ .ma pena

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 145/150

2 ra essa =or .eF2 =or.e+ se ,abri-assem pA&ora+ po*er:amos tentar ,a?er isto ir pe&os ares

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 146/150

CAP!"#LO XXIII

 %DA,#I NIN/#)M SAI' 

A trKs *ias mais tar*e .e -onseg.imos nos aistar noamente -om o =rimeiro7rienta*or / E *.rante esses trKs *ias+ .in-as an*o. sempre ,ora *as nossas istas/5o sei .e .e e&e an*o. ,a?en*o+ mas e. no estaa gostan*o/ J' a&io po.-ose interessaa -om o *esapare-imento *o nosso -ompanheiro/ Di?ia .e o amor t.*o ;.sti,i-aQ Oas to&i-es e as a*esHesP///

2 "Km2se *ierti*oF 2 perg.nto. o e&ho at&ante /2 im/ Estamos satis,eitos+ e .eremos partir/2 =ara on*eF Este 5-&eo  no &hes agra*aF2 .e *ese;amos o&tar ao Brasi&+ G nossa terra/

2 Ento+ por.e no esto satis,eitos/ .e &hes a-onte-e.F2 5a*a/ Esper'amos -oisa *i,erente/2 Di,erenteF .e .e esperaamF2 Em primeiro &.gar 2 e<p&i.ei+ toman*o a pa&ara 2 n.n-a s.p.semos ir en-on2

trar .m poo neste ,im *e m.n*o+ a no ser a&g.ma tribo se&agem/ 5ossa espe2ran6a era en-ontrar r.:nas+ est:gios *e .ma -ii&i?a6o .e a.i teria -res-i*o emo.tros tempos/ De mo*o .e ,oi essa a nossa primeira s.rpresa/

2 E ,i-aram to *e-ep-iona*os assimF2 Bem/// 5o isso/ Mas os senhores tKm .ma organi?a6o .e no -ompreen*e2

mos nem aproamos/

2 Mas o ,ato .e to*os a.i a aproamos e estamos satis,eitos -om e&a/ 5oa-re*ito .e ha;a mais tran.i&i*a*e e ,e&i-i*a*e &' on*e o-Ks ieram/

2 5o sei/ Mas h' mais est:m.&o/ Ca*a homem sabe .e tem .e &.tar+ sente per2,eitamente a prApria importn-ia+ e tem ne-essi*a*e *e se aper,ei6oar para progre2*ir+ a&-an6ar posi6Hes/// !o passo .e a.i///

2 !.i o mesmo+ me.s amigos/ 5a*a se ,a? sem &.ta/ Ca*a homem tem .e &.2tar pe&a s.a posi6o na -o&etii*a*e/ L' gra.s in,initos *e prest:gio/ !penas+ nAs nosrespeitamos integra&mente/ 5ing.m seria -apa? *e .sar se. po*er para se aproei2tar *o se. traba&ho/ 5o e<iste a e<p&ora6o *o homem pe&o homem/

2 J' ,a&amos sobre isso e no -hegamos a .m a-or*o/ s senhores -on*enam a

nossa -ii&i?a6o sem a -onhe-er *ei*amente/2 E pare-e .e os senhores .erem ,a?er o mesmo -om a nossa/ Como po*em *e2-&arar .e no -on-or*amF "ieram+ por a-aso+ tempo s.,i-iente para est.*ar a nos2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 147/150

sa organi?a6oFa&io entro. na -onersa+ -om .m *eriatioQ2 .a& a re&igioF2 !*oramos o o&/2 sso i*o&atria 2 bra*ei e./2 =o*e me apontar+ por a-aso+ .m po*er mais rea&+ mais .niersa&+ mais in*ispen2

s'e& *o .e o o&F Laer' a&go *o nosso -onhe-imento in*is-.t:e& .e tenha maiorin,&.Kn-ia sobre a i*a h.mana+ sobre a terra e s.a ,erti&i*a*e+ sobre to*as as ener2gias -onhe-i*asF

2 sso o.tra -oisa/ De.s///2 5o *is-.tamos esse ponto/ nome *a Diin*a*e no importa/ 5o po*emos

entrar em *eta&hes+ nem *is-.tir+ por.e se os senhores no -ompreen*em a nossaorgani?a6o so-ia& e po&:ti-a+ m.ito menos -ompreen*ero a nossa organi?a6o re&i2giosa/ 5o a-re*ito+ por e<emp&o+ .e -onsigam enten*er+ ;amais+ a&g.ma part:-.&a*o .e se;a o =7DE$ D! =!!$!/ Dei<emos esse ass.nto/

2 Est' bem 2 *isse e./ 2 5o sei+ porm+ -omo po*em ier sem est:m.&o/

2 .e .e -hamam *e est:m.&oF2 ra/// a possibi&i*a*e *e progre*ir+ *e enri.e-er///2 Enri.e-er in*ii*.a&mente no progre*ir+ me.s amigos+ por.e on*e h' ri-os+

tem .e haer pobres 2 e isso in;.sto/ =rogre*ir enri.e-er espirit.a& e menta&2mente/ 3 enri.e-er -o&etiamente+ -om *istrib.i6o *e ig.a& soma *e bene,:-iospara to*os/

2 sso into&er'e& s senhores n.n-a tero gran*es -i*a*es -heias *e arranha2-.s e &argas aeni*as -heias *e a.tomAeis

2 "eremos -oisas m.ito maiores e me&hores/ Mas no arranha2-.s+ *e-erto/ ar2ranha2-. .m ana-ronismo+ .m ma& *a -ii&i?a6o erra*a .e o-Ks -onstr.:ram/

=or .e ho *e os homens ier amontoa*os em pe.enos -.b:-.&os sem ar e sem&.?+ ten*o a po.-os .i&@metros *e *istn-ia gran*es e<tensHes *e terras no apro2eita*asF 5o .m -ontra2sensoF o-Ks so to -ontra*itArios .e -onstr.:ram ai2Hes+ trens e a.tos *e gran*e e&o-i*a*e e no entanto se amontoaram em bairros s.2per&ota*os/ 5o per-ebem .e isto i*iotaF e tKm meios *e transporte r'pi*o+ *e2em aproeitar a e&o-i*a*e para -obrir a *istn-ia e a&argar as -i*a*es+ morar em&.gares a,asta*os+ go?ar ao m'<imo *a &.? e *o ar 2 as *.as *'*ias mais pre-iosas*a nat.re?a/ !&m *isso as s.as gran*es -i*a*es so o mar-o *a *esgra6a/ ! arga2massa *os a&i-er-es *e -a*a arranha2-. ,oi .me*e-i*a -om o sang.e+ as &'grimas eo so,rimento *e .ma &egio *e traba&ha*ores ma& a&imenta*os e pria*os *e -on,or2

to/2 ra/// isso &iterat.ra/2 "a&e? se;a/ Mas nAs+ ,e&i?mente+ estamos bem &onge *e t.*o isso/2 Est' bem+ senhor =rimeiro 7rienta*or / De .a&.er mo*o+ o .e *ese;amos

o&tar para &'/2 o&tarF2 im/ o&tar para a nossa terra/ =rimeiro 7rienta*or  o&ho.2nos serenamente+ sem raia nem ironia e+ &enta2

mente pron.n-io. as pa&arasQ2 Da.i ning.m saia&io e e. ,i-amos m.*os e assombra*os/ .in-as+ no entanto+ a*ianto. 2se+ e+

pe&a primeira e?+ tomo. a pa&araQ2 E. .ero ,i-ar a.i/ !.i morre. me. pai/ !.i ie .m e&ho amigo me./ E. ,i2

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 148/150

-arei/2 er' .m pra?er para nAs 2 respon*e. simp&esmente o e&ho/ !garrei o bra6o *e .in-as e e<-&ameiQ2 .in-as o-K en&o..e-e. =enso. bem+ .in-asF2 =er,eitamente/ 5o pre-iso pensar mais/2 .in-as/// o-K .er ,i-ar/// sA/// por -a.sa *e&aF

2 =or -a.sa *e ani&a+ sim+ e por.e e;o .e a.i h' .ma tran.i&a ,e&i-i*a*e .en.n-a senti antes/

2 .er *i?er .e o-K nos aban*onar'F2 e o-Ks no ,i-arem///2 3 a s.a *e-isoF2 ! &tima/ into m.ito/E. ia esto.rar+ mas a&io intereioQ2 M.ito bem/ .in-as &ire e ,ar' o .e .iser/ 5a*a temos -om isso/ A &he po2

*emos *ese;ar ,e&i-i*a*e/E. me o&tei para o e&ho e .ase griteiQ

2 E nAsF .e .e *e-i*eF2 De-i*iremos a -ontento *e to*os/ =ro-.rem2me amanh G tar*e e tratem *eaproeitar bem estas horas///

=are-e.2me .e a.i&o era .ma *espe*i*a e .ma amea6a m.ito -&ara/ o&tamosao .arto+ mas .in-as s.mi./ E. estaa &o.-o *e raia+ e a&io pro,.n*amente *e2so&a*o/ !s -oisas no tinham toma*o o r.mo .e e&e esperaa/ entia2se+ tambm+*e -erto mo*o+ &.*ibria*o/

"o*o o se. sonho *e temp&os s.bterrneos e .m estranho poo primitio+ meiose&agem+ r.:ra *iante *e .ma rea&i*a*e ta&e? mais e<traor*in'ria mas menos em2po&gante/

2 3 .ma -amba*a *e &o.-os 2 *i?ia e./ 2 o.-os o.-os arri*os =re-isamos ,.2gir/// e tem .e ser esta noite

TTT

 !o anoite-er+ .in-as entro. no .arto -om a ,isionomia a&tera*a e ,a&an*o miste2riosamenteQ

2 "enho .e &hes *i?er .ma -oisa///2 .e a-onte-e.F 2 perg.ntei+ preen*o -omp&i-a6Hes/2 o-Ks tKm .e ,i-ar+ *e .a&.er mo*o/2 ra Dei<e *e ser i*iota2 %i-ar *e boa onta*e+ o. morrer/2 !h o esses+ ento+ os sentimentos h.manit'rios *os !t&antes F2 %a&e bai<o ero -on*ena*os G morte/2 Mas no po*er:amos ;amais s.portar essa gente2 e tentarem ,.gir+ morrero no -aminho/2 Mas teremos .e ,.gir/ o-K -ompreen*e .e+ se ,i-'ssemos+ seria o *iabo para

to*os/ Xamos estor'2&os/ 5o 5o po*e ser2 Compreen*o/ .e se h' *e ,a?erF2 o-K o-K ta&e? nos possa a;.*ar/// ani&a///2 J' sei/ %a&arei -om e&a///.in-as hesito. por .m momento+ e+ *epois sai.+ *e-i*i*o/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 149/150

a&io e e. -ome6amos a temer por nossas i*as/ E o pior .e -ompreen*:amos.e+ agora+ t:nhamos *e ag.entar/ 5As mesmos 2 me&hor seria *i?er e. 2 -ri'ramos.ma sit.a6o ins.stent'e&/ La:amos *emonstra*o -&aramente *emais ao =rimeiro7rienta*or  a nossa -apa-i*a*e *e reo&ta e *e into&ern-ia/ E&es no po*iam hesitar/

a&io no *i?ia -oisa a&g.ma/ enta*o no ban-o+ -om a -abe6a entre as mos+pensaa+ e nem respon*ia Gs minhas pa&aras/ E. -aminhaa *e .m &a*o para o.tro+resm.ngan*o+ prag.e;an*o+ <ingan*o to*o m.n*o/

.in-as reapare-e. pe&a ma*r.ga*a/ &ho.2nos e+ *epois+ *irigin*o2se a a&io+,a&o.Q

2 3 .ma &o.-.ra/ er' me&hor ,i-ar/2 Conseg.i. a&g.ma -oisaF 2 perg.ntei/2 =ensem me&hor e ,i.em 2 insisti. e&e/2 Diga &ogo o .e arran;o.+ .in-as bom amigo o&ho. me -om ar *e -ens.ra/ Depois+ *isseQ2 Bem/// o-Ks .erem arris-ar///2 Diga &ogo+ .in-as

2 .6am -om aten6oQ "ero .e partir ime*iatamente+ mas no po*ero o&tarpe&o -aminho por on*e iemos/ 3 pre-iso partir em senti*o -ontr'rio+ para este+ ata&-an6ar o rio Jama.im+ o primeiro rio gran*e/ Des-ero por e&e at ao "apa;As+ epor este iro at ao !ma?onas/

2 3 ,'-i& 2 e<-&amei/ 2 er' .m passeio5o ser' ta&/ .em no -onhe-er o -aminho ;amais -hegar' ao Jama.im/ Da.i

at &' to*a a regio .m pntano intranspon:e&/ Mas+ ento///F .in-as tiro. .mpape& *o bo&so/

2 &hem/ !.i est' .m mapa -om as in*i-a6Hes ne-ess'rias/ Caminhos s.bterr2neos+ ata&hos+ po.sos *e a&imenta6o+ ,ontes *e 'g.a p.ra/// igam por este mapa+

a-onte6a o .e a-onte-er/ e no ,i?erem isso+ estaro irreme*iae&mente per*i*os///2 .in-as/// e o-KF///2 5o se preo-.pem -omigo/2 enha tambm/// o&temos ;.ntos+ -omo iemos///2 5o/ E. pre,iro ,i-ar/ %i-arei/

8/12/2019 Jeronymo Monteiro - A Cidade Perdida

http://slidepdf.com/reader/full/jeronymo-monteiro-a-cidade-perdida 150/150

CAP!"#LO XXIX

E A/ORA4

.an*o os primeiros a&bores *a ma*r.ga*a -ome6aam a tingir *e -or *e rosa ason*.&a6Hes *o nas-ente+ nAs *ois est'amos sobre .ma -o&ina+ a este+ ;' bem &on2ge *e !t&antis/

 W nossa ,rente esten*ia2se .m treme*a& in,inito+ .e se pro&ongaa at o hori?on2te/ De &onge em &onge s.rgia *o meio *a 'g.a estagna*a o es.e&eto *e .ma 'ro2re+ retor-i*o+ tort.ra*o+ imp&oran*o -&emKn-ia *o -./ .bia *a.e&e pntano .m a2por espesso+ &ento e ma& -heiroso/

' atr's se erg.ia+ ma;estoso+ sereno+ negro -ontra o a&bor mati?a*o *a ma*r.ga2*a 2 >eom' + a mo&e *e granito em ,orma *e po *e a6-ar+ .e es-on*ia o mistrio

*e .m poo .e ,ora era e haia *e ser