jornal atenção - edição 9

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www.jornalatencao.org.br R$ 0,50 solidário: R$ 1,00 1ª quinzena de Abril de 2011 Edição Nº 9 Provado e comprovado! Só falta vontade do prefeito Estudantes protestam em Campinas contra o valor abusivo da passagem {pág 15} Prefeitura inicia instalção da rede de água na Vila Operária {pág 03} Trabalhadores se revoltam e pedem melhores condições de trabalho em Rondônia {pág 05} Pré Assentamento Elisabete Teixeira completa quatro anos de muita luta {pág 17} suplemento Infantil Audiência confirma que é possível declaração de interesse social da Flaskô {pág 20}

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Jornal desenvolvido pelos trabalhadores da Flaskô. A Caluh Assessoria e Comunicação desenvolveu a parte gráfica e do jornal juntamente com os trabalhadores da Flaskô, o resultado foi extremamente positivo. Atualmente somos responsáveis pela diagramação do impresso.

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Page 1: Jornal Atenção - Edição 9

www.jornalatencao.org.br

R$ 0,50solidário: R$ 1,00

1ª quinzena de Abril de 2011Edição Nº 9

Provado e comprovado! Só falta vontade do prefeito

Estudantes protestam

em Campinas contra o valor

abusivo da passagem

{pág 15}Prefeitura inicia instalção da rede de água na Vila Operária {pág 03}

Trabalhadores se revoltam e pedem melhores condições de trabalho em Rondônia {pág 05}

Pré Assentamento Elisabete Teixeira completa quatro anos de muita luta {pág 17}

suplemento Infantil

Audiência confirma que é possível declaração de interesse social da Flaskô {pág 20}

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02 /opinião

Jornal Atenção – Publicação da Associação Centro de Memória Operária e Popular - Tiragem: 5.000 exemplares Edição Coletiva - [email protected] - fabricasocupadas.org.brRedação: Carolina Chmielewski, Josiane Lombardi, Alexandre Mandl, Fernando Martins, Enric Llagostera, Bruno Rampone, Luciano Claudino, Camila Delmondes, Ana Elisa, João da Silva, Luana Raposo, Batata, Pedro Santinho, Letícia Teixeira Mendonça, Cristina Alvares, Rafaela Camargo, Daniela Morais e Fátima da Silva.. Colaboração: Coletivo Comunicadores Populares, Carlos Latuff, Coletivo Miséria, MTST Acampamento Zumbi dos Palmares, MST Regional Campinas, Grupo de Teatro Cassandras, Trabalhadores Fábrica Ocupada Flaskô, Universidade Popular e Comitê pelo direito de Lutar. Fotografias: Neander Heringer, Fernando Martins, João da Silva, Luciano Claudino, Mauricio Azevedo, Nelson (Inveval) e Filipi Jordão Jesus - Telefone: (19) 3854 7798 / 3832 8831 / 3864 2624

Carta do leitorQueremos que o nosso jornal seja também seu, que ele seja NOSSO. Por isso convidamos você leitor a participar. Pretendemos que esse jornal seja quinzenal, por isso sua ajuda é muito importante. Assine o jornal Atenção. Procure um de nossos colaboradores ou entre em contato pelo e-mail

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Mais um Jornal

nos dão é a seguinte: os trabalhadores não querem só comida, querem também diversão e arte. Todos que atuam no campo da educa-ção das crianças, jovens e adultos, como eu, precisa-mos criar em cada escola estes espaços da cultura e da arte. A Flaskô nos anima e indica caminhos para isso.

Parabéns a todos os que produzem o Jornal. Desejo a ele vida longa!

Sônia Regina Ferreira de Oliveira - Campinas - SP

O Jornal Atenção está de-mais! Muito bom mesmo. Ba-bei nas fotos, nas charges e os textos estão bem escritos e im-portantes. Como coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Campinas tenho levado o Atenção para muitas escolas de ensino fundamental, por acreditar que professores e alunos precisam ter conta-to com uma imprensa popular, voltada aos interesses dos tra-balhadores.

Destaco as informações so-bre a Flaskô e suas tantas ati-vidades culturais. A lição que

Atenção, a cada dia esta-mos trabalhando mais para desenvolvermos este jornal como um instrumento da luta dos trabalhadores e tra-balhadoras de nossa região.

Este ano já começou agitado. No mundo os tra-balhadores e trabalhadores árabés não aguetaram mais serem explorados e inicia-ram uma revolta que abalou

o mundo. E ainda veremos suas repercussões.

No Brasil, o governo Dil-ma segue a mesma política que fez Lula. Ajuda aos pa-trões, aos banqueiros e aos latifundiários. E pensa que com isso vai acalmar os tra-balhadores brasileiros. Em Rondônia vimos que não é bem isso. A juventude na luta pelo transporte tam-bém. Na cidade a luta pela moradia cresce e se amplia.

Nós, do Jornal Atenção temos um lado neste ringue. Na luta entre os patrões e os trabalhadores estamos sem-

pre do lado dos trabalhado-res. Por isso seguimos nosso trabalho de divulgação e de apoio aos lutas em cada fá-brica, em cada bairro, em cada escola, por toda a parte.

Nosso orgão é um ins-trumento da luta dos mo-vimentos sociais, da classe trabalhadora na sua luta contra os patrões e seu go-verno.

Nosso trabalho é ajudar a organizar e informar sobre a indignação que nossa classe sofre no capitalismo. E mais do que isso, organizar este batalha.

Amigos gostei do jor-nal de vocês e estou postando abaixo men-sagens autocríticas se poderem postar aos seus leitores. Espero um dia escrever colunas de auto critica, pois faço isso para convencer a população saber ser mais democráticos e co-brar por nossos direitos. Depois se forem edi-tados essa minha auto critica, por gentileza me fala quando vai sair e

onde posso encontrar o jornal para ver essa crítica, pois esse me arrumaram, mas não vi a pessoa para saber onde pegaram. Sou o Henrique do Parque Bandeirante 2 / Suma-ré. Também quero pa-rabenizar pelas lutas e conquistas de vocês.

HenriquePq. Bandeirantes Sumaré

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03/sumaré

Vila Operária vence batalha e prefeitura instala rede de água

Moradores da Vila Operá-ria, da área Cura de Sumaré, observaram no dia 5 desse mês, após um longo período de enfrentamento com o po-der público, o início dos pri-meiros trabalhos referentes à instalação da rede de água no local. “Foi preciso se doar a esta ação para que as coi-sas acontecessem”, desabafou Alessandro Rodrigues, vice-presidente da Associação de Moradores, depois de quase dois anos de reivindicações.

Quem desconhece a his-tória desses moradores, que em 2003 passaram a residir em um terreno pertencente à fábrica de embalagens plás-ticas Flaskô Ltda, com o aval dos trabalhadores, nem ima-gina o tamanho da conquis-

A conquista da rede de água ate-nua, mas não resolve os problemas de infraestrutura urbana da Vila Operária. Além de ruas sem asfal-to, buracos e ausência de esgotos, os moradores sofrem com a falta de iluminação pública. “Só uma cane-tada [sic] do prefeito com a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) resolveria o problema”, criticou Alessandro. Segundo ele, a ilumina-ção pública influencia diretamente a

O Rio Tijuco Preto representa outra ameaça aos moradores das imediações. As fortes chuvas no mês de janeiro, sem ter por onde escoar, abriram uma cratera de quase 3 metros de diâmetro bem próxima das casas.

Agora, além de lutarem contra um esgoto a céu aberto, a Vila Operária deve correr contra o relógio para evitar descer rio abai-xo. As lutas devem recomeçar nesse sentindo, afinal, no mesmo dia em que a água chegava à Vila Operária o prefeito Bacchim assumia em Brasília, a vice-presidência da comissão de meio am-biente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

ta. Isso porque, apesar de ser abundante no planeta, a água ainda tem grande dificulda-de para chegar às populações menos privilegiadas.

Alessandro explica que a chegada de água até a Vila Operária é fruto de uma par-ceria entre os moradores e os trabalhadores da Flaskô, obrigados a negociar durante meses esse direito fundamen-tal com o prefeito petista, José Antonio Bacchim, secretários e vereadores. O pedido de água no bairro também teve o apoio de militantes do MTST (Movimento dos Trabalha-dores sem Teto) e do MST (Movimento dos Sem Terra). Até o final das obras, a Flaskô deverá continuar a fornecer água a cerca de 350 famílias.

Companhia de luz espera autorização da prefeitura para iniciar instalações

questão de segurança no bairro, já que muitas pessoas evitam sair de casa à noite, por insegurança.

Procurada pelo Jornal Atenção, a CPFL disse por meio de sua asses-soria, que os técnicos da empresa já visitaram o local para avaliar a infraestrutura necessária, mas que aguarda autorização da prefeitura para iniciar as instalações, conside-rando o fato de a área ser privada e não pública.

Novos desafios

Após muita luta, rede de água começa a ser instalada na Vila Operária

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/campinas04

No dia 26 de março, ocorreu mais um ato contra a privatização dos ser-viços públicos em Campinas, com-posto por diversos grupos e entida-des que discordam do projeto de lei do prefeito Hélio de Oliveira Santos. O ato teve início com três cortejos temáticos (Saúde e Movimento Sin-dical, Servidores públicos Munici-pais e Reverência à Cultura), que se encontraram em frente à Catedral, onde as falas políticas e atividades culturais ocorreram. Durante toda a manhã, representantes de sindicatos, escolas, bairros, movimentos, parti-dos e organizações sociais se mani-festaram contra o projeto. Além das falas políticas, o ato contou a apre-sentação cultural de vários grupos da cidade, que se manifestaram por meio de intervenções artísticas.

O Movimento contra a privatiza-ção é composto por diversas entida-des que discordam do projeto de lei PL 29/11, do Prefeito Hélio de Oli-veira Santos, que propõe uma ges-tão privada dos setores públicos da saúde, educação, cultura e esportes e lazer, que ficariam nas mãos das chamadas “Organizações Sociais” ou OSs. Segundo o manifesto do movimento, as conseqüências desta proposta serão a precarização e o su-cateamento dos serviços públicos, a perda dos instrumentos públicos de fiscalização destes serviços, a preca-rização das condições de trabalho e a queda na qualidade de atendimento. O manifesto enfatiza que “são inú-meros os danos causados ao Serviço Público pelo modelo privatista das

Segundo ato protesta contra as privatizações em Campinas

Organizações Sociais, que só visam o lucro, como com as péssimas con-dições da saúde e de outros serviços públicos em todas as cidades onde o projeto foi implantado”. Durante o ato, alguns representantes da po-pulação fizeram críticas ao Hospital Ouro Verde e às Naves-Mãe, proje-tos que já vêm seguindo o modelo de privatização dos serviços públicos na cidade de Campinas.

Durante o ato, a população teve a oportunidade de assinar o abaixo-assinado contra as privatizações em Campinas.

Para obter maiores informações, como os dias e horários das reuniões, consultar o blog:

campinascontraprivatizacao.blogspot.com

Para assinar a petição, acessar:www.peticaopublica.com.br.

Se privatizar, a saúde morre: manifestantes fizeram enterro simbólico da saúde

Foto: João Zinclair

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05

gédia do rio Madeira ilustra, de forma exemplar, os efeitos perversos das polí-ticas do setor elétrico no Brasil, marca-dos pelo descompromisso com padrões mínimos de dignidade humana e ética ambiental. Se por um lado, desperta preocupação, ao apontar para o que virá com a euforia de fazer barragens que mais uma vez ganha força em nos-so país, por outro lado, aponta cami-nhos para uma possível aproximação entre a luta dos atingidos por barragem (MAB) e a luta dos trabalhadores dos canteiros-de-obra.

Por: Renata da Silva Nóbrega, natural de Ji-Paraná, Rondônia, e estudante da UNICAMP

Revolta de trabalhadores em Rondônia

No dia 15 de março teve início uma revolta dos trabalhadores no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Jirau, em Rondônia, por causa das péssimas con-dições de trabalho. Aproximadamente 12 mil trabalhadores foram expulsos do canteiro de obras com a ajuda da Polícia Militar e 600 homens da Força Nacional.

A rebelião dos trabalhadores dos canteiros-de-obra da Usina Hidrelétri-ca Jirau expôs de forma contundente o que os consórcios responsáveis e os apoiadores destes empreendimentos vêm tentando esconder com o blá-blá-blá do “desenvolvimento” e do “pro-gresso”: o seu potencial de destruição. Embora os prejuízos causados pelas usinas do rio Madeira – um dos maio-res projetos de investimento no mundo atualmente – venham sendo denun-ciados desde 2000 por movimentos sociais, organizações nacionais e inter-nacionais, pesquisadores e até mesmo órgãos do Estado, a revolta dos traba-lhadores dos canteiros-de-obra desen-cadeou uma repercussão nacional e internacional.

A superexploração do trabalho nos canteiros-de-obra do rio Madeira, en-volvendo violência, trabalho escravo e até mesmo mortes, é apenas uma das faces da tragédia causada pelo barra-mento de um dos maiores afluentes do rio Amazonas. Os danos ambien-tais são graves. A mortandade de onze toneladas de peixes ocorrida em 2008, ainda na etapa inicial das obras, é um indicativo do processo de degrada-ção ambiental em curso. Do lado das

comunidades atingidas, a violência se expressa pelo deslocamento obrigató-rio de milhares de pessoas, que tiveram suas casas inundadas pelas barragens. Dentre as opções oferecidas, estão a indenização em forma de carta de cré-dito ou o reassentamento nas “casas de placa”, das agrovilas. Ficar não é uma opção, já que as “casas de placa” esquen-tam muito no calor amazônico e são de péssima qualidade.

Poucos dias antes da revolta explo-dir, a página virtual do PT exibia uma matéria com um vídeo do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, falan-do bem do “jeito petista” de fazer bar-ragem, marcado pelo “pleno emprego e pelo desenvolvimento social e ambien-tal”, em oposição aos projetos executa-dos durante a ditadura militar. Mas a democratização do país não alterou, de forma significativa, os procedimentos do setor elétrico em relação aos seus efeitos sociais e ambientais. Os projetos de vida das comunidades ameaçadas por estas obras são descartados. Os ar-gumentos técnicos sobre a inviabilida-de dos projetos hidrelétricos são igno-rados, como ocorreu no rio Madeira. A decisão é política e tomada, sem muita margem pra negociação.

Longe de se configurar num caso isolado, os conflitos no rio Madeira se inserem num contexto de expansão de hidrelétricas rumo à Amazônia e está articulado com planos de integração regional envolvendo a infra-estrutura dos países sul-americanos, conduzidos pelos Estados e por grandes corpora-ções nacionais e internacionais. A tra-

No Brasil, está praticamente es-gotado o potencial hidrelétrico dos melhores eixos da região Sudeste, a indústria barrageira tem se voltado para a Amazônia, caracterizada como uma nova fronteira hidrelétrica, detentora de 44% do potencial total do país. Embora seja comentado o quanto as hidrelétricas irão levar de energia à população, o principal motivo que determina a pressa na conclusão das obras é utilizar a energia gerada para abastecer as grandes indústrias nacionais e internacionais, que consomem muito, como na pro-dução de bauxita/alumínio.

Potencial hidrelétrico

SAIBA +MAB: Movimento dos Atingidos por Barragens organiza as famílias ameaçadas ou atingidas direta e indiretamente por barragens. www.mabnacional.org.br

Ônibus queimados em protesto contra más condições de trabalho

/brasil

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/mundo06

A usina nuclear de Fukushima foi golpeada no dia 11 de março por um tsunami com ondas de até 15 metros. Reina ainda a insegurança por causa da grande radiação à que a população foi e ainda está exposta.

Uma usina nuclear transforma ener-gia nuclear em energia elétrica.

Sua principal vantagem é que não precisa de combustíveis fósseis, que causam grande poluição e demoram pra se regenerar na natureza. Além dis-so, não necessita inundar grandes áreas, como é o caso da hidrelétrica.

No entanto em casos de vazamento nuclear todos os habitantes correm sé-rios riscos. Os efeitos da radiação para a saúde dependem do grau de exposição que a pessoa teve. Quando a radiação chega ao corpo pode causar queimadu-ras fortes ou até doenças graves como síndrome cerebral, leucemia, infertili-dade ou até mesmo câncer.

No Japão, um país onde há um gran-de índice de terremotos, há cerca de 55 usinas nucleares em funcionamento.

A questão da energia nuclear

Nos EUA, na cidade de Wisconsin, o prefeito vem querendo destruir os direitos sindicais. Numa população de 200 mil pessoas, 100 mil foram às ruas para protestar. “Lutemos como os egípcios”, diziam eles.

Conseguiram ocupar o capitólio, que é a sede do Congresso. Sendo as-sim, o legislativo não podia mais agir.

O governo mandou a polícia para acabar a ocupação. Quando os policiais

Cidade dos EUA em greve geral

chegaram no capitólio leram uma carta que dizia que a polícia era responsável por defender o povo, sendo assim iriam se juntar à ocupação. Nas costas de seus uniformes carregavam os dizeres: “Polí-cia pelos trabalhadores”.

Os trabalhadores que erguem os prédios e fazem as máquinas funcio-narem. Se eles pararem, tudo para. Os trabalhadores têm o poder nas mãos. Temos que lutar pelos nossos direitos!População protesta no Capitólio de Wisconsin

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07/mundo

Nos países árabes, o povo saiu às ruas para fazer a mudança acon-tecer. Na Líbia, não foi diferente: já faz um mês que uma crescente revolução popular ten-ta derrubar o ditador Gaddafi. Exigem de-mocracia, o direito de escolherem o seu futu-ro, e melhores condi-ções de vida.

O ditador não gos-tou e reagiu violenta-mente: a repressão do exército e mercenários foi violenta. Agora, uma guerra civil está acon-

Bombas não vão ajudar a revolução na Líbia!

tecendo. O povo re-belde, concentrado na área leste do país, luta contra Gaddafi, mas as forcas do governo ganharam terreno e se aproximaram de Ben-ghazi, a principal cida-de dos revolucionários. Se Benghazi caísse, o que seria do povo nas mãos de Gaddafi?

As potências oci-dentais, lideradas pelos E.U.A., Franca e Rei-no Unido, resolveram intervir: convenceram a ONU a permitir o bombardeio aéreo

O Oriente Médio e o norte da África são duas regiões com mui-to petróleo. A Líbia e a Arábia Saudita, por exemplo, têm enor-mes reservas, que ali-mentam a economia global. A Europa de-pende desse combus-tível para tudo, e os E.U.A. também. Sem petróleo, a máquina capitalista pára, crises surgem, países que-

A Líbia é um país com um quinto da área do Brasil e seis milhões e meio de habitantes. Fica no norte da África e está entre os dez pa-íses com mais petróleo do mundo. Foi colô-nia turca e italiana, e é independente desde 1951. Em 1969, o jo-vem oficial do exérci-to Muammar Gaddafi tomou o poder e está lá desde então. Duran-

Por que os imperia-listas querem "ajudar" com bombas a revolta na Líbia? Por que não ajudar, então, a revolta no Iêmen? Lá, o povo na rua também está sendo assassinado por um presidente que está 30 anos no poder! Ou então a revolução no Bahrain, um pequeno país com muito pe-tróleo e um governo repressivo? Ah, mas

Perguntas sobre a ajuda hipócrita!

esses dois países são "importantes aliados ocidentais", vendem petróleo e permitem bases americanas em seu território. Por que não mexer também na luta popular na Síria? Ou na dos palestinos contra Israel? A ajuda imperialista não dá nó sem ponto: "ajuda hu-manitária" serve pra garantir seus interes-ses, mais nada.

“humanitário” para “proteger civis” contra Gaddafi, no dia 19 de Marco. Disseram que não vão invadir a Líbia, mas como acreditar nos imperialistas? Não é coincidência que o leste do país seja a área mais rica em petróleo ou que já surgissem ex-ministros de Gaddafi querendo liderar a re-volução. Querem rou-bar a revolta do povo e fazer com que ela não mexa nos interesses ca-pitalistas das grandes potências.

O ouro negro no norte da África

bram! Os imperialistas querem manter a parte do mundo que produz petróleo em rédeas bem curtas. Se tiver democracia, o povo desses países pode de-cidir aumentar o preço do óleo ou o naciona-lizar, para melhorar suas vidas! Imagina o prejuízo! Melhor ga-rantir algum amigo, ditador ou presidente vitalício, por lá, não?

Conheça mais a Líbia!

te seu governo, a Líbia virou o país da África com menos analfabe-tos e fez grandes pro-jetos de irrigação para se poder plantar no deserto, a maior parte do país. Mas Gaddafi cada vez mais se aliou a interesses imperialis-tas, comprando armas em troca de petróleo, reprimindo o povo e se cercando de luxos, como um rei…

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08 /cultura

O grupo de São Paulo Brava Com-panhia veio apresentar-se gratuitamen-te na Vila Operária, ocupação de mo-radias no terreno da fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré.

A peça fala sobre as cidades e sobre a relação das pessoas com o trabalho. A maioria acredita que “o trabalho eno-brece”, que com o trabalho atingiremos a felicidade. Nesta narrativa os repre-sentantes do poder criam uma situação de crise e, ao mesmo tempo, uma bolha onde ficarão confinados para resolver e vigiar os problemas da população. Esta bolha paira por cima das cabeças dos moradores e são eles próprios que a mantêm no alto por meio do trabalho realizado em estações de bombeamen-to, criadas para conduzir o combustível que alimenta a bolha.

Os integrantes da Brava Companhia fizeram questão de chegar bem antes da apresentação para conhecer melhor a história da Flaskô. Ouviram como a

Peça ‘Este lado para cima’ e atração na Vila Operária

fábrica foi ocupada, de que forma ela funciona atualmente sem um patrão, como estão as atividades de teatro den-tro do espaço cultural. E o grupo tam-bém contou bastante de seu histórico, de seus novos projetos e de seu espaço de apresentações, o Sacolão das Artes, que também foi ocupado.

“Este é um grupo da periferia da zona sul de São Paulo. Eles querem provocar uma reflexão crítica sobre a sociedade de hoje - tentam mostrar que muitos problemas não são pessoais, mas sim sociais. É muito bacana como eles conseguem tratar de um tema com-plexo de uma forma bem simples e di-dática.” disse uma das participantes do grupo de teatro Cassandra.

A peça terminou, mas deixou sua marca. Tanto na memória de todos os que a assistiram como no muro que fica ao lado da fábrica ACR: nele há um car-taz com os dizerem “Trabalhadores, é hora de perder a paciência”.

Foto: Neander Heringer

Na mesma semana a peça “A exceção e a regra”, escrita por Bertolt Brecht foi encenada na Flaskô pelo grupo de São Paulo Núcleo 2.

A peça conta a histó-ria de 2 explorados (um carregador de bagagens e um guia) e de 1 explo-

Peça ‘A exceção e a regra’ de Brecht

rador (o dono da expedi-ção) que estão no deserto em busca de petróleo. E fala sobre como todo nosso sistema (polícia, Estado, juízes) está a fa-vor da classe dominante. Então qualquer julga-mento de um caso que envolva um patrão e um

empregado quem vai sair ganhando?

A forma de ence-nação desta peça con-ta com o teatro fórum, em que o público pode tentar mudar a história. Pode tentar fazer com que as coisas aconteçam de uma forma diferente. Será que no mundo em que estamos podemos conseguir que o sistema não sirva somente à clas-se dominante? Se sim,

como? Se não, o que fa-zer então?

Esta é a terceira vez que o grupo vem se apre-sentar na fábrica e a se-gunda vez com esta peça.

“Estamos indo para Portugal estrear uma peça sobre a Revolução dos Cravos. Assim que voltarmos queremos vir apresentar aqui na Flaskô!” disse Sérgio Audi, o diretor e ator da peça.

Foto: Carolina Chmielewski

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/fábrica de cultura e esportes 09

Dia 16/04 (sáb) às 10h30OFICINA DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIASLer, ouvir e contar. Vamos abrir o tapete, espalhar os livros e descobrir suas histórias. - (Aberto para crianças e jovens) Dia 07/04 (qui) às 18h30 | A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA

O documentário apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Dois cineastas estavam na Venezuela realizando um documentário sobre o presidente quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe.

Dia 14/04 (qui) às 18h30 | NO VOLVERÁNPor trás das ousadas políticas do presidente venezuelano Hugo Chávez existe um movimento revolucionário de massas que diz NÃO ao capitalismo e que mudando a história latino-americana.

Dia 28/04 (qui) às 18h30 | AO SUL DA FRONTEIRAO diretor Oliver Stone viaja por seis países da América do Sul e ainda Cuba, em uma tentativa de compreender o fenômeno que os levou a ter governos de esquerda na primeira década do século XXI. Através de conversas com os presidentes da região é analisado o modo como amídia acompanha cada governo e o maneira como lidam com os Estados Unidos e órgãos mundiais como o FMI.

Dia 17/04 (dom) às 18h APRESENTAÇÃO DE CAPOEIRAna Praça do Bom RetiroVenha participar – gingando, dançando, lutando, assistindo ou como preferir.

A fábrica Flaskô foi ocupada pelos trabalhadores desde 2003. Venham conhecer esta experiência: democracia operária, redução da jornada de trabalho para 30 horas, cultura e luta operária por um outro mundo.Você pode agendar uma visita sozinho, com um grupo, com sua escola ou com seus companheiros de trabalho.Datas programadas: 23/04 (sáb) e 27/04 (qua) – das 9h às 12h(entrar em contato para reservar data. Podemos também agendar visitas em outras datas)

TODAS ATIVIDADES GRATUITASMAIS INFORMAÇÕES: [email protected] ou (19) 3832-8831

Dia 16/04 (sáb) às 10h30OFICINA DE CISTERNA

Aprenda a fazer uma cisterna para guardar água da chuva e usar em casa. Todos levarão pra casa uma apostila de como montar sozinho. Serão feitas cinco cisternas e depois elas serão sorteadas entre aqueles que fizeram a oficina. - (Somente adultos)

OFICINAS:

CAPOEIRA:

VISITE A FLASKÔ

TEATRO:

Inscreva sua banda para o Festival Musical FlaskôTel: (19) 8282-2707 - [email protected]

Atletas da região conquistam bons resultados no judôNo Campeonato Regional de Judô foram conquistadas cinco medalhas, sen-do três de ouro e duas de prata.Na VIII Copa Auadi Mubarac de Judô foram conquistadas cinco medalhas de ouro, quatro de prata e 16 de bronze. Ficando em 6º na classificação geral.

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10 /cemop

O CEMOP – Centro de Memória Operária e Popular – funciona na Flaskô em Sumaré e nosso trabalho é o de preservar os documentos – fotos, vídeos, panfletos, entrevistas, cartazes, etc. – que os trabalhadores das fábricas ocupadas produziram e produzem nestes anos de luta. Além disso, organizamos a divulgação das publicações – livros, cartilhas, revis-tas, etc. – que estamos produzindo

É um espaço que organiza quatro importantes ferramentas para os movi-mentos sociais:1) O Arquivo de documentos do movimento que preserva sua história;2) Obras de Referência sobre o movimento (Livros de fotos, CDs com seleção de vídeos, Coleções de cartazes e panfletos, etc.);3) Atividades de Divulgação da história do movimento (Exposições de fotos, cartazes, camisetas, etc., Mostras de vídeos, documentários, etc.); e4) A Biblioteca do movimento (Livros, revistas, DVDs, etc.) e demais materiais que interessam para as atividades de formação do movimento.

Para mais informações sobre como organizar um Centro de Documenta-ção e Memória, entrem em contato conosco: (19) 3832 8831.

História e Memória dos Trabalhadores e Movimentos Sociais

No último dia 7, Alan Woods, editor do site britâ-nico Marxist.org, visitou os trabalhadores da fábrica ocu-pada Flaskô, em Sumaré. Na ocasião, o intelectual da es-querda mundial falou da sen-sação de isolamento, que às vezes parece tomar conta de todos aqueles que integram movimentos sociais e que lu-tam por melhores condições de vida, de trabalho, moradia e outros direitos humanos bá-sicos.

Para desmistificar esta sensação de isolamento, Allan Woods, que também é escritor renomado e teórico marxista, citou as recentes revoluções árabes, que têm ceifado a vida de milhares de trabalhadores que se levan-

Classe trabalhadora brasileira não está sozinha, diz teórico britânico

taram contra ditaduras secu-lares. “Quando digo que não estão sozinhos, não utilizo um discurso vazio, pois es-tamos vivendo um momento fundamental de mudança na história mundial”, disse.

Hosni Mubarak, Zine el Abidine Ben Ali e, mais re-centemente, Muamar Kada-fi, foram surpreendidos pela força das revoluções em mas-sa, que ganharam repercussão mundial via ceular, internet e redes sociais, como facebook e twitter. A dificuldade des-ses líderes ditadores em lidar com os recentes protestos acontecidos no Egito, Tunísia e Líbia, de acordo com Woo-ds, pôde ser evidenciada, so-bretudo, pelas tentativas bru-tais e frustradas de frear os

manifestos populares.“Eles simplesmente não

conseguem compreender o que acontece com a classe trabalhadora”, disse Alan, explicando que uma “revo-lução nunca é um raio que cai de um céu azul”. Na ver-dade, esses protestos seriam a conseqüência última de uma série de pequenas in-justiças, pequenos atrope-los acumulados durante um longo período de tempo. Assim como um copo que, de gota em gota, atinge o li-mite máximo e transborda. “Existe um poder na socie-dade maior que qualquer polícia, qualquer exército: a classe trabalhadora, uma vez organizada, não há quem possa pará-la”, finalizou.

Foto: Luciano Claudino

Alan Woods visitou os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô, em Sumaré.

em parceria com a Flaskô. Também apoiamos e ajudamos a organizar o Jornal Atenção junto aos coletivos e movimentos sociais que dele partici-pam.

Aos participantes e dirigentes dos movimentos sociais que tiverem in-teresse, estamos preparando um cur-so gratuito sobre “Como organizar Centros de Documentação e Memó-ria dos Movimentos Sociais”.

O que é um Centro de Documentação e Memória?

Page 11: Jornal Atenção - Edição 9

suplemento Infantil

Page 12: Jornal Atenção - Edição 9

fazendoarte

Page 13: Jornal Atenção - Edição 9

Todas as HQs, Charges, Tirinhas e Desenhos deste Suplemento foram feito por crianças e adolescentes ao longo destes 5

meses de Oficina de Quadrinhos da Fábrica de Cultura da Flaskô, realizada todas as

quintas, em dois horários: as 10 horas e as 15 horas.

Page 14: Jornal Atenção - Edição 9

AGENDINHA CINE INFANTO-JUVENIL

16 de Abril (sáb) às 15h – CORALINE E O MUNDO SECRETO

Entediada em sua nova casa, Caroline Jones um dia encontra uma porta secreta. Através dela tem acesso a uma outra versão de sua própria vida, a qual aparentemente é bem pa-recida com a que leva. A diferença é que neste outro lado tudo parece ser melhor, inclusive as pessoas com quem convive. Caroline se empolga com a descoberta, mas logo descobre que há algo de errado quando seus pais alternativos tentam aprisioná-la neste novo mundo.

30 de Abril (sáb) às 15h – O CAMINHO PARA EL DORADOTulio e Miguel são dois vigaristas que vivem de pequenos golpes. A sorte começa a mudar quando eles ganham um mapa que os levaria cidade perdida de El Dorado, também conhe-cida como a cidade do ouro.

jogo dos sete erros

Endereço: Av. Engº Jaime de

Ulhoa Cintra, nº 2355 - Pq.

Bandeirantes

Contato: joaomsm@hotmail.

com - 3832-8831 - 3864-3491

(Carolina)

1. pé de trás da cama; 2. interior do circulo da parte de baixo da cama; 3. queixo do Justin Bieber; 4. quarta bolinha que vai ao pensamento do leãozinho; 5. boca do leãozinho; 6. dedos da mão da menina; 7. listras do braço do leãozinho no balão de pensamento.

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0911/direitos

Dois pesos e duas medidasSão variadas as formas de chamar.

Mas todos nós sabemos. A lei é dife-rente dependendo de quem se trata. Sabemos que o tratamento dado ao em-presário é muito melhor do que o dado aos trabalhadores. Não é agitação não. O empresário que sonegou os impos-tos e se apropriou indevidamente do dinheiro que devia ser pago ao Estado responderá pelo crime de apropriação indébita. No entanto, se o empresário resolver pagar o devido, mesmo depois do inquérito policial, terá seu “proces-so” encerrado e fica tudo certo. É isso que a lei diz no artigo 168-A §2º do

Código Penal. Por outro lado, com os pobres da periferia, que possam realizar um crime contra o patrimônio, como furto ou roubo, ou mesmo a tal apro-priação indébita, a polícia instaurará um inquérito policial e a lei não dá esta “chance” de arrependimento como dá ao empresário.

Por que existe isso? Por que há este tratamento diferenciado? Porque, como está no título, há leis para ricos e leis para pobres. Quem é que produz as leis? Quem é que julga as leis? A lei é feita para poucos, e será depois julgada por estes mesmos poucos.

No âmbito criminal, tal seletivida-de, ou discriminação, é basta clara. É o que se chama de criminalização da pobreza. É criminalizar, tornar crime, aumentar penas, prender o máximo possível uma classe social. Ou o que está expresso em nossos presídios? Os estudos apenas constatam o que sabe-mos: 50% dos presos são presos provi-sórios (ainda nem foram condenados. Tal prisão deveria ser excepcional, já que supostamente a lei diz que “todos são inocentes até condenação” e vale o “princípio da presunção da inocência”. Tais situações são inconstitucionais, mas rasgam-se os direitos diariamen-te); 75% dos presos são menores de 30 anos, pobres, sem o ensino funda-

A seletividade do direito penal

Lei para Rico e Lei para pobre: A criminalização da pobreza!

mental completo, e majoritariamente negros; 40% são presos por crime con-tra o patrimônio (furto, roubo, etc.) e 30% são presos pelo crime de tráfico de droga. Diversos estudos tratam dis-so, dentre eles recomendamos www.nevusp.org.br.

Ou seja, há claro corte de classe nesta seleção do que deve ser ou não crime, dos crimes que devem ser pre-sos ou não. Vale observar que a pena pelo crime de tráfico ou roubo muitas vezes ultrapassa a pena do crime de homicídio! É a propriedade valendo mais do que uma vida! Na próxima edição traremos um caso que acompa-nhamos recentemente onde se verifica isso claramente e como combater.

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12 /artes

Coletivo M

iséria: Para ler m

ais charges entre em m

iseriahq.blogspot.comP

ara ler mais tirinhas entre em

tirasdamiseria.blogspot.com

PEDRO TIERRA (1948)

Muitos que lutaram contra as ditaduras na América Latina eram poetas. Pedro Tierra é um desses lutadores-poetas que foi preso por lutar contra a ditadura brasileira em 1972 na ALN (Ação Libertadora Nacional). Foi apenas libertado em 1977, após passar por diversas prisões e por longos períodos de tortura. Foi através da poesia (que saíam escondias em canetas bics) que Tierra conseguiu manter sua humanidade nos porões da ditadura: “Era, então, a maneira de poder meolhar no espelho sem enlouquecer.”

“Porque sou o poetados mortos assassinados,dos eletrocutados, dos ‘suicidas’,dos ‘enforcados’ e ‘atropelados’,dos que ‘tentaram fugir’,dos enlouquecidos.

[...]

meu ofício sobre a terraé ressuscitar os mortose apontar a cara dos assassinos“(Trechos de Poema-prólogo)

O GRITO (1974)

Olho meus companheiros. Estão calados.Os nervos tensos como cordas.O grito lá fora estala no peitofeito metal rompido.

Conhecemos de cor este caminho.Contudo, a cada grito esperamosque seja o último.Mas ele se repete e se prolonganum fio de voz agudocomo um punhal.Ele se dissolve num soluçocomo o fugitivo na sombra do muro.

E recomeça.Desperta cicatrizes extinas,sopra nelas centelhas* de novas dores.Olho meus companheiros. Estão calados.

Mas ninguém se rendeu ao sono.Todos sabe (e isso nos deixa vivos):a noite que abriga os carrascos,abriga também os rebelados.

Em algum lugar, não sei onde,numa casa de subúrbios**,no porão de alguma fábricase traçam planos de revolta.

* centelhas: fagulhas, faíscas / ** subúrbios: periferia

PEDRO TIERRA

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/moradia 13

Na manhã do dia 23 de março, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizaram um protesto e realizaram o travamento da saída de Sumaré, na altura do km 107. O protesto serviu para pressionar a Prefeitura a cumprir o acordo feito há mais de um ano, onde foi prometida a construção das casas demandas pelo movimento.

Atualmente o MTST na região já enfrentou inúmeros despejos, muita violência e resiste de forma organizada com cerca de 250 famílias acampadas no Zumbi dos Palmares.

MTST protesta e cobra prefeitura de Sumaré

Foi o terceiro ato neste ano, em janeiro aconteceu o primeiro em frente à prefeitura reivindicando agilidade nos processos burocráticos para que o projeto de construção das casas seja assinado, prorrogado a mais de um ano. Nada avançou e um novo ato ocorreu em 3 de março, onde houve o travamento de ruas próximas ao acampamento, mesmo assim nada foi resolvido.

Não houve outra alternativa e outro ato foi organizado, porém a prefeitura de Sumaré segue sem tomar nenhuma atitude. O protesto ocorreu na latura do km 107 em Sumaré, na região do Parque Bandeirantes

“Estou em liber-dade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durante o processo”, a frase é de Luiz Gon-zaga da Silva, o Gegê, absolvido no dia 5 de abril e que sofreu per-seguição durante nove anos.

Gegê é membro do Movimento de Moradia

no Centro (MMC) e da Central de Movimen-tos Populares (CMP). A acusação era vista como uma tentativa de criminalização dos mo-vimentos sociais.

Em 2002, Gegê foi acusado de dar ca-rona ao assassino de um homem que mo-rava no acampamento sob coordenação do

MMC. Em parte desse período, o ativista teve momentos em que foi considerado foragido da Justiça.

Após a sentença, Gegê afirmou que vai precisar se preocupar com a própria segu-rança por ter inimigos nas ruas. Claramente entristecido, apesar do resultado, ele ex-

plicou que teme agora pela própria vida e não sabe ainda exatamente o que vai fazer. “Es-tou em liberdade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durante o processo. O caso todo mostra que houve in-teresses e pessoas que quiseram me incrimi-nar”, avisa.Gegê fala durante seminário realizado na Flaskô

Foto: Luciano Claudino

Ativista do movimento de moradia, Gegê é absolvido após nove anos

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14 /juventude

Estudantes que lutam em defesa da Educação tentam diálogo com a reitoria, que responde com Batalhão de Choque. Estará enganado se você acha que se trata de uma notícia da época da Di-tadura Militar. Falamos de fatos recentes, acontecidos na Unicamp, local onde a aparente calma do ambien-te bonito de gramas verdes esconde um local onde os interesses públicos não têm vez. Os alunos reivindicam, principalmente, mais vagas na Moradia Estudantil e de-mocracia nos espaços de de-cisão da PME (Programa de Moradia Estudantil), além da saída do atual coordena-dor Luiz Viotto.

A truculência da Reitoria e da coordenação da mora-dia vinha se manifestando na Moradia através da ten-tativa de expulsão sem ra-zões claras de moradores, inviabilização de projetos sócio-culturais, persegui-ção a alunos estrangeiros e

Estudantes lutam por Moradia e Reitoria resolve com Polícia

desrespeito às decisões do Conselho Deliberativo (ór-gão formado por estudantes e professores que está acima do coordenador). O pon-to alto desta repressão foi a entrada, no dia 3 de mar-ço, do Batalhão de Choque na Moradia para cumprir um mandato de reintegra-ção de posse de uma casa, numa situação que poderia ter sido resolvida apenas internamente. Revoltados com esta situação, estudan-tes resistiram por dois dias na casa e depois decidiram, em assembleia, ocupar a Administração da PME no dia 4 de março. Os alunos permaneceram no local, re-alizaram diversas atividades para repensar a Moradia e a Universidade Pública, além de realizarem ações cultu-rais, oficinas e a instalação da “Rádio Buda”. Ao contrário do que disse a Reitoria, que insistiu em difamar e desqua-lificar o movimento, o Juiz Mauro Fukumoto deu pare-

revoltante notícia que cin-co alunos que participaram deste movimento legítimo foram notificados de que so-frerão processo administra-tivo, pra que sejam punidos. A exemplo do que já vem fazendo com funcionários, a Reitoria da Unicamp se re-cusa a dialogar e só trata os alunos e trabalhadores com repressão e perseguição.

Blog da Ocupação:

ocupacaomoradiaunicamp.blogspot.com

SAIBA +

Poícia na Moradia Estudantil da Unicamp

cer favorável ao movimento, dizendo que o instrumento de ocupação é legítimo.

Foram feitas todas as ten-tativas de negociação, mas a Reitoria não quis, em ne-nhum momento, dialogar. Novamente, a Polícia entrou na Moradia e os ocupantes saíram, após 20 dias de ocu-pação, depois de sofrerem uma outra reintegração de

posse que derrubou a deci-são anterior. Logo após sa-írem, no dia 25 de março, todos foram para a Reitoria exigir negociação, sem con-seguir nenhuma resposta. No dia 29 os estudantes vol-taram para protestar, junto com os funcionários, duran-te o Conselho Universitário.

Antes do fechamento desta edição, recebemos a

Para conseguir sobrevi-ver e estudar, o estudante pobre da Unicamp não tem condições de bancar os altos custos de moradia da região de Barão Geraldo. Por isso, a moradia estudantil gratuita é fundamental, direito asse-

Por que uma Moradia Estudantil gratuita? Por que 3000 vagas?

gurado pela Constituição. Se-gundo estudo feito por alunos, baseado em números forneci-dos pela própria universidade, são necessários, em média R$ 882 mensais para se man-ter, o que exclui mais de 3 mil alunos que não têm essa ren-

da. As 900 vagas que existem hoje, portanto, são insuficien-tes. É importante lembrar que a Moradia foi construída depois da ocupação de dois anos do prédio do Ciclo Básico da Uni-camp, no Movimento denomi-nado TABA. Na época (1988) foram acordadas 1500 vagas e só entregues 900. Inclusive foi feito um documento, assina-do pela Reitoria, que permitiria

aos alunos ocuparem qualquer prédio da universidade se isso não fosse cumprido. Passados estes anos, a Unicamp dobrou o número de alunos e a quan-tidade de vagas é a mesma. Se antes 1500 representavam 10% dos alunos da Unicamp, este número hoje passa de 3 mil. Por isso, esse atual movi-mento que autodenominou-se Novos Tabanos luta pelo direito

à Universidade Pública, que foi conquistado com luta e que somente com luta se rea-lizará verdadeiramente.

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15

No mês de janeiro, como em vários outros anos, a Prefeitura de Campinas, anunciou um aumento da tarifa do transporte coletivo da cidade. A passa-gem subiu de R$ 2,60 para R$ 2,85. O aumento das passagens de ônibus acon-teceu em mais de 17 grandes cidades do país, chegando ao valor de R$ 3,00 na cidade de São Paulo. Esses reajustes chegam a ser de quase 10%, enquan-to o do salário mínimo não chegou a 7%. Atitude abusiva se pensarmos que o transporte está entre os três maiores gastos da família brasileira, segundo o IBGE.

Os vários aumentos das passagens, a falta de ônibus para atender a popula-ção, a qualidade da frota, dentre outros problemas, são resultados da privatiza-ção do transporte. Muitas vezes utiliza-mos a expressão “transporte público”, mas essa não é a realidade, já que de público o transporte não tem nada. As empresas de ônibus estão nas mãos de poucos empresários, cujo objetivo cen-tral é garantir seus lucros e não o trans-porte de qualidade.

No Brasil inteiro, todo o transporte coletivo está nas mãos de não mais do que 7 empresários, que determinam o valor das tarifas de acordo com suas próprias vontades. Essas mesmas em-presas e seus donos são os financiadores das grandes campanhas eleitorais dos políticos da cidade, inclusive do prefei-to, que depois de eleitos pagarão sua dí-vida autorizando esse tipo de aumento absurdo que vemos hoje.

Na cidade de Campinas, tanto a gra-tuidade dos idosos, a escassa gratuidade para desempregados (por tempo limi-

O preço da passagem de ônibus é um roubo!

tado) e o desconto de 60% para estu-dantes até o ensino médio, não são uma “bondade” do empresário do transpor-te, a prefeitura paga esses benefícios, ou seja, no bolso do empresário a passa-gem entra com o valor integral, de R$ 2,85.

Pense bem! Se o transporte não fos-se utilizado com o único objectivo de gerar lucro pra meia dúzia de famílias, você não acha que a passagem seria mais baixa? Que os cobradores e mo-toristas receberiam salários justos? Que teríamos passe-livre para estudantes e desempregados?

Pois é isso que vários estudos já mos-traram. Por isso, o movimento contra o aumento da passagem defendem a esta-

tização do transporte coletivo, ou seja, que ele deixe de servir ao interesse dos empresários, e passe de fato a atender a população.

Também defendem o passe-livre para estudantes e desempregados, para garantir o acesso à cultura, saúde e la-zer, e também permitir que pessoas de-sempregadas tenham a possibilidade de procurar empregos e estudantes te-nham garantido acesso à educação, sem que precisem pagar por isso – direito esse que é garantido por constituição.

Neste ano, o movimento contra o aumento da passagem já realizou dois atos na cidade de campinas. O primeiro do dia 03 de março, onde mais de 500 estudantes saíram nas ruas mostrando

Venha participar da luta por um transporte realmente

público para todos! Mais informações:

contraoaumentocps.blogspot.com/

a indignação com a atual situação do transporte coletivo e o segundo, uma panfletagem no terminal central, para dialogar com a população sobre as pau-tas do movimento.

Ato em Campinas contra o aumento da passagem de ônibus

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16 /trabalho

Elei-ção no sindi-catoNeste

Neste último dia 09 de abril, os trabalhadores da Flaskô viram o que uma deci-são política pode interferir na relação de trabalhadores e seu sindicato. Os trabalhadores da Flaskô foram participar da Assembléia Eleitoral do Sin-dicato dos Químicos e foram impedidos de participar

Por que, agora, o Sindicato barrou os

trabalhadores?A direção do sindicato

barrou os trabalhadores da Flaskô no último dia 09, di-zendo “se vocês quiserem participar do sindicato, vocês podem ir nas piscinas, usar o clube, mas participar da As-sembléia vocês não podem.” Havia um acordo do Conse-lho de Fábrica com o Sindi-cato de que as sindicalizações dos trabalhadores entreriam como um contribuição do sindicato. Permitindo assim aos trabalhadores da Flaskô que enfretaram muitas difi-culdades financeiras terem todos seus direitos enquanto sindicalizados.

E assim durante muito tempo foi feito. Sempre os trabalhadores participaram de assembléia e contribuindo com discussões importantes na categoria, mas desta vez foi diferente pois agora é a eleição.

E é preciso dizer que os trabalhadores da Flaskô se or-

Trabalhador da Fábrica Ocupada Flaskô é barrado em Assembléia dos Químicos

ganizam num grupo político chamado “Corrente Sindical Química Esquerda Marxista CUT”, que possui críticas à atual diretoria do sindicato. Arlei, Coordenador Geral do sindicato, na portaria do CE-FOL, disse: “Vocês fizeram uma opção política, e arquem com os custos!” Ou seja, até o momento eleitoral, podíamos participar, o acordo por ele realizado com os trabalhado-res da Flaskô valia, e agora, justamente num momento onde se discute a questão elei-toral, o sindicato trata desta forma os trabalhadores sin-dicalizados de sua categoria. Talvez seja porque está com medo da força dos trabalha-dores da base, medo de ouvir as opiniões dos trabalhadores que lutam diariamente por seus postos de trabalho.

As eleições sindicais e o recado da classe

trabalhadora A sindicato barrou os tra-

balhadores da Flaskô pois está com preocupada com a eleição. Depois de anos sem oposição organizada, hoje há o grupo da “Frente Química”, e outros, além de nosso gru-po político. A atual diretoria não gosta muita de demo-cracia e ouvir posições con-trárias. Com isso, trata tra-balhador com esmola, com “rabo preso”.

Neste processo eleitoral, pense bem na hora de vo-tar. Queremos um sindica-to que trate com respeito os trabalhadores, em es-pecial trabalhadores como os da Flaskô, que lutam,

Eleição no sindicatohumildemente, como tan-tos milhares, com todas suas forças, diariamente, por seus postos de traba-lho. Somos trabalhadores que expulsamos o patrão e mostramos que é possí-

vel vivermos sem patrões. E se podemos fazer isso numa fábrica quebrada, podemos fazer isso em várias fábricas e por que não na própria sociedade. Esperamos que no sindi-cato estejam trabalhado-res vinculados à classe operária.

Foto: Luciano Claudino

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/luta pela terra 17

No dia 21 de abril, o pré-as-sentamento Elisabete Teixeira, em Limeira, completa 4 anos de existência. Para essa come-moração, haverá uma festa no barracão da área, no dia 30 de abril, com a presença da escola de samba Unidos da Lona Pre-ta. A área de 602,867 hectares foi ocupada por cerca de 250 famílias em 21 de abril de 2007 e está localizada numa área denominada Horto Florestal Tatu.

Os acampados do Elisabe-te Teixeira permaneceram na área até o dia 29 de novembro de 2007, quando foram ex-pulsos de forma violenta pela PM, que cumpria uma ordem de reintegração de posse da área requerida pelo prefeito de Limeira. Na época, a posse da área foi solicitada com base em um “Instrumento Prévio Regulamentador de Intenção de Venda e Compra”, de 22 de março de 2005, entre a Prefei-tura Municipal de Limeira e a Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA).

Durante a ação de despejo várias pessoas foram feridas. Muitas famílias perderam to-dos os móveis, roupas e do-cumentos, soterrados pelas máquinas da prefeitura e que também foram responsáveis pela destruição dos barracos. As famílias abrigaram-se em um barracão da Igreja Católica, em Limeira.

No dia 11 de dezembro do mesmo ano, após estudos so-bre o caso e confirmação da não concretização do acordo entre a Prefeitura de Limeira e a RFFSA, as famílias puderam voltar ao Horto Tatu, compro-vando que área era realmente da União.

No dia 21 de agosto de 2008, foi aprovada a proposta de des-tinação da área do Horto Tatu para o assentamento de agri-cultores, prevendo a criação de 150 propriedades familiares.

Hoje, o pré-assentamento conta com aproximadamente 80 famílias e é organizado em setores (saúde, educação e ali-mentação), criados de acordo com a necessidade dos acam-pados. Tem sua representação dividida em núcleos, que se reúnem semanalmente para discutir convivência, produção e necessidades coletivas.

O Elisabete Teixeira não foi ainda regularizado como assen-tamento porque o prefeito de Limeira, Sílvio Felix, abriu vá-rios processos contra a perma-nência das famílias no Horto.

Apesar das dificuldades com a falta de luz, água, trans-porte, acesso à saúde e educa-ção, as famílias do Elisabete Teixeira tem comemorado ano após ano suas conquistas, pro-duzindo alimentos de qualida-de para a região e participando sempre das lutas pela reforma agrária e contra o agronegócio.

Aniversário do Pré Assentamento Elisabete Teixeira

O pré-assentamento ganhou o nome de uma líder camponesa brasileira nascida em Sapé, Estado da Paraíba, fundadora da Liga Camponesa de Sapé (1958), em companhia de seu marido, João Pedro. As Ligas Camponesas vi-nham sendo criadas desde meados dos anos 50 com o objetivo de conscientizar e mobilizar o trabalhador rural na defesa da refor-ma agrária. João Pedro foi

Quem foi Elisabete Teixeira...

assassinado em 1962 por dois policiais disfarçados, a mando de usineiros parai-banos e Elisabete assumiu, então, a liderança da orga-nização. Passou também a sofrer ameaças e tornou-se um símbolo da resistência dos trabalhadores rurais nos anos 60 no Nordeste do Brasil. Com o golpe militar, entrou na clandestinidade fugindo das forças repres-sivas do regime militar, tro-cado o seu nome para Mar-

ta, enquanto os demais líderes da luta campone-sa eram assassinados (1964). Chegou a ser dada como morta pela repres-são política, mas reapare-ceu após a anistia decreta-da em 1981, pelo governo Figueiredo, quando Edu-ardo Coutinho partiu em busca dos camponeses para atuarem em um filme documentário, Cabra Mar-cado para Morrer (1981-1984). Ela reassumiu seu verdadeiro nome, e com ajuda de Coutinho conse-guiu localizar seus filhos espalhados dentro e fora do país.

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18 /galeria: ‘A luta contra a ditadura no Brasil (1964-1984)’

Bang-Bang - Em agosto de 68, no Rio de Janeiro, estudantes tentam fazer passeata em protesto contra a prisão do líder Vladimir Palmeras

Protesto de artistas e intelectuais, no Rio de Janeiro, contra a censura e atos de terrorismo em casas de espetáculos, em julho de 68.

Estudantes em manifestação no Largo São Francisco, em maio de 1977. Conflito entre universitários e polícia no Rio de Janeiro, em 1968.

Minas Gerais, 1967. Conflito entre estudantes e a polícia durante manifestações, contra o acordo MEC-Usaid.

Page 23: Jornal Atenção - Edição 9

Marcha promovida pelos estudantes cariocas, em março de 1966, pela matrícula dos excedentes de Química e Medicina (estudantes que

passaram no vestibular mas não conseguiram vagas na faculdade).

Manifestação estudantil em maio de 1977.

Conflito entre estudantes e a Polícia Militar, no Rio de Janeiro, em março de 1968, resulta na morte do estudante Édson Luís Lima Souto (No dia seguinte ao incidente, a Ultima Hora publicou o nome errado, chamando o estudante de “Nélson Luiz”. Dois dias depois, o erro

já fora corrigido)

Conflito entre estudantes da Faculdade de Filosofia da USP e do Mackenzie, na rua Maria Antônia, centro de São Paulo, em 1968.

Em maio de 1967, conflito acaba no espancamento de estudantes à entrada da Catedral Metropolitana em Porto Alegre.

Page 24: Jornal Atenção - Edição 9

20 /fábricas ocupadas

Audiência pública da Flaskô e Vila Operária é um sucesso, expressando as con-tradições da Prefeitura, que vem dando pouco caso às reivindicações dos trabalha-dores e moradores.

No último dia 31 de mar-ço aconteceu uma Audiência Pública na Câmara dos Ve-readores de Sumaré/SP para tratar das reivindicações dos trabalhadores da Flaskô e dos moradores da Vila Operária, em especial com a aprovação do decreto do Prefeito para declarar a área da Flaskô, que abarca toda a área da fábrica, da Vila Operária e da Fábrica de Esportes e Cultura.

Esta declaração de in-teresse social é muito importante, visto que é o primeiro passo para que a fábrica, a vila operária e o espaço de cultura, esporte e lazer sejam estatizados (sejam reti-rados do nome do anti-go dono e se tornem pa-trimônio público) e para que o governo seja obri-gado a dar as condições básicas de moradia à Vila Operária.

Infelizmente o Prefeito Bacchim não compareceu. Ele é o responsável por fazer e as-sinar o decreto.

Estiveram presentes em nome da Prefeitura o Chefe de Gabinete Paulo Zeraik, o presidente do DAE (Depar-tamento de Água e Esgoto) Luiz Eduardo, o Secretário da Habitação Jesuel Pereira. Dentre os vereadores, além do presidente da casa, estiveram presentes o vereador Niraldo Siqueira (PC do B), José Ta-

Vitória! Realizada Audiência Pública da Flaskô e Vila Operária!

A Audiência Pública

vares Siqueira (PPS), Geraldo Medeiros (PT), Toninho da Farmácia (PSDB).

Representando o Movi-mento pela Campanha de De-claração de Interesse Social, estiveram presentes na mesa Alexandre Mandl (advogado), Pedro Santinho (coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô) e Alessandro Rodri-gues (vice-presidente da Asso-ciação dos Moradores da Vila Operária).

Após uma longa discussão

com contou com a presença de mais de 150 pessoas, repre-sentantes do Vereador Roque Ferreira de Bauru/SP, do Ve-reador Adilson Mariano de Joinville/SC, do Sindicato dos Químicos, de um ampla dele-gação da Vila Operária e Po-pular, de militantes do MST, do MTST, do membro do Di-retório Nacional do PT Rena-to Simões, de estudantes e mi-litanes da Unicamp, da PUC e dezenas de outros apoiado-res, além dos trabalhadores da própria fábrica foi deixado claro que os trabalhadores da Flaskô e da Vila Operária não tolerarão desrespeito e des-caso por parte da Prefeitura, ouvindo respostas superficiais

depois de anos de luta.Alexandre concluiu: “Há

mais de um ano estamos ou-vindo isso, e, lamentavelmen-te, a Prefeitura não esboçou um passo adiante depois de um ano de campanha. Espe-ramos que a partir desta au-diência pública as coisas mu-dem, pois os trabalhadores da Flaskô e os moradores da Vila Operária estão perdendo a pa-ciência”.Viva a luta dos trabalhadores da Flaskô!Viva a luta dos moradores da Vila Operária!Viva a unidade de classe!Declaração de Interesse Social da Flaskô, Vila Operária e Fábrica de Cultura, já!

A declaração de Interesse social

A Audiência na Câmara de Vereadores contou com mais de 150 pessoas

Foto: Fernando Martins