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1 Pesca, Aqüicultura, Tecnologia do Pescado e Ecologia Aquática R E P E S C A ISSN 1980-587X Engenheiro de Pesca: perfil profissional no Brasil Tambaqui: larvicultura em diferentes densidades Tainhas: Pesca em Porto das Pedras, Alagoas Mercúrio: ocorrência em ambientes naturais Tucunaré: condicionamento alimentar Tilápia: prolificidade em diferentes tamanhos Comunidades ribeirinhas: perfil sócio- econômico, rio Coreau, CE Volume 2, Número Especial - setembro de 2007 Manaus: sede do XV Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca Foto: Leocy Cutrim Para navegar use “marcadores” à esquerda

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Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

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Pesca, Aqüicultura, Tecnologia do Pescado e Ecologia Aquática

R E P E S C A ISSN

1980-587X

Engenheiro de Pesca: perfil profissional no Brasil Tambaqui: larvicultura em diferentes densidades Tainhas: Pesca em Porto das Pedras, Alagoas Mercúrio: ocorrência em ambientes naturais Tucunaré: condicionamento alimentar Tilápia: prolificidade em diferentes tamanhos Comunidades ribeirinhas: perfil sócio-econômico, rio Coreau, CE

Volume 2, Número Especial - setembro de 2007

Manaus: sede do XV Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca

Foto: Leocy Cutrim

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Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

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REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA VOLUME 2, NÚMERO ESPECIAL, 2007

Eds.: José Milton Barbosa e Haroldo Gomes Barroso

DIRETOR

Haroldo Gomes Barroso - UEMA

EDITORES

José Milton Barbosa - UFRPE

Haroldo Gomes Barroso - UEMA

EDITORES ADJUNTOS

Adierson Erasmo de Azevedo - UFRPE

Emerson Soares - UFAL

DIRETOR DE MARKETING

Rogério Bellini - Netuno

ASSISTENTES DE EDIÇÃO

Manlio Ponzi Junior - UFRPE

Dimonique Bezerra de França - UFRPE

Regina Coeli de Oliveira C. e Silva -

UFRPE

Webmaster

Junior Baldez - UEMA

Revisão do texto

Adierson Erasmo de Avezedo - UFRPE

José Milton Barbosa - UFRPE

COMISSÃO EDITORIAL

Athiê Jorge Guerra dos Santos - UFRPE

Fernando Porto - UFRPE

Emerson Soares - UFAL

Fábio Hazin - UFRPE

Heiko Brunken - Hochschule Bremen, Alemanha

Joachim Carolsfeld - World Fisheries Trust, Canadá

Leonardo Teixeira de Sales - FAEP-BR

Maria do Carmo Figueredo Soares - UFRPE

Maria do Carmo Gominho Rosa - Unioeste

Maria Nasaré Bona - UFPI

Neiva Maria de Almeida - UFPB

Paula Maria Gênova de Castro - Instituto de Pesca/SP

Paulo de Paula Mendes - UFRPE

Raimundo Nonato de Lima Conceição - UFC

Rosângela Lessa - UFRPE

Sérgio Macedo Gomes de Mattos - SEAP/PE

Sérgio Makrakis - Unioeste

Sigrid Neumann Leitão - UFPE

Vanildo Souza de Oliveira - UFRPE

Walter Moreira Maia Junior - UFPB

________________________________________________________________________________ Apoio

Curso de Engenharia de Pesca Universidade Estadual do Maranhão

Departamento de Pesca e Aqüicultura Universidade Federal Rural de Pernambuco

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A Repesca esta indexada a base de dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org)

© Publicada em setembro de 2007

Todos os direitos reservados aos Editores.

Proibida a reprodução, por qualquer meio,

sem autorização dos Editores.

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Ficha catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE

A REPESCA É FILIADA A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDITORES CIENTÍFICOS

R454 Revista Brasileira de Engenharia de Pesca Nacional / editores José Milton Barbosa, Haroldo Gomes

Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2007. V.2. N. Especial : 81p : il.

Semestral

1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos, 4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão

CDD 639

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E

ISSN-1980-587X

REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA

Volume 2 Setembro, 2007 Número Especial

EDITORIAL

ste número da Revista Brasileira de Engenharia de Pesca trás de lambuja

algumas boas notícias, uma delas é a indexação da nossa REPesca a base de

dados: sumarios.org (www.sumarios.org), o que foi possível a partir dos

contatos realizados no XI Encontro Nacional Editores Científicos, realizado em

Ouro Preto, MG (outubro de 2007), a outra é a participação efetiva do Prof.

Adierson Erasmo de Azevedo - idealizador da Engenharia de Pesca no Brasil -

como revisor de nossa revista.

No âmbito profissional, estamos vivendo em Manaus o XV Congresso

Brasileiro de Engenharia de Pesca (outubro de 2007), o maior evento de nossa

classe. Ademais, dois fatos certamente marcarão este evento: a criação do

Sindicato Nacional de Engenharia de Pesca e da Associação Brasileira de

Engenharia de Pesca.

A caminhada é difícil, mas vamos seguindo passo a passo nas pegadas do trabalho e da persistência.

José Milton Barbosa

Editor Chefe

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Sumário

I - ARTIGOS CIENTÍFICOS

Caracterização da pesca de tainhas no município de Porto de Pedras, Estado de Alagoas, Brasil Carolina Martins TORRES; Paulo TRAVASSOS; Marina B. FIGUEIREDO; Fábio HAZIN; Daniele F. CAMPOS & Francisco ANDRADE

6

Larvicultura de tambaqui em diferentes densidades de estocagem Sandra Soares dos SANTOS; José Patrocínio LOPES*; Miguel Arcanjo dos SANTOS-

NETO & Luciana Silva dos SANTOS

18

Prolificidade da tilápia-do-nilo, variedade chitralada, de diferentes padrões de desenvolvimento Luciana Silva dos SANTOS; Daniel Ribeiro de OLIVEIRA FILHO; Sandra Soares dos SANTOS; Miguel Arcanjo dos SANTOS NETO & José Patrocínio LOPES

26

Condicionamento alimentar no desempenho zootécnico do tucunaré Emerson Carlos SOARES; Manoel PEREIRA- FILHO; Rodrigo ROUBACH & Renato Carlos Soares e SILVA

35

ocorrência de mercúrio em camarões em diferentes ambientes aquáticos Geovana Lea Fernandes PAIVA; Maria Lúcia NUNES; Antonio Diogo LUSTOSA-NETO

& José Milton BARBOSA

49

II - ARTIGOS TÉCNICOS

Perfil do Engenheiro de Pesca do Brasil Neiva Maria de ALMEIDA1 * ; Leonardo Teixeira de SALES2 & Maria do Carmo Figueiredo SOARES3

57

Diagnóstico socioeconômico de duas comunidade ribeirinhas do rio Coreau, Estado do Ceará, Brasil

Sandra Carla Oliveira do NASCIMENTO & Rogério César Pereira de ARAÚJO

70

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 79

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I – ARTIGOS CIENTÍFICOS

CARACTERIZAÇÃO DA PESCA DE TAINHAS NO MUNICÍPIO DE PORTO DE PEDRAS,

ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL

Carolina Martins TORRES, Paulo TRAVASSOS, Marina B. FIGUEIREDO, Fábio HAZIN, Daniele F.

CAMPOS & Francisco ANDRADE

Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco

E-mail: [email protected]

Resumo - A atividade pesqueira no município de Porto de Pedras, município litorâneo do Estado de

Alagoas, é de pequena escala e totalmente artesanal. Entretanto, a pesca desempenha um papel

importante na economia local, sendo a segunda atividade produtiva do município e tendo as tainhas

(Mugil spp.) como a principal espécie capturada. O presente trabalho teve como objetivo principal

caracterizar a atividade pesqueira praticada pela comunidade de pescadores artesanais, tendo como

espécies-alvo as tainhas. As pescarias são realizadas através de três aparelhos de pesca (rede de espera,

rede de cerco e tarrafa), cujas operações, de uma maneira geral, resultam nas capturas de diferentes

espécies de tainhas existentes na região, em associação com outras espécies da fauna acompanhante

desta atividade. As embarcações utilizadas nesta pescaria são exclusivamente canoas de madeira,

movidas a remo e a vela, de aproximadamente 8 m de comprimento e 0,85 m de boca, sendo operadas

por dois pescadores, em áreas próximas à costa, nas imediações da desembocadura do rio Manguaba. A

pesca com rede de cerco incide mais sobre Mugil incilis, enquanto Mugil liza,é mais capturada pela

rede de espera e Mugil curema e Mugil curvidens,pela tarrafa. Não há conservação do pescado até o

desembarque, sendo a comercialização feita na forma de peixe fresco inteiro. As principais espécies

representantes da fauna acompanhante dessa pescaria são: Caranx hippos, Centropomus parallelus e

Oligoplites saurus.

PALAVRAS-CHAVE: Mugil spp., pesca, tecnologia de captura, Alagoas.

MULLET FISHERY CHARACTERIZATION IN PORTO DE PEDRAS, ALAGOAS, BRAZIL

Abstract - Fishing activity at Porto de Pedras, in the nothem coast of Alagoas State, is a small-scale

and artisanal activity. However, it performs an important role within the local economy, being the

second source of income for this municipality and having the mullet as the main species captured. The

present work aimed to characterize the mullet fishing activity. The fisheries are done using three

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different nets: gill net, purse seine and cast net, each of them targeting a different species. All the

vessels for the mullets fishery capture are canoe of mood, utilizing paddle and sail, with approximately

8 m length and 0.85 widths, being operated by two fishermen, in close areas to the coast and close to

the outlet of Manguaba River. The purse seine fishing has the Mugil incilis species as the main target,

while Mugil liza is more caught for gill net and Mugil curema and Mugil curvidens by the cast net.

There is no conservation on board, and the fish is sold fresh. The main by catch species are Caranx

hippos, Centropomus parallelus and Oligoplites saurus.

KEY WORDS: Mugil spp., fishing technology, Alagoas.

INTRODUÇÃO

O Estado de Alagoas possui um litoral de cerca de 230 km, que se estende da foz do rio

Persinunga, ao norte, divisa com Pernambuco, até a foz do rio São Francisco, ao sul, divisa com o

Estado de Sergipe. Ao longo desse litoral estão localizados 17 municípios costeiros e 57 comunidades

pesqueiras (IBAMA, 2007), dentre os quais, o município de Porto de Pedras, no litoral norte do estado,

possui 12 km de costa e distando aproximadamente 130 km de Maceió. A atividade pesqueira praticada

no município é de pequena escala e totalmente artesanal, contribuindo com uma produção média anual

da ordem de 100 t/ano de pescado de origem marinha e estuarina para a economia do Estado de

Alagoas (IBAMA, 2003, 2006). Apesar da pequena quantidade de pescado produzido, a pesca em Porto

de Pedras desempenha um importante papel sócio-econômico, sendo uma das principais fontes de

emprego e renda para os seus habitantes.

Dentre as espécies capturadas, as tainhas (Mugil spp.) é a mais importante, com cerca de 20%

na produção anual do município (IBAMA, 2006). A importância das tainhas para a pesca costeira pode

ser observada ao longo de todo o litoral alagoano. Em 2005, por exemplo, a produção de tainhas para

todo o Estado foi de 1.766,4 t, sendo a espécie mais capturada do total de pescado marinho e estuarino

produzido, com 18,1% da produção (IBAMA, 2006). Em Porto de Pedras, as tainhas são as espécies-

alvo de três métodos de pesca utilizados pelos pescadores locais: a rede de cerco, a rede de espera e a

tarrafa, cuja utilização se dá em áreas próximas à costa, nas imediações da foz do rio Manguaba.

As espécies da família Mugilidae têm ampla distribuição geográfica, ocorrendo em águas

tropicais e subtropicais, principalmente em águas costeiras e estuarinas (Figueiredo e Menezes, 1985).

No Brasil, ocorrem em todo o litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul. São espécies pelágicas

costeiras, de águas rasas, que nadam sempre em cardumes, perto da superfície (Fischer, 1978).

Neste contexto, à luz da importância das tainhas para a pesca artesanal do Município de Porto

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de Pedras, o presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar os aparelhos de pesca utilizados

na sua captura, descrevendo as respectivas operações de pesca, as embarcações utilizadas, os locais

para este fim e identificação das principais espécies capturadas.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no município de Porto de Pedras (Figura 1), o qual possui 12 km de

costa e localiza-se a cerca de 130 km de Maceió.

Para a caracterização e descrição dos aparelhos e operações de pesca e das embarcações

utilizadas, foram realizadas visitas periódicas ao município no primeiro trimestre de 2003, nas quais

foram efetuadas entrevistas com os pescadores locais, assim como alguns embarques e amostragens dos

materiais utilizados na confecção dos aparelhos de pesca. Registros fotográficos das embarcações, dos

aparelhos de pesca e dos exemplares capturados de cada espécie foram também realizados. Nos

desembarques foram amostrados exemplares das principais espécies de tainhas capturadas, visando

avaliar o tamanho dos peixes capturados. Informações relativas às capturas foram obtidas do Boletim

Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina do Nordeste do Brasil (IBAMA, 2006).

A identificação das espécies da família Mugilidae e da fauna acompanhante capturada foi

realizada in loco, baseada em manuais de identificação de espécies marinhas e estuarinas (Menezes,

1983; Figueiredo e Menezes, 1985). Em caso se dúvidas, a identificação final dos espécimes coletados

foi concluída no Laboratório de Ecologia Marinha, da Universidade Federal Rural de Pernambuco,

através das chaves de identificação da FAO (Fischer, 1978).

Figura 1 - Localização do Município de Porto de Pedras, no litoral de Alagoas (09º10,5’S e 35º17,5’W)

Fonte: Carta Náutica Nº 900. DHN – Marinha do Brasil.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ATIVIDADE PESQUEIRA EM PORTO DE PEDRAS: AS TAINHAS COMO ESPÉCIES-ALVO

A pesca desenvolvida para a captura das tainhas no município de Porto de Pedras é tipicamente

artesanal, sendo realizada a partir do emprego de canoas, movidas a remo ou a vela, que operam na

zona estuarina e no “mar de dentro”, como é denominada a parte interna da barreira de recifes naturais

que ocorrem ao longo deste litoral. Esse fato foi também observado em estudos realizados em estados

vizinhos, como Pernambuco e Sergipe (IBAMA, 2003), ocorrendo também em boa parte do Nordeste

do Brasil (IBAMA, 2006). Dias-Neto e Marrul Filho (2003) afirmam que os tipos de embarcações para

este tipo de pesca são predominantemente de pequeno porte, as quais, em muitos casos, não são

necessariamente usadas de forma exclusiva como meio de produção, mas também de deslocamento.

Normalmente, o proprietário é um pescador ativo como os demais, participando de forma efetiva da

pescaria. Outra característica típica dessa atividade é a interferência de intermediários no processo

produtivo, principalmente na comercialização do pescado, obtendo lucros mais altos e diminuindo a

renda dos pescadores.

Ainda de acordo com Dias-Neto e Marrul Filho (2003), a pesca artesanal pode estar voltada

essencialmente para a comercialização do pescado capturado, como também para a obtenção de

alimento para as famílias dos participantes, ou ainda um misto desses dois objetivos. Dias-Neto e

Dornelles (1996) afirmam que esta atividade pode ser uma alternativa sazonal, a qual o praticante se

dedica apenas um período do ano desempenhando outra atividade produtiva em seguida, geralmente

vinculada à agricultura ou ao comércio. A presente pesquisa constatou que a pesca no município de

Porto de Pedras é a segunda atividade econômica do local, ficando atrás apenas da agricultura, sendo

ambas praticadas para o sustento familiar, havendo pescadores em tempo integral e também aqueles

que se dedicam a esta atividade apenas em alguns meses do ano.

As pescarias dirigidas às tainhas são realizadas através do uso de três métodos de pesca: a rede

de cerco, a rede de espera e a tarrafa, cujas malhas, de diferentes tamanhos, associadas às áreas de

atuação, capturam espécies diferentes de tainhas, em associação com uma fauna acompanhante local

bem diversificada (Tabela 1). De acordo com o IBAMA (2006), as principais artes de pesca utilizadas

região no norte do Estado de Alagoas, além das mencionadas acima são o arrasto duplo, a rede de

caceia, a rede de cerco, as linhas e o arrastão de praia. Estes aparelhos de pesca capturam diversos tipos

de pescado, como camarão, peixe-agulha, xaréu, vermelho, tainha, lagosta vermelha e lagosta verde,

entre outros.

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Outro fato observado na pesca local foi a divisão das tarefas entre os pescadores no decorrer das

pescarias, configurando, assim, uma estratégia de pesca que reflete o grau de organização no

desenvolvimento da atividade, fato também observado no estado do Ceará (Castro e Silva et al., 2005).

EMBARCAÇÕES E APARELHOS DE PESCA

As embarcações utilizadas na captura das tainhas são canoas de madeiras, movidas a remo e a

vela (Figura 2), de aproximadamente 8 m de comprimento e 0,85 m de boca. Estas canoas são operadas

normalmente por dois pescadores, em pescarias desenvolvidas no “mar de dentro”, principalmente nas

imediações da desembocadura do rio Manguaba.

Figura 2 - Canoas utilizadas na operação de pesca no município de Porto de Pedras, estado de Alagoas.

No que se refere aos aparelhos de pesca, são três os utilizados em Porto de Pedras na pesca das

tainhas, cujas principais características encontram-se discriminadas abaixo:

REDE DE CERCO: varia de 80 a 140 m de comprimento e 1,5 a 2,5 m de altura, com malha de 25 mm ou

35 mm, confeccionadas com nylon de 0,30 mm de diâmetro. Foi a responsável por 55,0% das capturas

realizadas no município.

REDE DE ESPERA: varia de 40 a 120 m de comprimento e 2 a 3 m de altura, com malha variando de

30 mm a 35 mm, confeccionada com nylon de 0,30 mm de diâmetro. Utilizam-se mourões (madeira de

beriba ou canela), adquiridos na flora local, com tamanhos variando de 3 a 6 m, os quais são fixados ao

substrato para amarração da rede.

TARRAFA: é confeccionada pelo próprio pescador, com malha de 25 mm e nylon de 0,25, 0,30 e

0,35 mm de diâmetro. Os cabos usados para entralhar a rede possuem normalmente uma espessura de

2,5 mm, sendo de nylon ou seda. As redes são de comprimentos variáveis, podendo chegar a até 8 m,

com a boca e a quantidade de chumbos usados variando de acordo com o seu tamanho. A maioria dos

pescadores utiliza um tenso de aproximadamente 15 cm para formar o saco da rede.

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OPERAÇÕES DE PESCA

REDE DE CERCO

Semicerco

Nessa operação utilizam-se duas canoas tripuladas por dois pescadores cada. Após a saída para

o mar, o pescador que fica na proa da embarcação (proeiro) é o responsável pela avistagem do cardume

na superfície do mar. Em seguida, as canoas aproximam-se para unirem as extremidades de suas redes,

dando início à operação de pesca com o lançamento da rede no mar. Neste momento, os proeiros, com

um porrete de madeira ou o próprio remo, começam a bater na água com o intuito de direcionar o

cardume de tainhas para a rede. As canoas vão fechando o cerco, o qual ganha um formato helicoidal

(Figura 3), dificultando a fuga dos peixes. Após alguns minutos, inicia-se o recolhimento da rede e as

tainhas emalhadas são retiradas cuidadosamente e colocadas no fundo das canoas. A rede recolhida é

mantida sobre pranchas de madeira colocadas sobre os bordos da canoa, sob a qual está o pescado, com

o objetivo de protegê-lo do sol. Nos casos de elevada captura, as canoas voltam imediatamente à praia

para desembarcar o pescado e comercializá-lo. Caso contrário, a pescaria continua, com os pescadores

buscando novos cardumes e preparando novamente as redes para serem lançadas ao mar.

Cerco completo

O cerco ocorre com as mesmas redes e embarcações do semicerco, embora com a utilização de

quatro canoas, com dois pescadores cada. A operação de pesca também é semelhante e desenvolve-se

da seguinte forma: (i) após a localização do cardume, as canoas posicionam-se de forma oposta (duas

de cada lado), mantendo o cardume entre elas; (ii) em seguida, cada parelha de canoas une suas redes,

dando início à operação de pesca; (iii) o cerco começa a ser fechado em torno do cardume, com cada

canoa lançando ao mar as suas redes; (iv) da mesma forma que no semicerco, duas das canoas

procedem à formação dos dois ganhos helicoidais, fechando o cerco; (v) todas as canoas ficam no seu

interior, com todos os pescadores batendo na água com os remos (Figura 4). Caso o cardume seja muito

grande, as outras duas canoas procedem também à formação dos ganchos, visando minimizar a

tentativa de fuga das tainhas, assim como provocar o emalhe de forma mais rápida.

Esta operação é realizada a uma profundidade média de 2 a 3 m, durando geralmente de três a

seis horas, dependendo da área de captura e, principalmente, da quantidade de peixes capturados.

Geralmente esta pescaria é realizada na baixa-mar, com os pescadores partindo no início da maré baixa

e retornando no inicio da preamar. A espécie de tainha mais capturada nessas duas operações de pesca

com cerco é a M. incilis, vulgarmente conhecida na região como tainha-do-olho-amarelo. Toda a fauna

acompanhante desta pescaria é recolhida e também comercializada.

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A

B

Figura 3 - Desenho esquemático da operação de pesca de tainhas com rede de cerco, na modalidade semicerco, utilizando duas canoas (A: início do cerco; B: fim do cerco).

Figura 4 - Desenho esquemático da operação de pesca de tainhas com rede de cerco, na modalidade de cerco completo, utilizando quatro canoas (A: início do cerco; B: fim do cerco).

REDE DE ESPERA

Essa pescaria é realizada geralmente nas luas de quarto crescente e minguante, utilizando-se

apenas uma canoa, dois pescadores, duas redes e dois mourões (Figura 5).

Figura 5 - Esquema da pescaria com rede de espera de superfície usada na pesca de tainhas em Porto de

Pedras, Alagoas.

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A pescaria se inicia sempre na baixa-mar e, de acordo com os ventos e as correntes existentes, os

pescadores definem o local ideal para cravar os mourões no substrato, em uma faixa de profundidade

que varia normalmente de 4 a 5 m. A parte inferior da rede é amarrada próxima à extremidade inferior

do mourão, com um nó de porco, e a parte superior é amarrada próxima a sua metade, com dois nós: o

primeiro é um nó de porco e o segundo um nó de laçada, distando cerca de 20 cm de um do outro. Isto

é feito por segurança, garantindo que a rede se mantenha presa ao mourão caso o primeiro nó seja

desfeito. Após a colocação do mourão e fixação da rede ao mesmo, inicia-se o lançamento da rede ao

mar. Ao final desta operação, uma bóia de isopor é fixada à extremidade da rede, a qual fica à deriva,

ao sabor das correntes. Este mesmo procedimento é efetuado com a segunda rede, após o qual os

pescadores retornam à praia.

A operação de recolhimento inicia-se 12 horas após, durante a baixa-mar, localizando–se a bóia

fixada na extremidade das redes. Dois pescadores procedem ao recolhimento, operação que dura em

torno de 2 horas, dependendo do estado do mar. Os peixes são mantidos emalhados, sendo retirados

apenas após o desembarque. No retorno à terra, a canoa navega com as velas içadas para chegar com

rapidez ao ponto de desembarque e iniciar a comercialização do pescado.

Na chegada, toda rede é lavada diretamente na praia, momento em que todos os peixes

capturados são retirados. A espécie de tainha mais capturada nessa operação é a M. liza, conhecida na

região como “cambiro”.

TARRAFA

A pesca de tarrafa é realizada com o auxílio de uma pequena bóia (ou outro objeto flutuante

qualquer, como um coco seco ou um pedaço de madeira), a qual é lançada na água para atrair as

tainhas. Quando o cardume se concentra em torno da bóia, a tarrafa é lançada sobre o mesmo. Em

outras ocasiões, o pescador, através da visualização direta do cardume na superfície da água, efetua o

lançamento da tarrafa, sem recorrer ao uso da bóia. Este procedimento é executado com dois

pescadores a bordo da canoa, sendo um o responsável pelo lançamento da tarrafa e o outro pela

condução da embarcação e pelo da mesma na hora do lançamento da tarrafa. Esta pescaria é feita no

início da baixa-mar ou preamar e, ao contrário das duas acima descritas, ocorre tanto no interior do

estuário, como nas proximidades da desembocadura do rio Manguaba ou no mar de dentro. A pescaria

dura em torno de 3 a 4 horas, numa profundidade de até 10 m.

As espécies de tainhas mais capturadas nessa operação são a M. curema e M. curvidens,

vulgarmente conhecidas na região como sauna do olho preto e negrão, respectivamente.

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COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS

Embora os métodos de pesca acima descritos direcionem suas capturas para as tainhas, uma

grande diversidade de outras espécies é também capturada nestas pescarias. Uma lista com as espécies

da fauna acompanhante desta pescaria, por cada método de pesca, é apresentada na tabela abaixo

(Tabela 1).

No presente estudo foi registrada a ocorrência de quatro espécies de tainhas na região: Mugil

curema, M. curvidens, M. incilis e M. liza. As espécies M. incilis e M. liza atingem maior tamanho e

são capturadas em áreas mais distantes da praia, enquanto que as de menor tamanho, M. curema e M.

curvidens, são capturadas próximas ao estuário e dentro do rio Manguaba.

Foram amostrados 559 indivíduos durante todos os meses de coleta, dos quais 326 foram da

espécie M. curvidens, com 170 fêmeas e 156 machos, e 233 da espécie M. incilis, sendo 106 fêmeas e

127 machos. As distribuições de freqüência de comprimento dessas espécies mostraram que o

comprimento zoológico (CZ) de M. incilis variou de 24 cm a 35 cm para os machos (moda na classe de

31 a 33 cm) e de 23 cm a 42 cm para as fêmeas, (moda nas classes de 31 a 33 cm e de 33 a 35 cm)

(Figura 6).

Para M. curvidens, os machos variaram de 22,5 cm a 31,5 cm (moda na classe de 23 a 25 cm),

enquanto as fêmeas apresentaram CZ de 21 cm a 37,5 cm (moda na classe de 25 cm a 27 cm) (Figura

7).

CONSERVAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADO

Em Porto de Pedras, a comercialização é feita logo na chegada das canoas nos pontos de

desembarque, atendendo apenas à comunidade local. Desta forma, quando os pescadores retornam de

suas pescarias, os consumidores locais ou atravessadores já estão aguardando na praia para comprarem

o pescado capturado. Em muitas ocasiões, os pescadores saem para o mar com a produção totalmente

vendida. É importante mencionar que a divisão da produção é feita geralmente em três partes iguais:

uma para o dono da canoa e do material de pesca e as outras duas para os respectivos pescadores (mão-

de-obra). Quando o proprietário da embarcação e dos aparelhos de pesca participa efetivamente da

pescaria, ele recebe 2/3 do valor obtido com a comercialização do pescado.

Todo o pescado é comercializado fresco logo após o desembarque, não havendo nestas

pescarias nenhum método de conservação a bordo. A parcela não comercializada pós-desembarque é

congelada em freezers domésticos, sem qualquer evisceração e/ou beneficiamento, sendo o pescado

apenas lavado com água doce. Apenas uma pequena parte do pescado capturado é salgada para

consumo familiar.

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Tabela 1 - Principais espécies capturadas como fauna acompanhante da pescaria de tainhas, em Porto

de Pedras, Estado de Alagoas.

APARELHO DE PESCA ESPÉCIE NOME VULGAR Abudefduf saxatilis Saberé Acanthurus bahianus Caraúna Acanthurus coeruleus Caraúna azul Caranx hippos Xaréu branco* Caranx lugubris Xaréu preto Centropomus parallelus Camorim peba** Centropomus undecimalis Camorim flecha Larimus breviceps Pescada boca mole Lutjanos synagris Ariocó Oligoplistes saurus Tibiro Sardinella brasiliensis Sardinha Selene vômer Galo de penacho Sparisoma rubripinne Budião

Rede de cerco Stegastes fuscus Castanheta

Bagre marinus Bagre bandeira Caranx hippos Xaréu branco Caranx lugubris Xaréu preto Centropomus parallelus Camorim peba Centropomus undecimalis Camorim flecha Dasyatis americana Raia prego Gymnura altavela Raia manteiga Larimus breviceps Pescada boca mole** Oligoplites saurus Tibiro* Sardinella brasiliensis Sardinha Selene vômer Galo de penacho

Rede de espera

Sparisoma rubripinne Budião Caranx hippos Xaréu branco Caranx lugubris Xaréu preto Centropomus parallelus Camorim peba Centropomus undecimalis Camorim flecha Diapterus rhombeus Carapeba** Eugerres brasilianus Carapitinga

Tarrafa

Hexanematichthys herzbergii Bagre* * Espécies mais abundantes na fauna acompanhante. **Espécies comercialmente mais importantes.

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10

20

30

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60

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Comprimento zoologico (cm)

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

Machos (Nº = 156)

Fêmeas (Nº = 170)

Figura 6 - Distribuição de freqüência de comprimento zoológico de M. incilis, por sexo, amostrados

em Porto de Pedras, AL.

Figura 7 - Distribuição da freqüência de comprimento zoológico de M. curvidens, por sexo, amostrados

em Porto de Pedras, AL.

Ao longo do presente trabalho foi possível observar que a pesca de tainhas em Porto de Pedras

emprega conhecimentos e práticas aprendidas pelos pescadores locais, os quais, associados à limitada

capturabilidade dos aparelhos de pesca usados, têm permitido a realização de uma pesca mais

responsável e seletiva. Conforme observado em outras localidades litorâneas da costa brasileira

(Cardoso & Nordi, 2006), este fato tem contribuído sobremaneira para a conservação deste importante

recurso pesqueiro, com relevante papel sócio-econômico para os moradores deste município.

0

5

10

15

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25

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23|-25 25|-27 27|-29 29|-31 31|-33 33|-35 35|-37 37|-39 39| - 41 41| - 43

Comprimento zoologico (cm)

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

Machos Fêmeas

Machos (N=127)Fêmeas (N=106)

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REFERÊNCIAS

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Page 18: larvicultura tambaqui

Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

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LARVICULTURA DE TAMBAQUI EM DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM

Sandra Soares dos SANTOS; José Patrocínio LOPES*; Miguel Arcanjo dos SANTOS-NETO &

Luciana Silva dos SANTOS

Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII

*E-mail: [email protected]

Resumo - O domínio da tecnologia de produção de alevinos de tambaqui Colossoma macropomum

(Cuvier, 1816) e sua conseqüente prática como procedimento de rotina das estações de piscicultura, é

um evento que se reveste de maior importância para o desenvolvimento da aqüicultura continental. O

objetivo deste trabalho foi testar o efeito de duas densidades de estocagem de tambaqui na fase de

larvas, em tanques de alvenaria e analisar a sobrevivência e o crescimento médio visando verificar a

densidade que apresenta o melhor desempenho e disponibilizar juvenis desta espécie para piscicultores.

O experimento foi realizado em 10 tanques de alvenaria. Foram utilizados dois tratamentos: T1 (50

pós-larvas/m2) e T2 (100 pós-larvas/m2), com cinco repetições cada. Durante os 40 dias as pós-larvas

foram alimentadas com plâncton e ração até a saciedade. A sobrevivência não apresentou diferença

entre os tratamentos. O crescimento médio foi maior na densidade de 50 pós-larvas/m2. O tratamento

T1 é propício para o cultivo intensivo e o tratamento T2 para cultivos extensivos e semi-intensivos.

PALAVRAS-CHAVE: alevinos, densidades, sobrevivência e crescimento.

Abstract - The mostership of the technology of production of “tambaqui” Colossoma macropomum

(Cuvier, 1816) fingerlings and her consequent practice as procedure of routine of the fish farming

stations, is an event that is greatty importance for the development of the continental aquaculture. The

objective of this work was to test the effect of two densities of tambaqui’s stockpile in the phase of

larvae in tanks, to analyze the survival and the medium growth seeking to verify the density that

presents the best acting and to make available juvenile of this species for fish farmers of the deprived

initiative. The experiment was accomplished in 10 tanks. Two treatments were used: T1 (50 larvae/m2)

e T2 (100 larvae/m2), with five repetitions each. During the 40 days of cultivation the larvae were fed

with plankton and ration until the satiation. The survival didn't present significant difference among the

treatments. The medium growth was larger in the density of 50 larvae/m². The results indicated that the

treatment T1 is favorable for the system of intensive cultivation and the treatment T2 for extensive and

semi-intensive cultivations.

KEY WORDS: fingerlings, densities, survival and growth.

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INTRODUÇÃO

A piscicultura é uma atividade produtiva que permite o equilíbrio entre o interesse econômico e

a exploração racional da natureza, porque apresenta elevada produtividade utilizando menos superfície

de terra em comparação com outras atividades (SÁ, 2003).

Segundo Borghetti et al. (2003), na década de 30 a piscicultura brasileira ganhou projeção

internacional quando um pesquisador nacional, chamado Rodolfo von Ihering desenvolveu uma técnica

para induzir os peixes reofílicos a desovar em cativeiro.

Na região Nordeste, também a partir da década de 30, a piscicultura começou a ganhar forças a

partir do povoamento dos açudes públicos, construídos primariamente para armazenar água, mas que

também se prestavam bem à pesca pelas populações ribeirinhas (Borghetti, et al. 3003).

O tambaqui foi introduzido no Nordeste brasileiro pelo Departamento Nacional de Obras Contra

as Secas (DNOCS), visando utilizá-lo para povoamento de açudes e estocagem em viveiros de engorda

(SILVA et al., 1981). O domínio da tecnologia de produção de alevinos de tambaqui e sua conseqüente

prática como procedimento de rotina das estações de piscicultura é um evento que se reveste de maior

importância para o desenvolvimento da aqüicultura continental (Lopes; Fontenele, 1982). Reprodutores

e matrizes de tambaqui e de pirapitinga, Piaractus brachypomus (Cuvier, 1816), componentes dos

plantéis em atividades nas estações de piscicultura do Nordeste, tiveram origem comum, sendo

descendentes dos 74 alevinos da primeira espécie e 94 da segunda que o DNOCS trouxe de Iquitos,

Peru (Silva; Gurgel, 1989).

O tambaqui é um peixe da região amazônica com grande potencial para aqüicultura. A região de

Paulo Afonso tem se caracterizado pelo monocultivo de tilápia, O. niloticus, ignorando a alternativa do

cultivo deste peixe, que pode ser produzido na região nordeste praticamente o ano inteiro. Associado a

este fato, a densidade de estocagem é outro fator importante a ser considerado, por interferir no

crescimento, na eficiência alimentar e, sobretudo na sobrevivência (Iwamoto, 1986). A densidade

elevada pode também ser considerada como um potencial estressor dos peixes e, conseqüentemente,

reduzir a capacidade produtiva dos mesmos (Jobling, 1994).

Segundo Lefrançois (2001), o estresse é prejudicial ao crescimento provocando alterações na

agressividade e perseguição social, gerando maior exigência metabólica e alteração no comportamento

alimentar dos peixes.

Com base no exposto acima, o estudo de densidades de estocagem no cultivo de alevinos de

tambaqui proposto neste trabalho faz-se necessário para se avaliarem estratégias de manejo para esta

espécie.

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20

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Estação de Piscicultura de Paulo Afonso (EPPA), pertencente à

Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), localizada no Acampamento CHESF em Paulo

Afonso, Bahia.

MATERIAL BIOLÓGICO

O tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1816), é um caracídeo nativo da bacia

Amazônica e do rio Orenoco. Segundo Taphorn (1992), em termos de geografia política, a espécie

habita o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. O cachama, como é chamada na Venezuela, é um

peixe comestível comum na maior parte da região do Orenoco, e na parte superior da sua drenagem é a

espécie mais importante. Na natureza há registros de que esse peixe atinge peso ao redor de 30 kg,

sendo considerado o maior peixe de escamas da bacia Amazônica, perdendo em porte somente para

Arapaima gigas (pirarucu) (Kubitza, 2004).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A captura dos peixes reprodutores foi realizada no período da manhã, com o auxílio de uma

rede de arrasto. Para isto, na noite anterior, foi reduzido o volume d’água do viveiro. Para seleção dos

exemplares, foi seguida a metodologia descrita por Woynarovick (1985). Foram selecionados 4

espécimes, sendo 2 fêmeas e 2 machos. Os peixes foram pesados e em seguida colocados no tanque,

permanecendo dentro de sacos de contenção, tendo assim um tempo em repouso para que se

recuperassem dos estresses de captura e transporte.

HIPOFISAÇÃO

Utilizou-se hipófise de carpa importadas a seco, que pesavam aproximadamente 3 mg cada

uma. Na EPPA, foram mantidas em álcool absoluto como medida preventiva de preservação contra

fungos.

Para as fêmeas foi utilizada 5 mg de hipófise/kg vivo e para os machos 2,5 mg de hipófise/kg

vivo. Nas fêmeas foram aplicadas duas doses espaçadas em 20 horas e nos machos a primeira dose foi

aplicada 6 horas após a primeira dose das fêmeas e a segunda dose ao mesmo tempo da segunda das

fêmeas. Sendo que para ambos, a primeira dose foi preparatória equivalendo apenas a 10% da dose

total, e a segunda 90% (Woynarovich, 1985).

Após a desova, quando os ovos já se encontravam hidratados, foi então obtida a taxa de

fecundidade, sendo extraído 100 mL em um béquer de cada incubadora. As amostras foram contadas

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em placas de Petri distintas, onde foram contados os ovos viáveis e não viáveis. Através da média

aritmética obteve-se o número de ovos viáveis (fecundados). Para se obter o resultado de fecundidade

média (FM) adotou-se a seguinte fórmula:

Nº de ovos viáveis x 100 FM = ______________________________________ Total da amostra

Durante o período de incubação foi monitorada a temperatura da água nas incubadoras.

Antes de iniciar o experimento, os tanques foram preparados e expostos ao sol, por um período

de oito dias, visando a eliminação de organismos indesejáveis ao cultivo (insetos predadores ou

competidores e peixes invasores). A areia existente no piso foi revolvida e peneirada, retirando alguns

bivalves como Corbicula fluminea e outros moluscos. As paredes foram escovadas e lavadas para

retirada do material em decomposição.

O abastecimento dos tanques ocorreu três dias antes da estocagem das pós-larvas, evitando-se

dessa forma o prévio estabelecimento de insetos predadores. Quando o fundo dos mesmos já estava

coberto por uma lâmina d’água com cerca de 40 a 50 cm de profundidade foram adubados com esterco

bovino curtido, na proporção de 0,5 kg/m2, favorecendo a produção primária e aportando nutrientes

para o crescimento do plâncton e outros organismos utilizados como alimento natural.

O experimento foi realizado em 10 tanques de alvenaria, com 50 m2 cada. Constou de dois

tratamentos, (T1 e T2) com cinco repetições cada. No tratamento T1, a densidade de estocagem

adotada foi de 50 pós-larvas/m3, sendo necessárias 2.500 pós-larvas por unidade experimental,

totalizando 12.500 pós-larvas para o tratamento. Para o tratamento T2 foi adotada a densidade de 100

pós-larvas/m3 totalizando assim 5.000 pós-larvas por unidade experimental, sendo necessárias 25.000

pós-larvas.

Estando os tanques devidamente preparados, antes da liberação das pós-larvas foi aferida a

temperatura da água nos mesmos. Em seguida, foi suspenso o funcionamento das incubadoras e

transferida a água juntamente com as pós-larvas, com o auxílio de uma mangueira, para baldes

providos de tela para evitar a fuga das mesmas. As pós-larvas foram transferidas para os tanques

através destes baldes. No próprio tanque as mesmas foram contadas.

Para contagem das pós-larvas, foi utilizado um copo descartável e, neste, colocadas 100 pós-

larvas. A partir deste ponto, por amostragem, baseada na visualização das pós-larvas no copo foi

calculado o total de pós-larvas para os tanques. O período de cultivo das pós-larvas foi de 40 dias.

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ACOMPANHAMENTO DIÁRIO

Durante 15 dias, as pós-larvas foram alimentadas com plâncton. A partir do 16º dia de cultivo

foi ofertada ração para alevinagem com 35% de proteína bruta (PB). A mesma era distribuída

contornando-se todo o tanque com o auxílio de uma peneira. Suspensa a oferta do plâncton, os peixes

foram arraçoados duas vezes ao dia, pela manhã e pela tarde, sendo que o segundo arraçoamento só era

oferecido se não houvesse sobras. A ração passou a ser colocada em comedouros. No 26º dia começou

a ser usada ração para alevinos com 32% de PB.

Os tanques tiveram renovação d’água após 30 dias de cultivo. Diariamente era monitorada a

temperatura da água dos tanques e feita uma inspeção, retirando com a ajuda de puçás larvas de insetos,

algas filamentosas e girinos. Ao final de 40 dias de cultivo, procedeu-se a despesca. Para uma melhor

exatidão, os alevinos foram contados um a um e transferidos para o viveiro de crescimento com auxílio

de baldes plásticos com água. Algumas amostras foram retiradas para biometria.

Os resultados obtidos foram analisados através da média aritmética, variância e desvio padrão.

Foram aplicados o teste “t” de Student e a Análise de Variância (ANOVA) com base na distribuição

“F” de Snedecor seguindo a metodologia descrita por Mendes (1999), através do delineamento

inteiramente casualisado (α = 0,05). Os parâmetros de produtividade final avaliados foram a

sobrevivência e o comprimento total.

RESULTADOS

A ovulação ocorreu com 279 horas graus, com temperatura entre 24 e 26 ºC. Apenas a fêmea 2

desovou, obtendo 1,6 kg de ovos. A taxa de fecundação foi de 78,8%.

O percentual médio de sobrevivência para os dois tratamentos (T1 e T2) foi de 46,86 ±16,05% e

37,06±17,19%, respectivamente. Ao se aplicar o teste “t” de Student a um nível de significância de

0,05 entre os tratamentos, foi verificado que não houve diferença significativa no que se refere à

sobrevivência média.

Em se tratando do comprimento médio foi confirmada uma relevante diferença significativa

entre os mesmos. Os alevinos do tratamento T1 alcançaram 5,2 ± 0,22 cm e os do tratamento T2 3,6 ±

0,20 cm (Figura 01).

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A temperatura média da água dos tanques, durante os 40 dias de cultivo, permaneceu em torno

de 26,4 ºC. Entre a segunda e a terceira semana foi elevada para 26,8 ºC estabilizando-se nesta faixa até

o final do cultivo.

DISCUSSÃO

Os resultados obtidos podem ser considerados satisfatórios, pois segundo Silva & Figueiredo

(1991), a taxa de fecundação em diversos trabalhos realizados em instituições de pesquisa do Nordeste

brasileiro (CODEVASF, IBAMA e DNOCS) varia de 70 a 80%. Pinheiro & Silva (1988) conseguiram

63,9% de fecundidade, resultados estes condizentes aos encontrados neste experimento.

Ainda, segundo Silva & Figueiredo (1991), a primeira alevinagem dura 30 a 40 dias, sendo a

taxa de sobrevivência de pós-larvas/alevinos entre 30 a 50%, a uma densidade de estocagem que varia

de 75 a 200 pós-larvas/m3 em diversas pisciculturas do Nordeste. Tal resultado está de acordo com os

obtidos neste trabalho que foi de 46,86 ±16,05% e 37,06±17,19%, para os tratamentos T1 e T2,

respectivamente.

Os resultados do presente trabalho estão de acordo quanto às densidades de estocagem

utilizadas por Brandão et al. (2004), que foram de 100, 200, 300, 400 e 500 pós-larvas/m3 em tanques-

rede, não sendo observado diferença significativa entre as sobrevivências. No entanto, Jobling (1994)

relata que altas densidades de estocagem geram problemas de espaço e afetam a taxa de crescimento.

Normalmente, peixes criados em baixas densidades de estocagem apresentam boa taxa de

crescimento e alta porcentagem de sobrevivência, porém a produção por área é baixa e segundo Gomes

Figura 01. Sobrevivência e Comprimento Médio nos Tratamentos

05

10152025

3035404550

Sobrevivência (%) Crescimento (cm)

T1

T2

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et al. (2000), caracterizando baixo aproveitamento da área disponível. O que ficou evidente entre os

tratamentos deste trabalho, nos quais as pós-larvas estocadas em menor densidade (50 m3) apresentam

maior comprimento médio, apesar da sobrevivência não apresentar diferença significativa entre os

tratamentos.

Nesta região do submédio rio São Francisco, o tamanho dos alevinos para a comercialização

tem variado entre 2,5 a 5 cm; logo os comprimentos alcançados nos tratamentos estão dentro do padrão

de comercialização.

A temperatura média da água dos tanques manteve-se dentro da faixa de conforto para os

alevinos, e está na faixa considerada ótima para criação de peixes (Boyd, 1982). O arraçoamento até a

saciedade foi eficiente, pois os resultados obtidos estão condizentes com a realidade de produção de

alevinos e permitiu um melhor acompanhamento do experimento.

CONCLUSÃO

O tratamento T2 é o mais indicado quando se trabalha com cultivos extensivos e semi-

intensivos, enquanto para cultivos intensivos, o tratamento T1 é o mais recomendado.

REFERÊNCIAS

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Page 26: larvicultura tambaqui

Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

26

PROLIFICIDADE DA TILÁPIA-DO-NILO, VARIEDADE CHITRALADA, DE DIFERENTES

PADRÕES DE DESENVOLVIMENTO

Luciana Silva dos SANTOS1; Daniel Ribeiro de OLIVEIRA FILHO1; Sandra Soares dos SANTOS

Miguel Arcanjo dos SANTOS NETO2* & José Patrocínio LOPES2

1Departamernto. de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII. 2Estação de Piscicultura de Paulo Afonso – EPPA / CHESF

*Email: [email protected]

Resumo - A piscicultura é uma das atividades que mais se expandem no Brasil. O Estado da Bahia,

localizado na região Nordeste, é um dos grandes produtores de pescado do país, com destaque para o

município de Paulo Afonso. Este município, apesar de ser um dos maiores produtores de tilápia da

região, necessita importar alevinos de outros estados, pois a produção local não atende à demanda. O

presente trabalho teve como objetivo comparar a prolificidade de Oreochromis niloticus (tilápia do

Nilo), variedade chitralada, de diferentes padrões de crescimento, bem como indicar a melhor relação

biomassa/produção de alevinos, contribuindo na seleção e dimensionamento do plantel de reprodutores.

Foram utilizados dois diferentes padrões de crescimento: TA (tratamento A) com fêmeas de grande

porte e TB (tratamento B) com fêmeas de pequeno porte, todas com a mesma idade. Em 45 dias de

acasalamento, foi realizada a coleta de 93.060 alevinos no tratamento TA e 59.705 alevinos no

tratamento TB. O teste de Análise de Variância (ANOVA) apresentou diferença significativa ao nível

de α = 0,05 para os tratamentos, sendo TA mais prolífico. Ao se analisar o crescimento das proles

padrões A e B após 100 dias de cultivo, o Teste “t”, α = 0,05, não apresentou diferença significativa

entre os padrões de crescimento das duas populações, embora a prole A tenha apresentado

comprimento médio maior e mais uniforme. Portanto, o padrão de crescimento deve ser considerado

como uma característica relevante na seleção de reprodutores para a produção de alevinos.

PALAVRAS-CHAVE: Larvicultura, Cichlidae, biomassa, produtividade.

Abstract - Fishing farm is one of the activities that more improviment in Brazil. The State of the

Bahia, located in the Northeastern region, is one of the great producers of fish canght of the country,

with prominence for the city of Paulo Afonso. This city, although to be one of the greaters productions

of tilapia of the region, needs to import fingerling of other states, because local producers does not

takes care of the demand to it. The present work had as objective to compare the prolificopy of

Oreochromis niloticus (tilapia of the Nile), thai strain, in different pattern of growth, as well as

indicating the better relation of biomass/production of fingerling, contributing in the selection and

Page 27: larvicultura tambaqui

Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

27

sizing of the broodstock of reproducers. Two different patterns of growth were used: TA (treatment A)

with bigger females and TB (treatment B) with smalller females, all with the same age. In 45 days of

mating, the collection of 93,060 fingerling in the treatment was carried through TA and the 59,705

fingerling in treatment TB. The test of Analyze of Variance (ANOVA) presented significant diference

(α = 0,05) among the treatments, being more prolific TA. It was analyzed the growth of the offsprings

pattern A and the B after 100 days of culture( the Test ”t“, α = 0,05), it did not presented significant

diference among the pattern of growth of the two populations, even so the offspring has presented

bigger average length and more uniform. Therefore, pattern of growth must be considered an

indispensable trait in the selection of reproducers for production of fingerling.

KEY-WORDS: Breeding, Cichlidae, biomass, productivity.

INTRODUÇÃO

A aqüicultura é uma das atividades do setor produtivo primário que mais se desenvolve,

principalmente devido à grande procura por pescado, uma vez que a captura máxima sustentável de

espécies aquáticas tradicionais, a nível mundial, já atingiu os limites suportáveis de 100 milhões de

toneladas por ano (FADURPE, 2001).

No contexto mundial, o Brasil é um país com imenso potencial para o desenvolvimento da

aqüicultura, possuindo 8.400 km de costa marítima, 5.500.000 hectares de reservatórios,

aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta, clima extremamente favorável para o

crescimento dos organismos cultivados, terras disponíveis e ainda relativamente baratas na maior parte

do país, mão-de-obra abundante e crescente procura por pescado no mercado interno (Portal do

Agronegócio, 2006).

Dentre as inúmeras atividades que vêm sendo desenvolvidas pela aqüicultura, a piscicultura é

um dos segmentos do setor que cresce de forma acelerada, consolidando-se como uma atividade

econômica em plena expansão, gerando alimentos, empregos e divisas.

A espécie de destaque da piscicultura no Brasil é a tilápia com uma produção de mais de 69.000

toneladas/ano, sendo os maiores produtores os Estados do Ceará (18.000,0 t), Paraná (11.921,5 t), São

Paulo (9.758,0 t), Mato Grosso (16.627,0 t) e Bahia (10.649,0 t) (IBAMA 2005).

De acordo com a Bahiainvest (2006), o Estado da Bahia é o terceiro maior produtor de pescado

em cativeiro do país. A capacidade instalada é da ordem de dez mil ton/ano de pescado, com destaque

para o cultivo da tilápia na região de Paulo Afonso.

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28

Situado às margens do rio São Francisco, o município de Paulo Afonso-BA é um dos maiores

produtores de tilápia da região, podendo vir a ser um dos maiores produtores da América Latina.

Localizado estrategicamente entre os estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, Paulo Afonso reúne

excelentes condições ambientais para prática da piscicultura. O clima e a luminosidade durante o ano

inteiro propiciam condições ideais de temperatura para a criação de espécies tropicais. Somado a isto,

há a abundância de água de excelente qualidade e a boa infra-estrutura de energia, comunicação e

escoamento da produção, fazendo da cidade uma área de grande vocação para o cultivo da tilápia

(Panorama da Aquicultura, 2002).

Os recursos hídricos disponíveis na região, representados pelos reservatórios de Itaparica, Moxotó,

PA. IV e Xingó possuem uma área inundada de aproximadamente 100 mil hectares e acumulam um

volume de cerca de 16 bilhões de metros cúbicos (COOMAPA, 2006).

Atualmente, encontram-se em operação, nos reservatórios de Xingó e Moxotó, 1.300 tanques-

redes, distribuídos por oito associações de produtores rurais e seis produtores particulares (Teixeira,

2006). Somente nos projetos acompanhados pela empresa Bahia Pesca, nos reservatórios acima citados,

na área correspondente ao Estado da Bahia, registrou-se em 2005 uma produção de 2.057.198 kg de

tilápia, três vezes maior que a produção no ano 2000 (670.500 kg). Deste total produzido, 477.001 kg

foram produzidos pelas associações rurais e 1.580.197 kg pelos produtores particulares, destacando-se

entre os produtores particulares, o Grupo MPE, que produziu 720.000 kg através do cultivo em

raceways (Bahia Pesca, 2006).

Com relação à produção de alevinos, a região conta apenas com dois fornecedores: Criação de

Peixe Lima, que, segundo proprietário, produz em média 500 mil alevinos/mês, fornecidos a produtores

de outros estados e, eventualmente, a associações e produtores da região, que aos poucos estão

ganhando, espaço no mercado local, e a AAT Internacional, que produz em média 550 mil

alevinos/mês. Destes, 200 mil alevinos são fornecidos mensalmente para a Valença Maricultura,

empresa do mesmo grupo, os outros 350 mil restantes são fornecidos em sua maior parte às associações

de Jatobá – PE, não atendendo à demanda da região, agravado com o surgimento de novos

empreendimentos nos lagos de Itaparica, Moxotó e Xingó, ao quais adquirem os alevinos de outros

fornecedores, localizados nos Estados de Sergipe, Pernambuco e Paraíba.

Portanto, a disponibilidade de alevinos representa uma das condições para o desenvolvimento e a

intensificação da piscicultura. Segundo Radünz Neto et al. (1999), um dos grandes desafios da

piscicultura nacional é a produção de alevinos viáveis, com alta taxa de sobrevivência, bem formados,

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29

de tamanho uniforme e com potencial genético que possibilite uma boa velocidade de crescimento

visando satisfazer a procura, cada vez mais exigente.

Este elo da cadeia produtiva da tilápia precisa ser desenvolvido na região, de preferência por

produtores locais, como forma de promover nela um desenvolvimento sustentável, um dos pilares do

novo paradigma do desenvolvimento mundial. A produção de boas sementes requer bons plantéis de

reprodutores de maneira a propiciar um ótimo desempenho em todo o ciclo de cultivo.

Deve-se, ainda, adquirir linhagens, ou raças de produtores, que propiciem grande produção, sem

perder qualidades, como crescimento rápido, rusticidade etc. Surge, então, a questão de saber qual

idade, ou tamanho, a tilápia é mais produtiva, ou quanto se pode produzir com uma determinada

biomassa de reprodutores estocada.

O presente trabalho teve como objetivo comparar a prolificidade de Oreochromis niloticus

(variedade chitralada) de diferentes padrões de crescimento, bem como indicar a melhor relação

biomassa/produção de alevinos, contribuindo na seleção e dimensionamento do plantel de reprodutores.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido na Estação de Piscicultura de Paulo Afonso (EPPA), pertencente à

Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), localizada no Município de Paulo Afonso, Bahia.

Para realização deste experimento foram utilizados 10 tanques de alvenaria, com 50 m3,,

apresentando fundo de concreto, com uma camada de 20 cm de areia de rio e caixa de coleta. A espécie

em estudo foi a tilápia-do-nilo Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), variedade chitralada.

Antes do inicio do experimento, os tanques foram expostos ao sol, lavados e submetidos à limpeza das

paredes, com revolvimento da areia depositada no piso, visando à eliminação de organismos

indesejáveis ao cultivo. Após o enchimento dos tanques, foi realizada a estocagem dos reprodutores. Os

tanques não foram adubados, contribuindo para a coleta das nuvens de alevinos.

Os reprodutores utilizados foram selecionados de um plantel com a mesma idade,

diferenciando-se pelo padrão de crescimento das fêmeas ao que se chamou de padrões de crescimento

A e B. Antes do acasalamento, foi realizada a sexagem dos reprodutores e transferidos para três tanques

de alvenaria: fêmea padrão A; fêmea padrão B e machos mesmo padrão, visando descanso e preparação

sexual.

Os peixes foram acasalados numa proporção de duas fêmeas para um macho (2:1). Cada tanque

recebeu 20 fêmeas e 10 machos, por tratamento, com cinco repetições cada. A média de comprimento e

peso das fêmeas utilizadas nos dois tratamentos foi respectivamente de 263±11,91 mm e 420±101,71 g

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para o tratamento TA e 233±8,97 mm e 251±39,00 g para o tratamento TB. Em ambos os tratamentos,

os machos apresentavam comprimento médio de 292±13,91 mm e peso médio de 586±93,80 g.

Decorridos 15 dias após o acasalamento, teve início a coleta de larvas e alevinos, prosseguindo

por mais 30 dias quando terminou o experimento.

Foram realizadas em média três coletas semanais, com uso de uma rede de malha fina, sempre

pela manhã, a fim de minimizar o risco de mortalidade por estresse com o aumento da temperatura da

água. A contagem das larvas e alevinos foi feita por tanque, utilizando copos descartáveis com padrão

amostral de cinqüenta unidades.

A última coleta ocorreu quando da separação dos reprodutores, ocasião em que se baixou o

nível da água dos tanques e efetuou-se a despesca total. Foram coletados todas as larvas e alevinos

remanescentes; destes, 2.000 de cada tratamento foram estocados em dois tanques de alvenaria de

50m3, por um período de 100 dias. Findo este período, procedeu-se à biometria para avaliar o

crescimento das proles procedentes das fêmeas A e B, chamados de F1A e F1B.

Durante o experimento, os peixes foram alimentados três vezes por semana, sempre pela manhã,

com ração contendo 17% de proteína bruta. A taxa de arraçoamento foi de 3% da biomassa. A

temperatura foi monitorada todos os dias antes de serem iniciadas as coletas, com termômetro de

mercúrio de uso convencional.

O delineamento foi inteiramente casualizado. Foi aplicada a Análise de Variância (ANOVA), ao

nível de significância de α = 0,05, com base na distribuição “F” de Snedecor, para as médias dos dois

tratamentos TA e TB. O teste “t” Student para a média de crescimento em comprimento das proles F1A

e F1B, ao nível de significância α = 0,05.

RESULTADOS

As temperaturas máximas e mínimas da água do cultivo variaram de 24 a 26°C, dentro dos limites

adequados ao cultivo (Philippart & Ruwet Apud Kubitza, 2000).

Em relação ao crescimento das proles A e B após 100 dias de cultivo, a média de comprimento

dos alevinos foi de 99,4 ± 4,86 mm e 87,2 ± 6,66 mm respectivamente.

O uso da ANOVA demostrou a existência de diferença significativa (α = 0,05) entre os

tratamentos TA e TB, com maior prolificidade para o TA. Para o crescimento das proles A e B, o Teste

“t” de Student não apresentou diferença significativa, α = 0,05, entre os dois tratamentos.

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Tabela 1: Total de alevinos coletadas nos tratamentos TA e TB e suas respectivas biomassas estocadas.

Tratamentos TA TB

Repetição Biomassa (kg) Produção (und.) Biomassa (kg) Produção (und.)

1 8.400 21.710 4.615 12.710

2 8.400 20.905 4.665 11.765

3 9.915 15.730 5.175 12.930

4 7.135 13.625 4.880 11.520

5 8.160 21.090 5.610 10.780

TOTAL 42.010 93.060 24.945 59.705

DISCUSSÃO

O experimento foi realizado num período propício à reprodução das tilápias, à média de

temperatura da água foi de 24,8ºC. Segundo Kubitza (2000), dentre os inúmeros fatores que interferem

com a eficiência de produção de ovos e pós-larvas (desempenho reprodutivo) das tilápias, a temperatura

é um dos mais importantes. Acima de 24ºC, as desovas ficam mais freqüentes e a produção de pós-

larvas aumenta.

O intervalo de tempo programado entre as coletas foi satisfatório, realizadas três vezes por

semana. Verdegem e McGinty (1987) apud Kubitza (2000), observaram que, quanto menor for o

intervalo de tempo entre duas coletas consecutivas, maior será o número de desova por fêmea de tilápia-

do-Nilo. Quando as coletas são muito distanciadas, as fêmeas podem dispensar o cuidado parental às

suas crias por períodos mais prolongados. Portanto, coletas mais freqüentes interrompem o cuidado

parental e antecipa o retorno das fêmeas ao processo reprodutivo, além de evitar que um maior número

de larvas se desenvolvam em alevinos e canibalizem as pós-larvas das próximas desovas (Kubitza,

2000).

De acordo com os resultados obtidos neste experimento, o tratamento TA, com fêmeas de maior

padrão de crescimento, mostrou-se mais prolíficuo, com uma produção total de 93.060 alevinos,

correspondendo a 930,6 alevinos/fêmea/período. No tratamento TB, com produção total de 59.705

alevinos, ou 597,05 alevinos/fêmea/período, apresentou, ainda assim, valores compatíveis ao de outros

autores

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32

Segundo Silva. et. al., (1997), o número de ovos em incubação oral pela tilápia do Nilo aumenta

com o comprimento e peso da fêmea, atingindo 483 ovos para uma reprodutriz de 204 mm. alterações

dos plantéis de reprodutrizes, passando a utilizar fêmeas com maiores peso e comprimento.

Proença e Bittencourt (1994) relatam que a fêmea de tilápia pode produzir a cada desova, de 100 a

500 alevinos, dependendo do tamanho da fêmea. (Nogueira et al., 2002), constataram que fêmeas de

tilápia nilótica, linhagem chitralada, em primeira maturação, apresentam uma fecundidade que varia

entre 581 a 754 ovos/desova/fêmea.

Relacionando-se a produção de alevinos à biomassa estocada, tem-se que em TA 2.215,71

alevino/kg. Por este critério, TB mostra-se mais produtivo, com 2.388,2 alevinos/kg. Não se pode

atribuir esta diferença à perda natural da fecundidade com a idade, por se tratar de peixes com a mesma

idade. Talvez ao fato de nem todas as fêmeas terem desovado, o que é reforçado pelos números

apresentados na tabela 1, onde se percebe alguma discrepância entre a biomassa estocada e a produção

de alevinos.

Kubitza (2000) faz referência à interação social apresentada pela tilápia, com a dominância de

alguns indivíduos sobre os outros, prejudicando o desempenho reprodutivo. Em geral, o aumento na

densidade de estocagem reduz a produção de pós-larvas por quilo de fêmeas estocadas. Os melhores

índices de produção de pós-larvas por quilo de fêmea parecem ser obtidos quando 1 a 3 fêmeas são

estocadas para cada macho. Popma & Green (1990) recomendam 1,5 a 2 fêmeas para cada macho,

sendo necessário para se produzir 50.000 alevinos para a reversão um estoque de 35 a 55 kg de fêmeas

maduras, o que corresponde a uma produção por kilograma de 909,09 a 1428,57 alevinos,

respectivamente.

Quando se comparam o desempenho destes alevinos produzidos em ambos os tratamentos, após

100 dias de cultivo em condições semelhantes, é percebido que mesmo não havendo diferença

significativa entre os padrões de crescimento das duas populações (TA e TB), segundo o teste aplicado

(teste “t”, α = 5,00%), observou-se uma ligeira desvantagem no crescimento da prole F1B,

acompanhado de desuniformidade no comprimento.

Como os reprodutores machos usados neste experimento apresentavam o mesmo padrão de

crescimento, conforme delineamento do trabalho, este vigor do crescimento poderia ser mais fortemente

influenciado pelo patrimônio genético dos machos, como costuma ocorrer na zootecnia. O que confirma

a transferência do vigor – crescimento do macho reprodutor tipo A para a prole B, restaurando-lhe um

crescimento compensatório (Nogueira, 2003).

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CONCLUSÕES

O vigor do crescimento pode ser mais fortemente influenciado pelo patrimônio genético oriundo

dos machos, como costuma acontecer na zootecnia.

Dentro da linhagem chitralada, podem-se encontrar padrões de crescimento diferenciados, o que

justifica um esquema de seleção para manter no plantel a performance de crescimento desejado. A

produção de boas sementes requer bons plantéis de reprodutores de maneira a propiciar uma ótima

performance em toda a cadeia produtiva.

REFERÊNCIAS

COOMAPA (2006). Tilápia um grande negócio. Folder informativo. Paulo Afonso: Cooperativa Mista

Agropecuária de Paulo Afonso.

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Francisco: zoneamento dor de Itaparica. FADURPE / CHESF. Recife: FADURPE.

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IBAMA (2005). Estatística da Pesca 2004 - Brasil - Grandes regiões e unidades da federação. Brasília:

Acessado em 20 ago.2007 em http://200.198.202.145/seap/pdf/cogesi/boletim_2004.pdf.

Nogueira, A. J. (2003). Aspectos da biologia reprodutiva e padrões de crescimento da tilápia

Oteochronis niloticus,Linaeus, 1758 (Linhagem Chitralada) em cultivo experimentais [Dissertação de

Mestrado] Recife (PE): Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Nogueira, A. J.; Araújo, K. M.; Santos, A. J. G. & Carmo, J. L. (2002). Freqüência Reprodutiva e

Fecundidade da fêmea Oreochromis niloticus, linhagem chitralada, em Tanques Experimentais. In: XIV

Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca. Porto Seguro: Anais do XIV CONBEP.

Panorama da Aqüicultura. (2002). Projeto Tilápia São Francisco: a inauguração das primeiras

instalações. Panorama da Aqüicultura: 12 (70): 41-47.

Popma, T. J. & Grenn, B. W. (1990). Sex Reversal of Tilapia in Earthen Ponds: Aquaculture Production

Manual. Research and Development, Serie 35. Auburn: Auburn University

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34

Portal do Agronegócio (2007). Aqüicultura no Brasil, 2006. Acessado em 12 mar. 2007 em:

http:www.portaldoagronegocio.com.br/index.php?p=noticia&&idN=12326

Proença, E. C. M. & Bittencourt, P. R. L. (1994) Manual de Piscicultura Tropical. Brasília: IBAMA.

Radünz Neto, J. F. B.; Trombeta, C. G. & Medeiros, T. (1999). Efeito da substituição parcial de

levedura de cana por farelo de soja na alimentação de larvas de piauvuçu (Leporimus macrocephalus).

In: XXXVI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Porto Alegre: Anais da XXXVI RSBZ.

Silva, J. W. B.; Torres, I. M. & Costa, H. J. M. S. (1997) Número e diâmetro de ovos de tilápia do nilo,

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Teixeira, A. L. C. M. (2006). Estudo da viabilidade técnica e econômica do cultivo de tilápia do nilo,

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densidade [Dissertação de Mestrado]. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco.

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CONDICIONAMENTO ALIMENTAR NO DESEMPENHO ZOOTÉCNICO DO TUCUNARÉ

Emerson Carlos SOARES1*; Manoel PEREIRA-FILHO2; Rodrigo ROUBACH2 & Renato Carlos Soares

e SILVA2 1 Universidade Federal de Alagoas/UFAL, Polo Penedo;

2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia;

*E-mail: [email protected]

Resumo - O presente trabalho teve o objetivo de realizar o treinamento alimentar de alevinos de

tucunaré, Cichla monoculus, condicionando-os a alimentar-se de ração seca e, posteriormente, testar a

melhor freqüência alimentar para a espécie. Durante o treinamento alimentar, foi realizada a

substituição gradual de peixe moído por ingredientes secos na dieta fornecida aos peixes. Após o

treinamento alimentar, foram testados três níveis de freqüência alimentar (5, 6 e 7 dias de alimentação

por semana) com um delineamento experimental inteiramente casualizado, em um fatorial 4x4,

avaliados a seguir pela ANOVA, complementado pelo teste de Tukey (5%) para discriminar as médias

quando o teste de “F” foi significativo. Ao final do treinamento alimentar, obteve-se uma sobrevivência

de 75% dos animais experimentais, treinados para aceitar uma ração artificial seca. Os indivíduos

submetidos à freqüência alimentar de seis dias na semana com um dia de privação alimentar,

apresentaram desempenho semelhante aos alimentados durante sete dias na semana.

PALAVRAS-CHAVE: Cichla monoculus, treinamento alimentar, freqüência alimentar, Amazônia.

ALIMENTARY TRAINING IN THE GROWTH PEFORMANCE OF THE CICHLID FISH

“TUCUNARÉ”

Abstract - The present work had the objective of accomplishing alimentary training of the “tucunaré”,

Cichla monoculus. Fingerlings, conditioned to be fed from dry ration, and later to check the best

alimentary frequency for the species. During the alimentary training, a gradual substitution of grinde

fish for dried ingredients in the supplied diet was performed. After the alimentary training, three levels

of alimentary frequency (5, 6 and 7 days of feeding per week) were tested in a delineated experiment,

in a factorial 4x4, followed by an evaluation by the ANOVA (5%), using of the test of Tukey (5%) for

average discrimination when the test of “F” was significant. At the end of the alimentary training it was

obtained a 75% of survival of the animals used in the experiment, which were trained to accept a dry

artificial ration. Individuals submitted to a alimentary frequency of six days in a week with a day of

alimentary privation, weight gain to the ones fed seven days in a week.

KEYWORDS: Cichla monoculus, alimentary training, alimentary frequency, Amazônia.

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INTRODUÇÃO

O tucunaré, Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831), é uma das espécies originárias da bacia

Amazônica, no entanto já foi introduzido em quase todas as demais bacias hidrográficas do Brasil, com

a finalidade de controle de espécies com alta prolificidade como a tilápia (Silva et al., 1980; Santos et

al., 2006). Com grande importância para a pesca artesanal figurando entre as 10 espécies mais

desembarcadas nos mercados do Amazonas e Pará (Ruffino et al., 2005; 2006). Devido à pesca

esportiva e por possuir características organolépticas excelentes em sua carne, apresenta grande chance

de inclusão no plantel de peixes cultiváveis, sendo que muitos criadores dedicam-se também à sua

criação para a prática esportiva do tipo pesque-pague (Santos et al., 2006).

Por ser estritamente de hábito alimentar carnívoro (piscívoro consumindo basicamente peixes e

camarão), a sua criação em cativeiro é dificultada por não aceitar dietas secas voluntariamente, exigir

um alimento com elevado teor protéico, manejo e monitoramento inadequado dos tanques, dificuldades

na aquisição de matrizes, baixa disponibilidade de rações balanceadas e acentuado canibalismo

(Sampaio et al., 2000). Com o desenvolvimento de estratégias de treinamento alimentar para viabilizar

a criação em regime intensivo e o aprimoramento do conhecimento sobre as exigências nutricionais

poderá tornar esta espécie promissora para a aquicultura nacional (Moura et al., 2000).

CONDICIONAMENTO ALIMENTAR

O treinamento alimentar é usado em peixes carnívoros para facilitar a aceitação de dietas secas. O

condicionamento alimentar têm se mostrado eficiente e com resultados bastante promissores para

muitas espécies carnívoras tais como a truta arco-íris (Oncorhyncus maximus) (Walbaum, 1792) ou

ainda com espécies nativas como o surubim (Pseudoplatystoma coruscans) (Agassiz, 1829), o trairão

(Hoplias cf. lacerdae) (Ribeiro, 1908) e o pirarucu (Arapaima gigas) (Schinz, 1822), (Campos, 1998;

Crescêncio, 2001; Luz et al., 2002). Segundo Luz et al. (2002), quando houve transição gradual dos

ingredientes da ração com atrativos alimentares, a sobrevivência foi de 96% para alevinos de trairão

(Hoplias lacerdae) (Miranda-Ribeiro, 1908).

FREQÜÊNCIA ALIMENTAR

A voracidade ou necessidade de um predador como o tucunaré, de ingerir o alimento é refletida

pela sua capacidade de digerir e evacuar o alimento, estando intimamente correlacionada às suas

necessidades energéticas (Sainbury, 1986; Rabelo, 1999; Soares & Araújo-Lima, 2003). A freqüência

alimentar é altamente correlacionada com o tempo de evacuação gástrica, no entanto os principais

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parâmetros que a influenciam são: peso do alimento, temperatura da água, tipo e energia da dieta,

fisiologia e tamanho do predador (Rabelo, 1999; Lee et al., 2000; Webster et al., 2001).

Em trabalhos com Pygocentrus nattereri (Kner, 1858), foi observado que o peso do alimento e o

peso do predador não foram significativos para a determinação do consumo diário do alimento. No

entanto, neste estudo não foi testado qual a melhor freqüência alimentar para esta espécie, apenas no

período experimental os animais sofreram períodos de inanição, sendo este fator positivo para

evacuação gástrica (Soares & Araújo-Lima, 2003).

Wang et al. (1998) observaram em Lepomis cyanellus (Rafinesque, 1819), um melhor

desempenho zootécnico quando utilizaram uma freqüência alimentar de três vezes ao dia. Webster et

al. (2001), sugeriram uma freqüência alimentar de apenas uma vez por dia para Ictalurus puntactus

(Rafinesque, 1820).

Existe uma flutuação da freqüência alimentar, variável de espécie para espécie, e que depende de

fatores intrínsecos e extrínsecos. Trabalhos com períodos de privação alimentar para espécies

carnívoras são poucos. Este trabalho tem o objetivo de realizar o treinamento alimentar com os juvenis

de tucunaré e, posteriormente, testar a melhor freqüência alimentar para a espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido na Coordenação de Pesquisas em Aqüicultura - CPAQ, do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, nos períodos de 15 de abril a 17 para maio de 2004

(treinamento alimentar) e 25 de setembro a 25 de outubro de 2004 (freqüência alimentar). Foram

transportados 528 juvenis de tucunarés em sacos plásticos oxigenados contendo 2,0g de sal/l de água e

0,2g de gesso/l de água.

Os animais foram adquiridos de produtor, com aproximadamente 3,5 ± 0,3cm de comprimento e

2,5 ± 0,4g de peso inicial. Dez exemplares do lote foram sacrificados para verificar a sanidade dos

peixes antes do início dos experimentos.

A quarentena dos peixes foi de aproximadamente de 15 dias incluindo o período de aclimatação

em uma gaiola com dimensões de 100 x 50 x 50 cm, disposta em um tanque com 120m2 com parede de

alvenaria e fundo de argila. A qualidade da água foi monitorada diariamente em dois horários: 07:00h e

17:00h para ambos os experimentos, foram medidos: oxigênio dissolvido; temperatura; amônia; nitrito;

condutividade e pH.

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TREINAMENTO ALIMENTAR

A dieta da primeira semana consistiu de zooplâncton coletado no próprio tanque de 120m2, com

uma rede de plâncton de 60 µm de malha. O alimento foi oferecido nos horários: 06:00h, 08:00, 10:00,

12:00, 14:00, 16:00, 18:00 e 20:00h. Na segunda semana de aclimatação, a alimentação consistiu de

uma mistura homogênea de zooplâncton, picadinho de tambaqui (moído com diâmetro de 0,3mm) e

suplemento vitamínico e mineral, correspondendo a 10% biomassa total. Ao observar que os juvenis

estavam alimentando-se normalmente, procedeu-se à biometria inicial onde os mesmos apresentaram

5,1 ± 0,2cm de comprimento e 4,4 ± 0,3g de peso médio.

Na fase inicial do treinamento alimentar, a dieta inicial foi processada diariamente, tornando a

mistura de zooplâncton, picadinho de peixe, suplemento vitamínico e mineral e ração comercial

extrusada (TC-45 proteína bruta) na proporção de 4,0%, 1,0% e 95,0%, formando uma massa

homogênea, correspondendo a 10% da biomassa do cultivo. A análise bromatológica da ração TC-45

encontra-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Análise bromatológica realizada no Laboratório de Nutrição de Peixes da Coordenação de Pesquisas

em Aquicultura/CPAQ-INPA.

Dados a 100% matéria seca

Umidade (%) PB EE CH2O Cinzas FB

8,9* 46,5* 10,5* 30,6* 10,0* 2,4*

13,0** 45,0** 14,5** 20,5** 14,0** 6,0**

* Análise realizada no laboratório de nutrição da coordenação em pesquisas em aqüicultura/INPA

** Valores fornecidos pelo fabricante

PB = Proteína bruta; EE= Extrato étereo; CH2O = Carboidrato; FB= Fibra bruta.

A alimentação foi oferecida em seis horários: 08:00h, 10:00, 12:00, 14:00, 16:00 e 18:00h,

quando os juvenis foram submetidos ao condicionamento alimentar constituído da substituição gradual

e progressiva da dieta úmida por ração seca. A homogeneidade da amostra foi observada através do

teste de Cochran (p<0,05).

No período pré-alimentar os juvenis mortos foram coletados, quantificados e analisados com o

intuito de verificar o conteúdo estomacal e a presença ou ausência de parasitas.

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Tabela 2 - Etapas da transição dos ingredientes da dieta oferecida para alevinos de tucunaré (30 dias)

DIAS COMPOSIÇÃO

NÚMERO DE

INDIVÍDUOS

MORTALIDADE EM

NÚMERO DE

EXEMPLARES OBSERVAÇÃO

1º 1% premix + 95% peixe + 4% zooplancton 510 6

1% premix + 90% peixe + 4% zooplancton +

5% ração 9

1% premix + 85% peixe + 2% zooplâncton +

12% ração 10

1% premix + 78% peixe + 1% zooplâncton +

20% ração 17 Canibalismo

12º 1% premix + 59% peixe + 40% ração seca 25 Canibalismo

17º 1% premix + 49% peixe + 50% ração seca 18 Divisão em dois lotes

19º 1% premix + 39% peixe + 60% ração seca 5

22º 1% premix + 29% peixe + 70% ração seca 0

25º 1% premix + 19% peixe + 80% ração seca 0

27º 1% premix + 9% peixe + 90% ração seca 2

29º 1% premix + 99% ração seca 0

30º 100% ração seca 0 Final do treinamento

Total 418 92

FREQÜÊNCIA ALIMENTAR

Neste experimento foram utilizadas 15 gaiolas de dimensões 0,80 x 0,80 x 1,0m com uma

densidade de 13 indivíduos por gaiola, totalizando 196 indivíduos durante 30 dias. Foi realizada uma

biometria no início e outra no final do experimento para verificar o desempenho zootécnico dos juvenis

de tucunaré.

O experimento foi desenvolvido por um delineamento experimental inteiramente casualizado com

três tratamentos (freqüência alimentar de 5, 6 e 7 dias na semana) cada um com cinco repetições. A

dieta e seus respectivos ingredientes com 40% proteína bruta oferecida para o experimento de

freqüência alimentar constam na tabela 3.

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Tabela 3 - Ingredientes com os respectivos percentuais utilizados na dieta oferecida, no experimento de

freqüência alimentar ao tucunaré.

INGREDIENTES PERCENTUAL (%)

Farinha de peixe 27,00

Protenose 21,20

Farelo de soja 21,00

Farelo de milho 17,85

Farinha de trigo 5,00

Óleo de soja 7,00

Premix 0,80

Vitamina C 0,05

Protease exógena 0,10

Total 100,00

Os dados da composição centesimal dos ingredientes da dieta encontram-se na tabela 4.

Tabela 4 - Análise bromatológica dos ingredientes da ração utilizada no experimento, Umidade (%), PB

(proteína bruta), EE (Extrato etéreo), Cinzas (%) e FB (fibra bruta).

Ingredientes Umidade (%) PB (%) EE(%) Cinzas (%) FB (%)

Farinha de peixe 5,5 61,6 18,6 14,4 0,0

Farelo de soja 12,2 50,4 2,5 6,6 4,3

Fubá de milho 12,0 12,6 3,6 2,6 2,0

Farinha de trigo 11,2 15,9 3,1 2,6 1,1

Os parâmetros de desempenho observados no experimento de freqüência alimentar foram os

seguintes: ganho de peso (GP): GP = Peso médio final – Peso médio inicial; consumo médio de ração

individual; (CMDi): CMDi = Quantidade de ração fornecida por dia (g) / Nº de peixes; consumo

individual médio de ração no final do experimento (CIMFi): CIMFi = Σ CMDi; conversão alimentar

aparente (CAA): CAA = CIMFi / (peso médio final – peso médio inicial); crescimento específico em

peso dos peixes (CEP): CEP = 100 x (Ln peso médio final – Ln peso médio inicial) / tempo; taxa de

sobrevivência dos peixes (TS): TS = 100 x (número final de peixes / número inicial de peixes).

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ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para garantir a homogeneidade dos peixes ao início do experimento, estes foram pesados (g) e

seguidamente os resultados das pesagens foram analisados através do teste de Cochran, nível de 5% de

significância (Mendes, 1999). Os resultados das biometrias do experimento foram analisados por

intermédio de uma análise de variância para o delineamento inteiramente casualizado, nível de 5% de

significância com a finalidade de aferir o efeito dos tratamentos sobre o desempenho dos peixes,

utilizando-se o teste de Tukey (p<0,05) discriminar as médias e determinar o melhor tratamento quando

houve diferenças significativas.

RESULTADOS

CONDICIONAMENTO ALIMENTAR

No final de 30 dias de treinamento alimentar os juvenis de tucunaré estavam 100% alimentando-

se de ração seca. Neste período os parâmetros físico-químicos da água não apresentaram modificações

bruscas que comprometessem o andamento do condicionamento: oxigênio (6,5 ± 2,2 mg/L) ,

temperatura (28,0 ± 2,0 ˚C), pH (6,0 ± 1,1), amônia (3 x 10- 2 ± 10-3) e condutividade (29,0 ± 2,0µS/cm-

1).

Após o período de aclimatação notou-se que todos os juvenis estavam alimentando-se

regularmente e com certa voracidade atacando a mistura na superfície da coluna da água.

O uso de zooplâncton, peixe picado e suplemento vitamínico e mineral favoreceu a transição do

alimento ofertado ao tucunaré, sendo que, após o décimo segundo dia da etapa de transição da dieta foi

possível substituir totalmente o zooplâncton por uma mistura de ração seca, peixe e suplemento

alimentar.

A taxa de sobrevivência após o final do treinamento alimentar foi de 75%, sendo que dos 25% de

mortalidade existente, o percentual de 10% pode ser atribuído ao canibalismo.

Em observações realizadas na segunda semana do treinamento alimentar com tucunaré foi

constatado heterogeneidade na amostra, assim, o reflexo deste episódio repercutiu no aumento de 2 a 4

dias do tempo de condicionamento alimentar ao qual os alevinos foram submetidos.

FREQÜÊNCIA ALIMENTAR

Após trinta dias de experimento sobre a freqüência alimentar os parâmetros físico-químicos da

água apresentaram os seguintes resultados: oxigênio com média de 5,5 ± 1,0 mg/l, condutividade 32,0

± 1,8µS/cm, temperatura média de 29,0 ± 1,1˚C, o valor de pH de 6,0 ± 0,4, amônia total (NH3 + NH4)

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2,6 x 10-3 ± 10-3 e valores de nitrito 4,4 x 10-2 ± 1,6 x 10-2. Apesar de ocorrerem mudanças nos níveis

de oxigênio e temperatura ao longo do ciclo de 24 horas, estas não prejudicaram o experimento.

A freqüência alimentar de 6 dias com 1 de privação teve rendimento semelhante ao da freqüência

alimentar de 7 dias por semana quando alimentados em dois horários ao dia (ANOVA 5%, teste de

Tukey p<0,05). A conversão alimentar aparente e o ganho de peso obtiveram valores de 2,4 ± 0,18 e

28,4 ± 3,05g, respectivamente. A taxa de crescimento específico foi em média de 0,89% ao dia, para a

freqüência alimentar de 6 dias por semana, enquanto para a freqüência alimentar de 7 dias a conversão

alimentar foi de 2,28 ± 0,18 e o ganho de peso foi de 29,39 ± 3,12g, com taxa de crescimento

específico de 0,93% ao dia (Tabela 5). A taxa de sobrevivência foi de 100% ao final do estudo.

Tabela 5 - Médias do peso inicial e final, ganho de peso, conversão alimentar aparente e crescimento específico em

peso dos juvenis de tucunaré, alimentados com ração 40% proteína bruta, durante 30 dias.

VARIÁVEIS OBSERVADAS 5 DIAS 6 DIAS 7 DIAS

Peso inicial 98,56 ± 7,97ª 102,28 ± 10,5ª 94,50 ± 7,80ª

Peso final 115,84 ± 7,90b 130,65 ± 12,90ª 123,79 ± 8,60ª

Ganho de peso 17,29 ± 1,99b 28,37 ± 3,05ª 29,39 ± 3,12ª

Conversão alimentar aparente 3,70 ± 0,27ª 2,40 ± 0,18b 2,28 ± 0,18b

Taxa de crescimento específico 0,60 ± 0,10b 0,89 ± 0,08a 0,93 ± 0,10a

* Médias seguidas da mesma letra, na linha não diferem entre si, pelo teste de Tukey com 95% de confiabilidade.

DISCUSSÃO

CONDICIONAMENTO ALIMENTAR

Em observações durante a fase experimental foi notado que os juvenis de tucunaré alimentavam-

se preferencialmente a meia-água, isto se deve ao comportamento agressivo ou instinto de

sobrevivência de animais predadores. A voracidade de tucunaré (Cichla monoculus) em busca do

alimento parece ser um padrão comum de espécies de peixes carnívoras e pode estar relacionado com a

sobrevivência, dominância ou postura territorialista. Outros autores já haviam notado este padrão em

tucunaré (Cichla sp.) e piranha-caju (Pygocentrus nattereri), (Sampaio et al., 2000; Soares & Araújo-

Lima, 2003). Luz et al. (2002), trabalhando com alevinos de trairão, observaram este mesmo tipo de

comportamento quando os animais haviam sido submetidos ao condicionamento alimentar.

No presente experimento, a mistura formada por zooplâncton, picadinho de peixe e suplemento

vitamínico e mineral foi essencial para o sucesso do condicionamento alimentar, permitindo que

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juvenis de tucunaré alimentassem de ração seca. Este fato comprova que o uso de atrativos alimentares

é uma importante ferramenta para obtenção de sucesso em condicionamentos alimentar de peixes

carnívoros.

O resultado encontrado por Crescêncio (2001) e Cavero (2002; 2004), utilizando como atrativo

alimentar o zooplâncton, camarão e artemia no condicionamento alimentar de pirarucu (Arapaima

gigas), concorda bem com o exposto acima, o que é reforçado por Higgs et al. (1985) e Luz et al.

(2002), utilizando-se de peixes moídos, crustáceos ou coração de boi como estimulantes para trairão

(Hoplias lacedae).

Aparentemente os argumentos supracitados anteriormente, não se aplicam em todos os casos; no

caso de Carneiro et al. (2004), trabalhando com tucunaré (Cichla ocellaris) (Schneider, 1801)

observaram que a inclusão do atrativo branchoneta (microcrustáceo) não favoreceu o condicionamento

alimentar para a espécie. Entretanto, outros fatores podem ter contribuído para o não sucesso do

condicionamento alimentar, o que pode ser atribuído ao aspecto da palatabilidade e o atrativo

alimentar: dependendo do tipo de alimento utilizado no condicionamento (zooplâncton, artemia, peixe

picado, crustáceo, óleo de fígado, tipo de ração) ou ainda, ao tipo de substituição dos componentes da

dieta (brusca ou gradativa), a assimilação ou aceitação das dietas artificiais poderá ser de forma mais

acessível, melhorando a conversão alimentar e aumentando a sobrevivência de espécies piscívoras

(Kubtiza & Lovshin, 1997; Carneiro et al., 2004).

A taxa de sobrevivência de 75% encontrada no final do treinamento alimentar com tucunaré é

considerada bastante satisfatória. Em estudos realizados por Moura (1998) com tucunaré (Cichla sp.)

encontrou-se sobrevivência média de 12%. Em estudo posterior, Moura et al. (2000), trabalhando com

a mesma espécie, com indivíduos que apresentavam pesos de aproximadamente 1,7g, utilizando a

transição gradual dos ingredientes da dieta, observou uma sobrevivência de 40%.

Kubtiza & Cyrino (1997) trabalharam com tucunaré utilizando 10% de pescado fresco na

formulação da dieta, os mesmos autores encontraram uma sobrevivência de 60%. Crescêncio (2001),

estudando o pirarucu com o método de transição gradual dos componentes da ração, com uso de

atrativos alimentares observou uma sobrevivência próxima de 70% dos juvenis. Machado et al. (1998)

obtiveram taxa de sobrevivência de 78%, após 84 dias de alimentação de alevinos de pintado

(Pseudoplaystoma coruscans).

Um dos entraves do cultivo de tucunaré é o canibalismo; entre 10% e 15% da mortalidade

derivada do treinamento alimentar do presente experimento foi atribuído a este tipo de comportamento

da espécie, o mesmo foi observado por Sampaio et al. (2000), que cita gênero com acentuado

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canibalismo, provavelmente atribuído à dominância hierárquica ou dispersão de tamanhos. Existem

alguns relatos sobre esta forma de comportamento com salmão, Salmo salar (Linnaeus, 1758)

(Maclean & Metcalfe, 2001), e truta arco-íris, Oncorhynchus mykiss, (Alanärä & Brännäs, 1996).

Kubtiza & Lovshin (1997) sugerem que este tipo de comportamento pode ocorrer para diversas

espécies de peixes carnívoros. O bagre Africano (Clarias gariepinus) (Burchell, 1822) apresentou o

mesmo padrão de canibalismo do tucunaré (Hecht & Appelbaum, 1988). A diferença no status social

pode ter como motivos diferenças de tamanho (Lahti & Lower, 2000), diferenças de taxa metabólica

(Metcalfe et al., 1995) e de densidade de estocagem (Alanärä & Brännäs, 1996) sendo que os

dominantes tendem a maiores taxas de crescimento e de sobrevivência (Huntingford & Turner, 1987).

A forma na qual a dominância se expressa pode levar a uma desuniformidade na alimentação, e

conseqüentemente influência os resultados do treinamento alimentar (Crescêncio, 2001).

A dispersão de tamanho ocasionada pela heterogeneidade da amostra na segunda semana de

cultivo pode ter sido ocasionada pelo comportamento territorialista da espécie. Alguns exemplares

(dominantes) consomem preferencialmente o alimento oferecido, diminuindo as chances sobre o

concorrente (peixe subordinado) tomando seu alimento; após sua saciação os dominantes afastam o

resto do cardume para longe do alimento, diminuindo a possibilidade de saciação dos peixes

subordinados, devido à ração (em forma de pelets ou úmida) afundar mais rápido, não dando tempo

destes se alimentarem. Este fato foi comprovado também nos estudos de Crescêncio (2001) com

juvenis de pirarucu (Arapaima gigas).

Entretanto, isto pode ser resolvido com a diminuição da taxa de transição alimentar e

consequentemente, aumento do número de dias de treinamento, monitoramento da água (temperatura

da água) com observação constante dos ambientes de alimentação, ou ainda aumento da densidade de

estocagem e separação das amostras (dominantes/subordinados) que podem ajudar na diminuição da

dominância, discrepância de tamanho e predação entre indivíduos (Snow, 1960; Crescêncio, 2001;

Soares & Araújo-Lima, 2003).

FREQÜÊNCIA ALIMENTAR

O desempenho zootécnico dos tucunarés alimentados durante 6 dias com 1 dia de privação

alimentar, obteve rendimento semelhante aos indivíduos alimentados durante todos os dias da semana,

além de obter uma taxa de sobrevivência de 100% dos indivíduos. Isto significa diminuição de um dia

nos gastos com alimentação e mão de obra utilizada no cultivo da espécie.

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45

Embora na literatura seja comum protocolos alimentares específicos para peixes exóticos como;

bagre de canal (Ictalurus punctatus), truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss) e tilápia (Oreochromis

niloticus) (Linnaeus, 1758) (Kubtiza & Cyrino, 1997), com tucunaré (Cichla monoculus), informações

sobre o manejo alimentar tratando-se de períodos de jejum ou freqüência alimentar são incipientes.

Souza et al. (2003) estudaram períodos alternados de restrição alimentar para o pacu (Piaractus

mesopotamicus) (Holmberg, 1887), e concluíram que o ciclo alimentar de 6 semanas de restrição

alternadas com 7 semanas de realimentação não prejudicou o crescimento compensatório destes

indivíduos. Dwyer et al. (2002) concluíram que juvenis de yellowtail flounder (Limanda ferruginea)

(Storer, 1839), alimentados duas vezes por dia obtiveram melhores índices zootécnico do que aqueles

alimentados durante 4 vezes ao dia.

Rabelo (1999) estimou um consumo baixo de alimento pelo tucunaré (Cichla monoculus),

afirmando que a espécie é menos voraz do que se esperava, este argumento induz a idéia que a espécie

tem um ritmo e consumo diário de alimento inferior aos demais carnívoros da região Amazônica, o que

é importante para o cultivo da espécie e para determinação da freqüência de alimentação. Neste mesmo

estudo a conversão alimentar estimada para o tucunaré foi de 11:1, sendo bastante alta quando

comparada com o estudo presente (em média de 2,3:1).

No entanto a hipótese acima não se aplica ao presente estudo, pois o autor não utilizou

parâmetros totalmente controlados de ambientes em confinamento tais como; densidade de estocagem e

freqüência alimentar, nem tão pouco utilizou ração para alimentação da espécie.

CONCLUSÃO

O treinamento alimentar foi eficiente e condicionou os exemplares a consumir uma ração seca ao

final do trigésimo dia. A julgar por outros estudos realizados com o tucunaré e com outras espécies de

peixes carnívoras é possível concluir que o condicionamento alimentar foi bastante satisfatório, além de

proporcionar melhores condições de adaptação para que esta espécie seja cultivada intensivamente,

abrindo novas perspectivas para o mercado de espécies carnívoras.

Os exemplares alimentados com a freqüência alimentar de 6 dias na semana com 1 dia de

privação de alimento obtiveram ganho de peso, conversão alimentar e taxa de crescimento específico

em peso, semelhantes aos exemplares submetidos a freqüência alimentar de 7 dias. Recomenda-se

então a freqüência alimentar de 6 dias com 1 dia de jejum, por dispensar menor quantidade de ração e

mão de obra na alimentação dos tucunarés.

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AGRADECIMENTOS

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas/FAPEAM e a Coordenação de Pesquisas em

Aqüicultura do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA/CPAq.

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OCORRÊNCIA DE MERCÚRIO EM CAMARÕES EM DIFERENTES AMBIENTES AQUÁTICOS

Geovana Lea FERNANDES1; Paiva Maria Lúcia NUNES2; Antonio Diogo LUSTOSA-NETO3

& José Milton BARBOSA4

1Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba 2Universidade Federal de Sergipe

3Consultor autônomo 4Universidade Federal Rural de Pernambuco

Resumo - O presente trabalho teve como objetivo comparar níveis de mercúrio em diferentes espécies

de camarões de interesse comercial, em seus habitats, nas estações seca (janeiro-março/1999) e

chuvosa (abril-junho/1999), no Estado da Paraiba. Foram testados: o camarão-cinza e seu habitat

(fazenda marinha de cultivo); o camarõ-branco Litopanaeus schimitti e seu habitat (Estuário do Rio

Paraíba do Norte) e o camarão de água-doce Macrobrachium amazonicus e seu habitat (Açude Mãe

D’Água). O teor de mercúrio foi avaliado através da técnica de espectrofotometria de absorção

atômica. Os teores de mercúrio dos diversos ecossistemas mostraram-se significativamente diferentes

(p<0,05), porém não foram observadas diferenças quanto à interação ecossistema/mês. Os níveis de

mercúrio encontrados nos diversos habitats ou ecossistemas foram levemente superiores aos

observados nos camarões, porém todos situaram-se abaixo do limite máximo fixado pelos órgãos

governamentais. Estatisticamente, a espécie L. vannamei foi a única que apresentou teores de mercúrio

significativamente diferentes, quanto às estações chuvosa e de estiagem.

PALAVRAS CHAVES: Poluição ambiental, Saúde pública, Toxidez

PRESENCE OF MERCURY IN SHRIMPS IN ACQUATIC INVIRONMENTS

Abstract - The present work had as its objective to compare levels of mercury in different species of

shrimps of commercial preoccupation, in their habitats during the dry season (January-March/1999)

and the rainy season (April-June/1999), in the State of Paraíba, Brazil, being tested: the white-shrimp

and its habitat (Paraíba do Norte State River’s estuary), and the fresh water shrimp (Macrobrachium

amazonicus) and your habitat (Mãe d´Água dam). The amount of mercury was estimated by means of a

spectrofotometric technique of atomic absorption. The amounts of mercury of the several ecosystems

shown significant differences (p<0.05), but were not observed differences as to the interation

ecosystem/mounth. The levels of mercury found in several habitats or ecosystems were very few

higher than to those observed in the shrimps, but all of them were below the maximum limit established

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Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

50

by the governamental organizations. Statistically specking, the species of L. vannamei L. was the sole

that presented levels of mercury significantly different, as to the dry and the rainy seasons.

Keywords - Enviromental poluition, Public health, Toxity

INTRODUÇÃO

A presença de metais em efluentes industriais é de grande relevância em todo o mundo, por

serem tóxicos e interferirem na ecologia do ambiente. Um dos metais mais estudados é o mercúrio e

seus derivados. Sua grande importância deve-se ao fato de ser um agente tóxico que ocasiona danos a

saúde devido ao efeito cumulativo, progressivo e irreversível, em conseqüência da ingestão repetitiva

de pequenas quantidades (Connell, 1988). Segundo Mariño e Martin (1976), metade da produção

mundial anual de mercúrio (10 mil toneladas) vai para o mar, água e solo e por isso torna-se o mesmo

um dos principais contaminantes do ambiente marinho.

O estuário do rio Paraíba do Norte, município de Cabedelo, PB, vem sofrendo uma constante

degradação causada pelo aporte de esgotos domésticos, resíduos agrícolas e de usinas sucroalcooleiras,

além da devastação da vegetação local, prejudicando os recursos naturais e provocando sua escassez,

como vem sendo constatado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis do Ministério do Meio Ambiente (IBAMA) órgão responsável pela sua conservação e

fiscalização (Oliveira, 1990). Em grandes açudes o aporte de resíduos agrícolas também é preocupante.

Na literatura são inúmeros os trabalhos realizados sobre contaminação do meio ambiente por

mercúrio. No Brasil, a maioria dos trabalhos envolvendo a contaminação do pescado pelo mercúrio,

também atende a propósitos ambientais (Chicourel, 1993). Na região Nordeste este estudos são ainda

insipientes, especialmente com respeito a contaminação em camarões, embora a produção e consumo

de camarões marinhos (Litopenaeus spp.) no Brasil, e em especial no Nordeste, crescem de forma

significativa. Considerando que estes animais são úteis na indicação de poluição originada por

atividades antropogênicas, necessário se faz a avaliação do teor de mercúrio nos mesmos.

Neste trabalho, foi avaliado o teor de mercúrio nos camarões capturados, cultivados e na água

dos seus respectivos habitats, considerando as estações de chuva e estiagem no Estado da Paraíba.

MATERIAL E MÉTODOS

AMOSTRAS E LOCAIS DE COLETA

As amostras de água e dos camarões Litopenaeus schimitti, Litopenaeus vannamei e

Macrobrachium amazonicus foram coletadas no Estuário do rio Paraíba do Norte (Cabedelo, PB); em

uma fazenda de cultivo de camarão marinho (João Pessoa, PB) e no açude Mãe D’Água (Coremas,

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51

PB), respectivamente, durante as estações de estiagem (janeiro-março de 1999) e a estação chuvosa

(abril-junho de 1999).

As amostras de camarão após coleta foram acondicionadas em sacos plásticos de polietileno,

transportadas em recipiente isotérmico (±10,00C), contendo gelo e armazenados em freezer (-10,0 0C).

As amostras de água foram coletadas em frascos estilizados, nos mesmos locais das amostras de

camarão a 10cm de profundidade, transportadas em recipiente isotérmico (±10,00C), contendo gelo e

armazenadas em geladeira (± 5,0 0C) até serem analisadas.

PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

Inicialmente, as amostras de camarão foram descongeladas e trituradas, pesadas e analisadas.

As amostras de água não sofreram nenhum tratamento prévio.

Os teores de mercúrio foram quantificados pelo método analítico (A.O.A.C., 1990), através de

espectrofotometria de absorção atômica. O branco analítico, utilizado no set-up do equipamento, serviu

para eliminar possíveis contaminações provenientes dos reagentes utilizados. Toda a vidraria utilizada

nas análises foi preparada e limpa por imersão em solução de ácido nítrico a 10% por 24h, para

descontaminação.

ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os resultados foram analisados através de estatística descritiva, utilizando programa

‘Statistica®6.0, através de análises de variância (ANOVA) (∝ = 0,05), com um fator (estação de

coleta) nas amostras dos camarões Litopenaeus vannamei, L. schimitti e Macrobrachium amazonicus e

com dois fatores (local e mês de coleta) nas amostras de água dos habitats.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os níveis de mercúrio encontrados nos camarões nos respectivos pontos de coleta e época de

captura variaram de 0,031ppm no mês de janeiro em Litopenaeus schimitti a 0,067ppm no camarão

Macrobrachium amazonicus no mês de abril (Tabela 1). Estes níveis, independente da estação de

captura, encontram-se muito abaixo do limite de 0,5ppm estabelecido pela legislação em vigor no

Brasil (Resolução CNNPA, no 18/75), bem como com os da legislação alemã: uma das mais exigentes.

De forma que todas estavam em condições adequadas para consumo, não representando perigo de

contaminação por mercúrio (Figura 1).

Cada espécie pertence a um habitat diferente, o que pode sugerir a ocorrência de diferenças

entre os resultados, pois a presença de mercúrio pode estar associada aos níveis de poluição. No

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52

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Teor

de

Hg

(ppm

)

A B C Al Br Fr

Estiagem Chuva Legis lação

entanto, o camarão-branco (Litopenaeus schimitti), apesar de capturado no Estuário do Rio Paraíba do

Norte, considerado poluído do ponto de vista microbiológico (Lima, 1999), e por resíduos da

agroindústria sucroalcooleira, foi o que apresentou os menores teores de mercúrio (0,031 e 0,045ppm,

nas estações de estiagem e chuvosa, respectivamente). Vale ressaltar que neste trabalho, as amostras de

camarão foram analisadas por inteiro, visto que camarões podem ser consumidos de várias formas

(inteiro, sem cabeça, com ou sem casca).

Tabela 1 - Concentração de mercúrio nas espécies de camarões, conforme o habitat e época de captura.

TEOR DE MERCÚRIO (ppm) ESTAÇÃO MESES L. vannamei L. schimitti M. amazonicus Janeiro 0,040 0,031 0,041 ESTIAGEM Fevereiro 0,041 0,040 0,042 Março 0,048 0,039 0,061

MÉDIA ± σ 0,043+0,004 0,037+0,004 0,048+0,011 Abril 0,060 0,039 0,067 CHUVOSA Maio 0,059 0,034 0,043 Junho 0,043 0,045 0,045

MÉDIA ± σ 0,054+0,009 0,039+0,005 0,051+0,013

σ = Desvio padrão

Figura 1 - Comparação dos teores médios de mercúrio (Hg) em camarões (A) Litopenaeus vannamei;

(B) Litopenaeus schimitti e (C) Macrobrachium amazonicus em relação aos teores

permitidos pela legislação Alemã (Al), Brasileira (Br) e Francesa (Fr).

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53

Relacionando os teores de mercúrio das três espécies (Tabela 2) em relação às estações de

estiagem e chuvosa, Litopenaeus vannamei foi a única que apresentou diferença significativa (p<0,05)

entre as duas. Estes resultados são interessantes, no entanto não é possível discuti-los com maior

profundidade, pois trabalhos sobre a concentração de mercúrio em camarão são raros na literatura

brasileira, como destacou Mársico (1997).

TEORES DE MERCÚRIO DA ÁGUA DOS HABITATS DAS ESPÉCIES ANALISADAS

Os teores de mercúrio na água onde habitam os camarões analisados apresentaram-se levemente

superiores aos encontrados nos camarões (Tabela 2), porém abaixo do limite estabelecido pelo

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (1984-1991) que é de 0,2ppm para a água doce

(classe 1) e de 0,1ppm para água salobra (classe 7) (Figura 2), O menor valor encontrado ocorreu no

Estuário do Rio Paraíba do Norte, enquanto os outros dois habitats apresentaram teores próximos,

porém um pouco superior aos valores do Estuário. Entretanto, todos os valores encontraram-se abaixo

da legislação em vigor.

Tabela 2 - Teores de mercúrio da água coletada nos diferentes habitats das espécies analisadas de

camarão no Estado da Paraíba.

LOCAL MESES TEORES DE MERCÚRIO (PPM) Março 0.063 Fazenda de cultivo de Abril 0,066 Camarão Maio 0,070 (Litopenaeus vannamei ) Junho 0,072 Média±σ 0,068+0,004

Março 0,054 Rio Paraíba do Norte Abril 0,056 (Litopenaeus schimitti) Maio 0,060 Junho 0,059 Média±σ 0,057+0,003

Março 0,064 Açude Mãe D’Água Abril 0,066 (Macrobrachium amazonicus) Maio

Junho 0,070 0,068

Média±σ 0,067+0,002

σ=Desvio padrão

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54

Os menores níveis de mercúrio foram observados no Estuário do Rio Paraíba do Norte (Figura

2). Os outros dois habitats apresentaram teores bastante próximos, um pouco superiores aos valores do

Estuário. Porém, abaixo dos padrões da legislação em vigor.

Classe 1 - Para águas doces

Classe 7 - Para águas salobras

Figura 2 - Comparação dos teores médios de mercúrio (Hg) das amostras em relação as estações de

captura, e aos teores permitidos pelo CONAMA (1984-1991).

Relacionando os teores de mercúrio da água com os meses de coleta (março a junho), os valores

apresentaram-se significativos (p<0,05) porém, a interação local de captura e época do ano não foi

significativa (p>0,05).

Comparando os resultados dos teores de mercúrio na água dos respectivos habitats das espécies

analisadas com os encontrados nos camarões Litopenaeus vannamei, Litopenaeus schimitti e

Macrobrachium amazonicus observou-se conforme Figura 3, que acumularam os mesmos, apenas

63,23; 64,91 e 71,64 % do mercúrio encontrado nos seus habitats, respectivamente.

0

0,1

0,2

Teor

de

Hg

(ppm

)

Fazendade Cultivo

RioParaíbado Norte

AçudeMãe

D'Água

Classe 1 Classe 7

Estiagem Chuva CONAMA

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55

Figura 3 - Comparação dos teores médios de mercúrio em camarões Litopenaeus vannamei (Fazenda

de cultivo), Litopenaeus schimitti (Rio Paraíba do Norte) e Macrobrachium amazonicus

(Açude Mâe D´água) e de água dos três locais de coleta.

Quanto as possíveis diferenças na concentração de mercúrio nas águas em relação as estações,

observou-se que nos meses de muita precipitação pluviométrica (maio e junho), os teores de mercúrio

foram mais elevados, talvez em decorrência do arraste de agrotóxicos e outros poluentes mercuriais

para os açudes, rios e zonas estuarinas.

CONCLUSÕES

Os teores de mercúrio na água, dos três ambientes, são ligeiramente superiores aos encontrados

nos camarões. No entanto, todos situam-se abaixo do limite máximo fixado pelos órgãos

governamentais.

Há pequena variação nos teores de mercúrio entre as diversas espécies analisadas. Litopenaeus

schimitti apresenta menor concentração.

As espécies estudadas apresentam maior concentração de mercúrio, durante a estação chuvosa,

embora apenas a L. vannamei apresenta diferença significativa neste período.

Ocorre diferentes teores de mercúrio da água dos habitats analisados, porém não há diferença

significativa entre os períodos de coleta.

0

Teor

de

Hg

(ppm

)

Fazenda decultivo

Rio Paraiba doNorte

Açude MãeD'Água

Camarão Água

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56

REFERÊNCIAS

Association Of Official Analytical Chemists-A.O.A.C. (1990). Official methods of analysis. 10ed.

Washington: Association of Official Agricultural Chemists.

Chicourel, E. L. Mercúrio em pescado – Quantificação e o efeito do preparo para o consumo (1993).

[Dissertação de Mestrado]. São Paulo(SP): Universidade de São Paulo.

CONAMA (1991) Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente 4ª ed. Brasília: CONAMA.

Connel, J. J. (1988). Control de la calidad del pescado. Zaragoza: Acribia.

IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lagosta,

caranguejo-uçá e camarão no Nordeste. Série Estudos Pesca. Coleção Meio Ambiente, Brasília:

IBAMA.

Kolm, H. E.; Giamberardino Filho, R. E. & Kormann, M. C. (1997). Spatial distribution and temporal

variability of heterotrophic bacteria in the sediments of Paranaguá and Antonina bays, Paraná, Brazil.

Rev. Microbiol. 28 (4): 230-238.

Lima, T. C. S. (1999). Ocorrência de bactérias fecais e patogênicas na carne do carangueiro-uçá

(Ucides cordatus), água e sedimentos do mangue do Rio Paraíba do Norte, PB [Dissertação de

Mestrado]. João Pessoa (PB): Universidade Federal da Paraíba.

Mariño, M.; Martín, M. (1976).Contenido de mercurio en distintas especies de moluscos y pescados.

Anales de Bromatologia 28 (2): 155-178.

Mársico, E. T. (1997) Determinação do teor de mercúrio em camarões coletados nas baías de

Guanabara (Penaeus notialis) e Sepetiba (Penaeus schmitti). [Dissertação de Mestrado]. Niterói (RJ):

Universidade Federal Fluminense.

Oliveira, R. B. (1990). Indicadores de poluição e taxonomia de leveduras do estuário do rio Paraíba

do Norte, João Pessoa [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

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57

II - ARTIGOS TÉCNICOS

PERFIL DO ENGENHEIRO DE PESCA DO BRASIL

Neiva Maria de ALMEIDA1 * ; Leonardo T. de SALES2 & Maria do Carmo Figueiredo SOARES3

1 Universidade Federal da Paraíba 2 Universidade Federal do Piauí

3 Universidade Federal Rural de Pernambuco

*E-mail: [email protected]

Resumo: Esse levantamento teve o objetivo de catalogar dados dos Engenheiros de Pesca que atuam

na profissão. A pesquisa buscou informações consideradas relevantes para a identificação do perfil do

profissional da engenharia de pesca. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário

denominado “Pesquisa sobre Engenheiros de Pesca - Ano 2007”. Abordou informações gerais a nível

pessoal e profissional. Dentre os resultados observou-se predominância do sexo masculino na

profissão, ocorrendo diferença de gênero. A região Nordeste destacou-se como maior formadora dos

engenheiros de pesca e os Estados de Pernambuco, Amazonas, Ceará, Piauí, Pará e Paraná mostraram

as maiores concentrações em termos de atuação destes profissionais. O maior número de formados são

oriundos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o que se justifica por essa instituição ter

implantado o primeiro curso do país.

PALAVRAS-CHAVE: Perfil Profissional, Engenheiros de Pesca, Aqüicultura e Pesca.

Abstract: The objective of this survey was to catalogue data about the Fishing Engineers that actuate

on their profession. The research encountered relevant information about the accompaniment of the

professional profile of Fishing Engineering. The collection of data was carried through a questionnaire

called “Research on Fishing Engineering - Year 2007”, whose approached some general personal and

professional information. Amongst the results was observed the predominance of the masculine sex in

the profession, occurring difference of genre. The Northeast region was distinguished as the highest

formation of Fishing Engineering, and the States of Pernambuco, Amazonas, Ceará, Piauí, Pará and

Paraná had shown the biggest concentrations in terms of performance of these professionals. A

significant quantity of professionals were formed at Universidade Federal Rural de Pernambuco

(UFRPE), what is justified because this institution was the first to implement the course on the country.

KEY WORDS: Professional Profile, Fishing Engineers, Aquaculture and Fishing.

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58

INTRODUÇÃO

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) através da Resolução nº 12-A de

13/07/1970, do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEPE) foi a primeira Universidade brasileira a criar o

curso de Engenharia de Pesca, tendo sua implantação ocorrido no primeiro semestre de 1971, sendo

seguida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) que criou o mesmo curso, em julho de 1972 através

da Resolução nº 257/1972 do CEPE (Nogueira et al., 1999; Soares, 2004).

A Universidade do Amazonas (UA) em 1979 instituiu em seu concurso vestibular, cinco vagas

para o curso de Engenharia de Pesca. Os discentes, após realizarem o ciclo básico em Manaus, eram

encaminhados à Universidade Federal do Ceará (UFC) para completarem a sua formação profissional,

através de convênio mantido entre as duas instituições. Em 1988, o Conselho Universitário da antiga

UA, atualmente Universidade Federal do Amazonas (UFAM), aprovou o projeto apresentado pela

Faculdade de Ciências Agrárias, propondo a oferta integral do curso no Amazonas. (Resoluções nº

08/88 do CONSEP, homologada ela Resolução nº 19/88 de 6/10/88 do CONSUNI-UA). Assim, teve

início, no primeiro semestre letivo de 1989, a primeira turma do Curso de Engenharia de Pesca

totalmente realizado na Universidade do Amazonas com oferecimento de 10 vagas (Sales et al., 2006).

O curso de Engenharia de Pesca tem o objetivo de formar profissionais para atender ao setor

pesqueiro de águas interiores e marinhas. Esses profissionais vêm mostrando sua importância no

contexto nacional, para o desenvolvimento do setor tendo ocorrido um expressivo aumento do número

de cursos em várias Universidades no Brasil, seja em nível federal ou estadual. Atualmente existem

quinze cursos em funcionamento.

A profissão de Engenheiro de Pesca foi oficialmente reconhecida pelo Conselho Federal de

Engenharia Arquitetura e Agronomia, órgão que regulamenta a atuação dos engenheiros e arquitetos no

país, através da Resolução nº 279, de 15/06/1983, no referente ao aproveitamento dos recursos naturais

aqüícolas, a cultura e utilização da riqueza biológica dos mares, ambientes estuarinos, lagos e cursos

d’água; a pesca e o beneficiamento do pescado, seus serviços afins e correlatos. Cabe ao Engenheiro de

Pesca as funções de supervisão, planejamento, coordenação e execução de atividades integradas para o

aproveitamento dos recursos naturais aqüícolas, o cultivo e a exploração sustentável de recursos

pesqueiros marítimos, fluviais e lacustres e sua industrialização (CONFEA, 1983).

A categoria Funcional de Engenheiro de Pesca, designada pelo código NS-941 ou LT-NS-941, foi

incluída no Grupo - Outras Atividades de Nível Superior, código NS-900, pelo Decreto nº 88.911 de 24

de outubro de 1983 (Diário Oficial da União, 1983).

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59

Com o intuito de traçar um perfil sócio-econômico dos Engenheiros de Pesca e a sua principal

área de atuação realizou-se a elaboração e a aplicação de um questionário que buscou informações

consideradas relevantes para o acompanhamento do perfil do profissional.

Em 2005 foi realizada uma consulta junto aos engenheiros de pesca, onde apenas 14 questionários

foram preenchidos e devolvidos, isso sinalizou que o universo precisaria ser ampliado, para que o perfil

se aproximasse da realidade brasileira.

O objetivo dessa pesquisa foi a obtenção de dados que possibilitem identificar o perfil do

engenheiro de pesca que atua contemporaneamente no Brasil.

METODOLOGIA

A coleta de dados foi realizada utilizando um questionário distribuído principalmente através da

lista de participantes do grupo de discussões “Grupo de Interesse em Pesca e Aquicultura”

([email protected]), gerenciado pela FAEP-BR - Federação das Associações dos

Engenheiros de Pesca do Brasil.

O questionário, com um total de dezenove perguntas, buscou informações gerais tanto a nível

pessoal como a nível profissional. Os dados obtidos foram sistematizados através do software Excel,

sendo analisados e consolidados em informações que permitiram a elaboração de figuras e tabelas

(ANEXO 1).

Uma listagem contendo os cursos de Engenharia de Pesca no país foi composta a partir dos sites

disponíveis, informações junto às universidades e notícias da mídia (ANEXO 1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na consulta realizada junto aos engenheiros de pesca no período de janeiro a julho de 2007, foram

respondidos quarenta e dois questionários que possibilitou obter um universo mais representativo, do

que o anteriormente realizado, para traçar o perfil deste profissional no cenário nacional.

De acordo com os resultados observou-se que somente 7,1% dos entrevistados são do sexo

feminino, 9,5% exerce outra profissão, 16,6% concluíram outro curso e que 78,6% prestaram algum

tipo de concurso.

A distribuição geográfica, em relação à região de nascimento e aos estados onde residem os

profissionais de engenharia de pesca, mostrou que a Região Nordeste é o local predominante da origem

dos engenheiros de pesca (71%). Os Estados de Pernambuco (16,7%); Amazonas (14,3%) e Ceará

(11,9%) indicaram maiores concentrações destes profissionais (Figuras 1 e 2).

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60

Figura 1 - Distribuição geográfica da Região de nascimento dos Engenheiros de Pesca

Figura 2 - Unidade da Federação onde residem os Engenheiros de Pesca

Do total de pesquisados, 45,2% concluíram o curso da UFRPE, seguidos da UFC que

apresentou o segundo maior número de concluintes, com 33,3%. A UFAM e UNIOESTE mostraram o

mesmo percentual de 7,1%, sendo o menor percentual da UNEB com 2,4% (Figura 3).

14,3%

7,1%

11,9%

2,4%

2,4%

2,4%

9,5%

4,8%

16,7%

9,5%

9,5%

2,4%

2,4%

2,4%

2,4%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 2

Amazonas Bahia Ceará

Distrto Federal Espirito Santo

Maranhão Pará

Paraíba Pernambuco

Piauí Paraná

Rio Grande do Norte Santa Catarina

Sergipe São Paulo

Norte12%

Nordeste71%

Sudeste5%

Sul12%

NorteNordesteSudesteSul

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61

7,1%

33,3%

4,8%

45,2%

2,4%

7,1%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%

UFAM

UFC

UFRA

UFRPE

UNEB

UNIOESTE

Figura 3 - Instituição de formação dos profissionais de Engenharia de Pesca

Esse resultado se encontra dentro do esperado visto que dentre as instituições que matem

cursos de Engenharia de Pesca no Brasil, a UFRPE foi pioneira, seguida da UFC, UFAM, UNIOESTE

e UNEB (Soares, 2004).

O nível de pós-graduação, nas modalidades de especialização, mestrado e doutorado, dos

engenheiros de pesca entrevistados variou de 18 a 42%, como mostra a Figura 4.

40%

42%

18%

EspecializaçãoMestradoDoutorado

Figura 4 – Nível de pós-graduação dos Engenheiros de Pesca

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62

Com relação à área de atuação dos engenheiros de pesca o maior percentual apontado de

pesquisa 47,6%. O fomento com 2,5% mostrou a menor área de atuação entre todos os entrevistados

(Figura 5).

2,5%

9,5%

16,7%

21,5%

21,5%

26,2%

40,5%

40,5%

47,6%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%

Fomento

Maricultura

Beneficiamento

Aquicultra

Captura

Meio Ambiente

Ensino

Extensão

Pesquisa

Figura 5 – Área de atuação dos Engenheiros de Pesca

Com relação ao mercado de trabalho do profissional têm-se o setor público através de órgãos

federais, estaduais e municipais, a exemplo do Ministério do Meio Ambiente, Secretaria Especial de

Aqüicultura e Pesca, Secretarias e Agências Estaduais de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos

Hídricos, institutos e centros de pesquisa, universidades federais e estaduais. A iniciativa privada

através da indústria pesqueira, empresas de tecnologia de pesca e pescado, fazendas de criação de

peixes e camarões, além de empreendimentos próprios (Soares, 2004).

Para o profissional graduado em Engenharia de Pesca, uma forte vertente, a especialização em

nível de pós-graduação (mestrado e doutorado), tem sido observada como uma forma para viabilizar a

atuação e a entrada no mercado de trabalho, desses profissionais, principalmente nas universidades e

instituições de pesquisa.

Resultados recentes sobre estudos dos egressos da UFRPE a partir de 2005, confirmam a

tendência de ingresso na pós-graduação, uma vez que mais de 50% dos profissionais estão cursando

pós-graduação (Soares et al., 2006), corroborando com os dados desse levantamento.

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63

A faixa salarial revelou variação de mais de 10 mil reais a 800 reais, sendo que essa última

faixa apresentou o menor percentual com 2,4% entre todos os entrevistados (Figura 6).

2,4%11,9%

21,4%9,5%

26,2%16,7%

4,8%4,8%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0%

800,00 1.200,00 2.400,00 3.200,00 4.500,00 8.000,00

10.000,00 Acima de 10.000,00

Figura 6 - Faixa salarial dos Engenheiros de Pesca entrevistados

Com relação aos Estados onde os Engenheiros de Pesca desenvolvem, suas atividades

profissionais o maior percentual foi para Pernambuco com 14,3% seguido pelo Amazonas, Ceará e

Paraná, empatados em 11,9% (Figura 7).

9,5%

2,4%

2,4%

2,4%

11,9%

9,5%

14,3%

4,8%

7,1%

2,4%

11,9%

9,5%

11,9%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0%

Mais de 01 Estado

São Paulo

Sergipe

Rio G do Norte

Paraná

Piauí

Pernambuco

Paraíba

Pará

Maranhão

Ceará

Bahia

Amazonas

Figura 7 - Distribuição dos Engenheiros de Pesca por Estados onde desenvolvem suas atividades

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64

A situação dos cursos de graduação em Engenharia de Pesca, das instituições de ensino e

pesquisa, nas universidades brasileiras são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1. Relação dos Cursos de Engenharia de Pesca do Brasil

Estado/ Cidade IES Modalidade Criação Implantação

1. Pernambuco/ Recife UFRPE Federal 13/07/1970 1971

2. Ceará/ Fortaleza UFC Federal 25/07/1972 1972

3. Amazonas/ Manaus UFAM Federal 06/10/1988 1989

4. Paraná/ Toledo UNIOESTE Estadual 03/03/1997 1997

5. Bahia/ Paulo Afonso UNEB Estadual 04/09/1998 1999

7. Pará/ Belém UFRA Federal 06/03/2000 2000

8. Rio de Janeiro/ Niterói-RJ UNIPLI1 Particular 27/09/1999 2000

9. Pará/ Bragança UFPA Federal 03/09/2004 2005

10. Bahia/ Cruz das Almas UFRB Federal 31/08/2004 2005

11. Rio Grande do Norte/ Mossoró UFERSA Federal 13/02/2006 2006

12. Piauí/ Parnaíba UFPI Federal 2006 2006

13. Maranhão/ São Luís UEMA Estadual 2006 2006

16. Pernambuco/ Serra Talhada UFRPE Federal 17/10/2005 2007

15. Alagoas/ Penedo UFAL Federal 2006 2007

16. Amapá/ Macapá UEAP Estadual 2006 2007

17. Sergipe/ Aracaju UFS Federal 30/08/2006 2007

18. Paraíba/ Mamanguape UFPB Federal Em estudo Em estudo

19. Rio de Janeiro/ Cabo Frio FERLAGOS2 Particular Suspenso Suspenso

19. São Paulo/ Santos3 ? Federal Comentário Mídia Fonte: (FAEP-BR – 2007)

1. Uma única turma concluiu o Curso e a UNIPLI desativou o Curso. 2. A FERLAGOS anunciou que seria criado o Curso de Engenharia de Pesca, mas na prática não

aconteceu. 3. Comentários na mídia (2007) - Criação de um curso de Engenharia de Pesca em Santos – SP.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse levantamento revelou subsídios considerados relevantes, abordando informações gerais em

nível pessoal e profissional, para o acompanhamento do perfil do profissional da engenharia de pesca.

Os resultados da pesquisa possibilitaram mostrar um universo mais aproximado do perfil deste

Page 65: larvicultura tambaqui

Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

65

profissional no cenário nacional. Sugere-se que seja realizado um acompanhamento consecutivo e mais

amplo dos profissionais da engenharia de pesca a partir dessa iniciativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONFEA (1983). Acessado em 30 ago. 2007.em: http://normativos.confea.org.br/downloads/0279-

83.pdf .

Diário Oficial da União (1983). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/1980-

1989/D88911.htm . Acesso em: 29 ago. 2007.

Nogueira, A.J.; Barbosa, J.M. & Sales, L.T. (2005). A Engenharia de Pesca no Brasil e sua

organização. In: XIV Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca. Fortaleza: Resumos... CD Rom.

Sales, L.T. et al. (2006). Histórico da Associação dos Engenheiros de Pesca do Estado do Amazonas.

Revista Brasileira de Engenharia de Pesca. 1(1): 23-25.

Soares, M.C.F. (2004). Engenharia de Pesca: A profissão, os cursos e o programa especial de

treinamento (PET). Recife: Imprensa Universitária da UFRPE.

Soares, M.C.F. et al. (2006). Levantamento do perfil do Egresso de 2005 e do Ingresso de 2006 do

Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco. In: XI Encontro

Nacional dos Grupos PET. Florianópolis: Resumos. CD Rom (Resumo Expandido 75).

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66

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO ENCAMINHADO POR E-MAIL AO GI PESCA E AQÜICULTURA PESQUISA SOBRE ENGENHEIROS DE PESCA - ANO 2007

1) Nome:

2) Ano nascimento ( ) País ( ) Estado ( ) Cidade ( )

3) Estado de Atuação: Favor citar o nome da cidade onde trabalha.

4) Em que área atua presentemente?

a) Aqüicultura (camarão) ( ) g) Beneficiamento ( )

b) Aqüicultura (peixe) ( ) h) Ensino ( )

c) Aqüicultura (rã) ( ) i) Pesquisa ( )

d) Captura Oceânica ( ) j) Extensão ( )

e) Captura Águas Continentais ( ) k) Meio Ambiente ( )

f) Tecnologia de Pescado ( )

5) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

6) Estado Civil:

a) Solteiro ( ) c) Casado / União Estável ( )

b) Separado / divorciado ( ) d) Viúvo ( )

7) Onde se formou?

8) Possui pós-graduação? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )

9) Qual a área e qual a instituição?

10) Freqüentou outro curso superior? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )

Freqüenta outro curso superior? Não ( ) Sim ( ) Qual ( )

11) Exerceu outra atividade profissional antes de trabalhar como Engenheiro de Pesca?

Não ( ) Sim ( ) Qual: ( )

12) Exerce atualmente outra atividade profissional?

Não ( ) Sim ( ) Qual: ( )

13) Durante sua vida profissional já prestou concursos públicos? Quais? Informe o ano.

Não ( ) Sim ( ) Quais ( ) Ano ( )

14) Qual a sua faixa de salário mensal bruto?

1) Até R$ 800,00 ( ) 5) Até R$ 4.500,00 ( )

2) Até R$ 1.200,00 ( ) 6) Até R$ 8.000,00 ( )

3) Até R$ 2.400,00 ( ) 7) Até R$ 10.000,00 ( )

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67

4) Até R$ 3.200,00 ( ) 8) Acima de R$ 10.000,00 ( )

15) Na sua opinião, quais são as características mais relevantes para ser um bom profissional da

Engenharia de Pesca?

Características Muito importante

Importante Pouco importante

Sem importância

Sem opinião

Ter outros conhecimentos que o curso não proporciona

Ter conhecimento técnico Dominar outro idioma (Inglês)

Ter ambição Saber sorrir e ser amável (boa disposição de relacionamento no trabalho)

Ser Eficiente Dinâmico Feliz Gentil Honesto Inteligente Justo Lutador Notável Organizado Responsável Sensato Visionário Zeloso Trabalhador Perspicaz 16) Que fatores influenciaram sua decisão de cursar / exercer a profissão de Eng. Pesca?

Fatores Muito importante

Importante Pouco importante

Sem importância

Sem opinião

Remuneração Prestigio / reconhecimento Espírito de aventura Parentes Professores Vestibular mais fácil Contato com a natureza Possibilidade de viajar Contato com o mar 17) Como avalia a atuação dos Eng. Pesca de seu Estado?

Caso sua área de atuação não esteja aqui citada, favor nos informar.

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Áreas Muito Boa

Boa Regular Ruim Péssima Sem opinião

Aqüicultura Tecnologia de Pesca (Captura) Tecnologia Pescado (Beneficiamento) Ensino Extensão Carcinicultura Meio Ambiente

18) Na sua opinião, dentre essas profissões, quais têm maior / menor prestígio social?

Utilize a escala de 1 a 10, circulando ou fazendo um X no número escolhido.

10 TEM MAIOR PRESTIGIO - 01 TEM MENOR PRESTIGIO

Profissões Prestígio Engenharia Civil 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Elétrica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia da Computação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Mecânica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Naval 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia de Alimentos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Mecatrônica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Química 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia Agronômica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Engenharia de Pesca 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Medicina Veterinária 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Zootecnia 1 5 3 4 5 6 7 8 9 10 Biologia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 Medica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 Administração de Empresas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 Economia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Farmácia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fisioterapia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

19) Qual sua posição como engenheiro de pesca? Encontra-se:

• Na ativa ( )

• Aposentado ( )

Aposentado exercendo cargo na ativa ( )

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DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO DE DUAS COMUNIDADE RIBEIRINHAS DO RIO

COREAÚ, ESTADO DO CEARÁ, BRASIL

Sandra Carla Oliveira do NASCIMENTO1* & Rogério César Pereira de ARAÚJO2

1 Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA-UFC) 2Departamento de Economia Agrícola, Universidade Federal do Ceará

*E-mail: [email protected]

Resumo - Esta pesquisa teve como objetivo principal caracterizar, do ponto de vista socioeconômico,

as comunidades localizadas próximas aos estuários, no município de Camocim, Ceará, no intuito de

conhecer melhor, as condições de vida das famílias e sua relação com o manguezal como fonte de

alimentos e renda, principalmente no que diz respeito à coleta de ostra-do-mangue. A pesquisa

restringiu-se às comunidades de Sambaíba e Quilômetro Quatro, localizadas na foz do Rio Coreaú. As

famílias das comunidades foram caracterizadas por meio de indicadores demográficos (idade, sexo,

educação, tamanho da família etc.), sociais (condição de moradia, abastecimento de água, saneamento

básico, energia elétrica etc.) e econômicos (fontes de renda, renda familiar, bens etc.), os quais foram

coletados por intermédio de aplicação de questionários semi-estruturados e entrevistas com

representantes das associações comunitárias. Constatou-se que as comunidades apresentaram

diferenças marcantes, em termos de qualidade de vida, principalmente determinada pela condição de

infra-estrutura nas comunidades e proximidade à sede do município. Pode-se observar que as

comunidades apresentaram baixa qualidade de vida, sendo Sambaíba, distante de Camocim 12 km,

aquela em condição mais precária por não possuir qualquer infra-estrutura básica, além de depender de

forma marcante do extrativismo como fonte de subsistência. Em geral, o extrativismo de ostra mostrou-

se pouco expressivo como fonte de renda para as comunidades, apesar das condições ambientais

favoráveis para o cultivo de ostras nos estuários.

Palavras-chave: aqüicultura, zona costeira, economia pesqueira.

SOCIO-ECONOMIC ASSESSMENT OF TWO COMUNITIES TO COREAÚ RIVER MARGINS’,

CEARÁ, BRAZIL.

Abstract - This research had as main objective to characterize, from the socio-economic standpoint,

the communities located near to the estuaries in the municipal district of Camocim-Ceará, aiming to

know better the life conditions of the households and their relationship with the mangroves as source of

food and income, mainly in what concerns the collection of oyesters of mangroves. The study was

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70

restricted to the communities of Sambaiba and Quilômetro Quatro, located at the Coreaú River. The

community households were characterized by using socio-economic indicators such as demography

(age, sex, education, family size etc.), social aspects (dwelling conditions, water supply, basic

sanitation, power source etc.) and economic aspects (income source, family income, family assets etc.),

which were gathered by questionnaire application and interviews with key-informants of the

communities. We could verify that the communities showed significant differences regarding the

quality of life, mainly determined by the infrastructure and the distance to the town of Camocim. It was

able to observe that the communities presented low quality of live, being Sambaíba, 12 km far from

Camocim, that one in more precarious conditions since it did not have provision of any basic

infrastructure, besides that they depended strongly on the food gathering for household subsistence. In

general, the gathering of oyster seems to contribute little as income source for the households, despite

the favorable environmental conditions of the estuaries for the oyester raising.

Key-words: aquaculture, coastal zone, fisheries economics.

INTRODUÇÃO

As comunidades tradicionais localizadas nas áreas costeiras e ribeirinhas são geralmente

formadas por famílias pobres que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.

Em alguns casos, as famílias constroem suas moradias em áreas de risco – inadequadas para o habitat

humano – ou em áreas de proteção permanente, as quais estão sob o regime de direito de propriedade

estatal. Contudo, as famílias encontram nesses locais as condições satisfatórias, embora precárias, para

sua sobrevivência, uma vez que os recursos naturais ainda se encontram em regime de acesso livre, ou

seja, sem controle quanto ao acesso e exploração dos recursos. Devido à sua condição de pobreza e

inexistência de trabalho formal, as famílias para garantirem a sua subsistência adotam uma estratégia

que tem como princípio econômico a diversificação de atividades produtivas, ou seja, os integrantes da

família engajam em várias atividades tais como agricultura, pesca, extrativismo vegetal e animal,

diarista e até mendicância no intuito de garantir sua sobrevivência.

Nesse contexto, as comunidades ribeirinhas na zona costeiras do Estado do Ceará mantêm uma

relação próxima com o ecossistema manguezal por lhes oferecerem uma variedade de produtos que

garantem sua subsistência e formação da renda familiar. Além do peixe e do caranguejo, amplamente

explorados nos estuários cearenses, a ostra-do-mangue coloca-se como uma alternativa para atender as

necessidades nutricionais dessas comunidades, podendo ainda participar como fonte de renda familiar.

No Estado do Ceará, a coleta de ostra-do-mangue ou ostra nativa, data de tempos antigos, desde os

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71

primeiros colonizadores. Em algumas comunidades esta atividade continua sendo puramente

extrativista, na qual as ostras são tiradas da natureza, consumidas e/ou comercializadas pela população

local (Dantas-Neto, 2001).

Diferentemente do extrativismo de ostras, que pode causar danos ao meio ambiente quando

conduzido de forma predatório, o cultivo de ostras desenvolvido nos estuários pode ser uma atividade

ambientalmente sustentável, aproveitando as condições ambientais favoráveis oferecidas pelo

ecossistema manguezal. Contudo, o sucesso dessa atividade não depende somente da tecnologia e das

condições ambientais, mas, em igual importância, do contexto socioeconômico e cultural em que as

comunidades estão inseridas. O nível de qualidade de vida e as oportunidades de fonte de renda das

famílias, bem como seu modo de vida, suas tradições e suas expectativas futuras, podem ser fatores

decisivos para as famílias engajarem em novas atividades. Uma adoção de uma nova atividade

produtiva representará para as famílias mudanças no seu modo de vida e substituição de práticas que já

fazem parte de sua cultura, e que pode representar um custo para as famílias, as quais não estariam

dispostas a incorrer.

Assim sendo, esta pesquisa se propôs a investigar a participação do extrativismo de ostras na

estratégia de subsistência e composição da renda familiar das comunidades ribeirinhas no município de

Camocim, Ceará. Para isto, foi realizado um diagnóstico socioeconômico em duas comunidades,

Quilômetro Quatro e Sambaíba, localizadas no estuário do Rio Coreaú, em Camocim, tendo como

objetivo conhecer a qualidade de vida das famílias e sua dependência à coleta de ostras como fonte

alimentar e de renda, podendo este estudo servir ainda como um indicativo de interesse das famílias em

adotar o cultivo de ostras como parte de sua estratégia de subsistência.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo foi a região estuarina do município de Camocim, situada no litoral extremo

oeste do Ceará (Hissa, 1998). Este município foi selecionado por apresentar condições ambientais,

sociais e mercadológicas favoráveis para o desenvolvimento da ostreicultura. Do ponto de vista

ambiental, o Rio Coreaú, principalmente os braços de rio e gamboas, oferece ambientes propícios para

a instalação de cultivos de ostras. Camocim possui um considerável número de comunidades situadas

próximo ao estuário do Rio Coreaú, que são formadas por famílias pobres e carentes de oportunidades

de emprego e renda, e que utilizam a ostra como complementação alimentar. Por fim, Camocim e

Jijoca de Jericoacoara constituem um destino turístico muito procurado por turistas nacionais e

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estrangeiros, em que as comidas típicas - peixes, lagostas e mariscos - também contribuem de forma

marcante para enriquecer a experiência turística da região. Portanto, a ostra pode também fazer parte

deste cardápio, sendo o setor turístico um mercado potencial, onde as ostras de cultivo poderiam ser

escoadas (Pinheiro, 1994).

As comunidades alvo desta pesquisa foram Sambaíba e Quilômetro Quatro, as quais foram

selecionadas por técnicos da EMATER-CE e da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do

Município de Camocim, por estarem em situações distintas em termos de condições de vida,

localização e por utilizarem a ostra em seu cardápio alimentar. Em geral, as famílias que compõem

essas comunidades são pobres, sendo que Sambaíba fica distante de Camocim 12 km, tendo acesso por

carro ou barco, enquanto Quilômetro Quatro dista de Camocim apenas 4 km, possuindo fácil acesso

por estrada de terra. Ambas encontram-se a menos de 500 m do estuário do Rio Coreaú.

MÉTODO

O objetivo desta pesquisa é avaliar as condições socioeconômicas das comunidades ribeirinhas,

procurando identificar a participação do extrativismo de ostras na alimentação e formação da renda

familiar. A análise baseou-se nos dados e informações sobre as comunidades de Sambaíba e

Quilômetro Quatro no que diz respeito aos seus aspectos demográfico, sociais, econômicos e

extrativismo de ostra (consumo, preço e comercialização).

Os aspectos demográficos dizem respeito à caracterização do respondente com base nos seguintes

parâmetros: sexo, idade, estado civil, número de filhos, número de pessoas por domicílio. Os

indicadores sociais consistem do nível de escolaridade, se o respondente continua ou não estudando,

condição da residência, fonte de abastecimento de água, saneamento básico e energia elétrica. Os

indicadores econômicos envolvem a identificação das atividades geradoras de renda, a renda média

familiar, o número de pessoas que contribuem para a formação da renda familiar e as transferências

governamentais recebidas pelas famílias e bens familiares. As informações levantadas sobre o

extrativismo de ostras restringiram-se a conhecer sobre seu consumo, sua participação no cardápio

alimentar, freqüência de coleta e consumo, quantidade consumida por mês e por estação do ano e

comercialização do excedente.

A análise fez-se através da coleta de dados secundários e primários. Os dados secundários

envolveram observações de trabalhos, dissertações, relatórios técnicos, informações censitárias etc. Os

dados primários foram obtidos através de questionários aplicados às famílias das comunidades, num

total de 25 questionários, sendo 15 em Sambaíba e 10 no Quilômetro Quatro. Além disso, foram

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73

realizadas visitas de reconhecimento nas comunidades, onde entrevistas abertas com técnicos e

profissionais de instituições que trabalham na área da pesca foram obtidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos indicadores socioeconômicos é feita para cada uma das comunidades isoladamente

de forma a permitir posterior comparação das comunidades. Com base nestas informações, procurou-se

inferir sobre o nível de qualidade de vida das comunidades, sua dependência ao extrativismo de ostras e

seu potencial para adotar a ostreicultura em regime comunitário ou associativista, como nova atividade

econômica. Os indicadores demográficos, sociais e econômicos para as comunidades de Sambaíba e

Quilômetro Quatro são a apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3.

SAMBAÍBA

Os respondentes da comunidade de Sambaíba foram, em sua maioria, homens (66,7%), dos quais

46,7% encontravam-se entre 33 e 46 anos de idade (Tabela 1).

O percentual de indivíduos entre 18 e 32 anos de idade também foi elevado, abrangendo 26,7%

dos entrevistados. Oitenta por cento dos entrevistados eram casados, dos quais 46,6% possuíam entre 3

e 5 filhos. A maioria das famílias (53,3%) possuíam entre 4 e 6 pessoas, o que demonstra um número

elevado de pessoas por família, média de 5 pessoas por família.

Do total de respondentes de Sambaíba, 66,7% eram analfabetos, enquanto somente 26,6%

possuíam o primeiro grau incompleto ou completo, o que demonstra o baixo nível de escolaridade dos

moradores dessa comunidade (Tabela 2). Das pessoas que possuíam algum grau de escolaridade,

apenas uma delas continuava estudando.

Todos os respondentes de Sambaíba moravam em casa própria. Embora, não seja possível

garantir que as famílias eram proprietárias dos imóveis, uma vez que este aspecto não foi contemplado

na pesquisa. Sabe-se, porém que a maioria das famílias tradicionais na zona costeira não possui título

de posse de suas propriedades, pois a posse vem sendo transferida por meio de herança de geração para

geração.

Os domicílios se caracterizavam pela ausência, por completo, de abastecimento de água potável

(rede geral), saneamento básico e energia elétrica. Os domicílios obtinham a água para uso doméstico

de poços. Portanto, Sambaíba apresentava, em termos de infra-estrutura, uma condição precária, o que

comprometia de forma marcante a qualidade de vida das famílias.

Na Tabela 3, observa-se que a principal atividade geradora de renda familiar é a agricultura,

sendo indicado por 86,7% dos respondentes. A pesca ficou em segundo lugar, correspondendo a

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73,3%. A coleta de mariscos, dentre elas a ostra, teve uma pequena participação (26,7%). A

aposentadoria se mostrou importante como fonte de renda para 20% das famílias. Vale ressaltar que a

soma dos percentuais não totalizam 100%, tendo em vista que as famílias engajam em mais de uma

atividade produtiva como estratégia de subsistência. Neste aspecto, a estratégia predominante adotada

pelas famílias, em termos de atividades de subsistência, foi agricultura, pesca e coleta de mariscos.

A renda média familiar para 60% dos respondentes ficou entre R$ 180,00 e 300,00. Contudo,

uma parcela significativa dos entrevistados (33,3%) possuía uma renda familiar abaixo de R$ 180,00.

Esta renda média familiar para oitenta por cento dos entrevistados era formada por apenas duas pessoas

da família. Com relação às transferências governamentais, 73,3% dos entrevistados eram beneficiados

pelo recebimento de bolsa-escola, vale-gás, fome-zero ou aposentadoria. Por fim, todas as famílias

possuíam algum tipo de bem móvel ou imóvel, tais como casa, animais ou veículo (moto).

QUILÔMETRO QUATRO

Os respondentes da comunidade do Quilômetro Quatro, na sua maioria, eram do sexo masculino

(70%), dos quais 50% apresentavam idade entre 18 e 32 anos, sendo que a maioria dos entrevistados

era casada (70%). Em termos de números de filhos, noventa por cento das famílias tinham até 5 filhos,

sendo que 50% das famílias possuíam entre 3 e 5 filhos. Apenas 10% das famílias tinham 6 ou mais

filhos (Tabela 1).

Com base na Tabela 2, apenas 20% das pessoas entrevistadas eram analfabetos, enquanto 40%

dos respondentes haviam cursado o primário, sendo que apenas 10% deles tinham concluído o

primário. Com relação aos respondentes que haviam cursado o primeiro grau, dos 40% nesta situação,

apenas 10% haviam concluído o primeiro grau, ninguém havia cursado o segundo grau. Dos

entrevistados, somente uma pessoa continuava estudando.

Com relação à condição de moradia, 90% dos respondentes morava em casa própria. Como já foi

mencionado anteriormente, não se pode afirmar que essas famílias possuíam título de propriedade de

seus lotes, uma vez que este aspecto não foi contemplado na pesquisa. Das famílias pesquisadas, todos

os domicílios eram abastecidos por poço artesiano, 40% possuíam algum tipo de saneamento básico e

90% dos domicílios estavam conectados à rede elétrica (Tabela 2).

Os entrevistados da comunidade do Quilômetro Quatro apontaram a agricultura como a principal

atividade geradora de renda (40%), seguida pelo trabalho em salinas (30%), cultivo de camarão (10%)

e coleta de marisco (10%) (Tabela 3). A aposentadoria apresentou-se como a principal fonte de renda

para 10% dos entrevistados. Surpreendentemente, para esta comunidade a pesca não se mostrou como

uma atividade geradora de renda para qualquer um dos entrevistados. Isto pode ser determinado pela

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proximidade da comunidade à cidade de Camocim e a existência de atividades industriais como a

salina e o cultivo de camarão.

A renda média familiar desta comunidade ficou entre R$ 180,00 e 300,00, correspondendo a 70%

das famílias entrevistadas. A renda média familiar até 180,00 reais envolveu 20% dos entrevistados.

Somente 10% dos respondentes declararam uma renda superior a R$ 300,00. Sessenta por cento dos

respondentes afirmaram que a renda familiar era resultado da contribuição de dois membros da família.

Finalmente, 90% dos entrevistados disseram que a casa constituía-se no único bem da família.

Tabela 1 - Indicadores demográficos das Comunidades Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE).

INDICADOR SAMBAIBA QUILÔMETRO QUATRO

Sexo N % N %

Masculino 10 66,7 7 70,0

Feminino 5 33,3 3 30,0

Idade N % N %

18 a 32 4 26,7 5 50,0

33 a 46 7 46,7 2 20,0

47 a 60 2 13,3 3 30,0

75 a 88 2 13,3 - -

Estado Civil N % N %

Solteiro 2 13,3 2 20,0

Casado 12 80,0 7 70,0

Viúvo - - 1 10,0

Outro 1 6,7 - -

Número de filhos N % N %

0 a 2 4 26,7 4 40,0

3 a 5 7 46,6 5 50,0

6 ou mais 4 26,7 1 10,0

Número de pessoas por domicílio

N % N %

1 a 3 4 26,7 4 40,0

4 a 6 8 53,3 4 40,0

7 ou mais 8 20,0 2 20,0

Total 15 100,0 10 100,0 .

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Tabela 2 - Indicadores sociais das comunidades Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE).

INDICADOR SAMBAÍBA QUILÔMETRO QUATRO Escolaridade N % N % Analfabeto 10 66,7 2 20,0

Primário imcompleto 1 6,7 3 30,0 Primário Completo - - 1 10,0 1° grau imcompleto 2 13,3 3 30,0

1° grau completo 2 13,3 1 10,0 2° grau imcompleto - - - -

2° grau completo - - - - Status Residencial N % N %

Própria 15 100,0 9 90,0 Alugada - - - - Outros - - 1 10,0

Fonte de Água N % N % Rio - - - -

Poço 15 100,0 10 100,0 Rede geral - - - -

Saneamento Básico N % N % Sim - - 4 40,0 Não 15 100,0 6 60,0

Energia Elétrica N % N % Sim - - 9 90,0 Não 15 100,0 1 10,0 Total 15 100,0 10 100,0

Tabela 3 - Indicadores Econômicos das Comunidades Sambaíba e Quilômetro Quatro (Camocim-CE).

INDICADOR SAMBAIBA QUILÔMETRO QUATRO Atividades (fonte de renda) N % N %

Agricultura 13 86,7 4 40,0 Aposentadoria 3 20,0 1 10,0

Coleta de Mariscos 4 26,7 1 10,0 Cultivo de Camarão - - 1 10,0

Pesca 11 73,3 - - Salina - - 3 30,0

Renda Média Familiar (R$) N % N % 60,00 a 180,00 5 33,3 2 20,0 180,00 a 300,00 9 60,0 7 70,0 300,00 ou maia 1 6,7 1 10,0

Total 15 100,0 10 100,0

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ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMUNIDADES

Com relação aos indicadores demográficos, ambas as comunidades apresentaram características

semelhantes quanto a número de filhos e número de pessoas por domicílio, a maioria dos entrevistados

declararam ter entre 3 e 5 filhos e suas famílias constituídas de até 6 membros. A comunidade de

Sambaíba apresentou relativamente o pior nível de escolaridade, com um nível de analfabetismo em

torno de 70%, enquanto o Quilômetro Quatro mostrou apenas 20%. Com relação a condição de

domicílio, tanto Sambaíba quanto Quilômetro Quatro, praticamente todos os respondentes moravam

em casa própria e eram abastecidas por poços artesianos. Neste aspecto, a comunidade de Quilômetro

Quatro apresentava uma melhor provisão de infra-estrutura tais como saneamento básico e rede

elétrica. No que se referem às atividades geradoras de renda, as famílias da comunidade de Sambaíba

tinham sua economia mais ligada às atividades agrícolas e extrativistas (pesca e mariscos), enquanto a

comunidade de Quilômetro Quatro dependia mais de atividades de agricultura e mineração (salina).

Apesar das diferentes atividades geradoras de renda, ambas as comunidades apresentaram níveis de

renda média familiar com a mesma distribuição.

COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS

Supõe-se que a relativamente baixa qualidade de vida de Sambaíba seja determinada pela maior

distância desta comunidade à sede do município, Camocim. O isolamento de Sambaíba pode estar

contribuindo também para uma maior dependência das famílias às atividades relacionadas aos recursos

naturais (agricultura e extrativismo), mostrando assim que, as comunidades mais isoladas mantêm uma

ligação estreita com o meio ambiente.

Camocim, embora possua áreas propícias a atividade com ostras, o extrativismo destas mostrou-

se pouco expressivo tanto com relação ao consumo quanto como fonte de renda. Entretanto, a

exploração deste recurso, através do extrativismo ou cultivo, pode contribuir significativamente para

complementação alimentar ou como fonte de renda para as comunidades estuarinas.

Observou-se que o município de Camocim apresenta condições favoráveis do ponto de vista

ambiental para a ostreicultura, tendo em vista que em seus estuários encontra-se constantemente a

presença de ostras fixadas às raízes do mangue.

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AGRADECIMENTOS

Esta pesquisa foi financiada pelo Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –

FUNDECI do Banco do Nordeste – BN, e com o apoio da Prefeitura Municipal de Camocim, por

intermédio da Secretária de Desenvolvimento Sustentável, na pessoa do secretário Dr. Julênio Braga

Rodrigues.

Nossos sinceros agradecimentos à agência financiadora, parceiros institucionais, e colaboradores,

sem os quais esta pesquisa não teria sido realizada.

REFERÊNCIAS

Dantas-Neto, M. P. (2001). A Ostreicultura como Atividade Sustentável em Fortim, Ceará.

[Dissertação de Mestrado] Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará.

HISSA N. (1998) Arquitetos Associados. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Camocim. Camocim, Nasser Hissa Arquitetos Associados. Camocim: Documento Básico de Camocim.

PINHEIRO, M..M.L. (1994). Diagnostico Socioeconômico da Comunidade de Moradoras do Manguezal do Rio Ceará, Município de Caucaia, Ceará [Trabalho de Monografia]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará.

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Rev. Bras. Enga. Pesca 2[Esp.]

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA

OBJETIVO - A Revista Brasileira de Engenharia de Pesca (REPesca) tem por objetivo publicar artigos

científicos e técnicos/informativos, abordando temas de interesse na área de Recursos Pesqueiros e

Engenharia de Pesca.

INFORMAÇÕES GERAIS - Os originais devem ser redigidos em português, inglês ou espanhol, de forma

concisa, com a exatidão e a clareza necessárias à sua fiel compreensão. Devem ser enviados à

Comissão Editorial pelo e-mail: [email protected] ou em CD, rigorosamente de acordo com estas

normas, donde serão enviados aos consultores “ad hoc”, membros da Comissão Editorial ou indicados

pelo Editor. Os pareceres serão transmitidos anonimamente aos autores. Em caso de recomendação

desfavorável, poderá ser pedida a opinião de um outro assessor. Os trabalhos serão publicados na

ordem de aceitação, ou pela sua importância e podem ser de três tipos: Artigos Científicos, Artigos

Técnicos e Resenhas e devem ter os seguintes itens:

Artigos Científicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Keywords), Introdução, Material e

Métodos, Resultados e Discussão (estes dois juntos ou separados), Conclusões (opcional),

Agradecimentos (opcional) e Referências.

Artigos Técnicos - Resumo (+ Palavras-chave), Abstract (+ Key words), Introdução, Corpo

(desenvolvimento do assunto) Conclusões (denominados de Comentários Conclusivos ou Finais,

Considerações Finais), Agradecimentos (opcional) e Referências (quando houver citações no texto).

Resenhas - síntese ou análise de casos ou fatos de interessa para a classe.

Os nomes dos itens devem ser maiúsculos e centralizados, com um espaço acima e abaixo.

PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS

Digitação - Os artigos com no máximo 15 páginas, incluindo tabelas e figuras, devem ser digitado em

letra Times New Roman, tamanho12, papel A4 e em espaço 1,5 (entre linhas) com margens de 2 cm

em todos os lados, justificado e sem divisão de palavras no final da linha. Nomes científicos e palavras

estrangeiras devem ser grafados em “itálico”.

Título - O título deve dar uma idéia precisa do conteúdo e ser o mais curto possível escrito em letras

maiúsculas tamanho12, centralizado.

Nomes dos autores - Os nomes dos autores devem constar sempre na sua ordem direta, sem inversões,

com o sobrenome maiúsculo. Segue-se aos autores os endereços institucionais e após o e-mail do autor

correspondente.

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Ciro Mendes CASTOR1*; José Mário BRAGA2; Maria da Penha PIRILO1 1Departamento de Educação, Universidade Federal de Carolina

2Instituto de Pesca de Carolina

*Email: [email protected]

O Resumo e o Abstract (que é iniciado com o título em inglês) - devem conter as mesmas informações

e sempre sumariar resultados e conclusões. Não devem ultrapassar 300 palavras e serem seguidos de,

no máximo, cinco palavras-chaves e key-words.

REFERÊNCIAS - Baseada no APA Citation Guide (Publication Manual of the American Psychological

Association, 5th ed.).

Livro (um autor)

Bellini, C. T. (2005). Tratado de Zoogeografia do Brasil: aspectos econômicos. Ubá: Editora Nova.

No texto: A espécie ocorre... (Bellini, 2005) ou Segundo Bellini (2005) a espécie...

(Dois autores)

Rocha, R. & J.P. Lara (Eds.) (2004). Marine fishes. Victoria: University Press.

No texto: (Rocha & Lara, 2004)

Capítulo de livro

Brito, N. & Datena, C. R. (2005). Crescimento de miracéu Astrocopus y-grecum em laboratório. In: H.

G. Barroso (Ed.). The Sea Fishes (pp.23-27). São Luís (MA): Ed. Amazônia.

No texto: (Brito & Datena, 2005)

Artigo de Revista

Costa, J.B. (1957). A seca no agreste pernambucano. Rev. Bras. Geog. 7(27): 21-7.

No texto: (Costa, 1957)

Galvão, G.G. & Café , J.M. (2002). Peixes do Rio Farinha, MA. Rev. Mar. Biol. 27(7): 733-49.

No texto (dois autores): (Galvão & Café, 2002)

Pantaleão, N. T., Omino, P., Gil, C. & Falcão, E. (1987). Raias do Brasil. Bol. Zool. 7(8): 3-13.

No texto (três a cinco autores) (Pantaleão, Omimo, Gil & Falcão, 1947)

Koike, J., Itu, B., Marinho, A., Bitu, R. Brito, A.A. & Victor, J. (2007). A importância do bem-estar.

Rev. Bras. Bem-estar 7(1):7-27.

No texto (mais de cinco autores): (Koike et al., 2007)

Anais

Marinho, M. A. & Abe, B. (2001). A violência contra as tartarugas. In: Congresso Latinoamericano de

Zoociências (pp. 33-47). Buenos Aires: Anais do CLZ, 6.

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No texto: (Marinho & Abe, 2001)

Tese e Dissertação

Martus, M. (2001). Contribuição estudo da pesca na Lagoa dos Patos [Tese de Doutorado]. Pelotas

(RS): Universidade do Arroio.

No texto: (Martus, 2001)

Artigo on-line

FAO (2007). The world's fisheries. Acessado em 27 de setembro de 2007 em

http://www.fao.org\fi\statist\htm.

No texto: (FAO, 2007)

Correções - Os trabalhos que necessitarem de correções serão devolvidos aos autores e deverão

retornar ao Editor no prazo de 7 dias, caso contrário poderão ter a publicação postergada.

MATERIAL ILUSTRATIVO - As tabelas e figuras devem se restringir ao necessário para o entendimento

do texto, numeradas em algarismos arábicos. As figuras devem ser “inseridas” no texto e nunca

“recortadas” e “coladas”, devem ser de tamanho compatível, para não perder a nitidez quando

reduzidas e agrupadas, sempre que possível. As tabelas devem ser feitas com utilização da ferramenta

Tabela do “Word”. As legendas devem ser auto-explicativas colocadas acima nas tabelas e abaixo nas

figuras. Símbolos e abreviaturas devem ser definidos nas legendas.

NUNCA USE NEGRITO NO TEXTO, EM PARTE OU PARA DESTACAR EXPRESSÕES.

OBSERVAÇÃO - Antes de remeter o trabalho, verifique se o mesmo está de acordo com as normas,

atentando ainda para os seguintes itens: correção gramatical, correção da digitação, correspondência

entre os trabalhos citados no texto e os referidos nas referências, correspondência entre os números de

tabelas e figuras citadas no texto.

ATENÇÃO:

a) a Revista não concorda necessariamente com os conceitos emitidos pelos articulistas; b) os recursos

advindos de possíveis doações, financiamentos, assinaturas, venda de publicações da REPesca

(disquetes, CDS, cópias impressas etc.) serão utilizado na manutenção da revista, não cabendo

participação dos autores no usufruto desses recursos; c) os autores ao enviar seus trabalhos concordam

com os termos destas normas; d) o autor principal (ou correspondente) é responsável pela aceitação,

para publicação nesta REPesca, dos demais autores do trabalho.

DÚVIDAS E ENVIO DE TRABALHOS: contactar o Editor-Chefe no seguinte e-mail: [email protected]

A REPesca está disponível no site da Universidade Estadual do Maranhão/Engenharia de Pesca:

www.engenhariadepesca.uema.br