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É característica de Ramatís, mentor sideral que impulsiona a evolução doplaneta Terra, esclarecer o que ninguém ensinou e dizer o que ninguém disse. Suasobras propõem um novo patamar evolutivo, e colocam luz nos recantos"desagradáveis" da experiência humana, mostrando o avesso e o lado oculto doóbvio. Este novo texto disseca corajosamente uma prática que ainda resta comoherança dos velhos cultos da primeira infância da humanidade: os sacrifíciosanimais em ritos de religiosidade e trocas interesseiras com o mundo oculto.

Com a precisão que lhe é peculiar, Ramatís mostra o que realmente está portrás dos bastidores desse universo sanguinolento -uma rede de dominação e usufrutode energias vitais que mantém a inferioridade planetária em alta, patrocinandoobsessões, violência e desregramentos diversos. Desvenda ainda, com ineditismo, oprocesso psicológico pelo qual Jesus promoveu a substituição dos velhos ritos desacrifício do Velho Testamento pela sua imolação propiciatória, anulando a suposta"necessidade" deles. Acrescenta o depoimento de um mago das sombras,comandante de uma rede de oferendas animais, que ilustra perfeitamente a matéria.E inclui uma análise das seitas neopentecostais que propõem o escambo interesseirocom a Divindade, com o sacrifício financeiro dos humanos objetivando auferirdividendos materiais.

O Triunfo do Mestre é o livro que faltava para iluminar os desvãos desseuniverso ainda mal compreendido; imprescindível para estudiosos de todos osmatizes espiritualistas.

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Norberto Peixoto nasceu em Porto Lu-cena, estado doRio Grande do Sul, no ano de 1963. Ainda criança, viu-sediante do mediunismo por intermédio de seus pais, ativostrabalhadores umbandistas. Sendo filho de militar, residiu noRio de Janeiro até o final de sua adolescência, onde teve aoportunidade de ser iniciado na umbanda, já aos sete anos deidade. Aos onze, deparou-se com a mediunidade aflorada,presenciando desdobramentos astrais noturnos comclarividência. Aos vinte e oito, foi iniciado na Maçonaria,oportunidade em que teve acesso aos conhecimentosespiritualistas, ocultos e esotéricos desta rica filosofia mul-timilenar e universalista, que somente são propiciados pelafrequência regular em Loja Maçónica estabelecida. Em 2000concluiu sua educação mediúnica sob a égide kar-dequiana, eatualmente desempenha tarefas como médium trabalhador naChoupana do Caboclo Pery, em Porto Alegre, casa um-bandistaem que é presidente-fundador.

Este nono livro, Mediunidade e Sacerdócio, redigido deseu próprio punho por inspiração de Ramatís e demaismentores espirituais que o acompanham, é um guia de estudosesclarecedor, principalmente para médiuns que desejamampliar seus conhecimentos a fim de melhor praticar acaridade.

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Ramatís e Pai Tomé

O TRIUNFO DOMESTRE

Obra mediúnica psicografada por Norberto Peixoto

Auxiliando a humanidade a encontrar a Verdade.

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Ramatís

Como o interno, assim é o externo; como o grande, assimé o pequeno; como é acima, assim é embaixo: só existe umavida e uma lei e o que atua é único. Nada é interno, nada éexterno; nada é grande, nada é pequeno; nada é alto, nada ébaixo na economia divina.

Axioma hermético

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OBRAS DE RAMATIS .

1. A vida no planeta Marte Hercílio Mães 1955 Ramatis Freitas Bastos 2. Mensagens do astral Hercílio Mães 1956 Ramatis Conhecimento3. A vida alem da sepultura Hercílio Mães 1957 Ramatis Conhecimento4. A sobrevivência do Espírito Hercílio Mães 1958 Ramatis Conhecimento5. Fisiologia da alma Hercílio Mães 1959 Ramatis Conhecimento6. Mediunismo Hercílio Mães 1960 Ramatis Conhecimento7. Mediunidade de cura Hercílio Mães 1963 Ramatis Conhecimento 8. O sublime peregrino Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 9. Elucidações do além Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 10. A missão do espiritismo Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento11. Magia da redenção Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento12. A vida humana e o espírito imortal Hercílio Mães 1970 Ramatis Conhecimento13. O evangelho a luz do cosmo Hercílio Mães 1974 Ramatis Conhecimento14. Sob a luz do espiritismo Hercílio Mães 1999 Ramatis Conhecimento

15. Mensagens do grande coração America Paoliello Marques 1962 Ramatis Conhecimento16. Brasil, terra de promissão America Paoliello Marques 1973 Ramatis Freitas Bastos 17. Jesus e a Jerusalém renovada America Paoliello Marques 1980 Ramatis Freitas Bastos 18. Evangelho, psicologia, ioga America Paoliello Marques 1985 Ramatis etc Freitas Bastos 19. Viagem em torno do Eu America Paoliello Marques 2006 Ramatis Holus

Publicações

20. Momentos de reflexão vol 1 Maria Margarida Liguori 1990 Ramatis Freitas Bastos 21. Momentos de reflexão vol 2 Maria Margarida Liguori 1993 Ramatis Freitas Bastos 22. Momentos de reflexão vol 3 Maria Margarida Liguori 1995 Ramatis Freitas Bastos 23. O homem e o planeta terra Maria Margarida Liguori 1999 Ramatis Conhecimento24. O despertar da consciência Maria Margarida Liguori 2000 Ramatis Conhecimento25. Jornada de Luz Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Freitas Bastos 26. Em busca da Luz Interior Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Conhecimento

27. Gotas de Luz Beatriz Bergamo1996 Ramatis Série Elucidações

28. As flores do oriente Marcio Godinho 2000 Ramatis Conhecimento29. O Universo Humano Marcio Godinho 2001 Ramatis Holus30. Resgate nos Umbrais Marcio Godinho 2006 Ramatis Internet31. Travessia para a Vida Marcio Godinho 2007 Ramatis Internet

32. O Astro Intruso Hur Than De Shidha 2009 Ramatis Internet

33. Chama Crística Norberto Peixoto 2000 Ramatis Conhecimento34. Samadhi Norberto Peixoto 2002 Ramatis Conhecimento35. Evolução no Planeta Azul Norberto Peixoto 2003 Ramatis Conhecimento36. Jardim Orixás Norberto Peixoto 2004 Ramatis Conhecimento37. Vozes de Aruanda Norberto Peixoto 2005 Ramatis Conhecimento38. A missão da umbanda Norberto Peixoto 2006 Ramatis Conhecimento39. Umbanda Pé no chão Norberto Peixoto 2008 Ramatis Conhecimento40. Diário Mediúnico Norberto Peixoto 2009 Ramatis Conhecimento41. Medinunidade e Sacerdócio Norberto Peixoto 2010 Ramatis Conhecimento42. O Triunfo do Mestre Norberto Peixoto 2011 Ramatis Conhecimento43. Aos Pés do Preto Velho Norberto Peixoto 2012 Ramatis Conhecimento44. Reza Forte Norberto Peixoto 2013 Ramatis Conhecimento45. Mediunidade de Terreiro Noberto Peixoto 2014 Ramatis Conhecimento

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Invocação às Falanges do Bem

Doce nome de Jesus, Doce nome de Maria, Enviai-nos vossa luz Vossa paz e harmonia!

Estrela azul de Dharma,Farol de nosso Dever! Libertai-nos do mau carma, Ensinai-nos a viver!

Ante o símbolo amado Do Triângulo e da Cruz, Vê-se o servo renovado Por Ti, ó Mestre Jesus!

Com os nossos irmãos de Marte Façamos uma oração-. Que nos ensinem a arte Da Grande Harmonização!

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Invocação às Falanges do Bem

Do ponto de Luz na mente de Deus, Flua luz às mentes dos homens, Desça luz à terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus, Flua amor aos corações dos homens, Volte Cristo à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida, Guie o Propósito das pequenas vontades dos homens, O propósito a que os Mestres conhecem e servem.

No centro a que chamamos a raça dos homens, Cumpra-se o plano de Amor e Luz, e mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano de Deus na Terra.

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Paz, Luz e Amor

RAMATIS

Espírito responsável pela presente obra. Sua missão consiste em estimular as almasdesejosas de seguirem o Mestre, auxiliando o advento da grande Era da Fraternidade que seaproxima.

(Desenho mediúnico por DINORAH S. ENÉIAS)

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RAMATIS

Uma Rápida Biografia

A ÚLTIMA ENCARNAÇÃO DE RAMATISSWAMI SRI RAMATIS

(3 partes)

Parte I

Na Indochina do século X, o amor por um tapeceiro hindu, arrebata o coração de umavestal chinesa, que foge do templo para desposa-lo. Do entrelaçamento dessas duas almasapaixonadas nasce uma criança. Um menino, cabelos negros como ébano, pele na cor docobre claro, olhos aveludados no tom do castanho escuro, iluminados de ternura.

O espírito que ali reencarnava, trazia gravada na memória espiritual a missão deestimular as almas desejosas de conhecer a verdade. Aquela criança cresce demonstrandointeligência fulgurante, fruto de experiências adquiridas em encarnações anteriores.

Foi instrutor em um dos muitos santuários iniciáticos na Índia. Era muito inteligente edesencarnou bastante moço. Já se havia distinguido no século IV, tendo participado do cicloariano, nos acontecimentos que inspiraram o famoso poema hindu "Ramaiana", (neste poemahá um casal, Rama e Sita, que é símbolo iniciático de princípios masculino e feminino;unindo-se Rama e atis, Sita ao inverso, resulta Ramaatis, como realmente se pronuncia emIndochinês) Um épico que conte todas as informações dos Vedas que juntamente com osUpanishades, foram as primeiras vozes da filosofia e da religião do mundo terrestre, informaRamatis que após certa disciplina iniciática a que se submetera na china, fundou um pequenotemplo iniciático nas terras sagradas da Índia onde os antigos Mahatmas criaram um ambientede tamanha grandeza espiritual para seu povo, que ainda hoje, nenhum estrangeiro visitaaquelas terras sem de lá trazer as mais profundas impressões à cerca de sua atmosferapsíquica.

Foi adepto da tradição de Rama, naquela época, cultuando os ensinamentos do "Reinode Osiris", o Senhor da Luz, na inteligência das coisas divinas. Mais tarde, no Espaço, filiou-se definitivamente a um grupo de trabalhadores espirituais cuja insígnia, em linguagemocidental, era conhecida sob a pitoresca denominação de "Templários das cadeias do amor".Trata-se de um agrupamento quase desconhecido nas colônias invisíveis do além, junto aregião do Ocidente, onde se dedica a trabalhos profundamente ligados à psicologia Oriental.

Os que lêem as mensagens de Ramatis e estão familiarizados com o simbolismo doOriente, bem sabe o que representa o nome "RAMA-TIS", ou "SWAMI SRI RAMA-TYS",como era conhecido nos santuários da época. É quase uma "chave", uma designação de

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hierarquia ou dinastia espiritual, que explica o emprego de certas expressões que transcendemas próprias formas objetivas. Rama o nome que se dá a própria divindade, o Criador cujaforça criadora emana ; é um Mantram: os princípios masculino e feminino contidos em todasas coisas e seres. Ao pronunciarmos seu nome Ramaatis como realmente se pronuncia,saudamos o Deus que se encontra no interior de cada ser.

Parte II

O templo por ele fundado foi erguido pelas mãos de seus primeiros discípulos. Cadapedra de alvenaria recebeu o toque magnético pessoal dos futuros iniciados. Nesse templo eleprocurou aplicar a seus discípulos os conhecimentos adquiridos em inúmeras vidas anteriores.

Na Atlântida foi contemporâneo do espírito que mais tarde seria conhecido como AlanKardec e, na época, era profundamente dedicado à matemática e às chamadas ciênciaspositivas. Posteriormente, em sua passagem pelo Egito, no templo do faraó Mernefta, filho deRamsés, teve novo encontro com Kardec, que era, então, o sacerdote Amenófis.

No período em que se encontrava em ebulição os princípios e teses esposados porSócrates, Platão, Diógenes e mais tarde cultuados por Antístenes, viveu este espírito na Gréciana figura de conhecido mentor helênico, pregando entre discípulos ligados por grandeafinidade espiritual a imortalidade da alma, cuja purificação ocorreria através de sucessivasreencarnações. Seus ensinamentos buscavam acentuar a consciência do dever, a auto reflexão,e mostravam tendências nítidas de espiritualizar a vida. Nesse convite a espiritualizaçãoincluía-se no cultivo da música, da matemática e astronomia.

Cuidadosamente observando o deslocamento dos astros conclui que uma OrdemSuperior domina o Universo. Muitas foram suas encarnações, ele próprio afirma ser umnúmero sideral.

O templo que Ramatis fundou, foi erguido pelas mãos de seus primeiros discípulos eadmiradores. Alguns deles estão atualmente reencarnados em nosso mundo, e járeconheceram o antigo mestre através desse toque misterioso, que não pode ser explicado nalinguagem humana.

Embora tendo desencarnado ainda moço, Ramatis aliciou 72 discípulos que, noentanto, após o desaparecimento do mestre, não puderam manter-se a altura do padrãoiniciático original.

Eram adeptos provindos de diversas correntes religiosas e espiritualistas do Egito,Índia, Grécia, China e até mesmo da Arábia. Apenas 17 conseguiram envergar a simbólica"Túnica Azul" e alcançar o último grau daquele ciclo iniciático.

Em meados da década de 50, à exceção de 26 adeptos que estavam no Espaço(desencarnados) cooperando nos trabalhos da "Fraternidade da Cruz e do Triângulo", orestante havia se disseminado pelo nosso orbe, em várias latitudes geográficas. Destes, 18reencarnaram no Brasil, 6 nas três Américas (do Sul, Central e do Norte), e os demais seespalharam pela Europa e, principalmente, pela Ásia.

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Em virtude de estar a Europa atingindo o final de sua missão civilizadora, alguns dosdiscípulos lá reencarnados emigrarão para o Brasil, em cujo território - afirma Ramatis - seencarnarão os predecessores da generosa humanidade do terceiro milênio.

A Fraternidade da Cruz e do Triângulo, foi resultado da fusão no século passado, naregião do Oriente, de duas importantes "Fraternidades" que operavam do Espaço em favor doshabitantes da Terra. Trata-se da "Fraternidade da Cruz", com ação no Ocidente, divulgando osensinamentos de Jesus, e da "Fraternidade do Triângulo", ligada à tradição iniciática eespiritual do Oriente. Após a fusão destas duas Fraternidades Brancas, consolidaram-semelhor as características psicológicas e objetivo dos seus trabalhadores espirituais, alterando-se a denominação para "Fraternidade da Cruz e do Triângulo" da qual Ramatis é um dosfundadores.

Supervisiona diversas tarefas ligadas aos seus discípulos na Metrópole Astral doGrande Coração. Segundo informações de seus psicógrafos, atualmente participa de umcolegiado no Astral de Marte.

Seus membros, no Espaço, usam vestes brancas, com cintos e emblemas de cor azulclaro esverdeada. Sobre o peito trazem delicada corrente como que confeccionada em finaourivesaria, na qual se ostenta um triângulo de suave lilás luminoso, emoldurando uma cruzlirial. É o símbolo que exalta, na figura da cruz alabastrina, a obra sacrificial de Jesus e, naefígie do triângulo, a mística oriental.

Asseguram-nos alguns mentores que todos os discípulos dessa Fraternidade que seencontram reencarnados na Terra são profundamente devotados às duas correntesespiritualistas: a oriental e a ocidental. Cultuam tanto os ensinamentos de Jesus, que foi o elodefinitivo entre todos os instrutores terráqueos, tanto quanto os labores de Antúlio, deHermés, de Buda, assim como os esforços de Confúcio e de Lao-Tseu. É esse um dos motivospelos quais a maioria dos simpatizantes de Ramatis, na Terra, embora profundamentedevotados à filosofia cristã, afeiçoam-se, também, com profundo respeito, à correnteespiritualista do Oriente.

Soubemos que da fusão das duas "Fraternidades" realizada no espaço, surgiramextraordinários benefícios para a Terra. Alguns mentores espirituais passaram, então, a atuarno Ocidente, incumbindo-se mesmo da orientação de certos trabalhos espíritas, no campomediúnico, enquanto que outros instrutores ocidentais passaram a atuar na Índia, no Egito, naChina e em vários agrupamentos que até agora eram exclusivamente supervisionados pelaantiga Fraternidade do Triângulo.

Parte III

Os Espíritos orientais ajudam-nos em nossos trabalhos, ao mesmo tempo em que os danossa região interpenetram os agrupamentos doutrinários do Oriente, do que resulta ampliar-se o sentimento de fraternidade entre Oriente e Ocidente, bem como aumentar-se aoportunidade de reencarnações entre espíritos amigos.

Assim processa-se um salutar intercâmbio de idéias e perfeita identificação desentimentos no mesmo labor espiritual, embora se diferenciem os conteúdos psicológicos decada hemisfério. Os orientais são lunares, meditativos, passivos e desinteressados geralmente

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da fenomenologia exterior; os ocidentais são dinâmicos, solarianos, objetivos e estudiosos dosaspectos transitórios da forma e do mundo dos Espíritos.

Os antigos fraternistas do "Triângulo" são exímios operadores com as "correntesterapêuticas azuis", que podem ser aplicadas como energia balsamizante aos sofrimentospsíquicos, cruciais, das vítimas de longas obsessões. As emanações do azul claro, comnuanças para o esmeralda, além do efeito balsamizante, dissociam certos estigmas "pré-reencarnatórios" e que se reproduzem periodicamente nos veículos etéricos. Ao mesmotempo, os fraternistas da "Cruz", conforme nos informa Ramatis, preferem operar com ascorrentes alaranjadas, vivas e claras, por vezes mescladas do carmim puro, visto que asconsideram mais positivas na ação de aliviar o sofrimento psíquico.

É de notar, entretanto, que, enquanto os técnicos ocidentais procuram eliminar de veza dor, os terapeutas orientais, mais afeitos à crença no fatalismo cármico, da psicologiaasiática, preferem exercer sobre os enfermos uma ação balsamizante, aproveitando osofrimento para a mais breve "queima" do carma.

Eles sabem que a eliminação rápida da dor pode extinguir os efeitos, mas as causascontinuam gerando novos padecimentos futuros. Preferem, então, regular o processo dosofrimento depurador, em lugar de sustá-lo provisoriamente. No primeiro caso, esgota-se ocarma, embora demoradamente; no segundo, a cura é um hiato, uma prorrogação cármica.

Apesar de ainda polêmicos, os ensinamentos deste grande espírito, despertam eelevam as criaturas dispostas a evoluir espiritualmente. Ele fala corajosamente a respeito demagia negra, seres e orbes extra-terrestres, mediunismo, vegetarianismo etc. Estas obras (15Psicografadas pelo saudoso médium paranaense Hercílio Maes (sabemos que 9 exemplaresnão foram encontrados depois do desencarne de Hercílio... assim, se completaria 24 obras deRamatís) e 7 psicografadas por América Paoliello) têm esclarecido muito os espíritos ávidospelo saber transcendental. Aqueles que já possuem características universalistas, rapidamentese sensibilizam com a retórica ramatisiana.

Para alguns iniciados, Ramatís se faz ver, trajado tal qual Mestre Indochinês do séculoX, da seguinte forma, um tanto exótica:

Uma capa de seda branca translúcida, até os pés, aberta nas laterais, que lhe cobre umatúnica ajustada por um cinto esmeraldino. As mangas são largas; as calças são ajustadas nostornozelos (similar às dos esquiadores).

Os sapatos são constituídos de uma matéria similar ao cetim, de uma cor azulesverdeado, amarrados com cordões dourados, típicos dos gregos antigos.

Na cabeça um turbante que lhe cobre toda a cabeça com uma esmeralda acima da testaornamentado por cordões finos e coloridos, que lhe caem sobre os ombros, que representamantigas insígnias de atividades iniciáticas, nas seguintes cores com os significados abaixo:

Carmim - O Raio do Amor

Amarelo - O Raio da Vontade

Verde - O Raio da Sabedoria

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Azul - O Raio da Religiosidade

Branco - O Raio da Liberdade Reencarnatória

Esta é uma característica dos antigos lemurianos e atlantes. Sobre o peito, porta umacorrente de pequenos elos dourados, sob o qual, pende um triângulo de suave lilás luminosoemoldurando uma cruz lirial. A sua fisionomia é sempre terna e austera, com traços finos, comolhos ligeiramente repuxados e tês morena.

Muitos videntes confundem Ramatís com a figura de seu tio e discípulo fiel que oacompanha no espaço; Fuh Planu, este se mostra com o dorso nu, singelo turbante, calças esapatos como os anteriormente descritos. Espírito jovem na figura humana reencarnou-se noBrasil e viveu perto do litoral paranaense. Excelente repentista, filósofo sertanejo, verdadeirohomem de bem.

Segundo Ramatís, seus 18 remanescentes, se caracterizam por serem universalistas,anti-sectários e simpatizantes de todas as correntes filosóficas e religiosas.

Dentre estes 18 remanescentes, um já desencarnou e reencarnou novamente:Atanagildo; outro, já desencarnado, muito contribuiu para obra ramatiziana no Brasil - O Prof.Hercílio Maes, outro é Demétrius, discípulo antigo de Ramatís e Dr. Atmos, (Hindu, guiaespiritual de APSA e diretor geral de todos os grupos ligados à Fraternidade da Cruz e doTriângulo) chefe espiritual da SER.

No templo que Ramatis fundou na Índia, estes discípulos desenvolveram seusconhecimentos sobre magnetismo, astrologia, clarividência, psicometria, radiestesia eassuntos quirológicos aliados à fisiologia do "duplo-etérico".

Os mais capacitados lograram êxito e poderes na esfera da fenomenologia mediúnica,dominando os fenômenos de levitação, ubiqüidade, vidência e psicografia de mensagens queos instrutores enviavam para aquele cenáculo de estudos espirituais. Mas o principal "toquepessoal" que Ramatis desenvolveu em seus discípulos, em virtude de compromisso queassumira para com a fraternidade do Triângulo, foi o pendor universalista, a vocação fraterna,crística, para com todos os esforços alheios na esfera do espiritualismo.

Ele nos adverte sempre de que os seus íntimos e verdadeiros admiradores são tambémincondicionalmente simpáticos a todos os trabalhos das diversas correntes religiosas domundo. Revelam-se libertos do exclusivismo doutrinário ou de dogmatismos e devotam-secom entusiasmo a qualquer trabalho de unificação espiritual.

O que menos os preocupa são as questões doutrinárias dos homens, porque estãoimensamente interessados nos postulados crísticos.

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Jesus foi o espírito eleito para sacudir o pó das superstições eesclarecer doutrinas que ainda sacrificavam animais, e até seres humanos,a um Deus cruel.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

O servidor do Pai, inspirado pelo Evangelho, tanto admira a urtigaque fere quanto a violeta que perfuma; tanto tolera a serpente rastejante,que atende ao sagrado direito de viver, quanto admira a andorinha que cor-ta os espaços. Sabe que Deus não cometeu distrações na contextura dosmundos; que não criou "coisas ruins ou impuras" e que não cabe aohomem o direito de criticar supostos equívocos do Pai! O bálsamo, quealivia a dor, tem o seu correspondente no ácido, que cauteriza a gangrena.Eis por que não podemos nos tingir a um sistema único de comunicaçõesmediúnicas, de modo a vos entregarmos mensagens confeccionadasespecialmente para o cabide do vosso comodismo mental. Não deveis criara separação, exigindo preferência exclusiva para o que vos é simpático,pois, não existindo coisa alguma absolutamente impura, à medida querealmente evoluirdes, descobrireis os valores que se acham ocultos nascoisas consideradas inúteis ou daninhas.

RAMATÍS, Mensagens do Astral

Não tenhais medo! Eu venci o mundo. Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as criaturas.Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos,

expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça daí. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações.

JESUS

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Sumário

Preâmbulo de Ramatís 17

I. O sacrifício de jesus, o cordeiro de deus, para libertar a humanidade da matança animal 19

II. A prisão dos espíritos nos sacrifícios animais mantidospelas religiões 30

III. Diálogo com um príncipe das trevas 52

IV. Na busca do sagrado: do sacrifício animal à imolação corporal 57

V. O crescimento do sistema de trocas com o "reino de Deus" 64no mercado mágico religioso

VI. Os abusos espirituais e os traumas psíquicos causados 70

VII. Apometria - ferramenta do mestre para atuar nos corpos espirituais 82

VIII. A fisiologia oculta das curas de Jesus 88

IX. O triunfo do mestre - a fraternidade na coletividade crística 105

X. Anexo l - Os sacrifícios e o espiritismo 110

XI. Anexo 2 - explosão das seitas neoevangélicas 114

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Preâmbulo de Ramatís

Cumprindo nossos compromissos com os Maiorais da espiritualidade que nosautorizam os labores neste orbe, entrega-mo-vos mais esta singela obra, visando a auxiliar oscidadãos simpáticos aos nossos escritos a se libertarem de velhos hábitos que os mantémligados ao magnetismo animalizado, que fatalmente os impulsionará ao reencarnecompulsório em mundos inferiores à Terra.

Como o Velho Testamento tem servido de base para que muitos sacerdotes de hojejustifiquem a crueldade cometida com os animais através do corte sacriflcial, recomendamos asua re-leitura à luz do Evangelho, bem como dos exemplos deixados por Jesus quando esteveentre vós, pois Ele curava sem, no entanto, nunca ter recomendado o rito de purificação quesacrifica os nossos irmãos menores.

Assim sendo, a liturgia externa das leis mosaicas, que sustentava um sistema de trocacom Deus simbolizado pelo sacrifício do cordeiro, era totalmente inadequada à interiorizaçãoda mensagem de Jesus, pois além de as oferendas sangrentas não extinguirem os deslizes dospecadores, nem promoverem a reforma íntima, a casta sacerdotal ainda exigia que fossem re-novadas continuamente com a substituição por outros animais, igualmente sacrificados, comopombos e bodes. Desse modo, acabou-se por estabelecer um sistema de escambo, baseado namortandade desses inocentes, de tal magnitude que o próprio destino religioso da humanidadeficou comprometido.

Esse estado de inconsciência coletiva não provinha somente do judaísmo antigo.Contudo, no contexto da época de Jesus, era o que mais se sobressaía. A sacralização commortandade de animais estava tão enraizada, que até mesmo Moisés procedeu a um rito depurificação do altar, espargindo-lhe sangue antes de colocar sobre ele a pedra dos dezmandamentos, para a primeira leitura com os hebreus. Somente um Messias salvador poderiaestabelecer uma lógica irrefutável àquelas mentes ignorantes e primárias, hipnotizadas nocorte ritualístico, ao colocar-se como o Cordeiro vivo de Deus. E assim, diante dosensinamentos libertadores do Cristo, se trocaria as imolações animais externas por preceitosevangélicos.

Apesar dos protestos daqueles que não conhecem a importância vital da manutençãodo éter-físico (prana ou vitalidade) do duplo-etérico e dos chacras planetários, a verdade é quea irresponsabilidade espiritual pelo derramamento de sangue animal, seja pelos sacerdotes, oumesmo nos matadouros, frigoríficos e charqueadas, estagna a evolução coletiva; tanto faz sese trata de troca "salvacionista" com o Além, ou da destruição da natureza para a expansão dapecuária intensiva que sustenta indústrias motivadas por lucros. Ambas geram um destrutivocarma humano e planetário, tornando-se os grandes roteiristas do teatro dantesco que é ainfelicidade das nações, pois enquanto o sangue de nossos irmãos menores se espalhar, osespíritos desencarnados continuarão se alimentando de tônus vital distorcido, promovendo aprática das vampirizações coletivas.

O Pai, ao criar o Universo e as criaturas para preencherem a imensidão cósmica,estabeleceu, com Seu infinito amor, que a ninguém privilegiaria, deixando as escolhas paracada filho. Por Sua imanência e impessoalidade, não diferencia ou indica eleitos, pois ama atodos igualmente, bons e maus, justos e injustos, santos e criminosos, ateus e crentes,

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independentemente de crenças ou descrenças personalísticas, tão comuns aos habitantes dosplanos densos da existência. Dá o Criador a liberdade absoluta, pela concessão do livre-arbítrio, e deixa cada um escolher o caminho a seguir, obviamente arcando com asconseqüências, já que a semeadura é livre e a colheita obrigatória para a concessão dopassaporte de entrada nos planos superiores da vida.

Ocorre que, de tempos em tempos, finda-se um ciclo e outro se inicia. Neste momentoplanetário, é chegada a hora da colheita dos resultados de vossas ações; termina o prazo deexistência física para certos espíritos recalcitrantes e inicia-se outro em orbes mais atrasados,enquanto espíritos mais esclarecidos nas leis do Cristo chegam à vossa psicosfera,contribuindo decisivamente para a consolidação da fraternidade. Findo o "dia final do carma",esgota-se o direito de estada neste atual endereço para muitos espíritos.

As ondas do mar vão e vêm, vêm e vão. Assim, espíritos calcetas vão e vêm, vêm evão, degredados de um orbe a outro, até a implantação definitiva do estado de consciênciacrística na Terra. Entre um movimento de fluxo e refluxo transmigratório, o planeta está sendoconstruído em sua cultura, psicologia, espiritualidade e geografia, tanto mais quanto mais seinternalizam as verdades do Cristo.

A transição planetária se dará com o "Triunfo do Mestre", como chama ardenteconsolidando a vitória final do Cristo interno em cada discípulo na Terra.

Meus amados, uni-vos em nome do Cristo.É o apelo do amigo de sempre.Jesus vos abençoe!

RAMATÍS Porto Alegre, 27 de abril de 2011

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I

O sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, para libertar ahumanidade da matança animal

Ele entrou de uma vez por todas no santuário, nãocom sangue de bodes e novilhos, mas com seu própriosangue, depois de conseguir para nós uma libertaçãodefinitiva. Muito mais o sangue de Cristo, que, com umespírito eterno, se ofereceu a Deus como vítima semmancha! Ele purificará das obras da morte (dos animais) anossa consciência, para que possamos servir ao Deus vivo.

EPÍSTOLA AOS HEBREUS 9:11-14

No entanto, a cruz no centro estava vazia, porquejá se havia cumprido o sacrifício do Salvador. Daquelemomento em diante, ela deixava de ser instrumento decastigo in-famante do homem, para tornar-se o caminhoabençoado da libertação espiritual da humanidade. Jesus,o Messias, havia triunfado sobre as trevas, nutrindo a luzdo mundo através do combustível sacriflcial do seupróprio sangue!

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - Alguns simpatizantes de vossos ensinamentos estãocontrariados. Eles ignoram os recentes livros, afirmando que estaismisturando "alhos com bugalhos", ao asso-ciardes os ensinamentos dosorixás com os de Jesus. Outros espiritualistas que antagonizam a umbandajulgam que isso é influência do médium, notadamente umbandista. Uns tantosconsideram seus escritos "perigosos" aos iniciantes e o classificam de"polemista do Além". O que tendes a dizer?

Ramatís: - Não temos o objetivo de agradar a todos. Nenhum religioso ou crenteespiritualista deve nos classificar nesta ou naquela seara, pois somos livres em espírito, assimcomo o vento o é. Conforme diz a máxima de Jesus: "Não julgueis para não serdes julgados",seguimos resolutamente nossos compromissos à luz dos ensinamentos universais do Cristo,sem nos preocupar com as opiniões doutrinárias estandardizadas dos homens, porque sabemosque os julgamentos são temporários e mudarão com as sucessivas reencarnações. Ao sol do

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meio-dia, vossos olhos não percebem a meia-noite, do outro lado do orbe, ainda que omovimento de rotação do planeta o indique, pois vossa percepção chumbada à crosta élimitada e ilusória. Assim, a expansão da consciência e o alargamento do sentimento fraternorequer a liberdade espiritual, que somente o tempo dará aos retidos no ciclo carnal.

Quanto ao fato de meu atual sensitivo ser notadamente umbandista, temos a dizer queé da índole humana a vivência particularizada em um rito, culto, credo ou doutrina. Aqueleque destaca no outro a opção religiosa demonstra contrariedade com o seu modo de pensardiferente. Fala-se muito em universalismo. Na aparência, os universalistas se dizem contráriosaos postulados sectaristas e defendem a fraternidade, mas velada-mente muitos não abremmão de seus estandartes: "Sou espírita, fulano é católico, beltrano é umbandista, sicrano éteosofista...". Enquanto os homens integrarem grupos distintos, separados por sistemas decrenças, ritos, liturgias e dogmas, e levantarem bandeiras particularizadas, estarão distantes deuma vivência plena e fraterna, como a preconizada por Jesus no código de conduta crística deseu sublime Evangelho.

Aos nossos simpatizantes e antagonistas, temos a dizer que, assim como o caldo decana pode se transformar em açúcar, que adoça, que não se desmancha no café, os melhoresamigos de ontem podem ser os piores inimigos de hoje, ou, conforme o revezamento daspersonagens no teatro das existências humanas, se tornarão os confrades de amanhã.

Exemplo disso são as polonesas judias, que foram as mais ferrenhas e cruéistorturadoras entre as prisioneiras dos campos de concentração nazistas, e retornaram em novavida abandonadas em orfanatos alemães, à espera de adoção; e os africanos alforriados, feitoscapatazes nas feitorias dos canaviais, que perseguiam obstinadamente os negros fujões eacabaram nascendo com paralisia infantil em núcleos de minoria étnica perseguida. Emambos os casos, aprenderam o valor do amor e da tolerância incondicionais. Por isso, deveislibertar vosso psi-quismo diante das aceitações ou rejeições temporárias, já que,inexoravelmente, todos os viandantes deste planeta caminham para a integração amorosa efraterna. Esta é a lei universal de equilíbrio entre as reencarnações sucessivas.

Os ensinamentos de Jesus na umbanda seguem um plano previamente traçado noAstral, desde o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas,1 não sendo apenas um repositóriode máximas e ditames morais, nem códigos exclusivos de uma determinada religião, comodesejam os crentes sectários. O Evangelho do Cristo é um tratado cósmico de libertaçãoespiritual do homem que, como o prumo que alinha a construção, ajusta os tijolos internos daobra de Deus em Seus filhos, conforme a máxima: "Eu e o Pai somos um", adaptando-os àsleis supremas do Universo, que valem para todas as religiões da Terra, independentemente desua procedência.

(1) Foi o fundador da umbanda. Sua primeira manifestação mediúnica se deu emperfeita incorporação inconsciente, através do médium Zélio, em 15 de novembro de 1908 nacidade de Niterói - RJ. Perguntaram ao Caboclo: "O que é umbanda?". Ele respondeu: "Àumbanda é a manifestação do espírito para a caridade".

Como Deus é uma Divindade Suprema, única e indivisível, os encarnados encontramsérias dificuldades de percebê-Lo em sua natureza sagrada - absoluta e intangível - nasreligiões que professam. Com isso, intensifica-se o separatismo religioso, exaltando-se aintolerância aos livros santos (codificações) de fé alheia, especialmente quando se trata deaceitar Deus em outras crenças que não em suas religiões de origem, partindo-se muitas vezespara o abuso espiritual, a agressão física e lutas fratricidas.

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Assim como os gatos machos se digladiam ferozmente nos telhados, os cidadãosanimalizados ainda não conseguem dominar seus instintos primários de gladiadores, mesmoem nome do Criador. Essa oposição sectária tem de ser gradativa-mente escoimada, pois asimutáveis leis divinas, irrevogáveis, ditam que o sopro criador, a luz vivificante e o impulsoreligioso provindos de Deus são um só, em todos os fenômenos visíveis e ocultos da vida noCosmo, independentemente dos rótulos das religiões terrenas transitórias.

Pergunta: - Por que Jesus aceitou ser sacrificado. Ele que entrou nacapital do país (Jerusalém) ovacionado como o "filho de Davi", "rei deIsrael", legítimo herdeiro do trono de Salomão?

Ramatís: - Nesta despretensiosa obra, tão-somente queremos mostrar os aspectosainda ocultos do sacrifício cósmico do Nazareno, aos 33 anos, no auge de sua capacidademediúnica, perfeito em sua evolução física, mental, emocional e espiritual, reforçando olegado evangélico que deixou aos humanos. Nunca um homem foi tão integralmente gloriosoe triunfante, ao aceitar ser derrotado e sacrificado na cruz, tendo seu corpo físico aniquiladopara renascer fortalecido em espírito no reino de Deus, provando aos incrédulos iludidos arealidade da verdadeira vida.

Obviamente Jesus convivia com os sacrifícios animais, que já existiam entre oshebreus muito antes da entrega da Torah (lei recebida por Moisés no Monte Sinai), o quecontrariava sua índole psicológica, que era toda amor e respeito à vida. Desde Caim e Abel,Abraão e filhos, Noé e família, todos ofereciam sacrifícios. Quando as leis dos sacrifíciosforam entregues aos israelitas na Torah, o sistema preexistente de oferendas foi entãoregulamentado e praticado no templo de Jerusalém. Jesus sabia que somente com a chegadado Messias - ele próprio -, colocando-se como o cordeiro de Deus,2 estabelecendo as diretrizesmorais crísticas do Evangelho, sendo inevitavelmente sacrificado no calvário, conseguiriadeixar as sementes que mudariam o estado de consciência que imperava na época. Era umanoção hipnotizada de troca com Deus, baseada nas escrituras sagradas, que "legalizavam" ocorte sacrificial para a remissão dos pecados.

(2) "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"- João l :29 Jesus cumpriu sua missão com galhardia. Depois da célebre entrada triunfal em

Jerusalém, anulou a ilusão do poder religioso terreno transitório e incorporou soberbamentesua missão redentora. Assim como um alimento vigoroso deve ser triturado para sermetabolizado em forma protéica superior pelo corpo humano, o Mestre dos mestres caminhouresolutamente para a aniquilação física do seu veículo orgânico na cruz. A seqüência dos fatosde sua paixão e morte demonstrou a plenitude do seu sacrifício cósmico, integral, absoluto,renunciando às glórias efêmeras dos títulos sacerdotais terrenos e integrando-se à ordemuniversal do Cosmo, que se revela na prática incondicional do amor.

Ele deixou-se crucificar num ato sublime de amor pela humanidade. Nessa caminhada,seus piores inimigos (os chefes da sinagoga) o desafiaram com arrogância: "Se tu és o filho deDeus, desce da cruz e estaremos contigo". Então, seus companheiros no suplício pediram queprovasse ser o Messias,3 dizendo: "Se tu és o Cristo, o filho de Deus, salva-te a ti e a nóstambém". Sabedor das verdades espirituais, teve temperança inabalável e pediu perdão ao Paipor eles. Voltaria como o Cristo ressurreto, evidenciando o seu poder pela materialização doseu perispírito e provando a existência das estrelas reluzentes das verdades do reino de Deusdiante do ouro ilusório do reinado pueril da materialidade.

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(3) Pedra do Mar Morto confirma a "messianidade" de Jesus Cristo: Recentementecientistas israelitas analisaram cuidadosamente uma laje de pedra de aproximadamente 100centímetros de altura, que contém 87 linhas em hebraico. Ela data de alguns anos antes donascimento de Jesus Cristo. A descoberta abalou os círculos de arqueologia bíblica hebraicosporque prova que os judeus alimentavam a expectativa de um Messias que haveria de vir e queressuscitaria três dias depois de morto.

Para os cristãos, a pedra é mais uma confirmação da fé e das escrituras. Porém, adescoberta semeou consternação entre os judeus, pois é uma prova da verdade de que JesusCristo tinha tudo para ser o Messias esperado. O achado deixa em situação incômoda a Sinagogaque o crucificou e os que compartilham o deicídio. A placa foi achada perto do Mar Morto e éum raro exemplo de inscrição em tinta sobre pedra em duas colunas, como a Tora (equivalenteao Pentateuco nas escrituras hebraicas).

Para Daniel Boyarin, professor do Talmude na Universidade de Berkeley (EUA), a peça émais uma evidência de que Jesus Cristo corresponde ao Messias tradicionalmente esperadopelos judeus. AdaYardeni e Binyamin Elitzur, especialistas israelenses em escrita hebraica, apósdetalhada análise, concluíram que datava do fim do primeiro século antes de Cristo. O professorde arqueologia da Universidade de Tel Aviv, Yuval Goren, fez uma análise química e acha quenão se pode duvidar de sua autenticidade. Também Israel Knohl, professor de estudos bíblicosda Universidade Hebraica, defende que a pedra prova que a "a ressurreição depois de três dias éuma idéia anterior a Jesus, o que contradiz praticamente toda a atual visão acadêmica".Compreende-se a confusão e a contradição que a descoberta cria no judaísmo, dado que foramos judeus que arquitetaram o calvário de Jesus. Fonte:bttp://carissi-mos.blogspot.com/2008/07/pedra-do-mar-morto-confirma-divindade.html

Pergunta: - Por que Deus exigia sacrifícios de animais no VelhoTestamento?

Ramatís: - Obviamente as exigências de sacrifícios de animais "por Deus", a fim deque os homens recebessem perdão de seus pecados (Levítico 4:35; 5:10), ocorreram porque oscidadãos da época não O compreendiam plenamente como fonte geradora de amor, justiça ebondade. As escrituras são um reflexo do inconsciente coletivo, que ditava os instintos dosindivíduos. A lei do "olho por olho, dente por dente" era apenas a institucionalização religiosade um regramento para a contenção das comunidades cujo entendimento espiritual era pordemais rudimentar, em que os cidadãos instintivamente vingativos eram capazes de atirar osfilhos em fornalhas ardentes, como nos ditam os relatos bíblicos sobre os amonitas, uma etniade Canaã.

A matéria dominava o espírito na mentalidade dos povos antigos. Os instintos animaisprevaleciam, e é por isso que "precisavam" da representação de um Deus cruel, punitivo, jáque não tinham um sentido moral mais apurado e O concebiam capaz de se rejubilar até como sangue humano para aplacar Sua ira. Prevalecia a falsa crença de que aos olhos de Deus ovalor do sacrifício estava diretamente ligado à vítima, à imolação animal. Tinham o Deus quemereciam e podiam compreender. As escrituras do Velho Testamento refletiam o estado deincons-ciência e ignorância espiritual que dominava as coletividades, dentro da lei cósmica"semelhante atrai e cura semelhante". A evolução dá os passos certos para não derrubar oscidadãos, assim como os bebês não andavam a cavalo antigamente e ainda hoje não pilotamvossos possantes automotores.

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Pergunta: - Simbolicamente, a assertiva bíblica "animais foram mortospor Deus para providenciar vestimentas para Adão e Eva" significa que araça humana não se teria mantido e evoluído sem sacrificar vossos irmãosmenores do orbe? Podemos ter esta interpretação?

Ramatís: - Há de considerar-se que o impedimento da permanência de Adão e Evano "paraíso", após o pecado original e a prevalência dos instintos animais potencializados pelainfluência da serpente, é uma forma de pedagogia simbólica para fazer-se entender a justiçasideral, com a finalidade de educar as almas errantes que subvertem as leis divinas. Adão eEva, espíritos "caídos", exilados de outro orbe para a Terra, refletem o exílio de milhares deespíritos rebeldes que vieram de planetas superiores à Terra em reeducação, num ambientefísico mais hostil. A maçã e a serpente simbolizam os apelos do mundo e são elementos para avitória do eu inferior, dos vícios, da sexolatria, da cupidez, da vaidade, do orgulho e doegoísmo que comprometem os ditames superiores da vida que Deus destinou a toda a SuaCriação. Como a casa do Pai tem muitas moradas, nada mais natural que os orbes mais primá-rios servirem de localização para espíritos que necessitam de retificação, reiniciando acaminhada rumo à estação angélica, nos paraísos dos planos rarefeitos.

A palavra paraíso significa uma área com jardim murado e é descrito em remotas erasno idioma avéstico, uma das línguas mais antigas da família indo-européia, compondo ostextos religiosos do zoroastrismo. Ainda temos no sânscrito (língua da índia com uso litúrgicono hinduísmo, budismo e jainismo) outra palavra símile, paradesha, que quer dizer paíssupremo. De conformidade com as diversas tradições orientais, paradesba é um reinoespiritual em que a capital é shambhala, que significa em sânscrito um lugar iluminado depaz, felicidade e tranqüilidade. Podeis concluir que a plenitude cósmica dos planos celestiaisse reflete remotamente nos orbes físicos, já que o Éden não é da matéria, muito menos devossa Terra. É um estado de consciência crística que remete o espírito a dimensões vibrató-rias, que se pode comparar ao céu dos católicos.

Sem dúvida, as primeiras raças do planeta necessitaram sacrificar os irmãos menorespara alimentar e agasalhar os corpos físicos rústicos. A Terra, ainda um planeta primário, eraaçoitada pelas variações climáticas e, entre gelos e degelos, os corpos humanos teriam seextinguido sem a proteína animal e as peles que os aqueciam nos invernos congelantes. Há dese compreender que o primitivismo planetário e o carnivorismo, como supridor protéico,servem de palco e moradia educativa para espíritos rebeldes, de escassas capacidadespsíquicas e necessitados de corretivos à sua própria evolução. Daí as intempéries, as variaçõesclimáticas selvagens e os cataclismos geológicos.

Quanto à evolução espiritual da humanidade atual, que dá ares de civilizaçãosustentada por tecnologia, conforto e informação que a ciência propicia, pode-se afirmar quecontinua matando os seus irmãos por motivos religiosos, entre acepipes, tragadas de cigarros efinos uísques. Em uma guerra santa insana, homens-bombas massacram seus semelhantes sobos rótulos transitórios de budistas, judeus, hindus, ensangüentando o solo do orbe, como hámilênios, com o morticínio fratricida.

Noutro ângulo, os cidadãos atuais, civilizados e bem-vesti-dos, entre paredesclimatizadas com potentes condicionadores de ar e televisores de última geração - ao contráriodos homens selvagens de outrora, em suas cavernas -, apesar da fartura de cereais, hortaliças,frutas e legumes que Deus espargiu sobre o planeta, devoram famelicamente quitutesmanufaturados de fígados, rins, estômagos, tripas, asas, peles e miolos de animais inocentes

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que são massacrados aos milhões, diariamente, nos matadouros construídos com a maisengenhosa tecnologia que a inteligência humana pode desenvolver.

E Jesus continua amparando a Terra para o serviço educativo das almas, mesmo queelas ainda se tinjam de sangue, matando-se reciprocamente pelas diferenças de doutrina,diversidade racial, competições no trânsito tresloucado, tráfico de drogas ou peloimperialismo bélico, econômico e político das nações ditas civilizadas. Resumindo nossopensamento, para não nos tornarmos por demais repetitivos, os homens dominam uns aosoutros, cegos pela ânsia de poder, e não conseguem dominar evangeli-camente os seus passosno orbe. Vosso planeta sofre um grande suplício, um verdadeiro calvário para vos abrigar.

Mas a bondade do Pai é infinitamente grande e provedora. Muitos outros orbespoderão alojar vossos espíritos, e ao que tudo indica, pela caminhada dos cidadãos até agora,serão planetas mais atrasados e inóspitos que a dadivosa e primária Terra, que se esvaipaulatinamente pela ação nefasta dos seus habitantes mais evoluídos.

Pergunta: - Podeis citar algumas passagens do Velho Testamento quedescrevem o sacrifício de animais, e alimentavam o inconsciente coletivo àépoca de Jesus?

Ramatís: - Quando Adão e Eva pecaram, ao comer a maçã, animais foram mortospor Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênese 3:21). Como o paraíso é um estadode consciência inalcançável aos encarnados, pois o espirito que o alcança está liberto do ciclode encarnações sucessivas e passa a habitar dimensões do plano superior, verifica-se nessaassertiva uma espécie de devaneio, ou melhor, uma projeção do inconsciente daqueles queescreveram as escrituras, já que Deus não poderia descer à crosta para sacrificar os animais.

Reforça-se a verve sacriflcial sanguinolenta dos homens de letras de antigamentequando Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim não foi aceita porque ele trouxefrutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe "das primícias do seu rebanho eda gordura deste" (Gênese 4:4-5). Claro está que se a gordura estava sendo ofertada, osacrifício já tinha sido consumado, deslocando-se para Deus a preferência pela segundaoferenda, que na verdade é oriunda do atavismo sacrificatório do ofertante, captado peloescriba das escrituras.

Inexplicavelmente, Noé, após o trabalho hercúleo de juntar, alimentar e salvar osanimais do dilúvio destruidor, durante quarenta dias e noites, sacrificou animais emagradecimento a Deus (Gênese 8:20-21). Sua arca deveria ser gigantesca, maior do que osvossos transatlânticos atuais, a fim de ter animais sobrando para serem sacrificados e aomesmo tempo não comprometer a continuidade da vida de nenhuma espécie.

Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, masquando estava prestes a sacrificá-lo, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrerno lugar dele (Gênese 22:10-13). Aqui temos a manifestação de um Deus "bondoso" que optapor um carneiro ao invés do sacrifício humano. Ele mesmo "providenciando" o animal a serimolado, o que demonstra o reflexo psíquico das mentes paralisadas no corte sacrificial, queditavam ao Criador como Ele deveria agir em relação aos seus anseios com o sagrado.

O sistema de sacrifícios atinge seu auge com a nação de Israel, exatamente no fulcrogerador do judaísmo antigo. De acordo com Levítico 1:1-4, certos procedimentos deviam ser

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seguidos: o animal tinha de ser perfeito; a pessoa que estava oferecendo o animal deviaidentificar-se com ele; o próprio ofertante tinha de infligir a imolação sacrificial, a fim de ter operdão dos pecados. Outro sacrifício no chamado "dia de expiação", descrito em Levítico 16,também exalta o perdão e a retirada dos pecados: os sacerdotes judaicos tinham de ofereceranualmente dois bodes em sacrifício; um deles era abatido como oferta pelos pecados do povode Israel (Levítico 26:15), enquanto o outro era solto no deserto (Levítico 16:20-22). Aprimeira oferta, o sacrifício com derramamento de sangue, providenciava o perdão dospecados, e o segundo retirava os pecados e os levava para longe. Obviamente, quanto maisbonitos, resistentes e saudáveis fossem os animais, melhor seriam aceitos como oferendas. Obode a ser solto, quanto mais longe fosse deixado no deserto, mais garantia se tinha de que ospecadores não voltariam a cometer os mesmos pecados. O animal era martirizado até morrerpelo calor escaldante e a aridez insuportável, expiando os pecados do povo. Assim, criou-se oaforismo popular "bode expiatório", e dessa forma era feito o perdão dos pecados à época davinda do amoroso Jesus, o Cordeiro de Deus.

Pergunta: - Quais os motivos para Jesus ser considerado o salvador dahumanidade?

Ramatís: - A resposta a esta questão redundou em um livro à parte (O SublimePeregrino) em que aprofundamos os motivos "ocultos" da vinda e da vida de Jesus durantesua estada na Terra. Ele é considerado o salvador porque até o momento cruciante de suamorte na cruz a humanidade vibrava intensamente na animalidade instintiva da inferioridadeespiritual. O corpo de Jesus sacrificado foi o condensador energético do Cristo planetário,resumindo com galhardia o tratado cósmico de libertação espiritual deixado no seu sublimeEvangelho.

Para o enfoque dessa obra, é preciso sintetizar como era a cultura religiosa judaicapreponderante na época de Jesus. A relação com o sagrado estava completamente banalizadapelos constantes e repetidos sacrifícios animais. Os ritos inerentes ao judaísmo antigopreceituavam um substituto sacrificial pelos pecados dos ofertantes. A liturgia externa das leismosaicas, eivada de sacrifícios animais que sustentavam um sistema de "troca com Deus", erainadequada à interiorização do Evangelho que deveria ser deixado por Jesus.

Estabeleceu-se um aleijão teológico tal, que para ser consertado foi necessário haverum sacrifício que não "somente" cobrisse os pecados dos cidadãos, mas que "tirasse", de umavez por todas, os pecados do mundo, e se dispensasse a humanidade de continuar derramandosangue em nome de Deus, a fim de que os homens demonstrassem sua fé. Assim, Jesusconstruiu uma ponte de luz definitiva entre Deus e os homens, já que o Messias cumpriu o seupapel sacrificial de levar os pecados do mundo no seu calvário. O plano de Deus de acabarcom todo o sistema de sacrifícios e da satisfação diária de Sua justiça "ofendida" peloshomens (bastava ter um animal e uma faca afiada em mãos sacerdotais) acabou também coma necessidade da lei externa e ritualística de Moisés.

Logicamente Jesus, o Cordeiro de Deus, triunfou à luz da razão evangélica, diante dastrevas das consciências nubladas pelo escambo fluídico sanguinolento com Deus, difundindoclaridade espiritual num mundo de sombras egoísticas, através do combustível sacrificial doseu próprio sangue. Se Ele, o canal vivo do Cristo, se colocou como oferenda sacrificial aDeus, nenhum outro cordeiro do mundo se igualaria a Ele, liberando as almas arrependidas eaflitas de antanho da mortandade em troca do perdão dos seus pecados.

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Jesus foi o tabernáculo vivo no planeta que transferiu para si os pecados dahumanidade, salvando-a do abismo que se avizinhava e impediria a mensagem da Boa Novaevangélica de concretizar-se nas mentes cristalizadas nos ritos sacrificiais.

Pergunta: - Parece-nos que foi uma "maldade" exigir-se o sacrifício deJesus na cruz. Não haveria outra forma de convencer os incrédulos daquelaépoca?

Ramatis: - O Criador não vibra em considerações perso-nalísticas. Ele atua semprena medida exata, por meio de Suas sábias, justas e perfeitas leis cósmicas, em favor dacoletividade em evolução. O calvário de Jesus e o seu sacrifício na cruz são, antes de qualquerconsideração emocional terrena, a maior comprovação testemunhai histórica que acomunidade da Terra pôde receber da fé inquebrantável na existência da vida após a morte.Em nenhum momento Jesus se afligiu com a sua cruci-ficação. Ao contrário, preocupava-secom os que iam ficar e, no seu último suspiro, pediu perdão ao Pai pelos que o sacrificaram,pois eles não sabiam o que estavam fazendo.

O desconhecimento do reino de Deus era de tal magnitude, à época, que os cidadãosentendiam que o sofrimento da criatura pudesse transferir-se para um animal sacrificado emexpiação, livrando-os dos pecados do mundo, e que Deus solidarizava-se com isso. Assim,como o camaleão que muda de cor para se camuflar com o ambiente, foi necessário ummimetismo sacrificial para se transferir ao corpo de Jesus a violência e o hipnotismo mentalque predominavam no escambo religioso eivado de mortandade animal. Assim, deslocou-se afixação dos homens da liturgia sanguinolenta para o calvário do Messias e para o seu corpofísico imolado na cruz. Entretanto, até os dias de hoje ainda predomina no meio docatolicismo popular a imolação corporal como prova viva da devoção sacrificial, esquecendo-se o Evangelho do sublime peregrino em favor da rememoração do seu sofrimento e seusangue derramado.

Em virtude de alguns leitores espiritualistas estudados estranharem as catarses geradaspela imitação do flagelo de Jesus, provocadas pelos devotos em seus próprios corpos,abordaremos este tema em capítulo à parte, aprofundando a fisiologia oculta dos processosque levaram ao deslocamento psíquico dos sacrifícios animais do passado para o presente, aimolação corporal dos crentes na sua busca pelo sagrado.

Resta dizer que está demarcado no psiquismo profundo da coletividade encarnada,infantilizada pelos dogmas e infalibilidade dos sacerdotes, o tabu de que fé inquebrantável éaquela acompanhada de dor e sofrimento autoimpostos. Estas elucidações são importantespara a compreensão de quanto ainda o sacrifício é motivo de troca pelas benesses, milagres efacilidades espirituais buscadas nas religiões neoevangélicas e nas práticas mágicas populares.Deixam a psicologia libertadora do Evangelho do Rabi da Galiléia de lado, qual barco semleme levado pela correnteza, pois não é nada fácil interiorizar-se os ensinamentos morais doCristo e ainda é dificílimo ao cidadão comum praticá-los, ante a afoiteza com que buscaresultados espirituais mágicos e imediatos. Transcorreram 2010 anos do calvário de Jesus,mudaram os cenários, as personagens, mas o atavismo que dita o menor esforço para oalcance e adoração dos bezerros de ouro continua o mesmo.

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Pergunta: - Diante da máxima universal de que a seme-adura é livre e acolheita obrigatória, não existem pecados, apenas causas e efeitos. O fato deJesus "liberar-nos da responsabilidade pelos nossos pecados" (atos) não nosinfanti-lizou espiritualmente ao longo da história, pelos caminhos que asreligiões instituídas deram ao cristianismo? O que tendes a dizer a esserespeito?

Ramatís: - Em verdade, Deus não estabelece nenhum sistema punitivo aos cidadãosem evolução. Todas as dores e sofrimentos humanos, individuais e coletivos, regem-se pelamais absoluta justiça, por mais desagradáveis e trágicas que possam ser as colheitas de cadaalma.

Os seres ignorantes, ao agirem com descaso em relação à Lei Maior, ativaminconscientemente um automatismo cósmico retiflcador que reage em igual proporção,alinhando-os novamente nos trilhos de ascensão à estação angélica.

Ninguém é punido ou castigado porque "peca", já que o pecado serve tão-somente àsreligiões para esculpir a culpa, o medo e a dominação nos crentes. Além do mais, aquilo quenão era pecado ontem é hoje, e o que é pecado na atualidade antigamente não o era. Se oscostumes morais e religiosos não mudassem, conforme o contexto da época, nos dias atuaisseria normal matar o inimigo e o matador ser ovacionado ao voltar para casa com o derrotadomorto puxado pelos cabelos como nos ritos sagrados de algumas etnias silvícolas, em que secomia os desafetos assados. Em sentido inverso, as mulheres divorciadas da sociedade atualseriam pecadoras hereges destinadas à fogueira; não se teria liberdade de opção religiosa e osbispos e cardeais católicos continuariam ricos, tendo muitas amantes e mandando em vossosgovernantes. Os "pecados" mudam na linha do tempo, em concordância com os sistemassociais, religiosos, econômicos e morais de cada época; imputa-se atitudes punitivas a umDeus que é todo amor. Virtudes e vícios são perenes e servem para o aprendizado das leisdivinas, conduzindo os homens ao manejo adequado de seus mecanismos de equilíbrio.

Assim como o plantador de feijão deve regar as sementes adequadamente, sob pena decolocar excesso de água e apodrecer as raízes, ou pouca água e o solo não ficar suficientemen-te umidificado para nutrir as tenras folhas, danificando-as pelo ressecamento, o espíritoeterno, enquanto não aprender a operar equilibradamente as leis cósmicas, colherá em si epara si as conseqüências boas ou ruins de sua falta de habilidade.

É certo que toda a dominação religiosa para se conduzir um rebanho subjugadoinfantiliza as ovelhas. O fato de muitos crentes, até os dias de hoje, considerarem que basta aconfissão ao padre, o testemunho de fé positiva ao pastor no púlpito dominical, o dízimosemanal para alcançar a graça do Espírito Santo, o trabalho pago aos orixás indicado pelosbúzios, o passe semanal no terreiro umbandista ou assistir à palestra com água fluída docentro espírita, para livrá-los dos seus "pecados" (a colheita pelos seus atos) demonstra umentendimento infantil das leis de Deus, tal qual a criança que, colocando a capa do Super-Homem, sai correndo, pulando a janela para voar, e se esborracha no chão.

Pergunta: - Diante dessa assertiva: "O espírito eterno enquanto nãoaprender a operar equilibradamente as leis cósmicas colherá em si e para si

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as conseqüências de sua falta de habilidade", pedimos maiores elucidações.Como assim, colherá em si e para si? Podeis exemplificar?

Ramatís: - Esqueceis facilmente que o tabernáculo físico é vossa igreja divina. Oinvólucro carnal que abriga o espírito nos interregnos reencarnatórios é como o temploreligioso em que deveis ser o pastor, zelando por sua integridade para recepcionar e serelacionar com os viandantes, companheiros de jornada, que o visitam. Imaginais um local deencontro religioso sujo, escuro e mal-cheiroso? Assim fica impregnado o perispírito dos quecaem nos apelos inferiores da materialidade, podendo, em certos casos, causar estigmas nosfuturos corpos físicos, como acontece com os deficientes físicos e retardados mentais. O es-pírito colherá em si, nos seus corpos mediadores, no perispírito e corpo físico, o que semeou,sempre que justo for para o seu reequilíbrio perante as leis cósmicas.

Exemplificando: um senhor feudal que matava seguidamente os invasores de suasterras que tentavam roubar algum terneiro para se alimentar, quebrando-lhes as espinhasdorsais para que não pudessem mais andar, pode ter um corpo físico com sérios problemas decoluna, tendo que fazer várias cirurgias nas vértebras, tantas vezes quanto assassinou outrora,correndo o risco de ficar manco tanto tempo quanto for necessário para que possa limpar ocorpo perispiritual das sujeiras que o impregnam pelos próprios atos loucos do passado.

De outra maneira, os que traíram esposas, abandonaram filhos, assassinaram inimigos,ludibriaram sócios, enganaram concorrentes, exploraram prostitutas, provocaram abortos,viciaram adolescentes, poderão abrigar pelos laços consanguíneos os desafetos de longa data,como filhos e filhas, esposos ou esposas, colhendo para si a retificação dos atos de outrora.

A harmonia cósmica se rege pelo dedo de Deus: é como um violino que está sempreafinado, e as distorções sonoras na orquestra são imediatamente corrigidas. O aforismopopular "quem com ferro fere, com ferro será ferido" é perfeita alegoria para descrever oencadeamento cármico na vida das criaturas: quem separou casais, terá de viver separado;quem abandonou será abandonado; quem roubou será roubado; enfim, quem semeou ventoscolherá tempestades. A funcionalidade da Lei de Causa e Efeito ajusta perfeitamente o fatocausador ao efeito gerado, em todas as localidades do Cosmo.

Pergunta: - Então a lei mosaica do "olho por olho e dente por dente" éreflexo da funcionalidade das leis cármicas e fruto do dedo de Deus?

Ramatís: - Na parábola da ovelha perdida, Jesus declara que é vontade do Pai quenão se perca nenhum de seus pequeninos, referindo-se aos que ficarem para trás, perdidos doreto caminho a seguir rumo ao infinito oceano do Seu reino. Assim, o Mestre deixa claro queo Deus que Ele proclama é um Deus de amor, que preconiza a necessidade de perdão para aremissão dos pecados, sendo inconcebível a imposição de punições e castigos eternos aosSeus filhos. A parábola mostra o amor infinito do Pai para com as almas perdidas etransviadas, que não ficarão desgarradas nos labirintos das paixões inferiores. Ainda que sejaimperioso para a retificação do espírito renascer na Terra manco, sem um braço, cego, mesmodebilóide, em decorrência de seus atos pretéritos, ele não ficará sem salvação como a ovelhaperdida da parábola, já que o determinismo das reencarnações sucessivas conduzirá a suaembarcação nos mares revoltos da materialidade, ancorando-a no porto seguro da eternabonança espiritual.

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Repetindo o que dissemos anteriormente, as leis vingativas do judaísmo antigoacomodavam o anseio de seres humanos raivosos, rudes, que só concebiam o mesmopagamento de Deus aos seus inimigos, doesse a quem doesse. Não se vislumbrava o perdãodas ofensas, assim como as ovelhas consideradas perdidas eram sumariamente estigmatizadascomo pecadoras sem salvação. Obviamente, os homens não têm, até os dias atuais, o direitode serem justiceiros pelas suas próprias mãos, pois inevitavelmente haveria exageros,cobranças indevidas, desforras cruéis, punições torturantes, distorcendo-se o equilíbriofuncional e a impessoalidade da Lei de Ação e Reação. Acentuar-se-iam os ressentimentos eódios entre irmãos de caminhada evolutiva, reforçando-se as obsessões ferrenhas e milenares.

Pergunta: - De vossas palavras, entendemos que se Jesus, o Messias,não tivesse se sacrificado, oferecendo-se como o Cordeiro de Deus para tiraros pecados do mundo, a luz do seu Evangelho, diante das trevas dasconsciências, não teria se perpetuado? É isto?

Ramatís: - Sem dúvida! Em verdade, nunca nenhum sacrifício animal foi necessáriopara se chegar a Deus, já que Ele é todo amor. Corrigiu-se essa distorção depois do advento deJesus. Após o calvário, foi como se houvesse se instalado um grande incêndio nasconsciências, sendo o seu feito (sangue derramado na cruz) o combustível. Isso é tãoverdadeiro que o Mestre dizia, em Mateus 9:34-36:

Eu vim para pôr fogo à terra e como eugostaria que ele já estivesse aceso! Credes queeu vim trazer paz ao mundo? Pois eu vosafirmo que não vim trazer paz, mas divisão.Porque daqui em diante uma família de cincopessoas ficará dividida: três contra duas e duascontra três. Os pais vão ficar contra os filhos, eos filhos contra os pais. As mães vão ficarcontra as filhas, e as filhas contra as mães. Assogras vão ficar contra as noras, e as norascontra as sogras.

Imaginai os cidadãos viciados nas trevas conscienciais, que imantavam as criaturas aum sistema de troca com Deus na base de sacrifícios animais para o perdão temporário dospecados, terem a partir de então de mudar suas atitudes, diante da Boa Nova do Messias.Obviamente, após o advento do calvário de Jesus, estabeleceram-se muitas discórdias econflitos teológicos, até a acomodação das consciências numa nova conduta diante de Deus edo sagrado.

O plano divino prevê que os homens despertem o Cristo interno e também sejamdeuses, exercitando a plenitude de suas potencialidades cósmicas.

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II

A prisão dos espíritos nos sacrifícios animais mantidos pelas religiões

A Divindade não endossa o uso de sangue para finsignóbeis; mas é a própria humanidade terrena quefavorece tal acontecimento condenável, malgrado asadvertências mais severas do Alto. Quantas tragédias,angústias e sofrimentos que há séculos afligem a hu-manidade, são resgates cármicos provenientes da culpaespiritual de verter o sangue do irmão menor, a serviço dovampirismo da Terra e do Espaço?

RAMATÍS, Magia de Redenção

Pergunta: - O sacrifício de animais é a mais antiga expressão dereligação com o Divino, presente na maioria das civilizações da Terra, tendosido praticado em todos os continentes. Esses rituais datam da época, segundoos mitos dos índios das Américas, em que "os deuses habitavam a Terra" eensinaram aos humanos essa forma de conexão e culto à Divindade Suprema.Como pode Deus, que é todo amor, ser louvado e fazer-se "presente" noassassinato de animais? Isso é possível?

Ramatís: - Tendo como base vossos achados arqueológicos, podeis constatar queem praticamente todas as civilizações an-ligas das Américas, do Alasca à Patagônia, havia ocostume do sacrifício animal. Foi uma constante entre os incas, maias e aste-c;is,intensificando-se a insanidade sanguinolenta nos períodos de decadência dessas civilizações,quando recorreram aos sacrifícios humanos. Aliás, a prática sacrificial aos deuses nas disputasterritoriais, ou para a derrota dos inimigos, foi comum em quase todas as civilizações daTerra, notadamente entre diversas etnias silvícolas de vosso país.

A evolução das raças e das religiões se faz de acordo com a comunidade espiritualencarnada e desencarnada, nas diversas etapas históricas de formação da consciência terrícola.Obviamente Deus nunca está ausente e não depende de considerações morais personalistas decada época do calendário humano. Cada criatura tem o Deus que merece e de acordo com oseu estágio de entendimento e abertura mental para o sagrado.

Claro está que espíritos sedentos do combustível fktídico liberado pelo sanguederramado sempre estiveram em escambo vampirizador com os habitantes do orbe,transformando-se em "deuses habitantes da crosta" pelas conexões mediúnicas quemantinham com seus médiuns, matadouros vivos do Além.

Considerai que as transmigrações espirituais planetárias não deixam nenhuma estaçãodo Cosmo sem ocupação. Muitos espíritos vieram para a Terra degredados de outros orbes,uns tantos inclusive foram trazidos para cá por espaçonaves extraterrestres rarefeitas. Então,

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não é incomum terem recaído nos atavismos mentais que se perde na noite dos tempos.Buscando nutrir-se, reintroduziram a troca com Deus através do derramamento de sangueobtido pelos rituais. Este era o Deus que conseguiam conceber.

Infelizmente, até os dias de hoje, Jesus é sacrificado na cruz em várias liturgias devossas diversas religiões.

Pergunta: - Em relação à vossa assertiva "Muitos espíritos vieram paraa Terra degredados de outros orbes, uns tantos inclusive foram trazidos paracá por espaçonaves extraterrestres rarefeitas", podeis nos dar maioresesclarecimentos? Sempre são necessárias espaçonaves para essas transmigra-ções espirituais? Isso nos parece um tanto herético, diante dos conceitos dasreligiões vigentes.

Ramatís: - Quando Galileu Galilei formulou a Teoria He-liocêntrica, declarandocientificamente que o Sol era o centro do

Universo, a "santa" Inquisição afirmou que isso era teologicamen-te errado e urnaheresia perante os desígnios divinos. Giordano Bruno, ao afirmar que "uma vez que a almanão pode ser encontrada sem o corpo e todavia não é corpo, pode estar neste ou naquele corpoe passar de corpo em corpo", defendendo a reencarnação, foi levado às labaredas da fogueirada Inquisição. No instante em que o fogo chamuscava-lhe a barba e seus pulmões enchiam-sede fumaça, o filósofo lamentou profundamente a ignorância dos líderes religiosos e dahumanidade, e enquanto as chamas levantavam sua pele, ele manteve a consciência firme naconvicção de que logo veria outros sóis e diversos mundos celestiais, ao viajar pelo "infinito".

Exercendo seu domínio sobre a alma, elevando-a a Deus, Giordano Bruno sabia quenão precisava esperar o fim do veículo transitório para a sua união com o Cosmo, e quevoltaria a ocupar novos corpos físicos em outras oportunidades dadas pelo Pai. Assim, pelaimposição de sua vontade disciplinada, desprendeu-se do corpo físico chamuscado e vooupara os paramos celestiais, como um iogue avançado que entra no êxtase provocado ou umpássaro que voa da gaiola aberta, não sentindo a dor da queima de suas carnes enrijecidas edeixando os circunstantes com suas ilusões, enquanto sentiam o odor de seus órgãos evísceras queimados.

Nem todos são espíritos do gabarito sideral deste sábio e conseguem manejar oscomandos de suas próprias naves espaciais para viajarem pelo Cosmo. A liberdade do espírito,que impulsiona os veículos da consciência a movimentarem-se em planos dimensionais emque o espaço e o tempo não são cartesia-nos iguais aos vossos, é para poucos cidadãoscósmicos. Aliás, a maioria dos habitantes do orbe terreno ainda se amedronta diante dapossibilidade de realmente existir o caldeirão do inferno, esquecendo-se de que sua própriaconsciência determinará se irão para as fogueiras depurativas do espírito ou não. Lembrai-vosde que o espírito é como uma chama incandescente em seu fulcro mantenedor ou mônada. Amaior parte dos espíritos que habitam vosso orbe, e outros igualmente atrasados, quando sãotransportados entre os mundos habitáveis, ficam inertes, anestesiados em seus corpos astrais,quando então são necessárias naves espaciais (astralinas), imperceptíveis ainda aos vossossentidos densos, que atracam nos portos astrais da Terra desde remotas eras. Afinal, não eramos deuses astronautas?

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Pergunta: - O quinto mandamento da lei mosaica diz: "Não matarás".Como podem as escrituras, no Velho Testamento, conter tantos relatos desacrifícios animais nas liturgias de intercâmbio com Deus?

Ramatís: - O quinto mandamento da lei mosaica, recebida mediunicamente noMonte Sinai, diz "Não matarás". As dez leis sagradas ditadas a Moisés podem ser resumidasem duas: "amar a Deus sobre todas as coisas" e "amar ao próximo como a nós mesmos". Oprincípio da religião, em sua amplitude de religa-ção com o Divino, sustenta que havendouma transgressão a um mandamento, será infringido todo o Decalógo, porque é um conjuntoorgânico e indissociável, assim como não podeis dinamitar o quinto andar de um edifício dedez andares sem comprometer a estrutura do prédio. Entretanto, a manutenção da mortandaderitual não causou maiores discussões teológicas após a recepção mediúnica de Moisés. Claroestá que os sacerdotes da época temeram perder o poder do escambo com Deus eminimizaram o quinto mandamento, dizendo que os sacrifícios não o contrariavam, pelo fatode os animais terem sido criados por Deus para agasalhar e alimentar os seus filhos, conformea Gênese.

Como o carnivorismo era a base alimentar daqueles seres, obviamente eles nãocontemplavam os animais como tendo alma. Logo, o sacrifício de carneiros, bodes e pombosnão estava incluso no âmbito do quinto mandamento. Aliás, os sacrifícios eram permitidos naspráticas ritualísticas de oferendas, purificação, pactos, alianças, expiação, misericórdia... emesmo nas iniciáticas (evocatória e invocatória), no interior dos templos.

Em verdade, a alimentação carnívora é reforçada no judaísmo dentro do contextobíblico, o qual denomina o princípio espiritual que anima os animais de Nephesh. Por toda aGênese, quando esta palavra é citada, indica a criação do reino animal, sendo assimdiferenciado do princípio espiritual dos homens (Neshamati) que foi o fôlego de Deus nasnarinas de Adão, como se o hálito divino fosse diferenciado ao viviücar os homens e osanimais neste planeta.

Assim, para os hebreus que foram conduzidos à libertação do Egito por Moisés, ossacrifícios animais eram corriqueiros e amplamente aceitos. Eles entendiam que a morte deum animal fornecia "energia" para satisfazer Deus em suas cobranças, e redimi-los dospecados. O segredo distorcido desse dogma está em que na morte do animal existiria adesagregação do seu espírito (Nephesh}, que não seria uma alma individualizada; ao contráriodo homem, em que somente o corpo material se desagregaria e o espírito (alma) não.

Obviamente Moisés se inseria no contexto religioso da época e não teria liderança sedesconsiderasse os costumes sacrificiais milenares. Além do que, era príncipe egípcio,iniciado nos mistérios de ísis por Jehtro, seu sogro e sumo-sacerdote de escolas iniciáticas.Era um mago das escolas iniciáticas dos grandes mistérios e, como tal, dominava com riquezade detalhes toda a ritualísüca mágica, inclusive os segredos para o intercâmbio ematerialização dos mortos e os fundamentos da Ousekth-kha, a sala da elevação ou ofertório,onde eram expostas as oferendas vegetais e de animais imolados feitas aos deuses no templo.Neste recinto, por meio da força vital dos animais sacrificados, os sacerdotes preparavam asaparições e as evocações dos espíritos que se dariam nas salas dos mistérios, localizadas nofundo do templo e construídas como grutas naturais.

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Hoje não se justifica sustentar os sacrifícios animais baseando-se no VelhoTestamento. Se assim fosse, estaríeis andando em burricos como faziam na época hebraica deMoisés. O sagrado e o intercâmbio com o Divino são passíveis de progressividade, leicósmica que rege os movimentos ascensionais, assim como o Alto enviou vários "profetas" aolongo dos tempos para esclarecer as verdades do reino de Deus.

Conforme já dissemos, perante às leis cósmicas universais que regem os movimentosascensionais, quando realizais um rito, dito sagrado, e sacrificais um animal, interferis num ci-clo cósmico da natureza universal, causando um desequilíbrio, já que interrompeisartificialmente o quantum de vida que o espírito ainda teria de ocupar no vaso carnal, direitosagrado concedido pelo Pai. Mesmo o irmão menor ainda não sendo uma almaindividualizada, pertence a um grupo celeste1 que se enfraquece gradativamente quanto maismortandades houver nas suas contrapartes encarnadas.

(l) Alma-grupo.

Pela Lei de Causa e Efeito, quanto maior o entendimento da evolução espiritual pelasinformações disponíveis, o que difere da compreensão dos sacerdotes de antigamente, maior éa responsabilidade de quem fere o mandamento "não matarás", que é eterno e não se vincula auma época, como as desconexas justificativas temporais dos religiosos atuais, dependentes docorte sacriflcial, que procuram se explicar no presente como se estivessem no passado remoto.

O fato de matardes um animal não vos isenta de responsabilidades cármicas.Repetindo-nos, como já dissemos em outras vezes, o carma coletivo que rege os movimentosascensionais não se prende às crenças humanas; trata-se de lei universal. Vós que sois homense caminhais para a angelitude, tal qual os animais rumam para a humanização, gostaríeis deser uma oferenda e ter vossa garganta cortada e o sangue vertido até a última gota entreladainhas e mantras, para redimir os pecados do ofertante? Assim fazem com os animais, querumam para a evolução. Mesmo que os irmãos menores do orbe sejam somente instintos,rege-os uma Inteligência Superior que os leva à inexorável individualização, direito cósmicosagrado que os conduz a encarnar em um corpo hominal.

Quanto maior a consciência, menor a ignorância das verdades cósmicas e mais amplosos débitos ou créditos na contabilidade sideral de cada cidadão. A finalidade superior dasalmas-grupos e dos animais não é deixar-se escravizar ou esquartejar pelos crentes religiososque acabam bloqueando-lhes o direito sagrado de aquisição dos princípios rudimentares deinteligência, através da convivência pacífica e amorosa com os humanos, experiência quepropicia a formação dos veículos astral e mental, a fim de virem a estagiar no cicloencarnatório humano oportunamente.

Reforçamos o pedido de reflexão aos terrícolas que matam os animais em nome dossantos: gostaríeis que os anjos, para se tornarem arcanjos, viessem vos cortar em pedaços e"chupar" vosso sangue para se saciarem nos paramos celestiais?

Pergunta: - Podeis citar algumas passagens nas escrituras querefletiam o estado de inconsciência coletiva na época em que o Divino Mestreencarnou? Ele, Jesus, que era um instrutor sideral apoiado pelas hostes

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angélicas, como comportou-se diante desses diversos ritos sacriflciais? Quemotivo o levou a não criticá-los abertamente?

Ramatís: - A aplicação do sangue de Cristo para salvar vidas foi prefigurada dediversas maneiras nas escrituras hebraicas. Sendo um espírito de alta estirpe sideral, umpsicólogo arguto da alma humana, Jesus sabia que somente com a chegada do Messias, oumelhor, Ele próprio se colocando como o Cordeiro de Deus, estabelecendo as diretrizesmorais crísticas do Evangelho, e sendo sacrificado no calvário, conseguiria deixar as sementesque mudariam o estado de consciência do povo daquela época. Ele tinha de desviar a atençãodas mentes para o sacrifício do filho de Deus, o qual, sacrificando-se pela humanidade,demonstrava que não era mais necessário imolar animais para chegar ao Pai.

Como dissemos anteriormente, era óbvio que Jesus não concordava com a matança deanimais, mas "obrigava-se" a conviver com esse costume, existente entre os hebreus muitoantes da entrega da Torah, o que afligia sua índole psicológica. Por isso, não se tem maioresrelatos de Jesus criticando os ritos sacrificiais. Ele simplesmente não os aplicava, pois sabiaque a evolução não dá saltos na escada de Jacó. Seu silêncio e exemplo de mansuetuderevoltava os sacerdotes das sinagogas, que se sentiam "enciumados" dos milagres queocorriam sem os preceitos de purificação judaicos, para espanto e ira da classe eclesiásticasedenta de manter seu poder religioso e mercantil, uma vez que os ritos eram cobrados.

As influências das escrituras no inconsciente coletivo à época de Jesus eram intensas.Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o sangue exposto na parte superior das portas e nasombreiras das casas israelitas tinha a finalidade de proteger o primogênito de ser morto pelamão do anjo de Deus (Êxodo 12:7,22,23; ICoríntios 5:7).2

(2) "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós"-1 Coríntios, 5:7

O pacto com a Lei Divina de então estabelecia que a remoção dos pecados se dariapelo sangue de animais (Êxodo 24:5-8). Os incontáveis sacrifícios sanguinolentos,especialmente os oferecidos no Dia da Expiação dos pecados (Levítico 16: 5-10), foram oestágio anterior à verdadeira remoção dos pecados que viria por meio do sacrifício do Cristo.O poder que se entendia ter o sangue, aos olhos de Deus, aceito por Ele para fins de expiação,está ilustrado pelo derramamento de sangue ao pé dos altares com os chifres do animalimolado exposto sobre ele (Levítico 9:9; Hebreus 9:22; l Coríntios 1:18).

O sangue e o sacrifício de animais, dentro do contexto bíblico, não são ligadossomente à expiação dos pecados, mas também aos ritos de purificação. O lugar simbólico demoradia de Jeová é um lugar santiflcado, um santuário. Os templos construídos mais tarde porSalomão e por Zorobadel (reconstruído e ampliado por Herodes, o Grande), chamados de miqdásh ou qó dhesh, lugares "postos à parte" ou "santos", localizavam-se no meio de um povopecaminoso. Estes lugares tinham de ser regularmente purificados por meio da aspersão desangue de animais sacrificados (Levítico 16:16).

O próprio pacto da lei, quando da transmissão das Tábuas, por meio de anjos paraMoisés, entrou em vigor com o sacrifício de animais no Monte Sinai (Gaiatas 3:19; Hebreus2:2; 9:16-20). Naquele evento mediúnico, Moisés respingou sobre o altar a metade dos sanguedos animais sacrificados, e então leu o livro do pacto para o povo, que concordou em serobediente. Depois disso, ele aspergiu a outra metade do sangue sobre o livro e sobre o povo(Êxodo 24:3-8).

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No meio de toda essa mortandade, cujos ritos religiosos alimentavam os espíritossedentos desse fluido, Jesus andou serenamente, sem infligir violências físicas ou psíquicas.Não teve apegos, não esperou considerações, e nunca precisou de aplausos oureconhecimentos. Espírito sideral, ensinou o amor em sua grandeza máxima. Sua temperançainabalável e mansuetude costumeira davam a força de cem leões ao Cordeiro de Deus en-carnado. Jamais tomou decisões precipitadas, e refletia em sua aura divina o fervor de suamissão terrena para a libertação da humanidade ignorante das verdades dos Céus. Eram almasiludidas por um Deus punitivo que deveria fazer-se todo amor através do seu verbo, oevangelho nascente.

Espírito generoso, voltado à natureza, amava os animais, os montes cheios de árvores,os lírios dos campos, as águas dos rios e lagos, os trigais, as videiras, as brisas frescas dasmanhãs que antecediam dias causticantes. Não tendo onde reclinar a cabeça, dormia sob ascopas das árvores. Sob as figueiras acordava e se deleitava com o som matinal dos pássaros.Onde estivesse, levava a paz aos corações, pelo simples envolvimento de sua vibraçãoangélica que, como um manto de fluidos balsâ-micos, espargia sobre todos e interpenetrava oscircunstantes, sem a necessidade de derramar uma gota de sangue sequer para conectar-secom o Altíssimo.

Verdadeiro enviado do Alto, libertador das almas, foi luz fulgurante que iluminava aescuridão interior das criaturas desiludidas e desesperançadas pelas religiões vigentes,cansadas de terem de ofertar tudo o que possuíam a um Deus cruel, representado porsacerdotes fesceninos. Assegurou: "Eu estou no Pai e o Pai está em mim", implantando assima mudança de paradigma para as criaturas alcançarem o reino do Céus, unificando-as ao pólogerador e mantenedor de todo o Universo, criador de todos os seres.

Ao se colocar como o Cordeiro de Deus, sendo um com o Pai, desobrigou os crentes asacrificar animais a Deus. Ao deixar a primeira eucaristia registrada na ceia pascal com osapóstolos, deslocou para o simbolismo do pão, como corpo, e ao vinho, como sangue, oatavismo milenar dos sacrifícios animais. Sabia que se perpetuaria pelos evos a suacrucificação em prol da libertação das almas das liturgias sacrificiais regadas a sanguederramado. Comprovou a vida eterna com sua ressurreição (seu reaparecimento pelamaterialização do perispírito) três dias após seu desencarne na cruz, demonstrandoirrefutavelmente que não é o sangue físico que anula os pecados, mas a transformaçãometafísica que existe após a morte, reforçando que a fé nas verdades do reino de Deus removeas montanhas ilusórias da materialidade transitória, diante da verdade espiritualinquestionável e perene.

O triunfo do Mestre se fará neste momento de transição planetária. Sigamosresolutamente Jesus, pois Ele é a luz do mundo, o sol fulgurante que aquece as almas do friointerior, libertandoas da desilusão e da desesperança, como as trocas sacriflciais commortandade de animais, em todas as religiões, nunca fizeram.

Pergunta: - É possível termos maiores elucidações sobre a assertiva: "Otriunfo do Mestre se fará neste momento de transição planetária"?

Ramatís: - Na casa do Pai há muitas moradas. Se existem estradas que ligam vossascidades umas às outras, e vossos aviões transitam entre as nações na face planetária,obviamente nos diversos orbes do Cosmo ocorrem movimentaçãos intensas, como se fossemrodovias movimentadas ou rotas espaciais congestionadas. As vidas nos diversos organismos

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planetários compõem o "corpo de Deus", e nada mais são do que recursos educativos aoscidadãos, momentaneamente impedidos de auferirem o passaporte cósmico de libertação dociclo carnal.

Os infinitos mundos físicos são como o esmeril do Pai a des-bastar os seus filhos emreeducação comportamental, desintegrando os resíduos das paixões inferiores e daanimalidade que ainda pulsam em seus fulcros psíquicos. Assim, a Administração Sideralseguidamente está recolocando os espíritos em uma ou outra moradia no Cosmo, de acordocom o ambiente em que precisam estagiar para se melhorarem.

Neste momento, estais no alvorecer da transição planetária que conduzirá a outrosorbes as consciências recalcitrantes em aceitar os ensinamentos do Evangelho de Jesus. Aomesmo tempo, entidades com a internalização plena do Cristo, chegarão à psicosfera da Terra.O reaparecimento do Cristo está em curso, plenamente sustentado pelos Maiorais do Espaço eliderado pelo próprio Jesus. O triunfo do Mestre se dará pela vitória de todos os seusdiscípulos, que caminham para o amor incondicional, o que fará as individualidadesreconhecerem-se fraternalmente, dispensando o senso descabido de superioridade recíproca. Apresença do Cristo na aura planetária não será materializada numa individualidade.Acontecerá de maneira inevitável no despertamento do Cristo interno das criaturasencarnadas, independentemente de sua crença religiosa, fazendo arder o "amor ao próximocomo a si mesmo", assim como Jesus nos ama.

Pergunta: - O Yajurveda, um dos quatro Vedas, contém grande parte daliturgia e dos rituais necessários à prática religiosa hindu, incluindo ossacrifícios animais. Textos como o Ramayana, e outros, demonstram que ossacrifícios de animais eram comuns nos rituais hindus. Não é uma ironia que,justamente na cultura que prega o vegetarianismo e a não violência,degenerações dessa ordem se manifestem?

Ramatís: - O binduísmo, por não ser uma religião "organizada" em sua formação,permitiu uma enorme diversidade de rituais. No período de 1000 a 800 a.C, passou a basearseu sistema de crenças na constante necessidade de sacrifícios (a população podia comercarne só de animais abatidos pelos sacerdotes). Observai a sabedoria oculta da natureza, econcluireis que degene-ração significa, no mais das vezes, regeneração: de milhares detartarugas que nascem, somente uma minoria se tornará adulta; mesmo a mais capaz daságuias terá filhotes que cairão do cume da montanha e serão abatidos pelo meio inóspito,eivado de predadores que precisam se alimentar para sobreviver; nenhuma lavoura está livredas pragas e a cada dia novos vírus surgem a causar danos à saúde, incentivando vossosbiólogos e médicos a buscar soluções científicas para a restauração do bem-estar. A evoluçãonão dá saltos, e a religiosidade tem uma seletividade natural entre as civilizações que abrigamespíritos egoístas e com instintos primários, como são os de vosso orbe. Entes em degene-ração pelos próprios atos, expatriados cósmicos de outros recantos siderais, são obrigados,para se regenerarem com as leis divinas, a estagiar neste planeta de provas e expiações, tal ateimosia desses espíritos, que só é vencida pelo infinito amor do Pai e de Suas muitasmoradas. Nesse contexto cósmico, um orbe como o vosso, caminhando para a regeneração,serve indistintamente às leis de Deus como qualquer outro endereço sideral, independen-temente de sua escala evolutiva.

Com o passar dos anos, o sistema teológico hinduísta foi se transformando e novasconcepções foram introduzidas, até que surgiu a concepção de que as almas dos animais

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podem evoluir à condição humana, deixando assim de serem repastos vivos para osestômagos humanos.

Não foi só a escolástica hinduísta que teve "degenerações" diante das leis cósmicas, nodecorrer dos anos. Sabeis que os sacrifícios estiveram presentes (e em alguns casos aindaestão) no seio das antigas religiões da Ásia: Confúcio descreve a existência de sacrifíciosanimais na China, no século VI a.C. No Islã, quando da época de peregrinação à Meca, sãomarcantes as liturgias de sacrifícios denominados Eid-ul-Adha, que significa "comemoraçãodo sacrifício", cujo ritual lembra que Abraão não sacrificou Ismael, o qual, pela tradiçãomuçulmana, não é Isaac. Quando passou pela prova de obediência a Deus, acabou oferecendoum animal surgido de repente do "éter" por uma intervenção divina. O Deus "bondoso" poupao filho humano, dando em troca um animal de quatro patas para ser esfaqueado. Os preceitosque tratam da peregrinação religiosa à Meca estão contidos no Surata Al-Haji, capítulo doAlcorão, incentivando que os fiéis levem um cabrito, cabra ou ovelha, camelo ou vaca, paraserem sacrificados.

O Deus rigoroso do Alcorão, conseqüência da percepção indisciplinada d'Ele por umacoletividade religiosa, assim como em todos os demais livros sagrados, já que nenhumcompêndio religioso é unanimidade na Terra, ao menos não se beneficia da carne nem dosangue dos animais sacrificados, como outras formas teológicas de entendimento do Divino.Com "bondade", não é permitido supliciar o animal, ao contrário do bode expiatório judaico.Neste caso "benevolente", o animal deve ser abatido tendo a sua jugular cortada e o seusangue drenado até a última gota. Vós que, para chegardes ao anjo, cortais as jugulares dosanimais, gostaríeis que os animais viessem vos dilacerar as gargantas para conseguiremestagiar como humanos?

Pergunta: - Encontramos, na lei judaica, três motivos básicos para ossacrifícios - doação, substituição e louvor - que estão inseridos no VelhoTestamento e servem de justificativa aos sacerdotes que sacrificam animaisatualmente, para se defenderem quando são criticados. O que tendes a dizersobre esse primitivismo selvagem existente em religiões que sacrificamanimais para chegar ao sagrado?

Ramatís: - Aos olhos dos Maiorais da espiritualidade, que zelam pelos processosevolutivos reencarnatórios, não existe o julgamento estreito a estabelecer sentenças desuperioridade, de pior ou melhor, de imperfeito ou perfeito, primitivo ou evoluído. Assimcomo o mel de uma mesma floração mantém uniformidade nos índices de concentração deglicose e frutose, cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo, potássio, entre outros componentesativos, os homens, perante o Criador, são "vistos" em igualdade de amor, qual néctar de umamesma flor, já que no Universo nada está errado e tudo caminha para a perfeição e harmonia.

Há de se comentar que os aspectos sacrificiais envolvidos na lei judaica,antiquíssimos, também são encontrados em outras religiões, como a Yorubá, que veio daÁfrica nagô para o Brasil.

A doação exige a renúncia de algo de melhor àquele que está ofertando, muitodiferente dos que doam geladeiras velhas e roupas mofadas aos centros espíritas eumbandistas. Na ótica dessas religiões antigas, os animais devem ser domesticados, sadios eainda servirem de alimentação aos prosélitos, depois de consagrados em ritos sacrificiais

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propiciatórios. Por outro lado, certos de que o Deus único não necessita de oferendas votivas,cada bolsão de espíritos perdidos em religiões do passado, e ainda remanescentes na face doorbe, terá o tempo necessário para a mudança de consciência sem violentá-los, ainda que sejaem outros planetas mais inóspitos que a Terra.

Mais grave que manter hoje os resquícios "primitivos" das religiões antigas é asituação dos matadouros, que fornecem carne de animais crescidos artificialmente, lotados deração cheia de hormônios, a fim de satisfazer uma indústria de alimentos insaciável porlucros, destinada a matar a fome e a gu-lodice das classes abastadas, materialistas e semreligiosidade, que se fartam em finos restaurantes.

Agravam-se os desatinos com os animais quando hábitos e festas popularespredominantes em alguns países e culturas os subjugam e os sacrificam em demonstrações desadismo público, como o são as touradas, a festa do boi, os safáris e as dispensáveis caçadaspara o deleite dos matadores. Em vossas nações mais ricas e evoluídas ocorrem diuturnamenteas brigas de galos e cachorros, deslocando das arenas romanas para os cercados de rinhas aânsia violenta dos homens por ver o snngue derramado.

Essa substituição é um procedimento bastante comum nas operações de magia. Muitasvezes, faz-se entrega de alimentos, cereais, frutas preparadas em pratos sagrados, como ominchá judaico, quitutes que devem ser elaborados com o sacrifício e esforço do ofertante.Dentro desse princípio de substituição, também há a oferta de bebidas, como o nesekh judeu.Esses preceitos são largamente utilizados também no hinduísmo e nos cultos da matrizafricana brasileira. Claro está que a substituição é um rito que objetiva envolver quem oferta eque deve transferir para a oferenda os objetivos espirituais esperados, amparando-se em suafé.

Os espiritualistas de grande conhecimento da atualidade podem criticar essesprocedimentos como primários e atrasados, diante das revelações codificadas das doutrinasrecentes, mas se esquecem que "civilizado" é o consumismo materialista de caros acessóriosde peles de animais em extinção e a fome leonina por carnes nobres e raras, como por vossasbaleias, capivaras, javalis e tartarugas. Paradoxalmente, esses "doutores da lei" não costumamquestionar os motivos pelos quais os animais foram mortos, quando se trata do restaurante alina esquina do bairro que faz esses raros petiscos gastronômicos, ou da vitrine que expõe umcasaco de pele de raposa ou um sapato de couro de jacaré. A vaidade humana é cega para acaça clandestina e tráfico de animais exóticos, para o conflnamento de pássaros nas gaiolasdomésticas e para a vil tortura a que são submetidas as espécies marinhas por vossas naçõescivilizadas.

Louvor é a idéia de reverência e homenagem com a finalidade de estabelecer ligaçãocom o Divino, incentivado pelo gesto de amor e gratidão sinceros que devem brotar do cora-ção. Nessas religiosidades antigas e "primitivas", ainda existe o louvor ao sagrado.Infelizmente, a intolerância dos homens desrespeita a opção religiosa do irmão de jornada. Areligião do Cristo, que veio semear amor e perdão, descaracterizou-se em muitas frentes ditascristãs e acabou dizimando milhares de cidadãos e civilizações inteiras em vários continentes,ao longo da formação da consciência planetária. É preferível conviver harmoniosamente comadeptos de outras religiões que buscam conectar-se ao sagrado, adotando ritos diferentes e atéantagônicos ao vosso modo de praticar religião, do que retornardes à tortura psicológica dasfogueiras da Inquisição, incentivando uma nova caça às bruxas quando julgais comoprimitivismo selvagem as liturgias que amparam uma fé diferente da vossa.

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Pergunta: - Percebemos em todas as vossas obras uma preocupaçãoconstante com a preservação da vida animal e com a alimentação vegetariana,assuntos que deveriam ser de amplo conhecimento da humanidade. Semexigir-vos excessiva repetição, dadas vossas mensagens anteriores, pedimosoutras considerações sobre estes temas.

Ramatís: - Quiséramos ter palavras para conseguir expressar o que os humanos têmfeito com seus irmãos menores. Mas a limitação do vocabulário terreno nos impede de fazer-nos compreender, especialmente aos seres de elevada sensibilidade e acentuado amor pelosanimais.

Através dos milênios, seja por questões amnentares, religiosas, mercantis oudevocionais, os homens vêm cometendo atrocidades contra o mundo animal que deixariamqualquer nativo "primitivo" estarrecido. Milhões de animais são retirados das matas paraserem vendidos. Em seguida, são mutilados, envenenados, queimados e expostos à ação dediversos componentes químicos para testar vossos cosméticos e artigos de higiene e limpeza.Entre gôndolas perfumadas e corredores refrigerados, acondicionados nas embalagenscoloridas e nos corredores com música ambiente, esconde-se o suplício de dor e sofrimentodessas pequenas almas-grupo que procuram estagiar no orbe. São despedaçados, ficam cegos,mancos, sem peles, bicos e unhas, para servirem de teste e verificarem os efeitos internos dasnovas substâncias pesquisadas por uma indústria esfomeada por lucros; suas entranhas são ar-rancadas, raspadas e feridas até a morte.

Em vossos rodeios modernos, por trás das apoteoses ensaiadas, escondem-sedolorosos estímulos no saco escrotal dos animais, nos momentos em que os touros bravossaem para as arenas. Pregos, pedras e outros objetos cortantes e pontiagudos, firmementecolocados sob a cela, garantem o sucesso do espetáculo. Reforçam-se as performances com asesporas afiadas aplicadas com força na região do baixo ventre do animal esbravejan-te. Dandototal garantia ao espetáculo, choques elétricos podem ser aplicados nas partes sensíveis, antesda entrada para o show. Pimenta e terebenüna, associadas a outros princípios abrasivospassados no corpo do animal, garantem a satisfação dos espectadores ansiosos em seuscamarotes confortáves.

Touro na arena é brincadeira de criança diante da adulta farra do boi. Conduzido doseu estábulo e solto no meio da rua, é perseguido por pessoas armadas de porretes, pedras,facas e lanças. Ferido até arrancarem seu rabo, no final do festim cruel é morto, e sua carneenrijecida pelas descargas elétrico-nervosas de pavor e medo é repartida entre os esfomeadosparticipantes.

Vossos circos pomposos acorrentam os animais em gaiolas sujas, deixando-os ao solem altas temperaturas. Nos seus olhos, troncos e pernas, o chicote acicata-os firmemente.Focinheiras apertadas e coleiras estranguladoras garantem o espetáculo da noite. São"treinados" com choques elétricos e chapas quentes para pisar, além de chibatadas.

Quanto ao carnivorismo, já dizia Gandhi:"A grandeza de uma nação pode ser avaliadapela forma como são tratados os animais". Sem querer ser redundante, dado que a opção pelovegetarianismo foi abordada com profundidade em outra obra (Fisiologia da Alma), cabe-nosalguns comentários adicionais, a fim de esclarecer como os alimentos de origem animalchegam aos vossos pratos para saciar os paladares apurados. As aves ficam dias sem dormirem ambiente extremamente apertado e com luz, sem se mexerem, levadas ao desespero.

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Martirizadas, os seus bicos são cortados com lâmina quente, sem anestesia, para que não seataquem uma às outras no desespero a que são submetidas e apertadas.

Da mesma forma, os suínos são confinados em jaulas. O odor brutal de suas fezes feresuas narinas sensíveis, que não mais resfolegam na lavagem de restos de comidas humanas,que é substituída pelas rações cheias de hormônios para a engorda e crescimento descomunal.Alguns morrem imóveis pela obesidade, recusando-se a comer e a beber; outros se atacamviolentamente, mutilando seus rabos, o que leva os criadores a cortarem-nos. Quanto menor omovimento, mais rápido o animal engorda e maior é o lucro.

A produção dos bifes dos tenros bezerros, tão apreciados pelas classes abastadas nosgrelhados dos almoços dominicais, obriga-os, desde os primeiros instantes do nascimento, aficar separados das mães, violentando-os no mais forte instinto natural de sobrevivência,natural aos mamíferos. Para suas carnes manterem-se tenras, vossos pecuaristas deixam-nosimobilizados a fim de não enrijecerem os músculos. Quanto mais rápido crescerem eengordarem, mais sofrem. Para suas carnes ficarem brancas, recebem dieta pobre em ferro.Muitos não resistem e morrem antes do abate. Quando chegam aos cem quilos, algo próximoaos quatro meses de suplício, são abatidos.3

(3) A indústria de produção de vitela é de uma crueldade impressionante. Para obteruma carne macia e que não se torne vermelha, os bezerrinhos recém-nascidos são apartadosimediatamente das mães. Jamais irão ser amamentados, nem terão contato físico com qualquerser de suas espécie. Para que atinjam cerca de 200 kg rapidamente (em vez dos 50 kg normais),são impedidos de se mover, em baias com cerca de 56cm x 137cm. Quando pequenos, sãoacorrentados pelo pescoço para evitar que se virem. Não há palha nem qualquer forro paradeitarem - aliás, mal podem deitar-se -, para evitar que a comam. Sua dieta é exclusivamente deleite em pó desnatado, com vitaminas e hormônios de crescimento. Em geral, são deixados semágua, para que aumente o consumo da dieta líquida. Desenvolvem uma anemia profunda, malconseguindo manter-se em pé. Assim se produz uma carne pálida e macia - anêmica. Para quenão se agitem, muitos os deixam o tempo todo no escuro. Essas verdadeiras máquinas vivas deprodução da famigerada carne de vitela vivem quatro meses nesse regime de tortura, até oabate.

As vacas leiteiras são apartadas dos filhotes e o leite é extraído com máquinas desucção. Após um certo tempo, suas mamas inflamam, sangram e transferem resíduos de pus esangue infectado para o leite extraído, que será pasteurizado para chegar em caixas dealumínio até vós, acondicionamento meta-lizado que demora centenas de anos paradesintegrar-se junto à natureza. O gado leiteiro vive em média cinco anos em confi-namento(sem ver o Sol, sem andar, num espaço exíguo), sendo sugado pelos vampiros mecânicosinventados pelo homem, ao invés de uma existência de 25 anos, que seria o normal.

Nos grandes abatedouros modernos, centenas de milhões de frangos, carneiros,porcos, cabritos, perus, gansos, patos, bois, javalis, são diariamente mortos sem piedade,recebendo um disparo de pistola pneumática com estilete ou agulha, que recorta a medulaespinhal. Nos abatedouros menores, muitos clandestinos, são sacrificados a golpes demarretas na cabeça. Após caídos, são suspensos por trás por correntes e têm suas veiascarótidas cortadas. As vísceras são usadas para fazer finos patês e o sangue coletado paraservir de farinha e alimentar animais. Muitos abatedouros utilizam choques elétricos,especialmente os de suínos. Os porcos ficam em jejum para "limparem" o aparelho digestivo,passam por um corredor que os afunila e os molha para, no final, receberem irmã carga

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elétrica mortífera na cervical. As aves também ficam de cabeça para baixo, recebem choqueselétricos e são sangradas no céu da boca.

Vosso famoso peru de Natal é engordado em criadouros de forma intensiva. São"depósitos" sem janela e mal-iluminados, a fim de reduzir a agressividade de uns com osoutros. O espaço reduzido produz ferimentos nos joelhos e quadris, úlceras nos pés e bolhasnos peitos. Muitos dos perus têm os bicos arrancados com uma lâmina em brasa para reduziros ferimentos. Os perus mais pesados são suspensos pelos pés, durantes minutos. Em seguida,recebem um banho de água eletrificada, têm suas gargantas cortadas e são mergulhados emágua fervente para serem depena-dos. A maioria deles vai para a água fervente ainda vivo,com os seus duplos espirituais acoplados nos organismos físicos.

Grande tristeza é a indústria de patê áefoie-gras para satisfazer os paladares maisrefinados. Os gansos são agarrados pelo pescoço e lhes inserem funis e tubos metálicos dealimentação que vão até o estômago. Impedidos de dormir, uma alavanca bombeia raçãoininterruptamente, com o objetivo de engorda e aumento das vísceras, algo como se fósseisobrigados a comer 15 quilos de macarrão por dia, colocado em vossas gargantas. Nospescoços das aves é colocado um anel elástico para não regurgitarem, garantindo o sobrepesoalmejado para a lucratividade famélica da indústria. Após quatro semanas, os patos e gansosestão com os fígados inchados até doze vezes o tamanho normal. Apenas os machos sãoutilizados para fazer vossos deliciosos patês e ante-pastos de vísceras. As fêmeas sãoamontoadas em sacos e jogadas em latões de água escaldante. As que sobrevivem são mortastendo as cabeças dilaceradas. Ao comer vossos canapés regados a champanhe, lembrai-vosdesses irmãos menores do orbe. Ao remeter para vossas bocas os quitutes saborosos cobertosdesses patês, lembrai-vos que o mesmo Deus que vos criou é Pai desses irmãos menores.Trata-se de uma indústria cruel, mantida para cidadãos que se dizem de fino paladar.

Infelizmente, ainda existem rituais religiosos que matam os animais. Um rito chamadoKosher é uma forma religiosa de abate utilizada por judeus e provém de épocas anteriores aonascimento de Jesus. O boi é pendurado vivo por grilhões nas patas traseiras. Ao se debaterfreneticamente de terror, mugindo e babando com a língua de fora, suas pernas são quebradase é degolado com uma faca sacerdotal, que tem essa única finalidade. Segue-se toda umaliturgia para analisar se o boi foi sacrificado com o corte adequado e se sua alma (duplo)serviu como oferenda para "Deus". Ao contrário, se for recusado pelos sacerdotes, novo boideve ser levado ao suplício sacrificial e assim sucessivamente.4

(4) O parlamento holandês prepara-se para aprovar uma lei destinada aos matadourosreligiosos, que acaba com a isenção das normas que exigem que os animaissejam"atordoados"ou anestesiados antes de serem mortos. Como as regras judaicas emuçulmanas não permitem que os animais estejam inconscientes quando são mortos, na práticaa lei baniria as práticas kosher (judaica) e halal (islâmica) de morte de animais.

Os defensores (da lei) vêem a proibição como uma continuidade da tradição holandesade liderança em ética progressista. A proposta na Holanda veio do Partido pelos Animais, únicalegenda do mundo baseada especificamente na defesa do direito dos animais e que temrepresentantes no Parlamento nacional. MarianneThieme, sua jovem e carismática líder, diz queos líderes religiosos contrários à lei tentam frear a história. "Aqui em nossa sociedade nãoaceitamos mais que os animais precisem sofrer", diz ela. Grupos religiosos se opuseram comfreqüência n mudanças sociais progressistas", acrescentou. "Vimos a mesma coisa com os di-reitos das mulheres."

A proposta deThieme foi apoiada pelo Partido da Liberdade. O governo, do PartidoLiberal, essencialmente laico, decidiu apoiar a lei. O Partido Trabalhista, de oposição, também aapoiou, favorecendo a sua ala defensora dos direitos dos animais em detrimento de seu

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significativo eleitorado muçulmano. Ironicamente, os principais opositores são os democrata-cristãos.

"Compreendo que as emoções estejam lá em cima", afirmou Thieme,"porque você aichaque sua comunidade religiosa está fazendo as coisas da melhor forma pos-MVC! há milhares deanos, e é doloroso ser confrontado com fatos científicos que mostram de outra forma".

Em muitos de vossos países comem-se cães e gatos. No Vietnã, os cachorros são

retirados de gaiolas, escolhidos pelas donas de casa nas feiras. Com um pau de gancho naponta, são espetados no pescoço e jogados vivos em água fervente. São servidos em mercadose restaurantes, acreditando-se que sua carne é afrodisíaca. Na China, existe ofondue decachorro em que são servidos são bernardos. Essa indústria de abate canino é mais lucrativaque a de porcos, vacas ou galinhas e está crescendo assustadoramente.

Para nossas considerações não se tornarem demasiado chocantes, já que teríamosmuitos outros relatos fatídicos que deixariam qualquer sacerdote religioso antigo estarrecido,ou pajé de penacho em pé, finalizemos este capítulo relembrando Jesus, o Cordeiro de Deus,que se deixou sacrificar para libertar as consciências da mortandade religiosa. Resta aoshomens que ainda matam em nome do sagrado libertarem-se desse atavismo milenar, e aostantos outros que não assassinam os animais em ritos religiosos, mas que saciam seusestômagos esfomeados com restos dos cadáveres de nossos irmãos menores, educarem-se,contribuindo para a transição planetária que se avizinha. Em breve a verdade prevalecerá emudanças se implementarão na consciência coletiva para a inevitável sustentação equilibradado planeta.

Pergunta: - Os judeus procedem hoje ao ritual de abate de animais paraalimentação, da mesma forma respeitosa com que realizavam os sacrifícios,com rezas e uma lâmina afiada que cause morte rápida e indolor. Osreligiosos da atualidade, especialmente da matriz africana, tendo comoprincipal vertente a Yorubá, justificam os sacrifícios perante a sociedade como Velho Testamento. Para eles, o sangue é sagrada essência de vida emantenedor do equilíbrio entre o plano material e espiritual, energia (axé)que se transfere pelo fluido vital ri-tualizado e que teria o poder de alterarsituações indesejadas. O que tendes a dizer?

Ramatís: - Nas civilizações em que ainda se perpetuam cemitérios ambulantes nosestômagos dos cidadãos, lotados de restos cadavéricos dos irmãos menores, qualquerpretensão de contrariar essas "leis" judaicas antigas, diante das práticas religiosassanguinolentas, será utopia, assim como o gato que pula da janela para pegar o passarinho seesquece de que não tem asas e se espatifa no chão.

O sangue, veículo da vida por excelência, qual protoplas-ma divino, irradia-se peloscorpos físicos e etéricos em potentes fluidos que conheceis como ectoplasma, dispensando oscortes sacrificiais. Observai que se o sangue fosse verdadeiramente mantenedor do equilíbrioe do progresso entre os homens, diante das leis de Deus, quais seriam os motivos ocultos dasnações africanas e todas as demais que tinham ritos religiosos sanguinolentos terem definhadoe desaparecido ao longo da história das civilizações humanas? Se assim não fosse, os camposde batalha das guerras fratricidas seriam os locais de maior progresso de vosso orbe, e não osão.

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Pergunta: - Há fundamento nas práticas de enfeitiçamen-to, em que sesacrificam galos pretos nas encruzilhadas, cabritos e bodes nos"candomblés", ou ofertam bifes sangrentos nas portas de cemitérios?

Ramatís: - Embora essas práticas sangrentas e primitivas predominem nos"candomblés" africanos espalhados pela Europa, América Latina e Brasil, a influência dacivilização e o avanço científico tende a diminuí-las ou eliminá-las futuramente. Quanto aossacrifícios de aves e animais em semelhantes trabalhos, nem é preciso vos lembrar daimportância do sangue ali vertido, fundamento principal para o intercâmbio com os espíritossubvertidos.

Pergunta: - Mas esse derramamento deliberado de sangue, através desacrifíciospagãos e macabros, é realmente necessário para o processo deenfeitiçamento?

Ramatís: - Na realidade, trata-se de um processo detestável que se vincula ainteresses e subversões abomináveis, ativado e controlado pelo mundo oculto pervertido. Avertência de sangue e os ritos de sua dinamização fluídica atendem às mais ignóbeis tarefasdos "comandos das trevas".

Os templos pagãos, com a degola e a queima decrianças e jovens, os templos judeus, com o morticínio deanimais e aves, eram verdadeiras filiais de fornecimentode tônus vital cobiçado pelos espíritos subvertidos doAlém-túmulo...

Enquanto existir sangue à disposição dos vampirosdo Além, a obsessão, o feitiço, a tragédia, a desventura e adoença ainda serão patrimônios cármicos da humanidadeterrícola.

Ademais, o incessante fornecimento desangue....por parte dos homens, significa pródigacooperação para o maior êxito do enfeitiçamento.

Magia de Redenção, cap. XVI,"Os Males doVampirismo"

Pergunta: - Jesus foi o Cordeiro de Deus que nos libertou danecessidade de sacrifícios animais para a remissão de nossos pecados. Porque, então, até os dias de hoje sacrificamos Jesus, "comemos sua carne" e"bebemos seu sangue" nas missas católicas?

Ramatís: - A Igreja e os "santos" sempre ensinaram, ao longo dos tempos, que asocorrências do Velho Testamento são prefigu-rações daquelas que aconteceriam no NovoTestamento. Podeis inferir que Deus compreende as fraquezas dos homens e ensina-lhes asverdades do Seu reino de modo gradativo e adequado às inteligências de cada época, para aformação da consciência coletiva. Para tanto, os fatos foram registrados nas escrituras, a fimde que servissem de analogia às ocorrências futuras da Boa Nova evangélica.

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A ação pacificadora de Jesus, criadora de sublime "egrégo-ra" planetária, concretizouem vosso mundo uma transfusão de luz divina que imobiliza e desmantela o reinado dassombras, oposto ao reino luminoso dos Céus. Aliás, não fosse a aura do Cristo e o contatovibratório das civilizações cristãs nascentes, renovadas pela prece e fé inquebrantável e,muitas vezes, com os sacrifícios de cristãos nas arenas romanas, fortalecendo um mesmo ideallibertador, a feitiçaria mantida pelos sacrifícios animais não se teria anulado, bloqueando oprogresso moral dos cidadãos.

Em verdade, o "santo" sacrifício da missa manteve o cristianismo vivo e neutraliza, atéos dias atuais, os fluidos pestilentos e malévolos liberados enormemente na aura planetáriapelos nefastos sacrifícios animais e derramamento de sangue que se dá em todo o planeta eque inevitavelmente alimentam os vampiros do Além-túmulo que habitam as zonassubcrostais.

O oferecimento de pão e vinho a Deus vem desde Melquise-dec, sacerdote e rei deSalem (Gênese 14:18-20). O profeta Ma-laquias anunciava pelo seu verbo um Deus resolvidoa rejeitar e abolir os sacrifícios antigos: "O meu afeto não está em vós, diz o Senhor dosexércitos; nem eu receberei algum donativo de vossa mão" (Malaquias 1:10). Trata-se desubstituir os sacrifícios antigos por um novo, que deveria ser oferecido em toda a Terra:"Porque desde o nascente do Sol até o poente é o meu nome grande entre as gentes, em todolugar se sacrifica e se oferece ao meu nome uma oblação pura" (Malaquias 1:11). A expressão"do nascente do Sol até o poente" é usada nas escrituras significando o mundo inteiro. Apalavra "gentes" refere-se aos gentios, os povos que não são o israelita. Claro está que aoblação (oferenda) a que o profeta se refere não é uma mera metáfora: ela deve substituir ossacrifícios dos sacerdotes da antiga lei judaica e igualmente não se refere ao sacrifício cruentona cruz, pois este foi oferecido em um só lugar, uma única vez. Para tornar o nome do Senhor(Jesus) enaltecido e lembrado entre as gentes ignorantes das sutilezas do amor incondicionalcrístico, houve a necessidade de uma constante renovação incruenta, simbólica, daquelesacrifício no calvário, deslocando gradativamente e de uma forma constante, no passar dosséculos, a troca com Deus pelo morticínio e derramamento de sangue dos animais para osimbólico corpo e sangue de Jesus.

Pergunta: - O sacramento da eucaristia deveria ser momento ritualculminante na missa. Não é um ato meramente exterior que não conseguemodificar os crentes interiormente?

Ramatís: - A mística da missa ainda é alimentar as almas com elementos palpáveispara que elas consigam substituir, gradativamente, as lendas e ensinamentos bíblicos queestão em seu inconsciente pelos ensinamentos transformadores de Jesus. Conforme essaspedras brutas vão sendo lapidadas, a pedreira vai se esvaziando e a montanha cármicaacumulada pelo derramamento de sangue no passado diminui, assim como o número deprosé-litos católicos se reduz drasticamente em todo o planeta. Ocorre que o processo deespiritualização das criaturas do orbe não deve violentá-las em suas superstições, fanatismosreligiosos e trocas com os "santos". O "corpo" e o "sangue" de Jesus, simbolicamentematerializados pela consagração eucarística em pão e vinho, servem aos propósitos divinos,como um verdadeiro alimento espiritual, quando o culto da missa é conduzido a contento emseu objetivo de elevação vibratória dos presentes. Nesses momentos do embevecimento,podeis acreditar que verdadeiramente a essência do Cristo se rebaixa aos elementos materiaisutilizados, que servem de condensadores energéticos - a hóstia deixa de ser mero pão de trigoe debaixo das aparências do vinho, sob o influxo mental do sacerdote no preciso momento da

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pronúncia das palavras de consagração, uma "miraculosa" conversão ocorre, um portalvibracional se abre e "anjos" enviados por Jesus espargem sobre esses elementos fluidosmagnetizadores, em meio a maravilhosas luzes etéreas iridescentes. São atos litúrgicosmagísticos cpie essas falanges de espíritos benfeitores operam intensivamente sobre osaltares, o que vossa Igreja chama de transubstancia-ção, poder instituído pelas palavras deJesus, verbo sagrado do Pai, celebrado na última ceia com os discípulos, em verdade aprimeira eucaristia. Assim, embora tratando-se de um ato exterior aos olhos menos atentos, amissa tem o seu ápice vibratório no momento da consagração eucarística.

Paulatinamente, as forças dos encarnados presentes são renovadas sob o influxo dosdesencarnados que comparecem e trabalham nas igrejas como socorristas de Maria de Nazaré.Embora se trate de cerimônia convencional repetida há milênios, não ensejando maioresconhecimentos espirituais aos homens acomodados, é extremamente válida para o objetivo deelevação, a fim de amainar os impulsos atávicos acumulados no passado remoto de troca comDeus pelos sacrifícios sanguinolentos.

Está chegando o momento final desta transição, no qual os cidadãos terrícolas terão deinteriorizar e solidificar os ensinamentos do Evangelho de Jesus, libertando-se e libertando-odo seu calvário na cruz, que se repete qual filme inacabável há milênios.

Pergunta: - Não se trata de um equívoco milenar a"transubstanciação" do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus? Comopode ser, se Jesus disse "as palavras que vos digo são espírito e vida - a carnenada vale...fazei isto em memória de mim"?

Ramatís: - Essas palavras de Jesus se destinaram aos que entendiam por "corpo" ou"carne" uma matéria física. Todavia, Jesus não falava em"corpo"e"sangue" pertencentes àmaterialidade, mas sim da realidade imaterial, dos mundos suprafísicos, ou melhor,transubstanciação significando além da substância palpável.

Obviamente o corpo espiritual de Jesus é verdadeiramente alimento para as almas, e oMestre não se referia aos envoltórios grosseiros do espírito aprisionado na materialidade(ossos, nervos, epiderme). Jesus não tem nenhum corpo astral ou pe-rispírito e ninguém podever ou tanger seu corpo espiritual real, muito menos analisá-lo intelectualmente, já que desdeo dia de sua ascensão está nas alturas, em picos celestiais inalcançáveis às vossas percepções.Assim, a consciência e vibração de Jesus envolvem todo o planeta e o seu "sangue" (pranadivino) irriga todos os seres viventes na psicosfera do orbe.

Em verdade, através de um ato de consagração, é possível alcançar-se estratosvibratórios além da matéria bruta de vosso plano físico. Simbolicamente, o vinho no cáliceseria um novo dispositivo para a condensação energética do seu sangue metafísico, alimentopara a fé e transformação espiritual, bengalas psicológicas para auxiliar o despertamento doCristo interno, aproximando-o dos cidadãos perdidos em exterioridades.

Se o simples ato eucarístico de consagração dos elementos (pão e vinho), ocorrido naúltima ceia, tivesse levado os apóstolos a comungar integralmente com o Cristo, um deles nãoteria traído Jesus, outro o negado três vezes, jurando não ser seu discípulo, e todos os demaisfugido covardemente, à exceção de um. Jesus sabia que a mera ingestão de símbolos materiaisnão espiritualiza ninguém. Todavia, são indispensáveis elementos rituais para uma

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comunidade embrutecida e incapaz de maiores abstrações. É certo que somente no dia dePentecostes os apóstolos realmente comungaram com o Cristo, data em que não houvetraição, negação ou deserção de nenhum deles. Infelizmente, o cristianismo eclesiástico quepredominou ao longo dos anos contemplou Jesus na eucaristia como mártir e salvador, semmaiores esclarecimentos aos crentes. Enquanto não se realizar a união com o Cristo interno decada criatura, sustentando um estado de consciência perene, os supostos cristãos continuarãomatando Jesus na cruz, comendo sua carne e bebendo seu sangue entre traições, suicídios,mentiras e deserções no caminho "largo" da espiritualização, distantes das estreitas portas dareforma interior evangélica.

Pergunta: - Por que as regiões de conflitos religiosos, disputas deterritórios em constantes guerras e carnificinas humanas, são dominados porreligiões que sacrificam animais desde os tempos dos hebreus antigos, comoos muçulmanos e judeus até os dias atuais?

Ramatís: - Dizem as tradições muçulmanas que fundamentam a festa do sacrifícioque:

Abraão conversou com Deus em sonho, e Deusdisse-lhe para sacrificar aquilo que lhe era mais precioso eamado, e para o homem era o seu filho, Isaque. Abraãocontou ao seu filho a vontade de Deus e este concordoucom o sacrifício. Ambos partiram para Mina, cidade pertode Meca, onde Isaque morreria. Pelo caminho, Abraão foitentado pelo demônio, que lhe disse para desobedecer aDeus. Mas Abraão ignorou a tentação, colocou uma vendaem seus olhos para não ver o que mais lhe fazia sofrer, ecortou a garganta de seu filho.Quando Abraão retirou avenda, reparou que Deus colocara ao lado do seu filho umcarneiro, que foi morto em lugar de Isaque.

A escritura judaica é um pouco diversa, em Gênese, capítulo 22: "Abraão não contounada a Isaac, colocou-o no altar do sacrifício, mas nesse momento a voz do Senhor ordenou-lhe sustar o ato e ele viu o carneiro, ao lado, para a substituição".

Os muçulmanos acreditam fielmente nisto. Celebram o Eid al-Adha (em árabe:

, que podeis traduzir como o "Festival do Sacrifício" ou a "Grande Festa", ouseja, acreditam piamente que Abraão acedeu à vontade de Deus de sacrificar o seu filho, efestejam (como se sacrificar o próprio filho fosse algo merecedor de louvores) com uma festaque pode durar até quatro dias, eivada de sacrifícios de carneiros, bodes, bois e até camelos.Em verdade, é um êxtase coletivo que alimenta os objetivos inferiores de espíritos atrasados,vivendo presos em bolsões do passado, que precisam do sangue para se nutrir. Oderramamento de sangue costumeiro e os ritos religiosos para a sua dinamiza-ção fluídicarespondem às nefastas intenções dos "comandos das trevas", que não aceitam a transiçãoplanetária nem a vitória de Jesus no planeta.

Infelizmente, as guerras nesses locais são uma conseqüência natural da lei universal deafinidade, pois semelhante atrai semelhante, sangue derramado atrai mais sangue a ser vertido

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no solo. Naturalmente, enquanto existir o combustível fluídico do sangue para ser usado pelosubmundo astral, as tragédias, as doenças e as hecatombes geográficos se intensificarão atéum expurgo final, tanto mais quanto menos deixarem de matar uns aos outros.

2. E aproximando-se, um leproso prostrou-sediante Dele dizendo: "Senhor, se quiseres podes limpar-me".

3. E estendendo a mão, Jesus tocou-o dizendo:"Quero, fica limpo!". No mesmo instante ficou limpa sualepra.

4. Disse-lhe Jesus: "Olha, a ninguém digas, masvai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisésordenou, para lhes servir de testemunho".

MATHEUS:2-4

Pergunta: - A oferta que Moisés estabeleceu em ritual para esses casosde cura (Levítico 14:2-2) consistia em sacrifício animal: se homem rico, dêuma ovelha e dois cordeiros e, se pobre, um cordeiro e duas rolinhas. Ossacerdotes da atualidade, defensores dos sacrifícios, utilizam essa passagemdo Novo Testamento de Mateus que faz referência ao rito mosaico de ofertasacriflcial, estabelecido na época, para justificarem as matanças contidas noVelho Testamento e reforçar os atuais sacrifícios em suas religiões. Então,Jesus era favorável aos sacrifícios animais?

Ramatís: - Um das narrativas evangélicas mais impressionantes é a da purificaçãodo leproso. Observai que ele se entrega totalmente ao arbítrio superior de Jesus, demonstrandoconvicção íntima de que a sua "limpeza" dependia exclusivamente do julgamento e vontadedo Mestre. Obviamente Jesus enxergava as almas preexistentes àquelas encarnações, nãodeixando-se influenciar pelas características existenciais do momento ou pelos dogmasreligiosos vigentes, tanto que não seguia as prescrições legais do judaísmo, tocando os le-prosos, andando com as meretrizes e freqüentando a casa dos coletores de impostos, ospublicanos.

Sendo a lepra um dos grandes males da Palestina na época, o leproso era afastado doconvívio dos centros habitados e expulso pelos sacerdotes dos templos para lugares desertos,aos quais

Jesus não se recusava a ir. O leproso, não podendo entrar na cidade, aguardou Jesus naestrada e, ao se ver diante do Rabi da Galiléia, lançou seu apelo sincero de purificação,prostrando-se ao chão humildemente com o rosto em terra. Jesus era profundo psicólogo dasalmas, espírito de escol conhecedor das mazelas humanas e dos artifícios dos homens paraobterem o poder temporal. A exclusão dos impuros baseava-se no preconceito vigente eescassos recursos da medicina para tratar a doença que chagava o corpo. O Mestreprontamente verificou, por sua apurada clarividência, tratar-se de espírito carregado de fluidospesados e pestilentos que se exteriorizavam em seu corpo físico provindos do corpo astral. O

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apodrecimento dos tecidos que caracteriza a lepra é oriundo de mecanismo de repercussãovibratória que tem seu fulcro gerador no perispírito. Neste caso particular, o leproso já tinha,diante do sofrimento prolongado, conquistado a humildade, reconhecendo-se "imundo" e nadaimpunha para alcançar a sua purificação e reinserção no meio social e familiar. Tratava-se deantigo proprietário de casas de banhos romanas, assíduo explorador de prostitutas mantidaslegalmente pela chancela do império para satisfazer os ávidos senadores. As messalinas deRoma eram registradas e pagadoras de impostos, vestiam-se com tecidos floridos outransparentes e, por lei, não podiam usar a estola, vestimenta das mulheres livres, nem a corvioleta. Os cabelos deviam ser amarelos ou vermelhos, para serem identificadas eestigmatizadas por todos. O lugar mais comum de trabalho delas era sob arcos arquitetônicos,onde aguardavam os chamados para irem às casas de banho atender os clientes. Quando essasmulheres contraíam doenças venéreas, especialmente a "desconhecida" sífilis, eram excluídasda vida urbana por esse proprietário, em conluio com os senadores e generais. Muitas vierama morrer desnutridas, loucas e cegas. Assim, pela retificação da Lei do Carma, precisou oempregador do sexo pago de outrora, agora o leproso excluído, sentir nas entranhas o retornode seus próprios atos desumanos para sublimar o mal causado a muitas dessas meretrizes queeram mães e foram arrancadas do seio de suas famílias. Jesus, tudo vendo no plano atemporalpela sua terceira visão dilatada, voltou-se para a individualidade espiritual preexistente everificou que já alcançara merecimento para a cura e, por misericórdia, recompôs as chagas,pústulas e tecidos decompostos da personalidade encarnada que havia esgotado o seu resgatecármico.

Mandou-o apresentar-se aos sacerdotes e cumprir o ritual mosaico, pois que sabia quea trilha de uma religião ritualis-ta era necessária para que aquele ente retomasse à sua vida emsociedade e fosse aceito novamente pelos seus amados familiares. Quando Jesus lhe pediu queguardasse segredo sobre quem o curara, demonstrou a humildade que pautava a sua conduta epreservava-o de possíveis retaliações do clero judaico, que poderia enciumar-se da cura tersido feita por um "profeta anárquico". Obviamente Ele não era favorável ao sacrifício dosanimais. Contudo, sabia que se não houvesse o ritual judaico aplicado, o leproso purificadonão poderia voltar ao convívio social, tornando-se a cura um processo de aprisionamento psí-quico religioso, ao invés de libertação espiritual que havia sido conquistada por merecimento.

Claro está que não deveis seguir o sentido literal das escrituras, e procurai semprecontextualizar conforme os costumes da época. Em verdade, Jesus nunca preconizou osacrifício de animais, embora convivesse com isso sem causar maiores males àsindividualidades grosseiras de então, já que o seu objetivo era deixar um legado - oEvangelho - para a humanidade, com um apelo de alcance planetário. Ademais, podemosdizer que quando Jesus teve seus apóstolos admoestados pelos fariseus, por estar reclinado àmesa em banquete com os cobradores de impostos, que eram taxados de "pecadores",ouvindo-os, disse: "Os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos. Ide aprender oque significa misericórdia quero, e não sacrifício, pois não vim chamar os justos, mas sim ospecadores, ao arrependimento" (Mateus 9:10-13). A expressão "ide aprender o que significa" éfórmula rabínica utilizada em controvérsias, que reforça a opinião de Jesus de que amisericórdia vale muito mais do que qualquer sacrifício religioso. Mais tarde, dirá novamenteque os "pecadores" e meretrizes conseguirão o "reino de Deus" antes dos "justos" fariseus edos sacerdotes convencidos, pois a eles é muito mais fácil compreender a Boa-Nova porserem simples e humildes de coração, de que aos que se julgavam "virtuosos" e"conhecedores" dos rituais religiosos, quase que"donos da verdade", hipnotizados pelos ritosmosaicos sanguinolentos, eivados de vaidade e orgulho.

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Jesus nunca se prendeu às aparências das personalidades transitórias que animavam osespíritos encarnados, valendo-se de sua apurada sensibilidade para "ver" as verdadeirasindividualidades presentes nas formas físicas ilusórias e o que era de seu merecimento acimade dogmas religiosos vigentes, opiniões parti-cularizadas excludentes ou preconceitos moraisenraizados.

Pergunta: - Como Jesus se comportava perante os preceitos judaicos emrelação ao sangue, como elemento litúrgico e usado em ritos de purificação?Ele alguma vez os seguiu?

Ramatís: - Jesus nunca seguiu os ritos judaicos nem as orientações rabínicas queclassificavam o sangue como elemento sagrado ou impuro. Para o Mestre, importava amudança interior dos que se achegavam a Ele. Certa vez, tocaram-no e disse Jesus: "Quem éque me tocou?" (Lucas 8:45). Pedro, que estava próximo ao Rabi da Galiléia, retrucou: "Amultidão te aperta e te oprime e dizes: "Quem é que me tocou?". O que Pedro não entendiaera que aquele toque era substancialmente diferente e especial ao Mestre. "Quem me tocou?",perguntou novamente Jesus. Nesse ínterim, os demais circunstantes, movidos pela curiosidadeinsensata, por superstição maliciosa e com pensamentos de baixas vibrações, "apertavam eoprimiam Jesus". Mesmo com toda a multidão que normalmente o cercava, percebeu pelosseus apurados sentidos psicoastrais uma mulher hemorrágica, com firmeza incomum e férreadeterminação, que pegara5 suas vestes insistentemente, mas com delicadeza, e assim alcançouo seu amoroso coração. Ocorre que quem sofria com fluxo de sangue era considerado imundopelos sacerdotes judaicos. Era-lhes impensável tocar ou ser tocado por uma criatura impuradesse porte. A insânia preconceituosa era tanta, que até os objetos perdiam o valor se tocadospor um "doente" com fluxo de sangue, já que a "impureza" física era associada à moral, eassim eram excluídos do convívio da sociedade (Levítico 15).

(5) Nota do médium - Em seu encontro com a mulher com fluxo de sangue, as vestes deJesus eram a de um Messias, considerado um"israelita" obediente a Deus. É que no Livro deNúmeros há uma orientação que deveria ser seguida por todo que desejasse ser santo e agradávela Deus: "e as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos doSenhor, e os cumprais" (Números 15:39). Foi exatamente na orla, parte mais significativa daroupa, que a mulher segurou. No original grego das escrituras, ela fez mais que tocar, elaagarrou, pegou. Ela agarrou o que era considerado a representação do divino, do sagrado.Talvez tenha pensado que a pureza da veste a purificasse. Há quem diga que havia um misto desuperstição e fé no gesto, um equívoco desfeito por Jesus ao falar-lhe :" Filha, a tua fé te salvou,vai em paz".

"Alguém me tocou", admoestou Jesus novamente. Então, a mulher, não podendoocultar-se, aproximou-se tremendo e prostrando-se diante d'Ele declarou-lhe, perante todo opovo, a causa por que o tocara" (Lucas 8:46). Assim, ao pegar as vestes de Jesus, a mulherdiscriminada pelos religiosos da época viveu um processo de cura interior que lhe teriaconcedido forças em meio a sua fraqueza. O "milagre" aconteceu porque sua fé,arrependimento e determinação sintonizou com a aura angélica de Jesus, independentementede quaisquer proibições ou tabus rituais em relação ao seu estado. Os circunstantes ficaramainda mais estupefatos quando Jesus lhe falou: "Filha, a tua fé te salvou, vai em paz",desmistificando os que pensaram que a pureza de suas vestes a tinha purificado, direcionandoao íntimo daquela criatura o mérito por sua cura, mesmo que publicamente ela tenha sidojulgada pelos sacerdotes hipócritas como "imunda" e "impura", contrariando todos os dogmas,proibições e tabus rituais vigentes na época.

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Pergunta: - Se somos luz e temos em nós o Cristo interno, qual o motivode existirem ainda tantos sacrifícios animais sustentados por sacerdotes queoficiam esses ritos de trocas com o sagrado?

Ramatis: - Os discípulos que interiorizam os ensinamentos do Evangelho, tornandoperene a conduta moral crística, ampliam suas auras psíquicas e influenciam a elevaçãoespiritual da humanidade. Mas de nada adianta servir aos homens ignorantes um alimentodesconhecido, qual o brutamontes carnívoro das cavernas colocado defronte de iguariasvegetarianas. A irradiação de sua aura permanecerá turva e pegajosa, pois o recipiente tem deestar preparado para receber.

A interiorização dos valores do Evangelho vos ajudará mais do que o atendimento devossas necessidades materiais, físicas, intelectuais e emocionais, pois é propiciatória de pazinterior, tranqüilizando a alma milenar. Isso é obtido por quem conseguiu absorver em si asirradiações espirituais, como se fosse o genuíno sal da terra, colocado no alimento de acordocom a capacidade de digestão das consciências.

O próprio Jesus irradia, através de sua aura planetária, a luz cósmica benfazeja doCristo, declarando categoricamente: "Eu sou a luz do mundo" (João 8:12). Cabe a vós serdes aluz do mundo também, desde que, como Ele, consigais vos integrar ao Cristo Cósmico, oDivino Logos. Ocorre que a maioria dos cidadãos confunde-se com a personalidadetransitória, iludindo-se com um falso eu, tornando-se treva e um entrave à luz do Cristo.

Pergunta: - Jesus dizia que não veio revogar a Lei ou os profetas, massim completar. Então, podemos concluir que as leis mosaicas de purificaçãoespiritual pelos sacrifícios animais também foram completadas pelo DivinoMestre?

Ramatís: - Jesus, eminente sociólogo e profundo líder espiritual, propunha-secomplementar o que Moisés ensinou, assim como engenheiro que entra em um prédioinacabado não deve destruí-lo para terminar a construção. "Até que o Céu e a Terra passem",tudo terá fatalmente que evoluir, dizia o Mestre. Obviamente Jesus complementou o sentidoesotérico das verdades espirituais dentro da capacidade de entendimento da época, e quedevem permanecer sendo desveladas por toda a eternidade. Mas está claro que entendersomente a letra das escrituras, obedecendo-as mecanicamente sem ater-se aos enigmas queocultam seus ensinamentos, é permanecer com o véu sobre os olhos.

Sem dúvida, Jesus aperfeiçoou os ensinamentos mosaicos quando dizia: "Nãomatarás" e "quem matar, estará sujeito ao julgamento". O julgamento a que se referia eradirecionado aos que magoavam seus irmãos, aos que odiavam, não perdoavam,recomendando a essas almas vingativas que deixassem as ofertas no altar e fossem primeiroreconciliar-se com os inimigos, pois sabia que os adversários reencarnam como parentespróximos, e que nada adiantava somente não matar.

Impõe-se até hoje o exercício do amor incondicional, para que os vossos desafetosatuais não retornem como filhos, esposo ou esposa em encarnação futura. De nada adiantasacrificar a Deus: o único meio de resgate é a dedicação ao serviço do amor ao próximo, emfavor de vós mesmos. Estais num ciclo em que sereis cobrados até o último centavo. A

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inflexibilidade das leis universais não se altera por preces, devoções, oferendas e sacrifícios. Ainfinita misericórdia do Pai manifesta-se dando-vos eternas possibilidades de reencarnaçõessucessivas, até que estejais credores na balança da justiça divina.

Os sacerdotes idolatras gritavam hosanas a Moloch, enquanto uma criança gemia nomomento do sacrifício que lhe era ofertado; os pequeninos eram queimados vivos para aplacara ira dessa terrível divindade. Os próprios hebreus antigos queimaram seus filhos em volta dasárvores do vale verdejante no qual mantinham o altar dos sacrifícios. Estava arraigado nosreligiosos da época que era preciso colocar sacrifício nos altares, atavismo dos tempos doinsaciável Moloch; daí ter o Mestre ampliado os ensinamentos de Moisés, dizendo que nãobastava a oferenda no altar.

Apesar disso, a humanidade ainda hoje caminha por vales de gemidos das vítimasanimais sacrificadas pelas busca insana de satisfação de seus desejos.

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III

Diálogo com um príncipe das trevas

Pergunta: - Onde me encontro e o que estou fazendo aqui?Ratar: - Não fiques assustado. Eu me chamo Ratar. Hoje és convidado e bem-vindo

aos meus domínios. Estás desdobrado e com dois amigos espirituais te conduzindo. Fostetrazido aqui para que pudéssemos ter uma conversa franca, frente a frente, e depois registrarespara os leitores da crosta.

Comentário: "Acordei" sentado diante de uma entidade que eu não conhecia. Tinhaconsciência de que estava em desdobramento astral. Sentia um pouco de medo diante dodesconhecido, pois não havia sido avisado dessa entrevista. Ele estava do outro lado de umaampla mesa, sentado em uma poltrona confortável. Sua aparência era calma e o semblantesuave. Não lembrava em nada o arquétipo de uma entidade trevosa. Cabelos longos e negros,olhos amarelos, com a retina semelhante à dos gatos, pele levemente amorenada. Gesticulavavagarosamente e tinha as unhas compridas, brilhosas e um tanto pontiagudas. Educadíssimo,conversava comigo. Eu escutava seu pensamento "sonoro" em minha mente, embora nãohouvesse nenhum movimento em seus finos lábios. Nosso diálogo se dava numa língua antigaque não conheço, mas entendia perfeitamente, como se tivesse um tradutor dentro da cabeça.A clarividência me estava totalmente aberta: via-me como se estivesse num filme de coresintensas.

Pergunta: - Qual o motivo deste idioma diferente e por que não"falamos" português? Por favor, fale-me sobre os seus domínios, onde ficam,o que fazem...?

Ratar: - Calma, meu rapaz! Uma coisa de cada vez. És naturalmente curioso equestionador; por isso trouxeram-te aqui (riso). O idioma que reveste nossos pensamentosnesta comunicação mental é o antigo siríaco, que teve sua fase áurea entre os séculos IV e VId.C. Nessa época, iniciou-se a tradução da Bíblia neste idioma, o que redundouposteriormente na Peshitta, a versão do livro sagrado no idioma siríaco. Escolhi este idiomapara nosso diálogo, entre tantos outros que poderia eleger, e que estão em nosso inconscienteespiritual, pelo fato de ser o que mais facilita a transliteração de idéias mente a mente para oteu atual idioma, o português, fazendo com que me entendas com mais facilidade. Antes queperguntes, já te digo que o dominas, só não te lembras, pois fomos ambos, eu e tu, escribasque trabalharam no projeto gigantesco que foi a tradução da Bíblia. Não por acaso tens muitafacilidade de interpretação das escrituras.

Comentário: Percebi que Ratar não queria falar de seus domínios, nesse momento denossa conversa. Senti uma amizade milenar, entre eu e aquele vampiro do Astral inferior, poissabia que todo o seu reino sustentava-se pelo tônus vital do sangue derramado pelosencarnados nas encruzilhadas, o que não me assustava; ao contrário, me sentia seguro estandosentado com ele. Entendi que os fortes laços de amizade de um passado remoto vinham à tonanaquele momento e serviam para me deixar calmo, o que ajudaria a me manter desdobradonaquele local e serviria para que os amigos que me guiavam (Pai Quirino, no corpo astral, eRamatís, no corpo mental) continuassem me sustentando vibratoriamente. Percebi que as

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perguntas que seriam formuladas já estavam previamente combinadas com Ratar, como seisso fosse melhor para a compreensão dos leitores. Assim, aquietei minha mente agitada edeixei-me ser conduzido.

Pergunta: - Então já estivemos juntos em nome do Cristo... O quehouve que o levou a mudar de rumo na sua caminhada ascensional?

Ratar: - Finalmente estamos em união mental. Foi muito marcante para mim terperdido um filho amado no momento mais cruel da Inquisição espanhola. Eu era um prósperonegociante de especiarias do Oriente, tendo uma pequena esquadra de navios mercantes. Alémdisso, era venerável mestre em uma loja ocultista, um cabalista, um mago e um alquimista.Esse meu filho, um jovem de 15 anos, me foi arrebatado dos braços pela Santa Inquisição,pelo fato de ser filho de uma meretriz das índias, que me era muito cara e morava na minhamansão, sen-do-me uma espécie de governanta. Tive muitas mulheres nessa encarnação, masa mãe de meu único filho nunca se importou. O jovem rebento não foi batizado na IgrejaCatólica e foi "julgado" filho de Satã, tendo sido queimado em praça pública. Fiqueicompletamente louco; também fui assassinado pelos inquisidores, tendo a cabeça decepadaem praça pública. Ao acordar no Além, jurei com todas as forças de minha abatida alma que, apartir daquele momento, todos os meus amplos conhecimentos das artes mágicas, da teurgia,goécia, quiromancia, cabala, seriam usados em meu favor e não acreditaria mais em Jesus.

Pergunta: - O que o levou a escolher o Brasil, e quais os motivos quedeterminaram que viesse para cá?

Ratar: - Ao me recuperar da morte fatídica, pois fui socorrido por um grupo deespíritos cabalistas ligados à nossa loja ocultista, resolvi, após longo estudo do esquemacármico das civilizações, vir para o Brasil. Concluí que esta nação seria a mais propícia paraestabelecer-se um reino de dominação pela magia dos encarnados e assim me perpetuar noAstral, sem reencarnar mais. Acompanhei um grupo de portugueses alqui-mistas que me eramafins, e que vieram para o Brasil nos idos do ano de 1700. Nesta data, já fazia mais de 200anos que eu tinha desencarnado e estava bastante fortalecido, mas a Europa não me forneceriatodo o ectoplasma animal (do sangue) de que eu precisaria para continuar fugindo aomagnetismo telúrico do orbe, que me obrigaria a reencarnar, o que estava totalmente fora dosmeus planos. O Brasil foi escolhido porque eu sabia que da mistura do índio, do branco e doafricano, nasceria uma nação mística e altamente encantada com a magia, os milagres dossantos e as facilidades dos deuses em troca das rezas, promessas e oferendas. Meu plano foraarquitetado para que eu viesse a ser cultuado como um deus africano na pátria verde-amarela.

Pergunta: - Qual o motivo da opção de ser cultuado como um deusafricano?

Ratar: - Estudando a cosmogonia dos deuses africanos (eu mesmo já tendo sido umlíder tribal na antiga nação Ketu), concluí que a amálgama da fé ancestral africana com a féportuguesa, num país atrasado, mercantilista e colonial, seria conspurcada em sua purezadoutrinária, especialmente após a libertação dos escravos, e se criaria o ambiente necessáriopara um velho mago ávido de poder conseguir implantar seu reino de dominação. Os homenssedentos de intercâmbio com as sombras, a fim de obterem facilidades espirituais,encontrariam semelhantes com a mesma ânsia de atender pedidos oriundos de todos osrecantos do país nascente.

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Pergunta: - Afinal, pode descrever a sua área de domínio, ouprincipado de Ratar, como é conhecido nos reinos sombrios da subcrosta?

Ratar: - Minha zona de domínio está estabelecida em ampla área geográfica dacidade onde resides (Porto Alegre). Como grande centro urbano, desde o início de suaconstrução teve nos ritos e liturgias de adoração aos deuses africanos a quantidade suficientede sacrifícios e derramamento de sangue nas encruzilhadas urbanas, para que aqui fixasse eexpandisse meus domínios. Comando praticamente todas as principais encruzilhadas das viaspúblicas e portas de cemitérios, em que seguidamente são feitas as oferendas sanguinolentas.Estes locais são pontos de coleta do fluido vital etérico do sangue, que é valiosíssimo paranossa organização.

Comentário: Conforme Ratar ia "falando", eu literalmente enxergava asencruzilhadas e praças com os deuses africanos dançando, paramentados; escutava as cantigase ladainhas dos encarnados em louvação a eles, bem como visualizava o sangue sendoderramado e como ele se espargia no éter. Esses "deuses" eram como uma espécie de camposde forças que vibravam nos locais das oferendas, e com uma enorme força centrípeta atraíampara si todo o sangue etéreo emitido no ato do corte do animal, como se fossem túneis desucção.

Não foi necessário fazer perguntas. Ratar emitia essas imagens pelo seu dilatado podermental e continuou falando:

- O que você está vendo são egrégoras formadas pelas mentes dos encarnados quevibram nos locais onde são feitas as oferendas. Nessa encruzilhada que está fixada na tuavisão psi-coastral, toda sexta-feira, rigorosamente, são feitos despachos. Potencializamosessas imagens cultuadas, e por vezes meus asseclas comparecem vestidos de orixás africanospara se mostrarem à clarividência dos pais de santo e coletarem seus pedidos, aumentando afé nos deuses. As egrégoras servem como "máquinas" coletoras de ectoplasma, tipos detentáculos que são colocados numa grande "teta", chupando para o interior da crosta essesfluidos, que são armazenados por nossos técnicos. Oportunamente, são plasmados alimentos,vestuário, moradias, instrumentos, veículos, armas; enfim, tudo que se tem em uma cidade dasuperfície, também o temos aqui. O tônus vital do sangue é a matéria-prima com a qualconfeccionamos o que precisamos para manter nossa cidadela, em correspondência com a decima.

Comentário: Nesse momento, fiquei "revoltado" e perguntei um tanto grosseiro:

- Você não se envergonha de toda essa poluição, animais putrefatos nas praças eruas, danificando o meio ambiente?

Ratar: - Ora, meu caro! (ele deu uma gostosa risada). Deixa de ser inocente! Perto doque vocês fazem com o planeta, somos criancinhas do jardim de infância. O que são vossosmatadouros? E os milhares de animais retalhados, expostos nas prateleiras dos mercadosmodernos para o deleite de vossos olhos esfomeados? E vossas churrascadas de fim desemana? E o lixo que jogam em terrenos baldios? E os vossos resíduos humanos, que sãojogados nos rios e mares? E os cruzeiros marítimos para vosso prazer, que despejam todos osdejetos nos oceanos? Teria tantos outros exemplos que ficaríamos aqui por uma eternidade.Aqueles que fazem os despachos nas encruzilhadas, muitas vezes o fazem por ignorância dasleis e por uma fé cega nas divindades. Muitos ainda não têm a noção exata das conseqüênciasdos seus atos e são espíritos "inocentes", se comparados aos homens civilizados.

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Pergunta: - Mas e a Lei de Causa e Efeito? Deve estar enredado esendo expurgado para um orbe inferior. É isso?

Ratar: - Meu caro irmão, quem está por demais enredado são os encarnados do orbe,que estão destruindo o planeta. Claro que não sou santo! Se não estou evoluindo conforme asleis cósmicas, por outro lado também não estou involuindo por fugir delas. Digamos que euesteja paralisado na evolução faz uns 500 anos. O que não é nada diante do espírito imortal.Nada faço para agredir o orbe, nem as criaturas que nele habitam, tampouco os animais.Simplesmente mantenho uma estrutura que funciona, de forma autônoma, mas infelizmentedependente dos encarnados. São centenas de milhares de pedidos diários, de todos os tipos demilagres e facilidades. Minha organização só faz a intermediação, a fim de que cheguem aosseus alvos, e na base dessa pirâmide espíritos ainda primários se vinculam aos encarnados emreciprocidade de interesses mundanos. Não me envolvo nessas "tricas" existenciais; preocupo-me em manter a estrutura de minha cidade.

Pergunta: - Mas afinal, até quando se manterá assim, um pária da Lei?Ratar: - Oportuna pergunta! Estava esperando por ela. Estou entediado e cansado,

por tantos anos atendendo os vivos do teu lado. Nossos estudos nos dão a certeza da vitória deJesus. É uma questão de tempo. Haverá sérias mudanças na geografia planetária, que levarãoa uma certeira mudança de consciência. O que me preserva da Lei de Reencarnação são ospontos de força mantidos pelos encarnados e o fornecimento contínuo de tônus vital. Como játenho certeza de que isso vai se alterar com o tempo, conseguirão me prender e me expulsarpara um orbe mais atrasado, possibilidade que me dá enorme pavor, pois acredito que a Terraainda seja uma boa morada no Cosmo, se comparada com a possibilidade de exílio. Então,diante dessa situação inevitável, resolvi aceitar a proposta de Ramatís que me foi feita por umde seus enviados, para que eu reencarnasse, e entreguei a esse mentor, arquiteto cármico1, oplanejamento de minha próxima vida na carne.

(l) Os leitores familiarizados com os conhecimentos esotéricos sabem o que essadenominação significa.

Pergunta: - Como será sua encarnação?Ratar: -Virei como médium e encarnarei no Planalto Central. Terei um corpo forte e

saudável. Nascerei com grande capacidade psíquica e fulgurante inteligência, em berço defamüia espírita. Ao chegar à adolescência, afluirá toda a minha potencialidade mediúnica efundarei um centro holístico universalista de estudos espiritualistas que será o responsável porintensa divulgação dos ensinamentos do Cristo Cósmico. Será uma existência de provação,necessária, para que recomece e recompense na balança da Lei tudo que fiz contra meuespírito e à coletividade, neste último meio milênio. Terei muitos desafios e posso falhar. Poroutro lado, será enorme o apoio de amigos de priscas eras. Caberá então ao meu livre-arbítrioacertar ou errar, continuar neste planeta ou ser deslocado para uma gruta qualquer em um dosmilhões de orbes existentes no Cosmo, nessa minha última e definitiva oportunidade de nãoretroceder. Imagino-me morando em cavernas, tendo de caçar animais e devorar suas carnes, esinto calafrios!

Pergunta: - Sua cidadela e seus domínios serão desintegrados?

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Ratar: - Creio que não, pela absoluta impossibilidade de isso ser feito agora, pois osencarnados continuarão fazendo as oferendas sanguinolentas nas encruzilhadas, independente-mente de qualquer coisa. O que já está havendo é uma disputa ferrenha para ocuparem o meulugar, pois a toca onde o rato se esconde é muito valiosa para as mentes empedernidas no mal.Não sou melhor do que ninguém, mas creio que também não sou pior. Tenho a convicção deque o amor do Pai é imanente e está vibrando igualmente em todos. Seguirei meu caminhocomo dileto filho das estrelas e deixo à planilha do arquiteto cármico Ramatís e sua equipe deplanejadores o traçado do pla-no de minha próxima existência.

Comentário final: Nesse momento, os olhos de Ratar não eram mais como os de umgato e suas unhas ficaram normais. Via-me transportado para um lindo jardim florido com umodor de jasmim inconfundível, muitos animais e aves silvestres. Sentado em um banco depedra, o filho que foi morto pela Inquisição espanhola esperava o pai, vindo ao seu encontro:

- Hernán, meu pai amado, finalmente nos reencontramos depois daquela data fatídica!

Ambos se abraçaram e caíram num choro copioso. O filho estava encarnado;encontrava-se em desdobramento. É hoje um padre católico que faz um grandioso trabalho deevangelização em uma pastoral muito pobre, nos confins da floresta amazônica. Se Hernántransformou-se em Ratar, contrariando as leis cósmicas, conseguindo poder e fugindo dasreencarnações, por outro lado também nunca mais conseguiu ver o filho, que seguiu sua trilhaevolutiva por outros caminhos. Se não tivesse se revoltado, com certeza já o teriareencontrado no Astral ou numa outra encarnação.

Existem mecanismos das leis de Deus que fogem ao nosso entendimento. Na ambiçãode serem deuses, os homens se tornam onipotentes e se enganam, perdendo tempo na escalaevolutiva. Pelo infinito amor do Pai, muitas oportunidades nos são dadas.

Abraçados, deixei Hernán e o filho amado, enquanto um rouxinol cantava num galhopróximo. Fui adormecendo suavemente e despertei em meu quarto, com um suave cheiro dejasmim e o toque inconfundível do magnetismo peculiar de Ramatís.

IV

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Na busca do sagrado: do sacrifícioanimal à imolação corporal

Jesus não era enfermo psíquico, embora tivesse derefugiar-se amiúde no seio da mata ou das clareirassilenciosas, quando se sentia afogueado pela tensão depróprio espírito ou alvejado por fluidos perniciosos. Emverdade, havia profundo contraste entre o seutemperamento angélico, de avançado entendimento moral,ao pôr-se em choque com os interesses mesquinhos, avulgaridade, a má-fé e a ignorância dos homens que lhecumpria esclarecer.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - No intercâmbio com o sagrado, o deslocamento dossacrifícios de animais para a imolação corporal auxilia de que forma osdevotos a interiorizar os ensinamentos do Evangelho de Jesus?

Ramatís: - Os diversos rituais sincréticos que sustentam a religiosidade popularestabelecem uma relação mimética em que o penitente desenvolve, através do corpo físico,uma espécie de autoflagelação na sua busca de ligação com o sagrado, tentando repetir em simesmo o martírio e suplício de Jesus durante o calvário. A devoção sacriflcial impõe um tipode expurgo das mazelas humanas para o alcance das graças que se está buscando semelhante asituação de um mendigo que não entra numa festa nupcial no salão paroquial da igreja dobairro se não tomar banho, pentear-se e trocar seus andrajos por roupas socialmente aceitas.

Estabelecer uma relação corporal entre fé e sacrifício transforma-se numacomunicação com o sagrado que "liberta" o ente da mortandade animal e do derramamento desangue para Deus, com o próprio corpo servindo de ponte para o intercâmbio com Ele. É umestado de consciência paralisado na imolação que se prepara para os vôos futuros, mais altos,das diretrizes evangélicas de Jesus.

A evolução espiritual não dá saltos abruptos; no presente momento, esse homemdevoto precisa do mimetismo e da catarse sacriflcial para aliviar a sua memória inconscienteda exigência milenar de infligir dor, corte sacriflcial e sofrimento à vítima ofertada, para oalcance das benesses almejadas. Dispensado o animal, a brutalidade da mente primária einstintiva do ignorante das verdades dos Céus exige a autoflagelação corporal para aliviar oseu psiquismo carregado de culpa e medo.

Tanto no ignorante preso aos ritos externos, como no homem cristificado e meditativo,está presente por igual a vibração cósmica do Cristo, do mesmo modo que a fauna microbianaque mantém o equilíbrio intestinal, tanto do ateu como do crente devoto e do serevangelizado, tem o toque criativo de Deus. A diferença está em que o indivíduo que já Ointeriorizou não se rende à voracidade famélica dos micróbios que habitam sua floraintestinal, dispensando os restos de cadáveres como alimento em seu prato, enquanto o ateu eo devoto saciam-se com bifes acebolados mal-passados, e este último autoflagela-se para sepurificar, na busca das benesses divinas.

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Pergunta: - O sacrifício do corpo físico servindo para futuros vôos daalma, rumo aos ensinamentos evangélicos, não seria uma perda de tempo?Parecem-nos tão "violentas" essas procissões recheadas de autoflagelaçõescorporais, muitas movidas por mero exibicionismo.

Ramatís: - O entendimento do "reino dos Céus", que não é nada externo e emverdade inteiramente interno a cada cidadão, naturalmente é diverso. Deveis entender que asdiferenças de entendimento devem vos levar a ter mais respeito para com o próximo,dispensando-se as sentenças de superioridade e imposições de igualdades antifraternas.

Jesus, à beira do lago de Genesaré, reunia os homens e lhes falava por parábolas.Sendo enorme a multidão e multiforme a capacidade de entendimento, colhia o Mestreexemplos de situações da vida diária daqueles lavradores, donas de casas, pescadores epequenos comerciantes, para elaborar a sua mensagem salvadora. Ademais, o DivinoPsicólogo dispensava seus discípulos do jejum sabático, mas nunca considerou inferiores osque se sacrificavam passando fome, mal-humorados e azedos por um dia; somente preferia osorriso nos semblantes, sem hipocrisias impostas por rituais externos.

A profundidade que exige o entendimento das verdades espirituais levainexoravelmente os homens a um movimento para dentro de si mesmos. Jesus nãocompactuava com a hipocrisia e a dissimulação vaidosa dos sacerdotes dos templos. Por outrolado, compreendia que, para aquelas almas toscas e sedentas do reino de Deus, os ritosexteriores de purificação serviam como potentes "agulhas" que penetravam no psiquis-mointerior, liberando-as de culpas descabidas e medo de punições, o que as aliviavamomentaneamente pela catarse sacri-ficial autoimposta.

Só o Evangelho interiorizado é perene na consciência. O tempo é de cada espírito,diante da eternidade do Pai, e das suas infinitas existências, nas muitas moradas cósmicasdisponíveis pela benevolência do Criador.

Pergunta: - O mero pagamento de promessas, oferendas e sacrifíciosconduz à evolução espiritual?

Ramatís: - Há de se considerar que as trocas simbólicas, tão comuns entre ospraticantes das religiões populares, nota-damente o catolicismo e as de origem africana, sãomeios justos para a "materialização" da fé, ainda necessários às mentes condicionadas aosritos exteriores e à aprovação sacerdotal, perante a culpa e medo de punição se não foremcumpridos os preceitos e obrigações.

As promessas ao "santo" ou ao orixá, pedindo-se um benefício, como o são ascomidas, os membros de cera, até os rituais que envolvem o sacrifício humano na dimensãodo sofrimento corporal, bem como as orações fortes e festas folclóricas para os santos eorixás, com cultos de possessão e transes coletivos, são meios de retribuição, oferendas, trocascom o "sagrado", objetivando o agradecimento para satisfazer uma fé trôpega e poucointeriorizada no psiquismo do crente frágil. São válidos aos "olhos" da Divindade, poisservem de experiências ao alcance psíquico dos que as realizam, do mesmo modo como nãopodeis exigir do analfabeto um cálculo logarítmico.

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Dispensando-se as exterioridades e os elementos ritualís-ticos de cada crença pessoal,não são apelos ao Pai diferentes da prece lacrimosa do espírita, da mentalização altaneira doesotérico da Nova Era, dos mantras tibetanos ou budistas, das concentrações teosóficas ou daalegria da lavadeira em canto de louvação aos orixás à beira do rio, já que o verdadeiro Deus,que dispensa as punições e castigos, ensina que o valor está no sentimento genuíno de amordirecionado a Ele, independente da forma externa que serve de muleta às consciências.1

(1) "Eu aceito qualquer oferenda que se me faça com amor, seja uma flor, uma fruta ouapenas gotas d'água, pois não olho a oferenda, mas o coração de quem a faz" -Bhagavad Gita.

Pergunta: - Quanto à similaridade dos ritos sacriflciais católicos com asreligiões da matriz africana, podeis dizer-nos algo a respeito?

Ramatís: - Como já sabeis, no Antigo Testamento a prática de oferecer sacrifíciosera comum. Podemos destacar este texto do livro de Esdras: "Ofereceram, para a inauguraçãodesta casa de Deus, cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e, pelo sacrifíciodo pecado de todo o Israel, doze bodes, segundo o número de tribos de Israel" (Esdras 6:17).Jesus legou-nos o Novo Testamento, ampliando a lei judaica antiga, substituindo os ritossanguinolentos pelo seu sacrifício na personalidade humana transitória, em prol da eternidadedo espírito imortal.

Esse ato de amor de Jesus à humanidade e aos animais, abolindo toda a forma demortandade, mostra-nos a sua misericórdia e o gigantesco sacrifício que se impôs para libertaraquelas consciências aprisionadas nas mortandades animais, deslocando-as para o seu própriocorpo físico, flnito e passageiro na Terra, em vez das exigências inacabáveis do clero judaicode matanças dos irmãos menores para chegar ao Pai.

Na carta de Paulo aos hebreus, temos outro texto que relata a abolição do sacrifício deanimais pelo sacrifício de Jesus: "E ele entrou de uma vez por todas no santuário, não comsangue de bodes e novilhos, mas com seu próprio sangue, depois de conseguir para nós umalibertação definitiva. Muito mais o sangue de Cristo que, com um espírito eterno, se ofereceua Deus como vítima sem mancha! Ele purificará das obras da morte (dos animais) a nossaconsciência, para que possamos servir ao Deus vivo" (Hebreus 9:11-14).

Todavia, embora abolidas do contexto bíblico do Novo Testamento e não indicados porPaulo nas exortações aos cristãos de Colossas e aos hebreus, as práticas de sacrifícios animaisforam substituídas pelas práticas de autoflagelação no catolicismo popular, enquanto ossacrifícios rituais aos orixás das religiões africanas no Brasil foram paradoxalmentereproduzidas com muita similaridade as descritas no Antigo Testamento, como bem vosmostram os símbolos e instrumentos musicais utilizados nos seus diversos rituais: sãotambores que foram consagrados com o sangue dos sacrifícios animais e "comeram" suasvísceras oferecidas aos deuses.

Esses rituais são repetidos anualmente, renovando-se as mortandades que fornecem osangue quente para que os sacerdotes reguem esses intrumentos ritualísticos, renovando-lhes aforça magística. Cada culto tem seu sacriflcador, que deve conhecer todas as regras, pois cada"divindade" reclama um ritual que lhe é próprio: pescoço decepado, corpo esquartejado desteou daquele modo, com este ou aquele instrumento. Com a oferenda de animais despedaçados,miúdos, tripas e buchada temperados de acordo com a exigência e apetite insaciável de cada

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entidade sobrenatural das práticas mágicas populares, busca-se com os "orixás" as benesses efavorecimentos pessoais.

Já no catolicismo popular, os ritos sacrificiais de autoflagelação não derramam sanguedos animais, mas partem do mesmo pressuposto de escambo fluídico que serve aos rituaisafricanistas, qual sejam atender o devoto, o médium iniciado ou o filho de "santo" em suasexigências, num sistema mercantil de "toma lá, dá cá" com um pseudo-sagrado.

Assim, os crentes do catolicismo popular matam simbolicamente o corpo de Jesus ederramam seu próprio sangue, não mais o dos animais. A moeda de troca é o corpo de Jesus ea imolação autoimposta, com objetivos semelhantes aos daqueles que trucidam os animais emlouvor a "orixás" sedentos, para vampirizar os pedaços cadavéricos e o sangue derramadocheio de seiva vital. Os crentes no Jesus imolado comem sua carne e bebem seu sanguesimbolicamente; já tecem ideais mais elaborados quanto às verdades ocultas da vida, mas porora não se libertaram do atavismo mental de sacrificar.

Pergunta: - Podeis explicar-nos porque "o sangue é cheio de seivavital", conforme dizeis?

Ramatís: - Deveis saber que o sangue, ao passar pelo coração, circula justaposto àcontraparte etereoastral, em outra dimensão, no exato local onde se encontra fixada a centelhadivina ou mônada. Assim, através do chacra correspondente, esse órgão capta as vibraçõesdivinas do espírito, o seu prana ou éter específico, que é a seiva vital oriunda do Pai.

Entidades doentes ficam escravizadas à vampirização do sangue. Impedidas dereencarnar no orbe, tentam fugir do magnetismo telúrico planetário que, pouco a pouco, vaideformando seus corpos astrais. O fluido ectoplásmico que jorra ao assassi-nardes um animalserve-lhes a intentes nefastos, a fim de que consigam manter a contextura de seus corposperispirituais.

Em verdade, o sangue é de suma importância para a vida orgânica em vosso plano.Cremos que o máximo sacrifício que um cidadão consegue realizar, que se aproxima dosacrifício do Mestre Jesus e serve para o resgate ou expiação da alma, queimando etransmutando em grande parte seus erros passados, é derramá-lo por uma causa superior,abrindo mão de sua própria vida. Isso acontecia com os mártires no início do cristianismo, osquais, ao serem trucidados pelas espadas dos gladiadores romanos nos circos de horrores,instalados para a caça e extermínio dos cristãos, gritavam: "Ave Cristo!" e deixavam a perso-nalidade humana caída no solo ensangüentado, renascendo do lado de cá vitalizados em suaindividualidade imorredoura.

Pergunta: - Uma pessoa de nosso conhecimento fez uma promessa naIgreja, para São Lázaro, e também foi a um culto aos orixás e secomprometeu a fazer uma oferenda para Omulu (correspondente àquelesanto, no sincretismo religioso), para que curassem sua perna de umaerisipela. Após ter sido curada, ela não cumpriu a promessa ao santo e não feza oferenda ao orixá. A doença voltou com mais intensidade, agravada porferidas na forma de pústulas fétidas. Como explicar esse fenômeno?

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Ramatís: - Nas curas com promessas e oferendas prometidas, a mente age compoder criador, já que "o Pai está em vós". Potentes fulcros energéticos magnéticosdesestabilizam certos pontos do perispírito que, por um mecanismo natural de ressonânciavibratória, causam as doenças orgânicas. Quando dinamizados pelo poder mental do ente,potencializam os processos de cura, ajudando a extirpar o nódulo vibratório em nível etérico,ou então "ressuscitam" a chaga extirpada se a mesma indução mental-magnética for utilizadano sentido contrário. Obviamente, deve o cidadão deslumbrado acreditar fielmente na puniçãoe na retirada de uma graça divina pelo descumpri-mento do que prometeu.

Claro está que a estagnação num sistema de permutas com o Além-túmulo nãosignifica amadurecimento espiritual nem avanço em espiritualização. Todavia, no âmbitoestrito de compreensão das camadas populares, dos ignorantes das realidades energéticas domundo oculto, excluídos da escala social, sem assistência médica, sofrendo violência social epsicológica, essa relação devocional se dá mais pela "graça" do "milagre" do que pela merabarganha com a"Divindade"- o que ocorre mais com as camadas abastadas, que procuram osagrado para realizar seus desejos aviltantes, amparados pelo poder das moedas.

Em verdade, aos "olhos" do Grande Arquiteto do Universo, mais vale a resoluçãodireta com os "santos", através de promessas, do que o intercâmbio com os despachantes doAlém, que a tudo resolvem desde que recebam o vil metal, como acontece nas mediaçõessimbólicas dos sacrificadores e das instituições salvacionistas. Aquele que busca o espiritualde forma direta, dispensando os "ungidos" na Terra, já demonstra lapsos de potencialidadecrística. Assim, opta em trocar com os "santos" do lado de cá e não com os corretores"santificados" da Terra, mesmo que esteja despreparado para lidar consigo mesmo. Esquece-se de que é uma cédula de troca com dois lados: no primeiro, ele alcança a cura e, no segundo,a recidiva da enfermidade, dependendo exclusivamente da emissão dos seus própriospensamentos deseducados e polarizados nos estados mentais negativos ou positivos, naturaisao psiquismo do espírito primário encarnado.

Pergunta: - Afinal, qual o motivo desses ritos sacrificiais de imolaçãodo próprio corpo servirem de reconciliação do indivíduo consigo mesmo? Acatarse é positiva para equilíbrio do psiquismo?

Ramatís: - A catarse, para alguns cidadãos, é como a palmada da vovó no netinhoteimoso. A infantilidade espiritual que as religiões imprimiram por culpas e castigoscompensatórios está latente no inconsciente coletivo, exigindo o flagelo autoim-posto comoum descompressor do psiquismo culposo e reprimido. A relação com o sagrado mantida pelasreligiões cristãs, ao longo da história, tem como máxima um Deus que necessita de sacrifíciospara que o frágil crente pecaminoso seja merecedor do reino dos Céus. Até os dias atuais,mesmo nas doutrinas mais recentes ditas consoladoras, Jesus é citado como o Cordeiro sa-crificado. Assim, num mimetismo às avessas, milenar, instala-se a manifestação do desejo desacrificar-se, impondo-se sofrimentos psíquicos, açoites, chagas e ferimentos, exatamentecomo aconteceu com o Divino Mestre. Desloca-se para um Jesus humano, martirizado, todasas mazelas: uma imitação apaixonada que alivia o psiquismo receoso de punição, cheio derecalques e culpas. Serve para um alívio fugaz da alma atormentada, mas é de baixa valiaespiritual diante do sublime código moral de libertação espiritual do homem que é oEvangelho.

Assim, a repetição ritualizada dos momentos finais do calvário e crucificação de Jesusconstitui uma prisão psicológica, coletiva, aguilhão à culpa, hábito cristalizado de troca com

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um sagrado punitivo. Os rituais exteriores são instrumentos de interiorização dosensinamentos evangélicos e, por si, de nada servem à espiritualização do indivíduo.

Pergunta: - Desde quando se estabeleceu essa cultura do corpo físicoser impuro, causador de pecados e alvo de sacrifícios?

Ramatís: - Quando liberou seus discípulos do jejum judaico, preferindo vê-losalimentados e sorridentes, ao invés de aflitos, esfomeados e carrancudos, Jesus estabeleceuuma diretriz de equilíbrio para com o envoltório grosseiro que abriga o espírito no planomaterial, preferindo distanciar-se da hipocrisia e vaidade dos crentes e sacerdotes de outrora.Desde a Antigüidade, o contexto bíblico indica o corpo como causador de pecados, tido comoimpuro e, portanto, alvo de sacrifícios - livro do Levítico. Essa prática dos sacrifícios queenvolvia o corpo era prescrita pela "lei do puro e do impuro" e a "lei da pureza estava unida àlei da santidade" (Levítico 17:26), como aspectos negativos e positivos de uma mesmaexigência divina. As práticas rituais de purificação só podiam acontecer no espaço sagrado dotemplo, diante do sacerdote, que desempenhava o papel da divindade receptora dossacrifícios. Antes do rito de purificação, era comum o sacrifício de um bezerro, espargindo-seseu sangue no altar2 como forma de consagração que antecedia o ritual de purificação. Oscatalogados como impuros tinham o dever de se apresentarem aos sacerdotes nos templospara recuperar a sua pureza, por meio de procedimentos como: abluções, sacrifícios animais,ofertas e rezas, aplicados pelo sacerdote, já que só ele podia emitir o certificado depurificação. Se assim não fosse, o "impuro" continuaria excluído do convívio social eimpedido de ser tocado, num rígido sistema de exclusão que estigmatizou milhões deespíritos, registrado nos livros akásicos da formação da consciência coletiva. No mais dasvezes, as curas que Jesus realizou foram uma afronta a esse sistema distorcido e orgulhosoque estigmatizava populações diante de uma casta sacerdotal imoral, pois Ele curava semquaisquer ritos de purificação, nunca matou um irmão menor em oferenda, agindosimplesmente com o poder do Pai que nele residia, pelo seu verbo e aura angelicais. Issolevantava a ira dos judeus ortodoxos que faziam parte do convívio da elite sacerdotal egozavam das facilidades concedidas aos bajuladores. Esse estado de perseguição que impunhasacrifícios de purificação preponderou por milênios, mantendo uma casta de favorecidoscelestiais, mercadores das graças de Deus.

(2) "Se, pois, quando apresentardes vossa oferendadiante do altar, vos lembrardes de que vosso irmão temalguma coisa contra vós, deixai vossa oferta aos pés doaltar e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão; sódepois, voltai para oferecer vossa dádiva." (Mateus, cap.V, w. 23 e 24.) Quando diz: "Ide vos reconciliar com vossoirmão, antes de apresentar vossa oferenda diante do altar",Jesus ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é ode sacrificar o nosso próprio ressentimento; que, antes depedir perdão a Deus, é preciso que perdoemos nossoirmão; e que, se tivermos cometido alguma falta contraalgum de nosso semelhante, devemos corrigi-la. Só entãoa oferenda será bem recebida, porque virá de um coraçãolivre de qualquer sentimento mau. Jesus proferiu essamáxima em relação aos judeus, que ofereciam sacrifíciosmateriais. Era preciso, então, adaptar suas palavras aoscostumes daquele povo. O cristão não oferece dádivas

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materiais porque espiritualizou o sacrifício, mas esseensinamento de Jesus tem cada vez mais força para ele. Ocristão oferece sua alma a Deus, e essa alma deve estarpurificada. Ao entrar no templo do Senhor, ele deve deixardo lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade,todo mau pensamento contra seu irmão. Só então suaprece será levada pelos anjos aos pés do Eterno. É isso oque Jesus ensina ao proferir estas palavras: "Deixai vossaoferenda ao pé do altar, e ide primeiro vos reconciliar comvosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor". OEvangelho segundo o Espiritismo, EDITORA DOCONHECIMENTO.

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O crescimento do sistema de trocas com o "reino de Deus" no mercado mágico religioso

O Mestre distingue de modo sutil e, ao mesmotempo, identifica o grau espiritual de cada tipo de criatura,conforme sua reação à semente que lhe é ofertada noensinamento do Evangelho. Não é difícil distinguirmos oterreno árido do convencionalismo social, da pretensacultura, da liberdade luxuriosa, ou do fanatismo religioso,porquanto muitos são escravos exclusivos das circunstân-cias de sua educação, poder, fortuna, distinção social ouprimarismo anímico. Assim, certos grupos humanos re-agem negativamente à atividade semeadora do Senhor, porforça de seu condicionamento educacional...

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - Nas últimas duas décadas houve um acirramento dosataques das igrejas neopentecostais contra as doutrinas mediúnicas e religiõesafrobrasileiras. Quais os motivos desses ataques?

Ramatís: - Os ataques são investidas públicas. Sob o ponto de vista dos atacantes,afora os pueris motivos religiosos, o que está por trás dessa violência é aumentar e manter aigreja cheia de dizimistas. O ataque se traveste de evangelização libertadora do demônio, masna verdade faz parte de uma estratégia belicosa eivada de discriminação, preconceito eintolerância, em que se disputa o rico mercado mágico religioso.

Todas as outras religiões são perseguidas. Cabe aos "soldados de Jesus" manter a"guerra santa", dando prosseguimento à obra de Jesus Cristo de perseguição aos demônios. Opanteão afrobrasileiro sofreu forte e intensa demonização em seu processo de inserção social.Os demônios estão materializados nas incorporações mediúnicas, nos despachossanguinolentos das encruzilhadas e praças urbanas. Assim, resta aos obreiros neopentecostaisdestruírem as religiões mediúnicas e os cultos afrobrasileiros, que são colocados, em umageneralização discriminadora, junto com as práticas mágicas populares fetichistas, ricas desortilégios mágicos, do mesmo modo como se faz a um pai de família desempregado, que aoroubar um cacho de banana, é preso e recolhido à cela da delegacia junto com frioscriminosos assassinos.

Lembramos que o Velho Testamento é baseado na lei mosaica do "olho por olho, dentepor dente". Reportemo-nos diretamente ao Evangelho de Jesus, libertador dos atavismos e daspunições violentas, que diz:

E João lhe respondeu, dizendo: "Mestre, vimos umque em teu nome expulsava demônios, o qual não nossegue; e nós lho proibimos, porque não nos segue".

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Jesus, porém, disse: "Não lho proibais, porqueninguém há que faça milagre em meu nome e possa logofalar mal de mim.

Porque quem não é contra nós, é por nós.Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de águaem meu nome, porque sois discípulos de Cristo, emverdade vos digo que não perderá o seu galardão".

MARCOS 9:38-40

Os próprios discípulos de Jesus repreenderam uma pessoa que trabalhava em nome doMestre porque não andava com eles... Jesus Cristo admoestou os discípulos e orientou-os anão proibir o trabalho desse indivíduo. Sabia o Mestre que as vi-deiras da Boa Nova nãonasceriam só da lavra de seus apóstolos. Seus ensinamentos, libertadores em essência, erampara ser semeados por todos aqueles que se identificassem moralmente com eles,independentemente de crença ou denominação de culto terreno, tal qual semente que nãoescolhe o solo para nascer.

Pergunta: - Quando terminará esse ciclo de obrigações com sacrifíciosde animais, por um lado, e, do outro, os dízimos e pagamentos sem fimenvolvendo as benesses buscadas?

Ramatís: - Quando a consciência coletiva entender que a relação com aespiritualidade e com os espíritos, com os deuses, as divindades, os orixás, não é referendadapor troca e sim por conquista individual, por merecimento. Na prática, enquanto houver aprocura das populações por serviços do Além-túmulo, para saúde, trabalho, amor, etc,remunerados e sem considerar o livre-arbítrio e o merecimento dos outros, essa situação seperpetuará.

Essa busca paga pelos serviços espirituais nos terreiros, mais comum do que seimagina, é mantenedora de clãs sa-cerdotais que dão consultas, fornecem conselhos epropõem os trabalhos rituais a serem realizados por eles próprios. Formam-se comunidades deencarnados e desencarnados que administram a busca e o encontro das pessoas com ideaisime-diatistas amparados no mercantilismo religioso, o que mantém as entidadesextracorpóreas chumbadas na Terra em constante alimentação fluídica, como se os espíritostivessem de fazer refeições diárias para sobreviver.

Em si, os sacrifícios são um meio de concretização da insâ-nia na procura desmedidade realização dos desejos humanos. Não é diferente do "milagre" comprado com os dízimos,tão divulgado numa era em que reza forte deixou de ser sinônimo de oração feita comamorosidade desinteressada em singelas benze-duras de rezadeiras, e virou meio de vida noamplo mercado religioso salvacionista, que impera na mídia brasileira atualmente.

Pergunta: - A expansão do mercado religioso brasileiro, sustentadopelas facilidades dessa mídia, não deveria ter amainado os constantes ataquesaos cultos afrobrasileiros (incluindo-se a umbanda), por parte das religiõessalvacio-nistas, especialmente as neopentecostais?

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Ramatís: - O crescimento dos recursos midiáticos é o meio e não o fim dessasreligiões. Precisam reconhecer a existência dos espíritos, as manifestações mediúnicas, a suainfluência no dia a dia dos vivos, os processos de obsessão e simbioses cons-cienciais, paradepois negá-los, atacando-os. Deus escreve certo por linhas tortas, e pouco a pouco os que sãoatacados revêem suas práticas esdrúxulas e os atacantes ficam gradativamente sem munição,estabelecendo o fiel da balança.

Como a ideologia que os rege é salvacionista e punitiva, baseada no Velho Testamento,encontram nos cultos afrobrasileiros, e numa "umbanda" de práticas mágicas populares, osinimigos diabólicos que pretendem atacar, com o objetivo de lhes "roubar" os freqüentadores.Na verdade, oferecem em essência os mesmos serviços espirituais, só que numa forma ritualdiferente e reversa, tendo em seus cultos transes de possessão, sessões de descarrego, banhosde sal grosso e arruda, sacudidas desobsessivas, fogueira da rosa ungida, unção na cabeça,pelos pastores, com óleo de oliveiras...

A desunião costumeira entre as lideranças afrobrasileiras - elas mesmas competindoentre si - na verdade se acha na mesma faixa de trabalho e disputa que a dos neopentecostaispor clientes, que pagam nos terreiros pela leitura do destino através dos búzios ou pelaconsulta com"exu".

Na conversão ao "Espírito Santo" milagroso dos neopentecostais, os prosélitos terãode continuar pagando o dízimo e dar ofertas, quanto mais queiram receber, em proporção àsgraças almejadas, como acontece num leilão por finas peças de rara ourivesaria, em quequanto maior o lance, maior a chance de se apropriar do tesouro, a semelhança de um grandebalcão mercantil de benesses divinas, independentemente do nome do culto ou religiãoterrena, formado e mantido por aglutinação de consciências que buscam externamente asalvação para os seus males com a ausência de esforços pessoais, já vez que, pagando-se, tudoé possível. Disputa-se o montante do mercado religioso como se fossem executivos deempresas. O sagrado se adapta aos planos de negócios e quanto mais cheio o barracão, terreiroou templo, mais reconhecimento público e notoriedade o estabelecimento comercialmilagroso obtém.

Pergunta: - O que o neopentecostalismo trouxe de novo?Ramatís: - O movimento pentecostal distinguiu-se pela ênfase nas curas divinas,

através da intercessão do Espírito Santo, à semelhança de sua manifestação no dia dePentecostes, associado a uma vida ascética e sectária de seus adeptos. O acréscimo do prefixo"neo" sinaliza algumas ênfases que as igrejas recentes adotaram: afrouxamento do ascetismo,exaltação do pragmatismo na relação de troca com Deus, adoção da teologia da prosperidadee, fundamentalmente, o que as distingue dos pentecostais, o estreitamento doutrinário nabatalha contra as religiões afrobrasileiras e o espiritismo, como forma de excomunhão dosmales que afligem os fiéis para que consigam as curas.

Essa"demonização"já existia e era mais branda nas fases anteriores do movimentopentecostal, fazendo parte da teologia de cura divina. Na verdade, está em disputa o mercadoconsumidor das mediações mágicas, materializadas na experiência do transe religioso, queveio constituir a estratégia de proselitismo neopentecostal. As populações que sempresustentaram os processos de trocas pagas com o Além até então tinham "exclusividade" decontato com as práticas mágicas populares através do repertório afrobrasileiro e domediunismo com os espíritos.

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No neopentecostalismo, intensificou-se radicalmente o modelo de religião que sesustenta da experiência do transe de possessão vivida no próprio corpo dos prosélitos,característica que até então era da umbanda, dos cultos afrobrasileiros e do espiritismokardecista, como se alguém tivesse construído um muro avançando no lado do vizinho, a fimde que a laranjeira deixe cair as laranjas do seu lado.

Pergunta: - O tema central dessa batalha dos neopente-costais contra asreligiões mediúnicas, afora a identificação das divindades do panteão afrocom os demônios, baseia-se na libertação pelo poder do sangue de Jesus e seusacrifício para salvar a humanidade, em oposição ao sangue das oferendasanimais dos cultos afrobrasileiros e práticas mágicas populares. O que tendesa dizer?

Ramatís: - Uma característica marcante dos pentecostais, até surgir o novomovimento, era tratar as religiões mediúnicas como folclore, crendice, imaginação ouignorância. Ao inovarem e reconhecerem a existência das divindades dos cultos afrobra-sileiros, dos guias da umbanda e mentores espíritas, enquanto entidades desencarnadas, osneopentecostais dão veracidade à mediunidade que até então negavam. Como crianças que to-mam sopa com a colher virada e se lambuzam, viraram a verdade, classificando omediunismo numa generalização às avessas - todo o Universo se compõe de"espíritosdemoníacos"e o único espírito bom é o "santo" que se manifesta nos seus cultos, como se acolher de Deus fosse torta para um só lado. Então, para justificarem a verdade de que osespíritos existem e influenciam a vida das pessoas, precisam constantemente exorcizá-los.

Visualizaram nas práticas mágicas populares e nos seus ritos distorcidos um ricomanancial para ataque sistemático, como só acontece nos dias atuais nos despachossanguinolentos das encruzilhadas urbanas, nos sacrifícios de animais às portas dos cemitérios,nas amarrações e feitiçarias diversas em nome de um falso sagrado que passa a serdemonizado e objeto de perseguição dos neopentecostais. Encontraram similitude de ritossacriflcais contidos no Velho Testamento com os sacrifícios animais dos cultos afrobrasileiros,como o derramamento de sangue sobre a pedra (otá).

Na verdade, essas leis com sacrifícios animais foram reformuladas por Jesus, de quemdisse João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 2:29).Referia-se ao sistema de troca com Deus que vicejava alicerçado no sacrifício de pombos,coelhos e cordeiros. Jesus trouxe para si o sacrifício, colocando-se como cordeiro, para que aspopulações e sacerdotes da época deixassem de lado o abominável hábito de matar um irmãomenor para ofertá-lo em troca de uma graça divina. Ele, o Cordeiro, o filho de Deus, o Cristoenviado, ofertando-se conforme a tradição, fez com que perdesse o sentido matar um animal,já que Ele era a máxima oferta que o Pai poderia receber para aliviar as consciências contritascom facão na mão, a fim de matarem em nome d'Ele.

O dar e receber, sempre presente na relação com Deus no Velho Testamento, é similarao sacrifício para renovar o axé (fluido vital) dos cultos afrobrasileiros e práticas mágicaspopulares que objetivam uma troca: dar a oferenda para receberem a graça dos orixás. Navisão teológica neopentecostal, isso é um pecado terrível, pois só o Espírito Santo deve sercultuado e nenhum outro "deus" deve manifestar-se no corpo dos fiéis ou ser objeto deadoração, além de que o sacrifício e sangue derramado de Jesus são únicos, e substituí-los por

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animais para cultuar outra divindade que não seja o próprio Rabi imolado na cruz éconsiderado uma heresia demoníaca.

Há de reconhecer-se que os convertidos ao sistema de troca com o sagrado das igrejasneopentecostais, materializado nos dízimos, ofertas e no sangue de Jesus sacrificado, deixamde matar os animais, substituindo-os pelo corpo do Cristo na cruz; e, ao invés de cobrar comoex-sacerdotes, ou pagar como ex-contratantes de serviços mágicos, continuam a receber comopastores para intermediar com o sobrenatural, e a pagar, se adeptos em busca de milagres.Mudaram-se as vestimentas, mas o manequim do grande balcão de escambo com o sagradocontinua. Faz mais de 2000 anos que Jesus é sacrificado continuamente na cruz, derramandocachoeiras de sangue pelos séculos, e os cidadãos não se modificam.

Pergunta: - Mas se os convertidos deixam de sacrificar os animais, nãoé uma evolução?

Ramatís: - Obviamente, os animais que deixaram de ser mortos por pessoasconvertidas ao "sangue e corpo de Jesus" têm, em escala planetária, um ganho que extrapolaos embates religiosos, pois a diminuição dos sacrifícios animais aumenta a quantidade deveículos para as experiências reencarnatórias necessárias à sua evolução.

Houve a troca de um elemento real (animal morto) por um simbólico (corpo e sanguede Jesus), mas o ato mental que busca no sacrifício a troca com o sagrado não se alterou,mantendo uma distorção que vem desde o tempo em que o Divino Mestre pisou na Terra. Aospoucos, vão se mudando os hábitos cristalizados, a fim de que, num segundo momento,mudem-se as consciências. As leis evolutivas universais requerem uma gradação.

É claro que a balança da justiça divina faz diferença entre o crente nos orixás, quecompra os elementos a fim de ofertar ao seu "Deus" a comida votiva de conformidade comsua fé ancestral, e sabe que não adianta aumentar o número de bodes, carneiros ou avesofertados, pois a graça continuará a mesma, e o adepto neopentecostal que, quanto maisofertar em sacrifício, além do dízimo, mais poderá receber de um "Deus" que tem a obrigaçãode atender o ofertante. Nesse sentido, a pragmática teologia da prosperidade coloca "Deus" àmercê da vontade terrena, liberada de constrições culposas pelo sacrifício do Seu filho na cruzpara que todos os demais cidadãos vivam em abundância e cobrem do seu "Deus" as benessesprometidas, desde que paguem em troca. Este se diferencia dos adeptos das religiõesafrobrasileiras, os quais dispõem de preceitos rígidos que delimitam sua relação de fé e trocacom os seus deuses, independentemente da quantidade de pagamento pecuniário.

Pergunta: - Então, ao deixarem de sacrificar os animais e reafirmaremseguidamente o sacrifício e o sangue de Jesus, não houve uma mudança dehábito positiva? Não se evoluiu?

Ramatís: - Como dissemos, o hábito mental e os atos não mudaram. Modificou-seum elemento real (animal) por um simbólico (corpo de Jesus), mas o rito de troca com o Alémpermaneceu em essência. Da mesma maneira que um pedregulho não rola ribanceira abaixosem arrastar outros, essas criaturas que se convertem e deixam de matar animais em ritossacrificiais acabam se libertando dos espíritos "viciados" nos fluidos etéri-cos do sangue queas acompanhavam. Nesse sentido, a primeira pedra faz rolar muitas outras.

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Essas pessoas envolvidas pela retórica da intolerância religiosa acabam"escutando"avoz do Deus punitivo que as ameaça de enviá-las aos caldeirões infernais, se não setransformarem, ao invés de serem receptivas às palavras do Cordeiro contidas em seuEvangelho libertador, pois é muito mais cômodo aceitar o corpo de Jesus sacrificado no lugardo animal imolado e continuar com os mesmos atavismos mentais, do que alterar um hábitoarraigado há milênios por outro de moral evangélica. As consciências cristalizadas em simesmas e dispensadas de quaisquer esforços próprios, acomodadas nas trocas com o EspíritoSanto e com os orixás, são como pássaros criados em gaiolas que desaprenderam a voar.Assim sendo, evoluiu-se ao deixar-se de matar os irmãos menores, mas o ato de abrir a portada gaiola a um canário criado em viveiro não o ensina a voar.

Pergunta: - O que acontece com esses espíritos que são enviados aosinfernos durantes os transes de possessão dos fiéis nos cultosneopentecostais?

Ramatís: - Obviamente eles não são enviados para inferno algum, já que o estadoinfernal de suas consciências é que os aprisiona nas labaredas internas da dor e do ranger dedentes, como conseqüência de seus desatinos. Mesmo que os pastores acreditem cegamenteque o inferno existe e, ao mesmo tempo, entidades que operam na seara dessas religiõesneoevangélicas também assim pensem, é como se eles estivessem dentro de um grandiosoringue de boxeadores. Dentro do espaço destinado à luta, podem enfrentar-se, mas as cordasnão os deixam cair em espaços desconhecidos. Além dessas cordas de proteção, existem osespíritos caravaneiros de Maria de Nazaré que atuam em todas as religiões e levam esses espí-ritos exorcizados nos cultos de possessão neopentecostais aos entrepostos de socorro noAstral. Nessas verdadeiras estações de triagem, técnicos cármicos avaliam a situaçãoexistencial de cada um. Muitos estão sendo enviados a outros orbes por não terem maiscondição de permanência na Terra. Outros ficam em tratamento, e a cada um será dada aoportunidade de retificação conforme as leis cósmicas.

Pergunta: - Fundamentalmente, o que determina o envio dessesespíritos a outros orbes, e como é a geografia dessas futuras moradas?

Ramatís: - Nesse caso, trata-se de espíritos que foram chefes de legiões e que, porcentenas de anos, mantiveram-se à margem das encarnações, vivendo colados à crosta emlocais onde se sacrificam animais rotineiramente, com o objetivo de renovarem seus fluidos etônus vital com o sangue derramado. Seus médiuns foram convertidos (são os chamados "ex-pais de encostos"). Fazem a ponte de ligação vibratória para que possam ser capturados e todaa organização montada. Serão transportados para fora da Terra. Estão habituados a seremcultuados como reis, rainhas, santos e deuses. Exigem boas comidas, bebidas e quitutes, etotal submissão de seus "cavalos" mediúnicos. Locupletam-se com essa submissão cega eexigem constantes agrados, a fim de que não se transformem em divindades iradas, entre raiose trovões. Impõem sistemáticas obrigações, para que deixem seus repastos vivos com saúde eo mínimo de dignidade.

Por uma relação direta de afinidade, são enviados a planetas atrasados como nos idosda Terra pré-histórica. Terão de saciar a fome animalesca na dependência da mortandadeanimal sanguinolenta, caçando e se escondendo dos predadores em cavernas. Reiniciarãoassim toda a evolução hominal, quantas vezes se fizerem necessárias, até que consigamexercitar o amor incondicional.

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VI

Os abusos espirituais e ostraumas psíquicos causados

Sede pastores do rebanho de Deus confiado a vós;cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; nãopor torpe ganância, mas livremente; não comodominadores daqueles que vos foram confiados, mas,antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecero pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.

PEDRO, 5:2-4

O conceito de que devemos "colher conforme asemea-dura" demonstra a existência de leis disciplinadorase coordenadoras que devem proporcionar o resultadoefetivo, conforme a natureza e intensidade de causafundamental. Evidentemente, quem semeia "cactos",jamais irá colher "morangos", assim como quemmovimenta uma causa funesta também há de suceder-lheum resultado funesto.

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - Quais os motivos de tantos relatos de abusos espirituais,seja dos pastores evangélicos como dos "pais de santo"?

Ramatís: - Mudam o pastor e o seu cajado, mas o rebanho a ser tosquiado é omesmo. Uma igreja ou um terreiro deveriam ser sinônimos de amparo e solidariedade. Locaisque, a exemplo de hospitais de almas numa frente de guerra, teriam de oferecer enfermeirospreparados para fazer curativos, aplicar remédios, alimentar os feridos, aglutinar pessoaspreparadas para confortar os aflitos, levantar os caídos, estimular os cansados e dar esperançaaos desistentes do caminho.

Há de considerar-se que o crescimento intenso e rápido da população dita evangélicaneopentecostal, inquestionavelmente a fatia de religiosos que mais cresceu no Brasil, fezrecrudescer os ânimos no mercado mediúnico das práticas mágicas populares, disputandoadeptos com os "pais de santo" que tudo fazem, e garantem resultado em sete dias por umpunhado de moedas. São pastores despreparados confrontando sacerdotes imaturos, deformação obscura; perdem-se nas necessidades pessoais e consideram-se herdeiros de todasorte de privilégios. Seguir suas pregações e trabalhos é "garantia" de sair da miséria,conseguir o emprego e a promoção tão esperadas, ou então curar o câncer, a paralisia e evitara pobreza, ilusões semelhantes à água mansa na beira do rio que esconde um buraco fundo. OEspírito Santo, em concorrência com os orixás, tornou-se um excelente negócio com "Deus",

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além de meio de ganho. Não se aprende a servir, mas a tornar-se um atleta espiritual, umaespécie de "Frankens-tein"milagreiro, um xamã olímpico das graças divinas.

As lideranças pastorais neopentecostais apelam aos "milagres" para angariar clientes.O rebanho é guiado por líderes onipotentes, farisaicos e messiânicos que, obnubladosmentalmente pela vaidade e arrogância, atribuem à falta de fé dos prosélitos a ausência degraças divinas e se colocam infalíveis diante dos dizimistas e ofertantes cobrando os milagresque não ocorreram. Em suas profundas carências como homens que deveriam ser de Deus,não percebem as próprias faltas, nem as pessoas desiludidas e amarguradas; importa não oabuso espiritual nem a opinião dos desiludidos, mas o poder e os ganhos financeirosconseguidos em nome de Deus e do Espírito Santo.

Pergunta: - Mas a "culpa"pelos abusos espirituais é só dos fiéis?Ramatís: - É claro que o culpado precisa alimentar-se do seu algoz, assim como o

corruptor vive dos corruptos. Observai que o urubu não vive sem a carne em decomposição ea minhoca respira no húmus putrefato. Essa simbiose nasce da confiança excessiva quecaracteriza a fé cega dos crentes em seres humanos falíveis, a imperiosa necessidade deconstrução de bezerros de ouro, a idealização de um pastor de poderes sobrenaturais comomediador com o sagrado, a falta de instrução evangélica diante das más teologias einterpretações parciais equivocadas do Velho Testamento, que deixam marcas profundas emtodos os envolvidos e especialmente nas ovelhas que ficarão perdidas pelo caminho. Não secome a noz, se não se quebrar a casca. Os milagres não acontecendo, é como oferecer umprato de nozes inquebráveis.

Paradoxalmente, um movimento igrejista salvador causa mais traumas que milagres.As leis de Deus não são como o mi-Iharal aberto para ataque das pragas proféticas queenviavam gafanhotos ferozes, como acontecia no Velho Testamento. Cresce o número deconvertidos ao mesmo tempo em que um imenso rebanho se perde e adoece a uma velocidadeexponencial. Líderes cegos e mancos estão levando crianças engatinhando despenhadeiroabaixo. As noivas que deveriam estar em intocáveis trajes de núpcias para serem tocadas peloEspírito Santo exibem as vestes rasgadas pela vergonha e desilusão de si mesmas.

Pergunta: - É possível dar-nos elucidações sobre os abusos espirituaisque acontecem no meio dos cultos mediúni-cos das práticas mágicaspopulares?

Ramatís: - Os abusos nos ritos mediúnicos se agravam pela ameaça de morte aosque rompem com os sacerdotes, os quais não aceitam o desligamento da corrente e ainterrupção das obrigações. Verdadeiros assediadores entre os vivos, os dirigentes se colocammais importantes do que o orixá e o santo de fé e acima dos mentores do lado de cá,considerando-se indispensáveis na condução dos contatos dos médiuns com as po-testadesenergéticas do Astral. Esquecem-se de que seus "filhos" são criaturas do Criador, que lhes deuo mesmo potencial divino que jaz Nele. Nesse sentido, não existe dirigente espiritual na Terraque tenha o poder de estabelecer sentenças de morte, dado que o livre-arbítrio e o conseqüentemerecimento pertencem à partícula microcósmica de um macrocosmo infinito, ou seja, oEterno Criador que está presente em todas as criaturas. Com esse impulso escravizante,aprisionam espíritos menos esclarecidos em seus assentamentos vibratórios e, pelo dilatado

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poder mental, estabelecem as obsessões nefastas, amparadas nos piores sortilégios que mentesdoentias podem elaborar no campo da magia negativa.

Pergunta: - Sabe-se que toda a ênfase evangélica das igrejas está nopoder do Espírito Santo e nos ensinamentos contidos nas leis mosaicas doVelho Testamento. Podeis dar-nos exemplo de abusos espirituais no VelhoTestamento, comparando-os com os ensinamentos de Jesus contidos em seuEvangelho?

Ramatís: - Pululam exemplos de abuso espiritual na Bíblia. No livro de Ezequiel,Deus descreve e condena os "pastores de Israel" que cuidavam de si mesmos e não dasovelhas, desleixados que estavam com os doentes, os desgarrados e perdidos, mas que nãodeixavam de dominá-los com rigor e dureza (Ezequiel 34:1-10). Jesus não só reagiu contra aexploração dos fiéis (Mateus 21:12-13; Marcos 11:15-18; Lucas 19:45-47; João 2:13-16),como também contra aqueles que davam mais valor às suas próprias interpretações da Lei doque à dor e angústia humanas (Marcos 3:1-5). Em Mateus: 23, Jesus nos dá uma expressivadescrição das lideranças espirituais abusivas. Já em Gaiatas, Paulo pondera em desfavor dosque queriam impor um cristianismo legalista, distorcendo e desmerecendo a mensagem vivado Evangelho. Ainda teríamos muitos outros exemplos na Bíblia, mas se fôssemos citá-losficaríamos por demais repetitivos.

Jesus era detentor da mais alta e soberana autoridade espiritual. Associava suasvirtudes angélicas à humilde. Nunca era autoritário e arrogante para subjugar seus discípulos,e não os violentou com sua autoridade crística, para colocá-los sob o jugo de regras eregulamentos das leis judaicas antigas. Ao contrário, disse o Mestre: "Vinde a mim, todos osque estão cansados e sobrecarregados, pois eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo eaprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossasalmas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30). Muito menosJesus procurou manter as aparências externas. Ele comia com publicanos e pecadores (Mateus9:10-13). Com relação aos fariseus legalistas, aplicou as palavras de Isaías: "Este povo mehonra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinandodoutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:9). Condenou as atitudes falsas:"Ai devós, escribas e fariseus! Hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados que, porfora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de todaimundície! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentroestais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mateus 23:27-28).

Jesus não se mostrava infalível e superior, como os líderes abusivos de ontem e dehoje. Sua pregação era transparente ao público (João 18:19-21). Ele não tinha nada aesconder, e não só criticou os líderes religiosos por suas doutrinas e interpretações errôneas(Mateus 15:1-9; 23:1-39; etc.) quando foi criticado, não silenciou, mas forneceu respostasbíblicas e racionais às objeções que lhe eram colocadas (Lucas 5:29-35; 7:36-47; Mateus19:3-9).

Jesus ensinava a Lei perfeita de Deus, acomodando-a diante das necessidadeslegítimas das pessoas, acima de regras ou regulamentos das religiões (Mateus 12:1-13;Marcos 2:23-3:5). Era um psicólogo consolador que aliviava os circunstan-tes das constriçõesculposas internas e, mesmo sabendo da imperfeição humana (I João 1:8), confortava a todosdizendo que tinham vida eterna (I João 5:10-13; João 5:24; 6:37-40; Romanos 8:1-2).

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Os abusos espirituais eram comuns especialmente entre os fariseus: "Ai de vós,escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho etendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé;devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!"(Mateus 23:23).

Pergunta: - Por que nem todos conseguem os milagres buscados,mesmo pagando os dízimos e "gordas" ofertas?

Ramatís: - Claro está que a divulgação de uma diminuta parcela que consegue asgraças é feita nos barulhentos meios midiáticos, ao contrário da grande maioria muda, que sópagou e nada alcançou. Nesse caso, os pastores atribuem o fracasso à falta de fé dos prosélitose se colocam como infalíveis, já que fizeram a parte deles e da igreja, como mediadora, a qualestá acima de avaliações humanas.

Há de considerar-se a existência de"partículas divinas cons-cienciais" que formamespécies de supercordas1 etéreas sutilíssi-mas, diáfanas, que intermedeiam todas as dimensõesvibratórias do Cosmo. É o chamado "olho de Deus", que tudo vê e mantém a organização e oequilíbrio universais. Grosseiramente, é como se, para aqueles que não adquirirammerecimento para alcançar as benesses divinas, essas supercordas não permitissem aconcretização dos milagres. Momentaneamente é possível ultrapassar os limites de segurançaimpostos por esses aglomerados de partículas, através dos atos magísticos negativos. Por isso,muitas das graças milagrosas não são perenes, a exemplo de um elástico que se estica porcerto tempo até que volte ao seu estado de repouso inicial - é a conhecida lei de retorno namagia. Essa dinâmica é exata, matemática, e mantém a harmonia universal.

Logo, mesmo com todas as correntes mentais dos trezentos pastores, esconjuros eunções, aliadas ao arsenal mágico de elementos rituais, existe uma força maior que foge àcompreensão dos religiosos humanos e que é mantenedora do equilíbrio no gigantesco novelocármico planetário, o que os cientistas começam a desvendar.

l Nota do médium - Confesso que tive dificuldade de captar a contento o pensamento deRamatís sobre este tema: as supercordas. Como sou médium de psicogra-fia intuitivo, faltou-meo conhecimento científico para conseguir transformar em palavras o avançado conhecimento deRamatís sobre o assunto. Então, este amigo espiritual me sugeriu que procurasse ler artigossobre a Teoria das Supercordas. Constatei que a ciência já está muito próxima de descobrir o"dedo" de Deus que em tudo está. Essa teoria, se por um lado nos dá esperança de que nóspodemos ser agentes fazedores de "milagres", também nos mostra que não é preciso que es-tejamos tão evoluídos intelectualmente para iniciar esses feitos. Podemos começar agora; bastaagir com o sentimento do amor e da caridade verdadeiros e deixar por conta dos maestros daorquestra quântica celestial o vibrante toque das cordinhas.

Pergunta: - Quanto àqueles que não alcançam os milagres, mesmopagando regiamente o dízimo e cada vez mais aumentando as ofertas no culto,como manterão a fé?

Ramatís: - Um pássaro que nunca voou, nas primeiras tentativas sentir-se-á com asasas pesadas. Os crentes que delegaram o vôo celestial aos líderes religiosos terão dereaprender a ter fé no sagrado que jaz neles próprios, assim como um passarinho implume quecai do ninho.

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Quando recebe as bênçãos que foram buscadas (os milagres e graças), o crente exibeempáfia, elitismo e arrogância, considerando-se como ungido. Entretanto, quando o fracassose instala, inevitavelmente naufraga a fé, já que o sistema e os líderes são "infalíveis". Os quefracassam são apontados como fracos, apóstatas, ferrenhamente descartados do sistema e cul-pados pela sua própria desgraça psíquica. A estrutura religiosa, sendo única, especial einfalível, enfatiza exageradamente os aspectos formais nas interpretações das escrituras, comoacontece com o Velho Testamento, preservando seus líderes da falha e atribuindo às ovelhasdeixadas pelo caminho a fraqueza espiritual e a falta de fé pelo não alcance das graçasbuscadas.

Pergunta: - Podeis descrever-nos pormenorizadamente os aspectosenvolvidos nos abusos espirituais?

Ramatís: - Iniciou-se pela distorção das escrituras do Velho Testamento, que foramalteradas de acordo com os ventos dos interesses do clero dominador ao longo da história,assim como uma leve brisa balança o cume do bambuzal. Sempre defenderam os abusos,distorcendo o sentido bíblico para causar submissão, medo e culpa. Na atualidade, os pastoresfun-damentalistas, superficiais e de baixo entendimento espiritual, interpretam como queremconteúdos manipulados do Velho Testamento, como garotos que cortam galho torto fazendoestilingues que não acertam o alvo, ao contrário dos bereanos que examinavam tudo quePaulo lhes dizia, mesmo sendo ele extremante instruído conforme a lei de Israel.

Há de se comentar que Saulo (Paulo) de Tarso, desde a mocidade, foi zeloso com asescrituras e buscou viver de acordo com a severidade da religião. Todavia, quando do seuencontro com Jesus no caminho de Damasco, teve os olhos abertos e pôde contemplar asimplicidade do Rabi da Galiléia. Igualmente, tendo sua consciência despertada para o Cristo,percebeu no íntimo do seu psiquismo disciplinado que, na verdade, servia à Lei na conduçãodos homens, e não a Deus. Muitos em vossos dias vivem de olhos cerrados; carregados desoflsmas, dogmas, rituais eclesiásticos, na liturgia para culto a homens, atrelados a indivíduosautoritários. Há no meio evangélico um exército infindável de"Paulos" de antes do encontrocom Jesus, iludidos de estarem servindo a Deus, mas que em verdade servem a outroshomens, a placas de igrejas, ou ainda tentam se servir de Deus em favor de bens materiais eprosperidade desmedida. As lideranças autocráticas (elite hierárquica baseada noconhecimento da Bíblia que cria uma casta de ungidos sectários), que pregam que discordardo líder é discordar de Deus, buscam o controle da vida dos cidadãos com intromissões emáreas particulares, sentenciando quem pode namorar quem, qual emprego aceitar, como deveser a educação dos filhos... Com a total rejeição de discordâncias, não existindo espaço para odebate teológico, e com a interpretação dos pastores considerada infalível, gerou-se umsistema de controle em que qualquer questionamento, como por exemplo procurar entenderum milagre não alcançado, gera uma saída traumática, com estigmatização do excluído comoendemoniado, caracterizando uma cultura que alimenta e convive na obscuridade com osabusos espirituais.

Pergunta: - Quanto às características comuns aos abusos espirituais, aque se sobressai é o autoritarismo?

Ramatís: - Sem dúvida, a característica mais saliente contida nos processos deabusos religiosos é a existência do líder abusivo e a ênfase exagerada em sua autoridade. Nãosão in-comuns os pastores se declararem ungidos e consagrados diretamente por Deus. Logo,

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seus liderados devem se comportar como se estivessem diante do "messias". Alimentam essemessianismo faraônico alegando que (Mateus 23:1-2) Jesus disse que "na cadeira de Moisésse assentaram os escribas e os fariseus", junto com outras citações usadas distorcidamente. Opoder é institucional e alusivo ao cargo pastoral e não emana da autoridade moral. Aos que sesubmetem a essa falsidade, são prometidas bênçãos e graças espirituais. A doutrinação é base-ada na submissão completa, sem o direito de questionamentos, já que os pastores sãoinfalíveis e Deus é garantia de salvação milagrosa, se houver submissão incondicional.

Pergunta: - O abuso dos fiéis é baseado num sistema religioso em que o"sagrado" é intocável, infalível. Como conciliar isso com o fato de que oslíderes religiosos são humanos efalíveis?

Ramatís: - A "infalibilidade" das doutrinas religiosas da Terra tem levado, ao longoda história, a centenas de milhares de assassinatos fratricidas. Inquestionavelmente, o maiorderramamento de sangue, as culpas e medos acumulados no inconsciente coletivo do orbe,vinculam-se às guerras santas e disputas religiosas. Todo sistema religioso deveria levar os ci-dadãos a uma ligação com o sagrado, reforçada na convivência fraternal, amorosa e altruísticacom as outras crenças.

Assim como o corredor manco não se mostra capenga enquanto a maratona não seinicia, as índoles duvidosas dos líderes religiosos são negadas e ocultadas para que suaautoridade não seja questionada. No tocante à doutrina que pregam, observam rigorosamenteo texto do livro sagrado, num padrão rígido de pensamento que impõe aos seus adeptos totalsubmissão a um padrão de comportamento espiritual cujo não cumprimento resulta empenalidades. Sendo impossível manter-se no dia a dia o que pregam as escrituras, os líderes secolocam vaidosamente como superiores aos fiéis, e ainda muito mais em relação aosseguidores de outras religiões. Observai que os abusos religiosos são, essencialmente,sustentados por interpretações literais e rígidas dos livros ditos sagrados, assim como atabuada não pode ser alterada em vossas escolas primárias.

Infelizmente, o sagrado se transforma em algoz abusa-dor e, como mostra a memóriaplanetária, ferrenho assassino, quando um grupo ou organização acha possuir uma relaçãoespecial, única e infalível com Deus, esquecendo-se de que a diversidade provém d'Ele, oCriador.

Para conciliar harmonicamente a ligação com o sagrado, olhai as Suas criaturas epercebereis que cada uma é única, tendo dentro de si uma igreja, templo ou sinagoga que lhepermite religar-se com o Pai. Vossas sacralidade vos é imanente e incomparável com a deoutros, todas igualáveis em Deus por serem todas arquiteturas d'Ele.

Pergunta: - Qual o motivo dos segredos nas religiões e da busca doconhecimento sagrado ainda ser tão eletiva?

Ramatís: - Obviamente não jogareis uma pessoa que não sabe nadar no meio de umrio. O conhecimento das coisas sagradas que fazem parte das escolas e teologias terrenas deveser alcançado de acordo com o estado de consciência e capacidade de entendimento dosneófitos.

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Nas organizações abusivas, o segredo é usado porque a verdade não deve serconhecida, para que os indivíduos "mundanos" não rejeitem o sistema religioso distorcido. Aoesconder daqueles que não são membros do clero algumas regras e métodos internos, como asmetas de arrecadação e técnicas de persuasão baseadas nas pretensas punições e graças dasescrituras, a fim de aumentar a arrecadação dos dízimos e ampliar o gordo ofertório, evitam oescrutínio público e a reprovação popular. Em verdade, o sigilo é sustentado para afastar adesconfiança geral dos outros, já que o sistema religioso é falso, distorcido e não resistiria aescrutínios públicos.

Pergunta: - A crença nos líderes ungidos, ao invés da fé inquebrantávelem Deus e em Suas leis universais, favorece os abusos espirituais?

Ramatís: - Ungido, etimologicamente, é o significado da palavra grega Christos.Dizia-se que Jesus era o ungido do Cristo, o eleito para ser o canal mediúnico vivo do Cristona Terra.2 Simbolicamente, após receber o batismo de João Batista à beira do Rio Jordão, ochacra coronário de Jesus vibrou em toda a sua potencialidade para torná-lo fiel mensageirodo Cristo planetário.

(2) Vide capítulo "Jesus de Nazaré e o Cristo Planetário", da obra O Sublime Peregrino,de Ramatís, EDITORA DO CONHECIMENTO.

Os líderes "ungidos" a porta-vozes do Espírito Santo, nas seitas neoevangélicas atuais,estão a léguas de distância de vibrarem na mesma freqüência crística de Jesus de Nazaré.Assim como o graveto que apodrece facilmente com a umidade do solo, a dúvida dos frágeiscidadãos em Deus faz deslocar a crença n'Ele para o líder religioso "ungido", embolorando oCristo interno dessas criaturas pela ausência de fé em Deus. Acrescente-se a proibição acríticas que a infalibilidade da un-ção traz para o "ungido", e teremos os crentes que levantamas dúvidas estigmatizados como sendo eles o problema, ao invés das questões quelevantaram!

A hierarquização do acesso ao sagrado por um grupo de homens "santos" desencorajao pensamento livre, autônomo, sob a alegação que ele causa dúvidas e a perda da fé.

Essa cultura religiosa inquestionável leva à fé cega, à fascinação, e os adeptos, pormedo de que possam estar questionando diretamente Deus (os ungidos são perfeitos!),reprimem qualquer interpretação diferente e entram num processo de in-fantilização espirituale total dependência psicológica dos líderes religiosos, como cegos que não conseguem andarsem bengalas.

Pergunta: - Quais os efeitos mais visíveis nos que sofreram abusoespiritual?

Ramatís: - O abuso espiritual tem conseqüências psicológicas devastadoras ns vidados cidadãos, pois depositaram um alto grau de confiança nas lideranças religiosas, que não seconcretizou em milagres, apesar das expectativas e promessas. A confiança é traída pelaconduta inadequada dos líderes, que se colocam como "santos" perfeitos, mas se esquecemdos calcanhares de barro do dia a dia.

Essas pessoas sentem-se traídas, revoltam-se contra o sagrado e internamente tornam-se inseguras e incapazes de estabelecer relações recíprocas de confiança, desequilibrando-se.

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Os sintomas emocionais e psicológicos associados ao abuso espiritual são muito semelhantesaos daqueles que sofreram incestos, pois se cristaliza em seus psiquismos profundos umaespécie de "gatilho" mental que os paralisa perante todas as situações associadas à fonte desua dor emocional, como nos momentos da vida que envolvam autoridade, pois suas almasferidas sentem-se como se tivessem sido violentadas pelo pai.

Naturalmente, além do medo, culpa e desilusão com relação aos líderes religiosos, asvítimas de abuso espiritual predispõem-se a não confiar mais em Deus. Fica o questionamentointerno recorrente, como monoidéia auto-obsessiva culposa: "Como é que Deus pode terpermitido que isso acontecesse comigo? Tudo o que eu queria era amá-Lo e servi-Lo!".

Na maioria das vezes, esses seres desenvolvem um rancor contra si próprios,estabelecendo raízes de amargura e incredulidade com relação a tudo que seja espiritual, oque, se não for convenientemente tratado, tende a agravar-se, desestruturando completamenteo psiquismo pela descrença, falta de fé na vida, negatividade e desânimo. Podem resultarpsicopatologias de etiologia complexa e, por ressonância vibratória em razão de o campoemocional estar desestruturado, poderão instalar-se as mais diversas doenças. Estas, naverdade, já estariam demarcadas no corpo astral desses indivíduos em existências passadas; écomo se revolvêssemos a água lodosa do fundo do poço, deixando sua superfície cristalinaturva.

Pergunta: - Quais os motivos de os abusados terem sido receptivos aosabusadores, partindo do pressuposto de que somos todos filhos de um mesmoPai e igualmente detentores das potencialidades internas do Cristo?

Ramatís: - Os crentes que foram abusados espiritualmente amaram e serviram aoshomens e à igreja como mediadores com o Divino, em vez de amarem diretamente a Deus porsuas próprias vivências internas. Os ingredientes que formam o bolo dos abusos espirituaiscomeçam, intencionalmente, com o autor permitindo que o crente interiorize a sua identidadecomo autoridade divina. A palavra do pastor é a voz de Deus e os fiéis devem ouvi-lo destamaneira. Adicione-se o desfrute das benesses pessoais do líder, na relação com o liderado - obeneficiado na lide com o pseudo-sagrado não é o orientado, mas o próprio orientador. O quedeveria servir é servido, num modelo simbólico que impõe que os fiéis lavem os pés dos"representantes do Espírito Santo", ao contrário de terem seus pés lavados por estes, assimcomo Jesus lavou os de seus apóstolos, dissipando as energias negativas de suas almasinseguras pelos chacras dos pés, aliviando-os do medo e das constrições internas.

Sem dúvida, o tempero que apimenta o abuso espiritual é o conceito de "ungidos deDeus", contido no Velho Testamento. As lideranças evangélicas, notadamente as pentecostaise neopentecostais, são tratadas como profetas, recebendo reverências que os acompanham nosritos das funções pastorais. Essa hierarquização, ao contrário do nivelamento defendido porJesus, que democratizou Deus dizendo a todos: "Vós sois deuses", gera rebanhosinfantilizados que dependem da igreja e do pastor para atingirem o Divino.

Não é diferente do "pai de santo" das práticas mágicas populares, que se arroga odireito único de conduzir os filhos ao orixá, tornando-se indispensável para o "santo"manifestar-se no corpo do adepto.

A autoridade sacerdotal nos ritos, liturgias e religiões da Terra, hierarquiza e disciplinaa união dos grupos para o culto, mas não diz respeito à experiência pessoal de cada um,direito cósmico inderrogável concedido por Deus.

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Pergunta: - Os pentecostais e neopentecostais exaltam a interferência emanifestação do Espírito Santo na vida e nos corpos dos prosélitos conduzidospelos pastores e não falam do Evangelho de Jesus. Quais os motivos?

Ramatís: - Pentecostes é uma palavra de origem grega que significa"quinquagésimo" (dia). Antigamente, em suas origens, o Pentecostes era uma festa agrícolajudaica de oferta a Deus, celebrada no 50° dia após a Páscoa. Os melhores feixes das colheitaseram levados em oferenda, num clima de festividade inocente em que os que mais haviamcolhido partilhavam com os necessitados. Posteriormente, em meados do século V a.C., afesta de Pentecostes passou a celebrar o dom da lei no Sinai, a festa da aliança entre Deus e opovo.

Cinqüenta dias após o evento da ressurreição de Jesus, o Espírito Santo se manifestanos apóstolos e também em cerca de cento e vinte cristãos, em Jerusalém, fazendo-os falar emlíngua estranha. A promessa de Jesus aos seus discípulos fora: "Recebereis o poder do EspíritoSanto que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia eSamaria, e até os confins da Terra" (Atos 1:8).

No dia de Pentecostes, os discípulos, estando reunidos em Jerusalém, depois dascelebrações da Páscoa, ficaram inseguros e medrosos diante da perspectiva desafiadora depregarem eles os ensinamentos do Mestre. Eis que a aura angélica de Jesus e o Espírito Santo,dom de Deus, se fizeram unos e aquele grupo de homens amedrontados e temerosos adquiriuem si, como um raio descido dos Céus, a consciência de serem uma coisa só com Jesus. Todossentiram que o Mestre estava entre eles, mais ainda do que antes, porque na realidade Jesusnão mais estava com eles, estava neles, e a tarefa da pregação evangélica seria o próprio Jesusem ação através dos passos, gestos e verbo de seus apóstolos.

Nos dias atuais, existe grande diferença na "manifestação do Espírito Santo"; não émais o agente catalisador da essência divina que se interioriza nas consciências e concretiza-se nas ações crísticas, como outrora aconteceu com os apóstolos.

O "Espírito Santo" dos neopentecostais é um despachante que a tudo resolve compragmatismo exacerbado. Ele dispensa as ações pessoais, cura os desenganados, arrumaemprego, desamarra negócios, arranja casamento, angaria automóvel novo, manda os malespara as labaredas infernais e tanto maiores serão suas benesses de prosperidade materialquando maior for o dízimo dado. Claro está que sob essa prática de magia, o Evangelho deJesus se torna amorfo, desinteressante, pois exige esforço, conduta e atos propiciatórios paraque a presença crística se torne perene. Paradoxalmente, o Espírito Santo salvacionista daatualidade reconhece o sacrifício de Jesus que liberta de todos os males e dispensa osprosélitos de maiores esforços evangélicos, desde que eles não faltem às sessões e correntessalvacionistas, já que a igreja é indispensável intermediadora dele, Espírito Santo, com osfiéis. Esquecem-se de que os apóstolos tinham dentro de si a imanência de Jesus e, andarilhos,levavam a mensagem viva do Cristo a todos os lugares, sendo os corpos deles depositários dosagrado, que era livre e não estava aprisionado num templo, como acontece nos diasmodernos em que se recebe o milagre sem esforço, mas se fica atado ao milagreiro.

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Pergunta: - Faz parte da natureza humana a transferência de responsabilidadeespiritual. Essa consideração de certa forma iguala as religiões mediúnicas que disputam omercado das práticas mágicas populares?

Ramatís: - Importa considerar que a magia necessariamente não é negativa, ou coisado mal. Um centro, terreiro ou igreja cheios, dedicados ao trabalho caritativo gratuito, de-monstram sustentação e cobertura espiritual benfeitora e, por si, atraem novos crentes paraseus cultos.

Consideremos que a experiência espiritual é própria de cada um e não é um direitotransferível. Pode-se recusar essa vivência, mas não é possível transferir o contato com Deuspara que outro tenha em si o que é de vosso direito, como fazeis com vossos despachantesrodoviários.

Vossa pátria é uma nação de cultura religiosa mística, que costuma endeusar os santose os homens. É normal consultarem-se os espíritos e divinizar-se o médium, assim como osevangélicos egressos do catolicismo, que não têm mais os santos, projetam nos pastores afigura santiflcada.

A expansão evangélica alcançou em cheio os cultos afro-brasileiros e igualou-se a elesnum mecanismo psicológico de transferência, deslocando os poderes de transe e possessão dafigura do pai de santo para o pastor, dando-lhe a prerrogativa de mediação com o Além edisputa de fiéis com o "povo de santo". Ao invés de incorporar os mortos ou orixás do Além-sepultura, agora incorpora o "Espírito Santo", vestido de branco como se trajam na umbanda enos cultos afro.

O ecumenismo que está impresso no inconsciente popular impregna a culturareligiosa, acostumada a intermediários com os mundos celestiais, favorecendo os abusosespirituais.

Relato de um caso de abuso espiritual: motivos pelosquais procurou atendimento espiritual

Tenho 19 anos. Desde meus 12 anos já passei por váriasigrejas e todas trataram meu problema preconceitu-osamente.Meus pais são evangélicos metodistas, mas procuraram outrasigrejas em busca de um milagre. Minhas primeirasmenstruações foram muito doídas e eu costumava desmaiar. Pordiversas vezes, participei de ritos de exorcismo, descarrego e deesconjuro. Diziam que eu estava endemoniada e que eu não eracurada porque minha fé era fraca. Acusavam-me dizendo queeu é que não permitia o milagre e me locupletava com o"encosto". Minha caminhada foi muito difícil. Em maio de2004 fui empurrada e caí de uma escada, fraturando

o cóccix. Infelizmente eu tive outras quedas, fraturandonovamente essa parte da coluna. Já tentei me suicidar e fuiabusada sexualmente pelo meu professor da academia. Nãoconsegui contar isso a ninguém. Em março deste ano, comeceia ter piolonefrites de repetição. Fui internada num hospital e osmédicos resolveram fazer uma laparoscopia a fim de verificarpor que eu tenho dores abdominais. Depois da cirurgia, o meudiagnóstico foi endometriose e uma peritonite por sangramento.

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Tive de fazer vários tratamentos hormonais para resolver essadoença. Tive uma reação adversa aos medicamentos e entrei emcoma. Meu intestino parou de funcionar. Tenho inchaçosabdominais e muita dor. Já estive em mais de 50 médicos e játive mais de 15 internações e até agora ninguém tem umdiagnóstico definido. Tudo que se sabe é que meu intestinoparou de funcionar em certas partes e só consigo que funcionecom intervenção. Comecei a fazer psicoterapia e meconscientizei de que deveria me afastar de casa. A religiãoevangélica dos meus pais, as constantes buscas pelos milagres,a colocação do meu nome nas correntes de oração, as sessõesdomiciliares de libertação e descarrego estavam me exaurindo.Fui morar sozinha para não enlouquecer e me livrar dessainfluência negativa em minha vida. Acredito em reen-carnação,estou estudando e me sinto melhor. Sei que o sentimento deculpa e medo de me relacionar, de me abrir, ainda se somatizamem meus intestinos. Sinto que abusaram de mim, especialmentepela arrogância dos pastores, incentivados pela teimosia do meupai, que sempre me estigmatizou e me desmereceu. Hojeentendo que Jesus é perdão, consolo, alívio das culpas.Continuo na psicoterapia e creio que, pouco a pouco, estou con-seguindo me equilibrar.

Essa consulente foi atendida no Grupo Umbandista Triângulo da Fraternidade. Orelato é verídico e consta da ficha de atendimento que é preenchida antes dos atendimentos.Como nada acontece por acaso, Ramatís nos informou, por meio da clarividência, que nossairmã foi uma cortesã francesa, nos fins do século dezenove, proprietária de refinado cabaréfreqüentado pela elite parisiense, além de ter uma beleza e sensualidade con-tagiantes. Umdos freqüentadores de sua casa era um rico comerciante, dono da melhor pista de corrida decachorros, e também criador de cães. Nossa atendida perdeu muito dinheiro apostando nascorridas caninas e endividou-se. Então, para não pagar a alta soma, preparou uma armadilhapara chantagear o credor, ameaçando-o de exposição à família, muito católica, da condiçãodele, seu amante e assíduo freqüentador do bordel. Isso gerou muito ódio para com ela, queacabou sendo assassinada a mando dele por esfaqueamento abdominal, ao sair de um diavitorioso nas apostas. Hoje, essas personagens são pai e fllha: ele metodista ferrenho, ela como estigma dos abusos sexuais de outrora irrompendo no seu corpo físico e afetando-lhe opsiquismo. Ambos foram colocados juntos para aprenderem a perdoar e amar.

As religiões foram feitas pelo Criador para nos libertar e não para serem ferramenta deaprisionamento e molestamento pessoais.3

(3)Nota do médium - Seguidamente os nossosirmãos evangélicos deixam sal grosso na porta do centrode umbanda do qual sou fundador. Eventualmente, ficam àespreita para entregar "santinhos" aos consulentes. Pareceaté que estão em época de eleições. Isso não nos preocupa,mas nos incomoda. O fato é que nunca vemos umconfrade das religiões afrobrasileiras ou espírita nas portasdas igrejas fazendo campanha para suas crenças.

Fato grave mesmo ocorreu no dia 11 de novembrode 2010: um homem morreu e outro foi baleado depois deuma discussão por causa de religião, em Sapucaia do Sul

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(RS). Segundo a Polícia Civil, três membros da igrejaDeus é Amor estavam em um local conhecido comoMorro de Sapucaia, fazendo orações, quando viram umgrupo de cinco umbandistas acendendo velas. Doisevangélicos foram em direção ao grupo para, segundo apolícia, repreendê-los. Houve forte discussão, e um dosmembros da igreja acabou sendo esfaqueado no pescoço emorreu no local. Um outro foi esfaqueado no abdôme,virilha e na perna. O terceiro membro da Deus é Amorficou à distância, vendo a confusão, de acordo com apolícia.

Essa notícia é trágica, sob todos os pontos de vista,por ter custado a vida de um ser humano. É trágica porrevelar absurda intolerância religiosa. É trágica por termoschegado ao ponto de o preconceito religioso, no Brasil, doconflito físico. Não conheço detalhes do episódio, mas odesfecho é profundamente lamentável. Quem abusou dequem? Se houvesse respeito dos evangélicos pelo culto deoutras religiões, provavelmente essa tragédia não teriaocorrido.

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VII

Apometria - ferramenta do Mestre para atuar nos corpos espirituais

Na época de suas pesquisas espirituais, AllanKardec viu-se obrigado a uma descrição mais primária ougeneralizada do perispírito, a fim de evitar que a doutrinaespírita nascente, frágil e discutível, pudesse serridicularizada pela metralha sarcástica do academicis-momaterialista e combate fanático do clero, poderoso edéspota na época. Ademais, a tese de um organismoimponderável e portador de sistemas e órgãos fluídicospara-humanos, mas capaz de movimentar-se e agir nomundo celestial, seria alvo de incessante zombaria ecrítica demolidora de todos os adversários da doutrinaespírita...Salvo alguns iniciados e ocultistas mais ousados,ninguém poderia crer num organismo invisível e fluídico,como é o perispírito, cuja estrutura transcendentalavançada faz empalidecer a usina mais complexa epoderosa do mundo material.

RAMATÍS, O Evangelho à Luz do Cosmo

Pergunta: - O espírito adoece?Ramatís: - O princípio espiritual, a mônada, centelha ou chispa divina, é perfeita

desde os primórdios de sua criação, quando se "desprendeu" do Todo cósmico, do Criador, doPai. No início do seu processo evolutivo, não tem consciência formada nem noção dafinalidade de seus propósitos perante às leis universais. O princípio espiritual caminha para aformação da consciência muito depois, quando alcança a fase hominal, após estagiar nomineral e no vegetal. Em essência, a centelha ou chispa, o fulcro mantenedor da vida doespírito, é plenamente saudável e nunca adoece, pois é "perfeita" como o Pai. Assim como omicrocosmo está no macrocosmo, a gota d'água mantém todas as propriedades do oceano doqual é proveniente.

São os veículos que ainda não adquiriu (os corpos mediadores que serão formadosnum futuro longínquo, o chamado quaternário inferior, ou seja, o mental concreto, astral,etérico e físico) que adoecem, juntamente com o invólucro carnal. A centelha espiritual éconduzida por um "campo magnético orientador", uma espécie de princípio inteligente grupai,ou alma-grupo, que lhe permite atuar na matéria em um longo processo evolutivo, porsucessivas reencarnações.

Pergunta: - Podeis nos dar mais elucidações sobre os atributos básicosadquiridos pelas almas-grupos no reino animal, como os homens interferem

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negativamente em suas evoluções e quais são as conseqüências espirituaisdisso?

Ramatís: - Os animais possuem uma organização mais avançada e evoluída que aspedras e as árvores, sendo almas-grupo diferentes entre si, ou tipos de colônias vibratóriascorrespondendo às necessidades evolutivas das diversas espécies. Portanto, os espíritos,estagiando em corpos de animais, necessitam das experiências vitais no orbe, de acordo com aposição evolutiva em que se encontram, buscando galgar os degraus rumo ao estágio hominal,do mesmo modo que os humanos vivenciam múltiplas situações que os acicatam para aformação da futura consciência angélica que permitirá o ingresso nos planos "celestiais".

Chega um momento em que as espécies animais adquirem os primeiros sinais deemotividade, num psiquismo ainda em-brutecido. A lógica sideral condiciona a aquisição deimpulsos psíquicos emocionais à formação de corpos físicos afins, para abrigar os princípiosespirituais reencarnantes das diversas espécies. Assim, se evidenciam nas massas nervosascérebroencefá-licas os primeiros lapsos de formação das células orgânicas que tecerãofuturamente a glândula pineal. A partir desse estágio, de animais reunidos em espécies nasalmas-grupo, gradativamen-te vão desaparecendo as amarras que os ligam a seus pares equanto mais alcançarem impulsos de emotividade, mais darão margem ao nascimento emespécies individualizadas.

Ocorre que os homens, em sua insanidade coletiva, matam diariamente milhões devacas, porcos e aves, espécies que se encontram mais próximas do estágio evolutivo quedescrevemos e que já obtiveram escassos rudimentos de emotividade, tendo capacidade devincular-se emocionalmente ao homem em suas en-carnações. Como estão aprisionadas nascriações pecuárias intensivas, impedidas de uma experiência natural em suas curtas vidas,artificialmente manipuladas para engordarem e se reproduzirem, além de violentamenteassassinadas em vossos matadouros, imprime-se no seu psiquismo nascente o medo dessasexperiências e o horror da morte fatídica e cruel. Por isso, aportam ao plano astral bilhões deduplos espirituais morbidamente modificados pelas experiências terrenas aviltantes, o quemantém as almas-grupo correspondentes totalmente distorcidas, formando gigantescoscondensadores energéticos de vibrações altamente deletérias e pestilentas que "emperram" asua evolução e a encarnação de quantidades maiores de espíritos mais evoluídos no orbe.

Então, continuam encarnando hordas de espíritos rebeldes, calcetas, assassinos,déspotas, violentos, pois sobre eles se instala intenso magnetismo telúrico mantido pelo tônusvital etéreo dos milhões de litros de sangue derramados. Almas-grupo "aleijadas" flutuamadjacentes à crosta planetária, densas, escurecidas, um cenário pintado de vultos disformes emtelas gigantes (egrégoras). As conseqüências são nefastas para os habitantes da crosta, pelomecanismo natural de ressonância vibratória que incide sobre as populações que estão sob oraio de influência dessas egrégoras, intensificando-lhes no psiquismo os estados violentos dasalmas enfermas. Aí estão as guerras fratricidas, os assassinatos grupais, os assaltos, osacidentes de trânsito, os vícios, a cobiça ensan-decida da indústria de proteínas animais, apobreza e a fome de muitas nações, mantendo um roteiro de tresloucado drama existencial.Este é diretamente alimentado por bilhões de bocas carnívoras, entorpecidas pelo hábitoaviltante de comer retalhos e vísceras de animais, que escravizam as almas-grupo dos irmãosmenores do orbe na vã tentativa de satisfazer o insaciável apetite.

Logo, como o que está em cima está embaixo, e o que está em baixo está em cima,repercute na existência humana terrícola o sofrimento, os lamentos e urros de pavor ecoadosdos animais aprisionados artificialmente e trucidados nos matadouros, frigoríficos e

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charqueadas, excluídos das necessárias e naturais experiências na matéria para sua evolução.Criam-se então gigantescos campos magnéticos, massas mentais coletivas que emitemininterruptamente vibrações de emoções aviltantes (energias destrutivas) aos habitantes dosdois planos de vida, encarnados e desencarnados. Continuando essa situação anômala,somente uma mudança geográfica no planeta fará alterarem-se as consciências, libertando-asdas relações escravizadoras dos irmãos menores. Em breve, não haverá mais áreas disponíveispara criar, alimentar e matar bilhões de animais, artificialmente mantidos para saciar outrosbilhões de bocas carnívoras, enquanto grande parte da população não terá o que comer, porfalta de grãos que servem para produzir ração animal. Também escassearão as hortaliças everduras, pela absoluta inexistência de terra para o plantio agrícola.

Pergunta: - Solicitamos maiores informações sobre a constituição doscorpos mediadores dos espíritos. Afinal, são eles que adoecem?

Ramatís: - Não é possível demonstrar-vos por meio destas singelas letras que dãoforma aos nossos pensamentos, captados por um sensitivo intuitivo, a constituiçãopormenorizada de todos os elementos e esferas vibratórias que se interpenetram e atuam paraenvolver a centelha espiritual, sendo a camada mais externa e grosseira o vosso corpo físico.Já possuis literatura suficiente para que estudeis os corpos internos e vos conscientizeis darealidade espiritual que literalmente vos cerca. Ademais, o amigo espiritual Caboclo PenaBranca, incansável trabalhador do Cristo na Grande Fraternidade Universal, trará importantese didáticas elucidações sobre este e outros temas, para o entendimento do maior númeropossível de leitores, no próximo capítulo,"A Fisiologia Oculta das Curas de Jesus".

Referindo-nos aos estratos vibratórios que adoecem, do quaternário inferior (veículosmental concreto, astral, etérico e físico), destacamos especialmente a região etérica como ogrande objeto de atuação dos espíritos do lado de cá, já que é a responsável pela estruturaorgânica correspondente no corpo físico. Pelo fato de serdes encarnados e os espíritos atuaremde outro plano em vosso auxílio, os desarranjos vibratórios procedentes do corpo astral, quese aglutinam em morbos deletérios no duplo-etérico e dão margem à instalação das doenças,são alvos de nossa ação nesta esfera espiritual.

O perispírito ou corpo etereoastral, constituída de camadas adjacentes e justapostas detipos específicos de éteres, o qual já descrevemos em outras obras (Fisiologia da Alma eMensagens do Astral), compõe-se de uma tessitura delicada, permeando a estrutura atômicamolecular e impactando na matéria do corpo físico. Pela anterioridade do perispírito, a matrizmagnética "indestrutível" que acompanha o ego encarnante até a sua entrada nos planoscelestiais, os fracassos morais de encarnações anteriores, demarcados na sua tessitura, geramum tipo de ressonância que repercute como doenças mais variadas na presente existência.Tudo de conformidade com a Lei de Causa e Efeito, ou cármica; é o espelho refletor da vidapregressa e atemporal do espírito imortal.

Pergunta: - Existe uma ferramenta ou técnica com a qual possamosatuar ativamente no complexo etereoastral do bomem-espírito, emconcordância com a lei cósmica?

Ramatís: - Sim. Existe uma técnica que já é razoavelmente conhecida, a chamadaapometria.1 Permite a um grupo de médiuns treinados que atuem pelo desdobramento

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induzido nos corpos mediadores: o etérico, o astral e o mental concreto. Ou seja, assim comoJesus atuava curando no quaternário inferior.

(1) Para mais informações sobre a apometria, remetemos o leitor à trilogia Apometria eUmbanda, de nossa autoria (EDITORA DO CONHECIMENTO). Para não nos tornarmosrepetitivos na presente obra, Ramatís pediu-nos para descrever os conceitos básicos e indicaressas obras.

Pergunta: - Como ocorre o desdobramento na apometria?Ramatís: - O desdobramento acontece via indução, por meio de contagens e pulsos

magnéticos, gerando o que podeis chamar de bilocação. Não há perda de consciência,catalepsia ou letargia. O grupo de medianeiros fica envolvido em uma espécie de conchaastral criada pelos técnicos do lado de cá. Então, podem atuar servindo-nos comocondensadores energéticos para o tratamento de espíritos encarnados ou desencarnados, já quenão temos ectoplasma humano, substância que é indispensável para as cirurgias espirituaisnos moldes ou duplicatas dos órgãos físicos, assim como o barro é a matéria-prima para ooleiro. A apometria em essência serve-se do desdobramento, da separação entre o vosso corpofísico e os vossos veículos astral e etérico, facilitando a atuação dos técnicos e médicos doAstral. Assim como diariamente o Sol desponta em vosso céu, o desdobramento ocorre todosos dias em vossas vidas de forma natural, e independe de fé, crença, culto, doutrina oureligião terrena. Na maioria das vezes, se dá durante o sono natural. Pode acontecer tambémem decorrência de choques emocionais traumáticos, ocasionando desmaios e coma, naconvalescença de enfermidades graves, ou ainda em conseqüência do uso de narcóticos.

Pergunta: - Pedimos maiores elucidações sobre a atuação no complexoetereoastralpela técnica apométrica.

Ramatís: - Como a atuação no duplo etérico se sobressai em grau de importância,em nosso singelo modo de ver podeis denominar de"eteriatria"a forma de tratamentomagnético que compõe a técnica de apometria e objetiva interferir nas camadas dos éteresdesse corpo mediador.

Associai a energia magnética de origem animal (ectoplasma), direcionada pelaaplicação da força mental, conjugado-a com as energias de alta freqüência vibratóriaprovenientes da imensidão cósmica, movimentada pelos espíritos responsáveis do lado de cá,adequadamente enfeixada e projetada através da mente do operador encarnado sobre oconsulente. Tende em mente os estados naturais da matéria: a água é líquida e tem moléculasafastadas, o que permite alta maleabilidade à sua forma. Quando congelada, solidifica-se, comas moléculas justapostas aumentando-lhe a densidade. Ao evaporar, gaseifica-se peloafastamento das moléculas. Assim, a área visada do duplo-etérico, que é formado por camadasadjacentes e interpenetradas no perispírito, torna-se mais maleável de conformidade com aquantidade e intensidade de energia mental-magnética que lhe é projetada.

"Eteriatria", pois, é um meio de tratamento do duplo-etérico, interferindopositivamente na sua constituição. A sua fisiologia e a interrelação com o corpo físicodecorrem da interpene-tração de ambos. Os fulcros energéticos desarmônicos oriundos doperispírito pela força centrífuga que vibra num movimento de rebaixamento na direção do

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corpo físico, repercutem nele em forma de doenças, muitas vezes de metástases e desestruturaatômico-molecular.

Sabeis que o fulcro gerador das patologias nos encarnados, inclusive do câncer, sesitua naquela zona limítrofe entre o corpo astral e o duplo-etérico. Deveis, porém, ter comofoco e área de atuação do duplo-etérico. Por sua avançada fisiologia, cremos que já vos bastana presente encarnação ter este mediador como alvo de interferência anímico-mediúnica. ODivino Mestre assim procedia: fazia eclodir poderosos e balsâmicos fluidos no mundo interiordos enfermos infelizes, recompunha tecidos, refazia órgãos, levantava paralíticos. Verdadeiromédico das almas, esclarecia as mentes, instruindo-as pela força magnética de suas palavras.Mas advertimos os terrícolas: era um processo que não causava espanto aos anjos que oacompanhavam nem desvios das leis criadoras, lidando sensatamente com as forças cósmicasda física transcendental, interferindo exclusivamente nos corpos do quaternário inferior queenvolvem o homem-es-pírito. Os incautos procuram rotular a apometria e seu conjunto detécnicas como um remédio milagroso, indo aonde nenhum homem jamais foi na face do orbe,em sua ânsia de reconhecimento e ganhos, e, como conseqüência, estabelecendo para simesmos, na balança da justiça universal, um plano de vôo no qual o futuro endereço não énada alvissareiro.

A apometria como técnica de intervenção, por meio da criação de campos de forçafocalizados nos órgãos etéricos,2 pela aplicação da força mental e fornecimento de energiaanimal, é ferramenta auxiliar que o Cristo vos enviou para ajudar-vos na evolução.Obviamente, quando socorrais desencarnados sofredores que estão em faixa de sintonia com oencarnado atendido, também atuais em seus ferimentos astrais, recompondo membros,cicatrizando feridas. Tudo sob coordenação do lado de cá.3

(2) Em verdade, o duplo-etérico é o mais qualitativo e complexo veículo de coordenação erelação dos fenômenos da vida encarnada, estando intimamente relacionado com as funçõesorgânicas e aspectos ligados à saúde e às doenças.

Segundo Ramatís, na obra Mensagens do Astral, o duplo-etérico "é um veículo apri-morado, cuja dinâmica é utilíssima no atual estado de consciência do homem porque, embora nomundo da matéria, ele relaciona a criatura com seus veículos superiores. Os espíritos costumamoperar curas daqui, agindo exclusivamente no campo etérico; em seguida, o molde do órgão emque atuaram vai se modificando lentamente e, pela repercussão vibratória, modela-se também asua contraparte física. Como o agente energético responsável pela patogenia do câncer provémde uma energia astral corrosiva, ele se situa basicamente no duplo-etérico, onde tem seu habitaifavorável".

3 Nota do médium - Colocamos para apreciação de Ramatis algumas questões referentesao universo da apometria, especialmente relativas à atuação dos operadores encarnados noduplo-etérico, que, de conformidade com as orientações desse mentor, são de suma importânciae servem para auxiliar neste momento de transição planetária rumo ao triunfo do Mestre Jesusnas consciências. Para maior estudo e aprofundamento dos leitores interessados no tema,indicamos as obras Jardim dos Orixás e Evolução do Planeta Azul, ambos da EDITORA DOCONHECIMENTO.

Pergunta - Solicitamos algumas breves considerações sobre a força oupoder mental do homem.

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Ramatis - O homem, feito à "imagem" do Criador, possui o poder criador do Pai.Por sua essência divina imanente, tem um raio de ação criativo, todavia flnito emicrocósmico, se comparado à infinita abrangência da Mente Universal que a tudo permeia.As dores, os fracassos, os sofrimentos e a maldade no mundo são unicamente frutos do usoinadequado do poder e da energia mental criativa dos homens. Assim, se Jesus afirmou: "Eunada faço, é o Pai que faz por mim", por outro lado sentenciou: "Aquele que crê em mim,também fará as obras que eu faço, e ainda mais", indicando o seu sublime Evangelho comoroteiro para as obras dos discípulos, a fim de que os pensamentos tenham seu poder criador ede realização regulado pelas leis universais. Em síntese, se ao aplicar vossa força mentalseguir-des os ensinamentos de Jesus, estareis seguros diante da harmonia cósmica eangariareis créditos nas leis divinas. Do contrário, utilizareis vosso poder criador na maisnefasta magia negativa, atraindo, pelo efeito universal de retorno, sérias conseqüências aserem retificadas depois pelos mecanismos que determinam as reencarnações. O maiorvitorioso não é aquele capaz de vencer mil vezes mil homens, mas aquele que é capaz devencer a si mesmo em uma única existência, como Jesus demonstrou.

Pergunta - No atual momento existencial da humanidade, qual o tipo deobsessão que se destaca, em sua arquitetura psíquica?

Ramatis - Sem dúvida, pela atual busca desenfreada de prazeres, na ilusão de vivernum mundo "epicurístico" na matéria, as influências obsessivas potencializam os deleitesmundanos, estimulando e ampliando o campo sensório-cognitivo das sensações e gozosextremados, em sua urgência de plena satisfação. Enxameiam nos dois planos de existência osobsediados, de um lado, e obsessores, de outro, escravos dos vícios de tudo aquilo que dáprazer: gula, sexo, bebida, poder, beleza, dinheiro, vaidade. A etiologia das obsessõesbaseadas nos prazeres mundanos mantém-se pelo mecanismo de ressonância, pois o espíritodesencarnado se satisfaz pelas sensações e gozos sentidos pelo corpo físico do encarnado.

Aliás, rotineiramente, os encarnados telegrafam para o lado de cá descrevendo os seusrecalques, insatisfações e desejos mais ocultos, estabelecendo sintonia por afinidade com osdesocupados do Além-túmulo sedentos de se "encostarem" num corpo físico. A obsessãosustenta a fascinação e leva o espírito obsessor a se "profissionalizar", cuidando comrequintes de delicadeza do seu caneco, piteira, copo ou genitália vivos para os seus prazeres.O encarnado obsediado é mimado e adulado em suas mais íntimas aspirações sensórias eexigências de gozos corpóreos. Pelas facilidades da tecnologia disponível, da mídia ostensiva,dos confortos da vida moderna, aliados aos valores transitórios e fugazes de uma sociedadeanestesiada pelos excessos de estímulos sensoriais, ampliam-se enormemente as obsessõescoletivas arquitetadas na satisfação desregrada dos prazeres de corpos ocos e obesos,encharcados pelos mais diversos tipos de estímulos, bebidas, drogas e quitutes saborosos comos irmãos menores retalhados, que as inteligências das sombras conseguem arquitetar.

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VIII

A fisiologia oculta das curas de Jesus

Uma proposta de estudo de alçumas curas descritas no Evangelho, inspirada peloCaboclo Pena Branca, um guerreiro de Oxalá

Na época de Jesus, os homens ainda não podiamcompenetrar-se do sentido oculto de suas elucidaçõessobre uma vivência superior, cuja possibilidade deentendimento ultrapassava a compreensão da existênciahumana tão primária. O amado Mestre servia-se dasimagens e das coisas que aconteciam sobre a vidacotidiana, a fim de firmar e ativar os preceitos próprios dadoutrina oculta.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Abordaremos as curas feitas por Jesus em sua passagem pelo plano terreno, mas antesvamos conhecer como se processa a organização energética dos corpos físico, etérico,emocional e mental, para que possamos trabalhar o autoconhecimento.

Estrutura dos corpos sutis e seu funcionamento

Corpo físico

É o corpo carnal, o corpo denso, que utilizamos para atuar no meio físico planetário.Como é constituído de matéria, temos facilidade de operar no meio físico, porque pertence àmesma dimensão eletromagnética. O que nós fazemos aos nossos corpos também fazemos aoplaneta, e vice-versa.

Corpo etérico

Também é formado de matéria, tendo uma estrutura tênue, de naturezaeletromagnética. Consiste numa réplica exata do corpo físico e tem por função estabelecer asaúde automaticamente, sem interferência da consciência. Embora pareça um fantasma, ocorpo etérico não é espiritual e desintegra-se 24 a 72 horas após o desencarne.

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É constituído do material chamado ectoplasma (fluido fino que tem a propriedade dese condensar assim que sai do corpo do doador). Desempenha também importante função emdeterminados fenômenos, como os de teletransporte, dissolução de objetos, e todos os outrosque exijam energias mais pesadas. É invisível em estado natural, não tem consciência apesarde ter individualidade própria, e está intimamente ligado ao corpo físico.

O corpo etérico vitaliza o corpo físico, e atua como um elo entre o corpo denso, ocorpo astral e o corpo mental. Cada partícula física possui sua contraparte etérica; daí aexpressão "duplo-etérico".

O campo etérico tem sido descrito como sendo "o quarto estado da matéria"(l° estado:sólido, 2° estado: líquido, 3° estado: gasoso e 4° estado: etérico, fluídico).

Cores do corpo etérico: cinza-azulado pálido ou cinza violeta, levemente luminoso etremeluzente.

Projeção do corpo etérico: projeta-se de cinco a sete centímetros além da periferia docorpo físico.

Corpo astral, parte integrante do perispírito

Esse é o corpo mais próximo à matéria e pode ser visto pelos clarividentes. Todos osespíritos que incorporam em médiuns possuem essa estrutura corpórea sutil. Ela é, portanto, amanifestação corpórea dos espíritos que vivem na dimensão astral.

O corpo astral não tem a mesma densidade em todas as criaturas humanas. O estado demaior ou menor densidade é que diferencia os espíritos, ou seja, quando desencarnados, so-mos localizados na região ou faixa vibratória do mundo espiritual que for mais compatívelcom o nosso peso específico.

O espírito é a centelha divina que atua no corpo através do perispírito, como aeletricidade atua na lâmpada através do fio condutor.

O perispírito, conjunto do astral e do mental, é o corpo fluídico do corpo humano,formado de energia semicondensada, que age como intermediário entre o espírito e o corpofísico.

O corpo físico é a matéria condensada, que serve de ambiente vital para o espírito, queé o dono da casa com poderes intransferíveis de propriedade, sofrendo as influenciaçõesexteriores.

O corpo físico, que é mantido em equilíbrio pela atuação das forças centrífugas (dedentro para fora) e centrípetas (de fora para dentro), gera em torno de si uma luzesbranquiçada resultante dessa energia da movimentação, formando a aura material do corpo,a qual, acrescida das vibrações dos pensamentos humanos (corpo mental) mais o duplo-etérico, mais o astral, forma a chamada aura espiritual do homem.

Portanto, a aura é todo o conjunto: corpo físico, duplo-etérico, corpo astral, corpomental e espírito, ou melhor, o espírito encarnado.

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Cores do corpo astral (aura multicolorida)

A aura humana é modificada instantaneamente pela variedade dos pensamentosemitidos, numa alternância de relâmpagos sucessivos, embora em algumas pessoas possahaver pausas mais prolongadas. Ela é multicolorida, assemelhando-se a uma nuvem ovalluminosa que circunda o corpo.

Colorações do perispírito

Branco-azulado: pureza, amor e caridade.

Azul e dourado: sublimação do espírito (durante a meditação ou prece), elevaçãomoral.

Rosa: afeição, amor, felicidade, ternura, bondade etc.

Vermelho: paixões violentas, raiva, inveja, vingança, sensualidade, melindres.

Alaranjado: ambição e orgulho.

Cinzento: depressão, tristeza, mágoas e ressentimentos.

Cinzento-claro: medo, dúvida, vacilação.

Cinzento-escuro: hipocrisia, mentira, desgosto.

Preto: maldade, ódio.

Essas variações de cores são produtos da vibração do homem, identificando-o peranteos protetores espirituais. As colorações atestam o estado de ânimo e a posição evolutiva decada um.

Obs.: Em relação ao perispírito, quanto mais a cor cinza estiver próxima do corpofísico, mais grave é o estado e grau de ansiedade, e maior o seu impacto negativo sobre asaúde.

Estrutura do corpo astral

A textura é flexível, pois ele é fluídico. O ritmo da energia é uniforme, quando apessoa tem boa saúde.

Projeta-se de 39 a 45 centímetros além do corpo físico.

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Corpo mental

Manifestação do intelecto concreto e abstrato; sede do poder da vontade que setransforma em ação; campo do raciocínio elaborado. Encontramos aqui os poderes da mente,os fenômenos da cognição, memória e avaliação dos nossos atos. É a fonte daintelectualidade.

Seu estado de materialidade é mais sutil do que o corpo astral, e sua textura é maisfina. O campo mental interpenetra os campos astral e etérico. O funcionamento do cérebroafeta todas as partes do corpo.

Projeção do corpo mental: projeta-se cerca de 90 centímetros além da periferia docorpo físico, interpenetrando o corpo astral, o duplo-etérico e o corpo físico.

Forma-pensamento: é criada quando emitimos uma forte imagem mental, que cria vidaenergética independente.

Para facilitar a compreensão, podem ser divididos em dois os campos de atuação dessecorpo: mental concreto e mental abstrato.

Corpo mental concreto (também chamado de mental inferior): lida com asquestões diárias, as percepções mais simples e objetivas.

Essa vontade-consciência pessoal constrói as formas-pen-samento que o corpoemocional anima e leva à manifestação, mas carece de sentimento ou sensação e até desensibilidade.

Corpo mental abstrato (corpo causai ou mental superior): aqui possuímosuma inteligência clara, capaz de lidar com todos os níveis da realidade. Elabora e estruturaprincípios e idéias abstratas geradoras de novas idéias, processo responsável pelo avançocientífico e tecnológico, além do embasamento filosófico. Como consciência, tem acesso atudo o que sabemos ou somos e a tudo o que sempre existiu neste planeta. Esse corpocompreende as forças cármicas existentes por trás das ações. É o árbitro divino, osuperconsciente.

Partindo do princípio de que "somos o que pensamos" e que "onde estiver o nossopensamento para lá seremos levados", ressaltamos que, se o pensamento for de naturezaelevada, os seres que se afinam com essa energia vibrarão na mesma tônica, reforçando aonda inicial e trazendo sensações de bem-estar e harmonia, que se refletirão no ambiente. Omesmo ocorre com os pensamentos de ordem negativa e de baixo nível moral, quecostumamos chamar de lixo mental.

É de suma importância compreender a necessidade de manter-se a higiene mental, ocultivo dos bons pensamentos, e a pureza de coração tão recomendada pelo Mestre Jesus. Oentendimento é um ato da mente, mas compreender é uma atitude interna, profunda, deexperiência. Vivemos num mundo de baixo teor vibratório, onde predominam as obsessõesem suas mais variadas apresentações, interesses materiais e mesquinhos, emanações

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passionais e muito imediatismo, como se nada mais houvesse após a morte do corpo carnal.Ao sintonizarmos com essas freqüências vibratórias baixas, estamos perdendo a vitalidade eentrando nas zonas inferiores que implicam sofrimento, conflitos e doenças e, dentre asvariadas obsessões, a auto-obsessão, em que o indivíduo fica cristalizado numa monoidéia, ouseja, na idéia fixa.

Corpo causal

É assim chamado em virtude de nele residirem todas as causas cujos efeitos semanifestam nos planos inferiores. É o receptáculo, o reservatório, onde todos os tesouros dohomem se acham acumulados para a eternidade, e vai se desenvolvendo continuamente.

Corpo átmico ou espírito-essência

Constitui a essência divina em cada criatura. Somos idênticos a Deus pelo ser(essência), mas diferentes d'Ele pelo existir: Deus não existe, Deus é, eternamente presente.Por isso disse Jesus: "Vós sois deuses". Somos espíritos imortais e divinos, fortes eindestrutíveis, sempre tendentes a melhorar, a nos aperfeiçoar.

Quando se é capaz de manter a consciência nesse nível, o que é alcançado por meio dameditação num ambiente livre de toda a estimulação externa, essa experiência é chamada desamadhi (no Oriente).

Noções de saúde (harmonia da alma)

Caminhos do Senhor em nosso cérebro: intuição, amor e entendimento.

"A fé procura e o intelecto encontra" (deTrinitrate, XVII2-3). Os princípios deHipócrates:

• Saúde: estado de equilíbrio.

• Enfermidade: os humores e as paixões.

• Cura: poder inerente à natureza. "O poder de curar-se a si mesmo".

• Terapêutica: os recursos naturais.

Somos a mais perfeita farmácia dentro de nós mesmos."É o indivíduo que cura a simesmo, acionando a farmácia interna". Como disse Jesus em suas curas: "A tua fé te curou.Vai e não peques mais para que não te aconteça coisa pior".

O homem vive através de três forças conjugadas: pensamento, vontade e ação.

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Vivemos em rede, unidos ao inconsciente coletivo. Isso é importante saber, a fim deque possamos promover a autocura. Entendemos que a enfermidade se inicia em nossoscorpos sutis e, por último, manifesta-se no corpo físico. Essas enfermidades são cristalizações,ou melhor, pontos de aglutinação dos fluidos doentios, criando a predisposição orgânica paradeterminadas moléstias que podem nos afetar em qualquer idade. Podemos classificar aspredisposições orgânicas em quatro tipos distintos:

• Predisposição cármica - É oriunda do perispírito enfermo que, aoreencarnar, já transmite e traz ao ser, ainda na vida intrauterina, as moléstias que a matéria ouo espírito têm de sofrer para o seu aprimoramento. Existem doenças em que a cura não é paraesta vida.

• Predisposição atraída - Aquela que provém de nossa vibração. Somosirradiadores e receptores de energia; isso faz parte da lei do semelhante que atrai semelhante.Esse tipo de atração gera autointoxicação: pela via fluídica o ser vai atrair para si as mesmasenergias negativas que emana, sejam vibrações de raiva, de descontentamento etc. Dessaforma, podemos afirmar que não será apenas um único órgão afetado. O fígado, por exemplo,tem como somatização a raiva, mas os fluidos negativos se espalharão por outros órgãosvitais, como o coração, os pulmões e o estômago; e daí para os intestinos, aumentando osofrimento. Os problemas de vesícula somatizam a raiva embotada, aquela que não éexpressa.

• Predisposição hereditária - Participa do carma. Na verdade, os paistransmitem para os filhos muitos males, porque a carne é filha da carne. O Evangelho diz que"uma boa árvore não pode dar mau fruto", ou "pelo fruto se conhece a árvore". Nessa herança,também há causas de ordem espiritual. E se a Lei assim determina, temos nisso o benefícioem nosso aprimoramento espiritual.

• Predisposição do ambiente - É o local onde fazemos a nossa morada; acasa onde residimos. Destacamos no ambiente, os locais onde mais circulamos, como acozinha, a sala de estar e também o quarto de dormir. No ambiente, os pensamentos emanadosse condensam em nuvens que se movimentam, obedecendo aos chamamentos pelas vibraçõessintonizadas.

Quando a emanação é boa, com pensamentos harmônicos, a vibração do lar torna-sesaudável e prazerosa, gerando bem-estar e sensação de aconchego. Caso contrário, asemanações inferiores e pesadas formarão nuvens densas, doentias e escuras, trazendodiscórdias e enfermidades da mais variada ordem. Essas formas-pensamento (nuvens) não sãovisíveis ao olho humano, mas podem ser sentidas, tal como existe no firmamento da crostaterrestre o produto das mentalizações da humanidade, o inconsciente coletivo.

Depois das vias psíquicas, a via digestiva é por onde as enfermidades fluídicas sealojam. Os órgãos acessórios, pulmões, fígado, pâncreas e outras glândulas, na patologiamediúnica, não sofrem influenciação direta, porque são antes receptores de intoxicação pelavia psíquica.

Não podemos nos esquecer de que, para manter o equilíbrio, necessitamos de uma boaalimentação, de exercícios físicos e também de respiração adequada, bem como algumashoras de bom sono.

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Jesus disse, no capítulo VI do Evangelho, que "não são os sãos que precisam demédico" e sim os doentes da alma. "Vinde a mim todos vós que estais cansados e aflitos e euvos aliviarei, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". O Divino Mestre irradiava emseus corpos sutis, nos chacras superiores, a vibração do amor incondicional, aquele amor puroque não impõe condições, que não julga, que se sustenta em sua própria emanação. Conheciaprofundamente as dores da alma, abrindo os campos energéticos dos enfermos que oprocuravam apenas com o seu olhar intenso e profundo, magnetizando com as suas mãoscuradoras os órgãos enfermos e, principalmente, libertando as almas aprisionadas emprocessos mentais de desequilíbrio, obsessões, luxúria, vaidades e variadas doenças, para asquais na época não havia cura da medicina.

Ele escolheu doze discípulos para acompanhá-lo em sua jornada, a fim de quepudessem dar continuidade à obra incipiente. Como sempre fazia, antes de tomar algumadecisão importante, retirava-se para orar. Ao sair de sua prece prolongada, chamava a si, comocitado em Marcos,"aqueles que Ele quis", e todos imediatamente aderiam a Ele.

A esses doze emissários, Jesus conferiu autoridade sobre espíritos atrasados(obsessores). Eram eles: Simão, a quem Jesus denominou Pedro, e André seu irmão, Tiago,filho de Zebedeu, e João seu irmão, Filipe e Bartolomeu, Tome e Mateus, o coletor deimpostos, Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, Simão, o Cananita, e Judas Iscariotes, que oentregou.

Associando a narrativa dos evangelistas sobre as curas feitas por Jesus com algunsorixás, vamos refletir sobre o cenário da época.

Apesar de todas as dificuldades, o Divino Mestre despertou em inúmeras almascuradas por Ele a centelha divina que habita em cada ser. Poucos, porém, puderam ver Nele oCristo Cósmico; somente aqueles que Ele afirmou que "tinham olhos de ver e ouvidos deouvir". Jesus afastou obsessores, curou doenças de pele, paralisias, doenças mentais e muitasoutras moléstias que consumiam aquelas almas carentes de amor e de compreensão, que eramabandonadas à própria sorte. Consolou e não julgou prostitutas, mendigos, ladrões e toda asorte de misérias humanas, orientando sempre para que o "orai e vigiai" e o "perdão dasofensas" fizessem parte da vida de suas vidas.

Os ensinamentos do Mestre eram música para os seus ouvidos, alento para as suasalmas e esperança em dias melhores, mesmo que ainda estivesse longe a compreensão do queseria o "reino dos Céus que está dentro de vós" e "Meu reino não é deste mundo".

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Os orixás e Jesus

Oxalá

Atributos: a fortaleza, a paciência.

As vibrações dos filhos de Oxalá refletem a paz, a harmonia. A correlação é feita como sétimo chacra (o da coroa, ou coronário). Favorece a ligação com a espiritualidade, o religarcom o Cristo interno. O desenvolvimento desse chacra só é conseguido através da evolução.O pleno desenvolvimento dá a iluminação mental e o ser atinge o nível de buda, como ocorreucom Sidarta Gautama. Dessa forma, ele é representado por uma saliência no alto da cabeça,símbolo de sua iluminação através do chacra coronário.

A Igreja Católica também conhecia esse símbolo e colocava uma auréola dourada aoredor da cabeça dos seus santos, os seus iluminados.

No que se refere à saúde, sofrem de melancolia, são pouco falantes, são explosivosinteriormente, sua calma é aparente. O coração e a coluna se sobrecarregam; têm dificuldadede dizer não, necessitando de momentos de isolamento para repor as energias. O sistemanervoso é delicado. Atitudes negativas diminuem sua força vital. Essa forma de negatividadebloqueia o fluxo normal da vida: é como se represasse um rio, desconsiderando o realpropósito da vida (a missão). O indivíduo pode experimentar crises espirituais, como a faltade fé, a falta de coragem e a confiança em si mesmo. Mantendo esse padrão de negatividade,somatizam-se as mais variadas doenças: disfunções do sistema nervoso, paralisias, problemasgenéticos, problemas ósseos, incluindo câncer nos ossos, e doenças degenerativas como aesclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

O eu profundo

1. Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim.

2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; senão, ter-vos-ia dito; vou preparar-vos olugar.

3. E se eu for e vos preparar o lugar, de novo voltarei e vos tornarei junto a mim, paraque onde esteja também vós estejais.

4. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.

5. Disse-lhe Tome: "Senhor, não sabemos para onde vais; como poderemos saber ocaminho?".

6. Disse-lhe Jesus: "Eu sou o caminho da verdade e da vida; ninguém vem ao Paisenão por mim".

7. Se me conhecesseis, conheceríeis também meu Pai; e agora o conheceis e o vistes",

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8. Disse-lhe Felipe: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta".

9. Disse-lhe Jesus: "Há quanto tempo estou convosco e não me conheceis, Felipe?Quem me vê, vê o Pai.Como dizes tu: mostra-nos o Pai?".

10. Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos falo, não falopor mim mesmo: "O Pai que habita em mim é quem faz as obras.

11. Crede-me que eu estou no Pai e o Pai em mim; crede-me ao menos por causa daspróprias obras.

12. Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará as obras que eufaço e as fará maiores que elas, porque eu vou para o Pai.

13. E tudo o que pedirdes em meu nome, isso farei, para que o Pai seja gloriflcado noFilho.

14. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei".

JOÃO, 14:1-14

"Não se turbe o vosso coração; sede fiéis à Divindade e ao Eu". O coração é o localonde reside a mônada, ligação direta com o eu profundo e com o Cristo interno. Ao perturbar-se, o ser perde o controle. Quando o descontrole é gerado pela dúvida, atinge o coração e tudodesmorona, porque se altera a ligação profunda. Para que não haja perturbação no coração énecessário manter firme e inalterada a união com a Divindade e com o eu profundo, que é asintonia com o Divino. Essa é a única maneira de se evitar a perturbação espiritual, que ocorrequando uma pessoa manifesta sinais de mudança de caráter, revelando desinteresse eindiferença pelas coisas mais sérias, negativismo, impulsividade, irritabilidade eagressividade, opondo-se a tudo o que é espiritual, tendo reações coléricas contra os outros,desconfiança, obstinação, reações de frustração, egoísmo que coloca o seu ego como a coisamais importante do mundo, além da instabilidade psicomotora e afetiva, ora amando e oraodiando as mesmas pessoas. Isso leva ao embotamento do psiquismo, advindo daí adiminuição de sua percepção, intuição e inspiração, tornando-o uma pessoa insociável.

O segredo da paz interior que defende o espírito contra qualquer ataque é a absolutafidelidade na sintonia com o eu interno e com o Divino, de forma que nada possa abalar asegurança e confiança no Cristo interno que o dirige e cujas vibrações ele percebe em simesmo, no âmago mais profundo do ser ("Deus está no comando onde quer que eu esteja").

Assim sendo, podem surgir dificuldades da mais variada ordem, como ataquesespirituais, e a pessoa pode passar por dificuldades financeiras, abandono, perdas, doenças,mas continuará impassível em sua paz interior, porque nada a atinge. Seu "eu" está no Cristo eem paz ("Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou").

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Yemanjá

Atributos: respeito e amor. Vibração que desperta a Grande Mãe em cada um, apercepção de que somos co-criadores com o Pai. Propicia o desapego, porque cria seus filhospara que sejam cidadãos do mundo. Prosperidade e abundância em todos os sentidos, união,humanitarismo, procriação no sentido de pro-gresso-evolução. Cria os filhos dos outros comose fossem seus.

Nas questões de saúde, os filhos de Yemanjá podem apresentar distúrbios renais queacarretam prejuízos na pressão arterial; têm alergia a lugares fechados, rinite alérgica ouasma. Os pontos fracos são as glândulas suprarrenais e o aparelho reprodutor. Apresentamansiedade, nervosismo e dores de cabeça em razão da tensão.

O desenvolvimento espiritual decorre da atenção às capacidades e às qualidades maisprofundas da natureza humana, trabalhando-se para aperfeiçoá-las. O desapego é a prática dedesenvolver grande força pessoal, sem a necessidade de controlar o desenrolar dosacontecimentos. O desapego não é desamor; ele liberta.

Quando há desequilíbrio, é gerado o medo de olhar para dentro de si mesmo, de suashabilidades intuitivas, o que dá origem aos bloqueios à sensibilidade interior. A recusa emaprender com as experiências da vida resulta em culpar constantemente outras pessoas portudo o que acontece de errado em sua própria vida, e num padrão de repetição das mesmassituações de aprendizado difíceis e dolorosas. Não aprendem com os próprios erros. Nacorrelação com o sexto chacra (o frontal), ocorrem as disfunções neurológicas e também acegueira, a surdez, ataques epilépticos e outras formas de disfunção emocional-mental, alémda dificuldade no aprendizado.

A cura do epiléptico

14. E quando se aproximou dos discípulos, viu grande multidão ao redor deles eescribas discutindo com eles.

15. Imediatamente toda a multidão, vendo-o, surpreendeu-se e, acorrendo, saudava-o.

16. Ele lhes perguntou: "Que estais discutindo com eles?".

17. Respondendo-lhe um, dentre a multidão, disse: "Mestre, eu te trouxe meu filho quetem um espírito mudo.

18. E este, onde quer que o apanhe, o sacode; ele espuma e range os dentes e vaidefinhando; roguei a teus discípulos que o expulsassem, e eles não tiveram força".

19. Respondendo, disse-lhes: "Ó geração sem fé, até quando estarei convosco? Atéquando vos tolerarei? Trazei-mo".

20. E eles lho trouxeram. E vendo-o (a Jesus), logo o espírito o agitou com violência,e caindo o endemoniado no chão, contorcia-se, espumando.

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21. Perguntou (Jesus) ao pai dele: "Há quanto tempo acontece-lhe isso?". Respondeuele: "Desde a infância".

22. E muitas vezes, o lançou ora no fogo, ora na água para destruí-lo; mas, se podesalguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos".

23. Disse-lhe Jesus: "Se podes crer; tudo é possível ao que crê".

24. Imediatamente o pai do menino exclamou com lágrimas: "Eu creio, Senhor!Ajudaminha incredulidade".

25. E vendo Jesus que uma multidão afluía, repreendeu o espírito, dizendo-lhe:"Espírito mudo e surdo, eu te ordeno, sai dele e nunca mais nele entres".

26. E ele, gritando e agitando-o com violência, saiu; e o menino ficou como morto, demodo que a maior parte do povo dizia: "Morreu".

27. Mas, Jesus, tomando-o pela mão, despertou-o e ele levantou-se.

MARCOS 9:14-27

O povo surpreendeu-se com a aparição repentina de Jesus, e imediatamente correu asaudá-Lo. Após cumprimentá-los, Ele dirigiu-se aos escribas ali presentes e não aosdiscípulos, porque estes estavam tão confusos e cabisbaixos que davam a impressão de teremsido derrotados. Na verdade, já haviam tantas vezes expulsado obsessores, sentindo-se alegrescom os resultados obtidos, mas não conseguiam compreender porque dessa vez não haviasurtido efeito. Logo após a primeira tentativa em vão, a dúvida instalou-se, automaticamentediminuindo-lhes a confiança e a fé a respeito de suas possibilidades. O espírito a ser tratadoera surdo e, portanto, não podia ouvir as ordens verbais. Os discípulos mantiveram-se emsilêncio, demonstrando respeito e confiança em Jesus, porque o Mestre era bom e sabiadefendê-los e ensinar-lhes o caminho certo.

Era crença na época que a epilepsia era provocada pela incorporação de um obsessorviolento. Observamos hoje em dia que existe uma pequena percentagem de casos decorrentesde lesões ou disritmia cerebral; o volume maior é a ação de obsessor violento emincorporação total, chamada possessão.

O obsessor enfrentou o Mestre, prostrou o menino em sua habitual convulsão. Sentia-se perturbado pela presença de Jesus, pelos seus poderosos fluidos. Mestre Jesus atuou sempressa e perguntou sobre os antecedentes, a respeito do momento em que se iniciou aobsessão. O pai informou que o fato ocorria desde a infância. Humilde, reconheceu queacreditava nas curas de Jesus, mas, ao mesmo tempo, que sua fé não era das maiores. Aindaassim, pediu a Jesus que curasse a enfermidade de seu filho.

Lembremos que a solicitação da ajuda espiritual jamais fica sem resposta da vibraçãode energia superior, bastando sintonizar com ela para recebê-la, visto que está sempreirradiando e espalhando suas bênçãos em abundância.

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A retirada do espírito deu-se de forma abrupta, e após gritar e convulsionar o menino,o deixou desacordado. Jesus então abaixou-se e segurando a mão do menino, o despertou,entregando-o sadio aos braços do pai.

Xangô

Atributo: sabedoria, equilíbrio cármico, entendimento da Lei de Causa e Efeito,palavras adequadas no momento certo, discernimento, justiça, habilidade oratória e domíniodas multidões. No polo negativo, é a rigidez de opiniões, vitimização, palavras metálicas.

Nas questões de saúde, apresentam-se os problemas do sistema cardiovascular, dopulmão, incluindo câncer e pneumonia, bem como hérnia, hipertensão, estresse e ansiedade,além de problemas de coluna e tensão nos ombros. Correlação com o cardíaco (a glândulatimo), o chacra central do nosso corpo; por isso, o amor é o centro de nossa vida. A ausênciade uma base de amor sólida cria uma situação interna na qual os padrões específicos de medo,de raiva e ressentimento podem desenvolver-se no lugar do amor.

Cura no templo

1. Depois disso, havia a festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

2. Ora, em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, há uma piscina, que em hebraico échamada Bethesda ou "Casa da Misericórdia", a qual tem cinco pórticos.

3. Neste jazia grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos (esperando omovimento da água,

4. Porque descia um anjo em certas épocas e agitava a água da piscina; e o primeiroque entrasse na piscina depois de a água mover-se, ficava curado de qualquer doença quetivesse).

5. Achava-se ali certo homem, que havia trinta e oito anos estava enfermo.

6. Vendo-o Jesus deitado, e tendo sabido que estava assim desde muito tempo,perguntou-lhe: "Queres ficar são?".

7. Respondeu-lhe o enfermo: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha na piscinaquando a água é movida, enquanto vou, outro desce antes de mim".

8. Disse-lhe Jesus: "Levanta-te, toma tua cama e anda".

9. Imediatamente o homem ficou são, tomou sua cama e partiu. E aquele dia erasábado.

10. Então os judeus disseram ao que fora curado: "Hoje é sábado, e não te é lícitocarregar a cama".

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11. Ele respondeu-lhes: "Aquele que me curou, ele próprio me disse: toma tua cama eanda".

12. Perguntaram-lhe, então: "Quem foi o homem que te disse: toma tua cama e anda?".

13. Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, em razão denaquele lugar haver grande multidão.

14. Depois Jesus o encontrou no templo e disse-lhe: "Eis que ficaste curado; não erresmais, para que não te aconteça coisa pior".

15. E aquele homem foi dizer aos judeus que fora Jesus quem o curara.

16. Por isso os judeus perseguiram Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estascoisas no sábado.

JOÃO 5:1-16

No que se refere ao movimento das águas, provavelmente era feito por comportas que,ao se abrirem, jorravam água limpa na piscina. Entre os enfermos, estava um deles deitado nochão havia 38 anos, e quando Jesus soube a quanto tempo estava assim, condoeu-se de suasituação e perguntou-lhe se queria ser curado. Apenas uma frase é dita por Jesus: "Levanta-te,toma a tua esteira e caminha". Acentua-se aí a autoridade do Mestre de resgatar o carma etambém de sobrepor-se às prescrições teológicas - proibição de efetuar curas no sábado. Maistarde, quando Jesus o reencontra no templo, recomenda-lhe que não volte a errar, para que nãolhe suceda coisa pior. Aqui percebe-se o aprendizado de vigiar para não errar novamente,afastando-se do espírito, pois coisas piores poderiam lhe acontecer, em encarnações desofrimento e dor.

Sendo assim, tudo está preparado e "o Mestre aparece quando o discípulo está pronto".

Ogum

Atributo: vontade, "caminhos abertos", manutenção da vida, o poder da vontade, opoder da fé, o ponto de partida. "É o caminho e o próprio caminhante". É a luta inicial paraque haja a transformação. É a liderança, coragem e sinceridade. No pólo negativo, é a inércia,a vontade fraca, a dificuldade de dizer não, a dificuldade de perdoar.

Nas questões de saúde, refere-se às doenças do sistema nervoso, o que torna seuaparelho digestivo mais sensível (úlceras), e problemas nas articulações dos braços, pulsos emãos, além de problemas nos intestinos, no pâncreas e fígado, incluindo-se a hepatite.Disfunções nas glândulas suprarrenais, náuseas e gripes.

Relacionado ao terceiro chacra, o do plexo solar, é o centro da intuição que orienta aatividade diária da vida humana. Envolve o medo de assumir a responsabilidade por simesmo, por suas necessidades, por seus compromissos, por suas finanças e por seuspensamentos, atitudes e ações pessoais. Dificuldade de libertar-se do controle da expectativados outros.

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Cura do servo do centurião

5. Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião1 e dirigindo-se aele, disse:

6. Senhor, meu criado jaz em casa paralítico, padecendo horrivelmente".

7. Disse-lhe Jesus: "Eu irei e o curarei".

8. Mas o centurião respondeu: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa;mas diz somente uma palavra e meu criado há de sarar.

9. Porque também sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhasordens. E digo a este: "Vai lá, e ele vai; e a outro: vem cá e ele vem; e a meu servo: faze isto eele faz".

10. Ouvindo isto, Jesus admirou-se e disse aos que o acompanhavam: "Em verdadevos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé;

11. E digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão com Abraão,Isaac e Jacó no reino dos Céus;

12. E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e rangerde dentes".

13. Então disse Jesus ao Centurião: "Vai, e como creste te seja feito". E naquelamesma hora o criado sarou.

MATEUS 8:5-13

l Naquela época, o exército romano era dividido em legiões de 6.000 infantes e 300cavaleiros, comandadas por seis tribunos militares. Em cada legião havia dez cortes de 600homens e cada corte tinha três manipules de 200 homens. O manipulo constituía-se de duascentúrias; à frente de cada uma se achava um centurião. Assim sendo, o centurião era o maissubalterno de todos. (Sabedoria do Evangelho, Carlos Torres Pastorino).

O referido centurião era filiado à religião romana, já tinha alguma elevação espiritual,e compreendera que o espírito está acima de qualquer divisão de religiões humanas. Ao dizera Jesus que falasse somente uma palavra, ele demonstrou que possuía conhecimento dossegredos da vida espiritual. Exemplificou com sua própria pessoa, sujeita à autoridadesuperior - que obedecia, mas ao mesmo tempo também tinha autoridade sobre seus subor-dinados e então era também imediatamente obedecido. Sabia ele que Jesus, por sua elevaçãoespiritual, tinha o poder do Logos, a quem já se unira permanentemente, em contato com aConsciência Cósmica, que bastava expressar seu desejo para vê-lo satisfeito. Jesus afirmouque não era a raça ou a religião que tinha influência na conquista do "reino dos Céus", massim o conhecimento da verdade, que é adquirido através da elevação espiritual de cada ser.Então realizou a cura à distância, através da ligação com o Cristo Cósmico, ficando o servobom na mesma hora.

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Oxum

Atributo: amor. É o amor universal, a doação, a complacência e também intuição,fertilidade, compaixão. O amor incondicional que não julga, apenas ama, sem nada esperar. Oponto vibratório desse orixá no planeta é a cachoeira.

É a cachoeira que desce,Que lava e que levaA tristeza do fundo do ser...É a Oxum que vem e que trazA força das águas para transformar!É a cachoeira que desce, que bate, que rola na pedraPara transformar!É a Oxum que vem e que trazA força das águas para renovar!No que se refere à saúde, são comuns os distúrbios gineco-lógicos, atingindo o útero,

os ovários e as trompas. Pode haver dificuldade para engravidar, mas após tratamento podeobter êxito. Estresse emocional e depressão.

Quando entram na sintonia negativa, não esquecem as ofensas nem as traições, eagarram-se às lembranças do passado.

Cura de hemorragia

25. Ora, uma mulher que padecia havia 12 anos de um fluxo de sangue.

26. E que tinha sofrido bastante nas mãos de muitos médicos, gastando tudo o quepossuía sem nada aproveitar, antes ficando cada vez pior,

27. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão e tocou-lhe o manto,

28. Porque dizia: "Se eu tocar somente sua veste ficarei curada".

29. No mesmo instante, secou a fonte de sangue, e sentiu em seu corpo que estavacurada de seu flagelo.

30. Conhecendo Jesus logo, por si mesmo, o poder que dele saíra, virando-se no meioda multidão perguntou: "Quem tocou meu manto?".

31. Responderam-lhe seus discípulos: "Vês que a multidão te comprime, e perguntasquem me tocou?".

32. Mas Ele olhava ao redor para ver quem fizera isso.

33. Então a mulher, receosa e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio,prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade.

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34. E Jesus disse-lhe: "Filha, a tua fé te curou; vai em paz e fica livre de teu mal".

MARCOS 5: 25-34

Após muito peregrinar em busca de auxílio médico, a mulher, que já ouvira falar doMestre, intuíra que se apenas tocasse o seu manto ficaria curada. Ela tinha fé e isso atraiu osfluidos curativos do corpo de Jesus, como se fosse um ímã. A fé plasmou a forma mental doque era desejado; no caso, curar-se. Ela se chamava Verônica e, segundo o Evangelho deNicodemos, foi quem enxugou o rosto de Jesus quando Ele seguia para o calvário.

Podemos entender que sua fé atraiu o magnetismo espiritual que irradiava do Cristointerno: ela desejava curar-se e o espírito lhe deu a paz desejada, esclarecendo que todo omerecimento desse encontro se dava pela sua fé.

Os médicos não tinham conseguido estancar a hemorragia, antes do final do resgatedaquela alma. Nenhuma entidade, seja encarnada ou desencarnada, pode libertar quem querque seja de seus resgates, sem que chegue a hora certa: somente a própria pessoa pode fazê-lo.

lansã

lansã é o orixá relacionado ao elemento ar; portanto, atua em tudo. É a mudança e atransgressão. Tem os seus aspectos positivos ligados à coragem, lealdade, franqueza e fluidezde raciocínio.

Jesus atuou diretamente com lansã na medida em que ia transformando asconsciências através da oralidade, pois a facilidade de falar é um dos principais atributosdesse orixá, e também transgredindo ao curar aos sábados, o que não era permitido. Nãoadotava os rituais de purificação, o que afrontava os sacerdotes.

O Mestre Nazareno, quando expulsava os demônios pelo poder do verbo sagrado deque era dotado, atuava curando os enfermos "endemoniados" pela força do elemento eólico (oar) que deslocava os obsessores e os morbos psíquicos dos corpos etérico e astral dosobsediados, os quais eram conduzidos para outros paramos pelos socorristas dos Céus que oacompanhavam.

Como grande mago que era, Jesus tinha pleno domínio das forças e dos elementos danatureza. É emblemática, nesse sentido, a luta de seus discípulos contra forte vendaval quandofaziam a travessia do Lago de Genesaré sem a presença do Mestre. Ora, vendo Jesus, damargem, a forte agitação das águas e a embarcação em apuros, resolveu ajudá-los. Entrou nolago e deslizou suavemente sobre as águas, rumo à nau que balançava, logo após ter, sobpoderoso influxo mental, controlado o "ar", elemento da natureza em questão - com umcomando verbal e um aceno de braço abrandou os ventos, que se tornaram suave brisa, eseguiu resoluto planado sobre as águas mansas aos seus pés.

O corpo físico de Jesus estava sujeito às leis comuns da natureza, mas Ele tinha opoder de sobrepujá-las todas as vezes que assim fosse necessário, pois o canal vivo do Cristona Terra era em verdade o legislador planetário, e como tal senhor e supremo sacerdote dasleis cósmicas mantenedoras da vida e do equilíbrio terrícolas.

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Oxóssi

Jesus vibrou em Oxóssi no Sermão da Montanha, cujas palavras foram direcionadas àcuradas almas, ao conselho dado para a evolução do ser em amor, misericórdia e perdão.Psicólogo das almas, transformou os pescadores simples em pescadores de homens, curou asenfermidades das almas aflitas que eram a causa das somatizações no corpo físico.

"Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, assemelha-se ao homem sábioque ediflcou a sua casa sobre a rocha; desabaram os aguaceiros, transbordaram os rios, sopra-ram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, mas ela não caiu, porque estava ediflcadasobre a rocha", disse Ele.

"Mas quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, este se assemelha aum homem insensato que ediflcou a sua casa sobre a areia; desabaram os aguaceiros,transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, e ela caiu, e foigrande a sua queda".

Assim sendo, essas palavras de Jesus foram ditas tanto para sábios como parainsensatos; um as põe em prática e o outro não.

O Sermão da Montanha é o mais belo documento de espiritualidade e de amor que omundo conhece.

"Buscai em primeiro lugar, o reino de Deus, e o resto vos será dado por acréscimo".

Oxóssi é o orixá da saúde, tanto no que se refere ao físico como ao espiritual. É operfeito equilíbrio do ser.

Pela boca entram os alimentos e saem as palavras. "A boca fala do que está cheio ocoração".

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IX

O Triunfo do Mestre - a fraternidade na coletividade crística

Graças ao Evangelho de Jesus, conceituando aexistência de um só Deus, magnânimo e justo, proclamou-se a igualdade absoluta entre os homens e a sua confrater-nização como filhos de um só Pai. Ainda que o Evangelhofosse apenas um arranjo fantasioso, fruto da imaginaçãode poetas, filósofos ou religiosos aglutinando conceitos emáximas em torno de um Jesus fictício, jamais alguémdescobriria fonte de moral mais pura e reserva de en-sinamentos mais elevados para a salvação e ajuste dahumanidade. Todos os esforços, atos, sonhos, ideais e in-tenções que os homens empreenderam para a conquista devirtudes sublimes ou de amorosa confraternização seencontram expressos no código superior do Evangelho.

RAMATÍS, O Sublime Peregrino

Pergunta: - Faz mais de 2000 anos do advento de Jesus e ainda estamosmuito distantes de praticar e compreender seus ensinamentos. Parece-nostempo em demasia, e por vezes ficamos desanimados em levar a Boa Nova doEvangelho. Tem "salvação" nossa coletividade?

Ramatís: - Em verdade, o Cosmo não tem pressa. Vosso tempo é uma ilusão, assimcomo não existem ganhadores ou perdedores na corrida rumo ao Pai e ao inexorável estadocrístico de consciência. Para todos, indistintamente, existe uma localidade cósmica paraabrigá-los em concordância com o peso cármico do perispírito de cada individualidade, namagnânima balança da justiça universal. Vosso atual mergulho na materialidade daencarnação nubla a compreensão do reino de Deus. Todavia, a cristiflcação do espírito nãodepende do tipo de moradia que o abriga, mas sim da consciência, e pode ser alcançada"imediatamente" pelos habitantes da crosta planetária. É um estado de alma, latente, que pulsade dentro para fora, mas encontra-se momentaneamente bloqueado pelo burburi-nho exteriorda existência. Lembrai-vos de que o corpo físico é uma muralha que embota o discernimentoda inexistência de tempo. O triunfo da consciência que se cristifica, refletindo-se na condutado ser, é perene, enquanto as vitórias da personalidade diante das coisas mundanas sãofugazes.

Aliás, esqueceis que com um ano de idade cronológica física vossa grande vitória foiandar; aos dois anos, era não mais precisar de fraldas; e, na vitalidade dos doze anos, termuitos amigos; situações que se repetirão na idade avançada... aos 80 anos, caminhareislivremente se não tiverdes osteoporose e não usardes bengala; aos 85 anos, sereis felizes senão vos receitarem fraldas geriátricas, e aos 90 anos, raríssimos serão os amigos "vivos". Osciclos das experiências se repetem indefinidamente na caminhada de todos os espíritos,

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quantas vezes e encarnações forem necessárias, do mesmo modo que a cada segundo noCosmo bilhões de estrelas nascem.

O sofrimento e o êxtase da alma, seja na Terra, seja nos Céus, bem como os mundoscelestes penetrando as moléculas da matéria e os planetas compondo o espaço sideral infinito,são estados mentais.

Jesus dizia: "Ide às ovelhas perdidas, pregai dizendo que está próximo o reino dosCéus". Assim falava o Mestre Nazareno, porque sabia que os estados de consciência celestiaisestavam muito próximos. Em verdade, dentro de cada criatura do Pai, localizam-se ostesouros ocultos do "santo graal" perdido, o baú das jóias do Eu Crístico.

Pergunta: - Diante de vossa assertiva: "Existem localidadescósmicas para abrigar os espíritos de acordo com o pesoperispiritualespecífico de cada um", referente às trans-migrações de espíritos deum orbepara outro, ficamos curiosos para saber como se dão asescolhas das novas moradas (ou planetas) para os espíritos queestão sendo retirados da psicosfera terrena, Ainda nos parece umaviolência o envio dessas consciências para planetas inóspitos e degeografia degradante para a sobrevivência. Podeis esclarecer-nossobre tão polêmico tema?

Ramatís: - O Pai, ao criar o Universo e as criaturas para habitarem e preencherema imensidão cósmica, estabeleceu, por Seu infinito amor, que a ninguém privilegiaria,deixando as escolhas para cada filho. Por Sua imanência e impessoalidade, não diferencia ouindica eleitos, pois ama fervorosamente a todos: bons e maus, justos e injustos, santos ecriminosos, ateus e crentes... independentemente de crenças ou descrenças per-sonalísticas,tão comuns aos habitantes dos planos densos da existência. Dá o Criador a liberdade absoluta,pela concessão do livre-arbítrio, mas deixa a cada um escolher o caminho a seguir,obviamente arcando com as conseqüências das escolhas feitas, já que semeadura é livre e acolheita obrigatória para a concessão do passaporte de entrada aos planos superiores de vida.

Ocorre que, de tempos em tempos, finda um ciclo e outro se inicia. Neste momentoplanetário, é chegada a hora derradeira da colheita dos resultados de vossas ações e, emmuitos casos, termina o prazo de existência física para certos espíritos recal-citrantes e inicia-se outro em orbes mais atrasados, enquanto espíritos mais esclarecidos nas leis do Cristochegam à vossa psicosfera. Findo o "dia final do carma", esgota-se o direito de estada nesteatual endereço.

Naturalmente, há uma triagem, de acordo com a vibração do perispírito de cada um.Assim, se vosso envoltório espiritual estiver denso, como um pesado escafandro paramergulho em águas profundas, sereis transferidos para um orbe como um oceano da mesmacontextura energética, para que possais mergulhar. As leis universais de afinidade em nadaviolentam, seja a quem for, seguindo à risca os preceitos do Mestre. Os portais de um orbe aoutro se abrem ou fecham justamente para que encontreis o local digno e afim a vós pelotempo necessário, nem mais nem menos, tal é a lei que dá a medida com a qual sois medidos.

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Pergunta: - O cristianismo sofre uma proliferação acelerada de novasseitas evangélicas. Todas se consideram melhores que as outras. Cada líderdefende uma supremacia do seu modelo de Jesus. Afinal, onde está o triunfodo Mestre?

Ramatís: - Foi emblemática a clarividência de Jesus ao afirmar "não é o discípulomais que seu mestre, nem o servo mais que o seu senhor: basta ao discípulo ser como o seumestre e ao servo como o seu senhor. Portanto, todo aquele que me aceitar diante dos homens,eu também o aceitarei diante do meu Pai que está nos Céus". Ao proferir estas sentenças(Mateus 10:24-33) como instrução aos apóstolos que seriam seus emissários na perpetuaçãoda Boa Nova evangélica, Jesus antevia as disputas e tentativas de impor superioridade quehaveria entre os futuros sacerdotes. Observai que o Mestre galileu afirma que todo aquele queo aceitar, por ele será aceito no reino de Deus.

Vai além o Divino psicólogo das almas, sentenciando: "Basta ao discípulo almejar serigual ao mestre". Pelo seu apurado senso de justiça cósmica, fica claro que todos terão omesmo tratamento diante das equânimes leis universais, e os rótulos religiosos colados àspersonalidades egoísticas de líderes nada valem. Em verdade, Jesus sabia das enormesdificuldades e obstáculos que os homens teriam para chegar até Ele - o árduo processo interiorde despertamento da chama crística. É cláusula pétrea nos tribunais divinos que aquele que sediminui se exalta. Assim, todos que se sentem superiores aos outros irmãos de jornada seafastam do verdadeiro reino interno de bonança espiritual e "apagam" a bruxoleante chama doCristo.

O triunfo do Mestre se dará dentro de cada criatura que o aceitar em igualdade decondição com o seu companheiro de jornada, vivendo fraternalmente com as diferenças,independentemente da seita, credo, religião, culto ou doutrina professada. O estado crístico deconsciência é exaltado pelo amor incondicional. Toda a perseguição e as lutas inter-religiosasno planeta, pela supremacia das verdades de um livro sagrado sobre o outro, são temporárias,pois"nada há encoberto que não venha a ser descoberto". Os ritos, as liturgias, as pompas ehierarquias sacerdotais, os títulos eclesiásticos, as distinções pastorais, só servirão para ocultara centelha crística, se não servirem para retirar o véu que encobre as potencialidades cósmicasde cada um, do seu Cristo interno. É chegada a hora de vos libertardes da escravidão àsilusões de diferentes religiões e seitas; se todas elas se igualarem umas às outras e ao Mestre,serão religadas igualmente ao Pai.

Pergunta: - Então, uma vez que somos fadados à libertação espiritualdefinitiva e à felicidade perene dos Céus, não há porque temermos ou nosapressarmos. É isso?

Ramatís: - Em verdade, Deus não criou uma pista de corrida cósmica para seusfilhos, muito menos recursos extemporâneos de ascensão a Ele. Obviamente, os lerdos nopasso não poderão atrasar os mais rápidos, pois as vias de acesso envolvem coletividades enão são influenciadas por opiniões particulari-zadas. Não bastando aos homens não ter"pressa", pela hipnose dos apelos sensórios da animalidade inferior, ainda expandem aagressão ao coletivo, quando sacrificam os irmãos menores do orbe nas trocas com o Além oudestroem florestas para a criação de pecuária intensiva. Milhões de bocas aguardam faméli-cas e insaciáveis os pedaços dos cadáveres animais para serem acondicionados em seusestômagos, como sepulcros, causando sérios impactos negativos para a evolução planetária.

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Sem dúvida, embora as próximas décadas venham a ser de ensejo de modesta efraterna elevação espiritual para que os anjos hibernados paulatinamente despertem noscidadãos, se faz necessária no ambiente psicoastral da Terra a aglutinação de almas com ideaissuperiores e libertas das paixões inferiores. A espiritualidade superior, respeitando o ritmo decada espírito na sua ascensão, tem em vista os propósitos maiores das coletividades, que estãodestinadas a uma irrefutável cristificação e à vida em paisagens de inspiração angélica.

Pergunta: - Pedimos vossas considerações finais sobre o fundamentoprincipal das relações humanas numa coletividade plenamente cristificada.

Ramatís: - A preocupação predominante dos seres crís-ticos não será se estãoperdendo ou ganhando tempo em sua evolução espiritual, interpretação equivocada do queseja evan-gelização, decorrente do egoísmo e de uma relação funcional excessivamenteracionalista com o Evangelho. A compreensão generalizada da Lei da Reencarnação será basede um código de conduta moral para a humanidade compatível com as conquistas duradourasdos espíritos, convencendo-os que não são os ouros do mundo, mas os tesouros ensinados porJesus, o passaporte para a bonança e felicidade perene das consciências. Quando esse estadode alma se instalar coletivamente, os abomináveis sacrifícios animais para Deus, santos ouorixás, juntamente com os prazeres gustativos dos retalhos dos irmãos menores, estarãoinegavelmente relegados a um plano inferior de existência que, creiam, não será em vossoorbe.

Anexo I

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Os sacrifícios e o espiritismo

O Livro dos Espíritos

Pergunta 669: - O hábito de sacrifícios animais, e até humanos, parachegar-se ao sagrado, vem da mais alta antigüidade. Como o homem pôde serlevado a acreditar que tais coisas pudessem ser agradáveis a Deus?

- Primeiramente, porque não compreendia Deus como fonte da bondade. Entre ospovos primitivos, a matéria domina o espírito; eles se entregam aos instintos animais, e é porisso que são geralmente cruéis, pois o seu sentido moral ainda não se desenvolveu. Alémdisso, os homens primitivos deveriam acreditar, naturalmente, que uma criatura viva tinhamuito mais valor aos olhos de Deus do que um morto. Foi isso que os levou a sacrificarprimeiro os animais e em seguida os homens, uma vez que, seguindo sua falsa crença,pensavam que o valor do sacrifício estava diretamente ligado à importância da vítima. Na vidamaterial, se ofereceis um presente a alguém, o escolheis de um valor tanto maior quantoquereis demonstrar à pessoa mais amizade e consideração. Devia ocorrer o mesmo com oshomens ignorantes em relação a Deus.

Pergunta 669 a: - Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido ossacrifícios humanos?

- Sim. Não há dúvida.

Pergunta 669 b: - Então, de acordo com essa explicação, os sacrifícioshumanos não teriam sua origem num sentimento de crueldade?

- Não, mas numa idéia errônea de ser agradável a Deus. Vede o que ocorreu comAbraão. Depois, os homens abusaram ao sacrificar seus inimigos. Porém, Deus nunca exigiusacrifícios de animais nem de homens. Ele não pode ser honrado com a destruição inútil deSua própria criatura.

Pergunta 670: - Os sacrifícios humanos feitos com intenção piedosaalgumas vezes puderam ser agradáveis a Deus?

- Não, nunca. Mas Deus julga a intenção. Os homens, sendo ignorantes, podiamacreditar que faziam um ato louvável ao sacrificar um de seus semelhantes. Nesse caso, Deusapenas levava em conta o pensamento e não o fato. Os homens, ao se melhorarem,reconheceriam seu erro e reprovariam esses sacrifícios, que não deviam alcançar compreensãono pensamento dos espíritos esclarecidos; dizemos esclarecidos porque os espíritos estavam,então, envolvidos por um véu material, mas pelo livre-arbítrio, podiam ter uma percepção desua origem e finalidade, e muitos já compreendiam, por intuição, o mal que faziam, emboracontinuassem a fazê-lo para satisfazer suas paixões.

Pergunta 671: - Que devemos pensar das chamadas guerras santas? Osentimento que leva pessoas fanáticas a exterminar o máximo que puderem

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dos que não compartilham de suas crenças, a fim de serem agradáveis a Deus,parece ter a mesma origem que os estimulava antigamente a sacrificar os seussemelhantes,

- Eles estão envolvidos pela ação de maus espíritos e, ao guerrearem com seussemelhantes, contrariam a vontade de Deus, que diz que se deve amar o irmão como a simesmo. Todas as religiões, todos os povos, adoraram um mesmo Deus, tenha um nome ou ou-tro. Por que fazer uma guerra de extermínio apenas pelo fato de terem religiões diferentes ounão terem ainda alcançado o progresso dos povos esclarecidos? Os povos podem serdesculpados por não acreditarem na palavra daquele que era animado pelo espírito de Deus eenviado por Ele, principalmente quando não o viram e não foram testemunhas de seus atos.Porém, como quereis que acreditem nessa palavra de paz, quando pretendeis impor essapalavra com a espada na mão? Devemos levar-lhes o esclarecimento e procurar fazer-lhesconhecer a doutrina do Salvador pela persuasão e pela doçura, não pela força e pelo sangue.Na maioria das vezes, não acreditais nas comunicações que temos com alguns mortais; comohaveis de querer que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando vossos atos desmentema doutrina que pregais?

Pergunta 672: - A oferenda dos frutos da terra, feita a Deus, tem maismérito aos seus olhos do que o sacrifício de animais?

- Já vos respondi ao dizer que Deus julga a intenção e que o fato tem poucaimportância para Ele. Seria evidentemente mais agradável oferecer a Deus frutos da terra doque o sangue das vítimas. Como já vos dissemos e repetimos sempre, a prece dita do fundo docoração é cem vezes mais agradável a Deus do que todas as oferendas que poderíeis lhe fazer.Repito que a intenção é tudo e o fato não é nada.

Pergunta 673 - Não haveria um meio de tornar essas oferendas maisagradáveis a Deus, se aliviassem as necessidades daqueles a quem falta onecessário; e, nesse caso, o sacrifício de animais, quando feito com umobjetivo útil, não se tornaria meritório?

- Deus abençoa sempre aqueles que fazem o bem; assim, aliviar os pobres e aflitos é omelhor meio de honrá-Lo. Não quero dizer, entretanto, que Deus desaprova as cerimônias quefazeis por devoção, mas há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente e não oé. Deus ama a simplicidade em todas as coisas. O homem que fundamenta sua crença nasexte-rioridades e não no coração é um espírito com vistas estreitas. Julgai se Deus deve Seimportar mais com a forma do que com o conteúdo.

Comentários

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Os sacrifícios, de acordo com o texto em estudo, são uma oferta à Divindade por meioda destruição de um bem ou da imolação de uma vítima (animal ou mesmo humana). O temado sacrifício é um dos mais importantes para definir a compreensão que a criatura tem arespeito do Criador.

Para muitos irmãos nossos, por exemplo, a epopéia de amor representada pelapresença do Cristo entre nós nada mais significou que um sacrifício. Para eles, Jesusentregou-se em holocausto pela humanidade e "com o seu sangue lavou todos os nossospecados". Ele se colocou no lugar do cordeiro que era sacrificado em oferenda à Divindade.Daí ser considerado para muitos o "cordeiro de Deus" (agnus Dei}. A missa católica nadamais é que o simbolismo do sacrifício realizado por Jesus. O altar na igreja é uma mesaespecial consagrada aos sacrifícios religiosos, conforme a definição do dicionário Aurélio.

Etimologicamente, sacrifício vem das raízes latinas "s«-crum", sagrado, e "facere",fazer ou tornar-se. Sacrificar, portanto, tem o significado profundo de santiflcar, tornarsagrado. Dessa forma, devemos entender o sacrifício como a renúncia em favor de outro, aabnegação e o desprendimento, acepções também encontradas no Aurélio.

No capítulo 10, de O Evangelho Segundo o Espiritismo,(1) nos itens 7 e 8, há umtrecho intitulado "O sacrifício mais agradável a Deus", de onde retiramos o seguinte: ele devedeixar do lado de fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamentocontra seu irmão. Só então sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno.

Jesus ensina que o sacrifício maisagradável ao Senhor é o de sacrificar o nossopróprio ressentimento; que, antes de pedirperdão a Deus, é preciso que perdoemos nossoirmão; e que, se tivermos cometido algumafalta contra algum de nosso semelhante,devemos corrigi-la. Só então a oferenda serábem recebida, porque virá de um coração livrede qualquer sentimento mau. Jesus proferiuessa máxima em relação aos judeus, queofereciam sacrifícios materiais. Era preciso,então, adaptar Suas palavras aos costumesdaquele povo. O cristão não oferece dádivasmateriais porque espiritualizou o sacrifício,mas esse ensinamento de Jesus tem cada vezmais força para ele. O cristão oferece sua almaa Deus, e essa alma deve estar purificada. Aoentrar no templo do Senhor,

l O Evangelho Segundo o Espiritismo também foi editado pela EDITORA DOCONHECIMENTO e está disponível no site http://www.lojadoconhecimento.com.br

Quando entendemos o sacrifício em sua acepção mais espiritualizada, compreendemos

que devemos santiflcar todos os nossos sentimentos, pensamentos, palavras e atos; santificarno sentido de oferecer a Deus nossas realizações, das menores às maiores. Devemos agir em

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secreto como se estivéssemos em público (o que na verdade ocorre, já que estamos "rodeadospor uma nuvem de testemunhas", nos dizeres de Paulo). Devemos sacrificar, isto é, renunciarao orgulho, à vaidade e a todos os vícios. Devemos sacrificar uma existência estéril e torná-laútil ao próximo e a Deus.

Muita paz!

Anexo 2

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Explosão das seitas neoevangélicas

Um artigo interessante e esclarecedor dentro do contexto do Triunfo do Mestre,especialmente ao leitor que vivência somente a sua doutrina, internamente no seu centro,terreiro, igreja, ilê, choupana ou palhoça, sem olhar para os lados, é o "Explosão das SeitasMarginais à Reforma", de autoria dos reverendos Arnildo Klumb e Samuel Ferrazoli. (1)

Pode parecer descabido querer entender essa efervescência do igrejismo ou novoevangelismo, inacreditavelmente baseado no Velho Testamento e nas leis mosaicas. Contudo,saibamos que temos na atualidade uma pujança de igrejas, paradoxalmente ditas cristãs - masnem sabem o que são o Novo Testamento e os ensinamentos morais de Jesus - e que disputamferrenhamente suas fatias num lucrativo mercado religioso mágico brasileiro. Os meiosmidiáticos atuais, com a divulgação consistente, imprimem um ritmo avassalador decrescimento dessas seitas, a fim de aumentarem a captação e posterior conversão de novoscrentes dizimistas e ofertantes.

A seguir transcrevemos uma pequena parte do artigo, que, ao nosso ver, trata dostemas mais relevantes:

l Fonte: http://solascriptura-tt. org/Seitas/Pentecostalismo/ExplosaoSeitas-Marginais-IURD-Etc.-KlumbEtc.htm

Da magia organizada

Embora fartos de simbolismo e pródigos em manifestações sobrenaturais, os cultos daUniversal caracterizam-se pela simplicidade. Além de simples, sua liturgia é despojada, semroteiro rigidamente preestabelecido a ser seguido. Não existe um momento certo para orar,cantar, exorcizar ou ofertar. Os pastores detêm liberdade na direção do culto. A reunião tantopode começar com oração, cânticos, corinhos, bem como no pedido para que as pessoas seaproximem do púlpito para participar da corrente de oração do dia. O pastor é quem faz tudo:ora, canta, prega, pede ofertas. Comanda o culto do princípio ao fim. Quanto às correntes deoração, aos rituais de exorcismo e de unção e à oração com imposição de mãos, o pastor contacom o abnegado e indispensável auxílio dos obreiros. Desta forma, não é exagero afirmar quea Universal estabeleceu um sistema de magia organizado e bem elaborado. Elainstitucionalizou denominacionalmente práticas e crenças mágico-religiosas de inspiraçãocristã. E isto deriva do fato de ela se propor, na qualidade de mediadora dos poderes divinos, aresolver todos os problemas terrenos dos fiéis. É justamente para atender eficientemente a taisinteresses e necessidades da clientela, majoritariamente pobre e pródiga em demandarsoluções mágicas, que organiza e raciocina sua oferta de serviço religiosos. Verifica-se isto, deimediato, no fato de ter rotinizado a dispensação das graças divinas e fixado um calendário decultos e rituais para prestar atendimento especializado a problemas determinados. Assegundas-feiras: oferece soluções sobrenaturais para quem deseja prosperidade; às terças: paracura física; às quintas: para problemas familiares e afetivos; às sextas: faz libertação espiritual(exorcismos); aos sábados: repete ritual para prosperidade. Os cultos de quarta e domingo sãodedicados à adoração do Espírito Santo. A Universal tem hinário próprio e seus cultos são in-tercalados com corinhos avivados. Apesar disso, não há ênfase no louvor, e sim, na luta contra

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o diabo e a evangelização. Os neófitos são normalmente aliciados como obreiros voluntários.Estes trabalham muito e nada recebem. Aqueles que carecem de tempo para serem obreiros oupastores são encorajados a entrar na luta contra as hostes infernais ("guerra santa"), a pregar oEvangelho, distribuindo folhetos em locais públicos, convidando amigos, parentes e vizinhosaos cultos e, sobretudo, a ofertar e ser fiel no pagamento de dízimo, colaborando para aexpansão do reino de Deus na terra. A igreja exige muito de seu pastores e obreiros, poisfunciona como um verdadeiro "pronto-socorro espiritual". Seus apelo às pessoas é "pare desofrer". Assim, os pastores e obreiros têm de estar sempre de plantão. Sua membresia eclientela é formada por pessoas carentes, sofredoras e marginalizadas. Pesquisa realizada peloISER revela que 91% dos seus membros recebem menos de cinco salários mínimos, 85% nãopassaram do primário, 60% são pardos e 24% negros. Portanto, são os muito pobres emarginalizados que fazem a fortuna da Universal. A Universal prega que há esperança paratodos, e que Jesus deseja libertar as pessoas do mal e conceder-lhes "vida em abundância". Oreino dos Céus é aqui na Terra. Enfim, prega a Teologia da Prosperidade. Ela também nãodesenvolve atividades assistenciais para seus membros. Neste caso, a ação social da igreja serestringe aos de fora. No Rio, mantém dois orfanatos e dois asilos e oferece curso dealfabetização de adultos até a 4a série reconhecido pelo MEC. Em São Paulo, assumiu adireção da Sociedade Pestalozzi, que possui escolas e sustenta projetos assistenciais paracrianças excepcionais. Atua em delegacias e presídios. Criou a ABC, Associação BeneficenteCristã, em 1994 para combater a fome e desbancar os projetos assistenciais da VINDE.

Da "guerra santa" contra o diabo

Esta sofre uma ênfase excessiva por parte dos neopente-costais. Devido à dificuldadede explicar a presença do mal, do pecado e do sofrimento no mundo, os neopente-costaisapelam para a figura do diabo como responsável causador de tais males, entre outros. O malnão pode vir de Deus, portanto a culpa é do diabo. Mariano afirma que a banalização dosfenômenos sobrenaturais nas igrejas pentecostais ocorre porque pastores e fiéis enxergam aação divina e demoníaca nos acontecimentos mais insignificantes do dia a dia. Para eles nãohá acaso. Existe um sentido para tudo e a Bíblia contém todas as respostas de que necessitam.E eles não estão nem um pouco dispostos a abrir mão do sentido que o personagem do diabo ede seu criador e oponente, Deus, são capazes de conferir à precária e sofrida vida humana.

Com a demonologização das crenças, rituais, deuses e guias dos cultos afro-brasileirose espíritas, os pentecostais vieram travar o que a mídia brasileira denominou de "guerrasanta". Foi um termo usado inadvertida e exageradamente em comparação (se é que se podecomparar) à guerra religiosa, política, econômica e territorial travada entre árabes e judeus,protestantes e católicos na Irlanda. Tal "guerra" desencadeou-se na década de 1980, porque atéentão as vertentes pentecostais precedentes não atacavam esses adversários direta, sistemáticae até fisicamente, como o faz a Igreja Universal hoje. Do conflito velado passou-se para oconflito aberto e hostil, do discurso polêmico-pacífico, para o discurso polêmico-agressivo-físico. No entanto, devido a processos e inquéritos judiciais que sofreu, a Igreja Universal doreino de Deus (!URD) têm lançado mão de uma versão mais light e menos visível desta"guerra". Mas além da IURD, participam também desta exacerbação da guerra contra o diaboigrejas do deuteropentecostalis-mo, como a Deus é Amor e a Casa da Bênção. Todavia, aexacerbada pregação da guerra espiritual distingue teologicamente, ainda que em termos deênfase, as igrejas neopentecostais do pentecostalismo clássico e, em menor grau, do

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deuteropentecostalismo. Mariano relata discursos de R. R. Soares e de Edir Macedo, em quese vê que, para estes pregadores, a extensão da ação demoníaca é quase ilimitada (p. 114). Osneopentecostais crêem que o que acontece no "mundo material" decorre da guerra travadaentre as forças divina e demoníaca no "mundo espiritual". E os seres humanos, para eles,estão no meio deste campo de batalha - no "mundo material", que é onde se trava esta guerra -de um ou de outro lado. Por isso, pertencendo ao lado divino, acreditam ter poder eautoridade, concedidos por Deus, para, em nome de Jesus, reverter as obras do mal. Osrepresentantes destas (agências satânicas) são justamente os adeptos do espiritismo e doscultos afro-brasileiros, cujo objetivo, segundo eles, é levar os seres humanos à perdição. Naguerra contra o diabo há inimigos, soldados, batalhas, luta, munição, manobras, impiedade,perigo, resistência, crimes, castigos, desafios, destruição, libertação, vitória e derrota.

Da concorrência inter-religiosa

Trata-se de uma disputa acirrada para cooptar adeptos e mantê-los num mundo ondeimpera o pluralismo religioso. Em seu sectarismo, os pentecostais até há pouco eramreconhecidos, e muitas vezes estigmatizados, pela veicula-ção de sua própria identidade, umavez que a conversão pentecostal implicava mudar de comportamento, de estilo de vida, devisão de mundo e a participação preferencial da comunidade religiosa. Mas hoje isso mudouparcialmente com a mobilidade social de parte da membresia e com a irrupção doneopentecostalismo. No entanto, mesmo que tenham ficado menos sectários e menosdistintos, continuam intransigentes no plano religioso. Essa intransigência discursiva vem daconvicção e da certeza de serem portadores da verdade divina, constituindo a forma de auto-afirmação e de defesa da identidade religiosa. Até mesmo em outras igrejas pentecostaisexistem as exclusivistas que negam às outras, para retirá-las do páreo e desqualificá-las, aposse dos bens da salvação. Sendo portadores de identidades em conflito, disputam palmo apalmo o monopólio dos bens da salvação e da definição dos símbolos sagrados. Os pastores eos fiéis criticam tudo à sua volta a partir de sua interpretação bíblica. Elegem o mundanismo eas outras religiões como alvos prediletos de ataque, ou seja, canalizam sua agressividade paraos de fora de seu grupo. Todo tipo de "concorrência" leva-os a se aclamarem como detentoresexclusivos da verdade e virtude bíblicas que conduzem à salvação. Mas correm o risco dedesencadear, senão a guerra santa, pelo menos uma perversa maré de atos de intolerânciaexplícita, quando impõem sua verdade ou quando se dizem cumprir ordenas pretensamentedivinas.

Dos objetos benzidos e correntes de oração

É interessante notar que os neopentecostais muito se assemelham aos adversários quemais combatem. Mariano relata que Universal e Internacional da Graça distribuem aos fiéisobjetos ungidos dotados de poderes mágicos ou miraculosos, ato que mais uma vez asaproxima de crenças e práticas dos cultos afro-brasileiros e do catolicismo popular.

Segundo Edir Macedo, o uso e a distribuição de objetos visa a despertar a fé daspessoas e constitui uma das técnicas de pregação empregadas por Jesus em sua passagem pelaTerra. Depois de ungidos, os objetos são apresentados aos fiéis como dotados de poder pararesolver problemas específicos, em rituais diversificados e inventivos, tendo por referência

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qualquer passagem ou personagem bíblicos. Dotados de funções e qualidades terapêuticas,servem para curar doenças, libertar de vícios, fazer prosperar, resolver problemas de emprego,afetivos e emocionais. Não apresentam caráter meramente simbólico como alegam os pastoresquando inquiridos pela imprensa e por outros interlocutores. Para os fiéis, cujos poucosrecursos são desembolsados em troca de bênçãos nas correntes de oração, das quaisparticipam dias ou semanas ininterruptamente, tais objetos, pelos quais esperam ter seuspedidos atendidos, contêm uma centelha do poder divino.

Não obstante os meios pentecostais tradicionalmente se oponham ao uso de objetossagrados (exceto a Bíblia] dotados de poder mágico e terapêutico para não sucumbirem àidolatria, Universal e Internacional, mediante o pagamento de ofertas espirituais, distribuemaos fiéis rosa, azeite do amor, perfume do amor, pó do amor, saquinho de sal, arruda, salgrosso, aliança, lenço, frasquinhos de água do Rio Jordão e de óleo do Monte das Oliveiras,nota abençoada (xerox de cédula benzida), areia da praia do Mar da Gali-léia, águafluidificada, cruz, chave, pente, sabonete. Tal como na umbanda e no catolicismo popular,recomenda-se que eles sejam ora guardados na carteira, carregados no bolso e daí por diante(MARIANO, pp. 133,134).

O discurso das igrejas Universal e Internacional da Graça é altamente repetitivo, lidacom os mesmos problemas, apresenta as mesmas soluções e faz o mesmo diagnóstico de suascausas. Para tornar o culto mais atraente e menos enfadonho, algo precisa variar. O que variasão as formas dos rituais, bem como o modo de participar deles e o sacrifício (a quantia dedinheiro) exigido para o fiel habilitar-se a receber as bênçãos desejadas ou propostas. Suacapacidade de diversificar o repertório simbólico parece inesgotável. Daí encontramoscorrente: de Jó, de Davi, do tapete vermelho, dos 12 apóstolos, do nome de Jesus, da mesabranca, do amor, das 91 portas; campanha do cheque da abundância, vigília da vitória sobre odiabo, semana da fé total. Estratégia para socializar e converter clientes e novatos, ascorrentes ou campanhas exigem a presença do fiel numa seqüência de cultos durante sete ounove dias e até por 12 semanas consecutivas. A quebra da corrente, isto é, a ausência do fielem algum dos cultos em que se prontificou a comparecer, impede a recepção da bênçãoesperada em razão da ruptura do elo que começara a se estabelecer entre ele e Deus. Atribui-se a culpa pela quebra da corrente aos demônios.

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Invocação às Falanges do Bem

Doce nome de Jesus, Doce nome de Maria, Enviai-nos vossa luz Vossa paz e harmonia!

Estrela azul de Dharma,Farol de nosso Dever! Libertai-nos do mau carma, Ensinai-nos a viver!

Ante o símbolo amado Do Triângulo e da Cruz, Vê-se o servo renovado Por Ti, ó Mestre Jesus!

Com os nossos irmãos de Marte Façamos uma oração-. Que nos ensinem a arte Da Grande Harmonização!

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Invocação às Falanges do Bem

Do ponto de Luz na mente de Deus, Flua luz às mentes dos homens, Desça luz à terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus, Flua amor aos corações dos homens, Volte Cristo à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida, Guie o Propósito das pequenas vontades dos homens, O propósito a que os Mestres conhecem e servem.

No centro a que chamamos a raça dos homens, Cumpra-se o plano de Amor e Luz, e mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano de Deus na Terra.

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