no esplendor da santidade — jon payne.pdf

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PRIMEIRO CAPÍTULO GRÁTIS

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PRIMEIROCAPTULOGRTISADORAO EVANGLICAOu a Maneira Correta de Santifcar o Nome de Deus em GeralJeremiah BurroughsADORAO EVANGLICAOu a Maneira Correta de Santifcar o Nome de Deus em Geral. Jeremiah BurroughsTraduzido do original em ingls: Gospel Worship Or Te Right Manner of Sanctifying the Name of God in General.Copyright 1990 Soli Deo Gloria Publications.Traduzido e Publicado no Brasil com a devida autorizao. 2015 Editora Os Puritanos.1.a Edio em Portugus Junho de 2015 1000 exemplares. proibida a reproduo total ou parcial desta publicao sem a autorizao por escrito do editor, exceto citaes em resenhas.EDITOR: Manoel CanutoTRADUTOR: Helio KirchheimREVISORES: Waldemir Magalhes e Mrcio S. SobrinhoDESIGNER: Heraldo AlmeidaISBN: 978-85-62828-30-0SUMRIOA Vida de Jeremiah Burroughs .............................................................. 71.Introduo .............................................................................................. 112.Deus Ser Santificado Naqueles Que se Chegam a Ele .................... 413.A Importncia de Preparar-se para Adorar ....................................... 694.Duas Questes de Conscincia............................................................. 935.Santificando o Nome de Deus na Execuo dos Deveres Santos ...1176.Precisamos Ajustar a Prtica dos Nossos Deveres ao Deus Que Adoramos............................................................................1517.Por Que Deus Ser Santificado ao Executarmos os Deveres Referentes Sua Adorao? ...............................................................1678.Santificar o Nome de Deus Ouvindo a Palavra [1] ...........................1919.Santificar o Nome de Deus Ouvindo a Palavra [2] ...........................21910.Por Que Deus Quer que Seu Nome Seja Santificado? ....................24311.Santificando o Nome de Deus no Receber do Sacramento ............27312.O que Exigido Quando se Recebe o Sacramento? .......................29913.Celebrar o Sacramento Conforme Foi Institudo .............................32514.Santificar o Nome de Deus na Orao ..............................................3419ADORAO EVANGLICAA VIDA DE JEREMIAH BURROUGHSEste bondoso telogo nasceu em 1599. Estudou no EmmanuelCollegeemCambridge,masfoiobri-gado a deixar a universidade e, mais tarde, a prpria Inglaterra,porserumno-conformista.[1]Depois deacabarseusestudosnauniversidade,eleentrou notrabalhoministerialefoidesignadoassistentede Edmund Calamy na cidade de Bury Saint Edmunds. Em 1631, tornou-se pastor em Tivetshall, no condado deNorfolk,masdepoisqueoBispoWrenpublicou seusartigoseproibiesem1636,fcouprivadodo seusustento.Buscourefgio,poralgumtempo,no hospitaleiroabrigodoCondedeWarwick,mas,por contadoprocedimentointoleranteeopressivodos governantes religiosos, o nobre Conde, depois de al-gum tempo, achou impossvel continuar a proteg-lo. Poucodepois,paraescaparaofogoeperseguio, fugiuparaaHolandaeestabeleceu-seemRoterd, [1]N.doT.:No-conformistas:essetermosurgiunahistriainglesaquando puritanos e separatistas no quiseram aderir Igreja da Inglaterra (ofcial) des-de 1660 at o Ato de Tolerncia (1689). No-conformidade a atitude de no se submeter a uma igreja ofcial. Alderi Souza de Matos (htp://www.mackenzie.com.br/7058.html - acessado em 25-10-2014).10 ADORAO EVANGLICAonde foi escolhido como professor da igreja congrega-cional onde William Bridge era pastor.Aochegar,foibemrecebidopelaigreja,onde permaneceucomoobreirozelosoefelpormui-tosanos,conquistandomuitoboareputaoentre opovo.Depoisdoinciodaguerracivil,quandose enfraqueceu o poder dos bispos, retornou Inglater-ranoparapregararevolta,masapaz,pelaqual fervorosamente orava e trabalhava, segundo o livro Biographical History, de Granger.Burroughs era pessoa altamente honrada e esti-mada, e logo se tornou um pregador muito popular e admirado. Depois de retornar, sua facilidade de lidar comaspessoasesuasgrandesqualidadeslogocha-maram a ateno do pblico, e foi escolhido para ser o pregador das congregaes de Stepney e Cripplega-te, em Londres, consideradas na poca como duas das maiorescongregaesdaInglaterra.Elepregavaem Stepneyssetehorasdamanh,eWilliamGreenhill pregavastrsdatarde.Essesdoishomens,injusta-mentetachadosporWoodcomoeminentesprovoca-dores de cismas e independentes, foram chamados por Hugh Peters, no plpito de Stepney, um como a estre-la da manh e o outro a estrela da noite de Stepney.Burroughs foi escolhido como um dos telogos da AssembleiadeWestminster,eeraumdosirmos dissidentes,masumtelogodegrandesabedoriae moderao.JuntamentecomseusirmosThomas Goodwin,PhilipNye,WilliamBridgeeSydrach Sympson, publicou o livro Apologetical Narration em defesa das suas opinies peculiares. Os autores dessa obra, que tiveram de exilar-se por motivos religiosos, afrmaram em suas prprias palavras que:A VIDA DE JEREMIAH BURROUGHS 11... estudaram as Escrituras sem nenhum pr-julga-mento. Consideraram a Palavra de Deus com a im-parcialidade que homens de carne e sangue teriam feitoemqualquerpocanolugaraqueforam,na condioemqueseencontraramecomacompa-nhiacomquecontavam,semcedertentaode qualquer vis.Elesinsistiamquecadaigrejaoucongregao tempodersufcienteemsimesmaparaadministrar ogovernoeclesistico,enoestsujeitaanenhuma autoridade externa. Os princpios sobre os quais fun-damentavam o governo eclesistico se limitavam em tudo ao que as Escrituras prescreveram, sem conside-rar de forma alguma as opinies ou prticas humanas, nemseprendendodemaisssuasresoluesatuais, deformaanodeixarespaoparaalteraesvista de um maior entendimento da verdade de Deus. Eles adotaramummeio-termoentreopresbiterianismoe o brownismo. Consideravam os presbiterianos muito arbitrrios,eosbrownianosmuitorgidos,desvian-do-se ambos do esprito e da simplicidade do evange-lho. Esses so os grandes princpios dos independen-tes dos nossos dias.Richard Baxter, que conhecia o grande valor de Burroughs, disse: Se todos os episcopais fossem como oarcebispoUsher,todosospresbiterianoscomoSte-phenMarshall,etodososindependentescomoJere-miahBurroughs,logoestariamsanadasasdiscrdias daigreja.OltimoassuntopregadoporBurroughs, queeletambmpublicou,foiIrenicum,ouseja,uma tentativa de reparar as divises entre os cristos. Dizem que seu trabalho incessante e seu sofrimento por causa 12 ADORAO EVANGLICAdas confuses daquela poca, apressaram o fm da sua vida.Elemorreudetuberculoseem14denovembro de 1646, aos quarenta e sete anos. Granger disse a res-peito dele: Era um homem erudito, sincero, humilde e de vida exemplar e irrepreensvel. Fuller o classifcou entreosescritoreseruditosdo Emmanuel College, de Cambridge.OlivroChristianPreacher,deWilliams, diz que a obra Exposition of Hosea de Burroughs um exemplo encantador de como os pregadores populares doseutempo,emsuaspregaesexpositivas,aplica-vamasEscriturassvariadassituaesdosseusou-vintes. Ele publicou vrios dos seus escritos ainda em vida,eseusamigospublicaramvriosoutrosdepois dasuamorte,amaioriadosquaisforammuitobem recebidos por todos os cristos piedosos.13ADORAO EVANGLICA1INTRODUOE falou Moiss a Aro: Isto o que o Senhor disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorifcado diante de todo o povo. Porm Aro se calou.(Levtico 10.3)MoissdirigiuessaspalavrasaseuirmoAro, natentativadeaquietareconfortar-lheocora-o,que,semdvidaalguma,estavaextremamente atribuladopelagrandeelamentvelafioquelhe sobreveiocomamorteincomumdeseusdoisflhos, NadabeeAbi.Oqueaconteceufoioseguinte:de-poisqueosflhosde Aroforamconsagradosfun-osacerdotal,vindoelesaexercersuafunono primeiro dia depois da sua consagrao para oferecer incensoaDeus,ousaramoferecerincensocomfogo estranho, com fogo diferente daquele que Deus havia indicado. vista disso, o fogo da ira de Deus desceu sobre eles e os fulminou no prprio santurio diante detodoopovo.Eraumaocasiosolene,oincioda sagradaconsagraodosacerdcio.Diantedisso,o esprito de Aro no podia estar seno excessivamen-te atribulado ao ver seus dois flhos assim fulminados. Nessemomento,Moissseaproximadeleediz:E 14 ADORAO EVANGLICAfalou Moiss a Aro: Isto o que o Senhor disse: Mos-trarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorifcado diante de todo o povo.. Aro, ouvindo isso, guardou silncio.Emoutraocasio,lemosquedesceufogodo cucomoexpressodemisericrdiaparaconsumir ossacrifcios,masofogoagoradesceudocucomo expresso de juzo para consumir os que sacrifcavam, Nadabe e Abi. Eles eram flhos de Aro, os flhos de umhomempiedoso,flhosdosumosacerdote. Aro tinhatambmoutrosflhos,almdeNadabee Abi. Eleazar e Itamar eram tambm seus flhos, porm mais novos. Nadabe e Abi eram seus flhos mais velhos e foramfulminadosnafordaidade.Elestinhamaca-bado de ser consagrados para a funo de sacerdotes, conforme lemos em Levtico 8. Eram famosos entre a nao e diante de todo o povo de Israel, dois homens aquemDeustinhahonradograndementeataquele momento, conforme se pode ver no incio de xodo 24.Nadabe e Abi eram homens de alta reputao e renome, a quem Deus havia anteriormente honrado. QuandoDeuschamouMoisse Aroparasechega-rem a ele com os ancios, ele destacou Nadabe e Abi dentreosrestantes,aomencionaronomedeles.Ele disse: Sobe ao Senhor, tu, e Aro, e Nadabe, e Abi, e setenta dos ancios de Israel. Somente Moiss e Aro, NadabeeAbisodesignadospornome,edepois Deusfazmenodeformageralaossetentaancios. Mas cita Moiss, Aro, Nadabe e Abi, como se estes fossem os quatro homens eminentes e de renome en-tretodoopovodeIsrael.Elenodesignapornome nenhumdossetentaancios,masmencionaosdois, Nadabee Abi,ladoaladocomMoisse Aro.Por INTRODUO 15essa razo, sabemos que esses dois que foram consu-midosporcausadofogoestranhoeramhomensde renome e recm-consagrados para a sua funo.Pergunta: Qual foi o pecado deles?Resposta:Opecadodelesfoioferecerfogo estranho,poisotextodizqueofereceramfogoestra-nho, que Deus no lhes havia ordenado. Mas ser que Deus alguma vez havia proibido isso? Onde que se podeacharqueDeusalgumavezosproibiudeofe-recer fogo estranho, ou tenha indicado que deveriam oferecer unicamente um tipo de fogo? No existe ne-nhum texto bblico, do incio do livro de Gnesis at o livro de Nmeros, em que Deus tenha dito isto de forma expressa: No oferecereis fogo de nenhum ou-tro tipo que no seja este. E mesmo assim eles foram consumidos pelo fogo vindo de Deus por terem ofere-cido fogo estranho.Posso ver que, em xodo 30.9, eles foram proibi-dos de oferecer incenso estranho, mas no vejo ali que tenham sido proibidos de oferecer fogo estranho. Em Levtico 6.13, e em diversos versculos nesse captulo, vemosqueDeusindicouqueelesdeveriamconser-var constantemente o fogo do altar, para que estivesse semprequeimandoenuncaseapagasse.Pareceque era inteno de Deus que eles usassem daquele fogo, edaquelefogosomente.Deusqueriaqueelesperce-bessem a sua inteno. Ele enviou do cu fogo sobre o altar. Bem no fnal do captulo 9, Deus mandou fogo docuelhesordenouqueconservassemconstante-mente esse fogo no altar para que nunca se apagasse. ParecequeDeusqueriaqueelespercebessemasua 16 ADORAO EVANGLICAinteno, que, pelo fato de ele ter feito descer fogo do cu sobre o altar e ter ordenado que o conservassem constantemente,queriaquecompreendessemque qualquer incenso ou sacrifcio que se fosse oferecer a ele teria de ser oferecido com aquele fogo e nenhum outro. Apesar disso, deve-se notar que, embora Deus jamaistenhalhesditodiretamentenestaspalavras: Deveisusarunicamenteestefogoenenhumoutro, ele queria que eles tivessem entendido a sua vontade. Poressarazo,opecadodelesconsistiuemoferecer fogo estranho.Nesse momento, desce fogo do Senhor e os con-some. Algumas pessoas pensam que esse fogo saiu do altar,masevidentequenopodiaseralgumfogo comumoqueconsumiuNadabee Abinaquelemo-mento, pois lemos no versculo seguinte que os corpos deNadabeeAbinoforamconsumidospelofogo. No,nemmesmoassuasvestes.Elesforammortos pelo fogo, mas as suas vestes fcaram intactas. Por isso, no foi um fogo comum. Foi um fogo celestial que os fulminou e matou, pois isso que o texto nos diz nos versculos 4 e 5: Chegai, tirai vossos irmos de diante do santurio, para fora do arraial. Chegaram-se, pois, e os levaram nas suas tnicas para fora do arraial, como Moiss tinha dito. De forma que suas vestes e corpos noforamconsumidos,maselesforammortospelo fogo. Eles foram surpreendidos por uma morte sbita, eissonapresenadoSenhor;umtipodemortecom que Deus nunca antes havia ameaado na Escritura.Emmomentonenhum,Deustinhaameaado os sacerdotes dizendo: Se oferecerdes fogo estranho, certamente sereis consumidos pelo fogo. Apesar dis-so, Deus os matou com fogo. Eles no tiveram tempo INTRODUO 17de buscar a Deus; no, eles no tiveram nem tempo de dizer:Senhor,tempiedadedemim!.Notiveram tempo nem de dizer que iriam se corrigir.Diantedessejuzosevero,ocoraodeAro notinhaalternativaanoseradeestarmuitoatri-bulado. Sim, e desse modo tambm o esprito de Moi-ss, pois era tio deles. Sem dvida nenhuma, estavam afitos em extremo. Mas Moiss, sendo irmo de Aro, e vendo seu esprito (sem dvida nenhuma) extrema-menteatribulado,debaixodeumacalamidadeto triste, vendo que sobre os flhos de um homem piedo-so como Aro sobreviera juzo to lamentvel, vem e fala com o irmo de modo a confort-lo, e se esfora para sustentar-lhe o esprito.Como ele faz isso? Ele no o faz como em geral fazemoscomnossosirmos:Ah,vocdevesecon-formar com isso!. No; ele vem, aplica a Palavra de Deus e mostra como Deus precisa ser santifcado. Fa-zendoisso,eleconsegueaquietarocoraode Aro, seu irmo. Moiss disse: Isto o que o Senhor disse:. Eleprocurasustentarocoraodoirmomediante aquiloqueDeusdisse.Masondeencontramosore-gistro de que Deus tenha dito isso? difcil encontrar em qualquer texto bblico es-sas palavras pronunciadas antes deste acontecimento, eporessarazo Agostinhoacreditaquefoiumapa-lavraqueDeustinhafalado,masnotinhasidore-gistrada por escrito. Eles a possuam pela transmisso oral, por tradio, assim como acontecia com muitas outrascoisas,comoaprofeciadeEnoque,menciona-da pelo apstolo Judas. No a encontramos escrita no LivrodeDeus,masmesmoassimoapstoloamen-ciona,demodoque,defatoeratransmitidadeboca 18 ADORAO EVANGLICAemboca.Sim,etambmencontramosissonoNovo Testamento.PauloafrmaqueCristodisse:Mais bem-aventuradodarquereceber.Noencontra-mosregistrodessaspalavrasnosEvangelhos.isso que o Senhor disse, embora no o encontremos escri-to,seoprocurarmosdeGnesisatnossotextoem Levtico.Poroutrolado,emboraissonoestivesse registradoemtermosexpressos,algumacoisafoire-gistrada com o mesmo propsito e efeito. Parece-nos que, em xodo 29.43, existe uma referncia ao assunto. Temos, ali, um texto bblico que se aproxima do nosso texto mais que qualquer outro: Ali, virei aos flhos de Israel, para que, por minha glria, sejam santifcados. Isso o mesmo que dizer: Serei santifcado naqueles que se chegarem a mim. Naqueles que chegarem para me adorar em meu tabernculo, serei santifcado em todas as coisas que dizem respeito minha adorao. Certamente, serei santifcado ali.Sereisantifcadoousereiglorifcado.a mesmapalavraqueencontramosnaoraodomini-cal:Santifcadosejateunome.Anicadiferena que aqui, no Antigo Testamento, a palavra est no hebraico, e ali, no Novo Testamento, em grego. Mas, se traduzirmos esta palavra para o grego, teremos de traduzi-la pela mesma palavra que Cristo usou quan-doensinouseusdiscpulosaorarSantifcadoseja teu nome. Glorifcado e santifcado so uma coisa s. Senhor, que fque evidente que teu nome santo.Serei santifcado, ou seja, Farei com que seja evidentequemeunomesanto.Fareimeupovoe todo o mundo saber que eu sou um Deus santo. Esse o signifcado de Serei santifcado: Todo o mundo me conhecer como um Deus santo.INTRODUO 19Serei glorifcado diante de todo o povo. isso que diz a parte fnal do versculo. como se Deus dis-sesse: Eu considero como minha glria ser manifesto como santo diante de todo o mundo.Sereisantifcado.Isto:Queroquemeu povosecomporteesemostredetalmaneiraquef-que evidente que conhecem a minha santidade, para que, por meio do seu proceder, eu seja visto como um Deus santo. Serei santifcado por eles; caso contrrio, seelesnosantifcaremativamentemeunome,ou seja, se no se comportarem de modo a manifestar a glria da minha santidade, eu serei santifcado sobre eles. Eu me comportarei e me mostrarei para com eles de tal modo que, por meio das minhas aes entre eles, se torne visvel o Deus santo que sou.Assim, Deus santifcado de duas formas. Uma pela santidade do seu povo na sua conduta para com ele, mostrando a glria da santidade de Deus. Vemos isso em 1Pedro 3.15: santifcai a Cristo, como Senhor, em vosso corao. Os santos santifcam a Deus em seu corao quando temem a Deus como um Deus santo, e o reverenciam e amam como um Deus santo. Eles o santifcam em suas vidas quando mostram a glria da santidade de Deus. A, ento, Deus santifcado.Mas,senofzermosisso,Deussantifcaasi mesmo com juzos sobre aqueles que no santifcam o seunomemediantecomportamentodesantidade.Ve-mos isso em Ezequiel 28.22: Assim diz o Senhor Deus: Eis-mecontrati,Sidom,esereiglorifcadonomeio de ti; sabero que eu sou o Senhor, quando nela se exe-cutar juzos e nela me santifcar. Isso a mesma coisa que dizer: serei glorifcado diante de todo o povo. E, em Ezequiel 38.16, 23, encontramos versculos que tm 20 ADORAO EVANGLICAo mesmo propsito: e subirs contra o meu povo de Is-rael, como nuvem, para cobrir a terra. Nos ltimos dias, hei de trazer-te contra a minha terra, para que as naes me conheam a mim, quando eu tiver vindicado a mi-nha santidade em ti, Gogue, perante elas... Assim, eu meengrandecerei,vindicareiaminhasantidadeeme darei a conhecer aos olhos de muitas naes; e sabero que eu sou o Senhor. Deus est dizendo: por meio da execuo de juzos que me santifcarei; dessa forma que serei santifcado naqueles que se chegarem a mim.Naqueles que se chegarem a mim. Pode-se di-zer aqueles que se aproximam, que chegam perto, ou seja, especialmente os sacerdotes que se aproximam de Deus (Ez 42.13). Eles se aproximam de Deus de manei-ra especial, mas o texto se refere, no geral, a todos os que lidam com a adorao a Deus. Todo aquele que vieramimpresteatenonisso.Elesprecisamsanti-fcar meu nome; precisam conduzir-se de tal maneira, quandomeadoram,quemostremquemeunome santo.Deoutrasorte,eumemanifestareicontraeles emformadejuzo;poismostrareiquesouumDeus santo.Deummodooudeoutro,obtereiaglriada minha santidade naqueles que se aproximam de mim.comoseDeusdissesse:Entreoshomens acontecediferente:elessemprefavorecemaqueles que lhes so chegados; mas comigo no assim.Oshomenssomaispropensosarelevaras transgresses daqueles que lhes so chegados do que as transgresses dos que no so to chegados. Supo-nhamosqueumestranhocometesseumaofensa.Se-ramosseveroscomele.Massuponhamosquefosse umdosnossosflhosouparentes,comoagiramos? Serquenovemosqueoshomensfavorecemseus INTRODUO 21parentes antes que aos estranhos, embora a ofensa seja a mesma? Mas Deus diz: No assim que eu fao.Suponhamos que seja algum da nossa prpria famlia.Noestaremosprontosadesculp-lo?Supo-nhamos que tenha sido nosso prprio flho que tives-se cometido essa transgresso. Oh! A quantos amigos no recorreramos para livr-lo do castigo! Embora os homens faam isso quando a situao diz respeito aos seus, embora sejam amargos e severos para com os es-tranhos, no assim que Deus age. Prestem ateno, todos os que esto prximos de mim. Eu serei santif-cado por meio deles. Serei santifcado naqueles que se achegam a mim.vistadisso,quandoMoissdissequeDeus seriasantifcadonaquelesqueseachegamaele,era comoseeletivessedito:Aro,emboraeureconhe-a que hoje a mo de Deus pesou sobre ti, convm te submeteres a Deus. Convm que Deus seja glorifcado, no importa o que acontea contigo. Tu s precioso a Deus, mas o nome de Deus mais precioso para ele do que tu. No importa como tenha sido a vida dos teus flhos,convmqueDeussejahonradoeoseunome santifcado, no importa o que acontea aos teus flhos ou ao teu bem-estar; por isso, aquieta o teu corao. Ti-veste uma grande perda e sobre ti veio grande afio, mas Deus recebeu glria. Deus glorifcou a si mesmo.Pergunta: Como Deus glorifcou a si mesmo?Resposta:Emgrandeparte,aoexercerjuzo, Deus fez algo que levou todo o povo da terra a tem-lo, levou-os a ador-lo com toda a reverncia. Todo o povodaterra,vendoumjuzocomoesteeouvindo falar dele, aprender para sempre a temer e a reveren-22 ADORAO EVANGLICAciar este Deus. Eles diro: Como que nos apresen-taremosdiantedesteDeussanto?Precisamostomar cuidado na sua presena e ador-lo de acordo com a forma que ele deseja ser adorado. como se Moiss dissesse:AhonraqueDeusrecebedessaformano coraodoseupovopodeserconsideradacomobe-nefcio maior do que a vida dos teus flhos, quem quer quesejameles.Esseoobjetivodaspalavrasque Moiss dirigiu a Aro.Com respeito a tudo isso, diz o texto: Aro se calou. Ele guardou silncio. Pode ser que antes disso ele estivesse expressando verbalmente seu sofrimento e afio, mas agora ele fcou quieto e no tinha nada a dizer. Por meio do seu silncio, ele reconheceu que seusflhoslheeramcaros,masconvinhaqueDeus fosse glorifcado, no importando o que viesse a acon-tecer a seus flhos. Por isso, Aro se calou.Masaexpressotraduzidacomosecalou signifcamaisdoquemerosilncio,poisoshebreus tmoutrapalavraquesignifcaosimples silnciore-ferentefala.Estaexpressosignifcaqueocorao parou, de maneira que no avanou na tribulao de esprito, um silncio no prprio corao. Houve uma parada, um refreamento dos impulsos do corao.Encontramosamesmapalavrasendousada nas Escrituras quando Josu disse para o sol: Sol, de-tm-te em Gibeo (Js 10.12). a mesma palavra que foi aqui traduzida: Aro se calou. Ou seja, ele foi im-pedidodecontinuarsendoafigidoouatormentado, de ser perturbado. Apesar do seu corao estar sendo forteeviolentamenteabalado,agoraaspalavrasde Moiss o refrearam, detendo-lhe o corao, de manei-INTRODUO 23ra maravilhosa, do mesmo modo que fez o sol quando Josu ordenou que fcasse parado. como se o Senhor tivesse dito ao seu corao: Aro, teu corao encon-tra-seviolentamentecomovido,maslevaemconta que eu tenho de ser santifcado naqueles que se ache-gamamim,edeixaqueparemeseaquietemtodos esses sentimentos fortes do teu corao.Dessamaneira,vemososignifcadodasEscri-turas e o seu propsito. Neste texto bblico, encontra-mos trs pontos especiais e dignos de ateno: 1.Na adorao a Deus, h uma aproximao dele;2.QuandonosaproximamosdeDeus,deve-mos ter o cuidado de santifcar-lhe o nome;3.Se no santifcarmos o nome de Deus quan-donosaproximarmosdele,entocomcer-tezaDeussantifcarseuprprionomeso-bre ns. Estes so os trs pontos que pretendo tratar, es-pecialmente o segundo. Sei que em outra ocasio, em um sermo, falei a respeito dessas palavras, mas ago-ra pretendo mostrar no apenas de modo geral como devemos santifcar o nome de Deus na adorao, mas tambmnosatosespecfcosdeadorao:santifcar seu nome ao orar, ao receber a Ceia, ao ouvir a Palavra, nos vrios aspectos importantes da adorao em que seu nome deve ser santifcado. Em tudo isso voc se aproximadeDeus.Ecomessepropsito,concentrei meuspensamentosnestetextobblico.Masantesde tratardessestrsgrandespontos,quesoospontos principaisdaspalavrasdirigidasavoc,devofazer 24 ADORAO EVANGLICAoutras observaes que se encontram, por assim dizer, aqui e ali, espalhadas, que so de grande utilidade e nos ajudaro a usar melhor esse texto bblico nos ou-tros pontos, que vou expor mais adiante.1.NaadoraoaDeus,nosedeveoferecernada alm daquilo que ele mesmo ordenou.QualquercoisaqueinserirmosnaadoraoaDeus precisa ter autorizao da Palavra de Deus.As palavras de Moiss foram proferidas por oca-sio do juzo de Deus sobre os flhos de Aro por ofe-recerem fogo estranho. Eles ofereceram fogo que Deus no havia ordenado. Por isso digo que todas as coisas naadoraoaDeusprecisamterautorizaodaPala-vra de Deus. necessrio que seja algo ordenado; no sufciente que no seja proibido. Eu suplico por sua ateno a isso. No sufciente dizer que alguma coisa no proibida, e qual o mal que tem isso? Mas ne-cessrio que tenha sido ordenado. Reconheo que, em assuntos civis e naturais, isso pode ser sufciente. Se for apenas de acordo com as regras da prudncia e no proibido na Palavra, podemos fazer uso disso nas coi-sas civis e naturais. Mas quando se trata de assuntos da religio e da adorao a Deus, precisamos de um man-damento ou algo extrado da Palavra de Deus em que ele manifesta sua vontade, quer seja um mandamento direto,quersejacomparandoumacoisacomaoutra, ou por meio de inferncias claras do que est escrito.QuandosetratadaadoraoaDeus,preci-samosbasear-nosnaquiloqueeleordena.Talvezal-gum pense: Que mal havia em esses sacerdotes, ao oferecerem incenso ao Deus verdadeiro, fazerem uso de fogo estranho?. Mas no havia mandamento para INTRODUO 25ofazerem,eporessarazonofoiaceito.verda-de que existem certas coisas na adorao a Deus que so ajudas naturais e administrativas, e nessas no necessrioquehajaummandamento.Porexemplo, quandovamosadoraraDeus,acongregaosere-ne.Elaprecisadeumlugarapropriadoparaseabri-gar das intempries do tempo. Mas isso apenas um aspectonatural,enquantoeuusoolugardeadora-o como ajuda natural, no preciso de mandamento nenhum. Mas se eu quiser colocar algo em um lugar alm do que lhe diz respeito, por sua prpria nature-za,aprecisoprocurarummandamento;porque,se considero um lugar mais santo do que outro, ou pen-so que Deus deve aceitar adorao em um lugar e no em outro, isso fazer com que o lugar da adorao se eleve acima da posio que por natureza possui.Assim,sequalquercoisacriadaelevadacom fns religiosos acima da posio que possui por nature-za, se no tenho nenhum texto bblico que me autorize, estarei sendo supersticioso. Essa uma regra muito til para ajudar voc. Se voc faz uso com fns religiosos de qualquercoisacriadaalmdaquiloqueelaemsua prpria natureza, se no tem uma autorizao da Pala-vra de Deus (qualquer que seja a forma em que aparea, desde que seja plausvel), esse uso supersticioso.Haviaumlugarqueeraconsideradosanto, masissotinhasidodeterminadoporDeus.Tambm com respeito ao vesturio, para usar o que decente, basta a luz da razo. Mas se eu atribuir ao vesturio qualquercoisaqueestiveralmdaprprianatureza dele, como se faz com a sobrepeliz, ora essa! Ser que elapossuialgumapropriedadeamaisemsuapr-pria natureza? Ou isso no apenas uma instituio 26 ADORAO EVANGLICAhumana? Ora, quando algum, por iniciativa prpria, atribui um aspecto religioso a uma coisa, sem autori-zao da parte de Deus, isso superstio! Todos ns precisamosseradoradoresobedientes,deboavonta-de, e no adoradores obstinados, voluntariosos.Temos de vir de bom grado adorar a Deus, mas nodevemosador-lodeacordocomnossaprpria vontade.Porisso,oquequerquefaamosnaado-raoaDeus,senotemosautorizaoparafaz-lo, teremosdecalarabocaquandonosforperguntado: Quem te mandou trazer isso que tens nas mos?.Em Mateus 15.9, lemos o seguinte: Em vo me adoram, ensinando doutrinas que so preceitos de ho-mens.Emvo!coisavadoraraDeusquandose contaapenascomummandamentodehomempara essaadorao.SevocqueradoraraDeus,necess-rio um mandamento de Deus para faz-lo. Isaas 29.13 mostracomooSenhorseaborrececomtodohomem que ensina a tem-lo com seus prprios preceitos: Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lbios me honra, mas o seu corao est longe de mim,eoseutemorparacomigoconsistesemman-damentos de homens, que maquinalmente aprendeu.Prestemosateno!Seessascoisassoassim, que o Senhor tenha misericrdia de ns neste assunto. H razes para voc ser humilhado, acredito que cada umdens,emmaioroumenorgrau;estacongrega-otemmuitosmotivos,eamaioriadasoutrascon-gregaesaquemsetemensinadootemordeDeus por meio de preceitos de homens.Quantacoisanotemsidoacrescentadana adorao a Deus, coisas para as quais no se pode en-contrar base na Palavra! Grande parte das coisas so INTRODUO 27apenas invenes de homens. Mas agora foram bani-dasessascoisas,porqueaspessoasinvestidasdeau-toridade as baniram, e voc se submeteu a elas. Mas no sufciente que voc se submeta apenas porque as autoridades querem assim. preciso que se humi-lhe diante de Deus por causa de toda a tua adorao arbitrria e obstinada, por causa de tua aquiescncia a qualquer coisa que diz respeito adorao a Deus que foi ensinada por preceitos dos homens.Veja como Deus foi severo com Nadabe e Abi, simplesmenteporqueusaramfogodiferentedaque-lequeDeustinhaindicado,emboranohouvesse mandamentodiretocontrafazeremisso.SeoSenhor tempoupadoavocenomanifestounenhumdes-contentamento,voctemmotivoparareconhecera misericrdiadeleesehumilharportodaasuafalsa adorao. certo que Deus espera que todo este pas se humilhe por causa da sua adorao arbitrria, caso contrrio,estamossemeandoentreespinhos.Todaa reformaqueseprocessaemnossomeionotemsen-tido se no existe humilhao por causa de nossa falsa adorao. No sufciente que passemos agora a pra-ticar a verdadeira adorao a Deus; precisamos ser hu-milhados por causa da nossa adorao falsa. E esta a primeira observao que fazemos: na adorao a Deus, no pode haver nada seno aquilo que Deus ordena.2.Naquestodaadorao,Deusinsisteemcoisas pequenas.Essascoisaspareceminsignifcantesepequenasde-maisparans,masDeusinsistenelasquandooas-suntoadorao,poisnohoutracoisaemque semanifestemaisaprerrogativadeDeusdoque 28 ADORAO EVANGLICAnaadorao.Osprncipesinsistemmuitoemsuas prerrogativas.Ora,Deusescreveualeidaadorao natural em nosso corao. Mas existem outras coisas na adorao a Deus que no esto escritas em nosso corao, coisas que dependem unicamente da vonta-de de Deus revelada em sua Palavra, coisas que no seriamdeveressenotivessemsidoreveladasnela. Eelassodenaturezatalquenovemosrazone-nhuma para existirem a no ser isto: Deus quer que sejaassim.Existemmuitostiposdecerimniapara manifestar honra aos prncipes que no tm razo al-guma de ser, mas so praticados unicamente por se-reminstituiescivisassimordenadas.Dessemodo, Deusordenaalgumasmaneirasdehonr-loquea criaturanoentende,paraasquaisnovrazode existir, mas so executadas apenas porque a vontade de Deus que o sejam.Deusinsistemuitoemcoisaspequenas,mes-mo que os homens pensem no fazer diferena entre usar este ou aquele fogo e se perguntem: E da? Este fogo no queima to bem quanto aquele outro?. Mas Deusinsistenoassunto.Efoiassimtambmcoma arca.QuandoUzapenastocouaarca,queestava caindo porque os bois tropearam, ns pensamos que no foi uma coisa grande; mas um toque na arca lhe custou a vida. No existe nada pequeno na adorao a Deus; ele insiste frmemente no assunto.Quando se trata do sbado, o assunto se refere adorao a Deus. O que que tem um pobre homem juntar uns poucos gravetos no sbado? Mas Deus tra-taoassuntocomfrmeza.Eassimtambmquando os homens de Bete-Semes s espiaram dentro da arca, isso custou a vida de uns cinquenta mil e setenta ho-INTRODUO 29mens.[1] Quando se trata de algo santo, referente sua adorao, ele no permitir abusos de forma alguma. Aprendamos a prestar ateno s pequenas coisas que se referem adorao a Deus, e a no pensar: Puxa! Como essa gente detalhista e preocupada com esse tipodecoisasemimportncia!.Sevocaindano diligentenesseassunto,porqueaindanocom-preendeanaturezadaadoraoaoCriador.Deus bom e mesmo assim insiste em coisas pequenas quan-do se trata da sua adorao. 3. No h privilgios nem posies entre os homens que consigam proteg-los da correo de Deus.Emprimeirolugar,Moiss,ohomemdeDeus,era tiodeles.Aro,essegrandeinstrumentodaglria deDeus,erapaideles.Eleseramhomensrecente-menteconsagradosfunodesacerdotes.Eram homensfamosos,sobrequemDeustinhacolocado muitaglria,mas,comosearriscaramaofendera Deusnessepequenoponto,airadeDeusdesceu sobreeleseosmatouinstantaneamente.Tomemos cuidado, ento, para no nos arriscarmos, pensando queseremospoupadosporquejprestamosalgum servio no passado. Se os maiores no so poupados em considerao a todos os seus privilgios, como quens,pobresvermes,nosatrevemosanosarris-car provocando a ira de Deus? Voc que uma cria-tura sem valor e de nenhuma utilidade neste mundo temoatrevimentodeprovocaroSenhor,queirou--se com homens to teis e que fzeram grandes tra-balhos, ao ponto de derramar, de repente, a sua ira sobre eles?[1] N. do E.: King James Version e Almeida Corrigida e Revisada (Corrigida Fiel).30 ADORAO EVANGLICASevssemosumprncipenopoupandoseu auxiliarfavoritoouexecutandoosnobresqueesto perto dele, se o vssemos tirando a vida deles por cau-sadeumaofensa(pormenorqueparecesseaosnos-sos olhos), como ento isso no faria tremer o pobre povo quando fzesse alguma coisa que merecesse a ira doseuprncipe?Estvendo?Nemtodososprivil-giosegrandezasexterioresjuntospouparoalgum dogolpedajustiadeDeus.Elesnodeveriampou-par o homem do golpe da justia humana. verdade que,entreoshomens,aspessoaspobresvoparaa prisoquandocometemalgumatransgresso,mas oshomensimportantesescapamdapena.Mascom Deus no assim, pois Nadabe e Abi eram homens importantes e famosos.4. Quanto maior a importncia ou o cargo das pes-soas, maior o perigo que correm se no agirem cor-retamente.Vemos isso no fato que Nadabe e Abi eram os dois flhos mais velhos de Aro, e as Escrituras dizem que Eleazar e Itamar, os outros dois flhos de Aro, esca-param e no foram consumidos. Por qu? Porque os dois flhos mais velhos ocupavam a funo e o privi-lgiodevireofereceroincensoeocupandocar-go mais elevado que os mais novos, mas no agindo comocuidadoquelheseradevidooSenhoros matou, ao passo que os mais jovens foram poupados.Dessa maneira, muitas vezes, aqueles que se en-contram em condio inferior, escapam, ao passo que os que ocupam condio mais elevada so fulminados. Que as pessoas que esto nalguma condio mais ele-vada tomem cuidado, pois o perigo que correm maior. INTRODUO 31E voc, que est em condio inferior, no tenha inveja daqueles que esto em posio mais elevada, pois tal-vezvocestejamaisseguroemsuacondioinferior do que aqueles que esto numa posio mais alta.5.Oinciodecoisasmuitoimportantessvezes marcado por grandes difculdades e perturbaes.FaoestaobservaocombasenofatodeNadabe eAbiteremsidofulminadosbemnoinciodoseu sacerdcio.Suponhaquefosseinstitudaumanova funopblicanacomunidade,funoqueseocu-passedobempblicodanao,ebemnoincioda instituiodessafunoocorresseumdesastreque repercutisseemtodoopas,comoseDeusdocuti-vesse feito alguma coisa contra os que ocupavam essa funo. Imagine que na primeira vez que os juzes se dirigissemtribuna,Deusosfulminassedocuali mesmo. Isso seria uma poderosa razo para ofuscar a glria e a honra dessa funo. Assim, qualquer pessoa seria levada a pensar que isso foi uma razo enorme para ofuscar para sempre a glria e a honra do sacer-dcio. Mas Deus no se preocupa com isso. Muitas ve-zes, o incio de coisas grandes ofuscado por aconte-cimentos tristes; por isso, no nos escandalizemos ao ver algo triste acontecer no princpio de coisas impor-tantes. Pois, embora aconteam coisas tristes no incio, Deuspodefazerprosperaressascoisasimportantes assim como o fez com o sacerdcio.6.Aquelesqueassumemposiespblicas,espe-cialmenteposiesrelacionadascomaadoraoa Deus, precisam ter muito temor de Deus j no incio quando comeam a exercer essas funes.32 ADORAO EVANGLICAIsso seria um bom tema se eu fosse pregar a um grupo deministros.VemosqueoSenhormatouNadabee Abi por causa dessa pequena falta (pequena aos nos-sos olhos) logo depois que foram consagrados. Isso um assunto que diz respeito especialmente aos minis-tros, e por isso vou deix-lo de lado.7.Astimaobservaomuitoapropriadaetil para todos ns: propsito de Deus que todos reco-nheamos a sua vontade, mesmo nas declaraes da sua Palavra que no so muito claras.Aindaqueelenodeclareasuavontadedemanei-raplenaeemtermosclaros,seexistealgumacoisa em sua Palavra por meio da qual podemos entender a vontade de Deus, ele espera que a entendamos por meio da sua Palavra. Se no o fzermos, ser por nossa prpria conta e risco.Objeo:Vocpodeargumentar:Como queelespodiamsaberqueavontadedeDeusera que no oferecessem um fogo qualquer, mas apenas o fogo do altar?Resposta:Elesdeveriamterraciocinadoda seguinte forma: No verdade que Deus fez descer fogo do cu sobre o altar, e no verdade que ele or-denou que esse fogo fosse preservado no altar para o seuservio?Ento,comcerteza,deveseravontade de Deus que faamos uso deste fogo, em vez de ofere-cer outro fogo qualquer.Deusesperavaqueelesraciocinassemassim, maspelofatodenoterempercebidoavontadede Deusraciocinandodessemodo,amodeDeuspe-sousobreosdois.Elespecaram;podetersidopor INTRODUO 33ignorncia,masfoiporsuaprpriacontaerisco.Se os dois desconheciam a vontade de Deus quando era possvelconhec-la,apesardeestarreveladaapenas de modo implcito e ter de ser entendida por meio da comparao de vrios textos bblicos, isso era por con-ta e risco deles mesmos.Esse um ponto muito necessrio para ns, pois o vo corao do homem, quando Deus exige alguma coisa que no convm aos seus prprios fns, discorda e se indispe contra essa exigncia. Onde que est escrito? dir ele. Voc pode me apresentar um texto bblico especfco sobre esse assunto? S creio se voc me apresentar algum texto especfco provando isso. E assim ele permanecer at que sejam apresentados vriostextosbblicosqueprobamtalcoisaouorde-nem que se faa outra.Mas irmos, se vocs so do tipo de gente que noevitanadanempassaafazernadasenotiver por base palavras claras das Escrituras, possvel que, porcontaprpria,estejamavanandoemdireoa perigoseapecadosterrveis.SaibamqueDeusreve-lougrandepartedasuavontadedemaneiraques possvelconhec-lajuntandoaspeasaquieali.E Deusesperadevocsoseguinte:medianteoexame dasEscrituras,seumacoisamaisdoqueoutrapare-cer a sua vontade, vocs devem seguir o caminho que mais parece ser a vontade de Deus.J temos dito que, em matria de adorao, pre-cisamos de ordem vinda da Palavra, mas isso no sig-nifca que em tudo precisamos de uma ordem direta, expressa. Como acontece muitas vezes em certas pin-turas, a grande arte consiste na fuso de perspectivas. Vocsnotmcomodizerqueabelezaseencontra 34 ADORAO EVANGLICAneste ou naquele trao, pois ela reside no conjunto. a fuso das perspectivas que produz a beleza da tela. Assim tambm nas Escrituras, no h como dizer que esteouaqueletraoprovaotodo,mascoloquemos todosjuntosesurgirentoumafguradavontade de Deus. Podemos discernir que a vontade dele esta e no aquela, e nossa obrigao seguir este caminho.possvelqueNadabeeAbitenhamvisto quedeveriamusarofogodoaltaremvezdeoutro fogoqualquer,masseatreveramausarfogoestra-nhoporquenotinhamumaPalavraexpressa.Voc podeverquetudoaconteceuporcontaeriscodeles mesmos.Oh,tomecuidadoparanoresistirelutar contraaquiloqueordenadosimplesmenteporque no o v expresso de maneira clara! O Senhor ordenou ascoisasassim,especialmentenoNovoTestamento, paraanormatizaodaigreja.Vocnoencontrar mandamentosexplcitosparaumagrandequantida-de de coisas, e tambm nem sempre achar um exem-plo claro. Mas compare uma coisa com outra, e aquilo que parece mais prximo da mente de Deus deve ser sufcienteparanoscompeliraandarsegundooque parece mais de acordo com o que est nas Escrituras. Um corao humilde chegar logo a esse entendimen-to; outro homem, no. fcil perceber que, em coisas que ajudam as pessoas a alcanar seus prprios objetivos, no se faz necessrio grande esforo para persuadi-los, embora umououtropossalevantaralgumaobjeo.Facil-mentepoderiaprovarisso,masnoconsideroopl-pito um lugar apropriado para lidar com coisas desse tipo. As pessoas concordam com coisas que as ajudam aalcanarseusprpriosobjetivosecaminhos,mas INTRODUO 35outras coisas, que crucifcam a carne, que se opem frouxido e trazem os homens sob o governo de Cristo, contra essas coisas elas se posicionam. Eles precisam deinstruesclaraseespecfcas,ordensespecfcas eclarasdaPalavra,tim-timportim-tim,casocontr-rio, no se submetero de maneira alguma. Esse um ponto que, se Deus fxasse em nosso corao, seria de grandeproveito.Umcoraograciosoenxergara verdadepormeiodeumapequenafenda.Masde surpreenderotrabalhoquedaconvencerumho-mem a respeito de algum aspecto da vontade de Deus, antesquesejahumilhado,ecomofcilconvencer um homem depois que j foi humilhado.8. Os pecadores podem se deparar com alguns juzos de Deus que nunca foram anunciados em sua Palavra.Em lugar nenhum, Deus tinha feito a ameaa: Eu con-sumirei com fogo do cu todo aquele que oferecer fogo estranho.Elessedepararamcomumjuzoquenoti-nha sido prenunciado. Considere isso! Pode ser que voc fque com medo, quando apresentamos claramente, por meio da Palavra, como Deus fala contra este e aquele pe-cado. Mas fque sabendo que, se voc se aventura nos ca-minhos do pecado, talvez se depare com juzos horrveis, que Deus nunca sequer mencionou. Juntamente com to-dos os juzos que aparecem anunciados no Livro de Deus, vocpodedardeencontrocomjuzosjamaisouvidos, inesperados. Assim como Deus tem misericrdias muito almdaquelasqueclaramenterevelouemsuaPalavra Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em corao humano o que Deus tem prepara-do para aqueles que o amam assim Deus tem juzos muito alm dos que esto pronunciados em sua Palavra.36 ADORAO EVANGLICAsvezes,quandoosministrosdeDeusex-pemasameaasqueseencontramnaPalavrade Deus, voc pensa que so terrveis; mas fca sabendo que Deus, no tesouro dos seus juzos, tem coisas mais terrveis do que aquilo que ele jamais revelou em sua Palavra. Por isso, aprenda a tremer no apenas diante do que est revelado na Palavra de Deus contra o seu pecado,masdiantedoqueaindasepodedescobrir, na infnita justia, poder e sabedoria de Deus, para ser executado contra os pecadores. Pois vocs que so pe-cadores, e especialmente se so pecadores ousados e arrogantes,podemesperarsedepararcomqualquer mal que uma sabedoria infnita capaz de criar e que um poder infnito capaz de fazer desabar sobre vo-cs. Voc comete este e aquele pecado. Talvez no sai-ba de nenhuma ameaa especfca de juzo contra esse pecado, mas pensa da seguinte maneira: Eu, que es-touprovocandoaDeuscommeuspecados,oque que posso esperar que me acontea? Por mais que eu pense que no, a infnita sabedoria de Deus vai desco-brir o que estou fazendo e trar sobre mim o juzo que me cabe. Leve isso em considerao e tome cuidado com o pecado.9. Com algumas pessoas, Deus logo aplica o seu juzo.Podeacontecerdeelepouparaoutrosporlongo tempo, mas com respeito a voc, talvez diga: Voc nopecarduasvezes.Sevocsearriscaauma primeira vez, pode ser que Deus puna com a morte. Foi isso que ele fez com Nadabe e Abi, pois tinham acabado de ser consagrados. Segundo os comentaris-tas bblicos, eles estiveram em consagrao por sete dias,eessefoioprimeirodiaemqueseapresenta-INTRODUO 37ramparaexercerseuofcio.Eemseuprimeiroato, Deusosfulminou.Queissonosfaatremer.OSe-nhor age rpido com alguns, ao passo que paciente comoutros,masnotomeliberdadespelofatode ele ter sido paciente com os outros. Talvez ele remo-va voc ao primeiro pecado, e com prontido exera juzo contra voc.10. A santidade de um dever no livrar nunca a pes-soa que deixa de exerc-lo de maneira adequada.Osacerdcioeraumdeversanto.Eleseramverda-deiros sacerdotes de Deus, e vieram para oferecer in-censo ao Deus verdadeiro. O incenso que ofereceram era do tipo certo. S houve o seguinte desvio: eles no traziam o fogo que Deus queria que trouxessem. Por esse desvio, Deus os atacou, todo o bem que havia na-quele dever no os livrou do que aconteceu.Consideremisso,vocsqueexecutamvrios deveressantos.Guardem-sedeacharquepossuem a liberdade de se desencaminhar de alguma maneira. No pensem que, pelo fato de os deveres serem real-mente bons e santos, e que, pelo fato de executar esses deveres, vocs podem se arriscar a misturar as coisas. Guardem-sedemisturarqualquermal,decometer qualquer desvio em alguma coisa santa. Mesmo que vocs tenham executado mil tarefas santas, isso no nenhumsalvo-condutoparaseconduzirmalnaexe-cuo dessas mesmas tarefas.11. O Senhor terrvel em seu santurio.oqueestnoSalmo68.35:Deus,tustremen-do nos teus santurios. Quando temos de lidar com Deus, quem consegue permanecer diante deste Deus 38 ADORAO EVANGLICAsanto?NossoDeusumfogoconsumidor.OSe-nhorsemanifestaaquidemodopavoroso,aponto defulminarcomfogoessesdoissacerdotes,como em Ezequiel 9.6, onde Deus diz: Comeai pelo meu santurio.Deusterrvelparacomaquelesquese atrevemaseaproximardelecommsintenesou so profanos quando o fazem. Ele terrvel para com aqueles que esto perto dele. Deus quer que cada um de ns trema na sua presena.12.Commuitafrequncia,osjuzosdeDeusesto estreitamente relacionados aos pecados dos homens.Aqui,elespecaramcomfogoepelofogoforamcon-sumidos.Eles transgrediram por meio de fogo estranho, e Deus os fulminou com fogo estranho. Muitas vezes, osjuzosdeDeuscorrespondemmaneiracomoos homenscometemseuspecados.Assimcomoaquio juzo ocorreu por meio de fogo, noutra ocasio vemos que ocorreu por meio de gua. Fara peca ao jogar os flhinhosdopovodeIsraelnagua,eDeusolana nomar.Sequeresafogarosoutrosnagua,provi-denciarei bastante gua para ti, disse Deus. E assim acontece tambm aqui: Se vocs querem se envolver com fogo estranho, fogo estranho tero, disse Deus.Muitasvezes,Deusexercejuzosparacomos pecadores para que a sua justia se torne mais eviden-te. Deus, com frequncia, faz com que as prprias coi-sas em que pecamos sejam, elas mesmas (ou alguma outracoisadomesmotipo),osverdugosdasuaira. Foiissooqueaconteceucomosjudeus.Elesvende-ram Cristo por trinta moedas de prata, e depois trinta delesforamvendidosporumcentavo.Eassimtam-INTRODUO 39bmahistriadeAdoni-Bezeque,noprimeirocap-tulodolivrodeJuzes.Eletinhasidocruelaponto decortarosdedospolegaresdasmosedospsde setenta reis. E assim aconteceu tambm com ele mes-mo. comum acontecer aos homens de esprito cruel e furioso se deparar tambm com homens de esprito cruel e furioso.Vamosaplicarissodemaneiraespecfca.Vo-csquesoflhosteimososcomseuspais,seDeus permitirquecontinuemvivendo,provvelquese deparem com a mesma atitude em seus flhos. E quan-do vocs, que so pais, se deparam com um flho tei-moso, devem refetir: No justo que Deus me trate assim?Evocsquesoempregadosempedernidos comseuspatres,quandotiveremseusprpriosem-pregados, eles tambm sero assim com vocs. Talvez vocstenhamsidoinfiscomseuslderes.Quando vocs estiverem em posio de liderana, certo que agirodessamesmamaneiracomvocs.Vocdeve sehumilharedizer:Deusjustoporpermitirque isso acontea, que ele me castigue da mesma maneira como procedi.13.Elesofereceramfogoestranho.Tomemoscuida-do, todos ns, com esse assunto de trazer fogo estra-nho em nosso servio a Deus. Pergunta: O que signifca trazer fogo estranho em nosso servio a Deus?Resposta:Conheovriosautoresquediscor-remsobreoassunto.Ambrsiodissequeessefogo estranhosoaspaixeseaavareza.Queroquevo-csconsideremoseguinte:acimadequalqueroutro 40 ADORAO EVANGLICAfogoestranho,tomemcuidadocomofogoestranho da paixo e da ira, especialmente na adorao a Deus. Emtodaequalquerocasioemqueperceberemseu coraoirritadoeinfamadopelaira,quandoestive-rem para adorar a Deus, lembrem-se dessa passagem bblica.Nadabee AbiforamconsumidosporDeus, com fogo vindo da parte dele, por terem ido presen-a de Deus com fogo estranho.Talvez seu corao arda em amor quando voc vem presena de Deus. Ore com fervor, pois isso queasEscriturasordenam.Precisamos,defato,ser infamadosemoraopeloEspritoSantoemnosso corao, mas com certeza no devemos ir com o fogo da paixo ou da ira. ... levantando mos santas, sem ira e sem contenda (1 Tm 2.8) . Se vocs tm estado exacerbadoseocoraodevocstmseinfamado desse modo, acalmem o corao antes de orar. E assim tambm, quando vierem ouvir a Palavra, se o corao estiver infamado de paixo, certifquem-se de aquie-t-lo antes de virem para ouvir a Palavra. ... acolhei, com mansido, a palavra em vs implantada, a qual poderosa para salvar a vossa alma (Tg 1.21).Quando vocs vierem participar da Ceia do Se-nhor,guardem-sedefaz-locomiraemalcia,pois, seofzeremdessamaneira,estarooferecendofogo estranho.Issoalgoquedeveserlevadoemconsi-derao,especialmentepelosministrosquevopre-gar.Elesdevemtomarcuidadoparanotrazerem fogo estranho ao plpito, ou seja, ousarem apresentar seus prprios sentimentos e paixes. Fui persuadido com respeito a essa prescrio antes mesmo de saber qualquer coisa sobre pregao. O homem designado INTRODUO 41para revelar a ira de Deus precisa calar a sua prpria ira. Essa , com certeza, uma prescrio para todos os pregadores, pois o Senhor envia seus pregadores para tornarconhecidaasuairacontraospecadosdosho-mens; mas quanto mais tornam conhecida a ira divina, mais devem calar a sua prpria. E assim, quando eles, da maneira mais clara possvel, manifestarem a ira de Deus, mais ser aceita a pregao deles.Agora, verdade que um corao carnal pode estar sempre pronto a pensar que, quando um prega-dorfalacomzeloverdadeiroporDeus,estsediri-gindo especifcamente a ele. Acautelem-se contra isso. Acredito que vocs tenham tido pouca ocasio de ser tentados nesse sentido neste lugar, mas uma coisa eu sei: dever dos ministros de Deus se certifcar de no apresentarsenoofogodoEspritodeDeus,ofogo queretiraramdoaltar,sendoalnguadelestocada por uma dessas brasas. Eles no devem vir com suas prpriaspaixesparapromoverajustiadeDeus. No, a ira do homem no produz a justia de Deus. Vamos apresentar, ainda, umas poucas particula-ridades, e depois chegaremos aos trs pontos principais.VISITE-NOSOS-PURITANOS.COM