o centro - n.º 17 – 27.12.2006

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DIRECTOR JORGE CASTILHO LISBOA-DAKAR Rali arranca dia 6 de Janeiro PÁG 15. “SMS-MANIA” 427 milhões de mensagens este Natal PÁG. 2 UMA PRENDA ORIGINAL | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO I N.º 17 (II série) De 27 de Dezembro de 2006 a 9 de Janeiro de 2007 € 1 euro (iva incluído) Ofereça uma assinatura do “Centro” e ganhe uma obra de arte PÁG. 3 João Araújo, D.O. OSTEOPATA Guarda – Consultas à 2.ª feira Marcações pelo telefone: 271 237 039 Inscreva-se em: Atelier de Pintura Iniciação em Artes Plásticas Conferências de Anatomia Artística Visite-nos em www.aelima.com ou Rua Gil Vicente, 86-A – Coimbra Telefone: 239 781 486 – Telemóvel: 917 766 093 Exposição de pintura de Marina Ribeiro Mais de 250 obras de arte em catálogo Telm. 962 829 280 Local de treino: Sala de Judo Estádio Cidade de Coimbra BERTRAND LIVREIROS Dolce Vita Coimbra, Loja 209 – Telef. 239 716 007 CoimbraShopping, Loja 0.117 – Telef. 239 401 933 Forum Coimbra, Loja 0.35 – Telef. 239 445 324 Largo da Portagem, 9 – Telef. 239 823 014 EM COIMBRA: Festas Felizes com Boas Leituras 7 Balanços do passado / Projectos para o futuro Enquanto, por cá, o Natal foi passado frente à lareira, com agasalhos para defender do frio, noutras paragens festejou-se à beira mar, aproveitando o calor. A imagem (da autoria de Tracey Nearmy e distribuída pela agência Lusa) foi colhida ontem na praia de Bondi, em Sidney (Austrália) Comboio da Lousã há 100 anos a rodar PÁG. 6 e 7 PÁG. 4 e 14

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DIRECTOR JJOORRGGEE CCAASSTTIILLHHOO

LISBOA-DAKAR

Raliarrancadia 6de Janeiro

PÁG 15.

“SMS-MANIA”

427 milhõesdemensagenseste Natal

PÁG. 2

UMA PRENDA ORIGINAL

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circular em invólucrode plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO I N.º 17 (II série) De 27 de Dezembro de 2006 a 9 de Janeiro de 2007 € 1 euro (iva incluído)

Ofereça uma assinaturado “Centro”e ganhe umaobra de arte

PÁG. 3

João Araújo,D.O.

OSTEOPATA

Guarda – Consultas à 2.ª feiraMarcações pelo telefone: 271 237 039

Inscreva-se em: Atelier de Pintura nn Iniciação em Artes Plásticas nn Conferências de Anatomia Artística

Visite-nosem www.aelima.com ou Rua Gil Vicente, 86-A – CoimbraTelefone: 239 781 486 – Telemóvel: 917 766 093Exposição de pintura de Marina Ribeiro Mais de 250 obras de arte em catálogo

Telm. 962 829 280

Local de treino: Sala de JudoEstádio Cidade de Coimbra

BERTRANDLIVREIROS

nn Dolce Vita Coimbra, Loja 209 – Telef. 239 716 007 nn CoimbraShopping, Loja 0.117 – Telef. 239 401 933 nn Forum Coimbra, Loja 0.35 – Telef. 239 445 324 nn Largo da Portagem, 9 – Telef. 239 823 014EM COIMBRA:

Festas Felizes com Boas Leituras

7Balanços do passado / Projectos para o futuro

Enquanto, por cá, o Natal foi passado frente à lareira, com agasalhos para defender do frio,noutras paragens festejou-se à beira mar, aproveitando o calor. A imagem (da autoria deTracey Nearmy e distribuída pela agência Lusa) foi colhida ontem na praia de Bondi, emSidney (Austrália)

Comboio da Lousãhá 100 anos a rodar

PÁG. 6 e 7

PÁG. 4 e 14

De Belém a Roma, passando por Madride Lisboa, as homilias da noite de Natal e asmensagens dos chefes de Estado fizeramapelos à paz mas também à dignidade das cri-anças, mesmo das que ainda não nasceram.

Em Belém, onde há 2006 anos nasceuJesus, o Patriarca latino de Jerusalém, Mon-senhor Michel Sabbah, criticou duramente as“lutas fratricidas” entre palestinianos e apelouaos responsáveis da região para que sejam“artesãos da paz e não da guerra, dadores davida e não da morte”.

Na sua homilia de domingo à noite naBasílica da Natividade, em Belém, oPatriarca latino disse que o Natal este ano“surgia em condições difíceis, agravadasainda pelas dissensões internas”.

Dirigindo-se ao presidente da AutoridadePalestiniana, Mahmud Abbas, sentado na pri-meira fila, Monsenhor Michel Sabbah disseque “o conflito no Médio Oriente já duroudemais”, acrescentando ser chegado o mo-mento de os responsáveis empreenderemuma nova acção que ponha fim a um períodode morte na história daquela região.

Sabbah pediu a todos os líderes políti-cos e adversários militares, incluindo os quesão considerados extremistas e terroristas,que “examinem as suas consciências a fimde entrarem num novo caminho que ponhafim ao derramamento de sangue, à morte

e, nestes dias, às novas lutas internas”.Em Roma, o papa Bento XVI apelou ao

respeito pela dignidade de “todas as crian-ças”, nascidas e por nascer, durante a Missado Galo, a que assistiram milhares de católi-cos na basílica de São Pedro, no Vaticano,transmitida para todo o mundo.

“A criança de Belém (Jesus) orienta onosso olhar para todas as crianças que nomundo sofrem e são vítimas de abusos, tantoas que são nascidas como as que estão pornascer”, sublinhou.

O Sumo Pontífice evocou “as criançasque, como soldados, são envolvidas nummundo de violência”, “as crianças obrigadasa mendigar”, “as que sofrem a miséria e afome”, e as “crianças que não têm amoralgum”.

“Em cada um há a criança de Belém quenos interpela”, disse.

Em Lisboa, o cardeal patriarca, D. JoséPolicarpo, na sua mensagem de Natal, lem-brou as crianças sem família, os ex-reclusos,os idosos, os deficientes e os desempregados.

D.José da Cruz Policarpo abordou tam-bém o referendo sobre a despenalização doaborto, que se realiza a 11 de Fevereiro, afir-mando que, “sejam quais forem os motivos(...) é sempre negar um lugar a um serhumano”.

O prelado afirmou que “há sempre umacircunstância para justificar a exclusão” que“pode ser a expressão máxima da injustiça”como aconteceu com Jesus quando foi con-denado à morte.

O cardeal patriarca recordou o facto deJesus Cristo ter nascido numa manjedoura,por não haver lugar nas hospedarias deBelém, e citou o título de um jornal segundoo qual os hotéis portugueses podem começara não aceitar crianças.

Para D. José Policarpo, “a exclusão dascrianças continua a ser problema real” da

sociedade e lembrou o trabalho de institui-ções da igreja “destinadas a serem a famíliadas crianças sem família”.

A Casa Mãe do Gradil, o Instituto daSãozinha em Abrigada, a Casa do Gaiato doTojal e a Ajuda de Berço foram as instituiçõescitadas pelo bispo de Lisboa.

Relativamente aos idosos, o cardeal patri-arca afirmou que “a realidade é que não hálugar para eles” e aos deficientes e ex-reclu-sos, “marcados pelo estigma da deficiênciaou do seu passado”, não é fácil “encontrar umlugar na sociedade, no trabalho, e na família”.

Outra forma “grave de exclusão” é odesemprego, um fenómeno para o qual se“exige políticas de fundo e não apenas solu-ções casuais”, disse o cardeal patriarca.

Também não há lugar para “milhares depessoas sem trabalho”, referiu, considerandoser necessário “aprofundar as exigências éti-cas de todo o processo económico”.

Para o prelado, “enquanto os sistemaseconómicos gerarem pobreza e causaremexclusão, eles não servem o bem-comum dasociedade”.

No tocante às empresas, o cardeal patriar-ca de Lisboa defendeu a “participação criati-va” de todos os envolvidos, empregadores,empregados e sindicatos, salientando queestes “não podem ficar prisioneiros de ideo-logias, embora lhes seja legítimo terem prin-cípios inspiradores”.

Em Madrid, na sua tradicional mensagemde Natal aos espanhóis, o rei Juan Carlos ape-lou à “união e coesão” das instituições e par-tidos políticos para pôr fim ao terrorismo daETA e agradeceu aos imigrantes pela suacontribuição para o crescimento do país.

“Todas as instituições e forças democráti-cas têm o dever e a responsabilidade de pro-curar a união e a coesão e de aplicar todos osesforços possíveis a fim de alcançar o objec-tivo incontornável de pôr fim ao terrorismono respeito pela Constituição”, disse o sobe-rano.

Nove meses após o cessar-fogo perma-nente decretado pela organização separatistabasca ETA, que deu início a um processo depaz entre a organização e o governo socialis-ta, o rei consagrou uma parte importante doseu discurso à necessidade de os partidospolíticos chegarem a um consenso sobre estaquestão, apesar das suas divergências.

Acrescentou que “a morte e o sofrimentode tantas vítimas e a dor das suas famílias”são testemunhas da “profunda crueldade” doterrorismo e manifestou o “respeito, afecto,apoio e solidariedade” às famílias das víti-mas. Assegurou que os êxitos económicos esociais de Espanha explicam “os fluxosmigratórios de tantos homens e mulheres quecontribuem com o seu valioso esforço para ocrescimento do país. Um esforço que merecereconhecimento e gratidão”.

Pediu no entanto “rigor e solidariedadepara deter o doloroso drama de morte eexploração que implica o tráfico de sereshumanos e a imigração ilegal”.

As três operadoras de telecomunica-ções móveis portuguesas divulgaramontem (terça-feira) ter processado um totalde 427 milhões de mensagens escritas(SMS) neste Natal, o que significa cresci-mentos entre 18 e 39 por cento face a2005.

A Vodafone anunciou ter registado,entre os dias 22 e 25 deste mês, 181 mil-hões de SMS, o que representou umaumento de 39 por cento face a idênticoperíodo do ano anterior.

Um valor que, segundo a empresa, sig-nifica um “recorde histórico no número demensagens processadas na sua rede noperíodo natalício” e que lhe dá a liderança

de mensagens escritas em relação às con-correntes TMN e Optimus.

A operadora divulgou ainda que o picode tráfego de SMS foi registado entre as18:00 e as 19:00 do dia 24, período em quea operadora processou cerca de 1800 SMSpor segundo.

Os clientes da rede TMN trocaram 165milhões de mensagens escritas entre osdias 22 e 25 de Dezembro, um acréscimode 49 por cento face ao ano passado, deacordo com os valores apresentados pelaoperadora móvel do grupo PortugalTelecom.

O pico de tráfego deu-se na véspera doNatal, entre as 18:30 e as 21:00, com 1450

SMS a serem processados por segundo.As mensagens multimédia (MMS) tive-

ram um acréscimo ainda mais expressivorelativamente ao mesmo período do anopassado.

Em 2006 foram enviadas 2,3 milhõesde MMS, mais do quádruplo (subida de360 por cento) do que no ano passado.

Também a Optimus bateu recordes detráfego de SMS no dia 24 de Dezembro,com 1250 SMS a serem processadas porsegundo, entre as 19 e as 20 horas.

Entre os dias 22 e 25 de Dezembro (atéao meio-dia), a Optimus registou 81,5 mil-hões de SMS e mais de meio milhão deMMS, um aumento superior a 18 e 20 por

cento, respectivamente, em comparaçãocom o mesmo período do ano anterior.

No dia 24 de Dezembro, a Optimusbateu também o recorde absoluto de tráfe-go de voz dos dias de Natal.

Este foi o dia de Natal em que mais cha-madas foram efectuadas pelos clientesdesta rede, com o pico a ser atingido entreas 18 horas e as 19 horas.

As operadoras acrescentaram, emcomunicados ontem divulgados, teremreforçado a capacidade das redes, tanto devoz como das plataformas de entrega demensagens, para este período para garantira qualidade do serviço mesmo com gran-des acréscimos de mensagens.

22 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: Audimprensa– Rua da Sofia, 95, 3.º3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CIC - CORAZEOliveira de AzeméisDepósito legal n.º 250930/06Tiragem: 10.000 exemplares

PORTUGUESES DE CADA VEZ MAIS AGARRADOS AOS TELEMÓVEIS

“sms-mania”: 427 milhões de mensagens este Natal

MENSAGENS DE NATAL

Apelos à paz e à dignidade da vida humana

Papa Bento XVI

O agradece e retribui os votos de boas festas,desejando um excelente ano de 2007

33DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma aliciante pro-posta para si.

De facto, basta subscrever uma assinaturaanual, por apenas 20 euros, para automatica-mente ganharem uma valiosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho da auto-ria de Zé Penicheiro, expressamente concebi-do para o jornal “Centro”, com o cunho bemcaracterístico deste artista plástico – um dosmais prestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível internacional,estando representado em colecções espalha-das por vários pontos do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com o seutraço peculiar e a inconfundível utilização deuma invulgar paleta de cores, criou uma obraque alia grande qualidade artística a um pro-fundo simbolismo.

De facto, o artista, para representar a Re-gião Centro, concebeu uma flor, compostapelos seis distritos que integram esta zona doPaís: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra,Guarda, Leiria e Viseu.

Cada um destes distritos é representadopor um elemento (remetendo para respecti-vo património histórico, arquitectónico ounatural).

A flor, assim composta desta forma tão ori-ginal, está a desabrochar, simbolizando ocrescente desenvolvimento desta Região Cen-tro de Portugal, tão rica de potencialidades, deHistória, de Cultura, de património arquitec-

tónico, de deslumbrantes paisagens (desde aspraias magníficas até às serras verdejantes) e,ainda, de gente hospitaleira e trabalhadora.

Não perca, pois, a oportunidade de receberjá, GRATUITAMENTE, esta magnífica obrade arte, que está reproduzida na primeira pági-na, mas que tem dimensões bem maiores doque aquelas que ali apresenta (mais exacta-mente 50 cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a receberdirectamente em sua casa (ou no local que nosindicar), o jornal “Centro”, que o manterá

sempre bem informado sobre o que de maisimportante vai acontecendo nesta Região, noPaís e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocional, eASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo,acompanhado do valor de 20 euros (de prefe-rência em cheque passado em nome deAUDIMPRENSA), para a seguinte morada:

Jornal “Centro”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pedido deassinatura através de:

n telefone 239 854 156n fax 239 854 154nou para o seguinte endereço de e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desde já lhe ofe-recemos, estamos a preparar muitas outras regali-as para os nossos assinantes, pelo que os 20 eurosda assinatura serão um excelente investimento.

O seu apoio é imprescindível para que o“Centro” cresça e se desenvolva, dando voz aesta Região.

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EXCELENTE PRENDA DE NATAL POR APENAS 20 EUROS

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A PARTIR DE HOJE

Transporte colectivo de criançascom novas regras

A partir de hoje (quarta-feira, dia 27) aactividade de transporte colectivo de cri-anças em automóveis ligeiros só pode serfeita por entidades licenciadas para o efei-to, ao abrigo de uma portaria doMinistério das Obras Públicas, Trans-portes e Comunicações.

A portaria regulamenta a lei de 26 deMaio, que estabelece o regime jurídico dotransporte colectivo de crianças e jovensaté aos seis anos e que entrou em vigor nodia 18 para os autocarros.

A lei obriga, entre outras coisas, astransportadoras e colégios que efectuameste serviço em veículos pesados a terautocarros com tacógrafo, cintos de segu-rança e vigilantes.

Segundo a portaria publicada a 27 deNovembro, e que agora entra em vigor, otransporte colectivo de crianças, por meiode automóveis ligeiros, como actividade atítulo principal, só pode ser efectuado porentidades licenciadas.

Em declarações à agência Lusa LeonorGomes, administradora da “EasyBus”,uma das empresas a operar nesta área,

garantiu que todas as regras impostas pelanova portaria já são praticadas.

A responsável da “EasyBus” congra-tula-se com a existência de legislaçãoneste sector, mas considera que a leideveria ser também aplicada a outrotipo de transportes.

“É com pena que verificamos que ascrianças transportadas em táxis ficamexcluídas. Não têm de obedecer a regrasespecíficas”, disse.

Por outro lado, a responsável lamentatambém que a legislação não refira a pos-sibilidade deste tipo de serviços poderusar a via Bus, uma medida “que permiti-ria acelerar o serviço e diminuir o tempode permanência das crianças no trânsito”.

A nível nacional existem cerca de 25operadores com este tipo de serviço.

Segundo a portaria, o alvará é emiti-do a sociedades comerciais, cooperati-vas ou empresários em nome indivi-dual, regularmente constituídos, quedemonstrem ter como objecto da suaactividade o transporte de crianças epreencham os requisitos de idoneidade

e de capacidade técnicas e profissional.A idoneidade é exigida aos gerentes,directores ou administradores, a empre-sário em nome individual e deve sercomprovada pela apresentação do certi-ficado do registo criminal ou decisãojudicial de reabilitação.

Por outro lado é ainda exigida capaci-dade técnica a pelo menos um dos geren-tes, directores ou administradores daempresa, que terão de fazer um exameque certifique a capacidade profissional.

Os motoristas destas empresas têm deestar certificados, pelo que lhes é exigidaapresentação do registo criminal e devemter uma acção de formação complementarcom duração não inferior a 35 horas.

Esta formação deve abranger a preven-ção rodoviária, legislação rodoviária,legislação sobre transporte escolar/crian-ças, teoria e prática da condução.

Contudo, a falta de motorista certifica-do não impede o licenciamento da activi-dade, ficando a empresa obrigada a fazera prova desse requisito antes do inícioefectivo da sua actividade.

ESPECTÁCULO NO CAFÉSANTA CRUZ, EM COIMBRA

Escola da Noiteapresenta“Matéria de Poesia”

A companhia “A Escola da Noite”apresenta, amanhã e no dia seguinte(dias 28 e 29 de Dezembro), emCoimbra, o espectáculo-recital “Ma-téria de Poesia”, a sua produção maisrecente, inspirada em textos de auto-res de língua portuguesa.

Conferindo um destaque especialaos poetas brasileiros Adélia Prado eManoel de Barros e recorrendo aindaa textos dos autores portuguesesAlexandre O’Neill e Carlos deOliveira, o espectáculo é exibido, apartir das 21:45, no Café Santa Cruz,na baixa da cidade.

Segundo uma nota da companhiateatral de Coimbra, trata-se de ses-sões especiais para o público dacidade e ambos os espectáculos terãoentrada livre.

Com guião e direcção artística deAntónio Augusto Barros, “Matériade Poesia” conta com um elencocomposto por Carlos Marques,Maria João Robalo, Ricardo Correia,Sílvia Brito e Sofia Lobo.

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 200744 SSOOCCIIEEDDAADDEE

DA AUTORIA DE INVESTIGADOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Distinguido trabalho sobreresistência dos edifícios ao fogo

Um artigo sobre a resistência dos edi-fícios ao fogo escrito pelo investigadorda Universidade de Coimbra Luís Si-mões da Silva foi galardoado com oPrémio Ferry Borges, anunciou ontem(terça-feira) a Faculdade de Ciências eTecnologia (FCTUC).

Segundo uma nota divulgada ontempela FCTUC, trata-se do “mais impor-tante prémio científico nacional, atribu-ído pela Associação Portuguesa deEngenharia de Estruturas”.

Intitulado “Vigas e vigas-coluna emsituação de incêndio segundo o EC3 [EuroCódigo 3]: Novas Propostas de Cálculo”,o artigo foi publicado no número 54 daRevista Portuguesa de Engenharia de Es-truturas, editada pelo Laboratório Na-cional de Engenharia Civil (LNEC).

“Os resultados desta pesquisa são umcontributo decisivo para a elaboraçãode uma nova regulamentação europeiapara o sector da construção civil, com oobjectivo de aumentar a exigência desegurança contra incêndios, na constru-ção de edifícios”, é referido na mesmanota.

O artigo do professor do Departa-mento de Engenharia Civil da FCTUCfoi publicado em co-autoria com NunoLopes e Paulo Vila Real.

Com o patrocínio do Presidente daRepública, o Prémio Ferry Borges(engenheiro que foi director do LNEC)destina-se a galardoar trabalhos deestudos de investigação de autores por-tugueses na área da engenharia deestruturas.

“O prémio é um estímulo muitoimportante para o trabalho que tenhovindo a desenvolver no domínio daconstrução metálica e mista. Premeiatambém a colaboração entre institui-ções, nacionais e estrangeiras, que te-nho vindo a promover desde há largosanos”, refere Luís Simões da Silva.

De acordo com o investigador, repre-senta também “um impulso muito fortepara o desenvolvimento da investigaçãono sector da construção metálica emista, numa perspectiva de rede nacio-nal e internacional”.

O investigador disse à agência Lusaque o galardão foi atribuído durante asJornadas Portuguesas de Engenharia deEstruturas, que decorreram há duas semanas em Lisboa.

O Coro dos Antigos Orfeonistasda Universidade de Coimbra(UC) obteve o segundo lugar numfestival internacional que decor-reu na República Checa no iníciodeste mês, e em que participaram66 coros de vários países.

O Presidente do Coro dos An-tigos Orfeonistas, António LuzioVaz, exprimiu natural satisfaçãopela conquista desta prestigianteMedalha de Prata, revelando queo júri atribuiu a Medalha de Ouroa um grupo da Polónia e a deBronze a um coro italiano.

“Esta é uma grande distinçãonão só para nós, mas também paraa Universidade de Coimbra, paraCoimbra e para Portugal”, consi-derou Luzio Vaz, advogado eadministrador dos Serviços deAcção Social da UC.

O coro de Coimbra, fundado há25 anos e que integra dezenas deantigos membros do Orfeon Aca-démico (organismo autónomo daAssociação Académica de Coim-bra, AAC), obtém assim maisuma distinção, a juntar a muitasoutras que tem conquistado portodo o Mundo ao longo destequarto de século de existência.

MAIS UMA HONROSA DISTINÇÃOPARA OS ANTIGOS ORFEONISTASDA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Conquistade Medalhade Pratana RepúblicaCheca

O Presidente da República manifes-tou “dúvidas” e a oposição toda contes-tou, mas parte da colecção Berardo vaimesmo ocupar uma área substancial doCentro Cultural de Belém e já se sabequanto vale – 316 milhões de euros.

A avaliação, feita pela leiloeira britâ-nica Christie’s, foi anunciada a semanapassada pela Ministra da Cultura, IsabelPires de Lima, quando foram apresenta-das as primeiras aquisições daFundação de Arte Moderna e Con-temporânea - Colecção Berardo.

Segundo o acordo celebrado com ogoverno, Berardo é presidente vitalícioda nova Fundação, com o poder exclu-sivo de nomear o director do museu, e oEstado terá direito de opção na compradas peças da colecção, que inclui, entreoutros, um quadro de Picasso avaliadoem 18 milhões de dólares.

“Com esta parceria sai a ganhar ocomendador José Berardo, o CentroCultural de Belém e o país”, afirmou oprimeiro-ministro, José Sócrates, consi-derando que “é do interesse público euma obrigação do Estado criar maisoportunidades de oferta cultural”.

Cavaco Silva promulgou o decreto-lei que cria a referida Fundação, masdisse que o diploma lhe suscitou “dúvi-das”, sobretudo quanto à “distribuiçãode poderes” entre o Estado e o coleccio-nador.

A polémica em torno daquele acordonão foi, contudo, a única que agitou opaís na área da cultura em 2006.

Logo no início do ano, o Ministérioda Cultura afastou o cenógrafo AntónioLagarto da direcção do Teatro NacionalD. Maria II, para onde fora nomeado eem 2003, e substituiu-o pelo encenador

Carlos Fragateiro, que até então dirigiao Teatro da Trindade.

Dezenas de artistas escreveram aoprimeiro-ministro criticando o afasta-mento de Lagarto, que consideraramuma forma de “desrespeito pelos prazosde acção e o mandato de gestão de umorganismo cultural público”, e acusan-do Pires de Lima de seguir “uma políti-ca que avança aos solavancos e no meiode contradições “.

A ministra argumentou que o D.Maria II estava “divorciado” da popula-

ção de Lisboa e em vez de servir “umpúblico restrito”, deve ter “uma preocu-pação de preservação patrimonial” e“promover a dramaturgia nacional”.

Em 2006 ficou igualmente a saber-seque o orçamento do MC para o próximoano sofreu um corte de 17,7 milhões deeuros (7 por cento), correspondendo a 0,4 por cento da despesa da administra-ção pública.

O corte afectou nomeadamente oCCB, que teve de substituir uma dassuas mais populares iniciativas, a“Festa da Música”, por um programamais barato.

Para a oposição, o fim da “Festa daMúsica” prova “o crescente desinvesti-mento do governo na área cultural”.

Mega Ferreira, o novo presidente doCCB, considerou “dolorosa” a decisãode suspender a “Festa da Música”, e emalternativa anunciou a organização deum novo evento, denominado “Dias daMúsica em Belém”, que custará “nomáximo 400 mil euros” – um terço daedição de 2006 da Festa.

O novo evento – garantiu a ministrada Cultura – terá “uma programaçãomuitíssimo melhor”.

O ano ficou também marcado peloanúncio da criação de um novo institu-to englobando o Teatro Nacional de S.Carlos e a Companhia Nacional deBailado, que, segundo Isabel Pires deLima, “vai permitir uma utilização desinergias que importa valorizar”, comoa orquestra e o coro. Aquela fusãodecorre do PRACE (Programa deReestruturação da AdministraçãoCentral do Estado), no âmbito do qual oMinistério da Cultura extingue 14 dosseus serviços e organismos

BALANÇO 2006 – CULTURA

Mais para Berardo e menos para o restante

Isabel Pires de Lima

ANTIGOS ELEMENTOSDA ECOLA JOSÉ FALCÃO

Eleitos dirigentesda novaAssociação

Decorreu na passada semana a elei-ção dos corpos sociais da nova Asso-ciação dos Antigos Alunos, Professorese Funcionários do Liceu D. João III /Escola José Falcão, recentemente cons-tituída.

Foi eleita a única lista concorrente,com a seguinte composição:

Assembleia Geral: Rui Alarcão (Pre-sidente), Jorge Veiga (Vice-Presidente),Jorge Castilho (Secretário), MariaAugusta Tavares (Suplente).

Direcção: Palmira Albuquerque (Pre-sidente), Victoriano Nazareth (Vice-Presidente), João Carvalho (Secretário),Maria Fonseca (Tesoureiro) ReinaldoOliveira (Vogal) Nuno Ribeiro e MariaJudite Seabra (Suplentes).

Conselho Fiscal: Alfredo Castanhei-ra Neves (Presidente), José Alfredo Cam-pos (Vice-Presidente) e Augusto Va-lente (Secretário).

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007 55

ADMINISTRADORA UNIVERSITÁRIA, NATURAL DE COIMBRA

Maria do Céu Amaral faleceu em LisboaCompletam-se hoje duas semanas

sobre a data do inesperado falecimentoem Lisboa da Eng.ª Maria do Céu dosSantos da Fonseca Martins Amaral, queconsternou quantos a conheciam eadmiravam.

Administradora dos Serviços Sociaisda Universidade Nova de Lisboa nosúltimos 13 anos, Maria do Céu Amaralnasceu em Coimbra, na freguesia de S.Bartolomeu, em 25 de Dezembro de1958. Licenciou-se em Engenharia Quí-mica na Faculdade de Ciências eTecnologia da Universidade de Coim-bra (FCTUC), em 1982, com a média de15 valores. Concluiu em Lisboa o MBAem Gestão de Empresas, na Univer-sidade Nova, com a classificação de 16valores (parte escolar) e “Muito Bom”(dissertação).

Na primeira fase da actividade pro-fissional, a Eng.ª Maria do Céu Amaralexerceu funções em empresas do sectorprivado (Fopil, Têxtil Manuel Gon-çalves, Emasa e Fábrica Lisbonense deSedas e Veludos), designadamentecomo directora administrativa e finan-ceira, durante cerca de 11 anos.

Paralelamente, leccionou no ensinosuperior, com o estatuto de docente con-vidada: de 1987 a 1993, como assisten-te, na secção de Engenharia Química daFCTUC; de 1989 a 1991, como profes-sora convidada no Instituto Superior dePsicologia Aplicada; de 1990 a 1993, naFaculdade de Ciências Económicas eEmpresariais da Universidade CatólicaPortuguesa, como assistente; de 1991 a2000, na Faculdade de Economia daUniversidade Nova de Lisboa, comoprofessora auxiliar.

Aliás, ainda como estudante, já exer-cera funções de monitora no Depar-tamento de Química da FCTUC, ocasiãoem que publicou uma “sebenta” paraapoio às aulas de Química Macro-

molecular e de Química OrgânicaAplicada. No ano seguinte à licenciatu-ra, foi assistente estagiária do mesmodepartamento.

Entre várias obras publicadas, desta-ca-se o livro “Instrumentos Funda-mentais de Gestão Financeira”, em co-autoria com dois docentes da Uni-versidade Católica, que neste momentose encontra em fase de reimpressão da4.ª edição, que é considerado “livroobrigatório” em diversos cursos e facul-dades.

Publicou, ainda, igualmente em co-autoria, cerca de duas dezenas de estu-dos na revista “Exame”, no InstitutoSuperior de Economia e Gestão e, tam-bém, através do Instituto do Emprego eFormação Profissional.

Outro sector em que desenvolveuactividade foi o de consultoria, tantopara empresas privadas como para ser-viços do Estado, debruçando-se sobreáreas como o planeamento estratégico,a reestruturação de serviços e a forma-ção profissional. Em 1994, colaboroucom o júri de avaliação técnica do pro-jecto europeu “Re-training of ex-mili-tary officiers in the Republic ofUkraine”, para enquadramento na soci-edade civil ucraniana dos militares daantiga União Soviética.

A Eng.ª Maria do Céu Amaral foiuma impulsionadora do associativismo.Durante anos, foi presidente do RanchoFolclórico e Etnográfico de Zagalho eVale do Conde, duas pequenas aldeiasdo concelho de Penacova, com poucomais de 20 habitantes no total. Apesarda escassez de recursos, o grupo chegoua ser considerado um dos mais impor-tantes da região de Coimbra, trabalhoque foi reconhecido pela FederaçãoPortuguesa de Folclore.

Fazia actualmente parte do “gafe –Grupo de Artistas da Faculdade de

Economia da Universidade Nova deLisboa”, participando regularmente emexposições colectivas.

Em Fevereiro de 2003, ao cessar asfunções de Reitor da UniversidadeNova, o Prof. Luís Sousa Lobo fezpublicar em “Diário da República” umlouvor aos “Serviços de Acção Social eà sua administradora Eng.ª Maria doCéu Amaral, não só pelos relevantesserviços prestados em todas as áreas deacção daqueles serviços, mas tambémem reconhecimento da importanteexpansão da oferta tanto no que respei-

ta a novos refeitórios e crescente núme-ro e diversidade de refeições servidascomo na importante expansão do aloja-mento”.

Com efeito, durante o seu mandatoenquanto administradora dos ServiçosSociais da Universidade Nova, foi cons-truída uma residência universitária nopólo da Costa da Caparica (obra galardo-ada a nível nacional com um prémio dearquitectura) e totalmente remodeladauma outra, na cidade de Lisboa. Foramainda abertas novos refeitórios e criadas“ementas” e serviços inovadores.

Fruto de toda esta actividade, nãoespanta que o funeral da Eng.ª Maria doCéu Amaral, no passado dia 15, da igre-ja da Portela para o cemitério dosOlivais, em Lisboa, tenha constituídogrande manifestação de pesar, com apresença de centenas de pessoas, entreas quais se destacavam numerosos gru-pos de estudantes, funcionários e pro-fessores universitários.

Maria do Céu Amaral, casada comAntónio Francisco de Lemos e SousaAmaral, deixa duas filhas menores.

À família enlutada, em especial a seuirmão, o jornalista Mário Martins, cola-borador do “Centro”, apresentamos sen-tidas condolências.

Nos Açores, a propósito de uma reunião de administradores universitários, rodeadade estudantes

A última cerimónia pública em que participou, no “Magusto da Universidade” desteano: um estudante coloca-lhe a capa sobre os ombros

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 200766 RREEPPOORRTTAAGGEEMM

UM EMPREENDIMENTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA ECONÓMICA E SOCIAL

Linha férrea Coimbra-Lousã completou centenárioA linha férrea Coimbra-Lousã com-

pletou cem anos de existência no passa-do dia 16.

A efeméride foi devidamente assina-lada pela Câmara Municipal da Lousã,com o descerramento de uma lápida euma exposição evocativa.

Na intervenção que fez, o Presidenteda Câmara Municipal referiu, a dadopasso:

“Há precisamente 100 anos o jornalO Louzanense transcrevia as seguintespalavras de Álvaro Viana de Lemos, apartir de Viana do Castelo:

“… Ao nosso Portugal chegou ocaminho de ferro precisamente há 50anos, pela iniciativa do ministro Fontes,a quem o paiz tantos melhoramentosdeve. Actualmente possuímos uma redetão completa que nesta parte nos põe apar das demais nações.

… Temos para cima de 2.400 kilome-tros de vias férreas: mais do que aNoruega, do que a Dinamarca, Turquia,Sérvia e Grécia; bastantes linhas projec-tadas a algumas em construcção. …Não desanimemos: o movimento, quehá de parecer nos pequenos ao princípioda nossa linha, não tardará como sem-pre tem sucedido a exceder toda a

expectativa. A nossa região é rica, temdons naturaes inapreciaveis e um povoamante do trabalho; são estes os princi-paes e mais sólidos elementos de pro-gresso duma terra.

Lancemos bases a empreendimentoslargos; não imaginemos para Portugalum futuro mesquinho; trabalhemossempre a bem da Louzã e da Pátria, queo terreno não é estéril.

O caminho até então percorrido inici-

ara-se, formalmente, em 1 de Setembrode 1887, com publicação em Diário doGoverno de dia 6, de alvará doMinistério das Obras Públicas, conce-dendo a Fonsecas, Santos & Vianna,firma comercial da praça de Lisboa,licença para construir e explorar umramal de caminho de ferro de Coimbraa Arganil, em via estreita. Um ano épassado e, a 8 de Novembro de 1888,novo alvará é publicado, este com a par-ticularidade de referir a mudança para avia larga.

Em 1889 iniciam-se os trabalhos emtoda a via, com especial incidência notroço compreendido entre Coimbra e aLousã..

Em 1891 está concluída a ponte daPortela, sobre o Mondego, interrompen-do-se quase logo a seguir os trabalhos,que só se reiniciam já em 1905.

Em 1897 é decretada a falência daCompanhia, pelo Tribunal do Comérciode Lisboa. Constitui-se uma ComissãoAdministrativa

As vicissitudes na obra sucedem-se.Considerada imprescindível para odesenvolvimento da Beira Serra, num

mesmo espírito encontramos irmanadosos municípios, os povos e os poderes deCoimbra, Miranda do Corvo, Lousã,Góis e Arganil, que incumbem o quinta-nista de direito, Mário Fernandes deNogueira Ramos, de redigir representa-ções a entregar ao Parlamento e aoGoverno, pedindo a construção doCaminho de Ferro de Arganil”.

A FESTA DA INAUGURAÇÃO

E o Presidente da Câmara Municipalprosseguiu a evocação de alguns factosrelevantes:

“Em 1903 decreta o Governo a con-cessão de um subsídio complementarque permita a continuação e conclusãoda obra.

Em 1904 discute-se na Lousã a loca-lização da Estação, que a Vereação con-sidera desadequada.

Após inúmeras vicissitudes, em 16de Dezembro, as populações dos conce-lhos de Miranda do Corvo e da Lousã, aque se associam entusiasticamente as deGóis, Arganil e Vila Nova de Poiares eaté as de Coimbra, em delírio festivoacolhem o Comboio inaugural, compos-to pela máquina n.º 08, furgão, duas car-ruagens de 3.ª classe, duas carruagensde 2.ª classe e quatro carruagens de 1.ªclasse.

Na recepção na Lousã, as Bandas daFilarmónicas Lousanense e da Filar-mónica Arganilense tocam o HinoNacional, e os notáveis discursam.Enaltecem-se o Ministro das ObrasPúblicas Emídio Navarro e todos os in-tervenientes neste moroso processo. Nãosão esquecidos Francisco da SilveiraViana e Oliveira Matos pelo papeldesempenhado, sendo atribuídos os seusnomes a duas artérias da Vila, com asplacas descerradas na ocasião, depois demajestoso cortejo com a presença dasmúsicas. Há concertos no coreto da

O troço ferroviário Coimbra-Lousã foiinaugurado a 16 de Dezembro de 1906,tendo a sua construção sido ordenadapelo Rei D. Luís através da portaria de 18de Março de 1873.

Trinta anos depois, em 1936, concluiu-se a ligação até Serpins, local onde mor-reu o projecto de prolongar o caminho-de-ferro até Arganil e depois até àCovilhã, como estava inicialmente pre-visto.

Para esta linha está prevista a imple-mentação de um metro ligeiro de superfí-cie do tipo “tram-train”, no âmbito doSistema de Mobilidade do Mondego

(SMM), que prevê também a instalaçãodeste sistema na cidade de Coimbra.

O “tram-train” é um veículo do tipometropolitano ligeiro de superfície, seme-lhante ao que estava previsto no anteriorprojecto da “Metro Mondego”, mas comcapacidade para circular nos eixos ferro-viários, urbanos, suburbanos e regionais.

Neste momento está a concurso aconstrução da interface multimodal deMiranda do Corvo e da Lousã, no âmbitoda requalificação rodoviária a que o pro-jecto obriga.

A calendarização do Governo prevêainda que o projecto do SMM se inicie

pelo Ramal da Lousã no primeiro semes-tre de 2007, com a instalação definitivada bitola europeia entre Serpins eCoimbra/Parque.

Segundo as previsões, estas obrasdeverão estar concluídas no final de2008, representando um investimento de52 milhões de euros.

A segunda fase, estimada em 246 mil-hões de euros, consiste na construção darede entre Coimbra/Parque e o Hospitalda Universidade, estando o início dos tra-balhos previsto para o segundo semestrede 2008, com conclusão para o final de2010.

O sistema de “tram-train” representaum investimento de 298 milhões deeuros, devendo entrar em funcionamentoentre Serpins e o Hospital daUniversidade de Coimbra em 2011.

Actualmente operam no Ramal daLousã as automotoras a diesel Allan, de1954, que sofreram uma profunda remo-delação entre 1999 e 2001, em paralelocom unidades duplas a diesel, desdeSetembro de 2005.

O acidente de hoje - que ocorreu pertodo apeadeiro de Moinhos cerca da s 6:00- não fez quaisquer feridos uma vez que aautomotora seguia sem passageir os.

Passado, presente e futuro

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007 RREEPPOORRTTAAGGEEMM 77

ã completou centenáriopraça e o povo festeja alegremente con-forme relatam os jornais da época.

Outros nomes desta época não devemser esquecidos pelo papel que desempe-nharam: Francisco Mattoso, SoutoRodrigues, Manuel Francisco Vargas,Conde de Paçô Vieira, José DiasFerreira, Dias da Silva, Moura Pinto,Veiga Simões, Mário Ramos, AlfredoGuisado, Paulo Menano, António Dias,Ressano Garcia, Mário de Aguiar,Ulisses Cortez, Alfredo Brandão JoãoAntunes Guimarães, Vasconcelos deCarvalho, Diocleciano Feio de Carva-lho, Torres Garcia”.

RAMAL CONTINUA À ESPERA

A concluir a sua intervenção, referiuo Presidente da Câmara:

“E assim finaliza uma etapa desteRamal, que continuaria apenas em

1930, com a inauguração da Estação deSerpins e cujo terminus ainda hojeesperamos!

E aquilo que foi um sonho lindo em1887, o de unir todos estes povos, desdea Figueira da Foz à Serra da Estrela,com ligação à Linha do Norte e à Linhada Beira Alta não passa hoje de umarecordação dissipada lentamente pelavoragem dos tempos”.

Para além do descerramento de umaplaca alusiva à efeméride, o centenáriofoi celebrado com a inauguração deuma curiosa exposição documental (noauditório da Biblioteca Municipal) e dolançamento de uma medalha comemo-rativa e de uma edição fac-similada dojornal “O Louzanense”, de 16 de De-zembro de 1906, alusiva à inauguraçãodesta linha. Houve ainda a actuação dasBandas da Sociedade Filarmónica Lou-sanense e da Filarmónica Arganilense.

CONFERÊNCIASE EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

O programa comemorativo do cente-nário estende-se pelo ano de 2007,como a seguir se refere.

27 de Janeiro de 200716h30 – Conferência, “A Linha da

Lousã no contexto da instalação doCaminho de ferro em Portugal”, porMaria do Rosário Castiço de Campos(Auditório da Biblioteca Municipal daLousã)

- Inauguração de Exposição fotográ-fica “O Comboio em Portugal”, de au-toria de Dário Silva (Átrio da BibliotecaMunicipal da Lousã)

24 de Fevereiro de 200716h30 – Conferência “O Caminho de

ferro e a construção da modernidade”,por Paulo Carvalho Tomás (Auditórioda Biblioteca Municipal da Lousã).

A seguir se referem algumas datase acontecimentos de relevo regista-dos após a entrada em funciona-mento da linha da Lousã:

n 1911 – reunião promovida pelaCâmara Municipal de Coimbra, comrepresentantes vários, para discutir aconclusão da linha a Arganil e prolon-gamento até à Covilhã;

n 1922 – II Congresso Económicode Coimbra. Apresentada comunica-ção por Dr. Torres Garcia “A indústriatransportadora na zona de Coimbra”,defendendo a linha do comboio;

n 1922 – Lei 1327, de 25 deAgosto, artigo 5.º, que determina, nostermos da Carta de Lei de 1 de Julhode 1903, a conclusão do Caminho-de-ferro de Arganil;

n 8 de Março de 1923 – publicaçãode portaria nomeando comissão parapropor com urgência as medidas tidascomo as mais convenientes para a con-clusão da linha (orçamento de 10 mil-hões de escudos);

n 8 de Junho de 1923 – por decreton.º 8910 concedida a garantia de juro a7%, pela Caixa Geral de Depósitos,com encargo semestral de 234,.485$41,para a construção do troço Lousã –Várzea de Góis;

n 8 de Novembro de 1923 – publi-cado na Gazeta de Coimbra um reque-rimento protesto;

n Abril de 1924 – feito contratopara a construção, com a CompanhiaPortuguesa. O traçado é alterado, en-carecendo muito, gastando-se entre aLousã e Serpins, 6 km, os 10 milhões

de escudos orçamentados para se che-gar a Arganil;

n Agosto de 1924 – Início da cons-trução do troço a partir da Lousã;

n 7 de Agosto de 1924 – notícia noAlma Nova acerca do traçado da linhaem Serpins (“a linha passará ao fundodo Largo da Feira dos Bois, ficando aestação junto ao lugar das Rascoas, namargem direita da estrada que daPonte segue para a Fábrica do Boque”)

n 1927 e 1928 – por intervenção daAssociação Comercial de Coimbraenviadas várias representações, cartase telegramas ao Governo contestandoa situação vivida;

n Novembro de 1927 – à empresafoi concedida a linha que sairia deArganil para Santa Comba (bitolareduzida – 1m);

n 1928 – a Companhia da BeiraAlta pediu a concessão da linha deArganil a Viseu, em via larga;

n 3 de Dezembro de 1929 – novareunião em Lisboa e comissão recebi-da pelo ministro do Comércio eComunicações;

n 28 de Março de 1930 – publicadodecreto n.º 18190, em que é considera-da urgente a conclusão do plano geralda rede ferroviária do país, incluindo-se as linhas da primeira fase do pri-meiro grupo;

n 10 de Agosto de 1930 - data doinício da exploração / inauguração dalinha (Lousã – Serpins);

n 1931 – organiza-se novo movimento afavor da conclusão deste Caminho-de-ferro(pelos defensores da linha estreita), com reu-niões em Arganil e Santa Comba Dão;

n 19 de Outubro de 1931 – novareunião em Coimbra, pela AssociaçãoComercial e Industrial de Coimbra,pelos defensores da linha larga;

n 1936 – a “Casa da Comarca deArganil”, apresenta ao VI CongressoBeirão, realizado pela “Casa dasBeiras”, uma proposta para a finaliza-ção imediata da linha

n 6 de Junho de 1936 – Dr. TorresGarcia realiza conferência sobre “Históriado Caminho-de-ferro de Arganil”, na“Casa da Comarca de Arganil”;

n 31 de Dezembro de 1946 – ces-sou a actividade da Companhia doCaminho-de-ferro do Mondego, porforça da Lei n.º 2008, que unificou arede ferroviária nacional;

n 24 de Março de 1947 – naAssembleia Nacional, o Dr. Mário deAguiar apresenta requerimento, assi-nado por deputados por Coimbra eLeiria e ainda pelo Dr. Ulisses Cortez,em que se perguntava se perante aque-la concentração, ainda se consideravaem vigor o mencionado plano geral darede ferroviária, adoptada pelo decreton.º 18190, de 28 de Março de 1930, e,em caso afirmativo, se as linhas domapa n.º 2 do referido plano – caso dalinha de Arganil estavam previstas asua execução;

n Janeiro de 1948 – nove mesesdepois do requerimento, este aindanão tinha sido respondido, pelo que a“Casa da Comarca de Arganil” lançounova campanha pela boca de A. J.Vasconcelos Carvalho, o qual publica“Breve ensaio para um estudo históri-co, económico e político, sobre o ca-

minho de ferro de Arganil e seus pro-longamentos”;

n Década de 50 – locotractoresGeneral Electric 1101 a 1112 e even-tualmente automotoras NOHAB

n 1955 – automotoras ALLAN;n 1962/63 – locomotivas diesel

Brissoneau;n 1968 – locomotivas 1400;(Tracção a vapor Henschel Loco

0187 ou Diesel série 1400)n 1979/80 – automotoras tipo

Ferrobus, espanholas;n Novamente as ALLAN;n final da década de 80 – O

Presidente da CM Miranda do Corvo efuturo Governador Civil de Coimbra,Dr. Jaime Ramos, defende a constru-ção de túnel na zona do Parque dacidade para possibilitar a travessiapela cidade e ligação à linha do norte eramal da Figueira da Foz

n 1990 – PDM de Coimbra propõe,em discussão pública, o encerramentoparcial do ramal ferroviário da Lousã,no sentido da sua transformação numaverdadeira linha suburbana. Namesma altura a União dos Sindicatosde Coimbra / CGTP, apoiara a ideia doprolongamento da linha a Góis,Arganil e Oliveira do Hospital (in Tre-vim 518);

n 1990 – na CCRC, debate sobre“Modernização do Sistema Ferroviárioda Região de Coimbra”, foi defendidaa electrificação imediata da linha ferro-viária da Lousã (in Trevim 521);

n 1991 – a CM Coimbra defende asolução de construção do túnel ferro-viário na baixa de Coimbra.

Algumas datas importantes para a Linha da Lousã

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 200788 OOPPIINNIIÃÃOO

NATAL DE JESUS,NATAL DO HOMEM

As nossas raízes são cristãs. Comoescreveu recentemente o filósofo agnós-tico Régis Debray, “é sempre possívelrenegar esta ascendência; negá-la seriafrívolo”. É uma “questão de códigogenético”. É a nossa “árvore genealógi-ca”, sem “orgulho” nem “vergonha”.Não se pode negar a própria identidade.Não se trata de impô-la aos outros, mas,quando se conhece as próprias raízes, émais fácil dialogar com os outros, apre-ciando as deles e abrindo-se, na univer-salidade, ao enriquecimento mútuo.

A título de exemplo, Debray pedeque se repare nos nossos dias feriados,nas nossas igrejas, nos nossos museus,na nossa música. Sem o Concílio deNiceia II (787), que autorizou as ima-gens, teríamos a arte que temos e “todasas nossas paixões ópticas”? Por parado-xal que pareça, o lugar do feminino nonosso imaginário não deve também aoculto mariano? Não está o nosso proto-colo republicano ligado, através do pro-tocolo monárquico, à hierarquia celesteestabelecida pelo Pseudo-DionísioAreopagita? É claro que a laicidade tema sua raiz no vocabulário eclesiástico.

A nossa concepção de pessoa tem nasua base os debates à volta da tentativade entender o mistério de Cristo e daSantíssima Trindade. A própria “mortede Deus” não se compreende sem arelação com a morte de Cristo na Sexta-Feira Santa - lembre-se a “Sexta- -FeiraSanta especulativa”, de Hegel.

Se é verdade que na Europa se viveuma crise de fé e de pertença cristã, tam-bém se não pode esquecer que o núme-ro dos católicos e dos protestantes nomundo não deixa de crescer. Dois milmilhões de seres humanos confessam-secristãos, o que faz do cristianismo aprincipal religião da Humanidade. (…)

u Anselmo Borges(padre e professor de Filosofia)

DN 24/12/06

O NATAL DO CDS

Ao Natal, festa do amor, da compai-xão e da partilha, renderam-se, talvezpiegas, todos os partidos, de social-democratas a comunistas. Só o CDS foiimune aos eflúvios da quadra. E, porisso, a concelhia de Lisboa escolheu amanjedoura de caserna, as rações decombate e um rancoroso comício para

lhe dar corpo e sentido. Ciente da prataque tem na casa, Ribeiro e Castro nemapareceu, preferindo exibir outras obri-gações de militância. Mas Paulo Portasesteve lá e emprestou o sorriso à rebeli-ão. O sorriso, a palavra não. Para quêdeixar-se aprisionar nas palavras ditas?Essas ficaram a cargo de Nuno Melo,um impetuoso cultor da pequena glóriado minuto. E as palavras levaram à suareprovação e crítica pela ComissãoPolítica e à exigência de que o líder par-lamentar se demita. E esta ao voto deconfiança política de onze, sobre doze,deputados e à defesa pública de NunoMelo por Telmo Correia. E esta a novasexigências de demissão, por parte demembros daquela comissão. Enfim,coisas que não se adivinhavam emadversários jurados da eutanásia. (…)

u Nuno Brederode SantosDN 24/12/06

MORGADO E SALGADO

A expectativa em torno do desempe-nho de Maria José Morgado e da suaequipa na investigação do processo‘Apito Dourado’ é grande: a maioriados portugueses (55 por cento) inquiri-dos na sondagem CM/Aximage acredi-ta que o processo vai andar melhor coma nomeação da magistrada pelo procu-rador-geral da República, Pinto Mon-teiro. Apenas 2,5 por cento consideraque o processo vai andar pior; 26,3 porcento acha que a centralização de toda ainvestigação não vai alterar o andamen-to das diligências e 16,2 por cento diznão ter opinião formada.

(…)A maioria dos adeptos do Benfica

inquiridos nesta sondagem (41,4%) nãotêm dúvidas: as acusações de CarolinaSalgado no seu livro recentementepublicado são verdadeiras.

Uma opinião que não é partilhadapelos adeptos portistas. De acordo coma sondagem, 32,5% não tem opiniãoformada sobre o livro com o nome ‘EuCarolina’, enquanto 27,5% dos inquiri-dos consideram que as acusações feitasa Pinto da Costa são falsas. Curiosa-mente, apenas uma pequena franja dosadeptos do Sporting (4,7%) e doBenfica (5%) inquiridos nesta consultaconsideram que as revelações feitas nolivro não são verdadeiras.

Em relação ao conjunto dos portu-gueses, as opiniões estão mais dividi-das: 40,4% não tem opinião, 32,7%considera que são verdadeiras, 16,1%acha que as acusações de CarolinaSalgado, umas são falsas e outras verda-deiras, enquanto 10,8% acredita quenão têm qualquer fundamento.

u CM 25/12/06

INTENÇÃO DOURADA

(…) Maria José Morgado vai ter umaequipa escolhida, meios disponibiliza-dos, uma grande atenção da Co-municação Social que gosta do tema, egosta da magistrada, criando condiçõesúnicas para que, de uma vez para sem-

pre, se esclareça esta sordidez de dúvi-das, insinuações, insultos e acusaçõesgraves que enlameiam, nos corredoresdos poderes ocultos, esse grande espec-táculo que se realiza no campo.

De facto, é tempo de terminar comesta embrulhada de confusões e notíciascontraditórias. Que a magistrada acusequem deve ser acusado, que mande empaz quem deve, por inocência, ser afas-tado deste mercado de má-língua.

Do conjunto de infracções que têmandado na berlinda é urgente que as maisgraves sejam rapidamente esclarecidas.Destaco a agressão a um vereador deuma Câmara Municipal e os eventuaisseguimentos, tentativas de pressão e con-trolo das autoridades judiciárias. A serverdade que alguns capangas tentaramcondicionar o trabalho da PJ e doMinistério Público, controlando-lhes ospassos, ameaçando-os, estamos clara-mente no território da Máfia não só orga-nizada para o negócio mas já disponívelpara comandar rufias e bandidos. (…)

u Francisco Moita Flores(docente universitário)

CM 18/12/06

NATAL

(…) Hoje reconheço a família comoo nó fundamental da sociedade que épreciso preservar. A vida moderna, senão apagou tudo, foi pelo menos dilace-rando os afectos que uniam as pessoas.Hoje temos núcleos mais desumaniza-dos, insensíveis aos problemas das cri-anças e dos velhos. As pessoas vivemamontoadas em casas cada vez maispequenas onde não cabem os velhospais que são tantas vezes abandonadosem lares distantes, de coração partidopela injustiça que a vida lhes reservou.

O tempo vai mostrar e tem vindo aprovar que a fragmentação das famílias,enquanto células iniciáticas dos gruposhumanos, tem influências perturbadorasna sociedade capaz de eliminar senti-mentos de solidariedade que não aju-dam nada o Homem nesta fase da vida,num Planeta cheio de pirómanos sem-pre dispostos a lançar fogo e a fazersangue.

O Natal é também do ponto de vistapessoal uma ocasião complicada paraum homem como eu, educado no intei-ro respeito pelos valores da IgrejaCatólica e sobretudo pela acção grandi-osa dos missionários.

A minha distância nasceu quando,confrontado com a História, vi o Mundoquebrar-se à minha volta com tantossinais impiedosos de interesses obscurosque manchavam a honra de uma institui-ção que eu respeitava. Morri um poucoaí e o resto desapareceu quando, depoisde uma tempestade tumultuosa que mefez a mim e à minha família abandonar aterra onde nasci sem nada numa mãonem na outra, vi a minha mãe morrer,deixando-me um buraco na alma que nãopode ser colmatado porque ela era única,e a sua morte era uma injustiça suprema.

O Natal passou a ser assim ummomento de que eu procurei fugir paraaliviar a dor da memória. A minha gran-de família de Angola pulverizou-se ehoje disfarço bem as minhas mágoaspara não retirar uma gota de alegria àsminhas filhas, que eu ensinei a prezar osmesmos valores.

u Emídio Rangel (jornalista)CM 23/12/06

FELIZ…

(…) Há que acreditar, agora que por cános interrogamos sobre o momento emque começa a vida, há que crer que a vidacomeça imediatamente antes do orgasmoque é um termo muito pouco próprio paraa época e que convém ocultar com omanto diáfano da hipocrisia; já agora, daestupidez, da iliteracia ou da arte dadenúncia ou da extorsão. Roma não pagaa traidores mas talvez o Marselha e oSchalke 04 possam dar um jeito.

Ao homem, vero, resta-lhe plantarum livro, fazer um árvore, escrever umfilho. Já agora mais um desejo, porqueeste antecede o tal acto vil descrito hádois parágrafos mais acima plantar umafilha, escrever numa árvore - enquantoas há - fazer um Livro. A sério. Feliz...

u Rui Reininho (músico)JN 23/12/06

itações

“A expectativa em torno do desempenho de Maria José Morgado e da sua equipana investigação do processo ‘Apito Dourado’ é grande...”

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007 OOPPIINNIIÃÃOO 99A CIMEIRA EUROPA-ÁFRICA

(…) É certo que os acordos de parce-ria económica que deverão desenvolveras relações económicas entre países ACPe a União Europeia a partir de 2008 sãoreconhecidamente problemáticos, mas aEuropa dificilmente fortalecerá a suarealidade de centro de poder efectivosem desenvolver uma nova solidariedadeeuro-africana, acompanhando a inter-venção americana e medindo o desafiochinês, usando a superioridade da suainformação e saber a respeito do conti-nente que governou longamente, e ultra-passando o paternalismo hereditário. Éevidente a importância das relações bila-terais, um modelo de grande interessepara Portugal, mas a coordenação numapolítica externa da União é visivelmenteindispensável. A questão das migraçõesdescontroladas é uma ameaça comum,porque se trata de movimentos apoiadosno direito natural de ir de um lugar paraoutro em busca de sobrevivência, e ape-nas a regulação participada impedirá quetais migrações ingressem como umaameaça específica na nova polemologia,com as suas numerosas vítimas no com-bate que os Estados de destino dificil-mente ganharão de outro modo: Melilla(2005) foi um anúncio da encruzilhada.Por outro lado, o fenómeno RobertMugabe, do Zimbabwe, por muito querepugne aos europeus, vai tendo apoiodos africanos que o consideram comoum lutador contra as hegemonias ociden-tais, e lembra as reivindicações africanasde arrependimento e reparação pelo trá-fego de escravos, trabalho forçado,expropriação de recursos naturais.

Muitos observadores sublinham acrescente agudeza dos confrontos deopinião, de interesses, e de métodos deacção, entre europeus e africanos, comas guerras civis a sublinharem a desor-dem de algumas comunidades empo-brecidas e compelidas à obediência ser-vil, com o comércio de armas a consu-mir recursos e aprofundando a submis-são, com as relações económicas assi-métricas e as pestes a consumirem asvidas e os orçamentos.

Trata-se de um panorama que pareceapontar para uma alternativa europeia:ou estruturar uma euráfrica contratuali-zada que tenha significado e presença,ou preparar-se para a erosão da sua rea-lidade virtual, então progressivamentemais distante de uma capacidade honro-sa na cena mundial.

u Adriano MoreiraDN 26/12/06

SEM EUFEMISMOS

(…) Também Sócrates está atento enão dorme. Generoso, enviou ao TC unsinocentes pareceres e uma cartinha deboas-festas. Com a melhor das inten-ções, disse. Mas ninguém o compreen-deu. Porque Sócrates nos habituou aque de Pai Natal não tem nada. A suavocação é outra. Foi mais um dos seusregulares mergulhos em águas altamen-te poluídas. De um primeiro-ministro

espera-se (sentado) que respeite todosos cidadãos. Mas não se desculpa quenão tenha um respeito integral e absolu-to por todas as instituições. Ora,Sócrates definitivamente desrespeita edesvaloriza tudo e todos à sua volta. Époliticamente mais letal que o plutónio.Com este apressado recurso a fazedoresde pareceres, Sócrates desrespeitoudeputados, o PR (cuja iniciativa indirec-ta, mas claramente crítica) e, sobretudo,repetiu uma gravíssima afronta aoTribunal Constitucional. Com a ousadiados receosos, faz avançar os seus solda-dinhos de chumbo, mascarados de tro-pas de elite.

Sócrates não acredita no mérito e nasvirtudes do Tribunal Constitucional;Desconfia. Está inquieto e perde o bomsenso. Atabalhoadamente, vem dizer quenão quer influenciar nem pressionar oTC. Ninguém lhe disse (e ele que é enge-nheiro não sabe) que é só para isso queos pareceres podem servir. Não têmqualquer outra utilidade. Porque é tãofácil encomendar meia dúzia de parece-res destinados a tranquilizar Sócratescomo outra meia dúzia a tirar-lhe o sono.É só ir ao mercado; encomendar e pagar.

Sócrates é pouco discreto. O seu egopolítico turva-lhe a visão. Não quer sóser o senhor absoluto do seu partido, dogrupo parlamentar e do Governo.Gostava de estar um pouco por todo olado. De ter uma palavra a dizer nos tri-bunais. Para iniciar a jornada envia, comcandura, aos juízes do TC, como prendade Natal, um pequeno manual prático deinterpretação de textos constitucionais,para uso na leitura da Lei das FinançasLocais. Recorda-lhes (sem nada lhesdizer) que eles só por si, provavelmente,nunca chegariam à fonte da excelência eda sabedoria. Precisam de uma ajudinha.Um pequeno empurrão na hora certa.Pena é que Sócrates, individualmente,também não acredite em nenhum dosilustres opinadores e se deixe tentar peloargumento da molhada. Em vez de um,os senhores juízes terão de gramar cincopareceres. Que Consoada! (…)

u João Marques dos Santos(advogado)

CM 22/12/06

AGORA SÓ FALTAA INTELIGÊNCIA

Ontem, fim da tarde, trânsito louco,eu estava na esquina e vi tudo. Entreduas avenidas de Lisboa, a João Cri-sóstomo e a 5 de Outubro, vi civilidade.

Dois carros dão um ligeiro toque eparam, entupindo duas das três vias deuma das avenidas. Os condutores cum-prem o Código da Estrada: vestem oscoletes amarelos e verificam os peque-nos estragos e as culpas. Acordam o quedevem fazer e põem-se a escrever asparticipações para o seguro.

Sem gritos e, até, com sorrisos. Vitudo, na esquina, durante meia hora.Não me vou esquecer de agradecer aoPai Natal por ter dado simpatia aos por-tugueses.

Para o ano vou pedir que distribuatambém inteligência. Em 2007, talvezjá veja os condutores, depois dos peque-nos acidentes, a estacionar, para nãoincomodar os outros.

u Ferreira FernandesCM 22/12/06

A EMBRIAGUEZ SOCIALISTA

Vivemos num Estado de DireitoDemocrático, cuja Constituição impõe orespeito pelo princípio da separação depoderes, o respeito pelas várias soberani-as e pela liberdade de expressão. A pro-tecção constitucional destes princípiossignifica que, mesmo nos regimes dedemocracia representativa, existem limi-tes de legitimidade para quem governa.O partido socialista que, ideologicamen-te, mais parece um “albergue espanhol”,ainda não percebeu esta realidade.Existem dois ‘PS’: um, quando está naOposição, com uma prática respeitadoradestes princípios democráticos; o outro,quando está no Governo, que não respei-ta a Constituição e que procura tomar de‘assalto’ os outros poderes de soberania,no caso, o poder judicial, querendo poli-tizar a Justiça e tê-la ao seu serviço. Deforma sub-reptícia quer, também, liqui-dar a liberdade de expressão, com novoscoronéis da Entidade Reguladora para aComunicação Social, que já não usam olápis azul, mas usam o computador, e sãomais perigosos porque têm outros meiose estão mais informados. O PS noGoverno, faz o que disse Rousseau, “opovo só é livre durante a eleição dosmembros do Parlamento; uma vez elei-tos estes, ele volta a ser escravo, não émais nada”. Não se pode ter um duploPS, no sentido de que, ao lado de um PSvisível, existe um PS invisível. O PSinvisível fomenta a criação de um Estadoinvisível, na ‘boa’ tradição jacobina.

(…)No Governo, o PS é mais conserva-

dor e menos transparente que os parti-dos à sua direita. Salazar, comparadocom alguns falsos democratas, quegiram na órbita da nossa pobre e frágildemocracia, era aprendiz de feiticeiro.E a chatice de tudo isto é que semprevotei no PS.

u Rui Rangel (juiz)CM 17/12/06

UM PARTIDO EM CACOS

O CDS-PP arrasta-se penosamentepela “vidinha” político-partidária Por-tuguesa. Uma “vidinha”, diga-se, muitopouco interessante. O governo seguetranquilamente o seu caminho, apoiadonas sondagens pela maioria dos Por-tugueses que interiorizaram a inevitabi-lidade das reformas e que reconhecemem José Sócrates a credibilidade e aconfiança que se exigem a um primeiro-ministro. O PSD vai gerindo o dia a dia,sem grande margem de manobra e sem-pre cercado pelo fantasma do passado,ou seja, das oportunidades perdidas.Marques Mendes é um líder que carre-ga uma enorme cruz. Político profissio-

nal, está obrigado a gerir expectativas ea preparar o futuro, mas tal missão afi-gura-se difícil. Por um lado, o PS secatudo à sua volta. Por outro, em conta-gem decrescente para 2009, vão sercada vez mais os “ notáveis “ que se irãoafastando da sua liderança, apontando-lhe ora a falta de acutilância, ora a ausên-cia de carisma. As demarcações terãotendência para aumentar à medida quenos aproximarmos do ciclo eleitoral.

À esquerda, PCP e Bloco ocupam oespaço protestativo. Sem surpresa, é issoo que se espera dos comunistas e dosBloquistas. Francisco Louçã está maisapagado do que no passado e o simpáti-co Jerónimo de Sousa lá vai conduzindocom a sua ortodoxia inabalável um PCPque vai sobrevivendo aos ventos da his-tória e a algumas feridas internas quevolta e meia vão sangrando.

(…)O que os deputados do CDS sabem é

que o seu futuro, enquanto parlamenta-res, está dependente da saída de Ribeiro eCastro e que quanto mais rapidamenteacontecer essa mudança, mais tranquilosse sentirão. Para álem de desígnios políti-cos, aquilo a que assistimos é a uma lutade lugares e de lógicas de sobrevivênciaque se jogam no palco de S. Bento. Deigual modo, só o estoicismo de Ribeiro eCastro ou um qualquer prazer oculto emser líder de um partido feito em cacos, éque poderão explicar a forma como resis-te num território minado. A história, tris-te, não vai ficar por aqui.

u Judite de Sousa (jornalista)JN 23/12/06

A LINGUÍSTICA DA TLEBS

Já quase tudo se disse sobre os incon-venientes, pedagógicos, sociais e out-ros, da aplicação da TLEBS nos níveisde ensino para os quais foi concebida,pelo que os não repetirei. Limitar-me-eia recordar, a respeito, que a multiplica-ção desde 1997 de “acções de forma-ção” de professores indicia ou que estessão incompetentes a ponto de necessita-rem delas e de livros explicativos, noque não creio, ou que a terminologia é,mesmo para eles, tão abstrusa e incon-sequente que se não dispensam forma-ção específica e cábula - e nisto já acre-dito. Se assim é para os professores, quedificuldades não se depararão a criançase adolescentes?

(…)Diz-se que a TLEBS resultou da

necessidade de se rever a NomenclaturaGramatical Portuguesa de 1967. Nãohavia, contudo, vantagem em substituiro que era gramatical pelo que se preten-de linguístico. Se há que actualizar aNomenclatura, actualizemo-la, mascontemplando o que for científica epedagogicamente ponderado e não cri-ando sabedorias dentro do que, feliz-mente, nem sequer chega a constituiruma escola linguística.

Até lá, suspenda-se, pois, o disparate.u Jorge Morais Barbosa

(Professor da Universidade de Coimbra)

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 20071100 SSAAÚÚDDEE

“Infecciologia e política”

As conquistas médicas e biológicasfizeram crer, em tempos, que o problemadas doenças infecciosas estaria em vias deser resolvido, graças às medidas de higie-ne, de prevenção, de vacinação específicae tratamentos médicos. Nada mais falso.Muitas permanecem activas com a maisnatural arrogância; outras adquiriram umestatuto mais virulento, não esquecendoas mais recentes que, sendo até há poucotempo desconhecidas, emergiram comuma força mortífera, antevendo gravesdificuldades e sérios problemas, mesmo acurto prazo para a Humanidade.

A nível mundial, um quarto das mor-tes e um quarto das doenças são da suaresponsabilidade. Mas não é a espéciehumana a única a ser atingida. As outras

espécies, animais e vegetais, são igual-mente vítimas.

O impacto económico atinge cifrasinimagináveis da ordem de muitosmilhares de milhões de euros. O exem-plo da pneumonia atípica é ilustrativo.Em 2003, esta grave doença matoupouco mais de mil pessoas. No entanto,o produto nacional bruto no LesteAsiático sofreu uma redução de 2%.Calcula-se que a expectável pandemiada gripe das aves poderá matar milhõesde pessoas e provocar prejuízos naordem de 700 mil milhões de euros,num simples ano!

As preocupações e os esforços naluta contra as vicissitudes, miséria edoenças estão bem patenteados emvários documentos.

A esperançosa Declaração doMilénio que antevia, entre muitos out-ros objectivos, parar e começar a inver-ter a propagação e a incidência de deter-minadas doenças, como a tuberculose, oHIV/SIDA e a malária – “The Big Tree”– está condenada ao insucesso, já quenão é possível atingir os objectivos pre-vistos para 2015.

A pobreza, as viagens, as correntesmigratórias, a intromissão de novasespécies, as alterações das práticas agrí-colas e uso da terra, a intensa urbaniza-ção, as alterações climáticas, o aumentode idosos e de pessoas com reduçãoimunitária, as agressões físicas e quími-cas a que estamos constantemente a sersujeitos, determinam um futuro nadaauspicioso em matéria de doençasinfecciosas. Às velhas epidemias, queirão fazer a sua reentrada, associam-seoutras muito problemáticas.

Face às ameaças, os responsáveisconseguem desenvolver meios sofisti-cados, graças às novas tecnologias, quepoderão, por exemplo, identificar se umser humano, um animal, um presunto,ou uma fruta são os não portadores dedeterminados agentes, numa questão de“minutos ou segundos”! Outras medi-das, que se prendem com o controlo e“trajectória” das pessoas, de forma alimitar os danos ou a estabelecer as res-pectivas medidas de isolamento e dequarentena, serão passíveis de imple-mentação, mas com um senão: possívelameaça às liberdades individuais.

Hoje, é possível estabelecer com pre-cisão os dias e horas dos contactos tele-fónicos e, através deles, identificar, porexemplo, redes de terroristas, como foio caso do 11 de Março em Madrid. Háquem afirme que, em caso de epidemiasinfecciosas, os registos telefónicospoderão ser úteis para identificar con-tactos e “traçar a trajectória”. Outrastécnicas de localização e identificação“permanentes” estão na calha.

Uma análise mais aprofundada permi-te-nos concluir que o que está a acontecernão é um mero assunto da esfera daInfecciologia, mas é, sobretudo, um pro-blema político. Por mais que actuemos aonível médico–biológico, nunca seremoscapazes de resolver o problema da formamais adequada, ficando muito aquém doque está, de facto, ao nosso alcance.

A política é o principal caldo de cul-tura ao permitir o desenvolvimento e amultiplicação de “agentes” que poderi-am modificar o rumo destes aconteci-mentos. Só que alguns caldos estão for-temente contaminados por agentes tãoou mais perigosos que muitos vírus oubactérias…

MassanoCardoso

Entre as várias partículas gordas quecirculam no sangue, os triglicéridosdestacam-se por se relacionarem direc-tamente com uma alimentação incor-recta, com a diabetes e com a obesida-de.

As doenças cardiovasculares conti-nuam a apresentar uma percentagemelevada de mortalidade, morbilidade,diminuição da qualidade de vida e ele-vados custos, sejam directos sejam indi-rectos. Controlar os factores de risco,nomeadamente o síndrome metabólico,pode diminuir a ocorrência de eventoscardiovasculares.

Os triglicéridos são um dos tipos degordura que circula no sangue e que, naopinião do lipidemiologista PedroRodrigues, “por si só, não são um factorde risco de doença cardiovascular. Noentanto, existe fundamento em relacio-nar os triglicéridos elevados (hipertri-gliceridémia) com o naipe de todos osoutros factores de risco, nomeadamenteos que compõem o síndrome metabóli-co”.

Isto porque, diferentes níveis de tri-glicéridos podem ter diferentes implica-ções na saúde dos indivíduos, uma vezque depende da sua classe lipoproteica.“Todas as pessoas que tenham sofrido

um enfarte do miocárdio terão as LDLdo tipo B aumentadas (lipoproteínaspequenas, densas, ricas de colesterol efacilmente oxidáveis), e que estãodirectamente relacionadas com a doen-ça cardiovascular”.

Também os obesos têm cerca de 20vezes mais hipóteses de desenvolver asíndrome (triglicéridos aumentados,HDL baixas, LDL do tipo B, obesidade,diabetes tipo 2 e hipertensão). Segundocálculos de Pedro Rodrigues “os cercade 175 milhões de obesos europeus têmgastos na ordem dos 50 a 100 biliões deeuros. Ou seja, apenas pelo facto de serobeso, cada indivíduo gasta 500 euros amais do que devia”.

Os maus hábitos de vida estão na ori-gem deste problema, uma vez que, deuma forma geral, em todas as doençascardiovasculares o factor genético estápresente em apenas cerca de 25 a 30 porcento dos casos.

Por isso, na opinião do especialista,“cabe a cada indivíduo perceber quedeve manter hábitos alimentares saudá-veis, praticar exercício físico, evitar oconsumo de álcool e abandonar víciostabágicos, para que o seu percurso sejao mais agradável, o mais satisfatório e omais longo possível”.

PROVOCADOS POR HÁBITOS DE VIDA INCORRECTOS

Níveis elevadosde triglicéridos originamriscos cardiovascularesA artrose é habitualmente associada ao

envelhecimento. No entanto, qualquerpessoa pode sofrer deste problema. EmPortugal existem cerca de dois milhões deindivíduos com esta doença.

“Não mata mas mói”, diz o velho dita-do. E neste caso aplica-se na perfeição,pois a artrose é responsável por reformasantecipadas e baixas laborais, para alémdo elevado custo e sofrimento que repre-senta para o doente.

Segundo Rui André, reumatologista doHospital Militar Principal, “trata-se deuma doença de difícil diagnóstico e abor-dagem terapêutica mas também envolta deideias e conceitos errados”, sublinhandoque o objectivo do seu tratamento é sobre-tudo controlar a dor, melhorar a função eatrasar a progressão da doença.

Para isso, o especialista refere a impor-tância das medidas não farmacológicas,que têm que ver essencialmente com aeducação e ensino dos doentes na protec-ção articular. As modalidades farmacoló-gicas são vastas e é necessário ter em contaque cada doente é um caso. Por isso,devem ser avaliadas outras co-morbilida-des. No controlo da dor, são utilizadosdiferentes substâncias com aplicações eresultados distintos. “O paracetamol é ummedicamento bastante usado e bem tolera-do; no entanto, resultados de estudosrecentes alertam para alguma toxicidade

na toma continuada”, alerta o reumatolo-gista. “Também os anti-inflamatórios nãoesteróides, os analgésicos opióides e osmedicamentos intra e peri-articulares sãofrequentemente utilizados no controlo dador e melhoria da função”, explica.

“Com eficácia sintomática, mas compropriedades modificadoras da doença, osulfato de glucosamina existe há muitosanos e, através de estudos científicos quefundamentam a medicina baseada na evi-dência, foi possível demonstrar que umamolécula tão simples consegue melhoriasno controlo da dor mas também, e de umaforma inequívoca, obter uma eficácia noatraso da progressão da doença”, observaRui André. Fica claro que “todos os doen-tes com artrose beneficiam das medidasnão farmacológicas quando utilizadascontinuamente e que o sulfato de glucosa-mina comprovou ser um medicamentoeficaz, bem tolerado e que impede a pro-gressão da doença, oferecendo melhorqualidade de vida aos doentes”.

O especialista aproveitou a oportunida-de para esclarecer que, “apesar de existi-rem no mercado diversos produtos devenda livre dizendo conter sulfato de glu-cosamina e com propriedades curativaspara a osteoartrose, pode não se tratar, narealidade, da mesma substância ou medi-camento”, como têm apontado, aliás,alguns estudos recentes.

AFECTA CERCA DE 20% DOS PORTUGUESES

Artrose não atacasó os mais velhos

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007 SSAAÚÚDDEE 1111

NOVA ESTRUTURA ENRIQUECE SECTOR DA SAÚDE EM COIMBRA

“Espaço Fertilidade”com serviços inovadores

Foi inaugurado na passada semana,em Coimbra, o “Espaço Fertilidade”,uma estrutura inovadora que vem enri-quecer o sector da Saúde em Coimbra.

Trata-se de “um conceito diferente deserviços na área da Medicina daReprodução que se dedica ao estudo etratamento de situações de esterilidade,nas suas vertentes feminina e masculi-na, de forma integrada e num únicolocal, proporcionando aos seus utentesum atendimento personalizado, numambiente acolhedor e no menor tempopossível” – como referem as suas res-ponsáveis, Teresa Almeida Santos ePaula Cristina Henriques.

Para além das consultas realizadaspor médicos especialistas experientes,no “Espaço Fertilidade” existe uma saladesignada “Espaço VIDA”, com condi-ções únicas para colher sémen para aná-lise no laboratório existente nas própri-as instalações.

O “Espaço Fertilidade” proporcionatambém a realização de consultas deObstetrícia e de Aconselhamento Ge-nético e Diagnóstico Pré-Natal, sendopossível efectuar no local colheitas desangue para rastreio bioquímico de ano-malias cromossómicas do feto e mesmocolheita de líquido amniótico por amni-ocentese para estudo dos cromossomasdo feto.

Ali funcionará ainda uma consulta dePsicologia Clínica destinada a apoiar oscasais que dela sintam necessidade.

Também no mesmo local será possí-vel realizar ecografias ginecológicas eobstétricas por médicos dotados degrande experiência, assegurando,assim, a prestação da totalidade dos cui-dados até ao momento do parto.

O “Espaço Fertilidade” integra osseguintes colaboradores: Consultora –Prof. Dr.ª Teresa Almeida Santos. Con-sultor em Biologia da Reprodução eFertilidade Masculina – Prof. Dr. JoãoRamalho-Santos. Ginecologia e Obs-tetrícia – Dr.ª Elvira Marta e Dr.ªFilomena Coelho. Ginecologia eEcografia Ginecológica - Dr.ª IsabelVeiga de Miranda. Ecografia Obs-tetrícia – Dr.ª Lubélia Ferreira. Urologia/ Andrologia – Dr. Joaquim DionísioDuarte. Psicologia Clínica - Dr.ª Ma-riana Moura Ramos. Avaliação daFertilidade Masculina – Dr.ª PaulaCristina Henriques.

No “Espaço Fertilidade” os casaispodem dispor de consultas de rotina, deinvestigação dos distúrbios da fertilida-de e destinados à realização de técnicasde investigação semiológicas e conse-quentes terapêuticas – afirmam as suasresponsáveis, acrescentando:

“Todas as técnicas actuais de vigilân-cia da gravidez normal poderão ser rea-lizadas neste local, incluindo-se a reali-zação do rastreio bioquímico de anoma-lias cromossómicas em colaboraçãocom um laboratório certificado. Estacircunstância vai permitir às grávidasrealizar, no mesmo dia e no mesmolocal, a ecografia do primeiro trimestreda gravidez, a consulta de obstetrícia eaconselhamento genético e a colheita desangue para o rastreio bioquímico.Deste modo os resultados serão dispo-nibilizados nas 24 horas seguintes,reduzindo-se, assim, a ansiedade e otempo inerentes à realização de todosestes procedimentos. Se for consideradoadequado asseguramos também a reali-zação de amniocentese para estudo cro-mossómico fetal”.

SERVIÇOS INOVADORES

As responsáveis deste novo espaçoreferem ainda:

”De entre os serviços que iremos dis-ponibilizar destacamos um que é total-mente inovador e que permitirá aosespecialistas que o desejem efectuar nosseus próprios consultórios insemina-ções intra-uterinas (IIU) de espermato-zóides previamente seleccionados.Nesta perspectiva, desenvolvemos umkit de IIU, totalmente inédito, em que,por indicação do seu médico, o pacien-te se desloca ao Espaço Fertilidade pararealizar a colheita de sémen, o qual é deimediato processado, sendo-lhe forneci-do um kit de IIU que inclui a amostra de

esperma tratado e um catéter adequadopara o efeito. Este kit de IIU permitiráao médico realizar, no seu próprio con-sultório, a inseminação com espermato-zóides dotados de boa mobilidade, con-centrados num pequeno volume demeio de cultura, ideal para a realizaçãoda técnica, sem perdas de tempo e commaior possibilidade de sucesso.

Paralelamente possibilitamos tam-bém, aos médicos que o desejem, a rea-lização e/ou análise de testes pós-coi-tais, com o intuito de verificar a eficáciada interacção entre os espermatozóidese o muco cervical do cônjuge. Para esteefeito disponibilizaremos caixas detransporte de lâminas de vidro de formaa assegurar que a amostra de muco cer-vical chega ao nosso laboratório emcondições adequadas.

Outro dos nossos objectivos é reali-zar estudos detalhados da fertilidademasculina para o que contamos com oauxílio de um médico andrologista e deuma técnica com grande experiência ecom a orientação científica do Prof. Dr.João Ramalho Santos, perito nesta áreada Biologia da Reprodução. Assim, ire-mos proporcionar o estudo da fragmen-tação do DNA dos espermatozóides,variável de importância fundamental nosucesso da fecundação e do desenvolvi-mento embrionário precoces. Esta téc-nica será associada ao estudo conven-cional das características físicas doesperma e da morfologia e mobilidadedos espermatozóides, podendo tambémrealizar-se testes de migração e desobrevida dos gâmetas masculinos”.

OBJECTIVOSDO NOVO ESPAÇO

Sobre as razões da criação desta novaestrutura, dizem as suas responsáveis:

“O Espaço Fertilidade nasceu de umapreocupação de divulgação dos conheci-mentos científicos actuais e de dar res-posta a dúvidas que se colocam aoscasais com o diagnóstico de Esterilidadeconjugal. Esta necessidade foi sentidapor nós já há alguns anos tendo levado àcolaboração da consultora deste projectonum website que tem já vários anos deexistência. Porém, a resposta via Interneta dúvidas dos casais não esgota as possi-bilidades de interacção existentes numcontacto pessoal. Este sentimento levoua que tivéssemos organizado sessõesmensais de divulgação e esclarecimentosobre técnicas de Procriação Medica-mente Assistida, destinadas aos casais jáenvolvidos ou com perspectivas de vir arealizar este tipo de tratamentos.

É agora nossa intenção alargar estaacção pedagógica, de imediato, atravésdo nosso website: www.espacofertilida-de.pt, e a curto prazo, possibilitando umcontacto directo com eventuais interes-sados em aprofundar e debater questõesrelacionadas com a Fertilidade e a Re-produção Humanas.

Com este objectivo iremos criar umespaço de divulgação, anexo ao EspaçoFertilidade, contando já com a colabo-ração de várias personalidades que irãoanimar as sessões de debate que terão oseu início, provavelmente, no segundotrimestre de 2007”.

Teresa Almeida Santos e Paula Cristina Henriques

DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 20071122 RREEPPOORRTTAAGGEEMM

Clubes rotários de Coimbra em festa

Os três clubes rotários de Coimbraestiveram em festa nos últimos dias.

Assim, o Rotary Club de Coimbra//Olivais recebeu a visita do Governadordo Distrito Rotário, Álvaro Gomes, eacolheu a entrada de um novo elemen-to: Pires de Carvalho, docente do ensi-no superior, apadrinhado por Wander deCarvalho.

No jantar festivo participou tambéma Presidente da Comunidade Juvenil deS. Francisco de Assis, a quem aqueleclube rotário, presidido por MarianoPego, entregou um donativo como con-tributo para aquela exemplar obra deapoio a crianças e jovens.

O mesmo Clube reuniu dias maistarde para o seu jantar de Natal.

Também o Rotary Clube de Coimbra,presidido por António Sousa Martins, pro-moveu um jantar de Natal, em que partici-pou o Governador e elementos dos clubesrotários de Santa Clara e dos Olivais, reu-nindo cerca de uma centena de pessoas.

O referido Clube (o mais antigo deCoimbra) esteve nessa tarde no centroda APPACDM de S. Silvestre, entre-

gando à respectiva Presidente, HelenaAlbuquerque, diverso material informá-tico que permitiu criar uma sala, a quefoi dado o nome do clube ofertante, eque constitui uma dádiva importantepara o extraordinário trabalho que aque-la Associação desenvolve, apoiandomais de meio milhar de deficientesmentais.

ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE COIMBRA

Centenas de pessoasna festa do 17.º aniversário

A Escola de Hotelaria e Turismo deCoimbra (EHTC) assinalou há dias o seu17.º aniversário com um jantar comemo-rativo que juntou cerca de setecentaspessoas.

A festa decorreu nas Caves de Coimbrae incluiu ainda a cerimónia de entrega decertificados e diplomas aos alunos que ter-minaram os seus cursos no ano lectivo2005-2006. Foram 81 novos profissionais

que receberam os documentos que atestama sua certificação escolar e profissional,distribuídos pelos seguintes cursos:Turismo, Restaurante/Bar, Cozinha e Té-cnicas e Gestão Hoteleira.

Na ocasião, o Director da EHTC, JoséLuísa Marques, aludiu ao significado dadata, agradeceu a presença dos convidadose a colaboração de quantos trabalham naEscola, e prestou homenagem a todos os

alunos que por ela têm passado e cujodesempenho profissional muito prestigia oestabelecimento onde aprenderam.

Criada em 29 de Novembro de 1989, aEHTC tem apostado, ao longo de sucessi-vas gerações de alunos, em preparar osmelhores profissionais para o sector doturismo, da hotelaria e da restauração, situ-ação evidenciada com o sucesso quedemonstram através das suas carreiras pro-

fissionais e dos níveis de empregabilidaderevelados (muito perto dos 100 %).

No jantar comemorativo, a comunida-de escolar actual (funcionários, formado-res e alunos) viu juntarem-se muitos anti-gos alunos, formadores, funcionários ecolaboradores, bem como entidades ofici-ais, entidades parceiras e empresas dosector, saldando-se a festa por um anima-do convívio.

Mariano Pego, Álvaro Gomes e Madre Teresa no ritual de sau-dação das bandeiras

Joaquim Garrido, Jorge Côrte-Real e José Cunha e CostaWander de Carvalho, Pires de Carvalho, Álvaro Gomes e Mariano Pego

Aspecto da mesa que presidiu ao jantar do Rotary Club de Coimbra/Olivais

Conservatório de Música de Coim-bra: cerca de 600 alunos a frequentarperto de duas dezenas de cursos, minis-trados por 70 professores.

Estes números poderiam indiciar quese estava perante uma escola modelo. Etalvez se deva classificar como tal, se seconsiderarem apenas os bons resultadosque consegue obter perante as condi-ções tão precárias em que funciona.

De facto, é em salas cedidas pelaEscola Secundária de D. Dinis, na Pe-drulha, que o Conservatório está a fun-cionar.

O que vale é o entusiasmo de alunos,professores e dirigentes do Conserva-tório, que lá vão conseguindo enfrentaras dificuldades de toda a ordem paraque os resultados apareçam.

E aparecem!A amostra viu-se com a “Prenda de

Natal” oferecida a Coimbra, nos passa-dos dias 15 e 16, e que consistiu naactuação de alunos de diversos cursosna Baixa da cidade, no primeiro dia, eno Centro Comercial “Dolce Vita”, noseguinte, numa iniciativa que teve oapoio da dinâmica Associação de Pais eEncarregados de Educação dos Alunosdo Conservatório.

A qualidade das interpretações foibem demonstrativa do nível do ensinoque se regista no Conservatório deMúsica de Coimbra, dirigido por ManuelRocha.

O que, para quem conhece as reais

condições em que esse ensino é minis-trado, quase pode considerar-se como“o milagre da música”, que estimulatodos quantos estão ligados a este esta-belecimento de ensino.

NOVO CONSERVATÓRIOEM 2010 CUSTARÁ15 MILHÕES DE EUROS

E a verdade é que esse “milagre” vaiter de prolongar-se por mais algunsanos.

Apesar de, como referimos em ante-rior edição, haver já projecto e localpara instalar o novo edifício.

O local é o espaço actualmente ocu-pado pelo parque de estacionamento daEcovia no Vale das Flores, bem próxi-mo da Oficina Municipal do Teatro – oque criará ali um relevante núcleo liga-do às artes e à cultura. Pena que vá demo-rar ainda tanto a tornar-se realidade.

Segundo o “Centro” apurou, a verbadisponibilizada para 2007 é apenas decerca de 170 mil euros, e será absorvidapelo projecto.

Contudo, a Ministra da Cultura terágarantido que a partir de 2008 serão dis-ponibilizados os 15 milhões de eurosem que a obra está orçada, prevendoque em 2010 o Conservatório de Mú-sica de Coimbra possa, finalmente, dis-por do seu próprio edifício, para assimpoder funcionar, finalmente, em instala-ções condignas.

RREEPPOORRTTAAGGEEMM 1133DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Conservatório de Coimbra: o milagre da música

1144 DDEESSPPOORRTTOO DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Vanessa Fernandes avultaem ano positivo para o desporto nacional

Vanessa Fernandes apresenta-se, adois anos de distância, como a grandepromessa portuguesa para os JogosOlímpicos Pequim2008, uma vez queem 2006 só lhe faltou conquistar o títu-lo mundial de triatlo, “ficando-se” pelaprata.

E 24 de Setembro, a triatleta do Ben-fica igualou a australiana Emma Carneycomo recordista de vitórias consecuti-vas em provas da Taça do Mundo, como 12º triunfo a surgir no percurso olím-pico, em Pequim.

Antes, Vanessa Fernandes, de 21anos, conquistou a medalha de prata nosMundiais – único pódio que lhe faltava–, depois de garantir os títulos europeusabsoluto e Sub-23 pela terceira vez con-secutiva, enquanto Anaís Moniz sagrou-se campeã europeia de juniores.

No duatlo, Portugal conquistou pelaprimeira vez a medalha de ouro colecti-va nos Europeus, onde Sérgio Silva eVanessa Fernandes venceram as provasde Sub-23 e Lino Barruncho e o júniorJoão Silva foram de “prata”.

O atleta Francis Obikwelu sagrou-secampeão europeu dos 100 e 200 met-ros, após no início do ano lhe ter sidoatribuído o título de 2002, entretantoretirado ao britânico Dwain Chambers,por doping.

Naide Gomes foi prata no compri-mento, João Vieira bronze nos 20 kmmarcha e a selecção masculina segundana Taça da Europa de Maratona.

O meio-fundo português ganhou umnovo fôlego com a medalha de prata deFernando Silva nos Europeus de corta-

mato, onde a equipa feminina conquis-tou o quinto título do seu historial e aselecção masculina ficou no segundolugar.

No judo, Telma Monteiro subiu aonúmero um do “ranking” mundial de -52 kg e foi campeã europeia absoluta eSub-23, enquanto Ana Cachola con-quistou o ouro em -70 kg nos Europeusde Sub-23.

A esgrima nacional teve o momentoalto do ano quando Joaquim Videira setornou o primeiro português vice-cam-peão mundial de espada e ManuelCenteno levou o bodyboard para “asluzes da ribalta”, ao conquistar os títu-los mundial e europeu.

A selecção portuguesa de basquete-bol garantiu, 56 anos depois, o apura-mento para um Europeu, onde vaiencontrar, entre outras, a campeã mun-dial Espanha, anfitriã da fase final.

A nível interno, a Ovarense venceu aLiga e o Torneio dos Campeões, o FCPorto ergueu Taça de Portugal e a Taçada Liga foi para a Oliveirense, que,entretanto, acabou com a equipa profis-sional.

Apesar de ter perdido no “play-off”com a Geórgia, a selecção de râguebi,pentacampeã europeia de Sevens, conti-nua a acreditar na primeira presençanum Mundial, tendo agora de baterMarrocos e o Uruguai para garantir apresença na fase final.

Na canoagem, Emanuel Silva foicampeão europeu Sub-23 em K1 1.000metros, o K2 de David Fernandes eFilipe Duarte conquistou a prata nos

500 metros e Leonel Correia e PedroSantos conseguiram duas medalhas debronze (K2 500 e 200 metros). BeatrizGomes, em K1, e Nuno Barros e JoséSousa, em C2, foram vice-campeõesmundiais de maratona.

O espanhol David Blanco venceu aVolta a Portugal em bicicleta, num anoem que Joaquim Agostinho foi imortali-zado no Alpe d’Huez, França, e oBenfica anunciou o regresso às estra-

das, com José Azevedo a liderar. Aselecção de voleibol foi afastada da fasefinal do Euro2007 e terminou a LigaMundial com apenas uma vitória em 12jogos, enquanto o Sporting de Espinhoregressou aos títulos nacionais e oBenfica ergueu a Taça de Portugal.

No andebol, a equipa das “quinas”falhou a presença no Mundial2007 e foiafastada na fase de grupos do Europeu,num ano que marcou a reunião dosgrandes emblemas portugueses na Liga,ganha em 2006 pelo ABC Braga,enquanto o FC Porto venceu a Taça.

O Sporting da Horta, vice-campeãoda Divisão de Elite, atrás do Sporting,chegou à final da Taça Challenge, queperdeu com o Steaua de Bucareste.

Uma jovem selecção de hóquei empatins conquistou o “bronze” noEuropeu, num ano totalmente vestidode “azul e branco”.

No futsal, o Sporting fez a “dobradi-nha”, com a conquista do CampeonatoNacional e da Taça de Portugal, perden-do para o Benfica a Supertaça.

Pela primeira vez, o Rali Dacar saiude Lisboa, com Carlos Sousa (automó-veis) a terminar no sétimo posto eHélder Rodrigues (motos) no nono - omelhor das Yamaha -, num ano em quefoi anunciado o regresso do Rali dePortugal ao Campeonato do Mundo.

A 17ª edição do Estoril Open emténis foi ganha pelo argentino DavidNalbandian e pela chinesa Jie Zheng,com Frederico Gil a tornar- se o tercei-ro português a alcançar os quartos-de-final.

Vanessa Fernandes

A justiça civil e desportiva intervieramem 2006 de forma invulgarmente contun-dente no futebol português, tentando colocaralguma ordem numa modalidade manchadapor sucessivos escândalos que denegriramainda mais a sua credibilidade.

O processo por corrupção conhecidocomo “Apito Dourado”, que no final doano assumiu uma nova dinâmica com anomeação da procuradora-geral adjuntaMaria José Morgado para o coordenar, e o“caso Mateus”, que ditou a descida do GilVicente na secretaria, foram os casos maisquentes.

O Benfica viveu igualmente dias tumul-tuosos com a constituição do seu presidente,Luís Filipe Vieira, como arguido no proces-so relativo à transferência do avançadoangolano Pedro Mantorras do Alverca paraos “encarnados”, já que os cinco milhões deeuros da transacção não entraram nos cofresdo clube ribatejano.

O ex-empresário José Veiga também foi

constituído arguido no processo da transfe-rência de João Pinto em 2000 para oSporting, por suspeita dos crimes de bran-queamento de capitais, fraude fiscal e burlaagravada, por alegadamente terem desapa-recido 3,292 milhões de euros pagos peloclube lisboeta. Dias antes, tornaram-sepúblicos os problemas de José Veiga com oDexia Banque Internationale, que motiva-ram a sua demissão do cargo de director-geral da SAD do Benfica.

O banco luxemburguês interpôs o pro-cesso para recuperar um milhão de euros deum negócio realizado na época em queVeiga era empresário de jogadores, mas aspartes acabaram por chegar a um acordo porocasião da segunda audiência em Tribunal.

Aterminar o ano, Carolina Salgado, anti-ga companheira de Pinto da Costa, um dosprincipais arguidos no processo “ApitoDourado”, publicou um livro em que acusao presidente do FC Porto de situações decorrupção desportiva, evasão fiscal, viola-

ção do segredo de justiça, agressões, perjú-rio e fuga à justiça.

Além de Pinto da Costa, o livro “Eu, Ca-rolina” implica ainda vários outros impor-tantes dirigentes do futebol nacional, algunsdos quais já responderam com a interposi-ção de acções judiciais contra a antiga com-panheira do presidente portista.

Dias depois da sua publicação, a Pro-curadoria-Geral da República nomeou Ma-ria José Morgado para dirigir e dar um novoritmo a todos os processos relativos ao“Apito Dourado”, com o objectivo de alcan-çar “uma coordenação eficaz no sentido deimprimir a dinâmica e rigor necessários àdescoberta da verdade material”.

O processo foi investigado durante quasedois anos e a 08 de Fevereiro foi proferido odespacho de acusação, enquanto a 12 deDezembro começou a fase de instrução,pedida por 16 dos 27 arguidos: até ao finalde Janeiro de 2007 as acusações serão con-firmadas ou anuladas.

No ano de 2006, o futebol também foiagitado por um imbróglio jurídico motivadopelo recurso do Gil Vicente aos tribunaiscomuns (violando as regras da FederaçãoPortuguesa, da UEFAe da FIFA) para resol-ver o problema da inscrição do avançadoangolano Mateus.

O Belenenses, que no final da épocatinha descido à Liga de Honra, participoudos minhotos, que assim foram despromo-vidos, por troca com os “azuis”. O caso co-locou a nu as divisões no seio da ComissãoDisciplinar da Liga Portuguesa de FutebolProfissional (LPFP) então em funções, pro-vocando a demissão de vários dos seus ele-mentos até o órgão deixar de ter “quorum”.

Os novos corpos sociais da LPFP, lidera-dos por Hermínio Loureiro, foram empossa-dos em 2 de Outubro, tendo na ocasião onovo presidente da Liga considerado que o“Apito Dourado” e o “caso Mateus” eram“uma vergonha” para o futebol e para aJustiça.

Justiça cerca futebol

BALANÇO 2006

DDEESSPPOORRTTOO 1155DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Estão a ser ultimados os preparativosda complexa organização do Liosboaa-Dakar, que se inicia na capital portu-guesa no dia 6 de Janeiro, com a pri-meira etapa a findar em Portimão.

No dia 7 os concorrentes sairão dePortimão para Málaga, onde termina asegunda etapa.

E só no dia 8 a prova entrará no con-tinente africano, maiks concrtemanteem Marrocos.

Entretanto, a10.ª e a 11.ª etapas doRali, previstas para a Mauritânia e oMali, foram alteradas, na sequência derecomendações do Ministério dosNegócios Estrangeiros francês.

Estas duas etapas, uma de Nema(Mauritânia) a Tombouctou (Mali) e aoutra de sentido inverso, agendadaspara 16 de 17 de Janeiro, deveriam atra-vessar uma zona de risco entre o Este daMarutiânia e o Norte do Mali.

A10ª etapa será substituída por uma tira-da em redor de Nema, que prevê um per-curso cronometrado de 376 quilómetros.

A 17 de Janeiro, os concorrentesterão meio dia de descanso antes defazerem uma ligação de 280 quilóme-tros para Ayoun-el-Atrous, onde serádada a partida da etapa do dia seguinte,em direcção a Kayes, já no Mali.

No comunicado, os organizadores in-dicam que se comprometeram “a seguiras recomendações do Ministério” e que“decidiram anular as etapas Nema-Tombouctou e Tombouctou-Nema”.

A 13 de Novembro, os serviçossecretos franceses preveniram o gover-

no de ameaças do Grupo Salafista paraa Prédica e Combate (GSPC) sobre acaravana do Lisboa-Dacar e sugeriramuma mudança de traçados daquelas eta-pas na zona em que circula aquele que éo único grupo islamista argelino arma-do ainda activo depois de desmanteladoo Grupo Islâmico Armado (GIA).

No dia seguinte, o Ministério dosNegócios Estrangeiros reconheceu queuma parte do percurso da edição de2007 do mais importante rali todo-o-terreno do Mundo passava em regiõesde segurança “incerta”.

A prova, cuja organização emPortugal está a cargo da empresa JoãoLagos Sport, arranca em Lisboa a 06 deJaneiro, com uma etapa que ligará acapital a Portimão, no Algarve, de ondea caravana parte no dia seguinte, emdirecção a Málaga (Espanha), paracumprir a segunda tirada.

O PERCURSO DO RALIPercurso do Rali Todo-o-terreno

Lisboa- Dacar de 2007, já com as alte-rações:06 Jan, 1ª etapa: Lisboa - Portimão, 464 km (117 de especial)07 Jan, 2ª etapa: Portimão - Málaga (Esp), 545 km (67)08 Jan, 3ª etapa: Nador - Er Rachidia (Mar), 648 km (252)09 Jan, 4ª etapa: Er Rachidia - Uarzazat (Mar), 679 km (405)10 Jan, 5ª etapa: Uarzazat - Tan Tan (Mar), 768 km (325)11 Jan, 6ª etapa: Tan Tan - Zuerat (Mau), 817 km (394)12 Jan, 7ª etapa: Zuerat - Atar (Mau), 580 km (542)13 Jan: Dia de descanso14 Jan, 8ª etapa: Atar - Tichit (Mau), 626 km (589)15 Jan, 9ª etapa: Tichit - Nema (Mau), 497 km (494)16 Jan, 10ª etapa: Nema - Nema, 400 km (366)17 Jan, 11ª etapa: Ligação a Ayoun-el-Atrous (Mau), 280 km18 Jan, 12ª etapa: Ayoun - Kayes (Mli), 484 km (257 km)19 Jan, 13ª etapa: Kayes - Tambacunda (Sen), 458 km (260)20 Jan, 14ª etapa: Tambacunda - Dacar, 576 km (225)21 Jan: Grande Prémio do Lago Rosa (Dacar), 93 km (16)

Tudo a postos para o Lisboa-Dakar

A arte de bem receber

A já tradicional visita dos veteranosunionistas a S. Pedro d’Alva, nesta quadranatalícia, revestiu-se, mais uma vez, degrande êxito. Anível desportivo e apesar doresultado final, a partida foi bastante inte-ressante, as duas formações foram dignasuma da outra.

Num campo com excelentes dimensõesos comandados de Fernando Regênciomantiveram uma melhor circulação de bola,chamando a si o controlo da partida.

O resultado ao intervalo traduzia a maioreficácia ofensiva dos unionistas, e que pode-ria ter tido outra expressão, não fosse o des-perdício de Luís Augusto.

A segunda metade da partida baixou dequalidade. Os unionistas mantiveram ummaior pendor ofensivo mas continuaram aenfermar da mesma “alergia” à baliza de ZéCarlos. As oportunidades de golo sucediam-se a bom ritmo mas só por mais duas vezesé que as redes de Zé Carlos foram violadas.

A vertente social foi “cinco estrelas”.Exímios na arte de bem receber, as gentes deS. Pedro d’Alva fizeram com que a comiti-va conimbricense se sentisse em casa. Norestaurante “Casimiro” as velhas guardasdos dois emblemas puderam apreciar afamosa “lagarada”, num convívio abrilhan-tado, no final, pelos dotes vocais de elemen-

tos dos dois grupos. Aoferta de uma peça decerâmica ao clube aniversariante (o S. Pedro

d’ Alva festejou o 30º aniversário) selou aamizade dos dois núcleos.

FUTEBOL DE VETERANOS

S. PEDRO D’ ALVA 1Zé Carlos, Casimiro, Rodrigo, LuísAmaral, Paulo, Cató, João Carlos,Correia, Zeca, Pedro e Zé Carlos.Jogaram ainda: Luís Morgado,Paixão e Luís.Treinador: Paulo.

UNIÃO DE COIMBRA 5Pedro, Capim, Vítor Duarte, Vítor Oli-veira, Arcanjo, Pinto, Amado, Fernandes,Ramos, Luís Augusto e Murta.Jogaram ainda: Miranda, Pedro Ma-ria, Trindade, Monteiro, Teixeira,Joaquim, Freitas e Marcelino.Treinador: Fernando Regêncio.

Campo do S. Pedro d’ Alva. Árbitro: João Luís. Auxiliares: Lucas e CarlosAbel. Ao intervalo: 1-3. Marcadores: Amado, Murta, Pinto, Paulo e LuísAugusto (2).

S. Pedro d’Alva

União de Coimbra

1166 DDEESSPPOORRTTOO DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

TORNEIO OPEN DE COIMBRA DE JUNIORES

Conimbricenses em destaque

O Torneio Open de Coimbra de junio-res, que contou com a presença de umaformação ucraniana de Kiev, entrou para ocurrículo de vitórias de Jorge Fernandes.O judoca do Judo Clube de Coimbra(JCC) não deu hipóteses à concorrência evenceu a categoria de -73 quilogramas.

Ruben Santos (Académica) ficou na 3.ªposição em -66 quilogramas, enquantoJoão Gonçalves (JCC) terminou a provade -60 quilogramas no 3.º lugar. RicardoPereira (Centro Norton de Matos), em -90quilogramas, alcançou o 2.º posto. JáAndré Andrade (Académica) concluiu acompetição de -81 quilogramas no 3.ºlugar.

Organizada pela Associação Distrital deJudo de Coimbra (ADJC), a prova, quedecorreu no Pavilhão Multiusos, proporci-onou ainda o 3.º posto de Patrícia Silva(Académica) em -63 quilogramas. Naprova de -70 quilogramas, Teresa Mata(JCC) e Joana Peão (Académica) ficaramna 2.ª e 3.ª posição, respectivamente.

Após o torneio, decorreu na sala dejudo do Estádio Cidade de Coimbra, o es-tágio de juvenis e esperanças, que contoucom a presença da selecção nacional deesperanças e dos campeões nacionais dejuvenis. O estágio foi orientado pelosseleccionadores Rui Veloso e PauloNogueira.

Em paralelo, no tapete das Piscinas doEstádio Nacional, em Lisboa, decorreu oestágio da selecção nacional de juniores.Jorge Fernandes, Filipe Reis e Carla Reis(os três do Judo Clube de Coimbra), AnaPatrícia Vicente, Ana Filipa Vicente eAlexandre Vieira (todos da Académica) eAntónio Costa (Beira Mar) integraram aconcentração.

O Pavilhão Multiusos de Coimbra tam-bém foi palco do Torneio de Natal organi-zado pela ADJC. Uma iniciativa que con-tou com a participação de 300 jovensjudocas, com idades compreendidas entreos quatro e 12 anos, vindos de Norte a Sulde Portugal.

Destinado aos atletas veteranos, o Tor-neio dos Mestres, que contou com a pre-sença de judocas ucranianos, realizou-seno mesmo dia e local. No escalão M2,entre os 35 e 39 anos, Joaquim Cortês(Casa do Povo de Ceira) foi o vencedor,deixando Filipe Rosa (Académica) na 2.ªposição.

No escalão M3, judocas entre os 40 e45 anos, Rui Fonseca (Académica) foi o1.º classificado, enquanto o irmão PedroFonseca (Galitos) terminou na 2.ª posi-ção. Rui Veloso, treinador da selecçãonacional de esperanças, concluiu a provano 3.º lugar em representação dosCarvalhos.

JUDO

Jorge Fernandes Filipe ReisCarla Reis

A Europa e Portugal na Imprensa DesportivaDecorreu na FNAC do Norteshop-

ping (Porto), a sessão de lançamento dolivro “A Europa e Portugal na ImprensaDesportiva (1893-1945)”, da autoria dojornalista e historiador FranciscoPinheiro, publicado pela Edições Mi-nervaCoimbra.

A apresentação correu a cargo docomentador desportivo Gabriel Alves,autor de um dos dois prefácios (o outroé da responsabilidade do historiadorAlejandro Pizarroso Quintero, vice-rei-tor da Universidad Complutense deMadrid), que destacou a importância daobra para a compreensão da história daimprensa desportiva portuguesa.

“Este livro lança a luz sobre uma parteoculta da história do nosso jornalismo,numa área de especialização (desporto)sucessivamente esquecida, mas quetanto pode dizer sobre o que nós (portu-gueses e europeus) somos e como pensa-mos”, sublinhou Gabriel Alves. Numestilo muito próprio, que sempre o carac-terizou, o jornalista da RTP fez um breveresumo da obra, saltitando de “estória”para “estória”, referindo vários episódiosinteressantes, como a morte do marato-

nista Francisco Lázaro, durante a mara-tona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo,em 1912, vítima de insolação – a recémimplantada I República fez de Lázaro oseu primeiro herói nacional.

Depois da eloquente apresentação deGabriel Alves, foi a vez do autorFrancisco Pinheiro falar um pouco

sobre o livro, aproveitando a ocasiãopara apresentar diversas capas dos prin-cipais jornais desportivos que serviramde base ao seu trabalho. A primeira capaprojectada foi a do número 1 do primei-ro jornal desportivo português, OVelocipedista, de 1893. Em cada ima-gem projectada, o autor fazia alguma

história deste género de imprensa e con-tava algumas “estórias” relacionadascom cada publicação. Cerca de umadúzia de imagens permitiram aFrancisco Pinheiro fazer uma viagempela principal imprensa desportiva por-tuguesa entre o final do século XIX e ofim da Segunda Guerra Mundial, defi-nindo uma espécie de “linha sentimen-tal” que Portugal e a Europa traçaramdurante esse período conturbado da suahistória – linha essa que oscilou sempreentre os tempos de euforia e os dedepressão.

Isabel de Carvalho Garcia referiu queesta obra está integrada na ColecçãoComunicação das Edições Minerva-Coimbra, coordenada por Mário Mes-quita e que a obra “A Europa e Portugalna Imprensa Desportiva (1893-1945)”apresenta duas vertentes inovadoras:um estudo histórico aprofundado sobreuma área (imprensa desportiva) esque-cida do jornalismo português e a possi-bilidade de se reflectir sobre Portugal ea Europa a partir de uma nova fonte deprodução de pensamento (as páginasdos jornais desportivos).

AARRTTEESS PPLLÁÁSSTTIICCAASS 1177DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

As vanguardas de Amadeo

Inauguramos este espaço que preten-de ser de reflexão sobre artes e culturacom a figura de Amadeo de Souza--Cardoso (1887-1918), trazendo aoCentro o artista que encetou a questãoda vanguarda em Portugal ou, comoanunciou Almada Negreiros, a grandedescoberta de Portugal no século XX.Cem anos volvidos da partida deAmadeo para Paris, a Fundação Ca-louste Gulbenkian tem em exibição, atéfinal de Janeiro, a mostra Amadeo deSouza-Cardoso. Diálogo de Vanguardas.

De tom deliberadamente comemorati-vo em ano de celebrações do cinquente-nário da Fundação, a mostra apresentadaé o resultado de uma cuidada investiga-ção com vista à edição do catálogo rai-sonné do artista que se assumia primeira-mente como pintor. A mais valia doevento é, sem dúvida, a concentração deobras e a revelação de algumas poucoconhecidas do grande público – comoChateau Fort do Art Institute of Chicago,Return from the Chasse do Museu deMichigan e Avant la Corrida adquiridarecentemente pela Fundação Gulbenkiana um coleccionador americano – bem

como a apresentação de peças de artistasque marcaram a cruzada das vanguardashistóricas no início do século XX.

Dividida em dois espaços, a exposi-ção pretende recriar o contexto de reci-procidade artística, troca de influênciase laços de convívio que marcaram osartistas que se encontravam em Paris (eem outras cidades europeias), em vés-peras da Primeira Guerra Mundial, sen-do a obra de Amadeo o ponto de partidapara várias leituras flexíveis. Não obs-tante, nem sempre são evidentes essasrelações experimentais ou analogiasestilísticas, a par de uma multiplicidadede espaços expositivos sub-temáticosque podem ser um tanto confusos.

Contudo, da visita é possível reter osabor de uma obra ao nível dos nomesque a História da Arte Moderna consa-grou como pioneiros e inovadores, ecompreender a circularidade da evolu-ção estilística e técnica de Amadeo. Defacto, essa é a sua marca autoral, isto é,a assimilação das propostas cubistas,futuristas, órficas, expressionistas, abs-tractas, mais do que traduzidas, enrique-cidas com a estilização das formas (de-vedoras da arte japonesa), a dureza ou omovimento ondulante das linhas (reme-tendo para a arte africana ou para ara-bescos), a cor vibrante e lumínica, porvezes, associada a temáticas regionais,deste país atlântico que o viu partir.

É um Amadeo plural que a sua obranos revela. Um espírito inquietante queencontra na sua arte o sentido máximoda expressão e do símbolo. Um experi-

mentalismo ousado em consonância comas rupturas estéticas do seu tempo e dosseus companheiros, como Modigliani,Brancusi e Robert e Sonia Delaunay. Asua obra é, pois, dinâmica, no sentidoem que não apresenta uma evoluçãolinear, sucedendo-se temáticas e técni-cas. Rejeitando programas fixos e orto-doxos, Amadeo oscila entre a figura e oabstracto, entre a diluição da técnicapontilhista e o registo caligráfico, a es-sência da cor e a incorporação de objec-tos no espaço pictórico nas suas últimas(e mais originais) obras, como ganchose pedaços de espelhos que reflectem ofragmento do nosso olhar.

Sentindo o apelo do caminheiro, comoassinava nas cartas à família, Amadeocedo compreendeu que o seu destino pas-sava pelo contacto com as obras dos gran-des mestres do passado e que a ida paraParis – com passagens por cidades comoBarcelona, Berlim, Colónia, etc. –, seriaindispensável para introduzir-se no cami-nho de ruptura e nesse diálogo de vanguar-das que por então já tinha dado os primei-ros passos. Amadeo sabia-o e expressou-o:Aqui respira-se, em Portugal abafa-se.

Amadeo de Souza-Cardoso. Diálogo de Vanguardas.Fundação Calouste Gulbenkian, LisboaAté 14 de Janeiro

Tânia Saraiva

Exposição de Carlos Lança na Galeria MinervaNa Galeria Minerva, em Coimbra, foi

inaugurada uma exposição de Pinturade Carlos Lança, com a presença doartista.

Carlos Lança (nascido em Lisboa,em 1937) iniciou a sua actividade em1960, na capital, mas reside e tem o seuatelier no Porto desde 1976. Licendiadoem arquitectura, foi bolseiro daFundação Calouste Gulbenkian em1966-67 (Lisboa e Paris) e da HofstraUniversity em 1969-70 (New York).

Ao longo dos anos, os seus trabalhostêm sido expostos, em certames indivi-duais e colectivos, não só em Portugal,mas também em muitos países daÁfrica, América, Ásia e Europa, estan-do representado em alguns dos maisimportantes Museus nacionais e estran-geiros.

É autor de diversos projectos destina-dos ao espaço público, designadamentede arquitectura monumental, designpedonal, mobiliário urbano, pinturamural, painéis cerâmicos, etc., emPortugal e no estrangeiro.

Possui uma vasta e significativabibliografia passiva onde se assinalam

importantes textos analíticos sobre asua obra, assinados por autores nacio-nais e estrangeiros, publicados em des-tacadas revistas da especialidade querem Portugal quer além-fronteiras, mastambém na imprensa portuguesa e es-

trangeira, com relevância especial paradiversos livros editados em Portugal ededicados ao seu trabalho, de váriosautores.

Carlos Lança havia já exposto emCoimbra, em 1969, numa exposição

colectiva que marcou a inauguração daFilial do “Jornal de Notícias” (e em queforam mostrados trabalhos dos já faleci-dos Álvaro Perdigão e EzequielBatoréu, e colagens de Adão.

Agora, 37 anos volvidos, o jornalistareencontra o artista e questiona-o sobrea sua obra.

Carlos Lança revela que cada um dassuas pinturas é resultado de um árduotrabalho de cálculo, de ensaio, de cons-trução, desconstrução, reconstrução. Asua formação de arquitecto terá, natu-ralmente, alguma influência na buscadesse rigor matemático nas formas geo-métricas que povoam a sua pintura.Mas, como ele próprio admite, em cadaobra há um ritmo quase musical, quecomanda as cores e as formas e a suainterligação.

Daí a raspagem da tinta, para substi-tuir tons por outros tons que mais seadequem à harmonia e ao rigor queincessantemente busca.

A mostra pode ser visitada até ao pró-ximo dia 17 de Janeiro, das 10 às 13 edas 14.30 às 20 horas, de segunda asábado.

Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) – Avant la Corrida (c.1912)Óleo sobre tela / 60 x 92 cm – Fundação Calouste Gulbenkian

1188 CCUULLTTUURRAA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

NA GALERIA “ALBUQUERQUE E LIMA”, EM COIMBRA

Exposição de pintura de Marina Ribeiro e cursosde artes plásticas para crianças e adultos

A Albuquerque e Lima apresenta, emCoimbra, uma mostra de pintura deMarina Ribeiro. Ainda finalista da Es-cola Universitária das Artes de Coim-bra, esta autora colaborou activamentenas sessões de “Pintura ao Vivo”, orga-nizadas pela Albuquerque e Lima, nodecurso da Feira Comercial e Industrialde Coimbra, em Julho de 2006. Já licen-ciada em Pintura, regressa agora, àGaleria de Exposições Temporárias dareferida firma, com uma exposição indi-vidual de pintura, apresentando telas degrande dimensão seleccionadas entre asmais representativas da sua actual fasepictórica.

Nesta exposição a autora lança-se nadescoberta da paisagem, buscando ins-piração na floresta. Tal opção parecesignificar não só a procura da naturezamas também uma busca do inconscien-te, do sentimento e da emoção, quetenta traduzir em processos pessoais derepresentação pictórica e de expressãocromática patentes nas diversas telasapresentadas.

Na presente mostra podemos obser-var árvores e troncos que vibram emaparente imobilidade, marcados por fai-xas oblíquas que se entrecruzam emeixos perpendiculares. Ramos artificiaissobrepõem-se a fundos naturais, numaalusão a uma dupla dimensão do espaçoe da realidade. Tais elementos pictóri-cos, alguns dos quais de grande simpli-cidade, são pontos de referência essen-ciais que distinguem as diferentes telasatravés de sucessivas e leves mudançasque acontecem no interior da exposição.Mesmo nos trabalhos que nos parecemsemelhantes, a troca de lugar das rama-das e as modificações sensíveis dos ele-mentos arbóreos fazem a diferença queacentua e contrasta a aparente constân-cia das coisas num só lugar – a imensi-dão da floresta. Nesta, o que é visívelmuda a cada instante por intermédio daluz, devido a diferentes contrastes sazo-

nais e até à interpretação pessoal que anossa observação subjectiva vai reali-zando ao contemplar as diferentes obrasexpostas. Os quadros da actual exposi-ção podem ser assim genericamentesemelhantes entre si porque são diferen-tes na intenção e no seu significado. Abase temática repete-se (a universalida-de da floresta) mas cada tela é diferenteda anterior como se estivesse a montan-te e a jusante da sequência na qual epara a qual foi concebida. Em cada tela,a autora recria várias interpertações dafloresta nas quais se inscrevem diferen-tes tensões entre natureza e sentimento,entre observação e interpretação, entrepercepção e representação. Em cadauma das obras a atmosfera é figurada deforma diferente, interposta em contras-tes e variantes sugestivos de memóriasintrusas de espaços distantes ou brumaslongínquas que os troncos interceptam,em primeiro plano. Atrás dos troncos edas ramadas opacas escondem-se, aosnossos olhos, espaços que se adivinhamdistantes, criando atmosferas enigmáti-cas acentuadas por sombras que se dis-persam e modulam nos diversos solos.Além do retículo arbóreo, o tridimensi-

onal das paisagens é conseguido, tam-bém, por contrastes cromáticos que aautora manipula voluntariamente, utili-zando cores quentes a dominar o pri-meiro plano, aliciando e aproximando oolhar do espectador. À medida que osplanos se distanciam, as florestas apre-sentam cores mais frias ou apagadas eos pormenores esfumam-se. A pintoraconsegue, assim, aumentar os efeitos deprofundidade e obter uma sólida poesiapictórica que caracteriza já de umaforma clara, as suas concepções formaisno domínio da pintura.

A vastidão da floresta, a procura doseu mistério inicial, a tradução da suaforça física, são alguns dos temas trata-dos de forma tecnicamente irrepreensí-vel. Mas para além do arrumado orde-namento físico dos elementos arbóreos,respira-se o sentimento dos lugares ofe-recidos à nossa contemplação e sugere-se passos perdidos em brumas longín-quas. Ultrapassando as calmas contem-plações e sentimentos poéticos desonho, estão representadas, em algumasdas telas, também - sem qualquer roturados equilíbrios pictóricos - outras reali-dades tais como o fogo de incendiadas

labaredas ou o esqueleto de cinzas ame-açadoras. A força viva da naturezarepresentada pela floresta é a metáforaque permite à pintora traduzir a sua pos-tura perante a vida, o crescimento dosseres, a pureza das coisas simples, ossentimentos despertados pelas florestase as diversas vicissitudes da matériaorgânica (as estações, o incêndio, acatástrofe,..., a morte).

E tudo, porque “o caminho maiscerto para o Universo passa pela vasti-dão das florestas (John Muir)”.

Esta mostra, aberta ao público até 11de Janeiro de 2007, pode ser visitada desegunda a quinta-feira, das 10h30 às 13h e das 15h30 às 20 h; e aos sábados edomingos das 15 às 20 horas.

Além da referida exposição, aAlbuquerque e Lima mantém disponí-veis, para os seus clientes, mais de 250obras de arte (pintura, escultura e foto-grafia), de diversos autores, cujo catálo-go se encontra disponível na NET (aeli-ma.com) ou em LCD, podendo esteúltimo ser consultado, na sede social dafirma, pelas pessoas interessadas emArte.

Na área da divulgação da arte, aAlbuquerque e Lima mantém as inscri-ções para actividades com ateliers depintura para adultos, e work-shops deiniciação em artes plásticas, para crian-ças, ministrados por uma professoralicenciada em Pintura pela EscolaUniversitária das Artes de Coimbra.Estão previstos, ainda, work-shops deformação em figura humana, para artis-tas. O próximo, a iniciar em Fevereirode 2007, incluirá 24 horas de conferên-cias teóricas sobre anatomia artística e18 horas de prática, em atelier, de repre-sentação da figura humana no desenhoe na pintura.

Para as referidas acções estão abertasinscrições na sede social da firma, narua de Gil Vicente, 86-A, em Coimbraou pelo telefone 239 781 486.

POESIA DE CRISTINA DE MELLO

“Inteiro Silêncio”“Inteiro Silêncio” é o título do livro

de poesia de Cristina de Mello, editadopela “Caminho” e há dias lançado naFNAC Coimbra.

A apresentação esteve a cargo deFernando Pinto do Amaral, poeta eProfessor da Faculdade de Letras deLisboa, estando ainda presente JoséOliveira, responsável da “Caminho”.

Ambos tiveram palavras muito elogi-osas para esta obra de poesia de Cristinade Mello, assim definida:

“Inteiro Silêncio assinala a ideia detroca intensa entre intuição e espírito.

Doloridamente escrito e sentido. Ecosde perda, nostalgia, abandono, desalen-to… tudo tocado pelo cheiro da terra epelo rumor dos afectos. Eis um tipo deforma em que a presença do corpo dosujeito se mescla com uma linguagemtensa, quase sempre contida, esperandodesagua num rio ainda por vir”.

Cristina de Mello nasceu no Brasil,mas reside em Portugal desde 1978,sendo professora da Faculdade deLetras da Universidade de Coimbra etendo diversas outras obras publica-das.

CCUULLTTUURRAA 1199DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

NOVA GALERIA DE ARTE EM COIMBRA

Exposição de Júlio Pomar na inauguraçãoFoi inaugurada em Coimbra, na pas-

sada semana, uma nova galeria de arte.Chama-se “Bom Senso e Bom Gosto” eestá instalada na sede da Invesvita, noLargo dos Olivais (frente à Igreja).

A galeria abriu com uma exposiçãode trabalhos de Júlio Pomar, um dos maisconceituados artistas portugueses con-temporâneos.

A cerimónia inaugural iniciou-secom um momento musical, a cargo deManuel Rocha (Director do Conserva-tório de Música de Coimbra), que inter-pretou um solo de violino.

Seguiu-se uma palestra por Telo deMorais, médico que é considerado comoum dos maiores conhecedores de arte donosso País, que focou a carreira de JúlioPomar, a sua evolução e as suas diversasfases, narrando alguns episódios muitocuriosos sobre a vida e obra do artista.

Antes, o Presidente do Conselho deAdministração da Invesvita, Jorge Cas-tilho, prestou homenagem a Telo deMorais e a sua Mulher, pelo exemplargesto de doação à cidade de Coimbra dasua colecção de pintura portuguesa(considerada uma das melhores e maisvaliosas do País, e que pode ser obser-vada no Edifício Chiado).

Jorge Castilho referiu ainda que aGaleria de Arte agora inaugurada é oprimeiro passo na diversificação deactividades que a Invesvita está a levara cabo, nomeadamente nas áreas da cul-tura e do turismo, sem nunca perder devista a saúde como objectivo principalda empresa.

Por seu turno António Queirós, tam-bém membro do Conselho de Adminis-tração da Invesvita, deu a conhecer oprograma de exposições da Galeria e o

facto de esta estar apta a dar resposta àsolicitação de qualquer cliente, mesmoos que pretendem trabalhos originais dealguns dos mais reputados pintoresmundiais e a preços muito competiti-vos, mercê de parcerias estabelecidas

com alguns dos mais importantes gale-ristas internacionais.

A Galeria “Bom Senso e Bom Gosto”está aberta ao público, nesta fase inici-al, de segunda-feira sexta-feira, nashoras normais de expediente.

A sociedade portuguesa ainda não estápreparada para a diversidade cultural disseà agência Lusa o professor ManuelAbrantes Costa, autor do livro “Ciganos –histórias de vida”, editado pela MinervaCoimbra, e há dias apresentado naquelalivraria pela professora Margarida Pedrosode Lima, da Faculdade de Psicologia eCiências da Educação da Universidade deCoimbra.

“Existe um percurso longínquo a percor-rer na sociedade para a integração dos ciga-nos como plenos cidadãos portugueses”,afirmou Manuel Costa, que nos últimos oitoanos investigou o modo de vida das comu-nidades ciganas, de Norte a Sul do país.

Manuel Costa disse que “hoje até severifica um retrocesso nessa integração”,acrescentando que “não há aposta na for-mação profissional para se integrarem nomercado de trabalho, pois a venda ambu-lante já não dá”.

A responsabilidade neste divórcio deve,na opinião do investigador, ser repartidaentre a sociedade que os coloca de parte eas comunidades ciganas que nunca procu-raram em integrar-se.

Para inverter esta situação, ManuelCosta considera que o “processo passapelas escolas”.

O livro “Ciganos – histórias de vida”resulta de um trabalho efectuado porManuel Costa nos últimos oito anos juntodas comunidades ciganas espalhadas pelopaís, que foi transformado em tese de dou-toramento em Antropologia Social eCultural, aprovada com distinção e louvorpela Universidade de Coimbra.

Divida em cinco capítulos, a obra procu-ra retratar a comunidade cigana em Portu-gal, debruçando-se sobre o seu modo devida, a origem, as histórias de vida e comose deveria intervir com eles, para além derelatar o que “eles pensam sobre nós”.

“Há sete, oito anos eu tinha umconhecimento dos ciganos igual aqualquer outro cidadão. Na alturaaceitei um desafio de um membro dacomunidade cigana para fazer umtrabalho sobre eles que acabou naminha tese de doutoramento”, expli-cou Manuel Costa.

O trabalho de investigação aca-bou premiado em 2003, com a atri-buição do primeiro prémio deJornalismo pela Tolerância, na áreade Estudo Académico, promovidopela Presidência do Conselho deMinistros, na pessoa do AltoComissariado para a Imigração eMinorias Étnicas.

Licenciado e mestre emCiências da Educação, o autor éprofessor do primeiro ciclo do ensino bási-co, doutor em Antropologia Social eCultural pela Universidade de Coimbra e

director Executivo do Centro de EstudosCiganos.

EDITADO PELA MINERVA COIMBRA

Comunidades ciganas desvendadasem livro de professor universitário

2200 OOPPIINNIIÃÃOO DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Ainda e sempre monsenhor Nunes Pereira

Quando me radiquei em Coimbra, esco-lhi morar num terceiro andar de uma casasem grandes comodidades mas estrategica-mente localizada, por ficar dentro da zonamuralhada. Em tempos idos, os moradoresdesta zona não só estavam mais protegidos

das investidas inimigas como tinham regali-as várias oficiais.

Ainda hoje, morar no Quebra-Costas temvantagens: tudo que é necessário ao cidadãoestá a dois passos: o mercado, lojas, farmá-cias, Junta de Freguesia, etc.

O meu local de trabalho estava a 3 minu-tos de distância; a associação a que deimuito do meu tempo livre e o café “ABrasileira”, mais além, a 30 passos.

Neste café formavam-se vários gru-pos, politicamente divididos e ocupando,

sempre que possível, os mesmos lugares.Os meus companheiros eram jornalistas,

pintores, escultores e até um professor uni-versitário. Periodicamente apareciam “via-jantes” que nos contavam as últimas anedo-tas, relembradas após consulta aos canhe-nhos onde estavam resumidíssimas, tipoestenografia.

Menos frequente era o pároco da vizinhaIgreja de S. Bartolomeu, monsenhor NunesPereira.

Mal se sentava, logo esboçava em qual-quer pedaço de papel o cliente mais próxi-mo, desde que tivesse fisionomia pouco vul-

gar. Surgia depois de almoço e se voltavadepois do jantar era o primeiro a retirar-se.Dos outros havia quem ficasse até às 2 horasda manhã, com o café já fechado.

Deste tempo recordo que o relógio daTorre ainda tinha quem lhe desse corda.Hoje está mudo.

Na época natalícia, meu filho não passa-va à porta do templo sem pedir à mãe queesperasse um pouco. Entrava para “falar”um pouco com Jesus, a quem pedia as pren-das de Natal.

Uma insistentemente pedida bicicletaainda apareceu no sapato. O porco que elequeria pôr na banheira, esse é que nuncachegou…

Lembro também o entusiasmo de NunesPereira durante as obras para substituir ochão da Igreja e se descobriram restos dotemplo anterior.

Nunes Pereira falava suave e pausada-mente. Parecia ter um rosto impenetrável,aparentemente rígido, algo carrancudo, nãopermitindo sondar o que lhe ia na alma.

Ninguém diria que era a prova de que sóo corpo envelhece.

Certo dia tomei parte num passeio e entreos passageiros do autocarro estava NunesPereira.

Nestas viagens o “gelo” que alguns car-regam começa a derreter cedo. O do padreNunes Pereira demorou um pouco mais,mas quando desapareceu nem queiramsaber!

Só então começou uma animação dignadesse nome.

Não sei o que pensaram os companheirosdo passeio. Para mim foi uma enorme sur-presa.

Contou anedotas, participou nos coros equando passou a cantar a solo, ah!, a terraquase alterou a sua rotação!

Vi aquele Homem passar a líder da foliade uma forma exuberante, demonstraçãoque jamais imaginei possível.

Foi nesse dia que fiquei a conhecer quemera Nunes Pereira.

Sem nunca ter esquecido as suas origens,o Artista que desenhou, pintou e da madeirafez belas esculturas, padre de formação, eratambém o Homem que sabia viver cadamomento do que de são está à nossa dispo-sição.

A máscara habitual que o caracterizavaera, afinal, postura natural que iludia qual-quer um, mas quando ria oferecia-nos umsorriso aberto e franco.

Varela Pècurto

OOPPIINNIIÃÃOO 2211DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Escondeu-se o professor de Filosofia por detrásdo anonimato. E fez bem, para não ser despedido:por ser professor, por ser de Filosofia e por terdivulgado uma ideia subversiva:

«Os nossos políticos são descaradamente menti-rosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamoshabituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado porfalar verdade, mesmo que seja por boas razões, oque significa que em Portugal não há boas razõespara falar verdade».

O que me chateia é que – embora professor e deFilosofia… – esse anónimo é capaz de ter razão!

José d’Encarnação

Justiça para todos

Terá sido, porventura, na garantiada justiça para todos nas relaçõesinterpesoais e intergrupais e na salva-guarda dos direitos fundamentais queterá nascido o estado democrático eem cuja defesa se luta e muitos derama vida.

Tão grande é a importância da jus-tiça e do direito na democracia que asinstituições vocacionadas para a suaaplicação – os tribunais – são consi-derados órgão de soberania.

Diríamos que o seu funcionamen-to e a sua independência e eficácia naaplicação das leis e competência naconcretização da justiça são dos maisfortes emblemas do estado democrá-tico.

Em Portugal há demasiados blo-queios no funcionamento dos tribu-nais.

O acesso é caro não só nas custas

processuais mas, sobretudo, na assis-tência jurídica, quase inacessível àgrande maioria dos cidadãos. Mesmocom a defesa oficiosa patrocinadapelo estado, o cidadão comumencontrar-se-á sempre em desvanta-gem face aos poderosos e influentescujas artes e cabedais tornam possívelo recurso à nata da advocacia e aospareceres dos eminentes jurisconsul-tos e mestres de direito das universi-dades.

Tudo perfeitamente claro quandoacompanhamos a evolução dos megae mediáticos processos, com o abusodas estratégias dilatórias e dos proce-dimentos subterrâneos que os conge-lam até que a prescrição lhes dê ogolpe de morte.

É também sobejamente adquiridoque só alguns é que podem dispordesta perversa forma de justiça emque a desproporção de forças torna omais fraco em potencial e habitualperdedor.

Daí que nos tenha causado profun-da estranheza e inusitada perplexida-de a recente notícia de que, para arre-fecer o exagerado recurso aos tribu-nais e assim potenciar a sua maioroperacionalidade, a parte perdedora é

que terá de pagar a assistência jurídi-ca da parte ganhadora.

Perverso, a todos os títulos.Se até aqui, pelas custas e pela

morosidade, os que menos podempensam duas vezes antes de recorre-rem aos tribunais, tornando-se presafácil dos menos escrupulosos nasnegociatas dos acordos extrajudiciais,a partir de agora aqueles ficarão bemmais longínquos porque, tal comoestão as coisas, só mesmo em deses-pero de causa é possível arriscar con-tra os pesos-pesados da advocacia eas modernas e sofisticadas empresasde assessoria jurídica, de altíssimafactura.

Todos os expedientes que osgovernos têm implementado paradescongestionar o aparelho judicialvão sendo sempre em desfavor dosmais fracos. Este também será.

Se tal vier a acontecer, os tribunaisdeixarão de ser entendidos pelo cida-dão comum como órgão de soberaniapor se tornarem órgãos de tirania.

Este governo e esta maioria vêm-nos surpreendendo pela negativa emquestões de ética política.

Esperemos que esta não seja maisuma desagradável surpresa.

Renato Ávila

João Paulo Simões

FILATELICAMENTE

D. Luís IFita curva, denteados 1867- 1870

A partir de 1867, os selos de D. Luís passaram a teras folhas perfuradas, o que permitia uma separação maisrápida e uniforme dos selos. Para a AdministraçãoPostal, não passou de uma simples melhoria de proces-so. Mas, para os coleccionadores sempre atentos às pe-quenas diferenças, constituiu motivo mais do que sufici-ente para considerar os selos denteados como fazendoparte de uma nova emissão completamente diferente daanterior. Todos os selos de fita curva passaram então aser denteados em 12 ½.

Embora a perfuração do selo viesse facilitar a vida naseparação do selo da folha, muitas pessoas, habituadas arecorrer à tesoura, fosse por ingenuidade, fosse por nãoacreditar na eficácia do novo método, continuaram ausá-la. O resultado ainda é hoje bem visível em muitosexemplares. Como por milagre, os golpes da tesouraseguiam exactamente pelo meio da perfuração dos qua-tro lados do selo, aparecendo esses exemplares comdenteados mais ou menos defeituosos.

Deste modo, esta é, talvez, a série mais difícil deencontrar selos nas suas perfeitas condições. São porisso mais raros e de maior cotação no mercado filatéli-co. O desenho do selo foi feito por Charles Wienner,impressos em relevo na Imprensa Nacional Casa daMoeda, em papel liso, fino, médio e espesso.

Como referi em cima, esta série é difícil de encontrare por isso cara. Como tal, não possuo nenhum exemplarna minha colecção. Mas, para que o Leitor fique comuma ideia deste selo, reproduzo aqui uma imagem reti-rada do catálogo de selos postais da Afinsa, onde estápatente toda a série.

Carlos Carranca

“A rapariga dos belos tornozelos”

“Luze-Portuguesa”“Luze-Portuguesa”, informa que o seu serviçode Limpezas Gerais de casas, apartamentos,caves, sótãos, arrumos, espaços devolutos,fábricas, armazéns, lojas, etc..., com ou semremoção de lixos para a lixeira, está a partirdeste momento ao serviço de quem preten-der executar todos os serviços referidos.

A nossa zona de actuação destina-se a todaa população de Coimbra, Cantanhede,Soure, Pombal, Lousã, Miranda do Corvo,Vila Nova de Poiares e Figueira da Foz.

Orçamentos gratuitos!

Contacte, “Luze-Portuguesa”, secção delimpezas gerais, sita na Rua da Palmeira,Lote 3, 3040-792 Cernache.

Contactos:Telefone/Fax: 239 946 395

Telemóveis: 968 022 319 e 967 956 029

POIS...

Álcman

rapariga dos belos tornozelospisando a areiada praia roubadadá-me o teu andarde deusa achadanos livros de estórias

de reinos sonhados à noiteà fogueira das estrelas bri-lhantes do martoda a terra estápor ti encantada

raparigacorrendo p’lo sangue dos

homens sedentosde taças de vinhodá-me a beber os teus belos tornozelosde água.

Lisboa (Palácio de SantaHelena) 26 de Junho de 2006

Como já tinha referido na minhaantepenúltima crónica, vai sendo muitousual no mercado discográfico a ediçãode inúmeras colectâneas que reúnem os“greatest hits” das mais diversas ban-das, assim como já vão sendo frequen-tes os discos de tributo, ou ediçõesespeciais com um disco bónus de remis-turas ou, mesmo, com um dvd bónus.Mas nos últimos tempos adquiri 2 dis-cos, respectivamente o álbum homóni-mo dos Placebo e “Everything MustGo” dos Manic Street Preachers, quemostram uma estratégia de marketingum pouco diferente do habitual. Estaestratégia consiste numa reedição deum disco dez anos depois da sua edição,acompanhando a versão original doregisto com uma série de extras, sejamelas “demos” de estúdio, sejam actua-ções ao vivo, ou, mesmo, vídeo clips.Confesso que me senti seduzido porestas edições comemorativas, apesar dejá ter as versões originais. O únicosenão é que por cá só por importação,mas vale mesmo a pena.

Já começa a ser levantado o véu demuitos dos eventos que vão ter lugar em2007, e à cabeça surge a confirmaçãodas actuações, no Coliseu de Lisboa,dos muitos aguardados Nine Inch Nails

a 10, 11 e 12 Fevereiro e dos Bloc Partya 18 de Maio. Os bilhetes já estão àvenda e não devem tardar a esgotar.Está, também, confirmada a actuaçãodos australianos Wolfmother, mas aindasem data. Eu não vou perder e aconse-lho-vos a fazerem o mesmo.

Quanto às bandas que irão fazer furorjá no próximo ano, eu aposto nos Oioaide Fred (Yellow W Van, Peace Revo-lution, Hiena) e do ex-Braindead, NunoEspírito Santo. “Sushi Baby” é a primei-ra amostra do álbum de originais emvias de ser editado. Outra das minhasapostas vai para a nova banda deRuizinho dos Zen, juntamente comMarco Nunes dos Blind Zero e, também,Fred. Os temas do seu EP de apresenta-

ção, já podem ser baixadas gratuita elegalmente no seu site, como se costumadizer: “estão à distância de um click”.

Para a derradeira sugestão do ano,digo-vos que ando a ouvir “It´s a Won-derful Life” dos Sparklehorse, mas,também “Civilian” dos Boy Kill Boy,uma das novas bandas “sensação” dorock britânico da actualidade e, ainda,“You Know My Name” do ex-Soundgarden Chris Cornell, que servede banda sonora à nova sequela doagente secreto mais famoso do mundoJames Bond, “Casino Royale”.

Resta-me desejar um ano de 2007com tudo de bom para os leitores desteespaço, com muita música e, sobretudo“rock n´roll”.

PARA SABER MAIS:

- http://www.manics.co.uk/- http://www.placeboworld.co.uk/- http://myspace.com/oioai- http://myspace.com/hienahiena- Manic Street Preachers “EverythingMust Go – 10th Anniversary DeluxeEdition” (Sony BMG)- Placebo “Placebo – 10th AnniversaryCollectors Edition” (Virgin)- Sparklehorse “It´s a Wonderful Life”(Capitol)- Boy Kill Boy “Civilian” (Universal)- Chris Cornell “You Know My Name”(A&M Records)

2222 MMÚÚSSIICCAA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

Distorções

José Miguel [email protected]

V CENTENÁRIO DA CIDADE DO FUNCHAL

“Antigos Tunos” e “Advocal”animaram comemorações

Para participar nas comemorações doV Centenário da Cidade do Funchal,deslocou-se à Ilha da Madeira uma“embaixada” da música conimbricense,constituída pela Orquestra Principal,Orquestra de Tangos e Grupo de Fadosdos Antigos Tunos da Universidade deCoimbra (AATUC), Grupo CoralAdvocal e Paulo Amador.

Os grupos actuaram no Funchal emtrês espectáculos em outrops tantosdias, sempre com os auditórios comple-tamente repletos de madeirenses e anti-gos estudantes da Universidade deCoimbra, que não regatearam aplausosàs actuações dos músicos de Coimbra.

O Grupo de Fados de Coimbra ofere-ceu ainda uma Serenata na escadaria daPraça do Município, seguida de umespectáculo no Café do Teatro pela Or-questra de Tangos, acompanhada aopiano pelo Maestro Augusto Mesquita.

O ponto alto desta participaçãodecorreu no Teatro Municipal. A pri-meira parte do Espectáculo foi preen-chida pela Orquestra principal dosAntigos Tunos e Grupo Coral Advocal,com a participação do solista PauloAmador, dirigidos pelo Maestro Au-

gusto Mesquita. Na segunda parte actu-ou a Orquestra de Tangos da AATUC eencerrou uma serenata de Coimbra peloGrupo de Fados.

No último dia da deslocação, oGrupo Coral Advocal, acompanhado aoórgão pelo seu Maestro Augusto Mes-

quita, participou na Missa celebrada naSé Catedral.

Estes concertos foram promovidospela Associação dos Antigos Estudantesda Universidade de Coimbra, com o apoioda Câmara Municipal do Funchal e daEmpresa Municipal Funchal 500 Anos.

Aspecto de um dos espectáculos no Funchal pela “embaixada musical” de Coimbra

IINNTTEERRNNEETT 2233DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

O Ecoline é uma plataforma multimédia que reúnea história do ambiente em Portugal. Trata-se de umabase de dados com quase 12 mil artigos publicados naimprensa, 1800 notícias que foram transmitidas pelaRTP (entre os anos de 1957 e 2000), textos temáticos,inquéritos e estatísticas. Os conteúdos multimédia dosite são de cariz sociológico, histórico e urbanístico. Oobjectivo é dar a conhecer a história das questõesambientais para melhor informar os utilizadores sobrequalidade de vida e os problemas do ambiente emPortugal.

O projecto Ecoline é do Instituto de Ciências So-ciais da Universidade de Lisboa e integra-se no pro-grama Observa, que conta com o apoio do POS-Co-nhecimento e do Instituto do Ambiente. O Observa –Ambiente, Sociedade e Opinião Pública é uma estru-tura científica no âmbito das Ciências Sociais e reali-za estudos e acções de divulgação sobre as dimensõessociais dos problemas e políticas ambientais. Links relacionados

http://observa.iscte.pt – ObservaEcoline

endereço: http://ecoline.ics.ul.pt/ | categoria: ambiente

O Camisola 10 ambiciona tornar-se na «maior cen-tral de opiniões desportivas da web portuguesa». Osite pretende criar uma comunidade de utilizadoresque gostam de desporto, ultrapassando o habitual cli-ché do futebol. No Camisola 10 têm também lugarmodalidades como andebol, atletismo, automobilis-mo, basquetebol e hóquei em patins, entre outras.

O site apresenta notícias que podem ser comentadaspelos utilizadores, um fórum, sondagens, concursos euma galeria de fotografias (galeria “10 milhões”) para

a qual os membros registados podem contribuir comas suas melhores fotografias de desporto.

Camisola 10endereço: http://www.camisola10.com/ | categoria:

desporto

O Global Rich List apresenta um ranking da rique-za a nível mundial. O utilizador pode introduzir ovalor do seu rendimento anual e o site calcula a suaposição na lista dos mais ricos do mundo. O grandeobjectivo é motivar os utilizadores para fazerem doa-ções e não propiciar uma sensação de riqueza queinduza ao consumismo. Os cálculos são feitos combase nas contas do World Bank DevelopmentResearch Group, tomando como ponto de referênciaque a população mundial são seis bilhões de pessoas eque o rendimento médio anual mundial é cinco mildólares. Entre Bill Gates e a pessoa mais pobre domundo há uma considerável distância e é nesta pers-pectiva que o site Global Rich List pretende sensibili-zar os visitantes. Claro que não vale a pena mentirpara se obter uma boa classificação. Qualquer ociden-tal comum faz parte dos 15 por cento da populaçãoque se encontra no top da riqueza mundial. Por exem-plo, alguém que tenha recebido uma média anual decinco mil euros encontra-se na fasquia dos 14 porcento mais ricos do mundo…Global Rich List

endereço: http://www.globalrichlist.com/ | catego-ria: sociedade

O portal Ler para Ver lançou no passado dia 3 deDezembro uma petição pela acessibilidade electrónicaportuguesa. O objectivo é entregar as assinaturas naAssembleia da República com vista a uma alteraçãolegislativa que melhor as condições das pessoas comnecessidades especiais no acesso à Internet, televisão,multibanco, telemóvel e outros serviços indispensá-veis nos tempos que correm.

De acordo com o grupo de cidadãos que promoveesta petição, em Portugal a população de idosos e dedeficientes ultrapassa os dois milhões. Em 2007 assina-la-se o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidadespara Todos. Dentro deste espírito, os cidadãos promoto-

res da iniciativa contam com o facto de Portugal assu-mir a Presidência do Conselho da União Europeia parapromover uma fase de mudança em termos europeus.Petição pela Acessibilidade

endereço: http://www.lerparaver.com/acessibilida-de | categoria: sociedade

O Zamzar é um serviço gratuito de conversão deficheiros online. A vantagem é não ter de instalar qual-quer software no computador. A proposta do Zamzar émuito simples e consiste em quatro passos: seleccio-nar o arquivo no nosso computador; escolher o forma-to para o qual pretendemos converter; digitar o nossoemail para recebermos o ficheiro convertido; confir-mar o upload do nosso arquivo. O site apresenta umagrande disponibilidade de formatos para conversão,permitindo transformar formatos de documentos, ima-gens, músicas e vídeo. Uma importante nota a reter éque o Zamzar não converte ficheiros com mais de 100MB. Ainda assim, é possível fazer upload de cincodocumentos em simultâneo para conversão.

Zamzarendereço: http://www.zamzar.com/ | categoria:

informática

O portal Sapo disponibiliza um documento multi-média sobre o ano de 2006. Trata-se de um dossier quefaz o balanço dos principais acontecimentos nacionaise internacionais deste ano que agora termina. O Ano2006 em revista destaca nove assuntos: “ano de into-lerância”, “poluição”, “deslocalização”, “Iraque eixodo mal”, “maternidades”, “Mundial 2006”, “neve”,“YouTube” e “2007”. Estes destaques são infografiasdigitais com voz off. O site lista ainda variadíssimosassuntos dentro de áreas como Ciência e Tecnologia,Desporto, Internacional, Entretenimento, Economia,Media e Internet, Zapping e Sociedade. Cada conteú-do tem uma breve descrição e hiperligações do tipotexto, imagem e hipermedia para sites da rede do Sapoe externos. Um documento bem estruturado e comple-to que permite passar em revista os principais momen-tos do ano de 2006.Ano 2006 em revista

endereço: http://www.sapo.pt/especial/revista_2006/| categoria: informação

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do InstitutoSuperior Miguel Torga

ECOLINE

CAMISOLA 10

GLOBAL RICH LIST ZAMZAR

ANO 2006 EM REVISTA

PETIÇÃO PELA ACESSIBILIDADE

Não termina bem o ano de 2006. Nãose vislumbra luz alguma ao fundo dessetúnel catódico que é a televisão.

É certo que sempre se exigiu muito àtelevisão, que se esperou muito maisdeste meio do que aquilo que ele nos dá,mas no final de mais um ano quase nadado que se esperava se cumpriu.

Tirando a diversidade dos conteúdosdistribuídos por cabo, que não são sinóni-mo de qualidade, os quatro canais base datelevisão portuguesa vão amontoandohoras de programação, na sua maior partedestinada objectivamente a contribuirpara que os espectadores desçam degrausna sua forma de ver e pensar o mundo.

SIC e TVI ocupam as frequências(um bem público!) que lhes foram atri-buídas com três tipos de programas: te-lenovelas, talk-shows e filmes america-nos das grandes distribuidoras.

As telenovelas estão divididas entreas brasileiras, que a SIC tem sustentadomuito para lá da exaustão, e as portu-guesas que passaram a ser patrimónioda TVI. Tirando o facto, positivo, destasproporcionarem trabalho a muitos téc-nicos do audiovisual nacional, a enormefatia da programação por elas preenchi-da e a falta de qualidade de uma boaparte dos “actores”, bem como o vaziodas “estórias”, são, em si mesmos, fac-tores de perplexidade.

Os “talk-shows” são merosprolongamentos, ampliações eperigosas banalizações do pior quetemos. As desgraças, a periferia, omau gosto, a boçalidade. Começandopelos apresentadores que, evidente-mente, não têm culpa. Eles são os ade-quados ao tipo de produto que se pre-tende vender. E é aqui que está o maiorproblema da televisão nacional: a abso-luta mercantilização do meio, sem quedaí tenha resultado qualquer melhoriana qualidade. Um “cartel” que se foi en-caixando e desagua neste final de2006 numa espécie de forçaconcertada contra anova lei da televi-são.

A lei que seanuncia é ambí-gua. Atacadapor todos oslados não pare-ce poder vir acontribuir parauma melhoriado panoramatelevisivo por-tuguês. Se, aomesmo tempo,constatarmos oatraso no con-curso para a te-levisão digital,sentimos quealgo de muito er-rado se está a passar.

Há, nos sectores mais próximos aestes assuntos, a convicção de que se oconcurso se atrasar mais, a SIC e a TVIvirão a ser compradas pelas telecoms.Ora esta circunstância pode não ser detodo má, mas provocará uma alteração

profunda nas próprias programações. Onegócio da televisão será reformula-do e não se esperem melhorias.

Paira sobre este universo co-municacional uma onda demudança. Uma mudançaque não se cumpre damesma forma comose cumpriu a mu-dança decor-rente daabertura

do sector aos privados. Nada se-melhante. Agora, o que está em causa, éa tecnologia. O que se poderá fazer comela desta vez? Muito. Muito mais doque se supunha há dez anos. Uma novaforma de distribuição de conteúdos, ar-

ticulada, entre meios com diversos su-portes, não demorará quase nada achegar.

O “cross-media” alterará profun-damente o panorama que conhecemos.

A grande interrogação está em saber atéonde a participação dos cidadãos se po-derá sentir: directa ou indirectamentefiltrada pelos interesses dos grandesgrupos empresariais que vêem a Co-municação como mais um (e grande!)negócio? Neste ponto da situação o quefaz a nossa estação pública de televi-são? Cumpre, escrupulosamente, as re-gras que a RTP quase sempre cumpriu.Misturar tudo e afirmar que é serviço

público. Mas não é. Uma evidenteobsessão pelas audiências imedia-

tas, obrigam-na a programarTony Carreira para a época deNatal e a parar com “Cuidadocom a língua”, um programasobre a língua portuguesa pen-sado de forma adequada aochamado “grande público”.

Trabalhar para a formação denovas audiências devia ser ogrande objectivo da RTP. Cons-truir uma nova relação com o pú-blico, participando na reconstru-ção cultural do País, é um dever

que lhe devemos exigir. Nãosão generalidades, é o míni-mo que se pode exigir a

uma empresa paga para ofazer.

Constatar que trinta anos depoisde conquistada a democracia, a televi-são do Estado não participa irrepreensi-velmente na formação cultural e cívicados espectadores, é algo que não podedeixar indiferente nenhum cidadãoconsciente.

2244 TTEELLEEVVIISSÃÃOO DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006 A 9 DE JANEIRO DE 2007

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco [email protected]

22000077

A SIC foi a televisão eleita pelo pú-blico português neste Natal, tendo sidoo canal mais visto nos dias 24 e 25 deDezembro, segundo os dados ontem di-vulgados pela Marktest.

A estação do grupo Impresa lideroua véspera do Natal, ao conseguir 29, 8por cento de ‘share’ (número de teles-pectadores que sintonizaram, pelomenos uma vez, o canal durante o tem-po em que estiveram a ver televisão),ou seja, uma média superior a 2,8 mi-lhões de pessoas.

Nesse dia, a RTP1 obteve uma quota

diária de 26,3 por cento, tendo sido se-guida pela TVI, com um ‘share’ de 24,9por cento, pelos canais cabo, com 12,8por cento, e pela 2:, com 6,2 por cento.

O canal de Carnaxide conseguiuigualmente liderar o ‘top’ de programasmais vistos com o filme “Shrek 2”, queobteve 10,6 por cento de audiênciamédia (número médio de portuguesesque viram, pelo menos, parte do pro-grama), que significou que foi seguidopor uma média de um milhão de teles-pectadores.

Ainda dentro das posições de

“pódio”, a sessão especial de cinema daSIC com o filme “Volta ao Mundo em80 dias” ficou na segunda posição (8,7por cento de audiência média), enquan-to que o “Jornal da Tarde” da RTP1 foio terceiro programa mais visto do diacom 8,1 por cento de audiência.

No dia de Natal, dia 25, a SIC conse-guiu mesmo reforçar a liderança, tendoapresentado um ‘share’ global de 32,3por cento. A estação esteve ainda emdestaque no ‘top’ de programas, ao li-derar o dia com outro filme, “O Dia de-pois de Amanhã”.

O filme foi o programa mais vistodeste Natal, ao registar uma audiênciamédia de 12,2 por cento e um ‘share’ de39,6 por cento.

Os restantes lugares foram atribuí-dos ao “Telejornal” (RTP1), “Flori-bella” (SIC), “Doce Fugitiva” (TVI) e“Um Contra Todos” (RTP1).

Em termos gerais, a TVI foi o se-gundo canal mais visto de dia 25, comuma quota de 28,7 por cento, seguidopela RTP1 (22,9 por cento), canaiscabo (11, 6 por cento) e 2:, com 4,5por cento.

SEGUNDO DADOS DA “MARKTEST”

SIC foi o canal mais visto no Natal