o centro - n.º 26 – 02.05.2007

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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 26 (II série) De 2 a 15 de Maio de 2007 1 euro (iva incluído) “Vamos ter um Verão muito difícil” MINISTRO E FOGOS NO CENTENÁRIO PÁG. 11 PÁG. 3 Miguel Torga evocado em vários países Exposição colectiva de pintura de Luís Albuquerque, Célia Brandão e Conceição Mendes Coimbra já está a arder... HOJE EM DISCUSSÃO NÍVEL INTERNACIONAL PÁG. 5 PÁG. 4 Escola de Hotelaria conquista prémios Há quem afirme que é “a maior festa de estudantes do Mundo”. A “Queima das Fitas” dos estudantes de Coimbra aí está de novo. Começou com a Bênção das Pastas no passado domingo (imagem da esquerda) e vai prolongar-se pelos próximos dias, certamente com muita animação, com actividades para todos os gostos, da cultura ao desporto, mas também com alguns excessos. Neste aspecto, este ano há uma novidade: os “educadores de rua”. “QUEIMA DAS FITAS 2007” PÕE A CIDADE EM EBULIÇÃO PÁG. 13 Lei anti-tabaco prevê denúncias

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DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |

Autorizado a circular em invólucro

de plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 26 (II série) De 2 a 15 de Maio de 2007 ���������� 1 euro (iva incluído)

“Vamos ter

um Verão

muito

difícil”

MINISTRO E FOGOS NO CENTENÁRIO

PÁG. 11PÁG. 3

Miguel Torga

evocado

em vários

países

Exposição colectiva de pintura de Luís Albuquerque,Célia Brandão e Conceição Mendes

Coimbra já está a arder...

HOJE EM DISCUSSÃO NÍVEL INTERNACIONAL

PÁG. 5PÁG. 4

Escola

de Hotelaria

conquista

prémios

Há quem afirme que é “a maior festa de estudantes do Mundo”. A “Queima das Fitas” dos estudantes de Coimbra aí

está de novo. Começou com a Bênção das Pastas no passado domingo (imagem da esquerda) e vai prolongar-se pelos

próximos dias, certamente com muita animação, com actividades para todos os gostos, da cultura ao desporto, mas

também com alguns excessos. Neste aspecto, este ano há uma novidade: os “educadores de rua”.

“QUEIMA DAS FITAS 2007” PÕE A CIDADE EM EBULIÇÃO

PÁG. 13

Lei

anti-tabaco

prevê

denúncias

2 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007

No sentido de proporcionar mais al-

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jornal, o “Centro” estabeleceu um

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Penicheiro – trabalho original simboli-

zando os seis distritos da Região Centro,

especialmente concebido para este jor-

nal pelo consagrado artista.

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(Carteira Profissional n.º 99)

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Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

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Composição e montagem: Audimprensa

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Telefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154

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Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

IMAGENS

Das regiões às recordações...

Na passada semana foi lançado, em

Coimbra, um movimento que defende

a realização, a breve prazo, de um novo

referendo sobre a Regionalização

em Portugal.

Liderado pelo algarvio

Mendes Bota, dele fazem parte

diversas outras personalidades,

entre as quais Manuel Porto.

Muitas foram as formas de assinalar

a Revolução portuguesa de 1974.

De todas elas escolhemos,

pelo simbolismo de que se reveste,

esta imagem colhida no passado

dia 25 de Abril.

Antigos combatentes do exército

colonial português (alguns deles

empunhando bandeiras portuguesas),

manifestam-se frente à embaixada

de Portugal em Bissau, pelo pagamento

de pensões e cumprimento do acordo

de Argel de 1974.

Lá como cá, a falta de memória

para os ex-combatentes...

(Foto Paulo Novais - LUSA)

(Foto Jorge Neto - LUSA)

3DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma alician-

te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-

sinatura anual, por apenas 20 euros,

para automaticamente ganhar uma va-

liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho

da autoria de Zé Penicheiro, expressa-

mente concebido para o jornal “Cen-

tro”, com o cunho bem característico

deste artista plástico – um dos mais

prestigiados pintores portugueses, com

reconhecimento mesmo a nível inter-

nacional, estando representado em co-

lecções espalhadas por vários pontos

do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com

o seu traço peculiar e a inconfundível

utilização de uma invulgar paleta de

cores, criou uma obra que alia grande

qualidade artística a um profundo sim-

bolismo.

De facto, o artista, para representar

a Região Centro, concebeu uma flor,

composta pelos seis distritos que inte-

gram esta zona do País: Aveiro, Caste-

lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e

Viseu.

Cada um destes distritos é represen-

tado por um elemento (remetendo para

respectivo património histórico, arqui-

tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta forma

tão original, está a desabrochar, sim-

bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tão

rica de potencialidades, de História, de

Cultura, de património arquitectónico, de

deslumbrantes paisagens (desde as prai-

as magníficas até às serras verdejantes)

e, ainda, de gente hospitaleira e traba-

lhadora.

Não perca, pois, a oportunidade de

receber já, GRATUITAMENTE, esta

magnífica obra de arte, que está repro-

duzida na primeira página, mas que tem

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que ali apresenta (mais exactamente 50

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ber directamente em sua casa (ou no local

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manterá sempre bem informado sobre o

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nesta Região, no País e no Mundo.

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O Ministro da Administração Interna,

António Costa, apelou ontem (terça-fei-

ra) à mobilização dos cidadãos face ao

problema dos incêndios, admitindo que

as mudanças do clima dificultem o seu

combate no próximo Verão.

“Não está garantido que este será um

ano normal. Vamos ter, porventura, um

Verão muito difícil”, disse António Cos-

ta aos jornalistas, na praça Heróis do

Ultramar, em Coimbra, onde presidiu à

cerimónia de apresentação do dispositi-

vo distrital de combate aos incêndios flo-

restais.

Recordando que 2006 “foi um ano

excepcional”, tendo sido destruída pelo

fogo uma área de floresta significativa-

mente mais reduzida do que em anos

anteriores (“um terço da área dos últi-

mos cinco anos”), frisou que “o proble-

ma dos incêndios diz respeito a todos”.

“Impõe um dever a todos os cidadãos

de colaborar na defesa da floresta”,

acentuou, tendo ainda em conta que, ano

MINISTRO LANÇOU ONTEM EM COIMBRA ALERTA SOBRE FOGOS FLORESTAIS:

“Vamos ter um Verão muito difícil”após ano, o agravamento das alterações

climáticas tende a facilitar a eclosão e

propagação do fogo.

O ministro da Administração Interna

insistiu na prontidão dos meios de com-

bate, humanos e logísticos, de que o Es-

tado dispõe este ano.

No entanto, acrescentou, “não pode-

mos ter um paralelismo face aos resul-

tados positivos do ano passado”.

António Costa apelou, por outro lado,

aos bombeiros e demais profissionais

envolvidos no combate aos incêndios para

usarem os equipamentos de protecção

individual de forma adequada, cumprin-

do todas as regras de segurança.

“O primeiro dever de quem garante a

segurança dos outros é garantir a sua

própria segurança”, enfatizou.

Ao longo do dia de ontem, o ministro da

Administração Interna cumpriu idênticas

apresentações de dispositivos distritais de

combate aos incêndios florestais em Pom-

bal (Leiria) e Almeirim (Santarém).

O Ministro da Administração Interna, que ontem se deslocou à Região Centro, tem

andado pelo País a alertar para os perigos dos fogos florestais, cuja prevenção e

combate têm vindo a merecer especiais cuidados, incluindo campanhas de

sensibilização dos cidadãos. A imagem mostra o Ministro António Costa (ao centro),

ladeado pelo Secretário de Estado Ascenso Simões (à direita na imagem), quando

entrava no combóio que divulga a campanha intitulada “Portugal sem fogos depende

de nós”.

4 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007REPORTAGEM

Sandra Moutinho (Lusa)

A proposta de lei anti-tabaco que oparlamento discute hoje (quarta-feira,dia 2 de Maio) poderá obrigar os pro-prietários dos milhares de cafés e res-taurantes com menos de cem metrosquadrados a assumir um papel ingra-to: denunciar os seus próprios clien-tes fumadores.

“Só espero que o cliente não se virecontra o comerciante”, desabafou oproprietário de um pequeno café naAmadora, que, com a nova lei não sóterá de proibir o fumo, como terá dedenunciar às autoridades os clientesque se recusem a apagar o cigarro.

Com 80 metros quadrados - menos20 do que a Proposta de Lei do Go-verno exige para o incluir nas excep-ções e com possibilidade de criar umespaço para fumadores, nunca supe-rior a 30 por cento da área total - estecafé é um dos milhares espalhados porPortugal e que, se a nova lei for apro-vada como propõe o Governo, terá deproibir totalmente o fumo.

O proprietário concorda com os pro-pósitos das restrições, mas receia queo cliente fumador não seja assim tãocompreensivo e questiona-se: “E seele, mesmo alertado para a proibição,insistir em fumar?”.

Nesses casos, e de acordo com aProposta de Lei que os deputados irãodiscutir hoje na generalidade, caberáao proprietário do estabelecimento(enquanto uma das “entidades públi-cas ou privadas que tenham a seu car-go os locais a que se refere a presen-te lei”) “chamar as autoridades admi-nistrativas ou policiais, as quais devemlavrar o respectivo auto de notícia”.

Por seu lado, os restantes utentesdos serviços que defendam o cumpri-mento da lei e se deparem com a suainfracção, poderão apresentar “quei-xa por escrito, circunstanciada, usan-do para o efeito, nomeadamente, o li-vro de reclamações disponível no es-tabelecimento em causa”.

É este papel de denunciador de umcliente que preocupa este comerciantena Amadora e muitos, muitos mais, quese vêem na iminência de perder clien-tes e, logo, terem prejuízos avultados.

Quando a proposta de lei foi apro-vada em Conselho de Ministros, a 1de Março deste ano, a Associação deRestauração e Similares de Portugal(ARESP) alertou para “os evidentesprejuízos socio-económicos para osestabelecimentos de restauração e be-bidas, e ainda mais, para os espaçosde diversão, advenientes da proibição

Tabaco: nova lei obriga comerciantes

a denunciar clientes fumadores

VAI SER DISCUTIDA HOJE NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

do fumo nestes locais”.Mas foi o período de adaptação dos

estabelecimentos comerciais às alte-rações (um ano) que mais críticas me-receu por parte da ARESP.

Para esta associação, tratou-se de“um retrocesso” do Governo que op-tou por “deixar cair as posições ante-riormente assumidas, decidindo de for-ma diversa da anunciada, ao reduzir oprazo previsto para adaptação dos qua-tro anos para, apenas, umano”.

A nova lei, que poderáser diferente da Propostade Lei, conforme a sua dis-cussão na Assembleia daRepública, proíbe o fumoem praticamente todos osespaços fechados.

Dos “locais onde este-jam instalados órgãos desoberania, serviços e orga-nismos da administraçãopública e pessoas colecti-vas públicas” aos “locaisde trabalho”, dos “estabe-lecimentos onde sejamprestados cuidados de saú-de, nomeadamente hospi-tais, clínicas, centros e ca-sas de saúde, consultóriosmédicos, postos de socor-ros, laboratórios, farmáci-as e locais onde se dispen-sem medicamentos não sujeitos a re-ceita médica” aos “lares e outras ins-tituições que acolham pessoas idosasou com deficiência ou incapacidade”,passando por espaços “destinados amenores de 18 anos, nomeadamenteinfantários, creches e outros estabe-lecimentos de assistência infantil, la-res de infância e juventude, centrosde ocupação de tempos livres, colóni-as e campos de férias e demais esta-belecimentos similares”, todos terãode ser transformados em espaços li-vres de fumo.

INTERDIÇÃO NAS ESCOLASE RECINTOS DE DIVERSÃO

A Proposta de Lei preconiza aindaa interdição do fumo “nos estabeleci-mentos de ensino, independentemen-te da idade dos alunos e do grau deescolaridade, incluindo, nomeadamen-te, salas de aula, de estudo, de pro-fessores, de reuniões, bibliotecas, gi-násios, átrios e corredores, bares, res-taurantes, cantinas, refeitórios e es-paços de recreio” e “nos museus, co-lecções visitáveis e locais onde seguardem bens culturais classificados,

nos centros culturais, nos arquivos enas bibliotecas, nas salas de conferên-cia, de leitura e de exposição”, assimcomo “nas salas e recintos de espec-táculos e noutros locais destinados àdifusão das artes e do espectáculo,incluindo as antecâmaras, acessos eáreas contíguas”.

Entre outros espaços, o fumo deve-rá ser proibido “nos recintos de diver-são e recintos destinados a espectácu-

los de natureza não artística”, “nosconjuntos e grandes superfícies comer-ciais e nos estabelecimentos comerci-ais de venda ao público” e “nos esta-belecimentos hoteleiros e outros em-preendimentos turísticos, onde sejamprestados serviços de alojamento”.

A Proposta estabelece um conjun-to de excepções, entre as quais “áre-as exclusivamente destinadas a paci-entes fumadores em hospitais psiqui-átricos, serviços, centros de tratamen-to e reabilitação e unidades de inter-namento de toxicodependentes e dealcoólicos”.

Poderão igualmente ser criadas“nos estabelecimentos prisionais, uni-dades de alojamento, em celas ou ca-maratas, para reclusos fumadores”.

COIMAS DESDE 50ATÉ MIL EUROS

Para quem insistir em fumar nos lo-cais proibidos, a Proposta de Lei de-finiu um conjunto de contra-ordena-ções que poderão ser punidas comcoimas entre os 50 e os mil euros parao fumador “nos locais onde estejaminstalados órgãos de soberania, servi-

ços e organismos da administraçãopública e pessoas colectivas públicas”e “nos recintos fechados das redes delevantamento automático de dinheiro”,bem como para quem fume “nos veí-culos afectos aos transportes públicosurbanos, suburbanos e interurbanos depassageiros, bem como nos transpor-tes rodoviários, ferroviários, aéreos,marítimos e fluviais, nos serviços ex-pressos, turísticos e de aluguer, nos

táxis, ambulâncias, veícu-los de transporte de doen-tes e teleféricos”.

A mesma coima pode-rá ser atribuída a quemfume “fora das áreas aoar livre ou das áreas parafumadores previstas” nasexcepções contempladasna lei.

Coimas de 50 a mil eu-ros poderão ainda ser apli-cadas aos “proprietáriosdos estabelecimentos”(...) que não determinemaos fumadores para seabsterem de fumar - se noespaço tal for proibido - e,caso estes não cumpram,não chamem as autorida-des administrativas ou po-liciais para “lavrar o res-pectivo auto de notícia”.

De acordo com a Pro-posta de Lei, a fiscalização da novalei compete à Autoridade de Seguran-ça Alimentar e Económica (ASAE),que será responsável pela “instruçãodos processos de contra-ordenação”.

Esta Proposta de Lei - que visa “aprotecção dos não fumadores da ex-posição ao fumo passivo” - estabele-ce “limitações ao consumo de tabacoem espaços fechados e cobertos” eproíbe a publicidade ao tabaco, obrigaà utilização de advertências de saúdenas embalagens e preconiza o apoiona cessação tabágica e a informaçãoe educação para a saúde, em particu-lar das crianças e dos jovens.

O diploma proíbe a venda de pro-dutos do tabaco a menores de 18 anos,a sua venda em máquinas de vendaautomática “que não estejam munidasde um dispositivo electrónico ou ou-tro sistema bloqueador que impeça oseu acesso a menores de 18 anos ouque não estejam localizadas no interi-or do estabelecimento comercial, deforma a serem visualizadas pelo res-ponsável do estabelecimento” e incen-tiva a informação do grande público,bem como a educação para a saúdeem meio escolar.

5DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 COIMBRA

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A Escola de Hotelaria e Turismo deCoimbra (EHTC) acaba de ser nova-mente premiada, desta feita em doisconcursos internacionais, realizados emFaro e em Madrid, vendo assim umavez mais reconhecido o excelente tra-balho dos seus formadores e alunos.

No primeiro caso, em Faro, na Es-cola de Hotelaria e Turismo do Algar-ve, tratou-se da realização, de 18 a 20de Abril, da 4ª edição do Festival In-ternacional de Gastronomia, Desportoe Saúde, este ano sob a temática doTénis, em que as equipas concorren-tes prestaram provas ao nível do ser-viço de restaurante, da confecção decozinha e pastelaria, bem como, reu-nindo estas valências, na apresentaçãode um serviço de buffet. Estiveram aconcurso, em representação de Portu-gal, as Escolas de Hotelaria e Turismodo Algarve, de Lisboa, de Coimbra edo Estoril, bem como o Núcleo Esco-lar de Mirandela (tutelado pela Escolade Hotelaria e Turismo do Porto) e ain-da a Escola de Formação Turística eHoteleira de Ponta Delgada (Açores).A representação internacional esteve

Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra

premiada em dois Concursos Internacionaisa cargo de uma escola espanhola, deSevilha, e de uma escola italiana, deBolonha.

A Escola de Coimbra esteve repre-sentada pelos alunos Liliana Moreira(do curso de Técnicas e Gestão Hote-leira), Rui Rocha e Joel Santos (docurso de Cozinha, 3º Ano), acompanha-dos pelo Monitor Chefe de Bar, Eduar-do Vicente. Liliana Moreira viu a suaprestação no serviço de restaurante serreconhecida com o 1º Prémio, tendorecebido o troféu “Marcador Doura-do”. Rui Rocha e Joel Santos tiveramtambém prestações meritórias reco-nhecidas por todos.

A equipa vencedora do concurso, eda noite de entrega de prémios que de-correu no Casino de Vilamoura, foi oNúcleo Escolar de Mirandela, com aconquista dos prémios Cozinheiro do Fu-turo, Melhor Buffet e Melhor Equipa.

No concurso realizado em Madrid,de 19 a 21 de Abril, na Escuela Supe-rior de Hosteleria y Turismo, denomi-nado Coupe Georges Batiste, (promo-vido pela associação francesa com omesmo nome, em homenagem a umgrande hoteleiro de França do séculovinte), as equipas concorrentes teriamque demonstrar as suas competênci-as, teóricas e práticas no serviço derestaurante, em vários estilos e técni-cas. Estiveram a concurso, para alémda EHTC que representou Portugal,escolas dos seguintes quinze países:Alemanha. Bélgica, Espanha, França,Áustria, Polónia, Eslovénia, Hungria,Dinamarca, Irlanda, Holanda, Itália,Estónia, Luxemburgo e Suécia.

A Escola de Hotelaria e Turismo deCoimbra esteve representada, nas pro-vas destinadas a alunos, por Liliana Pe-reira (do curso de Restaurante/Bar, 3ºAno) e, nas provas destinadas a profis-sionais, pelo formador de Restaurante/Bar, Paulo Pechorro, Director de Res-taurante no Hotel Quinta das Lágrimas,em Coimbra, acompanhados pelo Coor-denador de Produção Hoteleira daEHTC, Luís Pinto. Liliana Dinis alcan-

çou um honroso quarto lugar entre todosos alunos concorrentes, e Paulo Pechor-ro classificou-se no 2º lugar nas provasde serviço de restaurante para profissio-nais, tendo vencido o 1º Prémio no estiloe técnica de “corte de presunto”.

Liliana Moreira com o troféu conquistado

Liliana Dinis e Paulo Pechorro, na entrega de prémios, em Madrid

Enfim, mais duas distinções que mui-to prestigiam a EHTC, dirigida por JoséLuís Marques e com uma notável equipade formadores, que ao longo dos anos temvindo a conquistar justo reconhecimentoa nível do País e internacionalmente.

Eduardo Vicente, Liliana Moreira, Rui Rocha e Joel Santos, na entrega de prémios,

em Vilamoura

6 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007COIMBRA

Palestra sobre micro-algas promovida

pelo Rotary Clube de Coimbra / Olivais

NA GALERIA DA ALBUQUERQUE E LIMA

A Albuquerque e Lima, traduzindo

o seu forte empenho em afirmar-se

como um projecto na divulgação da

arte de raiz coimbrã, apresentou no

inicio de 2007, diversas exposições

individuais, devidamente divulgadas

nas páginas deste jornal.

Constituindo propostas completa-

mente distintas, todas elas foram sig-

nificativas da intervenção activa que

a referida galeria está empenhada

em assumir no panorama galerístico

coimbrão.

Terminado esse ciclo expositivo ini-

cial, e na sequência do seu projecto,

vai dedicar, durante os próximos me-

ses, a sua actividade expositiva exclu-

sivamente aos seus artistas residen-

tes e colaboradores habituais.

Inicia-se, assim, uma nova fase,

que constituirá, de certo modo, o re-

conhecimento pelo apoio empenhado

de todos os autores que por vezes, de

forma quase espontânea, souberam

apoiar o esforço assumido na defesa

de um projecto artístico de raiz genu-

inamente coimbrã.

Assim, durante Maio, na sua Gale-

ria de Exposições Temporárias, situa-

da junto à sede social da firma, na Rua

Nova exposição colectivacom trabalhosde estilos diversos

Gil Vicente, nº 86 A, em Coimbra, po-

derão ser apreciadas obras de pintura

de Célia Brandão, Conceição Men-

des, e Luís Albuquerque.

Nesta exposição é de destacar o

mundo onírico de Conceição Mendes,

a pop arte de Célia Brandão, e o ex-

perimentalismo abstraccionista de Luís

Albuquerque. Apesar desta exposição

contemplar três estilos formais com-

pletamente diversos, no seu conjunto

permite alcançar uma interessante sim-

biose em que contrastam e se comple-

mentam três concepções formais dife-

rentes no domínio das artes plásticas.

Esta mostra, aberta ao público

até fins de Maio, pode ser visitada

de segunda-feira a quinta-feira,

entre as 10h30 e as 13h00. Aos sá-

bados e domingos a referida expo-

sição está aberta ao público entre

as 15h00 e as 20h00.

Além das pinturas expostas na Ga-

leria da Albuquerque e Lima, esta em-

presa mantém, para os seus clientes,

outros trabalhos, destes três autores,

disponíveis em catálogo ou em LCD,

podendo estes últimos serem consul-

tados, na sede social da Firma, pelas

pessoas interessadas em arte.

O Rotary Clube de Coimbra/Olivais

promoveu na passada semana uma pa-

lestra por Lília Santos, professora do

Departamento de Botânica da Faculda-

O ritual rotário da saudação às bandeiras, com Mariano Pego, Presidente do Clube,

ladeado por Lilia Santos (à direita na foto) e Isolina MesquitaAspecto da assistência que seguiu, com muito atenção, a interessante abordagem

de uma matéria pouco conhecida, mas com enormes potencialidades

de de Ciências e Tecnologia da Univer-

sidade de Coimbra, que abordou uma ma-

téria muito pouco divulgada: “Microalgas,

a matéria prima do futuro”.

Esta especialista, que há muitos anos

se dedica ao estudo do fascinante mun-

do das microalgas, fez uma interessante

exposição sobre as suas extraordinárias

potencialidades, em domínios tão diversos

como a alimentação, as terapias para vá-

rias doenças e, entre outros, até mesmo a

sua utilização para fins energéticos.

7DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007DIA DA MÃE

Celebra-se no próximo domingo, dia 6de Maio, o “Dia da Mãe”.

Como já se escreveu e disse pormuitas vezes, todos os dias são, ou de-veriam ser, da Mãe, querendo com istosignificar ser desejável que em cada jor-nada os filhos demonstrassem amor egratidão por quem os trouxe ao mundoe, na maior parte dos casos, por eles sesacrificou, das mais diversas formas.

Infelizmente nem sempre isso suce-de, pelo que este dia tem a vantagem dealertar para a dívida que cada um de nóstem para com sua Mãe – dívida que nun-ca será paga, porque não é material, an-tes do domínio do afecto, pelo que podeser, quando muito, retribuída através dasmais variadas manifestações de amor egratidão.

Como é já tradição, as homenagensque neste dia se fazem às Mães são qua-se sempre acompanhadas de uma lem-brança, que vale muitas vezes mais peloseu simbolismo do que pelo preço.

Uma flor, um cartão, um perfume, umapeça de vestuário, um poema, um pas-seio, uma refeição diferente, uma ida aocinema, ao teatro, um livro – enfim, ummundo de possibilidades, para todos osgostos e para todas as bolsas. Porqueaté mesmo uma flor pode ser colhida nocampo, quando não há posses para asadquirir nas floristas; e terá certamente,para quem a recebe, importância seme-lhante ao mais caro dos ramos que o di-nheiro pode comprar.

MEDALHA COMEMORATIVA

Como se tornou já uma tradição emtodas as datas significativas, a Medalhís-tica Lusatenas, de Coimbra, acaba deeditar uma Medalha comemorativa des-te “Dia da Mãe 2007”.

Trata-se de um boa opção para quempretende oferecer uma prenda que é, si-multaneamente, uma obra de arte impe-recível e com um custo relativamente

CELEBRA-SE NO PRÓXIMO DOMINGO

“Dia da Mãe”

acessível.À venda nas casas da especialidade e

em outros locais (os interessados podemtambém contactar a Medalhística atravésdo telemóvel 917 610 716), esta medalha,cunhada em bronze, é da autoria do es-cultor Jorge Coelho. A acompanhar cadaexemplar da Medalha vem um belo textoe um poema alusivo às Mães, ambos daautoria do Padre A. Jesus Ramos, Pro-fessor de História da Igreja no InstitutoSuperior de Teologia de Coimbra.

Com a devida vénia, a seguir trans-crevemos esse texto e o poema.

DIA DA MÃE 2007

Feliz a acriança que pode crescer sen-tada nos joelhos de sua mãe, acarician-do o seu rosto e recebendo a ternura dosseus beijos! No futuro, sempre que pre-cisar de uma migalha de doçura paraamenizar o travo de fel que a vida lheapresente, há-de voltar aí, a esse lugarsagrado onde tem início tudo o que é bom,desde as palavras mais encantadoras aos

sorrisos mais puros e aos pensamentosmais sublimes. O colo da Mãe, de todasas Mães, transmite segurança, afecto,calor humano e paz interior. É nele que ohomem e a mulher aprendem as pala-vras e os gestos que os hão-de marcar,de forma indelével, para a vida inteira.

Celebrar o Dia da Mãe é voltar de novoàs carícias do seu colo. É sentarmo-nossobre os seus joelhos, pegarmos nas suasmãos que, um dia, segurando a nossa,pequenina, nos marcaram na fronte, pelavez primeira, o sinal da cruz. É acarici-armos os seus cabelos, agora grisalhos,e segredarmos-lhe ao ouvido que, pas-sados muitos anos e percorridos muitoscaminhos, o seu amor continua a ser osinal mais da nossa vida.

Celebrar o Dia da Mãe é demonstrar-lhe a gratidão pelas noites que passousem dormir, pela ternura com que nosensinou as primeiras palavras e nos am-parou nos primeiros passos, pelo cuida-do e desvelo com que nos viu crescer,estando sempre presente, mesmo quediscretamente, nos momentos mais sig-nificativos da nossa caminhada.

Celebrar o Dia da Mãe é retribuir-lhe,com um simples gesto, com um ramo deflores ou com a singeleza de um beijo,tudo quanto significa para nós a lembran-ça do seu colo, esse lugar amoroso onde,ainda agora, nos sentimos crianças, brin-cando com os seus cabelos grisalhos,acariciando o seu rosto gasto pelos anosou aprendendo a contar pelos dedos ossonhos que a vida tornou realidade.

A Medalhística Lusatenas, com estamedalha comemorativa, pretende juntar--se ao coro de quantos, neste dia, que-rem cantar um hino de gratidão ao amorde todas as mães.

Mãe

A nudez desta mensagem

Que deixo gravada aqui

Tem simplesmente o sentido

De segredar-te ao ouvido:

Eu gosto muito de Ti!

A. Jesus Ramos

As duas faces da bela Medalha alusiva ao “Dia da Mãe 2007”

8 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007OPINIÃO

HISTÓRIADE DUAS GERAÇÕES

(…) E Portugal é hoje, apesar das dis-tracções mediáticas e dos circos, um Es-tado “normal” (com o excesso legiferanteda UE, podíamos até dizer “normalizado”).

Não parece haver grande disputa so-bre a legitimidade política dos governan-tes, ou o seu processo de escolha.

Não vejo grandes exércitos de reserva(do proletariado ou do sub - proletariado,ou da burguesia proletarizada, ou em ris-cos de proletarização), dispostos à clan-destinidade, em vez da vida pública.

Ninguém está, é claro, contente com o“rumo das coisas”. Portugal aparece maisuma vez céptico, cínico, cinzento (os três“C” da pós-revolução). Mas a “coisa” re-solve-se com outra eleição, ou com novasleis, ou a com a fiscalização de órgãos in-dependentes, ou com um largo conjuntode alternativas, dentro da “sociedade ci-vil” (a começar pelo referendo), e até aosbaluartes das burocracias.

Não se percebe assim que, em “nor-malidade”, se parta para uma manifesta-ção com barras de ferro e cocktails Molo-tov. Não se percebe que se confunda oanarquismo (a ausência de controle esta-tal) e o movimento libertário, com grupe-lhos perdidos, cultores da violência “purifi-cadora”. Ao pé destes “militantes”, os ski-nheads aparecem como bons cidadãos, eóptimos exemplos.

Por outro lado, fica sempre no ar a per-gunta do insuspeito Pasolini “quando háconfrontos de rua entre estudantes e polí-cias, quais são os filhos do povo”?

Nuno Rogeiro (comentador político)JN 27/04/07

O 26 DE ABRIL

Não tem sido nada fácil o 26 de Abril.Não quer dizer que o 25 o tenha sido.Mas para quem vive hoje, nas dificulda-des e condicionamentos actuais, até pa-rece que foi. Foi chegar ao Largo doCarmo, dar uns tiros para o ar, pôr unscravos na ponta das espingardas dosmilitares, obrigar Marcelo Caetano aentregar o poder ao general Spínola, epronto, estava feito o 25 de Abril.

É preciso fazer-se cínico e profunda-mente ignorante da história para escre-ver a frase anterior. Ou mais grave ain-da para sequer sugerir que a passagemda noite para o dia entre 24 e 25 de Abrildo ano mil novecentos e setenta e qua-

tro, foi todo o tempo entre o Sol se pôr ereaparecer numa manhã no inconfundí-vel azul de Lisboa. Mas apetece ser cí-nico ao ver como alguns falam do “on-tem” e do “hoje” de Portugal, bramindocontra os dias que correm, como se opior de hoje não fosse melhor que o piorde ontem. Isto, evidentemente, para ocolectivo nacional. Para os privilegiados,que sempre os houve, como é óbvio, ovalor das perdas da mudança não é com-parável. E para os desprotegidos que tam-bém sempre os há, têm todo o direito demalfadar os dias da história que nuncalhes deram feliz guarida.

Lendo os jornais do passado e do pre-sente, lendo Eça ou Herculano, ou ven-do na pantalha “Portugal - um perfil so-cial”, de António Barreto e Joana Pon-tes, a bem dizer, o Portugal dos portu-gueses nunca foi um país feliz. Sempreambicionámos ser melhor do que somos.Sempre procurámos longe o destino danossa felicidade. Se por um lado, somosuns eternos insatisfeitos, por outro - o queé bom - acreditamos que o nosso futuroainda não chegou. Resta saber como oprocuramos. Colectivamente. (…)

Paquete de Oliveira (sociólogo)JN 26/04/07

A QUALIDADE DAS PESSOAS

Uns dias fora da pátria e há coisasque escapam; nada de substancial, evi-dentemente, mas revela um pouco dapátria. Refiro-me a uma campanha inti-tulada “Novas oportunidades” destinadaa “dar resposta aos baixos índices deescolarização dos portugueses através daaposta na qualificação da população”,coisa que é apresentada como sendo um“desígnio nacional”.

Não se trata de estar no desgraçado lado“do contra”, ou a marchar ao lado do “mi-serabilismo português”, mas a campanhanão tem muita graça. Em primeiro lugar,sugere imediatamente o seu contrário, oque diz muito sobre o seu carácter risível.Foi assim, aliás, que a conheci. (…)

Segundo pormenor, muito mais cho-cante - ou, este sim, chocante: a demo-nização desses empregos honestos, im-prescindíveis e que não deviam ser me-nosprezados, como empregado de res-taurante, vendedor de imprensa, jardinei-ro, seja o que for (escuso-me a acompa-nhar a imaginação delirante e classistada campanha), parece-me francamentelamentável. A ideologia que enquadraesses anúncios podia ser adoptada porqualquer pós-salazarista. Coitados dosvendedores de imprensa, coitados dosporteiros de hotel, coitados dos empre-gados de mesa em restaurante, coitadosdos funcionários do comércio ou da ad-ministração pública ou das portagens dasauto-estradas, coitados dos que não têmum curso. Compreende-se a boa-vonta-de dos responsáveis pela “Novas opor-tunidades” (e dos que figuram na cam-panha, evidentemente), e compreende-se o sentido geral da iniciativa. Portugalprecisa de mais qualificação na forma-

ção profissionais e de mais qualidade dosseus licenciados. Mas há, ali, qualquercoisa de chocante: um menosprezo dasprofissões banais, um desprezo das ocu-pações não consideradas nobres.

Como se sabe, no campo das políticaspúblicas, não contam apenas as intenções;contam também os métodos, os proces-sos e as imagens geradas nesse caminho.Não se pode desvalorizar a qualidade daspessoas em nome da qualidade das pro-fissões. Porque, no fundo, a qualidade davida das pessoas não depende da quali-dade das profissões. Depende da sua ini-ciativa e da sua vontade.

Francisco José Viegas (escritor)JN 23/04/07

OS BUFOS VIRTUOSOS

O Ministério da Justiça lançou um guiapara prevenir a corrupção que incentivaos funcionários públicos a denunciar ca-sos de corrupção às “autoridades”. Estaé mais uma das muitas ideias voluntaris-tas de combate à corrupção propostaspor entidades públicas nos últimos me-ses. Recorde-se que, no seu discurso de5 de Outubro de 2006, Cavaco Silva ape-lou a uma batalha pela “moralização davida pública” e à “instauração de umacultura de dever e responsabilidade”.Quando tomou posse, em Setembro de2006, o novo procurador-geral da Repú-blica apelou à “maior participação doscidadãos” no combate à corrupção. EmMarço de 2007, Jaime Gama apelou auma “aliança de convicções” entre de-putados, magistrados e governantes.Nada de novo na iniciativa do Ministérioda Justiça, excepto o aspecto pidesco.

Estes apelos vindos de políticos comresponsabilidades públicas há dezenas deanos não deixam de ser irónicos. A cor-rupção é essencialmente o resultado dasdebilidades institucionais dos organismospúblicos concebidos por esses políticos.A corrupção deve-se a um conflito deinteresses que afecta qualquer servidorpúblico. O servidor público tem, comoqualquer ser humano, interesses priva-dos. Apesar disso, tem a penosa obriga-ção de colocar o interesse público à fren-te dos seus interesses privados. No en-tanto, os arranjos institucionais prevale-centes no sector público colocam gran-de poder nas mãos dos funcionários, masnão lhes dão incentivos para o usar cor-rectamente. A burocracia e o poder dis-cricionário do Estado abre-lhes mesmomuitas oportunidades para tirarem pro-veito pessoal da sua posição. (…)

João Miranda (investigadorem biotecnologia)

DN 28/04/07

A LIBERDADE DE IMPRENSA

(…) José Manuel Fernandes acordou,de repente. E lembrou-se agora, ontem,de uma crónica minha escrita há maisde um mês. Faz um editorial indigente, coma colagem descontextualizada de excertos

de escritos diversos, desde sentenças detribunais a colunas de opinião, para con-cluir que há duas formas de encarar a li-berdade de imprensa – uma, a dele, a quevaloriza a liberdade. E outra, a minha, aque considera a liberdade um perigo.

A visão vesga e canhestra do directordo ‘Público’ resulta certamente da tra-jectória política que fez da extrema-es-querda até aos territórios do PSD, ondese acolheu com grande oportunidade eoportunismo. Eu poderia provar que es-tive sempre na primeira linha do comba-te pela liberdade de imprensa (e não en-contrei lá o Fernandes), tantas foram asocasiões em que abertamente me bati poresses valores, com governos de direita,de esquerda ou de centro. Mas não voufazê-lo porque não chegava o espaçodesta crónica para enumerar as ocasi-ões em que enfrentei manipuladores econtroleiros, em defesa da liberdade. (…)

Emídio Rangel (jornalista)CM 28/04/07

OS OSSÁRIOS DA FAMÍLIADE JESUS

No passado domingo, 15, em horárionobre, a televisão passou um longo do-cumentário sobre uma descoberta de1980, em Jerusalém. A partir de um tú-mulo com nomes fundamentais do NovoTestamento - Jesus, filho de José; Ma-ria; José; Mariamne (Maria Madalena?);Judas, filho de Jesus; Mateus - preten-dia-se que se poderia estar em presençados ossários da família de Jesus.

O documentário era sedutor. Foi-seinclusivamente à análise do ADN. Masquem estivesse atento não deixaria deconstatar alçapões. A partir da análisedo ADN, por exemplo, não podia con-cluir-se que Jesus e Maria Madalena ti-vessem sido marido e mulher. E não sepercebe como é que uma família pobre,da Galileia, no norte, tinha um túmulo emJerusalém, no sul.

É possível que alguns cristãos ficassemna perplexidade. Sobretudo por causa depensarem que, se encontrassem os res-tos mortais de Jesus, ele não tinha res-suscitado nem subido aos céus. Então, ocristianismo afundava-se, sem salvação.

Foi Kant que preveniu contra a me-noridade religiosa culpada como a maisnefasta. A religião é do domínio do trans-racional, mas não pode ser irracional neminfantil. (...)

Anselmo Borges

(padre e professor universitário)DN 28/04/07

O DIREITO INALIENÁVELÀ MÁ ROMARIA

Em 1933, Fernando Pessoa escreveuum poema que não podia ser publicado.Eis parte dele: “Coitadinho/ Do tiraninho!/Não bebe vinho / Nem sequer sozinho.../Bebe a verdade/ E a liberdade,/ E comtal agrado/ Que já começam/ A escas-sear no mercado./ Coitadinho/ Do tirani-

9DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 OPINIÃO

nho”... É extraordinário que alguém nãopudesse ter a liberdade de publicar (querdizer, dizer alto) essas palavras. Nãoporque esse alguém era Pessoa ou por-que essas palavras estavam tão bem di-tas ou porque elas até eram justas. Oextraordinário é que não se pudesseexercer publicamente a liberdade de di-zer. Não se podia, porque Salazar nãodeixava, exilando ou prendendo quem ou-sasse contrariá-lo. Pessoa, mais à frenteno poema, di-lo: “O meu vizinho/ Está naGuiné,/ E o meu padrinho/No Limoeiro”...Hoje, temos o direito inalienável não sóde dizer coisas belas, como Pessoa, masaté fazer coisas rascas como homenage-ar Salazar. E é melhor assim, não é, ro-meiros de Santa Comba Dão?

Ferreira Fernandes (jornalista)DN 28/04/07

MEMÓRIA DA LIBERDADE

(…) Nenhuma democracia com pre-ocupações sociais pode ignorar o efeitodemolidor da sua legitimidade provoca-do pelo crescimento das desigualdadessociais. Nesse plano, o legado destes 33anos está longe de poder ser considera-do como minimamente aceitável. Só queno mundo globalizado em que vivemos,o combate às desigualdades já não podeser eficazmente levado a cabo com basenuma visão meramente assistencialistaque sustenta uma rede de protecção ge-ral face aos riscos sociais. A selectivida-de das prestações sociais aliada à pros-secução de políticas activas de reinser-ção social é o caminho a seguir, mas en-tre nós ainda não encontramos o justoponto de equilíbrio entre uma e outras.

A condenação da discriminação racis-ta e xenófoba constitui, por seu turno, umpressuposto de convivência social incon-tornável em sociedades abertas e demo-cráticas, cada vez mais plurais e hetero-géneas na sua composição social. Pe-rante algumas manifestações recentesdeste tipo de intolerância, confesso queteria gostado de ouvir uma palavra doPresidente da República sobre a maté-ria. Também assim se melhoraria a qua-lidade da nossa democracia.

António Vitorino (jurista)DN 27/04/07

AS “SENHORAS DE”

DA OUTRA SENHORA

(…) O 25 de Abril veio e foi e o pro-tocolo do Estado, apesar de ter sofridoum bem recente aggiornamento legal,continua a beber nuns pergaminhos quais-quer de antanho. Pergaminhos de umtempo em que a mulher recebia do mari-do um nome que suprimia o dela, numaprestidigitação simbólica que torna duaspessoas numa. E que encontraram emSá Carneiro, um primeiro-ministro nãocasado com a mulher com quem vivia,um engulho complicado. Sá Carneiro, nosanos oitenta, combateu o bolor à suamaneira, impondo Snu Abecasis ao pro-

tocolo, talvez até como “a senhora de SáCarneiro”. Foi o primeiro round. Masnão houve mais nenhum. O segundo aba-não seria obviamente o de extirpar doprotocolo quem lá não tem cabimento.Cônjuges de eleitos, sejam homens oumulheres, casados ou solteiros, não sãonem devem querer ser figuras de Esta-do. Ponto final. Como o não é - nem devequerer sê-lo nem parecê-lo - o cardeal-patriarca.

O tradicionalismo exacerbado do pro-tocolo de Estado não é só ridículo: é, noseu simbolismo, a certificação de que odeslumbramento daquele dia primordiale o novo olhar que ele inaugurou aindanão sacudiram de vez os restos dessa“outra senhora” que nós, os que acordá-mos a 25 de Abril de 1974 a acreditarque tudo mudara, gostaríamos de já terdeixado lá atrás, tão lá para trás que jánem merecessem discussão.

Fernanda Câncio (jornalista)DN 27/04/07

E CONTINUA

O ensino da Língua Portuguesa conti-nua a caprichar pela bizarria: a Portarian.º 476/2007, de 18 de Abril, reconheceno seu preâmbulo a existência de defici-ências científicas na TLEBS e de falhasnas condições pedagógicas da sua apli-cação, mas não extrai as devidas conse-quências desses factos.

Por outro lado, face ao conjunto deenormidades que a seu tempo foram pos-tas à vista numa das mais vastas mobili-zações da sociedade civil de que há me-mória em Portugal nos últimos tempos, ostermos utilizados no diploma referido pe-cam por excesso de eufemismo e tradu-zem deficientemente a situação criada.

Diz-se aí que o desenvolvimento daexperiência piloto e a entrada progressi-va de escolas e docentes na fase experi-mental “permitiu identificar alguns ter-mos inadequados” na TLEBS “Alguns”termos inadequados é, pelo menos, des-coco, traduzindo um entendimento ofen-sivo da inteligência e desrespeitador dodecoro devido por um ministério aos ci-dadãos do país em que funciona.

Tudo se passa como se o poderosomovimento de opinião pública gerado emtorno da questão não tivesse acontecidoe como se toda uma série de vozes deespecialistas mais do que qualificados queintervieram publicamente na discussãonão se tivessem feito ouvir...

(…) O que se impunha era, primeiro,um pedido formal de desculpas apresen-tado pelo Ministério ao país por toda estatrapalhada em que meteu o ensino daLíngua Portuguesa; segundo, a suspen-são pura e simples da TLEBS para to-dos os graus de ensino, sem qualquerambiguidade; terceiro, a criação e regu-lação da composição e funcionamento deuma estrutura credível de especialistase pedagogos para se proceder à revisãoda terminologia; quarto, a criação de con-dições e o estabelecimento de um prazoreputado razoável para a elaboração de

tais documentos; quinto, a sua análise ediscussão pelo universo dos docentes dadisciplina; sexto, e dados os anteceden-tes, a discussão pública dos documentosem questão.

Mas em vez disso, acontece que umporta-voz da tutela disse ao DN que “oque foi suspenso foi a experiência, não aTLEBS”. Ou seja, para a sibilina criatu-ra, a TLEBS continua em vigor.

Vasco Graça Moura (escritor)DN 25/04/07

PORTUGAL

“PORTUGALIZADO”

Na cartografia das nossas revoluçõescomemora-se, hoje, uma vitória impres-cindível: a da liberdade; e uma derrotavital: a da esperança. A ambivalênciadeste círculo revela muito das históricasfrustrações que nos perseguem. Trope-çamos, desde 1383, no paradoxo de ini-ciar processos excepcionais de alteraçãosocial, criamos um pouco de desassos-sego e, depois, estatelamo-nos nos es-combros dos desaires.

Há trinta e três anos fomos movidospela fé. Tudo estava ao nosso alcance eíamos subir, esfuziantes, a escada de Ja-cob porque o céu era ali mesmo.

(…) O festim durou pouco. A singula-ridade da “via portuguesa para o socialis-mo” representava-se na modesta circuns-tância de ninguém saber, verdadeiramen-te, o que era o “socialismo” - em especialos “socialistas”. Todos os partidos inscre-veram nos seus textos sacrossantos aextraordinária palavra. A qual, inespera-damente também, desapareceu dos teo-res, das doutrinas, dos projectos e dasconvicções de quase todos os partidos.

(…) “Portugalizar” é uma metáforaferoz e irónica. Todavia, caracteriza anossa taciturna aceitação ao que consi-deramos fatalidade. Há trinta e três anosalimentámos um sonho buliçoso, senti-mental, ocasional e frágil. O despertardesfez a fábula de que as coisas devempertencer a quem as ama. Talvez seja-mos culpados, porque não soubemos de-fender com paixão o que, apaixonada-mente, desejávamos nos pertencesse.

Baptista Bastos

(escritor e jornalista)DN 25/04/07

A DESAFIANTE PAZ

EUROPEIA

A europeização, depois de duas guer-ras chamadas mundiais, e combatidasnuma geração, pretendeu conseguir queo desastre não voltasse a repetir-se. Apaz entre europeus era o grande objecti-vo, e conseguiu resultados positivos du-rante os longos anos que terminaram coma queda do Muro de Berlim e a dissolu-ção do império soviético.

A partir de então, a paz europeia, umbem a preservar intransigentemente emníveis confiáveis, não só pelo interessedos Estados e povos da área, mas tam-

bém pelo interesse global da paz e segu-rança, não pôde evitar-se que fosse en-volvida em sonhos de antigos protago-nismos estaduais.

(…) Entre 1991 e o fim do século fo-ram mortos centenas de milhares de bós-nios, de croatas, de sérvios, de albane-ses, milhões de pessoas foram obriga-das a deslocar-se desde o fim da guerra,os tribunais penais estão activos, a pazcivil não foi conseguida.

As questões basca e da Irlanda doNorte têm sido olhadas como alheias aosinteresses e responsabilidades comunseuropeias, assim como a divisão militarde Chipre é amenizada na avaliação dasnegociações com a Turquia.

A memória resiste à semântica, e porisso é excessivo imaginar que a questãodos Sudetas não está viva nas relaçõesentre a República Checa e a Alemanha.

Nada disto diminui a importância efunção do projecto assumido pela Uniãode conseguir ultrapassar a memória mo-bilizadora dos confrontos, nem o apeloda sua mensagem de reconciliação in-terna e de intervenção externa a favorde uma reconstruída governança mundi-al pacificadora e dinamizadora de umcrescimento humano global e sustenta-do. Mas não parece avisado aligeirarfactos como o de não ter conseguido atra-ir todos os Estados europeus, nem aindaque existem outras organizações servi-doras dos interesses ocidentais, como aAliança Atlântica, o Conselho da Euro-pa, a OSCE. A paz tem muitas faces, e aevidência de que nenhuma pode ser ig-norada aponta para a firmeza no sentidode progredir sem pressa, e sem perda detempo. Com segurança.

Adriano Moreira

(professor universitário)DN 24/04/07

OS ABISMOS

DO HUMOR POLÍTICO

(…) É indispensável rir do disparate,zurzir o abuso, “farpear a tolice” comodiziam Eça e Ramalho. Mas mantendosempre o respeito por quem serve o País.Este equilíbrio é muito difícil, pois a chi-cana ridiculariza tudo. É tão fácil garga-lhar no sofá!

Esta questão é agora decisiva, poisparece ter acabado o estado de graçado Governo Sócrates. Vamos entrar noperíodo, igual aos antecessores, em queos humoristas, desde a televisão à mesado café, vão ter barrigadas de riso à cus-ta de ministros, políticas e deslizes. Vaiser uma paródia! Entretanto, é precisogovernar o País e nos próximos temposserão esses ministros e políticas, commais ou menos deslizes, que nos vão di-rigir. E, afinal, os problemas com que li-dam afligem-nos a nós, não a eles. Co-meçamos por rir, mas tudo acabará emlamentos.

João César das Neves

(professor universitário)DN 23/04/07

10 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007COIMBRA

Varela Pècurto

Agora que o Programa Polis em Co-

imbra é uma certeza, pois boa parte está

cumprida, é-me grato lembrar quem, há

uns bons 30 anos, teve visão semelhan-

te, manifestando-se ainda com outras

sugestões que publicou em livro, enquan-

to executava os seus trabalhos diários,

dos quais os mais visíveis eram as nu-

merosas exposições que organizou.

O dr. Manuel Chaves e Castro conta-

giava com a sua permanente boa dispo-

sição quem com ele trabalhava.

Enfrentava as contrariedades com um

humor Atão subtil que os menos atentos

nem sempre reagiam de imediato.

A cidade assistiu nesse tempo a ex-

posições na sala do Posto de Turismo, à

Portagem, cuja entrada é pela Couraça

de Lisboa.

Os variados temas de cada uma de-

las atraíram os visitantes em grande

número. Desde pintura, escultura, fo-

tografia, registos religiosos, relógios,

trabalhos executados por doentes in-

ternados, bordados, lanternas, colecci-

onismo diverso, cartazes, etc. etc. etc.,

deliciaram quem os viu.

Mas ao irrequietismo do dr. Chaves

e Castro não bastava o desempenho

da sua missão no Turismo. O Arquivo

Municipal, então na Torre de Almedi-

na, estava ao seu cuidado e foi alvo de

várias intervenções a que o público

acorreu.

Dava ainda colaboração ao Prof.

Bissaya Barreto, que não hesitava em

pedir a sua ajuda nas mais variadas si-

tuações em qualquer das numerosas

instalações de sua iniciativa a favor do

seu semelhante.

Recordo uma ida a Amarante para

fotografar umas esculturas. Havia que

esculpir réplicas mais pequenas, destina-

Programa Polis de há 30 anos

das ao Portugal dos Pequenitos, e as fo-

tos orientariam o escultor.

A viagem foi decidida depois de um

fotógrafo local que tinha sido contrata-

do, ter respondido que o trabalho não era

possível de realizar porque as figuras

estavam em local muito alto.

Impossível de fotografar? Como assim?

E lá fomos, regressando com as ne-

cessárias fotos, logo aproveitadas para

o fim em vista.

Quem ocupa postos de trabalho com-

plicados sabe como as imprevisões são

constantes.

O dr. Chaves e Castro fixava o que

havia para fazer mais tarde, mas as suas

previsões eram anotadas e foram estas

que deram origem ao seu livro apontando

cem sugestões turísticas para Coimbra.

Ao longo dos anos foi vendo concreti-

zada boa parte delas e os benéficos efei-

tos daí resultantes.

A aproximação da população ao rio

foi sempre preocupação sua e o primei-

ro passo que sugeriu foi a requalificação

das margens do Mondego na zona de

Coimbra.

Encontrou não sei onde uma gravura

de uma cidade do leste europeu com uma

zona ribeirinha semelhante à nossa, a

montante da ponte de Santa Clara. Fiz a

reprodução que transplantei para a foto

que já tinha (aérea) da zona mondegui-

na, de que resultou um belo relvado e

lojas nos terrenos anexos ao Parque Dr.

Manuel Braga; e na margem esquerda,

acima da ponte, uma pequena doca para

embarcações de recreio e desportivas e

uma piscina.

Foi o Programa Polis antecipado, a

provar que esta previsão estava certa.

Como outras que hoje são realidade.

Mas existe um pequeno detalhe que

talvez o dr. Chaves e Castro não tinha

previsto: embora os trabalhos do Progra-

ma Polis não tenham sido iniciados no

mandato de seu filho, dr. Carlos Encar-

nação, é na presidência deste que eles

continuarão.

Dada a sua extensão e dúvidas quan-

to a futuras verbas disponíveis, só o fu-

turo dirá quem vai ser o Presidente da

Câmara que os terminará.

Certo é que mesmo na actual fase

desta grande obra, já se pode concluir

que a previsão de há mais de 30 anos

estava tão certa como os trabalhos

efectuados provam ser de excepcional

vantagem para a população, valorizan-

do a cidade com melhor ambiente.

A belíssima ponte pedonal Pedro e Inês, cuja concepção arquitectónica

tem atraído atenções de especialistas de vários países

O emblemático urso verde que “ressuscitou” no Parque da mesma cor

O Parque Verde do Mondego é hoje um dos locais mais aprazíveis de Coimbra

11DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007MIGUEL TORGA

A PROPÓSITO DO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO

Miguel Torga evocado

em Portugal e no estrangeiro

Celebra-se este ano o centenário do

nascimento de Miguel Torga, um dos mais

notáveis escritores e poetas portugueses.

A efeméride está a ser assinalada com

um variado conjunto de iniciativas, em

diversos pontos de Portugal, mas tam-

bém em muitos outros países - o que é

loquente quanto ao prestígio justamente

conquistado por este grande vulto das

letras portuguesas.

Em Coimbra, de amanhã até sábado, vai

decorrer um Congresso, na Casa Munici-

pal da Cultura, em que diversos especialis-

tas nacionais e estrangeiros se propõem

analisar e debater a obra de Torga. ao re-

dor do tema “A minha verdadeira imagem

está nos livros que escrevi”.

Trata-se de uma parceria entre a Câ-

mara Municipal de Coimbra, a Academia

das Ciências, a Universidade de Santiago

de Compostela, a Universidade Fernando

Pessoa (do Porto) e a Universidade de

Trás-os-Montes e Alto Douro.

No Congresso vão participar docentes

e investigadores da maioria das Universi-

dades portuguesas e outros vindos do es-

trangeiro, nomeadamente do Brasil, de Es-

panha, dos Estados Unidos.

Na sexta-feira será lançado um livro

intitulado “Miguel Torga, o calvário do Po-

eta”, com autoria dos jornalistas Soares

Rebelo (texto) e Luís Carregã (fotos).

No sábado será apresentada uma outra

obra de homenagem ao poeta, intitulada

“Viver é ser no tempo intemporal (Reca-

dos a Miguel Torga), coordenada por Isa-

bel Ponce de Leão e que tem a participa-

ção de de diversos estudiosos da obra tor-

guiana.

Ainda no sábado vai decorrer um

“Percurso Torguiano”, que percorrerá

os locais que o poeta frequentava, des-

de a sua residência, na Praceta Fernan-

do Pessoa (nos Olivais) até ao Largo

da Portagem, onde tinha o consultório

de otorrinolaringologista.

Recorde-se que a moradia onde vi-

veu está a ser objecto de obras de adap-

tação para ser transformada em Casa-

Museu e Centro de Estudos Torguianos,

sob a direcção da Vice-Reitora da Uni-

versidade de Coimbra, Cristina Robalo

Cordeiro (escolhida pela filha do escri-

tor, Clara Rocha, catedrática da Univer-

sidade Nova de Lisboa).

Quase concluído está também o monu-

mento a Miguel Torga junto ao Largo da

Portagem, na margem do Mondego.

HOMENAGEM EM VILA REAL

Também no próximo sábado (5 de

Maio), à tarde, é apresentado em Vila

Real o projecto do futuro “Espaço Mi-

guel Torga”, que será construído em

S. Martinho de Anta, terra natal do

poeta. De salientar que se trata de um

projecto da autoria do arquitecto Sou-

to Moura, que vais estar presente.

Ainda no ssábado e em Vila Real será

inaugurada uma grande exposição biobi-

bliográfica, organizada por Carlos Mendes

de Sousa (professor na Universidade do

Minho), exposição essa que andará depois

em itinerância ao longo deste ano.

Nesse mesmo dia. às 21horas, é inau-

gurada no teatro Municipal de Vila Real a

exposição biobibliográfica itinerante, em

cerimónia que deverá ser presidida pelo

Primeiro Ministro José Sócrates.

Pelas 22 horas haverá um concerto de

homenagem ao escritor.

DIVERSAS INICIATIVASNO ESTRANGEIRO

Entretanto, e como acima referimos,

o centenário de Torga está a ser assina-

lado em diversos outros países.

No passado dia 20 de Abril, a filha do

poeta, Clara Rocha, fez uma conferên-

cia sobre seu Pai na Universidade italia-

na de Pisa

Na próxima semana irá proferir con-

ferências mas Universidades de Heidel-

berg e de Mainz, na Alemanha.

Estão também já marcados congres-

sos sobre Torga, para este ano, em Paris

e em Hamburgo.

OUTRAS HOMENAGENS

Anunciadas estão já outras homena-

gens a Miguel Torga, para depois do Ve-

rão, entre as quais três importantes Co-

lóquios. Um em Outubro, no Centro Cul-

tural da Fundação Calouste Gulbenkian

em Paris (com a presença de diversas

personalidades e de prestigiados profes-

sores); outro em Novembro, na Facul-

dade de Letras do Porto, organizado pela

Profª Maria de Fátima Marinho e pelo

Prof. Arnaldo Saraiva; e outro em De-

zembro, na Universidade de Hamburgo,

organizado pela Profª Fátima Brauer. Em

todo s eles participará também a Prof.ª

Clara Rocha.

NOVA EDIÇÃO DA POESIAE DOCUMENTÁRIO NA RTP

Destaque merece também o facto

da Dom Quixote ir lançar em breve

uma nova edição, muito cuidada, da

“Poesia Completa”. Logo a seguir

sairá uma nova edição do “Portugal”.

Mais para o final do ano será edi-

tada uma outra obra sobre Torga,

que está a ser preparada por Carlos

Mendes de Sousa.

Este especialista em Miguel Tor-

ga está também a prestar orienta-

ção científica a um documentário

sobre o poeta que irá transmitido

pela RTP.

Clara Rocha

A futura Casa-Museu e Centro de Estudos de Miguel Torga

Miguel Torga e sua Mulher, a Prof.ª Andrée Crabbé Rocha

12 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007FEIRA DO LIVRO

EM COIMBRA, NA PRAÇA DA REPÚBLICA

Livros e artes até 6 de Maio

Na inauguração da Feira, Mário Nunes,

Vereador da Cultura da Câmara Munici-

pal de Coimbra, e Mateus Barreirinhas,

responsável pela organização

O jovem escritor angolano Ondjaki foi o primeiro a deslocar-se à Feira de Coimbra

para uma sessão de autógrafos

Na Feira do Livro de Coimbra também há espaço para a solidariedade

com os que mais precisam

Desde concertos de música clássica até à actuação de palhaços, a Feira do Livro

de Coimbra tem tido um variado programa de cultura e divertimento

Encerra no próximo domingo (dia 6 deMaio) a edição de 2007 da Feira do Livrode Coimbra.

Instalada numa gigantesca tenda, naPraça da República, a Feira tem atraídomilhares de pessoas, em busca de livrosde todos os géneros a preços mais aces-síveis.

Mateus Barreirinhas, responsável pelaorganização, mostra-se satisfeito com aforma como o certame tem estado a de-correr, nomeadamente com a afluência depúblico, embora lamentando que os edito-res não apostem mais na Feira do Livro deCoimbra.

Para além de livros de todos os tipos,com descontos substanciais, a Feira do Li-vro tem sido também palco de diversas ini-ciativas culturais e de lazer, desde concer-tos de música clássica, actuação de gru-pos corais, palhaços. Mas também sessõesde autógrafos com vários escritores.

Para os próximos dias estão programa-das, entre outras, as seguintes iniciativas:

Sexta-feira (4 de Maio):

17H - Tuna Juvenil do Areeiro21H30 - Grupo musical “Os velhos

amigos”Sábado (5 de Maio):

16H - Sessão de autógrafos - Luís Car-doso (Requiem para o navegador solitário/ Ed. D. Quixote), no stand da José Almei-da Gomes

Domingo (6 de Maio)

17H - Genoveva Santos (leitura de poe-mas alusivos ao Dia da Mãe)

17H - Sessão de autógrafos - Álvarodos Santos Pereira (Diário de um deus cri-acionista / Ed. Guerra e Paz), no stand daDr. Kartoon

É ainda esperada a presença de DanielSampaio e Ana Maria Magalhães, ambosautores da Editorial Caminho, representa-da na Feira do Livro pela Interlivro.

13DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007QUEIMA DAS FITAS

“Queima” com “educadores de rua”

No passado domingo decorreu a “Bên-ção das Pastas”, em cerimónia presididapelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, eque encheu a Sé Nova com muitas cente-nas de estudantes de todos os cursos. É oinício da “Queima das Fitas 2007”, a maisantiga e a mais famosa das festas acadé-micas de Portugal, que durante alguns diastransforma Coimbra, com as ruas a fervi-lhar de gente nova envergando capa e ba-tina e ostentando fitas coloridas.

Os programas cultural e desportivotambém já se iniciaram, com diversas ini-ciativas.

Mas o verdadeiro início da “Queima dasFitas” será amanhã às zero horas, quandosoarem os primeiros acordes das guitarrasna escadaria da Sé Velha, na SerenataMonumental que marca o arranque dosfestejos,

Depois será um crescendo de anima-ção, com um programa recheado, que teráo seu ponto alto no cortejo que, na terça-feira da próxima semana, depois do ceri-monial da queima das fitas que dá nome àfesta (a efectuar lo Largo da Sé Nova),descerá até à Baixa, em desfile compostopor largas dezenas de carros alegóricos con-cebidos, com flores de papel, pelos alunosdos diversos cursos e Faculdades.

“EDUCADORES DE RUA”

SÃO NOVIDADE ESTE ANO

Como é sabido, nesta época da “Quei-ma das Fitas” há muitos jovens a cometerexcessos, sobretudo no que respeita aoconsumo de bebidas alcoólicas, com as in-desejáveis consequências daí resultantes.

Mas este ano há uma inovação, a quefoi dado o nome de “educadores de rua”.

Sobretudo nas Noites do Parque vãomarcar presença estes “educadores derua”, jovens que irão alertar para os riscosdos excessos alcoólicos que são uma dascaracterísticas negativas dos festejos..

De 4 a 11 de Maio, enquanto actuam

TENTANDO EVITAR OS HABITUAIS EXCESSOS

nos palcos do “Queimódromo”, nas “Noi-tes do Parque”, famosos artistas nacionaise estrangeiros (entre estes os BloodhoundGang, Skye e Asher Lane), grupos de jo-vens vão fazer a abordagem aos estudan-tes em festa, alertando-os, através de “umdiscurso racional”, para as possíveis con-sequências dos exageros.

“Não será um discurso moralista, massim racionalista. Apelará à razão e ao bomsenso, sem ser contrário à diversão, atéporque é difícil que alguém se divirta emcoma alcoólico”, como afirmou o Gover-nador Civil de Coimbra, Henrique Fernan-des, citado pela agência Lusa.

Esta é, no entanto, apenas uma das vári-as iniciativas de sensibilização, formação einformação previstas num protocolo cele-brado entre o Governo Civil de Coimbra, aAdministração Regional de Saúde do Cen-tro, a Escola Superior de Enfermagem e aComissão Central da Queima da Fitas 2007.

Durante o período da Queima da Fitasde Coimbra (um acontecimento que ultra-passa a academia local, atraindo gente detodo o país), é habitual muitos jovens iremparar ao hospital em coma alcoólico.

Neste âmbito, estas entidades resolve-ram avançar para uma intervenção con-certada, onde o grupo do Atelier de Ex-pressividade da Associação de Estudantesda Escola Superior de Enfermagem deCoimbra tem um papel fundamental.

Segundo Henrique Fernandes, o grandeobjectivo é que esta seja “uma Queimamais segura”, dentro da lógica de que “osriscos se conseguem gerir se forem conhe-cidos”, nomeadamente o de maior sinistra-lidade rodoviária e de maior possibilidadede transmissão de doenças devido à práti-ca de sexo desprotegido.

O protocolo prevê iniciativas para asvárias circunstâncias.

Na fase “Antes que te queimes”, porexemplo, estão previstas acções de sensi-bilização em contexto escolar e a forma-ção dos “educadores de rua”.

A fase “Não te queimes” prevê a insta-lação de uma unidade de saúde móvel noLargo da Portagem, dinamizada pelo ateli-er de expressividade, com o apoio de pro-fissionais de saúde voluntários.

É nesta fase que decorrem as iniciati-vas no terreno, com os “educadores derua” a fazerem abordagens para a redu-ção de consumos, munidos de aparelhos

para medir a taxa de alcoolémia.Se algo já tiver corrido mal, há ainda a

fase “Se te queimaste”, que integra, entreoutras medidas, a divulgação de consultasde apoio e aconselhamento.

Henrique Fernandes disse à Lusa estarconvencido dos bons resultados deste pro-tocolo, que espera ver repetido em próxi-mas Queimas das Fitas.

A Sé Nova foi pequena para albergar as muitas centenas de estudantes dos mais diversos cursos que quiseram participar na cerimónia

da “Bênção das Pastas”, a que presidiu o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto

14 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007EDUCAÇÃO / ENSINO

Luís Lobo *

Recentemente veio a público que um gru-

po de trabalho constituído a partir da Co-

missão de Educação, Cultura e Ciência da

Assembleia da República apresentou um

relatório sobre a violência e a indisciplina na

Escola, aprovando uma série de recomen-

dações ao Governo, coincidindo a aprova-

ção de uma Moção no 9.º Congresso da

FENPROF, precisamente sobre a mesma

matéria, onde se tecem algumas considera-

ções e se propõem 12 medidas considera-

das essenciais para que os docentes e as

comunidades educativas intervenham con-

sequentemente no combate a este flagelo,

colocando desde logo uma condição: a de

que essas medidas que o Governo venha a

adoptar não signifiquem, contudo, o agrava-

mento do ‘código penal’ sobre os alunos, os

quais terão de sempre ser considerados as

primeiras vítimas da situação.

Não se trata, porém, de pretender des-

culpar ou aligeirar as responsabilidades dos

autores dos actos de violência e indisciplina.

Trata-se, tão-só, de trazer à luz do dia uma

reflexão cujos tabus instalados impedem de

ser feita. Para os professores portugueses,

o facto de a família, as políticas educativas

e o sistema educativo se afastarem progres-

sivamente da valorização das competênci-

as que privilegiem as atitudes perante os

outros, a instituição escolar e as relações

inter-pessoais, para dar, quase exclusiva-

mente, ênfase ao plano cognitivo, não é de

menosprezar.

Outro aspecto que não pode, de maneira

alguma, ser menosprezado é o facto de uma

elevada taxa de analfabetismo, o crescente

número de desempregados, a precarização

das relações laborais, a estagnação salarial

e a progressiva quebra do poder de compra,

concorrerem para fenómenos como os que

aqui abordamos. Uns e outros constituem

factores objectivos ou subjectivos condicio-

nadores do clima social latente na socieda-

de portuguesa que, necessariamente, se re-

flectem na Escola, designadamente ao nível

do fenómeno da convivência escolar.

As 12 medidas aprovadas no Congres-

so da Federação dos professores e que se-

rão dadas a conhecer junto da Assembleia

da República, da Confederação e Federa-

ções de Pais, dos órgãos de gestão dos es-

tabelecimentos de ensino e do Ministério da

Educação, constituirão, no seu conjunto, ins-

trumentos fundamentais de promoção da

não-violência e da Convivência Escolar, a

saber:

1. Abertura de um amplo debate “Por

uma Cultura de Paz e de Não-violên-

cia”, que saia do foro exclusivamente

legal e que procure o estabelecimento

de um compromissoq ue envolva as fa-

mílias e as comunidades educativas, em geral.

2. A atribuição às Escolas e Agru-

pamentos de Escolas dos recursos hu-

manos, financeiros e materiais neces-

sários para o desenvolvimento de planos

de actividade que concretizem os seus Pro-

jectos Educativos.

3. Adopção de medidas preventivas

que dêem resposta à situação actual.

4. Desenvolvimento de uma efectiva

política favorecedora da fruição da acti-

vidade cultural e da prática de activida-

de física e desportiva.

5. Criação de um “Observatório para

a Não-violência e para a Convivência

Escolar”;

6. Apoio a planos anuais das Esco-

las e Agrupamentos de Escolas para o

desenvolvimento de projectos de pro-

moção da Convivência Escolar;

7. Garantia de apoio jurídico e judici-

al a todos os profissionais de educação.

8. Estabelecimento de regras de co-

-responsabilização das famílias, dos pro-

fessores e dos alunos relativamente à

convivência, frequência e sucesso escola-

res e educativo dos alunos.

9. Integração nos planos de estudo

da formação inicial da temática da gestão

de conflitos e da não-violência e convi-

vência escolares.

10. Definição prioritária de planos

anuais de formação de professores,

pessoal auxiliar, pais e alunos em

matéria de Não-violência e Convivên-

cia Escolar.

11. Alargamento da obrigatoriedade

de frequência à educação pré-escolar e

da escolaridade obrigatória ao 12.º ano.

12. Consagração de uma política de

combate à indisciplina e violência es-

colares, de compromisso, partilhado,

que envolva toda a sociedade portugue-

sa e que favoreça o desenvolvimento da

consciência social dos cidadãos perante o

problema.

* Professor e Dirigente Sindial do SPRC/FENPROF

Cerca das 30 principais escolas do País

vão poder participar no concurso para a

criação de projecto de negócios e mesmo

de empresas, dinamizado pelo Grupo

Lena, disse à Lusa fonte do promotor.

Denominado Lena Business, o concur-

so, já em quarta edição, premeia o melhor

projecto de negócios elaborado pelos alu-

nos, disse à agência Lusa, Pedro Vaz de

Carvalho, director de marketing do Gru-

po Lena, que promove esta iniciativa.

Na semana passada foi assinado mais

um protocolo, desta feita com o Instituto

Politécnico de Coimbra (IPC), o que per-

mite assim aos alunos das suas seis es-

colas participar no Lena Business.

“Temos connosco as principais univer-

sidades e politécnicos do País, como a

Nova, o Técnico, a Católica, as universi-

dades do Porto e de Coimbra, entre ou-

tros”, sublinhou Pedro Carvalho, escla-

recendo “o Lena Business envolve já

mais de 30 escolas”.

“O melhor projecto será premiado

através da criação do respectivo negó-

cio, caso se comprove a sua viabilidade”

INICIATIVA DO GRUPO LENA

Mais de 30 escolas participamem concurso para criação de negócios

e, “nesse caso, o negócio será implemen-

tado através da constituição de uma so-

ciedade comercial, com um capital de 100

mil euros”, disse a mesma fonte.

Por sua vez, “ao grupo de trabalho

vencedor será atribuído 15 por cento do

capital da empresa, a distribuir equitati-

vamente pelos seus membros, que ficam

como accionistas da nova empresa do

Grupo, pelo menos durante o seu primei-

ro ano de actividade”, adiantou.

Da terceira edição, no ano passado, o

concurso permitiu a constituição recente

da “Ecochoice, uma sociedade resultante

de um projecto desenvolvido por alunos

do Politécnico de Leiria, que é dedicado à

utilização racional e sustentada de ener-

gia, bem como à certificação energética

de edifícios”, adiantou Pedro Carvalho.

Em relação ao protocolo estabelecido

com o IPC, “podem participar no con-

curso alunos preferencialmente finalis-

tas dos cursos de Gestão de Empresas,

Marketing, Contabilidade e Finanças,

Engenharia, Economia, entre outros, não

havendo qualquer impedimento a que o

docente da cadeira participe nalgum dos

grupos de trabalho”.

A formalização deste protocolo, e de

outros realizados para a quarta edição

do Lena Business, serão formalizados no

dia 11 de Maio, no Centro de Congres-

sos da Alfândega do Porto.

“O Lena Business aceita projectos até

ao final de Setembro deste ano, a que

seguirá o período de avaliação”, disse o

director de marketing do Grupo Lena,

esclarecendo que “os resultados serão

conhecidos em Maio de 2008, com o

anúncio do projecto vencedor”.

Esta iniciativa, de promoção do em-

preendedorismo e aproximação da reali-

dade académica ao meio empresarial,

tem sido desenvolvida pelo Grupo Lena,

o qual é constituído por nove sectores de

actividade, num total de 60 empresas,

que englobam construção civil e obras

públicas, ambiente e energia, comunica-

ção social, hotelaria e serviços, automó-

veis, imobiliária e biotecnologia, empre-

gando cerca de dois mil trabalhadores

directos e três mil indirectos.

15DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 EDUCAÇÃO / ENSINO

O ensino da língua e cultura portu-guesa a nível básico e secundário noestrangeiro vai passar a ser tuteladopelo Instituto de Camões (IC), segun-do uma portaria publicada anteontem(segunda-feira, 30 de Abril) em Diá-rio da República.

Actualmente, o ensino do portugu-ês no estrangeiro é tutelado pelo Mi-nistério da Educação, sendo transfe-rido até ao final do ano para o Minis-tério dos Negócios Estrangeiros, no

Ensino português no estrangeiro

passa para tutela do Instituto Camõesqual ficará a cargo do IC.

Além da gestão da rede de leitores edocentes portugueses colocados em ins-tituições estrangeiras de ensino superior,o Instituto de Camões passará a ter tam-bém a responsabilidade do ensino da lín-gua portuguesa no estrangeiro.

O vice-presidente do IC, Miguel Fia-lho de Brito, disse à Agência Lusa que atransferência vai decorrer até ao final doano de 2007 por diploma próprio. Noâmbito da nova lei orgânica do IC vão

ser reajustadas as direcções de serviçosde coordenação do ensino do portuguêsno estrangeiro e de promoção e divulga-ção cultural externa.

De acordo com o Diário da Repúbli-ca, compete à direcção de serviços decoordenação do ensino do português noestrangeiro a coordenação dos progra-mas de apoio ao estudo e à difusão dalíngua portuguesa, a gestão dos leitorese docentes colocados em instituiçõesestrangeiras de ensino superior e dos

docentes da língua e cultura portu-guesa ao nível básico e secundáriono estrangeiro.

A direcção de serviços de promo-ção e divulgação cultura externa vaiassegurar a formulação, coordenaçãoe gestão dos programas de promoçãoe divulgação da cultura portuguesa noestrangeiro e dos programas de coo-peração no domínio cultural e garantira coordenação da produção e manu-tenção de conteúdos

No âmbito de um intercâmbio escolare cultural que os alunos do 9.º ano daEscola Básica de 2.º e 3.º ciclos do Agru-pamento de Escolas da Mealhada têmvindo a desenvolver, há cerca de um ano,com uma turma de Língua Portuguesa erespectiva professora Albine Dalle, doLycée Jean Vigo da cidade francesa deMillau (região de Midi-Pyrénées), céle-bre pelo seu viaduto, estiveram entre nóscerca de vinte jovens estudantes france-ses, entre os 15 e os 18 anos, acompa-nhados por 11 adultos. Chegaram a Por-tugal no dia 17 e regressaram a Françano dia 26 de Abril.

Estes alunos retribuíram, desta manei-ra, a visita que os alunos da Mealhadafizeram a esta cidade de França no finaldo mês de Março e princípio de Abril,aprofundando laços pessoais e realizan-do permutas culturais, que o conhecimen-to dos lugares mais significativos das res-pectivas regiões incentivou. Foi uma ex-periência bastante enriquecedora para to-

De Mealhada a Millau / De Millau à Mealhadados: professores, alunos e suas famílias.

Se, em Millau, visitámos as RuínasRomanas de Graufesenque, sítio impor-tante na produção de cerâmica sigilata

para todo o Império, em meados do sé-culo I d. C., levámos os nossos amigos aConimbriga, cidade de equivalente impor-tância, sensivelmente na mesma época.Outros lugares, naturais, monumentais emuseográficos, de grande importância,dos concelhos de Mealhada, Coimbra,Anadia e Cantanhede, representaram osnossos ‘presentes’ locais, equivalentesaos percursos que fizemos pela regiãodos vales do Tharn e do Jonte, cujaságuas de lançam no grande Garona, que,vindo das proximidades do Mediterrâneo,desagua em Bordeaux. Aí visitámos aregião dos ‘Causses’ (maciços calcári-os, de grandeza impressionante) ondevisitámos as Caves do célebre queijoRocquefort, a gruta de Aven Armand eas cidades dos Templários, como LaCouvertoirade. Por cá, eles visitaram

Batalha, Alcobaça, Nazaré e Óbidos.Percorremos juntos de comboio o valedo Douro, desde a Régua a Ferradosa.As Caves Messias, sedeadas na Mea-lhada, que aí têm uma adega de produ-ção de vinho do Porto, apoiaram a via-gem. Também visitaram Guimarães e oPorto.

No dia 19, na sequência de contactose de uma proveitosa colaboração desen-volvidos, já há alguns meses, com a Es-cola de Hotelaria de Coimbra, no âmbitodum curso profissional de Empregado deMesa, de nível 2, que tem decorrido naEscola Básica 2 3 de Mealhada, os ami-gos franceses foram convidados poraquela prestigiada escola a participar numjantar integrado numa jornada dedicadaà Língua Francesa, que envolveu tam-bém a Alliance Française e que termi-nou com uma animada sessão informal,em que todos cantaram em coro diver-síssimas canções francesas.

No dia 20, na nossa escola, foi-lhes

oferecido um almoço de feição regional,num trabalho de cooperação entre os alu-nos do 9.º ano e a turma do referido Cursode Educação e Formação de Emprega-do de Mesa.

Foram objectivos fundamentais des-ta iniciativa o conhecimento interpessoale a troca de experiências de vida, desig-nadamente entre jovens, a sensibilizaçãopara aspectos da vida social e culturalde comunidades de línguas e nacionali-dades diferentes, o estímulo para a apren-dizagem das Línguas Francesa e Portu-guesa, por parte dos nossos alunos e dosalunos franceses, respectivamente, e ain-da a criação e o fortalecimento de laçosmais sólidos e duradouros entre as co-munidades de Mealhada e de Millau.Cremos ter aberto um caminho para quetais finalidades possam ser atingidas, numfuturo próximo.

José João Lucas

Professor

Intercâmbio escolar luso-francês passou

pela Escola de Hotelaria de Coimbra

Duas imagens da animada confraternização luso-francesa que decorreu na Escola de Hotelaria de Coimbra, no âmbito do intercâmbio

abaixo relatado por um dos professores que nele participou

16 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007SAÚDE

Santos

Cardoso

O objectivo essencial da actividade doscentros de saúde baseia-se na possibilida-de dos utentes usufruírem de consultas pro-gramadas, tendo por base a organizaçãodum processo por cada utente onde sãoregistadas todas as ocorrências clínicas peloseu médico de família de forma a este aster presentes em cada consulta.

Relativamente ao ano de 2005 e segun-dos dados oficiais,1 em média por centrode saúde verifica-se que existem 30.388utentes inscritos, mas somente 18.167 sãoutilizadores, ao que corresponde uma taxade utilização próxima dos 60 por cento.Ainda em média, o pessoal clínico é cons-tituído por cerca de vinte médicos e vinteenfermeiros, tendo cada médico uma listade 1.497 utentes.

Estando regulamentarmente previstoque cada médico de família deve assistiruma lista de 1.500 utentes, pela média na-cional não faz sentido haver milhares deresidentes sem médico, ao que acresce ain-da o número médio de utilizadores.

A partir de 1983 foram criados serviçosde atendimento permanente (SAP) e ou-tros idênticos com várias siglas (SASU,CATU, SADU). Em 2005 existiam 254 deserviços deste tipo, no total de 351 centrosde saúde, onde cada médico de famíliapassou a assistir utentes inscritos em listasde outros colegas, em consultas abertassem marcação prévia e sem acesso aos

Urgências Hospitalares e Serviços

de Atendimento Permanenteepisódios clínicos anteriores, além do even-tual exercício de clínica privada (medicinado trabalho e consultas em regime liberal)e algumas horas em serviços de urgênciahospitalar.

A actividade dos médicos de famíliapassou a abranger, no mínimo, doze horaspor semana nos serviços de atendimentopermanente, atingindo vinte e quatro oumais horas em época de férias, que sãoretiradas aos períodos de acesso a consul-tas programadas dos utentes inscritos nasrespectivas listas. Esta situação gerou, tam-bém, avultados custos decorrentes da ne-cessidade de pagamento das horas extra-ordinárias ao horário normal (mais os cus-tos de trabalho nocturno e em fins-de-se-mana) com valor estimado anual em cer-ca de 80 milhões de euros.

A existência a nível nacional de10.666.254 utentes inscritos nos centros desaúde (número superior ao total da popula-ção residente) e somente 6.376.473 des-ses inscritos utilizarem os respectivos ser-viços,2 só por si, em minha opinião, consti-tui um indicador para a necessidade daslistas de inscritos deverem ser actualiza-das, dada a probabilidade de conterem ins-crições de utentes que entretanto muda-ram de residência ou eventualmente já fale-ceram, havendo ainda, certamente, um nú-mero mais ou menos significativo da popu-lação residente que nunca se inscreveu numcentro de saúde por beneficiar da coberturade subsistemas ou de seguros/doença pri-vados, (as inscrições no regime geral de

centros de saúde não são obrigatórias).Os horários de funcionamento normal

dos centros de saúde e das respectivasextensões nem sempre, ou em todos oslocais, serão os mais adequados aos uten-tes para a marcação de consultas, tendoem atenção horários laborais e temposnecessários para a sua deslocação e osmeios de transporte disponíveis.

A meu ver, toda esta evolução do funci-onamento dos centros de saúde tem feitobaixar a capacidade de resposta às neces-sidades sentidas pelos utentes inscritos,fazendo aumentar os períodos de esperapor uma consulta programada com osmédicos de família e tem incentivado orecurso aos serviços de atendimento per-manente e aos próprios serviços de urgên-cia hospitalares, face à dificuldade de osdoentes obterem consultas de outro modo.

É igualmente necessário compreenderos conceitos e termos relativos a urgênci-as em saúde: «uma emergência correspon-de a uma situação onde é eminente ou estáinstalada a falência de funções vitais. Umaurgência corresponde a uma situação ondeexiste risco de falência de funções vitais.Existem muitas outras situações, agudas(ou seja, com aparecimento recente), quenão sendo urgências nem emergências,carecem de resolução rápida (no mesmodia ou em horas) em consulta aberta parasituações não programadas (sem marca-ção prévia) (…) A acessibilidade ao médi-co não pode, nem deve, ser equacionadacomo acessibilidade a serviço de urgên-

cia. O Serviço de Urgência não deve ser aporta de entrada no sistema de saúde paraas situações não urgentes. A missão do Ser-viço de Urgência (hospitalares) consiste naabordagem de situações urgentes e emer-gentes. Compete a outras estruturas pro-mover a resposta às situações não urgen-tes. Existe uma necessidade clara de

reforçar a resposta a nível da Consul-

ta no Centro de Saúde (acessibilidade

ao médico de família) e da Consulta

Externa Hospitalar (acessibilidade ao

médico especializado em valência

como forma de resolver os seus pro-

blemas não urgentes». 3

Em minha opinião, o Serviço Nacionalde Saúde deve ser encarado como um sis-tema ou conjunto de serviços (partes) eminteracção dinâmica, organizado para pros-seguir o objectivo final de prestação, uni-versal, de cuidados gerais de saúde. Istosignifica que a alteração de uma das par-tes, como aconteceu com a criação de ser-viços de atendimento permanente, e agoracom o encerramento desses serviços sema garantia prévia ou concomitante do re-forço da acessibilidade ao médico de fa-mília, leva a perturbação (entropia) do fun-cionamento do todo.

As populações protestam com razão.

1 IGIF – Estatística do Movimento Assistencial,

20052 IGIF, idem

3 In Comunicado nº 1/2007 da Comissão Técnica de

Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências,

disponível em

www.portaldasaude.pt

O enviado especial do Secretário-Geraldas Nações Unidas para o combate à tu-berculose apelou no passado sábado (dia28 de Abril) à indústria farmacêutica paraque participe mais em parcerias público-privadas, a nível nacional e internacional,nomeadamente de apoio e investimento nainvestigação.

Jorge Sampaio, que durante os doismandatos como Presidente da Repúblicafez questão de manter o tema Sida na suaagenda, lançou este apelo através de umamensagem que foi lida durante o “HIVMeeting”, um encontro que decorreu emCascais, reunindo especialistas nacionaise internacionais sobre a doença.

O ex-Chefe de Estado, enquanto envia-do especial para o combate à tuberculose,transmitiu aos participantes as suas preo-cupações com a “combinação letal” entrea tuberculose e a sida.

Cada uma destas doenças (VIH/Sida etuberculose) acelera a progressão da ou-tra, conduzindo a uma explosão de casosde tuberculose nas regiões com as maisaltas prevalências do Vírus da Imunodefi-

Apelo de Jorge Sampaio para luta concertadacontra tuberculose e SIDA

ciência Humana (VIH), sublinhou JorgeSampaio.

O ex-Presidente da República lembrouque, em algumas regiões sub-saharianas,mais de 77 por cento de doentes com tu-berculose também estão infectados com oVIH. Por isso, Sampaio defendeu umamaior colaboração entre os programascontra a tuberculose e o VIH/Sida.

A este propósito, anunciou que lançou aideia para um encontro de instituições epaíses influentes (como o G8, a União Eu-ropeia, o Banco Mundial, o Fundo Global,o Programa das Nações Unidas para a Sida,

a Organização Mundial de Saúde, funda-ções, companhias e organizações não egovernamentais) para se darem “passosconcretos” com vista a uma coordenaçãoglobal entre as actividades contra a tuber-culose e a Sida.

Jorge Sampaio reconheceu que ainda há“muito que fazer neste caminho” e frisouque “a indústria farmacêutica tem um pa-pel muito importante a desenvolver” nestecampo, nomeadamente no suporte do in-vestimento e na pesquisa para novos diag-nósticos, medicamentos e vacinas.

O enviado especial das Nações Unidas

para o combate à tuberculose partilhou coma assistência do “HIV Meeting” as suaspreocupações com a tuberculose resisten-te aos medicamentos convencionais(MDR-TB) e a tuberculose extra resistentea medicamentos.

A MDR-TB está a crescer em todo omundo, com níveis mais elevados em paí-ses da antiga União Soviética, África, Ín-dia e China. Este tipo da doença não res-ponde às drogas convencionais e, se nãofor tratada, pode conduzir à tuberculoseextra resistente (XDR-TB), alertou.

A XDR-TB foi já notificada em 26 paí-ses, que associaram a doença à infecçãopor VIH, acrescentou.

“Estamos perante uma emergênciareal”, considerou Jorge Sampaio que ape-lou à indústria farmacêutica para que par-ticipe mais em parcerias público-privadasactivas, a nível nacional e global, bem comona área de pesquisa e desenvolvimento eainda na área da assistência técnica e apoio.

“Façamos o nosso melhor para que apandemia VIH/Tuberculose faça parte dopassado!”, apelou Jorge Sampaio

Jorge Sampaio fotografado há dias em missão em Moçambique

17DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 SAÚDE

A avidez do nosso cérebro estende-

se ao seu próprio funcionamento. Cada

dia que passa, avolumam-se conheci-

mentos sobre o modo de pensar, de agir,

de conhecer e de sonhar. Relativamente

a este último aspecto, sabe-se, desde há

mais de um século, que as lesões de cer-

tas zonas cerebrais se acompanham da

perda da capacidade de sonhar conjun-

tamente com problemas na visão. O qua-

dro ficou conhecido pela síndrome de

Charcot-Wilbrand.

Recentemente, foi possível identificar

a parte do cérebro onde os sonhos são

“criados”.

A síndrome é rara e mais ainda quan-

do atinge apenas os sonhos.

A necessidade de sonhar é uma reali-

dade, embora se discuta muito como são

criados os sonhos e qual a utilidade dos

mesmos. Há quem afirme que se trata

de uma forma de alerta e de “aprendiza-

gem”, com interesse evolutivo, reforça

a memória, enquanto outros abordam-nos

na esfera psicanalítica de que é teste-

“Sonhos”munha a célebre obra de Freud, ”A In-

terpretação dos Sonhos”.

Seja como for, presumo estar perante

uma das palavras mais utilizadas pelos

seres humanos. Quem é que nunca fa-

lou dos seus “sonhos”? Quem é que nun-

ca os teve? Quem é que nunca desejou

“bons sonhos”? Todos. Até mesmo os

assassinos de sonhos!

Também há os sonhos maus, os pesa-

delos. Alguns persistem ao longo da vida,

reemergindo, em determinadas circuns-

tâncias, com a mesma aparência e in-

tensidade, criando angústia e mal-estar.

Claro que há também os outros, belos,

apetecíveis e reconfortantes. São tão

desejados ao ponto de um empresa ja-

ponesa inventar uma máquina que per-

mite às pessoas criarem os seus própri-

os sonhos. Ainda está numa fase experi-

mental, mas, quem sabe se um dia o

“Yumeni Kobo” (fábrica de sonhos) não

se tornará uma realidade, disponível

como um vulgar micro-ondas? Interes-

sante aquisição para efeitos de uma even-

tual campanha eleitoral. Aos sonhos pro-

metidos pelos candidatos ficaria sempre

“assegurada” a produção de sonhos, à

vontade do eleitor!

A par dos sonhos biológicos, os outros

“sonhos”, sinónimo de aspirações, são

muito fortes, ao ponto de dois em três

jovens homens, de acordo com um in-

quérito realizado no Reino Unido, afir-

marem que trocariam as suas namora-

das pelo carro dos seus sonhos! Os da-

dos não podem, nem devem, generalizar-

se a outros povos, porque britânicos são

britânicos, como é óbvio!

Diz o poeta que “o sonho comanda a

vida”, e ainda bem. O que seria de nós

se perdêssemos essa capacidade. No

entanto, na prática, podemos constatar

que muitos dos nossos concidadãos co-

meçam a perder a capacidade de sonhar,

adoecendo de um mal social, equivalen-

te ao citado síndroma de Charcot-Wil-

brand, o que é mau, mesmo muito mau.

As discrepâncias e as desigualdades so-

ciais, aliadas à diminuição de expectati-

vas de futuro para os mais jovens cau-

sam angústia, mal-estar, inibindo a capa-

cidade de sonhar.

A este propósito, ao ler a obra do chi-

leno Luís Sepúlveda, “ O Poder dos So-

nhos”, confrontei-me com a seguinte

passagem: “Creio que não há sonho mais

belo do que um mundo onde o pilar fun-

damental da existência seja a fraterni-

dade, onde as relações humanas sejam

sustentadas pela solidariedade, um mun-

do onde todos compartilhemos da neces-

sidade de justiça social e actuemos com

coerência”.

Ainda vale a pena sonhar, mesmo que

“Life is but a dream within a dream”...

Luis Sepúlveda autografando o seu livro

sobre os sonhos

Massano

Cardoso

A Sociedade Portuguesa de Ortope-

dia e Traumatologia promove em Co-

imbra, na próxima semana, um encon-

tro científico em que participa o especi-

alista Miguel Cabanela, “figura bastan-

te prestigiada mundialmente na área da

cirurgia da anca”, como afirmou à Lusa

fonte da organização.

O encontro (marcado para quarta-

feira, dia 9) é promovido pela Secção

de Patologia da Anca da Sociedade Por-

tuguesa de Ortopedia e Traumatologia

(SPOT) e decorre no Auditório do Ser-

viço de Ortopedia dos Hospitais da Uni-

versidade de Coimbra (HUC), em Ce-

las, revelou o coordenador daquela Sec-

ção, António Figueiredo. “Vamos apro-

veitar a presença em Portugal do Prof.

Miguel Cabanela”, acrescentou o mé-

dico ortopedista dos HUC, enaltecendo

a reputação do convidado.

Miguel Cabanela, da Mayo Clinic

(Rochester, Estados Unidos da Améri-

ca) vai estar em Coimbra de 6 a 10 de

Maio como “professor visitante” no

Serviço de Ortopedia e Traumatologia

dos HUC, também responsável pela

organização do evento.

NA PRÓXIMA SEMANA EM COIMBRA

Encontro com reputadoortopedistada Clínica Mayo

O encontro é aberto aos cirurgiões

portugueses “com interesse em cirurgia

da anca”, de acordo com a organização.

A iniciativa, designada “Uma Tarde

com Miguel Cabanela”, vai decorrer en-

tre as 16h e as 20h30.

O especialista vai proferir duas con-

ferências sobre “Artroplastias primári-

as da anca em casos difíceis” e “Esta-

do da arte em cirurgia de revisão da

anca”, emitindo ainda a sua opinião re-

lativamente a casos clínicos problemá-

ticos apresentados pelos participantes,

bem como pontos controversos em ci-

rurgia da anca

Miguel Cabanela

DESDE ONTEM NA INTERNET APLICAÇÃOGRATUITA PARA AUTO-CONTROLO

A asma afecta actualmente em Por-

tugal entre 10 a 15 por cento das cri-

anças e entre 5 a 6 por cento da popu-

lação adulta. No total, estima-se que

600 mil portugueses sejam asmáticos.

Contudo, trata-se de uma doença cró-

nica que é controlável na grande mai-

oria dos casos, controlo esse que pode

melhorar significativamente a qualida-

de de vida dos asmáticos.

Isso mesmo foi sublinhado ontem (1

de Maio), Dia Mundial da Asma, pela

Associação Portuguesa de Asmáticos

(APA) com sede no Porto, que pro-

moveu diversas iniciativas para assi-

nalar a data

Entre elas salienta-se o lançamento

do novo site da associação, na Inter-

net (www.apa.org.pt), que disponibili-

za, gratuitamente, uma nova aplicação

para o auto-controlo da asma.

Esta nova ferramenta de auto-con-

trolo da asma foi desenvolvida por João

Fonseca, imunoalergologista e investi-

gador do Serviço de Bioestatística e In-

formática Médica da Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto.

Denominada como “Programa de

Asma afecta

600 mil portuguesesAuto-Controlo, Seguimento e Monito-

rização da Asma” (P’ASMA), esta

plataforma tem como base a auto-mo-

nitorização do doente, que insere infor-

mações sobre o seu estado no sistema

e recebe de imediato resposta sobre o

seu estado clínico. Por outro lado, o

P’ASMA cria um arquivo clínico elec-

trónico e permite a utilização de um sis-

tema interno seguro de envio de men-

sagens entre doentes e médicos.

Em conferência de imprensa realiza-

da anteontem (segunda-feira), a APA

anunciou também o alargamento do âm-

bito da associação que, para além dos

asmáticos, vai abranger todas as que

sofrem de doenças alérgicas - como a

rinite, a alergia alimentar ou a anafilaxia.

18 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007A PÁGINA DO MÁRIOwww.apaginadomario.blogspot.com

[email protected]

Mário Martins

VIRAM?Viram o Boavista-FC Porto?Que tal o “penalty”?

(publicado no blogue em 28 de Abril)

“FILHOS DA REVOLUÇÃO”Há precisamente 33 anos, este amigo

estava a comandar um grupo da forçaque na altura cercava o forte de Peni-che, com vista à rendição da GNR, o queaconteceu pacífica e naturalmente.

Fiz parte de uma coluna que se for-mou na Figueira da Foz com forças mis-tas do CICA 2 (Centro de Instrução deCondução Auto da Fig. Foz - local ondese encontrava o paiol que abasteceu asmunições, bem como cedeu o combustí-vel para as viaturas), do RAP 3 (Regi-mento de Artilharia Pesada, da Fig. Foz)e do RI 14 de Viseu (Regimento de In-fantaria 14), comandada pelo saudosoCapitão Rocha Santos do CICA 2 (be-bia uma garrafa de “Macieira” durantea noite, sempre que estava de Oficial deDia, mas mantinha sobriedade como setivesse bebido água).

Mas há uma HISTÓRIA DE CORA-GEM nunca contada. Tinha ocorrido re-centemente um incêndio no RI 14 quedestruiu parte das viaturas de Viseu. Talnão impediu que muitos dos militares vi-essem formar coluna à Figueira da Foz,armados de “unhas e dentes”, utilizandona deslocação viaturas particulares. Nun-ca li nada acerca deste facto.

A coluna que saiu da Figueira da Fozdesdobrou-se nas Caldas da Rainha (de

onde tinha partido a força do 16 de Mar-ço), seguindo uma parte para Lisboa, e aoutra para Peniche, onde se manteve atéàs 10h00 de 27 de Abril (sábado), dataem que foi substituída por militares doRI 5 das Caldas da Rainha.

A minha homenagem aos camaradasde Viseu e um abraço ao Barbosa e aoDomingues (Trinitá), comandantes dosoutros 2 pelotões, bem como a todos oscamaradas daquela gloriosa mas pacífi-ca jornada de luta.

JRPS - Houve militares que mais tarde

vieram a casar em Peniche, sendo paisde verdadeiros “Filhos da Revolução” ...

(Este texto foi enviado como comentá-

rio.. Dado o seu interesse, é agora publi-

cado com o merecido destaque. O autor -

devidamente identificado - prefere manter

o anonimato; publicado no blogue

em 28 de Abril)

DIRECTORA DO MITFALSEOU CURRICULUM

A directora de Candidaturas do MIT –o prestigiado Instituto Tecnológico deMassachusetts – demitiu-se, depois deadmitir que adulterou o seu curriculumacadémico quando se juntou à instituição.

Marilee Jones, com três décadas aoserviço do MIT, é a protagonista do es-cândalo.

Jones anunciou a saída logo depois deter sido confirmado que a responsávelpela selecção das candidaturas “falseouos seus graus académicos apresentadosao Instituto”, anunciou o director de En-sino Universitário, Daniel Hastings.

Na confissão publicada na página daInternet do MIT, Jones admite que fal-seou o seu grau académico “quando mecandidatei pela primeira vez ao MIT, há28 anos, e não tive a coragem de corrigiro curriculum quando me candidatei para

o meu emprego actual ou noutro momen-to qualquer depois disso”, declara.

Jones, de 55 anos, diz-se ainda “pro-fundamente triste por desapontar tantaspessoas no MIT” e que a acompanha-ram ao longo dos últimos anos.

(in “Página 1”, ‘newsletter’ da Rádio

Renascença; publicado em 27 de Abril)

E ESTA?!Jornalista da SIC ganha processo no

Tribunal Europeu - O Tribunal Europeudos Direitos Humanos (TEDH) deu ra-zão ao jornalista José Manuel Mestre,que fora condenado por difamação emPortugal após afirmar que Jorge NunoPinto da Costa era o “patrão dos árbi-tros”, na altura em que o dirigente des-portivo era também presidente da Ligade Clubes.

Na origem do caso está uma entre-vista realizada em 1996 ao então secre-tário-geral da UEFA, Gerhard Aigner, aquem o jornalista perguntou como erapossível que o presidente da Liga de Clu-bes, sendo simultaneamente presidentede um clube, se sentasse no banco desuplentes, à frente do árbitro, de quemera, por inerência, patrão.

Com a decisão do TEDH fica semefeito a condenação ao pagamento deuma multa de 3.990 euros imposta pelaJustiça portuguesa ao jornalista e à SIC,sendo o Estado português condenado apagar 2.104,72 euros a José ManuelMestre e 687,37 euros à estação de te-levisão, mais 10.000 euros a cada um dosimplicados no caso pelos gastos na ac-ção para o TEDH.

(informação do Sindicato dos

Jornalistas; publicado em 27 de Abril)

PORTAS E SÓCRATESPaulo Portas acabou de se estrear no

Parlamento como novo líder do CDS/PP.Centrou as atenções. Liderou a opo-

sição ao Governo.José Sócrates parece ter gostado.

(publicado em 27 de Abril)

COIMBRA DOS AFECTOSOntem e hoje tive o privilégio de participar em duas cerimónias muito boni-

tas: a entrega dos galardões do grupo de comunicação de Lino Vinhal e ahomenagem a Guilherme Luís.

(publicado em 21 de Abril)

Guilherme Luís com a neta no dia da homenagem

O REGIME PODREEm mais de 30 anos de democracia,

com governos constitucionais, não melembro de tão grande bandalheira insti-tucional como a que vivemos por estesdias ( ou meses).

A degradação moral e autêntica cor-rupção a que assistimos, com assento nasmais altas instâncias do poder político,atingiu um nível tal que dificilmente ar-ranjamos memória repetida.

A inversão de valores atingiu um pa-tamar tão elevado que daqui para afrente, o descrédito não poupará nin-guém. As instituições demitiram-se doseu dever e os poderes públicos imobi-lizaram-se no atavismo da estabilidadeartificial.

Procuro um exemplo recente na Eu-ropa mais ocidental, recente. Só me lem-bro da Itália, antes do desaparecimentoda Democracia Cristã. Foi aí que sur-giu a operação “mãos limpas”. Mas isso,foi no século passado e o nosso presen-te nem parece ter futuro.

Quem é que nos acode?(publicado por “José” no blogue

“Grande Loja do Queijo Limiano”;

publicado no blogue em 20 de Abril)

ASSUNTO ARRUMADO?José Sócrates foi entrevistado na

RTP. A entrevista parecia ter-lhe cor-rido bem. Tão bem que, de imediato,as “vozes do regime” afirmaram queo caso das habilitações literárias era“assunto arrumado”.

Não era. Nem podia ser num paíscom 900 anos de História.

Uma das provas que o asssunto con-tinua na “ordem do dia” (e vai conti-nuar, acredito eu) é o blogue “Do Por-tugal Profundo”, onde cada “post” temcentenas (muitas, muitas centenas!)de comentários.

Vale a pena passar por lá.(publicado em 20 de Abril)

AS MINHAS EQUIPASHoje de manhã, em Fala, Vigor, 1 - Académica, 2, na 1.ª jornada da “Taça de

Encerramento” de juvenis.(publicado em 22 de Abril)

As equipas de juvenis do Vigor e da Académica que se defrontaram

no jogo inaugural da Taça de Encerramento

19DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 CULTURA

“Revolução” na vida amorosa

de Camilo Castelo Branco. Novos amores!... (II)

(Continua na próxima edição)

Renato de Santa Clara

Há alguns anos, o distinto causídi-

co famalicense Dr. Nuno Fonseca de

Carvalho, que então era meu aluno

de Literatura Portuguesa no Colégio

das Caldinhas, à saída de um aula,

falou-me de uns supostos manuscri-

tos de Ana Plácido que se conserva-

vam em família. Não liguei grade im-

portância ao caso, mas perante nova

insistência, resolvi ir a sua casa, em

Santiago de Anta, e examinar presen-

cialmente os papéis. Eles tinham per-

tencido, como me informaram, ao tio

Dr. Sebastião de Carvalho, já faleci-

do, que além de poeta, cultivara o

amor dos livros e a devoção camilia-

na.

Depositário do espólio, a título de

estudo, a minha primeira surpresa foi

notar que os ditos manuscritos, atri-

buídos a Ana Plácido, eram de outra

mão. Segunda surpresa, após uma

primeira leitura atenta: cair na conta

de que as cartas e diário amoroso…

Eram não só documentalmente impor-

tantes para esclarecer minudências

biográficas de Camilo, mas sobretu-

do, literariamente, uma autentica re-

velação. (Manuel Simões – in Boletim

da Casa de Camilo – nº2 – Dez. 1983-

pag. 67)

… Padre Manuel Simões… pela

primeira vez, correctamente identifi-

ca a correspondência e o diário como

constituindo a fonte de um outro ro-

mance de Camilo, Memórias de Gui-

lherme do Amaral.

18. Colecção de cartas dirigidas por

Gertrudes a Camilo. São 28 cartas, al-gumas incompletas num total de 132 pá-ginas. As datas vão de 1853 a 1855. Umaepístola parece dirigida a Eufrásia, hos-pedeira de Camilo.

19. Diário amoroso de Gertrudes

que vai de 20 de Julho a 31 de Dezem-bro (de 1854). São 15 cadernos de pe-queno formato, ordenados pelo punho eletra de Camilo de (a) a (q) num total de267páginas.

A leitura destes revisitados parágra-fos contribuiu para exacerbar o interes-se que o artigo d‘O Primeiro de Ja-

neiro me despertara e conduziu-me àdecisão de procurar saber quem, na ac-tualidade, possuiria os tão misteriososdocumentos. Uma diligência sumária re-velou-me o endereço da pessoa em ques-tão, um jurista famalicense, sobrinho-netodo coleccionador original

Escrevi, então, ao Dr. Nuno Fonsecade Carvalho, descrevendo-lhe a manei-ra como contactara com a intrigante pro-blemática dos manuscritos e – ao con-fessar-me refém da insidiosa doençamental a que, com alguma indulgência,se costuma chamar bibliofilia – dei-lhe aconhecer o principal motivo da intensaperturbação que a exposição ao mistériotinha produzido na minha tranquilidade.A implorativa carta terminava perguntan-do se ele se disporia, caridosamente, aaliviar as penas a um pobre colecciona-dor camiliano em estado de mórbida cu-riosidade, permitindo uma qualquer for-ma de acesso aos papéis que, presumi-velmente, conservava em seu poder

Por vezes uma frase feita é tão rigo-rosamente apropriada para descreveruma situação que nos faz esquecer orespeito que devemos ao leitor. Eis ocaso: a resposta ultrapassou as minhasmelhores expectativas. O Dr. Nuno Fon-seca de Carvalho, com inexcedível sim-patia, respondeu-me com um convite avisitá-lo na sua Casa da Fonte de Cima,perto de Famalicão, onde pôs à minhadisposição, não o espólio, que entretantoe posteriormente à morte do padre Si-

mões, em finais dos anos noventa, haviaoferecido ao Instituto Nun‘Álvares, deSanto Tirso – um estabelecimento deensino da Companhia de Jesus vulgar-mente conhecido como Colégio das Cal-dinhas, onde tinha completado o ensino

secundário –, mas as cópias que dele ti-nha conservado.

Mostrou grande interesse em ver oassunto estudado e esclarecido, contou-me que, quando aluno do Colégio, emmeados dos anos sessenta do Séc. XX,tinha cedido o espólio para estudo ao pa-dre Simões, que o manteve em seu poderdurante mais de trinta anos e que só pormorte deste os papéis tinham regressadoà posse da família, e informou-me que aposterior oferta ao Instituto clausulara,embora informalmente, a obrigação de elesserem disponibilizados a qualquer investi-gador que os pretendesse estudar. Fez-me saber ainda que o padre Manuel Si-mões nunca logrou descobrir a identidade

da misteriosa autora e ouviu, com naturalcepticismo, o manifesto da minha convic-ção de poder vir a esclarecer esse ponto,convicção suscitada pelo tão extenso nú-mero de páginas que ele me entregava,nas quais, inevitavelmente, pensava eu,teriam que existir pistas de investigaçãoconducentes ao objectivo. Na despedida,estimulou-me a não abandonar a questãoàs primeiras dificuldades e, em caso deêxito, a publicar os resultados.

****

Mais trabalhoso foi o esclarecimento dealgumas questões secundárias, enfim…refiro-me àquelas que consegui aclarar, poisinfelizmente, também as houve que fica-ram mesmo sem as respostas definitivasque eu gostaria de poder fornecer. À dis-tância de século e meio, descobrir quemse esconde atrás de um par de iniciais ouencontrar motivos que justifiquem relaçõesentre duas pessoas, pode revelar-se muitodifícil e até impossível. Mas, se me custanão ter encontrado soluções perfeitas paratodas as questões que os manuscritos sus-citam, mais lamento ainda, não poder apre-sentar uma leitura integralmente escorrei-ta dos textos, pois as reproduções que pos-suo, aqui e ali claudicam no capítulo da cla-reza. A direcção do Instituto Nun‘Álvares,depois de me ter empatado dois nos comfirme e pormenorizada promessa de umacópia digital dos documentos, acabou pornem sequer me permitir consultá-los inloco, pouco lhe importando a restriçãoclausulada na doação, que – mesmo apóster sido com ela duas vezes confrontada– nunca contestou, mas à qual não sesubmete.

Face a isto, que fazer?...Submeti-me eu, que não tive alter-

nativa.

Rui Fonseca

LIVRO DE RUI FONSECA APRESENTADO NA FNAC COIMBRA

“Portugal e o Quinto Império por cumprir”

Portugal e o Quinto Império por cumprir é o título do livro da autoriade Rui Fonseca, que será apresentado amanhã (quinta-feira), pelas 21h30,na FNAC Coimbra.

Partindo da raiz da temática, o autor tenta fazer uma reflexão analisan-do alguns enquadramentos históricos que fazem recair sobre a grandiosi-dade de alguns povos a realização do Quinto Império. Porém, numa análi-se mais profunda do tema, constata-se que o Quinto Império é uma missãoque cabe a Portugal cumprir. Nesse contexto, desenvolvem-se algumasestratégias no âmbito histórico, literário e filosófico que tentam corroboraressa mesma ideia. No entanto, e tendo em conta o pensamento de Fernan-do Pessoa, importa não esquecer que a nossa pátria é entendida em toda aextensão da nossa língua. Este é um factor que merece toda a considera-ção no que toca ao cumprimento do Quinto Império, essa nova missão queurge agora construir, após a tarefa já um pouco longínqua do cumprimentodo mar.

20 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007OPINIÃO

Nas colunas deste jornal “Centro” alu-dimos, há algum tempo, ao Sol e às suascaracterísticas como estrela que nos dá avida, astrologicamente relacionado com oDomingo, o dia do “Senhor”, com o signodo Leão, com a chefia e o poder, mas tam-bém com a 5ª casa do horóscopo natural,com o coração (órgão) e os filhos, com osdivertimentos, e não será por acaso que asférias de Verão são maioritariamente mar-cadas sob o signo de Leão, 22 de Julho a22 de Agosto. E quem sabe se o QuintoImpério preconizado por Fernando Pessoa,destacado astrólogo, não será Portugal, paísque tem mais filhos culturais disseminadospor todos os continentes.

O Sol e a Lua são designados em As-trologia por luminares. E constituem só porsi duas ferramentas essenciais na análisepsicológica de cada um de nós.

Se o Sol representa a vontade, a reali-zação o “Eu sou”, a Lua influencia direc-tamente a forma e o modo como o indiví-duo se emociona, o “Eu sinto”, e quantasvezes conflituamos com estes dois aspec-tos. E apercebemo-nos que em qualquerconflito entre a vontade e a emoção estaúltima vence quase sempre.

A Lua é o astro mais estudado e muitoprovavelmente o primeiro a sê-lo porque éo mais exuberante já que mensalmenteassume diversas formas devido á sua inte-racção com o Sol. O homem primitivo, ao

Jorge Côrte Real *

ASTROLOGIA – A LUA

observar o nosso satélite terá percepcio-nado com ela a primeira noção de ciclo. E

com esta noção associada à “experiência– erro”, concluiu que a Lua Nova, iniciaum ciclo, é a fase adequada a todos as ini-ciativas, v.g. ao plantio,à sementeira, aoamanho e à rega. Nesta altura, o Sol e aLua estão alinhados a 0º, ou conjuntos.Quando a Lua avança e forma um ângulode 90º relativamente ao Sol, diz-se que fazuma quadratura com este, entra em quartocrescente, e é a altura para vencermos osobstáculos que nos dificultam a iniciativa.As plantas crescem, por acção de atrac-ção da Lua sobre a seiva dos vegetais quese elevam acima da Terra. É também altu-ra para cortar madeiras. Quando a Lua ficaoposta ao Sol, 180º, reflecte totalmente aluz deste, e atinge um tamanho semelhan-te aquele no céu, estamos então em LuaCheia. É sinal para realizar as colheitas,sobretudo de plantas medicinais, e para oplantio de árvores de fruto. É a altura parair à pesca à linha porque os peixes vêem oseu metabolismo acelerado e sobem á su-perfície para saciar o apetite. Há tambémmais nascimentos em Lua Nova e LuaCheia que em qualquer outra fase. Nestasduas fases, os maníaco-depressivos ficammais agitados. Também aumenta a crimi-nalidade e o movimento nas urgências doshospitais.

Finalmente a quadratura 90º, do quartominguante. É o período indicado para co-lher o que nasce abaixo da terra, e poda deárvores e arbustos. Também para analisaros resultados das iniciativas. Observemcomo esta noção quádrupla de ciclo se re-

pete com as quatro estações do ano, so-brepondo-se: Inverno – Lua Nova, Prima-vera – Quarto Crescente, etc.

Com a Lua, percepcionamos a ideia deciclo, e o primeiro calendário que se co-nhece é lunar.

O Satélite da Terra, interage com toda aparte líquida, sangue, marés, (o movimen-to da Lua em torno da Terra é que provo-ca o atraso diário de 50 minutos no ciclodaquelas), a seiva, a energia emocional. ALua é o regente de Câncer e da 4ª casa nohoróscopo natural e, consequentementeinfluencia o lar e a família.

Influencia a circulação da seiva nos ve-getais segundo a posição lunar na eclítica.Deste modo, é recomendável que tudo oque nasce para colheita acima da terra deveser colhido com a Lua crescente ou cheia,e inversamente o que se colhe na Terra oudebaixo desta, deverá ser colhido em min-guante ou na Lua Nova.

Nos animais rege desde logo o períodode gestação que na espécie humana é denove meses lunares e seguramente e en-tre outras, a pressão sanguínea. Quando aLua ocupa o grau 300 a 330, (Capricór-nio), não se deve operar em qualquer par-te do corpo. É também prudente evitar aLua Cheia para o efeito, por agravar o ris-co de hemorragias.

Muitos profissionais das cirurgias quei-xam-se, por vezes, de insucessos não obs-tante terem sido cumpridos rigorosamenteos melhores procedimentos por desconhe-cimento de regras astrológicas simples.

A Lua, no seu percurso ao longo da eclí-tica, influencia as diversas partes do orga-nismo v.g.( 0-30º, a cabeça; 30-60º, maxi-lar inferior, pescoço, garganta e ombros;60-90º, mãos, braços, pulmões e laringe;90-120, peito, estômago e fígado, etc.). Enos cerca de três dias que a Lua ocupa emcada signo, também não se deve operar naparte do corpo correspondente.

Como se vê, a influência da Lua é vas-tíssima e apesar de muito estudada não éainda conhecida na sua totalidade.

Em meteorologia, ninguém duvida queinfluencia a humidade do ar, sendo comumo conhecimento que as chuvas, neblinas enevoeiros, são mais prováveis nos três diasque precedem a Lua Nova e a Lua Cheia,do que em qualquer outra fase. E conse-guiu o povo de tanto observar a Lua, reti-rar alguns conhecimentos empíricos, quesó a astrologia consegue explicar.

Lua Nova trovejada, três dias é molha-da. Se no Quarto continua, é molhada todaa Lua.

Lua Nova trovejada, trinta dias é mo-lhada, e se for a de Setembro, até Marçoirá chovendo.

Lua pálida é sinal de chuva. Com circu-lo longe, água perto, com circulo perto, águalonge. Lua vermelha, põe pedra na telha,sinal de vento, Lua branca, bom tempo.

* Jurista

(continua na próxima edição)

(I)

Carta Astrológica de Portugal

Governo Civil

de Coimbra

tem sítio on-line

renovadoA página de Internet do Governo

Civil do Distrito de Coimbra foi re-modelada, para “prestar um serviçode proximidade aos cidadãos, em quea interactividade e a funcionalidadeestejam presentes” – como refereuma nota do Governo Civil.

O sítio www.gov-civil-coimbra.ptapresenta mudanças a nível gráfico eestrutural e pretende facultar umacesso simples ao utilizador e infor-mações de vária ordem. Desde logoinformações sobre a actividade políti-ca desenvolvida pelo Governo, comnotícias e dossiers temáticos. Mastambém informação de ordem maisprática, como é o caso dos passapor-tes, das contra-ordenações e das vá-rias licenças atribuídas no GovernoCivil: alarmes sonoros, concursos pu-

blicitários, sorteios, etc. Há tambéma possibilidade de consultar os docu-mentos necessários.

Sendo o Governo Civil de Coimbrao representante do Governo no Dis-trito, a página presta informações so-bre os Organismos Desconcentradosdo Estado presentes em Coimbra,com moradas e contactos dos respon-sáveis no Distrito.

A nova página dá também a opor-tunidade ao cidadãos de pedir infor-mações, marcar audiências, e deixarsugestões sobre a actividade do Go-verno Civil ou sobre o próprio con-teúdo on-line.

No futuro, a nova página vai dispo-nibilizar dados relacionados com aProtecção Civil, nomeadamente emsituações de emergência.

21DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

A corrupção continua na ordem do dia.E a transparência, também.Proeminente parlamentar socialista

veio a terreiro anunciar que, muito bre-vemente, o seu grupo iria apresentarum projecto de lei sobre a transparên-cia no funcionamento da Assembleiada República.

Tal facto leva-nos a pensar que osnossos eleitos não estarão muito segu-ros de que os cidadãos acreditam pia-mente na não existência na casa mãeda nossa democracia de zonas opacassusceptíveis de dar guarida a procedi-mentos duvidosos.

Nunca se pôs em causa a honorabi-lidade do nosso Parlamento. Apesar dodespótico e obscuro funcionamento dasmaiorias absolutas Apesar da menorbondade de algumas leis. Apesar daactuação menos correcta de alguns de-putados. Apesar do deplorável espec-táculo das picardias, questiúnculas equerelas partidárias. Apesar da fre-

A transparênciaquente secundarização do real interes-se público.

A haver opacidade, essa estará,quanto a nós, a montante da instituiçãoparlamentar. Nos partidos.

Não será, porventura, nos partidosque, ordinariamente, germinam asleis? Acaso não será nos partidos quese escolhem deputados e autarcas?Não será, ainda, nos partidos que sepreenchem os gabinetes ministeriais ese distribuem os “tronos” e os “jobs”?Não passarão, quiçá, pelos partidosprocedimentos mais ou menos penum-brosos os quais, frequentemente, de-sembocam em negociatas, jogos de in-fluências...?

O Tribunal de Contas pôs o dedo naferida. Sintomaticamente, os partidosreagiram mal. O partido do poder qua-se obrigava o Tribunal a pedir descul-pa aos visados. Uma disparatada con-fusão política!

Imaginemos o que seria de nós comum parlamento confrangedoramentesubmetido ao poder monolítico destaautista e sobranceira maioria, sem umaestrutura vocacionada a fiscalizar os

actos da administração governativa eautárquica.

A isenção e honorabilidade do Tri-bunal de Contas, neste regime de mai-oria francamente absoluta, é quase tudoo que resta deste arremedo de demo-cracia em que nos é dado viver.

Daí que duvidemos dos beatíficospropósitos dos prosélitos defensores detão estranha transparência.

É por demais sabido que o poder le-gislativo e fiscalizador, na prática, nãoreside no Parlamento mas nas sedesdos partidos, especialmente dos parti-dos maioritários.

É por demais sabido que os estados-maiores dos partidos jugulam o poderem função das suas estratégias pesso-ais e de grupo.

É por demais sabido que os mesmosestados-maiores urdem leis no sentidode se perpetuarem no poder.

É por demais sabido que são essesmesmos responsáveis que, de quandoem vez, lhes dão a volta no sentido deos colocarem a salvo de processos con-denatórios ou contornarem normativosrestritivos da sua institucional e auto-

crática actuação.O que se vem passando em certas

autarquias é bem elucidativo.Estamos, por isso mesmo, absoluta-

mente convencidos de que não existequalquer propósito de que a transpa-rência passe pelo funcionamento dasorganizações partidárias. Os seus tu-tores jamais serão suficiente e nescia-mente democratas para que procedamcontra os seus interesses, mesmo queesteja em causa o interesse colectivo.Parece vir muito longe ainda a demo-cracia de valores de que o nosso Pri-meiro-Ministro se reclama de fervoro-so defensor.

Tal como está estruturado o nossoaparelho democrático, tal como funci-ona a comunicação social e a opiniãopública, as “nomenklaturas” continua-rão, sem apelo nem agravo, a ditar asleis e a gerir a democracia.

Assim, quando nos falam de trans-parência no funcionamento da institui-ção parlamentar, talvez que estejam areferir-se a uma tal normativizadatransparência duma certa e oficializa-da espécie de corrupção.

Quando a chuva é muita, Coimbraafunda-se. Foi isso que voltou a acon-tecer no passado dia 20 de Abril. Umpouco por todo o lado, mas em especi-al na baixa da cidade, a chuva voltou aprovocar estragos, como os utentes des-sas áreas se lembram e os jornais diá-rios da cidade relataram. Entre outros,relembro a inundação que voltou a re-petir-se no Pavilhão da Palmeira.

A força da natureza, não provocaestragos exclusivamente em Coimbra,felizmente. Todos nos lembramos doesforço que a Protecção Civil e as au-tarquias fazem, para estancarem osefeitos do mau tempo. É a revolta dopróprio Planeta, para equilibrar as as-neiras que todos fazemos ao longo dostempos. Por isso, de quando em quan-do, o mar e os rios reocupam os seusespaços naturais, expulsando os seusocupantes – todos nós. Quem pode lá

José Soares

Forças da Natureza

Rio Ceira

vai construindo a sua casa de praia emcima das falésias, das dunas e à beirario e, depois, quando a Natureza resol-ve repor a ordem, lá surgem os lamen-tos dos lesados a dizer que “ninguémfaz nada...e pagamos nós os impostospara isto”...etc.

Em qualquer ramo de actividade, aprevenção é um factor determinante.Quem aposta nessa área. Queixa-semenos. A imagem que ilustra esta cró-nica mostra uma das margens da pres-tigiada Quinta da Conraria com o RioCeira. Devidos aos fortes caudais queeste rio de vez em quando tem, se nãohouvesse alguma prevenção comoaquela que se vê na imagem, segura-mente que a referida estava bem maispequena, para prejuízo dos seus uten-tes. Prevenir nunca fez mal a ninguéme alterar os decursos da Natureza, nun-ca foi uma boa solução. Mais tarde oumais cedo, o Planeta repõe a situaçãonormal para a sobrevivência de todosos seus habitantes.

22 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel Nora

[email protected]

Como sempre começamos pelas no-vidades no que toca a actuações, em pri-meiro lugar com o anúncio das actua-ções de Mika, de Cassius, dos The Stre-ets e dos Camera Obscura para a edi-ção de 2007 do Festival Sudoeste TMN(2, 3, 4 e 5 de Agosto) e dos Sonic Youthpara o Festival Heineken Paredes deCoura (12, 13, 14 e 15 de Agosto). OOeiras Alive! é que ainda não encerrouo cartaz tendo anunciado mais três ban-das: os The Sounds e os The Rakes –dos quais vou escrever hoje – a 8 de Ju-nho, e os The (International) Noise Cons-piracy a 10 de Junho.

Esta semana vou escrever sobre o maisrecente longa duração dos The Rakes,“Ten New Messages”. Há cerca de 2 anoscomprei o álbum de estreia destes rapa-zes de Londres, “Capture/Release”, e fi-quei logo convencido da sua qualidadeenquanto músicos. Temas como: “22Grand Job” (de que há uma série de ex-

celentes remixes), “Retreat”, “OpenBook”, ou mesmo “Strasbourg” não dei-xavam margem para dúvidas de que es-tes rapazes iriam ser um caso sério norock actual. Foi por essas alturas que vi-sitaram a capital do nosso país, integra-dos na preparação da cerimónia de en-trega dos Prémios MTV, “No Sleep TillLisbon”.

No passado mês de Março editaramo seu segundo registo de originais, “TenNew Messages”, depois de já andar arodar com alguma insistência nas rádiosnacionais, o “single” de apresentação,“We Danced Together”. O álbum é defacto excelente, contendo uma mão cheia

de magníficos temas, cheios de energiae distorção, de entre os quais saliento sóalguns, pela originalidade dos seus títu-los, casos de: “When Tom Cruise Cries”ou “The World Was a Mess But His HairWas Perfect”. É um disco indispensávelpara quem gosta do que se vai fazendono universo indie/rock.

Outra banda britânica que regressou,recentemente, às edições discográficasforam os Arctic Monkeys, que actuam a18 de Julho no Coliseu dos Recreios.“Favourite Worst Nightmare” é o títulodeste seu segundo álbum, que denotauma maior agressividade na sua sonori-dade, desde logo comprovada pelo “sin-

gle”, “Brianstorm”, que antecedeu a edi-ção do álbum. Mas o disco encerra, tam-bém, uma série de temas marcadamen-te mais melódicos, como: “505”, ou mes-mo “Fluorescent Adolescent”. Resta es-perar pela sua actuação em Portugal. Eujá vi e vou ver outra vez.

Para o fim a sugestão do novo “sin-gle” dos The Longcut, “Idiot Check”, queconfirma quer a sonoridade, quer a qua-lidade, apresentada no seu anterior dis-co de originais, “A Call And Response”.

PARA SABER MAIS:

www.musicanocoracao.ptwww.everythingisnew.ptwww.paredesdecoura.comwww.therakes.co.ukwww.myspace.com/therakeswww.myspace.com/arcticmonkeyswww.arcticmonkeys.comwww.myspace.com/thelongcutwww.thelongcut.com

The Rakes “Capture/Release” (V2)The Rakes “Ten New Messages” (V2)Arctic Monkeys “Favourite Worst

Nightmare” (Domino Records)The Longcut “Idiot Check” (Melodic)

“Concerto pedagógico”: êxito impõe repetição

ORQUESTRA CLÁSSICA DO CENTRO FEZ ENCHER PAVILHÃO MULTIUSOS DE COIMBRA

Um desafio arrojado e uma aposta ganha - eis como se pode definir o primeiro

Concerto Pedagógico promovido pela Orquestra Clássica do Centro com o apoio

da Câmara Municipal de Coimbra, e que encheu o Pavilhão Multiusos do Estádio.

A actuação da orquestra dirigida pelo maestro Virgílio Caseiro e as explicações

que este foi dando ao longo do concerto, para além da participação de pequenos

músicos, tornaram esta jornada memorável e a impor repetição - como reconheceu

o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação.

Em suma, um excelente trabalho em prol da divulgação da música.

23DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês Amaral

Docente do Instituto Superior Miguel Torga

WEB HISTORY

MAP MY NAME

FESTIVAIS DE VERÃO

EARTHSTER

QUEIMA DAS FITAS 2007

NOTÍCIAS SAPO

O Google lançou uma nova ferramenta: a Web His-

tory permite aos utilizadores consultarem o históricodas suas pesquisas e acederem a endereços que visi-taram anteriormente. Este sistema apresenta tambémos termos mais pesquisados, textos, fotografias e víde-os acedidos no passado.

A ideia é criar uma memória virtual, mais do quepropriamente um sistema de favoritos. No entanto, estenovo projecto do Google está a ser alvo de críticas porparte de várias organizações, que se queixam de inva-são da privacidade por parte do portal. Seja como for,cada utilizador terá de ter uma conta gratuita no Goo-gle e só assim será autorizada a pesquisa.

WEB HISTORYendereço: http://www.google.com/psearchcategoria: pesquisa

O projecto Map My Name pretende dar uma res-posta à ambiciosa questão: “quantos são os utiliza-dores da Internet”. Trata-se de um site pioneiro, cri-ado por dois estudantes da Universidade de Aveiro,que tem como objectivo contabilizar o número de uti-lizadores do ciberespaço ao longo de um mês.

O site, que foi construído com base em tecnologi-as open source e no API de mapas do Google, as-senta na máxima “one simple step, and you’re in themap”. Apostando no método “passa a palavra”, oscriadores do projecto consideram que no final serápossível consultar o número e o perfil dos cibernau-tas. Qualquer pessoa pode participar neste projecto,registando-se de uma forma muito fácil e intuitivano Map My Name.

Links relacionados:http://www.youtube.com/watch?v=ywZVSc4D_B0Apresentação do projecto no YouTube

MAP MY NAMEendereço: http://www.mapmyname.com/betacategoria: investigação

Com o calor e a época balnear a aproximarem-se, oportal Festivais de Verão traz boas sugestões para ospróximos meses. Aqui é possível obter informaçõesactualizadas sobre os vários eventos que vão ter lugarno Verão, ver os cartazes e participar num fórum.

O portal disponibiliza ainda as notícias de última horaem manchete no site, uma galeria de imagens, mapaspara saber como chegar aos recintos dos festivais, umaselecção de links interessantes. A informação é mera-mente publicitária, mas útil e organizada.

FESTIVAIS DE VERÃOendereço: http://www.festivaisverao.com/categoria: lazer, música

Ainda em versão beta, o site de notícias do portalSapo é um agregador de conteúdos que entra definiti-vamente na era da Web 2.0. Construído com a tecnolo-gia Ajax, o site está dividido em cinco separadores: no-tícias, desporto, economia, tecnologia e local. Em cadamarcador, o utilizador tem a possibilidade de manipularas várias caixas temáticas que surgem no ecrã. Há ain-da uma barra de pesquisa constante que permite pes-quisar termos específicos em notícias ou blogs. É tam-bém possível subscrever a newsletter do site.

Numa perspectiva convergente, o site congrega emformato rss conteúdos de vários órgãos de comunica-ção social, para além da informação produzida peloSapo. Conteúdos como meterologia, fotografia do dia,capas dos jornais do dia, as últimas notícias da agênciaLusa, vídeos da SIC, o podcast de Francisco Sena San-tos, links para emissões em directo da SIC ou das rádi-os TSF e RR estão presentes na primeira página. Osrestantes marcadores agregam conteúdos temáticosmais específicos, sempre recorrendo ao multimédia.

NOTÍCIAS SAPOendereço: http://noticias.sapo.pt/categoria: informação

A Queima das Fitas 2007 começa no próximo dia4 de Maio e o site já está disponível na web. Nesteespaço é possível encontrar informações variadasrelativas ao evento, como o programa das Noitesdo Parque ou a história da Queima das Fitas daacademia. Este ano, há também um blog paraacompanhar a par e passo tudo o que se passa nafesta universitária.

No site é também possível a várias secções te-máticas como eventos tradicionais, cultura, despor-to, galeria, agenda, concursos, publicidade, entreoutros. Há também uma área para downloads dedocumentos como candidaturas a bilheteiros ouacreditação da imprensa. Uma outra categoriamerece também uma visita: Queima Solidária – umainovação da Academia em 2007.

QUEIMA DAS FITAS 2007endereço: http://2007.queimadasfitas.org/categoria: universidade, Coimbra, lazer

O projecto Earthster tem como objectivo ga-rantir a gestão do ciclo de vida dos produtos dasempresas. Basicamente, a ideia da empresa cria-dora (a New Earth) é permitir verificar as perfor-mance ambiental e social das companhias, em es-pecial de PME’s.

O Earthster é um sistema que se baseia na webe que vai desenvolver um processo com várias fa-ses, que passam pelo registo, à avaliação da em-presa e, posteriormente, ao desenvolvimento de me-todologias de LCA – Life Cycle Assessment. Paraalém das ferramentas (cujo acesso implica um re-gisto), estão ainda disponíveis vários recursos.

EARTHSTERendereço: http://www.earthster.org/categoria: ambiente, tecnologia

24 DE 02 A 15 DE MAIO DE 2007TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral

[email protected]

O Dr. Pina Moura, ex-ministro de Gu-terres e deputado da Nação, foi à RTP-1responder a Judite de Sousa no programaGrande Entrevista. O motivo da actuali-dade da entrevista prende-se com a saídade Pina Moura do Parlamento para ocu-par o lugar de administrador da MediaCapital, dominada por espanhóis que, diz-se, serão próximos do PSOE.

O facto tem provocado polémica.Marques Mendes, líder do principal par-tido da oposição, tentou aproveitar as cir-cunstâncias e veio afirmar que “PinaMoura na TVI tem sabor a nomeaçãopolítica”. Independentemente de se sa-ber que nada disto é novo e já aconteceunoutras épocas, com outros protagonis-tas, outros interesses (económicos e par-tidários), e ainda que a oposição política,actualmente, tem que aproveitar estes“nadas” para marcar presença, tal é afalta de verdadeiras divergências em re-lação ao governo, o certo é que há algu-mas interrogações que ficam à esperade resposta por parte de Pina Moura.

Chegou a colocar-se a possibilidadeda Entidade Reguladora da Comunica-ção “avaliar” a nomeação de Pina Mou-ra, mas a própria ERC veio rapidamenterejeitar tal possibilidade “considerandoque a sua função é fiscalizar a ‘activida-

Nuestro hombre en Lisboa

de concreta’ das empresas de comuni-cação social e não os seus responsáveis”.

Mas regressando à Grande Entrevis-ta, Judite de Sousa não fez a perguntamais incómoda. E por que havia de ofazer se ela mesma é fruto, enquanto jor-nalista, deste jogo de interesses que fazcom que Portugal seja referido por Sa-rkozy que, na campanha eleitoral para apresidência francesa, já se congratuloucom o facto de os socialistas franceses

serem diferentes dos portugueses, sobpena de ele próprio não ter lugar no es-pectro político gaulês?

E o que havia a perguntar? Simples-mente isto: como vai agir Pina Mourarelativamente ao cumprimento do ‘cader-no de encargos’ a que o Estado (via re-gulador) obrigou a TVI na altura da re-novação da licença? Seria bom (emboraincómodo, claro) recordar ao novo ad-ministrador da Media Capital (onde seinclui a TVI), que a ERC, na sua Delibe-ração 1-L/2006 – “Renovação das licen-ças para o exercício da actividade tele-visiva dos operadores SIC e TVI”, vemconsiderar, na conclusão do documento,que na análise realizada se verificou “oincumprimento de obrigações assumidaspelos requerentes”. Tendo consideradoainda que “os objectivos constantes daordem jurídica relativos à actividade detelevisão pressupõem o estrito cumpri-mento das obrigações a que os operado-res SIC e TVI estão adstritos, em especi-al nas áreas da programação infantil, cul-tural e informativa”, e sendo assim a ERCdecidia-se pela renovação das licenças,

na condição do cumprimento de certas“obrigações” por parte da SIC e da TVI:

SIC e TVI deverão, genericamente,“emitir uma programação que contribuapara a formação e informação do públi-co e para a promoção de língua e culturaportuguesas, tendo em consideração asnecessidades especiais de certas cate-gorias de espectadores, entre as quaisas crianças e os jovens; contemplar nasua programação os interesses gerais ediversificados do público, incluindo gru-pos minoritários, étnicos, religiosos, cul-turais e sociais; emitir programas de in-formação dos sub-géneros debate e en-trevista, autónomos em relação aos blo-cos noticiosos diários, com periodicida-de não inferior a semanal; emitir, diaria-mente, programas dirigidos ao públicoinfantil/juvenil, no período da manhã ouda tarde; emitir programas de naturezacultural e formativa, nomeadamente,obras de criação documental, teatral, ci-nematográfica e musical, depois das 23horas, em horário de audiência não re-duzida e com periodicidade regular; di-versificar os géneros da programaçãoemitida no chamado “horário-nobre”(20h00-23h00)”, ... . De um modo geral,as obrigações impostas pelo reguladorvinham ao encontro do espírito da Lei edo “interesse público” originário na atri-buição das licenças.

É quanto a isto, verdadeiramentematéria decisiva, que fica uma grandeincógnita sobre a actuação do novopresidente da Media Capital. A esta-fada desculpa de que as administraçõesnada têm a ver com os conteúdos dosórgãos de comunicação social (e istojá foi dito para a RTP ... pasme-se),não pode ser aceite, porque não é, nemdeve ser verdadeira. Assim, e na linhada afirmação do Dr. Marques Mendes,veremos se o Dr. Pina Moura, na TVI,estará com a “ideologia” do Estadoportuguês ou não. Neste particular, erabom que estivesse.

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- LEIA NA PÁG. 3Esta é a reprodução da obra de Zé

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