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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia Campus I Salvador - BA ORIENTAÇÃO SEXUAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO ESTRATÉGIA DE GESTÃO ESCOLAR: MANIFESTAÇÕES DA SEXUALIDADE - UM DESAFIO PARA PAIS E EDUCADORES NAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE JEQUIÉ-BA. Mac Cleide de Jesus Braga Amaral 1 Elane Braga Oliveira 2 RESUMO O presente artigo trata-se de uma pesquisa realizada durante a Pós-graduação Lato Sensu em Gestão e Supervisão Escolar. A mesma objetivou apresentar a orientação sexual na educação infantil como estratégia de gestão escolar, além de relatar e analisar a dificuldade que pais e educadores/as têm em tratar das manifestações da sexualidade, da criança, especialmente na educação infantil. Para isso fez-se um estudo de como esta vem sendo trabalhada na família e nas Escolas Municipais de Educação Infantil Maria Lúcia Jaqueira e Guiomar Pinto no Município de Jequié /BA. Buscou-se compreender, entre outros fatores, como esta orientação ocorre nesta escola bem como, se pais e educadores (as) estão preparados (as) para desenvolver tal tarefa. A sexualidade está ligada à vida e a saúde, portanto não pode ser negada por quem se propõe a educar. Palavras-chave: Sexualidade infantil; Gestão Escolar; Família; Escola; Formação INTRODUÇÃO De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), uma questão bastante atual e presente no cotidiano de todos os profissionais da educação é a postura a ser adotada, dentro das escolas, em face das manifestações das sexualidades dos alunos. Daí, a presente proposta de trabalho, que legitima o papel e delimita a atuação do educador nesse campo. É necessário reconhecermos que os professores, se deparam com situações em sala de aula diante das quais não sabem como agir. Nem sempre o professor se sente 1 Graduada em Pedagogia com Habilitação em Educação Infantil e Séries Iniciais pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB/JEQUIÉ, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e Gestão e Supervisão Escolar pelas Faculdades Integradas Euclides Fernandes FIEF. Especialista em Educação a Distância pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Professora da Rede Municipal de Ensino da cidade de Jequié/Bahia. [email protected] 2 Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB/JEQUIÉ. [email protected]

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES

15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia – Campus I

Salvador - BA

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO

ESTRATÉGIA DE GESTÃO ESCOLAR: MANIFESTAÇÕES DA

SEXUALIDADE - UM DESAFIO PARA PAIS E EDUCADORES

NAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE JEQUIÉ-BA.

Mac Cleide de Jesus Braga Amaral1

Elane Braga Oliveira2

RESUMO

O presente artigo trata-se de uma pesquisa realizada durante a Pós-graduação Lato

Sensu em Gestão e Supervisão Escolar. A mesma objetivou apresentar a orientação

sexual na educação infantil como estratégia de gestão escolar, além de relatar e analisar

a dificuldade que pais e educadores/as têm em tratar das manifestações da sexualidade,

da criança, especialmente na educação infantil. Para isso fez-se um estudo de como esta

vem sendo trabalhada na família e nas Escolas Municipais de Educação Infantil Maria

Lúcia Jaqueira e Guiomar Pinto no Município de Jequié /BA. Buscou-se compreender,

entre outros fatores, como esta orientação ocorre nesta escola bem como, se pais e

educadores (as) estão preparados (as) para desenvolver tal tarefa. A sexualidade está

ligada à vida e a saúde, portanto não pode ser negada por quem se propõe a educar.

Palavras-chave: Sexualidade infantil; Gestão Escolar; Família; Escola; Formação

INTRODUÇÃO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), uma questão

bastante atual e presente no cotidiano de todos os profissionais da educação é a postura

a ser adotada, dentro das escolas, em face das manifestações das sexualidades dos

alunos. Daí, a presente proposta de trabalho, que legitima o papel e delimita a atuação

do educador nesse campo.

É necessário reconhecermos que os professores, se deparam com situações em

sala de aula diante das quais não sabem como agir. Nem sempre o professor se sente

1 Graduada em Pedagogia com Habilitação em Educação Infantil e Séries Iniciais pela Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB/JEQUIÉ, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e

Gestão e Supervisão Escolar pelas Faculdades Integradas Euclides Fernandes – FIEF. Especialista em

Educação a Distância pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Professora da Rede Municipal de

Ensino da cidade de Jequié/Bahia. [email protected] 2 Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB/JEQUIÉ.

[email protected]

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seguro para falar algo em relação à sexualidade, talvez por medo de como a sua fala

pode influenciar o aluno, que poderá interpretá-lo de maneira incorreta.

Segundo Foucault (1998, p.9) a análise dessa busca da verdade sobre o sexo, da

formação de certo tipo de saber sobre o sexo, deve ser feito sob o viés do poder, não um

poder que funciona pelo direito, mas pela técnica, não pela lei; mas pela normalização;

não pelo castigo, mas pelo controle. O poder é onipresente porque se produz a cada

instante, em todos os pontos, em toda relação: ele esta em toda parte não por que

engloba tudo, mas porque provém de todos os lugares.

Diante das dificuldades percebidas nas relações professor- aluno no que se refere

à educação sexual, esse trabalho buscou promover a percepção da importância e o poder

que a escola pode exercer na formação do ser humano, ainda mais quando diz respeito

às manifestações da sexualidade.

Estando consciente que a abordagem sobre a sexualidade é fundamental para

orientar o individuo no contexto sócio-cultural, faz-se necessário mostrar o quão é

importante saber como é manifestada a sexualidade dos alunos, em especial da

Educação Infantil, e como é trabalhada a Orientação Sexual por parte da escola e dos

profissionais de educação.

Faz-se necessário que os primeiros e principais responsáveis pela educação

sexual sejam os pais. Porém, cabe também aos professores, gestores e demais atores do

contexto escolar essa difícil e imprescindível tarefa.

O temor de falar em sexo revela que a sexualidade é trabalhada no cotidiano

escolar de forma escamoteada, uma vez que muitas escolas afirmam que abordam esta

temática por meio das várias disciplinas, ou seja, da transversalidade.

A educação sexual não surge na escola a partir dos Parâmetros Curriculares

Nacionais. Todavia, há de ser identificar de que maneira este tema é reinscrito na escola

dentro do contexto histórico e demandas atuais. Quando ocorrem intervenções,

resumem-se a ações pontuais como: acompanhamentos, exposições em feiras de

ciências campanhas educativas, palestras, na maioria das vezes, a cargo de médicos/

enfermeiros que não conhecem a realidade da escola.

Sabemos que os professores no papel de gestores de sala de aula têm a

responsabilidade de ouvir e a necessidade de um agir rápido ante alguma situação

inesperada e carregada de tensão envolvendo a sexualidade. Daí, a disponibilidade

pessoal do professor para atender às demandas que recebe em relação ao assunto.

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O professor deve aplicar a formação que recebeu para ser multiplicador de

preciosas informações e atitudes que irão contribuir para com a vida prática das

crianças. Hoffmann (1999) diz que acompanhar a criança em seu desenvolvimento

exige um olhar teórico reflexivo sobre seu contexto sócio-cultural e manifestações

decorrentes do caráter evolutivo do seu pensamento. Significa respeitá-la em sua

individualidade e em suas sucessivas e gradativas conquistas de conhecimento.

Infelizmente, o que percebemos são professores com carência de informações,

formação especializada, conhecimentos na maneira de abordar o assunto com crianças

em cada etapa específica do desenvolvimento. Assim, quando eles se defrontam com

essas situações, compreendem que os alunos precisam de muito mais do que eles podem

oferecer. É importante destacar que quase todos os professores trabalham com a

educação sexual de seus alunos, mesmo quando não se dá conta disso.

O professor não pode ser cúmplice dos alunos nos comentários preconceituosos.

Caso uma criança se masturbe na sala de aula, por exemplo, o professor deve chamá-la,

voltando a sua atenção para outra coisa, outra atividade e mais tarde a sós explicar que

tocar nos órgãos sexuais é bom, gostoso, mais não deve ser feito em público. O

professor deve também, caso o ato se repita depois de várias conversas, investigar as

possíveis causas (micose, que provoca coceira, ou outro problema que a criança possa

estar enfrentando).

A conversa sobre o que pode e o que não pode ser feito em público é sempre

bem vinda; mostrar figuras ou modelos do corpo humano e apresentar o nome correto

dos órgãos sexuais são sempre uma bela escolha.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RECNEI, 1998)

deixa claro que a sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida

psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-

se com o prazer, necessidade fundamental dos seres humanos. A marca da cultura faz-se

presente desde cedo no desenvolvimento da sexualidade infantil, por exemplo, na

maneira como os adultos reagem aos primeiros movimentos exploratórios que as

crianças fazem em seu corpo.

Cita também que uma das características que decorre do controle esfincteriano é

o favorecimento da exploração dos órgãos genitais, antes escondidos pelas fraldas.

Aumenta a curiosidade por seus próprios órgãos, podendo entrega-se a manipulação por

meios das quais pesquisam as sensações e o prazer que produzem. Com isso cresce

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também o interesse pelos órgãos das outras crianças que também pode se tornar objeto

de manipulação e de exploração, em interações sociais dos mais diversos tipos: na hora

do banho, em brincadeiras de médicos, imitando os adultos, dentro outros atos

(RECNEI, 1998).

O RECNEI (1998) ressalta também que não é necessário que a criança tenha

presenciado cenas ou a representação de cenas de sexo nos meios de comunicação ou

em casa para que se envolva em exploração ou jogos sexuais. A motivação pode ser

apenas por curiosidade ou desejo, integrantes de um processo normal de

desenvolvimento. Para tanto, a compreensão da sexualidade como um processo amplo,

cultural e inerente ao desenvolvimento das crianças pode auxiliar o professor diante das

ações exploratórias das crianças ou das perguntas que fazem a respeito do tema. Nesse

sentido, “é sempre bom destacar que o programa de orientação sexual devera atender as

necessidades e maturidade dos alunos” (SOUZA, 2003, p. 105).

Assim, por meio de uma pesquisa de cunho descritivo-explicativo e de

instrumentos de coleta de dados como questionários, pesquisas, observação participante,

discussão em grupo, desenvolvimento de ações em estudos de textos durante os ACs3,

em reuniões e em conversas formais e informais com pais e mestres, procuramos

responder ou ao menos problematizar o questionamento a seguir: como é manifestada a

sexualidade dos alunos da Educação Infantil nas Escolas Municipais Maria Lúcia

Jaqueira e Guiomar Pinto, e como é trabalhada a orientação sexual por parte da escola,

do gestor, da família e dos profissionais de educação?

O presente trabalho buscou também verificar se os professores estão trabalhando

numa perspectiva de favorecer e proporcionar ao educando uma reflexão sobre a

sexualidade, contribuindo assim para a construção saudável das crianças em seu

processo biofísico-social.

Nesse contexto, trabalhou-se com base no Referencial Curricular Nacional para

a Educação Infantil, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), em autores como

Pinto (1999), Polizzi (2002), Souza (1991), Silva (2002), além de vários outros

materiais cujos autores são estudiosos deste tema.

3 Atividades Complementares. Atualmente as escolas estaduais e municipais reservam durante a semana

um horário especial no qual professores e/ou coordenadores se reúnem para discutir textos, atividades

para os alunos, bem como construir projetos ou elaborar os planos de aula semanais.

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O intuito dessa pesquisa foi o de contribuir de forma positiva com as discussões

que vem se construindo sobre o tema orientação sexual, destacando-se a importância da

compreensão por parte dos professores e da família, sobre a fase em que cada criança se

encontra.

ORIENTAÇÃO SEXUAL: O PAPEL DO (A) GESTOR (A) ESCOLAR

O conceito de Gestão Escolar, relativamente recente, é de extrema importância

para que se tenha uma escola que atenda às atuais exigências da vida social: formar

cidadãos e oferecer, ainda, a possibilidade de apreensão de competencias e habilidades

necessárias e facilitadoras da inserção social.

A escola é uma instituição humana e pressupõe a perspectiva de quem nela atua.

Neste sentido, pode-se procurar preservá-la como algo estático ou engajá-la em

movimentos de mudanças que busquem sua atualização, de forma a torná-la condizente

com o seu tempo.

No que diz respeito ao papel do gestor/diretor (a), este deixa de ser alguém que

tem a função de fiscalizar e controlar, que centraliza em si as decisões, para ser...

[...] um gestor da dinâmica social, um mobilizador, um orquestrador de

atores, um articulador da diversidade para dar unidade e consistência, na

construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus

alunos (LUCK, 2000, p. 16).

Ou ainda....

[...] o diretor coordena, mobiliza, motiva, lidera, delega aos membros da

equipe escolar conforme suas atribuições específicas as responsabilidades

decorrentes das decisões, acompanha o desenvolvimento das ações, presta

contas e submete à avaliação da equipe o desenvolvimento das decisões

tomadas coletivamente (LIBÂNIO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2003, p. 335)...

A transformação da escola está acontecendo com maior freqüência em situações

nas quais diretores e comunidade escolar (funcionários, professores, alunos, pais e

comunidade) se envolvem diretamente no trabalho realizado em seu interior.

Sob a perspectiva de Orientação Sexual, cabe ao Gestor Escolar: Sensibilizar os

pais dos alunos através de reuniões e palestras nas escolas, para implantação de projetos

de Orientação Sexual; Estimular a comunidade escolar para elaborar projetos de

pesquisa que avalie os avanços e embates das ações desenvolvidas; Promover a

formação continuada de educadores, para que possam subsidiá-los e favorecê-los na

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discussão sobre sexualidade na comunidade escolar. Sensibilizar aos educadores para

repensar a construção das suas vivências afetivas e sexuais nas diversas etapas da vida;

Realizar atividades que venham libertar educadores das amarras dos preconceitos e da

discriminação sexual; Desenvolver ações para desconstruir os conceitos distorcidos,

mitos e crendices elaboradas pela sociedade conservadora; Desenvolver temática em

foco, em qualquer área do conhecimento, tendo como norte os Paramentos e as

Diretrizes Curriculares Nacionais; Monitorar as ações desenvolvidas referentes aos

trabalhos sobre sexualidade e procurar desenvolver e participar de outras ações e

atividades correlatas a projetos relacionados ao tema.

FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES

Na grande maioria das vezes, o educador não sabe que atitude tomar diante de

uma situação na sala de aula em que o aluno manifesta de alguma maneira, sua

sexualidade. Isso dificulta o trabalho de orientação sexual. Entretanto muitas vezes isso

acontece pelo fato do professor não ter conhecimento sobre as temáticas que envolvem

sexualidade e por não ter feito nenhum curso que falasse sobre este tema. Como salienta

Lima:

Existe, na maioria das vezes, o total silêncio por parte dos

professores, que usualmente, só conseguem dar explicações sobre o corpo

humano e as funções de reprodução; o que na verdade não é o que as crianças

e os adolescentes mais desejam saber (2003, p. 15)

É preciso que o educador tenha acesso à formação específica para tratar de

sexualidade com os alunos, assim possibilitará uma postura profissional e consciente ao

trabalhar como esse tema. O professor deve se conscientizar sobre quais são os valores,

crenças, opiniões e sentimentos que cultiva em relação à sexualidade e que ela é um

elemento importante para que desenvolva uma postura ética na sua atuação junto aos

alunos.

Hoje, no Brasil, diferentes grupos estão construindo sua metodologia de trabalho

nesta área, nem sempre utilizando o termo orientação sexual para designar sua ação

educativa. A formação do educador no que se refere às temáticas relacionadas a

sexualidade é básica no sentido de preparar as pessoas em nível de conhecimento,

metodologia e postura para trabalharem na escola com um tema que é ainda polêmico

na nossa sociedade. As diversas instituições públicas e particulares, incluindo ONGs e

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fundações que vêm desenvolvendo processos de educação sexual, estão propondo

interessantes e diferenciados programas de formação de educadores.

Diz Castro e Silva:

Esperamos que, em pouco tempo, tenhamos o inicio de um cabedal sólido de

conhecimento a partir do qual novos questionamentos surgirão, criando-se

uma forma dinâmica e consistente de subsidiar esta área educacional (2002,

p. 26).

Na escola, os professores e as professoras são as pessoas que têm maior

proximidade com os alunos, pois os acompanham durante anos, sabendo melhor que

ninguém, como são, como pensam, agem e reagem. Eles chegam a ter acesso à história

do aluno, de alguma maneira, descobrem canais de comunicação e aproximação com

grande parte deles. Os professores, muitas vezes, já são vistos como referência de

aprendizagem da sexualidade pelos seus alunos.

O que se espera do professor já não se resume ao formato expositivo

das aulas, a fluência vernácula, à aparência externa. Precisa centralizar-se na

competência estimuladora da pesquisa, incentivando com engenho e este a

gestação de sujeitos críticos e auto-críticos a participantes e construtivos

(DEMO,1993, p.103)

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), a

compreensão da sexualidade como um processo amplo, cultural e inerente ao

desenvolvimento das crianças pode auxiliar o professor diante das ações exploratórias

das crianças ou das perguntas que fazem a respeito do tema. Como ilustra Camargo e

Ribeiro e Suplicy et al:

Além de livros, cursos sobre este tema têm sido ministrados em diferentes

espaços, no segundo semestre de 2000 três cursos surgiram abordando estes

temas: “orientações sexual na educação básica”, “A educação multi e

interdisciplinar e os temas transversais e foi ministrado o mini-curso

“PCNs”, os temas transversais e a escola publica à luz da analise da

filosofia e da historia da educação, o qual tinha o intuito de fornecer

subsídios para o trabalho com estes temas nas escolas (1999, p. 48).

É necessário reforçar que no tecer ações de orientação sexual, são as

necessidades da sala de aula e da escola os aspectos motivadores e orientadores do

estudo e organização dos temas de sexualidade.

É preciso desenvolver no educador um olhar para a sala de aula, de modo a

perceber nela o que ocorre de forma clara e o de forma não tão clara, porque

a sexualidade está presente em nossas vidas, muitas vezes, de forma não

explícita (SILVA, 2002, p. 34).

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O professor deve conhecer os próprios limites, reconhecer a cumplicidade do

tema e exercer seu papel com dignidade para que seus alunos possam saber que sexo e

sexualidade são normais e naturais, que pode dar prazer, mas que, para que isso

aconteça, é preciso maturidade e responsabilidade. Como nos diz Moscovice (apud

SILVA, 2000) temos que aprender para mudar e mudar para aprender conhecimentos,

sentimentos, atitudes e comportamentos.

ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

A pesquisa realizada nas Escolas Municipais Maria Lúcia Jaqueira e Guiomar

Pinto (Educação Infantil Pré-Escolar), foi de caráter descritivo – explicativo. De acordo

com Gil (1994): Caracteriza-se como aquela que identifica e/ou descreve a existência de

um fato ou fenômeno, descobrindo relações ainda de caráter, tendência e probabilístico

de natureza causal, funcional ou estrutural.

Já quanto aos fins esta pesquisa foi intervencionista porque teve como objetivo

interpor-se; interferir na realidade estudada, para modificá-lo. Quanto aos meios este

trabalho foi bibliográfico, por ter sido um estudo sistematizado com base em teóricos

como Pinto (1999), Polizzi (2002), Souza (1991), Silva (2002) etc. Foi possível incluir

entrevistas, aplicação de questionários, observação participante, discussão em grupo,

estudos de textos com os professores, e reuniões e conversas informais com pais e

professores, além de palestras etc.

Inicialmente fora realizada a caracterização das Escolas pesquisadas e, em

seguida ocorreu a descrição do que foi observado sobre o processo de Orientação

Sexual desenvolvido nas referidas Escolas, buscando resgatar algumas falas dos

professores, dos pais e cenas do cotidiano observado. Posteriormente, foi feita uma

analise do que foi possível compreender sobre o processo de Orientação Sexual na

Educação Infantil. É importante destacar que durante a realização do trabalho alguns

professores não colaboraram com a pesquisa, o que dificultou seu desenvolvimento,

fazendo com que a participação da família fosse mais que necessária.

CARACTERÍSTICAS DO ESPAÇO

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As Escolas “Municipais” Maria Lúcia Jaqueira e Guiomar Pinto - Educação

Infantil 4 e 5 anos, estão localizadas no Bairro do Jequiezinho, Jequié - BA. A

primeira à Rua Professora Virgínia Ribeiro s/n e a segunda à Rua Drº João Braga s/n.

As referidas são escolas que já funcionam há mais de 25 anos. A Escola Maria Lúcia

Jaqueira está localizada em uma área periférica que facilita o acesso do seu alunado,

entretanto a Escola Guiomar Pinto está situada em uma região distante e por não ser

assistida pelo transporte escolar possui um número reduzido de crianças em comparação

à quantidade de vagas que são oferecidas.

As crianças da Educação Infantil possuem idades de 4 a 6 anos. São distribuídas

em salas de acordo com a faixa-etária. Totalizando 6 turmas, 3 no turno matutino e 3 no

vespertino na Escola Maria Lúcia Jaqueira, e apenas 4 turmas , 2 no turno matutino e 2

no turno vespertino na Escola Guiomar Pinto. Por se tratar de um núcleo, ambas

possuem a mesma direção composta por uma diretora, uma vice, uma coordenadora e

uma secretária. Todas as professoras são graduadas e pós-graduadas e algumas

monitoras já cursaram/cursam o Ensino Superior, alguns funcionários já concluíram o

ensino médio, entretanto alguns possuem apenas o ensino fundamental incompleto.

Todas essas pessoas atuam para o bom andamento da escola. Têm-se um total de cento e

quarenta e quatro alunos na Escola M. Maria Lúcia Jaqueira e devido a evasão apenas

cinqüenta e quatro alunos na Escola M. Guiomar Pinto.

Em relação ao espaço físico, as referidas Escolas contam com: A primeira possui

uma sala de direção, coordenação e professores, uma cozinha, dois banheiros, três salas

de aula e um pátio. Já a segunda possui 1 sala de direção, coordenação e professores,

uma cozinha, três banheiros, duas salas de aula e um área externa. Ambas funcionam

nos turnos matutino e vespertino.

O ambiente para a criança deve transmitir segurança e organização. Todos os

elementos do ambiente devem ser estudados e controlados, para que a criança os

observe inteligentemente, compreenda-os, utilize-os, adquirindo uma movimentação

coordenada, coerente, espelho do seu interior. O ambiente interno e externo é um espaço

que, se estruturado, serve como alicerce para conquista da independência da criança.

No geral a escola possui um bom espaço físico, porém, não muito adequado para

atender alunos da Educação Infantil.

DISCUSSÕES E RESUTADOS

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No primeiro contato, ao conversar com alguns professores, esses deixaram clara

a dificuldade que tinham em trabalhar com esse tema. Mas como lidar com isso? A

orientação Sexual deve passar por um processo de observações diárias, partindo de uma

construção do domínio de conteúdos para uma concepção de Sexualidade por

competências e habilidades dentro das mais diversas áreas do conhecimento.

O cotidiano escolar, em especial a rotina de trabalho, foi foco também desta

pesquisa, pois sabemos que encontramos elementos indicativos da relação entre a teoria

e a prática na sala de aula.

Os professores admitem não saber que atitude tomar diante das manifestações

sexuais dos alunos, ainda dizem que, por mais simples que possam parecer, é muito

difícil. Falam ainda, que isto é uma responsabilidade dos pais e que necessitam

conversar com eles sempre que possível e necessário. Contudo, sabemos que o educador

pode mostrar à criança o caminho para a valorização de sua integridade, diferente dos

modelos tradicionais que a conduzem a simular uma perfeição assexuada.

Dados referentes aos entrevistados - foram entrevistadas 7 professoras, todas as

entrevistadas pertenciam ao sexo feminino, deste total (3) professoras estão entre a

idade de 31 a 40 anos, (3) estão entre 40 – 50 anos e o restante acima dos 50 anos. No

que se refere à formação a maioria das professoras totalizando 6 eram graduadas e pós -

graduadas e 01 possuía apenas a graduação.

Sobre a visão que os professores entrevistados têm de orientação sexual -

Todas as entrevistadas conceituaram Orientação Sexual como um processo muito

importante e indispensável para o trabalho com os alunos. Disseram também, ser um

processo individual e coletivo, onde o professor acompanha e observa a ocorrência de

manifestações e a partir daí deve haver uma comunicação entre professor – direção –

coordenação e pais.

Quanto a opinião dos professores sobre a importância do processo de

orientação sexual na construção do desenvolvimento e da vida psíquica das pessoas -

As entrevistadas entendem a importância do trabalho de Orientação Sexual como algo

inerente, que está presente desde quando a criança nasce, apresentando diferentes

formas de manifestações segundo as fases da vida. Isso nos leva a perceber a

importância do conhecimento que o (a) professor (a) deve ter a respeito das concepções

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de educação infantil, das teorias de desenvolvimento e das abordagens sobre o processo

de Orientação Sexual na busca de um real significado para tais manifestações.

Analisando as respostas dos questionários percebemos que os professores não

hesitam em dizer que estão completamente despreparados para trabalhar com

Orientação Sexual. Como podemos observar a seguir:

A formação do educador sexual é básica no sentido de preparar as pessoas

em nível de conhecimento, metodológico e postura para trabalharem na

escola com um tema que é ainda polêmica na nossa sociedade (SILVA, 2002.

p. 26).

Indagou–se aos professores quais os fatores que dificultam a concretização de

um trabalho de Orientação Sexual.

Fatores que dificultam a concretização de um trabalho de Orientação Sexual -

Foram apontados fatores como: Falta de preparo por não ter feito nenhum curso de

capacitação; Falta de diálogo entre pais e filhos, e material adequado para ser usado em

sala de aula; Acompanhamento familiar. Todos os professores encontram dificuldades

em trabalhar com o tema, seja por um motivo ou por outro. Podemos observar que os

entrevistados em sua maioria fazem referência a falta de cursos para capacitação nesta

área.

Sobre a importância de se trabalhar a Orientação Sexual - Foram considerados

- A falta de informações corretas; O fato de estar sempre presente em nossas vidas; O

não acompanhamento da família e a forma como vivemos hoje. Constata-se a partir dos

dados que a maioria das professoras reconheceram a importância e a necessidade de se

trabalhar a Orientação Sexual.

Quanto à definição do professor com relação ao papel da família no processo

de orientação sexual do aluno na pré- escola - De acordo com as professoras

entrevistadas é de fundamental importância a escola na construção do conhecimento. A

maioria acredita que um lar equilibrado influencia e favorece a aprendizagem, quer de

forma positiva, quer negativa. Segundo Souza:

A atitude dos pais frente à sexualidade e a sua principal

influência na educação sexual dos filhos (...). A casa onde a criança vive,

deveria ser o lugar onde as dúvidas são esclarecidas, as curiosidades

resolvidas e o diálogo uma constante (...). Os pais são os primeiros

responsáveis pela educação sexual sendo seu papel insubstituível (2003.

p.35).

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As concepções dos pais - Para Souza, “os pais não devem abrir mão do

privilegio de serem os primeiros a falar da sexualidade com seus filhos” (2003. p. 37).

O correto é que os pais não venham transferir a responsabilidade da educação apenas

para a escola. Eles devem compreender que a escola é uma aliada e que a família é a

entidade educativa mais importante da sociedade.

É importante salientar que os pais não se recusaram a responder os

questionários. Indagou-se aos pais se eles já perceberam alguma manifestação sexual

em seus filhos de 0 a 5/6 anos, dos pais que responderam os questionários, 10 disseram

que sim, já perceberam alguma manifestação sexual em seus filhos e apenas 3 disseram

que não, em um total de 13 questionários. Ao perguntar como foi a manifestação,

obteve- se diversas respostas, vê-se então que a maioria dos pais já observaram algum

tipo de manifestação por parte dos seus filhos. Perguntou- se aos pais qual foi a atitude

deles diante das observações de Manifestação Sexuais. Foram as mais variadas

respostas como, por exemplo: Foi um susto / Chamei, e conversei em um lugar

reservado / Dei um tapa na mão / Respondi com calma e tentei fazer com que a criança

entendesse / Não respondi.

Percebe-se com isso que os pais, apesar de não serem tão informados, de uma

forma ou de outra já estão aprendendo a lidar com tais manifestações. Exemplo: quando

chama e conversa em um lugar reservado ou procura responder com calma adequando a

sua fala as necessidades da criança.

Procuramos saber Sobre o que os pais fazem para resolver as curiosidades e

perguntas das crianças e se eles se sentem à vontade para conversar sobre sexualidade

com seus filhos. Os mesmo demonstraram diferentes opiniões em relação ao

questionamento e nem sempre estão agindo de maneira correta. Responder usando a

fantasia, por exemplo, pode interferir no desenvolvimento da criança em vários

aspectos, tais como psíquico, social etc. Por fim indagou-se aos pais se eles

concordavam que a melhor forma das crianças receberem alguma educação para a

sexualidade hoje, é através da escola e que pudessem justificar. Obtivemos respostas

como: Sim, pois a escola conhece a melhor forma de passar esses assuntos para as

crianças; Não, pois isso cabe em primeiro lugar aos pais; Sim, pois será um

complemento, a escola dará continuidade ao que está sendo feito em casa; Sim,

inclusive acredito ser a melhor forma; Sim, pois na maioria das vezes em casa não

sabemos lidar com situações como estas.

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Procurou-se com a pesquisa melhor compreender a postura dos pais perante as

questões da sexualidade, principalmente no que se refere à escola.

O mais importante é o desenvolvimento do indivíduo no

respeito por si, falar mais em “educação para afetos”- onde, a partir daí com

aspectos de ordem prática, se dê particular ênfase às relações interpessoais-

do que reduzir conceito a “educação sexual”. (COSTA, 2002 p.20)

Não importam idade, cor, profissão, crença religiosa, partido político ou time de

futebol: falar sobre sexo é sempre delicado. Porém, o sexo está por toda parte, falo de

“sexualidade”. Ela vai sendo construída durante toda nossa vida, com o que

aprendemos, com nossos hábitos e experiências.

Por isso é tão importante, que tanto escola quanto a família possam caminhar

juntos na busca da melhor forma de lhe dar com este tema, que é difícil, complexo,

interessante, confuso, intrigante e ao mesmo tempo tão maravilhoso. Afinal, haveria

“vida” humana se não existisse sexualidade?

CONSIDERAÇÕES

A sexualidade é uma questão da própria sociedade, neste sentido, a escola deve

proporcionar uma reflexão voltada para as múltiplas formas de suas manifestações.

Sabemos que a sexualidade faz parte das nossas vidas desde que nascemos, por isso, a

orientação sexual nos dias atuais não pode, nem deve ser ignorada pelas escolas.

O professor deve estar apto a responder qualquer indagação com a maior

naturalidade. O cotidiano em sala de aula vai muito além do ensino propriamente dito.

Portanto, agregar os esforços na escola e em casa, para dar uma educação sexual que

passe segurança para os alunos é de extrema importância. Segundo Sayão (apud

AQUINO, 1997, p.101), “a parceria da escola com os pais é fundamental para que os

esclarecimentos possam fluir tranquilamente, sem provocar grandes terremotos”.

A sexualidade por ser um tema tão abrangente, não se pode chegar à conclusão,

mas a caminhos que levam a novas análises. Aos educadores cabe repensar as

possibilidades do trabalho feito na escola, tendo como visão dar continuidade ao

trabalho iniciado em família, pois educar para a sexualidade faz parte da educação.

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