os desafios da escola pÚblica paranaense na … · autor edna amancio de souza ramos...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha de Identificação – Produção Didático Pedagógica Professor PDE/2013
Título O estágio obrigatório no curso de formação de docentes: o eixo integrador entre as disciplinas específicas e a prática docente.
Autor Edna Amancio de Souza Ramos
Disciplina/área (ingresso no PDE)
Disciplinas Profissionalizantes
Escola de implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Paulo Leminski
Município da Escola Curitiba
Núcleo Regional de Educação Curitiba
Professor Orientador Maria Silvia Bacila Winkeler
Instituição de Ensino Superior UTFPR – Campus Curitiba
Relação Interdisciplinar Disciplina de estágio e disciplinas de metodologia e fundamentos do Curso de Formação de Docentes
Resumo O objetivo principal desse projeto de pesquisa do PDE é analisar o papel articulador entre a teoria e prática da disciplina de estágio no Curso de Formação de Docentes, na busca da efetivação deste, portanto, investigar a importância da disciplina de estágio como articuladora do curso. Esta pesquisa utilizará como metodologia a pesquisa-ação se valendo da técnica de grupo focal onde buscará identificar os entraves no processo de organização da disciplina junto a professoras, pedagogas, alunas e egressas do curso. A partir deste diagnóstico, pretende-se propor ações de superação. A importância desta pesquisa está centrada em agir sobre uma realidade de forma pontual, mas partindo efetivamente da opinião dos indivíduos envolvidos buscando efetivar ações que impactem a formação da futura profissional docente. Contribui, portanto, para o amadurecimento e discussão que deve ser contínua para a disciplina articuladora do curso. Nesta unidade didática será apresentado o roteiro de aplicação da técnica do gruo focal que possibilitará a reflexão sobre o tema e posteriormente a elaboração do material orientador na forma de artigo.
Palavras-chave Estágio. Formação Docente. Ensino.
Formato do material didático Unidade Didática
Público alvo Professoras, alunas, pedagogas e egressas do
curso.
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APRESENTAÇÃO UNIDADE 01
ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Como possibilitar que o estágio obrigatório cumpra sua função de articulador
entre as disciplinas específicas e a prática docente? O objetivo principal deste
trabalho é analisar o papel articulador entre a teoria e prática da disciplina de estágio
no Curso de Formação de Docentes, na busca da efetivação deste e investigar a
importância da disciplina de estágio como articuladora do curso. O tema tem
pertinência e necessidade de ser desenvolvido visando o resgate e a importância
desse papel articulador da disciplina, que permitirá um trabalho mais efetivo junto a
professoras e alunas do curso. Essa pesquisa busca identificar os entraves no
processo de organização da disciplina junto a professoras e alunas,1 que limita a
atuação da disciplina como articuladora e, ainda, impede que os conhecimentos das
disciplinas específicas instrumentalizem o trabalho docente futuro, bem como o
trabalho docente da professora da disciplina de estágio. A partir deste diagnóstico,
pretende-se propor ações de superação na forma de um documento orientador para
equipes pedagógicas realizarem a esperada articulação junto à suas professoras, ou
seja, um roteiro de atividades a serem desenvolvidas em prol desta articulação.
A importância dessa pesquisa está centrada em agir sobre uma realidade de
forma pontual, mas partindo efetivamente da audição dos indivíduos envolvidos
buscando efetivar ações que impactem a formação da futura profissional docente.
Contribui, portanto, para o amadurecimento e discussão que deve ser contínua para
a disciplina articuladora do curso. Esse é o principal motivo da escolha da técnica do
Grupo Focal. A técnica permitirá à pesquisadora distanciar-se a ponto de permitir
1 Neste texto fez-se a opção pela generalização no feminino dada a característica de gênero no
Curso de Formação de Docentes.
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que não haja influência de opiniões ou anseios que são
naturalmente formados pela proximidade com o trabalho com a
disciplina.
GRUPO FOCAL
A TÉCNICA DE GRUPO FOCAL
A técnica de grupo focal tem origem anglo-saxônica a
partir da década de 1940 e tem sido utilizada como metodologia
de pesquisas sociais. Em diferentes áreas a técnica tem sido
aplicada como no trabalho de avaliação de programas, de
marketing, propaganda e comunicação, como metodologia de
pesquisas sociais. (TRAD. 2009)
Ainda segundo Trad (2009) diferentes autores apresentam
a técnica de grupos focais como aquela que busca colher
informações que possam compreender diferentes compreensões,
percepções, atitudes sobre um tema e pontos de vista sobre um
tema, produtos ou serviços. O grupo focal, segundo a autora,
diferencia-se de uma entrevista individual, pois se baseia na
interação entre as pessoas que estão num ambiente favorável à
discussão sobre um determinado tema e o fazem livremente,
sem a influência do entrevistador. Este é um facilitador da discussão que intervém
apenas quando o grupo parece perder o foco. Os grupos focais possibilitam um
debate aberto sobre um tema sem haver a influência de status dos participantes.
Trad (2009) apresenta que o propósito da sessão é o passo mais importante do
grupo focal. Ao se planejar um grupo focal é fundamental o estabelecimento do
propósito da sessão. Para isso, é preciso prever uma série de elementos que
garantirão seu êxito. Vamos a eles:
Recursos necessários
Número de participantes, quantidade de grupos e duração
Perfil dos participantes
Seleção dos participantes
Os grupos focais são preferencialmente dotados em pesquisas explorativas ou avaliativas - podendo ser a principal fonte de dados - ou como uma técnica complementar em pesquisas quantitativas (MERTON; FISK; KENDALL, 1990) ou qualitativas, associada às técnicas de entrevistas em profundidade e de observação participante (MORGAN, 1997). São identificados, contudo, outros propósitos de caráter mais específico na utilização dos grupos focais na pesquisa, tais como: focalizar a pesquisa e formular questões mais precisas de investigação; subsidiar a elaboração de instrumentos de pesquisa experimental e quantitativa; orientar o pesquisador para um campo de investigação e para linguagem local; avaliar um serviço ou programa; desenvolver hipóteses de pesquisa para estudos complementares (MORGAN, 1997; MINAYO, 2000; VEIGA; GONDIM, 2001; GASKELL; BAUER, 2002 apud TRAD, 2009. p. 781).
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1. Recursos
Espaços reservados apropriados, de fácil acesso, neutro para os participantes,
uma sala confortável que abrigue o número de participantes, sem ruídos nem
interrupções externas. O formato ideal seria que todos os participantes ficassem em
volta de uma mesa oval ou retangular, ou dispostos em círculo, com cadeiras. Que
tenha um lanche (café, água, etc.) disponível.
Estas sessões precisam ser gravadas, e indica-se o uso de pelo menos dois
gravadores e a filmagem, já que as sessões serão transcritas. Lembrando que os
participantes deverão autorizar estas gravações.
2. Número de participantes, quantidade de grupos e duração
Entre seis e quinze participantes. A quantidade ideal é aquela que permita a
participação efetiva de todos e a discussão adequada do tema. (PIZZOL, 2004 apud
TRAD, 2009 p.782). Geralmente se convida mais pessoas do que esta quantidade
descrita como o máximo, sempre considerando que alguns podem não comparecer.
O tempo mínimo para a condução da sessão é de 90 minutos e máximo de 110min.
3. Perfil dos participantes
O grupo deve ser homogêneo, que convivam
com o assunto e com profundo conhecimento
sobre o tema. Não é preciso que se conheçam
ou tenham algum vínculo, assegurando um
clima confortável de modo que não se acabe em
discussões intermináveis.
4. Seleção dos participantes
A seleção é intencional é baseada na
definição do perfil dos participantes conforme os
objetivos da pesquisa, mas a definição final dos participantes fica a cargo do
pesquisador.
É preciso determinar também o número total de grupos necessários para explorar a temática em questão. Além de considerar a complexidade do tema abordado, o critério de saturação, comumente utilizado em estudos qualitativos, também é aplicável neste caso. Ou seja, os grupos se esgotam quando não apresentam novidades em termos de conteúdo e argumentos, os depoimentos tornam-se repetitivos e previsíveis; ou seja, acredita-se que a estrutura de significados tenha sido apreendida (VEIGA; GONDIM, 2001. apud TRAD. 2009 p. 783).
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O PAPEL DO MODERADOR E A DINÂMICA DA DISCUSSÃO
No tocante ao moderador, uma condição de partida é que
ele tenha substancial conhecimento do tópico em discussão para
que possa conduzir o grupo adequadamente. Que possua
habilidades específicas no manejo de discussões em grupo, bem
como bom senso para manter o foco das discussões sem negar a
possibilidade de expressão dos participantes e ainda, que não
imponha suas opiniões pessoais.
Algumas regras básicas seriam: falar um de cada vez, evitar discussões
paralelas, dizer livremente o que pensa e evitar o domínio da discussão por parte de
uma só pessoa e manter a temática da discussão. (GONDIM, 2002 apud TRAD,
2009. p.) Assegurar ainda o prévio consentimento, assinado pelos participantes, de
consentimento livre e esclarecido que deve fazer referência ao uso de gravadores ou
câmeras.
Scrimshaw e Hurtado (1987, p. 12) identificam como atribuições do moderador: (a) introduzir a discussão e a manter acesa; (b) enfatizar para o grupo que não há respostas certas ou erradas; (c) observar os participantes, encorajando a palavra de cada um; (d) buscar as "deixas" de comunidade da própria discussão e fala dos participantes; (e) construir relações com os informantes para aprofundar, individualmente, respostas e comentários considerados relevantes pelo grupo ou pelo pesquisador; (f) observar as comunicações não-verbais e o ritmo próprio dos participantes, dentro do tempo previsto para o debate. [...] Gondim (2002) apresenta uma lista básica de regras para esta ocasião, a saber: 1) falar uma pessoa de cada vez; 2) evitar discussões paralelas para que todos possam participar; 3) dizer livremente o que pensa; 4) evitar o domínio da discussão por parte de um dos integrantes; 5) manter a atenção e o discurso na temática em questão. (TRAD. 2009. p.786-787)
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O roteiro e o processo de análise
Trad (2009) afirma que para a formatação do roteiro dos grupos, é
imprescindível não perder de vista a coerência deste processo com o referencial
teórico-metodológico adotado na pesquisa. Portanto, o roteiro deve estar estruturado
de modo a começar por questões mais fáceis para as mais complexas considerando
entre elas as respostas dadas às primeiras. Isso de forma gradativa, introduzindo as
questões mais polêmicas.
Nosso trabalho a partir daqui é a transcrição de todas as falas. Nisto se
entende para além do que o que foi falado, considera-se as expressões, a
linguagem corporal como um todo, ou seja, o que não foi dito, mas que está
carregado de significado. É sem dúvida, a parte mais trabalhosa da aplicação da
técnica e também, a mais importante. Desta transcrição será possível traçar os
próximos passos da pesquisa enquanto arcabouço teórico que fundamentará a
construção do material orientador proposto.
O processo de análise deve contemplar dois momentos complementares: análise específica de cada grupo e análise cumulativa e comparativa do conjunto de grupos realizados. Em síntese, o objetivo deste processo é identificar tendências e padrões de respostas associadas com o tema de estudo (MORGAN, 1997; WHO, 1992; GASKELL, 2002 apud TRAD, 2009 p. 789).
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A APLICAÇÃO DO GRUPO FOCAL
A partir daqui faremos a descrição da aplicação do Grupo Focal na realidade do Colégio Estadual Paulo Leminski. Uma escola de tradição na formação de professoras em nível médio e com um grupo de professoras e alunas interessadas em participar do nosso trabalho. Para a aplicação da técnica descreveremos abaixo passo a passo a organização e realização do Grupo Focal. Você poderá adaptar os espaços físicos, mas o encaminhamento em si, deve ser o mesmo para a garantia da eficácia da técnica.
1. RECURSOS NECESSÁRIOS
Auditório do Colégio com cadeiras dispostas em “U”. Sala confortável, com
cadeiras almofadadas. A escolha do local foi pela localização que permite um
ambiente mais silencioso e próximo a banheiros. Como o ambiente é bem amplo,
optou-se em dispor o grupo no tablado do auditório facilitando a gravação e a
visão de todas as participantes.
Estará disponível para as participantes uma mesa com alguns quitutes, refresco
e água para que se sirvam à vontade durante a sessão. Não há salas de aula
próximas, o que permite, em qualquer horário, um ambiente propício para uma
reunião.
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2. NÚMERO DE PARTICIPANTES E DURAÇÃO
O número de participantes convidadas será de 16 (dezesseis) entre professoras,
alunas, funcionárias, egressas do curso, pedagogas, com a perspectiva de que
compareçam ao menos 9 (nove) pessoas.
3. PERFIL DAS PARTICIPANTES
As participantes são conhecedoras do tema pela ligação direta (alunas,
professoras, pedagogas e egressas do curso).
4. SELEÇÃO DAS PARTICIPANTES
A seleção se deu pelo perfil, dentro do universo do curso de Formação de
Docentes. Não é obrigatória e será num horário previamente pesquisado como
mais acessível a todas, para as alunas em curso, terá validade como um dia de
estágio em contra turno. A princípio, no período da tarde, das 13h30 às
14h30min.
5. QUANTIDADE DE SESSÕES E O MODERADOR
As sessões terão duração de no máximo 60min e serão gravadas com o
consentimento das participantes para então serem transcritas. O moderador do
grupo será um colega convidado que não possui vínculo com a instituição, mas
que domina a aplicação da técnica de grupo focal.
A previsão do número de sessões é de dois encontros, um no mês de abril e
outro no mês de maio. A ideia é garantir um espaço de tempo para a reflexão dos
participantes sobre o tema, permitindo uma segunda sessão mais densa em
termos de contribuições.
6. PERÍODO DE APLICAÇÃO
Meses de abril e maio de 2014.
7. TRANSCRIÇÃO DOS DADOS
Mês de junho-julho de 2014.
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8. ANÁLISE DOS DADOS
Mês de agosto de 2014.
9. ELABORAÇÃO DO DOCUMENTO ORIENTADOR
Meses de agosto-setembro de 2014.
DESCRIÇÃO DOS ENCONTROS
Primeira sessão
Mês de Abril (última semana do mês): As pessoas que compõem o grupo focal se
apresentarão, dirão suas áreas de atuação, de estudo e atual campo de trabalho
(egressas). Em seguida, o moderador também se apresentará e fará uma
explanação sobre a técnica, destacando o tema da pesquisa e a forma como
conduzirá o trabalho. Pedirá a assinatura da autorização para a filmagem e
gravação de voz, destacando que ambas serão utilizadas apenas pela professora
PDE para a transcrição da discussão. Essa transcrição será a base para a sua
análise e posterior construção do documento orientador (proposto na pesquisa),
bem como a produção de seu artigo final e tem apenas este uso, portanto, não
será vinculada em nenhum meio.
Explicará ainda que na aplicação da técnica há necessidade de distanciamento
do moderador, ou seja, de preferência, que este não faça parte do grupo
convidado. Isso se faz necessário para permitir que as pessoas possam se
expressar tranquilamente, sem a influência de alguém que está muito próximo ao
tema.
Segunda sessão
Mês de maio (segunda semana do mês): Retomando a última sessão o
moderador apontará questões que ficaram abertas, ou que não foram esgotadas
as discussões. Apresentará novos pontos de vista para arguição e buscará
despertar no grupo a participação em busca de consenso sobre determinado
tema exposto.
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REFERÊNCIAS
TRAD, Leny A. B. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões
baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde.
Physis vol.19 nº. 3. Rio de Janeiro, 2009.
Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312009000300013
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ANEXOS
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ANEXO 1
TERMO DE CONCESSÃO DE USO DE IMAGEM
Eu,___________________________________________________________
RG______________ autorizo o uso de minha imagem para transcrição de minhas
falas na minha participação no Grupo Focal realizado pela professora Edna Amancio
de Souza Ramos, professora PDE-2013, como parte integrante da metodologia de
pesquisa com o tema “O estágio obrigatório no curso de formação de docentes: o
eixo integrador entre as disciplinas específicas e a prática docente”.
Por ser verdade, firmo o presente termo.
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Curitiba, ....../......./2014.