parnasianismo associado à burguesia européia do final do século xix reação à proposta...
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PARNASIANISMO
Associado à burguesia européia do final do século XIX
Reação à proposta romântica de poesia > Subjetividade - Sentimentalismo
Alfredo Bosi: “Seus traços de relevo: o gosto da descrição nítida (a mímese pela mímese), concepções
tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no fundo, o ideal de impessoalidade que partilhavam com os realistas
do tempo.” > relação Parnasianismo x Realismo
José Guilherme Merquior: “Com sua metrificação marmórea e sua concentração em exterioridades, os parnasianos insistiram no
poema oco, brilhante porém gratuito.”
Descompromisso para com questões sociais (x Victor Hugo/Castro Alves)
Parnasianismo > Monte Parnassus: seria habitado por Apolo e suas musas - daí ser colocado como a morada dos poetas
CARACTERÍSTICAS
- Objetividade e Impessoalidade
- Temática greco-romana - valorização de aspectos, mitos e personalidades do mundo da Grécia e Roma antiga
- Descrição
- “Arte pela Arte” - a arte vale por si só (deveria buscar a perfeição formal, não se ligando a questões sociais, políticas,
econômicas e religiosas)
Metapoesia - poesia sobre a construção da própria poesia >
A poesia é resultado de esforço / trabalho / dedicação
PROFISSÃO DE FÉ (fragmentos)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor. (...)
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel. (...)
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Culto à forma
Métrica Fixa
- Escansão: ato de dividir o verso em sílabas poéticas - segue-se a divisão silábica gramatical, mas quando há o encontro de vogais (mesmo em palavras
diferentes) que são pronunciadas juntas, temos somente uma sílaba poética - conta-se até a última sílaba tônica
Lon/ge/ do es/ té/ ril/ tur/ bi/ lhão/ da/ rua,
Be/ ne/ di/ ti/ no, es/ cre/ ve!/ No a/ com/ chego VERSO DECASSÍLABO
Do/ claus/ tro,/ na/ pa/ ciên/ cia e/ no/ so/ ssego,
Tra/ ba/ lha, e/ tei/ ma, e/ li/ ma, e/ so/ fre, e/ sua!
Pri/ ma/ ve/ ra. Um/ so/ rri/ so a/ ber/ to em/ tu/ do. Os/ ramos
Nu/ ma/ pal/ pi/ ta/ ção/ de/ flo/ res/ e/ de/ ninhos. VERSO ALEXANDRINO
Doi/ ra/ va o/ sol/ de ou/ tu/ bro a a/ rei/ a/ dos/ ca/ minhos
(Lem/bras-/te,/ Ro/ sa?) e ao/ sol/ de ou/ tu/ bro/ nos/ a/ mamos.
Rimas ricas - rima entre palavras de diferentes classes gramaticais
sua (verbo) x rua (substantivo)emprego (substantivo) x grego (adjetivo)
Forma soneto - dois quartetos e dois tercetos
PARNASIANISMO NO BRASIL
Início - 1882 - publicação de Fanfarras, de Teófilo Dias
O movimento teve muita força no Brasil - foi uma das causas da Semana de Arte Moderna (1922) > visava o fim da herança
parnasiana na poesia/ rompimento com a tradição parnasiana
OLAVO BILAC (1865-1918) Carioca Iniciou os cursos de Direito e Medicina (não osconcluiu Participou ativamente de campanhas em defesa da Educação, serviço militar obrigatório
Autor do ‘Hino da Bandeira’ Foi preso por oposição a Floriano Peixoto Jornalista em diversos jornais do Rio de Janeiro Principais obras- Via-Láctea- Sarças de Fogo- O caçador de Esmeraldas – bandeirante Fernão Dias
TEMAS RECORRENTES
Traços de tendências românticas - subjetividade/sentimentalismo
Temas greco-romanos
Metapoesia
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Amor espiritual/platônico
ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS!
“Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquantoA via-láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas.”
Amor sensual
SATÂNIANua, de pé, solto o cabelo às costas,Sorri. Na alcova perfumada e quente,Pela janela, como um rio enorme,Profusamente a luz do meio-diaEntra e se espalha, palpitante e viva(…)Como uma vaga preguiçosa e lenta,Vem lhe beijar a pequenina pontaDo pequenino pé macio e branco.
Sobe… cinge-lhe a perna longamente;Sobe… - e que volta sensual descrevePara abranger todo o quadril! – prossegue,Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavoDa axila, acende-lhe o coral da boca
Questões ligadas à pátria / cultura nacional
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,És, a um tempo, esplendor e sepultura:Ouro nativo, que na ganga impuraA bruta mina entre cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscuraTuba de alto clangor, lira singelaQue tens o trom e o silvo da procela,E o arrolo da saudade e da ternura!
RAIMUNDO CORREIA (1860-1911) Maranhão Direito / Promotor / Professor Abolicionista e republicano Chegou a ser governador da Província
do Rio de Janeiro
Acusado de plagiar poemas franceses Influência de Arthur Schoppenhauer Morreu em Paris, enquanto buscava tratamento paraproblemas de rins > foi enterrado no cemitério Père Lachaise Principais obras:- Primeiros Sonhos- Sinfonias- Aleluias
TEMAS RECORRENTESMelancolia
Pessimismo
Questões existenciais /metafísicas / filosóficas / condição humana
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada…Vai-se outra mais… mais outra…enfim dezenasDe pombas vão-se dos pombais, apenasRaia sangüínea e fresca a madrugada…
E à tarde, quando a rígida nortadaSopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando, as asas, sacudindo as penas,Voltam todas em bando e em revoada…
Também dos corações onde abotoam,Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,E eles aos corações não voltam mais…
MAL SECRETOSe a cólera que espuma, a dor que moraN´alma, e destrói cada ilusão que nasce,Tudo o que punge, tudo o que devoraO coração no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que choraVer através da máscara da face,Quanta gente, talvez, que inveja agoraNos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigoGuarda um atroz, recôndito inimigo,Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,Cuja única ventura consisteEm parecer aos outros venturosa!
ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937) Rio de Janeiro Iniciou sua educação formal aos 10 anos de
idade Medicina (não concluído) / Farmácia Professor de Português / História /
Literatura
Fundador da cadeira número 8 da Academia Brasileira de Letras
Principais obras:- Meridionais- Sonetos e poemas- Versos e rimas
TEMAS RECORRENTES
Descrição de objetos / natureza
Contenção sentimental
Poemas mais famososVaso Grego, Vaso Chinês, O Muro
O MuroÉ um velho paredão, todo gretado,Roto e negro, a que o tempo uma oferendaDeixou num cacto em flor ensangüentadoE num pouco de musgo em cada fenda.
Serve há muito de encerro a uma vivenda;Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;Talvez consigo esta missão compreenda,Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata,E em cheio brilha; a solidão se estrelaToda de um vago cintilar de prata;
E o velho muro, alta a parede nua,Olha em redor, espreita a sombra, e vela,Entre os beijos e lágrimas da lua.
Selecione a alternativa correta em relação ao Parnasianismo.
a)Temática voltada para a noite e a escuridão.b)Sentimento de insatisfação identificado com o
“mal do século”.c)Linguagem musical repleta de imagens que
sugerem religiosidade e sentimento amoroso.d)Culto da forma e sobriedade das imagens.e)Adesão ao verso livre e a uma temática de
cunho social.
A poesia de Olavo Bilac:
a)canta o trabalho humano e outros grandes temas universais como a liberdade e a fraternidade entre os povos.
b)é rica em metáforas, em emoções evanescentes, em inefáveis estados d’alma.
c)vive da contradição entre as exigências da alma e as solicitações do corpo.
d)valoriza aspectos da vida cotidiana, numa linguagem simples e despojada.
e)de grande perfeição técnica, gira em torno do universo greco-latino e do amor sensual.