poesias ao entardecer - rl.art.br filea minha família pelo incentivo e o apoio nas horas...
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
PALAVRAS DO AUTOR
No mundo as incertezas são muitas, somente há uma certeza ab-soluta, Deus existe e é galardoador de todos aqueles que estãodispostos a aceita-lo, crer e buscá-lo.
Ver e rever conceitos, começar e recomeçar faz parte do cotidia-no de quem vive neste planeta.
A busca da felicidade é contínua e intensa, minuto a minuto, horaa hora, dia a dia, mês a mês, ano a ano e não pára nunca! Temgente que diz que a esperança é a última que morre, não é verda-de. A esperança nunca morre, se morrer não é esperança.
Camilo Martins Neto
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AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que fez, faz e fará sempre por nós, pela inspira-ção e o maravilhoso dom.
A todos que colaboraram de muitas formas para que mais estaobra fosse uma realidade.
A minha família pelo incentivo e o apoio nas horas (in)certas.
Camilo Martins Neto
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu amigo e irmão José Otávio Rangel de Ávila, fiel e presentenas minhas empreitadas poéticas editoriais. A ele os meus maissinceros votos de felicidades e muito sucesso sempre!
Camilo Martins Neto
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DEDICATÓRIA
Dedico à minha querida esposa Odinéia e meus filhos: KarllaKamylla, Gleydson Camillo e Lucas Camilo, com muito amor, poisdesde muito cedo aprenderam a amar as letras e a arte da poesiae a admirar e incentivar os meus mais simples versos, um beijo.Amo vocês.
Camilo Martins Neto
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Dedico a muitos...
que são tantos!
E a todos...
antes que esqueçaalguns.
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APRESENTAÇÃO
Quando fui publicar o meu primeiro livro, caí numa ciladaque eu mesmo preparei inexperientemente. Pedi ao Dr. Jose EliasTajra para levar o boneco do livro, que o meu amigo Gilberto Mendeshavia encadernado pessoalmente, com uma capa de plástico azule uma garra bonita que tenho até hoje e lá se vão mais de vinteanos, até o Dr.Álvaro Pacheco que por sua vez levasse aoDr.Alberto da Costa e Silva, filho do grande poeta Da Costa eSilva. A época ele estava sendo designado embaixador do Brasilem Portugal, mas nem por isso. Quase perdi tudo o que havialevado anos para tirar da cuca naturalmente. Quando conseguiencontrar o Dr.José Elias Tajra ele me devolveu o original que euhavia intitulado Caminhos Poéticos mas com uma recomendaçãodo meu candidato a prefaciador: não publique isso, está horrível!Escreva mais, pratique, faça uma seleção das menos piores edepois, quem sabe, publique.
Aquilo tudo, claro, foi um tremendo balde de água fria nasminhas pretensões, fiquei desapontado! Mas não desisti. Eu queriacomeçar, tinha que começar... E como se começa? Do começo, élógico!
Bate na mesma tecla do primeiro emprego. A empresaquer anos de experiência mas não dá oportunidade para o indivíduocomeçar, como ele vai ter a experiência exigida? É complicadoaté pensar.
Fui em frente. Visitei muitas vezes meu amigoProf.Arimatéa Tito Filho, presidente da Academia Piauiense deLetras e dos nomes mais respeitados da literatura Piauiense, atéque ele me deu a oportunidade de começar do começo mesmo!Prefaciou o livro de poesias e pediu ao Cel.Miranda, proprietáriodo Jornal O Dia e Gráfica Junior que rodasse meu livro e eu pagariacom a venda e assim aconteceu, apesar da demora de mais de umano, consegui. Em 1986 portanto, saiu meu primeiro livro“Caminhos Poéticos”. Como não consegui o dinheiro suficiente
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para pagar a edição do livro, já quase no final do prazo, tive quevender a minha casa e quitar o compromisso assumido.
Não sem uma pesada crítica por parte de colegas quecomiam à mesa comigo, impregnados de literatura até a alma naUBE-PI, que funcionava numa sala da Secretaria da Cultura. Um,mais exaltado, chamado de Rubervan du Nascimento (ou morte,sei lá) viu o livruxo (que para mim era a mistura de livro comluxo...) e disparou a pronunciar impropérios contra o Prof.TitoFilho, por ter prefaciado aquela merda, como ele disse, é claro,mais ainda contra o livro a que ele chamou de subliteratura maistarde, em um evento no auditório do SESI, eu me lembro até hoje,em que ele declamava as maiores e melhores poesias já escritasno Piauí, as dele mesmo, Rubervan. Evento que eu estava presentee muitos outros escritores da UBE-PI e que ele saiu do palco parabrigar com um aluno que assistia ao seu espetáculo e estavaprotestando, odiando. Fora estava um caixão de defunto com livrosde vários colegas, inclusive o meu e que ele dizia estar, em nomeda grandeza de um povo, sepultando a subliteratura, para libertar oPiauí daquelas maldições.
Portanto, decidi não mais pedir a quem quer que fossepara prefaciar um livro meu. Quem sabe a dor que se tem paraparir é só quem pariu.
O Autor
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POÊXTASE
Mergulho fundo,me escondo,
fujo do mundo,estou preso,
preso a tudo,por isso vou
voar ir estar.Estrelas, sóis,
astros, brilho, luzes, escuridão,estou agora
bem longe, numaconstelação,
não sei, mas estouindo ao infinito.
Fujo, pra bem longee muito longe
já estou, fugindode tudo, estou
preso, não possoquerer, não posso
ser, não possopensar não, não, não.
Somente proibiçõescensuras olhares
reprovadores, evaga(mente) fujo...
tento me esconder,de tudo enfim
fujo, e fugindo,me escondo, de mim.
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SEM QUERER
Lágrimas brotamdo âmago da alma,
ardentemente friasvão caindo...
regando o soloinfértil do coração.
vá lágrima, mesmosem querer...
Vai ver se conquistaaquela vida, linda
amargurada e assimtristonhamente bela
pois eu sei que sonhas,e sonhando desse jeito
só assim tens a tal daliberdade que queres.
Liberdade de cairsobre o botão
que desabrochano chão sem vida
desse coraçãoadormecido da gente
que diz que ama,mas não sente.
Que às vezes sente,mas nunca diz,
é, lágrima, teimasem cair, sem querer,
porque às vezesouves dizer que amam
mas quem diz,nunca faz, e assim...
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Pobre lágrima,Tentando o impossível,
mesmo sem querer,vais caindo, caindo...
sabe lágrima, tens razão,o mais importante é
regar, pois quem sabe asemente pode germinar.(?)
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INOCÊNCIA FERIDA
Era linda, era tarde,era o pôr-do-sol.
Era bela, era manhã,raios a nascer.
Confusão, escuridãodo anoitecer.
Era brilho, acordando,era alvorecer.
Se pensei não me lembro,fiz acontecer.
Era amor, era ódio,não me fiz sentir.
Brincadeira do destino,só pra me ferir.
Solidão, confissão,a que merecer.
Paz agora, antes não,té outra vez fazer.
Perdão, sim, não, sei láse vou te dar.
Agora é tarde, é manhã,não sei se vou ter paz.
É angústia, agonia,hora de acordar.Pare assim, pare um pouco,
vá bem devagar.
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Cada história tem seu fim,tenha dó de mim.
É a vida, é a dor háde sempre ser assim?
Pesadelo impossivel,isso é que é amar?
Sou criança a sonhar,e tu sabes bem.
Só pensei em você, porpuro instinto mau.
Sei que maldadeem tudo sempre tem.
Pra quem assim faz...pode ser fatal.
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MICRO AMOR
Não pares, não penses,viva primeiro.
Não penses, mas pare,sono derradeiro.
É no amor no amar,sem parar de pensar.
Que estás e estousempre a lamentar.
Não amor, sim amar,não à emoção.
Sempre amei com amore com o coração.
Pois a fonte é tão pequenaa jorrar de dor.
A felicidade a esperaro toque do amor.
Vem, vai, vive e porfavor me faz feliz.
É tudo o que te peço,isso eu sempre quis.
Não te cansas, não me cansa,teu encanto.
Por tudo isso e por issoeu te amo tanto.
Mas é pouco, é muito pequenoesse teu amar.
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Sinto dor, sinto pena,vivo a lamentar.
Micro amor, micro paixão,macro ilusão.
Se é assim, meu amor,o pensamento é vão.
Já pedi, já gritei epor tudo já implorei.
Penso até que assimlogo morrerei.
Meu amor, micro amor,não quero mais não.
Vou embora pra bem longedesse coração.
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SATISFAÇÃO
Nada de vida,só o meu olharsempre perdidona imensidão
do teu tãogrande coraçãonas belíssimasondas do mar
pulsa coração,pulsa vidarevive essegrande amor.
Ela é para mimTão queridaÉ singela comoUma flor.
tudo de vida,tudo é ternuraas ondas dotempo da gente
que vão e vemcom brandurapassando assimvagamente.
Amor belo deminha almaque clamo denoite e de dia
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em te chamartenho calmase estou quentea alma esfria
tenho, tenho tudoe quero maisamor, alegriae satisfação
Para não esquecerNunca e jamaisO prazer de terUm teu coração.
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EU VOU ME ARREPENDER
Sim eu sei queVou me arrependerPor você meuGirasol de amor
irei, eu sei, sempreassim sofrerpor ter na pétalaferido a flor.
Não sei se chegareiA me morrerMorrer sem dorSempre é demais
primeiro voume arrependerdepois não nosveremos mais.
Tu sabes, eu sei,Eles sabem, todos sabemQuando eu entãoSe me arrepender
é bom que tu tearrependas meu bempois da verdade
todos vão saber.
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Ninguém se arrependePor nada, nada assimPor tudo eu vou meArrepender, vou sim
te conheci comouma linda fadahoje não tens maisnenhum poder...
Ai que dor deCoração meu bemArrependimentoDói tanto assim?
paz, paz, parapoder sentir o bema morte que ali
devagar já vem.
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LÁ VEM... Ao amigo Pr. Ezequiel Cardoso da Mota
Vem a noite com seus açoites.Vem chicotadas sem fim
ferindo o céu e a terranão posso ter dó de mim.
Vem o vento e a chuva.Vem tempestade e a dor
relâmpagos e trovõesdesafeto e desamor.
Lá vem a maldita da ferida.Que teima em não mais sarar
das entranhas do meninocambaleando e caindo.
Lá vem a fome no sertão.Sem calango nem rolinha
sem nenhum grão de feijãolá vem...vem...vem a morte.
Lá vem então a procissão.Gritando rezas sem fim
não se entende seu lamento quando a morte vem é assim.
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Lá vem solidão e mais tristeza.Sete palmos pra baixo do chão
sem açoites, chuva ou soldescansando só no sertão.
Eu não queria, ninguém quer.Mas vem os dois palmos de lenho
pode pedir, pode chorarimplorando ou não, sim, vem.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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LÁ VAI...Lá vai bem longe meu bemPra onde não sei dizer
Espero que volte logoPro meu povo inteiro ver
Que nosso amor é verdadeiroFeliz é quem nele pode crer
Lá vai, mas vai tão felizSe não voltar vou morrer
Lá vai longe meu coraçãoRazão, sim, de minha vida
Já vai, o sol iluminandoTodo o caminho, querida.
Lá vai, se esvai, vai, não vaiLá... Lágrima a correr na face
Longe vai formar meu oceanoLá vai, vai lá, onde tudo nasce.
E assim mergulhamos juntosNo amor que em tudo crer
Lá vai... E indo assim feliz seráRecordações... Ficarão, mas vai...
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LEMBRASTES DE MIM À amiga Dinancy Pires da Silva
Indiferentemente, mas lembrastes de mim
Insolitamente, mas lembrastes de mim
Desesperadamente, mas lembrastes de mim
Sem querer, mas lembrastes de mim
Perdidamente, mas lembrastes de mim
Vagamente, mas lembrastes de mim
Ligeiramente, mas lembrastes de mim
Depois de muito tempo, mas lembrastes de mim
E na lembrança, muito vai, muito vem e vamos nós
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Estou feliz, lembrastes de mim
Sou feliz, lembrando de ti.
Como se diz: “amigo é coisa pra se
guardar... No peito” para sempre!!!!!
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POR TUDO, EM TUDO
Quem és, meu coração?que tudo queres e nada tens?
Que queres, meu botão?da rosa o espinho ou a flor?
Onde vais, criatura?que vives a zombar do criador?
Tens alguma ternura?neste teu gesto zombador?
Faz assim, ri de mim?qual é a satisfação?
De teu riso desenfreado?sem sentido, sem fim?
É loucura, é perdição?diz pra mim por tudo
Eu te peço, pois em tudoestás na minha imaginação.
E teimas em ficar, por quê?some, pra bem longe, chôôô
Assombração sem futuropaz é o que eu quero... Solidão!
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HÁ DE SE TER?!
Ah! Vida minha hás de se ter saudade
Do que não se viveu?
Como pode coração, pensar no que não existiu?
Só no pensamento...
Sempre vagando só fantasiando, voando...
Depois sofrendo.
Como hei de ser vivendo sem rumo?
Não te encontrei.
Pensei, sonhei,mas não vivi.
Por isso a saudade.
Mas saudade de quê?Do que não aconteceu?
Não foi real?
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Não, saudade de mimdo tempo em que
Não pensava em ti!
Naquele tempo eu não vivia
Tu vivias em mim.
Hoje eu quero voltar a viver
Dentro de ti.
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DOIS EM UM
Quando estou em ti
Não me conheço
Quando estás em mim
Te desconheço
Somos o mesmo,tu e euEu em ti, tu em mimNós dois um só, só umE assim nus vemos
Somos um do outro
Somos um pro outro
Outra vida e sentimentos
Sentimentos noutra vida
Sem você não existoNão há vida e pulsaçãoHá tristeza e depressãoPara tudo, coração...
Não há explicação
Essa linda relação
Amor,amor e amor
Tudo é... Mistério.
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VALDÉLIA
Vi Valdélia naalameda Parnaíba
vi Valdélia naalameda da vida
vi Valdélia comsua meiguiçe e
linda, linda!eu vi Valdélia.
me apaixoneipor Valdélia
o coração derreteupor Valdélia
saí na noite quentecom Valdélia
e no sorvete frionos encontramos.
quem foi Valdéliana alameda?
quem era eunaquela noite?
eu era o outroe ela quem era?
não conheci,me reconheci, eu
fui apaixonadopor Valdélia
numa noitenos sorvetamos
com a luade testemunha
sem juras de
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amor ou sem...
desconhecerValdélia hoje
não posso,nem conhecê-la
jamais irei,pois tu macambira
roubou o queera meu(?????)
Valdélia talveznem lembre,
no sexto sentidoo vazio ficou
daquela noitenem lembranças(???)
só restou mesmoem meu coração.
ali estava, eu, Valdéliaa lua e um cão
latindo, assustando,A um beijo eu dar
foi tão rápidoque nem deu tempo
para a amiga luase envergonhar.
ADOLESCENTE SOFRE... POR QUERER!
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ENVELHECERAos colegas da Academia de Letras do Médio Parnaíba - Piauí
Rugas na minhaFace alargamHorror da juventude que se foiTristes fugasNo rosto traçaE nas teias do tempo, só fumaça
Foi-se o vigor dosMeus sorrisosHá desenhos de mares e vulcõesE aprofundam-seAté à alma assimDividindo e trazendo-me convulsões
Oh! Tempo, por quePassas assim?Passas tão rápido na vida e deixasComigo o desejoIncontido do passado?
Tens o poder deUm grande mágicoNa varinha que fere corpo e almaDeixando só osTraços trágicos.
E olhando aoPassado, quem fui?O que fiz? Por onde estive? Ahh!Nada mais importa...Serei pó, e só.
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ENFADO
Na luta doDia-a-dia
BatalhandoPra sobreviver
Tendo a vidaMuito fria
A vontade éDe morrer...
Se a noiteEstá quente
E enfadadoVou dormir
Não temQuem aguente
PernilongosA zunir!
O trabalho
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Foi pesadoMuito cansado
FiqueiDeixou-me
Bem enfadadoFeliz assim
Eu viverei?
Com certezaIsso não traz
Nenhuma talFelicidade
O enfado noCoração
Traz é morteÀ meia idade.
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eutenho
na vidao que não terei
nos sete palmos de glebamas serei com certeza bem mais
feliz, pois tenho a morte por razão, a vidaé só angústia e angustiadamente vivendo, qualé a razão da vida? O fim de tudo com certeza é
A morteou sejaa vida éa p e n a sum trein a m e n t opara ques e j a m o sc a p a z e sde suport á - l a .
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A CHUVA
A chuva choveuNa roçaEm que roça choveuA chuva?Não foi na roça daMinha terraQue choveu essaChuva falada.
Plantou-se naTerra secaSementes queNão nasceramPorque a chuvaNão choveuE todas elasMorreram.
As aves tambémComiamMas como estavamEnvenenadasAs coitadinhasEntão morriamE não choveu;Ah! Se chovesse...
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Os bichos do matoComiam as avesPensando delíciasComer e comoEnvenenadasEstavam, todosEes morreram,E nada de chuva.
E assim, comoNão chovia...Ossos e ossosForam ficandoAssim foiAumentando e oHomem tambémM o r r e u.
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MEIO...
Meia noiteMeia horaMeio kiloMeio sujoMeio irmãoMeio diaMeio tempoMeio feioMeia praiaMeia caraMeia verdadeMeia palavraMeio pálidoMeio trêmuloMeio chuvosoMeio quenteMeio pedaçoMeio frioMeio sim
Meio nãoMeio donoMeio cheioMeio secoMeio molhadoMeio vazioMeio brancoMeio coraçãoMeio tempestuosoMeio pretoMeio nadaMeio euMeio vocêMeio nósMeio mistérioMeia vidaMeio mortoMeio eternoMeio infinito...
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DIN – DIN
Olha a luaDe madrugada...É o sono que se foiNão é loucura, nãoÉ paixãoE amorTransformandoO coraçãoNada maisDe fanatismoNem flamengoOu coisa assimVou viverDiferenteAmandoCada vez maisSem vazioNo coraçãoPreenchendoTudo com DeusVivendoIntensamenteCada minutoOlhando a luaAs estrelasE todos os astrosEnfim e tendoSempre certezaQue tudo foiDeus que fez.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
BRINCANDO DE VERDADEAo Amigo Chico Miguel de Moura
Rio Parnaíba descendoChico Miguel sorrindo
Se feio ou não, não sei.O olhar perdido, o quê vê?
Água, sol, nuvens brancasO encontro das águas
Rio poty e Parnaíba, um abraçoOlha lá, é Petrônio água abaixo.
Baixinho, branquinho, dentinho...Quem? Quem? É o Petrônio??
Não, Chico Miguel na crista da ondaEstá no banco? Ou no Brasil?
Está na moda ser Chico, eh, Miguel?Pois é! Vai rio, vai solidão, vá...
Não sou poeta, e por isso fico!Contemplando e a contemplar.
Sou chiquista e miguelista,Meu partido é muito forte
Quem espera sempre alcançaVá sempre à luta campeão.
(Até à morte)
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MEUS RIOS DE LÁGRIMAS Ao Amigo Dídimo de Castro
Rio ParnaíbaCorrendo
Rio Poty escorregandoLentamente vão
LevandoNas águas os meus lamentos
Rio de Janeiro aJaneiro
Nas chuvas ou no verãoRio Negro e SolimõesLá vão lágrimas de
Montão
No rio que passaLigeiro
Volumoso do AmazonasQuanto mais água ghegandoÉ mais pranto
CarregandoVai de Lucas do Rio
Verde
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Ao Araguaia lá vai, longeSão tantos rios da vidaQue a gente nem sabe
falar
Rio de Pedra, rio dasCobras
Rio, ai meu São Francisco!Rio das Mortes, transbordandoDe tantas vidas que
choram.
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ESQUECIMENTO
Me esquecesTe esquecesMe aquecesNo teuSentimentoNo meuAcalanto
dá um tempo que o tempo já passou engessou o sentimento da gente o meu e o teu
Com certezaNa correntezaDo rio da vidaDa genteNa minha eNa tuaA água passou
correu, se foi há busca encontro não sei, os rios, ás vezes se encontram e vão juntos
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
CorrendoBuscandoQuerendoAgarrandoOutras águasCaindo nasCachoeiras
batendo naspedras, carregandotudo o que encontranas beiras da vida,sempre juntos,rolando, sofrendomodificando tudo
Até chegarAo destinoCerto ou incertoMas vão assim mesmoDiferentes ou iguaisLargos ou estreitosVolumosos ou não
mas vão juntosse batendosobrevivendoe convidandooutros a viverassim mesmocom risco a mil(e m o r r e n d o)
Não sei, se soubesseNão saberia nadaAinda que fosseFalar de amor...Mas, rios, águas...Não sei falar...Só sei ( v i ) v e r.
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UM MINUTO DE SILÊNCIO A Um Grande Poeta
( grande poeta é sempre o que já morreu ) Qualquer Um
Tudo quieto, tudo é silêncioBandeira a meio mastroTiros pro lado do cemitérioMas, o que está acontecendo?
Algo está muito errado!Suspira o velho monarca...Nunca vira antes tão quietoO seu agitado reinado.
Triste música a soarDo lado de fora do casteloE no seu trono preocupadoO rei quer agora indagar.
Chama com brava vozO comandante da guardaVenha cá a me explicarPor que triste a minha gente?
Perdão! Majestade, clemênciaEu não quis por nada incomodarCom tão vil acontecimentoSei que poderia ficar a imaginar
Perdão! Eu não pedi permissãoPara a bandeira a meio-mastro,Mesmo que fosse por instantes,Que eu a pudesse hastear
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Mas, o que aconteceu?Você ainda não contouQue trágico acontecimentoQue a tantos abalou?
Majestade, foi nosso amigoQue depois de tantos anosDespindo em sua memóriaO mundo pra nós tão simples...
Em sua derradeira horaPor um gesto assim tão tafulPensamos em agradá-loE uma homenagem prestar.
Quem é esse nobre? Indaga o reiEu também quero honrá-loOnde está agora quero vê-loMande-o chamar no palácio.
Meu nobre rei – disse o homemEle aqui não pode mais te ouvirMorreu nosso querido poetaDescansou na santa paz, em paz.
Então, tudo isso por um poeta?Desde quando poeta é gente?Saiba bem meu comandanteUm poeta a dor não sente.
Ora, ora, desde quando?? Poeta...Vive-se por acaso disso? Poeta...De ilusão não se vive! Poeta...Se morre, se some, suma! Poeta!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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RECLAMAS DE MIM
Teu amor, meu amor,é tão lindo!
Me pedes clamandopor suplício
Um beijo que semprete dou
Vem a mim suplicandoamor
O amor que já é e sempreserá teu
Meu amor, o teu amoré um amor
Te peço que em todominuto
Por menor que seja, tenhasamor
Não me reclames amor,não
Pra sempre e sempre voute dar
Amor, amor, amor, meuamor
É e sempre será, amor,amor
Sou tão verdadeiro comoo amor
Amor que te dou semreclamar
Sonha, pensa, e saibasesse amor
Nunca vai acabar,é muito amor.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
O ROMPE TUDO
Rompe pedrarompe terra
Rompe murorompe fera
Rompe o marrompe o espaço
Rompe barreirarompe o ar
Rompe o temporompe a dor
Rompe a cobiçarompe a preguiça
Mas o que é?eu já vou explicar
O que romperompe tudo enfim
É bom pra vocêe é bom pra mim
Rompe preconceitorompe a vida
Mas o que é?rompe o sangue
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Rompe o corporompe tudo que há
Três palavrinhasque de tão lindas
Rompe o meu e o teu olharrompe horizontes além
Aqui estão elasfé, esperança e amor
Rompem tudo na vidae até a E T R O M
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AOS POUCOS
Nada aconteceAssimVenha cá diz praMimPor que o amorAcabou?Assim sem perceber?
Não foi tão assimDepressaVocê é que não reparouFoi como a terraMolhadaQue aos poucos se secou
Coisas do tempo emMimQue na distância se fezdistante do teuOlharDo teu amor, tudo enfimAos poucos fuiPecebendo
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Que não era o que penseiTalvez um graveErroQue só agora reparei
Perdão amor,Perdão!Vamos tocar nossa vidaAntes que aSolidãoNos faça os dois infeliz
Infelizes juntos,Como?Solidão a dois, como?Não entendo essaVidaE nunca entenderei.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
ME LIGA-NOS
Se liga Te liga Não liga Ligais Ligará Ligando Ligue-me Liga-te Ligado Diz que liga Mas não liga Se liga Não tá ligado Se tá ligado Não diz So diz que tá Mas não sente Se sente Me sento Escuto Não falas Ligação Entre nós Especial Atenção Liga, liga Vai que vai Mas não estás Fica e liga
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Liga e fica Nós dois L i g a d o s Lado a lado Ombro a ombro Vista à vista És a vista Da bela Que liga Me liga E ligado Vamos ao In – finito Do ser ou Visão Étero espacial Cosmopolita Sideral Tá ligado Vamos Ligando Tá, tá, táaaaa Tudo em cima Do telhado Tá ligado Me ligarão Atenderei Serei eu? Serás tu? Vem que tem Tum, tum, tum... Quem bate???
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Quem ééss?? Liga antes Não vens D i s t a n t e Ou vens no trem Da vida do mundo Da gente que tem Um tanto de Coisas pra Dizer, observar... Vá, não, vem Mas liga Sem intriga Pois me emtrigas Com teu jeito De ligar Fica ligada Vens ligando Vamos juntando Nossas histórias E vamos assim Pro infinito Azul ou não Fundirmo-nus Num só e sós... Ah! Girasois... D e s l i i i g a a a...
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O QUE É? Ao Amigo Luiz Martins de Moraes ( Luiz Dicosa )
é um patoÉ uma garça
é um marrecoÉ um pinto
É um péé uma mão
É um chuléno calção(?)
É um tal depardal
É uma pombano chão
É uma vidavivida
É um amargona boca
É a alma da gentegrudada no
Corpo, é adoré o silêncio
É um bico de corvoé um garnizé
Não, é um piriquitobicando o mané?
É a vida é a morteé a razão e o pão
5 7
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
É o fôlego da genteé o coração
A bater muito forteé ver tudo sofrer
Natureza enfimdói em ti e em mim
É velhice de tudodo planeta total
Vou ficando aquiesperando o final
Enrugando a facemantendo esperança
Mas o que ééééé???é a vida que conti (nua).
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
5 8
A MAGRELA (ERA ELA) À Amiga Fabiana Verdeiro
É singelaÉ belaÉ feraEsperaNa delaA horaChegar
É delaChegarEsperarFicarNa delaA belaMagrelaDecididaDivididaMerecida(Pobrecita)
Lá vai elaBranquelaRequebraSe quebraNão ligaÉ ela eu seiÉ fácil saberSiluetaDecotadaSeios fartosVê, que blusa!!??Pernas finasFiu, fiu...!!!!!
5 9
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Vai que vaiA belaNão fereSe fereNão senteSangue azulA branquelaBanguela(?)
A Fabi (olá)Ana belaFala bemA bela eraOlhos vivosFaro bomCheiro bomEnvolvesTe volvesResolves
Vai ou vemA magrelaNão se sabeDe frenteOu de costas,Não se sabeDe perfil, fiiuu...D e(u) s a- parece!.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
6 0
MANIA DE CHICO
Chico BíbliaChico Vaqueiro
Chico ChuléChico Bené
Chico BuarqueChico Maia
Chico ScienceChico César
Chico MouraChico Miguel
Chico MelChico Serra
Chico AnísioChico City
Chico ShowChico Pinheiro
Chico AlencarChico mané
Chico FilhoChico Neto
Chicão, chiquinho
6 1
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Chico, chiquitoChico chimarrão
Chico, Chico, Chi...
Tudo é Chicotá na moda
E o rio, também?não, ele não!
É São Franciscoé de Assis
Tá na modaé ser santo!
( santa água nossa! )
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
6 2
O DONO DA TERRA
Terra divididaTerra repartidaQuem é o dono da
Terra?
Terra do homemTerra do bichoQuem é o dono da
Terra?
Terra do ricoTerra do sábioQuem é o dono da
Terra?
Terra dos sem TerraTerra de ninguémQuem é o dono da
Terra?
Terra de pastarTerra de plantarQuem é o dono da
Terra?
Terra muito boaTerra bem ruimQuem é o dono da
Terra?
O homem vem da TerraTudo volta pra TerraA Terra e tudo é de
DEUS.
6 3
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
A UM PASSO DO ABISMO
Um olharum sorriso
Um piscarUm encontro
um apertar de mãoOutro encontroUm abraço
beijos na despedidaMais um encontroCarícias leves
beijos à vontadeAh! Liberdade enfimPodemos tudo, vamos?
falemos de amorCom amor tudo valeNão é pecado, vamos?
vale à pena ir?Sim, é o amor, amor...E sexo é amor, amor?
sem dúvida é prova!Vale à pena amor?Paixão, entenda...é amor!
um passo, uma relaçãoUm afastar-se de deusUm pecado, uma perdição
vale à pena amar assim?Com certeza, não, não vale.Isso não é amor, é pecar.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
6 4
depois vem o dramaConsciência manchadaConsequências mil
“tudo que plantamosCom certeza colhemos”.Quem planta pecado
colhe os frutosMais amargos que o fel,Na vida inteira que deus dá.
cuidado com o abismoO abismo terrível do pecado!Na imensidão da perdição.
6 5
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
ESTRELA NÃO MORRE
DiasAtrás um sábioTalvez sem quererDisse-me bem baixinhoQueAs estrelas morrem.
NãoTentem me convencerDe tal loucura, não,Uma estrela não morreNão,Jamais isso acontece
DoBrilho sideral, queNo espaço eu vejoCada ponto grudadoNaImensa massa azul
NãoExiste tal elementoChamado de morte, não,Morte só existe dentroDeQuem não tem coração
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
6 6
EA estrela é como o solBrilha em todos os cantosNo escuro do azul noCéuProvando que não morreu
PoisSó se morre quando se éEsquecido e quem pode dizerQue esqueceu uma estrelaQueSempre amou e ama sempre?
6 7
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
A LUA
PensoOlhoEspiandoVendoPensandoNa lua
BonitaProvocanteSufocanteBrilhanteA vejoOlhandoVendo
SendoAssimTão belaSerásParaSempre
Meu astroOu vidaVividaSabidaQue ésLinda
É a luaDa vidaDa genteTão belaQue velaPor nós.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
6 8
SOFRE CORAÇÃO À Minha Esposa Odinéia
Não posso viver o passado,muito menos
Querer olhar e ver o futuro.
Não posso querer viver o futuromuito menos
Tentar em vão reviver o passado
Não posso viver o presentemuito menos
Sem o teu peito em meu peito quente
Sem pensar no passado não tem futuromuito menos
Vou poder ter o momento presente
Sem ter o momento presentemuito menos
Terei a própria vida que estou vivendo
Aguenta coração, pois sem recordaçãomuito menos
Terei as minhas loucas e perdidas emoções
Sem emoções, o que será do amanhã?muito menos
O terei, pois já terei morrido, sem saber.
6 9
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
O QUE SE PASSA NO CORAÇÃO
Oh, sentimento incertonão sei!não sei!
Oh, mistério inexplicávelnão sei!não sei!
Oh, batidas compassadasnão sei!não sei!
Oh, traiçoeiro compassonão sei!não sei!
Oh, gotas vermelhasnão sei!não sei!
Oh, tempo que passanão sei!não sei!
Oh, esquecimento frágilnão sei!não sei!
Oh, eternidade assimnão sei!não sei!
Oh, tempestade que se vaisei não!se vai!!!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
7 0
EU SEI... É O AMOR
eu sei!eu sei!
Não há vida sem amor
eu sei!eu sei!
Não há amor sem vida
eu sei!eu sei!
Minha vida é o teu amor
eu sei!eu sei!
Teu amor é a minha vida
eu sei!eu sei!
Nosso amor é a própria vida
eu sei!eu sei!
A própria vida é o nosso amor
eu sei!eu sei !
Nos unimos pelo amor
eu sei!eu sei!
Pelo amor somos unidos
7 1
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
eu sei!eu sei!
A felicidade está no amor
eu sei!eu sei!
No amor está a felicidade
eu sei!eu sei!
Tudo se resume no amor
eu sei!eu sei!
No amor se resume tudo
eu sei!eu sei!
Com amor vamos ao infinito
eu sei!eu sei!
Ao infinito vamos com amor...
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
7 2
VEND-EM-SE
Eu vendoTu vendoNus vendoVendemosVenderamVenderão
O péO povoA pipaA pátriaA mãeO pão
Vendo-meVendoTudoEnfimNo fimDe tudo
VendoNão vejoSe vejoNão digoSe vendeVendeuSó vendoVi vendo
7 3
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Não viSe vendoFaturoO futuro
Não vendoOs olhosEnxergoDemaisA vidaE vivo
Vá vendoSe vendoNão vendoA forçaDa vidaNa base
Que base?Não vendoVende-seTudo ouQuase...LembrançaNão vendoSaudadeVerdadeAmizadeLiberdadeEsperança
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
7 4
PrincípiosNão se vendeSe vendeNão temSe temNão usa
Vendem-seOutrasCoisasNas coisasDa genteQue não sente
TristezaFriezaNo amorE não temO principalA fé, fé fé!Fe-rn-anda.
7 5
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
CAÇADOR Ao Amigo José Otávio Rangel de Ávila
Eu caçoDescalçoCaçandoNa vidaA vidaQue quero
E peçoCaçandoEncontrandoA feraQue ferePor fora
Mas não ferePor dentroQue já estáFeridoPela caçadaQue faço
Pois a caçaQue caçoNão estáMuito longeEstá pertoTão pertoQue sintoEstá aqui
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
7 6
Não do ladoNão em cimaNão embaixoMas está...
Está aquiVejoPegadasSintoO cheiroBem aqui
É familiarEste andarE descubroFinalmenteQue a caçaQue eu caço
A feraTerrívelHorripilanteDesafianteBrilhanteSintilante
Jamais vistaEu avistoBem aquiMais quePertoEstá no peitoBem aqui...Dentro de mim.
7 7
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
PENSEI EM TI À Minha Querida Esposa Odinéia
dormindoSonhando
falandoSendoVivendo
sabendoQuerendoPensando
lutandoVertendo
sangrandoChorandoDoendoLascando
rachandoTentando
esquecendoTecendoNas veias
do tempoO tempoInteiro
sem tempoNo tempoCerto
da vidaSem vidaSem vocêTendo
umSóSentido
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
7 8
O amorFoi assim
queMe traíMe aborreciMe indignei
sem quererSem saberSem terNada
a verCom nadaLembrei
lembreiLembreiDe
d eDevota menteSabia mente
tranquila menteLenta menteEstranha mente
satisfatoria menteMente
mentevocê
Vocêsó
Você.
7 9
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
SÃO TANTAS...Hoje, sem quererPensei numa coisaSem querer, ou atéMesmo querendo
lembreiDe uma coisa deQuando eu eraApenas uma criançaSem querer, lembrei
assim mesmoO tavarin que vendiaPicolé na esquinaLá na minha ruazinhaSem querer, lembrei
são tantasAs lembranças queA gente nem sabeLembrar mais todasMas essa eu lembrei
foi assimO tavarin pediu paraEu ir buscar os picolésQue eram encomendadosNa fábrica noutro bairro
e assim eu fuiMas eu era fraquinho eA caixa de picolé eraBem pesada e tão pesadaQue eu não aguentei e...
a caixa caiu
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
8 0
Arrebentou e os picolés...Bem, até que sobraramVários inteiros, mas euNão ganhei o pagamento
que eraA calda dos picolésQue durante o diaIam derretendo e noFinal do dia quente
o senhorTavarin dava a quemIa buscar na fábricaOs saborosos picolésMas naquele dia, sobrei!
coitado de mim!
8 1
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
ÀS NOVE ORAS
São noveOrasPois se nãoOrasNão vives
São noveOrasSe move eOrasRemove
São noveOrasDe antesDe ontemOras
São noveOrasSemprePara serFeliz, oras
São noveOrasDe ontemJá passouMas, oras
São noveOrasDe hojeVives bemE oras.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
8 2
FOI ALI QUE NASCI A Todos que Amam Sua Cidade Natal
(apesar dos pesares)
Naquela casa ali,foi lá que nasci
No lugar chamadocidade baixa
Na casa de adobe crurebocada, bem pintada,
Foi lá que nascinaquela casinha ali
Ao lado da igrejaa primeira do lugar
Ali, bem pertinhodaquele pé de juá
Ah, igreja da matrizcom seu sino a tocar
Quanta sal dade me dárecordar é chorar
Lágrimas caindomemória voando alto
Vai de volta até lánaquela casa de barro
O que é a vida, agora
8 3
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
aqui tão distanteDaquela casa querida
e do tempo que se foi
A casa ainda está láeu tenho disso certeza
Vou nova mente voltarpra tirar essa tristeza
Ou até quem sabecom os olhos
Cheios de dorfazer brotar mais
Feitoria dos leala casa era da minha vó
Da mãe do meu pai joséquerida mãe egídia
São tolas recordações...para que as ter agora?
Nada mais mudarei!é, e nada é pra sempre.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
8 4
MINHA GROTA Ao Meu Primo Edivar Pereira Lima
Lá no fim da ruaRuazinha de chãoPoeirenta que só
Lá estava minha grotaTinha um sabiáUm bem-te-vi
Tinha um pé de priquiteiroOnde as pipiras vinhamTodo dia pra comer
Frutas vermelhas e pretasNaquele pé de priquiteiroLá no final da minha grota
Como eu amava aquela grotaNos dias de chuva então...A água barrenta, barrenta...
8 5
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
E eu lá tomando banho de chuvaE de aguá que corria da grotaÊta! Só sendo coisa de menino!
E menino travesso pra valerQue ia no fim da grota...No pé de priquiteiro...
Estilingue em mãos, pedrinhas...Só para jogar nas pipirasNo bem-te-vi e no sabiá!
Não acertava uma sequerPontaria não tinha nenhuma!Mas era feliz, naquela grota.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
8 6
MEU BREJINHO Ao Primo Ivan Mendes Lima
Ah! Meu bejinho queridoQue o tempo já secou
Onde eu ia todo diaOuvindo sapos e gias
Pegar peixinhos douradosColoridos e malhados
Meu brejinho cheirosoCom flores de toda côr
Passarinhos a beberÁgua pura e fresquinha
No meu brejinho de sonhoNa minha vida de amores
Naquele brejinho eu viviaNaquela vida eu sonhava!
Êta coisa gostosa! É ser meninoMenino levado da breca, lélé...
Pois ali no brejinho felizToda felicidade era vivida
Hoje só tenho na vida a dorDa saudade do meu bejinho.
Que secou lá no sertão, mas queNunca secará no pensamento.
Nunca secará na paixão lá doFundo do meu triste coração.
8 7
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
O BANCO NO MEIO DA ESTRADA
Quando passo naquelaEstrada indo de campoMourão para goioêre
Lá está aquele bancoBem ao lado da estradaSem vê e sem pra quê
Talvez aquele bancoColocado logo aliSeja para um alguém
Pode ser eu e vocêQue sentados neleVeja os carros passar
Veja as pessoas passarO céu, a lua e as estrelasAs nuvens lá em cima
Veja tudo passar e assimVer a vida passar e verAté mesmo eu e você
Talvez seja para me verQue às vezes não consigoNo banco ao lado da estrada
Há um banco ali, eu sei!O motivo descobrirei.Se é para ver a vida, ou...
(a morte.)
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
8 8
E SE VAI...A chuva caiE se vai
O vento sopraE se vai
Vem tempestadeE se vai
A flor nasceE se vai
O fruto cresceE se vai
O rio correE se vai
A folha caiE se vai
O amor vemE se vai
A vida é belaMas se vai
O por quê(?) ExisteE se vai(sem resposta).
8 9
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
OMA ET UE
Eu te amo oma et ue eu te amo
Eu te am oma et u eu te am
Eu te a oma et eu te a
Eu te oma e eu te
Eu t oma eu t
Eu om eu
E o e
E o e
Eu om eu
Eu t oma eu t
Eu te oma e eu te
Eu te a oma ue eu te a
Eu te am oma et u eu te am
Eu te amo. Oma et ue eu te amo
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
9 0
AÇNAREPSE
EsperoSem medoEsperarSem nadaEsperandoSem algoEsperançosoNão seiEsperadoTalvezEsperosoNão existeEsperançadoChegouESPERANTOUma línguaE S P E R A N Ç AVirtudeFé, fé, féConfiançaSabedoriaCapacidadePaciênciaVida, vidaFelicidadeAlegriaPaz, pazBondadeAmorCertezaAÇNAREPSE.
9 1
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
SEM TER ESINA
Longe eu fuipra longe fugi
Sem ter esina
Fui logo chorandosem saber porque
Sem ter esina
Sentindo a faltaque sempre sente
Sem ter esina
Aquele que vaisem saber aonde
Sem ter esina
A volta dóiporque dói recomeçar
Sem ter esina
Difícil demais a dorsentida sempre
Sem ter esina
No coração de quemsem motivos te deixa
Sem ter esina
Mas volta, chorandovolta assim mesmo
A ter esina!.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
9 2
A I D N Â L O C I R G A
Ainda que eu longe morra( talvez )
Gota a gota do meu sangueRegará o teu solo virgem e
( com certeza )Infértil de amor por mimComovido, triste, mas irei
( sem dúvida )Oh! Dia feliz o último dia.Lapidarei em ti a última morada.
( com prazer )Andarilho, moribundo sou eu!Nadando em outros oceanos...
( infeliz )Disso não me desculparei, nunca.Inconformado, desiludido, triste.
( perdidamente )Assim, exatamente assim...partirei.
( para sempre )
9 3
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
ENVOLVIMENTO
Toda manhãA mesma coisaMe faz sorrirEntras em minhaBoca vai e voltaNum vai-e-vemQue não tem fim
Me faz babarArrepiar-meCuspo e voltasNovamente aMe envolverNos movimentosAcima e embaixo
De lado, às vezesCom cuidado atéParece outra coisaMas garanto queNão é! Que pensas?Envolvimento todoDia é assim mesmo!
Quero você assimBem macia e cheiaCom o frescor idealDa manhã, cedinhoÉ assim: eu e você!Limpando os dentesA lingua e a boca.Quem soooouu????
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
9 4
QUEM GARANTE (?)O sol e o
arrebol?A chuva e
a seca?O vento e
a brisa?O pássaro e
o canto?O peixe o
rio e o mar?Os sapos e
as lagoas?A terra e
o alimento?As frutas
e os frutos?As batidas
do coração?O respirar
do pulmão?A saúde
do corpo?As pedras
do caminho?A sina do
viajante?A saudade
do luar?O chôro da
criança?O ar que
respiramos?
9 5
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
O céu e asestrelas?
O azul doinfinito?
Os astrosno universo?
O verdedas matas?
As fases danossa lua?
O sol quentea queimar?
A vida eternano céu?
Quem garantetudo isso
É o mesmodeus que tão
Bondosamentenos criou.
Ele é poderosoe eterno.
Sábio ecompassivo.
Misericordiosoe salvador.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
9 6
É ASSIM MESMO
Tudo é velho Na vida nova Onde tudo passa
Passo-a-passo Tudo se vai E se perde
Na poeira No vapor Na fumaça
Tudo passa Só não passo Prá trás
O amigo Ou inimigo Tudo enfim
Na vida da gente Gigante é o tempo Passa e não vemos
Se vemos fingimos Que não é, e deixa Estar assim mesmo.
9 7
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
P E R D IPerdi os óculos
perdi a vistaperdi o relógio
perdi a hora
Perdi a namoradaperdi o romance
perdi o amorperdi a vida
Perdi o tempoperdi tudo
perdi o sonoperdi o sonho
Perdi a rosaperdi o cheiro
perdi a comidaperdi a fome
Perdi a frutaperdi a delícia
perdi teu amorperdi a eternidade
Perdi o empregoperdi o salário
perdi o pãoperdi a vocação
Perdi as letrasperdi a frase
perdi a palavraperdi a poesia.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
9 8
QUER SER FELIZ (?)Busque
bataProcure
gritePule
caiaChore
sorriaSaiba
pedirImplorar
verCorrer
andarCompreender
darOferecer
receberAceitar
ofertarAgradecer
serEstar
sentirIr
ficarEsperar
sonharAmar
viver.
9 9
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
E... LÁ SE FOI
A nossa históriaDe amor eternoNas asas da alegria eNa imensidão da poesia
E...LÁ SE FOI!
Foi-se o tempo nasPlácidas palavrasDo átomo sonhadorO nosso querido poeta
E...LÁ SE FOI!
Foi para bem longeNa linda esfera azulE perdeu-se na imensidãoDo infinito espaço sideral
E...LÁ SE FOI!
Para não mais voltar!E se voltar já não seráO mesmo que respiravaAo nosso lado feliz
E...LÁ SE FOI!
A vida mais linda queUm dia eu conheciE agora perdeu-sePara todo o sempre.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
100
E...LÁ SE FOI!
O que restou foi apenasUma velha fotografiaAmarelada pelo tempoPendurada na parede.
E...LÁ SE FOI!
Corremos sempre esseRisco mórbido, imundoDe ser apenas e apenasUma fotografia esquecida.
E...LÁ SE FOI!
O prazer de ser e estarSomos o nome da ruaDa praça ou avenidaOu... Um monumento.
E...LÁ SE FOI!
O ver, o sentir, o ouvir!De que adianta o tudoQue ficou? Poeira, fumaçaVapor perdido no tempo.
101
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
É ASSIM...
Tristeza... Quem não a tem?É assim mesmo!Choramos quando nascemos.
Choramos por tanta dor.É assim mesmo!Tanto choro e tanto amor.
O homem chora pela vida.É assim mesmo!E chora pela morte também.
Sofremos e sorrimosÉ assim mesmo!Sorrir, chorar, viver...
E depois de tudo enfim...É assim mesmo!Simplesmente, morremos.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
102
TEU SILÊNCIO
Te olho silenteE teu silêncioMe deixa mudo
Te olho amandoE teu amorMe deixa cego
Te vejo sorrindoE teu sorrisoMe acalanta
Te falo de mimE minha históriaTe deixa comovida
Te faço um carinhoE te disfarças todaComo quem gosta
Te dou um beijoE tua boca molhadaMe lembra o mar
Silencioso, vaidosoPreocupado em ir, masSempre pronto a voltar.
Voltar e se dar inteiroSem nada cobrar ou pedirSerenamente...em silêncio.
103
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
O MAR Ao Amigo Átila Freitas Lira
Águas friasOu quentesArdentesOu nãoÉÉÉ o marQue vai e vemOu nãoSe não, por quê??Não seiMas deve existirAlgum lugarEm que as águasNão falamMas queremDizer sempreAlguma coisa...OQuê?Não sei!TalvezDizer que a vidaDa genteÉ assim tambémVai e vemOu não!Aumenta e diminueÉ intensa...Quem passaVêOu não,Se importa,
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
104
Olha,Admira,Silencia,Se orgulha,Se espanta,Sorrir,DizAlguma coisa,Ou não...Mas o marContinuaIndependenteContinuamenteSerenamenteOuNão,Sem se importarCom nada!NosMovimentosDeMilênios...É só o queEle sabe fazerIr e vir,Tragar,Destruir,Matar,EDarAVidaA quem for atrásMesmoEm risco de morteO peixe, o sal...Os minerais, sei lá!
105
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Ah! Mar,Que segredosEscondes?????Diz pra mimEuNão direi praMais ninguémMar, mar, mar!!São belezasTraiçoeiras??São venenos??O que tens?És um giganteDesafiadorDos maisDesafiadoresDos exploradoresEExplorasTudoEnfim...Que moradasMais tens em tiOh! Mar, mar...Terás teu fimQue jáEstá determinadoSecarás!!!!!!!E daíPara quem serãoTeusSegredos??Então,FicaComTeu silêncioSepulcral!!!!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
106
O QUEBRA-QUEIXO
Quebra-queixoooVai pasando comSeu tabuleiroCheinho
É doceÉ gostosoTem côcoÉ o quebra-queixooo
Olha o ...Quebra-queixoooÉ bomÉ baratinho
Todo diaVem aí oQuebra-queixoQuebra-queixooo
O vendedorPassa gritandoPassa vendendoQuebra-queixooo
E na ponteVelha ponteChama, chamaSeus fregueses
107
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Olha tá passandoO quebra-queixoVamos lá, comprarO quebra-queixooo
Passa o gostosoQuebra-queixoooComo passa aVida da gente!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
108
BIGBANGNASAciênciaâmbiçãoexploração
DescobertasOutras vidasNoutros mundos?
outras vidaspara tambémdestruir??
Outros mundosPara mesmoAssim poluir?
esperançafora doplaneta?
FelicidadeAté onde?Como? Quando?
quantas vidasse vão assim?é o pregresso?
Uma luzNo espaçoSideral
109
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
um avisoum minutovem a morte
Mas o queÉ umMinuto
se se vaimorrer?olhar
Perdido...MilhõesDe coisas
explosãocalorfogo
FumaçaCinzasPoeira
históriapresentepassado
SaudadeTristezaEternidade
dor, lágrimaseparaçõespra sempre.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
110
SORRIR ( sorrindo se aprende a morrer )
Sorrir da vidasorrir da morte
Sorrir da sorte
Sorrir do motesorrir do bote
Sorrir de tudo
Sorrir da lágrimasorrir do riso
Sorrir da calma
Sorrir da almasorrir da madre
Sorrir do ventre
Sorrir da dorsorrir do choro
Sorrir da loucura
Sorrir da curasorrir da perda
Sorrir da fome
Sorrir da grevesorrir do salário
Sorrir do glossárioSorrir da procissão
sorrir do perdão
111
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Sorrir da promessa
Sorrir da secasorrir da chuva
Sorrir lá do sertão
Sorrir do acasosorrir do profeta
Sorrir da previsão
Sorrir da pressasorrir da pesca
Sorrir do peixe
Sorrir da pedrasorrir da cabeça
Sorrir da pobreza
Sorrir do cantorsorrir do poeta
Sorrir do pássaro
Sorrir da viagemsorrir do desespero
Sorrir do caixão
Sorrir da solidãosorrir da paixão
Sorrir da ilusãoSorrir da rosa
sorrir do brancoSorrir do preto
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
112
Sorrir do pobresorrir do rico
Sorrir do nada
Sorrir do acasosorrir do mar
Sorrir do ar
Sorrir do desejosorrir da saudade
Sorrir da idade
Sorrir do temposorrir da felicidade
Sorrir da cidade
Sorrir do meninosorrir do velho
Sorrir do tédio
Sorrir da mentirasorrir da verdade
Sorrir da falsidade
Sorrir da árvoresorrir da sombra
Sorrir da trombaSorrir do espaço
sorrir do infinitoSorrir do cientista
Sorrir da travesorrir do gol
Sorrir do jogador
113
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Sorrir do sulsorrir do norte
Sorrir do preconceito
Sorrir da platéiasorrir do circo
Sorrir da palhaçada
Sorrir do padresorrir do pastor
Sorrir do ditador
Sorrir do desempregosorrir do tesoureiro
Sorrir do marginal
Sorrir da tecnologiasorrir da filosofia
Sorrir do computador
Sorrir do presidentesorrir da posição
Sorrir do departamentalSorrir do lago
sorrir do rioSorrir do calafrio
Sorrir do triângulosorrir do quadrado
Sorrir do desgraçado
Sorrir do dedosorrir da unha
Sorrir do medo
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
114
Sorrir da brincadeirasorrir da maldição
Sorrir do coração
Sorrir da mamadeirasorrir da tremedeira
Sorrir da babação
Sorrir do gordosorrir do magro
Sorrir da mata
Sorrir do feiosorrir do belo
Sorrir do fogo
Sorrir da casasorrir do barco
Sorrir da asaSorrir do tio
sorrir da vóSorrir do ancião
Sorrir da primasorrir do primo
Sorrir da brisa
Sorrir da princesasorrir do rei
Sorrir do bôbo
Sorrir do lobosorrir da fera
Sorrir da terra
115
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Sorrir da mansãosorrir do barraco
Sorrir da frustração
Sorrir do sol, há, hasorrir da lua, ho, ho
Sorrir da boca, hi,hi
Sorrir do diasorrir da noite
Sorrir do açoite
Sorrir do friosorrir do calor
Sorrir do ventiladorSorrir da matriz
sorrir da igrejaSorrir da catedral
Sorrir do pêlosorrir do cabelo
Sorrir do dente
Sorrir do brilhosorrir da estrela
Sorrir do astro
Sorrir da pnasorrir da incompetência
Sorrir da bsu
Sorrir de vera cruzsorrir de maringá
Sorrir do paraná
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
116
Sorrir de vocêsorrir de mim
Sorrir de tudo enfim
Sorrir, sorrir, pois no fima morte sorrir de nós
S o r r i d e n t e mente.
Sorrir ( por ) enquantopuder, sorria do que vier
Pois sorrir é... M o r r e r.
117
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
FALAR DE S A U D A D E
Não posso tirar daMemória estas lembranças,Tudo o que posso falarÉ da saudade!
Jamais poderei esquecerA linda terra onde vivi felizTudo o que posso falarÉ da saudade!
E quem me vê forte e contenteNão sabe a dor do meu peitoPois tudo o que posso falarÉ da saudade!
O meu céu? É muito mais azulQue este céu aqui do sul.E o que eu posso falar...É da saudade!
E ainda vejo indelével todoO verde das matas, como possoEsquecer? Tudo o que faloÉ da saudade!
Quer fazer-me esquecer?É só matar-me, pois asssimDeixarei de falar(não de sentir)Esta saudade!
Assim mesmo,ah! Saudade!É uma terrível realidade...Não posso deixar de verComo em visão esta verdade.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
118
PERDOAI
perdoai, perdoai, perdoaioh! Bela dos sonhos
meus, perdoaiminhas
desventuras
oh! Bela dos sonhos meus.
perdoai, perdoai, perdoaimeus desejos deteus beijos, oh!
bela dossonhosmeus
perdoai, perdoai, perdoai.
119
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
oh! Bela dos sonhos meusnão sou tãoforte assim,
morrereisem osolhosteus
mas, perdoai, perdoai, perdoai.
minhas tristes lembrançasoh! Bela dossonhos meus
perdoai, perdoai, perdoai,
o culpado,eu sei, fui eu.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
120
UMA VEZ
Uma vezUma históriaUma árvoreUm galhoUm ninhoUm pássaroUm cantoUma alegriaUma companheiraUm amorUm desastreUma espingardaUm tiroUm chumboUm ferimentoUma quedaUma morteUma tragédiaUma tristezaUma fomeUma secaUma comidaUma parteUma vidaUm destinoUm nordestinoUm giganteUm povoUM BRASIL.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
TANTAS COISAS
Tanta corTanta florTanto jardimTanto espinhoTanta dorTanto cantoTanto prantoTanto enganoTanta mentiraTanta alegriaTanta fantasiaTanta hipocrisiaTanta indiferençaTanta realizaçãoTanta insegurançaTanto prazerTanto progressoTanta revelaçãoTanto quererTanto avançoTanta misériaTanto pãoTanto nãoTanta riquezaTanta águaTanta sedeTanto alimentoTanta fomeTanta vontadeTanta preguiçaTanta desfeitaTanta vidaTanta morteTanto verdeTanto, tanto!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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DESPEDIDA
O dia chegouEstava frioOu quente,Não sei.Mas o queImportava?Tu não sentias!
minhas lágrimas corriam, corriam face abaixo senti no corpo todo um calafrio mas tu ali, inerte.
Com minha vozTrêmula aindaFalei, aquelasMesmas palavrasDe ontem... Mas,Tu não ouvistes.
te elogiei, te engrandeci te admirei sob as flores! agradeci a deus por ti e falei aos nossos, os teus desejos e os meus.
123
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
chegava a horamas tu aindaestavas ali e euao teu ladocai na realidadesenti fortementea dor da nossaseparação.
Enfim, tu fostesE eu fiqueiChorei...depoisDos anos juntos...Tu descansastes!Em breve irei eu.
como ficastes,eu ficarei.não sorriasnem choravas...para onde tufostes eu tambémirei, sem lamentoou dor, sim, irei.
Eu queria ter idoPrimeiro, mas tuMe traistes, sabes...O amor de mãe éBem maior! PoisQuem tem mãe temTudo e quem nãoTem mãe nãoTem nada!
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
124
mas, adeus!não estou tevendo muito bem,são os meus olhosjá não vêem beme agora com aslágrimas... Maseu te vejo como meu coraçãoe te sinto, viva.
Tu podes terMorrido para osOutros, mas paraMim não, não!Tenho-te é bemViva dentro doMeu coração!Então, até breveMinha querida!
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
NA MONTANHA
Eu vejo o horizonteAté onde a vistaNão vê mais nada,Fumaça, névoa,[vi-são] sentimentalNo centímetro da vidaAo quadrado do círculo[vi-cioso] ou não do outroLado da vida, realidadeNua, crua, adversa, noVerso ou anverso emTodo o [uni-verso] queNão une as vidas emConstante [ou in-constante]Guerras de sangue a sangue.Satisfaz-se no verter ouBeber a lida a vida doOutro no outro lado[ini-migo] fazendo chorarOu não tendo ou nãoDor, angustia, no prazerDe ver e não sentir oQuanto a dor dói ou nãoLanguida respiração daAlma sentida à distância,Vem vindo o [mau] cheiroLá da montanha, que cobreEmcobre e não cobraEm tempo algum nadaDo que subiu e não desceu,E, se foi, para todo o sempre,
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Na montanha da visão da vidaDa gente que sobe, sobe eDepois se vai para debaixo daTerra quer seja montanhaOu não, mas, se vai e se vai.Sem sombra ou dúvida, sempreVai, pra sempre e sempre.
127
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
A ÚLTIMA GOTA
FôlegoRespiraçãoAçãoDoTempoQueSeFoi.
Se Foi Foi Não Volta Não Voltará Jamais
NadaVoltaNemTempoNemÁguasFazendoBarulhoNasPedrasDaVidaDaGente
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
128
Nem Sangue
Circulando Nas Veias. Não, Nenhuma Gota Será A Mesma.
129
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
A VIDA COMO ELA NÃO É
Sorrisos, lágrimasconfissões
tapasbeijo
Palavras docesolharsernão
Saber, traiçõesmorrervolvertudo
Mentiras, vidasdespedaçadas
carentesnada
Falsidade, roubosassassinatos
incestostranse.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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A VIDA
Mergulho no rioCorrenteza à baixoNadando de frenteHora de ladoOutras de costasEnfrentando tudoBasculhos, pedrasCortantes folhas,Águas turvas,Peixes vorazes,Cobras venenosas,Peçonhentos tantosA desanimar a lida.Mas, nado, e, nadaMe impede a idaQuero chegar aoOutro lado da vida.Canso, descansoE no remanso ficoA boiar na águaMansa do meu rio.Rio que vai e nuncaMais volta, tal comoEu que nado, nado...E vou, pra nuncaMais voltar à mesmaÁgua que se foi.É assim, braçosCansados, pernasCansadas, corpoCansado, o tempoQue também se foi...
131
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
Estou quase chegandoAo outro lado do rioNado e nada meImpede de pisarEm solo firmeE vem lembrançasDa travessiaQuanta luta e oSuor se misturandoCom a água do rio,As lágrimas aAumentarem-lheO volume e juntar-seÀ água salgadaDo velho mar.Falta pouco eNesse poucoVejo o quantoFoi importanteNadar e nãoDeixar que nadaImpedissem asSagradas braçadasQue além dasForças, minhas eDo rio, foramVencendo cadaObstáculo quaseIntransponíveisDa travessia do rio.E continuo nadandoE dando tudo deMim para vencerA correnteza final
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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E chegar e sorrirE chorar de alegriaE descansar afinalMerecidamenteEternamente, poisAssim é a vida.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
D I S T Â N C I A
Vida essadelembrançasvãsde loucurastantaspelospampasà fora.Camposcaatingasverdesmatasroçaqueimadacheirocheirosogostosoinimaginávelesquecera vidaa correriaas brincadeirasvida bemvividacarrocelfelizcavalosboisrioscabritosas meninasos amigos
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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namoradinhasinteriortudo enfimindelévelgrudadogravadasimagensna mentenão sainão vaicom otemponão tenhotempoparaesquecernem adistâncianem a vidapassandonão levanão destróinão corróinem apaganuncapássarosborboletascatirinasMaria-Quen-Quemnas caixasde fósforofisgogrudandoo pássarobigode
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
papa-capimcanáriocolerinhae no açapãopipiraschico pretocai não caio currupiãoarapucarolinhanambufaz issonãodeixa asbichinhastodosprecisamvivervóvógritandotraz o sabiávai cantandoassobiandode mansinhotá no ninhocoitadinhopeladinhoscom frioou nãonão vaichorarna distanteépocabela davida e queverdadeiramente
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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de vive e vive-semuito beme tudo alificandona memóriade quemrealmenteama e issonão temdistânciafuturosó a mortepodeapagarpra sempre.
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
E EU AQUI
Lembro do sorriso delaE eu aquiLembro da vida na roçaE eu aqui
Lembro do cheiro do curralE eu aquiLembro do leite mugidoE eu aqui
Lembro do rio parnaíbaE eu aquiLembro das sete cidadesE eu aqui
Lembro do beijo delaE eu aquiLembro do carinho delaE eu aqui
Lembro dos bons amigosE eu aquiLembro da serra floridaE eu aqui
Lembro da vida que eu tinhaE eu aquiLembro do meu velho paiE eu aqui
Lembro de minha querida mãeE eu aquiLembro da mata em florE eu aqui
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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Lembro dos dias de chuvaE eu aquiLembro do cheiro da terraE eu aqui
Lembro que fui muito felizE eu aquiLembro da felicidadeE eu aqui
Lembro da dor da saudadeE eu aquiLembro que ainda tenho dorE eu aqui
Lembro de ter te deixadoE eu aquiLembro que foi muito difícilE eu aqui
Lembro das lágrimas e do prantoE eu aquiLembro da música e do cantoE eu aqui
Lembro do meu desencantoE eu aquiLembro de tudo enfimE eu aqui
Lembrar de tudo que lembroE eu aquiLembra morrer de saudadePorque estou aqui [?].
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
DE QUE VALE (?)...
De que adiantaUm invólucro bonitoSe o conteúdo é podre?
De que adiantaA beleza se o coraçãoÉ perverso no verso?
De que adiantaA dor se no finalTudo se vai mesmo?
De que adiantaNascer na terraSe o sofrer é certo?
De que adiantaA vida inteiraSe aos 70 ou 80 se morre?
De que adiantaA arrogancia humanaQuando tudo passa?
De que adiantaSer feliz com tantaTragédia ao redor?
De que adiantaO olhar serenoSe a boca é maldita?
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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De que adiantaA igreja se o cristoDeve estar dentro de nós?
De que adiantaSer rico se para ondeVamos nada levamos?
De que adiantaTer, se nãoPartilhamos?
De que adiantaFalar se nãoVivemos?
De que adiantaA saúde se cedoOu tarde a perdemos?
De que adiantaO fogo se nosQueimamos?
De que adiantaA água se nosAfogamos nela?
De que adiantaO prazer se depoisSentimos nojo?
De que adiantaA palavra se nãoA cumprimos?
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
De que adiantaO grito se o ecoNos confunde?
De que adiantaO perfume se a florMurcha e morre?
De que adiantaO sonho se não temosComo o realizar?
De que adiantaA pergunta se nãoTemos a resposta?
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
142
DEPOIS...
Nasci,EstiveOuNãoViviOuNãoParaQue ?NãoSei!O queFizOuNão,ValeuAPena?NãoSei.SóSeiQueSabereiQuemSabeUmDia...OuNãoSabereiNadaDo
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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
QueÉ,DoQueFoiOuSerá...SeráQueSaberei?NãoSei.Porque?NãoSei.DepoisQuemSabeOraPois.
P o e s i a s a o E n t a r d e c e r
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SORTE GRANDE
Quem será, hoje penso,Que beija tua boca eAbraça esse teu corpoQue tira tua roupaE te entregas inteiraCorpo, espírito e alma?
Quem será, penso sempre,Que faz tuas vontadesTi ama de verdadeCompleta teus desejosSatisfaz os teus anseiosSem qualquer receio?
Quem será, penso sim,Que agora te adoraTi olha envaidecidoFeliz e agradecidoPor um tal presenteVindo direto de Deus?
Quem será, penso triste,Que não te perderá jamaisPor ti amar demais comoEu deveria ter amadoE não fiz, e, condenadoNão me perdoou mais?
Quem será, penso e louco,Que por pouco ou quaseNada perdeu o brilhoDesse olhar, deixando,Outro a admirar oEncanto que ele tem?