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CAMILO MARTINS NETO POESIAS AO ENTARDECER

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CAMILO MARTINS NETO

POESIAS AO

ENTARDECER

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

PALAVRAS DO AUTOR

No mundo as incertezas são muitas, somente há uma certeza ab-soluta, Deus existe e é galardoador de todos aqueles que estãodispostos a aceita-lo, crer e buscá-lo.

Ver e rever conceitos, começar e recomeçar faz parte do cotidia-no de quem vive neste planeta.

A busca da felicidade é contínua e intensa, minuto a minuto, horaa hora, dia a dia, mês a mês, ano a ano e não pára nunca! Temgente que diz que a esperança é a última que morre, não é verda-de. A esperança nunca morre, se morrer não é esperança.

Camilo Martins Neto

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo que fez, faz e fará sempre por nós, pela inspira-ção e o maravilhoso dom.

A todos que colaboraram de muitas formas para que mais estaobra fosse uma realidade.

A minha família pelo incentivo e o apoio nas horas (in)certas.

Camilo Martins Neto

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu amigo e irmão José Otávio Rangel de Ávila, fiel e presentenas minhas empreitadas poéticas editoriais. A ele os meus maissinceros votos de felicidades e muito sucesso sempre!

Camilo Martins Neto

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

DEDICATÓRIA

Dedico à minha querida esposa Odinéia e meus filhos: KarllaKamylla, Gleydson Camillo e Lucas Camilo, com muito amor, poisdesde muito cedo aprenderam a amar as letras e a arte da poesiae a admirar e incentivar os meus mais simples versos, um beijo.Amo vocês.

Camilo Martins Neto

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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Dedico a muitos...

que são tantos!

E a todos...

antes que esqueçaalguns.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

APRESENTAÇÃO

Quando fui publicar o meu primeiro livro, caí numa ciladaque eu mesmo preparei inexperientemente. Pedi ao Dr. Jose EliasTajra para levar o boneco do livro, que o meu amigo Gilberto Mendeshavia encadernado pessoalmente, com uma capa de plástico azule uma garra bonita que tenho até hoje e lá se vão mais de vinteanos, até o Dr.Álvaro Pacheco que por sua vez levasse aoDr.Alberto da Costa e Silva, filho do grande poeta Da Costa eSilva. A época ele estava sendo designado embaixador do Brasilem Portugal, mas nem por isso. Quase perdi tudo o que havialevado anos para tirar da cuca naturalmente. Quando conseguiencontrar o Dr.José Elias Tajra ele me devolveu o original que euhavia intitulado Caminhos Poéticos mas com uma recomendaçãodo meu candidato a prefaciador: não publique isso, está horrível!Escreva mais, pratique, faça uma seleção das menos piores edepois, quem sabe, publique.

Aquilo tudo, claro, foi um tremendo balde de água fria nasminhas pretensões, fiquei desapontado! Mas não desisti. Eu queriacomeçar, tinha que começar... E como se começa? Do começo, élógico!

Bate na mesma tecla do primeiro emprego. A empresaquer anos de experiência mas não dá oportunidade para o indivíduocomeçar, como ele vai ter a experiência exigida? É complicadoaté pensar.

Fui em frente. Visitei muitas vezes meu amigoProf.Arimatéa Tito Filho, presidente da Academia Piauiense deLetras e dos nomes mais respeitados da literatura Piauiense, atéque ele me deu a oportunidade de começar do começo mesmo!Prefaciou o livro de poesias e pediu ao Cel.Miranda, proprietáriodo Jornal O Dia e Gráfica Junior que rodasse meu livro e eu pagariacom a venda e assim aconteceu, apesar da demora de mais de umano, consegui. Em 1986 portanto, saiu meu primeiro livro“Caminhos Poéticos”. Como não consegui o dinheiro suficiente

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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para pagar a edição do livro, já quase no final do prazo, tive quevender a minha casa e quitar o compromisso assumido.

Não sem uma pesada crítica por parte de colegas quecomiam à mesa comigo, impregnados de literatura até a alma naUBE-PI, que funcionava numa sala da Secretaria da Cultura. Um,mais exaltado, chamado de Rubervan du Nascimento (ou morte,sei lá) viu o livruxo (que para mim era a mistura de livro comluxo...) e disparou a pronunciar impropérios contra o Prof.TitoFilho, por ter prefaciado aquela merda, como ele disse, é claro,mais ainda contra o livro a que ele chamou de subliteratura maistarde, em um evento no auditório do SESI, eu me lembro até hoje,em que ele declamava as maiores e melhores poesias já escritasno Piauí, as dele mesmo, Rubervan. Evento que eu estava presentee muitos outros escritores da UBE-PI e que ele saiu do palco parabrigar com um aluno que assistia ao seu espetáculo e estavaprotestando, odiando. Fora estava um caixão de defunto com livrosde vários colegas, inclusive o meu e que ele dizia estar, em nomeda grandeza de um povo, sepultando a subliteratura, para libertar oPiauí daquelas maldições.

Portanto, decidi não mais pedir a quem quer que fossepara prefaciar um livro meu. Quem sabe a dor que se tem paraparir é só quem pariu.

O Autor

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

POÊXTASE

Mergulho fundo,me escondo,

fujo do mundo,estou preso,

preso a tudo,por isso vou

voar ir estar.Estrelas, sóis,

astros, brilho, luzes, escuridão,estou agora

bem longe, numaconstelação,

não sei, mas estouindo ao infinito.

Fujo, pra bem longee muito longe

já estou, fugindode tudo, estou

preso, não possoquerer, não posso

ser, não possopensar não, não, não.

Somente proibiçõescensuras olhares

reprovadores, evaga(mente) fujo...

tento me esconder,de tudo enfim

fujo, e fugindo,me escondo, de mim.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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SEM QUERER

Lágrimas brotamdo âmago da alma,

ardentemente friasvão caindo...

regando o soloinfértil do coração.

vá lágrima, mesmosem querer...

Vai ver se conquistaaquela vida, linda

amargurada e assimtristonhamente bela

pois eu sei que sonhas,e sonhando desse jeito

só assim tens a tal daliberdade que queres.

Liberdade de cairsobre o botão

que desabrochano chão sem vida

desse coraçãoadormecido da gente

que diz que ama,mas não sente.

Que às vezes sente,mas nunca diz,

é, lágrima, teimasem cair, sem querer,

porque às vezesouves dizer que amam

mas quem diz,nunca faz, e assim...

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Pobre lágrima,Tentando o impossível,

mesmo sem querer,vais caindo, caindo...

sabe lágrima, tens razão,o mais importante é

regar, pois quem sabe asemente pode germinar.(?)

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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INOCÊNCIA FERIDA

Era linda, era tarde,era o pôr-do-sol.

Era bela, era manhã,raios a nascer.

Confusão, escuridãodo anoitecer.

Era brilho, acordando,era alvorecer.

Se pensei não me lembro,fiz acontecer.

Era amor, era ódio,não me fiz sentir.

Brincadeira do destino,só pra me ferir.

Solidão, confissão,a que merecer.

Paz agora, antes não,té outra vez fazer.

Perdão, sim, não, sei láse vou te dar.

Agora é tarde, é manhã,não sei se vou ter paz.

É angústia, agonia,hora de acordar.Pare assim, pare um pouco,

vá bem devagar.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Cada história tem seu fim,tenha dó de mim.

É a vida, é a dor háde sempre ser assim?

Pesadelo impossivel,isso é que é amar?

Sou criança a sonhar,e tu sabes bem.

Só pensei em você, porpuro instinto mau.

Sei que maldadeem tudo sempre tem.

Pra quem assim faz...pode ser fatal.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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MICRO AMOR

Não pares, não penses,viva primeiro.

Não penses, mas pare,sono derradeiro.

É no amor no amar,sem parar de pensar.

Que estás e estousempre a lamentar.

Não amor, sim amar,não à emoção.

Sempre amei com amore com o coração.

Pois a fonte é tão pequenaa jorrar de dor.

A felicidade a esperaro toque do amor.

Vem, vai, vive e porfavor me faz feliz.

É tudo o que te peço,isso eu sempre quis.

Não te cansas, não me cansa,teu encanto.

Por tudo isso e por issoeu te amo tanto.

Mas é pouco, é muito pequenoesse teu amar.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Sinto dor, sinto pena,vivo a lamentar.

Micro amor, micro paixão,macro ilusão.

Se é assim, meu amor,o pensamento é vão.

Já pedi, já gritei epor tudo já implorei.

Penso até que assimlogo morrerei.

Meu amor, micro amor,não quero mais não.

Vou embora pra bem longedesse coração.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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SATISFAÇÃO

Nada de vida,só o meu olharsempre perdidona imensidão

do teu tãogrande coraçãonas belíssimasondas do mar

pulsa coração,pulsa vidarevive essegrande amor.

Ela é para mimTão queridaÉ singela comoUma flor.

tudo de vida,tudo é ternuraas ondas dotempo da gente

que vão e vemcom brandurapassando assimvagamente.

Amor belo deminha almaque clamo denoite e de dia

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

em te chamartenho calmase estou quentea alma esfria

tenho, tenho tudoe quero maisamor, alegriae satisfação

Para não esquecerNunca e jamaisO prazer de terUm teu coração.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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EU VOU ME ARREPENDER

Sim eu sei queVou me arrependerPor você meuGirasol de amor

irei, eu sei, sempreassim sofrerpor ter na pétalaferido a flor.

Não sei se chegareiA me morrerMorrer sem dorSempre é demais

primeiro voume arrependerdepois não nosveremos mais.

Tu sabes, eu sei,Eles sabem, todos sabemQuando eu entãoSe me arrepender

é bom que tu tearrependas meu bempois da verdade

todos vão saber.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Ninguém se arrependePor nada, nada assimPor tudo eu vou meArrepender, vou sim

te conheci comouma linda fadahoje não tens maisnenhum poder...

Ai que dor deCoração meu bemArrependimentoDói tanto assim?

paz, paz, parapoder sentir o bema morte que ali

devagar já vem.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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LÁ VEM... Ao amigo Pr. Ezequiel Cardoso da Mota

Vem a noite com seus açoites.Vem chicotadas sem fim

ferindo o céu e a terranão posso ter dó de mim.

Vem o vento e a chuva.Vem tempestade e a dor

relâmpagos e trovõesdesafeto e desamor.

Lá vem a maldita da ferida.Que teima em não mais sarar

das entranhas do meninocambaleando e caindo.

Lá vem a fome no sertão.Sem calango nem rolinha

sem nenhum grão de feijãolá vem...vem...vem a morte.

Lá vem então a procissão.Gritando rezas sem fim

não se entende seu lamento quando a morte vem é assim.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Lá vem solidão e mais tristeza.Sete palmos pra baixo do chão

sem açoites, chuva ou soldescansando só no sertão.

Eu não queria, ninguém quer.Mas vem os dois palmos de lenho

pode pedir, pode chorarimplorando ou não, sim, vem.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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LÁ VAI...Lá vai bem longe meu bemPra onde não sei dizer

Espero que volte logoPro meu povo inteiro ver

Que nosso amor é verdadeiroFeliz é quem nele pode crer

Lá vai, mas vai tão felizSe não voltar vou morrer

Lá vai longe meu coraçãoRazão, sim, de minha vida

Já vai, o sol iluminandoTodo o caminho, querida.

Lá vai, se esvai, vai, não vaiLá... Lágrima a correr na face

Longe vai formar meu oceanoLá vai, vai lá, onde tudo nasce.

E assim mergulhamos juntosNo amor que em tudo crer

Lá vai... E indo assim feliz seráRecordações... Ficarão, mas vai...

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

LEMBRASTES DE MIM À amiga Dinancy Pires da Silva

Indiferentemente, mas lembrastes de mim

Insolitamente, mas lembrastes de mim

Desesperadamente, mas lembrastes de mim

Sem querer, mas lembrastes de mim

Perdidamente, mas lembrastes de mim

Vagamente, mas lembrastes de mim

Ligeiramente, mas lembrastes de mim

Depois de muito tempo, mas lembrastes de mim

E na lembrança, muito vai, muito vem e vamos nós

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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Estou feliz, lembrastes de mim

Sou feliz, lembrando de ti.

Como se diz: “amigo é coisa pra se

guardar... No peito” para sempre!!!!!

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

POR TUDO, EM TUDO

Quem és, meu coração?que tudo queres e nada tens?

Que queres, meu botão?da rosa o espinho ou a flor?

Onde vais, criatura?que vives a zombar do criador?

Tens alguma ternura?neste teu gesto zombador?

Faz assim, ri de mim?qual é a satisfação?

De teu riso desenfreado?sem sentido, sem fim?

É loucura, é perdição?diz pra mim por tudo

Eu te peço, pois em tudoestás na minha imaginação.

E teimas em ficar, por quê?some, pra bem longe, chôôô

Assombração sem futuropaz é o que eu quero... Solidão!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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HÁ DE SE TER?!

Ah! Vida minha hás de se ter saudade

Do que não se viveu?

Como pode coração, pensar no que não existiu?

Só no pensamento...

Sempre vagando só fantasiando, voando...

Depois sofrendo.

Como hei de ser vivendo sem rumo?

Não te encontrei.

Pensei, sonhei,mas não vivi.

Por isso a saudade.

Mas saudade de quê?Do que não aconteceu?

Não foi real?

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Não, saudade de mimdo tempo em que

Não pensava em ti!

Naquele tempo eu não vivia

Tu vivias em mim.

Hoje eu quero voltar a viver

Dentro de ti.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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DOIS EM UM

Quando estou em ti

Não me conheço

Quando estás em mim

Te desconheço

Somos o mesmo,tu e euEu em ti, tu em mimNós dois um só, só umE assim nus vemos

Somos um do outro

Somos um pro outro

Outra vida e sentimentos

Sentimentos noutra vida

Sem você não existoNão há vida e pulsaçãoHá tristeza e depressãoPara tudo, coração...

Não há explicação

Essa linda relação

Amor,amor e amor

Tudo é... Mistério.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

VALDÉLIA

Vi Valdélia naalameda Parnaíba

vi Valdélia naalameda da vida

vi Valdélia comsua meiguiçe e

linda, linda!eu vi Valdélia.

me apaixoneipor Valdélia

o coração derreteupor Valdélia

saí na noite quentecom Valdélia

e no sorvete frionos encontramos.

quem foi Valdéliana alameda?

quem era eunaquela noite?

eu era o outroe ela quem era?

não conheci,me reconheci, eu

fui apaixonadopor Valdélia

numa noitenos sorvetamos

com a luade testemunha

sem juras de

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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amor ou sem...

desconhecerValdélia hoje

não posso,nem conhecê-la

jamais irei,pois tu macambira

roubou o queera meu(?????)

Valdélia talveznem lembre,

no sexto sentidoo vazio ficou

daquela noitenem lembranças(???)

só restou mesmoem meu coração.

ali estava, eu, Valdéliaa lua e um cão

latindo, assustando,A um beijo eu dar

foi tão rápidoque nem deu tempo

para a amiga luase envergonhar.

ADOLESCENTE SOFRE... POR QUERER!

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

ENVELHECERAos colegas da Academia de Letras do Médio Parnaíba - Piauí

Rugas na minhaFace alargamHorror da juventude que se foiTristes fugasNo rosto traçaE nas teias do tempo, só fumaça

Foi-se o vigor dosMeus sorrisosHá desenhos de mares e vulcõesE aprofundam-seAté à alma assimDividindo e trazendo-me convulsões

Oh! Tempo, por quePassas assim?Passas tão rápido na vida e deixasComigo o desejoIncontido do passado?

Tens o poder deUm grande mágicoNa varinha que fere corpo e almaDeixando só osTraços trágicos.

E olhando aoPassado, quem fui?O que fiz? Por onde estive? Ahh!Nada mais importa...Serei pó, e só.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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ENFADO

Na luta doDia-a-dia

BatalhandoPra sobreviver

Tendo a vidaMuito fria

A vontade éDe morrer...

Se a noiteEstá quente

E enfadadoVou dormir

Não temQuem aguente

PernilongosA zunir!

O trabalho

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Foi pesadoMuito cansado

FiqueiDeixou-me

Bem enfadadoFeliz assim

Eu viverei?

Com certezaIsso não traz

Nenhuma talFelicidade

O enfado noCoração

Traz é morteÀ meia idade.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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eutenho

na vidao que não terei

nos sete palmos de glebamas serei com certeza bem mais

feliz, pois tenho a morte por razão, a vidaé só angústia e angustiadamente vivendo, qualé a razão da vida? O fim de tudo com certeza é

A morteou sejaa vida éa p e n a sum trein a m e n t opara ques e j a m o sc a p a z e sde suport á - l a .

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

A CHUVA

A chuva choveuNa roçaEm que roça choveuA chuva?Não foi na roça daMinha terraQue choveu essaChuva falada.

Plantou-se naTerra secaSementes queNão nasceramPorque a chuvaNão choveuE todas elasMorreram.

As aves tambémComiamMas como estavamEnvenenadasAs coitadinhasEntão morriamE não choveu;Ah! Se chovesse...

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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Os bichos do matoComiam as avesPensando delíciasComer e comoEnvenenadasEstavam, todosEes morreram,E nada de chuva.

E assim, comoNão chovia...Ossos e ossosForam ficandoAssim foiAumentando e oHomem tambémM o r r e u.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

MEIO...

Meia noiteMeia horaMeio kiloMeio sujoMeio irmãoMeio diaMeio tempoMeio feioMeia praiaMeia caraMeia verdadeMeia palavraMeio pálidoMeio trêmuloMeio chuvosoMeio quenteMeio pedaçoMeio frioMeio sim

Meio nãoMeio donoMeio cheioMeio secoMeio molhadoMeio vazioMeio brancoMeio coraçãoMeio tempestuosoMeio pretoMeio nadaMeio euMeio vocêMeio nósMeio mistérioMeia vidaMeio mortoMeio eternoMeio infinito...

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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DIN – DIN

Olha a luaDe madrugada...É o sono que se foiNão é loucura, nãoÉ paixãoE amorTransformandoO coraçãoNada maisDe fanatismoNem flamengoOu coisa assimVou viverDiferenteAmandoCada vez maisSem vazioNo coraçãoPreenchendoTudo com DeusVivendoIntensamenteCada minutoOlhando a luaAs estrelasE todos os astrosEnfim e tendoSempre certezaQue tudo foiDeus que fez.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

BRINCANDO DE VERDADEAo Amigo Chico Miguel de Moura

Rio Parnaíba descendoChico Miguel sorrindo

Se feio ou não, não sei.O olhar perdido, o quê vê?

Água, sol, nuvens brancasO encontro das águas

Rio poty e Parnaíba, um abraçoOlha lá, é Petrônio água abaixo.

Baixinho, branquinho, dentinho...Quem? Quem? É o Petrônio??

Não, Chico Miguel na crista da ondaEstá no banco? Ou no Brasil?

Está na moda ser Chico, eh, Miguel?Pois é! Vai rio, vai solidão, vá...

Não sou poeta, e por isso fico!Contemplando e a contemplar.

Sou chiquista e miguelista,Meu partido é muito forte

Quem espera sempre alcançaVá sempre à luta campeão.

(Até à morte)

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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MEUS RIOS DE LÁGRIMAS Ao Amigo Dídimo de Castro

Rio ParnaíbaCorrendo

Rio Poty escorregandoLentamente vão

LevandoNas águas os meus lamentos

Rio de Janeiro aJaneiro

Nas chuvas ou no verãoRio Negro e SolimõesLá vão lágrimas de

Montão

No rio que passaLigeiro

Volumoso do AmazonasQuanto mais água ghegandoÉ mais pranto

CarregandoVai de Lucas do Rio

Verde

4 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Ao Araguaia lá vai, longeSão tantos rios da vidaQue a gente nem sabe

falar

Rio de Pedra, rio dasCobras

Rio, ai meu São Francisco!Rio das Mortes, transbordandoDe tantas vidas que

choram.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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ESQUECIMENTO

Me esquecesTe esquecesMe aquecesNo teuSentimentoNo meuAcalanto

dá um tempo que o tempo já passou engessou o sentimento da gente o meu e o teu

Com certezaNa correntezaDo rio da vidaDa genteNa minha eNa tuaA água passou

correu, se foi há busca encontro não sei, os rios, ás vezes se encontram e vão juntos

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

CorrendoBuscandoQuerendoAgarrandoOutras águasCaindo nasCachoeiras

batendo naspedras, carregandotudo o que encontranas beiras da vida,sempre juntos,rolando, sofrendomodificando tudo

Até chegarAo destinoCerto ou incertoMas vão assim mesmoDiferentes ou iguaisLargos ou estreitosVolumosos ou não

mas vão juntosse batendosobrevivendoe convidandooutros a viverassim mesmocom risco a mil(e m o r r e n d o)

Não sei, se soubesseNão saberia nadaAinda que fosseFalar de amor...Mas, rios, águas...Não sei falar...Só sei ( v i ) v e r.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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UM MINUTO DE SILÊNCIO A Um Grande Poeta

( grande poeta é sempre o que já morreu ) Qualquer Um

Tudo quieto, tudo é silêncioBandeira a meio mastroTiros pro lado do cemitérioMas, o que está acontecendo?

Algo está muito errado!Suspira o velho monarca...Nunca vira antes tão quietoO seu agitado reinado.

Triste música a soarDo lado de fora do casteloE no seu trono preocupadoO rei quer agora indagar.

Chama com brava vozO comandante da guardaVenha cá a me explicarPor que triste a minha gente?

Perdão! Majestade, clemênciaEu não quis por nada incomodarCom tão vil acontecimentoSei que poderia ficar a imaginar

Perdão! Eu não pedi permissãoPara a bandeira a meio-mastro,Mesmo que fosse por instantes,Que eu a pudesse hastear

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Mas, o que aconteceu?Você ainda não contouQue trágico acontecimentoQue a tantos abalou?

Majestade, foi nosso amigoQue depois de tantos anosDespindo em sua memóriaO mundo pra nós tão simples...

Em sua derradeira horaPor um gesto assim tão tafulPensamos em agradá-loE uma homenagem prestar.

Quem é esse nobre? Indaga o reiEu também quero honrá-loOnde está agora quero vê-loMande-o chamar no palácio.

Meu nobre rei – disse o homemEle aqui não pode mais te ouvirMorreu nosso querido poetaDescansou na santa paz, em paz.

Então, tudo isso por um poeta?Desde quando poeta é gente?Saiba bem meu comandanteUm poeta a dor não sente.

Ora, ora, desde quando?? Poeta...Vive-se por acaso disso? Poeta...De ilusão não se vive! Poeta...Se morre, se some, suma! Poeta!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

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RECLAMAS DE MIM

Teu amor, meu amor,é tão lindo!

Me pedes clamandopor suplício

Um beijo que semprete dou

Vem a mim suplicandoamor

O amor que já é e sempreserá teu

Meu amor, o teu amoré um amor

Te peço que em todominuto

Por menor que seja, tenhasamor

Não me reclames amor,não

Pra sempre e sempre voute dar

Amor, amor, amor, meuamor

É e sempre será, amor,amor

Sou tão verdadeiro comoo amor

Amor que te dou semreclamar

Sonha, pensa, e saibasesse amor

Nunca vai acabar,é muito amor.

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

O ROMPE TUDO

Rompe pedrarompe terra

Rompe murorompe fera

Rompe o marrompe o espaço

Rompe barreirarompe o ar

Rompe o temporompe a dor

Rompe a cobiçarompe a preguiça

Mas o que é?eu já vou explicar

O que romperompe tudo enfim

É bom pra vocêe é bom pra mim

Rompe preconceitorompe a vida

Mas o que é?rompe o sangue

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

5 0

Rompe o corporompe tudo que há

Três palavrinhasque de tão lindas

Rompe o meu e o teu olharrompe horizontes além

Aqui estão elasfé, esperança e amor

Rompem tudo na vidae até a E T R O M

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P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

AOS POUCOS

Nada aconteceAssimVenha cá diz praMimPor que o amorAcabou?Assim sem perceber?

Não foi tão assimDepressaVocê é que não reparouFoi como a terraMolhadaQue aos poucos se secou

Coisas do tempo emMimQue na distância se fezdistante do teuOlharDo teu amor, tudo enfimAos poucos fuiPecebendo

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

5 2

Que não era o que penseiTalvez um graveErroQue só agora reparei

Perdão amor,Perdão!Vamos tocar nossa vidaAntes que aSolidãoNos faça os dois infeliz

Infelizes juntos,Como?Solidão a dois, como?Não entendo essaVidaE nunca entenderei.

5 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

ME LIGA-NOS

Se liga Te liga Não liga Ligais Ligará Ligando Ligue-me Liga-te Ligado Diz que liga Mas não liga Se liga Não tá ligado Se tá ligado Não diz So diz que tá Mas não sente Se sente Me sento Escuto Não falas Ligação Entre nós Especial Atenção Liga, liga Vai que vai Mas não estás Fica e liga

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

5 4

Liga e fica Nós dois L i g a d o s Lado a lado Ombro a ombro Vista à vista És a vista Da bela Que liga Me liga E ligado Vamos ao In – finito Do ser ou Visão Étero espacial Cosmopolita Sideral Tá ligado Vamos Ligando Tá, tá, táaaaa Tudo em cima Do telhado Tá ligado Me ligarão Atenderei Serei eu? Serás tu? Vem que tem Tum, tum, tum... Quem bate???

5 5

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Quem ééss?? Liga antes Não vens D i s t a n t e Ou vens no trem Da vida do mundo Da gente que tem Um tanto de Coisas pra Dizer, observar... Vá, não, vem Mas liga Sem intriga Pois me emtrigas Com teu jeito De ligar Fica ligada Vens ligando Vamos juntando Nossas histórias E vamos assim Pro infinito Azul ou não Fundirmo-nus Num só e sós... Ah! Girasois... D e s l i i i g a a a...

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

5 6

O QUE É? Ao Amigo Luiz Martins de Moraes ( Luiz Dicosa )

é um patoÉ uma garça

é um marrecoÉ um pinto

É um péé uma mão

É um chuléno calção(?)

É um tal depardal

É uma pombano chão

É uma vidavivida

É um amargona boca

É a alma da gentegrudada no

Corpo, é adoré o silêncio

É um bico de corvoé um garnizé

Não, é um piriquitobicando o mané?

É a vida é a morteé a razão e o pão

5 7

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

É o fôlego da genteé o coração

A bater muito forteé ver tudo sofrer

Natureza enfimdói em ti e em mim

É velhice de tudodo planeta total

Vou ficando aquiesperando o final

Enrugando a facemantendo esperança

Mas o que ééééé???é a vida que conti (nua).

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

5 8

A MAGRELA (ERA ELA) À Amiga Fabiana Verdeiro

É singelaÉ belaÉ feraEsperaNa delaA horaChegar

É delaChegarEsperarFicarNa delaA belaMagrelaDecididaDivididaMerecida(Pobrecita)

Lá vai elaBranquelaRequebraSe quebraNão ligaÉ ela eu seiÉ fácil saberSiluetaDecotadaSeios fartosVê, que blusa!!??Pernas finasFiu, fiu...!!!!!

5 9

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Vai que vaiA belaNão fereSe fereNão senteSangue azulA branquelaBanguela(?)

A Fabi (olá)Ana belaFala bemA bela eraOlhos vivosFaro bomCheiro bomEnvolvesTe volvesResolves

Vai ou vemA magrelaNão se sabeDe frenteOu de costas,Não se sabeDe perfil, fiiuu...D e(u) s a- parece!.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

6 0

MANIA DE CHICO

Chico BíbliaChico Vaqueiro

Chico ChuléChico Bené

Chico BuarqueChico Maia

Chico ScienceChico César

Chico MouraChico Miguel

Chico MelChico Serra

Chico AnísioChico City

Chico ShowChico Pinheiro

Chico AlencarChico mané

Chico FilhoChico Neto

Chicão, chiquinho

6 1

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Chico, chiquitoChico chimarrão

Chico, Chico, Chi...

Tudo é Chicotá na moda

E o rio, também?não, ele não!

É São Franciscoé de Assis

Tá na modaé ser santo!

( santa água nossa! )

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

6 2

O DONO DA TERRA

Terra divididaTerra repartidaQuem é o dono da

Terra?

Terra do homemTerra do bichoQuem é o dono da

Terra?

Terra do ricoTerra do sábioQuem é o dono da

Terra?

Terra dos sem TerraTerra de ninguémQuem é o dono da

Terra?

Terra de pastarTerra de plantarQuem é o dono da

Terra?

Terra muito boaTerra bem ruimQuem é o dono da

Terra?

O homem vem da TerraTudo volta pra TerraA Terra e tudo é de

DEUS.

6 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

A UM PASSO DO ABISMO

Um olharum sorriso

Um piscarUm encontro

um apertar de mãoOutro encontroUm abraço

beijos na despedidaMais um encontroCarícias leves

beijos à vontadeAh! Liberdade enfimPodemos tudo, vamos?

falemos de amorCom amor tudo valeNão é pecado, vamos?

vale à pena ir?Sim, é o amor, amor...E sexo é amor, amor?

sem dúvida é prova!Vale à pena amor?Paixão, entenda...é amor!

um passo, uma relaçãoUm afastar-se de deusUm pecado, uma perdição

vale à pena amar assim?Com certeza, não, não vale.Isso não é amor, é pecar.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

6 4

depois vem o dramaConsciência manchadaConsequências mil

“tudo que plantamosCom certeza colhemos”.Quem planta pecado

colhe os frutosMais amargos que o fel,Na vida inteira que deus dá.

cuidado com o abismoO abismo terrível do pecado!Na imensidão da perdição.

6 5

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

ESTRELA NÃO MORRE

DiasAtrás um sábioTalvez sem quererDisse-me bem baixinhoQueAs estrelas morrem.

NãoTentem me convencerDe tal loucura, não,Uma estrela não morreNão,Jamais isso acontece

DoBrilho sideral, queNo espaço eu vejoCada ponto grudadoNaImensa massa azul

NãoExiste tal elementoChamado de morte, não,Morte só existe dentroDeQuem não tem coração

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

6 6

EA estrela é como o solBrilha em todos os cantosNo escuro do azul noCéuProvando que não morreu

PoisSó se morre quando se éEsquecido e quem pode dizerQue esqueceu uma estrelaQueSempre amou e ama sempre?

6 7

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

A LUA

PensoOlhoEspiandoVendoPensandoNa lua

BonitaProvocanteSufocanteBrilhanteA vejoOlhandoVendo

SendoAssimTão belaSerásParaSempre

Meu astroOu vidaVividaSabidaQue ésLinda

É a luaDa vidaDa genteTão belaQue velaPor nós.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

6 8

SOFRE CORAÇÃO À Minha Esposa Odinéia

Não posso viver o passado,muito menos

Querer olhar e ver o futuro.

Não posso querer viver o futuromuito menos

Tentar em vão reviver o passado

Não posso viver o presentemuito menos

Sem o teu peito em meu peito quente

Sem pensar no passado não tem futuromuito menos

Vou poder ter o momento presente

Sem ter o momento presentemuito menos

Terei a própria vida que estou vivendo

Aguenta coração, pois sem recordaçãomuito menos

Terei as minhas loucas e perdidas emoções

Sem emoções, o que será do amanhã?muito menos

O terei, pois já terei morrido, sem saber.

6 9

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

O QUE SE PASSA NO CORAÇÃO

Oh, sentimento incertonão sei!não sei!

Oh, mistério inexplicávelnão sei!não sei!

Oh, batidas compassadasnão sei!não sei!

Oh, traiçoeiro compassonão sei!não sei!

Oh, gotas vermelhasnão sei!não sei!

Oh, tempo que passanão sei!não sei!

Oh, esquecimento frágilnão sei!não sei!

Oh, eternidade assimnão sei!não sei!

Oh, tempestade que se vaisei não!se vai!!!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

7 0

EU SEI... É O AMOR

eu sei!eu sei!

Não há vida sem amor

eu sei!eu sei!

Não há amor sem vida

eu sei!eu sei!

Minha vida é o teu amor

eu sei!eu sei!

Teu amor é a minha vida

eu sei!eu sei!

Nosso amor é a própria vida

eu sei!eu sei!

A própria vida é o nosso amor

eu sei!eu sei !

Nos unimos pelo amor

eu sei!eu sei!

Pelo amor somos unidos

7 1

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

eu sei!eu sei!

A felicidade está no amor

eu sei!eu sei!

No amor está a felicidade

eu sei!eu sei!

Tudo se resume no amor

eu sei!eu sei!

No amor se resume tudo

eu sei!eu sei!

Com amor vamos ao infinito

eu sei!eu sei!

Ao infinito vamos com amor...

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

7 2

VEND-EM-SE

Eu vendoTu vendoNus vendoVendemosVenderamVenderão

O péO povoA pipaA pátriaA mãeO pão

Vendo-meVendoTudoEnfimNo fimDe tudo

VendoNão vejoSe vejoNão digoSe vendeVendeuSó vendoVi vendo

7 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Não viSe vendoFaturoO futuro

Não vendoOs olhosEnxergoDemaisA vidaE vivo

Vá vendoSe vendoNão vendoA forçaDa vidaNa base

Que base?Não vendoVende-seTudo ouQuase...LembrançaNão vendoSaudadeVerdadeAmizadeLiberdadeEsperança

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

7 4

PrincípiosNão se vendeSe vendeNão temSe temNão usa

Vendem-seOutrasCoisasNas coisasDa genteQue não sente

TristezaFriezaNo amorE não temO principalA fé, fé fé!Fe-rn-anda.

7 5

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

CAÇADOR Ao Amigo José Otávio Rangel de Ávila

Eu caçoDescalçoCaçandoNa vidaA vidaQue quero

E peçoCaçandoEncontrandoA feraQue ferePor fora

Mas não ferePor dentroQue já estáFeridoPela caçadaQue faço

Pois a caçaQue caçoNão estáMuito longeEstá pertoTão pertoQue sintoEstá aqui

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

7 6

Não do ladoNão em cimaNão embaixoMas está...

Está aquiVejoPegadasSintoO cheiroBem aqui

É familiarEste andarE descubroFinalmenteQue a caçaQue eu caço

A feraTerrívelHorripilanteDesafianteBrilhanteSintilante

Jamais vistaEu avistoBem aquiMais quePertoEstá no peitoBem aqui...Dentro de mim.

7 7

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

PENSEI EM TI À Minha Querida Esposa Odinéia

dormindoSonhando

falandoSendoVivendo

sabendoQuerendoPensando

lutandoVertendo

sangrandoChorandoDoendoLascando

rachandoTentando

esquecendoTecendoNas veias

do tempoO tempoInteiro

sem tempoNo tempoCerto

da vidaSem vidaSem vocêTendo

umSóSentido

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

7 8

O amorFoi assim

queMe traíMe aborreciMe indignei

sem quererSem saberSem terNada

a verCom nadaLembrei

lembreiLembreiDe

d eDevota menteSabia mente

tranquila menteLenta menteEstranha mente

satisfatoria menteMente

mentevocê

Vocêsó

Você.

7 9

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

SÃO TANTAS...Hoje, sem quererPensei numa coisaSem querer, ou atéMesmo querendo

lembreiDe uma coisa deQuando eu eraApenas uma criançaSem querer, lembrei

assim mesmoO tavarin que vendiaPicolé na esquinaLá na minha ruazinhaSem querer, lembrei

são tantasAs lembranças queA gente nem sabeLembrar mais todasMas essa eu lembrei

foi assimO tavarin pediu paraEu ir buscar os picolésQue eram encomendadosNa fábrica noutro bairro

e assim eu fuiMas eu era fraquinho eA caixa de picolé eraBem pesada e tão pesadaQue eu não aguentei e...

a caixa caiu

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

8 0

Arrebentou e os picolés...Bem, até que sobraramVários inteiros, mas euNão ganhei o pagamento

que eraA calda dos picolésQue durante o diaIam derretendo e noFinal do dia quente

o senhorTavarin dava a quemIa buscar na fábricaOs saborosos picolésMas naquele dia, sobrei!

coitado de mim!

8 1

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

ÀS NOVE ORAS

São noveOrasPois se nãoOrasNão vives

São noveOrasSe move eOrasRemove

São noveOrasDe antesDe ontemOras

São noveOrasSemprePara serFeliz, oras

São noveOrasDe ontemJá passouMas, oras

São noveOrasDe hojeVives bemE oras.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

8 2

FOI ALI QUE NASCI A Todos que Amam Sua Cidade Natal

(apesar dos pesares)

Naquela casa ali,foi lá que nasci

No lugar chamadocidade baixa

Na casa de adobe crurebocada, bem pintada,

Foi lá que nascinaquela casinha ali

Ao lado da igrejaa primeira do lugar

Ali, bem pertinhodaquele pé de juá

Ah, igreja da matrizcom seu sino a tocar

Quanta sal dade me dárecordar é chorar

Lágrimas caindomemória voando alto

Vai de volta até lánaquela casa de barro

O que é a vida, agora

8 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

aqui tão distanteDaquela casa querida

e do tempo que se foi

A casa ainda está láeu tenho disso certeza

Vou nova mente voltarpra tirar essa tristeza

Ou até quem sabecom os olhos

Cheios de dorfazer brotar mais

Feitoria dos leala casa era da minha vó

Da mãe do meu pai joséquerida mãe egídia

São tolas recordações...para que as ter agora?

Nada mais mudarei!é, e nada é pra sempre.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

8 4

MINHA GROTA Ao Meu Primo Edivar Pereira Lima

Lá no fim da ruaRuazinha de chãoPoeirenta que só

Lá estava minha grotaTinha um sabiáUm bem-te-vi

Tinha um pé de priquiteiroOnde as pipiras vinhamTodo dia pra comer

Frutas vermelhas e pretasNaquele pé de priquiteiroLá no final da minha grota

Como eu amava aquela grotaNos dias de chuva então...A água barrenta, barrenta...

8 5

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

E eu lá tomando banho de chuvaE de aguá que corria da grotaÊta! Só sendo coisa de menino!

E menino travesso pra valerQue ia no fim da grota...No pé de priquiteiro...

Estilingue em mãos, pedrinhas...Só para jogar nas pipirasNo bem-te-vi e no sabiá!

Não acertava uma sequerPontaria não tinha nenhuma!Mas era feliz, naquela grota.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

8 6

MEU BREJINHO Ao Primo Ivan Mendes Lima

Ah! Meu bejinho queridoQue o tempo já secou

Onde eu ia todo diaOuvindo sapos e gias

Pegar peixinhos douradosColoridos e malhados

Meu brejinho cheirosoCom flores de toda côr

Passarinhos a beberÁgua pura e fresquinha

No meu brejinho de sonhoNa minha vida de amores

Naquele brejinho eu viviaNaquela vida eu sonhava!

Êta coisa gostosa! É ser meninoMenino levado da breca, lélé...

Pois ali no brejinho felizToda felicidade era vivida

Hoje só tenho na vida a dorDa saudade do meu bejinho.

Que secou lá no sertão, mas queNunca secará no pensamento.

Nunca secará na paixão lá doFundo do meu triste coração.

8 7

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

O BANCO NO MEIO DA ESTRADA

Quando passo naquelaEstrada indo de campoMourão para goioêre

Lá está aquele bancoBem ao lado da estradaSem vê e sem pra quê

Talvez aquele bancoColocado logo aliSeja para um alguém

Pode ser eu e vocêQue sentados neleVeja os carros passar

Veja as pessoas passarO céu, a lua e as estrelasAs nuvens lá em cima

Veja tudo passar e assimVer a vida passar e verAté mesmo eu e você

Talvez seja para me verQue às vezes não consigoNo banco ao lado da estrada

Há um banco ali, eu sei!O motivo descobrirei.Se é para ver a vida, ou...

(a morte.)

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

8 8

E SE VAI...A chuva caiE se vai

O vento sopraE se vai

Vem tempestadeE se vai

A flor nasceE se vai

O fruto cresceE se vai

O rio correE se vai

A folha caiE se vai

O amor vemE se vai

A vida é belaMas se vai

O por quê(?) ExisteE se vai(sem resposta).

8 9

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

OMA ET UE

Eu te amo oma et ue eu te amo

Eu te am oma et u eu te am

Eu te a oma et eu te a

Eu te oma e eu te

Eu t oma eu t

Eu om eu

E o e

E o e

Eu om eu

Eu t oma eu t

Eu te oma e eu te

Eu te a oma ue eu te a

Eu te am oma et u eu te am

Eu te amo. Oma et ue eu te amo

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

9 0

AÇNAREPSE

EsperoSem medoEsperarSem nadaEsperandoSem algoEsperançosoNão seiEsperadoTalvezEsperosoNão existeEsperançadoChegouESPERANTOUma línguaE S P E R A N Ç AVirtudeFé, fé, féConfiançaSabedoriaCapacidadePaciênciaVida, vidaFelicidadeAlegriaPaz, pazBondadeAmorCertezaAÇNAREPSE.

9 1

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

SEM TER ESINA

Longe eu fuipra longe fugi

Sem ter esina

Fui logo chorandosem saber porque

Sem ter esina

Sentindo a faltaque sempre sente

Sem ter esina

Aquele que vaisem saber aonde

Sem ter esina

A volta dóiporque dói recomeçar

Sem ter esina

Difícil demais a dorsentida sempre

Sem ter esina

No coração de quemsem motivos te deixa

Sem ter esina

Mas volta, chorandovolta assim mesmo

A ter esina!.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

9 2

A I D N Â L O C I R G A

Ainda que eu longe morra( talvez )

Gota a gota do meu sangueRegará o teu solo virgem e

( com certeza )Infértil de amor por mimComovido, triste, mas irei

( sem dúvida )Oh! Dia feliz o último dia.Lapidarei em ti a última morada.

( com prazer )Andarilho, moribundo sou eu!Nadando em outros oceanos...

( infeliz )Disso não me desculparei, nunca.Inconformado, desiludido, triste.

( perdidamente )Assim, exatamente assim...partirei.

( para sempre )

9 3

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

ENVOLVIMENTO

Toda manhãA mesma coisaMe faz sorrirEntras em minhaBoca vai e voltaNum vai-e-vemQue não tem fim

Me faz babarArrepiar-meCuspo e voltasNovamente aMe envolverNos movimentosAcima e embaixo

De lado, às vezesCom cuidado atéParece outra coisaMas garanto queNão é! Que pensas?Envolvimento todoDia é assim mesmo!

Quero você assimBem macia e cheiaCom o frescor idealDa manhã, cedinhoÉ assim: eu e você!Limpando os dentesA lingua e a boca.Quem soooouu????

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

9 4

QUEM GARANTE (?)O sol e o

arrebol?A chuva e

a seca?O vento e

a brisa?O pássaro e

o canto?O peixe o

rio e o mar?Os sapos e

as lagoas?A terra e

o alimento?As frutas

e os frutos?As batidas

do coração?O respirar

do pulmão?A saúde

do corpo?As pedras

do caminho?A sina do

viajante?A saudade

do luar?O chôro da

criança?O ar que

respiramos?

9 5

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

O céu e asestrelas?

O azul doinfinito?

Os astrosno universo?

O verdedas matas?

As fases danossa lua?

O sol quentea queimar?

A vida eternano céu?

Quem garantetudo isso

É o mesmodeus que tão

Bondosamentenos criou.

Ele é poderosoe eterno.

Sábio ecompassivo.

Misericordiosoe salvador.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

9 6

É ASSIM MESMO

Tudo é velho Na vida nova Onde tudo passa

Passo-a-passo Tudo se vai E se perde

Na poeira No vapor Na fumaça

Tudo passa Só não passo Prá trás

O amigo Ou inimigo Tudo enfim

Na vida da gente Gigante é o tempo Passa e não vemos

Se vemos fingimos Que não é, e deixa Estar assim mesmo.

9 7

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

P E R D IPerdi os óculos

perdi a vistaperdi o relógio

perdi a hora

Perdi a namoradaperdi o romance

perdi o amorperdi a vida

Perdi o tempoperdi tudo

perdi o sonoperdi o sonho

Perdi a rosaperdi o cheiro

perdi a comidaperdi a fome

Perdi a frutaperdi a delícia

perdi teu amorperdi a eternidade

Perdi o empregoperdi o salário

perdi o pãoperdi a vocação

Perdi as letrasperdi a frase

perdi a palavraperdi a poesia.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

9 8

QUER SER FELIZ (?)Busque

bataProcure

gritePule

caiaChore

sorriaSaiba

pedirImplorar

verCorrer

andarCompreender

darOferecer

receberAceitar

ofertarAgradecer

serEstar

sentirIr

ficarEsperar

sonharAmar

viver.

9 9

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

E... LÁ SE FOI

A nossa históriaDe amor eternoNas asas da alegria eNa imensidão da poesia

E...LÁ SE FOI!

Foi-se o tempo nasPlácidas palavrasDo átomo sonhadorO nosso querido poeta

E...LÁ SE FOI!

Foi para bem longeNa linda esfera azulE perdeu-se na imensidãoDo infinito espaço sideral

E...LÁ SE FOI!

Para não mais voltar!E se voltar já não seráO mesmo que respiravaAo nosso lado feliz

E...LÁ SE FOI!

A vida mais linda queUm dia eu conheciE agora perdeu-sePara todo o sempre.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

100

E...LÁ SE FOI!

O que restou foi apenasUma velha fotografiaAmarelada pelo tempoPendurada na parede.

E...LÁ SE FOI!

Corremos sempre esseRisco mórbido, imundoDe ser apenas e apenasUma fotografia esquecida.

E...LÁ SE FOI!

O prazer de ser e estarSomos o nome da ruaDa praça ou avenidaOu... Um monumento.

E...LÁ SE FOI!

O ver, o sentir, o ouvir!De que adianta o tudoQue ficou? Poeira, fumaçaVapor perdido no tempo.

101

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

É ASSIM...

Tristeza... Quem não a tem?É assim mesmo!Choramos quando nascemos.

Choramos por tanta dor.É assim mesmo!Tanto choro e tanto amor.

O homem chora pela vida.É assim mesmo!E chora pela morte também.

Sofremos e sorrimosÉ assim mesmo!Sorrir, chorar, viver...

E depois de tudo enfim...É assim mesmo!Simplesmente, morremos.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

102

TEU SILÊNCIO

Te olho silenteE teu silêncioMe deixa mudo

Te olho amandoE teu amorMe deixa cego

Te vejo sorrindoE teu sorrisoMe acalanta

Te falo de mimE minha históriaTe deixa comovida

Te faço um carinhoE te disfarças todaComo quem gosta

Te dou um beijoE tua boca molhadaMe lembra o mar

Silencioso, vaidosoPreocupado em ir, masSempre pronto a voltar.

Voltar e se dar inteiroSem nada cobrar ou pedirSerenamente...em silêncio.

103

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

O MAR Ao Amigo Átila Freitas Lira

Águas friasOu quentesArdentesOu nãoÉÉÉ o marQue vai e vemOu nãoSe não, por quê??Não seiMas deve existirAlgum lugarEm que as águasNão falamMas queremDizer sempreAlguma coisa...OQuê?Não sei!TalvezDizer que a vidaDa genteÉ assim tambémVai e vemOu não!Aumenta e diminueÉ intensa...Quem passaVêOu não,Se importa,

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

104

Olha,Admira,Silencia,Se orgulha,Se espanta,Sorrir,DizAlguma coisa,Ou não...Mas o marContinuaIndependenteContinuamenteSerenamenteOuNão,Sem se importarCom nada!NosMovimentosDeMilênios...É só o queEle sabe fazerIr e vir,Tragar,Destruir,Matar,EDarAVidaA quem for atrásMesmoEm risco de morteO peixe, o sal...Os minerais, sei lá!

105

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Ah! Mar,Que segredosEscondes?????Diz pra mimEuNão direi praMais ninguémMar, mar, mar!!São belezasTraiçoeiras??São venenos??O que tens?És um giganteDesafiadorDos maisDesafiadoresDos exploradoresEExplorasTudoEnfim...Que moradasMais tens em tiOh! Mar, mar...Terás teu fimQue jáEstá determinadoSecarás!!!!!!!E daíPara quem serãoTeusSegredos??Então,FicaComTeu silêncioSepulcral!!!!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

106

O QUEBRA-QUEIXO

Quebra-queixoooVai pasando comSeu tabuleiroCheinho

É doceÉ gostosoTem côcoÉ o quebra-queixooo

Olha o ...Quebra-queixoooÉ bomÉ baratinho

Todo diaVem aí oQuebra-queixoQuebra-queixooo

O vendedorPassa gritandoPassa vendendoQuebra-queixooo

E na ponteVelha ponteChama, chamaSeus fregueses

107

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Olha tá passandoO quebra-queixoVamos lá, comprarO quebra-queixooo

Passa o gostosoQuebra-queixoooComo passa aVida da gente!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

108

BIGBANGNASAciênciaâmbiçãoexploração

DescobertasOutras vidasNoutros mundos?

outras vidaspara tambémdestruir??

Outros mundosPara mesmoAssim poluir?

esperançafora doplaneta?

FelicidadeAté onde?Como? Quando?

quantas vidasse vão assim?é o pregresso?

Uma luzNo espaçoSideral

109

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

um avisoum minutovem a morte

Mas o queÉ umMinuto

se se vaimorrer?olhar

Perdido...MilhõesDe coisas

explosãocalorfogo

FumaçaCinzasPoeira

históriapresentepassado

SaudadeTristezaEternidade

dor, lágrimaseparaçõespra sempre.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

110

SORRIR ( sorrindo se aprende a morrer )

Sorrir da vidasorrir da morte

Sorrir da sorte

Sorrir do motesorrir do bote

Sorrir de tudo

Sorrir da lágrimasorrir do riso

Sorrir da calma

Sorrir da almasorrir da madre

Sorrir do ventre

Sorrir da dorsorrir do choro

Sorrir da loucura

Sorrir da curasorrir da perda

Sorrir da fome

Sorrir da grevesorrir do salário

Sorrir do glossárioSorrir da procissão

sorrir do perdão

111

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Sorrir da promessa

Sorrir da secasorrir da chuva

Sorrir lá do sertão

Sorrir do acasosorrir do profeta

Sorrir da previsão

Sorrir da pressasorrir da pesca

Sorrir do peixe

Sorrir da pedrasorrir da cabeça

Sorrir da pobreza

Sorrir do cantorsorrir do poeta

Sorrir do pássaro

Sorrir da viagemsorrir do desespero

Sorrir do caixão

Sorrir da solidãosorrir da paixão

Sorrir da ilusãoSorrir da rosa

sorrir do brancoSorrir do preto

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

112

Sorrir do pobresorrir do rico

Sorrir do nada

Sorrir do acasosorrir do mar

Sorrir do ar

Sorrir do desejosorrir da saudade

Sorrir da idade

Sorrir do temposorrir da felicidade

Sorrir da cidade

Sorrir do meninosorrir do velho

Sorrir do tédio

Sorrir da mentirasorrir da verdade

Sorrir da falsidade

Sorrir da árvoresorrir da sombra

Sorrir da trombaSorrir do espaço

sorrir do infinitoSorrir do cientista

Sorrir da travesorrir do gol

Sorrir do jogador

113

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Sorrir do sulsorrir do norte

Sorrir do preconceito

Sorrir da platéiasorrir do circo

Sorrir da palhaçada

Sorrir do padresorrir do pastor

Sorrir do ditador

Sorrir do desempregosorrir do tesoureiro

Sorrir do marginal

Sorrir da tecnologiasorrir da filosofia

Sorrir do computador

Sorrir do presidentesorrir da posição

Sorrir do departamentalSorrir do lago

sorrir do rioSorrir do calafrio

Sorrir do triângulosorrir do quadrado

Sorrir do desgraçado

Sorrir do dedosorrir da unha

Sorrir do medo

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

114

Sorrir da brincadeirasorrir da maldição

Sorrir do coração

Sorrir da mamadeirasorrir da tremedeira

Sorrir da babação

Sorrir do gordosorrir do magro

Sorrir da mata

Sorrir do feiosorrir do belo

Sorrir do fogo

Sorrir da casasorrir do barco

Sorrir da asaSorrir do tio

sorrir da vóSorrir do ancião

Sorrir da primasorrir do primo

Sorrir da brisa

Sorrir da princesasorrir do rei

Sorrir do bôbo

Sorrir do lobosorrir da fera

Sorrir da terra

115

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Sorrir da mansãosorrir do barraco

Sorrir da frustração

Sorrir do sol, há, hasorrir da lua, ho, ho

Sorrir da boca, hi,hi

Sorrir do diasorrir da noite

Sorrir do açoite

Sorrir do friosorrir do calor

Sorrir do ventiladorSorrir da matriz

sorrir da igrejaSorrir da catedral

Sorrir do pêlosorrir do cabelo

Sorrir do dente

Sorrir do brilhosorrir da estrela

Sorrir do astro

Sorrir da pnasorrir da incompetência

Sorrir da bsu

Sorrir de vera cruzsorrir de maringá

Sorrir do paraná

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

116

Sorrir de vocêsorrir de mim

Sorrir de tudo enfim

Sorrir, sorrir, pois no fima morte sorrir de nós

S o r r i d e n t e mente.

Sorrir ( por ) enquantopuder, sorria do que vier

Pois sorrir é... M o r r e r.

117

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

FALAR DE S A U D A D E

Não posso tirar daMemória estas lembranças,Tudo o que posso falarÉ da saudade!

Jamais poderei esquecerA linda terra onde vivi felizTudo o que posso falarÉ da saudade!

E quem me vê forte e contenteNão sabe a dor do meu peitoPois tudo o que posso falarÉ da saudade!

O meu céu? É muito mais azulQue este céu aqui do sul.E o que eu posso falar...É da saudade!

E ainda vejo indelével todoO verde das matas, como possoEsquecer? Tudo o que faloÉ da saudade!

Quer fazer-me esquecer?É só matar-me, pois asssimDeixarei de falar(não de sentir)Esta saudade!

Assim mesmo,ah! Saudade!É uma terrível realidade...Não posso deixar de verComo em visão esta verdade.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

118

PERDOAI

perdoai, perdoai, perdoaioh! Bela dos sonhos

meus, perdoaiminhas

desventuras

oh! Bela dos sonhos meus.

perdoai, perdoai, perdoaimeus desejos deteus beijos, oh!

bela dossonhosmeus

perdoai, perdoai, perdoai.

119

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

oh! Bela dos sonhos meusnão sou tãoforte assim,

morrereisem osolhosteus

mas, perdoai, perdoai, perdoai.

minhas tristes lembrançasoh! Bela dossonhos meus

perdoai, perdoai, perdoai,

o culpado,eu sei, fui eu.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

120

UMA VEZ

Uma vezUma históriaUma árvoreUm galhoUm ninhoUm pássaroUm cantoUma alegriaUma companheiraUm amorUm desastreUma espingardaUm tiroUm chumboUm ferimentoUma quedaUma morteUma tragédiaUma tristezaUma fomeUma secaUma comidaUma parteUma vidaUm destinoUm nordestinoUm giganteUm povoUM BRASIL.

121

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

TANTAS COISAS

Tanta corTanta florTanto jardimTanto espinhoTanta dorTanto cantoTanto prantoTanto enganoTanta mentiraTanta alegriaTanta fantasiaTanta hipocrisiaTanta indiferençaTanta realizaçãoTanta insegurançaTanto prazerTanto progressoTanta revelaçãoTanto quererTanto avançoTanta misériaTanto pãoTanto nãoTanta riquezaTanta águaTanta sedeTanto alimentoTanta fomeTanta vontadeTanta preguiçaTanta desfeitaTanta vidaTanta morteTanto verdeTanto, tanto!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

122

DESPEDIDA

O dia chegouEstava frioOu quente,Não sei.Mas o queImportava?Tu não sentias!

minhas lágrimas corriam, corriam face abaixo senti no corpo todo um calafrio mas tu ali, inerte.

Com minha vozTrêmula aindaFalei, aquelasMesmas palavrasDe ontem... Mas,Tu não ouvistes.

te elogiei, te engrandeci te admirei sob as flores! agradeci a deus por ti e falei aos nossos, os teus desejos e os meus.

123

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

chegava a horamas tu aindaestavas ali e euao teu ladocai na realidadesenti fortementea dor da nossaseparação.

Enfim, tu fostesE eu fiqueiChorei...depoisDos anos juntos...Tu descansastes!Em breve irei eu.

como ficastes,eu ficarei.não sorriasnem choravas...para onde tufostes eu tambémirei, sem lamentoou dor, sim, irei.

Eu queria ter idoPrimeiro, mas tuMe traistes, sabes...O amor de mãe éBem maior! PoisQuem tem mãe temTudo e quem nãoTem mãe nãoTem nada!

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

124

mas, adeus!não estou tevendo muito bem,são os meus olhosjá não vêem beme agora com aslágrimas... Maseu te vejo como meu coraçãoe te sinto, viva.

Tu podes terMorrido para osOutros, mas paraMim não, não!Tenho-te é bemViva dentro doMeu coração!Então, até breveMinha querida!

125

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

NA MONTANHA

Eu vejo o horizonteAté onde a vistaNão vê mais nada,Fumaça, névoa,[vi-são] sentimentalNo centímetro da vidaAo quadrado do círculo[vi-cioso] ou não do outroLado da vida, realidadeNua, crua, adversa, noVerso ou anverso emTodo o [uni-verso] queNão une as vidas emConstante [ou in-constante]Guerras de sangue a sangue.Satisfaz-se no verter ouBeber a lida a vida doOutro no outro lado[ini-migo] fazendo chorarOu não tendo ou nãoDor, angustia, no prazerDe ver e não sentir oQuanto a dor dói ou nãoLanguida respiração daAlma sentida à distância,Vem vindo o [mau] cheiroLá da montanha, que cobreEmcobre e não cobraEm tempo algum nadaDo que subiu e não desceu,E, se foi, para todo o sempre,

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

126

Na montanha da visão da vidaDa gente que sobe, sobe eDepois se vai para debaixo daTerra quer seja montanhaOu não, mas, se vai e se vai.Sem sombra ou dúvida, sempreVai, pra sempre e sempre.

127

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

A ÚLTIMA GOTA

FôlegoRespiraçãoAçãoDoTempoQueSeFoi.

Se Foi Foi Não Volta Não Voltará Jamais

NadaVoltaNemTempoNemÁguasFazendoBarulhoNasPedrasDaVidaDaGente

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

128

Nem Sangue

Circulando Nas Veias. Não, Nenhuma Gota Será A Mesma.

129

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

A VIDA COMO ELA NÃO É

Sorrisos, lágrimasconfissões

tapasbeijo

Palavras docesolharsernão

Saber, traiçõesmorrervolvertudo

Mentiras, vidasdespedaçadas

carentesnada

Falsidade, roubosassassinatos

incestostranse.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

130

A VIDA

Mergulho no rioCorrenteza à baixoNadando de frenteHora de ladoOutras de costasEnfrentando tudoBasculhos, pedrasCortantes folhas,Águas turvas,Peixes vorazes,Cobras venenosas,Peçonhentos tantosA desanimar a lida.Mas, nado, e, nadaMe impede a idaQuero chegar aoOutro lado da vida.Canso, descansoE no remanso ficoA boiar na águaMansa do meu rio.Rio que vai e nuncaMais volta, tal comoEu que nado, nado...E vou, pra nuncaMais voltar à mesmaÁgua que se foi.É assim, braçosCansados, pernasCansadas, corpoCansado, o tempoQue também se foi...

131

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Estou quase chegandoAo outro lado do rioNado e nada meImpede de pisarEm solo firmeE vem lembrançasDa travessiaQuanta luta e oSuor se misturandoCom a água do rio,As lágrimas aAumentarem-lheO volume e juntar-seÀ água salgadaDo velho mar.Falta pouco eNesse poucoVejo o quantoFoi importanteNadar e nãoDeixar que nadaImpedissem asSagradas braçadasQue além dasForças, minhas eDo rio, foramVencendo cadaObstáculo quaseIntransponíveisDa travessia do rio.E continuo nadandoE dando tudo deMim para vencerA correnteza final

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

132

E chegar e sorrirE chorar de alegriaE descansar afinalMerecidamenteEternamente, poisAssim é a vida.

133

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

D I S T Â N C I A

Vida essadelembrançasvãsde loucurastantaspelospampasà fora.Camposcaatingasverdesmatasroçaqueimadacheirocheirosogostosoinimaginávelesquecera vidaa correriaas brincadeirasvida bemvividacarrocelfelizcavalosboisrioscabritosas meninasos amigos

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

134

namoradinhasinteriortudo enfimindelévelgrudadogravadasimagensna mentenão sainão vaicom otemponão tenhotempoparaesquecernem adistâncianem a vidapassandonão levanão destróinão corróinem apaganuncapássarosborboletascatirinasMaria-Quen-Quemnas caixasde fósforofisgogrudandoo pássarobigode

135

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

papa-capimcanáriocolerinhae no açapãopipiraschico pretocai não caio currupiãoarapucarolinhanambufaz issonãodeixa asbichinhastodosprecisamvivervóvógritandotraz o sabiávai cantandoassobiandode mansinhotá no ninhocoitadinhopeladinhoscom frioou nãonão vaichorarna distanteépocabela davida e queverdadeiramente

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

136

de vive e vive-semuito beme tudo alificandona memóriade quemrealmenteama e issonão temdistânciafuturosó a mortepodeapagarpra sempre.

137

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

E EU AQUI

Lembro do sorriso delaE eu aquiLembro da vida na roçaE eu aqui

Lembro do cheiro do curralE eu aquiLembro do leite mugidoE eu aqui

Lembro do rio parnaíbaE eu aquiLembro das sete cidadesE eu aqui

Lembro do beijo delaE eu aquiLembro do carinho delaE eu aqui

Lembro dos bons amigosE eu aquiLembro da serra floridaE eu aqui

Lembro da vida que eu tinhaE eu aquiLembro do meu velho paiE eu aqui

Lembro de minha querida mãeE eu aquiLembro da mata em florE eu aqui

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

138

Lembro dos dias de chuvaE eu aquiLembro do cheiro da terraE eu aqui

Lembro que fui muito felizE eu aquiLembro da felicidadeE eu aqui

Lembro da dor da saudadeE eu aquiLembro que ainda tenho dorE eu aqui

Lembro de ter te deixadoE eu aquiLembro que foi muito difícilE eu aqui

Lembro das lágrimas e do prantoE eu aquiLembro da música e do cantoE eu aqui

Lembro do meu desencantoE eu aquiLembro de tudo enfimE eu aqui

Lembrar de tudo que lembroE eu aquiLembra morrer de saudadePorque estou aqui [?].

139

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

DE QUE VALE (?)...

De que adiantaUm invólucro bonitoSe o conteúdo é podre?

De que adiantaA beleza se o coraçãoÉ perverso no verso?

De que adiantaA dor se no finalTudo se vai mesmo?

De que adiantaNascer na terraSe o sofrer é certo?

De que adiantaA vida inteiraSe aos 70 ou 80 se morre?

De que adiantaA arrogancia humanaQuando tudo passa?

De que adiantaSer feliz com tantaTragédia ao redor?

De que adiantaO olhar serenoSe a boca é maldita?

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

140

De que adiantaA igreja se o cristoDeve estar dentro de nós?

De que adiantaSer rico se para ondeVamos nada levamos?

De que adiantaTer, se nãoPartilhamos?

De que adiantaFalar se nãoVivemos?

De que adiantaA saúde se cedoOu tarde a perdemos?

De que adiantaO fogo se nosQueimamos?

De que adiantaA água se nosAfogamos nela?

De que adiantaO prazer se depoisSentimos nojo?

De que adiantaA palavra se nãoA cumprimos?

141

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

De que adiantaO grito se o ecoNos confunde?

De que adiantaO perfume se a florMurcha e morre?

De que adiantaO sonho se não temosComo o realizar?

De que adiantaA pergunta se nãoTemos a resposta?

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

142

DEPOIS...

Nasci,EstiveOuNãoViviOuNãoParaQue ?NãoSei!O queFizOuNão,ValeuAPena?NãoSei.SóSeiQueSabereiQuemSabeUmDia...OuNãoSabereiNadaDo

143

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

QueÉ,DoQueFoiOuSerá...SeráQueSaberei?NãoSei.Porque?NãoSei.DepoisQuemSabeOraPois.

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

144

SORTE GRANDE

Quem será, hoje penso,Que beija tua boca eAbraça esse teu corpoQue tira tua roupaE te entregas inteiraCorpo, espírito e alma?

Quem será, penso sempre,Que faz tuas vontadesTi ama de verdadeCompleta teus desejosSatisfaz os teus anseiosSem qualquer receio?

Quem será, penso sim,Que agora te adoraTi olha envaidecidoFeliz e agradecidoPor um tal presenteVindo direto de Deus?

Quem será, penso triste,Que não te perderá jamaisPor ti amar demais comoEu deveria ter amadoE não fiz, e, condenadoNão me perdoou mais?

Quem será, penso e louco,Que por pouco ou quaseNada perdeu o brilhoDesse olhar, deixando,Outro a admirar oEncanto que ele tem?

145

P o e s i a s a o E n t a r d e c e r

Quem será, penso e choro,Que a ti entrega hojeFlores e depois, exalaAmores, extraído dosPoros de teu corpo todoArdente de puro prazer?