pontifÍcia universidade catÓlica do paranÁ … · a bacia do córrego evaristo da veiga faz...

70
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIENCIAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ERYK REINERT EGON STEPHENS GIANCARLO KRIEGER JOÃO LUCAS PASDIORA LUCAS REIS CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO EVARISTO DA VEIGA CURITIBA 2011

Upload: hoangtuyen

Post on 12-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CENTRO DE CIENCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ERYK REINERT

EGON STEPHENS

GIANCARLO KRIEGER

JOÃO LUCAS PASDIORA

LUCAS REIS

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO EVARISTO DA

VEIGA

CURITIBA

2011

2

ERYK REINERT

EGON STEPHENS

GIANCARLO KRIGER

JOÃO LUCAS PASDIORA

LUCAS REIS

PLANEJAMENTO DA BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DO EVARISTO DA

VEIGA

Trabalho apresentado à disciplina de Planejamento de Bacias Hidrográficas, para obtenção parcial de nota do curso de graduação em Engenharia Ambiental, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Orientador: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann

CURITIBA

2011

3

Sumário

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 UNIDADE DE PLANEJAMENTO ............................................................................ 6

2.1. Macrolocalização .............................................................................................. 6

2.2 Microlocalização ............................................................................................... 11

3 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NATURAL ........................................................... 16

3.1 Solo .................................................................................................................. 16

3.1.1. Erodibilidade da Rocha ............................................................................. 18

3.1.2 Morfometria ................................................................................................ 22

3.1.3 Fenômenos Erosivos ................................................................................. 26

3.1.4 Conclusão Solo .......................................................................................... 31

3.2. Águas .............................................................................................................. 33

3.2.1 Qualidades físico/químico .......................................................................... 33

3.2.2 Indicadores Ecotoxicológicos, Bacteriológicos e Biológicos. ..................... 35

3.2.3 Indicadores Perceptivos ............................................................................. 35

3.2.4 Conclusão Água......................................................................................... 42

3.3 Ar ..................................................................................................................... 43

3.3.1Clima ........................................................................................................... 43

3.3.2 Qualidade do Ar ......................................................................................... 47

3.3.3 Conclusão Ar ............................................................................................. 49

3.4 Flora ................................................................................................................. 50

3.4.1 Floresta Ombrófila mista ............................................................................ 50

3.4.2 Florestas Ribeirinhas ................................................................................. 51

3.4.3. Conclusão da Flora Atual .......................................................................... 52

3.5 Fauna ............................................................................................................... 56

3.5.1 Lista da Fauna potencial ............................................................................ 57

4

3.5.2 Levantamento da fauna silvestre (antropofóbica) ...................................... 62

3.5.3 Levantamento da fauna circunantrópica .................................................... 62

3.5.4 Levantamento da fauna sinantrópica ......................................................... 63

3.5.5 Conclusão da Fauna atual ......................................................................... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 68

5

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste em um estudo aprofundado sobre a bacia

hidrográfica do córrego Evaristo da Veiga através da caracterização dos elementos

naturais e antrópicos presentes na área da bacia hidrográfica do referido córrego,

englobando um estudo dos parâmetros, físico-químicos, perceptivos das águas e as

características dos solos, ar, flora e fauna ali presentes.

O córrego Evaristo da Veiga é um dos afluentes do Rio Belém, e está

localizado em uma área urbana no sul da cidade de Curitiba.

6

2 UNIDADE DE PLANEJAMENTO

2.1. Macrolocalização

Na Via Láctea está o Sistema Solar, integrando tal sistema está o planeta

Terra, localizado como o terceiro dos nove planetas em relação ao sol e possui as

seguintes dimensões:

Diâmetro equatorial: 12.103km

Distancia media em relação ao Sol: 149.600.000km

Massa: 5,976 x 1021 toneladas

O planeta Terra está dividido em quatro continentes pela definição física

(América, Eurafrásia, Austrália e Antártida) e em cinco pela definição política

(América, Europa, Ásia, África, Oceania e Antártida). Os continentes se dividem 247

países, dentre eles encontra-se o Brasil que está localizado na América do Sul,

7

variando entre os quadrantes N e H verticalmente e 18 a 25 horizontalmente nos

sistemas de coordenadas geográficas UTM (Universal Transverse Mercator).

O Brasil apresenta uma extensão territorial de 8.514.876km², é o quinto maior

país do planeta, e segundo o Censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2010 possui uma população de

185.712.713 habitantes.

8

O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil, e está localizado na

região sul, conta com uma área de 199.727,2741 Km², segundo a Coordenadoria de

Gestão Territorial da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), sendo a maior

parte do seu território localizada no quadrante 22J nas coordenadas 447575.18m E

e 7271869.09m S UTM. E o último Censo demográfico realizado pelo IBGE no ano

de 2010 registrou uma população de 10.266.737 habitantes.

9

Curitiba é um dos 399 municípios do Estado do Paraná e é também sua

capital. Segundo a prefeitura municipal de Curitiba conta com uma área territorial de

434,967 km² e está localizada no Leste do estado com uma altitude de 945m, no

quadrante 22J nas coordenadas 673652.50m E e 7186495.52.m S UTM. E segundo

o ultimo Censo demográfico realizado pelo IBGE no ano de 2010 possui uma

população de 1.678.965 habitantes.

Fonte: FENDRICH, Roberto - 2002.

A bacia do rio Belém é a principal bacia de Curitiba, ocupando uma grande

extensão de seu território, e segundo o diagnóstico dos recursos hídricos da bacia

hidrográfica urbana do rio Belém (FENDRICH, Roberto 2002) possui uma área de

87,85 km².

10

A bacia do córrego Evaristo da Veiga faz parte da bacia do baixo Belém,

possuí uma área de 6,18Km² e está situada nos bairros de Boqueirão e Xaxim, na

cidade de Curitiba.

11

2.2 Microlocalização

Microlocalização é feita para se localizar na área da bacia hidrográfica,

Evaristo da Veiga, os pontos notáveis antrópicos e naturais:

12

Representação da área destacada em amarelo do mapa acima:

Pontos notáveis:

1. Foz do rio Evaristo da Veiga: 22J 677275.63m E;7180390.88m S UTM;

13

2. Paróquia São Judas Tadeu: 22J 676837.03m E;7180248.03m S UTM;

3. Praça Dr. Joaquim Menelau de Almeida Torres: 22J 676385.93m E; 7180269.89m

S UTM;

14

4. Esquina Da Avenida Marechal Floriano Peixoto com a Rua Evaristo da Veiga: 22J

676455.76m E; 7180055.20m S UTM;

5. Igreja Congregação Cristã No Brasil – 22J 676217.00m E; 7179977.07m S UTM;

15

6. Colégio Adventista do Boqueirão: 22J 676419.31m E; 7179815.93m S UTM;

16

3 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NATURAL

3.1 Solo

A área a ser caracterizada está localizada no primeiro planalto, sobre os

sedimentos da bacia de Curitiba. Esta bacia sedimentar foi formada sobre um

embasamento de rochas gnáissico-migmatíticas, sob condições de clima variando

do semi-árido ao úmido, provavelmente durante o Pleistoceno (Bigarelha e

Sallamuni, 1962).

Sobre os sedimentos plio-pleistocênicos, acumularam-se depósitos de

planícies alúvioculavionares ( depósitos de várzea do Holoceno). Estes sedimentos

receberam a denominação de formação guabirotuba, que é composta

predominantemente por argilitos com intercalações de lentes arcosianas.

17

Mapa Geomorfológico de Curitiba

18

3.1.1. Erodibilidade da Rocha

A erodibilidade do solo, segundo Lal(1988,p.141), é o efeito integrado de

processos que regulam a recepção da chuva e a resistência do solo para

desagregação de partículas e o transporte subseqüente.

MAACK (1981) definiu no estado do Paraná cinco zonas geomorfológicas

principais, nas quais os movimentos epirogeneticos e tectônicos, assim como as

alterações climáticas e os sistemas hidrográficos foram considerados como sendo

responsáveis pela modelagem geomorfológica atual do relevo. Esta divisão

corresponde a seguinte seqüência:

1)Zona litorânea

2)Serra do Mar

3)Primeiro Planalto (Planalto de Curitiba)

4)Segundo Planalto (Planalto de Ponta Grossa)

5)Terceiro Planalto (Planalto de Guarapuava)

A cidade de Curitiba e região metropolitana ocupam parte do Primeiro

Planalto paranaense ou planalto de Curitiba, sendo ao leste lateralmente limitado

pelas escarpas da Serra do Mar, e a oeste, pelo segundo planalto paranaense.

(Chavez-Kus, Lilian, 2003)

A bacia de Curitiba é preenchida por duas formações sedimentares

resultantes de duas fases diversas de deposição. A mais antiga foi denominada por

Bigarella e Salamuni (1962) Formação Guabirotuba; a mais nova é constituída pelos

depósitos das planícies de inundação e dos baixos terrações que margeiam as

várzeas holocênicas.

Os principais componentes litológicos da Formação Guabirotuba são argilitos,

seguidos de arcóseos, comparecendo, subsidiariamente os rudásseos e, mais

esporadicamente, margas, com extratificação imperfeita e má seleção (PETRI e

FÚLFARO, 1983). Os principais sedimentos da Formação Guabirotuba atingem

espessuras na ordem de 60-80 metros e compreendem sequencias litológicas nas

quais predominam as argilas e areias arcosianas (20-40% de feldspato). A parte

basal é composta por vezes de cascalhos e arcóseos de granulometria grosseira.

19

Este pacote de sedimentos está depositado sobre as rochas do complexo gnáissico-

nigmatítico e rochas metassedimentares do grupo Açungui (Mesa Redonda Das

Características Geotécnicas da Formação Guabirotuba, 1999).

20

Com a tabela a seguir conseguimos identificar o Litotipo e o Reotipo.

21

Por falta de dados mais específicos sobre a área da bacia do Evaristo da

Veiga, foram utilizados os dados referentes à cidade de Curitiba. A partir da analise

da tabela abaixo foi concluído que o tipo de solo se enquadra como:

a) Suscetibilidade a Erosão: R3(altamente suscetível à erosão);

b)Degradabilidade e instabilidade da Rocha: L4 (rochas altamente instáveis e

friáveis);

22

3.1.2 Morfometria

As características físicas são fundamentais para se conhecer o

comportamento hidrológico. Isto porque, apesar de existir uma estreita

correspondência entre o regime hídrico e estes elementos físicos, o conhecimento

desses elementos facilita a compreensão. (VILLELA et al., 1978).

As seguintes conclusões sobre as características morfometrias da bacia

hidrográfica do tributário Evaristo da Veiga foram obtidas a partir dos métodos e

definições descritos por VILLELA e MATTOS (1975):

Perímetro: 11,55Km

Calculado apartir dos mapas de AutoCad fornecidos pelo professor Dr. Harry

Alberto Bollmann.

Área de drenagem total: 6,18Km²

Considerada a área de projeção plana da porção do terreno delimitado pelo

seu divisor topográfico.

Comprimento axial: 3,68Km

E o comprimento axial da bacia hidrográfica é definida como a distância

medida em linha reta entre a foz e um ponto do seu perímetro que assinala a

eqüidistância no comprimento do perímetro entre ele e a foz (CHRISTOFOLETTI

(1980).

Coeficiente de Compacidade ”Índice de Gravelius” (adimensional): 1,31

E a relação entre o perímetro da bacia hidrográfica e a circunferência de um

círculo de área igual à da bacia, e pode ser calculado por:

Kc = 0,282 (P / A)

Onde: Kc - coeficiente de compacidade (adimensional);

P - perímetro da bacia hidrográfica (km);

A - área da bacia hidrográfica (km2).

23

Quanto mais irregular for a bacia, tanto maior será o Coeficiente de

Compacidade. Um coeficiente mínimo igual à unidade (1,0) corresponderia à uma

bacia circular e propensa a enchentes.

Fator de Forma (adimensional): 0,45

E a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia. Dada pela

equação:

Kf= A / ( L2)

Onde : Kf - coeficiente de forma (adimensional);

A - área da bacia hidrográfica (km2);

L - comprimento da bacia medido pelo curso d’água mais longo

desde a desembocadura até a nascente mais distante (km).

Este fator constitui outro indicador da maior ou menor tendência para

enchentes de uma bacia.

Declividade media da bacia hidrográfica: 0,0461m/m

A declividade dos terrenos de uma bacia controla em boa parte a velocidade

com que se dá o escoamento superficial afetando o tempo que a água da chuva leva

para concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem das bacias.

A magnitude dos picos de enchente, a maior ou a menor oportunidade de infiltração

e a susceptibilidade para erosão dos solos dependem da rapidez com que ocorre o

escoamento sobre os terrenos da bacia(VILLELA e MATTOS, 1978).

Declividade mediana da bacia hidrográfica: 0,0339m/m

Definida como sendo a declividade para a qual 50 % dos valores situam-se

acima, e outros 50% dos valores situam-se abaixo deste valor.

Comprimento total dos cursos d’água: 7,5Km

E a soma do comprimento de todos os trechos de rios existentes na bacia

hidrográfica, não importando sua ordem.

24

Ordem dos Cursos d’Água (adimensional): Ordem três

Esta é uma classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação

dentro de uma bacia.

Densidade de Drenagem: 1,21Km/Km²

Este indicador expressa a relação entre o comprimento total dos cursos

d’água de uma bacia e sua área total, e fornece uma indicação da eficiência da

drenagem da bacia.

E dada pela equação:

Dd = Lt / A

Onde : Dd – densidade de drenagem (km/km2);

Lt - comprimento total dos cursos d’água (km);

A - é a área da bacia hidrográfica (km2).

Extensão Média do Escoamento Superficial: 0,206Km

E distância média em que a água da chuva teria que escoar sobre os terrenos

de uma bacia, caso o escoamento se desse em linha reta desde onde a chuva caiu

até o ponto mais próximo no leito de um curso d’água qualquer na bacia.

E dada pela equação:

Es = A / 4(Lt)

Onde : Es – extensão média do escoamento superficial (km);

A - área da bacia hidrográfica (km2);

Lt - extensão total dos cursos d’água (km).

Sinuosidade (adimensional): 1,13

E definida como a relação entre o comprimento de talvegue e o comprimento

do curso d’água principal.

E dada pela equação:

S = Lv / Lp

25

Onde : S - sinuosidade (adimensional);

Lp - comprimento do curso d’água principal (km);

Lv - comprimento do talvegue do rio principal (km).

Declividade de Álveo: 0,00733m/m

A declividade de álveo representa a diferença de altitude entre a foz e a

nascente, dividida pelo comprimento do curso d’água principal.

E dada pela equação:

S1 = (An – Af) / Lp

Onde : S1 - declividade de álveo (m/m);

An - altitude na nascente do curso d’água principal (manmm);

Af - altitude na foz do curso d’água principal (manmm);

Lp - comprimento do curso d’água principal (km2).

Altitude mínima (foz): 858 m.

Altitude máxima da bacia: 913m.

Definida como a elevação de um ponto geográfico em relação ao nível médio

dos mares.

Definições baseadas no material fornecido pelo Prof. Dr. Harry Alberto

Bollmann, através do site do Eureka da PUC-PR.

26

3.1.3 Fenômenos Erosivos

3.1.3.1 Declividade dos Solos

Foram feitas quarenta e uma medições na planilha do Auto-CAD dos mapas

da bacia hidrográfica e curvas de níveis da cidade de Curitiba, distribuídos pelo Prof.

Dr. Harry Alberto Bollmann, através das quais se obteve os seguintes valores:

declividade média e mediana respectivamente, 0,0461m/m e 0,0339m/m.

Baseado na tabela abaixo foi concluído que a declividade da bacia

hidrográfica do Evaristo da Veiga é classificada como suave.

Fonte: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann – PUC-PR

Declividade do Solo % (m/m)

Suave <8 <0,08

Moderadamente 8-20 0,08-0,20

Moderadamente Forte 20-35 0,20-0,35

Forte 35-45 0,35-0,45

Muito Forte >45 >0,45

27

3.1.3.2 Erosão Potencial

A erosão potencial é o potencial de perda de solo por erosão hídrica e

representa o cenário mais desfavorável, na ausência do efeito protetor da vegetação.

“O impacto das gotas de chuvas, é o principal fator unitário na erosão potencial”

(Fournier, 1950).

O Coeficiente de Fournier é o quociente entre o quadrado da precipitação

mensal máxima (mm/mês) pela precipitação anual máxima (mm/ano). Sendo o

primeiro passo para a obtenção do grau da erosão potencial.

Pela ausência de dados mais específicos que refletiriam a mais fielmente a

realidade da bacia estudada, foram usados dados que representam uma serie

histórica dos últimos 10 anos, e foram obtidas na estação da PUC-PR no bairro

Prado Velho da cidade de Curitiba, nas coordenadas UTM 22J 676070.48 m E

7184064.51m S, em uma altitude de 884m.

Fonte: Instituto das Águas do Paraná - 2011

28

Fonte: Instituto das Águas do Paraná - 2011

CF=p²/P -> CF= 376,4²/1857,4 -> 76,28

O estudo dos dados apresentados acima indicou um Coeficiente de Fournier

de 76,28, a partir desse dado e do valor da declividade media da bacia, obtido

anteriormente podemos analisar a gráfico e a tabela a seguir.

Fonte: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann – PUC-PR

29

Erosão Potencial t/ha.ano m³/km².ano

Geológica <3 <120

Fraca 3-6 120-240

Média 6-9 240-360

Forte 9-12 360-480

Excessiva >12 >480

Fonte: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann – PUC-PR

Como o resultado obtido a partir do gráfico é de aproximadamente

1660m³/km².ano, a tabela indica que a erosão potencial da área alvo é excessiva.

3.1.3.3 Cobertura atual da Erosão

Com base no alto índice de suscetibilidade e potencial de erosão mostrada

anteriormente, também na ausência das erosões por voçoroca e por sulcos,

presumimos que a bacia sofra uma Erosão Laminar, porém a insuficiência de

informações impossibilita a obtenção de um resultado preciso sobre a cobertura

atual da erosão.

3.1.3.4 Sedimentação medida

Sedimentação medida é a quantidade de sólidos suspensos totais em relação

a vazão, dada em T/ha.ano, através da equação:

Cs= Q x SST

Onde : Cs - Carga Sedimentar (mg/s);

Q – Vazão (l/s);

SST - sólidos suspensos totais (mg/l);

. A vazão do tributário do Evaristo da Veiga foi medida através das

precipitações mensais (máximas e medias), foi obtido o resultado de Q=231 l/s.

30

Para transformar o resultado da Carga Sedimentar de mg/s para

Toneladas/hectar.ano foi feita a conversão das unidades e o resultado divido pela

área da bacia em hectares. Resultando em uma Carga Sedimentar de 1,9 T/ha.ano.

Analisando a tabela abaixo, concluímos que, a Cs é muito baixa.

Carga Sedimentar T/há.ano

Muito Baixa <2

Baixa 2 a 4

Media 4 a 6

Alta 6 a 8

Muito Alta >8

Fonte: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann

31

3.1.4 Conclusão Solo

Baseado no coeficiente de compacidade (kc) e no fator de forma(kf) que são

respectivamente, 1,31 e 0,45 como se afastam do valor unitário, e também baseado

no mapa de áreas inundáveis da cidade de Curitiba fornecido pelo IPPUC, podemos

concluir que a bacia hidrográfica do córrego do Evaristo da Veiga é pouco suscetível

a enchentes.

32

Concluímos também que apesar da erosão potencial ser excessiva, o solo ser

altamente suscetível à erosão e as rochas serem altamente instáveis e friáveis, o

córrego em si apresenta uma carga sedimentar muito baixa. Portanto podemos

presumir baseados no alto índice de alteração antrópica que grande parte da área

da bacia é impermeabilizada devido a essa cobertura urbana.

33

3.2. Águas

3.2.1 Qualidades físico/químico

Os dados aqui apresentados representam as qualidades físico/químicas das

águas do córrego Evaristo da Veiga.

Exames químico-físicos do afluente

Evaristo da Veiga:

Alcalinidade Cor Temp. Ar

Temp.

Amostra Condutividade DBO

Media 92,68 43,3 24,5 21,6 293,2 12,9

P25% 64,42 26,0 21,5 19,6 245,5 5,6

P50% 73,00 33,9 25,1 21,2 277,0 6,6

P75% 124,34 53,5 27,8 23,0 355,0 9,8

Mínimo 50,73 18,0 12,0 13,7 196,0 1,8

Maximo 157,47 119,0 32,0 33,0 408,0 54,9

DQO P Total

Nitrogênio

Amoniacal

Nitrogênio

Orgânico N Total OD

Media 85,18 1,2414 11,55 2,88 13,67 8,16

P25% 28,00 0,5175 6,28 2,09 8,74 6,39

P50% 66,41 0,9975 8,14 2,62 10,23 7,50

P75% 110,66 1,6640 16,28 3,52 17,60 10,88

Mínimo 15,30 0,2047 3,22 0,83 6,50 2,35

Maximo 304,05 3,2000 23,26 6,93 26,92 17,08

34

% Sat pH S. Totais

S.

Dissolvidos S. Suspensos Turbidez

Media 86,7 7,8 162 148 12 17

P25% 67,8 7,6 144 128 5 11

P50% 83,3 7,8 168 155 11 14

P75% 118,6 8,2 178 161 16 21

Mínimo 25,1 6,6 99 97 2 6

Maximo 155,5 8,5 245 198 47 36

Coli. Totais E. Coli. Dureza

Media 2.938.534 563.962 44,8

P25% 233.000 74.000 42,7

P50% 1.842.000 467.000 45,0

P75% 2.851.000 857.000 48,7

Mínimo 18 11 4,4

Maximo 24.192.000 1.800.000 66,0

Fonte: Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann

E a partir de alguns dos parâmetros analisados acima foi feita o

enquadramento em relação aos parâmetros pré-estabelecidos pelo Conama 357/05:

35

Parâmetro Padrões

Ponto Amostral

Classe 1

Classe 2

Classe 3

Classe 4 TEV Condição Enquadramento

OD ≥6 ≥5 ≥4 ≥2 8,16 1

4

DBO ≤3 ≤5 ≤10 >10 12,9 4

Col. Fecais ≤200 ≤1000 ≤4000 >4000 563.962 4

Col. Totais ≤1000 ≤5000 ≤20000 >20000 2.938.534 4

pH 6--9 6--9 6--9 6--9 7,8 1

Turbidez 40 100 100 -- 17 1

Cor Natural 75 75 -- 43,3 1

Fósforo 0,02 0,03 0,05 -- 1,2414 4

N. Amoniacal 3,7 3,7 13,3 -- 11,55 3

Sólidos Dissolvidos 500 500 500 -- 148 1

Fonte: Conama 357/05

O valor obtido dos parâmetros enquadra o rio na Classe 4, com as Portarias

de Enquadramento dos cursos d’água do Estado do Paraná, classificando-as de

acordo com a Resolução nº20 do CONAMA, de 18 de junho de 1986 o rio deveria se

enquadrar na classe 3, com isso o rio se encontra fora do padrão.

3.2.2 Indicadores Ecotoxicológicos, Bacteriológicos e Biológicos.

Não foi encontrado nenhum dado em relação aos exames ecotoxicologicos,

bacteriológicos e biológicos que dizem respeito ao córrego Evaristo da Veiga.

3.2.3 Indicadores Perceptivos

De acordo com a visita a campo foi constatado que as qualidades perceptivas

estão abaixo do parâmetro estabelecido pelo Conama 357/05, como por exemplo:

a) cor; b) odor (mau cheiro); c) sólidos suspensos; d) tudo aquilo que se

perceba que não é natural do rio, etc.

36

Como pode ser visto nas seguintes imagens, estes parâmetros qualitativos

estão altamente deteriorados:

37

38

39

40

3.2.3.1 Índice de atividade antrópica

O índice de atividade antrópica (IAA), indica a influencia que as atividades

antrópicas exercem sobre o meio.

Fonte: Rossano (1995) apud KARR e CHU (1999)

Baseado nas visitas feitas ao local as respostas para as perguntas apresentadas na

tabela acima são respectivamente muito, agrícola/domestico, longe, parcialmente

herbácea, obtendo assim um IAA de aproximadamente 14, ou seja médio alto.

41

3.2.3.2 Índice de valor de habitat

BARBOUR e STRIBLING (1996) apresentam uma técnica de avaliação do

habitat de rios admitindo-se as métricas apresentadas na Tabela abaixo.

Posteriormente, a metodologia foi adotada como referência para a classificação dos

mananciais americanos (USEPA, 1999a).

MÉTRICAS ÓTIMO SUB-ÓTIMO MARGINAL POBRE

20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Refúgios no Canal ABUNDANTE, DIVERSO

INSTÁVEL,UNIFORME

Substrato da Epifauna MISTO, EXTENSIVO

AUSENTE

Assoreamento do Substrato de Fundo

POUCO ASSOREADO

ABUNDANTE

Alteração do Canal NÃO CANALIZADO

EXT. CANALZIADO

Deposição de Sedimentos

NENHUM DEPÓSITO

ALTA DEPOSIÇÃO Freqüência de

Corredeiras FREQÜENTE

NÃO FREQÜENTES

Condição de Vazão CANAL CHEIO

POUCO PROFUNDO

Proteção Vegetal dos Taludes

BEM VEGETADOS

NENHUM

Estabilidade dos Taludes

POUCA EROSÃO

ALTA EROSÃO

Mata Ciliar > 18 METROS

< 5 METROS

Fonte: BARBOUR e STRIBLING (1996)

42

Baseado nas visitas a campo e nas imagens, cada membro da equipe

estimou um valor para cada um dos indicadores acima, e a media aritmética

encontrada para cada um deles foi a seguinte:

Refúgios do canal: 2

Substrato da epifauna: 1

Assoreamento do substrato de fundo: 18

Alteração do canal: 2

Deposição de sedimentos: 6

Frequência de corredeiras: 2

Condição de vazão: 3

Proteção vegetal dos taludes: 3

Estabilidade dos taludes: 19

Mata ciliar: 2

Media aritmética: 5.8

A media aritimetica dos indicadores acima aponta para um IVH de 5.8 , ou

seja representa um índice do valor do habitat de qualidade marginal beirando a

pobre.

3.2.4 Conclusão Água

A partir dos dados coletados podemos observar que o rio tem uma grande

quantidade, Fósforo, Nitrogênio amoniacal, Coliformes fecais provenientes do

grande despeja de esgoto na área. Com isso podemos observar que a grande causa

da péssima qualidade da agua é o esgoto já que em outros parâmetros como pH,

OD, turbidez, sólidos suspensos estão em boas qualidades. O rio é NC (não

classificado) de acordo com o Conama 357/05, pois contem um elevado numero de

sólidos grosseiros totais.

43

3.3 Ar

3.3.1Clima

O clima é guiado pela energia do sol e compreende os diversos fenômenos

climáticos que ocorrem na atmosfera. No sentido original, clima é um conceito usado

para dividir o mundo em regiões que dividem parâmetros climáticos parecidos. As

regiões climáticas podem ser classificadas com base na temperatura e precipitações.

(OLIVEIRA, Marcus, 2011)

Um dos tipos de classificação para as regiões climáticas é a Classificação

Climática de Köppen, feita por Wladimir Köppen, em 1900. A classificação é

baseada em letras.

Letras:

1ª letra – maiúscula, representa a característica geral do clima de uma região:

A: climas megatérmicos (temperatura média do mês mais frio superior a 18ºC)

B: climas secos (chuvas anuais abaixo de 500 mm)

C: climas mesotérmicos (temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC e

superior a -3ºC, ao menos um mês com média igual ou superior a 10ºC)

D: climas microtérmicos (temperatura média do mês mais frio igual ou inferir a -3ºC,

ao menos um mês com média igual ou superior a 10ºC)

E: climas polares (temperatura média de todos os meses do ano inferior a 10ºC)

2ª letra – minúscula, representa as particularidades do regime de chuva (apenas

valem para os casos "A", "C" e "D")

f: sempre úmido (mês menos chuvoso com precipitação superior a 60 mm)

m: monçônico e predominantemente úmidos: chuvas de inverno (mês menos

chuvoso com precipitação inferior a 60 mm)

w: chuvas de verão (mês menos chuvoso com precipitação inferior a 60 mm)

w': chuvas de verão e outono.

s: chuvas de inverno

s': chuvas de outono e inverno.

44

2ª letra - maiúsculo apenas caso "B":

S: clima semiárido (chuvas anuais entre 250 e 500 mm)

W: clima árido ou desértico (chuvas anuais menores que 250 mm)

2ª letra - maiúsculo apenas caso "E":

T: clima de tundra (pelo menos um mês com temperaturas médias entre 0ºC e 10ºC)

F: clima de calota de gelo (todos os meses do ano com médias de temperatura

inferiores a 0ºC)

3ª letra - minúscula, representa a temperatura característica de uma região (apenas

valem para os casos "C" e "D"):

a: verões quentes (mês mais quente com média igual ou superior a 22ºC)

b: verões brandos (mês mais quente com média inferior a 22ºC)

c: frio o ano todo (no máximo três meses com médias acima de 10ºC)

3ª letra - minúsculo apenas caso "B":

h: deserto ou semideserto quente (temperatura anual média igual ou superior a

18ºC)

k: deserto ou semideserto frio (temperatura anual média inferior a 18ºC).

45

O clima de Curitiba e classificado como Cfb, ou seja:

C: pois este localizado abaixo do trópico de Capricórnio, sendo então considerado

como clima temperado.

f: com o gráfico podemos comprovar que o mês menos chuvoso apontou

precipitação superior a 60 mm, classificando-a como f.

46

b: de acordo com o gráfico, podemos comprovar que o mês mais quente da cidade

de Curitiba com media inferior a 22ºC, classificando-a como b.

47

3.3.2 Qualidade do Ar

As concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a

segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos a flora e a fauna,

nos matérias e ao meio ambiente em geral (CONAMA 03/90).

Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar.

Fonte: Instituto Ambiental Paraná

48

Os dados aqui apresentados representam as qualidades do ar da estação do

Boqueirão e pela ausência dos parâmetros PTS, NO2 e Fumaça foram utilizadas os

dados das estações Praça Ouvidor Pardinho e Santa casa.

O Conama 03/90 divide as cargas máximas de qualidade do ar em dois

parâmetros:

Padrão Primário: As concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão

afetar a saúde da população.

Padrão Secundário: As concentrações de poluentes abaixo das quais se

prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o

mínimo dano a fauna, a flora, às matérias e ao meio ambiente em geral.

Qualidade do ar Primário (µg/m3)

Secundário (µg/m3)

PTS 80 60 mga

240 150 mad

Fumaça 60 40 maa

150 120 mad

PI 50 50 maa

150 150 mad

SO2 80 40 maa

365 100 mad

CO 10.000 10000 ma8h

40000 40000 ma1h

O3 160 160 ma1h

NO2 100 100 maa

320 190 ma1h

Fonte: Prof. Dr.Harry Alberto Bollman

Qualidade do ar

Media Anual

Media Max Diária

Media Max 8 Horas

Media Horaria Max

Estação Boqueirão

PI

34,6 µg/m3 110,0 µg/m3 --- ---

SO2 8,0 µg/m3 13,5µg/m3 --- ---

CO --- --- 3364 µg/m3 ---

O3 --- --- --- 146,5 µg/m3

Estação Praça Ouvidor Pardinho

PTS 40,0 µg/m3 --- --- 358,1 µg/m3

NO2 17,7g/m3 108,0 µg/m3 --- ---

Estação Santa Casa

Fumaça 2,6 µg/m3 39,0 µg/m3

49

Sendo:

Mga: Média geométrica anual

Mad: Média aritmética diária

Maa: Média aritmética anual

Ma1h: Média aritmética de 1 hora

Ma8h: Média aritmética de 8 horas

3.3.3 Conclusão Ar

De acordo com os parâmetros pré-estabelecidos pela resolução Conama

03/90, os dados analisados atendem aos padrões primários e secundários, portanto

não se espera nenhum dano à saúde e ao patrimônio.

50

3.4 Flora

A cobertura florestal originaria da região da cidade de Curitiba, segundo

Maack (1950) engloba áreas de floresta ombrófila mista e a sub formação ribeirinha

(Florestas de planície aluvial), com predomínio de branquilho(Sebastiani

commersoniana), e aroeira (Schinus terebinthifolius), sendo observados, em alguns

pontos mais elevados em relação ao nível do lençol freático.

3.4.1 Floresta Ombrófila mista

Também conhecida por floresta de araucária, pinheiral ou pinhal, a floresta

ombrófila mista pode ser definida como a formação vegetacional cujo elemento

característico é a araucária angustifólia, o famoso pinheiro do Paraná. Sua região

core é bem delimitada por um clima temperado, com auto índice de chuvas e geadas,

exercendo um importante papel na ocorrência de determinadas espécies

(KERSTEN,Rodrigo de Andrade 2006).

Na floresta com araucária, de maneira geral as famílias que mais se

destacam em numero de indivíduos são Lauraceae, Myrtaceae Salicaceae

(Flacourtiaceae). Lauraceae, em alguns casos, adquiri tal grau de importância, que

bolós et al. (1991) definirão esta formação como “floresta de Araucária e Ocotea

puberula”.

Rizzini(1979), afirma categoricamente que a floresta ombrófila mista é apenas

uma variação da ombrófila densa. Segundo o autor, o pinheiro do Paraná

associasse diversamente a componentes da floresta atlântica, dando origem a

variadas comunidades, que recebem o nome genérico de pinhais ou pinheirais.

51

O histórico de desmatamento não é nada animador. Não existem mais áreas

intocadas e todos os remanescentes são ou florestas secundarias avançadas ou

primarias alteradas uma avaliação do histórico de cobertura dessa floresta,

apresentado Castella e Britez(2004) pode ser observada na tabela abaixo.

Ano Área(ha) % da área

Original % da área do

Estado

orig. 8.295.750 100 41

1890 7.378.000 89 37

1930 3.958.000 48 20

1937 3.455.400 42 17

1950 2.522.400 30 13

1955 2.203.200 27 11

1960 2.043.200 25 10

1963 1.567.700 19 8

1965 1.593.200 19 8

1973 433.500 5 2

1974 316.620 4 2

1977 151.620 2 1

1984 269.631 3 1

Estágio médio 1.200.168 14 6

Estágio avançado 66.109 1 0

Fonte: Castela e Britez 2004

3.4.2 Florestas Ribeirinhas

As florestas ribeirinhas desempenham importante função ecológica e

hidrológica, contribuindo para regularizar os regimes hídricos, manter a qualidade da

agua, estabilizar o solo, axuliar na ciclagem de nutrientes, a estabilidade térmica e

para o escoamento pluviais, além de contribuir para a alimentação e abrigo da fauna

(SALVADOR, 1987,BARBOSA,1989).

Também chamadas de florestas ciliares, ripárias, beiradeiras ou, ainda, matas

de galeria, ocorrentes ao longo de cursos da agua e no entorno de nascentes, estas

florestas tem características definidas por uma interação complexa de fatores. O

ambiente ribeirinho reflete as características geológicas, geomorfológicas, climáticas,

hidrológicas e hidrográficas que atuam como elementos definidores da paisagem e,

portanto, das condições ecológicas locais (RODRIGES & SHEPHERD, 2000).

52

Quando sob influencia da floresta com araucária, a vegetação é dominada,

por pequeno numero de espécies, destacasse Sebastiania Commerconiana-

Euphorbiaceae(Branquilhio) que pode chegar a contribuir com 80% do total de

arvores do dossel (MENEZES-SILVA et al.1997, SILVA et al.1992).

3.4.3. Conclusão da Flora Atual

Como visto anteriormente a floresta primaria “nativa” esta completamente

alterada ou substituída por uma floresta artificial. De acordo com Herter, a maior

causa para degradação deste bioma em Curitiba é a expansão urbana.

Vegetação remanescente em Curitiba

Através do calculo da cobertura vegetal da área pelo Auto-CAD, foi possível

determinar que a vegetação na área da bacia representa 2,04% de sua área total,

sendo 1,29% do Bosque Reinhard de Maack.

53

As fotos a seguir foram retiradas do bairro Boqueirão e representam uma

parcela remanescente, que apesar de alterada ainda apresenta algumas

características da antiga flora nativa.

Bosque Reinhard de Maack

54

Araucária Isolada

55

Espécie Exótica – Pinus, na divisa do Bosque Reinhard Maack

56

3.5 Fauna

Pela ausência de informações especificas sobre a fauna original da região da

bacia hidrográfica do córrego do Evaristo da Veiga, presumimos que a mesma seja a

encontrada no bioma da mata de Araucária. A qual se caracteriza por conter uma

grande biodiversidade de espécies animais, contando com indivíduos endêmicos,

raros, ameaçados de extinção, espécies migratórias, cinegéticas e de interesse

econômico da Floresta Atlântica e Campos Sulinos. Várias espécies estão

ameaçadas de extinção: a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o macaco-

prego, o guariba, o mico-leão-dourado, vário sagüis, a preguiça-de-coleira, capirava,

o caxinguelê, e o tamanduá. Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a

jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, numerosos beija-flores, tucanos,

saíras e gaturamos.

De Acordo com (MULLER, Arnaldo Carlos, 2011) a transformação de

ambientes naturais em áreas urbanas e rurais modifica de modo radical a flora e a

fauna dos locais. A maioria das espécies nativas é extinta, mas algumas se adaptam

as transformações, passando a se beneficiar de alimento e abrigo existentes nestas

áreas.

Podem-se admitir a grosso-modo, três tipos de reações da fauna nativa a

presença humana:

Não tolerância (antropofobico): resultando em fuga para áreas onde ainda

existem condições naturais. Exemplos: lobo-guara, gralha azul.

Circum-tropicos: as espécies passam a viver em ambientes descaracterizados

pelo homem. Exemplos: lagartos, serpentes.

Sinantropicos: as espécies criam vínculos de vida necessariamente

vinculados à presença e proximidade humana. Exemplos: cão, rato.

57

3.5.1 Lista da Fauna potencial

Abaixo estão listadas algumas espécies e famílias as quais seriam

encontradas nos biomas presentes na região do alto Rio Iguaçu, caso as suas

condições naturais não tivessem sido alteradas.

Molluusca (molusco)

Hygrophila (caramujo-de-aquario)

Arthropoda(artrópodes)

Sicariideae

Loxosceles sp. (aranha marrom)

Teraphosidae (caranguejeira)

Aranea (aranha)

Lycosidae (tarântula)

Opiliones

Ctenidae (armadeira)

Theridil (aranha)

Escorpiones (escorpião)

Insecta (insetos)

Coleóptera (besouro, serra-pau)

Hymenoptera (vespa, abelha, formiga)

Hemíptera (percevejo)

Orthoptera (gafanhoto, grilo)

Díptera (mosca)

Lepidóptera (borboleta)

Siphonaptera (pulga)

58

Blattaria (barata)

Crustácea (caranguejo-de-agua-doce)

Chilopoda (lacraia)

Pisces (peixes)

Characiformes

Characidae

Astyanax sp (lambari)

Erythrinidae

Hoplias malabricus (traira)

Siluriformes

Heptapheridae (bagre)

Rhamdia quelen (bagre-sapo)

Callichthydae

Callichthys sp (cascudo)

Perciformes

Cicholidae (acara)

Cyprinodontiformes

Poeciliidae (barrigudinho)

Cypriniformes

Cyprinidae (carpa comum)

Amphibia (anfíbios)

Anura

Bufo sp (sapo)

Leptodactylus labyrinthicus (ra-pimenta)

Hyla sp (perereca)

59

Reptilia (Repteis)

Quelônia (tartarugas)

Hydromedusa tectifera (cágado pescoço-de-cobra)

Lacertília (lagartos)

Tupinambis merianae (teiú)

Pantodactylus schrebersi (lagartinho)

Ophida (cobras e serpentes)

Liophis miliaris (cobra d’agua)

Philodryas patagoniesnses (papa-pinto)

Atractus reticulatus (cobra da terra)

Liotyphlops beui (cobra-cega)

Bothrops jararaca (jararaca)

Colubridae (dormideira)

Aves

Ardeidae

Casmerodios albus (garça-branca)

nycticorax nycticorax (soco-dorminhoco)

fernariidae

sinallaxis spixi (bem-terere)

rallidae

aramies sacaracura (saracura)

estrildidae

estrilda astrid (bico-de-lacre)

emperilizidae

60

thraupinae (sanhaço)

columbidae(pomba)

emberezidae

zonotrichia capensis (tico-tico)

charadriidae (quero-quero)

cuculidae

guira guira (anú-branco)

crotophaga ani (anu-preto)

troglodytidae

troglodytes aedox (curruíra)

tyrannidae

pitangus sulphuratus (bem-te-vi)

trochilidae (beija-flor)

ploceidae (pardal)

furnariidae

furparius rufus (joao-de-barro)

musicapidae

turdidae (sábia)

strigidae (coruja)

mammalia (mamíferos)

marsupialia

didelphis albivenres(gamba-de-orelha-branca)

monodelphis sp (cuica)

edentata

desypus novemcinctus (tatu-galinha)

rodentia

61

hydrochaeris hydrochareis (capivara)

dasyprocta azarae (cutia)

cavia aperea (preá)

sphinggurus villosus (ouriço-cacheiro)

myocastro coypis (ratao do banhado)

sciurus sp. (serelepe)

rattus rattus (rato comum)

mus cusculus (camundongo)

rattus norvegicus (ratazana)

mustelidae

galictis cuja(furão)

chiroptera

phyliostornidae

vespertillionidae

molossdae

agouti paca

canis (dusicyon) gimnocerus (graxaim-do-campo)

procyon cancrivorus (mao-pelada)

felis pardalis (jaguatirica)

mazama sp (veado)

artibeus lituratus (morcego das frutas)

desmodus rotundus (morcego-vampiro)

sturnira lilium (morcego das frutas peq.)

myotis ruber (morcego)

tadarida brasiliensis (morcego-das-casas)

Didelphis marsupialis (gamba)

62

3.5.2 Levantamento da fauna silvestre (antropofóbica)

Devido a ocupação antrópica em grande escala, que eliminou senão

descaracterizou quase por completo os ambientes locais, já não é mais possível

encontrar espécies de natureza antropofóbica na região estudada.

3.5.3 Levantamento da fauna circunantrópica

Mamiferos

Lepus Capensis (lebre)

Hydrochaeris hydrochaeris (capivara)

tadarida brasiliensis (morcego-das-casas)

Aves

Dendrocygna viduata (irerê)

Amazonetta brasiliensis (pe-vermelho)

Phalacrocorax brasilianus (biguá)

Ardea alba (garca-branca-grande)

Egretta thula (garca-branca-pequena)

Strix hylophia (coruja-listrada)

Pitangus sulphuratus (bem-ti-vi)

Turdus rufiventris (sabia-laranjeira)

Turdus albicollis (sabia-coleira)

Ammodramus humeralis (tico-tico-do-campo)

Passer domesticus (pardal)

63

Insetos

Díptera (moscas)

Culicidae (mosquitos)

Simuliidae (borrachudos)

Sphonaptera (pulgas)

Anoplura (piolhos)

Gryllus assimilis (grilo)

Loxosceles (aranha marrom)

3.5.4 Levantamento da fauna sinantrópica

Aves

Gallus gallus domesticus (galinha)

Amazona aestiva (papagaio)

Anas Acuta (marreco)

Patogioenas picazuro (pombao)

Zonotrichia capencis (tico-tico)

Vanellus chilensis (quero-quero)

Mamiferos

Felis silvestris catus (gato)

Canis lupus familiaris (cao)

Mus Musculus (camundongo)

Rattus rattus (rato-de-casa)

64

Rattus norvegicus (ratazana)

Didelphis marsupialis (gamba)

Insetos

Dictyoptera (baratas)

Musca domestica(mosca domestica)

Culex (mosquitos)

3.5.5 Conclusão da Fauna atual

Devido ao alto índice de atividade antrópica na região da bacia hidrográfica as

espécies não tolerantes foram extintas ou migraram para outras regiões, e

remanesceram apenas as espécies circunantrópicas, sinantrópicas. Nas visitas

feitas ao local foi constatada a presença das seguintes espécies:

Sinantrópica:

65

66

Circunantrópica:

67

Exemplo de fauna originária do bioma de Floresta Ribeirinha:

Fonte: Museu de História Natural de Curitiba

Exemplo de fauna originária do bioma de Floresta Ombrófila Mista:

Fonte: Museu de História Natural de Curitiba

68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBGE. Resultado Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/censo2010/>.

Acesso em: 25 maio. 2011.

Prefeitura de Curitiba. Perfil de Curitiba. Disponível em: <

http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/perfil-da-cidade-de-curitiba/174>. Acesso em:

25 maio. 2011.

Google. Google Earth. Disponível em:< http://www.google.com.br/>. Acesso em: 26

maio. 2011

LAL, R. Erodibility and erosivity. In: LAL, R. et al. Soil erosion research methods.

Washington: Soil and Water Conservation Society, 1988. p. 141-160.

Mapeamento geológico, Geotécnico na região do alto Iguaçu Volume I, 1994.

CHAVEZ-KUS, Lilian, Analise da Tectonia rúptil em rochas do emb, 2003. p. 31-

32.

FENDRICH, Roberto, Diagnostico dos recursos hídricos na bacia hidrográfica

urbana do rio Belém, 2002.

BRAGAGNOLO, Sergio Alex Martins, Analise de Risco em Ambiente antrópicos

susceptíveis a inundação e alagamento. Estudo de caso: Bacia hidrográfica

Rio Belém, 2007.

Anais da Mesa redonda das características geotécnicas da formação Guabirotuba,

Mesa Redonda das características geotécnicas da formação guabirotuba, 1999.

69

PETRI, Setembrino; FÚLFARO, Vicente José. Geologia do Brasil. Edição. Local:

Editora, 1983. Xx p.

Geo Marcus Oliveira. Classificação Climática de Wladimir Köppen. Disponível em: <

http://olivergeo.blogspot.com/2011/04/classificacao-climatica-de-wladimir.html>.

Acesso em: 30 maio. 2011.

Instituto Ambiental do Paraná. Relatório da Qualidade do Ar na RMC 2009.

Disponível em :<

http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/programas_e_projetos/relatorios/Relatorio_da_

Qualidade_do_Ar_na_RMC_2009.pdf >. Acesso em 30 maio. 2011.

Instituto Ambiental do Paraná. Relatório da Qualidade do Ar na RMC 2000.

Disponível em :<

http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Monitoramento/QUALIDADE_DO_AR_2000_0

10801. >. Acesso em 30 maio. 2011.

KERSTEN, Rodrigo de Andrade, Epifitismo Vascular na Bacia do Alto Iguaçu,

Paraná, 2006.

Mata de Araucárias. A faúna da Mata de Araucárias. Disponível em:

http://matadearaucarias.blogspot.com/2008/05/mata-de-araucrias-um-dos-

ecossistemas.html. Acesso em 31 maio. 2011

MULLER, Arnaldo Calos, Tolerância da Biodiversidade à Influência Antrópica, 2011.

IPPUC. Mapas Temáticos. Disponível em: <

http://www.ippuc.org.br/ippucweb/sasi/home/>. Acesso em 29 maio. 2011

Águas Paraná. Legislação sobre Recursos Hídricos. Disponível em:<

http://www.aguasparana.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=88 >.

Acesso 3 junho. 2011

70

INMET. Gráficos Climatológicos. Disponível em:

<http://www.inmet.gov.br/html/clima.php#>. Acesso 7 junho.2011

Universidade Livre do Meio Ambiente, Curso sobre fauna urbana de Curitiba,

1993.

Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Diagnostico florístico e faunístico da área

do reservatório do Passauna, região metropolitana de Curitiba, com

recomendações sobre o impacto ambiental, 1986.

CARRANO, Eduardo, ARZUA, Marcia et al, Aves de Curitiba, 2009