prévia edição 23 revista vírus planetário

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VÍRUS PLANETÁRIO Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça R$ 5 edição nº 23 maio 2013 Entrevista: Luiz Carlos Azenha_Mesmo na internet, mídia grande impõe seu poder Com conteúdo do MEDIA FAZENDO No mês da luta antimanicomial, discutimos a loucura e o direito à cidade Se desafiar o capitalismo é loucura... 5 anos ! Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.tinyurl.com/23impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui - www.tinyurl.com/23digital para comprar a edição digital completa. Clique aqui - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario para assinar a Vírus!

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Edição 23 (maio 2013) da revista Vírus Planetário reduzida Compre pela internet:Versão impressa: www.tinyurl.com/23impressa Versão digital: www.tinyurl.com/23digital Assine a Vírus - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario

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Page 1: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Vírus PlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5edição

nº 23maio2013

Entrevista: Luiz Carlos Azenha_Mesmo na internet, mídia grande impõe seu poder

Com conteúdo do

MEDIAFAZEN

DO

aqui tem um bando de louco

No mês da luta antimanicomial, discutimos a loucura e o direito à cidade

Se desafiar o capitalismo é loucura. . .

5anos!

Edição Digital reduzida.

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Page 2: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

ExpEdiEntE:Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Catherine Lira, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São paulo: Ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna Rodríguez, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim ilustrações: Carlos Latuff (RJ), Paulo Marcelo Oz (MG) e Adriano Kitani (Sp) Revisão:

Bruna Barlach e Jones Mário Colaborações: Juliana Rocha Capa: Arte sobre foto original de Ben Heine

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria

de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)

Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principal-

mente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas

necessária para os virgens de Vírus Planetário:

Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é

nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso

estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcia-

lidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim,

parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas exclu-

ídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opres-

são. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível

gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor

é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas

batalhas do cotidiano.

Afinal, o que é a Vírus planetário?

Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716#Tiragem: 2.000 exemplares

#Impressão:

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: [email protected]

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario

ComuniCação e editora

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem

o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a

humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acredi-

tamos que com mobilização social, uma sociedade em que

haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendome-dia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Correio

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

[email protected]

Queremos sua participação!

Viral

Page 3: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

EditorialO que é a comunicação? O documentário “Levante sua Voz – 2009 – Direção: Pedro

Ekman / Produção: Intervozes” (assista aqui – www.tinyurl.com/levantesuavoz) define a comunicação como, acima de tudo, um direito humano. Os cinco últimos anos para nós da Vírus foi um aprendizado na prática em como compreender 100% essa concep-ção (e continua sendo). Obviamente que, literalmente, essa concepção é clara. Mas é preciso ir além (ou mais profundamente). Entender a comunicação como direito humano é entender que nós, seres humanos, cheios de imperfeições, podemos nos desenvolver dentro de uma lógica que nos leva à desumanização. Mas, por outro lado, podemos também, por meio de conscientização, de muita militância (a luta pela democratização da comunicação é uma delas) fortalecer nosso lado mais belo, aquele que nos conforta, nos transborda de emoção e preenchimento – mesmo que por poucos instantes – e assim lembramos de correr para a rua, olhar e lembrar que “a tua dor é minha, e minha dor é tua”.

Portanto, compreender a comunicação como direito humano e que “direitos se conquistam”, como lembra o “filme-bíblia” do jornalismo militante, é compreender que existe em todas as outras pessoas a mesma matéria que te constitui e que constitui tod@s aqueles que lutam diariamente (com todos os defeitos e contra-dições que existem) para destruir todo o mal inventado pelo ser humano e seus mirabolantes sistemas de injustiça, do capitalismo selvagem ao pós-moderno. Como dizia Rousseau, o ser humano nasce bom, a sociedade que o corrompe.

E assim vem sendo desde 15 de maio de 2008, quando fomos pegar nossa primeira edição na gráfica e levar para o evento de lançamento. Entender que de-vemos colocar sempre toda nossa emoção, sentimento e potência em cada letra que digitamos ou cada traço que desenhamos; abdicar de facilidades, aceitar a dureza de noites viradas, de construir com pouquíssimo apoio e dinheiro algo que custa muito caro. Só que, para nós, é maior o ainda o valor de manter viva uma alternativa de comunicação que inspire as pessoas a construir um mundo em que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente li-vres. Onde haja felicidade para tod@s!

Há exatamente cinco anos, nós estávamos animados, eufóricos e nervosos enviando nossa primeira edição da querida Vírus Planetário para uma gráfica que hoje nem existe mais. Além dos detalhes da edição, acertávamos também os detalhes do evento de lançamento na Vila dos Diretórios (onde ficam os Centro Acadêmicos e DCE) da PUC-Rio. Correria para organizar para os shows, exibição de curtas e sarau de poesia que fizeram parte do evento de lança-mento. Nesse exato instante em que fechamos esta 23ª edição, estamos tão ou mais à flor da pele quanto há cinco anos. A felicidade é de transbordar cada sorriso em nossos rostos. O que para muitos parecia não passar de uma brincadeira (coisa que uma revista com humor pode sofrer) de um grupinho de estudantes politizado (vistos como “rebeldes sem causa”), já na distri-buição de sua primeira edição, mostrou que a Vírus vinha ao mundo (ainda num papel-jornal bem do vagabundo) para ficar. Ganhávamos a atenção de estudantes das principais universidades públicas e privadas do Rio de Janeiro, e até de São Paulo. Em 23 edições, xingamos, criticamos, exaltamos revolu-ções vitoriosas ou em processo, debochamos dos algozes do povo, sempre berrando, gritando, pois “pedras e pedras são nossas únicas armas, e se as pedras não voam os sonhos são em vão”. Então, vambora fazer voar nossos sonhos de todas as maneiras possíveis. Fechamos um ciclo de cinco anos, e entramos agora em uma nova fase, com ainda mais responsabilidades, falando pra cada vez mais gente (são milhões por semana em nosso fa-cebook), mais vigor, mais ânimo e fagulhas no peito. Ainda é só começo! “Vamos caminhando, aqui se respira luta!”

Que cada palavra, cada imagem, cada emoção aqui impressa ecoe em nós como uma batida forte de tambor de todas as músicas que tanto expressam luta e expiram alegria. Guiando como um metrônomo para que não percamos o tempo, não percamos o ritmo que deve ser seguido.

Mesmo com tanta barbárie, sabemos que outra humanidade quer emergir e vamos, assim, caminhando por uma estrada à esquerda, mal sinalizada, tortuosa e longa. Mas vamos cada vez mais unidos e assim, cada vez mais nos libertando, semeando, a cada parada, verbos à flor da pele que plantamos no chão do céu de cada boca que aqui grita, canta, dança, pula, xinga, enfim, ama. Emanemo-nos amor!

*Citações das músicas: “Os Assaltimbancos” “pedras e Sonhos” - El Efecto. “Verbos à Flor da pele” - F.Ur.t.O e “da entrega” - teatro Mágico

Sumário(da edição completa)

5 Traço livre

8 Sociedade_À mercê da boa

vontade polícia - resoluçao 013

10 Sórdidos Detalhes

12 Movimentos Sociais_A Vitória

do Povo de Porto Alegre

15 Bula Cultural_Indicações e

Contraindicações

16 Bula Cultural_Uma História de

Amor e Fúria

18 Internacional_O movimento

estudantil e a guerra na Colômbia .

22 CAPA_Sociedade_O que é ser

antimanicomial?

26 Fazendo Media_5 anos da Vírus

28 Fazendo Media_Entrevista: Luiz

Carlos Azenha

32 Minas Gerais_Dandara resiste!

34 Ensaio fotográfico

40 O sensacional repórter

sensacionalista

41 Passatempos Virais

42 Traço Livre

Edição Digital reduzida.

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Page 4: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

De 20 a 24 de maiocom PARALISAÇÃOem 22 de maio

Participe!Um a mais é muito mais! Reunindo forças, conquistamos direitos.

Vamos barrar os leilões do petróleo!

Participe do abaixo-assinado:www.tinyurl.com/nao11leilao

www.sindipetro.org.br

Notícias da campanha:www.apn.org.br | www.tvpetroleira.tv

organização:

Page 5: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Rosa Luxemburgo certa vez disse que quem não se movimen-ta não sente as correntes que o prendem. A potência desta frase encontra-se no exercício que ela nos abre: de pensar a sociedade em que vivemos. Qual o sentido de existir correntes e quais correntes nos constituem?

O ocidente especializou-se em produzir na modernidade formas gerir a população a partir dos com-portamentos dos grupos e indivídu-os. Escolas, fábricas, prisões, hos-pitais e manicômios, surgem como instituições encarregadas de regular os corpos assim distribuídos nestes espaços, destinados a uma vigilân-

O que é ser antimanicomial?

por Livia Valle

cia. Como dispositivo de aprimora-mento ou exclusão dos comporta-mentos, esta era presente também nas ruas através da polícia, e dentro dos lares privados pela família.

Consolidando-se para além de seus muros, as instituições disci-plinares passaram a fazer parte do cotidiano, moldando silenciosa-mente nossos hábitos. Modos de convívio produziam-se então junto ao ordenamento da sociedade in-dustrial em desenvolvimento no século XVIII. Com o capitalismo em ascensão, os corpos enquanto força de trabalho foram escolhidos como seu primeiro objeto de controle, e assim, ciências nasciam para estu-

sociedade

No mês da luta, mostramos como você tem mais a ver com isso do que pensa.

dar e sofisticar seu desempenho. A infância surgia como um saber e parte da ideologia burguesa de uma família nuclear, até hoje típica: heteronormativa e constituída pela propriedade privada, a herança e a tutela, apoiada nas normas da se-xualidade e na orientação ‘correta’ para vida adulta e o trabalho, em preparo também através da escola. Para a gestão liberal funcionar, ha-via então toda uma normatividade e linearidade, que ia da vida orga-nizada desde o nascimento até a esteira fabril, e por todos os espa-ços. O controle dos gestos, desde os mínimos, torna-se algo contínuo, imperceptível e realizado por todos. O corpo é assim docilizado por toda a malha social.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

ilustração: Ben Heine

Vírus Planetário - maio 2013 5

Page 6: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

MEDIAFAZEN

DO

Entrevista: Luiz Carlos AzenhaVi o mundo resiste na blogosfera

O blog Vi o mundo (www.viomundo.com.br) está, como outros produzidos por jornalistas inde-pendentes, entre os mais conceituados no Brasil. Sustentado desde 2005 pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, que já passou por diversos veículos de comunicação, inclusive a Rede Globo, publica informações diariamente sobre a política brasilei-ra e do mundo. Sempre mantendo seu espírito crítico, é também alvo de ação judicial, realidade enfrentada por outros jornalistas da blogosfera. Na entrevista ele comenta porque não fechou o blog, como está sustentando seu trabalho na internet, e a necessidade de regulamentação a mídia no Brasil.

Repórter da TV Record desde outubro de 2008, Azenha considera seu blog um espaço dos movi-mentos sociais e de contraponto à mídia tradicio-nal. Seu site chega a 40 mil acessos diários, e no facebook e twitter somados chega a quase 50 mil seguidores. A equipe é formada pela jornalis-ta Conceição Lemos, Leandro Guedes (vendas), a Agência Café Azul e Kauê Linden, da Hostnet (tecnologia), mas conta com centenas de ajudan-tes informais, que sugerem ou escrevem textos e divulgam a produção nas redes sociais.

por Eduardo Sá

Foto: Arquivo pessoal

“ As redes sociais têm capacidade e ameaçam

os monopólios da comunicação”

Vírus Planetário / fazendo media - maio 20136

Page 7: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Presumo que as ações, dezenas de-las, movidas em todo o Brasil contra blogueiros, demonstram que as re-des sociais têm capacidade e amea-çam os monopólios da comunicação, sejam locais, regionais ou nacionais. Refletem a incapacidade da elite bra-sileira de aceitar o contraditório, e a insatisfação dos leitores, ouvintes e telespectadores, cansados do discur-so repetitivo da grande mídia, que criminaliza os movimentos sociais, detona a Política e prega a destrui-ção do Estado. Existe um fosso entre o discurso milenarista da mídia em relação a governos trabalhistas – “fim do mundo”, “comunismo”, “mar de lama”, “república sindicalista” – e a melhoria real na vida das pessoas. É neste descompasso que crescem os blogs que oferecem informação alternativa.

Na campanha de 2010 fomos taxa-dos de “blogs sujos” por um dos can-didatos. A mídia embarcou nessa. E passou a nos atacar como “patroci-nados pelo governo”, “blogs chapa branca” ou “blogs petistas”. No en-tanto, quando se abriram as contas do patrocínio oficial descobriu-se que... a Globo, só a emissora de TV, sem contar as emissoras a cabo da Globo, abocanha 43% das verbas ofi-ciais; os portais ficam com a maior parte do patrocínio na internet. Blogs como o meu não aceitam patrocínio de empresas públicas, estatais ou governos em qualquer esfera. Já pen-saram se a Globo, a Veja, a Folha

Qual a sua situação atual com a justiça, após as ações que foram movidas contra você, e como está o funcionamento do seu blog?

A única ação em andamento é a que foi movida pelo atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel. Ele argumentou que foi citado várias vezes em meu blog de forma crítica, o que seria parte de uma campanha de difamação. Replicamos que se trata de figura pública, já que além de dirigir o Jornalismo da emissora Kamel nunca evitou debates públi-cos, com artigos publicados em O Globo e livros como Não Somos Ra-cistas. Ele argumentou que não tem tanto poder assim na Globo, o que rejeito completamente, já que traba-lhei subordinado a ele e sei quanto ele manda, diretamente ou através de prepostos. Finalmente, ele teria sido citado como ator de pornochan-chada, já que nos créditos do filme Solar das Taras Proibidas, disponível nas redes sociais, consta o crédito de um ator chamado Ali Kamel. Reba-temos lembrando que a única cita-ção assinada por mim foi para dizer que se tratava de um homônimo e que este homônimo poderia se sen-tir ofendido se comparado ao diretor da Globo. A título de explicar o ab-surdo deste último ponto – que foi a base para a condenação do blogueiro Rodrigo Vianna – conto sempre o se-guinte caso: quando o chefe do tráfi-co na Rocinha, Nem, foi preso, desco-bri que o advogado dele se chamava Luiz Carlos Cavalcante Azenha.

A Record o entrevistou e colocou na TV o crédito Luiz Carlos Azenha, advogado do traficante Nem. Por conta disso, muitas piadas foram feitas a meu respeito nas redes so-ciais. Era só o que faltava eu pro-cessar quem fez piadas a respeito! Da mesma forma, Kamel processou outro colega, o blogueiro Marco Au-rélio Mello, por causa de uma peça de ficção. Depois de processar uma piada e uma peça de ficção, só falta o Kamel processar os irmãos Grimm por se identificar com personagens deles! Fui condenado em primeira instância, mas recorremos e vamos levar ao STF, se for o caso. Atribuo os processos a uma tentativa de judi-cializar a política, já que eu e outros processados estivemos na linha de frente das denúncias de manipula-ção do noticiário da Globo – e temos credibilidade para fazê-lo porque todos vimos o processo por dentro, na campanha eleitoral de 2006. Os processos são uma forma de atacar nossa credibilidade, tentar nos ca-lar e de intimidar outros blogueiros para que não reproduzam nossas denúncias sobre a emissora. Porém, é importante lembrar que o que tes-temunhamos também foi testemu-nhado por muitos outros colegas da Globo, alguns dos quais muito em breve talvez falem a respeito.

Partindo da sua experiência em relação às ações judiciais sofridas por seu blog, como você vê a ativida-de da mídia alternativa na internet?

“ Os processos são uma forma de atacar nossa credibilidade, de tentar nos calar e de

intimidar outros blogueiros”

Vírus Planetário / fazendo media - maio 2013 7

Page 8: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

e o Estado fizessem o mesmo? Quanto o contribuinte brasileiro não eco-nomizaria? É importante lembrar que o senador Roberto Requião, quando governador do Paraná, cortou todas as verbas publicitárias. Economizou um bocado de dinheiro e o mundo não acabou. Advogo que outros gover-nos façam o mesmo.

Em sua carta de despedida do blog cita as dificuldades financeiras. Quais seriam as soluções nesse sentido para criação de mídias inde-pendentes?

O blog continua funcionando, depois que a reação dos internautas me fez voltar atrás. Decidimos implantar o crowdfunding, um esquema pelo qual os leitores financiam a produção de conteúdo próprio. Desde o pri-meiro encontro nacional de blogueiros eu defendo que a gente desenvol-va produção própria de conteúdo, que nos livre da reprodução de notícias dos grandes meios, ao mesmo tempo nos livrando da pauta formulada nas grandes redações. Mas, para isso, precisamos de dinheiro. Jornalismo custa caro. Nossa solução foi recorrer aos leitores. As doações não cobrem todos os custos, mas pelo menos permitem que a gente mantenha o blog funcionando, arcando com os custos de advogados e outros enquanto buscamos as soluções de financiamento de longo prazo. Acreditamos que há espaço para outras iniciativas, como fundações público-privadas que financiem o jornalismo investigativo ou cooperativas de jornalistas. Acho que a gente vai encontrar soluções fazendo.

Você e um grupo de jornalistas mais críticos têm participado de di-versos movimentos, como o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Quais são as reivindicações do movimento, inclusive no campo das políticas públicas para o setor?

São muito amplas e cada jornalista ou blogueiro tem seu próprio elenco de prioridades. Eu diria que me empenho especialmente pelo Direito de Resposta e pela Lei de Iniciativa Popular, que busca recolher 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de regulamentação dos meios eletrônicos.

Por quê? O Direito de Resposta, ex-tinto quando se derrubou a Lei de Imprensa, é uma forma de inibir os assassinatos de caráter que a mídia usa contra dissidentes.

A inexistência do Direito de Res-posta é essencial para a mídia man-ter intacto seu poder de coação e de extorsão em relação a anun-ciantes, governos, partidos, políti-cos e autoridades em geral. Quem sai da linha é submetido ao assas-sinato de caráter. De outra parte, até a ONG conservadora Repórteres Sem Fronteira já diz que o Brasil é o país dos 30 Berlusconis, onde uma única emissora de TV – sem contar suas emissoras na TV fechada – abocanha 43% de todas as verbas do governo federal. Uma enormi-dade! Por que regular? Porque os meios eletrônicos são concessões públicas, pertencem ao povo bra-sileiro, não aos concessionários. Se regulamos a energia elétrica, o gás e o serviço de telefonia, por que não regular a comunicação? É pre-ciso ter regras sobre a renovação de concessões, por exemplo, sobre a propriedade de emissoras de rádio e TV por membros do Congresso e sobre punições para quem desres-peitar as regras.

No Reino Unido, uma democra-cia, o Ofcom desempenha este pa-pel desde o início dos anos 2000, inclusive debatendo os conteúdos disseminados por emissoras de rádio e TV. Censura? Os britânicos acreditam que não e não é, já que

“ Regulamentar não é censurar (...) É dotar a sociedade de meios para evitar a

concentração do poder midiático na mão de poucos

MEDIAFAZEN

DO

Vírus Planetário / fazendo media - maio 20138

Page 9: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

os casos de manipulação ou de infração dos códigos de conduta só são considerados depois que o conteúdo foi ao ar. Exemplo? Se uma emissora viola a lei para fa-zer uma reportagem, ela fica su-jeita a receber sanções. Não de-veria ser assim? A mídia deveria ficar acima da lei? Os britânicos acham que não. Mais que isso, agora, depois do escândalo cau-sado pelo jornalismo de Rupert Murdoch, o barão da mídia cujos subordinados violaram o sigilo telefônico de fontes, os britânicos debatem a criação de um órgão independente que tenha poder de sancionar conteúdo impresso! Não estamos falando disso, ain-da, no Brasil, mas na regulamen-tação de emissoras de rádio e TV, que são concessões públicas, nos pertencem e devem satisfação, sim, à sociedade.

Nos fale sobre sua passagem pela Globo e a pressão exercida por ela depois no seu trabalho jornalístico?

Tudo o que posso dizer é que, na Record, embora do ponto-de-vista de hierarquia eu esteja no mesmo patamar da Globo, ou seja, de um simples repórter, posso opinar muito mais sobre minhas reportagens e definir o ângulo delas, a pauta e o próprio texto com uma liberdade que nunca tive na Globo. Na Record, por exemplo, escrevo o texto e, a não ser pelas críticas normais de uma redação, feitas por colegas – o produtor ou editor que tra-balham comigo naquela tarefa –, não preciso submetê-lo à censu-ra prévia. Na Globo, até mesmo aquelas entradas ao vivo, nas quais você imagina que o repór-ter está improvisando, são pré-combinadas nos mínimos deta-lhes com a hierarquia da emisso-ra. Na cobertura política, então...

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Page 10: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Esse ano a comunidade Dandara comemora seus 4 anos de (r)exis-tência. Em homenagem a essa luta a ocupação recebeu, durante uma intensa semana de filmagens, o di-retor argentino Carlos Pronzato. A convite das Brigadas Populares, or-ganização política que trabalha na auto-organização da Dandara, Pron-zato e sua equipe mergulharam nas ruas e nas casas da comunidade em busca de depoimentos e me-mórias que tecessem a história do local.

A ocupação foi batizada com o nome da guerreira Dandara, símbolo da resistência negra e feminina no país. Com cerca de 6 mil moradores a comunidade está localizada na

minas gerais

Referência nacional na luta por moradia, comunidade

terá sua história registrada em documentário.

Dandara resiste!

por Ana Malaco

região da Pampulha, área de amplo interesse do mercado imobiliário, conhecida pelo conjunto arquitetô-nico projetado por Oscar Niemeyer e por abrigar o Mineirão, estádio que será sede de jogos da Copa de 2014.

Para Wagna Vieira Lima, morado-ra que vivencia e constrói a história de luta da comunidade desde o prin-cípio (em abril de 2009), o documen-tário será muito importante para o reconhecimento da luta dos mora-dores. Através da divulgação desse trabalho “a comunidade e o cotidia-no do povo que quer simplesmente o direito de morar e se organizar por outro projeto de sociedade ganhará visibilidade”, afirma.

Confira a reportagem e o ensaio fotográfico na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - maio 201310

Page 11: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

www.seperj.org.br

Educação Estadual na luta!

36 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

A rede estadual do Rio vai paralisar as atividades no dia da votação na Assembleia Legislativa do projeto de lei do governador Sergio Cabral, que propõe um reajuste salarial de 7% para a educação. O projeto será votado em maio. O Sepe orienta a categoria para

que fique atenta à convocação do sindicato sobre a futura data da votação. Os professores e funcionários administrativos continuam

em estado de greve.

O Sepe apresentará emendas ao PL do governador, com o obje-tivo de adequar o projeto às principais reivindicações da educa-

ção. A categoria não aceita o reajuste de 7% proposto por Cabral. Este índice não recompõe as perdas salariais dos últimos anos

e está muito abaixo do que os profissionais de educação reivin-dicam: piso salarial de cinco salários mínimos para o professor e

3,5 salários mínimos para funcionários.

Apenas nos mandatos de Cabral, as perdas da educação fica-ram acima de 20% (IPCA). Outro problema é que o piso salarial

do professor é muito baixo: R$ 1.001,82 (cargo: professor do-cente 1 de 16 horas). Com este salário inicial, um reajuste de 7%

será irrisório.

A pesquisa feita pelo Sepe no Diário Oficial do estado confirma que, de janeiro a abril, 308 professores pediram exoneração

– média de duas exonerações por dia. Os baixos salários e as más condições de trabalho são os causadores dessa verdadeira sangria.

>>Escolas municipais do Rio de Janeiro paralisam atividades dia 22 de maio

Educação estadual vai realizar paralisação no dia da votação de reajuste na Alerj

Os profissionais das escolas municipais do Rio de Janeiro vão paralisar as ativi-dades no dia 22 de maio. A categoria realiza no mesmo dia um ato na prefeitura, às 11h, e assembleia, às 14h, no Clube Municipal (Rua Haddock Lobo, nº 359, na Tijuca). No dia 18 de abril, a categoria realizou uma paralisação de 24 horas, com um ato em frente à prefeitura e assembleia no Instituto de Educação (foto de Rafael Gonzaga).

Veja as principais reivindicações da rede municipal: 1) Reajuste salarial: 5 salários mínimos para professor e 3,5 salários para funcio-nários;2) Plano de Carreira Unificado, com valorização pelo tempo de serviço e forma-ção;3) Fim dos projetos e da meritocracia. Em defesa da autonomia pedagógica.

Profissionais de educação da rede estadual se reuniram na Hebraica, em

Laranjeiras, no dia 8 de maio | Foto: Samuel Tosta/Sepe

Plebiscito da rede municipal foi prorrogado!!O Plebiscito para avaliação da

política educacional do governo municipal foi prorrogado até 22 de maio.

A enquete, iniciada em abril, foi prorrogada devido a uma série de tentativas da SME de

impedir a realização da consulta nas escolas, iniciada em abril. O Sepe mantém em seu

site (www.seperj.org.br) o link eletrônico para que a categoria possa participar da votação

pela internet e dizer o que acha da política educacional do prefeito Eduardo Paes e da

secretária de Educação Cláudia Costin.

Page 12: Prévia Edição 23 revista Vírus Planetário

Andes-SN Central Sindical e Popular - Conlutas

10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA JÁ!