proposta de implementaÇÃo da norma ohsas 18000

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADAS CURSO: ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000 PARA A UNIMED LIMEIRA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO. Eveline Aparecida de Sousa

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Page 1: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADASCURSO: ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA

NORMA OHSAS 18000 PARA A

UNIMED LIMEIRA COOPERATIVA DE

TRABALHO MÉDICO.

Eveline Aparecida de Sousa

Limeira – SP2006

Page 2: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADASCURSO: ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA

NORMA OHSAS 18000 PARA A

UNIMED LIMEIRA COOPERATIVA DE

TRABALHO MÉDICO.

Eveline Aparecida de Sousa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Administração de Empresas do Instituto Superior de Ciências Aplicadas como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Administração.Orientador Prof. José Roberto Soares Ribeiro.

Limeira – SP2006

1

Page 3: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

EVELINE APARECIDA DE SOUSA

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA

NORMA OHSAS 18000 PARA A

UNIMED LIMEIRA COOPERATIVA DE

TRABALHO MÉDICO.

BANCA EXAMINADORA

2

Page 4: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Dedico este, a todos que fazem parte do meu afeto,

minha família, meu noivo e meus amigos.

3

Page 5: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me transmitir força suficiente para me fazer

perseverar durante o curso de Graduação e na elaboração deste trabalho. Aos

Professores que colaboraram para meu aprimoramento cultural e intelectual,

especialmente ao Professor José Roberto Soares Ribeiro, pela assessoria na

elaboração deste trabalho. À Unimed Limeira, pela oportunidade de aprimoramento

profissional. Às pessoas que privei de minha presença pelo longo período em que os

deixei para me dedicar ao curso e a este trabalho, meu sincero agradecimento pela

compreensão. Aos meus amados pais, pelo carinho e apoio de sempre. Ao meu

querido irmão, pelo carinho e amizade. Ao meu amado noivo, pela paciência,

dedicação e incentivo, que sem os quais, tornaria o trabalho ainda mais árduo e

sofrido. Às minhas queridas colegas de classe, pelo carinho e amizade sempre

presentes e aos meus amigos, que ao meu lado ou distantes, sei que torcem por

mim.

4

Page 6: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é formular uma proposta de implementação da

norma OHSAS 18001 para a Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico. Os

dados teóricos foram levantados através de pesquisa bibliográfica e os dados

práticos através de consulta documental e observações assistemáticas da

pesquisadora. A Unimed Limeira atua em dois segmentos de negócio distintos

conforme suas características, sendo eles o Hospital e a Sede Administrativa. O

Hospital por compreender atividades mais complexas e um número maior de

trabalhadores, possui atualmente um Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho

bem estruturado, formado por profissionais técnicos da área, que aplicam os

requisitos das exigências legais e ações gerenciais. Portanto, a implementação dos

requisitos da norma neste local seria mais fácil. A Sede Administrativa atua no

cumprimento das exigências legais, mas não possui um sistema de gestão

estruturado. Portanto, neste local, inicialmente deve ser instituído um Grupo de

Implementação que adaptará o sistema para o atendimento aos requisitos da norma.

Pode-se concluir que o objetivo desse estudo foi alcançado, pois o estudo

bibliográfico demonstrou a necessidade de se implementar sistemas de gestão para

a segurança e saúde dos trabalhadores e a finalização deste estudo resultou na

proposta de implementação da norma em questão, com as ações que devem ser

adotadas para cumprimento dos requisitos desta norma.

PALAVRAS CHAVES: Sistema de Gestão. Segurança do Trabalho. Saúde do

Trabalho. OHSAS 18001.

5

Page 7: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................................10

1.1 Apresentação da empresa.............................................................................10

1.1.1 Síntese Histórica......................................................................................11

1.2 Problema de Pesquisa...................................................................................12

1.3 Objetivos.........................................................................................................14

1.4 Justificativa.....................................................................................................14

2. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO..16

3. A ATUAL LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO........19

4. A GESTÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO..........21

5. A QUALIDADE E O SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. . .23

5.1 A Relação entre Qualidade e Segurança e Saúde do Trabalho.................24

6. MODELOS NORMATIVOS PARA A GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHO...............................................................................................................26

7. IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO

TRABALHO...............................................................................................................29

7.1 Estrutura da Norma OHSAS 18001...............................................................33

7.2 O Ciclo PDCA na Gestão do Sistema de Segurança e Saúde Ocupacional

...............................................................................................................................35

7.2.1 PLAN - Planejando o Sistema.................................................................36

7.2.1.1 Política de Segurança e Saúde do Trabalho...................................36

7.2.1.2 Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos............36

7.2.1.3 Objetivos e Programas de Gestão da Segurança e Saúde do

Trabalho.........................................................................................................37

7.2.1.4 Exigências Legais e Outras.............................................................37

6

Page 8: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2.2 DO – Operando o Sistema......................................................................37

7.2.2.1 Documentação e controle de documentos e dados......................38

7.2.2.2 Preparação e atendimento a emergências.....................................39

7.2.2.3 Consulta e comunicação..................................................................39

7.2.2.4 Controle operacional........................................................................40

7.2.2.5 Estrutura e Responsabilidade..........................................................41

7.2.2.6 Treinamento, conscientização e competência...............................42

7.2.3 – CHECK – Monitorando os Resultados................................................43

7.2.3.1 Medição e Monitoramento de Desempenho...................................43

7.2.3.2 Controle e Gestão de Registros.......................................................44

7.2.3.3 Auditoria............................................................................................45

7.2.4 ACT – Introduzindo Melhorias................................................................46

7.2.4.1 Acidentes, incidentes, não-conformidades, ações preventivas e

corretivas.......................................................................................................46

7.2.4.2 Análise Crítica pela Administração.................................................48

8. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................49

8.1 Tipologia da Pesquisa...................................................................................49

8.2 Instrumentos de Coleta de Dados................................................................49

8.3 Universo e Amostra.......................................................................................49

8.4 Instrumento de Análise dos Dados..............................................................49

9. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHO DA UNIMED LIMEIRA..........................................................................50

9.1 O Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho no Hospital Unimed

Limeira..................................................................................................................50

9.2 O Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho na Sede Adminis-

trativa da Unimed Limeira...................................................................................53

10. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18001 PARA A

UNIMED LIMEIRA.....................................................................................................54

10.1 Grupo de Implementação do Sistema de Gestão de SST.........................54

10.2 Política de Segurança e Saúde do Trabalho..............................................55

7

Page 9: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.3 Procedimento para Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de

Riscos................................................................................................................... 55

10.4 Requisitos Legais e outros requisitos.......................................................56

10.5 Objetivos.......................................................................................................57

10.6 Programa de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.......................57

10.7 Estrutura e Responsabilidade.....................................................................58

10.8 Treinamento, Conscientização e Competência.........................................58

10.9 Consulta e Comunicação............................................................................59

10.10 Documentação e Controle de Documentos e Dados..............................60

10.11 Controle Operacional.................................................................................61

10.12 Preparação e Atendimento a Emergências..............................................61

10.13 Avaliação de Desempenho e Monitoramento..........................................61

10.14 Acidentes, Incidentes, não-Conformidades, Ações Corretivas e

Preventivas...........................................................................................................62

10.15 Registros.....................................................................................................63

10.16 Auditorias....................................................................................................63

10.17 Análise Crítica pela Administração..........................................................64

10.18 Considerações gerais - resumo................................................................64

11. CONCLUSÃO......................................................................................................67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................68

8

Page 10: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa é formular uma proposta de implementação da

norma OHSAS 18001 para a Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico.

Especificamente, esse estudo tem o escopo de verificar a necessidade empresarial

de se implementar um sistema de gestão com o propósito de monitorar a saúde e a

segurança dos trabalhadores, levantar quais são e como se pode ter acesso às

ferramentas para servir de referencial para a Gestão de Segurança e Saúde do

Trabalho, apresentar a norma OHSAS 18001, apresentar os conceitos e critérios

para sua implementação e apresentar a situação atual da Unimed Limeira com

relação à segurança e saúde do trabalho, verificando quais critérios devem ser

adotados para que a empresa esteja habilitada à certificação pelos órgãos

competentes.

O capítulo 1 refere-se à caracterização da pesquisa, que engloba a

apresentação da empresa, o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa.

A pesquisa bibliográfica está concentrada nos capítulos de 2 a 7, sendo que o

capítulo 2 apresenta o histórico e a evolução da segurança e saúde do trabalho; o

capítulo 3 apresenta a atual legislação de segurança e saúde do trabalho; o capítulo

4 compreende a gestão do sistema de segurança e saúde do trabalho; o capítulo 5

apresenta a qualidade e o sistema de segurança e saúde do trabalho; o capítulo 6

mostra os modelos normativos para a gestão de segurança e saúde do trabalho e no

capítulo 7 é demonstrada a implementação do sistema de gestão de segurança e

saúde do trabalho, através da estrutura da norma OHSAS 18001 e do ciclo PDCA.

No capítulo 8 é apresentada a metodologia aplicada ao estudo.

A parte prática do estudo concentra-se nos capítulos 9 e 10, sendo que o

capítulo 9 refere-se às características do sistema de segurança e saúde do trabalho

da Unimed Limeira e o capítulo 10 refere-se à proposta de implementação da norma

OHSAS 18001 para a Unimed Limeira.

9

Page 11: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este capítulo apresenta as características deste estudo, compreendendo a

apresentação da empresa e sua síntese histórica, o problema de pesquisa, os

objetivos e a justificativa.

1.1 Apresentação da empresa

A Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico atua na prestação de

serviços relacionados à saúde. Atualmente, oferece Planos de Assistência Médico-

hospitalar a Pessoas Físicas e Jurídicas e produtos relacionados à Medicina e

Segurança do Trabalho. Sua área de atuação compreende as cidades de Limeira,

Iracemápolis e Cordeirópolis.

A Sede Administrativa da empresa está situada à Rua Santa Terezinha nº 05,

no Centro de Limeira-SP.

Aproximadamente 450 pessoas compõem seu quadro total de funcionários,

subdivididos nas unidades da empresa, que compreendem a Sede Administrativa,

Pronto Atendimento e Hospital, Centro de Medicina Preventiva e Ocupacional,

Farmácia e Ótica. Além disso, a cooperativa é composta por 143 médicos

associados, 04 médicos credenciados e 47 plantonistas.

A empresa possui atualmente cerca de 51.000 clientes e os principais

produtos comercializados são:

Planos de Assistência Médico-hospitalar - Pessoa Jurídica

EVA – Plano regulamentado com acomodação em apartamento duplo;

EVB – Plano regulamentado com acomodação em apartamento privativo.

Planos de Assistência Médico-hospitalar – Pessoa Física

VLA - Plano regulamentado com acomodação em apartamento duplo;

VLB - Plano regulamentado com acomodação em apartamento privativo.

10

Page 12: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Programas de Medicina e Segurança do Trabalho

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais no Trabalho

Laudo Ergonômico e CIPA

Os principais clientes são compostos de Pessoas Jurídicas, dentre as quais:

Águas de Limeira S/A, Álcool Ferreira S/A, Associação Limeirense de Educação,

Auto Posto e Restaurante Castelo Ltda, Brasil Batistella Const. E Inc., Burigotto S/A

Ind. e Com., Cial. Germânica de Veículos e Peças, Empresa de Transportes Covre

Ltda, Escola Técnica Einstein S/C Ltda, Galzerano Ind. de Carrinhos e Berços Ltda,

Gazeta de Limeira, Hanna Ind. Mecânica Ltda, Imag Ind. de Máquinas Aguiar Ltda,

Ind. de Máquinas Zaccaria S/A, Jornal de Limeira, Lazinho Transportes Ltda, Lume

Cerâmica, Mahle Metal Leve S/A, Mastra Ind. e Com. Ltda, Newton Ind. e Com.

Ltda, Organização Industrial Centenário Ltda, Papirus S/A Papel e Celulose, Ripasa

S/A Celulose e Papel, Rodoposto Topázio Ltda, Tankar Equiptos. Rodoviários,

Vésper Transportes Ltda e Viação Limeirense Ltda.

1.1.1 Síntese Histórica

Fundada em 25 de fevereiro de 1982, a Unimed Limeira é fruto do idealismo

de vinte e quatro médicos que viram nessa forma de trabalho, a melhor opção, tanto

para a classe médica como para a população.

Desde então, muita coisa mudou, mas não a proposta de transformar sonhos

em uma realidade melhor para todos e a filosofia de promoção eficaz da saúde, o

que resultou no crescimento e desenvolvimento da Unimed Limeira.

A cooperativa médica conta com hospital próprio, farmácia e ótica, amplo

número de médicos e especialidades, contando com o apoio de funcionários

qualificados e da diretoria empreendedora que mantém a empresa com ousadia e

competência.

Assim se escreve a trajetória de sucesso da cooperativa, facilmente

demonstrada pelo pioneirismo de suas ações, liderança no mercado e universo de

clientes atendidos.

11

Page 13: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Em todo país a Unimed (junção das palavras “união” e “médicos”) é um

sistema de cooperativas de trabalho médico, iniciado na cidade de Santos em 18 de

dezembro de 1967. Atualmente, congrega mais de 360 cooperativas no Brasil, mais

de 10 milhões de clientes e mais de 90.000 médicos cooperados. Cada cooperativa

tem gestão independente e abrangência de uma região.

O logotipo e marca, um pinheiro verde, foi inspirado por seus idealizadores e

fundadores com base em pesquisa antropológica, sociológica e histórica da

civilização, cujas descobertas apontaram como símbolo comum à árvore de um

pinheiro para representar a ação cooperativista por um grupo de pessoas.

1.2 Problema de Pesquisa

Ao que se sabe, a preocupação com a saúde dos trabalhadores iniciou-se no

século XVI, mas o escrito que marcou os estudos sobre essa área é datado do ano

1700 e tem origem na publicação da obra De morbis artificum diatriba, de

Ramazzini. Desde então, esta preocupação é crescente e houve evolução nos

estudos, principalmente após a Revolução Industrial, quando surgiram as primeiras

leis trabalhistas, com o intuito de proteger o ser humano de acidentes e possíveis

doenças adquiridas em decorrência da atividade laboral. (PACHECO JÚNIOR, 1995,

p. 13).

Entretanto, mesmo com a evolução dos estudos e o estabelecimento de

medidas visando à conservação da saúde e prevenção de acidentes de trabalho, as

moléstias ocupacionais jamais deixaram de existir, provocando às empresas uma

enorme preocupação, já que o elemento prejudicado é o ser humano, que tem

ligação íntima com o resultado e a produtividade de qualquer organização. Além

disso, as organizações de negócios e o governo se preocupam com o alto custo

gerado pelos afastamentos e aposentadorias antecipadas a que dão origem os

acidentes e doenças ocupacionais. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.13)

No Brasil, é atividade do Ministério do Trabalho exigir o cumprimento das leis

que normatizam as medidas preventivas de Saúde e Segurança do Trabalho, que

visam ofertar aos trabalhadores condições de trabalho que não ocasionem danos a

sua saúde. (BENITE, 2004, p. 15)

12

Page 14: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

As empresas buscam atender as exigências legais, mas isso não basta

para que tenham um sistema de controle eficaz, que monitore os resultados dos

gastos com as medidas preventivas. Por isso, frente às mudanças que vêm

ocorrendo mundialmente no contexto social, político, econômico e tecnológico, as

organizações se vêem obrigadas a adotar novas estratégias empresariais.

O advento da Qualidade trouxe uma grande contribuição para esta questão,

oferecendo às empresas, modelos de gestão que padronizam e propõem uma

mudança de cultura com base na melhoria contínua dos processos.

Enfrentando a competitividade acirrada e, consequentemente, um público

consumidor mais crítico, as organizações foram forçadas a dispor no mercado

produtos que oferecessem uma excelente qualidade. Talvez por isso, a Qualidade

teve uma aceitação maior inicialmente nas indústrias, mas com o tempo, os

conceitos e as metodologias passaram a integrar os setores de comércio e

prestação de serviços.

Como a adesão das organizações às normas de Qualidade foi bastante

marcante, achou-se interessante criar uma norma para a Gestão de Segurança e

Saúde do Trabalho. A primeira tentativa consistente de elaborar uma referência

normativa a ser aplicada à Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho foi a norma

britânica BS 8800 (British Satandard), seus conceitos condizem com os das normas

da série ISO 9000 (Sistema da Qualidade) e com as da série ISO 14000 (Gestão

Ambiental), porém essa norma não permitia que as empresas que a implantassem

obtivessem a certificação de seus sistemas. (BENITE, 2004, p. 16)

Portanto, a norma BS 8800, que continua válida, motivou diversas entidades

normativas a elaborar um conjunto de normas denominadas de OHSAS

(Occupational Health and Safety Assessment Series), com o intuito de promover a

certificação de programas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente.

(BUREAU VERITAS Módulo B, 2003, p. 3-5).

A partir da criação dessas normas, alguns questionamentos são apresentados

pelas empresas, como: qual o papel do uso e melhoria da Qualidade para auxiliar na

Gestão da Saúde e Segurança dos trabalhadores? A esse respeito, qual o papel da

criação da norma OHSAS 18000? Que critérios de padronização e ferramentas da

Qualidade à Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho são estabelecidos por esta

norma?

13

Page 15: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Especificamente, este trabalho tem o intuito de investigar alternativas para

responder as seguintes questões: é possível implementar sistemas para monitorar

os efeitos causados pela atividade laboral aos que a exercem? Como gerir o

Sistema de Medicina e Segurança do Trabalho de forma eficaz? Como padronizar a

gestão desse Sistema?

É possível aplicar alguma ferramenta ou metodologia que operacionalize essa

gestão? Há uma necessidade empresarial de implementar um sistema de gestão

com o propósito de monitorar a saúde e a segurança dos trabalhadores? Quais são

e como se pode ter acesso às ferramentas para servir de referencial para a Gestão

de Medicina e Segurança do Trabalho?

1.3 Objetivos

O objetivo desta pesquisa é formular uma proposta de implementação da

norma OHSAS 18000 para a Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico.

Especificamente, os objetivos são:

Verificar a necessidade empresarial de implementar um sistema de gestão

com o propósito de monitorar a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Levantar quais são e como se pode ter acesso às ferramentas para servir de

referencial para a Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.

Apresentar a norma OHSAS 18001

Apresentar os conceitos e critérios para sua implementação

Apresentar a situação atual da Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho

Médico com relação à segurança e saúde do trabalho

Formular uma proposta de implementação da citada norma, tendo em vista as

particularidades da organização.

1.4 Justificativa

A Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico e seus funcionários terão

como benefício deste estudo a formulação de uma proposta que, se implantada,

poderá melhorar as condições de trabalho na organização, trazendo satisfação a

todos.

14

Page 16: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Já a pesquisadora terá como benefício o aprofundamento em uma temática

de seu interesse, além de poder contribuir para a organização da qual é

colaboradora.

15

Page 17: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

2. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

O trabalho surgiu no mundo junto com o primeiro homem. E com eles surgiram os acidentes e as doenças. No entanto, as interações entre as atividades laborativas e doenças só começaram a ser estabelecidas há cerca de 270 anos atrás. (BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.3)

Desde Hipócrates (460-375 a.C.), com as observações sobre saturnismo, no clássico “Ar, água e lugares” aos Romanos (50-100 d.C.), com as descrições do trabalho nas minas existentes na época, já se fazia uma relação íntima entre o trabalho e algumas doenças. Lucrécio (100 a.C.), questionava a morte prematura dos “cavouqueiros” das minas. Plínio, o velho (23-79 d.C), descreve o aspecto dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeiras. (DE MARCO e FELISMINO, 2002, p.8)

“Em 1556, Geog Bauer, mais conhecido como Georgius Agrícola, em seu livro

“De Re Metálica”, dedica um capítulo de seu livro aos acidentes de trabalho nas

minas de ouro e prata, onde menciona a “asma dos mineiros” – a silicose. (...)” (DE

MARCO e FELISMINO, 2002, p.8)

A primeira monografia sobre as relações entre ambiente de trabalho e doença foi de autoria de PARACELSO (cerca de 1567), que viveu muitos anos em um centro da Boemia. Ele fez numerosas observações relacionando métodos de trabalho ou substâncias manuseadas com doenças de trabalho. É de se destacar, por exemplo, que os principais sintomas de intoxicação pelo mercúrio, estão ali assinalados. (BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.3)

Entretanto, a obra de maior importância foi a de BERNARDO RAMAZZINI “De Morbis Artificium Diatriba” que lhe conferiu o título de “Pai da Medicina do Trabalho”, como é mundialmente reverenciado. Neste tratado, publicado em 1700, foram descritas com detalhada perfeição, os riscos e/ou doenças relacionadas a cerca de 54 profissões diversas. RAMAZZINI acrescentou às perguntas hipocráticas uma nova: “Qual é a sua ocupação?” que redirecionou a anamnese de então. (BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.3)

16

Page 18: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Com a Revolução Industrial na Europa, principalmente Inglaterra, França e Alemanha (1760 – 1880) e seus efeitos: mecanização, produção em série, necessidade de trabalho feminino e infantil e o aumento dos infortúnios no trabalho, surgiu em 1802 na Inglaterra, a primeira Lei de proteção aos trabalhadores, que limitava o trabalho diário a doze horas, regularizava a idade mínima para o trabalho, proibia o trabalho noturno e obrigava a limpeza das paredes das fábricas ao menos duas vezes por ano. (DE MARCO e FELISMINO, 2002, p.9).

Em 1833, foi criado o “Factory Act”, considerada a primeira legislação, com

efeito, na proteção do trabalhador, impedindo o trabalho noturno aos menores de

dezoito anos, reduzindo a jornada de trabalho para sessenta e nove horas

semanais, definindo que os trabalhadores menores de treze anos deveriam

freqüentar escolas nas próprias fábricas, sendo acompanhados por médicos que

atestariam se o desenvolvimento físico condizia com sua idade cronológica.

(BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.6)

“(...) Em 1919 é criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), pela

Organização Mundial da Saúde (OMS).” (DE MARCO e FELISMINO, 2002, p.9)

Nos Estados Unidos, somente no início do século XX, a partir da legislação

sobre indenizações em casos de acidente de trabalho, surgiram os primeiros

serviços médicos de empresas, cujo objetivo era reduzir os custos referentes a estas

indenizações. Nos últimos 40 anos, este programa tornou-se amplo, incluindo

problemas doentios não ocupacionais de menor importância. Atualmente, a grande

maioria dos serviços médicos industriais americanos incorpora as práticas de

prevenção de doenças e manutenção da saúde. (BUREAU VERITAS, Módulo A,

2003, p.6)

“No Brasil, a primeira lei contra acidentes, lei 3.724, de 15/01/1919, impunha

regulamentos prevencionistas ao setor ferroviário, já que nesta época eram

praticamente, quase inexistentes outros empreendimentos industriais de vulto.”

(BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.7)

17

Page 19: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

O ano de 1934 constituiu-se num marco em nossa história, pois foi nele que surgiu a nossa lei trabalhista, que colocou nosso país na vanguarda de legislação social avançada. O decreto 24.637, de 10/07/1934, instituiu uma regulamentação bastante ampla, no que se refere à prevenção de acidentes. O Decreto-lei nº 7.036, de 10/11/1944 atualizou as leis anteriores e Decretos e Portarias adicionais culminaram em uma regulamentação bastante ampla no campo de segurança e higiene industriais. (BUREAU VERITAS, Módulo A, 2003, p.7)

Em 1968 nasce o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), ligado ao Ministério do Trabalho; foi a partir daí que o Estado se deu conta da prioridade da questão, principalmente no fator econômico. Em 1969 é instalada a marca mais característica, segundo René Mendes, da saúde ocupacional em nosso país: a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO. (DE MARCO e FELISMINO, 2002, p.10)

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Page 20: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

3. A ATUAL LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

A partir de 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil (CF), o trabalhador foi valorizado e passou a contar com a proteção jurídica. O capítulo II – Dos Direitos Sociais – (Art. 6º e 7º) menciona a redução dos riscos inerentes ao trabalho, através de normas de Saúde, Higiene e Segurança (inciso XXII – artigo 7º, de 05/10/1988) e Seguro Contra Acidentes de Trabalho (inciso XXVIII – art. 7º CF/88). (ARAÚJO, 2005, p. 13)

“A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT reserva seu Capítulo V, Título II,

à Segurança e Medicina do Trabalho.” (ARAÚJO, 2005, p. 13)

Em complemento a CLT, O Ministério do Trabalho instituiu as Normas Regulamentadoras (NR), publicadas inicialmente pela Portaria MTb 3.214, de 08/06/1978, mas que são atualizadas continuamente pela edição de Portarias complementares. (ARAÚJO, 2005, p. 13)

Na Portaria MTb 3.214/78, o Ministério do Trabalho aprovou as Normas

Regulamentadoras (NR) previstas no Capítulo V da CLT. A Segurança do Trabalho

Rural possui uma regulamentação específica, através da Lei 5.889, de 05/06/1973,

cujas Normas Regulamentadoras Rurais (NRR) foram aprovadas pela Portaria MTb

3.067, de 12/04/88. (ARAÚJO, 2005, p. 13)

Além desse conjunto de normas e legislações, existem ainda as leis

previdenciárias, que regulamentam a legislação acidentária e a aposentadoria

especial. (ARAÚJO, 2005, p. 14)

“Incorporam-se às leis brasileiras, as Convenções da OIT (Organização

Internacional do Trabalho), quando promulgadas por Decretos Presidenciais.”

(ARAÚJO, 2005, p. 14).

Essas Convenções somente são aceitas pelo país após a aprovação do

Congresso Nacional. Além da legislação ordinária, há um conjunto de Leis,

19

Page 21: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Decretos, Portarias e Instruções Normativas que complementam os requisitos legais

da atividade de Segurança e Saúde do Trabalho. (ARAÚJO, 2005, p.14)

Como se pode notar, o Estado possui um importante papel na implementação

de medidas relacionadas à Segurança e Saúde do Trabalho. O maior interesse do

governo, bem como dos empresários, é diminuir o custo social com os acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais, além de proporcionar um ambiente salubre e

melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores. Por isso, a evolução ocorrida

nesse âmbito, não deve ser encarada pelo governo como parte de um programa, o

ideal é considerá-la integrante de um objetivo nacional constante, dessa forma,

manter-se ativo em busca de aprimoramento contínuo.

Embora o governo tenha responsabilidade de impor essas normatizações,

colocar essas medidas em prática exige o dever da cidadania. Somente a partir da

conscientização de que cada um tem seu papel, pode-se contribuir para a melhoria

do ambiente laboral e para a formação de uma sociedade mais sadia e produtiva.

20

Page 22: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

4. A GESTÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

Segundo a OIT, a segurança e saúde no trabalho têm como propósito essencial: promover e manter um elevado grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas suas atividades, impedir qualquer dano causado pelas condições de trabalho e proteger contra os riscos da presença de agentes prejudiciais à saúde. (BENITE, 2004, p.37)

No Brasil, os modelos tradicionais são aplicados em grande parte das empresas, visto que as suas principais ações em relação ao assunto tomam como base, essencialmente, o cumprimento das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Previdência Social, as primeiras prescritivas quanto aos controles a serem adotados e a segunda com foco na compensação dos acidentados. (BENITE, 2004, p. 15)

O Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho consiste em um conjunto de

subsistemas providos de recursos e regras, que interagem harmonicamente entre si

e com outros sistemas. Através do planejamento e desenvolvimento de ações, este

sistema, tem o intuito de prevenir acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e

incidentes críticos, visando a melhoria das condições de trabalho e maior

produtividade. Para que as ações propostas pelo sistema sejam desenvolvidas de

forma eficaz, todos os setores envolvidos devem conhecer suas atribuições e

comprometerem-se a realizá-las. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.25)

Da forma como é apresentado, o Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho

difere dos atuais modelos de sistemas de qualidade, pois não possui uma dinâmica

no fluxo de informações, nem a avaliação e melhoria contínua em suas ações. Para

adequação do sistema, torna-se necessário aplicar conceitos da gestão da

qualidade, dinamizando o tratamento das informações e considerando as retro-

informações para avaliar o sistema e propor melhorias que eliminem e previnam

riscos inerentes à atividade laboral. (PACHECO JÚNIOR, 2005, p.25)

A gestão do Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho não deve ter como

foco o cumprimento de legislações, mas sim, a criação de uma cultura

prevencionista que proporcione segurança e garanta a integridade dos

21

Page 23: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

trabalhadores, visando o aumento da produtividade. Para que esta cultura se

estabeleça, as empresas devem implementar os modelos tradicionais, partindo para

a adoção de modelos de gestão que sejam condizentes com os conceitos de

desenvolvimento sustentável e responsabilidade social e que possibilitem a melhoria

contínua do desempenho do Sistema. (BENITE, 2004, p. 15)

A norma BS 8800 define sistema de gestão como: “um conjunto, em qualquer nível de complexidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos; componentes esses que interagem de um modo organizado para assegurar que uma tarefa é realizada ou para alcançar ou manter um resultado específico” – detalhando melhor quais podem ser os elementos do sistema de gestão. (BENITE, 2004, p.37)

22

Page 24: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

5. A QUALIDADE E O SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

A palavra “qualidade” pode oferecer um número amplo de significados.

Segundo Silveira Bueno, no Minidicionário da Língua Portuguesa (1996), qualidade

é:

“característico de uma coisa; modo de ser; disposição moral; predicado;

nobreza; espécie; gravidade; aptidão”.

Portanto, pode-se admitir que “qualidade” é uma característica que permite

distinguir e determinar a natureza de coisas ou pessoas, nesse âmbito, admite-se

que a qualidade pode ser tanto boa quanto má. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.19)

A partir da última década, quando se deu o advento da Qualidade, esta

palavra passou também, a representar a adoção de conceitos pelas organizações,

se firmando como um termo técnico. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.19)

A norma ISO 9000:2000 (International Organization for Standardization)

define como qualidade: “grau no qual um conjunto de características inerentes

satisfaz requisitos”. (ABNT, 2000, p.2)

Partindo desta última definição e mediante a absorção dos conceitos dos

Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ), propostos pelas normas internacionais,

percebeu-se que este termo merecia maior exploração e amplitude de suas

proposições às diversas atividades. Dessa forma, surgiram novas abordagens para

o termo, estendendo seus conceitos a projetos, produtos, serviços e processos.

(PACHECO JÚNIOR, 1995, p. 19)

Independente de qual seja a aplicação ou atividade, desde o início, os

conceitos propostos pela Qualidade possuem apenas um foco, o cliente. Isto se dá

porque o cliente é a razão final da empresa, ou seja, sua condição de sobrevivência.

Sendo que, numa economia competitiva como a atual, é imprescindível conquistar,

manter e fidelizar os clientes. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.19)

Contudo, as empresas também possuem suas necessidades internas antes de satisfazer as necessidades de seus clientes, devido a isto, todas as unidades das empresas também devem ser consideradas como cliente quanto a suas necessidades. (...) (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.20)

23

Page 25: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Em meio a tantas mudanças e ao avanço galopante da tecnologia, a

Qualidade deixou de ser diferencial e passou a ser exigência. Para manter seus

produtos no mercado, as empresas precisam demonstrar aos clientes que há

excelência no que fazem. Nesse aspecto, as certificações através de normas

internacionais de Qualidade promovem uma garantia de que aquele bem, tangível

ou intangível, a ser adquirido obedece a um sistema padronizado e focado aos

clientes e à melhoria contínua.

Entretanto, para oferecer aos clientes finais um produto ou serviço com

qualidade, a empresa precisa estar estruturada internamente, lembrando que, de

acordo com a Teoria Geral de Sistemas, todo organismo é dotado de partes

interdependentes que se relacionam entre si, dessa forma, cada departamento, cada

atividade, cada processo é dependente de outro, assim, as empresas devem se

preocupar em oferecer qualidade também a seus clientes internos. A partir desse

pressuposto, as empresas aplicam os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) para

satisfazer suas necessidades de padronização e organização e consequentemente,

externam a excelência conseguida nos processos, através de seus produtos e/ou

serviços.

Como já mencionado, a qualidade requer a adoção da cultura de melhoria

contínua, portanto não possui caráter estático, mas sim dinâmico e contínuo. Por

isso, é preciso que as organizações estejam atentas ao feedback contínuo de

informações, para se adequarem e melhorarem cada vez mais.

5.1 A Relação entre Qualidade e Segurança e Saúde do Trabalho

Para garantir sua sobrevivência, um organismo vivo depende exclusivamente

de suas funções vitais. Se compararmos uma empresa a um organismo assim,

significa que para manter-se, seus órgãos vitais devem estar em perfeito

funcionamento. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p.21)

Atualmente, para uma organização, manter-se não é suficiente, para atingir o

crescimento é preciso evitar enfermidades que acabem por levá-las a perecer. Para

evitar que isso ocorra, todos os sistemas devem ser conduzidos com harmonia,

gerando o elemento essencial à existência de uma empresa, o lucro. (PACHECO

JÚNIOR, 1995, p.21)

24

Page 26: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Bem como os organismos vivos, as organizações sofrem influências que

ameaçam seu bem-estar, para enfrentá-las, as empresas devem ser capazes de

planejar e desenvolver continuamente ações que satisfaçam suas necessidades

internas e as necessidades apresentadas pelo mercado onde está situada.

As ocorrências de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais devem ser

consideradas como enfermidades que podem afetar a saúde de uma empresa.

Esses males normalmente são ocasionados por agentes que não atendem aos

critérios que promovem as medidas de segurança e preservação da saúde dos

trabalhadores. (PACHECO JÚNIOR, 1995, p. 21-22)

Quando essas enfermidades acontecem, comumente se utiliza da medicina

corretiva para saná-las, com isso o tempo de cura se estende e os custos são

elevados. O mais viável seria utilizar-se da medicina preventiva, através de ações

que beneficiassem aos trabalhadores da organização em geral e proporcionassem a

manutenção da saúde em bom estado. Dessa forma, a prevenção de acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais também deve ser tratada como necessidade

básica de uma empresa, de modo que seja possível planejar e desenvolver ações

contínuas para obter a qualidade na segurança e saúde do trabalho. (PACHECO

JÚNIOR, 1995, p. 22)

A partir daí se estabelece a relação entre qualidade e segurança e saúde do

trabalho. É preciso evidenciar esse processo dentro da organização e se

conscientizar de que não basta manter a excelência em projetos, processo, produtos

e serviços, se o ativo principal da empresa, o ser humano, não tem seu bem mais

precioso, a saúde, valorizado pela organização a que faz parte. A qualidade pode

ser uma ferramenta importante também na segurança e saúde do trabalho.

Os conceitos propostos pelos SGQs possibilitam uma gestão eficaz da

segurança e saúde do trabalho a partir do pressuposto que padronizam as rotinas,

estabelecem indicadores de avaliação e proporcionam a melhoria contínua através

da retroalimentação do sistema, de um modo dinâmico e contínuo. Ressaltando que

nesse aspecto, os clientes beneficiados pela Qualidade são a empresa e seus

trabalhadores.

Partindo desses preceitos, foram criadas normas internacionais, visando a

adoção dos conceitos de qualidade e a padronização da Gestão de Segurança e

Saúde Ocupacional, que serão explanadas no capítulo seguinte.

25

Page 27: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

6. MODELOS NORMATIVOS PARA A GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

As mudanças que vêm ocorrendo no contexto social, econômico, político e tecnológico no mundo e no Brasil, impõem às empresas a necessidade de novas estratégias e deixam evidente que os modelos de gestão tradicionais não são suficientes para responder aos novos desafios surgidos, devendo ser reavaliados. (BENITE, 2004, p.13)

No atual mundo globalizado com a crescente competição e o aumento das

exigências dos clientes, surge a necessidade de uma nova visão para solucionar os

problemas organizacionais. Dessa forma, há uma grande busca pela implementação

de Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQs), em especial os das normas da série

ISO 9000, pois a adoção desses sistemas proporcionam diversos resultados

positivos como a diminuição do desperdício, melhoria da qualidade dos produtos e

serviços, maior nível de satisfação dos clientes, maior organização e controle dos

processos administrativos e produtivos, entre outros. (BENITE, 2004, p.13)

Porém, fatos ocorridos no mundo, envolvendo acidentes e desastres, deixam

claro que não basta às empresas visar somente o lucro, é necessário adotar uma

atuação ética e responsável quanto à segurança e saúde no trabalho, meio

ambiente e responsabilidade social. (BENITE, 2004, p.13)

A redução dos acidentes de trabalho não tem solução simples, apesar de

avanços nas legislações, a prevenção de acidentes ainda necessita de melhorias

significativas. Portanto, é certo afirmar que as empresas, agindo com uma visão

social, podem diminuir os índices de acidentes, fato que não ocorre com ênfase

devido à adoção de modelos tradicionais de gestão para o Sistema de Segurança e

Saúde do Trabalho. (BENITE, 2004, p.15)

A busca crescente por modelos que proporcionassem o estabelecimento da

Gestão de Sistemas de Segurança e Saúde do Trabalho motivou muitas instituições

públicas e privadas a desenvolverem normas e guias voltados ao assunto. Neste

processo, pode-se destacar a participação da Grã-Bretanha que, através do seu

organismo normalizador British Standards, é considerada o berço das normas de

sistemas de gestão. (BENITE, 2004, p.16)

Mantendo seu pioneirismo, a British Santandards, com a participação de

sindicatos trabalhistas, seguradoras, órgãos governamentais, representações

26

Page 28: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

setoriais e universidades britânicos, publicou em 1996 a norma BS 8800, sobre

Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho. Essa norma repercutiu

mundialmente, sendo adotada nos mais diversos setores industriais, por contemplar

três objetivos básicos de grande interesse organizacional: minimizar os riscos para

trabalhadores e outros; aprimorar o desempenho da empresa e ajuda-las a

estabelecer uma imagem responsável no mercado em que atua. (BENITE, 2004,

p.16)

A norma foi desenvolvida contando com a experiência obtida em relação às

normas de Sistemas de Gestão da Qualidade e Gestão Ambiental, apesar disso, a

BS 8800 não permite a obtenção de certificados por meio de auditoria de

organismos certificadores, pois engloba um conjunto de orientações e

recomendações, que não estabelece requisitos auditáveis. (BENITE, 2004, p.16)

Diante desse quadro, as entidades normalizadoras e organismos

certificadores buscaram novas alternativas, nos moldes das normas ISO 9000 e ISO

14000, para se adequar às exigências das empresas e fornecer normas que

possibilitassem a implementação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde

do Trabalho que pudesse ser certificado, possibilitando assim o reconhecimento do

mercado às empresas certificadas, pela atuação ética e responsável quanto às

condições do ambiente de trabalho.

A partir daí, surgiram diversas normas para fins de certificação, com destaque

para:

SGS&ISMOL ISA 2000:1997 Requirements for Safety and Health Management Systems;

BVQI SafetyCert Occupational Safety and Health Management Standard;

DNV Standard for Certification of Occupational Health and Safety

Management Systems (OHSMS):1997;

BSI OHSAS 18001 Occupational Health and Safety Management Systems –

Specification.

(BENITE, 2004, p.16-17)

Devido ao surgimento de normas que contemplavam conteúdos diferentes,

evidenciou-se o risco de descrédito pelas partes interessadas, portanto, surgiu a

necessidade de uma norma internacional única, que permitisse a certificação dos

Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho. Em 1998, a OIT assumiu o

27

Page 29: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

processo de elaboração de um guia internacional, o ILO OHS – Guidelines on

Occupational Safety and Health Management Systems, que foi concluído somente

em abril de 2001. Devido à morosidade na conclusão desse guia, em 1999, a British

Standards, em conjunto com diversos organismos certificadores internacionais e

entidades normalizadoras de vários países, desenvolveu e aprovou a norma BSI

OHSAS 18001 Occupational and Health Safety Management Systems –

Specification. Esta norma passou a ser utilizada em nível internacional, substituindo

as normas anteriormente desenvolvidas. (BENITE, 2004, p.18-19)

28

Page 30: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7. IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

As empresas não devem imaginar que a implementação de um Sistema de

Gestão seja uma tarefa fácil e rápida, pois para ser eficaz, além dos requisitos

estabelecidos, é importante que essa implantação seja acompanhada por uma

mudança comportamental dos indivíduos que compõem as organizações em todos

os seus níveis hierárquicos. (BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 5)

A adoção da OHSAS 18001 possibilitará um gerenciamento confiável e

estruturado, apoiado no treinamento e competência de cada funcionário, para que,

com o passar do tempo, as práticas relacionadas à prevenção de danos à saúde e

promoção da segurança aos trabalhadores integrem as ações operacionais e as

decisões estratégicas da empresa. (BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 5)

Quando uma empresa opta por adotar uma norma de certificação como

referência para um sistema de gestão, na verdade, precisa instituir esse sistema, ou

seja, para aplicar os requisitos da norma em questão, a organização deve

implementar o sistema em toda a sua amplitude, partindo inicialmente da seleção

das pessoas que o formarão e a partir de então criar documentos e registros

importantes para o controle e histórico das ações, definir indicadores para

acompanhar o progresso do sistema e estabelecer ferramentas que auxiliarão no

gerenciamento desse sistema. É importante que o sistema esteja bem estruturado,

para que além de cumprir os requisitos da norma, haja um propósito que justifique

sua existência.

Portanto, o primeiro passo para a implementação do SGSSO (Sistema de

Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) é a seleção das pessoas que estarão à

frente desse sistema, na fase de implementação e, posteriormente, em sua gestão.

Para a implantação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional quase tão importante quanto o entendimento do conteúdo, extensão e abrangência da OHSAS 18001 é a identificação e a seleção correta das pessoas da organização que viabilizarão o desenvolvimento do projeto. (BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 3)

A identificação das pessoas que organizarão o SGSSO deverá considerar

características como: comprometimento e convicção dos ganhos obtidos com a

29

Page 31: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

implantação do Sistema de Gestão, conhecimento especializado de Segurança e

Saúde Ocupacional, características de liderança, facilidade de diálogo etc., e poderá

abranger os mais diversos setores da empresa. (BUREAU VERITAS, Módulo C,

2003, p. 3)

As pessoas selecionadas farão parte do Grupo de Implantação, que consiste

numa estrutura com autoridade clara, outorgada pela organização, para conduzir a

implantação. É esse grupo que colocará as ações em prática. A liderança do grupo

deve ser assumida por uma pessoa experiente e de nível gerencial. O Grupo de

Implantação será subordinado a um representante da Administração, que formará

um elo entre o grupo e a Alta Direção da organização, coordenando e garantindo a

efetiva implantação do processo. Além disso há um Comitê de Gestão, formado por

Assessores e Diretores, com a finalidade de analisar e aprovar as ações do grupo.

(BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 5-6)

A estrutura organizacional de implementação está representada na figura 1,

onde a Diretoria Executiva está no primeiro nível, sendo seguida do Comitê de

Gestão e o Representante da Administração que ligará a Diretoria ao Grupo de

Implantação.

Estrutura Organizacional

Implementação do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional

Figura 1 – Estrutura Organizacional

Fonte: Bureau Veritas, Módulo C, 2003, p. 5

30

DIRETORIAEXECUTIVA

COMITÊ DE GESTÃODiretores e Assessores

REPRESENTANTE DA ADMINISTRAÇÃO

GRUPO DE IMPLANTAÇÃO

Page 32: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

“Um grupo de implantação pequeno, com forte representação das funções e

atividades executadas e, claramente, apoiado por uma gerência forte dentro da

planta, poderá garantir uma implantação consistente e eficaz.” (BUREAU VERITAS,

Módulo C, 2003, p. 6)

Para as questões específicas de Segurança e Saúde Ocupacional a empresa

poderá contar com o SEESMT (Serviços Especializados em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho). Segundo a Norma Regulamentadora NR

04, estabelecida pelo Ministério do Trabalho, as empresas devem instituir ou

contratar um SEESMT, que compreende engenheiros e técnicos de segurança do

trabalho, médicos e enfermeiros do trabalho, e auxiliares de enfermagem. Porém

essa equipe deve ser destinada aos assuntos técnicos, sendo importante a

participação de todos da organização para se obter um SGSSO eficaz. (BENITE,

2004, p. 59)

Após a definição das pessoas que estarão à frente da implantação é preciso

estabelecer um planejamento, para que as ações sejam estruturadas e bem

coordenadas. (BUREAU VERITAS, Módulo C, p. 7)

Um bom planejamento do processo de implantação permitirá, basicamente, que a organização identifique e equacione o tempo, os recursos materiais, humanos e financeiros necessários ao desenvolvimento do SGSSO e, posteriormente, à sua manutenção. (BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 7)

A tabela 1 apresenta o planejamento para a implementação do SGSSO,

relacionando as ações que deverão ser estabelecidas e as respectivas

responsabilidades de acordo com o nível do planejamento.

31

Page 33: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Planejamento para a Implementação do SGSSO

Planejamento Macro

Atividades da Coordenação

A Coordenação deverá identificar e viabilizar as ferramentas e recursos necessários

para a implementação do SGSSO:

recursos humanos, financeiros e administrativos

ferramentas e indicadores para o acompanhamento e controle do

cronograma da implantação

programas para sensibilização, formação, treinamento e divulgação das

questões relacionadas e interdependentes do SGSSO

comunicação e ações motivacionais para a difusão do SGSSO

controle de documentos e registros

sistema de auditorias

Planejamento Funcional

Atividades Operacionais

O nível operacional da equipe de implantação deverá se responsabilizar por esta

etapa, que compreende a elaboração e organização da documentação necessária

ao SGSSO:

procedimentos/instruções de identificação e análise de perigos, de prevenção

de riscos

procedimentos/instruções operacionais e de controle relativos a segurança e

saúde ocupacional

procedimentos/instruções de monitoramento e verificação periódica da

conformidade com os requisitos

procedimentos/instruções e/ou planos de ação em emergências

procedimentos/instruções para realização de análises/ensaios

procedimentos/instruções para calibração/manutenção de instrumentos de

medição

procedimentos/instruções relacionadas a fornecedores e contratados

Tab. 1 - Planejamento para a Implantação do SGSSO

Fonte: adaptado de Bureau Veritas, Módulo C, 2003, p. 7-8

32

Page 34: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

O produto final do processo de planejamento é um conjunto de

sistemáticas, de mecanismos, de documentos, de meios,

recursos e monitoramentos de modo a atender, sustentar e

manter o modelo normativo OHSAS 18001. (BUREAU

VERITAS, Módulo C, 2003, p. 8)

7.1 Estrutura da Norma OHSAS 18001

A OHSAS 18001 é uma Especificação da Occupational Health and Safety Assesment Series (OHSAS), que apresenta requisitos para um sistema de gerenciamento de saúde ocupacional e segurança, para capacitar uma organização a controlar seus riscos de SSO e melhorar seu desempenho. (...) (BUREAU VERITAS, Módulo B, 2003, p. 6)

A norma OHSAS é direcionada à implementação da gestão do Sistema de

Segurança e Saúde do Trabalho e sua estrutura está representada na tabela 2.

33

Page 35: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Sumário1. Escopo2. Referências normativas3. Definições4. Elementos do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho

4.1. Requisitos Gerais4.2. Política SSO4.3. Planejamento

4.3.1. Planejamento para Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos

4.3.2. Requisitos Legais e Outros Requisitos4.3.3. Objetivos4.3.4. Programa(s) de Gestão de SSO

4.4. Implementação e Operação4.4.1. Estrutura e Responsabilidade4.4.2. Treinamento, Conscientização e Competência4.4.3. Consulta e Comunicação4.4.4. Documentação4.4.5. Controle de Documentos e Dados4.4.6. Controle Operacional4.4.7. Preparação e Atendimento a Emergências

4.5. Verificação e Ação Corretiva4.5.1. Avaliação de Desempenho e Monitoramento4.5.2. Acidentes, Incidentes, não Conformidades, Ações Corretiva e

Preventiva4.5.3. Registros4.5.4. Auditorias

4.6. Análise Crítica pela AdministraçãoAnexos A – Correspondências entre OHSAS 18001, ISO 14001:1996 e ISO 9001:994 B - Bibliografia

Tab. 2 – A Estrutura da OHSAS 18001

Fonte: Bureau Veritas, Módulo B, 2003, p. 6

Para adotar e colocar em prática os requisitos da norma OHSAS 18001 o

autor Anderson Glauco Benite, no livro Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde

no Trabalho (2004), sugere a utilização do Ciclo PDCA, de forma que as ações

baseadas nos conceitos e diretrizes da norma, sejam divididas nos elementos do

ciclo, possibilitando a implementação e gestão do Sistema de Segurança e Saúde

do Trabalho.

Este estudo adotará a sugestão do autor Benite, para demonstrar as diretrizes

para implementação da norma OHSAS 18001 através do Ciclo PDCA.

34

Page 36: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2 O Ciclo PDCA na Gestão do Sistema de Segurança e Saúde Ocupacional

Com o planejamento da implementação definido, deve-se partir para a adoção

de ferramentas que auxiliem a equipe tanto na implementação, quanto futuramente

na gestão.

O ciclo PDCA é uma ferramenta muito utilizada nos processos de gestão, pois

visa a melhoria contínua.

A figura 1 apresenta os 15 elementos básicos que constituem os SGSSO´s,

agrupados de forma sistemática com base no Ciclo PDCA.

Figura 1 – Os elementos básicos dos SGSSO´s, agrupados no ciclo PDCA

Fonte: Benite, 2004, p. 41

A figura demonstra as ações que devem ser adotadas em cada momento do

ciclo PDCA.

As fases do ciclo e como devem ser desenvolvidas essas ações serão

descritas nos tópicos seguintes.

35

Page 37: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2.1 PLAN - Planejando o Sistema

A primeira fase do ciclo envolve a política de Segurança e Saúde do Trabalho,

a identificação de perigos, avaliação e controle de riscos, os objetivos e programas

de gestão e as exigências legais e outras.

7.2.1.1 Política de Segurança e Saúde do Trabalho

“A empresa deve desenvolver e implementar uma política de gestão que

defina o direcionamento geral, bem como os princípios de sua atuação em relação à

segurança e saúde do trabalho” (BENITE, 2004, p. 45)

A política de segurança e saúde ocupacional, basicamente, é uma carta de

intenções, que deve conter pontos relacionados ao cumprimento de legislações e

outros requisitos do Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho, que efetivamente

serão cumpridos pela organização. É um registro formal, elaborado de maneira

clara, que demonstrará o comprometimento da diretoria com o desempenho do

SGSSO. A diretoria tem o dever de estabelecer a política, bem como divulga-la,

apóia-la e implementa-la, de forma que as decisões e ações da alta direção sejam

sempre norteadas por essa política. (BENITE, 2004, p. 45-46)

7.2.1.2 Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos

Após a definição da política, a empresa deve estabelecer um sistema eficaz

de avaliação e controle dos riscos e/ou perigos presentes nas atividades da

organização, de forma que se estabeleça medidas para controle dos agentes que

possam vir a afetar o bem-estar e a qualidade de vida do funcionário. Para isso,

pode-se utilizar as diretrizes estipuladas pelo Ministério do Trabalho nas normas

regulamentadoras que regem o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção (PCMAT), que contemplam o processo de investigação dos perigos e

riscos e estabelecem as medidas de controle necessárias. O gerenciamento dos

riscos é importante para auxiliar a empresa na tomada de decisões que envolvam a

segurança e a saúde dos trabalhadores. (BENITE, 2004, p. 47)

36

Page 38: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

A etapa de identificação dos riscos e/ou perigos e definição das medidas de

controle deve ser realizada periodicamente, em intervalos definidos pela legislação,

ou sempre que a empresa julgar necessário, face a novos fatores que poderão

influenciar no surgimento de diferentes riscos/perigos. (BENITE, 2004, p. 52)

7.2.1.3 Objetivos e Programas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho

A norma OHSAS 18001 estabelece que a empresa deve formular objetivos, e

planos para atingi-los, considerando itens como: resultados obtidos na identificação

de perigos, avaliação e controle de riscos; resultados da análise das exigências

legais e outras; opções tecnológicas existentes; recursos da empresa; visões dos

trabalhadores e de outras partes interessadas; condições do negócio (novos

produtos, processos ou áreas de atuação) e perfil da empresa com relação aos

acidentes e não-conformidades. Esses objetivos devem ser mensuráveis, sempre

que possível, e devem estar alinhados a metas, juntamente com os responsáveis

por sua execução, definidos em um plano de ação. (BENITE, 2004, p. 54-56)

7.2.1.4 Exigências Legais e Outras

As atividades relacionadas à segurança e saúde ocupacional, bem como os

parâmetros de aceitação de limites para agentes de riscos, são definidos por

legislações, portanto as empresas devem estar atentas e estabelecer uma forma

sistemática de verificar se as especificações e medidas legais estão sendo aplicadas

corretamente e, periodicamente, avaliar se alguma alteração precisa ser

providenciada. Dessa forma, as organizações podem se resguardar de punições

oriundas do descumprimento a normatizações legais. (BENITE, 2004, p. 52-53)

7.2.2 DO – Operando o Sistema

A segunda fase do ciclo PDCA envolve a operação do sistema, onde as

ações serão colocadas em prática. Essa fase engloba a documentação e controle de

documentos e dados, a preparação e atendimento a emergências, a consulta e

comunicação, o controle operacional, a estrutura e responsabilidade e o

treinamento, conscientização e competência.

37

Page 39: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2.2.1 Documentação e controle de documentos e dados

A documentação é um elemento importantíssimo para qualquer processo que

envolva comunicação, portanto, torna-se imprescindível no SGSST (Sistema de

Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho), pois permite que o conhecimento

obtido seja mantido e melhorado continuamente, sem sofrer com a alteração das

pessoas que compõem o sistema. Essa documentação deve ser controlada com

muita responsabilidade, para que não haja prejuízo resultante de falta de

organização, acúmulo de documentos e dificuldade para obter informações em

momentos importantes. Portanto, a empresa deve criar uma estrutura de

documentação e estabelecer uma sistemática de controle, que podem ser

adequadas ao porte, cultura e recursos disponíveis na empresa. (BENITE, 2004, p.

67)

A estrutura da documentação pode ser criada de acordo com os níveis

hierárquicos, como representado na figura 2, onde se sugere a divisão em três

níveis: estratégico (envolve as aspirações da organização), tático (envolve os

recursos que serão utilizados) e operacional (envolve as rotinas da organização).

Figura 2 – Exemplo de hierarquia da documentação de um SGSSO

Fonte: Benite, 2004, p. 67

38

Page 40: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2.2.2 Preparação e atendimento a emergências

Geralmente, quando se vêem em situações de emergência, as pessoas são

tomadas pelo pânico num momento que exige decisões rápidas e acertadas.

Ocorrências de emergência não acontecem o tempo todo, por isso, as pessoas não

estão preparadas para agir rapidamente. Sendo assim, o segredo para lidar com

emergências é saber o que deve ser feito, embora dificilmente um procedimento

será realizado de maneira totalmente segura numa ocasião destas, é preciso

minimizar o impacto dessa situação. Por isso, a empresa deve criar planos ou

procedimentos sobre como se deve agir em situações de emergência, para tentar

evitar que um incidente se torne um evento catastrófico. (BENITE, 2004, p. 73)

Os planos ou procedimentos em atendimento a emergências devem ser

baseados nos perigos existentes, através da identificação das hipóteses de

emergência, de forma contínua e integrada com a identificação e análise de riscos,

pois com a avaliação periódica, todas as hipóteses que surgirem serão consideradas

e passarão a fazer parte do plano. (BENITE, 2004, p. 73)

Os planos ou procedimentos devem ser desenvolvidos para cada hipótese de

emergência e devem contemplar: o objetivo básico do plano, a preparação: definição

e disposição dos recursos necessários para atender ao plano e o atendimento: como

se deve agir frente a uma situação de emergência. (BENITE, 2004, p. 74)

Os planos ou procedimentos devem ser desenvolvidos para cada planta da

empresa, considerando as particularidades de cada local. Para a implementação,

devem ser realizados treinamentos e simulações de emergência, para comunicar o

plano, treinar e avaliar os trabalhadores nestas situações. (BENITE, 2004, p. 75)

A preparação e o atendimento a emergências é um item essencial ao

SGSSO, porque possibilita minimizar os impactos oriundos de perigos existentes,

porém, para prevenir e controlar os riscos e perigos a forma mais eficaz é o controle

operacional. (BENITE, 2004, p. 76)

7.2.2.3 Consulta e comunicação

O envolvimento dos trabalhadores nas avaliações, soluções e decisões

pertinentes a SST (Segurança e Saúde do Trabalho) deve ser estimulado pela

empresa, pois quanto mais participativo for o quadro de funcionários, maiores serão

39

Page 41: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

o empenho, o apoio e o comprometimento com as práticas de SST. (BENITE, 2004,

p. 64)

A empresa deve estabelecer uma sistemática que propicie um fluxo dinâmico

de informações, para assegurar uma boa comunicação entre a gerência e os

trabalhadores e vice-versa, e entre a empresa e as demais partes interessadas

(clientes, fornecedores, subcontratados, visitantes etc.). (BENITE, 2004, p. 64)

A legislação brasileira incentiva o envolvimento dos funcionários através da

criação e atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que

deve se tornar uma das principais formas de comunicação e consulta aos

trabalhadores. (BENITE, 2004, p. 65)

Além disso, os funcionários devem saber claramente quem são seus

representantes, quem é o representante da direção para o SGSST e quem são os

membros do núcleo técnico do Sistema (engenheiros e técnicos de segurança,

médico do trabalho etc.) , assim, eles saberão a quem recorrer no caso de

problemas, dúvidas ou sugestões relacionadas à SST. (BENITE, 2004, p. 66)

7.2.2.4 Controle operacional

A empresa, baseando-se na identificação de perigo e avaliação de riscos, deve identificar quais são os processos que podem contribuir para a eliminação dos perigos ou para a redução dos riscos, e deve estabelecer os controles necessários. (BENITE, 2004, p. 69)

Os controles operacionais devem considerar as causas que podem originar os

riscos e perigos para atuar sobre elas, essas causas podem ser originadas da fonte

(perigo ou risco), do meio e do homem. (BENITE, 2004, p. 70)

Os controles operacionais sobre as fontes (perigos ou riscos) devem buscar

eliminá-las ou evitá-las, através da aplicação de novas tecnologias e mudanças nos

processos que proporcionem a redução dos riscos e perigos pertinentes àquela

atividade. (BENITE, 2004, p. 70)

Os controles operacionais sobre o meio buscam criar barreiras para proteger

a área onde o trabalhador executa suas atividades, de forma que ele não fique

exposto a determinado perigo, por exemplo, a colocação de barreiras acústicas para

minimizar as fontes de ruídos. (BENITE, 2004, p. 71)

40

Page 42: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Os controles operacionais sobre as pessoas envolvem a conscientização da

necessidade de um comportamento seguro e da participação ativa das pessoas nas

práticas de segurança do trabalho. Alguns elementos que compõem esses controles

são: utilização de EPI´s, instruções de segurança documentadas, folhetos de

orientação e placas de segurança. (BENITE, 2004, p. 71)

7.2.2.5 Estrutura e Responsabilidade

A participação de todos os indivíduos da organização é imprescindível para

uma implementação eficaz do SGSSO. Cada uma das pessoas, desde a Diretoria

até os trabalhadores de menor nível, deve estar engajada e cumprir com as

responsabilidades que lhes competem. (BENITE, 2004, p. 59)

Dessa forma, todas as funções, responsabilidades e autoridades devem ser claramente definidas e comunicadas, para que cada um esteja ciente sobre como deve direcionar suas ações em relação à SST, devendo contemplar, entre outras, as seguintes pessoas:

membros da diretoria; gerentes de todos os níveis; trabalhadores em geral; responsáveis por gerenciar subcontratados; responsáveis pelos treinamentos de SST; equipes especializadas em SST (técnico de segurança,

médico do trabalho etc.) responsáveis pela manutenção de equipamentos críticos

para SST; representantes dos trabalhadores.(BENITE, 2004, p. 59)

Para os assuntos técnicos referentes à SST, a empresa poderá instituir ou

contratar um SEESMT, que é composto por profissionais da área de segurança e

medicina do trabalho, porém as responsabilidades do sistema não são

exclusivamente desse núcleo, todas as pessoas devem contribuir para atingir os

objetivos de SST, cada qual com a devida atribuição. Para tanto, é preciso que as

funções, responsabilidades e autoridades sejam claramente definidas e formalizadas

através de manual de descrição de funções, matrizes de responsabilidades,

organogramas da empresa e procedimentos de trabalho. (BENITE, 2004, p. 59)

A diretoria também ocupa um papel essencial para o bom funcionamento do

sistema. Deve disponibilizar recursos para a manutenção dos locais de trabalho,

41

Page 43: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

com o intuito de promover condições favoráveis ao bem-estar e integridade física

dos trabalhadores, assegurar que os requisitos dos sistemas sejam mantidos e

monitorar os resultados. Para essas atribuições, um de seus membros poderá ser

designado para atuar como Representante da Direção. (BENITE, 2004, p. 59-60)

7.2.2.6 Treinamento, conscientização e competência

“Para a compreensão desse item, deve-se discutir inicialmente como as

pessoas estão envolvidas nas ocorrências de acidentes.” (BENITE, 2004, p. 60)

Geralmente os acidentes acontecem devido à falha humana, que não ocorre

propositalmente, mas por descuidos ou falta de competência para se realizar

determinada tarefa. Portanto, todos os trabalhadores devem ser competentes, para

realizar as atividades que lhes são destinadas, e ter consciência dos perigos e riscos

a que estão expostos, para que possam adotar medidas de prevenção. (BENITE,

2004, p. 60-61)

Para estabelecer a competência que um trabalhador deve ter a fim de que ele

possa realizar determinada tarefa, a empresa deve definir claramente e documentar

os conhecimentos e habilidades necessárias para o exercício desta, considerando

os requisitos de educação (nível de formação escolar) , treinamento (cursos técnicos

e práticos) e experiência (tempo de experiência em determinada função). Essas

informações devem ser registradas em um documento formal que servirá de

referência para novas contratações, mudanças de funções ou identificação da

necessidade de novos treinamentos. Isso garantirá que não haja pessoas

inabilitadas executando tarefas. (BENITE, 2004, p. 62)

Com o intuito de qualificar a pessoa para o exercício de suas tarefas e

adicionar conceitos de prevenção de acidentes, segurança e bem-estar em suas

práticas, deve-se estabelecer um procedimento para a realização de treinamentos.

Este procedimento deve contemplar uma metodologia voltada ao planejamento, à

realização, ao registro e à avaliação da eficácia dos treinamentos ministrados na

empresa. Para que sejam eficazes, os treinamentos devem ser realizados no início

das atividades e ao longo do tempo que as pessoas permanecerem na empresa,

devem ser práticos, contemplar princípios gerais de SST demonstrando práticas

seguras e ser realizados de forma integrada aos treinamentos relativos ao nível

operacional da organização. (BENITE, 2004, p. 62)

42

Page 44: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

De nada valerão esses esforços, se os trabalhadores não se conscientizarem

dos perigos existentes e da importância das práticas seguras. Muitos só tomam

consciência dessa importância depois que sofrem um acidente ou adquirem uma

doença ocupacional. Por isso, a empresa deve manter um processo de

conscientização contínuo, para que todos percebam o quão importante são as

medidas prevencionistas propostas. (BENITE, 2004, p. 62)

Para tentar obter a conscientização dos funcionários a empresa pode adotar

medidas que no fim, também serão eficazes na minimização dos perigos e das

falhas humanas no processo. Entre essas medidas estão: a divulgação da política

de SST, dos procedimentos e dos requisitos do SGSST; a divulgação dos riscos

existentes nos setores e funções da empresa; divulgar os benefícios das práticas

prevencionistas para si e para os colegas de trabalho; apresentar claramente as

funções e responsabilidades de cada trabalhador e expor as prováveis

conseqüências de ações que não sigam as orientações dos procedimentos. É

importante que o processo de conscientização ocorra em toda a empresa,

abrangendo todos os níveis hierárquicos. (BENITE, 2004, p. 63)

A organização pode implementar o processo de conscientização de várias

maneiras, dentre elas treinamentos, vídeos, placas de sinalização, cartazes,

simulação de situações de emergência, reuniões periódicas e realização de diálogos

diários, ou conversas informais, sobre assuntos relacionados à SST. (BENITE, 2004,

p. 63)

7.2.3 – CHECK – Monitorando os Resultados

Essa fase do ciclo PDCA compreende o acompanhamento e avaliação dos

resultados, para tanto, concentra três itens importantes: medição e monitoramento

do desempenho, controle e gestão de registros e auditoria.

7.2.3.1 Medição e Monitoramento de Desempenho

O conhecimento do desempenho é imprescindível para qualquer sistema de

gestão, por isso, a empresa deve identificar quais elementos são importantes para

mensurar o desempenho de um SST. Alguns itens devem ser obrigatoriamente

medidos e monitorados, como o atendimento dos objetivos e das leis e normas

43

Page 45: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

aplicáveis, os acidentes e quase-acidentes, porém há mais opções de medições e

monitoramentos que podem ser realizados. (BENITE, 2004, p. 79)

“Para a definição dos mecanismos de medição e monitoramento, devem ser

considerados tantos os indicadores proativos quanto os reativos, considerando-se

suas respectivas abrangências.” (BENITE, 2004, p. 80)

Os indicadores proativos são os que possibilitam detectar ou medir resultados

e impactos negativos antes da ocorrência de determinado fato, fornecendo

informações que possibilitam evitar ou reverter esse fato. Os indicadores reativos

têm o mesmo intuito, porém são utilizados após o fato e concentram informações

que poderão auxiliar na retroalimentação do processo de melhoria contínua.

(Hopkins, 1994 apud BENITE, 2004, p. 80)

(...) As medições e monitoramentos devem ser estabelecidos sobre elementos controláveis e gerenciáveis, isto é, aqueles sobre os quais as pessoas envolvidas têm responsabilidades e podem atuar na correção de desvios para a melhoria de resultados. Caso isso não ocorra, haverá desperdício e burocracia no SGSST, pois se cria um mecanismo que demanda recursos (tempo, softwares, etc.) sem fornecer qualquer tipo de retorno. (BENITE, 2004, p. 81)

A empresa também deve identificar e controlar os equipamentos de medição

utilizados, para assegurar que estejam adequados ao uso e que seus resultados

sejam precisos, pois só assim pode-se garantir a confiabilidade das medições.

Essas ações podem ser estruturadas num procedimento de calibração e

manutenção de equipamentos. (BENITE, 2004, p. 81)

Geralmente, os processos de medição e monitoramento demandam recursos

consideráveis (tempo, equipamentos, custos com treinamentos etc.) que podem não

condizer com os recursos financeiros da empresa, se for assim, a empresa deve

avaliar alternativas mais simples, que garantam o desempenho sem mecanismos

múltiplos e complexos. (BENITE, 2004, p. 82)

7.2.3.2 Controle e Gestão de Registros

“A empresa deve manter sob controle todos os registros gerados, os quais

comprovam a implementação e operação do SGSST e servem como fontes de

informação para a retroalimentação do sistema.” (BENITE, 2004, p. 82)

44

Page 46: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

É interessante que a empresa estabeleça um procedimento que assegure o

desenvolvimento da documentação do sistema, identificando quais registros devem

ser mantidos e quais devem ser os parâmetros para seu controle. (BENITE, 2004, p.

82)

7.2.3.3 Auditoria

“A empresa deve possuir uma sistemática para realização de auditorias

internas do sistema, pois o SGSST necessita de mecanismos para sua avaliação a

fim de garantir sua implementação, manutenção e melhoria contínua.” (BENITE,

2004, p. 83)

A auditoria é uma avaliação sistemática que examina se as atividades

desenvolvidas e resultados obtidos são condizentes com o que foi planejado, e se o

que foi planejado condiz com as determinações da norma de certificação. (BENITE,

2004, p. 83)

As auditorias internas ou auditorias de primeira parte são realizadas pela

empresa, ou a sua ordem, para propósitos internos, como retroagir sobre o sistema

ou diagnosticar seus pontos positivos e negativos. As auditorias externas podem ser

de segunda ou terceira parte e não são exigidas pelas normas de SGSST. As de

segunda parte quando conduzidas por membros com interesse na organização

(clientes ou outros a sua ordem) e as de terceira parte quando conduzidas por

organizações externas que fornecem certificados ou registros de conformidade.

(BENITE, 2004, p. 83)

Para as auditorias internas é importante que se estabeleça um procedimento

detalhando o escopo (abrangência) e a freqüência das auditorias, a metodologia e

requisitos para conduzir e relatar os resultados e as competências necessárias ao

auditor. (BENITE, 2004, p. 84)

As auditorias internas, por si só, não garantem a melhoria do desempenho do

SST, porém subsidia a diretoria, a gerência e os trabalhadores com informações

importantes que provavelmente resultarão em ações que automaticamente

promoverão a melhoria contínua do sistema. (BENITE, 2004, p. 84)

45

Page 47: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

7.2.4 ACT – Introduzindo Melhorias

A última fase do ciclo PDCA compreende as ações de melhoria baseadas na

retroalimentação do sistema e envolve dois itens importantes: acidentes, incidentes,

não-conformidades, ações preventivas e corretivas, e análise crítica pela

Administração.

7.2.4.1 Acidentes, incidentes, não-conformidades, ações preventivas e corretivas

A empresa deve estabelecer uma sistemática de identificação e análise dos

acidentes, incidentes e não-conformidades, para então adotar ações preventivas e

corretivas. Essa sistemática está relacionada à retroalimentação do sistema, pois

permite ao SGSST uma característica dinâmica que proporciona o aprendizado

organizacional e promove a melhoria do sistema com base nos problemas

detectados, sendo reais ou potenciais. (BENITE, 2004, p. 87)

Sempre que ocorrerem acidentes, incidentes ou não-conformidades devem-se

buscar suas causas, para que se possa agir sobre elas e garantir a total resolução

do problema. (BENITE, 2004, p. 87)

Para investigar essas causas, diversos métodos podem ser utilizados, desde

os mais simples até os mais complexos, sendo que a definição desses métodos

deve considerar a gravidade e a complexidade do evento ocorrido. Dentre os

Métodos de Análise e Solução de Problemas (MASP) conhecidos, a empresa pode

adotar o Diagrama de Causa-Efeito e o Brainstorming. (BENITE, 2004, p. 88)

O Diagrama de Causa-Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa

ou Diagrama Espinha de Peixe, proposto por Kaoru Ishikawa na década de 60,

explora causas reais ou potenciais (entradas) que resultam em um evento

indesejável (saída). As causas são dispostas conforme o grau de relevância ou

detalhe, sendo que as principais podem ser agrupadas em seis categorias,

conhecias como “6 Ms” que são: Método, Mão-de-obra, Materiais, Meio Ambiente,

Medições e Máquina. (BENITE, 2004, p. 90)

46

Page 48: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Para melhor representar, o Diagrama de Causa-Efeito, será apresentado na

Figura 3, onde se exemplifica sua aplicação para um acidente ocorrido em um

almoxarifado de produtos químicos. (BENITE, 2004, p. 90)

Figura 3 – Exemplo de aplicação do Diagrama Causa-Efeito

Fonte: BENITE, 2004, p. 90

O Braisntorming, também conhecido como “Tempestade Cerebral”, é uma

ferramenta utilizada para se conseguir o máximo de idéias a um curto período de

tempo. Basicamente consiste numa rodada de idéias, proposta a um grupo de

indivíduos da organização, acerca de um problema, para buscar sugestões sobre

suas causas, efeitos e prováveis soluções. (BENITE, 2004, p. 90)

Este método é simples e rápido. É realizado numa reunião com as pessoas

envolvidas no problema e com as que possam contribuir para a identificação das

causas. Para ser eficaz, deve ser ordenado, sendo que inicialmente deve-se definir

claramente o problema, então, cada participante deve expressar suas idéias sem

que os demais façam comentários, durante esse momento as idéias devem ser

anotadas. Quando as idéias forem esgotadas, o grupo passa a discutir e esclarecer

47

Page 49: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

cada idéia constante da lista, para então se chegar a um consenso sobre as causas

do problema. (BENITE, 2004, p. 91)

Após a identificação das causas, independente do método utilizado, a

empresa deve adotar ações preventivas ou corretivas para solucioná-las. As ações

preventivas são adotadas para eliminar a causa de uma potencial não-conformidade,

ou outra situação potencialmente indesejável, ou seja, eventos não-conformes que

não ocorreram de fato, mas que têm possibilidade de acontecer. Já as ações

corretivas são adotadas para eliminar a causa de uma não-conformidade, ou outra

situação indesejável, que foi identificada, ou seja, ocorreu de fato. (BENITE, 2004, p.

87)

7.2.4.2 Análise Crítica pela Administração

Para que os SGSST´s tenham um bom desempenho e obtenham o

comprometimento de todos os trabalhadores é imprescindível que a direção da

empresa esteja engajada constantemente com o propósito do sistema. Para isso, a

diretoria deve estabelecer uma sistemática para analisar criticamente o sistema

como um todo, em intervalos pré-determinados, avaliando seu desempenho e

direcionando os esforços, visando a melhoria contínua. (BENITE, 2004, p. 92)

A análise crítica pela administração tem como foco avaliar o desempenho

global do sistema, pois os detalhes já são avaliados continuamente pela equipe

gestora. (BENITE, 2004, p. 92)

A análise crítica é realizada em reuniões periódicas da diretoria ou em

reuniões extraordinárias quando do surgimento de um evento considerável. Nessa

reunião, a diretoria, recebe informações relevantes que proporcionem uma análise

objetiva, essas informações podem ser representadas em gráficos e relatórios

específicos ou pela efetiva participação de membros do núcleo técnico do SST,

gerentes de setores e representantes dos trabalhadores. (BENITE, 2004, p. 92)

“Os resultados da análise crítica devem gerar adequações e ações corretivas

no SGSST, garantindo sua contínua adequação à realidade da empresa e buscando

a melhoria contínua do desempenho.” (BENITE, 2004, p. 93)

48

Page 50: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

8. METODOLOGIA DA PESQUISA

Este capítulo apresenta a metodologia aplicada a esta pesquisa, detalhando

os seguintes tópicos: tipologia da pesquisa, instrumentos de coleta de dados,

universo e amostra e instrumentos de análise dos dados.

8.1 Tipologia da Pesquisa

Quanto à tipologia, esta pesquisa pode ser denominada de proposição de

planos ou sistemas, devido ao seu objetivo que é formular uma proposta de

implementação da norma OHSAS 18000 para a empresa Unimed Limeira

Cooperativa de Trabalho Médico.

8.2 Instrumentos de Coleta de Dados

Os dados teóricos foram levantados através de pesquisa bibliográfica.

Já para os dados da prática da empresa, foram utilizados os seguintes

instrumentos:

Consulta documental;

Observações assistemáticas, adotadas devido ao fato de a pesquisadora

trabalhar na empresa e conhecer os dados e informações relevantes para

este estudo.

8.3 Universo e Amostra

Para a consulta documental foram analisadas informações constantes nos

documentos relacionados à Segurança e Saúde do Trabalho em vigência no ano de

2006 da Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico.

8.4 Instrumento de Análise dos Dados

O principal instrumento de análise dos dados foi o confronto da teoria com a

prática. Além disso, para análise dos dados quantitativos foi utilizada a estatística.

49

Page 51: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

9. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO DA UNIMED LIMEIRA

A Unimed Limeira possui dois segmentos de negócio que são divididos

conforme suas características: Hospital e Sede Administrativa. As operações

realizadas nestes dois segmentos são distintas, no Hospital, há um risco

ocupacional maior, pois as atividades desenvolvidas são mais complexas, já na

Sede Administrativa, o risco ocupacional é menor, pois concentra o núcleo

administrativo da empresa.

As diferenças de atividades ocasionam posturas diferentes, o Hospital por

compreender atividades de maior risco e um número maior de trabalhadores possui

um acompanhamento mais rigoroso quanto à Segurança e a Saúde do Trabalho, a

Sede Administrativa, por concentrar atividades menos complexas, cumpre apenas

as exigências legais.

Os itens 9.1 e 9.2 detalharão as ações adotadas com relação a Segurança e

Saúde dos trabalhadores, no Hospital e da Sede Administrativa.

9.1 O Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho no Hospital Unimed

Limeira

O Hospital possui um Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho

desenvolvido e rigoroso. Composto por dois Técnicos de Segurança, um Médico do

Trabalho e uma Assistente que organiza as rotinas administrativas, esse sistema é

bem estruturado e desenvolve ações além das exigidas pelas legislações

pertinentes.

Para avaliar os riscos presentes nos setores e nas funções desenvolvidas no

Hospital é elaborado o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). As

medições, avaliações, tolerâncias e medidas de controle são registradas num

documento base, que é elaborado por uma equipe terceirizada.

Também por esta equipe terceirizada é elaborado o LTCAT (Laudo Técnico

das Condições Ambientais do Trabalho) que além dos riscos, avalia se um ambiente

(setor) é salubre ou não.

Nos setores do Hospital há mapas de riscos dispostos em murais de

comunicação, possibilitando a visualização dos riscos presentes em cada setor.

Nestes mapas, os riscos são indicados por cores, além de conter as seguintes

50

Page 52: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

informações: descrição das tarefas executadas no setor, agentes e fatores de risco,

conseqüências e efeitos, e medidas de prevenção e controle desses riscos.

Para integrar os trabalhadores com as ações e práticas de segurança, a

equipe técnica promove treinamentos na integração (admissão) do trabalhador e

durante o ano, seguindo uma programação que contempla treinamentos

recomendados pelas legislações e treinamentos estimulados pelos indicadores de

acidentes no setor. Todos os treinamentos são registrados detalhadamente, sendo

descritos objetivo, conteúdo, participantes e avaliação de eficiência e eficácia.

Na integração, os trabalhadores têm o primeiro contato com as ações e

práticas de segurança. Nesta ocasião são lhes apresentados a Política de

Segurança do Trabalho do Hospital; a sua respectiva Ordem de Serviço, onde

constam as atividades que irá exercer, as atitudes que deverá ter para evitar

acidentes e ações que proporcionem um comportamento seguro; o Procedimento

para uso dos EPI´s mais utilizados; o Procedimento para realização de exames; o

Plano de ações de emergência; e o Controle de Vacinas, que no Hospital é

extremamente importante, já que o risco Biológico é alto.

Para mensurar os acidentes ocorridos no Hospital são elaborados indicadores

anualmente. A meta de acidentes do Hospital é zero, por isso as ações visam a

redução absoluta desse índice, porém hoje, ainda não se consegue manter essa

meta. Para monitorar o índice de acidentes, tira-se uma base mensal dos acidentes

ocorridos no ano anterior, essa base é obtida dividindo-se a quantidade de acidentes

registrados no ano por doze meses, o resultado obtido servirá de referência para os

meses seguintes. Se em determinado mês ocorre um número de acidentes maior

que o indicador base, a equipe técnica avalia as causas do aumento dos acidentes e

promove ações para minimizá-las. Essas ações contemplam solicitações de

manutenção, reavaliação de procedimentos, treinamentos, palestras, entre outras.

Sempre que há comunicação de acidentes, tomam-se ações imediatas para

promover o socorro do trabalhador, além do atendimento inicial, o Médico do

Trabalho acompanha sua recuperação.

A base documental da equipe de Segurança do Trabalho é bem estruturada e

completa. Grande parte dos documentos foi elaborada com referência nos critérios

da norma OHSAS 18000. O Manual de Procedimentos e o Plano de Emergência

chamam a atenção pelo nível de detalhamento e estruturação, apresentam-se de

forma clara e atendem integralmente aos requisitos da norma.

51

Page 53: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Entre os documentos utilizados pela equipe técnica de Segurança do

Trabalho estão:

Manual de Procedimentos de Segurança

Plano de Emergência do Hospital

Comprovante de Disponibilidade de EPI´s (Equipamentos de Proteção

Individual)

Ordem de Serviço por função

Relatórios técnicos

Ficha de Análise de Acidentes

Relatório de Avaliação de Riscos (baseado na OHSAS 18000)

Indicadores e relatórios gerenciais

Além desses documentos a equipe possui o Procedimento para manuseio de

produtos químicos, o Procedimento de Segurança para setores críticos e o Manual

de Biosegurança.

O Procedimento para manuseio de produtos químicos orienta os

trabalhadores sobre como utilizar cada produto de forma segura, já que no Hospital

esses produtos são bastante utilizados.

O Procedimento de Segurança para setores críticos aplica-se aos setores de

Engenharia Clínica (manutenção) e Higienização, pois as atividades desenvolvidas

pelos trabalhadores desses setores compreendem todos os ambientes do Hospital,

portanto, os riscos a que esses trabalhadores estão expostos não se restringem aos

riscos dos seus setores, mas sim, aos riscos dos demais setores do local, portanto

as precauções deverão ser tomadas amplamente.

O Manual de Biosegurança é estendido a todos os setores do Hospital e

estabelece práticas seguras quanto ao risco Biológico.

A equipe de segurança está sempre atenta às exigências legais dos órgãos

regulamentadores, como o Ministério do Trabalho e a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, procurando atender a todas as legislações pertinentes à atividade

hospitalar, em particular, a Norma Regulamentadora 32, que estabelece

especificamente critérios para a Segurança e Saúde no Trabalho em

Estabelecimentos de Saúde.

As ações relacionadas à saúde ocupacional compreendem os exames

médicos pertinentes à legislação, sendo rigorosamente registrados e documentados

52

Page 54: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

de forma digital (software específico) e física (relatórios impressos e formulários

padronizados).

9.2 O Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho na Sede Adminis- trativa da Unimed Limeira

A Sede Administrativa da Unimed Limeira cumpre as exigências legais

através do desenvolvimento do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA), Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) e

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Sendo os

primeiros, PPRA e LTCAT, relacionados à Segurança do Trabalho. Esses

documentos são desenvolvidos para avaliar e registrar os riscos encontrados nos

setores e atividades desenvolvidas na organização, registrar as tolerâncias e

sugestões de medidas de controle para esses riscos e sugerir melhorias para

minimizar os riscos ocupacionais. O outro programa, PCMSO, é relacionado à

Saúde do Trabalho, compreende os exames que devem ser realizados para avaliar

se os riscos ocupacionais estão interferindo na saúde e bem-estar dos

trabalhadores. O PCMSO utiliza os riscos apontados no PPRA para definir quais

exames serão realizados e qual a periodicidade deles.

Esses programas e o laudo são realizados por uma equipe terceirizada,

composta por: Engenheiro e Técnicos de Segurança do Trabalho, Médico

Coordenador e Equipe de Médicos, Técnicos de Enfermagem e Fonoaudiólogas

responsáveis pelo PCMSO.

Todas as medições e ações que deverão ser adotadas são registradas nos

documentos bases de PPRA, LTCAT e PCMSO.

As ações práticas de Segurança do Trabalho envolvem treinamentos como o

de Primeiros Socorros, que acontece periodicamente. Já as ações para

monitoramento da saúde dos trabalhadores envolvem os exames médicos e

complementares, realizados na admissão, periodicamente, durante a permanência

do trabalhador na empresa, na demissão, e quando oportuno, na mudança de

função e retorno ao trabalho.

Na parte documental constam os documentos base da SST, que são o PPRA,

LTCAT e PCMSO, além de relatórios técnicos e gráficos estatísticos.

53

Page 55: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18001 PARA A UNIMED LIMEIRA

Conforme observado no capítulo anterior, a Unimed possui dois segmentos

distintos de negócio: o Hospital e a Sede Administrativa.

O Hospital possui um SST bem estruturado, atendendo a diversos requisitos

necessários para implementação de um SGSST com base na norma OHSAS 18001,

sendo eles:

10.1 Grupo de Implementação do Sistema de Gestão de SST

Para a implantação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional quase tão importante quanto o entendimento do conteúdo, extensão e abrangência da OHSAS 18001 é a identificação e a seleção correta das pessoas da organização que viabilizarão o desenvolvimento do projeto. (BUREAU VERITAS, Módulo C, 2003, p. 3)

O Hospital possui um Sistema de Segurança e Saúde do Trabalho

desenvolvido e rigoroso. Composto por dois Técnicos de Segurança, um Médico do

Trabalho e uma Assistente que organiza as rotinas administrativas, esse sistema é

bem estruturado e desenvolve ações além das exigidas pelas legislações

pertinentes.

Para integrar o Grupo de Implementação do SST, de forma a garantir um

resultado satisfatório e disseminar as práticas de segurança e saúde do trabalho, é

interessante convidar alguns líderes de setor, pois o engajamento deles

provavelmente facilitará a ligação entre os trabalhadores e a equipe técnica do

sistema, portanto, pode-se considerar que o Hospital atende parcialmente a este

requisito da norma.

A Sede Administrativa terceiriza os trabalhos da equipe técnica e não possui

um responsável interno pela disseminação das práticas e promoção da segurança e

saúde do trabalho, sendo essa atribuição destinada ao Departamento de Recursos

Humanos.

Para a implementação da norma, o primeiro passo seria a criação do Grupo

de Implementação, engajando a equipe técnica (terceirizada) a um responsável

definido e a algumas pessoas da organização, que seriam importantes na

disseminação dos conceitos e práticas de SST.

54

Page 56: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.2 Política de Segurança e Saúde do Trabalho

“A empresa deve desenvolver e implementar uma política de gestão que

defina o direcionamento geral, bem como os princípios de sua atuação em relação à

segurança e saúde do trabalho” (BENITE, 2004, p. 45)

O Hospital possui uma Política de Saúde, Segurança e Higiene do Trabalho,

que apresenta como a empresa exercerá seu papel para promover essas condições

a seus colaboradores e terceiros. Porém a Política precisa ser revisada para que se

torne mais sucinta. O ideal seria contar com o auxílio do Grupo de Implementação

integrar a Política à visão dos trabalhadores.

A Sede Administrativa não possui uma Política de Segurança e Saúde do

Trabalho.

10.3 Procedimento para Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos

Após a definição da política, a empresa deve estabelecer um sistema eficaz

de avaliação e controle dos riscos e/ou perigos presentes nas atividades da

organização, de forma que se estabeleça medidas para controle dos agentes que

possam vir a afetar o bem-estar e a qualidade de vida do funcionário. Para isso,

pode-se utilizar as diretrizes estipuladas pelo Ministério do Trabalho nas normas

regulamentadoras que regem o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção (PCMAT), que contemplam o processo de investigação dos perigos e

riscos e estabelecem as medidas de controle necessárias. O gerenciamento dos

riscos é importante para auxiliar a empresa na tomada de decisões que envolvam a

segurança e a saúde dos trabalhadores. (BENITE, 2004, p. 47)

Para avaliar os riscos presentes nos setores e nas funções desenvolvidas no

Hospital é elaborado o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). As

medições, avaliações, tolerâncias e medidas de controle são registradas num

documento base, que é elaborado por uma equipe terceirizada.

55

Page 57: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Também por esta equipe terceirizada é elaborado o LTCAT (Laudo Técnico

das Condições Ambientais do Trabalho) que além dos riscos, avalia se um ambiente

(setor) é salubre ou não.

Nos setores do Hospital há mapas de riscos dispostos em murais de

comunicação, possibilitando a visualização dos riscos presentes em cada setor.

Nestes mapas, os riscos são indicados por cores, além de conter as seguintes

informações: descrição das tarefas executadas no setor, agentes e fatores de risco,

conseqüências e efeitos, e medidas de prevenção e controle desses riscos.

A forma de identificação, avaliação e controle de riscos no Hospital é

satisfatória e atende aos requisitos da norma, portanto, pode-se considerar que o

atendimento a este item é satisfatório.

Na Sede Administrativa a identificação, avaliação e medição dos riscos são

realizadas nas avaliações periódicas da equipe técnica, mas as informações não são

dispostas nos locais de trabalho.

Para atender adequadamente a norma, essas informações deveriam ser

expostas e os funcionários treinados a interpretá-las. Portanto, a Sede

Administrativa não atende esse item da norma.

10.4 Requisitos Legais e outros requisitos

As atividades relacionadas à segurança e saúde ocupacional, bem como os

parâmetros de aceitação de limites para agentes de riscos, são definidas por

legislações, portanto as empresas devem estar atentas e estabelecer uma forma

sistemática de verificar se as especificações e medidas legais estão sendo aplicadas

corretamente e, periodicamente, avaliar se alguma alteração precisa ser

providenciada. Dessa forma, as organizações podem se resguardar de punições

oriundas do descumprimento a normatizações legais. (BENITE, 2004, p. 52-53)

Os Técnicos de Segurança do Hospital buscam atender a todos os requisitos

das legislações e portarias vigentes, estando sempre atentos a novas exigências,

para manter o Hospital regular perante aos órgãos fiscalizadores e promover a

segurança e bem-estar de todos.

56

Page 58: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Embora a Sede Administrativa não possua um representante definido para os

assuntos de SST, procura manter-se atualizada perante as legislações e portarias

vigentes, que são conhecidas através da equipe técnica.

10.5 Objetivos

A norma OHSAS 18001 estabelece que a empresa deve formular objetivos, e

planos para atingi-los (...). Esses objetivos devem ser mensuráveis, sempre que

possível, e devem estar alinhados a metas, juntamente com os responsáveis por sua

execução, definidos em um plano de ação. (BENITE, 2004, p. 54-56)

Para monitorar o desempenho e a evolução das ações do SST, são utilizados

diversos indicadores, entre eles o índice de absenteísmo, o índice de acidentes, o

número de treinamentos etc.

Para analisar se os números levantados se mantêm satisfatórios, utiliza-se

um incide base, que é obtido através da média dos índices de cada indicador do ano

anterior ao observado, dessa forma, se os números atuais se diferem muito dos

números do ano anterior, avaliam-se as causas e planejam-se ações para reduzi-las

ou até mesmo saná-las.

Pode-se considerar que este requisito da norma é atendido plenamente.

A Sede Administrativa não possui uma sistemática de monitoramento de

desempenho e consequentemente definição de objetivos.

10.6 Programa de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho

Os Programas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho envolvem o

gerenciamento e monitoramento das ações do sistema.

No Hospital o Programa de Gestão utiliza o ciclo PDCA para sistematizar

suas ações, inclusive mediante as irregularidades dos índices mensurados.

Na Sede Administrativa não é aplicado um programa de Gestão de

Segurança e Saúde do Trabalho.

57

Page 59: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.7 Estrutura e Responsabilidade

A participação de todos os indivíduos da organização é imprescindível para

uma implementação eficaz do SGSSO. Cada uma das pessoas, desde a Diretoria

até os trabalhadores de menor nível, deve estar engajada e cumprir com as

responsabilidades que lhes competem. (BENITE, 2004, p. 59)

Todas as funções, dessa forma, bem como as responsabilidades e

autoridades devem ser claramente definidas e comunicadas, para que cada um

esteja ciente sobre como deve direcionar suas ações em relação à SST, devendo

contemplar, entre outras, as seguintes pessoas: membros da diretoria; gerentes de

todos os níveis; trabalhadores em geral; responsáveis por gerenciar subcontratados;

responsáveis pelos treinamentos de SST; equipes especializadas em SST (técnico

de segurança, médico do trabalho etc.); responsáveis pela manutenção de

equipamentos críticos para SST; representantes dos trabalhadores. (BENITE, 2004,

p. 59)

O Hospital atende parcialmente este requisito, pois possui uma equipe técnica

bem estruturada e as responsabilidades são claramente definidas. Para atender

plenamente ao requisito, deve obter a participação efetiva dos membros da diretoria,

dos gerentes de todos os níveis e de representantes dos trabalhadores,

devidamente identificados e com suas responsabilidades definidas.

A Sede Administrativa possui apenas a equipe técnica. Portanto, também não

atende plenamente esse requisito, sendo que para seu atendimento completo,

deveria estruturar e definir responsabilidades para os membros da diretoria,

gerentes de todos os níveis, trabalhadores em geral, responsáveis por gerenciar

subcontratados, responsáveis pelos treinamentos de SST e representantes dos

trabalhadores.

10.8 Treinamento, Conscientização e Competência

Com o intuito de qualificar a pessoa para o exercício de suas tarefas e

adicionar conceitos de prevenção de acidentes, segurança e bem-estar em suas

práticas, deve-se estabelecer um procedimento para a realização de treinamentos.

Este procedimento deve contemplar uma metodologia voltada ao planejamento, à

realização, ao registro e à avaliação da eficácia dos treinamentos ministrados na

58

Page 60: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

empresa. Para que sejam eficazes, os treinamentos devem ser realizados no início

das atividades e ao longo do tempo que as pessoas permanecerem na empresa,

devem ser práticos, contemplar princípios gerais de SST demonstrando práticas

seguras e ser realizados de forma integrada aos treinamentos relativos ao nível

operacional da organização. (BENITE, 2004, p. 62)

O Hospital realiza, registra e monitora treinamentos de capacitação (com base

nas Ordens de Serviço) e conceitos e práticas de SST na integração (entrada) do

trabalhador, periodicamente e quando da ocorrência de elevado número de

acidentes ou ocorrência não conforme aos procedimentos estabelecidos.

O Hospital atende plenamente esse requisito da norma, pois possui uma

sistemática bem estruturada para a realização de treinamentos, visando a

conscientização e a competência.

A Sede Administrativa realiza e registra treinamentos sobre conceitos e

práticas de SST periodicamente. Pode-se considerar que este requisito é

parcialmente atendido na Sede Administrativa, pois não há uma metodologia

aplicada para o planejamento desses treinamentos.

10.9 Consulta e Comunicação

A empresa deve estabelecer uma sistemática que propicie um fluxo dinâmico

de informações, para assegurar uma boa comunicação entre a gerência e os

trabalhadores e vice-versa, e entre a empresa e as demais partes interessadas

(clientes, fornecedores, subcontratados, visitantes etc.). (BENITE, 2004, p. 64)

A legislação brasileira incentiva o envolvimento dos funcionários através da

criação e atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que

deve se tornar uma das principais formas de comunicação e consulta aos

trabalhadores. (BENITE, 2004, p. 65)

O Hospital atende a esse requisito, pois promove a interação de todos os

colaboradores com os responsáveis técnicos pelo SGSSO.

A Sede Administrativa atende parcialmente a este requisito. Apesar de não

possuir um responsável direto para os assuntos relacionados à SST, procura

integrar os colaboradores com a equipe técnica e com o Departamento de Recursos

Humanos.

59

Page 61: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.10 Documentação e Controle de Documentos e Dados

A documentação é um elemento importantíssimo para qualquer processo que

envolva comunicação, portanto, torna-se imprescindível no SGSST, pois permite que

o conhecimento obtido seja mantido e melhorado continuamente, sem sofrer com a

alteração das pessoas que compõem o sistema. Essa documentação deve ser

controlada com muita responsabilidade, para que não haja prejuízo resultante de

falta de organização, acúmulo de documentos e dificuldade para obter informações

em momentos importantes. Portanto, a empresa deve criar uma estrutura de

documentação e estabelecer uma sistemática de controle, que podem ser

adequadas ao porte, cultura e recursos disponíveis na empresa. (BENITE, 2004, p.

67)

A base documental da equipe de Segurança do Trabalho do Hospital é bem

estruturada e completa. Grande parte dos documentos foi elaborada com referência

nos critérios da norma OHSAS 18000. O Manual de Procedimentos e o Plano de

Emergência chamam a atenção pelo nível de detalhamento e estruturação,

apresentam-se de forma clara e atendem integralmente aos requisitos da norma.

Entre os documentos utilizados pela equipe técnica de Segurança do

Trabalho estão:

Manual de Procedimentos de Segurança

Plano de Emergência do Hospital

Comprovante de Disponibilidade de EPI´s (Equipamentos de Proteção

Individual)

Ordem de Serviço por função

Relatórios técnicos

Ficha de Análise de Acidentes

Relatório de Avaliação de Riscos (baseado na OHSAS 18000)

Indicadores e relatórios gerenciais

Na documentação da Sede Administrativa constam os documentos base da

SST, que são o PPRA, LTCAT e PCMSO, além de relatórios técnicos e gráficos

estatísticos.

60

Page 62: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

No requisito Documentação ambos os locais atendem a norma, porém

precisam estabelecer uma sistemática de Controle de Documentos e Dados,

estabelecendo períodos de revisão, validade e arquivo dos documentos e registros

utilizados no SGSSO.

10.11 Controle Operacional

Os controles operacionais devem considerar as causas que podem originar os

riscos e perigos para atuar sobre elas, essas causas podem ser originadas da fonte

(perigo ou risco), do meio e do homem. (BENITE, 2004, p. 70)

Tanto o Hospital quanto a Sede Administrativa procuram agir sobre as fontes

de perigos ou riscos para evitar o surgimento de causas de acidentes.

O Hospital possui uma sistemática estruturada, a Sede Administrativa precisa

implementar essa sistemática.

10.12 Preparação e Atendimento a Emergências

Os planos ou procedimentos em atendimento a emergências devem ser

baseados nos perigos existentes, através da identificação das hipóteses de

emergência, de forma contínua e integrada com a identificação e análise de riscos,

pois com a avaliação periódica, todas as hipóteses que surgirem serão consideradas

e passarão a fazer parte do plano. (BENITE, 2004, p. 73)

O Hospital possui um plano detalhado para situações de emergência e treina

os trabalhadores para capacitá-los à execução desse plano.

A Sede Administrativa não apresenta um plano de preparação e atendimento

de emergência a seus trabalhadores.

10.13 Avaliação de Desempenho e Monitoramento

“Para a definição dos mecanismos de medição e monitoramento, devem ser

considerados tantos os indicadores proativos quanto os reativos, considerando-se

suas respectivas abrangências.” (BENITE, 2004, p. 80)

Os indicadores proativos são os que possibilitam detectar ou medir resultados

e impactos negativos antes da ocorrência de determinado fato, fornecendo

informações que possibilitam evitar ou reverter esse fato. Os indicadores reativos

61

Page 63: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

têm o mesmo intuito, porém são utilizados após o fato e concentram informações

que poderão auxiliar na retroalimentação do processo de melhoria contínua.

(Hopkins, 1994 apud BENITE, 2004, p. 80)

O Hospital avalia o desempenho e monitora o SGSSO através de indicadores

proativos e reativos. Proativos mediante análise dos técnicos e reativos mediante as

situações ou índices divergentes à normalidade.

A Sede Administrativa não possui uma sistemática de avaliação de

desempenho e monitoramento.

10.14 Acidentes, Incidentes, não-Conformidades, Ações Corretivas e Preventivas

A empresa deve estabelecer uma sistemática de identificação e análise dos

acidentes, incidentes e não-conformidades, para então adotar ações preventivas e

corretivas. Essa sistemática está relacionada à retroalimentação do sistema, pois

permite ao SGSST uma característica dinâmica que proporciona o aprendizado

organizacional e promove a melhoria do sistema com base nos problemas

detectados, sendo reais ou potenciais. (BENITE, 2004, p. 87)

Tanto o Hospital quanto a Sede Administrativa possuem sistemáticas para

avaliação e registros de acidentes, incidentes e não-conformidades.

No Hospital ocorrem de forma mais organizada e programada através das

inspeções de segurança, realizadas por um técnico de segurança, afim de investigar

ocorrências que não estejam coerentes com as práticas prevencionistas de

segurança e bem-estar.

Se as ocorrências observadas forem de caráter potencial, adotam-se ações

preventivas, no entanto se essas ocorrências provocaram uma situação de risco,

adotam-se ações corretivas.

Na Sede Administrativa ocorrem apenas de forma reativa, caso haja algum

acidente, incidente ou não-conformidade que provoquem uma situação de risco

então se adota uma ação corretiva.

O Hospital atende plenamente este requisito da norma, já a Sede

Administrativa atende parcialmente.

62

Page 64: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.15 Registros

“A empresa deve manter sob controle todos os registros gerados, os quais

comprovam a implementação e operação do SGSST e servem como fontes de

informação para a retroalimentação do sistema.” (BENITE, 2004, p. 82)

O Hospital e a Sede Administrativa mantêm seus registros arquivados

adequadamente, para comprovar ações e situações ocorridas no SGSSO.

Ambos atendem esse requisito da norma.

10.16 Auditorias

“A empresa deve possuir uma sistemática para realização de auditorias

internas do sistema, pois o SGSST necessita de mecanismos para sua avaliação a

fim de garantir sua implementação, manutenção e melhoria contínua.” (BENITE,

2004, p. 83)

As auditorias internas ou auditorias de primeira parte são realizadas pela

empresa, ou a sua ordem, para propósitos internos, como retroagir sobre o sistema

ou diagnosticar seus pontos positivos e negativos. As auditorias externas podem ser

de segunda ou terceira parte e não são exigidas pelas normas de SGSST. As de

segunda parte quando conduzidas por membros com interesse na organização

(clientes ou outros a sua ordem) e as de terceira parte quando conduzidas por

organizações externas que fornecem certificados ou registros de conformidade.

(BENITE, 2004, p. 83)

No Hospital as auditorias internas são caracterizadas como inspeções de

segurança e são realizadas periodicamente pelo Técnico de Segurança do Trabalho,

para investigar as incidências e não-conformidades e aplicar ações preventivas e

corretivas, para que dessa forma, possa promover a melhoria contínua do sistema.

As auditorias externas não são executadas, pois o Hospital ainda não foi

recomendado a nenhuma instituição certificadora.

A Sede Administrativa não possui uma sistemática estruturada de auditorias

internas ou inspeções de segurança, portanto, não atende a este item da norma.

63

Page 65: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

10.17 Análise Crítica pela Administração

Para que os SGSST´s tenham um bom desempenho e obtenham o

comprometimento de todos os trabalhadores é imprescindível que a direção da

empresa esteja engajada constantemente com o propósito do sistema. Para isso, a

diretoria deve estabelecer uma sistemática para analisar criticamente o sistema

como um todo, em intervalos pré-determinados, avaliando seu desempenho e

direcionando os esforços, visando a melhoria contínua. (BENITE, 2004, p. 92)

No Hospital a Administração acompanha os indicadores de desempenho do

SGSSO, direcionando ações e alocando recursos para melhorá-lo continuamente.

Na Sede Administrativa, como o SGSSO não está implementado de forma

estruturada, a Administração não acompanha ativamente as ações desenvolvidas.

10.18 Considerações gerais - resumo

O SST do Hospital possui uma estrutura documental completa, desde o

manual até procedimentos específicos, além de uma gestão eficaz e precisa,

aplicando o conceito de retroalimentação e buscando continuamente a melhoria

contínua.

Para estar totalmente apto à certificação, o Hospital precisa implementar uma

sinalização mais precisa, pois a sinalização atual de ambientes (escada, corredores

etc.) é bastante precária.

Além disso, precisa engajar os gerentes de setores, inclusive da Gestão da

Qualidade, para implementar um programa de Gestão de Riscos Sanitários, pois

atualmente esses riscos não são devidamente considerados e possuem causas e

efeitos bastante nocivos ao ambiente humano e natural.

Cumprindo esses passos, o Hospital estaria apto a estabelecer um

planejamento de auditorias internas e programar a auditoria de certificação,

selecionando uma instituição certificadora idônea e bem conceituada.

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Page 66: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

Tab. 3 - Requisitos da Norma OHSAS 18001 e

Perfil da Empresa perante esses requisitos

Requisitos da Norma OHSAS 18001

Hospital Unimed Sede Administrativa

Grupo de Implementação do Sistema de Gestão de SST

Possui equipe técnica, mas precisa do engajamento de mais pessoas

Não possui

Política de Segurança e Saúde do Trabalho

Possui, mas precisa revisar Não possui

Procedimento para Identificação de Perigos, Avaliação e Controle de Riscos

Possui sistemática satisfatória Não possui

Requisitos Legais e outros requisitos Possui sistemática satisfatória Possui sistemática simples, precisa ser revisada e melhorada

Objetivos Possui sistemática satisfatória Não possui

Programa de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho

Utiliza o ciclo PDCA Não utiliza

Estrutura e Responsabilidade Atende parcialmente, precisa engajar os membros da diretoria, gestores e representantes dos trabalhadores

Atende parcialmente, possui apenas a equipe técnica (terceirizada), precisa engajar os membros da organização

Treinamento, Conscientização e Competência

Possui sistemática satisfatória Atende parcialmente, pois não possui planejamento (cronograma) de treinamentos

Consulta e Comunicação Possui sistemática satisfatória Atende parcialmente, precisa instituir um representante direto sobre os assuntos de SST

Documentação e Controle de Documentos e Dados

Atende ao requisito, mas precisa estabelecer uma sistemática de Controle de Documentos e Dados

Atende ao requisito, mas precisa estabelecer uma sistemática de Controle de Documentos e Dados

Controle Operacional Possui sistemática satisfatória Possui sistemática simples, precisa ser melhorada

Preparação e Atendimento a Emergências

Possui sistemática satisfatória Não possui

Avaliação de Desempenho e Monitoramento

Possui sistemática satisfatória Não possui

Acidentes, Incidentes, não-Conformidades, Ações Corretivas e Preventivas

Possui sistemática satisfatória Possui sistemática simples, precisa ser melhorada

Registros Possui sistemática satisfatória Possui sistemática satisfatória

Auditorias Realiza Inspeções Internas de Segurança

Não realiza

Análise Crítica pela Administração Possui sistemática satisfatória Não possui

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Page 67: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

A Sede Administrativa atende apenas as exigências legais, portanto,

precisaria inicialmente de um SST, pois todos os membros do núcleo técnico são

terceirizados.

O atendimento às exigências da norma deve se iniciar pela instituição do

Grupo de Implantação e do Representante da Direção, para que, a partir de então,

sejam implementados as atividades, procedimentos, documentos e registros, em

atendimento à norma OHSAS 18001.

Para proporcionar uma melhor visualização do perfil da Unimed Limeira e dos

requisitos que deverão ser implementados caso essa proposta seja aceita,

apresenta-se a tabela 3 , que representa os requisitos relacionados às

características da empresa ressaltadas nesse capítulo.

66

Page 68: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

11. CONCLUSÃO

O objetivo desta pesquisa foi formular uma proposta de implementação da

norma OHSAS 18001 para a Unimed Limeira Cooperativa de Trabalho Médico.

Especificamente, esse estudo teve o escopo de verificar a necessidade empresarial

de se implementar um sistema de gestão com o propósito de monitorar a saúde e a

segurança dos trabalhadores, levantar quais são e como se pode ter acesso às

ferramentas para servir de referencial para a Gestão de Segurança e Saúde do

Trabalho, apresentar a norma OHSAS 18001, apresentar os conceitos e critérios

para sua implementação e apresentar a situação atual da Unimed Limeira com

relação à segurança e saúde do trabalho, verificando quais critérios devem ser

adotados para que a empresa esteja habilitada à certificação pelos órgãos

competentes.

Pode-se considerar que estes objetivos foram alcançados, pois o estudo

bibliográfico demonstrou a necessidade de se implementar sistemas de gestão para

a segurança e saúde dos trabalhadores e a finalização deste estudo resultou na

proposta de implementação da norma em questão, com as ações que devem ser

adotadas para cumprimento dos requisitos desta norma.

A Unimed Limeira atua em dois segmentos de negócio distintos conforme

suas características, sendo eles o Hospital e a Sede Administrativa.

O Hospital por compreender atividades mais complexas e um número maior

de trabalhadores, possui atualmente um Sistema de Segurança e Saúde do

Trabalho bem estruturado, formado por profissionais técnicos da área, que aplicam

os requisitos das exigências legais e ações gerenciais. Portanto, a implementação

dos requisitos da norma neste local seria mais fácil.

A Sede Administrativa atua no cumprimento das exigências legais, mas não

possui um sistema de gestão estruturado. Portanto, neste local, inicialmente deve

ser instituído um Grupo de Implantação que adaptará o sistema para o atendimento

aos requisitos da norma.

Uma sugestão para a continuidade e aprofundamento desta pesquisa seria a

Gestão Integrada de Sistemas, que visa gerenciar de forma integrada os requisitos

das normas ISO 9000, ISO 14000 e OHSAS 18000.

67

Page 69: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA OHSAS 18000

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD: 1996.

BUREAU VERITAS DO BRASIL. Apostila do Curso - OHSAS 18001:1999 – Interpretação e Implementação, Módulo A: Questões Gerais de Saúde Ocupacional e Segurança. São Paulo. 2003.

BUREAU VERITAS DO BRASIL. Apostila do Curso - OHSAS 18001:1999 – Interpretação e Implementação, Módulo B: Os Modelos para a Gestão de S&SO e as Normas OHSAS 18001 E BS 8800. São Paulo. 2003.

BUREAU VERITAS DO BRASIL. Apostila do Curso - OHSAS 18001:1999 – Interpretação e Implementação, Módulo C: A Implementação do Sistema de Gestão de Meio Ambiente e Saúde Ocupacional e Segurança. São Paulo. 2003.

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PACHECO JÚNIOR, Waldemar. Qualidade na segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Atlas, 1995. 118p.

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