renascer 40
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Boletim Informativo Nº40. Edição de Outubro, Novembro e Dezembro de 2012.TRANSCRIPT
Dia 5 de Janeiro toma‐
ram posse os novos
órgãos sociais da San‐
ta Casa da Misericór‐
dia de Sines, eleitos
no passado dia 30 de
Novembro. A cerimó‐
nia decorreu na Igreja
Matriz de Sines e con‐
tou com a presença
do Bispo da Diocese
de Beja, Dom António
Vitalino Dantas, e de
vários membros de
outras Misericórdias
do distrito de Setúbal.
Antes da tomada de
posse os cerca de 100
convidados tiveram
oportunidade de visi‐
tar a obra de constru‐
ção do novo lar de
idosos da Instituição,
o “Prats Sénior”.
Os corpos gerentes
agora empossados
vão exercer funções
entre 2013 e 2015 e
mantêm Jorge Ruas (Continua na página 3)
II Concerto “Santa Causa”II Concerto “Santa Causa” pág. 14pág. 14
NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS TOMAM POSSE DESTAQUES
Outubro
Novembro
Dezembro
2012
RENASCERb o l e t i m i n f o r m a t i v o
Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº 40
Santa Casa da Misericórdia de Sines www.scmsines.org
Natal na MisericórdiaNatal na Misericórdia pág. 4pág. 4
À Conversa com… António FranciscoÀ Conversa com… António Francisco pág. 8pág. 8
No dia 05/01/2013 completaram‐
se três anos sobre a tomada de
posse desta Mesa Administrativa
e restantes Órgãos Sociais. Como
principais objectivos de mandato
tínhamos definido: procura de
soluções de melhoria contínua no
que diz respeito ao bem‐estar e
conforto dos utentes; melhorias e
transformações nas instalações;
reestruturação e personalização
dos serviços; candidaturas para
novos equipamentos; formação
contínua dos colaboradores;
workshops e formação específica
para as chefias, sobretudo na área
da gestão, a fim de melhorar as
competências no serviço prestado
aos utentes e garantir a sustenta‐
bilidade de Misericórdia.
Apesar da difícil conjuntura eco‐
nómica dos últimos anos, conse‐
guimos cumprir com estes objecti‐
vos, bem como outros que foram
sendo definidos em cada Plano de
Actividades anual.
O novo mandato que agora se ini‐
cia, insere‐se num período, infeliz‐
mente, repleto de incertezas e
anúncios de mais restrições e difi‐
culdades que se reflectirão na
vida de todos portugueses, res‐
tringindo seguramente as suas
capacidades financeiras e estabili‐
dade no emprego, além de dificul‐
tar a sustentabilidade de institui‐
ções e empresas, reflectindo‐se
de forma gravosa nas receitas das
Misericórdias.
Obviamente que não podemos
negar a nossa preocupação, senão
seriamos levianos ou incautos,
pois de certeza irá obrigar‐nos a
reformular a nossa orientação e
reestruturar a nossa organização,
de forma a esquecermos vícios e
hábitos supérfluos e investirmos
em práticas mais úteis e optimiza‐
das, novas atitudes, evitando
sempre o desperdício.
Claro que temos confiança nas
nossas capacidades para enfren‐
tarmos os desafios, tanto mais
que a construção do novo Lar é
mais um motivo que temos para
alimentar a nossa dinâmica e
sinergias, embora com o respecti‐
vo acréscimo de endividamento a
ele associado.
Mesmo assim, temos como ambi‐
ção a concretização dos seguintes
objectivos: conclusão do novo Lar
Prats Sénior e a sua abertura ao
público; selecção e reestruturação
dos serviços e pessoal com o
enquadramento das actividades
no Prats Sénior; melhoria contí‐
nua no desempenho dos colabo‐
radores e prestadores de serviços;
elaboração de novos projectos
para Creche e outros equipamen‐
tos de igual interesse, para even‐
tuais candidaturas aos fundos
europeus; continuação de melho‐
rias na organização e controlo dos
procedimentos, de contratos,
prestações de serviços e aprovei‐
tamento de recursos, de forma a
conseguir‐se uma redução de cus‐
tos eficiente e controlada.
Alargar o acompanhamento social
e humanitário a um maior leque
de utentes e tentar atingir a sus‐
tentabilidade da Misericórdia.
A nossa atitude terá de ser de
contenção e moderação enquanto
durar a política de austeridade
anunciada, procurando por todos
os meios evitar que as eventuais
quebras se repercutam na quali‐
dade de prestação de serviços aos
utentes.
Temos de ter presente que cerca
de 85% das actuais admissões de
utentes são de pessoas muito
dependentes, exigindo, por isso,
mais assistência e mais competên‐
cia, o que se reflecte no acréscimo
dos custos. Também com o evo‐
luir da sociedade, aumentam as
exigências de qualidade das insti‐
tuições, famílias e utentes, verifi‐
cando‐se uma incompatibilidade
com as receitas cada vez menores
comparativamente aos custos.
Por tudo isto, embora não se avi‐
zinhem tempos fáceis, continua‐
mos a acreditar que temos capaci‐
dade para contornar os obstácu‐
los e continuarmos a evoluir na
qualidade técnica e humana e no
“saber fazer melhor”, em prol do
bem‐estar e conforto dos nossos
utentes e colaboradores.
Gostaria de deixar uma mensa‐
gem, que além de esperança,
incentive o espírito de fraternida‐
de, mais humanização, mais
empenho e dedicação, de dar
mais exigindo menos, pois só com
a ajuda e colaboração de todos,
internos e externos, é que conse‐
guiremos manter a sustentabilida‐
de da Misericórdia.
Manifestar também gratidão a
todos aqueles que ao longo deste
último mandato, Órgãos Sociais,
Voluntariado, Entidades, Amigos
da Misericórdia, todos os técnicos
e colaboradores, que com a sua
generosa contribuição se empe‐
nharam em fazer o seu melhor.
Aos utentes e familiares peço des‐
culpa se esperavam mais de nós e
não conseguimos fazer melhor.
Acreditem que a nossa missão
não é fácil, mas o nosso objectivo
é podermos ser em cada dia um
pouco melhores que ontem. Para
isso também contamos com a
paciência, compreensão, tolerân‐
cia e colaboração de todos.
Termino, pedindo a Deus e à Nos‐
sa Senhora das Misericórdias que
nos ajudem nesta nossa Missão
de, com caridade, solidariedade,
humanismo e competência, aliviar
o sofrimento dos que mais de nós
precisam.
Um grande BEM‐HAJA
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RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
Propriedade, Edição e Impressão SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES
Periodicidade Trimestral
Número 40
Edição Outubro| Novembro | Dezembro 2012
Director Luís Maria Venturinha de Vilhena
Redacção Rita Camacho
Revisão de Texto José Mouro, Rita Camacho
Fotografia Ricardo Batista, Rita Camacho, Sulcor
Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho
Tiragem 300 exemplares
Depósito legal 325965/11
Distribuição Gratuita
Ficha Técnica
RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o
BALANÇO E OBJECTIVOS
Luís Maria Venturinha de Vilhena Provedor da Misericórdia de Sines
ED
ITO
RIA
L
da Silva como Presidente da Assembleia‐
Geral, Luís Venturinha de Vilhena como
Provedor e José Luís Batalha como Presi‐
dente do Conselho Fiscal. Ao todo, 22
elementos, 11 efectivos e 11 suplentes,
compõem os órgãos sociais da Miseri‐
córdia, distribuídos pela Assembleia‐
Geral, Mesa Administrativa e Conselho
Fiscal.
(Continuação da página 1)
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bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS TOMAM POSSE
Assembleia‐Geral Presidente: Jorge Manuel Patrício Ruas da Silva Secretário: Filipe Alexandre Anacleto Raposo Vogal: Gracinda Maria Marques Pereira Guedes Suplentes: Maria da Luz Santos Gonçalves António Joaquim Venturinha Abílio Torcato Valadas Raposo
Mesa Administrativa Provedor: Luís Maria Venturinha de Vilhena Vice‐Provedor: João Fernando Matos Vinagre Tesoureiro: Maria do Céu Jesus Fonseca Afonso Secretário: Carlos Alberto do Rio Salvador Vogal: Ana Maria Vilhena Pereira
Suplentes: António Manuel Serra Dias António Castello Branco Lobo de Vasconcellos António José Vaz Candeias António Agostinho Teixeira Lourenço José Fernandes Pereira
Conselho Fiscal Presidente: José Luís Martins Batalha Secretário: José Manuel Arsénio Vogal: Eduardo Manuel Romano Moutinho Suplentes: José António Cordeiro Porfírio Horácio Silva Catarino Álvaro Pereira Correia
Órgãos Sociais eleitos
Composição da nova Mesa Administrativa da Misericórdia
Visita à obra do “Prats Sénior”
Discurso do Provedor na Igreja Matriz
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RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
NATAL NA MISERICÓRDIA Chegado o mês de Dezembro é tempo de celebrar o Natal,
época de paz, alegria e união entre famílias. A Misericórdia
de Sines comemora esta época do ano com várias activida‐
des que envolvem utentes, familiares, colaboradores,
voluntários, órgãos sociais e a própria comunidade. Não
faltam as decorações natalícias, as trocas de presentes e de
cartões, a Ceia de Natal, as músicas cantadas pelo Grupo
Coral e a presença do Pai Natal, que obrigatoriamente visi‐
ta todas as respostas sociais da Instituição.
Durante o mês de Dezembro várias turmas da Escola
EB23 Vasco da Gama de Sines visitaram os utentes da
Santa Casa da Misericórdia e presentearam‐nos com
músicas de Natal. Os alunos além de cantarem, toca‐
ram flauta e assim animaram os idosos nesta quadra
natalícia.
No dia 14 de Dezembro realizou‐se no Salão Social o
tradicional Jantar de Natal dos colaboradores da Insti‐
tuição, no qual estiveram presentes membros dos
órgãos sociais. Os colaboradores da Misericórdia
puderem assim conviver e celebrar o Natal, num jan‐
tar onde não faltou a animação musical.
Dia 19 de Dezembro foi a vez de todos os utentes des‐
frutarem da Festa de Natal organizada especialmente
para eles. Este ano, além das actuações de utentes,
Voluntários e do Grupo Coral, a festa foi abrilhantada
pela actuação do ilusionista Mário Ribeiro.
Dia 20 de Dezembro, durante a tarde, o Grupo Coral
da Misericórdia visitou os Lares e o Centro de Dia da
Instituição, levando cânticos de Natal aos idosos da
Santa Casa.
5
bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
Dia 21 de Dezembro, durante a tarde, foram distribuí‐
dos bolos‐rei a todos os funcionários, voluntários e
membros do Grupo Coral da SCMS.
O Provedor Luís Venturinha procedeu à entrega desta
singela lembrança de Natal.
Também no dia 22 antecipou‐se a Ceia de Natal dos
utentes, num jantar que contou com a presença da
maioria dos órgãos sociais da Misericórdia. Nessa
mesma noite foram também distribuídos presentes a
todos os idosos da Misericórdia.
Este ano a empresa Reboport – Sociedade Portuguesa de Reboques Marítimos, S.A. asso‐
ciou‐se à Santa Casa Misericórdia de Sines nas comemorações de Natal. Assim, no dia 19 de
Dezembro os colaboradores desta empresa assistiram à Festa de Natal da Santa Casa e
trouxeram um presente simbólico para todos os utentes. Além disso, a Reboport ofereceu
também material desportivo para as aulas de ginástica dos idosos e patrocinou o lanche de
Natal e a actuação do ilusionista Mário Ribeiro.
A Reboport existe desde 2002, está sediada em Sines e é a empresa concessionária do serviço de reboques e
amarração de navios no Porto de Sines, contando nos quadros com cerca de 60 trabalhadores. A Reboport opera
24 horas por dia e está certificada pela norma de qualidade ISO 9001‐2008.
OBRIGADO REBOPORT!
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As celebrações natalícias terminaram dia 7 de Janeiro,
com a comemoração do Dia de Reis. Nesse dia um
grupo de utentes da Misericórdia cantou as Janeiras
em vários espaços comerciais da cidade, anunciando
o nascimento de Jesus e desejando a todos Um Feliz
Ano Novo. No final realizou‐se um lanche especial
proporcionado pelas ofertas dos comerciantes.
As restantes valências da Misericórdia, Lar “A Âncora”,
C.A.V. “Mãe Sol”, C.A.T. “Porto D’Abrigo” e Infantário
“Capuchinho Vermelho” também comemoraram o
Natal com algumas iniciativas pontuais nas respecti‐
vas instalações. Organizaram‐se jantares, distribuição
de presentes e pequenas festas. Os meninos do Lar “A
Âncora” foram mesmo convidados a decorar, de for‐
ma personalizada, a árvore de natal da Refinaria de
Sines.
A Misericórdia agradece também a todos os que ajuda‐
ram a Instituição nesta época natalícia, nomeadamen‐
te, J. P. Ferreira, Talho Romão, Frutas Barata, Padaria
Lino da Silva, Makro ‐ Cash and Carry, Aviludo ‐ Indús‐
tria e Comércio de Produtos Alimentares, Higisines ‐
Produtos de Higiene e Limpeza, Anceral ‐ Comércio de
Sistemas de Higiene, Panificadora de Santo André,
Administração do Porto de Sines e Repsol YPF.
AGRADECIMENTO
RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
PUB
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bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
Ao longo dos últimos 3
anos os órgãos sociais da
Misericórdia concretiza‐
ram várias medidas com o
objectivo principal de
melhorar a qualidade dos
serviços prestados pela
Instituição. Assim, foram
reestruturados e centrali‐
zados alguns serviços,
passando a existir uma
maior delegação de pode‐
res nos seus responsáveis.
Em simultâneo todos os
serviços foram informati‐
zados, privilegiando‐se a
comunicação digital e foi
implementado o registo
biométrico. Os colabora‐
dores da Instituição tive‐
ram direito a novo farda‐
mento, acesso a acções de
formação especializadas e
a cuidados de saúde a bai‐
xo custo.
Na Instituição foram tam‐
bém criados novos servi‐
ços, entre eles o Gabinete
de Psicologia, o Serviço de
Fisioterapia, o Serviço de
Saúde, a Farmácia Interna
e o Banco de Voluntaria‐
do. Os órgãos sociais
apostaram ainda na cria‐
ção da Loja Social
“Sinergia Solidária”, do
Serviço de Teleassistência
e da Cantina Social.
O sector das compras/
aprovisionamento foi
outra das grandes apostas
destes corpos gerentes,
com o objectivo de renta‐
bilizar investimentos, e de
renegociar e implementar
a utilização de novos pro‐
dutos, que permitem
maior conforto aos que
residem na Instituição.
Em termos de infra‐
estruturas, verificou‐se a
mudança de instalações
do Centro de Dia. A cozi‐
nha, o refeitório do Lar
Prats e a Lavandaria/
Rouparia foram remodela‐
dos e foram feitas melho‐
rias no Salão Social de
modo a colmatar deficiên‐
cias acústicas. O Infantário
“Capuchinho Vermelho”
mudou de instalações,
funcionando agora no Edi‐
fício Ancorope, tendo em
vista a construção do
“Prats Sénior”, um novo
equipamento com capaci‐
dade para no máximo 80
utentes. Além de tudo
isto, foram também exe‐
cutadas pequenas obras
de melhoramento no Lar
“A Âncora”, e nos Centros
“Porto D’Abrigo” e “Mãe
Sol”.
Durante o último manda‐
to foi inaugurada a Galeria
de Provedores, foi lançado
o Livro de Mérito da Insti‐
tuição e instituiu‐se a
homenagem a todas as
funcionárias que comple‐
tem 25 anos de serviço.
Foi ainda relançado o
Boletim Informativo
“Renascer”, publicado tri‐
mestralmente, e a Miseri‐
córdia criou um programa
de rádio, emitido sema‐
nalmente na Rádio Sines.
No funcionamento diário
da Instituição verificou‐se
uma aposta na humaniza‐
ção dos cuidados e uma
maior dinâmica a nível das
actividades lúdicas e de
entretenimento, que
envolvem agora outras
entidades, bem como a
comunidade em geral. A
higiene e segurança tam‐
bém não foram esqueci‐
das, verificando‐se uma
aposta na sinalização, na
criação de saídas de
emergência e na criação
de um projecto de Segu‐
rança Contra Incêndios.
3 ANOS DE MANDATO
Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de Sines na Rádio Sines
TERÇAS-FEIRAS 11:15 | SEXTAS-FEIRAS 15:40 | DOMINGOS depois das 09:00
Obras do Lar Prats Sénior (Janeiro de 2013)
António Francisco, de 93
anos, nasceu no dia 9 de
Abril nos arredores de
Sines, mais precisamente
na Casa dos Pinheiros,
situada no lugar da
Gamela. Decorria então o
ano de 1919 e António
Francisco veio fazer parte
de uma família de gentes
do campo que, segundo
ele, habitava uma casa
grande, apesar de ter
apenas três divisões. Em
redor da casa, o que não
faltava, era terreno para
cultivar.
A infância de António,
passada junto das irmãs,
tios e avós, ficou desde
logo marcada por duas
perdas: «O meu pai mor‐
reu quando eu tinha 6
meses e a minha mãe,
infelizmente, também
faleceu cedo demais,
quando eu tinha 6 anos. A
partir daí, eu e as minhas
irmãs, fomos criados
pelos nossos tios.» Antó‐
nio Francisco era o mais
novo dos quatro irmãos
e, apesar de tudo, mante‐
ve o contacto com as suas
três irmãs. «Os tios com
quem fui viver moravam
perto da casa dos meus
pais assim como da nossa
restante família, o que fez
com que mantivesse o
contacto com as minhas
irmãs. Os meus tios tra‐
balhavam muito, tinham
sempre que fazer, mas
tratavam‐me bem. Nem
me lembro de se terem
zangado comigo uma úni‐
ca vez, apesar da minha
tia ser ‘malina’. Por volta
dos meus seis anos, altu‐
ra em que fui viver com
eles, ocupava o tempo
com algumas brincadei‐
ras e a fazer qualquer
“mandado” que fosse
necessário.» Aos 13 anos
António Francisco come‐
çou a trabalhar como
“gente grande”, mas ain‐
da assim os tios deram‐
lhe a oportunidade de
aprender a ler e a escre‐
ver. «Aos 13 anos entre‐
garam‐me dois bois para
trabalhar. Foi uma tarefa
complicada para mim
porque os animais não
eram mansos, mas com
ajuda de uns criados dei
conta do recado e não
tardou muito, os bois
estavam capazes de
lavrar. E apesar de ter
começado a trabalhar
cedo, os meus tios permi‐
tiram que aprendesse a
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RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
Á CONVERSA Á CONVERSA COMCOM... ... António FranciscoAntónio Francisco
ler e a escrever. Ia um
professor lá a casa que
me ensinava. Á escola
não fui porque não havia
nenhuma lá perto e
naquele tempo tínhamos
que ajudar a família. Já
em adulto, quando fui
trabalhar para perto de
uma oficina em Santiago
do Cacém, é que treinei a
minha leitura e a minha
escrita. Todos os dias lia
lá o jornal.»
Aos 23 anos António
Francisco casou, apesar
de, segundo ele, ter
namorado pouco. «A
minha mulher era 6 anos
mais nova que eu e mora‐
va também nos arredores
de Sines. Conheci‐a nos
bailes através de um
cunhado meu. Quando a
pedi em namoro ela acei‐
tou, mas disse‐me logo
‘aceito o teu pedido de
namoro, mas tens de ir a
minha casa!’ Assim fiz,
depois disso, casámos
com direito a festa e tudo,
e acabámos por ficar jun‐
tos mais de 60 anos. E
não tenho dúvidas em
dizer que foi um casa‐
mento feliz. Apesar da
minha mulher ter assim
um ‘bocadinho de génio’,
entendemo‐nos sempre
bem.» Um ano depois de
casar e já com um filho
pequeno, António foi
viver para a Ribeira da
Azenha, no concelho de
Odemira, e por lá se man‐
teve cerca de 16 anos.
«Na Ribeira da Azenha
trabalhava igualmente no
campo. Semeava trigo,
milho e tudo o que fosse
preciso. Semeava para o
gasto da casa e se sobras‐
se alguma coisa, vendia.
A minha esposa era dona
de casa e como a nossa
fazenda tinha um pouco
de cortiça, posso dizer
que vivíamos bem e até
tínhamos uma criada,
para nos ajudar.»
Com cerca de 40 anos,
António e a família deixa‐
ram a Ribeira da Azenha
com o principal propósito
de permitir que o seu úni‐
co filho tivesse um acesso
facilitado à escola. «Na
Ribeira da Azenha era
mais difícil para o meu
filho seguir os estudos,
por isso optámos por vir
morar para Santiago do
Cacém, mas nunca perdi
o contacto com a Ribeira
da Azenha.» Para tal, foi
fundamental a carta de
condução. «Tirei a carta
de condução antes de
fazer 40 anos e por isso
estive um mês em Lisboa.
Só lá é que se tirava a
carta. Lembro‐me que
naquela altura muito
pouca gente tinha carta e
carro. Eu conduzi até ter
perto de 90 anos e posso
dizer que me safei sempre
bem. Era bom condutor e
nunca tive nenhum aci‐
dente. Se calhar se hoje
fosse experimentar, acho
que ainda conseguia con‐
duzir.»
Dos tempos de antiga‐
mente António Francisco
recorda os bailes, algu‐
mas festas e um jeito
diferente de viver. «No
outro tempo, os bailes
eram feitos nos montes.
Arranjava‐se alguém para
tocar, vendia‐se café,
aguardente e vinho e a
malta divertia‐se. Mas
isto era mais no Verão,
porque no Inverno o serão
passava‐se ‘de roda do
lume’! Era também um
hábito vir todos os anos à
Festa da Senhora das
Salas. A minha tia fazia
questão, ou não fosse o
nome dela Maria das
Salas. Eram outros tem‐
pos, as pessoas eram
mais amigas umas das
outras e havia mais convi‐
vência. Hoje já quase nem
se diz bom dia a quem
passa por nós. E além dis‐
so, vivia‐se sem grandes
mordomias. Criávamos
porcos e galinhas, e na
maior parte das ocasiões
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bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
António Francisco em pequeno
António Francisco na companhia de outros utentes da Santa Casa
10
RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
comíamos papas à refei‐
ção.» Apesar de reconhe‐
cer que os tempos de
hoje são muito diferen‐
tes, a saudade não faz
parte do seu estado de
espírito. «Ter saudade
para quê? Não posso
mudar as coisas, nem
ficar mais novo. A única
coisa que sinto falta é dos
tempos de lavoura. Fazia
esse trabalho com gos‐
to.»
Ao longo da conversa a
memória nem sempre
ajudou António Francisco,
que ainda assim passou
em revista 93 anos de
existência. Além da histó‐
ria de vida até aqui des‐
crita, as lembranças per‐
mitiram recordar os jogos
às escondidas, as vindas a
Sines para ‘beber um
copo’, o facto de ter tido
a possibilidade de ajudar
alguns pobres e o traba‐
lho duro e nem sempre
recompensado devida‐
mente. António Trabalha‐
va durante 6 dias por
semana, sem direito a
férias. Talvez por isso,
quando questionado
sobre as boas recorda‐
ções da sua vida respon‐
de, divertido, que foi o
ano em que casou. «No
ano do meu casamento
trabalhei pouco e talvez
esse tenha sido o melhor
ano da minha vida. O
meu sogro tinha lavoura,
mas tinha um filho e um
criado que trabalhavam
com ele, por isso sobrava
pouco trabalho para mim.
Foi um belo ano, em que
deu para descansar.»
Actualmente António
Francisco reside no Lar
Prats da Santa Casa da
Misericórdia de Sines.
Esta passou a ser a sua
casa há cerca de 3 anos e
o ter ficado viúvo foi um
factor determinante nes‐
ta opção. «Fiquei muito
triste quando enviuvei,
principalmente porque
pensei que a minha
mulher não estava assim
tão doente. Achava que
ela ainda ia viver alguns
anos. Depois da minha
esposa falecer vivi com o
meu filho durante 6 anos
até que decidimos a
minha vinda para cá. Não
estava mal em casa, mas
andava esmorecido. Aqui
também gosto de estar,
não tenho razão nenhu‐
ma das funcionárias, brin‐
co com elas, dou as
minhas voltinhas e de vez
em quando participo nas
actividades da casa. Só é
mais aborrecido quando
chove, porque não se
pode sair.» Sobre o futuro
António Francisco hesita,
e não sabe bem o que
dizer, apenas deseja que
tudo corra como até aqui,
que todos o tratem bem,
tal como ele trata toda a
gente.
PUB
António Francisco na companhia da irmã
11
bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
PUB
VISITA DO PARTIDO SOCIALISTA
12
BREVES DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO
No dia 10 de Novembro, a Comissão Política Concelhia do PS
Sines reuniu com a Mesa Administrativa e alguns técnicos da
Instituição. Foi feita a caracterização da instituição e das suas
diferentes valências, apresentados os principais projectos e
dificuldades. Através desta visita, foi possível à Concelhia Local
do PS o contacto directo com a realidade da Santa Casa, que
desempenha um papel importante no apoio a quem mais
necessita. Foi também ocasião para o grupo visitar alguns dos
Lares e dar a conhecer o andamento da obra do “Prats Sénior”,
o novo lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Sines.
No dia 5 de Dezembro comemora‐se o Dia Internacional
do Voluntariado. A Misericórdia de Sines, com o seu
Banco de Voluntariado em funcionamento desde 2011,
assinalou a data no dia 8 de Dezembro, com a actuação
do grupo de música popular “Falta Um”. Este grupo, com
cerca de 10 elementos, actuou na Instituição de forma
voluntária e presenteou os utentes com várias músicas
tradicionais, grande parte delas de tradição alentejana.
Os voluntários da Misericórdia também estiveram pre‐
sentes neste pequeno concerto, que terminou com um
lanche convívio entre todos os presentes.
Actualmente integram o Banco de Voluntariado da Mise‐
ricórdia 25 elementos, que colaboram em diferentes
actividades e em diferentes sectores, entre os quais, a
animação sociocultural, a Loja Social ou o Infantário
“Capuchinho Vermelho”.
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 Apartado 333 7520‐107 SINES
Site: www.scmsines.org Email: [email protected]
Provedoria Tel. 269630462 | Fax. 269630469 Email: [email protected]
Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐16h00
Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: [email protected] Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐16h00
Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário) Tel. 269630460 | Fax. 269630469 Email: [email protected]
Horário de Atendimento: 09h00‐13h00 | 14h00‐17h00
Infantário “Capuchinho Vermelho” Telem. 967825287 Email: [email protected] Horário de Funcionamento: 07h45‐19h45
Outros Contactos: Animação: [email protected] Gabinete de Informação:
gab‐[email protected] Gabinete de Psicologia: gab‐[email protected] Recursos Humanos:
Informações Úteis
RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
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CANTINA SOCIAL ENTRA EM FUNCIONAMENTO
Como forma de apoiar
situações de carência ali‐
mentar urgentes, a Santa
Casa da Misericórdia de
Sines tem em funciona‐
mento desde início de
Novembro a Cantina
Social. Este novo serviço
consiste na disponibiliza‐
ção de refeições a indiví‐
duos ou famílias caren‐
ciadas, de forma gratuita
ou mediante o pagamen‐
to de um valor simbólico
que pode ir, no máximo,
até 1 euro por refeição.
Actualmente a Misericór‐
dia apoia 25 utentes atra‐
vés da Cantina Social,
prevendo‐se que este
número possa aumentar
a curto prazo. Os benefi‐
ciários da Cantina Social
têm entre 25 e 60 anos, e
são preferencialmente
idosos com baixos rendi‐
mentos, famílias expos‐
tas ao fenómeno do
desemprego ou com
filhos a cargo e pessoas
com deficiência ou com
dificuldade em ingressar
no mercado de trabalho.
Considerando algumas
particularidades que
atingem os novos pobres
e para acautelar a sua
privacidade, as refeições
são disponibilizadas para
consumo no domicílio
dos beneficiários.
A Cantina Social da Mise‐
ricórdia surgiu na
sequência de um progra‐
ma de emergência ali‐
mentar protocolado e
comparticipado pelo
Governo, que se renova
sucessivamente pelo
período de um ano. Este
novo projecto foi concre‐
tizado sem qualquer
investimento, maximizan‐
do‐se assim os recursos
existentes na Misericór‐
dia.
PARTICIPAÇÃO EM TORNEIO DE BOCCIA Dia 3 de Dezembro a
Federação Portuguesa de
Desporto para Pessoas
com Deficiência organi‐
zou na FIL, em Lisboa, a
final do Torneio de Boc‐
cia Sénior da Área Metro‐
politana daquela cidade.
Integrado nas comemo‐
rações do Ano Europeu
do Envelhecimento Acti‐
vo e da Solidariedade
entre Gerações, este tor‐
neio contou com a parti‐
cipação de atletas de 14
municípios, entre eles o
de Sines, através de
representantes da Santa
Casa da Misericórdia.
Cinco utentes participa‐
ram no torneio, por equi‐
pas e a nível individual,
concorrendo com atletas
de outras Misericórdias.
Foi a primeira vez que a
Santa Casa da Misericór‐
dia de Sines se fez repre‐
sentar numa prova des‐
portiva, dando assim a
oportunidade aos uten‐
tes de demonstrarem
aquilo que treinam
semanalmente na Insti‐
tuição.
O objectivo do Boccia é
colocar as bolas de cor o
mais perto possível de
uma bola alvo, que é lan‐
çada estrategicamente
no início do jogo. Não
existe limite de idade
para a prática desta
modalidade, tratando‐se
de um jogo misto que
pode ser jogado por pes‐
soas portadoras ou não
de dificuldades físicas ou
motoras.
Os idosos da Santa Casa em competição
II CONCERTO “SANTA CAUSA” No dia 23 de Novembro realizou‐se
no Salão Social da Misericórdia o II
Concerto “Santa Causa” organiza‐
do com o objectivo de divulgar o
trabalho desenvolvido semanal‐
mente pelo Grupo Coral da Insti‐
tuição. Á semelhança do que acon‐
teceu o ano passado, este concerto
contou com a participação da psi‐
cóloga Eva Zambujo e de Elisa Gal‐
vão, antiga estagiária da Institui‐
ção.
Maria Alice, cantora popular resi‐
dente na região, foi a convidada
especial deste concerto, tendo
apresentado ao público algumas
das suas músicas que fizeram
sucesso ao longo de mais de 30
anos de carreira.
O Grupo Coral da Misericórdia
existe desde 1992 e desde Outu‐
bro de 2011 que ensaia com regu‐
laridade, às sextas‐feiras à tarde,
sob orientação de Eva Zambujo.
Actualmente, cerca de 25 pessoas
compõem o Grupo Coral, que nos
últimos tempos tem cativado
novos elementos.
Habitualmente o Grupo Coral da
Misericórdia de Sines interpreta
músicas tradicionais, a maior parte
delas com raízes alentejanas. Do
seu repertório fazem parte can‐
ções alusivas a Sines e outras reti‐
radas do Cancioneiro Alentejano.
Ocasionalmente, o Grupo Coral
interpreta outro género de músi‐
cas, até mesmo algumas delas
escritas na língua inglesa.
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bo le t im in fo rmat i vo RENASCER
MATERIAL MÉDICO-HOSPITALAR, LDA.
Rossio da Estação, nº 11 7940-196 CubaTelf.: 284 41 41 39 Fax: 284 41 41 67 Contribuinte nº 503 841 455
E-mail: [email protected]
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Entre dia 8 e 27 de Outubro, duas
voluntárias polacas estiveram na
Santa Casa da Misericórdia de
Sines a desenvolver actividades de
trabalhos manuais com os utentes.
À Semelhança do que aconteceu
em Julho último, estas voluntárias
vieram a Portugal ao abrigo de
uma parceria com a Associação
Prosas – Universidade Sénior de
Sines, que integra o projecto comu‐
nitário “Carnation”. Este projecto
promove o voluntariado sénior e
insere‐se num programa mais vas‐
to, denominado “Grundtvig – Pro‐
mover a Educação ao Longo da
Vida”. O objectivo deste programa
é cuidar afectivamente de pessoas
debilitadas ou carenciadas e foi
exactamente isso que as voluntá‐
rias fizeram durante as 3 semanas
que estiveram em Sines, junto dos
associados do Prosas e dos utentes
da Misericórdia de Sines. Estiveram
envolvidos nesta actividade não só
os idosos dos lares e centro de dia,
mas também as crianças do Lar de
Rapazes “A Âncora”. Durante o
tempo que estiveram em Sines as
voluntárias ensinaram os utentes
da Santa Casa a fazer decorações e
postais de Natal.
VOLUNTÁRIOS DA POLÓNIA NOVAMENTE NA SANTA CASA
As voluntárias polacas e os utentes da Santa Casa
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RENASCER
bo le t im in fo rmat i vo
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AGRADECIMENTO
O “Renascer” agradece a todos os patrocinadores e amigos que contribuíram para que este meio de comunicação da nossa Instituição se tornasse uma realidade.
Uma vez que é nosso objectivo melhorar gradualmente a forma e os conteúdos deste boletim informati‐vo, assim como aumentar a sua tiragem e, consequentemente, divulgá‐lo junto de um público cada vez
mais vasto, revela‐se de grande importância o apoio destes e de outros patrocinadores. Obrigada por nos ajudarem a sermos melhores!
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