revista eletrÔnica de ciÊncias empresariais

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REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599

CONSELHO EDITORIAL

PRESIDENTE Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães

EDITORES Prof. Ms. Adalberto Brandalize

CONSELHEIROS

Prof. Dr. Mario Nei Pacagnan Prof. Dr. Nelson Ludovico

Prof. Dr. Régio Marcio Toesca Gimenes (UNIPAR) Prof. Ms. André Rogério Berto (UniFil)

Prof. Ms. Ébano Bortotti de Oliveira (UniFil) Prof. Ms. Edílson Gonçalves Moreira (UniFil)

Prof. Ms. Luis Marcelo Marins (UniFil) Prof.ª Dra. Suzana Rezende Lemanski (UniFil)

Prof.ª Dra. Cláudia Cristina Ferreira (UEL) Prof.ª Ms. Aparecida Vani Frasson Gaion (UniFil)

Prof.ª Ms. Elen Gongora Moreira (UniFil) Prof.ª Ms. Esmera Fatel Aureliano Rossi (UniFil)

Prof.ª Ms. Maria Eduvirge Marandola (UniFil) Prof.ª Ms. Maria Inez Barboza Marques (UniFil)

REVISÃO Thiago Tomasin Biazin

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 ENTIDADE MANTENEDORA

Reitor

• Dr. Eleazar Ferreira

Pró-Reitor de Ensino de Graduação

• Prof. Ms. Reynaldo Camargo Neves

Coordenadora de Controle Acadêmico

• Prof.ª Esp. Helena Fumiko Morioka

Coordenadora de Ação Acadêmica

• Laura Maria dos Santos Maurano

Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão

• Prof.ª Dra. Damares Tomasin Biazin

Coordenador de Projetos Especiais e Assessor do Reitor

• Prof. Ms. Reynaldo Camargo Neves

Coordenador de Publicações Científicas

• Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães

Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional

• Prof. Ms. Jose Gonçalves Vicente

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599

COORDENADORES DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

• Administração - Prof. Ms. Luís Marcelo Martins • Arquitetura e Urbanismo - Prof. Ms. Ivan Prado Junior

• Biomedicina - Prof. Esp. Eduardo Carlos Ferreira Tonani • Ciências Biológicas - Prof. Dr. João Antônio Cyrino Zequi • Ciências da Computação - Prof. Ms. Sérgio Akio Tanaka

• Ciências Contábeis - Prof. Ms. Eduardo Nascimento da Costa • Direito - Prof. Ms. Osmar Vieira da Silva

• Educação Física - Prof. Ms. Pedro Lanaro Filho • Enfermagem – Prof.ª Ms. Rosângela Galindo de Campos

• Farmácia – Prof.ª Dra. Lenita Brunetto Bruniera • Fisioterapia – Prof.ª Dra. Suhaila Mahmoud Smaili Santos

• Nutrição – Prof.ª Ms. Ivoneti Barros Nunes de Oliveira • Pedagogia – Prof.ª Ms. Marta Regina Furlan de Oliveira

• Psicologia – Prof.ª Dra. Denise Hernandes Tinoco • Secretariado Executivo – Prof.ª Ms. Izabel Fernandes Garcia Souza

• Sistema de Informação - Prof. Ms. Sérgio Akio Tanaka • Teologia - Prof. Dr. Joaquim José de Moraes Neto

• Turismo – Prof.ª Esp. Michelle Ariane Novaki

Rua Alagoas, nº 2.050 - CEP 86.020-430 Fone: (43) 3375-7401 - Londrina - Paraná

www.unifil.br

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 EDITORIAL

É com satisfação que publicamos a primeira edição da Revista Eletrônica de Ciências Empresariais, antiga demanda dos cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Secretariado Executivo e Turismo e que se torna realidade. Este periódico faz parte da política editorial do Centro Universitário Filadélfia - UniFil em constituir espaços de divulgação acadêmica por áreas do conhecimento, complementando a já tradicional "Revista Terra e Cultura", que em 2007 alcanço sua edição de número 44. Juntamente com a de Ciências Empresarias, está no ar a Revista Eletrônica de Educação, sendo que nossos próximos passos será a constituição de um periódico da área de saúde e a disponibilização da Revista Jurídica, periódico impresso do Curso de Direito, já em sua quarta edição. Com isso acreditamos que a instituição está cumprindo seu papel de produção e divulgação acadêmica e o diálogo com instituições e pesquisadores de todo país.

Boa Leitura.

Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães Presidente do Conselho Editorial

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599

Ficha Catalográfica

R349

Revista Eletrônica de Ciências Empresariais, v.1, n.1, ago.; dez. 2007 – Londrina: UniFil, 2007.

Semestral Revista da UniFil – Centro Universitário Filadélfia. ISSN 1983-0599 Rev1. Educação superior – Periódicos. I. UniFil – Centro Universitário Filadélfia

CDD 378.05

Bibliotecária responsável Thais Fauro Scalco CRB 9/1165

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

A Revista Eletrônica de Ciências Empresariais é uma publicação semestral da UniFil. Tem por finalidade divulgar artigos científicos e/ou culturais que possam contribuir para o conhecimento, o desenvolvimento e a discussão no campo empresarial, em especial nas áreas de administração de empresas, ciências contábeis, secretariado executivo e turismo. Um artigo encaminhado para publicação deve obedecer às seguintes normas:

1- Estar consoante com as finalidades da Revista.

2- Ser escrito em língua portuguesa e digitado em espaço 1,5 (um e meio), papel tamanho A4, mantendo a configuração e formatação de acordo com as normas da ABNT. Recomenda-se que o número de páginas não ultrapasse a 15 (quinze).

3- Publicar-se-ão trabalhos originais que se enquadrem em uma das seguintes categorias:

3.1- Relato de Pesquisa: apresentação de investigação sobre questões direta ou indiretamente relevantes ao conhecimento científico, através de dados analisados com técnicas estatísticas pertinentes.

3.2- Artigo de Revisão Bibliográfica: destinado a englobar os conhecimentos disponíveis sobre determinado tema, mediante análise e interpretação da bibliografia pertinente.

3.3- Análise Crítica: será bem-vinda, sempre que um trabalho dessa natureza possa apresentar especial interesse.

3.4- Atualização: destinada a relatar informações técnicas atuais sobre tema de interesse para determinada especialidade.

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 3.5- Resenha: não poderá ser mero resumo, pois deverá incluir uma apreciação crítica.

3.6- Atualidades e informações: texto destinado a destacar acontecimentos contemporâneos sobre áreas de interesse científico.

4 - Redação:

4.1) Nos casos de relato de pesquisa, embora permitindo liberdade de estilos aos autores, recomenda-se que, de um modo geral, sigam à clássica divisão: Introdução - proposição do problema e das hipóteses em seu contexto mais amplo, incluindo uma análise da bibliografia pertinente; Metodologia - descrição dos passos principais de seleção da amostra, escolha ou elaboração dos instrumentos, coleta de dados e procedimentos estatísticos de tratamento de dados; Resultados e Discussão - apresentação dos resultados de maneira clara e concisa, seguidos de interpretação dos resultados e da análise de suas implicações e limitações.

4.2) Nos casos de Revisão Bibliográfica, Análises Críticas, Atualizações e Resenhas, recomenda-se que os autores observem às tradicionais etapas: Introdução, Desenvolvimento e Conclusões.

5- Deve ser encaminhado por e-mail, para o endereço [email protected]

6- O artigo deverá apresentar título, resumo e palavras chaves em português e título, abstract e keywords em inglês.

7- Indicar, por uma chamada de asterisco, em nota de rodapé, a qualificação técnicoprofissional do(s) autor(es), com acréscimo dos respectivos e-mails para que ocorram possíveis contatos por parte dos leitores.

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 8- O sistema de chamada para citações deverá ser o alfabético (autor-data), nesse caso, as referências deverão ser listadas por ordem alfabética ao final do Artigo, respeitando a última edição das Normas da ABNT.

A publicação do trabalho nesta Revista dependerá da observância das normas acima sugeridas, da apreciação por parte do Conselho Editorial e dos pareceres emitido pelos Consultores. Serão selecionados os artigos apresentados de acordo com a relevância a atualidade do tema, com o n° de artigos por autor, e com a atualidade do conhecimento dentro da respectiva área.

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599 SUMÁRIO

• BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA BIO- ENERGY, BUSINESS AND ETHICAL ANALYSIS Adriana Budri, José Vitor Santoro, Luiz Fernando Baxhix, Rosalina Dias Martins, Sedinete de Pontes, Adalberto Brandalize, Joseman Aurélio C G Fernandes

• CENTRO DE CONVENÇÕES E O TURISMO DE NEGÓCIOS TOURISM OF BUSINESS CONVENTION CENTER Jolise Mazzari Gabriel, Roberto Mititaka Ikeda

• DESENVOLVENDO HABILIDADES DE LIDERANÇA UTILIZANDO O COACHING COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL DEVELOPING LEADERSHIP SKILLS USING THE COACHING AS AN EDUCATIONAL TOOL Ana Lívia Surjus Gomes Pereira, Tatiany Honório Porto, Elen Gongora Moreira

• UM ESTUDO DA QUALIDADE TOTAL EM UMA GRANDE EMPRESA NA STUDY OF THE TOTAL QUALITY IN A BIG COMPANY Jovelino Serafim da Silva, Adalberto Brandalize

• UMA ANÁLISE SOBRE OS IMPACTOS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NAS ORGANIZAÇÕES REPRESENTATIVAS DOS TRABALHADORES DO SETOR TÊXTIL/VESTUÁRIO DO PARANÁ IT IS AN ANALYSIS ABOUT THE IMPACTS OF PRODUCTIVE REORGANIZATION IN COMPANIES THAT REPRESENT THE WORKERS OF THE TEXTILE/CLOTHING IN PARANÁ Ângela Maria de Sousa Lima

REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS Ano I – nº 01– Julho a Dezembro de 2007

ISSN 1983-0599

• A IMPORTANCIA DA CONTROLADORIA NO PROCESSO DE GESTÃO THE IMPORANCE OF THE CONTROLLING IN THE MANAGEMENT PROCESS Heber Ridão Silva, Leonidas Da Silva, Josué Amaral, Fabio Ferreira, Paulo Sergio, Peter Albertini, Aparecida Vani F. Gaion

GAION, Aparecida Vani F. A IMPORTANCIA DA CONTROLADORIA NO PROCESSO DE GESTÃO

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

A IMPORTANCIA DA CONTROLADORIA NO PROCESSO DE GESTÃO

THE IMPORANCE OF THE CONTROLLING IN THE MANAGEMENT PROCESS

Heber Ridão Silva* Leonidas Da Silva

Josué Amaral Fabio Ferreira

Paulo Sergio Peter Albertini

Aparecida Vani F. Gaion** RESUMO:A atual competitividade dos negócios e as constantes mudanças nos diversos ambientes das empresas exigem a maximização do desempenho e do controle empresarial. Neste sentido, a Controladoria exerce papel preponderante na empresa, apoiando os gestores no planejamento e controle de gestão, através da manutenção de um sistema de informação que permita as várias funções e especialidades. Para facilitar o entendimento do processo de planejamento e controle de uma empresa, a controladora desenvolveu a visão do modelo de gestão. Através do modelo de gestão, pode-se identificar a razão de ser uma organização e contribuir para a eficiência de suas operações, assegurando sua continuidade no negócio e geração de resultados e empregos. PALAVRAS – CHAVES: maximização, controladoria, planejamento, eficiência ABSTRACT:The current competitiveness of the businesses and the constant changes in diverse environments of the companies demand the maximização of the performance and the enterprise control. In this direction, the Controladoria exerts preponderant paper in the company, supporting the managers in the planning and control of management, through the maintenance of an information system that allows to the some functions and specialties. To facilitate to the agreement of the process of planning and control of a company, the controller developed the vision of the management model. Through the management model, can identify the reason of being an organization and to contribute for the efficiency of its operations, being assured its continuity in the business and generation of results and jobs. WORDS - KEYS: maximização, controladoria, planning, efficiency 1 INTRODUÇÃO

As mudanças no setor operacional provocam a necessidade de

muitas alterações na forma de gestão das organizações. O aumento da

competitividade, o avanço da tecnologia, a crescente exigência dos consumidores,

entre outros, são fatores que afetam as empresas e exigem delas uma permanente

* Docentes do Curso de Ciências Contábeis – Controladoria Empresarial pela Unifil 4º. ** Orientadora: Mestrado em Contabilidade e Controladoria, Graduada em Contabilidade, Pós Graduada em Auditoria, Professora de Controladoria na UNIFIL. [email protected].

2

adaptação a esse ambiente desafiador.

Diante desses desafios, a elaboração e consolidação de um

adequado planejamento estratégico e seus planos decorrentes pelas empresas,

podem trazer contribuições valiosas para que as decisões tomadas no presente

apóiem as conseqüências geradas no futuro.

É na administração dessas situações que se insere a controladoria,

cuja função básica é subsidiar os gestores na busca constante da eficácia

organizacional, através da disseminação de informações tempestivas e relevantes,

mantendo uma estreita relação com a atividade de planejamento nas empresas.

A atuação da controladoria pode ser visualizada sob duas

colocações:

Primeira, como um órgão facilitador que fornece informações às

demais áreas da empresa para que possam implementar suas estratégias

específicas

Segunda, como a área que procura integrar o processo de decisões

estratégicas de cada área com o objetivo global da organização, ou seja, com a

diretriz estratégica da empresa como um todo.

A controladoria atua no processo de gestão com o objetivo de

proporcionar aos gestores os meios que os levem a atingir a eficácia organizacional,

de modo que todas as decisões estejam voltadas à harmonia operacional, tomadas

sempre à luz dos objetivos globais da organização e com os gestores atuando de

forma sincronizada no sentido de gerarem, com suas ações, os melhores resultados

possíveis com o menor sacrifício de recursos possíveis.

3

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Controladoria

Para José H. Perez Junior, Armando Oliveira Pestana e Sergio Paulo

Cintra Franco (1997), O modelo de gestão adotado representa a forma pela qual a

empresa irá desenvolver seu negócio. Esse modelo é decorrente da missão

estabelecida e dos propósitos e objetivos a serem alcançados.

Sandra Figueiredo, Paulo César Caggiano (2004) destaca que, a

empresa é um conjunto organizado de recursos econômicos, sociais e humanos, e

pode ser vista como um sistema aberto e para a execução de suas funções na

organização, a missão da controladoria é zelar pela continuidade da empresa,

assegurando a otimização do resultado global.

Arnaldo Caterlli (1999) refere ao processo de gestão que se

configura com base nas definições do modelo de gestão da organização e, por isso,

assume diversas formas na realidade das empresas. Essencialmente, o processo

de gestão deve assegurar que a dinâmica das decisões tomadas na empresa

conduza-na efetivamente ao cumprimento de sua missão, garantindo-lhe a

adaptabilidade e o equilíbrio necessário para sua continuidade.

2.2 A Participação da Controladoria no Processo de Gestão

2.2.1 Sistema de informações

Guerreiro (1992) ressalta que os gestores têm grande dependência

do recurso informação, que se constitui na matéria-prima do processo de gestão. O

autor complementa:

A informação deve ter um sentido lógico para o gestor, portanto os

4

conceitos de mensuração aplicados no sistema não podem ser dogmáticos, e sim

racionais. O sistema de informações deve ser configurado de forma a atender

eficientemente às necessidades informativas de seus usuários, bem como

incorporar conceitos, políticas e procedimentos que estimulem o gestor a tomar as

melhores decisões para a empresa.

Por ser a informação um recurso, devem ser estabelecidos

mecanismos que tornem a sua utilização mais racional e com maior retorno em

relação aos recursos sacrificados em sua produção, o que seria, em outras

palavras, a observação da relação custo/benefício para sua obtenção e utilização

As informações devem ser tratadas como um recurso valioso, de

forma a assegurar a continuidade e o cumprimento da missão das organizações.

Um fluxo constante de informações é necessário para que os gestores tomem

decisões corretas em todas as fases do processo de gestão. As empresas que

utilizam a informação com eficácia podem ter vantagens em determinadas

oportunidades e, dessa forma, ganhar espaço em relação a seus concorrentes.

Guerreiro (1992) esclarece que o sistema de informações deve dar o

devido suporte às fases do processo de gestão, planejamento, execução e controle,

bem como assegurar a integração entre essas fases. Destaca que as etapas do

processo de gestão são bastante dependentes entre si, principalmente entre o

planejamento e o controle, e que a amarração entre o planejamento, a execução e o

controle é efetuada através da informação. A controladoria, como área que

implementa e monitora o sistema de informações da empresa, auxilia na criação de

parâmetros e na geração de informações que orientem os gestores na tomada de

decisões voltadas à otimização do resultado global da organização.

2.2.2 Controle interno

Sandra Figueiredo, Paulo César Caggiano (2004) destacam o

controle das despesas administravas, que são despesas relativamente fixas, no

curto prazo, a menos que alterações no nível de atividade se processem. A

aplicação cuidadosa dos procedimentos de controle de custos desenvolvidos nas

atividades fabris ainda não é feita nas atividades administrativas. Os gestores

5

certamente poderão argüir que as funções administrativas não são susceptíveis a

métodos de pesquisa para quantificação desses gastos.

Uma sólida base de controles internos representa a segurança

necessária nas informações geradas pela área de controladoria e,

conseqüentemente, o apoio adequado em todas as etapas do processo de gestão.

Attie (1998, p. 110) reproduz o conceito de controle interno apresentado pelo

Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados – AICPA:

O controle interno compreende o plano de organização e o conjunto

coordenado dos métodos e medidas, adotados pela empresa, para proteger seu

patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis,

promoverem a eficiência operacional e encorajar a adesão à política traçada pela

administração.

2.2.3 Processo de Gestão

Arnaldo Catelli, Carlos Alberto Pereira, Marco Túlio (1999) salientam

que, a atual conjuntura econômica e social tem reforçado a necessidade de as

empresas incorporarem características que lhe permitam maior grau de flexibilidade

e adaptação.

De modo geral, essa assertiva tem sido observada, basicamente,

pela ocorrência de alguns fatores, como os seguintes;

• Alto grau de competição entre as empresas;

• Uso intensivo de tecnologia de informação;

• Abertura do mercado para novos participantes e produtos.

Alem desses fatores, a globalização da economia, o processo de

privatização e a própria estabilização da moeda deram origem a um novo perfil de

empresas, que buscam adequar-se à nova realidade econômica.

Do ponto de vista de gestão empresarial, nesse ambiente de

turbulências e de grande competição entre as empresas, são fundamentais:

O planejamento cuidadoso de suas ações;

6

A implementação sistemática do desempenho realizado em relação

aos planos traçados.

Arnaldo Catelli (1999) inclui fase de execução como uma das etapas

do processo de gestão. Os primeiros ainda destacam que, na fase de controle, os

resultados atingidos são transmitidos através de um sistema de feedback, que

relata aos responsáveis a situação da organização em determinado momento.

3 CONCLUSÃO

O processo de gestão das organizações envolve todas as suas

áreas, caracterizando-se como um ato contínuo de tomada de decisões. A obtenção

da eficácia de tais decisões pode ser facilitada pela existência de uma área

específica na empresa à qual se delegue a responsabilidade pela integração e

monitoramento desse processo.

Conclui-se, dessa forma, que a adoção da área de controladoria

pelas empresas e o desenvolvimento de sua atuação de forma sistêmica, de

maneira que estejam envolvidas com todos os membros da organização, desde os

níveis mais altos até os operacionais, presta contribuições importantes ao progresso

organizacional, possibilitando o equilíbrio da organização diante das dificuldades

existentes no seu ambiente operacional.

4. REFERÊNCIAS ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 1998.

FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo César. Controladoria – Teoria e Prática.

6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

GUERREIRO, Reinaldo. Um Modelo de Sistema de Informação Contábil para

Mensuração do Desempenho Econômico das Atividades Empresariais. Caderno de

Estudos nº. 4, São Paulo, FIPECAFI – Março/1992.

PEREZ, José Herandez Jr.; PESTANA, Arnaldo Oliveira; FRANCO, Sergio Paulo

Cintra. Controladoria de Gestão – Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1.997.

CATELLI, Arnaldo. Controladoria uma Abordagem da Gestão Econômica GECON. 1.

ed. São Paulo: Atlas, 1.999.

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA

BIO- ENERGY, BUSINESS AND ETHICAL ANALYSIS

Adriana Budri José Vitor Santoro

Luiz Fernando Baxhix Rosalina Dias Martins

Sedinete de Pontes*

Adalberto Brandalize** Joseman Aurélio C G Fernandes***

RESUMO:Neste artigo discorreremos sobre as grandes discussões à respeito da viabilidade para substituição dos combustíveis fósseis pelos combustíveis alternativos e menos poluentes para conservação da qualidade do ambiente. Mostraremos, também, várias opiniões de cunho ético como econômico, objetivando lançar alguma luz sobre o assunto. Observarão na leitura do texto alternativas contraditórias uma vez que o tema desperta grandes paixões e diferentes interesses. PALAVRAS-CHAVE: Agronegócio, Administração, Bio-Combustível e Ética. ABSTRACT:In this article we will discourse on the great quarrels regarding the viability for substitution of fossil fuels for alternative and less pollutant fuels for conservation of the quality of the environment. We will show, also, some opinions of ethical matrix as economic, objectifying to launch some light on the subject. Will observe in the reading of the text, contradictory alternatives once the subject awakes great passions and different interests. WORD-KEY: Agro Business, Administration, Bio-Fuel and Ethic.

1.INTRODUÇÃO

O planeta Terra mais do que nunca está sendo movido a

combustível fóssil, entretanto além de altamente poluente ele é finito e já se observa

grande movimentação em todo o mundo com guerras localizadas buscando o

domínio das fontes produtivas e pressões exageradas exercidas pelos produtores, o

que leva países a desequilíbrios financeiros, éticos e morais. Onde os grandes

países se impõem pelas forças tanto militar como econômica e os demais sofrem as

conseqüências.

* Discentes: do Curso de Administração Ênfase em Gestão Empresarial 4º Ano B. Unifil 2007. ** Docente: Mestre em Administração, Administrador, Professor de Administração na UNIFL e de Pós-Graduação, Coordenador de Estágios Supervisionado, Consultor Empresarial, Pesquisador e autor de artigos científicos, Executivo, Palestrante, Diretor Presidente do INDESPE- Instituto de Desenvolvimento social Pesquisa e Ensino, autor de projetos de extensão, Coordenador Acadêmico de Pós-Graduação. Diretor Vice-Presidente da BPC- Brasil/Paraná-China. Câmara de Comércio, Indústria, Desenvolvimento e Cultura. *** Docente: Doutor. Professor de Filosofia e Ética do Curso de Administração Ênfase em Gestão Empresarial.

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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Existem alternativas menos poluentes, entretanto, não se sabe ao

certo as conseqüências que trarão para o planeta uma vez que poderão substituir

áreas que hoje são utilizadas para produção de alimentos visando a produção de

combustível derivados de produtos agrícolas.

Este estudo aborda as diferentes e às vezes divergentes opiniões

sobre bioenergia, apresenta a definição do que é biodiesel, a diferença entre

bioenergia e agroenenergia, tratou-se de etanol e álcool, abordou-se também o

potencial do Brasil como matriz energética e as vantagens, estabeleceu-se um

posicionamento a favor da bioenergia e quem posiciona-se a favor deste processo,

comenta-se o programa paranaense de bioenergia, analisa-se o aspecto filosófico e

ético e finalmente trabalha-se o aspecto administrativo da bioenergia.

2 METODOLOGIA

Realizou-se a pesquisa bibliográfica em fontes primárias, buscando a

coleta de dados em publicações adequadas e direcionadas de autores a cada

abordagem no trabalho. A análise e a avaliação das informações pertinentes a

situação em questão visando fundamentar as hipóteses. Pertinente à metodologia, é

oportuno citar:

Todas as pesquisas, independente de sua classificação (seja com base nos objetivos, procedimentos técnicos ou fontes de informação), supõem e exigem uma pesquisa bibliográfica prévia. Fato este que explica diversos objetivos de uma pesquisa desse tipo. (CRUZ; RIBEIRO, 2003, p.11)

Quanto à pesquisa bibliográfica, reproduz-se o citado por CERVO e BERVIAN:

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema (1983, p. 55).

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

3

3 OPINIÕES DIVERGENTES SOBRE BIO-ENERGIA Sobre este assunto existe muita polêmica com opiniões diversas,

que envolve os vários ângulos da questão, alguns defendendo interesses próprios,

outros com maior seriedade e revestidos de boa intenção, lista-se a seguir, alguns,

objetivando o auxílio em uma tomada de posição a respeito:

3.1 O Mundo Terá Safra Recorde, Mas a Fome Não Irá Diminuir.

“O mundo irá colher uma safra recorde de cereais este ano, puxada

pela demanda nos Estados Unidos por milho para alimentar as usinas de etanol que

surgem a cada semana no país. A projeção foi divulgada semana passada pela

Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (FAO). Apesar da

produção recorde, a FAO alerta que a fome continuará atingindo de forma crítica 33

países em todo o mundo” (FOLHA DE LONDRINA, 10/04/07).

3.2 Fidel Volta ao Debate Com Artigo Contra o Álcool.

“O ditador cubano, Fidel Castro, responsabilizou ontem o presidente

George W. Bush por provocar futuramente "a morte prematura de 3 bilhões" de

seres humanos, caso siga adiante com seu plano de converter alimentos em

combustíveis. Fidel diz acreditar que, por detrás da "sinistra idéia", há o estímulo à

utilização de terras agrícolas para a obtenção de combustíveis, em detrimento da

produção de alimentos”.

“Em janeiro, Bush propôs reduzir nos próximos dez anos em 20% o

volume da gasolina consumida pelos veículos automotores nos Estados Unidos.

Pelas contas de Fidel, isso representaria a necessidade anual de 132 bilhões de

litros de álcool extraídos do milho. Para tanto, seriam necessárias 320 milhões de

toneladas do produto, quantia elevada, já que, segundo a FAO (agência da ONU

para a agricultura), a colheita do produto nos EUA em 2005 foi de um volume bem

menor, 280 milhões de toneladas. Fidel não leva a sério a promessa de Bush de não

centrar a demanda no milho e procurar outras fontes capazes de fornecer álcool

combustível. O ditador dá a entender que os americanos tendem a entrar no

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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mercado de grãos dos países mais pobres, e com isso inevitavelmente forçar a

queda na produção de alimentos”(Folha de São Paulo, 30/03/07).

3.3 Proposta de Lei do Álcool Nos EUA Vê Tarifa “Incoerente”

“O senador republicano Richard Lugar (Indiana) apresentou ontem

ao Congresso americano uma ambiciosa proposta de lei sobre o álcool que, se

aprovada, vai muito além do previsto no memorando bilateral assinado por Brasil e

Estados Unidos no começo do mês. Batizada de "Pacto de Cooperação Energética

EUA-Brasil 2007", ela define a tarifa de importação cobrada do álcool brasileiro

como "incoerente" e prevê entre outros pontos US$ 59 milhões para a implantação

das medidas. O Fórum de Cooperação de Energia do Hemisfério Ocidental receberia

US$ 3 milhões do pacote, que estabelece que a entidade de nível ministerial

"fortaleça a relação dos EUA com outros países da região" e "aumente a cooperação

entre os principais produtores de energia". Diz ainda que tal fórum faria a promoção

de energia renovável de maneira a "não reduzir a oferta de alimento", crítica recente

feita ao chamado "boom do etanol" por ambientalistas. Esse são contemplados

também numa cláusula ambiental com verba de US$ 5 milhões.O texto não é

peremptório quanto à queda da tarifa cobrada do Brasil: "A proposta acredita que a

política dos EUA é promover o livre comércio de energia entre os países do

hemisfério Ocidental e que a atual tarifa dos EUA é incoerente com nossas metas

políticas para a região e nossa segurança energética a longo prazo". Outro ponto é a

bitributação. A proposta urge o governo Bush a retomar as negociações sobre um

tratado bilateral de tributação com o Brasil, "a maior economia do mundo”(FOLHA

DE SÃO PAULO, 29/03/07).

3.4 Etanol Mudará Paisagem Agrícola Dos EUA

“A paisagem agrícola se transformará profundamente nos próximos

meses nos Estados Unidos, com um nítido aumento das plantações de milho, para

responder à crescente demanda de etanol. Os agricultores do país plantarão as

maiores áreas de milho desde 1944, revelou um relatório do governo divulgado

ontem. O Departamento da Agricultura norte-americano indicou ontem que o número

de hectares dedicados à plantação de milho vai aumentar de 31,7 milhões em

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Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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2006/07 para 90,5 milhões este ano, uma alta de mais de 15%. A guinada para este

grão, uma colheita fundamental na nova iniciativa do etanol para substituir o uso do

petróleo, coincide com a queda de 11% na plantação de soja e 20% na de algodão”(

FOLHA DE LONDRINA, 31/03/07).

3.5 ONG Quer Rever Impacto do Etanol no Ambiente

“A organização não-governamental WWF decidiu revisar os estudos

sobre os impactos ambientais provocados pela brutal expansão da cana-de-açúcar

prevista para os próximos anos no Brasil. Na Região Centro-Sul, a previsão do

mercado é que surjam nos próximos seis anos cerca de uma usina de açúcar e

álcool por mês. O plantio de cana-de-açúcar tem mudado, afirma Scaramuzza, a

paisagem do interior do Brasil. A chegada da cana tem reduzido a diversidade de

culturas antes vistas no campo. Esse processo tem levado à concentração de terra

para a monocultura da cana. ''Isso tem provocado uma fuga de pessoas para as

áreas urbanas''. Estudo feito pela Embrapa Monitoramento por Satélite a partir de

imagens espaciais do interior de São Paulo mostra que na macro-região de Ribeirão

Preto, a meca do setor sucroalcooleiro, a cobertura de cana mais do que duplicou

entre os anos de 1988 e 2003. ''Além da questão trabalhista que é séria, há muita

preocupação do WWF em relação a instalação de várias unidades de produção de

etanol sem o devido cuidado.

A dúvida é se estes projetos são sustentáveis num cenário de

preços baixos do etanol. O que vai acontecer com estes projetos a partir de uma

situação desfavorável deste do negócio? Os defensores da cultura afirmam que a

área de cana pode dobrar sem que haja necessidade de invadir biomas ainda

intactos, como o Pantanal e a Amazônia. Em área amazônica o problema não é o

plantio, a cana não se adapta a climas muito úmidos, mas o efeito pode vir

indiretamente. ''A cana pode entrar em áreas de pastagens ou de soja, que podem

migrar para áreas amazônicas. Para Frederico Ozanan, chefe da Embrapa

Agroenergia, há no Brasil cerca de 60 milhões de hectares de pastagens

degradadas que servem bem como área para o avanço da cana, cujo espaço hoje

se resume a 6,3 milhões de hectares. Mas ao mesmo tempo, Ozanan afirma que a

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corrida para a produção de etanol precisa observar questões como o balanço

ambiental, e não apenas o econômico”( FOLHA DE LONDRINA, 01/04/07).

3.6 País Precisa Investir Mais no Álcool, Diz BID. Só Para Manter a Fatia de

Mercado Até 2020, País Precisa Investir ao Menos U$60 bilhões, Diz Autor de

Estudo do Banco.

“Se fizer os investimentos necessários na infra-estrutura e criar um

mercado global para biocombustíveis, o Brasil pode se tornar a Arábia Saudita do

álcool. E muita gente vai perder dinheiro na "bolha do milho", uma explosão de

investimentos em produção de etanol feito a partir do milho nos EUA. É o que diz o

analista e consultor David Rothkopf, ex-membro do governo Clinton, comissionado

pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). "O Brasil se tornou o líder dos

biocombus-tíveis num ambiente relativamente não-competitivo. Para continuar líder

no meio de uma revolução mundial energética como a que está começando, terá de

descobrir uma maneira de se sair bem diante de competição feroz...A pergunta dos

investidores nos próximos anos é se o mercado global vai se desenvolver e se o

Brasil vai continuar um país inovador no setor". DAVID ROTHKOPF autor de estudo

do BID sobre bioenergia”( FOLHA DE SÃO PAULO, 02/04/07).

3.7 EUA Quer “Parceria Estratégica” Com o Brasil. Com Bush, Europeus Têm

Interesses

“O interesse tanto de europeus como de norte-americanos pelos

combustíveis alternativos é decorrência de dois fatores principais: a necessidade de

reduzir a emissão de gases poluentes que ajudam no aquecimento global e o fato de

que o petróleo/gás tem fornecedores não confiáveis do ponto de vista político. O

potencial para a expansão dos combustíveis alternativos nas duas áreas mais ricas

do mundo é formidável, conforme as contas de Marcos Jank, um dos maiores

especialistas brasileiros em agronegócio e negociações comerciais”( FOLHA DE

SÃO PAULO, 24/03/07).

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3.8 Álcool Gera Economia de 186 Bi ao Brasil

“A supersafra de cana contribuirá para aumentar os números de

outra conta através de cálculos da Datagro, consultoria que acompanha o setor e é

responsável pelas previsões para este ano, o álcool combustível, em sua história de

pouco mais de 30 anos, permitiu que o País economizasse US$ 185,9 bilhões. Foi

quanto deixou de gastar com o consumo do petróleo”. O álcool combustível permitiu

que o Brasil deixasse guardado no fundo da plataforma oceânica nada menos que

11,5% das reservas petrolíferas. A decisão de criar um substituto para a gasolina

permitiu ao País economizar 1,58 bilhão de barris de petróleo. As reservas nacionais

em águas profundas e sob chão firme são estimadas em 13,7 bilhões de barris. ''Não

é por acaso o interesse dos Estados Unidos pelo etanol brasileiro. São esses

números que dão ao álcool relevância como combustível alternativo'', diz Plínio

Nastari, da Datagro. Hoje, 40% da demanda de combustível líquido no Brasil é

suprida pelo etanol. Os Estados Unidos tentam elevar esse porcentual para 15%, o

que exigirá 132 bilhões de litros de etanol. A produção mundial hoje não chega a 50

bilhões de litros.

Nos próximos seis anos surgirão 73 novas usinas, segundo a União

da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), representante dos usineiros, nos próximos

seis anos surgirão 73 novas usinas. Isso significa a média de 1 usina de álcool e

açúcar por mês. A expansão da demanda sustenta os projetos, que vão demandar

US$ 14,6 bilhões nesse período. São números que revelam a situação atual, mas

nada impede que a evolução do mercado acelere esta corrida, o que deve dar ao

Brasil uma rotina de recordes”(FOLHA DE LONDRINA, 11/03/07).

3.9 Cachaça, Remédios e Energia a Partir da Superprodução da Cana.

“Nem só para fabricar cachaça, açúcar e álcool serve a cana-de-

açúcar. A partir do melaço, vinhaça e bagaço, subproduto da cana, é possível

produzir desde energia elétrica a nutriente para alimentação do homem e animais e

componentes da indústria química e agrícola. É possível, por exemplo, fabricar

salgadinhos, rações, remédios, xampus, sabonetes, sorvetes, papel, madeira de

aglomerado, palmitos, inseticidas, vodca, licores, potinhos de iogurte e de margarina,

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canetas, telefones e uma infinidade de objetos de plástico biodegradável. Houve até

quem retirou diamante da cana, como o engenheiro Viktor Baranauskas, de

Campinas, a 100 quilômetros de São Paulo (SP). A gigante japonesa Ajinomoto, por

exemplo, foi uma das primeiras a descobrir as vantagens da biotecnologia a partir da

cana. Desde 97, a empresa já investiu US$ 150 milhões em duas unidades, em

Valparaíso e Pederneiras, no interior de São Paulo, para fabricar até 130 mil

toneladas por ano de lisina.

Retirada do xarope ou do açúcar da cana, por um processo de

fermentação da sacarose, a lisina é um aminoácido que serve para balancear rações

de animais, sobretudo aves e suínos. Atualmente, a empresa emprega 400

trabalhadores nas duas unidades, que garantem à Ajinomoto a liderança mundial no

mercado de lisina. Outra grande multinacional é a Alltech, líder mundial na

fabricação de nutrientes para ração animal, que investiu US$ 35 milhões na

construção da maior fábrica de levedura do mundo, em São Pedro do Turvo, interior

do Paraná. A unidade fabrica nutrientes e aditivos a partir de cepas especiais

criadas em laboratórios de biociências da Alltech nos Estados Unidos, Canadá e

Irlanda, informa Roberto Valeixo, diretor da Alltech para a América Latina. Os

nutrientes fortalecem a saúde de animais consumidos pelo homem. Em alguns

casos, substituem antibióticos, rejeitados pelos europeus. As pesquisas indicaram

que o melaço da cana-de-açúcar é a fonte de alimentação para as cepas, que serão

transformadas em dezenas de produtos e exportadas para mais de 60 países.

A Zillor é outra empresa brasileira que apostou no mercado de

levedura e investiu US$ 25 milhões na criação da Biorigin, empresa que vai produzir

18 mil toneladas/ano de levedura para exportação. A Biorigin ainda vai receber mais

US$ 20 milhões para aumentar sua produção, informa Mário Weltman Steinmetz,

diretor da empresa, em Lençóis Paulista (SP). Na região de Ribeirão Preto, no

interior de São Paulo, as usinas descobriram há muitos anos as outras utilidades da

cana. Na safra deste ano, as grandes novidades serão lançadas pela Usina São

Francisco, de Sertãozinho, que vai produzir uma cera para fabricar cápsulas de

medicamentos e um açúcar que não usa mistura química para se tornar branco

(FOLHA DE LONDRINA, 11/03/07).

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4. AGRONEGÓCIO

Com o crescimento da população mundial, produzir bem se tornou

cada dia mais importante, principalmente pela quantidade crescente de alimentos

demandados, mas também pela importância de se atender outras necessidades a

um menor custo, ou fabricar produtos que a cada dia se tornam mais escassos na

natureza.

A profissionalização da agricultura desde sua origem até a

composição do produto final, se fez importante para o atendimento das

necessidades e também para o enfrentamento da concorrência internacional,

sempre regada a benefícios tributários e subsídios.

A essa cadeia de produção da-se o nome de: Agronegócio.

4.1 Biodíesel

O petróleo hoje é um dos produtos mais valorizados no mercado,

tanto pelo seu consumo como também pela sua escassez. Fez-se então necessário

o desenvolvimento de combustíveis de fontes renováveis, tanto de origem vegetal,

quanto de origem animal.

O biodíesel é utilizado em substituição ao óleo diesel oriundo do

petróleo, com vantagem de não ser poluente.

4.2 A Bioenergia e Agroenergia

Tal como o biodíesel, a bioenergia ou agroenergia estão associados,

a obtenção de energia através de produtos agrícolas, ou através da gordura animal,

cuja finalidade é substituição dos combustíveis fósseis finitos, podendo, portanto, o

homem controlar a sua produção de acordo com as necessidades detectada.

Devemos considerar também tratar-se de energia menos poluente

que as energias já existentes.

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4.3 Etanol e Álcool

O etanol é considerado um dos principais álcoois que existem,

possuindo ele características próprias, como transparência, odor próprio e ser

inflamável.

Tendo em vista a escassez do petróleo, o etanol/álcool passou a ser

uma alternativa viável para a substituição, já que pode ser obtido através da

fermentação dos açúcares ou cereais. Ex: Cevada e Malti.

4.4 O Brasil Como Potencial em Matriz Energética e Suas Vantagens

O Brasil por se tratar de um país com uma vasta área de plantio com

terras agricultáveis e férteis, com temperaturas amenas e com precipitação

pluviométrica adequada se apresenta como uma das principais fontes das energias

oriundas de fontes renováveis. No auge da crise do petróleo o país decidiu por criar

uma alternativa própria de energia tendo lançado o pró-álcool e adquirido

consideráveis conhecimentos sobre o assunto.

Com a regularização do fornecimento de petróleo o pró-álcool deixou

de ser prioridade, vindo a tornar novamente quando o petróleo realmente se tornou

escasso e o mundo passou a se preocupar de forma geral com as conseqüências ao

meio ambiente, provocadas pelo consumo de energias fósseis.

Portanto, acreditamos que poderemos sim ser uma matriz energética

mundial aliando os conhecimentos anteriormente obtidos às condições climáticas já

citadas, faltando apenas gestões políticas para dominarmos este mercado

mundialmente, resultando assim, na melhor utilização de áreas já degradadas,

proporcionando retorno financeiro e emprego ao povo brasileiro e divisas para o país

e também sua inserção entre os grandes do mundo.

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4.5 Posicionamento a Favor da Bioenergia

Conforme demonstramos anteriormente através das várias

reportagens citadas, as posições à respeito do assunto, são as mais diversas

possíveis, porém defendemos a idéia que a utilização em escala mundial da

bioenergia só nos trará benefícios, tanto ecológicos como financeiros, propiciando

empregos e nos transformando em potência mundial, também acreditamos que

deverá se tornar uma política de governo, visando o plantio em locais apropriados

para que não venhamos a ter problemas com a produção de alimento, já que para

isso terras não faltam para que ambos convivam pacificamente.

4.6 Os Interessados no Processo

Também sobre este assunto, existem opiniões divergentes, sendo

que alguns defendem que os países poderosos apenas estão trocando seus

fornecedores árabes de petróleo, os quais possuem políticas instáveis, ideológicas e

religiosas conflitantes e belicosas que colocam em risco a estabelecerem a

substituição destes grandes países, por alguém mais dócil e com maior identificação

ideológica.

Outros, porém acham que chegou o momento do Brasil aproveitar a

oportunidade apresentada e se ombrear a estes grandes países, não só fornecendo

energia, mas adquirindo novas tecnologias e aproveitando dos avanços e

principalmente dos seus dólares e euros

A nossa posição é de que a não ser os países produtores de

petróleo, ao mundo todo interessa a utilização de biocombustível.

4.7 O Programa Paranaense de Bioenergia

O programa Paranaense de Bioenergia foi criado pelo Governo

Roberto Requião com o objetivo de administrar e promover o desenvolvimento de

ações de pesquisa, aplicação e uso da biomassa no Estado do Paraná,

concentrando na produção e na adaptação do biodíesel como biocombustível,

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acrescentando-o à matriz energética estadual. O programa pode ser obtido em sua

integra no endereço eletrônico: http://www.iapar.br/zip pdf/bioenergia.pdf.

Este programa também tem finalidade de inclusão social, criar

emprego e renda, produzir tecnologia local, reduzir poluentes para conservação da

qualidade do ambiente.

O programa tem por objetivo descrever a viabilidade técnica e

econômica ao fazer uso do óleo vegetal trocando-o pelo óleo diesel no uso de

maquinários e tratores que são usados na zona rural e através da substituição

reduzirá o custo ao produzir alimentos e aleatoriamente contribuirá para a benfeitoria

do meio ambiente. Ao extrair o biocombustível sobram os resíduos das plantas que

também serão utilizados na comercialização ou na alimentação animal.

Atualmente, os países estão preocupados com as alterações que

estão ocorrendo no meio ambiente. O ar está cada vez mais poluído, as alterações

no clima, etc, também são conseqüências do uso do combustível fóssel derivado do

petróleo. Estudo feito pelo LADEPEL, da USP, expõe que o biodiesel reduz a

emissão de 20% de enxofre, 14,2% de hidrocarbonetos não queimados, 9,8% de

anidrido carbônico, 4,6% de óxido de nitrogênio, 26,8% de material particular.

A legislação de meio ambiente da União Européia, definiu que no

ano de 2005, 2% do consumo de combustível deveria ser renováveis e em 2010, de

5%. Destaca-se “que a matriz energética brasileira é uma das mais limpa do mundo”

e em 2001, 35,9% de energia abastecida no Brasil era de procedência renovável.

Entretanto, a nível mundial é de 13,5% e nos Estados Unidos somente 4,3%.1

5. FILOSOFIA E ÉTICA APLICADA A BIO-ENERGIA

Geralmente as sociedades estabelecem regras de conduta para

tornar-se segura sua própria sobrevivência. Até nos dias atuais simplesmente

concordamos com as regras que foram criadas pelos nossos ancestrais.

Percebe-se que o ser humano sempre permanece animado pelos

interesses pessoais ou até mesmo do grupo onde vive.

Por este motivo ao tratarmos da ética, vários pontos devem ser

analisados e observados, como por exemplo:

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5.1 É Ético Substituir Áreas de Produção de Alimentos Por Produção de Matérias

Primas Para Combustível?

A discussão sobre a substituição de áreas de plantio de alimentos,

por matérias primas que gerem energia, hoje, virou modismo, que não deve ocupar

tempo ou a cabeça das pessoas, ao menos por enquanto.

Achamos que antes de se discutir esse assunto, devia-se discutir o

porquê dos alimentos hoje produzidos não chegarem a quem tem fome, e perguntar-

se então:

• É ético não dar acesso dos alimentos produzidos ao diversos

países, principalmente os africanos, que hoje morrem de fome?

• É ético a China despontar como o país em que o PIB mais cresce

no mundo, e no interior a população idosa seguir sendo obrigada

a trabalhar por falta de um sistema previdenciário? (FSP MUNDO

p.A-21 de 04.03.07)

• É ético se utilizar um alqueire de terra para a criação e engorda

de três bois, cuja carne jamais chegará à mesa da população

pobre?

• E ético a Índia, um país que se destaca por seu desenvolvimento

econômico, ter sua população dividida em castas, as quais vão

determinar o futuro de seus cidadãos, mesmo antes do

nascimento, e propiciando ascensão e benefícios deste

crescimento a apenas uns poucos?

• É ético invadir-se um país soberano, visualizando-se suas

reservas energéticas?

• É ético determinar que países sigam diretrizes políticas traçadas

pelos donos do poder econômico, visando o interesse, e a

manutenção do conforto de seus cidadãos apenas?

Bem, se fossemos discutir isso, passaríamos muitas páginas

discorrendo sobre o assunto; apenas achamos que políticas devam ser

estabelecidas, adequando-se áreas disponíveis de forma não se causar uma

catástrofe, mas sem esquecer de que já vivemos uma, como cita o senador Pedro

Simon em sua Crônica de uma Catástrofe Vivenciada:

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Quase um bilhão de seres humanos passam fome no nosso tempo e no nosso espaço. Uma em cada seis pessoas, as quais ainda não morreram ainda hoje, dormirá na próxima noite com fome crônica. A mesma fome que mata um ser humano a cada menos de quatro segundos! Vinte e cinco mil por dia; Nove milhões ao ano. Neste exato momento o planeta tem algo como cento e trinta milhões de crianças, chorando e morrendo de fome.

Portanto, não se deve transformar o assunto em uma situação

apocalíptica, pois ela já se apresenta, mesmo sem a substituição de áreas de plantio

de alimentos por matérias primas de combustíveis, e tudo pela ganância do homem

e a imposição dos fortes aos fracos, o que fatalmente não mudará.

5.2 O Brasil, Caso na Hipótese de se Transformar em uma Matriz Energética

Mundial, Quais os Resultados do Ponto de Vista Ético Poderão Advir?

Inicialmente seria necessário saber, se ao transformado-se em uma

matriz energética, o país teria realmente liberdade de ação para gerir e administrar

esse potencial, ou se obrigatoriamente estaria subserviente aqueles que realmente

usariam o beneficio produzido.

Entretanto, caso consigamos nos transformar em uma matriz

energética mundial, o resultado disso deveria ser canalizado para a melhoria da

qualidade de vida da população interna, e o estabelecimento de áreas de influência

de formas a melhorar as condições de vida de países que hoje sofrem pela falta de

recursos financeiros, e de liberdade; e não como os países de OPEP que olham

apenas para seu próprio umbigo, e constroem castelos em meio ao deserto, com

uma minoria de Sheiks, e uma legião de miseráveis, e cada dia mais com uma

belicosidade que assusta o mundo.

5.3 O que é Bio-Ética?

O Termo Bio-ética foi criado por Van Rensselaer Potter em 1971,

com a intenção de unir em uma palavra a soma dos conhecimentos biológicos, e dos

valores humanos.

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André Comte-Sponville (2007) define bio-ética da seguinte forma:

“Bio-etica, nada mais é do que os deveres do ser humano para com o outro ser

humano, e de todos para com a humanidade”.

Portanto, seria a aplicação da ética da moral e do direito em prol do

indivíduo e do bem estar da humanidade, criando assim uma seqüência de ações

benéficas ao homem e ao ambiente com o qual ele se relaciona.

5.4 O Que é Eugenia, Higienismo, e Neo-Malhusianismo?

• Eugenia

O termo eugenia foi criado por Francis Galton que o definia como: “O

estudo dos agentes sobre o controle social, que podem melhorar ou empobrecer as

qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente”.

A eugenia, portanto, defende o direito da sociedade de interferir até

mesmo no direito a vida, buscando a formação de indivíduos mais saudáveis e mais

inteligentes, enfim a melhoria da sociedade como um todo, iniciando-se com a

melhoria de cada ser humano, através da seleção induzida; pela limitação da

natalidade; os meios anticoncepcionais; a esterilização; o aborto e a eutanásia.

• Higienismo

O eugenismo e o higienismo no Brasil são contemporâneos e

seguiram de mãos dadas pelos mesmos caminhos.

Ambos não se tratavam de movimentos populares, mas sim oriundos

de um grupo de médicos e participantes da saúde pública, que em 1917 através do

médico Renato Kehl, e sob o patrocínio da Faculdade de Medicina de São Paulo,

criaram a Sociedade Eugênica de São Paulo.

Inicialmente pregava-se a instituição de melhores hábitos de higiene

entre a população, e de forma mais incisiva, entre os alunos matriculados.

Buscava-se a melhora das condições higiênicas individuais, e do

meio em que viviam, para com isso produzir-se pessoas físico e mentalmente

perfeitas.

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Observa-se através das idéias do higienismo, um forte viés

eugenista, pois as intenções eram a higienização da sociedade como um todo, com

a redução ou eliminação daqueles que pudessem de uma forma ou de outra

representar a imperfeição à sociedade; portanto apesar de nomenclaturas diferentes

achamos que estas águas caminham para o mesmo mar (FIOCRUZ, 2007).

• Neo Malthusianismo

O neo Malthusianismo, advém da modernização das idéias de

Thomaz Robert Malthus, que criou a necessidade de controle da natalidade, para se

evitar o crescimento desproporcional, entre a população e os meios de subsistência.

Porem, atualmente as idéias de Malthus foram transpostas para o

campo econômico, onde as grandes empresas compram patentes de invenções,

com o intuito de que não cheguem ao mercado, e não sofram prejuízos econômicos,

e outros procedimentos similares, sempre se utilizando de uma ótica de redução,

eliminação, ou simplesmente o impedimento de seu nascimento, o que redunda

invariavelmente em vantagens para uns poucos e o empobrecimento de muitos.

5.5 Seria Ético Produzir Bio-Combustível Sob Pena de Gerar a Fome Pela Falta de

Espaço Físico Para o Plantio de Alimentos? Considera-se a Possibilidade de

Aumento da Produtividade Agrícola Através dos Transgênicos.

Logicamente não pode ser considerado ético gerar fome para que se

produzam combustíveis, pois a necessidade básica do ser humano é a alimentação

para a garantia de sua sobrevivência, então logo isto é uma prioridade indiscutível,

porém acredita-se ser possível a produção de alimentos, e o plantio de culturas para

a geração de energia, bastando para isso uma política de utilização correta dos

espaços disponíveis, e o incremento da produção através da engenharia genética,

com o desenvolvimento de cultivares com maior produtividade e com

desenvolvimento em áreas degradadas. A ciência tem muito a oferecer nessa área,

tanto na criação de novas culturas, como também na recuperação de regiões onde

as terras hoje são consideradas inservíveis.

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5.6 O que é Bio-Poder?

Ao bio-poder pode ser comparado a uma lei não escrita, que aos

interesses das classes dominantes vão sendo incutidas no ser humano de forma a

se estabelecer tipos ideais de conduta.

A influência do bio-poder não age sobre o homem de forma a puni-lo

pelos seus pretensos erros, ou premia-lo pelos acertos, mas age de forma a torná-lo

escravo de sua própria consciência, a qual é condicionada a pensar, e agir de

maneira que interesse a sociedade, sendo nela incluído, ou rejeitado, de acordo com

seus procedimentos.

5.7 Qual a Relação Entre os Regimes Totalitários e o Bio-Poder? Considere a

Perspectiva da Economia Política.

Nenhum governo se sustenta apenas sobre as idéias de sua cúpula

de poder, é necessário que se crie na população um ambiente favorável às suas

idéias, e que passem a pensar, acreditar e aceitar de bom grado, ou seja, no mínimo

sem revoltas, as medidas ou atitudes daqueles que os conduzem.

Nos regimes totalitários, essa influência se faz notar mais

fortemente, com a instituição de slogans, palavras de ordem, textos repetitivos, e o

messianismo de alguns lideres que fazem com que inverdades se tornem verdades.

Atualmente, mais que nunca vemos o exercício do bio-poder sendo

exercido, quando um assunto de interesse de uma potência econômica, passa a se

tornar obrigatório em todas as formas de mídia. O caso do Bio-diesel ou do

biocombustível pode nos servir de exemplo, pois com a escassez do petróleo as

grandes potências estão preocupadas com a manutenção de seu conforto e torna

isso uma discussão sem tamanho, para que haja um envolvimento emocional e a

criação de um clima favorável aos seus interesses, mas colocando a questão, como,

por exemplo, se isso fosse alterar a vida do morador do sertão nordestino, que hoje

já morre de fome, enriquecendo dinastias de usineiros, e que continuará morrendo

independentemente de enchermos os tanques dos carrões americanos com nosso

produto barato ou aquecermos suas imensas casas no inverno.

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6. ADMINISTRAÇÃO DE AGRONEGÓCIOS

O agronegócio é uma área da economia que possui aptidão de criar

empregos, refletindo positivamente para a indústria e também para o comércio,

ofertando vários produtos que são consumidos internamente e também ofertados

para a exportação suprindo a necessidades de alguns países que não são auto

suficiente para a produção.

Portanto, existem várias preocupações a nível mundial por parte dos

governantes e empresariais sobre o aspecto de produção de alimentos e ou matéria-

prima para produzir energia.

Para entender melhor sobre este assunto, vários pontos foram

abordados:

6.1 As Vantagens em Substituir Áreas de Produção de Alimentos por Produção de

Matéria–Primas Para Energia, Sob a Justificativa de Maior Lucro, e do Ponto de

Vista Comercial.

A substituição de combustíveis fósseis pela energia “verde” hoje é

uma preocupação mundial, não só pelo já tão decantado aquecimento global, mas

também pela escassez do petróleo, o que o torna caro e com grande dependência

de quem o produz; portanto, uma alternativa é mais que uma simples necessidade,

mas uma questão econômica, e também de segurança para os países dependentes.

No nível de agro negócio, o plantio da cana de açúcar em

substituição a outros tipos de plantio, torna-se uma vantagem quando olhado no

longo prazo, pelos motivos abaixo:

1) Grande Potencial de Consumo do Produto;

2) Clima adequando ao plantio da cana de açúcar;

3) Facilidade de Manejo;

4) Possibilidade de plantio em diversos tipos de terrenos;

5) Resistência a intempéries;

6) Grande quantidade de compradores do produto in-natura;

7) Facilidade de financiamento direto pelo comprador do produto;

8) Facilidade de financiamento bancário;

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Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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9) No caso do produtor rural, a usina poderá exercer a atividade

com suas máquinas, pagando-lhe o porcentual acordado, sem o

mesmo ter necessidade de máquinas ou de empregados

diretamente vinculados a ele;

10) Em se tratando de áreas de pecuária, a possibilidade de maior

rentabilidade por hectare;

11) Em se tratando de plantio de milho ou cana de açúcar o produto

não só é destinada a produção de combustível, mas também

poderão ser utilizados como alimento, o que proporciona uma

boa margem para manobras;

12) No caso da cana de açúcar não é necessário o replantio anual,

podendo ocorrer até cinco cortes com um só plantio;

13) Receita certa anualmente, com menor risco, e menos volume de

trabalho (Cana de açúcar);

14) Disponibilidade do agricultor para outras atividades (cana de

açúcar);

As vantagens serão inúmeras, porém é variável de acordo com o

nível que se encontra cada elo da cadeia, como produtor, indústria, governo, etc.;

mas da mesma forma que o mundo precisa de energia, precisa também de

alimentos, e se conseguirmos plantar produtos que atendam as duas frentes, não se

tem o que temer.

6.2 As Vantagens Que as Mudanças Culturais e Empresariais Poderão Trazer aos

Novos Administradores.

Com o advento da cana de açúcar, mais um produto de peso surgirá

no mercado e deverão também dirigir um maior numero de empresas compradoras,

sendo que tanto o produtor como as usinas, necessitará de mais profissionalização

da suas atividades; ai é que surgirão maiores oportunidades aos administradores,

pois as negociações poderão extrapolar as fronteiras do país, necessitando

conhecimentos sobre exportação e a inserção de uma vez por todas do Brasil em

negociações de escala mundial.

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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Por outro lado, já temos hoje no complexo soja, grande experiência

por parte das cooperativas que exercem esta atividade com muita propriedade.

Portanto, vai depender muito de como será formada a cadeia

produtiva do álcool, se centralizada em mãos de poucos, também poucas

oportunidades aparecerão, porém, se realmente houver uma rede de produtores,

usinas e exportadores, certamente muitas portas serão abertas aos administradores.

6.3 Oportunidades do Agronegócio na Administração

Conforme já explanamos anteriormente, o Brasil é um país de clima

tropical e há ainda, muitas terras para serem exploradas, porém, é preciso ter

cautela e equilíbrio para não passar a produzir um único tipo de produto, como no

auge da produção de café, quando houve um retardamento do crescimento sócio

econômico pela falta de investimento em outras culturas.

Acreditamos que é perfeitamente possível advir varias oportunidades

de negócios em ampliar a área de plantio para a produção de matérias primas para a

energia, que poderá gerar maior lucro ao país com entrada de divisas e outros

conforme abaixo:

• Geração de empregos;

• Movimentação no mercado de transportes;

• Entrada de recursos externos;

• Valorização de terras de pastagens;

• Outros;

Além de todos esses fatores acima, o aumento da credibilidade no

Brasil, que passará a ser visto como maior e percussor das matérias primas para a

produção de energias e dos combustíveis alternativos, alavancando desta forma os

cuidados com o meio ambiente, tornando-se modelo para o mundo, porém, a nossa

preocupação é de que esta nova oportunidade de ter maiores lucros não esteja

concentrada apenas nas mãos dos grandes produtores, deixando a classe menos

favorecida em maior decadência, mais do que já é hoje.

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6.4 O Que Poderá Advir na Transformação do Brasil em Uma Matriz Energética

Mundial

No caso de nos transformarmos em uma matriz energética, isso nos

trará imensos ganhos em termos monetários, o que poderá transformar o país em

uma potência mundial.

Temos que levar em conta também que estaríamos com os olhos do

mundo voltados para o Brasil, com interesses mais diversos possíveis. Cabe nos

perguntar, por exemplo, o que o petróleo produziu de bom para os países árabes?

Esta resposta será dada dependendo da forma que for conduzida a política para

transformação do país em uma matriz energética, que todos participem das

vantagens conseguidas ou se esse benefício virá para apenas uns poucos.

6.5 A Cana de Açúcar Como Uma Commodities

Acredita-se que a cana de açúcar poderá sim se transformar numa

commodities, pois os potenciais produtores são paises das Américas do Sul e

Central e a África, os quais possuem baixa evolução tecnológica e grande carência

de recursos, que poderão se transformar em meros abastecedores de matérias

primas para os países desenvolvidos.

6.6 Biocombustível x Transgênicos

O grande problema que se vê em relação aos transgênicos são os

interesses por parte das empresas fornecedoras de agrotóxicos e fertilizantes, pois

para o cultivo destes alimentos, cada vez mais haverá maiores necessidades de

lançar sobre o solo estes produtos tão agressivos ao meio ambiente e à população

em geral. Então como fica esta questão? Onde por um lado cresceremos na

produção de matérias primas para o biocombustível como forma de aumentar e

melhorar a qualidade de vida das pessoas e por outro lado, passaremos a produzir

mais alimentos transgênicos os quais, continuarão a contribuir sistematicamente

com a degradação da natureza.

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Para que as coisas funcionem, é necessário que haja uma política de

plantio, onde seja feito o mapeamento das regiões, indicando áreas adequadas para

cada cultura, de forma que nenhuma prejudique a outra.

Esta questão ainda é muito polemica, por isso, todas as ações

devem ser estudadas minuciosamente, não deixando se conduzir pelo “oba oba” do

momento, onde poderemos correr o risco de buscar tantas alternativas e acabar

incorrendo em erros irreparáveis no futuro.

6.7 Plano de Negócio Direcionado à Empresa Geradora de Matéria-Prima Para

Bioenergia

Atualmente o mercado tornou-se muito competitivo e a concorrência

é acirrada, por isso, ao constituir uma empresa seja do ramo industrial ou comercial

será primordial seguir alguns critérios:

• A empresa deverá ser organizada de forma simples e funcional

(estrutura organizacional);

• Definir sua missão, visão e objetivos:

• Definir seu produto e serviços;

• Definir o mercado que pretende atuar;

• Definir estratégia de marketing;

• Definir e controlar a área financeira (capital inicial, tecnologia,

investimento, orçamentos, etc.);

• Definir o setor de RH ( este setor é muito importante para a

empresa, pois são as pessoas capacitadas que colaboram para a

expansão e permanência no mercado);

• Analisar a viabilidade da empresa, etc.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda novidade no início é assustador, porém aos poucos vai

entendendo-a e acostumando-se com ela.

A possibilidade de nos transformarmos em uma matriz energética;

um país com grandes fluxos de recursos financeiros e um pólo de interesse mundial,

também vem mexendo com a cabeça das pessoas, sendo que, alguns deslumbram

riquezas e outros a fome e pobreza pela escassez dos alimentos. Perguntamos

então com quem está a verdade?

E responderíamos que ambos estão certos, pois não adianta

suprirmos homens com ouro e poder se são pobres de espírito e, não adianta criar-

se alternativas variadas para o bem sobreviver enquanto existir a divisão entre bons

e maus, ricos e pobres.

Portanto, será necessária uma mudança do comportamento humano

para que todos beneficiem-se dos progressos adquiridos e que o ônus existente

também seja dividido de forma igualitária ou então de nada servirão os esforços

empreendidos.

Esperamos que o Brasil, que possui a tecnologia do Bio-Diesel e do

Álcool faça dela melhor uso que os produtores de petróleo fizeram com suas

riquezas de forma a fornecê-la aos países mais pobres (África e principalmente a

América Central), distribuindo assim um pouco dos benefícios que porventura venha

a conseguir e para que possamos viver em um mundo mais justo e igualitário.

Abordaram-se aspectos gerais da agroenergia em geral, do ponto de

vista ético e como oportunidade empresarial, bem como, foram comentadas opiniões

divergentes: O mundo terá safra recorde, mas a fome não irá diminuir; Fidel volta ao

debate com artigo contra o álcool; Proposta de lei do álcool nos EUA vê tarifa

“incoerente”; Etanol mudará paisagem agrícola dos EUA; ONG quer rever impacto

do etanol no ambiente; O Brasil precisa investir mais no álcool, diz BID; EUA quer

“parceria estratégica” com o Brasil; Com Bush, europeus têm interesses; Álcool gera

economia de 186bi ao Brasil; Cachaça, remédios e energia a partir da

superprodução da cana.

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Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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Quanto ao agronegócio em si: o que é Biodíesel?; Diferença entre

Bioenergia, Agroenergia, Etanol e Álcool; O Brasil Como Potencial em Matriz

Energética e Suas Vantagens; Posicionamento a Favor da Bioenergia; Os

Interessados no Processo; O Programa Paranaense de Bioenergia.

Quanto à Filosofia e Ética aplicada a Bioenergia: É ético substituir

áreas de produção de alimentos por produção de matérias primas para combustível?

O Brasil, caso na hipótese de se transformar em uma matriz energética mundial,

quais os resultados do ponto de vista ético poderão advir? O que é Bio-Ética? O que

é eugenia, higienismo, e neo-malhusianismo? Seria ético produzir bio-combustível

sob pena de gerar a fome pela falta de espaço físico para o plantio de alimentos?

Considera-se a possibilidade de aumento da produtividade agrícola através dos

transgênicos; O que é Bio-poder? Qual a relação entre os regimes totalitários e o

bio-poder? Considere a perspectiva da economia política.

Na Administração de Agronegócios: As vantagens em substituir

áreas de produção de alimentos por produção de matéria–primas para energia, sob

a justificativa de maior lucro, e do ponto de vista comercial; As vantagens que as

mudanças culturais e empresariais poderão trazer aos novos administradores;

Oportunidades do Agronegócio na Administração; O que Poderá advir na

Transformação do Brasil em Uma Matriz Energética Mundial; A Cana de Açúcar

Como Uma Commodities; Biocombustível x Transgênicos; Plano de Negócio

Direcionado à Empresa Geradora de Matéria-prima Para Bio-energia.

8. REFERÊNCIAS ARAUJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócio. São Paulo: Atlas, 2003.

CERVO, Arnaldo L. & BERVIAN, Pedro A. Metodologia Cientifica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. COMTE-SPONVILLE, André. Disponível em <www.ufrgs.br/biblioteca/textos>.

Acesso em 03 de janeiro de 2007.

CRUZ, Carla & RIBEIRO, Uirá. Metodologia Cientifica Folha de Londrina, 10/04/07

FIOCRUZ. Disponível em <www.fiocruz.br/psi/pdf/higienismo-eugenia>. Acesso em

07 de janeiro de 2007.

FOLHA DE LONDRINA, 01/04/07

FOLHA DE LONDRINA, 11/03/07

BRANDALIZE, Adalberto Brandalize; FERNANDES, Joseman Aurélio C G, et. all. BIO-ENERGIA, ANÁLISE EMPRESARIAL E ÉTICA.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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FOLHA DE LONDRINA, 11/03/07

FOLHA DE LONDRINA, 31/03/07

FOLHA DE SÃO PAULO, 02/04/07

FOLHA DE SÃO PAULO, 24/03/07

FOLHA DE SÃO PAULO, 29/03/07

FOLHA DE SÃO PAULO, 30/03/07

GALTON, Francis. Disponível em <www.ufrgs.br/boietica/eugenia.html>. Acesso em

04 de janeiro de 2007.

GABRIEL, Jolise Mazzari; IKEDA, Roberto Mititaka Ikeda. CENTRO DE CONVENÇÕES E O TURISMO DE NEGÓCIOS.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

CENTRO DE CONVENÇÕES E O TURISMO DE NEGÓCIOS TOURISM OF BUSINESS CONVENTION CENTER

Jolise Mazzari Gabriel* Roberto Mititaka Ikeda**

RESUMO:Este artigo, após pesquisa de uma ampla literatura, procurará demonstrar que ao longo da história da humanidade, os homens, para se afinarem e ampliarem seus conhecimentos buscaram maneiras e locais apropriados onde pudessem trocar tecnologia e idéias, competir através do esporte coletivo, mostrar sua arte e praticar o escambo. Quando surgiram os concílios, as feiras, as exposições e, modernamente o turismo de negócios que movimenta grandes multidões e valores aos milhões, locais cada vez mais estruturados foram sendo construídos. Este artigo procurará mostrar a importância de um centro de convenções para o turismo de negócios no contexto de um mundo globalizado. PALAVRAS-CHAVE: Centro de Convenções; Pós-modernismo; Desenvolvimento; Patrimônio Cultural. ABSTRACT:After a great research this article has the purpose of demonstrating that along the human history, human being, in order of thickening and opening their knowledge, searched news ways and appropriate places where they could change technology and ideas, compete sports, show their art and practice the exchange of goods. When the fairs, the expositions started showing up and also the updated tourism business, negotiations that moves great crowds and millions, more structured buildings started to be built. This article will try to show the importance of a Center of Events for the tourism business in the context of the global world. KEY-WORDS: Center of Events; Post-modern; Development; Cultural Property 1.INTRODUÇÃO

Conforme Matias (2002), o ser humano sempre foi ávido por viver

situações de descobertas e de grandes acontecimentos. Desde a civilização antiga,

encontram-se os primeiros registros de deslocamentos de pessoas de um local para

outro, em que se reuniam para tratar de assuntos de interesse de todos, pois desde

esse período os homens perceberam que para obter mais conhecimento precisavam

trocar informações entre si.

Os eventos tiveram suas origens na Antigüidade, com os Jogos

Olímpicos de 776 a.C.. Posteriormente, outros tipos de eventos foram acontecendo e

* Acadêmica (em 2002) do 5o ano do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Filadélfia de Londrina – Unifil; realizou o seu Trabalho Final de Graduação na área de Projetos de Edificações, intitulado “Ante-Projeto de um Centro de Convenções para a Cidade de Londrina”.

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atravessaram diversos períodos da história da civilização humana, atingindo nossos

dias. Nessa trajetória, os eventos foram adquirindo características econômicas,

históricas, sociais e políticas das sociedades representativas de cada época.

“Participar é dialogar, é comungar interesses, sentimentos e idéias; é compartilhar

experiências; é viver em comunidade” (ANDRADE, apud MEIRELLES, 1999).

Afinal, para que serve um evento? Conforme Melo Neto (2000), um

evento serve para promover entretenimento e lazer, para informar, educar,

conscientizar o público, mobilizar, desenvolver o exercício da cidadania, relembrar

fatos, comemorar feitos históricos, datas cívicas, festas religiosas, tradições, assim

como divulgar trabalhos e realizações, promover o desenvolvimento da ciência e da

tecnologia, da cultura e das artes.

Observa-se então, desde logo, a importância de uma edificação

destinada à realização de eventos, e como estes influenciam diretamente a vida das

pessoas. De acordo com Nakane (2000), nos últimos anos, a atividade de eventos

vem sendo analisada e considerada como uma atividade turística, pois, quando

ocorre em uma localidade, utiliza toda a sua estrutura: transportes, rede hoteleira,

restaurantes, comércio em geral.

A pesquisa para o presente trabalho inicia-se a partir de algumas

considerações gerais sobre centros de convenções abrangendo a conceituação de

evento, bem como a sua classificação, que é de suma importância para se

compreender a amplitude e abrangência que os eventos podem assumir, para em

seguida conceituar Centro de Convenções a fim de estabelecer a importante relação

que existe entre estes dois temas. Tem-se, a seguir, um breve histórico sobre os

eventos e as feiras de exposições, como estes surgiram e evoluíram ao longo dos

anos, mostrando sua importância no mundo globalizado e competitivo como o de

hoje.

Através do estudo de sete obras correlatas existentes tanto no Brasil

como em outros países, pôde-se analisar seus pontos positivos e negativos

relacionados a fatores como implantação, acessos, entorno, programa, hierarquia

espacial, circulação, aberturas, fechamentos e estrutura, ampliando o repertório e a

** Orientador do TFG

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visão arquitetônica sobre centros de convenções. O estudo foi realizado através de

uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas, Internet, visitas feitas a alguns centros

de convenções localizados nas cidades de São Paulo e Curitiba e também de uma

entrevista com os arquitetos Joel Ramalho Júnior e Leonardo Tossiak Oba que

fizeram parte da equipe vencedora do concurso nacional para o Centro de

Convenções de Pernambuco.

Em seguida, as diretrizes projetuais foram buscadas dentro da

corrente arquitetônica adotada, no caso, o Contextualismo Pós-Modernista,

enfatizando suas principais características que dentre outras coisas sugere buscar a

caracterização do terreno, sua topografia e seu entorno, sua localização, vias de

acesso, zoneamento, sua relação com a cidade e com os elementos sócio-culturais,

a fim de fazer uma junção entre a construção pretendida e alguma característica

própria da localidade.

2. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CENTROS DE CONVENÇÕES E EVENTOS

De acordo com Melo Neto (2000), quando se lê os jornais, suas

manchetes, seus cadernos e suplementos de cultura, se vê eventos em cascata. Na

televisão, os eventos fazem parte das programações diárias. As rádios tornaram-se

promotoras de evento. São eventos de moda, científicos, de negócios, culturais,

esportivos, ecológicos, sociais, religiosos, entre outros.

. Na verdade, tudo é evento. Quem nunca participou de um evento?

Segundo Nakane (2000), com certeza todos nós já participamos de um

acontecimento planejado, que reuniu um grupo de pessoas que tinham um objetivo

em comum. Desde uma festa de aniversário ou casamento, shows, jogos,

competições esportivas, exposições, festivais, mostras de arte até um congresso ou

uma palestra, são considerados eventos.

A grande demanda dos mercados, assim como a busca de novos

destinos vêm desenvolvendo capitais e municípios com estrutura já ambientada ou

em vias de projeção para sediar os mais diversos tipos de eventos, de pequeno,

médio ou grande porte.

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Uma conceituação de evento seria:

Evento é o conjunto de ações definidas previamente, gerando um acontecimento. Nas suas mais diferentes formas, o evento pode desempenhar funções importantíssimas como disseminar o conhecimento, oferecer lazer e entretenimento, estimular negócios, conscientizar comunidades e contribuir para o entendimento entre os povos. (ANDRADE, 1999).

Os eventos, conforme Andrade (1999) podem ser destacados

segundo sua abrangência como: Mundial, internacional, latino-americano, brasileiro,

regional, municipal, etc.

Segundo Nakane (2000), os eventos podem também ser

classificados por categoria, por área de interesse e por tipo.

Por categoria: Institucional e promocional.

Por área de interesse. Dentre tantas, as seguintes: artística,

científica, cultural, empresarial, religiosa, turística.

Por tipos ou temática: São descritas com mais detalhes, somente as

de maior interesse. Esta categoria engloba congressos, convenções, seminário,

mesa redonda, simpósio, painel, fórum, conferência, palestra, jornadas, assembléia,

plenária, feira, exposição, salão1, show2, brainstorming3, roda de negócios, tele-

conferência, showcasing4, leilão, noite de autógrafos, vernissage5, desfile, festival,

concurso, comício, entrevista coletiva, curso, workshop, aula magna6, aula

inaugural, eventos sociais e muitos outros. Talvez os principais eventos sejam: o

congresso, a convenção, o seminário e o simpósio.

1 Demonstração pública de produtos, de determinado setor. Visa apenas divulgar, embora hoje apresente características de feira. 2 Apresentação ao público-alvo de entretenimento, com fim cultural ou não, baseado na música, dança, teatro, etc.. 3 É uma técnica de reunião, com o objetivo de se atingir um resultado por meio da discussão das idéias dos participantes, com liberdade de imaginação e de criatividade. Muito utilizado nas agências de publicidade. 4 É uma alternativa para as feiras. Os produtos são expostos em vitrines fechadas e os visitantes não têm nenhum contato direto com os expositores. A comunicação se faz por meio de telefones instalados em cada stand, conectados a uma central informatizada. 5 Geralmente precede uma exposição, como evento de abertura, inaugural. Convencionou-se como a abertura de exposições de artes plásticas. 6 Espécie de conferência, onde um renomado especialista é convidado para uma apresentação no meio acadêmico e/ou educacional.

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De acordo com Melo Neto (2000), conclui-se que evento tem

algumas funções como promover entretenimento e lazer, informar, educar,

conscientizar o público, mobilizar, desenvolver o exercício da cidadania, relembrar

fatos, comemorar feitos históricos, datas cívicas, festas religiosas, tradições, assim

como divulgar trabalhos e realizações, promover o desenvolvimento da ciência e da

tecnologia, da cultura e das artes.

O conceito de evento está diretamente ligado ao conceito de centro

de convenções, que seria a edificação devidamente aparelhada para o

acontecimento.

O centro de convenções é um local destinado a grande concentração humana, com a finalidade de debater, reunir e apresentar congressos e eventos culturais de vários meios... oferecendo toda uma infra-estrutura... como espaço físico, conforto térmico-acústico, etc. (FABRIS, apud BONONI, 2001).

Nas palavras de Matias (2002), evento é um acontecimento que

desde as suas origens na antigüidade e em sua trajetória histórica até chegar aos

tempos modernos sempre atraiu um grande número de participantes, que se

acomodavam em determinado local ou edificação. Torna-se importante conhecer um

pouco de sua história

3.EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS EVENTOS E CONGRESSOS MUNDIAIS

De acordo com Matias (2002), os eventos são acontecimentos que

possuem suas origens na Antigüidade e que atravessaram diversos períodos da

história da civilização humana, atingindo nossos dias. Nessa trajetória, foram

adquirindo características econômicas, sociais e políticas das sociedades

representativas de cada época.

Provavelmente os mais antigos espaços destinados aos encontros

de pessoas para debater sobre determinado assunto tenham sido as ágoras gregas.

Pois conforme Carvalho (199-), ágora era uma grande praça pública, rodeada de

pórticos e edificações, onde se reuniam os cidadãos para tratarem de negócios.

Segundo Matias (2002), antes de surgir a palavra turismo, os

homens haviam descoberto que existia um grande espaço no seu entorno e que

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nele poderiam deslocar-se pelos mais diversos motivos. Os primeiros deslocamentos

registrados foram os Jogos Olímpicos da Era Antiga, datados de 776 a.C. Esses

jogos aconteciam na Grécia a cada quatro anos e possuíam caráter religioso. O

sucesso dos Jogos Olímpicos, realizados em Olímpia, fez com que outras cidades

gregas como Corinto, passassem a organizar seus próprios jogos, concursos e

demais atrações. Um outro tipo de acontecimento identificado na Antigüidade foram

as Festas Saturnálias7, instituídas em 500 a.C., das quais derivaram o carnaval.

Para Matias (2002), o primeiro evento realizado, denominado

congresso, aconteceu em 377 a.C., em Corinto. Este congresso reuniu todos os

delegados das cidades gregas, que elegeram Felipe o generalíssimo da Grécia nas

lutas contra a Pérsia. Em 56 a.C., aconteceu o último evento da Idade Antiga, que foi

a Conferência de Luca no norte da Itália, onde César conseguiu realizar seu objetivo

reconciliando os dois rivais Pompeu e Crasso, aumentando o poder do Triunvirato8.

Com a queda do Império Romano, o triunfo do Cristianismo e o

estabelecimento de reinos germânicos em terras que haviam sido romanas

marcaram o início da Idade Média. Foi uma época marcada por uma série de

eventos religiosos (os concílios e as representações teatrais) e comerciais (as feiras

comerciais), que causaram o deslocamento de um grande número de pessoas,

como membros do clero, mercadores e outros. O Concílio de Elvira foi o primeiro

concílio registrado nessa época, ocorreu em 300 d.C., foi convocado por São

Gregório e tinha o objetivo de evangelizar a Armênia. Já o primeiro evento do qual

encontram-se registros que identificam o local onde aconteceu e também o número

de participantes, foi o VI Concílio de Latrão.

Já as feiras comerciais, de acordo com Matias (2002), surgiram em

função da necessidade dos indivíduos de comer, vestir-se, armar-se, etc., e

ofereciam oportunidade de comércio em escala crescente. Cada feira durava, em

média, de seis a sete semanas e movimentava o mercado internacional

praticamente o ano inteiro.

7 Antigas festas romanas, celebradas em honra de Saturno. 8 Associação de três indivíduos que reúnem em si toda a autoridade.

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Conforme Matias (2002), o comércio internacional e atacadista era

dominado pelas Feiras Regionais que aconteciam principalmente na França,

Alemanha e Itália. A França sempre foi à pioneira na realização de feiras, mas outros

países começaram a se interessar pelo ramo, porque perceberam que elas eram

grandes acontecimentos e possuíam um caráter informativo O declínio da Idade

Média trouxe de volta aos indivíduos o espírito investigativo, estimulando o

deslocamento deles. Muitas viagens foram implementadas por artistas, artesãos,

músicos e poetas que viajavam para mostrar o seu trabalho, adquirir experiência

profissional e também conhecer outras localidades.

Segundo Matias (2002), em 1681, na cidade de Roma, aconteceu o

Congresso de Medicina Geral, considerado o primeiro congresso científico, o qual

deu início a eventos de cunho não religioso. Mais tarde surgem os eventos técnicos.

O primeiro deles foi o Congresso de Viena, em 1815, após a derrota de Napoleão.

Esse congresso reuniu as potências européias para elaborar um acordo de paz e

decidir sobre a redistribuição dos territórios que haviam sido conquistados por

Napoleão.

De acordo com o mesmo autor, com a Revolução Industrial, grandes

mudanças ocorreram na sociedade. A economia manual se transformou em

mecanizada, o trabalho humano ou animal foi substituído por outros tipos de

energia, como a máquina a vapor ou de combustão, causando também

transformações nos transportes e comunicação. Essas mudanças refletiram também

nos tipos de eventos realizados, surgindo assim os eventos científicos e técnicos.

Para atender a esse novo tipo de atividade emergente, espaços foram sendo

adaptados e construídos. O primeiro espaço foi a Society of Arts, mais tarde recebeu

o nome de Royal Society of Arts, criada em 1754 com o objetivo de estimular as

artes e a indústria. Em 1851, foi construído o Palácio de Cristal em Hyde Park, na

Inglaterra, sendo o primeiro pavilhão de feiras e exposições do mundo, o qual sediou

a primeira de uma série de grandes feiras e exposições internacionais.

Nos Estados Unidos, foi construído em 1853 um edifício semelhante

ao Palácio de Cristal, para sediar a Feira de Nova York. E em 1855, aconteceu a

primeira Exposição Universal de Paris realizada em um edifício construído em

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alvenaria com o uso do ferro apenas para a cobertura da sala, este recebeu o nome

de Palais de L’Industrie. Em Viena, foi construído no Prater um edifício formado por

uma gigantesca rotunda com 102m de diâmetro, obra do arquiteto inglês Scott

Russel, destinado a sediar a Exposição Universal.

Na França, os edifícios do Trocadero foram construídos para a Feira

de 1878. Estão localizados no Campo de Marte e serviram para sediar outras feiras

realizadas posteriormente.

Conforme (FIORI, apud BONONI 2001), o primeiro centro de

convenções “experimental” foi aberto na Costa da Califórnia em 1913, para sediar

encontros universitários. Porém, as primeiras edificações utilizadas para a realização

de convenções foram os hotéis, os quais, na década de 60, não possuíam uma infra-

estrutura apropriada para tais acontecimentos. Então, em meados dos anos 60, o

Arden House, afiliado à Columbia University, abre o primeiro centro de convenções

em um campus universitário afastado da cidade, o qual foi bem aceito pelas

empresas, que buscavam melhores espaços para seus encontros.

No final da década de 60, segundo (ASSIS, apud BONONI 2001),

este tipo de edificação havia se tornado uma tendência inevitável. Nesta mesma

época, foi inaugurado o primeiro centro de convenções propriamente dito, em

Tarrytown, Nova York. Em meados dos anos 70, havia cerca de 15 centros de

convenções localizados na região nordeste dos Estados Unidos. Dez anos depois,

centenas de outros similares já estavam em operação, atendendo a milhares de

encontros em todo o mundo.

Agora no século XX, em 1922, de acordo com Matias (2002), surgiu

na Alemanha a Sociedade Feira de Colônia, que possuía edificação própria para

sediar seus eventos. Hoje, além da área de exposições, possui instalações para

congressos e convenções, com capacidade para 12.000 pessoas, sala de

videoconferência, 34 restaurantes com 73.000 lugares, estacionamento para 14.000

veículos e um heliporto.

Além dos centros de convenções, conforme Ansarah (2001), a partir

da década de 80 surgiu nos Estados Unidos um novo conceito para as ‘arenas’

(como são chamados os grandes centros esportivos). A transmissão dos grandes

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jogos e shows pela TV e o negócio milionário dos patrocínios viabilizou a construção

de novas arenas extremamente bem equipadas. Essas arenas são inspiradas no

modelo arquitetônico das antigas arenas greco-romanas, com formas arredondadas

e colossais.

De acordo com Ansarah (2001), nos últimos dez anos foram

construídas mais de 600 arenas nos Estados Unidos e essa nova mania ultrapassou

fronteiras, conquistando a Europa, a Ásia e a Oceania. Existem hoje, nesses

continentes, cerca de 100 arenas recém-inauguradas ou em fase de construção. Na

América Latina, 15 cidades estão desenvolvendo projetos para abrigar esse tipo de

empreendimento e Joinville deu o passo inicial com a inauguração do Centreventos

Cau Hansen, que é o primeiro empreendimento latino-americano a seguir o moderno

conceito de arena multiuso.

3.1 O Surgimento dos Eventos no Brasil

Para Matias (2002), anterior à chegada da Família Real ao Brasil,

segundo registros do Ministério da Indústria e Comércio, eram realizadas algumas

feiras que possuíam características semelhantes às que ocorriam na Idade Média,

isso é, elas aconteciam em locais abertos, onde os comerciantes armavam suas

barracas para vender os seus produtos.

A feira mais famosa que acontecia nesses moldes era a do Largo da

Glória, no Rio de Janeiro, que mais tarde deu origem a um mercado. Com o passar

do tempo, esse tipo de feira foi sendo aperfeiçoado até apresentar a forma das

atuais feiras que ocorrem nos grandes pavilhões de feiras e exposições.

Diz o autor que o primeiro evento do qual se tem conhecimento,

ocorrido em espaço destinado à realização de eventos, foi um Baile de Carnaval em

7 de fevereiro de 1840. Esse baile aconteceu nos salões do Hotel Itália. Naquele

mesmo mês e ano, o Café Neville, também no Rio de Janeiro, anunciava seus

bailes. Até então, o Brasil não tinha nenhuma experiência em organizar eventos

técnicos e científicos, feiras e exposições. Para adquirir conhecimentos em termos

técnicos e organizacionais no assunto, começou a participar das Feiras

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Internacionais como a Exposição Internacional de Londres (1862), a Exposição

Universal de Paris (1867), a Exposição Universal de Viena (1873), etc..

Em 1908, aconteceu no Pavilhão de Feiras da Praia Vermelha a

Exposição Nacional, sendo a primeira feira realizada no país nos moldes das atuais

Segundo Matias (2002), em 1923 foi inaugurado o Hotel

Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, local que passa a abrigar em seus salões os

mais diversos tipos de evento, e que atrai um grande número de participantes até os

dias de hoje.

No final da década de 30 e início dos anos de 1940, ocorre a

estagnação nos diversos segmentos que compõem a atividade econômica em

decorrência da Segunda Guerra Mundial. Com o término da Guerra, a economia

voltou a reaquecer, as indústrias retomaram a produção, as pesquisas e os estudos

até então interrompidos foram reiniciados. Isso fez com que o número de eventos

crescesse, ocasionando a construção ou adaptação de espaços destinados a

reuniões, feiras e outros tipos de eventos.

De acordo com Matias (2002), após 1949, as cadeias hoteleiras

representadas no Brasil como Holiday Inn, Sheraton, Hilton, Marriot e Hyatt

começaram a reconhecer a importância econômica dos encontros, convenções e

exposições para hotéis. A partir daí, esses hotéis passaram a apresentar instalações

funcionais para encontros. .

Em 1954 foi inaugurado o Parque do Ibirapuera projetado por Oscar

Niemayer e as áreas verdes ficaram a cargo do paisagista Burle Marx. O seu

conjunto era composto por: pavilhão de feiras, vários museus, áreas para esportes,

lago e outros. No Pavilhão de Feiras do Ibirapuera é que aconteciam as grandes

feiras como: Salão do Automóvel, Salão da Criança, etc.. Com a inauguração do

Pavilhão de Exposições do Palácio das Convenções do Anhembi, nos anos de 1970,

estas foram se transferindo para lá, conforme o espaço da Bienal ia se tornando

insuficiente. Somente em 1972, com um Congresso de Dermatologia, é inaugurado o

Palácio das Convenções do Anhembi.

Cabe ressaltar que, quando o Congresso Brasileiro de Agências de

Viagens foi criado em 1959, não existiam centros de convenções no país. Contudo,

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devido à sua importância econômica e social, várias localidades se empenharam

para tornar-se sede do congresso construindo espaços adequados para sua

realização. Os eventos realizados nos anos de 1979, 1986, 1987 e 1993 marcaram o

início das atividades dos centros de convenções das localidades-sede, conforme

Matias (2002).

Em agosto de 1958, segundo Ansarah (2001), Caio de Alcântara

Machado realizou pela primeira vez a Feira Nacional da Indústria Têxtil - Fenit,

reunindo 97 expositores. Esse foi o início das grandes mostras industriais e

comerciais no país. Hoje as feiras industriais movimentam um mercado de 35

bilhões de dólares. São 40 anos e mais de 600 feiras que venderam e promoveram

a indústria brasileira no país e no exterior.

Para Nakane (2000), atualmente, existe no Brasil a Convention e

Visitors Bureau, uma organização cooperativa privada que reúne associações e

empresas do trade turístico, entidades de setores produtivos da indústria e do

comércio, grupos de lojistas, órgãos governamentais, clubes de serviço e outros

segmentos. Tal instituição pode representar um município ou até mesmo uma região

cooperada. Tem como principal objetivo a captação de eventos e visitantes para a

área geográfica de sua representatividade, visando o desenvolvimento da atividade

turística em geral e do turismo de negócios em particular. O Brasil é um dos dez

maiores realizadores de eventos do mundo. É o 21º colocado como destino para

encontros internacionais e ocupa a terceira posição no contexto das Américas,

perdendo apenas para os Estados Unidos e o Canadá. Algumas cidades brasileiras

vivem praticamente do turismo de eventos.

Hoje, existem vários centros de convenções e exposições

construídos no Brasil como o Centro de Convenções de Curitiba, Centro de

Convenções de Foz do Iguaçu, Centro de Convenções de Florianópolis, Centro de

Convenções Rebouças, Complexo Anhembi, Centro de Convenções de

Pernambuco, entre muitos outros.

Para Matias (2002), como a construção de centros de convenções

no país apresentou crescimento considerável nos anos 80, surgiu nesse período,

precisamente em 1985, uma entidade com o objetivo principal de orientar

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tecnicamente a implantação, construção e reformas de centros de convenções. Essa

entidade é a Associação Brasileira de Centros de Convenções, Exposições e Feiras

– ABRACCEF, localizada em Curitiba – Pr., que tem por finalidade promover o

desenvolvimento institucional de seus associados, preservando sua integridade e

individualidade; e promover também a integração e troca de informações relativas

aos sistemas de tecnologia, marketing, planejamento, comunicação social,

gerenciamento de eventos nacionais e internacionais.

4. ANÁLISE DE OBRAS CORRELATAS

Pela falta de bibliografia sobre centros de convenções, é de

fundamental importância que sejam feitas análises de obras correlatas, ou seja,

obras que têm afinidade com o tema. Neste capítulo, são analisadas sete obras,

sendo três internacionais e quatro nacionais, nas quais procurou-se analisar fatores

como implantação, acessos, entorno, programa, hierarquia espacial, circulação,

aberturas, fechamentos e estrutura com a finalidade de se ampliar a visão

arquitetônica sobre centros de convenções.

As obras analisadas foram: o Centro de Congressos Kursaal

Elkagunea de San Sebastian, Espanha; o Auditório do Centro de Congressos e

Exposições de Mendoza, Argentina; o Centro de Convenções de Austin, EUA; o

Centro de Convenções de Curitiba; o Centro de Convenções Rebouças, São Paulo;

o Complexo Anhembi, São Paulo e o Centro de Convenções de Pernambuco. A

escolha destas obras não se deu só pelo porte das edificações, mas também por

sua importância arquitetônica e pela relação destas com o contexto das cidades em

que foram construídas.

Através do estudo destas obras, pôde-se desenvolver as diretrizes

projetuais para o Centro de Convenções de Londrina, definindo-se assim a escolha

do terreno, o referencial estético, o programa físico-funcional e pré-

dimensionamento, bem como o organograma, o fluxograma, o macrozoneamento e

partido arquitetônico. Estes dados técnicos, exaustivamente examinados, não

constam deste artigo. Faz-se referência apenas àquilo que possa interessar ao leitor.

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4.1 Centro de Congressos Kursaal Elkagunea

Local: San Sebastián, Espanha.

Data do projeto: 1991 – 1994.

Data da construção: 1995.

Área total construída: aproximadamente 60.440 m2.

Arquiteto: José Rafael Moneo Valles.

Arquitetos colaboradores: Ignacio Quemada, Juan Beldarrain, Pedro

Elcuaz e Imanol Iturria.

San Sebastián está localizada na costa do mar Cantábrico, no norte

da Espanha, situada dentro de um complexo geográfico riquíssimo: praias, baías

e montanhas. Quem se dirige ao centro de San Sebastián pelo eixo principal tem

o impacto visual dos volumes gigantes de caráter escultural do Kursaal, sendo

uma construção que está ligada à estrutura da cidade sem prejuízo do ambiente

natural onde está erigida. Há uma perfeita integração entre concreto e natureza,

conforme Oliveira (2001).

4.2 Auditório do Centro de Congressos e Exposições de Mendoza.

Local: Mendoza, Argentina.

Data do projeto: 1994 – 1995.

Data da construção: 1997 – 1999.

Área do terreno: aproximadamente 7.000m2.

Área total construída: aproximadamente 3.000m2.

Arquitetos: Baudizzone, Lestard, Varas Arquitetos; Arquitetos

Associados Blinder, Gradel e Janches.

Arquitetos colaboradores: Ferrari, Donozo, Izraelewicz e Frenkei.

Em julho de 1994, a equipe dos arquitetos Baudizzone, Lestard e

Varas de Buenos Aires, foi a vencedora do concurso para um projeto de um auditório

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que viria a completar o conjunto do Centro de Congressos e Exposições da cidade

de Mendoza. Segundo Wissenbach (2000), é uma obra de grande importância por

sua temática cultural, por suas dimensões e pela imagem arquitetônica que

responde ao caráter emblemático desse tipo de edifício nas cidades

contemporâneas. Possui um desenho leve e transparente marcando um apelo à

modernidade.

4.3 Centro de Convenções de Austin

Local: Austin, Texas, EUA.

Data da construção: 1992.

Área do terreno: aproximadamente 250.000 m2

Área total construída: aproximadamente 125.000 m2.

Arquitetos: Lawrence W. Speck Associates, Villalva-Cotera-Kolar,

Ellerbe Becket, Johnson, Johnson & Roy, Wilbur Smith

Associates, Matthew F. Kreisle (arquiteto-chefe).

Arquitetos colaboradores: Arturo Arredondo, Tom Frank Golson, M.

Hamilton Frederick, Alfred Godfrey, Eve

Persons, Andrew Baer e Scotti Jordan.

O Centro de Convenções de Austin foi planejado de forma que a

edificação fizesse parte do centro da cidade, incorporando a vida e o caráter do

município. Por isso, segundo Mungioli (1995), para atender às exigências do local, a

disposição habitual das funções de uma edificação como esta, foi alterada. Mesmo

mantendo a seqüência lobby – apoio – área de convenção, adjacente à área de

exposições, que, por sua vez, fica próxima aos serviços de carga/descarga,

procurou-se romper a “grande caixa muda” que caracteriza edifícios dessa natureza

para responder às variadas condições do entorno.

4.4 Centro de Convenções de Curitiba

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Local: Curitiba, Paraná.

Área do terreno: aproximadamente 2.000 m2.

Área útil: aproximadamente 8.426 m2.

Área total construída: aproximadamente 9.000 m2.

Segundo o folder (CENTRO DE CONVENÇÕES DE CURITIBA

2002), capital de Estado, sede de governo e modelo internacional em matéria de

qualidade de vida, Curitiba possui vocação natural para abrigar eventos e

convenções. Reunindo em torno de sua malha urbana e metropolitana um elenco

privilegiado de serviços e equipamentos de uso coletivo, muitos dos quais de inteira

responsabilidade do Estado, a cidade articula-se, por força de sua posição

geográfica e de suas tradições históricas, com os principais centros de produção e

de consumo do país e também com os mercados do Cone Sul.

É importante salientar que o Centro de Convenções de Curitiba

surgiu de uma ampla reforma e adaptação de um espaço já existente, o antigo Cine

Vitória, localizado na região central de Curitiba. Os resultados foram bons e a cidade

pode agora contar com um espaço que pode ser utilizado para os mais diversos

eventos de pequeno e médio porte, possuindo estrutura adequada para tanto.

4.5 Centro de Convenções Rebouças

Local: São Paulo, São Paulo.

Data da construção: 1976.

Área útil: aproximadamente 1.900 m2.

Área total construída: aproximadamente 2.300 m2.

Segundo o site Convenções Rebolsas (2002), o Centro de

Convenções Rebouças foi construído no final dos anos 70 no complexo do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foi

inaugurado em 1976 com um evento sobre órgãos artificiais permanecendo fechado

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até 1982. Naquele ano o Centro de Convenções Rebouças retomou suas atividades.

Em seus 17 anos, já abrigou mais de 2.000 eventos de diferentes setores.

Este centro de convenções é um dos mais tradicionais locais de

eventos de São Paulo, tendo se tornado ao longo de sua história, ponto de

referência do segmento. Tendo em vista sua localização dentro do complexo do

Hospital das Clínicas, a maioria dos eventos sediados é da área da saúde. Todavia,

sua infra-estrutura, atendimento personalizado e modernos recursos de apoio vêm

atendendo igualmente à indústria em geral e ao setor cultural.

4.6 Complexo Anhembi

Local: São Paulo, São Paulo.

Data do projeto: 1967.

Data da construção: 1967.

Área do terreno: aproximadamente 363.791 m2.

Área útil: aproximadamente 170.110 m2.

Área total construída: aproximadamente 390.000 m2.

Arquitetos: Jorge Wilheim e Miguel Juliano e Silva, além de Oscar

Niemeyer como responsável pelo sambódromo.

Segundo (ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO 2002), o Anhembi é o

maior parque de exposições da América Latina, abrigando uma grande diversidade

de eventos, feiras e shows. Suas atividades se ampliaram desde que foi idealizado,

em 1967, por iniciativa de um grupo de empresários em busca de um centro

interamericano de feiras e salões.

De acordo com o folder (COMPLEXO ANHEMBI 2002), o Complexo

Anhembi é composto pelo Pavilhão de Exposições, Palácio das Convenções, Pólo

Cultural e Esportivo Grande Otelo (Sambódromo) e um hotel que atualmente está

em construção. O Pavilhão de Exposições é o maior espaço contínuo e coberto para

feiras e exposições de toda a América Latina; abriga as principais feiras de negócios

do país: uma média de 21 exposições por ano. O Palácio das Convenções garante a

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realização de congressos, simpósios, shows, etc., possuindo toda uma infra-

estrutura de apoio aos eventos. O Pólo Cultural e Esportivo permite a realização de

shows, eventos esportivos, desfiles, feiras de venda, etc

Conforme (ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO 2002), todo o

Complexo Anhembi recebe anualmente seis milhões de visitantes. Apesar de toda

essa estrutura, está sendo desenvolvido um projeto para ampliação de suas áreas

de exposições.

4.7 Centro de Convenções de Pernambuco.

Local: Complexo Salgadinho, entre Recife e Olinda, Pernambuco.

Data do projeto: década de 70.

Data da construção: 1978.

Área do terreno: aproximadamente 248.000 m2.

Área útil: aproximadamente 40.000 m2.

Área total construída: aproximadamente 65.000 m2.

Arquitetos: Leonardo Tossiaki Oba, Joel Ramalho Júnior e

Guilherme Zamoner Neto.

De acordo com (OBA & RAMALHO JR. 2002), na década de 70 foi

realizado um Concurso Público Nacional para a construção de um centro de

convenções no Estado de Pernambuco. A equipe vencedora foi a do Estado do

Paraná, onde os arquitetos Joel Ramalho Jr., Leonardo Tossiaki Oba e Guilherme

Zamoner Neto propuseram uma edificação totalmente integrada ao entorno,

tornando-a um referencial urbano na cidade. É hoje o terceiro maior pólo de eventos

do país e um dos mais modernos da América Latina e conforme (RAMOS 2002),

está sendo prevista uma expansão em mais de 3.000 m2 do pavilhão de feiras,

ampliando para 19.000 m2 a sua capacidade para montagem de feiras.

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5. CARACTERIZAÇÃO DA CIDADE DE LONDRINA

Segundo o site (LONDRINA 2002), entre as mais expressivas

representações da economia do Estado do Paraná destaca-se Londrina, que lidera

uma região caracterizada pela organização e integração racional entre seus setores

produtivos. O Município experimentou nos últimos 10 anos um surto de

desenvolvimento sem precedentes em sua história, estruturando-se como pólo

regional no setor comercial e de prestação de serviços. Seu comércio é sólido,

diversificado e conta com uma infra-estrutura que lhe permite estender seu raio de

influência para além dos limites do Estado, alcançando regiões do Sudeste de São

Paulo e Sul do Mato Grosso do Sul.

Suas origens históricas remontam ao ano de 1924, quando chega ao

Paraná um grupo de capitalistas ingleses chefiados por Lord Lovat, com atenção

despertada pela faixa de terra existente entre os rios Tibagi, Ivaí e Paranapanema.

De 1925 a 1927, é fundada pelos ingleses a Companhia de Terras do Norte do

Paraná, que adquire do Governo do Paraná 500.000 alqueires de terras. Em 1929, a

Companhia promove o povoamento da região, sendo fundado o primeiro núcleo, que

recebeu o nome de Londrina, que significa “pequena Londres” em homenagem a

Londres, sede da Companhia. Londrina foi elevada à categoria de Município a 3 de

dezembro de 1934, e instalada oficialmente em 10 de dezembro do mesmo ano, por

documento assinado pelo interventor Manoel Ribas, conforme o site (CLICK

LONDRINA 2002).

De acordo com o site (LONDRINA 2002), graças à cafeicultura, foi

considerada a “Capital Mundial do Café”. No começo, tudo acontecia em torno do

café, o “ouro verde”, até que veio a geada de 1975 que acabou dizimando o plantio

de toda a região. Londrina parou no tempo, perdeu seu rumo econômico, até que,

em março de 1997, dá uma reviravolta: lança sua Cidade Industrial, uma área de

412 alqueires. A partir daí, o Município passou a experimentar um novo momento: o

“Ciclo da Indústria”, tornando-se a 15ª entre as 100 melhores cidades para negócios

do país. Sem perder o rumo da qualidade de vida, é considerada uma das melhores

do continente americano. Não investe apenas em industrialização, ela mantém

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projetos voltados à população que incluem ações nos mais diversos setores, como:

social, cultural, esportivo e ambiental. No campo da telefonia conta com a Sercomtel

S.A., companhia considerada referência para todo o País. Londrina é uma cidade

jovem, 64 anos, que cresce a cada dia com uma população formada por 40 etnias

diferentes, provenientes de todas as partes do mundo. A isso se deve a riqueza

cultural da cidade que está sempre aberta a todos que a visitam.

Londrina tem uma área de 1.715,897 Km2 e está situada na região

Norte do Estado do Paraná. Seu clima é subtropical, com chuvas em todas as

estações apresentando uma temperatura média de 21,9ºC no ano da 2001. Seu tipo

de solo é o Latossolo (Terra Roxa). O Município possui oito Distritos Administrativos.

Com aproximadamente 625.000 habitantes é a grande capital do Norte paranaense,

pólo econômico-financeiro catalizador de grande número de municípios. É um

referencial na área médica e no ensino universitário.

Também as atividades concentradas em torno da pecuária marcam

grande momento de expansão do setor, tanto que Londrina tem sediado grande

número de exposições de gado de raça, algumas das quais chegam a quebrar

recordes nacionais em faturamento, além de um nascente parque industrial nas

áreas da agroindústria, tecelagem e confecções. As atividades rurais representam

importante fator de incremento para o comércio londrinense. É uma agricultura forte

com destaque para o milho, soja, trigo, café, aveia, cana-de-açúcar, uva, arroz.

Conforme (OGO 2001), a cidade é referência internacional em pesquisa de soja,

abrigando uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -

Embrapa, e irradia, ao mesmo tempo, novos conhecimentos em moderna

agropecuária desenvolvidos pelos especialistas do Instituto Agronômico do Paraná -

Iapar.

Na área cultural, a cidade conta com um intenso calendário anual.

Segundo o site (LONDRINA 2002), são eventos ligados à arte, cursos, festas

étnicas, entre outros. Dentre os principais, pode-se destacar o Festival Internacional

de Teatro – Filo e o Festival de Música de Londrina.

A cidade possui oito teatros, totalizando cerca de 2.195 lugares,

sendo que os de maior capacidade são: o Teatro Ouro Verde, o Teatro Marista e o

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Teatro Crystal Palace, com respectivamente 920, 911 e 700 lugares; além de

anfiteatros e aproximadamente 40 auditórios, que sediam importantes eventos,

nacionais e internacionais. Porém, grande parte desses eventos é realizada em

locais com bem pouca infra-estrutura.

Conforme (LONDRINA TOUR 2001), o Centro de Exposições e

Eventos de Londrina – CEEL foi construído para sediar eventos de maior porte como

a Feira da Construção Civil – Feiracon. Possui um pavilhão de exposições com uma

área de mais ou menos 8.600 m2, um auditório para 1.500 pessoas e

estacionamento para 1.600 veículos.

No entanto, este auditório é impróprio para alguns eventos, pois em

razão de o ambiente ser relativamente grande, a acústica não é adequada e, pela

não inclinação do piso a visão para as pessoas que ocupam os últimos assentos fica

prejudicada. A inclinação do sol também não foi levada em conta não sendo possível

a projeção de imagens em telões. Pelo fato de só existir um auditório, as reuniões ou

pequenas palestras são realizadas em salas montadas no pavilhão de exposições.

Dividido o espaço, o pequeno evento fica prejudicado.

Londrina hoje, necessita de uma edificação suprida com todos os

quesitos técnicos como conforto térmico e acústico, projeções, localização,

estacionamento e uma infra-estrutura capaz de promover vários eventos,

simultaneamente, sejam eles de pequeno ou grande porte, enfim, uma edificação

que possa sanar essa deficiência da cidade. Esta, já possui a sua infra-estrutura

como hotéis, restaurantes, sistema viário e de transportes, aeroporto, espaços

culturais e de entretenimento e demais serviços que atendem perfeitamente às

necessidades da população e do turista. No entanto, um centro de convenções

incrementaria todos estes serviços.

A implantação desta edificação em Londrina será de grande

importância

para o desenvolvimento da cidade, pois de acordo com (NAKANE

2000), nos últimos anos, a atividade de eventos vem sendo analisada e considerada

como uma atividade turística, pois, quando ocorre em uma localidade, utiliza toda a

sua estrutura

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Esta é a década do turismo de eventos conforme (PERES, apud

MELO NETO 2000). Em alguns estados, o turismo de negócios corresponde a 40%

do fluxo global de turistas. A principal vantagem do segmento é o seu potencial

gerador de renda e de lucratividade.

Segundo (MELO NETO 2000), a criatividade em turismo de negócios

deve começar com a escolha dos setores-chave. Por exemplo, Salvador escolheu as

áreas médica e jurídica. O Ceará optou pela ênfase na realização de seminários e

congressos em geral, Pernambuco aposta nos setores de medicina, informática e

veículos.

Londrina tem possibilidade de se desenvolver muito com o turismo

de negócios, realizando congressos, simpósios e demais eventos nas áreas médica,

científica, tecnológica, cultural. O que lhe falta é uma edificação adequada.

6. DIRETRIZES PROJETUAIS

Como já foi mencionado, as diretrizes projetuais para o anteprojeto

foram buscadas na corrente do Pós-modernismo, que não abandona o passado nem

os referenciais culturais e históricos do contexto onde a edificação vai ficar inserida;

daí a necessidade de algumas informações sobre o Pós-modernismo.

6.1 Referencial Estético: Pós-Modernismo.

“O Movimento Moderno está envelhecendo, tomando consciência de sua própria história, aprendendo a colocar-se na história. Nesse sentido a denominação ‘Movimento Moderno’ não é mais adequada, e os arquitetos, no momento, pensam em novas formas que quase inevitavelmente envolvem a rejeição de alguns princípios que, até então, foram sagrados. Seria mesmo surpreendente para qualquer historiador se, depois de mais de meio século de arquitetura ‘moderna’, não houvesse uma mudança na ênfase, uma alteração na moda, uma certa tendência a repensar e reavaliar.” (ALLSOP, apud STROETER, 1986).

De acordo com (STROETER 1986), a mudança que Allsop

pressentiu transformou-se em um novo movimento na história da arquitetura

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contemporânea: o Pós-Modernismo. No entanto, Pós-Modernismo tem uma

conotação dualista, onde o próprio Charles Jencks (responsável pela classificação

desse movimento como Pós-Moderno) reconhece que o termo é um paradoxo

lingüístico porque toda arquitetura produzida no tempo em que se vive é moderna.

Portanto como pode ser pós-moderno algo que está acontecendo em nossos dias?

Moderno designa algo que, pela sua natureza, é contemporâneo e está em mudança

contínua.

A arquitetura pós-modernista significa literalmente o que vem depois

do modernismo...conforme (RELPH 1987). Para ele, o que pode ser afirmado com

segurança é que as mais recentes paisagens urbanas não são modernistas, mas

atraentes, distintas e decoradas. Aparentemente, o antigo volta a ser novo.

Segundo (CASTELNOU 2001), embora o termo “pós-moderno”

contenha a idéia de ruptura com o moderno, o movimento não se considera contra o

modernismo, do qual é estágio de sua evolução iniciada em finais do século XVIII,

com a Revolução Industrial, mas sim, no caso da arquitetura, como antítese ao

International Style o qual defendia o universalismo, o anti-historicismo, o

funcionalismo, o não-ornamentalismo, etc.. Ele constitui no conjunto de mudanças

ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas a partir da segunda

metade do século XX.

Apesar da liberalidade que caracteriza o movimento, de acordo com

(STROETER 1986), o Pós-Moderno não é feito de formas quaisquer, suas formas

referem-se, quase sempre, a formas e estilos existentes, de períodos ou de autores,

inclusive modernos.

Ainda nas palavras de (CASTELNOU 2001), as várias correntes que

integram o Movimento Pós-Moderno podem ser colocadas em três grupos, os quais

se diferenciam de acordo com a postura que mantém em relação ao Modernismo,

são elas:

• Pós-Modernismo: conjunto de correntes que discutem os

princípios do Modernismo, procurando negar o International Style,

voltando-se para a história, o passado e o particular (tradição).

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Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

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Expressa-se através do Formalismo, do Contextualismo e do

Regionalismo;

• Tardomodernismo: engloba as tendências que dão continuidade

ao pensamento moderno, porém adaptando-o a novas

perspectivas, mantendo a “estética da máquina” e assim

defendendo as idéias do International Style. É representado pelo

Tecnicismo, pelo Brutalismo e pelo Estruturalismo;

• Neomodernismo: aborda as tendências que discutem uma nova

modernidade, retomando a relação com o presente, incorporando

questões como identidade cultural, presença histórica e tecnologia

avançada. Expressa-se através do Minimalismo e do

Desconstrutivismo.

A corrente arquitetônica... Projeta-se mais para o passado, negando

a arquitetura moderna e resgatando a relação com a história através do ornamento

simbólico, da prática contextual ou do retorno a tradições vernaculares. A arquitetura

moderna, na sua busca da simplificação e pureza, tirou da forma seu caráter

simbólico transferiu-o para a matéria e a técnica, colocando em lados opostos o

trabalho humano e o trabalho da máquina.

O Pós-Modernismo é receptivo a referências históricas. Fragmentos

de estilos antigos podem ser combinados e misturados. É uma abordagem que

permite citações visuais, metáforas, observações e referências a edifícios famosos,

conforme (RELPH 1987).

Para (STROETER 1986), a arquitetura pós-modernista alterou a

fórmula de que “a forma segue a função”, pois, para ela, esta segue a memória, o

gosto, a nostalgia e a moda. Importa ao arquiteto compor imagens que tenham a

força de estímulos a provocar emoções e reações no observador, podendo assim

contrariar todas as normas ortodoxas que faziam a “boa forma” do Movimento

Moderno. O Pós-Modernismo tem muito pouco de racionalista.

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(...) Uma das mais fortes motivações do Pós-Modernismo consiste em desenhar dentro dos gostos da comunidade, embora inovando e controlando o resultado enquanto produto arquitetônico.(JENCKS, 1973).

De acordo com (STROETER 1986), no Pós-Modernismo não se faz

arquitetura a partir de um marco zero, pelo contrário, opta-se pela continuidade. O

arquiteto se rebela contra a primazia da forma que segue a função. No lugar

correspondente à estética funcionalista o Pós-Modernismo propõe a forma que

instiga a memória do usuário. Outros fragmentos de estilos do passado, como as

colunas, frontões e pilastras, são utilizados com freqüência para decoração.

Para este trabalho, utilizou-se do Contextualismo Cultural, o qual

possui como prática contextual que, de acordo com (CASTELNOU 2001), é a

contaminação formal ou conceitual da obra por elementos e características do lugar

onde ela se insere, ou seja, é o diálogo do edifício com o ambiente, recuperando-se

da presença histórica. Os contextualistas propõem soluções que se encaixem

principalmente ao contexto cultural lembrando que é a cidade que produz a

arquitetura e não o inverso. Deve existir uma continuidade visual-espacial de modo a

afirmar uma identidade cultural

O mesmo autor diz que os principais arquitetos contextualistas

culturais são: Aldo Rossi, Franco Purini, Rob e Leon Krier, Mario Botta, José Rafael

Moneo, Arata Isozaki, Oswald Mathias Ungers, César Pelli, Helmut Jahn e Antoine

Predock.

6.2 Caracterização do Terreno

Um dos pontos mais importantes que envolvem um projeto é a

escolha do terreno, pois suas características influenciam diretamente no

desenvolvimento da proposta arquitetônica. Para determinação do terreno foram

analisados fatores como: topografia, entorno, localização, dimensão, orientação

solar, vias de acesso, zoneamento.

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Para o desenvolvimento da proposta projetual escolheu-se um

terreno pertencente à área da Fazenda Santana, localizada à margem esquerda da

Rodovia Mabio Gonçalves Palhano, no sentido Londrino-Espírito Santo, próximo às

Terras de Santana. Esta rodovia pode ser classificada como via principal, de fluxo

rápido, porém não intenso que atravessa uma área pouco consolidada. Liga

Londrina aos Distritos de Espírito Santo e São Luiz.

Possui em seu entorno o Shopping Catuaí, o Centro de Ciências

Empresariais e Sociais Aplicadas da Universidade Norte do Paraná – Unopar, a

Universidade Estadual de Londrina – UEL, dois hotéis em construção, a Estação de

TV Tropical, condomínios residenciais fechados e um grande número de chácaras. É

uma área em início de desenvolvimento, tendo como principal elemento de atração o

Shopping Catuaí.

A escolha deste terreno deu-se após uma prévia análise de suas

características, tais como:

• Estar localizado em uma área nobre em crescente

desenvolvimento e valorização, próximo a hotéis - fator de grande

importância para um centro de convenções;

• Pela facilidade de acesso ao Centro da cidade, ao aeroporto e à

rodoviária através das Avenidas Madre Leônia Milito, Higienópolis,

Juscelino Kubitscheck, Santos Dumont e Arcebispo Dom Geraldo

Fernandes (Leste-Oeste), avenidas de fluxo rápido;

• Por estar próximo à Rodovia Celso Garcia Cid;

• Por possuir uma grande área útil, própria para um centro de

convenções que é uma edificação de grande porte;

• Por possuir belos visuais de uma região ainda não consolidada;

Sua topografia envolve 70m de desnível, porém a grande extensão

do terreno suaviza essa declividade. Com relação à orientação solar, o terreno fica

no sentido Norte-Sul, com a fachada da Rodovia Mabio Gonçalves Palhano

totalmente voltada para o Oeste, tendo os ventos predominantes vindos do Leste e

tempestades do Sudoeste.

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Atualmente, possui duas vias de acesso: a Rodovia Mabio

Gonçalves Palhano e a rua ao lado do Shopping Catuaí que ainda não foi nomeada.

Segundo dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Londrina – IPPUL, está prevista a abertura de uma avenida na outra face do terreno,

paralela à avenida acima citada.

Sua área é de aproximadamente 750.000 m2 e localiza-se na Zona

Comerdial – ZC 3, que segundo a (LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 1998) é

uma zona de apoio à zona central.

6.3 Programa Físico-Funcional e Pré-Dimensionamento.

A partir da análise de correlatos e de visitas realizadas a alguns

centros de convenções, a proposta elaborada prevê um programa básico de

necessidades que consiste de quatro blocos: bloco administrativo, bloco plenário,

bloco de exposições e bloco de serviços. O Organograma e o Fluxograma dão uma

idéia da abrangência da proposta.

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6.4 Organograma e Fluxograma.

6.4.1 Organograma

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Foyer Auditório Principal

Camarins I.S. (F./M.)

Copa

Sub-estação/ Energias

Central de Ar-condicionado

Oficina

Bilheteria Hall de Entrada

Recepção Secretária Diretoria Eventos Marketing

Financeiro Administrativo

Rel. Públicas

PABX Sala Reuniões

I.S (F./M.)

Recursos Humanos

Copa

Auditórios 1 e 2 (150 pessoas)

Auditórios 3 e 4 (250 pessoas)

Salas de Ensaio

Fosso Orquestra

Dep.

Controle Som/Projeção

Cabines de Tradução

Salas VIP

Salas de Reuniões

(25 pessoas)

Salas de Reuniões

(50 pessoas)

Salas de Reuniões

(80 pessoas)

I.S. (F./M.)

Imprensa Salas VIP

Salão Exposição 1

Salão Exposição 2

Salão Exposição 3

Lojas Banco 24h

Ambulatório

Restaurante Praça de Alimentação

Copas

Pavilhão I.S (F./M.)

Vestiários Almoxarifado Depósitos

Administração

Plenário

Exposições

Serviços

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6.4.2 Fluxograma

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Controle

Acesso Público

Acesso Serviço

Bilheteria Hall Entrada

Lojas

Banco 24h

Auditório Principal

Auditório 1

Copa

Auditório 3

Auditório 4

Camarins

Salas VIP

Foyer

I.S. (F./M.)

Cabines de Tradução

Controle Som/Projeção

Salas de Ensaio

Fosso Orquestra

Depósito

Auditório 2

Salão de Exposições 1

Copa

Som/Projeção

Cabines de Tradução

Som/Projeção

Cabines de Tradução

Som/Projeção

Cabines de Tradução

Som/Projeção

Cabines de Tradução

Salas de Reuniões

(25 pessoas)

Salas VIP

Ambulatório

I.S. (F./M.)

Salas de Reuniões

(50 pessoas)

Salas de Reuniões

(80 pessoas)

Salão de Exposições 2

Copa

Salão de Exposições 3

Copa

Pavilhão de Exposições

Restaurante Praça de Alimentação

I.S. (F./M.)

Recepção

Copa

Relações Públicas

Eventos

Marketing Financeiro

Administrativo

R.H.

PABX

I.S. (F./M.) Secretária

Diretoria

S. Reuniões

Vestiários (F./M.)

Almoxarifado

Depósitos

Oficina

Central de Ar-condicionado

Sub-estação/ Energias

Imprensa

I.S. (F./M.)

Entrada congressista

Legenda:

Público Congressistas Funcionários

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7 MEMORIAL DESCRITIVO

Como já foi mencionada a cidade de Londrina é hoje um Pólo

Regional importante não só para o Norte do Paraná, mas com influência sobre os

Estados vizinhos como São Paulo e Mato Grosso do Sul, todavia carente de um

local adequado para eventos.

O Centro de Convenções proposto visa suprir essa lacuna e pelo

seu porte e complexidade – possuindo todos os quesitos necessários como conforto

térmico e acústico, localização, acessos, estacionamento e uma infra-estrutura

capaz de promover simultaneamente vários eventos, possibilitando grandes

concentrações humanas – vai se transformar no local ideal, palco para a realização

de pequenos a grandes acontecimentos.

a) Partido Arquitetônico:

A partir da localização do terreno em relação à cidade, no

anteprojeto foram estabelecidos eixos de ligação que partem do centro do terreno

em direção a elementos históricos importantes da colonização de Londrina. Os

elementos escolhidos foram a área central da cidade, englobando edificações como

o Museu Histórico Padre Carlos Weiss (antiga ferroviária, o Museu de Arte Moderna

(antigo terminal rodoviário), a Catedral, o Cine Teatro Ouro Verde, e o “Marco Zero”,

ou seja, o local do início da colonização de Londrina, que está localizado atualmente

na Avenida Theodoro Victorelli. Segundo SHIMBA & UREN (2000), existem dúvidas

quanto ao “Marco Zero”. O importante é que ele está sendo lembrado.

Um ponto estabelecido para o partido, foi a separação do Palácio

das Convenções e do Pavilhão de Exposições. São edificações distintas (permitem

eventos simultâneos), unidas por uma passarela, principal eixo de circulação. Foi

implantada sobre o eixo que liga o terreno ao “Marco Zero”. É um elemento

arquitetônico e estético de grande beleza e de suma importância para a

contemplação da paisagem.

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O Palácio das Convenções está implantado na região mais alta do

terreno. Hierarquicamente, esta edificação é a mais importante de todo o complexo

Destina-se à realização da maior parte dos eventos, daí a sua posição de destaque.

O anteprojeto prevê acessos distintos tanto para o Palácio das

Convenções como para o Pavilhão de Exposições, setores de serviços e

administrativos a fim de se evitar fluxos conflitantes. Isto permite a realização

simultânea de eventos nas duas edificações.

Foi estabelecido um pórtico para acentuar a separação dos setores

de público e de serviços, comum às duas edificações. Permite uma maior

privacidade ao setor de serviços. O elemento tem a função de unir os dois edifícios,

permitindo um diálogo entre eles. Para tanto, propôs-se um predomínio da linha

curva, que é uma referência aos fundos-de-vale existentes na cidade de Londrina.

A grande dimensão da área escolhida, não permite a predominância

das edificações sobre o terreno. Estas, passam a fazer parte dele. A Arquitetura

busca sempre o equilíbrio entre o edifício e a paisagem.

Grandes áreas verdes foram previstas ao redor do Centro de

Convenções para oferecer ao público muitos ambientes de descanso e

contemplação, fatores muito importantes para a saúde mental nos dias de hoje. O

sentido Oeste possui as melhores vistas para a região. Desta maneira as aberturas

de maior importância estão voltadas para este lado. No entanto, esta face recebe

forte incidência solar. Devido a isso, grandes coberturas foram projetadas para

proteger estas aberturas dos raios solares.

A principal característica deste partido arquitetônico é o diálogo das

duas edificações em forma de círculo (figura geométrica pura), distintas, todavia,

unidas pela passarela em direção ao “marco zero” da cidade, e pelo pórtico curvo

sobre um espelho d’água, lembrando as curvas e os córregos dos fundos de vale.

Existe continuidade visual-espacial.

b) A Proposta

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No Palácio das Convenções, primeiramente foi desenvolvido o

grande pátio interno, onde a partir deste, foram distribuídos os demais ambientes de

acordo com sua função. Os setores administrativos e de serviços estão voltados ao

sentido Leste, as salas de reuniões, os pequenos auditórios e o setor de

alimentação ao sentido Oeste. O grande auditório foi implantado de tal maneira que

seu volume prismático interferisse na edificação, atuando como um elemento de

destaque, quebrando a continuidade da linha curva.

No Pavilhão de Exposições, o círculo foi dividido ao meio. No

pavimento térreo está todo o setor de serviços. Acima deste pavimento, encontram-

se o salão de exposições, o setor administrativo e a praça de alimentação.

Complementando este setor foi proposto um restaurante no mezanino.

Procurou-se também priorizar, nesta proposta para o Centro de

Convenções, questões como: Uso de uma composição modular para o lançamento

das estruturas; conforto térmico e acústico; ênfase à circulação; terraços abertos ao

exterior.

c) Implantação

O Palácio das Convenções é uma edificação de grande importância,

pois nela estão localizados todos os auditórios, salas de reuniões, salões de

exposições, praça de alimentação e setor administrativo de todo o complexo. É o

“coração” do Centro de Convenções, daí a sua localização em local privilegiado.

O Pavilhão de Exposições foi implantado na outra extremidade da

passarela, em um nível plano e mais baixo em relação ao Palácio das Convenções.

Para um diálogo dos edifícios com a natureza e manutenção do equilíbrio entre área

construída e paisagem, foram previstas grandes áreas verdes ao redor.

Amplas áreas de estacionamento foram propostas: para o público,

expositores, funcionários, ônibus e caminhões.

d) O Palácio das Convenções

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O Palácio das Convenções é uma edificação formada por dois

pavimentos e possui uma área de aproximadamente 28.580,00m2.

O acesso de público a esta edificação é feito pelo segundo

pavimento e realizado primeiramente por um grande terraço aberto ao exterior, que

liga a edificação à natureza. Tem-se ainda o acesso ao foyer, que atua como um

espaço de transição entre o grande auditórios e demais ambientes do Palácio das

Convenções. Neste espaço, dentre outras coisas, funcionam dois elevadores

panorâmicos.

Ao lado esquerdo do foyer está proposto um salão para pequenas

exposições. Voltados para este salão, quatro auditórios menores, cada um com uma

sala de controle de som e projeção, duas cabines de tradução simultânea, dois

depósitos para equipamentos, copa, e uma sala com banheiro para o palestrante.

Em seguida, tem-se um segundo salão para exposições, para o qual estão voltadas

nove salas de reuniões com capacidade para 30, 60 e 100 pessoas, além de três

salas VIP com capacidade para até 20 pessoas. Instalações sanitárias foram

previstas para atender todos os ambientes.

Ao lado direito do foyer está o acesso ao grande auditório, que tem

capacidade para 1.500 pessoas, envolvendo nave e galeria. Possui como ambientes

de apoio: sala de imprensa, duas outras salas, copa, dois camarins coletivos e dois

individuais, depósito para equipamentos, uma central de ar condicionado,

instalações sanitárias, uma sala para controle de som e projeção e cinco cabines de

tradução simultânea.

Foi proposto ainda para este pavimento um terceiro salão para

pequenas exposições, dotado de uma copa com depósito e duas instalações

sanitárias. O setor administrativo consiste de ambientes como recepção, sala de

relações públicas, departamento de eventos, de marketing, financeiro e

administrativo, secretaria, diretoria, sala de reuniões, PABX, instalações sanitárias

para os funcionários, copa e depósito.

No pavimento inferior uma praça de alimentação com nove

lanchonetes para atender cerca de 1.000 pessoas, instalações sanitárias, dois

restaurantes, sendo um a la carte com capacidade para 150 pessoas e o outro, self-

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service para cerca de 330 pessoas, lojas, agência de turismo, companhia aérea e

todo o setor de serviços como controle de entrada e saída de pessoas e

mercadorias, uma sala de recursos humanos, um almoxarifado e uma oficina. No

pátio de serviços estão o gerador, transformador e a central de gás e lixo.

e) O Pavilhão de Exposições

O Pavilhão de Exposições é formado por três pavimentos e possui

uma área de aproximadamente 10.180,00m2. No primeiro pavimento está todo o

setor de serviços com toda a estrutura necessária ao seu funcionamento, uma

oficina e cerca de 90 depósitos para os expositores. No pátio, 15 vagas para

caminhões e 73 vagas para funcionários e expositores.

O acesso principal ocorre pelo segundo pavimento que possui um

grande terraço aberto para o exterior. O público tem acesso ao terraço através da

passarela ou das rampas. O pavilhão conta com bilheteria e uma estrutura

administrativa idêntica à do Palácio das Convenções.

A área para exposições tem capacidade para 150 stands, possui

instalações sanitárias para o público, banco 24 horas, agência de turismo,

companhia aérea, ambulatório e praça de alimentação com seis lanchonetes com

capacidade para atender 190 pessoas. No terceiro pavimento (mezanino), um

restaurante self-service com capacidade para 270 pessoas.

f) Circulação

O principal eixo de circulação do Centro de Convenções é a

passarela que liga as duas edificações. Por estar em plano elevado não cria conflito

com veículos.

No Palácio das Convenções, a circulação se faz radialmente, ao

redor do grande jardim interno. A circulação vertical é realizada através de rampas e

elevadores. As escadas são utilizadas somente como saídas de emergência e para

uso do setor de serviços. De acordo com a NBR 9077, as saídas de emergência

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foram implantadas a uma distância máxima de 45m, sendo formadas por rampas e

uma escada enclausurada localizada no grande auditório, que possui uma galeria.

No Pavilhão de Exposições, a circulação principal é realizada por

entre os stands. Como elementos de circulação vertical foram utilizados elevadores,

escadas e rampas, tanto para uso dos funcionários como do público. As saídas de

emergência desta edificação também foram implantadas de conformidade com as

normas. Uma escada enclausurada atende ao restaurante do mezanino.

g) Aberturas e Fechamentos

Grandes aberturas foram previstas para as duas edificações em

função dos belos visuais da região. Pela grande incidência dos raios solares, optou-

se pelo uso do vidro verde. A vegetação ao redor auxilia no conforto ambiental. As

demais aberturas são constantes e repetitivas, sendo circundadas pelos elementos

estéticos das fachadas.

O fechamento das edificações é todo em alvenaria. Nos auditórios

as paredes são duplas e possuem revestimento em madeira perfurada associada

com lã de vidro para proporcionar conforto térmico e acústico. Nas salas de reuniões

as paredes não são duplas, mas são também em madeira perfurada com lã de vidro.

Utilizou-se como material de revestimento externo nas duas

edificações a pastilha de porcelana de 5 X 5cm variando em tons de marrom. Na

passarela optou-se pela pintura em esmalte sintético na cor branca e, no pórtico,

pela textura graffiato na cor marrom.

h) Estrutura

No Palácio das Convenções utilizou-se a estrutura metálica com

pilares de diâmetro adequado e vigas com altura variando entre 1,20m e 1,50m de

acordo com o vão, sendo as lajes em concreto protendido. Sustentando a cobertura

tem-se uma treliça plana, sendo a melhor opção para cobrir grandes vãos. Como

cobertura, optou-se pela telha dupla de alumínio com poliuretano expandido, por

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fornecer isolamento térmico e acústico. Os pilares e vigas foram distribuídos de

forma radial obtendo-se vãos entre 10m e 20m. Uma estrutura independente foi

montada para os auditórios, evitando dessa maneira a presença de pilares no meio

destes ambientes. O pé-direito varia entre 3,50m e 4,00m abaixo do forro, sendo

6,00m de piso a piso. Porém no grande auditório chega a uma altura máxima de

14,50m.

No Pavilhão de Exposições utilizou-se também o mesmo tipo de

estrutura e laje. Para cobrir o grande vão desta edificação foi proposta uma treliça

espacial. Na cobertura, a mesma telha dupla de alumínio com poliuretano

expandido. Os pilares e vigas foram distribuídos de maneira que os vãos variassem

entre 10 e 20m. O pé-direito na área de exposições é de 10,70m e nos demais

ambientes varia entre 5,50m e 6,00m de piso a piso.

A passarela é toda em estrutura metálica laminada (perfil I), com

pilares de 30 X 30cm a cada 5,00m, proporcionando leveza ao elemento

arquitetônico. Os materiais propostos para o pórtico foram a alvenaria e o concreto

armado, resultando em um elemento mais robusto que contrasta com a leveza da

passarela.

Tanto para as pérgulas como para as coberturas que protegem as

edificações contra a incidência solar foi proposto o uso da estrutura metálica

sustentada por pilares e por cabos de aço. Para proteção contra a chuva, optou-se

pelo uso do vidro laminado antélio que diminui a incidência solar. Este vidro também

foi proposto para a cobertura da passarela. A associação da estrutura metálica com

o vidro permite uma composição leve às fachadas.

O uso da estrutura metálica oferece economia na fundação pois é

um material seis vezes mais leve que o concreto, além de oferecer rapidez de

execução, limpeza do canteiro de obra, entre outras vantagens.

i) Sistemas Complementares

As instalações de energia elétrica, seguem as normas técnicas da

Companhia Paranaense de Energia – COPEL, estando localizadas nos pátios de

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serviço. Para as instalações hidráulicas foram previstas duas caixas d’água (uma

para cada edificação), tudo de conformidade com as normas do corpo de bombeiros.

Foi prevista a construção de um poço artesiano para atender ao espelho d’água, que

acompanha o pórtico.

Esta proposta de um Centro de Convenções para a cidade de

Londrina seguiu os parâmetros estabelecidos pela NBR 9050, para atender com o

maior conforto possível, em todos os setores, as pessoas com deficiência física. No

estacionamento foram reservadas 52 vagas para essas pessoas o que representa

2% do número total de vagas.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O número de centros de convenções, tanto no Brasil como em outros

países, vem crescendo a cada dia. Edifícios antigos estão sendo transformados em

locais de reunião, mas principalmente novas edificações estão sendo projetadas

para que os eventos possam ser realizados com sucesso e com o melhor conforto

possível.

Os centros de convenções têm uma função muito importante: abrigar

os mais diversos tipos de eventos em uma edificação que possa proporcionar

múltiplas possibilidades de uso, pois cada evento tem a sua particularidade.

Um arquiteto, ao projetar uma edificação, deve ter em mente a

importância desta para a cidade. Deve conhecer o entorno, a cultura local, as

características da cidade e da sua população. Uma obra não pode ser projetada de

maneira industrial, para ser construída em qualquer parte do mundo, mas sim,

projetada de maneira que haja um diálogo desta com seu entorno. Inserir na obra

elementos e características do lugar onde ela será construída é de fundamental

importância, principalmente nos dias de hoje onde as pessoas estão se

preocupando com as suas origens. Por isso, nesta proposta, elementos

arquitetônicos como a circularidade, as curvas, o espelho d’água, foram utilizados

para que a obra pudesse estar inserida ao máximo no contexto da cidade,

respeitando sua topografia, cultura e história.

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Este Centro de Convenções foi projetado para atender de forma

competente e confortável a vários tipos de eventos – mesmo que ocorram

simultaneamente – tudo em função de uma estrutura extremamente complexa de

logística e administrativa como está previsto na proposta. O usuário poderá dispor

de uma infra-estrutura suficientemente grande para a realização dos seus objetivos.

Esta edificação tem também como função ser um marco referencial

para a cidade e com poder para incrementar aqui o turismo de negócios.

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MOREIRA, Elen, PEREIRA, Ana Lívia Surjus Gomes Pereira, PORTO, Tatiany Honório.

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FERRAMENTA EDUCACIONAL

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DESENVOLVENDO HABILIDADES DE LIDERANÇA UTILIZANDO O COACHING COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL

DEVELOPING LEADERSHIP SKILLS USING THE COACHING AS AN EDUCATIONAL TOOL

Ana Lívia Surjus Gomes Pereira1* Tatiany Honório Porto*

Elen Gongora Moreira** RESUMO:Programas de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) são poderosos instrumentos de alavancagem de negócios e resultados advindos da produtividade do trabalhador. Com o objetivo de atuar na área de Treinamento, Desenvolvimento e Educação o Estágio em Formação de Psicólogo III foi realizado em uma empresa do ramo de mecânica de caminhões, localizada em Cambé-PR. Essa empresa conta com 25 colaboradores, sendo 2 deles os donos da empresa. Foi proposto à empresa um programa de TD&E gerencial com o objetivo de desenvolver habilidades comportamentais que contribuíssem para um melhor desempenho nos cargos de liderança na empresa. Esse programa se justificou pela necessidade, encontrada no diagnóstico, de suprir os seguintes déficits: aprimorar o processo de dar e receber feedback; discutir como a ausência de conseqüenciação dos comportamentos dos subordinados poderia influenciar no desempenho geral da empresa; diferenciar as tomadas de decisões individuais e grupais; aprimorar o desenvolvimento de habilidades de trabalho em grupo e desenvolver processos de comunicação eficaz entre líderes e entre líderes e subordinados. Participavam do grupo de desenvolvimento 6 colaboradores que ocupavam papéis de liderança na empresa, ele foi conduzido através de 7 encontros semanais, os temas foram trabalhados nesses encontros através da discussão de textos que, além do conteúdo, continham exemplos de situações que faziam parte do cotidiano dos líderes, também foram utilizados estudos de caso elaborados especialmente para a empresa. Na avaliação realizada com os participantes sobre o programa de TD&E os mesmos relataram que os conceitos trabalhados pelas estagiárias foram compreendidos por todos, porém ainda há dificuldade de aplicação pelos participantes dos princípios discutidos na rotina diária de trabalho. Atualmente, a empresa solicitou a continuidade do trabalho através de coaching para que as habilidades aprendidas durante o programa de TD&E possam ser colocadas em prática com maior eficiência pelos líderes da empresa. PALAVRAS CHAVES: Treinamento, Desenvolvimento, Educação e Coaching

ABSTRACT:Training, Development and Education’s programs are powerful business-oriented instruments of leverage and happened results of worker’s productivity. With the objective to act in the area of Training, Development and Education the Psychologist’s training in Formation III was realized in a company of trucks´ mechanics, located in Cambé-PR. This company counts on 25 collaborators, being the 2 of them owners of the company. A T,D&E managemental program was considered to the company with the objective to develop mannering abilities that contributed for one better performance in the positions of leadership in the company. This program if justified for the necessity, joined in the diagnosis, to supply the following gaps: to improve the process to give and to receive feedback; to argue how the absence of consequence of the behaviors of the subordinate could influence in the general performance of the company; to differentiate the individual and group taking decisions; to improve the development of abilities of work in group and to develop processes of efficient communication between leaders and leaders and subordinate. Six collaborators, who occupied papers of leadership in the company, participated of the development group, it were lead through 7 weekly meeting, the subjects had been worked in these meeting through texts´ discussion that, beyond the content, contained examples of situations that they were part of leaders´ daily

* Alunas do 5° no do curso de Psicologia da UNIFIL. Ana Lívia E-mail: [email protected], Tatiany E-mail: [email protected] ** Docente do curso de Psicologia da UNIFIL. Mestre pela PUC-SP em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, com área de concentração em Gestão do Comportamento Organizacional. E-mail: [email protected]

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routine, also had been used studies of case elaborated especially for this company. In the TD&E program’s evaluation realized with the participants, same ones had told that the concepts worked for the trainees had been understood by all, however they still have difficulty of principles´ application in the daily work’s routine. Currently, the company requested the work continuity through coaching so that the abilities learned during the TD&E program can be placed in practical with bigger efficiency for the company’s leaders. KEY-WORDS: Training, Development, Education and Coaching

1 INTRODUÇÃO

Com a grande utilização de treinamento nas organizações os termos

treinamento, desenvolvimento e educação têm recebido uma atenção especial dos

profissionais da área de Psicologia, Educação, Administração e outras áreas do saber,

a fim de diferenciá-los para melhor compreender os resultados a que se deseja

alcançar, além de propiciar métodos de planejamento, execução e avaliação efetivos

para as ações educacionais em uma organização.

Um vasto número de definições é encontrado quando se fala de

Treinamento, a seguir será evidenciada a definição mais usada na área de

aprendizagem organizacional.

Goldstein (apud VARGAS E ABBAD, 2006, p.140) define que:

“Treinamento é uma aquisição sistemática de padrões de comportamento, atitudes,

conhecimento-habilidade, requerido por um individuo, de forma a desempenhar

adequadamente uma dada tarefa ou trabalho”.

Dizer que Treinamento é a única forma de conquistar aprendizagem em

uma organização é coisa do passado, portanto, saber diferenciá-lo dos demais

processos se torna cada vez mais fundamental.

Outro conceito que tem causado várias discussões é a definição de

Desenvolvimento. Nadler (apud VARGAS E ABBAD, 2006) define o conceito como à

promoção de aprendizagem para empregados, visando ajudar a organização no

alcance de seus objetivos e que esta aprendizagem é voltada para o crescimento

pessoal, sem relação com o trabalho especifico. E neste último ponto que o conceito se

diferencia do termo Treinamento. Teóricos como Bastos (apud VARGAS e ABBAD,

2006) e Sallorenzo (apud VARGAS e ABBAD, 2006) afirmam que o conceito

Desenvolvimento é tido como mais global, envolvendo funções pessoais que vão além

do Treinamento.

Já o conceito de Educação ainda não é conhecido por todos, mas de

uma forma ou de outra traz a mais ampla das aprendizagens. O processo de Educação

acontece em todos os lugares seja em uma viagem, em casa ou no trabalho, por isso a

educação é vista como o mais amplo de todos os conceitos de aprendizagem

organizacional. Nalder (apud VARGAS e ABBAD, 2006, p. 142) acredita na Educação

como “aprendizagem para preparar o individuo para um trabalho diferente, porém

identificado, em um futuro próximo”. Esta definição é tida como importante por que ela é

voltada para o contexto organizacional.

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Programas de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) são

poderosos instrumentos de alavancagem de negócios e resultados advindos da

produtividade do trabalhador. O uso contínuo de programas de TD&E pode ser

considerado um diferencial competitivo da empresa moderna e também, uma

necessidade constante, pois o aperfeiçoamento e a reciclagem dos colaboradores em

uma organização são fundamentais para que a empresa seja reconhecida como

lucrativa.

Com o objetivo de atuar na área de Treinamento, Desenvolvimento e

Educação o Estágio em Formação de Psicólogo III foi realizado em uma empresa do

ramo de mecânica de caminhões, localizada em Cambé-PR. Essa empresa conta com

25 colaboradores, sendo 2 deles os donos da empresa.

Como forma de levantar as necessidades da organização foi conduzido

um diagnóstico organizacional na maioria (96%) dos colaboradores da empresa. Os

principais resultados desse diagnóstico apontaram que os líderes da empresa não

forneciam nenhum tipo de feedback para os seus colaboradores. Por exemplo: nada era

dito para os colaboradores quando eles faziam algum serviço errado e o caminhão

retornava para a oficina, trazendo prejuízos para a empresa, pois neste caso havia a

necessidade de re-trabalho, ou seja, o serviço deveria ser feito novamente e nem o

colaborador, nem o cliente pagavam pelo prejuízo. Por outro lado, quando os

colaboradores faziam um bom serviço geralmente não recebiam nenhum feedback

positivo. Os próprios colaboradores durante a entrevista diagnóstica disseram não

saber o que à empresa pensava a respeito do trabalho que executavam.

Além da ausência da prática de feedback, observou-se a partir dos

resultados do diagnóstico que o processo de comunicação interna na empresa tanto

entre gerentes e colaboradores quanto entre donos e gerentes era falha. Esta

dificuldade no processo de comunicação interna geralmente ocorria porque eram os

gerentes que detinham as informações, por passarem mais tempo no pátio da empresa

em contato com os mecânicos, sendo que os problemas de comunicação geralmente

ocorriam porque muitas vezes os gerentes não transmitiam essas informações para os

donos.

Um outro ponto importante a ser ressaltado no processo de

comunicação é que nas raras oportunidades em que os donos e os gerentes trocavam

informações elas eram realizadas de forma não assertiva, ora se comunicavam

utilizando a agressão, ora os gerentes e donos da empresa eram passivos e

permissivos. Por exemplo: o lixo no pátio era uma reclamação constante na empresa,

certa vez o dono da empresa viu o gerente jogando um copo de plástico no chão e

pediu para ele que pegasse o copo e jogasse no lixo e ele respondeu: “coloca no lixo

você, já que não está fazendo nada mesmo (sic)”. Diante dessa agressão o dono da

empresa foi extremamente passivo, saiu de perto e não disse nada ao gerente.

Episódios como esse prejudicava ainda mais as relações na empresa e

faziam com que os colaboradores formassem um grupo e não uma equipe, pois um

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grupo de trabalho é aquele que interage basicamente para compartilhar informações e

tomar decisões para ajudar cada membro com seu desempenho em sua área de

responsabilidade. Já uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do

esforço coordenado. Os esforços individuais resultam num nível de desempenho maior

do que a soma daquelas entradas individuais. O uso extensivo das equipes gera o

potencial para a organização aumentar seus resultados sem precisar aumentar as

entradas.

Um outro problema encontrado através das observações realizadas foi

que muitas vezes os gerentes da empresa tomavam as decisões por conta própria sem

consultar os donos, ou então um dos donos fazia algo sem que os outros líderes

soubessem, o que prejudicava o andamento da empresa, já que as regras estipuladas a

todos eram quebradas pelos gerentes, quando eles não concordavam com elas.

Diante destes fatos foi proposto à empresa um programa de TD&E

gerencial com o objetivo de desenvolver habilidades comportamentais que

contribuíssem para um melhor desempenho nos cargos de liderança na empresa. Esse

programa se justificou pela necessidade, encontrada no diagnóstico, de suprir os

seguintes déficits:

• Aprimorar o processo de dar e receber feedback;

• Discutir como a ausência de conseqüenciação dos comportamentos

dos subordinados poderia influenciar no desempenho geral da

empresa;

• Diferenciar as tomadas de decisões individuais e grupais;

• Aprimorar o desenvolvimento de habilidades de trabalho em grupo;

• Desenvolver processos de comunicação eficaz entre líderes e entre

líderes e subordinados.

2 MÉTODO

2.1 Participantes

Inicialmente participavam do grupo de desenvolvimento 4 colaboradores

que ocupavam cargos de liderança na empresa, sendo os 2 donos e os 2 gerentes da

oficina. A partir do segundo encontro mais 2 colaboradores do setor administrativo

entraram para o grupo, pois foi detectado pelos próprios donos da empresa que estes

colaboradores exerciam uma liderança informal na empresa, apesar de não ocuparem

cargos gerenciais.

2.2 N° de Encontros

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Esse programa foi conduzido através de 7 encontros semanais, que

tinham a duração de uma hora, geralmente antes do horário de expediente, pois como

os encontros contavam com a presença de todos os líderes da empresa, durante o

horário de trabalho ficaria impossível a presença de todos.

2.3 Recursos Utilizados

Os temas foram trabalhados através da discussão de textos que, além

do conteúdo, continham exemplos de situações que faziam parte do cotidiano dos

líderes. Também foram utilizados estudos de caso elaborados especialmente para a

empresa. Nestes estudos de caso os participantes do grupo davam opiniões sobre qual

seria a melhor forma de solucionar os problemas apresentados.

2.4 Procedimento

Em função dos objetivos do programa de desenvolvimento foram

discutidos os seguintes temas:

Quadro 1 – Conteúdos discutidos por encontro

Conteúdos discutidos

1° encontro Reforço e suas conseqüências

2° encontro Reforço e suas conseqüências

3° encontro Dar e receber feedback

4° encontro Assertividade

5° encontro Desenvolver processos de comunicação

6° encontro Aprimorar habilidades de trabalho em gr upo

7° encontro Avaliação do processo de TD&E

Um maior detalhamento do procedimento encontra-se na seção de

Resultados e Discussão, pois se avaliou que tais informações facilitariam o

acompanhamento do leitor.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tema trabalhado no 1° encontro foi o princípio do reforço positivo e

suas conseqüências. Para um melhor entendimento do tema, foram utilizados exemplos

observados no cotidiano dos participantes do grupo em suas atividades na empresa.

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Uma questão levantada para o grupo foi: O que deve ser feito quando um colaborador

faz um serviço muito bom.

No início da discussão o grupo disse que nada precisava ser feito

porque o colaborador sabia que tinha feito algo bom, então se discutiu novamente sobre

o conceito de reforço positivo e um dos participantes levantou a importância de se

reforçar o comportamento do colaborador, para que ele continue fazendo trabalhos da

forma correta.

Após essa discussão os participantes passaram a dar exemplos

empregando o conceito de reforço de forma correta além de analisarem os benefícios

trazidos pelo uso correto das conseqüências reforçadoras no comportamento dos

colaboradores.

No 2° encontro o tema discutido foi o efeito das co nseqüências, sejam

elas reforçadoras ou aversivas, na mudança da probabilidade futura na ocorrência de

um comportamento. Alguns exemplos foram trazidos pelos participantes do grupo e

compartilhados com todos. Como as conseqüências reforçadoras já haviam sido

previamente discutidas, o foco maior desse encontro foi às conseqüências aversivas. O

gerente relatou que quando compra uma peça em uma loja e a mesma dá defeito,

geralmente ele não compra mais nessa loja. O exemplo do gerente ilustrou o conteúdo

discutido, o que facilitou o entendimento do grupo sobre como a conseqüência pode ser

vista na prática. Outros exemplos que abordavam conseqüências aversivas também

foram trazidos por outros participantes do grupo, o que evidenciou que o conceito foi

entendido pelos líderes.

Um ponto importante durante o desenvolvimento de todo processo de

TD&E foi que os participantes utilizaram esse momento para a reflexão e discussão dos

problemas internos da empresa.

No 3° encontro discutiu-se como a influência do pro cesso de transmitir e

receber feedback pelos líderes pode influenciar na mudança de comportamento dos

colaboradores da empresa. Paralelamente a esse conteúdo foram abordados temas

dos encontros anteriores, relacionaram-se os conceitos de reforço positivo e suas

conseqüências.

O exemplo utilizado nesse encontro foi de que quando o colaborador

fizer um serviço errado e o caminhão retornar para a empresa para que o serviço seja

refeito é essencial que haja alguma conseqüência para este erro. O que ficou definido

pelo grupo é que os lideres precisam chamar a atenção do colaborador, dizendo o que

ele fez de errado, diagnosticado o erro do colaborador, ele deve arcar com os custos e

não mais a empresa. Neste momento um novo tema foi apresentado, a punição.

Foram compreendidos pelo grupo dois dos conceitos abordados no

encontro, primeiro o conceito de feedback, que é visto no exemplo oferecido pelo

gerente, sobre a qualidade do trabalho do colaborador e depois o conceito de punição

que foi o desconto do serviço na folha de pagamento. As conseqüências do emprego de

contingências punitivas foram discutidas com os participantes, pois embora ela neste

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caso fosse uma alternativa coerente ela não deveria ser empregada

indiscriminadamente, pois traz conseqüências ruins para o colaborador e para a

empresa.

No encontro posterior (4°) o comportamento assertiv o estava em foco,

apresentaram-se as diferenças entre o comportamento assertivo, a passividade e a

agressividade. Para isso uma mesma situação era ilustrada, com comportamentos

passivos, agressivos e assertivos, para que os participantes identificassem qual era a

melhor forma de se comportar, ou seja, a forma que traria menos prejuízo para a

própria pessoa e as outras com as quais interage.

Exemplo de uma situação discutida no encontro:

Você cometeu um erro em algum aspecto de seu trabalho. Seu

supervisor o descobre e lhe diz muito asperamente que você não deveria ter sido tão

desatencioso:

(a) Você se desculpa em excesso, dizendo que sente muito, que foi

ignorante que agiu como um tolo, e que nunca deixará que isso

aconteça novamente.

(b) Você se irrita e diz que ele não tem nada que criticar seu trabalho.

(c) Você concorda que cometeu um erro, diz que sente muito e que terá

mais cuidado da próxima vez. Você acrescenta que acha que ele

esta sendo um tanto severo e que você não vê necessidade disso.

Os participantes facilmente identificaram o comportamento assertivo, o

passivo e o agressivo nos exemplos propostos. A discussão ficou a cerca do porquê o

comportamento assertivo era o mais indicado e quais prejuízos os comportamentos

passivos e agressivos poderiam trazer.

Como desenvolver processos de comunicação foi o conteúdo debatido

no 5° encontro, primeiramente explicitou-se a impor tância da comunicação no ambiente

organizacional. O encontro foi encerrado mostrando-se aos participantes as barreiras

que poderiam ocorrer na comunicação (filtragens, bloqueios e ruídos2).

Os participantes concluíram que essas barreiras eram constantes na

empresa, já que pensavam que os colaboradores sempre sabiam quando faziam algo

certo ou errado e por isso não utilizavam a comunicação interna, através do feedback.

Os participantes relataram situações de falta de comunicação que

ocorriam constantemente na empresa, como por exemplo, um não conseguia entender

o que o outro queria dizer por falta de tempo disponível para conversarem. A partir

desse momento os participantes começaram a perceber a necessidade de encontros

semanas para discutir os problemas da empresa.

2 Quando a mensagem é recebida apenas em parte à comunicação existe, mas há o que se chama de filtragem. Ruído é o tipo de comunicação entre duas pessoas ou em grupo, quando a mensagem é distorcida ou mal-interpretada. Há bloqueio na comunicação entre duas pessoas, quando a mensagem não é captada e a comunicação, interrompida e todas essas barreiras acarretam problemas em uma empresa.

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Um dos participantes disse ao dono da empresa que na semana anterior

quando houve um retorno de caminhão, o problema não foi do colaborador, foi da peça

que o cliente pediu para colocar. A peça era de má qualidade e durava pouco, mas foi

comprava pelo cliente que exigiu que ela fosse colocada. O dono agradeceu a

explicação do gerente e disse que realmente não tinha parado para ouví-lo melhor e por

isso não tinha entendido porque ele estava defendendo o colaborador.

Essa discussão atingiu a todos do grupo que concluíram que a

comunicação era de extrema importância para evitar mal entendidos na empresa.

As habilidades do trabalho em grupo foi o tema analisado nesse

penúltimo encontro (6°). Discutiu-se sobre as difer enças entre grupos e equipes e as

vantagens de se ter uma equipe dentro de sua empresa. Durante a discussão os

participantes da empresa concluíram que eles formavam um grupo e não uma equipe.

A partir dessa constatação debateu-se com o grupo quais eram as

habilidades que eles consideravam faltar para que eles formassem uma equipe. Eles

consideraram que era necessário o aprimoramento das seguintes habilidades:

assertividade, dar e receber feedback, o uso do reforço positivo e as vezes até da

punição na empresa.

O último encontro (7°) foi destinado a uma avaliaçã o do processo de

TD&E desenvolvido e também para uma confraternização entre os participantes. Todos

os líderes que participaram dos encontros consideraram que o programa de TD&E

contribuiu para o crescimento e aprimoramento de seu desempenho profissional, pois, o

déficit nas habilidades citadas acima foi parcialmente superado.

Durante a avaliação verificou-se que os participantes ainda tem

dificuldade em dar feedback. Além disso, acredita-se que o programa de TD&E foi útil

pelo fato de ter sido um espaço para discussão dos problemas existentes na

organização uma vez, que antes de se iniciarem os encontros não havia qualquer tipo

de reunião na empresa. A partir dos encontros realizados o grupo decidiu continuar se

reunindo com o intuito de encontrar soluções para os problemas da empresa e para

isso marcaram reuniões quinzenais, no antigo horário do TD&E.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na avaliação realizada com os participantes sobre o programa de TD&E

os mesmos relataram que os conceitos trabalhados pelas estagiárias foram

compreendidos por todos, porém ainda há uma questão a ser solucionada, a dificuldade

de aplicação pelos participantes dos princípios discutidos na rotina diária de trabalho.

Os participantes conseguiram compreender o conceito de

conseqüências, reforço positivo e negativo, feedback positivo e apenas parcialmente a

assertividade, mas ainda precisam de ajuda para a aplicação da punição e do feedback

negativo.

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O trabalho do psicólogo não para por aí, o processo de TD&E foi apenas

o início de um longo processo. Atualmente, a empresa solicitou a continuidade da

intervenção com o trabalho de coaching para que as habilidades aprendidas durante o

programa de TD&E possam ser colocadas em prática com maior eficiência pelos líderes

da empresa.

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UM ESTUDO DA QUALIDADE TOTAL EM UMA GRANDE EMPRESA

NA STUDY OF THE TOTAL QUALITY IN A BIG COMPANY

Jovelino Serafim da Silva*

Adalberto Brandalize**

RESUMO: Trabalha-se a empresa pesquisada inicialmente identificando suas origens, aquisições e incorporações até chegar à estrutura atual, bem como, identifica-se as fábricas instaladas no Brasil, a responsabilidade pelo desenvolvimento e projeto de produtos, serviços, suas políticas se objetivos. Funcionamento do serviço de Atendimento Avançado, bem como a representação do lay-out, a especificação das políticas gerenciais, a identificação de pontos fortes e pontos fracos da empresa e as conseqüências, oportunidades e ameaças que podem advir dos mesmos. Estudo do sistema de qualidade: com plano e seus fluxos, o sistema de auditoria interna, a forma de Medição e Monitoramento de Processos, a Medição e Monitoramento de Produto, Medição e Monitoramento durante o Processo, Medição e Monitoramento Final, os Registros da Qualidade, o Controle de Produto Não Conforme, a forma de análise dos dados fornecidos pelo sistema de qualidade da empresa. Como se processam as melhorias e o trato das informações para a melhoria continua, a forma de “startar” a ação corretiva. Os custos da não qualidade, os benefícios, identificação dos fatores fundamentais que afetam a qualidade. Definições de itens operacionais do custo da qualidade, tais como: custo da prevenção, custos de avaliação, custo de falha interna e custo da falha externa, a descrição do sistema de controle de NQM da empresa pesquisada. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade, empresa, custos, satisfação, processos. ABSTRACT: Initially work with the researched company identifying its origins, acquisitions and incorporations until gets to the actual structure, as well, identify the factories installed in Brazil, the responsibility for the development and projects of products, services and its policy of objectives. The functionality of the Advanced Answer service, as well the representation of the layout, the specification of its general policy, the identification of strong an weak points of the company and its consequences, opportunities and threats that cam come from them. A Study of the quality system: with a plan and its flood, the internal audit system, the way of Measurement and Monitoring of Process, the Measurement and Monitoring of Product, the Measurement and Monitoring during the Process, and Final Measurement and Monitoring, the Registers of Quality, the Control of Non Correspondent Product, the way of analysis of the data given from the quality system of the company. The way the improvements are carried and the handling of the information to the continue improvement, the way to start the correction action. The

* Discente do 4º ano do Curso de Administração da UNIFIL, ênfase em Gestão Empresarial, [email protected] ** Mestre em Administração, Administrador, Professor de Administração na UNIFIL e de Pós-Graduação, Consultor Empresarial, Pesquisador e autor de artigos científicos, Executivo, Palestrante, Coordenador de Estágio Supervisionado na UNIFIL, Diretor Presidente do INDESPE-Instituto de Desenvolvimento Social Pesquisa e Ensino, autor de projetos de extensão, Coordenador Acadêmico de Pós-Graduação. Diretor Vice-Presidente da BPC- Brasil/Paraná-China.Câmara de Comércio, Industria, Desenvolvimento e Cultura. BPI- Brasil/Paraná-India.Câmara de Comércio, Industria, Desenvolvimento e Cultura. Conciliador do Tribunal de Justiça do Est. do Paraná. Orientador de trabalhos de conclusão a nível de graduação e pós-graduação.E-mail: [email protected], [email protected]

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costs of non quality, its benefits and the identification of the fundamentals factors that affects the quality. Definitions of operational items of the cost of quality as such: cost of prevention, evaluation costs, internal and external failure costs, the description of the control system of NQM of the researched company. KEY WORDS: Quality, company, costs, satisfaction, process. 1 INTRODUÇÃO

O Projeto de pesquisa em uma empresa de grande porte visa

identificar e solucionar problemas de qualidade no decorrer do processo produtivo.

Para tanto, é necessário conhecer todos os fatores que afetam o conceito de

produção e qualidade, ou seja, layout, logística, mão-de-obra, quantidade a ser

produzida, tipo do produto, políticas gerenciais, sistema de informação etc.

Atualmente as empresas buscam reduzir seus custos para tornarem-

se cada vez mais competitivas junto ao mercado consumidor, e com isto algumas

empresas acabam em algum momento tendo que diminuir seu efetivo por não

conseguirem diminuir seus custos no seu processo produtivo. Tendo em vista a

necessidade de redução dos custos, e a preocupação com a parte Social, procura-

se melhorar a qualidade do processo produtivo, analisando as NQM(Relatórios de

Qualidade) para definir onde e como está ocorrendo o erro, e com isto tomar ações

corretivas para diminuir o retrabalho e até mesmo a perda de material com defeito de

qualidade que ocasiona o aumento do custo do produto, essas ações também

resultarão na redução do tempo de processo e custo de produção, tornando a

empresa mais competitiva no mercado sem diminuir o efetivo.

2.DESENVOLVIMENTO INICIAL

Este estudo pode ser caracterizado como exploratório, descritivo e

analítico, com pesquisa documental e observação direta. Os dados foram analisados

através de planilhas e gráficos, para verificar as principais causas da má qualidade

na produção.

Segundo Vergara (2000, p. 47) a pesquisa descritiva “não tem

compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal

explicação” de acordo com a mesma pesquisa, Cervo e Bervian (1996, p.49) “dizem

que os principais instrumentos utilizados para a coleta de dados de uma pesquisa

descritiva documental são a observação, a entrevista o questionário e o formulário”.

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2.1 Histórico da Empresa

Em 1999, o grupo suíço Schindler adquiriu o controle acionário da

Elevadores Atlas S.A. E começou a integração entre a empresa do grupo no Brasil, a

Elevadores Schindler do Brasil e a Elevadores Atlas. A História, começa em 1874,

com a fundação da Schindler na Suíça. A partir de então, a expansão vertical das

cidades fez do elevador um elemento essencial para o desenvolvimento. No Brasil a

Elevadores Atlas e Elevadores Schindler do Brasil têm trajetórias diferentes até sua

união, em 1999, como descrita a seguir:

Devido à fusão entre as empresas, Elevadores Atlas S/A e

Elevadores Schindler do Brasil S/A, nasceu em 1999 a Elevadores Atlas Schindler

S/A (EASSA), tendo sua matriz em São Paulo-SP e fábrica em Londrina-PR. A

EASSA é a representante do Grupo Schindler no Brasil.

Com 132 anos de existência, o Grupo Schindler está presente nos 6

continentes, em mais de 130 países. São mais de 40 mil colaboradores, trabalhando

para projetar, construir, instalar e manter milhares de equipamentos, que

transportam por dia mais de 700 milhões de pessoas.

Segundo a previsão da companhia, para os próximos três anos no

Mercado Brasileiro teremos uma concorrência mais acirrada, com preços em queda

e oportunidade de crescimento, principalmente, no que tange a “Modernização” de

elevadores e “Exportação” de novos elevadores.

2.2 Fabricas no Brasil

A Unidade Londrina, no Estado do Paraná – possui 172 mil m2 e é a

responsável por garantir o abastecimento de elevadores, escadas e esteiras

rolantes. A fábrica conta com a mais avançada tecnologia na produção de

equipamentos para transporte vertical em edifícios comerciais e residenciais.

Em São Paulo, está o Service Center que produz peças e

componentes originais para abastecer os elevadores e escadas rolantes que são

servidos pelo Atendimento Avançado.

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2.3 Pesquisa e Desenvolvimento

A empresa conta com departamentos de engenharia que projetam e

aperfeiçoam seus produtos e serviços. O Grupo conta com vários pólos de

desenvolvimento no mundo todo.

2.4 Instalação Eficiente e Segura

Além de fabricar os elevadores, escadas e esteiras rolantes, a

empresa se responsabiliza pela instalação na obra. Desde a assessoria técnica até a

entrega dos equipamentos, a empresa oferece a solução total em serviços aos

clientes.

2.5 Produtos e Serviços

Com base em pesquisas e tendências são desenvolvidos os novos

produtos com qualidade, confiabilidade, conformidade, e manufaturados na moderna

fábrica localizada em Londrina-PR. Estes produtos são instalados em todo o Brasil,

América Latina e África do Sul. Segundo Crosby (1979, p.7) “qualidade significa

conformidade com as especificações. Se você tenciona fazer certo da primeira vez,

todos devem saber o que isso significa”. Os principais produtos fabricados pela

empresa são:

� S100 L Attuale (elevadores básicos)

� Linha Abitare (elevadores residenciais de alto padrão)

� Linha Ufficio (elevadores comerciais de alto padrão)

� Smart (elevadores sem casa de máquina)

� Escadas rolantes S9300 (escada rolante versátil e mundial)

� Esteiras rolantes S9500 (esteira rolante mundial)

2.6 Atendimento Avançado

A organização empresarial conta com o mais avançado dos

atendimentos. Os elevadores instalados são mantidos pelo Atendimento Avançado,

onde mais de 3.000 técnicos, em todo o Brasil, altamente qualificados e treinados

constantemente e apoiados pelos melhores recursos disponíveis no mercado,

efetuam a manutenção em mais de 80.000 elevadores instalados por todo o país.

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2.7 Layout da Empresa

A unidade industrial de Londrina está dividida, para efeito de

produção e custos, em várias mini-fábricas especializadas. Conforme Figura 1 –

layout da unidade industrial de Londrina.

As mini-fábricas são: Armários e Comandos (AC); Máquinas e

Mecanismos (ME); Portas e Batentes (PB) tendo ainda uma parte da solda e da

montagem; Cabinas (CA), formada por uma parte da solda, montagem e manufatura

de elevadores especiais; Sistema automatizado de armazenamento de chapas

(MSHS); Almoxarifado (AL); Escadas e Esteiras rolantes (ER) e por fim a Expedição

(EX).

3 OBJETIVOS DA ATLAS SCHINDLER

Segundo (CERTO & PETER) “objetivo é a meta para a qual a

organização direciona seus esforços” (1993, p.81). Os objetivos corporativos

propiciam à Companhia e a cada colaborador uma avaliação sobre o seu progresso

rumo ao atingimento da Visão.

3.1 Satisfação dos clientes:

Através do atendimento avançado (manutenção), novas instalações

(novos elevadores) e modernização (modernização de elevadores):

• Ser a Companhia número 1 no ranking da satisfação dos clientes

• Ter mais de 45% dos nossos clientes Muito Satisfeitos

• Ter menos de 3% dos nossos clientes Insatisfeitos

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Figura 1 – layout da unidade industrial de Londrina. (Somente para fins ilustrativos)

EEssccaaddaass ee EEsstteeiirraass RRoollaanntteess

CCaabbiinnaass

PPoorrttaass ee BBaatteenntteess

MMááqquuiinnaass ee MMeeccaanniissmmooss

AArrmmáárr iiooss ee CCoommaannddooss

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3.2 Motivação dos Colaboradores:

A satisfação de nossos colaboradores deve estar acima da média de

satisfação da Norma Nacional para o Brasil.

3.3 Crescimento:

• Crescer a receita líquida no período de 2006 a 2008 com

rentabilidade sustentada.

• Rentabilidade: ter uma rentabilidade gerencial sempre crescente

que é, nos mercados competitivos de hoje, fundamental para

sobrevivência da empresa e para a geração de oportunidades

para os atuais e novos colaboradores.

4 POLÍTICAS GERENCIAIS

O gerente da EASSA possui várias políticas, dentre elas podemos

destacar:

• Metas de produção definidas e divulgadas para todos os

colaboradores.

• Atendimento ao cliente diferenciado.

• Envolvimento dos colaboradores nas decisões da companhia.

• Estímulo à competição interna entre setores produtivos e de apoio

à produção.

• Divulgação semanal do desempenho dos setores de produção e

fornecedores.

• Foco no prazo de entrega dos elevadores e escadas rolantes.

• Foco na qualidade dos produtos, um diferencial da companhia em

relação aos seus concorrentes.

• Premiação trimestral do melhor setor produtivo, de apoio e

fornecedor.

• Plano de recompensa/participação nos lucros da empresa.

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5 PONTOS FORTES

Segundo OLIVEIRA “são as variáveis internas e controláveis que

proporcionam uma condição favorável para a empresa, em relação ao seu

ambiente”. (1999, p. 83).

• Imagem e cobertura no mercado.

• Porte da companhia (economia de escala).

• Tecnologia global, infraestrutura e conhecimento local.

• Linha de produtos completa.

6 PONTOS FRACOS

Segundo OLIVEIRA “são as variáveis internas e controláveis que

provocam uma situação desfavorável para a empresa, em relação ao seu ambiente”

(1999, p. 83).

• Pouca flexibilidade em diminuir um prazo de entrega, pois a

maioria de seus produtos é customizada, ou seja, personalizados

de acordo com as necessidades dos clientes e por isso possuem

características que necessitam do envolvimento da engenharia

para criar um novo modelo de elevador ou modificar um já

existente. Com isso, podemos dizer que a maioria dos elevadores

e todas as escadas rolantes são produzidas tendo seus clientes já

determinados, com exceção apenas alguns modelos de

elevadores residenciais, nos quais são fabricados para estoque,

logo poderá ser disponibilizado ao cliente num

• Prazo menor.

• Lead time de fabricação ajustado de acordo com a necessidade

do cliente provocando atraso na entrega dos elevadores.

6.1 Conseqüências

• Clientes insatisfeitos.

• “Infidelidade” dos clientes.

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7 OPORTUNIDADES

Segundo OLIVEIRA “são as variáveis externas e não controláveis

pela empresa, que podem criar condições favoráveis para a empresa, desde que a

mesma tenha condições e ou interesse de usufruí-las” (1999, p.83).

• Oportunidades de crescimento, principalmente em modernizações

e exportações.

• Demanda crescente de esteiras rolantes.

• Melhorar a logística.

• Melhorar a comunicação através das lideranças.

• Maior orientação para os clientes.

• Reduzir os prazos de entrega.

• Maior orientação para processos.

8 AMEAÇAS

Segundo OLIVEIRA “são as variáveis externas e não controláveis

pela empresa que podem criar condições desfavoráveis para a mesma” (1999, p.

83).

• Concorrência mais acirrada no mercado brasileiro, com preços em

queda fazendo com que o lucro seja menor.

9 QUALIDADE TOTAL

(FALCONI) cita: “é um produto ou serviço, que atende perfeitamente,

de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às

necessidades do cliente” (1999, p. 2).

A qualidade total é percebida pelos clientes quando seu produto e

serviço atende ou supera toda a expectativa gerada pela empresa aos clientes, e

com isso, automaticamente você consegue ganhar a fidelidade dos que já obtêm

seus produtos e a confiança do mercado, alavancando sua vendas.

Na empresa os Sistemas da Qualidade são conjuntos de princípios e

ações integradas que visam, através dos produtos e serviços, satisfazer sempre às

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necessidades de suas partes interessadas. Este sistema foi representado por

símbolos e gráficos conforme o constante na Figura 2 a seguir:

Figura: 2, Fonte: Material fornecido pela empresa

O gráfico 1, a seguir, representa o fluxograma do Plano da Qualidade

e define:Processo x Principais Documentos Aplicáveis para Realização das

Atividades do Processo x Indicadores utilizados para Medição do Processo:

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Vendas

Gráfico 1- Representativo do fluxograma do Plano da Qualidade – Tabela Demonstrativa que define:Processo x Principais Documentos Aplicáveis para Realização das Atividades do

Processo x Indicadores utilizados para Medição do Processo Fonte: Material fornecido pela empresa

9.1 Auditoria Interna

A organização executa auditorias da qualidade para verificar se o

sistema de gestão da qualidade está mantido de forma apropriada. As auditorias são

planejadas, documentadas e realizadas na periodicidade definida para avaliar a

observância das atividades desenvolvidas, em relação às prescrições estabelecidas

Melhoria Contínua

Vendas

Desenvolvimento

Engenharia

Logística Instalações Existentes

Fabricação

Instalações

Ações Corretivas e Preventivas

(NQM)

Pesquisa de Satisfação de

Clientes

Segurança do

Trabalho

Treinamento

Auditorias Internas da Qualidade

SAC Serviço de

Atendimento ao Cliente

Controle de Documento

s Hora da Qualidade

Metrologia

Análise crítica pela Direção

Pesquisa de

Satisfação de

Colaboradores

Melhoria Contínua

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dos Sistemas da Qualidade e garantir a eficácia destes sistemas. O planejamento

das auditorias considera a situação e importância das atividades a serem auditadas.

As auditorias são realizadas por pessoal qualificado e independente

das atividades auditadas. Os resultados das auditorias são registrados e

encaminhados aos responsáveis pelas áreas auditadas para análise,

estabelecimento das ações corretivas em tempo hábil e posterior verificação e

registro do cumprimento e da eficácia destas.

As não-conformidades detectadas são documentadas e

acompanhadas para verificação da implementação e eficácia das ações corretivas

tomadas. São mantidos registros da qualidade para os resultados das auditorias e

as atividades de acompanhamento das ações para as não-conformidades

detectadas.

As atividades de auditoria são executadas em conformidade com

Procedimento de Auditorias Internas.

9.2 Medição e Monitoramento de Processos

Os processos de produção são identificados e planejados de modo a

assegurar que as várias etapas sejam atingidas, conciliando o ambiente com os

recursos materiais e humanos existentes, com as informações necessárias.

Processos produtivos e do sistema de gestão da qualidade são

medidos para demonstrar atingimento dos resultados planejados. Para isto são

estabelecidos “indicadores”, sendo estes medidos e avaliados periodicamente para

acompanhamento dos processos.

O produto antes de sua expedição é verificado quanto aos critérios

de conformidade. Quando os resultados planejados não são atingidos, os processos

são avaliados e ações corretivas são iniciadas.

9.3 Medição e Monitoramento de Produto

As inspeções e ensaios são planejados e documentados em

procedimentos e instruções para os principais conjuntos que afetam a qualidade do

produto.

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9.4 Medição e Monitoramento Durante o Processo

Para o sistema da qualidade da produção, as medições e

monitoramentos estabelecidos são realizados e somente os produtos

conformes(com qualidade) são enviados para as próximas fases. Para itens e

características específicos são elaboradas e disponibilizadas instruções de inspeção

quando necessárias.

9.5 Medição e Monitoramento Final

Somente são expedidos os produtos verificados e aprovados de

acordo com os procedimentos, com os dados e documentação associados

disponíveis e autorizados.

9.6 Registros da Qualidade

São mantidos registros para evidenciar a conformidade do produto

com os requisitos de verificação, estes registros indicam as pessoas autorizadas a

liberar o produto.

9.7 Controle de Produto Não Conforme

Quando ocorrem indicações que os materiais, componentes ou

produtos acabados não estão conformes com os requisitos especificados, iniciam-se

as seguintes ações:

• Identificação do produto não conforme;

• Registro em documentação específica;

• Segregação, se possível, em locais apropriados;

• Encaminhamento da documentação aos envolvidos;

• Análise crítica e decisão para a não-conformidade;

• Execução de ação para eliminar a não conformidade detectada;

• Reverificação do não conforme corrigido.

Todo o gerenciamento deste processo é executado conforme

processo informatizado. Para os não conformes aprovados ou corrigidos são

mantidos registros da qualidade evidenciando a condição real.

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Quando a não conformidade do produto é detectada após a entrega

ou o início do seu uso, esta é avaliada quando aos seus efeitos e ações são

iniciadas para correção no campo. Neste processo podem ser envolvidas pessoas

específicas de fábrica e das regionais ligadas à instalação e prestação de serviços

de manutenção ao cliente.

9.8 Análise de Dados

Como forma de verificar a adequação e eficácia do sistema de gestão

da qualidade, e para identificar onde o processo de melhoria contínua pode ser

aplicável, são realizadas medições dos processos do sistema de Gestão da

Qualidade. Os resultados destas medições são expressos através de indicadores,

sendo que estes são submetidos à análise periódica.

Os Objetivos da Qualidade são analisados pelos Comitês Executivo e

da Qualidade, nas reuniões periódicas e no Programa Hora da Qualidade, onde a

análise é realizada por um grupo multidisciplinar nas respectivas localidades e são

focados os processos pertinentes com desdobramentos dos objetivos da Qualidade.

Os indicadores analisados fornecem, entre outras, informações

relativas à:

• Satisfação de clientes

• Conformidade com os requisitos do produto

• Características e tendências dos processos e produtos

• Performance de fornecedores

• Pontualidade de entrega

10 MELHORIAS

10.1 Melhoria Contínua

A empresa pesquisada procura constantemente identificar

oportunidade para melhorar a eficácia do sistema de gestão da qualidade. Para

tanto, são consideradas as seguintes fontes de informação, como apropriado:

• Visão, Valores e Política da Qualidade;

• Pesquisa de satisfação de clientes

• Pesquisa de satisfação de colaboradores

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• Análise de indicadores gerenciais

• Análise de indicadores de conformidade com os requisitos do

produto

• Programa de sugestão de colaboradores

• Análise de dados de fornecedores, incluindo performance e

resultados de programa de capacitação de fornecedores.

• Resultados de auditorias de qualidade e segurança

• Resultados de ações corretivas e preventivas.As fontes de

informação são analisadas, para verificar oportunidade de

melhoria, sendo que estas análises podem ser feitas através:

• Programa Hora da Qualidade – reunião de equipe de melhoria

para análise dos indicadores pertinentes

• Reuniões de análise crítica, realizadas periodicamente no Comitê

Executivo, Comitê da Qualidade e/ou nas regionais /fábricas/

departamentos.

• Reunião de equipe multidisciplinar envolvida com o

indicador/informação analisada

A análise pode ser feita de forma sistematizada com utilização de

ferramentas da qualidade ou de forma analítica onde são utilizadas as experiências

anteriores dos profissionais envolvidos na análise.

10.2 Ação Corretiva

Procedimentos documentados e registros são estabelecidos e

mantidos para o tratamento de quaisquer ações corretivas tomadas para eliminar as

causas de não-conformidades relacionadas ao produto ou Sistema da Qualidade.

As não-conformidades detectadas nas inspeções de recebimento,

processo e final, nos resultados das pesquisas de satisfação dos clientes,

pronunciamentos feitos ao SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente, nos relatórios

de problemas de campo e nos registros de não conformidade de inspeção de obras,

são analisados de acordo com sua relevância e, quando verificado a necessidade,

são implementadas ações corretivas para evitar sua repetição. Ações corretivas

executadas são analisadas criticamente para verificar sua implementação e eficácia.

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11 CUSTO DA NÃO QUALIDADE

Segundo (JOSEPH E SUSAN BERK) “a composição dos custos de

qualidade se divide em três partes: Custo de falhas (de 70% a 85%), custo de

avaliação (em torno de 15%) e custo de prevenção” (1997: p. 66).

Os custos de qualidade variam de acordo com o grau de

comprometimento de seus funcionários, o gráfico abaixo Segundo (JOSEPH E

SUSAN BERK) mostra como está distribuído em termos percentuais o custo desta

má qualidade no gráfico 3 Gráfico 03- Composição do custo da qualidade, a seguir.

84%

15%1%

Custo da Falha

Custo Avaliação

Custo Prevenção

Gráfico 03- Composição do custo da qualidade.

Fonte: JOSEPH E BERK(1997)

As empresas tendem a reduzir seus custos com a eliminação da má

qualidade, ou seja, retrabalhos, peças descartadas por qualidade inferior, etc, com

isso as organizações acabam investindo pesado em controle de qualidade,

programas de incentivo a qualidade ex: Hora da qualidade, para conseguirem

amenizar o problema, contanto nunca se sabe ao certo qual seria o valor exato da

má qualidade ou de produtos com qualidade inferior aos demais concorrentes no

mercado, pois para se definir este custo as organizações tendem a considerar vários

fatores, como: perda de clientes para concorrência, aumento nos seus custos de

produção, perda de material no decorrer do processo entre outros.

Alguns autores publicam em seus livros que o falta de qualidade nos

produtos ou serviços podem acarretar em até 40% dos custos de produção.

Como estes gastos acabam afetando a lucratividade dos

investidores, surgiram alguns sistemas para melhorar ou tornar a produção com um

índice de má qualidade muito baixa ou até mesmo chegando bem próximo do zero,

como exemplo tem-se o sistema seis sigma que segundo alguns autores, diminue

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este impacto no processo produtivo, em até menos de 1% para cada milhar de

peças produzidas, diminuindo os retrabalhos, os produtos descartados, e as

devoluções em níveis quase zero, tornando assim a organização mais competitiva

com produtos mais confiáveis com fidelidade dos clientes, e com maior margem de

lucro.

12 BENEFÍCIOS

Os benefícios alcançados com a melhoria da qualidade são

inúmeros, e pode mudar até mesmo a vida das pessoas envolvidas com o processo,

como segue alguns exemplos abaixo:

• Evita desperdício de matéria prima;

• Diminuição dos custos de produção;

• Aumento da produtividade;

• Aumento de faturamento;

• Reconhecimento do cliente pela qualidade alcançada;

• Satisfação do cliente;

13 OS NOVE FATORES FUNDAMENTAIS QUE AFETAM A QUALIDADE

Segundo (FEIGENBAUM) a qualidade de produtos e serviços “é diretamente

influenciada em novas áreas básicas: mercado, dinheiro, gerenciamento, homens,

motivação, materiais, máquinas e mecanização, métodos modernos de informação e

exigências na montagem do produto” (1994, p.79 a 84).

• Mercado: O número de produtos novos e aperfeiçoados oferecidos no mercado; • Dinheiro: O aumento da competição em muitas áreas, em conjunção com flutuações econômicas mundiais, reduziu as margens de lucro; • Gerenciamento: A responsabilidade pela qualidade pode ser distribuída entre diversos grupos especializados; • Homens: O crescimento rápido do conhecimento técnico e a geração de campos inteiramente novos, como eletrônica de computadores, levaram a uma grande procura por profissionais com conhecimento especializado; • Motivação: A maior complexidade para conseguir colocar um produto com qualidade no mercado aumentou a importância de cada funcionário no tocante à qualidade; • Materiais: Em virtude dos custos da produção e das exigências da qualidade, os engenheiros estão aplicando os materiais dentro do

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limites mais restritos do que anteriormente, como resultado, as especificações dos materiais tornaram-se mais fechadas e aumentou a diversidade; • Máquinas e mecanização: A exigência das companhias para obter reduções de custo e volume de produção a fim de satisfazer o consumidor em mercados intensamente competitivos provocou a utilização de equipamentos industrial que gradativamente está se tornando mais complexo e muito mais dependente da qualidade do material que o alimento; • Métodos modernos de informação: Esta nova e eficaz tecnologia de informação proporcionou os meios para um nível sem precedentes de controle de máquinas e processos durante a fabricação e de produtos e serviços, mesmo após estes terem chegado ao consumidor; • Exigências na montagem do produto: Um aumento significativo em complexidade de projetos da engenharia, exigindo controle bem mais estrito sobre os processos industriais, atribuiu às “pequenas coisas”, anteriormente ignoradas, grande importância potencial.

14 DEFINIÇÕES DE ITENS OPERACIONAIS DO CUSTO DA QUALIDADE

SEGUNDO FEIGENBAM

14.1 Custo de Prevenção

A prevenção constitui-se na alternativa, normalmente mais

econômica na linha de produção e trabalha o planejamento, controle do projeto,

sistema de informação, treinamento de mão-de-obra, verificação do projeto,

gerenciamento e organização, que são entendidos como custo de prevenção

(FEIGENBAM, 1994, p. 158/159)

• Planejamento da qualidade: inclui custos associados ao tempo despendido por toda a equipe. • Controle de processo: inclui custos associados ao tempo despendido pela equipe no estudo e análise dos processos produtivos. Obs: Planejamento da qualidade e controle de processo pode ser desempenhado em algumas empresas pela mesma equipe. • Projeto e desenvolvimento do equipamento de informação sobre qualidade: abrangem custos associados ao tempo despendido pela equipe no projeto e desenvolvimento da medição da qualidade de produto, processo, dados, controles, equipamentos e dispositivos relacionados. • Treinamento e desenvolvimento da mão-de-obra em qualidade: representa o custo do desenvolvimento de programas formais de treinamento em qualidade nas operações da companhia. • Verificação do projeto do produto: inclui custo de avaliação do produto antes da produção, com o propósito de verificar aspectos relacionados à qualidade, confiabilidade e segurança do projeto. • Desenvolvimento e gerenciamentos de sistemas: abrangem custos da engenharia e do gerenciamento dos sistemas globais da

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qualidade e suporte para desenvolvimentos dos sistemas da qualidade. • Outros custos de prevenção: incluem custos administrativos e custos organizacionais da qualidade e confiabilidade, ainda não considerados de forma individualizada, tais como salários gerenciais, administrativos e despesas com viagens.

14.2 Custos de Avaliação

A avaliação constitui-se na alternativa, eficiente e trabalha desde o

ensaio e inspeção dos materiais adquiridos, testes de laboratórios, inspeção,

avaliação do desempenho técnico, treinamento e tempo dos laboratoristas,

aquisição e manutenção de equipamentos de laboratório, auditoria e verificações

externas, revisões de projeto, ensaio em campo, são alguns dos custos de

avaliação, que segundo detalhamento de (FEIGENBAM 1994, p. 159 a 161):

• Ensaio e inspeção dos materiais adquiridos: incluem custos associados ao tempo despendido pela equipe de inspeção e ensaio na avaliação da qualidade dos materiais adquiridos e outros custos da equipe referentes à supervisão e administração. • Ensaio de aceitação pelo laboratório: abrange custos de todos os ensaios realizados por um laboratório ou estação de ensaio. • Laboratório e outros serviços de medidas: abrange custos de serviços de medição nem laboratório. • Inspeção: inclui custo associados ao tempo despendido pela equipe de inspeção na avaliação da qualidade do produto na fabrica e custos cabíveis da equipe de supervisão e administração. • Ensaio: inclui custos associados ao tempo despendido pela equipe de ensaio na avaliação do desempenho técnico do produto, na fabrica, e custos aplicáveis provenientes da equipe de supervisão. • Mão-de-obra para verificação: abrange custos associados ao tempo despendido por operadores na verificação da qualidade de seus próprios trabalhos, em conformidade com as exigências do plano de qualidade, verificando o produto ou processo quanto à conformidade com a qualidade. • Preparação de ensaio e inspeção: inclui custos associados ao tempo despendido pela equipe na preparação de produto e do equipamento associado, a fim de permitir ensaio funcional. • Equipamentos, material e outros dispositivos menos importantes para ensaio e inspeção da qualidade: abrange custo de energia para a alimentação de instrumentos de maior porte, tais como vapor ou óleo e materiais e suprimentos consumidos em ensaios destrutivos, como ensaio de vida ou inspeção com desmontagem. • Auditoria da qualidade: incluem custos associados ao tempo despedido pela equipe na realização das auditorias. • Verificações externas: inclui custos com laboratórios externos, inspeção de seguro e assim por diante.

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• Manutenção e calibração de equipamento para ensaio e inspeção de informação sobre qualidade: abrangem custos associados ao tempo despendido pela equipe de manutenção na calibração e manutenção do equipamento de ensaio e inspeção para informação sobre qualidade. • Revisão do projeto do produto e liberação da expedição: incluem custos associados ao tempo despendido pelos engenheiros de produto na revisão de dados de ensaio e inspeção que antecedem a liberação do produto para expedição. • Ensaio no campo: abrange custos incorridos na execução do ensaio de serviço real do produto em facilidade do consumidor antes da liberação final. Esses custos podem abranger custos de viagem e outras despesas.

14.3 Custo de Falha Interna

Em algumas empresas o custo de falha interna é desprezado,

embora possa ser em montante significativo, caso não sejam avaliados

adequadamente que resumem-se em: rejeitos, retrabalho, custos de aquisição,

contatos com a gerencia de produção, engenharia e técnicos, segundo

detalhamento de (FEIGENBAM 1994, p. 161/162):

• Rejeitos: incluem perdas incorridas para a conquista dos níveis exigidos na qualidade. Não deve abranger materiais rejeitados por outras razões, tais como obsolescência, produção maior e alterações no projeto do produto resultantes de avaliação adicional das necessidades. • Retrabalho: pagamentos extras a operadores para a conquista do nível exigido na qualidade. Não deve abranger pagamentos adicionais a operadores por quaisquer outras razões, como retrabalho ocasionado por alterações no projeto do produto decorrentes de nova avaliação das necessidades do consumidor. • Custo da aquisição de material: abrangem custos adicionais incorridos pela equipe responsável pela aquisição do material no que concerne ao controle das rejeições e reclamações sobre ele. • Contato da fabrica com a engenharia: inclui custos associados da fabrica ao tempo despendido por engenheiros de produto ou da produção que se encontram engajados em problemas da produção que envolve qualidade.

14.4 Custo de Falha Externa

O custo de falha externa envolve clientes e devem ter atenção

especial, pois envolvem diretamente a imagem do produto e da empresa e os

principais são: reclamações de garantia, prazo de garantia, assistência técnica,

responsabilidade pelo uso adequado do produto, recolhimento do produto após o

seu uso, segundo explicitado por (FEIGENBAM 1994, p. 162/163):

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• Reclamações concernentes à garantia: abrangem todos os custos decorrentes de reclamações provenientes do campo e dentro do prazo da garantia para investigação, reparo ou substituição. • Reclamações fora do prazo da garantia: todos os custos aceitos para ajuste de reclamações provenientes do campo, depois de expirado o prazo da garantia. • Assistência técnica ao produto: todos os custos admissíveis de assistência técnica diretamente atribuível à correção de imperfeições, a ensaio especial ou ainda à correção de problemas não decorrentes das reclamações referentes a uso. Não abrange serviço de instalação ou contratos de manutenção. • Responsabilidade (pelo fato do produto): abrange custos relacionados à qualidade incorridos como resultado dos julgamentos sobre responsabilidade por falhas ocorridas na qualidade. • Recolhimento do produto: abrange custos da qualidade incorridos como resultado do recolhimento de produtos ou componentes de produtos.

15 SISTEMA DE CONTROLE DE NQM – FLUXO COMPLETO

Representa-se a seguir um fluxo completo de controle do Sistema de

Qualidade Total da empresa conforme Gráfico 2- Exemplo de Fluxo: Inspeção de

Recebimento de Material para Estoque - Nota:

O que

início

receber material

lançar recebimento

no SAP

QuemQuando Como

- visual: isento de trincas, riscos e quebras

almoxarifado- chegada do material

almoxarifado

- lançar no SAP código e quantidade recebida conforme SAP Script Recebimento Físico Fiscal

inspecionar almoxarifado

1

- conferir dados da nota fiscal e material recebido: quantidade e descrição do material

O queO que

início

receber material

lançar recebimento

no SAP

QuemQuemQuandoQuando ComoComo

- visual: isento de trincas, riscos e quebras

almoxarifado- chegada do material

almoxarifado

- lançar no SAP código e quantidade recebida conforme SAP Script Recebimento Físico Fiscal

inspecionar almoxarifado

1

- conferir dados da nota fiscal e material recebido: quantidade e descrição do material

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O que

material ok?

segregar

material

fim

Armazenar material

fim

Quem Quando Como

almoxarifado 1

não sim

lançar SAP como

Material Rejeitado

lançar SAP como

Armazenar no Local

devolver

fornecedor compras

- Armazenar material seguindo critérios da I.7.081 manuseio, Armazenagem e Expedição de Produtos

- Segregar material na área identificada como “Não Conformes” e identificar com etiqueta F.0016

O que O que

material ok?

segregar

material

fim

Armazenar material

fim

Quem Quem Quando Quando Como Como

almoxarifado 1

não sim

lançar SAP como

Material Rejeitado

lançar SAP como

Armazenar no Local

devolver

fornecedor compras

- Armazenar material seguindo critérios da I.7.081 manuseio, Armazenagem e Expedição de Produtos

- Segregar material na área identificada como “Não Conformes” e identificar com etiqueta F.0016

000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

início

Sim NãoDefeito Interno?

NQMTipo Q3

NQMTipo F2

Emitir Nota de NQM

Identificar e segregar o material

Analisar NQM

1 2

- Emitir NQM conforme SAP Script 7.32, 7.36 e 7.37

-Material não-conforme no recebimento, fabricação ou expedição.

- No recebimento identificar o material com a etiqueta F.0041, para os demais setores identificar o material com etiqueta F.0490, em área específica para materiais não conformes.

- Verificando se a não conformidade é de processo ou se o material foi adquirido de terceiros.

- Area de Qualidade

- Analisar a NQM, verificando se o material pode ser utilizado como está.

-Engenharia de produto, processos, aplicação, básica.-Contrl. Qualidade,Tecnicos

-Segregar fisicamente o material quando for possivel.

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000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

Encerrar NQM

Identificar o material

1

Aprovado?Sim Não

Retrabalhar? NãoSim

Lançar retrabalho - SAP

Reinspecionar

3 4

- Através das medidas da Nota de QM, conforme SAP Script’s 7.37.

- Identificar o material como aprovado, retirando a etiqueta F.0490 e o material da área de segregação, caso foi possivel a segregação neste local.

- Encerrar a NQM no SAP conforme SAP Script’s 7.36 e 7.37 - Area de

Qualidade

- Através das medidas da Nota de QM, conforme SAP Script’s 7.37.

- Apontar M.O no sistema SAP, conforme SAP Script’s 9.08.

- Administrativo da mini-fábrica

- Reinspecionar o material e registrar no texto da medida, conforme Sap Script 7.36 e 7.37, se o material pode ser utilizado.

-For possivel a utilização do material, como está.

-As medidas da NQM estiverem fechadas.

-Não for possivel a utilização do material, como está.

-O material estiver retrabalhado.

- Reinspeção concluída.

000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

Identificar o material

3

Aprovado?Sim Não

novo retrabalho? NãoSim

Lançar retrabalho - SAP

Reinspecionar

Encerrar NQM

3 4

- Através das medidas da Nota de QM, conforme SAP Script’s 7.37.

- Identificar o material como aprovado, retirando a etiqueta F.0490.

- No SAP conforme SAP Script’s 7.36 e 7.37

- Através da medidas da NQM, caso o retrabalho não foi satisfatório.

- Apontar M.O no sistema SAP, conforme SAP Script’s 9.08.

-For possivel a utilização do material, após o retrabalho.

-As medidas da NQM estiverem fechadas.

-Não for possivel a utilização do material, após o retrabalho.

-O material estiver retrabalhado.

- Reinspeção concluída.

- Reinspecionar o material e registrar no texto da medida, conforme Sap Script 7.36 e 7.37, se o material pode ser utilizado.

- Area de Qualidade

- Administrativo da mini-fábrica

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000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

Lançar sucata no SAP

Sucataro material

4

Encerrar NQM

-Não for possivel a realização de novoretrabalho.

-Fisicamente. - Colaborador da mini-fabrica.

- Administrativo da mini-fábrica

- No sistema SAP, conforme SAP Scripts 8.1

-As medidas da NQM estiverem fechadas/encerradas.

- No sistema SAP conforme SAP Script’s 7.36 e 7.37 - Área de Qualidade.

Fim

000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

2

Enviar NQM ao fornecedor

Aprovado?Sim Não

EncerrarLote Controle

Identificar o material

Encerrar NQM

Retrabalhar? NãoSim

5

-A origem do problema for “Fornecedor”.

- Imprimir a NQM, através da transação ZQ09 ou QM02 e enviar via fax, arquivo eletrônico, via e-mail.

-Administrativo da mini-fábrica ou conforme definido pela supervisão da mini-fábrica

-For possivel a utilização do material, como está.

- Identificar o material como aprovado, retirar a etiqueta F.0490 ou colar a etiqueta adesiva F.0010.

-Área de Qualidade

-NQM analisada.

-A NQM for emitida na inspeção de recebimento.

- No sistema SAP, conforme SAP Scripts 7.28.

-As medidas da NQM estiverem encerradas.

- No sistema SAP, conforme SAP Scripts 7.32, 7.36

-Não for possivel a utilização do material, como está e a fabrica for retrabalhar internamente.

Devolverao fornecedor

-Material reprovado.- Devolver conforme procedimento 000019

-Almoxarifado

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000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

5

Aprovado? NãoSim

7

Encaminhar para retrabalho

-Na inspeção de recebimento, preencher o formulário F.0526, demais não necessita prrencher formulário.

-Encaminhar fisicamente. No recebimento deixar uma via do formulario junto a instrução de controle, e outra via com o almoxarifado.

-Área de qualidade.

Lançar retrabalho - SAP

Reinspecionar

Identificar omaterial

Encerrar Lote Controle e demeritar

fornecedor

-O material estiver retrabalhado.

- Reinspecionar o material e registrar no texto da medida, conforme Sap Script 7.36 e 7.37, se o material pode ser utilizado.

-Área de qualidade.

-Material retrabalhado internamente.

-Reinspeção concluída.- Apontar M.O no sistema SAP, conforme SAP Script’s 9.08.

- Administrativo da mini-fábrica

-For possivel a utilização do material, após o retrabalho.

- Retirando a etiqueta F.0490 ou a F.0041 e quando aplicavel colocar a etiqueta F.0010

-A NQM for emitida na inspeção de recebimento.

Encerrar NQM -As medidas da NQM estiverem fechadas/encerradas.

- No sistema SAP conforme SAP Script’s 7.36 e 7.37

-Área de qualidade.

-Área de qualidade.

-Área de qualidade.

- No sistema SAP conforme SAP Script’s 7.28

000020

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000027 – Controle de não conformes - Fábrica – versão 3

O que? Quando? Como? Quem?

7

Sucatar o material

Identificar o material

EncerrarLote Controle e

demeritar fornecedor

-Área de qualidade.

-Reinspeção concluída.- Apontar M.O no sistema SAP, conforme SAP Script’s 9.08.

- Administrativo da mini-fábrica

-Não for possivel a utilização do material, após o retrabalho.

- Retirando a etiqueta F.0041 e colocar a etiqueta F.0016, ou identificar na etiqueta F.0490

Encerrar NQM

Lançar retrabalho - SAP

-A NQM for emitida na inspeção de recebimento.

- No sistema SAP conforme SAP Script’s 7.28

-Área de qualidade.

-As medidas da NQM estiverem fechadas/encerradas.

-Não for possivel a utilização do material, após o retrabalho.

- No sistema SAP conforme SAP Script’s 7.36 e 7.37

Lançar sucata no SAP

- No sistema SAP, conforme SAP Scripts 8.1

- Fisicamente.

Fim

-Material reprovado.

Demeritarfornecedor

-A NQM for emitida após a inspeção de recebimento.

-Manualmente no SAP, através do envio da NQM ao controle de recebimento.

-Adm. da mini-fábrica

-Área de qualidade.

-Área de qualidade.

-Área de qualidade.

-Almoxarifado.

Gráfico 2- Exemplo de Fluxo: Inspeção de Recebimento de Material para Estoque – Nota.

Fonte: Material fornecido pela empresa.

O gráfico 3 – Evolução da qualidade: representa de forma clara a

evolução do sistema de qualidade, como podem ser observados os índices de NQM

com erros no período anterior oscilam entre 40 e 50 erros e com a implantação do

sistema caiu e permanece próximo a Zero, evidenciando a eficiência do sistema de

qualidade.

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Número NQM

010

2030

4050

6070

1

NQM R

NQM E

Gráfico 3- Evolução de Qualidade(NQM R= NQM recebidas e NQM E=NQM com erros.

Fonte: Baseado em dados da empresa 16.CONCLUSÃO

O estudo do sistema de qualidade em uma empresa londrinense, na

empresa Atlas Schindler, demonstra que um projeto bem estruturado e com

objetivos, políticas, e recursos bem definidos fazem efetivamente a diferença no

moral e nos resultados de uma grande empresa.

A história da empresa evidenciou as necessidades, fusões,

incorporações e as transformações as quais a empresa passou para manter-se no

mercado por 132 anos, atualmente está presente em 130 paises distribuídos em 6

continentes. Nos objetivos da empresa consta a preocupação com a constante

modernização e incorporação de novas tecnologias, condição indispensável para a

empresa, manter-se em um mercado competitivo e de alta tecnologia como o de

elevadores.

Os principais produtos fabricados pela empresa são 6, porém para a

maioria dos clientes é como se cada produto fosse exclusivo, pois atendem a

especificações individualizadas. Mesmo sendo produtos praticamente exclusivos a

empresa preza pela qualidade e serviços específicos buscando atender ás

necessidades de cada cliente, nota-se no estudo a preocupação constante com o

custo que poderia gerar a falta de qualidade .

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Os Sistemas da Qualidade da empresa são conjuntos de princípios e

ações integradas que visam, através dos produtos e serviços, satisfazer sempre às

necessidades das partes interessadas. Estes sistemas têm uma preocupação

constante com o processo, controle e medições de desempenho em todas as suas

fases.

A representação das etapas de um entre centenas de Fluxos, o fluxo

de Inspeção de Recebimento de Material para Estoque, que clarifica a necessidade

da atenção aos detalhes que deve estar presente em um sistema de qualidade de

uma grande empresa voltada ao mercado interno e externo.

Finaliza-se com uma análise do índice de erros, após a implantação

do sistema de qualidade mantem-se próximo a zero a muito tempo, o que resulta

atualmente em satisfação e confiança dos clientes na qualidade e confiabilidade final

do produto, fatores essenciais devido à natureza e finalidade dos produtos.

17. REFERÊNCIAS

BERK Susan, JOSEPH: Administração da Qualidade Total. – São Paulo: Ibrasa,

1997.

CAMPOS, Vicente Falconi: TQC- Controle da Qualidade Total. – Belo Horizonte:

Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999.

CERTO, Samuel C e PETER, J Paul: Administração estratégica: planejamento e

implantação da estratégia. – São Paulo: Makron Books, 1993.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4. ed. São

Paulo: Makron Books, 1996.

CURY, Antonio: Organização e métodos: uma visão holística. – São Paulo: Atlas,

2005.

DORNELAS, José Carlos Assis: Empreendedorismo. – Rio de Janeiro: Campos,

2003.

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29

FEIGENBAUM, Armand V: Controle da qualidade total. – São Paulo: Makron Books,

1994.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de: Planejamento estratégico: conceitos,

metodologia e práticas. – 13. ed. – São Paulo: Atlas, 1999.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração, 3

ed . São Paulo: Atlas, 2000.

UMA ANÁLISE SOBRE OS IMPACTOS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NAS ORGANIZAÇÕES REPRESENTATIVAS DOS TRABALHADORES DO SETOR

TÊXTIL/VESTUÁRIO DO PARANÁ. 1 IT IS AN ANALYSIS ABOUT THE IMPACTS OF PRODUCTIVE REORGANIZATION IN COMPANIES THAT

REPRESENT THE WORKERS OF THE TEXTILE/CLOTHING IN PARANÁ.

Ângela Maria de Sousa Lima2**

RESUMO: A preocupação com as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, cujos novos meios de produção e relações sociais vêm fazendo parte da sociedade contemporânea de forma intensa, nos levou a elaborar este artigo sobre o sindicato dos trabalhadores da cadeia produtiva de confecções do Paraná. O artigo argumenta sobre as táticas que se inscrevem na luta contra os efeitos das políticas neoliberais e não propriamente contra essas políticas que têm sido construídas em contextos históricos específicos. A reestruturação produtiva e as demais mudanças ocorridas no mundo do trabalho modificaram sobremaneira o perfil e as formas de luta da categoria e caracterizaram as novas formas de atuação. PALAVRAS-CHAVE: neoliberalismo; Sindicatos; cadeia produtiva de confecções; ABSTRACT: The preoccupation with the changes occurred in labor’s world and their new meanings of productions and social relations that strongly appear with contemporary society we regard the organize this article with the trade unions the laborious the of the productive chain of makings. This article deals with the pertinence of which meant as tactics inscribed in the fight against the effects of the neoliberal politics but not against its nature that have been produced in specific historical contexts. The productive restructuring and the too much changes occurred in labor’s world have deeply changed the character and the styles of action of the professional group and community-focused actions. KEY WORDS: neoliberalism; trade unions; of the productive chain of makings; 1.INDRODUÇÃO

Podemos afirmar que “na década de 90 assistimos a uma mudança radical

nas demandas do sindicalismo”. (RODRIGUES, 2003: 300). Como mostrou Cardoso,

nesse período, o movimento sindical perdeu poder na cena brasileira, “o que resultou na

redefinição de seu lugar no mundo das trocas políticas, hoje mais subordinado e

heterônomo do que na década de 1980.” (2003: 33).

*1 Com algumas alterações, este artigo foi inicialmente apresentado no XII Congresso Brasileiro de Sociologia: “Sociologia e realidade: pesquisa social no século XXI”, realizado em Belo Horizonte, de 31 de maio a 3 de junho de 2005, no GT 18. *2 Graduada em Ciências Sociais pela UEL, especialista em Sociologia e Sociologia da Educação pela UEL, mestre em Sociologia Política pela UFPR e doutoranda em Ciências Sociais, pela UNICAMP, sob orientação da Profª Dra. Ângela Maria Carneiro Araújo. Residente à Rua Mato Grosso, 1423, apartamento 701, Edifício Baluarte, Centro, Londrina – Paraná. Endereço eletrônico: [email protected].

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

Revista Eletrônica de Ciências Empresarias. Ano I, No. 01, jul. / dez. 2007.

2

Em momentos anteriores, Druck (1996: 28) afirmara que é parte da

reestruturação produtiva, uma “nova” política de relações entre os sindicatos de

trabalhadores e o patronato que, em geral, “visa enfraquecer a representação sindical e

coletiva, em benefício de negociações individuais e direta com os trabalhadores, a

exemplo do sindicato-empresa no Japão.”

Nesse contexto, nos três primeiros anos da década de 90, três fatos

abalaram o processo de reorganização do movimento sindical:

No plano ideológico, as teorias neoliberais, difundidas com mais força no Brasil, a crise das ideologias de esquerda ligada ao leste europeu, a luta pela reinstalação da democracia que chega ao final com o primeiro governo civil e a nova constituição tem levado sindicalistas de diferentes correntes a repensar estratégias de ação sindical, particularmente as de confronto; no plano da política econômica de longo prazo, a internacionalização da economia, iniciado no governo Collor, [...] a busca de empresários brasileiros por ganhos de produtividade e por redução de custos implicou diretamente na esfera dos direitos do trabalho, questões essas que colocaram em xeque a agenda de prioridades dos sindicalistas e as ações estratégicas adotadas no passado; no plano da política econômica de curto prazo: o Plano Collor, ao impor reduções salariais e o crescimento do desemprego, enfatizou a necessidade de sindicatos ativos para a defesa de empregos e salários e dificultou sua capacidade de ação. (NORONHA, 1994: 323 e 324)

Assim, podemos ver no Brasil um grande paradoxo. De um lado os novos

modelos de gestão e organização do trabalho exigem estabilidade e envolvimento dos

indivíduos no processo de trabalho (autonomia, iniciativa, responsabilidade, comunicação)

e, de outro, os vínculos empregatícios se tornam cada vez mais precários e

instáveis.(HIRATA e PRETECEILLE, 2002)

Nesse dilema, lembramos as cinco tendências imbuídas no que Antunes

denominou “crise sindical” em curso:

A crescente individualização das relações de trabalho vem deslocando o eixo das relações entre capital e trabalho da esfera nacional para os ramos de atividade econômica e destes para o universo micro, para o local de trabalho, para a empresa e, dentro desta, para uma relação cada vez mais individualizada; fortíssima corrente no sentido de desregulamentar e flexibilizar ao limite o mercado de trabalho, atingindo conquistas históricas do movimento sindical que mostram-se incapazes de impedir tais transformações; esgotamento dos modelos sindicais vigentes nos países avançados que optaram pelo sindicalismo de participação; tendência crescente de burocratização e institucionalização das entidades sindicais, que se distanciam dos movimentos sociais autônomos e de ações anticapitalistas; e a ação isoladora e coibi dora dos movimentos de esquerda. (1995: 65 e 67)

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

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Para o autor, o sindicalismo vertical, herdado do fordismo, tem se

mostrado impossibilitado de atuar como um sindicalismo mais horizontalizado, que

privilegie as esferas interprofissionais e aglutine o conjunto de trabalhadores, desde os

“estáveis” até os precários, vinculados à economia informal, “pois a classe-que-vive-do-

trabalho complexificou-se fragmentou-se e heterogeneizou-se.” (ANTUNES, 1995: 36).

No que se refere ao conteúdo da crise dos sindicatos, Druck (1996: 33)

destacou que no interior do processo de radicalização das tendências do capitalismo

globalizado/mundializado, os sindicatos são pressionados a cumprirem seu papel

enquanto instituição de ordem capitalista, reforçando a sua atuação nos limites dessa

ordem. “Isso porque a cultura sindical que se modifica está inscrita num contexto político

extremamente desfavorável à classe trabalhadora em escala mundial”.

Sob um ponto de vista diferente, Cardoso (2003) argumenta que

influenciaram nas mudanças vivenciadas pelo sindicalismo na década de 1990: o

aprofundamento da democratização, que reduziu o efeito de práticas contestatórias; o

enfraquecimento da estrutura sindical, com as mudanças introduzidas pela Constituição

de 1988 (manutenção da unicidade e do imposto sindical); a reestruturação industrial,

baseada em novas tecnologias informacionais e formas de organização da produção

inspiradas em receitas da “produção enxuta”; a explosão das taxas médias de

desemprego aberto, liberalização dos mercados e privatização de empresas estatais; e a

incapacidade dos governos para reverter a tendência de deterioração dos serviços

públicos.

A questão da crise também foi debatida por Alves (1996: 109) que afirmou

ser possível dizer que existe hoje uma crise do sindicalismo brasileiro, cuja característica

peculiar é dada pelo predomínio de um defensivismo de novo tipo, com um pronunciado

viés neocorporativo, de caráter societal, que se manifesta em categorias importantes do

sindicalismo brasileiro que enfrentam, em nossos dias, uma ofensiva do capital na

produção. Por trás desse defensivismo, no contexto do desemprego e da terceirização,

como comenta Alves (1996), oculta-se a incapacidade estratégica do sindicalismo

brasileiro em adotar posturas de confronto diante do capital.

Nessa década, com exceção do período Itamar Franco, o movimento

sindical passou a conviver com a intransigência do governo federal e com um esforço

desmensurado por parte dos governantes para levar adiante o processo de flexibilização

das relações de trabalho. (RODRIGUES, 2003)

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

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É condição essencial dessa flexibilização, como também observou Druck

(1996): a neutralização dos conflitos capital/trabalho, onde a busca por hegemonia no

interior da empresa, no sentido de conquistar a adesão dos trabalhadores e de seus

sindicatos aos seus planos, assume centralidade, tornando-se, mas visível, dentre outras

formas, através do discurso patronal acerca da negociação e da parceria com os

trabalhadores, da valorização/motivação do trabalho e das políticas de qualificação e

treinamento, postas em prática em nome da Qualidade Total.

A mesma autora (1996) constatou que essa busca de hegemonia

combina-se com uma gestão despótica, a medida que ao lado da parceria e negociação,

impõem-se a ameaça e a prática do desemprego e da terceirização, que tem implicado

numa crescente precarização do trabalho. Segundo ela, ao mesmo tempo, verifica-se um

recrudescimento nas negociações coletivas, com posturas rígidas do patronato, relativas

à concessão de reajustes salariais e mantendo um comportamento que dificulta e, em

geral, impede a organização por local de trabalho (OLT).

Parafraseando Druck, podemos dizer que a flexibilização do trabalho é um

dos principais objetivos da reestruturação produtiva e um de seus maiores efeitos tem

sido a fragmentação dos coletivos de trabalhadores com um processo crescente de

individualização, informalização e precarização do trabalho e da ação sindical. Esse

processo enfraquece a identidade de classe dos trabalhadores, reforçando a divisão e a

concorrência entre os mesmos.

No caso brasileiro, de acordo com Druck (1996), a fragmentação da

classe e a individualização dos trabalhadores reforçam o conteúdo corporativo dos

sindicatos, agora renovado sob um “neocorporativismo”, sustentado na separação entre

os de “primeira categoria” (os contratados) e os de “segunda categoria” (os

subcontratados), entre os com emprego e os sem emprego, e entre os formais e os

informais.

É nesse movimento que os sindicatos se enfraquecem, vêem as suas bases de representação serem pulverizadas em diferentes categorias, concorrem entre si e disputam os associados – como é o caso de sindicatos de trabalhadores contratados e subcontratados, reduzindo drasticamente seu potencial de mobilização e de unidade. Esse é o cenário do movimento sindical nos anos 90, no Brasil. (DRUCK, 1996: 34)

Tomamos de Druck (1996), um fechamento provisório, ao aderirmos a

afirmação sobre a importância de compreendermos a crise do sindicalismo como parte de

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

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uma crise maior, uma crise global, política, ideológica, moral, cultural, econômica e social.

Sua fala remonta-nos a compreensão da realidade investigada no Paraná. Para ela, a

crise do sindicalismo é parte;

[...] de uma crise do sistema capitalista, que chega no limiar do século XXI demonstrando toda a sua incapacidade de resolver problemas históricos, elementares da humanidade, vivendo um paradoxo: enquanto o progresso técnico e científico, as novas políticas de gestão/organização do trabalho e da produção têm implicado em vultuosos ganhos de produtividade, de capital, de patrimônio para muitos poucos, recriam-se determinadas condições que eram características do quadro social do século XVIII, na “primeira revolução industrial”: o recurso ao trabalho infantil e de mulheres (pagando menores salários e exigindo mais trabalho), a intensificação das jornadas de trabalho, as condições precárias de trabalho e principalmente de saúde, o emprego sem cobertura social, sem carteira, temporário, etc. e até mesmo o trabalho escravo. (DRUCK, 1996: 35 e 36)

2. ALGUMAS QUESTÕES SOBRE O REFLEXO DO NEOLIBERALISMO PARA O SINDICALISMO DO SETOR NO PARANÁ

No esforço para pensar a organização política dos trabalhadores do

setor, no contexto da globalização e da reestruturação produtiva, discutiremos, nas

subseções seguintes, alguns resultados da pesquisa que realizamos nos meses em

janeiro e de fevereiro de 2005, com sete agentes dos sindicatos do setor têxtil-vestuário

do Paraná.

Assim, lembramos que no estado do Paraná existiam, em fevereiro de

2005, sete sindicatos que abrangiam a Cadeia têxtil-vestuário do Paraná e que

representavam os empregados de pequenas, médias e grandes empresas, em geral

pequenas. Eram eles: Sindicato da Fiação e Tecelagem, Tinturaria, Estamparia de

Tecidos, Malharias e Meias, Cordoalhas e Estopas, Fibras Têxteis Sintéticas e Artificiais e

Acabamento de Confecções de Malhas e Especialidades Têxteis de Curitiba e Região

Metropolitana; Sindicato da Fiação e Tecelagem de Londrina; Sindicato da Fiação e

Tecelagem e do Vestuário de Goioerê, Campo Mourão e Região; Sindicato do Vestuário

de Curitiba; Sindicato do Vestuário de Apucarana e Região, Sindicato dos Oficiais

Alfaiates, Costureiras, Trabalhadores nas indústrias de Confecções de roupas de

Cianorte; e Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiras, Trabalhadores nas Indústrias de

Confecções de Roupas de Maringá.

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Para tentar compreender um pouco melhor a situação dos sete sindicatos

enumerados e refleti-la, à luz do referencial teórico que viemos traçando até aqui, abaixo

apresentamos um quadro com as questões pesquisadas nessas entidades durante o

período mencionado.

Para a constituição do quadro, com fins descritivos, entrevistamos um

agente político de cada sindicato3 sobre as principais questões: reivindicações mais

significativas dos trabalhadores nos dois últimos anos, última greve do setor, participação

das mulheres, Central Sindical na qual o sindicato encontrava-se filiado e o tempo de

atuação no cargo do último presidente, correlacionando estas últimas com a periodicidade

das eleições no órgão. Queríamos entender, mesmo que preliminarmente, a vivacidade

dos problemas e questões acima elucidadas.

Cada questão da entrevista foi relacionada a uma outra, que pensamos

ser característica da atual conjuntura do sindicalismo dos trabalhadores da indústria no

âmbito nacional: as principais reivindicações dos trabalhadores/pauta de temas que

surgem no contexto da reestruturação produtiva; última greve/caráter pouco combativo e

de defensivismo do sindicato atual; central filiada/apego a centrais menos combativas,

mais próximas ideologicamente do projeto neoliberal do que ao projeto socialista e

comunista; tempo de atuação do último presidente/falta de ventilação política na ausência

de alternância entre os líderes sindicais no poder do sindicato; participação e liderança

das mulheres no sindicato/conquista processual e histórica das mesmas nas entidades de

representação.

Ousamos traçar elementos comparativos, mesmo sabendo que cada item

da entrevista mereceria um estudo a parte e uma pesquisa bem mais aprofundada. Mas,

de antemão, eles já nos fornecem um panorama geral sobre como estão configurados os

sindicatos do ramo da CTC no estado.

3 Este agente político refere-se a uma pessoa que compunha o grupo de lideranças de cada sindicato pesquisado.

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Sindicatos dos Trabalhadores: reivindicações, greve, atuação das mulheres relação com a central sindical e tempo de atuação das lideranças

FONTE: Pesquisa de campo (entrevistas realizadas em jan e fev de 2005)

Para compreender melhor os elementos descritos no quadro, relatamos a

seguir os detalhes fornecidos pelos próprios entrevistados. Debateremos essas

informações, dando continuidade à análise teórica que viemos traçando, a respeito das

transformações provocadas pelo neoliberalismo, pela globalização e pela reestruturação

produtiva às organizações representativas dos trabalhadores.

3. GREVES E PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS TRABALHADORES

Entre os entrevistados, foi a postura de repúdio à greve e defesa dos

Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho. Sem desperdiçar a especificidade das

análises, pudemos detectar, de antemão, um consenso nas respostas: “a greve não é

Sindicatos Principais reivindicações dos trabalhadores associados

Ultima greve

Filiado a que

central Sindical

Periodicidade das eleições/ Tempo de atuação do último

presidente

Sindicato liderado por

SINDITEXTIL Curitiba

Melhores salários e repúdio ao banco de horas

1994 ou 1995

Força Sindical

De 4 em 4 anos, há mais de 15 anos

Homem

SINFITEC

Londrina

Melhores salários e condições de trabalho

1992 Força Sindical

De 6 em 6 anos Desde 1990

Homem

SINDDTFT

Goioerê

Melhores salários, plano de saúde e cesta básica

1991 CGTB De 4 em 4 anos Desde 1992

Mulher

SITRAVEST

Curitiba

Maior qualificação profissional

1993 CUT Mandato de 3 em 3 anos, no cargo desde junho de 1998.

Mulher

STIVAR

Apucarana

Melhores salários e cesta básica

1996 CGTB De 5 em 5 anos desde maio de 1992

Mulher

SINDCOST

Cianorte

Melhores salários e condições de trabalho

1995 CGT De 5 em 5 anos

3 mandatos no poder

Homem

SINCONFEMAR Maringá

Respeito e melhores salários 1992 Força Sindical

De 5 em 5 anos

2 mandatos no poder

Homem

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mais a estratégia acertada para a classe trabalhadora fazer valer seus direitos na atual

conjuntura econômica e política, assim como conseguir êxito nas suas reivindicações

trabalhistas.”

A postura em relação à greve, por parte dos trabalhadores associados,

não está automaticamente compreendida na postura dos seus líderes sindicais. Só uma

pesquisa mais minuciosa, que abarcasse a subjetividade desses sujeitos, poderia dar a

resposta mais aproximada. No entanto, dado o poder de influência e persuasão que

possuem tais líderes – hoje muito mais enfraquecida do que em décadas anteriores -

pode-se ter uma idéia da postura dos trabalhadores, de uma forma abrangente, sobre

essa ação reivindicatória.

Sabemos que a política econômica do governo Collor colocou o

movimento sindical na defensiva. A organização tinha sido muito importante para o

movimento popular urbano ao longo da década de 80. Seu enfraquecimento foi

estratégico para a consolidação do neoliberalismo. A recessão 90/92 contribuiu para que

a atividade grevista, por exemplo, diminuísse muito: “em 1990, 12,4% milhões de

trabalhadores tinham participado de greves em todo o país, em 1991 esse número caiu

para 8,8% milhões e, em 1992 despencou para apenas 2,9 milhões.” (BOITO, 1999: 121)

Outros fatores, de ordem macro política e econômica, precisam ser

recordados. A política de incentivo a importações de produtos têxteis asiáticos a preços

baixíssimos desestabilizou pequenos proprietários de confecções no estado e provocou

um aumento significativo do número de desempregados. Assim, segundo o agente do

Sindicato de Maringá, “a abertura econômica da era Collor afetou a organização dos

trabalhadores do setor, o sindicato e os empregadores”.

De acordo com o entrevistado do SINDCOST/Cianorte, “na atual

conjuntura econômica, não há necessidade de haver mais greves”, pois, segundo ele,

“houve uma conscientização, tanto dos trabalhadores quanto dos empresários, de que o

conflito não resolve as questões trabalhistas, apenas desgasta ambas as partes”. O

mesmo defende os atuais acordos empregadores/empregados.

A última greve da qual o sindicato participou, e também da qual se lembra

o entrevistado, ocorreu em 1995, depois disso, segundo ele, só aconteceram paralisações

pequenas, localizadas em empresas. “As reivindicações por salário, por condições de

trabalho e principalmente por segurança, são negociadas através de Acordos Coletivos e

Convenções.” (ENTREVISTA EM 18/01/2005)

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Na região de Goioerê, de acordo com acagente do SINDDTFT, a última

greve aconteceu em 1991 e não mais se deu por causa dos acordos entre empregados e

empregadores. As principais reivindicações dos trabalhadores do setor eram, naquele

período, por salário, planas de saúde e cesta básica. Já a principal reivindicação dos

trabalhadores do Vestuário de Curitiba, segundo a entrevistada, era por maior qualificação

profissional, “garantia que poderia proporcionar melhores salários”, mas tal reivindicação

se processaria também através de Acordos e Convenções Coletivas. (ENTREVISTA EM

01/02/2005).

Para o agente sindical de Maringá (SINCONFEMAR), a última greve da

categoria ocorreu em 1992. Foi uma greve localizada em uma empresa que ameaçava

fechar. “Hoje a estratégia é outra, o lema do sindicato atualmente é Negociar até a

exaustão!” O entrevistado relatou que “a greve não funciona, pois prejudica os

trabalhadores”. Afirmou ainda que naquele momento o foco das reivindicações dos

trabalhadores havia mudado, “antes se ouvia apenas reclamações sobre reajuste de

salário. Agora se procura, antes de tudo, preservar o emprego”.

Quando perguntamos sobre as principais reivindicações dos

trabalhadores, o mesmo nos disse ser: “por respeito e por melhores salários”. Afirmou que

os trabalhadores pedem para serem tratados com dignidade nos locais de trabalho.

Pudemos perceber, inclusive, que a última edição do jornal da entidade (2005, n. 13, p.

06) dedicou toda uma página para debater a questão do assédio moral nas empresas.

Segundo o entrevistado, essa foi a principal bandeira de luta na Assembléia dos

trabalhadores do setor que ocorreu em 2004.

A mesma questão também foi realçada pelo Sindicato de Apucarana,

reivindicação esta exigida principalmente pelas mulheres. Também de acordo com a

agente do Sindicato do Vestuário de Curitiba, “as mulheres reclamam sobre a falta de

respeito por parte dos patrões, não só nas cidades do interior, mas também nas empresas

que se situam na capital”. Em síntese, na região de Maringá, de Curitiba, de Apucarana e

de Goioerê ouvimos dos agentes que os trabalhadores reclamam do desrespeito

existente, por parte de alguns empregadores, nos locais de trabalho.

No Relatório das atividades de 2004, do Sindicato de Maringá,

encontramos detalhes importantes sobre as reivindicações e conquistas dos

trabalhadores, intermediadas pela entidade:

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Em 2004 foram protocoladas na Câmara de Conciliação, 299 reclamações por questões salariais e de direitos; destes 134 resultaram em acordo, enquanto 163 foram infrutíferos, cabendo ao reclamante procurar a Justiça do Trabalho para dirimir o conflito, destes 11 audiências foram adiadas e 12 pleitos foram arquivados; o setor de atendimento às rescisões contratuais prestou uma média de 10 homologações diárias, resultando num total de 3.600 em 2004; o sindicato promoveu e orientou 21 assembléias onde os trabalhadores puderam decidir sobre a aceitação ou não do Banco de Horas (que precisa ser homologado, assinado pelo sindicato, debatido numa assembléia com a presença do órgão para ser considerado legítimo) e também 41 reuniões, objetivando a conscientização e sindicalização dos trabalhadores(as) da categoria; promoveu 1.500 visitas nas empresas para levar informações à categoria; 12 palestras para os trabalhadores; entre outras funções, que notamos ser mais no campo da assistência social. (JORNAL “CORTE E COSTURA”, 2005: 02)

O relatório de atividades do Sinconfemar/Maringá de 2004 abre

possibilidades para uma leitura mais aprofundada de uma série de temas importantes que

afetam diretamente o sindicalismo hoje, porém, sobre apenas um deles focalizaremos

nesse instante a atenção. Ressaltamos a questão das reivindicações dos trabalhadores,

que para conseguirem êxito, precisam ser intermediadas pela Justiça do Trabalho. Esse

fator mostra bem, o que outras pesquisas já trouxeram: a importância demasiada grande

e histórica da interferência da Justiça do Trabalho nas relações que se efetuam entre

patrões e empregados.

Quando nos dispusemos a refletir sobre as greves, percebemos, em

Apucarana, um problema que se viu repetir nos diálogos com os líderes sindicais de

quase todas as regiões do estado: o ressurgimento de pequenas indústrias,

desmembradas de grandes empreendimentos, após a implantação do regime tributário

simplificado introduzido pela Lei nº 9.317/96 (PUBLICADA NO CADERNO ATUALIZAÇÃO

LEGISLATIVA Nº 51/96).4

4 O regime consistia, basicamente, na possibilidade de a pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, optar pelo recolhimento mensal unificado de tributos e contribuições, mediante inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples). Naquele período, somente podia optar pelo regime, a pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, cuja receita bruta anual não ultrapassasse a R$ 120.000,00 ou R$ 1.200.000,00, respectivamente, e desde que não praticasse nenhuma das atividades impeditivas, e que estivesse em situação regular para com a Fazenda Nacional e INSS. A ME que ultrapassasse, no ano-calendário imediatamente anterior, o limite de receita bruta correspondente a R$ 120.000,00, ficaria excluída do Simples nessa condição, podendo, mediante alteração cadastral, com a apresentação da FCPJ, inscrever-se na condição de EPP (Microempresa para Empresa de Pequeno Porte).

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Quando narrou sobre a adoção do novo regime pelos empresários, o

entrevistado do Sindicato de Apucarana deu o exemplo de uma empresa que, há poucos

anos, se desmembrou em 4 outras empresas. De acordo com seus relatos, muitas

empresas optaram pela implantação da medida, num contexto que fugia aos objetivos

reais da lei, ou seja, para diminuir os gastos com impostos e outros custos sociais com os

trabalhadores. O mesmo problema foi ressaltado em outras regiões analisadas. “O setor

produtivo da CTC da região de Maringá era composto basicamente de pequenas e

microempresas. ”Haviam grandes empresas, mas com o Simples, elas se

descentralizaram ou terceirizaram seus serviços para pagar menos impostos ao governo”,

diz o entrevistado (ENTREVISTA EM 24/01/2004).

Importante perceber a relação que os entrevistados fizeram do Simples,

com a incidência ou não de greves no setor. “Essa estratégia, utilizada pelas empresas,

ajudava a enfraquecer a organização, a mobilização, a comunicação e a associação dos

trabalhadores aos sindicatos.”

Segundo relatos de uma agente do Sindicato de Apucarana, a última greve

da qual participou o órgão foi em 1995, em função dos salários atrasados em uma

empresa. Nessa ocasião os trabalhadores conseguiram sucesso. A entrevistada lembrou-

se vagamente de outra greve que ocorreu por volta do ano de 1996 ou 1997, em outra

empresa, também por reivindicação de salário. Nessa última, os trabalhadores ficaram

sentados durante meio-dia enfrente à máquina, mas antes da chegada do Sindicato, o

empresário cedeu, atendendo à solicitação dos trabalhadores. Em sua opinião “a greve

não traz conquista e prejudica o trabalhador, que é parte mais fraca”. Ela argumentou que

os empresários a afirmavam que “os funcionários não tinham mais coragem de fazer

greve e sabiam que não a fariam.”

Em Apucarana o diálogo centralizou-se mais em torno do medo

generalizado dos trabalhadores em participar ou organizar ações grevistas, percebido

pela entrevistada. Outro problema, enfocado por ela, residiu na constatação de outras

formas de coerção e nos raros diálogos entre funcionários e patrões ocorrentes no chão

das fábricas.

Sobre as questões de ansiedade, vontade e medo que o capital quer

produzir entre e no operariado, já tratou Maroni (1982: 64). A autora, num contexto

diferente do que estamos tratando, já demonstrou que o medo atrapalha a organização e

a mobilização dos trabalhadores. Este é produzido pela própria educação dos operários,

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ou seja, pela introjeção do poder disciplinar frente à hierarquia do capital. “Quebrar o

medo era (e é) condição para a vitória do movimento”.

Correlato a essa questão, não diferentemente de outros sindicatos

visitados, uma reclamação clara do Sindicato de Apucarana, centrou-se no baixo índice

de participação dos trabalhadores nas atividades sindicais. A entrevistada relatou que,

diante do problema, tem aproveitado as assembléias para exortá-los a participar das

ações da entidade, encorajando-os, mostrando o poder que possuem enquanto

trabalhadores organizados.

Em relação às principais reivindicações dos trabalhadores, no

SINFITEC/Londrina, percebeu-se que eram por melhores salários e por melhores

condições de trabalho, na seqüência apareciam os temas: cesta básica, segurança no

trabalho e questões relacionadas à saúde. Tais reivindicações eram encaminhadas, de

acordo com o entrevistado, através de negociações em Convenções Coletivas de

Trabalho, não mais em greves. A última data de 1992.

A liderança afirmou que no princípio era a favor da greve, mas que mudou

de opinião porque compreendeu que ela tinha pontos positivos e negativos e que “os

negativos eram mais fortes no contexto atual”. Para ele, “a greve é difícil para os

empresários e desemprega”. Por isso mostrou apoio aos acordos e as negociações que

não exigem conflito. O sindicato optou por essa tática, ou seja, negociar em assembléia

as reivindicações e encaminhar para os patrões em forma de Convenções Coletivas de

Trabalho.

De acordo com a entrevistada do Sindicato que abrange o setor de

Confecções em Curitiba e Região Metropolitana, o número de associados vinha caindo

gradativamente, devido a elevação do desemprego. As principais reivindicações dos

trabalhadores do setor, nessa região, eram por melhores salários e contra o número

excessivo de horas trabalhadas e não-pagas, após a instalação do Banco de Horas, pauta

também encaminhada através de acordos e de Convenções Coletivas. A última greve da

categoria ocorreu por volta de 1993 em Diamantina. A empresa de botões envolvida, e

então falida, foi tomada pelos trabalhadores que a transformaram em uma cooperativa.

Em 2004 houve a ocupação de uma fábrica, mas não foi considerada como greve.

Quando interrogamo-la a respeito de sua postura em relação à ação

grevista, a liderança respondeu;

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Antigamente os trabalhadores sentiam a necessidade de ir à luta, em função da situação econômica e política do país. Estes se interessavam pelas questões econômicas mais abrangentes, hoje não, sem contar a pressão que é muito forte sobre eles. Mas se há união da categoria, se há compreensão do trabalhador, se ele participa das reuniões, acompanha todo o processo de reivindicação, a greve se torna possível. E conseguir a participação dos trabalhadores nas reuniões sindicais é algo muito difícil, eles começam a comparecer nas reuniões de acordos, por exemplo, mas não vão até o final da negociação. (ENTREVISTA EM 01/02/2005).

A partir de sua fala, numa análise mais geral, é importante ressaltar que,

como já demonstrou Rodrigues (2003), com a reestruturação produtiva, ou seja, com as

transformações na produção, na organização e gestão do trabalho, a agenda sindical se

volta para o interior das empresas, discutindo mais diretamente temas relacionados à

problemática do trabalho.

É também esta a constatação que fazemos através da análise das

principais reivindicações dos trabalhadores do setor têxtil e de confecções hoje no

Paraná. Suas preocupações gerais giram em torno da manutenção do emprego, do

direito à cesta básica, da qualificação profissional, de melhores salários, de segurança

nos locais de trabalho e da crítica ao modo como vem sendo efetuado o Banco de Horas

nas empresas.

Outro dado igualmente importante é perceber, na subjetividade dos líderes

sindicais, o consenso de que a greve hoje não mais favorece o trabalhador. Não há como

deixar de relacionar essa subjetividade, que parece livre e individual, a uma subjetividade

coletiva e coercitiva, que o neoliberalismo, com suas mais variadas reestruturações

produtivas, vem tentando implantar entre os trabalhadores. Como já afirmou Boito (1999:

218), “o movimento sindical também incorporou idéias neoliberais”.

Também há se efetuar uma correlação entre o índice de associação e

participação dos trabalhadores nos sindicatos da categoria ao número crescente de

trabalho terceirizado e subcontratado, visível principalmente nas facções de costura

espalhadas pelo estado.

No Sindicato do Vestuário de Apucarana, por exemplo, representante de

23 pequenas cidades da região e de uma média de 5 mil trabalhadores, no período da

pesquisa, 70% eram mulheres e 30% das sindicalizadas trabalhavam em facções,

principalmente fabriquetas domésticas que confeccionavam bonés. Nessa região, “apenas

recentemente os donos de facções começavam a registrar os trabalhadores e a pagar

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seus direitos trabalhistas”5. Também a liderança, entrevistada no sindicato do setor de

confecções de Curitiba, criticou os governos que dão incentivos para a abertura desses

empreendimentos, sem se importarem com as condições de trabalho dos trabalhadores,

não fiscalizando o funcionamento dos mesmos.

A produção de roupas nunca foi centralizada apenas no chão da fábrica.

Como já constatado, ao lado da inserção de grandes empresas capitalistas, caminharam

as produções domésticas. Ocorre que essa produção doméstica tradicional, muitas vezes

de subsistência, é bastante divergente das estratégias usadas pelos empresários, no

âmbito da reestruturação produtiva, para retirar boa parte dos operários do chão da

fábrica e subcontratá-los nas facções e fabricos domésticos.

Como já demonstrou Marx (1980), os assalariados, reunidos sob o mesmo

teto e sob o controle do capitalista, passam a trabalhar juntos, de acordo com um plano

de produção, em regime de cooperação. O resultado do trabalho cooperativo supera a

somatória das forças produtivas individuais, pela criação de uma força produtiva nova, a

força coletiva. Ao cooperar com outros de acordo com um plano, desfaz-se o trabalhador

dos limites de sua individualidade e desenvolve a capacidade de sua espécie.

Esse fato é importante de se elucidado porque dentro da empresa

capitalista as costureiras e os costureiros têm mais possibilidade de se identificarem

enquanto grupo, o que traria menos empecilhos à sua organização política e à defesa de

seus direitos. É obvio, porém, que não podemos esquecer que o fato de estarem reunidos

num mesmo ambiente não significa automaticamente que vão adquirir ou fortalecer o

sentimento de pertencimento à uma classe. Muitos fatores hoje, como já debateram

Antunes, colaboram para a complexificação e heterogeinização dos trabalhadores:

terceirização, qualificação/desqualificação, “flexibilização”, entre outros. Esses fatores

colaboram para que o trabalhador atual sinta dificuldade de identificar-se enquanto classe.

No caso do trabalho faccionado na confecção, a questão torna-se ainda

mais clara. A costureira mostra-se confusa, pelo fato de identificar-se, ora como

empregada, ora como empreendedora, ora como trabalhadora terceirizada, ora como

trabalhadora permanente, já que emprega outras pessoas na fabricação doméstica, na

maioria das vezes seus próprios familiares e amigos. Na facção, sob os mais diferentes

5 Importante perceber que este foi o único sindicato que declarou ter associados de facções, dado que mereceria uma investigação subseqüente.

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tipos de contrato, a costureira pode passar a se alimentar de uma enganosa liberdade e

autonomia, que esconde uma ideologia de exploração, com piores condições de trabalho,

maior jornada e ausência de direitos.

Nos diálogos com os agentes sindicais, ficou visível a mudança na

entonação de voz, por vezes de entusiasmo, quando o assunto foi “serviço prestados”

pela entidade aos associados. No quadro abaixo listamo-los, para termos uma idéia desse

rol de benefícios de que estamos falando.

SINDICATOS SERVIÇOS OFERECIDOS

SINDDTFT Goioerê Convênio com clínicas médicas e odontológicas em várias especialidades

SITRAVEST Curitiba Convênio com clínicas médicas e odontológicas em várias especialidades, material escolar para filhos dos associados que estejam cursando até a 8ª. Série ou que tenham até 16 anos de idade, estadia numa pousada em Camburiu.

STIVAR Apucarana 1 dentista, convênios com médicos de diferentes especialidades, colônia de férias em Matinhos, onde não pagam alojamento; seguro de vida unificado

SINDCOST Cianorte Convênio com clínicas médicas e odontológicas em várias especialidades

SINCONFEMAR Maringá

14 dentistas, 7 médicos de várias especialidades, kits de material escolar, escola de informática, fisioterapeutas, mini hospital advogados, psicólogos, cursos profissionalizantes para associados e dependentes;

SINDITEXTIL Curitiba Convenio com clínico geral e com médicos de todas as especialidades, convênio com dentistas de duas clínicas, material escolar para filhos de associados e para associados que estejam estudando;

SINFITEC Londrina Dentista, plano de saúde com oitenta especialidades diferentes.

FONTE: pesquisa de campo; entrevistas realizadas nos meses de jan e fev de 2005.

Não fizemos uma pesquisa específica sobre os principais motivos que

levam os trabalhadores a se associarem aos sindicatos, mas um relato ajuda a clarificar

nossa hipótese de assistencialismo: “quando a empresa oferece muitas gratificações e

serviços, os trabalhadores não se interessam por associarem-se ao sindicato”.

(ENTREVISTA SINDICATO DE LONDRINA, EM 25/01/2005)

Parece-nos que o assistencialismo é o alimento que sustenta a relação

dos trabalhadores com os sindicatos e atrai sua vinculação hoje. Muitos trabalhadores são

atraídos pelos convênios com dentistas, médicos especialistas, clubes na praia, seguros

de vida, salões de beleza, kits de material escolar para os filhos, entre outros benefícios

sociais que o sindicato oferece-lhes e não pelo poder político de mobilização coletiva que

este pode representar. Por outro lado, ousamos dizer que alguns sindicatos parecem

verdadeiras empresas, especializadas em ministrar cursos de auto-ajuda e oferecer todos

os tipos de serviços.

Em relação à greve, o mesmo autor mostra que nos anos 90, a própria

estratégia da ação sindical, baseada no confronto, tende a ser repensada. É posta cada

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vez mais, a necessidade, para os sindicalistas brasileiros, de instaurar novos

procedimentos de negociação com o capital, tal como o Contrato Coletivo de Trabalho. O

tema predominante dos sindicalistas no país é “democratizar” as relações de trabalho,

como saída, segundo eles, para os impasses do sindicalismo num período de inovações

técnico-organizacionais, que tendem a debilitar o movimento operário e sindical. (1996:

157)

As próprias entidades sindicais reconhecem que entre 1990/92, decresceu

tanto o número de greves, como o de grevistas, além do desemprego e da recessão, este

processo foi incentivado por uma série de práticas inovadoras, de cariz organizacional,

como a livre negociação de salários, a concessão de abonos e antecipações salariais,

principalmente no setor industrial de ponta. (ALVES, 1996: 156)

Porém, há de se registrar que as formas de reivindicação dos

trabalhadores, mesmo não tão combativas, parecem tentar driblar as estratégias do

capital. Uma leitura apressada poderia afirmar que esses pequenos atos ocorrentes no

Paraná em nada transformam tais estratégias. Mas em um período particularmente difícil

para o sindicalismo, em âmbito nacional e internacional, pequenos eventos (ex:

paralisação de meio dia em frente à máquina, na região de Apucarana) não podem ser

menosprezados. Consideramo-los ações políticas que carregam uma luta implícita, que

podem estar colaborando para desmontar e corroer por dentro o capitalismo. Dito de outra

forma, essas lutas podem não levar diretamente à “revolução”, mas questionam as

relações de produção.

4. PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO FEMININO E A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO SINDICATO

Na Cadeia Têxtil e de Confecções do Paraná6, o número de trabalhadores

do sexo feminino é superior ao número de trabalhadores do sexo masculino. O

6 Mesmo diante da sazonalidade que caracteriza a produção no setor, o SINCONFEMAR/Maringá representava uma média de 12 mil trabalhadores e dos 6 mil sócios, 82% eram do sexo feminino. No Sindicato do Vestuário de Curitiba, 90% dos trabalhadores do setor eram mulheres, em sua grande maioria costureiras. O SINFITEC/Londrina representava uma média de 3.200 trabalhadores em empresas localizadas em Londrina, Cornélio Procópio, Uraí e região, 75% deles eram mulheres; só em uma empresa (Fiação de Seda, de Cornélio Procópio), onde o sindicato possuía uma sub-sede, elas representavam 80% da mão-de-obra. No SINDDTFT/Goioerê as costureiras também eram a maioria. Apenas do Sindicato que abrange o setor de confecções de Curitiba ouvimos que o número de mulheres filiadas é praticamente o mesmo que o número de trabalhadores do sexo masculino. (Entrevista 28/01/2005).

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SINDCOST/Cianorte, por exemplo, representava, naquele período, 7.000 trabalhadores,

80% deles eram mulheres, concentradas principalmente nas funções de: costureiras,

arrematadeiras, revisadeiras e modelistas.

Mesmo estando diante de um setor que emprega, em sua grande maioria,

mulheres, vimos que entre as sete lideranças sindicais entrevistadas na época, três eram

do sexo feminino. E mesmo que a quantidade ainda seja baixa, entendemos que o fato

das mulheres estarem à frente dessas organizações sindicais demonstra hoje uma

ruptura, mesmo que ainda não definitiva, em relação a todo um histórico de

marginalização da capacidade e da habilidade política que as impuseram.

Uma das perguntas que fizemos aos agentes foi acerca da participação

delas nas atividades sindicais. As respostas foram variadas. Segundo o agente do

SINCONFEMAR/Maringá, a participação das mulheres já foi maior, mas essa veio

diminuindo gradativamente. O entrevistado relatou que a participação das mulheres no

sindicato não é maior porque elas vivem com jornada quádrupla (mãe, esposa,

trabalhadora e dona de casa), “isso as impede de participar de forma mais ativa das

atividades sindicais”, argumenta. Já o agente do SINDCOST/Cianorte fez questão de

enumerar que as mulheres não são muitos atuantes no sindicato e que deveriam ser

mais.

Quando perguntamos para a entrevistada do Sindicato do Vestuário de

Curitiba, se os vários papéis desempenhados pela mulher naquele momento, como havia

afirmado o representante do Sindicato de Maringá, poderia dificultar sua participação nas

atividades sindicais, ela nos respondeu que não. A mesma tomou o seu histórico de vida

como exemplo de participação, dizendo que o que pode estar havendo é um comodismo

por parte das trabalhadoras, pois “mesmo quando as reuniões e assembléias do sindicato

são marcadas para os finais de semana, a participação delas é rara, até mesmo entre as

solteiras”.

Não podemos desconsiderar que elas ganham menos também. Em

entrevista com a integrante do Sindicato do Vestuário de Curitiba, um problema é

ressaltado: muitas mulheres trabalham como costureiras e ganham como auxiliares de

produção. Interessante perceber que essa questão também surgiu em Maringá. No Jornal

da entidade, dessa última região, consta:

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uma campeã em denúncias é o fato das trabalhadoras que trabalham com máquina de costura, mas são registradas e ganham salário de auxiliar e esse erro tem ocorrido em diversas empresas. Às vezes o(a) trabalhador(a) é promovido(a) e o patrão ‘esquece’ de mudar o salário, outras vezes o patrão esquece de propósito. (2005: 07)

É claro que são hipóteses, pois essas considerações merecem uma

pesquisa mais precisa sobre a questão de gênero. Por exemplo, para podermos detalhar

com mais firmeza sobre o lugar da mulher nas indústrias do ramo têxtil e de confecções,

seria importante indagar, em campo, sobre quem é como é a mulher operária na indústria,

na oficina, no domicílio, o que para ela significa ser mãe, mulher e costureira ao mesmo

tempo, como fizeram, a título de ilustração, Amélia R.S. B. Teixeira, Ana Clara. T. Ribeiro,

Filippina Chinelli e Roseli Elias no texto “O trabalho e a trabalhadora fabril a domicílio”, ou

ainda como conseguiu Cheywa R. Spindel em “O ‘uso’ do trabalho da mulher na indústria

do vestuário”7.

Além das características que já demonstramos, há a questão da idade. A

idade das mulheres, em geral, na cadeia têxtil e de confecções do estado, variava entre

18 e 30 anos. Em Maringá a média geral de idade da costureira era de 27 anos,

considerada alta para a categoria pelos empresários, mas haviam trabalhadoras de 60

anos de idade entre elas. (ENTREVISTA EM 24/01/2004). Isso se tornaria provavelmente

mais alarmante se fizéssemos uma pesquisa nas pequenas facções de costura

espalhadas pelo estado, mesmo porque nesses locais, muitas vezes, trabalham famílias

inteiras em torno das máquinas, em condições precárias de trabalho.

Pensamos que as mulheres ainda são as mais vitimadas pelas

precarização do trabalho, precarização esta que vem acompanhada de tantos outros

problemas sociais, difíceis de serem rompidos ainda hoje, como o machismo, a exigência

da multifuncionalidade, a violência de toda espécie e alguns entraves sócio-culturais. As

mulheres também são as principais vítimas do paradoxo do crescimento do emprego

feminino num contexto de crise: menores salários, maior instabilidade, condições de

trabalho acumulando atividades domésticas e profissionais, maior desemprego, impactos

previsíveis sobre a saúde. (HIRATA, 1998: 19)

As trabalhadoras continuam freqüentemente controladas segundo

modalidades tayloristas de organização do trabalho, com cadências e ritmos impostos por

linhas de montagem, máquinas e/ou normas disciplinares, ou pela demanda do cliente

7 Trabalhos organizados por Carmem Barroso e Albertina Oliveira Costa, intitulado “Mulher, mulheres”. São Paulo: Cortez, 1983.

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(sistemas just-in-time). “A manutenção do cronômetro, instrumento taylorista de controle

de tempo, nas indústrias têxtil, de confecções e de calçados combina com proibições

diversas, desmentindo a idéia da morte do fordismo.” (OLIVEIRA et.al apud HIRATA,

1998: 13)

Em relação aos postos de trabalho altamente qualificados que a cada dia

despontam no setor, os cargos de costureiras e auxiliares de produção são ainda os que

sofrem com a menor remuneração e a ocorrência de tarefas mais repetitivas. A agente

entrevistada em Apucarana, por exemplo, relatou que a cada ano diminui o percentual de

qualificação das trabalhadoras, “percentual que já não era alto, em função do piso salarial

defasado e muito baixo (mesmo lembrando que este era o maior da região, perdendo

apenas para a região de Curitiba).” Contou-nos que quando as trabalhadoras têm acesso

aos cursos de qualificação e graduação, mudam de trabalho, optam por outras funções

que a remunerem melhor.

Por outro lado, narrou ela, “os patrões reclamam da mão-de-obra

desqualificada, mas não oferecem a contrapartida, isto é, melhores salários e incentivos

sociais”. Assim, “a principal reivindicação das trabalhadoras e dos trabalhadores do setor

é justamente por melhores salários, na seqüência, entra na pauta de negociação a

solicitação por cestas básicas”, segundo ela, “única pauta negociada por empresa e não

em Convenções Coletivas”. Para se ter uma dimensão maior dessa questão, lembramos

que entre as trabalhadoras de Maringá, a média de analfabetismo é de 2,8%, “muito alta”,

segundo um representante da entidade. O único sindicato que alegou que as

trabalhadoras possuíam, na época, boa qualificação profissional, foi o SINDTEXTIL de

Curitiba. (ENTREVISTA EM 28/01/2005).

Encima dessas constatações, concordamos com a afirmação de Hirata,

de que o novo quadro econômico e financeiro instalado no período em debate, “tem

conseqüências diferenciadas, segundo as regiões do globo, e sobre a divisão sexual do

emprego, do trabalho – profissional e doméstico – e das atividades dos homens e das

mulheres.” Vulneráveis, menos protegidas, tanto pela legislação do trabalho quanto pelas

organizações sindicais, “as trabalhadoras podem ser vistas como “cobaias” para o

desmantelamento das normas de emprego predominantes até então.” Para Hirata,

embora o cenário mais provável seja o de uma dupla segmentação, com a constituição de

dois segmentos do emprego masculino e dois segmentos do emprego feminino, um

estabilizado, outro precarizado, a força dissuasiva e de pressão sobre salários, condições

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de trabalho e de negociação dos trabalhadores de ambos os sexos parece evidente.

(2001/02: 143 e 144)

No debate dessas contradições, lembramos também as contribuições de

Bruschini e Lombardi (2001/02), quando chamam a atenção para a má qualidade do

trabalho realizado pelas mulheres, que, em grande parte se concentra em atividades

informais e precárias, ou seja, de má qualidade e, como mencionou Hirata, não

protegidas pela legislação. Por outro lado, segundo as autoras, há a ocorrência de

tendências inovadoras, que apontam para a conquista, por parte de mulheres mais

escolarizadas, de bons empregos, embora mantendo a concentração (acima já debatida)

em guetos femininos.

Os resultados dos estudos de Bruschini e Lombardi (2001/02: 185) nos

auxiliam a verificar uma espécie de balanço da década de 90, no que diz respeito à

divisão sexual do trabalho, quando relataram que “as mulheres continuaram a ganhar

menos que os homens, independente do setor de atividade econômica em que trabalham,

do tamanho da sua jornada de trabalho, do número de anos de estudo ou da sua posição

na ocupação, mas as diferenças entre os seus ganhos e os masculinos diminuíram.”

Abramo (2001: 80) faz afirmação similar quando comenta que a intensa

afluência das mulheres não mercado de trabalho não foi acompanhada por uma

diminuição significativa das desigualdades profissionais entre homens e mulheres.

Segundo ela, “em nenhum país latino-americano os rendimentos de homens e mulheres

como o mesmo nível de instrução são equivalentes”. Como base nessas discussões,

concordamos que a inserção das mulheres no mercado de trabalho brasileiro tem sido

caracterizada através do tempo pela marca da precariedade, que tem atingido uma

importante parcela das trabalhadoras, situação essa que não pode ser atribuída apenas

às costureiras do setor de confecção.

Em suma, compreendemos que se estamos falando de um setor de

produção, onde ainda impera o trabalho feminino, um maior número de entidades

representativas deveriam ser dirigidas por elas.

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5. ALTERNÂNCIAS NA LIDERANÇA DO SINDICATO

Os números apresentados no primeiro quadro, no mínimo, nos fazem

refletir sobre os problemas que envolvem as relações de poder, a liderança sindical e a

falta de alternância dos presidentes na representação dos sindicatos.

Nos relatos e através deles, percebe-se claramente que não há ventilação

política nas chapas que concorrem à direção dos sindicatos. A maioria dos presidentes

está a mais de dez anos consecutivos no cargo. Para nós, isso, no mínimo, merece

indagações.

Raros também foram os agentes que revelaram trabalhar sob regime de

descentralização de tarefas. Isso pode ser explicado por questões internas de

estruturação política, mas também por ausência de condições financeiras de cada

entidade. Para conseguir a comunicação com os associados, o sindicato de Apucarana,

por exemplo, que representava, naquele período, 23 pequenas cidades, utilizava carro de

som e a presença de diretores, “apenas nas cidades maiores”. Esses diretores

trabalhavam como porta-vozes nos locais distantes do sindicato. Muitos outros

demonstraram não terem condições de manter diretores em outras cidades.

A distância geográfica é algo que exige a presença de interlocutores.

Estes auxiliam na articulação política e organização das atividades sindicais. Além

desses articuladores por cidade e região, seria importante manterem representantes por

empresa. Mas a carência de recursos financeiros que vivencia a maioria dos sindicatos,

muitas vezes não permite tais descentralizações.

Já dizia Leôncio Martins Rodrigues (apud ALVES, 1996: 160), que as

lideranças sindicais brasileiras deverão preparar-se para atuar num cenário novo e

instável que lhes colocaria muitos desafios numa conjuntura econômica particularmente

difícil. Para ele, a mesma flexibilidade que se imporia aos empresários ante os requisitos

trazidos pelas novas tecnologias e mudanças gerais do mercado, impõe-se às lideranças

sindicais. Insistia ainda que, diante das transformações estruturais da economia e da

sociedade capitalista, no limiar do século XXI, o sindicalismo tenderia, cada vez mais, a

incorporar para si a lógica do capital.

Diante dessa realidade, percebemos que cada sindicato foi trabalhando de

uma maneira. Representantes do SINCOFEMAR, por exemplo, optaram por dialogar e

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ouvir as reivindicações das trabalhadoras nos horários de almoço, em cada empresa.

“Para este trabalho o sindicato disponibilizou uma equipe para formalizar ações

específicas.” Além dessa equipe, organizaram representantes de fábrica para serem

porta-vozes do sindicato nos locais de trabalho, estes entregavam jornais da entidade e

propiciam a comunicação entre o sindicato e as trabalhadoras, que não precisam se

deslocar até a entidade. O Sindicato londrinense também disponibilizava diretores

sindicais nas grandes cidades e nas empresas, mesmo nas de pequeno porte.

(ENTREVISTA DIA 25/01/2005).

Em relação a falta de alternância na presidência dos sindicatos, uma série

de hipóteses poderiam ser levantadas: comodismo, peleguismo e desinteresse por parte

dos demais associados em assumir o compromisso, monopólio político, privilégios,

interesse político-partidário por parte dos atuais dirigentes, falta de democracia na

organização das chapas. Mas algo é certo, “na década de 90 os trabalhadores têm,

devido ao desemprego, menos disposição para a luta sindical”. (BOITO, 1999: 207). E nos

últimos anos, a situação econômica nacional e internacional, as mudanças oriundas da

C.F.88, o aprofundamento da reestruturação produtiva e os malabarismos do

neoliberalismo, criam dificuldades maiores ainda ao sindicalismo e às suas lideranças,

que são desafiadas a pensar em estratégias, às vezes “inovadoras”, para impulsionar os

trabalhadores para a luta.

No primeiro quadro também se visualiza outro dado importante, que fez

parte do rol de questões formuladas aos entrevistados, ou seja, a Central Sindical em que

cada sindicato encontrava-se filiado.

Sabemos que é uma ousadia, traçar imediatamente a postura política de

cada sindicato diante do neoliberalismo hoje, por exemplo, pelo simples fato de conhecer

em que Central Sindical este mesmo está filiado. Mas, embasados pelos estudos que

muitos autores já fizeram: A. Boito, M. Pochmann, C.A.B Oliveira, M.A. Santana, J.E.L.

Matoso, A. Cardoso, I.J. Rodrigues, A. Galvão, P. Trópia, L. P. Brescianio e A. A. Comin;

é possível delinearmos pelo menos uma afirmação inicial: um dos itens importantes para

explicar a postura política de cada sindicato diante de um projeto de sociedade hoje,

passa pela opção deste em filiar-se à esta ou àquela Central Sindical.

Sabemos que para ousar fazer tal afirmação precisamos nos basear em

informações históricas que explicam as diferenças político-ideológicas, pelo menos entre

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as duas principais centrais: CUT e Força Sindical. Poderíamos voltar longe na história,

mas por questão de delimitação do problema, buscamos-na a partir da última década.

Parafraseando Comim (1994), um primeiro fator precisa ser considerado:

ao longo de seu histórico de luta, a CUT sustentou-se em um solo mais comum, em

práticas que demonstram mais claramente sua rejeição ao capitalismo; mostrou-se mais

homogênea no plano estratégico, com uma postura crítica em relação à estrutura sindical

corporativa, em especial ao intervencionismo estatal nas relações capital-trabalho, e à

burocratização dos organismos sindicais; valorizando práticas voltadas para a

organização e a mobilização das bases na ação sindical.

Sua maior homogeneidade interna permitiu-lhe sustentar de modo mais

perene um discurso e uma prática fortemente combativos, marcados pela rejeição aos

acordos políticos de cúpula, pela crítica ao sistema político que emergia da transição e

pela defesa, ainda que genérica, do socialismo. (COMIN, 1994)

Já a CGT, pela heterogeneidade interna em face de rápido crescimento da

CUT, pautou seu esforço de legitimação muito mais por oposição ao modelo representado

pela central rival do que pela construção de um projeto próprio, o que explica o caráter

errático de seu comportamento até a sua subdivisão no final a década de 80.

Apenas com a fundação da Força Sindical, dissidência da CGT,

comandada pelos autodenominados “Sindicalistas de Resultados” parece se esboçar de

modo mais consistente um projeto político-sindical alternativo ao da CUT. Ou seja, a CGT

manteve uma estruturação organizativa extremamente fluida, na qual os dirigentes dos

sindicatos permaneceram como o elo principal (talvez único) de ligação entre as

entidades de base e a central, o que contribui para explicar a rapidez com que se diluiu.

(COMIN, 1994: 370 e 371)

Assim ao logo da trajetória política e econômica do país, as centrais foram

tomando atitudes diferenciadas em relação à questões econômicas e políticas que foram

surgindo. Na Nova República, por exemplo, enquanto a CUT manteve comportamento

oposicionista, contrapondo-se a todos os planos de estabilização econômica e

convocando greves, a CGT manteve uma postura oscilante, ora moderada, ora

conservadora, procurando capitalizar os “acertos” do governo, ora se aproximando da

CUT nas jornadas de protesto contra políticas salariais contencionistas. (COMIN, 1994:

372)

Na década de 90, vê-se claramente as diferenças de postura política entre

as Centrais, de um lado sindicalistas identificados com projetos de mudança sociais do

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tipo reformista (ou social-democrata) socialista ou comunista, de outro, os Sindicalistas de

Resultados, mais afinados com as plataformas de tipo neoliberal. A Força Sindical,

enquanto expressão da trajetória de Medeiros8, representa uma tentativa de ruptura com

a tradição comunista e socialista. (COMIN, 1994: 381)

O governo Collor, que trouxe consigo o acirramento das privatizações, da

abertura comercial, das receitas de cunho neoliberal, da recessão, do desemprego e da

reforma econômica, também produziu fortes impactos sobre o movimento sindical. Em

âmbito geral, colaborou para uma drástica redução da atividade grevista. Num âmbito

restrito, mas com proporções igualmente importantes, “nomeou Antonio Magri para

Ministro do Trabalho, deixando claro que pretendia promover as lideranças emergentes

do Sindicalismo de Resultados como seus principais interlocutores no meio sindical”.

(COMIN, 1994: 386)

Esse debate poderia se estender por páginas, mas não é esse o problema

central que embasa o artigo. Bastaria apenas enfatizar que tais informações nos ajudam a

compreender que, no caso da pesquisa, os sindicatos analisados mostraram-se muito

mais próximos à um projeto de defensivismo sindical e de inércia frente ao neoliberalismo,

do que de um projeto de ação ofensiva e crítico-radical diante do mesmo.

É claro que não podemos deixar de considerar que nos anos 90 a

capacidade de comando das Centrais tornou-se duplamente problemática, em função da

fragilidade dos laços com os sindicatos (derivada da própria forma como as centrais se

constituíram, sobrepondo-se a uma estrutura sindical já existente e em funcionamento) e

da própria representatividade destes sindicatos frente as sua bases de trabalhadores ser

muito precária. Esses fatores tornaram-nas incapazes de atuar como representantes

orgânicas dos sindicatos. (COMIN, 1994: 369).

Não é bastante também afirmar que muitos problemas vividos pelos

sindicatos: burocratização, luta entre correntes internas, verticalismo, distanciamento da

base, falta de representatividade, defensivismo e postura pouco combativa, são também

vividos hoje pelas Centrais Sindicais de forma geral. Mas é impossível não perceber que

cada uma delas sustenta uma trajetória e um projeto social bastante diferenciado.

8 No final da década de 80, Medeiros assume um discurso de inspiração liberal (defesa do lucro, do livre mercado, da iniciativa privada, do Estado Mínimo e do sindicalismo apolítico), isso afasta os grupos de esquerda, tanto é que em 1988 ocorre a expulsão do PC do B da CGT. Em 1989 ocorre a saída de Joaquinzão que fundaria a nova central , mantendo a sigla CGT. Em 1991, boa parte dos sindicalistas das duas CGTs acompanharia Medeiros na Fundação da Força Sindical , enquanto os comunistas remanescentes na CGT de Joaquinzão migraram para a CUT. (COMIN, 1994: 380)

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Enfim, essa diversidade de problemas que se apresentam hoje ao mundo

do trabalho, diante das estratégicas do capitalismo, e do lado oposto, esta diversidade de

proposições e desafios para superá-los, nos dá uma certeza: é preciso crer e lutar por um

novo projeto de sociedade, que, para nós, não é o neoliberalismo.

E para que esse projeto se concretize será fundamental a participação dos

sujeitos sociais, que uma vez organizados, possuirão muito mais força política;

independente do tipo de movimento social ou ação em que estejam engajados, mas

dependentemente do projeto de sociedade que tenha esse mesmo movimento ou ação.

Igualmente importante, é considerarmos a força transformadora que possui o “fazer

político” dos atores sociais nas relações que se dão no cotidiano, não só no fazer das

instituições sindicais ou partidárias.

Afinal, muitos autores já predeterminaram a classe proletariada essa

missão fatalista e redentora, traçou seu destino e sua história e esqueceram que esta

trajetória se faz processualmente, e não só através de direções econômicas;

desconsideraram também os atores sociais e a riqueza da multiplicidade de ações

políticas que estes podem desempenhar na vida prática.

Considerações finais: as formas de intervenção passam pela organização dos trabalhadores?

É possível romper com as forças de sustentação do sistema. No desafio

para quem pensa o futuro do Brasil, na extrema adversidade do contexto histórico gerado

pela globalização há duas alternativas, que Sampaio (2000) coloca em forma de

questões: a sociedade deve aceitar passivamente as tendências que vem de fora,

discutindo o ritmo e a forma de ajuste aos novos ditames do capital internacional e das

nações hegemônicas? Ou a sociedade deve reagir a essas tendências, rompendo com as

forças internas e externas que sustentam o processo de globalização de negócios?

Para o mesmo autor, os trabalhadores brasileiros precisam romper com o

padrão mimético de modernização de consumo e definir prioridades para o

desenvolvimento econômico que sejam compatíveis com as possibilidades da economia

nacional, mudanças essas que supõe superar o consumismo desbragado e organizar a

sociedade com base em uma ética de solidariedade e de cooperação entre as classes

sociais; modificar os parâmetros sociais e institucionais que regem a organização do

mundo do trabalho; graduar a intensidade do processo de introdução e difusão do

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

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progresso técnico, tendo em vista a necessidade de preservar o acesso do conjunto da

população economicamente ativa ao mercado de trabalho.

Essas reformas, para evitar a barbárie, só podem ser concebidas dentro

de uma organização socialista de sociedade. Sampaio diz ser tarefa das forças políticas:

denunciar a falta de horizonte do movimento de globalização e construir um amplo arco

de alianças, capaz de impulsionar as transformações sociais indispensáveis para a

superação da modernização perversa. (2000, s/p)

Para que um projeto de sociedade mais igualitária se concretize será

fundamental a participação dos sujeitos sociais, que uma vez organizados, possuirão

muito mais força política. Igualmente importante, é considerarmos a força transformadora

que possui o “fazer político” dos agentes sociais nas relações que se dão nas ações do

cotidiano, não só no fazer das instituições sindicais ou partidárias.

Vivemos numa realidade social e econômica reestruturante, atípica. Se

não enxergarmos esse contexto, corremos o risco de culpabilizar apenas os sindicatos e

destinar somente à eles a responsabilidade pela mudança. É fato que enquanto

canalizadores dos anseios e lutas dos trabalhadores, respondem por um papel singular.

No entanto, no emaranhado político e sofisticado, constituído pelo neoliberalismo, suas

ações e poderio sofreram impactos brutais. Não é por menos que alguns profanam o fim

do sindicalismo... Pode ser o fim dos sindicatos fordistas e tayloristas, mas não do

sindicalismo em si. Os sindicatos precisam passar por muitas mudanças. Sobre isso,

bem propõe Antunes (1995).

Para ele, embora heterogeneizado, complexificado e fragmentado, as

possibilidades de uma efetiva emancipação humana podem ser viáveis através das

revoltas que se originam centralmente no mundo do trabalho. Atuando enquanto classe,

os trabalhadores constituem-se no segmento social dotado de maior potencialidade

anticapitalista. Há muitas possibilidades de luta (ecológica, feminista, dos negros, etc),

dotadas de significado, mas quando o eixo é a resistência e o confronto à lógica do capital

e à sociedade produtora de mercadorias, para o autor, o centro desta ação encontra

maior radicalidade quando se desenvolve e se amplia no interior das classes

trabalhadoras. (ANTUNES, 1995, p. 86 e 87).

Os mesmos desafios que se postulam à sociedade como um todo,

parecem se dirigir ao sindicalismo. Poderíamos elencar aqui um conjunto de autores que

já pensaram tais desafios, mas ressaltaremos apenas as posições de Antunes (1995),

que os coloca, não de uma maneira definitiva, mas em forma de interrogações

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desafiadoras, dentro do que ele mesmo denomina “dimensões atuais da crise sindical e

desafios que marcam o conjunto do movimento sindical em escala global no final do

século XX”: os sindicatos serão capazes de romper com a enorme barreira social que

separa os trabalhadores “estáveis”, mais “integrados” ao processo produtivo e que se

encontram em processo de redução, em relação àqueles trabalhadores em tempo parcial,

precário, “terceirizados”, subempregados da economia informal, em significativa expansão

no processo produtivo contemporâneo? Serão capazes de organizar sindicalmente os

desorganizados e com isso reverter as taxas de dessindicalização, presentes nas

principais sociedades capitalistas? Serão capazes de romper com o novo corporativismo

(societal) que defende exclusivamente suas respectivas categorias profissionais,

abandonando ou diminuindo fortemente seus conteúdos mais acentuadamente

classistas? Serão capazes de repudiar enfaticamente as manifestações de seus setores

mais atrasados e, ao contrário, tecer formas de ação solidárias e classistas, capazes de

aglutinar esses contingentes de trabalhadores praticamente excluídos até mesmo da

representação sindical? Serão capazes de reverter a tendência (vem do toyotismo) que

consiste em reduzir o sindicato ao âmbito exclusivamente fabril (sindicalismo de empresa,

de envolvimento), mais vulnerável ao comando patronal? Que individualiza e personaliza

a relação capital e trabalho? Conseguirão (re)organizar comissões de fábricas, comitês de

empresas, organizações autônomas nos locais de trabalho, capazes de obstar a

tendência à cooptação dos trabalhadores? Serão capazes de estruturar um sindicalismo

horizontalizado, melhor preparado para incorporar o conjunto da classe-que-vive-do-

trabalho, superando o sindicalismo verticalizado? Serão capazes de romper com a

tendência crescente da excessiva institucionalização e burocratização que fortemente tem

marcado o movimento sindical em escala global e que o distancia de suas bases sociais?

Serão capazes os sindicatos de avançar para além de uma ação acentuadamente

defensiva e auxiliar na busca de um projeto de emancipação dos trabalhadores, de um

controle social da produção? Outras Interrogações o autor coloca especificamente ao

movimento sindical dos países industrializados e intermediários, como o Brasil: serão

capazes de obstar a generalização dessa crise sindical que já os atinge? O sindicalismo

mais combativo será capaz de participar na elaboração de um modelo econômico

alternativo? (ANTUNES, 1995, p. 68 a 70)

LIMA, Ângela Maria de Sousa Lima. Uma análise sobre os impactos da reestruturação produtiva nas organizações representativas dos trabalhadores do setor têxtil/vestuário do Paraná.

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