revista força campolina 25 - agosto/2015

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Leandro Chagas Entrevista Autobiografia Júpiter de Passa Tempo Eleições ABCCCampolina Matéria Ano 08 | nº 25 | Agosto/2015

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Publicação sobre o cavalo Campolina. Projeto gráfico e diagramação das matérias.

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Page 1: Revista Força Campolina 25 - Agosto/2015

Leandro Chagas

Entrevista

Autobiografia Júpiter de Passa Tempo

Eleições ABCCCampolina

Matéria

Ano 08 | nº 25 | Agosto/2015

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Índice

Expediente

Leandro ChagasUm criador empreendedor

Condomínio Haras Futuro & Haras [email protected] - (22) 2522.7691

[email protected] - (22) 98801.0119

Entrevista

Quincas de São João Monarca de São João x Malta de Alfenas

Grande Campeão da Raça - Pará de Minas/MG 2014Res. Grande Marchador - Pará de Minas/MG 2014Campeão Nacional de Marcha - BH/MG 2014Grande Marchador - FENAGRO - Salvador/BA 2014

DireçãoMarco Livrã[email protected]

Direção de ArteTiago [email protected]

Edição e DiagramaçãoMarco LivrãoTiago Martins

Jornalista responsável

Bianca Costa MT 10619

FotosAna ClarkDuarteHamilton SilvesterIvan MachadoNilo CoimbraPedrãoPedro ViottiRoberto PinheiroSérgio TeixeiraSidney Araújo

Agência e Produção

(31) 2555.8900www.cheiodeideias.com.br

Rua Angustura, 210 | Sala 2/CSerra | Belo Horizonte/MGCEP: 30.220-290

Ano 08 | nº 25 | Agosto/2015Ano 08 | nº 25 | Agosto/2015

Leandro Chagas

Entrevista

Autobiografi a Júpiter de Passa Tempo

Eleições ABCCCampolina

Matéria

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Autobiografia de Júpiter de Passa Tempopor José Eugênio Dutra Câmara Filho (Dudu)

Matéria

Eleições ABCCCampolinaÉ hora de refletir e escolher o melhor para a raça

Doma racional conquista criadoresAnimais se tornam dóceis com massagens e alongamentos

Leite para quem tem alergiaCriadores de zebuínos buscam valorizar produto diferenciadoOdontologia Equina

Otimizando a alimentação equina com o procedimento odontológico

Matérias

Artigo

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Capa

Foto Capa:Pedrão

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“Quero para mim o espírito desta frase,transformada a forma

para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é

necessário é criar.”Fernando Pessoa

Editorial

2015 começou com uma crise institucional e econômica instaurada em nossa nação, ficou entremeado sob as notí-cias que vêm ocupando as primeiras páginas de todos os jornais do país que tudo ficaria pior, ou ruim. É verdade que uma crise que mistura política e economia está dentro de nosso cotidiano, mas temos e devemos saber separar onde ela participa do dia a dia da raça e do cavalo Campolina.

É verdade que existe um arroxo financeiro em quase todos os setores da economia da nacional, logo pode haver um reflexo negativo na procura pelos nossos exemplares, mas isto não é uma exclusividade do Campolina, uma vez que a dificuldade financeira está permeada em todos os setores da equinocultura, alguns em maiores índices, mas devemos avaliar a positividade da liquidez que ainda é em percentual alto na raça, muito superior a de outras.

Logo, reforço a importância dos Leilões realizados na TV (com subsídio da ABCCCampolina), como uma forma obje-tiva e rápida para o alargamento da base de nossa raça. Em quase todos podemos observar perto de 100% de vendas.

Falando do “cavalo” de maneira mais específica vejo uma evolução fenomenal. Por onde tenho andado a pre-ocupação com a funcionalidade, principalmente a procura de um andamento mais adequado com o momento de evolução da raça, seja ele de marcha batida ou de marcha picada, e a procura do equilíbrio é um termo que cabe para as duas modalidades, certamente teremos gerações de destaque num futuro muito breve.

E por falar em um futuro próximo, estão previstas para os próximos meses as eleições da nossa ABCCCampolina, é preciso que a instituição esteja sempre a frente de inte-resses pessoais e que os postulantes ao cargo maior de direção da Associação tenham a consciência que rotas pre-cisam ser corrigidas, sempre, mas que não devemos esque-cer dos legados de sucesso deixados por gestões anterio-res. A Força Campolina abrirá espaço, na próxima edição, para amplas discussões de ideias e projetos para o man-dato que se aproxima.

E por falar nas edições da nossa revista, esta é a última antes da Grande Nacional, que este ano será em Barba-cena/MG, mais uma inovação, mais um novo desafio que é nosso, de todos aqueles que e amam o Campolina, tenho a certeza que vamos mostrar a força que a raça tem.

Força Campolina - Sempre!Marco Livrão

Condomínio Haras Futuro & Haras [email protected] - (22) 2522.7691

[email protected] - (22) 98801.0119

Quincas de São João Monarca de São João x Malta de Alfenas

Grande Campeão da Raça - Pará de Minas/MG 2014Res. Grande Marchador - Pará de Minas/MG 2014Campeão Nacional de Marcha - BH/MG 2014Grande Marchador - FENAGRO - Salvador/BA 2014

Vencendo a crise

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Leandro ChagasUm criador empreendedor

eandro Tadeu Murta dos Reis Chagas tem hoje 21 anos, é acadêmico de Direito além de titular do haras Chagas e atual presidente do Clube Cavalo Conselheiro Lafaiete (CCCL).

Há cerca de cinco anos, iniciou a criação de cavalos Campolina. “Hoje tenho como foco a marcha, docilidade e beleza dos animais. Em pouco tempo, percebi que deve-ria investir em qualidade e não em quantidade. Com bons profissionais e uma boa estrutura, fiz com que o haras se tornasse auto suficiente, um grande desafio de todos os criadores” comentou Chagas.

Leandro conversou com a revista Força Campolina e nos contou um pouco sobre seus projetos no CCCL e falou sobre as necessidades da raça. Confira a entrevista.

Força Campolina: Você assumiu o Clube do Cavalo de Conselheiro Lafaiete, fale das realizações, dos pro-jetos, do futuro e expansão dos cavalos para a região.

Leandro Chagas: Assumi o Clube do Cavalo há seis meses, com grandes desafios e grandes objetivos. O maior deles, dar continuidade ao belo trabalho que sempre foi desenvolvido na entidade. Apesar de sermos muito jovens e estarmos passando por uma crise econômica, neste semestre triplicamos os patrocinadores dos eventos e cria-mos a primeira feira de cavalos - evento que movimentou 250 animais -, angariamos cerca de 120 novos sócios, rea-lizamos quatro copas de marcha com mais de 100 cavalos em todas elas, promovemos dez cavalgadas, com média superior a 100 animais, sendo a maior delas com 360.

Entrevista

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Acredito que muitas vezes só se é cobrado da associação novos

projetos de inventivo, sendo que isso

também deve partir dos associados. Se

cada criador trouxer para a raça um

amigo e para esse vender um bom

animal, por um preço justo, mostrando o lado bom de se criar, ao invés de vender animais

por um valor não condizente a esses e evidenciar prejuízos e dificuldades dos criatórios, a raça daria um grande

passo.

Nos amparamos nas ações sociais, no entretenimento dos eventos e prin-cipalmente na publicidade da nossa instituição, ampliando cada vez mais nossos horizontes.

Isso tudo só se tornou possível pelo apoio dos nossos associados e diretores, que formam uma grande família, sem qualquer tipo de precon-ceito, seja de raça, idade ou poder aquisitivo. Meu maior objetivo é sem dúvidas, ampliar nossa entidade, demonstrando o quão prazeroso é esse meio.

Você é um homem jovem e com visão moderna e empreen-dedora, nesse sentido, o que você acredita que deve ser feito para incentivar novos criadores da raça Campolina?

Acredito que muitas vezes só se é cobrado da associação novos projetos de inventivo, sendo que isso também deve partir dos associados. Se cada criador trouxer para a raça um amigo e para esse vender um bom animal, por um preço justo, mostrando o lado bom de se criar, ao invés de vender animais por um valor não condizente a esses e evidenciar prejuízos e dificul-dades dos criatórios, a raça daria um grande passo. Outra ação importante seria elevar os animais da raça Cam-polina, deixando de lado esse senso de inferioridade equivocado que se criou. Presidentes se alternam, mas a associação fica e nós que somos os donos dela, devemos zelar pelo nosso patrimônio.

Como você avalia a atual gestão da ABCCC e quais suas sugestões?

A atual gestão foi muito feliz com a iniciativa dos “Poeirões”, aguçou o desejo de todos em adquirir um Cam-polina marchador, valorizou a raça, dando publicidade e principalmente popularidade aos animais. Em relação ao Campolina de pelagem pampa, acredito que não deveria ser retirado de cena, apenas reformada a forma de julgamento. Muitos criadores dire-cionaram seus criatórios para essa pelagem, perdendo a raça um grande

comércio paralelo e ainda mais, dimi-nuindo o número de animais nas exposições.

Outro ponto é relativo a custos, a associação deve sempre buscar redu-zir o valor gasto nos criatórios, para viabilizar a criação e assim valorizar o pequeno, médio, e grande criador, que são em igual escala, imprescindí-veis para a sustentabilidade da raça. Deve também direcionar aos árbitros e principalmente aos criadores, de maneira mais clara sobre os critérios e padrões de andamento desejado que se busca para a raça.Com relação aos leilões virtuais, deve se tomar um maior cuidado, lá devem aparecer o que a raça tiver de melhor, pois é uma grande vitrine.

Como criar cavalos impactou a sua vida?

Hoje posso dizer que devo muito ao cavalo, pois ele me proporcionou um crescimento pessoal imensurá-vel. Trouxe grandes amigos que hoje tenho como exemplos, no Campolina em especial, posso citar os criadores: Nilton Avelar, Juarez Assis dos Santos, Carlinhos de Senhora de Oliveira e meu grande espelho profissional, Dr. João Carlos da Fonseca Chaves. Por fim, agradeço a Deus, aos meus pais e toda minha família que hoje se estende ao Clube do Cavalo de Con-selheiro Lafaiete.

||| Leandro Chagas, participativo em todos os eventos de Conselheiro Lafaiete

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Leandro ChagasEntrevista

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Matéria

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Autobiografia de Júpiter de Passa Tempo

por José Eugênio Dutra Câmara Filho (Dudu)

asci na lendária Fazenda Campo Grande, em Passa Tempo, do Sr. Bolivar de Andrade, criador ícone da raça Campolina. Nos anos 50, 60 e 70, após a fundação da ABCCC,

meu criatório junto ao criatório Gas eram os principais na raça Campo-lina, representantes das duas linha-gens pilares da raça. Passa Tempo com Sr. Bolivar e seu filho Márcio, e Gas com Sr. Gastão e seu filho Gastãozinho.

Nasci no final de 1970, em uma safra onde fui o único grande des-taque na raça nascido na fazenda. Foi uma safra onde vários potros e potras faleceram, sendo por isso, a letra J, com poucos representantes.

Neste ano, nasceram filhos de três garanhões da fazenda: do meu avô materno Xerife, do meu tio

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||| Em 1981, sagrou-se Campeão Nacional Sênior

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Contrabando, e do meu pai Expo-ente. Minha mãe era a Causa de Passa Tempo, filha do Xerife e da Palmeira Lindóia. Minha avó era filha do Aliado da Palmeira, do criatório do Sr. Ascânio Diniz, marca D, que teve como sucessores seus sobrinhos Fernando, Vadinho e Pedro Diniz.

A safra seguinte à minha, letra L, foi uma das mais famosas do Passa Tempo, com vários machos nascidos que brilhavam aos olhos de quem visitava a fazenda. Assim sendo, fui vendido com pouco mais de um ano para o Sr. Adayl Caetano, criador em Campos/RJ, sufixo Moto Contínuo, já que os potrinhos recém-nascidos eram as jóias da fazenda naquele momento.

Lá em Campos, morei entre 1972 e 1973. Aos dois anos, a Gas Favo-rita ficou prenha de mim, que daria minha primeira cria. O Sr. Seve-rino Veloso, criatório São Pedro, o numero um à época do Rio de Janeiro, foi me conhecer, porém resolveu comprar a Favorita e a levou com minha primeira filha ao ventre, nascida com o nome de Vênus de São Pedro. Quando ela nasceu eu tinha pouco mais de três anos.

Em meados de 1973, o criador Roberto Cantelmo, apareceu lá no Sr. Adayl para me conhecer. Ele recebeu indicação de um técnico da ABCCC, muito respeitado no meio, Dr. Donorte Lourenço André, grande conhecedor do Campolina. Sr. Adayl não queria me vender, mas Cantelmo ofereceu uma fortuna por mim, e lá fui eu para Nova Friburgo.

Para mim foi ótimo, pois ele estava começando seu criatório e investindo em ótimas éguas para mim. No Sans Souci fiquei de 1973 a 1980. Lembro-me que no verão de 1974, foram lá no Haras, o Dr. José Eugenio, lá de Barbacena, com seus dois filhos Luiz Ângelo e Dudu, este ainda um menino de nove anos. Estavam passando férias em Cabo Frio, mania antiga de mineiro. O pai do Dudu achou que eu era muito

pequeno, mas o irmão dele gostou muito de mim, e o Dudu desta visita só lembra que achava muito engraçado os casos que o Cantelmo contava.

Pouca gente sabe, mas eu iria estrear nas pistas, na Nacional de 1975, em Campos. Nesta época as nacionais eram itinerantes, e todas as raças juntas. Porém me machu-quei e não compareci. Ganhou o Gas Marujo, à época muito famoso e badalado, mas pensando bem, nem parecíamos da mesma raça, de tão diferentes que éramos.

Desta turma foram campeões nacionais da raça : Coca-Cola, Ciu-menta e Frevo. E campeões nacio-nais de categoria: Coquitel, Deva-neio, Fofoca e Heroi. Existia uma dúvida quanto a paternidade do Herói, alguns acusando a Valeria de Sans Souci de ter me traído com o Ousado de Passa Tempo. Como não havia à época DNA para provar nada, vale o que está no papel, e por isto Herói é meu filho! Acho que esta história foi pura vingança do Ousado, pois antes do Herói nascer me acusavam de ter traído Ousado com a Ciumenta, e que seria eu o

verdadeiro pai do Gavião. Tudo fofoca!

Meus três filhos campeões nacio-nais da raça sênior eram atrações garantidas nas exposições: Coca--Cola, Frevo e Ciumenta, eles me ajudaram na minha fama de grande garanhão que fui. E por pouco não tive mais um filho campeão, o Herói de Sans Souci, em 1989 foi reser-vado campeão. Diz o Dudu que ele merecia com sobra o título deste ano, mas na época dos cavalões ele perdeu. Meu filho Herói nasceu dez anos antes do que deveria ter nas-cido, pois ai sim teria sido muito mais admirado do que foi. Um cavalo muito próximo do padrão racial.

Jayme Figueiredo, do Rancho 70, proprietário da Coca-Cola, Frevo e Herói fez grande marketing para a raça, inclusive levando meus filhos à Equitana na Alemanha. Em uma época que cavalos altos e pesa-dos se destacavam, e o andamento ainda não era tão valorizado, con-segui a admiração de muitos pela minha leveza de frente, porém com expressão racial, pescoço lindo, bem ligado, corpo proporcional, bons membros e com andamento muito

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Autobiografia de Júpiter de Passa TempoMatéria

marchado, sobrevivi à época dos cavalos grandões.

Mas voltando a falar do Ousado, em 1979, Ousado de Passa Tempo, meu irmão paterno, era o cavalo mais falado da raça, e com razão, pois era um cavalaço! Joel Bastos Garcia o descobriu, o criou e vendeu ao Cantelmo por uma fortuna. Per-cebi que meu espaço iria se reduzir, ainda mais que Ousado foi cam-peão nacional da raça em 1979, e

eu com quase dez anos, nunca tinha entrado num parque de exposições, pois poderia ser considerado um cavalinho, já que eu era menor que os outros.

Para utilizar todo o bom momento do Ousado, Cantelmo vendeu-me ao Serginho Cantídio Ferreira, do Haras Graipu, situado em Governa-dor Valadares/MG. Voltei a Minas Gerais e em GV fiquei de 1980 a 1983.

Fui muito feliz por lá, pois Ser-ginho adquiriu boas matrizes para mim, e pude enfim estrear nas pistas já com dez anos. E foi na I Semana Nacional do Cavalo Campolina, 1981, onde não deu outra: fui cam-peão nacional sênior. Como neste ano não constava no regulamento o campeão da raça, considero--me com dono do título máximo nesta exposição por ter sido o mais velho campeão neste certame. No ano seguinte fui de novo campeão nacional sênior, mas aí já teve cam-peonato da raça e perdi. Mas perdi para o meu filho Frevo, por isso não me importei.

Desta minha passagem por Governador Valadares, destacaram entre vários filhos: Electra, Fadu, Gata, Guaru, Hena, Harpa e Herau, todos do Graipu. E entre outros cria-tórios que me usaram: Desacato da Maravilha, Janaina do Porto Alegre e Jaqueline do Porto Alegre. Fadu, Herau e Jaqueline foram campe-ões nacionais e Desacato foi hepta campeão nacional progênie de pai, e por uma década seus filhos dominaram as pistas e o mercado da raça. Seu criador Luiz Eduardo Brandão Cortes, fez uma máquina de fazer campeões e um dos mais famosos cavalos Campolina. Desta fase em GV, foi uma pena ter mor-rido tão cedo, mas meu filho Herau do Graipu poderia ter marcado uma época na raça. Um cavalaço!

Porém Serginho resolveu encerrar seu criatório de Campolina. Perdeu a raça um grande criador, e um sujeito

||| Iluminado de Alfenas, filho

||| Pharaó de Alfenas, neto

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muito gentil e agradável. Gostei de ser seu. Em 1983, a Gameleira foi interditada por problemas sanitá-rios, e a Nacional foi em Governa-dor Valadares. Foi nesta exposição, em setembro, que o Sr. Jamil Saliba, do criatório Alfenas me adquiriu. Cheguei em Alfenas, no Sítio São Jorge, no início de 1984, e um ano depois fui para a Ilha da Chapada, município de Boa Esperança, com os demais animais. Comecei aí minha terceira fase como reprodutor.

Foram sete safras até 1990. Meus principais produtos nesta época foram: Fada, Genghis Khan, Her-deira, Hércules, Hosana, Hispânico, Halleluiah, Iluminado, Isla Bonita, Justiça, Legionário, Madonna, Melissa, Mandamento, Minerva, todos “de Alfenas”. E de outros criatórios que me usaram nesta fase: Diplomata do JB, Batmasterson das Arabias, Felicidade da Filó, Impera-triz do Tiguara e Jandaia do Tiguara – estas duas últimas, do grande amigo do Sr. Jamil, o Guaracy Engel Vieira.Desta fase foram campeões nacionais: Fada, Hispânico, Ilumi-nado, Madonna, Melissa, Bat Mas-terson das Arabias e Felicidade da Filó. Iluminado foi campeão nacional da raça e grande marchador nacio-nal. Apesar da fama do Iluminado ser o filho melhor marchador que fiz, eu concordo com o Dudu: minha cria que melhor marchava era a Fada de Alfenas, uma verdadeira profes-sora de marcha!

Em 1987 fui o primeiro animal da raça a entrar no Livro de Elite, que tem como pré-requisitos ter dez filhos campeões nacionais e antece-dência com genealogia reconhecida. Sou o número 1! Nos anos de 1993, 1995 e 1998, o Sr. Jamil, e seus filhos Paulinho e Ricardo promove-ram os famosos Leilões Herança de Júpiter, sendo o primeiro em Barba-cena, e os outros dois em BH. Foram leilões de grande sucesso, o criatório Alfenas além da excelência de seus animais, inovava na raça com um

material de marketing diferenciado, bom gosto e refinamento, muito diferente do que se via à época. E os personagens principais éramos eu e meu filho Iluminado.

Iluminado de Alfenas, filho meu e da Luiza Brunet das Arábias - esta filha do campeão nacional da raça Frevo de Santarém, cria dos irmãos Emir e Lycio Cadar - além de um super campeão em pista, teve pro-dução muito valorizada, sobretudo quando foi vendido ao Haras Hibi-peba, à época uma sociedade dos irmãos Norival e Roberto Siqueira. Como gerador de marcha de exce-lência, Iluminado obteve grande pro-cura pelos seus filhos, com alta valo-rização até os dias de hoje. Curioso que seu reconhecimento foi ainda maior depois da sua morte, quando a raça deu um boom na valorização da marcha. A família Saliba, carac-terizada pela gentileza e fineza no trato pessoal com todos, priorizou a raça Árabe, porém marcou de forma indelével sua passagem pela raça Campolina, e sei que fui a principal ferramenta deste sucesso.

No início de 1990, tive uma fra-tura na perna, e mesmo após duas

cirurgias, não resisti e tudo termi-nou, aos 19 anos. Mas apenas em vida, na história do Campolina, deixei um grande legado, seja na produção, nas pistas, no refina-mento que a raça precisava na mor-fologia, no biótipo próprio para uma boa funcionalidade, ou ainda no andamento marchado com tríplice apoio bem definido caracterizando a verdadeira marcha natural.

Agradeço a todos dos criatórios Passa Tempo, Moto Contínuo, Sans Souci, Graipu e Alfenas, que me deram condições para brilhar na raça Campolina. E daqui, nos prados do céu, sob os cuidados do Sr. Bolí-var e de seu filho Márcio, recebemos este ano de forma muito respeitosa o Sr. Jamil Saliba, e junto com meus filhos, vamos contando “causos” desta raça Campolina que ajudamos a construir e será sempre a maior entre todas, assim como entre os planetas do sistema solar o maior de todos é ele, simplesmente, o inspira-dor do meu nome: JÚPITER!”

Júpiter do Passa Tempo

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Artigo

A

Odontologia Equina

pesar de muitos acreditarem que a odontologia equina é uma prá-tica recente, existem registros que se referem a esta ciência que ante-cedem a era cristã, entretanto, no Brasil, ela é relativamente recente na prática clínica e cirúrgica equina. Faz-se relevante a conscientização da necessidade dos cuidados odontológicos com os equinos, tanto por parte dos proprietários desses animais, como dos próprios profissionais veterinários.

O acompanhamento odontológico se torna necessário devido a um fator principal, a domesticação. Com ela e, principalmente, com a alte-ração da natureza da alimentação e do espaço disponível ao animal, muitos problemas podem surgir e comprometer a eficiência alimentar do cavalo, o bom funcionamento de seu sistema gastrointestinal, seu bem-estar e sua performance esportiva. O problema mais corriqueiro e principal é o aparecimento de pontas excessivas de esmalte dentário, o que pode causar dor, lesões nas mucosas e também úlceras mais graves.

A vantagem da realização da intervenção odontológica é tão grande que o alemão Erwin Becker demostrou que cavalos com arcadas den-tárias regularas e equilibradas consumiam menos 1,5kg de aveia por dia, sem perda da condição nutricional. Esta descoberta permitiu que o exército alemão economizasse toneladas desse alimento para alimen-tação de mais de dois milhões e meio de equídeos durante a Segunda Guerra Mundial.

Os fenômenos químicos na cavidade oral, como os subsequentes no estômago e intestinos, dependem da sanidade e da eficiência dentária sobre os alimentos, de forma a otimizar a digestibilidade, e por isso con-sideram-se intimamente relacionados a sanidade e funcionalidade den-tárias e a síndrome cólica, distúrbio recorrente e comum em equinos.

Além das consequências sistêmicas, observam-se também nos equinos enfermidades dentárias que devem ser tratadas, tais como curvaturas ventral e dorsal, mordida em diagonal, padrão de desgaste anormal nos pré-molares e molares (rampas, ganchos, ondas, degraus, cristas transversas exageradas, pontas excessivas de esmalte e arcadas assimétricas), dentes de lobo inclusos ou que incomodem o animal, dentes caninos proeminentes, diastemas interdentais, retenção de dentes decíduos, fraturas dentárias, cáries e doença periodontal.

Conclui-se que o investimento para que a saúde bucal do equino seja mantida evita uma série de consequências mais graves o que confirma a importância da odontologia equina preventiva e terapêutica.

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Bárbara Alves DuarteMédica Veterinária . CRMV-MG 14.656Formação em odontologia equina no Brasil e na Europa [email protected]

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Otimizando a alimentação equina com o procedimento odontológico

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Matéria

A

Eleições da ABCCCampolina têm data marcada

É hora de refletir e escolher o melhor para a raça

36 Força Campolina | Agosto 2015

s eleições responsáveis pela esco-lha da nova diretoria da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCC) foram agen-dadas para o dia 25 de novembro deste ano. Para que você, nosso leitor, possa conhecer o plano de trabalho de cada um dos candida-tos e também dar a cada um deles a possibilidade de mostrar à raça Campolina suas aspirações a revista Força Campolina abrirá espaço para aqueles que pleiteiam a direção da entidade.

Nossa edição chegará às mãos dos criadores em outubro, durante a tão aguardada Nacional, e o espaço aberto à discussão dos rumos de nossa entidade se dará neste exem-plar de tão grande circulação. Para que possamos publicar de forma abrangente e imparcial os planos dos concorrentes, solicitamos que nos sejam enviadas as seguintes informa-ções: foto do candidato, currículo do

mesmo, contendo elementos como: tempo de criação, atividade profissio-nal, cargos outros, sua chapa e que respondam aos questionamentos:

1) Qual sua principal meta a frente da ABCCC?

2) Quais as propostas mais urgen-tes e qual o objetivo final de sua candidatura?

3) Mande um recado para seus eleitores.

Estamos à disposição de todos e lembramos que a democracia é necessária, que a maioria é soberana e que todos os criadores do cavalo Campolina precisam analisar todas as propostas, refletirem sobre o melhor rumo a se tomar tendo como análise primordial o crescimento e a qualidade da raça.

Certos de que este será um debate de alto nível e que poderá ser de grande valia para a reflexão dos eleitores frente a eleição que está por vir, aguardamos as propostas

dos candidatos através do e-mail: [email protected].

Também estamos abertos aos con-tatos dos nossos leitores seja para a sugestão de matérias, solicitação de informações sobre os candidatos ou assuntos diversos. O e-mail de con-tato é o mesmo citado acima.

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Confira as regras e prazos eleitorais da ABCCC

• Antes de 70 dias da eleição a atual diretoria nomeará a Comissão Eleitoral (art. 62);• 70 dias antes da Assembléia geral de eleição serão publicados os atos de convocação das eleições (edi-tal e circulares da ABCCC) (art. 29 do Estatuto);• 60 dias antes do pleito é a data limite para o pagamento dos débitos do associado perante à ABCCC, condição imprescindível ao exercício do direito de voto (arts. 60 e 64, do Estatuto);• 40 dias antes da data do pleito é o prazo limite para inscrição de chapas (art. 61);• No ato de inscrição da chapa será entregue lista com a relação completa dos associados, contendo endereço, telefone, fax e e-mail de cada associado (§ único do art. 61);• 30 dias antes da data da eleição a Comissão se manifestará sobre a elegibilidade dos candidatos constantes da chapa (art. 63);• Após a comunicação da eventual inelegibilidade da chapa pela Comissão Eleitoral, o presidente da chapa poderá substituir candidato em três dias corridos (§ único, art. 63);• 25 dias antes do pleito a Comissão remeterá aos associados, pelo correio, as cédulas para a votação (§primeiro do art. 64);• 25 dias antes do pleito será fixada, na sede da associação, a lista dos associados aptos a votar (parágrafo segundo do art. 64);• Até às 18hrs do dia que antecede o pleito, os envelopes com os votos serão lavrados no livro próprio e colocados em uma urna (art. 65), que será lacrada neste mesmo dia (art. 67);• A Assembleia das eleições será realizada em primeira convocação (2/3 dos associados) e em segunda convocação (5% dos associados) - (art. 32, do Estatuto);• Pode votar e ser votado somente o associado com mais de seis meses de admissão na associação, em dia com suas obrigações perante à ABCCC (taxas e emolumentos) (art. 10, inciso I, do Estatuto);• O Estatuto admite voto por correspondência (art. 59), porém veda voto por procuração (arts. 11 e 33);• O associado pessoa jurídica poderá indicar como candidato um dos seus representantes legais (art. 60, § único);• O direito de voto do associado contribuinte ins-crito como pessoa jurídica poderá ser exercido somente por seu representante legal na forma do contrato social ou estatuto, vedado o voto por procuração (art. 11).

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Doma racional conquista criadores

Animais se tornam dóceis com massagens e alongamentos

á dizia o filósofo alemão Arthur Schopenhauer: “A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bon-dade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem”. Casos de maldade com os animais sempre repercutiram muito nas redes sociais, mostrando que a população concorda com o que foi dito por Schope-nhauer anos atrás. Mas se há crueldade, também há uma grande maioria que se preocupa com o bem-estar dos animais.

Muitos criadores têm buscado, por meio da doma racional de equídeos, trocar a força e o castigo pela inteli-gência e confiança no trato com os cavalos. Diante disso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Minas) tem ampliado sua atuação para capacitar produtores por

meio de cursos de Formação Profissional Rural e Promo-ção Social. Mais de 100 mil pessoas são atendidas anual-mente em todas as regiões de Minas Gerais. Informações e orientações que antes não chegavam às regiões mais distantes, já alcançam os criadores.

A Doma Racional de Equídeos é um dos cursos ofere-cidos pelo Senar Minas. Nos últimos 10 anos, foram pro-movidos mais de 1.300 cursos, capacitando 14.168 pes-soas. Em 2013, 1.427 concluíram o aprendizado e, em 2014, esse número cresceu para 1.633. A procura pela capacitação e forma de lidar com os cavalos de maneira suave e segura tem aumentado a cada dia. O objetivo do curso é um só: mudar a maneira violenta com que alguns produtores, por desconhecimento, ainda utilizam para domesticar os animais.

Lídia Salazar . Revista Força do Campo

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||| O Senar Minas ministra o curso para mudar a maneira violenta com que alguns criadores ainda utilizam para domesticar os animais

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Doma racional conquista criadoresMatéria . Força do Campo

Qualidade de vidaPesquisadores e estudiosos têm

buscado se especializar em doma racional para difundir esse tipo de trabalho e melhorar a qualidade de vida dos equídeos. A doma racio-nal cria uma nova forma de comu-nicação entre o homem e o animal, baseada na inteligência, na técnica e no respeito.

Depois de criar por 25 anos cava-los Campolina e prestar assistência nos principais haras do país, Marco Antônio Chaves desenvolveu diver-sas técnicas de doma racional e criou o curso Doma Divina. A vida ao lado dos cavalos de diversas raças, mulas e éguas despertou no professor a habilidade de compre-ender a capacidade de cada animal e também a responsabilidade de repassar seu conhecimento para outros domadores.

“A maioria das pessoas que tra-balha com a doma de cavalos adota métodos agressivos e de imposição ao animal. Não conhecem alterna-tivas sem violência por não terem tido a oportunidade de estudar sobre isso”, explica Marco Chaves. Há quatro anos, o domador minis-tra o curso Doma Divina em haras, fazendas e parques de exposições em todo o Brasil.

Confiança do domadorA primeira parte do aprendi-

zado é uma palestra para o aluno sobre a importância da mudança de hábitos e o relacionamento fami-liar, autoestima e comportamento diante do animal. Marco Chaves acredita que é preciso ter um bom relacionamento dentro de casa e conviver bem com as pessoas para, então, saber lidar com os animais. “O domador precisa confiar no tra-balho que realiza e em sua capaci-dade, para transmitir essa confiança e ganhar o respeito do animal que está domando”, completa.

A segunda fase, já com o animal, é a contenção sem uso de

agressividade e o início de massa-gens nos pontos de ligamento do pescoço com a cabeça, trabalhando o sistema nervoso do cavalo, mula ou égua. “Depois vamos para a fisioterapia com alongamentos na lateral do pescoço e nuca e, após o relaxamento total, ensino a fazer a troca de mãos, postando-se ao lado do animal com uma mão no cabresto e outra na cernelha”, explica.

Após esse processo, monta-se no equino em pelo e repete-se a troca de mãos usando suavemente a rédea da focinheira e a perna no antebraço do lado oposto. “Nesse ponto é possível perceber se está confirmada a aceitação. Só então é possível iniciar um passeio a passo, no andamento natural do animal”. Os domadores que fazem o curso mudam de hábitos e passam a entender e a respeitar os limites do cavalo.

||| TÉCNICA: Marco Antônio Chaves, da Doma Divina, ensina o flexicio-namento com o cavalo

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A maioria das pessoas que

trabalha com a doma de cavalos adota métodos agressivos e de imposição ao animal. Não conhecem

alternativas sem violência por

não terem tido a oportunidade de estudar sobre

isso

Marco Antônio Chaves, domador

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Na Doma Divina não são usados esporas, chicotes ou pressão. A con-dição para evoluir é o tempo e o tra-tamento que é dado. O mercado de trabalho da equideocultura moderna exige uma mão de obra qualificada para que os animais sejam dóceis sem nenhum trauma, com técnicas que foram estudadas durante anos para alcançar com eficácia a doma racional.

Marco André Meuer fez o curso da Doma Divina com sete cavalos no Rancho Santa Fé, em Goianá, Minas Gerais. “Durante cinco dias fiquei maravilhado com a forma de se poder lidar com os cavalos, e foi isso que me chamou mais a atenção”, conta Marco Meuer. Segundo ele, a cada dia era feito um tipo de exercício com os cava-los. Em cada fase era testada a defesa de cada um, bem como avaliada suas particularidades. “Tinha cavalo bravo, que não deixava colocar nem o cabresto. No entanto, todos ficaram mansinhos, sem pular e dar coice. A Doma Divina relaxou os animais e eles se tornaram dóceis”, conclui.

Trabalho com mulas é sempre mais difícil

Em Nova Era, a 140 km de Belo Horizonte, Fernando Quintão fez o curso com Marco Antônio Chaves em uma mula. “Em dois dias eu consegui a confiança do animal como se eu já estivesse com ele há mais de 30 dias”, conta.

Impressionado com a eficácia das técnicas, Fernando Quintão enfatiza que o trabalho com mulas é mais difícil que o realizado com cava-los, mas que sua primeira surpresa com a doma foi que em 30 minutos de ensino já era possível montar no pelo do animal. “Quem lida com essa espécie sabe como é difícil montar sem o arreio. Um dos maiores benefí-cios foi a preservação da boca, porque o bicho te aceita sem você precisar ser violento com o cabresto. Não é pre-ciso machucar o animal para domar”, garante.

||| CARINHO: “Durante cinco dias fiquei maravilhado com a forma de se poder lidar com os cavalos, e foi isso que me chamou mais a atenção”, diz Marco André Meuer

||| Fernando Quintão já na etapa final do curso em

que a mula se tornou dócil

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Doma racional conquista criadoresMatéria . Força do Campo

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• Possibilita avaliação precoce do potencial de andamento, o que se torna interessante em se tra-tando de animais destinados à venda em leilões, ou mesmo para apresentação a compradores no haras;

• Evita o adestramento de potros durante a fase crítica da manifestação da libido, especialmente se esses potros já foram introduzidos na reprodução, o que geralmente ocorre por volta dos 30 meses de idade. A libido afeta negativamente o grau de concentração nas lições;

• Evita o adestramento de potras após terem sido cobertas, o que geralmente aumenta os riscos de reabsorção embrionária e/ou aborto;

• Reduz os riscos de danos à boca do animal, tendo em vista que retarda o uso de embocadura. Essa somente será introduzida quando o animal com-pletar o adestramento básico, ou seja, estiver exe-cutando corretamente o passo, a marcha ou o trote, as paradas, os volteios à direita e à esquerda e o recuo.

AS VANTAGENS

||| VIOLÊNCIA: A doma racional

não permite o uso do cabresto com

freio na boca, que pode machucar o

animal

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Uma ferramentainteligente para vender e comprar

seu cavalo.

[email protected] | 031 9449-3919 | 2555-8900

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Leite para quem tem alergia

Criadores de zebuínos buscam valorizar produto diferenciado

omar leite de vaca todos os dias é um hábito de milha-res de brasileiros. No entanto, o consumo dessa importante fonte de cálcio e proteína animal vem sendo apontado como a causa de diversos problemas de saúde, principal-mente os ocasionados pela reação imunológica do corpo às proteínas lácteas. Diante disso, alguns criadores da raça zebu estão investindo em estudos que possam identificar os animais que produzam um tipo de leite não alergênico e oferecer ao mercado um produto garantido e de alto valor agregado.

Presente na 55ª Exposição Estadual Agropecuária, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, o presidente da Associação Mineira dos Criadores de Gir Leiteiro (AMCGIL), Luciano de Araújo Ferraz, destacou as pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de Leite, juntamente com a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), que reve-lam que o leite da raça gir contém proteína que não causa alergia aos humanos, sendo esse conhecido como leite A2. Segundo ele, o melhoramento da raça gir leiteiro, aliado à exploração de sólidos - gordura e proteínas - e substâncias benéficas à saúde presentes no leite, é um dos principais focos dos pecuaristas.

Em sua fazenda, em Itapecerica, no centro-oeste mineiro, Luciano Ferraz cria 150 cabeças de gir leiteiro e já colhe os benefícios dos resultados dos estudos já divulga-dos. Segundo ele, por ser um produto com melhor quali-dade, os laticínios pagam mais pelo leite que ele fornece. “Precisamos conseguir apoio governamental e de institutos de pesquisa em prol da política de valorização do leite e da qualidade que ele apresenta. Só com esses apoios con-seguiremos dar continuidade aos estudos para, finalmente, colocarmos no mercado um leite com essas características e livre da proteína que causa a alergia”, afirma.

Maria Helena Dias . Revista Força do Campo

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||| AVANÇOS: De acordo com Luciano Ferraz, após o mapeamento dos touros em progênie, será iniciado o mapeamento das fêmeas

6%

da população mundial é alérgica à proteína do leite

9,3bilhões

de litros é a produção de

leite em Minas Gerais

24 milhões

de bovinos em Minas Gerais

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GuzeráEle revela que outras raças zebu-

ínas, como o guzerá, também apre-sentam leite de boa qualidade, mas que somente o gir tem estudos mais avançados com comprovação de testes. “Já há consenso entre os pecuaristas que temos um produto com grande diferencial de mercado. Nosso desafio agora é produzir leite com animais puros A2A2, com alta frequência desse alelo A2”.

Sobre as características da raça, o presidente da AMCGIL destaca a versatilidade, que serve tanto para produção de leite quanto para comercialização de animais, frutos de cruzamento com gado europeu

(holandês, jersey e pardo suíço). Ele explica que é um gado lucrativo e cita, como exemplo, a vida útil da vaca e o número de crias que o pro-dutor consegue obter. “Não é inco-mum a vaca parir até os 17 anos”. Segundo Luciano Ferraz, a média de preços por animal em leilões varia entre R$ 8 mil e R$ 15 mil. “Mas existem animais que já foram comer-cializados por mais de R$ 1 milhão, como o touro Jaguar do Gavião e as vacas Profana de Brasília e Fécula Mutum”. A maior concentração da raça gir está no município de Arcos, no centro-oeste de Minas, e de guzerá nas cidades de Curvelo, Governador Valadares e Uberaba.

Melhoramento genético da raça GIR

Para o coordenador do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Lei-teiro (PNMGL), André Rabelo, a expec-tativa é que, nos próximos cinco anos, o Brasil já esteja comercializando o leite A2. O programa, que está com-pletando 30 anos, busca promover o melhoramento genético da raça gir por meio da identificação de seleção de touros geneticamente superiores para as características de produção - leite, gordura, proteína e sólidos totais -, conformação e manejo. Em maio, foi apresentado o Sumário Brasileiro de Touros, onde foram divulgados os resultados do Teste de Progênie,

Leite para quem tem alergiaMatéria . Força do Campo

||| GUZERÁ: Assim como o gir, a raça também oferece leite com qualidade para quem tem intolerância à lactose

Ou as cooperativas e laticínios criam um linha de produção voltada para receber o leite A2 ou nós, criadores, vamos buscar uma forma de

valorizar o leite do nosso animal.

Luciano Ferraz,Presidente da Associação Mineira dos Criadores de Gir Leiteiro (AMCGIL)

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||| GIR: A seleção dos puros A2A2 irá garantir a melhor utilização dos touros nos acasalamentos que visam à produção de leite com valor agregado

Mesmo sendo consumido por quem não tem alergia, o leite A2 previne algumas doenças,

como diabetes e arteriosclerose.

André Rabelo,Coordenador do Programa Nacional de Melhoramento

do Gir Leiteiro (PNMGL)

a principal prova zootécnica do pro-grama, que incluiu o genótipo para a caseína A2.

“Por enquanto, estamos apenas em fase de estudos, mas já há muitos produtores investindo no gado com projetos para comercialização do leite”, revelou André Rabelo. De acordo com ele, alguns produtores brasileiros já fizeram a identificação das vacas que produzem caseína A2 e já estão investindo numa linha de produção própria, totalmente vol-tada para esse mercado. Um deles é o pecuarista e veterinário Eduardo Falcão, da Estância Silvânia, que está montando uma unidade de beneficiamento em Caçapava (SP).

Outro estudoPesquisadores de várias partes do

mundo tentam, há anos, separar no leite as proteínas A1 e A2. Uma pes-quisa da Unesp Jaboticabal, ABCGIL e Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) constatou que o gir leiteiro produz leite com prati-camente 100% de beta caseína A2, a que não causa alergia. O estudo foi realizado pelo médico veterinário Aníbal Eugênio Vercesi Filho, coor-denador técnico da ABCGIL. Outra raça que produz leite A2 é a guern-sey, que tem um rebanho muito pequeno no Brasil. As raças leiteiras européias mais conhecidas, como a Holandesa e a Jersey, produzem leite com 50% e 75% respectiva-mente com proteína A2, sendo seu consumo contraindicado a quem tem alergia.

As caseínas respondem por 80% das proteínas do leite de vaca. A beta caseína tem sido muito estu-dada por ter um alelo (A1) associado a doenças em humanos, principal-mente cardiovasculares e diabetes tipo 1. O alelo A1 é uma mutação do alelo A2. A proteína que causa alergia, a beta caseína A1, passou a ser produzida após uma mutação genética ocorrida há 10 mil anos em vacas de origem européia.

||| HERANÇA: “Gir leiteiro pode agregar valor ao leite por transmitir em baixa proporção o alelo A1”, diz André Rabelo.

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