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Revista Locus Científico

A Revista Locus Científico é a publicação oficial da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores-ANPROTEC. Seu escopo de ação engloba notícias, atualizações e destaques no setor de negócios

inovadores, incubadoras de empresas, parques tecnológicos, cultura empreendedora e habitats de inovação, além

de uma sessão devotada à divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial.

EXPEDIENTE

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulga-ção da cultura do empreendedorismo inovador eartigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc".

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicosoriginais e trabalhos de revisão, na área doEmpreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

COORDENAÇÃO EXECUTIVAMárcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF)

DIAGRAMAÇÃOConsenso Editora Gráfica (48) 3028 2924

TIRAGEM5.000 exemplares - agosto de 2007

IMPRESSÃOGráfica

CONSELHO EDITORIALAfrânio Craveiro (PADETEC)

Cláudio Furtado Soares (UFV)

Conceição Vedovello (Finep)

Desirée M. Zouain (IPEN)

Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)

Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)

Jorge Audy (PUC/RS)

José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)

Josemar Xavier de Medeiros (UnB)

Luís Afonso Bermúdez (UnB)

Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)

Paulo Alvim (SEBRAE)

Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)

Roberto Sbragia (USP)

ANPROTEC

ANPROTEC – Gestão 2005-2007

Presidente

José Eduardo de Azevedo Fiates

Vice-Presidente

Guilherme Ary Plonski

Diretores

José Alberto Sampaio AranhaChristiano Becker

Paulo Roberto Castro GonzalezJosealdo Tonholo

Superintendente

Sheila Oliveira Pires

Locus Científico - Uma revista ANPROTEC

Editor: [email protected]

ISSN - 1981-6790 - versão impressa

ISSN - 1981-6804 - versão digital

Associação Nacional de Entidades Promotoras

de Empreendimentos Inovadores

CGC: 03.636.750/0001-42

Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C

Salas 209 a 211

Edifício Brasília Trade Center

Brasília - Distrito Federal

Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555

E-mail: [email protected]

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LOCUS CIENTÍFICO

SUMÁRIO

EDITORIAL

EDITORIAL

Cultura Empreendedora e aumento no número de trabalhos – Josealdo Tonholo ...................................................................... 47

ARTIGOS ORIGINAIS

CEI- Cultura do Empreendedorismo Inovador

PlaNInt!: Uma ferramenta Web inteligente de auxílio à escrita de planos de negócios em portuguêsPlaNInt!: Intelligent Web toll to writing support of business plans

Caio Cezar Pimentel Ferraz Júnior, Eduardo Pinto Vilas Boas, Marcelo Adriano Amancio,

Eliane Raymundo, Sandra Maria Aluísio, Valéria Feltrim, José Dornelas ..................................................................... 48 - 57

CEI- Cultura do Empreendedorismo Inovador

A lei da Inovação e a Cultura Empreendedora: reflexões a partir do programa de incubação de empresasda EmbrapaThe Brazilian Innovation Law and the enterprising culture: reflections from the program of incubation of

companies of the Embrapa

Félix Andrade da Silva, José Manuel Cabral de Sousa Dias e Sérgio Mauro Folle ........................................... 58-65

Cultura Empreendedora eaumento no número de trabalhos

Caros Colegas,

Com prazer apresentamos o 3º. número da revista Locus Científico, em que temos um conteúdo bastante focado naCultura do Empreendedorismo Inovador.

De um lado, os pesquisadores da Empreende, USP-São Carlos e da Universidade Estadual de Maringá apresentamuma interessante ferramenta para auxiliar no árduo trabalho de redigir um plano de negócios, através da web, mas comuma visível rigidez de conteúdo. De outro lado, a equipe da maior e mais competitiva empresa brasileira de pesquisa – aEmbrapa – apresenta os avanços institucionais alcançados em função das oportunidades abertas pela Lei da Inovação. Osdois textos são fundamentais para uso na academia: de um lado um pacote muito útil nas aulas de empreendedorismoe de outro lado um elemento de provocação para as ainda conservadoras Universidades, principalmente as públicas, quetêm muita dificuldade de se adequarem aos ditames da Lei da Inovação.

No contexto do Movimento Nacional, ressaltamos uma significativa conquista dos atuantes em parques tecnológi-cos: a clara disposição da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados em apoiar a causa. Tal avançoculminou com uma sessão especial da Comissão no mês de julho, na qual foram discutidos vários aspectos, desdetaxonomia, modelos de gestão, passando pelo financiamento e o investimento público. Os deputados demonstraramclaramente que acreditam na figura do parque tecnológico como elemento de transformação regional e de desenvolvi-mento nacional.

Por fim, destaque-se a proximidade da realização do Seminário Nacional, com novo recorde de trabalhos aprovados.Esses trabalhos deixam evidente que o movimento brasileiro já está bastante sólido e o modo de fazer incubadoras jáestá bem sedimentado. Nesse ano, o Workshop e o Seminário serão pautados por sessões temáticas, focadas em temasestratégicos ou oportunidades econômicas, ainda mais com o re-acendimento das iniciativas de parques tecnológicos,dada a sintonia demandada com a realidade global. Também é clara a tendência do resgate e solidificação do tratamentoacadêmico dos temas de interesse, e de forma ressaltada, os temas voltados para o estímulo à Cultura do Empreendedo-rismo Inovador, cujos trabalhos aumentam em número e em qualidade, para agonia de nossos assessores.

Josealdo TonholoEditor

[email protected]

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LOCUS CIENTÍFICO

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

PlaNInt!: Uma ferramenta Web inteligente de auxílio àescrita de planos de negócios em português

PlaNInt!: Intelligent Web toll to writing support of business plans

Caio Cezar Pimentel Ferraz Júnior*1, , Eduardo Pinto Vilas Boas1, Marcelo Adriano Amancio2, Eliane Raymundo2,Sandra Maria Aluísio2, Valéria Feltrim3, José Dornelas1

1 Empreende - Avenida Angélica 1761, cj 43. 01227-200 São Paulo-SP – Brasil

2 Núcleo Interinstitucional de Lingüística Computacional - Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação – USP - AvenidaTrabalhador São-carlense, 400 - Centro.Caixa Postal: 668 – 13560-970 - São Carlos – SP – Brasil

3 Departamento de Informática - Universidade Estadual de MaringáAvenida Colombo, 5790 – Zona 07 - 87020-900 – Maringá – PRe-mail: [email protected]**Autor de contato / corresponding author

Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2007, revisado em 15 de maio de 2007, aceito em 04 de junho de 2007.

RESUMO

O plano de negócios é um documento que foca o pla-nejamento das atividades de uma empresa, principalmenteem fase inicial de constituição. Por isso, é extremamente útile tem sido bastante difundido junto aos interessados na cri-ação de um negócio próprio. Geralmente, os empresáriosiniciam um negócio próprio sem planejamento ou com pla-nejamento precário, pois não entendem como fazê-lo ounão despendem de tempo suficiente para estruturar seusplanos de negócios. Fica evidente, então, a necessidade dese apresentar soluções tecnológicas que auxiliem estes em-presários no desenvolvimento de planejamentos melhor es-truturados, o que não vem ocorrendo de forma efetiva, ape-sar dos avanços ocorridos nos últimos anos na área de em-preendedorismo. Este artigo apresenta um sistema inteli-gente de auxílio à elaboração e escrita de planos de negóci-os baseado na Web, no qual são empregados métodos im-plementados em ferramentas de auxílio à escrita científica,que foram desenvolvidas ao longo de vários anos no NúcleoInterinstitucional de Lingüística Computacional na USP deSão Carlos/SP. São métodos da área de Inteligência Artificialestendidos para o domínio de empreendedorismo, mais es-pecificamente, para planos de negócios. O sistema será in-corporado ao portal www.planodenegocios.com.br, apoian-do usuários de maneira interativa, em várias etapas da ela-boração de um plano.

PALAVRAS-CHAVE:

• Planos de Negócios,• Ferramentas inteligentes,• Suporte à escrita

ABSTRACT

The business plan is a document for planning the acti-vities of a company mostly in its start-up phase. It is extre-mely useful and it has been widely known by who is invol-ved in starting-up a new business. It is common an entre-preneur create his own business without or with a poorplanning, since he doesn’t know how to do it or doesn’thave enough time to do it. It is clear that there is a neces-sity of technological innovations for helping entrepreneursdevelop well structured business plans, what hasn’t beenhappening in last years, even though the huge advance ofresearch and development in the area of entrepreneurship.This paper presents an intelligent web based system forhelping to elaborate and write business plans. The systemuses methods implemented in tools for helping scientificwriting which have been developed for many years at TheInterinstitutional Center for Research and Development inComputational Linguistics, USP/São Carlos. These metho-ds are based in artificial intelligence and now applied toentrepreneurship and business plans area. The system willbe included at portal www.planodenegocios.com.br, hel-ping users in an interactive way, guiding them in the manysteps of a business plan elaboration.

KEYWORDS:

• Business plan• Intelligent tools• Writing support

Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-5748

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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1. INTRODUÇÃOO plano de negócios pode ser considerado a principal

ferramenta de gestão dos empreendedores. Por se tratar deum documento que foca o planejamento das atividades deuma empresa, principalmente em sua fase inicial, é extre-mamente útil e tem sido bastante difundido junto aos inte-ressados na criação de um negócio próprio [Dornelas, 2005].Além disso, vem ao encontro da necessidade evidente de seaumentar as possibilidades de sucesso das iniciativas de cri-ação de empresas no Brasil e também no exterior. Segundopesquisas mundiais [GEM, 2001; 2004], o Brasil é apontadocomo um dos países com maior iniciativa empreendedorano mundo. Do ponto de vista brasileiro, estatísticas apre-sentadas em pesquisas efetuadas pelo Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram quemenos de 40% das empresas criadas no país chegam ao fi-nal do primeiro ano de vida (Sebrae, 2003). A principal cau-sa apontada é a falta de planejamento. Nesses casos, osempresários, candidatos a empreendedores de sucesso, ini-ciam um negócio próprio, na maioria dos casos, sem plane-jamento ou com planejamento precário, pois não despen-dem de tempo suficiente para estruturar seus próprios pla-nos de negócios, que geralmente demandam em média doismeses de desenvolvimento.

Diante desse cenário, é evidente a necessidade de seapresentar soluções tecnológicas que auxiliem os empresá-rios no desenvolvimento de planos bem estruturados, o quenão vem ocorrendo de forma efetiva, apesar dos avançosocorridos nos últimos anos na área de empreendedorismo.Entre esses avanços, podem ser citados o suporte aos em-preendedores brasileiros no desenvolvimento de planos denegócios promovido nos últimos anos por ações por partedo Sebrae, o crescimento do ensino de empreendedorismonas universidades e ensino médio, as publicações que têmfocado o assunto, bem como a criação de sites na Internetespecializados em empreendedorismo.

Um site em particular, o www.planodenegocios.com.br,pode ser considerado uma das principais referências nacio-nais no assunto. Contém inúmeras funcionalidades dispo-níveis aos empreendedores e estudantes, tais como artigos,material de suporte, apresentações, links para outros sites,cursos online, dinâmicas de criatividade, exemplos de planode negócios, jogos de empreendedorismo, testes de perfilempreendedor, entre outras. O acesso ao site tem crescidosubstancialmente, desde sua criação em 1999. Atualmente,o site possui cerca de 50.000 pessoas cadastradas que utili-zam seus recursos e pagam por este uso, o que mostra osucesso do site junto ao seu público-alvo. Uma média de2.000 a 5.000 pessoas acessam o site diariamente, com pi-cos eventuais de 7.000 pessoas/dia. Ao se cadastrar no sitePlano de Negócios, o usuário responde a um questionáriocom indagações sobre seu principal interesse. Mais de 70%das pessoas buscam exemplos de como desenvolver um pla-no de negócios ou ferramentas de software que auxiliemnesta tarefa.

Outro tipo de suporte à criação de planos de negóciossão os softwares. No mercado americano, por exemplo, exis-tem diversos produtos destinados ao desenvolvimento deplano de negócios, com vendas acima de 1 milhão de cópi-as, como é o caso do Business Plan Pro(www.paloaltosoftware.com), líder nos EUA. No Brasil, exis-te um produto desenvolvido há alguns anos e utilizado porestudantes, o Make Money (www.doctorsys.com.br) e, maisrecentemente, um outro produto desenvolvido pelo Sebrae(SPPlan). No entanto, estes produtos apresentam apenasestruturas de plano de negócios e templates com a seqüên-cia de passos que se deve seguir até a obtenção do plano denegócios.

O processo de construção de um plano de negócios nãodeve limitar-se a seguir passos pré-estabelecidos e preen-cher templates, devendo ser encarado como um processode aprendizado e interação do empreendedor com a opor-tunidade. Para Timmons, Zacharakis e Spinelli [2004, p.4],“ao articular no plano de negócios a natureza da oportuni-dade e a forma pela qual o empreendedor irá explorá-la, omesmo terá que responder muitas questões que enfrentará,de fato, quando lançar-se no negócio”. Nesse sentido, mes-mo seguindo os passos sugeridos nos softwares convencio-nais de elaboração de planos de negócios, o usuário nãoconsegue obter um plano de negócios adequado, devido àsua falta de experiência no desenvolvimento desse tipo dedocumento, e, principalmente, por não saber estruturar eescrever de forma adequada a sua idéia, estratégia, merca-do-alvo, ou seja, seu conceito de negócio.

De fato, os candidatos a empreendedor e alunos, emmuitos casos, carecem de habilidade de escrita, isto é, pos-suem problemas na escrita de um texto que apresente me-canismos de coesão entre as suas partes culminando comum todo coerente para a tarefa e público alvo em questão[Koch, 1998; Koch e Travaglia, 2002], o que inviabiliza aobtenção de um bom plano de negócios. Isso ocorre, poishá diferenças entre conhecer bem o mercado, a proposta denegócio, etc. e transmiti-la de forma vendável, com clarezae objetividade aos diferentes públicos do plano de negóci-os. Siegel, Ford e Bornstein [1987, p.1] reforçam essa teseafirmando que os “empreendedores normalmente são me-lhores executores do que escritores de propostas”, e que“muitos empreendedores têm dificuldades em articular osconceitos do negócio” em um documento. Dornelas [2005,p.95] ressalta, ainda, que “a maioria dos planos de negóci-os resume-se a textos editados sobre um modelo predeter-minado, que não convencem ao próprio empreendedor”,falhando, portanto, como ferramenta de venda da idéia econceito de negócio proposto.

Este artigo tem como objetivo apresentar uma ferra-menta inteligente de auxílio à escrita e elaboração de planode negócios, baseada na Web, chamada PlaNInt!. PlaNInt!,que ainda está em fase de desenvolvimento, possui váriasinovações: i) é um software para plano de negócios dedica-do à língua portuguesa; ii) incorpora no software o conhe-

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cimento - know how - da empresa Empreende, importanteconsultoria brasileira especializada no assunto e que geren-cia o Portal Plano de Negócios; iii) emprega PLN (Processa-mento de Língua Natural) em software para planos de ne-gócios; iv) transfere tecnologia e conhecimento acumuladoem muitos anos no Núcleo Interinstitucional de LingüísticaComputacional (NILC: http://www.nilc.icmc.usp.br/) paratextos científicos, para o domínio de planos de negócios; ev) conduz o autor à escrita de um plano de negócios com-pleto, flexível e bem escrito, evitando que o mesmo cometaerros comuns como números fora da realidade e constata-ções sem parâmetros objetivos e desprovidas de fonte.

Este documento está organizado da seguinte maneira:na Seção 2, apresentamos um breve resumo das ferramen-tas de auxílio à escrita desenvolvidas no NILC que utilizam amesma metodologia de desenvolvimento de PlaNInt!; naSeção 3 descrevemos os recursos e métodos utilizados paraa implementação do auxílio à escrita do Sumário Executivo(SE) de um plano de negócios – a seção do ambiente queestá em construção e que já apresenta os primeiros resulta-dos; na Seção 4 apresentamos um caso de uso da escrita deum SE usando PlaNInt!; e finalmente, a Seção 5 conclui oartigo e apresenta os trabalhos futuros.

2. FERRAMENTAS DE AUXÍLIO À ESCRITAEm 1991, iniciou-se um projeto para a criação de um

ambiente computacional com ferramentas de auxílio à es-crita, específicas para a elaboração de artigos científicos, queculminou com a implementação do sistema AMADEUS (AMi-

able Article DEvelopment for User Support) com suas ferra-mentas de Referência, Suporte e de Crítica [Caldeira et al.,1992; De Oliveira et al., 1992; Aluisio e Oliveira, 1995; Alui-sio e Oliveira, 1996; Aluisio e Gantenbein, 1997a; Aluisio eGantenbein, 1997b; Aluisio et al., 2001]. Com a criação doNILC, em 1993, ao longo dos anos foram acrescentadas novasferramentas ao AMADEUS e sistemas correlatos foram deri-vados.

A estratégia central do sistema AMADEUS é o reuso deexpressões lingüísticas, extraídas de textos reais e bem es-critos, categorizadas de acordo com as metas retóricas dosdiferentes componentes textuais de um dado tipo de texto.O objetivo inicial de fornecer tais expressões contextualiza-das era o de melhorar a produção escrita de textos científi-cos em inglês, de autores que não possuíam o Inglês comolíngua nativa, diminuindo com isso a interferência negativada língua materna. Essa interferência pode se dar em váriosníveis: 1) No nível léxico pelo mau uso de falsos cognatos epalavras homófonas; falta ou mau uso de expressões idio-máticas e outras colocações empregadas em textos científi-cos; 2) No nível sintático, com o uso de construções grama-ticais da língua materna; tradução palavra por palavra; ora-ções muito longas ou complexas; e 3) No nível textual, pelouso de estruturas retóricas ou estratégias de escrita da lín-gua materna; mau uso de relações lógicas entre orações efalta de referências. Além de diminuir essa interferência, o

uso das expressões contextualizadas ajuda o usuário a sefamiliarizar com construções sintáticas e semântico-sintáti-cas incomuns na língua nativa, a reusar os marcadores dediscurso [Paizan, 2001], verbos e tempos verbais, e a inser-ção de material bem escrito no texto a ser redigido, paratornar mais fluente1 o novo texto.

Ao longo dos últimos anos novos sistemas foram de-senvolvidos no NILC, introduzindo inovações como um sis-tema de auxílio à escrita em português de teses e disserta-ções na área de computação, o SciPo2 - Scientific Portugue-se [Feltrim et al., 2004; Feltrim et al., 2005]. Este último sis-tema foi construído nos moldes da ferramenta de Crítica doAMADEUS, com reconhecimento automático da estruturade resumos escritos por estudantes para posterior avaliaçãodesta pelo sistema. Também foi desenvolvida um ferramen-ta para o domínio da Farmácia que possui a mesma interfa-ce (look-and-feel) do SciPo, a funcionalidade da ferramentade Suporte do AMADEUS e trata de artigos científicos eminglês [Schuster et al., 2005; Aluísio et al., 2005]. O SciPo-Farmácia3 foi utilizado e avaliado em dois cursos de EscritaTécnica em nível de pós-graduação da Faculdade de Farmá-cia da USP, em um curso de pós-graduação do IFSC da USPSão Carlos e em um curso de Difusão, modalidade Educa-ção continuada do ICMC-USP São Carlos.

A título de ilustração do funcionamento de algumas dasestratégias de auxílio à escrita, mostramos nas Figuras 1 e 2telas do sistema SciPo, indicando como são fornecidas in-formações sobre a estrutura contida em um resumo de umtexto científico, e como aparecem as recomendações na in-teração com um usuário.

Figura 1: Tela do Sistema SciPo, indicando os componentes e sub-componentesde um resumo para teses e dissertações em computação. O usuário podeselecionar componentes, obter exemplos específicos de cada um – a partir dabase de casos, e receber ajuda com a explicação sobre o que se espera de cadacomponente e sub-componente. Na janela menor aparecem escolhas feitas porum usuário.

1 Entendemos fluência como o resultado da aplicação efetiva de várias fontesde conhecimento , como o conhecimento léxico , sintático, e retórico (organi-zacional).

2 http://www.nilc.icmc.usp.br/~scipo/3 http://www.nilc.icmc.usp.br/scipo-farmacia/

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3. RECURSOS E MÉTODOS UTILIZADOS POR PLANINT!A criação de uma ferramenta de auxílio à escrita de cada

seção de um texto, seja ele uma tese, como mostra a Figura1, ou um SE de um plano de negócios, envolve várias eta-pas. Segundo a metodologia utilizada no AMADEUS, para odomínio de planos de negócios, seriam necessárias as eta-pas mostradas no Quadro 1.

dos pela empresa Empreende, que não só conta com espe-cialistas na elaboração de tais planos, como possui um gran-de conjunto de planos de negócios, coligidos ao longo devários anos de atuação, já que essa é a especialidade daempresa. Dessa forma, assumimos que os SEs do corpusconstituem bons exemplos de escrita para esse gênero.

Os SEs coletados são parte de planos de negócios paradiferentes áreas. Assim, o corpus foi dividido em quatro áreasde negócios, a saber: Internet, Manufatura, Serviços, e Co-mércio. A Tabela 1 mostra o número de SEs separados porárea de negócio, juntamente com dados sobre o tamanho,em palavras, dos SEs em cada área. Pela figura é possívelnotar que o maior número de SEs disponíveis no corpus sãodas áreas de Serviços e Manufatura, respectivamente. Valedestacar também que a média de palavras nos SEs não variamuito entre as diferentes áreas, embora apresentem, den-tro de uma mesma área, um alto desvio padrão, indicandoque tamanho de um SE pode variar significativamente.

Figura 2: As escolhas de componentes de um usuário – mostradas na janelamenor – são comentadas na janela da esquerda. Tais recomendações sãofornecidas pelo sistema a partir de conhecimento sobre o domínio específico,embutido na ferramenta. As críticas são apontadas em vermelho e as sugestõesem verde.

1. Compilação e organização de um corpus para a área de planos denegócios de diferentes setores;

2. Estabelecimento de estruturas esquemáticas para cada seção do planode negócios;

3. Análise do corpus feita por especialistas em lingüística, realizando aclassificação das sentenças em componentes das estruturasesquemáticas de cada seção de um plano de negócios, de acordocom as estruturas estabelecidas no item 2;

4. Análise do corpus para anotação das estratégias retóricas, que refinamos componentes das estruturas esquemáticas, e das expressõeslingüísticas padrões, isto é, aquelas que poderão ser reusadas na escritade novos planos pelos usuários da ferramenta.

5. Implementação computacional do protótipo por analistas de sistema,que acoplam os recursos lingüísticos elencados nos itens 2, 3 e 4 naferramenta computacional. Desta forma, a nova ferramenta utilizaráuma base de textos analisados para mostrar aos usuários exemplosselecionados de planos de negócios reais.

Quadro 1: Passos para a criação dos recursos utilizados na PlaNInt!

Segundo Dornelas [2005], o Sumário Executivo (SE) é aprincipal seção do Plano de Negócios e deve expressar umasíntese do que será apresentado na seqüência, preparandoe atraindo o leitor para uma posição de maior atenção einteresse sobre o documento. Dirigida a um público-alvoespecífico e abarcando as informações–chave do Plano deNegócios de forma sintética, clara e concisa, tem como ob-jetivo enfatizar e explicitar as intenções do empreendedor.

Como piloto para a criação da ferramenta PlaNInt!, es-colhemos a seção SE para iniciar a coleta e análise do cor-pus. O corpus possui 73 Sumários Executivos (SEs) forneci-

Área Número Número de Palavras

de SEs Soma Média Desvio Padrão

Internet 4 1980 495,00 306,11

Manufatura 21 10289 489,95 211,25

Serviços 41 18638 454,59 190,20

Comércio 7 3181 454,43 234,31

Tabela 1. Distribuição do corpus entre diferentes áreas de negócios.

Embora seja consenso entre os especialistas do corpusque a estrutura esquemática do SE varia de acordo com otipo de negócio e objetivo a ser alcançado, é possível esta-belecer uma estrutura básica que sirva aos propósitos devários empreendimentos (Indústria, Comércio e Empresasem Operação). Tal estrutura básica, composta de nove se-ções, foi baseada em Dornelas [2005] e elaborada por umprocesso bastante utilizado em trabalhos de PLN [Feltrimet al., 2004; Feltrim et al., 2005; Teufel, 1999]: via manualde anotação, com fases de treinamento da anotação, ava-liação da anotação realizada por um grupo de pessoas, eanotação real do corpus.

Um manual de anotação dos elementos da estruturaesquemática foi previamente preparado para apoiar a ano-tação de 5 SEs (fase de treinamento). Esta fase foi realiza-da por um grupo de especialistas da área de negócios daempresa Empreende, por pesquisadores especialistas emescrita científica do NILC (com experiência em anotaçãoretórica de corpus) e por uma lingüista e um aluno da áreade computação que trabalham no projeto PlanInt!. Apósdiscussão dos pontos divergentes da anotação dos SEs, aestrutura esquemática foi aprimorada. A anotação final docorpus, com base na nova estrutura e no manual revisado,foi realizada por um especialista da Empreende, sendo talanotação revisada pela lingüista do projeto.

Ressalta-se que essa estrutura não é fixa, podendo apre-sentar variações. As nove seções previstas na estrutura bá-

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sica são apresentadas na Tabela 2, com exemplos ilustrati-vos de cada uma das seções.

A freqüência de cada componente da estrutura esque-mática nos SEs analisados é mostrada na Tabela 4. Nota-seque o componente de maior ocorrência é o CNO (Conceito

do Negócio e a Oportunidade), presente em 94% dos SEs,seguido pelos componentes MC (Mercados e Competidores

– 89%) e MMPV (Marketing, Market-share, Projeção e Ven-

das – 84%), respectivamente. Podemos considerar estes com-ponentes como essenciais a um plano. O componente demenor ocorrência é o VC (Vantagem Competitiva do Negó-

cio), presente em 23% dos SEs. Essa distribuição dos com-ponentes evidencia os aspectos considerados mais impor-tantes pelos escritores no momento da estruturação de umSE, bem como os componentes considerados opcionais den-tro da estrutura esquemática proposta.

Siglas das Descrição das siglas e exemplo de uma sentençaseções

CNO Conceito do Negócio e a Oportunidade

• A NewBusiness Café foi inspirada nos modelos internacio-

nais de negócio como as redes americanas Starbuck’s Co-ffee e The Coffee Bean.

MC Mercados e Competidores

• O mercado de cartões de crédito vem crescendo exponen-

cialmente na última década, tendo apresentado crescimen-

to de 1348% em volume de transações e 303% no número

de cartões emitidos.

MMPV Marketing, Market-share, Projeção e Vendas

• A NewBusiness Media busca, através de sua estratégia de

marketing, crescer nos 2 primeiros anos no estado de São

Paulo e nos próximos 3 anos, em toda a região Sudeste do

país.

PS Descrição do Produto/Serviços

• No futuro produtos como Cartão Salário e Cartão Private

Label deverão ser utilizados para expandir o portfólio da

empresa.

VC Vantagem Competitiva do Negócio

• Os diferenciais do cartão serão, a facilidade de acesso e a

ausência de custo fixo para sua utilização (anuidade).

EQU Equipe (Time Gerencial)

• A equipe de gestão é composta por profissionais com gran-

de experiência técnica e administrativa em empresas dos

segmentos de tecnologia e telecomunicações e em agênci-

as de publicidade, possuindo excelente formação e relaci-

onamento com pessoas, estando motivados para tornar a

NewBusiness Media uma empresa de sucesso.

EO Estrutura e Operações

• A NewBusiness Media possui uma estrutura enxuta, dinâ-

mica e competente, sendo composta pelo CEO suportado

por 4 diretorias – vendas e marketing, parcerias e relacio-

namentos, engenharia e tecnologia, administrativo e finan-

ceiro.

IPF Índices e Projeções Financeiras

• O projeto traz um payback em 21 meses e uma taxa inter-

na de retorno de 140% ao ano, com um valuation de R$

3,7 milhões para o negócio.

ONAR Oferta/Necessidade de Aporte de Recursos

A necessidade de aporte será de R$ 1,4 milhões, e a estrutura

de funding se dará com capital próprio do acionista fundador e

da captação de recursos via Angel Investors e Family&Friends

Tabela 2 Estrutura esquemática básica de um SE e descrição da cada seção.

Tabela 3. Número de componentes por SE.

Número de Número de SEs %componentes

1 1 1,37

2 2 2,74

3 1 1,37

4 7 9,59

5 11 15,07

6 24 32,88

7 12 16,44

8 13 17,81

9 2 2,74

Soma 73 100%

A Tabela 3 apresenta os dados sobre a ocorrência doscomponentes previstos na estrutura esquemática da Tabela2 nos SEs. Poucos SEs estão nos extremos, isto é, apenasum dos 73 SEs apresenta um único componente, assim comoapenas 2 SEs apresentam os 9 componentes previstos naestrutura esquemática. Na sua maioria (82,2%), os SEs ana-lisados apresentam de 5 a 8 componentes. Vale ressaltarque várias sentenças em um mesmo SE podem caracterizarum mesmo componente e que tais componentes podemocorrer de forma repetitiva e intercalada na estrutura do SE.

Etiqueta Ocorrência %

CNO 69 94,00

MC 65 89,00

MMPV 62 84,00

IPF 52 71,00

EQU 47 64,00

EO 44 60,00

ONAR 43 58,00

PS 42 57,00

VC 17 23,00

Tabela 4. Distribuição dos componentes do corpus.

Em textos científicos, é relativamente comum que umaúnica sentença tenha características de diferentes componen-tes. Nos SEs de planos de negócios não é diferente. A Tabela5 mostra que foi observada a ocorrência de 2 ou mais com-ponentes combinados em uma mesma sentença, indicandoque uma sentença pode apresentar atributos (tais como mar-cas lexicais) que caracterizam mais de um componente. Valeressaltar que esse tipo de ocorrência pode ser atribuído tantoà escrita de sentenças longas (que tendem a agrupar compo-nentes), a falta de clareza da escrita e, ainda, a ambigüidadespresentes no processo de anotação (seja pela definição pou-co específica das etiquetas, seja pela falta de treinamento doanotador). De qualquer maneira, nota-se na Tabela 5 que amaior parte das 1265 sentenças caracteriza um único com-ponente. Nessa figura, a Freqüência Total demonstra a por-centagem da ocorrência da etiqueta/conjunto de etiquetassobre o total de sentenças anotadas, enquanto a Freqüência

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Local mostra a porcentagem da ocorrência de cada etiqueta/conjunto de etiquetas sobre total de sentenças anotadas den-tro de um grupo representando um determinado componen-te. Embora tenhamos anotado esta variedade, na base de tex-tos da ferramenta computacional somente o componentemais importante irá permanecer. Por exemplo, as sentençasanotadas com mais de uma etiqueta dentro do grupo relati-vo ao componente CNO, na ferramenta computacional apre-sentarão apenas a etiqueta CNO, por esta ser considerada acaracterística mais forte de tais sentenças.

4. USANDO PLANINT! – A ESCRITA DE UM SUMÁRIOEXECUTIVO COM A FERRAMENTA

O Sistema Web de auxílio à escrita e elaboração de pla-no de negócios, quando totalmente implementado, deverápossibilitar ao usuário conhecer estruturas e exemplos deplano de negócios, assim como guiá-lo, passo a passo, naobtenção de seu plano de negócios, sempre com suporteinteligente proporcionado pela ferramenta de escrita a serdesenvolvida. A intenção é que o usuário possa interagircom o sistema e, assim, escolher a melhor estrutura e con-teúdo para escrever seu plano de negócios. O sistema tam-bém prevê o acesso a uma base de dados computacionalcom estruturas de linguagem, termos, frases, exemplos deplanos de negócios, setores etc. Além disso, deverá preverum sistema de correção ou validação de termos utilizadospara verificar a consistência da escrita com o propósito doplano de negócios que se quer desenvolver. Neste contexto,será uma ferramenta nos mesmos moldes da ferramenta deCrítica do AMADEUS, mencionada na Seção 2, com a funci-onalidade de reconhecimento automático da estrutura daspartes mais críticas do plano seguindo as abordagens utili-zadas na área por Teufel [1999] para o inglês e por Feltrim etal [2004], Feltrim et al [2005] para o português.

A vantagem de o sistema ser baseado na Internet é a deo usuário poder desenvolver seu plano de negócios on-linee gravar versões intermediárias no banco de dados do siste-ma, podendo acessá-las via Internet de qualquer computa-dor.

Para um usuário que deseja redigir e estruturar o Sumá-rio Executivo de seu Plano de Negócios com o auxílio daferramenta é necessário acessar a página inicial do PlaNInt!,disponível em http://www.nilc.icmc.usp.br/planint/., e clicarna opção “Sumário Executivo”, conforme indica a Figura 3.

Freq Total % Freq Local % Ocorrências Etiquetas

16,05 72,50 203 CNO0,63 2,86 8 CNO/EO0,08 0,36 1 CNO/EO/MMPV0,16 0,71 2 CNO/EQU2,13 9,64 27 CNO/MC0,55 2,50 7 CNO/MMPV0,08 0,36 1 CNO/MMPV/VC1,34 6,05 17 CNO/PS0,24 1,07 3 CNO/PS/VC0,87 3,93 11 CNO/VC

22,13 280 Subtotal CNO6,88 80,56 87 EO0,24 2,78 3 EO/CNO0,32 3,70 4 EO/EQU0,08 0,93 1 EO/IPF0,40 4,63 5 EO/MMPV0,08 0,93 1 EO/ONAR0,08 0,93 1 EO/PS0,47 5,56 6 EO/VC8,54 108 Subtotal EO6,72 91,40 85 EQU0,08 1,08 1 EQU/EO0,08 1,08 1 EQU/IPF0,47 6,45 6 EQU/VC7,35 93 Subtotal EQU8,38 95,50 106 IPF0,08 0,90 1 IPF/MMPV0,32 3,60 4 IPF/ONAR8,77 111 Subtotal IPF

18,66 93,65 236 MC0,40 1,98 5 MC/CNO0,16 0,79 2 MC/IPF0,40 1,98 5 MC/MMPV0,16 0,79 2 MC/PS0,16 0,79 2 MC/VC

19,92 252 Subtotal MC16,36 92,41 207 MMPV0,40 2,23 5 MMPV/EO0,16 0,89 2 MMPV/IPF0,08 0,45 1 MMPV/MC0,24 1,34 3 MMPV/PS0,47 2,68 6 MMPV/VC

17,71 224 Subtotal MMPV5,06 87,67 64 ONAR0,71 12,33 9 ONAR/IPF5,77 73 Subtotal ONAR5,93 72,82 75 PS0,16 1,94 2 PS/CNO0,63 7,77 8 PS/MMPV1,42 17,48 18 PS/VC8,14 103 Subtotal PS1,42 85,71 18 VC0,08 4,76 1 VC/EO0,16 9,52 2 VC/PS1,66 21 Subtotal VC

100% 1265 TOTAL

Tabela 5: Freqüência de componentes agrupados no corpus.

Figura 3: Página inicial da ferramenta PlaNInt!

Selecionada a opção “Sumário Executivo”, uma novapágina referente à seleção da estrutura será carregada nonavegador do usuário. Nessa etapa, o autor deverá planejara estratégia de elaboração do texto, selecionando no menu

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localizado à esquerda da tela os componentes que estarãopresentes em seu documento.

A Figura 4 ilustra a tela de seleção da estrutura esque-mática de um Sumário Executivo, com sete estratégias retó-ricas: Identificar e avaliar a oportunidade; Indicar experiên-cias e habilidades profissionais; Apresentar dados e tendên-cias do mercado; Apresentar estratégia do composto demarketing; Apresentar estratégia e projeção de vendas; Apre-sentar estratégia de crescimento; e Apresentar a viabilidadedo negócio, respectivamente pertencentes aos componen-tes: O Conceito de Negócio e a Oportunidade, Equipe, Mer-cado e Competidores, Marketing e Vendas (3 vezes), e PlanoFinanceiro.

Exemplo”, logo acima de cada caixa de texto. Ao selecionaressa opção, surgirá no navegador uma nova tela com exem-plos de escrita anotados a partir do corpus. Esses exemplospodem ser copiados para a caixa de texto, clicando-se nosímbolo “[>]”, que segue após cada exemplo.

A Figura 6 ilustra um recorte da página de redação, comcaixas de texto para algumas estratégias retóricas selecio-nadas, e a Figura 7 mostra a caixa de diálogo aberta comexemplos da estratégia retórica selecionada:

Caso o usuário tenha dúvidas quanto a quais compo-nentes escolher, a ferramenta de escrita disponibiliza ummecanismo de ajuda que pode ser acessado selecionando-se com o mouse o ponto de interrogação ao lado de cadacomponente principal da estrutura. Esse mecanismo de aju-da apresenta o conceito e conteúdo de cada componente daestrutura, conforme ilustra a Figura 5.

Figura 4: Tela de seleção da estrutura do Sumário Executivo.

Figura 5: Mecanismo de ajuda (Help) da ferramenta de escrita para ocomponente “ O Conceito do Negócio e a Oportunidade”.

Após a seleção dos componentes e estratégias retóricasdesejadas, a redação do Sumário Executivo pode ser inicia-da, selecionando-se a opção “Iniciar Redação”, localizada naparte inferior direita da tela. Em seguida, uma nova páginaserá carregada no navegador do usuário, contendo caixasde texto para cada estratégia retórica selecionada na etapaanterior.

Cada caixa de texto estará identificada com o referidocomponente e estratégia retórica a ser preenchida. Para ini-ciar a escrita, o autor pode consultar exemplos de estratégi-as retóricas cadastrados na ferramenta, clicando em “Ver

Figura 6: Recorte da página de redação.

Figura 7: Exemplos de escrita que podem ser copiados para a caixa de texto.

Depois de copiado para a caixa de texto, o usuário podealterar e adaptar o exemplo escolhido conforme seu desejo,garantindo, assim, um texto bem estruturado, elaborado eadaptado ao seu negócio e mercado. A vantagem de se apro-veitar os exemplos fornecidos pela ferramenta existe umavez que os mesmos representam modelos reais adaptados ecorrigidos por especialistas em planos de negócios, respal-dando, portanto, sua qualidade técnica. Além disso, os exem-plos contidos na ferramenta evitam que o empreendedorcaia em armadilhas comuns da escrita de planos de negóci-os, como otimismo excessivo, falta de objetividade e escas-sez de dados reais para constatações como tamanho domercado, previsão de vendas, etc. Nesse sentido, os mode-los apresentados conduzem o autor ao estudo do mercado,do modelo de negócio proposto e o leva a maior objetivida-de no estabelecimento de metas e projeções.

A Figura 8 apresenta a cópia legítima do exemplo forne-cido pela ferramenta, sem alterações. A Figura 9 apresenta omesmo exemplo já adaptado às necessidades do usuário.

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Figura 8: Transcrição de exemplos fornecidos pela ferramenta para a estratégiaretórica “Apresentar dados e tendências do mercado”, no componente “Mercadoe Competidores”.

Figura 9: Modelo de adaptação dos exemplos fornecidos pela ferramenta parao mercado de construção civil.

O processo de escrita para os demais componentes se-gue as mesmas regras, permitindo ao usuário escolher exem-plos de boa redação e adaptá-los conforme seu desejo e ne-cessidade. Procedendo dessa maneira, não só empreende-

dores iniciantes, mas qualquer usuário poderá fazer uso daferramenta, aprimorando o conhecimento da oportunidadee do negócio e construindo um documento com qualidadena escrita.

Até o momento, os resultados obtidos no projeto com-preendem as funções de escolha da estrutura esquemática eestratégia de escrita para Sumários Executivos, consulta aexemplos de diversos setores para cada estratégia retórica,adaptação dos exemplos selecionados para seu próprio SE econversão do material escrito para os formatos HTML e Word(editor de texto da Microsoft).

Os próximos passos do projeto consistem em estabele-cer a função de critica e sugestão de estrutura ao SumárioExecutivo, ou seja, um instrumento que propiciará uma es-pécie de “alerta” que indica a ausência de estratégias funda-mentais e sugere a inclusão ou exclusão das mesmas, visan-do explicitar com sucesso o desejo de seu autor.

No Quadro 2, um modelo completo de Sumário Execu-tivo construído a partir da ferramenta PlaNInt! é apresenta-do. Os dados fornecidos são meramente ilustrativos, de modoque o intuito principal é demonstrar o resultado da elabora-ção de um texto informativo e de acordo com as normas deuma boa redação.

O Conceito do Negócio e a OportunidadeO NB Laboratório de Ensaios Ltda. surgiu da oportunidade de atuar no mercado de construção através da prestação de serviços de controle tecnológico de obras.

EquipeA equipe de gestão é composta por profissionais com grande experiência em empresas de construção, possuindo excelente formação acadêmica e bom relacionamentocom pessoas do setor.Mercado e CompetidoresO setor de obras de construção civil vem se destacando pelo seu crescimento, sendo considerado uma das grandes tendências de investimento no país, devido aosdiversos programas de incentivo e financiamento oriundos do governo para essa área.Em paralelo, a intensificação da fiscalização das obras que até a década de 1990 representavam menos de 50% dos casos, a partir de 2000 passou a representarcerca de 80%, totalizando um mercado aproximado de R$ 2 bilhões/ano.

Marketing e VendasOs fundamentos de marketing foram considerados: Produto (ensaios tecnológicos de argamassa, cimento, concreto e solo); Preço (adotado a partir da mídia demercado, considerando-se tratar de um serviço de compra comparada); Praça (a distribuição do serviço se dará na região noroeste do estado de São Paulo, pormeio da venda direta às construtoras e órgãos públicos fiscalizadores); e Promoção (a comunicação será feita por meio de revistas e eventos especializados, alémde visitas técnicas junto aos órgãos de fiscalização de obras).Inicialmente, será realizado um levantamento detalhado das principais construtoras e órgãos fiscalizadores da região e a partir disso será coordenada a atuaçãoda força de vendas. As estimativas indicam a possibilidade de se alcançar cerca de 1.500 contratos de ensaios de materiais da construção civil no primeiro ano,crescendo para 3.000 ensaios a partir do quinto ano de operação.O NB Laboratório de Ensaios dará foco no estado de SP nos 2 primeiros anos, prevendo expansão para o sul de Minas Gerais e norte do Paraná ao final do 3º ano.

Plano FinanceiroA análise de viabilidade mostra que o projeto é bem sensível ao preço, o que significa que o poder de negociação com os clientes será fundamental para garantira rentabilidade do negócio. O Valor Presente Líquido (VPL) do negócio é estimado em R$850.000, com Taxa Interna de Retorno (TIR) de 41% ao ano. Aexpectativa é de que o negócio alcance o pay-back em 33 meses, recuperando o investimento inicial de R$195.000.

5. CONCLUSÃONeste artigo, apresentamos a ferramenta PlaNInt!, des-

tinada inicialmente para o mercado brasileiro, mas com pers-pectiva de evolução para versões desse produto em outraslínguas como o Inglês, podendo em um segundo momentogerar versões do produto para outros mercados internacio-nais, além do americano.

A ferramenta atualmente contém na sua base de textosum conjunto de SEs anotados segundo uma estrutura es-

quemática e estratégias retóricas construídas também noâmbito deste projeto. Para terminar o suporte à construçãode SEs faltam ainda serem programadas críticas às estrutu-ras propostas pelos usuários para a escrita de seus SEs. Aspróximas etapas utilizarão o mesmo método usado na se-ção SE para construir seus recursos lingüísticos, isto é, umabase de textos de cada seção, anotada segundo as suas es-truturas esquemáticas e as estratégias, além da anotação dostrechos reusáveis das seções.

Quadro 2: Sumário Executivo construído a partir da ferramenta PlaNInt!

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Quando totalmente implementada, ela: 1) Forneceráestrutura adequada para um plano de negócios, com exem-plos reais e contextualizados, coligidos ao longo dos anospela empresa e estendidos no presente projeto. 2) Apresen-tará informações específicas para cada item da estrutura, apartir de uma base de conhecimento que será continuamenteestendida com a interação e feedback dos usuários. 3) For-necerá checklist para os autores verificarem adequação daestrutura escolhida, com explicações para cada item da es-trutura. 4) Analisará estruturas propostas pelo usuário, apre-sentando críticas com base no conhecimento embutido nosistema inteligente. 5) Analisará a estrutura dos planos denegócios propostos pelo usuário, reconhecendo automati-camente seus componentes principais/críticos com a ajuda

de algoritmos de aprendizado de máquina e apresentandocríticas baseadas no conhecimento de partes padrões dosplanos, seqüências esperadas e mais adequadas das partese dependências entre as partes - mesmo conhecimento queserá usado para o item 4). Trata-se, portanto, de um projetode transferência de tecnologia da Universidade para umaempresa, que já é especializada no domínio da aplicação. Oprojeto tem duração de 2 anos, sendo prevista para outu-bro de 2008 a finalização e disponibilização da ferramentade suporte à escrita PlanInt!.

AGRADECIMENTOSOs autores agradecem ao CNPq/RHAE pelo suporte fi-

nanceiro ao projeto.

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ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

A lei da Inovação e a Cultura Empreendedora: reflexões apartir do programa de incubação de empresas da Embrapa

The Brazilian Innovation Law and the enterprising culture: reflections fromthe program of incubation of companies of the Embrapa

Félix Andrade da Silva*, José Manuel Cabral de Sousa Dias e Sérgio Mauro Folle.

Embrapa Recursos Genéticos e BiotecnologiaParque Estação Biológica – Av. W5 – Norte (Final)CEP 70770-900 – Brasília-DFTel.61- 3448-4763 / Fax. 61 – 3440-3666e-mails: [email protected] * | [email protected] | [email protected]

*autor de contato / corresponding authorArtigo submetido em 07 de maio de 2007, revisado em 14 de agosto de 2007, aceito em 20 de agosto de 2007.

RESUMO

O presente trabalho aborda alguns aspectos sobre ocontexto e o estágio de amadurecimento em que se defron-ta uma Instituição Científica e Tecnológica (ICT), a partir donovo marco regulatório da inovação no país, onde a Lei deInovação (Lei Nº 10.973, de 02/12/2004), é o principal ins-trumento. Vamos tratar, em específico, a situação da Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa e decomo ela vem vivenciando um processo de transferência detecnologia via incubação de empresas. Nesse contexto se-rão analisadas as principais características do modelo deincubação que está sendo implantado na Embrapa e as con-tribuições e benefícios que ele traz para esse processo, bemcomo ele poderá servir como estudo de caso para outrasinstituições que tenham interesse em apoiar empresas debase tecnológica no segmento do agronegócio.

PALAVRAS-CHAVE:

• inovação,• lei de inovação,• cultura empreendedora,• empreendedorismo,• incubação de empresas,• agronegócio transferência de tecnologia.

ABSTRACT

This paper discusses some aspects related with implan-

tation of Brazilian Innovation Law recently approved by

the National Congress (Law Nº 10,973, of 02 of December

of 2004) in a Scientific and Technological Institution (ICT).

The case of Brazilian Agricultural Enterprise – Embrapa that

are using incubation process to doing technology transfer

and provide for entrepreneurs a opportunity for startups

new companies. In this context the main characteristics of

the incubation model that is being implanted and the be-

nefits that it brings for this process, as well as it is analyzed

will be able to serve as study of case for other institutions

that have interest in supporting companies of technologi-

cal base in the segment of the agribusiness.

KEYWORDS:

• innovation,• law of innovation,• enterprising culture,• entrepreneurship,• incubation of companies,• agribusiness, technology transfer.

1. INTRODUÇÃOA partir de dezembro de 2004, com a promulgação da

Lei de Inovação pelo Presidente da República, descortinou-se para a comunidade científica e tecnológica e para o setorprodutivo um amplo cenário de possibilidades voltadas parapromoção da inovação e do empreendedorismo no país.

A Lei de Inovação, denominação dada a Lei Nº. 10.973,de 02/12/2004, que entre outros aspectos, dispõe sobre osincentivos à inovação e a pesquisa científica e tecnológicano ambiente produtivo, representa, sem dúvida, um marconesse processo, mas que só surtirá o efeito desejado, se forplenamente explorada e exercitada pelo conjunto de atores

Silva, F. A. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 58-65

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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com interesse e envolvimento direto com o tema.O documento legal e os demais dispositivos que com-

plementam e regulamentam a lei, assim como outros ins-trumentos emanados pelo governo federal, antes e após oadvento da lei, conferem ao país um arcabouço legal e ins-titucional forte e robusto, que só encontra paralelo entreum pequeno número de nações desenvolvidas e emergen-tes que viram na inovação, a principal alternativa para amanutenção da competitividade empresarial de seus pro-dutos e para a promoção do desenvolvimento de forma sus-tentável.

Vale destacar que o referido arcabouço legal e instituci-onal é parte integrante de uma estratégia maior do atualgoverno, de se buscar uma efetiva convergência de políticase estratégias que tenham influência direta na necessária ca-pacitação tecnológica do setor produtivo visando a inser-ção competitiva de bens e serviços com base em padrõesinternacionais de qualidade e com maior conteúdo tecnoló-gico, como é o caso do entrelaçamento proposto ente aPolítica de C&T e a Política Industrial, Tecnológica e de Co-mércio Exterior (PITCE) lançada ao final de 2003.

Apesar do atraso na implementação dessas medidas,conforme defendido por alguns especialistas, não é nossoobjetivo discutir aqui as razões desse interesse tardio porum tema tão relevante como é a inovação, mas sim, sinali-zar sobretudo, para o trabalho a ser realizado daqui por di-ante.

Pretende-se, com esse artigo, abordar alguns aspectossobre o contexto e o estágio de amadurecimento em que sedefronta uma Instituição Científica e Tecnológica (ICT), apartir da vigência desses novos dispositivos legais e os desa-fios colocados, sobretudo de natureza sócio-cultural parapromover a inovação em larga escala. Vamos tratar, em es-pecífico, a situação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária - Embrapa e de como ela vem vivenciando um pro-cesso de transferência de tecnologia via incubação de em-presas.

Trata-se de uma experiência bastante rica, com váriosensinamentos e onde fica muito clara a contribuição queum processo de apoio ao surgimento e fortalecimento deempresas de base tecnológica pode oferecer para alavancaruma cultura de inovação e de empreendedorismo no âmbi-to de uma ICT, que tem como desafio, buscar para si própriaum novo patamar de atuação, alinhado com a visão de ex-celência até aqui alcançada, mas carente de mudanças parao pleno cumprimento de sua missão no futuro.

O novo marco legal da inovação representa uma opor-tunidade nessa caminhada que tende a ser bem sucedida namedida em que a linguagem de negócios, associada à agre-gação de valor aos produtos, for gradualmente incorpora-da e aceita no ambiente e no dia a dia das ICTs. O movimen-to da pesquisa em direção ao mundo dos negócios já estáacontecendo e alguns resultados econômicos já são perce-bidos, mas é necessário que ele ganhe maior robustez, es-pecialmente em relação às empresas de base tecnológica

que vislumbram no processo de incubação chances adicio-nais de sobrevivência, sustentação e benefícios para a soci-edade.

2. A LEI DE INOVAÇÃO E O APOIO AO EMPREENDEDO-RISMO E AOS AMBIENTES DE INOVAÇÃO

A Lei de Inovação, em seu Art. 1º, “estabelece medidas

de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológi-

ca no ambiente produtivo, com vistas à capacitação, ao al-

cance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento in-

dustrial do País, nos termos dos Arts. 218 e 219 da Consti-

tuição”.Constituição Federal: “Art. 218 – O Estado promoverá e incentivará o desen-

volvimento científico, a pesquisa e a capacitação tec-

nológicas (e seus parágrafos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º)”; e

“Art. 219 - O mercado interno integra o patrimônio

nacional e será incentivado de modo a viabilizar o de-

senvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-es-

tar da população e a autonomia tecnológica do País,

nos termos de lei federal”.

A lei faz referência e de fato implementa o dispostosnos dois artigos constitucionais acima citados no que tangeao papel do Estado de incentivar o desenvolvimento cientí-fico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas e de reconhe-cer no mercado nacional o destinatário do incentivo previs-to, de forma que a partir dele o país possa buscar a suaautonomia tecnológica e promover o bem estar da popula-ção.

Trata-se de um passo decisivo para que se promovamaior interação entre os ambientes que produzem e utili-zam o conhecimento, ou seja, o ambiente constituído pelasas universidades, institutos e centros de pesquisa e o ambi-ente formado pelas empresas, cooperativas e ONGs. Semessa interação e sem o estímulo adequado às empresas paraincorporar tecnologia, a competitividade de seus produtose processos estaria afetada no mercado interno e, principal-mente, no externo [MATIAS-PEREIRA e KRUGLIASKAS, 2005].

De maneira geral a lei procura atender aos seguintesobjetivos específicos [BARBOSA, 2006]:

• Incentivar a pesquisa científica e tecnológica e a ino-vação;

• Incentivar a cooperação entre os agentes de inova-ção;

• Facilitar a transferência de tecnologia;• Aperfeiçoar a gestão das instituições acadêmicas;• Servir de estímulo aos pesquisadores;• Estimular a mobilidade dos pesquisadores;• Estimular a formação de empresas de base tecnoló-

gica; e• Estimular o investimento em empresas inovadoras.No corpo da lei esses objetivos estão presentes nos di-

versos artigos e organizados em capítulos relaciona-dos às seguintes vertentes:

1) Constituição de ambientes favoráveis às alianças

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estratégicas entre as universidades, os institutos tec-nológicos e as empresas;

2) Estimulo à participação de instituições de ciência etecnologia no processo de inovação;

3) Incentivo ao pesquisador / criador – inclusive pecuni-ário ;

4) Incentivo à inovação na empresa; e5) Apoio explícito ao inventor independente.No que tange especificamente ao empreendedorismo e

à viabilização de empresas emergentes, mediante o processode incubação, a lei explicita o seu apoio logo no Art. 3º:

“Art. 3o A União, os Estados, o Distrito Federal, os Muni-cípios e as respectivas agências de fomento poderão estimu-lar e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o desen-volvimento de projetos de cooperação envolvendo empresasnacionais, ICT e organizações de direito privado sem fins lu-crativos voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvi-mento, que objetivem a geração de produtos e processos ino-vadores. Parágrafo único. O apoio previsto neste artigo po-derá contemplar as redes e os projetos internacionais de pes-quisa tecnológica, bem como ações de empreendedorismotecnológico e de criação de ambientes de inovação, inclusiveincubadoras e parques tecnológicos.” (grifo nosso).

As demais medidas de apoio são decorrentes da leiturade todo texto legal, mas, algumas merecem destaque, a sa-ber:

a) Tratamento favorecido assegurado na aplicação da leia empresas de pequeno porte (Art. 27) – trata-se do

segmento (Micro e Pequenas Empresas - MPE) que

abriga a maior parte das empresas de base tecnológi-

ca oriundas do processo de incubação;

b) Possibilidade de compartilhar laboratórios, equipa-mentos, instrumentos materiais e instalações das ICTs,mediante remuneração e por prazo determinado emcontrato ou convênio (Art. 4º) – o inciso I do artigo é

explicito na questão desse apoio para micro e peque-

nas empresas envolvidas em atividades de inovação

em ambientes destinados à incubação;

c) Preferência na contratação de MPEs pelas ICTs, paraefeito de transferência de tecnologia ou de licencia-mento de direito de uso ou de exploração de criaçãoprotegida (§ 3º do Art. 7º do regulamento – DecretoNº 5.563, de 11/10/2005) – ou seja quando houver

igualdade na contratação realizada por ICT para a

transferência de tecnologia e para o licenciamento

de direito de uso ou de exploração de criação prote-

gida a preferência será dada as empresas de peque-

no porte;

d) Subvenção econômica (recursos financeiros não re-embolsáveis) via FINEP/FNDCT mediante procedimen-to simplificado (§§§ 6º, 7º e 8º do Art. 20 do DecretoNº 5.563, de 11/10/2005) - o regulamento da lei dei-

xa claro o tratamento diferenciado dado às empresas

de pequeno porte no que diz respeito ao acesso faci-

litado aos recursos provenientes da subvenção eco-

nômica mediante contrapartida específica a ser esta-

belecida em contrato;

e) Promoção de ações de estímulo à inovação nas MPEpor parte das agências de fomento, incluindo exten-são tecnológica pelas ICTs (Art. 21 da lei e Art. 22 doDecreto Nº 5.563, de 11/10/2005); e

f) Estímulo ao inventor independente (Art. 22 da Lei) – alei faculta ao Núcleo de Inovação Tecnológica - NIT daICT, decidir pela eventual adoção de criação ou inven-to de pessoa física (inventor ou empreendedor), nãoocupante de cargo efetivo na administração pública,visando o futuro aproveitamento desse invento emescala industrial ou como projeto de incubação, des-de que o empreendedor comprove previamente de-pósito de pedido de patente.

Em relação ao NIT, a lei prevê, em seu Art. 16, que toda equalquer ICT deverá abrigar (de forma compulsória), dentroda sua estrutura ou em associação com outra ICT, um órgãoresponsável por gerir sua política de inovação.

Observação: Por política de inovação entende-se a “po-lítica adotada pela ICT com o propósito de viabilizar a trans-ferência do conhecimento científico e tecnológico geradona instituição para a sociedade. Fazem parte dessa políticaatividades tais como: celebração de contratos de transfe-rência de tecnologia e de licenciamento de patentes de suapropriedade, prestação de serviços de consultoria especializa-da em atividades desenvolvidas no âmbito do setor produ-tivo, estímulo à participação de funcionários em projetoscom foco na inovação, capacitação de técnicos e pesquisa-dores em relação à cultura de inovação, dentre outras.” (Fon-

te: Anexo à Portaria MCT Nº 942, de 08 de dezembro de

2006. Formulário para Informações Sobre a Política de Pro-

priedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnoló-

gicas do Brasil).

O parágrafo único do referido artigo explicita ainda com-petências mínimas do NIT, entre as quais a de zelar pelasações e iniciativas relacionadas à proteção das criações de-senvolvidas no âmbito da instituição (propriedade intelec-tual), incluindo proteções requeridas e concedidas, bemcomo contratos de licenciamento ou transferência de tec-nologias firmados.

Nessa mesma direção pode-se afirmar, portanto, que asquestões pertinentes à formação e consolidação de uma cul-tura empreendedora, incluindo o apoio à transferência detecnologia e à implementação de modelos locais de incuba-ção de empresas na ICT, fariam parte da mesma Política deInovação a ser gerida pelo NIT.

Atualmente já há vários NITs em operação em diversasICTs do país, muitos deles criados a partir do Programa Tec-nologia Industrial Básica (TIB) e Serviços Tecnológicos paraa Inovação e Competitividade, do MCT. Com o advento daLei de Inovação espera-se que tais núcleos ajudem a formar econsolidar de fato uma cultura de inovação, não só apoian-do a execução da política, como também empreendendo umamentalidade profissional na gestão da inovação na ICT.

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3. PRINCIPAIS POLÍTICAS INTERNAS DA EMBRAPA RE-LACIONADAS À LEI DE INOVAÇÃO

No momento da sanção presidencial da Lei de Inovação aEmbrapa contava com duas importantes políticas que ampa-ravam as principais decisões da empresa no que tange a trans-ferência de tecnologia e à proteção do conhecimento geradona instituição, são elas: a Política Institucional de Gestão dePropriedade Intelectual (Deliberação nº. 22/96, de 02/07/96) ea Política de Negócios Tecnológicos (Deliberação nº. 10/99, de16.03.1999).

É nossa opinião que essas políticas tiveram, de certa for-ma, um caráter pioneiro por ocasião de suas respectivas im-plantações quando comparadas as demais ICTs do país [LA-CERDA, 2003 & SCHOLZE e CHAMAS, 2000], pois além de re-fletirem uma forte sintonia da empresa com os desafios im-postos pelo processo de globalização à época (fruto da ado-ção do planejamento estratégico como ferramenta de gestãona década de 90), demonstravam também, a preocupação daEmbrapa em compatibilizar sua missão pública com a neces-sária aproximação com o setor produtivo, vertente esta, defi-nida como uma das principais diretrizes da Lei de Inovação,que viria a ser aprovada posteriormente.

Em relação à Política Institucional de Gestão de Proprie-dade Intelectual, em vigência no mesmo ano de celebração daLei de Propriedade Industrial (Lei Nº. 9.279 / 1996), a mesmaestabeleceu orientações gerais para a gestão das diferentesformas da propriedade intelectual na empresa, além de criar oComitê de Propriedade Intelectual da Embrapa (CPIE) e, noâmbito de cada Unidade Descentralizada, o respectivo ComitêLocal de Propriedade Intelectual (CLPI).

A referida política definiu também que a difusão e a co-mercialização de processos ou produtos passíveis de proteçãointelectual ficariam condicionados à decisão dos comitês depropriedade intelectual, quanto à possibilidade, a conveniênciae oportunidade de sua prévia proteção (tarefa essa que a partirda Lei de Inovação, passou a ser da competência do NIT).

Ato contínuo à implantação da Política de PropriedadeIntelectual e denotando a importância estratégica que o co-nhecimento e as tecnologias geradas na empresa vinham as-sumindo, principalmente do ponto de vista econômico, foramas ações realizadas com vistas à conformação de um novoambiente institucional mais próximo das demandas do mer-cado. As principais ações foram [EMBRAPA, 2007]:

• Criação, em março de 1997, do Departamento de Trans-ferência e Comercialização de Tecnologias (DTC), frutoda fusão dos antigos Departamentos de Pesquisa eDifusão de Tecnologias (DPD) e Departamento de Pro-gramação Econômica e Desenvolvimento Comercial(DEC);

• Criação, em junho de 1998, das Áreas de Negócios Tec-nológicos (atuais Áreas de Negócios para Transferên-cia de Tecnologias) nas Unidades Descentralizadas daEmbrapa;

• Criação da Secretaria de Propriedade Intelectual (SPRI)diretamente subordinada ao Diretor-Presidente, em se-

tembro de 1998;• Edição da Política de Negócios Tecnológicos, em mar-

ço de 1999; e• Criação, em junho de 1999, do Serviço de Negócios

para Transferência de Tecnologia (SNT e atual Embra-pa Transferência de Tecnologia – fruto da fusão do DTCe do antigo Serviço de Produção de Sementes Básicas– SBPC, que existia desde 1975).

Dentre as ações acima cabe destacar a visão moderna ex-plicitada pela Política de Negócios Tecnológicos em vigênciadesde março de 1999. Os principais fundamentos, conceitos ediretrizes relativos a estratégias de negócios nela contidos con-tinuam atuais, a saber [EMBRAPA, 1998]:

• Viabilização da transferência de toda e qualquer tec-nologia demandada pelo mercado - maior interaçãocom o mercado;

• Atuar com base nas necessidades reais do mercado - atecnologia vista sob a ótica do usuário final, procuran-do supri-lo em termos de eficiência, qualidade e funci-onalidade;

• Utilização dos princípios de marketing;

• Organizar e integrar as ações de P&D, de negócios ede comunicação;

• Busca de parcerias que possam ampliar a atual capaci-dade de atendimento da Embrapa;

• Atuar de forma pró-ativa e inventiva para identificarparceiros e clientes, e combinar condições contratuaisque garantam o sucesso da tecnologia negociada;

• Unidades descentralizadas atuando como pontos devenda ou distribuição;

• Portifólio de tecnologias organizado e atualizado;• Profissionalização dos negociadores – treinamento e

capacitação constantes; e• Propriedade Intelectual – conhecimento e utilização

da legislação pertinente.Desse tempo para os dias de hoje, a Embrapa incorpo-

rou uma expressiva competência em termos produção e co-mercialização de sementes básicas; difusão e comercializa-ção de tecnologia; e em cultura de propriedade intelectual,com ênfase para as patentes e para a proteção de cultivares,conforme os resultados demonstrados na tabela a seguir(Tabela 1):

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Tabela 1: Proteção de tecnologias antes e depois da instituição da política depropriedade intelectual na Embrapa

Fonte: Felipe Geraldo de M. Teixeira, Gerente de Propriedade Intelectual

Embrapa Transferência de Tecnologia - Nov. 2006

1977 ~ 1995 1996 ~ 2006 Total

Patentes Brasil 72 118 190

Ext. - PCT 0 91 91

Marcas Brasil 24 166 190

Exterior 0 1 1

Softwares Brasil 0 32 32

Cultivares Brasil 0 276 276

Exterior 0 19 19

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Pode-se afirmar que esse modelo, embora bem idealizadoe concebido com base nas duas políticas ainda em vigência e,apesar dos resultados alcançados, sofreu e ainda sofre restri-ções quanto ao seu pleno exercício na instituição. Tais restri-ções vão desde a dificuldade em aceitar e viabilizar as mudan-ças introduzidas pelas políticas até a necessidade de contar comum modelo de avaliação que contemple além dos atuais indica-dores (econômicos, sociais e ambientais) os indicadores de ino-vação.

Com o advento da Lei de Inovação, a Embrapa, assim comoas demais ICTs do país, passarão a ser avaliadas não só pelaquantidade de conhecimento que geram e disseminam na for-ma de papers e publicações, mas também pela forma comoconduzem sua política de inovação e isto pode-se traduzir, emindicadores como: número de patentes licenciadas, montantede royalties recebidos, quantidade de empresas e empregosviabilizados por determinada pesquisa ou tecnologia, númeroe percentual de pesquisadores envolvidos com projetos de ino-vação em parceria com o setor privado, etc.

Tais mudanças vêm em benefício do próprio pesquisador,que passará a ter o resultado de seu trabalho mais valorizado,na medida em que perceber que tão importante quanto publi-

car é garantir para a instituição, para a sociedade e para si pró-prio os resultados sociais e econômicos de uma cultura de pro-priedade intelectual mais efetiva e que sem ela o produto desua pesquisa terá sua apropriação pela população ameaçadaou tornando-a mais cara e, portanto, menos acessível.

Tal situação tem implicações diretas no próprio modelo deincubação de empresas concebido pela empresa para apoiar acriação de empresas de base tecnológica, conforme veremos aseguir.

4. O PROGRAMA DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DAEMBRAPA

A Embrapa embora não promova diretamente a alocação

de incubadoras em suas Unidades, desenvolve desde 2001, em

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento –

BID, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Em-presas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferência deTecnologia – PROETA. O programa tem como alvo principalempreendedores com potencial para absorver conhecimentocientífico ou tecnológico e que queiram desenvolver empresasinovadoras ligadas às cadeias produtivas do agronegócio [GO-MES & ATRASAS, 2005 E ATRASAS et all, 2003].

A incubação de empresas de base tecnológica (EBT) cons-tituí-se numa oportunidade ímpar de colocar-se em prática oconceito de inovação conforme definido pela lei, a saber (Leinº. 10.973/2004, Art. 2º, item IV):

“Inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento

no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produ-

tos, processos ou serviços”.

A partir dessa parceria e contando com recursos financei-ros do Fundo Multilateral de Investimento – FUMIN, admi-nistrado pelo BID, o PROETA tem servido como um instru-mento para estimular a transferência de tecnologias geradas

na Embrapa para empresas nascentes, mediante a celebra-ção de convênios de cooperação com incubadoras já existen-tes.

O desenvolvimento do programa ainda se dá numa escalade experiência-piloto e para essa etapa foram eleitas cinco Uni-dades da Empresa para operacionalizá-lo:

• Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Car-los (SP);

• Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE);• Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF)• Embrapa Cerrados (DF); e• Embrapa Hortaliças (DF).Obs:(1) As Unidades situadas em Brasília (DF) têm atuado, para

efeito do PROETA, como uma única unidade piloto.

(2) Depois de ultrapassada a fase de experiência-piloto e

considerando os resultados alcançados a Embrapa po-

derá estender o programa para outras Unidades inte-

ressadas em desenvolvê-lo.

Ao ingressarem no programa as Unidades da Embrapa as-sumem dentre outros, os seguintes compromissos [ATRASAS etall, 2003].

• Selecionar as tecnologias da Embrapa com potencial decomercialização e organizá-las num portifólio para fa-cilitar sua divulgação;

• Articular parcerias com instituições gestoras de incuba-ção;

• Prestar consultoria e assistência técnica aos empreen-dedores relacionados pelas Incubadoras Parceiras paraoperacionalizar as tecnologias da Embrapa.

• Participar do processo de elaboração de editais e daseleção de empreendedores de forma conjunta com aIncubadora Parceira;

• Promover programas internos de capacitação e treina-mento em empreendedorismo, incubação de empresas,plano de negócios, etc, de forma direta ou com parceri-as locais; e

• Promover a divulgação do PROETA.No que tange a gestão do programa, a coordenação téc-

nica do PROETA é exercida em nível nacional pela EmbrapaTransferência de Tecnologia (SNT) e nas Unidades da Federa-ção pela Unidade local da Embrapa, sendo que no DistritoFederal, a coordenação das ações das 3 Unidades Embrapa éexercida, atualmente, pela Embrapa Recursos Genéticos e Bi-otecnologia.

Com a relação à operacionalização em nível local as açõesse sucedem logo após a Embrapa ter firmado o Convênio Ge-ral de Parceria com a Incubadora Parceira, quando então sãoelaborados o Plano de Ação, definindo as atividades a seremdesenvolvidas; o Ajuste de Implementação, indicando as tec-nologias da Embrapa a serem disponibilizadas; e o Edital paraefeito de tornar público e transparente o processo para osempreendedores, definindo regras e compromissos para em-preendedores, para a incubadora que abriga o empreendimen-to e para a Embrapa que disponibiliza a tecnologia (Figura 1).

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Figura 1 – PROETA: fluxo das ações

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Após a seleção e já participando do processo de incu-bação, que pode durar de 2 a 3 anos conforme cada caso,os empreendedores eleitos passam a contar com um con-junto de serviços e facilidades que são oferecidos pela Incu-badora e pela Embrapa a saber:

a) Serviços e facilidades oferecidos pela IncubadoraParceira (segundo o modelo de incubação mais co-nhecido como Incubação Localizada)

• Espaço físico individualizado, para a instalação deescritórios e/ou laboratórios;

• Uso compartilhado de salas de reunião, auditório,laboratórios, copa e serviços de informática, comu-nicação e xérox;

• Rateio de despesas de água, luz, telefone e internet(condomínio);

• Facilidades na participação em eventos, cursos, se-minários ligados diretamente ao desenvolvimento deseus empreendimentos;

• Apoio na obtenção de serviços especializados de con-sultoria tais como: abertura de empresa, gestão em-presarial, marketing e comercialização de produtos,contabilidade,

• Apoio na elaboração de projetos dirigidos às agênci-as de fomento e financiamento visando à captaçãode recursos financeiros; e

• Assistência jurídica na regularização da empresa ena área de propriedade intelectual, dentre outros.

b) Benefícios adicionais oferecidos pela Embrapa (me-diante a celebração de Contrato de Cooperação Téc-nica entre as partes)

• Redução de riscos no empreendimento em funçãoda utilização de tecnologias da Embrapa previamen-te avaliadas sob o ponto de vista técnico e econômi-co;

• Participação em cursos e treinamentos promovidospela Embrapa e por instituições parceiras;

• Assistência técnica (consultoria e assessoria), utiliza-ção de laboratórios, equipamentos, instrumentos emateriais da Embrapa durante o período de incuba-ção; e

• Utilização da sigla e logomarca “Embrapa” duranteo processo de incubação – maior visibilidade / dife-

rencial competitivo.

Em termos de resultados alcançados, do ponto de vistaquantitativo, as 5 Unidades da Embrapa apresentaram até omomento, os seguintes indicadores (situação em15.Mar.2007):

• Convênios firmados com Incubadoras Parceiras: 11.• Editais de seleção lançados: 7.• Tecnologias da Embrapa disponibilizadas: 21.• Propostas apresentadas: 16.• Empresas incubadas: 10.• Previsão de empresas graduadas até 2008: 4.Do ponto de vista qualitativo, a operacionalização do

PROETA vem percorrendo, segundo avaliação do BID reali-

zada em março de 2007, um percurso ascendente na suacurva de aprendizagem. De maneira geral a evolução doprograma possibilitou à Embrapa os seguintes avanços:

• Consolidação do programa como um mecanismoeficiente de transferência de tecnologia no âmbitoda Embrapa;

• Contribuição efetiva para a disseminação da culturaempreendedora na empresa, mediante a difusão davisão de negócios tecnológicos e de mercado juntoàs atividades de pesquisa e desenvolvimento;

• Estímulo para a realização de projetos e atividadesde caráter inovador na instituição;

• Expressivo impacto na ampliação de parcerias com osetor privado, permitindo a Embrapa se aproximardos usuários finais de suas tecnologias;

• Criação de uma rede de Incubadoras Parceiras emtodas as regiões do país;

• Capacitação de empreendedores, pesquisadores etécnicos em cursos e treinamentos diversos relacio-nados ao empreendedorismo e à inovação;

• Participação de empreendedores, pesquisadores etécnicos em feiras, exposições e congressos possibi-litando ampliar o conhecimento e o contato com omercado; e

• Reconhecimento externo conferido ao programa atra-vés do prêmio obtido pela Embrapa, entre váriasoutras instituições de ensino e pesquisa do país, de“Projeto de Promoção da Cultura do Empreendedo-

rismo Inovador 2006”, oferecido pela AssociaçãoNacional de Entidades Promotoras de Empreendi-mentos Inovadores – ANPROTEC, por ocasião do “XVISeminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incu-badoras de Empresas”, em Salvador-BA, em agostode 2006.

Em termos de ensinamentos e aprendizagem as conside-rações que temos sobre o programa estão relacionadas à sin-gularidade e às características do modelo escolhido, que ésuis generis no país – trata-se da primeira experiência de in-

cubação de empresas de base agroindustrial com tecnologia

desenvolvida por uma instituição de pesquisa brasileira.

A primeira dessas características refere-se ao fato domodelo ser operacionalizado mediante a necessária parce-ria com incubadoras existentes, ou seja, a empresa ao invésde contar com estrutura própria para promover o processode incubação, optou pela utilização da estrutura de tercei-ros, mediante a formalização de convênios de cooperaçãocom Incubadoras Parceiras. Tal linha de ação, embora inte-ressante sob vários aspectos, tem ensejado diversas ques-tões de natureza legal e institucional próprias de cada insti-tuição, mas que em alguns casos conduzem a um processode negociação demorado. Uma dessas questões refere-seaos instrumentos jurídicos definidos pela Embrapa no âm-bito do PROETA, em questões como propriedade intelectuale a própria forma de conduzir o processo de incubação, queé diferente de incubadora para incubadora. A Embrapa, as-

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARBOSA, D. B. Direito da Inovação: Comentários à Lei 10.973/2004 - Lei Federal da Inovação, Rio de Janeiro, RJ: Ed. LumenJuris, 2006.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Transferência de Tecnologia. Histórico da Embrapa Transferênciade Tecnologia. Disponível em http://www22.sede.embrapa.br. Acessado em Mai.2007.

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Embrapa Informação Tecnológica, 2005.LACERDA, S. Transferência de tecnologia nas instituições públicas do Brasil. Curitiba, PR, TECPAR, 2003.MATIAS-PEREIRA, J.; KRUGLIASKAS, I. Gestão da inovação: a lei de inovação tecnológica como ferramenta de apoio às políticas

industrial e tecnológica do Brasil, RAE - eletrônica, v.4, n.1, jul./dez. 2005.SCHOLZE, S.; CHAMAS, C. Instituições públicas de pesquisa e o setor empresarial: o papel da inovação e da propriedade

intelectual. Parcerias Estratégicas 8, p. 85-92 maio, 2000.

sim como qualquer outra instituição pública, precisa aten-der diversos aspectos legais que, no caso de parcerias cominstituições privadas, tornam-se mais rigorosos e, algumasvezes, prolongam de forma indesejada o processo de nego-ciação.

A outra característica do modelo diz respeito às tecno-logias empregadas no processo de incubação. Enquanto quenos modelos de incubação em geral as tecnologias são idéi-as e projetos dos próprios empreendedores que buscam atra-vés da incubação a concretização até mesmo de sonhos pes-soais, a Embrapa oferece uma outra alternativa, qual seja, adisponibilização de tecnologias de produtos e processosdesenvolvidos e testados antecipadamente pela empresa. Nocaso, os empreendedores em questão estarão assumindo atarefa de aperfeiçoar tais tecnologias e explora-las comerci-almente, o que nem sempre é tão trivial, tendo em vista oestágio do ciclo de vida da tecnologia eleita, o nível de com-petência técnica dos receptores da tecnologia e os estímu-los efetivos oferecidos aos empreendedores para investiremtempo e recursos no projeto. Essa característica conferemaior complexidade ao modelo e à sua operacionalização,motivo pelo qual o PROETA vem se constituindo num verda-deiro laboratório para examinar-se a política de transferên-cia de tecnologia e a própria política de negócios tecnológi-cos da Embrapa.

5. CONCLUSÃOO Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas

Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferên-cia de Tecnologia – PROETA, tem se constituído no âmbitoda Embrapa uma das iniciativas das mais interessantes parase analisar a forma como uma ICT lida com os diversos as-pectos relacionados a gestão da sua Política de Inovação,

incluindo a mudança de cultura que ela por si própria jáprovoca.

Nesse sentido, a internalização da Lei de Inovação naEmbrapa deve ser encarada como uma excelente oportuni-dade para se promover essa mudança de forma mais gene-ralizada na empresa, empreendendo ao seu modelo de ges-tão, uma mentalidade mais ousada e que ofereça a insti-tuição maior agilidade operacional na relação com o mer-cado.

Os resultados alcançados até o momento pelo PROETA,a multiplicidade de conhecimentos gerados, assim como osdiversos questionamentos e reflexões formuladas e as “li-

ções aprendidas” ao longo da operacionalização do progra-ma, sem dúvida trarão contribuições adicionais para o aper-feiçoamento e consolidação da Política de Inovação da em-presa, especialmente para a estruturação do Núcleo de Ino-vação Tecnológica, responsável pela gestão da política.

Pelas características singulares apresentadas pelo pro-grama e explicitadas neste trabalho, o PROETA já é tambémuma experiência pioneira em termos de incubação de tec-nologias do agronegócio, servindo como estudo de caso paraoutras instituições que tenham interesse em apoiar empre-sas de base tecnológica voltadas para esse importante setorda economia brasileira.

“Falta na indústria brasileira, tanto nas empresas nacio-nais como nas multinacionais aqui instaladas, a culturada inovação”, aponta o ministro de Ciência e Tecnolo-gia, Sergio Rezende, um dos quadros mais respeitadosdo governo federal. Numa entrevista publicada ontempelo jornal Valor, que, aliás, se casa com o noticiário dodia sobre a posse de Coutinho, ele chamou a atençãopara um duro fato da vida: “Mudança de cultura vocênão faz rapidamente.” – Valor Econômico, 03/05/2007.

Silva, F. A. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 58-65

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INSTRUÇÕES PARA AUTORES

A Revista Locus Científico é a publicação oficial da As-sociação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendi-mentos Inovadores-ANPROTEC. Seu escopo de ação englo-ba notícias, atualizações e destaques no setor de negóciosinovadores, incubadoras de empresas, parques tecnológi-cos, cultura empreendedora e habitats de inovação, alémde uma sessão devotada à divulgação de artigos técnicosinéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial.

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulgação

da cultura do empreendedorismo inovador e artigos inédi-tos referendados por revisores “ad-hoc”.

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicos origi-

nais e trabalhos de revisão, na área do EmpreendedorismoInovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

CONSELHO EDITORIAL· Afrânio Craveiro (PADETEC)· Cláudio Furtado Soares (UFV)· Conceição Vedovello (Finep)· Desirée M. Zouain (IPEN)· Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)· Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)· Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)· Jorge Audy (PUC/RS)· José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)· Josemar Xavier de Medeiros (UnB)· Luís Afonso Bermúdez (UnB)· Maria Alice Lahorgue (UFRGS)· Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)· Paulo Alvim (SEBRAE)· Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)· Roberto Sbragia (USP)

COORDENAÇÃO EXECUTIVAMárcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF)

OBJETIVO E POLÍTICA EDITORIALSerão considerados para publicação no Lócus artigos

técnicos ou revisões, preferencialmente escritos em Portu-guês, abordando temas relacionados ao Empreendedoris-mo Inovador, dentro de um dos temas:

a) Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI);b) Promoção de Empreendimentos Orientados para o

Uso Intensivo de Tecnologias (PIT);c) Promoção de Empreendimentos Orientados para o

Desenvolvimento Local e Setorial (DLS);d) Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS).

Artigos Originais: referem-se aos trabalhos inéditos deopinião ou pesquisa (não podem ter sido publicados em re-vistas nem anais de congressos ou similares, exceto quandopor convite do Editor). Devem seguir a forma usual de apre-sentação, contendo introdução, desenvolvimento, conside-rações, conclusões, referências bibliográficas, etc.

Artigos de Revisão: são destinados à apresentação doprogresso, contendo uma visão crítica, com o objetivo prin-cipal de beneficiar clientela formada por especialistas da área.O Editor do Locus poderá, eventualmente, convidar pesqui-sadores qualificados para submeter artigo de revisão.

Artigos sobre Educação: refere-se a trabalhos de pes-quisas relacionadas ao ensino de Empreendedorismo e/oude experiências inovadoras no ensino nos níveis infantil, fun-damental, médio, graduação e pós-graduação.

PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOSTodos os trabalhos deverão ser enviados pela forma di-

gital, aos cuidados do Editor do Locus Científico, atravésdo e-mail [email protected].

O texto deve ser digitado em ARIAL 12 página A4, comespaço duplo, utilizando somente Microsoft Word®. Deve-rão ter no máximo 25 páginas (no formato acima), incluin-do figuras, tabelas, esquemas, etc. Todas as páginas devemser numeradas, bem como as de figuras, tabelas, gráficos,esquemas, etc.

A primeira página deverá conter o título do trabalho,nome, instituição, emails e endereços dos autores. Havendoautores com diferentes endereços estes deverão se seguirimediatamente ao nome de cada autor. Os autores devemser agrupados por endereço. Indicar com asterisco(*) o au-tor para correspondência, responsável pelo artigo, anotan-do seu e-mail no rodapé desta página (um só e-mail).

A segunda página deverá conter o título e o resumo dotrabalho em inglês e português (Abstract), com no máximo200 palavras cada, além da indicação de três palavras-chaveem português e também em inglês (Keywords).

As figuras (gráficos, esquemas, etc.) deverão ter quali-dade gráfica adequada (usar somente fundo branco). Caso

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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os arquivos de texto e imagens sejam grandes a ponto deinviabilizar o envio pela Internet, deve ser enviado um CD,com conteúdo completo do trabalho (ressaltamos que otempo de trânsito postal pode implicar em maior demorano processo editorial).

As figuras devem ser enviadas em arquivo eletrônicoseparado do texto (a imagem aplicada no processador detexto não significa que o original está copiado) e digitaliza-das em alta resolução com extensão tif ou jpg. As figuras,fotografias ou desenhos com cor (300 dpi/grayscale) comextensão tif/jpg, para atender ao padrão da Revista. As fo-tografias deverão ser preferencialmente em preto e branco.Os autores devem ponderar sobre a efetiva necessidade deanexar fotografias, considerando a possível sazonalidade dasimagens e dos casos registrados.

Para figuras, gráficos, esquemas, tabelas, etc idênticosaos já publicados anteriormente na literatura, os autoresdevem providenciar a permissão para publicação junto àempresa/sociedade científica que detenha o copyright e en-viar à editoria do Locus junto com a versão final do manus-crito.

As referências serão moninadas entre colchetes ( [SO-BRENOME, ANO] ou [SOBRENOME e OUTRO-SOBRENOME,ANO] ou [SOBRENOME et al., ANO] ) e a lista de referênciasserá colocada no final do texto, em ordem alfabética porsobrenome de autor. As legendas das figuras devem ser co-locadas em folha à parte, separadas das figuras. A seguir,devem ser colocadas as figuras, os gráficos, os esquemas,as tabelas e os quadros. No texto, apenas indicar a inserçãode cada um(a).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASA lista de referências completas, por ordem alfabética

de sobrenome do autor, com apenas a inicial do nome, devevir ao final do texto. Sua apresentação deve pautar-se, sem-pre que possível, pelas normas da ABNT (NBR 6023, ago.2002, ou mais atuais), como nos modelos apresentados aseguir:

SOBRENOME, N.; OUTROSOBRENOME, N2; TERCEIROSOBRE-NOME, N3; Título: subtítulo. Cidade: Editora, ano. (Coleçãotal)

SOBRENOME, N. Título do capítulo. In: SOBRENOME, N. Tí-tulo do livro. Cidade: Editora, ano. p.

SOBRENOME, N. Título da obra. Editora, ano. Título do capí-tulo. p.

SOBRENOME, N. Título do artigo. Nome do Periódico, Cida-de, v. , n. , p. , mês abreviado ano.

SOBRENOME, N.. Título: subtítulo. Cidade, ano. Disponívelem: <http://www.endereco_eletronico_completo.com.br>.Acessado em: Dia Mês Ano.

Recomendamos fortemente que os proponentes basei-

em-se nos últimos textos publicados pela revista para diri-mir dúvidas quanto às referências bibliográficas.

SUBMISSÃO DOS ARTIGOSOs manuscritos devem ser enviados para a Editoria do

Locus Científico, através do email [email protected],ou em mídia digital para a ANPROTEC no endereço abaixo.

Devem ser acompanhados de carta indicando:a) modalidade do artigo (artigo original, revisão ou edu-

cação);b) a área de interesse (CEI, PIT, DLS ou HIS);c) o e-mail do autor principal, para correspondência.

MANUSCRITOS REVISADOSA Editoria reserva-se o direito de efetuar, quando ne-

cessário, pequenas alterações nos manuscritos, de modo aadequá-los às normas da revista ou tornar seu estilo maisclaro, respeitando, naturalmente, o conteúdo do trabalho.

Qualquer que seja a natureza do manuscrito submeti-do, ele deve ser original quanto à metodologia, informa-ção, interpretação ou crítica.

A qualificação do trabalho será atestada por no míni-mo dois consultores “ad hoc”, de reconhecida atuação nasáreas, indicados pela Editoria.

Manuscritos aprovados e enviados aos autores para re-visão devem retornar à Editoria dentro de prazo máximo dedois meses ou serão considerados retirados da pauta dapublicação.

RESENHAS DE LIVROSAutores de livros que desejem ver a resenha de seu livro

publicada no Locus Científico, devem enviar uma cópia dolivro aos cuidados do Editor, no endereço da Anprotec. OEditor definirá um relator para providenciar a resenha dolivro que poderá ser publicado no caso de ser consideradodocumento relevante ao Movimento de EmpreendedorismoInovador. Somente serão considerados livros que tenhamresponsabilidade editorial e ISBN.

COPYRIGHTAo submeter o artigo, o autor concorda automatica-

mente com a cessão dos direitos de publicação em mídiaimpressa e/ou eletrônica para a ANPROTEC sem prejuízo dosdireitos de propriedade intelectual dos autores. Ao recebero aceite, o autor de contato providenciará a assinatura dodocumento de anuência e autorização de publicação (envi-ado pelo editor).

CUSTOS DE PUBLICAÇÃONão há encargos de publicação ou impressão para os

autores.O autor de contato receberá 10 exemplares do número

da revista em que publicou. Caso haja interesse de um nú-mero maior de exemplares, estes serão cobrados do solici-tante ao custo de R$ 10,00 (dez reais) cada, para lotes de 50revistas. Há possibilidade de preparação de separatas espe-ciais, com capa idêntica à da revista e o artigo completo,com ônus para o solicitante, sob consulta.

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