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RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11 F F Formação de pr ormação de pr ormação de pr ormação de pr ormação de prof of of of ofessores essores essores essores essores para a Zona R para a Zona R para a Zona R para a Zona R para a Zona Rural ural ural ural ural Página 6 e 7 Tese analisa experiência de educação com seringueiros Página 12 Professores indígenas Professores indígenas Professores indígenas Professores indígenas Professores indígenas vão à Universidade vão à Universidade vão à Universidade vão à Universidade vão à Universidade Página 11 Josimar Josimar Josimar Josimar Josimar Ferreira fala erreira fala erreira fala erreira fala erreira fala sobre sobre sobre sobre sobre a Ufac a Ufac a Ufac a Ufac a Ufac no Juruá no Juruá no Juruá no Juruá no Juruá Página 5 Ufac sediará Ufac sediará Ufac sediará Ufac sediará Ufac sediará encontro da encontro da encontro da encontro da encontro da SBPC em 20 SBPC em 20 SBPC em 20 SBPC em 20 SBPC em 2014 Página 3 Entidades assinam convênio para Alfa III Página 3 Projeto de Restauração Ciliar Só-Rio Acre Página 9 FOTO: FRANCISCO DANDÃO FOTO: MAGDA TOMAZ FOTO: ACERVO CTA FOTO: FRANCISCO DANDÃO

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Page 1: RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11 … · RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11 Formação de professores para a Zona Rural Página 6 e 7 Tese analisa

RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11

FFFFFormação de prormação de prormação de prormação de prormação de profofofofofessoresessoresessoresessoresessorespara a Zona Rpara a Zona Rpara a Zona Rpara a Zona Rpara a Zona Ruraluraluraluralural

Página 6 e 7

Tese analisa experiênciade educação com seringueiros

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Professores indígenasProfessores indígenasProfessores indígenasProfessores indígenasProfessores indígenasvão à Universidadevão à Universidadevão à Universidadevão à Universidadevão à Universidade

Página 11

JosimarJosimarJosimarJosimarJosimarFFFFFerreira falaerreira falaerreira falaerreira falaerreira falasobre sobre sobre sobre sobre a Ufaca Ufaca Ufaca Ufaca Ufacno Juruáno Juruáno Juruáno Juruáno Juruá

Página 5

Ufac sediaráUfac sediaráUfac sediaráUfac sediaráUfac sediaráencontro daencontro daencontro daencontro daencontro daSBPC em 20SBPC em 20SBPC em 20SBPC em 20SBPC em 201111144444

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Entidadesassinamconvêniopara Alfa III

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Projeto deRestauraçãoCiliar Só-RioAcre

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FOTO: FRANCISCO DANDÃO

FOTO: MAGDA TOMAZ

FOTO: ACERVO CTAFOTO: FRANCISCO DANDÃO

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

RRRRRefugiados ambientais: os haitianos antefugiados ambientais: os haitianos antefugiados ambientais: os haitianos antefugiados ambientais: os haitianos antefugiados ambientais: os haitianos antes e depois do tes e depois do tes e depois do tes e depois do tes e depois do terremoerremoerremoerremoerremotttttooooo*ALEJANDRO FONSECA DUARTE

s catástrofesnaturais sãouma complexaassoc iaçãoentre os habi-tantes de umaregião e even-

tos, tais como, terremotos, maremotos, on-das gigantes no mar, erupções vulcânicas,furacões, tornados e, por outro lado, inten-sas chuvas, alagações, avalanches, quei-madas, epidemias, poluição e contamina-ções.

Em uns casos a sociedade está expos-ta à fúria da natureza sem que a sua açãoprévia tenha desenhado o desencadeamen-to da catástrofe em longo prazo; em outros,como é o caso dos eventos extremos dechuvas, queimadas e acidentes nucleares,

existe uma grande parcela de contribuiçãosocial devido ao descontrole das atividadestecnológicas, exploração dos recursos na-turais, e desatenção governamental ao equi-líbrio entre comunidades e seu entorno.

Quase sempre, os problemas vindos deuma catástrofe de grande magnitude ou doseu presságio (como as mudanças climáti-cas), adquirem particularidades globais,embora possam ser locais ou regionais nasua ocorrência. Na atualidade isso se exem-plifica, com o terremoto do Haiti e, o terre-moto e tsunami do Japão.

O Haiti está tão "próximo" quanto o Ja-pão. O acesso é a BR 317.

O Haiti ocupa a parte ocidental de LaEspañola, descoberta por Cristóvão Colom-bo no final do século XV. Seu povo foi o pri-meiro do Novo Mundo a derrotar o regimeda escravidão. Como punição, a França eos Estados Unidos, entre outros países, es-

tabeleceram um bloqueio comercial sobre oHaiti durante 60 anos do século XIX. Essasituação desorganizou o avanço econômi-co, social, cultural, tecnológico, científico,e demais, dessa nação caribenha, fazendofácil a sua exploração neocolonial pelo ca-pitalismo internacional através de governan-tes e oligarcas haitianos corruptos. Mais de200 anos de massacre, o que fez do Haiti opaís da pobreza mais miserável antes doterremoto de 2010, e o país alvo da soli-dariedade hipócrita daqueles que o fla-gelaram e o mergulharam no caos. Existeum fundo norte-americano para ajudar o Haiti.

O Brasil não está entre os flagelantes.Filhos do Brasil morreram durante o terre-moto em missão solidária. Centenas dehaitianos migraram ao Brasil entrando pelaBR 317, outros muitos estão em Iñapari(Peru), rogando entrar, pois não existe naAmérica do Sul nação mais próspera que o

Brasil, mesmo tendo extrema pobreza.Foi criado um fundo das Nações Unidas

de 1,5 bilhões de dólares para mitigar o de-sastre haitiano. Paralelamente à ajuda hu-manitária das Nações Unidas, se instalouno Haiti uma epidemia de cólera e mais de2 milhões de crianças haitianas estão ame-açadas por esse mal.

O Haiti constitui um exemplo de luta eheroísmo. Sua história junta a África com aEuropa e a América. Seria interessante co-nhecer essa história, sua geografia, seu so-frimento e ao mesmo tempo em que ofe-recemos a solidariedade humana, estimu-lar outros países e organizações a seremeficientes na solução do drama haitiano, quena continuação da linha do tempo está pro-duzindo refugiados ambientais.

*Coordenador do Grupo de Estudos eServiços Ambientais da Universidade

Federal do Acre - Ufac -.

A

Quem tem medo de poesia?*MAYSA CRISTINA DOURADO

poesia estámorta! Os ini-migos da poe-sia têm grita-do por sécu-los e ainda ofazem. Estéti-

ca, humor, erotismo e todas as outras ma-nifestações de uma imaginação livre são sus-peitos e devem ser censuradas. No entan-to, e apesar de tudo, muitos poemas conti-nuam sendo escritos. Mas, o que os poe-tas realmente querem? "Eles querem falara respeito de coisas que não podem ser di-tas com palavras", costumava me dizer mi-nha orientadora. Eu concordo com ela. Odrama de ser incapaz de dizer o que senti-mos é o assunto de muitos poemas líricos.

No centro da poesia lírica, como a poeta

norte-americana Jane Kenyon sabe muitobem, a linguagem nos falha. Os poemasde Kenyon são extremamente curtos, oca-sionais, mas suficientemente longos paraincluir os sons, as cores, os cheiros, osgostos, tudo junto em um momento singu-lar. Nas poucas linhas de seus poemas,amores, medos e paixões encontram espa-ço suficiente. Neles, observamos que o tem-po, a eternidade, a história, e a consciênciase encontram, e mesmo assim, o poemadeixa um traço de uma vida individual.Kenyon é uma mulher profundamente religi-osa, que fala ao Senhor, não a respeito daalma que é imortal, mas da beleza do quepassa e será esquecido. Somente nos poe-mas mais requintados, como os que elaescreve, temos o registro duradouro de nossahumanidade tão despida.

Em geral, ler Kenyon é uma experiênciareligiosa. Imaginação e amor, a mistura de

corpo e de espírito, da carne e da alma, dosagrado e do profano, tudo faz parte da suavisão poética. Tudo está profeticamente ecomicamente junto. Estes são todos os ele-mentos de uma grande poesia. Mas, aindapenso que a prova do poema lírico está nasua voz. De alguma forma o poeta nos fazcrer na sua voz. E digo de alguma forma,porque é difícil precisar a respeito da estra-tégia usada nos poemas que nos dá a sen-sação de ouvir uma voz. Tudo vem das emo-ções mais profundas e das mais intensasvisões.

Lembro-me de ter ficado incomodada atémesmo na segunda e terceira leitura dospoemas da poeta alemã Ingeborg Bach-mann. Bachmann leva em consideração aprofunda dificuldade moral e filosófica de serpoeta em uma época da história marcadapor destruições. Para ela, o mundo é umlugar estranho e mais estranho ainda é o

fato de estarmos vivos. Após todos os pe-sadelos - a inocência. A poesia de Bach-mann é uma poesia de afastamento e nos-talgia. Ela é a poeta da longa e escura noiteda história e o ser humano acordado sozi-nho. Num século marcado por pessoas des-locadas, sua poesia, apropriadamente, écheia de viagens e partidas. Quem, no futu-ro, desejar experienciar todo o senso deexílio que impregna a nossa era, deve lerBachmann.

Eu também relutava em ler poesia. Atéencontrar esses e muitos outros poetas.Então, entendi que se a poesia é imponde-ravelmente necessária à literatura, é de seconsiderar também que, para a vida, ela ésimplesmente imprescindível.

*Doutora em Estudos Literários pela Univer-sidade Estadual paulista, Unesp.

Professora do Curso de Letras-Inglês, daUniversidade Federal do Acre - Ufac -.

A

O que significa a frase "Eu sei ler"?O que significa a frase "Eu sei ler"?O que significa a frase "Eu sei ler"?O que significa a frase "Eu sei ler"?O que significa a frase "Eu sei ler"?*SÉRGIO BRAZIL JÚNIOR

everia signifi-car que o indi-víduo compre-endeu, de fato,aquilo queaquele punha-do de palavras

ou caracteres quer efetivamente dizer ou,pelo menos, "ir no rumo", como dizem poraqui no meu querido Acre.

Às vezes a compreensão de um textodemanda tempo, paciência e muita reflexão.Não é do dia para a noite que se aprende eapreende algo. É necessário que as infor-

mações "cristalizem" em nossa mente, eisso só ocorre com muito trabalho: dedica-ção e treino. Compreender algo é "ver o queestá por trás da cortina" e não simplesmen-te o óbvio. É ter respostas claras e objeti-vas, exemplos e contraexemplos, para ex-plicar quando indagado sobre o assuntodevidamente compreendido.

Acredito que o hábito da leitura diária,ao menos uma "horinha" que seja - abomi-nado por muitos - é uma atitude bastantesaudável e eficaz para iniciarmos o proces-so efetivo de compreensão. Ler sem com-preender o que se está lendo é, a meu ver,como comer sem sentir o sabor dos alimen-tos. É cheirar uma flor e não sentir seu per-

fume. É fazer amor sem sentir prazer.Sou professor de matemática há cerca

de 20 anos, e sei que para entender umpouco dessa disciplina (não só essa, masqualquer outra ciência) é necessário não sóo simples fato de saber ler, mas é funda-mental e imprescindível também ter a com-preensão e sabe interpretar o que se estálendo. A partir daí tudo fica mais agradável efácil. Sou testemunha ocular de muitos ca-sos em que a interpretação é o que real-mente impede o aluno de solucionar de-terminados problemas. Frases como asseguintes são bastante comuns: "Depoisque o senhor interpretou pra nós ficoufácil, agora é só colocar na fórmula efazer as continhas"; "Professor, eu sei re-solver, mas não sei o que o problema estápedindo...” E por aí vai.

A aversão que alguns alunos têm de leré assustadora. Não é raro falarmos de umdeterminado assunto em uma aula e, naaula seguinte, poucos lembrarem, muitosnem sequer sabem do que se trata, pois nãotiveram a preocupação de ler o assunto que foimotivo da aula anterior. Na realidade, isto é aregra e não a exceção. Às vezes, vejo alunoscom vários livros sob os braços, "para cima epara baixo", e brinco: "Não se aprende por

osmose. O máximo que irão conseguir éestragar o livro com o suor das axilas".

Felizmente (ou infelizmente, para mui-tos que conheço), ainda não inventaram umapílula mágica do conhecimento. Imagine a se-guinte situação, no mínimo absurda: um alunosabe que a prova de Cálculo é na quinta-feiraque vem.

Aí, na quarta-feira anterior, este aluno vai auma farmácia e pede ao farmacêutico - Senhor,por favor, me dê uma pílula que ensine comoderivar funções e outra que ensine como inte-grar. Ele toma a pílula e no dia da prova eletira nota máxima. Ora, minha gente, isso,graças ao meu bom Deus, não é possível.

Não existe segredo para aprender algo.Basta ter o desejo de aprender e se dedi-car. Vocês sabem por que ninguém ganhade uma criança no vídeo game (play stati-on)? Não? Eu sei. É por que ela se dedica etreina todo dia. Logo, se você quer realmen-te aprender algo, seja matemática, seja quí-mica ou uma língua estrangeira, não espereque o conhecimento caia do céu. Faça suaparte, dedique-se e treine bastante!

*Doutor em Matemática pela UnB e professordo Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas

(CCET) da Ufac ([email protected])

DReitora: Olinda Batista AssmarVice-Reitor: Pascoal Torres MunizAssessor de Comunicação: João Petrolitano Gonçalves de Assis (MTb/AC 0120/08)Edição: Francisco de Moura Pinheiro (MTb/AC 085)Revisão: Lucicléia Barreto QueirozTextos e Fotos: Francisco Dandão, Magda Tomaz e João PetrolitanoColaboradores: Jersimar Silva, Jahnnyne Lima e Leonésio PonceTiragem: 2.000 exemplaresDiagramação: Edson Carrilho de SouzaEmail: [email protected] Telefone (068) 3229-1799. Site: www.ufac.br

JORNAL DA

E X P E D I E N T E

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

Ufac, UUfac, UUfac, UUfac, UUfac, UAP e Unamad assinamAP e Unamad assinamAP e Unamad assinamAP e Unamad assinamAP e Unamad assinamconconconconconvênio para ações do Alfa IIIvênio para ações do Alfa IIIvênio para ações do Alfa IIIvênio para ações do Alfa IIIvênio para ações do Alfa III

MAGDA TOMAZ

eitores e representan-tes das universidadesFederal do Acre(Ufac), Nacional Ama-zonica, de Madre deDíos (Unamad), doPeru, e Amazonica

de Pando (UAP), da Bolívia, assi-naram, na primeira quinzena deagosto, convênio que garante o iníciodo Projeto América Latina/FormaçãoAcadêmica (Alfa III - MAP) nos trêspaíses. O investimento do projeto su-pera a casa de 1,5 milhão de euros.

O Projeto Alfa é um programade cooperação entre Instituiçõesde Ensino Superior da União Eu-ropeia e da América Latina. A pri-meira fase do programa aconteceuem 1994 e envolveu mais de 1.000instituições e 846 miniprojetos. Jáa segunda fase (2000-2006) con-tou com 770 instituições e 225 pro-jetos. A terceira fase do Alfa III temprevisão de término para 2013.

Além das universidades da Bo-lívia e do Peru, o projeto conta como apoio de universidades da Espa-nha, Itália e Costa Rica. A idéia égerar processos de integração inter-cultural para o ensino superior nas re-giões do projeto (Acre, Bolívia e Peru)e implantar uma política que possi-bilite aos estudantes menos favo-recidos iniciarem e concluírem oensino superior, criando parceriasentre universidades da União Eu-

ropeia e da América Latina.As ações do projeto irão influenci-

ar nas áreas de integração universitá-ria, mobilização de estudantes e do-centes, financiamentos, formação ecapacitação permanente e inclusão desetores menos favorecidos.

Integração regional - O pro-fessor Francisco Carlos da Silvei-ra Cavalcanti, o Carlitinho, é o co-ordenador do projeto na Ufac. Paraele, o Alfa III vem para consolidar aintegração entre os países. "Esseprojeto vai priorizar o ingresso dosmenos favorecidos na região MAP.Os filhos de indígenas, extrativis-tas, ribeirinhos, entre outras comu-nidades. Esses jovens terão aces-so ao ensino superior nos três pa-íses que compõem o programa:Brasil, Bolívia e Peru", afirma.

Para o reitor da UniversidadNacional Amazonica de Madre deDíos (Unamad), Luiz GruzmanCabrera, o Alfa III consolida a polí-tica de parcerias e desenvolvimen-to entre países latinos. "Esse pro-jeto vem para favorecer nossos pro-fessores no fortalecimento da educa-ção no Peru. Oferecer oportunidadesde inclusão é descobrir novos ta-lentos, novos professores e douto-res, novas pessoas que possamfazer história", afirma.

Já para a coordenadora do AlfaIII da Universidad Amazonica dePando (UAP), Magdalena Benitez,o projeto proporciona a universali-

Luiz Cabrera, reitor da Unamad, Olinda Assmar, reitora da Ufac, e Pascoal Muniz, vice-reitor da Ufac

zação do conhecimento. "O Alfa IIIvem para nivelar os conhecimen-tos de estudantes e para favoreceros mais pobres. Isso é universali-zar a educação", destacou.

Projeto inovador - Para a rei-tora da Universidade Federal doAcre, Olinda Batista Assmar, o AlfaIII deve ser apreciado como um pro-jeto inovador. "Temos parceriascom a União Europeia e outros

países, e essa abertura que a uni-versidade tem feito para os paísesvizinhos, por meio da integração,é importante para compartilharmosconhecimentos, experiências econtribuirmos para o desenvolvi-mento regional de cada país. Issoabre os caminhos da universida-de", disse.

Ainda não há uma previsão doinício do projeto nessas regiões.Segundo Carlito Cavalcanti, a assina-

tura do projeto garante a operacionali-dade e que ele sairá do papel. "Apósassinatura do Projeto Alfa III, iremospara outra etapa, talvez a mais demo-rada, que é a parte burocrática. O pri-meiro passo foi dado: a assinatura doprojeto. Agora vamos viabilizar os pró-ximos. Esperamos que no ano quevem tenhamos avançado de tal ma-neira que o doutorado na área de De-senvolvimento Sustentável aconte-ça no segundo semestre de 2012."

AAAAAcre sediará Encontrcre sediará Encontrcre sediará Encontrcre sediará Encontrcre sediará Encontro Nacional da SBPC em 20o Nacional da SBPC em 20o Nacional da SBPC em 20o Nacional da SBPC em 20o Nacional da SBPC em 201111144444MAGDA TOMAZ

O Acre será sede do 66ºEncontro Nacional da Socieda-de Brasileira para o Progressoda Ciência (SBPC) em 2014. Adecisão foi tomada no dia 9 dejulho deste ano, em Goiânia(GO), durante reunião do Con-selho Diretor da SBPC.

A Sociedade Brasileira parao Progresso da Ciência foi cria-da em 1940, quando tiveram iní-cio as primeiras reuniões anu-ais e a publicação da RevistaCiência e Cultura, porta-voz daentidade. Nessas discussõesforam criados o CNPq, a Capes,e a Fapesp, em 1950. Hoje, aSBPC conta com a parceria deoutras noventa e duas socieda-des, associações e federaçõesde ensino e pesquisa que tra-balham diretamente com estu-dos relacionados às ciências.São 16 entidades de ciênciasexatas, 27 de ciências huma-nas, 37 de ciências biológicase 12 na área de tecnologia.

A proposta para trazer a reu-nião da SBPC para Rio Branco

foi apresentada pelo vice-reitor daUniversidade Federal do Acre(Ufac), professor Pascoal TorresMuniz, pelo secretário de Estadode Educação e Esporte, DanielZen, e pelo deputado federal SibáMachado (PT-AC) para cerca de 30conselheiros da Sociedade.

O tema proposto é "O Desafioda Economia Verde", baseado naatuação regional caracterizadopela florestania e pelo amadureci-mento do tema sustentabilidadeambiental no Estado.

Além de sediar o evento, o Es-tado irá abrigar, em 2013, a reu-nião regional, prevista para julho,sendo um evento menor e que an-tecede a reunião nacional. Esseevento é para estudantes de gradua-ção e de pós-graduação, professoresdos ensinos básico e superior, pesquisa-dores e profissionais de diversas áre-as. Na reunião Regional os participan-tes também terão direito de presen-ciar conferências, mesas-redondase minicursos, que contarão com apresença de cientistas renomadosde várias regiões do país.

Em toda a história da SBPC,apenas dois Estados da Região

Norte - Pará e Amazonas - sedia-ram o Encontro Nacional. Belémsediou a 59ª Reunião, em 2007, eManaus a 61ª Reunião, em 2009.

Considerado o maior evento daciência brasileira, a estimativa éque mais de dez mil pessoas par-ticipem, o que movimentará a eco-nomia local e o fluxo turístico noEstado. O Acre é um país de trípli-ce fronteira, motivo pelo qual aseconomias de países vizinhos tam-bém estarão envolvidas com oevento, além de cidades históricascomo Xapuri, do seringueiro e ex-trativista Chico Mendes, e Porto

Acre, palco de algumas cenas im-portantes da Revolução Acreana.

Além de simpósios, palestras,minicursos e apresentações de tra-balhos de cientistas renomados,haverá também o SBPC Jovem,programação focada para alunos doensino básico, a ExpoT&C - Ex-posição de Ciência e Tecnologiacom apresentação de resultadosde experiências e descobertas, ea SBPC Cultural, espaço para ati-vidades artísticas locais.

O Encontro será descentraliza-do, ou seja, haverá eventos em to-das as cidades do Estado que te-

nham campus da Ufac. Em agos-to, foi criado uma Secretaria Regi-onal da SBPC no Acre, com o intui-to de contribuir para os preparativosdo Encontro Nacional e a Reu-nião Regional da SBPC.

Para o vice-reitor da Universi-dade Federal do Acre, PascoalMuniz, não faltam motivos para oEstado sediar o evento. "Nos últi-mos anos, o mundo vem valorizan-do cada vez mais o tema desenvol-vimento sustentável. A ciência nãopode, nem deve, ignorar tal fato.Então, nada mais justo que o Acre,um Estado conhecido por sualuta em manter a floresta viva epreservada, sediar o EncontroNacional da Sociedade", disse.

Segundo Muniz, a SBPCabre um caminho para discussõesda ciência dentro da Amazônia. "Se-diar tal evento é um sinal claro dadescentralização da pesquisa, écolocarmos a Amazônia novamen-te no centro do debate cientifico. AUfac certamente se esforçarápara apresentar grandes traba-lhos científicos", completou.

Para saber mais sobre a SBPCacesse: www.sbpcnet.org.br.

Reunião do Conselho Diretor da SBPC que decidiu a sede em 2014

RFOTO: JOÃO PETROLITANO

FOTO: ARQUIVO ASCOM/UFAC

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

NNNNNooooovvvvvososososos pr pr pr pr profofofofofissionais de nívissionais de nívissionais de nívissionais de nívissionais de nívelelelelelsuperior em Cruzeiro do Sulsuperior em Cruzeiro do Sulsuperior em Cruzeiro do Sulsuperior em Cruzeiro do Sulsuperior em Cruzeiro do Sul

Primeira turma de engenheiros florestais formados pela Universidade Federal do Acre no Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul

FRANCISCO DANDÃO

ruzeiro do Sul, no ex-tremo ocidente daAmazônia brasileira,ganhou oitenta e setenovos profissionais,em nível de terceirograu, na noite de 27

de maio (uma sexta-feira), comuma formatura conjunta das áreasde Enfermagem, Letras/Inglês,Letras/Português, Biologia e Enge-nharia Florestal, em solenidadeque contou com as presenças,entre outras autoridades, da reito-ra Olinda Assmar e do senadorJorge Viana.

Com o plenário do belo Teatrodos Nauas lotado por familiares eamigos dos formandos, a cerimôniade colação de grau transcorreu emclima de muita emoção, principal-mente por parte aqueles que lem-bravam que há pouco mais de vin-te anos, quando a UniversidadeFederal do Acre (Ufac) ainda nãohavia chegado à cidade, a forma-ção superior só era possível paraquem podia pagar os estudos forado seu domicílio.

E foi exatamente os benefícioscom a expansão da Ufac para forados seus muros na capital do Es-tado o tema recorrente na maioriados discursos dos diversos orado-res, que fizeram questão de enfa-tizar que somente dessa forma,com a socialização do ensino su-perior, via formação dos mais di-versos segmentos da população,é possível uma efetiva contribuiçãopara a diminuição das desigualda-des sociais no Brasil.

Primeira turma de engenhei-ros florestais - Entre esses novosprofissionais formados pela Univer-sidade Federal do Acre, CampusFloresta, em Cruzeiro do Sul, desta-que para os dezessete primeiros en-

genheiros florestais, cuja importânciapara o desenvolvimento regional é ine-gável, cogitando-se, inclusive, que oaproveitamento deles pelo mercado detrabalho seja imediato.

"É um motivo de muito orgulhopara mim a formação da primeiraturma de engenheiros florestais noVale do Juruá, porque aqui é umlugar que apresenta 95% de flores-tas nativas, possuindo um grandepotencial de exploração", diz a pro-fessora M.Sc. Millan de AndradeFontenele, coordenadora do cursode Engenharia Florestal do Cam-pus Floresta, em Cruzeiro do Sul.

Além disso, ainda no dizer daprofessora Millan de AndradeFontenele, "do ponto de vista prático,

devido a esse grande potencial flores-tal existente aqui no Vale do Juruá, aoqual eu me referi anteriormente, acre-dito que esses recém formados, as-sim como os que se formarão naspróximas turmas, têm toda a condi-ção de serem rapidamente absor-vidos pelo mercado de trabalho".

Projeto piloto - Para o agoraprofissional Eugênio Moura da Cos-ta, fazer parte da primeira turmade engenheiros florestais de Cru-zeiro do Sul já lhe garante um lu-gar na história, pelo caráter pioneiroda sua formação. Mas diz que fo-ram muitas as dificuldades enfren-tadas para chegar até esse alme-jado dia, justamente pela condiçãode participar do que ele chama de"projeto piloto de ensino".

"Apesar das inúmeras dificulda-des", explica Eugênio Moura daCosta, "nós, eu e os meus cole-gas de curso, temos consciênciade que Cruzeiro do Sul, especifi-camente, assim como o Vale doJuruá, de maneira mais geral, temmuito a ganhar com a formação deengenheiros florestais aqui na ci-dade, o que significa, no meu en-tender, profissionais totalmente in-tegrados à realidade regional".

"Para se ter uma idéia de comoa formação de engenheiros flores-tais aqui em Cruzeiro do Sul é ne-cessária", continua Eugênio Cos-ta, "vários dos nossos colegas deturma já estão trabalhando, en-quanto que outros têm proposta detrabalho. Alguns, inclusive, no casoaqueles que pretendem continuarinvestindo na própria formação, jáestão até cursando mestrado emuniversidades do sul do país".Givanildo Pereira Ortega representou a turma durante o juramento

OS PRIMEIROS ENGENHEIROS FLORESTAIS

! Alisson Maia Queiroz! Anna Kamila Rodrigues da Silva! Cláudia Lima Silva! Clodoaldo Pinheiro da Silva! Darlene de Souza Moura! Edenilson Pinheiro Silva! Eugênio Moura da Costa! Everton Almeida do Nascimento! Francisco Pinheiro ZumbaJúnior

! Givanildo Pereira Ortega! Gleisson de Oliveira Nascimento! Glória da Silva Almeida! Mirza Sullayma Lahud Barbary! Patrícia Oliveira Andrade! Paulo Henrique da Si lvaSouza! Reinaldo Adriano da Silva Va-lente! Ygor Yvaney Bessa Neves

Perfil profissional

O curso de Engenharia Flores-tal da Ufac tem por objetivo a for-mação de profissionais com as se-guintes capacidades:

" Definir e recomendar interfe-rências nos ecossistemas flores-tais, de modo a garantir o equilí-brio e a sustentabilidade na obten-ção de benefícios que os recursosflorestais possam proporcionar àsociedade;

" Habilidade no manejo susten-

tável dos recursos florestais, bemcomo ao planejamento, organiza-ção e direção dos produtos deriva-dos desses recursos, com vistasao desenvolvimento do setor flores-tal e da melhoria da qualidade devida das populações tradicionais;

" Atuar no setor florestal comvistas ao planejamento organiza-ção, implantação e manejo das flo-restas, bem como dirigir o uso dosrecursos naturais renováveis.

Renildo Cunha, Olinda Assmar e Jorge Viana prestigiaram a formatura

CFOTOS: FRANCISCO DANDÃO

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

Josimar FJosimar FJosimar FJosimar FJosimar Ferreira fala dos aerreira fala dos aerreira fala dos aerreira fala dos aerreira fala dos avvvvvançosançosançosançosançosda Ufac no Vda Ufac no Vda Ufac no Vda Ufac no Vda Ufac no Vale do Juruáale do Juruáale do Juruáale do Juruáale do Juruá

FRANCISCO DANDÃO

ngenheiro agrônomoformado pela Universi-dade Federal do Acre(Ufac), em 2001, Josi-mar Batista Ferreiranão quis saber de pa-rar de estudar logo

após concluir a graduação. No anoseguinte já estava no mestrado e,logo em seguida, já emendou como doutorado, ambos em fitopatolo-gia, na Universidade Federal deLavras (Ufla).

Em 2006, já com o título dedoutor no currículo, passou em umconcurso público para professor daUfac, sendo designado para atuar noCampus Floresta, em Cruzeiro do Sul,onde hoje exerce o cargo de diretorgeral, administrando os interesses detrês mil alunos, trinta e cinco funcio-nários e cem professores, distribu-ídos em dez cursos de graduação.

É principalmente sobre essaexperiência como gestor universi-tário que o doutor Josimar BatistaFerreira conversou com o Jornalda Ufac.

EJornal da Ufac – O que signi-

fica a Ufac para Cruzeiro do Sulnesses primeiros anos do sécu-lo XXI?

Josimar Ferreira – A Ufac temuma contribuição muito grandepara a região do Vale do Juruá, umaregião historicamente isolada, dis-tante centenas de quilômetros dacapital, Rio Branco. A importânciada universidade é enorme, não so-mente para Cruzeiro do Sul comopara todos os municípios vizinhosaqui da gente. E a importância daUfac extrapola mesmo os limitesterritoriais do Estado, uma vez quenós atendemos inúmeros alunosde cidades do Estado do Amazo-nas. A contribuição social da Ufacnessa região é algo meritório, prin-cipalmente levando-se em conta oprojeto de expansão da instituição,que começou a ser levado a efeitoem 2005. Até essa data, existiamsomente três cursos aqui, nas áre-as de Pedagogia e Letras, e vincu-lados à sede. Com esse projeto deexpansão, apoiado pelo Governodo Estado e pelos parlamentaresacreanos, foi efetivada a contrata-ção de professores, o que viabili-zou a criação de vários outros cur-sos. De forma que hoje a comuni-dade cruzeirense, bem como ascomunidades adjacentes, tem aoseu dispor dez opções de cursos.Na área de Ciências Agrárias nóstemos os cursos de Agronomia eEngenharia Florestal; na área deCiências Biológicas, nós temosBiologia, licenciatura e bacharela-do; na área de Ciências Humanasnós temos os cursos de Pedago-gia, Letras/Inglês, Letras/Espa-

nhol, Letras/Português e Forma-ção Docente para Indígenas; e naárea de Ciências da Saúde nóstemos o curso de Enfermagem. Pormuitos anos, esse tipo de forma-ção só era possível para aquelesque podiam sair para estudar fora.

Jornal da Ufac – Como fazerpara a Ufac se tornar aindamais forte no Vale do Juruá?

Josimar Ferreira – Nós esta-mos num processo de consolida-ção. Hoje nós estamos com umdéficit de profissionais, tanto detécnicos-administrativos quanto deprofessores, isso para consolidaros cursos já existentes. Ainda fal-tam muitos professores para queos cursos funcionem, de fato, emsua plena capacidade. É claro quenós entendemos que a resoluçãodesse problema não depende somen-te da administração superior da Ufac,sabemos que depende principalmen-te da liberação de vagas pelo Mi-nistério da Educação, mas enquan-to esse tipo de problema não forsanado, dificilmente o fortaleci-mento que nós almejamos acon-tecerá.

Jornal da Ufac – Quanto àquestão da pesquisa, professorJosimar, o que é que já se fazno Campus Floresta?

Josimar Ferreira – Muitos dosprofessores lotados aqui no Cam-pus Floresta foram atraídos paraessa região com a intenção de re-alizar pesquisas. E isso tem, gra-ças a Deus, alavancado bastanteesse tipo de atividade aqui na nos-

sa unidade. Aqui no nosso CentroMultidisciplinar, nós temos a liber-dade de dizer, hoje existem pro-fessores, como o professor Regi-naldo e o professor Paulão, da áreade zoologia, que nós reputamoscomo os que mais publicam [tex-tos de caráter científico] dentro daUfac. Eles têm uma média de qua-tro a cinco artigos publicados porano. Os dois são credenciados jun-to ao mestrado de Ecologia e Ma-nejo de Recursos Naturais, em RioBranco, e quando a gente olha oLattes [currículo] desses professo-res, a gente toma um susto, por-que eles estão numa realidade damaior biodiversidade do planeta,que é a região do Juruá, e elesestão indo para o campo, descre-vendo novas espécies e isso temuma repercussão muito grandepara cá, porque isso não era feitoanteriormente. Então, esse é sóum exemplo de pesquisa. Na áreade agrárias nós temos tambémvárias pesquisas em andamentocom animais, mandioca... Temospesquisas na área de entomolo-

Josimar Batista Ferreira, diretor-geral do Campus Floresta

gia... Eu mesmo tenho uma pes-quisa na área de fitopatologia, játive projetos aprovados junto à Fun-tac [Fundação de Tecnologia doAcre] e executado junto à toda acomunidade de Cruzeiro do Sul. Etemos, ainda, na área de paleon-tologia o professor [Ricardo] Negri,que veio para cá pelo sistema deredistribuição de vagas e já con-seguiu realizar grandes descober-tas na região. Precisamos, ainda,melhorar a estrutura física, mascom o pouco que temos já conse-guimos muita coisa junto à comu-nidade do Vale do Juruá.

Jornal da Ufac – E sobre ex-tensão, o que é que se faz aquino Campus Floresta?

Josimar Ferreira – O nossovínculo com a extensão, em prin-cípio ainda é muito recente poraqui. Mas nós temos uma consci-ência muito grande de que todosos nossos professores tem proto-colado os seus projetos de exten-são. Isso porque a extensão nãodeve ser descaracterizada dentrode uma instituição de ensino su-perior. Então, na área de saúde,nós temos professores que já rea-lizam um belíssimo trabalho deextensão, na questão de preven-ção de doenças e na questão dedoação de sangue. Na área agro-nômica, particularmente, eu tam-bém fiz vários projetos de exten-são, como hortas comunitárias...É certo que ainda precisamosavançar bastante na área da ex-tensão, mas para isso nós preci-samos de muito apoio, principal-mente porque, dadas as peculiari-

dades da região, às vezes é ne-cessária uma logística enormepara que a gente possa chegar àscomunidades mais isoladas.

Jornal da Ufac – Quanto a fu-turos cursos, vocês têm algumdiagnóstico sobre o que a po-pulação gostaria que fosse cri-ado no futuro?

Josimar Ferreira – Todos es-ses cursos que foram criados apartir do projeto de expansão daUfac foram pleitos da comunidade.A administração da Ufac não criounenhum curso apenas por enten-der de fazê-lo. E o próximo a serefetivado será o curso de Direito,também a partir de uma demandada população. Nós ainda temos umdéficit muito grande nessa áreajurídica por aqui e, dessa forma,será mais uma formação extrema-mente necessária que a Ufac vaipatrocinar para a comunidade doVale do Juruá. Outros cursos tam-bém almejados pela comunidadedizem respeito à área de saúde...Farmácia, Bioquímica... Nós até jáabrimos uma discussão internapara uma possível criação de umcurso de Farmácia, mas sabemosque é um curso muito caro paraas condições hoje da Ufac.

Jornal da Ufac – Como últi-ma pergunta, eu gostaria desaber quais as principais dificul-dades que você enfrenta paraadministrar o Campus da Flo-resta.

Josimar Ferreira – Nós somosum grande centro, o maior centroda Ufac, um centro multidisciplinar,onde nós englobamos aí dez cur-sos presenciais, além dos progra-mas de formação de professoresetc... A grande dificuldade dissotudo, como até eu já falei anterior-mente, diz respeito ao baixo nú-mero de professores e de técnicos-administrativos. Mas temos tam-bém uma outra dificuldade, que écom respeito aos processos lici-tatórios. Agorinha mesmo, para ofuncionamento do nosso restauran-te universitário, nós passamos porvárias licitações e não consegui-mos empresas aqui em Cruzeirodo Sul capazes de concorrer. Alémdisso, existe o problema da comu-nicação. Nós estamos a setecen-tos quilômetros da sede e toda anossa estrutura depende de RioBranco. Mas, apesar disso tudo,nós entendemos que temos cres-cido bastante nos últimos anos. AUfac tem investido muito por aqui.Prova disso é que hoje nós esta-mos com o projeto de construçãode um grande anfiteatro, estamoscom obras relacionadas ao anelviário do campus e estamos dis-cutindo a construção de mais es-paços físicos... São muitas as di-ficuldades, mas nada que possanos desanimar.Vista frontal do Campus Floresta: a Ufac consolida sua atuação em Cruzeiro do Sul

FOTOS: FRANCISCO DANDÃO

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

Ufac é prUfac é prUfac é prUfac é prUfac é proooootagonista tagonista tagonista tagonista tagonista de Fde Fde Fde Fde Formação de Prormação de Prormação de Prormação de Prormação de Pr

MAGDA TOMAZ

cidade de Cruzeiro doSul sediou a últimacolação de grau doPrograma Especialde Formação de Pro-fessores para Educa-ção Básica I Zona

Rural (Profir), uma parceria do go-verno do Estado com a Universi-dade Federal do Acre (Ufac). Fo-ram mais de dois meses de for-maturas, de um programa cujos in-vestimentos ultrapassaram os R$18 milhões e que resultou na qua-lificação acadêmica de quase doise quinhentos profissionais

Considerado o maior projeto deformação de professores da edu-cação básica do Brasil, o Profirdurou seis anos e contemplou to-dos os municípios do Estado, in-cluindo a capital, Rio Branco. Mate-mática, Geografia, Letras, História,Pedagogia, Ciências Biológicas eEducação Física foram as áreas deformação desses profissionais.

Em 2009, junto com Ceará eRondônia, o Acre fez parte dosúnicos três Estados das regiõesNorte e Nordeste que obtiveram asmelhores notas no Ideb (Índice deDesenvolvimento da EducaçãoBásica). Os valores para avaliação,que vão de 0 a 10, foram calcula-dos com base nos resultados da

Prova Brasil, que faz parte do Sis-tema de Avaliação da EducaçãoBásica (Saeb) e aprovação dos alu-nos nas séries iniciais e finais doensino fundamental e médio.

Esse quadro é o resultado dasparcerias do governo com outrasinstituições. A resposta positiva ainiciativas desse porte é que o Acredeixou os últimos lugares no que serefere ao ensino público e atualmentefigura entre os dez Estados brasilei-ros com melhor aproveitamento noensino fundamental e médio.

O projeto conjunto da Ufac como governo estadual teve por objetivoqualificar seu quadro de profissio-nais para que nos próximos anostodos os professores das zonas ur-bana e rural tenham formação su-perior, abolindo, definitivamente, afigura do "professor leigo".

Para se ter uma dimensão doalcance e da eficácia do Profir, hácerca de dez anos apenas 27%dos professores possuíam gradu-ação (formação em nível superior).Esse número hoje alcança a taxados 95%, de acordo com o secretá-rio de Estado, Educação e Esportes(SEE), Daniel Zen. "Somos o únicoEstado brasileiro a ter quase todos osprofessores da rede pública gradu-ados. Trilhamos esse caminho parafazer educação de qualidade. Esteé um Estado que dá prioridade àeducação", disse o secretário.

A

Reitora Olinda Assmar discursa na solenidade de colação de grau do Profir, ladeada pelo secretário de Educação Da

FFFFFeijó e Peijó e Peijó e Peijó e Peijó e Porororororttttto Ao Ao Ao Ao Acre: várias mãos e um só prcre: várias mãos e um só prcre: várias mãos e um só prcre: várias mãos e um só prcre: várias mãos e um só propósitopósitopósitopósitopósitoooooEm todo o Estado, cerca de

2.500 professores das 480 unida-des de ensino da zona rural, noscursos de Letras, Pedagogia, Ma-temática, História, Geografia, Bio-logia e Educação Física, foram con-

templados pelo Profir, num investi-mento que beira os R$ 18 milhões.

Segundo a professora MariaCorrêa, ex-secretária de Estado deEducação e uma das idealizado-ras do projeto, o Profir é o maior

programa de formação para profes-sores do Brasil. "A grande maioriados professores da zona rural ain-da não era efetiva, porque lhes fal-tava o treinamento exigido por lei.Estar presente a estas formaturas,

fruto do maior programa de formaçãode professores do país, para mim émuito especial. Isso porque conside-ro o título de professora o mais impor-tante da minha carreira", revelou.

Esse orgulho expresso porMaria Corrêa nas solenidades decolação de grau corresponde aosentimento da maioria dos profis-sionais que atuam na zona rural. Aprofessora Selma Lúcia da Silva,por exemplo, leciona na escolaFrancisco Pinto, no Ramal Capixa-ba, Projeto Tocantins, um dos maioresassentamentos de Porto Acre, queabriga mais de 600 famílias.

Selma Silva afirma que o proje-to é a esperança de uma educa-ção melhor para os alunos da zonarural, habituados a enfrentar todotipo de dificuldades. "Na época doinverno [período chuvoso], a estra-da fica intrafegável e só é possívelter acesso à escola a cavalo. Mas,mesmo assim, é possível ofereceruma educação de qualidade paraessas crianças, principalmente

agora, com a ajuda do governo doEstado e da Ufac", afirmou.

Segundo o diretor de Inovaçãoda SEE, Marco Antônio BrandãoLopes, o programa está inserindomais um marco na história do Acre."Cada município que visitamos,comprovamos a mudança que esteprograma tem feito e a gratidão noolhar de cada pessoa, de cada for-mando", afirma.

A propósito, gratidão é a pala-vra que traduz o sentimento deMarcos André Bezerra, orador daturma de formandos de Matemáti-ca na solenidade realizada em Ta-rauacá. Por diversas vezes, foi ine-vitável conter a emoção. "Foramseis longos anos. Dias de angústiase muito trabalho. Só nós sabemos oque passamos para estarmos aquineste momento. Nunca vamos esque-cer os que nos acompanharam nes-sa jornada. Somos uma família,não apenas colegas de sala. Hojeé o dia de uma conquista inesque-cível", declarou.Formandos de Brasiléia minutos antes de receberem os respectivos diplomas de nível superior

FOTO: JOÃO PETROLITANO

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

do maior Prdo maior Prdo maior Prdo maior Prdo maior Programaogramaogramaogramaogramarrrrrofofofofofessores do Brasilessores do Brasilessores do Brasilessores do Brasilessores do Brasil

aniel Zen e pelo prefeito Wagner Sales

Os gêmeos Alessandro eAlex Conceição Almeida, 11,estudam na São RaimundoNonato e moram no Ramal Cu-nha Gomes, distante 18 quilô-metros da escola, considera-dos pelo professor Nerivaldo umdos trechos mais difíceis. "Sechover, não há condições de irpara a aula. Quando dá, saiode casa às 8 da manhã parachegar depois das 13 horas, senão quiser me atrasar", relata Alex."Meu pai me incentiva, dizendoque, como meu sonho é ser en-genheiro, tenho que passar portudo isso para vencer."

"Gosto de ir à escola, mesinto bem lá. Meus colegas sãomuito legais. Seria melhor sea gente tivesse um ramal semlama nem buracos o ano intei-ro. Só assim haveria aula nor-mal", completa Alessandro.

Professores e heróisOs que participaram diretamen-

te do projeto sabem que, em cadaum dos vinte dois municípios, ashistórias presenciadas, os desaba-fos, as palavras de incentivo tive-ram uma reação singular. Foramrostos com marcas parecidas - dotempo, do sol, do sofrimento -, mastodos com uma história de vida, detriunfo. Um dos exemplos vem doprofessor Nerivaldo Albuquerque deSouza, graduado em História. Eleleciona na escola São RaimundoNonato há mais de oito anos, noRamal dos Paulistas, também naárea de Porto Acre.

Nerivaldo entende bem as difi-culdades relatadas pela colega Sel-ma, do Projeto Tocantins. "Temoscrianças que chegam a andar atécinco quilômetros para alcançar arota do caminhão encarregado detransportá-las à escola. É um lon-go caminho. Elas têm que encararo cansaço e o sol quente, já queestamos no verão. Imagine comodeve ser para uma criança venceresse percurso todos os dias nes-sas condições", comenta o edu-cador.

A escola São Raimundo Nonatoé responsável pela formação de 245alunos. Mais da metade - 157 -estuda na matriz, localizada noRamal do Pico do Meio, no Proje-to Tocantins. Os 88 restantes sãodistribuídos em anexos oferecidospela própria comunidade, como ca-sas, igrejas e outros espaços. Osanexos vieram da necessidade decrianças em comunidade mais iso-ladas terem acesso à educação.Eles fazem parte de outro projetoda SEE, o Asinhas da Florestania.

No período chuvoso (de novem-bro a abril), crianças que moram

longe da escola não têm como sairde casa. Isso porque, com as chu-vas, algumas localidades ficam iso-ladas, já que o caminhão respon-sável pela condução dos alunosnão consegue entrar no ramal.

Diferentemente dos outros es-tabelecimentos de ensino da zonaurbana, e levando-se em conta asdificuldades de acesso, sobretudoo inverno amazônico, as aulas têminício em abril e se estendem atédezembro, incluindo sábados e fe-riados. Com base nessas peculia-ridades sazonais, o calendário es-colar é elaborado seguindo a lei9394/96, que determina a ofertados 200 dias letivos.

O caso dos dois formandos dePorto Acre é bem parecido com odo professor Evandro Eleutério daSilva. Ele é formando de Geografiae trabalha há mais de dez anos nacomunidade rural Parque Nacional

da Serra do Moa, em Mâncio Lima. A viagem até o local de traba-

lho, na Escola Josefa Queiroz, levaum dia de barco. Segundo ele, amaior dificuldade para ensinar nazona rural é o acesso a essas lo-calidades. "A maior dificuldade échegar até a escola. Isso mudaquando chegamos lá e vemos o de-sejo das crianças de aprender.Esquecemos todas as dificulda-des. Estou muito orgulhoso porestar me formando. Agora garantooferecer o máximo de mim paraque essas crianças tenham umfuturo menos difícil", disse.

"Ser educador é um desafio acada dia." Essas foram as pala-vras do professor e formando deMatemática Raimundo Lima de

Marcelo Zaboetzki, coordenador dos cursos de Letras do Profir

Araújo, de Feijó, ao ser indagadosobre as dificuldades enfrentadas."Já fiz muita merenda. Tinha quepassar exercício, e enquanto osalunos resolviam, eu corria e faziaa merenda deles", recorda o pro-fessor.

"Pode não parecer muito, maspara a escola a energia elétrica émais que necessária. Lá não exis-te isso. Ajudaria a conservar a me-renda. Ter água gelada para as cri-anças que vêm a pé. E livros, li-vros novos, e talvez algumas car-teiras, sabe? Nossa escola já secontentaria com esses benefícios",diz o formando, com uma expres-são inocente, como se o pedido,se aceito, fosse um favor.

Segundo ele, a descoberta dapaixão pelo magistério veio de uma"situação comovente". "Quandotive que lecionar na Extrema, numalocalidade que para chegar eramtrês dias e meio de barco, uma alu-na desmaiou na sala de aula. Pres-tei socorro à garota e, ao retornardo trauma, ela me disse que nãocomia havia dois dias. Aquilo medeixou extremamente sensibiliza-do. Como já havia feito a merenda,ofereci um prato de farofa com car-ne. Dez minutos depois, ela esta-va sorridente e feliz. Foi ali que meconvenci da necessidade de ser umprofessor. Sou a esperança des-sas crianças de terem um futu-ro melhor. Um futuro que lhesproporcione a vida que elas me-recem. E vocês não têm ideiade como elas são guerreiras",relembra o professor.

Professores de Brasiléia posam para posteridade Professores da zona rural de Marechal Thaumaturgo

Pequenossonhadores

FOTO: MAGDA TOMAZ

FOTO: MAGDA TOMAZ

FOTO: MAGDA TOMAZ

FOTO: JOÃO PETROLITANO

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

Ufac projeta mestrado emUfac projeta mestrado emUfac projeta mestrado emUfac projeta mestrado emUfac projeta mestrado emGestão Pública para serGestão Pública para serGestão Pública para serGestão Pública para serGestão Pública para servidoresvidoresvidoresvidoresvidores

s asas foram dadasde presente à imagi-nação. Nem um pas-so para trás. Nempara tomar impulso.Eles não sabiam queera impossível. Fo-

ram lá e fizeram.Foi mais ou menos por vias

como essas que nasceu o sonhodo Mestrado em Gestão Públicapara os servidores técnico-admi-nistrativos desta Universidade.Tudo houve por bem acontecer apartir de quando - com a instala-ção da Pró-Reitoria de Desenvolvi-mento e Gestão de Pessoas,Prodgep - alguns membros da ad-ministração superior começaram apensar sobre como desenvolver oucapacitar os funcionários da Casa.

As discussões, então, tiveraminício com a participação dos mem-bros da administração superior ain-da na gestão do reitor Jonas Pe-reira de Souza Filho.

As considerações e sugestõespartiam de cursos que viabilizari-am a capacitação e qualificaçãodos servidores. Seriam ações eeventos que lhes apontassem osrumos de um desenvolvimento pes-soal correspondente aos sonhos degente que quer prosperidade, pro-gresso. Mas os mentores queriammais e pensaram em cursos deespecialização lato sensu, queoutorgariam aos técnicos o grau deespecialistas. E foram em buscade outros limites. Pensaram emmestrados que levassem os servi-dores a patamares bem mais ele-vados. Tiveram bases na assertivahoje em voga segundo a qual osprofessores se tornam reitores ese vão depois de quatro anos, às

Técnicos-adminstrativos da Ufac poderão ter mestrado profissional nos próximos meses

vezes, para a aposentadoria, e le-vam consigo todo um arcabouçoriquíssimo em conhecimentos. Aocontrário dos técnicos que vivem odia a dia da Instituição durante trintaou trinta e cinco anos. Seria indis-pensável dinamizar processos quecapacitassem cada vez mais osque por aqui vão ficando com as res-ponsabilidades de toda uma vida.

Algo mais concreto aconteceu.Passado um certo tempo, em abrilde 2010, sob a condução do Prof.Dr. José Cláudio Mota Porfiro, en-tão assessor da Prodgep, um ante-projeto foi concebido pela Direto-ria de Desempenho e Desenvolvi-mento (DDD). Depois de algunsentendimentos, a proposta foienviada para análise por parteda Escola de Administração daUniversidade Federal da Bahia(UFBA) que a considerou viávela curtíssimo prazo.

Todavia, levada à consideraçãoda Capes, a agência oficial queregula e fomenta os cursos de pós-graduação em nível de mestrado edoutorado das universidades públi-cas, o projeto foi relegado a umsegundo plano uma vez que, na-quele momento, meados de 2010,não estavam abertas as inscriçõesque dariam legitimidade à deman-da. Em realidade, a agência achoutemeroso colocar em risco a pon-tuação da Escola de Administra-ção da UFBA que se mantém, hádoze anos, com a nota máxima noranking coordenado por eles. Foiapenas um contratempo. Depoisda avalanche, voltaríamos a so-nhar, com certeza.

Para o Prof. Dr. José CláudioMota Porfiro, autor do ante-projetoenviado à Bahia, "mais importante

é que temos, incansavelmente, re-fletido sobre o servidor técnico-ad-ministrativo que coloca em movi-mento esta Universidade. Tem-sepensado muito a questão do de-senvolvimento dos nossos recur-

sos humanos. A partir de baseslegais já adequadas às realidadese em prática em outras instituiçõespúblicas, foi elaborado um documen-to denso e bem consubstanciado quedetalha, inclusive em termos metodo-

O futuro em boas mãosO futuro em boas mãosO futuro em boas mãosO futuro em boas mãosO futuro em boas mãos"Precisamos voltar a respirar

depois do susto. Há outros meiosque garantirão a realidade dos nos-sos sonhos." Foi o que assegurouo otimista Jaider Moreira de Almei-da, bacharel em Direito e atual pró-reitor de Desenvolvimento e Ges-tão de Pessoas. Esta foi a basepropulsora para o voo mais pro-missor dentre todos.

Agora por último, então, no iní-cio de junho, um técnico da Ufacfoi chamado a participar, em Bra-sília, de uma reunião com o co-mitê gestor que estudava aspossibilidades da instalação deum Mestrado Profissional emAdministração, em rede nacio-nal, modalidade EAD, sob osauspícios da Andifes, a associ-ação nacional dos dirigentesdas instituições federais de ensi-no superior.

Segundo o técnico que partici-pou da citada reunião, a Andifesagora está solicitando os nomes

de quatro professores doutores, deáreas afins, como sejam, Eco-nomia, Direito, Ciências Sociaise Educação, dentre outras, quepoderão vir a exercer o papel deorientadores dosfuturos mestran-dos da Ufac.

É oportunoconsiderar, segun-do o Prof. Dr. JoãoLuiz Martins, pre-sidente do ComitêGestor e reitor daUniversidade Fe-deral de Ouro Pre-to (Ufop), além depresidente da An-difes, que "a capa-citação dos técni-cos administrati-vos é a grande solução para os pro-blemas das instituições de médioe de pequeno portes, que têmprofessores exercendo funçõesadministrativas e que deveriam

estar em sala de aula melhoran-do a qualidade do ensino."

Ademais, cabe lembrar o queo Prof. Dr. Marinho Scarppi, daUnifesp, deixou claro na reunião da

Andifes. Para ele,"os dirigentes dasIfes deveriam fa-zer-se acompa-nhar, sempre,nessas viagens aBrasília, de gru-pos de cinco ouseis técnicos,uma vez que osreitores se vão,em quatro tempo-radas, e os funci-onários adminis-trativos é que fi-cam por trinta e

cinco anos de toda uma vida to-cando o barco da instituição".

Felizmente, os próximos pas-sos, a partir de agora, serão muitomais firmes e eficazes, posto que

A

lógicos, como devemos procederpara que levemos a bom termo umamplo processo de avaliação per-manente que tenha como resulta-do programas estáveis de capaci-tação da nossa força de trabalho."

Jaider Moreira de Almeida,pró-reitor de Desenvolvimento e

Gestão de Pessoas da Ufac

FOTO: MAGDA TOMAZ

FOTO: FRANCISCO DANDÃO

"... capacitação dostécnicos administrati-

vos é a grande soluçãopara os problemas dasinstituições de médio e

de pequeno portes,que têm professoresexercendo funções

administrativas e quedeveriam estar em salade aula melhorando aqualidade do ensino."

com o aval de quem de direito. Acoordenação do futuro curso deMestrado Profissional em Admi-nistração Pública ficará a cargoda Pró-Reitoria de Pesquisa ePós-Graduação, a quem cabe,institucionalmente, dar vazão ademandas tão enriquecedorascomo esta. Trata-se de uma ins-tância que, ao longo dos últi-mos vinte anos, aperfeiçoouum quadro de técnicos primo-rosos e, com isto, adquir iuexperiência inegável na con-dução de processos tão impor-tantes quanto este.

Certo é que a proposta ama-dureceu e está em vias de seefetivar. O sonho acalentado pe-los mentores iniciais agora se tor-na realidade, principalmente, por-que pode contar com o apadrinha-mento oportuno de uma institui-ção de tamanha importância,como a Andifes. (Assessoria daProdgep)

Plano de CapacitaçãoNa atual administração, por

determinação da Reitoria, foi ela-borado o processo de elabora-ção do Plano de Capacitaçãopara os servidores administrati-vos, ficando o mesmo sob a res-ponsabilidade da Prodgep. Aotodo são onze as ações propos-tas, conforme lista a seguir.

! 1. Curso de Redação! 2. Curso de Informáti-

ca Básica! 3. Curso de Informática Avan-

çada! 4. Curso de Inglês Instrumen-

tal (tradutores)! 5. Treinamento em Gestão de

Pessoas! 6. Curso sobre Aspectos Te-

óricos e Práticos da Rede de Da-dos da Ufac

! 7. Treinamentos para servi-dores da Prodgep fora do Estado

! 8. Proposta para a imple-mentação de um Plano Institu-cional de Segurança

! 9. Institucionalizaçãodas normas de avaliação paraos servidores em estágio pro-batório

! 10. Projeto Curso de Mes-trado em Gestão Pública (em an-damento)

! 11. Curso de Relações In-terpessoais

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

O rio AO rio AO rio AO rio AO rio Acre e a restauraçãocre e a restauraçãocre e a restauraçãocre e a restauraçãocre e a restauraçãoflorestal da mata ciliarflorestal da mata ciliarflorestal da mata ciliarflorestal da mata ciliarflorestal da mata ciliar

ECIO RODRIGUES

m outubro de 2007 umgrupo de engenheirosflorestais vinculados àUniversidade Federaldo Acre (Ufac) se de-bruçavam sobre otema das característi-

cas hidrológicas do Rio Acre. In-comodava à equipe de pesquisa-dores, o fato do rio ter se tornadoindesejável para a população, umavez que ora tinha excesso de água,desabrigando famílias com as chei-as (note-se que não precisa deenchente, mas somente de chei-as para desabrigar), ora tinha faltade água, com secas extremas queapartam o rio (quando a água voltapara cabeceira, fato observado emalguns afluentes que cortam a ro-dovia Transacreana), comprome-tendo o abastecimento urbano.

Dessa reunião surgiu o ProjetoCiliar Só-Rio Acre, que trazia emseu escopo duas diretrizes princi-pais. A primeira, que das váriascausas do comportamento indese-jável do rio, o desmatamento damata ciliar, ao longo dos oito mu-nicípios cortados pelo rio (de Por-to Acre até Assis Brasil) é a maisimportante. Ou seja, depositava-seaí a aposta técnica de que o equi-líbrio hidrológico do rio tinha rela-ção direta com a existência ou nãoda mata ciliar.

Já a segunda diretriz apontavapara a necessidade da Engenha-ria Florestal conceber metodologiapara atuação com mata ciliar, oque envolveria tanto diagnósticoquanto a implantação de projetosde restauração florestal. A partir daífoi simples elaborar um documen-to que o Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tec-nológico, CNPq, considerou satis-fatório e aportou em torno de 200mil reais e prazo de 36 meses parasua execução.

Mas, a idéia original do CiliarSó-Rio, inclusive com a definiçãodo nome, havia surgido antes. Du-rante a elaboração do Relatório deImpacto Ambiental, para licencia-

E

Trecho crítico de degradação às margens do rio Acre, praticamente sem cobertura vegetal

mento do asfaltamento do anel vi-ário e da terceira ponte sobre o RioAcre, a equipe responsável, todospesquisadores da Funtac, incluí-ram como medidas mitigadoras aexecução do projeto denominadoCiliar Só-Rio.

Para se alcançar seus objeti-vos, qual sejam, diagnosticar ascondições da mata ciliar do rioAcre, propor restauração florestale conceber metodologia de atua-ção em mata ciliar que seja passí-vel de ser assimilada no cotidianodas prefeituras, o projeto realizouas seguintes atividades: mapeoua mata ciliar em cada municípiocom imagem de satélite, identifi-cou trecho crítico de degradação,calculou a largura da mata ciliarpara cada município, definiu as 20espécies florestais nativas de mai-or importância para a mata ciliar,realizou estudos fenológicos paraa produção de sementes das 20espécies nativas e executou pro-grama de extensão florestal paraconvencimento de vereadores eprefeitos.

O projeto se encerrará, em dezem-bro próximo, com a aprovação nasCâmaras de Vereadores da Lei Muni-cipal da Mata Ciliar do rio Acre, quevai normatizar a atuação da adminis-tração municipal com a mata ciliar.

Pode-se notar pela abrangên-cia do Ciliar Só-Rio que a lacunatécnica para compreensão damata ciliar era enorme. A surpresada equipe de pesquisadores foi quenão há estudos direcionados paraa vegetação da mata ciliar, sua di-nâmica e composição. Para se teruma idéia a identificação científicadas 20 espécies florestais originaisda mata ciliar exigiu a concepçãode um novo indicador: o Índice deValor de Importância para MataCiliar, denominado de IVI-Ciliar, quecertamente, dará muito o que dis-cutir pela engenharia florestal ama-zônida.

Maiores informações sobre oprojeto e a equipe de pesquisado-res envolvida podem ser encontra-das no blog:www.ciliarsorioacre.blogspot.com.

AAAAAcre: um rio de muitas curcre: um rio de muitas curcre: um rio de muitas curcre: um rio de muitas curcre: um rio de muitas curvvvvvasasasasas

O equilibrio hidrológico do rio tem relação direta com a mata ciliar

“O rio Acre localiza-se naBacia Sedimentar Amazônica,situada na Província Amazonas-Solimões. Por ser uma áreaEquatorial situada em baixas la-titudes, possui um clima quentee úmido (Equatorial). Regiãode baixa latitude, apresentamédias térmicas mensais ele-vadas que variam e estão aci-ma dos 24 °C.

Embora as médias térmicasestejam acima de 24 °C em todaa região (exceto porções restri-tas do planalto das Guianas), oregime de chuvas apresenta di-ferenças importantes conforme aatuação dos diferentes sistemasatmosféricos. Verificam-se totaisanuais superiores a 2.500 mm eausência de estação de seca emtoda a Amazônia ocidental, ondea presença das BP (baixas pres-sões) equatoriais é quase per-manente. Por outro lado, háuma diagonal subúmida quese estende de Roraima ao suldo Pará, chegando até Rondô-nia e parte do Acre, cujas mé-dias pluviométricas são menoselevadas, apresentando alternân-cia da estação seca e da chuvo-sa e caracterizando um climaequatorial subúmido. (ROSS,1996, p. 103).

O rio Acre se situa na RegiãoAmazônica, que tem um siste-ma atmosférico quente e úmido,é uma região propícia à alta plu-viosidade. Uma das característi-

cas mais comuns do rio Acre sãoas mudanças de direção do seucurso. A rede de drenagem é bemdistribuída, correndo sobre rochassedimentares, não formando ca-choeiras. O rio apresenta formameândrica, com pequenos trechosretilíneos. A grande quantidade decurvas que o rio apresenta ocasio-na a formação freqüente de ban-cos de areia em seu leito. Da mes-ma forma, o rio Acre transportagrande quantidade de sedimentosem suspensão, o que confere àssuas águas uma coloração turva,típica de um rio de "água branca".

A dinâmica fluvial do rio Acreenvolve um fenômeno muito co-mum que é o deslizamento dasmargens. A erosão não ocorre ape-nas no "perímetro urbano", mastambém no "rural", sendo que osimpactos na zona rural, em algunstrechos, são menores, porque amata ciliar e a mata de terra firmesão mais preservadas, com mui-tas canaranas adaptadas à umida-de, na margem do rio, ajudando aconter a erosão.

Nas enchentes, as margensdos rios ficam saturadas de água.No início da vazante, quando o ní-vel da água começa a baixar, apressão hidrostática diminui e aágua anteriormente retida nas mar-gens é liberada. As margens des-lizam, então, de forma rotacional,ou em pacotes, verticalmente.

O rio Acre não é um rio unifor-me, ele tem um desnível em seu

leito, com algumas partes maisrasas e outras mais fundas.Esse desnível é ocasionado pelaretirada de sedimentos pelo pró-prio rio. Devido à velocidade e opoder de erosão do fundo do rio,o atrito da água no fundo conse-gue arrancar muitos sedimentoscom facilidade, fazendo "marmi-tas" gigantes e causando essasdeformações (...)”.

“(...) É surpreendente a quan-tidade de áreas desmatadas nasmargens do rio Acre, o que aca-ba desprotegendo o solo e au-mentando a erosão e o assore-amento do rio.

A erosão provoca remoção demassas em função da água dachuva que satura o solo, comoesse solo saturado não é con-solidado, por efeito de gravida-de, ele vem a baixo. O materialremovido se desloca barrancoabaixo em direção ao rio, provo-cando o assoreamento, que jáestá em estado bastante avan-çado. Esses movimentos demassa são mais freqüentes nasáreas com maior declividade.Nos últimos anos, esse fator temse agravado, principalmente nacidade de Rio Branco, prejudi-cando a população, causandoperda de casas, ruas, prédios,etc (...)”.

Texto de ReginâmioBonifácio de Lima e Pedro

Bonifácio de Lima.Fonte:www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br

FOTOS: ACERVO DO PROJETO CILIAR SÓ-RIO ACRE

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

Livros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasLivros e IdéiasFRANCISCO DANDÃO

Obra: Janelas do TempoAutor: José Cláudio Mota PorfiroEdição do autor

Janelas do Tempo reúne crô-nicas e artigos publicados nosjornais A Gazeta e Página 20,entre os anos de2006 e 2007. Nodizer de BeneiltonDamasceno, au-tor do texto quevai na "orelha" dolivro, este "foi ca-r inhosamenteelaborado paraleitores de pri-meira, segundae terceira ida-des, indistinta-mente, e paraquem quer que admire a aná-lise do cotidiano de forma lú-cida, escorreita, isenta de ví-

cios e que seja uma suces-são de pingos d'água na cons-trução de uma sociedade

consciente dosseus direitos edeveres".

No todo e nosdetalhes, tudotem cheiro e sa-bor de Acre, a par-tir de quaisquerpontos de vistaque se possa ima-ginar.

Cronista, articu-lista e professor noEnsino Médio, José

Cláudio Mota Porfiro é acreano deXapuri, cidade fartamente retrata-da nos seus escritos.

Obra: Acreanos de Cinema - Uma História Quadro-a-QuadroAutor: Hélio Costa Jr.Editora: Edufac

Lançado no primeiro semes-tre deste ano, o livro Acreanosde Cinema - Uma História Qua-dro-a-Quadro, éo resultado dadissertação demestrado emHistória do pro-fessor Hél ioCosta Júnior,defendida emagosto de 2010,na Universida-de Federal deP e r n a m b u c o(UFPE), sob aor ientação dopro fessor dou to r Car losAlberto Alves de Souza.

O livro retrata o movimento

Obra: A Língua que aprendemos a ensinar: discursossobre o ensino de portuguêsAutora: Verônica Maria Elias KamelEditora: Universitária UFPB

Mais um livro fruto de umapesquisa acadêmica, A Línguaque aprendemos a ensinar: dis-cursos sobre oensino de portu-guês baseia-sena tese de dou-torado em Lín-gua Portuguesa,realizado pelaprofessora Verô-nica Maria EliasKamel, na Uni-versidade Fede-ral da Paraíba(UFPB), sob aorientação dap r o f e s s o r adoutora Maria Esther Vieirade Souza.

A idéia do trabalho, de

acordo com a própria autora, fun-damentado teoricamente nosconceitos trabalhados pelo rus-

so Mikhail Bakh-tin, foi "verificarqual a contribui-ção do curso deLetras para am-pliar/mudar no-ções básicas,tais como gramá-tica, texto, leitu-ra, escrita, que osujeito-aluno trazda sua vida esco-lar antes de in-gressar na univer-sidade (...)".

À venda nas livrarias deRio Branco ou direto pelo sitewww.editora-UFPB.com.br.

Entre dois amoresRAIMUNDO FIGUEIREDO*

título e a inspiraçãopara escrever esteartigo pertencemao renomado jorna-lista e escritoracreano FranciscoDandão, que já es-

creveu milhares de artigos, crôni-cas e livros, principalmente com ên-fase no esporte acreano e nacio-nal. Dandão é também um dosmembros da Academia Acreana deLetras. Deste autor, inclusive, já livários artigos e livros que me cha-maram atenção, entre os quaisdestaco A Arte do Chute na Rededo Improvável; Verdades Absolu-tas e Outras Mentiras; e Trilhas Ur-banas no Reflexo do Espelho.

Iniciando meu artigo, descrevoos dois amores, que são as cida-des de Sena Madureira e a capital,Rio Branco.

A primeira, com mais de umséculo de vida, onde vivem cercade 40 mil pessoas, situada no meioda floresta amazônica, tem ruasestreitas e muitas calçadas reves-tidas com tijolos, com automóveisde última geração disputando es-paço com os carros de bois. Ba-nhada pelo Rio Iaco, encontramosna margem deste várias tendas deíndios abandonados, próximas aoporto da cidade, e que se aventu-

ram pela mesma em busca de es-molas. Tudo sob as vistas das au-toridades do município e a com-placência da Funai. A história in-forma que Sena Madureira foi a pri-meira capital acreana e que abri-gou uma leva de nordestinos, osquais vieram para esta região en-frentar o desconhecido para con-seguir riqueza riscando tronco deárvores em busca de látex, o 'ourobranco da Amazônia'.

O outro amor, situado a lestedo Estado, com suas avenidas lar-gas e residências em concreto,tendo suas ruas revestidas com anegritude do asfalto e a faixa brancademarcando a travessia de pedes-tres, semáforos inteligentes que seabrem quando alguém os comandaa partir de um poste, estrategicamen-te plantado nas imediações, super-mercados com produtos de primei-ra necessidade, uma infinidade deconjuntos habitacionais - algunscom bastante semelhança entre si.

A BR-364 separa por apenas145 quilômetros um amor do outro.

Sena Madureira está situada aovale do Iaco, tendo como limitesos municípios de Assis Brasil, Ma-noel Urbano, Bujari, Rio Branco,Xapuri e Brasiléia, tendo fronteiracom o Peru. No seringal Providên-cia, localizado as margens do rioMacauã, onde nasci, aprendi a do-minar a lei da gravidade, me equili-

O

de jovens cineastas ocorrido emRio Branco, Acre, no períodocompreendido entre os anos de

1972 a 1982, coma criação do Gru-po Ecaja Filmes(Estúdio Cinema-tográfico Amadorde Jovens Acrea-nos). Hélio CostaJr. faz uma refle-xão sobre a influên-cia dos cinemasnacional e norte-americano na pro-dução dos cineas-tas acreanos.

À venda na Edufac, campusuniversitário, pavilhão Esther deFigueiredo Ferraz.

brando sobre duas pernas, vendomeu pai se aventurando no corteda seringa com a intenção de ga-nhar dinheiro para no futuro bus-car os parentes para esta parte prós-pera da Amazônia. No entanto, seuJosé (Zezito) Gonçalves, não obteveêxito nos seus sonhos e resolveumudar-se para a capital, Rio Bran-co, onde passei minha juventude.

Meu primeiro emprego, ondepermaneço até hoje, foi na Univer-sidade Federal do Acre (Ufac),onde contribuí na construção doCampus, atuando como moto-rista da obra. A Ufac é a únicado gênero no Estado e englobatodos os municípios acreanos,com seus cursos de licenciatu-ra e bacharelado - num dosquais (Geografia, no caso) tam-bém me graduei.

E assim, por conta de todos osmistérios que cercam a nossa vida,eu, minúsculo grão de areia na his-toria do mundo e no tempo da vida,ainda confesso meus dois amores.Não troco um pelo outro, mas soufiel aos dois. Penso que não senti-rão ciúmes um do outro. E, destaforma, sei que se-rão sempre meusamores eternos.

*Técnico Adminis-trativo da Ufac e

geógrafo.

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JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

FFFFFormação Docentormação Docentormação Docentormação Docentormação Docente parae parae parae parae paraIndígenas, em Cruzeiro do SulIndígenas, em Cruzeiro do SulIndígenas, em Cruzeiro do SulIndígenas, em Cruzeiro do SulIndígenas, em Cruzeiro do Sul

FRANCISCO DANDÃO

niciado em 2008, o curso deFormação Docente para Indíge-nas, oferecido pela Universida-de Federal do Acre (Ufac),campus Floresta, em Cruzeirodo Sul, já tem data certa paraconcluir a formação da sua pri-

meira turma: junho de 2012.Trata-se de um curso pioneiro,

regionalmente falando, em relaçãoà clientela atendida. Uma experi-ência que deu tão certo que já se

pensa na criação de novas turmas,tão logo os primeiros alunos rece-bam o seu devido grau.

Para falar dessa experiência, oJornal da Ufac foi até o Vale doJuruá, onde conversou durante al-gumas horas com o coordenadordo curso, Manoel Estébio Caval-cante da Cunha, um mestre emLinguagens e Identidade abnega-do pela causa das culturas e daeducação indígenas. Os principaistrechos dessa conversa vão trans-critos nas linhas que seguem.

Jornal da Ufac - Primeiramen-te, eu queria que você me falas-se, professor Manoel Estébio, dasorigens desse curso. De como foi quesurgiu a idéia e quais os caminhospercorridos para implantá-lo.

Manoel Estébio - O curso nas-ceu de uma reivindicação dessaspessoas que são alunos atualmen-te e de outros que ainda não in-gressaram, mas que vinham sen-do formados desde 1983 pela CPI[Comissão Pró-Índio do Acre] edesde 1999 pelo Governo do Esta-do. O poder público, a Secretariade Estado da Educação, só pas-sou a assumir a educação escolarindígena, ou seja, a formação deprofessores, com apoio mais in-tensivo, a partir de 1999. Dessaépoca até 2008, que é quando in-gressou a primeira turma aqui donosso curso, havia uma demandaaltíssima e esses professores or-ganizados em torno da Opiac [Or-ganização dos Professores Indíge-nas do Acre], junto com entidadesindigenistas, como a CPI, a Funai[Fundação Nacional do Índio], oCimi [Conselho Indigenista Missi-onário], as organizações locais dasterras indígenas e, a SecretariaEstadual de Educação e a Ufaciniciaram um processo de discus-são para implantar o curso. A idéiaera a de que, inicialmente, o cursofosse implantado em Rio Branco,lá naquele lugar que o pessoal co-nhece como "espaço do Jacó" [pré-

dio nas dependências da Ufac,construído por iniciativa do profes-sor e antropólogo Jacó Picoli, como intuito de ser um centro de refe-rência de estudos sobre culturasindígenas]. Mas aí, em função dese estar construindo a "Universi-dade da Floresta", o curso foi tra-zido para cá, para o campus Flo-resta, em Cruzeiro do Sul. Mas ocurso é, basicamente, o atendi-mento que a universidade faz aessa reivindicação, que é históri-ca do movimento indígena, dos pro-fessores indígenas.

Jornal da Ufac - E, na práti-ca, como é que funciona essecurso de Formação Docentepara Indígenas?

Manoel Estébio - O cursoocorre em dois semestres anuaismodulares presenciais, aqui emCruzeiro do Sul, com sessenta diasletivos em cada um dos módulos,desenvolvidos no campus Flores-ta. E, entre um módulo e o outro,tem o que a gente chama de faseintermediária, ou momento aldeia.Nesse momento aldeia, é o instan-te em que os docentes do cursose deslocam para fazer o acompa-nhamento deles lá no local onde elesmoram. Eles têm disciplinas que sãoespecíficas da fase intermediária.Esse momento intermediário, na al-deia, varia entre quinze e vinte e cincodias. Não pode ser mais nem menosdo que isso, por conta de questões

Manoel Estébio, coordenador do curso de Formação Docente para Indígenas

de operacionalidade. Além de umcusto muito alto, a gente entendeque se passássemos mais do quevinte e cinco dias lá na aldeia, po-deríamos provocar uma intervençãomuito grande na vida deles.

Jornal daUfac - E como éque tem sido oaproveitamen-to desses alu-nos no que dizrespeito às in-formações re-passadas peloprofessores docurso?

Manoel Esté-bio - Existem alu-nos que tem ex-celente aproveita-mento, que sãoreceptivos, queaplicam os co-nhecimentos etc.Mas, a gente teve uma pequenafalha na seleção, por falta de equi-pe docente específica, naquelemomento, deixando entrar alunosque não são professores, emborasejam indígenas, e alunos que nãosão nem indígenas nem professo-res. Então, nesses alunos a gentepercebe um aproveitamento menor.Mas aqueles que realmente estãose formando em serviço, a recepti-vidade é boa, além de eles ensina-rem muito pra gente também. Agente que é docente aprende mui-to com esses alunos.

Jornal da Ufac - E quanto à

expectativa para uma nova tur-ma, Estébio?

Manoel Estébio - No segundosemestre de 2012 nós faremosuma seleção para o ingresso deuma nova turma. Em princípio se-

rão ofertadas cin-quenta vagas.Mas nós sabe-mos, de acordocom o sistemaque gera a de-manda, no caso oEstado e algumasprefeituras, queexiste um quanti-tativo de mais decem professoresindígenas para in-gressar. Então,nós já estamosprevendo mais,pelo menos, duasturmas: uma paraingressar no se-gundo semestre

de 2012 e a outra para ingressarno primeiro semestre de 2013.

Jornal da Ufac - A título detrabalho final, qual é a exigên-cia do curso?

Manoel Estébio - Certo. Umacoisa que ainda não falei foi sobreo tipo de formação previsto no pro-jeto político-pedagógico. Esse pro-jeto se dá com o desenvolvimentode uma fase comum de dois anos,onde todos estudam as mesmasdisciplinas. Depois disso, numasegunda fase, eles fazem opçãopor uma área para a efetiva habili-

tação. As áreas são linguagem eartes, ciências sociais e humani-dades e ciências da natureza. Aofinal do curso, eles terão que apre-sentar um TCC [Trabalho de Con-clusão de Curso] com tema espe-cífico da área escolhida. Só que agente fez o seguinte: em vez detrabalhar com eles um TCC aca-dêmico, como eles estão se for-mando em serviço, a gente os ori-enta e incentiva que eles criem pro-dutos que possam ser revertidospara a escola. Na área de lingua-gem e artes, por exemplo, dessaturma que vai se formar no próxi-mo ano, alguns alunos escolheramproduzir dicionários e cartilhas nalíngua nativa deles. Na área de ci-ências sociais e humanidades vaiter a biografia do Luis Aianawá, queera um sábio dessa etnia, recen-temente falecido. Na área de ciên-cias da natureza tem trabalho es-tabelecendo uma relação entre ascomidas deles e as práticas de cole-tas e plantio tradicionais deles... En-tão, pelo que nós observamos, vão sairtrabalhos bem interessantes. E a idéiaé que esses trabalhos possam serrevertidos para as próprias esco-las onde eles trabalham, pra aju-dar no processo de ensino apren-dizagem dos alunos deles.

Jornal da Ufac - Pra encer-rar, eu queria que você me dis-sesse se existem muitos cursossemelhantes a esse em outrosestados brasileiros.

Manoel Estébio - Quem é aprecursora nessa área de forma-ção específica para indígenas é aUnemat [Universidade do Estadodo Mato Grosso]. Ela tem um cam-pus em Barra do Bugre que veio ase tornar Universidade Indígena. AUnemat é a precursora. Depois veioa Universidade Federal de Rorai-ma. Depois dessas duas, outrasuniversidades federais e estaduaisformataram cursos semelhantes.O nosso curso foi o terceiro a ade-rir a esse trabalho da formaçãoespecífica. Mas hoje em dia sãocerca de vinte e três universidades,entre estaduais e federais, e maistrês ou quatro institutos federaisque também ingressaram comesse tipo de formação. Ressaltan-do-se que essa formação docente éuma demanda que foi gerada a partirda nova Constituição. Isso porque, atéantes disso, toda a orientação, no quediz respeito à formação escolar indí-gena, era para que eles ingressassemna comunhão nacional. Essa era aorientação dos militares. A novaConstituição diz que não. Para ela,a função da educação é ajudar apreservação da língua e das práti-cas culturais ancestrais daquelespovos que ainda a mantém, bemcomo de recuperar as daquelesque as perderam.Alunos da primeira turma do curso de Formação Docente para Indígenas

O nosso curso foi oterceiro a aderir aesse trabalho da

formação específica.Mas hoje em dia sãocerca de vinte e trêsuniversidades, entreestaduais e federais,e mais três ou quatro

institutos federaisque também ingres-saram com esse tipo

de formação

IFOTOS: FRANCISCO DANDÃO

Page 12: RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11 … · RIO BRANCO - ACRE, OUTUBRO DE 2011 - EDIÇÃO Nº 11 Formação de professores para a Zona Rural Página 6 e 7 Tese analisa

Entre lutas, Entre lutas, Entre lutas, Entre lutas, Entre lutas, porongas porongas porongas porongas porongas eeeeeleleleleletras, a escola vtras, a escola vtras, a escola vtras, a escola vtras, a escola vai ao seringalai ao seringalai ao seringalai ao seringalai ao seringal

FRANCISCO DANDÃO

ma experiência deeducação com serin-gueiros, realizada naregião do municípioacreano de Xapuri,entre os anos de1981 e 2007, aten-

dendo a uma reivindicação do Sin-dicato de Trabalhadores Rurais dareferida cidade, num primeiro mo-mento, e depois pela ação doCentro de Trabalhadores da Ama-zônia, acabou se transformandonuma tese de doutorado, em 2011.

O trabalho, intitulado Entre lu-tas, porongas e letras: a escolavai ao seringal - (re)colocações doProjeto Seringueiro (Xapuri/Acre -1981/1990), da lavra do professor JoséDourado de Souza, sob a orientaçãoda professora Inês Assunção de Cas-tro Teixeira, foi apresentado e apro-vado na Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), em feve-reiro deste ano.

A experiência, que além dequestões educacionais tambémcontemplava atividades relaciona-das à saúde e ao cooperativismo,ficou conhecida como Projeto Se-

José Dourado de Souza, doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

ringueiro, sendo desenvolvida emtrês fases (1981 a 1990; 1991 a2000; 2001 a 2007) e expandindo-se gradativamente dos seringaisde Xapuri para a zona rural de ou-tras cidades acreanas.

“Considerando-se vários fato-res, dentre eles a vastidão doProjeto Seringueiro, optei portratar na tese apenas as questõesrelacionadas com a educação, esomente o primeiro período, fican-do o segundo e o terceiro parafuturas pesquisas”, afirma o doutorJosé Dourado, sem se furtar, en-tretanto, a explicar no seu tra-balho em que consistiram to-dos os períodos.

E sobre qual seria a essên-cia da pesquisa, José Douradonão se omite em explicar, afirmandoque a sua intenção ao escrever atese foi compreender “a experiên-cia de educação dos seringueiros,valorizando seus aspectos internos eexternos, compreendendo-a enquan-to movimento social, em suas lu-tas em defesa do meio ambientee pela posse da terra”.

No que diz respeito à formata-ção da tese, José Dourado deSouza, cuja graduação e mestra-

Educação altEducação altEducação altEducação altEducação alternativernativernativernativernativaaaaaAs primeiras ações do Pro-

jeto de Educação dos Serin-gueiros tiveram início em dezem-bro de 1981, Seringal Nazaré,em Xapuri (AC), com uma turmade 14 seringueiros. O propósitoera alfabetizá-los e ensiná-losa fazer as quatro operaçõesmatemáticas básicas, paraque eles pudessem se orga-nizar em sindicatos e montarsuas cooperativas.

Em 2007, quando as últimasescolas do projeto, em seus 26anos de existência, foram entre-gues ao poder público estadual,

por volta de cem unidades es-colares tinham sido instaladase, aproximadamente, dezoitomil alunos haviam freqüentadosuas escolas, com uma taxa dealfabetização em torno de 40%,ainda que muitas delas já tives-sem, então, sido fechadas.

Vale ressaltar que, em nívelde Brasil, as iniciativas com aeducação alternativa é umaprática largamente difundida,como se pode depreender, porexemplo, das experiências emcomunidades de pescadores do li-toral nordestino, trabalhadores da

Erva-Mate do Mato Grosso, me-ninos de rua, grupos da terceiraidade, trabalhadores do MST ecomunidades indígenas.

“Dependendo de cada caso”,explica o professor José Douradode Souza, “essas experiências sãoresultantes de iniciativas depessoas ou entidades vinculadasou não ao poder público estatal,mas todas sempre com o pro-pósito de promover melhorescondições de vida para essaspopulações. E a questão daeducação dos seringueiros nãofoge disso”.

Pontos conclusivos da tese

. A educação do Projeto Se-ringueiro foi concebida e gesta-da no contexto do MovimentoSocial dos Seringueiros, e comoum movimento social pela edu-cação, vinculado aos movimen-tos de luta pela terra e de defe-sa do meio ambiente. Dada aconjuntura política do período, noqual as políticas de Estado co-locavam-se quase sempre con-trárias aos seringueiros, estesbuscavam parcerias com insti-tuições e entidades não gover-namentais.

. A ausência de políticas pú-blicas e o descaso com esco-las nos seringais não é algo iso-lado ou do momento em que seefetivou o Projeto Seringueiro,pois suas origens remontam àspróprias circunstâncias da forma-ção da sociedade dos seringais.

Para Dourado, estas constata-ções o ajudaram a pensar commelhor clareza o período especí-fico da sua análise, levando emconta o contexto histórico anterior eos processos sociais.

. A caracterização dos atoressociais, individuais e coletivos queinteragiram no processo de consti-tuição do Projeto Seringueiro, indi-cou um percurso cheio de conver-gências e divergências, continuida-des e descontinuidades, e não ape-nas harmonia, linearidade e perma-nência. Os enfrentamentos, as contra-dições e as divergências estiverammuito presentes em todos os mo-mentos do período estudado.

. As escolas foram concebi-das, instituídas e estruturadas apartir de uma perspectiva que ti-nha a comunidade como elemen-to norteador.

U

JORNAL DA

Rio Branco, Acre, outubro de 2011

do ocorreram na área de História,dividiu-a em cinco capítulos:Alumiando a estrada, com a po-ronga; As colocações recoloca-

das; As raízes, os troncos, aslutas, as letras; Os veios, asestradas de uma escola serin-gueira; e As mãos que condu-

zem a escola ao seringal.O trabalho completo pode ser

encontrado na Biblioteca Cen-tral da Ufac.

Escola Boa Vista, construída na terceira fase do Projeto de Educação do Seringueiros

Casa/Escola na colocação Independência, seringal São Pedro, em 1982

FOTO: FRANCISCO DANDÃO

FOTO: ARQUIVO CTA

FOTO: ARQUIVO CTA