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Roteiro de Ficção Seriada: gênero, formatos e práticas de produção GLAUCIO ARANHA Este material é meramente ilustrativo da aula, não substituindo a leitura dos textos indicados , de onde será extraído o conteúdo da prova

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Roteiro de Ficção

Seriada: gênero, formatos e

práticas de produção

GLAUCIO ARANHA

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Ficação Seriada

Epistolares

Carta, sermões, etc.

Folhetim

Radionovela

Seriados do cinema

Séries de TV

Webwebseries

Gêneros Narrativos

Narrativas interativas e

colaborativas (games,

hipertexto, ARG, etc.)

Lírico

Épico

(narrativo)

Dramático

Cinema

Teatro

Subgêneros Narrativos

Tragédia

Age no mundo

Melodrama

Mundo age

Farsa

Roteiro episódico

Sem unidade dramática

Comédia

Descrédito do mundo

Multisuportes e Multigêneros

Macronarrativa

multigênero

Lírico, Épico e

Dramático

Drama lírico

Drama épico

Formas distribuídas ou

mistas

Dramédia

Narrador-narratário-leitor-

autor

Perspectiva

1ª. Pessoa, 3ª. Pessoa e...

Interator (?)

A seletividade e o controle do

leitor permite que ele se

“aproprie” da posição autoral.

Ação dos Personagens

Design de Personagem x

Performance

Narrativas Pervasivas e

Móveis

Diegese expandida

“SecretCity, de Michael Straueubig

Formatos de Narrativas

Diagrama de Estrutura

Clássica

Curva de tensão progressiva

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Diagrama de Estrutura

Ondulante

A intensidade da narrativa depende da tensão

acumulada

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Diagrama em Patamar

Suspense

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Diagrama de Estrutura em

Declive (ou diagrama em U

invertido) Tragédias (clássicas, neoclássicas ou modernas)

Crise no último 1/3 – resolução lenta

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

NÃO!!! ABSOLUTAMENTE,

NÃO!!!

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Multigênero e Multiformatos

Formatos estruturais

em narrativas interativas

Diagramas de Marie-

Laure Ryan

Bidirecional

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

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Hipertextual

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Árvore (arbóreo)

Plots transversais

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Vetor com ramificações

laterais

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Labirinto

Adventure games

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Estória oculta

Níveis narrativos

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Clue Path

Trilha de Pistas

Início

10 min - Pista

20 min - Pista

30 min - Pista

40 min - Resolução/Solução

Início

Início

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

Roteiro

Relação tempo / dimensão

Na televisão

90 minutos = 100 folhas

standard

50 minutos = 52 folhas

standard

No cinema

100 minutos = 120

folhas standard

15 minutos = 20

folhas standard

10 minutos = 15

folhas standard Em outras mídias... ?

Depende da mídia

Audiovisual, em geral,

1:1

Processo de Produção

Showrunner – responsável, nos EUA, pela criação de

uma série em relação ao processo criativo e ao

processo logístico

Avaliação de custo

Análise de mercado

Gerência de risco

Produções de baixo custo

Custo de cenário, figurino, lentes, câmeras

Necessidade de compreender as especificidades

do sistema de produção seriada

Processo de Produção:

Produção

Storylining – Para uma semana (5 dias)

no caso das séries diárias (diaries):

inclui plots de 2 ou 3 dias

Acompanhamento de pesquisa de

satisfação e opinião

Futuring – nas séries diárias, diz respeito

ao processo decisório dos arcos

narrativos para os próximos 5 meses

Ato / Sequência / Cena /

Beat

Beat

Sequênci

a

Ato

Cena Cena

Beat Beat Beat Beat

Cena Cena

Beat Beat Beat

Sequênci

a

AÇÃO DRAMÁTICA

Protagonista e coadjuvantes

+ Ação (história)

+ Plot (trama = o “como”)

= Ação dramática

TRAMA / PLOT

The art and Science of

Screenwriting (Phil Parker)

1. O Romance

2. A virtude não reconhecida

3. O defeito fatal

4. A dívida que precisa ser paga

5. A aranha e a mosca

6. O presente tomado / O dom roubado

7. A missão

8. Ritos de passagem

9. O andarilho

10. Aquele que não pode ser derrotado

O Romance

Parte de uma falta emocional ou da perda de algo/alguém (objeto do desejo)

O personagem luta para superar barreiras entre ele e seu objeto de desejo

A resolução chega quando as partes se encontram

Harry e Sally / When Harry Met Sally (1989) – Cinema

Drácula – Série de TV

Este material é meramente ilustrativo da aula, não

substituindo a leitura dos textos indicados , de

onde será extraído o conteúdo da prova

A virtude não reconhecida

O personagem virtuoso se torna próximo de do

mundo de outra pessoa ou outro mundo

Pode se apaixonar por algo ou alguém neste

mundo

Busca mostrar que pode ser desejável

(emocional, política, poder, etc.)

Busca solucionar um problema que dê relevo

à sua virtude

Uma linda mulher / Pretty Woman (1990) –

Cinema

Glee – Série de TV

O defeito fatal

O personagem tem

qualidades que o permitiriam

gozar oportunidades

negadas aos demais

Usa esse dom de forma

egoísta, mas quando

reconhece o dano que

causa ou pode causar ele se

impõem uma dada conduta

Dexter – Série de TV

Homem de Ferro – Filme

Magneto - Quadrinhos

A dívida que precisa ser

paga O personagem quer algo ou

alguém que somente pode ser

oportunizado por meio de terceiro

(pessoa, instituição, etc.) a um

determinado preço

Tenta se esquivar de seu débito,

mas é confrontado com seu credor

Coração Satânico – Filme

Hábitos perigosos (Hellblazer) -

Quadrinhos

A aranha e a mosca

O personagem deseja

fazer determinada coisa,

mas não pode fazê-lo de

pronto, precisando

recorrer a planos e

armadilhas.

O personagem executa

seu plano com sucesso,

alcança seu objetivo

inicial e então encara um

novo futuro

Vampire Diaries – Série

de TV

Game of Thrones – Série

de TV

O presente tomado

O personagem tem um dom, presente, poder ou posses que é perdido (naturalmente ou por intervenção)

Busca conquistar novamente o que perdeu.

Rain man (1988) – Cinema

Once upon a time – Série de TV

A missão

O personagem estabelece

uma tarefa de encontrar

alguém ou fazer algo

Aceita o desafio

Geralmente é

recompensado

Star Wars (1977) – Cinema

Ritos de passagem

O personagem busca atingir uma nova situação em sua vida e tenta aprender o que precisa para tanto

Ele tenta agir como se já tivesse adquirido o conhecimento necessário e falha

Então encontra um desafio que exige que ele vá além do que acha ser o suficiente

O sucesso expressa a maturidade conquistada

Conta comigo / Stand by me (1986) – Cinema

Os novos Mutantes / New Mutants (1983/1991) – Histórias em Quadrinhos

O andarilho

O personagem chega a um novo

lugar e descobre um problema

associado com o local

Ao investigar/encarar o problema,

acaba recorrendo na causa de sua

última partida, forçando a mudar

novamente.

Variação: a partida se dá por motivos

profissionais

Os brutos também amam / Shane

(1953) – Cinema

Hulk; CSI – Série de TV

Monster – mangá

Aquele que não pode ser

derrotado O personagem demonstra

proeza em certa situação, mas encara um desafio maior, o qual aceita

Ele é bem sucedido apesar dos obstáculos colocados pelo inimigo.

Duro de Matar / Die Hard (1988) – Cinema

Speed Racer – Animação

Plots menos recorrentes (nicho)

Robert McKee, em Story (1998), destaca:

Maturação/evolução do personagem (curso

do tempo)

Redenção (mudança moral)

Punição (forte apelo moral: denúncia de uma

conduta moral que precisa ser punida)

Teste/avaliação (força de vontade x

tentação)

Educação (vida muda de aspectos negativos

para positivos)

Desilução (vida muda de aspectos positivos

para negativos)

Formalismo russo

Crítica formalista

Rússia de 1910 até1930

Objetivo: estudo da linguagem poética

Viktor Chklovsky, Vladimir Propp, Yuri Tynianov, Boris Eichenbaum, Roman Jakobson e Grigory Vinokur

Estabelecendo o estudo da especificidade e da autonomia da linguagem poética e literária

São considerados os fundadores da crítica literária moderna: estruturalismo e pós-estruturalismo.

Formalismo orgânico

Vladimir Propp (1895–1970) - estudou

a estrutura dos contos tradicionais.

Modelo orgânico

Analogia entre biologia e teoria

literária

forneceu a estrutura de referência

para o estudo do estilo

Obra mais conhecida: Morfologia do

Conto Popular, de Propp (1928).

Funções de Personagens

1ª Esfera - O agressor (o que faz mal)

2ª Esfera - O doador - o que dá o objecto mágico ao herói

3ª Esfera - O auxiliar - que ajuda o herói no seu percurso

4ª Esfera - A Princesa e o Pai (não tem de ser obrigatoriamente o Rei)

5ª Esfera - O Mandador - aquele que manda

6ª Esfera - O Herói

7ª Esfera - O falso herói

Categorias de acordo com as

funções

Protagonista (Vilão ou Herói)

Antagonista

Par Romântico

Comic relief

Categorias de acordo com as

funções

Protagonista (Vilão ou Herói) - Personagem

principal. Personifica o "Bem" e os valores morais

defendidos pelo narrador.

Categorias de acordo com as

funções Antagonista - São aqueles personagens que se

opõe ao protagonista em algum(ns) dos atributos

que o define como personagem.

A função do antagonista é portanto por em

evidência algum atributo do protagonista por

meio de contraste [Ex: Charlie X Allan (do

seriado Two and a Half Man) = solteiro por

opção x solteiro sem opção, bohêmio x

trabalhador, rico x pobre, sortudo x azarado,

vencedor x perdedor, etc...]

Categorias de acordo com as

funções

Par Romântico - Independentemente do gênero

(masculino ou feminino), representa o objeto de

afeto do protagonista, às vezes dividido com o

antagonista; pode enquadrar-se no mito do

amor romântico

Categorias de acordo com as

funções

Comic relief - categoria que inclui os

personagens de função predominantemente

humorística, como "amigos" e "ajudantes" do

protagonista

Morfologia do Conto

Maravilhoso 1. DISTANCIAMENTO: um membro da família deixa o lar (o

Herói é apresentado);

2. PROIBIÇÃO: uma interdição é feita ao Herói ('não vá lá',

'vá a este lugar');

3. INFRAÇÃO: a interdição é violada (o Vilão entra na

história);

4. INVESTIGAÇÃO: o Vilão faz uma tentativa de

aproximação/reconhecimento (ou tenta encontrar os

filhos, as jóias, ou a vítima interroga o Vilão);

5. DELAÇÃO: o Vilão consegue informação sobre a vítima;

Morfologia do Conto

Maravilhoso

6. ARMADILHA: o Vilão tenta enganar a vítima

para tomar posse dela ou de seus pertences

(ou seus filhos); o Vilão está traiçoeiramente

disfarçado para tentar ganhar confiança;

7. CONIVÊNCIA: a vítima deixa-se enganar e

acaba ajudando o inimigo involuntariamente;

8. CULPA: o Vilão causa algum mal a um

membro da família do Herói;

alternativamente, um membro da família

deseja ou sente falta de algo (poção mágica,

etc.);

Morfologia do Conto

Maravilhoso 9. MEDIAÇÃO: o infortúnio ou a falta chegam

ao conhecimento do Herói (ele é enviado a

algum lugar, ouve pedidos de ajuda, etc.);

10. CONSENSO/CASTIGO: o Herói recebe uma

sanção ou punição;

11. PARTIDA DO HERÓI: o Herói sai de casa;

12. SUBMISSÃO/PROVAÇÃO: o Herói é testado

pelo Ajudante, preparado para seu

aprendizado ou para receber a magia;

Morfologia do Conto

Maravilhoso 13. REAÇÃO: o Herói reage ao teste

(falha/passa, realiza algum feito, etc.);

14. FORNECIMENTO DE MAGIA: o Herói

adqüire magia ou poderes mágicos;

15. TRANSFERÊNCIA: o Herói é transferido ou

levado para perto do objeto de sua busca;

16. CONFRONTO: o Herói e o Vilão se

enfrentam em combate direto;

17. HERÓI ASSINALADO: ganha uma cicatriz,

ou marca, ou ferimento

Morfologia do Conto

Maravilhoso 18. VITÓRIA sobre o Antagonista

19. REMOÇÃO DO CASTIGO/CULPA: o infortúnio

que o Vilão tinha provocado é desfeito;

20. RETORNO DO HERÓI: (a maior parte da

narrativas termina aqui, mas Propp identifica uma

possível continuação)

21. PERSEGUIÇÃO: o Herói é perseguido (ou sofre

tentativa de assassinato);

22. O HERÓI SE SALVA, ou é resgatado da

perseguição;

Morfologia do Conto

Maravilhoso 23. O HERÓI CHEGA INCÓGNITO EM CASA ou em

outro país;

24. PRETENSÃO DO FALSO HERÓI, que finge ser o

Herói;

25. PROVAÇÃO: ao Herói é imposto um dever

difícil;

26. EXECUÇÃO DO DEVER: o Herói é bem-

sucedido;

27. RECONHECIMENTO DO HERÓI (pela

marca/cicatriz que recebeu);

Morfologia do Conto

Maravilhoso 28. o Falso Herói é exposto/desmascarado;

29. TRANSFIGURAÇÃO DO HERÓI;

30. PUNIÇÃO DO ANTAGONISTA

31. NÚPCIAS DO HERÓI: o Herói se casa ou

ascende ao trono.

Claude Bremond -

Sequência

encadeamento ou organização por ordem cronológica

encaixe, em que uma ação é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se retoma

alternância, em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente pela forma que foi escrito. Esse eu lirico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize com a leitura.

Funcionalização e

desfuncionalização do

personagem na narrativa

Personagem-Função

Personagem-Estado

Personagem-Texto

Anti-Personagem

Personagem Dialógico

Personagem-Função

Propp – similaridades

Três características básicas

Referencialidade – similar ao ser humano

Funcionalidade – desempenha uma função

Temporalidade – ações cronológicas e ordenadas

Barthes – Ações Nucleares e Catalíticas

Nucleares – movimenta a estória

Catalítica – criam clima e ligação

As funções proppianas são nucleares

Personagem-Estado

No apogeu da narrativa romanesca, o personagem-função perde a característica mimética de mundo exterior e passa a projetar outra maneira de ser.

Na forma “Romance”, o personagem-função mantém sua natureza referencial.

A transformação reside em procedimentos que tendem a afetar a sua estrutura lógico-temporal.

Não ignora a intriga, mas se confunde com o texto.

Personagem-Texto

Segolin – A narrativa moderna procura transferir para o texto a funcionalidade que os seres ficcionais perderam.

E os seres narrativos, reduzidos agora a um conjunto de ações, sem história, passam a participar de um jogo de relações que monta não uma intriga, mas uma espécie de “espaço-trama-texto”, com a finalidade de explicitar o texto no momento em que exerce sua função dialogante e metalinguística.

É o agente narrativo que foi destemporalizado, desfuncionalizado e desrefencializado.

Anti-Personagem

É um produto de transformação dialético e

contraditório.

Não se preocupa em verificar e medir a validade

ou a invalidade referencial, nem nem trata de

descobrir a verdade ou a veracidade dos seres

narrativos. Preocupa-se apenas em se

desprender da função de mímese, a fim de

mostrar que a verdade ou não-verdade nasce

das palavras e seus arranjos.

Personagem-Dialógico

O herói como agente dos discurso autêntico.

Baktin – As identidades dos personagens se

confundem entre si, pois não são monológicos,

mas dialógicos.

No dialogismos, há uma articulação entre

pensamentos, reflexões ou falas que favorecem a

introspecção e a criação de monólogos interiores

dos personagens.

A realidade prevalece em suas consciências e

não no discurso de um narrador-oniciente.