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LEILA CÂNDIDO DE BONFIM TORRES
O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
IBAITI/PARANÁ
2008
Secretaria de Estado da Educação – SEED Superintendência da Educação - SUED
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais – DPPE Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
LEILA CÂNDIDO DE BONFIM TORRES
O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
Material Didático do Professor PDE apresentado à
Secretaria de Estado da Educação do Paraná e à
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual
de Londrina, como requisito parcial para obtenção
de Certificação no Programa de Desenvolvimento
Educacional.
Orientadora: Professora Ms. Ana Lucia F. Aoyama.
IBAITI/PARANÁ
2008
2
SUMÁRIO
IDENTIFICAÇÃO......................................................................................... 03
1 RECURSO DE EXPRESSÃO..................................................................... 04
2
2.1
2.2
2.3
RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO..............................................................
Investigação Disciplinar...............................................................................
Perspectiva Interdisciplinar..........................................................................
Contextualização.........................................................................................
06
06
09
11
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
RECURSOS DIDÁTICOS............................................................................
Sítio.............................................................................................................
Som...........................................................................................................
Vídeo.........................................................................................................
Propostas de Atividades..............................................................................
Imagem........................................................................................................
12
12
13
13
15
16
4
4.1
4.2
4.3
4.4
RECURSOS DE INFORMAÇÃO................................................................
Sugestões de leituras..................................................................................
Notícia.........................................................................................................
Destaque.....................................................................................................
Paraná.........................................................................................................
16
16
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20
23
3
IDENTIFICAÇÃO Autor: Leila Cândido de Bonfim Torres
Estabelecimento: Colégio Estadual Aldo Dallago
NRE: Ibaiti
Ensino: Séries Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio
Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico
Conteúdo Estruturante: Trabalho Pedagógico
Conteúdo Específico: O Pedagogo e a Organização do Trabalho Pedagógico
4
O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
1 RECURSO DE EXPRESSÃO
Problematização do conteúdo Chamada para recurso de Expressão:
Pedagogo é... Professor? Especialista? Generalista? Cientista da educação? Ou
articulador do processo pedagógico?
Título: O Pedagogo e a organização do trabalho pedagógico - perspectivas para o
desenvolvimento do Trabalho Coletivo
Texto
A tônica deste material é discutir a prática do pedagogo, as suas
inquietações, bem como o seu papel na organização do trabalho pedagógico numa
perspectiva do trabalho coletivo no interior da escola.
Historicamente, a atuação do especialista – Orientador Educacional,
Supervisor Pedagógico – denominações anteriores à Resolução nº. 103/2004 tem
sido confundida, na escola, tanto pelos professores, como pelos administradores e
alunos, como a de um “faz tudo”, que se encontra à disposição de todos para ajudar
no que se fizer necessário, seja para telefonar aos pais de uma criança doente ou
encaminhá-la ao atendimento médico, como pesquisar e entregar nas mãos dos
regentes de classe, materiais, recursos e referenciais de que necessitam como
“conversar” com alunos indisciplinados, organizar as festinhas ou em eventos para a
arrecadação de recursos financeiros para a escola.
Envolvido nessas e em outras atividades, nem sempre pertinentes ao seu
fazer pedagógico, o pedagogo acaba por não dispor de tempo para desenvolver o
papel que lhe cabe, isto é, contribuir com os professores para a melhoria de sua
prática e, conseqüentemente, pela promoção de uma educação transformadora.
Essas questões têm sido, nas últimas décadas, tema de debates. No
entanto, não se vislumbra meios de equacioná-la, uma vez que o papel de “tarefeiro”
do pedagogo está relacionado à própria organização do trabalho pedagógico e às
condições favoráveis de trabalho, que possibilitem a intervenção educativa, ou
seja: participação na elaboração do planejamento de ensino, na seleção dos
5
conteúdos, nos procedimentos metodológicos e no processo de avaliação, tanto do
educando, como do educador.
Pimenta (2002) reforça a necessidade do papel do pedagogo na escola
afirmando que os pedagogos são profissionais necessários1 na escola quer na
organização racional do processo de ensino, como também na articulação dos
conteúdos e a busca de um projeto coerente.
A autora ainda destaca a escola como organização complexa que necessita
de profissionais que tenham visão de sua especificidade numa totalidade orgânica,
sem esquecer que a prática escolar é uma prática coletiva.
Diante disso, é pertinente a discussão e aprofundamento teórico desse
tema, uma vez que o objeto de trabalho dos pedagogos seja ele orientador
educacional ou supervisor escolar é sempre o mesmo, o processo de produção do
conhecimento.
Enfim, é necessário que os pedagogos deixem de ser entendidos
simplesmente como uma pessoa a mais, com quem se pode contar, sempre que
necessário e passem a ser vistos como imprescindíveis, de acordo com a afirmação
de Libâneo (2000):
a atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. (p.54, grifos nossos)
Referências:
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? – 8. Ed. – São Paulo:
Cortez, 1998.
PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública. 4ª ed. São Paulo:
Loyola, 2002.
1 (...) os pedagogos são profissionais necessários na escola: seja na tarefa de administração (entendida como organização racional do processo de ensino e garantia de perpetuação desse processo no sistema de ensino, de forma a consolidar um projeto pedagógico político de emancipação das camadas populares), seja nas tarefas que ajudem o(s) professor(es) no ato de ensinar, pelo conhecimento não apenas dos processos específicos, mas também na articulação entre os diversos conteúdos e a busca de um projeto pedagógico-político coerente. (PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2002. p. 151).
6
2 RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO
2.1 Investigação Disciplinar
Título: Pedagogia – É Ciência da Educação? Pedagogo é...?
Texto:
É comum nos defrontarmos com professores e até pedagogos que se
manifestam em relação às teorias educacionais como trabalho para cientistas
desocupados, uma vez que, segundo esses docentes, a prática é diferente da teoria
e que seu trabalho educativo, em sala de aula, é essencialmente prático.
Tardif et al (1991), preocupados com essa postura dos educadores e com a
falta de conhecimento teórico que fundamente sua prática, vêm alertando para o fato
de que, quando se interroga professores sobre seus saberes, eles tendem a
valorizar o fato de os mesmos se originarem da prática cotidiana da profissão e
serem por ela validados. Nessa perspectiva, assim os autores se posicionam:
Portanto, estes acabam se constituindo nos fundamentos de sua competência. É a partir deles que os professores julgam sua formação anterior ou sua formação ao longo da carreira. É igualmente a partir deles que julgam a pertinência ou realismo das reformas introduzidas nos programas e métodos. Enfim, é a partir dos saberes da experiência que os professores concebem os modelos de excelência profissional no interior da profissão. (p. 227).
De certa maneira, tais posicionamentos têm a ver com o fato da Pedagogia
“ainda não possuir um autêntico estatuto científico [...] sendo, pois, uma ciência que
se encontra em processo de formação". (ESTRELA, 1992, p. 9), o que a estigmatiza
do ponto de vista dos inadvertidos e a conceituam como conhecimento apenas
teórico, que não conduz à melhoria da prática educativa.
Segundo Libâneo (1993), cabe à Pedagogia o estudo sistemático da
educação, é ela quem estuda a educação na sua historicidade e globalidade. E,
neste sentido, parece concordar com Estrela (1992), quando afirma que a
Pedagogia "(...) é uma ciência em vias de constituição de seu estatuto científico"
(LIBÂNEO, p. 113).
Se entendermos a Pedagogia como uma ciência cujo objeto de estudo são
os processos educativos que se desenvolvem em diferentes situações de vida e
dimensões da sociedade é fundamental que a analisemos sob os aspectos teóricos
e práticos, tendo em vista que, como refere Gimeno Sacristán (1999), não há como
7
separar a prática da teoria, nem tampouco é possível a existência solitária da teoria,
sem seu uso prático, uma vez que ambas se entrecruzam e se interdependem.
Discorrendo sobre a necessidade da reflexão sobre o fazer pedagógico,
Sacristán (1999, p. 48), assim se posiciona:
Executar ações, querer fazê-las e pensar sobre elas são três componentes básicos entrelaçados da atividade do sujeito. A interação entre eles forma o triângulo de relações recíprocas para entender o comportamento humano, em geral, com todas as suas contradições e coerências e as ações da educação e do ensino, em particular. É um triângulo, não uma linha, na qual se possa situar, com clareza, que componente antecede o outro, para explicar o início de uma ação.
Outros autores estão preocupados em re-significar a pedagogia e as
ciências da educação entendendo que estas têm como campo a prática social, com
todas as suas contradições, cabendo-lhes ao mesmo tempo contribuírem para
analisar e transformar essa prática.
De acordo com Pimenta (2006) o estudo da educação como fenômeno
social não se esgota por uma ciência e tão pouco, a pedagogia seja a única ciência
que estuda a educação. Ela afirma que o ponto de partida para a epistemologia é a
prática social da educação. Sua especificidade é que a difere das demais ciências, a
pedagogia é ciência da prática.
Segunda a autora acima citada, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, a
História, entre outras, são ciências que se utilizam da educação, porém não partem
do fenômeno educativo como problemas de investigação, apenas lhe emprestam
interpretações elaboradas a partir de suas problemáticas específicas.
Conforme Estrela, (apud PIMENTA, 2006, p.37), quando se analisa o
fenômeno educativo sob os ângulos dessas ciências já constituídas, são seus
objetos da teoria e da prática que são detectados, e não os da educação. Porém, a
necessidade de posicionar a Pedagogia em relação a elas nos conduz a pesquisar
as questões relacionadas à sua identidade.
Pedagogo - Uma breve identificação
Começamos pela busca da melhor definição para palavra:
Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os
quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns
8
dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes.
(Wikipédia, grifos nossos)
Ainda no mesmo site a definição da palavra para a Antropologia, na sua
especialidade forense, diz-se que a identidade consiste na soma de sinais, marcas
e características - positivas ou negativas - que individualizam o indivíduo ou
coisa, sendo determinada pela identificação, que nada mais é que a delimitação da
individualidade. (grifos nossos)
O documento que usamos para comprovar os nossos dados completos, o
que nos identifica legalmente é a carteira de identidade, em se tratando da busca da
identidade do Pedagogo, questiona-se se ele é um professor, um educador ou um
cientista. Que características o distinguem? Não somos os únicos a ficar indecisos
na resposta.
Através de um relato de experiência, Nóvoa (apud Pimenta 1998, p.72-73)
diz que, ao apresentar sua identidade profissional, questiona-se entre professor,
Cientista ou Pedagogo, e acaba decidindo-se por dizer professor, no entanto, essa é
apenas meia resposta segundo o autor, pois se alguém mais curioso um pouco
continuar questionando: “professor de quê?”, então, tudo recomeça...
Para Libâneo (2002), há uma diversidade de práticas educativas intencionais
na sociedade a qual se configura como uma ação pedagógica nas esferas escolar e
extra-escolar, assim, ele considera que:
(...) o pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana definidos em sua contextualização histórica. (p. 68)
No dia-a-dia da escola, como já destacado anteriormente, presenciamos a
figura de um pedagogo lançando-se, pela própria organização da escola, à mercê
das necessidades imediatas, mesmo ciente de que assim está se distanciando das
propostas de contribuir com “a construção de um projeto político comprometido com
a emancipação dos sujeitos na busca de novas e significativas relações sociais”,
Franco (2003, p.110).
Para mudar qualquer situação é preciso conhecê-la, acredito que o ponto de
partida para a mudança resida no processo de construção coletiva da prática
pedagógica, uma vez que as ações do pedagogo são em sua essência de natureza
coletiva.
9
Referências:
ESTRELA, Albano. Pedagogia, ciência da educação? Portugal: Porto Editora, 1992.
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. Campinas:
Papirus, 2003.
LIBÂNEO, José Carlos. O ato pedagógico em questão: o que é preciso saber?
Revista Inter-ação, Goiânia, n. 17, p. 111-125, jan./dez. 1993.
____________________. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o
pedagogo, o que deve ser o curso de Pedagogia. In. PIMENTA, Selma Garrido
(Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002,
p. 59- 97.
NÓVOA, Antônio. As ciências da educação e os processos de mudança. In:
PIMENTA, Selma Garrido. (Org.). Pedagogia, ciência da Educação? São Paulo:
Cortez, 1996.
PIMENTA, Selma Garrido. Para uma re-significação da didática – ciências da
educação, pedagogia e didática (uma revisão e uma síntese provisória). In:
PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Didática e Formação de Professores: percursos e
perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, p.19-76, 2006.
SACRISTÁN, J. Gimeno. Poderes instáveis em Educação. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
TARDIF, M., LESSARD, C., LAHYE, L. Os professores face ao saber: esboço de
uma problemática docente. Teoria Educ, Porto Alegre, p.215-33, 1991.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade - acessado em 26/12/2007
2.2 Perspectiva interdisciplinar
Título: A natureza interdisciplinar no trabalho do pedagogo
Texto:
É possível orientar planos de ensino, articular os variados conteúdos
escolares, sem o domínio dos conteúdos específicos de todas as matérias?
Para conduzir essa questão, encontramos em Libâneo (2000, p.55) uma
afirmação que cabe aqui ser destacada: o pedagogo não precisa dominar todas as
matérias, no entanto precisa operar entre a teoria pedagógica e os conteúdos-
10
métodos específicos de cada disciplina, entre o conhecimento pedagógico e a sala
de aula.
Esse profissional que atua em todas as instâncias, orientando o processo
educativo, segundo o autor Celso Vasconcellos (2002) não é (ou não deveria ser),
“fiscal de professor, não é coringa, tarefeiro, quebra galho, tapa-buraco, não é
generalista”, entre outras, ele é sim, segundo o próprio autor, o articulador2 do
Projeto Político-Pedagógico da instituição, cuja função é organizar a reflexão, a
participação e os meios de concretizar a tarefa da escola, além de propiciar que
todos os alunos aprendam e se desenvolvam como seres humanos plenos.
Diante disso, cabe ao Pedagogo o papel de trabalhar com a realidade
buscando superar o senso comum através do conhecimento cientifico, almejando
sempre a emancipação dos alunos enquanto sujeitos históricos.
Nesse sentido, é necessário que o Pedagogo desempenhe o seu papel na
elaboração e implementação do Projeto Político Pedagógico fazendo a mediação
entre trabalho escolar e prática social, circulando constantemente entre professores,
conteúdos e métodos das várias disciplinas, sem perder de vista o seu
comprometimento com uma sociedade democrática, com vistas à superação do
trabalho fragmentado dentro da escola.
Referências:
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia:
Alternativa, 2004.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do
projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.
2 O núcleo de definição e de articulação da supervisão deve ser, portanto, o pedagógico (que é o núcleo da escola, enquanto especificidade institucional) e, em especial, os processos de ensino aprendizagem. Neste sentido, a própria concepção de supervisão se transforma, na medida em que não se centra na figura do supervisor, mas na função supervisora, que, inclusive, pode, e deve circular entre os elementos do grupo, cabendo à coordenação a sistematização e integração do trabalho no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade (Vasconcellos. 2002.p.87, grifos nossos).
11
2.3 Contextualização Título: Organização escolar e Organização Social Texto:
Contextualizando as questões até aqui apresentadas à situação do
pedagogo nas escolas paranaenses, cabe-nos questionar os princípios que estão
norteando a prática pedagógica. Se esses princípios estão comprometidos com a
construção de um mundo mais humano, justo e solidário? Ou serão princípios
comprometidos com um mundo mais competitivo e individualista do capitalismo?
Quem é esse especialista da educação que acumula funções? Seria ele o
profissional envolvido pelo esquema alienante do sistema educacional? Ou seria o
intelectual orgânico3 da escola capaz de trabalhar em grupo, despertar e mobilizar
as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso?
No entanto, ainda que tenhamos nas escolas intelectuais orgânicos, cabe
ressaltar que a organização do trabalho escolar, segundo Freitas (2005) se dá no
seio de uma organização social historicamente determinada e que as formas que
essa organização assume, na escola, mantêm ligação com tal tipo de organização
social.
Portanto, de acordo com o autor, não podemos desconsiderá-los sob pena
de realizar um trabalho romântico e ingênuo:
(...) está aqui identificado um entrave importante às inovações no campo da organização do trabalho pedagógico: a organização social. A escola não é uma ilha na sociedade. Não está totalmente determinada por ela, mas não está totalmente livre dela. Entender os limites existentes para a organização do trabalho pedagógico ajuda-nos a lutar contra eles; desconsiderá-los conduz a ingenuidade e ao romantismo (FREITAS, 2005, p.98 – grifos nossos)
Diante disso, cientes de que nenhuma de nossas escolas conseguirá
sozinha, exercer o seu papel transformador e assegurar o desenvolvimento e a
aprendizagem de seus alunos, se não tiver um sistema de organização e práticas de
3 [...] são orgânicos os intelectuais que, além de especialistas na sua profissão, que os vincula profundamente ao modo de produção do seu tempo, elaboram uma concepção ético-política que os habilita a exercer as funções culturais, educativas e organizativas para assegurar a hegemonia social e o domínio estatal da classe que representam. (GRAMSCI, apud SEMERARO, 2006, p. 378)
12
gestão bem definidos. Cabe-nos aproveitar o bonde da história, o retorno dos cursos
profissionalizantes, as discussões que a CADEP/SEED e NREs vêm promovendo
junto aos pedagogos nas Jornadas Pedagógicas e caminhar sem esmorecer,
lembrando o que disse poeta espanhol Antonio Machado, “Caminhante, não há
caminho. Faz-se o caminho caminhando”.
É importante destacar que esse caminho deve ser feito através de um
trabalho coletivo, de forma democrática e com a participação ativa de todos os
envolvidos no processo educacional.
Referência:
FREITAS, Luiz Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da
didática. 7ª ed. Campinas: Papirus, 2005.
SEMERARO, Giovanni. Intelectuais “orgânicos” em tempos de pós-modernidade. In:
Cadernos CEDES. Gramsci, intelectuais e educação. 1ª ed. Campinas: Cedes, vol.
26, n. 70, p.373-391, set./dez. 2006.
3 RECURSOS DIDÁTICOS
Sítio: Portal Planeta Educação
Disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br
ACESSADO EM: dezembro de 2007.
Comentários:
É um portal com vários links de educação, além da apresentação de ótimas
matérias e principalmente uma série de artigos do professor João Luís Almeida
Machado, Doutorando pela PUC-SP no programa “Educação e Currículo”, que vale
a pena dar uma olhada, inclusive o artigo “Lutar para encontrar a própria voz” na
seção Carpe Diem, e na coluna Voz do Professor.
SÍTIO: Portal da ANPED – Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em
Educação.
DISPONÍVEL EM: http://www.anped.org.br
ACESSADO EM: dezembro de 2007
13
COMENTÁRIOS:
Pedagogos e professores precisam visitar este Sítio, ele registra a história
da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação, disponibiliza
notícias atualizadas sobre os dados de Educação e Pesquisa, além de disponibilizar
para download a Revista Brasileira de Educação, que é sem dúvida uma excelente
revista para educadores.
3.2.1 Som
Título da música: O Semeador de Sonhos
Intérprete: Susi Monte Serrat e João Bello
Título do CD: O Semeador de Sonhos
Número da Faixa: 1
Nome da Gravadora: Produção Independente
Contato: (endereço web): www.osemeadordesonhos
Comentários:
“Semear o sonho é transformação...! Transformar o mundo... é desafio bom...
Semear o sonho é... coragem e fé!”
A letra da música "Semeador de Sonhos” relata através de uma melodia
simples, na voz doce de Susi Monte Serrat, o sonho de todo professor... de poder
transformar o mundo, e oferecer aos nossos alunos, aos nossos filhos, um lugar
melhor para se viver. Essa música nos remete a busca por paz, cidadania, e,
sobretudo nos faz refletir com o que disse o educador Paulo Freire: "Se a educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."
Vale a pena procurar por esse CD, conhecê-lo e trabalhá-lo com os alunos e
professores.
3.2.2 Vídeo
Título: Escritores da Liberdade
Direção: Richard LaGravenese
Produtora: Paramount Pctures
14
Duração: 122 minutos
Local de publicação: Alemanha / EUA
Ano: 2007
Disponível em: www.paramountbrasil.com.br
SINOPSE:
No gênero Drama, colorido, Hilary Swank, duas vezes premiada com o
Oscar atua nesta instigante história envolvendo adolescentes, criados no meio de
tiroteiros e agressividade.
O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de
uma forma comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social
problemático e violento. A história inicia com uma jovem professora, Erin
(interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em uma instituição de
"Ensino Médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de
adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues.
É um filme que merece ser visto como apreço, sobretudo pela sua ênfase no
papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias.
Com eletrizantes performances de um elenco de astros, incluindo Patrick
Dempsey (Grey’s Anatomy) ganhador do Globo de Ouro, Escritores da Liberdade é
baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.
COMENTÁRIO:
Um filme excelente, indicado em minha opinião, particularmente para
professores e pedagogos que diariamente enfrentam situações de conflitos no
interior da escola.
Um drama que apresenta uma forte mensagem de esperança,
perseverança e crença no valor do ser humano, enquanto pessoa integrante de uma
sociedade que deveria caminhar integralmente para um bem comum. Aliás, esse é o
objetivo do trabalho coletivo na escola.
É diferente dos demais filmes do gênero, o professor não conquista uma
turma difícil, com brincadeiras e dinâmicas de relacionamento, mas com
profundidade teórica, partindo das análises dos diários dos alunos, ou seja,
situações reais, não é isso que professores e pedagogos precisam fazer hoje nas
escolas? Vale à pena conferir!
15
3.3 Proposta de Atividade:
Descrição da Atividade:
Após estudo e discussões dos temas apresentados o professor pedagogo
poderá propor aos alunos, na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico,
uma pesquisa junto aos professores e pedagogos da Educação Básica, que deve
ser planejada com antecedência, após reflexão conjunta referentes às necessidades
dos mesmos em conhecer o papel do pedagogo na articulação do trabalho
pedagógico.
O primeiro passo será dividir a turma em dois grupos. O grupo 1 realizará a
pesquisa com os pedagogos, que poderá apontar, entre outras, as seguintes
questões:
1. Qual é, em sua concepção, o papel do pedagogo na Educação Básica?
2. Sua formação lhe deu subsídios para sua atuação pedagógica?Explique:
3. Quais as principais dificuldades que você enfrenta na realização de sua ação
pedagógica?
4. Como você supera essas dificuldades? Através de quais encaminhamentos?
5. Apresente sugestões, relacionadas ao papel do pedagogo na escola, para
melhorar da qualidade de ensino:
O segundo grupo abordará os professores com apenas duas questões:
1. O que você entende ser papel do pedagogo?
2. Quais as ações que você espera do pedagogo diariamente na escola ou
colégio onde atua?
Após o trabalho de campo os grupos sistematizarão as respostas e farão um
contraponto entre os estudos realizados anteriormente e as respostas apontadas
pelos professores e pedagogos.
A última fase desta atividade representa a transposição do teórico para o
prático dos objetivos da unidade de estudo, das dimensões do conteúdo e dos
conceitos adquiridos, evidenciando o propósito de ação e como pretende traduzi-lo
no seu dia – a – dia. Nesse momento, com base no conteúdo trabalhado, será
elaborado pelo grupo, um plano de ação para a organização do trabalho pedagógico
na escola, evidenciando o papel do pedagogo.
16
3.4 Imagens
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=483
http://bardoseminarista.blogspot.com/
Comentário:
Imagens são recursos didáticos de grande expressão e o pedagogo poderá
lançar mão delas sempre que tiver oportunidade, tanto em sala de aula quanto nas
reuniões com os professores.
As imagens indicadas na primeira opção compõem o artigo Parceria
Fundamental: Escolas e Professores, do professor João Luis Almeida Machado.
O tabuleiro de xadrez, por exemplo, nos faz refletir sobre a importância de
cada movimento, que deve ser pensado pelo colegiado para termos mais acertos do
que erros na escola!
O trabalho coletivo pode levar um time à vitória. E não estamos falando aqui
dos campeões nos esportes, mas de todos aqueles que estão nas nossas escolas e
que entre outras questões dependem também da nossa atuação. Em muitos casos,
somos a própria voz desse grupo, e essa é mais uma razão para tentarmos
coletivamente todas as possibilidades que abram as portas para a criança, o
adolescente e o jovem da escola pública avançar!
Na segunda opção vocês se emocionarão com uma foto, sob o título “A
União Faz a Força” que vale a pena conferir, refletir e apresentar aos nossos pares.
A mim causou desejo de caminhar em busca da utopia proposta por Galeano,
aquela que está lá no horizonte, não quero perdê-la de vista... superar diferenças,
conhecer quem está do outro lado e contribuir para que os nossos alunos, que já
tem o acesso garantido também tenham sucesso em sua permanência em nossas
escolas!
Essas imagens à primeira vista parecem distintas e até desconectadas das
discussões até aqui apresentadas, no entanto, podem provocar discussões
relevantes sobre a organização do trabalho pedagógico.
4 RECURSOS DE INFORMAÇÃO
4.1 Sugestões de Leituras
17
Título do Livro: A Orientação Educacional - Conflito de Paradigmas e Alternativas
para a Escola
Referência: GRINSPUN, Mírian P.S Zippin. A Orientação Educacional - Conflito de
Paradigmas e Alternativas para a Escola – 3 ed. Ampl. São Paulo: Cortez, 2006
Comentários:
É importante ler esta obra para iniciar as discussões sobre o trabalho
coletivo no interior da escola, pois autora além de alertar aos pedagogos para
buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de ensina/educar,
promovendo as condições básicas para a formação da cidadania de nossos alunos
(p.51), também faz uma forte afirmação sobre a função de cada profissional dentro
da escola, quando afirma que “ninguém, na escola, é dono de uma área apenas
(supervisor/professor, orientador/ aluno-professor, professor-aluno, diretor-escola),
mas sim protagonista; e seja qual for a função dentro da escola, cada um tem sua
especificidade, sem perder de vista o conjunto e o modelo final do projeto coletivo da
escola.”
Título do Livro: O Pedagogo na Escola Pública
Referência: PIMENTA, Selma Garrido. O Pedagogo na Escola Publica. Três ed.
São Paulo: Loyola, 1991.
Comentários:
A autora expõe nesta obra a importância do trabalho pedagógico dos
especialistas na organização escolar. Afirma que o Projeto Político Pedagógico da
escola pública que queremos, de acordo com a pedagogia crítico - social dos
conteúdos, requer a competência do pedagogo, mas de um novo pedagogo.
Ela faz uma análise da especificidade da escola e das atividades
pedagógicas, além de destacar que a função precípua da escola é a transmissão e a
apropriação dos conhecimentos.
Selma Garrido também afirma que tornar a escola democrática hoje
significa modificá-la, a fim de que cada vez maior parcela das camadas populares
nela ingresse e permaneça.
Título do Livro: Organização e gestão da escola: teoria e prática
18
Referência: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e
prática. Goiânia: Alternativa, 2004.
Comentários:
Esta obra deveria ser lida por todos os pedagogos e também por todos os
professores que anseiam por uma nova forma de gestão na escola, ela traz
importantes conhecimentos sobre a organização geral do trabalho escolar, as
formas de gestão e de tomada de decisões, além das discussões específicas sobre
o planejamento escolar e o projeto político pedagógico.
Libâneo destaca nesta obra que não se pode reduzir a importância das
escolas, pois elas continuam tendo uma função social insubstituível de formar os
indivíduos para uma vida digna e para compreensão e transformação da realidade.
Título do Livro: Pedagogia, Ciência da Educação?
Referência: PIMENTA, Selma Garrido (coord). Pedagogia, Ciência da Educação 5ª
ed. São Paulo: Cortez, 2006.
Comentários:
É uma obra que traz através dos textos de Libâneo, Mazzotti, Nóvoa e da
própria Selma Garrido, uma discussão sobre a cientificidade da Pedagogia a partir
de diferentes perspectivas, procurando identificar formas de contribuir para um
processo educativo emancipatório.
Discute entre outras questões: A pedagogia é ciência? É ciência da
educação? Qual o lugar da pedagogia entre as ciências que examinam o fazer
educativo? Pedagogia e inovações educacionais, formação de professores, didática.
São esses alguns dos temas tratados neste livro que encerra com o alerta
de que só através da concentração de esforços em propostas de intervenção
pedagógica nas várias esferas do educativo é que será possível o enfrentamento
dos desafios do mundo contemporâneo.
Título do Livro: Pedagogia como ciência da educação
Referência: FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da
educação. Campinas: Papirus, 2003.
Comentários:
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Esta obra constitui-se um valioso instrumento de compreensão da
Pedagogia como ciência da educação e também como orientação para a formulação
do currículo de formação de pedagogos especialistas e professores e para os
fundamentos teóricos da pesquisa pedagógica.
Algumas perguntas da autora são provocativas para um bom debate entre
os Pedagogos: "Se não é a Pedagogia como ciência da educação a condutora e
operacionadora desse movimento de formação de professores reflexivos, qual outra
ciência pode assumir esse papel? Qual outra alternativa, em relação à formação de
professores se não a racionalidade crítico-reflexiva? É possível transformar essas
propostas em projeto educacional? Se não os pedagogos, quem deve assumir a
condução deste projeto?" (p. 124).
Título do Livro: Pedagogia e pedagogos, para quê?
Referência: LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? – 8. Ed.
– São Paulo: Cortez, 1998.
Comentários:
Esse livro reúne textos escritos da década de 90 por José Carlos Libâneo,
sua primeira intenção é responder ao questionamento que titula a obra.
Ao longo dos cinco capítulos o autor expõe as razões que justificam a
existência da pedagogia como "ciência da educação", posicionando-se em favor da
especificidade da atuação profissional do pedagogo e formulando uma clara
proposta para a sua formação.
Libâneo defende nessa obra que a existência da pedagogia se justifica no
fato dela ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas que se realizam
em sociedade. Ela se constitui, sob esse entendimento, em um campo de
conhecimento que possui objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação,
configurando-se como "ciência da educação".
4.2 Notícia
Título da Notícia: Paulo Freire: A pedagogia de uma vida
Referência: www.brasildefato.com.br/v01/agencia/cultura/
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Eduardo Sales de Lima, em 03/05/2007 - acessado em 20/12/2007
Texto: “Com a perspectiva da transformação da realidade, Paulo Freire continua
presente em salas de aula de todo o Brasil.
Para Paulo Freire, "ensinar é um ato político", por isso, no processo de
criação de seu "método", salienta que o universo vocabular do alfabetizando é o
ponto partida. A partir desse universo, inicia-se o diálogo, a base do método. E é no
dialogismo que se instaura o questionamento. Ao questionar a própria realidade, o
educando a problematiza, cria a capacidade de criticá-la e, por consequência,
transformá-la. "Como dizia Antonio Gramsci (marxista italiano), a educação precisa
abordar as várias contra-ideologias da ideologia dominante. Se a educação não
estiver educando alguém para a transformação, não é educação, é
simplesmente uma adequação", diz João Zanetic, professor do Instituto de Física
da USP.
Segundo Paulo Freire, para romper com essa "adequação" e transformar a
realidade opressora, é preciso trabalhar a palavra dentro de duas dimensões
constitutivas: ação e reflexão. Sem a dimensão da ação, perde-se a reflexão e a
palavra transforma-se em verbalismo. Por outro lado, a ação sem a reflexão
transforma-se em ativismo, que também nega o diálogo.
“Para o educador pernambucano, a palavra verdadeira é práxis
transformadora.” Fonte: Brasil de Fato (grifos nossos)
Comentário:
Paulo Freire... Dispensa comentários, no entanto, não posso deixar de
registrar aqui o depoimento de uma colega de classe durante os cursos PDE em
Londrina, que me veio à memória no momento que li a reportagem.
Em poucas palavras ela nos emocionou quando contou que numa excursão
realizada há alguns anos, fizeram uma parada para lanchar num lugar bem simples,
próximo de Pernambuco, e lá observaram um homem dialogando com uma porção
de pessoas dali mesmo. Os participantes da excursão acharam que ele parecia
Paulo Freire, começaram os sussurros, “é, não é, acho que é... mas, o que ele
estaria fazendo aqui?” Criaram coragem se aproximaram e realmente era Paulo
Freire, que entre outras lições deixou claro aos professores o que estava fazendo ali,
21
quando falou serenamente: “tenho que conhecer as pessoas para poder escrever, é
preciso dialogar e refletir para agir.”
4.3 Destaque
Título: O Pedagogo Exerce Papel Relevante de Responsabilidade Social
Referências: Entrevista com Gisele D´Angelis Bogoni, Pedagoga da Coordenação
de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica da Secretaria da Educação do Estado do
Paraná por Ari Moro.
Disponível em:
http://www.cursoaprovacao.com.br/cms/entrevista - Acessado em 21/12/2007.
Texto:
“O pedagogo é o elemento articulador do processo pedagógico dentro de
um estabelecimento de ensino. É grande a sua carga de responsabilidade na escola,
dependendo da sua atuação o alcance dos objetivos educacionais estabelecidos.
Ele é um dos responsáveis pela qualidade da educação da escola na qual atua,
conduzindo as atividades no sentido do desenvolvimento do processo educativo que
contribui para a formação humana.”
“(...) nessa função de articulador o pedagogo atua em sintonia com os
profissionais envolvidos na elaboração do projeto político-pedagógico da escola para
que esse trabalho seja fruto de uma construção coletiva.”
Conclui D´Angelis: “Na formação escolar de uma comunidade o pedagogo
exerce papel relevante de responsabilidade social.”
No seu trabalho de coordenação, como Pedagoga da Coordenação de
Apoio à Direção e Equipe Pedagógica da Secretaria da Educação do Estado do
Paraná, Gisele D´Angelis Bogoni é responsável pelo encaminhamento de subsídios
teóricos e metodológicos aos diretores e aos pedagogos das escolas estaduais, que
somam dois mil e sessenta e nove estabelecimentos de ensino pertencentes a trinta
e dois Núcleos Regionais de Educação. É através desses Núcleos que se atinge os
pedagogos e os diretores de cada estabelecimento.
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“O foco principal – explica a pedagoga – são as equipes de pedagogos dos
Núcleos Regionais, que atuam como multiplicadores, fazendo o repasse dos
subsídios recebidos aos diretores e pedagogos das escolas.”
Periodicamente são realizados cursos de formação destinados aos
pedagogos dos Núcleos Regionais, os quais por sua vez são responsáveis pela
capacitação dos pedagogos das escolas.
“Dentro dessa organização do trabalho pedagógico entram as discussões
sobre a proposta curricular da escola, do regimento escolar, do planejamento de
aulas e de ensino, além do plano de ação da escola e do pedagogo. O pedagogo
acompanha o processo de avaliação de aprendizagem, coordena reuniões
pedagógicas e de estudos, a organização dos conselhos de classe e a participação
da comunidade no conselho escolar.”
“No trabalho do pedagogo – diz Gisele D´Angelis Bogoni – o que conta é o
profissionalismo da pessoa. Quando trabalhamos naquilo que gostamos, damos o
máximo de nós e o fruto desse trabalho é da melhor qualidade.”
“(...) sinto-me realizada profissionalmente, pois sempre acreditei na força
do trabalho coletivo, e com certeza isto faz a diferença dentro da escola.“
“A função do pedagogo é importante e dele depende a qualidade da
educação pública. Se o pedagogo exercer a sua profissão com profissionalismo e
com comprometimento político-pedagógico, certamente atingirá o seu objetivo.”
“É através da educação que um povo pode fazer a sua transformação social
e a escola, por sua vez, é um dos principais instrumentos para isso.”
Comentário:
Os fragmentos de texto apresentados neste recurso foram extraídos da
entrevista feita com a professora Gisele D´Angelis Bogoni, em 20/09/04 , por Ari
Moro. Para ler na íntegra basta acessar o site acima citado.
A criação da CADEP - Coordenação de Apoio a Direção Equipe Pedagógica
em 2003, é sem dúvida uma conquista e um avanço para a formação continuada
dos pedagogos, por isso merece este destaque.
Desde sua criação, sob a coordenação do professor Benjamin Perez Maia,
a CADEP tem contribuído para que as equipes pedagógicas possam construir a
competência teórico-metodológica necessária para direcionar, organizar, propor e
acompanhar o trabalho pedagógico nas escolas.
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Além disso, objetiva delinear as diretrizes gerais para a função de direção e
equipe pedagógica, embasadas na compreensão da organização pedagógica da
escola, nas relações democráticas do processo coletivo de trabalho e na
socialização do conhecimento, tendo como eixo norteador, os princípios da Política
de Educação Pública para o Estado do Paraná.
Mais informações sobre a CADEP, que agora está inserida na Coordenação
de Gestão Escolar, podem ser encontradas no portal
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portal/cadep/.
4.4 Paraná
Título: A LEI COMPLEMENTAR 103/2004
Texto: A criação da Lei complementar 103/2004, altera o curso da história dos
especialistas em educação. A Lei 103/2004 não veio isolada, nem tampouco é
específica para os especialistas.
A intenção do governo do Paraná ao instituir e dispor sobre o Plano de
Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica, segundo a referida lei,
é promover o aperfeiçoamento profissional contínuo e a valorização do professor,
através de remuneração digna e melhoria de serviços prestados à população do
Estado, baseado nos seguintes princípios e garantias:
I – reconhecimento da importância da carreira pública e de seus agentes; II – profissionalização, que pressupõe qualificação e aperfeiçoamento profissional, com remuneração digna e condições adequadas de trabalho; III – formação continuada dos professores; IV – promoção da educação visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania; V – liberdade de ensinar, aprender, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, dentro dos ideais de democracia; VI – gestão democrática do ensino público estadual; VII – valorização do desempenho, da qualificação e do conhecimento; VIII – avanço na Carreira, através da promoção nos Níveis e da progressão nas Classes; IX – gestão democrática das escolas da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, mediante consulta à comunidade escolar para a designação dos diretores de escolas nos termos da lei; X – existência dos Conselhos Escolares em todas as escolas da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná;
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XI – período reservado ao Professor, incluído em sua carga horária, a estudos, planejamento e avaliação do trabalho discente. (PARANÁ, 2004.p.1)
Cabe aqui lembrar um pouquinho da trajetória do pedagogo/supervisor da
Rede Estadual do Estado do Paraná. No período de 1995 a 2002, praticamente
desapareceu, pois, qualquer outro docente poderia assumir este cargo, ou seja,
supervisor passou a ser pessoa de confiança da direção, demonstrando favoritismo
dentro da escola pública, com isso não houve preocupação em capacitar esses
profissionais para realmente serem articuladores do processo pedagógico.
Agora, corrigido pela Lei Complementar 103/2004, ficou estabelecido no
capítulo IV, artigo 5° e § 4º que:
Para o exercício do cargo de Professor nas atividades de coordenação, administração escolar, planejamento, supervisão e orientação educacional é exigida graduação em Pedagogia. (PARANÁ, 2004. p. 2)
De acordo com a Lei Complementar 103/04, que trata do Plano de Carreira
do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, estabelece em seu
Cap.III, Art. 4º, item V o conceito fundamental de professor, alterando a
nomenclatura dos especialistas. Segundo a referida Lei,
Professor: servidor público que exerce docência, suporte pedagógico, direção, coordenação, assessoramento, supervisão, orientação, planejamento e pesquisa exercida em Estabelecimentos de Ensino, Núcleos Regionais da Educação, Secretaria de Estado da Educação e unidades a ela vinculadas (PARANÁ, 2004).
Verificam-se na mesma Lei, em seu Capítulo X, a extinção dos cargos de
Orientador Educacional e Supervisor Escolar, em seus artigos 33 e 39.
Art. 33. Os cargos de Professor e Especialista de Educação, que
compõem o Quadro Próprio do Magistério da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, ficam transformados em cargos de Professor, sendo que os ocupantes dos referidos cargos ficam enquadrados no presente Plano de Carreira do Professor, obedecidos os critérios nesta Lei. Art. 39. Ficam considerados em extinção, permanecendo com as mesmas nomenclaturas, os cargos de Orientador Educacional, Supervisor Educacional, Administrador Escolar na medida em que vagarem, assegurando-se tratamento igual ao que é oferecido ao Professor, inclusive o direito ao desenvolvimento na carreira, para aqueles que se encontram em exercício. (PARANÁ, 2004)
Quando falamos de lei é importante esclarecer que ela nasce como resposta
a um anseio de determinado grupo. Quando uma lei é aprovada e promulgada é
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sinal de que antes do seu nascimento houve um fato marcante, um acontecimento,
uma movimentação que a impulsionou, gerando aquele texto legal que daí em diante
deverá ser obedecido.
Com a Lei Complementar n. 103/2004 não poderia ser diferente, ela é fruto
do trabalho de uma comissão paritária, composta por servidores da Secretaria de
Estado da Educação - SEED, da Secretaria de Estado da Administração e da
Previdência - SEAP e por representantes da Associação dos Professores do Estado
do Paraná – APP. O Governo do Estado do Paraná quis ouvir os representantes dos
professores para que o Plano de Carreira pudesse retratar os anseios da categoria
na exata medida esperada.
No que se refere ao pedagogo é importante ressaltar que a LC n. 103/2004
apenas legitimou uma necessidade que há muitos anos vem se percebendo no
interior das escolas de que não é possível separar o trabalho de articulação
pedagógica em função do supervisor de ensino e função do orientador educacional,
não é possível fragmentar esse trabalho, ele precisa ser realizado de forma
articulada, daí a necessidade de se legitimar o papel do pedagogo.
Foi exatamente isso que foi feito no Plano de Carreira dos Professores do
Estado do Paraná acabou-se com a divisão dos antigos Especialistas da Educação
e todos os cargos foram transformados em cargos de professores, afirmando que
esse trabalho precisa ser encarado pelos profissionais da área como um trabalho
integralizado.
Muito embora a própria lei já preveja a unificação desses cargos em cargo
de professor, infelizmente nos deparamos com alguns profissionais da área que
levados pelas atribuições constantes que não são poucas, não conseguem se
organizar de outras formas e acabam fragmentando o trabalho da equipe
pedagógica, separando as funções.
Referências:
PARANÁ. Lei Complementar nº. 103 de 15 de abril de 2004. Institui e dispõe sobre
o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica e
adota outras providências. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, 2004.