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LEILA CÂNDIDO DE BONFIM TORRES O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO IBAITI/PARANÁ 2008 Secretaria de Estado da Educação – SEED Superintendência da Educação - SUED Diretoria de Políticas e Programas Educacionais – DPPE Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

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LEILA CÂNDIDO DE BONFIM TORRES

O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

IBAITI/PARANÁ

2008

Secretaria de Estado da Educação – SEED Superintendência da Educação - SUED

Diretoria de Políticas e Programas Educacionais – DPPE Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

LEILA CÂNDIDO DE BONFIM TORRES

O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Material Didático do Professor PDE apresentado à

Secretaria de Estado da Educação do Paraná e à

Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual

de Londrina, como requisito parcial para obtenção

de Certificação no Programa de Desenvolvimento

Educacional.

Orientadora: Professora Ms. Ana Lucia F. Aoyama.

IBAITI/PARANÁ

2008

2

SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO......................................................................................... 03

1 RECURSO DE EXPRESSÃO..................................................................... 04

2

2.1

2.2

2.3

RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO..............................................................

Investigação Disciplinar...............................................................................

Perspectiva Interdisciplinar..........................................................................

Contextualização.........................................................................................

06

06

09

11

3

3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

RECURSOS DIDÁTICOS............................................................................

Sítio.............................................................................................................

Som...........................................................................................................

Vídeo.........................................................................................................

Propostas de Atividades..............................................................................

Imagem........................................................................................................

12

12

13

13

15

16

4

4.1

4.2

4.3

4.4

RECURSOS DE INFORMAÇÃO................................................................

Sugestões de leituras..................................................................................

Notícia.........................................................................................................

Destaque.....................................................................................................

Paraná.........................................................................................................

16

16

19

20

23

3

IDENTIFICAÇÃO Autor: Leila Cândido de Bonfim Torres

Estabelecimento: Colégio Estadual Aldo Dallago

NRE: Ibaiti

Ensino: Séries Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio

Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico

Conteúdo Estruturante: Trabalho Pedagógico

Conteúdo Específico: O Pedagogo e a Organização do Trabalho Pedagógico

4

O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

1 RECURSO DE EXPRESSÃO

Problematização do conteúdo Chamada para recurso de Expressão:

Pedagogo é... Professor? Especialista? Generalista? Cientista da educação? Ou

articulador do processo pedagógico?

Título: O Pedagogo e a organização do trabalho pedagógico - perspectivas para o

desenvolvimento do Trabalho Coletivo

Texto

A tônica deste material é discutir a prática do pedagogo, as suas

inquietações, bem como o seu papel na organização do trabalho pedagógico numa

perspectiva do trabalho coletivo no interior da escola.

Historicamente, a atuação do especialista – Orientador Educacional,

Supervisor Pedagógico – denominações anteriores à Resolução nº. 103/2004 tem

sido confundida, na escola, tanto pelos professores, como pelos administradores e

alunos, como a de um “faz tudo”, que se encontra à disposição de todos para ajudar

no que se fizer necessário, seja para telefonar aos pais de uma criança doente ou

encaminhá-la ao atendimento médico, como pesquisar e entregar nas mãos dos

regentes de classe, materiais, recursos e referenciais de que necessitam como

“conversar” com alunos indisciplinados, organizar as festinhas ou em eventos para a

arrecadação de recursos financeiros para a escola.

Envolvido nessas e em outras atividades, nem sempre pertinentes ao seu

fazer pedagógico, o pedagogo acaba por não dispor de tempo para desenvolver o

papel que lhe cabe, isto é, contribuir com os professores para a melhoria de sua

prática e, conseqüentemente, pela promoção de uma educação transformadora.

Essas questões têm sido, nas últimas décadas, tema de debates. No

entanto, não se vislumbra meios de equacioná-la, uma vez que o papel de “tarefeiro”

do pedagogo está relacionado à própria organização do trabalho pedagógico e às

condições favoráveis de trabalho, que possibilitem a intervenção educativa, ou

seja: participação na elaboração do planejamento de ensino, na seleção dos

5

conteúdos, nos procedimentos metodológicos e no processo de avaliação, tanto do

educando, como do educador.

Pimenta (2002) reforça a necessidade do papel do pedagogo na escola

afirmando que os pedagogos são profissionais necessários1 na escola quer na

organização racional do processo de ensino, como também na articulação dos

conteúdos e a busca de um projeto coerente.

A autora ainda destaca a escola como organização complexa que necessita

de profissionais que tenham visão de sua especificidade numa totalidade orgânica,

sem esquecer que a prática escolar é uma prática coletiva.

Diante disso, é pertinente a discussão e aprofundamento teórico desse

tema, uma vez que o objeto de trabalho dos pedagogos seja ele orientador

educacional ou supervisor escolar é sempre o mesmo, o processo de produção do

conhecimento.

Enfim, é necessário que os pedagogos deixem de ser entendidos

simplesmente como uma pessoa a mais, com quem se pode contar, sempre que

necessário e passem a ser vistos como imprescindíveis, de acordo com a afirmação

de Libâneo (2000):

a atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. (p.54, grifos nossos)

Referências:

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? – 8. Ed. – São Paulo:

Cortez, 1998.

PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública. 4ª ed. São Paulo:

Loyola, 2002.

1 (...) os pedagogos são profissionais necessários na escola: seja na tarefa de administração (entendida como organização racional do processo de ensino e garantia de perpetuação desse processo no sistema de ensino, de forma a consolidar um projeto pedagógico político de emancipação das camadas populares), seja nas tarefas que ajudem o(s) professor(es) no ato de ensinar, pelo conhecimento não apenas dos processos específicos, mas também na articulação entre os diversos conteúdos e a busca de um projeto pedagógico-político coerente. (PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 2002. p. 151).

6

2 RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO

2.1 Investigação Disciplinar

Título: Pedagogia – É Ciência da Educação? Pedagogo é...?

Texto:

É comum nos defrontarmos com professores e até pedagogos que se

manifestam em relação às teorias educacionais como trabalho para cientistas

desocupados, uma vez que, segundo esses docentes, a prática é diferente da teoria

e que seu trabalho educativo, em sala de aula, é essencialmente prático.

Tardif et al (1991), preocupados com essa postura dos educadores e com a

falta de conhecimento teórico que fundamente sua prática, vêm alertando para o fato

de que, quando se interroga professores sobre seus saberes, eles tendem a

valorizar o fato de os mesmos se originarem da prática cotidiana da profissão e

serem por ela validados. Nessa perspectiva, assim os autores se posicionam:

Portanto, estes acabam se constituindo nos fundamentos de sua competência. É a partir deles que os professores julgam sua formação anterior ou sua formação ao longo da carreira. É igualmente a partir deles que julgam a pertinência ou realismo das reformas introduzidas nos programas e métodos. Enfim, é a partir dos saberes da experiência que os professores concebem os modelos de excelência profissional no interior da profissão. (p. 227).

De certa maneira, tais posicionamentos têm a ver com o fato da Pedagogia

“ainda não possuir um autêntico estatuto científico [...] sendo, pois, uma ciência que

se encontra em processo de formação". (ESTRELA, 1992, p. 9), o que a estigmatiza

do ponto de vista dos inadvertidos e a conceituam como conhecimento apenas

teórico, que não conduz à melhoria da prática educativa.

Segundo Libâneo (1993), cabe à Pedagogia o estudo sistemático da

educação, é ela quem estuda a educação na sua historicidade e globalidade. E,

neste sentido, parece concordar com Estrela (1992), quando afirma que a

Pedagogia "(...) é uma ciência em vias de constituição de seu estatuto científico"

(LIBÂNEO, p. 113).

Se entendermos a Pedagogia como uma ciência cujo objeto de estudo são

os processos educativos que se desenvolvem em diferentes situações de vida e

dimensões da sociedade é fundamental que a analisemos sob os aspectos teóricos

e práticos, tendo em vista que, como refere Gimeno Sacristán (1999), não há como

7

separar a prática da teoria, nem tampouco é possível a existência solitária da teoria,

sem seu uso prático, uma vez que ambas se entrecruzam e se interdependem.

Discorrendo sobre a necessidade da reflexão sobre o fazer pedagógico,

Sacristán (1999, p. 48), assim se posiciona:

Executar ações, querer fazê-las e pensar sobre elas são três componentes básicos entrelaçados da atividade do sujeito. A interação entre eles forma o triângulo de relações recíprocas para entender o comportamento humano, em geral, com todas as suas contradições e coerências e as ações da educação e do ensino, em particular. É um triângulo, não uma linha, na qual se possa situar, com clareza, que componente antecede o outro, para explicar o início de uma ação.

Outros autores estão preocupados em re-significar a pedagogia e as

ciências da educação entendendo que estas têm como campo a prática social, com

todas as suas contradições, cabendo-lhes ao mesmo tempo contribuírem para

analisar e transformar essa prática.

De acordo com Pimenta (2006) o estudo da educação como fenômeno

social não se esgota por uma ciência e tão pouco, a pedagogia seja a única ciência

que estuda a educação. Ela afirma que o ponto de partida para a epistemologia é a

prática social da educação. Sua especificidade é que a difere das demais ciências, a

pedagogia é ciência da prática.

Segunda a autora acima citada, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, a

História, entre outras, são ciências que se utilizam da educação, porém não partem

do fenômeno educativo como problemas de investigação, apenas lhe emprestam

interpretações elaboradas a partir de suas problemáticas específicas.

Conforme Estrela, (apud PIMENTA, 2006, p.37), quando se analisa o

fenômeno educativo sob os ângulos dessas ciências já constituídas, são seus

objetos da teoria e da prática que são detectados, e não os da educação. Porém, a

necessidade de posicionar a Pedagogia em relação a elas nos conduz a pesquisar

as questões relacionadas à sua identidade.

Pedagogo - Uma breve identificação

Começamos pela busca da melhor definição para palavra:

Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os

quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns

8

dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes.

(Wikipédia, grifos nossos)

Ainda no mesmo site a definição da palavra para a Antropologia, na sua

especialidade forense, diz-se que a identidade consiste na soma de sinais, marcas

e características - positivas ou negativas - que individualizam o indivíduo ou

coisa, sendo determinada pela identificação, que nada mais é que a delimitação da

individualidade. (grifos nossos)

O documento que usamos para comprovar os nossos dados completos, o

que nos identifica legalmente é a carteira de identidade, em se tratando da busca da

identidade do Pedagogo, questiona-se se ele é um professor, um educador ou um

cientista. Que características o distinguem? Não somos os únicos a ficar indecisos

na resposta.

Através de um relato de experiência, Nóvoa (apud Pimenta 1998, p.72-73)

diz que, ao apresentar sua identidade profissional, questiona-se entre professor,

Cientista ou Pedagogo, e acaba decidindo-se por dizer professor, no entanto, essa é

apenas meia resposta segundo o autor, pois se alguém mais curioso um pouco

continuar questionando: “professor de quê?”, então, tudo recomeça...

Para Libâneo (2002), há uma diversidade de práticas educativas intencionais

na sociedade a qual se configura como uma ação pedagógica nas esferas escolar e

extra-escolar, assim, ele considera que:

(...) o pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana definidos em sua contextualização histórica. (p. 68)

No dia-a-dia da escola, como já destacado anteriormente, presenciamos a

figura de um pedagogo lançando-se, pela própria organização da escola, à mercê

das necessidades imediatas, mesmo ciente de que assim está se distanciando das

propostas de contribuir com “a construção de um projeto político comprometido com

a emancipação dos sujeitos na busca de novas e significativas relações sociais”,

Franco (2003, p.110).

Para mudar qualquer situação é preciso conhecê-la, acredito que o ponto de

partida para a mudança resida no processo de construção coletiva da prática

pedagógica, uma vez que as ações do pedagogo são em sua essência de natureza

coletiva.

9

Referências:

ESTRELA, Albano. Pedagogia, ciência da educação? Portugal: Porto Editora, 1992.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. Campinas:

Papirus, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. O ato pedagógico em questão: o que é preciso saber?

Revista Inter-ação, Goiânia, n. 17, p. 111-125, jan./dez. 1993.

____________________. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o

pedagogo, o que deve ser o curso de Pedagogia. In. PIMENTA, Selma Garrido

(Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002,

p. 59- 97.

NÓVOA, Antônio. As ciências da educação e os processos de mudança. In:

PIMENTA, Selma Garrido. (Org.). Pedagogia, ciência da Educação? São Paulo:

Cortez, 1996.

PIMENTA, Selma Garrido. Para uma re-significação da didática – ciências da

educação, pedagogia e didática (uma revisão e uma síntese provisória). In:

PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Didática e Formação de Professores: percursos e

perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, p.19-76, 2006.

SACRISTÁN, J. Gimeno. Poderes instáveis em Educação. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1999.

TARDIF, M., LESSARD, C., LAHYE, L. Os professores face ao saber: esboço de

uma problemática docente. Teoria Educ, Porto Alegre, p.215-33, 1991.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade - acessado em 26/12/2007

2.2 Perspectiva interdisciplinar

Título: A natureza interdisciplinar no trabalho do pedagogo

Texto:

É possível orientar planos de ensino, articular os variados conteúdos

escolares, sem o domínio dos conteúdos específicos de todas as matérias?

Para conduzir essa questão, encontramos em Libâneo (2000, p.55) uma

afirmação que cabe aqui ser destacada: o pedagogo não precisa dominar todas as

matérias, no entanto precisa operar entre a teoria pedagógica e os conteúdos-

10

métodos específicos de cada disciplina, entre o conhecimento pedagógico e a sala

de aula.

Esse profissional que atua em todas as instâncias, orientando o processo

educativo, segundo o autor Celso Vasconcellos (2002) não é (ou não deveria ser),

“fiscal de professor, não é coringa, tarefeiro, quebra galho, tapa-buraco, não é

generalista”, entre outras, ele é sim, segundo o próprio autor, o articulador2 do

Projeto Político-Pedagógico da instituição, cuja função é organizar a reflexão, a

participação e os meios de concretizar a tarefa da escola, além de propiciar que

todos os alunos aprendam e se desenvolvam como seres humanos plenos.

Diante disso, cabe ao Pedagogo o papel de trabalhar com a realidade

buscando superar o senso comum através do conhecimento cientifico, almejando

sempre a emancipação dos alunos enquanto sujeitos históricos.

Nesse sentido, é necessário que o Pedagogo desempenhe o seu papel na

elaboração e implementação do Projeto Político Pedagógico fazendo a mediação

entre trabalho escolar e prática social, circulando constantemente entre professores,

conteúdos e métodos das várias disciplinas, sem perder de vista o seu

comprometimento com uma sociedade democrática, com vistas à superação do

trabalho fragmentado dentro da escola.

Referências:

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia:

Alternativa, 2004.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do

projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

2 O núcleo de definição e de articulação da supervisão deve ser, portanto, o pedagógico (que é o núcleo da escola, enquanto especificidade institucional) e, em especial, os processos de ensino aprendizagem. Neste sentido, a própria concepção de supervisão se transforma, na medida em que não se centra na figura do supervisor, mas na função supervisora, que, inclusive, pode, e deve circular entre os elementos do grupo, cabendo à coordenação a sistematização e integração do trabalho no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade (Vasconcellos. 2002.p.87, grifos nossos).

11

2.3 Contextualização Título: Organização escolar e Organização Social Texto:

Contextualizando as questões até aqui apresentadas à situação do

pedagogo nas escolas paranaenses, cabe-nos questionar os princípios que estão

norteando a prática pedagógica. Se esses princípios estão comprometidos com a

construção de um mundo mais humano, justo e solidário? Ou serão princípios

comprometidos com um mundo mais competitivo e individualista do capitalismo?

Quem é esse especialista da educação que acumula funções? Seria ele o

profissional envolvido pelo esquema alienante do sistema educacional? Ou seria o

intelectual orgânico3 da escola capaz de trabalhar em grupo, despertar e mobilizar

as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso?

No entanto, ainda que tenhamos nas escolas intelectuais orgânicos, cabe

ressaltar que a organização do trabalho escolar, segundo Freitas (2005) se dá no

seio de uma organização social historicamente determinada e que as formas que

essa organização assume, na escola, mantêm ligação com tal tipo de organização

social.

Portanto, de acordo com o autor, não podemos desconsiderá-los sob pena

de realizar um trabalho romântico e ingênuo:

(...) está aqui identificado um entrave importante às inovações no campo da organização do trabalho pedagógico: a organização social. A escola não é uma ilha na sociedade. Não está totalmente determinada por ela, mas não está totalmente livre dela. Entender os limites existentes para a organização do trabalho pedagógico ajuda-nos a lutar contra eles; desconsiderá-los conduz a ingenuidade e ao romantismo (FREITAS, 2005, p.98 – grifos nossos)

Diante disso, cientes de que nenhuma de nossas escolas conseguirá

sozinha, exercer o seu papel transformador e assegurar o desenvolvimento e a

aprendizagem de seus alunos, se não tiver um sistema de organização e práticas de

3 [...] são orgânicos os intelectuais que, além de especialistas na sua profissão, que os vincula profundamente ao modo de produção do seu tempo, elaboram uma concepção ético-política que os habilita a exercer as funções culturais, educativas e organizativas para assegurar a hegemonia social e o domínio estatal da classe que representam. (GRAMSCI, apud SEMERARO, 2006, p. 378)

12

gestão bem definidos. Cabe-nos aproveitar o bonde da história, o retorno dos cursos

profissionalizantes, as discussões que a CADEP/SEED e NREs vêm promovendo

junto aos pedagogos nas Jornadas Pedagógicas e caminhar sem esmorecer,

lembrando o que disse poeta espanhol Antonio Machado, “Caminhante, não há

caminho. Faz-se o caminho caminhando”.

É importante destacar que esse caminho deve ser feito através de um

trabalho coletivo, de forma democrática e com a participação ativa de todos os

envolvidos no processo educacional.

Referência:

FREITAS, Luiz Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da

didática. 7ª ed. Campinas: Papirus, 2005.

SEMERARO, Giovanni. Intelectuais “orgânicos” em tempos de pós-modernidade. In:

Cadernos CEDES. Gramsci, intelectuais e educação. 1ª ed. Campinas: Cedes, vol.

26, n. 70, p.373-391, set./dez. 2006.

3 RECURSOS DIDÁTICOS

Sítio: Portal Planeta Educação

Disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br

ACESSADO EM: dezembro de 2007.

Comentários:

É um portal com vários links de educação, além da apresentação de ótimas

matérias e principalmente uma série de artigos do professor João Luís Almeida

Machado, Doutorando pela PUC-SP no programa “Educação e Currículo”, que vale

a pena dar uma olhada, inclusive o artigo “Lutar para encontrar a própria voz” na

seção Carpe Diem, e na coluna Voz do Professor.

SÍTIO: Portal da ANPED – Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em

Educação.

DISPONÍVEL EM: http://www.anped.org.br

ACESSADO EM: dezembro de 2007

13

COMENTÁRIOS:

Pedagogos e professores precisam visitar este Sítio, ele registra a história

da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação, disponibiliza

notícias atualizadas sobre os dados de Educação e Pesquisa, além de disponibilizar

para download a Revista Brasileira de Educação, que é sem dúvida uma excelente

revista para educadores.

3.2.1 Som

Título da música: O Semeador de Sonhos

Intérprete: Susi Monte Serrat e João Bello

Título do CD: O Semeador de Sonhos

Número da Faixa: 1

Nome da Gravadora: Produção Independente

Contato: (endereço web): www.osemeadordesonhos

Comentários:

“Semear o sonho é transformação...! Transformar o mundo... é desafio bom...

Semear o sonho é... coragem e fé!”

A letra da música "Semeador de Sonhos” relata através de uma melodia

simples, na voz doce de Susi Monte Serrat, o sonho de todo professor... de poder

transformar o mundo, e oferecer aos nossos alunos, aos nossos filhos, um lugar

melhor para se viver. Essa música nos remete a busca por paz, cidadania, e,

sobretudo nos faz refletir com o que disse o educador Paulo Freire: "Se a educação

sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."

Vale a pena procurar por esse CD, conhecê-lo e trabalhá-lo com os alunos e

professores.

3.2.2 Vídeo

Título: Escritores da Liberdade

Direção: Richard LaGravenese

Produtora: Paramount Pctures

14

Duração: 122 minutos

Local de publicação: Alemanha / EUA

Ano: 2007

Disponível em: www.paramountbrasil.com.br

SINOPSE:

No gênero Drama, colorido, Hilary Swank, duas vezes premiada com o

Oscar atua nesta instigante história envolvendo adolescentes, criados no meio de

tiroteiros e agressividade.

O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de

uma forma comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social

problemático e violento. A história inicia com uma jovem professora, Erin

(interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em uma instituição de

"Ensino Médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de

adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues.

É um filme que merece ser visto como apreço, sobretudo pela sua ênfase no

papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias.

Com eletrizantes performances de um elenco de astros, incluindo Patrick

Dempsey (Grey’s Anatomy) ganhador do Globo de Ouro, Escritores da Liberdade é

baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.

COMENTÁRIO:

Um filme excelente, indicado em minha opinião, particularmente para

professores e pedagogos que diariamente enfrentam situações de conflitos no

interior da escola.

Um drama que apresenta uma forte mensagem de esperança,

perseverança e crença no valor do ser humano, enquanto pessoa integrante de uma

sociedade que deveria caminhar integralmente para um bem comum. Aliás, esse é o

objetivo do trabalho coletivo na escola.

É diferente dos demais filmes do gênero, o professor não conquista uma

turma difícil, com brincadeiras e dinâmicas de relacionamento, mas com

profundidade teórica, partindo das análises dos diários dos alunos, ou seja,

situações reais, não é isso que professores e pedagogos precisam fazer hoje nas

escolas? Vale à pena conferir!

15

3.3 Proposta de Atividade:

Descrição da Atividade:

Após estudo e discussões dos temas apresentados o professor pedagogo

poderá propor aos alunos, na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico,

uma pesquisa junto aos professores e pedagogos da Educação Básica, que deve

ser planejada com antecedência, após reflexão conjunta referentes às necessidades

dos mesmos em conhecer o papel do pedagogo na articulação do trabalho

pedagógico.

O primeiro passo será dividir a turma em dois grupos. O grupo 1 realizará a

pesquisa com os pedagogos, que poderá apontar, entre outras, as seguintes

questões:

1. Qual é, em sua concepção, o papel do pedagogo na Educação Básica?

2. Sua formação lhe deu subsídios para sua atuação pedagógica?Explique:

3. Quais as principais dificuldades que você enfrenta na realização de sua ação

pedagógica?

4. Como você supera essas dificuldades? Através de quais encaminhamentos?

5. Apresente sugestões, relacionadas ao papel do pedagogo na escola, para

melhorar da qualidade de ensino:

O segundo grupo abordará os professores com apenas duas questões:

1. O que você entende ser papel do pedagogo?

2. Quais as ações que você espera do pedagogo diariamente na escola ou

colégio onde atua?

Após o trabalho de campo os grupos sistematizarão as respostas e farão um

contraponto entre os estudos realizados anteriormente e as respostas apontadas

pelos professores e pedagogos.

A última fase desta atividade representa a transposição do teórico para o

prático dos objetivos da unidade de estudo, das dimensões do conteúdo e dos

conceitos adquiridos, evidenciando o propósito de ação e como pretende traduzi-lo

no seu dia – a – dia. Nesse momento, com base no conteúdo trabalhado, será

elaborado pelo grupo, um plano de ação para a organização do trabalho pedagógico

na escola, evidenciando o papel do pedagogo.

16

3.4 Imagens

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=483

http://bardoseminarista.blogspot.com/

Comentário:

Imagens são recursos didáticos de grande expressão e o pedagogo poderá

lançar mão delas sempre que tiver oportunidade, tanto em sala de aula quanto nas

reuniões com os professores.

As imagens indicadas na primeira opção compõem o artigo Parceria

Fundamental: Escolas e Professores, do professor João Luis Almeida Machado.

O tabuleiro de xadrez, por exemplo, nos faz refletir sobre a importância de

cada movimento, que deve ser pensado pelo colegiado para termos mais acertos do

que erros na escola!

O trabalho coletivo pode levar um time à vitória. E não estamos falando aqui

dos campeões nos esportes, mas de todos aqueles que estão nas nossas escolas e

que entre outras questões dependem também da nossa atuação. Em muitos casos,

somos a própria voz desse grupo, e essa é mais uma razão para tentarmos

coletivamente todas as possibilidades que abram as portas para a criança, o

adolescente e o jovem da escola pública avançar!

Na segunda opção vocês se emocionarão com uma foto, sob o título “A

União Faz a Força” que vale a pena conferir, refletir e apresentar aos nossos pares.

A mim causou desejo de caminhar em busca da utopia proposta por Galeano,

aquela que está lá no horizonte, não quero perdê-la de vista... superar diferenças,

conhecer quem está do outro lado e contribuir para que os nossos alunos, que já

tem o acesso garantido também tenham sucesso em sua permanência em nossas

escolas!

Essas imagens à primeira vista parecem distintas e até desconectadas das

discussões até aqui apresentadas, no entanto, podem provocar discussões

relevantes sobre a organização do trabalho pedagógico.

4 RECURSOS DE INFORMAÇÃO

4.1 Sugestões de Leituras

17

Título do Livro: A Orientação Educacional - Conflito de Paradigmas e Alternativas

para a Escola

Referência: GRINSPUN, Mírian P.S Zippin. A Orientação Educacional - Conflito de

Paradigmas e Alternativas para a Escola – 3 ed. Ampl. São Paulo: Cortez, 2006

Comentários:

É importante ler esta obra para iniciar as discussões sobre o trabalho

coletivo no interior da escola, pois autora além de alertar aos pedagogos para

buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de ensina/educar,

promovendo as condições básicas para a formação da cidadania de nossos alunos

(p.51), também faz uma forte afirmação sobre a função de cada profissional dentro

da escola, quando afirma que “ninguém, na escola, é dono de uma área apenas

(supervisor/professor, orientador/ aluno-professor, professor-aluno, diretor-escola),

mas sim protagonista; e seja qual for a função dentro da escola, cada um tem sua

especificidade, sem perder de vista o conjunto e o modelo final do projeto coletivo da

escola.”

Título do Livro: O Pedagogo na Escola Pública

Referência: PIMENTA, Selma Garrido. O Pedagogo na Escola Publica. Três ed.

São Paulo: Loyola, 1991.

Comentários:

A autora expõe nesta obra a importância do trabalho pedagógico dos

especialistas na organização escolar. Afirma que o Projeto Político Pedagógico da

escola pública que queremos, de acordo com a pedagogia crítico - social dos

conteúdos, requer a competência do pedagogo, mas de um novo pedagogo.

Ela faz uma análise da especificidade da escola e das atividades

pedagógicas, além de destacar que a função precípua da escola é a transmissão e a

apropriação dos conhecimentos.

Selma Garrido também afirma que tornar a escola democrática hoje

significa modificá-la, a fim de que cada vez maior parcela das camadas populares

nela ingresse e permaneça.

Título do Livro: Organização e gestão da escola: teoria e prática

18

Referência: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e

prática. Goiânia: Alternativa, 2004.

Comentários:

Esta obra deveria ser lida por todos os pedagogos e também por todos os

professores que anseiam por uma nova forma de gestão na escola, ela traz

importantes conhecimentos sobre a organização geral do trabalho escolar, as

formas de gestão e de tomada de decisões, além das discussões específicas sobre

o planejamento escolar e o projeto político pedagógico.

Libâneo destaca nesta obra que não se pode reduzir a importância das

escolas, pois elas continuam tendo uma função social insubstituível de formar os

indivíduos para uma vida digna e para compreensão e transformação da realidade.

Título do Livro: Pedagogia, Ciência da Educação?

Referência: PIMENTA, Selma Garrido (coord). Pedagogia, Ciência da Educação 5ª

ed. São Paulo: Cortez, 2006.

Comentários:

É uma obra que traz através dos textos de Libâneo, Mazzotti, Nóvoa e da

própria Selma Garrido, uma discussão sobre a cientificidade da Pedagogia a partir

de diferentes perspectivas, procurando identificar formas de contribuir para um

processo educativo emancipatório.

Discute entre outras questões: A pedagogia é ciência? É ciência da

educação? Qual o lugar da pedagogia entre as ciências que examinam o fazer

educativo? Pedagogia e inovações educacionais, formação de professores, didática.

São esses alguns dos temas tratados neste livro que encerra com o alerta

de que só através da concentração de esforços em propostas de intervenção

pedagógica nas várias esferas do educativo é que será possível o enfrentamento

dos desafios do mundo contemporâneo.

Título do Livro: Pedagogia como ciência da educação

Referência: FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da

educação. Campinas: Papirus, 2003.

Comentários:

19

Esta obra constitui-se um valioso instrumento de compreensão da

Pedagogia como ciência da educação e também como orientação para a formulação

do currículo de formação de pedagogos especialistas e professores e para os

fundamentos teóricos da pesquisa pedagógica.

Algumas perguntas da autora são provocativas para um bom debate entre

os Pedagogos: "Se não é a Pedagogia como ciência da educação a condutora e

operacionadora desse movimento de formação de professores reflexivos, qual outra

ciência pode assumir esse papel? Qual outra alternativa, em relação à formação de

professores se não a racionalidade crítico-reflexiva? É possível transformar essas

propostas em projeto educacional? Se não os pedagogos, quem deve assumir a

condução deste projeto?" (p. 124).

Título do Livro: Pedagogia e pedagogos, para quê?

Referência: LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? – 8. Ed.

– São Paulo: Cortez, 1998.

Comentários:

Esse livro reúne textos escritos da década de 90 por José Carlos Libâneo,

sua primeira intenção é responder ao questionamento que titula a obra.

Ao longo dos cinco capítulos o autor expõe as razões que justificam a

existência da pedagogia como "ciência da educação", posicionando-se em favor da

especificidade da atuação profissional do pedagogo e formulando uma clara

proposta para a sua formação.

Libâneo defende nessa obra que a existência da pedagogia se justifica no

fato dela ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas que se realizam

em sociedade. Ela se constitui, sob esse entendimento, em um campo de

conhecimento que possui objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação,

configurando-se como "ciência da educação".

4.2 Notícia

Título da Notícia: Paulo Freire: A pedagogia de uma vida

Referência: www.brasildefato.com.br/v01/agencia/cultura/

20

Eduardo Sales de Lima, em 03/05/2007 - acessado em 20/12/2007

Texto: “Com a perspectiva da transformação da realidade, Paulo Freire continua

presente em salas de aula de todo o Brasil.

Para Paulo Freire, "ensinar é um ato político", por isso, no processo de

criação de seu "método", salienta que o universo vocabular do alfabetizando é o

ponto partida. A partir desse universo, inicia-se o diálogo, a base do método. E é no

dialogismo que se instaura o questionamento. Ao questionar a própria realidade, o

educando a problematiza, cria a capacidade de criticá-la e, por consequência,

transformá-la. "Como dizia Antonio Gramsci (marxista italiano), a educação precisa

abordar as várias contra-ideologias da ideologia dominante. Se a educação não

estiver educando alguém para a transformação, não é educação, é

simplesmente uma adequação", diz João Zanetic, professor do Instituto de Física

da USP.

Segundo Paulo Freire, para romper com essa "adequação" e transformar a

realidade opressora, é preciso trabalhar a palavra dentro de duas dimensões

constitutivas: ação e reflexão. Sem a dimensão da ação, perde-se a reflexão e a

palavra transforma-se em verbalismo. Por outro lado, a ação sem a reflexão

transforma-se em ativismo, que também nega o diálogo.

“Para o educador pernambucano, a palavra verdadeira é práxis

transformadora.” Fonte: Brasil de Fato (grifos nossos)

Comentário:

Paulo Freire... Dispensa comentários, no entanto, não posso deixar de

registrar aqui o depoimento de uma colega de classe durante os cursos PDE em

Londrina, que me veio à memória no momento que li a reportagem.

Em poucas palavras ela nos emocionou quando contou que numa excursão

realizada há alguns anos, fizeram uma parada para lanchar num lugar bem simples,

próximo de Pernambuco, e lá observaram um homem dialogando com uma porção

de pessoas dali mesmo. Os participantes da excursão acharam que ele parecia

Paulo Freire, começaram os sussurros, “é, não é, acho que é... mas, o que ele

estaria fazendo aqui?” Criaram coragem se aproximaram e realmente era Paulo

Freire, que entre outras lições deixou claro aos professores o que estava fazendo ali,

21

quando falou serenamente: “tenho que conhecer as pessoas para poder escrever, é

preciso dialogar e refletir para agir.”

4.3 Destaque

Título: O Pedagogo Exerce Papel Relevante de Responsabilidade Social

Referências: Entrevista com Gisele D´Angelis Bogoni, Pedagoga da Coordenação

de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica da Secretaria da Educação do Estado do

Paraná por Ari Moro.

Disponível em:

http://www.cursoaprovacao.com.br/cms/entrevista - Acessado em 21/12/2007.

Texto:

“O pedagogo é o elemento articulador do processo pedagógico dentro de

um estabelecimento de ensino. É grande a sua carga de responsabilidade na escola,

dependendo da sua atuação o alcance dos objetivos educacionais estabelecidos.

Ele é um dos responsáveis pela qualidade da educação da escola na qual atua,

conduzindo as atividades no sentido do desenvolvimento do processo educativo que

contribui para a formação humana.”

“(...) nessa função de articulador o pedagogo atua em sintonia com os

profissionais envolvidos na elaboração do projeto político-pedagógico da escola para

que esse trabalho seja fruto de uma construção coletiva.”

Conclui D´Angelis: “Na formação escolar de uma comunidade o pedagogo

exerce papel relevante de responsabilidade social.”

No seu trabalho de coordenação, como Pedagoga da Coordenação de

Apoio à Direção e Equipe Pedagógica da Secretaria da Educação do Estado do

Paraná, Gisele D´Angelis Bogoni é responsável pelo encaminhamento de subsídios

teóricos e metodológicos aos diretores e aos pedagogos das escolas estaduais, que

somam dois mil e sessenta e nove estabelecimentos de ensino pertencentes a trinta

e dois Núcleos Regionais de Educação. É através desses Núcleos que se atinge os

pedagogos e os diretores de cada estabelecimento.

22

“O foco principal – explica a pedagoga – são as equipes de pedagogos dos

Núcleos Regionais, que atuam como multiplicadores, fazendo o repasse dos

subsídios recebidos aos diretores e pedagogos das escolas.”

Periodicamente são realizados cursos de formação destinados aos

pedagogos dos Núcleos Regionais, os quais por sua vez são responsáveis pela

capacitação dos pedagogos das escolas.

“Dentro dessa organização do trabalho pedagógico entram as discussões

sobre a proposta curricular da escola, do regimento escolar, do planejamento de

aulas e de ensino, além do plano de ação da escola e do pedagogo. O pedagogo

acompanha o processo de avaliação de aprendizagem, coordena reuniões

pedagógicas e de estudos, a organização dos conselhos de classe e a participação

da comunidade no conselho escolar.”

“No trabalho do pedagogo – diz Gisele D´Angelis Bogoni – o que conta é o

profissionalismo da pessoa. Quando trabalhamos naquilo que gostamos, damos o

máximo de nós e o fruto desse trabalho é da melhor qualidade.”

“(...) sinto-me realizada profissionalmente, pois sempre acreditei na força

do trabalho coletivo, e com certeza isto faz a diferença dentro da escola.“

“A função do pedagogo é importante e dele depende a qualidade da

educação pública. Se o pedagogo exercer a sua profissão com profissionalismo e

com comprometimento político-pedagógico, certamente atingirá o seu objetivo.”

“É através da educação que um povo pode fazer a sua transformação social

e a escola, por sua vez, é um dos principais instrumentos para isso.”

Comentário:

Os fragmentos de texto apresentados neste recurso foram extraídos da

entrevista feita com a professora Gisele D´Angelis Bogoni, em 20/09/04 , por Ari

Moro. Para ler na íntegra basta acessar o site acima citado.

A criação da CADEP - Coordenação de Apoio a Direção Equipe Pedagógica

em 2003, é sem dúvida uma conquista e um avanço para a formação continuada

dos pedagogos, por isso merece este destaque.

Desde sua criação, sob a coordenação do professor Benjamin Perez Maia,

a CADEP tem contribuído para que as equipes pedagógicas possam construir a

competência teórico-metodológica necessária para direcionar, organizar, propor e

acompanhar o trabalho pedagógico nas escolas.

23

Além disso, objetiva delinear as diretrizes gerais para a função de direção e

equipe pedagógica, embasadas na compreensão da organização pedagógica da

escola, nas relações democráticas do processo coletivo de trabalho e na

socialização do conhecimento, tendo como eixo norteador, os princípios da Política

de Educação Pública para o Estado do Paraná.

Mais informações sobre a CADEP, que agora está inserida na Coordenação

de Gestão Escolar, podem ser encontradas no portal

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portal/cadep/.

4.4 Paraná

Título: A LEI COMPLEMENTAR 103/2004

Texto: A criação da Lei complementar 103/2004, altera o curso da história dos

especialistas em educação. A Lei 103/2004 não veio isolada, nem tampouco é

específica para os especialistas.

A intenção do governo do Paraná ao instituir e dispor sobre o Plano de

Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica, segundo a referida lei,

é promover o aperfeiçoamento profissional contínuo e a valorização do professor,

através de remuneração digna e melhoria de serviços prestados à população do

Estado, baseado nos seguintes princípios e garantias:

I – reconhecimento da importância da carreira pública e de seus agentes; II – profissionalização, que pressupõe qualificação e aperfeiçoamento profissional, com remuneração digna e condições adequadas de trabalho; III – formação continuada dos professores; IV – promoção da educação visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania; V – liberdade de ensinar, aprender, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, dentro dos ideais de democracia; VI – gestão democrática do ensino público estadual; VII – valorização do desempenho, da qualificação e do conhecimento; VIII – avanço na Carreira, através da promoção nos Níveis e da progressão nas Classes; IX – gestão democrática das escolas da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, mediante consulta à comunidade escolar para a designação dos diretores de escolas nos termos da lei; X – existência dos Conselhos Escolares em todas as escolas da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná;

24

XI – período reservado ao Professor, incluído em sua carga horária, a estudos, planejamento e avaliação do trabalho discente. (PARANÁ, 2004.p.1)

Cabe aqui lembrar um pouquinho da trajetória do pedagogo/supervisor da

Rede Estadual do Estado do Paraná. No período de 1995 a 2002, praticamente

desapareceu, pois, qualquer outro docente poderia assumir este cargo, ou seja,

supervisor passou a ser pessoa de confiança da direção, demonstrando favoritismo

dentro da escola pública, com isso não houve preocupação em capacitar esses

profissionais para realmente serem articuladores do processo pedagógico.

Agora, corrigido pela Lei Complementar 103/2004, ficou estabelecido no

capítulo IV, artigo 5° e § 4º que:

Para o exercício do cargo de Professor nas atividades de coordenação, administração escolar, planejamento, supervisão e orientação educacional é exigida graduação em Pedagogia. (PARANÁ, 2004. p. 2)

De acordo com a Lei Complementar 103/04, que trata do Plano de Carreira

do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, estabelece em seu

Cap.III, Art. 4º, item V o conceito fundamental de professor, alterando a

nomenclatura dos especialistas. Segundo a referida Lei,

Professor: servidor público que exerce docência, suporte pedagógico, direção, coordenação, assessoramento, supervisão, orientação, planejamento e pesquisa exercida em Estabelecimentos de Ensino, Núcleos Regionais da Educação, Secretaria de Estado da Educação e unidades a ela vinculadas (PARANÁ, 2004).

Verificam-se na mesma Lei, em seu Capítulo X, a extinção dos cargos de

Orientador Educacional e Supervisor Escolar, em seus artigos 33 e 39.

Art. 33. Os cargos de Professor e Especialista de Educação, que

compõem o Quadro Próprio do Magistério da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, ficam transformados em cargos de Professor, sendo que os ocupantes dos referidos cargos ficam enquadrados no presente Plano de Carreira do Professor, obedecidos os critérios nesta Lei. Art. 39. Ficam considerados em extinção, permanecendo com as mesmas nomenclaturas, os cargos de Orientador Educacional, Supervisor Educacional, Administrador Escolar na medida em que vagarem, assegurando-se tratamento igual ao que é oferecido ao Professor, inclusive o direito ao desenvolvimento na carreira, para aqueles que se encontram em exercício. (PARANÁ, 2004)

Quando falamos de lei é importante esclarecer que ela nasce como resposta

a um anseio de determinado grupo. Quando uma lei é aprovada e promulgada é

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sinal de que antes do seu nascimento houve um fato marcante, um acontecimento,

uma movimentação que a impulsionou, gerando aquele texto legal que daí em diante

deverá ser obedecido.

Com a Lei Complementar n. 103/2004 não poderia ser diferente, ela é fruto

do trabalho de uma comissão paritária, composta por servidores da Secretaria de

Estado da Educação - SEED, da Secretaria de Estado da Administração e da

Previdência - SEAP e por representantes da Associação dos Professores do Estado

do Paraná – APP. O Governo do Estado do Paraná quis ouvir os representantes dos

professores para que o Plano de Carreira pudesse retratar os anseios da categoria

na exata medida esperada.

No que se refere ao pedagogo é importante ressaltar que a LC n. 103/2004

apenas legitimou uma necessidade que há muitos anos vem se percebendo no

interior das escolas de que não é possível separar o trabalho de articulação

pedagógica em função do supervisor de ensino e função do orientador educacional,

não é possível fragmentar esse trabalho, ele precisa ser realizado de forma

articulada, daí a necessidade de se legitimar o papel do pedagogo.

Foi exatamente isso que foi feito no Plano de Carreira dos Professores do

Estado do Paraná acabou-se com a divisão dos antigos Especialistas da Educação

e todos os cargos foram transformados em cargos de professores, afirmando que

esse trabalho precisa ser encarado pelos profissionais da área como um trabalho

integralizado.

Muito embora a própria lei já preveja a unificação desses cargos em cargo

de professor, infelizmente nos deparamos com alguns profissionais da área que

levados pelas atribuições constantes que não são poucas, não conseguem se

organizar de outras formas e acabam fragmentando o trabalho da equipe

pedagógica, separando as funções.

Referências:

PARANÁ. Lei Complementar nº. 103 de 15 de abril de 2004. Institui e dispõe sobre

o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica e

adota outras providências. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, 2004.