secretaria municipal de políticas para as mulheres sueli galhardi
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Atenção à Mulher em Situaçãode Violência
Secretaria Municipal de Políticaspara as Mulheres
Sueli Galhardi
O Que é Violência?
Fenômeno mundial e histórico de
caráter sócio-cultural.
A violência, além de ser uma questão política, cultural,
policial e jurídica, é também, e
principalmente, um caso de saúde pública. A violência não é um
problema específico da área da saúde. No
entanto, ela a afeta, já que muitas vítimas adoecem a partir de
situações de violência.
Considera-se que a violência é um fenômeno complexo, que envolve
fatores sociais, ambientais,culturais, econômicos e políticos. Logo, para compreender
e enfrentar essa problemática,devemos analisar um
conjunto de fatores, como condições de vida, questões
ambientais, trabalho, habitação, educação, lazer e cultura.
Ela está presente na vida de todas as pessoas, sejam
como vítimas sejam como agressores. Reproduz-se nas
estruturas e subjetividades em diferentes espaços, como na família, escola, comunidade,
trabalho e instituições. Ou seja, é um fenômeno socialmente
construído, que necessita ser desconstruído, a partir de uma
ação intersetorial e multidimensional.
É importante destacar que a violência acontece no mundo
todo e atinge pessoas de todas as idades; independe
de sexo, raça, religião, nacionalidade, escolaridade,
orientação sexual ou condição social. No entanto, a violência apresenta-se nas classes menos favorecidas com mais facilidade devidoàs condições precárias de
sobrevivência.
O que é Violência Contra a
Mulher?
Dados
cerca de uma em cada cinco mulheres (18%) consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de
violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
Fonte:Pesquisa Fundação Perseu Abramo, 2010
Dados
Diante de 20 modalidades de violência citadas, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%).Fonte:Pesquisa Fundação Perseu Abramo, 2010
Dados
Entre as mulheres vítimas de assassinato, cerca de 40 a 70% foram mortas por seus maridos e namorados (OMS, 2002).
Estima-se que uma em cada três ou quatro meninas jovens é abusada sexualmente antes de completar 18 anos (UNESCO, 2004);
Dados
Definição
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará, 1994) define a violência contra a mulher como:
“qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera
privada”
A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993)
reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma
violação aos direitos humanos.
Desde então, os governos dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm trabalhado para a
eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um
grave problema de saúde pública.
forma de violência é justificada em normas sociais baseadas nas relações de gênero, ou seja, em
regras que reforçam uma valorização diferenciada para os papéis masculinos e femininos e
uma autoridade do homem sobre a mulher.
As relações de gênero são marcadas por:
• assimetria de poder entre os sexos;
• uso da violência como forma de dominação.
“Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”
A violência no âmbito doméstico é “naturalizada”, tolerada e legitimada
Naturalização da violência
Apesar de contarmos com uma lei específica, a Lei Maria da Penha,
a violência doméstica ainda não é socialmente reconhecida como crime;
Naturalização da violência
Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, em 2001 as mulheres só denunciaram a violência sofrida dentro de casa a algum órgão público quando se sentiram ameaçadas em sua integridade física
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
principal problema: invisibilidade:
São poucas as mulheres que reconhecem as agressões praticadas pelos maridos como violência.
Estudo em uma UBS de SP, mostrou que apenas 55% das mulheres que relataram agressão física e/ou sexual perceberam o vivido como violência. (Schraiber, 2002)
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Invisibilidade (condicionantes):
Dificuldade dos profissionais em trabalhar com questões percebidas como culturais e/ou sociais.
Racionalidade biomédica de intervenção: que tem na doença o seu alvo de atuação.
Os currículos não contemplam questões relacionadas à violência doméstica.
PORQUE É TÃO DIFÍCIL PARA AS MULHERES
DIZEREM
NÃO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?
Ligação afetiva entre agredida e agressor;
Receio que o agressor seja prejudicado socialmente;
Culpa por sentir-se responsável pela violência;
Dependência econômica;
Medo que a violência se transforme em algo maior;
Receio de prejudicar ainda mais os filhos;
Vergonha diante dos familiares e amigos;
Valores : sociais, familiares, religiosos e culturais;
Fatores emocionais.
Comportamentos apresentados pela mulher que sofre violência
Vergonha
Insegurança RM
Insegurança
Baixo auto estima
Dependência
Culpa
Isolamento
Medo
Muitas mulheres que recorrem aos
serviços de saúde com queixa de enxaquecas,
gastrites, dores difusas e outros
problemas vivem situações de
violência dentro de suas próprias casas.
IMPACTOS DA VIOLÊNCIA SOBRE A SAÚDE
SOFRIMENTO CRÔNICO
NEGLIGÊNCIA DE CUIDADOS
ÁLCOOL, TABACO, DROGAS
SEXO INSEGURO E ENTRADA TARDIA NO PRÉ-NATAL
POLIQUEIXOSAS, SOMATIZADORAS
Poliqueixosas??????
A QUEIXA MAIS APRESENTADA PELAS MULHERES QUE SOFREM VIOLÊNCIA
É A DOR CRÔNICA EM QUALQUER PARTE DO CORPO OU MESMO SEM
LOCALIZAÇÃO PRECISA.
É A DOR QUE NÃO TEM NOME OU LUGAR!!!!!!!
QUANDO SUSPEITAR?????Alguns sintomas são comuns e podem
servir como critérios para quem perguntar:
Transtornos crônicos vagos e repetitivos; Entrada tardia no pré-natal; Infecção urinária de repetição (sem causa
secundária); Lombalgia; Distúrbios gastrintestinais; Complicações em gestações
anteriores,abortos de repetição;
QUANDO SUSPEITAR?????
Dor pélvica crônica; Síndrome do intestino irritável; Transtornos na sexualidade; Fibromialgia: Depressão; Ansiedade; Obesidade; História de tentativa de suicídio Lesões físicas sem explicações coerentes.
POR QUE O PROFISSIONAL NÃO PERGUNTA?
Tem pouco conhecimento sobre a violência doméstica;
Idéia naturalizada de que as mulheres merecem ou provocam os abusos (pensam, também, que as mulheres gostam de apanhar, senão não ficariam com o agressor);
É um problema social e legal e não de saúde;
Não saberia o que fazer se uma mulher lhe contasse;
Acredita que a violência é um problema pessoal e privado;
Muita pressão para atender muitas pessoas por turno;
Acha que elas podem sentir-se ofendidas;
Pode conhecer pessoalmente o agressor ou membros de sua familia e assim sente-se constrangido em abordar o tema;
Tem medo de represálias por parte do agressor.
POR QUE OS PROFISSIONAIS NÃO PERGUNTAM?
COMO DETECTAR A VIOLÊNCIA
Tempo e condições de escutar; Acolher e respeitar a mulher; Valorizar seu relato e não julgar; Garantir a privacidade e a
confidencialidade; Conhecer a relação da violência com
a saúde; Indicações claras de que o serviço é
preocupado com o tema; Compromisso institucional; Conhecimento das alternativas
assistenciais disponíveis (rede *).
ACOLHIMENTO
Oferecer atendimento humanizado; Tratar a paciente como gostaria de
ser tratado; Tratar a usuária com respeito e
atenção; Disponibilizar tempo para uma
conversa tranqüila; Manter sigilo das informações; Proporcionar privacidade; Notificar o caso*; Colocar-se no lugar da paciente.
ACOLHIMENTO
Evitar a revitimização*; Não fazer perguntas indiscretas; Não emitir juízo de valor; Afastar culpas; Validar sofrimento; Ter conduta profissional frente à
demanda da usuária, correspondendo às sua expectativas e necessidades.
* É a repetição de atos de violência pelo agressor ou a repetição da lembrança de atos de violência sofridos.
SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
Formas de perguntar indiretamente à mulher:
Está tudo bem em sua casa ou no seu trabalho?
Você acha que os problemas de relacionamento familiar está afetando sua saúde?
Você se sente humilhada ou agredida por algum familiar?
SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
Perguntar diretamente à mulher:
A violência física, psicológica ou sexual está presente na vida de muita gente e pode afetar a saúde mesmo depois de muitos anos. Você já sofreu ou sofre algum tipo de violência?
SUSPEITA DE VIOLÊNCIA
Para a não revitimização, é importante evitar:
desconsiderar o sentimento da vítima;
falar frases como: “isso não foi nada”, “vai passar”, “não precisa chorar”;
excesso de zelo; hostilidade; culpar a vítima; Fazer julgamento de valor,
demonstrando surpresa, choro, horror (sinais de censura ou desaprovação); entre outras.
Secretaria Municipal de Políticas para as
Mulheres
Política Municipal de Enfrentamento de Todas as Formas de Violência Contra as
Mulheres:
Diretrizes do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres
Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e convenções internacionais firmados e ratificados pelo Estado brasileiro relativos aos direitos humanos das mulheres;
Fomentar ações que visem desconstruir estereótipos, representações de gênero, mitos e preconceitos em relação à violência contra a mulher;
Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação de violência;
Assegurar atendimento integral, qualificado e humanizado às mulheres em situação de violência, considerando as questões étnico-raciais, geracionais, de orientação sexual, de deficiência e de inserção social e econômica;
Promover a integração e a articulação dos serviços e instituições de atendimento às mulheres em situação de violência, por meio do fortalecimento da Rede Municipal de Prevenção e Enfrentamento da Violência Doméstica e Sexual.
Serviços/programas municipais especializados
Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM)
Casa Abrigo Canto de Dália
Programa Rosa Viva
Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM)
Serviço criado no ano de 1993
Objetivo: prestar atendimento social e psicológico à mulheres em situação de violência doméstica e sexual
Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM)
Nº acumulado de mulheres atendidas até dezembro de
2010: ...................8994
Nº de mulheres atendidas em 2011: ....369
Nº de atendimentos em 2011............5650
Casa Abrigo Canto de Dália
Serviço criado no ano de 2004 Objetivos: Abrigar temporariamente as mulheres em
situação de violência e risco de mortes e seus filhos/as menores de 18 anos
Oferecer atendimento interdisciplinar visando a reestruturação psico-social das mulheres atendidas.
Garantir a integridade física e emocional de mulheres em situação de violência doméstica que estejam correndo risco de morte.
Casa Abrigo Canto de Dália
Nº acumulado de pessoas atendidas De 2004 à dezembro de 2011: Mulheres:....................................370 Crianças e
adolescentes:..................557
Nº de pessoas atendidas no ano de 2011
Mulheres:......................................53 Crianças e
adolescentes:....................81
Outros serviços especializados
Programa Rosa Viva (violência sexual)
Delegacia da Mulher
Vara Maria da Penha
*Rede Municipal de Enfrentamento a violência
doméstica e SexualObjetivos:
Melhoria da qualidade dos serviços;
Estabelecimentos de fluxos e protocolos de atendimento;
Melhoria de acesso das usuárias aos serviços.
Outros serviços que compõem a Rede
UBS, CAPS, CRAS, CREAS; Hospitais Públicos e Privados, IML; Conselho Tutelar; Ministério Público; Secretarias Municipais de Saúde,
Assistência Social, Educação; Núcleos de Práticas Jurídicas das
Universidades; Conselhos de Direitos;
Profissionais de Saúde:
A violência é crime!
Nenhuma vítima é capaz de se esquecer disso.
Mas um atendimentoacolhedor, receptivo e, acima de tudo,
humano pode ajudá-la a superar.
Sentimentos Profissionais de Saúde:
No enfrentamento da violência encontraremos nosso despreparo,tabu, medos, desejo de revanche,
impotência na resolução dos casos,direito a escolha, sofrimento, culpa,
vivência da solidariedade,a capacidade de sermos humanos e
poder de mudança na vida dequem sofre. Nessa experiência é
importante compartilhar decisões,dúvidas, temores e sentimentos com a
equipe multidisciplinar.
ContatosSecretaria Municipal de Políticas para as Mulheres
SecretáriaJeane Tramontini Zanluchi
Gabinete fone:3372-4106 e-mail: [email protected]
Centro de Atendimento à Mulher – CAM
Fone: 3341-0024 e-mail: [email protected]