8/12/2019 Srie Vaga Lume - Menino de Asas - Homero Homem

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HOMERO HOMEM

MENINO DE ASAS

8/12/2019 Srie Vaga Lume - Menino de Asas - Homero Homem

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Homero HomemPrmio Nacional de Literatura do MEC INL, 1975

MENINO DE AA

!"#aedi$%o

Coordenao da Srie: &ernando Pai'%oCapa e Ilustraes: (a)me Le%oProjeto Grfico: Ar) Norman*aSuplemento de Trabalho: Maria A+arecida +irandelliia!ramao: Antnio do Amaral -oc*a

Im+re..%o e aca/amento 0# -OH #A# 23114936!9

ISBN 85 08 01897 5

1993

odo. o. direito. re.er8ado. +ela Editora tica #A#-ua :ar%o de I;ua+e, 113 CEP 315376933el#< PA:= !769>!! &a'< 23114 !776"1"C# Po.tal 5 End# ele;r?@ico :omli8ro %o Paulo

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Ser diferente um crime? !rece "ue #im$ %e&' men'#%!r! ! m!i'ri! d!# %e##'!# "ue c'n(ece !"ue&e menin' "uen!#ceu c'm !#!# n' &u)!r d'# *r!+'#, O Menin' de A#!#$%'rm$ n-' #e dei.! intimid!r/ !i f!er de tud' %!r! encer !re2ei+-', Ne##! &ut!$ !&m d' %rec'nceit'$ e&e %'de de#c'*rirt!m*m ! !mi!de e ' !m'r, Ac'm%!n(e e#t! (i#tri!f!nt4#tic!,

LEIA TAMBM DE Homero Homem NA SRIE VAGA-LUME

ABRA DAS ROAS

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"m autor premiado

De.cendente de tradicional @amBlia norde.tina, Homero Homem deiueira Ca8alcanti na.ceu no En;en*o Catu, no municB+io deCan;uaretama, -io rande do Norte, a de aneiro de 19!1#

Iniciou e com+letou o. e.tudo. @undamentai. em .ua terra natal, 8indo amudar, de+oi., +ara o -io de (aneiro, onde @eF o cur.o +rG6urBdico# Entre19 e 197 @oi +ro@e..or da E.cola de Comunica$%o da ni8er.idade&ederal do -io de (aneiro#

Como ornali.ta, deu .eu. +rimeiro. +a..o. ainda no -io rande doNorte, +ara, em .e;uida, 8ir a atuar inten.amente na im+ren.a carioca /emcomo em ornai. de ua.e todo o +aB.# &oi redator +olBtico e re+rter e.+ecialdo Dirio de Notcias, alGm de cola/orador liter?rio de..e matutino# OEstado de So Paulo, Manchete, Ultima Hora, Revista do Gloo e !eitura

@oram a. eta+a. +o.teriore. de .ua ati8idade na im+ren.a#E.treou na literatura em 195", com um lon;o +oema em +ro.a intitulado" cidade, sute de amor e secreta es#eran$a% Alternando6.e de+oi. entre a+oe.ia, o romance, o en.aio e o conto, +ercorreu camin*o. de uma carreiramuito /em6.ucedida, lou8ada +ela crBtica e 8aloriFada +or e'+re..i8o.+rmio. liter?rio.# Dentre, ele., de.tacam6.e< Pr&mio "l#honsus deGuimaraens, do INL6MEC, em 195J Olavo 'ilac, da Academia :ra.ileirade Letra.JEscritor do Mar, do Clu/e Na8alJ!usa (ludio de Sousa, do Pen

Clu/eJ Pr&mio Nacional de Poesia )alada, do E.tado do -ioJ Pr&mioDNER, do Mini.tGrio do. ran.+orte.J *homas Mann, de en.aio, in.tituBdo+ela :E6-e+K/lica &ederal Alem% e Pr&mio Nacional de !iteratura, doINL6MEC, de 1975, +elo conunto de .ua o/ra +oGtica#

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memria de ?ira, min*a mul*er#

No 8er%o de 19!, ela, eu e a. crian$a.lBamo. unto. o. ca+Btulo. de.ta *i.tria, medida ue ele. iam .altando do. ti+o.da m?uina de e.cre8er, +ara o +a+el#A com+an*eira de .ua8e /eleFa, ue eu con*ecicomo +ro@e..ora de crian$a. e'ce+cionai.,era, em no..o. .ere., uem mai. .e

em+en*a8a em encontrar um de.tino@eliF +ara o no..o Menino de A.a.#

O Autor

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,,, mi#ter "ue en(!m e#c6nd!&'# m!# !i d!"ue&e ('mem %'r "uem ' e#c6nd!&'em,S-' M!teu#$ II$ 7

Primeira parte1

No interior do Brasil

um menino nasceu com asas.Conse!uiu crescer

e tomou o nome de seu pri#il!io:Menino de Asas.Antes da bomba,

o caso seria de espantar.Depois dela, acho difcil.

Esta a histria de Menino de Asas.Quem souber, que conte outra.

!

uando Menino de A.a. na.ceu, a m%e @icou muito tri.te# Ma. o

+ai, ue era cam+on., con.olou6a diFendo

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Outro. @il*o. n%o tin*a o la8rador# A..im, Menino de A.a. iacre.cendo .em cau.ar e.tran*eFa em ca.a# AtG ue, ao. .ete ano., @oimandado e.cola no +o8oado 8iFin*o#

Menino de A.a. ? o con*ecia# De.de o. tr. ano. de idade,uando, de+oi. de 8?rio. tram/ol*e., a+rendera a 8oar, namora8a l?de cima o ca.ario da 8ila e o mo8imento na. +ra$a. e rua.#

entia 8ontade de +ou.ar na anela da e.cola, onde a8i.ta8adiariamente auele ma;ote de crian$a. .entada. na. carteira.,e.tudando a li$%o#

n%o realiFa8a o de.eo +orue + +ai l*e recomendara ue amai.de.ce..e na 8ila# Contem+l?6la de uma altura re.+eit?8el, +odiaJ ma..o/re8o?6la era +eri;o.o#

Certa 8eF, ao 8oar .o/re a mata, o. ca$adore. de.+earam6l*e8?rio. tiro. de e.+in;arda, .u+ondo tratar6.e de al;uma ca$a rara#Menino de A.a. @icou muito @erido#

A lem/ran$a da dor e a +re.en$a da. cicatriFe. en.inaram6l*e, a+artir de..e dia, ue era +eri;o.o lidar com ;ente ue n%o u.a..e a.a.# e'ce$%o do. +ai., a. outra. +e..oa. n%o +a..a8am de ca$adore.#

&eF6.e a..im muito ami;o do. +a..arin*o. e da. a8e. do uintal#

Me.mo o uru/u, .e n%o ti8e..e auele c*eiro ruim, .eria um timocamarada#

Eram e..a. a. co;ita$e. de Menino de A.a. nauele dia em ue,le8ado +elo +ai, entrou no +o8oado rumo e.cola# Era .eu +rimeirodia de aula#

Na rua a. +e..oa. ol*a8am6no +er+le'a. e coc*ic*a8am, dandori.adin*a. di..imulada.# Menino de A.a. come$a8a a +erce/er ue era

ele o moti8o da curio.idade# Primeiro, @icou or;ul*o.o e atG a/ria .ua./ela. a.a. /ranca., muito anc*o dela.#Ma. uando o +ai dei'ou6o .oFin*o +or um momento e o +o8oado

em +e.o, ue .e a;lomera8a em @rente e.cola, entrou a rir6.e dele,@oi +erdendo o natural or;ul*o#

Ca/i./ai'o, a.a. derrotada., murc*a. de 8er;on*a, ou8iu o +aide.+edir6.e, o +ro@e..or ordenar6l*e ue o .e;ui..e# L? dentro, o

me.tre @eF a. a+re.enta$e.# E.te G o no8o aluno# em a.a. em 8eF de /ra$o.# Ma. G um/om menino#

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Menino de "sas +e-se muito ami.o dos #assarinhos e das aves do /uintal%

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O. com+an*eiro. re.+onderam em coro< ea /en8indoRE Menino de A.a. lo;o reco/rou a ale;ria#Na *ora do recreio a. crian$a. cercaram6no, cri8aram6no de

+er;unta.#Por ue tin*a ele a.a.Q Era me.mo /om 8oarQ eria 8erdade o ue

o +ro@e..or di..era na aula ue na e.trato.@era era im+o..B8elre.+irarQ

entindo a cordialidade do. com+an*eiro., Menino de A.a. @icout%o 8ontade ue come$ou a contar lorota.#

:o/a;em, o +ro@e..or e.ta8a errado, nunca tin*a ido l?# Ele .im, iatoda tarde e.trato.@era e re.+ira8a muito /em# Soar era uma delBcia,

+oi. n%o# C*ato me.mo eram a. e.trela.# Muito uente.# ma 8eFc*amu.cara a +onta da. a.a. numa ;randona de.te taman*o 2e a/ria a.a.a., dando a medida da e.trela4# A m%e ral*ara, .a+ecara6l*e um +arde cocorote., +roi/ira6o de c*e;ar +erto da. e.trela.# Podia .eueimar#

tardin*a, uando 8oou +ara ca.a, Menino de A.a. ia t%o @eliFue ante. de +e;ar altura, como o +ai l*e recomendara, de.cre8eu

lon;o. cBrculo. .o/re a 8ila, numa .auda$%o# E atG +ou.ou nocam+an?rio da i;rea, e.+antando o /ando de +om/o. ue ol*a8ammeio a@lito. auela e.tran*a mi.tura de ;ente e de +?..aro e.canc*adatranTilamente na 8i;a do .ino ;rande#

Na *ora do antar Menino de A.a. contou ao +ai ue a e.cola eratima# (amai. +erderia uma aula# Ir e.cola era t%o /om como 8oar.o/re a @lore.ta#

A m%e cam+one.a, de.+eando no. +rato. a .o+a @ume;ante,ou8ia6o calada, muito contente e or;ul*o.a dauele @il*o de a.a.#

>

No dia .e;uinte Menino de A.a. retornou da e.cola t%o tri.te ue.e e.uecera de @aFer u.o da. a.a.# Camin*a8a de.aeitadamente na

areia uente, como um +?..aro e.ui.ito#Contou ue nen*uma crian$a com+arecera aula# &icara .oFin*ona cla..e, ali.ando com a +onta da. a.a. o. /anco. .olit?rio.#

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O +ro@e..or tam/Gm e.ta8a tri.te, nem l*e tomara a li$%o#Mandou6o +ara o recreio e o recreio era o me.mo de.erto decrian$a.#

N%o a;Tentando a .olid%o, come$ara a c*orar +edindo +ara 8oltar+ara ca.a#

Pro@e..or, +or ue o. outro. menino. n%o 8ieram aulaQ +er;untou#

O +ro@e..or re.+ondeu ue era @eriado, @o..e +ara ca.a# noitedaria um +ulin*o ca.a de .eu +ai# Preci.a8a ter uma con8er.a comele#

Menino de A.a. conta8a a *i.tria muito tri.te, 8a;amenteinuieto# eria cometido al;uma arteiriceQ

A m%e ac*ou ue .im, o +ai ac*ou ue n%o# Auilo era coi.a deca$adore., di..e cerrando a. ;ro..a. .o/rancel*a. .ua. de terra#

De+oi. do antar, ue @oi calado e com+rido, c*e;ou o +ro@e..or#Pediu ao +ai cam+on. ue manda..e o @il*o l? +ara dentro# E contou#

Menino de A.a. n%o +odia mai. 8oltar e.cola# A 8ila em +e.oim+u.era6l*e o dilema< en.inar e'clu.i8amente ao. .eu. @il*o., ueeram a maioria, ou ao Menino de A.a., ue era a e'ce$%o#

Na 8G.+era tin*a *a8ido 8?rio. acidente. na 8ila# &iada. noe'em+lo de Menino de A.a., a. crian$a. tenta8am le8antar 8o e .emac*uca8am, al;uma. .eriamente# O @il*o do uiF ue/rara a +erna# Odo /ar/eiro @ora le8ado outra 8ila, com .u.+eita de ter +artido dua.co.tela.#

Numa +ala8ra, a 8ila im+u.era ao +ro@e..or ue e.col*e..e entrelecionar ao. menino. ue u.a8am +G. ou ao Knico menino ue u.a8a

a.a.# Mi.tur?6lo. G ue n%o era +o..B8el#O +ro@e..or di..e muito relutara, muito ar;umentara com o.+ai. da 8ila# Com o tem+o tudo daria certo, a. crian$a. tin*am6.eentendido muito /em com Menino de A.a.#

InKtil# O. +ai. da 8ila mantin*am6.e irredutB8ei.#A..im, Menino de A.a. n%o +odia mai. ir e.cola# o/ +ena de,

ele, +ro@e..or, +erder o lu;ar# Era +o/re, tin*a tam/Gm uatro

menino., ue u.a8am +G., +ara alimentar e educar# O +ai cam+on.de8ia com+reenderJ Menino de A.a. tin*a me.mo ue @icar .emin.tru$%o#

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Nenhuma crian$a com#areceu% Per.untou ao #ro+essor0 Por /ue os outros meninosno vieram 1 aula2

N%o *? nen*um eito a dar, .en*or me.treQ +er;untou a m%e# Ha8ia um, .im di..e o +ro@e..or /ai'ando o. ol*o.# Ma. n%o

era .u;e.t%o dele, n%o# Era do. +ai. do. menino. ue u.a8am +G.# ual GQ +er;untou o +ai a;arrando6.e uela e.+eran$a#

ue o. +ai. de Menino de A.a. con.intam em o+er?6lo# ue.ua. a.a. .eam cortada. di..e o +ro@e..or /ai'ando ainda mai. o.ol*o.#

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Cortar a. a.a. de meu @il*o, mila;re de Deu.Q +rote.tou a m%e# A. linda. a.a. de meu @il*oQ NuncaRO +ro@e..or re.+ondeu ue a..im tam/Gm +en.a8a, e.ta8a atG

ali8iado +orue a m%e de Menino de A.a. n%o concorda8a com amal8adeFa#

U crime cortar a.a. t%o linda.# AtG de +?..aro, uanto mai. demenino#

A..im, e.ta8a cum+rida a .ua mi..%o# Ia em/ora# O +ai de Meninode A.a. .e;urou6o +ela ;ola, ar;umentou1

O Mon.tro de A.a. @oi +re.o em circun.tVncia. /a.tante .u.+eita.#Com o. /ol.o. c*eio. de .anduBc*e., tenta8a le8antar 8o de umde.cam+ado +r'imo +raia da rca, rumo ao /ondin*o en;ui$ado#

O. .anduBc*e. e'+licou na +olBcia com .im+licidade eram+ara -ute e a. crian$a. a+ri.ionada. l? em cima#

&iFera uma +rimeira 8ia;em le8ando ?;ua mineral, coca6cola e;uaran?# Na .e;unda, tran.+ortara al;un. co/ertore. di.traBdo. de uma

loa na. +ro'imidade.# Na terceira, @ora em cana#A 8er.%o era um +G..imo ?li/i, di..e o dele;ado# Ma. o..anduBc*e. eram /on.# O. +oliciai. comeram @arta# E.ta8am@aminto. e @ati;ado.# O Mon.tro de A.a. @oi o Knico ue dormiu com@ome#

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Entre os #assa.eiros a#risionados no ondinho, estava uma >ovem chamadaRute%

Di..e o ornal da o+o.i$%o, no dia .e;uinte, ue ele le8ara tam/Gmal;uma. /orrac*ada.# Outro, r;%o ;o8ernamental, re+licou ue n%o,ele atG dormira muito /em# Enuanto a contro8Gr.ia toma8a cor+o, aCa.a do Di.co lan$ou um com+acto ue 8endeu mil*e.# A letra,.im+le. e /em +la;iada, diFia a..im

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Dia. de+oi., o Dirio O+icial do E.tado +u/lica8a o decreto danomea$%o de um certo (o%o :ati.ta Soador +ara o car;o de eladorAGreo da cidade, nB8el 1"#

O ornal da o+o.i$%o, @areando ;ro..o @a8oriti.mo no ato,

de.i;nou .eu mai. atilado re+rter +ara in8e.ti;ar o. antecedente. danomea$%o# E.te, em +ouca. *ora., re8elou o+ini%o +K/lica uma .Griede indBcio. altamente com+rometedore.#

Primeiro, o nomeado n%o @ora concur.ado nem +ela EPE nem+elo DAP# e;undo, n%o a+re.entara o certi@icado militar