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S/S ‘18

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S/S ‘18

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queremos saber como as coisas são feitas, queremos fazer parte do processo. para mostrar a nova coleção de verão, entramos na fábrica

da melissa, trazendo uma moda utilitária, mas superfeminina

FOTOS HICK DUARTE

MODA MAURÍCIO IANÊS

DIREÇÃO CRIATIVA ERIKA PALOMINO

DIREÇÃO DE ARTE KLEBER MATHEUS

BELEZA AMANDA SCHÖN

com produtos Lee Stafford e Kryolan

I N D U S T R I A LF E E L I N G S

M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3

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M E L I S S A K A Z A K O V A

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M E L I S S A D A I K A N Y A M A M E L I S S A D U B R O V K A

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M E L I S S A M E L R O S E

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M E L I S S A S H I B U Y AM E L I S S A D U B R O V K A

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M E L I S S A S O H O

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M E L I S S A D A I K A N Y A M A

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Macacão ANOTHER PLACE

M E L I S S A D A I K A N Y A M A

Camiseta e macacão GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA Vestido HERCHCOVITCH;ALEXANDRE

M E L I S S A D A I K A N Y A M A

SPECIAL THANKSÀ La Garçonne; Alexandrine; Amapô; Another Place; Beira; Brechó Minha Avó Tinha; Cacete Company; Carol Funke; Coca-Cola Jeans; Gloria Coelho; Herchcovitch;Alexandre; João Pimenta; Ken-gá; Lygia & Nanny; Natalia Pessoa; Också; Okan; PHSD; Vitorino Campos

Macacão CAROLINE FUNKE

M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3

Macacão ANOTHER PLACE

M E L I S S A D A I K A N Y A M A

Vestido HERCHCOVITCH;ALEXANDRESobretudo BRECHÓ MINHA AVÓ TINHA Camiseta GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA Calça COCA-COLA JEANS

M E L I S S A K A Z A K O V A M E L I S S A S O H O

Macacão GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA

M E L I S S A D U B R O V K A

Macacão e boné GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA Biquíni NEON por LYGIA & NANNY

M E L I S S A L A D Y L E S S

TRATAMENTO DE IMAGEM BRUNO REZENDE

ASSIST. FOTOGRAFIA EDU MALTA E WESLEY ALLEN

ASSIST. ARTE RENATA TELES

ASSIST. BELEZA CAMILA DE ALEXANDRE E PAULA KADIJA

COORDENAÇÃO GERAL RODOLFO BELTRÃO

PRODUÇÃO EXECUTIVA NELBA CARDOSO

CASTING BILL MACINTYRE

MODELOS ANITA POZZO (JOY), BERNARDO BRANCO E DANIELE MOIRANÇA (ALLURE),

BRUNA GRANDINI (BRM), FELIPE ROCHA (PRIME)

Blusa e calça VITORINO CAMPOS Saia PHSDCamisa GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA

M E L I S S A M E L R O S E

Macacão GUSTAVO SILVESTRE para MELISSA Maiô LYGIA & NANNY

M E L I S S A S H I B U Y A

Alguns produtos podem sofrer distorção na cor ou não estarem disponíveis para venda.

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TEXTO ERIKA PALOMINO

PARA DESENVOLVER O TEMA MAPPING, a equipe

da Melissa tomou como ponto de partida o papel que as cidades exer-

cem em nosso dia a dia. Metrópoles, megalópoles, bairros, ruas e vielas

determinam não apenas nossas escolhas e modos, mas também a nossa

identidade e a forma como nos relacionamos. Impulsionadas pela cultura

jovem, queremos novas formas de ocupação do espaço urbano. Como

reflexo dessa ação, e influenciados por paisagens pessoais, criadores de

distintas mídias (do Instagram à performance), de todas as partes do glo-

bo, registram esse olhar. Eles podem também transformar culturas locais

em linguagens universais: a tendência agora é o glocal (global + local).

A moda, claro, é desenhada também por seus entornos, e as peculia-

ridades de cada lugar proporcionam diferentes formatos de criação

e também de uso de uma peça ou produto, por exemplo, reforçando

a importância do onde, nesse mundo complexo e interconectado, em

que transporte e mobilidade são vistos como questões sociais e até

mesmo culturais. Fala-se cada vez mais de fronteiras, com os cenários

políticos, suas crises e esperanças ocupando espaço na agenda do

planeta – do México à cracolândia paulistana.

O sonho de uma cidade inclusiva passa pela arquitetura. A partir das

pranchetas e maquetes se desenha uma partitura sobre a qual, sem que

a gente perceba, se escrevem as emoções. Foi o filósofo Alain de Botton

quem cunhou o termo “arquitetura da felicidade”, em que a beleza,

a adequação e o conforto de um espaço nos afetam diretamente.

A coleção Mapping se divide então em três moods: Arquitetura,

Orgânico e Industrial, desdobrados nos três ensaios de moda desta

edição da revista. Se antes a casa era o nosso porto seguro, agora

buscamos desesperadamente a rede de wi-fi mais próxima. Na

supermodernidade, o não lugar já nos é familiar – aeroporto, metrô,

hotel, mercado, shopping ou mesmo uma loja são tão físicos em

nossas vidas quanto o quarto em que dormimos. Como diz a letra de

um velho samba: “Para se perder, tem que se achar” e, mais uma vez,

a tecnologia nos acode: Onde estou? Para onde vou? É o que nos

respondem diariamente Googles, Wazes e aplicativos de geolocalização

em geral (o app Swap da Melissa também). Tudo pode ser mapeado.

Para colocar mais poesia na selva urbana, Melissa convidou a artista

visual Verena Smit para idealizar o logotipo da nova coleção, a partir

do mapa de endereços fictícios. No solado de todos os modelos apa-

rece a geolocalização de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, onde

fica o núcleo de criação da marca, e padrões que, juntos, formam o

mapa da cidade gaúcha. Oito dos principais produtos foram batiza-

dos com nomes de lugares e dois de não lugares (Ulitsa – “rua”, em

russo), e Dubrovka (que quer dizer “lugar desabitado”). Mais do que

falar de um determinado ambiente, entretanto, o tema do verão da

Melissa aborda uma pergunta ancestral: “Quem sou eu?”.

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conheça os fundamentos do tema mapping, que conecta arquitetura, urbanismo e moda, inventando uma cartografia das emoções em plena era digital

V O C Ê E S TÁ A Q U I !

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a arte contribui para que a liberdade deixe de ser zona proibida no mundo

dentro de tubos de concreto. Uma ácida ironia, naturalmente. Para a

Bienal de Veneza de 2015, ele havia feito um vídeo documentando a

manufatura de um sino com material descartado de armas de guerra.

“The Bell Project” está em exibição no importante KW Institute for

Contemporary Art, em Berlim, até agosto.

Mas a campanha pela liberdade não é exclusividade da Documenta 14,

da Bienal de Veneza ou de São Paulo. Está pulverizada em eventos e

ações de muito menor penetração midiática, espalhadas pelo mapa.

Diásporas e migrações povoam discursos desde que a arte é arte.

Estavam na Paris do começo do século 20, nas pesquisas de artistas

imigrantes como Picasso, Modigliani, Gris, Kertész. E estão nos

manifestos de artistas ativistas contemporâneos como a cubana Tania

Bruguera, que no projeto “To The Unknown Migrant” (2012) convidou

artistas e ativistas a desenvolver monumentos efêmeros em locais onde

o papel histórico dos migrantes foi apagado ou severamente agredido.

Assumindo a forma de objetos estéticos ou de prática social, a arte

atua sobre consciências, contribuindo para que a liberdade deixe de

ser uma zona proibida – como coloca um cidadão curdo num dos

vídeos de Hiwa K.

QUANDO GOVERNOS de países ocidentais respondem

à maior crise migratória da história construindo e fortificando

muros, recusando-se a receber e dar passagem a refugiados da

Síria, do Afeganistão, do Iraque, do Marrocos ou do México, a arte

contemporânea é um lúcido e decisivo canal de resistência.

O mesmo arame metálico que estabelece as cercas militares

que proliferam em fronteiras dá forma a trabalhos em exibição na

14ª edição da Documenta, uma das maiores exposições do planeta,

que acontece a cada cinco anos em Kassel, na Alemanha. O

material bélico está presente, especialmente entre as produções

de artistas residentes em Atenas – principal porto de chegada de

refugiados e epicentro da crise humanitária europeia hoje.

Num mundo em que se multiplicam símbolos da intolerância,

artistas da D14 chamam a atenção para dramas individuais

entre populações banidas e esquecidas, buscando

devolver-lhes condições básicas de orgulho, esperança e

autoconfiança. Caso de Hiwa K, curdo nascido no Iraque

e residente em Berlim, onde é exilado político. Ele fugiu

de seu país antes da Guerra do Iraque, cruzando a pé

as montanhas até a fronteira iraniana com a Turquia

chegando, por fim, à Alemanha.

Hiwa K realizou para a D14 a instalação pública

“When We Were Exhaling Images” (2017),

edificando 20 apartamentos provisórios

F O R Ç A S Q U E M U R O S N Ã O

P O D E M C O N T E RTEXTO PAULA ALZUGARAY

ILUSTRAÇÕES LAURA TEIXEIRA

Paula Alzugaray é curadora, crítica de arte, editora e jornalista especializada em artes visuais. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. É diretora de redação da revista cultural seLecT e editora da seção quinzenal de artes visuais da revista Isto É.

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a moda praia sai para dançar e volta para a areia

de novo, de manhã. nesse mood da coleção mapping,

fotografado nas dunas mágicas do ceará,

uma elegância fresh e sensual, em looks de tons

quentes e inspirados na natureza

FOTOS CECILIA DUARTE

MODA GI MACEDO

DIREÇÃO CRIATIVA ERIKA PALOMINO

DIREÇÃO DE ARTE KLEBER MATHEUS

BELEZA AMANDA SCHÖN

com produtos Lee Stafford e Kryolan

PA R A Í S OO R G Â N I C O

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M E L I S S A C O S M I C + S A L I N A S

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M E L I S S A B E L L E V I L L E M E L I S S A K O E N J I

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M E L I S S A M E L R O S E

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M E L I S S A B R O A D W A YM E L I S S A H A R M O N I C M A X I B O W

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M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3 M E L I S S A C O S M I C S A N D A L + S A L I N A S

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M E L I S S A C A R I B E V E R Ã O + S A L I N A SM E L I S S A E L A

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M E L I S S A U L I T S A

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Top VON TRAPPLenço GUCCIMaiô KIMONO

M E L I S S A U L I T S A

Maxicardigan ROOMColete ISABEL MARANT Calça JOÃO PIMENTA

MELISSA COSMIC + SALINAS

Maiô ROSA CHÁ Veste OCKSÅ

M E L I S S A B E L L E V I L L E

Vestido JUISI BY LICQUOR sob Vestido OSKLEN

M E L I S S A K O E N J I

Blusa MAREU NITSCHKE Calça GAL Maiô GUCCI

M E L I S S A H A R M O N I C M A X I B O W

Conjunto YVES SAINT LAURENT

M E L I S S A B R O A D W A Y

Vestido MARTINS.TOM

M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3

Blusa JOÃO PIMENTASaia GIVENCHY

MELISSA COSMIC SANDAL + SALINAS

Chapéu ACNE STUDIOTop SALGA BEACHCalça CASA JUISI

M E L I S S A C A R I B E V E R Ã O + S A L I N A S

Look GILDA MIDANI

M E L I S S A E L A

Colete MODEM para CARTEL 011Lenço ALCAÇUZ Calça STELLA MCCARTNEY

M E L I S S A M E L R O S E

COORDENAÇÃO DE MODA CLESSI CARDOSO

TRATAMENTO DE IMAGEM BRUNO REZENDE

ASSIST. FOTOGRAFIA EDU MALTA E RENATO TOSO

ASSIST. ARTE RENATA TELES

ASSIST. BELEZA CAMILA DE ALEXANDRE E RENATA BRAZIL

COORDENAÇÃO GERAL RODOLFO BELTRÃO

PRODUÇÃO EXECUTIVA NELBA CARDOSO

CASTING BILL MACINTYRE

MODELOS EVE MORAES (MEGA) E MARIANE CALAZAN (WAY)

M E L I S S A M E L R O S E

Alguns produtos podem sofrer distorção na cor ou não estarem disponíveis para venda.

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QUANDO A MODA COMEÇOU a falar de hi-lo, mal imagi-

nava o que estaria por vir. A ideia de misturar peças de labels de marca

com outras bacanas e acessíveis parecia só mais um desses momentos

em que um pouco de bom senso torna tudo mais divertido no mundo

fashionista. Foi um erro de avaliação. O hi-lo trouxe na bagagem ques-

tionamentos muito mais profundos e importantes. Todo modaholic manja

os códigos do high, ou ao menos sabe lidar com eles. Já o que se chama

de low é mais complexo de definir. O low pode ser uma peça de fast-

-fashion, uma bijoux diferentona da rua 25 de Março (região central de

São Paulo), mas também pode ser um acessório com design inteligente

e preço competitivo, pode ser uma pulseirinha ou uma sandália de couro

que você comprou em uma viagem ao Nordeste, um enfeite de cabeça

vendido numa banquinha no México.

Algumas coisas entram para a categoria do low não só pelo preço ou pela

falta de design caprichado, mas por serem populares, por não estarem

conectadas a uma certa ideia antiquada de sofisticação. A verdade é que

muitas vezes elas são desvalorizadas pelo preconceito estético.

Outro erro grave de avaliação que a reflexão ajuda a corrigir. O mix, a

união, a convergência são os grandes motores da moda do futuro. Motor

que está sendo projetado aqui e agora. E que só pode ser alimentado

pela valorização estética das mais diferentes culturas e origens. O arte-

sanal é um tipo de high fashion presente em toda parte. As rendas e os

tressês brasileiros, a pintura em tecido de diversos países da África, os

bordados do Leste Europeu, os tingimentos indianos, as pinturas japone-

sas, a lista é longa: tem o tamanho da história da humanidade. O legado

de populações e países com maioria negra deve ser especialmente ob-

servado. A moda, por muito tempo, silenciou essas vozes e se aproveitou

de seus códigos sem dar os devidos créditos.

Movimentos como o afropunk, que usa a estética africana com elemen-

tos da vestimenta e da contestação popular dos punks, e o afrofuturis-

mo, que projeta um futuro com a presença marcante dos negros em

lugares de destaque, estão diretamente conectados com a questão da

valorização dessas culturas.

Aos poucos, o hi-lo vai dando espaço para o all together, uma visão

mais ampla e capaz de desenhar novas harmonias, de aprender com

as diferenças, de entender que o valor de uma peça pode ser medido

de diversas maneiras e de criar outra compreensão do luxo. Quando a

valorização das pessoas e de suas trajetórias encontra espaço na moda,

coisas bonitas acontecem.

Vivian Whiteman é editora de moda e colunista da revista Elle Brasil. Foi editora da Folha de S.Paulo, para a qual fez as primeiras de muitas coberturas das fashion weeks ao redor do mundo. Pesquisa as relações entre a moda e mudanças sociais de comportamento, já entrevistou um robô, é fã dos desfiles de Miuccia Prada e mãe coruja de uma menina incrível que adora rabiscar paredes.

uma visão menos previsível do estilo hi-lo propõe novas formas de harmonia ao superar o preconceito estético sobre códigos do vestir

O F U T U R O D A M O D A É A L L T O G E T H E R

TEXTO VIVIAN WHITEMAN

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CORPOS D ISS IDENTESpolíticas globais endurecidas impõem aos refugiados outras identidades culturais – grave crise e um dos principais paradigmas dos nossos tempos

TEXTO BRUNO MENDONÇA

FOTO CASSIA TABATINI

PODERÍAMOS CULPAR OS ASTROS pelo momento atual,

Saturno ou os trânsitos retrógrados de Mercúrio, mas o fato é que de

nada adianta. O presente tem exigido de todos um repensar sobre as

questões micro e macropolíticas da vida. Vemos, dia após dia, que

diversas estruturas, sistemas e formatos criados por nós mesmos, en-

quanto sociedade, não funcionaram. O agora mostra, infelizmente, que

embora tenhamos conquistado muito, também fracassamos. Podemos

olhar para isso de maneira fatalista ou como potencial de mudança. Se

por um lado vemos grupos se movimentando nessa direção, por outro

também assistimos, em escala global, nações inteiras, instituições,

organizações e outros grupos sociais tomarem a direção oposta, justa-

mente não se ressignificando, mas tropeçando em velhos preconceitos.

Uma onda reacionária assola o planeta, tendo como protagonistas

líderes de extrema direita e a manutenção de um sistema econômico

cada vez mais opressor, um verdadeiro pós-capitalismo selvagem.

Dentro dessa complexa equação sociopolítica e econômica, talvez um

dos sintomas mais evidentes seja a retomada massiva de movimentos

migratórios, gerando, a partir da problemática dos refugiados e imi-

grantes ilegais, um verdadeiro paradigma para o campo das relações

internacionais. A artista e pesquisadora brasileira Giselle Beiguelman

discorre no artigo “A Era dos Muros”, sobre a dramática realidade de

um mundo que, na contramão da dissolução das fronteiras criadas no

passado, as tem fortalecido, por meio de atitudes protecionistas e xe-

nófobas. Em seu texto, Beiguelman revela dados alarmantes: se com o

fim da Guerra Fria, após a derrubada do Muro de Berlim, o número de

barreiras políticas caiu de 15 para 13, depois da histórica data de 11 de

setembro de 2001, a política de construção de obstáculos saltou para

50. Tais números apontam para a movimentação retrógrada diante dos

movimentos progressistas e de expansão. A questão dos refugiados

nos coloca em contato com feridas mais profundas, tanto de práticas

colonialistas que resultaram em processos catastróficos, quanto de

políticas escravocratas que geraram problemas de ordem racial e de

classe. Se atualmente se discute cada vez mais essas questões pós-

coloniais, vê-se na verdade um choque entre passado, presente e

futuro, a partir de uma sobreposição de cortes nunca estancados,

um misto entre sangue vivo e pisado, fruto de séculos de agressões e

violências contra o outro. Refugiados são um reflexo triste desse corpo

que virou commodity de uma forma irreversível, desse corpo que virou

vítima de sua própria civilização e humanidade. Um corpo que reve-

la toda a nossa intolerância, seja ela religiosa ou de outra ordem. O

corpo dessas pessoas é mais uma dessas questões que o contemporâ-

neo apresenta – o problema vivo que a filosofia pós-estruturalista tem

como objeto ou que campos intelectuais distintos tentam entender

e/ou resolver. Corpos que resultaram de uma política que não foi a do

afeto, política essa que a fotógrafa Cassia Tabatini imprime em suas

imagens, que ilustram este texto. De forma sutil e poética, ela realiza

retratos de jovens refugiados e de imigrantes ilegais residentes na

cidade de São Paulo, principalmente vindos de países do continente

africano. Não vemos vítimas aí, mas sujeitos que querem ser vistos e

que trazem essa potência de mudança e estão interessados em uma

sociedade mais humanizada. Nesse contexto de pós-verdades em

que vivemos, refugiados criam ou são o que o teórico José Miguel

G. Cortés, professor de Teoria da Arte da Faculdade de Belas Artes

de Valência (Espanha), chama de “cartografias dissidentes”, ou seja,

desestabilizam, pois trazem à tona comunidades que passaram por

longos processos de invisibilidade a partir de um recorte histórico de

mundo de caráter eurocêntrico, criando uma espécie de hegemonia

narrativa. Tais “cartografias dissidentes” são emergentes, desterritoria-

lizam, forçam as fronteiras, nos propondo a criação de novos mapas.

Bruno Mendonça é artista e pesquisador, formado em Comunicação Social pela Universidade Mackenzie e com extensão em Artes Visuais pela FAAP. É mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, e seus trabalhos desdobram-se basicamente em publicações, performances na qual explora a linguagem do spoken word, instalações e ações de caráter colaborativo. Nos últimos anos foi membro do Grupo de Crítica e Curadoria do Centro Cultural São Paulo, e participou como crítico convidado na 32ª Bienal de São Paulo.

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M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3

L INHASPARALELAS

na tendência mais conceitual, que olha para a arquitetura

como ponto de partida, uma pegada cool na forma de

editar as roupas e usar sua melissa. brinque com silhuetas,

diferentes proporções e desconstruções inesperadas

FOTOS CASSIA TABATINI

MODA GEORGE KRAKOWIAK

DIREÇÃO CRIATIVA ERIKA PALOMINO

DIREÇÃO DE ARTE KLEBER MATHEUS

BELEZA AMANDA SCHÖN

com produtos Lee Stafford e Kryolan

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M E L I S S A U L I T S AM E L I S S A K O E N J I

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M E L I S S A L A D Y L E S SM E L I S S A V I X E N

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TRATAMENTO DE IMAGEM BRUNO REZENDE

PRODUÇÃO DE MODA CAROL PEREOLI E BIA AMARAL

ASSIST. FOTOGRAFIA EDU MALTA

ASSIST. ARTE RENATA TELES

ASSIST. BELEZA RENATA BRAZIL

COORDENAÇÃO GERAL RODOLFO BELTRÃO

PRODUÇÃO EXECUTIVA NELBA CARDOSO

CASTING BILL MACINTYRE

MODELOS DAIRA (ALLURE), BRENDA PIVATTO (WAY),

SWEIA HARTMANN (WAY), JOÃO ZANELLA (FORD)

Camisa de seda MAX MARASaia de couro sintético LADO BASIC Calça jeans DIESEL

M E L I S S A S A U C E S A N D A L 3

Casaco RALPH LAUREN para FROU FROU BRECHÓ Camiseta de algodão LEVI’S

M E L I S S A K O E N J I

Jaqueta jeans LEVI’SCalça jeans AMP

VIVIENNE WESTWOOD ANGLOMANIA+ MELISSA CHARLIE

Camisa de seda MAX MARAShort de cetim MAX MARA

M E L I S S A M E L R O S E

Calça jeans LEVI’S

M E L I S S A V I X E N

Calça jeans LEVI’SCamiseta de algodão B.LUXO

M E L I S S A D A I K A N Y A M A

Blusa de moletom AMPSaia de couro INFINITI

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M E L I S S A L A D Y L E S S

Alguns produtos podem sofrer distorção na cor ou não estarem disponíveis para venda.

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UM PROJETO DE ARQUITETURA de um espaço (ou a

falta dele) influencia profundamente as nossas sensações. A incidên-

cia de luz natural e o número de divisórias de uma casa, por exem-

plo, são elementos definitivos para o tipo de relação que construímos

com as pessoas com quem convivemos.

A “Casinha” (1942), primeira casa que meu avô, o arquiteto Vilanova

Artigas, projetou como morada, e onde brinquei na infância, tem apenas

as portas de entrada e um único banheiro. Para os estudiosos, é um de-

leite formal. Para mim, sempre foi o lar que ele fez para a namorada (a

vovó). A vivência neste espaço livre foi determinante para solidificar a

relação de confiança e cumplicidade como um casal longevo. Ao cami-

nhar pelos ambientes fascinantes do MASP, em São Paulo, dificilmente

pensamos sobre o gênero do seu idealizador. Lina Bo Bardi, a autora

do projeto, se autointitulava “arquiteto”. Ela escreveu seu nome na

história da cidade – feito até hoje raro para as mulheres desse meio. Em

38 anos do Prêmio Pritzker (espécie de Oscar da arquitetura), apenas

duas mulheres foram laureadas: a iraniana Zaha Hadid (1950-2016) e a

japonesa Kazuyo Sejima, cujo título foi dividido com seu sócio no es-

critório SANAA. Por aqui, mais da metade dos registros profissionais

feitos no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) são de mulhe-

res. Paradoxalmente, poucos nomes femininos reverberam com força

no mercado e na mídia.

A carioca Carla Juaçaba quebra a regra e vem ganhando notoriedade

neste grupo ainda restrito. Ela levou o Prêmio Arcvision, dedicado às

mulheres, em sua primeira edição (2013). Sua obra transita entre a

arquitetura e a expografia. Nas casas que desenha, sua preocupação é

respeitar o entorno e a história do lugar. “A arquitetura pode ser encanta-

dora de maneira imperceptível. Sentir-se feliz em um espaço não passa

por teorizar sobre suas formas”, diz.

Ela criou a megaestrutura de andaimes da exposição “Humanidade”, du-

rante a conferência sobre meio ambiente Rio+20, em 2012. “A proposta foi

reverenciar a geografia de Copacabana”, relembra. A opção pelo material

efêmero se relacionava com o contexto do período e com a responsa-

bilidade ambiental demandada pelo evento. “O Rio de Janeiro vivia

em obras em função dos eventos que viriam (Copa do Mundo e Jogos

Olímpicos), e o material pôde ser reaproveitado em outras construções”,

complementa. Como Lina Bo Bardi, Carla também prefere dispensar

atribuições femininas ao seu trabalho. Contudo, ela observa:

“Lendo os poemas da polonesa Wisława Szymborska (vencedora do

Nobel de Literatura em 1996) penso que dificilmente um homem escre-

veria daquele jeito”. Certamente meu avô adiria que a boa arquitetura

não precisa ser definida por gênero e, sim, por amor.

A PELE QUEHABITOum bom projeto arquitetônico ésutil aos olhos e intenso ao coração

Laura Artigas é jornalista, roteirista e diretora. Estudou cinema em Buenos Aires, e escreveu e dirigiu o documentário “Vilanova Artigas: O Arquiteto e a Luz”. É diretora de conteúdo do programa Desengaveta, GNT/Globosat. Paralelamente, atua como jornalista de moda e de comportamento, e cuida do blog Moda pra Ler (modapraler.com).

TEXTO LAURA ARTIGAS

ILUSTRAÇÃO FABIO GURJÃO

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Estar no meio de uma ponte não é confortável como estar à margem dela,

ainda dentro do espaço que tão bem conhecemos. A ponte não é coberta,

não é segura, nem familiar. Tem muita chuva, muito vento, muito sol. É um

terceiro universo que se ergue quando duas naturezas se encontram. Um

terceiro universo que contém um pouco de cada um, um terceiro universo

que acaba se tornando extensão do seu próprio.

Percebemos, ao longo de nossos quase cinco anos de namoro, que o mais

difícil de uma relação é fazer essas travessias, e que não há como não as

fazer. Pessoas são diferentes, inquestionavelmente diferentes. Quando

se escolhe estar do lado de alguém não se pode querer transformar, nem

querer se anular para que algo se construa. Atravessar a ponte com a outra

pessoa não é abandonar quem você é, não é ignorar os seus desejos, as

suas individualidades: é estar ligada a elas e ainda conseguir compreender

as do parceiro. Perdemos muito tempo nos forçando, anulando o outro,

achando que ao nos abrirmos para os desejos alheios, estaríamos anulan-

do o nosso próprio eu, anulando a nossa vida pela pessoa amada – e, atu-

almente, não há nada menos feminista do que isso. Achávamos que cons-

truir essas pontes e atravessá-las nos diminuiria enquanto seres completos,

nos inferiorizaria. Ceder parecia sinônimo de fraqueza. Ter saído de mim

até onde senti que podia e ter buscado ver a vida pela ótica do Jonas abriu

os meus olhos, expandiu as minhas ideias, me fez crescer, me desenvolveu,

me transformou em alguém um pouco melhor do que eu era antes.

Esse terceiro espaço que casais constroem ao se relacionar só é ruim se não

houver respeito de seus próprios limites. Só é ruim se não houver diálogo, só

é ruim se ambos não estiverem igualmente dispostos. “Até aqui eu posso ir,

daqui para frente não mais, tudo bem para você?”, “Tudo bem”. Se estiver

bem seguimos juntos, se não, o que foi construído não terá sido em vão.

Jonas e eu aprendemos a lidar com as distâncias ao longo do nosso namoro.

A distância mais fácil foi a geográfica: oito horas de viagem e tudo estava

resolvido. Ao contrário do que muitos pensam, a nossa maior dificuldade

nunca foi o fato de namorarmos à distância e só conseguirmos nos encontrar

duas vezes ao ano. A saudade, a vontade de tocar, estar perto, conversar,

sempre existiu! Sempre foi muito latente! Mas ao longo de nossa caminha-

da entendemos que as idas e vindas necessárias para que o relacionamen-

to se mantivesse estava em nós, não nas rodovias do Brasil.

Aqui falo de barreiras naturais entre seres humanos. Falo de esforços

necessários para construir qualquer relação, sejam elas sexualmente

amorosas ou não. Temos que atravessar pontes todos os dias: com nossos

amigos, famílias etc. São elas que nos colocam de pé, são elas que nos

mostram outras formas de existirmos e que alteram universos enquanto

desenvolvem os nossos próprios.

MEU RELACIONAMENTO COM o Jonas sempre foi uma

viagem, não só no sentido literal, por estarmos realmente distantes geo-

graficamente – ele em Minas Gerais, eu em São Paulo: entre nós há uma

ponte, uma ponte que liga dois mundos diferentes, dois universos distintos,

duas pessoas contrárias por essência – e não é porque gosto de cebola e

o Jonas não, porque ele é reservado e eu mais sociável, nem porque ele

gosta de dormir de barriga para cima e eu de lado. Mas, simplesmente,

porque pessoas não se parecem, por mais que existam pontos em comum.

Ali está, enfim, a ponte, longa, e que durante esses anos todos tentamos

atravessar de mil maneiras.

Comecei sozinha, peguei minhas malinhas e fui à luta. Tão cansada, tão

solitária. Jonas ao longe, à margem de seu universo, sentado em uma ca-

deira de balanço me esperando chegar, dizia: “Vem amor”, e eu, “Já estou

indo”, e quanto mais me aproximava, mais raiva me dava – afinal, quem

estava andando era somente eu.

Ao chegar perto do mundo de Jonas, permaneci por pouco tempo, o

mau-humor e o esgotamento da viagem não me deixaram aproveitar. Quan-

to mais perto dele estava, mais longe de casa eu ficava. Irritei-me e fui em-

bora – abatida e furiosa. Com tanta ira, que meus passos fortes abalaram

as estruturas de madeira daquela ponte que se construiu provisoriamente

para ligar esses dois universos. Entrei em casa e reencontrei-me, e de longe

gritei: “Agora você é que vem!”. E ele veio. Largou o seu mundo e veio ao

encontro do meu. A segunda travessia foi ainda mais complicada, a ponte já

não estava mais em boas condições. Jonas se machucou ainda mais, torceu

o pé, sujou-se, cortou-se, parou para descansar, pensou em voltar enquanto

eu dizia: “Se eu fui, agora é a sua vez de vir”. E ele veio.

Ao chegar, ele estava pior do que eu já estive. A ponte ainda mais des-

truída, Jonas triste, exausto, com raiva e absolutamente longe do seu

universo. A gente sempre sente saudade de casa. Ele não estava disposto

a ficar, e eu não voltaria. Foi sozinho, e seus passos fortes de raiva destru-

íram nossa travessia de vez. Passamos muito tempo na margem de nossos

próprios mundos, gritando um com o outro. Não tínhamos como não

gritar, não havia mais como se aproximar para que o outro pudesse ouvir.

Gritamos por muitos meses, não nos entendíamos, não nos ouvíamos, não

existiam mais pontes. Cansados de gritar decidimos reconstruí-la, dessa

vez com estruturas permanentes, para que esta não caísse com nossos

passos fortes, que sempre existirão.

Jonas e eu sabíamos que demoraria, não se constrói uma boa carcaça do

dia para a noite. Cada um teria que fazer a sua parte, cada um teria que

dar um passo de cada vez, pregar um prego, apertar alguns parafusos

e, assim, nos encontraríamos no meio. Quando nos encontramos, tudo

fez sentido. Os dois precisavam sair. O caminho seria mais rápido, mais

simples, nos enxergaríamos mais, nos ouviríamos mais e nem estaríamos

tão longe de casa.

para nátaly neri, quando o assunto é amor, dar o primeiro passo na direção certa se faz fundamental

ATRAVESSANDO PONTES

Nátaly Neri é estudante de Ciências Sociais da Unifesp, e dona de um canal bombado no YouTube chamado Afros e Afins, que aborda questões que vão da beleza negra ao empoderamento feminino.

TEXTO NÁTALY NERI

ILUSTRAÇÃO CATARINA BESSELL

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Integração social e financeira dos refugiados

Projeto: Abraço Cultural

Uma escola de idiomas, que ensina francês, inglês, espanhol e árabe

tendo como professores os refugiados. O projeto potencializa a geração

de renda e a troca de experiências culturais entre a comunidade e os

refugiados. www.facebook.com/abcultural

O preconceito em relação aos refugiados

Projeto: RefugeesAre.US

Com o olhar totalmente empático, um grupo internacional de publicitá-

rios criou uma campanha que tem o objetivo de confrontar o preconceito

estereotipado em relação aos refugiados. refugeesare.us

Situações de guerra e vulnerabilidade em fronteiras

Projeto: Clowns Without Borders

Alguns artistas profissionais e circenses levam a arte, o bom humor e a

diversão para lugares onde crianças e famílias estão vivendo uma situa-

ção de conflito crítica, como desastres naturais e guerras.

clownswithoutborders.org.uk

SEMPRE ACOMPANHADO DAS redes sociais, autoriza-

mos a onipresença da multidão (dos conhecidos às celebridades)

em nossas vidas; no entanto, nos sentimos cada vez mais solitários.

O paradoxo de se sentir sozinho em meio à multidão já se cristalizou

como sensação. Inclusive, é nas supercidades onde nos sentimos

mais sós, mas a metrópole, que parecia ser o próprio antídoto para a

solidão – uma população densa, inúmeras possibilidades de cultura

e comércio –, revela justamente o contrário. Com tantos estímulos,

os habitantes das megalópoles tornam-se mais distraídos e centra-

dos em si mesmos, despreocupados com o estado de sua percep-

ção. No cotidiano, essa desatenção tem como consequência momen-

tos de absoluta falta de empatia.

É sabido que os níveis de depressão, ansiedade e solidão são mais

altos em ambientes urbanos em comparação às áreas rurais. Uma

pesquisa realizada pela ComRes, conforme divulgou o site do jornal

britânico The Guardian, em 2013, revelou que 52% dos londrinos

se sentem sozinhos, o que torna a cidade a mais solitária do Reino

Unido. A boa notícia é que a empatia é uma habilidade humana:

como tocar um instrumento, praticar esportes ou dançar, ela pode

ser exercitada. O primeiro passo é mostrar-se atento à existência do

outro, que pode ser um indivíduo ou uma situação a que não esta-

mos acostumados a presenciar.

Finalmente, para apurar o olhar e aprimorar a forma como percebemos

os acontecimentos ao nosso redor, selecionamos pessoas e projetos

que, com sensibilidade e criatividade, combatem a invisibilidade.

INVISIBILIDADE / SUPERCIDADEIniciativas que trabalham questões ocultas nas grandes cidades.

Vulnerabilidade de moradores de rua

Projeto: SP Invisível

Amigos se juntam para mostrar o que era invisível em São Paulo. Com a

criação de um perfil cuidadoso e carinhoso dos moradores de rua, é pos-

sível compartilhar suas histórias de vida. www.instagram.com/spinvisivel

Vulnerabilidade da comunidade LGBT

Projeto: Casa 1

Situada no centro da capital paulista, a Casa 1 é o resultado de um

crowdfunding para a criação de um centro cultural e de apoio à comuni-

dade LGBT. Liderado pelo jornalista Iran Giusti, o espaço (a ideia é que

no futuro existam 150 residências iguais) abriu as portas em janeiro de

2017. Das 10h às 22h, o endereço oferece moradia para pessoas que es-

tão em situação de risco, programação de cursos, debates e atividades

para a comunidade. www.facebook.com/casaum

Visibilidade da mulher no mercado editorial

Projeto: Leia Mulheres

Para trazer a visibilidade da mulher na literatura, três amigas criaram o

Leia Mulheres, um grupo literário que funciona em quase todo o Brasil, e

que tem como objetivo estimular a leitura de textos literários e de livros

de escritoras. leiamulheres.com.br

escute, enxergue & reflita: exercitar a empatia é a melhor dinâmica para não se perder em meio à multidão

INVISIBILIDADEURBANA

Luiza Futuro é pesquisadora cultural. Com mestrado na Goldsmiths, University of London, onde aprofundou seu conhecimento em sociedade e cultura por meio de uma abordagem interdisciplinar, combinando principalmente estudos de afeto e feminismo. Seu objetivo é desafiar as possibilidades de criação de conhecimento, em relação aos estudos culturais.

Anonimato nas grandes cidades

Projeto: Talk to me

Um movimento que promove a conversa entre estranhos nas cidades.

Uma plataforma que ajuda a criar diálogos e por meio dessa troca,

combater o excesso de anonimato e a indiferença, nas metrópoles.

talktomeday.org

Guerra contra as drogas: Cracolândia

Projeto liderado por José Carlos Matos

O grito mais conhecido e esperado na Cracolândia é: “Olha o pão, meus

irmãos!”. Esse é o anúncio de que o gari José Carlos Matos, de 47 anos –

que todos os dias sai do Embu da Artes (Grande SP) e pega mais de três

ônibus até o terminal Princesa Isabel (na região central) – está na área

para distribuir pão e água aos usuários de drogas em situação de rua.

INVISIBILIDADE / FRONTEIRASConheça as iniciativas que trabalham questões ocultas em destinos

ermos, como as fronteiras entre países.

Crise mundial dos refugiados

Filme: Human Flow

Um longa-metragem produzido durante a jornada pessoal do artista chi-

nês Ai Weiwei por 22 países, visitando campos e fronteiras de refugiados.

www.youtube.com/watch?v=rWgC5pCR1AE

TEXTO LUIZA FUTURO

ILUSTRAÇÃO LAURA TEIXEIRA

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NO DIA 17 DE MAIO, lançamos a coleção Mapping com um desfile

em Fortaleza. Foi uma grande surpresa para todos os 600 convidados,

que se reuniram no hotel Marina Park para um brunch, e de lá foram

embarcados em ônibus que os levariam para um destino desconheci-

do. Era a fábrica da Melissa na cidade: “a fábrica de sonhos”, como a

batizou Edson Matsuo. Os visitantes entravam em grupos para conhecer

as principais etapas da produção, desde a seleção da matéria-prima e a

escolha da matriz até a Melissa estar pronta para ganhar o mundo. “É um

sonho que estamos realizando. Há muito tempo queríamos proporcionar

uma experiência para mostrar o nosso processo produtivo, como nasce

uma Melissa”, conta Raquel Scherer. “Por questões de logística a gente

não tinha conseguido ainda. Ao trazer os convidados para cá, queríamos

mostrar não as máquinas, mas as pessoas que fazem a Melissa”, diz

Paulo Pedó. O projeto contou com direção criativa de Erika Palomino,

integrando o tema da coleção ao universo da própria indústria.

O staff de cada setor explicava os processos para os visitantes, que

saíam encantados do galpão principal da gigantesca estrutura, que

funciona 24 horas e tem mais de 2 mil funcionários. Para construir

essa experiência, foram necessários sete meses de planejamento,

entre muitas reuniões e visitas da equipe a Fortaleza.

Num galpão anexo foi montado uma espécie de lounge, com drin-

ques e comidinhas, onde os Zabumbeiros Cariris fizeram um show no

término da visitação. Assim que o último grupo finalizou o circuito,

uma pilha de caixas foi removida e todos puderam entrar na “sala de

desfile”, cuidadosamente escondida até então. Nesse espaço,

recém-repaginado, foi criada uma passarela pelo meio das esteiras de

produção, que ficaram operantes até entrarem as primeiras modelos.

Os assentos foram montados com caixas e sacos de PVC reaproveita-

dos, configurando duas grandes “ruas” de 70 metros de comprimento,

no projeto de cenografia de Roni Hirsch. O espaço ganhou iluminação

de cinema, desenhada pelo premiado diretor Caetano Vilela. A trilha

sonora misturou elementos industriais com timbres étnicos e sofisti-

cada tessitura comandada pelo DJ Felipe Venancio. Maurício Ianês

idealizou as roupas (inspiradas em uniformes e na própria fábrica) e a

performance do desfile, que tinha quatro entradas diferentes, buscan-

do refletir a sensação de uma grande calçada, com pessoas vindas de

todos os lados. Ao casting de 50 modelos, composto por profissionais

de Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, somaram-se 130 funcioná-

rios da fábrica local e da situada em Sobral, que customizaram seus

looks com mensagens e palavras fofas nos jeans e nas camisetas.

A cada entrada deles na passarela, ouviam-se muitos aplausos.

Um dos momentos mais marcantes foi o áudio do depoimento de

Neillyana Rodrigues, que contou a sua inspiradora história de vida e

de amor pela Melissa. Ela desfilou cheia de orgulho – e muita gente ali

derrubou lágrimas de emoção.

FOTOS HICK DUARTE E NICOLAS GONDIM

ALEX DIAS, UM DOS DESTAQUES DO ELENCO DO DESFILE

FÁBRICA DE SONHOSum dia mágico, em que 600 convidados puderam conhecer o local onde a melissa é produzida, e depois presenciar in loco o lançamento da nova coleção. quem esteve lá nunca vai esquecer. confira um pouco da emoção que rolou

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os looks das modelos foram inspirados nas roupas e uniformes dos próprios funcionários, arrematados por bandeiras, como a do ceará e a do méxico. no styling, pitadas de moda praia e elementos da linha de produção. já o elenco da fábrica usou camisetas e coletes customizados. na maquiagem, toques de cor e alegria

o artista plástico maurício ianês assinou a performance da passarela, com 50 modelos e 130 funcionários, num casting que priorizou a diversidade, em ação inédita que rolou com a fábrica em funcionamento

BRUNA

BERNARDO BRANCO

BRUNA GRANDINI

O MAQUIADOR FELIPE RAMIREZ COM A MODELO ANA HERRERA

MAURÍCIO IANÊS ORIENTANDO OS FUNCIONÁRIOS DA FÁBRICA

ALINA DORZBACHER

MALU BORTOLINI

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Gabi Farias (@gabsfarias) tem 23 anos e é uma geminiana típica – “dessas inconstantes e que nunca estão satisfeitas”. Graduanda em psicologia, ela confessa que participar ativamente do mundo das melisseiras é uma forma de se realizar: “Na minha vida, as únicas coisas nos eixos são o meu casamento com o Arthur e a Melissa”.

ÉRAMOS CINCO INSIDERS presentes no desfile

da Melissa – negros, brancos, pardos, héteros, gays, homens,

mulheres, cis e trans. Um grupo diversificado, assim como a

grife, dentro de um lugar plural.

O Mateus (@mattkeus) traduziu bem o nosso sentimento:

“Sempre foi o meu desejo assistir ao desfile da Melissa. Os

funcionários, a emoção de estar do lado de toda a equipe, com

pessoas bacanas, caso do Edson Matsuo, foi absolutamente

mágico”. Já o Guilherme (@ufano_) visivelmente emocionado,

emendou: “Quando o desfile estava acontecendo, me senti

numa verdadeira imersão – parecia um sonho do qual não

queria mais acordar. Aí a música tocou, as modelos entraram

na passarela, e o meu coração acelerou! Depois foi a vez de os

funcionários da fábrica desfilarem, e o depoimento incrível que

todos nós ouvimos foi o máximo. Tive que segurar o choro para

não borrar a maquiagem”.

Para mim, foram recordações de um dia fascinante. Coloquei os

pés na fábrica e senti aquele cheiro característico que tanto amo.

Não consegui segurar as lágrimas, pois foi difícil acreditar que

estava vivendo aquela experiência. Mas era verdade – eu estava

ali, fazendo parte da história! A coleção, as pessoas, os sorrisos,

tudo na Melissa lembra alegria e espontaneidade. E nós nos

sentíamos muito especiais por cada momento. Minhas palavras

e impressões se fundem com a própria viagem, o calor e o mar

de Fortaleza; o brilho cristalino das águas e a suavidade da brisa

descrevem com perfeição o nosso verão tropical. A Adriana

(@drikgoncalves) disse que adorou ver os funcionários fazendo

o papel de tops. E, claro, testemunhar o depoimento de uma pes-

soa realizada por trabalhar naquele lugar nos fez pensar sobre

como é importante realizar sonhos. Além disso, tivemos a chance

de descobrir como funciona a linha de produção que dá forma

aos pares de Melissa que amamos.

Concentro-me nessas imagens enquanto escuto o disco do

Leonard Cohen tocar na vitrola. A voz grave e calma do cantor

canadense contrasta com as imagens vivas, as cores e as

batidas do meu coração. Assim como a voz dele cantando

Dance me to the End of Love me envolve, o desfile da Melissa

foi um festival de acolhimento e de abraços. Abraços da equipe,

abraços de estranhos, mas todos abraços capazes de contagiar

exclusivamente pelo carinho.

Saí de lá perdida em meus pensamentos. Eles não sabiam onde

se fixar. Eram tantos os modelos novos, tanta gente interessan-

te e tantas histórias incríveis, que os desejos me escapam e me

deixam surpresa por caberem dentro de mim.

melissa convida time de apaixonados para conhecer a fábrica em fortaleza e assistir de pertinho ao desfile da nova coleção

TEXTO GABI FARIAS

FOTOS HICK DUARTE E NICOLAS GONDIM

RICK WANDERLEY

LUCIANO SANTOS

GABRIELLA NUNES

ANA BEATRIZ

PLASTICLOVERS

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numa apresentação de 30 minutos, os modelos vinham de quatro entradas diferentes, desfilando entre as esteiras de produção, refletindo também o efeito randômico das ruas; os convidados aplaudiram de pé

NEILLYANA RODRIGUES

FELIPE ROCHA

CIBELE RAMM

LUCAS DE ASSIS

PHELIPE SEVERIANO

SABRINA VIEIRA

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PLASTIC DREAMS #18

DIREÇÃO ERIKA PALOMINO

EDITORA PATRÍCIA FAVALLE

COORDENAÇÃO RODOLFO BELTRÃO

PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE KLEBER MATHEUS

IDENTIDADE VISUAL VERENA SMIT

DESIGN GRÁFICO RENATA TELES

REVISÃO CÍCERO OLIVEIRA

TRADUÇÃO MARIO VILELA

COLABORADORES AMANDA SCHÖN, BILL MACINTYRE, BRUNO MENDONÇA,

CASSIA TABATINI, CATARINA BESSELL, CECÍLIA DUARTE, CLESSI CARDOSO,

FABIO GURJÃO, GABI FARIAS, GEORGE KRAKOWIAK, GI MACEDO, HICK DUARTE,

JULIANA AZEVEDO, LAURA ARTIGAS, LAURA TEIXEIRA, LUIZA FUTURO,

MAURÍCIO IANÊS, NÁTALY NERI, PAULA ALZUGARAY, VIVIAN WHITEMANELLE FADANI

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