tribuna douro nº80

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douro tribuna número 80 | fevereiro 2011 Robert Parker, um dos mais conceituados especialistas de vinhos, distingue Espumante português «Vértice»! reportagem | Turismo do Douro na Xantar de portões abertos | Quinta Nova

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Tribuna Douro nº80

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dourotribuna

número 80 | fevereiro 2011

Robert Parker, um dos mais conceituados especialistas

de vinhos, distingue Espumante português «Vértice»!

reportagem | Turismo do Douro na Xantar

de portões abertos | Quinta Nova

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ÍndiceEditorial

ficha técnicaDirector: Mário MendesRedacção: Mário Mendes Cronistas: Mário Mendes, Jorge Almeida, Paulo Costa, Nuno Pires,Jaime Portugal, Frederico Lucas, Jack Soifer e Manuel IgrejaColaboração: Paulo Costa, Manuel Igreja, Cláu-dia Borges, Nuno Pires e Micaela Cruz

Edições, Marketing e Publicidade, LdaAvenida da GalizaCentro Comercial do Eifício MiradouroLoja BM 5050-273 Peso da Régua PORTUGAL

Título Registado (ICS) nº 12463ISSN: 9771645791004

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tome nota | dia dos namorados

garfos e pratos | Cais da Villa

escapadinha

aldeias eternas

vinhos | Grandes Quintas

vinhos

vinhos & blogs

o que não dispenso | Paulo Coutinho

solidariedade social

Património | Monte de São Domingos

região

gente das letras

no douro , pelo douro | Unidade

ferramentas digitais

novos horizontes | de braços abertos

na primeira pessoa | Até gostava que o Sportig fosse campeão

na primeira pessoa | Por um novo modelo económico

na primeira pessoa | Os licenciamentos

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entrevista | Professor João Campos 26

de portões abertos | Quinta Nova 4

Design e Paginação: Global Sport – eventos, marketing e comunicaçãoPublicidade Direcção Financeira968 210 504Tel.:254 321 020 Fax.:254 321 180

[email protected]

PeriodicidadeMensal

reportagem | Xantar 30vinhos | Espumante Vértice 18

Acabadas as eleições presidenciais o País voltou à sua rotina habitual. O nosso primeiro-ministro exulta com a recuperação do País, à custa do nosso esforço financeiro, e recu-pera o seu estilo, em discurso emotivo e dinâmico, que se exige para elevar o nosso ego de cidadão nacional, prometendo que vai continuar a investir fortemente na educação, recuperando mais uma série de escolas em estado degradado.Tem o nosso apoio. Depois dos novos centros esco-lares venha a recuperação das escolas secundárias.Já não concordamos, contudo, com o dispensar das escolas do sector privado que, tão bem, têm cumprido a sua missão, no que concerne à qualidade de ensino e como facilmente se constata nas classificações obti-das no ranking nacional.Deve o Estado calcular o custo de cada aluno do sec-tor público e colocar essa verba à disposição de cada aluno do sector privado. A partir daí cabe, a quem o utiliza, o pagamento da verba diferencial. Lamentamos que a senhora ministra se preocupe com a melhor qualidade das instalações e os lucros que as escolas privadas possam auferir. Ter melhores insta-lações é desejável e os lucros são passíveis de impos-tos que, lamentavelmente, já não são poucos. Posto isto, serão necessários o equilíbrio e a ponder-ação, q.b., para não cairmos, mais uma vez, na ten-tação de destruir outro sector produtivo de qualidade. A verba gasta com a educação, no sector privado, é bem mais justa e de maior validade que a gasta em formar, à força, com o décimo segundo ano ou equiparado, uma multidão que pouco sabe, que não estuda, não trabalha, nem sabe o que fazer à vida.

Por Mário Mendes

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Em pleno Vale do Douro ergue-se a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, com 120 hectares de um terroir que remonta ao séc. XVIII, origi-nando soberbas produções de vinhos do Douro e Porto.

Para além do magnífico Hotel Rural, os hóspedes envolvem-se verda-deiramente no espírito participando nas actividades de vindima, camin-hando pelos circuitos pedestres e descobrindo os locais históricos. De cada lugar apreciam-se os bonitos terraços de vinhas que descem até ao rio, na companhia de um vinho e o melhor da gastronomia regional.

E a Wine House, no Pinhão, é local de paragem obrigatória sobre o rio Douro e perante uma das mais belas estações ferroviárias do país. O em-blemático e reabilitado edifício mostra a sua vocação turística e cultural com uma loja, uma sala para a realização de eventos e um núcleo muse-ológico onde se retrata o ciclo do vinho por via de 500 peças dos séc. XIX e XX.

Um projecto integrado, por várias vezes premiado internacionalmente, e que lhe garante uma verdadeira experiencia do Vale do Douro.

Quinta Nova de Nossa

espírito do Vale do Douro

É uma das mais belas propriedades que traduz o carácter da paisagem e o verdadeiro espírito do vale. Aqui, a memória está na terra, nos aromas e saberes que os homens guardaram através de gerações e gerações.

Inaugurado em 2005, o Hotel Rural da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo resulta da reconstrução da antiga casa senhorial oitocentista, em plena harmonia com a natureza e a tradição.

Quem visita este local, pode conhecer verdadeiramente o espírito do Vale do Douro, acompanhando as actividades vínicas e agrícolas, experimen-tando os circuitos pedestres e descobrindo os locais históricos da Quinta.

Nesta unidade de turismo rural, os hóspedes só têm de se deixar levar pelos seus sentidos. Entre a loja de vinhos e o bar vínico, os pomares seculares e os circuitos pedestres, a azenha ou a adega subterrânea, o jardim de inverno ou o alpendre e a magnífica piscina entre vinhas, todos os locais são ideais para sentir a vinha, beber um bom vinho ou degustar o melhor da gastronomia regional.

Senhora do Carmo

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circuito pedestreA todos os amantes do pedestrianismo, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo oferece um circuito pedestre acessível, através de 3 rotas dis-tintas, devidamente sinalizadas, num circuito homologado com um total de 8 quilómetros. Trata-se do 1º circuito privado a ser homologado em Portugal.

Ao longo deste percurso ecológico poderá visitar a adega, a azenha e o riacho, a Capela dos Patrões, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, per-correr caminhos de árvores, sala de barricas e garrafeira subterrâneas, horta e galinheiro, marco pombalino, observar mortórios e descansar em locais como o Pomar de África, o Pomar do Marco Pombalino ou o Pomar do Laranjal.

Com a indumentária adequada, um mapa do circuito e informação das normas de conduta, conseguirá usufruir desta actividade ecológica, con-hecendo a história e os costumes de uma quinta vitivinícola ao pormenor.

O ALOJAMENTOO reencontro com a tradição permite aos clientes escolherem entre os 11 quartos com vista panorâmica para a vinha e para o rio, decorados ao estilo da época e com a garantia de todo o conforto.

5 quartos Standard :: Localizados no alpendre, usufruem de um espaço comum exterior com espreguiçadeiras e confortáveis recantos de sofás.

4 quartos Superior :: Com diferentes estilos de mobiliário na região do Vale do Douro e em Portugal. Aqui, os hóspedes podem deleitar-se com as vistas soberbas sobre os patamares de vinha e o rio.

2 quartos Premier :: São 2 quartos que respeitam as tradições ancestrais durienses, proporcionando verdadeiras emoções de regresso ao passado.

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Para almoçar ou jantar, o Restaurante o Hotel apresenta vários menus pre-parados com base no antigo receituário duriense, disponíveis através de reserva antecipada. Sempre que o clima o permite, as refeições poderão ser servidas na ramada junto ao pátio e piscina exterior.

O serviço de gastronomia foi alvo de uma reinterpretação que lhe confere uma abordagem diferente, bem harmonizada com os vinhos produzidos na propriedade.

O Bar vínico, com a sua biblioteca temática e ligação à ramada exterior, oferece vinhos e as melhores iguarias gourmet, num ambiente calmo e acolhedor. Poderá usar este espaço para fazer uma prova de vinhos ou degustar os chás da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.

O Jardim de Inverno é uma sala com duas frentes sobre o rio Douro, que apresenta bons argumentos para momentos de relaxamento e leitura.

De forma aos pais aproveitarem ao máximo a sua estadia, foi criada a sala das crianças que proporciona aos mais pequenos um ambiente de bem-estar, seguro e criativo. Para um maior contacto com a vida rural, estão ainda disponíveis várias

actividades ao ar livre. Num espaço recuperado, onde funcionava a an-tiga azenha da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, poderá visitar um espaço museológico original. Repleto de objectos que retratam o ciclo produtivo do azeite, este edifício em xisto garante-lhe o espaço e a tran-quilidade necessárias para uma prova de azeites ou uma simples visita educativa.

No exterior, os hóspedes podem deliciar-se no aconchego do alpendre. Decorado com confortáveis sofás, ergue-se sobre uma extensa encos-ta em socalcos de vinha velha, limitada no horizonte por uma curva do Douro. Não vai querer sair de lá!

A Ramada exterior ao Restaurante e Bar Vínico é um excelente local para refeições, provas de vinhos ou tempos de descanso. A sombra da vinha em ramada faz deste local um recanto único, onde se sentem bem os aromas da terra.

Grandes momentos de relaxamento são proporcionados junto à piscina. Enquadrada num cenário onde predomina o xisto, está ladeada por um verdadeiro terraço que oferece uma inigualável panorâmica sobre a mag-nífica paisagem.

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tome notaDia de S. Valentim. Todos os anos, no dia 14 de Fevereiro celebra-se o amor, a paixão entre amantes e a partilha de sentimentos. Aproveite momentos inesquecíveis com a sua cara-metade, surpreenda-a, planeie algo único. Aqui ficam algumas sugestões…

DOURO RIVER HOTEL & SPAPasse o Dia dos Namorados ao lado de quem mais ama. Celebre o princí-pio de muitas histórias para mais tarde recordar, é o convite do Douro River Hotel & SPA.Deixe-se envolver pela deslumbrante paisagem do Douro e viva momen-tos de puro Romance com a sua cara-metade.Pode optar por programas de 1 ou 2 noites, de alojamento em quarto du-plo com vista para o rio Douro.Para relaxar, o pacote especial S. Valentim inclui uma sessão de Mas-sagem a dois (30 minutos), livre acesso à piscina e ao banho turco.Este programa tem um valor de 175€ (1 noite) e 265€ (2 noites).Ao serão, para o jantar romântico fica a sugestão do chef de um menu Fusão de Sabores, a 22,5€ por pessoa, com oferta de uma garrafa de vinho.

Informações e reservas:Lugar dos Varais – Cambres | 5100-426 LamegoTelf: (+351) 254 323 150Fax: (+351) 254 323 151E-mail: [email protected] / [email protected]: www.douroriverhotel.pt

CRUZEIROS NO DOUROAdicione uma pitada de Amor, salpique com alguma doçura e surpreenda o seu namorado(a) no cenário romântico e único do Douro! Convide-o(a) para um dos cenários mais românticos do Mundo, leve-o(a) a dar um passeio de barco pelo Rio douro. No Portal DouroNet, encontra 4 pro-gramas distintos, que variam pelo horário, localização de embarque bem como pela oferta a bordo. Uma sugestão bem diferente, bastará escolher mediante as suas prefer-ências! Os preços variam entre os 42,5€ e os 105€, por pessoa.

Informações e reservas:Poderá encontrar todas as informações em www.douronet.pt. A reserva dos programas e pacotes turísticos contidos nesta página são efectua-das pelo operador turístico "Cenários d' Ouro S.A."

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tome notaCASA DAS PIPAS“Douro romântico”. Esta é a proposta da Quinta do Portal e da sua unidade de enoturismo, a «Casa das Pipas», para celebrar o Dia de S. Valentim. Um jantar gourmet requintado, uma unidade hoteleira multipremiada e um passeio de barco no Douro são só algumas das ofertas que estão à espera de todos os apaixonados.

O pacote “Douro Romântico” é todo ele feito a pensar em despertar os sentidos. Na recepção aos apaixonados, e antes de um jantar servi-do à luz das velas, quem optar por este programa terá à disposição queques de chocolate e vinho do Porto Cellar Reserve. A entrada consta de um bombom de alheira crocante e um creme de cenoura com especiarias afrodisíacas com camarão grelhado em mel. O prato de peixe é um delicioso filete de linguado com açafrão e o de carne uma vitela de leite em cama de feijão encarnado cremoso abraçado por legumes. Para terminar este romântico repasto, um vesúvio do “amor”, à base de chocolate branco, com amêndoa e geleia de vinho do Porto LBV, assim como “Beijinhos doces” de um sorvete de citrinos com amores-perfeitos, acompanhado de um Portal 10 Anos. O jantar tem um valor de 60 euros por pessoa.

Informações e reservas:Celeirós do Douro | 5060-909 SabrosaTelefone: + 351 259 937 000 Site: www.quintadoportal.pt

ÁGUA HOTELS MONDIM DE BASTOO hotel Água Hotels Mondim de Basto oferece 2 programas distintos para viver intensamente momentos a dois.Para quem quiser e puder aproveitar ao máximo, o hotel sugere um Pro-grama de 3 dias/2 noites com várias alternativas e muitas surpresas. Logo à chegada, os enamorados encontram espumante e chocolate no seu quarto.Durante o dia, podem aproveitar o circuito de SPA (inclui sauna, banho turco, chuveiros, ginásio, jacuzzi e piscina interior). Para a noite será pre-parado um jantar romântico inesquecível, especial concebido para a oc-asião. Existe a alternativa para os mais radicais de, nos dias 12 ou 13 de Fever-eiro (mediante o número de pessoas inscritas), fazer Rafting no Rio Tâ-mega. Uma opção proporcionada em parceria com a Pena Aventura Park.Se os pombinhos preferirem ficar a relaxar, existe uma segunda alterna-tiva que é aproveitar para uma Massagem Ritual Casal, mediante mar-cação prévia.O difícil será escolher um dos programas...

Preço total por programa:Para duas pessoas em quarto Standard-Twin: 199€Para duas pessoa quarto Deluxe-Double: 219€Para duas pessoas em Suite: 241€

Informações e reservas:Lugar Alto Da Corda, Monte Da Paradela | Mondim De Basto Telf: (+351) 255 389 040Fax : (+351) 255 382 001Site : www.aguahotels.pt

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garfos e pratosCAIS DA VILLA

A Simbiose perfeita entre a História e a Modernidade

Rua Monsenhor Jerónimo do Amaral (Estação de Comboios Vila Real)5000-570 Vila [email protected] tel. 259 351 209

Junto à estação dos caminhos-de-ferro, em Vila Real, num edifício históri-co com mais de cem anos, encontramos o espaço Cais da Villa que se destaca pela criatividade e inovação.Localizado num antigo armazém, aqui descobre-se um espaço arrojado, dedicado aos apreciadores, cada vez mais exigentes, que desejam con-hecer os produtos da região duriense e transmontana, através de ex-periências únicas, num espaço com condições e serviço excelentes.Este espaço divide-se em restaurante gourmet, com capacidade para 60 pessoas e Winehouse composta por um bar, com capacidade para 20 pessoas, e garrafeira. Além dos espaços interiores tem uma esplanada para cerca de 100 pessoas.Cais da Villa é um lugar a visitar antes de almoço, ao almoço, ao jantar, para descontrair, para café ou simplesmente para acabar a noite.São diversas as ofertas gastronómicas que aqui se encontram, no entanto há uma proposta a não perder. Trata-se da “Experiência Divina”. O cliente escolhe o vinho que mais aprecia e o chef criar a ementa que melhor com-bina para saborear o néctar escolhido.A ementa é muito variada, capaz a agradar a todos os paladares: Entra-das frias ou quentes; diversas sugestões de Peixes ou Carnes; Pastas e Risottos; Pizzas; Menu Infantil; pratos Vegetarianos; e as deliciosas So-bremesas.O Wine Bar é o local ideal para apreciar um bom vinho e degustar a var-iedade de tapa à disposição.

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www.vindimar.com

Rua Prof. José Lacerda Armazéns Escolha Dourada Armazém A - Apartado 59 | 5050-081 Peso da RéguaEmail: [email protected] | Tlf: 254 322 792 Tm: 936 775 818 Fax: 254 321 149 NIF: 503 166 553

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escapadinhaDescubra alguns dos locais mais significantesda Região do Douro Vinhateiro...

Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é um dos ex-libris da região. O edifício é uma construção em estilo barroco toda trabalhada em granito, deslumbrando pela elegância do estilo, imposta pela cria-tividade do autor do projecto que se acredita ter sido Nicolau Nasoni.O frontispício do Santuário é a parte mais admirável de todo o edifício, fascinando todos os que se quedam a admirar o fulgor e génio criativo ali patente. Todos os adornos, tão elegantemente refinados no granito, são admiráveis.O autor do livro “História do Culto de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego”, do Có-nego José Marrana – obra incontornável e de indispensável consulta para quem melhor quer conhecer o Santuário, Escadório e Parque dos Remédios – considera esta peça “a coroa mar-avilhosa de toda a obra da escadaria, que se impõe e domina pela delicadeza das suas lin-has e da sua traça escultural”.

A estação de comboio do Pinhão

Florida, bem conservada e com uma fascinante decoração a azulejo é mais que um edifício puramente utilitário. É uma das mais bonitas es-tações de comboio de portugal e já entrou nos roteiros turísticos do Douro Vinhateiro, Património da Humanidade, havendo quem a venha visitar de propósito.A estação recebeu, em 1937, os painéis de azulejo que, ainda hoje, fazem a sua fama. É seu autor J. Oliveira, artista que também decorou outras es-tações portuguesas, com o Outeiro (Linha do Oeste) e Santarém (Linha do Norte). São duas dúzias de painéis que cobrem a quase totalidade das paredes do edifício principal e que valem, quer do ponto de vista estético, quer histórico, por representarem aspectos já desaparecid-os do Douro Vinhateiro. Têm, ainda rel-evância etnográfica, por ilustrarem com rigor trajes tradicionais e diversos aspec-tos da vindima duriense tradicional.

Miradouro da Rota do Douro

Localizado em Carrazeda de Ansiães, de todos os miradouros caracterizados, este é o que se encontra a uma altitude menor (390/400m) o que permite observar com por-menor os elementos paisagísticos relevantes tais como: a vinha, as quintas (Quinta das Vargelas e as suas vinhas), o Douro e os po-voados ribeirinhos.

Neste Miradouro, o observador integra-se perfeitamente na paisagem, devido ao facto de esta se encontrar a meia encosta.A encosta é dominada pelas Formações do Pinhão, Ervedosa e Desejosa (rochas xistentas ou ardosíferos). Mas também podem ser vistos elemen-tos das Formações Graníticas. A vinha é claramente dominante, existindo também olivais, pinhais e soutos.Nas zonas junto aos cursos de água é possível, por vezes, observar a Toupeira-de-água e a Lontra. Nos pinhais e soutos próximos do Mira-douro, podem-se encontrar outros mamíferos, tais como: Coelho-bravo, Esquilo-Comum e Raposa. Nesta zona podem ser avistadas as seguintes aves: Cegonha-preta, Pardal-francês, Gralha-de-nuca-cinzenta e Gaio. Barca de Alva

Inserida na área do Parque Natural do Douro Internacional, Barca de Alva ofer-ece paisagens naturais magníficas e é ponto de passagem para os Cruzeiros Turísticos que correm o Rio Douro, sen-do igualmente famosa pelos lindos pano-ramas que conferem as suas Amendoei-ras em Flor.

Situada num bonito vale na margem esquerda do rio Douro, junto à raia definida pelo rio Águeda a leste, Barca de Alva é uma pov-oação de desenvolvimento recente. De facto, a partir do século XIX, o desenvolvimento agrícola, a construção da linha do Douro e a con-sequente ligação ferroviária com Espanha, a construção da Estrada Nacional 221, que atravessa o rio Douro, conferiram a Barca de Alva um desenvolvimento que se manteve mais ou menos estável até ao encerramento da estação ferroviária. Contudo a recente construção do novo cais fluvial e a ligação rodoviária para Espanha pela foz do Águeda conferiu um novo dinamismo a esta pequena aldeia.

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aldeias eternas

MOINHOS DE VENTO DA SERRA DA ATALHADANa freguesia de Friumes, concelho de Penacova, mais própriamente no cume da Serra da Atalhada, ergue-se um conjunto de 23 magníficos Moin-hos de vento que dão vida a um belo complexo Turístico.Não se sabe ao certo, o ano de construção dos Moinhos de Vento, sabe-se isso sim, que estes foram construídos à séculos, por pessoas que se dedicavam à moagem do cereal, (os moleiros). Abandonada a actividade, os Moinhos, foram-se degradando, atingindo alguns um estado de ruínas total.Pela mão do Centro de Convívio do Zagalho e Vale do Conde, com apoio do Município de Penacova, e do IPJ, (através do programa PAAJ e dos campos de trabalho nacionais), estes foram tomando forma, e adaptados a Turismo Rural.É um local paradisíaco , propicio ao romantismo, excelente para passeios na natureza, desde a serra até às margens dos rios Alva ou Mondego,

passando e descobrindo as culturas e tradições das gentes dos lugarejos que a circundam.A partir de Dezembro de 2006, através de protocolo assinado com o Mu-nicípio de Penacova, este Complexo passou a ser gerido, pelo Grupo de Solidariedade Social, Desportivo, Cultural e Recreativo de Miro.Na Serra da Atalhada, ainda subsistem os 23 moinhos de vento, alguns deles recuperados e adaptados para o turismo rural, e outros para mo-agem do cereal.A fachada exterior manteve-se intacta, e apenas o interior sofreu as necessárias alterações,Os moinhos adaptados para o turismo rural, foram dotados de todo o con-forto, tornando o espaço, embora pequeno, bastante acolhedor.É imperdoável não passar pelo menos uma noite num dos moinhos.

Foto: Ana Martins

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aldeias eternasFISGAS DO ERMELOCertamente uma das maravilhas naturais do mundo. Indescritível o senti-mento que nos domina quando chegamos perante esta beldade da mãe natureza.

A Cascata de Fisgas do Ermelo é uma cascata portuguesa localizada jun-to à freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real.

Esta cascata é uma das maiores quedas de água de Portugal e uma das maiores da Europa, não se precipitando numa vertical absoluta, fá-lo através de uma grande barreira de quartzitos formando um profundo soc-alco. As suas águas separam as zonas graníticas das zonas xistosas das terras envolventes.

O desnível desta cascata, apresenta assim 200 metros de extensão cava-

dos ao longo dos milénios da sua existência pelas as águas calmas, mas perseverantes do rio Olo que nasce no Parque Natural do Alvão.

Antes de se darem inicio ao contínuo das quedas de água temos a montante lagoas de águas cristalinas muitos usadas nas épocas de veraneio. O acesso para a Cascata de Fisgas do Ermelo pode ser feito pelas estradas florestais que ligam Lamas de Olo à localidade de Ermelo ou a partir de Mondim de Basto e Vila Real através da estrada EN304 junto à aldeia de Ermelo e à ponte sobre o rio Olo.

Mergulhar numa das muitas piscinas naturais das Fisgas do Ermelo é voar nos braços da mãe natureza.

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vinhos | Grandes Quintas

A Casa d’Arrochella será um dos Parceiros Oficiais de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Os premiados vinhos desta conceituada produtora, os Grandes Quintas, vão contribuir para a divulgação de even-to, nomeadamente através do lançamento de uma edição especial destes néctares. «Grandes Quintas» vai ter edição especial para assinalar parceria com Guimarães Capital Europeia da Cultura A Sociedade Agrícola Casa d’Arrochella, produtora dos vinhos Grandes Quintas, tornou-se Parceiro Oficial de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. O protocolo assinado com a Fundação Cidade de Guimarães, entidade responsável pelo evento cultural, e com o Coliseu dos Recreios prevê que a Casa d’Arrochella, através dos seus produtos e das suas acções, promova a divulgação de Guimarães 2012. Como forma de assinalar uma data tão importante para a cidade de Gui-marães, a Casa d’Arrochella conta lançar em 2012 uma edição especial do Vinho Grandes Quintas, com um packaging especial que faça alusão a esta parceria. “Se em 1852, quando Guimarães foi elevada a Cidade, coube à família Ar-

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rochella fazer as honras da casa, em 2012 e passados 160 anos, quando Guimarães for elevada a Capital Europeia da Cultura, caber-nos-á honrar a nossa Cidade com um vinho de excelência”, sublinha Bernardo de Ar-rochela Alegria, administrador da empresa. Um evento de tão grande relevância a nível nacional e internacional como é o caso de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura não poderia deixar de merecer a atenção da Casa d’Arrochella, não só pelo prestígio inerente a este tipo de iniciativa, mas também devido às origens vimaran-enses dos seus proprietários e às fortes ligações que estes ainda mantêm à cidade.Bernardo de Arrochella Alegria, administrador da Casa d’Arrochella e tam-bém do Coliseu dos Recreios, sublinhou o orgulho sentido pelo facto de Guimarães ser, durante um ano, palco de acontecimentos culturais de enorme relevo: “A nossa paixão e entusiasmo pelo Douro Superior não nos fazem esquecer a nossa origem vimaranense e o enorme orgulho de Guimarães ser Capital Europeia da Cultura em 2012 por mérito próprio”. Recorde-se que o Palácio Vila Flor, um dos monumentos mais carismáti-cos da cidade-berço, que alberga hoje um Centro Cultural de referência a nível nacional, já pertenceu à família Arrochella. De resto, estas fortes ligações a Guimarães contribuíram para o proto-colo agora assinado, que prevê que a partir do final deste ano a Casa

d’Arrochella promova, através dos seus vinhos, uma série de acções destinadas a divulgar Guimarães 2012. Acções que vão ocorrer tam-bém no Coliseu de Lisboa, parceiro privilegiado que vai colaborar na divulgação do evento, venda de bilhetes e promoção conjunta de es-pectáculos que possam acorrer em 2012 em Lisboa e em Guimarães. Sociedade Agrícola Casa d’ArrochellaCom cerca de 600 hectares, 115 dos quais de vinha, distribuídos por cinco quintas – Quinta do Cerval, Quinta do Nabo, Quinta das Trigue-ira, Quinta de Vale d´Arcos e Quinta da Peça –, a Casa d’Arrochella integra-se numa nova geração de produtores de vinho da Região De-marcada do Douro. É na sub-região do Douro Superior, entre Vila Flor, Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa que o projecto é desenvolvido com a paixão e o envolvimento cultural de quem tem uma ligação secular ao Douro. A sua adega, totalmente equipada segundo os mais rigor-osos critérios em vigor, tem capacidade para a produção de cerca de 300 mil litros, com dois lagares de granito e cubas de fermentação em inox.Resta referir que o acompanhamento técnico às vinhas é da responsa-bilidade do eng. Luís Carvalho, uma autoridade nesta área, enquanto os vinhos são produzidos sob a supervisão do conceituado enólogo duriense Luís Soares Duarte.

Grandes Quintas | vinhos

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vinhos | Espumante Vértice

É uma das notas mais altas de sempre atribuídas pelo crítico de vinhos Robert Parker a um espumante português. O «Vértice Espumante Gouveio Bruto 2004», produzido pelas Caves Transmontanas, mereceu 90 pontos na crítica publicada na prestigiada revista Wine Advocate. Este espuman-te, feito exclusivamente da casta Gouveio, mostra-se poderoso, equilib-rado e crocante, apresentando uma densidade muito boa. Proveniente do Cimo Corgo, o «Vértice Espumante Gouveio», teve vinificações de 50% em inox, a uma temperatura compreendida entre os 13 e 16º, com o in-tuito de enaltecer os aromas primários, e os restantes 50% em barricas de carvalho francês. Dados os altos critérios de qualidade, só foram para o mercado 5 890 garrafas.

Esta foi a nota mais alta atribuída pela referida crítica, mas outros três espumantes mereceram também distinções pela revista: o «Espumante Pinot Noir CC&CP», co-produzido pelo enólogo das Caves Transmonta-nas, Celso Pereira, e por um produtor bairradino, Carlos Campolargo, com 89 pontos; o «Vértice Espumante Bruto Reserva 2007», com 88 pontos e o «Vértice Rosé Espumante Bruto 2009» com 87 pontos. Robert Parker

Robert Parker, um dos mais conceituados

especialistas de vinhos, distingue Espumante

português «Vértice»!

Espumantes Vértice distinguidos pela Wine Advocate

faz ainda menção nos seus escritos à qualidade crescente dos vinhos de mesa produzidos pelas Caves Transmontanas e à renovação efectuada recentemente no portfólio de vinhos.A história do produtor «Caves Transmontanas» remonta ao início dos anos 80, num ambicioso projecto de produção de espumantes de qualidade su-perior. A aliança da Schramsberg Vineyards & Cellars da Napa Valley com as Caves Riba Tua e Pinhão no Alto Douro originaram a fundação das «Caves Transmontanas», que começou a sua actividade comercializan-do espumantes com a chancela de qualidade de uma das mais antigas regiões demarcadas do mundo, mais propriamente o Cimo Corgo.Atingidos os objectivos iniciais com os espumantes «Vértice», rapida-mente se passou para a produção de vinhos DOC/Douro, com o mesmo sucesso. A produção traduz-se num cuidado personalizado e com altos padrões de qualidade, atenta ao detalhe em detrimento da produção de massa, factores que ditam que muitas colheitas sejam rejeitadas por não atingirem os patamares de excelência que a empresa impõe ao mercado e a si própria. Resta referir que os espumantes «Vértice» são comerciali-zados, em Portugal, pela Vinalda.

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marketing & comunicação

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A nossa missão é levar a marca Douro até Mercados Internacionais.

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mais informações259 338 292

Somos uma equipa especializada exclusivamente dedicada à promoção externa de produtos de excelência do Douro.

Os nossos serviços:

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vinhos

A revista WINE – A Essência do Vinho, publicação mensal especializada em vinho e gastronomia, destaca na edição que chegou agora às bancas “Os Melhores do Ano” 2010.

O Soalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas 2009, produzido pela família Cerdeira, em Melgaço e em parceria com Dirk Niepoort, foi eleito “Melhor Vinho do Ano”, tendo obtido 19 pontos (em 20 possíveis) na avaliação do painel de provas da revista e sido considerado “muito provavelmente, o melhor vinho branco português”.

António Luis Cerdeira, enólogo e produtor dos vinhos Soalheiro, foi desta-cado “Enólogo do Ano” por ser “um técnico com conhecimentos sólidos, com uma visão abrangente do que é e deve ser o vinho”.

Ainda no sector do vinho, a revista WINE atribuiu a distinção “Person-alidade do Ano no Vinho” a João Portugal Ramos, enólogo e empresário sedeado no Alentejo, com projectos desenvolvidos igualmente no Ribate-jo, nas Beiras e no Douro. O realce é justificado “pelo percurso trilhado e pela certeza de nos continuar a surpreender”.

A Sogrape Vinhos foi seleccionada “Produtor do Ano”, tendo sido realçada a dimensão da empresa que, além da posição cimeira no sector em Por-tugal, possui investimentos na Argentina, Chile e Nova Zelândia. “Uma efectiva empresa portuguesa com relevância no mundo, a que junta o património à aposta no marketing, na criação de equipas comerciais com-petentes em cada mercado, na sofisticação de conceitos e na inovação da imagem dos seus vinhos”, sublinha a publicação.

A terminar o capítulo relacionado com vinho, a revista WINE – A Essência do Vinho realçou o trabalho desenvolvido por Inácio Loureiro no restau-rante da Fortaleza do Guincho, tendo-lhe atribuído a distinção de “Som-melier do Ano”.

REVISTA WINE – A ESSÊNCIA DO VINHO

ELEGE “OS MELHORES DO ANO”

Soalheiro, João Portugal Ramos, Sogrape Vinhos e George Mendes mereceram o reconhecimento da publicação

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vinhos

Na edição que realça “Os Melhores do Ano”, a revista WINE considera que George Mendes é “Personalidade do Ano na Gastronomia”. Trata-se do primeiro chefe de cozinha luso-descendente a conquistar uma estrela Michelin no competitivo mercado de Nova Iorque, com o restaurante “Al-dea”. A publicação visitou o espaço, situado no coração de Manhattan, e constatou in loco “uma cozinha muito inspirada nos produtos portugueses, também com influências bascas e francesas, com uma carta de vinhos em que o principal país representado é… Portugal”. George Mendes pas-sará em breve pelo nosso país, dado que é um dos chefes convidados da próxima edição do evento “Peixe em Lisboa”.

Depois de em 2009 ter sido considerado “Personalidade do Ano”, a re-vista WINE – A Essência do Vinho decidiu agora realçar José Avillez como “Chefe de Cozinha do Ano”, pela consistência de trabalho que o jovem cozinheiro apresentou durante o ano findo no restaurante Tavares (uma estrela Michelin) que, por divergências com a administração, abandonou nos últimos dias.

O “Panorama”, restaurante do Hotel Sheraton, em Lisboa, onde pontifica o chefe de cozinha Leonel Pereira, foi eleito “Restaurante Gastronómico do Ano”, e o igualmente lisboeta “Eleven” mereceu a distinção de “Restau-rante Com Melhor Serviço de Vinhos”.

Os prémios “Os Melhores do Ano” serão entregues aos respectivos vence-dores durante a oitava edição do evento “Essência do Vinho – Porto”, que se realizará no Palácio da Bolsa, de 3 a 6 de Março.

Um português em Nova Iorque

“OS MELHORES DO ANO”

REVISTA WINE – A ESSÊNCIA DO VINHO

Personalidade do Ano no VinhoJoão Portugal Ramos

Melhor Vinho do AnoSoalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas 2009

Produtor do AnoSogrape Vinhos

Enólogo do AnoAntónio Luis Cerdeira

Sommelier do AnoInácio Loureiro

Personalidade do Ano na GastronomiaGeorge Mendes

Chefe de Cozinha do AnoJosé Avillez

Restaurante Gastronómico do AnoPanorama (hotel Sheraton, Lisboa)

Restaurante com Melhor Serviço de VinhosEleven

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vinhos & blogs

Vivemos num mundo cada vez mais igual onde somos dominados por pa-drões que imperam na sociedade moderna, fica difícil contornar tudo isso, a roupa, a música, a comida... A globalização é um fenómeno que pouco a pouco nos vai consumindo por dentro e por fora, e até mesmo no mundo dos vinhos as semelhanças são cada vez mais acentuadas entre vinhos da mesma região ou mesmo de regiões diferentes, a luta diária não de todos mas de alguns produtores faz com que se deixe de lado o coração e se pense com a carteira, o vinho industrializou-se e acima de tudo inter-essa lançar no mercado um produto formatado ao gosto do consumidor. Com isto perde-se quase sempre a identidade de um vinho, relegando

claramente um perfil de uma região para apenas mostrar o chamado perfil internacional... nestes casos embora o vinho até possa ser de muito bom nível, tanto faz ser produzido cá como noutro ponto do planeta.

Felizmente nos dias que correm ainda há produtores que lutam contra essa corrente, quais Celtas a lutarem pelas suas terras, pela sua identi-dade, tempos idos que nos dias de hoje se reflectem em produtos como os vinhos Dona Berta. Os vinhos Dona Berta são propriedade do Eng.º Hernani Verdelho, uma figura ímpar do mundo enófilo que transpira amor pelos seus vinhos e pela sua terra, é ter a oportunidade de falar com este carismático produtor para saber do que falo. É nos 20 hectares da Quinta do Carrenho em Freixo de Numão (Douro Superior), que nascem vinhos distintos, de forte carácter e longa vida pela frente, onde as vinhas velhas são rainhas e senhoras, num resultado final que deixa livremente mostrar a região, sem desvirtuar, sem extracção ou prensagem exageradas, sem madeira que nunca se vai integrar e sem grau alcoólico disparatado, são no seu todo vinhos com identidade muito própria mas que acima de tudo respeitam a terra que os viu nascer.Afinal de contas é um produtor que não vai em cantigas nem modas e fruto disso é todo o seu portfolio que nos mostra vinhos com um carácter

Por João Carvalho

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vinhos & blogsmuito próprio, talvez aquilo a que se chama muitas vezes de vinhos de Terroir, que por serem como são não se conseguem repetir em mais parte nenhuma, apenas ali naquele local. À primeira vista parecem não ser de fácil abordagem, mas antes pelo contrário são vinhos de fácil abordagem e que conquistam à primeira abordagem, apesar de que precisam que se dispense algum tempo com eles no copo para melhor mostrar tudo o que têm para nos dar, como as boas amizades que se vão construindo ao lon-go dos anos, estes vinhos ganham exactamente com isso... com os anos, não muitos mas sim os suficientes. Bebam-se logo após serem colocados no mercado, ou guardem-se algumas garrafas para ir acompanhando a sua evolução pois são vinhos que com o tempo vão mostrando toda a sua nobreza.

Os brancos são dois, um 100% Rabigato (Dona Berta Reserva Rabigato Vinhas Velhas) e um vinho de lote feito de uma Vinha Centenária (Dona Berta Reserva Vinha Centenária), dois brancos onde o que os une é a frescura de conjunto, o primeiro a mostrar-se pleno de frescura, destaque para a limpidez do conjunto de aromas e sabores frutados, com maçã verde, flores e ervas do monte, sempre com um travo herbáceo em fundo mineral. O topo de gama dos brancos é o Vinha Centenária, onde o lote

mostra a sua complexidade, refinado pela passagem por madeira, este vinho é um salto em frente em relação ao anterior, fino e refi-nado pelo amparo da barrica ganhando por isso também em com-plexidade, mantendo uma boa dose de frescura.

Nos tintos a escolha aumenta, desde o Reserva, no seu perfil de fruta limpa e fresca com travos herbáceos bem frescos a ligarem-se com madeira discreta mas que confere refinamento ao conjunto, bastante equilibrados e frescos, passagem de boca com alguns taninos a pe-direm tempo de guarda mas que fazem destes vinhos companheiros vocacionados para a mesa. Destaque para um tinto 100% feito a par-tir da casta Sousão/Vinhão, o Reserva Especial, um vinho diferente mas muito curioso, sem ser vinoso ou carrascão como se poderia es-perar de um Vinhão, este mostra-se mais senhorial e polido no trato, bela complexidade mostrando-se um vinho que agradará a todos, um pouco mais vegetal que frutado, tem tudo para ser um rei à mesa e é com a Lampreia que gosta de brilhar.No seu todo são vinhos com forte pendor gastronómico, compan-heiros da boa mesa, de personalidade vincada e que merecem ser conhecidos e provados por todos os apreciadores de vinho.

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o que não dispenso

O prestigiado enólogo duriense da Quinta do Portal,

adora a família, é “viciado” em gadgets, gosta de viajar

e não dispensa, claro, excelentes vinhos.

DOURO

Sabrosa

PAULO COUTINHOEnólogo | 41 anos

GadgetsA tecnologia! Sou viciado em gadgets e gosto de ex-plorar o equipamento recente. A minha eleição para “aquela” prenda que nos damos pelo Natal.

ComerColocar os pés debaixo da mesa quando se trata de comer. Sentir e sabo-rear cada momento.Sempre com vinho e companhia da família ou amigos.

ViverSou Duriense e bairrista! Mas em Portugal sou Português.. em Roma sou Romano! Faço questão de me integrar e viver.

ViajarUma viagem fora das férias normais de Verão. A quatro ou a dois.

Gastronomia NacionalA saborosa gastronomia portuguesa tradicional, acompanhados dos nos-sos legumes da horta lá de casa! Confeccionados pela mãe ou sogra!

Cultura e FamíliaUm programa cultural em família.

Lareira e CervejaO calor da lareira no Inverno e a refrescante cerveja no Verão.

Fazer DesportoUma corridinha pelo parque da cidade… uma volta de bicicleta. Sozinho ou melhor ainda com a família. A antiga linha do Corgo tem sido a opção.

VinhosPartilhar com amigos os meus vinhos preferidos. Sempre que vou a casa deles… lá vou eu com a minha selecção.

SofáEstar sentado no sofá com um filho de cada lado a ver desenhos animados ou um filme.

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entrevista | ProfessorJoão Campos

Prof. Educação FísicaTreinador de Atletismo Director Técnico da Meia Maratona do Douro Vinhateiro

Nome: João Francisco Silva CamposLocal de Nascimento: Pedorido – Castelo de PaivaEstado civil: CasadoFilhos: 2

TD – Prof. João Campos tem origens junto ao Rio Douro, pelo que esta sua paixão pela Região não é nova, não é verdade?

JC – É uma paixão de infância. Aprendi a nadar no Rio Douro. Sempre tive a curiosidade de saber onde nascia o Douro mas, principalmente, por onde passava o Douro. Como tal, percorri o Douro e, na realidade, a zona do Douro Vinhateiro é a mais bela região por onde passa este “nosso Rio”.Quis ainda Deus e a sorte de proporcionar um casamento com uma mul-her de raízes Durienses, concretamente do Pinhão.

TD – Como começou a sua ligação ao atletismo?

JC – Começou com os torneios da Mocidade Portuguesa na Escola Ol-iveira Martins que frequentava na cidade do Porto para onde vim estudar.Participei e ganhei na escola, ganhei na fase regional e depois participei na fase nacional.Havia muitos colegas da escola que eram atletas do F.C.Porto e levaram-me para o Clube.TD – Três momentos que o marcaram nesta sua fabulosa carreira de téc-nico desportivo?

JC – Primeiro o convite que o Futebol Clube do Porto me fez para ser treinador. Era atleta e estudante de Educação Física, mas desde sempre me in-teressei mais pelo treino do que propriamente pela minha carreira, pois desde cedo tive a noção que nunca seria um atleta de alto nível e comecei a investir mais no estudo do treino. Os directores apreciaram a minha in-tervenção junto dos meus colegas e convidaram-me a ser o responsável pelas disciplinas técnicas do atletismo, velocidade, barreiras e saltos.Os outros dois momentos são as conquistas das medalhas de Ouro e Bronze pela Fernanda Ribeiro em Atlanta e Sidney. Momentos que me

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entrevistaacompanham constantemente.

TD – Qual o seu envolvimento actual no atletismo e quais os atletas que têm sobe as suas ordens neste momento?

JC – O meu envolvimento é pleno. A paixão continua e parece-me que cada vez mais intensa. Neste momento sou responsável pelo treino de 24 atletas, muita gente, que me deixa quase sem tempo para fazer outras coisas que gosto muito. Destes 24 quero destacar a Jéssica Augusto, o Rui Pedro Silva, o Rui Silva, O Bruno Albuquerque e alguns outros jovens de grande potencial e em quem acredito para grandes resultados num futuro próximo.

TD – Sendo para muitos o atletismo a principal modalidade desportiva de Portugal, como vê o actual estado deste desporto no nosso país?

JC - É na realidade a mais importante modalidade desportiva de Portugal, aquela que tem melhores resultados desportivos, mas continua sem ser uma modalidade querida dos portugueses e principalmente não é respei-tada como merece pelo poder politico.

TD – O Professor João Campos é o Director Técnico da Meia Maratona do Douro Vinhateiro. Para si esta é mesmo a mais bela corrida do mundo? O que a diferencia?

JC – O Atletismo deu-me a conhecer o Mundo. Tenho estado nos mais variados lugares do planeta, onde encontro paisagens idílicas e belas, mas o Douro é diferente, é como disse o poeta; “ o Douro é excesso da natureza”. Esta é melhor frase para definir a Região.Uma corrida que emerge num lugar destes, com uma envolvência destas, só pode ser a Mais Bela Corrida do Mundo.

“ o Douro é excesso da natureza”

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entrevista | ProfessorJoão CamposSem pensar...

Um bom vinho: R: Um Douro DOC

Comida predilecta:R: Sou um bom garfo, como de tudo, desde o mais sofisticado ao mais tradicional da cozinha portuguesa, mas no gosto predomina a cozinha regional do norte.

Cidade Preferida:R: Em Portugal o Porto, no Estrangeiro Sidney

País de eleição:R: Como sou um viajante e não sou hipócrita, Austrália

Melhor Livro:R: Para mim é sempre o mais recente, “Em Busca da Perfeição” de Tal Ben-Shahar

Melhor Filme:R: Aqui não o mais recente mas aquele que mais me marcou, “A Vida é Bela” de Roberto Benigni.

Marca Preferida:R: Adidas

Um vício:A Família e o Atletismo

Um ódio:O cigarro

Um sonho:R: Repetir os belos sonhos que já vivi.

TD – Como vê o futuro deste evento e qual a importância do prestigio desta prova para o Douro e para Portugal?

JC – Eu disse um dia que a história se encarregaria de falar deste evento e mantenho a convicção. No entanto, o futuro não depende só de nós nem daqueles que todos os anos participam e acreditam na organização. Pre-cisamos das instituições mais importantes da região mas principalmente das instituições mais prestigiadas do país para podermos fazer deste evento, de capital importância para a região, uma referência do Douro, de Portugal e do Mundo. Potencial temos, gente de trabalho temos, en-volvência temos, precisamos de muito mais que isto e merecemos bem mais do que aquilo que nos têm dado.

TD – As entidades regionais e nacionais têm efectivamente apoiado este evento que atingiu já um prestígio elevado a nível nacional e internac-ional?

JC – Expresso na resposta anterior está a minha resposta a esta questão. Claro que não. Não podemos ficar pelas entidades regionais. Precisamos de muito mais e merecemos muito mais. Quem teve a “ousadia” de meter mãos a esta obra, numa região do interior, precisa de bem mais apoio, consideração e respeito.

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entrevista

João Tomás“O meu pai é muito brincalhão; Ele gosta muito de me ajudar; E no meio da confusão; Ele ainda tem tempo para me amar.Ele é o meu papá e eu adoro-o.”

Carolina“O meu pai é um bom homem, amigo e confidente. Ele está sempre no meu coração por isso nunca me sinto sózinha... Eu sei que serei sempre a sua menina... Amo-te muito Pai.”

Elsa Amaral:“Palavras para quê, é a pessoa que mais admiro e por quem sinto muito orgulho, pelas suas qualidades como pessoa e ser humano, mas, mais que isso amo-o profundamente.”

Paulo Costa“O João é uma pessoa ex-traordinária, um ser hu-mano de coração sensível, com uma força de espírito grandiosa e um Homem do mundo, de quem me orgul-ho de ser amigo e sentir a sua singular amizade. “

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reportagem | XantarXANTAR – Salão Galego de Gastronomia e Vinhos

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Xantar | reportagem

Confraria dos Enófilos do Douro e Confraria

Gastronómica de Lamego marcam presençaTal como o IVDP, a Rota do Vinho do Porto, a Associação Empresarial de Vila Real, a Associação de Empresas de Hotelaria e Turismo do Douro ou a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, estas Confrarias marcaram presença neste importante evento galego. José Tojeiro, Presidente da Confraria dos Enófilos do Douro, convidou todos os presentes no certame para visitarem o Douro durante a realização da EDP 6ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro – A MAIS BELA CORRIDA DO MUNDO.

Turismo do Douro com forte representação O Turismo do Douro apresentou-se na XANTAR com uma stand alusivo às mais belas paisagens durienses e com uma comitiva bem representativa dos vários sectores de actividade que compõem a nossa Região.

Escola de Hotelaria e Turismo do Douro

brilha na XANTAREsta prestigiada escola, liderada pelo seu Director, Paulo Vaz, apre-sentou-se com um grupo de jovens alunos que fizeram as delicias de muitos dos presentes num show-cooking da Feira de Gastronomia e Turismo da Galiza. Um momento notável que teve a presença das Confrarias estrangeiras convidadas, assim como da Confraria das Confraria Luso-Galaica, anfitriã do Encontro de Confrarias.

Vice Presidente do IVDP brinda jantar de pro-

tocolo com Vinho do PortoPaulo Osório, Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, numa notável intervenção durante um dos jantares para convidados da Organi-zação da XANTAR, brindou os presentes com um delicioso Vinho do Por-to que encantou os espanhóis. Paulo Osório aproveitou ainda o momento para convidar os presentes para participarem no maior evento do Douro, a EDP 6ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro, o grande evento de refer-ência que representa uma fabulosa festa das gentes do Douro.

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reportagem | Xantar

Meia Maratona do Douro Vinhateiro e Maratona

de Ourense assinalam parceriaPaulo Costa, da Global Sport, e Julio Rodríguez González, da Confeder-ación Empresarial de Ourense – entidade responsável pela organização da Maratona de Ourense, assinalaram parceria estratégia entre os dois eventos. O Douro passará assim a estar representado na realização do evento daquela região, em Outubro, mas já em Maio, durante a realização da EDP 6ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro, estará no Douro uma del-egação representativa daquela cidade da Galiza para promoção dos seus vários sectores de actividade.

15 Jornalistas espanhóis visitam o DouroNa sequência da presença do Douro, António Garcia (Delegado da Ex-pourense para Portugal), liderou uma comitiva de quinze jornalistas es-panhóis viajaram de toda a Espanha para cobrir a Xantar. Com o apoio total do Hotel Régua Douro, este grupo viajou de Ourense até ao coração do Douro, visitando as Caves da Raposeira, a Quinta da Campanhã e pernoitando à beira-rio, no sempre agradável Hotel Régua Douro. Foi ainda neste hotel que foi servido um fabuloso jantar que deliciou a comi-tiva, tendo sido neste momento que Paulo Costa convidou a comitiva para estarem presentes durante a Meia Maratona do Douro Vinhateiro, esta-belecendo parceria com alguns jornalistas que irão promover o evento no país vizinho.

António Martinho enaltece a

qualidade da FeiraO Presidente do Turismo do Douro, no seu discurso protocolar, enalteceu a qualidade do evento e a importância de estas duas regiões estarem li-gadas entre si, não só pela água termal que liga a Galiza ao Douro como também os aspectos culturais e sociais. Conhecedor dos hábitos galegos, António Martinho aproveitou ainda para convidar a Galiza para visitar o Entrudo de Lazarim.

Secretária de Estado do Mar espanhola no

stand do Turismo do DouroAntónio Martinho recebe Secretária de Estado do Mar (Conselleira do Mar), Rosa Quintana Carballo no stand do Turismo do Douro. Um momento admirável.

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solidariedade social

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A solidariedade social é a condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora.

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património | Monte de S. Domingos

“...do Monte de S. Domingos, não reside apenas nos atributos de beleza paisagística (…) . No que concerne á geologia, trata-se dum excep-cional afloramento granítico em pleno seio de zona xistosa....”

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patrimónioApesar de não haverem grandes referências históricas dos tempos medi-evos ao Monte de S. Domingos, sabe-se que o território em que ele está incluído passou sucessivamente pela posse de vários donatários, entre os quais Soeiro Viegas, Sanchas Vermudes, Egas Moniz, Pero Viegas, Lourenço Soares, Urraca Sanches, Leonor Afonso, a Ordem de Malta e Pero da Cunha Coutinho, este por mercê de D. Afonso V.Tudo leva a crer que foi D. Chama (Flâmula) que viveu nas ultimas déca-das do século X e que possuía na região diversos castelos designados então por “ pennas” e “ pennelas” um dos quais se situava em S. Domingos, quem mandou construir uma primitiva ermida, no sítio actual, de feição români-ca, ao gosto da época, mas já sob a invocação de S. Domingos. Segundo parece, seria a essa fortificação que tinham pertencido os troços de mu-ralhas, ainda existentes, e aos quais se atribui origem romana. A isto não será estranho, o facto de no início do vale de Nacarães, no seu lado nas-cente, nos limites das actuais freguesias de Aldeias, Tões e Queimada, existir, numa pequena elevação de terreno, uma enorme fraga conhecida como “ Fraga da Pena”. A presença dos romanos no local é atestada pelo abundante material ar-queológico achado e pelos restos dessas muralhas formadas por blocos de granito. Aliás, há que ter em conta que, no sopé da montanha, se esten-dia uma importante “ via” de que ainda existem longos troços, a qual, de nascente se dirigia para Lamego, transpondo o Varosa pela ponte ainda hoje funcional que liga as freguesias de Valdigem e de Sande. Entrando no campo das suposições, não seria de admirar que, um caminho agora transformado na estrada que se estende pelo vale até Queimada, ao lugar do Cotinho e da Portela, fosse essa mesma via romana. Esta estrada, de vital importância para o abastecimento das legiões destacadas na região, tinha forçosamente de ser defendida das investidas dos Lusitanos que, sempre que podiam, praticavam verdadeiras razias nas hostes romanas. Nada melhor para esse efeito que uma forte praça militar instalada no co-curuto do monte mais elevado das redondezas. Como retaliação pela actividade guerrilheira dos Lusitanos, é dado históri-co o incêndio e a destruição quase total de uma cidade nos anos 100 da era cristã, perpetrada pelas legiões do imperador Trajano, como forma de castigo aos rebeldes. Não há contudo certeza histórica acerca da locali-zação dessa cidade então denominada Laconimurgi. Alguns defendem que essa urbe seria Lamego na sua actual situação geográfica. Outros, defendem que ela se situaria na fértil e extensa veiga de Naçarães, funda-mentando-se nisto a origem do nome “ Queimada” da aldeia ali próxima. Nesta região, diz Jorge Alarcão no seu livro “ O Domínio Romano em Por-

tugal”, viviam naquele tempo, os Lusitanos da tribo dos Coilarni, tam-bém dita Colarni . Em Goujoim, no concelho de Armamar, encontrou-se, diz, um terminus augustalis entre esta tribo e a dos Arabrigenses. Estabelece este marco, a localização dos Coilarni entre o rio Douro, na fronteira setentrional, e as serras de Montemuro, de Leomil e da Lapa, a sul. A oriente, o limite era o rio Tedo e, a ocidente, o limite seria pelas bandas de Cárquere inicio do território da tribo dos Paesuri. Sendo incerta a localização da capital da tribo dos Coilarni, nada custará, no entanto, admitir que ela seria precisamente em Naçarães, e que esta seria a tal cidade incendiada pelos romanos. Ainda hoje, note-se, a tradição oral vinda da fundura dos tempos, nos diz da cidade de “Conimuge,” queimada pelos romanos. O próprio autor destas linhas ouviu esta versão, na sua meninice, assim como ouviu a explicação popular para a cor avermelhada do barrento solo de Naçarães. Dizia esta, com a fértil imaginação do povo, que tal cor se devia ao tingir da terra pelo sangue ali vertido há muitos séculos em dura batalha travada. Falamos de lenda, mas que existe forte cruzamento de ficção e verdade provada, será um facto, mais a mais, se atentarmos na coincidência fonética entre nome da tribo e das cidades aludidas, quer na História, quer na tradição popular. Se nos quedarmos um pouco na própria análise geográfica do vale de Naçarães e do território que o envolve, facilmente verificaremos ser ele constituído por terras férteis, com água abundante, e com uma enorme variedade de culturas agrícolas, resguardadas naturalmente pelas el-evações da Fraga da Pena, do Monte Raso, do Coto, e essencialmente do Monte de S. Domingos, que as tornariam inacessíveis a investidas inimigas, pelo menos de surpresa. O que é verídico, é que Fernando I de Leão, quando em 1057 ex-pulsou definitivamente de Lamego os mouros, mandou destruir o reduto que havia em S. Domingos para impedir que eles ali se fossem acoitar.Volvendo à construção da primitiva ermida e a D. Chama, pode afirmar-se que pretenderia, assim, a dita senhora, expulsar definitivamente os resquícios de antigos cultos pagãos ali praticados antes, a uma qualquer divindade relacionada com a fecundidade, à semelhança, de resto, do que era hábito nos primórdios do Cristianismo, quando práticas pagãs foram substituídas por festividades e evocações cristãs. Acreditava-se então, que poderes extra humanos assegurariam a fe-cundidade a quem ali se dirigisse em prece e em acto. Desse ancestral acreditar em sobrenaturais poderes no âmbito da fecundidade, advirá

BREVE HISTÓRIA DO MONTE DE S. DOMINGOS

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património

a vinda a S. Domingos, para esse fim, de D. Afonso IV, acompanhado de sua esposa, a rainha D. Isabel, da qual não há certezas históricas, sendo certo, entretanto, que, nove meses depois, nasceria a princesa Joana que tem honras de altar. Comprovada é a jornada de D. João II e da rainha D. Leonor em finais de Outubro ou mais provavelmente a 1 de Novembro de 1483. Concedida a graça solicitada, com o nascimento do príncipe Afonso, este e mais os soberanos ali voltaram posteriormente em acção de graças pelo milagre alcançado. Diz-nos Luís Adão da Fonseca no seu livro «D. João II» da colecção Reis de Portugal que “É conhecida a forte dimen-são religiosa e a importância da espiritualidade na vida desta mulher (D. Leonor). Neste âmbito, a devoção de D. Leonor pelas peregrinações tem uma inegável relevância. Por isso, não posso deixar de sublinhar a cir-cunstância de que, frequentemente, o rei está a seu lado, nestas viagens. Talvez a mais citada na bibliografia seja a que, em Outubro de 1483, D. João e D. Leonor fazem a Lamego: «com grande devoção – escreve Pina -, foram em romaria a S. Domingos da Queimada, que é junto de Lamego, pedindo-lhe com ricas ofertas que lhe ofereceram que, por suas preces e merecimentos, Deus lhe desse filhos de entre ambos, que el rei sobre todas as coisas sempre mais desejo”. Provavelmente, perante a rudeza da primitiva construção, terá o soberano

mandado proceder à sua beneficiação, introduzindo-lhe adornos arqui-tectónicos de feição góticos que ainda hoje patenteia. Isso faz com que os versados nessa matéria o classifiquem como templo românico – gótico – manuelino; românico pela “ cachorrada arcaica e uma porta lateral em arco de volta plena”; gótico pelo “ pórtico principal e o in-terior de gosto naturalístico, dominantemente fitomórfico”, encimado pelo escudo das quinas com a coroa usada pelos monarcas afonsinos; a porta lateral, que liga a capela-mor à sacristia, ostenta elementos manuelinos. É absolutamente inverosímil que tenha sido S. Domingos de Gusmão o primitivo orago, como actualmente acontece. No hagiológico cristão figu-ram vários Domingos (o de Silos, o de Calçada, o de Córdova e outros), sendo o de Gusmão, nascido em 1170, o de mais recente veneração, pois foi canonizado em 1234 pelo Papa Gregório IX. Ora se, a invocação de “ saneti Dominici “ já consta em documentos com datas de 1163 e 1182, não era do pregador castelhano que se tratava, pois, na altura, ele teria 7 ou 12 anos respectivamente. Segundo alguns autores, tratar-se-ia de um homónimo bem mais antigo, já venerado como santo na primeira metade do século XII, cognominado “Sarraceno” e martirizado em Córdova em 982.Ignora-se como, quando e porquê, se verificou a transferência de funções de um para o outro dos santos com o mesmo nome que, de certo, se não operou por imposição celestial mas sim por alteração na devoção dos fieis. Poder-se-á admitir, como razão determinante, a enorme notoriedade que o de Gusmão alcançou no combate sem tréguas aos dissidentes do sul da França. O que custará a compreender é porque, a personalidade tão dinâmica e aguerrida, tivesse sido cometida incumbência tão senti-mental como a de remediar a esterilidade.Durante muito tempo houve acesa disputa quanto à posse e designação da Capela de S. Domingos entre Queimada, Fontelo e Valdigem. Primi-tivamente, e até meados do século XVIII, foi conhecida por S. Domingos da Queimada e é assim que Rui de Pina a menciona quando relata a romagem de D. João II. Dessa pendência, foi Fontelo vencedor. Como curiosidade, refira-se que um documento datado de 1726 menciona “ a capela de S. Domingos de Queimada, sita na freguesia de Fontelo”. Diz-nos o Dr. José Maria de Carvalho nos seus escritos no jornal «O Ar-rais», que “desde recuados tempos, até meados deste século (séc. XX), houve, quase ininterruptamente, uma única criatura a habitar as imedi-ações da capela, como que a fazer companhia ao seu titular. Era uma espécie de ermitão, a quem chamavam “o Servo”. Foram sempre figuras singulares, no número e no comportamento. Nunca ninguém soube quem eram, donde e porque vieram para ali, nem

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o que vinham fazer. Passaram no monte o resto dos seus dias até aí se finarem. Uns supunham-nos ascetas, outros julgavam-nos criminosos for-agidos da justiça humana, voluntariamente ali acoitados para espiar os pecados sob a protecção misericordiosa do Santo. Os mais numerosos não faziam conjuras. Mas quase todos os estimavam e ajudavam, porque era gente humilde e de bom trato. De muito pouco necessitavam para viver, visto serem alimentados, em rotatividade semanal, nas casas abas-tadas de Fontelo, dormirem num casebre perto da capela e vestirem-se com roupas usadas que os benfeitores lhes ofereciam. Prestaram assi-naláveis serviços à ermida, cuidando e velando pelo arranjo do templo e suas mediações, limpando os caminhos e carreiros, ciceronando os visi-tantes que, não raro, repartiam com eles os farnéis que traziam e lhes da-vam algum dinheiro que servia para comprar tabaco e beber o seu copo. O último Servo de S. Domingos tinham grandes aptidões para trabalhar a cantaria, e a ele se ficou a dever um dos cruzeiros em granito erigidos perto da ermida”.Diz-nos ainda José Maria de Carvalho, que “o interesse (…) do Monte de S. Domingos, não reside apenas nos atributos de beleza paisagística (…) . No que concerne á geologia, trata-se dum excepcional afloramento granítico em pleno seio de zona xistosa. (…). Será a partir dos gigantescos penedos e das jazidas inesgotáveis daquela rocha ígnea que, mais tarde, se há-de constituir as «pedreiras» das quais sairá o material que irá per-mitir a construção de templos majestosos, palácios sumptuosos, pontes imponentes, modestas casas de habitação e até tugúrios miseráveis, es-palhados pelas redondezas (…). Tal matéria-prima é a afamada «cantaria de S. Domingos», um granito branco, compacto mas macio, de fino grão onde predomina o quartzo, o que lhe confere uma textura e um aspecto, depois de convenientemente «lavrado», dos mais apreciados do país. Durante séculos, o corte, a lavragem e a condução, montanha abaixo, em carros de bois, do perpianho destinado às obras, ocupou uma boa parcela da população das terras que ficam vizinhas (…). No que concerne a for-mações geológicas (…) a mais importante, actualmente, será uma cav-erna de apreciáveis dimensões, escavada sob enormes rochedos, talvez por guerrilheiros, por pegureiros ou por romeiros, para lhes servir de in-óspito abrigo. Quem sabe se aí se teriam abrigado os reais visitantes?Digno de realce será também um aglomerado de rochedos figurando a ca-beça dum lagarto e um rochedo isolado, de médio tamanho, corroído pela erosão, exibindo à superfície exterior múltiplas reentrâncias, de tal modo que alguém a julgou semelhante a uma caveira de dinossauro.A meio da serrania existe uma profunda talisca, fendendo de alto a baixo toda a espessura dum descomunal penedo, a que chamam “a Mina”. Se-

gundo a lenda, que ainda ouvi contar na minha infância, no fundo dela, deixados pelos mouros, estão três grandes potes, o primeiro cheio de mos-quitos, o seguinte atulhado de peste e o último a abarrotar de ouro. Para alcançar este, é necessário afrontar o letal conteúdo dos que o precedem; claro está que nunca ninguém o conseguiu até agora. Verifiquei na minha juventude que, na extremidade da “Mina”, não havia qualquer vestígio de seguimento. É de admitir que tenha sido nela que teve origem a lenda da existência duma galeria subterrânea ligando o monte de S. Domingos ao rio Varosa, para defesa dos primitivos povos que por ali estanciaram”.

Sobre esta “Mina”, acrescentou a imaginação popular a versão, que ouvi em rapaz, que dizia que ela liga directamente os altares da capela de S. Domingos e o da igreja de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego. Mas, seguindo a versão do Dr. José Maria de Carvalho, continua o in-signe estudioso, por dizer que, “ Todas as formações até agora referidas situam-se na vertente do monte voltada a noroeste. No interior do recinto outrora amuralhado, foi recentemente descoberta uma peça que se supõe ser susceptível de ter grande interesse do ponto de vista geológico. A fractura espontânea dum bloco de granito de mediana dimensão pôs a descoberto, em cada uma das faces de clivagem, uma extensa gravura, sugestiva de uma ramagem, com as suas numerosas ramificações. Têm-no classificado como um fóssil, mas crê-se que indevidamente o fazem. Fóssil não deverá ser, porquanto, em rochas ígneas como é o granito não podem existir vestígios fossilizados que são atributos exclusivos das rochas sedimentares. (…).O monte de S. Domingos terá também algum interesse para os montan-histas. Na vertente voltada a sudoeste, no limite das freguesias de Val-digem e de Figueira, existe um alcantilado despenhadeiro rochoso que fará as suas delícias. É o Vale Escuro. (…) Do ponto de vista arqueológico há ainda a citar, no sopé do monte, nas freguesias de Parada do Bispo e, sobretudo, na de Valdigem, a existência de alguns longos troços de estada romana, dos quais o mais interessante é “a Conchada”, íngreme encosta, ladeada por altos muros, na qual, num desvão antes chegar ao alto da Portela, existe um “Marco” constituído por um grosseiro volumoso paralelepípedo de granito encimado por outro vagamente esferoidal, de muito mais modestas dimensões. As origens e a interpretação desta peça arqueológica ainda não foram esclarecias e seria interessante que o fos-sem. O extremo poente dessa via, ainda hoje em uso, vai entroncar numa ponte romana sobre o rio Varosa, nos limites das freguesias de Valdigem e de Sande. (…). Relativamente a monumentos, modestos embora mas apesar dignos de menção, há que aludir a uma pequena capelinha situ-

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ada na periferia do parque, dedicada a Santa Catarina de Siena e a dois cruzeiros, um no terreiro no sopé do outeiro onde se ergue o templo do orago, o outro implantado no cimo do morro defronte daquele. (…). Rari-dade botânica existente no Monte é a denominada, localmente, “erva de S. Domingos”, uma gramínea, de folhas suavemente perfumadas, que hoje já pouco abunda. (…) “ Desde tempos ancestrais, o monte de S. Domingos mais a sua ermida, ex-erceram forte atracção, não somente nas populações vizinhas como, tam-bém, nas de lugares mais distantes que ali acorriam em mais ou menos piedosas peregrinações. Veja-se por exemplo, a transcrição registada na obra do investigar M. Gonçalves da Costa “História do Bispado e Cidade de Lamego”, onde se escreve que “As romarias em cumprimento de vo-tos colectivos efectuavam-se principalmente na oitava do Espírito Santo com todo o cortejo de manifestações piedosas e profanas próprias dos grandes ajuntamentos de gente que ali se deslocava para rezar e cumprir promessas, mas não dispensava as tocatas, barulhos e comezainas den-tro e fora da capela onde também passavam a noite amontoados, ou em grutas naturais já que outros albergues não havia. A romaria mais famo-sa, organizava-a a cidade de Lamego”(…)” chamada a Sina (de Signum, bandeira), à frente a bandeira real empunhada por um dos membros da câmara, seguida por todos os beneficiados, coreiros, frades de S. Francis-co e imenso povo, aos quais os capitulares serviam no fim o “jantar” e uma pitança. Dada a multidão e a variedade de intervenientes, a romaria, que devia ser de penitência, acarretava grande despesa e o vinho era respon-sável de lamentáveis abusos, motivo por que, a 13 de Dezembro de 1512, cabido e bispo acordaram em suprimir a comezaina, decidindo repartir o importante jantar e pitança, pelos que tomassem parte na procissão”. Em anotação, o autor informa: “A despesa daquele ano foi avaliada em 4 073 réis, dos quais se retiraram 20 réis para comedoria dos coreiros e frades”. Será de crer, entretanto, que varridas as reminiscências das práticas idól-atras, ficou o caminho aberto para que emergissem todas as restantes capacidades taumatúrgicas de tão afamado lugar, levando a que multi-dões ali viessem implorar a preservação da saúde, a cura de moléstias, a prevenção de pragas e epidemias, a protecção de culturas e animais do-mésticos, ou em anos de seca, a chuva. Daí as procissões e os clamores.

(Trabalho essencialmente baseado nos escritos do Dr. José Maria de Carvalho, no conhecimento do local, e nas memórias do autor)

Por Manuel Igreja

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O Auditório Municipal de Santa Marta de Penaguião recebeu, à semel-hança das edições anteriores, o tradicional encontro de cantadores de Janeiras.Integrado nas comemorações do dia do Concelho, a oitava edição deste encontro reuniu oito grupos de cantares que fizeram entoar os seus cânticos tradicionais desta época, ficando maravilhados com o cenário preparado para os receber: uma cozinha tradicional onde os anfitriões, dois “idosos” penaguienses, foram recebendo, um a um, os grupos con-celhios, interagindo com os mesmos e arrancando à plateia momentos de grande humor.

Também integrado nas mesmas comemorações, o Município de Santa Marta de Penaguião inaugurou uma exposição organizada pelo Museu do Douro no âmbito das Comemorações dos 250 Anos da Região De-marcada, denominada “Marcos da Demarcação”, que tem como base um estudo/inventário do património material associado a este acto fun-dador — os originais marcos da demarcação da região duriense, con-hecidos como “marcos pombalinos”.

NO DIA DO CONCELHO, O MUNICIPIO DE

No passado dia 13 de Janeiro, vinte e um cidadãos, párocos e leigos, dedicados às igrejas e capelas do Concelho penaguiense foram reconhe-cidos pela autarquia. Um reconhecimento público pelos serviços presta-dos ao longo de mais de vinte e cinco anos onde os agraciados ou seus familiares, receberam das mãos do presidente da autarquia, Dr. Francisco Ribeiro, medalhas de mérito municipal, algumas atribuídas a titulo pós-tumo. A Vereadora do Pelouro da Cultura explicou o critério de selecção, que considerou rigoroso, sendo opção agraciar pessoas, além dos párocos, que tivessem sido organistas, catequistas, zeladoras ou leitores, ao serviço da Igreja há mais de vinte e cinco anos, em cada freguesia. Os familiares e público presente mostraram-se sensibilizados com a ce-rimónia. “Foi muito bonito e não tenho vergonha de admitir que não as-sistia a algo tão profundo e belo há muito tempo, foi uma cerimónia lindís-sima”, assim referiu a familiar de um dos homenageados.

VIII Encontro de Cantadores de Janeiras

regiãoSANTA MARTA DE PENAGUIÃO HOMENAGEIA CIDADÃOS PENAGUIENSES

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O Rotary Club da Régua e o Município da Régua inauguraram, no pas-sado sábado, dia 15 de Janeiro, a Universidade Sénior que, na abertura, conta já com cerca de cento e setenta alunos e trinta professores.Na sessão solene, realizada no Centro Escolar da Avenida, a Presidente do Rotary Club da Régua, Dra. Maria José Lacerda, congratulou-se com esse facto e o entusiasmo de todos os presentes, com a criação desta in-fra-estrutura que vai permitir aos mais seniores confraternizarem e exerci-tarem tanto a mente como o corpo, adquirindo novas competências e sa-beres nas áreas da música, teatro, dança, educação física, história, inglês, informática, cultura geral, bordados, artes decorativas, pintura, aguarela, técnicas de expressão artística, saúde e alfabetização. Está de parabéns a comissão instaladora constituída pelas rotárias Teresa Mendes, Márcia Gouveia e Eugénia Proença, que tem sido de uma enorme dedicação ao projecto.A Presidente deu as boas vindas e os parabéns a alunos e professores presentes e agradeceu ao Município todo o apoio e atenção dispensados.O Presidente do Município, Eng. Nuno Gonçalves, na sua emocionada e entusiasmante alocução, fez a história deste sonho de muitos reguenses, que o Rotary e o Município concretizaram a bem da população do con-celho e dos concelhos limítrofes, num espaço que já serviu para a for-mação dos mais novos e que agora ficará á disposição dos mais seniores, muitos dos quais a utilizaram na sua meninice. Como frisou, o Município apadrinhou a iniciativa rotária com o maior entusiasmo e, apesar das di-ficuldades financeiras do momento, tudo fará para proporcionar, a alunos e professores, as melhores condições, pesem, embora, os condicionalis-mos existentes.Como muito bem frisou a Protocolo do clube rotário, Maria da Luz Magal-hães, este novo espaço, que pode e irá desenvolver um trabalho da maior

UNIVERSIDADE SÉNIOR DO PESO DA RÉGUA

utilidade, deve muito ao empenho e entusiasmo do Presidente da autarquiaO Presidente Distrital das Universidades Seniores de Rotary, Dr. Ernesto Areias, do Rotary Club de Chaves, deu os parabéns ao clube e município reguenses pela iniciativa da criação da vigésima sétima Universidade Sénior do Rotary, em Portugal, que inicia a sua actividade com a particularidade de ser a Universidade com maior número de matrículas neste ano lectivo.No final da cerimónia actuaram o Grupo Coral e a Tuna da Universi-dade Sénior de Viseu, que deslocou à capital do Douro trinta e cin-co elementos, que actuaram a grande nível para satisfação de uma expectante plateia que aplaudiu de pé a sua memorável actuação.Terminada esta, entidades, alunos, professores e muitos cidadãos, deslocaram-se até às Instalações da Universidade Sénior, instalada na antiga escola nº 1, do 1º ciclo do ensino básico, onde o senhor Padre Luís Marçal, digníssimo Arcipreste do Peso da Régua deu a bênção a todos aqueles que irão utilizar aquelas instalações, dese-jando que o façam na prossecução do bem e do convívio fraterno que se espera.

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região

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gente das letras

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, (São Martinho de Anta – Sabrosa - 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, considerado, por alguns, o poeta português mais importante do século XX.

SísifoRecomeça…Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.E os passos que deres,

Nesse caminho duroDo futuro,

Dá-os em liberdade.Enquanto não alcances

Não descanses.De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,Vai colhendo

Ilusões sucessivas no pomarE vendo

Acordado,O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças.Miguel Torga, in Diário XIII

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gente das letrasDomingos Monteiro Pereira Júnior, filho de Domingos Monteiro Pereira e de, sua mulher, D. Elvira da Assunção Coelho Monteiro, nasceu em Barqueiros a 6 de Novembro de 1903 falecendo, a 17 de Agosto de 1980, com setenta e sete anos de idade.Filho de lavrador abastado, exportador de vinho generoso, estudou em Vila Real, no Liceu Camilo Castelo Branco, cerca de dois anos, tendo, em 1927, licenciado-se em Direito, com a média de 18 valores, pela Universidade de Lisboa. Em 1938 casou-se com D. Maria Palmira

de Aguilar Queimado de quem se divorciaria em 1946, voltando a casar, em 1971, com D. Ana Maria de Castro e Mello Trovisqueira. Do seu primei-ro casamento nasceu a sua única filha, D. Estela Monteiro.Exerceu advocacia, tendo sido advogado de defesa de diversos oposi-tores ao regime politico da época. Democrata convicto, viria a fundar o Partido da Renovação Democrática e o jornal Diário Liberal.Apesar de ilustre causídico e das várias actividades que exerceu no plano literário como: jornalista, crítico, editor e responsável pelo Serviço de Bib-liotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, foi como escritor que ganhou o reconhecimento público nacional. A sua vocação como escritor deu-se muito cedo. Completado o ensino liceal, em Vila Real, publicou em 1920, em Lisboa, com apenas dezasseis anos de idade, o seu primeiro livro de poesia Orações do Crepúsculo, prefaciado elogiosamente por Teixeira de Pacoaes a quem viria a dedicar o segundo livro, em 1921, Nau Errante. Só regressaria à poesia em 1953 com Evasão e em 1978 publicaria o seu último livro de versos Sonetos.Apesar de incursões pelo ensaio, crítica, teatro e história onde se destaca a obra, História da Civilização, em três volumes, é como ficcionista que alcança notoriedade. Escritor realista muito influenciado pelo naturalismo russo e francês, pub-licou várias e numerosas novelas de que se destacam O Mal e o Bem, Contos do Dia e da Noite, Histórias Castelhanas, Enfermaria, Prisão e Casa Mortuária, o Primeiro Crime de Simão Bolandas, Histórias do Mês de Outubro e Letícia e o Lobo Júpiter.

Apesar de nascido no Douro, as suas histórias visam a vida do homem urbano e cosmopolita e, quando utiliza a realidade rural como matéria da sua ficção, fá-lo na perspectiva do homem citadino.Em 1964 foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de que se tornou sócio efectivo em 1969. Dez anos depois foi sócio da Academia Brasileira de Letras.Recebeu por duas vezes o Prémio Nacional de Novelística. Em 1965 com O Primeiro Crime de Simão Bolandas e em 1972 com Letícia e o Lobo Júpiter. Em 1967 recebeu o prémio Diário de Notícias com Histórias do Mês de Outubro. Domingos Monteiro é dos escritores contemporâneos mais traduzido. Castelhano, catalão, inglês, alemão, polaco e russo, são línguas em que estão traduzidas algumas das suas várias obras. Está publicado em várias antologias nacionais e estrangeiras.

Por Mário Mendes

DOMINGOS MONTEIRO

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no douro, pelo douroUnidade

Após cinco anos a lutar pela criação de unidade no Douro, sinto sinceramente que a percepção da importância deste importante factor começa a vincar entre todos os actores que actuam na nossa Região.

Durante a realização da XANTAR – Salão Galego de Turismo e Gastrono-mia, realizado no magnífico pavilhão da Expourense, em Ourense – Capi-tal da Água, cidade galega que fica apenas a uma hora e trinta minutos de Vila Real, onde, para além do país convidado, França, estiveram pre-sentes Regiões como Lisboa e Vale do Tejo, Ribatejo ou Minho, o Douro esteve representado pelo Turismo do Douro, mas não só, marcando pre-sença no certame também o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto – IVDP, a Confraria dos Enófilos do Douro, a Confraria Gastronómica de Lamego, a Associação Empresarial de Vila Real – NERVIR, a Câmara Municipal de Lamego, a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro, a Rota do Vinho do Porto e a Associação de Empresas de Hotelaria e Turismo do Douro.

Em diversos momentos se notou a demonstração de unidade e o desejo de conseguir colocar o Douro no mapa do turismo mundial, tarefa extre-mamente difícil quando verificamos que na Galiza (Região Autónoma de Espanha que tem cerca de três milhões de habitantes – fortes potenciais clientes) são poucos os que conhecem a marca Douro, que sabem onde fica ou como cá chegar… conhecem sim e apenas, o Vinho do Porto.

Foi com este intuito que pela voz do delegado para Portugal, António Gar-cia, e com o apoio do Hotel Régua Douro, entidade que representou a gastronomia duriense naquele evento, que quinze jornalistas espanhóis que estavam a cobrir a XANTAR, se deslocaram ao Douro para uma visita às caves do espumante, a uma Quinta com produção de vinhos DOC Douro e Porto, tendo ainda oportunidade de após um magnífico jantar, pernoitarem num hotel junto ao rio, permitindo demonstrar a este prestigi-ado grupo a beleza do amanhecer no Douro.

Na XANTAR, durante as várias intervenções públicas dos nossos repre-sentantes, foram endereçados convites para que a Galiza visite o Douro

durante a realização da MAIS BELA CORRIDA DO MUNDO, a EDP 6ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro, considerado o mais dinâmico e forte evento da Região do Douro. Pelas vozes do Presidente do Turismo do Douro, Dr. António Martinho, da Confraria dos Enófilos do Douro, Eng. José Tojeiro, do Vice-Presidente do IVDP, Eng. Paulo Osório ou ainda do delegado da XANTAR para Portugal, António Garcia, a Meia Maratona do Douro Vinhateiro foi apresentada orgulhosamente por todos como A MAIS BELA CORRIDA DO MUNDO, uma GRANDE FESTA das gentes do Douro e um evento que reúne participantes de todo o mundo.

Foi com estes pergaminhos que foi estabelecido um protocolo de parceria entre a Maratona de Ourense, organizada pela Confederação Empresar-ial de Ourense, a Expourense e a Global Sport, permitindo assim que em Maio tenhamos na EDP 6ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro uma del-egação de Ourense, que virá promover o melhor da Galiza, como o Turis-mo Termal, os vinhos ou o sector empresarial, e que em Outubro o Douro se apresente em peso na Maratona de Ourense, tal como temos vindo a fazer com Paris, na Meia Maratona Voye Royal do Stade de France, levando a marca Douro ao mundo através da projecção de um evento de dimensão internacional que em Maio próximo, pela sexta edição consecu-tiva oferecerá ao Douro a oportunidade singular de se anunciar ao mundo com um verdadeiro espírito de unidade. Notável.

Por Paulo Costa [email protected]

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novos horizontesO ensino das Profissões em Portugal

Com o crescimento do desemprego verificado no último ano, acentuou-se de forma dramática a falta de formação profissional de uma fatia enorme dos que procuram novos empregos. De facto, é frequente os desemprega-dos, quando perguntados sobre a profissão que pretendem ter, anunciar-em que fazem tudo. Ora normalmente isto significa que não têm qualquer profissão, muito menos qualquer certificado ou carteira profissional.

Os trabalhadores da vinha, fazem tudo, mas não sabem podar ou enxer-tar, não distinguem as castas, não têm noções de fito sanidade.Na construção civil é frequente encontrarem-se trabalhadores que têm há mais de vinte anos a categoria de serventes. Cerca de 90% dos tra-balhadores desempregados afirmam-se trolhas, mas essa profissão não existe na Lista das Profissões, razão pela qual são normalmente inscritos nos Centos de Emprego como pedreiros, quando normalmente nunca tra-balharam a pedra.

Existe oferta de emprego para operários especializados como serralheir-os, electricistas, técnicos de telecomunicações, mas não há trabalhadores desempregados com essas qualificações.Por que se aguarda então para introduzir essas profissões nos cursos leccionados nossas escolas? Por que se continuam a deixar sair alunos do ensino, após o nono ano, sem qualquer profissão? Por que não obri-gar os alunos que não queiram continuar a estudar, a sair da escola só quando completarem uma profissão? Será honesto permitir que milhares de alunos saiam das escolas no final do 9º ano e do 12º ano sem uma profissão? É que os jovens de Lisboa e do Porto ainda poderão frequen-tar alguns centros de formação das associações empresariais que dão cursos para as profissões, mas o que podem fazer os jovens do interior?

O país assiste a uma onda crescente de desemprego fruto da crise que se abateu principalmente sobre os países ocidentais e o governo incen-tiva e bem o aparecimento de empresas com novas tecnologias. Mas é necessário que simultaneamente prepare a mão de obra jovem para as novas tecnologias que pretende incentivar.

Por Jaime PortugalEconomista

“Esta terra que não me viu nascer e me acolheu. Fui eu que a escolhi mas não me rejeitou. Aceitou-me como sou, e por isso hoje, sou. Pertenço-lhe tanto que me pertence. Inspira-me. Respiro-a. Esta terra que me acolheu, viu-me nascer outra vez.” [anónimo] A escassez de tranquilidade num ritmo de vida frenético deixa muitas famílias perplexas ao ponto de escolherem uma mudança de 180 graus. Sem tempo para si, sem tempo para a família, pessoas reféns de uma rotina angustiante que num dado momento decidiram dar um novo rumo à sua vida, abandonando a cidade para uma vila do interior de Portugal. Esta mudança traduz-se actualmente numa migração sem expressão do ponto de vista estatístico mas silenciosamente, a ideia vai conquistando os sonhos de um número crescente de gente saturada da vida urbana. Um território sintonizado com esta tendência e preparado para acolher estas pessoas em busca do seu porto de abrigo, vai protagonizar um modelo de desenvolvimento inovador e duradouro. Trás-os-Montes e Alto Douro - território - é detentor de um cenário de mudança com potencial ex-traordinário. Para além dos recursos naturais e condições estruturais de desenvolvimento económico, os territórios promovem-se através da quali-dade de vida que podem oferecer. A começar pela paisagem, interpelam-nos os contrastes, cores, texturas, sabores, clima, e claro, as pessoas. El-emento fundamental que cria, transfoma, produz e vive numa região que luta arduamente com a problemática da interioridade. Mas há algo que os nossos antepassados semearam e que continuamos a cultivar. A tradição de bem receber é uma arte que soubemos aperfeiçoar aliando o melhor que a terra produz com a sabedoria, dedicação e humildade das mul-heres e homens desta região. Esta arte, devidamente capitalizada, pode determinar o futuro do desenvolvimento de TMAD. Os territórios de baixa densidade competem cada vez mais no campeonato da hospitalidade.O desafio hoje e amanhã, é transformar a interioridade de um território num factor de atracção. Este interior de rudeza suave tem todos os atribu-tos para criar raízes a quem as procura. Ancoradouro de valores identi-tários consistentes, Trás-os-Montes e o Alto Douro oferecem condições excepcionais para captar o interesse dos chamados novos povoadores.Gentes de Trás-os-Montes e Alto Douro, vivemos num território inspirador, fonte de energia, um bem apetecível numa sociedade confrontada com tantos desafios e maiores incertezas. De braços abertos, receberemos quem, como nós, se apaixonar por esta terra.

Alexandre FerrazCo-autor do projecto Novos Povoadores

de braços abertos! (*)

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ATÉ GOSTAVA QUE O

SPORTING FOSSE CAMPEÃOHá já alguns anos que me comecei a aperceber de que tinha alguns poderes sobrenaturais. Primeiro foi prever acidentes e acontecimentos,

depois, testemunhar factos insólitos, como o bater violento numa porta interior do local onde dormia, que mais ninguém ouviu, com a excepção da minha mulher. Depois o dejá vue em várias circunstâncias e lugares.Houve coisas que aconteceram que me pareceram sempre misteriosas ou de uma coincidência estranha, como quando tenho necessidade de entrar em diálogo com alguém e esse se antecipa. Eu penso na pessoa e, quase de seguida, aí está o telefone a tocar com o interlocutor pretendido na linha.De alguns anos para cá tenho verificado outros fenómenos paranormais que quero repartir convosco.Por exemplo: Quando me aproximo de algumas portas como as de hi-permercados, cinemas, hospitais e outros lugares públicos, sem eu nada fazer as portas abrem-se para eu poder passar e fecham-se assim que eu passo. Outro facto que me acontece é entrar em instalações sanitárias públicas e as lâmpadas imediatamente se acenderem, apagando-se mal as abandono. Ainda mais. Utilizo os urinóis públicos e o que acontece? Assim que me afasto deles, a água dos autoclismos, como por milagre ou po-deres sobrenaturais, começa a correr. Não julguem que divulgo isto sem preocupação. Acreditem que não me traz alguma espécie de contentamento. Gostaria de ser uma pessoa normal, considerados os convencionais parâmetros de normalidade, a quem nada, do que atrás descrevo, pudesse acontecer. Vivo preocupado e angustiado com tantos factos, no mínimo, estranhos. Não sei porquê mas, ultimamente, tenho andado preocupado com a situação do nosso País. Algo me diz que tudo vai mal quando o senhor primeiro-ministro se vem vangloriar de ter cumprido a meta orçamental do aumento da receita, como se lhe devêssemos o favor de nos aumentar os impostos. Não sei porquê, mas fico com a sensação de o já ter ouvido vangloriar-se de coisa idêntica e, passado pouco tempo, isso não se ter concretizado.

Outras razões e factos que me angustiam. Algo me diz que as me-tas para o défice do País não se concretizam. Para meu desespero, prevejo também que o desemprego vai aumentar, o FMI vem aí, o Dr. Cavaco Silva vai ser reeleito e o Eng. Sócrates perderá as próximas eleições que irão ser antecipadas. Os preços dos combustíveis vão aumentar e aumentará, também, a idade da reforma.O descontentamento popular surgirá em Lisboa e, governo e polícia, terão o ensejo de utilizar os blindados, adquiridos para o efeito, que deveriam ter chegado a Portugal para a cimeira da NATO. O FMI entrará em Espanha, O Real de Madrid será campeão e Cristiano Ronaldo o melhor marcador do campeonato espanhol. Algo me diz que meu Sporting não será este ano campeão nacional de futebol e que o Porto vencerá com grande avanço sobre o segundo classificado, cumprindo Jesus a promessa de voltar, este ano, ao Marquês, agradecer ao leão, ao lado de Pombal, a sua per-sistente e brilhante pontaria em acertar nos postes. Queira Deus que as minhas previsões não se concretizem no todo. Até gostava que o Sporting fosse campeão.

Por Mário Mendes

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na primeira pessoaPOR UM NOVO MODELO ECONÓMICOHá dez anos, quando a crise financeira assolou a Argentina e o ci-dadão ficou sem a sua poupança, o modelo económico foi alterado. Em armazéns, fábricas fechadas e ginásios desportivos, nos concelhos menores e subúrbios das grandes cidades ressurgiu o pequeno comé-rcio, liderado por associações locais. Por um valor simbólico qualquer pessoa arrendava um espaço para expor os seus produtos algumas horas por dia ou aos Sábados. Ao entrar comprava o PL, Peso Local, moeda só válida ali. Vendia sem factura objectos usados ou alimentos, comprava lenha, carvão, alimentos, até selos, tudo produzido por pes-soas e PMEs; ou descoberto nas velharias familiares e até obtido nas giga-empresas estrangeiras. Os próprios policiais e a ASAE participa-vam, pois ali estavam para defender a sua população.O consumidor deixou de comprar supérfluos, falou menos ao telefone e evitou comprar dos cartéis e oligopólios. Ele voltou à economia democrática e boicotou a jogatina da banca estrangeira que o tinha levado à depressão. Voltou a usar o transporte colectivo, cavalos e bici-cletas até as gasolineiras baixarem os preços. Deixou de pagar a luz e o telefone até os carteis repensarem. Gente de fibra, como os nave-gadores lusos.Surgiram novas leis, uma banca responsável, voltou a concorrência. Investiu-se na agricultura e novel agro-indústria sem aditivos. O país in-tegrou-se com as economias vizinhas, cada um a exportar de milhares de PMEs o que era mais concorrencial. Com a previsível subida dos preços dos cereais e da carne, ela muito lucrou. Enquanto perdemos 1% do PIB, a Argentina ganhou 8% e neste ano ganha 3%. Cá temos 12% de desemprego lá falta trabalhador especializado. O investimento directo em agrotech e indústrias modernas nunca foi tão grande. Lá não se faz cimeira, cria-se trabalho. Lá não há especulação financeira. Mas nós aceitamos as imposições dos especuladores. Há décadas os Robin-da-floresta transvertidos tiram dos pobres para dar aos ricos. Será hora de tudo mudar antes de voltar a enorme emi-gração dos tempos de Salazar? Ou vamos os arrogantes directores e boys reformar e para lá os mandar?

Jack SoiferAutor de Empreender Turismo de Natureza e Como Sair da Crise

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OS LICENCIAMENTOSNão tenhamos dúvidas que se não existissem Planos Directores Munici-pais, Planos Regionais de Ordenamento, Directivas e Estudos de Impacto Ambiental, e muitos outros instrumentos reguladores inseridos na legis-lação, as nossas cidades e os nossos territórios rurais estavam paisagís-tica e ambientalmente, muito piores. A administração, desde tempos imemoriais necessitou de controlar os desmandos do cidadão individual, que em muitos casos apenas olha para o seu umbigo e manda às malvas o interesse do colectivo.Temos que por isso fazer fé nos elaborados estudos que sustentam aque-les planos reguladores e esperar que os cidadãos e a administração públi-ca cumpram o seu papel. Promovam o desenvolvimento dentro das mal-has da regulamentação. Uns como agentes promotores, investindo o seu capital em projectos estruturantes e reprodutivos, outros, fiscalizando, e garantindo o cumprimento da lei e dos normativos.As dúvidas, e são mais que muitas surgem quando, no concreto, o in-vestidor quer fazer a sua casa, mon-tar o seu pavilhão, a sua fábrica, criar um local de produção, ou requalificar o património.Apresenta o seu projecto, e ….es-pera, espera, espera. Várias enti-dades têm que ser consultadas e invariavelmente há um espaço de tempo até à aprovação, que não está consentâneo com a realidade do mundo produtivo de hoje.Gente instalada em Organismos do Estado, em Gabinetes Técnicos, Co-missões de Coordenação, Institutos, que não promovem a celeridade necessária na análise dos processos, e que, sempre que podem, compli-cam, complicam. Em vez de acarinhar e ajudar o investidor, promotor do desenvolvimento económico, há a tendência para a morosidade e com-plicação.Poucos organismos e poucos técnicos parecem conhecer o Código de Procedimento Administrativo ( CPA ). O legislador, por sua vez, depois de produzir regulamentação, esqueceu-se de que, quem vai analisar a compatibilidade dessa mesma regulamen-

tação com o projecto de investimento, são pessoas. E como pessoas, vivendo num mundo dominado pela tecnocracia, acabam por actuar da forma que, infelizmente, se vai generalizando. Largos meses, por vezes anos, para conseguir um licenciamento. Não dá.Pouco adianta a instalação do simplex, e a sua generalização, se não houver ao mesmo tempo, a responsabilização dos agentes da admin-istração pública, indexado a um horizonte temporal bem limitado e rigoroso. O técnico deveria ter que emitir parecer fundamentado em 60 dias, sob pena de deferimento tácito, e naturalmente, da sua re-sponsabilização naquele procedimento.

Enquanto não se caminhar para a responsa-bilização do agente da administração públi-ca, a introdução do risco adstrito à sua aval-iação, direccionada para a reprodutibilidade do seu trabalho, isto não vai andar.Quando o investidor apresenta um projecto, habitualmente ele está sustentado em finan-ciamento próprio ou bancário, o seu interesse na aprovação é enorme, é para “ontem”,e da sua operacionalidade dependem muitos em-pregos. Pessoas que estão à espera daque-la oportunidade como de pão para a boca.Infelizmente, apesar de todos os discur-sos, apesar dos avanços que o simplex nos trouxe, sobretudo na desmaterialização de procedimentos, as coisas a nível do licencia-mento não andam.

Há dias, um economista, que aliás já foi governante, manifestou-se incrédulo e chocado após a publicação dos números da economia paralela no nosso país. Próxima dos 30%.Pois é, o sr ex-ministro deve andar muito afastado da economia real do nosso país, tal como muitos actuais técnicos responsáveis.Cumpra-se o CPA. Crie-se a figura do deferimento tácito para os li-cenciamentos, e responsabilizem-se os agentes da administração pública, técnicos e políticos, sobre as consequências desse mesmo deferimento tácito.

Por Jorge Almeida

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foto Fernando Barata

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dourotribunafoto Fernando Barata

imagem do mêsÓ Maio florido

Que me vais trazendoAno após ano

As cores do OutonoVeste-me de folhas

Que me vão aquecendoAs noites, os dias

Que me vão correndoVeste-me de flores

Mesmo que seja Inverno!Perfuma-me com odores

De estevas e giestasDe rosas bravas e de madressilva

Põe-me na cabeça Uma grinalda de flores

Veste-me de MaioMesmo que sinta dores

Veste-me de coresMesmo que seja Inverno!

Autor: Maria Adelaide

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