unicuique suum non praevalebunt · 2020. 12. 1. · unicuique suum non praevalebunt ano li, número...

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Preço € 1,50. Número atrasado € 3,00 L ’O SSERVATORE ROMANO EDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS Unicuique suum Non praevalebunt Ano LI, número 48 (2.693) terça-feira 1 de dezembro de 2020 Cidade do Vaticano ROMA, 28 DE NOVEMBRO Na tarde de 28 de novembro, na Basílica de São Pedro, o Sumo Pontífice Francis- co presidiu ao Consistório público ordi- nário para a criação de treze Cardeais, a imposição do barrete, a entrega do anel e a atribuição do título ou da diaconia. O Santo Padre entrou na Basílica às 16 horas e foi em procissão até ao altar da Cátedra. Tendo tomado o seu lugar, ouviu o discurso de saudação pronun- ciado pelo Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, o primeiro dos novos Pur- purados. Depois de ter recitado a oração inicial e após a proclamação do Evange- lho (Mc 10, 32-45), o Papa proferiu a ho- milia. Em seguida, leu a fórmula para a criação dos Cardeais, proclamando os seus nomes: — Mario Grech, Bispo Emérito de Gozo (Malta), Secretário-Geral do Sí- nodo dos Bispos; — Marcello Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos San- tos, Administrador Apostólico de Alba- no (Itália); — Antoine Kambanda, Arcebispo de Kigali (Ruanda); — Wilton Daniel Gregory, Arcebispo de Washington (Estados Unidos da América); — Josef F. Advincula, Arcebispo de Capiz (Filipinas); — Celestino Aós Braco, Arcebispo de Santiago do Chile; — Cornelius Sim, Bispo Titular de Putia in Numidia, Vigário Apostólico do Brunei; — Augusto Paolo Lojudice, Arcebis- po de Siena–Colle di Val d’Elsa–Mon - talcino (Itália); — Mauro Gambetti, Arcebispo Titu- lar de Thisiduo; — Felipe Arizmendi Esquivel, Bispo Emérito de San Cristóbal de Las Casas (México); — Silvano Maria Tomasi, Arcebispo Titular de Acelum, Núncio Apostólico, Delegado Especial junto da Soberana Ordem Militar de Malta; — Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia; — Enrico Feroci, Arcebispo Titular de Cures Sabinorum. Entre os novos Purpurados criados não estavam presentes na Basílica — de - vido à atual pandemia — Suas Eminên- cias os Senhores Cardeais Advincula e Sim. Seguiram-se a imposição do barre- te, a entrega do anel e a atribuição do tí- tulo ou da diaconia a cada um deles. A celebração terminou com a Bênção Apostólica, que o Santo Padre conce- deu aos presentes, e com o canto da antí- fona mariana «Salve Regina». O Papa Francisco criou treze novos cardeais no sétimo consistório do Pontificado A caminho com Jesus No final a visita a Bento XVI e no dia seguinte a concelebração da missa no primeiro domingo de Advento O Papa invocou um novo modelo de organização social contra a devastação causada pela pandemia Solidariedade e justiça para a América Latina PAGINA 2 No discurso ao Colégio Pio latino-americano Francisco exortou a curar o mal que aflige o mundo A mestiçagem cultural antídoto contra os nacionalismos PAGINA 3 Na audiência geral de quarta-feira o Pontífice prosseguiu as reflexões sobre a oração Pregação, comunhão e prece para edificar a Igreja PAGINA 8 «D e fora do caminho, ir pelo caminho de Deus»: eis a atitu- de de conversão recomendada pelo Papa Francisco aos treze novos cardeais criados no Consistório ordinário público presi- dido na tarde de sábado, 28 de no- vembro, na basílica de São Pedro. Um rito caraterizado pela emergên- cia sanitária que impediu a presença física de dois novos purpurados e impôs medidas de distanciamento para contrastar a difusão do contá- gio, começando pelo altar onde foi celebrado, o da Cátedra e não o da Confissão. No final, Francisco e os onze novos cardeais presentes, fo- ram ao mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins do Vaticano, visitar o Pa- pa emérito, Bento XVI, e na manhã do dia seguinte concelebraram jun- tos a missa do primeiro domingo de Advento. PÁGINAS 4 E 5

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  • Preço € 1,50. Número atrasado € 3,00

    L’OSSERVATORE ROMANOEDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS

    Unicuique suum Non praevalebunt

    Ano LI, número 48 (2.693) terça-feira 1 de dezembro de 2020Cidade do Vaticano

    ROMA, 28 DE NOVEMBRO

    Na tarde de 28 de novembro, na Basílicade São Pedro, o Sumo Pontífice Francis-co presidiu ao Consistório público ordi-nário para a criação de treze Cardeais, aimposição do barrete, a entrega do anele a atribuição do título ou da diaconia.

    O Santo Padre entrou na Basílica às16 horas e foi em procissão até ao altarda Cátedra. Tendo tomado o seu lugar,ouviu o discurso de saudação pronun-ciado pelo Secretário-Geral do Sínododos Bispos, o primeiro dos novos Pur-purados. Depois de ter recitado a oraçãoinicial e após a proclamação do Evange-lho (Mc 10, 32-45), o Papa proferiu a ho-milia. Em seguida, leu a fórmula para acriação dos Cardeais, proclamando osseus nomes:

    — Mario Grech, Bispo Emérito deGozo (Malta), Secretário-Geral do Sí-nodo dos Bispos;

    — Marcello Semeraro, Prefeito daCongregação para as Causas dos San-tos, Administrador Apostólico de Alba-no (Itália);

    — Antoine Kambanda, Arcebispo deKigali (Ruanda);

    — Wilton Daniel Gregory, Arcebispode Washington (Estados Unidos daAmérica);

    — Josef F. Advincula, Arcebispo deCapiz (Filipinas);

    — Celestino Aós Braco, Arcebispo deSantiago do Chile;

    — Cornelius Sim, Bispo Titular dePutia in Numidia, Vigário Apostólicodo Brunei;

    — Augusto Paolo Lojudice, Arcebis-po de Siena–Colle di Val d’Elsa–Mon -talcino (Itália);

    — Mauro Gambetti, Arcebispo Titu-lar de Thisiduo;

    — Felipe Arizmendi Esquivel, BispoEmérito de San Cristóbal de Las Casas(México);

    — Silvano Maria Tomasi, ArcebispoTitular de Acelum, Núncio Apostólico,Delegado Especial junto da SoberanaOrdem Militar de Malta;

    — Raniero Cantalamessa, Pregadorda Casa Pontifícia;

    — Enrico Feroci, Arcebispo Titular deCures Sabinorum.

    Entre os novos Purpurados criadosnão estavam presentes na Basílica — de -vido à atual pandemia — Suas Eminên-cias os Senhores Cardeais Advincula eSim. Seguiram-se a imposição do barre-te, a entrega do anel e a atribuição do tí-tulo ou da diaconia a cada um deles. Acelebração terminou com a BênçãoApostólica, que o Santo Padre conce-deu aos presentes, e com o canto da antí-fona mariana «Salve Regina».

    O Papa Francisco criou treze novos cardeais no sétimo consistório do Pontificado

    A caminho com JesusNo final a visita a Bento XVI e no dia seguinte a concelebração da missa no primeiro domingo de Advento

    O Papa invocou um novo modelo de organização social contra adevastação causada pela pandemia

    Solidariedade e justiçapara a América Latina

    PAGINA 2

    No discurso ao Colégio Pio latino-americanoFrancisco exortou a curar o mal que aflige o mundo

    A mestiçagem culturalantídoto contra os nacionalismos

    PAGINA 3

    Na audiência geral de quarta-feirao Pontífice prosseguiu as reflexões sobre a oração

    Pregação, comunhão e precepara edificar a Igreja

    PAGINA 8

    «D e fora do caminho,ir pelo caminho deDeus»: eis a atitu-de de conversãorecomendada pelo Papa Franciscoaos treze novos cardeais criados noConsistório ordinário público presi-dido na tarde de sábado, 28 de no-vembro, na basílica de São Pedro.Um rito caraterizado pela emergên-cia sanitária que impediu a presençafísica de dois novos purpurados eimpôs medidas de distanciamentopara contrastar a difusão do contá-gio, começando pelo altar onde foicelebrado, o da Cátedra e não o daConfissão. No final, Francisco e osonze novos cardeais presentes, fo-ram ao mosteiro Mater Ecclesiae,nos Jardins do Vaticano, visitar o Pa-pa emérito, Bento XVI, e na manhãdo dia seguinte concelebraram jun-tos a missa do primeiro domingo deAdvento.

    PÁGINAS 4 E 5

  • L’OSSERVATORE ROMANOpágina 2 terça-feira 1 de dezembro de 2020, número 48

    L’OSSERVATORE ROMANOEDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS

    Unicuique suum Non praevalebunt

    Cidade do Vaticanoredazione.p ortoghese.or@sp c.va

    w w w. o s s e r v a t o re ro m a n o .v a

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    Publicidade Il Sole 24 Ore S.p.A, System Comunicazione Pubblicitaria, Via Monte Rosa, 91, 20149 Milano, [email protected]

    Na América Latina — onde a pandemia «amplificou e tornou ainda maisevidentes os problemas e as injustiças socioeconómicas» — a sociedade devereorganizar-se com base em três verbos: «contribuir, compartilhar e distri-buir», afirmou o Pontífice na seguinte mensagem de vídeo enviada aos par-ticipantes no seminário virtual sobre o tema «América Latina: Igreja, PapaFrancisco e os cenários da pandemia». Organizado pela Pontifícia Comissãopara a América Latina, pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais e peloConselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o encontro teve lugar de 19 a20 de novembro.

    poder manter o distanciamen-to social, água, e produtos sa-nitários para higienizar e de-sinfetar os ambientes, traba-lho estável que garanta o aces-so aos serviços, citando osmais imprescindíveis. Pensoque devemos ter isto muitopresente. Significa ser concre-to. Não só como medida deproteção — como disse hápouco — mas também comofactos que nos devem preocu-par. Todos têm um teto segu-ro? Todos têm acesso à água?Têm produtos para higienizare desinfetar os ambientes?Têm um emprego estável? Apandemia tornou ainda maisvisíveis as nossas vulnerabili-dades preexistentes.

    Neste momento penso in-clusive nos irmãos e irmãsque, além de sofrer o impactoda pandemia, veem com tris-teza que o ecossistema à suavolta está em sério perigo, de-vido aos incêndios florestaisque destroem vastas áreas co-mo o pantanal e a Amazónia,que são o pulmão da AméricaLatina e do mundo.

    Estamos conscientes de quecontinuaremos a sentir os efei-tos devastadores da pandemiadurante muito tempo, espe-cialmente nas nossas econo-mias, que exigem atenção soli-dária e propostas criativas pa-ra aliviar o fardo da crise. No

    Reino de Deus, que começa jáneste mundo, o pão chega pa-ra todos e sobra; a organiza-ção social baseia-se na contri-buição, partilha e distribui-ção, e não na posse, exclusãoe acumulação. Acho que estasduas tríades devem cadenciarum pouco o ritmo do nossopensamento. No Reino deDeus, o pão chega para todose sobra; e a organização socialbaseia-se na contribuição, par-tilha e distribuição, e não naposse, exclusão e acumulação.Por conseguinte, todos nóssomos chamados, individual ecoletivamente, a levar a caboo nosso trabalho ou missãocom responsabilidade, trans-parência e honestidade.

    A pandemia trouxe à tonao melhor e o pior dos nossospovos, o melhor e o pior decada pessoa. Agora, mais doque nunca, é necessário reto-mar a consciência da nossapertença comum. O víruslembra-nos que a melhor ma-neira de cuidar de nós pró-prios é aprender a cuidar eproteger quantos estão aonosso lado: consciência debairro, consciência de povo,consciência de região, cons-ciência de casa comum. Sabe-mos que, além da pandemiade Covid-19, existem outrosmales sociais — falta de teto,de terra e de trabalho, os fa-

    mosos três “tês” — que servemcomo indicadores e exigemuma resposta generosa e aatenção imediata.

    Diante deste panoramasombrio, os povos latino-ame-ricanos ensinam-nos que sãopovos com almas que soube-ram enfrentar as crises comcoragem e gerar vozes que,gritando no deserto, aplana-ram o caminho para o Senhor(cf. Mc 1, 3). Por favor, nãodeixemos que nos roubem aesperança! O caminho da soli-dariedade como justiça é amelhor expressão de amor e

    proximidade. Podemos sairmelhores desta crise, e muitasdas nossas irmãs e irmãos tes-temunharam isto na doaçãodiária da própria vida e nasiniciativas que o Povo deDeus gerou.

    Vimos «a força ativa do Es-pírito, derramada e plasmadana dedicação corajosa e gene-rosa» (Momento extraordinário deoração em tempos de epidemia, 27de março de 2020). Sobre esteaspeto, dirijo-me também aquantos exercem responsabili-

    O Papa invocou um novo modelo de organização social contra a devastação causada pela pandemia

    Solidariedade e justiçapara a América Latina

    INFORMAÇÕES

    CO N T I N UA NA PÁGINA 3

    Saúdo os participantes nesteseminário virtual intitulado«América Latina: Igreja, PapaFrancisco e os cenários dapandemia», cujo objetivo é re-fletir e analisar a situação dapandemia de Covid-19 naAmérica Latina, as suas conse-quências e, sobretudo, as pos-síveis linhas de ação e ajudasolidária que deverão ser fo-mentadas por todos aquelesque fazem parte e tecem a be-leza e a esperança do conti-nente. Estou grato aos organi-zadores por esta iniciativa eespero que possa inspirar ca-minhos, despertar processos,criar alianças e impulsionartodos os mecanismos necessá-rios para garantir uma vidadigna aos nossos povos, espe-cialmente aos mais excluídos,através da experiência da fra-ternidade e da construção daamizade social. Quando digoos mais excluídos, não o digocomo no sentido de dar esmo-la aos mais excluídos, nem co-mo um gesto de caridade,

    não, digo-o como chave her-menêutica. Temos que come-çar por ali, por todas as peri-ferias humanas, todas; se nãocomeçarmos por ali, errare-mos. E talvez esta seja a pri-meira depuração do pensa-mento que temos de fazer.

    A pandemia de Covid am-plificou e tornou ainda maisevidentes os problemas e asinjustiças socioeconómicas,que já afetavam gravementetoda a América Latina e, commaior incisividade, os maisp obres.

    Perante as desigualdades ea discriminação, que aumen-tam o fosso social, há tambémas condições difíceis em quese encontram os doentes emuitas famílias que atraves-sam momentos de incerteza esofrem situações de injustiçasocial. E isto evidencia-se pelaconstatação de que nem todosdispõem dos recursos necessá-rios para tomar as medidasbásicas de proteção contra aCovid-19: teto seguro onde

    Audiências

    O Papa Francisco recebeu em audiências particulares:

    No dia 19 de novembroOs Senhores Cardeais Angelo De Donatis,

    Vigário-Geral de Sua Santidade para a Dio-cese de Roma; e Luis Francisco Ladaria Fer-rer, Prefeito da Congregação a Doutrina daFé .

    Sua Ex.cia o Senhor Paolo Ruffini, Prefeito doDicastério para a Comunicação.

    O Rev.mo Mons. Maurizio Bravi, ObservadorPermanente na Organização Mundial do Turis-mo.

    Sua Ex.cia o Senhor Vincenzo Buonomo,Magnífico Reitor da Pontifícia UniversidadeLateranense.

    No dia 20 de novembroSua Ex.cia o Senhor Qu Dongyu, Diretor-Ge-

    ral da Organização das Nações Unidas para aAlimentação e a Agricultura, com o Séquito.

    O Senhor Cardeal Marc Ouellet, Prefeito daCongregação para os Bispos; e os membros daComunidade do Pontifício Colégio Pio Latino-Americano de Roma.

    No dia 23 de novembroSua Ex.cia o Senhor Carmelo Barbagallo,

    Presidente da Autoridade de Informação Fi-nanceira; os membros de uma Delegação de“Fairtrade International”; e uma Delegaçãoda “National Basketball Players Associa-tion”.

    D. Marcello Semeraro, Prefeito da Congrega-ção para as Causas dos Santos.

    Renúncias

    O Sumo Pontífice aceitou a renúncia:

    No dia 19 de novembroDe D. Thumma Bala, ao governo pastoral da

    Arquidiocese Metropolitana de Hyderabad (Ín-dia).

    No dia 21 de novembroDe D. Fidèle Nsielele Zi Mputu, ao governo

    pastoral da Diocese de Kisantu (República De-mocrática do Congo).

    De D. Lucas Kim Woon—hoe, ao governo pas-toral da Diocese de Chunchon (Coreia).

    De D. José Raúl Vera López, O.P., ao governopastoral da Diocese de Saltillo (México).

    No dia 22 de novembroDe D. Peter Kang U-il, ao governo pastoral da

    Diocese de Cheju (Coreia).

    Nomeações

    O Santo Padre nomeou:

    A 19 de novembroArcebispo Metropolitano de Hyderabad (Ín-

    dia), D. Anthony Poola, até agora Bispo da Dio-cese de Kurnool.

    A 21 de novembroMembros da Congregação para os Bispos, D.

    Robert Francis Prevost, Bispo de Chiclayo (Pe-ru); e D. Grzegorz Ryś, Arcebispo Metropolitanode Łó dź (Polónia).

    Bispo de Saltillo (México), D. Hilario Gonzá-lez García, até esta data Bispo da Diocese de Li-n a re s .

    Bispo da Diocese de Chunchon, na Coreia, oR e v. do Pe. Simon Kim Ju-young, do clero da mes-

    ma Sede, até à presente data Diretor do Centro dePesquisa de História da Igreja e Secretário da Co-missão da Conferência Episcopal Coreana para aReconciliação.

    D. Simon Kim Ju-young nasceu a 3 de março de 1970, efoi ordenado Sacerdote no dia 15 de dezembro de 1998.

    Bispo da Diocese de Parral, no México, oR e v. do Pe. Mauricio Urrea Carrillo, do clero daDiocese de Nogales, até hoje Pároco de “La Purí-sima Concepción de María”, em Nogales.

    D. Mauricio Urrea Carrillo nasceu no dia 6 de julho de1969, em Nogales (México), e recebeu a Ordenação presbi-teral em 5 de fevereiro de 2004.

    Bispo Auxiliar da Diocese de Hamilton, noCanadá, o Rev.do Pe. Wayne Lawrence Lobsinger,até agora Vigário Episcopal para a Vida Consa-grada e Pároco de “Saint Thomas Apostle”, emWaterdown, na mesma Sede, simultaneamenteeleito Bispo Titular de Gemelle di Numidia.

    D. Wayne Lawrence Lobsinger nasceu no dia 1 de dezem-bro de 1966, em Waterloo, Ontario (Canadá), e foi ordena-do Presbítero a 7 de maio de 1994.

    A 22 de novembroBispo da Diocese de Cheju (Coreia), D. Pius

    Moon Chang-woo, até agora Coadjutor da mes-ma Sede.

    Maestro Diretor da Capela Musical Pontifícia,denominada Capella Sistina, o Rev.mo Mons.Marcos Pavan, até à presente data Maestro Dire-tor “ad interim” da mesma Capela Musical Ponti-fícia.

    O Rev.mo Mons. Marcos Pavan nasceu em São Paulo(Brasil), a 23 de outubro de 1962, e recebeu a Ordenaçãosacerdotal para a diocese de Campo Limpo em 29 de junhode 1996. Licenciado em direito pela Universidade de SãoPaulo em 1985 e inscrito na ordem dos advogados do Brasil,estudou filosofia em Roma no então centro de estudos supe-

    riores das legionárias de Cristo e teologia na pontifícia Uni-versidade de S. Tomás de Aquino. Obteve uma sólida forma-ção artística e musical, tendo estudado piano e teoria musi-cal, assim como técnica vocal, canto gregoriano e direção co-ral, realizando inúmeros concertos e gravações para a rádio ea televisão. Entrou na Capela musical pontifícia como assis-tente dos “pueri cantores” em 1998, e no dia 10 de julho de2019 foi-lhe confiado o cargo de maestro “ad interim” damesma Capela musical pontifícia, denominada Capela Sis-tina.

    Prelados falecidos

    Adormeceram no Senhor:

    No dia 18 de novembroD. Iwannis Louis Awad, Exarca Apostólico

    Emérito para os fiéis sírios residentes na Venezue-la.

    O ilustre Prelado nasceu a 17 de abril de 1934, na loca-lidade de Zeidal, Arquieparquia de Homs dos Sírios (Síria).Foi ordenado Sacerdote em 8 de dezembro de 1957 e recebeu aOrdenação episcopal no di dia 12 de setembro de 2003.

    No dia 21 de novembroD. Jožef Smej, Bispo Titular de Tzernicus, ex-

    Auxiliar da Arquidiocese de Maribor, na Eslové-nia.

    O venerando Prelado nasceu no dia 15 de fevereiro de1922, em Bogojina, Diocese de Murska Sobota (Eslovénia).Recebeu a Ordenação sacerdotal em 8 de dezembro de 1944e foi ordenado Bispo no dia 23 de maio de 1983.

    No dia 23 de novembroD. Marco Ferrari, Bispo Titular de Mazaca,

    ex-Auxiliar da Arquidiocese de Milão, na Itália,de Covid-19.

    O saudoso Prelado nasceu a 27 de novembro de 1932, emBergamo (Itália). Foi ordenado Presbítero no dia 28 de ju-nho de 1959 e recebeu a Ordenação episcopal em 18 de outu-bro de 1987.

  • L’OSSERVATORE ROMANOnúmero 48, terça-feira 1 de dezembro de 2020 página 3

    No discurso ao Colégio Pio latino-americano Francisco exortou a curar o mal que aflige o mundo

    A mestiçagem culturalantídoto contra os nacionalismos

    A mestiçagem cultural como antídotocontra os «nacionalismos autorrefe-renciais, fechados em si mesmos» queimpedem «o encontro fraterno entreos povos», foi indicada pelo PapaFrancisco à comunidade do colégioPio latino-americano, recebida emaudiência na Sala Clementina doPalácio apostólico do Vaticano a 20de novembro. No discurso que lhesdirigiu, o bispo de Roma indicoutrês pontos de ação: «abrir a portado coração e dos corações, ajudar» e«curar o mundo do grande mal queo aflige e que a pandemia real-çou».

    Estimados irmãos e irmãs!Saúdo toda a comunidade doColégio. Agradeço ao padreGilberto Freire, S.J., as pala-vras que me dirigiu em nomedos presentes. Nelas ele ilus-tra-me dificuldades, proble-mas, desafios do tempo pre-sente. Especialmente paravós, neste caminho para per-manecer fieis à vocação e pro-curar modos para servir me-l h o r.

    Embora a história tenha se-parado os nossos povos, nãotem sido capaz de destruir ne-les as raízes que os unem.Com base nisto, o ColégioPio Latino-americano nasceucomo um compromisso deunir todas as nossas Igrejasparticulares e ao mesmo tem-po de as abrir à Igreja univer-sal em Roma e a partir de Ro-ma.

    Esta experiência de comu-nhão e de abertura é uma cha-mada, pois o exemplo damestiçagem que tornou gran-de a América, e que é vividana comunidade plural queformais, pode por sua vezcontribuir para curar o mun-do. O Evangelho e a sua men-sagem chegaram à nossa terrapor meios humanos, não isen-tos de pecado, todos sabe-mos, mas a graça sobrepôs-seà nossa fraqueza e a sua Pala-vra difundiu-se em todos oscantos do continente. Povos eculturas acolheram-no numarica diversidade de formasque ainda hoje podemos con-templar e que nos ensina anão ter medo da diversidade,mas a compreender que nãose pode ser Igreja sem diversi-dade de povos. Este milagreaconteceu porque tanto osque vieram como os que osacolheram puderam abrir oscorações e não se fecharam aoque o outro podia oferecer, anível humano, cultural ou re-

    ligioso. Estas raízes mestiças— falei-vos da mestiçagem daúltima vez —, estas raízes mes-tiças nascem de um coraçãocapaz de amar o outro comum amor que é fecundo, ouseja, disposto a criar algo no-vo que o supere e transcenda.E isto pressupõe que se rejeitea própria autorreferencialida-de. Hoje, não só na América,mas no mundo, são os nacio-nalismos autorreferenciais, fe-chados em si mesmos e olhan-do para si próprios, que impe-dem o encontro fraterno entreos povos. É-nos pedido querejeitemos a autorreferenciali-dade e que, a partir da nossaidentidade própria, sejamoscapazes de difundir o dom re-cebido. E esta semente do rei-no, não duvideis, crescerá edará cem por um, não degrãos todos iguais, mas deuma variedade e riqueza in-susp eitáveis.

    Atualmente existem latino-americanos espalhados pelomundo e muitas comunidadescristãs beneficiaram desta rea-lidade. As igrejas do norte edo centro da Europa, até doleste, encontraram nelas umanova vitalidade. Muitas cida-des, de Madrid a Kobe, cele-bram fervorosamente o Cristo

    dos Milagres e o mesmo sepode dizer de Nossa Senhorade Guadalupe. A rica mestiça-gem cultural que tornou pos-sível a evangelização repete-sehoje de novo. Os povos lati-nos encontram-se entre si ecom outros povos, graças àmobilidade social e aos servi-ços de comunicação, e desteencontro também eles são en-riquecidos.

    Neste tempo, neste campo,sois chamados a semear a Pa-lavra, de forma generosa, sempreconceitos, como faz Deus,que não olha para a dureza daterra, nem para a presença depedras ou cardos, que não er-radica o joio, de modo a nãoextirpar com ele também aboa semente do Reino. E de-ve incidir nisto a vossa forma-ção e ministério, para abrir aporta do vosso coração e o co-ração daqueles que vos escu-tam, para ajudar e convidaroutros a fazê-lo convosco parao bem de todos, para curar es-te mundo do grande mal queo aflige e que a pandemia tãocruelmente realçou. Como ve-des, há três pontos de açãoconcretos que têm dois mo-mentos: pessoal e comunitá-rio, que inevitavelmente secomplementam.

    Abrir a porta do coração e dosc o ra ç õ e s . Certamente abrir o co-ração ao Senhor que nuncadeixa de bater à nossa porta,para habitar em nós. Masabrindo-a também ao irmão,porque não esqueçais que anossa relação com Deus podeser facilmente avaliada pelaforma como nos projetamospara o nosso próximo. Quan-do se abre o coração a todossem distinção, por amor aDeus, cria-se um espaço ondeDeus e o próximo se podemencontrar. Nunca deixeis demostrar esta disponibilidade,esta abertura: nunca fecheis aporta àqueles que, no fundodo coração, desejam entrar esentir-se acolhidos. Pensai queé o Senhor que vos chama soba veste do pobre, para vossentardes todos juntos no seubanquete. E deixo-vos umapergunta: onde está o pobrena minha vida? Será que meesqueci de onde venho?

    A segunda linha é ajudar econvidar outros a fazer o mesmo. OSenhor chama-nos à vocaçãosacerdotal, Ele enviou-vos aesta cidade de Roma paracompletar a vossa formação,porque Ele apresenta sempreeste projeto de amor e serviçopara cada um de vós. Pastores

    segundo o coração de Deus,pastores que se dediquem aocuidado dos fiéis, que apas-centem, pastores que não te-nham medo do rebanho, queguiem, que cuidem, que pro-curem fazer com que o seupovo progrida sempre, pasto-res que tenham a coragem deestar na frente, no meio eatrás do rebanho. Na frentepara conduzir no momentooportuno, no meio para sentiro cheiro das ovelhas, e atráspara cuidar das que se atra-sam, e também para deixarem certos momentos o reba-nho caminhe sozinho, pois orebanho tem olfato para en-contrar boas pastagens, eguiar também na retaguarda.Certamente, na memória decada um de vós, há infinitasiniciativas, e não tenho dúvi-das de que trabalhando comempenho podeis praticar mui-to bem e ajudareis muitas pes-soas, mas a nossa missão nãoseria perfeita se nos limitásse-mos a isto. O nosso esforçodeve ser inclusive um apelo,deve reunir o rebanho, fazê-losentir-se povo, chamado tam-bém ele a pôr-se a caminho ea comprometer-se a anteciparo reino, já aqui nesta terra. Eisto implica que eles se sintam

    úteis, responsáveis, necessá-rios, que exista um espaço on-de também eles possam aju-dar. Lutai contra a cultura dodescarte, e por favor não aprovoqueis com um clericalis-mo que causa tantos danos eque é uma doença, lutai con-tra a segregação social, lutaicontra a desconfiança e pre-conceito por razões de raça,cultura ou fé, para que o sen-timento de fraternidade pre-valeça sobre qualquer diferen-ça.

    E a terceira linha, curar omundo do grande mal que o aflige.A pandemia colocou-nos pe-rante o grande mal que afligea nossa sociedade, despojou-a, podemos tocá-la com asmãos. A globalização atraves-sou fronteiras, mas não asmentes e os corações. O vírusestá a difundir-se sem contro-lo, somos incapazes de res-ponder em conjunto. O mun-do continua a fechar as por-tas, recusando o diálogo e re-jeitando a cooperação, negan-do-se a abrir-se sinceramentea um compromisso comumpara um bem que chegue atodos indiscriminadamente; éassim o espírito do mundo, éassim que se move, e é assimque funciona. A cura destemal deve vir de baixo, dos co-rações e das almas que um diavos serão confiadas, e deve vircom propostas concretas nocampo da educação, da cate-quese, do compromisso social,com propostas capazes demudar a mentalidade e deabrir espaços, para curar estemal e dar a Deus um povounido. Repito esta figura, aglobalização sim, mas não aesfera, a esfera é a uniformi-dade. Globalização, sim, mascomo poliedro, onde cada po-vo, cada um, preserve a pró-pria particularidade.

    E peço à Virgem Mãe, aVirgem de Guadalupe, Pa-droeira da América Latina,que ampare a vossa esperançaneste curso que agora se abreno meio das incertezas huma-nas, para que possais aceitar ochamamento de Deus paraonde o Senhor vos indicar,vos enviar e para que possaisser testemunhas da fraternida-de humana que nasce da úni-ca fonte, por sermos filhos deDeus. Que o Senhor vosabençoe e que a Virgem vosproteja. E por favor não vosesqueçais de rezar por mim.O brigado.

    Solidariedade e justiça para a América LatinaCO N T I N UA Ç Ã O DA PÁGINA 2

    dades políticas e, uma vez mais, per-mito-me convidar a reabilitar a polí-tica, que «é uma vocação muito ele-vada, uma das formas mais preciosasde caridade, porque procura o bemcomum». Como disse na recente En-cíclica Fratelli tutti: «Reconhecer todoo ser humano como um irmão ouuma irmã e procurar uma amizadesocial que integre a todos não sãomeras utopias. Exigem a decisão e acapacidade de encontrar percursoseficazes que assegurem a sua realpossibilidade. Todo e qualquer es-forço nesta linha torna-se um exercí-cio alto da caridade. Com efeito, umindivíduo pode ajudar uma pessoanecessitada mas, quando se une a

    outros para gerar processos sociaisde fraternidade e justiça para todos,entra no “campo da caridade maisampla, a caridade política”. Trata-sede avançar para uma ordem social epolítica, cuja alma seja a caridade so-cial» (n. 180).

    E isto exige de todos nós, que de-sempenhamos um papel de lideran-ça, que aprendamos a arte do encon-tro e não encorajemos nem apoiemosou utilizemos mecanismos que façamda grave crise um instrumento de ca-ráter eleitoral ou social. A profundi-dade da crise exige proporcional-mente a competência da classe polí-tica dirigente, capaz de elevar a suavisão e de dirigir e orientar as dife-renças legítimas na busca de solu-ções viáveis para os nossos povos. A

    única coisa que desacreditar o próxi-mo obtém é minar a possibilidade deencontrar acordos que ajudem a ali-viar os efeitos da pandemia nas nos-sas comunidades, mas principalmen-te para os mais excluídos. E na Amé-rica Latina, não sei se em toda a par-te, mas em boa parte da América La-tina, temos a grande capacidade deprogredir no descrédito do outro.Quem paga por este processo dedescrédito? É o povo que o paga,nós progredimos no desacreditar ooutro em desvantagem dos mais po-bres, à custa do povo. É tempo que amarca distintiva daqueles que forameleitos pelo seu povo, para o gover-nar, seja o serviço do bem comum enão que o bem comum seja posto aoserviço dos seus interesses. Todos

    nós conhecemos as dinâmicas dacorrupção que se verifica nesta área.E isto vale também para os homens emulheres de Igreja; pois as dinâmi-cas eclesiásticas internas são umaverdadeira lepra que faz adoecer emata o Evangelho.

    Exorto-vos, impelidos pela luz doEvangelho, a continuar a sair comtodas as pessoas de boa vontade embusca de quantos pedem ajuda, àmaneira do Bom Samaritano, abra-çando os mais fracos e construindo —trata-se de uma expressão muito gas-ta, mas digo-a de igual modo — umanova civilização, pois «o bem, comoaliás o amor, a justiça e a solidarieda-de não se alcançam de uma vez parasempre; hão de ser conquistados ca-da dia» (Fratelli tutti, 11).

    Face a estes grandes desafios, pe-çamos à Virgem de Guadalupe que anossa terra latino-americana não se“d e s m a d re ”, ou seja, que não perca amemória da sua mãe. Que a crise,longe de nos separar, nos ajude a re-cuperar e a valorizar a consciênciadesta mestiçagem comum que nos ir-mana e torna filhos de um mesmoPa i .

    Mais uma vez, far-nos-á bem re-cordar que a unidade é superior aoconflito. Que o seu manto, o seumanto de Mãe e de Mulher, nos pro-teja como um só povo que, lutandopela justiça, possa dizer: «Acolheu aIsrael, seu servo, recordando a suamisericórdia, conforme prometeraaos nossos pais» (Lc 1, 54-55). Muitoobrigado!

  • L’OSSERVATORE ROMANOpágina 4, terça-feira 1 de dezembro de 2020, número 48 número 48, terça-feira 1 de dezembro de 2020, página 5

    Consistório ordinário público

    Publicamos a homilia do Pontíficeproferida dirante o consistório ordiná-rio público para a criação de treze car-deais, presidido na tarde de sábado,28 de novembro na basílica de SãoP e d ro .

    Jesus e os discípulos «iam a ca-minho...». A cena descrita peloevangelista Marcos (10, 32-45)passa-se no caminho. E, nomesmo ambiente, se desenrolao percurso da Igreja: o cami-nho da vida, da história, que éhistória de salvação na medidaem que o percorrermos comCristo, rumo ao seu MistérioPascal. À nossa frente, sempretemos Jerusalém. A Cruz e aRessurreição pertencem à nos-sa história: são o nosso hoje,mas constituem sempre tam-bém a meta do nosso caminho.

    Este texto do Evangelho jávárias vezes acompanhou osConsistórios para a criação denovos Cardeais. Não é apenaso «pano de fundo», mas uma«indicação de percurso» para

    nós, que hoje estamos a cami-nho juntos com Jesus. Eleavança à nossa frente; é a forçae o sentido da nossa vida e donosso ministério.

    Assim, amados irmãos, hojecabe a nós medir-nos com esta

    Palavra evangélica.Marcos destaca que, ao lon-

    go do caminho, os discípulos«estavam espantados (...) esta-vam cheios de medo» (10, 32). Masporquê? Porque sabiam aquiloque os esperava em Jerusalém;intuíam-no; melhor, sabiam-no porque Jesus já lhes falaradisso, abertamente, mais doque uma vez. O Senhor conhe-ce o estado de ânimo daquelesque O seguem, e isso não Odeixa indiferente. Jesus nuncaabandona os seus amigos; ja-mais os transcura. Mesmoquando parece cortar a direitopelo seu caminho, sempre o fazpor nós: tudo o que faz, fá-lo pornós, pela nossa salvação. E, nes-te caso específico dos Doze, fá-lo para os preparar para a prova-ção, a fim de conseguirem estarcom Ele agora e sobretudo de-pois, quando Jesus já não esti-ver no meio deles. Para que es-tejam sempre com Ele e sigam pe-lo seu caminho.

    Sabendo que o coração dos

    discípulos está turbado, Jesuschama à parte os Doze e diz-lhes «de novo (…) o que Lhe iaacontecer» (10, 32). Foi o queouvimos: é o terceiro anúncioda sua paixão, morte e ressur-reição. Este é o caminho do Filhode Deus, o caminho do Servo doS e n h o r. E Jesus identifica-Se de talmodo com esse caminho, queEle próprio é este caminho:«Eu sou o caminho» (Jo 14, 6).Este caminho; e não outro.

    E, neste ponto, sucede umimprevisto que agita a situa-ção, permitindo a Jesus revelara Tiago e a João — na realidade,porém, a todos os Apóstolos ea nós todos — o destino que osespera. Imaginemos a cena:depois de voltar a explicar oque Lhe deve acontecer em Je-rusalém, Jesus fixa bem os Do-ze, olhos nos olhos, como sedissesse: «Está claro?». Em se-guida, retoma o caminho à ca-beça do grupo. Mas, do grupo,separam-se dois: Tiago e João.Aproximam-se de Jesus e ex-primem-Lhe um desejo: «Con-cede-nos que, na tua glória,nos sentemos um à tua direita eoutro à tua esquerda» (10, 37).E este é outro caminho. Não é ocaminho de Jesus; é outro. É ocaminho de quem, talvez semse dar conta sequer, se aprovei-ta do Senhor para se promovera si mesmo; o caminho dequem — como diz São Paulo —procura os próprios interesses,

    e não os de Cristo (cf. Fp 2, 21).A propósito disto compôs San-to Agostinho aquele Discursoestupendo sobre os pastores(n. 46), que sempre nos fazbem reler no Ofício de Leitu-ras.

    Depois de ter ouvido Tiagoe João, Jesus não Se descom-põe, nem Se zanga; a sua pa-ciência é verdadeiramente infi-nita! Também connosco, tevepaciência, tem e terá… E res-ponde: vós «não sabeis o quepedis» (10, 38). De certo mododesculpa-os, mas ao mesmotempo censura-os: «Não vosdais conta de que estais fora docaminho». Com efeito, imedia-tamente depois serão os outrosdez apóstolos a demonstrar,com a sua reação indignadacontra os filhos de Zebedeu,como todos estivessem tentadosa seguir fora do caminho.

    Queridos irmãos, todos nósamamos Jesus, todos queremossegui-Lo, mas devemos estarsempre vigilantes para perma-necer no seu caminho. Pois com ospés, com o corpo, podemos es-tar com Ele, mas o nosso cora-ção pode estar longe e levar-nos para fora do caminho. Pense-mos em tantos géneros de cor-rupção na vida sacerdotal. As-sim, por exemplo, o vermelhopurpúreo das vestes cardinalí-cias, que é a cor do sangue, po-de tornar-se, para o espíritomundano, a cor duma distin-ção eminente. E deixarás de sero pastor próximo do povo; sen-tir-te-ás apenas «a eminência».Quando sentires isto, estás forado caminho.

    Nesta narração evangélica,sempre impressiona o c o n t ra s t enítido entre Jesus e os discípulos. Je-sus sabe-o, conhece-o e supor-ta-o. Mas o contraste permane-ce: Ele, no caminho; os discípu-los, f o ra do caminho. Dois per-cursos inconciliáveis. Na reali-dade, só o Senhor pode salvaros seus amigos desvairados, emrisco de se perderem. Só a suaCruz e a sua Ressurreição...Por eles, e por todos, Jesus so-be a Jerusalém. Por eles, e portodos, dividirá em pedaços oseu corpo e derramará o seusangue. Por eles, e por todos,ressuscitará dos mortos e, como dom do Espírito, perdoar-lhes-á e transformá-los-á. En-fim encaminhá-los-á pelo seu ca-minho.

    São Marcos — como aliásSão Mateus e São Lucas — in-seriram esta narração no pró-prio Evangelho, porque é umaPalavra que salva, uma Palavranecessária à Igreja de todos ostempos. Apesar da má figuraque nela fazem os Doze, a mes-ma entrou no Cânon, porquemostra a verdade acerca de Jesus ede nós próprios. É uma palavrasalutar também para nós hoje.Também nós, Papa e Cardeais,devemos espelhar-nos semprenesta Palavra de verdade. Éuma espada afiada: corta, é do-lorosa, mas ao mesmo tempocura-nos, liberta-nos, conver-te-nos. A conversão é precisa-mente isto: sair de fora do cami-nho, ir para o caminho de Deus.

    Que o Espírito Santo nosdê, hoje e sempre, esta graça!

    Aos novos cardeais o Papa recordou que a púrpura não é uma distinção

    A caminho

    No Angelus a prece de Francisco

    Pelas populações da América Central atingidas por furacões

    — Mario Grech, diaconia dos Santos Cosmee Damião

    —Marcello Semeraro, diaconia de SantaMaria “in Domnica”

    — Antoine Kambanda, título de São Sis-to

    — Wilton Daniel Gregory, título da Ima-culada Conceição de Maria em Grottarossa

    — Jose F. Advincula, título de São Vigí-lio

    — Celestino Aós Braco, título dos SantosNereu e Aquileu

    — Cornelius Sim, título de São Judas Ta-deu Apóstolo

    — Augusto Paolo Lojudice, título de San-ta Maria do Bom Conselho

    — Mauro Gambetti, diaconia do Santíssi-mo Nome de Maria no Foro Traiano

    — Felipe Arizmendi Esquivel, título deSão Luís Maria Grignion de Montfort

    — Silvano Maria Tomasi, diaconia de SãoNicolau no Cárcere

    — Raniero Cantalamessa, diaconia deSanto Apolinário nas Termas Neronia-nas—Alexandrinas

    — Enrico Feroci, diaconia de Santa Mariado Divino Amor em Castel di Leva

    Ao meio-dia de 29 de novembro, da janela doestúdio particular do Palácio apostólico, o Pon-tífice guiou a prece mariana com os fiéis presen-tes na praça de São Pedro, introduzindo-a comuma reflexão sobre o trecho do evangelho propos-to pela liturgia do primeiro domingo do Avden-to.

    Prezados irmãos e irmãs, bom dia!Hoje, primeiro domingo do Advento,começa um novo ano litúrgico. Nele aIgreja cadencia o curso do tempo com acelebração dos principais acontecimen-tos da vida de Jesus e da história da sal-vação. Ao fazê-lo, como Mãe, ilumina ocaminho da nossa existência, ajuda-nosnas ocupações diárias e orienta-nos pa-ra o encontro final com Cristo. A litur-gia de hoje convida-nos a viver o pri-meiro “tempo forte” que é o do Adven-to, o primeiro do ano litúrgico, o Ad-vento, que nos prepara para o Natal, edevido a esta preparação é um tempode e s p e ra , um tempo de e s p e ra n ç a . Esperae esperança.

    São Paulo (cf. 1 Cor 1, 3-9) indica oobjeto da espera. Qual é? A «manifes-tação do Senhor» (v. 7). O Apóstoloconvida os cristãos de Corinto, e nóstambém, a concentrar a atenção no en-contro com a pessoa de Jesus. Para ocristão, o mais importante é o encontrocontínuo com o Senhor, estar com o Se-nhor. E assim, habituados a estar com oSenhor da vida, preparamo-nos para oencontro, para estar com o Senhor naeternidade. E este encontro definitivovirá no fim do mundo. Mas o Senhorvem todos os dias, pois com a sua graçapodemos praticar o bem na nossa vidae na dos outros. O nosso Deus é umDeus-que-vem — não vos esqueçais dis-to: Deus é um Deus que vem, vem con-tinuamente — Ele não desilude a nossaexpetativa! O Senhor nunca desilude!Talvez nos faça esperar, nos faça espe-rar alguns momentos na escuridão parafazer amadurecer a nossa esperança,mas nunca desilude. O Senhor vemsempre, está sempre ao nosso lado. Àsvezes não se manifesta, mas vem sem-pre. Veio num momento histórico espe-cífico e fez-se homem para assumir so-bre si os nossos pecados — a festividadedo Natal comemora esta primeira vindade Jesus no momento histórico — viráno fim dos tempos como juiz universal;e vem também uma terceira vez, de umterceiro modo: vem cada dia para visi-

    tar o seu povo, para visitar cada homeme mulher que o acolhe na Palavra, nosSacramentos, nos irmãos e irmãs. Jesus,diz-nos a Bíblia, está à porta e bate. Ca-da dia. Está à porta do nosso coração.Bate à porta. Sabes ouvir o Senhor quebate à porta, que veio hoje para te visi-tar, que bate à porta do teu coração comuma inquietação, com uma ideia, comuma inspiração? Veio a Belém, virá nofim do mundo, mas vem a nós cada dia.Prestai atenção, vede o que sentis nocoração quando o Senhor bate à porta.

    Sabemos que a vida é feita de altos ebaixos, de luzes e sombras. Cada um denós experimenta momentos de desilu-são, de fracasso e de confusão. Alémdisso, a situação em que vivemos, mar-cada pela pandemia, gera em muitaspessoas preocupação, medo e desâni-mo; corremos o risco de cair no pessi-mismo, o risco de cair no fechamento ena apatia. Como devemos reagir diantede tudo isto? O Salmo de hoje sugere-nos: «A nossa alma espera no Senhor,porque Ele é o nosso amparo e o nossoescudo. É nele que se alegra o nosso co-ração» (Sl 32, 20-21). Ou seja, a almaque espera, uma expetativa confianteno Senhor faz encontrar alívio e cora-gem nos momentos sombrios da exis-tência. E de onde brotam esta corageme esta aposta confiante? De onde bro-tam? Nascem da e s p e ra n ç a . E a esperan-ça não desilude, é a virtude que nos levaem frente, em vista do encontro com oS e n h o r.

    O Advento é um apelo incessante àesperança: lembra-nos que Deus estápresente na história para a levar ao seufim último, para a levar à sua plenitude,que é o Senhor, o Senhor Jesus Cristo.Deus está presente na história da hu-manidade, é o «Deus connosco», Deusnão está longe, está sempre connosco, atal ponto que muitas vezes bate à portado nosso coração. Deus caminha aonosso lado para nos amparar. O Senhornão nos abandona; acompanha-nos nasnossas vicissitudes existenciais para nosajudar a descobrir o sentido do cami-nho, o significado da vida diária, paranos incutir coragem nas provações e nador. No meio das tempestades da vida,Deus estende-nos sempre a mão e liber-ta-nos das ameaças. Isto é bom! No li-vro do Deuteronómio há um trechomuito bonito, onde o profeta diz ao po-vo: “Pensai, que povo tem os seus deu-

    Títulos e diaconias

  • L’OSSERVATORE ROMANOpágina 4, terça-feira 1 de dezembro de 2020, número 48 número 48, terça-feira 1 de dezembro de 2020, página 5

    Visita a Bento XVINo final do rito, não tiveramlugar, no respeito pelas nor-mas sanitárias para evitar ocontágio, as habituais visitasde cortesia de amigos e co-nhecidos, que eram realiza-das nalgumas salas do Palá-cio apostólico e na sala Pau-lo VI. Contudo a Covid-19não impediu que o PapaFrancisco e os novos car-deais fossem visitar BentoXVI na capela do mosteirodo Vaticano “Mater Eccle-siae”. Num clima de afeto,os purpurados foram apre-sentados a Joseph Ratzinger,o qual manifestou a sua ale-gria pela visita e, depois docanto do Salve Regina, lhesconcedeu a bênção. A visitaconcluiu-se pouco depoisdas 17h00.

    Consistório ordinário público

    No Angelus a prece de Francisco

    Pelas populações da América Central atingidas por furacões

    Homilia do Sumo Pontífice no primeiro domingo de Advento

    Proximidade e vigilânciaPublicamos a homilia proferida pelo Papa Fran-cisco durante a celebração da missa com os novoscardeais, que teve lugar na manhã de 29 de no-vembro, na basílica de São Pedro.

    As leituras de hoje sugerem-nos duas pa-lavra-chave para o tempo de Advento:p ro x i m i d a d e e vigilância. Proximidade deDeus e vigilância nossa: enquanto o pro-feta Isaías diz que Deus está perto denós, Jesus, no Evangelho, exorta-nos avigiar à espera d’Ele.

    P ro x i m i d a d e . Isaías começa tratando aDeus por «Tu»: «Tu és o nosso Pai» (63,16). E continua: «Nunca nenhum ouvidoouviu (...) que algum deus, exceto Tu, fi-zesse tanto por quem nele confia» (64,3). Saltam-nos à mente as seguintes pala-vras do Deuteronómio: quem «está pró-ximo [de nós, como] o Senhor, nossosDeus, sempre que O invocamos?» (Dt 4,7). O Advento é o tempo para nos lem-b ra r m o s da proximidade de Deus, que

    desceu até nós. Mas o profeta vai maisalém e pede a Deus que volte a aproxi-mar-se: «Quem dera que rasgasses oscéus e descesses!» (Is 63, 19). E pedimo-lo também nós, no Salmo: «Ó Deus douniverso, volta, por favor», e «vem sal-var-nos!» (cf. Sl 80, 15.3). Ó «Deus, vindeem nosso auxílio! Senhor, socorrei-nos e salvai-nos»: assim damos, muitas vezes, início ànossa oração. O primeiro passo da fé édizer ao Senhor que precisamos d’Ele,da sua proximidade.

    E a primeira mensagem do Advento edo Ano Litúrgico é também reconhecerDeus próximo e dizer-lhe: «Aproximai-vos de novo!» Ele quer vir para junto denós, mas... propõe-se; não se impõe. Ca-be a nós não nos cansarmos de lhe dizer:«Vinde!». Cabe a nós repetir a oração doAdvento: «Vinde!». Jesus — lembra-noso Advento — veio entre nós e voltará nofim dos tempos. Mas — p erguntamo-nos— de que nos servem tais vindas, se nãovem hoje à nossa vida? Convidemo-Lo.Façamos nossa esta invocação caraterísti-ca do Advento: «Vem, Senhor Jesus!»(Ap 22, 20). Com esta invocação, terminao livro do Apocalipse: «Vem, Senhor Je-sus!» Podemos dizê-la ao princípio decada dia e repeti-la com frequência, an-tes das reuniões, do estudo, do trabalhoe das decisões a tomar, nos momentosmais importantes e nos de provação: Ve m ,Senhor Jesus! Uma oração breve, mas vin-da do coração. Repitamo-la neste tempode Advento: «Vem, Senhor Jesus!»

    Invocando assim a sua proximidade,treinaremos a nossa vigilância. Hoje oevangelho de Marcos propôs-nos a partefinal do último discurso de Jesus, que secondensa numa única palavra: «Vigiai!».O Senhor repete-a quatro vezes, em cin-co versículos (cf. 13, 33-35.37). É impor-tante permanecer vigilantes, porque navida é um erro perder-se em mil coisas enão se dar conta de Deus. Dizia SantoAgostinho: «Timeo Iesum transeuntem… —tenho medo que Jesus passe sem me darconta» (Sermones, 88, 14, 13). Arrastadospelos nossos interesses — sentimo-lo to-dos os dias — distraídos por tantas vaida-des, corremos o risco de perder o essen-cial. Por isso, hoje, o Senhor repete «a to-dos: vigiai!» (Mc 13, 37). Vigiai, estai aten-tos.

    Mas, se devemos velar, quer dizer quenos encontramos na noite. É verdade!Agora não vivemos no dia, mas à esperado dia por entre obscuridades e fadigas.O dia chegará, quando estivermos com oSenhor. Chegará, não desfaleçamos! Anoite passará, surgirá o Senhor e virá jul-gar-nos, Ele que morreu na cruz por nós.Vigiar é esperar isto, é não se deixar do-minar pelo desânimo: a isto chama-se vi-ver na esperança. Como antes de nascer fo-mos esperados por quem nos amava, as-sim agora somos esperados pelo Amorem pessoa. E, se somos esperados noCéu, para quê viver de pretensões terre-nas? Para quê esfalfar-se por um poucode dinheiro, de fama, de sucesso... coisastodas que passam? Para quê perder tem-po a lamentar-se da noite, se nos espera aluz do dia? Para quê buscar «padrinhos»para se conseguir uma promoção e subir,ser promovido na carreira? Tudo passa.Vigiai: diz o Senhor.

    Manter-se acordado não é fácil; antes,é uma coisa muito difícil: é natural dor-mir de noite. Não o conseguiram os dis-cípulos de Jesus, a quem Ele dissera quevigiassem «à tarde, à meia-noite, ao can-tar do galo, de manhãzinha» (cf. Mc 13,35). E, precisamente nessas horas, não es-tiveram vigilantes: à tarde, durante a Úl-tima Ceia, traíram Jesus; de noite, ador-meceram; ao cantar do galo, renegaram-no; de manhãzinha, deixaram-no conde-nar à morte. Não velaram. Adormece-ram. Mas o mesmo torpor pode descertambém sobre nós. Há um sono perigo-

    so: o sono da mediocridade. Sobrevém quan-do esquecemos o primeiro amor e avan-çamos apenas por inércia, prestandoatenção somente a viver tranquilos. Mas,sem ímpetos de amor a Deus, sem espe-rar a sua novidade, tornamo-nos medío-cres, tíbios, mundanos. E isto corrói a fé,porque a fé é o contrário da mediocrida-de: é desejo ardente de Deus, audáciacontínua em converter-se, coragem deamar, é caminhar sempre para diante. Afé não é água que apaga, mas fogo quequeima; não é um calmante para quemestá agitado, mas uma história de amorpara quem está enamorado! Por isso, Je-sus detesta acima de tudo a tibieza (cf.Ap 3, 16). Vê-se o desprezo de Deus pelostíbios

    E como podemos despertar do sonoda mediocridade? Com a vigilância da ora-ção. Rezar é acender uma luz na noite. Aoração desperta da tibieza de uma vidahorizontal, levanta o olhar para o alto,sintoniza-nos com o Senhor. A oraçãopermite a Deus estar perto de nós; porisso liberta da solidão e dá esperança. Aoração oxigena a vida: tal como não sepode viver sem respirar, assim tambémnão se pode ser cristão sem rezar. E hátanta necessidade de cristãos que vigiempor quem dorme, de adoradores, de in-tercessores que, dia e noite, levem à pre-sença de Jesus, luz do mundo, as trevasda história. Há necessidade de adorado-res. Perdemos um pouco o sentido daadoração: permanecer em silêncio diantedo Senhor, adorando. Isto é a mediocri-dade, a tibieza.

    Mas existe outro sono interior: o sonoda indiferença. Os indiferentes veem tudoigual, como se fosse de noite; e não se in-teressam por quem está perto deles.Quando orbitamos apenas em torno denós mesmos e das nossas necessidades,indiferentes às dos outros, a noite descesobre o coração. O coração torna-se es-curo. Rapidamente começamos a lamen-tar-nos de tudo, sentindo-nos vítima detodos e, por fim, tramamo-los em tudo.Lamentações, sensação de ser vítima econjuras: é uma corrente... Atualmente,parece que esta noite caiu sobre muitos:reivindicam para si próprios e desinteres-sam-se dos outros.

    Como acordar deste sono da indife-rença? Com a vigilância da caridade. Paraprojetar luz sobre o referido sono da me-diocridade, da tibieza, temos a vigilânciada oração. Para despertar deste sono daindiferença, temos a vigilância da carida-de. A caridade é o coração pulsante docristão: tal como não se pode viver sempulsação, assim também não se pode sercristão sem caridade. Pensam alguns quesentir compaixão, ajudar, servir seja pró-prio de perdedores, quando, na realida-de, é a única coisa vitoriosa, porque jáestá projetada para o futuro, para o diado Senhor, quando há de passar tudo fi-cando apenas o amor. É com as obras demisericórdia que nos aproximamos doSenhor. Pedimo-lo hoje na Oração Cole-ta: «Despertai, Senhor, nos vossos fiéis avontade firme de se preparem, pela p rá t i -ca das boas obras, para ir ao encontro de Cris-to». A vontade de ir ao encontro de Cris-to com as boas obras. Jesus vem e o ca-minho para ir ao seu encontro está assi-nalado: são as obras de caridade.

    Queridos irmãos e irmãs, rezar e amar:aqui está a vigilância. Quando a Igrejaadora a Deus e serve o próximo, não vivena noite. Ainda que esteja cansada e pro-vada, caminha rumo ao Senhor. Invo-quemo-lo: Vinde, Senhor Jesus! Precisa-mos de Vós. Vinde para junto de nós.Vós sois a luz: despertai-nos do sono damediocridade; despertai-nos das trevasda indiferença. Vinde, Senhor Jesus!Tornai vigilantes os nossos corações queagora vivem distraídos: fazei-nos sentir odesejo de rezar e a necessidade de amar.

    ses perto de si, como tu me tens pertode ti?”. Nenhum, só nós temos esta gra-ça de ter Deus perto de nós. Aguarda-mos Deus, esperamos que Ele se mani-feste, mas também Ele espera que nosmanifestemos a Ele!

    Maria Santíssima, Mulher da expe-tativa, acompanhe os nossos passosneste novo ano litúrgico que começa-mos, ajudando-nos a cumprir a tarefados discípulos de Jesus, indicada peloApóstolo Pedro. E em que consiste estatarefa? Em explicar a razão da nossa es-perança (cf. 1 Pd 3, 15).

    Uma confirmação da proximidade às popula-ções da América central atingidas por fortes fu-racões foi assegurada pelo Papa Francisco no fi-nal do Angelus do primeiro domingo do Adven-to, e indicou três coordenadas para o tempo doAdvento: «sobriedade, atenção aos vizinhos eoração em família».

    Estimados irmãos e irmãs!Desejo manifestar mais uma vez a mi-nha proximidade às populações daAmérica Central, atingida por fortes fu-racões, e recordo em particular as Ilhasde San Andrés, Providencia e Santa

    Catalina, assim como a costa pacíficado norte da Colômbia. Rezo por todosos países que sofrem devido a estas ca-lamidades.

    Dirijo as minhas cordiais saudaçõesa vós, fiéis de Roma e peregrinos de vá-rios países. Saúdo em particular aque-les que — infelizmente em número mui-to limitado — vieram por ocasião dacriação dos novos Cardeais, que tevelugar ontem à tarde. Oremos pelos tre-ze novos membros do Colégio Cardi-nalício.

    Desejo a todos vós bom domingo ebom caminho de Advento. Procuremostirar o bem inclusive da difícil situaçãoque a pandemia nos impõe: maior so-briedade, atenção discreta e respeitosaaos vizinhos que podem estar em neces-sidade, alguns momentos de oração emfamília, com simplicidade. Estas trêsatitudes ajudar-nos-ão muito: maior so-briedade, atenção discreta e respeitosaaos vizinhos que podem estar em neces-sidade e depois, muito importante, al-guns momentos de oração em família,com simplicidade. Por favor, não vosesqueçais de rezar por mim. Bom almo-ço e até à vista.

  • L’OSSERVATORE ROMANOpágina 6 terça-feira 1 de dezembro de 2020, número 48

    Consistório ordinário público

    MARIO GRECHBispo Emérito de Gozo

    (Malta)S e c re t á r i o - G e r a l

    do Sínodo dos Bispos

    Bispo maltês, sessenta e trêsanos, Mario Grech foi recen-temente chamado pelo PapaFrancisco para continuar arenovação do caminho sino-dal empreendido desde o iní-cio do seu pontificado. Nas-cido em Qala, na diocese deGozo, a 20 de fevereiro de1957, frequentou a escola dasmonjas carmelitas e, em se-guida, a escola primária.

    Após ter completado os estudos na escola secundáriade Vitória, em 1977 frequen-tou primeiro o curso de filo-sofia e depois o de teologiano seminário do Sagrado Co-ração, em Gozo.

    Após a ordenação sacerdo-tal, a 26 de maio de 1984,continuou os estudos emRoma, obtendo a licenciatu-ra em Utroque iure na Ponti-fícia universidade Lateranen-se e o doutoramento em di-reito canónico na Pontifíciauniversidade de São Tomásde Aquino (Angelicum). Re-gressando a Malta, desenvol-veu uma intensa atividadepastoral e exerceu também oscargos de vigário judicial do

    tribunal da sua diocese e dotribunal eclesiástico de Mal-ta, professor de direito canó-nico no seminário e membrodo colégio de consultores, doconselho presbiteral e das co-missões diocesanas de teolo-gia, família e comunicaçãosocial. A 26 de novembro de2005, Bento XVI nomeou-obispo de Gozo. A 22 de janei-ro de 2006 recebeu a ordena-ção episcopal, com o lema Infractione panis. De 2013 a 2016foi presidente da Conferênciaepiscopal maltesa. A 2 de ou-tubro de 2019 foi nomeadopró-secretário-geral do Síno-do dos bispos — re n u n c i a n d oao governo pastoral da dioce-se de Gozo — e a 15 de setem-bro de 2020 assumiu o cargode secretário-geral.

    MARCELLO SEMERAROPrefeito da Congregação

    para as Causas dos SantosAdministrador Apostólico

    de Albano (Itália)

    Recebeu o anúncio da suacriação cardinalícia exata-mente dez dias após a sua no-

    meação como prefeito daCongregação para as causasdos santos. Marcello Semea-rão une a formação teológi-

    ca com a experiência pasto-ral, além de ter seguido deperto desde o início — comosecretário do Conselho decardeais instituído em 2013 —o caminho da reforma da Cú-ria romana e de revisãoda Pastor bonus e m p re e n d i d opelo Papa Francisco.

    Nascido em Monteroni diLecce a 22 de dezembro de1947, foi ordenado sacerdotea 8 de setembro de 1971. Pro-fessor de teologia em váriosinstitutos e faculdades, naPontifícia universidade Late-ranense manteve a cadeira deeclesiologia até 25 de julho de1998, quando São João PauloII o nomeou bispo de Oria.No dia 29 de setembro se-guinte, recebeu a ordenaçãoepiscopal. No seio da Confe-rência episcopal italiana de-sempenhou vários cargos, en-tre os quais membro e depoispresidente da comissão paraa Doutrina da Fé e a cateque-se. Desde 5 de maio de 2007 épresidente do Conselho deadministração de “A v v e n i re— Nuova Editrice spa”. A 1 deoutubro de 2004 o Papa Wo-jtyła transferiu-o para a sedesuburbicária de Albano.Desde 2009 é membro daCongregação para as causasdos santos, para cuja guia oPapa Francisco o nomeou a15 de outubro último. A 13 deabril de 2013 foi nomeado se-cretário do Conselho de car-deais para ajudar o Santo Pa-dre no governo da Igreja uni-versal e estudar um projetode revisão da ConstituiçãoAp ostólica Pastor bonus na Cú-ria romana, cargo no qual foi sucedido pelo bispo MarcoMellino. Desde 30 de junhode 2016, é também membrodo Dicastério para a comuni-cação.

    ANTOINE KAMBANDAArcebispo de Kigali

    (Ruanda)

    É testemunha do horror daviolência mas também do po-der da reconciliação e do per-dão. Nascido a 10 de novem-bro de 1958 em Nyamata, naarquidiocese de Kigali, viu asua família ser exterminadadurante a guerra de 1994. So-breviveu juntamente com um

    irmão, que atualmente vivena Itália. Estudou no Burun-di, Uganda (onde frequentoua escola primária) e no Qué-nia (onde completou os estu-dos superiores) e regressou àpátria depois de ter estudadofilosofia e também dois anosde teologia. Concluiu a pre-paração teológica no seminá-rio maior de Nyakibanda, nadiocese de Butare. Foi orde-nado sacerdote a 8 de setem-bro de 1990 por S. João PauloII durante a sua visita pasto-ral ao Ruanda. De 1990 a1993 foi professor e prefeitodo seminário menor de Nde-ra (Kigali). Obteve o douto-ramento em teologia moralem Roma, na Academia Al-fonsiana, residindo de 1993 a1999 no Pontifício colégio São Paulo. Entre 1999 e 2005,novamente na sua arquidio-cese de Kigali, foi diretor da

    Cáritas e da Comissão dioce-sana “Justiça e Paz”. Ocupouvários cargos nos semináriosda sua terra, como reitor, pro-fessor e diretor espiritual. A 7de maio de 2013 foi nomeadobispo de Kibungo e no dia 20de julho seguinte recebeu aordenação episcopal. O seulema é Ut vitam habeant. A 19de novembro de 2018 o PapaFrancisco promoveu-o arce-bispo de Kigali.

    WI LT O N DANIEL GREGORYArcebispo de Washington

    (Estados Unidosda América)

    Primeiro afro-americano a re-ceber o barrete cardinalício,Wilton Daniel Gregory nas-ceu a 7 de dezembro de 1947em Chicago, Illinois. Ali fre-quentou a Saint CarthageGrammar School, onde seconverteu ao catolicismo. Nasua cidade natal estudou filo-sofia no Niles College e teo-

    logia no Saint Mary of theLake Seminary.

    Sucessivamente obteve odoutoramento em liturgia noPontifício ateneu de SantoAnselmo em Roma. Ordena-do sacerdote a 9 de maio de1973 para a arquidiocese deChicago, ocupou vários car-gos, incluindo o de vigárioparoquial da Paróquia NossaSenhora do Perpétuo Socor-ro em Glenview, professor deliturgia no seminário de San-ta Maria do Lago em Mun-delain, membro do gabinetearquidiocesano para a litur-gia e mestre de cerimóniasdos cardeais Cody e Bernar-din. Nomeado bispo titularde Oliva e auxiliar de Chica-go em 18 de outubro de 1983,recebeu a ordenação episco-pal no dia 13 de dezembro se-guinte. Tornou-se bispo deBelleville a 29 de dezembrode 1993, e foi promovido ar-cebispo metropolitano deAtlanta a 9 de dezembro de2004. A 5 de abril de 2019 foitransferido para a arquidio-cese de Washington. Foi pre-sidente da Conferência epis-copal de 2001 a 2004, ocu-pando também outros car-gos, incluindo o de vice-pre-sidente (1998-2001) e mem-bro de várias comissões.

    JOSE FUERTE ADVINCULAArcebispo de Capiz

    (Filipinas)

    Nasceu em Dumalag, na ar-quidiocese de Capiz, a 30de março de 1952. Depois decompletar a escola primáriana sua cidade natal, passou

    para a High School do semi-nário São Pio X em Roxas Ci-ty, onde também completoua sua formação filosófica.

    Frequentou depois cursosde Teologia na Universidadede São Tomás em Manila.Foi ordenado sacerdote, pa-ra a sua arquidiocese natal, a14 de abril de 1976. Mais tar-de, foi diretor espiritual doseminário São Pio X, desem-penhando as funções de pro-fessor e reitor de estudos. Es-tudou psicologia na De LaSalle University em Manila edepois Direito canónico nauniversidade da capital filipi-na e na Pontifícia universida-de de São Tomás de Aquino(Angelicum) em Roma, ob-tendo a licenciatura. Regres-sando à pátria, serviu no se-minário de Vigan, Nueva Se-

    govia, e depois no seminárioregional de Jaro. Em 1995 foinomeado reitor do semináriode São Pio X, depois tornou-se defensor do vínculo, pro-motor de justiça e por fim vi-gário judicial em Capiz. Em1999 foi nomeado pároco deSão Tomás de Vilanueva emDao. Em 25 de julho de 2001foi nomeado por São JoãoPaulo II bispo de São Carlos.No dia 8 de setembro seguin-te recebeu a ordenação epis-copal, escolhendo como le-ma “Audiam”. Dez anos maistarde, a 9 de novembro de2011, foi promovido por Ben-to XVI arcebispo de Capiz.No âmbito da Conferênciaepiscopal filipina, foi mem-bro das Comissões para aDoutrina da Fé e para os Po-vos indígenas.

    CELESTINO AÓS BRACOArcebisp o

    de Santiago do Chile

    É um religioso espanhol daordem dos frades capuchi-nhos menores. Nascido emArtaiz, na diocese de Pam-plona, a 6 de abril de 1945,com apenas 10 anos — a 16de agosto de 1955 — entrou nafamília dos capuchinhos.

    Estudou filosofia em Sara-goça e teologia em Pamplo-na. Obteve também a licen-ciatura em Psicologia naUniversidade de Barcelona.Fez a profissão perpétua a 16

    de setembro de 1967 em Pam-plona, onde foi ordenado sa-cerdote a 30 de março de1968. Estudou na Pontifíciauniversidade católica do Chi-le, entre 1980 e 1981, e quan-do regressou à Espanha foiprofessor em Pamplona e vi-gário em Saragoça. Em 1983foi destinado à província ca-puchinha do Chile como vi-gário paroquial em Longaví.Em 1985 foi eleito superior dacomunidade capuchinha deSanta Maria de Los Ángelese em 1995 tornou-se párocoem San Miguel em Viñadel Mar, além de ser superiorda comunidade capuchinhaem Recreo. Em 2008 foi no-meado vigário paroquial emSan Francisco de Asís en LosÁngeles. Foi ecónomo pro-vincial dos capuchinhos noChile, promotor de justiça notribunal eclesiástico de Val-paraíso e juiz no tribunal deConcepción. Nomeado bis-po de Copiapó a 25 de julhode 2014, recebeu a ordenaçãoepiscopal a 18 de outubro se-guinte. A 23 de março de2019 foi nomeado adminis-trador apostólico “sede va-cante et ad nutum SanctaeSedis” da arquidiocese deSantiago do Chile. Em 27 dedezembro de 2019, o PapaFrancisco promoveu-o arce-bispo de Santiago do Chile.

    CORNELIUS SIMBispo Titular

    de Putia in NumidiaVigário Apostólico

    do Brunei

    Nascido em Seria, no Brunei,a 16 de setembro de 1951, foiordenado sacerdote a 26 denovembro de 1989 para o cle-ro da diocese malaia de Miri:é o segundo sacerdote na his-tória da Igreja local que nas-ceu no Brunei.

    Obteve a licenciatura emengenharia na Dundee Uni-versity, na Escócia, e depoisum mestrado em teologia naUniversidade franciscana de

    Biografia dos novos cardeais

  • L’OSSERVATORE ROMANOnúmero 48, terça-feira 1 de dezembro de 2020 página 7

    Steubenville, Ohio, EUA . A 21de novembro de 1997 foi no-meado primeiro prefeitoapostólico do Brunei. Equando, a 20 de outubro de2004, a prefeitura apostólicado Brunei (cujo território foidesmembrado da diocese deMiri) foi elevada à categoriade vicariato apostólico — coma bula Ad aptius consulendum —mantendo o mesmo nome econfiguração territorial, foieleito para a Igreja titular dePutium in Numidia e nomea-do primeiro vigário apostóli-co do Brunei. Recebeu a or-denação episcopal a 21 de ja-neiro de 2005, primeiro bis-po originário do país, esco-lhendo como lema Duc in al-tum. Desde 2017 é vice-presi-dente da Conferência episco-pal dos bispos da Malásia,Singapura e Brunei, depoisde ter sido seu secretário-ge-ral de 2015 a 2017. O vicariatoapostólico — corresp ondenteao território do Sultanado doBrunei, que tem o Islão (su-nita) como religião estatal —está sediado na cidade deBandar Seri Begawan, ondese encontra a catedral da As-sunção da Virgem Maria, eestá dividido em três paró-quias.

    AUGUSTO PAOLO LOJUDICEArcebispo de Siena-Colledi Val d’Elsa-Montalcino

    (Itália)

    Embora seja bispo na Tosca-na há pouco mais de um ano,D. Augusto Paolo Lojudice éum sacerdote romano. Defacto, foi em Roma que nas-ceu a 1 de julho de 1964 ecompletou todo o curso deformação e serviço sacerdo-tal. Depois de obter o diplo-ma do liceu clássico em 1983na escola secundária San Be-nedetto da Norcia, entrou noPontifício seminário maiorromano, frequentou os cur-sos de filosofia e teologia naPontifícia universidade Gre-goriana de 1983 a 1988, ob-

    tendo a licenciatura em teo-logia com especialização emteologia fundamental.

    Ordenado sacerdote a 6 demaio de 1989, foi vigário daparóquia de Santa Maria doBom Conselho (até 1992) eSão Vigílio (1992-1997); páro-co de Santa Maria Mãe doRedentor em Tor Bella Mo-naca (1997-2005); padre espi-ritual no seminário maior(2005-2014) e durante umano pároco de S. Lucas no Prenestino. Durante o seuserviço esteve particularmen-te próximo das camadas maisdébeis da população, espe-cialmente dos ciganos e das“escravas” da rua. A 6de março de 2015 foi eleitopara a Sé titular de Alba Ma-ritima e nomeado bispo auxi-liar de Roma, recebendo a or-denação episcopal no dia 23de maio seguinte. Mihi fecistiso lema episcopal escolhido.

    No seio da Conferênciaepiscopal italiana é secretárioda Comissão para as migra-ções. A 6 de maio de 2019 foipromovido arcebispo de Sie-na-Colle di Val d’Elsa-Mon-talcino e a 16 de junho domesmo ano ingressou na ar-quidio cese.

    MAU R O GAMBETTIArcebispo Titular

    de Thisiduo

    Há quase 160 anos que a or-dem dos Frades menoresconventuais não tinha um

    cardeal: o último foi em 1861,o siciliano Antonio Maria Pa-nebianco, que recebeu a púr-pura de Pio IX . Agora será oPapa Francisco a impor obarrete na cabeça do padreMauro Gambetti, guardiãodo Sagrado convento de As-sis.

    Nascido a 27 de outubrode 1965 em Castel San PietroTerme, Bolonha, depois de seformar em engenharia mecâ-nica na universidade da mes-ma capital provincial, em se-tembro de 1992 entrou na or-dem dos Frades menoresconventuais. Fez a profissãoreligiosa temporária a 29de agosto de 1995 e a profis-são perpétua a 20 de setem-bro de 1998. Após o bachare-lato em teologia no institutoteológico de Assis (Perugia),obteve a licenciatura em an-tropologia teológica na facul-dade de teologia da Itáliacentral, em Florença. Foi or-denado sacerdote a 8 de ja-neiro de 2000 em Longiano(Forlì-Cesena) onde, no con-vento do Santíssimo Crucifi-xo, ocupou o cargo de ani-mador da pastoral juvenil e

    vocacional da Emilia Ro-magna e, de 2005 a 2009,também o de superior da co-munidade. Na primavera de2009 foi eleito ministro daProvíncia de Bolonha da Or-dem. A 22 de fevereiro de2013 foi nomeado guardião-geral do Sagrado conventode São Francisco em Assispara o quadriénio 2013-2017.Ao mesmo tempo, o bispo deAssis — Nocera Umbra —Gualdo Tadino nomeou-o vi-gário episcopal para o cuida-do pastoral da basílica papalde São Francisco e outros lu-gares de culto dirigidos pelosFrades menores conventuaisna mesma diocese. Confir-mado guardião-geral para operíodo de quatro anos 2017-2021, em setembro de 2017 foieleito presidente da Federa-ção Intermediterrânea de mi-nistros provinciais da or-dem.

    FELIPE ARIZMENDIESQUIVEL

    Bispo Eméritode San Cristóbal

    de las Casas (México)

    Profundo conhecedor dasIgrejas da América Latina, ocupou vários cargos no CE-LAM e tendo sido o secretá-rio-geral, o mexicano FelipeArizmendi Esquivel, de oi-tenta anos, foi também bispodurante muito tempo numarealidade marcada pela po-breza profunda como a deChiapas. Nascido a 1 de maiode 1940 em Chiltepec, na dio-cese de Tenancingo, estudouno seminário de Toluca e naPontifícia universidade deSalamanca, na Espanha, on-de obteve a licenciatura emteologia dogmática, especia-lizando-se depois tambémem liturgia.

    Ordenado sacerdote a 25de agosto de 1963 em Toluca,foi vigário cooperador emtrês paróquias, prefeito dosfilósofos e professor no semi-nário, pároco, diretor espiri-tual e professor no semináriomenor, encarregado da pas-toral vocacional, reitor do se-minário, professor de liturgiae teologia pastoral. Na dioce-se foi também membro da co-missão litúrgica, diretor do

    departamento de catequese,membro da Equipe de Pasto-ral Juvenil, secretário e presi-dente do conselho presbite-ral, coordenador da comissãode comunicação social e vigá-rio-geral. A nível nacional foimembro da Equipe de Pasto-ral Vocacional e da Organi-zação de seminários de Mé-xico, da qual foi também pre-

    sidente, assim como membroda Equipe Interdisciplinar deassessores da Conferência doepiscopado mexicano. Du-rante três anos presidiu à Or-ganização de seminários daAmérica Latina, depois tra-balhou como perito no De-partamento de vocações doConselho episcopal latino-americano.

    A 7 de fevereiro de 1991 foinomeado bispo de Tapachulae recebeu a ordenação epis-copal a 7 de março seguinte.Durante esse período, foitambém secretário-geral doCELAM. A 31 de março de2000 foi transferido para adiocese de San Cristóbal deLas Casas. Renunciou ao go-verno pastoral a 3 de novem-bro de 2017.

    SI LVA N O MARIA TOMASIArcebispo Titular

    de Acelum Núncio Apostólico Delegado Especial

    junto da Soberana OrdemMilitar de Malta

    Recentemente completou oi-tenta anos, mas graças ao seu

    vasto conhecimento dos fe-nómenos migratórios conti-nua a oferecer a sua experiên-cia à Santa Sé no Dicastério para o serviço do desenvolvi-mento humano integral(Dsdhi). Nascido a 12 de ou-tubro de 1940 em Casoni diMussolente, na diocese deTreviso, Silvano Maria To-masi estudou na Itália e nosEstados Unidos da América,onde foi ordenado sacerdotea 31 de maio de 1965 na con-gregação dos Missionários deSão Carlos.

    Depois de obter a licencia-tura em Ciências sociais e odoutoramento em Sociologiapela Fordham University emNova Iorque, foi professorassistente na City Universityem Nova Iorque e na NewSchool of Social Reserch(1970-1974) e diretor funda-dor do “Center for MigrationStudies, Inc.”. Superior pro-vincial da família religiosafundada pelo beato Scalabri-ni, de 1983 a 1987 foi o pri-meiro diretor do Departa-mento da pastoral para mi-grantes e refugiados da Con-ferência episcopal americana.Chamado a Roma em 1989como secretário do Pontifícioconselho para a pastoral dosmigrantes e itinerantes, a 27de junho de 1996 foi eleitopara a Igreja titular de Cerci-na com o título pessoal de ar-cebispo e nomeado núncioapostólico na Etiópia, Eri-treia e observador junto da

    União africana. No dia 17 de agosto seguinte, recebeu aordenação episcopal. A 24 deabril de 1999 foi transferidopara a sede titular de Acelume a 23 de dezembro de 2000foi nomeado núncio apostó-lico no Djibuti. De 10 de ju-nho de 2003 a 13 de fevereirode 2016 foi observador per-manente no Departamento das Nações Unidas e nas ins-tituições especializadas emGenebra e na Organizaçãomundial do comércio. A 9 deabril de 2016, Francisco no-meou-o membro do Pontifí-cio conselho Justiça e Paz,que pouco depois foi inseri-do no Dsdhi.

    RANIERO CA N TA L A M E S S APregador da Casa Pontifícia

    Entre os novos cardeais, ele éo rosto mais conhecido nosmeios de comunicação socialitalianos, especialmente natelevisão, onde propõe todosos sábados — há quinze anos— o comentário ao Evangelhode Domingo no programa “Asua immagine” na Rai 1. Opadre Raniero Cantalamessa,da ordem dos Frades meno-res capuchinhos, foi chama-do ao cargo de pregador daCasa pontifícia por João Pau-lo II em 1980, reconfirmadoem 2005 por Bento XVI e em2013 pelo Papa Francisco.

    Nascido em Colli delTronto, Ascoli Piceno, a 22de julho de 1934, foi ordena-do sacerdote em 1958. Licen-ciado em teologia em Fribur-go (Suíça) e em literaturaclássica, foi professor titularde história de origem cristãna Universidade católica doSagrado Coração em Milão.De 1975 a 1981 foi membro daComissão teológica interna-cional e, durante doze anos,da delegação católica para odiálogo com os pentecostais.Em 1979 deixou o ensino parase dedicar a tempo inteiro aoministério da Palavra. Foi fre-quentemente chamado a falartambém a irmãos de outrasdenominações cristãs: entreoutros, deve ser recordado oseu discurso em 2015 no Sí-

    nodo geral da Comunhão an-glicana em Westminster, napresença da rainha Isabel II.Recebeu títulos honoríficosem Direito na universidadede Notre Dame em SouthBend, em Ciências da comu-nicação na universidade deMacerata e em Teologia nauniversidade franciscana deSteubenville. Além de livroscientíficos, publicou numero-sos textos de espiritualidadetraduzidos em mais de 20 lín-

    guas. Desde 2009 vive no ere-mitério do Amor misericor-dioso em Cittaducale, Rieti,prestando serviço sacerdotala uma pequena comunidadede religiosas de clausura.

    ENRICO FERO CIArcebispo Titular

    de Cures Sabinorum

    Pároco em Roma, durantemuito tempo diretor da Cári-tas diocesana, há pouco maisde dois anos monsenhor En-rico Feroci guia o santuáriomariano amado pelos roma-nos: o de Nossa Senhora doDivino Amor em Castel diLeva. Na sua nomeação co-mo cardeal lê “um gesto doPapa não feito a mim pes-soalmente, mas a todos os sa-c e rd o t e s ” da cidade.

    Oitenta anos, nasceu a 27de agosto de 1940 em Pizzoli,na arquidiocese de L’Aquila,entrou no Pontifício seminá-rio menor romano com onzeanos e, após o liceu, passoupara o semináriomaior.

    Ordenado sacerdote a 13de março de 1965, foi assis-tente dos Pontifícios seminá-rios romanos menor e maior

    (do primeiro foi também vi-ce-reitor). Em 1976 foi desti-nado como vice-pároco da comunidade de San Fru-menzio em Prati Fiscali, on-de quatro anos mais tarde setornou pároco. Durante vintee quatro anos dirigiu a paró-quia (1980-2004), antes deser transferido para São Hi-pólito como pároco a 1 de ju-lho de 2004. Permaneceu nacomunidade localizada no Piazzale delle Province até 1de setembro de 2009, quandoo cardeal vigário o nomeoudiretor da Cáritas diocesana.Nesta função, presidiu tam-bém à Fundação “CaritasRoma” e à Fundação contra ausura ”Salus Populi Roma-ni”. Foi também presidenteda “Cooperativa Roma Soli-darietà” e consultor do Pon-tifício conselho para a pasto-ral dos migrantes e itineran-tes. Por fim, a 10 de novem-bro de 2017 o cardeal vigárionomeou-o presidente da as-sociação clerical pública dosfilhos Oblatos de Nossa Se-nhora do Divino Amor, con-fiando-lhe a 1 de setembro de2018 a responsabilidade dereitor do santuário marianoda Via Ardeatina e do semi-nário anexo. Nomeado cóne-go e camerlengo de São Joãode Latrão, desde 1 de setem-bro de 2019 é também párocode Santa Maria do DivinoAmor em Castel di Leva.

    Consistório ordinário público

  • L’OSSERVATORE ROMANOpágina 8 terça-feira 1 de dezembro de 2020, número 48

    Como se edifica a IgrejaCom a pregação, a comunhão e a prece

    CATEQUESE — Prosseguem as reflexões sobre a oração

    Pregação, comunhão, fração do pão e oração: eis as quatro coordenadas neces-sárias para avaliar se uma comunidade eclesial está edificada sobre funda-mentos sólidos. O Papa Francisco indicou-as na audiência geral de quarta-fei-ra, 25 de novembro, prosseguindo o ciclo de catequeses sobre a oração. Na Bi-blioteca particular do Palácio apostólico do Vaticano — sem a presença de fiéispor causa da Covid-19 — o Pontífice falou da experiência vivida pela Igrejaprimitiva, testemunhada pelos Atos dos apóstolos, oferecendo uma reflexão so-bre a realidade atual.

    mor das obras. É a palavra deJesus que enche os nossos es-forços de significado. É na hu-mildade que se constrói o fu-turo do mundo.

    Às vezes, sinto grande tris-teza quando vejo alguma co-munidade que, com boa von-tade, comete um erro porquepensa em fazer a Igreja comreuniões, como se fosse umpartido político: a maioria, aminoria, o que pensa este, ele,o outro... “É como um Síno-do, um caminho sinodal quedevemos percorrer”. Pergun-to-me: onde está o EspíritoSanto? Onde está a oração?Onde está o amor comunitá-rio? Onde está a Eucaristia?Sem estas quatro coordena-das, a Igreja torna-se uma so-ciedade humana, um partidopolítico — maioritário, minori-

    tário — as mudanças são feitascomo se fosse uma empresa,pela maioria ou minoria...Mas não há Espírito Santo. Ea presença do Espírito Santo égarantida precisamente por es-tas quatro coordenadas. Paraavaliar uma situação, se é ecle-sial ou não, perguntemo-nosse existem estas quatro coor-denadas: a vida comunitária, aoração, a Eucaristia... [a pre-gação], como se desenvolve avida com estas quatro coorde-nadas. Se faltar isto, faltará oEspírito, e se faltar o Espírito,seremos uma bonita associa-ção humanitária, de benefi-cência, muito bem, até um

    partido, digamos assim, ecle-sial, mas não há Igreja. E é porisso que a Igreja não podecrescer através destas coisas:não cresce por proselitismo,como qualquer empresa, cres-ce por atração. E quem move aatração? O Espírito Santo.Nunca esqueçamos esta ex-pressão de Bento XVI: “A Igre-ja não cresce por proselitismo,cresce por atração”. Se faltar oEspírito Santo, que atrai paraJesus, ali não haverá Igreja al-guma. Bem, haverá um bomclube de amigos, com boas in-tenções, mas não haverá Igre-ja, não haverá sinodalidade.

    Lendo os Atos dos Apóstolos,descobrimos que o poderosomotor da evangelização são asreuniões de oração, onde aquelesque participam experimentamdiretamente a presença de Je-sus e são tocados pelo Espíri-to. Os membros da primeiracomunidade — mas isto é sem-pre verdade, também paranós, hoje — compreendem quea história do encontro com Je-sus não parou no momento daAscensão, mas continua na suavida. Narrando o que o Se-nhor disse e fez — a escuta daPalavra — rezando para entrarem comunhão com Ele, tudose torna vivo. A oração infun-de luz e calor: o dom do Espí-rito faz nascer neles o fervor.

    A este respeito, o Catecismotem uma expressão muito den-sa. Diz assim: «O EspíritoSanto [...] recorda Cristo à suaIgreja orante, também a con-duz para a verdade integral esuscita formulações novas queexprimirão o insondável mis-tério de Cristo operante na vi-da, sacramentos e missão daIgreja» (n. 2625). Eis a obrado Espírito na Igreja: re c o rd a rJesus. O próprio Jesus disse-o:Ele ensinar-vos-á e recordar-vos-á. A missão consiste em re -c o rd a r Jesus, mas não comoexercício mnemónico. Percor-rendo os caminhos da missão,os cristãos recordam Jesusquando o tornam novamentepresente; e dele, do seu Espíri-

    to, recebem o “impulso” parair, proclamar e servir. Na ora-ção, o cristão mergulha nomistério de Deus que ama ca-da homem, aquele Deus quedeseja que o Evangelho sejapregado a todos. Deus é Deuspara todos, e em Jesus todosos muros de separação foramdefinitivamente abatidos: co-mo diz São Paulo, Ele é a nos-sa paz, ou seja, «Ele, que dedois povos fez um só» (Ef 2,14). Jesus realizou a unidade.

    Assim, a vida da Igreja pri-mitiva é ritmada por uma su-cessão contínua de celebra-ções, convocações, tempos deoração quer comunitária querpessoal. E é o Espírito que dáforça aos pregadores que sepõem a caminho, e que poramor a Jesus sulcam os marese enfrentam perigos, subme-tendo-se a humilhações.

    Deus doa amor, Deus pedeamor. Esta é a raiz mística detoda a vida crente. Os primei-ros cristãos em oração, mastambém nós que viemos mui-tos séculos mais tarde, todosvivemos a mesma experiência.O Espírito anima tudo. Equalquer cristão que não tivermedo de dedicar tempo à ora-ção, pode fazer próprias as pa-lavras do apóstolo Paulo: «A

    minha vida presente, na carne,vivo-a na fé no Filho de Deus,que me amou e se entregoupor mim» (Gl 2, 20). A oraçãotorna-nos conscientes disto.Só no silêncio da adoração ex-perimentamos toda a verdadedestas palavras. Temos que re-tomar o sentido da adoração.Adorar, adorar Deus, adorarJesus, adorar o Espírito. OPai, o Filho e o Espírito: ado-rar. Em silêncio! A prece daadoração é a oração que nosfaz reconhecer Deus como iní-cio e fim de toda a história. Eesta oração é o fogo vivo doEspírito que dá força ao teste-munho e à missão. Obrigado!

    No final da audiência geral, o SantoPadre dirigiu várias saudações, entreoutras aos fiéis de expressão portu-guesa, sintonizados através da rádio,da televisão e dos modernos meios decomunicação.

    Dirijo uma cordial saudaçãoaos fiéis de língua portuguesa.Queridos irmãos, a oração nosabre à força do Espírito Santo,que nos fortalecendo com osseus dons, nos torna firmes nafé e nos impulsa a dar um tes-temunho alegre da verdadecristã. Que Deus vos aben-ço e!

    Compromisso dos jogadores de basquetebol da NBA recebidos pelo Pontífice

    Uma mensagem de humildade e justiça socialCampeões, mas capazes de olhar «sempre para a so-ciedade, para a justiça social, para os problemas so-ciais», fazendo do desporto «um mensageiro para obem». Com estas palavras, o Papa Francisco, a 23de novembro, dirigiu-se aos jogadores de basquete-bol da NBA que vieram dos Estados Unidos ao Va-ticano juntamente com representantes do sindicatoNbpa para lhe apresentar o seu compromisso contraa discriminação racial.

    «A vossa mensagem é a beleza do desporto, éverdade — disse o Pontífice — mas também o traba-lho de grupo, a comunidade. E que isto seja uma se-mente de beleza e de desenvolvimento comunitáriorumo à justiça», auspiciou.

    Depois de ter confidenciado algumas recorda-ções da sua infância — «de quando eu era criança...I was a boy», disse em tom de brincadeira, «gostavade ir todos os anos ao parque de diversões para veros globetrotters. Estou a falar de 1952, 53, 54...» —Francisco enfatizou o valor social da mensagem lan-çada por estes atletas, grandes estrelas nos campos,mas também capazes de se comprometerem humil-demente a reivindicar os direitos civis dos afro-ame-

    ricanos. A este respeito, o Papa quis sublinhar «quenão sois iguais uns aos outros: preservai a vossa per-sonalidade. Cada um de vós falou pessoalmente». Eacrescentou «esta é a riqueza» do jogo de equipa:«não perder a própria personalidade, mas integrá-lacom as outras». E elogiou «este testemunho», doqual «a sociedade de hoje necessita». De facto, es-clareceu, «sois campeões e também dando esteexemplo de equipa, tornais-vos humildes. É a bele-za do homem de desporto que é grande», mas parafazer parte da equipa «permanece sempre humil-de».

    Por fim, Francisco confiou aos atletas a tarefa depreservar «sempre esta humanidade, porque o des-porto nos ajuda a ser mais humildes», e de «nãoperder a dimensão de gratuidade do desporto, por-que o desporto é belo», mas «há sempre o perigo deperder este aspeto» em benefício da «eficiência»;mas, trata-se sempre de «um dom que recebo e umdom que ofereço», concluiu, salientando a presençade uma mulher na delegação: «Creio — comentou —que é a primeira vez. Vê-se que ela tem personalida-de».

    Estimados irmãos e irmãs,bom dia!Os primeiros passos da Igrejano mundo foram cadenciadospela oração. Os escritos apos-tólicos e a grande narração dosAtos dos Apóstolos re s t i t u e m - n o sa imagem de uma Igreja a ca-minho, de uma Igreja ativa,mas que encontra nas reuniõesde oração a base e o ímpetopara a ação missionária. Aimagem da Comunidade pri-mitiva de Jerusalém é um pon-to de referência para todas asoutras experiências cristãs. NoLivro dos At o s , Lucas escreve:«Eles perseveravam na doutri-na dos apóstolos, nas reuniõesem comum, na fração do pão enas orações» (2, 42). A comu-nidade persevera na oração.

    Aqui encontramos quatrocaraterísticas essenciais da vi-da eclesial: primeira, a escutado ensinamento dos apósto-los; segunda, a salvaguarda dacomunhão recíproca; terceira,a fração do pão; e quarta, aoração. Elas lembram-nos quea existência da Igreja tem sen-tido, se permanecer firmemen-te unida a Cristo, isto é, na co-munidade, na sua Palavra, naEucaristia e na oração. É omodo de nos unirmos a Cris-to. A pregação e a catequesedão testemunho das palavras edos gestos do Mestre; a buscaconstante da comunhão frater-na preserva dos egoísmos edos particularismos; a fraçãodo pão realiza o sacramentoda presença de Jesus no meiode nós: Ele nunca estará au-sente, na Eucaristia é precisa-mente Ele, Ele vive e caminhaconnosco. E por fim, a oração,que é o espaço do diálogo como Pai, através de Cristo no Es-pírito Santo.

    Na Igreja, tudo o que crescefora destas “co ordenadas” estádesprovido de fundamento.Para discernir uma situaçãodevemos perguntar-nos como,nesta situação, existem estasquatro coordenadas: a prega-ção, a busca constante da co-munhão fraterna — a caridade— a fração do pão — ou seja, avida eucarística — e a oração.Cada situação deve ser avalia-da à luz destas quatro coorde-nadas. O que não entrar nestascoordenadas está desprovido

    de eclesialidade, não é eclesial.É Deus quem faz a Igreja, nãoo clamor das obras. A Igrejanão é um mercado; a Igrejanão é um grupo de empresá-rios que vão em frente com es-te novo empreendimento. AIgreja é obra do Espírito San-to, que Jesus nos enviou paranos congregar. A Igreja é pre-cisamente a obra do Espíritona comunidade cristã, na vidacomunitária, na Eucaristia, naoração, sempre. E tudo o quecresce fora destas coordenadasestá sem fundamento, é comouma casa construída sobre aareia (cf. Mt 7, 24-27). É Deusquem faz a Igreja, não o cla-

    Portoghese 1 (01 - Prima) - 01/12/2020 048_PORTPortoghese 2 (Gerenza_SX) - 01/12/2020 048_PORTPortoghese 3 (Destra) - 01/12/2020 048_PORTPortoghese 4-5 (Doppia centrale) - 01/12/2020 048_PORT (Left)•vb�ÎŁ`”ùÛÃ�ø‘LëÃ�X¯ßóè`”ùÛÃ�ø‘LëÃ��¶7ëÃ��~YõÃ�à›‚ïÃ�¾˘ó˛ÿ�À�Ã��~YõÃ��þÿÿÿÿÿÿÿ5ý¡aà›‚ïÃ�]è¡a0ØêðÃ�PØêðÃ�0ØêðÃ�þÿÿÿÿÿÿÿþÿÿÿÿÿÿÿPortoghese 4-5 (Doppia centrale) - 01/12/2020 048_PORT (Right)}LZ˜+uÄzžaÐQ¢ñÃ�P¦7ëÃ�8¯ßóè