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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUANDO A AVALIAÇÃO SE REDUZ À SIMPLES MEDIDA: UMA PRÁTICA DISTORCIDA NOS NÍVEIS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Eliane de Souza Silva Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro Janeiro/2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUANDO A AVALIAÇÃO SE REDUZ À SIMPLES

MEDIDA: UMA PRÁTICA DISTORCIDA NOS NÍVEIS

DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Eliane de Souza Silva

Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

Janeiro/2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUANDO A AVALIAÇÃO SE REDUZ À SIMPLES

MEDIDA: UMA PRÁTICA DISTORCIDA NOS NÍVEIS DE

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.

OBJETIVOS:

Esta Monografia, apresentada ao Projeto A Vez do Mestre, da

Universidade Cândido Mendes, para a obtenção do título de

especialista em educação, na habilitação em supervisão escolar,

tem como objetivos:

Analisar a temática, visando a criação de condições para

interferir no cotidiano escolar.

Contribuir para o aperfeiçoamento do professor e

consequentemente para melhoria da qualidade do ensino.

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, a DEUS, por ter me permitido mais esta realização.

Aos professores do Curso, pelas orientações seguras que me

possibilitaram novos horizontes.

Aos colegas da Turma de Supervisão Escolar, pelo fraterno

convívio, que me fez crescer mais.

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DEDICATÓRIA

Ao meu amado marido, José Maria,

pela compreensão e colaboração,

dando-me força e analisando esse trabalho.

Também aos meus filhos, Júlia e João Paulo,

pela alegria que impregnam em minha vida.

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RESUMO Esta pesquisa teve por objetivo refletir sobre uma prática do cotidiano do

professor: a avaliação, num sentido mais amplo, e, no restrito, a medida.

A questão levantada é se o professor tem realmente avaliado ou simplesmente

praticado a medida, via provas e testes escritos.

Foram sujeitos desde estudo os professores da 1ª série do Ensino Fundamental

ao 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular, situada no Município de Duque de

Caxias, escolhida intencionalmente. As informações e os dados foram obtidos através

da observação, entrevista semi-estruturada e análise de documentos, tendo-se optado

pela abordagem qualitativa.

A revisão de literatura, bastante sucinta, foi realizada com base principalmente

em Cipriano Carlos Luckesi, José Carlos Libâneo, Lourenço Filho e Heraldo Marelim

Viena.

Os resultados obtidos apontaram para a prática deturpada de se medir, não raro,

de forma imprópria, em vez de avaliar.

Considerando esta prática prejudicial ao aluno e, de um modo geral, à sociedade,

recomendamos a observação dos principais tópicos contidos na bibliografia citada nesta

monografia.

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METODOLOGIA

Tipo de pesquisa

Ao pretender estudar esse tema a partir do contexto escolar, eu o fiz com base

em Ludke e André (1986). Ambas enfatizam que o caráter qualitativo de uma pesquisa

possibilita que ela seja realizada por uma pessoa que esteja inserida no contexto,

exigindo, no entanto, muito cuidado na coleta de informações para não comprometer o

rigor da investigação, o que poderá mascarar, portanto, os resultados. Desse modo é que

é recomendado que se evite o envolvimento excessivo para não prejudicar a

objetividade da pesquisa. Há que se tentar retratar a realidade o mais fielmente possível.

Esse estudo procurou ir além dos dados meramente quantitativos, justificando-se

assim a utilização da metodologia qualitativa, na busca de resultados mais amplos.

Campo de pesquisa

Defini como campo de investigação uma escola integrante da rede particular de

ensino, situada no primeiro Distrito do Município de Duque de Caxias, no Estado do

Rio de Janeiro

.

Geograficamente, essa escola localiza-se em um bairro da periferia, servido por

várias vias de transporte rodoviário. Em outras palavras, é uma escola de fácil acesso.

Ela funciona em regime de dois turnos (manhã e tarde), com turmas de Educação

Infantil ao Ensino Médio, atendendo uma clientela de renda média, na sua quase

totalidade residente nas proximidades. Alguns alunos, principalmente do Ensino Médio

já trabalham exercendo atividades remuneradas.

Esse estabelecimento tem as seguintes características: compõe-se de três

andares, localizando-se no 1º andar: a secretaria, sala do diretor, biblioteca, sala de

informática, cantina, 6 salas de aula para Educação Infantil e ginásio coberto; nos 2º e 3º

andares há 13 salas de aulas de igual tamanho, cada uma com capacidade para até 40

alunos, (no entanto chega a compor até 60 alunos), 2 salas para coordenação e uma sala

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para os professores, 2º andar funciona o 1º segmento do Ensino Fundamental e o

Ensino Médio e no 3º andar, o 2º segmento do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série).

Esta escola possui atualmente 900 alunos, distribuídos nos dois turnos, atendidos

por 38 professores. O quadro de pessoal é composto de 1 diretor geral, 1 diretora

adjunta, 3 coordenadoras de segmento de ensino, 1 orientadora educacional, 1

orientadora pedagógica, 1 psicólogo, 1 inspetor, 5 serventes, 2 vigias, 3 secretárias e 2

atendentes de cantina.

Os sujeitos

Foram sujeitos deste estudo os 32 professores regentes de classe da 1ª série do

Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, dos quais 19 participaram de

entrevistas.

Estratégias de Coleta de Dados Os dados desta pesquisa foram coletados através de observações, de entrevistas

semi-estruturadas e análise de documentos provas e testes).

A Observação

Tendo optado pelo enfoque qualitativo neste trabalho, não poderia deixar de

fazer uso da observação, como estratégia de coleta de dados, pois é através dela que

adquirimos dados de primeira mão em situação natural, possibilitando uma

compreensão mais efetiva do cotidiano escolar. Através dela procura-se registrar tudo o

que se ouve e vê, além de estabelecer um contato mais íntimo entre pesquisador e

pesquisados.

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Em outras palavras, podemos afirmar que o pesquisador, quando se vale da

observação participante, tem possibilidade de vivenciar realmente o problema, já que se

encontra inserido no mesmo. Suas análises podem ser permanentes, mesmo quando

ausente do ambiente observado, pois lhe é facultado trabalhar apenas com as

lembranças, registrando as ações e as interações acontecidas. Ela se tornou um valioso

instrumento para se fundamentar esta pesquisa, pois segundo Ludke e André (1986), “as

técnicas de observação são extremamente úteis para “descobrir” aspectos novos de um

problema”. (pág.26)

Através desta técnica, procurei estar junto aos sujeitos, tentando conhecer e

compreender sua maneira de ver o ato de medir/avaliar. Na interpretação destes dados

esforcei-me para ser imparcial, utilizando meus conhecimentos e experiências

adquiridos, não só no cotidiano, como também, no meio acadêmico.

A entrevista

A outra estratégia básica de coleta de dados empregada, ajustada a esta

perspectiva qualitativa de pesquisa, foi a entrevista semi-estruturada. Segundo ainda

Ludke e André (1986), ela possibilita a obtenção de dados de forma natural e autêntica,

em função da interação entrevistador-entrevistado. Ao se estabelecer um clima de

confiança mútua, há garantia de sigilo e anonimato, além do respeito às opiniões e

impressões do entrevistado. A adoção de um roteiro básico, que direciona a entrevista,

obedece a uma seqüência lógica e leva um aprofundamento gradativo, não significando

que haja um esquema rígido. Ao contrário, sua principal característica é a flexibilidade,

permitindo-se as possíveis e necessárias adaptações durante o processo, quais sejam:

trazer o entrevistado para dentro do assunto, aprofundar determinadas falas, sem perder

de vista os objetivos visados, estimular a atenção e abordar aspectos não previstos

anteriormente, entre outros.

Análise de documentos

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A análise e documentos foi por mim utilizada como forma de complementar as

informações e os dados obtidos através das entrevistas e das observações. Assim é que

foram examinados: o regimento interno da escola, o caderno pedagógico anual (espécie

de manual para os professores), circulares ( da direção ou coordenação aos professores e

pais), diários de classe, provas e testes dos alunos.

Procedimentos

O primeiro passo para a realização desta pesquisa foi manter contato direto com

o diretor da escola, prévia e intencionalmente, escolhida na rede das escolas particulares

localizadas no Município de Duque de Caxias/RJ.

Foram fatores influenciadores desta escolha:

a) A localização geográfica, já anteriormente referida.

b) O grande conhecimento do ambiente. Já trabalhei nesta escola, há alguns

anos, como professora do 1º e 2º segmento do Ensino Fundamental.

Atualmente exerço a função de Orientadora Pedagógica na educação básica.

c) A boa receptividade dos vários segmentos desta escola, quando consultados

da possibilidade desta pesquisa. Tanto a direção quanto os professores

mostraram-se dispostos a prestar colaboração.

Procurei me fazer presente o máximo possível, além dos dias que em trabalho

normalmente na escola, para poder acompanhar mais de perto a rotina diária tentando

não deixar que eles percebessem que estavam sendo pesquisados, exceto quando das

entrevistas. Já que tenho que estar na escola dois dias na semana, um integral e outro

parcial, procurei ir quase todos os dias da semana no período entre 04 de setembro a 19

de dezembro de 2004.

Procurei traçar uma linha de ação, de maneira que pudesse obter a maior

quantidade e qualidade possíveis de dados, sem atrapalhar o andamento dos

trabalhos escolares. Embora não tivéssemos estabelecido a priori, um

cronograma de encontros ou atendimentos, tive acesso livre as fontes de

consulta, enquanto pesquisadora.

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As entrevistas, todas realizadas informalmente, aconteceram

invariavelmente antes do início das aulas ou durante o recreio, na própria escola.

Desta forma, em alguns casos, a entrevista só se completou decorridos vários

dias. Alguns professores preferiram que eu conversasse primeiramente com eles

e só posteriormente registrasse as informações. Durante as entrevistas, procurei

deixar o entrevistado bem à vontade, só intervindo no intuito de não se desviar

do assunto ou mesmo de aprofundar certos aspectos considerados relevantes. Em

nenhuma das situações percebi constrangimento pelas minhas intervenções,

aliás, elas não raro alimentavam a obtenção de mais dados.

Sempre procurava registrar na íntegra os detalhes de cada situação,

obrigando-me a não deixar passar muito tempo para anotar o que tinha visto ou

percebido, obtendo assim maior fidelidade das informações.

A observação informal do ambiente escolar foi de grande utilidade,

tendo-se em vista algumas práticas não confirmarem o discurso.

Limitações do Estudo

Os seguintes fatores apresentaram-se como limitadores deste estudo:

a) O critério de intencionalidade na escolha da amostra e sua extensão.

b) A exiguidade de tempo para execução desta tarefa.

c) O fato de ter realizado a pesquisa em meu ambiente de trabalho,

tendo como colaboradores pessoas subordinadas funcionalmente.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I 14

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SITUAÇÃO-PROBLEMA 14

CAPÍTULO II 17

MEDIR E/OU AVALIAR 17

CAPÍTULO III 25

AS INFORMAÇÕES E OS DADOS 25

CONCLUSÃO 30

ANEXOS 32

BIBLIOGRAFIA 35

ÍNDICE 36

INTRODUÇÃO Esta monografia focaliza uma das questões mais cruciais no exercício do

magistério: a avaliação, num sentido mais amplo, e no restrito, a medida, ambas,

cotidianamente, representadas pelos testes e provas.

A opção por este tema se deu em função de meu contato diário com o mesmo no

exercícios profissional. Neste período, minha atenção tem sido despertada pela

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constante preocupação com que, tanto as equipes pedagógicas, quanto mesmo os

professores, têm-se envolvidos nesta questão.

Seja de forma sistemática, em reuniões periódicas, ou mesmo informal, pelos

corredores, pelos pátios e mesmo recreios, tenho deparado com professores às voltas

com a avaliação. O mesmo tem sucedido aos alunos. As reclamações sobre as notas dos

trabalhos, das pesquisas, no caderno e principalmente dos testes e provas não raro têm

causado descontentamento.

Ao se propor a uma análise do tema avaliação, este estudo pretende contribuir

para a melhoria de sua qualidade, fornecendo subsídios para que os professores possam

agir com mais tranqüilidade quando da tomada de decisão, que, se não for bem

executada, poderá trazer prejuízos para o aluno.

A avaliação é um elemento essencial do processo ensino-aprendizagem. De uma

forma ou de outra, o professor está envolvido com esta temática, interagindo com o

supervisor escolar em quaisquer instâncias. Estando em contato com colegas, tenho

verificado a prática indevida deste procedimento.

Os instrumentos de verificação do rendimento escolar, principalmente o teste e a

prova escrita, têm sido mal elaborados e mal aplicados, trazendo prejuízos aos educando

em todos os níveis.

O resultado obtido (média) é, quase sempre, considerado como a própria

avaliação.

Neste trabalho monográfico, após esta breve Introdução, onde procuro situar a

questão objeto de estudo no contexto observado, descrevo sucintamente a Situação-

Problema (Cap. I), levantando questões orientadoras desta pesquisa, justificando-a e

citando seus objetivos.

Já no Capítulo II – Medir e/ou Avaliar – , recorro a uma rápida revisão da

literatura, calcada essencialmente em alguns livros básicos, largamente utilizados pelos

atuais professores durante a sua formação acadêmica, seja no Curso Normal, de nível

médio, ou na Licenciatura (graduação).

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As Informações e os Dados obtidos no decorrer desta pesquisa, eu os apresento

no Capítulo III.

Na Conclusão sugiro algumas propostas, que, acredito, possam contribuir para

minimizar as dificuldades encontradas pelos professores na prática da avaliação no

cotidiano escolar, facilitando o exercício do magistério.

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CAPÍTULO I

Situação-Problema

SITUAÇÃO-PROBLEMA

Recorrendo aos manuais de Didática nos deparamos com a temática da

Avaliação e logo alguns questionamentos aparecem, tais como: Avaliar? O que? Como?

Quando? Por que? Dentre outros.

Embora saibamos responder a tais perguntas e, na maioria das vezes, muito bem,

inclusive fundamentando-as, na realidade, no dia-a-dia, a prática tem se mostrado

bastante dissociada da teoria.

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Não sendo minha intenção trabalhar a avaliação em seu sentido mais completo,

apenas me deterei sobre a medida, especificamente realizada via testes e provas.

Por se constituir os testes em provas mais simplificadas e principalmente de

menor extensão e grau de dificuldade, fato aceito de maneira inconteste pela grande

maioria dos docentes e também discentes, nesta monografia fica subentendida a prova

como única forma de medir os conhecimentos dos aluno, estando naturalmente sob esta

denominação inclusos tanto os testes, quanto os exercícios/trabalhos escritos.

Tentando comprovar a tese de que atualmente o professor não avalia, apenas tem

realizado um arremedo de medida, via provas, levanto algumas questões, sobre as quais

pretendo desenvolver esta pesquisa. São elas:

a) Para a maioria dos professores, a prova é considerada apenas uma medida,

ou se constitui na avaliação, propriamente dita?

b) Cristalizou-se realmente a prática de se aplicar, bimestralmente, apenas uma

única prova?

c) A prova tem guardado correspondência com o conteúdo efetivamente

trabalhado em sala de aula?

d) A prova tem sido elaborada, seguindo-se critérios técnicos e pedagógicos

corretos?

e) Os professores têm se preocupado em trabalhar melhor a avaliação?

Este trabalho foi desenvolvido junto aos professores e à coordenação de turno da

escola, prévia e intencionalmente escolhida, para a realização desta pesquisa e na qual

exerço a função de orientadora pedagógica.

Este estudo justifica-se, não só pelas razões já citadas, como também, por

constituir a avaliação em um dos tópicos principais no exercício do magistério,

consubstanciada na medida, essencialmente realizada através de provas e testes escritos.

Objetiva, assim, este estudo verificar como tem sido praticada a medida, ou seja,

como os professores, de um modo geral, e particularmente, desta unidade de ensino

selecionada, têm aplicado seus testes e provas e como vêem a avaliação neste contexto.

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Para concretização deste objetivo, procurei:

- observar mais de perto a atuação dos docentes em questão;

- analisar provas e testes aplicados, não só na escola pesquisada, como

também oriundos de outros estabelecimentos de ensino, a que tenho acesso,

estabelecendo comparações, que invariavelmente ratificavam as informações

obtidas;

- entrevistar professores e a coordenação de turno;

- coletar informações e dados junto ao SOP (Serviço de Orientação

Pedagógica) da escola;

- analisar documentos pertinentes (regimento interno, apostilas, circulares,

etc.);

- examinar brevemente literatura pertinente, em busca de fundamentação

teórica.

CAPÍTULO II

Medir e/ou Avaliar?

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MEDIR E/OU AVALIAR?

Alguns referenciais teóricos Sobre a avaliação, a Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, em seu Art. 24, inciso V, determina:

“V. a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos

resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso

escolar;

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação

do aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

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e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos

ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a

serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus

regimentos;”.

Como se vê, legalmente, há uma caracterização mais voltada para a medição do

que para a avaliação.

Cury (2002) afirma que:

“A avaliação do rendimento escolar tem a ver basicamente com os currículos e repõe uma grande importância para estes e

com as formas de montá-los”.

Isto, entretanto, não diferencia o medir do avaliar.

Já Toschi (2003) assinala que:

“Os exames nacionais em vigor enfatizam a medição do desempenho escolar por meio de testes padronizados, o que os

vincula a uma concepção objetivista de avaliação”.

Segundo a referida autora, criticando o Saeb, no ensino fundamental, o Enem, no ensino médio, e o Provão (mesmo na

nova concepção), no ensino superior:

“Avaliar, como parte de um projeto educativo, é diferente de medir. Medida refere-se à aferição, expressa em notas, conceitos

ou menções, do aprendizado pretendido. Na tradição e no cotidiano das escolas, a medição tem sido mais valorizada do que a avaliação – tanto que muitos alunos estudam para tirar notas, e

não para aprender. Avaliar, por sua vez, reflete determinada concepção de educação, do papel do professor e do que é

conhecimento. Só pela diferença entre medir podem-se perceber as variadas concepções do que seja avaliar.”

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Luckesi (2002), em sua obra “Filosofia da Educação”, faz uma reflexão sobre a

avaliação e a medida. Assim, ele afirma:

“Uma ação em execução ou já executada, em decorrência

de decisões prévias, necessita ser apreciada. Isso é óbvio a todos

nós, mas nem sempre ela é executada com a atenção voltada

para a transformação, orientada para onde indica o próprio

conceito de avaliação.” (pág.171)

Ele considera a avaliação um instrumento fundamental, na medida em que ela

seja exercida de acordo com o seu real significado.

Este mesmo autor conceitua avaliação, como “julgamento de valor sobre

manifestações relevantes da realidade para uma tomada de decisão”. (pág.171)

Mais adiante, afirma que a avaliação exige uma tomada de decisão, exige um

posicionamento de não-indiferença, “diante do objeto que está sendo ajuizado”. Ela

conduz à transformação, ao crescimento. Uma ação, quando julgada adequada a partir

de suas manifestações, poderá ser mantida ou aprofundada; se, ao contrário, for

admitida como inadequada, poderá ser reformulada e reencaminhada. É de fundamental

importância considerar o mecanismo ação-reflexão-ação no exercício da prática da

avaliação.

No geral, na atual prática educativa, a avaliação tem sido eminentemente

classificatória, tornando-se arma de uma pedagogia autoritária e conservadora. O

educador possui o poder arbitrário de classificar, em definitivo, sem tribunal de

apelação, um educando. Aquele que aprendeu, aprendeu. O que não aprendeu fica como

está. É a classificação por notas ou conceitos. Desse modo, tanto será arbitrário e

maléfico o educador “bonzinho” que, piedosamente, facilita a vida dos educandos,

classificando-os em níveis qualitativos que ainda não possuem, como será arbitrário e

maléfico o educador “durão” que, ardilosamente, cria artifícios para “quebrar” os

educandos em testes e provas. Ambos estão trabalhando para um processo

antidemocrático de verdadeiro acesso ao saber e à competência necessários para a

vivência em sociedade.

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Nesta exposição, Luckesi conclui que ao rejeitar “uma pedagogia analiticamente

identificada como reprodutora do sistema social, optamos por uma pedagogia voltada

para a transformação”(pág.174). Essa pedagogia deve estar centrada no ser humano

enquanto ser político e, em conseqüência disso, ser ideologicamente definida. Para

executá-la, é preciso uma relação democrática entre educador e educando, dando

atenção a dois elementos básicos do processo cultural – a continuidade e a ruptura no

processo de elevação cultural. Para tanto, na didática, necessita-se agir politicamente no

planejamento, na execução e na avaliação do ensino.

Ela deve possibilitar verificar se o conteúdo está sendo cumprido

adequadamente.

Se está clara a definição do “ser humano que se quer formar”, a avaliação tem

por objetivo subsidiar esse esforço. Ela tem sido autoritária exatamente porque tem se

dado de forma desvinculada dos conteúdos pedagógicos.

Libâneo (2000), analisando a avaliação escolar, afirma:

“A avaliação é uma tarefa didática necessária e

permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a

passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os

resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho

conjunto do professor e dos alunos são comparados com os

objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades

e reorientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação

é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar

tanto do professor como dos alunos. Os dados coletados no

decurso do processo de ensino, quantitativos ou qualitativos, são

interpretados em relação a um padrão de desempenho e

expressos em juízos de valor (muito bom, bom, satisfatório etc.)

acerca do aproveitamento escolar.

A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação

qualitativa.”(pág. 195)

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Ele define a avaliação escolar como “uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e

aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho”. E mais:

“A apreciação qualitativa desses dados, através da análise de provas, exercícios, respostas dos alunos, realização de tarefas etc.,

permite uma tomada de decisão para o que deve ser feito em seguida.” (pág.196)

Na prática escolar, Libâneo assim a considera:

“A prática da avaliação em nossas escolas tem sido criticada sobretudo por reduzir-se à sua função de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os professores não têm conseguido

usar os procedimentos de avaliação – que, sem dúvida, implicam o levantamento de dados por meio de testes, trabalhos escritos etc.

– para atender a sua função educativa”. ( pág.198)

Mais adiante, complementa:

“As provas freqüentemente são empregadas apenas para medir capacidade de memorização. Os livros didáticos e as tarefas dadas pelos professores estão repletos de exercícios desse tipo. Os professores, por sua vez, têm dificuldades em avaliar resultados mais importantes do processo de ensino, como a compreensão, a originalidade, a capacidade de resolver problemas, a capacidade

de fazer relações entre fatos e idéias etc.”(pág.200)

É interessante, numa volta ao passado, por mais de três décadas, mais especificamente aos anos 70, verificarmos que a problemática da avaliação já envolvia vários estudiosos, como

veremos a seguir.

Luckesi e Libâneo ratificam os pontos de vistas de Filho, Medeiros e Viana.

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Filho (1970) observava que havia confusão e falta de unidade de pontos de vista relacionados com o diagnóstico escolar

e o uso dos testes na educação.

Afirmava ele:

“No plano pedagógico, como no psicológico, será preciso que os testes sejam entendidos como recursos preciosos de

avaliação, devendo-se, contudo, lembrar que só serão instrumentos eficazes se tiverem sido bem construídos,

selecionados, padronizados e adequadamente utilizados”. (pág.41)

Atualmente a teoria pedagógica considera que o diagnóstico escolar não se reduz à aplicação e ao uso de testes. Exigem-se

outras medidas e técnicas de avaliação, além de todo um trabalho de investigação, de observação, de análise e síntese de dados

diversos, úteis ao estudo e à orientação de cada caso.

Convém lembrar que todo diagnóstico tem duas funções básicas: a primeira, consiste em localizar e analisar as causas das

dificuldades dos alunos em todos os tipos de atividades; e, a segunda, em identificar e analisar as formas de aprendizagem e

ajustamento, tanto negativas como positivas.

Não devemos, entretanto, esquecer que, quando se tratar de educação, o ideal seria adaptar a escola à criança, e não a criança

à escola, como comumente é feito. O ensino deve atender às diferenças individuais dos alunos, uma vez que a sua principal

função é a de facilitar o desenvolvimento de cada aluno. Esta é a função básica da avaliação.

Mesmo em se tratando apenas em medida, Filho é categórico ao afirmar que os testes deverão merecer cuidados

especiais no que se refere à sua construção, seleção, aplicação e utilização.

Também a este respeito, vale registrar as idéias atuais de Viana (1976) e Medeiros (1971). Sinteticamente, eles afirmam:

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1 – A medida do desempenho escolar é fundamental para uma educação eficiente.

2 – O emprego de instrumentos de medida facilita as observações que o professor faz dos seus estudantes.

3 – Todos os objetivos educacionais importantes podem e devem ser medidos.

4 – A elaboração de um teste objetivo exige a consideração prévia dos objetivos educacionais, a fim de que se meça e avalie o que é

relevante no processo educacional.

5 – As provas de dissertação e os testes objetivos, quando são bem elaborados, podem medir os mesmos aspectos do

desempenho acadêmico, embora estes sejam mais restritos do que aquelas.

6 – A construção de um teste não deve ficar sujeita aos azares da improvisação; exige um planejamento cuidadoso.

7 – Qualquer que seja o teste, seu propósito e sua filosofia, a sua construção se baseia num sistema de valores humanos.

8 – Um teste procura obter, num mínimo de tempo, um máximo de informações sobre o examinando.

9 – Os objetivos complexos, sempre que possível, devem ser decomposto em seus elementos particulares, a fim de que possam

ser verificados.

10 – O planejamento de um teste exige que se considerem as diferentes variáveis – extensão, tempo, tipo de item e grau de

dificuldade – que afetam o desempenho do examinando.

11 – A redação de bons itens exige prática constante, mas é necessário que o construtor possua diferentes qualificações para que possa explorar, em todas as suas potencialidades, a técnica

empregada.

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12 – Apenas o domínio da técnica da elaboração de itens não garante a qualidade do instrumento da medida.

13 – A fase inicial da construção de um item consiste na identificação de idéias importantes.

14 – A importância de um item está na natureza do seu conteúdo e não no seu aspecto formal.

15 – Um teste não é uma simples sequência de itens; exige, para sua montagem, a combinação de diversos critérios.

CAPÍTULO III

As Informações e os Dados

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AS INFORMAÇÕES E OS DADOS

Neste capítulo apresento as informações e/ou os dados obtidos no decorrer desta pesquisa, tendo como base os

questionamentos levantados no Cap. – Situação – Problema.

3.1 - Prova: medida ou avaliação propriamente dita?

De um modo geral, os professores consideram a prova a própria avaliação, quando muito, associam-na a mais um ou dois

testes escritos. Algumas instituições e professores já incluem trabalhos em grupo ou individuais, embora o número de alunos em sala de aula quase sempre inviabilizem este procedimento.

As notas ou conceitos obtidos através destes instrumentos são simplesmente transportados para o diário, não se fazendo

nenhum tipo de interpretação destes números ou menções.

Um dado revelador desta situação encontramos quando da análise de provas em cujos cabeçalhos constavam em destaque a

expressão: avaliação bimestral.

Minimamente tal expressão soaria inadequada, visto que esta se constitui em uma simples verificação de aprendizagem.

Em entrevista, alguns professores afirmaram, ratificando a confusão descrita acima, que “não dá tempo de fazer várias

avaliações num bimestre”, referindo-se mais uma vez ao instrumento prova. Outros consideraram que avaliam bem, pois

fazem média, aritmética simples ou ponderada, incluindo a prova, teste e/ou trabalho, por exemplo.

Embora assim procedam, continuam a trabalhar simplesmente a medida, pois não ocorre a interpretação dos

resultados obtidos.

Quando da realização de mais de uma atividade “avaliativa”, se o professor trabalha apenas com conceitos, então o desastre é

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maior ainda, pois o mesmo não consegue se libertar do sistema de notas, já cristalizado em sua mente. Embora tente fazer uma

tabela de conversão, tanto ele, como o aluno ficam confusos e inseguros. Normalmente o educando fica à mercê do humor de

seu julgador (professor).

Infelizmente constatamos que a maioria dos professores têm a prova e a avaliação como sinônimas.

3.2 - Prova única, bimestralmente.

Na opinião de todos os professores consultados, embora também reconhecessem a necessidade de diversos momentos

“avaliativos”, não há condições de se aplicar às turmas mais de uma boa prova e/ou teste. Quando muito, uma e um.

Procuram minimizar esta questão “não dando provas muito difíceis” e quando o aluno se “afunda” passam uma tarefa

complementar – “um trabalho pra ajudar”.

Este hábito já se cristalizou tanto que o aluno já fica aguardando tal trabalho salvador.

Este prova invariavelmente vem estabelecida no calendário anual; quando não, é marcada pela coordenação de turno, não

sofrendo alteração de dia. Caso o aluno a perca, poderá recorrer à uma segunda chamada, no que será atendido ou não, dependendo

da justificativa.

Ao realizá-la, seja em que circunstância, o resultado nela obtido representará sua “avaliação do bimestre”, só tendo chances

de se recuperar no bimestre seguinte.

Configura-se assim, esta, uma prática perversa.

3.3 - Prova: reflexo do conteúdo trabalhado

Ao se checar o conteúdo exigido na prova com o programa da disciplina, verificamos que muitos pontos importantes

deixaram de constar. Do que foi trabalhado, o professor elegeu alguns tópicos que julgou importante, construindo itens com eles.

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Conversando com os professores, estes acreditam que cada um pode decidir o que é mais, ou menos, importante para “cair na

prova”. Entretanto tal afirmação não tem nenhuma sustentação teórica sólida, apenas acham.

O tamanho da prova, em média, varia de 10 a 20 questões, o que, de certa maneira, é pouco para abranger todo o conteúdo dado no período. Esta determinação/critério advém do próprio

professor. Nada, entretanto, impede que seja diferente.

A aplicação de provas longas, na concepção de muitos, esbarra na exiguidade de tempo para sua correção.

3.4 - Critério técnico-pedagógico na elaboração da prova.

Na análise das provas (sempre mais bem elaboradas que os testes), encontramos algumas falhas, que comprometem a eficácia

deste instrumento. Vejamos alguns.

A não discriminação, a priori, do valor de cada questão deixa o aluno às escuras, ficando o professor com o poder de, após a prova realizada, estabelecê-lo segundo as suas próprias

conveniências. Poderá tornar-se assim um manipulador de resultados, prejudicando/beneficiando alunos.

Alguns enunciados não são claros, dando ao aluno a prerrogativa de qualquer resposta. Podemos citar como exemplos:

Qual a sua opinião sobre ...?;

Fale a respeito de ...;

Complete: O Brasil é ...;

O que você sabe de ...?

Quando questionados, os professores se defendem alegando que o aluno, pela matéria dada, sabe exatamente o que se quer

que ele responda. Se a resposta não atende à expectativa do professor, embora certa pela lógica da pergunta, ela é

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desconsiderada, obviamente ficando o aluno sem aqueles pontos.

Além de falhas na construção dos itens de prova, um dado que incomoda bastante, são os erros concernentes à correção da

linguagem, seja de pontuação, ortográficos ou gramaticais. Normalmente tem-se exigido rigor aos alunos, não havendo

contrapartida aos professores, neste aspecto.

Não há preocupação com o grau de dificuldade das questões, não se considerando a classificação tradicional em

fáceis, médias e difíceis .

Quanto há correlação com os objetivos propostos, esta ocorre invariavelmente na área cognitiva, desprezando-se as

demais; excetua-se aqui, logicamente a Educação Física. A área afetiva não é levada em consideração no planejamento

sistematizado.

3.5 - Trabalhando a avaliação.

Ficou claro que, mesmo trabalhando exclusivamente com a prova, não há, entre os professores, uma preocupação em

trabalhá-la voltada para a avaliação, em seu real sentido. Ela é tida essencialmente como instrumento de seleção ou classificação.

Há, entretanto, no conjunto dos professores uma louvável pré-disposição para se parar e discutir esta questão. Todos são

unânimes em achar que deveria haver um padrão único, evitando-se assim as atuais distorções. Por exemplo, o que representa um conceito “em andamento” comparando-se com notas. Afinal, o

conceito “Bom” corresponde a um 8 ou 9 ?

CONCLUSÃO

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Durante todo o desenvolvimento desta monografia, ficou patente a prática distorcida, no cotidiano do professor, de que ele não avalia, apenas mede. E, não raro, o faz de forma inadequada.

Quando a avaliação se reduz à simples medida, de imediato, o prejudicado é o aluno; a longo prazo, toda a sociedade é

atingida.

Tentando interferir nesta questão, fazemos algumas sugestões. Basicamente devemos ter sempre em mente que:

Medir é quantificar, é obter dados que forneçam informações fidedignas.

Avaliar é interpretar os dados fornecidos através da medida, visando a tomada de decisões.

Na avaliação comparamos o que foi realizado com o que se pretendia realizar; comparamos os resultados obtidos com os

objetivos previstos.

O professor deve utilizar vários instrumentos de avaliação, pois o educando deve ser avaliado em diversos aspectos e em

diferentes momentos do processo educativo. Condena-se, assim, a utilização de apenas um teste ou uma única prova neste processo.

Os instrumentos devem ser escolhidos e elaborados a partir dos objetivos de ensino propostos nos diferentes domínios da

aprendizagem: afetivo, cognitivo e psicomotor.

Eis algumas técnicas e instrumentos de medidas que podem diversificar a atividade do professor: além dos já citados

exercícios, testes e provas, podemos utilizar trabalhos individuais ou em grupos, conversas (dirigidas, ou não) com os alunos, fichas de auto-avaliação, avaliação cooperativa (em grupo) observação

informal, etc.

Ao elaborar testes ou exercícios de verificação do rendimento intelectual dos seus alunos, o professor deve tomar os

seguintes cuidados:

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• elaborar itens ou questões de acordo com os objetivos de ensino, pré- estabelecidos no planejamento;

• variar os tipos de questões;

• dosar o índice de dificuldades das questões, incluindo questões consideradas fáceis, médias e difíceis;

• enunciar claramente o que pretende medir;

• valorizar a organização do pensamento do aluno, utilizando questões dissertativas e subjetivas sempre que

possível.

Desta forma, acreditamos que o professor estará caminhando mais em direção da verdadeira avaliação.

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ANEXOS

Certificado

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Comprovantes

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BIBLIOGRAFIA

ABNT. Referências Bibliográficas. Rio de Janeiro: 2001.

BASTOS, Lília da Rocha e ou. Manual para elaboração de projetos e relatórios de teses, dissertações e monografias. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogam,1995.

CURY, Carlos Roberto Jamil. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

FILHO, Lourenço. Testes e medidas em educação. Rio de Janeiro: FGV, 1970.

LAROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma monografia passo a passo ... Siga o mapa da mina.

Rio de Janeiro: WAK, 2002.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2000.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 2002.

LUDKE, Menga e ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MEDEIROS, Ethel B. As provas objetivas – técnicas de construção. Rio de Janeiro: FGV, 1971.

TOSCHI, Mirza Seabra e outros. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

VIANNA, Heraldo Marelim. Teste em educação. Rio de Janeiro: FENAME, 1976

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ÍNDICE

Agradecimentos

Dedicatória

RESUMO

METODOLOGIA

Tipo de pesquisa

Campo de pesquisa

Os sujeitos

Estratégias de coleta de dados

A observação

A entrevista

Análise de documentos

Procedimentos

Limitações de estudos

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

SITUAÇÃO-PROBLEMA

CAPÍTULO II

3

4

5

6

6

6

7

7

7

8

9

9

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11

12

14

14

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MEDIR E/OU AVALIAR

Alguns referenciais teóricos

CAPÍTULO III

AS INFORMAÇÕES E OS DADOS

3.1 – Prova: medida ou avaliação propriamente dita

3.2 – Prova única, bimestralmente

3.3 – Prova: reflexo do conteúdo trabalhado

3.4 – Critério técnico-pedagógico na elaboração da prova

3.5 – Trabalhando a avaliação

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-graduação “Lato Sensu”

Título da monografia:

Quando a avaliação se reduz à simples medida: uma prática distorcida nos níveis de ensino fundamental e médio.

Data da entrega: 28/01/2005

Avaliação: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

Avaliada por: _________________________________________ Grau: __________.

Rio de Janeiro, ______ de __________________de_________

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