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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
ANA CRISTINA SILVA VASCONCELOS
OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO
Salvador 2015
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ANA CRISTINA SILVA VASCONCELOS
OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientadora Profa Especialista Anita dos Reis de Almeida
Salvador 2015
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ANA CRISTINA SILVA VASCONCELOS
OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM NO CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em ___ de janeiro de 2016
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
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Aos meus familiares e amigos
Pelas vezes que vocês me visitaram e eu não pude honrar com a minha atenção
merecida.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por me permitir chegar ao final desta jornada tão trabalhosa.
Aos meus familiares, pelo apoio durante a realização deste projeto.
Aos meus colegas de trabalho que me incentivaram na caminhada.
A minha orientadora, Professora Anita dos Reis de Almeida pela sua dedicação
e empenho.
À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por
desenvolverem um trabalho de excelência durante todo curso.
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Se o mesmo professor acompanhar um grupo de alunos de
mesma idade durante vários anos, ele deverá estabelecer uma
organização do trabalho mais duradoura, ou mais móvel.
(PERRENOUD, 2004, p; 161)
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VASCONCELOS, Ana Cristina Silva. Os Direitos de Aprendizagem no Ciclo Inicial da Alfabetização. Projeto Vivencial (Especialização em Coordenação Pedagógica) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
O presente trabalho abordou o tema Os Direitos de Aprendizagem no Ciclo Inicial da Alfabetização, o mesmo partiu de algumas inquietações a respeito de déficit de aprendizagem para diversos alunos e tem como objetivo melhorar este processo e a garantia dos direitos de aprendizagem ao final do ciclo supracitado, ou seja, para os alunos do 3º Ano do Ensino Fundamental, é importante favorecer o desenvolvimento do ser humano como sujeito construtor de sua autonomia para o progresso de uma sociedade crítica e reflexiva embasada nos valores democráticos. Constituiu-se de diversas etapas como: visita, acompanhamento e observação, entrevistas, análise de dados e sugestões de oficinas pedagógicas para os professores. Diante dos passos desenvolvidos percebeu-se que a consolidação dos direitos de aprendizagem ainda não estão garantidos para uma quantidade de alunos que foram envolvidos nestas etapas descritas durante o projeto, o mesmo propõe reflexões a respeito das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores entrevistados para a sua construção. Palavras-chave: Ciclos de Aprendizagem. Direitos. Prática Pedagógica.
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. Distribuição dos alunos da escola por nível de proficiência em leitura /
escrita e matemática na ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização) 2013 .............. 27
QUADRO 2. Resultado do IDEB e Metas Projetadas 2013 ...................................... 28
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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Avaliação Nacional da Aprendizagem BA Bahia CBA Ciclo Básico de Aprendizagem CECOP Curso de Especialização em Coordenação pedagógica CNE Conselho Nacional de Educação EJA Educação de Jovens e adultos IAT Instituto Anísio Teixeira IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional PNAIC Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa PROGESTÃO Programa de Capacitação para Gestores Escolares TCC Trabalho de Conclusão de Curso TIC Tecnologia da Informação e Comunicação UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana UFBA Universidade Federal da Bahia UNB Universidade de Brasília UNEB Universidade Estadual da Bahia
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1 MEMÓRIAS TRAZEM RECORDAÇÕES ............................................................... 14
1.1 VIDA ACADÊMICA .............................................................................................. 14
1.2 VIDA PROFISSIONAL ......................................................................................... 16
1.3 EXPECTATIVAS ................................................................................................. 17
2 A IMPLANTAÇÃO DOS CICLOS DE APRENDIZAGEM ...................................... 19
3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .......................................................................... 27
3.1 CRIANDO AÇÔES PARA O CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÂO .................. 27
3.2 DADOS REFERENTES À INSTITUIÇÃO ............................................................ 27
3.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 29
3.4 SITUAÇÃO PROBLEMA ..................................................................................... 30
3.5 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS DADOS ......................................... 31
3.6 CRONOGRAMA DE AÇÕES .............................................................................. 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40
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INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso/Projeto Vivencial tem como objeto de
estudo Os Direitos de Aprendizagem no Ciclo Inicial da Alfabetização, construído a
partir das experiências vivenciadas em uma escola do município de Anguera - BA,
elaborado por mim enquanto Coordenadora Pedagógica, para o Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica, do Programa Escola de Gestores da
Educação Básica, Universidade Federal da Bahia.
Os estudos sobre os ciclos de aprendizagem vêm se discutindo no Brasil há
muitos anos e têm como objetivos: a reconstrução do currículo, mudanças nas
formas de avaliação da aprendizagem e gestão escolar, inovação da prática
pedagógica dos professores, formação continuada e acabar com a reprovação nas
turmas de 1º e 2º anos do Ciclo Inicial da Alfabetização.
Abordar questões relacionadas à aprendizagem constitui-se uma tarefa
instigante e desafiadora que envolve situações complexas dentro do ambiente
escolar para romper com os paradigmas da reprovação, exclusão de alunos,
proposta curricular, diversidade cultural, para isso é preciso articular a teoria e a
prática juntamente com os professores na busca de ações para que os alunos
possam avançar e construir conhecimentos na interação e mediação tornando assim
a aprendizagem significativa e os direitos de aprendizagem consolidados.
Um dos motivos que me levou a realizar este TCC/Projeto Vivencial sobre os
Direitos de Aprendizagem é para justificar de que maneira estão sendo garantidos
ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização e contribuir com o desenvolvimento do
processo de ensino e a aprendizagem dos educandos dentro do ambiente escolar,
neste aspecto vale ressaltar que enquanto coordenadora pedagógica é fundamental
a articulação entre teoria e prática juntamente com os professores, traçando ações
para que os alunos avancem na construção do conhecimento, tornando assim a
aprendizagem significativa para o educando, pois a cada curso que realizo adquiro
uma nova experiência para a vida profissional, fazendo sempre uma relação com o
trabalho desenvolvido no dia a dia dentro do espaço escolar.
Através dos estudos de alguns teóricos procuro colocar em prática os
conhecimentos construídos ao longo da minha trajetória, diante do trabalho
desenvolvido com as turmas as quais realizo os acompanhamentos pedagógicos, os
resultados das atividades desenvolvidas na sala de aula apontam que os direitos de
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aprendizagem ainda não são garantidos ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização,
com isso decidi realizar este projeto vivencial de intervenção para contribuir, com o
sucesso do aluno e a garantia dos direitos de aprendizagem ao final Ciclo Inicial da
Alfabetização.
O primeiro capítulo deste trabalho é um memorial desenvolvido a partir da
minha vida acadêmica trazendo o relato sobre os meus estudos e cursos realizados,
vida profissional elencando os lugares onde já atuei na área de educação e minhas
expectativas em relação ao curso de especialização em Coordenação Pedagógica
do CECOP 03. O segundo capítulo se refere à fundamentação teórica que traz o
diálogo entre o objeto de estudo e os teóricos e o terceiro capítulo é uma proposta
de intervenção que faz uma análise da aprendizagem dos alunos do 3º Ano do Ciclo
Inicial da Alfabetização com a metodologia apresentando os procedimentos
utilizados.
Esta pesquisa está embasada em vários teóricos como: Mainardes (2014),
relatando sobre a implantação dos ciclos de aprendizagem como processo de não
reprovação, reforma da proposta curricular, crescimento das matrículas após o
Ensino Fundamental de Nove Anos, tempo maior para o processo de alfabetização
das crianças do Ciclo Inicial da alfabetização e mudanças na prática pedagógica dos
professores. Stremel (2014), elencando a situação atual da organização da
escolaridade em ciclos no Brasil. Perrenoud (1999), falando da formação continuada
dos professores e a aprendizagem e desenvolvimento da educação, a função
decisiva dos objetivos ao final do ciclo, administração do ciclo de aprendizagem,
Libâneo e Alves (2012), refletindo os espaços e os tempos de aprender e ensinar e
os Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de
Aprendizagem do Ciclo da Alfabetização (2012), definindo os direitos de
aprendizagem e a política do PNAIC (Programa Nacional da Alfabetização na Idade
Certa).
O objetivo deste trabalho é promover a garantia dos direitos de aprendizagem
ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização e propiciar aos alunos atividades utilizando
as diversas linguagens: oral, escrita, matemática, espacial, histórica e corporal como
também realizar atividades lúdicas, promovendo uma aprendizagem significativa
para os alunos, as reflexões foram centradas nos acompanhamentos pedagógicos,
análise de atividades dos alunos, resultados das avaliações externas IDEB (Índice
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de Desenvolvimento da Educação Básica) e ANA (Avaliação Nacional da
Alfabetização) e prática pedagógica dos professores.
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1 MEMÓRIAS TRAZEM RECORDAÇÕES
A construção do memorial traz recordações de minha vida, relembrar a
trajetória para composição de uma das partes do Projeto Vivencial do Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica, pelo Programa Nacional de Gestores
da Educação Básica Pública da Universidade Federal da Bahia.
Este memorial elenca a minha trajetória de vida acadêmica e profissional
como professora do ensino fundamental I, coordenadora pedagógica do ensino
fundamental II e também do Ciclo Inicial da Alfabetização, o mesmo descreve os
cursos realizados por mim, as aprendizagens durante o período e as instituições as
quais já trabalhei e atuo no momento.
A aprendizagem é um processo re(construtivo), o que significa que os alunos constroem os novos conhecimentos com base nas estruturas e representações já adquiridas sobre os fenômenos em estudo e que devem estar cognitiva e afetivamente envolvidos no processamento da nova informação. Uma aprendizagem efetiva deve exigir esforço e manter os alunos empenhados na realização das tarefas. [...] (MIRANDA, 2007 p.45).
Aprender tem sentido para a vida, construir conhecimentos permite:
oportunidades de novos horizontes para alcançar os objetivos. As minhas
inquietações são muitas no dia a dia, enquanto coordenadora pedagógica do Ciclo
Inicial da Alfabetização ao acompanhar o processo de ensino aprendizagem e
encontrar educandos com as competências e habilidades compatíveis ao seu ano de
escolaridade, isso é um sucesso dentro do processo de ensino aprendizagem, mas
quando vejo alunos que não se desenvolvem no ano em curso, isso deixa o
professor e o coordenador pedagógico, envolvidos no ambiente escolar com suas
angústias.
1.1 VIDA ACADÊMICA
Eu, Ana Cristina Silva Vasconcelos estudei na Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS), iniciando no primeiro semestre de 2001, no curso de
Licenciatura em Pedagogia e conclui no segundo semestre de 2004, durante esse
período construí conhecimentos na interação com os colegas e os professores em
diversas áreas que me deram subsídios para melhorar a minha prática pedagógica
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enquanto professora das séries iniciais e também coordenadora pedagógica. No ano
de 2007, comecei um Curso de Especialização em Planejamento Pedagógico:
Perspectivas Sócio-Políticas, pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB),
concluindo em agosto de 2008, esse curso foi muito importante para aperfeiçoar
meus conhecimentos prévios na área de pedagogia e contribuir para uma prática
docente mais eficaz.
Durante o ano de 2009, fiz o curso de Prevenção de Drogas para Educadores da
Escola Pública pela Universidade de Brasília (UNB), foi à distância e realizei várias
atividades com os alunos, inclusive um Projeto Sobre Drogas que foi desenvolvido na
Escola Municipal Leôncio Horácio de Almeida. Em junho de 2011, tive a oportunidade de
participar do Curso Progestão (Programa de Capacitação Para Gestores Escolares),
pelo Instituto Anísio Teixeira (IAT), concluindo em junho de 2012. Nesse curso
desenvolvi uma aprendizagem significativa os módulos apresentavam vários temas
como: Aprendizagem, Projeto Político Pedagógico, Financiamento da Educação, Função
Social da Escola, Articulação no Processo de Gestão Escolar, Princípios Democráticos,
Como Gerenciar o Espaço Físico e o Patrimônio da Escola, Como desenvolver a Gestão
dos Servidores, Avaliação Educacional e Como Articular a Gestão Pedagógica na
Escola. Conteúdos necessários para desenvolver um trabalho com qualidade exercendo
uma gestão democrática dentro do espaço escolar. Também em 2012 fiz o curso do Pró-
Letramento de Matemática e 2013 o Pró-Letramento de Língua Portuguesa (Programa
de Formação de Professores dos Anos iniciais do Ensino Fundamental), ambos pela
Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Por meio desses cursos desenvolvi atividades
teóricas e práticas dentro do ambiente escolar.
E finalmente em 2014 iniciei o CECOP 03, Curso de Especialização em
Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal da Bahia, de fundamental
importância para a minha vida como profissional da área de educação, uma vez que a
aprendizagem é constante e a cada dia surgem novas experiências dentro do contexto
social e político, procuro está sempre atualizada, isso é fundamental para o professor
realizar um trabalho de qualidade na era da contemporaneidade, pois a cada dia
vivencio novos conhecimentos e experiências.
Devido às demandas da sociedade atual, no contexto das informações e
comunicações a formação continuada é uma exigência, em qualquer área, é
fundamental para o coordenador pedagógico e o professor como articulador e
mediador do processo de ensino aprendizagem a apropriação dos conhecimentos e
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informações do contexto social e político para reflexões cotidianas na sala de aula,
espaço para participações, discussões, questionamentos e transformações de
conceitos abstratos em científicos. Neste aspecto é importante a valorização dos
conhecimentos prévios de cada educando para a construção de uma aprendizagem
significativa.
[...] Construímos nossa teoria ao aprendermos a ler nossa experiência propriamente dita e experiências em geral. Construímos nossa teoria quando fazemos perguntas às experiências, aos autores; quando não nos satisfazemos com as primeiras respostas e com as aparências e começamos a nos perguntar sobre as relações, os motivos, as conseqüências, as dúvidas os problemas de cada ação ou de cada contribuição teórica. A construção de nossa teoria exige que coloquemos perguntas à nossa prática. Quanto maior for nossa habilidade para ler nossa experiência, maior será nossa habilidade para compreender autores. Assim conhecimento e experiência auxiliam nossa compreensão sobre nossa prática. (CHRISTOV, 1998 p.37)
A teoria e a prática estão sempre associadas, para desenvolver uma boa prática
pedagógica é preciso está embasada em alguma teoria, sendo assim cada vez que leio
um autor procuro sempre utilizar as suas aprendizagens e experiências no meu dia a
dia enquanto profissional.
1.2 VIDA PROFISSIONAL
Como professora, trabalho na Rede Municipal de Anguera - BA desde o ano de
1993. Lecionei na Escola Municipal Érico Sofia Brandão, durante sete anos, depois fui
transferida para a Escola Municipal Leôncio Horácio de Almeida, localizada no
Povoado de Guaribas em Anguera, lecionei durante dois anos nessa escola, tinha
apenas o Curso de Habilitação ao Magistério para as séries iniciais (Antigo Segundo
Grau), mas devido às exigências da (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
LDBEN nº 9394/96 voltei a estudar, tentei o vestibular na Universidade Estadual de
Feira de Santana (UEFS) e na segunda tentativa conseguir ser aprovada no Curso de
Licenciatura em Pedagogia.
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro séries do ensino
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fundamental, oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (LDB nº 9394 de 1996, artigo 62).
Para atuar como professora na educação infantil e séries iniciais do ensino
fundamental nos dias atuais é preciso que tenha no mínimo a graduação em
pedagogia. No ano de 2001, fui transferida novamente para a Escola Municipal Érico
Sofia Brandão, para tornar mais fácil o meu acesso para a Universidade na cidade de
Feira de Santana-Ba, durante o meu estudo de graduação lecionei nesta escola. Em
2007 fui transferida para a Escola Municipal Prof. Áureo de Oliveira Filho, onde
trabalhei durante dois anos, em 2009 retornei para a Escola Municipal Leôncio Horácio
de Almeida exercendo a função de coordenadora pedagógica do ensino fundamental II,
já tinha trabalhado nessa escola antes como professora. Em 2011 passei a ser
Coordenadora Municipal do Programa Pacto pela Educação do Estado da Bahia, em
2012 fui transferida para a Secretaria Municipal de Educação exercendo também a
função de Coordenadora Pedagógica do Ciclo Inicial da Alfabetização (1º ao 3º Ano) no
município de Anguera, passando a articular o trabalho pedagógico nas escolas
municipais com turmas deste ciclo.
Em fevereiro de 2015, fiz um concurso na cidade de São Gonçalo dos Campos
para Professora das Séries Iniciais, fui aprovada no terceiro lugar, depois de três
meses fui convocada para exercer a função e no dia 05 de maio de 2015, fui
empossada como professora nesta cidade, onde atuo numa turma do 5º ano no turno
vespertino da Escola Municipal Coronel Tibúrcio Barreiros. Foi uma nova experiência,
pois cada município tem as suas realidades, aos poucos me adaptei à proposta da
escola e venho desenvolvendo o meu trabalho com o objetivo de promover a formação
cidadã e uma aprendizagem significativa para os educandos garantindo os direitos de
aprendizagem.
1.3 EXPECTATIVAS
Diante das minhas experiências acadêmicas e profissionais o Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica do CECOP 03, vem proporcionando para
mim novos caminhos e melhorias em minha prática cotidiana na articulação das
atividades desempenhadas enquanto Coordenadora Pedagógica do Ciclo da
Alfabetização no município, as leituras e as atividades desenvolvidas, durante o mesmo
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trouxeram interações com os colegas, reflexões, trocas de experiência,
questionamentos, construção do conhecimento como resultado de uma aprendizagem
significativa. Em cada Componente Curricular foi abordado temas fundamentais para o
trabalho realizado dentro do espaço escolar.
No dia a dia preciso construir novos conhecimentos, renovar a minha prática e
acompanhar as transformações sociais. Vivenciando a era digital é preciso conhecer os
avanços tecnológicos que emergem na sociedade. O curso de especialização em
coordenação pedagógica me proporcionou um avanço em relação há vários
conhecimentos que permeiam o contexto educacional na atualidade.
Portanto, a escola não é mais concebida apenas como um lugar de transmissão
de conteúdos, subordinados ao livro-didático, ela por sua vez vem alargando o seu
espaço nas transformações sociais e tem como função social a formação integral do
indivíduo, preparando o mesmo para diversas situações dentro do seu contexto social e
político, então é fundamental uma formação cidadã na construção de atitudes e valores
que permeiam na comunidade onde o sujeito está inserido. Entretanto para executar
uma prática pedagógica com qualidade é preciso de profissional que tenha uma
Formação Continuada sempre, pois a mesma é parte construtiva de sua vida
profissional, e as escolas públicas exigem uma sólida estrutura e melhorias no
desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem e na garantia dos direitos de
aprendizagem.
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2 A IMPLANTAÇÃO DOS CICLOS DE APRENDIZAGEM
O ciclo no Brasil foi instituído como uma política de não-reprovação e começou
em 1984 com a introdução do CBA (Ciclo Básico de Aprendizagem) na rede
estadual de São Paulo, depois outros estados passaram a reunir os dois primeiros
anos de escolaridade retirando a reprovação do 1º e 2º ano, com o passar do tempo
foi se alargando e alcançou o ensino fundamental II, devido ao grande número de
reprovações e falta de vagas desde 1910 no Brasil já se discutia eliminar a
reprovação na escola primária. Para superar as reprovações os ciclos constituem um
avanço na qualidade em relação à seriação, pois eles permitem uma nova
organização do sistema escolar, principalmente no que se refere à proposta
curricular.
Os programas de ciclos têm como objetivo, reestruturar os currículos escolares,
mudanças no processo de avaliação da aprendizagem dos alunos, estratégias de
ensino, gestão escolar, formação continuada dos professores, para isto foi
implantado os ciclos de aprendizagem e está relacionado às questões curriculares,
devido ao grande número de reprovações dos alunos para superar limitações e
exclusões. Essa renovação se desenvolve em torno de alguns eixos como:
individualizar o percurso da formação, aprender o trabalho em equipe e colocar as
crianças no centro do trabalho pedagógico.
Os processos de nova estrutura curricular nos programas de organização da
escolaridade em ciclos variam de um contexto para outro, muitos adotaram para
mudar o currículo e romper com concepções tradicionais, agora há uma retomada e
recontextualização dos ciclos devido à implantação do Ensino Fundamental de Nove
Anos. Essas mudanças envolvem várias concepções teóricas e epistemológicas no
que diz respeito à educação, conhecimento, função da escola e construção do
sujeito como cidadão, sendo que a disciplina é substituída por áreas do
conhecimento com diversas alternativas e metodologias através de projetos com
temas geradores, diversidade cultural, relações de gênero, sexualidade, meio
ambiente e outros voltados para formação cidadã dos alunos envolvidos nesse
processo.
As propostas curriculares mais novas, muitas redes de ensino decidiu pela
definição de possibilidades de aprendizagem, capacidades de aprendizagens,
matrizes de habilidades, listas de objetivos para serem estudadas ao término de um
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ano ou um ciclo, como os direitos de aprendizagem. Isso porque as redes desejam
aumentar o seu IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e outras
avaliações externas.
As pesquisas sobre políticas curriculares nas propostas de ciclos oferecem também elementos para se detectar que pode ocorrer um distanciamento entre as equipes gestoras do sistema e as escolas. Quando inexistem mecanismos eficientes de interação entre esses dois pólos, bem como de avaliação das próprias propostas educacionais e curriculares e da sua implementação, é possível que os gestores do sistema apresentem uma visão idealizada de que a política curricular foi entendida e incorporada pelos professores ou atribuam o baixo nível de adesão dos professores a questões como resistência à mudança, conservadorismo, comodismo etc. (MAINARDES, 2011, p.12, apud Freitas et al, 2009).
Os principais responsáveis para que a política de ciclos seja desenvolvida com
mudanças nas práticas avaliativas são os professores e os gestores escolares
devem-se considerar a autonomia desses sujeitos para desenvolver a avaliação
formativa numa turma heterogênea é necessário promover reflexões sobre a sua
própria prática em relação à aprendizagem dos alunos, para que possam construir o
conhecimento na interação e mediação com o educador, as crianças devem ser
sujeito de sua aprendizagem, e as estratégias de ensino propiciar aos mesmos a
sala de aula como um lugar de: expressar suas idéias, questionamentos,
participação, para que possam desenvolver o senso crítico com práticas de leituras
relacionadas ao dia a dia do aluno constituindo assim um avanço em comparação à
escola seriada.
Rompendo com a seriação as progressões de aprendizagem tornam-se mais
fluída e tendem-se acabar a repetência, para que isso ocorra de maneira sólida,
precisamos mudar a prática pedagógica dos professores na perspectiva de que
sejam transformadas em valores, atitudes, conhecimentos e competências para
praticar uma pedagogia diferenciada de maneira que envolvam os alunos em
diversas situações de aprendizagem para mudanças no currículo escolar. As
diferenças individuais dos alunos devem ser respeitadas dentro do processo de
ensino aprendizagem e para superar o déficit de aprendizagem deve se criar as
classes de apoio no turno oposto para as crianças com dificuldades de
aprendizagem. Para se organizar a escola em ciclos de aprendizagem precisam-se
alargar as competências dos professores diante das formações continuadas
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oferecidas para melhorar a qualidade do trabalho pedagógico nas áreas que os
alunos apresentam mais dificuldades.
Para se comprovar os resultados, no que se referem ao desempenho dos
alunos foi criada “avaliação externa” como exemplos têm a Provinha Brasil de
Leitura e Matemática e a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização). Elas
contemplam os alunos do 2º e 3º anos no Ciclo Inicial da Alfabetização. As
avaliações da aprendizagem nos ciclos têm caráter diagnóstico e são fundamentais
para fazer avançar os alunos podendo assim melhorar a aprendizagem.
[...] e a observação da política posta em prática mostrou que, no geral, poucas mudanças puderam ser identificadas na prática pedagógica. O currículo permaneceu fortemente classificado em áreas de conhecimento e as atividades de Língua portuguesa e Matemática eram priorizadas no cotidiano do trabalho pedagógico. De acordo com os professores observados, uma das razões para privilegiar tais áreas diz respeito ao fato de estas serem áreas em destaque na avaliação externa conduzida pela Secretaria de Educação anualmente em alguns dos grupos do ciclo, além de terem sido priorizadas na formação continuada dos professores. (MAINARDES, 2007, p.149)
O processo de escolarização em Ciclos de Aprendizagem introduzido nas
diversas redes de ensino traz várias mudanças no que diz respeito a diversas
questões curriculares, em relação à avaliação, estratégias de ensino e também
infraestrutura das escolas etc. Cresce a procura por matrículas depois da
implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos, desde a metade dos anos de
1990 que vem se contemplando a inclusão de alunos com 06 anos de idade no
primeiro ano do Ciclo Inicial da Alfabetização. Durante esse período as crianças
devem iniciar, aprofundar e consolidar os direitos de aprendizagem, para que ao
final do 3º ano os direitos possam estar garantidos.
As crianças quando apresentam dificuldades de aprendizagem os professores
devem se apropriar de um tempo maior de dedicação para elas, pois em uma turma
encontram-se diversidades nas habilidades e níveis de leitura e escrita, para se
praticar a avaliação formativa os conteúdos devem ser retomados de maneira que
os alunos aprendam com qualidade e não quantidade, os agrupamentos nas turmas
para envolver todos os alunos são fundamentais de maneira que ninguém seja
excluído. Com o aumento de mais 01 ano escolar no Ciclo Inicial da Alfabetização,
isso contribui para a formação de um grupo mais homogêneo.
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Pesquisas demonstram que a reprovação, nos anos iniciais não traz benefícios
para as crianças que são reprovadas em um ano, no próximo não apresentam
resultados de melhores desempenhos do que os que não foram reprovados com
isso o processo de aprendizagem não deve ser fragmentado, a exemplo do que faz
a reprovação anual. O sistema educacional por ser democrático deve propor à
superação de práticas excludentes por parte dos alunos durante o processo de
escolarização. O período de aprendizagem em um ciclo não se dá apenas em um
ano de escolarização e sim ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização.
Nem todas as crianças aprendem no mesmo ritmo e com o mesmo tempo para
se apropriarem das práticas de leitura e escrita, de modo efetivo. Com a implantação
do Ensino Fundamental de Nove Anos, o Conselho Nacional de Educação (CNE)
recomenda que os anos iniciais sejam transformados em um único ciclo sem
reprovação, os alunos devem se apropriar dos conhecimentos mesmo em ritmos
diferenciados, pois os ciclos definem como um dos seus objetivos um período mais
longo para a aprendizagem dos alunos, acabando assim a reprovação dentro do
mesmo.
Depois da implantação dos ciclos de aprendizagem as taxas como: reprovação,
distorção idade/série e evasão diminuíram e se tornaram significativas, o nível da
qualidade de aprendizagem dos alunos melhorou. Durante os três anos do Ciclo
Inicial da Alfabetização ainda encontramos alunos que não dominam os direitos de
aprendizagem nas turmas do primeiro, segundo e terceiro ano. Dentro do processo
de ensino e aprendizagem na sala de aula, infelizmente algumas crianças ainda são
excluídas por parte dos professores e a maioria são crianças originadas de classes
sociais menos favorecidas.
Uma política pública do Ciclo Inicial da Alfabetização no Brasil é o
PACTO/PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa), programa que
tem o objetivo de alfabetizar as crianças até os oito anos de idade, ou seja, ao final
do 3º Ano do ensino fundamental I garantindo aos alunos os direitos de
aprendizagem consolidados, e as crianças com habilidades capazes de ler,
compreender, interpretar, produzir textos, resolver problemas, conhecimentos das
ciências humanas e naturais, linguagem da arte e expressão corporal. Por outro lado
ainda encontramos crianças que não conseguem garantir esses direitos durante o
Ciclo Inicial da Alfabetização.
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Para garantir as aprendizagens básicas às crianças, no tempo organizado em ciclo, é preciso assumir outra forma mais diversa, plural e interconectada de conceber a educação, a escola, o professor, sua formação e, sobretudo, a infância. Trata-se de assegurar que todas as meninas e meninos estejam alfabetizados, na perspectiva do letramento, até seus 08 anos, o que exige um trabalho focado, conjunto e integrado, pautado em meios diferenciados de gestão, coletivos e participativos, que envolvam verdadeiramente todos os sujeitos da comunidade escolar nesse mesmo propósito. (BRASIL, Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem, 2012, p.18)
Os direitos de Aprendizagem para sua consolidação é necessário envolver os
diversos segmentos da comunidade escolar, diretor, coordenador, pais, professor e
levar em consideração diversos fatores como: currículo, avaliação, prática
pedagógica do professor, formação continuada para envolver os alunos em diversas
situações e contextos, para construção do conhecimento dentro do processo de
ensino aprendizagem.
Os ciclos de aprendizagem são concebidos como espaços de formação e
ajudam a diminuir o fracasso escolar e as desigualdades existentes nas turmas em
relação ao processo de aprendizagem a sua estrutura, possibilita novas práticas
diversificadas como: o planejamento ao longo dos três anos de escolarização, o
agrupamento dos alunos de maneira flexível, o processo de avaliação da
aprendizagem, como também a regulação das progressões individuais dos alunos,
desta forma os professores não ficam isolados na sua série, as decisões precisam
ser compartilhadas em grupo e não se deve esperar o final do ciclo para serem
avaliadas as competências de cada aluno. O trabalho nos ciclos de aprendizagem é
mais complexo do que anual, as inovações pedagógicas são mais organizadas, pois
permitem progressões diversificadas ao longo do período, no entanto temos que
saber aperfeiçoar o mesmo para não excluir os alunos provocando assim o aumento
do fracasso escolar.
Os objetivos para a formação dos ciclos precisam ser esclarecidos para os
professores, pais e alunos, visando o percurso durante o funcionamento para que ao
final possamos ter êxito os programas devem estabelecer o que é fundamental para
ensinar na perspectiva de que os alunos precisam saber em relação às
competências e habilidades ao final de cada etapa, para atingir os objetivos é
importante uma programação compatível com a progressão da aprendizagem.
De modo ideal, os professores responsáveis por um ciclo plurianual deveriam ter os objetivos finais em mente e propor constantemente
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situações de aprendizagem próprias à progressão de cada aluno rumo aos domínios visados. Nos ciclos longos (três ou quatro anos), parece útil, entretanto, dispor de pontos de referência intermediários, desde que não induzam obrigações de resultados nem fundamentem nenhuma seleção durante o ciclo. O contrato dos professores consiste em levar o maior número possível de crianças ao domínio dos objetivos de final de ciclo. Cabe a eles planejar as progressões de modo a darem conta do tempo requerido para cada uma delas. Formadores conselheiros pedagógicos, pesquisadores podem e devem propor instrumentos de orientação das progressões, mas nenhum representante da administração escolar deveria evolver-se nos balanços intermediários, do mesmo modo que, hoje em dia, ninguém intervém mais durante o ano letivo, salvo em caso de disfunção notória ou pedido de auxílio. (PERRENOUD, 2004, p. 44).
Em um ciclo de aprendizagem é fundamental o compromisso do professor em
relação aos objetivos definidos para este espaço-tempo, ao elaborar o planejamento
juntamente com o coordenador pedagógico que é o articulador da prática devemos
criar várias situações de aprendizagem levando em consideração o conhecimento
prévio de cada aluno com a tentativa de fazer avançar durante o seu percurso,
garantindo assim a consolidação dos direitos de aprendizagem. Para diferenciar
atividades faz-se necessário propor situações de aprendizagem a partir da zona de
desenvolvimento proximal do aluno, fazendo intervenções a partir do conhecimento
que ele já domina.
Os objetivos para serem alcançados ao final de um ciclo é preciso o professor
fazer uma reflexão sobre o processo de ensino suas estratégias, as atividades
propostas, a avaliação, o currículo, tudo isso faz lutar contra o fracasso escolar.
Estimular a pedagogia com pesquisas, projetos, situações-problema, seqüência
didáticas e agrupamento dos alunos é uma maneira de aperfeiçoar o tempo de
escolarização para os alunos com déficit de aprendizagem, ou seja, os menos
favorecidos.
Um trabalho de formação mais intensivo ajudaria os professores a determinarem melhor os indicadores de aprendizagem que permitem uma regulação interativa, em particular quando o professor persegue objetivos de alto nível taxonômico. Deseja-se desenvolver em seus alunos a imaginação, a expressão, a argumentação, o raciocínio, o senso de observação ou a cooperação, não pode esperar progressos sensíveis em algumas semanas. A construção de atitudes, de competências ou de conhecimentos fundamentais leva meses, até mesmo anos. Quando chega a hora de avaliar, não há tempo para a regulação, que cabe mais a um professor em início de formação. (PERRENOUD, 2000, p. 50).
A formação continuada para o professor do ciclo é necessário na construção de
novas competências e organização das práticas pedagógicas, revisão das formas de
25
avaliação, sendo o mesmo um interlocutor no processo de ensino, intensificar o
desenvolvimento da aprendizagem através da meta cognição auxiliam a melhorar a
progressão dos alunos alcançando assim o seu nível de desenvolvimento durante o
percurso. Utilizar a pedagogia diferenciada é uma maneira de lutar contra o fracasso
escolar, a organização do trabalho, com a implantação dos ciclos de aprendizagem,
provocam mudanças entre as atividades individuais e coletivas tornando necessário
o trabalho em equipe que exige uma cooperação dos agentes envolvidos neste
processo, aprender e ensinar são atividades associadas, para acontecer à
aprendizagem é fundamental que haja o ensino para isso temos as figuras-chaves o
professor e o aluno.
O currículo no Ciclo Inicial da Alfabetização deve estar em consonância com os
direitos de aprendizagem, sendo a aprendizagem um direito para as crianças torna-
se um dever para o adulto garantir, as mesmas que podem aprender desde os 06
anos de idade e se apropriarem do sistema alfabético para compreender o processo
de leitura e escrita que vincula em nossa sociedade como: palavras, textos, livros,
imagens e outros, possibilitando assim a transformação no seu meio social. O
processo de alfabetização da criança decorre aos três anos do ciclo, neste período é
fundamental a integração entre as diversas áreas do conhecimento abrangendo uma
proposta interdisciplinar no seu currículo.
Para o desenvolvimento da aprendizagem faz-se necessário a articulação entre
as fases de educação infantil e o Ciclo Inicial da Alfabetização, destacando os
fenômenos sociointerativos, temporais e culturais, sendo assim as atividades das
crianças devem ser baseadas na realidade do seu dia a dia entendendo que a
construção do conhecimento deve envolver diversos aspectos como: jogos,
movimento, afeto, artes, poesia, linguagens, música e outros. Analisar o currículo
antes de se colocar em prática é uma maneira de valorizar as experiências que o
aluno traz do seu cotidiano para se adaptar aos conhecimentos construídos na
interação e serão transformados em conceitos científicos.
Segundo Libâneo e Alves (2012, p.480) “A atividade de aprendizagem de
conceitos científicos é, portanto, o movimento que, por meio da formação do
pensamento teórico, assentado na reflexão, análise e planejamento, conduz ao
desenvolvimento psíquico da criança”. No entanto, o planejamento é um processo
de se organizar as atividades que serão desenvolvidas no cotidiano da sala de aula,
por isso considerar as especificidades de cada criança para a formação dos
26
conceitos científicos é fazer uma relação entre as ações realizadas e as requeridas
em uma atividade.
O exercício da cidadania a partir dos valores é necessário para a formação do
sujeito como um ser reflexivo capaz de interagir na sociedade levando em
consideração os aspectos: éticos, estéticos e políticos.
Os ciclos de formação permitem acabar com as aprendizagens internalizadas
e valoriza o ser humano como um todo, ou seja, um projeto de educação global.
Para isso é importante a organização do tempo escolar adequando às
especificidades de cada educando respeitando o seu ritmo para a aprendizagem. Os
educadores para atender esses ritmos encontrados na sala de aula são
fundamentais à sua adaptação com o ambiente escolar, pois o conteúdo escolar
enfatiza a associação entre a idade de formação e a sua vivência de cada idade.
27
3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 3.1 CRIANDO AÇÔES PARA O CICLO INICIAL DA ALFABETIZAÇÂO
Proposta de Intervenção desenvolvida para o TCC/Projeto Vivencial do Curso
de Especialização em Coordenação Pedagógica, pelo Programa Escola de Gestores
da Educação Básica, pela Universidade Federal da Bahia no Polo de Conceição do
Coité – BA, tendo como Eixo Temático: A Relação da Aprendizagem Escolar e o
Trabalho Pedagógico.
3.2 DADOS REFERENTES À INSTITUIÇÃO
A Escola X está localizada em Anguera - BA, e funciona com o Ensino
Fundamental do 1º ao 5º Ano, regular e na modalidade de Educação de Jovens e
adultos, atualmente conta com aproximadamente 430 alunos matriculados,
distribuídos nos três turnos matutino, vespertino e noturno, três coordenadores
pedagógicos, 01 para o Ciclo Inicial da Alfabetização 1º ao 3º Ano, 01 para o ciclo II
4º e 5º Ano e 01 para o EJA. Essa escola tem uma importância fundamental para o
município, pois é a única da zona urbana que oferece o Ensino Fundamental I.
A escola possui 01 diretoria, 01 secretaria, 01 sala de professores, 14 salas de
aula, 01 biblioteca, 01 laboratório de informática, 01 refeitório, 05 banheiros, 01
almoxarifado, 01 área de livre circulação espaçosa, conta com 24 professores, 01
diretora, 01 secretária, 03 vice-diretoras, 02 agentes de biblioteca, 01 monitor de
informática, 03 merendeiras e 06 auxiliares de limpeza, 02 porteiros, 03 digitadores e
05 assistentes administrativos.
QUADRO 1. Distribuição dos alunos da escola por nível de proficiência em leitura /
escrita e matemática na ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização) 2013
SEM PONTUAÇÃO NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
LEITURA 33,41% 42,07% 22,64% 1,88%
ESCRITA 2,35% 21,03% 33,41% 9,48% 33,74%
MATEMÁTICA 22,73% 38,07% 18,2% 21,0%
FONTE: INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
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Os resultados acima em relação ao ANA da escola pesquisada, em leitura o
maior número de alunos atingiu o nível 2, lembrando que o nível 4 apresentou um
número baixo de alunos, na escrita o resultado mais alto atingiu o nível 4, isso
apresenta uma contradição entre a leitura e a escrita. Para matemática o nível mais
alto foi o 2, depois o nível 1, comparando com leitura a matemática obteve um nível
mais elevado nos resultados.
QUADRO 2. Resultado do IDEB e Metas Projetadas 2013
IDEB OBSERVADO METAS PROJETADAS
ANO 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017
ESCOLA
ÉRICO 2.9 2.9 4.4 4.6 4.3 3.0 3.3 3.7 4.0 4.3 4.6
FONTE: INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Em relação às metas projetadas do IDEB, o resultado do ano de 2007, não
atingiu a meta, em 2009, 2011 e 2013 superaram as metas. Para o ano de 2015 a
meta projetada atingiu o resultado no ano de 2013.
O município de Anguera - BA está localizado na região do semiárido
nordestino, na microrregião de Feira de Santana, tem uma população de 10.242
habitantes IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Censo de 2010, com
maior parte da população residente na Zona Rural. O município possui dois
Povoados Areia e Guaribas e outras comunidades. Originou-se da fazenda Almas,
Emancipada aos 20 de novembro de 1961, pela lei Estadual nº 1.558, desmembrada
do município de Feira de Santana.
A escolha por essa escola se deu devido ao fato de ser a maior escola do
município que funciona com os anos iniciais, ou seja, o ensino fundamental I tem a
Adesão dos Programas Mais Educação e PACTO/PNAIC, onde a maioria dos
professores participam das formações deste Programa que desenvolvem atividades
teóricas e práticas com os mesmos tendo como objetivos: compreender a
construção do conhecimento como um processo interativo de aprendizagem na sala
de aula, utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) como
recursos didáticos para a prática pedagógica, promover a aprendizagem dos alunos
de maneira lúdica e prazerosa, orientar o planejamento das atividades
alfabetizadoras conforme as propostas de alfabetizar com o letramento e
29
alfabetização matemática, produção de relatórios sobre a aprendizagem dos alunos
baseado nos direitos de aprendizagem do Ciclo Inicial da Alfabetização.
A escola possui o Conselho Escolar formado por diversos membros da
comunidade escolar, porém não é muito atuante para as decisões, o Projeto Político
Pedagógico é de conhecimento dos funcionários, pois o mesmo, já foi estudado pela
comunidade escolar em Jornada Pedagógica e também em outras reuniões
promovidas pela instituição, a Minuta do Regimento Escolar foi reformulada em
consonância com o Projeto Político Pedagógico, da instituição.
3.3 METODOLOGIA
Diante dos resultados diagnosticados nos acompanhamentos pedagógicos da
Escola X, ao realizar o projeto de intervenção, fiz uma entrevista com os professores
das turmas do 3º ano, voltada à prática pedagógica na sala de aula, para analisar se
as atividades executadas por eles estão condizentes com a proposta pedagógica da
escola, definida no projeto político pedagógico da instituição, que define como uma
prática pedagógica lúdica, contextualizada que proporcionem aos alunos uma
aprendizagem significativa voltada para uma formação cidadã na construção de
atitudes e valores que permeiam a nossa sociedade.
Para isso utilizei os seguintes passos: Levantamento do material para
referencial teórico, encaminhamento de ofício para a direção da escola, contato com
os professores do 3º ano e alunos para trabalho de campo, observações de
atividade dos alunos, construção dos roteiros de entrevista estruturada para os
professores, realização das entrevistas, análise dos resultados e ações propostas
para a intervenção de acordo com as entrevistas.
A partir das entrevistas estruturadas com alguns professores das turmas do
3º ano, analisei alguns aspectos como: prática pedagógica dos professores,
utilização de recursos didáticos nas suas aulas, elaboração do planejamento,
realização de trabalhos em grupo, concepção sobre os direitos de aprendizagem,
importância da formação continuada para o professor, dificuldades de
aprendizagem, consolidação dos direitos de aprendizagem, melhorias para a
aprendizagem dos alunos e medidas adotadas pelo sistema educacional.
30
Para este trabalho o método realizado foi a pesquisa-ação que é uma
investigação, baseada na experiência, a qual tem como objetivo tentar resolver um
problema coletivo diagnosticado, ou seja, uma ação de intervenção propondo
melhorias, para solucionar o problema, do pesquisador e os envolvidos neste
processo, conforme menciona o autor abaixo.
Na pesquisa-ação os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas. Sem dúvida, a pesquisa-ação exige uma estrutura de relação entre pesquisadores e pessoas da situação investigada que seja de tipo participativo. Os problemas de aceitação dos pesquisadores no meio pesquisado têm que ser resolvidos no decurso da pesquisa. Mas a participação do pesquisador não qualifica a especificidade da pesquisa-ação, que consiste em organizar a investigação em torno da concepção, do desenrolar e da avaliação de uma ação planejada. Nesse sentido, pesquisa-ação e pesquisa participante não deveriam ser confundidas, embora autores tenham chamado pesquisa participante concepções de pesquisa-ação que não se limitam à aceitação dos pesquisadores no meio pesquisado, como no caso simples “observação participante”. A participação dos pesquisadores é explicitada dentro da situação de investigação, com os cuidados necessários para que haja reciprocidade por parte das pessoas e grupos implicados nesta situação. Além disso, a participação dos pesquisadores não deve chegar a substituir a atividade própria dos grupos e suas iniciativas. (THIOLLENT, 1996, p. 15 e 16.)
Através da pesquisa-ação envolvi a participação de agentes do processo de
ensino aprendizagem como os professores e os alunos, pois esta pesquisa é voltada
para um grupo social que faz parte do ambiente escolar, para propor algumas ações
que serão desenvolvidas para contribuir com a garantia dos direitos de
aprendizagem para os alunos ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização na escola
pesquisada.
3.4 SITUAÇÃO PROBLEMA
Os Direitos de Aprendizagem no Ciclo Inicial da Alfabetização na Escola X em
Anguera - BA reflete sobre o processo de ensino aprendizagem e pretende analisar
de que maneira estão sendo garantidos os direitos de aprendizagem ao final do
Ciclo Inicial da Alfabetização, com o objetivo geral de desenvolver oficinas
pedagógicas para intensificar a prática pedagógica contextualizada lúdica e
específicos como: diversificar as atividades na sala de aula e também promover uma
31
aprendizagem significativa a partir da proposta do letramento e alfabetização
matemática para o aluno.
Enquanto coordenadora pedagógica do Ciclo Inicial da Alfabetização na
Escola X desenvolvo um trabalho de acompanhamento junto aos professores das
turmas do (1º ao 3º Ano), articulando a prática pedagógica dos mesmos com o
planejamento das atividades desenvolvidas na sala de aula, dando sugestões de
atividades, promovendo discussões de temas relevantes dentro do ambiente escolar
como: Planejamento, Avaliação da Aprendizagem, Metodologia, Proposta Curricular,
Práticas de Alfabetização, Projeto Político Pedagógico e outros, para contribuir com
a construção do conhecimento tornando aprendizagem significativa para o
educando.
Ao realizar esse acompanhamento, com os professores nas turmas do 2º e 3º
ano, desta escola, através de diagnósticos como: resultados da Provinha Brasil,
ANA, testes, provas, produções textuais, atividades do dia a dia dos alunos me
inquieta muito quando percebo que os direitos de aprendizagem não estão sendo
garantidos para um percentual desses alunos, ao longo do ano letivo.
A partir da constatação desses diagnósticos, decidi realizar um Projeto de
Intervenção, para contribuir com a aprendizagem dos alunos, orientando os
professores para realizar as intervenções propostas com a perspectiva de promover
a consolidação dos direitos de aprendizagem ao final de cada ano do Ciclo Inicial da
Alfabetização.
3.5 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE DOS DADOS
Esta entrevista tem como objetivo coletar dados sobre a aprendizagem no Ciclo
Inicial da Alfabetização e analisar de que maneira estão sendo garantidos os direitos
de aprendizagem ao final do ciclo, para este trabalho foi realizado uma entrevista
contendo oito questões, a qual duas professoras responderam baseadas no seu dia
a dia, da sala de aula na escola X em Anguera - BA, ambas são do quadro efetivo
municipal, com Nível Superior em Pedagogia, uma com especialização na área de
educação e a outra está cursando, denominadas como professor 01 a do turno
matutino e professor 02 do turno vespertino. Inicialmente foi convidada uma
professora atuante há vários anos nas turmas de 3º ano desta escola, sendo que a
32
mesma se negou em responder a entrevista, depois me dirigi a outra colega do
mesmo turno aceitando sem nenhuma rejeição.
O planejamento é de fundamental importância para a prática pedagógica do
professor, analisando a mesma foi mencionado que no ato da elaboração do
planejamento deve-se considerar:
Professor 01 “A realidade do aluno, os objetivos a serem alcançados, os
aspectos culturais e sociais da comunidade em que o educando está inserido para a
formação de um cidadão crítico”.
Professor 02 A flexibilidade, por mais fundamentado que seja o planejamento tenho consciência de que alguns imprevistos podem surgir no decorrer da aula, procuro sempre realizar uma avaliação constante do processo de ensino, para garantir aos meus alunos as competências e habilidades, as especificidades, procurando desenvolver atividades que sejam coniventes à realidade dos mesmos, tendo sempre em mente os objetivos que desejo alcançar na atividade.
As respostas em partes se coincidiram quando ambos falaram dos objetivos a
serem alcançados e a realidade dos alunos. O professor 01 destacou a importância
de valorizar o multiculturalismo do aluno enquanto o Professor 02 relatou que em
alguns momentos pode ocorrer o improviso, mas planeja a partir das necessidades
do educando.
[...] os métodos de ensino deveriam propiciar a participação ativa dos alunos, num ambiente onde eles pudessem questionar e expressar as suas opiniões e comentários. As crianças deveriam ser motivadas a desenvolver o pensamento crítico, principalmente nas práticas de leitura, e o conhecimento escolar deveria estar relacionado com a vida real (relação entre o conhecimento acadêmico e o não-acadêmico). As diferenças individuais deveriam ser respeitadas no processo de ensino-aprendizagem. (MAINARDES, 2007, p.146 e 147).
O professor deve promover diversas situações de aprendizagem envolvendo os
alunos com sugestões, discussões, incentivando a desenvolver o senso crítico a
partir da sua realidade, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos.
Na sala de aula os recursos didáticos auxiliam a interação entre o professor e o
aluno, em relação a estes foi questionado em relação aos recursos didáticos
utilizados nas aulas.
Professor 01 ”jogos, livros de literatura infanto-juvenil e as TICs (computador e
vídeos)”.
33
Professor 02 “lousa, piloto, data show, computador, jogos pedagógicos, livros
de histórias e materiais concretos”.
Os dois professores utilizam as tecnologias da informação como recursos
didáticos nas suas aulas, jogos pedagógicos e livros de literatura e o professor 02
mencionou a mais o uso de materiais concretos no seu dia a dia. Para a criança o
jogo no seu contexto ajuda a aprendizagem, desenvolve o cognitivo, na interação
entre os colegas e o professor ajudando a estimular o raciocínio lógico a partir das
estratégias desenvolvidas.
[...] criar oportunidades prazerosas em torno das propostas de contação e leitura de histórias ajuda a desenvolver o prazer pela leitura, pela sonoridade expressiva da língua; amplia o uso e a compreensão da linguagem oral, imagética e escrita, bem como a percepção e o conhecimento do mundo; e, ainda, estimula a imaginação e a fantasia. (Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem, 2012, p.20 e 21).
As histórias infantis auxiliam no desenvolvimento cognitivo das crianças,
amplia o conhecimento de mundo, a imaginação, a compreensão oral e escrita bem
como incentivam o gosto e o prazer pela leitura.
A formação continuada permite aos professores mudanças em relação ao fazer
pedagógico, com base nesse contexto de que maneira as formações do
PACTO/PNAIC têm contribuído para a sua prática pedagógica na sala de aula.
Professor 01 ”Não participo das formações”.
Professor 02 “O curso me proporciona uma nova visão, enriquecendo a minha
prática pedagógica, com intervenções como: dinâmicas, trocas de experiência,
fortalecendo assim minha prática alfabetizadora”.
Quanto à formação continuada, dos entrevistados somente o professor 02
participa, o mesmo relata que essas formações são valiosas, pois as experiências
proporcionam o desenvolvimento de sua prática pedagógica no processo da
alfabetização, vale ressaltar que elas são momentos de estudos que vivenciamos
atividades teóricas e práticas dentro do processo de ensino aprendizagem,
contribuindo assim para o desenvolvimento dos educandos.
[...] Nessa perspectiva, o eixo central da formação de professores está na interação do campo disciplinar com o campo da Didática, não apenas quanto ao domínio dos conhecimentos técnicos, como também quanto ao domínio teórico da atividade de ensino. (SFORNI, 2012, p. 469).
34
A formação continuada deve abordar conceitos teóricos e práticos, dessa forma
cabe ao professor ampliar o conhecimento nos diversos conteúdos curriculares para
serem utilizados no seu dia a dia.
Para o ciclo o trabalho em equipe é necessário, quanto à realização de
atividades em grupo com os alunos, foram relatados sobre as vantagens e
desvantagens em sala de aula pelos docentes.
Professor 01 ”Vantagens trocas de idéia e informações, desenvolver o espírito
de grupo. Desvantagens às vezes a imposição de aceitação de idéias, sobrecarga
de tarefas e alguém pode querer dominar o grupo”.
Professor 02 “Vantagens socialização trocas de experiência, o
desenvolvimento dos alunos com dificuldades. Desvantagens partilhar a falta de
maturidade de alguns alunos no trabalho em grupo”
Trabalhar em equipe harmoniza forças e competências, sem que seja necessário, também aqui, esperar prodígios disso. Enquanto tal, o trabalho em equipe não aumenta as forças de enquadramento dos alunos, mas permite reparti-las diferencialmente, dentro de uma divisão e uma organização do trabalho mais flexível. Em equipe, várias pessoas podem trabalhar juntas com um grupo maior, funcionando como pessoas-recurso que desempenham papéis diferenciados. (PERRENOUD, 2004, p. 45 e 46)
Ambos os professores realizam trabalhos em grupo, destacando como positivo
as trocas de experiência, mas devemos ter o cuidado para que nenhum aluno fique
excluído, pois as tarefas devem ser partilhadas e não apenas quem sabe mais fazer.
O professor 02 destacou o desenvolvimento de alunos com déficit de aprendizagem,
para trabalhos em grupo, no momento da divisão os grupos devem ser mesclados
em ritmo de aprendizagem dos alunos e as habilidades devem ser respeitadas.
Os direitos de aprendizagem elencam a dimensão integradora da alfabetização
e as áreas do conhecimento, dentro desta concepção os professores justificaram
que:
Professor 01 ”São as competências que os estudantes devem adquirir durante
o primeiro ciclo”.
Professor 02 “São direitos que devem ser assegurados ao aluno lhe garantindo
as competências e habilidades específicas para cada Série ou Ano”.
A partir das falas dos professores percebemos que os direitos de
aprendizagem devem ser assegurados aos alunos a cada ano, para o
desenvolvimento das competências e habilidades do educando. Portanto, esses
35
direitos devem ser trabalhados em suas diversas linguagens: oral, escrita,
matemática, espacial, histórica e corporal garantindo assim a sua consolidação ao
final do Ciclo Inicial da Alfabetização.
A possibilidade do acesso ao Ensino Fundamental aos 6 (seis) anos permite que todos os meninos e meninas brasileiros usufruam o direito à educação, num ambiente educativo mais focado à alfabetização e ao letramento, à aquisição de conhecimentos de outras áreas e ao desenvolvimento de diversas formas de expressão. (RAMOS, 2013, p. 18).
As crianças ao entrar no ensino fundamental aos seis anos de idade, a escola
deve assegurar os direitos de aprendizagem, elencando a proposta da alfabetização
e letramento dentro de uma perspectiva curricular social e política enfocando a
linguagem oral e escrita nas diversas áreas do conhecimento.
Diante dos diferentes ritmos de aprendizagem, devemos respeitar o tempo,
portanto enquanto professor, o que você costuma fazer para os alunos que
apresentam déficit de aprendizagem.
Professor 01 “Trabalho individualizado, com atividades diferenciadas e uma
maior atenção no momento da realização das tarefas, pois esse trabalho exige maior
tempo e dedicação”.
Professor 02 “Trabalho com atividades diferenciadas, buscando estratégias
diversificadas”.
Os dois professores falaram no desenvolvimento de atividades diferenciadas
para os alunos. O professor 01 destacou a importância do tempo de aprendizagem
para os alunos com déficit, pois exige um espaço-tempo maior para o seu
desenvolvimento.
A despeito da diversidade de habilidades e níveis de aprendizagem, os professores consideravam as classes como grupos homogêneos. As atividades propostas eram mais adequadas para alunos de desempenho médio ou acima da média, tornando-se mais desvantajoso para as crianças que estavam em níveis menos avançados, ou seja, aquelas que necessitavam de maior tempo e apoio para aprender. (MAINARDES, 2007, p.150).
Os alunos que apresentam déficit de aprendizagem precisam de mais atenção
devemos levar em consideração o tempo para aprender, pois nem todos de uma
turma possuem as mesmas habilidades.
36
Os direitos de aprendizagem devem ser garantidos ao final do 3º ano do Ciclo
Inicial da Alfabetização, sabendo-se desta importância, enquanto mediador desta
garantia todos os alunos da sua turma dominam esses direitos.
Professor 01 ”Não. Alguns necessitam de acompanhamento de outros
profissionais para que a aprendizagem aconteça com mais eficácia, pois o trabalho
diferenciado na sala não dá conta”.
Professor 02 “Não. Alguns não têm interesse, baixa frequência, falta
acompanhamento familiar, mesmo com a equipe escolar buscando o apoio familiar,
a presença dos pais na escola ainda é muito pequena”.
Nas turmas do 3º ano da escola X, nem todos os alunos estão com os direitos
de aprendizagem consolidados, nesta perspectiva ressaltamos que é necessário
intensificar algumas ações no que diz respeito a propor intervenções para o
professor.
É provável que nem todos os alunos consigam dominar os objetivos de um ciclo ao final do tempo padrão. É melhor enviá-los ao ciclo seguinte, continuando a trabalhar intensivamente com eles, mais do que sonhar em recriar uma diferenciação dos tempos de escolarização. Essa interdição não terá efeito mágico, mas obrigará a recolocar os dispositivos de diferenciação sobre o ofício até que se encontre, o meio de fazer com que cada aluno aprenda no mesmo ritmo, pelo menos nas áreas de competências e de conhecimentos mais cruciais. (PERRENOD, 2004, p. 48).
Percebe-se que ao final do 3º ano ainda encontramos alunos que não
garantem o desenvolvimento das competências e habilidades, para o ano escolar
em curso, neste aspecto é mais significativo a não reprovação.
Para o Ciclo Inicial da Alfabetização é indicado não reprovar nas turmas de 1º
ano e 2º ano, então foi perguntado aos professores a sua opinião sobre a repetência
nessas turmas.
Professor 01 “Discordo. A escola deve proporcionar para os estudantes com
déficit de aprendizagem um apoio para promover o avanço deste aluno”.
Professor 02 “Concordo. Se o aluno não conseguir as competências e
habilidades, ele não deve ir para a série seguinte”.
As respostas foram contraditórias em relação à reprovação nas turmas de 1º e
2º anos. Um dos motivos da implantação dos ciclos de aprendizagem foi acabar com
a reprovação nessas turmas.
37
De Acordo com Mainardes e Stremel (2014) “A partir da década de 1980,
diversas redes implantaram o Ciclo Básico de Alfabetização, no qual a reprovação
do 1º para o 2º ano de escolaridade era eliminada.”
Um dos objetivos da introdução dos ciclos de aprendizagem no Brasil foi a não
reprovação de alunos, principalmente na antiga 1ª série, atual 2º ano do Ciclo Inicial
da Alfabetização.
Para tornar a sala de aula um lugar prazeroso e um ambiente propício para o
desenvolvimento da aprendizagem ajudando a melhorar a prática pedagógica do
professor e a garantia dos direitos de aprendizagem a seguir descreve-se um
cronograma de atividades para propor algumas intervenções baseadas na pesquisa-
ação realizada.
3.6 CRONOGRAMA DE AÇÕES
AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO RECURSOS
Realização de oficina
com a temática:
Prática pedagógica
contextualizada.
Coordenador
Pedagógico Cursista
16 de fevereiro de
2016
Data show, not book,
caixa de som, xerox,
papel ofício, caneta,
Projeto Político
Pedagógico, Minuta do
Regimento Escolar.
Realização de oficina
com a temática: A
matemática numa
visão reflexiva: o
trabalho com jogos.
Coordenador
Pedagógico Cursista
04 de março de 2016 Data show, caixa de
som, not book, papel
ofício, xerox, jogos:
dominó, ábaco,
tangran e outros.
Realização de oficina
com a temática:
Contos e Poesias.
Coordenador
Pedagógico Cursista
05 de abril de 2016. Data show, caixa de
som, not book,
microfone, textos,
livros de literatura
infantil, fantoches,
xerox, papel metro.
A partir das intervenções propostas aos professores com a realização de
oficinas pedagógicas espera-se que a metodologia utilizada no cotidiano da sala de
38
aula possa contribuir dando subsídios para o desenvolvimento do processo de
ensino aprendizagem nas turmas do Ciclo Inicial da Alfabetização. Cada sujeito
consciente de sua função como docente frente às demandas da nossa sociedade
faz-se necessário o empenho para o sucesso dos alunos de maneira que possam
alcançar resultados significativos, permitindo assim a melhoria no que diz respeito à
garantia dos direitos de aprendizagem.
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar o TCC/Projeto Vivencial para analisar de que maneira estão sendo
garantidos os direitos de aprendizagem ao final do Ciclo Inicial da Alfabetização na
Escola X, percebi através das entrevistas respondidas pelos professores que um
quantitativo de alunos do 3º ano do ensino fundamental I, nessa instituição não
domina esses direitos, nesta perspectiva foi criada uma Proposta de Intervenção
com algumas ações como: oficinas para os professores, com a iniciativa de ajudar a
consolidar os direitos de aprendizagem ao final do referido ciclo e melhorar os
índices de aprendizagem. Esta pesquisa faz uma reflexão a cerca de vários fatores
que perpassam pelo processo de aprendizagem: planejamento das atividades,
recursos didáticos, trabalhos em grupo, formações de professor, avaliações externas
e outros.
A escola é um lugar que oportuniza aos professores e alunos, uma
convivência com vários suportes para que ocorra a aprendizagem, neste contexto a
metodologia dos professores, as formas de avaliação, o currículo, a gestão escolar
devem promover práticas que proporcionem aos educandos uma formação cidadã
como sujeitos capazes de construir conhecimentos interagindo uns com os outros.
Portanto, ao concluir este trabalho com o Tema: Os Direitos de
Aprendizagem ao Final do Ciclo Inicial da Alfabetização na Escola X em Anguera -
BA, durante o seu percurso foi analisado diversas questões, devido os
acompanhamentos, análises de atividades dos alunos, resultados de avaliações
externas e prática pedagógica do professor na sala de aula e percebi que os direitos
de aprendizagem ainda não estão garantidos para todos os alunos do 3º ano.
40
REFERÊNCIAS
ANGUERA. Projeto Político Pedagógico. Escola Municipal Érico Sofia Brandão.
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