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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA GIZELIA FIGUEIREDO DA SILVA LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I ITAPORANGA-PB NOVEMBRO - 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA

GIZELIA FIGUEIREDO DA SILVA

LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I

ITAPORANGA-PB

NOVEMBRO - 2013

GIZELIA FIGUEIREDO DA SILVA

LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado

ao Curso de Licenciatura Plena em Letras a

Distância, da Universidade Federal da Paraíba, como

requisito para obtenção do grau de Licenciatura em

Letras.

Orientadora: Profª. Eneida Martins de Oliveira

ITAPORANGA-PB

NOVEMBRO-2013

GIZELIA FIGUEIREDO DA SILVA

LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I

Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Nome Completo (orientador)

Titulação-Instituição

__________________________________________________

Nome Completo

Titulação-Instituição

__________________________________________________

Nome Completo

Titulação-Instituição

CONCEITO FINAL: ________________________________

AGRADECIMENTOS

Agradeço, inicialmente, a Deus pela sua luz divina, por todas as graças que me fez

merecedora de alcançar. Sou eternamente grata.

Ao meu esposo, Francisco de Assis Rufino de Sousa, que sempre esteve ao meu lado,

contribuindo com palavras de conforto para que eu fosse até o fim.

Aos meus pais, Margarida Figueiredo e Antonio Figueiredo Neves (in memorian) pelo

companheirismo e compreensão em todos os momentos felizes ou tristes me dando afeto.

A Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Letras à distância no cumprimento de seu

dever, me orientado quando precisei durante o curso. Obrigada por tudo.

A orientadora, profª. Eneida, que sem medir esforços me conduziu na orientação deste estudo.

Que Deus a Ilumine.

Aos colegas que compartilharam na troca de experiências. Lembrarei sempre dos momentos

de alegrias e dificuldades que passamos juntos.

Primeiramente a Deus que é tudo na minha vida, e a

minha família que junto a mim vivencia minhas

dificuldades, sem sua ajuda seria impossível vencer este

desafio. DEDICO!

A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as diferenças. É

possível fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza, do

diferente, do outro. A aprendizagem é destoante e heterogênea.

Aprendemos coisas diferentes daquelas que nos ensinam, em tempos

distintos, (...) mas a aprendizagem ocorre, sempre. Precisamos de uma

pedagogia que seja uma nova forma de se relacionar com o

conhecimento, com os alunos, com seus pais, com a comunidade, com

os fracassos (com o fim deles), e que produza outros tipos humanos,

menos dóceis e disciplinados. (ABRAMOWICZ, 1997).

LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I

RESUMO

O presente estudo intitulado “LEITURA: importância na produção textual no Ensino

Fundamental I” encontra-se focado na importância da leitura para a formação de leitores, bem

como para toda sociedade, pois a mesma está inserida no cotidiano, demonstrando que é

suporte essencial para o desenvolvimento intelectual e educacional de um país. Tem como

objetivo verificar a importância da leitura e sua influência na vida do educando, bem como

conhecer a metodologia utilizada pelos educadores no ensino-aprendizagem da mesma e na

produção textual dos alunos. Nesse sentido, busca uma literatura os enfoques que tratam do

incentivo à leitura como uma prática utilizada pelas escolas, ou pelos meios de comunicação

que levantam a bandeira da formação do leitor/escritor. Para tanto, pretende-se mostrar que é

através da leitura que acontece o resgate da cidadania, a integração social, o desenvolvimento

crítico e a formação de uma sociedade consciente. A pesquisa é do tipo bibliográfico e

qualitativo e para que o objetivo fosse alcançado, buscaram-se fundamentos teóricos, dentre

eles, Antunes (2003), Brasil (2001), Martins (2002), Silva (2005) entre outros.

Palavras-chave: Leitura, produção textual, ensino.

ABSTRACT

The present study entitled “READING : importance in textual production in elementary

school " is focused on the importance of reading to the formation of readers as well as for the

whole society, because it is embedded in everyday life , showing that support is essential to

intellectual development and education of a country . Aims to determine the importance of

reading and its influence on the life of the student, as well as knowing the methodology used

by educators in teaching and learning in the same textual production and the students.

Accordingly, a literature search approaches that deal with encouraging reading as a practice

used by schools, or by the media to raise the flag of the formation of the reader / writer.

Therefore, we intend to show that is by reading what happens the rescue of citizenship, social

integration , development and training of a critical conscious society . So that the goal was

reached , were sought theoretical foundations , among them, Antunes (2003) , Brazil (2001),

Martins (2002) , Silva (2005) among others .

Keywords: Reading , textual production , teaching .

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INTRODUÇÃO

A leitura é uma atividade prazerosa de caráter contínuo que possibilita descobrir novos

caminhos e dá uma visão mais construtiva e renovadora, por isso escolheu-se o tema

“LEITURA: importância na produção textual no Ensino Fundamental I”, com o objetivo de

verificar a importância da leitura e sua influência na vida do educando, bem como conhecer a

metodologia utilizada pelos educadores no ensino-aprendizagem da mesma e na produção

textual dos alunos.

O interesse pelo tema surgiu através da prática desenvolvida em sala de aula, onde a

cada ano se conversa sobre os mesmos problemas, alunos que apresentam dificuldades para

ler, interpretar e escrever corretamente, prevalecendo a falta de interesse pela leitura. Esse

problema surge do educador que não desenvolve estratégias de motivação para seus alunos e

não busca métodos que viabilizem uma melhor formação social através do ato de ler.

A pesquisa utilizada foi de caráter bibliográfico e qualitativo, através de obras de

autores, estudiosos do campo da leitura como: Antunes (2003), Brasil (2001), Martins (2002),

Silva (2005) entre outros, e está dividida em três partes.

Na primeira aborda-se LEITURA: breves conceitos, mostrando a concepção de vários

autores a respeito da leitura; na segunda, mostra-se o papel da escola e do professor no

processo de construção da leitura, onde se faz necessário que o educador encontre meios

propícios que levem o aluno a gostar de ler, adquirindo assim o hábito pela leitura; e no

terceiro: Fatores que dificultam a aprendizagem da leitura apresentam-se sugestões para que a

leitura aconteça no cotidiano dos educandos, onde o estilo ou modo de ler é apontado não só

pelo propósito do leitor, mas como algo que sirva para toda a vida e não apenas para um

determinado momento.

Espera-se que esse trabalho sirva para mostrar os benefícios transmitidos pelas boas

leituras, promovendo o ato de ler de forma dialogada, lúdica, prazerosa, descontraída, para

que possa existir um vínculo mais forte entre educador e educando.

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1 AS CONTRIBUIÇÕES DA LEITURA NA PRODUÇÃO TEXTUAL E NO ENSINO-

APRENDIZAGEM

1.1 LEITURA: breves conceitos

O homem primeiramente aprende a perceber as coisas que estão ao seu redor, dando

significado de acordo com sua experiência de vida, e esse aprendizado é determinante para a

construção do conhecimento sistemático. Sobre tal aspecto Freire (2006, p. 20) confirma que

“a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da

leitura daquela”. Essa precedência da leitura do mundo facilita ao homem interagir na

sociedade, valorizando seu aprendizado do cotidiano, sendo isso um referencial e

contribuindo assim para o desenvolvimento do ser humano.

A Leitura é uma prática importante ao ser humano, pois está presente em todos os

níveis educacionais das sociedades. A esse respeito, Silva (2005, p. 32) explica:

Entendendo-se por “experiência” o conhecimento adquirido pelo indivíduo nas suas

relações com o mundo, através de suas percepções e vivências específicas, verifica-

se que a leitura (isto é, o instrumento necessário à compreensão do material escrito)

também pode ser vista como fonte possível de conhecimentos. E se a experiência

cultural for tomada como um comprometimento do indivíduo com a sua vivência,

verifica-se a importância que a leitura exerce na vida do indivíduo.

A leitura vai se constituindo de acordo com as experiências de vida do aprendiz, sendo

um ato extensivo, de forma que, em cada momento, se está aprendendo, lendo o mundo e,

portanto, lendo a nós mesmos. Porém, sabe-se que a situação, tanto da leitura como da escrita

no Brasil, é bastante precária, tendo em vista não só o número de analfabetos que sequer

decodificam, mas também o número de analfabetos funcionais.

Ao ler, a criança tem como estímulo palavras e frases significativas, pelo menos no

contexto natural de comunicação. Para um leitor iniciante, o processo de leitura envolve muito

pouco reconhecimento visual instantâneo, consistindo a leitura, mais freqüentemente, em

operações de análise e síntese. Segundo Martins (2002, p. 32), “decodificar sem compreender

é inútil; compreender sem decodificar, impossível”. Isto posto, faz-se necessário conceber a

leitura como um processo que torna o homem um ser capaz de compreender-se no mundo e,

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para esta leitura se efetivar, não é preciso somente decodificar, mas também compreender o

que está sendo lido.

Como diz Martins (2002, p. 32) “a leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual

for) e começa antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero

codificador ou receptor passivo”, pois o ato de ler trata-se de uma atividade importante para a

formulação de idéias, favorecendo as reflexões críticas e imaginárias do leitor, estimulando e

contribuindo para uma participação plena na sociedade.

A leitura pode ser feita de diversas formas, apresentadas a seguir:

Leitura integral: fazer a leitura seqüenciada e extensiva de um texto; Leitura

inspecional: utilizar expedientes de escolha de textos para a leitura posterior; Leitura

tópica: identificar informações pontuais no texto, localizar verbetes em um

dicionário ou enciclopédia; Leitura de revisão: identificar e corrigir, num texto dado,

determinadas inadequações em relação a um, padrão estabelecido; Leitura de item a

item: realizar uma tarefa seguindo comandos que pressupõem uma ordenação

necessária. (BRASIL, 2001, p. 55)

Sendo assim, o leitor assimilará que a leitura não é apenas reconhecer letras e palavras.

É reconhecer o que está escrito, fazendo uma relação entre o texto, o contexto e a realidade,

razão pela qual não se pode dissociar o material lido das experiências sociais.

Para Silva (2005, p. 45),

Ler é, em última instancia, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas

também um modo de existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a

expressão registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo.

Quando o leitor descobre essa relação de leitura e mundo, aprende a se ver de maneira

diferente na sociedade, tentando compreender o ato da leitura como essencial para sua

formação social, tornando-se uma pessoa letrada e consciente do seu papel.

Silva (2005, p. 64) destaca:

A leitura (ou resultante do ato de se atribuir um significado ao discurso escrito)

passa a ser, então, uma via de acesso à participação do homem nas sociedades

letradas na medida em que permite a entrada e a participação do mundo da escrita; a

experiência dos produtos culturais que fazem parte desse mundo só é possível pela

existência de leitores.

A visão do autor confirma o que foi dito antes, o homem precisa estar interligado com

todas as práticas sociais, procurando o que lhe é mais necessário. Nesse caso, a leitura e a

escrita vêm abrir caminhos para participação da sociedade, mostrando ao homem que ler “é

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parte da interação verbal escrita, enquanto implica a participação cooperativa do leitor na

interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidos pelo autor”

(ANTUNES, 2003, p. 66)

A leitura completa a atividade escrita e, nesse sentido, o leitor deve buscar não

somente decodificar como também interpretar e compreender o que o autor quer transmitir.

O trabalho com a leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e,

conseqüentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos

eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da

intertextualidade e fonte de referenciais modalizadoras. A leitura, por um lado, nos

fornece a matéria-prima para à escrita: o que escrever. Por outro lado, contribui para

a constituição de modelos: como escrever. (BRASIL, 2001, p. 53)

Assim, o ato de ler por si só favorece um plano novo de idéias e conceitos que serão

adquiridos pelo homem, na medida em que se apropria de toda a bagagem de conhecimentos

vinculada pela escrita, processo responsável pelo registro de sua cultura em geral e que se

configura como uma das principais formas de interação comunicativa.

1.2 O papel da escola e do professor no processo de construção da leitura

Atualmente, a realidade da escola enfoca uma discussão a respeito da qualificação

profissional, questiona a identidade do professor, seu espaço de trabalho e propõe desafios na

procura de novos horizontes para a escola. Os profissionais da determinada área estão

convocados a se manterem atualizados sobre as novas metodologias de ensino com o objetivo

de desenvolver práticas pedagógicas eficientes e coerentes com as expectativas da sociedade.

Por conseguinte, percebe-se que é importante favorecer aos discentes situações reais

para sua própria atuação, na qual o referido sinta-se valorizado e respeitado, e provavelmente

poderá perceber a relevância dos seus conhecimentos e de suas experiências na formação da

própria identidade.

Sobre a perspectiva apresentada, Freire (2006, p.71) afirma:

Ao pensar sobre o dever que tenho, como professor, de respeitar a dignidade do

educando, sua autonomia, sua identidade em processo, devo pensar também, em

como ter uma prática educativa em aquele respeito, que sei deve ter ao educando, se

realize em lugar de se negado, isto exige de mim reflexão crítica permanente sobre

minha prática através da qual vou fazendo a avaliação do meu próprio fazer com os

educandos.

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O respeito à dignidade dos alunos, entende-se o “simples” ato de educar como a

capacidade de tornar propícia situações de brincadeiras e atividades orientadas, de forma

generalizada, que contribuí para o desenvolvimento integral do ser que se educa. E, ainda, é

imprescindível a existência do professor, porque o mesmo é aquele que poderá organizar

atividades sistemáticas ligadas à aquisição de saberes por parte dos educandos, oferecendo-

lhes um desempenho mais significativo.

No entanto, aprender a ler é mais do que uma simples decodificação de símbolos. Para

o sujeito construir a habilidade de ler é necessário que compreenda a sua própria existência. É

preciso ter consciência de que a escrita tem por função registrar fatos criados e vividos pelo

homem. A escrita registra os significados dos homens.

Abdala (2006, p.1) afirma que

A escola é um ambiente no qual se busca o desenvolvimento de um grande número

de competências. As habilidades de construção da escrita e da leitura não poderiam

ser excluídas das informações e das competências a serem trabalhadas no processo

de ensino-aprendizagem.

Portanto, algumas das prováveis razões das dificuldades para redigir pode ser o fato de

a escola colocar a avaliação do produto como objetivo da escrita, de privilegiar aspectos

gramaticais, de impor tópicos a serem desenvolvidos, de não fornecer comentários ou de

mostrar pouco interesse pela escrita, privilegiando, por exemplo, a leitura de forma mecânica,

que não oferece desenvolvimento criativo para a criança, enfatizando também a fala do

professor na sala de aula.

Sabe-se que a má prática do docente também influi no fracasso escolar. O professor

que não planeja suas atividades, que não tem responsabilidade com o desenvolvimento dos

alunos, que não estimula a participação deles nas atividades está contribuindo para aumentar

os índices de abandono e repetência.

Muitos educadores precisam melhorar sua prática pedagógica, para tentar melhorar

essa triste realidade brasileira, de abandono, repetência e de crianças e adolescentes que

chegam ao quinto ano do ensino fundamental sem saber ler.

É inegável o papel extremamente relevante da escola na viabilização, aos alunos, do

acesso aos saberes lingüísticos que possibilitem aspectos como a comunicação, o acesso à

informação e a produção de conhecimentos. O que se constata, no entanto, é que são

justamente a leitura e a escrita os elementos prioritariamente determinados do fracasso escolar

de grande parte da clientela escolar, fato que denota a incapacidade e a dificuldade da escola

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para ensinar a ler e a escrever e para possibilitar aos alunos a eficiência no uso da linguagem.

Isso ocorre devido a fatores de várias ordens, inclusive o fato de os professores das séries

iniciais do ensino fundamental advir de uma formação precária, apresentando sérios

problemas na utilização da língua escrita e, conseqüentemente, tendo dificuldades em propor,

desenvolver e avaliar, nas aulas de língua materna, atividades voltadas à expressão escrita e à

leitura.

Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar,

dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma

necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-

los de forma a atender a essa necessidade. (BRASIL, 2001, p. 54).

Para um leitor desenvolver uma boa formação é necessário que ele se conscientize de

que a leitura é de suma importância para esse fim. Percebe-se que é preciso oferecer aos

educandos os textos do mundo - que circulam na sociedade: não se formam bons leitores

solicitando dos mesmos que leiam apenas durante as atividades na sala de aula, apenas no

livro didático, somente porque o professor pede. Eis a primeira e talvez a mais importante

estratégia didática para a prática de leitura: o trabalho com a diversidade textual. Sem ela,

pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes.

Fica evidente que a leitura se configura como um meio de aquisição do que se passa

ao redor do homem. É, portanto, um ato social e, como tal, uma questão pública. É certo que a

criança, ao realizar a leitura de textos, especialmente os literários, não vê somente a página

impressa. Procura um sentido nas palavras, busca desvendar o código escrito.

Para tanto, é proeminente desenvolver nos aprendizes, o desejo, a vontade de buscar o

conhecimento, propiciando-lhes desafios precisos para compreender o modo de

funcionamento do processo de leitura no mundo contemporâneo, num contexto social no qual

a cultura erudita torna-se um dos maiores patrimônios simbólicos para aqueles que nela estão

inseridos.

O educando deverá exercer uma ação mental sobre o que ler, encorajando-se a praticar

o hábito de ler num âmbito no qual tais práticas aconteçam em equipes sociais e funcionais. E

o educador terá a função de mediar, com outras pessoas na escola no ambiente familiar e na

sociedade.

Aludindo ao ensino da leitura, possibilita o entendimento de que ela não se realiza

somente na coerência perceptiva-visual, a mesma implica raciocínio abrangente, o que a torna

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uma atividade complexa que envolve problemas semânticos, culturais, ideológicos,

filosóficos, e também problemas fonéticos.

De acordo com o que se pôde compreender, o desenvolvimento da fala é uma prática

atinente para se desenvolver uma boa leitura. Portanto, o ato de ler deverá ter significados,

com coerências, visando a despertar nos educando a curiosidade, a autonomia na busca de

outras leituras.

Neste processo educativo, o professor deve responsabilizar-se pela criação de

oportunidades para o seu crescimento e o de outra que ao lado dele almejam o conhecimento e

a aprendizagem como objetivos fundamentais. Direcionando assim o ensino a fim de que ele e

seus alunos, enquanto sujeitos do processo, aprendam a participar ativamente da construção

do conhecimento.

Ao enfocar o aluno como principal agente no processo de construção de

conhecimentos sistematizados, cabe ao professor à orientação dessa construção. O mesmo não

deve mais ser aquele que somente impõe atividades, e sim, intrometer-se, mostrar, dar

informações objetivas, ser mediador entre o educando e o conhecimento, sempre numa

relação dialógica.

A leitura é um ato de posicionamento político diante do mundo. E quanto mais

consciência o sujeito tiver deste processo, mais independente será a sua leitura, já

que não tomará o que se afirma no texto que lê como verdade ou como criação

original, mas sim como um produto. A ignorância do caráter político do ato de ler,

por sua vez, não anula seu componente político, porque este é constitutivo do

processo, mas conduz à mistificação da leitura. (BRITTO, 2003, p. 07)

Nas atividades explorando a leitura, a metodologia utilizada pelo professor é fazer

com que o aluno desenvolva a compreensão do texto, sendo, dessa forma, uma atividade

externa ao processo de leitura. Mas as estratégias de leitura estão presentes no próprio

processo cognitivo da leitura, que se constituem em operações mentais que o leitor realiza, na

maioria das vezes intuitivamente, interagindo com o texto e construindo o seu sentido. É de

responsabilidade de o professor criar meios com o objetivo de que alunos – leitores

desenvolvam esses mecanismos.

Ao professor cabe cumprir com seu papel com responsabilidade, planejamento, com a

criação de condições para que os alunos desenvolvam essas estratégias selecionando

atividades que levam à reflexão, não somente referente às informações do texto, e também

sobre os mecanismos aos quais se pode recorrer para conseguir essas informações.

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Pode-se considerar um conjunto de propostas para o ensino de estratégias de

compreensão leitora que se englobam sob a denominação de “ensino direto” ou “instrução

direta” e que tem contribuído notavelmente para manifestar a necessidade de ensinar a ler e a

compreender de forma explícita.

É necessário ensinar estratégias de compreensão porque se deseja formar leitores

autônomos com capacidades para enfrentar, de forma inteligente, textos de índole muito

diversa, aprender a informação essencial no texto, que muitas vezes são diferentes das

utilizadas durante a instrução.

1.3 A importância da leitura na produção textual no Ensino Fundamental

A aprendizagem da leitura é algo importante para vida do ser humano. Observando-se

a real situação em que se encontram as escolas, percebe-se que há uma enorme deficiência em

relação à leitura. O que se vê claramente é que há uma discrepância muito grande entre o que

a Didática prega e o que é vivido no meio escolar.

Na maioria das vezes, a escola ou o professor ignoram a função do aprender a ler e

escrever tomando, dessa forma, dificultosa a aprendizagem que acontece no cotidiano escolar.

Assim, muitos alunos acabam desenvolvendo letra bonita, caprichos com as atividades,

participam da aula e recitam as lições do livro didático, quando, na verdade, não sabem o que

estão lendo e nem para quê.

A aquisição e o desenvolvimento da escrita têm sido amplamente estudados pelos

diversos campos de conhecimentos envolvidos, assim como diversos métodos de estimulação

para aqueles indivíduos com distúrbios de leitura e escrita têm sido propostos no decorrer do

ano.

A compreensão da aquisição da escrita tem se baseado em grande parte, nas alterações

que ocorrem nesse processo. Ao analisar os distúrbios da linguagem escrita, podem-se traçar

modelos teóricos explicativos que discriminam as diversas habilidades necessárias para que a

leitura e a escrita ocorram de forma competente.

Todos sabem que há diferenças entre ver e olhar, ouvir e escutar... Ler não é apenas

passar os olhos por algo escrito, não é fazer a versão oral de um escrito... Ler

significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas

podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa

construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é.

(FOUCAMBERT, 1994, p. 5),

16

Quando o aprendiz adquire o hábito da leitura, ele automaticamente desenvolve sua

capacidade de redigir. Nesse sentido, entende-se que bons redatores lêem mais dentro e fora

da escola, têm mais acesso a livros, revistas ou jornais e demonstram ter mai prazer em ler

desde crianças.

É através da linguagem escrita que se representa a linguagem oral, os pensamentos,

fatos ou opiniões. Embora a escrita não seja um retrato da fala, ela mantém uma relação

dinâmica e recíproca em que uma contribui com o aperfeiçoamento da outra, porém, quando a

criança se apropria da escrita alfabética ela acredita que escrever tem uma relação fiel com o

ato de representar os sons das palavras e contêm alguns tipos de erros ortográficos comuns a

sua fase por acreditar realmente que a escrita é uma transcrição da fala.

A habilidade de escrever envolve a habilidade de ler compreensivamente, pois é na

leitura que melhor se aprende sobre a escrita. Nos textos autênticos, de variados estilos e

formatos estão disponíveis todas as convenções da escrita (pontuação, ortografia, uso de

maiúsculas, padrões de frases, formas de organização de parágrafos), além de recursos de

gênero e estilo.

Uma das características mais marcantes da escrita é a complexidade. Há momentos

em que, mesmo para os considerados bons redatores, produzir algumas linhas torna-

se uma tarefa penosa. Isso ocorre porque quem escreve precisa, satisfazer,

simultaneamente, imposições de ordens e níveis diferentes. (BACELAR E CUNHA,

2000, p. 97-98)

Para aprender a redigir é preciso escrever com frequência, explorando a diversidade

textual na sala de aula. Não só nas aulas de português, mas também nas outras disciplinas,

escrever diariamente. A apropriação da escrita pela leitura é tão importante que as aulas de

redação não podem se limitar às atividades com lápis e papel. É preciso que elas contenham

momentos de leitura, em que os alunos se voltem para a observação dos textos, que aprendam

a lidar com seus padrões de organização, com as intenções do autor, que possam perceber

como se executam diferentes modalidades de usos da escrita.

Considerando-se tudo sobre o desenvolvimento humano e seu processo de aquisição

da leitura e da escrita, percebe-se como é difícil o trabalho do professor das séries iniciais,

pois o mesmo precisa conhecer a realidade de todos os seus alunos, para ajudá-los, isso

acontece muitas vezes em salas de aulas superlotadas, com material didático insuficiente;

algumas vezes, além desses problemas existem outros como fatores emocionais que podem

atrapalhar o desenvolvimento da aprendizagem das crianças.

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No entanto, necessário se faz a conscientização de que o processo de aquisição da

leitura e da escrita é lento e gradual. Um dos maiores desafios da escola atualmente é utilizar

sua ação pedagógica para os usos sociais da língua escrita e não para exercícios visando à

memorização dos significantes. Com isso, é reconhecida a preocupação de muitos estudiosos

com as primeiras séries da educação básica, pois elas formam toda a base do processo

cognitivo das crianças. É ao longo dessas séries que as crianças constroem o início de uma

vida pautada na interação, na convivência, na solidariedade.

O acesso à escrita é um passaporte para o mundo do conhecimento e das várias

interpretações sobre a vida, pois é nas diversas situações que se faz uma leitura, não apenas de

algo que esteja escrito, mas também daquilo que está acontecendo.

Percebe-se que o educando busca meios para obter e construir a sua própria

aprendizagem, adquiridas por seu esforço, com o auxílio do professor. Esse interesse deve se

dar de uma maneira envolvente, em que o educador realize as atividades motivadoras para o

exercício da leitura e da escrita, através de diferentes maneiras que formem crianças aptas a

integrar-se no mundo do conhecimento partindo de sua própria realidade.

O educador é o mediador da aprendizagem, para isso ele deve buscar meios para

motivar o aluno a sentir gosto pela leitura, textos com os quais os alunos se identifiquem e

que eles gostem de verdade, aumentando assim o prazer pela leitura e não apenas um, mas

vários tipos de textos. De princípio, a criança gostará e se interessará por textos relacionados a

seus conhecimentos e depois, com a prática da leitura e escrita, os alunos se interessarão por

textos e livros informativos como: jornais, revistas, entre outros que servirão de fontes e

informações sobre o mundo que o cerca.

Ainda é enorme a quantidade de crianças que apresentam dificuldades no

aprendizado da escrita, onde na maioria das vezes, o professor ao pegar uma produção textual

a primeira observação que ele faz são os erros ortográficos. Sabe-se que quando a criança

escreve como fala, essa produção de escrita é fonética. Sabe-se também que muitos alunos

escrevem as palavras desta forma. Mediante tal situação, o professor precisa observar como os

seus alunos se expressam oralmente ao se relacionar com os colegas, para depois relacioná-los

com a sua expressão escrita. É a partir daí que o professor precisa trabalhar o dialeto dos seus

alunos, para descobrir o registro fonético das palavras.

Quando a criança inicia o aprendizado escolar, já tem internalizada a gramática da

língua por sua experiência com a linguagem oral. O plano em que isso ocorre é, no entanto,

não consciente: a criança utiliza adequadamente os conhecimentos lingüísticos adquiridos ao

18

longo do aprendizado da língua materna, porém não consegue operar voluntariamente com

eles.

Diferentemente do aprendizado da linguagem oral, o aprendizado da linguagem escrita

requer da criança uma dupla abstração: por um lado, ela deve lidar com uma linguagem que

prescinde dos aspectos sonoros em sua realização, restringindo-se ao plano das ideias

veiculadas pelas palavras e, por outro, deve trabalhar considerando a ausência do interlocutor

na situação imediata de sua produção (VYGOTSKI, 2002, p. 229-230).

O texto escrito supõe um enunciador o escritor em situação de comunicação que o

distancia de seu interlocutor o leitor e, por isso, exige um trabalho de organização textual que

faça do texto um todo coeso e coerente, uma unidade significativa cuja construção vai sendo

tecida aos poucos pela inter-relação entre os diferentes níveis linguísticos implicados nesse

processo: a linguística do texto, da frase e da palavra. Apesar desse distanciamento, o

processo de construção do texto escrito exige que seu autor ajuste o seu dizer a um

determinado interlocutor, às finalidades e intenções que caracterizam esse dizer e que adote

uma estratégia de conjunto que realize adequadamente o jogo entre os diferentes planos de

construção textuais já referidos.

A prática de produção de textos escritos, efetivada pela escola, ao considerar essa

produção como um momento específico da interlocução entre usuários da língua materna,

deve levar em conta um processo de escrita referenciado em diferentes tipos de textos, cada

qual com sua forma específica de organização e funcionamento, que conduza à paulatina

conscientização do aluno a respeito das exigências que caracterizam cada tipo de produção. A

reflexão epilinguística, assim concebida, permite ao aluno apropriar-se dos conhecimentos

necessários à realização dessa tarefa.

Nossa maneira de olhar produção de escrita não se limita, no entanto, as marcas

escritas produzidas pelas crianças incluíram a tonalidade do processo de construção,

as intenções, os comentários e alterações introduzidas durante a própria escrita.

(Ferreiro, 2004, p. 55)

De acordo com a autora, o professor deve ver a necessidade e ajuda para que o

educando possa desenvolver suas habilidades, entendendo-se que a aprendizagem da escrita

se inicia desde o nascimento com a imitação de sons articulados, até a fase adulta, em que há

um verdadeiro aperfeiçoamento técnico. A linguagem oral e escrita revela-se imprescindível

ao processo de comunicação.

19

O saber ler e escrever se caracteriza como um elemento necessário para sua

autonomia em relação à comunicação com a família e com o meio; e mais expressivamente no

campo das representações sociais.

Através da leitura, exercitamos nossa inteligência e nos integramos com o mundo,

adquirindo novos conhecimentos. A leitura como a escrita tem um lugar importante na vida

das pessoas, elas nos dão o poder do conhecimento, a capacidade de associar idéias, planos,

sintetizar assuntos, tornam-nos mais críticos e renovam a nossa criatividade.

A tarefa de escrever, por sua vez, exige uma série de atitudes conscientes e

conhecimentos pré-adquiridos pelo escritor, envolvendo toda sua historicidade e um exercício

do ato de ler.

O fato de o ato de escrever ser um momento em que aquele que escreve se vê

sozinho frente ao papel, tendo em mente apenas uma imagem de um possível

interlocutor, faz com que haja necessidade de uma maior preocupação em relação à

coesão. Em geral, o aluno não sabe até que ponto deve explicitar o que tenta dizer

para que se faça compreender. Entretanto, o "fazer-se compreender" é um ponto

central em qualquer texto escrito; a coesão deve colaborar neste sentido, facilitando

o estabelecimento de uma relação entre os interlocutores do texto. O que se busca

não é um texto fechado em si mesmo, impenetrável a qualquer leitura e sim algo que

possa servir como veículo de uma interação entre os interlocutores. (INFANTE,

1991, p. 102)

Com a citação acima, percebe-se que o aluno de hoje está exposto a uma

multiplicidade de material escrito, mas é preciso ler além do que está escrito. Cabe à escola

contribuir para que o aluno seja capaz de transitar por todos esses caminhos. O ato de escrever

é um processo de construção e reconstrução de sentido em relação ao que se vê, ao que se

ouve, sente e pensa.

Há ainda mais uma questão em que se deve pensar na consideração das

especificidades da modalidade escrita – a argumentação. É através dela que o locutor defende

seu ponto de vista. A argumentação contribui na criação de um jogo entre quem escreve o

texto e um possível leitor, já que aquele discute com este, procurando mostrar-lhe que tipos de

ideias o levaram a determinado posicionamento. Dito de outra maneira, ao escrever um texto

o locutor estabelece relações a partir do tema que se propôs a discutir e tira conclusões,

procurando convencer o receptor ou conseguir sua adesão ao texto.

Percebe-se que para o aluno sentir o desejo de aprender ou fazer algo, necessita ser

motivado, dentro de um processo dinâmico. Como sabemos, a motivação é a mala mestre do

comportamento de aprendizagem. A motivação pode ser interna (intrínseca), quando leva o

indivíduo a buscar, e superar desafios. A resposta recebida em função do que fez para

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enfrentar esses desafios repercute em seu conceito sobre sua competência, suas habilidades,

sua alta eficácia e, portanto, em sua capacidade para iniciar ações relevantes para sua vida.

Este tipo de motivação manifesta-se sempre que a curiosidade e o interesse

energizam e dirigem a aprendizagem do aluno. Quando o professor ajuda o aluno a querer

superar os desafios e objetivos estabelecidos pelas escolas e professores, automaticamente

está ajudando o aluno a tornar-se mais capaz de adaptar-se a novos desafios.

21

METODOLOGIA

A presente pesquisa é do tipo bibliográfico, e enfocou o tema: “LEITURA:

importância na produção textual no Ensino Fundamental I.”. A pesquisa bibliográfica oferece

meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também

permite explorar novas áreas onde os mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente.

Além disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla,

principalmente quando o problema da pesquisa requer a coleta de dados muito dispersos no

espaço.

Para o estudo, buscaram-se fundamentos teóricos em autores que enfocam a temática

como SILVA (2005), MARTINS (2001), FERREIRO (2000), KLEIMAN (2000) entre outros,

que serviram de base para resposta ao objetivo alcançado, percebendo-se a importância da

leitura para a vida do educando, como um elemento de referência fundamental para o ingresso

e a participação na sociedade letrada. Sendo assim, torna-se uma ferramenta básica da

comunicação do homem na sociedade fazendo com que o mesmo se torne um cidadão

inserido na civilização moderna com perfeito domínio dos símbolos da comunicação.

Foram utilizados livros, textos, revista, fichamento, artigo de internet, entre outros

materiais que subsidiaram o presente trabalho. Assim, como formadores dessa metodologia,

que igualmente se constituem os mesmos desejos sobre a leitura e a produção textual dos

alunos, espera-se que esta pesquisa sirva de experiência enriquecedora para a formação

profissional, onde a cada instante o tema estudado vem preocupando toda a sociedade e em

especial pais e os professores.

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ANÁLISE E DISCUSSÃO

A leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento, pois está

intimamente ligada ao sucesso do ser que aprende. Através do hábito da leitura, o aluno pode

tomar consciência das suas necessidades do auto educar-se, promovendo a sua transformação

e a do mundo. A leitura de mundo é imprescindível, já que para o educando a compreensão

crítica do ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas que se

antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A compreensão do texto a ser alcançada pela

leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

A aprendizagem da leitura sempre se apresenta para os alunos como algo mágico, e

enquanto processo da descoberta é maravilhoso. Freire (1995 p.43) diz: “ninguém educa

ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo; os homens se educam em comunhão,

mediatizados pelo mundo, ou seja, o ato de educar, de se ensinar a ler, precisa se constituir em

um pacto entre o educador e o aluno”. É Importante frisar que a prática de leitura só se torna

livre quando se respeita, ao menos em momentos iniciais do aprendizado, o prazer ou a

aversão de cada leitor em relação a cada livro.

“Não se obriga toda uma classe à leitura de um mesmo livro, com a justificativa de

que tal livro é apropriado para a faixa etária daqueles alunos, ou que se trata de um tema que

interessa àquele tipo de criança”. (LAJOLO, 2005. p.68). Vemos como uma prática

importante, a padronização para uniformizar o aprendizado que interessa a faixa etária dos

educandos envolvidos no processo de leitura. Deve-se acatar a concepção de texto como

construção cultural implica aliar à prática da leitura o compromisso de criar condições para

que o aluno se aproprie da linguagem e consequentemente do texto.

A leitura não é mais considerada mera decifração de sinais, letras, palavras. Ela vai

além do que está escrito no papel ou em qualquer outro veículo de comunicação. O ato de ler

deve ser desenvolvido desde a infância, alimentado durante a adolescência e mantido pelo

resto da vida. Essa prática se consolida a partir do momento em que a literatura toma os

leitores pelas mãos, e os levam a conhecer o mundo da imaginação. Quando a criança está

aprendendo a ler são necessários alguns requisitos, dentre eles destacam-se saber diferenciar

visualmente as letras impressas e perceber que cada símbolo gráfico corresponde a um

determinado som, e isso ocorre da seguinte maneira como explica Morais (2004, p.17)

23

Este processo inicial da leitura, que envolve a discriminação visual dos símbolos

impressos e a associação entre Palavra impressa e Som, é chamado de decodificação

e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas, para ler, não basta apenas

realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também, a

compreensão e a análise crítica do material lido. Sem a compreensão, a leitura deixa

de ter interesse e de ser uma atividade motivadora. Na verdade, só se pode

considerar realmente que uma criança lê quando existe a compreensão (MORAIS,

2004, p-17)

Compreende-se que o processo da leitura não ocorre de uma hora para outra, mas sim

com muito treino. Como nos diz Martins (2002, p. 84) “o treinamento para a leitura efetiva

implica aprendermos e desenvolvermos determinadas técnicas”. Mas somente isto não basta,

pois cada leitor possui sua maneira ou hábito de ler. Logicamente que tais técnicas ajudarão o

leitor a descobrir o seu próprio jeito para o gosto da leitura, não há como forçar ou acelerar o

ritmo de ninguém. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. A leitura do seu

mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever

ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.

Percebemos que a prática da leitura pode ocorrer de muitas maneiras, mas é o próprio

leitor que dita o seu interesse, as suas motivações, as suas vontades que o levarão ao hábito da

leitura, pois para ler o leitor leva em consideração a influência que recebe do ambiente ao seu

redor, ou seja, desde a sua posição para ler os instrumentos como o lápis, dicionário, livros

que o auxiliaram nessa leitura. Assim, como ressalta Martins (2002, p.85) “cada um precisa

buscar o seu jeito de ler e aprimorá-lo para a leitura se tornar cada vez mais gratificante”.

Foi verificado um aspecto de suma importância para a prática da leitura: a realidade do

aluno, ou seja, o professor deve envolver as práticas cotidianas do educando no exercício da

prática da leitura. Nos anos iniciais, isto influenciaria de maneira positiva neste processo de

letramento. Assim, a criança percebe que a leitura é um instrumento motivador e desafiador,

ela é capaz de transformar o indivíduo em um sujeito ativo, responsável pela sua

aprendizagem.

O reconhecimento de que a Educação Infantil é fundamental para o desenvolvimento

integral das crianças, fez-nos concentrar esforços para compreender como os professores

desenvolvem suas práticas pedagógicas de modo a favorecer o desenvolvimento

biopsicossocial das crianças. Apesar disso, deixamos claro que as práticas pedagógicas

das ensinantes, pouco favorecem o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças através de

atividades lúdicas. Por isso, justificamos a necessidade de um fazer pedagógico pautado em

um Projeto Político Pedagógico que tenha a criança como sujeito histórico e social, dotada de

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singularidades e características próprias que sentem e pensam o mundo de um jeito muito

próprio, conforme afirmam o RCNEI (1998).

Outro fator que ficou constatado é a falta de uma proposta de trabalho voltada para o

Ensino Fundamental I, pois, a prática pedagógica das ensinantes ocorre desvinculada das

atuais tendências teórico-metodológicas, o que pode comprometer a qualidade do processo

ensino-aprendizagem; haja vista ficarem susceptíveis ao praticismo, causado pela falta de

planejamento sistematizado, de intencionalidades em seus fazeres e pela desvinculação de

suas práticas do contexto sócio- cultural das crianças.

O educar e o cuidar enquanto elementos indissociáveis da prática pedagógica no

Ensino Fundamental, assim, não se configuraram durante nossas observações, o que pode

contribuir negativamente para o desenvolvimento das capacidades de apropriação e

conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas da

criança.

Considerando todas as constatações, podemos dizer que são inúmeros os fatores que

dificultam o desenvolvimento de uma prática pedagógica de leitura que considere a criança

como sujeito ativo, crítico e criativo em seu processo de formação pessoal e social e,

sobretudo, no conhecimento do mundo que o cerca. Por essas razões, apontamos algumas

proposições que podem favorecer novos olhares e fazeres pedagógicos mais coerentes com as

necessidades das crianças; dentre elas citamos:

▪ Desenvolver programas de formação continuada para as professoras, a fim de fomentar a

melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem.

▪ Definir uma proposta pedagógica para Educação Infantil pautada nos RCNEI, reconhecendo

a criança em seus aspectos motores, neurológicos, cognitivos, sociais, psicológicos e afetivos;

▪ O professor deve levar em consideração os conhecimentos prévios que as crianças trazem

consigo do meio familiar, social e cultural e a partir deles mediar à construção de novos e

significativos conhecimentos;

▪ Organizar e desenvolver os planos de aula considerando o contexto social e cultural das

crianças, de modo que elas percebam a relação das situações de ensino-aprendizagem com a

vida cotidiana;

▪ Utilizar o jogo, o brinquedo e a brincadeira como elementos pedagógicos que favorecem a

aprendizagem infantil, a partir de uma diversidade de experiências múltiplas realizadas e

vivenciadas pela própria criança;

▪ Selecionar e organizar adequadamente os espaços e materiais pedagógicos, de modo a tornar

as situações de ensino-aprendizagem mais prazerosas;

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▪ Diversificar os recursos e equipamentos didáticos, a fim de estimular a curiosidade e tornar

as atividades mais atrativas para as crianças.

▪ Disponibilizar maior quantidade de recursos e equipamentos adequados para Educação

Infantil.

▪ Adequar a infraestrutura e os espaços pedagógicos a fim de possibilitar maior conforto,

segurança e melhor aprendizagem às crianças.

É importante que os professores do Ensino Fundamental I, tenham clareza e convicção

de que no momento da contação de histórias deve-se levar em conta o interesse das crianças e

sua faixa etária, pois não podemos contar histórias por contar. É necessário conhecer as

histórias, a idade dos leitores, para assim fazer a contação. Outro enfoque importante é

preparar a sala de aula, pois um ambiente que tenha, por exemplo: tapete, almofadas, objetos

da história apresentada, um fundo musical, etc. faz toda a diferença. E ainda mais, ouvir a

frase “Era uma vez”, é algo que encanta as crianças que se aproxima do(a) professor(a) para

ouvir a história com bastante entusiasmo.

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CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho, pode-se afirmar a partir do que foi exposto, que a presença

da leitura na escola tem sido fundamentalmente um objeto de ensino, e para ter um lugar na

vida do aluno e construir também objeto de aprendizagem é necessário que a leitura faça parte

do seu cotidiano. É imprescindível que os educadores encontrem alternativas que façam os

educandos gostarem de ler.

Observando os diferentes aspectos abordados com a construção do trabalho,

relacionando com a prática educativa, chegou-se a conclusão que a leitura se constitui numa

atividade prazerosa, levando o educando a um mundo de imaginação e conhecimento.

Portanto, é necessário que os educadores tenham consciência e conhecimento do homem que

se quer formar. Um ser comprometido com as transformações que o levam a sentir-se útil para

si mesmo e para a sociedade. A formação de sujeitos capazes de formular idéias com

expressões e posicionamento próprios e com condições para intervir nas ações que visem à

construção de um novo mundo. Neste aspecto, a leitura se constituirá num instrumento a ser

compreendido e superado dentro de um ambiente escolar.

Vê-se que ler vai além da decodificação, apresentando assim vários níveis. Seu

entendimento exige conhecimentos prévios e estratégias plausíveis de atuação. Atentamos

ainda para a importância essencial da literatura infanto-juvenil, visto que ela é um espaço

destinado e propício à formação de leitores. Mostra-se como uma ferramenta de cunho

transformacional, a qual busca corresponder ao real sentido da leitura: ler o mundo por meio

das palavras, e não simplesmente lê-las aleatoriamente. Com isso, a escola tem uma forte

incumbência e responsabilidade de ações que consigam mudar conceitos e gostos contrários

ao prazer da leitura.

Conclui-se que, quando a criança chega à escola, o professor precisa estar atento às

formas com as quais ela organiza sua realidade, os textos que constrói e que consegue ler, ou

seja, deixá-la manifestar-se pelas diferentes linguagens (corporal, gráfica / plástica, oral) para

poder ouvir a sua voz, ouvindo também o que a está constituindo. É preciso também

proporcionar momentos em que ela possa apreciar, observar, ouvir e também produzir, se

expressando através de diferentes linguagens.

É necessário que o professor também aprimore sua metodologia e busque através de

projetos e trabalhos melhorar a qualidade de sua aula, chamando assim a atenção dos

educandos e levando-os a adquirirem o hábito da leitura.

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