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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA VIÇOSA MINAS GERAIS 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA

ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E

EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA

DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA

VIÇOSA – MINAS GERAIS

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA

ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E

EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA

DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA

Monografia apresentada ao Departamento de Química

da Universidade Federal de Viçosa, como parte das

exigências para a conclusão do Curso de Licenciatura

em Química.

ORIENTADOR: Prof. Vinícius Catão A. Souza

VIÇOSA – MINAS GERAIS

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA

ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E

EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA

DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA

Monografia aprovada em 28 de junho de 2019.

_______________________________ __________________________________

Felipe Stephan Lisboa Profa. Daniele Cristiane Menezes

Divisão Psicossocial – UFV Departamento de Química – UFV

Avaliador do Trabalho Avaliadora do Trabalho

_________________________________ _________________________________

Prof. Vinícius Catão Assis de Souza Profa. Regina Simplício Carvalho

Departamento de Química – UFV Departamento de Química – UFV

Orientador do Trabalho Coordenadora da Disciplina

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Dedico este trabalho aos meus

pais e ao meu irmão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, acima de tudo, a Deus e aos guias espirituais de luz que me concederam

coragem, amparo, força e determinação, tornando possível essa etapa da minha vida.

À minha mãe Virgínia e ao meu pai Carlos, por me mostrarem a importância dos

estudos, por todo apoio, orações, torcida e amor. Serei eternamente grata por todos os seus

esforços para que eu realizasse esse sonho.

Ao meu irmão Diego, por sempre ter sido meu exemplo durante toda a jornada, por ter

me mostrado esse nobre caminho e ter acreditado tanto em mim, me motivando a buscar os

meus sonhos.

Ao meu amor Kauã, pelo companheirismo durante toda a graduação, por me ensinar a

ser uma pessoa mais resiliente e mais confiante. Gratidão por sempre me lembrar que devo

seguir aquilo que o meu coração pede.

A todos os meus amigos que foram fundamentais para essa conquista, tornando o

caminho mais leve e prazeroso, em especial a Raquel e a Gilmara, que estiveram presentes em

cada momento.

Aos meus professores e às minhas professoras, por me mostrarem a grandeza da arte

de ensinar e o quanto essa profissão deve ser respeitada e valorizada. Sou grata por cada um

de vocês que fizeram parte da minha formação e tocaram a minha alma.

Ao meu orientador Vinícius Catão, por ter sido além de uma inspiração profissional,

uma referência de ser humano. Obrigada por orientar esse trabalho com excelência e

contribuir tanto para o meu amadurecimento.

A oportunidade de fazer parte do PIBID, sendo possível experimentar a docência

ainda em formação, conhecendo pessoas incríveis e me permitido repensar os meus sonhos e

propósitos.

A Universidade Federal de Viçosa, por todo acolhimento e oportunidades. Foi muito

encantador fazer parte da história dessa instituição, aprender desde conhecimentos técnicos

até valores que levarei para a vida inteira.

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“Tudo tem seu apogeu e declínio…É natural que seja assim, todavia, quando tudo parece

convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge triunfante e bela! Novas

folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço.”

Chico Xavier

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RESUMO

COSTA, Amanda Cristina Magalhães. Análise dos trabalhos relacionados a Neurociências

e Educação no período de 2014 a 2018 e suas interfaces com a área do ensino de

Ciências/Química. Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Química.

Universidade Federal de Viçosa, Junho de 2019. Orientador: Prof. Vinícius Catão de Assis

Souza.

Neste trabalho analisou-se o panorama de publicações que abordam a relação entre

Neurociências e Educação. Para tal, foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica utilizando as

plataformas do Google Acadêmico e do Portal de Periódicos da CAPES. Definiram-se as

palavras-chaves usadas em cada busca de modo que a primeira fosse mais ampla, dando um

maior número de resultados nas buscas, a segunda intermediária e a terceira mais específica,

tendo um resultado menor, a fim de se estabelecer um recorte com maior enfoque no objeto de

pesquisa. Posteriormente, a amostra analisada foi definida, tendo como recorte as publicações

de 2014 a 2018 presentes no Portal de Periódicos da CAPES. Após efetuar as buscas em cada

uma das plataformas selecionadas, foi possível determinar os resultados das buscas e definir o

limite de trabalhos a serem estudados, por meio da leitura dos seus resumos. A partir dessa

análise qualitativa dos trabalhos, houve uma classificação entre aqueles alinhados ou não com

as buscas realizadas, sendo esta seleção validada por meio da triangulação dos dados entre os

pares. Desta forma, os dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho,

buscando validá-los. Aqueles classificados como “não alinhados” à temática foram

categorizados segundo a análise de conteúdo proposta por Bardin. Após esta etapa, houve um

tratamento dos dados para uma melhor compreensão destes, por meio de gráficos e tabelas.

Em seguida, realizou-se uma análise e discussão dos resultados encontrados, sobretudo suas

implicações para o campo do Ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras. Sabe-se

do notável aumento do interesse, em nível mundial e nacional, da interface entre

Neurociências e Educação, mas a partir dos resultados foi notória a necessidade de estimular e

aprimorar ainda mais o diálogo entre essas duas áreas do conhecimento, sobretudo na

formação dos professores de Ciências/Química. Portanto, a partir das discussões apresentadas,

buscou-se demonstrar a relevância dos conhecimentos oriundos das Neurociências para a

docência, permitindo que os educadores possam ter maior consciência sobre as possibilidades

de compreensão do processo de ensino e aprendizagem na área das Ciências/Química.

Palavras-chave: Neurociências; Educação; Ensino de Ciências/Química.

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ABSTRACT

COSTA, Amanda Cristina Magalhães. Analysis of published researches related to

Neurosciences and Education in the period between 2014 until 2018 and its relation with

Science and Chemistry Education field. Undergraduate Thesis Submitted to the Department

of Chemistry in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Bachelor in

Chemistry. Federal University of Viçosa, Brazil, June 2019. Supervisor: Dr. Vinícius Catão

de Assis Souza.

This research aim to analyze the scope of publications related to Neurosciences and Education

approach. For this, a bibliographic web search was done, using the platforms of Google

Academic and the Portal of CAPES Periodicals. We defined the keywords used in each

search. The first search was broader, the second intermediate and the third more specific, in

order to establish a clipping with a greater focus on the research object. Subsequently, the

sample to be analyzed was defined, having as a limit of publications from 2014 to 2018 of the

Portal of CAPES Periodicals. After searching on each of platforms, it was possible to

determine the amount of results and define the approaches of researches, by reading each

abstracts. From this qualitative analysis of the papers, there was a classification between those

aligned with the searches performed, and this selection was validated through the data’s

triangulation. The data were organized and discussed with the supervisor of this research,

seeking to validate them. Those classified as "non-aligned" were categorized according to

Bardin's approach. Then, there was a treatment of the data for a better understanding of them,

through graphs and tables. Finally, an analysis and discussion was carried out regarding the

results found, especially the implications in the Science and Chemistry Education. There is a

notable increase in the interest of interface between Neuroscience and Education at a global

and national level, but from the results it was evident the importance to stimulate and further

improve the dialogue between these areas, especially in teacher education. Therefore, from

the discussions presented, the aim was to show the relevance of Neuroscience knowledge to

teaching, allowing educators to be more aware of the possibilities of enhancing the learning

process.

Keywords: Neurosciences; Education; Science and Chemistry Education.

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SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................................. 10

1.1 Caminhos percorridos para a definição do objeto de pesquisa ................................... 10

1.2 Algumas das possíveis aproximações entre as Neurociências e Educação ................. 12

2 Objetivos ................................................................................................................................ 13

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 13

2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 13

3 Referencial Teórico ............................................................................................................... 14

3.1 Neurociências e Educação ........................................................................................... 14

3.2 Neurociências no Ensino de Ciências ......................................................................... 16

3.3 Influência dos aspectos emocionais e comportamentais no Ensino de Ciências e

Química ............................................................................................................................. 18

4 Metodologia ........................................................................................................................... 20

5 Resultados e Discussão .......................................................................................................... 22

6 Conclusão .............................................................................................................................. 31

7 Implicações do Trabalho para o Ensino de Ciências/Química .............................................. 32

8 Referências ............................................................................................................................ 32

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1 Introdução

A interface entre as Neurociências e a Educação tem se mostrado cada vez mais

interessante, uma vez que a compreensão fisiológica do processo de ensino e aprendizagem

pode trazer contribuições para a atuação dos educadores, possibilitando a consciência de

fatores que interferem diretamente nesse processo. Consequentemente, os profissionais do

âmbito educacional podem refletir melhor suas práticas pedagógicas, compreender as

eventuais limitações dos alunos e pensar em possíveis intervenções, além de buscar nas

Neurociências um embase científico para pautar diferentes estratégias que possam aperfeiçoar

sua atuação na docência.

Fica nítida, portanto, a relevância dessa temática na formação de professores e o quanto

pesquisas que envolvem essa relação, de forma séria e confiável, podem ser fundamentais

para se pensar em diferentes caminhos de melhoria para a Educação. Dessa maneira, o

presente trabalho tem como objetivo traçar um panorama sobre a quantidade de publicações

que estabelecem essa relação e discutir os dados encontrados com o enfoque no Ensino de

Ciências/Química. Para alcançar esse objetivo foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica sobre

as publicações que envolvem as Neurociências no contexto da Educação, estabelecendo um

recorte de interesse para uma análise qualitativa mais cuidadosa e, a partir disso, apresentar

uma discussão. A amostra definida para realizar a análise dos dados envolveu as publicações

de 2014 a 2018 do Portal de Periódicos da CAPES. Além disso, o trabalho busca discutir

também o papel das Neurociências em mostrar a importância de atribuir maior visibilidade às

questões socioemocionais durante o processo educativo, sobretudo no Ensino de

Ciências/Química.

1.1 Caminhos percorridos para a definição do objeto de pesquisa

Recordo-me que desde criança tenho um imenso prazer em ensinar, tanto que os únicos

brinquedos que não abria mão eram o quadro e giz. Desde muito nova sentia o prazer pela arte

do ensinar, seja para minha mãe, meus avós paternos, primos, colegas e até mesmo para as

bonecas, na falta de público. Dessa forma, essa vontade de despertar o conhecimento no outro

desde criança influenciou a minha escolha pelo curso de Química. Sendo assim, entrei no

curso com a clareza do meu sonho profissional.

Dentro da Universidade eu tive experiências ímpares que me permitiram passar por

diferentes desafios profissionais e pessoais que contribuíram muito para a minha formação e

autoconhecimento. Dentre tantas gostaria de destacar nesse momento a oportunidade que tive

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em participar do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). Lembro-

me que nesse momento acreditava que essa experiência serviria, principalmente, para

comprovar a certeza do sonho que me trouxe até a UFV. Entretanto, para uma grande

surpresa, essa experiência me proporcionou muitas dúvidas e questões a respeito do que eu

queria exercer como profissional e perceber que o sonho já não era mais tão bem definido foi

embaraçoso.

Ensinar a Química para alunos do Ensino Médio era sim algo prazeroso, mas comecei a

notar que algo além me inquietava muito nesse processo. Comecei a refletir em como o

professor lida com as questões emocionais dos alunos; os motivos de determinados alunos

não se interessarem pela Química, mesmo eu dando o meu melhor; a questionar as

metodologias de ensino, entre outras questões além do conteúdo de Química.

Dentre tantas reflexões e após um bom tempo percebi que o processo de ensino e

aprendizagem me despertava muito interesse e, além disso, o quanto as experiências pessoais

de cada aluno afetava nesse processo. Portanto, ao definir o tema da monografia busquei algo

que pudesse relacionar a Química com os aspectos emocionais dos alunos. Sendo assim, ao

compartilhar essa vontade com o professor Vinícius Catão ele me sugeriu um tema que

relacionasse as Neurociências com o Ensino. Além disso, fez o convite para que eu começasse

a frequentar o Grupo de Estudos de Neurociências e Educação (GENE), formado por

profissionais de diferentes áreas, como professores de Biologia, Química, Letras, Pedagogia,

além de Psicólogos, Fonoaudiólogo, Médico, Administradores dentre outros. Os encontros

acontecem semanalmente no Prédio das Licenciaturas para a discussão acerca de um livro,

escolhido no início do semestre por todo o grupo, com temática que aborda as Neurociências

e sua interface com a Educação. Ter um grupo tão diverso faz com que o estudo tenha

diferentes perspectivas, enriquecendo as discussões e contribuindo muito para o aprendizado

de todos. Os debates me interessaram muito e contribuíram bastante para a escrita da

monografia. Além disso, me identifiquei muito com um ramo do conhecimento que até então

eu não tinha tido nenhum contato.

Portanto, com todo esse processo aprendi que nossa caminhada nos faz construir os

sonhos, sendo assim, eles não são concretos, pelo contrário, estão em constante

transformação. Percebi que a medida que nos desafiamos, conhecemos diferentes realidades,

vivenciamos novas experiências nos permitimos aprender um pouco mais sobre nós mesmos e

com isso moldamos o nosso propósito. Acredito que ter escolhido esse tema para a

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monografia foi mais uma das experiências que me permitiu um profundo autoconhecimento e

me fez perceber novos e interessantes caminhos a trilhar.

1.2 Algumas das possíveis aproximações entre as Neurociências e Educação

Apesar da busca pela compreensão do cérebro e o seu funcionamento intrigar o ser

humano desde a antiguidade clássica, o termo Neurociências1 pode ser considerado recente e

transdisciplinar. Essa ciência agrega diferentes áreas do conhecimento, como a Medicina,

Química, Biologia, Psicologia, entre outras. Além de interligar essas e demais áreas tem-se

notado as possíveis contribuições das Neurociências em outros âmbitos, como no campo da

Educação (MANIR, 2019). É perceptível que por meio do estudo do cérebro pode-se ter uma

melhor compreensão de como ocorre o processo de aprendizagem e isso pode gerar resultados

bastante significativos para a Educação (GROSSI; LOPES; COUTO, 2014).

Nesse sentido, as Neurociências podem contribuir para o âmbito educacional, uma vez

que pesquisas nessa área já apresentam informações consideráveis para a sala de aula, por

exemplo: a emoção reforça os caminhos neurais, o sono auxilia na aprendizagem, a

neuroplasticidade, a influência da organização da sala e a sincronia entre o cérebro do

professor e do aluno (MANIR, 2019). Além disso, auxilia no cotidiano do educador saber

sobre a organização e funções do cérebro, os mecanismos da memória e atenção, as relações

entre motivação, emoção e aprendizado, as eventuais limitações de aprendizagem e as

possibilidades de intervenção (COSENZA; GUERRA, 2011).

As informações com significado para o aluno impactam positivamente na atenção e na

memória do mesmo. Além disso, sabe-se que ao comparar a memorização de palavras com a

memorização de imagens a segunda apresenta maior retenção para a maioria. Sendo assim, ao

planejar uma aula o educador deve levar essas informações em consideração em busca de

maiores aproveitamentos. Portanto, destacando as contribuições das Neurociências no ensino

de Ciências (Biologia, Física e Química), pode-se perceber que utilizar metodologias que

estimulam o visual, como experimentos, vídeos e imagens, e que buscam aproximar conceitos

da realidade dos alunos, como apresentando problemáticas do cotidiano deles, podem ser mais

eficientes (THOMAZ, 2018).

1 Optou-se por utilizar Neurociências no plural, considerando a sua abrangência multidisciplinar e a busca por

estabelecer diálogos com as diferentes áreas científicas, necessitando de distintos conhecimentos oriundos da

Biologia, Física, Química, Medicina etc. para contemplar um entendimento de toda a sua complexidade. Assim,

compreende-se que as neurociências buscam, dentre outras coisas, entender os processos de tomada de decisões

e as ações mediacionais nas suas diferentes abrangências, considerando o cérebro um órgão complexo que

recebe e decodifica estímulos distintos, que são processados de acordo com as vivências de cada indivíduo. Isso

gera impulsos instintivos que são respostas às diferentes situações em que as pessoas são submetidas,

permitindo-as agir em conformidade com algumas das muitas demandas sociais, educacionais etc.

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Contudo, apesar das amplas possibilidades de contribuições das Neurociências para a

Educação é crucial ter discernimento para distinguir as verdadeiras informações daquelas

denominadas “neuromitos”, que são afirmações de interpretações equivocadas ou exageradas

a respeito dos conhecimentos das Neurociências. Dentre diferentes exemplos pode-se citar

aquele mito de que somente 10% do cérebro é utilizado e também aquela informação de que

cada hemisfério do cérebro predomina determinadas atividades. Tais informações podem mais

atrapalhar do que auxiliar a Educação, visto que, por exemplo, a ideia de que uma boa prática

pedagógica equilibra o desenvolvimento dos hemisférios cerebrais baseia-se em um

“neuromito” (REZENDE, 2019; DEKKER, 2012). Consequentemente é plausível pensar na

necessidade de acrescentar assuntos das Neurociências na formação do professor, para que

não haja influência de informações falsas ou distorcidas que possam prejudicar a prática

educacional (GALVAGNO; ELGIER, 2018). Além disso, fica nítida a importância de

publicação de trabalhos científicos que envolvam essa interface entre as Neurociências e

Educação, visando uma ampliação do acesso desse conhecimento.

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo fazer buscas de trabalhos no Portal

de Periódicos da CAPES e no Google Acadêmico sobre temas relacionando as Neurociências

e a Educação, a fim de analisar a quantidade de trabalhos disponíveis sobre essa relação que

tem se mostrado cada vez mais importante. Além disso, busca-se analisar o alinhamento dos

trabalhos dos periódicos da CAPES de 2014 até 2018 com as palavras utilizadas na busca e

posteriormente discutir os possíveis impactos. Por meio dos dados, será discutido também a

repercussão desses trabalhos no ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras.

2 Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Buscou-se realizar uma análise geral das produções de trabalhos no campo das

Neurociências e Educação no período de 2014 a 2018 e discutir as suas repercussões no

Ensino de Ciências/Química.

2.2 Objetivos Específicos

▪ Realizar uma Pesquisa Bibliográfica com buscadores pré-determinados no

Google Acadêmico e o Portal de Periódicos da CAPES;

▪ Traçar um panorama da área com base nas produções;

▪ Analisar a repercussão desses trabalhos no campo do Ensino de

Ciências/Química;

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▪ Avaliar as perspectivas futuras sobre estudos referentes a interface

Neurociências e o Ensino de Ciências/ Química.

3 Referencial Teórico

3.1 Neurociências e Educação

O termo Neurociências foi concebido por Francis O. Schmitt em 1962, sendo

considerado um campo recente que emergiu no século XX. Entende-se por Neurociências a

dedicação de múltiplas áreas para o estudo do cérebro e do sistema nervoso, sendo assim,

apresenta contribuições da Medicina, Psicologia, Química, Biologia, entre outras. Dessa

maneira, esse novo campo de pesquisas se propõe estabelecer o diálogo e a relação entre

diversas perspectivas, práticas e conhecimentos a respeito do cérebro, da mente e do

comportamento. Entretanto, é válido destacar que estudos, pesquisas e especulações sobre o

cérebro e o sistema nervoso têm um passado longo (LISBOA, 2015).

No final do século XIX, o médico e histologista espanhol Ramón y Cajal (1852-1934),

considerado o pai da neurociência moderna, descreveu a teoria neuronal, em que o neurônio

foi conhecido como a unidade básica do sistema nervoso e acreditava-se que ele não se

regenerava, não se reproduzia e que no adulto não havia a neurogênese2. Já no século XX uma

nova teoria neuronal se contrapõe, considerando a capacidade de modificação estrutural e

funcional do neurônio, após lesões ou estímulos adequados. Sendo assim, o cérebro passou a

ser entendido como um sistema aberto, dinâmico e que funciona por meio de circuitos de rede

apropriados para cada etapa da vida. Essa nova teoria provocou mudanças significativas em

diferentes áreas, trazendo novas interpretações para o cérebro e abrindo novas perspectivas

sobre a aprendizagem e as capacidades cognitivas (OLIVEIRA, 2014).

A capacidade de fazer e desfazer ligações entre os neurônios devido as diversas

interações com o meio externo e interno define uma característica muito importante a respeito

do sistema nervoso, a neuroplasticidade. Essa capacidade é a base do que ocorre no processo

da aprendizagem, em que os estímulos além de promoverem o aumento da complexidade das

ligações em um circuito neuronal também possibilitam que circuitos até então independentes

se relacionem. Apesar dessa característica diminuir com o decorrer dos anos fazendo com que

as pessoas necessitem de mais tempo e esforço para que o aprendizado ocorra, compreender

hoje que esse processo faz parte de todas as fases da vida, não só em períodos específicos, é

fundamental (CONSENZA; GUERRA, 2011).

2 De acordo com Silva (2009) e Kandratavicius et al. (2007), a neurogênese se relaciona ao processo de produção

de novos neurônios provenientes de células-tronco e de progenitores neurais.

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Dessa forma, entender a neuroplasticidade e as suas implicações traz diferentes

possibilidade para a Educação, visto que pais, professores e alunos passam a perceber que

nunca é tarde para ter novos conhecimentos. Além disso, há outros conhecimentos das

Neurociências que podem trazer reflexões e transformações no âmbito educacional.

Atualmente, há diversos termos utilizados para abordar as aproximações e relações entre as

Neurociências e Educação, tais como: Neuroaprendizagem; Neurociência pedagógica; Ciência

do Aprendizado; Mente, Cérebro e Educação; dentre outros. Mas a forma mais comumente de

denominar esse novo campo ou disciplina é Neuroeducação, que surgiu de maneira

institucionalizada somente no final do século XX (LISBOA, 2015).

Os conhecimentos das Neurociências permitem compreender como é realizado o

processo de aprendizagem e isso tem gerado consequências bastante significativas, como a

possibilidade de superar dificuldades tanto de quem aprende quanto de quem ensina. Dessa

forma, é condizente afirmar que conhecimentos científicos das Neurociências devem também

ser dirigidos a aqueles que se relacionam com o exercício de ensinar. Contudo, tais

conhecimentos ainda têm sido expostos pela mídia de maneira superficial e desconectada com

a Educação. Além disso, pode-se dizer que a produção literária brasileira, que estabelece essa

conexão das Neurociências com a Educação, ainda é escassa e quando apresentam

informações científicas são mais dirigidas a um público seletivo, como para médicos e

psicólogos, afastando uma compreensão do professor (CARVALHO, 2010).

Os educadores devem adquirir maior conhecimento sobre o neurodesenvolvimento, pois

isso permite uma utilização de diferentes teorias e práticas pedagógicas que possam contribuir

com o aprendizado de seus alunos (OLIVEIRA, 2014). Diferentes dados convergem para uma

dura realidade da Educação brasileira. Como exemplo, uma pesquisa realizada em 2012 pela

Pearson3 sobre habilidades cognitivas e desempenho escolar, que leva em consideração testes

de matemática, leitura e ciências nos últimos anos do ensino fundamental, o Brasil ficou em

penúltimo lugar. Devido a esse preocupante cenário é crucial que o país repense sobre a

Educação e busque novas fontes de conhecimento e práticas mais eficazes (GROSSI; LOPES;

COUTO, 2014). Entretanto, é importante destacar que as possíveis soluções para as

problemáticas da Educação não se resumem em apenas buscar melhorias das práticas

3 A Pearson é uma multinacional britânica que presenta hoje uma das maiores abrangências na área de educação

e editoração de livros do mundo, sendo líder de mercado no Reino Unido, Índia, Austrália e Nova Zelândia, além

de ocupar o segundo lugar nos Estados Unidos e Canadá.

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educacionais, é algo muito mais complexo que envolve também questões externas à Escola,

como aspectos sociais, econômicos e políticos.

Dessa maneira, pode-se dizer que com os avanços das Neurociências fica cada vez mais

nítida a importância de repensar em diversos aspectos da Educação brasileira, tais como: o

espaço de ensino e aprendizagem, o sistema de avaliação, as metodologias utilizadas, a

relação professor e aluno, entre outros fatores que interferem direta ou indiretamente a

aprendizagem. Entretanto, sabe-se que cada pessoa apresenta sua individualidade e que cada

cérebro tem uma complexidade única, devido as suas diversas dimensões, como cognitivas,

emocionais, afetivas e motoras. A partir disso pode-se perceber que cada indivíduo tem sua

maneira de compreender, interpretar, relacionar e construir conhecimento. Sendo assim, o

objetivo das Neurociências na Educação deve ser de sugerir novas metodologias e caminhos

que possam facilitar a aprendizagem e não propor uma nova forma de ensinar que seja única e

capaz de solucionar todas as problemáticas da Educação (GROSSI; LOPES; COUTO, 2014).

3.2 Neurociências no Ensino de Ciências

Os sentimentos como a frustração, o desgaste e o desânimo têm sido frequentes entre os

professores de Ciências perante o notável desinteresse dos alunos a respeito dos

conhecimentos científicos, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e do ensino

médio. Além da falta de interesse é perceptível que muitos alunos não conseguem aprender de

fato a Ciência que lhes é ensinada, haja vista, por exemplo, as dificuldades que encontram em

compreender conceitos básicos (POZO; CRESPO, 2009).

Outro aspecto digno de destaque são as dificuldades apresentadas na resolução de

problemas científicos, por exemplo, é comum perceber que os alunos não valorizam seus

próprios processos de solução, ficam ansiosos para descobrir a “fórmula” correta de resolver

visando simplesmente um resultado quantitativo, sem se preocupar com o problema científico

de fato. Essa forma mecânica de solucionar os problemas possivelmente está associada as

próprias práticas escolares que têm induzido essa percepção nos alunos, ou seja, trazendo

problemas de pouca reflexão científica e, além disso, deixando pouco ou nenhum espaço para

diferentes possibilidades de resolução. Dessa forma, há uma perda de sentido e aplicabilidade

do conhecimento científico promovendo desmotivação nos alunos para aprenderem tais

disciplinas (POZO; CRESPO, 2009).

Dessa maneira, pode-se dizer que o Ensino de Ciências enfrenta problemáticas que

comprometem seriamente a educação científica dos alunos. Além disso, nota-se a

complexidade da situação, visto que são diferentes fatores que envolvem e provocam essa

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situação, tais como fatores emocionais, motivacionais, pedagógicos e comportamentais. A

partir disso deve-se refletir em como as Neurociências podem trazer contribuições para

possíveis soluções. Ciente da complexidade do problema discutido e do quanto as

Neurociências apresentam diversas áreas do conhecimento, é pertinente pensar que existem

diferentes caminhos para estabelecer essa relação e explorar as possibilidades de

intermediação.

Sendo assim, uma maneira seria a compreensão neurológica do processo linguístico que

pode afetar diretamente no entendimento dos conceitos científicos. Indubitavelmente o

processo de comunicação é essencial para uma aprendizagem significativa, em que o aluno

compreender o que o professor diz e vice-versa é o principal meio para a construção do

conhecimento. No âmbito do Ensino de Ciências essa questão da linguagem científica tem

grande relevância, uma vez que para uma compreensão efetiva é fundamental que o aluno se

aproprie de conceitos científicos e atribua seus respectivos significados. Por exemplo, no

senso comum, “direção” e “sentido” podem ter o mesmo significado, entretanto, na física tais

termos precisam ser diferenciados para que sejam realmente compreendidos e aplicados.

Diante disso, é interessante perceber que com os avanços das neuroimagens, por exemplo,

pode-se saber quais as áreas ativadas e estimuladas no cérebro no ato da comunicação e isso

implica em estudar como é feito esse processo pelo aluno contribuindo com a facilitação e

intervenção de profissionais em prol de uma aprendizagem mais significativa. (CARVALHO;

CARVALHO, 2018).

Outra maneira de estabelecer esse diálogo e buscar nas Neurociências contribuições

para a crise no Ensino de Ciências é por meio da importância dos aspectos emocionais e

comportamentais na aprendizagem. As atitudes dos alunos, seus valores, dentro e fora da sala

de aula geralmente são os grandes alvos de reclamações dos professores, pois ao perguntar a

algum professor de Ciências o que mais o incomoda em seu exercício da docência

possivelmente não é que seu aluno não saiba a diferença entre massa e peso, mas sim a falta

de interesse e até a falta de educação com a sua aula. Dessa forma, a educação científica

deveria estimular e mudar atitudes dos alunos, mas a grande maioria dos professores não

valorizam os objetivos atitudinais em seus planejamentos de aula. (POZO; CRESPO, 2009).

Dessa forma, nota-se que as Neurociências podem trazer contribuições, oferecendo

reflexões importantes e conhecimentos de diversas áreas a respeito da aprendizagem que

podem beneficiar o Ensino de Ciências. Além disso, outros conhecimentos podem contribuir

significativamente, como saber da importância de aproximar o conteúdo da realidade do aluno

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e de explorar recursos visuais, pois são métodos que comprovadamente facilitam o

aprendizado. E, especialmente na área de Ciências, traçar uma relação do conteúdo com o

cotidiano do aluno é imprescindível e demonstrar os conhecimentos por meio de

experimentos, por exemplo, é possível e pode ser mais explorado pelos professores

(THOMAZ, 2018).

3.3 Influência dos aspectos emocionais e comportamentais no Ensino de Ciências e

Química

É interessante notar que frequentemente os professores reclamam das atitudes passivas

de seus alunos perante ao conhecimento e a pouca disposição em colaborar, entretanto, esses

mesmos comportamentos podem definir a postura da maioria dos professores perante as

problemáticas da Educação. Esta reflexão inicial leva a questionar como a Educação tem

fomentado atitudes ativas nos alunos, visto que essa já é uma problemática evidente. Apesar

de ser um dos aspectos que nitidamente precisa ser mudado, os currículos de ciências,

principalmente nos anos finais do Ensino fundamental e no Ensino Médio, priorizam

majoritariamente os conteúdos conceituais. Além disso, o sistema avaliativo atual intensifica

esse problema, visto que reforça ao aluno que mais vale uma resposta com o mesmo molde de

resolução usado pelo professor e alcançar o valor quantitativo correto do que um

comportamento investigativo, curioso e de admiração pelas questões científicas (POZO;

CRESPO, 2009).

Dessa forma, é inquestionável que as atitudes negativas dos alunos em relação as

Ciências têm grande influência de como essa disciplina tem sido ensinada.

Consequentemente, a educação científica é grande responsável por fomentar que o aluno

entenda que aprender a ciência é um processo construtivo e por isso deve aprendê-la de

maneira profunda ao invés de superficial, buscando compreender os significados e sentidos e

não apenas reproduzindo conceitos. Além disso, o aluno deve perceber a importância da

Ciência, entendendo que ela é digna do seu esforço e que ele tem capacidade para aprender e

apreciar essa disciplina. Portanto, outro fator que merece destaque é a motivação, que por ser

algo subjetivo e individual muitos professores enfrentam grandes dificuldades em despertá-la

em seus alunos. Pozo e Crespo (2009) apresentam um Quadro que destaca a motivação dos

estudantes em diferentes âmbitos, podendo favorecer o aprendizado das Ciências.

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Quadro 1 – Diferentes estilos de alunos em função de sua motivação para as Ciências.

Aluno curioso

- Tem grande interesse em aprender sobre novos acontecimentos ou fenômenos científicos, inclusive sobre

aqueles que não aparecem nos livros didáticos

- Tem inclinação para examinar, explorar e manipular a informação

- Obtém satisfação como consequência dessa exploração e manipulação

- Procura complexidade nas atividades escolares

Prefere: Seguir sua própria iniciativa, investigar, descobrir, trabalhar de forma prática, utilizar livros de

referência, etc.

Rejeita: O ensino tradicional e as instruções claras e precisas.

Aluno consciencioso

- Deseja fazer aquilo que é certo e evitar o que é errado. Sente obrigação nas atividades escolares

- Tem incapacidade de saber quando cumpriu perfeitamente suas obrigações

- Precisa de suporte exterior (elogios e reconhecimento do professor)

- Desenvolve sentimentos de culpa perante qualquer incapacidade

- Tem falta de confiança em si mesmo ou intolerância diante dos erros cometidos

Prefere: Instruções claras e precisas, ensino tradicional, avaliação por parte do professor, etc.

Rejeita: Utilizar livros de referência.

Aluno sociável

- Necessita construir e manter boas relações de amizade com os colegas

- Tem muito boa disposição para ajudar seus colegas em todas as atividades escolares

- Não teme “falhar” em situações escolares orientadas ao sucesso acadêmico

- Concede mais importância às relações de amizade do que às atividades e aos fatores escolares

Prefere: Seguir sua iniciativa, ensino por descobrimento, trabalho prático e em grupos pequenos.

Rejeita: O ensino tradicional, a avaliação, o trabalho individual.

Aluno que busca êxito

- Prefere as situações competitivas

- Precisa obter sucesso nessas situações

- Tem necessidade de conseguir estima e prestígio por parte do professor e dos colegas com consequência de

suas vitórias

Prefere: O ensino por descoberta e seguir sua própria iniciativa.

(BACAS; MARTÍN-DÍAZ, 1992 apud POZO; CRESPO, 2009, p. 44)

O Quadro 1 apresentado demonstra o quanto a motivação é variável, ou seja, para cada

tipo de aluno há determinadas atitudes que o impulsiona e outras que o provoca rejeição.

Além disso, algumas ações em sala de aula possíveis de instigar determinados alunos podem

ser fatores de desmotivação em outros, sendo assim, pode-se dizer então que despertar o

interesse dos alunos apesar de fundamental para a aprendizagem é um processo complexo.

Entretanto, sabe-se que um professor precisa ser apto para mediar as diferentes necessidades,

dificuldades e personalidades dos seus alunos e isso inclui também as particularidades da

motivação. Sendo assim, o educador deve atentar-se ao perfil de cada aluno e também da

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turma como um todo para utilizar estratégias pedagógicas que irão favorecer de forma

eficiente a motivação, além de ser fundamental alternar as ferramentas utilizadas, visto a

multiplicidade de estilos de alunos.

A Química é uma das disciplinas integradas das Ciências da Natureza e muitas vezes as

pessoas acreditam que não são capazes de compreender esse ramo do conhecimento,

carregando o estereótipo de que o Químico fica em laboratório com jaleco, trabalhando com

vidrarias, aparelhos e cálculos muito complexos e distantes da sociedade. Entretanto, a

Química está presente no cotidiano das pessoas em diversas situações, como no ato de coar

um café ou ao utilizar alguns cosméticos ou medicamentos. Portanto, tentar enfraquecer essa

percepção de que a Química é algo muito difícil e distante é essencial para aproximar os

alunos e, sobretudo, fazê-los acreditar que têm capacidade de compreendê-la. Além disso,

outros fatores que podem contribuir para considerar essa disciplina difícil são: a necessidade

de aprender novas leis e conceitos fortemente abstratos; conectar esses novos conceitos a

fenômenos estudados; utilizar uma linguagem muito simbólica e formalizada; e compreender

modelos de representação para aquilo que não é observável (POZO; CRESPO, 2009).

Diante desses e outros desafios que a Química (e as Ciências de forma geral) apresenta

aos alunos fica clara a relevância dos aspectos emocionais no processo de aprendizagem.

Sendo assim, o professor precisa ter consciência das dificuldades da disciplina e compreender

as possíveis limitações dos alunos, a fim de oferecer formas de ajudar, encorajar e estimular

os alunos. Os professores que não levam esses fatores em consideração podem inibir os

estudantes, provocando desmotivação, desistência, falta de autoestima e até mesmo

consequências mais graves, como traumas. Além disso, conhecimentos das Neurociências

evidenciam a influência da emoção para a memória e a aprendizagem, isso ocorre porque os

sentimentos permitem acessar a memória do estado corporal em determinados casos,

conferindo uma sensação positiva ou negativa ao que foi vivido (SOUSA; GABRIEL, 2009).

Portanto, se o aluno tiver experiências que lhe cause desconforto, medo, insegurança,

repressão ao aprender determinado assunto muito provavelmente o seu desempenho terá

prejuízos, podendo ser complicado reverter isso dependendo da gravidade.

4 Metodologia

O principal objetivo da Pesquisa Exploratória é proporcionar maior familiaridade com o

objeto investigado. Muitas vezes o pesquisador não possui conhecimentos suficientes para

formular adequadamente um problema de pesquisa ou elaborar com precisão uma hipótese.

Nesse caso, é necessário “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza

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do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar”

(KÖCHE, 1997, p. 126). Nesse sentido, o planejamento da Pesquisa Exploratória se torna

flexível e pode se alinhar a uma Pesquisa Bibliográfica, Documental, Estudos de Caso, dentre

outros. As estratégias de investigação possíveis de serem utilizadas na Pesquisa Exploratória

são: formulários, questionários, entrevistas, registros escritos, além da leitura e documentação

de diferentes materiais quando se tratar de Pesquisa Bibliográfica.

Nesse estudo foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica sobre trabalhos que relacionam

as Neurociências e a Educação, visando estabelecer um panorama dessa interface e discutir os

resultados encontrados, sobretudo na área do Ensino de Ciências/Química. Foram definidas as

plataformas utilizadas para efetuar a pesquisa e as palavras-chaves que seriam utilizadas nas

buscas. A Pesquisa Bibliográfica se relaciona a um trabalho exploratório que busca explicar

um determinado problema a partir de temáticas disponíveis em alguns tipos de fontes. De

acordo com Martins e Theóphilo (2016), a Pesquisa Bibliográfica:

[...] procura explicar e discutir um assunto, tema ou problema com base em

referências publicadas em livros, periódicos, revistas, enciclopédias, dicionários,

jornais, sites, CDs, anais de congressos etc. Busca conhecer, analisar e explicar

contribuições sobre determinado assunto, tema ou problema. A pesquisa

bibliográfica é um excelente meio de formação científica quando realizada

independentemente – análise teórica – ou como parte indispensável de qualquer

trabalho científico, visando à construção da plataforma teórica do estudo.

(MARTINS; THEÓPHILO, 2016, p. 52)

A realização da Pesquisa Bibliográfica é fundamental para conhecer e analisar as

principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. Köche (1997) aponta

que a Pesquisa Bibliográfica pode ser realizada com diferentes finalidades, de modo a: (i)

ampliar os conhecimentos sobre uma determinada área, permitindo ao investigador a

compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa; (ii) apreender o conhecimento

disponível e utilizá-lo como base para construir um modelo teórico explicativo de

determinado problema; e (iii) sistematizar o Estado da Arte referente a um determinado tema

ou problema, de modo a descrever e apresentar um panorama da produção acadêmico-

científica que se busca investigar. Ao analisar essas finalidades, é possível inferir que a

Pesquisa Bibliográfica assume um caráter exploratório, quando busca ter maiores

conhecimentos ou certa familiaridade sobre um assunto, disponibilizando informações mais

precisas ao investigador no momento da construção de problemas ou questões de pesquisa.

Além disso, Gil (2017) aponta que a Pesquisa Bibliográfica constitui uma etapa

preliminar de praticamente toda pesquisa acadêmica e acrescenta que quase toda Tese ou

Dissertação contém um capítulo ou seção dedicada à revisão bibliográfica, com o duplo

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propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como identificar o estágio atual

do conhecimento de determinado tema. Esse autor, entretanto, alerta que a Pesquisa

Bibliográfica apresenta como vantagem o fato de o pesquisador ter acesso a um conjunto de

informações muito maior, alertando que os dados consultados podem conter erros e que a

Pesquisa Bibliográfica pode reproduzir ou mesmo ampliar esses erros se não houver um

processo cuidadoso de verificação das fontes, na busca de incoerências e contradições.

Sendo assim, após efetuar as buscas em cada uma das plataformas selecionadas foi

possível determinar o número de resultados e definir um recorte de trabalhos para serem

estudados, por meio da leitura dos resumos. A partir dessa análise qualitativa dos trabalhos

selecionados, houve uma classificação entre aqueles alinhados ou não com as buscas

realizadas, sendo esta seleção validada por meio da triangulação dos dados. Ou seja, todos os

dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho, buscando validá-los. De

acordo com Günther (2006), a triangulação dos dados implica na utilização de abordagens

múltiplas para evitar distorções e enviesamento da pesquisa em função de um método, uma

teoria ou um pesquisador. Aqueles trabalhos que foram classificados como “não alinhados”

foram categorizados segundo o referencial de Bardin. Em seguida, houve um tratamento dos

dados para uma maior compreensão visual deles, por meio da construção de gráficos e

tabelas. Por fim, foi realizada uma análise e discussão a respeito dos resultados encontrados,

sobretudo as implicações no campo de Ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras.

5 Resultados e Discussão

Como primeira etapa da Pesquisa Bibliográfica foram definidas as palavras-chaves

esperando que a primeira busca fosse mais ampla, a segunda intermediária e a última mais

específica em termos de resultados gerados. Para isso, as palavras-chaves utilizadas em cada

busca foram:

▪ Busca 1: neurociências e educação;

▪ Busca 2: neurociências e ensino de ciências;

▪ Busca 3: neurociências e ensino de química.

Além disso, as plataformas selecionadas para efetuar a pesquisa foram o Portal de

Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) e o

Google Acadêmico, uma vez que possuem como foco trabalhos científicos. Os resultados

quantitativos das buscas estão apresentados nas Tabelas 1 e 2.

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Tabela 1 – Resultados das buscas realizadas no Google Acadêmico4

Sem Limites 1999-2018 2004-2018 2009-2018 2014-2018

Busca 1a 23.400 15.500 15.500 15.500 14.100

Busca 2b 17.600 15.200 15.300 14.600 9.970

Busca 3c 8.240 7.710 7.470 6.550 4.060

a Neurociências e Educação, b Neurociências e ensino de Ciências; c Neurociências e ensino de Química.

Tabela 2 – Resultados das buscas realizadas no Portal de Periódicos da CAPES5

Sem Limites 1999-2018 2004-2018 2009-2018 2014-2018

Busca 1a 149 147 144 135 85

Busca 2b 56 56 53 52 39

Busca 3c 16 16 14 13 10

a Neurociências e Educação, b Neurociências e ensino de Ciências; c Neurociências e ensino de Química.

A partir dos resultados apresentados nas tabelas pode-se notar uma grande diferença, em

que a plataforma do Google Acadêmico ofereceu números significativamente maiores do que

o Portal de Periódicos da CAPES. Dessa maneira, nesse momento foi perceptível que seria

inviável analisar os trabalhos de forma qualitativa apresentados pelo Google Acadêmico,

devido ao grande número de resultados. Consequentemente, decidiu-se que os trabalhos a

serem avaliados qualitativamente seriam apenas do Portal de Periódicos da CAPES.

Além disso, por meio das Tabelas 1 e 2 também é possível verificar que de fato a

primeira busca obteve mais resultados, a segunda mostrou valores intermediários, enquanto a

terceira valores bem menores. Essa observação pode ser constatada nas duas plataformas

utilizadas e em todos os intervalos de tempo avaliados. Dessa forma, conclui-se que as

palavras-chaves foram adequadas de acordo com o objetivo inicial, de iniciar com uma busca

mais ampla, seguida de uma intermediária e a última mais específica, buscando um recorte

com enfoque nos objetivos de pesquisa aqui apresentados.

Outro aspecto muito importante que contribuiu para a definição da amostra foi perceber

qual o recorte de tempo que seria mais adequado para a avaliação dos trabalhos. Uma vez que

os resultados do Google Acadêmico já estavam descartados para essa próxima etapa da

pesquisa, foram avaliados os recortes apenas do Portal de Periódicos da CAPES e constatou-

se que a quantidade de trabalhos no intervalo de 2014 a 2018 seria o mais apropriado para

essa avaliação mais cuidadosa dos trabalhos, considerando o tempo de pesquisa. Sendo assim,

a etapa de alinhamento e categorização dos trabalhos foi realizada apenas nessa amostra

4 Visto que a data da busca interfere no número de resultados é importante ressaltar que os resultados da Tabela

1 foram encontrados no dia 21 de maio de 2019. 5 Os resultados da Tabela 2 foram encontrados no dia 11 de abril de 2019.

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estabelecida: trabalhos publicados entre 2014 e 2018 disponíveis no Portal de Periódicos da

CAPES.

A próxima etapa da pesquisa foi a leitura de todos os resumos dos trabalhos que

estavam dentro da amostra definida e a partir dessa leitura foi feita uma avaliação dos

trabalhos, classificando-os como alinhados ou não com a busca realizada. Os critérios

utilizados para classificar os trabalhos como alinhados para cada uma das buscas estão

apresentados no Quadro 2. Portanto, aqueles trabalhos que não foram identificados com os

aspectos estabelecidos nos critérios foram classificados como “não alinhados”. É importante

ressaltar que essa classificação foi validada por meio da triangulação dos dados, de modo que

todos os dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho, buscando evitar

possíveis distorções devido a subjetividade do método.

Quadro 2 – Critérios para classificar os trabalhos como alinhados.

Buscas Critérios de Alinhamento

Busca 1: “Neurociências

e educação”

Trabalhos que abordam temas sobre as neurociências com o foco de trazer

benefícios para a educação, auxiliando professores, pais e/ou alunos no processo

de ensino e aprendizagem.

Busca 2: “Neurociências

e ensino de Ciências”

Trabalhos que abordam sobre as neurociências com o foco de trazer benefícios no

ensino de Ciências (Biologia, Química e Física), auxiliando professores, pais e/ou

alunos no processo de ensino e aprendizagem.

Busca 3: “Neurociências

e ensino de Química”

Trabalhos que abordam as neurociências com o foco de trazer benefícios no ensino

especificamente de Química, auxiliando professores, pais e/ou alunos no processo

de ensino e aprendizagem.

Dessa maneira, todos os trabalhos foram avaliados utilizando critérios de alinhamento e

os resultados encontrados a partir dessa classificação serão apresentados e discutidos. Na

Busca 1 foram avaliados no total 85 trabalhos, sendo que 23 foram classificados como

alinhados e 62 como não alinhados.

Na Busca 2 houve um total de 39 trabalhos analisados, sendo apenas sete classificados

como alinhados e 32 como não alinhados. Entretando, é de suma importância destacar que

desse total 26 foram repetições da Busca 1, portanto, somente 13 foram encontrados apenas

na Busca 2. Dentre os sete trabalhos classificados como alinhados seis foram também

encontrados na primeira busca, sendo apenas um deles exclusivo da Busca 2. Já em relação

aos 32 trabalhos que não estavam alinhados com a busca, 20 também foram identificados na

busca anterior, sendo apenas 12 encontrados somente na segunda busca.

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Já na Busca 3 foram encontrados no total 10 trabalhos, sendo apenas um classificado

como alinhado e os nove como desalinhados. O único trabalho alinhado foi também

encontrado tanto na Busca 1 quanto na Busca 2. Enquanto os nove trabalhos classificados

como não alinhados, seis já tinham sido encontrados anteriormente (nas Buscas 1 e/ou 2),

logo apenas três foram exclusivamente da Busca 3. A compilação dos resultados das três

buscas juntas está apresentada no Gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1 – Resultado da classificação de alinhamento dos trabalhos considerando as

três buscas.

Foram avaliados 134 trabalhos, considerando as repetições, sendo o total de trabalhos

alinhados de 31, pois é a soma de 23 (Busca 1), 7 (Busca 2) e 1 (Busca 3). Contudo, com as

repetições desconsideradas são 24 trabalhos alinhados, sendo que todos eles estão

identificados no Anexo 1, além disso, são explicitadas em quais buscas os trabalhos foram

encontrados. Já em relação ao total de 103 trabalhos não alinhados, também há repetições,

uma vez que a soma seja de 62 (Busca 1), 32 (Busca 2) e 9 (Busca 3). Mas, desconsiderando

as repetições ficaram um total 77 trabalhos desalinhados.

De acordo com os resultados anteriores, pode-se notar que em todas as três buscas, a

quantidade de trabalhos alinhados é significativamente menor do que a quantidade daqueles

que não estão alinhados. Consequentemente, pode-se dizer que os valores de resultados

encontrados em uma busca nem sempre são confiáveis, uma vez que podem ter resultados

incoerentes com o que está sendo procurado. Sendo assim, fica nítida a importância dessa

etapa da Pesquisa Bibliográfica, pois por meio dessa análise qualitativa que é possível traçar

um panorama do objeto de estudo de maneira mais assertiva e confiável.

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Dessa forma, é possível perceber a diferença, já comentada, entre a Pesquisa

Bibliográfica, que faz parte de praticamente toda pesquisa acadêmica, geralmente para a

escrita da seção de revisão bibliográfica e a Pesquisa Bibliográfica utilizada como a

metodologia de um trabalho. A primeira trata-se de uma pesquisa menos abrangente, com o

propósito de fundamentar o trabalho e de aumentar o conhecimento sobre determinado tema.

Por outro lado, na Pesquisa Bibliográfica como metodologia investigativa o pesquisador tem

um acesso mais amplo de informações e um olhar mais crítico desse conjunto de dados, sendo

essencial ter muita atenção às possibilidades de incoerências e erros, para não reproduzir e

nem ampliar tais falhas, por isso é fundamental que haja um processo de avaliação detalhado

(GIL, 2017).

Sobre os trabalhos encontrados que não estavam alinhados com as buscas foi feita a

análise de conteúdo, uma técnica de tratamento de dados qualitativos. Primeiramente foi

realizada uma leitura geral de todos os trabalhos classificados como “não alinhados” com as

buscas, a fim de ter uma compreensão mais ampla de quais temáticas eram mais exploradas

entre eles. Posteriormente, foram estabelecidas as categorias que permitiriam o agrupamento

daqueles que abordavam assuntos semelhantes, sendo assim, as categorias e as quantidades de

trabalhos encontrados em cada uma delas, sem considerar as repetições, foram: Medicina

(26); Educação (21); Psicologia (10); Educação Física (7); Saúde (4); sem identificação de

categoria (2); Sustentabilidade (1); Comunicação (1); Neuromarketing (1); Neuromarketing e

Neuroeconomia (1); Biologia (1); Arte (1) e Ciências (1).

Por fim, realizou-se a análise desse resultado, constatando que dentre os trabalhos

desalinhados a grande maioria abordava assuntos focados somente em Medicina ou somente

em Educação, sem estabelecer uma relação dos aspectos neurológicos com práticas e teorias

educacionais. Além disso, foi inesperada a tamanha incoerência de determinados trabalhos

encontrados, devido a falta de proximidade com a busca, esses foram categorizados como

“sem identificação de categoria”. Dois trabalhos tiveram essa distorção mais agravante com as

buscas: (i) Siglas, termos e expressões (Revista Brasileira de Pós-Graduação); e (ii)

Suplemento - Trabalho de Conclusão de Curso Unificado e I mostra pró-saúde. Pet/saúde

UNIFOR/SMS - CORES-6 e Encontro Estadual Pró-saúde / PET-Saúde - Ceará (Revista

Brasileira em Promoção da Saúde). O primeiro representa um arquivo com diferentes siglas e

seus respectivos significados e o segundo um Anal referente a Trabalhos de Conclusão de

Curso. É válido pensar que ambos foram resultados possivelmente porque tinham algumas

das palavras de busca, como “neurociências” e/ou “educação”. Ao tentar analisar melhor tais

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incoerências foi perceptível que o arquivo de Siglas tinha a palavra “educação” em vários

momentos. Já no segundo apareceu a palavra “neurociências” nas referências de alguns

trabalhos, mas não foi identificado nenhum deles com esse foco de pesquisa.

Quanto aos trabalhos que foram identificados como alinhados com as buscas foi feita

ainda outra análise, visando perceber a relação entre a quantidade desses trabalhos com os

anos de publicação. Nos Gráficos 2, 3 e 4 estão apresentados os resultados dessa relação

dentro da amostra, ou seja, dos anos de 2014 a 2018.

Gráfico 2 – Quantidade de trabalhos alinhados da Busca 1 de acordo com o ano de

publicação.

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Gráfico 3 – Quantidade de trabalhos alinhados da Busca 2 de acordo com o ano de

publicação.

Gráfico 4 – Quantidade de trabalhos alinhados em todas as buscas, de acordo com o ano de

publicação.

A partir da análise dos gráficos acima pode-se perceber que em relação a Busca 1 houve

um decréscimo de publicações ao passar dos anos, sendo que a diminuição mais brusca

ocorreu no ano de 2016. Em relação à Busca 2 é perceptível também esse decréscimo em

2016 e 2017, mas nota-se que no ano de 2018 há o mesmo número de publicações que nos

anos iniciais da amostra. Quanto a Busca 3 foi inviável a demonstração gráfica visto que

somente um trabalho alinhado foi publicado durante esse período, sendo seu ano de

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publicação em 2018. Tomando como base o Gráfico 4 é possível perceber uma análise geral

de todas as três buscas realizadas e nota-se também o decréscimo mais acentuado nos anos de

2016 e 2017, enquanto no ano de 2018 ocorre uma recuperação.

De acordo com os dados pode-se notar que, de maneira geral, houve um comportamento

similar, em que nos anos iniciais se tem os maiores números de publicação até que em 2016

há um decréscimo, que persiste em 2017. Quanto ao comportamento no ano de 2018 deve ser

uma análise mais cautelosa, pois para a Busca 1 os resultados mostram que a menor

quantidade de trabalhos foi nesse ano. Em contrapartida, na Busca 2 percebe-se que no ano de

2018 houve uma recuperação, igualando-se às quantidades dos anos iniciais e na Busca 3 o

único trabalho alinhado nesse intervalo de tempo foi publicado no ano de 2018. Já o gráfico

que relaciona as três buscas juntas (Gráfico 4) demonstra que o ano de 2018 teve mais

publicações que os anos de 2016 e 2017, mas menos do que os anos iniciais da amostra, sendo

assim, é considerável pensar que esse último gráfico expressa uma situação intermediária das

observações controversas analisadas nas Buscas isoladas.

Pode-se refletir sobre os possíveis fatores que contribuíram para a baixa quantidade de

trabalhos publicados nos anos de 2016 e 2017, observada em todos os Gráficos. Contudo, é

importante ressaltar que o intervalo de tempo analisado não foi tão amplo para que

implicações seguras sejam feitas a respeito desse período de baixa produção científica. Em

contrapartida, é possível discutir sobre eventuais motivos que possam ter contribuído para

esse fato. Como a possível relação com os cortes em Ciências e Tecnologia que o Brasil

enfrentou, especialmente no ano de 2015 e pode ter tido uma repercussão nos anos seguintes.

Ou talvez, pelo simples fato de pesquisadores não se interessarem tanto em publicar sobre

essa temática nesses anos. Portanto, não se pode apontar uma causa única com convicção, mas

diante dos resultados é necessário refletir sobre esse fato e sugerir algumas de tantas

possibilidades que possam justificar essa redução da quantidade de trabalhos nos anos de

2016 e 2017.

Contudo, apesar de ser possível a observação de quais os anos tiveram maiores ou

menores quantidades de publicações dentro desse intervalo de tempo analisado, nota-se que os

números ainda são baixos de uma maneira geral, ou seja, ainda há poucos trabalhos

publicados que fazem verdadeiramente uma ponte entre as Neurociências e a Educação,

sobretudo na área de Ciências/Química.

De acordo com Haeffner e Guimarães (2015), há uma confirmação do crescente

interesse mundial e brasileiro em estabelecer cada vez mais conexões entre as Neurociências e

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a Educação, visto o perceptível aumento de publicações sobre esse assunto. Entretanto,

constata-se que no Brasil os resultados quantitativos ainda são poucos expressivos, tanto no

número de publicações quanto na quantidade de grupos de pesquisas dedicados a esta

temática. Portanto, é notável que nas instituições brasileiras já iniciou um processo de

percepção sobre a importância dessa interface, porém, ainda há muito para progredir,

sobretudo para alcançar o objetivo de conseguir facilitar o diálogo entre essas duas grandes

áreas.

É possível afirmar que quando as Neurociências dialogam com a Educação o professor

toma consciência de diversos fatores que interferem no ato de ensinar e aprender e, a partir

disso, percebe que enquanto mediador ele pode usufruir de diferentes caminhos e práticas

pedagógicas em busca de uma aprendizagem mais significativa para os seus alunos. Sendo

assim, é coerente pensar o quanto as Neurociências e suas possibilidades para o âmbito

educacional devem fazer parte da formação de professores, uma vez que estes precisam ter

mais consciência de como funciona o processo de ensino e aprendizagem em termos

neurológicos para conseguir expandir suas maneiras de atuação enquanto educador (ROZAL;

SOUZA; SANTOS, 2017).

As neurociências têm contribuído bastante para comprovar que as cognições e emoções

estão intimamente relacionadas, de modo a mostrar que a emoção e os sentimentos são

indispensáveis para o processo de racionalidade. Atualmente essa contribuição se faz

essencial, uma vez que ainda existem muitos ambientes educacionais que insistem em se

limitar apenas na lógica, deixando o emocional totalmente a deriva. Consequentemente, quase

sempre o aluno é notado apenas em seu aspecto cognitivo, desconsiderando suas emoções,

habilidades e saberes que poderiam (e muito) contribuir para uma aprendizagem mais

significativa. Em contrapartida, uma educação holística tem uma perspectiva da totalidade do

aluno, buscando desenvolver todas as potencialidades humanas, tais como: intelectuais,

emocionais, sociais, físicas, artísticas, criativas e espirituais (GRANJA; COSTA; REBELO,

2011).

Neste sentido pode-se entender que o professor apresenta um papel fundamental, em

que por meio do uso de estratégias adequadas é possível desenvolver um processo de ensino

dinâmico e prazeroso capaz de provocar alterações na quantidade e qualidade das conexões

sinápticas, afetando o funcionamento cerebral de maneira positiva e permanente (ROZAL;

SOUZA; SANTOS, 2017). Sendo assim, fica nítida a relevância de trazer cada vez mais

aplicabilidades das Neurociências no âmbito educacional, mas, para isso é necessário que haja

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estratégias que solidifiquem essa relação entre os profissionais envolvidos, como: maior

divulgação sobre essa temática em escolas e universidades; aumento de pesquisas na área que

validem essa interface e ofereçam maior aplicabilidade para os educadores; inclusão das

Neurociências nas matrizes curriculares de licenciados e pedagogos, entre outras.

6 Conclusão

De acordo com os resultados é possível concluir que, como era o esperado, a Busca 1 -

“neurociências e educação” foi a que teve maiores resultados, a Busca 2 – “neurociências e

ensino de ciências” teve valores intermediários e a Busca 3 – “neurociências e ensino de

química” foi a que teve as menores quantidades de resultados de busca, sendo esta a mais

específica e de maior interesse na pesquisa. Essa observação pôde ser feita em ambas as

plataformas utilizadas, tanto no Google Acadêmico quanto no Portal de Periódicos da

CAPES.

A partir desses resultados quantitativos foi possível estabelecer o recorte da pesquisa,

sendo determinado que a análise qualitativa dos dados seria somente das publicações de 2014

a 2018 do Portal de Periódicos da CAPES. Por meio do alinhamento e da categorização

dessas publicações notou-se que nem sempre os resultados de busca são coerentes com os

buscadores, ou seja, as vezes tem-se a impressão de que há uma grande quantidade de

publicações sobre determinado tema, mas na realidade são poucas as que são coerentes de fato

com o assunto explorado. Dessa forma, é válido destacar a importância da Pesquisa

Bibliográfica como metodologia investigativa para estabelecer um panorama atual sobre a

respeito de tema.

De forma geral, pode-se afirmar a partir dos resultados que, no intervalo de tempo

analisado, houve maior número de publicações nos anos iniciais, uma queda da produção nos

anos de 2016 e 2017, que pode estar associada a uma consequência dos cortes em Ciências e

Tecnologia no Brasil e no ano de 2018 uma possibilidade de recuperação da quantidade de

publicações sobre a temática analisada. Contudo, apesar de ser possível essa comparação

entre os anos avaliados, pode-se notar também que os números como um todo são ainda

pequenos. Portanto, essa pesquisa permitiu concluir que apesar de atualmente ter estudos que

comprovem o aumento do interesse pela interface das Neurociências e Educação, ainda são

necessárias mais publicações que estabeleçam essa relação, além de outras estratégias que

aproximem essas áreas, visando benefícios para ambas.

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7 Implicações do Trabalho para o Ensino de Ciências/Química

A partir das discussões desse trabalho foi notório que as Neurociências apresentam

diferentes e importantes contribuições para a Educação, inclusive para a área do Ensino de

Ciências/Química. Entretanto, o presente estudo teve como foco compreender o panorama

atual de publicações envolvendo essa relação, trazendo uma análise qualitativa das

publicações que retratam essa interface. Dessa maneira, este trabalho teve como principal

objetivo discutir esse panorama atual e, a partir disso, percebeu-se a necessidade de uma

estimulação maior de estudos, debates, publicações e contribuições que estabeleçam uma

ponte confiável entre as duas áreas, que possam trazer melhorias nas práticas educacionais

pautadas em conhecimentos das Neurociências.

É importante destacar que existem diferentes formas das Neurociências dialogarem com

a Educação de maneira geral e, portanto, com o Ensino de Ciências/Química, mas essa

pesquisa dedicou-se bastante sobre a influência dos aspectos socioafetivos no processo de

aprendizagem. Consequentemente, é considerável pensar na relevância de estudos futuros que

abordem essa questão com mais detalhamento e comprovações empíricas, a fim de validar

ainda mais a importância de professores terem conhecimentos além do seu conteúdo de

Ciências/Química que possam provocar impactos grandiosos no aprendizado de seus alunos.

As Neurociências já trazem contribuições a respeito das implicações emocionais no

processo de ensino e aprendizagem, mostrando os efeitos de uma relação saudável entre o

professor e o aluno para o aprendizado, valorizando questões como o respeito, amparo,

confiança e empatia na sala de aula. Entretanto, acredita-se que tais questões ainda são pouco

consideradas em muitos ambientes educacionais e uma das formas de buscar maior

visibilidade e valor desses aspectos é com futuras pesquisas e estudos que possam investigar

essa problemática, trazer mais reflexões a respeito e discutir possíveis soluções.

8 Referências

ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico:

elaboração de trabalhos na graduação. 10ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

CARVALHO, Fernanda Antoniolo Hammes. Neurociências e educação: uma articulação

necessária na formação docente. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, RJ, v. 8, n. 3,

p. 537-550, novembro. 2010.

CARVALHO, Regina Simplício; CARVALHO, Marcelo Simplício. A linguagem na

perspectiva de Jonh Locke: Interseções com a neurociência e uma possível contribuição para

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33

o Ensino de Ciências. The Journal of Engineering and Exact Sciences, v. 4, n. 2, p. 202-

206, 2018.

COSENZA, Ramon Moreira; GUERRA, Leonor Bezerra. Neurociência e Educação: como o

cérebro aprende. Porto Alegre (RS): Artemed, 2011.

DEKKER, Sanne; LEE, Nikki C.; HOWARD-JONES, Paul; JOLLES, Jelle. Neuromyths in

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GALVAGNO, Lucas G. Gago; ELGIER, Álgel M. Trazando puentes entre las neurociencias

y la educación. Aportes, límites y caminos futuros en el campo educativo. Psicogente, v. 21,

n. 40, p. 476-494. Julio-Deciember. 2018.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6ª Edição. São Paulo: Editora

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GRANJA, Ana Maria Andeiro; COSTA, Nilza; REBELO, José. A Escola: (também) um

espaço de afectos. Revista Lusófona de Educação, v. 18, p. 141-153. 2011.

GROSSI, Márcia Gorett Ribeiro; LOPES, Aline Moraes, COUTO, Pablo Alves. A

neurociência na formação de professores: um estudo da realidade brasileira. Revista da

FAEEBA-Educação e contemporaneidade, Salvador (BA), vol. 23, n. 41, pag. 27-40, jan-

jul. 2014.

GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa Qualitativa versus Pesquisa Quantitativa: Esta é a questão?

Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 2, 201-210, 2006.

HAEFFNER, Cristina; GUIMARÃES, Jorge Almeida. Produção científica indexada na base

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KANDRATAVICIUS, Ludmyla; MONTEIRO, Mariana Raquel; PEREIRA, Rodrigo N.

Romcy; ARISI, Gabriel Maisonave; CAIRASCO, Noberto Garcia; LEITE, João Pereira.

Neurogênese no cérebro adulto e na condição epiléptica. Journal of Epilepsy and Clinical

Neurophysiology, v. 13, n. 3, p. 119-123. 2007.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: Teoria da Ciência e

iniciação à Pesquisa. 20ª Edição (revista e atualizada). Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1997.

LISBOA, Felipe Stephan. “O cérebro vai à Escola”: Aproximações entre Neurociências e

Educação no Brasil. Jundiaí (SP): Paco Editorial, 2015.

MANIR, Mônica. Como a neurociência pode auxiliar na sala de aula. Nova Escola, Edição

320, março de 2019.

MARTINS, Gilberto Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação

científica para ciências sociais aplicadas. 3ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2016.

OLIVEIRA, Gilberto Gonçalves. Neurociências e os processos educativos: um saber

necessário na formação de professores. Educação Unisinos. v. 18, n. 1, p. 13-24, jan./abr.

2014.

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34

POZO, Juan Ignacio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o Ensino de

Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5ª Edição. Porto Alegre

(RS): Artmed, 2009.

REZENDE, Eduardo. Neuroeducação para Educadores: o que tem de errado? Blog PsicoEdu

– Psicologia para Educadores. Disponível em: https://www.psicoedu.com.br/2016/11/

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ROZAL, Edilene Farias; SOUZA, Ednilson Sergio Ramalho; SANTOS, Neuma Teixeira.

Aprendizagem em matemática, aprendizagem significativa e neurociência na educação

dialogando aproximações teóricas. Revista REAMEC, vol. 5, n. 1, p. 143-163, julho. 2017.

SILVA, Ilton Santos. Neurogênese no sistema nervoso adulto de mamíferos. Revista da

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SOUSA, Lucilene Bender; GABRIEL, Rosângela. Fundamentos Cognitivos para o ensino da

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THOMAZ, Estrella Marlene da Silva. Neurociências e seus vínculos com Ensino,

aprendizagem e formação docente: percepções de professores e licenciandos da área de

ciências da natureza. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática)

– Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2018.

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35

Anexo

Anexo 1 - Referências de todos os trabalhos que foram classificados como alinhados.

Número Referências Bibliográficas Buscas

1

TEJADA, Julian; SCHMITZ, Heike; FARO, André. O método Life Kinetik sob

a perspectiva das neurociências e educação: uma análise teórica. Revista

Educação em Questão, vol. 55, n. 45, p. 127-151, setembro. 2017.

1

2

HAEFFNER, Cristina; GUIMARÃES, Jorge Almeida. Produção científica

indexada na base Web of Science na área de Neurociências e Comportamento

relacionada com o tema da Educação. Revista Brasileira de Pós-Graduação,

vol. 12, n. 29, p. 773-801, 2015.

1

3 BARRIOS-TAO, Hernando. Neurociencias, educación y entorno sociocultural.

Educación y educadores, vol. 19, n. 3, p. 395-415, setembro. 2016. 1

4

ROZAL, Edilene Farias; SOUZA, Ednilson Sergio Ramalho; SANTOS, Neuma

Teixeira. Aprendizagem em matemática, aprendizagem significativa e

neurociência na educação dialogando aproximações teóricas. Revista

REAMEC, vol. 5, n. 1, p. 143-163, julho. 2017.

1

5

BARTOSZECK, Amauri Betini. Neurociências, altas habilidades e implicações

no currículo. Revista Educação Especial, vol. 27, n. 50, p. 611-626, setembro.

2014.

1 e 2

6

MACHADO, Samuel Henrique; FILHO, Waldy Luiz Lau. A leitura em material

impresso e digital: a perspectiva das neurociências e as implicações para a

aprendizagem e visão de mundo do sujeito. Revista Educação e Emancipação,

vol. 11, n. 2, p. 60-82, agosto. 2018

1

7

MEDEIROS, Mário; BEZERRA, Edileuza de Lima. Contribuições das

neurociências no processo de alfabetização e letramento em uma prática do

Projeto Alfabetizar com Sucesso. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,

vol. 96, n. 242, p. 26-41, abril. 2015.

1

8

FERREIRA, Cristina Rocha; GASPAR, Maria Filomena. PLENatITUDE -

Eficiência e bem-estar docente. Journal of Research in Special Educational

Needs, vol. 16, p, 846-850, agosto. 2016.

1

9

PORTES, Daniella Soares. A importância das neurociências na formação do

professor de inglês. Revista Psicopedagogia, vol. 32, n. 98, p. 168-181, janeiro.

2015.

1

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36

10

FERNANDES, Cleonice Terezinha et al. Possibilidades de aprendizagem:

reflexões sobre neurociência do aprendizado, motricidade e dificuldades de

aprendizagem em cálculo em escolares entre sete e 12 anos. Ciência &

Educação (Bauru), vol. 21, n. 2, p. 395-416, junho. 2015.

1

11

COSTA, Raimundo José Macário et al. Desafios e oportunidades em

Neurociências Computacional na Educação Brasileira. Nuevas Ideas en

Informática Educativa TISE, p. 99-105, 2014.

1

12

RICHTER, Luciana; SOUZA, Vanessa Martins; SUECKER, Simone Krause;

LIMA, Valderez Marina do Rosário. Contribuições da Neurociência para o

Ensino e Aprendizagem de Conceitos Científicos. X Encontro Nacional de

Pesquisa em Educação em Ciências, 24 a27 de Novembro, Águas de Lindóia,

SP, 2015.

1 e 2

13

FREITAS, Diana Paula Salomão; MOTTA, Cezar Soares; MELLO-CARPES,

Pâmela Billing. As bases neurobiológicas da aprendizagem no contexto da

investigação temática freiriana. Trabalho, Educação e Saúde, vol. 13, n. 1, p.

109-122, dezembro. 2014.

1

14

GRAMIGNA, Anita; DELGADO-GRANADOS, Patricia. Pedagogía e Biología:

nuevas fronteras em la investigación educativa. Pedagogía y saberes, n. 41, p.

75-83. 2014.

1 e 2

15

RAMOS, Angela Souza da Fonseca Dados recentes da neurociência

fundamentam o método "Brain-based learning". Revista Psicopedagogia, vol.

31, n. 96, p. 263-274, janeiro. 2014.

1

16 GIACONI, Catia et al. Dar corpo a didática: diálogos internacionais. Revista

CEFAC, vol. 16, n. 1, p. 336-345, março. 2014. 1

17

DÖRING, Katarina. Perceber, mover, criar - processos de transformação.

Pedagógica: Revista do programa de Pós-graduação em Educação, vol. 17, n. 35,

p. 136-162. 2015. 1

18

CUNHA, Kátia Machinez; SHOLL-FRANCO, Alfred. Cognition and logic:

adaptation and application of inclusive teaching materials for hands-on

workshops. Journal of Research in Special Educational Needs, vol. 16, p.

696-700, agosto. 2016.

1 e 2

19

THOMAZ, Estrella Marlene da Silva. Neurociências e seus vínculos com

Ensino, aprendizagem e formação docente: percepções de professores e

licenciandos da área de ciências da natureza. 2018. Dissertação (Mestrado em

Educação em Ciências e Matemática) – Pontífica Universidade Católica do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2018.

1,2 e 3

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37

20

THIELE, Ana Lúcia Purper. Discalculia e formação continuada de

professores: suas implicações no ensino e aprendizagem de matemática. 2017. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) –

Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2017.

1

21

SOUZA, Vanessa Martins. Memória e Museus de ciências: a compreensão de

uma experiência museal a partir da recuperação das memórias dos

visitantes. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e

Matemática) – Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre, RS, 2015.

1 e 2

22

PIZATO, Elaine Cristina Gardinal; MARTURANO, Edna Maria; FONTAINE,

Anne Marie Germaine Victorine. Trajetórias de habilidades sociais e problemas

de comportamento no ensino fundamental: influência da educação infantil.

Psicologia: Reflexao & Critica, Vol. 27, n. 1, p. 189-197, março. 2014.

1

23

SIGMAN, Mariano; PEÑA, Marcela; GOLDIN, Andrea P., RIBEIRO, Sidarta.

Neuroscience and education: prime time to build the bridge. Nature

Neuroscience, vol. 17, n. 4, p. 497. 2014.

1

24

CARVALHO, Regina Simplício; CARVALHO, Marcelo Simplício. A

linguagem na perspectiva de Jonh Locke: Interseções com a neurociência e uma

possível contribuição para o Ensino de Ciências. The Journal of Engineering

and Exact Sciences, v. 4, n. 2, p. 202-206, 2018.

2