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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA
ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA
DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA
ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA
DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA
Monografia apresentada ao Departamento de Química
da Universidade Federal de Viçosa, como parte das
exigências para a conclusão do Curso de Licenciatura
em Química.
ORIENTADOR: Prof. Vinícius Catão A. Souza
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
AMANDA CRISTINA MAGALHÃES COSTA
ANÁLISE DOS TRABALHOS RELACIONADOS A NEUROCIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 2014 A 2018 E SUAS INTERFACES COM A ÁREA
DO ENSINO DE CIÊNCIAS/QUÍMICA
Monografia aprovada em 28 de junho de 2019.
_______________________________ __________________________________
Felipe Stephan Lisboa Profa. Daniele Cristiane Menezes
Divisão Psicossocial – UFV Departamento de Química – UFV
Avaliador do Trabalho Avaliadora do Trabalho
_________________________________ _________________________________
Prof. Vinícius Catão Assis de Souza Profa. Regina Simplício Carvalho
Departamento de Química – UFV Departamento de Química – UFV
Orientador do Trabalho Coordenadora da Disciplina
Dedico este trabalho aos meus
pais e ao meu irmão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, acima de tudo, a Deus e aos guias espirituais de luz que me concederam
coragem, amparo, força e determinação, tornando possível essa etapa da minha vida.
À minha mãe Virgínia e ao meu pai Carlos, por me mostrarem a importância dos
estudos, por todo apoio, orações, torcida e amor. Serei eternamente grata por todos os seus
esforços para que eu realizasse esse sonho.
Ao meu irmão Diego, por sempre ter sido meu exemplo durante toda a jornada, por ter
me mostrado esse nobre caminho e ter acreditado tanto em mim, me motivando a buscar os
meus sonhos.
Ao meu amor Kauã, pelo companheirismo durante toda a graduação, por me ensinar a
ser uma pessoa mais resiliente e mais confiante. Gratidão por sempre me lembrar que devo
seguir aquilo que o meu coração pede.
A todos os meus amigos que foram fundamentais para essa conquista, tornando o
caminho mais leve e prazeroso, em especial a Raquel e a Gilmara, que estiveram presentes em
cada momento.
Aos meus professores e às minhas professoras, por me mostrarem a grandeza da arte
de ensinar e o quanto essa profissão deve ser respeitada e valorizada. Sou grata por cada um
de vocês que fizeram parte da minha formação e tocaram a minha alma.
Ao meu orientador Vinícius Catão, por ter sido além de uma inspiração profissional,
uma referência de ser humano. Obrigada por orientar esse trabalho com excelência e
contribuir tanto para o meu amadurecimento.
A oportunidade de fazer parte do PIBID, sendo possível experimentar a docência
ainda em formação, conhecendo pessoas incríveis e me permitido repensar os meus sonhos e
propósitos.
A Universidade Federal de Viçosa, por todo acolhimento e oportunidades. Foi muito
encantador fazer parte da história dessa instituição, aprender desde conhecimentos técnicos
até valores que levarei para a vida inteira.
“Tudo tem seu apogeu e declínio…É natural que seja assim, todavia, quando tudo parece
convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge triunfante e bela! Novas
folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço.”
Chico Xavier
RESUMO
COSTA, Amanda Cristina Magalhães. Análise dos trabalhos relacionados a Neurociências
e Educação no período de 2014 a 2018 e suas interfaces com a área do ensino de
Ciências/Química. Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Química.
Universidade Federal de Viçosa, Junho de 2019. Orientador: Prof. Vinícius Catão de Assis
Souza.
Neste trabalho analisou-se o panorama de publicações que abordam a relação entre
Neurociências e Educação. Para tal, foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica utilizando as
plataformas do Google Acadêmico e do Portal de Periódicos da CAPES. Definiram-se as
palavras-chaves usadas em cada busca de modo que a primeira fosse mais ampla, dando um
maior número de resultados nas buscas, a segunda intermediária e a terceira mais específica,
tendo um resultado menor, a fim de se estabelecer um recorte com maior enfoque no objeto de
pesquisa. Posteriormente, a amostra analisada foi definida, tendo como recorte as publicações
de 2014 a 2018 presentes no Portal de Periódicos da CAPES. Após efetuar as buscas em cada
uma das plataformas selecionadas, foi possível determinar os resultados das buscas e definir o
limite de trabalhos a serem estudados, por meio da leitura dos seus resumos. A partir dessa
análise qualitativa dos trabalhos, houve uma classificação entre aqueles alinhados ou não com
as buscas realizadas, sendo esta seleção validada por meio da triangulação dos dados entre os
pares. Desta forma, os dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho,
buscando validá-los. Aqueles classificados como “não alinhados” à temática foram
categorizados segundo a análise de conteúdo proposta por Bardin. Após esta etapa, houve um
tratamento dos dados para uma melhor compreensão destes, por meio de gráficos e tabelas.
Em seguida, realizou-se uma análise e discussão dos resultados encontrados, sobretudo suas
implicações para o campo do Ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras. Sabe-se
do notável aumento do interesse, em nível mundial e nacional, da interface entre
Neurociências e Educação, mas a partir dos resultados foi notória a necessidade de estimular e
aprimorar ainda mais o diálogo entre essas duas áreas do conhecimento, sobretudo na
formação dos professores de Ciências/Química. Portanto, a partir das discussões apresentadas,
buscou-se demonstrar a relevância dos conhecimentos oriundos das Neurociências para a
docência, permitindo que os educadores possam ter maior consciência sobre as possibilidades
de compreensão do processo de ensino e aprendizagem na área das Ciências/Química.
Palavras-chave: Neurociências; Educação; Ensino de Ciências/Química.
ABSTRACT
COSTA, Amanda Cristina Magalhães. Analysis of published researches related to
Neurosciences and Education in the period between 2014 until 2018 and its relation with
Science and Chemistry Education field. Undergraduate Thesis Submitted to the Department
of Chemistry in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Bachelor in
Chemistry. Federal University of Viçosa, Brazil, June 2019. Supervisor: Dr. Vinícius Catão
de Assis Souza.
This research aim to analyze the scope of publications related to Neurosciences and Education
approach. For this, a bibliographic web search was done, using the platforms of Google
Academic and the Portal of CAPES Periodicals. We defined the keywords used in each
search. The first search was broader, the second intermediate and the third more specific, in
order to establish a clipping with a greater focus on the research object. Subsequently, the
sample to be analyzed was defined, having as a limit of publications from 2014 to 2018 of the
Portal of CAPES Periodicals. After searching on each of platforms, it was possible to
determine the amount of results and define the approaches of researches, by reading each
abstracts. From this qualitative analysis of the papers, there was a classification between those
aligned with the searches performed, and this selection was validated through the data’s
triangulation. The data were organized and discussed with the supervisor of this research,
seeking to validate them. Those classified as "non-aligned" were categorized according to
Bardin's approach. Then, there was a treatment of the data for a better understanding of them,
through graphs and tables. Finally, an analysis and discussion was carried out regarding the
results found, especially the implications in the Science and Chemistry Education. There is a
notable increase in the interest of interface between Neuroscience and Education at a global
and national level, but from the results it was evident the importance to stimulate and further
improve the dialogue between these areas, especially in teacher education. Therefore, from
the discussions presented, the aim was to show the relevance of Neuroscience knowledge to
teaching, allowing educators to be more aware of the possibilities of enhancing the learning
process.
Keywords: Neurosciences; Education; Science and Chemistry Education.
SUMÁRIO
1 Introdução .............................................................................................................................. 10
1.1 Caminhos percorridos para a definição do objeto de pesquisa ................................... 10
1.2 Algumas das possíveis aproximações entre as Neurociências e Educação ................. 12
2 Objetivos ................................................................................................................................ 13
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 13
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 13
3 Referencial Teórico ............................................................................................................... 14
3.1 Neurociências e Educação ........................................................................................... 14
3.2 Neurociências no Ensino de Ciências ......................................................................... 16
3.3 Influência dos aspectos emocionais e comportamentais no Ensino de Ciências e
Química ............................................................................................................................. 18
4 Metodologia ........................................................................................................................... 20
5 Resultados e Discussão .......................................................................................................... 22
6 Conclusão .............................................................................................................................. 31
7 Implicações do Trabalho para o Ensino de Ciências/Química .............................................. 32
8 Referências ............................................................................................................................ 32
10
1 Introdução
A interface entre as Neurociências e a Educação tem se mostrado cada vez mais
interessante, uma vez que a compreensão fisiológica do processo de ensino e aprendizagem
pode trazer contribuições para a atuação dos educadores, possibilitando a consciência de
fatores que interferem diretamente nesse processo. Consequentemente, os profissionais do
âmbito educacional podem refletir melhor suas práticas pedagógicas, compreender as
eventuais limitações dos alunos e pensar em possíveis intervenções, além de buscar nas
Neurociências um embase científico para pautar diferentes estratégias que possam aperfeiçoar
sua atuação na docência.
Fica nítida, portanto, a relevância dessa temática na formação de professores e o quanto
pesquisas que envolvem essa relação, de forma séria e confiável, podem ser fundamentais
para se pensar em diferentes caminhos de melhoria para a Educação. Dessa maneira, o
presente trabalho tem como objetivo traçar um panorama sobre a quantidade de publicações
que estabelecem essa relação e discutir os dados encontrados com o enfoque no Ensino de
Ciências/Química. Para alcançar esse objetivo foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica sobre
as publicações que envolvem as Neurociências no contexto da Educação, estabelecendo um
recorte de interesse para uma análise qualitativa mais cuidadosa e, a partir disso, apresentar
uma discussão. A amostra definida para realizar a análise dos dados envolveu as publicações
de 2014 a 2018 do Portal de Periódicos da CAPES. Além disso, o trabalho busca discutir
também o papel das Neurociências em mostrar a importância de atribuir maior visibilidade às
questões socioemocionais durante o processo educativo, sobretudo no Ensino de
Ciências/Química.
1.1 Caminhos percorridos para a definição do objeto de pesquisa
Recordo-me que desde criança tenho um imenso prazer em ensinar, tanto que os únicos
brinquedos que não abria mão eram o quadro e giz. Desde muito nova sentia o prazer pela arte
do ensinar, seja para minha mãe, meus avós paternos, primos, colegas e até mesmo para as
bonecas, na falta de público. Dessa forma, essa vontade de despertar o conhecimento no outro
desde criança influenciou a minha escolha pelo curso de Química. Sendo assim, entrei no
curso com a clareza do meu sonho profissional.
Dentro da Universidade eu tive experiências ímpares que me permitiram passar por
diferentes desafios profissionais e pessoais que contribuíram muito para a minha formação e
autoconhecimento. Dentre tantas gostaria de destacar nesse momento a oportunidade que tive
11
em participar do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). Lembro-
me que nesse momento acreditava que essa experiência serviria, principalmente, para
comprovar a certeza do sonho que me trouxe até a UFV. Entretanto, para uma grande
surpresa, essa experiência me proporcionou muitas dúvidas e questões a respeito do que eu
queria exercer como profissional e perceber que o sonho já não era mais tão bem definido foi
embaraçoso.
Ensinar a Química para alunos do Ensino Médio era sim algo prazeroso, mas comecei a
notar que algo além me inquietava muito nesse processo. Comecei a refletir em como o
professor lida com as questões emocionais dos alunos; os motivos de determinados alunos
não se interessarem pela Química, mesmo eu dando o meu melhor; a questionar as
metodologias de ensino, entre outras questões além do conteúdo de Química.
Dentre tantas reflexões e após um bom tempo percebi que o processo de ensino e
aprendizagem me despertava muito interesse e, além disso, o quanto as experiências pessoais
de cada aluno afetava nesse processo. Portanto, ao definir o tema da monografia busquei algo
que pudesse relacionar a Química com os aspectos emocionais dos alunos. Sendo assim, ao
compartilhar essa vontade com o professor Vinícius Catão ele me sugeriu um tema que
relacionasse as Neurociências com o Ensino. Além disso, fez o convite para que eu começasse
a frequentar o Grupo de Estudos de Neurociências e Educação (GENE), formado por
profissionais de diferentes áreas, como professores de Biologia, Química, Letras, Pedagogia,
além de Psicólogos, Fonoaudiólogo, Médico, Administradores dentre outros. Os encontros
acontecem semanalmente no Prédio das Licenciaturas para a discussão acerca de um livro,
escolhido no início do semestre por todo o grupo, com temática que aborda as Neurociências
e sua interface com a Educação. Ter um grupo tão diverso faz com que o estudo tenha
diferentes perspectivas, enriquecendo as discussões e contribuindo muito para o aprendizado
de todos. Os debates me interessaram muito e contribuíram bastante para a escrita da
monografia. Além disso, me identifiquei muito com um ramo do conhecimento que até então
eu não tinha tido nenhum contato.
Portanto, com todo esse processo aprendi que nossa caminhada nos faz construir os
sonhos, sendo assim, eles não são concretos, pelo contrário, estão em constante
transformação. Percebi que a medida que nos desafiamos, conhecemos diferentes realidades,
vivenciamos novas experiências nos permitimos aprender um pouco mais sobre nós mesmos e
com isso moldamos o nosso propósito. Acredito que ter escolhido esse tema para a
12
monografia foi mais uma das experiências que me permitiu um profundo autoconhecimento e
me fez perceber novos e interessantes caminhos a trilhar.
1.2 Algumas das possíveis aproximações entre as Neurociências e Educação
Apesar da busca pela compreensão do cérebro e o seu funcionamento intrigar o ser
humano desde a antiguidade clássica, o termo Neurociências1 pode ser considerado recente e
transdisciplinar. Essa ciência agrega diferentes áreas do conhecimento, como a Medicina,
Química, Biologia, Psicologia, entre outras. Além de interligar essas e demais áreas tem-se
notado as possíveis contribuições das Neurociências em outros âmbitos, como no campo da
Educação (MANIR, 2019). É perceptível que por meio do estudo do cérebro pode-se ter uma
melhor compreensão de como ocorre o processo de aprendizagem e isso pode gerar resultados
bastante significativos para a Educação (GROSSI; LOPES; COUTO, 2014).
Nesse sentido, as Neurociências podem contribuir para o âmbito educacional, uma vez
que pesquisas nessa área já apresentam informações consideráveis para a sala de aula, por
exemplo: a emoção reforça os caminhos neurais, o sono auxilia na aprendizagem, a
neuroplasticidade, a influência da organização da sala e a sincronia entre o cérebro do
professor e do aluno (MANIR, 2019). Além disso, auxilia no cotidiano do educador saber
sobre a organização e funções do cérebro, os mecanismos da memória e atenção, as relações
entre motivação, emoção e aprendizado, as eventuais limitações de aprendizagem e as
possibilidades de intervenção (COSENZA; GUERRA, 2011).
As informações com significado para o aluno impactam positivamente na atenção e na
memória do mesmo. Além disso, sabe-se que ao comparar a memorização de palavras com a
memorização de imagens a segunda apresenta maior retenção para a maioria. Sendo assim, ao
planejar uma aula o educador deve levar essas informações em consideração em busca de
maiores aproveitamentos. Portanto, destacando as contribuições das Neurociências no ensino
de Ciências (Biologia, Física e Química), pode-se perceber que utilizar metodologias que
estimulam o visual, como experimentos, vídeos e imagens, e que buscam aproximar conceitos
da realidade dos alunos, como apresentando problemáticas do cotidiano deles, podem ser mais
eficientes (THOMAZ, 2018).
1 Optou-se por utilizar Neurociências no plural, considerando a sua abrangência multidisciplinar e a busca por
estabelecer diálogos com as diferentes áreas científicas, necessitando de distintos conhecimentos oriundos da
Biologia, Física, Química, Medicina etc. para contemplar um entendimento de toda a sua complexidade. Assim,
compreende-se que as neurociências buscam, dentre outras coisas, entender os processos de tomada de decisões
e as ações mediacionais nas suas diferentes abrangências, considerando o cérebro um órgão complexo que
recebe e decodifica estímulos distintos, que são processados de acordo com as vivências de cada indivíduo. Isso
gera impulsos instintivos que são respostas às diferentes situações em que as pessoas são submetidas,
permitindo-as agir em conformidade com algumas das muitas demandas sociais, educacionais etc.
13
Contudo, apesar das amplas possibilidades de contribuições das Neurociências para a
Educação é crucial ter discernimento para distinguir as verdadeiras informações daquelas
denominadas “neuromitos”, que são afirmações de interpretações equivocadas ou exageradas
a respeito dos conhecimentos das Neurociências. Dentre diferentes exemplos pode-se citar
aquele mito de que somente 10% do cérebro é utilizado e também aquela informação de que
cada hemisfério do cérebro predomina determinadas atividades. Tais informações podem mais
atrapalhar do que auxiliar a Educação, visto que, por exemplo, a ideia de que uma boa prática
pedagógica equilibra o desenvolvimento dos hemisférios cerebrais baseia-se em um
“neuromito” (REZENDE, 2019; DEKKER, 2012). Consequentemente é plausível pensar na
necessidade de acrescentar assuntos das Neurociências na formação do professor, para que
não haja influência de informações falsas ou distorcidas que possam prejudicar a prática
educacional (GALVAGNO; ELGIER, 2018). Além disso, fica nítida a importância de
publicação de trabalhos científicos que envolvam essa interface entre as Neurociências e
Educação, visando uma ampliação do acesso desse conhecimento.
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo fazer buscas de trabalhos no Portal
de Periódicos da CAPES e no Google Acadêmico sobre temas relacionando as Neurociências
e a Educação, a fim de analisar a quantidade de trabalhos disponíveis sobre essa relação que
tem se mostrado cada vez mais importante. Além disso, busca-se analisar o alinhamento dos
trabalhos dos periódicos da CAPES de 2014 até 2018 com as palavras utilizadas na busca e
posteriormente discutir os possíveis impactos. Por meio dos dados, será discutido também a
repercussão desses trabalhos no ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras.
2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Buscou-se realizar uma análise geral das produções de trabalhos no campo das
Neurociências e Educação no período de 2014 a 2018 e discutir as suas repercussões no
Ensino de Ciências/Química.
2.2 Objetivos Específicos
▪ Realizar uma Pesquisa Bibliográfica com buscadores pré-determinados no
Google Acadêmico e o Portal de Periódicos da CAPES;
▪ Traçar um panorama da área com base nas produções;
▪ Analisar a repercussão desses trabalhos no campo do Ensino de
Ciências/Química;
14
▪ Avaliar as perspectivas futuras sobre estudos referentes a interface
Neurociências e o Ensino de Ciências/ Química.
3 Referencial Teórico
3.1 Neurociências e Educação
O termo Neurociências foi concebido por Francis O. Schmitt em 1962, sendo
considerado um campo recente que emergiu no século XX. Entende-se por Neurociências a
dedicação de múltiplas áreas para o estudo do cérebro e do sistema nervoso, sendo assim,
apresenta contribuições da Medicina, Psicologia, Química, Biologia, entre outras. Dessa
maneira, esse novo campo de pesquisas se propõe estabelecer o diálogo e a relação entre
diversas perspectivas, práticas e conhecimentos a respeito do cérebro, da mente e do
comportamento. Entretanto, é válido destacar que estudos, pesquisas e especulações sobre o
cérebro e o sistema nervoso têm um passado longo (LISBOA, 2015).
No final do século XIX, o médico e histologista espanhol Ramón y Cajal (1852-1934),
considerado o pai da neurociência moderna, descreveu a teoria neuronal, em que o neurônio
foi conhecido como a unidade básica do sistema nervoso e acreditava-se que ele não se
regenerava, não se reproduzia e que no adulto não havia a neurogênese2. Já no século XX uma
nova teoria neuronal se contrapõe, considerando a capacidade de modificação estrutural e
funcional do neurônio, após lesões ou estímulos adequados. Sendo assim, o cérebro passou a
ser entendido como um sistema aberto, dinâmico e que funciona por meio de circuitos de rede
apropriados para cada etapa da vida. Essa nova teoria provocou mudanças significativas em
diferentes áreas, trazendo novas interpretações para o cérebro e abrindo novas perspectivas
sobre a aprendizagem e as capacidades cognitivas (OLIVEIRA, 2014).
A capacidade de fazer e desfazer ligações entre os neurônios devido as diversas
interações com o meio externo e interno define uma característica muito importante a respeito
do sistema nervoso, a neuroplasticidade. Essa capacidade é a base do que ocorre no processo
da aprendizagem, em que os estímulos além de promoverem o aumento da complexidade das
ligações em um circuito neuronal também possibilitam que circuitos até então independentes
se relacionem. Apesar dessa característica diminuir com o decorrer dos anos fazendo com que
as pessoas necessitem de mais tempo e esforço para que o aprendizado ocorra, compreender
hoje que esse processo faz parte de todas as fases da vida, não só em períodos específicos, é
fundamental (CONSENZA; GUERRA, 2011).
2 De acordo com Silva (2009) e Kandratavicius et al. (2007), a neurogênese se relaciona ao processo de produção
de novos neurônios provenientes de células-tronco e de progenitores neurais.
15
Dessa forma, entender a neuroplasticidade e as suas implicações traz diferentes
possibilidade para a Educação, visto que pais, professores e alunos passam a perceber que
nunca é tarde para ter novos conhecimentos. Além disso, há outros conhecimentos das
Neurociências que podem trazer reflexões e transformações no âmbito educacional.
Atualmente, há diversos termos utilizados para abordar as aproximações e relações entre as
Neurociências e Educação, tais como: Neuroaprendizagem; Neurociência pedagógica; Ciência
do Aprendizado; Mente, Cérebro e Educação; dentre outros. Mas a forma mais comumente de
denominar esse novo campo ou disciplina é Neuroeducação, que surgiu de maneira
institucionalizada somente no final do século XX (LISBOA, 2015).
Os conhecimentos das Neurociências permitem compreender como é realizado o
processo de aprendizagem e isso tem gerado consequências bastante significativas, como a
possibilidade de superar dificuldades tanto de quem aprende quanto de quem ensina. Dessa
forma, é condizente afirmar que conhecimentos científicos das Neurociências devem também
ser dirigidos a aqueles que se relacionam com o exercício de ensinar. Contudo, tais
conhecimentos ainda têm sido expostos pela mídia de maneira superficial e desconectada com
a Educação. Além disso, pode-se dizer que a produção literária brasileira, que estabelece essa
conexão das Neurociências com a Educação, ainda é escassa e quando apresentam
informações científicas são mais dirigidas a um público seletivo, como para médicos e
psicólogos, afastando uma compreensão do professor (CARVALHO, 2010).
Os educadores devem adquirir maior conhecimento sobre o neurodesenvolvimento, pois
isso permite uma utilização de diferentes teorias e práticas pedagógicas que possam contribuir
com o aprendizado de seus alunos (OLIVEIRA, 2014). Diferentes dados convergem para uma
dura realidade da Educação brasileira. Como exemplo, uma pesquisa realizada em 2012 pela
Pearson3 sobre habilidades cognitivas e desempenho escolar, que leva em consideração testes
de matemática, leitura e ciências nos últimos anos do ensino fundamental, o Brasil ficou em
penúltimo lugar. Devido a esse preocupante cenário é crucial que o país repense sobre a
Educação e busque novas fontes de conhecimento e práticas mais eficazes (GROSSI; LOPES;
COUTO, 2014). Entretanto, é importante destacar que as possíveis soluções para as
problemáticas da Educação não se resumem em apenas buscar melhorias das práticas
3 A Pearson é uma multinacional britânica que presenta hoje uma das maiores abrangências na área de educação
e editoração de livros do mundo, sendo líder de mercado no Reino Unido, Índia, Austrália e Nova Zelândia, além
de ocupar o segundo lugar nos Estados Unidos e Canadá.
16
educacionais, é algo muito mais complexo que envolve também questões externas à Escola,
como aspectos sociais, econômicos e políticos.
Dessa maneira, pode-se dizer que com os avanços das Neurociências fica cada vez mais
nítida a importância de repensar em diversos aspectos da Educação brasileira, tais como: o
espaço de ensino e aprendizagem, o sistema de avaliação, as metodologias utilizadas, a
relação professor e aluno, entre outros fatores que interferem direta ou indiretamente a
aprendizagem. Entretanto, sabe-se que cada pessoa apresenta sua individualidade e que cada
cérebro tem uma complexidade única, devido as suas diversas dimensões, como cognitivas,
emocionais, afetivas e motoras. A partir disso pode-se perceber que cada indivíduo tem sua
maneira de compreender, interpretar, relacionar e construir conhecimento. Sendo assim, o
objetivo das Neurociências na Educação deve ser de sugerir novas metodologias e caminhos
que possam facilitar a aprendizagem e não propor uma nova forma de ensinar que seja única e
capaz de solucionar todas as problemáticas da Educação (GROSSI; LOPES; COUTO, 2014).
3.2 Neurociências no Ensino de Ciências
Os sentimentos como a frustração, o desgaste e o desânimo têm sido frequentes entre os
professores de Ciências perante o notável desinteresse dos alunos a respeito dos
conhecimentos científicos, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e do ensino
médio. Além da falta de interesse é perceptível que muitos alunos não conseguem aprender de
fato a Ciência que lhes é ensinada, haja vista, por exemplo, as dificuldades que encontram em
compreender conceitos básicos (POZO; CRESPO, 2009).
Outro aspecto digno de destaque são as dificuldades apresentadas na resolução de
problemas científicos, por exemplo, é comum perceber que os alunos não valorizam seus
próprios processos de solução, ficam ansiosos para descobrir a “fórmula” correta de resolver
visando simplesmente um resultado quantitativo, sem se preocupar com o problema científico
de fato. Essa forma mecânica de solucionar os problemas possivelmente está associada as
próprias práticas escolares que têm induzido essa percepção nos alunos, ou seja, trazendo
problemas de pouca reflexão científica e, além disso, deixando pouco ou nenhum espaço para
diferentes possibilidades de resolução. Dessa forma, há uma perda de sentido e aplicabilidade
do conhecimento científico promovendo desmotivação nos alunos para aprenderem tais
disciplinas (POZO; CRESPO, 2009).
Dessa maneira, pode-se dizer que o Ensino de Ciências enfrenta problemáticas que
comprometem seriamente a educação científica dos alunos. Além disso, nota-se a
complexidade da situação, visto que são diferentes fatores que envolvem e provocam essa
17
situação, tais como fatores emocionais, motivacionais, pedagógicos e comportamentais. A
partir disso deve-se refletir em como as Neurociências podem trazer contribuições para
possíveis soluções. Ciente da complexidade do problema discutido e do quanto as
Neurociências apresentam diversas áreas do conhecimento, é pertinente pensar que existem
diferentes caminhos para estabelecer essa relação e explorar as possibilidades de
intermediação.
Sendo assim, uma maneira seria a compreensão neurológica do processo linguístico que
pode afetar diretamente no entendimento dos conceitos científicos. Indubitavelmente o
processo de comunicação é essencial para uma aprendizagem significativa, em que o aluno
compreender o que o professor diz e vice-versa é o principal meio para a construção do
conhecimento. No âmbito do Ensino de Ciências essa questão da linguagem científica tem
grande relevância, uma vez que para uma compreensão efetiva é fundamental que o aluno se
aproprie de conceitos científicos e atribua seus respectivos significados. Por exemplo, no
senso comum, “direção” e “sentido” podem ter o mesmo significado, entretanto, na física tais
termos precisam ser diferenciados para que sejam realmente compreendidos e aplicados.
Diante disso, é interessante perceber que com os avanços das neuroimagens, por exemplo,
pode-se saber quais as áreas ativadas e estimuladas no cérebro no ato da comunicação e isso
implica em estudar como é feito esse processo pelo aluno contribuindo com a facilitação e
intervenção de profissionais em prol de uma aprendizagem mais significativa. (CARVALHO;
CARVALHO, 2018).
Outra maneira de estabelecer esse diálogo e buscar nas Neurociências contribuições
para a crise no Ensino de Ciências é por meio da importância dos aspectos emocionais e
comportamentais na aprendizagem. As atitudes dos alunos, seus valores, dentro e fora da sala
de aula geralmente são os grandes alvos de reclamações dos professores, pois ao perguntar a
algum professor de Ciências o que mais o incomoda em seu exercício da docência
possivelmente não é que seu aluno não saiba a diferença entre massa e peso, mas sim a falta
de interesse e até a falta de educação com a sua aula. Dessa forma, a educação científica
deveria estimular e mudar atitudes dos alunos, mas a grande maioria dos professores não
valorizam os objetivos atitudinais em seus planejamentos de aula. (POZO; CRESPO, 2009).
Dessa forma, nota-se que as Neurociências podem trazer contribuições, oferecendo
reflexões importantes e conhecimentos de diversas áreas a respeito da aprendizagem que
podem beneficiar o Ensino de Ciências. Além disso, outros conhecimentos podem contribuir
significativamente, como saber da importância de aproximar o conteúdo da realidade do aluno
18
e de explorar recursos visuais, pois são métodos que comprovadamente facilitam o
aprendizado. E, especialmente na área de Ciências, traçar uma relação do conteúdo com o
cotidiano do aluno é imprescindível e demonstrar os conhecimentos por meio de
experimentos, por exemplo, é possível e pode ser mais explorado pelos professores
(THOMAZ, 2018).
3.3 Influência dos aspectos emocionais e comportamentais no Ensino de Ciências e
Química
É interessante notar que frequentemente os professores reclamam das atitudes passivas
de seus alunos perante ao conhecimento e a pouca disposição em colaborar, entretanto, esses
mesmos comportamentos podem definir a postura da maioria dos professores perante as
problemáticas da Educação. Esta reflexão inicial leva a questionar como a Educação tem
fomentado atitudes ativas nos alunos, visto que essa já é uma problemática evidente. Apesar
de ser um dos aspectos que nitidamente precisa ser mudado, os currículos de ciências,
principalmente nos anos finais do Ensino fundamental e no Ensino Médio, priorizam
majoritariamente os conteúdos conceituais. Além disso, o sistema avaliativo atual intensifica
esse problema, visto que reforça ao aluno que mais vale uma resposta com o mesmo molde de
resolução usado pelo professor e alcançar o valor quantitativo correto do que um
comportamento investigativo, curioso e de admiração pelas questões científicas (POZO;
CRESPO, 2009).
Dessa forma, é inquestionável que as atitudes negativas dos alunos em relação as
Ciências têm grande influência de como essa disciplina tem sido ensinada.
Consequentemente, a educação científica é grande responsável por fomentar que o aluno
entenda que aprender a ciência é um processo construtivo e por isso deve aprendê-la de
maneira profunda ao invés de superficial, buscando compreender os significados e sentidos e
não apenas reproduzindo conceitos. Além disso, o aluno deve perceber a importância da
Ciência, entendendo que ela é digna do seu esforço e que ele tem capacidade para aprender e
apreciar essa disciplina. Portanto, outro fator que merece destaque é a motivação, que por ser
algo subjetivo e individual muitos professores enfrentam grandes dificuldades em despertá-la
em seus alunos. Pozo e Crespo (2009) apresentam um Quadro que destaca a motivação dos
estudantes em diferentes âmbitos, podendo favorecer o aprendizado das Ciências.
19
Quadro 1 – Diferentes estilos de alunos em função de sua motivação para as Ciências.
Aluno curioso
- Tem grande interesse em aprender sobre novos acontecimentos ou fenômenos científicos, inclusive sobre
aqueles que não aparecem nos livros didáticos
- Tem inclinação para examinar, explorar e manipular a informação
- Obtém satisfação como consequência dessa exploração e manipulação
- Procura complexidade nas atividades escolares
Prefere: Seguir sua própria iniciativa, investigar, descobrir, trabalhar de forma prática, utilizar livros de
referência, etc.
Rejeita: O ensino tradicional e as instruções claras e precisas.
Aluno consciencioso
- Deseja fazer aquilo que é certo e evitar o que é errado. Sente obrigação nas atividades escolares
- Tem incapacidade de saber quando cumpriu perfeitamente suas obrigações
- Precisa de suporte exterior (elogios e reconhecimento do professor)
- Desenvolve sentimentos de culpa perante qualquer incapacidade
- Tem falta de confiança em si mesmo ou intolerância diante dos erros cometidos
Prefere: Instruções claras e precisas, ensino tradicional, avaliação por parte do professor, etc.
Rejeita: Utilizar livros de referência.
Aluno sociável
- Necessita construir e manter boas relações de amizade com os colegas
- Tem muito boa disposição para ajudar seus colegas em todas as atividades escolares
- Não teme “falhar” em situações escolares orientadas ao sucesso acadêmico
- Concede mais importância às relações de amizade do que às atividades e aos fatores escolares
Prefere: Seguir sua iniciativa, ensino por descobrimento, trabalho prático e em grupos pequenos.
Rejeita: O ensino tradicional, a avaliação, o trabalho individual.
Aluno que busca êxito
- Prefere as situações competitivas
- Precisa obter sucesso nessas situações
- Tem necessidade de conseguir estima e prestígio por parte do professor e dos colegas com consequência de
suas vitórias
Prefere: O ensino por descoberta e seguir sua própria iniciativa.
(BACAS; MARTÍN-DÍAZ, 1992 apud POZO; CRESPO, 2009, p. 44)
O Quadro 1 apresentado demonstra o quanto a motivação é variável, ou seja, para cada
tipo de aluno há determinadas atitudes que o impulsiona e outras que o provoca rejeição.
Além disso, algumas ações em sala de aula possíveis de instigar determinados alunos podem
ser fatores de desmotivação em outros, sendo assim, pode-se dizer então que despertar o
interesse dos alunos apesar de fundamental para a aprendizagem é um processo complexo.
Entretanto, sabe-se que um professor precisa ser apto para mediar as diferentes necessidades,
dificuldades e personalidades dos seus alunos e isso inclui também as particularidades da
motivação. Sendo assim, o educador deve atentar-se ao perfil de cada aluno e também da
20
turma como um todo para utilizar estratégias pedagógicas que irão favorecer de forma
eficiente a motivação, além de ser fundamental alternar as ferramentas utilizadas, visto a
multiplicidade de estilos de alunos.
A Química é uma das disciplinas integradas das Ciências da Natureza e muitas vezes as
pessoas acreditam que não são capazes de compreender esse ramo do conhecimento,
carregando o estereótipo de que o Químico fica em laboratório com jaleco, trabalhando com
vidrarias, aparelhos e cálculos muito complexos e distantes da sociedade. Entretanto, a
Química está presente no cotidiano das pessoas em diversas situações, como no ato de coar
um café ou ao utilizar alguns cosméticos ou medicamentos. Portanto, tentar enfraquecer essa
percepção de que a Química é algo muito difícil e distante é essencial para aproximar os
alunos e, sobretudo, fazê-los acreditar que têm capacidade de compreendê-la. Além disso,
outros fatores que podem contribuir para considerar essa disciplina difícil são: a necessidade
de aprender novas leis e conceitos fortemente abstratos; conectar esses novos conceitos a
fenômenos estudados; utilizar uma linguagem muito simbólica e formalizada; e compreender
modelos de representação para aquilo que não é observável (POZO; CRESPO, 2009).
Diante desses e outros desafios que a Química (e as Ciências de forma geral) apresenta
aos alunos fica clara a relevância dos aspectos emocionais no processo de aprendizagem.
Sendo assim, o professor precisa ter consciência das dificuldades da disciplina e compreender
as possíveis limitações dos alunos, a fim de oferecer formas de ajudar, encorajar e estimular
os alunos. Os professores que não levam esses fatores em consideração podem inibir os
estudantes, provocando desmotivação, desistência, falta de autoestima e até mesmo
consequências mais graves, como traumas. Além disso, conhecimentos das Neurociências
evidenciam a influência da emoção para a memória e a aprendizagem, isso ocorre porque os
sentimentos permitem acessar a memória do estado corporal em determinados casos,
conferindo uma sensação positiva ou negativa ao que foi vivido (SOUSA; GABRIEL, 2009).
Portanto, se o aluno tiver experiências que lhe cause desconforto, medo, insegurança,
repressão ao aprender determinado assunto muito provavelmente o seu desempenho terá
prejuízos, podendo ser complicado reverter isso dependendo da gravidade.
4 Metodologia
O principal objetivo da Pesquisa Exploratória é proporcionar maior familiaridade com o
objeto investigado. Muitas vezes o pesquisador não possui conhecimentos suficientes para
formular adequadamente um problema de pesquisa ou elaborar com precisão uma hipótese.
Nesse caso, é necessário “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza
21
do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar”
(KÖCHE, 1997, p. 126). Nesse sentido, o planejamento da Pesquisa Exploratória se torna
flexível e pode se alinhar a uma Pesquisa Bibliográfica, Documental, Estudos de Caso, dentre
outros. As estratégias de investigação possíveis de serem utilizadas na Pesquisa Exploratória
são: formulários, questionários, entrevistas, registros escritos, além da leitura e documentação
de diferentes materiais quando se tratar de Pesquisa Bibliográfica.
Nesse estudo foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica sobre trabalhos que relacionam
as Neurociências e a Educação, visando estabelecer um panorama dessa interface e discutir os
resultados encontrados, sobretudo na área do Ensino de Ciências/Química. Foram definidas as
plataformas utilizadas para efetuar a pesquisa e as palavras-chaves que seriam utilizadas nas
buscas. A Pesquisa Bibliográfica se relaciona a um trabalho exploratório que busca explicar
um determinado problema a partir de temáticas disponíveis em alguns tipos de fontes. De
acordo com Martins e Theóphilo (2016), a Pesquisa Bibliográfica:
[...] procura explicar e discutir um assunto, tema ou problema com base em
referências publicadas em livros, periódicos, revistas, enciclopédias, dicionários,
jornais, sites, CDs, anais de congressos etc. Busca conhecer, analisar e explicar
contribuições sobre determinado assunto, tema ou problema. A pesquisa
bibliográfica é um excelente meio de formação científica quando realizada
independentemente – análise teórica – ou como parte indispensável de qualquer
trabalho científico, visando à construção da plataforma teórica do estudo.
(MARTINS; THEÓPHILO, 2016, p. 52)
A realização da Pesquisa Bibliográfica é fundamental para conhecer e analisar as
principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. Köche (1997) aponta
que a Pesquisa Bibliográfica pode ser realizada com diferentes finalidades, de modo a: (i)
ampliar os conhecimentos sobre uma determinada área, permitindo ao investigador a
compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa; (ii) apreender o conhecimento
disponível e utilizá-lo como base para construir um modelo teórico explicativo de
determinado problema; e (iii) sistematizar o Estado da Arte referente a um determinado tema
ou problema, de modo a descrever e apresentar um panorama da produção acadêmico-
científica que se busca investigar. Ao analisar essas finalidades, é possível inferir que a
Pesquisa Bibliográfica assume um caráter exploratório, quando busca ter maiores
conhecimentos ou certa familiaridade sobre um assunto, disponibilizando informações mais
precisas ao investigador no momento da construção de problemas ou questões de pesquisa.
Além disso, Gil (2017) aponta que a Pesquisa Bibliográfica constitui uma etapa
preliminar de praticamente toda pesquisa acadêmica e acrescenta que quase toda Tese ou
Dissertação contém um capítulo ou seção dedicada à revisão bibliográfica, com o duplo
22
propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como identificar o estágio atual
do conhecimento de determinado tema. Esse autor, entretanto, alerta que a Pesquisa
Bibliográfica apresenta como vantagem o fato de o pesquisador ter acesso a um conjunto de
informações muito maior, alertando que os dados consultados podem conter erros e que a
Pesquisa Bibliográfica pode reproduzir ou mesmo ampliar esses erros se não houver um
processo cuidadoso de verificação das fontes, na busca de incoerências e contradições.
Sendo assim, após efetuar as buscas em cada uma das plataformas selecionadas foi
possível determinar o número de resultados e definir um recorte de trabalhos para serem
estudados, por meio da leitura dos resumos. A partir dessa análise qualitativa dos trabalhos
selecionados, houve uma classificação entre aqueles alinhados ou não com as buscas
realizadas, sendo esta seleção validada por meio da triangulação dos dados. Ou seja, todos os
dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho, buscando validá-los. De
acordo com Günther (2006), a triangulação dos dados implica na utilização de abordagens
múltiplas para evitar distorções e enviesamento da pesquisa em função de um método, uma
teoria ou um pesquisador. Aqueles trabalhos que foram classificados como “não alinhados”
foram categorizados segundo o referencial de Bardin. Em seguida, houve um tratamento dos
dados para uma maior compreensão visual deles, por meio da construção de gráficos e
tabelas. Por fim, foi realizada uma análise e discussão a respeito dos resultados encontrados,
sobretudo as implicações no campo de Ensino de Ciências/Química e as perspectivas futuras.
5 Resultados e Discussão
Como primeira etapa da Pesquisa Bibliográfica foram definidas as palavras-chaves
esperando que a primeira busca fosse mais ampla, a segunda intermediária e a última mais
específica em termos de resultados gerados. Para isso, as palavras-chaves utilizadas em cada
busca foram:
▪ Busca 1: neurociências e educação;
▪ Busca 2: neurociências e ensino de ciências;
▪ Busca 3: neurociências e ensino de química.
Além disso, as plataformas selecionadas para efetuar a pesquisa foram o Portal de
Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) e o
Google Acadêmico, uma vez que possuem como foco trabalhos científicos. Os resultados
quantitativos das buscas estão apresentados nas Tabelas 1 e 2.
23
Tabela 1 – Resultados das buscas realizadas no Google Acadêmico4
Sem Limites 1999-2018 2004-2018 2009-2018 2014-2018
Busca 1a 23.400 15.500 15.500 15.500 14.100
Busca 2b 17.600 15.200 15.300 14.600 9.970
Busca 3c 8.240 7.710 7.470 6.550 4.060
a Neurociências e Educação, b Neurociências e ensino de Ciências; c Neurociências e ensino de Química.
Tabela 2 – Resultados das buscas realizadas no Portal de Periódicos da CAPES5
Sem Limites 1999-2018 2004-2018 2009-2018 2014-2018
Busca 1a 149 147 144 135 85
Busca 2b 56 56 53 52 39
Busca 3c 16 16 14 13 10
a Neurociências e Educação, b Neurociências e ensino de Ciências; c Neurociências e ensino de Química.
A partir dos resultados apresentados nas tabelas pode-se notar uma grande diferença, em
que a plataforma do Google Acadêmico ofereceu números significativamente maiores do que
o Portal de Periódicos da CAPES. Dessa maneira, nesse momento foi perceptível que seria
inviável analisar os trabalhos de forma qualitativa apresentados pelo Google Acadêmico,
devido ao grande número de resultados. Consequentemente, decidiu-se que os trabalhos a
serem avaliados qualitativamente seriam apenas do Portal de Periódicos da CAPES.
Além disso, por meio das Tabelas 1 e 2 também é possível verificar que de fato a
primeira busca obteve mais resultados, a segunda mostrou valores intermediários, enquanto a
terceira valores bem menores. Essa observação pode ser constatada nas duas plataformas
utilizadas e em todos os intervalos de tempo avaliados. Dessa forma, conclui-se que as
palavras-chaves foram adequadas de acordo com o objetivo inicial, de iniciar com uma busca
mais ampla, seguida de uma intermediária e a última mais específica, buscando um recorte
com enfoque nos objetivos de pesquisa aqui apresentados.
Outro aspecto muito importante que contribuiu para a definição da amostra foi perceber
qual o recorte de tempo que seria mais adequado para a avaliação dos trabalhos. Uma vez que
os resultados do Google Acadêmico já estavam descartados para essa próxima etapa da
pesquisa, foram avaliados os recortes apenas do Portal de Periódicos da CAPES e constatou-
se que a quantidade de trabalhos no intervalo de 2014 a 2018 seria o mais apropriado para
essa avaliação mais cuidadosa dos trabalhos, considerando o tempo de pesquisa. Sendo assim,
a etapa de alinhamento e categorização dos trabalhos foi realizada apenas nessa amostra
4 Visto que a data da busca interfere no número de resultados é importante ressaltar que os resultados da Tabela
1 foram encontrados no dia 21 de maio de 2019. 5 Os resultados da Tabela 2 foram encontrados no dia 11 de abril de 2019.
24
estabelecida: trabalhos publicados entre 2014 e 2018 disponíveis no Portal de Periódicos da
CAPES.
A próxima etapa da pesquisa foi a leitura de todos os resumos dos trabalhos que
estavam dentro da amostra definida e a partir dessa leitura foi feita uma avaliação dos
trabalhos, classificando-os como alinhados ou não com a busca realizada. Os critérios
utilizados para classificar os trabalhos como alinhados para cada uma das buscas estão
apresentados no Quadro 2. Portanto, aqueles trabalhos que não foram identificados com os
aspectos estabelecidos nos critérios foram classificados como “não alinhados”. É importante
ressaltar que essa classificação foi validada por meio da triangulação dos dados, de modo que
todos os dados foram organizados e discutidos com o orientador do trabalho, buscando evitar
possíveis distorções devido a subjetividade do método.
Quadro 2 – Critérios para classificar os trabalhos como alinhados.
Buscas Critérios de Alinhamento
Busca 1: “Neurociências
e educação”
Trabalhos que abordam temas sobre as neurociências com o foco de trazer
benefícios para a educação, auxiliando professores, pais e/ou alunos no processo
de ensino e aprendizagem.
Busca 2: “Neurociências
e ensino de Ciências”
Trabalhos que abordam sobre as neurociências com o foco de trazer benefícios no
ensino de Ciências (Biologia, Química e Física), auxiliando professores, pais e/ou
alunos no processo de ensino e aprendizagem.
Busca 3: “Neurociências
e ensino de Química”
Trabalhos que abordam as neurociências com o foco de trazer benefícios no ensino
especificamente de Química, auxiliando professores, pais e/ou alunos no processo
de ensino e aprendizagem.
Dessa maneira, todos os trabalhos foram avaliados utilizando critérios de alinhamento e
os resultados encontrados a partir dessa classificação serão apresentados e discutidos. Na
Busca 1 foram avaliados no total 85 trabalhos, sendo que 23 foram classificados como
alinhados e 62 como não alinhados.
Na Busca 2 houve um total de 39 trabalhos analisados, sendo apenas sete classificados
como alinhados e 32 como não alinhados. Entretando, é de suma importância destacar que
desse total 26 foram repetições da Busca 1, portanto, somente 13 foram encontrados apenas
na Busca 2. Dentre os sete trabalhos classificados como alinhados seis foram também
encontrados na primeira busca, sendo apenas um deles exclusivo da Busca 2. Já em relação
aos 32 trabalhos que não estavam alinhados com a busca, 20 também foram identificados na
busca anterior, sendo apenas 12 encontrados somente na segunda busca.
25
Já na Busca 3 foram encontrados no total 10 trabalhos, sendo apenas um classificado
como alinhado e os nove como desalinhados. O único trabalho alinhado foi também
encontrado tanto na Busca 1 quanto na Busca 2. Enquanto os nove trabalhos classificados
como não alinhados, seis já tinham sido encontrados anteriormente (nas Buscas 1 e/ou 2),
logo apenas três foram exclusivamente da Busca 3. A compilação dos resultados das três
buscas juntas está apresentada no Gráfico 1 a seguir.
Gráfico 1 – Resultado da classificação de alinhamento dos trabalhos considerando as
três buscas.
Foram avaliados 134 trabalhos, considerando as repetições, sendo o total de trabalhos
alinhados de 31, pois é a soma de 23 (Busca 1), 7 (Busca 2) e 1 (Busca 3). Contudo, com as
repetições desconsideradas são 24 trabalhos alinhados, sendo que todos eles estão
identificados no Anexo 1, além disso, são explicitadas em quais buscas os trabalhos foram
encontrados. Já em relação ao total de 103 trabalhos não alinhados, também há repetições,
uma vez que a soma seja de 62 (Busca 1), 32 (Busca 2) e 9 (Busca 3). Mas, desconsiderando
as repetições ficaram um total 77 trabalhos desalinhados.
De acordo com os resultados anteriores, pode-se notar que em todas as três buscas, a
quantidade de trabalhos alinhados é significativamente menor do que a quantidade daqueles
que não estão alinhados. Consequentemente, pode-se dizer que os valores de resultados
encontrados em uma busca nem sempre são confiáveis, uma vez que podem ter resultados
incoerentes com o que está sendo procurado. Sendo assim, fica nítida a importância dessa
etapa da Pesquisa Bibliográfica, pois por meio dessa análise qualitativa que é possível traçar
um panorama do objeto de estudo de maneira mais assertiva e confiável.
26
Dessa forma, é possível perceber a diferença, já comentada, entre a Pesquisa
Bibliográfica, que faz parte de praticamente toda pesquisa acadêmica, geralmente para a
escrita da seção de revisão bibliográfica e a Pesquisa Bibliográfica utilizada como a
metodologia de um trabalho. A primeira trata-se de uma pesquisa menos abrangente, com o
propósito de fundamentar o trabalho e de aumentar o conhecimento sobre determinado tema.
Por outro lado, na Pesquisa Bibliográfica como metodologia investigativa o pesquisador tem
um acesso mais amplo de informações e um olhar mais crítico desse conjunto de dados, sendo
essencial ter muita atenção às possibilidades de incoerências e erros, para não reproduzir e
nem ampliar tais falhas, por isso é fundamental que haja um processo de avaliação detalhado
(GIL, 2017).
Sobre os trabalhos encontrados que não estavam alinhados com as buscas foi feita a
análise de conteúdo, uma técnica de tratamento de dados qualitativos. Primeiramente foi
realizada uma leitura geral de todos os trabalhos classificados como “não alinhados” com as
buscas, a fim de ter uma compreensão mais ampla de quais temáticas eram mais exploradas
entre eles. Posteriormente, foram estabelecidas as categorias que permitiriam o agrupamento
daqueles que abordavam assuntos semelhantes, sendo assim, as categorias e as quantidades de
trabalhos encontrados em cada uma delas, sem considerar as repetições, foram: Medicina
(26); Educação (21); Psicologia (10); Educação Física (7); Saúde (4); sem identificação de
categoria (2); Sustentabilidade (1); Comunicação (1); Neuromarketing (1); Neuromarketing e
Neuroeconomia (1); Biologia (1); Arte (1) e Ciências (1).
Por fim, realizou-se a análise desse resultado, constatando que dentre os trabalhos
desalinhados a grande maioria abordava assuntos focados somente em Medicina ou somente
em Educação, sem estabelecer uma relação dos aspectos neurológicos com práticas e teorias
educacionais. Além disso, foi inesperada a tamanha incoerência de determinados trabalhos
encontrados, devido a falta de proximidade com a busca, esses foram categorizados como
“sem identificação de categoria”. Dois trabalhos tiveram essa distorção mais agravante com as
buscas: (i) Siglas, termos e expressões (Revista Brasileira de Pós-Graduação); e (ii)
Suplemento - Trabalho de Conclusão de Curso Unificado e I mostra pró-saúde. Pet/saúde
UNIFOR/SMS - CORES-6 e Encontro Estadual Pró-saúde / PET-Saúde - Ceará (Revista
Brasileira em Promoção da Saúde). O primeiro representa um arquivo com diferentes siglas e
seus respectivos significados e o segundo um Anal referente a Trabalhos de Conclusão de
Curso. É válido pensar que ambos foram resultados possivelmente porque tinham algumas
das palavras de busca, como “neurociências” e/ou “educação”. Ao tentar analisar melhor tais
27
incoerências foi perceptível que o arquivo de Siglas tinha a palavra “educação” em vários
momentos. Já no segundo apareceu a palavra “neurociências” nas referências de alguns
trabalhos, mas não foi identificado nenhum deles com esse foco de pesquisa.
Quanto aos trabalhos que foram identificados como alinhados com as buscas foi feita
ainda outra análise, visando perceber a relação entre a quantidade desses trabalhos com os
anos de publicação. Nos Gráficos 2, 3 e 4 estão apresentados os resultados dessa relação
dentro da amostra, ou seja, dos anos de 2014 a 2018.
Gráfico 2 – Quantidade de trabalhos alinhados da Busca 1 de acordo com o ano de
publicação.
28
Gráfico 3 – Quantidade de trabalhos alinhados da Busca 2 de acordo com o ano de
publicação.
Gráfico 4 – Quantidade de trabalhos alinhados em todas as buscas, de acordo com o ano de
publicação.
A partir da análise dos gráficos acima pode-se perceber que em relação a Busca 1 houve
um decréscimo de publicações ao passar dos anos, sendo que a diminuição mais brusca
ocorreu no ano de 2016. Em relação à Busca 2 é perceptível também esse decréscimo em
2016 e 2017, mas nota-se que no ano de 2018 há o mesmo número de publicações que nos
anos iniciais da amostra. Quanto a Busca 3 foi inviável a demonstração gráfica visto que
somente um trabalho alinhado foi publicado durante esse período, sendo seu ano de
29
publicação em 2018. Tomando como base o Gráfico 4 é possível perceber uma análise geral
de todas as três buscas realizadas e nota-se também o decréscimo mais acentuado nos anos de
2016 e 2017, enquanto no ano de 2018 ocorre uma recuperação.
De acordo com os dados pode-se notar que, de maneira geral, houve um comportamento
similar, em que nos anos iniciais se tem os maiores números de publicação até que em 2016
há um decréscimo, que persiste em 2017. Quanto ao comportamento no ano de 2018 deve ser
uma análise mais cautelosa, pois para a Busca 1 os resultados mostram que a menor
quantidade de trabalhos foi nesse ano. Em contrapartida, na Busca 2 percebe-se que no ano de
2018 houve uma recuperação, igualando-se às quantidades dos anos iniciais e na Busca 3 o
único trabalho alinhado nesse intervalo de tempo foi publicado no ano de 2018. Já o gráfico
que relaciona as três buscas juntas (Gráfico 4) demonstra que o ano de 2018 teve mais
publicações que os anos de 2016 e 2017, mas menos do que os anos iniciais da amostra, sendo
assim, é considerável pensar que esse último gráfico expressa uma situação intermediária das
observações controversas analisadas nas Buscas isoladas.
Pode-se refletir sobre os possíveis fatores que contribuíram para a baixa quantidade de
trabalhos publicados nos anos de 2016 e 2017, observada em todos os Gráficos. Contudo, é
importante ressaltar que o intervalo de tempo analisado não foi tão amplo para que
implicações seguras sejam feitas a respeito desse período de baixa produção científica. Em
contrapartida, é possível discutir sobre eventuais motivos que possam ter contribuído para
esse fato. Como a possível relação com os cortes em Ciências e Tecnologia que o Brasil
enfrentou, especialmente no ano de 2015 e pode ter tido uma repercussão nos anos seguintes.
Ou talvez, pelo simples fato de pesquisadores não se interessarem tanto em publicar sobre
essa temática nesses anos. Portanto, não se pode apontar uma causa única com convicção, mas
diante dos resultados é necessário refletir sobre esse fato e sugerir algumas de tantas
possibilidades que possam justificar essa redução da quantidade de trabalhos nos anos de
2016 e 2017.
Contudo, apesar de ser possível a observação de quais os anos tiveram maiores ou
menores quantidades de publicações dentro desse intervalo de tempo analisado, nota-se que os
números ainda são baixos de uma maneira geral, ou seja, ainda há poucos trabalhos
publicados que fazem verdadeiramente uma ponte entre as Neurociências e a Educação,
sobretudo na área de Ciências/Química.
De acordo com Haeffner e Guimarães (2015), há uma confirmação do crescente
interesse mundial e brasileiro em estabelecer cada vez mais conexões entre as Neurociências e
30
a Educação, visto o perceptível aumento de publicações sobre esse assunto. Entretanto,
constata-se que no Brasil os resultados quantitativos ainda são poucos expressivos, tanto no
número de publicações quanto na quantidade de grupos de pesquisas dedicados a esta
temática. Portanto, é notável que nas instituições brasileiras já iniciou um processo de
percepção sobre a importância dessa interface, porém, ainda há muito para progredir,
sobretudo para alcançar o objetivo de conseguir facilitar o diálogo entre essas duas grandes
áreas.
É possível afirmar que quando as Neurociências dialogam com a Educação o professor
toma consciência de diversos fatores que interferem no ato de ensinar e aprender e, a partir
disso, percebe que enquanto mediador ele pode usufruir de diferentes caminhos e práticas
pedagógicas em busca de uma aprendizagem mais significativa para os seus alunos. Sendo
assim, é coerente pensar o quanto as Neurociências e suas possibilidades para o âmbito
educacional devem fazer parte da formação de professores, uma vez que estes precisam ter
mais consciência de como funciona o processo de ensino e aprendizagem em termos
neurológicos para conseguir expandir suas maneiras de atuação enquanto educador (ROZAL;
SOUZA; SANTOS, 2017).
As neurociências têm contribuído bastante para comprovar que as cognições e emoções
estão intimamente relacionadas, de modo a mostrar que a emoção e os sentimentos são
indispensáveis para o processo de racionalidade. Atualmente essa contribuição se faz
essencial, uma vez que ainda existem muitos ambientes educacionais que insistem em se
limitar apenas na lógica, deixando o emocional totalmente a deriva. Consequentemente, quase
sempre o aluno é notado apenas em seu aspecto cognitivo, desconsiderando suas emoções,
habilidades e saberes que poderiam (e muito) contribuir para uma aprendizagem mais
significativa. Em contrapartida, uma educação holística tem uma perspectiva da totalidade do
aluno, buscando desenvolver todas as potencialidades humanas, tais como: intelectuais,
emocionais, sociais, físicas, artísticas, criativas e espirituais (GRANJA; COSTA; REBELO,
2011).
Neste sentido pode-se entender que o professor apresenta um papel fundamental, em
que por meio do uso de estratégias adequadas é possível desenvolver um processo de ensino
dinâmico e prazeroso capaz de provocar alterações na quantidade e qualidade das conexões
sinápticas, afetando o funcionamento cerebral de maneira positiva e permanente (ROZAL;
SOUZA; SANTOS, 2017). Sendo assim, fica nítida a relevância de trazer cada vez mais
aplicabilidades das Neurociências no âmbito educacional, mas, para isso é necessário que haja
31
estratégias que solidifiquem essa relação entre os profissionais envolvidos, como: maior
divulgação sobre essa temática em escolas e universidades; aumento de pesquisas na área que
validem essa interface e ofereçam maior aplicabilidade para os educadores; inclusão das
Neurociências nas matrizes curriculares de licenciados e pedagogos, entre outras.
6 Conclusão
De acordo com os resultados é possível concluir que, como era o esperado, a Busca 1 -
“neurociências e educação” foi a que teve maiores resultados, a Busca 2 – “neurociências e
ensino de ciências” teve valores intermediários e a Busca 3 – “neurociências e ensino de
química” foi a que teve as menores quantidades de resultados de busca, sendo esta a mais
específica e de maior interesse na pesquisa. Essa observação pôde ser feita em ambas as
plataformas utilizadas, tanto no Google Acadêmico quanto no Portal de Periódicos da
CAPES.
A partir desses resultados quantitativos foi possível estabelecer o recorte da pesquisa,
sendo determinado que a análise qualitativa dos dados seria somente das publicações de 2014
a 2018 do Portal de Periódicos da CAPES. Por meio do alinhamento e da categorização
dessas publicações notou-se que nem sempre os resultados de busca são coerentes com os
buscadores, ou seja, as vezes tem-se a impressão de que há uma grande quantidade de
publicações sobre determinado tema, mas na realidade são poucas as que são coerentes de fato
com o assunto explorado. Dessa forma, é válido destacar a importância da Pesquisa
Bibliográfica como metodologia investigativa para estabelecer um panorama atual sobre a
respeito de tema.
De forma geral, pode-se afirmar a partir dos resultados que, no intervalo de tempo
analisado, houve maior número de publicações nos anos iniciais, uma queda da produção nos
anos de 2016 e 2017, que pode estar associada a uma consequência dos cortes em Ciências e
Tecnologia no Brasil e no ano de 2018 uma possibilidade de recuperação da quantidade de
publicações sobre a temática analisada. Contudo, apesar de ser possível essa comparação
entre os anos avaliados, pode-se notar também que os números como um todo são ainda
pequenos. Portanto, essa pesquisa permitiu concluir que apesar de atualmente ter estudos que
comprovem o aumento do interesse pela interface das Neurociências e Educação, ainda são
necessárias mais publicações que estabeleçam essa relação, além de outras estratégias que
aproximem essas áreas, visando benefícios para ambas.
32
7 Implicações do Trabalho para o Ensino de Ciências/Química
A partir das discussões desse trabalho foi notório que as Neurociências apresentam
diferentes e importantes contribuições para a Educação, inclusive para a área do Ensino de
Ciências/Química. Entretanto, o presente estudo teve como foco compreender o panorama
atual de publicações envolvendo essa relação, trazendo uma análise qualitativa das
publicações que retratam essa interface. Dessa maneira, este trabalho teve como principal
objetivo discutir esse panorama atual e, a partir disso, percebeu-se a necessidade de uma
estimulação maior de estudos, debates, publicações e contribuições que estabeleçam uma
ponte confiável entre as duas áreas, que possam trazer melhorias nas práticas educacionais
pautadas em conhecimentos das Neurociências.
É importante destacar que existem diferentes formas das Neurociências dialogarem com
a Educação de maneira geral e, portanto, com o Ensino de Ciências/Química, mas essa
pesquisa dedicou-se bastante sobre a influência dos aspectos socioafetivos no processo de
aprendizagem. Consequentemente, é considerável pensar na relevância de estudos futuros que
abordem essa questão com mais detalhamento e comprovações empíricas, a fim de validar
ainda mais a importância de professores terem conhecimentos além do seu conteúdo de
Ciências/Química que possam provocar impactos grandiosos no aprendizado de seus alunos.
As Neurociências já trazem contribuições a respeito das implicações emocionais no
processo de ensino e aprendizagem, mostrando os efeitos de uma relação saudável entre o
professor e o aluno para o aprendizado, valorizando questões como o respeito, amparo,
confiança e empatia na sala de aula. Entretanto, acredita-se que tais questões ainda são pouco
consideradas em muitos ambientes educacionais e uma das formas de buscar maior
visibilidade e valor desses aspectos é com futuras pesquisas e estudos que possam investigar
essa problemática, trazer mais reflexões a respeito e discutir possíveis soluções.
8 Referências
ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico:
elaboração de trabalhos na graduação. 10ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
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ciências da natureza. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática)
– Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2018.
35
Anexo
Anexo 1 - Referências de todos os trabalhos que foram classificados como alinhados.
Número Referências Bibliográficas Buscas
1
TEJADA, Julian; SCHMITZ, Heike; FARO, André. O método Life Kinetik sob
a perspectiva das neurociências e educação: uma análise teórica. Revista
Educação em Questão, vol. 55, n. 45, p. 127-151, setembro. 2017.
1
2
HAEFFNER, Cristina; GUIMARÃES, Jorge Almeida. Produção científica
indexada na base Web of Science na área de Neurociências e Comportamento
relacionada com o tema da Educação. Revista Brasileira de Pós-Graduação,
vol. 12, n. 29, p. 773-801, 2015.
1
3 BARRIOS-TAO, Hernando. Neurociencias, educación y entorno sociocultural.
Educación y educadores, vol. 19, n. 3, p. 395-415, setembro. 2016. 1
4
ROZAL, Edilene Farias; SOUZA, Ednilson Sergio Ramalho; SANTOS, Neuma
Teixeira. Aprendizagem em matemática, aprendizagem significativa e
neurociência na educação dialogando aproximações teóricas. Revista
REAMEC, vol. 5, n. 1, p. 143-163, julho. 2017.
1
5
BARTOSZECK, Amauri Betini. Neurociências, altas habilidades e implicações
no currículo. Revista Educação Especial, vol. 27, n. 50, p. 611-626, setembro.
2014.
1 e 2
6
MACHADO, Samuel Henrique; FILHO, Waldy Luiz Lau. A leitura em material
impresso e digital: a perspectiva das neurociências e as implicações para a
aprendizagem e visão de mundo do sujeito. Revista Educação e Emancipação,
vol. 11, n. 2, p. 60-82, agosto. 2018
1
7
MEDEIROS, Mário; BEZERRA, Edileuza de Lima. Contribuições das
neurociências no processo de alfabetização e letramento em uma prática do
Projeto Alfabetizar com Sucesso. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,
vol. 96, n. 242, p. 26-41, abril. 2015.
1
8
FERREIRA, Cristina Rocha; GASPAR, Maria Filomena. PLENatITUDE -
Eficiência e bem-estar docente. Journal of Research in Special Educational
Needs, vol. 16, p, 846-850, agosto. 2016.
1
9
PORTES, Daniella Soares. A importância das neurociências na formação do
professor de inglês. Revista Psicopedagogia, vol. 32, n. 98, p. 168-181, janeiro.
2015.
1
36
10
FERNANDES, Cleonice Terezinha et al. Possibilidades de aprendizagem:
reflexões sobre neurociência do aprendizado, motricidade e dificuldades de
aprendizagem em cálculo em escolares entre sete e 12 anos. Ciência &
Educação (Bauru), vol. 21, n. 2, p. 395-416, junho. 2015.
1
11
COSTA, Raimundo José Macário et al. Desafios e oportunidades em
Neurociências Computacional na Educação Brasileira. Nuevas Ideas en
Informática Educativa TISE, p. 99-105, 2014.
1
12
RICHTER, Luciana; SOUZA, Vanessa Martins; SUECKER, Simone Krause;
LIMA, Valderez Marina do Rosário. Contribuições da Neurociência para o
Ensino e Aprendizagem de Conceitos Científicos. X Encontro Nacional de
Pesquisa em Educação em Ciências, 24 a27 de Novembro, Águas de Lindóia,
SP, 2015.
1 e 2
13
FREITAS, Diana Paula Salomão; MOTTA, Cezar Soares; MELLO-CARPES,
Pâmela Billing. As bases neurobiológicas da aprendizagem no contexto da
investigação temática freiriana. Trabalho, Educação e Saúde, vol. 13, n. 1, p.
109-122, dezembro. 2014.
1
14
GRAMIGNA, Anita; DELGADO-GRANADOS, Patricia. Pedagogía e Biología:
nuevas fronteras em la investigación educativa. Pedagogía y saberes, n. 41, p.
75-83. 2014.
1 e 2
15
RAMOS, Angela Souza da Fonseca Dados recentes da neurociência
fundamentam o método "Brain-based learning". Revista Psicopedagogia, vol.
31, n. 96, p. 263-274, janeiro. 2014.
1
16 GIACONI, Catia et al. Dar corpo a didática: diálogos internacionais. Revista
CEFAC, vol. 16, n. 1, p. 336-345, março. 2014. 1
17
DÖRING, Katarina. Perceber, mover, criar - processos de transformação.
Pedagógica: Revista do programa de Pós-graduação em Educação, vol. 17, n. 35,
p. 136-162. 2015. 1
18
CUNHA, Kátia Machinez; SHOLL-FRANCO, Alfred. Cognition and logic:
adaptation and application of inclusive teaching materials for hands-on
workshops. Journal of Research in Special Educational Needs, vol. 16, p.
696-700, agosto. 2016.
1 e 2
19
THOMAZ, Estrella Marlene da Silva. Neurociências e seus vínculos com
Ensino, aprendizagem e formação docente: percepções de professores e
licenciandos da área de ciências da natureza. 2018. Dissertação (Mestrado em
Educação em Ciências e Matemática) – Pontífica Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2018.
1,2 e 3
37
20
THIELE, Ana Lúcia Purper. Discalculia e formação continuada de
professores: suas implicações no ensino e aprendizagem de matemática. 2017. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) –
Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2017.
1
21
SOUZA, Vanessa Martins. Memória e Museus de ciências: a compreensão de
uma experiência museal a partir da recuperação das memórias dos
visitantes. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e
Matemática) – Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, RS, 2015.
1 e 2
22
PIZATO, Elaine Cristina Gardinal; MARTURANO, Edna Maria; FONTAINE,
Anne Marie Germaine Victorine. Trajetórias de habilidades sociais e problemas
de comportamento no ensino fundamental: influência da educação infantil.
Psicologia: Reflexao & Critica, Vol. 27, n. 1, p. 189-197, março. 2014.
1
23
SIGMAN, Mariano; PEÑA, Marcela; GOLDIN, Andrea P., RIBEIRO, Sidarta.
Neuroscience and education: prime time to build the bridge. Nature
Neuroscience, vol. 17, n. 4, p. 497. 2014.
1
24
CARVALHO, Regina Simplício; CARVALHO, Marcelo Simplício. A
linguagem na perspectiva de Jonh Locke: Interseções com a neurociência e uma
possível contribuição para o Ensino de Ciências. The Journal of Engineering
and Exact Sciences, v. 4, n. 2, p. 202-206, 2018.
2