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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ZOOTECNIA HELOISA FREIBERGER COUTO ESTUDO DE CORRELAÇÕES TÉCNICAS E FINANCEIRAS COM A QUALIDADE DA CARNE BOVINA NO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE ZOOTECNIA

HELOISA FREIBERGER COUTO

ESTUDO DE CORRELAÇÕES TÉCNICAS E FINANCEIRAS COM A QUALIDADE DA CARNE BOVINA NO ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA 2015

HELOISA FREIBERGER COUTO

ESTUDO DE CORRELAÇÕES TÉCNICAS E FINANCEIRAS COM A QUALIDADE DA CARNE BOVINA NO ESTADO DO PARANÁ

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Paulo Rossi Jr. Supervisor: Prof. Dr. Paulo Rossi Jr.

CURITIBA 2015

DEDICATÓRIA

À minha mãe Simonne Freiberger (in memorian),

pois dentre tantas coisas, me ensinou o valor do

conhecimento e a beleza da vida.

À minha amada família, que diante de tantas

situações difíceis, sempre esteve ao meu lado e me deu

apoio.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me permitir vivenciar esta maravilhosa

experiência que foi a universidade.

Agradeço a minha família, em especial a minha avó Darcy Freiberger e

meu pai Gilberto Couto, por todo apoio e cumplicidade durante o período de

graduação, sem vocês este sonho não se tornaria possível.

Aos meus amigos e colegas dentro da universidade, Geisiele, Nayara,

Rafaela, Emanuele, Fabiana, Lu, Bruna Campos, Pamela, Kauan, Bruno,

Henrique, Ricardo, Priscila, Amanda e Bruna da Silva, obrigada por todo o

companheirismo, parceria e risadas durante as aulas, vocês fizeram estes

anos mais felizes e divertidos.

Aos meus orientadores de estágio Fernanda e Alício por todo o

conhecimento e toda a atenção que tiveram comigo durante este tempo, pois

mais que orientadores, se tornaram amigos.

Ao meu orientador de estágio Prof. Paulo Rossi Jr. pela confiança e

apoio a mim oferecida, por ser este profissional, e principalmente, por ser este

ser humano que eu tanto admiro.

Aos meus professores da graduação, agradeço por toda a experiência

transmitida, em especial aos professores Antônio Carlos Motta, João Ricardo

Dittrich, José Cerveira, Antonio Ostrensky Neto, Antônio João Scandolera e

Ananda Félix, vocês tem a minha admiração.

Por fim, agradeço ao homem que me apoia, me incentiva, me dá ânimo e

que sempre está presente, obrigada por tudo Diogo Marcondes.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Carcaça sendo pesada pela balança ................................................................ 13

Figura 2. Meia carcaça de um macho. A flecha vermelha indica o ligamento suspensor do pênis .............................................................................................. 13

Figura 3. Classificação do grau de acabamento de gordura em carcaças bovinas ... 15 Figura 4. Carcaça classificada como acabamento de gordura “ausente” .................... 16 Figura 5. Carcaça classificada como acabamento de gordura “escasso” .................... 17

Figura 6. Carcaça classificada como acabamento de gordura “mediano/uniforme” .. 17

Figura 7. Carcaça classificada como acabamento de gordura “uniforme/uniforme” .. 18

Figura 8. Carcaça classificada como acabamento de gordura “excessivo/uniforme” 18

Figura 9. Carcaça classificada como acabamento de gordura “excessivo/desuniforme” ...................................................................................... 19

Figura 10. Perfis de conformação de carcaça bovina ..................................................... 20 Figura 11. Carcaça classificada como “destinada à industrialização (0)” .................... 20 Figura 12. Carcaça classificada como conformação “côncava (1)” ............................... 21

Figura 13. Carcaça classificada como conformação “sub-retilínea (2)” ....................... 21

Figura 14. Carcaça classificada como conformação “retilínea (3)” ............................... 22

Figura 15. Carcaça classificada como conformação “sub-convexa (4)” ....................... 22

Figura 16. Carcaça classificada como conformação “convexa (5)” ............................... 23

Figura 17. Cortes secundários bovinos .............................................................................. 24

Figura 18. Carcaça classificada como “machucada” ....................................................... 24 Figura 19. Carcaça classificada como “salsicharia” ......................................................... 25

Figura 20. Carcaça classificada como “Parte Machucada” com lesões na região do coxão duro, contrafilé, paleta e vazio. ............................................................. 25

Figura 21. Carcaça classificada como “Parte Machucada” com lesões na região da paleta, costela, vazio e alcatra. ........................................................................ 26

Figura 22. Exemplo da planilha com dados de romaneio e tipificação de carcaça .... 27 Figura 23. Imagem aérea do frigorífico .............................................................................. 36

Figura 24. Imagem panorâmica da mangueira ................................................................. 38 Figura 25. Animais na seringa sendo lavados pelo chuveiro ......................................... 39

Figura 26. Animal sendo dessensibilizado pela marreta ................................................. 40

Figura 27. Crânio bovino com três perfurações de marreta ........................................... 40 Figura 28. Animal sendo içado na área de “vômito” ........................................................ 41

Figura 29. Animal sendo sangrado ..................................................................................... 43 Figura 30. Corte do chifre por meio de alicate hidráulico ................................................ 44

Figura 31. Oclusão do reto ................................................................................................... 44 Figura 32. Esfola mecânica do couro ................................................................................. 45 Figura 33. Separação do esôfago e traqueia .................................................................... 46

Figura 34. Lavagem do crânio ............................................................................................. 47

Figura 35. Evisceração da carcaça ..................................................................................... 48

Figura 36. Mesa de inspeção de vísceras ......................................................................... 48 Figura 37. Quadro de marcação das condenações ......................................................... 49

Figura 38. Serragem da carcaça ......................................................................................... 50 Figura 39. Carimbo de identificação da carcaça localizado na costela ........................ 51

Figura 40. Carimbagem da carcaça com o carimbo do SIF ........................................... 51

Figura 41. Departamento de Inspeção Final ..................................................................... 52

Figura 42. Plataforma de toalete das carcaças ................................................................ 54

Figura 43. Máquina para lavagem das carcaças .............................................................. 55

Figura 44. Carcaças dentro da câmara fria ....................................................................... 56

Figura 45. Rotulagem da embalagem secundária ........................................................... 57

Figura 46. Máquina de filtragem do sebo bovino ............................................................. 58 Figura 47. Sala de fabricação da farinha de sangue ....................................................... 59 Figura 48. Sala de fabricação da farinha de carne e ossos ........................................... 60

Figura 49. Farinha de carne e ossos .................................................................................. 60 Figura 50. Sistema de controle automatizado da graxaria ............................................. 61

Figura 51. Comportamento conjunto dos animais em atenção, demonstrando situação de defesa .............................................................................................. 62

Figura 52. Lote de animais com escore de condição corporal próximo a 4 ................. 62

Figura 53. Animal em estado de caquexia, posteriormente condenado....................... 63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Exemplos de qualidade exigida pelo consumidor e das características de qualidade mais relacionadas a cada item. ......................................................... 5

Tabela 2. Idade da erupção dos incisivos permanentes ................................................. 14

Tabela 3. Critério para avaliação de acabamento de gordura ....................................... 15 Tabela 4. Interpretação dos possíveis valores para o coeficiente de correlação ....... 27

Tabela 5. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação à idade aproximada ........................................................................................................... 28

Tabela 6. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação à conformação das carcaças ......................................................................................................... 29

Tabela 7. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação ao grau de acabamento de gordura ...................................................................................... 30

Tabela 8. Ocorrência de lesões em carcaças e cortes comerciais, classificadas por tipo de machucaduras e por sexo. .................................................................... 31

Tabela 9. Correlações (r) técnicas entre as características de carcaça que expressam qualidade de fêmeas e machos .................................................... 32

Tabela 10. Correlações (r) financeiras entre as características de carcaça e o preço pago aos pecuaristas ........................................................................................ 33

LISTA DE ABREVIATURAS

ABIEC Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne

Art. Artigo

atm Atmosfera

C Convexo

Cm Centímetro

cmmd Capacidade Máxima de Matança Diária

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Co Côncavo

COE Comissão Orientadora de Estágios

CRA Capacidade de Retenção de Água

DCI Divisão de Controle do Comércio Internacional

DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

GTA Guia de Trânsito Animal

h Hora

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IF Inspeção Federal

L Litro

m Metros

mm Milímetros

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento

pH Potencial de Hidrogênio

Re Retilínea

RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal

Sc Sub-convexo

SIF Serviço de Inspeção Federal

Sr Sub-retilíneo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2 OBJETIVO ........................................................................................................................ 3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4

3.1 Alimentação ............................................................................................................... 6

3.2 Maturidade ................................................................................................................. 8

3.3 Manejo pré-abate e Estresse .................................................................................. 8

3.4 Resfriamento .............................................................................................................. 9

3.5 Maturação ................................................................................................................. 10

3.6 Estimulação Elétrica ............................................................................................... 11

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 12

4.1 Avaliação de Peso .................................................................................................. 12

4.2 Avaliação de Sexo .................................................................................................. 13

4.3 Avaliação de Maturidade ....................................................................................... 14

4.4 Avaliação de Acabamento de Gordura ................................................................ 15

4.5 Avaliação de Conformação ................................................................................... 19

4.6 Avaliação de Machucaduras ................................................................................. 23

4.7 Relatórios de Abate e Análise de Correlações................................................... 26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 28

5.1 Relatório Acumulado de Abate ............................................................................. 28

5.2 Estudo de Correlações Técnicas e Financeiras ................................................. 31

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 34

7 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ......................................................................................... 35

7.1 Plano de Estágio ..................................................................................................... 35

7.2 Local do Estágio ...................................................................................................... 35

7.2.1 Transporte e Recebimento dos Animais ...................................................... 36

7.2.2 Currais de Chegada e Espera ....................................................................... 37

7.2.3 Rampa de Acesso ........................................................................................... 38

7.2.4 Seringa .............................................................................................................. 38

7.2.5 Chuveiro ............................................................................................................ 39

7.2.6 Boxe de Atordoamento ................................................................................... 39

7.2.7 Área de “Vômito” .............................................................................................. 41

7.2.8 Sala de Abate ................................................................................................... 42

7.2.9 Área de Sangria ............................................................................................... 42

7.2.10 Esfola ............................................................................................................. 44

7.2.11 Retirada da Cabeça ..................................................................................... 45

7.2.12 Lavadouro de Cabeças ............................................................................... 46

7.2.13 Evisceração e Inspeção de Vísceras ........................................................ 47

7.2.14 Divisão Longitudinal da Carcaça ............................................................... 50

7.2.15 Plataforma para Inspeção de Carcaças ................................................... 50

7.2.16 Carimbagem das Carcaças ........................................................................ 51

7.2.17 Departamento de Inspeção Final .............................................................. 52

7.2.18 Toalete da Carcaça e Material de Risco Especificado .......................... 53

7.2.19 Pesagem e Classificação da Carcaça ...................................................... 54

7.2.20 Lavadouro das Meias-Carcaças ................................................................ 54

7.2.21 Câmaras Frias .............................................................................................. 55

7.2.22 Sala da Desossa .......................................................................................... 56

7.2.23 Rotulagem ..................................................................................................... 57

7.2.24 Graxaria ......................................................................................................... 58

7.3 Descrição das atividades desenvolvidas ............................................................. 61

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 64

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 65

ANEXOS ................................................................................................................................. 69

Anexo 1. Termo de compromisso. .................................................................................. 69

Anexo 2. Plano de estágio. .............................................................................................. 70

Anexo 3. Ficha de avaliação no local de estágio. ........................................................ 71

Anexo 4. Ficha de frequência de estágio. ..................................................................... 72

RESUMO

O pagamento por qualidade das carcaças bovinas no Brasil ainda é um assunto

muito polêmico, e gera controvérsias entre frigoríficos e pecuaristas. Neste sentido,

a tipificação e a classificação de carcaças são as ferramentas para se obter um

diagnóstico dos produtos de cada propriedade, e orientar a necessidade ou não de

buscar alternativas viáveis para a melhoria do manejo. Por este motivo, o trabalho foi

desenvolvido com o objetivo de analisar o banco de dados do Programa Paranaense

de Classificação de Carcaças, a fim de determinar a existência ou não de correlação

entre a qualidade das carcaças abatidas no Estado e o valor pago aos produtores.

Em geral, os animais abatidos no estado do Paraná apresentam carcaças com baixo

padrão de qualidade, pois no estudo foi possível verificar que os animais são

abatidos tardiamente e com péssimo grau de acabamento e conformação; o que

certamente é consequência de animais de péssima genética, criados em sistemas

produtivos com manejo alimentar ineficiente. Não foi encontrado padrão de

pagamento por qualidade no frigorífico, sendo que nenhuma das variáveis

apresentou correlação com o preço pago. O ideal é que ferramentas como a

tipificação de carcaças sejam introduzidas em todos os frigoríficos, instituindo

critérios para bonificação e penalização de acordo com a qualidade da carcaça

entregue.

Palavras-chave: abate, carne bovina, qualidade de carcaça.

1

1 INTRODUÇÃO

A indústria de carnes desempenha papel fundamental no setor de alimentos

do Brasil, principalmente pela geração de empregos, volume de recursos e capital

investido. Desde o início da década de 1990, o agronegócio se consolidou como um

dos principais impulsionadores da economia brasileira. Segundo dados da

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a participação do

agronegócio no produto interno bruto do país saltou de 21,4% em 2014, para 23%

no ano de 2015, e de janeiro a outubro o setor gerou mais de 75 mil novos

empregos. O Brasil conta com o maior rebanho bovino comercial do mundo,

chegando a 212.343.932 cabeças (IBGE, 2014). Atualmente o país lidera o ranking

de exportação de carne bovina com 1.837 toneladas em total equivalente de

carcaças exportadas em 2015, de acordo com levantamento da Associação

Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

Mesmo o setor da pecuária de corte sendo tão promissor no país, o que

encontramos ainda é um cenário muito precário e atrasado. Segundo Faveret & de

Paula (1997), a pecuária de corte no Brasil pode ser analisada a partir de duas

características básicas: diversidade e descoordenação. Diversidade de raças, de

sistemas de criação, de condições sanitárias de abate e de formas de

comercialização. E descoordenação, pois há baixa estabilidade nas relações entre

criadores, frigoríficos, atacadistas e varejistas. Apesar desta citação ser antiga, o

cenário que vemos no país ainda continua o mesmo, existindo apenas poucas

exceções. Neste sentido, o que verificamos dentro dos frigoríficos são lotes com

animais de diversas idades, sendo poucos de boa qualidade genética e estado

nutricional adequado, resultando em lotes desuniformes e com pouca padronização.

Atualmente um nicho de mercado de consumidores que estão se tornando

mais esclarecidos e exigentes, buscam por produtos de maior qualidade.

Adicionalmente, a preocupação com os aspectos relacionados à saúde e bem-estar

das pessoas, também tem aumentado consideravelmente. No caso específico das

carnes, essa demanda acontece tanto pelos atributos intrínsecos de qualidade

2

como, maciez, sabor, e maior quantidade de gordura, como também, pelas

características de ordem ou natureza voltadas para as formas de produção,

processamento, comercialização, etc (FILHO, 2006).

Na busca pela melhora da qualidade da carne, a implantação de sistemas de

classificação e tipificação de carcaças dentro dos frigoríficos brasileiros será o

primeiro passo a ser dado, para que inicialmente se faça um diagnóstico da

qualidade dos animais que estão sendo entregues, e posteriormente, a aplicação de

mudanças dentro do sistema de produção. Segundo Felício (1999), a classificação

consiste em agrupar em classes aquilo que tem características semelhantes ou

iguais, usando como categorias sexo, maturidade e peso dos animais. Já a

tipificação seria uma diferenciação das classes em tipos hierarquizados segundo

critérios que incluem as categorias da classificação, já mencionadas, e outras como

gordura de cobertura e conformação da carcaça, que os técnicos supunham ser a

“qualidade” desejada pelo mercado.

Segundo Faveret e de Paula (1997), a tipificação poderá funcionar como

elemento de harmonização da linguagem entre os elos da cadeia, constituindo a

base para a "conversão" das demandas do consumidor final em orientações para os

pecuaristas.

3

2 OBJETIVO

Verificar a existência de correlações entre os critérios utilizados para a

tipificação de carcaças de bovinos abatidos no estado do Paraná, com o valor pago

para o produtor; assim como acompanhar o fluxograma de abate de um frigorífico

localizado no município de São José dos Pinhais.

4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Há centenas de anos a carne tem sido o principal componente proteico da

nossa alimentação, de forma direta, ou indireta, como ingrediente de outros

produtos. Devido a sua importância, é natural que atraia controvérsias e seja alvo de

muitas dúvidas, principalmente nos dias de hoje, em que as pessoas buscam um

estilo de vida mais saudável, e por vezes seguem modismos, não se informando

adequadamente dos reais riscos e benefícios dos produtos que consomem. Desta

forma, preocupações com doenças e segurança alimentar, especialmente

relacionadas à carne vermelha, tem levado a uma redução no consumo em diversas

regiões do mundo, por exemplo a União Europeia. Como resultado, questões sobre

como o consumidor define a “qualidade” de um produto, e quais são os métodos

para atender essa demanda dos consumidores, são de extremo interesse da

indústria do setor.

O conceito de qualidade é muito amplo, sendo que diversos autores definem

a sua maneira. Segundo Felício (1993) os atributos de qualidade da carne são

classificados em: a) qualidade visual: aspectos que atraem ou repelem o consumidor

que vai às compras; b) qualidade gustativa: atributos que fazem com que o

consumidor volte ou não a adquirir o produto; c) qualidade nutricional: nutrientes que

fazem com que o consumidor crie uma imagem favorável ou desfavorável da carne

como alimento compatível com suas exigências para uma vida saudável, e d)

segurança: aspectos higiênico-sanitários e a presença ou não de contaminantes

químicos, como resíduos de pesticidas.

Para Becker (2002), a definição de qualidade de carne pode ser distinguida

por dois extremos, o ponto de vista subjetivo (consumidor) e o objetivo (científico),

sendo que apenas o objetivo pode ser mensurado, e é utilizado pelas indústrias. Em

1998, Felício estudou um método japonês denominado QFD – Quality Function

Deployment (Desdobramento da Função Qualidade), que tinha como objetivo

analisar a qualidade do contrafilé direcionado a um mercado exigente. Neste estudo,

5

foram comparadas as definições de qualidade para o consumidor, com as

metodologias utilizadas pela indústria (Tabela 1).

Tabela 1. Exemplos de qualidade exigida pelo consumidor e das características de qualidade mais relacionadas a cada item.

Itens de Qualidade Exigida Características de Qualidade

Cor vermelha de carne fresca, nem muito escura nem muito clara.

pH da carne; valor L (luminosidade medida com colorímetro).

Capinha de gordura, porém não muita. Espessura de gordura medida ou avaliada na carcaça (acabamento).

Macia, fácil de cortar com faca. pH e grau de marmorização da carne

fresca; força de cisalhamento da carne assada; análise sensorial.

Suculenta Acabamento; grau de marmorização ou teor de lipídios intramusculares; análise

sensorial;

Fonte: Felício (1998)

Na Tabela 1 é possível observar que foi realizada uma forma de “tradução” da

demanda do consumidor para a linguagem científica, auxiliando a indústria na busca

pela qualidade da carne por meio de variáveis objetivas.

Assim, os fatores que influenciam a qualidade da carne, e podem ser

mensuráveis objetivamente são: capacidade de retenção de água (CRA),

capacidade emulsionante (CE), firmeza, cor, pH, estabelecimento do rigor mortis,

composição química, entre outros. Para a melhor compreensão destas variáveis, se

faz necessário primeiramente o entendimento do processo de transformação de

músculo em carne, denominado rigor mortis.

O fenômeno do rigor mortis, também chamado de rigidez cadavérica, pode

ser considerado como uma contração muscular irreversível. Ocorre logo após a

morte do animal e é caracterizado pela inextensibilidade e rigidez do músculo

(ALVES, 2005). Este processo se inicia quando é realizada a sangria, e os níveis de

oxigênio muscular começam a decair. O músculo então passa a utilizar a via

anaeróbica para a obtenção de energia, e da glicólise resultam apenas 2 ATPs

(enquanto em ambiente aeróbico resulta 8 ATPs), tendo como subproduto o ácido

lático. Desta forma, o meio vai se tornando mais ácido e o pH cai. Para que o

6

músculo permaneça relaxado, é necessária a presença do complexo ATP- Mg++.

Uma vez que o ATP muscular se esgota, a interação actomiosina (actina e miosina)

volta à posição de contração, fazendo com que o músculo perca a elasticidade, e

entre em estado de rigor.

Vários fatores ante-mortem e post-mortem são responsáveis por alterações

na resolução do rigor mortis e nas variações de alguns atributos de qualidade da

carne. Os fatores ante-mortem são considerados os vinculados ao genótipo dos

animais, às condições ambientais em que se desenvolveram e ao manejo pré-abate,

como por exemplo, o estresse, a alimentação e maturidade. Enquanto os post-

mortem influenciam as propriedades físicas da carne bovina durante ou após o

desenvolvimento do rigor mortis, que podem ser listadas em resfriamento,

maturação e estimulação elétrica.

3.1 Alimentação

Os efeitos da alimentação na qualidade de carcaça são amplamente citados

na literatura. Sabe-se, por exemplo, que animais alimentados com níveis de energia

superiores as exigências mínimas para o desenvolvimento muscular, acumulam

gordura na carcaça.

Nas últimas três décadas, a gordura de cobertura vem se tornando um

importante indicador de qualidade, primeiro, porque aponta para o tipo de

alimentação recebida pelo bovino, que parece influir na solubilidade do colágeno da

carne. Segundo, porque afeta diretamente a velocidade de resfriamento da carcaça,

comportando-se como um isolante térmico e interferindo no processo de conversão

do músculo em carne (FELÍCIO, 1997). Além disso, carcaças que apresentam maior

acabamento, por consequência também apresentam maior teor de gordura

entremeada no músculo, denominada gordura de marmoreio. Esta gordura influencia

nos parâmetros de qualidade como suculência, maciez e sabor.

Vários estudos comprovam que animais mantidos em confinamento

apresentam mais gordura em sua carcaça, quando comparados com animais

mantidos em regime extensivo. MACEDO et al. (2001), trabalharam com 92 animais

Nelore, mantidos inteiros e submetidos ao confinamento ou terminados a pasto. Os

autores obtiveram resultados relativos ao tamanho da área de olho de lombo (AOL)

e à quantidade de gordura de cobertura, os quais apresentaram resultados

7

superiores (67,13 cm2) para área de olho de lombo nos animais a pasto, e os

animais mantidos em confinamento (63,14 cm2). Quanto à gordura de cobertura,

animais terminados a pasto, mostraram uma enorme deficiência na deposição (0,89

mm), porém os animais confinados apresentaram gordura pouco superior (1,89 mm),

no entanto ainda inferior ao recomendado.

Além do melhor acabamento de carcaça, sabemos que animais confinados,

ou que recebem suplementação, apresentam menor idade de abate quando

comparados a animais criados exclusivamente a pasto. É comum em várias regiões

do país que os animais criados a pasto sofram restrição alimentar na época de

inverno, e então percam peso bruscamente.

FERREIRA (2004) lembra que o animal que for submetido a uma restrição

alimentar priorizará suas funções vitais, utilizando a energia que obtiver junto às

fontes de alimentação como energia de manutenção. Em alguns casos, mais

constantemente encontrados nos sistemas produtivos que utilizam pastejo direto e

não suplementam os animais durante a época de estiagem, os mesmos não

conseguirão nem mesmo a energia necessária para a manutenção. Animais que

perdem peso durante o inverno serão abatidos com maior idade, e menor peso,

prejudicando desta forma, a qualidade da carne.

Em trabalho realizado por EUCLIDES FILHO et al. (1997), que trabalharam

com 42 bezerros Nelore, desmamados e mantidos inteiros, os resultados mostraram-

se diferentes para idade de abate, peso da carcaça fria, peso do traseiro especial e

peso do dianteiro. Os animais que receberam suplementação alimentar na primeira

seca e foram confinados na segunda estação seca, puderam ser abatidos com idade

média de 21,56 meses, enquanto animais que receberam suplementação alimentar

na primeira e na segunda estação seca ou foram suplementados durante o ano

inteiro puderam ser abatidos com idade média de 25,63 meses para os dois

tratamentos. As considerações finais do autor concluem que a restrição alimentar,

mesmo que por um período seco na vida do animal, já seja suficiente para retardar o

período de abate, refletindo assim no processo de recria – abate da pecuária de

corte tropical.

8

3.2 Maturidade

O desenvolvimento dos tecidos que compõe o corpo do animal ocorre em

uma sequência já estabelecida, sendo que ao nascer o tecido nervoso dos bezerros

já está praticamente formado, em sequência se tem a prioridade de deposição o

tecido ósseo, o muscular e por fim o adiposo, caracterizando um crescimento

alométrico em que cada tecido possui uma velocidade diferente de deposição

(BRIDI, SD). Assim, carcaça de animais abatidos mais tardios apresentam maior

porcentagem e acabamento de gordura, do que animais mais novos. A cor da

gordura também é afetada pela idade, sendo que animais criados a pasto acumulam

carotenoides com o passar do tempo, por isso animais mais velhos tem a gordura

amarelada.

Quanto mais velhos, a quantidade de mioglobina no músculo também será

maior, sendo que a carne se apresentará mais escura. A idade dos animais também

influencia a maciez e a qualidade organoléptica da carne, por consequência do

aumento do número de ligações cruzadas termoestáveis das moléculas de

colágeno, fazendo com que ele se torne menos solúvel na cocção (PARDI et al.,

2001).

No conhecimento de todas estas variáveis, alianças mercadológicas para o

comércio de novilho precoce (24 - 36 meses) estão crescendo por todo o Brasil.

Assim os pecuaristas podem abater animais mais novos, com maior qualidade de

carne, e receber um preço diferenciado pelo investimento feito.

3.3 Manejo pré-abate e Estresse

Segundo JUNQUEIRA (2000), o manejo pré-abate pode ser um fator

estressante, pois quando os animais são removidos de seu ambiente familiar (pasto

ou piquete de confinamento) se deparam com ambientes hostis, sem organização

hierárquica, viagens, restrição alimentar, etc.

O estresse atinge principalmente a espécie suína, mas podemos verificar

grandes perdas econômicas causadas pelo estresse em bovinos. As principais

causas são o transporte inadequado, jejum prolongado, e condições climáticas

severas. Perdas por contusões durante o transporte e no manejo dentro dos currais

também são significativas e afetam a qualidade da carne, ocasionando grandes

9

perdas para o frigorífico. Animais que percorrem grandes distâncias, que são

transportados por estradas em condições precárias, ou ainda, motoristas que não

foram bem treinados, são os principais fatores que provocam contusões durante o

transporte.

A velocidade de queda do pH muscular é muito variável, assim como o pH

final após 24h. A queda do pH é mais lenta nos bovinos, sendo que normalmente o

pH inicial (0 horas) é próximo a 7,0, e chega a 5,5 - 5,9 após 24 horas. Em situações

de estresse durante o abate, o metabolismo do animal acelera e inicia a glicólise

muscular antes da sangria, sendo então que o pH muscular já estará baixo antes do

resfriamento e início do rigor mortis, resultando em desnaturação das proteínas da

membrana celular, caracterizando em carne PSE (pale, soft, exudative - pálida,

flácida e exsudativa).

Por outro lado, a carne tipo DFD (dark, firm and dry - escura, firme e seca),

que é resultado de estresse pré-abate, ocorre com menos frequência em bovinos, do

que suínos e aves. Esta carne é resultado do esgotamento das reservas de

glicogênio muscular do animal antes do abate, e então durante o processo de rigor

mortis, não há glicogênio suficiente para a produção de ácido lático necessário para

baixar o pH para menos de 5,8. Quando isso ocorre, a carne deste animal será

escura, as proteínas musculares terão alta capacidade de retenção de água, e a

vida de prateleira (shelf life) será curta.

3.4 Resfriamento

O resfriamento rápido das carcaças é desejável para se ter redução de

perdas de peso, de desnaturação de proteínas e de proliferação de microrganismos,

e maior oxigenação da mioglobina da superfície dos músculos, conferindo-lhes a cor

vermelho vivo (FELÍCIO, 1997).

Para que o processo de resfriamento ocorra de maneira adequada, é

necessário tomar cuidado com alguns fatores importantes no processo de

condicionamento da atmosfera de uma câmara fria que são: o controle de

temperatura, da umidade relativa, da circulação e velocidade do ar (PARDI et al.,

2001).

De acordo com Gomide et al. (2006), entre os principais fatores que afetam a

taxa de resfriamento podem ser citados: o tamanho (peso) da carcaça e a sua

10

quantidade de gordura subcutânea; a temperatura e a velocidade do ar na câmara; e

o número e o espaço entre as carcaças na câmara.

Entretanto, este resfriamento não pode ocorrer antes do término do processo

de rigor mortis. Se a temperatura interna da carcaça alcança 10°C restando cerca de

2/3 do ATP muscular, ocorre o encurtamento das fibras, e o musculo entra em

estado de rigor mortis contraído. Este encurtamento, chamado de cold shortening,

confere a carne mais dureza, e ocorre com mais frequência em carcaças com baixo

acabamento de gordura.

A qualidade da carne pode ser ainda mais afetada quando ocorre o

encurtamento pelo congelamento. Este processo se dá pelo congelamento da carne

antes do fim do processo de rigor mortis. Quando a carne é descongelada, o

processo de rigor mortis será mais acentuado, e a perda por exsudação pode chegar

a mais de 25%.

3.5 Maturação

A maturação é um processo complexo, afetado por muitas variáveis, tais

como a idade e espécie - ou raça - do animal, velocidade de glicólise, quantidade e

solubilidade do colágeno, comprimento do sarcômero das miofibrilas, força iônica e

degradação das proteínas miofibrilares (FELÍCIO, 1997). O processo de maturação

se dá por meio de ação enzimática quebrando as proteínas das fibras musculares

via proteólise. Essas enzimas são chamadas “calpaínas”, e são ativadas pelo Ca+2

intracelular. As atividades das calpaínas são reguladas pelo seu inibidor endógeno,

calpastatina. Os níveis de calpastatina variam consideravelmente entre as espécies

e entre os diferentes músculos dos animais produtores de carne (MORAES, 2004).

As principais proteínas degradadas são: nebulina e titânia (proteínas do

citoesqueleto), vinculina, distrofina e desmina (responsáveis pela sustentação das

miofibrilas dentro da fibra muscular), e a troponina T (participa do processo de

contração muscular). A partir desta degradação dos componentes estruturais das

fibras musculares, que demora cerca de 15 - 20 dias, se dá o amaciamento da

carne. O processo de maturação deve ser realizado dentro de câmaras frigoríficas,

em temperatura controlada, para que não ocorra a contaminação por

microrganismos.

11

3.6 Estimulação Elétrica

Segundo PARDI et al. (2001), experimentos diversos mostram que a

estimulação elétrica reduz o período de instalação do rigor mortis de um limite de 15

a 20 horas, para um período de 4 a 5 horas ou menos, permitindo que a rigidez

ocorra enquanto a carcaça ainda estiver quente, o que impede o encurtamento pelo

frio, mesmo na hipótese de uma refrigeração rápida.

Este estímulo pode ser realizado 10 min. após o abate, com baixa voltagem

(30 a 50 volts); ou 1h após o abate, com alta voltagem (mais de 500 volts). A

estimulação elétrica também previne o escurecimento dos cortes pelo rápido

aparecimento do rigor, e melhora a maturação da carne, pois aumenta a liberação

de cálcio. Além destes benefícios, a maciez da carne também é melhorada, pois a

estimulação provoca uma intensa contração muscular, ocasionando a ruptura física

das miofibrilas.

PUGA et al., (1999), estudando os efeitos da estimulação elétrica nas meias

carcaças de bovinos, observou que o processo de estimulação elétrica diminuiu em

12% a “força de cisalhamento” (célula de Warner-Bratzler), mas em análise subjetiva

realizada por degustadores a maciez foi alterada em 21%, mostrando uma maciez

superior à identificada por meio da força de cisalhamento.

12

4 MATERIAL E MÉTODOS

Da necessidade da acadêmica do curso de zootecnia Fernanda Aparecida

Fragoso Moises em realizar seu estágio obrigatório, aliado ao interesse de uma

indústria frigorífica do Paraná em saber quais seriam os ganhos de um projeto de

avaliação de carcaça, criou-se o Programa de Tipificação de Carcaças do Paraná. O

resultado desta etapa inicial, de carcaças com pouco acabamento de gordura,

desuniformes e com altos percentuais de machucaduras, chamou a atenção do

frigorífico, que contratou a então zootecnista, para promover a continuidade do

projeto, que hoje conta com um banco de dados com mais de 450 mil carcaças.

A metodologia de avaliação do Programa de Tipificação de Carcaças do

Paraná utiliza cinco características de carcaça: peso, sexo, maturidade (idade),

acabamento e conformação. Também são coletados dados das machucaduras

existentes nas carcaças, que auxiliam a identificar possíveis erros de manejo pré-

abate.

4.1 Avaliação de Peso

O peso é coletado com balança digital acoplada a nória após o toalete, e

transmitido ao software do frigorífico pelo balanceiro, conforme demonstra a Figura

1.

13

Figura 1. Carcaça sendo pesada pela balança Fonte: O Autor

4.2 Avaliação de Sexo

A determinação do sexo é realizada de acordo com a avaliação visual da

presença ou ausência do ligamento suspensor do pênis (Figura 2).

Figura 2. Meia carcaça de um macho. A flecha vermelha indica o ligamento suspensor do pênis

Fonte: O Autor

14

4.3 Avaliação de Maturidade

A avaliação de maturidade é realizada a partir da contagem dos dentes

incisivos permanentes, dentro do galpão de abate, de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2. Idade da erupção dos incisivos permanentes

Aparência Pares de Dentes Incisivos

Permanentes

Idade aproximada de

erupção

0 6 a 20 meses

1 2 anos

2 2,5 anos

3 3 anos

4 4 anos

Fonte: O Autor

15

4.4 Avaliação de Acabamento de Gordura

O acabamento de gordura é avaliado de maneira subjetiva, estimando-se

visualmente a quantidade de gordura na carcaça de acordo com a espessura e a

uniformidade, seguindo os critérios de avaliação estabelecidos na Portaria nº 612 de

1989 e a Instrução Normativa nº 9 de 04/05/2004, do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), com adaptação para o Projeto de Tipificação de

Carcaças do Paraná, conforme é demonstrado na Tabela 3 e na Figura 3. As

Figuras 4, 5, 6, 7, 8 e 9 são imagens tiradas dentro do frigorífico que exemplificam

as categorias de acabamento de gordura.

Tabela 3. Critério para avaliação de acabamento de gordura

Categoria Nomenclatura Espessura da gordura

Ausente A 0 – 1 mm

Escassa E 1 – 3 mm

Mediana M 3 – 6 mm

Uniforme U 6 – 10 mm

Excessivo X > 10 mm

Fonte: Adaptado de MAPA (2004)

Figura 3. Classificação do grau de acabamento de gordura em carcaças bovinas Fonte: Adaptado de Equipe de qualidade de carne – FZEA/USP

16

As classificações mediana, uniforme e excessiva ainda são subdivididas em

dois tipos: uniforme (com a gordura de cobertura bem distribuída em toda a carcaça)

ou desuniforme (mal distribuída). Essa subdivisão é realizada pela necessidade da

empresa em obter cortes cárneos com deposição de gordura regular, gerando um

produto final padronizado, sem a necessidade de limpeza ou desbastes nos cortes.

Figura 4. Carcaça classificada como acabamento de gordura “ausente” Fonte: O Autor

17

Figura 5. Carcaça classificada como acabamento de gordura “escasso” Fonte: O Autor

Figura 6. Carcaça classificada como acabamento de gordura “mediano/uniforme” Fonte: O Autor

18

Figura 7. Carcaça classificada como acabamento de gordura “uniforme/uniforme” Fonte: O Autor

Figura 8. Carcaça classificada como acabamento de gordura “excessivo/uniforme” Fonte: O Autor

19

Figura 9. Carcaça classificada como acabamento de gordura “excessivo/desuniforme”

Fonte: O Autor

4.5 Avaliação de Conformação

A conformação da carcaça também é avaliada de maneira subjetiva, levando

em consideração a proporção e a distribuição de músculo nas diversas regiões da

carcaça, e seguindo os critérios de avaliação segundo a Portaria nº 612 de 1989 e a

Instrução Normativa nº 9 de 04/05/2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA). As principais regiões observadas são a parte posterior e a

paleta, dividindo as carcaças em seis categorias: C = convexo (5); Sc = sub-convexo

(4); Re = retilíneo (3); Sr = sub-retilíneo (2); Co = côncavo (1); e destinadas à

industrialização (0), conforme é demonstrado na Figura 10. As Figuras 11, 12, 13,

14, 15 e 16 são imagens tiradas dentro do frigorífico que exemplificam as categorias

de conformação.

20

Figura 10. Perfis de conformação de carcaça bovina Fonte: Adaptado de Hall et al. (1988)

Figura 11. Carcaça classificada como “destinada à industrialização (0)” Fonte: O Autor

21

Figura 12. Carcaça classificada como conformação “côncava (1)” Fonte: O Autor

Figura 13. Carcaça classificada como conformação “sub-retilínea (2)” Fonte: O Autor

22

Figura 14. Carcaça classificada como conformação “retilínea (3)” Fonte: O Autor

Figura 15. Carcaça classificada como conformação “sub-convexa (4)” Fonte: O Autor

23

Figura 16. Carcaça classificada como conformação “convexa (5)” Fonte: O Autor

4.6 Avaliação de Machucaduras

As machucaduras foram avaliadas visualmente, e identificadas por região da

carcaça (Figura 17) e classificadas com base na profundidade da lesão.

Cada grau de machucadura foi subdividido em três níveis: Pouco (apenas

machucaduras leves ou superficiais que atingem a cobertura de gordura e o músculo

superficialmente); Médio (a lesão atinge mais profundamente a região muscular) e

Muito (quando a lesão é grave e atinge profundamente o músculo ou quando é

possível a observação da porção óssea). As Figuras 18, 19, 20 e 21 demonstram

lesões ocorridas em animais abatidos no frigorífico.

24

Figura 17. Cortes secundários bovinos Fonte: Adaptado de BeefPoint (2014)

Para o critério de machucaduras as carcaças foram classificadas em: Parte

Machucada (quando ocorriam lesões em até quatro regiões da carcaça com

intensidade indo de pouco a médio); Machucada (quando ocorreram lesões de

intensidade “muito” na carcaça em mais de uma região) ou Salsicharia (quando

ocorreram lesões de grande intensidade por toda a carcaça).

Figura 18. Carcaça classificada como “machucada” Fonte: O Autor

25

Figura 19. Carcaça classificada como “salsicharia” Fonte: O Autor

Figura 20. Carcaça classificada como “Parte Machucada” com lesões na região do

coxão duro, contrafilé, paleta e vazio. Fonte: O Autor

26

Figura 21. Carcaça classificada como “Parte Machucada” com lesões na região da paleta, costela, vazio e alcatra.

Fonte: O Autor

4.7 Relatórios de Abate e Análise de Correlações

Todos os dados de abate coletados no dia com o software SisAtak® eram

transferidos para planilhas de Excel, para posterior análise estatística dos dados, e

produção dos relatórios (Figura 22).

As análises das correlações técnicas e financeiras foram realizadas

comparando variáveis dentro de cada sexo, utilizando a função “CORREL” do Excel,

que utiliza a metodologia da Correlação de Pearson. A análise de correlação mede o

grau (intensidade) e a direção (proporcional ou inversamente proporcional) da

relação linear ou não linear entre duas variáveis.

27

Figura 22. Exemplo da planilha com dados de romaneio e tipificação de carcaça Fonte: O Autor

Para interpretação da análise de correlação foi utilizado o coeficiente “r” que

varia entre -1 e +1. Se o coeficiente for próximo a 0, as variáveis não estão

relacionadas; e quanto mais se aproximar de 1, mais forte será esta correlação. Se a

correlação se apresentar negativa, indica que as duas variáveis movem-se em

direções opostas, e são inversamente proporcionais.

Tabela 4. Interpretação dos possíveis valores para o coeficiente de correlação

Coeficiente de Correlação (r) Interpretação

0,00 a 0,09 Correlação desprezível

0,10 a 0,29 Correlação fraca

0,30 a 0,69 Correlação moderada

0,70 a 0,89 Correlação forte

0,90 a 1,00 Correlação muito forte

Fonte: Lira (2004)

28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Relatório Acumulado de Abate

O número de carcaças avaliadas, entre março de 2010 até novembro de

2015, chegou a 454.939, sendo 22,32% fêmeas (101.542) e 77,68% machos

(353.397). Nos machos, 1,17% eram touros (4.123); 25,31% eram machos inteiros

(89.450); e 73,52% machos castrados (259.824).

Em relação a maturidade das fêmeas (Tabela 5), foi verificado que a grande

maioria eram vacas de recria para descarte, com idade avançada, e que a

quantidades de novilhas jovens ainda foi pequena, resultando em baixa qualidade de

carne das fêmeas em geral.

Também foi possível observar a distribuição dos machos abatidos nas

diferentes idades (Tabela 5). O programa tem identificado que, em sua maioria

(58,73%), os animais apresentam idade de abate igual ou inferior a 2 anos e meio. O

ideal seria que este percentual fosse ainda maior, pois animais terminados mais

jovens resultam em giro mais rápido de capital, tornando o sistema economicamente

mais viável. A menor idade dos animais também favorece a qualidade, pois quando

aliada ao grau de acabamento uniforme, o animal mais jovem pode proporcionar

carne com maior grau de maciez.

Tabela 5. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação à idade aproximada

Pares de dentes incisivos permanentes

Idade aproximada Fêmeas (%) Machos (%)

0 6 a 20 meses 5,97 6,34

1 2 anos 11,86 22,13

2 2,5 anos 11,27 30,26

3 3 anos 15,55 26,07

4 4 anos 55,35 15,19

Fonte: LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

29

Quando avaliadas as características de conformação (Tabela 6) e

acabamento (Tabela 7), os resultados permitem concluir que em média, o produto

final ainda é de baixa qualidade.

Em sua maioria, as carcaças das fêmeas apresentaram conformações sub-

retilínea e retilínea (89,07%), que significa menor rendimento dos cortes comerciais,

pois o volume muscular depositado nas diferentes regiões do corpo, principalmente

no quarto posterior do animal, foi menor. O ideal para esta variável seria a

conformação 5 (convexa).

Em relação à conformação das carcaças dos machos, os dados permitem

concluir que as carcaças oriundas de animais abatidos no estado ainda deixam a

desejar, pois tem-se a maioria das carcaças no perfil retilíneo e sub-retilíneo

(81,67%).

Tabela 6. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação à conformação das carcaças

Conformação Nomenclatura Fêmeas (%) Machos (%)

0 Destinada à industrialização 0,32 0,06

1 Côncava 2,79 0,61

2 Sub-retilínea 43,22 20,91

3 Retilínea 45,85 60,76

4 Sub-convexa 6,61 15,29

5 Convexa 1,21 2,37

Fonte. LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

Quanto ao acabamento de gordura (Tabela 7), a maioria das carcaças dos

machos apresentaram o padrão escasso e mediano de gordura (67,33%). Isto

demonstra que os pecuaristas, por questões de genética ou de alimentação, não

tem conseguido conciliar a idade de abate com um bom acabamento de gordura dos

animais.

Também foi observada uma grande porcentagem de carcaças de fêmeas com

gordura escassa (28,95%) e mediana desuniforme (24,41%). Carcaças com este

grau de acabamento ficam muito susceptíveis ao frio das câmaras frigorificas,

ocasionando maior perda de fluídos durante a refrigeração, e sofrendo o

encurtamento das fibras musculares, processo conhecido como “cold shortening”.

Este processo ocasiona o endurecimento dos cortes mais superficiais, e

consequentemente, reduz a maciez. O ideal para esta variável seria um acabamento

30

de gordura entre 4 e 10 mm (mediana a uniforme), pois retarda a velocidade de

resfriamento, funcionando como um isolante térmico, e interferindo positivamente na

conversão do músculo em carne (rigor mortis).

Tabela 7. Porcentagem de fêmeas e machos abatidos em relação ao grau de acabamento de gordura

Acabamento Nomenclatura Fêmeas (%) Machos (%)

0 Ausente 14,77 17,20

1 Escasso 28,95 34,87

2 Mediano 31,16 32,46

Desuniforme 78,35 78,70

Uniforme 21,65 21,30

3 Uniforme 20,02 14,89

Desuniforme 42,87 37,99

Uniforme 57,13 62,01

4 Excessivo 5,10 0,58

Desuniforme 24,05 14,39

Uniforme 75,95 85,61

Fonte: LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

Em relação às machucaduras nas carcaças, o programa permitiu apontar os

resultados demonstrados na Tabela 8. As fêmeas apresentam a maior porcentagem

de machucaduras em relação aos machos. Isto está relacionado com a conformação

destas serem mais sub-retilíneas, o que torna a ossatura mais evidente

(protuberante) e os animais mais susceptíveis a lesões no momento do manejo.

Alguns cortes foram avaliados separadamente quanto às lesões (contra filé, filé

mignon e picanha), por serem os cortes mais nobres e quando apresentam qualquer

tipo de lesão perdem o valor agregado.

31

Tabela 8. Ocorrência de lesões em carcaças e cortes comerciais, classificadas por tipo de machucaduras e por sexo.

Local Machucado Fêmeas (%) Machos (%)

Parte machucada 18,83 8,22

Machucada 3,96 0,91

Contra Filé 0,48 0,29

Mignon 0,07 0,04

Picanha 0,72 0,42

Costela 6,21 2,08

pouco 23,20 24,31

médio 16,48 16,57

muito 60,31 59,12

Dianteiro 5,55 1,59

pouco 25,42 23,67

médio 21,36 18,66

muito 53,22 57,67

Traseiro 10,05 5,07

pouco 37,60 40,64

médio 18,18 15,74

muito 44,22 43,62

Vazio 7,52 3,91

pouco 34,97 38,99

médio 17,87 15,11

muito 47,16 45,90

Fonte: LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

5.2 Estudo de Correlações Técnicas e Financeiras

Na análise de correlações entre as características de carcaça que expressam

qualidade, nenhum dos resultados demonstraram forte correlação (valor de “r”

superior a 0,7), o que significa que não há padronização nos animais abatidos

(Tabela 9). Para ambos os sexos, a correlação entre conformação e idade, e

acabamento e idade, é fraca (r < 0,3), sendo negativa para os machos. Isto significa

que os animais abatidos com maior maturidade, estão apresentando pior

32

conformação e pior acabamento de carcaça, ou ainda, que animais mais jovens

estejam apresentando melhor conformação e acabamento.

A correlação entre conformação e peso demostra que, para 48,06% das

fêmeas, e para 38,67% dos machos, quanto mais pesadas eram as carcaças,

melhor conformação elas apresentavam. Estas foram as variáveis que apresentaram

maior correlação, mas ainda sim, não é considerada uma correlação forte. Isto indica

que a maioria das carcaças não possui conformação condizente com o seu peso.

Tabela 9. Correlações (r) técnicas entre as características de carcaça que expressam qualidade de fêmeas e machos

Correlações Técnicas Fêmeas Machos

Conformação x Idade 0,0189 -0,0785

Acabamento x Idade 0,1024 -0,0310

Conformação x Peso 0,4806 0,3867

Conformação x Acabamento 0,3680 0,2040

Peso x Idade 0,2961 0,2108

Acabamento x Peso 0,3606 0,1131

Sexo x Peso 0,4529

Fonte: LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

Na correlação entre conformação e acabamento, é possível verificar que os

pecuaristas ainda não estão conseguindo aliar a boa conformação com um bom

acabamento de gordura. Isto significa que, por vezes, animais de boa genética, que

apresentam boa conformação, não recebem dieta adequada, rica em energia, e

assim não conseguem depositar gordura.

As correlações entre peso e idade, e entre peso e acabamento, demonstram

que os animais são abatidos tardiamente, com pouco peso e pouco acabamento de

gordura, tendo como produto final cortes leves, escuros, e de pouca qualidade.

Quando observada a correlação entre sexo e peso, apesar de moderada, confirma o

dimorfismo sexual existente entre os bovinos, sendo que geralmente as fêmeas

apresentam menor peso de abate quando comparadas aos machos.

O preço utilizado para a análise das correlações financeiras refere-se ao valor

em reais, pago pela arroba do boi abatido para cada produtor, sendo à vista ou a

prazo. Analisando os dados, é possível verificar que o frigorífico não utiliza nenhum

padrão para efetuar o pagamento, sendo que nenhuma das variáveis apresentou

correlação com o preço pago (Tabela 10). Ou seja, os produtores não recebem

33

nenhum estímulo financeiro para melhorar a qualidade do produto entregue ao

frigorífico, não sendo assim interessante a eles investir em tecnologias que irão

aumentar o custo de produção.

Tabela 10. Correlações (r) financeiras entre as características de carcaça e o preço pago aos pecuaristas

Correlações Financeiras Fêmeas Machos

Peso x Preço 0,0893 0,0682

Idade x Preço -0,0152 -0,1238

Conformação x Preço 0,1342 0,2150

Acabamento x Preço 0,1015 0,0952

Sexo x Preço 0,1840

Fonte: LAPBOV/CIA/UFPR (2015)

34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que os animais abatidos no estado do Paraná apresentam

baixo padrão de qualidade de carcaça, sendo que pelos resultados foi possível

verificar que os animais são em geral, abatidos tardiamente e com grau ruim de

acabamento e conformação.

A pecuária de corte brasileira deve ter como principal meta satisfazer o

consumidor final, sempre buscando produzir carnes com elevada qualidade e

durabilidade na prateleira. Neste sentido, a análise de tipificação e classificação de

carcaças é fundamental para se obter um diagnóstico dos produtos de cada

propriedade, podendo desta forma, auxiliar a orientação para melhorias no manejo e

genética, e assim resultando em padronização do produto final.

O ideal é que estas ferramentas sejam introduzidas em todos os frigoríficos,

instituindo critérios para bonificação e penalização de acordo com a qualidade da

carcaça entregue. A mudança será gradativa e lenta, mas deve ser iniciada o quanto

antes. Assim o produtor será estimulado a melhorar o manejo e genética dos

animais na propriedade, beneficiando a todos dentro desta cadeia.

35

7 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

7.1 Plano de Estágio

O período de estágio foi de 10 de agosto até 30 de outubro de 2015, no

horário das 8:00 às 12:00 e 14:00 às 18:00 hs, totalizando 450h.

De acordo com o Plano de Estágio aprovado pela Comissão Orientadora de

Estágios (COE), foi programado o acompanhamento das atividades relacionadas ao

projeto de Tipificação de Carcaças do Paraná, englobando as seguintes atividades:

1) Aprendizado, treinamento e execução da classificação de carcaças de

bovinos de corte;

2) Análise e elaboração de relatórios de classificação de carcaças;

3) Análise estatística de dados relacionados a trabalhos de classificação de

carcaças bovinas;

4) Desenvolvimento e acompanhamento de trabalhos relacionados à

indústria frigorífica;

5) Desenvolvimento de processos industriais relacionados à indústria

frigorífica de bovinos.

7.2 Local do Estágio

O estágio foi realizado no Frigorífico Argus, localizado na região metropolitana

de Curitiba, cidade de São José dos Pinhais, sob o Serviço de Inspeção Federal n°

1710. O frigorífico conta com estrutura para realização de abate de bovinos, suínos

e ovinos, numa área de 9 mil m², situado num parque com 60 ha. Cerca de 500

funcionários trabalham no frigorífico, e a capacidade de abate é de 60 bois/h. A

distribuição da carne é realizada com frota própria, e fornecida aos estados do

Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, enquanto o couro é vendido ao estado de

36

Santa Catarina. A fiscalização é realizada pelo S.I.F., que possui escritório próprio

dentro do frigorífico.

Figura 23. Imagem aérea do frigorífico Fonte: Rede social do Frigorífico Argus (2015)

7.2.1 Transporte e Recebimento dos Animais

De acordo com o CIRCULAR Nº192/98/DCI/DIPOA, após a compra do gado,

o setor responsável pela operação providencia o embarque dos animais para o

abatedouro, a partir da propriedade rural. Os animais devem ser transportados até o

abatedouro em caminhões previamente limpos e desinfetados, acompanhados de

Guia de Trânsito Animal (GTA) regularmente expedida por Médicos Veterinários.

No dia anterior ao abate o frigorífico fornece ao SIF, a papeleta de

comunicação de abate do dia seguinte, onde estão configurados os seguintes

detalhes: o número do lote, número e classificação dos animais, proprietário,

propriedade, município, estado de origem e o número da GTA (MAPA, 1998).

37

7.2.2 Currais de Chegada e Espera

Os animais são desembarcados e alojados nos currais de chegada e espera,

e então identificados de acordo com a procedência e separados conforme

classificação. O Inspetor Veterinário do SIF faz a inspeção ante-mortem no dia

anterior ao abate e também no dia do abate (Art. 107 e Art. 111). Somente após o

período de descanso, jejum e de dieta hídrica, conforme previsto no Regulamento da

Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal do Brasil (RIISPOA),

os animais podem ser encaminhados para abate (Art. 110). Os currais devem

apresentar as seguintes características (Art. 34-3):

a) área proporcional à capacidade máxima de matança diária do

estabelecimento. Para melhor movimentação do gado, é desejável que cada curral

tenha duas porteiras da mesma largura;

b) facilidades para o desembarque e o recebimento dos animais, possuindo

rampa suave, construída em concreto-armado, com antiderrapantes;

c) pavimentação com declive para desaguamento apropriado, superfície com

antiderrapantes no raio das porteiras, sem fendas, dilacerações ou concavidades

que possam provocar acidentes nos animais, ou que dificultem a limpeza e

desinfecção. Construído em paralelepípedos rejuntados, de concreto-armado, ou

outro material impermeável de fácil higienização aprovado pelo D.I.P.O.A. Canaletas

de desaguamento, situadas na parte mais baixa do declive, evitando-se ralos

centrais;

d) cercas construídas em madeira aparelhada ou de outro material resistente,

sem cantos ou proeminências (pregos, parafusos, etc.), que possam ocasionar

contusões, ou danos à pele dos animais;

e) plataformas elevadas, construídas sobre as cercas, com corrimões de

proteção, para facilitar o exame ante-mortem, o trânsito de pessoal e outras

operações. O traçado de tais plataformas obedecerá sempre ao critério da I.F.;

f) bebedouros de nível constante, construídos em alvenaria, concreto-armado,

ou outro material adequado e aprovado pelo DIPOA, impermeabilizados

superficialmente e isentos de cantos ou saliências vulnerantes. Suas dimensões

devem permitir que 20 % dos animais bebam simultaneamente (MAPA, 1952).

O frigorífico tem capacidade para alocar cerca de 350 animais nos 10 currais

disponíveis na mangueira, de acordo com as especificações do Ministério. Desta

38

forma é recomendável que se realize uma reforma para que a capacidade seja

aumentada e para que sejam respeitadas as recomendações de bem-estar animal.

Figura 24. Imagem panorâmica da mangueira Fonte: O Autor

7.2.3 Rampa de Acesso

Com paredes de alvenaria, revestidas de cimento liso e completamente

fechadas. As porteiras são do tipo guilhotina, a fim de separar os animais em lotes e

impedir a sua volta. O piso, construído parte de concreto e parte de paralelepípedos

rejuntados, que permite fácil limpeza e evita que os animais escorreguem. Sua

capacidade deve ser de 10% da capacidade horária da sala de abate (Art. 34-3 -

MAPA, 1952).

No corredor de acesso do frigorífico as paredes laterais são na forma

côncava, e se afunilam a cada portão, formando assim muitas quinas onde os

animais podem lesionar-se.

7.2.4 Seringa

Continuação do corredor de acesso, porém afunilado, permitindo a

movimentação dos animais em “fila indiana”. De alvenaria, com paredes

impermeabilizadas com cimento liso, sem apresentar bordos ou extremidades

salientes, porventura contundentes ou vulnerantes, e piso de concreto. Não deve

apresentar aclive acentuado. A movimentação dos animais, desde o desembarque

até o boxe de atordoamento, deve ser auxiliada por meio de choque elétrico de 40 a

60 volts, proibindo-se o uso de ferrões (Art. 109, parágrafo único - MAPA, 1952).

39

Figura 25. Animais na seringa sendo lavados pelo chuveiro Fonte: O Autor

7.2.5 Chuveiro

Construído de canos perfurados, em toda a extensão da seringa. O uso de

borrifadores é mais recomendável, porquanto reduz em cerca de 30% o gasto de

água, em relação aos canos perfurados. Estes são instalados, de modo a não

formarem saliências para dentro dos planos da seringa, o que certamente

ocasionaria contusões nos bovinos e a danificação dos próprios artefatos. Os

animais também recebem jatos d'água de chuveiros sob pressão, nos currais de

espera, pois isso auxilia no bem-estar do animal. Neste caso, a tubulação aspersora

está instalada por sobre os currais (Art. 146 - MAPA, 1952).

7.2.6 Boxe de Atordoamento

O atordoamento deve ser realizado de forma humanitária e com o uso de

equipamentos e instalações adequadas ao bem estar animal. O box é individual, isto

é, adequados à contenção de um só bovino por unidade. O box é de construção

inteiramente metálica, reforçada e com porta de entrada do tipo guilhotina. O fundo e

40

o flanco que confina com a Área de “Vômito” são móveis, possuindo o primeiro,

movimento basculante lateral e o segundo, movimento de guilhotina. Acionados

mecanicamente e em sincronismo, depois de atordoado o animal, ocasionam a

ejeção deste para a Área de “Vômito”.

Figura 26. Animal sendo dessensibilizado pela marreta Fonte: O Autor

Figura 27. Crânio bovino com três perfurações de marreta Fonte: O Autor

41

Na Área de “Vômito” não é permitido mais de um animal atordoado, evitando-

se desta forma que um animal regurgite sobre o outro que está sendo guinchado. O

atordoamento é efetuado por concussão cerebral, empregando-se marreta

apropriada ou outro processo, que seja aprovado pelo Serviço (Art. 135). Dentro do

frigorífico a dessensibilização possui um ponto crítico, que pelo fato do animal ficar

solto no box de atordoamento, sem estar contido por meio de brete, o funcionário

por vezes acaba não conseguindo dessensibilizar o animal no primeiro tiro da

marreta. Na Figura 27 podemos observar que foram necessários três disparos da

marreta para conseguir dessensibilizar o animal. Isso por vezes ocorre, ocasionando

grande estresse no animal, que posteriormente irá resultar em queda na qualidade

da carne (MAPA, 1952).

7.2.7 Área de “Vômito”

Esta área tem o piso revestido, a uma altura conveniente, por grade metálica

resistente, de tubos galvanizados. No local há ainda um anteparo destinado à

proteção dos operários.

Figura 28. Animal sendo içado na área de “vômito” Fonte: O Autor

42

Frequentemente os bovinos sujam-se regurgitando e defecando, para tanto,

fica instituída a obrigatoriedade da instalação de um sistema de chuveiro (Art. 34-

16). Após a lavagem, os animais são amarrados pela pata traseira por uma corrente,

e levantados por um guincho até a nória (MAPA, 1998).

7.2.8 Sala de Abate

Construída em pavimento superior, a sala de abate fica separada de outras

dependências, como a triparia, desossa, seção de miúdos, etc. Para a entrada dos

funcionários na sala é necessário que estes estejam devidamente uniformizados e

higienizados de maneira correta, o que muitas vezes não acontece (Art. 81).

Para o manejo das chaves da trilhagem e comando dos guinchos de descida

e ascensão dos bois, é proibido o uso de cordas, por serem anti-higiênicas. Em seu

lugar devem-se usar arames ou correntes de aço ou cordões de "nylon", com argola

de aço na extremidade.

Todo equipamento situado no trajeto da trilhagem deve dispor-se de tal forma

que as carcaças não possam tocá-lo. Na impossibilidade de atender-se a esta

exigência, o equipamento será revestido de material inoxidável, de superfície lisa, e

mantido em estado de permanente e escrupulosa limpeza (Art. 33 e Art. 34-2 -

MAPA, 1952).

7.2.9 Área de Sangria

Deve ser preferentemente, separada do resto da sala de abate. A sangria é

realizada pela secção dos grandes vasos do pescoço, à altura da entrada do peito,

depois de aberta a barbela, sendo cada corte feito por diferentes facas. É executada

por operário devidamente treinado, e o animal deve estar suspenso pelos membros

traseiros (Art. 140).

O sangue é recolhido em canaleta própria, denominada "canaleta de sangria".

Ela foi construída de modo a aparar o sangue, sem que este se polua com o

"vômito" ou com a água que porventura escorra dos animais dependurados,

construída em alvenaria, recoberta com azulejos. O operário que executa a sangria

trabalha anteparado por uma mureta. Ele tem à sua disposição, pia profunda com

43

água morna corrente (torneira a pedal) e esterilizador padrão para as facas (Art.

101).

Figura 29. Animal sendo sangrado Fonte: O Autor

Pretendendo-se a utilização do sangue ou do plasma sanguíneo como

ingrediente de produtos comestíveis, a sangria, precedida de uma conveniente

higienização do local do corte, é efetuada com faca especial, obrigatoriamente

esterilizada após a operação em cada animal. Os recipientes para o recolhimento

individual do sangue devem ser de material inoxidável ou de plástico adequado,

formato cilíndrico, com cantos arredondados, com tampas, e assinalados de forma a

permitir que facilmente se determine a relação de origem entre os respectivos

conteúdos e os animais sangrados (Art. 417).

O sangue só pode ser liberado após a livre passagem do respectivo animal

pelas linhas de inspeção, sendo rejeitado no caso da sua contaminação ou da

verificação de qualquer doença que o possa tornar impróprio. Os recipientes

somente podem ser reutilizados depois de rigorosamente limpos e esterilizados.

A operação de corte dos chifres é feita nesta área, utilizando-se alicate

hidráulico. Na área onde se executam as primeiras operações da esfola, estão

instalados, esterilizadores para os instrumentos e pias suficientemente profundas

44

para a lavagem de braço e antebraço dos operários, com torneiras acionadas a

pedal (MAPA, 1952).

Figura 30. Corte do chifre por meio de alicate hidráulico Fonte: O Autor

7.2.10 Esfola

A esfola do animal é feita por sistema aéreo, isto é, com o bovino

dependurado no trilho, e será feita com os operários trabalhando em plataformas

metálicas elevadas, situadas em altura que possibilite um desempenho cômodo,

eficiente e higiênico das operações, sem comprometer o andamento do abate.

Nessas plataformas, estão instaladas pias e esterilizadores de instrumentos, em

número suficiente e em posição adequada, a critério da I.F.

Figura 31. Oclusão do reto Fonte: O Autor

45

Para maior segurança sanitária, é realizada a oclusão do reto durante o

procedimento de esfola, em que é feito o rodelamento da região anal com faca, e

após insere-se o ânus em um saco plástico e com um barbante realiza-se um

amarrilho para evitar extravasamento do conteúdo intestinal na cavidade abdominal.

Primeiramente faz-se a esfola manual, por onde se retira o couro da parte

posterior, do matambre e da cabeça, para então realizar o arriamento do couro, que

consiste na retirada do couro por meio de guincho e com auxilio de um rolo. O

transporte é feito por meio de tubulações, evitando-se, de qualquer maneira e

sempre, o arrastamento das peças pelo piso.

Figura 32. Esfola mecânica do couro Fonte: O Autor

A descarnagem e lavagem do couro não podem ser executadas na sala de

abate, mas em seção separada, especialmente a isto destinada. Na esfola um ponto

crítico é a retirada da vassoura da cauda, que muitas vezes acaba não saindo junto

ao couro, e por vezes entra em contato com as carcaças e pode contaminar a carne

(MAPA, 1952).

7.2.11 Retirada da Cabeça

Usa-se um saca-rolha de aço inoxidável, para a separação entre o esôfago e

a traqueia. Em seguida, faz-se a amarração do esôfago com barbante para que não

haja o extravasamento do conteúdo ruminal. Neste ponto também é realizada a

46

contagem dos dentes incisivos para a marcação da maturidade na carcaça. Separa-

se a cabeça da carcaça desarticulando a articulação atlas-occipital, e então é

realizada uma marcação no côndilo do occipital com lápis-tinto e uma marcação com

o mesmo número na carcaça, para perfeita identificação e correlação entre elas (Art.

144 - MAPA, 1952).

Figura 33. Separação do esôfago e traqueia Fonte: O Autor

7.2.12 Lavadouro de Cabeças

Destina-se à indispensável lavagem da parte externa do conjunto cabeça-

língua, bem como à limpeza de suas cavidades (boca, narinas e laringe), para a

remoção dos resíduos do "vômito”, a fim de apresentar-se o conjunto à Inspeção em

satisfatórias condições de observação e também assegurar-se a higiene das

porções comestíveis.

O lavadouro esta localizado próximo à mesa de inspeção, e nas imediações

do local onde se faz a excisão da cabeça. Facilita-se, assim, a remoção do sangue o

mais rapidamente possível. No transporte das cabeças do lavadouro até o ponto de

inspeção, ou deste até o local de sua excisão, a condução das peças é realizada por

intermédio de nória, fazendo-se obrigatório o espaçamento mínimo de 0,45 cm,

entre as peças, a fim de evitar o contato de uma com outra. A lavagem é feita com

auxilio de uma mangueira a cuja extremidade ajusta-se um cano bifurcado, que se

introduz nas narinas e boca.

47

Figura 34. Lavagem do crânio Fonte: O Autor

O equipamento para a inspeção do conjunto cabeça-língua compreende o

lavadouro de cabeças e a mesa de inspeção propriamente dita com os seus

respectivos anexos. A localização desse equipamento é próxima à mesa de

inspeção de vísceras, para facilitar a comunicação entre essas duas linhas e a exata

marcação das peças suspeitas (MAPA, 1952).

7.2.13 Evisceração e Inspeção de Vísceras

Destina-se à recepção e à inspeção do conjunto constituído pelo trato

digestivo (esôfago, estômagos e intestinos), assim como o baço, o pâncreas, a

bexiga e o útero. A evisceração é realizada sobre mesa rolante, e compõe-se de um

mecanismo, que faz girar em sentido horizontal, uma esteira contínua, composta por

uma fileira de bandejas de aço inoxidável, destinadas a receber as peças a

examinar.

As bandejas são acopladas à base mecânica de maneira que acompanham o

percurso da carcaça, para que ocorra a identificação desta, caso haja condenação

(Art. 143). As bandejas, logo depois de usadas, são lavadas e esterilizadas por

dispositivo de aspersão de água quente convenientemente disposto em seu caminho

de retorno. É obrigatória a instalação de termômetro para o controle de temperatura

48

da água. Em local próximo, posiciona-se o quadro para marcação de órgãos e

carcaças condenadas.

Figura 35. Evisceração da carcaça Fonte: O Autor

Figura 36. Mesa de inspeção de vísceras Fonte: O Autor

49

As bandejas recebem compartimentos a fim de separar o setor onde se

procede à evisceração e deposição das vísceras sobre a mesa, do setor onde se

procede à inspeção. Estes setores são parcialmente separados entre si por uma

divisão metálica, de modo a evitar que as vísceras arriadas caiam diretamente no

setor de inspeção e prejudique os exames que ali se realizam.

Ainda, o setor de inspeção é subdividido em vísceras abdominais e fígado

com órgãos torácicos (pulmões e coração). Na extremidade situam-se os "chutes" ou

aberturas para a saída e condução dos estômagos e intestinos limpos e

inspecionados, que se destinam, respectivamente, à bucharia e à triparia.

Figura 37. Quadro de marcação das condenações Fonte: O Autor

Em local conveniente do setor de inspeção situa-se uma abertura destinada a

dar saída às peças contaminadas por conteúdo gastrintestinal e às demais

condenadas pela I.F. e que não necessitem ser removidas para o Departamento de

Inspeção Final, bem como à vazão das águas contaminadas. As peças condenadas,

destinando-se à graxaria sob o controle da I.F., são recolhidas em carrinho privativo

pintado de vermelho, colocado debaixo da mesa (Art. 34-10 - MAPA, 1952).

50

7.2.14 Divisão Longitudinal da Carcaça

Instalada após a evisceração, a serra possui esterilizador próprio instalado

junto ao equipamento. Como rotina, exige-se a esterilização da serra no início dos

trabalhos e após a operação em cada animal. São exigidas lâminas sobressalentes

de fácil acesso para evitar descontinuidade do trabalho (MAPA, 1952).

Figura 38. Serragem da carcaça Fonte: O Autor

7.2.15 Plataforma para Inspeção de Carcaças

Localiza-se após a plataforma para serra de carcaças. Propicia posição

adequada ao funcionário encarregado da inspeção do quarto posterior. Esta

abrange: superfície externa e interna do quarto, e rins (Art. 151). É construída em

ferro galvanizado, possuindo detalhes relacionados com a segurança do trabalho

(piso com ranhuras antiderrapantes e parapeito) (MAPA, 1952).

51

7.2.16 Carimbagem das Carcaças

Na plataforma de inspeção de carcaças também está localizado o funcionário

que realiza a marcação das carcaças de acordo com a data, lote e sequência da

carcaça.

Figura 39. Carimbo de identificação da carcaça localizado na costela Fonte: O Autor

Figura 40. Carimbagem da carcaça com o carimbo do SIF Fonte: O Autor

52

Este carimbo fica localizado na pleura parietal, na região da ponta de agulha e

sobre uma das costelas. O funcionário também carimba externamente a carcaça de

acordo com o sexo do animal, carimba em caso de abate terceirizado ou em caso de

abate com preceitos religiosos. Por fim, após a inspeção, a carcaça recebe o

carimbo do SIF, sinalizando o aval para o consumo humano (Art. 153 - Mapa, 1952).

7.2.17 Departamento de Inspeção Final

Instalado em local de fácil acesso, isolado das diferentes áreas de trabalho da

sala de abate, recebe as vísceras, órgãos e carcaças com suspeita de contaminação

ou doenças. Da linha normal de circulação das carcaças, o desvio para este

departamento é feito logo após o ponto da penúltima linha de inspeção.

Figura 41. Departamento de Inspeção Final Fonte: O Autor

O D.I.F. possui, obrigatoriamente, as seguintes características, condições e

instalações (Art. 152):

a) plataforma para exame da parte superior da carcaça, com corrimão de

segurança e piso antiderrapante. Deve esta plataforma ter largura de 0,65 m, no

mínimo, e ser provida de um esterilizador segundo modelo oficial;

b) carrinho ou "chute", e assim recipientes de chapa galvanizadas, pintados

externamente de vermelho, para receberem os resíduos derivados das “limpezas",

da resseção de contusões e das condenações;

53

c) esterilizador;

d) pia com torneira acionada a pedal, exibindo os seguintes acessórios:

saboneteira para sabão líquido, munido de solução desinfetante, toalha não

reutilizável e recipiente para o descarte das toalhas usadas;

e) vapor canalizado e mangueira própria, para higienização do recinto;

f) mesa de inspeção, em aço inoxidável, com ganchos-suportes para as peças

a examinar, sistema de drenagem conveniente com canaleta removível;

g) "chute" diretamente ligado à seção de miúdos, para a remoção de todas as

vísceras destinadas ao aproveitamento condicional e que serão manipuladas em

mesa privativa;

h) plataforma, para eventual limpeza de contusões;

i) conjunto de trilhos aéreos, para sustentação e movimentação das meias-

carcaças, com capacidade mínima de 2 % do total do abate, sendo indispensável

que haja um trilho para entrada de carcaças e outro de saída para a linha normal. É

também necessário que haja trilhos-desvios, para o estacionamento de carcaças,

que porventura requeiram um exame mais demorado, sem prejuízo da

movimentação das demais;

j) à entrada do Departamento de Inspeção Final deve existir uma placa com

os dizeres: PRIVATIVO DA INSPEÇÃO FEDERAL.

7.2.18 Toalete da Carcaça e Material de Risco Especificado

O toalete consiste na retirada dos excessos de gordura, de pequenas

contusões, dos ligamentos, dos tendões e da medula espinhal, considerada material

risco especificado. Os materiais de risco especificado para a encefalopatia

espongiforme bovina (mais conhecida como doença da vaca louca) são identificados

em globo ocular, cérebro, amidalas, medula espinhal e o gânglio trigeminal. Estes

materiais são separados e enviados a graxaria, onde passam por processo de

esterilização e por fim incineração. Durante o abate ocorre diversas vezes a não

retirada total da medula espinhal, sendo que este material é retirado posteriormente

na linha de abate, e colocado junto a outros resíduos da produção, sendo enviado a

graxaria sem os devidos cuidados, e podendo resultar em contaminação.

54

Figura 42. Plataforma de toalete das carcaças Fonte: O Autor

7.2.19 Pesagem e Classificação da Carcaça

Ao final do processo de abate e antes da lavagem das carcaças, estas são

pesadas e classificadas, para que se faça uma separação logística dentro das

câmaras frias, para a posterior venda. A pesagem é realizada por balança digital

acoplada à nória, e então inserida no software do frigorífico pelo balanceiro.

A classificação é realizada de acordo com o Programa de Tipificação do

Paraná, e também inserida no software. Este software gera relatórios de lote que

são entregues aos pecuaristas, e relatórios diários que são enviados à expedição e

ao departamento administrativo do frigorífico, chamados romaneio.

7.2.20 Lavadouro das Meias-Carcaças

A lavagem das meias-carcaças deve ser feita com jatos d'água à temperatura

de 38ºC e sob uma pressão mínima de 3 atm. Os jatos provem de uma máquina

própria, em que a lavagem se faz em túnel, ao longo do qual, ao passarem as

meias-carcaças, puxadas pela nória, recebem os jatos cruzados provenientes de

tubulações hidráulicas laterais. Cada lado está disposto canos com projeção

perpendicular ao piso, com ligeira obliquidade no sentido do trajeto das meias-

carcaças; são munidos de bicos através dos quais passam violentíssimos jatos

d'água, retilíneos, transversais, que atingem as meias-carcaças de cima abaixo, em

55

todas as partes. Este chuveiro funciona sob controle automático. Nestas operações

escovas e panos de quaisquer espécies são terminantemente proibidos.

Figura 43. Máquina para lavagem das carcaças Fonte: O Autor

7.2.21 Câmaras Frias

Após a lavagem das carcaças, estas devem ser imediatamente resfriadas, a

fim de conter a elevação da temperatura resultante do processo de transformação

do glicogênio em ácido lático, além de dissipar a energia potencial do músculo

atribuída à mudança do estado físico das proteínas musculares, que ocorre no

processo de rigor mortis. Este resfriamento deve ocorrer no período de 24h, a uma

temperatura entre 0°C e 4°C (MAPA, 1998). A carcaça não sendo resfriada

adequadamente, propicia um ambiente mais vulnerável a proliferação de

microrganismos, podendo resultar em possível condenação. As carcaças devem ser

armazenadas de maneira que não encostem umas nas outras, nem encostem nas

paredes e no chão (Art. 245 - MAPA, 1952).

56

Figura 44. Carcaças dentro da câmara fria Fonte: O Autor

7.2.22 Sala da Desossa

Desossa é a retirada dos músculos de suas respectivas bases óssea. A

“Padronização dos Cortes de Carne Bovina” foi instituída pela aprovação da Portaria

nº5, de 08 de novembro de 1988, da Secretaria de Inspeção de Produto Animal

(SIPA), do Ministério da Agricultura. Isto contribuiu para melhorar o direcionamento

da carne beneficiada industrialmente e aperfeiçoar as condições de comercialização

do produto final.

Depois de selecionadas nas câmaras frias, as carcaças são enviadas à sala

de desossa, onde primeiramente são subdivididas em traseiros, dianteiros e pontas-

de-agulha. Os traseiros e dianteiros selecionados para serem desossados,

posteriormente serão higienizados, embalados a vácuo e rotulados. A sala deve

estar ajustada para a temperatura entre 10°C a 12°C, e as carnes depois de

embaladas não devem ultrapassar a temperatura de 7°C (MAPA, 1996). Depois de

pré-embalados, os cortes são acondicionados em caixas de papelão, perfeitamente

identificadas e onde consta, também, o mesmo número do código de rastreabilidade,

constante das etiquetas. Neste momento são aplicadas as etiquetas-lacres oficiais

fornecidas, sob controle sistemático, pelo Serviço de Inspeção Federal – SIF, junto

ao estabelecimento produtor. As caixas são armazenadas em câmaras de

estocagem (temperatura próxima a 0°C) para a posterior venda (MAPA, 1998).

57

7.2.23 Rotulagem

Os rótulos devem obrigatoriamente conter as seguintes indicações (Art. 796 -

MAPA, 1952):

a) nome verdadeiro do produto em caracteres destacados, uniformes em corpo e

cor, sem intercalação de desenhos e outros dizeres, obedecendo às discriminações

estabelecidas neste Regulamento, ou nome aceito por ocasião da aprovação das

fórmulas;

b) nome da firma responsável;

c) nome da firma que tenha completado operações de acondicionamento, quando for

o caso;

d) carimbo oficial da Inspeção Federal;

f) natureza do estabelecimento, de acordo com a classificação oficial prevista no

RIISPOA;

g) localização do estabelecimento, especificando o Município e Estado, facultando-

se declaração de rua e número;

h) marca comercial do produto;

i) algarismos correspondentes à data da fabricação dispostos em sentido horizontal

ou vertical;

j) pesos: líquido e bruto;

k) fórmula de composição ou outros dizeres, quando previsto no RIISPOA;

l) a especificação "Indústria Brasileira".

Figura 45. Rotulagem da embalagem secundária Fonte: O Autor

58

7.2.24 Graxaria

Graxaria é a seção destinada ao aproveitamento de matérias-primas

gordurosas e de subprodutos não comestíveis (Art. 262). Os subprodutos resultantes

do abate, como sangue, ossos, retalhos, excedente de gordura, machucados,

carcaças condenadas, placenta e fetos, são encaminhados à graxaria para a

fabricação de farinha de sangue, farinha de carne e ossos e sebo industrial bovino.

O sebo bovino é considerado um produto gorduroso não comestível segundo

o RIISPOA. Entende-se por "produtos gordurosos não comestíveis", todos aqueles

obtidos pela fusão de partes e tecidos não empregados na alimentação humana,

bem como de carcaças, partes de carcaça, órgãos e vísceras, que forem rejeitados

pela Inspeção Federal (Art. 307). Dentro da graxaria do frigorífico é produzido o sebo

bovino classificado como nº 1 pelo RIISPOA. São características do sebo bovino nº

1 (Art. 309):

1 - acidez inferior a 10 ml em s.n.%

2 - textura homogênea;

3 - tonalidade creme, quando fundido;

4 - no máximo 1% de umidade;

5 - odor característico;

A fabricação do sebo bovino se dá por meio da retirada da gordura dos

produtos triturados resultantes do abate, e posteriormente a filtragem por argila para

a retirada de impurezas.

Figura 46. Máquina de filtragem do sebo bovino Fonte: O Autor

59

O sangue resultante da “canaleta de sangria” é canalizado do galpão de abate

direto para a graxaria, e a partir deste, se faz a farinha de sague. Entende-se por

"farinha de sangue" o subproduto industrial obtido pelo cozimento a seco do sangue

dos animais de açougue, submetido ou não a uma previa prensagem ou

centrifugação e posteriormente triturado.

A farinha de sangue deve conter no mínimo 80% de proteína e no máximo

10% de umidade (Art. 319). O sangue do restante do galpão de abate, que

possivelmente poderá estar contaminado, não é aproveitado para a fabricação da

farinha de sangue. Ainda sim, o sangue da “canaleta de sangria” é esterilizado

durante a fabricação da farinha.

Figura 47. Sala de fabricação da farinha de sangue Fonte: O Autor

O restante dos subprodutos do abate é encaminhado à graxaria, via

caminhões, e então inicia-se a fabricação da farinha de carne e ossos.

Entende-se por "farinha de carne e ossos" o subproduto seco e triturado,

obtido pelo cozimento a seco de recortes em geral, aparas, resíduos e limpeza

60

decorrentes das operações nas diversas seções; ligamentos, mucosas, fetos e

placentas, orelhas e pontas de cauda; órgãos não comestíveis ou órgãos e carnes

rejeitados pela Inspeção Federal, além de ossos diversos.

A farinha de carne e ossos deve conter no mínimo 40% de proteína, no

máximo 10% de umidade, no máximo 10% de gordura. É proibido a mistura de

pelos, cerdas, cascos, chifres, sangue, fezes e conteúdo estomacal á matéria-prima

destinada ao preparo da farinha de carne e ossos (Art. 322-D). Durante a fabricação

da farinha, o material é esterilizado e ocorre a aplicação de antioxidante e

anticoccídico. Ao final, o produto é ensacado e armazenado em galpões.

Figura 48. Sala de fabricação da farinha de carne e ossos Fonte: O Autor

Figura 49. Farinha de carne e ossos Fonte: O Autor

61

A graxaria foi completamente reformada no ano de 2009, e hoje conta com

um moderno sistema automatizado, seguro e ambientalmente correto. Nesta

reforma, foi construída uma estação de tratamento de efluentes e uma estação para

o tratamento de gases resultantes do processo, que diminui o impacto destes

resíduos no ambiente e melhora a qualidade do ar para os trabalhadores do

frigorífico. O frigorífico ainda conta com um sistema de caldeira para o aquecimento

de produtos dentro da graxaria.

Figura 50. Sistema de controle automatizado da graxaria Fonte: O Autor

7.3 Descrição das atividades desenvolvidas

Durante a primeira semana de estágio foi realizado o reconhecimento do

frigorífico, para tanto, foi visitado cada setor com auxílio de um técnico responsável,

que explicava cada detalhe do funcionamento e do trabalho desenvolvido por setor.

Por alguns dias foi feito o acompanhamento da linha de abate, para total

compreensão de cada etapa do processo.

Todos os dias pela manhã, antes de iniciar o abate, visitava-se a mangueira

para o acompanhamento dos lotes. Nestas visitas era possível realizar um

acompanhamento da avaliação dos animais vivos (parte da inspeção ante-mortem),

sendo que neste acompanhamento era observado o escore de condição corporal

62

(ECC), conformação, estado sanitário geral, origem genética, maturidade,

comportamento, estresse e até mesmo o manejo dentro das propriedades. Era

realizada uma avaliação visual dos animais de cada lote, que posteriormente era

comparada com as informações de romaneio.

Figura 51. Comportamento conjunto dos animais em atenção, demonstrando situação de defesa

Fonte: O Autor

Figura 52. Lote de animais com escore de condição corporal próximo a 4 Fonte: O Autor

63

Figura 53. Animal em estado de caquexia, posteriormente condenado Fonte: O Autor

Após a avaliação visual dos animais, nos deslocávamos até a sala da

balança, onde era realizada a avaliação das carcaças de todo o abate, conforme o

Programa de Tipificação de Carcaças, descrito no item “Material e Métodos” deste

trabalho. Ao final de cada mês, fazia-se a elaboração dos relatórios e análise dos

dados do abate.

64

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio final obrigatório contribuiu de forma extremamente positiva para

minha formação profissional. Foi possível adquirir uma imensa quantidade de

conhecimento sobre área, e ter a possibilidade de conviver dentro de um ambiente

profissional e empresarial, discutindo assuntos reais do cotidiano do agronegócio.

Os conhecimentos que pude adquirir não foram somente na área de

qualidade de carcaça, mas aprendi muito sobre as diversas áreas que englobam o

universo da pecuária de corte. Vale ressaltar o grande crescimento pessoal que tive

dentro do frigorífico, adquirindo responsabilidades, tomando uma postura mais

profissional, e ainda sim, podendo fazer grandes amizades com as pessoas que lá

trabalham.

Me faltam palavras para descrever a experiência que foi este estágio, e a

gratidão que tenho por todos aqueles que me acolheram, que de forma

completamente espontânea, sempre se mostravam dispostos a sanar minhas

dúvidas e me auxiliar no que era necessário. Acredito que o estágio final é a melhor

porta de entrada para o mercado de trabalho, e que durante o curso, deveriam existir

mais oportunidades para estágios fora da universidade.

65

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978-85-7269-289-2

69

ANEXOS

Anexo 1. Termo de compromisso.

70

ANEXOS

Anexo 2. Plano de estágio.

71

ANEXOS

Anexo 3. Ficha de avaliação no local de estágio.

72

ANEXOS

Anexo 4. Ficha de frequência de estágio.

73