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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária Alexandre Inckot Mikosz JULGAMENTO DE CARCAÇAS BOVINAS NO SERVIÇO DE INSPEÇÃO ESTADUAL CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

Alexandre Inckot Mikosz

JULGAMENTO DE CARCAÇAS BOVINAS NO SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL

CURITIBA

2008

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JULGAMENTO DE CARCAÇAS BOVINAS NO SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL

Curitiba

2008

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Alexandre Inckot Mikosz

JULGAMENTO DE CARCAÇAS BOVINAS NO SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientador: Dr. Welington Hartmann

Orientador Profissional: Dr. Carlos Augusto Siqueira

do Couto

CURITIBA

2008

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TERMO DE APROVAÇÃO

Alexandre Inckot Mikosz

JULGAMENTO DE CARCAÇAS BOVINAS NO SERVIÇO DE

INSPEÇÃO ESTADUAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de

Graduação em Medicina Veterinária no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti

do Paraná.

Curitiba, 19 de novembro de 2008

COMISSÃO EXAMINADORA

Presidente: Prof. Welington Hartmann

Universidade Tuiuti do Paraná

Membro: Prof. Uriel Vinícius Cotarelli de Andrade

Universidade Tuiuti do Paraná

Membro: Prof. Felisberto Queiroz Baptista

Universidade Tuiuti do Paraná

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Dedico esse trabalho aos meus familiares, em especial aos meus pais Inácio

Mikosz e Arlete N. I. Mikosz, minha esposa Cintia Carolina da Fonseca Mikosz

e minha filha Julia da Fonseca Mikosz e aos meus irmãos, que me apoiaram e

colaboraram se esforçando ao máximo para possibilitar a conquista de meus

ideais, superando as dificuldades nesse período de estudo.

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AGRADECIMENTO

Agradeço aos funcionários do Abatedouro, e aos meus colegas de

trabalho da Secretaria Municipal de Agricultura. Em especial ao Dr. Carlos

Augusto Siqueira do Couto pela sua atenção, dedicação, colaborando para a

realização do Trabalho de Conclusão de Curso.

Também a todos os professores do Curso de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná em especial ao Prof. Welington Hartmann.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Vista Externa do Abatedouro.................................................. 2

Figura 2 Descarregamento dos Animais.............................................. 4

Figura 3 Currais de Espera................................................................. 5

Figura 4 Corredor de Entrada dos Animais no Abatedouro.................. 7

Figura 5 Chuveiros de Aspersão......................................................... 9

Figura 6 Atordoamento / Animal Atordoado......................................... 10

Figura 7 Atordoamento / Animal Atordoado......................................... 10

Figura 8 Área de Vômito..................................................................... 11

Figura 9 Canaleta de Sangria.............................................................. 12

Figura 10 Lavagem de Cabeças............................................................ 13

Figura 11 Retirada dos Mocotós........................................................... 14

Figura 12 Esfola................................................................................... 15

Figura 13 Lavagem das meias-carcaças................................................ 25

Figura 14 Classificação e Tipificação das Carcaças............................... 26

Figura 15 Classificação e Tipificação das Carcaças............................... 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 VOLUME DE ABATE NO PERÍODO DE ESTÁGIO................. 34

Tabela 2 PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO DURANTE O

PERÍODO DE ESTÁGIO..........................................................

34

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RESUMO

No período de 28 de julho a 26 de setembro de 2008 foi realizado o Estágio

Curricular Obrigatório em um Abatedouro de Bovinos localizado na região

metropolitana de Curitiba, acompanhando a Inspeção de Produtos de Origem

Animal realizada pelo Médico Veterinário responsável pela unidade do Serviço

de Inspeção Estadual (SIP), totalizando 360 horas. O total de bovídeos

abatidos durante o período de estágio foi 2.667 cabeças, dos quais 273

bubalinos. As atividades realizadas compreenderam o acompanhamento de

todas as linhas de inspeção, realização da inspeção ante mortem, pos mortem

e o julgamento das carcaças no Departamento de Inspeção Final,

possibilitando observar principalmente lesões por Fasciolose , Contusão e

Tuberculose.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1 2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO................... ................................. 2 3 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO.......... ....................... 3 3.1 Recepção dos animais.................................................................................. 3 3.2 Currais de espera.......................................................................................... 4 3.3 Exame ante mortem...................................................................................... 5 3.4 Abate de emergência.................................................................................... 7 3.5 Banho de aspersão....................................................................................... 8 3.6 Box de atordoamento.................................................................................... 9 3.7 Área de vômito.............................................................................................. 10 3.7.1 Área de sangria............................................................................................. 11 3.7.2 Retirada dos chifres....................................................................................... 12 3.7.3 Lavagem das cabeças................................................................................... 12 3.7.4 Retirada dos membros anteriores e posteriores (mocotó)............................ 13 3.7.5 Esfola ............................................................................................................ 14 3.7.6 Oclusão do reto............................................................................................. 15 3.7.7 Abertura do esterno....................................................................................... 15 3.7.8 Marcação da cabeça e a carcaça.................................................................. 16 3.7.9 Oclusão do esôfago....................................................................................... 16 4 INSPEÇÃO.................................................................................................... 17 4.1 Linha de inspeção A...................................................................................... 17 4.2 Linha de inspeção B...................................................................................... 17 4.3 Linha de inspeção C...................................................................................... 18 4.4 Linha de inspeção D...................................................................................... 18 4.5 Linha de inspeção E...................................................................................... 19 4.6 Linha de inspeção F...................................................................................... 20 4.7 Linha de inspeção G...................................................................................... 21 4.8 Linha de inspeção H...................................................................................... 22 4.9 Linha de inspeção I........................................................................................ 23 4.10 Linha de inspeção J....................................................................................... 24 5 PESAGEM DAS MEIAS CARCAÇAS....................... ................................... 25 5.1 Lavagem das meias carcaças....................................................................... 25 5.2 Classificação e tipificação das carcaças....................................................... 25 5.3 Resfriamento das carcaças .......................................................................... 26 6 JULGAMENTO DOS CASOS ENCONTRADOS NO DEPARTAMENTO

DE INSPEÇÃO ESTADUAL............................... ........................................... 27

6.1 Fasciola Hepática.......................................................................................... 27 6.2 Contusão........................................................................................................ 29 6.3 Tuberculose................................................................................................... 31 7 DADOS ESTATÍSTICOS............................... ................................................ 34 8 CONCLUSÃO........................................ ........................................................ 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 36

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1 INTRODUÇÃO:

O presente trabalho descreve o desenvolvimento do estágio curricular

realizado no período de 28 de julho a 26 de setembro de 2008, em um

Abatedouro da região metropolitana de Curitiba, onde são abatidos uma média

de 750 a 1200 cabeças de gado mensalmente, entre bovinos e bubalinos.

Também destaca o papel da Secretaria de Estado da Agricultura como

órgão fiscalizador deste estabelecimento, através do Serviço de Inspeção

Estadual (S.I.P) que executa o papel de fiscalização com o auxílio dos

funcionários do abatedouro treinados pelo médico veterinário responsável.

A grande preocupação com as doenças relacionadas aos alimentos, no

caso a carne, exigem uma grande fiscalização em todos os seus processos,

então o Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.), pela falta de estrutura e

grandiosidade do território nacional, designou esta tarefa também para os

estados, criando na década de 80 os serviços de inspeção estaduais no caso

do Paraná o Serviço de Inspeção do Estado do Paraná .

Durante o período de realização do estágio foram abatidos 2667

animais, sendo 2394 bovinos e 273 bubalinos.

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2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

O Estágio Curricular Obrigatório foi realizado em um Abatedouro de

Bovinos e Bubalinos localizado na região metropolitana de Curitiba,

acompanhando a Inspeção de Produtos de Origem Animal realizada pelo

Médico Veterinário responsável pela unidade do Serviço de Inspeção Estadual.

O Abatedouro tem capacidade de abater até 65 cabeças de bovinos por

dia, sendo que o total abatido durante o período de estágio foi de 2667

cabeças, com uma média de 60 cabeças por dia.

O Abatedouro funciona desde 1998 ocupando uma área de 4 ha, com

um edifício de alvenaria de 330 metros quadrados, currais com 250 metros

quadrados e lagoas de tratamento de efluentes conforme figura 1.

Trabalham 19 funcionários e um Médico Veterinário do Serviço de

Inspeção Estadual.

Figura1: VISTA EXTERNA DO ABATEDOURO

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3 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO

Durante o período de realização do estágio, foram desenvolvidas

atividades de acompanhamento diário da inspeção ante mortem, abate, linhas

de inspeção, controle estatístico e destinação das carcaças.

O estágio teve início no dia 28 de julho a 26 de setembro de 2008

totalizando 360 horas em um período de 45 dias.

O estágio iniciou-se com a apresentação das instalações: currais de

espera, processo de insensibilização, sangria, esfola, evisceração, linhas de

inspeção, armazenamento e destinação dos produtos, carcaça e resíduos.

Também foi realizado o acompanhamento e observação do abate de bovinos e

bubalinos, realizando-se a inspeção ante mortem desses animais, verificando

os passos que antecedem como: tempo de curral, dieta hídrica, que tem o

objetivo de diminuir o conteúdo ruminal diminuindo a carga microbiana,

facilitando a esfola à sangria e também banho de aspersão, com a finalidade

de limpar as sujidades externas dos animais, diminuir o stress e direcionar a

circulação sanguínea para os grandes órgãos facilitando a sangria, apesar de o

abatedouro utilizar equipamento apropriado (eletro-estimulador) que realiza

descargas elétricas, contraindo a musculatura, melhorando conseqüentemente

o processo de expulsão do sangue.

A partir da segunda semana houve acompanhamento da inspeção de

todas as linhas que são executadas no abatedouro.

3.1 Recepção dos Animais:

Na entrada dos animais (figura 2) ao abatedouro é feito o recolhimento

da guia de transporte dos animais (GTA). Contendo nesta guia informações

relacionadas aos animais a serem abatidos. Assim.

- espécie do animal;

- número total dos animais e o número de cada sexo;

- faixa etária;

- procedência e destino dos animais;

- finalidade do transporte;

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- meio de transporte;

- atestado de exames dos animais;

- realização de vacinas;

- Médico Veterinário responsável pela emissão da GTA

- data de emissão e sua validade.

A partir destas informações, o fiscal agropecuário poderá certificar-se

que os animais procedem de estabelecimentos onde não existe a ocorrência

clinica de doença transmissível nos 30 dias anteriores á emissão da GTA,

também devem estar vacinados para a febre aftosa. A partir deste documento o

médico veterinário da secretaria de agricultura poderá realizar o plano de abate

com as medidas necessárias para este fim.

Após o recolhimento da GTA , os animais são pesados e encaminhados

para os currais onde permanecerão até o dia seguinte (RIISPOA art.93).

O período de descanso ou dieta hídrica no matadouro é o tempo

necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações

surgidas pelo deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de

abate (GIL & DURÃO, 1985).

Figura 2: DESCARREGAMENTO DOS ANIMAIS

3.2. Currais de Espera

Após o descarregamento dos animais eles seguem para o curral de

espera (figura 3), onde são separados em lotes, obedecendo à ordem de

chegada.

O último animal de cada lote é marcado, para que os funcionários da

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área de matança saibam quando se encerra cada lote.

O descanso com jejum tem como objetivo principal reduzir o conteúdo

gástrico para facilitar a evisceração da carcaça e também restabelecer as

reservas de glicogênio muscular (BARTELS, 1980; SHORTHOSE, 1991), tendo

em vista que as condições de estresse reduzem as reservas de glicogênio

antes do abate (BRAY et al., 1989).

È proibido o abate de animais que não tenham permanecido em

descanso, jejum e dieta hídrica, respeitadas as particularidades de cada

espécie. Sendo que o jejum e dieta hídrica dos animais devem ser definidos em

normas complementares ou regulamentos técnicos específicos (RISPOA

art.97).

Além do exame realizado na chegada dos animais ao abatedouro, os

lotes são examinados momentos antes do abate (RISPOA art.98).

Figura 3: CURRAIS DE ESPERA

3.3. Exame Ante Mortem:

São objetivos da inspeção ante mortem:

• Verificação dos certificados de sanidade dos animais (inclusive a

vacinação para febre aftosa) antes do início do exame.

• Observação do estado sanitário dos animais- verificados através da

termometria, auscultação cardíaca, pulmonar e ruminatória, palpação

(observação da mobilidade, volume, consistência e temperatura),

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percussão e exame das mucosas, alem da verificação da postura,

comportamento, estado nutricional e condições físicas do animal.

• Rejeição das fêmeas recém-paridas (10 dias), no ultimo terço de

gestação e aquelas que abortaram a menos de 12 dias.(RIISPOA art.

101, parágrafo 1).

• Seguir e controlar o “plano de abate”.

• Verificação do peso, raça e categoria dos animais.

• Conferir a relação com o número de animais a serem abatidos .

• Certificação das condições higiênicas e de conservação dos

currais,inclusive bebedouros.

A inspeção ante mortem é feita de forma visual para observação do

comportamento dos animais (figura 4). Depois deve ser feita a separação dos

animais que merecem um exame mais aprofundado, em um curral à parte, para

que os animais sejam observados em repouso e em movimento.

Deve ser feita em dois momentos: uma na primeira hora do período da

tarde, quando os animais a serem abatidos no dia seguinte já devem estar

separados e contados, a outra, meia hora antes do inicio do abate (RISPOA

art.98).

Além de todos os cuidados citados acima, deve existir ainda a

preocupação pela parte dos funcionários do serviço de inspeção de que os

animais sejam descarregados de forma adequada e que estejam repousando

(em jejum e com dieta hídrica), tempo suficiente que auxilie na boa condição da

carcaça ( livre de contusões e fraturas) e adequada conversão do músculo em

carne. O repouso mínimo deve ser de 6 horas, para que ocorra a reposição do

glicogênio muscular consumido pelo gado durante o embarque, transporte e

descarregamento no abatedouro, com o objetivo de uma necessária e

suficiente acidificação da carne e, conseqüentemente, uma melhor qualidade e

maior prazo de vida comercial, o pH elevado além de fornecer o

desenvolvimento bacteriano, confere um aspecto desagradável aos bovinos

recentemente abatidos apresenta um pH médio variado entre 6,5 a 6,8, caindo

rapidamente até alcançar um valor de 6,5 a 5,8 ao fim de 48 horas do abate,

elevando-se lentamente em seguida, devido à autólise e ao crescimento

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bacteriano. O jejum e a dieta hídrica durante todo o período de repouso dos

animais são importantes para facilitar a evisceração, tornar a sangria mais

eficiente e auxiliar na remoção da pele (PARDI et al., 1995).

A ocasião mais propicia para realizar a Inspeção ante mortem deve ser

logo à primeira hora do período da tarde, quando o gado a ser abatido no dia

seguinte já deve estar convenientemente separado em lotes e contado, nos

currais de chegada do estabelecimento. Pode então o técnico - para seu

controle no exame a realizar - ter em mãos, fornecida pela empresa, a papeleta

com a discriminação dos lotes e respectivas quantidades ou, pelo menos, o

número global de bois e vacas a serem abatidos. A inspeção é

obrigatoriamente repetida no dia seguinte, meia hora antes do início do abate,

em conformidade com o RIISPOA. art 98, podendo ser auxiliado por agentes

ou auxiliares oficiais devidamente treinados, sempre na presença exclusiva do

Médico Veterinário.

FIGURA 4: CORREDOR DE ENTRADA DOS ANIMAIS

NO ABATEDOURO

3.4. Abate De Emergência

O abate de emergência é o abate dos animais que chegaram ao

estabelecimento em precárias condições de saúde, impossibilitados de

atingirem a sala da abate por seus próprios meios, bem como dos que foram

excluídos do abate normal, após exame ante mortem, estes animais

geralmente encontram-se doentes, agonizantes, com fraturas, contusões

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generalizadas, hemorragia, hipo ou hipertermia, decúbito forçado, sinais

clínicos nervosos e outros estados, a juízo da inspeção (RISPOA art.115).

O abate de emergência é dividido em mediato e imediato.

O abate de emergência imediato se dá logo após o exame ante mortem

onde são identificados os animais incapacitados de locomoção, que estejam

acidentados ou contundidos, sem alteração de temperatura ou qualquer outro

sintoma.

O abate de emergência mediato ocorre com animais tidos como doentes

após exame clinico, apresentando hipertermia ( temperatura igual ou superior a

40°C) ou hipotermia (temperatura inferior a 38,5°C), e ainda animais com

certificado de tuberculinização ou soroaglutinação brucélica positiva (este

expedido por médico veterinário oficial da defesa sanitária animal ou

profissionais credenciados a este serviço).

Segundo o RIISPOA Art. 106 (2008). Os animais de abate que

apresentem alterações de temperatura, hipotermia ou hipertermia, podem ser

condenados levando-se em consideração as condições climáticas, de

transporte e os demais sinais clínicos apresentados, a juízo da Inspeção Final.

3.5. Banho de Aspersão:

É onde se realiza o banho dos animais a serem abatidos, encontra-se no

corredor de acesso ao box de atordoamento, são tubulações elevadas e

laterais formando uma ducha de água potável com finalidade de limpeza dos

animais, diminuição do estresse e vaso constrição periférica facilitando a

sangria.

Antes de chegar a sala de abate, os animais devem passar por banho

com água em volume e pressão suficiente para promover a limpeza e remoção

das sujidades (RISPOA art128).

Ainda vigente por lei, deve ser realizado o banho de aspersão (Figura 5)

formado de um sistema tubular de chuveiros dispostos transversal, longitudinal

e lateralmente (orientando os jatos para o centro do banheiro). A água terá uma

pressão não inferior a 3 atm (três atmosferas), de modo a garantir jatos em

forma de ducha. Recomenda-se a hipercloração dessa água a 15 p.p.m.

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(quinze partes por milhão), o aproveitamento das águas hipercloradas ou o

emprego de água com características de potabilidade e tendo a finalidade de

lavagem dos animais, reduzir o estresse dos animais e fazer a vaso constrição

periférica facilitando a sangria (ROÇA & SERRANO, 1995).

FIGURA 5: CHUVEIROS DE ASPERSÃO

3.6. Box de Atordoamento:

Este local é destinado à insensibilização do animal. Ele está localizado

logo após o chuveiro de aspersão seguindo na mesma seringa. O Box

existente no Abatedouro é metálico conforme legislação estabelecida pelo

RIISPOA. Ele é individual para que não dificulte o atordoamento propriamente

dito e não sujeitar os animais a contusões e injurias em geral. Após a entrada

do animal, a guilhotina que dá acesso ao Box é abaixada pelo operador da

pistola pneumática. O fundo falso permite a comunicação do Box com a área

de vômito, sendo aberta pelo operador da pistola ou outro auxiliar, logo após o

atordoamento do animal. A abertura deste fundo falso deve ser executada

somente após o guinchamento do animal anterior, evitando que um caia sobre

o outro, causando contusões e não permitindo que o vômito do animal que esta

sendo guinchado contamine o animal que acaba de cair na área de vômito.

O atordoamento (Figura 6 e 7) é feito através de uma pistola

pneumática, acionada no primeiro espaço intervertebral, aprovada pelo serviço

de inspeção, ela faz uma concussão cerebral no animal Este procedimento é

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indicado para facilitar a operação de maneamento e sangria, visando

humanização do abate. A correta utilização do equipamento permite perda de

consciência do animal, sem que haja paralisia cardíaca. Sabe-se que se o

processo de atordoamento for bem realizado, auxiliará no grau de esgotamento

do glicogênio muscular, que seria menor, auxiliando em fatores como pH final e

propriedades físicas do tecido muscular. Acredita-se que o atordoamento

produz uma elevação na pressão sanguínea seguido de um aumento transitório

da taxa cardíaca, o que facilita a sangria (PARDI et al., 1995).

FIGURA 6 E 7: ATORDOAMENTO / ANIMAL ATORDOADO

3.7. Área de vômito

A área de vômito (Figura 8) é onde os animais caem, após o

atordoamento, de onde são içados para posterior sangria. Esta área possui um

piso composto por uma grade sobre uma canaleta , que facilita a remoção dos

resíduos e da água utilizada na lavagem dos animais antes da sangria e do

local, que se destina ao tratamento de efluentes existente no abatedouro.

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FIGURA 8: ÁREA DE VÔMITO

3.7.1. Área de sangria

Nesta área é feita a sangria propriamente dita, onde ocorre a secção dos

grandes vasos do pescoço, na altura da entrada do peito, após a abertura

sagital da barbela pela linha alba, o abatedouro possui equipamento adequado

(eletroestimulador).

A eletro-estimulação das carcaças de bovinos e ovinos, consiste em

fazer passar uma corrente elétrica através da carcaça com a finalidade de

produzir contrações musculares, e assim consumir a energia química residual

(gasto de glicogênio, ATP e fosfocreatinina).

A eletro-estimulação possibilita:

a) Aceleração da descida do pH e do estabelecimento do rigor mortis;

b) A prevenção do Cold Shortening, e assim permitir a mais precoce

refrigeração das carcaças;

c) Mais precoce fase da inibição da proliferação microbiana ;

d) Diminuição da evaporação e conseqüente perda de peso das carcaças;

e) Aceleração dos processos de maturação da carne;

f) Aumento da maciez e do aroma da carne;

g) Desmancha das carcaças a quente.( GIL, 2000).

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O funcionário responsável pela sangria possui duas facas, uma para

abertura das barbelas e outra para secção dos vasos. O esterilizador de facas

deve ser utilizado freqüentemente a cada sangria.

O sangue é recolhido na canaleta de sangria (Figura 9) que através da

gravidade segue para uma caixa coletora, de onde é retirado diariamente e

armazenado em tambores plásticos que são recolhidos e levados até um

Frigorífico sob Inspeção Federal, que dá o destino apropriado ao sangue.

FIGURA 9: CANALETA DE SANGRIA

3.7.2. Retirada dos chifres

Este procedimento não é realizado no abatedouro, os chifres não são

removidos e a peça é destinada ao setor de graxaria.

3.7.3. Lavagem das cabeças

As cabeças passam pelo setor de lavagem (Figura 10), e em seguida

são inspecionadas para verificação de lesões compatíveis com as

enfermidades previstas na inspeção da linha B.

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FIGURA 10: LAVAGEM DE CABEÇAS

3.7.4. Retirada dos Membros Anteriores e Posterioes (Mocotó)

São retirados os mocotós (Figura 11) (extremidade dos membros

locomotores) correspondentes aos membros anteriores enquanto os

posteriores são retirados ao longo da operação de esfola. Após sua retirada

eles são avaliados e posteriormente destinados a graxaria através dos chutes,

pela baixa procura na região.

Anteriormente ao destino da graxaria os mocotós são avaliados por

exame visual dos membros anteriores e posteriores especialmente nas partes

ungulares e espaços interdigitais, para observação de possíveis lesões de

febre aftosa. Se encontradas lesões características de febre aftosa nos

membros, estes devem ser condenados e enviados a graxaria, o abate deve

ser suspenso e deve-se comunicar as autoridades estaduais da defesa

sanitária animal.

Segundo RISPOA art.235 a seção de mocotós é o local destinado á

manipulação, limpeza e preparo das patas de bovinos para fins comestíveis,

preservadas as condições de fluxo, evitando-se riscos de contaminação

cruzada.

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FIGURA 11: RETIRADA DOS MOCOTÓS

3.7.5. Esfola

A esfola (Figura 12) (retirada do couro) é realizada com o animal

dependurado, suspenso na nória para que nesta operação seja possível a

manutenção das condições higiênico-sanitárias (evitando contaminação e

facilitando a higiene da operação) e tecnológicas (pela manutenção do fluxo de

abate, pela necessidade de menos mão de obra e área de trabalho e pela

redução do gasto de água).

No abatedouro, a esfola é realizada com a utilização do rolo, que

consiste em prender a extremidade do couro com uma corrente, e através da

força de um motor acoplado, o couro é retirado.

Sabe-se que a esfola é o ponto mais critico do abate, devido a

possibilidade de contaminação das carcaças a partir de microrganismos

existentes na pele e pêlos dos animais (PARDI et al 1995).

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FIGURA 12: ESFOLA

3.7.6. Oclusão do Reto

Neste abatedouro a oclusão do reto é feita após a divulsão do mesmo

com uma faca (realizada completa incisão perianal) para sua posterior oclusão

com barbante. É fundamental para evitar contaminação da sala de abate, das

carcaças e das peças com conteúdo intestinal.

3.7.7. Abertura do Esterno

É feita com auxilio de uma serra-peito que deve ser esterilizada

constantemente. Fica instalado antes da evisceração. Deve-se ter muito

cuidado neste ponto para que não ocorra a perfuração das vísceras e

conseqüente contaminação.

O período de jejum obrigatório, está previsto no RIISPOA e é de extrema

importância para assegurar a qualidade higiênica da carcaça, tendo em vista a

diminuição do risco de contaminação por coliformes, que poderia ocorrer

devido ao rompimento de vísceras no procedimento de abertura do esterno,

bem como do abdômem. A justificativa deste procedimento se deve à

diminuição do volume ruminal.

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3.7.8. Marcação da Cabeça e da Carcaça

A marcação da cabeça e da carcaça é necessária para que haja perfeita

correspondência entre elas. Esta marcação ou identificação é feita através de

um lápis-tinta depois que a cabeça foi desarticulada e os mocotós dianteiros

foram retirados. A cabeça é marcada com um número no côndilo do occipital e

a carcaça é marcada com o mesmo número sobre a cartilagem articular dos

ossos distais do carpo.

3.7.9. Oclusão do Esôfago

Nesta oclusão a primeira medida é a realização de um nó comum, com

pequeno pedaço de barbante na sua porção cervical como auxilio de uma

sonda metálica de ponta romba semelhante a um saca-rolha, faz-se a liberação

do esôfago na sua porção torácica para que ele seja retirado juntamente com o

estômago e intestino no momento da evisceração. A cada utilização do saca-

rolha, ele é convenientemente colocado em um esterilizador que fica ao lado do

operário responsável por esta etapa. Esta operação é importante para evitar

contaminação da cabeça, piso, mesa de evisceração e carcaças com o

conteúdo ruminal.

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4 INSPEÇÃO

4.1. Linha de inspeção A: exame dos pés

É realizada nos estabelecimentos exportadores, mas não é realizada no

abatedouro onde o estágio foi realizado.

4.2. Linha de inspeção B: realiza-se a inspeção de cabeça e língua:

Lesões mais comuns:

abscessos dentários,

aftas,

adenite (pus com cheiro pútrido com coloração esverdeada)

tuberculose (exsudato caseoso ou calcificado)

cisticercose (vivo ou calcificado)

inflamações (corpos estranhos)

Procedimento: Com a utilização do gancho tracionava-se a língua para

baixo desarticulando a mesma com uma incisão no lado direito e outra no lado

esquerdo na base, deixando expostas as amídalas, possibilitando verificar mais

internamente os linfonodos retrofaringeanos cortando-os longitudinalmente.

Na língua também era realizado um corte longitudinal à procura de

cisticercos.

Na parte inferior da língua se localizavam os linfonodos sublinguais

fazendo a inspeção dos mesmos.

Com a utilização do gancho ainda, apreendia-se o músculo masseter,

efetuando dois pequenos cortes longitudinais à procura de cisticercos (vivos ou

calcificados) e ainda realizando um corte nos linfonodos parotidianos.

Outro corte era feito a procura de cisticercos no músculo pterigóideo,

com corte fino, longitudinal, expondo a musculatura e facilitando a observação.

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4.3. Linha de inspeção C: cronologia dentária

Tem como objetivo a estimativa da idade dos animais abatidos através

do desenvolvimento dos dentes incisivos, mas esta linha de inspeção não é

realizada no abatedouro onde o estágio foi realizado.

4.4. Linha de inspeção D: trato gastro-intestinal, baço, pâncreas, vesícula

urinária e útero.

É realizada a oclusão do reto;

Eventração, (realizada através da linha Alba);

Deslocar o reto da cavidade pélvica;

Retirada do útero e ovário nas fêmeas;

Retirada das vísceras abdominais, (vísceras brancas);

Amarrar o duodeno próximo ao piloro para separar estômago do

intestino;

Amarrar o esôfago;

1 – Exames realizados na linha D

Examinar visualmente e por palpação, podendo realizar cortes.

Cortar em fatias linfonodos da cadeia mesentérica;

Reter em mesa fixa até que os demais órgãos sejam examinados;

Identificar o local da anomalia.

2 – o que pode ocorrer

adenite

adipoxantose

Icterícia

abcessos

pneumatose

tuberculose

enterites

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esofagostomose

neoplasias

verminose

esôfago e diafragma: visualização e palpação

O trato gastro-intestinal, baço, pâncreas, vesícula urinária e útero são

inspecionados pelo médico veterinário responsável, mas neste abatedouro são

destinados a graxaria.

4.5. Linha de inspeção E: exame do fígado

Fase preparatória:

Retirar o fígado, acompanhado dos respectivos linfonodos, preservando

a sua integridade;

Depositar a peça na mesa de inspeção com o devido cuidado;

Lavar o fígado, sob chuveiro

Exame:

Examinar visualmente as faces da peça;

Fazer a palpação;

Cortar transversalmente e comprimir os ductos bilíferos;

Cortar em lâminas longitudinais (sem picar) os linfonodos hepáticos;

Examinar, visualmente e pela palpação, a vesícula biliar, incisando-a, se

necessário;

Condenar totalmente o fígado ou eliminar suas porções lesadas,

conforme apresentem, respectivamente, formas difusas ou circunscritas,

previstas no RIISPOA, das afecções que não tem implicações com a carcaça e

com os demais órgãos, tais como: telangiectasia, cirrose, congestão,

hidatidose, fasciolose, esteatose e peri-hepatite.

Marcar com a plaqueta-indicadora vermelha (tipo 2), no local adequado,

o fígado cuja lesão ou lesões possam ter implicações com a carcaça e os

outros órgãos (tuberculose, neoplasias, etc); identificar a peça com a plaqueta

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identificadora numerada (tipo 1) e notificar as demais linhas da mesa de

evisceração, para proceder a separação e marcação, com plaquetas de

número idêntico, dos órgãos e carcaça correspondentes, para a remessa,

juntamente com a cabeça e a língua do mesmo animal, ao departamento de

inspeção final.

O fígado é um dos órgãos que tem grande procura de mercado, porém a

sua produção é limitada tendo em vista o grande número de condenações,

principalmente devido a fasciolose, e também, hepatite, esteatose, neoplasias,

etc.

4.6. Linha de Inspeção F: pulmões e coração

Fase preparatória: retirar os pulmões da cavidade torácica, juntamente

com a traquéia e o coração e depositar o conjunto sobre a mesa de inspeção

(divisão de vísceras torácicas).

Exame dos Pulmoes:

Examinar visualmente a superfície dos pulmões e da traquéia;

Fazer a palpação;

Cortar em lâminas longitudinais (sem picar) os linfonodos;

Incisar os pulmões à altura da base dos brônquios, a fim de permitir a

exploração da luz bronquial, que será feita visando ao estado da mucosa, bem

como a presença de “vômito” ou sangue aspirados;

Condenar os pulmões que apresentem alterações, patológicas ou

acidentais, sem efetivas implicações com a carcaça, nem com os demais

órgãos como: bronquite, enfisemas, adenites inespecíficas, “vômitos” ou

sangue aspirados;

Computar as condenações no quadro marcador, transferindo o resultado

dessas marcações, no final dos trabalhos, para a papeleta;

Quando for o caso, isto é, quando se encontrem lesões que possam ter

implicações com a carcaça e órgãos, proceder com os pulmões exatamente

como foi descrito, a propósito do fígado;

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No abatedouro em que o estágio foi realizado os pulmões são

cuidadosamente inspecionados, mas não são comercializados pelo baixo valor,

sendo destinados a graxaria.

Exame do Coração:

Examinar criteriosamente, por inspeção o coração e o pericárdio, antes

mesmo da abertura deste;

Incisar largamente o saco pericárdico;

Examinar visualmente a superfície do coração (epicárdio), sob água

morna corrente, com vistas especialmente à pesquisa de cisticercose;

Fazer a palpação do órgão;

Destacar o coração dos pulmões, seccionando os grandes vasos da

base;

Incisar longitudinalmente, sob chuveiro morno, o coração esquerdo, da

base ao ápice, expondo, para exame visual e palpação, a cavidade átrio-

ventricular; fazer idêntica operação no coração direito.

Nos casos de cisticercose, a lesão é assinalada com a plaqueta

vermelha (indicadora de lesões) e o coração e a carcaça correspondentes

recebem as plaquetas identificadoras numeradas (números idênticos), do tipo

1. A linha de inspeção de cabeças é avisada, para juntar a cabeça

correspondente, ao coração e a carcaça destinados ao departamento de

inspeção final.

O coração também tem grande valor comercial, assim como o fígado.

4.7. Linha de Inspeção G: rins

Fase preparatória:

Dividir a carcaça em duas metades ao longo da coluna vertebral, na

plataforma de serras;

Libertar o rim da gordura peri-renal e da sua cápsula, sem nunca

desprendê-lo da carcaça;

Exame: com o rim preso obrigatoriamente à carcaça;

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Examinar visualmente o órgão e palpá-lo, apreciando: coloração,

aspecto, volume e consistência;

Cortar o parênquima, se necessário, verificando o estado das camadas

cortical e nodular;

Examinar visualmente as supra renais;

Condenar os rins cujas causas de condenação não determinem

normalmente apreensão da carcaça (congestão, cistos urinários, nefrite,

uronefrose e isquemia).

Computar as condenações no quadro marcador próprio, para, no fim dos

trabalhos, transportar esses dados para a papeleta. No caso de lesões que

possam ter relação patológica com a carcaça (tuberculose, neoplasias, etc.),

marcar o rim lesado, sem retirá-lo da carcaça, com a plaqueta indicadora

vermelha tipo 2 e desviar as duas meias-carcaças correspondentes para o

Departamento de Inspeção Final.

Quando se tratar de animais abatidos para exportação, o exame do rim

obedecerá ao disposto no parágrafo único do art. 151 (RIISPOA). Neste caso,

incisar-se-á o linfonodo renal.

No abatedouro o rim é inspecionado, mas é destinado a graxaria, devido

a ausência de interesse comercial.

4.8. Linha de Inspeção H: exame das faces medial e lateral da parte caudal da

meia-carcaça;

Fase preparatória: o mesmo da Linha G, notando-se que a integridade

do diafragma deve ser preservada, com vistas à eventual pesquisa de

cisticercose no Departamento de Inspeção Final.

Exame:

Examinar de modo geral o aspecto e a coloração da peça;

Verificar se há anormalidades nas articulações e massas musculares;

Verificar se existe contaminação de origem gastro-intestinal, contusões,

hemorragias, edemas circunscritos ou generalizados; quando as lesões

encontradas ou a área porventura contaminada forem superficiais e

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localizadas, fazer a ablação das partes lesadas e deixar a meia-carcaça seguir

o seu trajeto normal, em caso, porém, de anormalidade mais pronunciada,

desviar a meia-carcaça para o Departamento de Inspeção Final;

Examinar a cavidade pélvica, peritônio e superfícies ósseas expostas;

Examinar, esfoliando com a faca, os linfonodos inguinal (ou

retromamário), pré-cural, ilíaco e isquiático, evitando excisá-los, ou mesmo

deslocá-los, em consideração ao interesse das futuras reinspeções;

Quando for o caso, examinar o úbere, incisando-o profundamente, se

necessário. Examinar os testículos, quando existentes e as vergas.

Marcação das lesões:

As meias-carcaças cujas causas de apreensão determinem o seu desvio

para o departamento de inspeção final, são marcadas tão somente com a

plaqueta vermelha tipo 2 (indicadora de lesões), no local lesado ou,

convencionalmente, no peito, quando for uma causa de ordem geral, por

exemplo, a caquexia.

4.9. Linha de Inspeção I: Exame das faces medial e lateral da parte cranial da

meia-carcaça;

Fase preparatória: a mesma da Linha H;

Exame:

Examinar, esfoliando com a faca, os linfonodos pré-peitorais e pré-

escapulares; estes, pela sua natural localização intermuscular, são deslocados

para o exame, através de um corte previamente praticado na musculatura

superficial da base do pescoço, pouco acima da articulação escápulo-umeral;

este corte deve ser limitado e os linfonodos depois de examinados devem ser

repostos, sem excisões, no seu sítio original; evita-se, desta forma, desfigurar

os “dianteiros”;

Verificar o estado da pleura parietal e do diafragma;

Pesquisar anormalidades nas articulações;

Examinar o ligamento cervical, tendo em mira eventuais lesões

secundárias de oncocercose ou de brucelose;

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Observar as superfícies ósseas expostas (esternebras, vértebras

torácicas e cervicais);

Observar se há rigidez muscular;

No caso da existência de contusões, abscessos ou contaminações, fazer

a ablação das partes contiguas, se as lesões forem superficiais e circunscritas,

deixar a carcaça prosseguir em seu trajeto normal;

Quando as lesões, por sua extensão ou gravidade, indiquem o desvio da

carcaça para o departamento de inspeção final, observar o que já foi expresso,

devendo o funcionário desta linha controlar a correção do trabalho.

4.10. Inspeção da Linha J: carimbagem das meias-carcaças

A carimbagem das meias carcaças com o carimbo elíptico do SIP é feita

após a liberação destas para o consumo. O carimbo é feito no coxão, no

lombo, na ponta-de-agulha e na paleta.

Marcar as meias-carcaças liberadas para o consumo, com o carimbo do

SIP, no coxão, no lombo, na ponta-de-agulha e na paleta, usando tinta

adequada, aprovada pelo serviço e de forma que o carimbo se mostre

perfeitamente legível e sem borrões. Se o Departamento de Inspeção Final

estiver localizado além desta linha, nela será proibido, terminantemente,

carimbar as meias-carcaças que passem destinadas aquele departamento

(marcadas com a plaqueta tipo 1) neste caso, o Departamento de Inspeção

Final também possui um carimbo modelo 1, para a carimbagem das carcaças

que libere, além, obviamente, dos modelos 10, 11 e 12 reservados para o uso

sobre as carcaças destinadas, respectivamente, á conserva, salga e

salsicharia.

Os exames realizados nas “linhas de inspeção”, de responsabilidade

exclusiva do serviço de inspeção. são executados por auxiliares de inspeção,

devidamente treinados na rotina deste serviço e possuindo sobre a matéria

conhecimentos teóricos, elementares embora trabalhem sob a supervisão do

veterinário inspetor, que é também o responsável pelo departamento de

inspeção final e pelo cumprimento das medidas de ordem higiênico-sanitária

constantes destas instruções. Em outra parte deste manual são estabelecidos

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os padrões numéricos para os auxiliares de inspeção e veterinários,

proporcionalmente à velocidade média de abate dos diferentes

estabelecimentos.

5. PESAGEM DAS MEIAS CARCAÇAS

A pesagem das meias-carcaças é feita logo após a realização do toalete

das mesmas. Esta pesagem é realizada por um funcionário, que verifica o peso

das duas meias carcaças que é chamado de peso morto quente ou peso da

carcaça quente.

5.1. Lavagem das Meias-Carcaças:

Este serviço é realizado por um funcionário que através de uma

mangueira com pressão de 3 atm logo após a pesagem (figura 13).

O objetivo desta lavagem é retirar por completo os coágulos sanguíneos

e resíduos aderidos nas faces lateral e medial das meias-carcaças.

FIGURA 13: LAVAGEM DAS MEIAS-CARCAÇAS

5.2. Classificação e Tipificação das Carcaças

Esta avaliação é realizada por um funcionário treinado para esta

classificação. São verificados o peso, a cobertura de gordura, o aspecto geral,

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idade, sexo, raça dos animais e escore corporal. Que são classificados como

gorda, média e magra, que por especificação do proprietário cada classe se

obtém um valor (figura 14 e 15).

FIGURA 14 E 15: CLASSIFICAÇÃO E TIPIFICAÇÃO DAS CARCAÇAS

5.3. Resfriamento das Carcaças

As meias carcaças são levadas até a câmara de resfriamento onde as

carcaças devem alcançar uma temperatura de 1 a 4°C.

Apesar de o mercado atual da carne valorizar o consumo de carne

magra, devido aos recentes hábitos alimentares adquiridos nos meios urbanos,

a gordura de cobertura das carcaças continua a ser necessária com a

finalidade de protegê-las do frio na câmara fria. Para tanto, valoriza-se as

carcaças que apresentem 1 a 10 mm de espessura de gordura, medida no 6º.

e 9º. espaço intercostal.

As carcaças permanecem dependuradas na câmara fria, sem encostar

uma na outra, nem nas paredes laterais, ou no piso, permitindo a passagem de

ar frio, possibilitando resfriamento uniforme de todas as carcaças.

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6 JULGAMENTO DOS CASOS ENCONTRADOS NO DEPARTAMENTO

DE INSPEÇÃO ESTADUAL.

6.1 Fasciola hepática

A fasciolose hepática é uma enfermidade parasitária das mais

importantes pelo fato de repercutir em significativas perdas econômicas nos

rebanhos bovinos. É o mais importante trematódeo dos ruminantes domésticos

sendo associado a vários distúrbios hepáticos e encontrados habitando os

ductos biliares de mamíferos domésticos e selvagens, representando um grave

problema para a bovinocultura, ovinocultura e caprinocultura (GOMES 2003).

Os adultos presentes no canais biliares do homem e animais herbívoros

põem ovos que são carreados através do canal colédoco e são eliminados com

as fezes. Em ambiente aquático os ovos libertam o miracídio entre 9 a 25 dias.

Este nada livre na água procurando um caracol ou caramujo de água doce, do

gênero Lymnaea, no qual penetra, alojando-se nos seus tecidos e

transformando-se em esporocistos, no interior dos quais são formadas às

rédias, que realizam um processo de multiplicação assexuada neste

hospedeiro intermediário. No interior das rédias são formadas as larvas

cercárias que abandonam o hospedeito intermediário e, na água, vão-se

encistar sobre a superfício de plantas aquáticas, sendo então conhecidas como

metacercárias. Essas metacercárias são ingeridas pelos animais herbivoros

junto com as plantas. No tubo digestivo as metacercárias se desencistam e

perfuram a mucosa do intestino e migram pelo líquido peritoneal para o fígado,

perfuram a cápsula hepática, migram através do parênquima hepático onde

permanecem por cerca de dois meses, crescendo. Após esse período alojam-

se nos canais biliares, onde atingem a maturidade sexual, tornado-se adultos.

Como são hermafroditas, podem fazer autofecundação, iniciando-se novo ciclo,

com a postura de ovos, que são eliminados com as fezes.

No Brasil, as espécies que servem como hospedeiros intermediários da F.

hepatica são a Lymnaea columela e L. viatrix.

Recomenda-se o controle das populaçãoes do caramujo Lymnaea, através

do uso de molusquicidas, como sulfato de cobre, a drenagem de pastagens

alagadas e a variação periódica do nível da água em açudes. (LEITÃO 1996)

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Esta parasitose encontra-se amplamente difundida no mundo e o

aumento da sua dispersão geográfica muito se deve à transferência de animais

parasitados de locais onde a doença é enzoótica para localidades onde ela não

existe. Bovinos e bubalinos provenientes de áreas alagadiças apresentam

maiores índices de prevalência.

Animais com infecção subclínica e que permanecem sem tratamento

contribuem para a contaminação do pasto através da eliminação de ovos de F.

hepática nas fezes (REID e DARGIE, 1995).

Na superfície visceral do fígado aparecem três ductos biliares branco

amarelados e tortuosos, salientes na superfície capsular devido ao

espessamento e calcificação de sua parede. O lúmen é preenchido por

múltiplos parasitas achatados em formato de folha e conteúdo viscoso granular

marrom-esverdeado (excremento do parasita). (BARROS et all.,2008)

No abate de bovinos que estejam contaminados com a fasciola a

carcaça é liberada e a condenação é somente do órgão afetado.

Segundo RIISPOA, Art. 157(2008) . Fasciolose - As carcaças de animais

portadores de Fasciola hepatica devem ser condenadas quando houver

caquexia consecutiva.

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6.2 Contusão:

O transporte rodoviário, em condições desfavoráveis, pode provocar a

morte dos animais ou conduzir a contusões, perda de peso e estresse dos

animais (ROÇA, 2002).

A extensão das contusões nas carcaças representa uma forma de

avaliação da qualidade do transporte, afetando diretamente a qualidade da

carcaça, considerando que as áreas afetadas são aparadas da carcaça, com

auxílio de faca, resultando em perda econômica e sendo indicativo de

problemas com o bem-estar animal. A extensão das contusões aumenta com o

aumento da densidade de carga, principalmente com valores superiores a

600kg/m2 (ROÇA, 2002).

Basicamente há cinco causas de problemas do bem-estar animal nos

matadouros-abatedouro.

a) estresse provocado por equipamentos e métodos impróprios que

proporcionam excitação, estresse e contusões;

b) transtornos que impedem o movimento natural do animal, como

reflexo da água no piso, brilho de metais e ruídos de alta freqüência;

c) falta de treinamento de pessoal;

d) falta de manutenção de equipamentos, como conservação de pisos e

corredores;

e) condições precárias pelas quais os animais chegam no

estabelecimento, principalmente devido ao transporte. O bem-estar também é

afetado pela espécie, raça, linhagem genética e pelo manejo inadequado como

reagrupamento ou mistura de lotes de animais de origem diferente promovendo

brigas entre os mesmos (ROÇA, 2002).

Segundo RIISPOA Art. 155. (2008) Contusão - Os animais que

apresentam contusão generalizada ou múltiplas fraturas devem ser

condenados.

1º Nos casos de contusão, fratura ou luxação localizada, a carcaça pode ser

liberada para o consumo depois de removidas e condenadas as partes

atingidas.

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2º Quando ocorrerem lesões mais extensas, sem o comprometimento de toda

a carcaça, esta deve ser destinada a pasteurização, depois de removidas e

condenadas as partes atingidas.

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6.3. Tuberculose

A tuberculose é uma doença que atinge principalmente os linfonodos e

os pulmões, diminuindo a capacidade respiratória dos animais, mas também

pode afetar as glândulas mamárias, testículos, útero, etc. O conhecimento de

como a doença se desenvolve no rebanho é importante para o criador, pois a

contaminação do gado pela micobactéria Mycobacterium. bovis pode atingir os

seres humanos.

As pessoas que mantém contato contínuo com os animais podem se

contaminar através da respiração, fezes, leite ou fluidos corporais do animal,

com o agravante de que esses germes são eliminados bem antes do

surgimento dos primeiros sintomas da doença. A contaminação também se da

pela ingestão do leite in natura e seus derivados.

O desconhecimento da gravidade da doença faz com que a tuberculose

contamine o rebanho lentamente, até atingir predominância, o que leva a

perdas de até 25% da eficiência produtiva. Nos bovinos, a única forma de

saneamento do rebanho é o descarte dos animais doentes.

Medidas de higiene, como limpeza e desinfecção das instalações e

cuidados na introdução de novos animais no rebanho (com testes negativos

provenientes de rebanhos livres, quarentenário e isolamento de animais

inconclusivos) também são importantes para evitar que a doença se instale na

propriedade.

Os linfonodos do hilo pulmonar estão acentuadamente aumentado de

volume. Na superfície de corte há um material amarelo semi-sólido e

parcialmente calcificado. Este material é circundado por uma casula branca de

tecido fibroso onde se vêem pequenos nódulos com centro amarelo caseoso

(BARROS et al.,2008).

Segundo o RIISPOA Art. 173.(2008) Tuberculose - A condenação total

deve ser feita nos seguintes casos:

I - quando no exame ante mortem o animal apresentar-se febril;

II - quando a tuberculose é acompanhada de caquexia;

III - quando se constatem lesões tuberculósicas nos músculos, nos ossos ou

nas articulações ou, ainda, nos linfonodos que drenam a linfa dessas partes;

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IV - quando ocorrem lesões caseosas concomitantes em órgãos ou serosas do

tórax e abdômen;

V - quando houver lesões miliares de parênquimas ou serosas;

VI - quando as lesões forem múltiplas, agudas e ativamente progressivas,

identificadas pela inflamação aguda nas proximidades das lesões, necrose de

liquefação ou presença de tubérculos jovens;

VII – quando existirem linfonodos hipertrofiados, edemaciados, com

caseificação de aspecto raiado ou estrelado em mais de um sitio de eleição;

VIII - quando existir tuberculose generalizada;

1º A tuberculose é considerada generalizada, quando além das lesões

dos aparelhos respiratório, digestório e seus linfonodos correspondentes, são

encontradas lesões em um dos seguintes órgãos: baço, rins, útero, ovário,

testículos, cápsulas supra-renais, cérebro e medula espinhal ou suas

membranas.

Tubérculos númerosos uniformemente distribuídos em ambos os

pulmões, também evidenciam generalização.

2º As carcaças cujos órgãos apresentem alterações de origem

tuberculosa podem ser aproveitadas, após esterilização pelo calor, desde que

as lesões sejam discretas, localizadas ou encapsuladas e estejam limitadas a

linfonodos do mesmo órgão ou à existência concomitante de lesões em

linfonodos e um órgão pertencente à mesma cavidade, desde que não haja

evidências de uma invasão do bacilo tuberculoso ao restante da carcaça e

órgãos. Nestes casos devem ser feitas as remoções e condenação dos órgãos

e partes atingidas.

I – enquadram-se ainda neste caso, animais reagentes em teste de diagnostico

sem lesões graves e reações de linfonodos satélites e que no exame ante

mortem não se apresentavam em estado febril; e

II – lesões com as mesmas características descritas no 2º, localizadas nos

linfonodos da carcaça ou cabeça, implicam no mesmo aproveitamento desde

que removidas e condenadas as áreas atingidas.

3º Podem ser liberadas as carcaças cujos órgãos ou linfonodos

apresentem lesões discretas, localizadas, calcificadas, isoladas e resolvidas,

neste caso condenam-se os órgãos e respectivos linfonodos de drenagem

correspondentes que apresentem lesões tuberculosas.

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4º Devem ser rejeitadas as partes das carcaças ou órgãos que se

contaminarem com material tuberculoso, por contato acidental de qualquer

natureza.

Durante o período de estágio, foram encontradas lesões características de

tuberculose em 23 animais. Após inspeção detalhada realizada pelo médico

veterinário do SIP, 19 foram consideradas positivas (condenadas) e 4

negativas, que foram liberadas.

Os animais que foram abatidos no abatedouro que apresentaram a doença,

eram provenientes da região de Palmeira no estado do Paraná. Apresentavam

apenas alterações em linfonodos pré-escapulares, apicais, e mediastínicos,

relacionadas ao aspecto de areia no corte do linfonodo. Eram vacas

holandesas velhas, com estado corporal variando de gordas, médias e magras

mas nenhuma apresentando caquexia, ou outras lesões externas. As carcaças

foram destinadas ao setor de graxaria e o abatedouro teve que interromper o

abate para total desinfecção dos instrumentos de trabalho.

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7 DADOS ESTATÍSTICOS

Durante o período de realização do estágio foi possível observar que o

maior volume de abate neste abatedouro é voltado para bovinos, seguido de

bubalinos como pode ser observado na Tabela 1.

TABELA 1: VOLUME DE ABATE NO PERÍODO DE ESTÁGIO

ANIMAIS ABATIDOS NO PERÍODO DE 28/07 A 26/09/2008

Bovinos 2394

Bubalinos 273

TOTAL 2667

TABELA 2: PRINCIPAIS CAUSAS DE CONDENAÇÃO DURANTE O

PERÍODO DE ESTÁGIO

CAUSAS DE

CONDENAÇÃO

QUANTIDADE % DO

TOTAL

CONDENAÇÃO

TOTAL

CONDENAÇÃO

PARCIAL

Tuberculose 23 0,862

%

X

Contaminação

da carcaça

75 2,812

%

X X

Fasciola

Hepática

312 11,698

%

X

Trauma 397 14,885

%

X X

Abscesso

generalizado

10 0,374

%

X

Caquexia 32 1,199

%

X

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8 CONCLUSÃO:

O estágio curricular é de grande importância pois possibilita uma visão

ampla sobre em qual área queremos atuar. O médico veterinário, utilizando

seus conhecimentos de Patologia, Epidemiologia, Microbiologia,

Parasitologia, Fisiologia, e Produção Animal, torna-se o profissional mais

capacitado para exercer a inspeção de produtos de origem animal, no

âmbito municipal, estadual e federal, desde a produção animal, abate,

industrialização, armazenamento, transporte e comercialização para o

consumidor final.

Esperava-se que falhas no manejo dos rebanhos, no transporte dos

animais para o abatedouro, doenças parasitárias e infecciosas, descarte de

matrizes, e outros fatores, já tivessem sido superados pelos pecuaristas, e

desta forma, não estariam ocasionando condenações totais ou parciais com

tanta expressividade. Este fato proporciona desperdício de matéria prima,

prejuízos aos pecuaristas e aos abatedouros.

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REFERÊNCIAS

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endivet/endivet_palestra_3pdf. Acessado em 11 novembro 2008.

BARTELS, H. Inspección Veterinária de La carne. Zaragoza: Acribia, 1980. 491p.

BRAY, A.R., GRAAFHUIS, A.E., CHRYSTALL, B.B. The Cumulative Effect of Nutritional,

Shearing and Preslaughter Washing Stresses on the Quality of Lamb Meat. Meat Science,

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Gulbenkian, 1985.

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GOMES.F.F. Estudo de um foco de Fasciola Hepática no município de Campos dos

Goytacazes Estado do Rio de Janeiro, 2003.

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Bovine Pratitioner, 29, 1996. Proceedings. p.22-26, 1996. Disponível em:

http://www.grandin.com/welfare/general.session.html. 9 p. Acesso em: 12 set. 2007.

LEITÃO, J. L. S. Parasitologia Veterinária. Volume II, Fundação Calouste Gulbenkia, Ano 1996.

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RIISPOA REGULAMENTO DE INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE

ORIGEM ANIMAL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. 1952.

ROÇA, R. O.; SERRANO, A. M., Influência do Banho de Aspersão Ante-mortem em

Parâmetros bioquímicos e na Eficiência da Sangria da Carne Bovina. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, Brasília, v.30, n.8, p.1107-1115, 1995.

ROÇA, R. O. Abate humanitário de bovinos, I conferencia virtual global sobre Produção

Orgânica de bovinos de corte 02 de setembro a 15 de outubro EMBRAPA 2002. Disponivel em:

WWW.stoa.usp.br/oliveiraramon/files/-1/5286/EMBRAPA+-+abatehumanit%5bario.pdf

Acessado em: 08 novembro 2008.

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THORNTON, H. Compêndio de Inspeção de Carnes. Londres: Bailliere Tindall an Cassel,

1969. 665p.