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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CAMPUS CURRAIS NOVOS CURSO BACHARELADO EM TURISMO JAIR DOS SANTOS SILVA A GASTRONOMIA DE CAICÓ COMO INDUTORA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DA REGIÃO DO SERIDÓ RN CURRAIS NOVOS RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CAMPUS CURRAIS NOVOS CURSO BACHARELADO EM TURISMO

JAIR DOS SANTOS SILVA

A GASTRONOMIA DE CAICÓ COMO INDUTORA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DA REGIÃO DO SERIDÓ – RN

CURRAIS NOVOS – RN

2016

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JAIR DOS SANTOS SILVA

A GASTRONOMIA DE CAICÓ COMO INDUTORA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DA

REGIÃO DO SERIDÓ – RN

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Campus Currais Novos, para obtenção do grau de Bacharel em Turismo. Orientador (a): Prof. Dr. Marcelo da Silva Taveira

CURRAIS NOVOS – RN 2016

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A GASTRONOMIA DE CAICÓ COMO INDUTORA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DA REGIÃO DO SERIDÓ – RN

O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do Grau de Bacharel

em Turismo, no Curso de Graduação em Turismo Bacharelado da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Currais Novos/RN, 10 de junho de 2016.

______________________________

Profª. Carolina Todesco

Coordenadora do Curso de Turismo

___________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo da Silva Taveira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientador

___________________________________________________________ Profª. Drª. Paula Rejane Fernandes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Examinador

___________________________________________________________ Prof. M.Sc. Rodrigo Cardoso da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Examinador

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo

total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca

Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte

ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a

propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –

detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,

consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte,

sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão,

de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,

aluga, introduz no País, adquire oculta, empresta troca ou tem em depósito, com

intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos

com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente

que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja

comprovado plágio integral ou parcial do trabalho,

Currais Novos/RN, 10 de junho de 2016.

______________________________________

Jair dos Santos Silva

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Dedico este trabalho primeiro a Deus por

me dar o dom da vida e por ter me dado

força e coragem para realizar os meus

objetivos. Dedico também à minha

família que sempre esteve ao meu lado

e que é o meu alicerce.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e determinação

para começar, recomeçar e persistir, sempre acreditando que seria possível a

finalização desta pesquisa e assim alcançar meus objetivos.

Agradeço ao meu pai, Jaime dos Santos Silva e minha mãe, Margarida

Maria da Silva. Pois, o que sou hoje devo a eles, graças aos seus ensinamentos e

aconselhamentos, sempre me apoiando para seguir em frente, não importando a

dificuldade enfrentada. Foi assim que cheguei onde estou e consegui alcançar meu

nível superior.

Agradeço aos meus irmãos, Jairo dos Santos Silva e Jaqueline dos

Santos Silva, pois, sei que estiveram, estão e estarão sempre do meu lado e sei

também que posso sempre contar com eles, para discutir, sorrir, chorar, enfim, viver.

São duas pedras no meu caminho, não das que atrapalham, mas sim, daquelas

preciosas e raras, mais valiosas que o diamante ou o rubi.

Agradeço a minha vó materna pelas primeiras passagens de ônibus

pagas, e mais importante, aos seus incentivos para continuar firme nos estudos.

Agradeço a minha tia, Ângela Rosangela, por acreditar em minha

capacidade e sempre me receber em sua casa quando precisava ir fazer pesquisas

na internet.

Agradeço a Wallas Araújo e sua família que me receberam na cidade de

Santa Cruz, nos primeiros dias de aula, pois, essa ajuda foi fundamental para a não

desistência do curso.

Agradeço a Elma e sua irmã por me acolherem por um tempo em sua

residência, já na cidade de Currais Novos. Pois, antes de entrar na residência

universitária da UFRN/campus Currais Novos, fiquei morando lá por um determinado

período.

Agradeço ao meu “sobrinho postiço”, Juan, que apesar de ter conhecido

há pouco tempo, me diverte e aflora a criança interna que trago na minha pessoa

com sua doçura, me fazendo esquecer os problemas dos adultos.

Agradeço à Maria Jucimeire que, foi mais que uma amiga, foi uma irmã

para mim e me acolheu em sua casa nos dias que necessitei ir à Caicó para fazer

minhas pesquisas de campo. À ela, meus mais sinceros agradecimentos.

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Agradeço à minha amada, Juciane Azevedo, por ser uma companheira

maravilhosa e que sempre está ao meu lado para o que eu preciso.

Agradeço a todos os professores que passaram na minha vida

acadêmica. Muito obrigado pelos ensinamentos e pela paciência que sei que não foi

pouca.

Agradeço em especial ao professor Wilker de Nobrega, pelas aulas tão

bem explicadas. Ao professor Saulo Gomes, pelas aulas tão alegres e

descontraídas. À professora Edneide Galvão, com suas explicações tão bem

elaboradas. À professora Kelsiane Lima, pelas exigências em suas aulas.

Certamente tornei-me uma pessoa mais crítica em um bom sentido. E por fim,

gostaria de agradecer ao meu professor e orientador, Marcelo Taveira, pelas aulas e

pelas orientações do meu TCC. Meu muito obrigado! Enfim, agradeço a todos que

direto ou indiretamente me ajudaram.

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Nunca deixe que lhe digam que não vale a

pena acreditar no sonho que se tem.

Renato Russo

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SILVA, Jair dos Santos. A GASTRONOMIA DE CAICÓ COMO INDUTORA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DA REGIÃO DO SERIDÓ – RN. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Turismo). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Currais Novos, 2016.

RESUMO

A gastronomia é um setor indispensável na hora que se fala sobre turismo, pois andam atrelados. O desenvolvimento de uma região pode estar ligado a culinária daquela localidade, com influências econômicas e socioculturais, com pratos e receitas que se destacam daquela e a torna um diferencial das demais. Diante disso, o presente estudo que tem como título A gastronomia de Caicó como indutora da atividade turística da região do Seridó – RN, tem como objetivo geral da pesquisa, avaliar o potencial gastronômico de Caicó/RN como indutor da atividade turística regional. Como objetivos específicos, busca-se: identificar os eventos gastronômicos realizados na cidade; perceber quais as contribuições do poder público para a realização dos eventos da cidade e verificar quais são os principais pratos do município de Caicó. Utilizou-se neste estudo um procedimento metodológico de abordagem qualitativa, tendo como estratégia a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. A análise dos dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada aplicada junto à Secretária de Turismo da cidade em questão. Sendo a gastronomia uma forma de potencializar o turismo, acredita-se que a cidade de Caicó tem capacidade de ter a gastronomia como um indutor da atividade turística devido ao valor que é empregado à culinária regional, uma vez que há no município duas iguarias registradas com reconhecimento abrangente que são a carne se sol e o queijo coalho. Os resultados foram obtidos por intermédio da opinião da Secretária de Turismo de Caicó em relação à representatividade e capacidade que a carne de sol e o queijo tem para aumentar o turismo do município como a culinária local, a qual é produzida com traços regionais, mostrando assim o valor e o potencial do interior. Palavras-chave: Turismo. Gastronomia. Culinária regional.

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SILVA, Jair dos Santos. THE GASTRONOMY IN CAICÓ AS A CONTRIBUTION

FACTOR IN THE TOUISTIC OF THE SERIDÓ REGION. Course Conclusion Paper

(Bachelor in Tourism). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Currais Novos,

2016.

ABSTRACT

The gastronomy is an essential sector in the time that we talk about tourism, for walking

trailers. The development of a region may be linked to food that locality, with economic and

socio-cultural influences, with dishes and recipes that stand out and that makes a difference

from others. Thus, the present study is titled The Caico gastronomy as an inducer of tourism

of the region Seridó - RN, has the general objective of the research was to evaluate the

gastronomic potential of Caicó / RN as a promoter of regional tourism. Specific objectives,

seeks to: identify the gastronomic events held in the city; realize that the contributions of the

government to carry out the events and see which are the main dishes of the city of Caico. It

was used in this study a methodological procedure of qualitative approach and a strategy of

literature and field research. Data analysis was carried out through semi-structured interview

applied by the Secretary of Tourism of the city concerned. Being gastronomy a way to boost

tourism, it is believed that the city of Caico has ability to gastronomy as an inducer of tourism

due to the value that is used to the regional cuisine, as there is in the city two delicacies

registered with comprehensive recognition are the meat sun and cheese curds. The results

were obtained through the opinion of the Secretary of Caico Tourism regarding the

representativeness and capacity of the corned beef and cheese has to increase the city's

tourism as the local cuisine, which is produced with regional traits, thus showing the value

and potential inside

Keywords: Tourism. Gastronomy. Regional cuisine.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS

FIGURA 1 – Estrutura e organização de pesquisa cientifica.....................................16

FIGURA 2 – Mapa do Rio Grande do Norte com destaque para Caicó/RN..............32

IMAGEM 1 – Preparação de chouriço na região do Seridó.......................................22

IMAGEM 2 – Membros da Associação Carne de sol e Queijo de Caicó...................34

IMAGEM 3 – Panfleto do primeiro Festival gastronômico e cultural de Caicó...........35

IMAGEM 4 – Panfleto da 1ª Feira Gastronômica da UVA em Caicó/RN...................36

IMAGEM 5 – Público da 1ª feira gastronômica da UVA.............................................37

IMAGEM 6 – Comercialização da carne de sol na feira livre de Caicó......................39

IMAGEM 7 – Carne de sol sendo servida em um restaurante de Caicó....................39

IMAGEM 8 – Comercialização na feira livre do queijo de coalho de Caicó/RN.........41

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BNB – Banco do Nordeste

CUCA - Colégio Universitário de Caicó

EUA – Estados Unidos da América

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OMT – Organização Mundial do Turismo

RN – Rio Grande do Norte

UVA – Universidade Estadual do Vale do Acaraú

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15

2 TURISMO E GASTRONOMIA ............................................................................. 21

2.1 TURISMO GASTRONÔMICO ........................................................................ 30

3 CAICÓ/RN COMO POLO GASTRONÔMICO DO SERIDÓ ................................ 32

3.1 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA DE CAICÓ/RN ............................................ 33

3.2 PRINCIPAIS PRODUTOS GASTRONÔMICOS ............................................ 38

4 CENÁRIO E PERSPECTIVA DO TURISMO GASTRONÔMICO EM CAICÓ ...... 43

5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 45

5.1 SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA

ENTREVISTA.........................................................................................................44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

Apêndice ............................................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho explana sobre a gastronomia como potencial turístico para o

desenvolvimento da cidade de Caicó. O turismo é um forte setor econômico, cultural

e social para o estado do Rio Grande do Norte com segmentos turísticos que são

realizados: entre eles, sol e praia, turismo de aventura, turismo rural, entre outros.

Dando ênfase a pesquisa para o turismo gastronômico.

A atividade turística foi inserida no campo das ciências sociais aplicadas,

e segundo Dencker (2007, p. 34): “o turismo segue a dinâmica dessas ciências em

relação à evolução da abordagem metodológica. Muitas se tratam da questão do

turismo, o que configura mais o turismo como campo cientifico do que como ciência

independente, com dinâmica própria”. Ou seja, turismo faz parte da ciência com

demais atores, porém sozinho não é ciência segundo a autora.

A atividade turística vem aumentando nas últimas décadas, apesar de

crises e dificuldades as pessoas jamais deixaram de viajar, se não for possível

realizar uma viagem tão sonhada para o país que a moeda é muito valorizada, as

pessoas viajam para um país vizinho ao Brasil, se mesmo assim ainda não for

possível sair do para o exterior, viaja pelos estados brasileiros, pois o Brasil é

enorme em suas dimensões territoriais, culturais, gastronômico e muito mais.

Sendo a gastronomia um setor primordial na hora que se fala sobre

turismo, podendo ser um dos fatores que agregam no desenvolvimento de uma

região, estando o turismo ligado à sua culinária, com influências econômicas e

sociais. Os pratos e receitas que se destacam naquela localidade a tornando-a um

diferencial entre as demais.

Nesse sentido, a escolha da Caicó para a elaboração desta pesquisa se

deu pela importância que a carne de sol e o queijo tem para a localidade. Pois, o

município se tornou conhecido em várias partes do Brasil graças a estes dois

alimentos que fazem parte da cultura da cidade. Assim, a presente pesquisa tem

relevância para a gastronomia do Município, haja visto que, não há um número

significativo de publicações sobre o assunto estudado na região, além de oferecer

contribuições para futuros trabalhos desenvolvidos na área.

A gastronomia de Caicó é rica em diversidades de comidas típicas da

região semiárida, como: grãos, alimentos de raízes, no caso macaxeira, batatas, e

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carne. Os pratos preparados no Nordeste em grande parte levam temperos e tem

aromas tipicamente fortes e marcantes, como: pimentas de várias espécies, alecrim

que é uma planta bastante resistente ao calor, e outras, em Caicó não é diferente se

usa destes temperos para darem sabor maior aos pratos. A carne de sol, por

exemplo, tornou-se uma iguaria tão famosa que, atrai turistas que não saem da

cidade antes de provar o prato que é preparado na cidade. Outros exemplos são os

biscoitos artesanais, o queijo de coalho, o queijo de manteiga, a manteiga de

garrafa, os bolos, doces, chouriço, cachaça, entre outros.

Apresentando-se como uma culinária variada e tipicamente regional,

sendo mantida no município a preservação da história, cultura, tradição e valores

resguardados nas características da culinária locais.

Caicó, localiza-se na região do Seridó Potiguar, segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia estatística – IBGE, censo de 2010, sua população é de

62.709 habitantes, sendo a maior cidade do Seridó. Nascida na confluência dos rios

Seridó e Barra Nova, o clima é semiárido. A mesma possui uma área de 1.228,583

km².

Diferencia-se no que diz respeito a eventos como o carnaval, festas

religiosas: procissão de Sant’Ana, artesanato e produtos da culinária, na

gastronomia o leque é abrangente e variado, demostra-se que a Cidade pode vir a

impulsionar o turismo na região aumentando o desenvolvimento socioeconômico por

intermédio da própria gastronomia. Dessa forma a cozinha nordestina mostra-se em

seus valores e tradições por meio das comidas sertanejas que são mantidas

passando de geração em geração. Com isso, a gastronomia de Caicó tem potencial

para aumentar o desenvolvimento turístico.

Esta pesquisa tem como objetivo geral avaliar o potencial gastronômico

de Caicó/RN como impulsionador da atividade turística regional. Como objetivos

específicos busca-se: identificar os eventos gastronômicos realizados na cidade de

Caicó/RN, perceber quais as contribuições do poder público para a realização dos

eventos da cidade e verificar quais são os principais pratos do município de

Caicó/RN.

O turismo tem evoluído no mundo de forma constante e cada vez mais

rápida, com esta evolução está entrelaçadas segmentações e formas novas de se

fazer turismo, turismo gastronômico é um deles. Assim senso é necessário sempre

mais estudos a respeito de, como acontece? Onde acontece? Quais locais têm

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potencialidades para o seu desenvolvimento? Estas questões sempre motivam

novos trabalhos, como livros, artigos, etc.

Para entender melhor a gastronomia de hoje em dia na região Seridó e

consequentemente na cidade de Caicó, tem-se que entender a origem da

gastronomia no Rio Grande do Norte primeiramente. Assim, segundo Gomes, (2004,

p. 17) a gastronomia do RN é “de origem indígena, portuguesa e por consequência

africana, herdarmos dos nossos antepassados o gosto e a habilidade pelos deleites

da mesa”. Na realidade a gastronomia está ligada ao ser humano muito antes do

turismo, de forma arcaica nos primórdios até chegar nas sofisticações do século XIX.

Os seguintes procedimentos metodológicos foram utilizados para atingir

os objetivos: pesquisas bibliográficas em livros, artigos, monografias e sites, fontes e

autores da área tratada no trabalho. Uma pesquisa cientifica para um trabalho de

final de curso é estruturada e organizada segundo Gonçalves (2005, p. 103) da

seguinte forma:

Figura 1: Estrutura e organização de pesquisa cientifica

Fonte: GONÇALVES, H. A., 2005.

Escolha e delimitação do tema

Estabelecimento

de problemática

Definição das hipóteses de

trabalho ou das questões

Norteadoras

Especificações dos

objetivos

Seleção das fontes de pesquisa

Determinação da categoria de

análise

Elaboração dos instrumentos de coleta de dados

Procedimento de amostragem

Coleta e representação dos

dados obtidos

Comunicação dos resultados alcançados

Redação final: Relatório, Monografia, Dissertação ou

tese

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Na pesquisa em questão buscou-se seguir as orientações do quadro a

cima, buscando dessa forma uma estrutura mais fidedigna para a elaboração dos

textos e seguir os passos de forma decrescente, fixando primeiramente a temática

do trabalho, ou seja, sobre o que a pesquisa falaria. Posteriormente veio a questão

da problemática ou questão problema, que é uma indagação motivadora da

pesquisa.

Em seguida, veio as possiblidades do trabalho com questões que

nortearam o estudo. Mais adiante foram definidos os objetivos do trabalho, houve

então definições do material bibliográfico a ser usado, definição das categorias de

análises, que são: as formas de se obter os resultados, questionários, formulários,

pesquisa por observação. Para a pesquisa em questão usou-se um formulário para

entrevista semiestruturada que foi aplicado a Secretária de Turismo da cidade de

Caicó, dando sequência ocorreu procedimento de amostragem, coleta e

apresentação dos dados obtidos e comunicação dos resultados alcançados.

A pesquisa tem etapas as quais devem ser seguidas, pois é o que norteia

o trabalho e mantem o estudo em ordem e numa sincronia harmoniosa, o

desrespeito das etapas pode acarretar o atraso do trabalho ou pode até mesmo

deturpar a pesquisa dando assim mais trabalho e dificultando mais ainda o trabalho.

A pesquisa bibliográfica a ser feita e deve sempre seguir algumas etapas

tais como: separar livros com temas relacionados a pesquisa que deseja fazer, fazer

um levantamento de quais autores escrevem de forma que o entendimento é maior,

entre outras coisas, segundo Santos (2010, p. 191): “A pesquisa bibliográfica é feita

com base em documentos já elaborados, tais como livros, dicionários, enciclopédias,

periódicos, como jornais e revistas, além de publicações, como comunicação e

artigos científicos, resenha e ensaios críticos”, tendo sido feito no trabalho em

questão estes procedimentos.

A pesquisa bibliográfica leva tempo e requer uma paciência, e isso tem

que ser feito sem pressa e com detalhes minuciosos que farão toda a diferença no

texto produzido e servi como base para a fundamentação teórica do trabalho escrito,

posteriormente vem à pesquisa de campo que segundo Diez e Horn (2004, p. 26): “A

principal finalidade deste tipo de pesquisa é recolher, registrar, ordenar e comparar

dados coletados em campo (com uso de instrumentos específicos) de acordo com

os objetivos do assunto escolhido como objeto de estudo”, na pesquisa em questão

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procurou-se buscar estes critérios seguindo passo a passo as formas de

ordenamento estabelecidas.

A pesquisa de campo contribuiu para o trabalho de forma plena e

satisfatória e sempre vem a posteriori das demais pesquisas que colaborou com o

trabalho no que diz respeito a parte prática, pois na visita in-loco pode-se analisar a

realidade da potencialidade gastronomia da Cidade estudada usando assim os fatos

do local e contrapor com a teoria de dados analisada antes.

Para a pesquisa em questão foi realizada uma entrevista com a gestora

pública responsável pela Secretária de Turismo de Caicó, Eliana da Nóbrega. Seria

entrevistado também um profissional da gastronomia, para tal, foram realizados 4

(quatro) tentativas de contato por meio da rede social facebook™ e por telefonemas

realizados em horários e dias distintos, porém, o pesquisador não obteve resposta.

Acredita-se que essa entrevista seria de grande relevância e traria várias

contribuições, devido ao alto nível de conhecimento sobre a gastronomia de Caicó

que o profissional tem, pois, o mesmo exerceu a função na área da gastronomia por

anos no município de Caicó em um empreendimento gastronômico, além de dar

cursos sobre gastronomia na escola de curso que o mesmo possui.

A pesquisa deu-se com abordagem qualitativa este tipo de pesquisa tem

como objetivo segundo Bauer (2008, p. 70) [...] “apresentar uma amostra do aspecto

dos pontos de vista”. Ou seja, leva em consideração o ponto de vista de uma única

pessoa que entende de um determinado assunto e com base nisso as questões são

respondidas. Já para Strauss (2008, p. 23) o termo “pesquisa qualitativa” significa:

[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções e sentimentos, e também à pesquisa sobre funcionamento organizacional, movimentos sociais, fenômenos culturais e interação entre nações. Alguns dados podem ser quantificados, como no caso do senso ou de informações históricas sobre pessoas ou objetos estudados, mas o grosso da análise é interpretativa.

Nesse sentido, percebe-se que a pesquisa qualitativa lida com

experiências que alguém viveu, movimento sociais, culturais, além de ser uma forma

de pesquisa que trabalha mais com uma análise de interpretação do fenômeno

pesquisado. Isso significa que geralmente estas pesquisas são feitas com pessoas,

individuo, na pesquisa em questão foi realizada com uma profissional da área.

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No que diz respeito a presente pesquisa, esta encontra-se dividida em 6

capítulos. No primeiro, será contextualizado a parte introdutória, na qual estão

presentes elementos como a apresentação da pesquisa, sua contextualização e

problemática, o objetivo geral e os objetivos específicos, e contando também com a

justificativa do estudo.

No caso da pesquisa de campo, a mesma proporciona uma

fundamentação da prática, e com isso o reconhecimento do local pesquisado sendo

de fundamental importância para alcançar-se os objetivos da pesquisa. Tendo a

pesquisa de campo função de aprofundar os conhecimentos e fundamentar os

resultados sendo importante ter como base: formulários, questionários, etc.

O capítulo 2, apresenta a revisão literária sobre turismo e gastronomia,

com tópicos e sub tópicos. O capitulo 3 apresenta a cidade de Caicó como polo

turístico gastronômico da região do Seridó.

No capítulo 4, são mencionados cenários e perspectiva do turismo

gastronômico em Caicó, no capítulo 5, descreve o resultado da pesquisa que foi

realizada com a Secretária de Turismo da Cidade, por intermédio de formulários, no

capitulo 6, apresenta-se as considerações finais do trabalho.

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2 TURISMO E GASTRONOMIA

No decorrer do tempo, o turismo foi destacando-se cada vez mais, não se

tem uma data correta para afirmar quando ele começou, porém, os estudiosos

mencionam alguns acontecimentos onde se tem a viagem sendo realizada com o

deslocamento das pessoas entre um lugar e outro. Assim, como destaca Barbosa

(2005, p. 12) “a primeira grande viagem da história iniciou-se com Moisés, ao longo

do deserto, conduzindo o povo de Israel até a terra prometida. Memorável jornada

recheada de prodígios”. Na Idade Antiga estas viagens não eram consideradas

turismo.

Quando se fala em turismo, é importante frisar que este não é tão simples

quanto aparenta, pois, para ser considerado com tal deve dar-se por meio de

práticas de deslocamento providos de lazer, estada superior a 24 horas no local para

onde viajou, além de se considerar outros fatores operativos que se aplicam antes,

durante e depois da viagem, enfim um número de fatores que se interligam e fazem

com que o turismo aconteça, segundo Assunção (2012, p. 1):

O fenômeno turístico é extremamente complexo pela relação que estabelece com diversas áreas das ciências sociais e humanas. A categoria turismo é ainda um termo que necessita ser desconstruídos, tendo em vista a complexidade que envolve o turismo e as práticas culturais do lazer. O turismo é uma atividade baseada em três elementos operativos: o tempo livre, o rendimento e as condições e sanções locais que permitem a atividade turística. O turismo pode ser entendido como um conjunto de técnicas baseadas em princípios científicos, as quais têm como objetivo prestar diferentes tipos de serviços às pessoas que utilizam seu tempo livre para viajar.

Nesse sentido, percebe-se que o turismo é um fenômeno mais complexo

do que muitos pensam, envolve toda uma logística e fatos para que o mesmo ocorra

de forma satisfatório. Assim, para que seja realizado da melhor forma possível,

deve-se utilizar o tempo livre como um dos elementos operativos para melhor

aproveitamento. Outro pensamento sobre o turismo que deve ser levado em

consideração é o de Ignarra (2003, p. 14) que diz:

O turismo é uma combinação de atividades, serviços e indústrias que se relacionam com a realização de uma viagem: transporte, alojamentos, serviços de alimentação, lojas, espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços receptivos disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para fora de casa. O turismo engloba todos os prestadores de serviços para os visitantes ou para os relacionados com eles.

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Nestas perspectivas, o turismo é uma atividade que atribui vários setores

para que possa acontecer. Não se sabe ao certo quando o termo Turismo surgiu,

pois, as viagens, como foi visto, vieram de séculos atrás e não eram consideradas

Turismo de fato, pois os fatores não induziam ao lazer, quer dizer, ao

desprendimento de atividades diárias com intuito de relaxar.

O turismo é um setor da atividade econômica que está sempre em

constante movimento. Muito ou pouco, as pessoas sempre viajam para vários

lugares do mundo, por motivos mais diversos possíveis. Diante disso, o ser humano

é o principal ator da atividade turística hoje e sempre, pois, faz parte do Homem ter

espaços na sua vida para conhecer lugares novos fazendo turismo. Segundo

Andrade (2004, p. 38):

A pessoa humana é o epicentro do fenômeno turístico e, para atingi-lo, os teóricos e os técnicos de turismo recorrem a princípios, conclusões, métodos e sistemáticas, da sociologia, da história, da geografia, da economia e da política, com o auxílio indispensável e permanente da psicologia, da comunicação humana e social e da administração.

Nota-se que para compreender o principal propulsor do turismo, que é o

ser humano, os profissionais da área do turismo exploram setores dos mais

diversos, como por exemplo, a sociologia, que serve como base para diversos

estudos, pois a sociedade está ligada com o turismo. Assim, o turismo acontece bem

onde a sociedade lhe enxerga como uma forma de avanço junto por meio da

atividade turística.

A geografia é outro setor que agrega um valor fundamental para o turismo

devido ao uso de áreas, ocupação e desocupação de espaço para o uso em prol da

atividade turística, e produção de alimentos distintos devido ao clima e a geografia

do local. Logo, percebe-se que a economia e o turismo andam juntos e, isto é fato,

pois é evidente que o turismo impulsiona a economia de vários lugares do mundo de

forma significativa, uma vez que várias cidades têm a atividade turística como sendo

sua principal ou uma das principais atividades econômicas.

Para a política o ordenamento, e diretrizes capazes de induzir, ou

desenvolver o turismo no país. O Estado percebeu a importante da atividade

turística. Sendo estudado neste ambiente assim como nos mencionados

anteriormente. Assim, é natural que a atividade turística esteja sendo estudada

neste meio, mesmo o Ministério do Turismo tendo sido criado há pouco tempo, pois

é de interesse político o avanço do desenvolvimento turístico, devido o número de

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setores beneficiados com esta atividade. Outro setor que tem laços estreitos com o

turismo é a psicologia, que busca compreender os diversos motivos pelos quais as

pessoas viajam, seus desejos e o porquê de turistas visitarem mais um ponto

turístico que outro. Há ainda outras questões que envolvem o ser humano e que

adentram no universo de historiadores que buscam compreender a história de como

se deu o turismo desde tempos remotos.

A cultura de uma determinada localidade perpassa valores os quais são

de extrema importância para o turismo, pois as manifestações culturais fazem com

que a atividade turística possa ser desenvolvida e difundida, demostrando assim a

cultura da comunidade para os visitantes e turistas, uma cultura bastante difundida

no Seridó é a produção do chouriço (ver imagem 1), fazendo com que emissoras de

TV, como a Globo fizessem reportagens a respeito.

Imagem 1: Preparação de chouriço na região do Seridó

Fonte: Azevedo, 2011.

Dos autores citados, a respeito do turismo, o pensamento que o autor do

trabalho acredita ser de maior relevância e estar melhor estruturado é o raciocínio

que acredita que o turismo parte da premissa que é uma atividade socioeconômica,

como outros, porém tem mais detalhes, de acordo com a OMT, (2001, p. 31):

É uma atividade socioeconômica que apresenta um caráter multidisciplinar, no qual engloba uma ampla variedade de setores econômicos. Assim sendo,

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o turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com a finalidade de lazer, negócio ou outras.

Dessa forma, entende-se que o turismo realmente está ligado às

atividades sociais e econômicas em qualquer lugar que aconteça, pois sem a

participação da sociedade o turismo não acontece, não sendo o turismo uma

máquina de gerar riqueza, porém, se não gerar renda para empresários e para a

comunidade onde o turismo aconteça, muitas vezes não vale apena investir.

Todavia, não se deve entender o turismo como uma máquina de geração de renda

que pode ser ligada e desligada a qualquer momento.

Essa premissa faz-se necessário no início do século XXI para se

contrapor ao capitalismo exacerbado gerado na sociedade atual, quando só se fala:

em questões financeiras, afirmando que o turismo tem que atingir valores e mais

valores, gerar milhões, bilhões sempre, pois só assim para determinado local

receber investimentos na área do turismo e sendo só dessa forma para o turismo ser

viável.

O turismo é mais que uma simples máquina que gera serviços e valores

para seus investidores. Dessa forma os atores e fomentadores de atividades

turísticas sempre terão que ter a responsabilidade sociocultural, socioambiental,

socioeconômica para contribuir com um turismo, mesclando-o, economia atrelada a

aspectos culturais, costumes antigos e valores com os costumes atuais, que fazem

parte das comunidades onde se implementará atividades turísticas.

Embora o turismo seja uma atividade depredadora, ou seja, que degrada

o meio em que acontece, o principal degradador do ambiente visitado é o próprio

turista, que deve atentar-se para realizar um turismo cada vez mais responsável

para sua comunidade; sua região; seu país; enfim, todo o planeta.

O turismo com o passar do tempo foi-se desmembrando e surgiram

segmentações, exemplo: turismo religioso, turismo de aventura, entre outros. Esta

técnica é segundo Dias (2005, p. 67):

A segmentação de mercado consiste na sua divisão em grupos de consumidores relativamente homogêneos em relação a um critério adotado (idade, interesses específicos etc.) com o objetivo de desenvolver a um, para cada um desses grupos, estratégias de marketing diferenciadas que ajudem a satisfazer a suas necessidades e conseguir os objetivos de atração da demanda para determinado núcleo receptor.

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Percebe-se que o autor anterior acredita que os grupos são formados

devido os gostos semelhantes, e com isso pode-se compreender melhor as pessoas

e assim dividi-las, outro ponto de vista a respeito da segmentação é o da OMT

(2003, p. 112) que diz:

Para concorrer no mercado turístico, as organizações dos setores público e privado devem saber quem são seus clientes e o que querem, devem ser capazes de comunicar a disponibilidade dos produtos e serviços turísticos aos potenciais clientes e convence-los a tornarem-se clientes de fato, ou seja, a viajarem até um destino ou atração que tenha sido trabalhada ou a comprarem produtos e serviços, como um pacote turísticos ou uma passagem aérea.

Este critério é de fundamental importância nos dias atuais, pois, as

empresas não podem vender sem saber a quem está vendendo e o reconhecimento

dos seus clientes faz uma empresa se destacar das demais. Esta questão de

segmentar é cada vez mais comum principalmente no turismo, onde se tem várias

formas de praticá-lo. Nesse sentido, dentre os segmentos do turismo o que será

discutido no decorrer do trabalho será o turismo gastronômico.

Desde a aparição do ser humano há milhões de anos, a alimentação fez-

se presente na terra. Os homens pré-históricos usavam artefatos e formas de caçar

seus alimentos de forma precária devido à época, onde faltavam-lhe instrumentos

para o preparo dos alimentos na pré-história (período que vai desde o surgimento do

homem até o aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C.). Alimentando-se

apenas de vegetais por certo período da história, com o passar do tempo o homem

desenvolveu ferramentas com as quais podiam caçar animais. Os instrumentos que

utilizavam para conseguirem alimentos eram segundo Leal (1998, p. 15):

O homem pré-histórico criou todo tipo de armas, como arpões, lanças com bicos envenenados, redes de pesca, arco, flechas, armadilhas e, com esses instrumentos, ampliou a sua dieta alimentar de um modo assombroso. Começou a caçar e comer rena, cabra, porco, galinha, deixando de se alimentar apenas de vegetais.

Estas ferramentas como pode-se perceber, possibilitavam ao homem pré-

histórico um alimento a mais, a carne, alimento que tem proteínas necessárias para

o ser humano. Porém, os homens pré-históricos sofreram algumas consequências,

não conseguindo carne de animais, muitas vezes grupos comiam pessoas como se

fossem algo normal, não sendo provavelmente a principal forma, porém, é algo que

agregou bastante influencia para que isso pudesse acontecer, surgindo assim o

canibalismo. Segundo Leal (1998, p. 16):

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Grupos inteiros tornaram-se canibais porque lhes faltavam às proteínas da carne e eles não tinham outra forma de consegui-las. O canibalismo também fazia parte de rituais mágicos. O inimigo era comido com muito prazer, não propriamente por gulodice ou fome, mas para que suas qualidades fossem transferidas para quem comia.

Pode-se perceber que a forma de se alimentar do ser humano pré-

histórico foi bem complexa e precária devido à época em questão. Porém, com o

decorrer do tempo isso foi mudando, o cenário da alimentação foi ganhando novos

sabores e formas bem mais agradáveis ao paladar humano, transformando a vida do

Homem para melhor.

Uma das maiores melhorias para o Homem dar-se com a descoberta do

fogo, usado a princípio para se proteger e aquecer durante períodos frios, como a

noite, a dominação deste foi um fato divisor entre o ser humano e os demais

animais. Tendo o fogo várias funções ao longo de sua história, ele passou a ser

usado para o preparo de alimentos, os quais antes eram comidos cru, estas funções

ao longo do tempo foram se aprimorando. Segundo Leal (1998, p. 16):

O fogo era calor e luz e, talvez por isso mesmo, fosse associado à magia e ao sobrenatural. Ele aquecia o homem nos dias frios, mantinha as feras afastadas, logo seria usado para assar caça ou pesca. Assim, a carne deixou de ser comida crua e passou a ser assada diretamente nas chamas ou nas brasas, presa a um espeto.

Percebe-se que o fogo era algo considerado surreal para o homem da

pré-história, e ao conseguir domina-lo para uso em seu benefício o homem começa

dessa forma ingerir alimentos mais saudáveis, eliminando impurezas das caças e

pescas, tornando os alimentos mais saborosos para a época em questão, sendo

utilizado até hoje para preparo de muitos pratos.

A gastronomia ao longo do tempo foi desenvolvendo-se e interagindo com

várias áreas de estudo até se tornar um bem patrimônio cultural imaterial espalhado

pelo mundo, fazendo-se a comunidade que explora a gastronomia ser reconhecida

pelos turistas, pois suas memorias ficam expostas no sabor dos alimentos, com suas

tradições culinárias e suas histórias por trás dos pratos elaborados.

Sendo de grande importância a valorização da UNESCO, que, em 2010,

registrou como patrimônio imaterial a comida mexicana, francesa e a mediterrânea.

No caso do Brasil, o IPHAN registrou o acarajé e o queijo de minas.

A gastronomia está ligada a valorização do bem imaterial tornando-o

dessa forma um bem da humanidade, podendo vir a ser este bem um grande

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agregador da atividade turística da região, pois a gastronomia está interligada ao

turismo na esfera da valorização pela cultura do intangível, proporcionando a

culinária de um determinado local seu reconhecimento e valorização. Segundo o

IPHAN:

O Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), instituído pelo Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, viabiliza projetos de identificação, reconhecimento, salvaguarda e promoção da dimensão imaterial do Patrimônio Cultural Brasileiro, com respeito e proteção dos direitos difusos ou coletivos relativos à preservação e ao uso desse bem. É um programa de apoio e fomento que busca estabelecer parcerias com instituições dos governos federal, estaduais e municipais, universidades, organizações não governamentais, agências de desenvolvimento e organizações privadas ligadas à cultura e à pesquisa.

Entende-se que, no que diz respeito a valorização da gastronomia de

Caicó e da região do Seridó seria possível o registro no IPHAN da culinária, porém,

o processo é mais complexo, devido inúmeros bens imateriais que se tem

espalhados pelo país.

A gastronomia é um segmento relativamente novo que está em evolução

constante devido a necessidade que se tem durante viagens de se alimentar, ou

seja, por mais que viajantes busquem atividades diferenciadas a gastronomia,

sempre se depararam com a culinária do local, novos sabores e novas experiências,

fazendo com que o turista interaja com a culinária, podendo fazer com que em outra

oportunidade o turista possa viajar com fins gastronômicos. Sendo segmento

turístico critério fundamental para a atividade turística, pois de acordo com Fagliari,

(2005, p. 28):

Os segmentos do turismo relacionados ao motivo de viagem têm por base, em muitos casos, tipos específicos de atrativos que os compõem. A alimentação é, inegavelmente, um elemento do patrimônio cultural dos povos, afirmação esta que vem adquirindo força com a importância atribuída atualmente aos bens culturais intangíveis. Assim, para compreender o posicionamento da alimentação na segmentação do turismo, é preciso compreender qual seu posicionamento em termo de recurso de uso turístico.

Como pode-se perceber a gastronomia se faz presente no turismo, sendo

usada e valorizada conforme vai sendo explorada como recurso turístico, sendo

construído ao longo do tempo, eventos gastronômicos, feiras gastronômicas e outras

formas que proporcionam a interligação entre turismo e gastronomia, segmento este

que vem ganhando espaço cada vez maior em vários lugares. De acordo com Dias,

(2005, p. 71) a gastronomia é:

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[...] a diversidade da imigração no Brasil e a existência de numerosas subculturas regionais bem caracterizadas conformam uma enorme diversidade de pratos étnicos que se constituem em importante complemento de outros tipos de turismo. A experimentação de iguarias regionais é parte integrante da experiência do turista, e, quanto maior a sua caracterização, mais fortes são a identidade e o orgulho da comunidade local.

A culinária e os pratos elaborados em diversas partes do mundo têm

sofrido evoluções e modificações constantemente até os dias atuais, porém alguns

países buscam sempre por uma culinária mais cautelosa e com sabores mais

parecidos. No Brasil, a gastronomia é bem diversificada e rica de sabores

justamente pelos diversos tipos de ingredientes que o país tem e a maneira de

preparo arriscando novos sabores, novos temperos e combinações únicas, dessa

forma a culinária se expande e toma novas formas e sabores.

Para que a culinária de um país ou de uma região seja bem desenvolvida

é essencial que as condições climáticas, chuvas, sol, seja na medida certa. O Brasil

tem cinco regiões e nelas se tem um clima para cada uma onde podem ser

produzidos vários tipos de ingredientes, tornando assim a culinária rica. Sendo a

região Seridó Potiguar do Nordeste brasileiro, produtora de queijo, carne de sol,

macaxeira, biscoitos artesanais entre outros, sendo um os fatores que levam a

consumir estes alimentos o clima propicio da Região. Segundo Lohmann e Panosso

Netto, (2008, p. 92):

A comida e a bebida também fazem parte do patrimônio cultural de um povo, ou dos povos em geral. No Rio Grande do Sul, há o chimarrão e o churrasco como dois ícones da culinária local; na Bahia, há o acarajé; no Pará, precisamente em Belém, o açaí; em Minas Gerais, o pão de queijo; e, em Goiás, a pamonha. Por meio da comida e da bebida, as pessoas mostram a que grupo social pertencem e, ao mesmo tempo, sentem-se fazendo parte desse grupo social.

Diante do exposto apresentado, pode-se compreender que há vários

lugares assim como o município de Caicó que tem uma grande parcela de

contribuições e de potencialidade para desenvolver o turismo gastronômico no

Brasil. Tendo Caicó contribuído de forma significativamente para a região do Seridó

no que diz respeito a culinária, porém, necessita saber se esta culinária tem

potencial para perpassar o município e atingir outras regiões do país, e

proporcionando assim uma identidade local da região sendo uma forma de fazer

com que a culinária torne-se um fator cultural da localidade.

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Buscando informações a respeito da potencialidade gastronômica da

cidade, sendo que é um fator indispensável para o desenvolvimento turístico de uma

localidade tão favorável e reconhecida a respeito dos recursos culinários.

A gastronomia seridoense é tipicamente apegada às tradições

nordestinas, devido os elementos gastronômicos utilizados nos pratos, com formas

de preparo peculiares que passam de geração em geração, de forma a não se

perder no tempo, o modo de preparo e os ingredientes usados torna a identidade da

região única.

A peculiaridade dos pratos da região Seridó é reconhecida em várias

regiões do Nordeste, pois traz na sua essência sabores únicos que dão fama a

gastronomia do local, como por exemplo a carne de sol da cidade de Caicó e Currais

Novos – RN, sendo levada esta mercadoria até hoje para a capital do Rio Grande do

Norte, como afirma Gomes (2004, p. 42):

Até hoje, este tipo de mercadoria é trazida do Seridó para a capital, só que de maneira bem diferente, em pés redondos, viagem esta que se de Caicó para Natal demora em torno de quatro horas e se de Currais Novos, entre duas e duas e meia de percurso. Citamos essas duas cidades, por serem elas que melhor produzem carne-de-sol em todo país.

No decorrer do tempo após a grande fama da região Seridó com a carne-

de-sol a mesma não deixou de ser comercializada passando a ganhar

reconhecimento e fama em mais locais do país, dessa forma, entende-se que a

qualidade atribuída ao produto é satisfatória, pois, um ponto crucial para um produto

que pode ser usado para o desenvolvimento do turismo, segundo Albuquerque

(2010, p. 58):

A culinária da região Seridó potiguar já criou fama em todo o pais. A tradicionalíssima carne-de-sol, os queijos de coalho e manteiga, os bolos, doces e biscoitos artesanais, o jerimum, as frutas e todos os pratos que se pode fazer com a imensa variedade de ingredientes característicos de lá formam o conjunto da gastronomia seridoense, capaz de deixar qualquer um de água na boca.

Diante da declaração, pode-se observar que a culinária seridoense é rica

em tradição, história e sabores, com influências dos ancestrais como: portugueses,

índios e demais povos que contribuíram para esta rica culinária tornando-se um

atrativo gastronômico no Seridó Potiguar.

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2.1 TURISMO GASTRONÔMICO

A construção do gosto alimentar dá-se no decorrer da vida, com o passar

do tempo cada pessoa tem sua forma de apreciar cada sabor de um jeito único, nem

sempre os pratos de outro lugar agrada, seja: na estética do prato, nos ingredientes

ou no preparo. Porém, a atividade turista vem justamente quebrando esses

paradigmas nos quais as pessoas se prendem e não abrem a mente para o novo,

para experimentar novos sabores e novas sensações.

A gastronomia de qualquer país faz parte da cultura que ele traz

representando parte de sua história. A atividade turística tem um papel fundamental

para que a gastronomia torne-se motivo de orgulho para determinado local, pois por

intermédio do turismo vários pratos e a culinária cresce e torna-se reconhecido entre

outras pessoas e outras comunidades, eventos divulgam a gastronomia, roteiros

turísticos, turistas divulgam, entre outras formas, e assim, a comunidade se

beneficiaria e tornaria a culinária reconhecida, porém, este segmento tem suas

complexidades como mostra Fagliari (2005, p. 30)

O turismo gastronômico é um segmento bastante polêmico da atividade turística. Para muitos estudiosos, é difícil compreender a importância que alimentos e bebidas podem ter para os viajantes. Mais ainda: é controversa a percepção de diversos pesquisadores com relação à existência do turismo gastronômico como segmento especifico do turismo.

O turismo gastronômico da cidade de Caicó está ligado à cultura

sertaneja, com traços deixados pelos portugueses e índios, com ingredientes mais

resistentes ao semiárido. A carne de sol como antes mencionada é um dos

principais atrativos turístico gastronômico da cidade, sendo reconhecida como uma

das melhores da região do Seridó. O turismo gastronômico na Cidade ocorre por

meio dos eventos como: Festival de carne de sol e Queijo de Coalho que teve sua

primeira edição em 2003. A Feira Gastronômica que ocorreu em sua primeira edição

no ano de 2016, segundo Revista de turismo (2004):

[...] a gastronomia é muito importante e relevante para o turismo e possibilita inúmeras oportunidades para todos aqueles que souberem explorar esse nicho de mercado, direta ou indiretamente. Os exemplos citados mostram que a gastronomia como produto turístico é um importante motivador e mesmo quando não é o motivo e/ou elemento principal, sempre estará inserida no contexto e terá o seu papel de destaque num evento turístico, como uma viagem, passeio, feira ou reuniões.

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O setor da gastronomia de Caicó enfrentou uma dificuldade devido ao

agravamento da falta de água, provocado pela estiagem que se estendeu por um

tempo longo, vindo a piorar no ano de 2015, fazendo com que o reservatório

principal o açude Itans chegasse ao seu volume morto, algumas empresas

gastronômicas foram vendidas, como por exemplo o Quintal da Villa e queijeira,

como a Queijeira LD no sítio Lajinhas distrito de Caicó. Outras tiveram que se

adequar, utilizar matérias descartáveis para reduzir o consumo de água, porém, a

esperança prevaleceu, os que continuaram no setor se adaptaram, modificam-se,

reinventam-se.

O turismo gastronômico não deixou de ter seu destaque na cidade,

passou apenas a ter um gosto mais forte de vitória e lutas travadas entre o homem e

a falta de chuva prolongada na região, fazendo com que a localidade não tenha

como produzir boa parte de matéria prima para a elaboração dos pratos que são

feitos na cidade, pois segundo Fagliari (2005, p. 35): “Os gêneros alimentícios

provenientes dos locais de produção podem ser utilizados nos pratos e refeições

servidos aos visitantes e, ainda, ser vendidos separadamente, assim como alguns

produtos preparados no local para os turistas”. Dessa forma, entende-se que

alimentos produzidos desde do início até o fim na localidade tem uma importância

maior para os turistas.

Acredita-se que a atividade gastronômica sendo desenvolvida de forma

consciente e responsável tende a aumentar e promover renda e maior para uma

sociedade onde a mesma é desenvolvida neste caso Fagliari (2005, p. 34) diz que:

O turismo gastronômico pode ser uma realidade econômica socialmente interessante e viável como segmento do turismo a ser desenvolvido para destinos que possuem potencial latente nesse sentido. Entretanto, é um segmento do turismo que demanda maturidade empresarial e iniciativa por parte dos órgãos governamentais de turismo do país; ou seja, é necessário que o setor de turismo esteja bem estruturado para que possa dar subsídio ao desenvolvimento do segmento.

Observa-se que o turismo gastronômico não é tão simples assim, os

setores devem estar em sintonia e em concordância, para que o turismo

gastronômico ocorra da melhor forma possível, promovendo assim eventos

satisfatórios para os turistas nos quesitos gastronomia local e promovendo para

comunidade local aumento de renda, trabalho e melhorias em geral.

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3 A CIDADE DE CAICÓ COMO POLO GASTRONÔMICO DO SERIDÓ

A potencialidade de Caicó a deixa na frente das demais cidades no que

diz respeito a ser um polo gastronômico da região do Seridó. Primeiramente: a

cidade tem a melhor carne de sol da região segundo Gomes (2004, p. 17):

Somos detentores da melhor carne de sol já conhecida, queijo, doces de frutas tropicais, aves, caças, cereais, entre outros, todos de paladares inigualáveis, preparados outrora pelas “pretas velhas” sobre a supervisão e orientação das senhoras matriarcas.

Como nota-se, as opiniões sobre a qualidade da carne de sol do

município são categóricas e firmes a respeito da mesma, deixando a carne com um

público mais exigente a cada dia que passa e dando uma maior fama a iguaria.

As pessoas do município de Caicó trouxeram consigo ao longo do tempo

as tradições da gastronomia tipicamente nordestina, tendo sido a culinária norte-rio-

grandense herdada culturas e sabores portugueses em sua maioria dos pratos, pois

segundo Araújo, (2005, p. 74): “a cozinha portuguesa é que mais caracteriza a

potiguar. Adapta-se à aridez do solo, aproveitando a prática árida identificada com

este tipo de terra”. Sendo assim muitos pratos na região do Seridó tiveram que ser

readaptados com alimentos resistentes à estiagem do semiárido nordestino.

Mesmo a Culinária sendo mais difícil na região semiárida, muitos pratos

se mantiveram, pois, com a falta de chuva fica cada vez mais difícil a criação de

gado, porém mesmo assim a carne de sol nunca deixou de ser comercializada na

cidade de Caicó, uma das cidades que mais enfrenta a falta de chuva, não perdendo

assim as tradições e foi passando de geração em geração, segundo Leal, (1998, p.

125):

Habituada a grandes períodos de seca, o sertanejo nordestino aprendeu a sobreviver a períodos difíceis, e desenvolveu técnicas para armazenar provisões e preparar alimentos que pudessem ser conservados sem muitos recursos. Um bom exemplo disso é a carne de sol, em que o sal é empregado como elemento conservante.

Ou seja, das dificuldades enfrentadas pelas condições climáticas do povo

nordestino pincipalmente da região do Seridó onde foi feita a pesquisa é bem

resistente, forte, não se deixam abater pelas dificuldades enfrentadas. Na cidade de

Caicó as altas temperaturas, são bem reconhecidas pelas pessoas que por ela

passam, com a falta de chuva frequente os desafios são maiores no que diz respeito

a gastronomia, pois é algo que depende integralmente de água, e como pode-se

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perceber na figura a seguir (ver figura 2) a localidade de Caicó (com destaque em

vermelho) está em uma região escassa de chuvas, sendo uma região semiárida.

Figura 2: Mapa do Rio Grande do Norte com destaque para Caicó/RN

Fonte: openbrasil.org

Para os eventos representam uma parte da capacidade que a cidade tem

de ser polo gastronômico da região Seridó e são esses eventos que ajudam e

movimentam parte da economia da cidade, envolvendo as empresas gastronômicas

juntamente com o apoio do poder público. Fazendo com que as pessoas

reconheçam a gastronomia da cidade como um produto indutor do turismo.

3.1 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA DE CAICÓ

Caicó é uma cidade reconhecida por vários motivos: carnaval, artesanato,

carne de sol, queijo de coalho, entre outras coisas. Mas antigamente a cidade era

habitada por índios os quais eram denominados índios caicós, sendo povoado o

município aos poucos pelo homem branco, segundo o IBGE:

Foram os índios caicós os primeiros habitantes da região, onde hoje se encontra o Município. A colonização surgiu por volta de 1700, quando

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batedores paraibanos penetraram no sertão para caçar os silvícolas. Expulsos os aborígenes, instalaram-se os fazendeiros, voltados para a criação do gado bovino. Acorreram para o local imigrantes de outros Estados e alguns portugueses. Entre os povoadores mais amigos registram-se o Capitão Inácio Gomes da Câmara, Manoel de Souza Fortes e o Tenente José Gomes Pereira. Em 1788, com a designação de Vila Nova do Príncipe, surgiu o Município. Tomou o nome de Seridó em fevereiro de 1890 e, cinco meses depois, o de Caicó. Caicoenses são os naturais do lugar

Percebe-se que como vários lugares do Brasil o município de Caicó

também tinha índios como responsáveis pelas terras e pelos cuidados com a

mesma, vivendo de caças, frutas e alimentos da terra. A gastronomia da cidade de

Caicó começou como várias outras cidades da região do Seridó, com comidas a

base de mandioca, criação de gado para abate e comidas derivadas de leite. A

carne de sol, o queijo de coalho e biscoitos artesanais são alguns dos pratos que

prevaleceram no Município fazendo com que a cidade ficasse mais reconhecida na

área gastronômica em geral.

No ano de 2003 na cidade de Caicó, foi fundada a Associação de Carne

de Sol e Queijo pelo então açougueiro José Geraldo Dantas de Souza, na qual se

associaram várias pessoas ao longo da sua história, nos dias atuais a associação

possui 26 associados. Atualmente o presidente da Associação é o filho de José

Geraldo, Marcelo Souza presidente ao centro de preto (ver imagem 2). A Associação

foi responsável pelo primeiro evento gastronômico Festival de Carne de Sol e Queijo

da cidade de Caicó.

No ano de 2009, segundo Marcelo o matadouro da cidade enfrentou

alguns problemas e teve que ser fechado, posteriormente os sócios da associação

se mobilizaram e conseguiram reabrir o matadouro e perfuraram um poço no local,

pois devido ao gasto com água em demasia devido ao uso com a carne de gado a

água tem que ser constante. As eleições para presidente da associação são

realizadas a cada 4 (quatro) anos.

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Imagem 2: Membros da Associação Carne de Sol e Queijo de Caicó

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Sendo o evento gastronômico Festival de Carne de Sol e Queijo um dos

maiores eventos gastronômicos já realizados na cidade, que teve algumas edições

não realizadas por falta de apoio público, segundo o presidente da Associação,

Marcelo Souza. Porém, o mesmo está se mobilizando para que no ano de 2016 a

Associação realize o evento com ou sem investimento público, pois o mesmo tem

planos para realizar o evento com projetos de investimentos do Banco do Nordeste

do Brasil. (BNB).

Dessa forma a cultura e história da gastronomia vai manter-se viva na

cidade de Caicó. Preservando assim um marco gastronômico não só do município

de Caicó, mas em toda a região do Seridó Potiguar, com a Carne de sol

inconfundível e com queijos, biscoitos artesanais, etc.

Outro evento que está começando a desenvolver-se no município é o

festival gastronômico e cultural de Caicó (ver imagem 3), ocorrendo sua primeira

edição no ano de 2015, sendo realizado pelo poder público.

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Imagem 3: Panfleto do primeiro Festival gastronômico e cultural de Caicó

Fonte: Acervo do autor, 2016.

No cenário atual, a carne de sol tem destaque em eventos gastronômicos,

nos restaurantes, livros contando a história da cidade de Caicó. Entre os eventos

gastronômicos da cidade está o mais novo evento, a Feira Gastronômica que

ocorreu sua primeira edição no dia 06 de maio de 2016, realizado pelos alunos do 3º

período do curso de pedagogia da Universidade Estadual do vale do Acaraú (UVA),

sendo realizado no Colégio Universitário de Caicó – CUCA. No espaço onde foi

realizado o evento tinha alimentos para serem comercializados, os quais tinham

valores acessíveis de R$ 1,00 (um real) a R$ 2,50 (dois e cinquenta), com destaque

para os pasteis que eram feitos com a carne de sol da região, segundo Fagliari,

(2005, p. 62): “um tipo bastante comum de evento gastronômico é aquele voltado

para um produto ou ingrediente especifico”, tornando-o atrativo principal.

Essas festas variam muito dependendo do local em que se realizam, pois

estão muito relacionadas com a produção local, ou seja, não deve-se esperar

produtos da região Sul do País em regiões semiáridas de forma abundante, pois a

região Sul é bem diferente do semiárido e não produz os mesmos produtos, devido

ao clima, as chuvas e demais fatores climáticos.

Nota-se, portanto, que no evento em questão os organizadores tinham um

ingrediente principal a carne de sol, que foi usada em vários salgados, como: tortas,

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pastel, coxinha entre outros. Ou seja, os jovens notam a importância da matéria

prima usada em diversos pratos e que está dentro da história da cidade de Caicó.

Imagem 4: Panfleto da 1ª Feira Gastronômica da UVA em Caicó/RN

Fonte: Acervo do autor, 2016.

Os alunos dedicaram-se para realizar o evento, deixando o evento como

exemplo de que apesar das dificuldades que é lidar com atividades socioeconômicas

alimentos em tempos de crises, sem muitas dificuldades o evento ocorreu de forma

satisfatória segundo uma professora do colégio a qual não quis se identificar.

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Imagem – 5: Público da 1ª feira gastronômica da UVA

Fonte: Acervo do autor, 2016.

O público alvo era alunos de outras instituições, turistas, e a comunidade

em geral, o número de participantes não foi divulgado pelos organizadores. Porém,

mais importante que o público é manter viva as tradições e levar em frente pratos

com a matéria prima da região, a carne de sol, que tem uma representatividade

sociocultural marcante para o Município.

3.2 PRINCIPAIS PRODUTOS GASTRONÔMICOS

Os principais produtos gastronômicos da cidade de Caicó são: carne de

sol, queijo coalho, doces de frutas, chouriço: que também é um doce, porém, seu

principal ingrediente é o sangue de porco, entre outros. Para se chegar na carne de

sol como prato principal, tem que levar em consideração que foi por meio da criação

de gado antigamente que se tem os preparos da carne na região. Segundo Gomes

(2004, p 22): “o Seridó foi adentrado pelo sertão da Acauã em Acari, pelos povos

vindos do Pernambuco e da Paraíba, já sendo enxergado para fundarem fazendas

para a criação de gado”. Como nota-se a carne de sol já vem sendo preparada e

aperfeiçoada na região a muito tempo. O estado do Rio Grande do Norte é um

produtor de gado desde os tempos colônias. Segundo Gomes (2004, p. 37):

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Desde o Brasil colonial, teve sua importância essencial na criação de gado, em relação a todas as outras capitanias. Foi o maior fornecedor de reses, em 1635 os conselheiros políticos enalteceram o Rio Grande do Norte com a conquista final da capitania, sendo um benefício imensurável para os criadores de gado.

Nota-se que a carne tem um valor para o Rio Grande do Norte, e na

região Seridó e com destaque para a cidade de Caicó onde ela tomou formas e

sabores peculiares, tornando-se reconhecida nacionalmente. Mas nem sempre a

carne de sol teve o destaque que tem hoje, nem o preparo. Os relatos das pessoas

mais idosa segundo Gomes (2004, p. 39) é: “convivendo com pessoas mais velhas e

experientes no trato com a carne de sol, percebi que o processo de sua preparação

mudou um pouco do tempo dos nossos tataravôs”. Ou seja, com o avanço de novas

maquinas que se instalaram na vida de muitos e contribuem para melhorar a forma

de manejo com os produtos da terra e animais, entre outros.

Estas mudanças se dão por intermédio das novas tecnologias para

engorda e abate dos animais, em novos temperos que surgem ao longo do tempo, e

novas formas de preparo. Em resumo para uma boa carne de sol (ver imagem 6 e 7)

é necessário um bovino gordo, o qual depois de morto se retira todos os órgão e

couro, reparte o boi e salga cada arroba de carne com 2 e ¹/2 a 3 kg de sal e depois

são penduradas a sombra em local ventilado. Na imagem a seguir, mostra-se a

carne sol sendo comercializada na feira livre da cidade.

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Imagem 6: comercialização da carne de sol na feira livre de Caicó

Fonte: Acervo do auto, 2016.

Imagem 7: Carne de sol sendo servida em um restaurante de Caicó

Fonte: Acervo do auto, 2016.

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Ambas as imagens acima demostram a carne de sol sendo

comercializadas, primeiramente em seu estado em natura, e posteriormente em seu

estado assado. Sendo uma forma de preparo bastante usada na mesma apenas sal

grosso e pimenta.

Outra iguaria típica da região Seridó e muito presente em Caicó é o queijo

de coalho, queijo de manteiga e manteiga de garrafa (ver imagem 8), sendo o queijo

de coalho acompanhado inclusive com a carne de sol, em diferentes preparos.

Sendo o queijo de coalho feito de leite de vaca, cabra, nos dias atuais na região

Seridó, porém antigamente também se usava leite de ovelha. Sendo produzido em

escala pequena na cidade de Caicó, em sua maioria dos casos, feita de forma

artesanal e industrial o queijo é feito de preferência pela manhã, O queijo de coalho

é um prato que deve ser consumido mais rápido que o de manteiga, pois ele com o

passar do tempo muda rapidamente sua textura e fica mais duro e vai perdendo o

sabor. Segundo Gomes (2004, p. 72):

Seu nome é derivado da substância coalho (estomago dos roedores silvestres como mocó ou preá) que é colocada, para se ter o leite coalhado. O coalho mais usado antigamente era o de mocó ou preá, quando na falta destes, um pequeno pedaço de estômago retirado da cabra ou ovelha, que era conservado salgado, preso por uma fina corda e pendurado em um caibro ou ripa que ficasse em cima do fogão de lenha, para receber fumaça do fogo.

Percebe-se que houve também com relação ao queijo uma evolução, a

forma de coalhar o queijo não é mais feita como nos anos que começaram a fazer

os queijos pela primeira vez, com partes de animais, tendo sido uma forma bem

rudimentar comparada com os dias atuais.

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Imagem 8: Comercialização na feira livre do queijo de coalho de Caicó/RN

Fonte: Acervo do autor, 2016.

A comercialização do queijo de coalho nas feiras livres das cidades de

interior faz parte da cultura Nordestina do Brasil a muito tempo e se mantem viva

apesar dos pesares, com o passar do tempo as dificuldades do homem do campo

são superadas pela sua determinação e com isso mantem-se as tradições no

manejo dos queijos artesanais deixadas pelos antepassados.

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4 CENÁRIO E PERSPECTIVA DO TURISMO GASTRONÔMICO EM CAICÓ

O cenário do turismo gastronômico da cidade de Caicó é promissor,

levando-se em consideração as pesquisas realizadas na cidade com coleta de

dados, que mostram a valorização da história da cidade e dos pratos típicos da

região que foram repassados de geração em geração, sem perder a essência da

matéria prima dos primeiros pratos feitos na cidade de Caicó. Segundo Almeida

(2006, p. 64):

A homogeneização do consumo de alimentos industrializados não significou o fim das culinárias regionais, por vários fatores: econômicos (acesso ao mercado), religiosos, sociais ou culturais ela se manteve em muitos locais [sic]. Os movimentos de resistência e de valorização da culinária local emerge em diversas partes do mundo com objetivos mais amplos, não só preservar a identidade culinária, mas também, garantir as condições para a existência de grupos locais.

Observa-se, que a gastronomia local não vai deixar de existir devido o

surgimento de comidas industrializada, a gastronomia regional sempre terá espaço

na cultura caicoense e Seridó. O turismo gastronômico da do município ocorre de

forma frequente com eventos, mostrando os principais produtos da cidade, e com

eventos festivos como o carnaval e a festa de Sant’Ana que reúne um número

expressivo de pessoas, das quais muitas provam dos principais pratos de Caicó.

Tomando conhecimento da gastronomia do município e comprovando a

fama da culinária caicoense. Sempre ocorre eventos ligados a gastronomia, para os

eventos crescerem e se destacarem ainda mais os organizadores devem atuar

juntamente com o poder público dependendo os eventos de investimentos

realizados por gestores envolvidos com o turismo da cidade. O cenário do turismo

gastronômico atual da cidade enfrenta uma economia estagnada não só na cidade

de Caicó, mas em todo o país, e ao mesmo tempo turbulenta devido à crise política,

mas com parcerias e alianças estas crises podem ser amenizadas e superadas, pois

segundo Rodrigues (1999, p. 109):

De maneira oposta, várias empresas constroem alianças duradouras. Hewllett-Packard e yokogawa Electric mantêm uma joint venture no Japão desde 1963. No Brasil, Semp e Toshiba estão juntas na Semp Toshiba desde 1977 e a joint venture tem apresentado resultados extremamente positivos nos últimos anos (Exame, 1994, 1995). De forma ainda diversa, algumas empresas simultaneamente colaboram e competem em um mesmo mercado, como é o caso da GM e da Toyota nos EUA.

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Percebe-se, com esta afirmação que o ser humano sempre evoluirá de

forma mais ampla com parcerias e contribuições entre empresas, não deixando que

a concorrência exagerada predomine e atrapalhe o negócio, e as parcerias firmadas

entre empresas gastronômicas poderia acontecer para que as empresas não

precisassem fechar as portas, como muitas vezes acontece em momentos de crise.

Nos eventos, existe dificuldades que também são enfrentadas, porém,

com criatividade e parcerias dos poderes privados com o público, poderia fazer com

que os eventos se realizem, fortalecendo assim o turismo gastronômico da cidade.

Havendo mobilização e parceria firmada entre estes dois atores do turismo tudo

tende a ser mais favorável, agregando assim forças e impulsionando o turismo por

meio da gastronomia tão rica do município.

Um dos fatores que dificulta as atividades turísticas e gastronômicas, é a

crise hídrica em grau avançado que afeta a Região de forma negativa, fazendo, a

culinária regional ser algo difícil de ser mantido em restaurantes e quiosques, sendo

dependente integralmente o setor gastronômico da água, desde a produção dos

alimentos no campo até a criação dos pratos nos estabelecimentos comerciais. No

que diz respeito a produção alimentar, antigamente cerca de um século atrás no Rio

Grande do Norte nas fazendas as pessoas produziam alimentos diversos como

lembra Gomes (2004, p. 22):

Cada fazenda até pouco mais de um século, produzia praticamente todo arsenal de trabalho e provisão alimentar, da carne de gado, cabra, carneiro, bode, ovelha das carnes tenras, galinhas, patos, guines; farinha de mandioca, feijão, milho; passando pelo jerimum, batata doce e macaxeira, coentro, alho, cebola, pó de urucu (colorau); tinha o leite de gado seus derivados de queijo de manteiga, coalho, nata e manteiga de garrafa, o leite de cabra que era reservado para as crianças após o desmame materno.

Nota-se que, este tipo de produção nos dias atuais, são feitas muitas

vezes para venda do produto para a cidade, e são menos os sítios que produzem

alimentos na região do Rio Grande do Norte, consequentemente na região Seridó e

Caicó não tem a capacidade de produzir alimentos em diversidade como

antigamente.

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5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As informações a seguir foram coletadas no órgão da secretaria de

turismo de Caicó, por intermédio de roteiro de entrevista semiestruturado que foi

aplicado com a secretária de turismo de Caicó no dia 10 de maio de 2016.

Dessa forma, optou-se pela coleta de dados na secretaria de turismo, pois

é uma entidade da cidade que está mais integrada ao setor do turismo

gastronômico. O roteiro de entrevista semiestruturado foi elaborado especificamente

para o órgão, composta de perguntas abertas, na intenção de obter-se informações

a respeito da temática do trabalho, explorando o máximo dos conhecimentos e das

ações que o poder público toma a respeito do turismo gastronômico.

O formulário que deveria ter sido aplicado ao chef de cozinha, se faria

necessário para obter informações de um empreendedor da área gastronômica da

região Seridó, buscando saber o que o mesmo acharia sobre a gastronomia

caicoense, suas dificuldades e vantagens, entre outros fatores, porém não obteve-se

resposta do mesmo, sendo assim foi aplicado apenas um formulário com a

secretária de Turismo.

5.1 SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO: ANÁLISE DO CONTEÚDO DA

ENTREVISTA

O pesquisador, deu início a entrevista com informações preliminares a

respeito da secretária, como: nome, formação acadêmica e tempo atuação na

secretaria. A secretária se chama Eliana da Nóbrega, formada em Turismo dando

início o curso em Brasília e transferindo posteriormente para Natal/RN, atuou na

linha aérea TAM (atual LATAM) durante seis anos, surgiu o convite para exercer a

função de secretária e hoje exerce o cargo de secretária de Turismo da cidade de

Caicó.

Questionada a respeito das circunstâncias de como assumiu o cargo de

secretária a mesma afirmou

“Que trabalhou na TAM linhas aeras durante seis anos e aí surgiu o convite para trabalhar na secretaria, pedi demissão para encarar esse desafio”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

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Observa-se, que a gestora pública da secretaria de turismo, veio para o

órgão público com uma experiência na área de turismo. A respeito do tempo que

atua na secretaria ela respondeu: “faz 3 anos que atuo como secretária de Turismo”.

Na perspectiva do gestor público responsável pela administração da cidade de

Caicó, o mesmo acreditou no potencial da atual gestora para tomar a frente da

secretaria de turismo.

Perguntada se já tinha ocupado outro cargo relacionado ao turismo em

alguma outra cidade e qual, a mesma afirmou “sim, em Natal”. Questionada a

respeito de outras experiências relacionadas ao turismo, além de secretária, e da

TAM ela respondeu “sim, já trabalhei bastante com eventos”.

Percebe-se que a secretária de turismo tem um conhecimento a respeito

do assunto pesquisado, foi atuante em duas áreas além da gestão atual no poder

público. Dessa forma administrar a secretária foi um novo desafio para a mesma,

porém com a formação acadêmica em Turismo e com as experiências que tinha fez

com que a secretaria não fosse tão difícil para ela segundo a entrevistada.

Interrogada a respeito sobre o calendário de evento, se na secretaria

existe, e se os eventos gastronômicos estariam inseridos no calendário de eventos,

a secretária indagou:

“Sim, nós temos um calendário de eventos, que junto dele tem os eventos gastronômicos, que inclui a festa de Sant’Ana, que a feirinha não deixa de ser um evento gastronômico, leilões (vendas de iguarias), os eventos sempre têm essa questão da gastronomia junto”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Acredita-se, que o calendário de eventos seja de fundamental

importância, pois quando se tem os eventos dentro do calendário da secretaria

pode-se ter maior noções sobre os orçamentos estabelecidos e de conhecimento de

todos do setor, os funcionários têm uma base de material necessário e custos dos

eventos da cidade para facilitar os preparativos e organizações.

Em relação aos eventos gastronômicos a entrevistada comenta:

“Durante essa gestão em três anos, nós tivemos o festival gastronômico no ano passado tendo sido o primeiro na minha gestão, mas tenho conhecimento de que Caicó teve eventos como: O festival carne de sol e de queijo, não estava aqui mas tenho conhecimento, e todos sabemos que Caicó é um celeiro da gastronomia com sabores e toda essa parte que envolve a gastronomia é muito forte aqui”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

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Nota-se que, o festival está em evolução, que é o festival gastronômico e

cultural da cidade de Caicó que substituiu o festival “SABOREANDO”, o qual foi

realizado edições antes que a atual secretária assumisse o cargo, não tomando

assim conhecimento a respeito do nome do evento.

Com relação às dificuldades enfrentadas na cidade para realização de

eventos gastronômicos, a secretária afirma que os maiores empecilhos são:

“Financeiro, a questão financeira do município, as prefeituras estão todas em situações precárias e também em relação ao limite prudencial por que os municípios quando tem esse problema da água o governo federal ele não permite que a gente faça outras coisas além do básico. Então assim a gente fica preso, limitado a essas questões, mas isso não pode ser uma desculpa, a gente pode estar fazendo de outras formas se unindo a iniciativa privada, por exemplo. Mas sinto muita desunião, aqui em Caicó, muita, todo mundo trabalha muito individual, não tem aquele aconchego de todos por uma causa, por um ideal”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

A parceria que foi mencionada anteriormente nesta pesquisa deveria ser

trabalhada neste momento, pois a parceria entre empresas privadas e o poder

público fortaleceria o ramo gastronômico local, uma cidade de médio porte como

Caicó, onde boa parte da população é de pessoas que querem ver a cidade se

desenvolver, porém, não há ajuda, nem apoio muitas vezes da parte privada para

com o poder público, e outras vezes do poder público para com o certo privado.

Questionada a respeito das contribuições do poder público nas

realizações de eventos gastronômicos na cidade de Caicó, a entrevistada afirma:

“O poder público sempre que pode apoia as ideias, nas suas limitações, mas apoia, nosso prefeito está sempre atuando, não de forma em termos financeiros, mas o que pode ser feito pela parte da prefeitura como por exemplo: uma limpeza, banheiro químico essas coisas que já dispõem na prefeitura o prefeito sempre está disposto a ceder”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Nota-se, que o poder público dispõe de alguns materiais primários para os

eventos, porém, eventos gastronômicos não poderiam ser realizados apenas com

estes materiais citados, necessitaria de uma maior infraestrutura, como: barracas,

iluminação, som, entre outros.

Quando questionada a respeito da importância da gastronomia como

sendo uma das formas de impulsionar o turismo da cidade de Caicó, a secretária

diz:

“Essencial, acho que turismo anda junto com a gastronomia, né? É muito importante para o crescimento para o desenvolvimento e gera renda

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também para a comunidade, não deixa de ser uma renda, uma renda boa”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Nota-se, o quão é importante para o turismo da cidade de Caicó a

gastronomia, pois é um dos pontos em que a cidade se destaca e tem uma força

maior, pois há uma parcela de pessoas envolvidas que acreditam no potencial do

Turismo Gastronômico de Caicó.

Sobre a questão da culinária caicoense se ela preserva a história e

cultura da região do Seridó, a entrevistada afirma:

“Sim, preserva sim, acredito que uma grande parte ainda luta por essa questão e não deixa a peteca cair, e graças a Deus ainda tem alunos como vocês pensando por esse lado dessa causa da gastronomia que tem que ser movimentada por que se não acaba no esquecimento, aqui tem a fama, mas se não tiver um movimento cai no esquecimento”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Percebe-se que, a cultura dos caicoenses é cada vez mais valorizada na

medida em que o tempo passa com sabores e temperos que são típicos da região

Nordeste, como: alecrim, cominho e ervas. Assim a culinária caicoense se manten

viva e resistente a diversidades e novas formas de alimentação, como: comidas

industrializadas.

Como qualificaria o número de participantes da população e de turistas

nos eventos gastronômicos realizados em Caicó? Esta foi outra questão abordada

que a secretária respondeu da seguinte forma:

“O festival gastronômico foi muito bem visitado, mas não pode parar por aí tem que ter novas ideias e fazer mais, e movimentar mais esse setor”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Acredita-se, que os eventos gastronômicos locais tiveram um destaque

devido ao reconhecimento das iguarias regionais, porém, para uma abrangência

maior destes acontecimentos seria possível se por acaso houvesse uma parceria

entre Associações, poder público e empresas privadas, contribuindo para um maior

desempenho destes eventos.

A última questão tratava das melhorias que poderiam ser realizadas pelo

poder público na secretaria para o aumento do turismo gastronômico da cidade de

Caicó, a entrevistada respondeu:

“Sinto falta como Turismóloga e atuante na secretaria de turismo, sinto muita falta de pessoas pensando com nível de conhecimento igual a respeito do que é turismo, do que é cultura do que é gastronomia, por que não adianta você está trabalhando sem as pessoas conhecerem, sem

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saberem, então as pessoas não dão valor, é uma minoria os que sabem”. (Gestora municipal de turismo, entrevista cedida em 10/05/2016).

Nota-se, que a cidade carece de mentes pensantes, para somar com

novas ideias, atitudes que surpreendam as pessoas de forma boa e satisfatória a

comunidade e os turistas que é um dos principais responsáveis pelo

desenvolvimento do estado do Rio Grande do Norte, sendo assim a cidade de Caicó

pode se beneficiar buscando uma parcela destes turistas que vem para o Estado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa, notou-se que a atividade turística tem uma

enorme atuação no mercado mundial, e que juntamente ao turismo está a

gastronomia que é o foco do trabalho, sendo uma das grandes áreas dentre as

outras no que diz respeito a economia de uma determinada localidade, no caso

deste trabalho a cidade que foi pesquisa foi Caicó.

A gastronomia vai ao longo do tempo se desenvolvendo e se destacando

no mercado brasileiro e estrangeiro, porém no cenário regional muitas vezes o

desenvolvimento não se dá de forma significativa para as pessoas onde nela

moram, nesta pesquisa buscou-se justamente pontos que fossem cruciais para

avaliar o potencial gastronômico de Caicó/RN como indutor da atividade turística

regional.

Para obter tais informações a respeito do município de Caicó, fez-se uma

entrevista semiestruturada com a secretária de turismo para ela dar seu ponto de

vista a respeito da gastronomia local e a atividade turística. Obtendo assim uma

visão profissional do cenário atual.

Buscou-se saber se em algum evento o poder público ajuda os

organizadores, se os eventos gastronômicos podem contar no momento com o

poder públicos para investimentos de infraestrutura e mão de obra para serviços em

geral, entre outras questões. No cenário atual, uma boa ideia seria buscar formas

alternativas do uso sustentável do turismo, fazendo com que os eventos

gastronômicos não deixem de acontecer e principalmente parcerias entre o poder

público e privado.

A respeito da gastronomia como um impulsionador do turismo de Caicó a

secretária acredita que é possível devido o potencial da gastronomia, e a culinária

está ligada ao turismo do município devido ao nível de reconhecimento que a cidade

já tem por meio da carne de sol e do queijo, chouriço, biscoitos, artesanais, entre

outras iguarias, sendo o festival carne de sol e queijo um dos principais eventos

realizados em Caicó que é organizados pela Associação de carne de Sol, sendo o

festival gastronômico e cultural outro evento gastronômico da cidade, que é

organizado pelo poder público.

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O turismo anda lado a lado com a gastronomia, sendo a gastronomia uma

forma de fazer o turismo crescer, devido o reconhecimento que a culinária caicoense

está recebendo de todos que visitam a região do Seridó e a cidade de Caicó.

Desta forma acredita-se que a cidade de Caicó tem capacidade de ter a

gastronomia como um indutor da atividade turística, devido ao valor que é

empregado a culinária regional, com duas iguarias com valor imensurável para

várias pessoas de Caicó, que é a carne de sol e o queijo, com reconhecimento de

qualidade, tanto de pessoas que visitam, como da população local, sendo o

reconhecimento mais importante o da própria população da localidade, pois faz parte

da cultura deles a gastronomia mencionada.

Por fim, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para o município de

Caicó, demostrando os resultados obtidos por intermédio da opinião da secretária de

turismo em relação a representatividade e capacidade que a carne de sol e queijo,

chouriço, biscoitos e demais produtos gastronômicos, tem para aumentar o turismo

do município com a culinária, a qual é produzido na Cidade com traços regionais,

mostrando assim o valor e potencial do interior.

Finalmente, entende-se que os objetivos foram alcançados devido ao fato

das opiniões expostas no trabalho apontarem para a gastronomia como um

potencial que encontra-se na cidade de Caicó, o Turismo Gastronômico certamente

tem o potencial de induzir o turismo no município da pesquisa. Só falta um pouco

mais de incentivo e visão para que o Turismo Gastronômico aconteça

frequentemente na cidade.

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REFERÊNCIAS

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IPHAN. Instituto do patrimônio histórico e artístico e nacional. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 14 de junho de 2016. IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2. ed. São Paulo: Thomson, 2003. LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A História da Gastronomia. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 1998. LOHMANN, Guilherme; PANOSSO NETTO, Alexandre. Teoria do turismo: conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2008. OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001. OMT. Turismo internacional: uma perspectiva global. 2. ed. Trad. Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Bookman, 2003. REVISTA TURISMO. A Gastronomia como Produto Turístico. Disponível em: < http://www.revistaturismo.com.br/artigos/gastronomia.html>. Acesso em 15 de abril de 2016. RODRIGUES, Suzana Braga. (Org.). Competitividade, alianças estratégias e gerencia internacional. São Paulo: Atlas, 1999. SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa cientificas. 7. ed. Niterói: Impetus, 2010. STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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Apêndice

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES

CURSO BACHARELADO EM TURISMO

ROTEIRO DE ENTREVISTA – SECRETARIA DE TURISMO

Senhor (a) secretário (a) de turismo do município de Caicó – RN,

Esta entrevista faz parte da elaboração do trabalho monográfico para

conclusão do curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Campus Currais Novos/RN. A pesquisa objetiva avaliar o potencial gastronômico de

Caicó/RN como indutor da atividade turística regional.

Pesquisador: Jair dos Santos Silva

Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Silva Taveira

Identificação do (a) entrevistado (a)

1. Nome:

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2. Profissão:

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3. Formação acadêmica:

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4. Em que circunstâncias assumiu o cargo/função?

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5. Tempo de atuação no cargo/função:

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6. Já ocupou outro cargo relacionado ao turismo em alguma outra cidade?

Qual?

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7. Quais experiências possui relativas ao campo do turismo?

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8. A secretaria de turismo possui calendário de eventos? E os eventos

gastronômicos estão inseridos no calendário? Quais são?

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9. Quais eventos gastronômicos já foram realizados na cidade de Caicó?

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10. Quais as principais dificuldades enfrentadas na cidade para realização de

eventos gastronômicos?

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11. Quais são as contribuições do poder público nas realizações dos eventos

gastronômicos de Caicó?

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12. Qual sua opinião sobre a importância do segmento da gastronomia como

sendo uma das formas de impulsionar o turismo da cidade de Caicó?

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13. Na sua opinião a culinária caicoense preserva a história e cultura da região do

Seridó?

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14. Como qualifica o número de participantes da população e de turistas nos

eventos gastronômicos promovidos em Caicó?

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15. Em sua opinião quais são as melhorias que poderiam ser realizadas pelo

poder público para o desenvolvimento do turismo gastronômico da cidade de

Caicó/RN?

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