von sperling

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PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO BIOLÓGICO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS VOLUME I 2 Edição Revisad.i Introdução à 5 qualidade das águas e ao tratamento de esgotos MARCOS VON SPERLING ÍCEFETES. BIBLIOTECA I registro n.®— | DATA: i—j Belo Horizonte Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - DESA_ Universidade Federal de Minas Gerais  -  UFMG

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PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO BIOLÓGICO

DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

VOLUME I

2 Edição Revisad.i

Introdução à

5

qualidade das águas e

ao tratamento de esgotos

MARCOS VON SPERLING

Í C E F E T E S . B IB LIO TE CA

I r e g i s t r o n . ® —

| DATA: i — j

Belo Horizonte

Depar tam ento de Enge nhar ia Sanitár ia e Ambiental - DESA_

Universidade Federal de Minas Gerais  -  U F M G

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Copyright©  1995,1996, by  Marcos  von Sperling

Este livro não pode ser reproduzido por  qualquer  meio

sem autor ização escr i ta  do  autor.

C apa ,  Editoração Eletrônica e Impressão:  S E G R A C  (031) 411-7077

Impresso no Brasil

I

a

  ed ição  (1995)  -  1000 exemplares

T  edição (1996) - 1000 exemplares

2"   reimpressão (1998)  -  1500 exemplares

F icha  catalográf ica

von  Sper l ing , Marcos

V945 i  In trodução  à qualidade  dtis  águas e ao  tratamento  de  esgotos /  Marcos

von Sperling.  - 2.  cd Helo

  I

  lo i i /on te : Depar tamen to de E ngenhar ia

Sanitár ia e Ambicnial;

  1

  Niivcrsídade Federal  de  Minas  Gerais ;  1996.

.'•13  p (l'i  iiu'i|iiii-.  do  liiilanicnlo  bio lógico de  águas  residuárias; v. 1)

1. Aguas residuát ia •  Trniainento b io lógico .  I. Títu lo .  II.  Sér ie

CDU: 628.35.

ISBN: 85-7041-1 14-6

Apo io :

• D E S A - U F M G ( D e p a r t a m e n t o  de  Engenhar ia Sanitár ia e Ambiental da

• Universidade Federal de Minas Gerais)

• Projeto DESA/GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica)

• CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científ ico  e  Tecnológico)

Como solicitar o livro:

Marcos von Sper l ing

Depar tamento de Engenhar ia Sanitár ia e Ambiental  -  U F M G

Av. Conto rno 842  - 7 ° andar - 30110-060  -  Belo Horizonte  -  M G

Brasil

Te l : ( 031 )238 -1880

Fax: (031) 238-1879

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PREFÁCIO

Prefác io da Secunda Edição

É al tamen te grat i ficante observar que. poucos meses ap ós o lançamento, o Volume J

da p resen t e s é r i e j á pa r t e pa ra a s egun da ed i ção . N es t a opor t un i dade , f o r am i ncorpo-

r adas pequenas r ev i sões de d i g i t ação , bem como ac rescen t ados a l guns pa rágra fos ,

quadros e f i guras que compl ement am de t e rmi nado t óp i co que necess i t ava de ce r t a

expansão . Devi do ao cur t o i n t e rva l o en t r e a s duas ed i ções , não fo r am i nc l u í das

mo di f i caçõ es de cun ho ma i s e s t ru t u ra l. P e rmane ce , no en t an t o , o conv i t e aos co l egas

l e i t o r es pa ra encami nharem as suas suges t ões e coment á r i os , de fo rma a subs i d i a r

fu t u ras expansões e modi f i cações . Vol t o a r e i t e r a r os meus agradec i ment os a t odos

aque l es que , i ns t i t uc i ona l ment e e i nd i v i dua l ment e , con t r i bu í r am pa ra a consecução

d e s t a s e g u n d a e d i ç ã o , e s p e c i a l m e n t e o C N P q , D E S A - U F M G e G T Z .

Marcos vou Sporting

Maio cle 1996

Prefác io da Pr imeira Edição

É grande o desa f i o  q u e  sc  apresen t a  para os a tuais e os futuros engenhei ros

• an it a ri s ta s no Bras i l : há p r a t i cament e t u do as e f a z e r  na á r ea de t r a t ament o de  esgotos ,

1 ' f l ra que possamos vencer  es t e  inadiável desaf io, é  necessá r i o  q u e  pro j e t emos e

( i pe remos  es t ações  de t r a t ament o de uma  f o r m a e f i c i cn l e e econômi ca , po ss i b i l i t ando

I sus t en t ab i l i dade do empre end i m ent o   e  a sua expansão pa ra um número cada  vez

m a i o r d e c o m u n i d a d e s  e  i ndús t r i a s . E s t e desa f i o , s em sombra de dúv i da , ex i ge  a

i apac i t ação de um amp l o con t i ngen t e de p ro f i s s i ona i s .

A presente sér ie na área  d e  t r a t ament o b i o l óg i co de águas r e s i duá r i a s p r e t ende

s  ot i i r ibui r nes te esforço de capaci tação, a começar dos a tuais es tudantes . É a e les que

•..lo ded icad os os l ivros co mp one ntes da sér ie . Por es ta razão,  a grande ênfa se da sé r i e

r li.i ,ipresen t ação dc conce i t os e p r i nc í p i os , e s senc i a is pa ra o desem penh o consc i en t e

i l j t prof i ssão.  A i n d a q u e  os  l i v ros t enham t ambém um ca rá t e r p r á t i co , r e f l e t i do  n o

g u i n d e  n ú m e r o  d e  exempl os de cá l cu l o ,  ev i t a - se  a mensagem a t r avés de  s i mpl es

" (Vt v i l a s de bo l o" . Não há , t ambém, uma  p r e o c u p a ç ã o m a i o r c o m o d e t a l h a m e n t o

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das unidades: para  estes aspec tos,  há ou t ro s  livros, já  c onsa g ra dos , a l é m de  ca tá logos

de fa b r i c a n te s . A  presente sé r ie  e n foc a  os proje tos  ao n íve l de pré-dimensionamento ,

com o cá lculo apenas  da s  pr inc ipa is d imensões  das  un ida de s .  D e  f o r m a  a tornar o

c on te údo ma i s a ss imi l á ve l , e v i tou -se  apresentar um a p ro fu sã o de c i t a ç õe s  bib l iográ-

f icas, c onc e n t ra ndo -se p r inc ipa lme n te nus te o r ia s e i n fo rm a ç õe s já consist idas, Ape-

sa r  d o  d i re c iona me n to  expl íc i to ao públ ico  estudant i l , e spe ra - se que  os livros  possa m

se r  de u t i l idade  t a mbé m a os p ro f i s s iona i s  pra t icantes  no  meio .

A sér ie  comple ta te rá os  dois pr imeiros  vo lume s de d ic a dos  aos pr inc íp ios  f u n d a -

me n ta i s .  O s vo lume s  subsequente?, serão  orientados  a t ravés  dos  p r inc ipa i s  s i s t e ma s

de t ra tamento de  e sgo tos :  Iodos a t ivados,  lagoas  de  estabi l ização, s is temas  a na e ró -

b io s ,  s i s t e ma s  a e rób ios  co m  biolili iu".  e  t ra tamento do  lodo.

O p r ime i ro  vo lume p roc u ra  apivscnlar  u m a  visão  in t e g ra da  d e  qua l idade das

á gua s ,  tanto  a  níve l  dos c o rpos  receptores,  qua n to  das carac te r ís t icas dos  esgotos.

C o m o s u b s í d i o  para  a seleç.m  do astenia de  t ra tamento , são descr i tos os estudos

a mbie n ta i s  q u e  de ve m  sei c\ei  ti lados  para  se ava l ia r  o  impa c to  dos lançamentos  nos

c o rpos  receptores.  Km  curai r i minidu lór io ,  são descr i tos  os pr inc ipa is  sis temas  de

t ra t a me n to  e suas va i ianir

  •

  <m|iii>:uln a  e r i ié r ios  técnicos e econômicos para  a

se l e ç ã o  da alternaii\

  .1

  1n.11

1

, adequada em  cada  si tuação  em aná l ise .

P o r  se tratai  de  uma serii

  us hw tis  pn .supuem

  um a  cont inuidade temát ica . No

entanto ,  p roc u rou

  se

 da i

  um.i

 *  ei ia

  milusi ihi

  icacia cm cada  v o l u m e ,  para  reduz ir o

n ú m e r o  de c onsu l t a s c ru / a da s a os  deiitl l is volumes

A

  presente sé r ie deve  ser cucai

ada

  apenas como  uma contr ibuição, dentro  de um

e s f o r ç o m a i s  a mplo ,  que de ve se r  a b ra ç a do  por  Iodos nós,  de implanta r no nosso  país

u m a  in f ra e s t ru tu ra  sani tá r ia  qu e  pe rmi t a  a  me lho r i a  das  c ond iç õe s  ambienta is e  da

qua l ida de  de  vida da nossa população.

F ina lme n te ,  gosta r ia  de agradecer  a  todos aque les que contr ibuíram e que  p ros -

s e g u e m  c on t r ibu indo  para  a  rea l ização desta sé r ie ,  A  níve l individua l , um agradec i-

m e n t o  a todos que  se mo t iva ra m,  j u n t a m e n t e  c o m i g o ,  a  dar  forma e  c on te údo  aos

l ivros. A níve l inst i tuc iona l , às ent idades   e agênc ias responsáve is  pela  viabi l ização

do e mpre e nd ime n to : D e pa r t a me n to de Enge nha r i a Sa n i t á r i a  e  A mbie n ta l  da  U F M G

( D E S A - U F M G ) , S o c i e d a d e A l e m ã  de  C o o p e r a ç ã o  Técnica  ( G T Z )  e  C onse lho N a -

c iona l  d e  D e se nvo lv ime n to C ie n t í f i c o  e Tecnológico  (C N Pq) .

Marcos von Sperling

Julho de 1995

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SUMÁRIO

E T F E S - B i b l i o t e c a

C A P Í T U L O 1

Noções d e q u al id ad e d as águ as

1. I N T R O D U Ç Ã O 1 1 

2.   A Á G U A  NA NATU R EZA 12

2.1.  Dist ribuiç ão da águ a na terra .' 12 

2.2. Ciclo hidrol ógic o 13 

3.   A Á G U A E O  H O M E M  15

3.1 .  Usos da água  , 15

Ciclo do uso da água  16

4.   I M P U R E Z A S E N C O N T R A D A S N A Á G U A 17 

4 .1 . Caracter ís t icas das impurezas 17 

4.2. Sólido s present es na água 17 

4.3. Orga nism os presentes na água 19

5.  P A R Â M E T R O S  D E Q U A L I D A D E D A Á G U A 2 2 

5.1.  Parâmetros  f ís icos 23 

5.2 . Parâmetros químicos  26

5.3 . Parâmetros  bio lógicos 37

5.4 . Forma  f ís ica representada  pelos  parâmetros de qualidade 37

5.5 . Uti l ização  mais f requente dos  parâmetros 39 

6 . R E Q U I S I T O S  E  P A D R Õ E S  D E  Q U A L I D A D E D A Á G U A 4 0

6.1 . Requis i tos de qualidade 40 

6.2.  Pad rões  de  qualida de.. . . . 42

7.   P O L U I Ç Ã O D A S  Á G U A S 4 6

7.1 . Conce itos Básicos 46

7.2.  Quan tif icação das cargas polu idoras 49

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C A P Í T U L O 2

Característ icas i las águas res iduárias

1. C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A Q U A N T I D A D E D E E S G O T O S 5 1 

1 .1 . Preliminares 51 

1 .2 . Vazão dom éstica   ,  51

1.3. Vazão de infiltra ção 57 

1.4. Vazão industrial 58

2 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A Q J A I I D A D E D O S E S G O T O S 5 9 

2 .1 . Parâmet ro s  de qualidade  59 

2 .2 . Pr incipais  característica' .  da', .if u.i.s residuár ias 61 

2 .3 . Pr incipais  parâmet ro s  63

2.4 .  R e lações  dimensionar , en lie i arga  e concentração  7 6

2.5 . Caracter ís t icas dou cigotoi domésticos  7 8

2.6. Característica*, do» ilr .prjo . industriais 81

2.7.  E x e m p l o  c

.i

 i

 .il

 de

  qinuililu

mi,

  li

  >  ;ti|;.r. poluidoras  87

C A P I T U L O

Imp act o d o lan çam en t o d e i l lm i i lr s n os rm p os recep t ores

1 . POLUIÇ ÃO  P O R  M A T É R I A O R G Â N I C A  E

A U T O D E P U R A Ç Ã O D O S C U R S O S D ' Á G U A  9 3

1.1. Introdução  9 3 

1.2 . A spec to s eco lóg icos  da autodepuração  94

1.3.  O balanço do oxigênio d issolv ido 101

1.4. Cinética da desoxigena ção 108

1.5. Cinét ica da reaera ção 113

1.6 . Acurva de depleção do  oxigênio d issolv ido 119

1.7 . Oblenção d os dados  de entrada  para  o mo delo 123

——1.8. Formas  d e  contro le  da poluição  por matéria  orgânica  131 

1 .9 . Exe mplo de cálculo 133

2 . C O N T A M I N A Ç Ã O P O R M I C R O R G A N I S M O S P A T O G Ê N I CO S  141 

2 .1 .  In trodução  141 

2.2.  Padrões para coliformes  em corpos d

 

á g u a  14 1 

2 .3 .  Cinética do  decaimento bacter iano  142

2.4 . Contro le da contaminação  por patogênicos 144

3 . E U T R O F I Z A Ç Ã O D O S C O R P O S D ' Á G U A   151

3.1 . Conceituação  do fenôm eno 151 

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E T F E S -

 B i

 b l i o t e c a

3.2 . Problem as da eutrof izaçã o 154

3.3. Gra us de trofia 156

3.4.  Dinâmica de  lagos e reserva tórios 158 

3 .5 . Nutr iente  l imitante  158

3.6 . Es t imat iva  da  carga de fósforo af luente a  um lago ou represa  159

3.7.  Estimativa da  concentração de fósforo no corpo  d' á g u a  160

3.8 . Contro le da  eutrof izaç ão 162 

3 .9 . Exemplo da  est imativa de fósforo em uma represa 166

C A P Í T U L O 4

Níve is , p roces sos  e s is temas  tle trutiimciilo

1. R E Q U I S I T O S D E Q U A L I D A D E   DO EI 'I .UENT1Í 169 

1.1. Preli min ares 169 

1.2. Nív el do tratam ento 169 

2.

  O P E R A Ç Õ E S , P R O C E S S O S  UNITÁR IOS

E S I S T E M A S D E T R A T A M E N T O  .'  172

2.1. C lass i f icação dos  métod os de tratamento 172 

2.2.  Operações ,  processos e s is temas de  tratamento  ( fase l íquida)  173 

2 .3 . Operações,  processos e s is temas dc tratamento do  lodo ( fase sólida) 208

3 . A N Á L I S E E   S E L E Ç Ã O  D O P R O C E S S O D E T R A T A M E N T O  21 1 

3.1. Critérios  para a análise 211 

3 .2 . Comparação entre  os s is temas

  f<

, 215

C A P Í T U L O   5

Estudos prel iminares para projetos

1. E S T U D O S P R E L I M I N A R E S 2 2 7 

2 . E S T U D O S P O P U L A C I O N A I S 2 2 9 

3 . PER ÍODO DE PR OJE TO E ETAPAS DE IMPL ANT AÇ Ã O 232 

4 . P R É - D I M E N S I O N A M E N T O D A S A L T E R N A T IV A S 2 3 4 

5 . E S T U D O E C O N Ô M I C O D A S A L T E R N A T IV A S 2 3 4 

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

  239 

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CAPÍTULO 1

Noções dc qualidade das águas

E T F E S - B i b l i o t e c a

1 . I N T R O D U Ç Ã O

Na ótica da Engenhar ia Ambien tal , o conceito de qualidade da água é mu i to  mais

amplo do que a  s imples caracter ização da água pela fórmula molecular  IbO. Is to

porque a  água, devido às suas propr iedades dc so lvente e  li sua  capac idade  de

transpor tar par t ículas , incorpora a si d iversas impurezas , as quais def inem a  qualidade

da água.

A qualidade da água é resultante de fenôm enos naturais e da atuação do h omem ,

De maneira geral , pode-se d ize r que a qualidade de uma determinada água é função

do uso e da ocupação do solo na bacia hidrográfica.  Tal se dev e aos seguint es  fatores:

•  Con d ições n atu rais :

  mesmo com  a  bacia h idrográf ica preservada nas suas condi-

ções  naturais ,  a qualidade das águas subterrâneas é afetada pelo escoamento

superf icial e pela inf i l tração no solo , resultantes da precip itação atmosfér ica. O

impacto nas mesm as édep end ente do contato da água em escoamento ou inf i l tração

com as partículas, substâncias e impurezas no solo.   Assim, a incorporação  de

sólidos em  suspensão (ex: par t ículas  de  solo) ou dissolvidos (cx:  íons or iundos  da

d is so lução de rochas) ocorreim esm o na condição e m que a bacia h idrográf ica es teja

to ta lmen te preservada em suas condições naturais (ex: ocupação do solo com  matas

e f lorestas) . Neste caso , tem grande inf luência  a cober tura e a compo sição do solo .

•  In t er f erên c ia d o h omem:

  a in ter ferência  do  homem, quer de uma forma concen-

trada, como na  geração de despejos domésticos ou industr iais ,  quer de uma forma

dispersa, como na aplicação de defensivos agr ícolas no solo , contr ibui  na introdu-

ção de  compostos na água, afetando  a sua qualidade. Portanto,  a  forma em que o

h o m e m  usa  e  ocupa o  solo tem uma implicação  direta  na qualidade  da  água.

A Figura 1.1  apresenta  um  exemplo de possíveis ín ler relnções  entre o  uso  e

ocupação  do  solo e  a geração de  agentes  al teradores  da qualidade  da água  de rios e

lagos. O controle da  qualidade da água  está associado a um planejamento g lobal ,  a

nível de toda  a  bacia hidrográfica, e  não  individualmente, por  agente  alterador.

Em con t r apos ição  à  qualidade  existente  de um a determinada  água,  tem-se  a

qualidade   desejável  para  esta  água.  A qualidade desejável para uma determinada

água é função do seu uso previsto.

  São  diversos  os usos  previs tos para uma água,  os

quais  são  listados no Item  3.1.   E m  resumo,  tem-se:

Noções de qualidade das águas

I I

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QUALIDADE DAS ÁGUAS E USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA

F Í R . 1 .1 . Exem plo s dc i n l c iTc lu^ i i ocn tn . ' uso o o rupm, .»> < lu  .< i ln  >  n ru i r - . i i l l c i a i l o rcs da qua l i dad e da água

• qualidade dc uma água existente:

  fu nção do uso e da ocupaçã o do solo na bacia

hidrográf ica

• qualidade desejável para uma água:

  função do uso previsto para a água.

Dentro do enfoq ue do presente texto , oestud o da qualidade da água é fundame ntal ,

tan to para se caracter izaras conseqüências de uma determinada at iv idade poluidora,

quanto para se es tabelecer os m eios para que se sat isfaça determinado uso da água.

Os capítu los in iciais abordam aspectos de quantidade de água e de qualidade da

água, uma vez que ambos estão extremam ente in ter relacionados. Não se pode analisar

um destes aspectos sem se avaliar o outro.

2.1. Distribuição da água na terra

A água é o consti tu in te inorgânico mais abundante na matér ia v iva: no homem,

mais de 60% do seu peso é constituído por água, e em certos animais aquáticos esta

porcentagem sobe a 98%. A água é fundamental para a manutenção da v ida, razão

pela qual é importante saber como ela se distribui no nosso planeta, e como ela circula

de um meio para o outro .

2  introdução à í/iialitliuli' das águas c ao tratamento de esgotos

2 . A A G U A N A N A T U R E Z A

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O s

 

,36x 10

ls

  m

1

 de água d isponível exis tentes na Terra d is tr ibuem-se da seguinte

Forma:

- Água do mar:  97 ,0%

-Geleiras:   2 ,2%

- Agua doce:  0 ,8%  água  subterrânea: 97%

água  superf icial :  3%

-TOTAL: 100 ,0%

Pode- se  ver claramente que, da água d isponível , apenas 0 ,K'

 í

  pode ser utilizada

mais

  facilmente para abastecimento público . Desta pequena f ração de 0 ,8%,  apenas

3%

 apresentam -se na forma de água superf icial , de extração m ais fácil . Esses valores

ressaltam

  a

  grande importância de sc preservar os recursos hídricos na   Terra,  c

de

 se evitar  a  contaminação da  pequena f ração mais  facilmente d isponível .

2.2.  Cic lo h id rológ ico

U m a  vez v is to como a água se d is tr ibui em nosso p laneta, é impor tante também

o  conhec imen to de como  a  água se movimenta de um meio para outro na  Terra. A

essa  circulação da água se dá o nome  de ciclo hidrológico.

A Figura 2.1 apresenta o ciclo h idrológico de uma forma s implif icada. Nesse c iclo ,

d is l inguem-se  os seguintes mecanismos de transferência da água:

•  precipitação

•  escoamento superficial

' E T . 3 . B i b l i o t e c a

•  transpiração

a) Prec ip i t ação

A precip itação compreende toda a água que cai da atmosfera na superf ície da

ferra.

  As pr incipais formas  são: chuva,  neve, granizo  e  orvalho. A precip itação  é

fo rmada  a  partir dos  seguintes  estágios:

•  resf r iamento do  ar à p rox imidade  da  saturação

•  condensação  do  vapor  d ' agua  na forma de  gotículas

•  aumen to do  tamanho das gotículas porcoalisão e aderência até que este jam gra ndes

o suf iciente para  f o r m a r a precip itação

b)  Escoa men t o su p erf ic ia l

A precip itação que at inge a sup erfíc ie da Terra tem dois caminhos po r o n d e  seguir:

escoar na superf íc ie ou  infiltrar no solo. O escoam ento supe rf icial é responsável pelo

desloca men to da água sobre o so lo , formando córregos, lagos e r ios e ev entualm ente

Noções dc qualidade das agitas

  13

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CICLO HIDROLÓGICO

O

ter

(^PRECIPITAÇÃO

EVAPORAÇÃO

INFILTRAÇÃO

" ' « W C ; : ,

TRANSPIRAÇÃO

AGUA SUBTESIÍMM

F i g . 2 . 1 . C i c l o  h i d r o l ó g i c o

atingindo o mar .  A quantidade de água tpu- escoa depende dos seguintes fatores

pr incipais :

• in tensid ade da chuva

• capacidade de inf i l tração do solo

c) Inf i l tração

A inf i l tração corresponde à água que at inge o so lo , formando os lençóis d 'água .

A água subterrânea é grandemente responsável peia al imentação dos corpos d 'água

superf iciais , pr incipalmen te nos per íodos secos. Um solo cober to com ve getação (ou

seja, com menor impermeabil ização advinda, por exemplo , da urbanização) é capaz

de desempenhar melhor as seguintes impor tantes funções:

• menos escoamento superf icial (menos enchentes nos per íodos chuvosos)

• mais inf i l tração (maior al imentação dos rios nos per íodos secos)

• me nos carream ento de par t ículas do solo para os cursos d 'á gua

d ) Evap ot ran sp iração

A transferência da água para o meio atmosfér ico se dá através dos seguintes

pr incipais mecanismos, conjuntamente denominados de evapotranspiração:

• Evaporação',  transferência da água superf icial do estado l íquido para o gasoso . A

evaporação depende da temperatura e da umidade relat iva do ar .

• Transpiração: as plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é transferida

para as fo lhas e então evapora. Esle meca nismo é importante, considerando-se que

1 4

introdução à /iialitliuli' d a s á gu as c a o t ra ta m en to d e e s go to s

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e m u m a  área cober ta com vegetação  a  superf ície de exposição das fo lhas para a

evaporação é bastante  elevada.

3 . A Á G U A  E O H O M E M

3.1. Usos da água

São os seguintes os principais usos da água:

•  abastecimento doméstico

•  abastecim ento industrial

•  irrigação

•  dessedentação de animais

•  aquicultura

•  preservação da flora e da fauna

•  recreação e lazer

•  harmonia paisagística

•  geração de energia elétrica

•  navegação

•  diluição de despejos

1 les tes usos, o s quatro pr imeiros  (aba ste cim en to doméstico, abastecimento indus-

h uil, irrigação epossivelmente dessedentação de animais) implicam na

  retirada da

n|Miii

  t ias coleções hídricas

  onde se encontram. Os demais usos são desempenhados

ii.i própria  coleção dc água.

li m   termos gerais , apenas os dois pr imeiros usos (abastec imento doméstico  e

iil><

 istecimento  industrial)  estão f reque ntem ente associados a um  t rat amen t o p rév io

• i

 i água,

  fa ce aos seus requis i tos de qualidade mais exigentes .

A interrelação entre o uso da  água  c a qualidade requer ida para  a mesma é d ireta ,

ri .i  lista de  usos acima, pode-se considerar  que  o

  uso mais nobre

  seja representado

 li»

 abastecim ento d e água domé stico , o qual requer a sat isfação de d iversos cr i tér ios

tii*

 qualidade. D e forma oposta, o  uso menos nobre  é o da s imples d ilu ição de despejos ,

• i

  qual não

  possui nenhum requis i to especial em termos de qualidade. No entanto ,

• li -  r sc lembrar que d iversos corpos d 'água têm   usos múltiplos  previstos para os

nu  .mos,

 decorrendo da í a  necessidade da  satisfação s imultânea de d iversos  critérios

'I'  qualidade. Tal  é  o  caso , por exemplo ,  dc represas constru ídas  com  f inalidade de

iili.i  .ii-L-imento d e  água, geração  de energia,  recreação,  ir r igação  e  outros.

Al)',uns  dos  usos da água permitem  interpretaçõe s conflitantes  com relação aos

Wtid objetiv os, A utilização   de  uma água para preservação da fauna c da flora  possui

«uii. i dimensão bem ampla, e a caracterização específica dos seres   que  se pretende

jni   *»i*i v .ir está sempre  cercada  de um cer to elemento de subjetiv idade.  Esta subjetivi-

if>n li  csiá associada  ao arbítrio,  por par te do homem , no sentido de quais espécies  ele

fhn  iV.v  dc finalidade das águas

1 5

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ju lga im portante sejam preservadas, e quais espécies cie considera não seja m im por-

tantes de ser preservadas. O mecanismo desse processo decisór io c , sem sombra de

dúvida, essencialmente polêmico.

3.2. Ciclo do uso da água

Além do ciclo da água no globo terrestre, existem ciclos internos, em que a água

perm anece na sua forma l íquida, mas tem as suas caracter ís t icas al teradas em vir tude

da sua utilização. A Figura 3.1 mostra um exemplo de um ciclo típico do uso da água.

Neste ciclo , a qualidade da água c al terada em cada etapa do seu percurso .

CICLO DO USO DA ÁGUA

REDE DE DISTRIBUIÇÃO

Fi f i . 3 .1 . C ic lo do uso da água

• Agua bruta.

  Inicialmente, a água é retirada do rio, lago ou lençol

subterrâneo, possuindo uma determinada qualidade.

• Agua tratada.

  Após a captação, a água sofre transforma ções durante o seu trata-

tamento para se adequai" aos usos previstos (ex: abastecimento público ou industrial).

• Agua usada (esgoto bruto).

  Com a u ti l ização da água, a mesm a sofre novas

transform ações na sua qualidade, v indo a consti tu ir -se em um des pejo l íquido.

• Esgoto tratado.  Visando remo ver os seus pr incipais poluentes , os despejos

sofrem um tratamento antes de serem lançados ao coipo receptor. O tratamento

dos esgotos c reponsável por uma nova alteração na qualidade do líquido.

• Corpo receptor.  O ef luente do tratamento dos esgotos at inge o corpo

receptor , onde, face à d ilu ição e mecanismos de autodepuração, a qualidade

da água volta a sofrer novas mod if icações.

1 6

Introdução à qual idade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S - B í b l l o t o r a

I • um papel fundame ntal da Engenhar ia Ambientai o gerenciamento deste ciclo,

inclu indo o p lanejamento , pro jeto , execução e contro le das obras necessár ias para a

manutenção da qualidade da água desejada em função dos seus d iversos usos. O

I ii i  sente texto centra-se no aspecto  do tratamento dos esgotos , embora , neste volume ,

M-|,I

  analisado também o impacto do lançamento nos corpos receptores .

4 . I M P U R E Z A S E N C O N T R A D A S N A Á G U A

4. 1 . Caract er í s t icas d as imp u rezas

( )s d iversos comp onentes presentes na água, e que al teram o seu grau de pureza,

podem ser retratados, de uma maneira ampla e s implif icada, em termos das suas

11iracterísticas físicas, químicas e biológicas.   Estas caracter ís t icas podem ser tradu-

zidas na forma de parâmetros de qualidade da água, os quais são abordados no Item

^ As pr incipais caracter ís t icas da água podem ser expressas com o:

•  í  'aracterísticas físicas.

  As impurezas enfoc adas do ponto de vis ta f ís ico estão

associadas, em sua maio r par te , aos só lidos presentes na água. Estes só lidos po dem

.ser em suspensão, coloidais ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho.

• í

 'aracterísticas químicas .  As caracterís t icas química s de uma água podem ser

in terpretadas através de uma das duas classif icações: matér ia orgânica ou inorgâ-

nica.

•  <  'aracterísticas biológicas.  Os seres presentes na água podem ser vivos ou mortos .

I

  lentre os seres vivos, tem-se os pertencentes aos reinos animai e vegetal, além dos

protistas.

A Figura 4 .1 apresenta de forma diagramática estas in ter relações. Os pr incipais

híp icos são explicados em maior deta lhe nos i tens seguintes . Antes de se proceder à

análise dos d iversos parâm etros de qualidade da água, apresenta-se uma in trodução

a dois tópicos de fundamental impor tância: (a) só lidos presentes na água e (b)

iHC.anismos presentes na água.

As caracter ís t icas específ icas das águas residuár ias encontram-se abordadas no

( ' iipftulo 2.

4.2. Sólidos presentes na água

lodos os contam inantes da água, com exceção dos gases d issolv idos, contr ibuem

pai

 a

 a carga de sólidos. Por esta razão, os sólidos são analisa dos separa dam ente , an tes

• 1 • sc apresentar os d iversos p arâmetros de qualidade da água. Sim plif icadam ente, os

fMilidos podem ser classificados de acordo com (a) as suas características físicas

i  tamanho e es tado) ou (b) as suas caracter ís t icas químicas . Grande destaque é dado

m v. só lidos,  em vár ios volumes desta sér ie , apresentando outras class if icações com-

plementares e mais aprofundadas.

A'i

 ^ ík

 .v <la  qualidade das águas

1 7

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F i g . 4 . 1 .  I m p u r e z a s c o n t i d a s n a á g u a ( a d a p t a d o  d e  Barnes et al , 1981)

• classificação pelas característica s físicas

-  só lidos em suspensão

- só lidos colo idais

-  só lidos d issolv idos

• classificação pelas  caractcrístii  n\ químicas

-  só lidos  orgânicos

-  sólidos  inorgânicos

a) Clas s i f i cação p or t aman h o

A  divisão dos  sólidos por tamanho  é  sobretudo uma  divisão  prática.  Por conven-

ção, d iz-se  que as  par t ículas de menores d imensões, capazes de passar por um pape

de f i l t ro de tamanho especif icado correspondem aos  sólidos dissolvidos,  enquanto

q u e as de maiores d im ensões, ret idas pelo f i l t ro são consideradas  sólidos em suspen-

são.  A rigor, os termos  sólidos fdtráveis  e  sólidos  nã o  filtráveis  são mais adequados.

Numa faixa in termediár ia s i tuam-se  os  sólidos coloidais,  d e  grande importância no

tratamento da água, mas de  dif íci l identif icação  pelos métodos s implif icados de

filtração em  pape l .  N os  resultados  das  análises  de  água, a  maior par te  dos  sólidos

coloidais entra como  sólidos  dissolv idos, e o res tante como sólidos em  suspensão,

A Figura  4 .2  mostra  a dis tr ibuição das par t ículas segund o o tamanho .  De maneira

geral , são considerados como  sólidos d issolv idos  aqueles  com  diâmetro infer ior  a

IO"

3

  | im, como sólidos colo idais aqueles com diâmetro entre IO'

3

  e 10° (J.m, e como

sólidos em suspensão aqueles com diâmetro super ior a 10°  | l m  .

1 8

introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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DISTRIBUIÇÃO DOS SÓLIDOS

;

1

;

D

SSOLVIl

>OS c

VIRU

OLOIDA

;

1

F L O C Ò S  BAC

visão a :

o lho nu ;

ÉRIAS

;

1

;

D

SSOLVIl

>OS c

VIRU

OLOIDA

;

1

f — r  i  - 1

i  {  |

i j

:

A L G Á S , P R O l b Z .

;

1

;

D

SSOLVIl

>OS c

VIRU

OLOIDA

1 i  1

BACTÉRIAS  i

1  1

;

IS

  j _

  SUSPENSOS

(ex: sois.

notèrlo cjrgânica)

(

9x: oígile

>

1

-ó  -5  -4  - 3 - 2 - 1 D I 2 3

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

TAM AN HO DAS PARTÍCULAS ( | l m )

I  < (j. 4 .2 . C la ss i f i ca ção   e d i s t r i b u i ç ã o d o s s ó l i d o s e m   f u n ç ã o d o  t a m a n h o

h) Class if icação pelas característ icas químicas

Ao se subme ter os só lidos a uma temperatura elevada (550°C) ,  a  f ração orgânica

é  volat i l izada, permanecendo'Spós combustão  apenas a f raçã o inorgânica.  Os  sólidos

voláteis  representam por tanto uma  estimativa  da  matér ia

  orgân ica

  nos sólidos, ao

passo que os  sólidos não voláteis (fixos)  representam a matér ia

  in orgân ica

  ou

mineral .

4.3. Organismos presentes na água

A  microbiologia  é o ramo da b io logia que trata dos microrga nismos. Em termos

da avaliação da qualidade da água, os microrganismos assumem um   papel  de maior

importância dentre os seres v ivos, devido ã sua grande predominância em determi-

nados ambientes , à sua atuação nos processos de depuração dos despejos ou

  à

  sua

associação com as doenças l igadas à   água.

Alguns grupos de microrganismos têm propr iedades cm comum com os vegetais ,

rnquanto outros possuem algumas caracter ís t icas de animais . Tradicionalmente,  a

i liissificação dos seres vivos apresentava como os dois grandes reinos os   Vegetais  e

i iv

  A n i m a i s ,

, tendo-se grupos de  micro rgan ismos  presentes em  cada  um a  destas

grandes subdivisões .

Noções dc  qualidade das  agit as 1 9

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Poster iormente, no entanto , os  b ió logos  adotaram uma div isão mais  prática,

posicionando os microrganismos num reino separado, o  dos

  Prot istas .

  A diferença

crucial entre os protistas  e os  demais  (vegetais  e  animais) é o elevado  nível de

diferenciação celu lar encontrado nos ú lt imos. Is to  quer d izer  que, num protis ta ,  as

célu las de um mesmo indivíduo são morfológica e funcionalmente s imilares , o que

reduz sobremaneira a sua capacidade  de  adaptação e desenvolvimento . Já em  orga-

nismos com diferenciação celu lar ocorre uma div isão   de  trabalho. Nos organismos

super iores , as célu las d iferenciadas  (mas  geralmente de mesmo t ipo) , reúnem-se em

grupos maiores ou menores , denominados tecidos. Os tecidos, por  su a  vez, consti-

tuem  os  órgãos (ex: pulmão) , e  estes  formam os s is temas ou  aparelhos (ex:  s is tema

respiratório). O grau  de  d i f e r enc iação  celular é,  portanto,  um  indicativo  do  nível  de

desenvo lv imen to  de  uma espécie. 0 Quadro  4. 1  apresenta  as características  básicas

dos  reinos do mundo  vivo.

M a i s  recentemente, tem-se adotado uma nova proposta de classif icaçã o dos seres

vivos, englobando os seguintes reinos:  (a )  monera  (seres mais simples, sem núcleo

diferenciado,   c o m o  bnelci ias  e i lanofícc as), (b)  protista  (seres s imples , mas com

núcleo  diferenciado,  com o algas , fungos c protozoár ios ,  (c )  vegetal  e (d)  animai

Quadro 4.1  Características básicas dus ir r. reinos du mundo vivo

Carac te r ís t i ca

Célula

Diferenciação celular

Fonte de energia

Clorofila

Movimento

Parede celular

Monerei / I ' rot lsN r.

Vage la i i i

An ima is

Un ice lu la i /m i i t l i co lu l tu Mu l t i ce lu la r Mu l t i ce lu la r

Inex i s ten te E levad a E leva da

L u z / m a t é r i a o r g â n j m a t é r i a i n o r g â n L u z M a t é r i a o r g â n i c a

Ausen te /p rese n te P resen te Ausente

Imóve is /m óve is Imóve is Móv e is

Ausen te /p rese n te P resen te Ausente

Observa-se, por tanto , que alguns grupos de protis tas apresentam caracter ís t icas

de p lantas , enquanto outros assemelham-se aos animais . Como comentado, a pr inci-

pal d iferença dos protis tas com relação aos demais é o n ível de d iferenciação celu lar ,

inexis tente nos pr imeiros .

Os microrganism os per tence m, de mane ira geral, ao reino dos protis tas . O Q uadro

4,2 apresenta uma descr ição sucin ta dos pr incipais microrganismos de in teresse

dentro da Engenhar ia Ambiental ,

2 0 introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas c ao tr atam en to de e s go to s

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Quadro 4 .2  Principais microrganismos de interesse

ETFES -B ib l io tec

M i c r o r g a n i s m o DftSCMçrln

- O r g a n i s m o s m o n e r a u n i c e l u l a r e s .

- A p r e s e n t a m - s e e m v á r i a s l o r m a s e t a m a n h o ;

- S â o o s p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e t i e s t a b i l i z a ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a .

- A l g u m a s b a c t é r i a s s ã o p , i k n | é n i .  ;  i- . . r . n j :,an< In | » in i : i | m lmen te d oe nç a s in tes t ina is .

Bactérias

- O r g a n i s m o s a u t o t r ó f i c o s , f o t o s s i n t e t i z a n ti . i i m l o n d o c l o r o f i la .

- I m p o r t a n t e s r i a p r o d u ç ã o d e o x i g ê n i o n i • • : n i u . i e e m a l g u n s p r o c e s s o s

d e t r a t a m e n t o d e e s g o t o s .

E m l a g o s e r e p r e s a s , p o d e m p r o l i f e i ar m u •< • • - e, ' m - i n d o u m a d e t e r i o r a ç ã o

d a q u a l i d a d e d a á g u a

Algas

- O r g a n i s m o s a e r ó b i o s , r n u l l i c e l u l a r e s , n â o f o t n . » In l ii t u I m l o r o t r ó f i c o s .

Fungos

  - T a m b é m d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a d e c o m p o f l l ç a i » D. I I I I I I

I

I

V

M   orgãniçsa.

- P o d e m c r e s c e r s m c o n d i ç õ e s d e b a i x o [ ' I I

Protozoários

Virus

Helmintos

• O r g a n i s m o s u n i c e l u l a r e s s e m p a r e d e c e l u l a i

- A m a i o r i a è a e r ó b i a o u f a c u l t a t i v a .

- A l i m e n t a m - s e d e b a c t é r i a s , a l g a s e o u t r o s m i c r o r u i i n i s n u r .

• S ã o e s s e n c i a i s n o t r a t a m e n t o b i o l ó g i c o p a r a a u i a n n t n i i . , . i " d r i e q u i l í b r i o e n t r e

o s d i v e r s o s g r u p o s .

- A l g u n s s ã o p a t o g ê n i c o s .

- O r g a n i s m o s p a r a s i t a s , f o r m a d o s p e l a a s s o e i a ç f i i i < li  •  m; i f< ir i . i i  > j o f l é t i c o ( D N A o u

R N A ) e u m a c a r a p a ç a p r o t e i c a .

- Ca us am do en ç as e po de m s e r de d i f i c i l remoçi Ir >  n o I r . i L i m u n t o d a á g u a o u d o

- A n i m a i s s u p e r i o r e s .

O v o s d e h e l m i n t o s p r e s e n t e s n o s e s g o t o s p o d e m   <.. n r . : i i  < f rw t t i ç as .

Fonls: Silva «• Mara (1979), Tchabanoglous

 e

  Schroeder (1985). Molcall & Eddy (1091)

Um resumo das pr incipais caracter ís t icas dos d iversos grupos componentes dos

reinos mon era e protisfa es tá apresentado no Quadro 4 ,3 ,

Quadro 4.3  Características básicas dos principais grupos

 de

 microrganismos

C a r a c t e r í s t i c a

M o n e r a

Pro t i s ta

C a r a c t e r í s t i c a

B a c t é r i a s

A f q a s C i a n o f i c e a s A l g a s P i o t o z o á r i o s F u n g o s

Membrana nuclear

Fotossíntese

Movimento

A u s e n t e

M i n o r i a

A l g u m a s

A u s e n t e

M a i o r i a

A i g u m a s

P r e s e n t e

S i m

A l g u m a s

P r e s e n í e

N ã o

M ó v e i s

P r e s e n t e

N ã o

I m ó v e i s

Nota: adaptado de La Riviere (19&0)

Os microrganismos em que o núcleo das célu las encontra-se conf inado por uma

membrana celu lar (algas , pro tozoár ios e fungos) são denominados

  eucariotas ,

  ao

passo cjue os microrganismos que possuem o núcleo d isseminado

  110

  protoplasma

(algas cianof iceas e bactér ias) são denominados

  procariotas .

  De maneira geral , os

Noçoes de qualidade das águas

2 1

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\n<", ci icar io tas apresentam um maior  n ível de d iferenciação  interna. Os vírus não

fo ram  inclu ídos  na  classif icação acima  po r  possuírem caracter ís t icas  to talmente

par t iculares .

Os pr incipais  grupos de  protis tas podem  se r  d iv id idos  na seguinte  classif icação

prática  para o engenheiro ambiental ,  a  qual não  é necessar iamente  f i logenética

(adaptado de B ranco ,  1978):

•  Bactérias

-  patogênicas

-  de v ida  livre

.  fo tossin tet izantes  (u ti l izam  a  luz como fonte d e energia)

. quimiossin tet izantes  (u ti l izam matér ia inorgânica  c o m o  fon te de  energia)

. sap ró f i tas  (decompositoras)

-  co l i fo rmes  ( a lgumas  patogênicas , a maior ia de  vida  livre)

•  Algas azuis  (cianofíceas)

• Algas

-  verdes

-  vermelhas

- d iatomáceas

-  f lagelados p igmentados

•  Fungos

- f i lamentosos

-  leveduras

•  Protozoários

-  amebas

-  f lagelados não p igmentados

-  ci l iados

5 . P A R Â M E T R O S   D E  Q U A L I D A D E D A Á G U A

A qualidade da  água  p o d e  sei

1

  representada através  de  diversos parâmetros ,  que

traduzem   as  suas pr incipais  caracter ís t icas f ís icas ,  qu ímicas  e  bio lógicas .  Os itens

seguintes descrevem os pr incipais parâmetros  de  forma sucin ta,  apresentando o

conce i to do mesmo ,  a  su a  origem (natural  ou antropogênica,  isto é,  causada  pelo

h o m e m ) , a sua importância  sanitár ia ,  a s ua  utilização e a in terpretação dos resultados

de análise (compilado  de  Adad, 1972; von Sperling, 1983; Peavy  et  al ,  1986;

Tchobanog lous  & Schroeder, 1985; Richter  e  Netto, 1991; Vianna, 1992;  ).  Todos

esses  parâmetros são  de  determ inação ro tineira em laboratórios de análise de água.

Os parâmet ro s  abordados neste  i tem podem  ser de  utilização geral, tanto  para

caracter izar  águas de  abastecime nto , águas residuár ias , mananciais  e  corpos recepto-

res. E imp ortante es ta  visão integrada da qua l idade da água, sem uma separação estrita

entre as  suas d iversas aplicações.  Dev ido  a  esta  razão,  apresenta-se neste  texto a

2 2

introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas c ao tr atam en to de e s go to s

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descr ição de parâmetros que não são normalmente enfocados na l i teratura de trata

mento de esgotos . A caracter ização aprofundada da qualidade das águas residuár ias

encontra-se no Capítu lo 2 .

5.1. Parâmetros f ís icos

Cor

Con ce i t o:

  R esponsáve l  peia coloração  na  água

Forma do const ituinte responsável:  Sólidos d issolv idos

Origem n at u ral :

-  D e c o m p o s i ç ã o  da matér ia orgânica (pr incipalmente vegetais  -  ácidos  húmicos e

fú lv icos)

-  Ferro  e manganês

Origem an t rop ogên ica:

-  Resíduos industr iais  (ex: tinturarias, tecelagem,  p rodução  de papel)

-  Esgo tos  domésticos

Imp ort ân c ia:

-  Or igem  natural:  não representa risco direto  à saúde, mas  consumido res  podem

ques t ionar  a sua  conf iabil idade,  e  buscar  águas  de maior  risco.  Além  disso ,  a

cloração da  água con tendo  a matér ia  orgânica dissolv ida responsável  pela co r  pode

gerar produtos potencialmente  cancer ígenos  ( tr ihalometanos  -  ex: clorofórmio)

- Origem  industr ial : pode  ou não apresentar  toxicidade

Util ização mais frequente do parâmetro:

-  Caracter ização de  águas de aba stecimento brutas e tratadas

Un id ad e:

  uH (Unidade Hazen  - padrão  de  plal ina-cobalto)

Interpretação dos resultados:

- Deve-se  dis t inguir  entre

  cor aparente

  e

  cor verdadeira.

  N o  va lo r  da  cor aparente

pode estar inclu ída uma parcela devida à turbidez da água. Q u a n d o  esta  é r emov ida

por centr ifugação, obtém-se  a cor verdadeira

-  Em te rmos  de  tratamento  e abastecimento  público  de água:

•  va lo res de cor da água bruta infer iores a5  uH usua lmen te dispensam  acoagu lação

química; valores super iores a 25 uH usualmente requerem  a coagulação química

segu ida  por filtração

• águas  com cor elevada implicam em um  mais  delicado  cu idado  operacional no

tratamento da  água

• ver Padrão  dc  Potabil idade

- E m  termos de corpos d 'água

• ver Padrão para  C orpos d 'Agua

Noções dc  qualidade das  agit as

2 3

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Turb idez

C o n c e i t o : A turbidez represe nta o grau de interferência com a passage m da luz atravé s

da água, confer indo uma aparência turva à mesma

F o r m a d o c o n s t i t u i n t e r e s p o n s á v e l :  Sólidos em suspensão

Origem natural:

-  Partículas de rocha, argila  e  silte

- Algas e  outros  micro rgan ismos

O r i g e m  an t rop ogên ica:

-  D espejos domés ticos

- Despejos industr iais

- Micro rgan ismos

-  Erosão

I m p o r t â n c i a :

-  Or igem  natural: não traz  inconvenientes  sanitários d iretos . Porém, é  estet icamente

desagradável   na  água potável, e  os só lidos em suspensão podem servir  d e  abr igo

para microrganismos patogênicos (d iminuindo  a  ef iciência da desinfecção  )

-  Or igem  antropogênica: pode estar associada a compostos tóxicos  e organismos

patogênicos

- Em corpos d 'ág ua: pode reduzir a  penetração da luz, prejudicando a fo tossín tese

Util ização mais frequente do  p arâmet ro:

- Caracter ização de águas de  abastecimento brutas e tratadas

- Contro le  da operação  das estações de tratamento dc água

Un id ad e:  uT (Un idade  de  Turbidez - unidade  dc  Jackson ou nefelométr ica)

In t erp ret ação  d o s  resultados:

-  Em te rmos  de tratamento  e  abastecimento público de água:

• numa água com   turbidez  igual a 10 uT, ligeira  nebulosidade pode ser notada; com

turbidez  igual a  500 uT, a água c praticamente opaca

•  valores de turbidez da água bruta inferiores a 20  uT podem  se r  d ir ig idas  direta-

men te para a f il tração lenta, d ispensando a coagulação quím ica; valores super iores

a 5 0  u T  requerem um a  etapa  antes da filtração, que  pode ser a coagulação química

ou um pré-f i l tro  grosseiro

• ver Padrão de  Potabil idade

-  E m  termos de corpos d 'água

•  ver Pad rão  para  C orpos d 'Agua

Sabor e odor

C o n c e i t o :  O sabor é a interação entre o gosto (salgado, doce, azedo e amargo) e o

odor (sensação o lfat iva) .

2 4

introdução à   / i i a l i t l i u l i d a s águas c ao tr atam en to de e sgot os

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| ' u rm;» do  c o n s t i t u i n t e r e s p o n s á v e l :  Sólidos em suspensão, só lidos d issolv idos,

(iases dissolvidos

<>i i j í tm na tu ra l:

• Matér ia orgânica em decomposição

Microrganismos (ex: algas)

• ( iases d issolv idos (ex: gás su lf ídr ico H;S)

<>rigem antropogciiica:

- Despejos domésticos

- Despejos industr iais

(iases d issolv idos (ex: HiS)

Importância:

Não representa r isco  à  saúde, mas consumidores  podem questionar a s ua con f iab i -

l idade, e buscar águas de m aior r isco . Representa a maior causa de  reclamações dos

consumido res

I i l il i za ç ã o m a i s f r e q u e n t e d o p a r â m e t r o :

- Caracter izaçã o de águas de abastecime nto brutas e tratadas

I Inidade:

  Concentração l imite mínima detectável

lu lcrpretaçao dos resultados:

- Na in terpretação dos resultados, são importantes a identif icação o a v inculação com

a  or igem do  sabor  e do odor

• Em termos de tratamento e abastecimento público de água:

• ver  Padrão de Potabil idade

Temperatura   \

( 'onceito:

  Medição da in tensidade de calor

Origem n at u ral :

Transferên cia de calor por radiação, condução e convecção (atm osfera e so lo)

Origem antropogcii ica:

Águas de torres de resf r iamento

- Despejos industr iais

Importância:

Elevações da temperatura aumentam   a  taxa das reações químicas e biológicas (na

faixa  usual de temperatura)

Elevações da tempe ratura d iminue m a so lubil idade dos gases (ex: oxigênio d issol-

vido)

- Elevaçõ es da temperatura aum entam a taxa de transferência de gases (o que po de

gerar  m au  cheiro ,  no caso da l iberação de gases com odores desagradáveis)

Util ização mais frequente do parâmetro:

Caracter ização de corpos d 'água

Caracter izaç ão de águas residuár ias brutas

Noções dc  qualidade das  ag it as 25

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U n i d a d e :

  °C

Interpretação dos resultados:

-  Em te rmos  de  corpos  d ' água :

• A temperatura deve ser analisada  em conju nto com outros parâmetros , tais como

oxigênio d issolv ido

-  Em termos de tratamento  de águas  residuár ias

• A temperatura  deve proporcionar  condições  para as  reações b ioquímicas de

remoção dos  poluentes

• ver Padrão de  Lançamen to de

  Kl

 Utentes

5 . 2. P a r â m e t r o s q u í m i c o s

PH

Con ce i t o:

  Potencial  h idmgoniônieo .  Representa  a  concentração de íons h idrogênio

H

+

  (em escala  anti- Iogar i lmica) ,  dando  uma indicação  sobre a  condição de  acidez,

neutral idade  ou  alcalin idade  da  água.  A faixa de  pH  é de 0 a  14.

F o r m a  d«  c o n s t i l i i i n lr  responsável:  Sólidos dissolvidos, gases dissolvidos

Origem n at u ral

-  Disso lução  dc rochas

-  Abso rção  de  gases  da atmosfera

- Ox idação  da  mnléria  orgânica

- Fotossíntese

Origem «n l ropogênica:

-  Despejos domésticos (oxidação  da  matér ia orgânica)

-  Despejos industr iais  (ex: lavagem ácida  dc  tanques)

Imp ort ân c ia:

- É importante em   diversas etapas  do  tratamento da  água (coagulação,  desinfecção,

contro le da corrosiv idade, remoção  da  dureza)

- pH baixo: corrosiv idade e agressiv idade   nas águas de abastecimento

- pH elevado: possib il idade  de  incrustações  na s  águas  de  abastecimento

-  valores de pH afastados da  neutral idade: podem  afetar  a vida aquática (ex:  peixes)

e os microrganismos responsáveis pelo tratamento b io lógico   dos  esgotos

Util ização mais frequente do parâmetro:

-  Caracte r ização de águas de abastecimento brutas e tratadas

-  Caracter ização de águas residuár ias brutas

- Contro le da  operação de estações de tratamento de água (coagulação e grau   de

incrustabil idade/corrosiv idade)

- Contro le  da operação  de  estações de tratamento de esgotos (d igestão anaeróbia)

-  Caracter ização de corpos d 'água

U n i d a d e :  -

  2 6

introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas c ao t ra tam en to de e sgoto s

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Interpretação dos resultados:

-  Geral:

• pH  < 7: condições ácidas  í

• p H  = 7: neutral idade

• p H  > 7: condições básicas

- Em termos de tratamento e abastecimento público de água:

• d iferentes valores de pH estão associados a d iferentes faixas de atuação ó tim a  de

coagulantes

• f r equen temen te o pH  necessita  se r  corrigido antes e/ou depois  da  adição de

produtos químicos no  tratamento

• ver Alcalin idade  e  Acidez

- Em termos de tratamento de águas residuár ias

•  valores de  pH  afastados da neutral idade tendem  a  afetar  as  laxas de crescimento

dos  micro rgan ismos

• ver Padrão de Lançame n to de Ef luen tes

-  Em termos de  co rpos d ' água

• valores elevados  de  pH podem estar  associados  à proliferação de  algas

• ver Padrão de Corpos  d ' A g u a

Alca l in idade

Con ce i t o:  Quan t idade  de íons  na água  que  reagirão para  neutralizar  os íons hidrogê-

nio. E uma  medição da capacidade da água de  neutralizar os  ácidos (capacidade de

resistir  às  m u d a n ç a s  de  pH :  capacidade tampão) . Os pr incipais consti tu in tes da

alcalin idade  são os b icarbonatos  (HC Oi ) , c ar bona to s  (CO*

2

")  e os hidróxidos  (OH").

A  distribuição entre as três formas na água é função do pi I .

Forma do const ituinte responsável:

  Sólidos d issolv idos

Origem natural:

• Dissolução de rochas

- Reação do COj com a água   ( C O 2  resultante da atmosfera ou da decomposição da

matér ia  orgânica)

Origem an t rop ogên ica:

-  Despejos industr iais

I m p o r t â n c i a :

- Não tem signif icado sanitár io para a água potável , mas em elevadas concentraç ões

confere um gosto amargo  para a água

-  E uma  determinação importante  no contro le  do tratamento de água,  estando

relacionada  com a coagulação, redução  de dureza e  p revenção  da corrosão em

tubulações

- É uma determinação importante no tratamento de esgotos , quando há evidências

de que a redução do pH pode afetar os microrganismos respo nsáveis pela depuração

Noções dc  qualidade das  ag it a s

2 7

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Uti l ização mais frequente  do parâmetro:

- Caracterização de águas de abastecimento brutas e tratadas

- Caracterização de águas residuárias brutas

- Controle da operação de estações de tratamento de água (coagulação e grau de

incrustabi i idade/corrosividadc)

Unidade:

  mg/ l  d e  C a C O i

Interpretação dos resultados

- E m  termos  de t ra tamento  e abastecimento público de água

• a alcalinidade,  o pH  e o teor de gás carbônico estão interrelacionados

•  pH  > 9,4: hidróxidos e carbonatos

»  pH entre  8,3 e 9,4: carbonatos e bicarbonatos

•  pH entre 4,4 e 8,3: apenas bicarbonato

- Em termos de tratamen to de águas residuárias

•  processos oxidativos (como a nitrilicnção) tendem a consumir alcalinidade,  a qual,

caso  atinja baixos teores, pode dar condições a  valores  reduzidos  de pH, afe tando

a própria  taxa  dc  cresc imento dos microrganismos responsáveis  pela oxidação

Acidez

Conceito:  Capacidade da água em resistir ; is mudanças de pH causadas pelas bases.

É devida principalmente à presença dc gás carbônico livre (pH entre 4, 5  e 8,2).

Forma do consti tuinte  responsável:  Sól idos dissolvidos e gases dissolvidos  (COz,

H

2

S )

Origem natural:

-  C O 2  absorvido  da a tmosfera ou  resultante  da decomposição  da  matéria  orgânica

-  Gás sul f ídr ico

Origem antropogênica:

- Despejos industriais  (ácidos minerais ou orgânicos)

- Passagem da água  p or  minas abandonadas, vazadouros de mineração  e  das borras

de minério

Importância:

- Tem pouco  significado sanitário

-  Á g u a s  com acidez  mineral são desagradáveis  ao  paladar, sendo  recusadas

- Responsável  pela  corrosão dc  tubulações e materiais

Uti l ização mais frequente do parâm etro:

- Caracter ização de águas  de  abastecimento (inclusive industriais) brutas e tratadas

Unidade:  mg/l de  CaCO.,

Interpretação dos resultados:

-  Em termos de tra tamento e abastec imento públ ico  de água

•  o teor de  C O 2  l ivre (diretamente associado  â acidez),  a alcalinidade e o pH  estão

interre lac ionados

2 8

introdução à  / i i a l i t l i u l i d a s águas c ao t ra tam en to de e s go to s

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FTFFS- B ib l i o teca

• pl > 8 , 2 :  C 0

2

  l ivre ausente

• pH   entre 4,5 e 8,2: acidez carbônica

• pll

  <  4,5: acidez por ácidos minerais fortes (usualmente resultantes de despejos

industriais)

I

 >u reza

t

 'miceito:

  Concentração de cá t ions mul t imetá l icos em solução. Os cá t ions mais

li

 ri (uentemen te associad os à dureza são os cá tions di valentes C a

2+

  e M g

2+

. Em

t  litidições

  de supersa turação, esses cá t ions reagem com ânions na água, formando

jTccipitados. A dureza  pode ser c lassi f icada como  dureza carbonato  e  dureza  não

11it

 bonato,  dependendo  do  ânion com  a  qual cia está associada. A dureza correspon-

dente à  alcalinidade é denom inada dureza carbonato, enquanto que as demais form as

«Ao caracterizadas como dureza não carbonato. A dureza carbon ato é sensível ao calor,

hicoipitando-se cm elevadas temperaturas.

I nrma  do constituinte responsável:  Sól idos dissolvidos

*  Irigcm natural:

I

  (issolução de minerais contendo cálcio c magnésio (ex: rochas calcáreas).

y »i

 i gem  antropogênica:

I

  »espejos industriais

Importância:

N ão   há  evidências  de  que  a dureza cause problemas sanitários, e alguns estudos

i  ealizados em áreas com maior dureza indicaram uma menor i ncidência de do enças

cardíacas «

I m  determinadas concentrações, causa um sabor desagradável e pode ter efeitos

laxativos

Reduz a formação de espuma, impl icando num maior consumo de sabão

i 'ausa  incrustação nas tubulações de água quente, caldeiras e aquecedores (devido

,i maior precipitação nas temperaturas elevadas)

i  l l l ização ma is freqüente do  parâmetro:

(  aracterização de águas de abastecimento (inclusive industriais) brutas e tratadas

Unidade:  mg/ l CaCO?

Interpretação dos resultados:

- lim   termos de tratamento e abastecimento público de água

•  dureza < 50 mg/ l CaCOí: água mole

•  dureza  entre  50 e 150 mg/l CaCO.i: dureza moderada

•  dureza  entre  150 e 300 mg/l  C a C O í :  água dura

•  d u re za > 3 0 0 m g /l C a C O á g u a  mui to  dura

Ni ji õvs de qualidade das águas

29

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Ferro e manganês

Con ce i t o:

  O  ferro e o  manganês  estão presentes  nas formas insolúveis (Fe

14

" e M n

< f

)

numa g rande quan t idade  de  tipos de solos. Na ausência  de  oxigênio d issolv ido (ex:

água subterrânea ou fundo de  lagos), eles  se apresentam na  fo rma  solúvel (Fe

2+

  e

M n

2 +

) . Caso  a  água contendo  as formas reduzidas  seja exposta ao ar atmosfér ico  (ex:

na torneira  do  consumidor) , o fer ro  e  o manganês voltam a se oxidar às suas fo rmas

insolúveis  (F e

3 +

  e M n

4 +

) , o  que  pode causar cor  na  água, além  de manchar roupas

du ran te  a lavagem.

Form a d o con s t i t u in t e resp on sáve l:

  Sólidos em  suspensão  ou d issolv idos

Origem n at u ral :

-  Dissolução de compos to s  do  solo

Origem an t rop ogên ica:

-  Despejos industr iais

Imp ort ân c ia:

- Tem pouco s ignif icado sauilar io nas  concen t r ações  usualmente encontradas nas

águas naturais

- Em pequenas concentrações causam problemas de cor na  água

- Em  cer tas concentrações, podem  causar sabor e  odor  (mas, nessas  concentrações,

o consumidor já rejei tou  a água, dev ido  à  cor)

Ut i l i zação m ais f req u en te d o p arâmet ro:

-  C arac te r ização  de águas  de  abas tec imen to  brutas e  tratadas

Un id ad e:

  mg/l

Interpretação dos resultados:

-  Em  termos de tratamento  e  abastecimento público de  água

•  ver  Pad rão  de  Potabil idade

-  E m  te rmos  d o  tratamento  de águas residuárias:

•  ver  Pad rão de Lançamen to

-  Em  termos dos corpos d 'água

•  ver  Pad rão de C orpos d 'Água

Cloretos

Con ce i t o: Todas as águas naturais, em maior ou menor escala, contêm íons resultantes

da   dissolução de minerais . Os  cloretos (Cl") são  advindos  da  dissolução  de sais (ex:

cloreto de sódio) .

Form a d o co n s t i t u in t e resp on sáve l:

  Sólidos d issolv idos

Origem natural;

-  Disso lução  de minerais

-  In trusão de  águas sal inas

3 0

introdução à

  / i i a li t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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3  a ^ ^ ^

o

 C>

( )ngem antropogen ica:

Despe jos  domést icos

- Desp ejos indust r ia is ^ •

  >

- Águas util izadas em irrigação

Importância:

Hm   determinadas concentrações im prime um sabor sa lgado à água

Utilização mais frequente do parâmetro: 

(Caracterização de águas de abastecimento brutas

Unidade:  mg/l

interpretação do s resultados:

lim

  termos  de tratamento e abastecimento público de água

• ver Padrão de  Potabi l idade

l m termo s  dos corpos d 'água

• ver Padrão de Corpos  d 'Água

Nit rogênio

• unceito:  Dentro  do ciclo do nitrogênio na biosfera, este alterna  se entre várias formas

f

 CKtados

 dc oxidação. No meio aquático, o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes

luiinas:  (a )  ni t rogênio molecular  (N2),  escapando  para a atmosfera,  (b) nitrogênio

tirânico (dissolvido e em suspensão),  (c) amónia, (d) niti ito (NO > ) c (c)  nitrato  (NO.O-

l (irmã do constituinte  responsável:  Sól idos  em suspensão e  sól idos dissolvidos

< >1  Igem natural:

t Constituinte de proteínas, clorofila e vários o utros compostos  biológicos

' igem antro pogê nica:

I )cspejos domést icos

Despejos industriais

I  xcrementos de  animais

fertilizantes

importância:

1» nitrogênio na  forma dc nitrato está associado a  doenças  c o m o  a me tahemoglo-

Imit-mia (síndrome do bebê azul)

1>

 ni t rogênio  é  um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando

ri»   elevadas concentrações em lagos e represas,  pode  conduzir  a  um cresc imento

exagerado  desses organismos (processo denominado

  eutrofização)

< >

  nitrogênio, nos processos bioquímicos de conversão da amónia  a nitri to e deste

•1

  nitrato, implica no consumo de oxigênio dissolvido  do meio (o que pod e afe tar a

vidn

  aquática)

II  nitrogênio  na  forma de amónia l ivre é diretamente tóxico aos peixes

()  ni t rogênio é um elemento indispensável para o cresc imento dos m icrorganismos

1.".pousáveis pelo tratamento  de  esgotos

f f t n 1 ir .»  ilc qualidade das águas

3 1

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( ) .

  I >n ii

 i -.MI. ill  i ionversãodo nitrogênio têm implicações na operação das estações

tic

 it ,it.iiin'iito

 de esgotos

I  in um

  •

  IH p i  d  água, a determinação  da  forma predominante  do ni t rogênio pode

II ii iii

 i i i iiifot mações sobre o estágio  da  poluição (poluição  recente  está associada

II • iiUri>)"'nio na form a orgânica o u de amónia , enquanto uma poluição mais remota

i -,i,i .i-.-.iu  iüda ao ni t rogênio na forma de  nitrato)

I i l l l / i iriU) mais frequente do parâmetro:

i .ii  leri

/ação de águas  de  abastecimento brutas e tratadas

< ai ai H-rização de águas residu árias brutas e tratadas

<

 ai

 autorização de  corpos d 'água

I »Idade:

  mg/l

interpretação do s resultados:

Km termos  de tratamento e abastecimento público de água

•  ve r  Padrão  de Potabilidade (nitrato)

bu i  termos de tratamento de águas residuárias

• é necessár io um adequado balanço  C:N:P no esgoto para o  desenvolvimento dos

microrganismos

• ver Padrão de  Lançamento (amónia)

Km termos dos  corpos d 'agua

• ver Padrão  de Corpos d 'Agua  (amónia  e nitrato)

I ósforo

( ' (di re i to O fósforo na água apresenta-se pr incipalmente nas formas de  ortofosfato,

polifosfato   e fósforo orgânico.  O s  ortofosfatos  são  diretamente disponíveis pnra o

metabol ismo  biológico  sem necessidade de conversões  a  fo rmas  mais simples. As

lornias e m q u e os

 ortofosfatos

 se apresen tam na água (POa'". HPO.r",  H2PO.1", HiPO.j)

dependem  do pH, sendo

 a

 mais comu m na faixa usual de pH

 o

  H P O 4

2

  .

 Os

poli fosfatos

sáo moléculas  ma i s  complexas  com dois ou mais átomos de  fósforo. O  fósforo

orgânico é norma lmente  d e  menor  importância.

rorina tio constituinte responsável:  Sól idos  em sus pensão e sól idos dissolvidos

(Ir isem natural:

- dissolução de comp ostos do solo

decomposição  da  matéria orgânica

Origem antropogênica:

-  Despejos  domést icos

-  Despejos industriais

-  Detergentes

- Excreme ntos de  animais

- Ferti l izantes

3 2

introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s á gu as c a o t ra ta m en to d e e sg ot os

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Importância:

- O fósforo não apresenta problem as de ordem sanitár ia nas águas de abastecim ento

O  fósforo é um elemento indispensável para  o crescimento  de algas e , quando em

elevadas  concentrações em lagos e  represas ,  pode conduzir a um crescimento

exagerado  desses organismos (eutrof ização)

O fó s fo ro é u m  nutriente essencial para  o c resc imen to  dos  microrganismos respon-

sáveis pela es tabil ização  da  matér ia  orgânica

Util ização mais frequente do parâmetro;

- Caracter izaçã o de águas residuár ias brutas e tratadas

- Caracter ização de corpos d 'água

Unidade:  mg/l

Interpretação dos resultados:

- Em termos de tratamento de águas residuár ias

• é  necessár io  um  adequado  balanço C:N:P no esgoto  para  o desenvolvimento dos

microrganismos

• em lançamentos a montante de represas com p rob lemas de eutrof ização, f requen -

temen te  se  limita o P  total em 1,0 mg/1

Eni termos dos corpos d ' água

• os seguintes  valores  de P total  podem ser  utilizados  c o m o  indicativos  ap rox ima-

dos do  estado de eutrof ização  de  lagos  (lagos tropicais  provavelmente aceitam

concentrações super iores) : (a) P  <  0 ,01-0 ,02  mg/1: não  eutróf ico;  (b )  P  entre

0 ,01-0 ,02 e  0 ,05 mg/l : es tágio in termediár io ;  (c ) P > 0 ,05 mg/l : eu tróf ico

• ver  Padrão de Corpos d 'Agua

Oxigên io  dissolv ido

( 'onceito;

  O oxigênio d issolv ido (OD ) c de essencial impor tância para os organismo s

aeróbios  (que v ivem na presença de oxigênio) . Durante a es tabil ização da matér ia

orgânica, as bactér ias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratór ios ,

podendo vir  a causar  um a  redução  da  sua concentração no meio .  Dependendo da

magnitude deste  f e n ô m e n o ,  podem vir a  morrer diversos seres  aquáticos ,  inclusive

iis peixes . Caso o oxigênio   seja  to talmente consumido,  tem-se as  condições  anaeró-

liitis  (ausência de  oxigênio) ,  com geração de maus odores ,

f orma d o con s t i t u in t e resp on sáve l :

  G á s  dissolv ido

<  ír igem natural:

Dissolução do  oxigênio atmosfér ico

Produção pelos organismos fo tossin tét icos

<

  ( r igem an t rop ogên ica:

In trodução de  aeração artificial

Imp ort ân c ia:

O oxigênio d issolv ido  é vital  para  os seres aquáticos aeróbios

Noções dc  qualidade das  agit as

3 3

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-  O  oxigênio d issolv ido  é o pr incipal parâmetro  de  caracter ização dos  efeitos da

poluição   das  águas  por  despejos orgânicos

Ut i l i zação mais  frequente t io parâmetro:

- Contro le operacional de estações de  tratamento  de esgotos

-  C arac te r ização  de  corpos  d ' água

Un id ad e:

  mg/l

Interpretação dos resultados:

- Em termos de  tratamento  de águas  residuár ias

• é  necessár io  um teor mínimo de oxigênio  dissolv ido { 1 mg/l)  no s  reatores  dos

sis temas aeróbios

-  Em te rmos  dos corpos  d ' água

•  a so lubil idade  do  OD varia  com  alt i tude e temperatura.  Ao nível do mar, na

tempera tu ra  de 20°C, a concentração  de saturação  é  igual a 9,2 mg/l

• valores de OD   superiores à saturação são  indicativos da presença  de  algas

(fo tossín tese)

• valores de O D  bem infer iores  a saturação  são indicativos da presença de matéria

orgânica  (provavelmente esgotos)

• com  O D  em  torno  de 4-5  mg/l morrem os  peixes  mais exigentes;  com OD igual

a  2 mg/l todos os peixes estão  mortos;  ei uri

 < >1 >

  igual  a 0 mg/l tem-se condiçõe s de

anaerobiose

•  ver Padrão de Corpos d 'Agua

Matér ia orgânica

Con ce i t o:

  A  matér ia orgânica presente nos corpos d 'água e nos esgotos  é uma

caracter ís t ica de pr imordial impo r tância, sendo a causadora do pr incipal  problema de

poluição das águas:  o consumo do  oxigênio d issolv ido pelos microrganismos nos

seus processos metabólicos  de u ti l ização  e estabil ização da matér ia  orgânica. Os

pr incipais componentes orgânicos são os compostos de proteína, os carboidratos ,  a

gordura e os óleos, além  da  uréia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros  em menor

quantidade. A   matéria carbonácea  d iv ide-se nas seguintes f rações: (a) não b iodegra-

dável  (e m  suspensão  e  dissolvida) e (b) b iodegradável  (em suspensão e d issolv ida) .

Em te rmos  práticos , usualmente não há necessidade de se  caracter izar a matér ia

orgânica em termos de proteínas , gorduras , carboidratos etc . Ademais , hã uma grande

dif iculd ade na determinação laborator ial dos d iversos componen tes  da matér ia orgâ-

nica nas águas residuár ias , face à mult ip l icidade de formas e compostos em que  a

m e s m a  pode  se apresentar.  E m  assim sendo, u t i l izam-se  no rmalmen te métodos

indiretos para a quantif icaç ão da matéria orgânica, ou do seu potencial  poluidor. Nesta

linha,  exis tem  duas  principais categorias: (a)  Medição do consumo de oxigênio

(Demanda B ioqu ímica  de Ox igên io  - D B O ;  Demanda Qu ímica de  Ox igên io (DQO)

e (b)  Medição do carbono orgânico  (Carbono Orgânico Total  -  C OT) . A

  D B O

  é o

3 4

introdução à

  / i i a li t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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|Mi.imetro   tradicionalmente mais u ti l izado, e encontra-se analisado em maiores

itiMalhes cm vários outros itens do presente texto.

I orma do const ituinte  responsável:

  só lidos em suspensão e sólidos  dissolv idos

<

  ) i igem natural:

Matér ia  orgânica vegetal e animal

< )r  igcm an t rop ogcn ica:

Despejos  industriais

I m p o r t â n c i a :

• A matér ia orgânica é responsável pelo consumo, pelos microrganismos decompo-

'.itores,  do oxigênio dissolvido na água

» A DBO retrata, de uma forma indireta, o teor de matéria orgânica nos-esgotos ou

no corpo d 'água, sendo, por tanto , uma indicação do potencial do consumo do

oxigênio d issolv ido

A D B O  é um parâmetro de fundamental impor tância na caracter ização do grau de

poluição  de um corpo d 'água

i l i l ização mais frequente d« parâmetro:

(  aracter ização de águas residuár ias brutas e tratadas

Caracter ização de corpos d 'água

Unidade:  mg/l

lu lerpretação dos resultados:

lím  termos de tratamento de águas residuár ias

•  a D B O  dos esgotos domésticos es tá em torno de 300 mg/l

•  a  D B O  dos esgotos industr iais var ia amplamente, com o t ipo de processo

industrial

•  a D B O  ef lu ente do tratamento e fun ção do n ível e do processo de tratamento

• ver Padrão de  Lançamen to

fi m

  termos dos corpos d 'água

•  ver Pad rão  de Corpos  d 'A g u a

Micropoluentes inorgânicos

t 'nnceito : Um a grande par te dos microp oluentes inorgânicos são tóxicos. Entre es tes ,

leni  especial destaque os metais pesados. Entre os metais pesados que se d issolvem

n.i água incluem-se o arsénio, cádmio, cromo', chumbo, mercúrio e prata. Vários

«testes metais se concentram na cadeia alimentar, resultando num grande perigo para

os organismos s i tuados nos degraus super iores . Felizmente as concentrações dos

melais tóxicos nos ambientes aquáticos naturais são bem pe quenas. Além dos metais

pesados,  há  outros micropoluentes inorgânicos de importância em termos de saúde

I

 n íb lica, com o os cianetos ,  o  flúor e outros.

• orma do const ituinte responsável:  só lidos em suspensão e só lidos d issolv idos

I lespejos d omésticos

Nações  de  qualidade das ág uas

3 5

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Origem natural:

-  A origem natural c de menor imp ortância

Origem antropogênica:

- Despejos industriais

- At ividades mineradoras

-  At ividades de gar impo

-  Agricul tura

Importância:

- Os metais pesados são tóxicos  para  os habitantes dos ambientes aquáticos e para

os consumidores da água

Uti l ização mais frequente do parâmetro:

- Caracter ização de águas  de  abastecimento brutas e tratadas

- Cara cterização de águas rcsiduãrias brutas e tratadas

- Caracter ização de corpos d 'água

Unidade:  pg/l   ou mg/l

Interpretação dos resultados:

- Em termos  de  tratamento e abastecimento público de água

• ver Padrão de Potabilidade

-  Em termos  de  tratamento águas residuárias

• ver Padrão de Lançamento

- Em termos dos corpos d 'água

• ver Padrão de Corpos d 'Agua

Micropoluentes orgânicos

Conceito:  Alguns materiais orgânicos são resistentes  à  degradação biológica, não

integrando os ciclos biogeocpiímicos, e acumulando-se em determinado ponto do

ciclo (interrompido). Entre estes, destacam-se os defensivos agrícolas, alguns t ipos

de detergentes (ABS, com estrutura molecular  fechada) c  um grande número de

produtos químicos. Uma grande  parte destes compostos,  mesmo em reduzidas

concentrações, está associada a problemas de  toxicidade.

Forma do consti tuinte responsável:  sólidos dissolvidos

Origem natural:

-  Vegetais com madeira  (tanino,  lignina,  celulose,  fenóis)

Origem antropogênica:

- Despejos indust r ia is

-  Detergentes

-  Processam ento e ref inamento do pet róleo

-  Defensivos agrícolas

Importância:

-  Os compo stos orgânicos incluídos nesta categoria não são biodegra dáveis

3 6

introdução à  / i i a li t l i u l i d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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- Uma grande par te destes compostos são tóxicos

(Hil ização mais frequente do parâmetro:

i  ' aracter ização de águas d e abastecimento brutas e tratadas

<  'aracterização de águas residuárias brutas e tratadas

( 'aracter ização de corpos  d 'água

1 iiidade;  frg/1 ou mg/l

Interpretação dos resultados:

l m  termos de tratamento e abastecimento público de água

•  ver  Padrão de  Potabil idade

l m  termos de  tratamento  de águas residuár ias

• ver Padrão de  Lançamen to

h m  termos dos corpos d 'água

• ver  Padrão de Corpos  d'Agua

5.3. Parâmetros biológicos

A relação dos  microrganismos de in teresse  na  Engenhar ia Ambiental es tá apre-

sentada  no Quadro  4 .2 .  Os  micro rgan ismos  desempenham  diversas funções  de

lundamental impor tância, pr incipalmente as relacionadas com a transformação da

matéria  dentro  dos  ciclos  b iogeoquímicos. Um outro aspecto de grande relevância

I IH termos da qualidad e b io lógica da água é o relat ivo à possib il idade da transmissão

• Ir doenç as.  O  Quadro 5 .1  apresenta as pr incipais doenças relacionadas com a água.

A  de te rminação  da  potencial idade de uma água transmitir doenças pode ser

• li-tuada de  fo rma  indireta, através dos  organismos indicadores de contaminação

fecal,

 p er tencentes pr incipalme nte ao grupo de

 co l i f ormes .

 O s co l i fo rmes encon t r am-

se descr i tos no  Item 2.3.6  do Capítu lo  2.

Ou t ro s  parâmetros b io lógicos dc in teresse são aos associados ao tratamento de

r \ j 'Otos .  Os  aspectos relacionados a es te i tem estão abordados em outro volume da

•.ei ie,  no  Capítu lo "Pr incíp ios do tratamento b io lógico".

5.4. Forma f ís ica representada pelos parâmetros dc qualidade

li impor tan te  o conhec imen to  da forma , em  termos de sólidos ou  gases,  represen-

Ifida pelo s  diversos  parâmet ro s  d e  qualidade da  água. Nos processos  de  tratamento ,

Ott só lidos em suspensão são removidos por operações e processos unitár ios d iferentes

• los u ti l izados para a remoção dos só lidos d issolv idos e também , naturalm ente, dos

rases d issolv idos.  O Quadro  5 .2 apresenta a caracter ização, em termos de forma

Msica, dos principais parâmetros de qualidade.

Noções dc  qualidade das  ag it a s

3 7

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Qu ad ro 5.1 Principais doenças associadas com a água

Ooençti

A g e n t e C a u s a l

S i n t o m a s

nifciinioiM h.uai.H

CAIara

I nptonplroso

'

 inlmorwlose

I

 obro lifóide

I i l M i n l e i i a a m e b i a n a

G l w d l a s e

I I c p u l i t e i n f e c c i o s a

( i . i s l r o e n t e r i t e

I ' n . i l i s ia in fan t i l

Ingestão de Água Contaminada

B a c t é r i a  (Shigel la dysenler iae)

B a c t é r i a  (Vibr io cholerae)

B a c t é r i a (L e p t o s p i r a )

B a c t é r i a (S a l m o n e l l a )

B a c t é r i a  (S almone l la t yp h i )

P r o t o z o á r i o ( E n t a m o e b a

histolytica)

P r o t o z o á r i o   (Giardia lamblia)

V i rus (v i rus da hepa t i te A )

V i r u s ( e n t e r o v ir u s , p a r v o v i r u s ,

r o t a v i r u s )

V i r u s

  (P o l i o m i e l i t e s vi ru s)

F o r t e d i a r r é i a

D i a r r é i a e x t r e m a m e n t e f o r t e ,

d e s i d r a t a ç ã o , a l t a t a x a d e m o r t a l i d a d e

Ic te r íc ia , feb re

F e b r e , n á u s e a , d i a r r é i a

F e b r e e l e v a d a , d i a r r é i a , u l c e r a ç ã o d o

i n t e s t i n o d e l g a d o

D i a r r é ia p r o l o n g a d a , c o m s a n g r a m e n t o ,

a b s c e s s o s n o f í g a d o e i n t e s t i n o f i n o

D i a r r é i a l e v e a f o r t e , n á u s e a , i n d i g e s t ã o ,

f l a t u l ê n c i a

Ic te r íc ia , feb re

D ia r ré ia lev e a fo r te

Pa ra l i s ia

Contato com Água Contaminada

I sciibiose

Fracoma

S a r n a (

S arcop t es scab ie i )

C l a m í d e a

  (Chlamydia tracomatis)

Ú l c e r a s n a p e l e

I n f l a m a ç ã o d o s o l h o s , c e g u e i r a

c o m p l e t a o u p a r c i a l

Verminoses. tendo a Água como um Estágio no Ciclo

I  ••> i m M o s s o m o s e

H e l m i n t o

  (Schistosoma)

D i a r r é i a , a u m e n t o d o b a ç o e d o f í g a d o ,

h e m o r r a g i a s

Transmissão através de Insetos, tendo a Água como Meio de Procriação

M.iliiini

I ob ru am c i ro la

I )engue

F i la r ios e

P r o t o z o á r i o   (Plasmodium)

Ví rus ( f l a v iv í rus )

V i rus ( f l a v iv í rus )

H e l m i n t o

  (

W uch erer ia bancro f t i )

F e b r e , s u o r , c a l a f r i o s , g r a v i d a d e v a r i á v e l

c o m o t i p o d e

  Plasmodium

F e b r e , d o r d e c a b e ç a , p r o s t r a ç ã o ,

n á u s e a , v ô m i t o s

F e b r e , f o r t e d o r d e c a b e ç a , d o r e s n a s

j u n t a s e m ú s c u l o s , e r u p ç õ e s

O b s t r u ç ã o d e v a s o s , d e f o r m a ç ã o d e

t e c i d o s

Fontos: Benenson (1985). Tchobanoglous e Schroeder (1985)

3 8

introdução à  /i i a l i t l i u l i ' d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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(Juwlro 5 .2  F o r m a  física  preponderan t e represen t ada pe los parâmet ros de qua l i dade

Parâme tro

Só l idos em Só l idos Gases

Caracte r ís t i ca

Parâme tro

s u s p e n s ã o d isso lv idos d isso lv idos

Cor

X

fuiAmelros físicos Turb idez

X

Sabor e odo r X X X

p H X X

Alca l in idade

X

A c i d e z

X X

Dureza

X

Fer ro e man ganês X

X

fnr

/lmelros químicos

Clo re tos X

fnr

/lmelros químicos

Ni t rogên io X

X

Fósforo X

X

Oxigên io d isso lv ido X

Ma té r ia o rgân ica

X

X

Meta is pesados

X

X

Micíopo luen tes o rgân icos

X

O r g a n i s m o s i n d i c a d o r e s

X

1

 'tiiAmetros biológicos Algas

X

Bacté r ias X

5.5, Ut i l ização mais frequente dos parâmetros

Ao se so lici tar uma análise de água, deve-se selecionar os parâmetros a serem

investigados pela análise. O Quadro 5 .3 apresenta uma relação da associação mais

lu 'quente entre parâm etros e tópico a ser es tudado.

 A

  lista inclui apenas os parâmetros

11Lás usuais, e deve-se lembrar que o conhecimento das particularidades de cada

m

 luação é que deve def in ir os parâmetros a serem inclu ídos na análise. As pr incipa is

niilizações são:

caracter ização de águas para abastecimento

• águas superficiais (brutas e tratadas)

• águas subterrâneas (brutas e tratadas)

• caracterização de águas residuárias (brutas e tratadas)

- caracter ização ambiental de corpos d 'água receptores ( r ios e lagos)

Noções dc  qualidade das  agit as

  3 9

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(Juml i

  i>

  * l 'i im ipnis parâm etros a serem inve st igados num a anál ise de água

A g u a s p a r a a b a s t e c i m e n t o

Á g u a s

r e s i d u á r i a s

C o r p o s

r e c e p t o r e s

qlÉiflr,

Nul Ii HS

P a r â m e t r o

Á g u a

s u p e r f i c i a l

Á g u a

s u b t e r r â n e a

B r u t a T ra tada R io Lago

B r u t a T r a t a d a B r u t a T r a t a d a

L a g o

Cor .

I-HT IIIIM

I

IM

'.   Tu rb ic fez

S a b o r e o d o r

T e m p e r a t u r a

X

(D

X

X

X

P H

A l c a l i n i d a d e

A c i d e z

D u r e z a

F e r r o e m a n g a n ê s

C io re tos

I' . ii  .I n ie t ros  N  i t r o g ê n i o

q u í m i c o s F ó s f o r o

O x i g ê n i o d i s s o l v i d o

M a t é r i a o r g â n i c a

M í c r o p o l . i n o r g .

( d i v e r s o s ) '

3

'

M i c r o p o l . o r g â n .

( d i v e r s o s p

}

,(2>

I ' u n l m e t r o s

b l o l i g l o o s

O r g a n i s m o s

i n d i c a d o r e s

A l g a s ( d i v e r s a s )

B a c t é r i a s d e c a m p ,

( d i v e r s a s )

X

y

( 2 >

J2>

Nolnn

( t ) f  ,iu  ..ida  po r  F e e  Mn

C )  [  )iimri|o o  tra tamento, para contro le do processo

í Jiivíim r.or analisados aqueles q ue possuírem algu ma justiticaliva. devido ao uso e ocup ação d o solo na bacia hidrográ fica

6 . R E Q U I S I T O S E P A D R Õ E S D E Q U A L I D A D E D A Á G U A

<i.

  L Requis itos de qualidade

<

  'o rno comentado,

  os requisitos de qualidade de uma água são função de seus

usos previstos.

  O Quadro 6 .1 apresenta, de forma s implif icada, a associação entre os

pr incipais requis i tos de qualidade e os correspondentes usos da água. Nos casos de

corpos d 'água com usos múlt ip los , a qualidade da água deve atender aos requis i tos

dos diversos usos previstos.

4 0

introdução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas c ao t ra tam en to de e sgoto s

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( .h ladro 6 .1

  A ssoc iação en t r e os usos da água e os r equi s i tos  d e  q u a l i d a d e

Uso Gera l  Uso Espec i f i co   Q u a l i d a d e R e q u e r i d a

- I sen ta de subs tânc ias qu ímicas p re jud i c ia i s à   s a ú d e

• I sen ta de o rgan ismos p re jud i c ia i s á saúde

-  A d e q u a d a p a r a s e r v i ç o s  d o m é s t i c o s

- Ba ixa agress i v idade e dureza

- Es te t i camente agradáve l (ba i xa tu rb idez , cor ,

s a b o r  e odor ; ausênc ia  d e m a c r o r g a n i s m o s )

A b a s t e c i m e n t o

Indus t r i a l

Á g u a é i n c o r p o r a d a a o p r o d u t o

(ex : a l imento , beb idas ,

r e m é d i o s )

-  I sen ta de sub s tânc ias qu ímicas p re jud i c ia i s  à  s a ú d e

-  I sen ta de o rgan ismos p re jud i c ia i s  ã s a ú d e

- Es te t i camente agradáve l (ba i xa   t u r b i d e z ,  cor,

sabor e odor )

A b a s t e c i m e n t o

Indus t r i a l

Á g u a e n t r a e m c o n t a t o c o m o

p r o d u t o

- Var iáve l com o p rodu to

Á g u a n ã o e n t r a e m c o n t a t o c o m

0 produ to (ex ; re f r i geração ,

ca lde i ras )

-  Ba ixa dureza

- B a i x a a g r e s s i v i d a d e

l i t i g a ç ã o

Hor ta l i ças , p rodu tos i nger idos

c r u s o u c o m c a s c a

-  I sen ta de subs tânc ias qu f rn i cas p re jud i c ia i s á saúde

• I sen ta de o rgan ismos p re jud i c ia i s á saúde

- Sa l i n idade não excess i va

l i t i g a ç ã o

D e m a i s p l a n t a ç õ e s

- I sen ta de subs tânc ias qu ímicas p re jud i c ia i s ao so lo

e às p lan tações

Sa l i n idade não excess i va

D o s s e d e n i a ç ã o

i l n an ima is

- l í en ta de subs tânc ias qu ímicas p re jud i c ia i s

â saúde dos an ima is

- I sen ta de o rgan ismos p re jud i c ia i s à saúde dos

an ima is

1  ' i cservaçSo

da Hora e da

Inuna

-

- Var iáve l com os requ is i tos ambie n ta i s d a f l o ra e da

fauna que se dese ja p reservar

l l o c r e a ç ã o

Conta to p r imár io (con ta to d i re to

com o me io l i qu ido ; ex : na tação ,

esqu i , su r fe )

- I sen ta de subs tânc ias qu ím icas p re jud i c ia i s à saúd e

Isen ta de o rgan ismos p re jud i c ia i s â saúde

- Ba ixos teores de só l i dos em suspensão e ó leos e

g r a x a s

0

Inzer

C o n t a t o s e c u n d á r i o ( n ã o h á

conta to d i re to com o me io

l íqu ido ; ex ; navegação de l azer ,

pesca , l azer con templa t i vo )

- A p a r ê n c i a a g r a d á v e l

I ío ração

d a

e n e r g i a

Us inas h id re lé t r i cas

-  B a i x a a g r e s s i v i d a d e

I ío ração

d a

e n e r g i a

Us inas nuc leares ou

termelétr icas (ex: torres de

res f r i amento)

- Ba ixa dureza

- Ba ixa p resença de mater ia l g rosse i ro que possa

por em r i sco as embarcações

D i lu i ção de

rínspejos

A b a s t e c i m e n t o

r io Agua

d o m é s t i c o

Noções dc  qualidade das  ag it a s

39

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6.2. Padrões  de qualidade

6.2.1, Introdução

Além dos  requisitos  de  qualidade,  que traduzem  de uma forma generalizada  e

conceituai a qualidade desejada para a   água,  há  a  necessidade de se  estabelecer

t a m b é m padrões  de qualidade, embasad os  po r  um supor te legal .  Os  padrões devem

ser cumpridos,  por  força da legis lação, pelas entidades envolvidas com a  água a ser

u ti l izada. Da mesma  forma que os requis i tos , também

  os padrões são função do  uso

previsto para a água.

Em termos práticos, há três tipos de padrão de interesse direto dentro  da Enge-

nhar ia Ambiental  no que tange à qualidade da água:

•  Pad rões  de  lançamento no corpo receptor

• Padrões  de qualidade do corpo receptor

• Padrõe s de qualidade para determin ado uso imediato (ex:  padrões  de potabil idade)

6 . 2 .2 . Pad rões d e lan çam en t o e  de qualidade do corpo receptor

AR eso luç ão C ONA MA n" 20 , de  18/06/86, dividiu as águ as do território nacional

em águas  doces  ( sa lin idade < 0 , 0V <í s a l o b r a s  (sal in idade  entre  0 ,05% e 3%)  e

salinas  (salinida de > 3%). Hm funçã o dos usos previstos,  foram criadas nove classes. O

Quadro 6 .2 apresenta um resu mo dos usos preponderantes das classes relativas à água doce,

em que a Classe Especial pre ssupõe os usos m ais nohn-s, e a Classe 4, os menos nobres.

Quadr o 6 .2  C l a s s i f i c a ç ã o d a s á g u a s  d o c e s e m f u n ç ã o d o s u s o s p r e p o n d e r a n t e s

( R e s o l u ç ã o C O N A M A  n° 20 , 18 /06 /86)

U s o

C l a s s e

U s o

E s p e c i a l 1

2 3

4

A b a s t e c i m e n t o d o m é s t i c o

X

X

(a )

X

<b)

X

í b )

P r e s e r v a ç ã o d o e q u i l í b r i o n a t u r a l

d a s c o m u n i d a d e s a q u á t i c a s

X

R e c r e a ç ã o d e c o n t a t o p r i m á r i o

X X

P r o t e ç ã o d a s c o m u n i d a d e s a q u á t i c a s

X X

I r r i g a ç ã o

X

(o )

X

( d )

X

(e )

C r i a ç ã o d e e s p é c i e s ( a q u i c u l t u r a )

X X

D e s s e d e n f a ç â o d e a n i m a i s

X

N a v e g a ç ã o

X

H a r m o n i a p a i s a g í s t i c a

X

U s o s m e n o s e x i g e n t e s

X

Notas:

(a) após Tratamento simples; (b) após tratamento convencional; (c) hortaliças e trutas rentes ao solo; (d) hortaliças e plantas

trutíferas; (e) culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras

40

introdução

 à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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ETF  E S  - B i b l i o t e c a

Noções dc qualidade das agitas

41

Page 41: Von Sperling

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Quadr o 6 .3

  Padrões de qua l idade para os corpos d ' água das d iver s as c l as ses ( água doce) e

p a d r ã o d e l a n ç a m e n t o ( R e s o l u ç ã o C O N A M A n ° 2 0 , 1 8 / 0 6 / 8 6 )

L A N Ç A M E N T O

C O R P O D Á G U A

Padrão pa ra Co rpo d 'Aç jua

. , . _ , _ , i - w - J P ad rã o d e

P a r â m e t r o U n i d a d e  ,

L a n ç a m e n t o

Cor

uH 30 75 75

Turb idez

uT

40

100 100

-

Sabor o odo r

-

VA

VA VA

Tempera tu ra

"C

- - -

4 0

Maté r ia f lu tuan te

VA VA VA VA ause nte

Ó leos e g raxas

VA

VA VA

(1)

(2)

Co ran tes a r t i f i c ia is

VA VA VA

- -

P H 6 , 0 « 9 , 0

6,0 a 9,0 6.0 a 9,0 6  a  9 5  a  9

D BO

5

mg/1

3

5

(3)

10

(3>

-

(4)

DQO m g / l

- •

(4)

OD

m g /

s e 2 5

> 2

-

Só l idos em suspe nsão mg / l

-

(4)

Co l i fo rmes to ta is o rg /100   m l 1.000 5.000

20 .000

Co l i fo rm es feca is o rg /100 m l 200

1,000

4 .000

- -

Alumín io mgAI / l 0 ,1 0,1 0,1

-

Amón ia l i v re m g N H s / l 0 ,02 0,02

• - •

Amón ia to la l

m g N / l

-

1,0

-

5,0

Arsên io mgAs/ l

0 ,05 0,05 0,05

-

0,5

Bár io

m g B a / l 1 .0

1.0

1.0

-

5,0

Ber í l io mgBe/1 0 ,1

0,1 0.1

• -

Boro mgB/ l 0 ,75

0,75 0,75

-

5.0

C á d m i o

mgC d / l 0 ,001 0 ,001 0 ,01

-

0,2

Ciane tos

m g C N / i 0,01 0,01

0.2

-

0,2

C h u m b o m g P b / l 0 , 0 3 0,03 0,05 - 0,5

Clo re tos

mg Cl/ l

250 250 250

- -

Clo ro res idua l mgCÍ / l 0 ,01 0,01

- - -

C o b a l t o m g C o / l

0 .2

0 ,2

0,2

- -

C o b r e m g C u / l

0 ,02 0,02 0.5

1,0

Crom o VI mgC r / l 0 ,05 0 ,05 0 ,05

-

0,5

Cromo I I I

mgCr / l

0 ,05 0,05 0.5

-

2,0

Estanho mgSn / l

2,0

2,0 2,0

-

4,0

í n d i c e  d e  fenó is m g C

6

H

s

O H / 1 0,001 0,001 0,3

0,5

Ferro so lúv el mgF e/l 0 ,3 0,3 5,0

-

15,0

F luo re tos mgF/ l

1,4

1.4

1.4

-

10,0

Fosfato to ta l mgpyl 0 ,025 0,025 0,025

-

Lít io mg U/l 2 ,5 2.5 2.5

- -

 

42

introdução

 à

  / i i a li t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

Page 42: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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P a r â m e t r o

U n i d a d e P a d r ã o p a r a C o r p o d ' A g u a

P a d r ã o d e

C l a s s e L a n ç a m e n t o

M a n g a n ê s m g M n / l

0 ,1 0 ,1

0 ,5

M a n g a n ê s  s o l ú v e l m g M n / l

- -

.

1,0

M e r c ú r i o m g H g / l

0 , 0 0 0 2 0 , 0 0 0 2

0 , 0 0 2 0 , 0 1

N l q u e f m g N i / l 0 , 0 2 5 0 , 0 2 5 0 , 0 2 5 2 , 0

N i t r a t o mgN/ l 10 10 10 -

Nl t r i to mg N/ l 1 ,0 1 ,0 1 ,0

-

Pra ta m g A g / l 0 , 0 1 0 , 0 1 0 , 0 5 0 ,1

He lên io m g S e / l 0 , 0 1 0 , 0 1

0 ,01

0 ,05

S ó l i d o s   d i s s o l v i d o s t o t a i s m g / l 500

5 0 0 5 0 0

-

I l i i b s t â n e i a s l e n s o - a t i v a s

m g LAS/1

0 ,5 0 ,5

0 ,5

í iu l fa tos

m g S o ^ / t 2 5 0 2 5 0 2 5 0

-

S u l f e t o s { H j S n ã o d i s s o c . )

m g S / l 0 , 0 0 2 0 , 0 0 2 0 , 3

1,0

Su l f i to s

m g S O a / l

- - -

1,0

Urân io to ta l m g U / l 0 , 0 2 0 , 0 2

0 , 0 2

V a n á d i o

m g V / l 0 . 1 0 ,1

0 . 1

-

Z i n c o

m g Z n / l 0 , 1 8 0 , 1 8 0 .5 5 ,0

I l e n z e n o m g / l

0 , 0 1 0 , 0 1 0 , 0 1

-

B e n z o - a - p í r e n o

m g / l

0 , 0 0 0 0 1 0 , 0 0 0 0 1

-

-

I »2 d i c l o r o e l a n o m g / l

0 , 0 0 0 3 0 , 0 0 0 3 0 , 0 0 0 3

1, 2 d i c l o r o e t a n o

. m g / l

0 , 0 1 0 , 0 1 0 , 0 1

-

P e n t a c l o r o i e n o l m g / l 0 , 0 1

0 , 0 1 0 , 0 1

i G t r a e l o r o e t e n o

m g / l

0 , 0 1

0 . 0 1

0 , 0 1 -

T n c l o r o e t e n o

m g / l

0 , 0 3

0 , 0 3 0 , 0 3

1.0

t e t r a c l o r e t o d e c a r b o n o m g / l ' 0 , 0 0 3 0 , 0 0 3 0 , 0 0 3 1 . 0

P e s t i c i d a s e o u t r o s - -

H o g i m e d e ( a n ç a m e n t o - ( 6 )

Notas

<  Consultar a legislação para a lista completa dos parâmetros e para a redação oficial dos padrões

l lo   Classe Especial não são permitidos lançamentos de qualquer natureza, mesmo que tratados

I m princ ip io , um e l luen le deve satisfazer, tanto ao padrão de lançamento, quanto ao padrão de qualidade  d o corpo receptor

(negundo a sua c lasse). O padrão de lançamento po de ser excedido, com permissão do órgão am bienta l , caso os padrões

de   qual idade do cor po receptor se jam resguardados, como demo nstrado por es tudos de impacto ambienta l , e desde que

lixados o tipo de   tratamento e as condições para o lançamento.

VA:  virtualmente ausente

1) Toleram-se  eleitos íridescentes, isto é, que geram efeitos das cores do arco-íris

1'): Minera is:  20 mg/l; vegetais e gorduras animais; 50 mg/l

(>i): Pode ser u l trapassado caso estudos de autodepuração ind iquem que o OD deverá es tar dentro dos padrões, nas

condições criticas de vazão (média das mínimas de 7 dias consecutivos em 10 anos de recorrência)

(•1): Consulta r a leg is lação  estadual  pertinente (não estão inc lu ídas na Resolução CONAMA n

a

 20)

(S).  Várias substâncias: consultar a resolução

( '•).' Regim e d e lançamento: a vazão máxima deverá ser de até 1 ,5 vezes a vazão média do período d e at iv idade do agente

poluidor

Noções  dc  qualidade das  agit as

43

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Q u a d r o 6 . 4

  P a d r ã o  de po t ab i l i dade da água des t i nada ao consumo humano

(Portaria   n° 36. 19/01/90, Ministério da Saúde)

P a r â m e t r o

Un id ade Va lo r Máx imo Permiss i va)

Características físicas e organolépticas

C o r a p a r e n t e

u H

5

O d o r

-

Não ob je tâve l

Sabor

- Não ob |e táve l

Turb idez uT

1

Componentes que atetam a qualidade organoléptica

A lumín io

mg/1 0,2

C lo re tos

mg/ l 250

C o b r e mg/l 1.0

Dureza to ta l

m g / l C a C 0

3

500

Ferro total

mg/ l 0 ,3

M a n g a n ê s mg/ l

0,1

S ó l i d o s  to ta i s d i sso l v idos

mg/ l

1000

Componentes inorgânicos quo nfetnin n saúde

+

A r s ê n i o m g / l

0 ,05

C h u m b o

mg/ l

0 ,05

C i a n e t o s

mg/ l

0,1

M e r c ú r i o

mg/ l

0 ,001

Pra ta mg/ l 0 , 0 5

Componentes orgânicos que ateiam a saúde

Diversos : consu l ta r o padrão

Bacteriológicas

C o l i f o r m e s f e c a i s o r g / 1 0 0 m l a u s e n t e s

Co l i fo rmes to ta i s o r g / 1 0 0  m l  d i v e r s a s c o m b i n a ç õ e s ( c o n s u l ta r o  p a d r ã o )

7 . P O L U I Ç Ã O D A S Á G U A S

7. 1 . Con ce i t os B ás icos

Entende-se por

  p o lu ição d as águ as

  a adição de substâncias ou de formas de

energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d'água de uma

maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos.

Esta def in ição é essencialmente prática e , em decorrência, potencialmente polê-

mica, pelo fato de associar a polu ição ao conceito de preju ízo e aos usos do corpo

d 'águ a, conceito s esses atr ibuídos pelo própr io homem . No entanto , es ta v isão prática

é importante , pr incipalm ente ao se analisar as medidas de contro le para a reduçã o da

poluição .

O Q uadro 7 .1 l is ta as pr incipais fontes de poluentes , conjunta men te com os se us

efeitos polu idores mais representat ivos.

44

introdução à

  / i i a li t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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ETFES

 -

 B ib l io teca

<Juadro 7.1

  Principais agentes poluidores das águas

Fon te

1  ' o luen te

P r i n c i p a i s

P a r â m e t r o s

E s g o t o s

D r e n a g e m

S u p e r f i c i a l

Pos s ív e l

e f e i t o

r i n c i p a i s

P a r â m e t r o s

D o m é s -

t i c os

Indus - Reu t i -

I r i a i s l i z ados

A g r i c u l t u r a

U r b a n a  ir

e P a s t a g e n s

p o l u i d o r

Sólidos

em

mispensão

S ó l i d o s e m

s u s p e n s ã o

to ta is

XXX

XX X

- P r o b l e m a s e s t é t i c o s

- D e p ó s i t o s d e l o d o

- A d s o r ç ã o d e p o l u e n t e s

P r o t e ç ã o d e p a t o g ê n i c o s

M.ttória

iiiilânica

hiode-

•ji.idável

D e m a n d a

B i o q u í m i c a

d e

O x i g ê n i o

XXX

<->

XX X

C o n s u m o d e o x i g ê n i o

M o r t a n d a d e d e p e i x e s

C o n d i ç õ e s s é p t i c a s

Nutrientes

N i t r o g ê n i o

F ó s f o r o

C r e s c i m e n t o e x c e s s i v o

d e a l g a s

T o x i c i d a d e a o s p e i x e s

( t i m ô g i a )

- D o e n ç a e m

r e c é m - n a s c i d o s ( n i t r a t o )

- P o l u i ç ã o d a á g u a

s u b t e r r â n e a

r.itogê-

IlliVS

C o l i f o r m e s

- D o e n ç a s d e v e i c u l a ç ã o

h í d r i c a

Khilória

  P e s t i c i d a s

• ii//lnica  A l g u n s

Mo biode-  d e t e r g e n t e s

tinidàvel  O u t r o s

T o x i c i d a d e ( v á r i o s )

• E s p u m a s ( d e t e r g e n t e s )

R e d u ç ã o d a t r a n s f e r ê n c i a

d e o x i g ê n i o ( d e t e r g e n t e s )

N ã o b i o d e g r a d a b i l i d a d e

M a u s o d o r e s ( e x : f e n ó i s )

Mohlis

i»>'-idos

E l e m e n t o s

e s p e c í f i c o s

(As . Cd , C r ,

Cu , Hg , N i .

Pb , Zn e tc )

• T o x i c i d a d e

I n i b i ç ã o d o t r a t a m e n t o

b i o l ó g i c o d o s e s g o t o s

• P r o b l e m a s n a d i s p o s i ç ã o

d o l o d o n a a g r i c u l t u r a

C o n t a m i n a ç ã o d a á g u a

s u b t e r r â n e a

Mihlas

lf\t 'it únicos

Ê$$olvidos

S ó l i d o s

d i s s o l v i d o s

to ta is

C o n d u t i -

v i d a d e

e l é t r i c a

- S a l i n i d a d e e x c e s s i v a -

p r e j u í z o à s p l a n t a ç õ e s

( i r r i g a ç ã o )

- l o x i c i d a d e a p l a n t a s

( a l g u n s í o n s )

- P r o b l e m a s d e

p e r m e a b i l i d a d e d o s o l o

( s ó d i o )

xx :

  médio

em branco:  usualmente não importante

\

 lif.v

 de qualidade das águas

4 7

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N o  presente texto , maior atenção é dada  ao equac ionamen to  da  poluição  dos

esgotos domésticos,  através do seu adequad o tratamento . Dentro deste enfoque, a

maio r ê n fase é dada  ao tópico  do

  c o n s u m o  de oxigênio  dissolvido,

  o qual ,  apesar de

já equacionado nos  países  desenvolvidos, consti tu i-se possivelmente no pr incipal

problema de poluição das  águas em nosso  país . No  entanto , são  en focados também

os outros poluentes t íp icos dos esgotos  domésticos , ou seja, patogênicos  e  nutrientes.

Exis tem bas icamen te duas  fo rmas em  que  a fonte  de poluentes pode at ingir um

corpo d 'água (ver Figura  7.1):

• poluição pontual

• poluição difusa

N a poluição pontual,  os poluentes at ingem o corpo d 'água de forma conc entrada

no espaço.  U m  e x e m p l o  é  o da  descarga  em  um  rio de um  emissár io  transpor tando

os esgotos de uma  comun idade .

N a poluição difusa,  os poluentes adentram o corpo d 'água d is tr ibuídos ao longo

de parte da sua extensão.  Ta l  é o  caso  típico  da  poluição veiculada  pela drenagem

pluvial  natural, a qual  é descarregada  no corpo d 'á g u a  de  um a  forma dis tr ibuída,  e

não concentrada em um   único ponto ,

P O L U I Ç Ã O  P O N T U A L

fl   DESCARGA

|  CONCENTRADA

CURSO DÁGUA *

P O L U I Ç Ã O D I F U S A

DESCARGA

DISTRIBUÍDA

==ÀMMÁJJ

===

==========

C U R S O D Á G U A  *

F i g .  7 . 1 .  P o l u i ç ã o p o n t u a l  i;   p o l u i ç ã o d i f u s a

O  enfoque do  presente  texto é para  o  contro le da poluição pontual  por meio do

tratamento dos esgo tos p rev iamen te  coletados e transpor tados.  N os países  desenvo l -

v idos, grande atenção  tem sido  dada à polu ição  difusa, pelo fato  do s  lançamen tos

pontuais  já  terem  sido em  grande par te  equac ionados.  Entretanto, nas  nossas  condi-

ções, h á  praticamente tudo a s e f azer ainda em termos do contro le  da poluição pontual

or ig inár ia de  cidades e indústr ias .

4 8

Introdução à qualidade deis águas e ao tratamento de esgotos

Page 46: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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7 . 2 . Qu an t i f i cação d as cargas p olu id oras

Para  a ava l iação  do impacto da poluição e da ef icácia  da s  medidas de contro le, é

necessária a  quantif icação das  cargas polu idoras af luentes ao  corpo d 'água. Para

lanto,  são necessár ios  levan tamen tos  de campo  na área em estudo, incluindo  amos-

tragem dos poluentes ,  análises de  laboratório,  medição de vazões e outros .  C aso  não

Mija possível a  execução  de  todos estes i tens , pode-se complementar com dados de

literatura,   in fo rmações  típicas  a  serem obtidas em um levantam ento sanitár io dc um a

bacia h idrográf ica  são (Mota, 1988):

• Dados  físicos  da bacia: aspectos geológicos; precip itação p luviométr ica e escoa-

men to ;  var iações cl imáticas; temperatura; evaporação etc .

•  Informações sobre o comportamento hidráulico dos corpos d'água:  vazões máxi-

m a,  média e mínima; volumes de  reservatór ios; velocidades de  escoamento;

profundidade etc .

«  Uso  e  ocupação do solo:  t ipos; densidades;  perspectivas de  crescimento; d is tr itos

industriais;  etc.

•  Caracterização sócio-econômica:  demograf ia ; desenvo lv imen to  econômico etc .

•  U sos múltiplos das águas.

•  Requisitos de qualidade para  o corpo d'água.

•  Localizaçã o, quan tificação e  tendência das principais fon tes poluidoras.

•  Diagnóstico  da situação atual da qualidade da água:  caracter ís t icas f ís icas ,

químicas c b io lógicas .

C omo comen tado ,  de m aneira geral, os poluentes são f requente men te or ig inár ios

tl. is seguintes fontes principais:

•  i-sgotos doméstico s

• despejos industriais

• escoam ento superficial,

t - área urbana

I - área rural

A quantif icação dos poluentes  deve ser  apresentada em termos de carga.  A carga

r  r vpressa em termos de massa por unidade de tempo, pode ndo ser calculada por um

•I"'.  seguintes métodos, dependendo do t ipo de problema em análise,  da or igem do

poluente e dos dados d isponíveis  (nos  cálculos ,  conver ter as  unidades  para se

lu ibalhar sempre em unidades consis tentes , como por  exemplo ,  kg/d):

•  carga = concentração x vazão

• enrga = contribuição per  capita  x população

• carga  =  contr ibuição por unidade produzida (kg/unid produzida)  x  produção  (unid

produzida)

I  carga  =  contr ibuição  po r  unidade de  área  (kg/km

2

.d ia)  x área (km

2

)

wfoçÒes de qualidade das águas

4 9

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Esgotos domést icos e industriais:

carga = concentração x vazão

concentração {g/m"). vazão (mVd)

carga (kg/d)= x.000 (g/kg)

Obs: g /nr = mg/l

Esgot os d omés t icos :

carga = populaçã o x carga per capita

/, /  »  populaçã o (hab). ca rua per capita (g/hab.d)

carga (kg/d) = - , .

000

Esgotos industriais:

carga = contr ibuição por unidade produzida x produção

carga (kg/d) = contribuição por unidade produzida (k g/unid) xprodução (unid/d)

Dren agem su p erf ic ia l :

carga = contribuição por unidade de área x área

carga (kg/d) = contribuição por unidade de área (kg/km

2

.d) x área (km

2

)

*

5 0

introdução à

  / i i a li t l i u l i

d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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CAPÍTULO 2

Caracterís t icas das águas residuárias

1 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A Q U A N T I D A D K D E E S G O T O S

1.1. Prel iminares

O s  esgo tos  or iundos de uma c idade  e  que contr ibuem à estação de  tratamento de

esgotos  sã o  basicamente originados cie três fontes distintas:

•  esgotos domésticos  (incluind o residências, instituições  e  comércio);

• águas de infiltração

• despejos industriais  (diversas origen s e tipos  de  indústrias).

No Brasil adota-se  p redominan temen te o  s i s t e m a s e p a r a d o r d e  esgo tamen to

sanitár io , o qual separa as águas p luviais em linhas de drenagem independentes e que

não contr ibu em à ETE.  Em outros países , no entanto , adota-se o s is tem a co m bin ad o,

no   qual os esgotos e as  aguas  pluviais  são  veiculadas conjuntamente  peio mesmo

.sistema  (ver Figura  1.1),  Neste caso , o d imensionamento da ETE tem de levar  em

consideração a parcela  correspondente às  águas  pluviais. No presente texto  considc-

ra-se  apenas os  três  componentes l is tados acima.

Para a caracter ização, tan to quanti tat iva, quanto quali tat iva, dos esgotos  af luentes

ii ETE, é necessár ia a análise  em separado de cada  um  destes  três  itens.

1.2. Vazão domest ica

1.2.1. Prel iminares

O conceito de  vazão doméstica engloba usualmente os esgotos oriundos  do s  domi-

• ilios, bem como de ativ idades comerc ia i s e  inst i tucionais normalmente componentes

de uma  localidade. Valores  mais expressivos  or ig inados  de fontes pontuais  s ignif ica-

tivas  devem  ser  compu tados em  separado, e  acrescentados  aos  valores  g lobais .

N o r m a l m e n t e  a  vazão domés t ica  de  esgotos é calculada com  base  na  vazão  de

agua  da respectiva localidade. Tal, por  sua vez, é u sua lmen te calculada em funç ão da

população   de projeto e  de  um valor  atribuído para  o consumo médio d iár io  de água

• le  um indivíduo, denominado  Quota Per Capita  (QPC).

Antes de se apresentar  as  fórmulas e os parâmetros  de cálculo,  é impor tan te

observar que para  o projeto dc uma  estação de  tratamento de esgotos não  basta

considerar apenas a vazão média. É necessár ia também   a  quantif icação dos valores

mín imos e  máx imos de  vazão,  por razões  hidráulicas  e de processo.

1 iihu terísticas das águas residuárias

5 1

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SISTEMA SEPARADOR

' i , - ' i , \ \ REDE PLUV IAL

SISTEMA COMBINADO

F i g . 1 . 1 . S i s t e m a s d e e s g o t a m e n t o s e p a r a d o r e c o m b i n a d o

1 . 2. 2 . Co n su m o m éd io d e águ a

Como comentado, a vazão doméstica é função do consumo de água. Valores

t íp icos da quota per capita de água para populações dotadas de l igações dom icil iares

encontram-se apresentados no Quadro 1 .1 .

Quadr o 1 .1

  Consumo per cap i t a de águn

P o r t e d a c o m u n i d a d e F a i x a d a p o p u l a ç ã o ( h a b ) C o n s u m o p e r c a p i t a ( Q P C ) ( l / h a b . d )

P o v o a d o r u r a l

< 5

000

9 0 -

• 140

Vi la

5 . 0 0 0 -

1 0 . 0 0 0

1 0 0 -

160

P e q u e n a l o c a l i d a d e 1 0 . 0 0 0 - 5 0 . 0 0 0

1 1 0 -

180

C i d a d e m é d i a 5 0 . 0 0 0 -

2 5 0 . 0 0 0

1 2 0 -

2 2 0

C i d a d e g r a n d e

> 2 5 0 . 0 0 0

1 5 0 -

3 0 0

Fönte: Adaptado de CETESB (1977; 1978), Barnes et al (1981), Dahlhaus & Damrath (1982). Hosang & Bischof (1984)

5 2  in t r o d u ç ã o  à  í /i i a l i t l i u l i '  d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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( ) Quadro  1.2  apresenta d iversos fatores que inf luenciam no consumo de  água.

t Ui inl ro  1. 2  Fa tores  de i n f l uênc i a

  110

  consumo de água

Fa to r de i n f l uênc ia Com en tá r i o

1 I n n, i C l i m a s m a i s q u e n t e s e s e c o s i n d u z e m a u m m a i o r c o n s u m o

1

 111

 k d a c o m u n i d a d e C i d a d e s m a i o r e s g e r a l m e n t e a p r e s e n t a m m a i o r Q P C

I

  IH

i i l iç õ e s e c o n ô m i c a s d a c o m u n i d a d e U m m e l h o r n í ve l e c o n ô m i c o a s s o c i a - s e a u m m a i o r c o n s u m o

' ( M U d e i n d u s t r i a l iz a ç ã o L o c a l i d a d e s i n d u s t r i a li z a d a s a p r e s e n t a m m a i o r c o n s u m o

( 1 ni l i ç ã o d o c o n s u m o r e s i d e n c i a l A p r e s e n ç a d e m e d i ç ã o i n i b e u m m a i o r c o n s u m o

1

 1

 i ii ,t o da ãg ua Um cus to ma i s e l evad o reduz o con sum o

Cu ' isão d a  á g u a  E l e v a d a p r e s s ã o i n d u z a m a i o r e s g a s t o s

1 •" I •  las no  s i s tem a Pe rdas  imp l i cam na necess idade  d e  uma ma io r p rodução de   água

Os dados l is tados no Quadro 1 .1 são s implesmente valores médios , es tando

Mijcitos a todas as var iabil idades decorrentes dos fatores l is tados no Qua dro  1.2.

Campos e von Sper i ing (1995) obtiveram, para esgotos predominantemente

domiciliares,  or iundos de nove sub-bacias de Belo Horizonte, a relação expressa na

l quação 1 .1 entre quota per capita de água e rendime nto fam iliar mensal médio (em

IH

  micro de salários mínimos) (ver Figura 1.2). Tais relações foram oriundas de dados

t>|itidos pela COPASA-MG (1988) . Naturalmente que os dados guardam uma espe-

1  ilicidade regional, necessitando de cautela para a sua extrapolação para outras

1 «adições.

Renda

' / (  «™<i =  (1.1)

A

  0 ,021 + 0 ,003  X  Renda

Olide:

t i j ' ( '  =  quota per capita de água (1/hab.d)

Fenda =  renda familiar mensal média (número de salár ios mínimos) (salár io

mín imo  em 1995: US$ 100 por mês)

(>s Quadros 1.3 e 1.4 apresentam faixas de valores médios de consumo de ãgua

ils  d iversos  estabelecimentos comerciais e institucionais.  Tais informaçõ es,  que

devem ser usadas apenas na ausência de dados mais específ icos , são par t icula rmente

iHr is ao se d imensionar es tações de tratamento dos esgotos de pequenas com unidade s,

• IH que a contr ibuição de algum estabelecim ento pr incipal possa ter impor tância no

1  fimputo geral das vazões.

1 iihu terísticas das águas residuárias

5 3

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C O N S U M O P E R C A P I T A v s N Ú M E R O D E S A L Á R I O S M Í N I M O S

y = x / ( { 0 , 0 2 1 ) + ( 0 , 0 0 3 ) * x )

300

TJ

I

  250

í

EE  200

o

a.  150

UJ

Q.

1

1 50

O

o

o

0 4 8 12 16  20

N Ú M E R O D E S A L Á R I O S M Í N I M O S

l

7

ig .  1 .2 .  C o n s u m o p e r c a p i t a d e á g u a ( l / h n b . d )  e m  f u n ç ã o d a r e n d a f a m i l i a r ( c o n s u m o d o m i c i l i a r )

Quadr o 1 .3

  C o n s u m o d e á g u a t í p i c o d e a l g u n s e s t a b e l e c i m e n t o s c o m e r c i a i s

E s t a b e l e c i m e n t o U n i d a d e

F a i x a d e V a z ã o ( l / u n i d . d )

A e r o p o r t o P a s s a g e i r o

0 - 1 5

A l o j a m e n t o R e s i d e n t e 8 0 - 1 5 0

B a n h e i r o p ú b l i c o U s u á r i o 1 0 - 2 5

Ba r

F r e g u ê s S - 1 5

C i n e m a / t e a t r o

A s s e n t o

2 - 1 0

E s c r i t ó r i o

E m p r e g a d o

3 0 - 7 0

H o t e l H ó s p e d e

10 0  -  2 0 0

E m p r e g a d o 3 0 - 5 0

I n d ú s t r i a ( e s g o t o s s a n í l . a p e n a s )

E m p r e g a d o

5 0 - 8 0

L a n c h o n e t e

F r e g u ê s

4 - 2 0

L a v a n d e r i a - c o m e r c i a l

M á q u i n a 2 . 0 0 0 - 4 . 0 0 0

L a v a n d e r i a - a u t o m á t i c a

Má qu ina 1 .500 - 2 .SOO

L o j a

B a n h e i r o 1 , 0 0 0  -  2 . 0 0 0

E m p r e g a d o

3 0 - 5 0

L o j a d e d e p a r t a m e n t o

B a n h e i r o 1 . 6 0 0 - 2 . 4 0 0

E m p r e g a d o

3 0 - 5 0

m

z

  d e á r e a

5 - 1 2

P o s t o d e g a s o l i n a

V e i c ul o s e r v i d o 2 5 - 5 0

R e s t a u r a n t e

R e f e i ç ã o 1 5 - 3 0

S h o p p i n g c e n t e r E m p r e g a d o

3 0 - 5 0

m

2

  d e á r e a

4 - 1 0

Fonte:EPA (1977). Hosang  s  Bischof (1984). Tchobanogloiis  <i  Mni ronr lm (10H5) (Jar.im (1985). Metcalf   &  Erfdy (1991)

NBR-7329/93

5 4

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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(Quadro 1.4  Consumo de água t íp i co de a lguns es t abe lec imentos ins t i tuc iona i s

E s t a b e l e c i m e n t o

Un ida de Fa ix a de Va / iV ) ( l /mm I i I )

2 0 0  -  4 5 0

20-60

l l n i c a d e r e p o u s o

R e s i d e n t e

E m p r e g a d o

I »c o la

i o m l a n c h o n e t e , g i n á s i o , c h u v e i r o s

i i m l a n c h o n e t e , s e m g i n á s i o e c h u v e i r o s

, i ' m l a n c h o n e t e , g i n á s i o e c h u v e i r o s

F s t u d a n t e

E s t u d a n t e

E s t u d a n t e

5 0 - 1 0 0

4 0 - 8 0

20-60

I l i isp i ta l

Le i to

E m p r e g a d o

3 0 0 - 1 0 0 0

20-60

D e t e n t o

E m p r e g a d o

2 0 0 - 5 0 0

20-60

i

  M

 «

T

EP A(1977). Hosang e Bischot (1984), Tchobanoglous e Schroeder (1985), Qasim (1985), Metcalf & Eddy (1991)

1.2.3. Vazão media de esgotos

De maneira geral , a produção de esgotos corresponde aproximadamente ao

• ons umo de água. No entanto , a f ração de esgotos que adentra a rede de coleta pode

•  nriar, devido ao fato de que parte da água consumida pode ser incorporada à rede

pluvial (ex: rego de jardins e parques). Outros fatores de influência em um sistema

eparador absoluto são: (a) a ocorrência de ligações clandestinas dos esgotos à rede

pluvial, (b) ligações indevidas dos esgotos à rede pluvial e (c) infiltração. Este último

ponto encontra-se abo rdado separad amen te no I tem 1 .2 .5.

A f ração da água fornecida que adentra a rede de coleta na forma de esgoto é

. lenominada  coef ic iente de retorno  (R: vazão de esgotos/vazão de água) . Os valores

i ip icos de R var iam de 60% a 100%, sendo que um valor usualmente a dotado tem

ido o de 80% (R=0,8).

O cálculo da vazão doméstica média de esgotos é dado por :

(1.2)

I U I

Pop . QPC . R

86400

/A)

(1 .3)

onde:

(>d

m(

;

c

i = vazão doméstica média de esgotos (mVd ou l/s)

(>I'C  = quota per capita de água - ver Quadro I. I (1/hab.d)

l\ - coef iciente de retorno esgoto/água

1 iihu  terísticas das águas residuárias

5 5

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1 .2 .4 . Va r ia çõ es d e v a zã o . Va zõ es m á x im a e m ín im a

O consumo de água e a ge ração de e sgo t os em uma l oca l i dade va r i am ao l ongo

do dia (var iações horár ias) , ao longo dn semana (var iações diár ias) e ao longo do ano

(va r i ações sazona i s ) .

A F i gura 1 .3 apresen t a um h i drograma t í p i co da vazão a f l uen t e a uma E T E , ao

l ongo do d i a . F ode- se obse rva r os do i s p i cos p r i nc i pa i s : o p i co do i n í c i o da manhã

(mais pronunciado) e o pico do iníc io da noi te (mais dis t r ibuído) . A vazão média

diár ia e aquela na qual as áreas acima e abaixo do valor médio se igualam.

H I D R O G R A M A T Í P I C O E M U M A E T E

hor as do d ia

Fig. 1.3. I lidrograma típico da vazão afluente a uma estação dc tratamento dc esgotos

T em s i do p rá t ica cor r en t e a adoção d os segu i n t e s coe f i c i en t e s de va r i ação da va zão

médi a de água (CE T E S B, 1978; Azevedo Ne t o e A l va rez , 1977) :

Ki = 1,2 (coeficiente do dia de maior consumo)

K2 = 1,5 (coeficiente da hora de maior consumo)

Âj = 0,5 (coeficiente da hora de menor consumo)

Ass i m, a s vazões máxi ma e mí n i ma de água podem se r dadas pe l a s fó rmul as :

Qclmáx = Qdméd- K1 . Kl  —  1 ,8  Qd„u, \ (1.4)

Qd min =  Qdméd-^3   =  0 ,5   Qd

mf(

\  ( 1 .5 )

Caso ha j a cond i ções de se e f e t ua r medi ções de vazão , de fo rma a se compor o

h i drograma cobr i ndo as va r i ações sazona i s , deve - se ado t a r os dados e spec í f i cos

5 6

introdução à  / i i a li t l i u l i d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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obtidos  para a s i tuação  e m  estudo.  Os  coeficientes Ki, K.2 e K?  são gcncrali/tnln

podendo não reproduzir com f idelidade a var iação de vazão  na  localidade cm  J I I U I I M

Valores  super ou  subd imens ionados a f e tam d i r e tamen te o desempenho imi

econômico da  estação em projeto .

A o se pensar em termos das var iações horár ias das vazões d e esgoto, deve  si- levai

cm  consideração  que as f lu tuações são amortecidas ao longo da rede coletora.  *)  fácil

conceber-se   que  quanto maior  a recle (ou  a  população), menores serão as chances das

vazões dc p ico s e superpo rem s imu l taneamen te na entrada d a estação. Assim, o ieni|

 >0

<le

 residência  na rede coletora  te m uma grande inf luência n o  amortecimento dos  picos

de   vazão. Baseado neste conceito , alguns autores desenvolveram fórmulas para

correlacionar   os  coef icientes de  var iação com a  população,  ou  com a  vazão média

(Quadro  1.5).

Quadr o 1 .5  Coef ic i en tes de var i ação horár i a da vazão de esgotos

OniWQméd

Qmir/  Oméd

A u t o r R e f e r ê n c i a

t + ( 1 4

  /(4 + JP))

H a r m o n Q a s i m ( 1 9 8 5 )

5 P

- 0 . 1 6

Q 2 P 0 , 1 6

G i t f t

Fa ir e t  al   ( 1 9 7 3 )

Notas:

P = população. em mi lhares

A lórmuta de Git f l è ind icada para P í 200 (população < 200.000 hab)

A tí tu lo de i lustração, apresentam-se os coef icientes calculados pelas fórmulas

acima, para d iferentes populações:

_ , ,  OmAx/Orréd  ~

P o p u l a ç ã o O

m

„ / O r r É d

H a r m o n G i t f t

1 .000 3 ,8 5 ,0 0 ,20

10 .00 0 3 ,0 3 .4 0 .29

1 0 0 . 0 0 0 2 , 0 2 , 3 0 . 4 2

1 . 0 0 0 . 0 0 0 1 , 4

De acord o com esta abordag em, observa-se que m esmo o produto dos coeficientes

K| e K.2, utilizado para o abastecimento de água, e frequentemente adotado como 1

pode induzir a uma relação

  QmWQméd

  subes tima da, para um a ampla faixa dc

populações.

1.3. Vazão dc inf i l tração

A inf i l tração no s is tema de esgotamento ocorre através de lubos defeituosos,

conexões, juntas ou paredes de poços de v is i ta . A quantidade de água inf i l trada

Características das águas residuárias

I

5 7

Page 55: Von Sperling

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depende  de  diversos  fatores , como extensão  da  rede coletora, área servida,  tipo  de

solo , profundidade do lençol  f reático ,  topograf ia  e densidade  populacional  (número

de conexões por  unidade de área)  (Metcalf  &  Eddy,  1991).

A laxa de inf i l tração é normalmente expressa em termos  de  vazão  por  extensão

de rede coletora ou área servida, isto quando não s e dispõe de dados específ icos locais .

Valores  méd ios  usualmente u ti l izados  tê m  sido da ordem  de 0 ,3  a  0,5 l/s.km, o  que

po r  vezes  pode s ignif icar valores elevados  da  vazão  de inf i l tração, no caso  de  baixas

densidades populacionais .

No cálculo da  vazão  total afluente à E T E ,  pode-se considerar , para condições de

vazão média e máx ima, o valor médio da inf i l tração. Para condições  de vazão mín ima,

pode- se  exc lu i r  a  inf i l tração, caso se deseje f icar a  f avo r da  segurança (no  caso  da

vazão  mín ima,  a segurança se posiciona no sentido dc se estabelecer a men or vazão ) .

1.4.  Vazão industrial

A vazão  de  esgotos advinda dos despe jo s  industriais é  função  precípua do t ipo  e

porte da indústria,  processo ,  grau de reciclagem, exis tência  de  p ré - t ra tamen to  etc.

Desta  forma, mesmo no caso  de  duas indústrias  que fabr iquem essencialmente  o

mesmo p rodu to ,  as  vazões  dc despe jo s podem ser bastante d iferentes entre s i .

N o  caso  da  exis tência de  indústrias  representat ivas , contr ibuindo  à rede  pública

e, em  decorrência,  à es tação  d e  tratamento ,  é dc grande  impor tânc ia  um a  adequada

avaliação das  respectivas vazões,  já  que os despejos industr iais podem exercer uma

grande  inf luência  no projeto  e operação da  E T E .  Deve- se  procurar  obter dados

espec í f icos  d e  cada indústria mais  s ignif icativa, através  de  cadastros  industriais

tirientados   no  sentido dc se extrair dados de in teresse para o projeto . C om re lação  ao

c o n s u m o  de  água  c à  geração  de despe jo s ,  deve-se obter ,  pelo menos, as  seguintes

informações das  indústrias principais:

•  Consumo de  água

vo lume  consumido  total  (por  dia ou  mês)

- volume consumido nas d iversas etapas do processamento

-  recircul ações in ternas

- or igem da água (abastecimento público , poços etc)

-  eventuais s is temas  de  tratamento  da  água  internos

•  Produção  de despejos

- vazão total

- núm ero de pon tos de lançam en to  ( c o m a e t a p a  do  p rocesso assoc iadaacadapon to )

- regime dc lançamento  (contínuo  ou  in termitente; duração e f requência)  de  cada

pon to de  lançamento

- ponto(s)  de lançamento ( rede coletora,  curso d 'água)

- eventual  mistura dos despejos com esgotos  domés t icos e  águas  pluviais

Ad ic iona lmen te ,  s e m p r e  que  possível ,  deve-se proceder a medições da vazão

5 8

introdução à   / i i a l i t l i u l i d a s águas c ao tr at am ent o de e sgoto s

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E T F E S - B i b l i o t e c a

ef luente, de  m o d o  a  registrar o padrão de descarga  e suas variabilidades.

Caso não se d isponha de  informações específ icas d a indústr ia , o Quadro  I .(•> podi

servir  como uma or ientação in icial para  a est imativa  da  sua provável faixa de  v a / a o

Os valores são apresentados em termos do consumo de água  por unidade de produto

manufa tu rado . Po r  s implicidade, pode-se  admi t i r  que a  vazão de esgotos seja igual

ao  consumo de água.

Pode- se observar  pelo Quadro

  Í

 .6  a grande  var iabil idade  de consumo  para um

m e s m o  tipo de indústria. No  caso  de não se dispor  de  dados específ icos sobre a

indústria em análise, deve-se consultar referências  b ib liográf icas relat ivas ao proces-

so   industrial em foco. O  quadro  ap resentado v isa dar apenas um ponto de par t ida no

caso  de estudos mais supe rf iciais ou generalizados.

O padrão de lançamento dos despejos industr iais , ao longo do d ia, não segue o

Indrograma da vazão doméstica, var iando substancialmente de indústr ia para indús-

tria.  Os p icos industr iais não coincidem necessar iamente com os p icos domésticos ,

ou   seja, a vazão máxima total (doméstica  +  industrial) costuma ser, na realidade,

infer ior ao somatór io s im ples das vazões m áxim as. Caso  na legislação  de lançamento

haja algum cr i tér io de l imitação da vazão  máxima industr ial  para  lançamento na rede

de  coleta (ex:  1,5  vezes a vazão média) , pode-se  considerar, por  segurança,  q ue  os

m á x i m o s  se superpõem. Des ta fo rma, a vazão máx ima  total será a soma das máx imas

doméstica e industr ial .

2 . C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A Q U A L I D A D E D O S E S G O T O S

2. 1 . Parâm et ros d e q u al id ad e

Os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99 ,9% de  água.  A f r ação

restante  inclui  só lidos  orgânicos  e  inorgânicos,  suspensos e d issolv idos,  bem como

microrganismos. Por tanto , é devido  a  essa f ração de 0 ,1%  que há necessidade  de  se

tratar os esgotos.

A caracter ís t ica dos esgotos c fun ção dos usos  à qual  a água  fo i submetida . Esses

lisos,  e a forma com que são exercidos, var iam com o cl ima, s i tuação   social e

econômica, e hábitos da  população.

No projeto de uma estação de tratamento , normalmente não   há  in teresse em  se

determinar os d iversos comp ostos dos quais a água resid uár iaé consti tu ída. Is to, não

só pela d if iculdade em se executar vár ios destes  testes  em laboratór io , mas também

peto  fato dos resultados em si não serem diretamente u ti l izáveis como elementos de

projeto e operação. Assim, é prefer ível  a  u ti l ização de parâmetros indiretos  que

traduzam  o caráter ou  o  potencial poluidor do despe jo  em questão .  Tais  parâmetros

def inem a qualidade do esgoto ,  podendo ser d iv id idos  em três  categor ias: parâmetros

físicos,  químicos e  biológicos.

Características d as águas residuárias

Page 57: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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Quadro 1 .6  Vazão espec í f i ca média dc a lgumas i ndús t r i as

R a m o

T i p o U n i d a d e

C o n s u m o d e á g u a p o r

u n i d a d e ( m

3

1  u n i d ) ( ' )

F r u t a s e l e g u m e s e m c o n s e r v a s

1 t o n c o n s e r v a

4 - 5 0

D o c e s

1  t o n p r o d u t o

5 - 2 5

A ç ú c a r d e c a n a 1  t o n a ç ú c a r

0 , 5 - 1 0 , 0

M a t a d o u r o s 1  b o i o u 2 , 5 p o r c a s

0 , 3 - 0 , 4

La t i c ín io s ( le i te ) 100 01 le i te

1 - 1 0

Altmenlicid

L a t i c í n i o s ( q u e i j o  o u  m a n t e i g a ) 1 0 0 0  I  le i le

2 - 1 0

M a r g a r i n a 1 t o n m a r g a r i n a

2 0

C e r v e j a r i a 1 0 0 0 I c e r v e j a

5 - 2 0

P a d a r i a 1 t o n p ã o

2 - 4

R e f r i q e r a n t e s

1000 I re f r ig e ran te 2 -5

A l g o d ã o 1 t o n p r o d u t o

1 2 0 - 7 5 0

L ã

1 t o n p r o d u t o 5 0 0 - 6 0 0

R a y o n 1 I o n p r o d u t o

2 5 - 6 0

Têxtil

N y l o n 1 t o n p r o d u t o

1 0 0 - 1 5 0

Po ly es te r 1 t o n p r o d u t o 6 0 - 1 3 0

Lav and e r ia da 13 1 ton lâ

2 0 - 7 0

T in tu ra r ia

1   I o n p r o d u t o

2 0 - 6 0

Couro e cu rtume

C u r t u m e

1 ton pe le

2 0 - 4 0

Couro e cu rtume

S a p a l q 1 0 0 0 p a r e s s a p a t o

5

F a b r i c a ç ã o   d e  f i o l p n 1   to n b i o d u t o

1 5 - 2 0 0

Pn/nD a naníí/

E m b r a n q u o n i r r i n n l o r l  i  p n t | M

1  t o n p r o d u t o

8 0 - 2 0 0

1  LJIfJCI  C  f-lcif-lcl

F a b r i c a ç ã o   d e  p a p e l

1

  t o n p r o d u t o

3 0 - 2 5 0

P o l p a e p a p e l i n t e g r a d o s

1 t o n p r o d u t o 2 0 0 - 2 5 0

T i n t a

1 e m p r e g a d o

110 l /d

V id ro

1   t o n v i d r o

3 - 3 0

S a b ã o 1 t o n s a b ã o 2 5 - 2 0 0

Á c i d o , b a s e , s a l

1 ton c lo ro

5 0

B o r r a c h a

5 t o n p r o d u t o

1 0 0 - 1 5 0

B o r r a c h a s i n t é t i c a 1  I o n p r o d u t o

5 0 0

Indústrias

R e f i n a r i a d e p e t r ó l e o

1  ba r r i l (117 I )

0 , 2 - 0 , 4

químicas

D e t e r g e n t e 1  t o n p r o d u t o

1 3

A m ó n i a

1

  t o n p r o d u t o

1 0 0 - 1 3 0

D i ó x i d o d e c a r b o n o

1 t o n p r o d u t o

6 0 - 9 0

g a s o l i n a 1  t o n p r o d u t o

7 - 3 0

L a c t o s e

1 t o n p r o d u t o

6 0 0 - 8 0 0

Enx o f re

1 t o n p r o d u t o

8 - 1 0

P r o d u t o s f a r m a c ê u t i c o s ( v i t a m i n a s ) 1 t o n p r o d u t o

10 -30

Prnrít/tnç

M e c â n i c a f i n a , ó t i c a , e l e t r ô n i c a

1 e m p r e g a d o

2 0 - 4 0  l /d

manufaturados

C e r â m i c a f i n a 1  e m p r e g a d o

40 l /d

manufaturados

I n d ú s t r i a d e m á q u i n a s

1 e m p r e a a d o

40 l /d

F u n d i ç ã o

1 to n g u s a

3 -8

L a m i n a ç ã o 1 t o n p r o d u t o 8 - 5 0

Metalúrgicas Fo r ja

1 t o n p r o d u t o

8 0

D e p o s i ç ã o e l e t r o l í tí c a d e m e t a i s

1 m

3

  d e s o l u ç ã o

( - 2 5

i n d ú s t r i a d e c h a p a s , f e r r o e a c o

1 e m p r e g a d o

60 l /d

Minerações

Fe r ro

1  m m i n é r i o l a v a d o

16

Minerações

C a r v ã o

1  t o n c a r v ã o

2 - 1 0

(•) consumo em m3 par un idade produz ida o u l /d por empregado FonleCETESB (1976). Downing (1978). Arcetva la (1981).

Hosang e Bischo) (1984). Imholt e Imhotl (1985). Melcalf & Eddy (1991), Dsrisio(1992)

6 0

introdução à   / i i a l i t l i u l i d a s águas  c  ao tratamento de esgotos

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SÓLIDOS NOS ESGOTOS

^ ÁGUA

SÓLIDOS

POLUIÇÃO

T R A T A M E N T O

I i ^ . 2 . 1 . S ó l i d o s n o s e s g o t o s

2.2.

  Principais característ icas das águas res iduárias

Os Quad ros 2 .1 ,2 .2 e 2 .3 apresentam as pr incipais caracter ís t icas f ís icas , químicas

c b io lógicas dos esgotos dom ésticos .

<Juadro 2.1  Pr inc ipa i s carac te r í s t i cas fí s i cas dos esgotos d om és t i co s

P a r â m e t r o D e s c r i ç ã o

• L i g e i r a m e n t e s u p e r i o r à d a á g u a d e a b a s t e c i m e n t o

V a r i a ç ã o c o n f o r m e a s e s t a ç õ e s d o a n o ( m a i s e s t á v e l q u e a t e m p e r a t u r a d o a r )

I n f l u ê n c i a n a a t i v i d a d e m i c r o b i a n a

I n f l u ê n c i a n a s o l u b i l i d a d e d o s g a s e s

I n l l u ê n c i a n a v i s c o s i d a d e d o l í q u i d o

Temperatura

Cor

E s g o t o f r e s c o : l i g e i r a m e n t e c i n z a

E s g o t o s é p t i c o : c i n z a e s c u r o o u p r e t o

E s g o t o f r e s c o : o d o r o l e o s o , r e l a t i v a m e n t e d e s a g r a d á v e l

E s g o t o s é p t i c o : o d o r f é t i d o ( d e s a g r a d á v e l ) , d e v i d o a o g á s s u l f í d r i c o e a o u t r o s

p r o d u t o s d a d e c o m p o s i ç ã o

D e s p e j o s i n d u s t r i a i s : o d o r e s c a r a c t e r í s t i c o s

Odor

C a u s a d a p o r u m a g r a n d e v a r i e d a d e d e s ó l i d o s e m s u s p e n s ã o

E s g o t o s m a i s f r e s c o s o u m a i s c o n c e n t r a d o s : g e r a l m e n t e m a i o r t u r b i d e z

urbidez

Fonte: adaptado de Q as im (1985)

1  iihu  terísticas das águas residuárias

6 1

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Q u a d r o 2 , 2  Pr inc ipa is ca rac t e r ís t i cas qu ímicas dos esgo tos dom ést i cos

P a r â m e t r o D e s c r i ç ã o

SÓLIDOS TOTAIS

Orgânicos e inorgânicos: suspensos e dissolvidos; sedimentáve is.

•  Em suspensão

- F raç ão do s s ó l idos o ígân ic o s e ino rgân ic os que não s ão f il t ráve is (não d is s o lv idos ) ,

- Fixos - C o m p o n e n t e s m i n e r a i s , n ã o i n c i n e r á v e i s , in e r t e s , d o s s ó l i d o s e m s u s p e n s ã o .

- Voláteis

- C o m p o n e n t e s o r g â n i c o s d o s s ó l i d o s e m s u s p e n s ã o

•  Dissolvidos

- F r a ç ã o d o s s ó l i d o s o r g â n i c o s e i n o r g â n i c o s q u e s ã o f i l t r á v e i s

N o r m a l m e n t e c o n s i d e r a d o s c o m d i m e n s ã o i n f e r i o r a 1 0 "

3

- Fixos

- C o m p o n e n t e s m i n e r a i s d o s s ó l i d o s d i s s o l v i d o s

- Voláteis - C o m p o n e n t e s o r g â n i c o s d o s s ó l id o s d i s s o l v i d o s

•  S e d i m e n t á v e i s

- F r a ç ã o d o s s ó l i d o s o r g â n i c o s e i n o r g â n i c o s q u e s e d i m e n t a e m 1 h o r a n o c o n e

I m h o f f - I n d i c a ç ã o a p r o x i m a d a d a s e d i m e n t a ç ã o e m u m t u r i q u e d e d e c a n t a ç ã o .

MATÉRIA ORGÂNICA

M i s t u r a h e t e r o g ê n e a d e d i v e r s o s c o m p o s t o s o r g â n i c o s . P r i n c i p a i s

c o m p o n e n t e s : p r o t e í n a s , c a r b o i d r a t o s e l i p í d i o s .

•  Determinação indireta

-DBO$

- D e m a n d a B i o q u í m i c a d e O x i g ê n i o . M e d i d a a 5 d i a s,  20°C   E s t á a s s o c i a d a   à

f r a ç ã o b i o d e g r a d á v e l d o s c o m p o n e n t e s o r g â n i c o s c a r b o n á c e o s . É u m a

m e d i d a d o o x i g ê n i o c o n s u m i d o a p ó s 5 d i a s p e l o s m i c r o r g a n i s m o s n a

e s t a b i l i z a ç ã o b i o q u í m i c a d a m a t é r i a o r g â n i c a .

-DQO

D e m a n d a Q u í m i c a d e O x i g ê n i o R e p r e s e n t a a q u a n t i d a d e d e o x i g ê n i o

r e q u e r i d a p a r a e s t ab i l iz a r q u i m i c a m e n t e a m a t é r i a o r g â n i c a c a r b o n á c e a .

U t i l i z a f o r t e s a g e n t e s o x i d a n t e s e m c o n d i ç õ e s á c i d a s .

- DBO última

• D e m a n d a Ú l t i m a d e O x i g ê n i o . R e p r e s e n t a o c o n s u m o to t a l d e o x i g ê n i o , a o

f i n a l d e v á r i o s d i a s , r e q u e r i d o p e l o s m i c r o r g a n i s m o s p a r a a e s t a b i l i z a ç ã o

b i o q u í m i c a d a m a t é r i a o r g â n i c a .

•  Determinação direta

-COT

- C a r b o n o O r g â n i c o T o t al , É u m a m e d i d a d i r e t a d a m a t é r i a o r g â n i c a c a r b o n á c e a ,

É d e t e r m i n a d o a t r a v é s d a c o n v e r s ã o d o c a r b o n o o r g â n i c o a g á s c a r b ó n i c o .

NITROGÉNIO TOTAL 0   nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amónia, nitrito e nitrato. É um

nutriente indispensável para o desenvolvime nto dos mictorganismos no

tratamento biológico. O nitrogênio orgânico e a amónia compreendem o

denomina do Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK).

•  Nitrogênio orgânico

- N i t r o g ê n i o r i a l o i m a d e p r o t e í n a s , a m i n o á c i d o s e u r é i a

•  Amónia

P r o d u z i d a c o m o p r i m e i r o e s t á g i o d a d e c o m p o s i ç ã o d o n i t r o g ê n i o o r g â n i c o .

•  Nitrito

- E s t á g i o i n t e r m e d i á r i o d a o x i d a ç ã o d a a m ó n i a . P r a t i c a m e n t e a u s e n t e n o

e s g o t o b r u t o .

•  Nitrato

- P r o d u t o f i n a l d a o x i d a ç ã o d a a m ó n i a . P i a t i n a m e n t e a i r . c n t e n o e s q o t o b r u t o

FÓSFORO

O fósforo total existe na forma orgânica «inorgânica. 1 um nutriente

indispensável no tratamento biológicu.

•  Fósforo orgânico

C o m b i n a d o á m a t é r i a o r g â n i c a

•  Fósforo inorgânico

O r t o f o a f a t o ( ; p o l i f o s f ; i l o t

PH

Indicador das características ácidas ou básicas do esgoto. Um a solução ó

neutra em pH 7. Os processos de oxidação biológica normalmen te tendem a

reduzir o pH

ALCALINIDADE Indicador da capacidade tampão do meio (resistência ás variações do pH).

Devido à presença de bicarbonato, carbonato e Ion hidroxila (OH').

CLORETO S Provenientes da água de abastecimen to e  d o s  dejetos humanos.

ÓLEOS E GRAXAS Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as

fontes são óleos e gorduras utilizados nas comidas.

Fonte: adoptado de Arce iva la(1901), Oas im (1985), Metca lt & Eddy (1391)

62   in t rodução à

  / i i a l i t l i u l i

d a s águas c ao tr atam en to de e sgot os

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i i ii :»lr<> 2.3 Principais micr orga nism os pre sentes no s esgotos

M i c r o r g a n i s m o D e s c r i ç ã o

- O r g a n i s m o s p r o t i s t a s u n i c e l u l a r e s .

- A p r e s e n t a m - s e e m v á r i a s f o r m a s e t a m a n h o s .

- S ã o o s p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e l a e s t a b i l i z a ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a

- A l g u m a s b a c t é r i a s s a o p a t o g ê n i c a s , c a u s a n d o p r i n c i p a l m e n t e d o e n ç a s i n t e st i n ai s .

Dactérias

- O r g a n i s m o s a e r ó b i o s , m u i t i c e l u l a r e s , n ã o f o t o s s i n t é t i c o s , h e t e r o t r ó l i c o s .

- T a m b é m d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a d e c o m p o s i ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a ,

• P o d e m c r e s c e r e m c o n d i ç õ e s d e b a i x o p H .

Fungos

- O r g a n i s m o s u n i c e l u l a r e s s e m p a r e d e c e l u l a r .

- A m a i o r i a é a e r ó b i a o u f a c u l t a t i v a .

• A l i m e n t a m - s e d e b a c t é r i a s , a l g a s e o u t r o s m i c r o r g a n i s m o s .

- S ã o e s s e n c i a i s n o t r a t a m e n t o b i o l ó g i c o p a r a a m a n u t e n ç ã o d e u m e q u i l í b r i o e n t r e

o s d i v e r s o s g r u p o s ,

- A l g u n s s ã o p a t o g ê n i c o s . _

Protozoários

-  O r g a n i s m o s  p a r a s i t a s , t o r m a d o s p e l a a s s o c i a ç ã o  d b  m a u s r i a l g e n é t i c o ( D N A o u

R N A )  e u m a c a r a p a ç a p r o t e i c a .

- C a u s a m d o e n ç a s e p o d e m s e r d e d i f í c i l r g m o ç f l o n o t r a t a r n o n t o d a á g u a o u d o

e s g o t o .

Vírus

Helmintos

- A n i m a i s s u p e r i o r e s ,

- O v o s d e h e l m i n t o s p r e s e n t e s n o s e s g o t o s p o d e m c a u s a r d o e n ç a : ; .

I < m e:   S i lva e  Mara ( 1979),  Tchobarioglous e Schroeder {1985), Metca l l 4   Eddy (1991)

2.3.  Pr in c ip ais p arâmet ros

2.3.1.  Pre l imin ares

Os  pr incipais  parâmetros relat ivos  a  esgo tos p redominan temen te  domés t icos  a

merecerem  des taque especial face à sua importância são:

•  sólidos

•  indicadores de matéria orgânica

• nitrogênio

• fósforo

•  indicadores de contaminação fecal

2.3.2. Sólidos

Todos os contaminantes  da água, com exc eção dos gases  dissolv idos, contr ibuem

para  a carga  de só lidos.  O s  sólidos podem ser class if icados  de  acordo com  (a )  o  seu

tamanho e estado, (b) as suas características  químicas e (c)  a s ua  decantabil ídade:

Características das águas residuárias

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Sólidos nos esgotos

• classificação por tamanho e estado

-  só lidos em suspensão

-  sólidos d issolv idos

• classificação pelas característica s químicas

-  só lidos voláteis

-  só lidos f ixos

• classificação pela decantabilida de

-  só lidos em suspensão sedimentáveis

- só lidos em suspensão não sedimentáveis

a) Clas s i f i cação p or t aman h o

No I tem 4 .2 do C apitu lo 1 descreveu-se a pr incipal separação entre os só lidos,

tendo por base o seu tamanho. No caso específ ico de esgotos , pode-se adotar uma

classif icação mais s implif icada, d is t inguindo-se pr incipalmente os seguintes dois

tipos dc sólidos:

-  só lidos d issolv idos

- só lidos em suspensão

b) Class if icação pelas característ icas químicas

Ao se submeter os só lidos  a  uma temperatura elevada (550"C) , a f raçã o orgânic a '

é oxidada (volat i l izada) , permanec endo após a combustão apenas a f ração iner te (não

oxidada) . Os  sólidos voláteis  representam uma est imativa da matér ia

  orgân ica

  nos

sólidos, ao passo que os sólidos não voláteis (fixos  ou  ineriQi)  representam a matér ia

in orgân ica

  ou

  min eral .

  Assim, tem-se, em resumo:

sólidos voláteis (matéria orgânica)

/

Sólidos totais

sólidos f ixos (matér ia inorgânica)

c) Class if icação pela decantabil idade

C ons ideram-se como  sólidos sedimentáveis  aqueles que sejam capazes de sedi-

mentar no per íodo de 1 hora. O valor é expresso na unidade de ml/l , medido num

recip iente denominado cone Tmhoff . A f ração que não se sedimenta representa os

sólidos não sedimentáveis  (usualmen te não expressos nos resultados de análise) .

A Figura 2.2 mostra uma distribuição típica entre os diversos tipos de sólidos

presentes num esgoto bruto de composição média.

2 . 3 .3 . M at ér ia o rgân ica carb on ácea

A matér ia orgânica presente nos esgotos é uma caracter ís t ica de pr imordial

importância, sendo a causadora do pr incipal problema de poluição das águas: o

64

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

Page 62: Von Sperling

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D IS TR IB U IÇ Ã O D OS S OL ID OS D O E S GOTO B R U TO

I i ^ . 2 . 2 . D i s t r i b u i ç ã o a p r o x i m a d a d o s s ó l i d o s d o e s g o t o b r u l o ( e m t e r m o s d e c o n c e n t r a ç õ e s )

ronsumo de oxigênio d issolv ido pelos microrganismos nos seus processos metabó-

licos

  de u ti l ização e es tabil ização da matér ia orgânica. As substâncias orgânicas

presentes nos esgotos são constituídas principalmente por (Pessoa e Jordão, 1982):

- compostos dc proteínas ( -40%);

- ca rbo id ra to s ( - 2 5 a -50% ) ;

• gordura e ó leos ( -1 0% )

uréia, surfactantes , fenóis , pest icidas e outros (menor quantidade)

A matér ia orgânica  carbonácea  (baseada no carbono orgânico) presente nos

esgotos af luentes a uma estação de tratamento d iv idc-sc nas seguintes f rações:

Matér ia orgânica nos esgotos

• class if icação quanto à forma e tamanho

- em suspensão (par t iculada)

- dissolvida (solúvel)

• classificação q uanto à biodegrada bilidade

- inerte

- b iodegradável

Em termos práticos , usualmente não há necessidade de se caracter izar a matér ia

• »rgânica em termos dc proteínas, gorduras, carboidratos etc. Ademais, há uma grande

1  iihu  terísticas das águas residuárias

6 5

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d i f icu ldade na de te rminação  laboratorial dos diversos  componentes da matér ia orgâ-

nica nas águas residuár ias , face  à  multip l icidade de formas e compostos em que  a

mesma pode  se apresentar .  Nes te  sentido,  podem ser adotados métodos diretos ou

indiretos  para  a de te rminação  da  matér ia orgânica:

• Métodos indiretos; medição  do  consumo  de  oxigênio

- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

-  Demanda Ultima cie Oxigênio (DBO„)

- Demanda Qu ímica de Ox igên io (DQO )

•  Métodos  diretos:  medição  do  carbono orgânico

- Carbono Orgânico Total (COT)

a) Deman d a Bioq u ímica d e Oxigên io ( DBO)

O pr incipal efei to  ecológico  da  poluição  orgânica em um curso d*água é o

decrésc imo  dos  teores  de  oxigênio d issolv ido. Da mesma forma, no tratamento de

esgotos  por processos aeróbios , é fundam ental o  adequado fornecimento de oxigênio

para que os microrganismos possam   realizar  os processos metabólicos conduzindo à

estabil ização da matér ia orgânica.  Ass im,  surgiu a idéia de  se  medir a "força" de

poluição  de um determinado despejo pelo consumo de oxigênio que  e le  traria, ou

seja,  uma quantif icação  indireta da  potencial idade da geração  de um impacto, e não

a  medição d ireta do impacto  em si.

Essa quan t i f icação poder ia ser obtida mesm o através de cálculos  esteqinométr icos

baseados nas reações  de oxidação  da  matér ia orgânica. Assim, no caso  do substrato

ser, por exem plo, a glicose (C&HnOd),  poder-se-ia  calcular , na equação  da respiração,

a  quantidade de oxigênio requer ida para  oxidar  a dada quantidade  de  glicose. Tal se

consti tu i no pr incíp io da Demanda Teór ica de Oxigênio (DTeO).

Na  prática, no entanto, um  obstáculo se  apresenta como de difícil  transposição: o

esgoto possui  uma grande heterogeneidade na sua composição , e tentar es tabelecer

todos  os seus  consti tu in tes para, a par t ir das reações químicas  de  cada um deles ,

calcular  a  d e m a n d a  resultante de oxigênio ,  é  to talmente desti tu ído de praticidade.

Ademais , ex trapolar  o s dados para outras condiçõe s não ser ia possível .

A  solução encontrada  fo i  a de se  medir em laboratór io o consumo  de  oxigênio

que um volume padronizado  de esgoto  ou outro líquido exerce em  11111  per íodo de

tempo pré-f ixado. Foi, ass im, in troduzido  o  importante conceito da  D e m a n d a B i o -

q u ímica d e Oxigên io ( DBO) .  A DBO retrata  a quantidade de oxigênio requerida

para estabilizai: através de processos bio químicos , a matéria orgânica carbonáce u.

E uma indicação indireta, portanto, do carbono orgânico biodegradável.

A estabil ização  comple ta demora ,  em termos práticos ,  vár ios  dias (cerca  de  20

dias  ou  mais para  esgo tos  domésticos) . Tal corresponde à Demanda Ultima  de

Oxigênio (DBO„) .  Entretanto ,  para evitai'  que o teste  de laboratór io fosse su jei to  a

uma grande demora,  e  para permitir  a comparação  de d iversos resultados, foram

efe tuadas a lgumas  padronizações:

-  convenc ionou-se proceder à análise no  5" dia. Para esgotos domésticos típicos, esse

66

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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i uns um odo qu in to d ia pode ser correlacionado com o consu mo  total final

 < I >H< >,. >

determinou-se   q ue o tes te  fosse e fe tuado à temperatura  de 20"C,  já que (empei alti

rn s  diferentes interferem 110 metabolismo bacteriano, alterando  as relações  entre ,1

I ) B O  de  5 dias  e  a  DBO últ ima.

Tem-se, desta  fo rma,  a

 D B O p a d r ã o ,

  expressa  por

  D B O ;

2

".

  Neste texto,  sempre

que se referir à D B O  s imp lesmen te ,  está-se  implici tamente refer indo  à  DBO padrão

Simplif icadamente, o tes te  da DBO  pode ser entendido da seguinte maneira: 110

dia da  coleta, determina-se a concenlração  de  oxigênio  dissolv ido  (OD) da amostra.

( nico  dias após, com  a  amostra mantida em um frasco fechado e  incubada a  20

U

C ,

• li  icrmina-se a nova concentração , já reduzida, devido ao consu mo de oxigénio

durante o  período. A diferença entre o teor de  O D  no  di a  zero e no dia 5  representa o

i>\igênio  consumido para a  oxidação da maté r ia  orgânica,  sendo, portanto, a DBO.s.

Assim, por exemplo , a amostra de um curso d 'ãgua apresentou os seguintes resultados

(ver  Figura  2.3):

DBO  -  D e m a n d a B i o q u í m i c a d e O x i g ê n i o

OD  = 7 mg/ l cpp OD = 3  m g / l , „

D B O ^ = 7 - 3  = 4 mg/ t

DIA

 =

  0

  DIA =

 5

I m- 2.3. Exemplo do conccilo da DBO?

;

"

No caso  do s  esgotos , alguns aspectos de ordem prática fazem com que o tes te

•,ofra  algum as adaptaçõ es. Os esgotos, possuindo um a grande concentração d e

matér ia orgânica, consomem rapidamente (bem antes de 5 d ias) todo o oxigênio

dissolv ido no meio l íquido. Assim, é necessár io efetuar-se d ilu ições para reduzir   a

concentração de  maté r ia  orgânica, possib il i tando  a  que o consumo de oxigênio a  5

dias  seja  numer icamen te in f e r io r  no oxigênio disponível na  amostra.  Os esgotos

domés t icos  possuem  um a  D B O  da ordem de 300 mg/l, ou seja,  1 litro  de  esgoto

t onso me ap roxima dam ente 30 0 m g de oxigênio , em 5 d ias , no processo de estabil i-

zação  da matér ia orgânica carbonãcea.

As  principais  v a n t a g e n s  do teste da DBO, e  ainda não igualadas por  nenhum

ou tro  tes te de determinação  de  matér ia orgânica, são relacionadas  ao falo  de  que o

1 iihu  terísticas das águas residuárias

6 7

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toste  da DUO permite:

;i indicação aproximada da f ração b iodegradável do   despejo ;

a indicação da  taxa de degradação do despejo ;

;i indicação da  taxa de consümo de oxigênio cm função do tempo;

a de te rminação  ap rox imada da quantidade  de oxigênio requer ido para  a estabiliza-

ção  bio lógica  da matéria orgânica presente.

No entanto ,  as seguintes

  l imi t ações

  são ci tadas (Marais  e Ekama, 1976):

pode-se  encontrar baixos valores de DBO? caso os microrganismos responsáveis

pela decomposição não estejam adaptados ao despejo ;

- os metais pesados e outras substâncias tóxicas podem matar ou in ib ir os microrga-

nismos;

- há a necessidade da in ib ição dos organism os responsáveis pela oxidação da a mónia,

para evitar que o consumo  de  oxigênio para  a  nitr if icação (demanda n itrogenada)

in ter f ira com  a  demanda carbonácea;

-  a relação DBO11/DBO5 varia em funç ão do desp ejo;

-  a  relação  D B O u / D B O í  var ia , para um mesmo despejo , ao longo  da  linha  de

tratamento da ETE;

- o teste demora 5 dias, não sendo   útil  para efeito de controle operacional  de  uma

estação  de tratamento de  esgotos.

Apesar  das  l imitações  acima, o teste da DB O continua a ter extensiva

  ut i l ização,

par te por razões  históricas, parte e m  função ainda  de alguns dos  seguintes pontos:

-  os  critérios de  dimensionamento das unidades de tratamento são  mais f r equen te -

mente expressos em termos da DBO;

-  a legislação para lançamento de efluentes e, em  decorrência, a avaliação  do

cumprimento aos padrões de lançamento , é normalmente baseada   na  DB O.

Várias pesquisas têm sido dirigidas para a substituição da  D B O  por  outros

parâmetros . Na área de instrumentação,  há  equipamentos t ipo respirômetros que

fazem  a  medição automatizada ou  que  permitem reduzir o per íodo requer ido para  o

lesle . No entanto , uma universalidade não fo i ainda at ingida quanto ao parâm etro ou

à  metodologia, apesar de haver uma certa tendência atual para a utilização do teste

da DQO. Para manter consonância com a maior par te   da  literatura, o  presente  texto

m a n t é m  a DB O  como parâmetro básico de d imensionamento .

b ) Deman d a  Últ ima  d e Oxigên io ( DBO

u

)

A DBO5 corresponde ao consumo de oxigênio exercido durante   os  pr imeiros 5

dias . No entanto ,  ao final do quinto d ia a es tabil ização  da  matér ia orgânica não está

ainda completa, p rossegu indo ,  embora em  taxas  mais lentas, por mais um  per íodo de

sema nas ou d ias.  Após tal, o consumo de oxigênio pode ser considerado desprezível .

Neste sentido, a Demanda  Última de  Oxigênio  co r r esponde ao consumo  de  oxigênio

exercido até es te tempo,  a  partir do qual não  há  consumo representat ivo .

Para  esgotos domésticos , considera-se,  em  termos práticos , que  aos  20 dias de

teste a es tabil ização esteja prat icamente completa. Pode-se determinar a DBOu,

I

 lí

n t r o d u ç ã o à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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ETFES - B ib l io tec a

j inrlanto, aos 20 dias. Conceitualmente, o teste é similar à DBO padrao dr

  >

  tli.i.

.ti inndo tão som ente no que diz respeito ao tem po da de terminaç ão final do oxij ' i

 mo

dissolvido.

() Q uadro 2.5 apresen ta faixa s t ípicas do fato r de conv ersão de DBO.s para DIU >,,

i

  r .rotos domésticos). Tal conversão é importante, pois vários processos de tratamen

I* •

 dc esgotos são dimensionado s tendo por base a DBO „.

(Quadro  2 . 5 F a i x a s t í p i c as d a r e l a ç ã o D B 0 u / D B 0 5

11

 mie:

  Calculado a partir do coeficientes apresentados por Fair et al (1973). Arceivala (1981)

Vários autores ad otam , de ma neira geral, a relação DBO»,/DBO.s igual a 1,46.  Isto

quer dizer que, caso se tenha uma DBO.s de 300 mg/l, a DBO

u

  será igual a 1,46x300

* 438 mg/l.

c) Demanda Química de Oxigênio (DQO)

O teste da DQO mede o consumo de oxigênio ocorr ido durante a oxidação

tmímica da matéria orgânica. O valor obtido é, portanto, uma indicação indireta do

leor de matéria orgânica presente.

A principal di ferença com re lação ao teste da DBO encontra-se c laramente

presente na nomencla tura de ambos os testes. A DBO re lac iona-se a uma oxidação

bioquímica da matéria orgânica, realizada inteiramente por microrganismos. Já a

DQO corresponde a uma oxidação química da matér ia orgânica , obt ida a t ravés de

um forte oxidante (dicromato de potássio) em meio ácido.

As principais  vantagens  do teste da DQO são:

o teste gasta apenas de 2 a 3 horas para ser realizado;

o resultado do teste dá uma indicação do oxigênio requerido para a estabilização

da matéria orgânica;

o teste não é afetado pela nitrificação, dando uma indicação da oxidação apenas da

matéria orgânica carbonácea (e não da nitrogenada).

As pr incipais l imi taçõ es do teste da DQ O são:

110

  teste da DQO são oxidadas, tanto a fração biodegradável, quanto a fração inerte

do despe jo. O teste supere stima, portanto, o oxigênio a ser cons um ido no tratam ento

biológico dos despejos;

o teste não fornece informações sobre a taxa de consumo da matéria orgânica ao

longo do tempo;

certos constituintes inorgânicos podem ser oxidados e interferir no resultado.

(Características das águas residuárias  6 9

O r i g e m

D B O „ / D B O s

E s g o t o c o n c e n t r a d o

E s g o t o d e b a i x a c o n c e n t r a ç ã o

E f l u e n t e p r i m á r i o

E f l u e n t e s e c u n d á r i o

1 . 1 - 1 . 5

1,2 - 1.6

1.2-1,6

1 , 5 - 3 , 0

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Pa ra  esgotos domést icos brutos, a re lação  DQO/DBO.s varia em torno de 1,7  a

2 ,4 .  Pa ra  esgotos industr ia is , no  entanto ,  essa re lação pode  va r i a r a mp la me n te .

D e p e n d e n d o d a  magni tude da re lação, pode-se t i ra r conc lusões sobre  a b iode g ra da -

b i l i da de dos de spe jo s  e  do processo  de t ra tamento a se r empregado (Bra i le e

C a va lc a n t i .  1979):

• relação DQO/DB Os baixa:

-  a f ração b iodegradáve l é e levada

-  prováve l indicação para t ra tamento b io lógico

• relação DQO/DB Os elevada:

-  a f ração iner te (não b iodegradáve l) é e levada

- se  a f ração não b iodegradáve l não for importante em te rmos de poluição

do corpo receptor : possíve l indicação para t ra tamento b io lógico

- se  a  fração não b iodegradáve l for importante em te rmos de poluição  d o

corpo receptor : prováve l indicação para t ra tamento f ís ico-qutmico

A re lação  D Q O / D B O s  va r i a t a mbé m  à  medida que o esgoto passa pe las d iversas

unidades da estação  de  t ra tamento . A tendênc ia para a re lação é de aumentar , devido

à redução paula t ina da fração b iodegradáve l , ao passo que a f ração iner te permanece

aproximadamente ina l te rada . Assim, o e f luente f ina l do t ra tamento b io lógico   possu i

va lores da re lação DQO / D B O 5  usua lmente superiores a 3 ,0 .

d) Car bono Or gânic o T ota l (COT )

Neste teste , o carbono orgânico é medido   d ir e tame nte ,  e não indire tamente

a t ravés da de te rminação do oxigênio consumido, como nos t rês testes ac ima.   C O T  é

um teste inst rumenta l , e tem se mostrado sa t isfa tór io em amostras com reduz idas

quant idades de matér ia orgânica (Tchobanoglous e Schroeder , 1985) . Ta l é o caso ,

p r inc ipa lme n te , de c o rpos  d' á g u a .  O  teste do  C O T me de todo o c a rbono l i be ra do  na

fo rma de  C O 2 .  Para garant i r que o carbono sendo medido se ja rea lmente o carbono

orgânico , as formas inorgânicas  de  c a rbono (c omo  CO2,  HC Oi e tc ) devem ser

removidas antes da aná l ise ou corr ig idas quando do cá lculo (Eckenfe lder , 1980) .

e ) Re laç ão e ntr e os par âm e tr os r e pr e s e nta t ivos  do c ons umo de ox igê n io

Dada uma amostra de esgoto , a re lação usua l entre os pr inc ipa is parâmetros

representa t ivos do consumo de oxigênio para a estabi l ização da matér ia orgânica

(DBO.s, DBO i e DQO) dá-se , aproximadamente , como indicado na Figura 2 .4 .

2.3 .4 . Nitrogênio

Dentro do c ic lo do n i t rogênio na b iosfera , este a l te rna-se entre vár ias formas e

estados de oxidação, como resul tado de d iversos processos b ioquímicos. No   me io

aquát ico o n i t rogênio pode ser encontrado nas seguintes formas:

- nitrogênio molecular

  (N2)

  (escapando para a a tmosfera)

- nitrogênio orgânico  (d issolv ido e em suspensã o)

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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R E L A Ç Ã O E N T R E O S P A R Â M E T R O S D E C O N S U M O D E O X I G Ê N I O

ZOO

D B 0 5 D BO u D Q O

NOTAS:

-  D B 0 5 = DBO  exe rc ida a  5 d ias

- DBÕu = DBO úi l ima, exercida ao f ina l de vár ios d ias (usualmente > 20 d ias)

- caso o subst ra to se ja to ta lm en te b io deg ra dáv e l ( ex : g l i cose ). DBOu = DQO = de ma nd a teó r i ca

l

  í r

,  2 . 4 . R e l a ç ã o  a p r o x i m a d a e n t r e  o s  p a r â m e t r o s d e c o n s u m o de o x i g ê n i o  e m  e s g o t o s d o m é s t i c o s

amónia  (livre - NH i e ioniz ada - NH.i

+

)

- nitrito  (NO2")

nitrato

  (NOi~)

O nitrogênio é um com ponen te de grande importância em termos da geração e do

própr io contro le da poluição das águas, devido pr incipalme nte aos seguintes aspe ctos:

•  Poluição das águas

- o n itrogênio é um elemen to indispensável para o  crescimento  de  algas,  podendo

por isso , cm cer tas condições, conduzir  a  f enômenos de e u t ro f ização  de lagos e

represas;

-  o n itrogênio , nos processos de conversão  da  amónia a nitrito e este  a  nitrato,

implica no consumo de oxigênio d issolv ido no corpo d 'água  receptor.

-  o n itrogênio na forma de amónia  livre  é d iretamente tóxico aos peixes;

-  o nitrogê nio na forma de nitrato está  associado  a doenças como  a metahemog lo -

binemia;

•  Tratamento de esgotos

-  o n itrogênio é um elem ento indispensável para o crescimen to dos microrganis-

mos responsáveis pelo tratamento de esgotos;

-  o n itrogênio , nos processos de conversão  da  amónia  a  nitrito e  este  a nitrato

(nitrificação),

  que event ualm ente possa ocorrer numa  estação  de  tratamento de

1 iihu  terísticas das águas residuárias

71

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esgotos ,  implica no consumo  de  oxigênio  e alcalin idade;

- o  n itrogênio ,  no  processo  de  conversão  do nitrato a n itrogênio gasoso  (desnitr i -

ficação),  que  eventualmente possa ocorrer numa estação  de t r a tamen to  de  esgo-

tos,  imp l ica  em :  (a )  economia  de  oxigênio  e  alcalin idade (quando realizado  de

f o r m a  contro lada)  ou  (b )  deter ioração  da  decantabil idade do  lodo  (quando  não

contro lado) .

Em um curso d ' á g u a ,  a de te rminação  da  forma predominante  do  nitrogênio  pode

fornecer  indicações sobre o estágio da  poluição eventualmente ocasionada  por  a lgum

lançamen to de  esgo tos  a  montante. Sc  esta  poluição é recente, o nitrogênio estará

bas icamen te  na forma de n itrogênio orgânico  ou amónia e, se antiga,  bas icamen te  na

d c  nitrato  (as concentrações  de nitrito  sã o  normalmente mais reduzidas) . Em  resumo,

pode-se v isualizar a s d is t in tas s i tuações da forma  generalizada apresentada no  Quadro

2.6 (abstraindo-se de outras  fontes de n itrogênio que  não os  esgotos).

Quadr o 2 .6  D is t r ibu iç ão r e l a t iva das form as de n i t rogênio s egundo d i s t in tas condiçõ es

C o n d i ç ã o F o r m a p r e d o m i n a n t e d o n i t r o g ê n io

E s g o t o

  bruto

- N i t r o g ê n i o o r g â n i c o

• A m ó n i a

Poluição recente em um   c u r s o   d'água

- N i t r o g ê n i o o r g â n i c o 1

A m ó n i a

Estágio intermediário da poluição em um curso

d'água

- N i t r o g f l n i o o r g â n i c o

- A m ó n i a

- N i t r i to ( e m m e n o r e s c o n c e n t r a ç õ e s )

• N i t ra to

Poluição   r e m o í a   em um curso d'água

- N i t ra to

Elluente de tratamento se m nitrilicação

- A m ó n i a

EHuente do tratamento com nitriticação

  - N i t ra to

Elluente de tratamento com •  C o n c e n t r a ç õ e s m a i s r e d u z i d a s d e t o d a s a s

nitriticação/desnilri/icação  f o r m a s d e n i t r o g ê n i o

Nota Nitropônio orgâ nico + amónio - NTK (Nitrogênio Total Kjeldahl)

Nos esgotos domésticos brutos ,  as  formas predominantes são o  n i t r o g ê n i o

o r g â n i c o  e a a m ó n i a .  Estes dois , conjuntamente,  são  determinados cm laboratór io

pelo método Kjeldahl, consti tu indo o assim denominado   Nitrogênio Total Kjeldahl

(NTK),  As demais  fo rmas  de n itrogênio são usualmente  de menor  importância nos

esgotos af luentes  a  uma es tação  de  tratamento . Em resumo, tem-se:

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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• NTK = amónia + n itrogênio orgânico . . . ,

.... (forma predominante  no s  esgotos

domésticos)

• NT - NTK + N0

2

" + NO-."

... (nitrogênio total)

A  amónia exis te em solução tanto na forma  de  íon (NH4

+

) como na forma l ivre,

não  ionizada  (NH.i). A distribuição relativa assume  a  seguinte forma em função dos

valores  de pH:

Distr ibuição entre as formas de amónia

• pH  < 8 Praticam ente toda a amónia na forma de

Aprox imadamen te 50% Nlh e 50% NH

4

+

Praticamente toda a amónia na forma de NHi

Assim, pode-se ver que na faixa usual dc  p i I ,  próxima à neutral idade, a amónia

apresenta-se praticamente na forma ionizada. Is to tem importantes consequências

ambientais , pois a amónia l ivre é tóxica aos peixes em baixas concentraçõ es.

Em cursos d 'ágUa ou em estações de tratamento de esgotos a amónia po de sofrer

transform ações poster iores . No processo de nitrificação  a amónia é oxidada a  iiitrito

e este a nitrato.  N o processo de desnitrificaçâo  os nitratos são reduzidos a  nitrogênio

gasoso.

2.3.5. Fósforo

O  fósforo na  água  apresenta-se pr incipalmente nas seguintes  três formas:

• orto fos fatos

• polifosfatos

• fósforo orgânico

Os

  or t of os f at os

  são d iretamente d isponíveis para o metabolismo  biológico  sem

necessidade d e conversões a formas mais s imples . As pr incipais fon tes deo r to fos fa to s

na água são  o solo, detergentes , fer t i l izantes , despejos industr iais e esgotos dom ésti-

cos (degradação  da  matér ia orgânica) .  A forma cm que os  or tofosfatos  se apresentam

na  água depende  do  pH. Tais  incluem PO4",  HPO4

2

", H2PO4", H3PO4. Em  esgotos

domés t icos  típicos a  fo rma p redominan te  é  o HPO4"

2

.

Os

  p o l i f os f at os

  sã o  moléculas mais complexas com  dois  ou mais átomos  de

fósforo . Os po l i fo s f a to s se transformam em or tofosfatos pelo mecan ismo de h idrólise,

mas tal t ransformação é usualmente lenta.

O  f ós f oro orgân ico é normalm ente de menor importância nos esgotos d omésticos

típicos, mas pode ser importante em águas residuárias industriais e lodos oriundos do

tratamento de esgotos . No tratamento de esgotos e nos corpos   d'água receptores , o

fósforo orgânico é conver t ido a or tofosfatos .

A importância  do fósforo associa-se pr incipalmen te aos seguintes aspec tos:

- o fósforo é um nutr iente essencial para o crescimento dos microrga nismo s respon-

1 iihu  terísticas das águas residuárias

7 3

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r

sáveis pela es tabil ização da matér ia orgânica. Usualmente os esgotos domésticos

possuem um teor suf iciente de fósforo , mas este pode estar def iciente em cer tos

despejos industr iais ;

-  o fósforo é um nutr iente essencial para o crescimento d e algas , poden do por isso ,

em cer tas condições, conduzir a fenômenos de eutrof ização de lagos e represas .

2.3.6. Indicadores de contaminação fccal

A

  detecção dos agentes

  patogênicos ,

  pr incipalmente bactér ias , pro tozoár ios e

vírus , em uma amostra d 'ãgua é extremamente d if íci l , em razão das suas baixas

concentrações, o que demandar ia o exame de grandes volumes da amostra para que

fosse detectado um único ser patogênico . As razões de tal devem-se aos seguintes

fatos:

• em uma população apenas uma determinada faixa apresenta doenças de veiculação

hídrica;

• nas fezes destes habitantes a presença de patogênicos pode não ocorrer em elevada

proporção;

• após o lançam ento  110 corpo receptor ou no sis tema de  esgotos há ainda uma grande

dilu ição do despejo contaminado.

Em assim sendo,  a concentraç ão f inal de patogê nico s por unidade de volum e em

um corpo d 'água é sem dúvida bastante reduzida, fazendo com que a sua detecção

através de exames laborator iais  seja  de grande d if iculdade.

Este obstáculo é superado através  do  estudo t ios chamados

  organ ismos in d ica-

d ores d e con t amin ação f eca l .

  Tais organismos não são patogênicos, mas dão uma

satisfatór ia indicação de quando uma água apresenta contaminação por fezes huma-

nas ou de animais e, por conseguinte,   a  su a p ot en c ia l id ad e  para transmitir doenças.

Os organismos m ais comum ente u ti l izados com tal f inalidade são as bactér ias do

grupo coliforme.  A Figura 2 .5 mostra esquem aticam ente a posição do grupo colifor-

me com relação às bactérias, de maneira geral.

BACTÉRIAS

Fig . 2 . S .  S i t u a ç ã o e s q u e m á t i c a  d o  g r u p o c o l i f o r m e c o m  r e l a ç ã o  à s d e m a i s b a c t é r i a s ( a d a p t a d o  de La

R i v i é r e ,  i 9 8 0 )

I  líi  Introdução  à  qualidade das águas  e ao tratamento de esgotos

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São ns  seguintes  as  pr incipais razões  para  a u ti l ização do grupo coliforme como

indicadores  de  con taminação  fecal:

•  Os coliformes apresentam-se em  grande quantidade nas fezes humanas  (cada

ind iv iduo elimina em méd ia de 10

10

 a 10

11

  célu las pordia ) (Branco e Rocha,  979).

D e  1/3  a  1/5  do peso das  fezes humanas é  constituído por bactérias  do grupo

co l i fo rme.  Com isto, a  probabil idade  de  que  sejam detectados  após  o  lançamen to

é  incomparave lmen te superio r  à  dos organismos  patogênicos.

•  Os co l i fo rmes  apresentam-se em grande  número apenas nas fezes do homem e de

animais de  sangue quente.  Ta l  fato  é essencial,  pois  se exis t issem  também nos

intestinos   de an imais de  sangue fr io deixar iam  de ser  bons  indicadores  de  poluição

(Chris tovão,  1974).

•  Os co l i fo rmes ap resen tam

  resistência aproximadamente similar  à  maioria  das

bactérias  patogênicas intestinais.  Ta l  caracter ís t ica é  importante, pois não ser iam

bons  indicadores de  contaminação fecal se morressem mais  r ap idamen te  que  o

agente patogênico .  P or  outro lado,  se a  sua taxa  de mortal idade  fosse menor  que a

das bactér ias patogênicas , também  deixar iam de ser ú teis ,  um a  ve z  que, sobrevi-

vendo por mais tempo, tornar iam   suspeitas águas j á  depuradas. Exceção  deve  ser

feita  aos vírus,  q u e  apresentam  uma resis tência super ior  à  dos  co l i fo rmes  (Chr is-

tovão, 1974).

• As técnicas  bacter io lógicas para  a  detecção  de co l i fo rmes  sã o

  rápidas e  econômi-

cas.

Os pr incipais indicadores de contaminação fecal comumente   uti l izados  são:

coliformes totais  (CT)

coliformes  fecais  (CF)

estreptococos  fecais  (EF)

O grupo de c o l i f o r m e s t o t a i s  (CT) constitui-se  em  um grande grupo de bactér ias

que têm  sido iso ladas de amostras  de águas  e solos  poluídos  e não poluídos, bem

como de  fezes  de seres  humanos  e  outros  an imais  de  sangue quente.  Tal  g rupo  foi

bastante  usado no passado co mo indicador , e continua  a s er  usado em algumas áreas,

embora as d i f icu ldades  associadas com a ocorrência  de  bactérias não fecais seja  um

problema  (Thoma nn e Mue üer , 1987). N ão exis te uma relação quantif icável entre CT

[• m icro rgan ismos  patogênicos.

O s

  co l i f ormes f eca is

  (C F)  são um grupo de bactérias indicadoras  de  o rgan ismos

or ig inár ios  do trato intestinal  humano e outros  animais .  O  teste para CF é feito a uma

t-k-vada temperatura,  na qual o  c resc imen to  de  bactérias  de or igem não fecal  é

sup r imido (Thom ann e Mueller , 1987), AEscherichiacolié  uma bactér ia per tencente

.1  este  grupo.

O s  estreptococos fecais  (EF)  incluem vár ias espécies  ou  var iedades  de  estrepto-

cocos, tendo no intestino de seres humano s eo u t r o s animais o seu habitat usual. Co mo

rxc tnp los c i tam-se  os  Streptqcoccus faecalis,  os quais representam contami nação

In al humana,  e  Streptococcus bovis  e  Streptococcus equinas,  que representam

1 iihu  terísticas das águas residuárias

7 5

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(

bactér ias indicadoras d e bois e cavalos , respe ctivamente.

A  legis lação ambiental considera, implici tamente, uma relação entre coliformes

to tais e coliformes fecais igual a 5 (CT/CF = 5) . No entanto , exis te uma grande

dispersão em torno deste valor , que depende ainda do tempo decorr ido após o

lançamento dos esgotos na água.

A  relação entre coliformes fecais e es treptococos fecais (CF/EF) é um bom

indicador sobre a or igem  da  contaminação. Quanto maior o valor da relação CF/EF,

considera-se que seja maior  a  contr ibuição relat iva da contaminação de or igem

humana .  De  maneira geral , adotam-se os seguintes l imites:

• C F / E F > 4 Contaminação predominantemente humana

(os esgotos domésticos são um componente importante)

. C F /EF < 1

Contaminação predominante  cle outros animais de

sangue quente

  (o escoamento superf icial é um

componen te impor tan te )

•  1  < C F / E F  < 4

Interpretação duvidosa

No entanto , d iversos  cuidados devem ser tomados,  tanto  nas condições corretas

para a  obtenção dos dados  de CFe l i l-  quanto na in terpretação  da  relação  CF/EF. De

manei r a  geral, pode-se dizer que esla relação seja útil apenas como um  indicador

amplo  da provável  or igem pr incipal da contaminação.

2 . 4 , Re lações d imen s ion ais en t re carga e co n cen t ração

Antes de se apresentar as concentrações t íp icas dos pr incipais poluentes presentes

nos esgotos ,  é impor tante relembrar com clareza os conceitos de  carga per  capim,

carga  e concentração.  ,

A

  carga per capita

  representa a  contr ibuição de  cada  indiv íduo (expressa em

termos de massa do  poluente) por unidade de tempo.  Uma unidade c o m u m e n t e  usada

é a de g /hab.d .  Ass im, quando  se diz que a contribuição per capita  d e D B O  é de 54

g/hab.d , equivale  a  dizer que  cada  indivíduo contribui por dia,  em média, com  o

equivalente a 54  g ramas  de DBO.

A carga  af luente a uma estação de tratamento de esgotos co r r esponde  à quanti-

dade de poluente (massa) por unidade  de  tempo. Neste sentido ,  relações  de impor-

tância são:

7 6

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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t iirga

  =

 população x carga per capita

( .Ml

,  / população (hab). carga per capita (g/hab.d)

i •arga {k e/a)  = —

  1

1000  (g/kg)

2 . 2

carga -  concentração x vazão

concentração (g/m

}

) . vazão (nv/cl)

carga (kg/cl)  =

1000

  (g/kg)

(2 .3)

(2 .4)

Obs: g /m '  = mg/l

A c o n c e n l r a v ã o d e um d espejo pode ser obtida através do rearranjo  da s  mesmas

relações d imensionais :

concentração  -  carga/vazão

(2 .5)

concentração (g/»S)  =

carga(kg/J).

  1000

  (g/kg)

vazão (mVd)

2.6)

concentração  = carga per capita / quota per capita

_ , .  earva per capita (g/hab.d).  1000 (l/m  )

concentração (g/ni  ) =

  L 112

  —

1

quota per capita (l/hab.d)

(2 .7)

2.8)

1 iihu  terísticas das águas residuárias

7 7

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Exemplo  2.I

Os habitantes de uma comunidade geram um a contribuição per capita de

DUO de 54 g/hab.d, e uma contribuição per capita de esgotos de 180 l/hab.d.

Calcular a concentração de DBO nos esgoto.

1

;.

Solução:

carga per capita

concentracao  = "— .—

vazao per capita

18 0  l/hab.d

  ò

Exemplo 2.2

a) Calcular a carga de nitrogênio total afluente a uma ETE, sendo dados:

- concentração  =•  45 ingN/l

- vazão  = 50 l/s

Solução

Expressando-se  a  vazão em m Vd,  tem-se:

„ 50  l/s . 86400  s/d

Q   = — Í =  4 . 3 2 0  ni/d

1000  l /m*

A carga de nitrogênio é:

45  g/n?.  4 3 2 0 w V d ,

carga

  = — =  19 4

  kgN/d

ò

  ooo g kg

b) Nesta mesma estação, calcular a concentração de fósforo total afluente,

sabendo-se cjue a carga afluente é de 60 kgP/cl.

concentração =  =

  13, 9

 gP/m*  =

  13,9

  mgP/l

2.5. Característ icas dos esgotos  d omés t icos

As caracter ís t icas quanti tat ivas químicas t íp icas de esgotos predominantemente

domésticos encontram-se apresentadas de forma s in tet izada no Quadro 2 .7 .

I

  líi  Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S

  - B i b l i o t e c a

Quadro 2.7  Características químicas dos esgotos dom ésticos brutos

/

C o n t r i b u i ç ã o p e r c a p i t a ( g / h a b r í ) C o n c e n t r a ç ã o

F a i x a T í p i c o

U n i d a d e

Fa ix a T í p i c o

Sólidos Totais

1 2 0  -  2 2 0 1 8 0 m g / l 7 0 0 - 1 3 5 0 1 1 0 0 ^

• Em suspensão 3 5 - 7 0 6 0 m g / l 2 0 0 - 4 5 0 4 0 0

- Fixos 7 -14 10 m g / l

4 0 - 1 0 0 8 0

-  Voláteis 2 5 - 6 0 5 0 m g / l

1 6 5 - 3 5 0 3 2 0

• Dissolvidos

8 5 - 1 5 0 120

m g / l 5 0 0 - 9 0 0 7 0 0

Fixos

5 0 - 9 0 7 0

m g / l 3 0 0 - 5 5 0

4 0 0

- Voláteis 3 5 - 6 0 5 0

m g / l 2 0 0 - 3 5 0 3 0 0

• Sedimentáveis

m g / l 10 -20

15

Matéria Orgânica

• Determinação indireta

-DBO

s

4 0 - 6 0 5 0 m g / l

2 0 0 - 5 0 0

3 5 0

-DOO

8 0 - 1 3 0 1 0 0 m g / l

4 0 0 - 8 0 0 7 0 0

- DBO última

6 0 - 9 0 7 5 m g / l

3 5 0 - 6 0 0 5 0 0

• Determinação direta

-COT 3 0 - 6 0

4 5

m o / i

1 7 0 - 3 5 0 2 5 0

Nitrogênio Total

6 , 0 - 1 1 2 , 0

8 ,0

m g N / l

3 5 - 7 0

5 0

• Nitrogênio orgânico

2 . 5 - 5 , 0

3 ,5

m g N / l

1 5 - 3 0 2 0

• Amónia

3 , 6 - 7 , 0

4 ,5

m g N H

3

- N / l

2 0 - 4 0

3 0

•  Nitrito

.  0

= 0

m g N 0

2

- N / l

- 0

» 0

•  Nitrato

0 . 0 - 0 , 5

=  0

m g N 0

3

- N / l

0 - 2

- 0

Fósforo

1 .0 -4 ,5

2 , 5 m g P / 5 - 2 5 1 4

•  Fósforoorgãnico

0 , 3 - 1 , 5 0 , 8 m g P / 1

2 - 8 4

• Fósforo inorgânico

0 , 7 - 3 , 0

1,7

m g P / i 4 - 1 7 1 0

pH

^ .

6 , 7 - 7 , 5 7 , 0

Alcalinidade 2 0 - 3 0 2 5 m g C a C 0

3

/ l 1 1 0 - 1 7 0 1 4 0

Cloretos

4 -8

6 m g / l 2 0 - 5 0 3 5

Óleos e Graxas 10 -30

2 0 m g / l 5 5 - 1 7 0 1 1 0

Fontes: Arceivala {1381), Pessoas Jordão (1982), Qasim (1985). Metcalf & Eddy (1991) e experiência do autor

Campos e von Sper l ing (1995) obtiveram, para esgotos predominantemente

domiciliares,  oriundos de nove sub-bacias de Belo Horizonte, as relações  expressas nas

Equações 2 .9 e 2 .10 , entre carga per capita de DBO e concentração de DBO versus

rendimento fam iliar mensal médio familiar (em núm ero de salários mínimos) (ver Figura

2.7). Tais relações foram oriundas de dados obtidos pela COPAS A-M C (1988). No entanto,

é im portante reforçar que os dados guardam uma especificidade regional, ne cess itand o de

grand e cautela para a sua extrapolação para outras condições.

Características das águas residuárias

VI

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C O N C E N T R A Ç Ã O D E D B 0 5 v s N Ú M E R O D E S A L Á R I O S M Í N I M O S

y=247+exp(5 .91 -0 .26 ' x )

C A R G A P E R C A P I T A D E D B 0 5 v s N U M E R O D E S A L A R I O S M Í N I M O S

y = 32.9 + 1.25'x

4 3 12 18

N Ú M E R O D E S A L Á R I O S M Í N I M O S

Fig. 2.7. Concentração de DBO (mg/l) e carga per capita de DUO (g/hab.d) em função cia renda familiar

(esgotos domiciliares)

Concentração de DBO (mg/l) = 247 + JW-M6xR««la)

  (2 9)

Carga per capita de

  DBO

(g/hab.d) = 32,9 + l,25xRenda  (2.10)

onde:

Renda = renda familiar mensal média (número de salár ios mínimos) (salár io

mínimo em 1995: US$ 100 por mês)

As caracter ís t icas b io lógicas t íp icas de esgotos domésticos , em termos de orga-

nismos patogênicos, encontram-se apresentadas no Quadro 2 .8 .

I

 líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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Quadr o 2 .8

  Microrgani smos presen tes nos esgotos domés t i cos bru tos

M i c r o r g a n i s m o

C o n t r i b u i ç ã o p e r c a p i t a ( o r g / h a h . d ) C o n c e n t r a ç ã o ( o r g / 1 0 0 m l )

Hac té r ias to ta is

C o l i f o r m e s t o t a i s

C o l i f o r m e s f e c a i s

E s t r e p t o c o c o s f e c a i s

C i s t o s d e p r o t o z o á r i o s

O v o s d e h e l m i n t o s

V í rus

Adaptado parc ia lmente de Arce iva la (1981)

2.6. Característ icas dos despejos industriais

2.6.1.  Conceitos gerais

Os despejos  industr iais apresentam  um a  ampla var iabil idade das suas caracter ís-

ticas  quali tat ivas , o que  dif iculta uma  generalização  dos  valores  mais comuns.

Em termos do tratamento b io lógico dos despejos industr iais ,  as sumem  importân-

cia   os seguintes aspectos e conceitos:

•  Biod cgrad ah i l id ad e:  capacidade dos despejos de  serem  estabil izados por  proces-

sos b ioquímicos, através  de  microrganismos.

•  Trulahil idade:

  fac tib i l idade dos despejos serem tratados por processos b io lógicos

convencionais .

•  Con cen t ração d e mat ér ia orgân ica: DBO  dos despejos , a qual  pode ser:  (a) mais

elevada do que os  esgo tos  domésticos  (despejos predominantemente orgânicos,

tratáveis por  processos  bio lógicos) ,  ou (b)  infer ior  aos esgotos domésticos (despe-

jo s  não predominantemente orgânicos, em que e menor  a  necessidade  de  r emoção

da

  D B O ,

  mas em que o caráter polu idor pode ser expresso em termos  de  outros

parâmet ro s  de  qualidade) .

•  Disponibil idade de nutrientes:  o tratamento b io lógico exige um equil íbr io har-

mônico entre os nutr ientes C:N:P. Tal equil íbr io é normalmente encontrado cm

esgotos domésticos .

•  Toxidez:

  determinados despejos industr iais possuem consti tu in tes tóxicos  ou  ini-

b idores ,  que podem afe ta r ou  inviabilizar  o  tratamento b io lógico .

E  cons iderada  um a  prática que sur te bons resultados  a  in tegração dos despejos

industr iais  com os  esgotos domésticos , na rede  publica de coleta ,  para posterior

tratamento  con junto na estação. Para q ue ta l  prática seja ef icaz, é necessário qu e  sejam

previamente removidas dos despejos industriais  os contamina ntes que possam  cativai

um dos  seguintes problemas:

-  Toxidez  ao tratamento b io lógico .

-  Toxidez ao tratamento d o lodo e a sua d isposição f inal .

-  Riscos  à  segurança e problemas na operacionalidade da rede de coleta  i- mm- . p

tação.

Características das águas residitárias

Hl

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- Presença do

  c o n t a m i n a n t e

  no efluente do tratamento biológico, devido ao fato do

mesmo nao sei removido pelo tratamento.

2.6.2. Equivalente populacional

l Jm iinporlanle parâme tro caracterizador do s despejos indus triais é o equ ivalente

populacional ,  lai traduz a equivalên cia entre o potencial poluido r de um a indústria

(comuinenle em termos de matéria orgânica) e uma determinada população, a qual

produz, essa me sma carga poluidora. As sim, qua ndo se diz que uma indústria tem um

equivalente populacional de 20.000 habitantes, equivale a dizer que a carga de DBO

do efluente industrial corresponde à carga gerada por uma localidade com uma

população de 20 .000 h abi tantes. A fórmula para o cá lculo do equivalente populacio-

nal de DBO é:

_ _ , . , . . carga de DBO da indústria  (kg/d)

L.P.

 (equivalente

 populacional) =

contribuição

 per

 capita

 de DBO (kg/liab.d)

(2.11)

Caso se adote o valor f requentemente ut i lizado de 54 gDBO /hab.d, tem-se:

„ „ , . . . . .. carga de DBO da indústria (kg/d)

E.P. (equivalente populacional) =

  1

  (2.12)

0,054  (kg/hab.d)

Exemplo 2.3

Calcular o Equivalente Populacional (EP) de uma indústria que possui os

seguintes dados:

• vazão = 120 nr/d

• concentração de DBO = 2000 m g/l

Solução:

A carga de DBO é:

1

 l O r r f / d . 2 0 0 0 g / m

3

carga = vazão . concentração =   — — = 2 4 0  kg DBO/d

1  Q00g/kg

O Equivalente Pop ulacional é:

E P =

  « g y , 2 4 0 k g / d

  =4444hah

carga per capita  0,054  kg/hab.d

Assim, os despejos desta indústria possuem um potencial poluidor (em termos

de DBO ) equivalente a uma população de 4.444 habitantes.

I

  líi  Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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2.6.3. Característ icas dos despejos industriais

As caracter ís t icas dos despejos industr iais var iam essencialmente com o t ipo da

indústria e com o processo industrial utilizado. O Quadro 2.9 apresenta os principais

I

 larâmetros que devem ser investigados para a caracter ização dos desp ejos , em funç ão

do ramo de atividade da indústria. Tal tabela é apenas um guia geral, havendo sempre

possib il idade de que o ef luente de uma determ inada indústr ia possua um p arâm etro

de importância não listado, ou de que certo parâmetro incluído no quadro não seja de

relevância para a indústr ia em consideração.

O presente texto d ireciona-se pr incipalmente para o tratamento de esgotos p redo-

minantemente domésticos . Em assim sendo, o pr incipal parâmetro de in teresse é a

DBO. O Quadro 2 .10 apresenta informações gerais acerca da poluição orgânica

C.crada por determinadas indústrias, inclusive os equivalentes populacionais e as

cargas de DBO por unidade produzida. O E xemp lo 2 .4 i lustra a u ti l ização do quad ro

para a determinação da DBO dos despejos industr iais af luentes a uma HTE.

Características d as águas residitárias

Hl

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Quadro 2.9.

  Principais parâmetros de importância nos efluentes industriais, em função do

ramo de atividade da indústria

R a m o

A t i v i d a d e

D B O o u

D Q O

SS

Óleos

G r a x a s

Fenó is

P H

CN"

Meta i s

Us inas de açúcar e á l coo l

X

X

X

X

C o n s e r v a s c a r n e / p e i x e

X X X

Produtos

Lat i c ín ios

X X X X

alimentares

Matadouros e f r i go r í f i cos

Conserva de f ru tas e vege ta i s

M o a g e m d e g r ã o s

X

X

X

X

. X

X

X

X

Bebidas

Ref r i geran tes

Cerve ja r i a

X

X

X

X

x

X

X

X

A l g o d ã o

X X

Têxtil

L ã

X X X

Têxtil

S in té t i cos

X X

"Fingimento

X

X X X

Couros e peles

C u r t i m e n t o v e g e t a l

C u r t i m e n t o a o c r o m o

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Papel

Process . da po lpa ce lu lose

X

X

X X

Papel

F a b r i c . d e p a p e l e p a p e l ã o

X

X X X

V idros e espa lhos

X

X X

X

Produtos minerais

Fibra de v id ro

X X X X

não metálicos

C i m e n t o

C e r â m i c a

X

X

X

X

X

X

Borrachas

Ar te fa tos de bor racha

P n e u s e c â m a r a s

X

X

X

X

X

X

X

X

Produtos qu ímicos (vár ios )

X

X X X

Produtos

químicos

Labora tó r i o fo tográ f i co

T in tas e coran tes

Inse t i c idas

Des in fe tan tes

X

X

X

X

X

X

Plásticos

P lás t i cos e res inas

X

X X X X

Perfum. e sabões

C o s m é t . , d e t e r g . e s a b õ e s

X X X

Mecânica

P r o d u ç ã o d e p e ç a s m e t á l i c a s

X X

Produção de fe r ro gusa

X X X

X

X X X

Metalúrgica

S i d e r ú r g i c a s

X

X X

X

X

Tra tamento de super f í c ies

X X X X X X

Mineração

At i v idades ex t ra t í vas X

X

Derivados de

Combus t íve i s e l ubr i f i can tes

X X X X

petróleo

Us inas de as fa l to

X

X

Ar tig. elétrico

Ar t i gos e lé t r i cos

X

X

Madeira

S e r r a r i a s , c o m p e n s a d o s

X

Serv. pessoais

L a v a n d e r i a s

X X X

8 4

>

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

Page 82: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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Quadro 2 .10 Caracter ís t icas das águas residuárias de algumas indústr ias

Gênero T ipo

Unidade de

produção

Consumo

espec i f i co de

água (m

3

/unid)

Carga

espec i f i ca de

DEO (kg/unid)

Equiv . popul de

DE O  ( hab/unid)

Concentração

de DBO (mg/ l )

Carga

espec í f i ca de

SS (kq/unid )

Carga

espec i f i ca de

SDT (kg/unid. )

A l iment íc ia

- Conservas ( f r utas / legumes)

- Doces

- Açúcar de cana

• Laticínio sem queijar ia

- Laticínio com queijar ia

- Margar ina

- Matadouros

- Produção de levedura

1  ton

1  ton

1 ton açúcar

10001 leite

10001 leite

1  ton

1 boí /2.5 porcos

1

  ton

4-50

5-25

0,5-10,0

1-10

2-10

20

0.3-0.4

150

30

2-8

2.5

1-4

S-40

30

4-10

1100

500

40-150

50

20-70

90-700

500

70-200

21 000

600-7 500

200-1 000

250-5,000

300-2.500

500-4 000

1.500

15.000-20.000

7.500

4

20-250

300-400

5

19 2 250

Bebidas

- Des t i l ação de ál cool

- Cervejar ia

. Refr igerantes

- Vinha

1  ton

1 m

3

1 m

3

1

 m

3

SO

5-20

2-5

5

220

8-20

3-6

0.25

4 OOO

150-350

50-100

5

3.500

500-4.000

600-2.000

260

1,400

400

Têx i t

- A lgodão

• L ã

- Rayon

- Ny lon

• Polyester

• Lavander ia de lã

- Tinturar ia

- A lvejamento efe tec idos

1  ton

1  ton

1  i on

1  ton

1  ton

1  ton

1  ton

1  ton

120-750

SOO-600

25-60

100-150

60-130

20-70

20-60

150

300

30

45

185

100-250

100-200

16

2.800

5.600

550

800

3.700

2-000-4.500

2 000-3.500

250-350

200-1 500

500-600

500-1.200

350

1  500-3.000

2 000-5 000

2.000-5.000

250-300

70

200

55

30

100

200

480

100

100

150

Couro e Cur tume

- Cur tume

- Sapatos

11on pele

1000 pares

20-40

5

20-150

15

1 000-3.500

300

1  000-4.000

3.000

220-300 350-400

Polpa e Papel

- Fabri c de polpa sul fatada

• Fabr i cação de papel

- Polpa e papel integrados

1  ton

1  ton

1  ton

15-2CÜ

30-270

200-250

30

10

60-500

600

100-300

1000-10.000

300

3 0 0 - 1 0 0 0 0

18

400-1 000

170

Indús t r i a Química

- Tinta

• Sabão

- Retinaria de petróleo

- P V C

t  e mp r e g a d o

1  ton

1 bar r i t { 1171)

1  ton

0.110

25-200

0.2-0.1

12.5

1

50

0 0 5

10

2 0

1000

1

200

10

250-2 000

120-250

800

1.5

Indus t r i a

Não-merál i ca

- V idro e sub produtos

- C imenta (processo seco)

1  ton

1  ton

50

S

-

0.7 8

0.3

Siderúrgi ca

- Fundição

• L a m i n a ç ã o

1  ton gusa

1  ton

3-8

8-50

0.6-1 6

0.4-2.7

12-30

8-50

100-300

30-200

-

Fontes CETESB (1976) , Brai le e Cavalcant i ( 1977) , Arceivala (1981) , Hcsan g e Bischof (1984) . Salvador< 1991) . Wel tzenfeld (1984)

Noia dados nâo preenchidos ( - ) podem s igni f i car dados não s igni fi cat i vos ou dados n io o bt idos

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8/9/2019 Von Sperling

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Exemplo 2.4

Um matadouro abate 30 cabeças de gado e 50 porcos  po r  dia.  Dar as

características estimadas do efluente.

Solução:

Pelo quadro das características dos despejos industriais  (Quadro 2.10),

adoiando-se  como  valor médio o de  7 kgDBO/boi  abatido  (1  bo i-2,5porcos):

a) Carga  de DBO produzida

. . 7

 kgDBO

  30

 bois  . . . .

  n D / 1 /

,

-  bois:  — j——

  •

  —— —  = 2 10  kgDBO/d

1  kgDBO/boi  50  po rco s . . . . ,

-  porcos:  •  — -  =  140   kgDBO/d

2,5

 porcos/boi  a

-  total: 210 +  140 = 350 kgDBO/d

b) Equivalente  populacional (EP)

EP =  ^ ^ 150 kgDBO/d

  = M 8 | hab

carga  per capita

  0,054

  kgDBO/hab.d

c) Vazão  de  esgotos

Pelo Quadro 2.10. adotando-se o  valor médio de 0,35 m

y

/boi abatido  (ou por

2 ,5 porcos abatidos):

,  . 0,35 w

1

  30  b ois . . . ,

-  bois:

  — :— :—

 •

  ; — =  10,5

  m  /cl

bo i  d

0,35  ir?/boi  5 0 p o r c o s

  n

  ,  .  ,

-  porcos:  •  —  =  7  m /d

2,5 porcos/boi  cl

-  total:  10,5  +  7,0 =  17,5 m/d

d) Concentração de DBO nos esgotos

concentração-™   =  kgDBO/d ^

  = 2() 0{)()

  ,

  =

vazao 17.5

  n

?/

c

{

- 2 0 . 0 0 0  mg/l

I

 lí

n t r o d u ç ã o à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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2.7. Exemplo geral de quant if icação de cargas poluidoras

2 . 7 . 1 . Con f igu ração d o p rob lema

Estabelecer as características dos esgotos a serem gerados pela cidade A até

o ano 20 de operação. A projeção populacional prevê os seguintes valores

para a população a ser atendida pela futura estação de tratamento de esgotos:

Ano Popu laçao (hab)

0 40 .000

5 47 .000

10 53 .000

15 58 ,000

20 62.000

A cidade possui  ainda uma indústria de laticínios, com produção de leite,

queijo  e manteiga, que  processa atualmente cerca de 5.000 litros da leite por

dia. Há  previsões de expansão para o ano 10, quando a capacidade será

duplicada.

A  extensão  da  rede coletora de esgotos é prevista em torno de 50 km para o

an o  0, sendo a partir daí expandida num crescimento vegetativo de aproxi-

madamente I km por ano.

Dada a falta de tempo e condições, não foi possível obter-se dados amostrais

da s  características atuais dos esgotos. Estabelecer hipóteses adequadas para

os   diversos parâmetros de cálculo.

2.7.2. Est imat iva das vazões

a) Vazão d om és t ica

•  Vazão média

Assumir :

-  quo ta  pe r  capita de água: QPC= 160 1/hab.d (ver  Quadro 1.1)

-  coef iciente  de  retorno  esgoto/água: R=0,8  (ver  Item 1.2.3)

A  vazão média para o ano  0 é (segundo  a Equação  1.2):

Pop.QPC.R  40 .000  x  1 6 0 x 0 , 8  ,

=  1000  ÍÕÕÕ = 5 . 1 2 0 « / r f ( = 5 9 , 3  l/s)

As vazões dos demais  anos são calculadas de form a s imilar , a l terando-se apenas

a  população.

1 iihu  terísticas das águas residuárias  87

Page 85: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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• Vazão máxima

Adotando-se a fórmula de Harmon (Quadro 1.5), calcula-se a relação Q  máx/Qméd

para a população de cada ano. Para o ano 0, tem-se:

- 1 + - V = 2 , 3 6

Qméd

  4 + V p 4 + V 40

Os valores de  Q

m;

-

ix

  são obtidos mult ip l icando -se  Qméd pela relação  Qmáx/Qméd.

Assim, para o ano 0, tem-se:

Q

má x

  = 2 ,36*59,3

  l/s

  = 139,6

  l/s

As relações e as vazões para os demais anos são calculadas de maneira s imilar ,

al terando-se apenas o valor de P (população/1000) .

• Vazão mínima

Adotar Q mín/Q méd igual a 0 ,5 . Os valores de Q,„f

n

  são obtidos m ult ip l icando-se

Qméd

 pela relaç ão

  Qmín/Qméd.

  Assim, para o ano 0, lem se

Qntin = 0,5 x 59,3

  l/s =

 29,6

  l/s

As relações e as vazões para os demais anos são calculadas de maneira similar.

b) Vazão de inf i l tração

Adotar Qini = 0,3 l/s.km de rede coletora. Considerar o valor resultante de cada

ano, como incid indo apenas nas vazões média c máxima.

Para o ano 0, tem-se:

Q i „ f =  50  km  . 0,3 l/s.km=  15,0 l /s  (= 1.296  nr/d)

As vazões para os demais anos são calculadas de maneira s imilar , lem brando-se

apenas que a cada ano a rede coletora aumenta I km.

c) Vazão industrial

Adotar o valor de 7 nr

1

  de esgoto por 1000

  1

  de lei te processado (admitindo o

consumo de água igual à produção de esgoto) (ver Quadro 1.6).

Considerar , para os anos 0 e 5 , o processa mento de 5 .000  I de leite po r dia e, p ara

os anos de 10, 15 e 20, o processamento de 10.000 l/d (dado do problema).

Adm itir que a vazão máxima é 1 ,5 vezes a vazão m édia, e que a vazão mínim a é

0,5 vezes a vazão média,

Para o ano 0, tem-se:

-

  Qmcd

 = 5 nr leite x 7 nr' esgoto/nr leite = 35 nrVcl (= 0,4 l/s)

- Qmáx

  =  1,5

  X Qmcd

  =  1,5

  X

  0 ,4 = 0 ,6 l / s

- Qmm  =  0,5  X Qméd  = 0,5  X  0 ,4 = 0 ,2 l / s

As vazões para os dem ais anos são calculadas de mane ira s imilar .

85

Introdução  1 1 qualidade das águas e ao tratamento  dc  esgolos

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ETFES  Bib l io teca

d) Vazão total

A vazno to tal corre spon de à  soma das vazões doméstica, de inf i l tração e indiisii i.il

Ass im,  para o ano  0 ,  a vazão total  af luente à  estação de  tratamento  é:

vazão  total  = vazão domestica + vazão  infiltração  +  vazão  industrial

-  vazão média total  =59,3  +  15,0  +  0,4 = 74,7  l/s  (=  6.451 m

3

/d)

-  vazão  máxima  total =139,6 +  15,0 + 0 ,6  =  155,2  l/s  (= 13.409  té/d)

-  vazão mínima total  =29,6 + 0,0 +  0,2 =  29,8  l/s  (=  2.575  m

3

/d)

As  vazões para os demais anos são calculadas  de  maneira similar.

2.7.3. Carga dc DIU)

a) DBO d omés t ica

Adotar a  produção per capita de 50 gDBOj/hab.d (ver Quad ro  2.7)

Para  a popu lação do  ano  0 ,  tem-se:

carga  de DBOs  doméstica  = 50g/hab.dx40.000  hab = 2x

  W>

 g /d

  =

 2.000 kg/d

As cargas para  os  demais anos  são calculadas de maneira  similar.

b) DBO das águas de inf i l tração

Considerar como nula a carga dc  D B O  pelas  águas  de  infiltração.

c) DBO industrial

Adotar o valor de 25 kg de D B O  por  10001 d c lei te processado  (ver  Quad ro  2 .10).

Considerar ,  para  os  anos  0 e 5 , o processame nto de 5 .000  I  de leite  por dia e, para

os  anos  de 10,  15 e  20,  o p rocessamen to  de  10.000 l/d  (dado  do problema) ,

Para  o ano 0 ,  tem-se:

carga de  DBOs  industrial  = 2 5  kg/1000 l leite  x  5.000 l leite/d  =  125 kg/d

As  cargas  para  os demais anos  são calculadas  de maneira similar.

d) Carga de DBO total

A  carga de  D B O  total  co r r esponde  à  s o m a  das  cargas de  D B O  domés t ica ,  D B O

de inf i l tração e  D B O  industrial. Assim, para o ano 0,  a  carga total de  D B O  é:

carga  DBOs  total  -  carga DBOs doméstica + carga

  DBO<;

  infiltração + carga

DBOs industrial

carga  DBOs  total  =  2.000  + 0+  12 5  = 2.125 kg/d

As cargas totais para os demais anos são calculadas de maneira similar.

2 . 7 . 4 . Con cen t ração d e DBO

A concen t r ação de  D B O  é  dada  pelo quociente  entre a carga de  D B O  e  a vazão

d e esgotos (ver Equa ção 2 .5) . Aco ncentra ção de D B O do s esgotos  af luentes à es tação

de tratamento no ano  0 é:

Características das águas residuárias  VI

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8/9/2019 Von Sperling

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concentração = carga/vazão = (2.125 kg/cl) / (6.451 m

 3

/d) = 0,329 kg/m

3

  = 329

g/m

3

  = 329 mg/l

As concentraçõ es de D BO para os demais anos são calculadas de maneira s imilar.

2.7.5. Apresentação dos resultados

O Quadro 2 .11 apresenta o resumo dos d iversos valores determinados segundo

os critérios propostos. Deve-se esclarecer que tal quadro pode ser ampliado para

incluir outras características dos esgotos, tais como sólidos em suspensão, nitrogênio

e fósforo . A metodo logia a ser empregada é a mes ma uti l izada para a DB O.

9 0

Introdução  11 qualidade das águas e ao tratamento dc  esgolos

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Quadro 2.11 Vazões e cargas afluentes à ETE

Dados

 da

 Comundade VazSoEsgolosf/s)

Carga Je DBO Méda

 W d )

Equival

Concenraçâo

 de DBO

  (mo/0

AiD

ExensSo Prod.

Pop

Rede Induslr.

(hah

(km) ( leie)

Vazão

 Doméstca

Vaz®

Inlltr.

Vazäo Industrial

VazSo Tota

 (ft) ^

Domés-

Infiltr. IrduSK- Talai

tea

Popul.

Induslr

(hab)

Inlillr. Industr. Tota

l o

ExensSo Prod.

Pop

Rede Induslr.

(hah

(km) ( leie)

Vazäo Vazäo Vazäo

Minima Média Máiira

Vaz®

Inlltr.

Vazio Vazão Vazas

Mínima Média Máii™

Méda

Vazäo Vazäo Vazäo

Minima Média Máxma

Domés-

Infiltr. IrduSK- Talai

tea

Popul.

Induslr

(hab)

Inlillr. Industr. Tota

l o

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11

12

13 14 15 16 17 18

19

20 21 22

23 24

0

40000

50

5000

29.6 59.3 139.6 15.0

02

0,4

0,6

29â 74? 155.2 645:

  :

2000 0 126 : 2725 :

2500 391 0 3571 529

5 47000 55 5000 34,8 69.6 159.4 16.5 0 2 0.4

0,6 35.0 35,5 176,5 7477 2350

0 125 2475 2500 391 0 3571 331

10

53000 60 10000 39,3 78.5 176,0 18,0

0,4

0.8

1.2

39.7 97,3 195.2 8409: 2550 0

250 2900 : 50D0 391 0 3571 346:

IS 58000 65 loooo

43.0 65.9 169.5 19.5

0.4

0.8

1,2

43,4 106 2 210,2 9179. 2900

0 250 3150 5000 391 0 3571

343

20 62000

70

loooo 45,9 91,9

200,1

21,0

0,4

0.8

1,2

46.3

222.4 9820 3100

0 250

3350

5000 391 0 3571

341

col1: dados do problema

col 2

 dados

 do   problems

col 3: dados do problema

col  4:   dados do problema

col 5 = col 6 x 0.5

col 6« col 2 x (160 l/hab. d  x 0.8) /86400 s/d

col   7 = colSx  (1 t 14(4  f(cOl 1/1000?*))

col 8 =  col 3  x 0.3 l/s.  km

col 9

 —

  col 10x0.5

col 10 = col  4

 X

  7 nf esg/rrr lei

 re

  x 1000 f/rrf /86400 s/d

col   11   = col 10 x  1.5

col 12 = col 5 + col 9

col 13 = col 6

 +

  col 8 + col

  10

col

  14

  = col 7 * col 8 + col

  11

col 15 = col

  13

 x 86400 s/d /

  1000

 l/rrf

col   16   = col 2x0.050 kg/hab d

col 17 = 0

col 18 = col 4x25 kg/1000  I  Isle

col 19 = cot 16 + col 17+col 13

col 20= col 18/0.050 kg/habM

col 21 = col  16  x   1000  /irr x   1000 g/kg/(co 6 x 86400 s/d)

col 22 = col 17 x

  1COO 1/irP

 x

  1000

 g/kg / (col 8 x 86400 s/d)

col23 = col ISx

  1000 Urr?

 x

  1000

 g/kg/(col

  10

 x 86400s/d)

CO  124  - (col  19/col 15) x 1000 g/kg

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CAPÍTULO 3

Imp acto do lançamento de

efluentes nos corpos receptores

1 . P O L U I Ç Ã O P O R M A T É R I A O R G Â N I C A E

A U T O D E P U R A Ç Ã O D O S C U R S O S D ' Á G U A

14. In t rod u ção

O presente i tem aborda um dos pr incipais problemas de poluição dos cursos

d 'águ a, já so lucionad o nos países mais desenvolvido s, mas ainda de grande vulto em

nosso país , a saber , o consu mo do oxigênio d issolv ido após o lançamen to de esgotos ,

A importância da compree nsão deste fenôm eno no contexto da área de tratamento de

esgotos relaciona-se à determinação da qualidade permitida para o ef luente a ser

lançado, incluindo o nível de tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na

remoção de DBO.

. inirodnç ãn de  matéria orgânica  em um corpo d 'agu a resu Ita, indi rettameale^no

cçinsumo de oxistêniodissolvido.  Tal se dev e aos proces sos de estabili zação da matéria

orgânica realizados pelas bactérias decompositoras, as quais utilizam o oxigênio dispo-

nível no meio líquido para a sua respiração. O decréscimo da concentração dc oxigê nio

dissolv ido tem diversas implicações do ponto de v is ta ambiental , consti tu indo-se,

com o já d ito , em um dos pr incipais problema s de poluição das águas em nosso meio .

O objetivo deste texto éo estudo do fenôm eno do consum o do oxigênio d issolv ido

e da autodepuração, através da qual o curso d 'água se recupera, por meio de

mecanismos puramente naturais . Ambos os fenômenos são analisados do ponto de

vis ta ecológico e, poster iormente, mais especif icamente, através da representação

matemática da trajetór ia do oxigênio d issolv ido no curso d 'água.

Hm te rmos mais amp los , o f enômeno da au todepu ração es tá v incu lado ao

restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, por mecanismos essencialmente

luih.trais^qprísasjilteraç ões induzidas pelos despejos afluentes.   Dentro de uma visão

mais específ ica, tem-se que, como par te in tegrante do fenômeno de autodepuração,

us compostosjirgânicos são conver t idos eQixomimsl&sjner tes e não prejudiciais do

| ioníg_de v is ta eco lógic o .

Deve ser entendido que o conceito de autodepuração apresenta a me sma relatividade

<|tie o conceito d e poluição. Um a água pode ser considerada depurada, sob um ponto de

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

9 3

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vista, mesm o que não esteja totalmente purificada em term os higiênicos, apresentando,

I >or exemplo, organismos patogênicos. Dentro de um enfoq ue prático, deve-se co nsiderar

que um a água esteja depurada quan do as suas características não mais sejam c onflitantes

com a sua utilização prevista em cada trecho do curso d'água . Isto porque não existe um a

depuração absoluta: o ecossis tema atinge novamente o equil íbr io , mas em condições

diferentes das anter iores , devido ao incremento da concentração de cer tos produtos

e subprodutos da decomposição . Em decorrência destes compostos , a comunidade

aquática se apresenta de uma forma diferente, ainda que em novo equil íbr io .

É de grande importância o conhecime nto do fenôm eno de autodepuraç ão e da sua

quantif icação, tendo em vis ta os seguintes objet ivos:

• Utilizara capacidade de assimilação dos rios.  Dentro de uma visão prática, pode -se

considerai

-

  que a capacidade que um corpo d 'água tem de assimilar os despejos ,

sem apresentar problemas do ponto de v is ta ambiental , é um recurso natural que

pode ser explorado. Esta v isão realís t ica é de grande importância em nossas

condições, em que a carência de recursos just if ica que se u ti l ize os cursos d 'água

com o complem entaçã o dos processos que ocorrem no tratamento de esgotos (desd e

que fei to com pa rsimônia e dentro de cr i tér ios técnicos seguros e bem def in idos) .

• Impedir o lançamento de despejos acima do que possa suportar o corpo d'água.

Desta forma, a capacidade de assimilação do corpo d 'água pode ser u t i l izada até

um ponto aceitável e não prejudicial , não sendo admitido o lançamento de cargas

poluidoras acima deste l imite.

1 . 2 . Asp ect os eco lóg icos d a au t od ep u raçã o

1.2.1. Aspectos gerais

O ecossis tema de um coipo

 d

1

 água antes do lançamento de despejos encontra-se

usualmente em um estado de equil íbr io . Após a entrada da fonte de poluição , o

equil íbr io entre as comunidades é afetado, resultando numa desorganização in icial ,

seguida por uma tendência poster ior à reorganização.

Neste sentido, a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno de

  sucessão

ecológica.

 H á uma sequência sistemática de substituições de uma comu nidade por outra,

até que uma comu nidade estável se es tabeleça em equil íbr io com as condições locais .

A presença ou ausência de poluição pode ser caracter izada através do conceito de

divers idade de espécies , como exposto a seguir :

- Ecoss i s t ema em con d ições n at u rais :

  elevada diversidade de espécies

elevado número de espécies

reduzido número de indiv íduos em cada espécie

- Ecoss i s t ema em con d ições   perturbadas:  baixa diversidade de espécies

reduzido número de espécies

elevado número de indiv íduos em cada espécie

I

 líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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A Figura 1,1 apresenta a visualização esquemática da relação entre poluição e

diversidade de espécies.

Divers idade

de espéc ies

E T F E S - B i b l i o t e c a

Polu ição

F i g . 1 . 1 . R e l a ç ã o q u a l i t a t i v a e n t r e p o l u i ç ã o e d i v e r s i d a d e d e e s p é c i e s ( a d a p t a d o d e A r c e i v a l a , 1 9 8 1 ) .

A redução na diversidade de espécies se deve ao fa to d e q ue a poluição é seletiva

para  as espécies:  somente aquelas bem adaptadas às novas condições ambienta is

sobrevivem   e,  mais do que isso, proliferam  (resultando em  um  elevado número de

indivíduos nessas poucas  espécies).  As demais espécies não resistem  às  novas

condições ambienta is ,  podendo vi r a sucumbir (conduzindo  a  um reduzido  número

total de espécies).

1.2.2. Zonas dc autodepuração

Por ser  a  autodepuração  um  processo que  se desenvolve ao  longo do tempo, e

considerando-se a dimensão do curso d 'água receptor como predominantemente

longi tudinal , tem-se  qu e  os estágios  da sucessão ecológica  podem ser associados  a

zonas fisicamente identificáveis no rio. São quatro as principais

  zonas de autodepu-

ração:

-^zona de degradação

-_zona de decomposição-alhia

-  zona de recuperação

- zonade águas limpas^

A jusante do lançamento de um despejo predominantem ente  orgânico  e biode-

gradável,  tem-se  as  seguintes características de cada zona (von Sperling, 1983).

Deve -se ressaltar que , a montante do lançamento d os despejos, tem-se

 a

 zona  de águas

limpas,  caracterizada pelo seu equilíbrio ecológico e elevada qualidade da água. A

Figura  1.2 apresenta a trajetória dos três principais parâmetros (matéria orgânica,

bactér ias decomposi toras e oxigênio dissolvido) ao  longo das  quatro  zonas.

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

9 5

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Z O N A D E D E G R A D A Ç Ã O O

7

C a r a c t e r í s t i c a

D e s c r i ç ã o

Característica

geral

Esta zona tem in íc io l ogo após o l ançamento c ias águas res iduár ias no curso

d 'água. A p r i nc ipa l ca rac te r ís t i ca qu imica é a a l ta concent ração de matér ia

o r g â n i c a , a i n d a e m s e u e s t á g i o c o m p l e x o , m a s p o t e n c i a l m e n t e d e c o m p o n í v e l .

Aspecto estético

N o p o n t o  d e l a n ç a m e n t o  a água se apresen ta tu rva ,   d e v i d o  a o s s ó l i d o s p r e s e n t e s

n o s e s g o t o s A  s e d i m e n t a ç ã o  d e  s ó l i d o s  resu l ta  n a f o r m a ç ã o  d e  b a n c o s  de l odo .

Matéria orgânica

e oxigênio

dissolvido

C o m o o n o m e b e m c a r a c t e r i z a , n e s t a z o n a h á u m a c o m p l e t a d e s o r d e m , e m r e l a ç ã o

ã c o m u n i d a d e e s t á v e l a n t e s e x i s t e n t e . 0 p r o c e s s o d e d e c o m p o s i ç ã o d a m a t é r i a

o r g â n i c a , e f e t u a d o p e l o s m i c r o r g a n i m o s d e c o m p o s i t o r e s , p o d e t e r u m i n ic i o l e n t o ,

d e p e n d e n d o d a a d a p t a ç ã o d o s s e r e s d e c o m p o s i t o r e s a o s d e s p e j o s N o r m a l m e n t e ,

r i o c a s o d e d e s p e j o s p r e d o m i n a n t e m e n t e o r g â n i c o s , o s m i c r o r g a n i s m o s p r e s e n t e s

n a s á g u a s r e s i d u á r ia s s ã o o s r e s p o n s á v e i s p e l o in í c io d a d e c o m p o s i ç ã o . C o m o e s t a

p o d e s e r a i n d a i n c i p ie n t e , o c o n s u m o d e o x i g ê n i o d i s s o l v i d o p a r a a s a t i v i d a d e s

r e s p i r a t ó r i a s d o s m i c r o r g a n i s m o s p o d e s e r t a m b é m r e d u z i d o , p o s s i b i l i t a n d o a q u e

se ja encon t rad o ox igên io d i sso l v ido su f i c i en te para a v ida de pe i xes . Apó s a

a d a p t a ç ã o d o s m i c r o r g a n i s m o s , a t a xa d e c o n s u m o d a m a t é r i a o r g â n i c a a t i n g e o

s e u m á x i m o , i m p l i c a n d o t a m b é m n a t a x a m á x i m a d e c o n s u m o d e o x i g ê n i o

d i s s o l v i d o .

Microrganismos

decompositores

A o ó s o p e r í o d o d e a d a p t a ç ã o , i n i ci a - s e a p r o l i fe r a ç ã o b a c t e r i a n a , c o m u m a

p r e d o m i n â n c i a m a c i ç a d a s l o r m a s a e r ó b i a s , o u s e j a , q u e d e p e n d e m d o o x i g ê n i o .

Microrganismos

decompositores

d i s p o n í v e l n o m e i o p a r a o s s e u s p r o c e s s o s m e t a b ó l i c o s , A s b a c t é r i a s

d e c o m p o s i l o r a s , p o s s u i n d o a l i m e n t o e m a b u n d â n c i a , n a f o r m a d a m a t é r i a o r g â n i c a

in l rodOz ida pe tos despe jos , e com su f i c ien te ox igên io para a sua resp i ração , têm

a m p l a s c o n d i ç õ e s p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o e r e p r o d u ç ã o . 0 t e o r d e m a t é r i a

o r g â n i c a a p r e s e n t a o s e u m á x i m o n o p o n t o d e l a n ç a m e n t o e . d e v i d o à

d e c o m p o s i ç ã o p e l o s m i c r o r g a n i s m o s , p r i n c i p i a a d e c r e s c e r .

Subprodutos da

decomposição

H á u m a u m e n t o n o s t e o r e s d e g á s c a r b ô n i c o , u m d o s s u b p r o d u t o s d o p r o c e s s o

r e s p i r a t ó r i o m i c r o b i a n o . C o m o a u m e n t o d a s c o n c e n t r a ç õ e s d e C O 2 , c o n v e r l i d o a

á c i d o c a r b ô n i c o  n a á a u a , p o d e  h a v e r u m a q u e d a  n o  p H  d a á q u a ,  t o r n a n d o - a m a i s

á ç i d a

Lodo de fundo

N o t o d o d e f u n d o , d e v i d o â d i f i c u l d a d e d e i n t e r c â m b i o g a s o s o c o m a a t m o s f e r a ,

p a s s a m a p r e v a l e c e r c o n d i ç õ e s a n a e r ó b i a s , i s t o ê , d e a u s ê n c i a d e o x i g ê n i o

d i s s o l v i d o . C o m o c o n s e q u ê n c i a d e t a l, h á a p r o d u ç ã o d e g á s s u l f í d r ic o , p o t e n c i a l

g e r a d o r d e o d o r e s d e s a g r a d á v e i s .

Nitrogênio

O s c o m p o s t o s n i t r o g e n a d o s c o m p l e x o s a p r e s e n t a m - s e a i n d a e m a l t o s t e o r e s ,

e m b o r a j á o c o r r a a c o n v e r s ã o d e g r a n d e p a r t e d o s m e s m o s   a  amón ia .

Comunidade

aquática

hfà  1 i m a s ff p s í ve l d i m j f l j j i í ã e - d a j i ú m e r o d e e s p é c i e s d e s e r e s v i v o s , e m b o r a 0

Comunidade

aquática

n n m p r n H p i n rl j u ir f u o s e m c a d a u m a s e j a b e m e l e v a d o , c a r a c t e r i z a n d o u m

Comunidade

aquática

e c o s s st e m a _ 2 ê r t u [ b a d o , H á 0 d e s a p a r e c i m e n t o d a s f o r m a s m e n o s a d a p t a d a s e a

p r e d o m i n â n c i a e d e s e n v o l v i m e n t o d a s f o r m a s r e s i s t e n te s e m e l h o r a p a r e l h a d a s à s

n o v a s c o n d i ç õ e s . A q u a n t i d a d e d e b a c t é r i a s d o j j r u p o c o l i t o r m e . o r i u n d a s d o t r a t o

/

i n tes t i na l humano, é bas tan te e levada, quando a po lu i ção tem como fon te

c o n t a m i n a ç õ e s d e o r i g e m h u m a n a , c o m o e s g o t o s d o m é s t i c o s . O o o r r e m t a m b é m

p r o t o z o á r i o s q u e s e a l im e n t a m d e b a c t é r i a s , a l é m d e f u n g o s q u e s e a l i m e n t a m d a

m a t é r i a o r g â n i c a . A p r e s e n ç a d e a l g a s é ra r a , d e v i d o à d i f i c u l d a d e d e p e n e t r a ç ã o

da luz , em razão da tu rb idez da água, f ru to dos só l i dos em suspensão in t roduz idos ,

p e l o s e s g o t o s . O c o r r e u m a e v a s ã o d e h i d r a s , e s p o n j a s , m u s g o s , c r u s t á c e o s . . j j

mo lusco s e pe i xes . "

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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Z O N A D E D E C O M P O S I Ç Ã O A TIV A

C a r a c t e r í s t i c a

D e s c r i ç ã o

Característica

geral

A p ó s  a  f a s e  inic ial  de per tu rbação do ecoss i s tema, es te p r i nc ip ia a se o rgan izar ,

c o m o s m i c r o r g a n i s m o s d e s e m p e n h a n d o a t i v a m e n t e s u a s f u n ç õ e s d e

d e c o m p o s i ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a . C o m o c o n s e q u ê n c i a , o s r e f l e x o s n o c o r p o

d ' á g u a a t i n g e m  os   s e u s  n íve i s ma is acen tuados , e   a  q u a l i d a d e d a  á g u a

apresenta -se em seu es tado ma is de te r i o rado .

Aspecto estético

O b s e r v a - s e a i n d a a c e n t u a d a c o l o r a ç ã o n a á g u a e os d e p ó s i t o s d e l o d o e s c u r o n o

fundo.

Matéria orgânica

e oxigênio

dissolvido

N e s t a z o n a o o x i g ê n i o d i s s o l v i d o a t i a g a â ^ ü O 3 ê I 2 L 5 i 2 2 £ ® n í â £ â

0

  C a s o

  a

q u a n t i d a d e d e e s g o t o l a n ç a d a t e n h a s i d o d e u m a c e r t a m a g n i t u d e , p o d e s e r q u e o

o x i g ê n i o d i s s o l v i d o v e n h a a se r to t a l m e n t e c o n s u m i d o p e l o s m i c r o r g a n i s m o s . N e s t a

s i t u a ç ã o , t e m - s e c o n d i ç õ e s d e a n a e r o b i o s e e m t o d a a m a s s a j i g u i d g , n o t r e c h o e m

q u e s t ã o , D e s a p a r e c e , c o n s e q u e n t e m e n t e , a v i d a a e r ó b i a , d a n d o l u g a r â

p r e d o m i n â n c i a d e o r g a n i s m o s a n a e r ó b i o s

Microrganismos

decompositores

A s b a c t é r i a s d e c o m p o s i t o r a s p r i n c i p i a m a s e r e d u z ir e m n ú m e r o , d e v i d o

p r i n c i p a l m e n t e à r e d u ç ã o n a d i s p o n i b i l i d a d e d e a l i m e n to , e m g r a n d e p a r t e j á

es tab i l i zado . Out ros fa to res i n te ragem a inda na sua redução, como luz , f l ocu laçâo ,

a d s o r ç â o , p r e c i p i t a ç ã o .

Subprodutos da

decomposição

C a s o h a j a r e a ç õ e s a n a e r ó b i a s , o s s u b p r o d u t o s s ã o , a l é m d o g á s c a r b ô n i c o e d a

água. o metano , gás su l f íd r i co , mercap tanas e ou t ros , vá r ios de les responsáve is

p e l a g e r a ç ã o d e m a u s o d o r e s .

Nitrogênio

0 n i t rogên io aprese n ta -se a ind a na fo rma org ân ica , emb ora a ma io r par te j á se

encont re na fo rma de amón ia . No f i na l da zona, j á com a p resença de ox igên io

d i sso l v ido , pode p r inc ip ia r a ox idação da amón ia a n i t r i to .

Comunidade

aquática

0 n ú m e r o d e b a c t é r i a s e n t é r i ca s , q u e r p a t o g ê n i c a s o u n ã o , d im i n u i r a p i d a m e n t e

I s to s e d e v e a q u e t a is b a c t é ri a s , a d a p t a d a s à s c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s p r e v a l e c e n t e s

no t ra to i n tes t i na l humano, não res i s tem ãs novas cond ições ambien ta i s ,

p r e d o m i n a n t e m e n t e a d v e r s a s à s u a s o b r e v i v ê n c i a . 0 n ú m e r o d e p r o t o z o á r i o s s e

e leva , o que imp l i ca na ascençâo em um degrau na p i râmide a l imentar , den t ro do

p r o c e s s o d e s u c e s s ã o e c o l ó g i c a . O c o r r e   a  p r e s e n ç a d e a l g u n s m i c r o r g a n i s m o s e

la rvas de i nse tos , do tados de me ios para sobrev i ver nas cond ições p redominantes .

No en tan to , a macro fauna é a inda res t r i ta em espéc ies . Não vo l ta ram a surg i r a inda

as h id ras , espon jas , musgos , c rus táceos , mo luscos e pe i xes .

Impado do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

9 7

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Z O N A D E R E C U P E R A Ç Ã O

C a r a c t e r í s t i c a

D e s c r i ç ã o

Característica

qeral

A p ó s a f a s e d e i n t e n s o c o n s u m o d e m a t é r i a o r g â n i c a e d e d e g r a d a ç ã o d o a m b i e n t e

aquá t i co , i n i c ia -se a e tapa de r ecupe ração.

Aspecto estético

A áqua es tá ma is c la ra e a sua aparênc ia gera l apresen ta -se g randemente

m e l h o r a d a . O s d e p ó s i t o s d e l o d o s e d i m e n t a d o s n o ( u n d o a p r e s e n t a m u m a t e x t u r a

mais n ranu la r i a e não tâo  li n a . n ã o h a v e n d o m a i s d e s p r e n d i m e n t o d e a a s e s o u d e

mau che i ro .

Matéria orgânica

e oxigênio

dissolvido

A matér ia o rqàn ica , i n tensamente consumida nas zonas an te r io res , j á se encont ra

g r a n d e m e n t e e s t a b i l iz a d a , o u s e j a , t r a n s f o r m a d a e m c o m p o s t o s i n e r lf i s . Is t o i m p l i c a

em que o consumo de ox igên io , a t ravés da resp i ração bac te r i ana , se ja ma is

r e d u z i d o ,  C o m  i s s o , p a r a l e l a m e n t e á i n t r o d u ç ã o d e o x i g ê n i o a t m o s f é r i c o  n a  m a s s a

l i q u i d a , a u m e n t a m o s t e o r e s d e o x i g ê n i o d i s s o l v id o ( a p r o d u ç ã o d e o x i g ê n i o p e l a

r e a e r a ç ã o a t m o s f é r i c a p a s s a  a  ser ma io r que o consumo de ox igên io para   a

e s t a b i l i z a ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a ) . A s c o n d i ç õ e s a n a e r ó b i a s p o s s i v e l m e n t e

p r e p o n d e r a n t e s n a  z o n a  an te r io r  nã o  m a i s o c o r r e m .  Is to  tr a z c o m o c o n s e q u ê n c i a

u m a n o v a m u d a n ç a n a l a u n a  e na   t l o ra aquát i cas .

Nitrogênio

A arnõn ia é conver t i da a n i t ri tos e es tes a n i t ra tos A lém des te s , os com pos tos de

f ó s fo r o s ã o t r a n s f o r m a d o s

  a

  l os fa tos . Ocor re , por tan to , uma fe r t i l i zação do me io ,

pe la p rodução dos sa i s m inera i s (n i t ra tos e - fos fa tos ) , os qua is são nu t r i en tes para as

a l g a s .

Algas

D e v i d o á p r e s e n ç a d e n u t r i e n t e s,  e  ã m a i o r t r a n s p a r ê n c i a d a á g u a { p r o p o r c i o n a n d o

u m a m a i o r p e n e t r a ç ã o d a l u z ). t i ^ _ c o n t i i ç c i e s i i a i a . o d e s a Q r o i w n e n t s J a s j j l g a s .

C o m a s u a p r e s e n ç a , h á a p r o d u ç ã o d e o x i g ê n i o p e l a l o lo s s i n t e s e , e le v a n d o a i n d a

mais os teores de ox igên io d i sso l v ido no me io . A inda em decor rênc ia da p resença

de a lgas , ocor re uma ma io r d i vers i f i cação da cade ia a l imentar , em razão do

d e s e n v o l v i m e n t o d e m i c r o r g a n i s m o s h e t e r o t ró f i c o s q u e d e l a s s e a l im e n t a m .

Comunidade

aquática

0 n u m e r o d e b a c t é r i a s e n c o n t ra - s e b e m m a i s r e d u z i d o e , c o m o c o n s e q u ê n c i a ,

t a m b é m o  d e  p r o t o z o á r i o s b a c l e r i ó l a g o s . A s a l g a s a p r e s e n l a m - s e e m f r a n c a

r e p r o d u ç ã o .  A s  p r ime i ras a aparecer são as a lgas  azu is ,  na super f í c ie e nas

mar gens , depo i s os f lagelados e a iga s verde s e , f i na lmen te , as d ia tomác eas , Os

m í c r o c r u s t á c e o s o c o r r e m e m s e u m á x i m o , a p r e s e n t a n d o - s e a i n d a e m g r a n d e

n ú m e r o o s m o l u s c o s e v á r io s v e r m e s , d i n o f l a g e l a d o s . e s p o n j a s , m u s g o s e l a r v a s d e

inse tos .  A cade ia a l imen la r  e s t á m a i s d i v e r s i f ic a d a , g e r a n d o  a  a l i m e n t a ç ã o d o s

pr ime i ros pe i xes , ma is to le ran tes ,

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 95/238

Z O N A D E Á G U A S L I M P A S ^

C a r a c t e r í s t i c a D e s c r i ç ã o

Característica

geral

A s á g u a s a p r e s e n t a m - s e n o v a m e n t e l i m p a s , v o l t a n d o

  a

  s e r a t in g i d a s a s c o n d i ç õ e s

norma is an te r i o res à po lu i ção , pe lo menos no que d i z respe i to ao ox igên io

d i sso l v ido , á matér ia o rgân ica e aos teores de bac té r i as e , p rovave lmente , de

o r g a n i s m o s p a t o g ê n i c o s

Aspecto estético

A aparênc ia da água encont ra -se s im i l a r á an te i i o r á ocor rênc ia da po lu i ção

Matéria orgânica

e  oxigênio

dissolvido

Na massa l i qu ida  h á  a p r e d o m i n â n c i a  d a s  f o r m a s  c o m p l e t a m e n t e  o x i d a d a s  e

e s t á v e is d o s c o m p o s t o s m i n e r a i s , e m b o r a o l o d o d e f u n d o n ã o e s t e j a

n e c e s s a r i a m e n t e e s t a b i l i z a d o , A c o n c e n t r a ç ã o d e o x i g ê n i o é p r ó x i m a â d e

s a t u r a ç ã o , d e v i d o a o b a i x o c o n s u m o p e l a p o p u l a ç ã o m i c r o b i a n a e à p o s s i v e l m e n t e

e l e v a d a p r o d u ç ã o p e l a s  a lgas .

Comunidade

aquática

Dev ido à minera l i zação ocor r i da na zona an te r io r , as águas são agora ma is r i cas em

nu r i en tg£-dQ_que a j j tes da po lu i ção . Ass im , a p rod ução d e a lgas é bem m aio r . Há o

r e s t a b e l e c i m e n t o d a c a d e i a a l i m e n t a r n o r m a l . S ã o e n c o n t r a d a s n i n f a s d e o d o n a t a s ,

e f e m é r i d e s , a s s i m c o m o g r a n d e s c r u s t á c e o s d e á g u a d o c e , m o l u s c o s e v á r i o s

p e i x e s . A d i v e r s i d a d e d e e s p é c i e s é g r a n d e . 0 e c o s s i s t e m a e n c o n t r a - s e e s t á v e l e a

c o m u n i d a d e a t i n g e n o v a m e n t e o c l i m a x .

ETFES -B ib l i o tec a

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

99

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Z O N A S D E A U T O D E P U R A Ç Ã O ^

ESGOTOS

CURSO DÁGUA

Matér ia

orgân ica

M A T E R I A O R G Â N I C A

distância

Bactérias

BA C T É R I A S

distância

Ox ig ê n io

dissolvido

O X I G Ê N I O D I S S O L V I D O

distância

Z O N A S

Aguas l impas

D egr adação

Decomposição a t iva

Recuperação

Águas l impas

r i u , | , 2 , I V i í il e s q u e m á t i c o d a c o n c e n t r a ç ã o ci a m a t é r i a o r g â n i c a , b a c t é r i a s d c c o m p o s i t o r a s e o x i g ê n i o

dissolvido

  nu li in j;i) do  [ l u r c i i rs o n o c u r s o d ' A g u a . D e l i m i t a ç ã o d a s z o n a s d e a u t o d e p u r a ç ã o .

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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^  E T

r

E S - B i b l i o t e c a

1.3. O balan ço do oxig ênio dissolvido 7

1.3.1. Fatores interagcntes no balanço dc O D

1.3.1.1. Introdução

Em termos ecológicos, a repercussão mais nociva da poluição de um corp o d 'águ a

por matéria orgânica é a queda nos níveis de oxigênio dissolvido, causada pela

respi ração dos microrganismos envolvidos na depuração dos esgotos. O impacto é

estendido a toda a comunidade aquática, e cada redução nos teores de oxigênio

dissolvido é seletiva para determinadas espécies.

O oxigênio dissolvido tem sido util izado tradicionalmente para a determinação

do grau de poluição e de autodepuração em cursos d 'águ a. A sua medição é simples,

e o seu teor pode ser expresso em concentrações, quantificáveis e passíveis de

modelagem matemát ica .

As águas con st i tuem amb ientes bastante pobres em oxigênio, em v ir tude da baixa

solubilidade deste. Enquanto no ar a sua concentração é da ordem de 270 mg/l, na

água, nas condições normais de temperatura e pressão, a sua concentração se reduz

aproximadamente a apenas 9 mg/ l . Desta forma, qualquer consumo em maior

quantidade traz sensíveis repercussões quanto ao teor de oxigênio dissolvido na massa

líquida.

No processo de autodepuração há unnf Ibalançohntre  as fontes de consum o e as

fontes de produção de oxigênio. Quandó a taxa de consumo é superior à taxa de

produção, a concentração de oxigênio tende a decrescer , ocorrendo o inverso quand o

a taxa de con sum o é inferior à taxa de produ ção. Os principais fenô me nos interagentes

no balanço do oxigênio dissolvido em um curso d 'água encontram-se apresentados

na Figura 1.3, e l istados no Quadro 1.1.

FENÔMENOS INTERAGENTES NO BALANÇO DO OD

r e a e r a ç õ o

a tmos fé r i c a

DBO solúvel OD " rftriB^^A«

e f inamente par l icu l ada mtr i t ica çao

(ox idaç ão )

d e m a n d a b e n t ô n i c a

DBO suspensa

  QQQ

  q d

(s ed imen taç ão )

O D

D BO J r e vo lv i me n to

Fig. 1.3. Mecanismos interagentes no balanço do oxigênio dissolvido

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 0 1

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Qu ad ro 1.1 Principais fenômenos intcragentes no balanço do OD

C o n s u m o d e o x i g é n i o

P r o d u ç ã o d e o x i g ê n i o

- , o x i d a ç ã o d a m a t é r i a o r g â n i c a ( r e s p i r a ç ã o )

• reaera ção a tmos fé r i ca

- d e m a n d a b e n t ò n i c a ( l o d o d e  1 u n d o )

- fo toss ín tese

- n i t ri f i c a ç ã o ( o x i d a ç ã o d a a m ó n i a )

1.3.1.2.  Con su mo d c ox igên io

a) Oxid ação d a mat ér ia orgân ica

A  matér ia orgânica nos esgotos se apresenta  cm  duas formas:  em suspensão  c

dissolvida.  A m atér ia  em  suspensão tende  a sedimentar no  co rpo d ' água ,  formando

o  lodo de  fundo. A  matér ia d issolv ida,  c o n j u n t a m e n t e  com  a  matér ia suspensa de

pequenas  dimensões (d if ici lmente sedimentável) permanece na massa  líquida.

A ox idação  desta matér ia orgânica corresponde  ao  principal fator d c  consumo de

oxigênio . O consumo dc OD se deve à respiração dos  microrganismos decomposit«-

  * . _ - _

res ,  p r inc ipa lmen te  as  bactér ias hetero tróf icas aeróbias .  A equação  simplif icada  da

estabil ização   da  matér ia orgânica é:

matéria orgânica  + O2 + bactérias —>  CO 2 +  /h()  + bactérias energia  {1.1)

As  bactérias, na presença de oxigênio , conver tem  a matér ia orgânica a com postos

simples e iner tes , como água e gás carbônico . Com is to , elas  tendem a  crescer e se

reproduzir , gerando mais  bactér ias , enquanto houver  d isponibil idade  de  a l imen to

(maté r ia  orgânica)  c oxigênio no  meio .

I)) De m an da bcn tô i i ica

A matér ia  orgânica em suspensão que se sedimentou, formando o lodo dc fundo,

necessi ta ser também estabil izada.  Grand e par te desta  es tab i l ização seda em cond i -

ções anaeróbias , em vir tude  da d if iculdade  da penetração  do  oxigênio  na  camada  dc

lodo. Esta  fo rma  de estabil ização, por ser  anaeróbia,  não implica, portanto, em

consumo de oxigênio .

No entanto ,  a  camada super ior  do  lodo, da ordem dc alguns milímetros  de

espessura, tem ainda acesso ao oxigénio  da massa líquida  sobrenadantg^A estabil i-

zação  do lodo se dá aerobiamente  nesta  fina  cam ada , resultand o 110 con sum o de

ox igên io .  Ademais , alguns subprodutos parciais da decomposição  anaeróbia podem

se  dissolver,  atravessar  a  camada aeróbia  do lodo,  e se  difundir na massa líquida,

exercendo uma  demanda de oxigênio . A  demanda  de  oxigênio or ig inada por es te

con jun to de  fatores gerados  pelo lodo  de fundo é denominada  demanda bentônica.

Um  outro  fator  que  pode causar  consum o de ox igên io é  a rein trodução  na  massa

líquida dn matéria  orgânica anter iormente  sedimentada, causada pelo  revolvimenlo

a camada de lodo.  Este  revol vi mento oc orre em ocasiões  de aumen to  de  vazão e da

1 0 2

Introdução  11 qualidade das águas e ao tratamento dc esgolos

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ETFES - B ib l io tec a

velocidade de escoamento das águas. O lodo, não estando ainda to talmente es tabil i-

zado, representa uma nova fonte de demanda de oxigênio .

A representat iv idade da demanda bentônica e do revolvimento do lodo no balanço

do oxigênio depende de uma sér ie de fatores s imultaneamente in teragentes , vár ios

deles dc d if íci l quantif icação.

c) Nitrif icação

Um outro processo de oxidação é o referente às formas n itrogenadas, responsável

pela transformação da amónia em nitr i tos e es tes em nitratos , no fenômeno denomi-

nado  nitrificação.

Os microrganismos envolvidos neste processo são autó trofos quimiossin tet izan-

tes, para os quais o dióxido de carbono é a principal fonte de carbono, e a energia é

obtida através da oxidação de um substrato inorgânico , como a amónia.

A transforma ção da amónia em nitr itos se dá segundo a seguinte reação s implif i-

cada:

amónia + O2 —> nitrilo + H

+

  + H?0 + energia  (1-2)

A transfo rma ção do nitri to em nitrato ocorre a seguir, de acord o com a reaçã o

simplif icada:

ni trilo + O2 — > nitrato + energia  (1.3)

Observa-se que em ambas as reações há consumo de oxigênio . Este consumo é

re fe r ido como

  d eman d a n i t rogen ad a

  ou demanda de segundo estágio , por ocorrer

numa fa se poster ior à das reações de desoxigenaç ão carboná cea. Tal se deve ao fato

de que as bactérias nitrificantes têm uma taxa de crescimento mais lenta do que as

bactér ias hetero tróf icas , implicando em que a n itr if icação ocorra também mais

lentamente.

1.3.1.3. Produção dc oxigênio

a) Reaeração at mos f ér ica

A reaeração atmosfér ica é f requentemente o pr incipal fator responsável pela

in trodução de oxigênio no meio l íquido.

A transferência dc gases é um fenôm eno f ís ico , através do qual m oléculas de gases

• >ão interc am biada s en tre o líquido e o gás pela sua  interface,  liste interc âm bio resulta

num au mento da concentração d o gás na fase l íquida, caso esta fase não esteja saturada

com o gás.

Is to é o que ocorre em um curso d 'água , cu

 ja

 concentraçã o de oxigênio d issolv ido

reduziu-se devido aos processos de estabil ização da matér ia orgânica. Assim, os

Icores de OD são inferiores aos de saturação, que são ditados pela solubilidade do

ms a dadas condições de temperatura e pressão . Nesta s i tuação, d iz-se haver um

déf icit de oxigênio.

  Desta forma, desde que haja

 11111

  déiicit, há uma busca para uma

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 0 3

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nova s i tuação  de  equil íbr io ,  permi t indo  que haja  uma maio r  absorção de oxigênio

peln  massa  líquida.

A transferência  de oxigênio da fase gasosa  para a fase l íquida  se dá  bas icamen te

através dc dois mecanismos:

d i fu são mo lecu la r

f

d i f u s ã o  turbulenta

l im um corpo d 'água com a massa  líquida  praticamente parada  predomina a

difusão molecular . Esta pode ser descr i ta como a tendência   de qua lquer  substância

• li  sc espalhar uniformemente por todo o espaço d isponível . No entanto , es te

mecanismo é bastante lento , requerendo muito tempo para que um gás  atin ja as

t atuadas  mais profundas do corpo d 'água.

( ) mecanismo da

  difusão turbulenta

  é  be m  mais ef iciente,  pois  envo lve  os dois

pr incipais fatores  de uma ef icaz aeração:  criação de interfaces  e  renovação  destas

interfaces.   O pr imeiro  é importante,  pois é  através das  in ter faces que ocorrem  os

in tercâmbios gasosos.  O segundo  é  também  signif icativo , pois a  pronta renovação

•  l.r . Interfaces permite que se evite pontos de saturação localizada, além de conduzir

d j'as p.ira as várias  profundidades da massa l íquida, devido à maior  mistura.

A cond ição  de d ifusão a  predominar é função das caracter ís t icas h idrodinâm icas

do  corpo d 'água. Um r io de menor profundidade, com corredeiras ,  apresenta  exce-

lentes  condições para uma  ef iciente turbulência. Nestas condições,  a d i fu são mo le-

n i la r é desprezível . Por outro lado, em lagos, tende a predominar a d ifusã o molecular ,

.1 meno s que o vento promo va  um a  maior mistura e renovação da  in ter face.

I>) F otoss íntese

A fotossín tese é  o  pr incipal  processo u ti l izado  pelos  seres auto tróf icos para a

s ín tese da matér ia orgânica,  sendo característica  dos  organismos clorof i lados.

O  processo se  realiza  somente em presença de energia luminosa,  segundo a

seguinte equação s implif icada, pois ocorrem inúmeras etapas in termediár ias :

CO2 +  Hi O  +  energia luminosa  —> matéria  orgânica  +  O2  (1.4)

A respiração apresenta uma reação exatamente oposta à da fotoss íntese.

Knqunnto   a  fo tossín tese consti tu i  um  processo  de  f ixação  da energia luminosa e a

fo rmação de  moléculas de g licose d e alta energia potencial , a respiração é essencial-

mente o inverso, isto é,  a l iberação desta  energia  para sua posterior utilização nos

processos   metabólicos (Branco, 1976) .

A  dependênc ia  da  luz condiciona  a  dis tr ibuição dos  seres fo tossín tet izantes  a

locais  aonde essa  possa penetrai". Em  águas  com  cer ta turb idez, or iunda  quer da

desag regação de par t ículas do  solo  (bastante f requente e m  nossa condições) ,  quer da

in trodução de só lidos em   suspensão  contidos  nos  despejos , a  possib il idade da

pii- .cnva  di' alj.;as r  menor e ,  por conseguinte, mais reduzido o fenômeno da fo tos-

• ii]li".< lv.it é patentea do nas prime iras zonas de autodepura ção, on de há pre dom i-

10 0

  Introdução 11 qualidade das águas e ao tratamento dc esgolos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

nância quase que exclusiva de organismos heteró trofos , ou seja,   a  respiração supera

a produção.

No cômputo gerai , os seres auto tróf icos realizam muito mais s ín tese do que

oxidaçã o, gerando sem pre um saldo de com postos orgânicos que consti tuem a reserva

de energia para os seres hetro tróf icos , além de um superávit de oxigênio que perm ite

a respiração dos outros organismos.  .

1 . 3 .2 . Fat ores ab ran gid os p e los mo d e los s imp l i f i cad os

1 . 3 .2 . 1 . Fen ôm en os in corp orad os n o b alan ço d o ox igên io d i s so lv id o

Existem modelos matemáticos que incoiporam todos os fenômenos descr i tos

acima no  balanço do oxigênio  dissolv ido (Camp , 1954; EPA,  1985).  No entanto, no

presente texto , são abordados unicam ente os dois pr incipais fatores , a saber :

• consumo de oxigênio:  oxidação da matér ia orgânica ( respiração)

• produção  de oxigênio:  reaeração atmosfér ica.

Natu ra lmen te há casos em que se just if ica a  inclusão dos outros fatores, p or  se rem

estes , em determ inadas s i tuações, impor tantes no balanço do oxigênio d issolv ido. No

entanto , os trabalhos de cam po e laboratór io necessár ios para uma conf iável avaliação

destes parâmetros  necessi tam  se r  realizados in tensivamente e com o máximo r igor ,

o que reveste o es tudo de uma grande complexidade. A adoção de modelos matemá-

ticos mais sof is t icados exige  a d isponibil idade  de equ ipamen tos  modernos, tempo e

recursos f inanceiros compatíveis com  a formu lação proposta, o que nem semp re pode

se tornar realidade em nosso país . Desta forma, no presente texto   se adota a versão

mais s implif icada do modelo , que possib il i ta a identif icação mais fácil   de  eventuais

problemas na  su a  estru tura e  nos valores dos parâmetros .  Esta postura  é ado tada  em

grande par te dos modelos de qualida deda s águas superficiais , pr incipalmen te aqueles

uti l izados com o in tu ito de dar supor te ao p lanejamento da bacia h idrográf ica. Uma

amp la d iscussão sobre este ponto é apresentada em von S per l ing (1983) .

Deve-se esclarecer ainda que  o  modelo a  ser descrito  é

  restrito

  à s

  con d ições

aerób ias n o corp o d 'águ a.

  Em condições anaeróbias , a taxa de  estabil ização  da

matér ia orgânica é infer ior , sendo processada por uma biomassa de caracter ís t icas

to talmente d iversas . Exis tem modelos que levam em consideração os trechos em

condições anaeróbias (Gundelach e Casti l lo , 1976; Del Picchia, sem data) .

1.3.2.2. Representação hidráulica

Na estru tura do modelo , deve ser levado em consideração o regim e hidráulico do

curso d 'ág ua. H á basicam ente três t ipos de modelos h idráulicos para um corpo d 'águ a

(ver Figura 1.4):

• fluxo em pistão •/

• mistura completa

• fluxo disperso

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 0 5

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PRINCIPAIS MODELOS HIDRÁULICOS PARA UM CORPO D'ÂGUA

K

- 1

.4 .

  D i f e r e n t e s r e g i m e s h i d r á u l i c o s p a r a u m c o r p o d ' ; S g u í i .

U m  corpo d ' á g u a  em reg ime  de  mistura completei  ideal  se  caracteriza por ter em

todos os pontos dn massa l íquida a mesma concentração. Assim,   a  concentração

ef luente é igual  à  concentração em qualquer ponto  do  corpo d 'água. Tal se aplica

pr incipalm ente ao caso de lagos e represas bem misturadas.

Um co rpo d ' água  predom inantem ente l inear , com o um r io, pode ser caracter izado

através do regime  defluxo em pistão.  No fluxo em pistão ideal não há inte rcâm bios

entre  as seções de jusa nte e de montante. Cada seção fun ciona como um êm bolo (ou

um pis tão), no qual a qual idade da água c a m esm a em todo s os pontos, e a  comun idade

sc  apresenta adaptada  às  cond ições  eco lóg icas  prevalecentes em cada instante, A

me dida em que o êmb olo f lui para jusante , nele vão sc processando as d iversas  reações

da autodepuração,

  1

 I idraulicamente, es te modelo é s imilar ao cnso em que  um

recip iente com água, igual ao êmbolo , perm anece o m e s m o per íodo  dc  tempo, su jei to

às mesmas reações c fenômenos do r io , apresentando em cada instante, por tanto ,   n

mesm a qualidade que o êmb olo no curso d 'ág ua (ver Figura 1 .5) . /

1 0 6 Introdução   11  qualidade das águas e ao tratamento dc  esgolos

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ETFES - B ib l io teca

COMPARAÇÃO ENTRE A REAÇÃO EM UM REATOR

DE FLUXO EM PISTÃO E EM UM RECIPIENTE

t=0

Fij». 1.5.

 Com paração entre um recipiente c um êmbolo cm um fluxo em pistão

As duas representações acima são para situações idealizadas. Na realidade, os corpos

d 'agua apresentam uma caracter ís t ica de d ispersão dos poluentes in termediár ia entre

as duas s i tuações extrem as: d ispersão to tal (mistura com pleta) e d ispersão nula ( f luxo

em p is tão) . Assim, os corpos d 'águ a, ou trechos deles , podem ser caracter izados por

um coef iciente de d ispersão . Coef icientes elevados aproximam o corpo d 'água ao

regime de mistura completa, ao passo que coef icientes reduzidos aproximam-no ao

f luxo em pis tão . Há alguns modelos matemáticos que representam o corpo d 'água

através do regime de fluxo disperso  (EPA, 1985). Tal é partic ularm ente re leva nte

quan do se tem r ios sob inf luênc iaestuar in a ou com velocidades de fluxo bem ba ixas .

No presente texto , adota-se a so lução s implif icada dc considerar o curso d 'água

através do regim e de f luxo e m pis tão , suf iciente para a maior par te das s i tuações.

1 .3 .3 . A cu rv a do oxigên io d iss olv ido

Ao decrésc imo do oxigênio d issolv ido na massa l íquida dá-se o nome de   depleção

do oxigênio.

Em termos de engenhar ia ambiental , assume in teresse a análise da depleção ao

longo do curso d 'águ a, represenlando-se graf ica men te o fenôm eno por uma curva do

perfil de OD (oxigênio dissolvido).  Neste, o eixo vert ical representa as concentrações

de OD, e o eixo horizontal, a distância ou o tempo de percurso, ao longo do qual se

processam as transformações dc ordem bioquímica. Pela análise do gráf ico , podem

ser obtidos, entre outros, os seguintes pontos:

- identificação das consequências da poluição

- vinculação da poluição com as zonas de autodepuração

- importância relativa do consumo e da produção de oxigênio

- ponto crítico de menor concentração de OD

- comparação entre a concentração crítica de oxigênio no corpo d'água e a

concentração mínima estabelecida pela legislação

- loca onde o curso d'água volta a atingir as condiçõe s desejadas

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 0 7

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A m o d e l a g e m d e s t e s a s p e c t o s d e p e n d e f u n d a m e n t a l m e n t e d a c o m p r e e n s ã o d o s

do i s p r i nc i pa i s f enômenos i n t e r agen t es no ba l anço do ox i gên i o d i s so l v i do : desox i -

genação e r eae ração a t mos fé r i ca . E s t e s t óp i cos são abordados nos i t ens a s egu i r .

^ . 4 . C i n é t i c a d a d e s o x i g e n a ç ã o

1 . 4. 1 . F o r m u l a ç ã o m a t e m á t i c a

C o m o  j á  v i s t o , o p r i nc i pa l e f e i t o eco l óg i co da po l u i ção o rgân i ca em um cur so

d ' água é o dec résc i mo dos t eores de ox i gên i o d i s so l v i do . E s t e dec résc i mo es t á

as soc i ad o à Dema nda B i oquí m i ca de Oxi gên i o (DB O) , desc r i t a 110 Capi t u l o "Cara c -

t e r í s t i cas das Águas Res i duá r i a s " . P or uma ques t ão de padron i zação , u t i l i za - se

f r e q u e n t e m e n t e o c o n c e i t o d a D B O p a d r ã o , e x p r e s s a p o r

 DBO5

20

  c

. No entanto, o

consumo de ox i gên i o na amos t r a va r i a ao l ongo do t empo, ou se j a , o va l o r da DBO,

em d i as d i s t in t os , é d i f e r en t e . O ob j e t i vo do p resen t e it em é ana l is a r ma t e mat i ca men t e

c o m o o c o n s u m o d e o x i g ê n i o   p r o g r i d e  ao  l o n g o  d o  t empo.

O conce i t o da DBO, r epresen t ando t an t o a ma t é r i a o rgân i ca   q u a n t o  o  c o n s u m o

de ox i gên i o ,  pode se r  e n t e n d i d o  por es tes dois ângulos dis t intos :

• DBO remanescente:

  c o n c e n t r a ç ã o  de ma t é r i a  o rgân i ca r emanescen t e  na  massa

l í qu i da  em um  dado i ns t an t e

• DBO exercida:  ox i gê n i o consu mi do pa ra e s t ab i l iza r  a ma t é r i a  o rgân i ca a t é  es te

i ns t an t e

A progres são da DBO ao l ongo do t empo, s egundo es t e s do i s conce i t os , pode se r

vis ta  na  Figura 1.6.

PROGRESSÃO TEMPORAL DA OXIDAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA

/

consumo acumulado

de oxigênio

(DBO exe rcida)

\ /

\ /

/ S

/ / ^

'  matéria orgânica

$  /  (DBO remanes cente)

Tempo (dias)

Fig. 1.6. DBO exercida (oxigênio consumido) c D130 remanescente (matéria orgânica remanescente) ao

longo do tempo

108

Introdução 11 qualidade das águas e ao tratamento dc esgolos

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A s  duas curvas são s imétr icas , em imagem de espelho. No tempo igual a zero , a

matér ia orgânica se apresenta  em sua  concentração to tal , enquanto  o  ox igên io

consumido é zero . Com o   passar do  tempo, a matér ia orgânica remanescente vai se

reduzindo, implicando no aumento do consumo acumulado de oxigênio . Após um

per íodo de vár ios d ias , a matér ia orgânica está prat icamente toda estabil izada (DB O

remanescente igual a zero) , ao passo que o consumo de oxigênio  está  p ra t icamen te

lodo  exercido  ( D B O  totalmente exercida) . É importante  a  compreensão des te f enô -

meno, pois  ambas  as  curvas são par te in tegrante do modelo  de  oxigênio  dissolv ido.

A cinética da reação da matér ia orgânica remanescente (DBO remanescente) se

processa segundo uma  reação de primeira ordem,  Uma reação de pr imeira ordem é

aquela  na qual  a taxa  de m udança da concen t ração  de  uma substância é  proporcional

à pr imeira potência da concentração. As reações de pr imeira o rdem sã o de f u n d a m e n -

tal  im por tânc ia  dentro da  Engenhar ia A mbiental , já que vár ias  reações são modeladas

segundo esta cinética. A  equação da progressão da  DB O remanescen te pode se r

expressa de acordo com a  seguinte  equação d iferencial :

~  = - * i . L ( 1.5 )

onde:

L =  concen t r ação de DB O remanescen te (mg / l )

t =  tempo (d ia)

K j  = coef ic ien te de desox igenação  (dia"')

A in terpretação da Equação  1.5  se faz no sentido de  q ue  a taxa de oxidação  da

matér ia orgânica (dL/dt) é proporcional  à  matér ia orgânica  ainda  r emane scen te (L) ,

em  um tempo t qualquer .  Assim, quanto maior  a  concentração  de  D B O ,  mais

rapidamente se processará a desoxigenação. Após um cer to tempo, em que a DBO

estiver reduzida pela es tabil izaçã o, a taxa de reação será menor , em vir tude da  menor

concentração da matér ia orgânica.

O  coeficiente de desoxigenação  Ki  é um parâmetro de grande importância na

mod elagem do oxigên io d issolv ido, sen do d iscutido 110 i tem seguinte.

A integração da Equação  1.5, entre os limites de

 L

=L

t

, e L=Lt, e t=0 e t=t. conduz   a:

L  L o . e ~

K

(1-6)

onde:

L =  DB O remanescen te em um tempo  t  qualquer (m g/l)

Lo =  D B O  remanescen te em  t= 0  (mg/l)

Deve-se atentar  para o  fato de  que, várias vezes,  esta  equaçã o é escr i ta  na  fo rma

decimal  (base

  10),

  ao invés da base

  e.

  A m b a s  as formas são equivalentes , desde que

o coef icie nte Ki seja expresso na forma correta (Ki „ - 2,3.  Ki hvxe to)-  No presente

texto , os valores dos coef icientes são apresentados na

  base  e .

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 0 9

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Em termos de consumo de oxigênio, é importante a quant i f icação da DBO

exercida. Esta é obtida através da Equação 1.6, conduzindo a:

y =  U.{\-e'

Ki

')

(1.7)

onde:

y =  DBO exerc ida em um  tempo  t  (mg/ l ) . Notar que y= L

0

-L.

Lo

 •

  D B O  remanescente , em t=0 (como  definido acima), ou  D B O  exercida (em

l=oo). Também denominada  demanda última, pelo fato de representar a D B O  total

ao final da estabilização (mg/l).

Exemplo 1.1.

A interpretação de análises de laboratório de uma am ostra de água de um rio

a jusante de tini lançamento de esgotos cond uziu aos seguintes valores: (a)

Coeficiente de desoxigenação: Ki = 0,25 d'

1

; (b) demanda última L„ ' 100

mg/l. Calculara DBO exercida a 1, 5 e 20 d ias.

Solução:

Utilizando-se a Equação 1.7, onde y  -  L,,. (1-é

• Para  t-1 dia:

-KI.I

). tem-se:

„-0.25* 1

) = 22 mg/l

, =  100 (1-e*

• Para  t-5  dias:

y$ = 100 (l-e

0

-

2

™) = 71 mg/l  (=  DB0>)

• Para t=20 dias:

y

2

o = 100 (l-e

0

'

25

*

20

)  = 99  mg/l

P R O G R E S S Ã O D O C O N S U M O D E O X I GÊ N I O

DeO(mg 50

/

I

 líi

5 10 15 20

TCMPO{ia«

Observa-se que a 20 dias a DBO

  já

  está praticamente toda exercida

  (_V20

praticamente igual  a L,).

A relação entre a DBO-, e a demanda última L ,, é: 71/100 = 0,71. Assim, ao

quinto

 dia,

  aproximadamente 71% do consumo de oxigênio já foi exercido ou, em

outras palavras, 71% da ma teria orgânica total  (expressa em termos de DBO)

já foi estabilizada. Inversamente, a relação L,/DBOs  é  igual a 100/71 = 1,41.

"plrft/rdLc".

Introdução à qualidade das águas e  ao tratamento  de  esgotos

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1 .4.2. O coef ic ien te de desox igenaçã o Ki  - { j b í I O f Q O

O coef iciente

 K i

  depend e das características da matéria orgânica, além da temperatu ra

e da presença de substâncias in ib idoras . Ef luentes tratados, por exemplo , possuem

uma taxa de degradaçã o m ais lenta, pelo fato da maior par te da matér ia orgânica mais

facilmente assimilável já ter s ido removida, res tando apena s a parcela de estabil izaçã o

mais vagarosa. Valores médios dc Ki encontram -se apresentados no Qua dro 1 .2 .

Quadro 1.2  Valores típicos de K | (base e. 20°C)

O r i g e m

K , ( d i a

1

)

Á g u a r e s i d u á r ia c o n c e n t r a d a 0 ,35 - 0 ,45

A g u a r e s i d u á r i a d e b a i x a c o n c e n t r a ç ã o

0 , 3 0 - 0 , 4 0

E f l u e n t e p r i m á r i o

0 ,30 - 0 .40

E f l u e n t e s e c u n d á r i o

0 , 1 2 - 0 , 2 4

R i o s c o m á g u a s l i m p a s

0 ,09 - 0 ,21

A g u a p a r a a b a s t e c i m e n t o p ú b l i c o

< 0 , 1 2

Ponte: Adaptado de Fair et al, 1973. Arceivala. 1981

Dezenas de amostras obtidas nos pr incipais cursos d 'agua da Região Metropoli-

tana de Belo Horizonte conduziram a um valor médio de K| igual a 0,28 dia"' , com

um des vio padrão de ü, 18 d ia"

1

  (von Sperling, 1983).

A Figura 1.8 ilustra a influê ncia do valor de K i , a través das trajetór ias do cons um o

acum ulado de oxigênio de duas amostras com diferentes valores de K| , e mes mo valor

da demanda ú lt ima (L

o

=100 mg/l). A amostra com maior K| (0,25 d*

1

) apresenta uma

taxa de consumo de oxigênio mais rápida, comparada com a amostra de menor K|

(0,10 d"

1

) . Valores de DBO próximos à demanda ú lt ima são mais rapidamente

atingidos com a amostra com o maior K| .

PROGRESSÃO DO CONSUMO DE OXIGÉNIO

PARA UM MESMO VALOR DE

 LO

 (100 mg/l) E DIFERENTES VALORES DE K1

TEMPO (dias)

1' i H- 1 .8 . T r a j e t ó r i a d o c o n s u m o tl c o x i g ê n i o p a r a d i f e r e n t e s v a l o r e s d c K |

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 1 1

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Hx i stem processos matemát icos e esta tí st icos que p odem ser  util izados  para a

determinação  do coefic iente de desoxigenação,  caso se disponha  de amostras da água

.1 s er anal isada . Os dados d e entrada para tais métodos são os valores da DBO exerc ida

.1 vários dias, t ipicam ente dias ], 2, 3, 4 e 5, ou I, 3, 5, 7 e 9. Desta form a, os testes

de   laboratório devem incluir, não apenas  a DBO a  5 dias, mas  t ambém  a  D B O  em

out ros  dias, para que  se possa estimar  a  taxa  de desoxigenação. Os métodos mais

conhecidos para a  determinação de Ki  são:

•  método  dos mínimos quadrados,

  d e  Reed-Theriaul t  (apud  Barnwell , 1980)

• método da inclinação,  de Thom as (1937)

• método dos mom entos

, de Moore , Thom as e Snow (1950)

• método  de  Thomas

  (apud Povinelli ,  1973;  Metcalf & Eddy, 1981)

• método  da diferença de logaritmos,  de Fair  (1936)

I  Im a  descrição  completa  destes métodos,  inc luindo  exemplos de cá lculo e uma

comparação  entre a sua eficiência, foi efetuada por von Sperling (1983; 1985a). Além

disso, a  facilidade de acesso a programas esta t í st icos em m icrocomputadores fac i l itou

sobremaneira a de terminação de  KL. Pode-se util izar métodos de  regressão não

linear,  a justados aos vários pon tos experimenta is d e t e D B O , para se obter os valores

d o s  parâmetros

 K i

 e L

u

. Para o presente texto, é suficiente a util ização dos valores  d e

Ki  pelo quadro de valores t ípicos (Quadro  1.2).

A importância do coeficiente K| e a relatividade do conceito  da D B O j p o d em  ser

anal isadas a t ravés do seguinte exemplo  (ver Figura  1.8).  Duas amostras  distintas

apresentam o mesmo valor da

  D B O s

  (100  mg/l).  Aparentementemente ,  tal  poderia

induzir à conclusão de que o  impacto em  termos de consumo  de oxigênio  dissolvido

é o  mesmo nas duas  situações. No entanto, caso se determine  a progressão  da  D B O

a vários dias, observa-se q u e os valores são di ferentes em todos os dias, com exceção

do qu into dia. Tal se deve ao fato de que os coeficiente s de desoxigenação são  distintos

nas  duas  amostras.  A primeira  apresenta  u m a  taxa  de  estabilização mais lenta

(K  i=0,10  dia"

1

),  impl icando  numa D BO ú l t ima  elevada, e  não completa ainda no  dia

20.   A segunda  amostra  apresenta  um  K |  mais  e levado  (Ki=0 ,25 d i a

1

) , e  a  demanda

é  pra t icamente toda  satisfeita ao  final  de 2 0  dias.

Tais considerações enfa t izam o aspecto de que a interpre tação dos dados da DB O

deve  estar  sempre vinculada  ao conceito do  coefic iente  de  desoxigenação e , por

conseguinte , da  taxa  de oxidação da matéria orgânica. Este comentário  se  aplica

principalmente  quando  se tem  despejos  industriais,  passíveis  de  apresentarem uma

grand e variabi l idade  com relação à biodegradabilidade, ou à  taxa de  estabilização.

1.4,3. A influência da temperatura

A temperatura  te m um a grande inf luência no metabol ismo m icrobiano, afe tando,

po r  conseguinte, as taxas de estabilização  da  matér ia  orgânica.  A  relação  empír ica

entre a  temperatura e a  taxa de desoxigenação  pode  ser expressa  da seguinte forma:

I

 líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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k

ít

=K

í20

.Q™ 1.8)

onde:

K I t =  K I  a u m a temperatura  T qualquer  (dia

-1

)

K l

2

o = Ki a uma temperatura T=20°C (dia"

1

)'

T  =  temperatura do líquido (°C)

0  = coefic iente de  temperatura (-)

PROGRESSÃO DO CONSUMO DE OXIGÊNIO

PARA UM MESMO VALOR DE DB0 5 [100 mg/l) E DIFERENTES VALORES DE K1

TEMPO (dias)

F i g . 1 . 8 . I n f l u ê n c i a  d o c o e f i c i e n t e K i n a p r o g r e s s ã o d a D B O . D u a s a m o s t r a s c o m o m e s m o v a l o r d a  D B O

a 5 d i a s ( Í 0 0 m g / 1 )   e  d i f e r e n t e s v a l o r e s d e K | .

U m  valor usualmente empregado  d e  0  é 1,047.  A interpretação  deste  valor,  com

relação  à  Equação  1.8 é d e q u e o valor de  Ki aumenta  4 ,7% a  cada acréscimo de 1°C

na temperatura da  água.

U m  outro aspecto a ser com entado é o de que a e levação da temperatura aumenta

o Kj, mas não altera o valor da   demanda  última L

0

,  que  passa a  se r  apenas mais

rapidamen te sa t i sfe ita .

1.5. Cinética da reacração

1.5.1. Formulação matemática

Quando a água é exposta a um  gás, ocorre um cont ínuo intercâmbio de moléculas

da fase l íquida  para  a  gasosa e vice-versa. Tão  logo a concentração  de  solubi l idade

na fase  líquida  se ja a t ingida , ambos  os f luxos passam a ser  de  igual magnitude,  d e

modo a não ocorrer uma mudan ça global  das concentrações do gás em ambas a s fases.

Este  equi l íbr io dinâmico  define a  concentração  de saturação  (C

s

)  do  gás na fase

líquida.

No entanto, caso haja a lgum   c o n s u m o  do  gás dissolvido na fase  líquida,  o

principal fluxo  de  transferência é na  direção gás-líquido, atuando  no sent ido  de

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 1 3

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restabelecer o equil íbr io . O processo da reaeração atm osfér ica se desenvo lve segundo

este conceito . O consumo do oxigênio nos processos de estabil ização da matér ia

orgânica faz com que  as  concentrações deste no meio l íquido estejam abaixo da

saturação. D evido a tal , há uma m aior passagem do oxigênio atm osfér ico para a mas sa

líquida (Figura 1.9).

TROCAS GASOSAS NA INTERFACE GÁS-LÍQUIDO

SISTEMA EM EQUILÍBRIO LÍQUIDO DEFICIENTE

F i g . 1 . 9 . T r o c a s g a s o s a s e r a u m s i s t e m a e m e q u i l í b r i o e e m u m l i q u i d o c o m d e f i c i ê n c i a d o g á s d i s s o l v i d o

A cinética da reaeração pode ser também c aracter izada por uma reação de pr im eira

ordem (da  m e s m a  fo rm a que a  desoxigenação) , segundo  a  seguinte equação:

§  =  (1.9)

dt  C e

s

-V ,

onde:

D = d éf ici t de oxigênio d issolv ido, ou seja,  a d iferença entre  a  concentração de

saturação (C

s

)  e  a  concentração exis tente em um tempo  t  (C) (= C

s

  - C )  (mg/l)

t  = tempo (d ia)

K2  = coef icien te de reaeração (base e) (d ia"

1

)

Atravé s da Equação 1 .9 , observa-se que a taxa de absorção de oxigênio é d ireta-

men te proporcional ao déf ici t ex is tente. Quanto m aior o déf ici t , maior a "avidez "  da

massa l íquida pelo oxigênio , implicando em que a taxa de transferência seja maior .

A in tegração  da  Equação  1.9, com D„ e m  t=0, fornece:

(1.10)

onde:

Do = déficit de oxigênio inicial (mg/l)

Em termos gráf icos , a progressão do déf ici t (D=Cs-C) e da concentração de OD

(C) podem ser v isualizados na Figura  1.10 . Observa-se que as curvas do déf ici t e da

D =  D

0

.e~

Kl

-'

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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ETFES - B ib l io te ca

concentração são s imétr icas e em imagem de espelho. À medida em que a concen-

tração  de OD se eleva devido à reaeração, o déf ici t d im inui.

P R O G R E S S Ã O T E M P O R A L D O D E F I C I T E DA

CONCENTRAÇÃO DE OXIGÉNIO DISSOLVIDO

M .

Cs

C v I Vf

<

\

concentração de OD

\

/

\

/ \

/

/

d é f i c i t d e O D

Tempo (dias)

. F i y . 1 . 1 0 . P r o g r e s s ã o t e m p o r a l  d a c o n c e n t r a ç ã o e  d o  d é f i c i t d e  o x i g ê n i o  d i s s o l v i d o

1.5.2. O coef ic iente de reaeração Ki

Em uma amostra d 'ãgua, pode-se determinar o valor  do  coef iciente K :  através de

m é t o d o s estat ís t icos . Tais fundame ntam -se basicamente na análise da regressão , quer

na equação or ig inal 1 .2 ,  quer  em alguma transformação logar í tmica  da  m e s m a .  O s

dados de entrada são os valores de OD a diversos t. Os dados de saída são a

concen t r ação de saturação C

s

 e o coef icien te K2. A-análise destes métodos encontra-se

fora do escopo do presente texto .

A seleção do valor do coef iciente K2 tem um a maior inf luência nos resultados do

balanço de oxigênio d issolv ido do que o coef iciente K| , pelo fato das faixas de

var iação do ú lt im o serem mais es trei tas . Exis tem três métodos para a ob tenção de um

valor para o coef icie nte K?:

• valores médios tabelados

• valores em funç ão das caracter ís t icas h idráulicas do corpo d 'á gua

• valores correlacionados com a vazão do curso d*água

a) Valores médios tabelados

Alguns pesquisadores , es tudando corpos d 'água de d iversas caracter ís t icas , obti-

veram valores mé dios de K2, apresentados no Q uadro 1 .3 .

Impacto do lançamen to de efluentes nos corpos receptores

1 1 5

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Q u a d r o  1.3   Valores típicos de K2 (base e, 20°C)

C o r p o c T á g u a

K g { d i a )

P r o l u n d o

R a s o

I  ' » ( .p lanas  l a g o a s

M o s v a g a r o s o s , g r a n d e s l a g o s

( i m n d e s r io s c o m b a i x a v e l o c i d a d e

U r t i n d e s r i o s c o m v e l o c i d a d e n o r m a l

R l o a r á p i d o s

1 n r m r i o i r a s e q u e d a s d ' á g u a

0.12

0 . 2 3

0 , 3 7

0 / 6

0 , 6 9

> 1,15

0 , 2 3

0 , 3 ?

0 , 4 6

0 , 6 9

1 . 1 5

> 1,61

I

 Iifila

  I ntf

 cil al

  (1973), Arce iva la(1981)

C orpos d ' agua mais rasos  e mais  velozes  tendem a possuir um maior coeficiente

tlc reaeração,

  devido, respectivamente, à maior facil idade de mistura ao longo da

profund idade e à cr iação de maiores turbulências na superf ície (ver Figura 1 .11) . Os

valores do Quadro 1 .3 podem ser usados na ausência de dados específ ic os acerca do

li irpo d 'água. Deve-se levarem consideração, no entanto ,   que os valores constantes

desta tabela são usualmente menores do que os obtidos pelos outros métodos,

expostos a seguir.

BAIXA PROFUNDIDADE

ELEVADO K2

ELEVADA PROFUNDIDADE

BAIXO K2

I N F L U Ê N C I A D A V E L O C I D A D E .

ELEVADA VELOCIDADE

ELEVADO K2

BAIXA VELOCIDADE

BAIXO  K2

I l |i -  1 . 1 1 .  I n f l u ê n c i a d a s c a r a c t e r í s t i c a s f í s i c a s d o c o r p o d ' á g u a n o c o e f i c i e n t e K :

I l í i

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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F T F E S

- B i b U o t e c a

b) Valores em fu nção das caracter ís t icas h idráulicas do corpo d 'ág ua

Ou tros  pesquisadores tentaram correlacionar o coef iciente de reaeração Kj com

var iáveis  hidráulicas do curso d'água. Várias técnicas  de  campo fo ram empregadas

na elaboração dos estudos, como por meio de traçadores radioativos, d is túrbio de

equil íbr io , balanço de massa e outras .

A  li teratura relata d iversas fórmulas , conceituais e empír icas , relacionando  K2

com  a profundidade e a velocidade do curso d 'água.  O Quadro 1.4 apresenta três das

pr incipais fórmulas , com faixas de atuação que se complementam.

Quadro 1

.4 Valores do coeficie nte K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base

e, 20°C)

P e s q u i s a d o r

F ó r m u l a

F a i x a d e a p l i c a ç ã o

O ' C o n n o r e D o b b i n s ( 1 9 5 8 )

3 , 7 3 . v ° '

S

H -

1 5

0 , 6 m S H < 4 , 0 m

0 , 0 5 m / s < v < 0 , 8 m / s

C h u r c h i l l e t a l ( 1 9 6 2 )

5 , 0 . V ° -

9 7

H -

1

-

6 7

0 , 6 m < H < 4 , 0 m

0 , 8 m / s < v < 1 , 5 m / s

O w e n s e t a l ( a p u d B r a n c o , 1 9 7 6 )

5 3 v

0 , 6 7

h

- 1 . 8 5

0 , 1 m < H < 0 . 6 m

0 , 0 5 m / s S v < 1 ,5 m / s

Noias:

v : ve loc idade do curso  d  água (m/s)

H: a l tura da lâmina d 'água (m)

Faixas de ap l icab i l idade adaptadas e l ige iramente modif icadas de Covar  (apud  EPA, 1985). para efeito de simplicidade

As faixas de aplicação das fórmulas são comp lementares , como pod e ser v isto na

Figura 1.12.

Caso haja cascatas naturais com quedas d 'agua l ivre, deve-se  adotar  outras

formu laçõe s de cálculo para a reaeração atmosfér ica no trecho específ ico da cascata.

Von Sper l ing (1987) ,  e m  es tudos  efetuados em algumas cascatas da  R eg ião Metro -

poli tana  de  Belo Horizonte, obteve  a  seguinte fórmula empír ica:

C

e

  = G ,  +  K.(C

r

C„)   (1.1 )

K= 1 -1,343.IT

0,128

.(C,rC„)~°'"

  (1.12)

onde:

C

e

  = concentração de OD ef luente da cascata (mg/l)

Co =  concentração de OD af luente à  cascata (mg/l)

K  = co ef iciente de ef iciência ( - )

Cs =  concentração de saturação  d e  OD (mg/l)

H = altura da queda livre (m)

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores

1 1 7

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FAIXAS DE APLICABILIDADE DAS FÓRMULAS HIDRÁULICAS

PARA DETERMINAÇÃO DE K2

4 .0

PROFUNDIDADE

(m)

0.6

0.1

0 . 0 5 0 . 8

  L 5

V E L O C I D A D E ( m / s )

a p l i c a ç ã o a p r o x i m a d a d a s f ó r m u l a s h i d r á u l i c a s . A d a p t a d o e m o d i f i c a d o d e C o v a r

l(',. 1.12.

  F n i x a s d e

( i ip u d l íPA , 1 9 8 5 )

c) Valores correlacionados com a vazão do curso d 'águ a

l Ima abordagem com plem entar é através da correlação entre a vazão do c urso

d 'aj ',ua e o coef icien te K2. Tal se just if ica pelo fato da profun didad e e da velocidade

cdarem in timamente associadas à vazão. Assim, es ta , por transit iv idade, pode estar

relacionada ao K2.

( ) procedimento se baseia na determinação de K2 por meio das fórmulas h idráu-

licas, pai a cada par de valores de v e H da série histórica dos dados fluviométricos

disponíveis . Poster iormente, efetua-se uma análise da regressão entre os valores de

l\ obtido s e os corre spon dent es valo res da vazão Q. A relaçã o entre K2 e Q pod e ser

(ICM

 1

  ita pela forma K2 = m.Q", onde m e n são coeficientes de ajuste.

A vantagem desta forma de expressão é a obtenção do coef iciente de reaeração

paia quaisque r condiç ões de vazão (por extrapolação e in terpolação) , pr incipalm ente

, r . vazões mínimas, independentemente do conhecimento da profundidade e da

velocidade.

1.5.3. A inf luência da temperatura

A inf luência da temperatura se faz sentir em dois d iferentes aspectos:

• o aumento da temperatura reduz, a solubilidade (concentração de saturação) do

oxigênio no meio líquido

• o aumento da temperatura acelera os processos de absorção do oxigênio (aumento

de K

}

)

I

 Mes fatores atuam em sentidos opostos . O aumento de K2 implica numa  elevação

I  líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S

 -

 B i b l i o t e c a

na taxa de reaeração. No entanto, a redução da concentração de sa turação equivale à

redução no déf ic i t de oxigênio D, resul tando numa  diminuição  na taxa de reaeração.

A inf luência global na taxa de reaeração depen de da magnitu de de cada var iação m as

é, f requentemente , pouco representa t iva .

A inf luência da temperatura na concentração de sa turação pode ser vis ta no I tem

1 .6.

O efe i to da temperatura no coef ic iente de reaeração K j pod e ser expresso d a forma

tradic ional a través da Equação 1.13:

K 2 r = K

2 2 0

. Q

( T

-

2 0 )

(1.13)

onde :

K

2

T

  = K2 a uma temperatura

.T

  qualquer (dia"

1

)

K220 = K2 a uma temperatu ra T=20 °C (dia"

1

)

T = temperatura do l íquido (°C)

9 = coef ic iente de temperatura ( - )

* Um valor bas tante ut i l izado do coef ic iente de temperatura 9 é 1,024.

)r.6.

  A curva de depleção do oxigênio dissolvido

1 . 6 . 1 . Formu lação mat emát ica d o mod e lo

Os pesquisad ores Streeter e Phelps, em 1925, estabeleceram as bases matemáticas da

curva de oxigênio dissolvido em um curso d'água. A estrutura do modelo proposto por

e le s (conhec ido com o o mo delo de Streeter-PhelpsJ  é c láss ica dentro da Engen har ia

Ambienta l , servindo de supor te para todos os outros modelos mais sof is t icados que

se sucederam. Para a s i tuação re la t ivamente s imples em que se cons idera apenas a

desoxigenação e a reaeração a tmosfér ica no balanço do oxigênio dissolvido, a taxa

de var iação do déf ic i t de oxigênio com o tempo pode ser expressa pela seguinte

equaç ão diferencia l , advinda da interação das equaç ões de desoxig enação e reae ração:

Taxa de variação do déficit de O D = Consumo de OD - Produção de O D (1.14)

^ = .L-Ki.D

  (1.15)

A integração des ta equação conduz a :

D, = •') + D

0

.e-K-' (1.16)

a 2  ~ K\

Esta é a equação geral que expressa a var iação do déf ic i t de oxigênio em função

do tempo. A curva da concentração de OD (OD

t

  ou C

t

) pode ser obt ida dire tamente

des ta equação, sabendo-se que:

Impacto do lançame nto de efluentes nos corpos receptores 1 1 9

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A

OD, = Cs-Dt

Assim, tem-se a concentração de OD:

C, = Cs-

l i ^ L

  .

 { e

~K,

. r _

  e

-K

2

.

 t ) + ( C y

j /

  c

o )

  . /

K

2

-K\

(1 .17)

( I . IH)

Ao longo da curva de OD, um ponto é dc fundamental impor tância^ojjonto no

qual a concentração de oxigênio at inge o mínimo valor . Este e denominado o   tempo

crítico,  e a concentração de oxigênio , a  concentração crítica.  O conhec imen to da

concen tração cr í t ica é fundam ental , pois é baseado nela que se es tabelece a necessi-

dade ou não do tratamento dos esgotos . O tratamento , quando necessár io , deve ser

implementado com uma ef iciência na remoção da DBO suf iciente para garantir que

a concentração cr í t ica de OD seja super ior ao valor mínimo perm itido pela legis lação

(padrão para corpos d 'água) .

A curva do perf i l de OD em funçã o do tempo (ou da d is tância de percurso) é em

forma de S, como mostrado na Figura 1 .13 . No perf i l , identif icam-se os pontos

pr incipais : a concentração de OD no r io e a concentração cr í t ica de OD.

P E R F I L D O O X I G Ê N I O D I S S O L V I D O

ESGOTOS

CURSO DÁGUA

OD

(mg/ l )

tempo (d)

ou

distância (km)

Fig. 1.13. Pontos característicos da curva de depleção de OD

1.6.2. Equações representat ivas

a) Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o despejo

C

0

  =

Qr  . OD, + Qc •  ODe

Qr+Qc

(1 .19)

I líi

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A) = C v- C o| • (1.20)

onde:

Co = concentração in ic ia l de oxigênio , logo após a mistura (mg/ l )

Do = déf ic i t in ic ia l de oxigênio , logo após a mistura (mg/ l )

Cs = concentração dc sa turação de oxigênio (mg/ l )

Q

r

  = vazão do r io a montante do lançamento dos despe jos (m 7s)

Qc = vazão de esgotos (nv/s)

O D

r

  = concentração de oxigênio d issolv ido no r io , a montante do lançamento dos

de spe jo s (mg / l )

O D

e

  = concentração de oxigênio d issolv ido no esgoto (mg/ l )

Observa-se que o va lor de C

0

  é obt ido a t ravés de média pon derada en tre as vazões

e teores de OD do r io e dos esgotos.

b) Cálculo da DBOs e da demanda última no rio após a mistura com o despejo

DBO? da mistura :

D

B05o = —

'

  D B 0

'

  + Q

"

'

  D D

°

( )

Qr+Qe

(1.21)

D B O ú l t ima da mis tu ra :

Lo = DB05o.K

r

  =

(Q, . DBOr+Qc. DBQ.)

Qr+Qe

KT

(1.22)

onde:

D B 0 5

0

  = c onc e n t ra ç ã o de  D B O 5 ,  logo após a mistura (mg/ l )

Lo = dem and a úl t ima de oxigên io , logo após a mistura (mg/ l )

D B O

R

  = c onc e n t ra ç ã o de  D B O 5  do rio (mg/l)

DBOc = concentração de DBO5 do esgoto (mg/ l )

K T

  = c ons t a n te pa ra t r a ns fo rma ç ã o da

  D B O S

  a

  D B O

  ú l t ima

  ( D B O

U

) (-)

( 1 . 2 3 )

O valor de L

0

  é também obt ido a t ravés de média ponderada entre as vazões e as

demandas b ioquímicas de oxigênio do r io e dos esgotos.

Impacto do lançame nto de efluentes nos corpos receptores

1 2 1

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c) Cálculo do perfil de oxigênio dissolvido em função do tempo

Ct = Cs-

K2 - K\

(1 .24)

C a so e ve n tua lme n te oc o r ra uma c onc e n t ra ç ã o ne ga t iva de ox igê n io d i sso lv ido

(Ct < 0) , ta l fa to , apesar de matemat icamente possíve l , não tem signif icado f ís ico .

Nestas condições, a t inge-se a anaerobiose ((DD=0 mg/l ) , e o modelo de Stree te r-

Phe lps passa a não mais se r vá l ido .

d) Cálculo do tempo crítico (tempo onde ocorre a concentração mínima de

oxigênio dissolvido)

tc =

1 .  k

2

1 -

D o .  (K i  — K\)

Lo.Ki

(1 .25)

Algumas si tuações podem ocorre r na u t i l ização da fórmula do tempo cr í t ico ,

de pe nde n do da re l a ç ã o e n t re (L

0

/D

n

) e  (K 2/K1) (ver Figura 1.14):

PERFIL DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO

Relação entre Lo/Do e K2/K1

OD

(mg/l)

Lo/Do > K2/K1

t c >0

d (km)

OO

(mg/l)

tc

 < 0

Lo/Do < K2/K1

d (km)

tc = 0

OD

(mg/O

Lo/Do = K2/Kl

d (km)

K2/K1

  =1

tc =  l/Kl

d (km)

Fig . 1 .14 .

  R e l a ç ã o e n t r e o t e m p o c r í t i c o c o s t e r m o s ( L , / D „ ) e ( K 2 / K 1 )

I

 líi

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E T F E S

-B ibUoteca

• Lo/Do >  K2/K1

O tempo crítico épositivo.  A par tir do ponto de lançamento haverá uma queda no

oxigênio dissolvido, originando um déficit crítico superior ao inicial.

•  LO/DO = K

2

/K\

O tempo crítico é igual a zero,  ou seja, ocorre no exato local do lançamento. O

déf ici t in icial é igual ao déf ici t cr ít ico . O curso d 'ág ua a presenta uma boa capacid ade

regenado ra face aos despejos af luentes , não v indo a sofrer queda nos teores de OD .

• Lo/Do <  K2/K1

O tempo crítico é negativo.  Tal indica que, desde o lançamento , a concentraç ão

de oxigênio dissolvido tende a se elevar. O déficit inicial é o maior déficit observado.

O curso d 'água apresenta uma capacidade de autodepuração super ior à capacidade

de degeneraç ão dos esgotos . Em termos práticos , o tempo cr í t ico pode ser co nsiderado

igual a zero, com os menores valores de OD ocorrendo no ponto de mistura.

K

2

/K\ =   1

A aplicação da fórmula do tempo crítico fornece uma  indeterminação matemática.

A condição limite em que K2/K1 tende para  1 c onduz a um tempo cr í t ico igual a  I /Ki.

e) Cálculo do déficit crítico e da concentração crítica de oxigênio

D

c

  =  •  Lo •  e

A2

Ce =  C.v - De (1-27)

f ) Cálculo da eficiência requerida para o tratamento

O modelo de Streeter -Phelps perm ite calcular ainda a carga máxim a de DBO nos

esgotos , para que a concentração cr í t ica de OD seja exatamente igual à mínima

permissível . Tal procedimento envolve algumas i terações, pois a cada al teração na

carga m áxim a permissível ocorre uma mo dif icação no temp o crí t ico . No entanto , em

uma si tuação real , com mais de um lançamento , es ta abordagem torna-se pouco

prática. O que usualmente é fei to é atr ibuir -se ef iciências de remoção da DBO

com patíveis co m os processos de tratamento exis tentes ou d isponíveis , e recalcular-se

o perf i l de OD para cada nova condição.

 A situação mais econômica é aquela em que

a concentração mínima de OD é apenas marginalmente superior ao valor mínimo

•permissíve l pela legislação.

1.7. Obtenção dos dados de entrada para o modelo

São os seguintes os ciados de entrada necess ários para a utilizaçã o do mode lo de

Streeter-Phelps (ver Figura 1. 15):

Impacto do lançamen to cle efluentes no s corpos receptores

23

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• vazão do r io , a monta nte do lançamento (Q

r

)

• vazão de esgotos (Q^)

• oxigênio d issolv ido no r io , a montante do lançamento (OD

r

)

•  ox igên io  dissolv ido no  esgo to (OD

c

)

• DBO5 no r io , a montante do lançamento (DBO

r

)

• D B O

s

  do esgoto (DBC Q

• c oef icie nte de desoxig enação (K |)

•  coef iciente de reaeração  (K?)

• velo cida de de percu rso do rio (v)

•  tempo de percurso ( t)

• concentração de saturação de OD   (C*)

• oxigênio d issolv ido mínimo permissível (OD

m n

)

DADO S DE ENTRADA PARA O M O DELO DE STREETER-PHELPS

DBOr Kl, K2

v,  t

Cs, ODmíri

F i g . 1 . 1 5 . D a d o s  d e e n t r a d a n e c e s s á r i o s p a r a o m o d e l o d e S t r e e l e r - P h e l p x

a) Vazão do curso d água (Q

r

)

A vazão do corpo receptor é uma var iável   de  extrema importância no modelo ,

tendo uma grande inf luência nos resultados  da  simulação. Justifica-se, portanto, a

obtenção do valor da  vazão tão preciso quanto possível .

A uti l ização do m odelo de OD pode ser fei ta com qua isquer das vazões seguintes ,

dependendo dos objet ivos:

- vazão observada em um determinado per íodo

-  vazão média (média anual , média do per íodo chuvoso, média do per íodo seco)

-  vazão mínima

A  vazão observada em um determinado período  é u ti l izada quando se deseja

calibrar o modelo , is to é , a justar os coef icientes do modelo , para que os dados

s imu lados se jam  os  mais  próximos possíveis dos  dados observados  (med idos )  no

curso d 'água no per íodo em análise.

A   vazão média  é  adotada quando se deseja s imular as condições méd ias prevale-

centes , quer durante o ano, durante os meses chuvo sos ou durante os meses secos.

A

  vazão  mínima  é

  u ti l izada para o p lanejamento da bacia h idrográf ica,  para  a

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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aval iação doc um pr im ent o aos padrões ambienta is do corpo receptor e para a  a locação

de cargas poluidoras , Ass im, a determinação das ef ic iências requer idas para os

tra tamentos dos diversos lançamentos deve ser determinada nas condições cr í t icas .

Es ta s  condições cr í t icas no corpo receptor ocor rem exatamente no per íodo  de  vazão

mínima, em que  a  capacidade de di luição é menor .

A vazão cr í t ica deve ser ca lculada a par t i r de dados f luviométr icos his tór icos do

curso d 'água. Foge ao escopo do presente texto   a  anál ise dos métodos para a

es t imativa das vazões mínimas , tema bem deta lhado em l ivros de hidrologia . Usual-

m ente ado ta - s e um a vazão m ín im a com um tempo de recorrência de 10 anos  e  período

de mínima de 7 dias  (Q7.10)- Tal pode ser entendida como o valor   q ue  pode s e  repetir,

probabi l is t icamente ,  a cad a 10 anos ,  com pr eendendo a  menor média ob t ida em 7  dias

consecut ivos . Ass im, em cada ano da sér ie his tór ica , procede-se à anál ise das 365

méd ias diár ias de vazão. Seleciona-se , em cada ano, o per íodo de 7  dias consecut ivos

que resul tou na menor média d e vazão  (média  de7 valores) . Com  o s  valores da m eno r

m édia de  7  dias de  cada  ano procede-se  a  uma anál ise es ta t ís t ica , que permite

interpolar ou extrapolar o valor para o  tem po  d e  recor rência de 10 anos .

Um a ou t r a abor dagem  que  pode ser adotada  é  a da ut i l ização  d o  concei to de

descarga específica  ( l/s .km

2

).   Ex is tem  valores  tabulados  para  grande par te do ter r i -

tór io nacional , função de  es tudos hidrológicos  real izados  por diversos  órgãos . Des ta

f o r m a , conhec ida a área de drenagem no ponto de lançamento, eado tan do -se um valor

da descarga específ ica ,  o  produto de ambos conduz à vazão do curso d 'água. Os

valores da descarga específ ica var iam grandemente de região para região, em função

d o  c l im a ,  topograf ia , solo e tc .

b) Vazão de esgotos (Q

e

)

A

  vazão de esgotos cons iderada em es tudos de autodepuração é usualmente a

vazão  média,  sem coef ic ientes  pa r a  a hora e o dia  de  m a ior consum o.  A  vazão  d e

esgo tos é  obt ida  a t r avés dos p r oced im entos  convencionais , ut i l izando-se dados de

população, contr ibuição per capi ta , inf i l t ração, contr ibuição específ ica (no caso de

despejos indus tr ia is )  etc. Ta i s p roced im entos encon t r am - se abor dado s no Cap í tu lo  2.

c)   Oxigênio dissolvido  no   rio, a montante do lançamento (OD

r

)

O  teor de oxigênio dissolvido em um curso  d ' á g u a ,  a m ontan te do l ançam ento

dos despejos , é um produto das a t ividades na bacia hidrográf ica a montante .

Caso não se ja poss ível cole tar amostras de água nes te ponto, pode-se es t imar   a

concen t r ação de O D em f un ção do g r au de po lu ição apr ox im ado do cur so d ' água . S e

es te apresentar  poucos indícios de poluição,  O D

r

  pode ser adotado, por segurança,

co mo 7(1 a 90% do v alor de sa turação de ox igên io  (ver item l adiante) .

Caso o curso d 'água já se apresente bem poluído a montante , jus t i f ica-se uma

cam pa nha d e am os t r agem , ou m esm o que os e s tudos de au todepur ação s e e s tendam

para montante , de forma a incluir os pr incipais focos poluidores . Em ta l s i tuação, o

valor  d e  O D

r

  será  bem infer ior ao  teor  de  saturação.

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores 125

Page 122: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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d) Oxigênio dissolvido no esgoto (0D

e

)

Nos e sgotos , os teores d e oxigênio d issolv ido são normalmen te nulos o u  p róx imos

a  zero. Isto se deve à grande quantidade de matér ia orgânica presente, implicando  em

u m  e levado consumo  d e  oxigênio pelos microrganismos decompositores . Assim,

adota-se usualmente, nos cálculos de autodepuração, o OD do esgoto bruto como

zero.

C aso  o  esgoto seja

 t rat ad o ,

  as seguintes considerações podem  se r  efetuadas:

- Tratamento primário.  Ef luen tes de tratamento  pr imár io  podem ser admitidos como

tendo OD igual a zero.

-  Tratamento anaeróbio.  Ef luen tes de processos anaeróbios de tratamento possu em

também um OD igual a zero .

-  Lodos  ativados e fdtros biológicos.  Ef luentes desses s is temas sofrem uma cer ta

aeração nos ver tedores de saída dos decantadores secundár ios , poden do o OD subir

a 2 mg/l ou mais . Se o emissá r io de lançamento f inal f or longo, es te oxigênio poderá

vir a ser consumido, face à DBO   remanescen te  do tratamento .

- Lagoas facultativas.  Ef luen tes de lagoas facultat ivas podem apresentar teores de

OD próximos à saturação, ou mesmo  ainda mais elevados, face à  produção de

oxigênio puro pelas algas .

e) DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBO

r

)

A  DBO? no r io , a  montante do lançamento , é função dos despejos lançados ao

longo do percurso até o ponto em questão .  São aqui também válidas as considerações

sobre campanhas de amostragem e a inclusão dos focos poluidores de montante,

abordadas no i tem  c.

Klein (1962) propõ e, na ausência de dados espec íf icos , as seguintes c oncentraç ões

típicas (Quadro 1.5):

Quadro 1.5

  Valores de DBOfi era função das características do curso d'ág ua

C o n d i ç ã o d o r i o D B O f i d o r i o ( m g / I )

B a s t a n t e t i m p o

1

L i m p o

2

R a z o a v e l m e n t e l i m p o

3

D u v i d o s o

5

R u i m

> 10

Fonte: Klein (1962

f ) DBOs do esgoto {DBO„)

A concentração da DBOs dos esgotos domésticos brutos tem um valor médio da

ordem de 300-350 mg/l . Pode-se est imar também a DBO dos esgotos domésticos

através da d iv isão entre o valor per capita de DB O (da ordem de 45 a 60 gD BOs/ha b.d ,

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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usualm ente adotada como 54 gD BOs/hab.d) pe la produção per capi ta de esgotos (em

torno de 120 a 220 1/hab.d) (ver Capítulo 2).

Cas o haja desp ejos industriais significativos, estes devem ser incluídos no cálculo ,

pr incipalmente aqueles or iund os de indúst r ias com elevada carga orgânica no ef luen-

te, como as do ramo alimentício. Tais valores podem ser obtidos por meio de

amostragem ou através de dados de l i teratura   (ver  também o Capí tulo 2) .

Na situação em que se estiver investigando o lançamento de um efluente tratado,

deve-se considerar a redução da DB O proporc ionada pela ef ic iência do t ra tamento.

Em ta is condições, a DBO s ef luente será :

flB^íl-jljJ.DBft (1.28)

onde:

DBOcfi =  DBO s do esgoto ef luente do tra tamento (mg/ l )

D B O e  =  D B O s d o  esgoto  af luente  (mg/l)

E = ef ic iência do t ra tamento na remoção da D BOs   (%)

O Quadro 1.6 apresenta fa ixas típicas de remoção da D BO de diversos sistemas

de t ra tamento de esgotos predominantemente domést icos. A descr ição dos diversos

sistemas de t ra tamento encontra-se no Capí tulo 4 . Outros volumes da sér ie dedicam-

se ao total detalhamento dos sistemas de tratamento.

Quadro 1.6 Eficiências típicas de diversos sistemas na remoção da DBO

S is tema de t ra tam ento E f i c iênc ia na rem oção de DBO (%)

Tra tamento p r imár io

3 5 - 4 0

Lagoa facu l ta t i va

7 0 - 8 5

L a g o a a n a e r ó b i a - l a g o a f a c u l t a t i v a

7 0 - 9 0

L a g o a a e r a d a f a c u l t a t i v a

7 0 - 9 0

L a g o a a e r a d a d e m i s t u r a c o m p í e t a - l a g o a d a d e c a n t a ç ã o

7 0 - 9 0

L o d o s a t i v a d o s c o n v e n c i o n a l

8 5 - 9 3

A e r a ç â o p r o l o n g a d a

9 3 - 9 8

Fi l t ro b io lóg i co (ba i xa carga)

B 5 - 9 3

Fi l t ro b io lóg i co (a l ta carga)

8 0 - 9 0

n i o d i s c o

8 5 - 9 3

Heator anaerób io de manta de i odo 6 0 - 8 0

F o s s a s é p t i c a - f i lt r o a n a e r ó b i o 7 0 - 9 0

In f i l t ração len ta no so lo

9 4 - 9 9

In f i l t ração ráp ida no so lo

86 - 90

In l i l t ração subsuper f i c i a i no so lo

9 0 - 9 8

f s c o a m e n t o s u p e r f i c i a l n o s o l o

8 5 - 9 5

Impacto cio  lançamento de efluentes nos corpos receptores

127

1

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8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 124/238

g) Coeficiente de desoxigenação (Kj)

O coef icie nte de desoxigen ação pode ser obtido segundo os cr itér ios apres entados

no I tem 1 .4 .2 . Deve-se atentar para o fato de que esgotos tratados b io logicamente

possuem um menor valor de Ki (ver Quadro 1 .4) . Para temperaturas do  l íquido

diferentes de 20°C, o valor de Ki deverá ser corrigido (ver Item 1.4.3).

h) Coeficiente de reaeração (Kz)

O coef iciente de reaeração  pode ser  obtido segundo  as  metodologias expostas na

Item 1.5.2. Para tem perat uras do líquido diferente s de 20°C, o valor de K j deverá ser

corrigido (ver Item 1.5.3).

i) Velocidade no curso d água (v)

A velocidade da massa l íquida no curso d 'água pode ser es t imada através de um

dos seguintes métodos:

- medição d ireta  no curso  d ' água

- obtenção de  dados em  estações f luviométr icas

- u t i l ização de fórmu las h idráulicas para canais

-  co r r e lação com  a  vazão

Em simulações que possam ser efetuadas com quaisquer condições de vazão, a

ob tenção da velocidade através dos dois ú l t imos m étodos é a mais indicada. E m outras

palavras ,  é  impor tan te  qu e  a  velocidade seja coerente com a vazão, já que per íodos

de seca tendem a ler menores  velocidades,  com o oposto ocorrendo com os per íodos

chuvosos.

As fórmulas h idráulicas  são apresentadas na literatura pertinente,  devendo  se r  >

se lec ionado o coef ic ien te de  rugosidade mais  adequado em  função da  con fo rmação

do leito do curso d'água (ver Chow, 1959).

A correlação com a vazão dev e seguir unia metodologia semelha nte à descri ta  no

I tem 1,5.2.c, para o coef iciente de  reaeração. O modelo  a  ser obtido pode ter a forma

v = cQ

d

, onde c e d são coeficientes obtidos da análise da regressão.

j) Tem po de percurso (t)

No modelo de Streeter -Phelps , o tempo  de  percurso teór ico que uma par t ícula

gasta para percorrer determinado trecho é função unicamente da velocidade e da

distância a ser vencida. Isto se deve ao fato do modelo prever a utilização de um

regime hidráulico de f luxo em pis tão , não  se  considerando os efei tos da d ispersão .

Assim, conhecidas as d is tâncias de percurso e determinadas   as  velocidades em

cada trecho, o tempo d e residência é obtido d iretame nte da relação:

I líi

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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r

  v.86400

E T F E S - B i b l i o t e c a

(1-29)

onde:

t =   tem po de percurso (d)

d =  distância percorrida  (m)

v =  velocidade do curso d'água (m/s)

86400  =  número de segundos por dia (s/d)

l) Concentração de saturação de OD (C

v

)

A  concentração de saturação de oxigênio pode ser calculada com base em

considerações teóricas, ou através da util ização  de  fórmulas  empíricas. O valor de C

s

é função d a  temperatura da água e da alt i tude,  sendo  que:

-  A elevação da temperatura reduz a concentração de saturação  (a  maior agi tação

entre as  moléculas na água  faz com  que os gases dissolvidos tendam  a  passar para

a  fa se gasosa) .

-  O aumento da altitude reduz a concentração  de  saturação  (a  pressão a tmosfér ica

é menor, exercendo um a menor pressão para que o gá s  se dissolva na água).

Há a lgumas fórm ulas empír icas  (a  maioria baseada em análises da regressão) que

fornecem dire tamente o valor d e C

s

 (mg/ l ) em função de , por exemp lo, a temperatura

T (°C).  Uma fórmula frequentemente empregada é  (Popel, 1979):

A influência da alt i tude pode ser computada pela seguinte relação (Qasim,   1985):

onde:

fn =  fator de correção da concentração d e sa turação de OD  pela alt i tude (-)

Cs'

  =  concentração  d e  saturação na alt i tude H (mg/1)

H  =  alti tude (m)

A sa l inidade afe ta também a solubi l idade  do  oxigênio. A influência  de  sais

dissolvidos pod e ser computada pela seguinte fórmula empír ica  (Popel,  1979):

onde:

7 =  fator de redução na solubilidade  (=1  para água pura)

Csai =  concentração de sa is dissolvidos  (m g  CI71)

O Quadro 1.7 apresenta  a concentração de saturação de oxigênio na água limpa

para diferentes temperaturas e alt i tudes:

Cs =  14,652  - 4,1022x10-'.T  + 7,99I0xW~'.T

2

  -  7,7774x10'-.T*

(1.30)

(1.31)

y=   I - 9 x HT

6

  .  C

.ud

(1.32)

Impacto

 do lançamento de

 efluentes

 nos corpos

 receptores

1 2 9

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Quadro 1.7. Concentração de saturação de oxigênio (mg/l)

Altitude (m)

Temperatura (°C)

0

500

1000 1500

10

11,3

10,7 10,1

9,5

11

11,1

10,5

9.9

9 ,3

12

10,8

10,2

9,7

9,1

13

10,6 10,0

9,5

6,9

14

10,4 9,8

9.3 8,7

15

10,2

9,7

9.1

8,6

16

10,0

9,5

8,9

8,4

17

9.7

9.2

8,7 8,2

18 9.5

9,0

8,5 8,0-

19 9,4 8,9 8,4 7 ,9

2 0

9,2 8,7

8.2

7 ,7

21

9.0 8,5

a.o

7,6

22

8,8 8,3 7,9

7,4

2 3

8,7

8,2

7.8

7,3

24

8,5

8,1

7,6

7.Á-

25

8,4 6,0

7 ,5

7,1

26 8 ,2

7,8 7,3 6,9

27

8,1

7,7

7,2

6 ,8

2 8

7,9

7,5

7,1

6,6

2 9

7,8 7,4 7,0

6,6

30 7,6

7,2 6 ,8

6,4

m) Oxigênio dissolvido mínimo permissível  (ODmin)  >

Os teores de oxigênio dissolvido n serem mant idos nos corpos d 'água são

estipulados através de legislação. Os valores variam em função da  classe  em que o

corpo d 'águ a está c lassi f icado. Segundo a Resolução CO NA M AN ° 20, de 18/06/86,

são os seguintes os teores mínimos permissíveis de OD nos corpos d 'água, em fun ção

da classe a que pertencem:

Q ua dr o 1.8 Teores mínimos permissíveis de oxigênio dissolvido

(Resolução CONAMA n° 20, 18/06/86)

Classe OD minimo (mg/1)

Especial Não sãa permitidos lançamentos, mesm o tratados

1  6,0

2 5,0

3 1,0

4  2,0

I líi

2

(14

 Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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E T F E S

  - B ib l io te ca

1 .8 . Formas de con t ro l e da  po lu i ção  p o r  ma té r i a o rgân ica

A o se analisar as possíveis estratégias  de controle da poluição no curso  d 'água, é

fundamenta l  q ue  se atribua uma visão regional para a bacia  hidrográf ica como  um

todo, objetivando atingir-se a qualidade desejada para a água, ao invés de se tratar o

problema pelos seus focos i solados. Quando   se emprega um  enfoque regional ,  uma

grande variedade de est ratégias a l ternat ivas torna-se disponível , norm almente con-

duz indo a maior economicidade e segurança . Um a  estrutura  organizacional  adequada

torna-se fundamenta l para desempenhar estas funções.

Entre as principais alternativas disponíveis, citam-se as seguintes:

• tratamento dos esgotos

• regularização da vazão do curso d'água

• aeração do curso  d'água

• aeração  dos esgotos tratados

• alocação de outros usos para o curso d'água

a) Tratamento dos esgotos

O tratam ento individua l ou coletivo dos esgotos antes do lançamento é usualmente

a principal , e muitas vezes, a única estratégia de controle. No entanto, deve-s e an alisar

a  sua possível combinação  com algumas  da s  outras estratégias apresentadas,  no

sent ido  de  se obter  a  solução  técnica favorável de  menor  custo.  O  t ra tamento  dos

esgotos é a principal alternativa  analisada  na presente  série de textos.

b) Regularização  da vazão do curso d'água

Esta  alternativa consiste  gera lmente em  se  construir uma  barragem a  montante

para, através de regularização, aumentar  a vazão  mínima do  curso  d 'á g u a .  A opção

mais  atraente  é  a de  se  incluir  usos múltiplos para  a  represa, tais como irrigação,

hidrelétrica, recreação, abastecimento de água e outros.

Outro aspecto posi t ivo  é  de  qu e  o efluente de barragens pode conter teores de

oxigênio dissolvido mais elevados, através  da  aeração no vertedor de saída.

Deve-se ter em mente ,  no  entanto,  que  a  implantação  de barragens é  um  tópico

del icado do ponto de vista ambiental. Se a bacia hidrográfica dc contribu ição à repr esa

não estiver  dev idamente  protegida,  a  própria represa poderá tornar-se um ponto de

poluição localizada e  de riscos de eutrofização.

c) Aeração  do  curso d'água

Uma outra  possibi l idade  é  a  de se  prover a  aeração do curso d 'água em  algum

ponto a jusante  do  lançamento,  mantendo-se  a concentração de oxigênio  dissolvido

em   valores superiores ao mínimo permissível .

A  vantagem  desta  alternativa reside no  fato  de que  a capacidade  de  assimilação

tio   curso  d ' á g u a  pode ser totalmente util izada nos períodos  de maiores vazões, e  a

aeração pode  estar  limitada  a  períodos  de seca.  Esta é  um a  forma  de  t ra tamento

cole t ivo  e  envolve  a  distribuição de custos entre os vários beneficiários.

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos

 receptores

131

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Ent re  as diversas form as de aeração podem ser em pregadas:

- aeração por ar difu so

-  aeração superficial

- aeração em vertedores

- aeração em turbinas

- injeçã o por pressão

Além disso, quedas d 'água natura is podem contr ibuir s igni f ica t ivamente para a

e levação do  O D  (Von Sperling, 1987).

d) Aeração dos esgotos tratados

Na saída da estação de tratamento de esgotos, após a satisfação da demanda de

oxigênio, o ef luente pode sofrer uma  simples  aeração, usualmente por meio de

vertedores. Estes disposi t ivos podem aumentar a concentração de OD da ordem de

alguns mi l igramas por  litro

  (í

  a 3  mg/l),  contr ibuindo a  que, já  no ponto  de

lançamento, a concentração de oxigênio no curso d 'água s e ja um pouco mais e levada.

e) Alocação de outros usos para o curso d'água

No caso da impo ssibi l idade (pr incipalmente econôm ica) de se controlar os focos

poluidores de forma a  se preservar  a qual idade  do corpo d ' ãgua em função d os  seus

usos previstos, pode-se avaliar a relocação de usos para este curso d'água, ou para

t rechos  deste.

Assim, po de vi r  a  ser necessário atribuir-se usos menos nobres para determinado

trecho de um curso d 'ág ua, pe la inviabi l idade de  se implementar  o controle  ao nível

desejad a . A a locação dos usos para o curso d 'água deve ser efe tuada como uma fo rma „

de  ot imização dos  recursos  hídricos  regionais,  visando  seus vários usos  (Arceivala,

1981).

L

132

Introdução

 à qua lidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

Page 129: Von Sperling

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http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 129/238

1 ,9. Exe mp lo de cá l cu lo

1 .9 .1 Desc r i ção do p rob lema

A  cidade e a indústria do exemplo geral do Capítulo 2 (Item  2.7) lançam, de

forma conjunta, os seus despejos não tratados em um curso d'água. A

montante d o ponto de lançamento, a bacia hidrográfica não apresenta nenhu-

ma contribuição pontual representativa,  sendo  ocupada principalmente por

matas. A jusante do ponto cle lançamento O curso d'água percorre uma

distância de 50 km até atingir a rio principal. Neste percurso, não há outros

lançamento significativos.

São os seguintes  os dados  principais:

•  Características  dos esgotos  (valores  obtidos  no referido exemplo):

-  Vazão média

  cle

  esgotos: 0,114 rtv/s

- Concentração de  DBO: 341  mgâ

• Características da bacia hidrográfica:

- Área de drenagem a montante do ponto de lançamento: 355 km

2

- Descarga específica do curso d'água (vazão mínima  po r  unidade de  área

da   bacia):  2  l/s. km

1

• Características do curso d'água:

- Classe  do  corpo  d'água:  Classe  2

- Altitude: 1.000 m

-  Temperatura da água: 25°C

- Profundidade média: 1,0  m

-  Velocidade média: 0,35 m/s

Assumir os outros dados julgados necessários.

• Calcular o perfil de O D até ci  confluência com o rio principal

• Apresentar alternativas cle tratamento  cle  esgotos para o controle da po-

luição no curso d'água

•  Calcular e plotar os  perfis de  OD para as alternativas apresentadas

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores 1 3 3

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1 .9 .2 . De te rminação dos dados de en t rada

a) Vazão do rio (Q,)

Descarga   especí f ica mínima: Qrcs

P

=2,0  l/s.km

2

Área da bacia de drenagem: A=355 km

2

Qr =  Qr

esr

  .

 A = 2,0  l/s  . km

2

  x  35 5  km

2

  = 7 1 0 l /s  = 0 ,710  rn/s

b)   Vazão de esgotos(Q

t

)

Qc

 = 0,114 mVs (enun ciado do probiema)

c) Oxigênio dissolvido no rio (OD,)

Conside rando-se  que o curso  d'água não apresenta descargas poluidoras  a mon-

tante, adotar o oxigênio  dissolvido  no  rio, a  montante do lançamento, como 90% do

valor de saturação.

Concentração   de  saturação: C

s

=7,5  mg/l  (25°C,  1.000 m de alt i tude) (ver i tem./

adiante)

O D

r

= 0,9 x C

s

  = 0,9  x 7,5 mg/l = 6,8 mg/l

d) Oxigênio dissolvido  no  esgoto (O D,.)

O D

e

  = 0,0 mg/l (adotado)

e) Deman da bioquímica de oxigênio no rio (DBO , )

Segundo o Quadro 1.5, para um rio   l impo,  tem-se:

DBOr  = 2,0  mg/l

f ) Demanda  bioquímica de oxigênio do esgoto  (DBO,)

DBOe = 3 4 1  mg/1 (enunciado  do  problema)

g) Coeficiente de desoxigenação (K\)

Na impossibi l idade  de  se efetuar testes  de  laboratório,  K Í  foi adotado como  um

valor médio de l i teratura (esgotos brutos - v er Quadro  1.2):

Ki = 0,38 d"

1

  (2 0

U

C, base e)

Correção d e K |  para a  temperatura de 25"C (Equaçã o  1.8):

K\

r

= K

noc

.  e '

7

"

2

^  =  0,38 x  1,047

(2 5

"

20 )

  =  0,48  et*

h) Coeficiente de reaeração (Kj)

Profund idade do curso d ' agua :  H  = 1,0 m

Velocidade do curso d 'água: v  = 0,35 m/s

Fórmula  a  ser uti l izada, em função da faixa de aplicação  (ver Quadro  1.4 e Figura

1.12): fórmula de O'Connor  e  Dobbins:

2(14

Introdução

 à qualidade da s águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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K

2

  = 3,73 .  =  3,73  .

 ( Q

'

3 5 , n /

f f

5

  = 2,21  ÍT

1

  (20°C, base  e)

H  •  (1,0 m) •

Cor reção  para a temperatura  de 25°C  (Equação  1.13):

K

2t

=K

220C

  •

  e

( r

"

2 0 )

  = 2,21 x l ,024

(2 5 _ 2 O )

  = 2,49 d  '

i)  Tempo  de  percurso

Velocidade do curso  d ' água :  v = 0,35  m/s

Distância de percurso: d = 50.000 m

O tempo de percurso para se chegar à confluência com o rio principal é (Equação

1.29):

_  d  50 .000  m  _

' ~~  v.86400 ~ 0,35 m/s . 86400 s/d  '

j) Concentração de saturação de oxigênio  (C.«)

Temperatura da água:  T = 25°C

Alt i tude:  1.000  m

Através  do  Quadro  1.7 obtém-se:

Cs = 7,5   m g / 1

l) Oxigênio  dissolvido  mínimo  permissível  (0 D

r a

i„)

Classe do corpo d 'água: Classe 2

Segundo o Quadro 1.8, tem-se:

ODmín =  5,0 mg/l

R e s u m o :

DADOS DE ENTRADA

G e  = 0,114 m3/s

O D e =

 0.0

  mg/ l

DBOe = 341 mg/ l

Q r = 0.710 m3/s

ODr = 6,8 m g/ l

DBOr =  2,0 m g/ l

v  = 0,35 m/s

H = 1.0 m

d  =  50,000 m

t =  1,65 d

K l =

 0,48

 d-1

K2 = 2.49

 d-1

Cs = 7.5 mg/ l

ODmín  -  5,0 mg/ l

Fig. 1.16. Dados de entrada do exemplo. Hsgolo bruto.

Impacto

 do lançam ento de efluentes nos corpos receptores

1 3 5

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1 .9.3 . De te rm inaç ão dos dados de sa ída - Esgo to b r u to

a) Concentração de oxigênio cla mistura

 (C,>)

Segundo a Equação 1.19:

Q

r

.  OI),  + Q,. OD

c

  0,710  x  6,8 + 0,114 x  0,0

(

 o

 = = 5 ,9  mg/l

Qr + Q

c

  0,710 + 0,114

O déficit de oxigênio é (ver Equação 1.20):

Do  = Cs - Co = 7,5 - 5,9 =  1,6 mg/l

b) Concentração  de  DBO  última da mistura (Lo)

A constante  de t ransformação da DBO s a DB O úl t ima é dada  pela Equação 1.23:

Ki  =

DUO„

I

-5.K,

-5.(0,48

= 1 10

DBOs |  -  i  -  c

A DBOs da mistura é obtida   a partir  da  Equação 1.21:

(O,-, DBO,  +  Qc. DBOA  0 ,710 x 2,0 +  0,114 x 341)

/

 >M)

= —

  1

— — =

  1 1

Q r+ Q c 0 ,710 + 0 ,114

A  DUO úl t ima  da mistura é obtida através da Equação  1.22:

/,„

 = DB O

%

  • Kt  =  49 x 1,10 =  5 4m g / l

c)  Tempo crítico (/, )

Segund o a Equação 1.25:

-  49  mg/l

h =

1

Kj

  —

  K ]

I

2,49 - 0,48

1  -

Do   (Ki- K,)

In

2,49

0,48

Lo Ki

1,6(2,49   -  0,48)

54   x  0.48

= 0,75 d

A distância crít ica é obtida através do conhecimento do tempo crít ico e da

velocidade:

do = t . v . 864 00 = 0,75 x 0,35 x 86400 =  22680 m =  22,7 km

d) Concentração crítica

  cle

  oxigênio dissolvido (OD

c

)

O défic i t  crít ico é dado pela  Equação 1.26:

D

c

  = f

:

L„- e'

K

> '  = | | | - 5 4 - * ° '

75

 = 7 ,2  mg/l

A concentração crít ica é dada pela Equaçao 1.27:

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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0 D

C

 = Cs-Dc = 7,5 - 7,2 = 0,3 mg/l

Caso houvesse sido atingido um valor negativo de concentração, deve-se ter

sempre em mente que uma concentração negat iva não tem signif icado f ísico. O

modelo de St ree ter-Phelps não é vál ido nestas condições (a par t i r do momento em

que OD=0 mg/ l ) .

E necessár ia a adoção de medidas de controle ambienta l, já que ocorrem concen-

trações inferiores à mínima permissível (OD

m

,-

n

  = 5,0 mg/l).

e) Perfil de oxigênio dissolvido ao longo do tempo e da distância

Ao longo do curso d 'águ a, a jusante do lançamento, devido à inexistência de dados

específicos, assume-se que a diluição por contribuições naturais (drenagem direta)

seja contrabalançada pela DBO distribuída ao longo do percurso.

Caso haja tributários ou lançamentos de esgotos significativos a jusante, o curso

d 'água deverá ser subdividido em novos t rechos.  E uma condição essencial do

modelo de Streeter-Phelps que cada trecho seja constante e homogêneo.

Segundo a Equação 1.24, tem-se:

O

  = Cs

  -

K\

  •

  Lo

= 7 , 5 -

Ki-K i

0,48 x 54

(e~

K[

'' - e~

K

-'')

  +

 D o

 •

 é

-Ki. t

2,49 - 0,48

.

( e

- 0 . 4 8 x , _

e

- 2 . 4 9 x

í ) + 1 ) 6

.

e

- 2 , 4 9 x ,

Para diversos valores de t , tem-se:

d (km)

t(d)

C, (mg/l)

0,0

0,00

5,9

5.0

0,17

3,1

10,0

0,33

1.5

15,0

0,50 0.6

20,0

0,66

0.3

25,0

0,83 0.3

30,0

0,99

0.5

35,0

1.16 0,8

40,0

1,32

1.1

45,0 1,49

1.5

50,0

1,65

1.9

Observa-se que em pra t icamente todo o percurso o OD está abaixo do mínimo

permissível de 5,0 mg/l. O perfil de OD pode ser visualizado na Figura 1.17.

Caso houvesse ocorr ido concentrações de OD abaixo de zero, o modelo deveria

deixar de ser uti l izado no ponto em que o OD tornou-se negativo, não sendo

reportados os valores inferiores a zero.

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos

 receptores

1 3 7

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PERFIL DE OD - ESGOTO BRUTO

Fig . 1.17. Perfil de OD no curso d'águ a. Esgolo brulo

1 .9 .4 . De te rminação dos dados de sa ída - e sgo to t r a t ado

Configu rada a necessidade do t ra tamento, deve-se invest igar di ferentes a l ternat i-

vas de níveis e ef ic iências de t ra tamento na rem oção da DB O. O concei to  de  nível de

tratamento, uti l izado neste i tem, encontra-se abordado no Capítulo 4.

a) Alternativa 1: Tratamento prim ário  - Eficiência de 35%

Pela Equação 1.28, a DB O dos esgotos ef luentes do t ra tamento é :

DBQ,  -  DBO

ehmto

( e \

1

 "Tõõ

V

= 341

( _35}

100

= 222  mg/l

O nov o coeficien te K | (esgo to tratado a nível primário) pode ser obtido do Q uadro

1 .2 ,  e adotado como:

K i = 0 , 3 5 d -

,

(T=20°C)

K, = 0,44 d~'(T=25°C)

Os demais dados de ent rada permanecem os mesmos. A seqüência de cá lculo é ,

também, a mesma.

Os valores ca lculados de OD, bem com o o gráf ico do perf il de OD , encon tram-se

no item   d.

A concentração crít ica de OD (2,8 mg/l) ocorre a uma distância de 22,1 km, O

valor mínimo permissível ( '5,0 mg/l) continua não sendo obtido na maior parte do

percurso. A eficiência do tratamento proposta é insuficiente. Deve-se tentar, portanto,

uma maior eficiência, associada a um tratamento a nível secundário.

b) Alternativa 2: Tratamento secundário   - Eficiência de 65%

Todos os processos de tratamento de esgotos a nível secundário são capazes de

alcançar uma ef ic iência na remoção da DB O de 65% , mesmo aqueles mais simpl i f i -

cados.

2

(1 4

  Introdução à qu alidade das águas e ao tratamento de esgotos

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DBQ. = 341 .

1 _

  6 5

1

\

=

  e T F Ê S

- B i b l i o t e c a

K j  = 0 , 1 8  d"

1

  (T=20°C)

K i = 0 , 2 3  d '

1

  (T=25°C)

Admit iu-se , por segurança ,  que o  OD efluente do t ra tamento se ja o mesmo do

esgoto bruto (0,0 mg/l). Caso o sistema de tratamento de esgotos propicie maiores

teores  de  OD no efluente, tal aspecto deverá ser levado em consideração.

Os valores ca lculados de OD, bem como o gráf ico do perfi l de OD, enco ntram-se

no item d.

Observa-se que o curso d 'ãgua, em todo o seu percurso, possui va lores de OD

acima do mínimo  permissível (o O D  crítico é de 5,4 mg/í). Desta forma, do pon to  d e

vista  do corpo receptor , esta a l ternat iva é sa t i sfa tór ia . Como  o  padrão  do  corpo

receptor  está sendo respeitado, não há necessidade de se analisar o atendimento  ao

padrão de lançamento.  N o  caso  de  legislações que  impõem padrões de lançamento

para a DBO (como em Minas G era is, com o padrão de DBO igual a 60 mg/l), deve-se

apresentar este estudo de autodepuração ao órgão ambiental, no sentido de que seja

aprovado o lançamento com   a  concentração superior (no caso, 119 mg/l),  já que o

padrão do corpo receptor está satisfeito.

C o m o  a alternativa  da  eficiência de 65% mostrou-se suficiente, não  há  necessi-

dade  de se investigar outras alternativas de maior eficiência e, muito provavelmente,

maior custo.  A si tuação m ais econômica é usualmente aquela em qu e o  O D  crít ico  é

apenas marginalmen te superior ao OD mínim o permissível . De forma simi lar , não há

necessidade de se analisar eficiências inferiores a 65%, já que esta se situa no p atam ar

infer ior  da faixa de atuação  dos tratamentos secundários.

Caso  a ef ic iência  de  65% tivesse sido insatisfatória, novas eficiências deveriam

ser testadas em form a sequencia e crescente,  at é  se atingir o a tendimento ao padrão

do corpo receptor.

c)   Resumo

A alternativa  a ser adotada deve ser a alternativa  2 - tratamento dos esgoto s a nível

secundário, com uma ef ic iência de 65% na remoção de  DBO.

Os valores d as concentrações de OD no curso d 'água para as  diversas alternativas

estão apresentados a seguir.

Impacto do lançamento d e efluentes nos corpos receptores

139

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Concentração de OD (mg/1)

d (km)  t  (d) ^

  L

-

a

-

i

E

 = 0%

  •

 E =

 35%

  E =

  65%

0.0

0,00

5,9

5,9 5,9

5,0 0,17 3,1

4,3 5,6

10,0

0,33

1,5

3,5 5,5

15,0

0,50 0,6 3,0

5,4

20,0

0,66 0.3 2,8 5,4

25,0

0.83 0,3 2,8

5,4

30,0

0,99 0,5 3,0 5,4

35,0

1,16

0,8

3,1

5,5

40,0 1,32

1,1

3.4

5,5

45,0

1,49

1.5

3,6 5,6

50,0

1,65

1.9

3,8 5,7

PERFIS DE OD •   DIVERSAS ALTERNATIVAS

0 10 20 30 40 50

distância (km)

E = 0%  E = 3 5%   E  = 65% OD min

Fig. 1.18.  Perfis de OD para diversas alternativas de tratame nto dos esgotos

Os valores acima foram  obtidos  através de cálculo  por  p lanilha eletrônica.

Pequenas d iferenças em decimais poderão surgir, dependendo  do cr i tér io de ar redo n-

damento empregado, pr incipalmente em cálculos efetuados em calculadoras eletrô-

nicas.

2(14  Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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2 . C O N T A M I N A Ç Ã O P O R

M I C R O R G A N I S M O S P A T O G Ê N I C O S

2 . 1 . I n t r o d u ç ã o

Um dos  mais  importantes aspectos de  poluição  das  águas  é  aquele re lac ionado

com  o  fator higiênico,  associado às doenças  de  veiculação hídrica. O Item 5.3 do

Capí tulo  1  l ista as principais doenças associadas à água.

Um corpo d 'água receptor do lançamento de esgotos pode incorporar a si toda

uma ampla gama de agentes t ransmissores de doenças. Este fa to não gera um  impacto

à biota  do co ipo  d ' água  em  si ,  m as  afe ta  a lguns dos usos preponderantes a e le

dest inados, ta is como  abastec imento dc água  potável  e balneabilidade.

E, portanto, de fundamenta l importância o conhecimento do com portamen to dos

agentes t ransmissores  de  doenças em um  corpo  d 'água, a  partir  do seu lançamento

até os locais de util ização (captaç ão de água ou balneabilidade). Sab e-se q u e a m aioria

destes agentes têm no trato intestinal humano as condições ótimas para o seu

cresc imento e reprodução. Uma vez submet idos  às adversas condições prevalecentes

no corpo d 'água, ê les tendem a decrescer em número, carac ter izando o assim

chamado  deca imcnto .

Foi visto que as bactérias do  g r u p o c o l i f o r m e  são util izadas como  indicadores

de   contaminação fecal,  ou seja, indicam se uma água foi contam inada po r feze s  e,

cm decorrência ,  se apresenta uma potencialidade  para transmitir  doenças. O presente

item aborda  as  relações qualitativas e quantitativas associadas ao decaimento de

col i formes em coipos d 'água, entendendo-se  que este  decaimento  represente  um

indicativo  d o comportam ento dos eventuais pa togênicos lançados neste corpo d ' água .

2.2. P a d r õ e s p a r a c o l i f o r m e s e m c o r p o s d ' á g u a

C o m o visto no Itern 6.2 do Capítulo

  1,

 são os seguintes os padrõe s para col i formes

em  corpos d 'água, em função da  sua classificação:

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos

 receptores

141

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Quadro 2 .1

  Padrões de coliformes em corpos d'água (Resolução CONAMA 20, de ] 8/06/86)

Padrão (organismos/300

Classe do corpo d ' água —

Coliformes fecais Coliformes lolais

 ; 1

Especial

(c)

(o)

1 (d) (e)

200

1.000

2 W

1.000 5.000

3

4.000

20.000

4

(f)

(1)

Obs:

(a) Padrão a ser cumprido  em  B0% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer més.

(b) O padrão para coliformes totais deve ser uti l izado quando não houver na região meios disponíveis para o exame de

coliformes fecais.

(c) Nos corpos d água de Classe Especial não sâo permitidos quaisquer  lançamentos, mesmo que tratados.

(dj Para uso do corpo d'âgua para recreação de contato primário, deve ser analisado artigo especifico da legislação

(e) As águas utilizadas para irrigação de hortaliças ou plantas trutiteras que se desenvolvem rente ao solo e que são consumidas

cruas, sem remoção de casca ou película, não devem ser poluídas por excrementos humanos, ressaltando-se a necessidade

de inspeções sanitárias periódicas.

( )   Não há padrão para  colilormes, já  que as águas  de Classe  4 não  são Indicadas  para  abastecimento, irrigação ou

balneabllidade.

2 .3 . C i n é t i c a j j o j e c a i m c n t o J > a e t e r i a n o

2 ,3 .1 . Fa to re s i n t e rven ien t e s

Os coliformes e outros organismos d e origem intestinal  apresentam u m a m ortalidade

natural quando expostos a co ndições ambientais que diferem das anteriormente prep on-

derantes dentro do sistema hum ano, e que eram as ideais para o seu desenvolvimento e

reprodução. Entre os vários fatores que contribuem para a mortalidade bacteriana, citam-se

os seguintes (Almeida, 1979;  Arceivala, 1981; EPA,  1985; Thomann e Mueller,  1987): -

^Fatores físicos:

• luz solar (radiação ultra-violeta)

• temperatura (os valores usuais nas águas são bem inferiores à média no   corpo

humano, em torno de 36°C)

• adsorção

• f loculação

• sedimentação

Fatores físico-químicos:

• e feitos osm óticos (salinidade)

• pH

• toxic idade química

• potencial redox

Fatores biológicos e bioquínúcos:

• falta de nutrientes

• predação

• compet ição

Tais  fenômenos podem atuar simul taneamente ,  e com diferentes graus  de  impor -

tância.

2

(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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ETFES

 

B ib l i o teca

2 .3 .2 . C iné t i ca do fenômeno

A taxa de mortal idade bacteriana é geralmen te estimada pela lei de Chic k, segu ndo

a qual a taxa é tanto mais elevada quanto maior for a concentração de bactérias:

onde:

N = nú mero de col i formes (col i/100 ml)

Kb = coeficiente de decaimento bacteriano (d

1

)

t = tempo (d)

A fórmu la para o cá lculo da concentração de col i formes após um tempo t depe nde

do regime hidráulico do corpo d'água (ver Item 1.3.2.2). Rios são usualmente

representados como reatores de fluxo em pistão, ao passo que represas são admitidas

como rea tores de mistura completa . Um maior de ta lhamento destes concei tos, in-

cluindo a análise de outros modelos hidráulicos mais realísticos, encontra-se no

Capítulo "Cinética de reações e hidráulica de reatores", no segundo volume da

presente sér ie . Em função das carac ter íst icas do corpo d 'água, pode-se adotar uma

das seguintes fórmulas:

Q u a d r o 2 .2  F ó r m u l a s p a r a o c á l c u l o d a c o n t a g e m d e c o l i f o r m e s e m u m c o r p o d ' á g u a

Regime

 H

 dráulico

Esquema

Fórmula da contagem de

coliformes efluentes (N)

Fluxo em pistão

(ex: rios) =C5

 [ £M>

N= N

0

 • er*f

Mistura completa

(ex: lagos)

N

0

  = contagem de coliformes no afluente (org/100 ml)

N = contagem de ccliformes após um tempo t (org/100 ml)

K|, = coeficiente de decaimento bacteriano ( d

1

)

t = tempo (d)

No caso de rea toresde mistunt completa , o tempo tcorrespoj ide ao temjgode

detenção, dado_por:_ t=V/Q. A concentração de coliformes em qualquer ponto do

reator é a mesma, coincidindo co m a concentração ef luente .

Impacto

 d o

 lançamento

 de efluentes nos corpos

 receptores

1 4 3

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2 .3 .3 . Coe f i c i en t e de deca imento bac t e r i ano

A morta l idade de microrganismo em dist intos corpos d 'ág ua gera lmente apresenta

diferentes valores de Kb, dependen do da natureza do organismo c das condições no

meio aquát ico. Por exemplo,  a  mortalidade em águas naturais é  mais  rápida nas

lati tudes tropicais que nas temperadas. Rios turbulentos apresentam taxas mais

rápidas que os cursos d'água mais lentos. A cinética  d e  mor t andade  conduz  a que,

quanto maior a concentração  de organismos, m aior a taxa de remoção,  fazendo  com

que a mortalidade seja mais rápida em rios poluídos do que nos l impos (Arceivala,

1981).

Valores de Kb obtido s em diversos estudos em água doce variam num a am pla

faixa. Valores t ípicos, no entanto, si tuam-se próximos a (Arceivala,  19 81; EPA, 1985;

Thomann e Muel ler , 1987):

Kb = 0,5 a 1,5 d"

(base e, 20°C) Valor t ípico  -  1,0 d'

Marais (apud Arceivala, 1981) comenta não haver diferenças significativas entre

as taxas de decaimento de coliformes totais, coliformes fecais e estreptococos fecais.

As taxas de mortalidade de vírus são menores que as das bactérias coliformes.

O efeito da temperatura na taxa de decaimento dos microrganismos pode ser

form ulado a t ravés de:

K i,

r

 =

 Kh2o

.

  Q

{ T

-

2 0 )

(2.2  

onde:

9  =  coefic iente de  temperatura (-)

Um valor médio para 9 pode  se r  1,07  (Castagnino,  1977: Thomann e Mueller,

1987),  embora  haja uma grande  variação  dos  dados apresentados  na  literatura.

2 .4 . Cont ro l e da con taminação por pa togên icos

A melhor forma de se controlar a contaminação  por  patogênicos em um corpo

d ' água  é através  da  sua remoção na  etapa de  tratamento dos esgotos. No entanto, tal

prática não é ainda consolidada a nível mundial, havendo  distintas  abordagens. A

prática norte-americana usual envolve  a  desinfecção sistemática do efluente do

tra tamento  dos esgotos, enquan to a est ratégia européia normalmente  efe tua  a  desin-

fecção apenas no t ra tamento de   águas.

Os processos d e t ra tamento de esgotos usu almenteut i l izados são bastante ef ic ien-

te s  na remoção de  sólidos  em suspensão  e  de matéria orgânica,  m as  são gera lmente

insufic ientes  para a remoção  de  microrganismos causadores de doenças.  Apesar da

2

(14

Introdução à qualidade d as águas e ao tratamento de esgotos

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Q u a d r o 2 . 3  E f i c i ê n c i a s t í p i c a s d e d i v e r s o s s i s t e m a s  na  r e m o ç ã o d e c o l i f o r m e s

Sistema de tratamento

Eficiência na remoção de coliformes (%)

Tratamento primário

30 -40

Lagoa facultativa

60 •99

Lagoa anaeróbia-lagoa facultativa

6 0 -

99,9

Lagoa aerada facultativa 60 - 96

Lagoa aerada de mistura ccmpleta-lagoa de decantação 60 -99

Lagoa d e estabilização - lagoa de maturação

> 99,9

Lodos ativados convencional

60 -90

Aeração prolongada

65 •  90

Filtro biológico (baixa ca rga)

60 - 90

Filtro biológico (alta carga) 60 -  90

8iodisco 60 -9 0

Reator anaeróbio de manta de lodo 60 -9 0

Fossa séptica-filtro anaeróbio

60 -90

Infiltração lenta no solo

> 99

InfiStração rá pida no solo > 99

Infiltração subsuperficial no solo

>

99

Escoamento superficial no solo 90 - >9 9

grande importância deste i tem em nosso país, ele não tem recebido a devida consi-

deração. Tal se deve, em parte, pela dificuldade em se adotar métodos simplificados

e eficientes de desinfecção. O Quadro 2.3 l ista as eficiências na remoção de colifor-

mes obtidas nos principais sistemas de tratamento a nível secundário.

Apesar das eficiências parecerem elevadas, deve-se ter em mente   que, em se

t ra tando  de  coliformes, eficiências muito mais elevadas são necessárias para o

atendimento aos padrões. Arem oção d e col iformes com efic iências bastantee levad as

pode  ser alcançada através dos seguintes processos  mais  usuais:

Impado do lançamento de efluentes nos corpos receptores

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Q u a d r o 2 . 4  P r i n c i p a i s p r o c e s s o s p a r a a r e m o ç ã o d e p a t o g ê n i c o s n o t r a t a m e n t o d o s e s g o t o s

Processo Comentário

Natural

Lagoa de

malufaçâo

São lagoas d e menores profundidades, onde a penetração d a  radiação

solar ultra-violeta e as condições ambientais desfavoráveis causam  uma

elevada mortandade dos pa togênicos. As lagoas de m aturação não

necessitam  de produtos químicos ou energia, mas  requerem grandes •

áreas. Devido à sua grande simplicidade e baixos custos, são os

sistemas  mais recomendáveis (desde que haja área disponível).

Disposição

no solo

As con dições ambientais desfavoráveis no solo favorecem a

mortandade de patogênicos. Deve-se atentai para a possível

contaminação de vegetais, os quais não devem ser ingeridos. Não

necessita de produtos químicos. Requer grandes áreas.

Cloraçào

O cloro mata os microrganismos patogênicos. São necessárias elevadas

dosagens, o que encarece o processo. Há certa preocupação com

relação à geração de subprodutos tóxicos, mas deve-se levar em

consideração o grande benefício da remoção de patogênicos. Há

bastante experiência com cloraçào na área de tratamento de água.

Artificial

Ozonização

0 ozônio é  um agente bastante eticaz para a remoção de patogênicos.

No entanto, a ozonização é bastante cara.

Radiação

ultra-violeta

A radiação ultra-violeta. gerada por lâmpadas especiais, mata os

agentes patogênicos. Não há geração de subprodutos tóxicos. Este

processo tem se desenvolvido bastante recentemente, e pa rece ser

competitivo com a cloraçào, dentro de determinadas condições.

O s  processos l istados acima são capazes de alcançar remoções de coliformes

acima de 99,99%.  Frequentemente, a eficiência d a remoção de col iformes é expressa

na escala logarítmica, através  da  seguinte conceituação:

• eficiência de 1 log : E= 90% (a concentração de patogênicos é reduzida

  1

  ordem de

grandeza)

• eficiência de  2  log: E = 9 9 %  (a concentração de patogênicos  é  reduzida 2 ordens de

grandeza)

• eficiência de 3 log:  E=99,9% (a concentração de patogênicos  é  reduzida 3 ordens

de  grandeza)

• eficiência de 4 log

: E=99,99%   (a  concentração de patogênicos é reduzida 4 ordens

de  grandeza)

• eficiência d e n log: E=9 9,99. . .% (a concentração de patogênicos  é reduzida

 n

 ordens

de  grandeza)

2(14

Introdução

 à q ualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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ETFES

 

Bib l io teca

Exemplo 2.1

Calcular o perfil da concentração de coliformes fecais no rio do exemplo do

Item 1.10. Calcular a eficiência de remoção de coliformes necessária no

tratamento de esgotos, para que o rio fique dentro dos padrões da Classe 2,

logo após o lançamento. Os principais dados são:

• vazão do rio: Q

r

  = 0,710 in/s

• vazão de esgotos: Q

c

  = 0,114 nr/s

• temperatura da água: T  = 20° C

• distância de percurso: d = 50 km

• velocidade do curso d'água: v = 0,35 m /s

Solução:

a) Concentração de coliformes fecais no esgoto bruto.

Assumir uma concentração de coliformes fecais  Atebruio = lxl  O

1

 org/100ml no

esgoto bruto (ver Capítulo 2).

b) Concentração de coliformes fecais na mistura esgoto-rio, após o lança-

mento

Assumir que o rio a montante do lançamento seja limpo, com uma contagem

desprezível de coliformes (Nr = 0 org/100ml)

A concentração na mistura é advinda de média ponderada com as vazões:

g

f

. ^

  + &

. ^

  =

  a 7 1 0 x 0

  +

  0 1 1 4 x l 0 \

  x 1 0 W l 0 0 m /

Qe+Qe  0 , 7 1 0 + 0 , 1 1 4

  &

c) Perfil da concentração ao longo da distância

A concentração de coliformes fecais é calculada pela equação para fluxo em

pistão (rios), apresentada no Quadro 2.2. Adotando-se Kb=l,0 d'

1

, tem-se:

N=No.

  e~

Kh

  •' = 1,38 x IO

6

.*?"

1

-

0

-'

Variando-se t, obtém-se os valores de Nt. A correspondência entre distância

e tempo é dada através de:

d=v.t  = (0,35  m/s  x 86.400 s/d). t

Para diversos valores de t e de d, tem-se:

Impacto do

 lançamento

 de efluentes nos corpos receptores

1 4 7

Page 144: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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d (km) Qd) N

t

 (mg/l)

0,0 0,00 1,38x

 10®

5,0 0,17  1,16x10®

10,0 0,3á> 0,99x10®

15,0  0,50  0,84x10®

20,0 0,66

  0,71 x 10®

25,0 0,83

  0,60 X10®

30,0 0,99

  0,51 X 10®

35,0  1,16  0,43x10®

40,0 1,32

  0.37 x

  10

6

45.0 1,49

  0,31 x 10®

50.0 1^65

  0.27 x

 10

6

Apesar do decréscimo considerável ao longo do percurso, as concentrações

são ainda elevadíssimas, e bastante superiores ao padrão de 1.000 org/100 ml

para Classe 2.

O 10 20 30 40 50

distância (km)

PERFIL DE COLIFORMES FECAIS - ESGOTO BRUTO

d) Concentração máxima permissível  no  esgoto para atendimento ao padrão

No ponto de lançamento, a concentração de coliformes fecais deverá .ser

1.000 org/100 ml, correspondente ao padrão pa ra Classe 2. Utilizando-se a

equação da concentração na mistura, obtém-se a concentração máxima

desejável no esgoto bruto.

N

  _ Qr

 -

 N

r

+ &.  N

ehm

,„   _

  i o o o

  _ 0 , 7 1 0 x 0 + 0 ,1 1 4x J V ,

Q e+ Q e 0 ,710 4 -0 ,114

N

e

=  7.228 org/100 ml

e) Eficiência requerida para a remoção de coliformes fecais no tratamento de

esgotos

A eficiência requerida é:

2(14

Introdução à qualidade da s águas e ao tratamento de esgotos

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1,0 x I O

7

- 7 . 2 2 8

E = =  0,9993 =  99 ,93%

1,0  x  J0

7

Será necessária, portanto, a elevada eficiência de 99,95% na remoção de

coliformes fecais no tratamento. Tal eficiência não é usualmente alcançada

nos processos d e tratamento convencionais, requerendo um a etapa específica

de remoção de coliformes (ver Quadro 2.3).

Exemplo  2.2

Calculara concentração de coliformes fecais em uma represa com um volume

de 5.000.000 m

3

. A represa recebe, conjuntamente, um rio e um lançamento de

esgotos, ambos com características iguas às do Exemplo  2.1, Calcular a

eficiência de  remoção  de  coliformes necessária no tratamento de esgotos,

para que a  represa fique dentro dos padrões da Classe 2. Os principais dados

são:

• vazão do rio: Q

s

  = 0,710 m

3

/s

•  vazão de esgotos:  Q

e

=  0,114 fn /s

• temperatura  da  água: T = 20"C

Solução:

a) Concentração de coliformes fecais no esgoto bruto.

Nebruto

  = lxlO

7

  org/lOOml (idem Exemplo 2.1).

b) Concentração de coliformes fecais  na  mistura esgoto-rio

N

0

  =  1,38x10

6

  org/100 ml (idem Exemplo 2.1)

c) Tempo de detenção na represa

Q = Qr+Qe  = 0,71Q+Q,l

  1 4 = 0,824

  m^/s

.

  v

  •  5.000.000 m

s

  ,

t

 = — = : = 70,2 d

Q   (0,824  nr/s)  x  (86.400  s/d)

d) Concentração de  coliformes na represa

Assumindo-se um modelo de mistura completa,  e  um valor de Kb igual a 1,0

d'

[

  (igual ao Exemplo 2.1), a concentração de coliformes na represa e no

efluente da represa  é  dado por  (ver  Quadro 2.2):

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores  145

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=  =

  1 , 3 8 x 1 0

6

  =

1 +K

h

.t

  1

  + 1 , 0 x 7 0 , 2

O valor encontra-se acima do padrão de 1.000 org/100 ml, para Classe 2.

e) Concentração máxima permissível no esgoto para atendimento ao padrão

Utilizando-se a mesma equ ação de mistura completa, tem-se:

N = - ^ — = 1.000 = -

  N

°

\ + K i , . t  1  +  1,0

 X

 70,2

N„ = 71.200 org/100 ml

No ponto de mistura esgoto-rio, a concentração deverá ser de 71.200 org/100

ml. Utilizando-se a equação da concentração na mistura, obtém-se a con cen-

tração máxima desejável no esgoto bruto.

Ar

  Qr.Nr+Qe.Ne  _ . „

n n

  0 ,710  x  0 +  0,114  X  N

e

yVo  = — t i  , 2 U U

  :

Qr+Qe  0,710 + 0,114

Nc = 515.000 org/100 ml

f ) Eficiência requerida para a remoção de coliformes fecais no tratamento de

esgotos

A eficiência requerida é:

1 , 0 X 1 0 ? - 5 1 5 . 0 0 0

1 ,0 x  IO

7

Esta eficiência é inferior à requerida no Exemplo 2.1, mas tal se deve ao

elevado tempo de detenção na represa (70,2 dias), comparado com o reduzido

tempo no rio (1,65 dias). Caso ambos os sistemas tivessem o mesmo tempo de

detenção, o sistema de fluxo em pistão (rio) seriei mais eficiente que o de

mistura completa (represa), requerendo uma menor eficiência de remoção no

tratamento.

2(14

Introdução

 à qualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

3. E U T R O F IZ A Ç Ã O DO S Ç O R E Q S J B Á G | j ^ ,

3 .1 . Conce i tuação do fenômeno

As plantas aquáticas podem ser classificadas dentro das seguintes duas categorias

bem amplas (Thomann e Mueller, 1987):

• plantas que  se  inovem livremente com a água

  (plantas  aquáticas  planctônicas) :

inc luem o f i toplâncton m icroscópico,  plantas flutuantes  e  certos t ipos  de plantas,

como as a lgas c ianofíceas, que podem flutuar na superf íc ie e mover com a corrente

superficial;

• plantas fixas  (aderidas ou enraizadas): incluem as plantas aquáticas enraizadas de

diversos tamanhos e as plantas microscópicas  aderidas (algas  bênticas).

As a lgas são, portanto, uma designação abrangente  de  plantas simples,  a maior

parte microscópica, que incluem tanto as  plantas de movimentação livre, o fi toplânc-

ton e as algas bênticas aderidas. Em todos os casos, as plantas obtêm a sua fonte   de

energia  primária da  energia luminosa através  do processo de  fotossíntese.

A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aqu áticas, tanto planctôni-

ca s  quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como causadores  de

inteiferências com os usos desejáveis do corpo d'água   (Thom ann e Mu eller, 1987).

Como será visto no presente capítulo, o principal fator de estímulo é um nívei

excessivo de nutr ientes no corpo d 'água, pr incipalmente nitrogênio

  &

 fósforo.

Neste capí tulo enfoca-se , como corpo d 'águ a, pr incipalmente lagos e represas.

O processo de eut rof ização pode ocorrer também em r ios, embora se ja menos

frequente , devido às condições ambienta is serem   mais  desfavoráveis para o cresc i -

mento de algas e outras plantas, como turbidez e velocidades elevadas.

A descrição  a  seguir i lustra a possível sequência da evolução  do  processo de

eutrof ização em um c orpo d

1

 água, como um lago ou represa (ver Figura 3.1). O nível

de eut rof ização está usualmente associado ao uso e ocupação do solo pred ominan te

na bacia hidrográfica.

a ) O c u p a ç ã o  p o r  m at as e florestas

Um lago si tuado em uma bacia   de  drenagem ocupada  po r  matas e florestas

apresenta usualmente uma  baixa  produt ividade ,  isto é,  há  pouca a t ividade  biológica

de produção (síntese) no mesmo . Mesm o nestas condições natura is e de  ausência  d e

interferência humana, o lago tende  a reter  sólidos  que se sedimentam, const i tuindo

um a  camada  de  lodo  no fundo. Com  os  fenômenos de decomposição do mater ia l

sedimentado,  há  um certo aumento, ainda incipiente, do nível de nutrientes na massa

líquida. Em decorrência,  há  uma progressiva elevação na população de plantas

aquáticas na massa  l íquida  e , em consequência , de outros organismos si tuados  em

níveis superiores na cadeia alimentar  (cadeia trófica).

N a  bacia hidrográfica, a maior parte  dos  nutrientes é retida dentro de um  ciclo

quase fechado. As plantas, ao morrerem e ca í rem nosolo, sofrem decomposição,

Impacto

 do lançamento de efluentes nos corpos receptores

151

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E V OL UÇÃ O DO P ROCE S S O DE E UT ROF I Z A ÇÃ O

DE UM LAGO OU REPRESA

Fig. 3.1.  Evolução i lo processo de eu l rof izaçno em um lago ou represa .

Associação en t re o uso e ocupação do so lo e a eu i rof ízação .

2(14  Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S  - B i b l i o t e c a

liberando nutrientes. Numa região de matas e florestas, a capacidade de infiltração da

rigun de chuva no solo é elevada. Em conse quência, os nutrientes lixiviam pelo solo, onde

••no absorvidos pelas raízes das plantas, voltando a fazer parte da sua composição, e

írohando, desta forma, o ciclo. O aporte de nutrientes ao corpo d'água é reduzido.

Pode-se considerar que o coipo d 'água apresente a inda um nível t róf ico bem

incipiente.

b ) O c u p a ç ã o p o r a g r i c u l t u r a

A retirada da vegetação natural da bacia para ocup ação por agricultura re prese nta,

usualmente, uma etapa intermediária no processo de deterioração de um corpo

d'água. Os vegeta is plantados na bacia são re t i rados para consumo humano, mui to

possivelmente fora da própria bacia hidrográfica. Com isto, há uma retirada, não

compe nsada natura lmente , de nutrientes, causando um a quebra no c ic lo interno dos

mesmos. Para compensar esta retirada, e para tornar a agricultura mais intensiva, são

adicionados artificialmente, ferti l izantes, isto é, produtos com elevados teores dos

nutrientes nitrogênio e fósforo. Os agricultores, visando garantir uma produção

elevada, adic ionam quant idades e levadas de N e P, f requentemente superiores à

própria capacidade de assimilação dos vegetais.

A substituição das matas por vegetais agricultáveis pode causar também uma

redução da capacidade de infil tração no solo. Assim, os nutrientes, já adicionados em

rxcesso, tendem a escoar superficialmente pelo terreno, até atingir, eventualmente, o

lago ou represa.

O aumento do teor de nutr ientes no corpo d 'água causa um certo aumento do

número de a lgas e , em consequência , dos outros organismos, si tuados em degraus

superiores da cadeia alimentar, culminando com os peixes. Esta elevação relativa da

produt ividade do corpo d 'águ a pode ser a té bem-vinda, dependendo dos usos previs-

tos para o mesmo. O balanço entre os aspectos positivos e negativos dependerá, em

grande parte, da capacidade de assimilação dc nutrientes do corpo d'água (a ser

detalhada posteriormente neste capítulo).

c ) O c u p a ç ã o u r b a n a

Caso se substitua a área agricultável da bacia hidrográfica por ocupação urbana,

uma série de consequências irá ocorrer, desta vez em taxa bem mais rápida.

• Assoreamento.  A implan tação de loteamen tos implica em movim entos de terra para

as const ruções. A urbanização reduz também a capacidade de inf i lt ração das águas

no terreno. As partículas de solo tendem, em consequência, a seguir pelos fundos

de vale, até atingir o lago ou represa. Aí, tendem a sedimentar, dev ido às baix íssimas

velocidades de escoam ento horizonta l. A sedimentação das par t ículas de solo causa

o assoreamento, reduzindo o volume út i l do corpo d 'água, e servindo de meio

suporte para o cresc imento de vegeta is f ixos de maiores dimensões (macrófi tas)

próximos às margens. Estes vegetais causam uma evidente deterioração no aspecto

visual do corpo d 'água.

Impacto

 do lançamento de efluentes nos corpos

 receptores

1 5 3

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• Drenagem pluvial  urbana.  A drenagem urbana t ransporta uma carga mui to maior

de n utr ientes  que  os demais  t ipos de ocupação  da bacia.  Este  aporte de  nutrientes

contr ibui  para uma e levação no  teor  de algas na  represa.

• Esgotos.  O m aior fator de deterioração está, 110 entanto, associado aos esgo tos

oriundos das a t ividades urbanas. Os esgotos contêm ni t rogênio e

 fósforo,

 presentes

nas fezes e urina, nos restos d e  alimentos, nos detergentes e outros subprodutos  das

at ividades humanas.  A contr ibuição  de N  e  P através  dos esgotos  é bem superior à

contr ibuição or iginada pela drenagem urbana.

Há, portanto, uma grande e levação do aporte d e N e P a o iagoou represa , t razendo,

em decorrência, uma elevação nas populações de algas e outras plantas.  Dependendo

da   capacidade de assimi lação do corpo  d ' ãgua ,  a população de  algas  poderá atingir

valores bastante e levados, t razendo uma sér ie de problemas,  como  detalhado no item

seguinte. Em um período de elevada insolação (energia luminosa para a fotossíntese),

as a lgas poderão a t ingi r superpopulações, const i tuindo uma camada superf ic ia l ,

s imi lar  a  um caldo verde. Esta camada superficial impede a penetração  da  energia

luminosa nas camadas infer iores do corpod 'águ a, causando a morte das a lgas si tuadas

nestas regiões. A morte destas algas traz, em si, uma série de outros problemas. Estes

eventos de superpopulação de a lgas são denominados f loração das águas.

3 . 2 , P r o b l e m a s d a e u l r o f l / a c ã o

São os seguintes os principais efeitos indesejáveis da eutrofização (Arceivala,

1981; Thotnann e Mueller, 1987; von Sperling, 1994a);

•  Problemas estéticos e recreacionais.  Dim inuição do uso da água para recreação,

balneabilidade e redução geral na atração  turística devido a:

- f requentes f lorações das águas

- cresc imento excessivo da vegetação

-  distúrbios  com mosqui tos e inse tos

-  eventuais  maus odores

- eventuais mortandades de  peixes

•  Condições anaeróbias no fundo  do  corpo  d'água. O aumento da produt ividade do

corpo d 'águ a causa uma e levação da concentração de  bactérias heterotróficas, que

se a l imentam da matér ia  orgânica das  a lgas e de outros microrganismos mortos,

consumindo oxigênio dissolvido  do  meio l íquido. No fundo do corpo d^gua

predominam  condições anaeróbias, devido à  sedimentação da matéria  orgânica ,  e

à reduzida penetração do o xigênio a estas profund idades, bem com o à ausência  de

fotossíntese (ausência  de luz). Com a anaerobiose, predominam condições  reduto-

ras, com compostos e e lementos  no  estado reduzido:

- o feiro e o   manganês encontram-se  na forma solúvel, trazendo problemas ao

abastec imento de água

2(14

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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ETFES - B ib l io te ca

-  o fosfa to encontra-se também na forma solúvel , representando uma fon te interna

de fósforo para as algas

- o g ás sul f ídr ico causa problemas de toxic idade e maus odores.

• E ventuais condições ana eróbias no corpo d'água como um todo.  Dependendo do

grau de crescime nto bacteriano, po de ocorrer, em perío dos de mistura total da m assa

líquida (inversão térmica) ou de ausência de fotossíntese (período noturno), mor-

tandade de peixes e re inl rodução dos com postos reduzidos em toda a massa l íquida ,

com grande deter ioração  da  qual idade  da água.

• Eventuais mortandades de peixes.

  A mortandade de peixes pode ocorrer em funç ão

de:

-  anaerobiose ( já comentad a ac ima)

-  toxic idade por amónia . Em condições de pH e levado (frequentes durante os

períodos de elevada fotossíntese),  a  amónia apresenta-se em grande parte na

forma  livre  (NH3),  tóxica aos  peixes, ao  invés de na forma  ionizada  (NH4

+

), não

tóxica.

• Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água.  A presença

excessiva de a lgas  afeta  substancialmente o tratamento da água captada no lago ou

represa, devido  à necessidade de:

- remoção da  própria  alga

-  remoção de cor

- remoção de sabor e odor

- maior consum o  de  produtos químicos

- lavagens  mais  frequentes dos fi l tros

• Pro blemas com o abastecimento de água industrial.  Elevação dos custos  para o

abastecimento de água industrial devido a razões  similares  às anter iores, e tam bém

aos depósitos de algas nas águas de resfriamento.

• Toxicidade das algas.  Reje ição da água para abastec imento humano e  animal em

razão da presença de secreções  tóxicas de cer tas  algas.

• M odificações na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial

• Redução na navegação e capacidade de transporte.  O cresc imento excessivo de

inacrófi tas enra izadas interfere co m  a  navegação,  aeração e capacidade de trans-

porte do corpo d 'água.

• Desap arecimento gradual do lago  como  um  toclo. Em decorrência da eu t rof ização

e do assoreamento, aumenta  a acumulação  de matér ias  e  de vegetação, e o lago se

torna cada vez mais raso, até vir a desaparecer. Esta tendência de desaparecimento

de  lagos (conversão  a brejos ou  áreas pantanosas) é  irreversível, porém usualmente

extremamente lenta. Com a interferência do homem, o processo pode se acelerar

abruptamente . Caso não haja um controle na fonte e /ou dragagem   do  material

sedimentado, o corpo d 'ág ua pode desaparecer re la t ivamente rapidamente .

Impacto

 do lançamento de efluentes nos corpos receptores

155

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^ J O . G r m r s d e J x o f i a

De form a a se poder carac terizar o estágio de eut rof ização em que se encontra um

corpo d 'água, possibi l i tando a tomada de medidas prevent ivas e /ou corre t ivas, é

interessante a adoção d e um sistema c lassi f ica tór io. Usualmente , tem-se os seguintes

níveis de trofia:

• oligotrófico  (lagos  claros  e com baixa produt ividade)

•  mesotrófico  (lagos com prod utividad e intermed iária)

• eutrófico

  (lagos com elevada produtividade, comp arada ao nível natural básico)

De fo rma a se carac ter izar com uma part icular idade a inda mais e levada os corpos

d ' á g u a ,  há outras classificações com outros níveis tróficos, tais como: ultraoligotró-

f ico, ol igot róf ico, ol igomesotróf ico, mesotróf ico, mesoeutróf ico, eut róf ico, eupol i -

trófico, hipereutrófico (l istados da menor para  a maior produt ividade) .

Um a caracter ização qual i ta tiva  entre  os principais graus de trofia pode ser como

apresentada no Quadro  3.1.

Q u a d r o 3 . 1  C a r a c t e r i z a ç ã o t r ó f i c a d e l a g o s  e  r e s e r v a t ó r i o s

Item

Classe de trofia

Item

Ultraoligolrófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Hipereutró fico

Biomassa

Bastante baixa Reduzida Média Alta

Bastante alta

Fração de algas

verdes e/ou

cianotlceas

Baixa Baixa Variável Alta

Bastante alta

Macró fitas

Baixa ou

ausente

Baixa Variável

Aita ou baixa

Baixa

Dinâmica de

produção

Bastante baixa Baixa Média Alta Alta, instável

Dinâmica de

oxigênio na

camada superior

Normalmente

saturado

Normalmente

saturado

Variável em

torno da

supersaturaçâo

Frequentemente

supersaturado

Bastante  *

instável, de

supersaturaçâo

à ausência

Dinâmica de

oxigênio na

camada inferior

Normalmente

saturado

Normalmente

saturado

Variável abaixo

da saturação

Abaixo da

saturação à

completa ausência

Bastante

instável, de

supersaturaçâo

á ausência

Prejuízo aos

usos múüipfos

Baixo Baixo

Variável Alto • Bastante alto

Adaptado da Volienwelder {apud Salas ü Martírio, 1991)

A quantificação do nível trafico é, no entanto, mais difícil , especialmente para

lagos tropicais. Von Sperling (1994a) apresenta uma coletânea de diversas referên-

cias, em termos de concentração de fósforo total , clorofila a e transparência, a qual

2(14

Introdução à qualidade das á guas e ao tratamento de esgotos

Page 153: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 153/238

 

ressalta a grande amplitud e das faixas propostas por d iversos autores . Além disso , a

referência ci tada apresenta ainda outros possíveis índices a serem uti l izados, se mpre

com a ressalva da d if iculdade de se generalizar dados de um corp o d 'águ a para outro .

Deve-se ter  em  mente ainda  que corpos  d 'água tropicais apresentam uma maior

capacida de de assimila ção de fósforo que corpos d 'ãg ua de cl imas temperados. Um a

interpretação da s ín tese relatada por von Sper l ing pode ser como apresentado no

Quadro 3 .2 , em term os da concentração de fósfo ro to tal .

Quadro 3.2  Faixas aproxima das de valores de fósforo total para os principais graus de trofia

1

Classe de trofia Concentração d e fósforo total na represa (mg/m

3

)

UStraoligotrôfico < 5

O l i g o t r ó f i co <1 0 - 2 0

Mesotröfioo 1 0 - 5 0

Eutró f ico 25-100

Hipereutrófica > 100

Fonte:

 tabela construída coni base nos dados apresentados por von Sperling (1994a)

Nota: a superposição dos valores entre duas faixas indica a dificuldade no estabelecimento de faixas rígidas

O estabelecimento da classe de tro lia com base apenas no fósforo é por uma

questão dc conveniência na mode lagem m atemática . Da mesm a forma que nos outros

tópicos de poluição das águas foram escolhidas var iáveis representat ivas , como

oxigênio d issolv ido (poluição por matér ia orgânica) e coliform es (contamin ação por

patogênicos) , adota-se neste capítu lo o fósforo como representat ivo do grau de trof ia .

A vinculação entre os graus de trofia e os usos da água encontra-se no Q uadro 3.3.

Q u a d r o

  3.3  Vinculação entre os usos da água e os graus de trofia em um corpo d'água

Classe de trofia

U s o

  Ultra- Olígo- Meso- • Meso- ^ ^ Hiper-

ol içio t ió f ico Iró f ico tró f ico eutróf ico eutróf ic o

Abastecimento de água potável  Desejável Tolerável

Abastecimento de água de processo  Desejável Tolerável

Abastecimento de água de resfriamento  Tolerável

Recreação de contato primário   Desejável Tolerável

Recreação de contato secundário   Desejável Tolerável

Paisagismo

  Tolerável

Criação de peixes (espécies sensíveis)   Desejável Tolerável

Criação de peixes (espécies tolerantes)

  Tolerável

Irrigação

  Tolerável

Produção de energia   Tolerável

Ponte: adaptado da Thornton e Rast (1994)

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores  157

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3.4. DLoâ ia j ca^deJagos c  re se rva tó r ios

O perfil vertical  de temperatura em  lagos e reserva tórios varia com  as  estações  do

ano .  Esta var iação de temperatura  afeta  a  densidade da água e, em decorrência, a

capacidade de mistura e estra t i f icação do corpo d 'ág ua.

Durante o verão e os meses mais quentes do ano, a temperatura da camada

superf ic ia l  é bem  mais e levada  que  a  temperatura do fun do, devido à radiação  solar.

Dev ido  a  este fato,  a  densidade da água superficial torna-se inferior ã densidade da

cama da do fund o, fazendo com que haja camadas dist intas no corpo d 'água:

• epilímnio:  camada superior , mais quente , menos densa , com maior c i rculação

• termoclina :  camada  de  transição

• hipolímnio : camad a inferior, mais fria, mais densa, com maio r estagnação

A diferença  de  densidades pode ser ta l , que cause uma completa  e s t r a t i f i c a ç ã o

no  corpo  d ' água ,  com  as  três camadas não se  misturando en tre si . Esta  estratificação

tem uma grande inf luência na qual idade da água.  Dependendo do grau  de  trofia  do

corpo d 'água, poderá haver uma ausência   completa de oxigênio dissolvido no

hipol ímnio. Em decorrência , nesta camada tem-se  a predominância de  compostos

reduzidos  de  ferro, manganês  e  outros.

C o m a chegada do período

 frio,

 há um resfr iamen to da camada supe rficial do lago ,

causando u m a  certa homogeneização na temperatura ao longo d c toda a profundidade.

Com a homogeneização da temperatura , tem-se também uma maior simi lar idade

entre as densidades.  A camada superior , subi tamente resfr iada , tende a ir para o fundo

do lago, deslocando a camada infer ior , e causando um completo revolvimento   do

lago. A este  fenômeno dá-se o nom e  de inversão térmica . Em lagos que apresentam

uma ma ior  concentração  de  compostos reduzidos no hipol ímnio, a re int rodução

destes na massa d 'água  de todo o  lago pode causar uma grande deterioração na

qual idade da água. A redução da concentração de oxigênio dissolvido, devido   à

dem anda int roduzida pelos compostos orgânicos e inorgânicos reduzidos,  be m  como

à ressuspensão da camada anaeróbia do fundo, pode causar  a mortandade  de peixes.

A Figura  3.2  apresenta  um  perfil t ípico de temperatura  e  O D  nas  condições  de

est ra t i f icação e de  inversão térmica.

^ L g ^ N u t r i e n t c l i m i t a n t e

N u t r i e n t e l i m i t a n t e  é  aquele  que, sendo essencial  para uma determinada popu-

lação, l imita seu crescimento. Em baixas concentrações  do  nutriente  limitante, o

cresc imento populacional é ba ixo. Com   a  e levação  da concentração do nutriente

limitante, o crescimento populacional também aumenta. Essa situação persiste até   o

pon to  em que a concentração d esse nutr iente passa a ser tão elevada no meio, que um

outro  nutriente passa a se r  o  fator l imitante,  por  não se apresentar em concentrações

suficientes para  suprir os  e levados requisi tos da grande população. Esse novo

nutriente passa a ser o novo nutriente l imitante,   pois nada  adianta  aumentar a

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

DINÂMICA DE ESTRATIFICAÇÃO E MISTURA DE LAG OS

L A G O CO M E S TRA TIF ICA ÇÃ O TÉ RMICA

(meses mais quentes)

TEMPERATURA OD

termoclino

temperoturo

L A G O C O M MIS TURA - INV E RS Ã O TÉ RMICA

(entrada do p eríodo f r io)

OD

TEMPERATURA

OD

altura

altura

u

temperatura

I ' ig . 3 .2 . Pe r f is de um lago em c ond içõe s de e s t r a t i f icação e de inve r são té rmica

OD

concen tração do prime iro nutriente, que a pop ulação não crescerá, pois estará l imitada

pela insuficiência do novo nutriente l imitante.

Thomann e Mueller (1987) sugerem o seguinte critério, com base na relação entre

.is concentrações de nitrogênio e fósforo (N/P), para se estimar preliminarmente se o

crescimento de algas em um lago está sendo controlado pelo fósforo ou nitrogênio:

• grandes lagos, com predom inância de fontes não pontuais: N/P> 10: limitação por

fósforo

• pequenos lagos, com predominância de fontes pontuais:

  N/P< 10:

  limitação por

nitrogênio

De acordo com Salas e Martino (1991), a maioria dos lagos tropicais da América

I .itina são limitados por fósforo. U m outro aspecto é o de que , mesm o que se con trole

t» aporte externo de nitrogênio, há algas com ca pacida de de fixar o nitrog ênio

itl inosférico, que não teriam a sua concentração reduzida com a diminuição da carga

ilhiente de nitrogênio. Por estas razões,

  prefere-se d ar uma maior prioridade ao

controle das fontes de fósforo quando se pretende controlar a eutrofização em um

corpo d'água.

  O presen te texto segue esta abordag em.

LZ

mpacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores

1 5 9

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3 . 6 . E s t j i n a t iv a j d a ^ c a r g a d e f ó s f o r o a f l u c i i t e j i j j m J a g o o u r e p r e s a

As principais fontes de fósforo a um lago ou represa são, em ordem crescente de

importância :

• drenagem pluvial

- áreas com m atas e floresta s

- áreas agrícolas

- áreas urbanas

• esgotos

A drenagem pluvial de áreas com am pla cobertura vegetal, como m atas e florestas ,

t ransporta a menor quant idade de fósforo. Nestas áreas, o fósforo não está supera-

bundando no meio, já que o ecossistema se encontra próximo ao equi l íbr io, não

havendo nem grandes excessos, nem grandes fa l tas dos pr incipais e lementos.

A drenagem de áreas agrícolas apresenta valores mais elevados e, também, uma

ampla variabilidade, dependendo da capacidade de retenção do solo, irrigação, t ipo

de ferti l ização da cultura e condições climáticas (CETESB, 1976).

A drenagem urbana apresenta valores mais e levados e com m enor var iabi l idade .

Os esgotos dom ést icos veiculados por sistemas de esgotamento dinâmico são, na

rea l idade , a maior fonte de contr ibuição de fósforo. Este encontra-se presente nas

fezes humanas, nos detergentes para l impeza domést ica e em outros subprodu tos das

atividades humanas. Com relação aos esgotos industriais, é difícil a generalização da

sua contribuição, em virtude da grande variabilidade apresentada entre distintas

tipologias industriais, e mesmo de indústria para indústria em uma mesma tipologia.

O Quadro 3.4 apresenta valores t ípicos da contribuição unitária de fósforo,

compilados de diversas referências nacionais e estrangeiras (von Sperling, 1985b). A

unidade de tempo adotada é "ano" , conveniente para modelagem matemát ica .

Q u a d r o 3 . 4  C o n t r i b u i ç õ e s u n i t á r i a s d e f ó s f o r o t í p i c a s

Fonte Tipo Valores típicos Unidad e

Áreas de matas e florestas

10 kgP/km

2

.ano

Drenagem Areas agrícolas 50

kgP/km

2

.ano

Areas urbanas 100 kgP/km

2

.ano

Esgotos Domésticos

1,0

kgP/hab.ano

3 .7 . Es t im a t iva da con cen t ra ção de fósfo ro no corp o d ' ág ua

A literatura apresenta uma série de modelos empíricos simplificados para se

est imar a concentração de fósforo no corpo d 'água, em função da carga af luente ,

tempo de detenção e carac ter íst icas geométr icas. Os modelos empír icos podem ser

util izados com uma das seguintes duas aplicações principais:

2(14

Introdução à q ualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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•  Estimativa do nível tráfico.  Uma vez est imada  a concentração de fósforo, pode-se

avaliar  o nível trófico do lago, com  base  nas considerações do Item 3.3.

•  Estimativa da carga máxima admissível.  Pode-se estimar também a carga máxim a

admissível de fósforo ao lago, para  que a concentração  de fó sforo resul tante este ja

dentro  de  um valor inferior ao da eutrofia.

A abordagem empír ica tem  sido  mais util izada do que a conceituai,  devido  à

dif iculdade em se e laborar modelos de   base  f ísica para o fósforo em uma represa ,

bem como  de  se obter  os  valores dos coeficientes  e dados  de entrada necessários.

O modelo empír ico mais conhecido mundia lmente é o de Vol lenweider (1976) ,

desenvolvido predominantemente  para lagos temperados. O  modelo,  apresentado

de  uma fo rma  conveniente  para as  convenções do presente texto, é:

(3.1)

L/onde:

P =  concentração  de  fósforo no corpo d 'água (gP/m

3

)

L = carga af luente de fós foro (kgP/ano)

V  = volume da represa (m

3

)

t =  t empo  de detenção hidráulica  (ano)

K., = coefic iente de perda de fósfo ro por sedimentação ( l /ano )

Vol lenweider obteve o valor de  K

s

  por meio de análise da regressão em função

do  t empo  de detenção na represa. O valor obtido foi:

K, = 1/VT (3.2)

Castagnino (1982),  ao analisar  teoricamente a perda de  fósforo por sedimentação

em l agos t rop ica i s , chegou a um valor de K

s

  igual a 2 ,5 vezes o valor de V ollenweider.

Este coefic iente de majoraçã o de 2,5 é um  fator composto d e 1,3  para a  sedimentação

facili tada   pelas maiores temperaturas e 1,9 pela aceleração na taxa d e cresc imento de

fitoplâncton (1,3x1,9 = 2,5). Segundo Castagnino, o valor de Ks, corrigido para as

condições tropicais, é:

K

s

 = 2 ,5 W f" (3.3)

Salas e Mart ino (1991), anal isando dados  experimentais de 40 lagos e reservató-

rios na América  Latina e  Caribe, obtiveram,  por análise  da regressão, a  seguinte

^elação para K„:

K , = 2Wí~ (3.4)

Impacto do lançam ento de efluentes nos corpos receptores 1 6 1

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Com os valores obtidos por Salas e Martino (1991), a equação do balanço de

massa passa a ser:

Concentração de fósforo na represa:

(3.5)

AE qua ção 3.5 pode ser rearranjada , para se determinar a carga máxim a admissível

de fósforo a um lago, para que não seja suplantado um valor máximo para a

concentração  de fósfo ro no lago:

Carga de fósforo máxima admissível:

Para a util ização da Equação 3.6, deve-se estimar L para que P situe-se abaixo do

limite da eutrofia. Segundo o Quadro  3.2, a faixa de concentração  de fósforo em um

c o r p o d ' á g u a e u t r ó f i c o é d e  25 a  1 0 0 m g P / m \ o u s e ja , 0 ,0 2 5 a 0 , 1 0 0 g P / m \ A f i x a ç ã o

de  um valor ideal de  P,  mais relaxado  ou mais  restri t ivo, deve  se r  feita caso  a caso,

analisando-se os usos múltiplos da represa e o seu grau de importância.

Devido ao fa to de ter s ido desenvolvido com base em dados regionais ( inc lusive

brasileiros), acredita-se que o modelo empírico proposto por Salas e Martino   (1991)

deva ser o  modelo util izado para  o planejamento e gerenciamento de lagos e represas

em nossas condições. Naturalmente que deve estar sempre presente o espírito crít ico

e  a  experiência do pesquisador, para evitar distorções, dada  a especi f ic idade  de cada

represa  ou  lago em estudo

3 .8 , Cont ro l e da cu t ro f i zação

A s  estratégias de controle usualmente adotadas podem ser c lassi f icadas em duas

categorias amplas (Thomann  e  Mueller, 1987; von Sperling, 1995a):

•  medidas  preventivas

  (atuação na bacia hidrog ráfica)

- redução das fontes externas

•  medidas  corretivas  (a tuação  no  lago  ou represa)

-  processos  mecânicos

-  processos químicos

- processos biológicos

(3.6)

IO

1

2(14

Introdução à qualidade das á guas e ao tratamento de esgotos

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ETFES

 

Bib l io teca

a ) M e d i d a s p r e v e n t i v a s

As medidas prevent ivas, as quais compreendem a redução do aporte de fósforo

através de atuação nas fontes externas, podem incluir estratégias relacionadas aos

esgo tos ou à drenag em p luvial. As estratégias de controle dos esgoto s estão ilustradas

na Figura 3.3.

ESTRATÉGIAS PARA O CONTROLE DOS ESGOTOS

Fig . 3 .3 . Es t ra tég ias para o cont ro le dos esgotos v i sando n prevenção do apor te dc nut r i en tes na represa

Cont ro l e dos e sgo tos

- Tratam ento dos esgotos a nível terciário com rem oção de nutrientes

- Tra tamento convencional dos esgotos c lançamento a jusante da represa

- Exportação dos esgotos para outra bacia hidrográfica que não possua lagos ou

represas

- Infil tração dos esgotos no terreno

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores

1 6 3

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Cont ro l e da d renagem p luv ia l

- Co ntrole do uso e ocup ação do solo na bacia

- Faixa verd e ao longo da represa e tributários

- Const rução de barragens de contenção

Com re lação ao t ra tamento dos esgotos com remoção de fósforo, esta pode ser

efe tuada por m eio de processos biológicos e /ou f ísico-químicos.

A remoção avançada de fósforo no t ra tamento de esgotos por meio de  processos

biológicos  foi desen volvid a há cerca de duas décadas, estando hoje bastante cons o-

lidada. O processo baseia-se na alternância entre condições aeróbias e anaeróbias,

si tuação que faz com que um determinado grupo de bactér ias assimi le uma quant idade

de fósforo superior à requerida para os processos metabólicos usuais. Ao se retirar

estas bactérias do sistema, está-se retirando, em decorrência, o fósforo absorvido

pelas mesmas. Com a remoção biológica de fósforo pode-se a t ingi r e f luentes com

concentrações em torno de 0,5 mgP/1, embora seja mais apropriado considerar-se um

valor mais conservador de 1,0 mgP/1.

A remoção de fósforo por processos físico-químicos  baseia-se na precipitação do

fósforo, após adição de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou cal. O consumo de

produtos químicos e a geração de lodo são e levados. O t ra tamento f í sico-químico

após a remoção biológica de fósforo pode gerar ef luentes com concentrações da

ordem de 0,1 mgP/1.

b ) Medidas cor re t i va s

As med idas corretivas a serem adotadas pod em incluir uma ou mais das estratégias

apresentadas no Quadro 3.5 (von Sperling, 1995a; Barros et al , 1995).

2

(14

Introdução à qua lidade das águas e ao tratamento de esgotos

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Q u a d r o  3 . 5 . M e d i d a s c o r r e t i v a s p a r a a r e c u p e r a ç ã o d e l a g o s e r e p r e s a s

Processos

Técnicas Características

Mecânicos

Aeração.d

0

-

hipolímnio

- Consiste na injeção de ar comprimido ou oxigênio nas cama das

profundas do lago, promovendo a estabilização da m atéria orgânica

acumulada no fundo e impedindo ainda a liberação de nutrientes

provenientes do sedimento

- Apresenta altos custos operacionais e de aquisição de

equipamentos especiais, mas é uma técnica de e levada eficiência o

bastante difundida

Mecânicos

Desestratificação

- Consiste na injeção de ar comprimido ou oxigênio nas camada s

profundas do lago, favorecendo a circulação de todo o corpo d água

- Utiliza equipamentos mais simples

- Apresenta como inconveniente o transporte de co mpostos

redutores até a camada superficial, provocando a fertilização do

„epilimnio

Mecânicos

Retirada d as

áauas orofundas

- Objetiva a retirada das águas profundas e a sua substituição por

águas de camadas superiores, mais ricas em oxigênio, reduzindo o

acúmulo de nutrientes no hipolímnio

- 0 volume liquido retirado, através de pressão hidrostática ou por

bombeamento, pod e ser util izado na irrigação ou condu zido até

uma estação de tratamento de esgotos

Mecânicos

Adução de água

de meJhsr

qualidade

- Técnica de diluição q ue reduz a concen tração de nutrientes no

corpo d'água

- Sua aplicação combate a formação de gás sulfídrico no hipolímnio,

evitando a mortandade de peixes

Mecânicos

Bemoção do

sedimento

- São removidas as cam adas superficiais do sedimento, através de

dragagem, favorecendo a exposição de camadas de menor

potencial poluidor

• O lodo removido, após tratamento, pode ser utilizado como

condicionador de solos

Mecânicos

Cobertura do

sedimento

- Med ida corretiva para impedir a liberação de nutrientes nas

camadas profundas

- 0 sedimento é isolado do restante do corpo d'àgua por meio de

cobertura com material plástico ou substâncias finamente

particuladas

- Método caro e que apresenta dificuldades de instalação

Mecânicos

ftemoçãocte

macrófitas

aquáticas

- As macrótitas aquáticas, cuja presença excessiva interfere nos

diversos usos da água, podem ser removidas por processo manual

ou mecânico

Mecânicos

„Remoção d e

biomassa

planctônica

- A biomassa planctônica, que apresenta grande capacida de d e

armazenamento de poluentes, pode ser removida através de

centrilugação ou por meio de mícropeneiras

Mecânicos

Sombreamento

- Possibilita o combale ao crescimento excessivo d a vegetação, por

meio da limitação do recebimento da radiação solar, mediante:

• arborização das margens de pequenos corpos d água

•  instalação de anleparos nas margens

•  aplicação de m aterial sobrenadante ou corantes leves na

supertície da água

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores 1 6 5

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Processos Técnicas

Características

Precipitação

química do fósforo

- Recom endada no caso de fontes difusas de fósforo, que tornam

impraticável a remoção de nutrientes dos afluentes

Oxidação do

sedimento com

nitrato

- Eficiente para a redução do problema da fertilização interna

Impede a diminuição excessiva da concentração de oxigênio das

águas profundas

Químicos

Aplicação de

herbicidas

- Combate o crescimento excessivo da vegetação

- Vinculada a problemas de toxicidade , sabor e odor e

bioacumulação

Aplicação de cal

- Utilizada para a desinfecção do sedimento  e  para a eliminação de

algas e plantas submersas, em pequenos corpos d'água, e na

neutralização da água em lagos acidificados

Utilização de peixes

que se alimentam

de plantas

- Reduz a comunidade vegetal, em função da atividade de peixes

herbívoros

Biológicos

Utilização de

cianófagos

- Reduz a densidade de algas azuis, pelo ataque de vírus

específicos, sendo pouco difundida

Manipulação da

cadeia alimentar

- Reduz a comunidade fitoplanctünica, em (unção do incentivo ao

aumento da população zooplanctónica

Rei: Von Spetling (1995a), Barros et al (1996)

3 . 9 . E x c m p l o c l a e s t im a t i v a d c f ó s f o r o e m u m a j r e p r c g a

Estimar o grau cie trofia em um reservatório com base na concentração cle

fósforo. Caso sejam encontradas condições eutróficas, estimar

  ci

  carga máxi-

ma  admissível  para que sejam evitadas  condições eutróficas.

Dados:

•  volume do reservatório: 10x10

fi

  m'

• vazão média afluente (tributários + esgotos): 50 x IO

6

  n?/ano

• área  de  drenagem: 60  km

2

•  área  de  matas:  40 km

2

- área agrícola: 10  km

2

-  área urbana: 10  km

2

• população contribuinte  (ligada  ao  sistema  de esgotamento  dinâmico):

8.000 hab

• características  dos esgotos: esgotos domésticos brutos (sem tratamento)

Solução:

a) Estimativa da carga de P afluente ao reservatório

Adotando-se os valores de carga unitária propostos no Item 3.6 (Quadro 3.4),

tem-se as seguintes cargas afluentes:

6

Introdução

 à qualidade das águas e ao

 tratamento

 d e asgoros'

Page 163: Von Sperling

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- esgotos dom ésticos brutos: 8.000 hab x 1,0 kgP/hab.ano = 8.000 kgP/ano

- escoamento das áreas de matas: 40 km

2

 x 10 kg P/km

2

 .ano = 400 kgP/ano

- escoamento das áreas agrícolas: 10 knr x 50 kgP/km

2

.ano = 500 kgP/ano

- escoamento  das áreas  urbanas:  10 km

2

 x 100 kg P/km

2

, ano = 1.000 kgP/ano

Carga total afluente ao reservatório: 8.000 + 400 + 500 + 1.000 = 9.900

kgP/ano

b) Estimativa do tempo de detenção hidráulica

O tempo de detenção hidráulica é dado por:

V 10 x 10

fi

 m

3

t = —

 —

  —;  = 0 20 anos

Q   5 0 x  10 m /ano

c) Estimativa da concentração de fósforo no reservatório

Adotando-se o modelo de Salas e Martino (1991), Equação 3.5, tem-se:

P=

  L

,:

l0

\ ,  =

 •

  9.900 x 10

a

  = 0 , 1 0 5  gP/m'  =  10 5  mgP/nv

1

"

  1 1

  •

  2

  1 0 x l 0

r

' 7 ^  +

 -

  2

V .

t

  +

  VT

V /

0,20

d) Avaliação do grau de trofia do reservatório

Com base na concentração de P encontrada igual  a  105 mgP/nv  e  na

interpretação do Quadro 3.2, tem-se que  o  reser\'atório está no limite entre

eutrofia e hipereutrofia. São necessárias medidas de controle, para que o lago

não se apresente  em  condições eutróficas.

e)  Redução da carga afluente  de  fósforo

Através da adoção de medidas preventivas de controle de esgotos e controle

da drenagem pluvial pode-se reduzir drasticamente a carga  de fósforo  afluen-

te ao  reservatório. A carga  afluente deve ser  reduzida até um valor, abaixo do

limite de eutrofia. Com base no Quadro 3.2, pode-se admitir um valor, não

muito conservador, de  50  mgP/m , como limite entre mesotrofia e eutrofia.

Nestas condições, a carga máxima admissível de fósforo ao reservatório é

dada pela Equação 3.6:

p.v.\t

+

VF

1 2

\

0,050 x  10 x  10

6

 .1 0,20

  +

  VÕ2Õ

L =  — ^  =

  1

  = 4 .736  kgP/ano

IO

3

  IO"

1

A   carga afluente terá  de ser reduzida de  9.900 kgP/ano para 4.736  kgP/ano.

A  atuação  integrada entre controle dos esgotos e controle do escoamento

superficial pode alcançar  esta redução facilmente.

Impacto do lançamento de efluentes nos corpos

 receptores

  163

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CAPÍTULO 4

Níve i s , p rocessos e s i s temas de t r a ta m e n to

1 . R E Q U I S I T O S  D E Q U A L I D A D E D O E F L U E N T E

1.1.  P r e l i m i n a r e s

Hm estudos ou projetos, antes de se iniciar a concepção e o dimensionamento do

tratamento, deve-se definir com clareza qual o objetivo  do tratamento  dos esgotos, e

.1 q ue nível deve ser o mesm o processado. Tal quest ionamento assume frequentemente

uma importância secundária em proje tos apressados ou excessivamente padroniza-

do'.,  e não raro se vê concepções  superest imadas, subest imadas,  ou desvinculadas de

outros importantes aspectos que não apenas a remoção   da DBO  com uma ef ic iência

de , por exemplo, 90%. Porque   a  DBO ? Porque apenas  a D B O ?  Porque 90%? Estas

devem  se r  perguntas  que devem  se r  efetuadas e esclarecidas na etapa preliminar da

formulação da concepção do sistema.

Para tanto, deve m ser bem caracter izados os  seguintes aspectos:

• objetivos  do tratamento

• nível  do tratamento

• estudos de  impacto ambiental no corpo receptor

<

 )s requisitos a serem atingidos para o efluente são funç ão de legislação específica, que

1 >

 i •

 vc

 padrões de qualidadeparao efluente e pai a o corpo receptor. A legislação

 foi

 abrangida

nu Capí tulo "Noções de qual idade  das águas" .  O s  estudos de impacto ambienta l ,

necessários para a avaliação  do  atendimento aos pedrões do corpo receptor, foram

• II I,ilhados  no  Capí tulo  3.

1.2.  Níve l do t r a t amento

A remoção dos poluentes no t ra tamento, de forma a adequar o lançamento a um a

'lUiilidade  desejada ou ao padrão de qualidade vigente está associada aos conceitos

• i"

  nível do tratamento  e  eficiência do tratamento.

( l  t ra tamento dos esgotos é usua lmente c lassi f icado a través dos seguintes  níveis

H i

 i Quadros  1.1  e  1.2):

• Preliminar

• Primário

•  S n  unddrio

• I r i r iá r io  (apenas eventualmente)

Ni   v , processos e sistemas de  tratamento

1 6 9

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O tra tamento pre l iminar obje t iva apenas a remoção dos sól idos grosse i ros,

enquan to o t ra tam en to p r im ár io visa a remoção de sól idos sedimentáveis e par te

da matér ia orgânica . Em ambos predominam os  mecanismos físicos  de remoção de

po luen te s . Já no t r a t am en to secun dá r io , no qual p redominam  mecanismos biológi-

cos,  o obje t ivo é pr incipalmente a remoção de matér ia orgânica e eventualmente

nutr ientes (ni t rogênio e fósforo) . O t r a ta m en to terc iá r io obje t iva a remoção de

poluentes especí f icos (usualmente tóxicos ou compostos não biodegradáveis)  ou

ainda , a remoção complementar de poluentes não sufic ientemente removidos no

tra tamento secundário.  O  tratamento terciário é bastante raro no Brasil .

Q u a d r o 1 . 1

  N í v e i s d o t r a t a m e n t o d o s e s g o t o s

Nível

Remoção

Preliminar

- Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia)

- Sólidos em suspensão sedimentáveis

Primário

- DBO em suspensão (matéria orgânica componente dos sólidos em suspensão

sedimentáveis)

- DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina, não removida no

Secundário tratamento primário)

- DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos)

Terciário

- Nutrientes

• Patogênicos

• Compostos não biodegradáveis

• Metais pesados

• Sólidos inorgânicos dissolvidos

• Sólidos em suspensão remanescentes

Nota:

  a  remoção de nutrientes (por processos biológicos) e de patogênicos pode ser considerada como inlegrante   do

tratamento secundário, dependendo da concepção de  tratamento local

2(14

Introdução

 à q ualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

( J l i i l d r o 1 . 2 C a r a c t e r í s t i c a s d o s p r i n c i p a i s n í v e i s d e t r a t a m e n t o d o s e s g o t o s

Itsm

Nível de tratamento' ' '

Itsm

Preliminar Primário Secundário

Poluentes

mmovidos

- Sólidos grosseiros

- Sólidos sedimentáveis

- DBO em suspensão

• Sólidos não sedimentáveis

- DBO em suspensão fina

- DBO solúvel

- Nutrientes (parcialmente)

- Patogênicos (parcialmente)

1  l lcl lncias de

wrnnçâo

-

- SS: 60-70%

- DBO; 30-40%

- Coliformes; 30-40%

- DBO:  60 a 99%

- Coliformes: 60 a 99%

  (3 )

- Nutrientes: 10 a 50%

  (3 )

Mocanismo

ilti itatamento

1

 iiíidominante

Rsico Fisico Biológico

Cumpre o

1 Mtlrâo de

i. i i içomento?'

2

'

Não '

Não Usualmente sim

Aplicação

- Montante de elevatória

- Etapa inicial de

tratamento

-  Tratamento parcial

- Etapa intermediária de

tratamento mais completo

- Tratamento mais com pleto

para matéria orgânica e

sólidos errt susp ensão

(para nutrientes e

coliformes, com adaptações

ou inclusão de etapas

específicas)

Niitns

(I) t Ima ETE a nível secundário usualmente tem tratamento preliminar, mas pode ou nâo ter tratamento primário (depende do

|iroí;«aoo).

1'íidrâo de lançamento tal como expresso na legsiaçào O árgào ambiental poderá autorizar outros valores para o

lançamento, caso estüdos ambientais demonstrem que  o corpo  receptor continuará enquadrado de ntro da sua classe.

(3) A eficiência de remoção poderá ser superior, caso ha|a alguma etapa de remoção específica

O grau, porcentagem ou   eficiência de remoção  de determinado poluente no

tra tamento ou em uma e tapa do mes mo é dado pela fórmula :

1.1)

onde

I'. eficiência de rem oção   (%)

('„ = concentração af luen te do poluente  (mg/l)

C V =

  concentração ef luen te do poluente  (mg/l)

Ni  i v, processos e sistemas de tratamento

1 7 1

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2 . Q P E R A C Õ E S . P R O C E S S O S U N I T Á RI O S

E S IS TE M AS ^D E T R A T A M £ N X g _

2.1 . C la ss i f i cação dos mé todos de t r a t amento

Os métodos de tratamento dividem-se em operações e processos unitários, e a

integração destes compõe os sistemas de tratamento.

O conceito de operação e processo unitário é por vezes util izado intercambiada-

mente , em razão dos mesmos poderem ocorrer simul taneamente numa mesma

unidade de tratamento. De uma forma geral, pode-se adotar as seguintes definições

(M etca l f & Eddy , 1991):

• O pe raç õe s f í sicas un i tár ias : métodos de t ra tamento no qual predomina a apl icação

d

 &

 forças físicas  (ex: grade amen to, mistura, floculação, sedimen tação, flotação,

fil tração).

• Processos químicos uni tár ios: métodos de t ra tamento nos quais a remoção ou

conversão d e contaminantes ocorre pela adição de  produtos químicos  ou devido a

reações químicas  (ex: precipitação, adsorção, desinfecção).

• Processos biológicos uni tár ios: métodos de t ra tamento nos quais a remoção de

contaminantes ocorre por meio de  atividade biológica  (ex: remoção da matéria

orgânica carbonácea, desnitrificação).

Dependendo do processo a ser uti l izado, vários mecanismos podem atuar separada

ou simul taneam ente na remoção de poluentes. Os pr incipais mecanismos são:

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento d e esgotos

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i M i i « I r o 2 . 1  P r i n c i p a i s m e c a n i s m o s d e r e m o ç ã o d e p o l u e n t e s n o t r a t a m e n t o d e e s g o t o s

Poluente Dimensões Principais mecanismos de remoção

Sólidos grosseiros

(> ~1cm)

Gradeamento

Retenção de sólidos com dimensões

superiores ao espaçamento en tre barras

Mlidos

Sólidos em suspensão

( > -  1  Mm)

Sedimentação

Separação de partículas com

densidade superior à do esgoto

Sólidos dissolvidos

(< -  1  j im)

Adsorção

Retenção na superfície de aglomerados

de bactérias ou biomassa

Sedimentação

Separação de partículas com

densidade superior à do esgoto

Adsorção

Retenção na superfície de aglomerados

de bactérias, ou biomassa

Mntória

DBO em suspensão

(>  ~ 1  um)

Hidrólise

Conversãp_da DBCLsuspensa em DBO

solúvel, por meio de enzimas,

possibilitando a sua estabilização

oiainica

Estabilização

Utilização peias bactérias como

alimento, com conversão a gases, ãgua

e outras compo stos inertes

DBO solúvel

(< -  1  pm)

Adsorção

Retenção na superfície de aglomerados

de bactérias, ou biomassa

DBO solúvel

(< -  1  pm)

Estabilização

Utilização peias ba ctérias como

alimento, com conversão a gases, água

e outros compostos inertes

Radiação

ulira-violeta

Radiação do sol ou artificial

Wogênicos

Condições

ambientais

 adversas

Temperatura, pH, falta de alimento,

competição com outras espécies

Desinfecção

Adição de algum agente desinfetante,

como o cloro

2.2. O p e r a ç õ e s , p r o c e s s o s e s i s t e m a s j e t r a t a m e n t o ( f a s e l í q u id a )

2.2.1.  I n t r o d u ç ã o

< >

  Quadro 2.2 l ista os principais processos, operações e sistemas de tratamento

lii-quentemente util izados no tratamento de  esgotos domésticos,  em função do

poluente a ser  removido. Tais métodos  são  empregados para a fase l íquida , que

. i i tTcsponde ao fluxo principal cb líquido na estação de tratamento de esgotos. Por

i

  miro lado, a fase sólida (abordada no Item 2.3) diz respeito aos subprodutos sólidos

|fn ados  no tratamento, notadamente o lodo. O presente texto concentra-se no  trata-

iiu Hto

 biológico  das águas residuárias, razão pela qual não são abordad os os sistemas

u l i idonados ao t ra tamento  f ísico-químico (dependente da adição de produtos quími-

i n

1

. , i ' mais util izado para o tratamento de despejos industriais).

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

1 7 3

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Quad ro 2.2   O p e r a ç õ e s , p r o c e s s o s e s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o f r e q u e n t e m e n t e u t i l i z a d o s p a r a a

r e m o ç ã o d e p o l u e n t e s d o s e s g o t o s d o m é s t i c o s

Poluente Operação, processo ou sistema de tratamento

Sólidos em suspensão

- G r a d e a m e n t o

- Remoção da areia

-  Sedimentação

- Disposição no solo

Matéria orgânica biodegradável

- Lagoas de estabilização e variações

- Lodos ativados e variações

• Filtro biológico e variações

- Tratamento anaeróbio

Disposição no solo

Patogênicos

- Lagoas de maturação

- Disposição no solo

-  Desinfecção com produtos químicos

- Desinfecção com radiação ultra violeta

- Nitrilicação e desnitrificação b iológica

Nitrogênio

• Disposição no solo

- Processos fisico-qulmicos

Fósloro

•  Remoção biológica

- Processos físico-químicos

O Quadro 2.3 apresenta um resumo dos pr incipais sistemas de t ra tamento de

esgotos domésticos a nível secundário. A tecnologia de tratamento de esgotos possui

ainda vários outros importantes processos, como áreas alagadas artificialmente,

biofil tros aerados, reatores de eixo profundo etc. No entanto, atém-se no presente

quadro aos sistemas mais frequentes no Brasil . Os fluxogramas dos sistemas descritos

neste quadro enco ntram-se apresentados na Figura 2.1.Nestes f luxogramas , pode-se

observar a integração entre as várias operações e processos l istados no Quadro 2.2.

De forma a permitir a compreensão dos principais sistemas de tratamento de esgotos

domésticos, apresenta-se nos i tens 2.2.2. a 2.2.4 uma descrição preliminar dos

mesmos .

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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^  E T F E S B i b l i o t e c a

( J l l H t l r o 2 , 3 D e s c r i ç ã o s u c i n t a d o s p r i n c i p a i s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o   d e  e s g o t o s  a n ível

11 iiiitl ãrio

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

lagoa

titi.ultaliva

A DBO solúvel e finamente particulada é estabilizada aerobiamerite por bactérias

dispersas no meio liquido, ao passo que a D BO suspensa tende a sedimentar, sendo

estabilizada anaerobiamente por bactérias no fundo da lagoa. 0 oxigênio requerido

pelas bactérias aeróbias é fornecido p elas algas, através da fotossíntese.

t.ngoa

iinuoróbia -

ijt|/f.iíl  lacull.

A DBO é e m torno de 50% estabilizada na lagoa anaeróbia {mais profunda e com menor

volume}, enquanto a DBO remanescente é removida na lagoa facultativa, 0 sistema

ocupa uma área inferior ao de uma lagoa facultativa única.

1 ngoa

nnroda

hic.ultativa

Os mecanismos de remoção da DBO são similares aos de uma lagoa facultativa. No

entanto, o oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos, ao invés de através da

fotossíntese, Como a lagoa é também facultativa, uma grande pa rte dos sólidos do

esgoto e da biomassa sedimenta, sendo decomposta anaerobiamente no fundo.

Lagoa

cintada de

m/slura

completa •

lagoa de

ilncnnlaçâo

A energia introduzida por un idade de volume da lagoa è elevada,  o que íaz com que os

sólidos (principalmente a biomassa) perma neçam dispersos no meio liquido, ou ern

mistura completa A decorrente maior concentração de bactérias no meio liquido

aumenta a eficiência do sistema na remoção da DBO, o que permite que a lagoa tenha

um volume inferior ao d e uma lagoa aerada facultativa. No entanto, o efluente contém

elevados teores ce sólidos (bactérias), que necessitam ser removidos antes do .

lançamento no corpo receptor. A lagoa de deca ntação a jusante proporciona con dições

para esta remoção. 0 lodo da lagoa de decantação deve ser removido em períodos de

poucos anos

LODOS ATIVADOS

Lodos

ativados

r i ii ivoncional

A concentração de biomassa no reator é bastante elevada, devido à recirculaçâo dos

sólidos (bactérias) sedimentadas no tundo d o decantador secundário. A  biomassa

permanece m ais tempo no sistema do que o líquido, o qu e garante uma elevada

eficiência  na remoção da DBO. Há a  necessidade da remoção de uma quantidade de

lodo (bactérias) equivalente à  que é produzida. Este lodo removido necessita uma

estabilização na etapa de tratamento do  lodo. 0   fornecimento de oxigênio é feito por

aeradores mecânicos ou por ar difuso. A montante do reator há uma unidade  de

decantação  primária, de forma a remover os sólidos  sedimentáveis do esgoto bruto.

Lodos

ativados

 por

neraçSo

piolongada

Similar ao sistema anterior, com a diferença de que a biomassa permane ce ma is tempo

no sistema (os tanques de aeração são maiores}. Com isto, há menos DBO disponível

para as bactérias, o que faz com que elas se util izem da matéria orgânica do próprio

material celular para a sua manutenção. Em decorrência, o lodo excedente retirado

{bactérias} já sai estabilizado. Não se incluem usualmente unidades de decantação

primária.

Lodos

ativados de

tluxo

intermitente

A op eração d o sistema ê intermitente, Assim, no mesmo tanque ocorrem, em fases

diferentes, as etapas de reação (aeradores ligados) e sedimentação (aeradores

desligados), Quando os aeradores estão desligados, os sólidos sedimentam, ocasião

em que se retira o efluente (sobrenadante). Ao se religar os aeradores, os sólidos

sedimentados retornam à massa líquida, o que dispensa as elevatórias de recirculaçâo.

Não há decantadores secundários. Pode ser na modalidade convencionai ou aeração

prolongada.

Níveis, processos e sistemas de tratamento  175

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Q u a d r o 2 . 3 . C o n t i n u a ç ã o

SISTEMAS AERÓBIOS COM BIOFILMES

Filtro de

baixa carga

A DBO é estabilizada aerobiamente por bactérias que crescem aderidas a um  meio

suporte (comum ente pedras). 0 esgoto é aplicado na superfície do tanque através de

distribuidores rotativos. O líquido percola pelo tanque,  saindo peto fundo, ao passo que

a matéria orgânica fica retida pelas bactérias. Os espaços livres são vazias, o que

permite a circulação de ar. No sistema de baixa ca rga, há   pouca disponibilidade de

DBO para as bactérias, o que faz com que as m esmas sofram uma autodigestão, saindo

estabilizadas  do  sistema. As placas de bactérias que se despregam  das pedras são

removidas no decantador secundário. 0 sistema necessita de  decantação primária

Filtro de

alta carga

Similar ao sistema anterior, com a diferença de que a carga de DBO ap licada é m aior. As

bactérias (lodo exce dente) necessitam de estabilização no tratamento do todo. O

efluente do decantador  secundário é recirculado para o filtro, de forma a diluir o  afluente

e garantir uma carga hidráulica homogênea.

Biodisco

Os biodisc os não são filtros biológicos, mas apresentam a similaridade de que a

biomassa cresce aderida a um meio suporte. Este meio é provido por discos que giram,

ora expond o a superfície ao liquido, ora ao ar,

SISTEMAS ANAERÓBIOS

Reator

anaeróbio

de manta

de lodo

A DBO é estabilizada anaerobiamente por bactérias dispersas no reator. 0 fluxo do

liquido é ascenden te. A parte superior do reator é divid ida nas3goas_de_sedilI enta£ão_e

de .coleta de qás, A zona de sedimentação perm ite a saida do efluente clarificado e o

retorno dos sólidos (biomassa) ao sistema, aum entando a sua concentração no reator.

Entre  QS gases formados inclui-se o metano. 0 sistema dispensa decantação primária. A

produção de lodo é baixa, e o mesmo iá sai estabilizado

Filtro

anaeróbio

A DBO é estabilizada anaerobiamente por bactérias ade ridas a um meio suporte

(usualmente pedra s) no reator, 0 tanque trabalha submerso, e o fluxo é ascendente. O

sistema requer decantação primária (frequentemente fossas sépticas). A produção de

lodo é baixa, e o m esmo já sai estabilizado.

DISPOSIÇÃO NO SOLO

Infiltração

lenta

Os esgotos são aplicados ao solo, fornecendo água e nutrientes necessários para o

crescimento das plantas. Parte do liquido é evaporada, parte percola no solo, e a maior

parte é absorvida pelas plantas. As laxas de aplicação no terreno são bem baixas. 0

fíquido pode ser aplicado segundo os métodos da aspersão, do alagamento, e da crista

e vala.

Infiltração

rápida

Os esgotos são dispostos em bacias rasas. O líquido passa pelo fundo porosos percola

peto solo. A perda por evaporação é m enor, face às maiores laxas de aplicação. A

aplicação é intermitente, proporcionando um período de descanso para o solo, Os tipos

mais comuns são: percolação para a água subterrânea, recuperação por drenagem

subsuperfícial e recuperação por poços freáticos.

Infiltração

sub-

superficial

O esgoto pré -decantado é aplicado abaixo d o nível do solo. Os tocais de infiltração são

preenchidos com um meio poroso, no qual ocorre o tratamento. Os tipas mais comuns

são  as vaias de infiltração e os sumidouros.  ,,

Escoamento

superficial

Os esgotos são distribuídos na parte superior de terrenos corn uma certa declividade,

através do qual escoam, até serem coletados por valas na parte inferior. A aplicação é

intermitente. Os tipos de aplicação são; aspersores de alta p/essão, aspersores de baixa

pressão e tubulações ou canais de distribuição com aberturas intervaladas.

Fonte; von Sparling (1994b)

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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ETFES - B ib l io te ca

S I S T E M A S D E L A G O A S D E E S T A B I L I Z A Ç Ã O

L A G O A A E R A D A F A C U L T A T I V A

llg.

S I S T E M A : L A G O A A N A E R Ó B I A   -  L A G O A F A C U L T A T I V A

MEDnon

VAZAO

G3AÜE KSAflÉNADOR MED1QOI?

VAZAO

S I S T E M A : L A G O A A E R A D A D E M I S T U R A C O M P L E T A - L A G O A D E D E C A N T A Ç Ã O

MEDIDOI

VAZÃO

L A G O A A E I S A D A D É

GBADE DESAnSNAOor MEDIDOB

  M B 1 U , , A

  C O U P i f t A L K C A H B E A m ^ t o

2.1,a. Sistemas de lagoas dc estabilização

L A G O A F A C U L T A T I V A

Nt\'iis, processos e sistemas  de tratamento

177

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S I S T E M A S D E L O D O S A T I V A D O S

L O D O S A T I VA D O S C O N V E N C I O N A L

( F L U X O C O N T I N U O )

L O D O S A TI V AD O S - A E R A Ç Ã O P R O L O N G A D A

( F L U X O C O N T Í N U O )

L O D O S A T I V A D O S  -  FLUXO INTERMITENTE

CW 0SAHCMAKN3

MEOÇO

VAZAO

DTATOPEM «A ÇÃ O

•oração p^õbr>33da]

Fig. 2.1.1),  S i s temas de lodos a t ivados

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T P E S - B  i b l i o t e c a

S I S T E M A S A E R Ó B I O S _ C O M B I O F I LM E S

FILTRO BIOLÓ GICO DÊ 0AUCA CA RGA

DEC AN (ADO

[t; \\A:;y

GRADE DESAPÇNAOOG MEÍ

fcise saíd a

 «Jau lHodo caso

o docQiilodof seja uma

GRADE CÇ5ARENADOR MH

FILTRO BIOLÓ GICO DE ALTA C ARGA

FLTRO

 BIOLÓGICO HCUNDAfiTO

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o decan lodcr m

J

c uma

11«. 2.I.C .  Sistemas aeróbios com bjof i lmes

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

179

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S I S T E MA S A NA E RÓB I OS

R E AT O R A N A E R Ó B I O D E M A N T A D E L O D O

R E A T O R

I R O B T

C O R P O

R E C E P T O «

G R A D E D E SA R EN A D OF T E P J Ç S

V A Z A O

T

l os e s ó l id a

0 6 e s t a b i l i z a d o )

SISTEMA FOSSA SÉPTICA - FILTRO ANAERÓBIO

C O R P O

R E C Í P T O R

G R A D E D E S A R E N A D O I ? ^ E D I Ç O R

V A Z A O

t o s e

s ó l i do

l ä s e

s ó l i do

F O S S A

S É P T I C A

Y

f os e s ó l i da

( | ó e s t o b i l i i a d o )

Fig . 2 .1 .(1 . S is tem as anae rób ios

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO NO SOLO

I N F I L T R A Ç Ã O L E N T A

I N F I L T R A Ç Ã O R Á P I D A

INHITRAÇAO RA PIO A

LO» «LIDA

  *

Qá osiabHUoJo caio

o decanloríw sejn ume

fo«a séptica)

GRADE DESAPENAOO MgÔDOR

I N F I L T R A Ç Ã O S U B S U P E R F I C I A L

DECANTADOR

pmvÁwo

Ou FOSSA

SCPCA

-th

INFILTRAÇÃO SUBSUPÊRFtClAl,

i t

  r

7

(OWSÂNCIA

(ja «täbtfUKto coto

o deconlodoi »|a um o

toisa séptica)

E S C O A M E N T O S U P E R F I C I A L

I'lH- 2. I . e . S is temas de disposição no solo

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento  176

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_2 .2 .2 . T r a t a m e n t o p r e l i m i n a r

O t ra tamento pre l iminar dest ina-se pr incipalmente à remoção de:

- sólidos grosseiros

• areia

Os mecan ismos básicos de remoção são de. ordem f ísica , como peneiram ento e

sedimentação.

Além das unidades de remoção dos sól idos grosse i ros, inc lue-se também uma

unidade  para a medição  da vazão.  Usua lmente  esta é  constituída por uma calha de

dimensões padronizadas (ex: calha Parshall), onde o valor medido do nível do líquido

pode ser corre lac ionado com a vazão. Pode-se adotar também vertedores (re tangula-

res ou triangulares)  e  mecanismos para a medição em tubulações fechadas, embora

estes úl t imos se jam mais infrequentes no caso de esgoto bruto.

A Figura 2.2 apresenta o fluxograma típico do tratamento preliminar.

TRATAMENTO PRELIMINAR

G R A D E D E S A R E N A D O R M E D I D O R

D E V A Z Ã O

i  •

fase  ta .

5

®

sól ida

  s o l l d a

Fjg. 2.2.

  F lu xogra ma t íp ico do t ra tame nto prel iminar

A remoção dos  sólidos grosseiros é fe i ta f requentemente por meio de gra des , m as

pode-se usar também peneiras rotativas ou tri turadores. No gradeamento, o material

de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido (ver Figura 2.3).

Há grades grossas, médias e finas, dependendo do espaço livre entre as barras. A

remoção do material retido pode ser manual ou mecanizada.

As principais finalidades da remoção dos  sólidos grosseiros  são:

- proteção dos dispositivos de transporte dos esgotos (bombas e tubulações);

- proteção das  unidades de tratamento  subsequentes;

- proteção dos corpos receptores.

A remoção da  areia  contida nos esgotos é feita através de unidades especiais

denominadas desa rcnadore s . O  mecan i smo  de remoção da are ia é simplesmente o

d e  sedimentação: os grão de areia, devido às suas maiores dimensões e  densidade ,

2(14

Introdução

 à q ualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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GRADE

I l | t. 2 .3 . Esq uem a de uma grad e

vfio para o fun do do tanque, enquan to a matéria orgân ica, sendo de sedimen tação bem

mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades de jusante.

CAIXA DE AREIA

(DESARENADOR)

AREIA SEDIMENTADA

I In . 2 .4 . Esq uem a dc um d esa ren ado r

Kxiste uma diversidade de processos para a retirada e o transporte da areia

•.(•(l imentada, desde os manuais até os completamente mecanizados. As finalidades

biisieas da remo ção de areia são:

evitar abrasão nos equipamentos e tubulações;

eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tangues, orifícios,

sifões etc;

facilitar o transporte líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas

diversas fases.

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

1 8 3

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2 . 2 . 3 / T r a t a m e n t o p r i m á r i o

O t ra tamento pr imário d est ina-se à remoção de:

-  sólidos em suspensão sedimentáveis

- sólidos flutuantes

Os esgotos, após passarem pelas unidades de tratamento preliminar, contêm ainda

os sólidos em suspensão não grosseiros, os quais podem ser parcialmente removidos

em unidades de sedimentação, Um a parte significa t iva destes sólidos em suspensão

é compreendida  pela matéria orgânica em suspensão. Assim, a  su a  remoção por

processos simples como a sedimentação implica na redução da carga de DBO dirigida

ao tratamento secundário, onde a sua remoção é de certa forma mais custosa.

Os tanques d e decantação podem se r circulares ou  retangulares. Os esgotos  fluem

vagarosam ente a t ravés dos decantadores, permit indo a que os sólidos em suspensão,

possuindo uma densidade maior do que a do l íquido c i rcundante , sedimentem

gradualmente no fundo. Essa massa de sól idos é denominada  lodo primário  bruto.

Em estaçõ es de tratame nto de esgotos, ela é retirada  por meio de uma tubulação única

em tanques de pequenas dimensões ou  através de raspadores m ecânicos e bombas em

tanques  maiores.  Mater ia is  f lutuantes, como graxas e óleos,  tendo  uma menor

densidade  que o l íquido circundante,  sobem para  a superf íc ie  dos decantadores, onde

são cole tados e remo vidos  do  tanque para poster ior  tratamento.

TRATAMENTO PRIMÁRIO

DECANTADOR PRIMÁRIO

Fig . 2 .5 . Esi jucnia de um decantador p r imár io c i rcu lai

A s fossas sépticas   são também uma forma de tratamento a nível primário. As

fossas sépticas e suas variantes, como os tanques Imhoff, são basicamente decanta-

dores, onde os sól idos sedimentáveis são removidos para o fundo, permanecendo

nestes um tempo longo o suficiente (alguns meses) para a sua estabilização. Esta

estabilização se dá em condições anaeróbias.

2

(14

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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FOSSA SÉPTICA

( C Â M A R A Ú N I C A )

L O D O

E M D I G E S T Ã O

l l(i-  2.6.

  l isquema  de  um a fossa sép t ica de  câmara ún ica

__

  2 ^ ^ j j [ ^ t a m e n t o  s e c u n d á r i o

  _

O  principal objetivo  do t ra tamento secundário  é a remoção da  matéria orgânica.

r.sia se apresenta nas seguintes formas:

• matéria orgânica dissolvida   (DB O so lúvel ) ,  a qual não é removida por processos

meramente físicos, como o cie sedimentação, que ocorre no tratamento primário;

• matéria orgânica em suspensão  ( D B O  suspensa ou pa r t i cu l ada ) , a qua l é em

grande  parte removida no  tratamento  primário, mas cujos sólidos de decantabili-

i lnde mais lenta persistem na massa l íquida.

Os processos  de  t ra tamento secundário são concebidos  de  fo rma  a  acelerar os

mecanismos de degradação que ocorrem natura lmente  nos corpos receptores.  Assim,

decomposição dos poluentes orgânicos degradáveis é a lcançada, em condições

i ontroladas, em intervalos de tempo menores do que nos sistemas naturais.

A essência  do  t ra tamento secundário  d e esgotos  domést icos é  a  inclusão de  uma

t tapa biológica.  Enquanto nos t ratamentos pre liminar e pr imário predominam me-

i miismos d e  ordem f ísica ,  no  t ra tamento secundário  a remoção  da matéria orgânica

i eletuada  por reações bioquímicas, realizadas  por  microrganismos.

Uma grande variedade de microrganismos toma parte no processo: bactér ias,

inotozoários, fu ngo s e tc . A base de todo o proce sso biológ ico é o contato efe t ivo entre

r-.ses  organismos  e  o material orgânico contido nos esgotos, de tal forma  que  esse

possa ser  ut i l izado como a l imento pelos microrganismos. Os microrganismos con-

vciiein  a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular (crescimento e

i rprodução   dos  microrganismos) (ver Figura 2.7) . Essa decomposição biológica  do

miilerial  orgânico requer a presença de oxigênio como componen te  fundamenta l dos

(nm-essos  aeróbios, a lém da manutenção de  outras  condições  ambienta is  favoráveis,

i nino temp eratura, p H, tem po de contato etc.

Ni 11 'i

 v,

 pro cessos e sistemas de tratamento 185

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M E T A B O L I S M O B A C T E R I A N O

B AC T É R I AS + MAT E R I A OR GANI C A

F i g . 2 . 7 .  Esquem a simpli f icado do metabol ismo bacter iano

BACTÉRIAS

Á G U A + G A S C A R B Ô N I C O

O tratamento secundário geralmente inclui unidades para

 o

 tratamento preliminar,

mas pode ou não incluir as unidades  para  o tratamento primário. Existe uma grande

variedade de método s de t ra tamento a nível secundário, sendo qu e os mais com uns

são:

- La goas de estabilização e variantes

-  Lodos ativados e variantes

-  Filtro biológico e variantes

- Tratamento anaeróbio

-  Disposição sobre o solo

Este úítimo  é um mis to  de tratamento e disposição final, mas é classificado  como

nível secundário devido à  atuação de mecanismos biológicos e à sua e levada ef ic iên-

cia na remoção de poluentes.

Apresenta-se a seguir uma descrição simplificada dos principais sistemas de

t ra tamento de  esgotos.

Lagoas de estabilização e variantes

a ) L a g o a s f a c u l t a t i v a s

As lagoas de estabilização são unidades especialmente construídas com a finali-

dade de tratar os esgotos. No entanto, a construção  é simples, baseando-se principal-

mente em mov imento de terra de escavação e preparação dos ta ludes.

Dentre os sistemas de lagoas de estabilização, o processo de lagoas fac ultativas é

o mais simples, depend endo unicam ente d e fenôm enos puramente natura is. O esgoto

afluente entra em uma extremidade da lagoa e sai na extremidade oposta. Ao longo

desse percurso, que demora vários dias, uma série de eventos contribui para a

puri f icação dos esgotos.

A matéria orgânica etn suspensão  (DBO particulada)  tende a-sedimentar, vindo

a constituir o lodo  de  fundo .  Este  lodo  sof re  o processo  d e  decomposição por

microrganismos anaeróbios, sendo convert ido em gás carbônico, água, metano e

outros. Apenas  a fração iner te (não biodegradável) permanece na camada de fundo .

A matéria  orgânica dissolvida (D B O  solúvel),  conjuntamente  com  a matéria

orgânica em suspensão de pequenas dimensões  (DBO  finamente particulada)  não

2(14

Introdução à qualidade das águas e a o tratamento de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

lunenta, permanecendo dispersa na massa l íquida. A sua decomposição se dá

•ih

 aves d e bactérias  facultat ivas,  que têm a capacidade de sobreviver tanto na

|Hm*nça quanto na ausência de oxigênio (daí a designação de facultativas, que define

I*

 próprio nome da lagoa). Essas bactérias util izam-se da matéria orgânica como fonte

ilr energia, alcançada através da respiração. Na respiração aeróbia, há a necessidade

• l.i

  presença de oxigênio, o qual é suprido ao meio pela fotossíntese realizada pelas

íi lp.iv Há, assim, um perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e

yiW.

  carbônico (ver Figura 2.8).

bactér ias - >

  respiração:

- consumo de oxigênio

- produção de gás carbônico

a l g a s - >  fotossíntese:

- produção de ox igénio

- consumo de gás carbón ico

LAGOA FACULTATIVA

Energia luminosa

l 'l((. 2.8. Ksquema si mpli ficado de uma lagoa facultativa

Níveis,

  processos e sistemas

 cie

 tratamento

187

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Para a ocorrência da fotossíntese é necessária uma fonte de energia luminosa,

neste caso representada pelo sol. Por esta razão, locais com elevada radiação solar e

baixa nebulosidade são bastante propícios ã implantação de lagoas facultativas.

A fotossín tese, por depend er da energia solar, é mais elevada próxim o à superfície.

À medida em que se aprofunda na lagoa, a penetração da luz é menor, o que ocasiona

a predominância do consumo de oxigênio ( respiração ) sobre a sua produção   (fotos-

síntese),  com a eventual au sência de oxigê nio dissolvido a partir de uma certa

profundidade. Ademais, a fotossíntese só ocorre durante o dia , fazendo com que

durante a noite possa prevalecer a ausência de oxigênio. Devido a estes fatos, é

essencial que as principais bactérias responsáveis pela estabilização da matéria

orgânica sejam facultativas, para poder sobreviver e proliferar, tanto na presença,

quanto na ausência de oxigênio.

O processo de lagoas facultativas é essencialmente natural, não necessitando de

nenhum equipamento. Por esta razão, a estabilização da matéria orgânica se processa

em taxas mais lentas, implicando na necessidade de um elevado período de detenção

na lagoa (usualmente superior a 20 dias). A fotossíntese, para que seja efetiva,

necessita de uma elevada área de exposição para o melhor aproveitamento da energia

solar pelas algas, também implicando na necessidade de grandes unidades. Desta

forma, a área total requerida pelas lagoas facultativas é a maior dentre todos os

processos de t ra tamento dos esgotos (excluindo-se os processos de disposição sobre

o solo). Por outro lado, o fato de ser um processo totalmente natural está associado a

uma maior simpl ic idade operacional , fa tor de fundamenta l importância em nosso

meio.

A Figura 2.9 apresenta o fluxograma típico dc um sistema de lagoas facultativas.

Fig. 2.9.  F luxogra ma t íp ico dc um s i s tema dc lagoas facul ta t ivas

b) S i s t ema de l agoas anae rób ia s - l agoas facu l t a t i va s

O processo de lagoas facultativas, apesar de possuir uma eficiência satisfatória,

requer, como com entad o, uma gran de área, muitas vezes não disponível na localidade

em questão. Há, portanto, a necessidade de se buscar soluções que possam implicar

na redução da área total requerida. Uma destas soluções é a do sistema de lagoas

anaeróbias seguidas por lagoas facultativas.

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento d e esgotos

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E TFE S - B ib l i o tec a

() esgoto bruto ent ra numa lagoa de menores dimensões e mais profund a. Devid o

flN  menores  dimensões dessa lagoa, a fotossíntese pra t icamente não ocorre . No

I

 i.il.in^o e ntr e

 o

 consumo e

 a

 produção de oxigênio, o consumo é amp lamente superior .

IVnJominam, portanto, condições  anaeróbias nessa primeira lagoa, denominada, em

decorrência,

  lagoa anaeróbia.

As  bactérias anaeróbias têm uma taxa metabólica e de reprodução mais lenta do

i|iu- .is bactér ias aeróbias. Emas sim send o, para um período de permanência de apenas

t

 .1

  5 dias na lagoa anaeróbia,  a decomposição da matér ia orgânica é apenas parc ia l .

I\ li m

  i io assim, essa remoção da DBO, da ordem de 50 a 60%, apesar de insuficiente,

i i | irr.ienta uma grande contribuição, aliviando sobremaneira a carga para a lagoa

i.ii iihnliva, situada a jusa nte .

A lagoa facultativ arec ebe uma carga de apenas 40 a 50% da carga do esgo to bru to,

i"

  i i lcndo ter, portanto, dimensões bem menores. O funcionamento dessa lagoa facul-

iirtiva é exatamente  como descrito no item a.

l-ste sistema  d e  lagoas anaeróbias-lagoas  facultativas é também  conhec ido  em

titiHsi> meio com o  sistema australiano.  O requisito de área total é tal , que se ob tém-s e

IHii.i economia  de área da ordem d e 1/3, com parad o  a uma lagoa facultativa única. A

I

 :

i('.ura 2 .10 mostra o fluxograma típico de um sistema de lagoas anaeróbias seguidas

|rni lagoas  facultativas.

I Ij)  2. tt l .  F luxograma t ípico  de um  sis tema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facul ta t ivas

O sistema tem uma eficiência l igeiramente superior à de uma lagoa facultiva

ca ,  é  conceitualmente simples e fácil de operar. No entanto,  a  existência de uma

i Upa  anaerób ia cm uma un ida de aber ta é sempre um a causa de p reocupaç ão , dev ido

i possibilidade da l iberação de maus odores. Caso o sistema esteja bem equilibrado,

ii i ' i ' i ; ição de mau cheiro não deve ocorrer. No entanto, eventuais problemas'opera -

i

 i'

 mais podem con duzir à l iberação de gás sulfídrico, responsável por odores fétido s.

I 'm essa razão, o sistema australiano é normalm ente localizado ond e é possível haver

iitu grande afastam ento das residências.

c ) Lagoa  a e r a d a f a c u l t a t i v a

( ' a so se dese je ter um sistem a  predominan temente  aeróbio, e de dimensões ainda

in. ir. reduzidas, pode-se util izar a lagoa aerada facultativa.  A principal diferença com

SISTEMA: LAGOA ANAERÓBIA - LAGOA FACULTATIVA

C O R P O

Nt\' iis, processos e sistemas de tratamento

1H9

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relação à lagoa facultativa convencional é quanto à forma de suprimento de oxigênio.

Enquanto na lagoa facultativa o oxigênio é advindo principalmente da fotossíntese,

no caso da lagoa aerada facultativa o oxigênio é obtido atraVés de equipamentos

denominados  aeradores.

Os aeradores mecânicos mais comumente ut i l izados em lagoas aeradas são

unidades de eixo vertical que, ao rodarem em alta velocidade, causam um grande

turbilhonamento na água. Este turbilhonamento propicia a penetração do oxigênio

atmosférico na massa l íquida, onde ele se dissolve. Com isto, consegue-se uma maior

introdução de oxigênio, comparada à lagoa facultativa convencional, permitindo a

que a decomposição da matéria orgânica se dê mais rapidamente. Em decorrência, o

tempo de detenção do esgoto na lagoa pode ser menor (da ordem de 5 a 10 dias), ou

seja, o requisito de área é bem inferior.

A lagoa é denom inada facultativa  pelo fato do nível de energia introduzido pelos

aeradores ser suficiente apenas para a oxigenação, mas não para manter os sólidos

(bactérias e sólidos do esgoto ) em suspen são na massa l íquida. Desta form a, os sólidos

tendem a sedimentar e Constituir a camada de lodo de fundo, a ser decomposta

anaerobiamente . A penas a DB O solúvel e f iname nte part iculada permanece na massa

líquida, vindo a sofrer decomposição aeróbia. A lagoa se comporta, portanto, como

uma lagoa facultativa convencional (ver Figura 2.11).

L A G O A A E R A D A FA C U LT A T IV A

Fif». 2.11.  F l u x o g r a m a t í p i c o d e u m s i s t e m a d e l ag o a s a e r a d a s f a c u l t a ti v a s

Devido à introdução de mecanização, as lagoas aeradas são menos simples em

termos de manutenção e operação, comparadas com as lagoas facul ta t ivas conven-

cionais. A redução dos requisitos de área é conseguida, portanto, com uma certa

elevação no nível de operação, além da introdução do consumo de energia elétrica.

d ) S i s tema de l agoas ae rad as de mi s tu ra comple t a - l agoas de decan ta ção

Uma forma de se reduzir ainda mais o volume da lagoa aerada é o de se aumentar

o nível de aeração, fazendo com que haja uma turbulência tal que, além de garantir a

oxigenação, permita ainda que todos os sólidos sejam mantidos em suspensão no

meio l íquido. A denominação  mistura completa  é, portanto, advinda do alto grau de

energia por unidade de volume, responsável pela total mistura dos constituintes em

toda a lagoa. Entre os sólidos mantidos em suspensão e em mistura completa sc

2(14

Introdução à qualidade das água s e ao tratamento d e esgotos

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ETFE S - B ib l io te ca

(In luem,  além da matéria orgânica do esgoto bruto, também as bactérias (biomassa).

III. cm decorrência, uma maior concentração de bactérias no meio líquido, além de

mu maior  contato matéria orgânica-bactérias. Com isto, a eficiência do sistema

gllmcnta   bastante, permitindo a q ue o volume da  lagoa aerada  seja bastante  reduzido.

1» ItímpQ de detenção típico na lagoa aerada é da ordem de 2 a 4 dias.

No  entanto, apesar da elevada eficiência desta lagoa na remoção da matéria

i

 i i(jrtnica originalm ente pre sente nos esgo tos, um nov o problem a passou a ser criado.

\ biomassa permanece em suspensão em todo o volume da lagoa, vindo, portanto, a

IH

  com o efluente da lagoa, Esta biomassa é, em última análise, também matéria

iMi' .niica, ainda que de uma natureza diferente da DBO do esgoto bruto. Esta nova

iHiiteria orgânica, caso fosse lançada   no coipo  receptor,  i r ia exercer também uma

• li

  manda de oxigênio, causando a deterioração da qualidade das águas.

I ' impo rtante, portanto, que haja uma unid ade a jusan te, na qual os sólidos em

ii'.|icnsão  (predominantemente  a biomassa)  possam vir a sedimentar.  Esta  unidade

I

  " le

 ser uma

 Lagoa

 de decantação,  com a f ina l idade precípua de permit i r a sedimen-

i i, io e acúmulo dos  sólidos.

A lagoa de decantaç ão  é dimensionada com um  tempo de detenção bem reduzido,

i m lotno d e 2  dias. Nela , os sól idos vão para o fundo, onde são armaze nados p or um

jn i iodo de alguns anos, ap ós o qual são removidos.  H á também lagoas de  decantação

• mil remoção  cont ínua  do lodo de  fundo ,  através de  bombas acopladas em balsas.

A área requerida por este sistema d e lagoas á a men or dentre os sistemas d e lagoas,

t

 K

 requisitos de energia são similares aos dem ais sistemas d e lagoas aeradas. No

PMtimto, os aspectos relativos  ao  manuseio  do  lodo  podem  ser mais compl icados,

.

 I.jvido ao fato de s e  ter um meno r período de armazenagem na lagoa, comparado com

IIM

  outros sistemas.  Caso a remoção de  iodo  seja periódica,  tal  ocorrerá numa

hrquência aproximada em torno de 2 a 5 anos. A remoção do lodo é uma tarefa

Inboriosa e cara.

1 IS T EM A : L A G O A A E R A D A D E M I S T U R A C O M P L E T A - L A G O A D E D E C A N T A Ç Ã O

C O R P O

I

1

1 || L 12 . F lux ogram a t íp ico de um s is tema de lagoas ae radas de mis tura comp le ta - lagoas de decant ação

Nt\'iis, processos e sistemas de tratamento

1 9 1

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Sistemas de lodos ativados e variantes

a ) Lodos a t i vados convenc iona l

Ao se analisar os sistemas de lagoas descritos no item precedente, tornou-se

evidente que uma redução no volume requerido pode ser a lcançada por meio do

aumento da concentração da biomassa em suspensão  110  meio líquido. Quanto mais

bactérias houver em suspensão, maior será a avidez por alimento, ou seja, maior será

a assimilação da matéria orgânica presente no esgoto bruto.

Dentro deste conceito, analisando-se o sistema de lagoas aeradas-lagoas de

decantação descrito acima, observa-se que há um "reservatório" de bactérias, ainda

ativas e ávidas, na unidade de decantação. Caso parte destas bactérias seja retornada

à unidade de aeração, a concentração de bactérias nesta unidade será grandemente

aumentada. Este é o princípio básico do sistema de lodos ativados, em que os sólidos

são rec i rculados do fun do da unidade de decantação, por meio de bombeam ento, para

a unidade de aeração. As seguintes unidades são, portanto, essenciais no sistema de

lodos ativados (fluxo do líquido):

- tanque de aeração (reator)

- tanque de decantação (decantador secundário)

- elevatória de recirculação de lodo

REATOR DECANTADOR

SECUNDÁRIO

Fig. 2.13.  Esque ma das unidade s da e tapa b io lógica do s is t ema de lodos a t ivados

A biomassa consegue ser separada no decantador secundário devido à sua pro-

priedade de flocular. Tal se deve ao fato das bactérias possuírem uma matriz gelati-

nosa, que permite a aglutinação das bactérias. O floco possui maiores dimensões, o

que facili ta a sedimentação (Ver Figura 2.14).

A concentração de sólidos em suspensão no tanque de aeração nos sistema de

lodos ativados é mais de  10 vezes superior à de uma lagoa aerada de mistura com pleta.

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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F L O C O B A C T E F I I A N O

F i g . 2 , 1 4 , E s q u e m a d e b a c t é r i a s f o r m a n d o u m f l o c o d e l o d o a t i v a d o

1

O tempo de detenção do líquido é bem baixo, da ordem de 6 a 8 horas no sistema de

lodos ativados  convencional, implicando em que o volume do tanque de aeração seja

bem reduzido. No entanto,  devido à  recirculação  dos  sólidos, estes permanecem no

sistema por  um tempo superior  ao do líquido. O tempo de retenção dos sólidos no

sistema é denom inado  idade do lodo,  sendo d a ordem de 4 a

 

0 dias no  lodos ativados

convencional . É esta maior permanência dos sól idos no sistema que garante a e levada

eficiência dos lodos ativados, já que a biomassa tem tempo suficiente para metabo-

lizar praticamente toda a matéria orgânica dos esgotos.

N o sistema  de lodos ativados, os tanques são  tipicamente de concre to, di ferente-

mente  da s  lagoas de estabilização. Para se economizar em termos de energia para   a

aeração, parte da matéria orgânica (em suspensão, sedimentável)   do s  esgotos  é

retirada antes do tanque de aeração, através   do  decantador primário. Assim, os

sistemas de lodos ativados convencional  têm  como parte integrante  t ambém  o

tratamento primário (Figura 2.15).

L O D OS AT IV A D OS C O N V E N C I O N A L

( F L U X O C O N T I N U O )

Fig . 2 .1S . F lux ogr am a t íp ico do s is íema de lodos a t ivado s convenc iona l

Níveis,

 processos e sistemas de tratamento

193

4

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w

No t anque  d e  aeração, devido à entrada contínua de alimento, na  fo rma de

  > U >

dos  esgotos, as  bactérias  crescem e se reproduzem cont inuamente . Caso fosw;

permit ido que a população  de  bactérias crescesse indefinidamente, elas tenderiam a

atingir concentrações excessivas no tanque de aeraçâo, dificultando a transferem  1.1

de oxigênio a todas as células. Ademais, o decantador secundário ficaria sobrecarre-

gado, e os sólidos não teriam mais condições de sedimentar satisfatoriamente,   vindo

a  sair  com o ef luente  final, deteriorando a sua qualidade.  Para  mante r  o sistema  em

equilíbrio, é necessário que se retire aproximadamente  a  mesma quant idade  de

biomassa que é aumentada por reprodução. Este é, portanto, o   lodo biológico

excedente,  que pode ser extraído diretam ente do reator ou da l inha de recirculação.

O  lodo  excedente deve  sofrer tratamento adicional,  na  linha de tratamento  do  lodo.

O  sistema  de  lodos a t ivados convencional  ocupa  áreas bastante  inferiores às do

sistema de lagoas. No entanto, o f luxograma do sistema é compl icado, requerendo

u m a  elevada capacitação para a sua operação.  O s  gastos com energia  elétrica para

aeração são um pouco superiores aos das  lagoas  aeradas.

Existem  algumas  variantes do  processo  de  Iodos  ativados,  sendo  que  duas das

principais (aeração prolongada e fluxo intermitente) são descritas brevemente  a

seguir.

b ) A e r a ç ã o  p r o l o n g a d a

No sistema  de  Iodos ativados convencional, o  lodo  permanece no sistema  de 4 a

10 dias. Com este período,  a  biomassa retirada no  lodo excedente requer ainda  uma

etapa de estabilização no tratamento do lodo, por conter ainda um elevado teor   de

matéria orgânica na composição de suas células.

No entanto,  caso  a  biomassa permaneça no sistema por um período mais longo,

da ordem de 2 0 a 30 dias (daí

 o

 nome aeração prolongada),  recebendo a mesm a carga

de DBO do esgoto  bruto que  o  sistema  convencional ,  haverá  uma menor disponibi -

lidade de alimento para as bactérias. Para que a biomassa permaneça mais tempo   no

sistema, é necessário que o reator seja maior (o   tempo  de detenção do líquido é  em

torno de 16 a 24 horas). Portanto, há menos matéria orgânica por   unidade  de vo lume

do tanque de aeração.  E m d ecorrência ,  as bactérias, para  sobreviver, passam a utilizar

nos seus processos metaból icos a própria   matéria orgânica com pon ente das .suas

células, Esta matéria orgânica celular é convertida em gás carbónico e água através

da   respi ração. Isto corresponde a uma estabi l ização da biomassa , ocorrendo  no

próprio tanque de aeração. Enquanto  no  sistema convencional  a estabilização do lodo

é feita  em  separado (na  etapa de tratamento  de  lodo), na aeração  prolongada e la  é

feita conjuntamente, no próprio reator.

Já que não há a necessidade de se estabilizar  o  lodo biológico excedente,

procura-se evi tar no sistema  de  aeração prolongada também  a  geração de a lguma

outra forma de lodo,  que  venha a requerer  poster ior  estabilização. Deste  m o d o ,  os

sistemas de  aeração prolongada  usualmente não possuem decantadores pr imários,

para evitar a necessidade de se estabilizar  o lodo primário. Com  isto, obtém-se uma

2

(14

  Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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ETFES - B ib l io te ca

(d Mi'Ir simplificaçã o no fluxogra ma do processo: não há decantadores p rimários nem

Hliiiliides de digestão de lodo (Figura 2.16).

LODOS ATIVADOS • AERAÇÃO PROLONGADA

(FLUXO CONTINUO) ra pto r

fasa sólida

(já estabil izado)

l 'l (» . 2 .16 . F luxogra ma dc um s i s tema de aeração pro longada

O preço desta sim plificação do sistema é o gasto com energia para aeração , já qu e

o lodo é estabilizado aerobiamente no reator. Por outro lado, a reduzida disponibili-

dade de alimento e a sua praticamente total assimilação fazem com que a aeração

prolongada seja o processo de tratamento dos esgotos mais eficiente na remoção de

D B O .

c ) F luxo in t e rmi t en t e (ba t e l ada )

Os sistemas de lodos ativados descritos acima são de fluxo contínuo  com re lação

ao esgoto, ou seja, o esgoto está sempre entrando e saindo do reator. Há, no entanto,

uma variante do sistema, com operação em   fluxo intermitente.

O princípio do processo de lodos ativados com operação intermitente consiste na

incorporação de todas as unidades, processos e operações normalmente associados

ao tratamento convencional de lodos ativados, quais sejam, decantação primária,

oxidação biológica e decantação secundária, em um único tanque. Util izando um

tanque único, esses processos e operações passam a ser simplesmente sequências no

tempo, e não u nidades separadas como ocorre nos processos convencionais de f luxo

contínuo. O processo de lodos ativados com fluxo intermitente pode ser uti l izado

também na modal idade de aeração prolongada, quando o tanque único passa a

incorporai ' também a unidade de digestão do lodo.

O processo consiste de um reator de mistura completa onde ocorrem todas as

etapas do tratamento. Isso é conseguido através do estabelecimento de ciclos de

operação com durações definidas. A massa biológica permanece no reator durante

todos os ciclos, eliminando dessa forma a necessidade de decantadores separados. Os

Nt\' iis, processos e sistemas de

 tratamento

195

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cic los normais de t ra tamento são:

• Enchimento

  (entrada de esgoto bm to ou decantado no reator)

• Reação

  (aeração/mistura da massa l íquida contida no reator)

• Sedimentação  (sedimentação e  separação dos sól idos em suspensão do esgoto

tratado)

• Esvaziamento  (retirada do esgo to tratado do reator)

• Repouso  (ajuste de ciclos e remo ção do lodo exced ente)

A duração usual de cada ciclo pode s er alterada em função da s  variações da vazão

afluen te, das neces sidade s do tratamento e das características do esgoto e da b iomas sa

no sistema.

L O D O S A T I V A D O S  -  FLUXO INTERMITENTE

M L A IO R E M D E C A N T A Ç Ã O C O R P O

lostí SÍJiOJ

t j à u s tota i l /od o I k j

aoração piolangado)

Fig . 2 .17 .

  E s q u e m a d e u m s i s t e m a d e I o d o s a t i v a d o s c o m o p e r a ç ã o i n t e r m i t e n t e

O descarte do lodo excedente gera lmente ocorre durante o úl t imo c ic lo  (Repouso),

mas como este ciclo  é opcional, já que a su a  finalidade é a de  permitir o ajuste entre

os  ciclos de operação de cada reator, o descarte pode se dar em outras fases do

processo. A quant idade e a frequência de descarte d o lodo são estabelec idas em fu nção

dos requisi tos de perform ance, da mesm a fornia que nos processos convencionais de

f luxo cont ínuo.

O  f luxograma  do  processo  é grandemente  simplificado, devido à eliminação de

diversas unidades,  comparado aos  sistemas  de lodos  ativados  de f luxo cont ínuo. No

sistema  de aeração prolongada  por batelada, as únicas unidades  d e  todo o processo

de tratamento (l íquido e  lodo)  são:  grades, desarenador, reatores, adensamento do

lodo (opcional) e desidratação do lodo.

H á  algumas modif icações  nos sistemas  de  f luxo  intermitente, relacionadas, tanto

à  forma de operação (a l imentação cont ínua e  esvaziamento  descont ínuo) ,  quanto à

sequência e duração dos ciclos associados a cada fase do processo. Estas variações

permitem simpl i f icações adic ionais no processo ou a remoção biológica de nutr ientes.

2

(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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j^j»  Sistemas aeróbios com biofi lmes

a ) F i l t r q s b i o l ó g i c o s d e b a i x a c a r g a

O processo de f i l t ros biológicos consiste num concei to tota lmente di feren te dos

processos anteriores. Ao invés da biomassa crescer dispersa em um tanque ou lagoa,

ela cresce  a d e r i d a  a  um meio suporte.

Um fil tro biológico compreende, basicamente, um leito de material grosseiro, tal

como pedras, ripas ou material  plástico,  sobre o qual os esgotos são aplicados sob  a

forma de gotas ou ja tos. Após a aplicação, os esgotos percola mem direção aos dren os

de fundo. Esta percolação permite o crescimento bacteriano na superfície da pedra

ou   do material  de enchimento, na forma de uma  película  fixa. O  esgoto passa sobre

a população microbiana aderida, p romovendo  o conta to entre os  microrganismos  e  o

material orgânico.

Os f i l t ros biológicos  são sistemas  aeróbios,  pois o ar circula nos espaços vazios

entre  as  pedras,  fornecendo o  oxigênio para a respiração dos microrganismos. A

ventilação é usualmente natural.

A apl icação  dos esgotos  sobre o  meio é frequentemente feita através de distribui-

dores rotativos, movidos pela própria  carga hidrostática dos esgotos. O líquido escoa

rapidamente pelo meio suporte. No entanto, a matéria orgânica é adsorvida pela

película microbiana, ficando retida um tempo suficiente para a sua estabilização   (ver

Figura  2.18).

Os fil tros são normalmente circulares, podendo ter vários metros de diâmetro.

( ontrariamente ao que indica o nome, a função primária do fil tro não é a de fi l trai-,

uma vez que o diâmetro das pedras util izadas é da ordem de alguns centímetros, ou

seja, permitind o um grand e espaço de vazios, ineficientes para o ato de pene irame nto.

A função  do  meio é  tão somente a de  fornecer  suporte para  a formação da  película

microbiana. Existem também meios sintéticos de diversos materiais e formas, os

quais apresentam  a vantagem de serem mais leves do  que as pedras, além de

apresentarem uma  área  superficial de exposição bem superior, No entanto, os meios

sintéticos são mais caros.

A m edida em que a biomassa cresce na superf íc ie das pedras, o espaço vazio tende

ti  diminuir , fazendo com que a velocidade  de  escoamento nos poros aumente . Ao

iii ingir um dete rmin ado valor, esta velocidade causa uma tensão de cisalhamento, que

desaloja parte do material aderido. Esta é um a forma natural de controle da população

microbiana no meio. O lodo desalojado deve ser removido nos decantadores secun-

dários,  de forma a diminuir o nível de sólidos em suspensão no efluente final.

N os sistem as de fi ltros  biológicos de baix a

  carga,

 a quant idade de D B O  aplicada

r  menor. Com isso, a disponibilidade de alimentos  é  menor, o  qu e  resul ta numa

estabilização parcial do lodo (auto-consumo da matéria   orgânica  celular)  e  numa

maior 'e f ic iência do  sistema  na remoção  da DBO,  de forma análoga ao sistema de

iteração prolongada nos lodos ativados. Essa menor carga de DBO por unidade de

N i 11 i v , processos e sistemas de  tratamento 1 9 7

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F I L T R O B I O L Ó G I C O

superfície do tanque está associada a maiores requisitos de área, comparado ao

1

sistema de aita carga, descrito no item seguinte.

O sistema de baixa carga é simples conceitualmente. Embora de-eficiênfcia

comparável à do sistema de lodos a t ivados convencional ,  a operação é ma is sim ples,

porém menos f lexível . Os f i l t ros biológicos têm uma menor capacidade de se a justar

a variações do afluente, além de requererem uma área total um pouco superior. Em

termos de consumo de energia , os f i l t ros apresentam um consumo bastante infer ior

ao dos lodo s ativados. A Figura 19 apresenta o fluxo gram a típico do sistema de fi l tros

biológicos de baixa carga.

.  b) Fi l t ros biológicos dej i l ta^carga

Os fil tros biológicos de

  alta carga

  são conceitualmente similares aos de baixa

carga . No entanto, por receberem uma maior carga de DBO por unidade de volume

de leito, o requisito de área é menor. Em paralelo, tem -se também uma ligeira redu ção

na eficiência de rem oção d a matéria orgânica, e a não estabilização do lodo n o filtro.

Uma outra diferença diz respeito à existência de recirculação do efluente. Esta é

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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FILTRO BIOLOGICO DE BAIXA CAR GA

lasesóHcla

f l á es tabu l ado caso

o decan l ado f se |o uma

(essa sépt ica)

fase sól ida

(Já establ teado)

• i^. 2.19. Fluxo grama típico de um filtro biológico de baixa carga

I f i ta com os objet ivos pr incipais de (a) manter a vazâojtproximadamente^uniforme

«Inrantejtodoj3_dja (^noite

^jQS-braçQs

_distribuidores4?oderiam não rodat^_deyidoJ^

baixa vazão^o £ue_poder ia secar o lei to) , rb) jeguil ibrar a carga af luente e (c)

|

H i s s i j T Í j j t a j M i m n j ^  H

P

. r r m t a t r w l n m n tp .r m n r g n n i m p f l i i p n t f D i f p r p n t p m p n t p

• lo

  s is tema de lodos at ivados, a recirculação nos f i l t ros de_ajta carga é do e f l ue nt e^

náo do lodo sedimentado (Fig. 2.20).

FILTRO BIOLO GICO DE ALTA CA RGA

F I LLRO B IOL ÓGICO

I IIV 2.20. Flux ogram a típico dc um filtro biológico de alta carga

Outra forma de se melhorar a ef iciência dos f i l t ros b io lógicos, ou de se tratar

esgotos mais conce ntrados e m m atér ia orgânica, é através da u ti l ização de dois f i l t ros

i in sér ie , denom inado com o um sis tema de f i l t ros b io lógicos de dois es tágios . Há

\ li ias possíveis conf igu rações, com diferentes form as de recirculação do ef luente.

Algumas das l imitações dos f i l t ros b io lógicos com lei to de pedras , quando os

mesmos operam com elevadas cargas orgânicas , referem-se ao entupimento dos

i .paços vazios , devido ao crescim ento exc essivo da película b io lógica. Nestas

t ondições, pode m oc orrer inundações e falhas do s is tema.

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

1 9 9

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Devido ao  maio r compromisso com  a  redução  da  área requerida para o sistema,

valem pr incipalmente aqui as considerações sobre os d iferentes t ipos de meios

supor te.  O  mater ial mais u ti l izado  é  ainda representado pelas pedras e britas.  No

entanto , o volume de  espaços  vazios é limitado num filtro biológico de pedras,

res tr ingindo, dessa form a, a circulação de ar no f i l t ro e , consequentem ente, a quanti-

dade de oxigênio d isponível para os microrganismos e a   quantidade de esgoto  que

pode ser tratada.

Para superar essas l imitações, outros mater iais podem ser u ti l izados   para o

enchimento dos f i l t ros . Esses mater iais incluem modulos de p lást ico corrugado,

tablados de r ipas e anéis p lást icos . Esses mater iais oferecem maiores áreas superf i-

ciais  para  o crescimento  bacter iano (aproximadamente o dobro das pedras t íp icas) ,

além de aumentarem signif icativamente os espaços vazios para a circulação   de  ar.

Esses mater iais são também muito mais leves que as pedras (cerca de 30 vezes) ,

possib il i tando   a  que  os  f i l tros sejam muito mais al tos , sem causarem problemaá

estru turais . Enquanto em f i l tros  de pedras as al turas são usualmente infer iores  a 3

metros , nos f i l t ros com en chim ento s in tét ico as alturas podem s er d e 6me tros ou mais ,

d iminu indo dessa fo rma  a  área requerida para a instalação dos filtros.

j ^ B i o d i s c o s _

O p rocesso  d e  biodiscos é  f is icamente d iferente dos processos  de tratamento

anter iorme nte descr i tos . No entanto , devido ao fato da b iomassa crescer  aderida  a u m

meio supor te (o b iodisco) , es te processo é descr i to aqui, conjuntamente com  os

sis temas de f i l t ros b io lógicos.

O processo consis te de uma  série de  discos l igeiramente espaçados, montados

num eixo hor izontal . Os d iscos g iram vagarosamente, e   mantêm, em cada instante,

ce rca  de m e t a d e  da área  superf icial imersa no esgoto , e o res tante exposta ao  ar.

BI O DI SCO

SUPERFÍCIE

E X P O S T A A O A R

SUPERFÍCIE

I M E R S A

Fig. 2.21.  E s q u e m a  do um  t an q u e  co m   b iodi scos

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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Os discos têm usualmente menos de 3,6 metros de diâmetro, sendo gera lmente

«iinstrufdos de plástico de baixo peso. Quando o sistema é colocado em operação, os

microrganismos no esgoto começam a aderir às superfícies rotativas, e ali crescem

li té que toda a superfície do disco esteja coberta po r uma fin a camada biológica , c om

pmicos milímetros  de  espessura. A medida em que os discos giram, a parte exposta

,10 ar traz uma película de esgotos, permitindo a absorção de oxigênio através do

,r oi e j amento e percolação junto à superf íc ie dos discos. Quan do os d iscos comp letam

MUI  rotação, esse fi lme mistura-se com a massa l íquida dos esgotos, trazendo ainda

algum oxigênio  e misturando os esgotos parc ia lmente e tota lmente  t ra tados. Com  a

p.iKsagem dos microrganismos aderidos à superfície do disco pelo esgoto, estes

absorvem orna nova qu antidade de matéria orgânica, uti l izada para a sua alime ntação .

Quando  a  camada biológica  atinge uma espessura excessiva, ela se desgarra  dos

discos.  Esses organismos que  se  desgarram são mant idos em supensão no meio

l iquido devido ao movim ento dos discos, aumentand o a ef ic iência do sistema.

São as seguintes as finalidades dos discos:

• servir  de  superfície para  o  crescimento da película  microbiana; _

• prom over o contato da película microbiana com o esgoto;

• manter a biomassa desgarrada dos discos em suspensão nos esgotos;

• promover a aeração d o esgoto que se juntou ao disco em cada rotação e do esgoto

situado na parte inferior, responsável pela imersão do disco.

O crescimento da película biológica é similar, em conceito,   ao  fil tro biológico,

co m  a  diferença de que os microrganismos passam através do esgoto, ao invés do

esgoto passar através dos microrganismos, como nos fi l tros.   Como no processo de

fil tros biológicos, os decantadores secundários são também necessários, visando a

inuoção dos organismos em suspensão.

Os sistemas de biodiscos são util izados principalmente para o Jratamento dos

esgotos de pequenas comunidades. Devido à l imi tação no diâmetro dos discos, ser ia

necessár io um g rande nú mero de discos, mui tas v ezes imprat icável , para o tratamento

ile maiores vazões.  O  sistema apresenta  boa ef ic iência na remoção d a DBO , em bora

apresente  por  vezes  sinais de instabilidade. O nível  operacional é  moderado, e os

custos  de implantação são a inda e levados em nosso meio. O f luxogram a do sistema

f  apresentado na Figura 2.22.

/

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

2 0 1

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BIODISCO

COlíPO

( £CEP10B

DECANIADOP

Fig . 2 .22 ,  F l u x o g r a m a t í p i c o d e u m s i s t em a d e b i o d i s c o

Tratamento anaeróbio

a ) S i s t ema fossa sép t i ca - f i l t ro ana e rób io

O  sistema de fossas sépticas seguidas de fi l tros anaeróbios tem sido amplamente

util izado em nosso meio rural e em comunidades de pequeno porte. A fossa séptica

(usualmente do t ipo tanque Im hoff) remov e a maior par te dos sól idos em suspensão,

os  quais sedimentam e sofrem o processo de digestão anaeróbia no fundo do tanque.

A matér ia orgânica  ef luente da fossa séptica se dirige ao  fil tro anaeróbio, onde ocorre

a sua remoção, tam bém em con dições anaeróbias.

O fil tro anaeróbio apresenta alguma similaridade conceituai com os fi l tros bioló-

gicos aeróbios: em ambos os casos, a biomassa cresce aderida a um meio suporte,

usualmente  pedras.  No entanto, o fi l tro anaeróbio apresenta algumas importantes

di ferenças:

-  o  f luxo do l íquido  é ascendente, ou seja, a entrada é  na parte inferior do fi l tro, e a

saída na parte  superior

- o  fil tro trabalha afogado, ou seja, os espaços vazios são preenchidos com líquido

- a carga d e D B O  aplicada por unidade  de  volume é bastante elevada, o que garante

as condições anaeróbias  e  repercute na redução  de  volume do reator

- a unidade é fechada

Aefic iência do sistema fossa-f i l t ro é usualmente infer iorà dos processos aeróbios,

embora seja na maior parte das situações suficiente.  O  sistema tem sido amplamente

ut i l izado para pequenas populações, mas uma tendência recente em termos   de

t ra tamento anaeróbio  tem favorecido  a util ização dos reatores de manta de  lodo

(descritos   as seguir) , pr inc ipalmente por fa tores econôm icos.

A produção  de  lodo  nos sistemas  anaeróbios  é bem baixa. O  Iodo j á  sa i  estabili-

zado, podend o ser di r igido di re tamente  para  um  leito  de secagem.

Por ser um sistema anaeróbio, sempre há o risco da geração de maus odores.   N o

202

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao tratamento de asgoros'

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E T F E S - B i b H o t t J c a

SISTEMA FOSSA SÉPTICA - FILTRO ANAERÓBIO

C O R P O

R E C E P T O R

f

sâlda

G D A O E D E S A R E N A D O R M Ç D LÇ O R

F O S S A

SÉPT ICA

Y

Y

t ose só l ida

0 6 e s t a b i l i z a d o )

A N A E R Ó B I O

FILTRO

I A E R Ô B

f a s e s ó l i d a

( j ô e s t o b l I K a c t o )

I' I H . 2 . 2 3 .  F l u x o g r a m a t í p i c o d e u m s i s t e m a f o s s a  s é p t i c a s e g u i d a  p o r f i l t r o  a n a e r ó b i o

entanto, procedimentos de proje to e  operacionais podem contribuir para reduzir estes

r i N C O S .

b) Rea to r  anae rób io de manta de l odo

O s  reatores anaeróbios  de  manta de lodo são  também  f requen temente  denomina -

do-, de Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente  (RAFA ou UA SB).

Nestes  rea tores,  a  biomassa cresce dispersa  no  meio, e não aderida  a  um meio

Mtporte  especia lmente inc luído, como no  caso dos  fil tros biológicos. A própria

biomassa, ao crescer, pode formar pequenos grânulos, correspondente à aglutinação

ilc diversas  bactérias. Esse pequenos grânulos, por sua  vez,  tendem  a servir de  meio

Niiporte para outras  bactérias. A  granulação  auxilia no aumento da eficiência do

Nihleina, mas não  é fundamenta l  para o funcionamento d o  reator.

A concentração de biomassa no reator é bastante elevada, justificando a  denomi -

nação  de manta de  lodo.  Devido a esta  elevada  concentração, o volume requerido

(».lia  os  reatores  anaeróbios  de  manta de  lodo é  bastante reduzido, em comparação

i om todos os outros sistemas de tratamento.

0  fluxo do líquido é ascendente.  Como resul tado  da  atividade  anaeróbia , são  '

l 'n inados  gases (pr incipfümente metano  e gas carbônico), as bolhas  dos quais

»picsentam   também  um a  tendência  ascendente . De forma  a  reter a biomassa  no

i -.ii

 inn, impe dindo que ela saia com o efluen te, a parte superior dos reatores d e ma nta

'lo   Iodo apresenta uma  estrutura  que  possibili ta  as funções  de separação e acúmulo

• li

  rãs e de separação e retorno dos sólidos (biomassa).

O gás  é coletado na  parle  superior, de onde pode ser retirado  para  reaprovei ta-

is mo (energia  do  metano)  ou  queima.

Os sól idos  sedimentam na  parte superior desta estrutura  cónica ou piramidal,

i

 M

  i trrendo pelas suas pared es, até retornarem ao corp o do reator. Pelo fato das bo lhas

Ni

 11

 i

 v,

 processos

 e sistemas de

 tratamento

2 0 3

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REATOR ANAERÓBIO DE MANTA DE LODO

f a s e s ó l i d a

(lã

 estobílteacio)

Fig. 2,24.  F luxogrum a t íp ico de um s i s tema de reator anaeró bio de manta de lodo

de  gás não penetrarem na zona de sedimentação, a separação sólido-líquido  nã o  é

prejudicada. O efluente sai clarificado, e a concentração de biomassa no reator   é

mant ida e levada.

A produção de lodo é bem baixa. O lodo já sai estabilizado, podendo ser

s imple smente  desidratado em leitos de secagem.

Di fe ren t emente  dos fi l tros anaeróbios, não há necessidade da decantação primá-

ria, o que simplifica mais ainda o fluxograma da estação.

O risco da geração ou liberação de maus odores pode ser bastante minimizado

através  de  um projeto bem elaborado, tanto nos cálculos cinéticos, quanto nos

aspectos  hidráulicos. A completa vedação do reator, incluindo a saída  submersa do

efluente , colabora sen sivelmente para a diminuição destes riscos.

 A

 operação adequa-

da   do  reator  contribui também neste sentido.

Disposição de ef luentes no solo

As formas mais comuns para a disposição final de efluentes l íquidos tratados são

os cursos d'água e o mar. No entanto, a disposição no solo é também um processo

viável e aplicado em diversos locais do mundo.

A aplicação de esgotos no solo po de ser considerada um a forma de  disposição final,

de tratamento  (nível primário, secundário ou terciário), ou ambo s. Os esgotos aplicados

no solo con duz em à recarga do lençol subterrân eo e/ou à evapo transpiração . O esgoto

supre as necessidades das plantas, tanto em termos de água, quanto de nutrientes.

2

(14

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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Um poluente no solo tem, basicamente, três possíveis destinos:

» retenção na matriz do solo

- retenção pelas plantas

aparecimento na água subterrânea

Vários mecanismos, de ordem

 física

  (sedimentação, fi l tração, radiação, volati l i-

/ iiçfio, desidra tação) ,

  química

  (oxidação e reações químicas, precipitação, adso rção,

troca  tônica e complexação) e  biológica  (biodegradação e predação) a tuam na

i emoção dos  poluentes no solo.

Os tipos mais comuns de aplicação no solo são:

irrigação (infiltração lenta)

- infiltração rápida (alta taxa)

infiltração subsuperficial

aplicação com escoamento superficial

u ) I n f i l t r a ç ã o  l en t a ( i r r i gação)

Na irrigação, os esgotos são aplicados no solo para fornecer a água e os nutrientes

necessários para aumentar o crescimento das plantas.

Algum  líquido pode ser perdido por evaporação ou percolado além do alcance

das raízes das plantas, mas a maior parte é incorporada ao tecido vegetal ou

transpirada para a a tmosfera .

Pode-se ter os seguintes t ipos de aplicação dos esgotos:

aspersão

alagamento

• crista e vala

A infil tração lenta é o sistema que requer  a maior  área  superficial por un idade  de

c.f.oto  tratado. Por outro lado, é o sistema natural com maior eficiência.

<hj

ir

1

I N F I LT R A Ç A O LE N T A

INFLTRAÇÃO IfMIA

(ASPEUSAO)

tew sósdo

06 witpbHiocío coso

o docontodOT

 seja iiir/i

fossa séptica)

I' In. 2.2 5.  Fluxograma t íp ico de u m   sistema de infiltração lenta (por aspersão)

In) In f i l t r a ção ráp ida

N a  infil tração rápida, os esgotos são dispostos em bacias construídas em terra,

Vii cu, processos e sistemas de tratamento 2 0 5

J

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rasas e sem revestimento. O líquido passa através do fundo poroso e percola

direção à água subterrânea.

A aplicação é feita de maneira intermitente, de forma a permitir um período de

descanso para o solo. Neste período, o solo seca e restabelece as condições aeróbias.

Devido às taxas de aplicação serem mais elevadas, as perdas por evaporação são

pequenas, e a maior parte do líquido percola pelo solo, sofrendo assim o tratamento.

Os tipos de infil tração rápida dos esgotos são:

- percolação para a água subterrânea

- recuperação por sistema

  cle

 drenagem subsuperficial

- recuperação por poços freáticos

I N F I LT R A Ç Ã O R Á P I D A

I N F I L T R A Ç Ã O R A P I D A

(cise só Ma T

Qà «Mla b f ca do ca so

o d e c a n t a d o r s e j a u m a

f ossa sép t ica )

Fig . 2.26. Fluxog rnma típic o cie um sistema dc infiltração rápida

c ) In f i l t r ação subsupe r f i c i a l

Nos sistemas de infil tração subsuperficial , o esgoto pré-tratado é aplicado abaixo

do nível do solo. Os locais de infil tração são preparados em escavações enterradas,

preenchidas com um meio poroso. O meio de enchimento mantém a est rutura da

escavação, permite o l ivre fluxo dos esgotos e proporciona o armazenamento dos

mesmos durante vazões de pico. O esgoto penetra no solo, onde ocorre o tratamento

complementar. Ao final, os esgotos tratados juntam-se à água subterrânea local,

f luindo com a mesma.

Os tipos de infil tração subsuperficial variam conforme o nível da superfície de

aplicação:

- superfície de infiltração abaixo do nível do terreno natural (sistema convencional)

- superfície de infiltração no nível ou acima d o nível do terreno natural, encobertas

por um a elevação (sistema no greide e sistema de elevações artificiais)

Com relação à geometria, os sistemas de infil tração subsuperficial podem ser

c lassi f icados como:

- valas de infiltração (sem efluente final)

- v alas de filtração (com efluente final)

- sumidouros (poços absorventes)

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

Os sistemas de inf il t ração subsuperf ie ia l são norma lmenteeo njugado s a t ra tamen-

to primário por fossas sépticas. A aplicabilidade é usualmente para conjuntos de

residências ou comunidades de pequeno porte.

I N F I L T R A Ç Ã O S U B S U P E R F I C I A L

DE CA NTA DOR INF ILT RA ÇÃ O S UB S UP E RFICIA L

06 estabi l izado caso

o deca n tado r se|a ur na

fossa sâp l lca)

Fig. 2.27.  F lux ogra ma t íp ico de um s is tema de inf i l t r ação subsupe r f ie ia l

d) Apl i cação com escoamento supe r f i c i a l

Os esgotos são distribuídos ao longo da faixa superior de terrenos com uma certa

declividade, através do qual escoam, até serem coletados por valas na parte inferior.

Os terrenos ut i l izados possuem normalmen te uma baixa permeabi l idade . A per-

colação pelo solo é, portanto, baixa, com a maior parte do líquido escoando superfi-

cialmente. Parte do líquido é também perdida por evapotranspiração. A aplicação dos

esgotos é intermitente.

Os tipos de aplicação são:

- aspersores de alta pressão

- aspersores d e baixa pressão

- tubulações ou canais de distribuição com aberturas intervaladas

l ' ig. 2.28.  F l u x o g r a m a t í p i c o d e u m s i s t e m a d e e s c o a m e n t o s u p e r f i c i a l

E S C O A M E N T O S U P E R F I C I A L

Nt\' iis, processos e sistemas de tratamento

2 0 7

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w

2 .3 . Ope rações , p rocessos e s i s t emas de t r a t amento do lodo ( fa se só l ida )

O tratamento dos subprodutos sólidos gerados nas diversas unidades é uma etapa

essencial do tratam ento do s esgotos. Ainda q ue o lodo possa na maior parte das etapas

do seu manuseio ser constituído de mais de 95% de água, apenas por convenção é

designado por fase sólida, visando distinguí-lo do fluxo do líquido sendo tratado.

De maneira geral, são os seguintes os subprodutos sólidos gerados no tratamento

biológico dos esgo tos:

• material gradeado

• areia

• escuma

• lodo primário

• lodo secundário

Destes subprodutos, o principal em termos de volume e importância é represen-

tado pelo lodo. Determinados sistemas de tratamento têm a retirada do lodo apenas

eventual. Nestes casos, o lodo já sai usualmente estabilizado, requerendo apenas a

sua dispos ição final. Tal é o easo, por exemplo, dos sistem as de tratamento anaeróbio.

Em outros sistemas, comó o de lagoas facultativas, o lodo usualmente permanece

retido no sistema durante todo o horizonte de operação, não necessitando ser remo-

vido e tratado.

Os f luxo grama s dos sistemas de t ra tamento do lodo possibi l itam diversas com bi-

nações de operações e processos unitários, compondo distintas sequências. As

principais etapas do tratamento, com os respectivos objetivos, são:

A d e n s a m e n t o :  remoção de umidade  (redução de volume)

Es t ab i l i z ação :   remoção da matéria orgânica  (redução de sólidos voláteis)

Condic ionamento :   preparação para a desidratação  (principalmente mecânica)

D e s i d r a t a ç ã o :   remoção de umidade  (redução de volume)

Dispos i ção f ina l : destinação final dos subprodutos

O Quadro 2.4 apresenta as e tapas no t ra tamento do lodo frequentemen te requeri-

das por cada um dos sistemas de tratamento de esgotos, enquanto a Figura 2.29

apresenta os métodos frequ entemen te empregad os nas diversas e tapas.

2

(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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Q u a d r o 2 . 4 .  P r o c e s s a m e n t o d o l o d o n o s p r i n c i p a i s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o d e e s g o t o s

Frequência

Processamento usua do todo

Sistemas de tratamento

de

Adensa- , Desidra-

Disposição

remoção

t

mento

Digesta

tação tinal

Ira amento primário •

variável (a)

X X X

X

Lagoa facultativa

> 20 anos

Lagoa

 anaeróbia

  - lagoa

 facultativa

> 10 anos

1 agoa aerada facultativa

> 10 anos

l agoa aer. m ist, completa. - lagoa decantação

< 5 anos X

l odos ativados convencional

- c o n t i n u a

X X X

X

Lodos ativados

  (aeração prolong.)

- contínua

X

X X

l odos ativados (iluxo

 intermitente)

- contínua X

X X

Filtro

 biológico

 (baixa

  carga)

- contínua X X

X

Filtro biológico (alta carga)

- contínua X X X

X

Oiodiscos

-  continua X

X X

Reator anaeróbio

 de

 manta

 de lodo

meses X

X

Fossa

 séptica -

 Filtro anaeróbio

meses

X X

Infiltração lenia

-

Infiltração rápida •

Infiltração subsuperficiai

Escoamento s uperficial

-

(u) Remoção algumas vezes por dia em decantadores primários convencionais e uma vez a cada 6-12 meses em fossas

Réplicas

E T F E 5 - B i b l i o í e c a

N i 11 i v , processos e sistemas de tratamento

209

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T R A T A M E N T O E D I S P O S I Ç Ã O D O L O D O

ALGUMAS ALTERNATIVAS

®

A D E N S A D O?

POR GRAVIDADE

L O DO B IO L O G ICO

( já e s ta b i l i za d o )

TRANSPORTE

A P L I C A Ç Ã O N O S OL O

L O DO B IO L O G ICO

( já e s ta b i l i za d o )

LEITO DE

SECAGEM

ATERRO SANITÁRIO

TRANSPORTE

LODO PRIMÁRIO   GR/

L O DO B IO L Ó G IC O F

- -»N

DIGESTOR

ANAEROBIO

LEITO DE

SECAGEM

TRANSPORTE

ATERRO SANITÁRIO

, _ DIGESTOR

ADENSADOR ANAERÓBIO

LODO PRIMÁRIO   GRAVIDADE

L OD O B IO L ÓG IC O ^ ^

  1 1

D E

m

Â

D

0

OB TOANSP0RTE

ATERRO SANÍTARIO

N OT A : A L T ER N A TI V A A A T E R R O S A N I T Á R I O : C O M P OS T A G E M

ADENSADOF

GRAVIDADE

LODO PRIMÁRIO

FLOTADOR

L O DO B IO L Ó G ICO

DIGESTOR

AERÓBIO

DESIDRATADOS

M E C A N C O

ATERRO SANfTAfi lO

DIGESTOR

ANAEROBIO

Fig. 2.29.  A l g u m a s a l t e r n a t iv a s d e tr a t a m e n t o e d i s p o s i ç ã o d o l o d o

t

2

(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

3 . A N Á L I S E E S E L E C Ã O D O P R O C E S S Q D E T R A T A M E N T O

3.1 . Cr i t é r ios pa ra a aná l i se

A decisão quanto ao processo a ser adotado para o tratamento das fases l íquida e

sól ida deve ser der ivada fundamenta lmente de um balanceamento ent re cr i té r ios

técnicos e econômicos, com a apreciação dos méritos quantitativos e qualitativos de

cada alternativa. Se a decisão quanto ao aspecto econômico pode parecer relativa-

mente simples, o mesmo p ode não ocorrer quanto aos aspectos f inancei ros. Adem ais,

os pontos técnicos são em grande parte das vezes intangíveis, e num grande número

de situações, a decisão final pode assumir um caráter de subjetividade. Para que a

eleição conduza realmente à alternativa mais adequada para a configuração em

análise, critérios ou pesos devem ser atribuídos a diversos aspectos, vinculados

essencialmente à realidade em foco. Não há fórmulas generalizadas para tal , e o bom

senso ao se atribuir a importância relativa de cada aspecto técnico é essencial. A inda

que o lado econômico se ja fundamenta l , deve-se lembrar que nem sem pre a m elhor

alternativa é simplesmente a que apresenta o menor custo em estudos econômico-fi-

nanceiros.

A Figura 3.1 apresenta uma comparação entre aspectos de importância na seleção

dos sistemas de tratamento, analisados em termos de países desenvolvidos e em

desenvolvim ento (von Sperling, 1995b). A comparação é forçosamente bastante geral,

devido à especificidade de cada país e aos altos contrastes usualmente observáveis nos

países em desenvolvimento. Os itens estão organizados numa ordem decrescente de

importância para os países desenvolvido s, de acordo com a percepção do autor. Nestes

países, os itens crít icos são: eficiência, confiabilidade, aspectos d e disposição d o lodo

e requisitos de área. Nos países em desenvolvimento, estes primeiros i tens estão

organizados de uma maneira similar quanto ao decréscimo de importância, mas

possuem uma m enor magn i tude , comparado com os países desenvolvidos. A princi -

pal diferença reside no que se considera como itens crít icos para os países em

desenvolvimento: custos de construção, sustentabilidade, simplicidade e custos ope-

racionais. Estes i tens são importantes para países desenvolvidos, mas não podem ser

considerados crít icos.

O Quadro 3.1 apresenta fatores gerais a serem levados em consideração ao se

selecionar e avaliar operações e processos unitários no tratamento de esgotos.

A decisão quanto à adoção de estações descentralizadas, atendendo a bacias

hidrográficas separadas, ou estações centralizadas, atendendo conjuntamente a várias

bacias hidrográficas na mancha urbana, é um aspecto que influi também na seleção

do processo de tratamento (ver Figura 3.2). Estações descentralizadas conduzem a

menores extensões dos interceptores principais, além de permitirem uma melhor

ctapaiização da implantação do sistema de esgotamento sanitário, viabilizando a

implantação paulatina de estações de tratamento. Por outro lado, elas podem implicar

em uma certa perda de economia de escala e no aumento da infra-estrutura operacio-

Nt\' iis, processos e sistemas de tratamento

2 1 1

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E T F E S - B i b l i o t e c a

SOLUÇÕES DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

EM BACIAS HIDROGRÁFICAS

ETEs DESCENTRALIZADAS

X B A C I A 1

ETE CENTRALIZADA

LEGENDA

interceptor

margem esquerda

corrego ou

fundo de vale

interceptor

margem direita

M(j;. 3 .2 . Soluções de es gotam ento san i tár io cm um a ma ncha urbana (hachurad a) . Par te super ior : s i s t ema

decent ra l i zado dc t ra tamento . Par le in fer ior : s i s t ema cent ra l i zado de t ra tamento (ETE única)

B A C I A 1

Nt\' iis, processos e sistemas de tratamento

2 1 3

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Q u a d r o 3.1  Fatores de importância a serem considerados ao se selecionar e avaliar operações

e processos unitários

Condição Fator

A aplicabilidade do processo é avaliada com base na experiência passada,

Aplicabilidade  dados publicados, dados de estações operando e dados de estações piloto.

do processo

  Caso condições novas ou não usuais sejam encontradas, são necessários

estudos em escala piloto.

Vazão aplicável  O processo deve ser adequad o à faixa de vazão esperada,

A maioria das operações e processos deve ser projetada para operar numa

ampla faixa de vazões. A maior eficiência é usualmente obtida com vazão

constante, embora alguma variação possa ser tolerada. Caso a variação de

vazão seja muito grande, pod e ser necessária uma equalização da vazão.

Características

  As características do afluente ateiam os tipas de processo

 a

 serem usados (ex:

do afluente  químicos ou biológicos) e os requisitos para a sua adequa da operação.

Variação de

vazão aceitável

Constituintes

inibores ou retratários

Aspectos

climáticos

Cinética do processo

e hidráulica do

 reator

Quais dos constituintes presentes nos esgotos pode m ser inibidores ou tóxicos,

e em que condições? Quais constituintes não são afetados durante o tratamento?

A temperatura afeta a taxa de reação da m aioria dos processos químicos e

biológicos. A temperatura pode também afetar a operação fisica das unidades

Temperaturas elevadas po dem acelerar a geração de odor.

0 dimensionamento do reator é baseado na cinética das reações. Os da dos de

cinética são normalmente o btidos da experiência, literatura ou estudos piloto.

Desempenho

O desempenho é normalmente medido em termos da qualidade do efluente,  a

qual deve ser consistente com os requisitos e/ou padrões de lançamento.

Subprodutos

  Os tipos e qualidade dos subprodutos sólidos, líquidos e gasosos devem ser

do

 tratamento

  conhecido s ou estimados. Caso necessário, realizar estudos piloto.

Limitações no

tratamento

do lodo

Há limitações que poderiam tornar o tratamento do lodo caro ou inexequível?

Oual a influência, na fase liquida, das cargas recirculadas do tratamento do

lodo? A  seleção d a forma de processam ento do lodo deve ser feita em paralelo

com a seleção dos  processos de tratamento da fase liquida.

Fatores am bientais, como os ventos prevalecentes e suas direções, e

Limitações  proximidad e a áreas residenciais podem restringir o uso de certos  processos,

ambientais

  especialmente quando houver liberação de odores. Ruídos e tráfego podem

afetar a seleção  do  local da estação.

Requisitos de

  Que recursos e quantidades devem ser garantidos para a satisfatória operaç ão

produtos  químicos   da  unidade por  um longo  período de tempo?

Requisitos

  Os   requisitos energéticos, bem como os prováveis custos tuturos, devem ser

energéticos

  estimados, caso se deseje projetar sistemas economicamente  viáveis.

Requisitos de

  Ou e recursos adicionais  são necessários para se garantir uma satisfatória

outros recursos

  implantação e operação  do  sistema?

Requisitos de

pessoal

Quantas pessoas e a que nível de capacitação são necessárias para se operar o

sistema? Os elementos na capacitação desejada são facilmente encontrados?

Qual o nível de treinamento que será necessário?

Requisitos de

  Quais os requisitos especiais de operação que necessitarão ser satisfeitos?

operação e

  Quantas peças e equipamentos reserva serão necessários, e qual a sua

manutenção disponibilidade e custo?

2(14

Introdução

 à qualidade da s águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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Q u a d r o 3 . 1  C o n t i n u a ç ã o

Condição

Fator

Processos a uxiliares

  Que processos auxiliares de suporte são necessários? Como eles afetam a

requeridos

  qualidade do efluente, especialmente quando se tornam inoperantes?

Confiabilidade

Complexidade

Compatibilidade

Disponibilidade

de área

Qual é a confiabilidade d a operação e processo em consideração? A unidade

pode apresentar problemas frequentes? O processo resiste a cargas de choque

periódicas? Caso afirmativo, como é afetada a qualidade do efluente?

Qual a complexidade do processo em operação rotineira e emergencial com

cargas d e choque? Qual o nível de treinamento deve ter o operador para operar

o processo?

A operação ou processo unitário pode ser usada satisfatoriamente com as

unidades existentes? A expansão da estação pode ser feita com facilidade?

Há espaço disponível para acomodar, não apenas as unidades previstas no

momento, mas também possíveis expansões futuras? Foi alocada u ma área de

transição suficiente para minimizar impacto s ambientais estéticos na vizinhança ?

Ponte: Adaptado de Metcalf & Eddy (1991)

3 .2 . Comparação en t re os s i s t emas

O Quadro 3.2 apresenta as principais características dos métodos de tratamento

(fase l íquida) descritos no Item 2, aplicados a esgotos predominantemente domésti-

cos. O Quadro 3.3 apresenta a l ista dos equipamentos básicos usualmente necessários

em cada sistema de tratamento de esgotos.

E T F E S

-Bibl iot fcca

Níveis, processos e s is em os de tratamento

2 1 5

Page 211: Von Sperling

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Qu adr o 3.2, Características típicas dos principais sistemas de tratamento de esgotos

Eficiência na remoção (%) Requisitos

Custos de

implant

(US$/hab)

Tempo de Quantidade

Sistemas de tratamento

DBO N

P

Coliformes

Área

(m

2

/hab)

Potência

(W/hab)

Custos de

implant

(US$/hab)

detenção

hidráulica

total (dias)

de iodo a ser

tratado

(rm/hab.ana)

Tratamento preliminar

Tratamento primário

0-5

35-40

~0

10-25

~0

10-20

- 0

30-40

<0,001

0,03-0,05

~0

- 0

2-8

20-30 0,1-0,5 0,6-13

Lagoa facultativa

Lagoa anaeróbia - lagoa facultativa

Lagoa aerada facultativa

Lagoa aer. mist. completa - lagoa decant.

70-85

70-90

70-90

70-90

30-50

30-50

30-50

30-50

20-60

20-60

20-60

20-60

60-99

60-99,9

60-96

60-99

2,0-5,0

1,5-3,5

0,25-0,5

0,2-0,5

- 0

- 0

1,0-1,7

1,0-1,7

10-30

10-25

10-25

10-25

15-30

12-24

5-10

4-7

-

Lodos ativados convencional

Lodos ativados (aeração prolongada)

Lodos ativados (fluxo intermitente)

85-93

93-98

85-95

30-40(a)

15-30(a)

30-40(a)

30-45(a)

10-20(a)

30-45(a)

60-90

65-90

60-90

0,2-0,3

0,25-0,35

0,2-0.3

1,5-2,8

2,5-4.0

1,5-4,0

60-120

40-80

50-80

0,4-0,6

0,8-1,2

0,4-1,2

1.1-1,5

0.7-1,2

0,7-1,5

Filtro biológico (baixa carga)

Filtra biológico (alta carga)

Biodiscos

85-93

80-90

85-93

30-40(a)

30-40(a)

30-40(a)

30-45(a)

30-45(a)

30-45(a)

60-90

60-90

60-90

0,5-0,7

0,3-0,45

0,15-0,25

0,2-0,6

0,5-1,0

0,7-1,6

50-90

40-70

70-120

NA

NA

0,2-0,3

0.4-0,6

1,1-1.5

0,7-1,0

Reator anaeróbio de manta de lodo

Fossa séptica - Filtro anaeróbio

60-80

70-90

10-25

10-25

10-20

10-20

60-90

60-90

0,05-0,10

0,2-0,4

- 0

- 0

20-40

30-80

0,3-0,5

1,0-2.0

0,07-0,1

0,07-0,1

infiltração lenta

Infiltração rápida

Infiltração subsuperficial

Escoamento superficial

94-99

86-98

90-98

85-95

65-95

10-80

10-40

10-80

75-99

30-99

85-95

20-50

>99

>99

>99

90->99

10-50

1-6

1-5

1-6

- 0

- 0

- 0

- 0

10-20

5-15

5-15

5-15

NA

NA

NA

NA

-

Fontes: Arceivala (1981), EPA(1979, 1981, 1992), Metcall 5. Eddy (1991), Prioli ei al (1993). Vieira (1993), informações de terceiros e experiência do autor

Notas:

NA: Não Aplicável

Os requisitos energéticos não incfuem o eventual bombeamento do esgoto bruto

(a) Uma remoção adicional de nutrientes pode ser obtida através de modificações no prccesso

Page 212: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

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ETFES - B ib l io te ca

(Juadro

  3 . 3 E q u i p a m e n t o s m í n i m o s n e c e s s á r i o s p a r a o s p r i n c i p a i s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o d e

e s g o t o s

Sistemas de tratamento

Equipamento básico requerido

hntamento preliminar - Grade; caixa de areia; medidor de vazão

Irnfamento primário

- Removedor de lodo (sistemas m aiores); m isturadores

nos digestores; equipamento para gás

l.ngoa facultativa

-

1 ngoa anaeróbia - lagoa facultativa

- Elevatória para recirculação do efluente (opcional)

1 ngoa aerada facultativa

- Aeradores

1. ígoa aer.

 mist. completa - lagoa decantação

- Aeradores

t odos ativados convencional -

 Aeradores; elevatória de recirculação; removedores

de lodo nos decantadores; removedores de lodo nos

adensadores; misturadores nos digestores;

equipamento para gás; elevatória para retorno de

sobrenadantes e drenados

l.odos ativados (aeração prolongada)

  - Aeradores; elevatória de recirculação; removedores

de lodo nos decantadores; removedores de lodo nos

adensadores; elevatória para retorno de

sobrenadantes e drenados

l.odos ativados (fluxo intermitente) -

 Aeradores; removedores de lodo nos adensadores;

elevatória para retorno de sobrenadantes e drenado s

liltro biológico (baixa carga) -

 Distribuidor rotativo; raspadores de lod o nos

decantadores; removedores de lodo nos adensadores;

elevatória para retorno de sobrenadantes e drena dos

riltro biológico (alta carga)

  - Distribuidor rotativo; elevatória de recirculação do

efluente; removedores de lodo nos decantadores;

removedores de lodo nos adensadores; misturadores

nos digestores; equipamento para gás; elevatória para

retorno de sobrenadantes e drenados

Modiscos -

 Motor para rotação dos discos; removedores de lodo

nos adensadores; elevatória para retorno de

sobrenadantes e drenados

Hoator

 anaeróbio de manta de lodo

Fossa

 séptica - Filtro anaeróbio -

Infiltração lenta

  - Aspersores (opcional)

Infiltração rápida

Escoamento su perficial

Infiltração subsuperficial  - Aspersores (opcional)

Apresenta-se a seguir uma análise comparativa entre os principais sistemas de

tratamento de esgotos (fases l íquida e sólida), em quadros e figuras-resumo, tal como

listado a seguir:

• Comparação qual i ta t iva - fase l íquida (Quadro 3.4) : anál ise comparat iva qual i -

tativa, abordando diversos aspectos de relevância na avaliação de sistemas de

tratamento de esgotos. São analisados os aspectos de eficiência, economia, proces-

so e problem as ambienta is .

Nt\' iis, processos e sistemas de tratamento

2 1 7

Page 213: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 213/238

• C om pa ra çã o qua l i ta t iv a - fase sól ida (Quadro 3.5) : anál ise comparat iva qual i ta -

tiva, abordando diversos aspectos de relevância na avaliação de sistemas de

processamento do lodo. São anal isados os aspectos de ef ic iência , economia ,

processo e problemas ambienta is .

• C om pa ra çã o diag ram át i ca (Figura 3.3) : comparação entre os pr incipais sistemas,

na forma de diagrama de barras, tendo por base os dados do Quadro 3.2. Nos

diagramas, os processos de um mesmo sistema (ex: os diversos t ipos de lagoas)

estão condensados em uma mesma barra. O objetivo principal é apenas uma visão

geral dos diversos sistemas, sem levar em consideração as especificidades de cada

processo.

• Vantagens e desvantagens  (Quadro 3.6). Principais vantagens e desvantagens dos

diversos sistemas de tratamento de esgotos. Esta análise é orientada principalmente

para a comparação de processos de um mesmo sistema, embora permita a inda ,

dentro de certas l imitações, comparações entre sistemas distintos.

2(14

Introdução

 à qualidade da s águas e ao

 tratamento

 de esgotos

Page 214: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 214/238

Quadro 3 .4 .  Avalia ção relativa d os sistemas d e tratamento d e  esgotos domésticos fase líquida)

a

§

Efcênca n remoçSo Economa

Capacdade

 de

  resstênca

a varações

 d o

 a ueme e

Smp-

independ de

outras caract. para

Menor possb dade

 de

 probemas

car

s de

 choque

Confa-

Smp-

0 bo m

  desempenho

Sstemas de  tratamento

Requstos Custos

Geração

b dade

cdade

oper. e

manut

Insetos

e

Vetmes

DBQ

Nutr-

entes

Colil

Área

Energa

Imp.

Oper 

Manut

Sub-

produtos

Vazão

Qua-

dade

Tóxcos

cdade

oper. e

manut

Cma Soo

Maus

odores

Ruídos Aerosós

Insetos

e

Vetmes

T r a t a m e n t o p r e l i t r J n a r

0 0 0 44444

44444

4444 44444

44444 +44+4 444+4

444

++++4

++444 +

++++ 4444+

44

T r a t a m e n t o p r i m á r i o

+ +

4

444+4 4444 4444 444

444 4444 44444 4444 ++++ 444

4444

+++++ ++

++++

444++

44

L a g o a f a c u l t a t i v a

+++

++ 44/4444

4 44444

444

44444

44444

4444 4444

+++

  ++++ 44444

++

+++ +++ +++++ ++444

4

L a g o a a n a e r ó b i c a   -   l a g o a f a c u l t a t i v a

+++

44 44/4444

44

44444 4444

44444 44444 4444

44+4 ++ +  +444

44444

++

+++

+

444

44444

4

L a g o a a e r a d a f a c u l t a t i v a

+++ ++

4 * / m *

44 4 4 4

444 4444 44444 4444 4444

44 4

  44++

4444 +++

+++

4444

+

4

444

L a g o a a e r . m i s t . c o m p l •  -  l a g o a d e c .

+++

+4 44/4444 4 4 4 4 4 4 444 444

444

444

4444

4 4 4 4 4 + +++ +44 ++++ 444 +

4

4

L o d o s a t i v a d o s c o n v e n c i o n a l

++++

++A+++ 44 4444 44 4

44

4

+4 4 4 ++

++  ++++ +

444

+++4+ 4444

+

4/44444

4444

L o d o s a t i v a d o s a e r a ç ã o p r o l o n g . )

44444

++/+444

44

4444

4 44 4

44

4444

4444

++ +

  444+4

44

4444 444+4

4+444

+

4/444+4 4444

L o d o s j l i i a d o s f l u x o i n te r m it e n te ]

++++

++/+4++

44

4444

4 /4 4 4 4

•/++

++++

+4++

44 4

  4444

4 4 4

4444 44444

444

+

+/

 +44+4

4444

F i l t r o

  b i o l ó g i c o { b a i x a c a r g a )

++++

++/++++ 44

444 4444

4

444 44 +++ 4+

4+

  ++++

4 ++ 4+

4444+

++44

444

4444

4

F i l t r o b i o l ó gi c o a l t a c a rg a ) ++++

++/+++

44 4444

4 4 4 44 4 4 4 4

4444

4 +4 4 4 4

  4444

4 4 4 4+

44444

4444

4444

4444

444

B i o d i s c o s

++++ ++/+++

44

4444

444 4 444 4

4 4 4 4 4 4

+4 4 4 4

4 4 4 +4

44444 4+4+

4 4

4+444

444

R e a t o r a n a e r ó b i o d e m a n t a d e l o b o +4 4 4 44

44444 44444

4444

44444

4444

44

44

4 4 4 4 4 444+

44

4444

44

4444

F o s s a s é p t i c a   -  F i l t r o a n a e r ó b io +++ 4 44

44444

44444

4444

44444 4444 4 4 4

444

4 4 4 4 4 444+

44

4444

+4 4 44

I n f i l t r a ç ã o l e n t a

44444 44+4 4444 + 44444 444

44444

44444

4444 44+4 4444 +444 ++++

+444

4 •

44444 4/4 4

I n l i l t r a ç ã o r á p i d a

44444 4444 4444

44

44444 4444 44444 44444 +444 4444 444 4 44 +4

++++

4444 + +

44444

444+4

4

I n f i l t r a ç ã o s u b s u p e r í i c i a l

4+44+

4444 4444

44

44444

4444

44444 44444 4444

4444

+44+ ++++ ++++ 4444

+ ++++

44+44 444+4

4

E s c o a m e n t o s u p e r f i c i a l

444

444/444

44

44444 4444 4 4 4 « « 4 «

4444 +444

44 4

  44+4

*****

++++ ++ +

44444

+Z+44+4

4

Nota;

 a

  gradação

 é

 relativa

 em

 cada coluna apenas,

  e não

 generalizada para todos

 d os

 Itens.

 A s

 gradações podem variar extremamente

 com as

 condições [ocais

mais favorável

  +

  menos favorável ++•»•+. ++,++: inlermedjários,

 e m

 classificação decrescente

0:

 efeito nUíõ

  H

7++++

V

: variável

 c o m o

 tipo

 d e

 processo, equipamento. modalidade

 ou

 projeto

r n

- n

M

o o

cr

õ

i—f

a>

o

&)

Page 215: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 215/238

Q u a d r o 3 . 5 .  A v a l i a ç ã o r e l a t i v a d o s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o d e l o d o ( f a s e s ó l i d a )

Efciência na Redução Economia nos Requisitos

Economia nos Custos Capacdade de Resistência

Simpl-

Indepen-

dência do

Clma

Menoi

Operação/

Processo

Unidade

Volume de

Iodo

Matéra

orgânica

do odo

Área Energia

Operação/

Implant.

marnl

„ . , Varações

Varações

qualdade Tóxicos

de

 vazão

afluente

Confa-

bilidade

cidade

de Oper

e Manul

Indepen-

dência do

Clma

PossibíL

Maus

Odores

Adensamento

Gravidade

Ffoaçao

Mecanizado

++

++

+++

0

0

0

+++

+ 44

44+ 4

+ 444

4+ +

44

+ + +

+ 4+

4 + + 4

++

++ '

4+ 4444

+ 4 44+ 4

44 4+ + +

4 4 4 4  4+H

4 4 + 4  44H

44+ 4   4+H

hf   + + 44

14  4+

hf  + 44

4 4 4 44

44444

Eslabi zaç3o

Aeróbia

Anaeróbia

+

4

+ + + 4

4 4 4 4

++

++

+ 44+

+ + +

+4

4+ +•

4 4 4 4

H + + 4+ 4

44 444

4+ ++H

44 44H

hf   + 44

hf   44

+ + +

4+

444

Desdratação

Leitos de secagem

Lagoas de odo

Mecanizada

44+

0

0

0

4

4

4444

4444

+ + + + +

4+ 4

4 4 4

+ + + +

++

+++ +-

++++ ++

44

144 44++

+ + + + + 44

44 444

4 4 4 4  +4

4444

4 4 4 4  4+H

44

4 4 4 4

hf  + + +

+

44

4+

4

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R E Q U I S I T O S

REQUISITOS DE ÁREA (mWhab)

OISP. SOLO

TRAT. ANAER.

FILTRO BK)L

LOPOS AT V .

LAGOAS

REQUISITOS DE POTÊNCIA (W/hab|

S U B P R O D U T O S E

QUANTIDADE DE LODO A TRATAR (matrab.ano SIMPLIC IDADE OPERAC IONAL (qualitativo)

Dl SP. SOLO

TRAT ANA li

F ILTRO BIOL

LODOS ATIV.

LAGOAS

l ' l j> i i m 3 . 3 C o m p a r a ç ã o e s q u e m á t i c a e n t r e o s p ri n c i p a i s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o

Níveis, processos e sistemas de tratamento

2 2 1

Page 217: Von Sperling

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http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 217/238

Q u a d r o 3 . 6 .  A n á l i s e c o m p a r a t i v a d o s p r i n c i p a i s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o d e e s g o t o s . B a l a n ç o

d e v a n t a g e n s e d e s v a n t a g e n s

Sistemas de Lagoas de Estabilização

Sistema Vantagens Desvantagens

- Satisfatória eficiência na remoção de

DBO

• Elevados requisitos de área

- Eficiência na remoção de patogênicos

- Dificuldade em satisfazer padrões de

- Construção, operação e manutenção

lançamento bem restritivos

simples

- A simplicidade operacional pod e trazer

- Reduzidos custos de implantação e

o descaso na manutenção (crescimento

Lagoa

operação ds vegetação)

facultativa

- Ausência de equipamentos mecânicos

- Possível necessidade de remoção de

- Requisitos energéticos praticamente algas do efluente para o cumprimento de

nulos

padrões rigorosos

- Satisfatória resistência a  variações d e

- Performance variável com as condições

carga climáticas (temperatura e insoiação)

• Remoção de lodo necessário apenas

- Possibilidade do crescimento de insetos

após períodos superiores a 20 anos

- Idem lagoas facultativas

Sistema de

lagoa

anaeróbia •

lagoa

facultativa

- Idem lagoas facultativas

- Requisitos de área inferiores aos das

lagoas facultativas únicas

- Possibilidade de maus odores na lagoa

anaeróbica

- Eventual necessidade de elevatórias de

recirculaçâo do efluente, para controle

de maus odores

- Necessidade de um afastamento

razoável ás residências circunvizinhas

- Construção, operação e manutenção

relativamente simples

- Requisitos de área inferiores aos

sistemas de lagoas facultativas e

anaerúbio-facultativas

- Maior independ ência das condições - Introdução de equipamentos

Lagoa

climáticas que os sistemas de lagoas - Ligeiro aumento no nível de sofisticação

aerada

facultativas e anaerób io-facultativas - Requisitos de área ainda elevados

facultativa

•  Eficiência na remoção da DBO - Requisitos de energia relativamente

ligeiramente superior à das lagoas elevados

facultativas

- Satisfatória resistência a variações de

carga

- Reduzidas possibilidades de maus

odores

Sistema de

- Idem lagoas aeradas facultativas

lagoa aerada

de mistura

completa  -

- Idem lagoas aeradas facultativas

- Menores requisitos de área de todos os

sistemas de lagoas

(exceção: requisitos de área)

- Preenchimento rápido da lagoa de

decantação com o lodo 2 a 5 anos)

lagoa de

- Idem lagoas aeradas facultativas

- Menores requisitos de área de todos os

sistemas de lagoas

- Necessidade de remoção continua ou

decantação  periódica (2 a 5 anos) do lodo

2(14

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos

Page 218: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 218/238

<Juadro3.6. Cont inuação

ETFES-Bibl iotec

a

Sistemas de Lodos Ativados

Sistema

Vantagens

Desvantagens

Lodos

ativados

convencional

• Elevada eficiência na remoção de DBO

• Nitrificação usualmente obtida

• Possibilidade de remoção biológica de

N e P

• Baixos requisitos de área

• Processo confiável, desde q ue

supervisionado

• Reduzidas possibilidades de maus

odores, insetos e vermes

• Flexibilidade operacional

• Elevados custos de implantação e

operação

• Elevado consumo de energia

• Necessidade d e operação sofisticada

Elevado índice de mecanização

• Relativamente sensível a descarga s

tóxicas

• Necessidade do tratamento completo do

lodo e da sua disposição final

- Possíveis problemas am bientais com

ruídos e aerosóis

- Idem Iodos ativados convencional

- Sistema com m aior eficiência na

remoção da DBO

- Nitrificação consistente

- Mais simples conceitualmente que Iodos

ativados convencional (operação mais

Aeração

  simples)

prolongada -

 Menor geração de lodo que Iodos

ativados convencional

- Estabilização do lodo no próprio reator

- Elevada resistência a variações de carga

e a cargas tóxicas

- Satisfatória independência das

condições climáticas

• Elevados custos de implantação e

operação

• Sistema com maior consumo de energia

• Elevado índice de mecanização (embora

inferior a Iodos ativados convencional)

• Necessidade de remoção da umidade

do lodo e da sua dispos ição final

(embora mais simples que Iodos

ativados convencional)

Sistemas

de fluxo

intermitente

Elevada eficiência na remoção de DBO

 Satisfatória remoção de N e

possivelmente P

Baixos requisitos de área

• Mais simples conceitualmente que os

demais sistemas de Iodos ativados

• Menos equipamentos que os demais

sistemas de Iodos ativados

• Flexibilidade op eracional (através da

variação dos ciclos)

• Decantador secundário e elevatória de

recirculação não são necessários

Elevados custos de implantação e

operação

Maior potência instalada que os dem ais

sistemas de Iodos ativados

• Necessidade do tratamento e da

disposição do lodo (variável com a

modalidade convencional ou prolongada)

• Usualmente m ais com petitivo

economicamente para populações

menores

Níveis, processos e sistemas de tratamento

L

223

Page 219: Von Sperling

8/9/2019 Von Sperling

http://slidepdf.com/reader/full/von-sperling 219/238

Quad ro 3.6.

  C o n t i n u a ç ã o

Sistema

Filtro

biológico

de baixa

carga

Sistemas Aeróbios c om B iofilmes

3 .

Vantagens

Desvantagens

• Elevada eficiência na remoção de DBO

- Nitrificaçâo frequente

• Requisitos de área relativamente baixos

- Mais simples conceitualmente do que

Iodos ativados

- índice de mecanização relativamente

baixo

-  Equipamentos mecânicos simples

- Estabilização do lodo no próprio filtro

- Menor flexibilidade operacional que

lodos ativados

- Elevados custos de implantação

- Requisitos de área mais eievados do

que os.filtros biológicos de alta carga

- Relativa dependência da temperatura do ar

- Relativamente sensível a desc argas

tóxicas

- Necessidade de remoção da umidade

do lodo e  da sua  disposição  final

(embora m ais simples que filtros

biológicos de alta carga)

- Possíveis problemas com moscas

- Elevada perda d e carga

- Boa eficiência na remoção de DBO

(embora ligeiramente inferior aos filtros

de baixa carga

- Mais simples conceitualmente do que

Iodos ativados

- Maior flexibilidade operacional qu e filtros

de baixa carga

- Melhor resistência a variações de carga

que filtros de baixa carga

- Reduzidas possibilidades de maus

odores

• Operação ligeiramente mais so fisticada

do  q ue os fiitros de baixa carga

• Elevados custas de implantação

• Relativa dependên cia da temperatura do ar

- Necessidade do tratamento  completo  do

lodo e da sua disposição final

- Elevada perda de carga

- Elevada eficiência na remoção da 0 8 0

- Nitrificaçâo frequente

- R equisitos de área bem baixos

- Mais simples conceitualmente do que

Biodisco  Iodos ativados

-  Equipamento mecânico simples

- Reduzidas possibilidades de maus

odores

- Reduzida perda de carga

- Elevados custos de implantação

- Adequado principalmente para

pequenas populações (para não

necessitar de núm ero excessivo de

discos)

- Cobertura dos discos usualmente

necessária (proteção contra chuvas,

ventos e vandalismo)

- Relativa dependência da temperatura do ar

- Necessidade do tratamento completo do

lodo (eventualmente sem digestão, caso

os discos sejam instalados sobre

tanques Imhoff) e da sua disposiçã o final.

2

(14

  Introdução à qu alidade das águas e ao tratamento de esgotos

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8/9/2019 Von Sperling

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Quadro 3.6.  Continuação

Sistemas Anaeróbios

Sistema

Vantagens

- Satisfatória eficiência na remoção de DBO

- Baixos requisitos de área

- Baixos custos de implantarão e

operação

- Reduzido consumo de energia

- Não necessita de m eio suporte

- Construção, operação e manutenção

sirpples

mania de lodo  - Baixíssima produção de lodo

-  Estabilização do lodo no próprio reator

- Boa desidratabilidade do lodo

- Necessidade apenas da secagem e

disposição final do lodo

- Rápido reinicio após períodos de

paralisação

Desvantagens

Reator

anaeróbio de

- Dificuldade em satisfazer padrões de

lançamento bem restritivos

- Possibilidade de efluentes com asp eclo

d e sa g r a d á v e l

- Remoção de N e P insatisfatória

- Possibilidade de maus odores (embora

possam ser controladas)

- A partida do processo é   geralmente  lenta

- Relativamente sensível a variações de

carga

- Usualmente  necessita pós-tratamento

- Idem reator anaeróbio de fluxo ascendente

Fossa

 séptica -

  (exceção - necessidade de meio suporte

filtro -

 Boa adaptação a diferentes tipos e

anaeróbio  concentrações de esgotos

- Boa resistência a variações de carga

• Dificuldade em satisfazer pad rões de

lançamento bem restritivos

- Possibilidade de efluentes com aspecto

desagradável

- Remoção de N e P insatisfatória

- Possibilidade de maus odores (embora

possam ser controlados)

- Riscos de entupimento

N

i

 11

i

 v , processos e sistemas de tratamento 2 2 5

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Quadro 3.6.

C o n t i n u a ç ã o

Sistemas de Disposição no Solo

Sistema Vantagens Desvantagens

Infiltração

lenta

- Elevadíssima eficiência na remoção de

DBO e de coliformes

- Satisfatória eficiência na remoção de

N e P

- Método de tratamento e disposição final

combinados

- Requisitos energéticos praticamente

nulos

- Construção, operação e manutenção

simples

- Reduzidos custos de implantação e

operação

- Boa resistência a variações de carga

- Não há lodo a ser tratado

- Proporciona fertilização e

condicionamento do solo

- Retorno financeiro na irrigação de áreas

agricultáveis

- Recarga do lençol subterrâneo

- Elevadíssimos requisitos de área

- Possibilidade de maus odores

- Possibilidade de insetos e vermes

- Relativamente dependente do clima e

dos requisitos de nutrientes dos vegetais

- Dependente das características do solo

- Risco de contaminação de vegetais a

serem consumidos, caso seja aplicado

indiscriminadamente

- Possibilidade de contaminação dos

trabalhadores na agricultura (na

aplicação por aspersão)

- Possibilidade de efeitos químicos no

solo, vegetais e água subterrânea (no

caso de haver despejos industriais)

- Difícil fiscalização e controle com

relação aos vegetais irrigados

- A aplicação deve ser suspensa ou

reduzida nos períodos chuvosos

Infiltração

rápida

- Idem infiltração lenta (embora e ficiência

na remoção de poluentes seja menor)

- Requisitos de área bem inferiores ao da

infiltração lenta

- Reduzida dependência da declividade

do solo

- Aplicação durante todo o ano

- Idem infiltração lenta (mas com menores

requisitos de área e possibilidade de

aplicação durante todo o ano)

- Potencial de contaminação do lençol

subterrâneo com nitratos

- Idem infiltração rápida

- Possível economia na implantação de

interceptores

- Ausência de maus odores

Infiltração -

  0 terreno superior pode ser utilizado

subsuperficial  como área verde ou parques

- Independência das condições climáticas

- Ausência de problemas relacionados à

contaminação de vegetais e

trabalhadores

- Idem infiltração rápida

- Necessidade de unidades reserva para

permitir a alternância entre as mesm as

(operação e descanso)

- Os sistemas maiores necessitam de

terrenos bem perm eáveis para reduzir os

requisitos de área

Escoamento

superficial

- Idem infiltração rápida (mas com

geração de efluente final e com m aior

dependência da declividade do terreno)

- Dentre os métodos de disposição no

solo, é o com menor dependência das

características do solo

- Idem infiltração rápida

- Maior dependência da declividade do

solo

- Geração de efluente final

Fonte: von Sperling (1994b)

2(1 4

  Introdução

 à qualidade das águ as e ao

 tratamento

 d e esgotos

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Estudos

E T F E S - B i b l i o t e c a

CAPÍTULO 5

preliminares para projetos

X. E S T U D O S P R E L I M I N A R E S

A

 fase

 inicial de u m proje to corresponde aos estudos preliminares. Tais compreen-

dem a caracterização global  do  sistema a ser projetado, incluindo  a  aval iação

quantitativa e qualitativa dos esgotos  a  contr ibuírem à  futura estação, bem como  a

análise técnico-econômica dos diversos processos e sistemas de tratamento passíveis

de aplicação. Tal etapa é de  grande importância, visto  que a opção a ser  adotada será

fruto de  todas as considerações e estudos efetuados nessa fase. Portanto, devem ser

concentrados esforços  no sentido de  se obterem os  dados  e de se extraírem as

conclusões buscando semp re a maior prec isão e confiabi l idade possíveis , visto q ue

o sucesso técnico e a viabilidade econô mica  da alternativa eleita dependem em grande

parte desta  análise inicial .

E l ementos fundamenta i s que  devem compor os estudos  preliminares são:

• Caracterização quantitativa dos esgotos afluentes à ETE

• estimativa  da  vazão domést ica

-  estimativa da vazão  de  infil tração

-  estimativa da vazão industrial

• Caracterização qualitativa dos esgotos afluentes à ETE

-  esgotos  domést icos

-  despe jos industriais

• Requisitos de qualidade do efluente e nível de tratamento desejado

• Estudos populacionais

• Determinação do período d e projeto  e das etapas de implantação

• Estudo técnico das diversas alternativas  de  tratamento pa ssíveis d e  aplicação  na

situação em análise

• Pré-dimensionam ento das alternativas mais promissoras do ponto  de  vista técnico

• Avaliação econômica das alternativas pré-dimensionadas

• Seleção da alternativa

  et

 ser  adotada  com base em análise técnica e econômica

A caracterização quantitativa e qualitativa dos esgotos afluentes encontra-se

abordada no Capítulo 2, ao passo que  os  requisitos para o efluente e o nível de

i ra tamento estão enfocados  no  Capítulo 1. Os critérios  para seleção  das  alternativas

foram descritos no  Capí tulo  4. Os demais tópicos são comentados individualmente

no presente capítulo. Não é objetivo do mesmo a análise aprofundada destes i tens,

í M udos preliminares para projetos 2 2 7

Page 223: Von Sperling

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m as  tão somente o de  se enfatizar a  su a  importância dentro da concepção e proje to

da estação de t ra tamento  de esgotos.

A  presenta-se  a  seguir um comentár io  sucinto  sobre a  integração dos  diversos

pontos l istados acima dentro da fase de estudos preliminares.

• Qu an t i f i caç ão das ca rgas p o lu ido ra s . In i c ia lmente , deve -se p roceder à quan t if i -

cação  das cargas poluidoras,  tendo  por base a quant idade e qual idade dos esgo tos.

Para o dimensionamento da estação segundo um horizonte de proje to, é imp ortante

que se ja  est imada a progressão  da  população até o fim  de  plano. De  posse destas

informações, procede-se à projeção da vazão e das cargas poluidoras para diversos

anos de operação, até o horizonte de projeto.

•  Nível de t r a t amen to . Após , deve ser  bem caracterizado qual o nível do tratamento a

ser objetivado, face à  interação entre o s  impactos  previstos no corpo  receptor  decor-

rentes do lançamento dos efluentes e os  usos previstos para  este corpo receptor.

• A l t e r n a t i v a s d e t r a t a m e n t o . A p ó s  tal,  devem ser avaliadas  quais as  alternativas

de processo são passíveis de  aplicação no caso  em questão. Através de uma  análise

técnica global, calcada nas especificidades do sistema em análise,  se lec iona-se

apenas  aquelas  que  devem merecer estudos mais  aprofundados. Para le lamente ,

de t e rminam-se  as  etapas de  implantação a serem  adotadas.

•  F l u x o g r a m a d o p r o c e s s o . O  fluxograma de cada alternativa analisada deve  ser

concebido, de form a a or ientar

 a

 etapa de pré-dimensionamento. O f luxogram a deve

apresentar   as principais un idades e as l inhas de f luxo  (líquido, lodo, sobrenadantes

e recirculações).

•  P r é - d i m e n s i o n a m e n t o .  Com as alternativas selecionadas, elabora-se um pré-di-

mens ionamento que visa fornecer dados  que subsidiem  a  posterior análise  econô-

mica . Subal ternat ivas podem ser analisadas, como fo rmatos de tanques, s i stema  d e

aeração, opções de t ra tamento do lodo etc, as quais são decididas através de estudos

econômicos comparat ivos.

• Layout e de senho das un idades p r inc ipa i s . Os  sistemas pré-dimensionados

devem  ser locados em planta , em escala , comp ondo o layout  do  sistema. D e  forma

a subsidiar a subsequente composição d e custos, deve-se elaborar  também  desenhos

das   unidades,  contendo os pr incipais de ta lhes que possam inf lui r  nos custos. O

pré-dimensionamento e os correspondentes layouts devem ser e laborados com base

em informações locais , como  topograf ia  e geologia.

• Es t udo econôm ico- f inance i ro . Conhec idas a s características das alternativas  prin-

c ipais , compõ e-se o orçamento dos sistemas e empreende-se um estudo econ ômi-

co-f inancei ro comparat ivo ent re os  mesmos ,  anal isando-se  os  itens  que não são

comuns às opções. A  análise  econômica deve levar em consideração, tanto custos

de implantação, quanto de operação. Todos os custos devem   ser trazidos  a valor

presente , de forma a que possam ser comparados segundo uma base com um e única.

A alternativa proposta deve ser aquela que oferecer as maiores vantagens do ponto

de vista técnico e eco nôm ico.

2(14

Introdução

 à qualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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E T F E S - B i b l i o t e c a

2 . E S T U D O S P O P U L A C I O N A I S

Apopulação contribuinte à estação é aquela situada dentro da área de projeto, servida

pela rede coletora, e l igada à mesma. Portanto, a população de projeto é uma fração

da população  total da  c idade  ou bacia contribuinte à ETE. Esta fração (população

.servida^população total) é denom inada   índice de atendimento.  Tal dev e ser determi-

nado (condições atuais) ou estimado (condições futuras), de forma a subsidiar o

cálculo da vazão de projeto . O índice de atendim ento é função dos seguintes aspectos:

• Condicionantes físicas, geográficas ou topográficas da localidade.  Nem sempre é

possível atender com a rede coletora a todas as residências, sendo que para estas

devem ser adotadas outras soluções que não o esgotamento dinâmico.

• índice  de adesão.  Tal é  a relação  entre  a  população  realmente l igada à rede e a

população potencialmente servida pela tubulação coletora na rua (nem todas as

residências são conectadas à rede disponível, ou seja, nem todas se aderem ao

sistema de coleta).

• Etapas  de  implantação  da rede coletora.  Pode  ser  que  nos anos iniciais de

funcionamento da  E T E  nem toda a rede pr o jetada esteja já  implantada, o que afeta

a vazão  inicial.

Para o projeto da estação de tratamento,  é necessár io o conhecimento da popu la-

ção de f ina l  de plano,  bem como  da sua evolução ao longo do  tempo, para  o estudo

das e tapas  de im plantação.

Os pr incipais métodos ut i lizados para as projeções populacionais são (Fai r  et  al,

1973; CETESB, 1978; Barnes et ai , 1981; Qasim, 1985; Metcalf & Eddy, 1991):

-  crescimento aritmético

-  crescimento geométrico

-  regressão multiplicativa

-  taxa decrescente de crescimento

-  curva logística

-  comparação gráfica  entre cidades similares

-  m étodo da razão e correlação

-  previsão com base nos empregos

Os Quadros

  2.1 e 2.2

  l istam as principais características dos diversos métodos.

Alguns dos métodos apresentados no Quadro 2.1 podem ser resolvidos também

através da análise estatística da regressão (linear e não linear). Tais métodos são

encontrados em um grande número de programas de computador comercia lmente

disponíveis. Sempre que possível, deve-se adotar a análise da regressão, que permite

a  incorporação de uma maior série histórica, ao invés de apenas 2 ou 3 pontos, como

nos métodos algébricos.

í M udos preliminares para projetos 229

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Quadro 2.1.  P r o j e ç ã o p o p u l a c i o n a l . M é t o d o s c o m b a s e e m f ó r m u l a s m a t e m á t i c a s .

Coeticientes

Método Descrição Forma da Curva Taxa de Crescimento Fórmula (se não for efetuada análise da

r e g r e s s ã o ]

Crescimento populacional segundo uma taxa

p  . _ constante. Método utilizado para estimativas de menor

aritnStica P

r a 2 : o

  0 ajuste cfa curva pods ser também feito por

análise da regressão.

ko  a p  p, -

 pn

o t

p

Crescimento populacional função da população

Projeção existente a cada instante Utilizado para estimativas

geométrica de menor prazo. 0 ajuste da curva pode ser também  ^

feito por análise da regressão

s

r,"

K

g

p

  ™

- d r   » ou

- f  Pr=fb  ( i + / )

l

' - '

o í

  íme

K

S

_

1

juste da progressão populacional por regressão

P

  _ linear (transforma ção logarítmica da  equação} ou

m u l t a v a re gre ss ã o n ão l in ea r.  ^

k

. Síl

r. s - análise

rp g r^^ã n

Premissa de que. à medida em que a cidade cresce.

Taxa a taxa de crescimento torna-se menor A população

decrescente tende assintoticamente a um valor de saturação. Os

de crescimento parâmetros podem ser também estimadas par  Po

regressão não linear.

Pr-^-Po^ r

s

-

2PoP

  1

e

- « c r . ( ' - f c ) ]

  K

  -WPs-P2VlPs-Pl)l

0 crescimento populacional segue uma relação ^

Crescimento matemática. que estabelece uma curva em forma de

loaistico

  S A

  P° P

u f a i

?

âo

  tende assintoticamente a um valor de

^ saturação Os parâmetros podem ser também Po

estimadas por regressão não linear.

„  2  Po  Pi   •

P

2 - P ? ( í í j t - ^ i

dl

  1 P

  P '

  1+c

  e

K,

 .

 (KJ

  c

 = [P

s

-P

0

)/P

0

,,  i .  ^•iPs-h)

' " [ P i  . f f W » ]

Fonte adaptado parcialmente de Oasim (t9E5)

- dP/dt = taxa de crescimento da população em lunção do tempo (hab/ano) (

- P«. Pi. Pb - pooulações nos anos  t, ,  (as  fórmulas para  laxa decrescente e  crescimento logístico exigem valores equidistantes, caso não sejam baseadas na análise da regressão) (hab)

- P

t

 = população estimada no ano t (hab)

P, =  população de saturação (hab)

- K

ft

. K

g

. K

d

, Kj. i. o, r, s = coeficientes (a obtenção dos coeficientes pel3 análise da regressão é preferível, já que se pode utilizar toda a série de dados existentes, e não apenas P

D

. P, e ?

2

)

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Q u a d r o 2 , 2  P r o j e ç õ e s p o p u l a c i o n a i s c o m b a s e e m m é t o d o s d e q u a n t i f i c a ç ã o i n d i r e t a

Método

Descrição

O método envolve a projeção gráfica dos d ados passados da população em estudo.

Os dados populacionais de outras cidades similares, porém maiores, são piotados

de tal maneira que as curvas sejam coincidentes no valor atual da pop ulação da

cidade em estudo. Estas curvas são utilizadas como referências na projeção futura

da cidade em estudo.

Comparação

gráfica

Assume-se que a população da cidade em estudo possui a mesma tendê ncia da

região (região física ou politica) na qual se encontra. Com base nos registros

censitários a razão "população da cidade/população da região"é calculada, e

projetada para os anos futuros. A população da cidade é obtida a partir da p rojeção

populacional da região (efetuada a nível de planejamento por algum outro Órgão) e

da  razão  projetada.

Razãoe

correlação

A população é estimada util izando-se a previsão de empregos (efetuada por algum

outro órgão). Com base nos dados passados da população e pessoas empregadas,

calcula-se a relação "emprego/população", a qual é projetada para os anos futuros.

A população d a cidade é obtida a partir da projeção do número de empregos da

cidade. 0 procecimento é similar ao método d a razão. Pode-se adotar a mesma

metodologia a partir da previsão de serviços de utilidade, como eletricidade, água,

telefone etc. As companhias de serviços de utilidade normalmente efetuam estudos

e projeções da expansão de seus serviços com relativa confiabilidade.

Previsão de

empregos e

serviços de

utilidades

Fonta: Qasrm (19a5)

Nota: a prolação futura Pas  relações pope ser feita com base na análise da regressão

Ao se fazer as projeções populacionais , deve-se terem mente os seguintes pontos:

• Os estudos de projeção  populacional são normalmente bastante complexos. Devem

se r  analisadas  todas as var iáveis ( infel izmente nem sempre quantif icáveis) que

possam in teragir na  localidade específ ica  em análise. Ainda assim podem ocorrer

eventos inespe rados que m udem to talmente a trajetór ia previs ta para o cresc imento

populacional . I s to ressalta a necessidade do estabelecimento de um valor realís t ico

para o hor izonte  de projeto ,  assim  c o m o  da  implantação da estação em etapas.

•  As sof is t icações matemáticas  associadas  às  determinações dos parâmetros  de

a lgumas equações  de  projeção populacional perdem o sentido  se  não forem

embasadas por informações paralelas , na maior ia das vezes não quantif icáveis ,

como aspectos sociais , econômicos, geográf icos ,  históricos  etc.

•  O bom senso do analis ta é dc grande importância na escolha  do  método de projeção

a  se r  adotado e na in terpretação dos resultados. Ainda que a escolha  possa se  dar

tendo  po r  base  o  melhor ajuste aos dados censitár ios d isponíveis ,  a  extrapolação

da curva exige percepção e cautela.

• E  in teressante considerar-se  a  inclusão  de  uma cer ta  margem  de segurança  na

es t imat iva ,  no sentido de que as  populações  reais fu turas não venham,  a m e n o s  de

alguma for te causa imprevis ível , facilmente u ltrapassar a população de projeto

estimada, induzindo  a  precoces sobrecargas no s is tema implantado.

I xtudos preliminares para projetos

2 3 1

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3 . P E R Í O D O D E P R O J E T O E E T A P A S D E I M P L A N T A Ç Ã O

A seleção de um adequado  período  de projeto e de sua subdivisão em  etapas  de

implantação é um item que afeta, não só a economia da implantação e operação da

estação, como o seu próprio desempenho.

0  período  de projeto de uma estação  de  tratamento  de  esgotos deve ser  relativa-

mente curto, preferencia lmente  inferior a  20  anos.  O  horizonte  de  projeto deve ser

dividido a inda em etapas de implantação, da ordem de 5  a  10 anos. Quanto maior a

taxa de crescimento populacional, menor deve ser a duração de cada etapa. Por outro

lado, deve-se evitar também etapas muito curtas, face ao transtorno associado à

convivência quase  qu e  cont ínua com  as  obras de implantação.

Os estudos  pre l iminares  devem ser feitos considerando-se todo  o período de

proje to, de fo rma a subsidiar  a desapropriação de toda  a área necessária. No  entanto,

o  proje to  e a const rução  das unidades  deve  resumir-se a  cada etapa de implantação.

Algumas razões  para  tal  são:

•  A  divisão  em  etapas é um fa tor economicamente  positivo,  por transladar  para o

fu tu ro  uma considerável parte dos investimentos, reduzindo o valor  presente  dos

custos de imp lantação.

• A  cada nova  etapa  de implantação podem ser revistos os parâmetros de proje to,

pr incipalmente  as vazões e  cargas af luentes, bem como  os dados obt idos  com a

experiência operacional  da  estação.

• Unidades superdimensionadas podem  gerar  problemas, como sept ic idade nos

decantadores, excesso de aeração etc.

• A etapalização  permite  o  cont ínuo acompanhamento  da  evolução da tecnologia ,

permit indo  a que se ja adotada sempre a solução mais moderna , que pode em mui tos

casos ser  a mais ef ic iente e econôm ica .

• O projeto da estação deve prever, portanto, flexibilidade para a integração   das

unidades existentes ou  de  primeira etapa com  as unidades futuras.

2(14

Introdução

 à qualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

Page 228: Von Sperling

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E T F E S - B i b l i o t e c a

Exemplo 3.1

Efetuar utn estudo de etapalização simplificado, tendo por base as projeções

de população, vazão e carga de DBO afluentes, adotadas no exemplo do Item

2.7 (Capítulo 2), e apresentadas a seguir:

Ano População (hab)

Vazão média (m

3

/d) Carga de DBO média (kg/d)

0

40.000

6.451 2.125

S 47.000

7.477 2.475

10 53.000

8.409 2.900

15 58.000

9.179 3.150

20

62,000 9.820 3.350

Solução:

Com base em tais dados, pode-se  compor  a  seguinte tabela de valores

percentuais de população, vazão e carga, com relação aos valores de final de

plano  (admitidos como 100%).

An o  % da populaçã o final

% d a vazão final  °A da carpa final

0 65 66

63

5 76

76 74

10 85

86 87

15 94

93 94

20 100

100 100

A etapalização desta estação não permite várias combinações,

em virtude do

crescimento populacional não ser tão significativo durante o s anos de hori-

zonte da segunda etapa de projeto. Uma possível alternativa p ode ser:

Item

1

a

  etapa 2

a

  etapa

Ano de implantação da etapa

Ano 0 Ano 5

Alcance

Ano 5 Ano 20

Duração

5 anos IS anos

% de implantação 75% 25%

Número de módulos implantados na etapa

3 1

Número de m ódulos totais na estação 3 4

Nesta alternativa, devido ao fato da vazão   e da carga de DBO atingirem em

torno de 75% do total no ano 5, a etapalização prevê a implantação da

primeira etapa compreendendo 75% da estação (3 módulos, de um total de 4

módulos). O alcance desta primeira etapa é até

 o

 an o 5, quando deverá entrar

em funcionamento a segunda etapa, com vigência até o final do plano (ano

20), e inteirando o módulo restante (quarto módu lo, em paralelo com os

demais). A inda que a etapalização seja vantajosa, os benefícios são de certa

forma  reduzidos, pelo  fato de se ter  de implantar 75%  da estação já em

primeira etapa, e por u m alcance de apenas 5 anos.

í

 ,Mudos preliminares

 para projetos

2 3 3

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4 . P R É - D I M E N S I O N A M E N T O D A S A L T E RN A T I V A S

Para o estudo técnico e econômico das alternativas não há necessidade da

elaboração de dimensionamentos deta lhados.

O  obje t ivo pr imordia l é a obtenção de informações que possam subsidiar a

compa ração técnica e econômica   das alternativas. Para tanto, é  necessária a elabora-

ção de layouts da estação, incluindo as principais unidades componentes da mesma.

Deve-se ter também o conhecimento das dimensões pr incipais das unidades, da área

ocupada, dos v olumes de corte e a terro, dos volumes d e concre to, dos equipamen tos

principais, da energia a ser consumida e outros i tens julgados de maior relevância na

estação em qu estão. Tal conhecimento  permite a e laboração de orçamen tos pre l imi-

nares, que possam subsidiar o estudo econ ômico.

Para o pré-dimensionamento podem ser ut i l izados parâmetros gera is médios de

cálculo, ou efe tuado o dimensionamento a té  a  determinação dos i tens de interesse,

não se atendo  ao deta lhamento  do  projeto e aos cálculos hidráulicos. Diversos

exemplos de cá lculo apresentados  neste série de textos encontram-se ao nível reque-

r ido para o pré-dimensionamento  das alternativas.

5 . E S T U D O E C O N Ô M I C O D A S  A L T E R N A T I V A S

Os custos  do t ra tamento  dos esgotos var iam amplamente com as  características

do esgoto, processo adotado, clima, critérios de projeto, condições locais e custos

locais unitários de mão  de  obra, materiais, terreno e energia.

A estimativa  de  custos deve compreender o levantamento dos custos de  implan-

tação (pontuais no tempo) e  os  custos anuais de operação (distribuídos  no tempo).

Tais incluem (Arceivaía, 1981):

• Custos de implantação

-  custos  d e const rução ( inc luindo  equipamentos  e instalação)

- compra ou desapropriação do terreno

' - custos de projeto e supervisão , taxas legais

' - juro s dos emprést imo s durante o per íodo de const rução

• Custos anuais

-  juros dos emprést imos

-  amort ização dos emprést imos

- depreciação da estação

- seguro da estação

-  custos de operação e manutenção da estação

Dos custos anuais, os quatro primeiros i tens podem ser considerados como fixos,

já que têm de ser incluídos caso   a  estação esteja funcionando ou não. Geralmente,

nos estudos econômicos pre l iminares são considerados os custos  de  const rução c

desapropriação ( implantação)  e de operação  e  manutenção  (anuais).

Não se pre tende  abordar no presente i tem os critérios  para  e laboração  de levan-

2(14

Introdução

 à qualidade das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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tamentos de custos e estudos econômicos. Comenta-se tão somente sobre a lguns

processos simples de Engenharia Econômica , que permitem a adaptação dos dados a

uma form a ta l que permita que os mesmo s se jam comparados hom ogeneam ente co m

os de outras alternativas.

• Valor presente de um investimento futuro

P =

( 1 + 0 "

n-1 n

(5.1)

onde:

P = valor presente

F = valor futuro

i = taxa de juros anual

n = número de anos

Valor presente de gastos anuais constantes

A A A A A A A A A

íi

1 . ( 1 + 0 "

1

  1 2 3 n-1 n

(5.2)

onde:

A = gasto anual

I xtudos preliminares para projetos

235

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Exemplo 5.1

Existem dua s alternativas para o tratamento de esgotos de uma localidade,

cada uma implicando em custos de implantação e de operação/manutenção

distintos.

  Av

 características básicas são:

• período d e projeto: 20 anos

• taxa de juros: 11% ao ano

• Alternativa  A

- custo de implantação (ano 0): US$ 3x10

6

- custo de operação/manutenção: US$ 0,5x1 (f/ano

• Alternativa B

- custo de implantação (primeira etapa, ano 0): US$ 5x10

6

-  custo de operação/manutenção (primeira etapa): US$ 0,2x10

6

- custo de implantação (segunda etapa, ano 10): USS 3x10

6

- custo de operação/manutenção (segunda etapa): US$ 0,3x10

6

Com base no menor valor presente, estabelecer a melhor alternativa em

termos econômicos.

Solução:

a)   Valor presente da alternativa A

b

3x10

6

0,5x10

. n n i n i n i H n n n i

0 5 10 15 20

Valor presente dos gastos anuais (Eq uação 5.2)

P  =

 A

  = 0,5 x 1 0 ' . J l ± M t i _

  =

  4 ,0 x lO»

í . ( l + 0 0 ,1 1 x ( l + 0 , 1 1 )

2 0

• Valor presente total

Valor presente total = custo de implantação + valor presente d os gastos

anuais

Valor presente total = 3,OxlO

6

  + 4,0xl(f

Valor presente total  = ÜS$ 7,0x10

6

2(14

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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b) Valor presente da alternativa B

6

5x10

E T r E S - B i b l i o t e c a

3x10

6

0.2x10

6

0,3x10

a u n u u . . U U H 1 U *

D

S  10 15  20

Valor presente dos custos de implantação

  cla

 2

a

  etapa (Equação 5.1)

F

3 x 1 Q

1 q =

1 , 2 X 1 0 *

( 1 + 0 " ( 1 + 0 , 1 1 ) '

  Vedor

 presente dos gastos anuais da

 2

;1

 etapa

Transportar os valores para o ano 10 (primeiro cino da  2

n

  etapa) (Equação

5.2):

P - a V + V ^ - W x 10« .

  ( 1  + a i l )

' ° l

  =

  l , 8 x ^

1 . ( 1 + 0 0 ,1 1 x ( 1 + 0 , l l )

1 0

Transportar o valor concentrado do ano 10 para o valor presente (Equação

5.1):

P

 = -

1,8 x I0

ft

=  0,6  x  IO

5

(I  +  O"  ( 1 + 0 , l l )

1 0

• Valor presente dos gastos anuais da P etapa (Equação 5.2)

P=A«

  + ty

'-

l

=0 ,2*10*.  = 2 x 1 0 «

.

 (1

 + 0*

Valor presente total

0,11  x  ( 1 + 0 , 1 1 )

Valor presente total = custo de implantação da T

x

  etapa + valor presente da

implantação da  2

a

  etapa + valor presente dos gastos anuais da P etapa + valor

presente dos gastos anuais da 2

:l

  etapa

Valor presente total = 5x10

h

  + l,2x 0

h

  + 1,2x10

fi

  + 0,6x10

6

Valor presente total = US$ 8,0xl0

fi

c) Resumo dos valores

Alternativa Valor presente

A

B

ÜS$ 7,0x10

6

US$ 8,0x10

6

I, studos preliminares para projetos

237

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Em função do menor vedor presente, a alternativa indicada é a alternativa A.

Neste caso, é mais vantajoso se ter uma estação com um menor custo de

implantação, embora apresentando maiores gastos de operação e manuten-

ção.

A presente an álise foi efetuada de maneira bem simplificada. Outras consi-

derações de ordem econôm ica e financeira podem ser agregadas, de forma a

subsidiar o estudo de alternativas.

2(14

Introdução

 à

 qualidade

 das águas e ao

 tratamento

 de esgotos

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