1 rafael said bhering cardoso poluiÇÃo sonora e
Embed Size (px)
TRANSCRIPT
-
1
RAFAEL SAID BHERING CARDOSO
POLUIO SONORA E ORGANIZAO ESPACIAL DAS FESTAS NO
MUNICPIO DE VIOSA MG
VIOSA MG
JUNHO/2011
-
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA
CENTRO DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
POLUIO SONORA E ORGANIZAO ESPACIAL DAS FESTAS NO
MUNICPIO DE VIOSA MG
Monografia apresentada disciplina GEO
481 Monografia e Seminrio do curso de
Geografia da Universidade Federal de
Viosa como exigncia parcial para
aprovao.
Autor: Rafael Said Bhering Cardoso
Orientador: Prof. Edson Soares Fialho
VIOSA MG
JUNHO/2011
-
ii
RAFAEL SAID BHERING CARDOSO
POLUIO SONORA E ORGANIZAO ESPACIAL DAS FESTAS NO
MUNICPIO DE VIOSA MG
Monografia defendida e aprovada em 22 de junho de 2011.
__________________________________________________
Prof. Edson Soares Fialho (Orientador)
__________________________________________________
Prof. Maria Isabel de Jesus Chrysostomo
___________________________________________________
Alexandre Valente Arajo
(Chefe do Departamento de Fiscalizao da PMV)
__________________________________________________
Almir Cassiano de Almeida
(Major da Polcia Militar do Estado de Minas Gerais)
-
iii
preciso sempre acreditar que o caminho s existe quando voc passa. Se no tens a
fora de vontade de continuar a caminhar, dificilmente chegar a seus objetivos.
preciso sempre sonhar, pois os sonhos so a base de todas as nossas realizaes.
-
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeo a DEUS sobre todas as coisas.
Agradeo ao meu pai, Dcio, pelas grandes lies que aprendi e que ajudaram a
formar meu carter, certamente levarei para toda a vida, apesar da distncia, sempre
pude contar com seus ensinamentos.
minha me, Adlia, por ter me dado a vida e cuidado de todas as formas para
que eu pudesse estar me formando, lembrarei sempre de suas palavras e de seus gestos.
Ao meu irmo Yuri por todos os momentos bons que passamos juntos, pelas
brigas e pela cumplicidade. Agradeo a ele tambm pela grande ajuda na coleta dos
dados para realizao deste trabalho.
Aos meus amigos verdadeiros pela ajuda quando precisei e pelas grandes
histrias que pude viver junto deles.
Ao professor Edson pela orientao nesta pesquisa, pelas oportunidades
oferecidas, por ter acredito em mim e por sua amizade.
Aos amigos que fiz na Universidade pelos momentos que pude desfrutar de suas
companhias.
In Memorian minha av, Dona Adlia, e ao meu Padrinho, Luiz, pois sempre
acreditaram em mim e me aconselharam para chegar aonde cheguei, sempre estaro
comigo.
A todas as pessoas que cruzaram o meu caminho e que de alguma forma
influenciaram para que eu me tornasse o que sou hoje.
-
v
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... vi
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... vi
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................... vii
RESUMO.......................................................................................................................viii
1 INTRODUO .......................................................................................................... 1
2 HIPTESE ................................................................................................................. 4
3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 5
3.1 Objetivos Especficos .......................................................................................... 5
4 APRESENTANDO A REA EM ESTUDO ............................................................. 6
4.1 Caractersticas Geogrficas .................................................................................. 6
4.2 Histrico ............................................................................................................... 7
5 FUNDAMENTAO TERICA ........................................................................... 10
5.1 Legislao .......................................................................................................... 10
5.1.1 Legislao do municpio de Viosa ............................................................. 14
5.2 Efeitos da poluio sonora na sade .................................................................. 16
5.3 Poluio sonora em cidades brasileiras ............................................................. 18
6 MATERIAIS E MTODOS ..................................................................................... 26
7 RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................................ 32
8 CONCLUSO .......................................................................................................... 61
9 ANEXOS .................................................................................................................. 63
10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 64
-
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localizao do municpio de Viosa .............................................................. 6
Figura 2 GPS utilizado no trabalho. ............................................................................ 27
Figura 3 Decibelmetro utilizado no trabalho. ............................................................. 28
Figura 4 - Localizao dos locais de festas em Viosa .................................................. 34
Figura 5 - Recorte dos locais de festas em Viosa ......................................................... 35
Figura 6 Rudo no entorno do Bar do Edilson ............................................................. 38
Figura 7 Rudo no entorno do Fama, Galpo e Flor e Cultura .................................... 39
Figura 8 Rudo no entorno do Multishow ................................................................... 40
Figura 9 Rudo no entorno do Multiuso ...................................................................... 41
Figura 10 Rudo no entorno do Stio das Palmeiras .................................................... 42
Figura 11 Rudo no entorno do Stio do Ado ............................................................ 43
Figura 12 Locais onde foram realizadas medies no centro urbano do municpio ... 45
Figura 13 Decibis medidos nos locais no centro da cidade no dia 12 de maio de 13:00
s 15:00 ........................................................................................................................... 46
Figura 14 Decibis medidos nos locais no centro da cidade no dia 3 de junho das
22:00 s 23:00 ................................................................................................................. 47
Figura 15 Decibis medidos nos locais no centro da cidade no dia 6 de junho das
22:00 s 23:00 ................................................................................................................. 48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Nvel de critrio de avaliao para ambientes externos, em dB (A) ............ 10
Tabela 2 Nveis de rudos compatveis com o conforto acstico ................................ 11
Tabela 3 Tabela de limite aceitvel para rudos segundo NBR 10151 ........................ 12
-
vii
Tabela 4 Limites de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente ........................... 23
Tabela 5 Cidades, local e decibis dos trabalhos analisados ....................................... 25
Tabela 6 Local, data e horrio das medies dos pontos ............................................ 30
Tabela 7 Agenda das festas mais frequentadas em 2010............................................. 32
Tabela 8 Mdia dos decibis medidos nos locais de festas ......................................... 37
Tabela 9 Decibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no dia
12 de maio ...................................................................................................................... 44
Tabela 10 Decibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no
dia 3 de junho ................................................................................................................. 44
Tabela 11 Deibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no dia
6 de junho ....................................................................................................................... 44
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONTRAN Conselho Nacional de Trnsito
dB(A) decibel ponderado em A
ESAV Escola Superior de Agricultura e Veterinria
NBR Norma Brasileira Regulamentar
PMV Prefeitura Municipal de Viosa
SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas
UFV Universidade Federal de Viosa
-
viii
RESUMO
Com o crescimento acelerado das cidades os problemas ambientais tem-se
intensificado, incluindo o aumento da poluio sonora. Esta pesquisa foi realizada no
municpio de Viosa, Minas Gerais, procurando-se analisar a produo de rudos
causados pelas festas e pela mobilizao de pessoas em torno destas. As festividades na
cidade ocorriam principalmente em locais no centro ou no espao fsico da UFV,
observando-se atualmente o fato de estarem ocorrendo em lugares mais afastados.
Assim o objetivo geral deste trabalho foi analisar os motivos que fizeram com que
ocorresse uma reorganizao espacial destes eventos. Foram levantadas as legislaes
que tratam do tema poluio sonora e trabalhos realizados em outros municpios do
pas. O trabalho de campo contou com levantamento e espacializao dos locais
utilizados para a realizao de festas no municpio, tanto os antigos como os que so
utilizados atualmente. Foram mensurados os nveis de rudos produzidos no entorno dos
locais de realizao de eventos em Viosa bem como em pontos no centro da cidade,
especificamente em ambientes externos de hospitais, escolas e igrejas. As medies no
centro foram realizadas em trs dias, um no horrio diurno de grande trnsito, outros
dois no horrio noturno (no dia de apresentao de uma banda e numa segunda-feira
sem eventos festivos). O poder pblico municipal instituiu em 2003 o Cdigo de
Posturas do Municpio (popular Lei do Silncio), impondo medidas para o controle da
poluio sonora emitida pelos eventos festivos, porm a referida lei foi realmente
efetivada no ano de 2011, aps realizao de reunies entre rgos da Prefeitura, Polcia
Militar e Polcia Civil. Os principais motivos que levaram efetivao da lei foram o
aumento da criminalidade no horrio de sada das festas e o ndice de reclamaes de
perturbao do sossego. Questionrios aplicados a estudantes universitrios e a
moradores do municpio permitiram perceber que ambos se sentem incomodados com a
poluio sonora, esta atrapalhando seu descanso e interferindo em sua sade.
-
1
1 INTRODUO
Desde que estabeleceu residncia fixa, com a domesticao do fogo, dos animais
e das plantas, o homem iniciou o processo de concentrao populacional, culminando na
criao e expanso das cidades. Com o advento da Revoluo Industrial, a capacidade e
a velocidade com que o homem se apropria e transforma a natureza vem aumentando,
tendo-a como um recurso, acarretando na fuga do homem do campo para a cidade em
busca de melhores condies de vida.
A expanso das cidades, fenmeno chamado de urbanizao, quando realizada
de forma desordenada, acaba gerando vrios problemas ambientais, principalmente em
regies em desenvolvimento, pois regies que, em curto espao de tempo, se
transformaram em reas industrializadas atravs da importao de tecnologias e capital
e a instalao macia de empresas transnacionais, como ocorreu na Amrica Latina, na
sia e na frica (ROSS, 2005, p. 215), acabam tendo seus problemas ambientais
urbanos agravados. Estes fatores aumentam a poluio do ar, da gua, do solo e tambm
a poluio sonora. evidente, porm, que a conscincia acerca da atividade humana
como produtora de mudanas globais, e os impactos causados por estas mudanas, vem
crescendo, tornando cada vez mais necessrio se pensar a relao entre a natureza e a
sociedade como sendo interdependentes.
O crescimento das cidades acarreta no agravamento da situao da poluio
sonora, devido falta de um controle mais rgido em relao produo de rudos.
Segundo Brito (1999), o som um fenmeno acstico que compreende qualquer
vibrao em meio elstico e rudo pode ser definido como todo som que no desejado
ou que possa perturbar o indivduo. O rudo pode ser gerado pelas mais diversas fontes.
Vernier (1994) classifica os rudos como provenientes de duas grandes fontes geradoras:
os rudos ligados aos transportes seja ele rodovirio, ferrovirio ou areo e os rudos
de vizinhana gerados por estabelecimentos industriais, canteiros, atividades
domsticas e lazer. A unidade utilizada para expressar o nvel de presso sonora o
decibel, onde deci indica que se trata de uma escala logartmica e Bell em homenagem
ao inventor Graham Bell (TROPPMAIR, 2002, p. 84), ento, o aumento de 1 decibel
representa que se est aumentando o nvel da presso sonora em 10 vezes. O decibel
representado por dB(A).
-
2
A expanso urbana do municpio de Viosa contou com um processo de
verticalizao da rea central do municpio a partir do momento em que Universidade
Federal de Viosa (UFV), antiga Escola Superior de Agricultura e Veterinria (ESAV),
constituiu-se como um impedimento fsico para a expanso horizontal da cidade ao
ocupar uma topografia privilegiada, obrigando a cidade a buscar outras direes para
crescer (CARNEIRO e FARIA, 2005). Isso gerou grandes engarrafamentos e muitos
canteiros de obras no centro da cidade, o que vem causando um grande incmodo
populao residente e que transita por esta rea. Alm destas fontes de gerao de
rudos, outro problema a realizao de festas voltadas principalmente para o pblico
de estudantes universitrios, os principais frequentadores das festas no municpio de
Viosa, o que acaba gerando um incmodo para alguns habitantes de certas reas do
municpio. Para este trabalho, entende-se como festa uma aglomerao de pessoas em
determinado local no qual se verifica a venda e/ou utilizao de bebidas alcolicas e que
suas atividades utilizem fonte sonora com transmisso ao vivo ou qualquer sistema de
amplificao, sejam eles provenientes de bandas e instrumentos musicais, carros de
som, ou de aparelhagem especializada.
As atividades de lazer, incluso o denominado lazer ou diverso noturna, so
importantes ao bem estar do ser humano, possuindo este o direito diverso, sem se
esquecer de que este deve ser compatibilizado com outros direitos igualmente
fundamentais, como a vivncia em ambientes que propiciem o necessrio sossego e
repouso a uma qualidade de vida saudvel, principalmente em um municpio como
Viosa, onde h uma grande concentrao de jovens, sendo grande parte deles
estudantes universitrios, quem tm, alm do direito de descontrao noite, o dever de
no causar prejuzos outra parcela da comunidade que merece o descanso noturno. As
atividades de lazer, como bares, boates, lojas de convenincia em postos de gasolina,
entre outros, em dias de funcionamento, trazem consigo um grande fluxo de veculos e
de pessoas no entorno, gerando, consequentemente, um aumento da poluio sonora em
suas circunvizinhanas em zonas pblicas (FREITAS, 2006).
Existe uma legislao especfica que trata da emisso de rudos tanto em esfera
federal e estadual quanto municipal. Geralmente, o poder pblico adota como limites
para a emisso de rudos as normas NBR 10151 e NBR 10152 da Associao Brasileira
de Normas Tcnicas (ABNT). Dificilmente se verifica o cumprimento da legislao
-
3
acerca da emisso de rudos para ambientes diversos, o que foi verificado atravs da
leitura de trabalhos realizados em vrios municpios do pas.
-
4
2 HIPTESE
O municpio de Viosa conhecido popularmente como cidade universitria e
de realizao de vrias festas, o que atrai vrios estudantes de outros lugares que
procuram o municpio pela sua fama de cidade festeira, procurando alm da graduao
universitria, aproveitar o tempo que passam na cidade frequentando as festas que so
realizadas. Exemplo disso, que, embora seja uma cidade com menos de 100 mil
habitantes, vrias so as bandas de renome do contexto nacional da msica que j
fizeram apresentaes na cidade, diferentemente do que ocorre em cidades do mesmo
porte. Outro exemplo o grande nmero de nibus e vans que trazem jovens de outros
lugares para os grandes eventos que ocorrem no municpio.
No passado, os principais locais de realizao das festas em Viosa se
concentravam na rea central do municpio ou mesmo dentro dos limites territoriais da
UFV, mas atualmente este panorama vem se modificando, com os locais de festividades
localizados na rea central sendo substitudos por outros estabelecimentos, e os eventos
ocorrendo em locais afastados do centro urbano, com destaque para stios e espaos
criados para este fim. A realizao das festas, que tem como pblico alvo
principalmente estudantes universitrios gera um conflito entre os interesses dos
estudantes e o dos moradores do municpio, principalmente os que residem prximos a
locais de realizao destas.
O rudo causado pela realizao de festas prximas a residncias causa muito
incmodo aos moradores, gerando muitas reclamaes por parte destes junto aos rgos
fiscalizadores do municpio. Devido a este fato, foi criado no municpio o Cdigo de
Posturas, em vigor desde o ano de 2003, sendo realmente efetivado no ano de 2011,
estabelecendo um limite ao horrio permitido para a realizao de eventos e
funcionamento de estabelecimentos como bares, restaurantes e casas noturnas.
Assim, coloca-se como hiptese deste trabalho analisar a afirmativa de que os
motivos que esto levando as festas a serem remobilizadas para reas mais afastadas do
centro urbano se d em funo da aplicao do Cdigo de Posturas (popular Lei do
Silncio) imposto pelo municpio.
-
5
3 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar o fato de grande parte das
festas estarem ocorrendo em locais afastados do centro urbano do municpio de Viosa,
j que em tempos passados ocorria justamente o contrrio, quando a maior parte das
festas acontecia dentro do centro urbano ou dentro do espao fsico da UFV.
3.1 Objetivos Especficos
Mensurar o nvel de rudos na rea central do municpio de Viosa sem a
presena de condies atmosfricas adversas, como chuvas, trovoadas e vento
forte, que possam interferir nos resultados, no primeiro semestre de 2011;
Monitorar os nveis de rudo em festas realizadas no municpio de Viosa;
Levantar e espacializar as festas realizadas no municpio de Viosa nos meses de
abril, maio e junho de 2011;
Aplicar questionrios aos moradores e estudantes universitrios para saber se
existe o conflito entre os interesses deles;
Analisar o conflito existente entre os moradores e os estudantes frequentadores
das festas, em relao ao incmodo causado pela produo de rudos.
-
6
4 APRESENTANDO A REA EM ESTUDO
4.1 Caractersticas Geogrficas
O municpio de Viosa faz vizinhana ao norte com Teixeiras, a leste com So
Miguel do Anta e Cajuri, ao sul com Coimbra e Paula Cndido, a oeste com Porto
Firme e a noroeste com Guaraciaba.
Figura 1 Localizao do municpio de Viosa
A rea foi originalmente ocupada pela Floresta Estacional Semidecidual, hoje
restrita aos topos e altas escarpas, sob forma de capoeiras ou matas secundrias. As
espcies arbreas mais frequentes dessa floresta so peroba, angico, jequitib, canela e
sapucaia. Tais partes, apesar de sofrerem grande interveno, ainda guardam
caractersticas naturais primitivas da antiga floresta, que cobriu extensas reas e foi
praticamente substituda por pastagem, reflorestamento e capoeira. O clima, junto com a
vegetao e a fauna de uma determinada regio, tem grande influncia na formao dos
solos, na decomposio das rochas e nas formas de relevo. No territrio estudado, o
clima dominante o tropical, com uma estao seca. A precipitao mdia anual de
-
7
1200 mm, concentrando-se as chuvas no perodo de outubro a maro, com dois picos:
um em novembro, outro em janeiro. A estao seca, de 4 a 5 meses, coincide com os
meses mais frios. A temperatura mdia anual de 21 Celsius, enquanto a mxima
mdia de 26 Celsius. A temperatura mnima mdia de 14 Celsius. A umidade
relativa mdia de 80%. No relevo predominam colinas convexas e convexo-cncavas,
alinhadas em forma de espiges, bastante seccionadas pela rede de drenagem. Os topos
so aplainados ou abaulados e funcionam como divisores de gua para as pequenas
bacias de drenagem. As alteraes so profundas, em geral oriundas de rocha
metamrfica, sem exposio de afloramentos rochosos constata-se a presena de uma
linha de pedra descontnua, no contato do pacote de sedimentos com a rocha em
processo de decomposio. A regio pertence ao chamado Domnio Tropical dos Mares
de Morros, apresentando processos de formao de solos caractersticos das zonas
intertropicais midas, em que predominam os processos qumicos e biolgicos, que
atuam associados aos mecnicos. Da ao conjugada dos processos qumicos,
mecnicos e biolgicos resulta um manto de alterao que se caracteriza por ser
bastante espesso nas reas de declividades fracas e mdias (SEBRAE, 1999).
4.2 Histrico
O processo histrico de urbanizao do municpio de Viosa se d,
primeiramente, devido a dois ciclos econmicos antigos do pas, que so o ciclo do ouro
e o ciclo do caf (PEREIRA, 2005). Com a decadncia do processo de extrao do ouro
em Ouro Preto e Mariana, a populao comeou a procura por novas reas para fixao,
encontrando aqui terras melhores para a implantao de lavouras, dando incio a um
processo de migrao dos polos aurferos para esta regio onde se localiza Viosa. Os
principais produtos agrcolas produzidos no incio da colonizao do municpio eram
voltados subsistncia, com nfase em fumo, cana-de-acar e principalmente caf.
Segundo Pereira (2005) a configurao espacial de Viosa era tal que nos
morros e encostas mais altas, ficava a floresta; nas vertentes inferiores, o caf, isolado
quando adulto, e com culturas intercalares, quando novo; nos vales pastos, fazendas,
currais, estradas, etc., a paisagem humanizada enfim. Somente em 1876 Viosa foi
elevada cidade, sendo que mais tarde uma rede ferroviria fora instalada em toda a
Zona da Mata, inclusive no municpio, aumentando assim as possibilidades de expanso
-
8
de suas atividades produtivas. Contando com um relevo acidentado, juntamente com
prticas agrcolas rudimentares e um solo pobre, rapidamente os solos foram exauridos.
A expanso da cidade ocorreu inspirada em um modelo de avenidas francs
denominado boulevards, como o caso da Avenida Santa Rita. O processo industrial na
cidade tem incio na dcada de vinte do sculo passado, onde surgiriam novos
elementos da economia local. Surgem as primeiras indstrias, com destaque para duas
tecelagens onde eram fabricados tecidos simples, com algodo produzido no prprio
municpio e tambm pequenos engenhos que produziam rapadura e aguardente
(PEREIRA, 2005).
A populao urbana do municpio teve seu crescimento elevado a partir dos anos
de 1950, e com a chegada da ESAV, futura UFV, trouxe um grande nmero de pessoas
de outras localidades, ocasionando
mudanas culturais, scio-econmicas e ambientais na cidade. Esta
urbanizao desorientada contribuiu para a emergncia dos impactos
ambientais urbanos como desmatamento, destruio das reas de
preservao permanente, intensificao dos processos erosivos e
contaminao generalizada dos recursos hdricos, problemas que se
relacionam com localizao, distncia, topografia, caractersticas
geolgicas e geomorfolgicas, crescimento populacional, formas de
apropriao do espao e segregao scio-espacial (CARNEIRO e
FARIA, 2005, p. 126).
O crescimento acelerado e desorganizado deu origem a uma srie de ocupaes
no entorno da cidade, gerando loteamentos populares devido segregao scio
espacial, atingindo encostas e topos de morros. A urbanizao desorientada contribuiu
para a emergncia dos impactos ambientais urbanos, sendo os principais motivos para a
ocupao das encostas a falta de planejamento urbano, a especulao imobiliria, o
descumprimento das legislaes especficas, a prpria topografia acidentada da regio e
a excluso scio espacial (CARNEIRO e FARIA, 2005, p. 126).
Ocorre uma nova fase de crescimento do municpio a partir da
-
9
dcada de 1970, quando ocorrem dois fatores significativos que
justificariam a expanso da rea urbana, que foram a chegada da BR
120, que abriu a possibilidade de crescimento na cidade, pois interligou
os bairros Santo Antnio, Cabana e Silvestre. Tal processo ampliou-se
com a federalizao da Universidade Federal de Viosa que ampliou o
nmero de cursos e de alunos em seu campus (SANTOS, 2007, p. 24).
A UFV acaba funcionando como um indutor de migrao para o municpio de
Viosa, pois aumentando-se a oferta de cursos de graduao e ps-graduao em seu
campus localizado em Viosa, expande-se o comrcio e a prestao de servios,
contribuindo para o aumento do nmero de migrantes vindo cidade, e a partir da
dcada de 1990 a cidade v o processo de especulao imobiliria ganhar fora, quando
a cidade sequer contava com edifcios acima de 5 andares (SANTOS, 2007).
-
10
5 FUNDAMENTAO TERICA
5.1 Legislao
A NBR 10151 (Acstica Avaliao do rudo em reas habitadas visando o
conforto da comunidade) elaborada pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas
(ABNT) define os limites de emisso de rudos em reas habitadas de acordo com a
Tabela 1, colocando que fica a cargo das autoridades, de acordo com o hbito da
populao, alterar os dados contidos na tabela.
Tabela 1 Nvel de critrio de avaliao para ambientes externos, em dB (A)
Tipos de reas Diurno Noturno
reas de stios e fazendas 40 35
rea estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
rea mista, predominantemente residencial 55 50
rea mista, com vocao comercial e administrativa 60 55
rea mista, com vocao recreacional 65 55
rea predominantemente industrial 70 60 Fonte: ABNT, 2000.
Esta norma ainda define o rudo em 4 tipos:
nvel de presso sonora equivalente (Leq), em decibis ponderados em A [dB
(A)]: Nvel obtido a partir do valor mdio quadrtico da presso sonora (com a
ponderao A) referente a todo o intervalo de medio;
rudo com carter impulsivo: Rudo que contm impulsos, que so picos de
energia acstica com durao menor do que 1 s e que se repetem a intervalos
maiores do que 1 s (por exemplo, martelagens, bate-estacas, tiros e exploses);
rudo com componentes tonais: Rudo que contm tons puros, como o som de
apitos ou zumbidos;
nvel de rudo ambiente (Lra): Nvel de presso sonora equivalente ponderado
em A, no local e horrio considerados, na ausncia do rudo gerado pela fonte
sonora em questo.
Em complemento norma NBR 10151 da ABNT, tem-se a norma NBR 10152
(Nveis de rudo para conforto acstico), que institui o conforto acstico em ambientes
diversos, de acordo com a Tabela 2.
-
11
Tabela 2 Nveis de rudos compatveis com o conforto acstico
Locais dB(A)
Noturno-Diurno
Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berrios, Centros cirrgicos
Laboratrios, reas para uso do pblico
Servios
35-45
40-50
45-55
Escolas
Bibliotecas, Salas de msica, Salas de desenho
Salas de aula, Laboratrios
Circulao
35-45
40-50
45-55
Hotis
Apartamentos
Restaurantes, Salas de estar
Portaria, Recepo, Circulao
35-45
40-50
45-55
Residncias Dormitrios
Salas de estar
35-45
40-50
Auditrios
Salas de concertos, Teatros
Salas de conferncias, Cinemas, Salas de uso mltiplo
30-40
35-45
Restaurantes 40-50
Escritrios
Salas de reunio
Salas de gerncia, Salas de projetos e de administrao
Salas de computadores
Salas de mecanografia
30-40
35-45
45-65
50-60
Igrejas e Templos (Cultos meditativos) 40-50
Locais para esporte
Pavilhes fechados para espetculos e atividades esportivas
45-60 Fonte: ABNT, 1987.
A tabela 3, instituda tambm pela NBR 10151, apresenta os limites aceitveis
para rudos levando em considerao as reas do municpio segundo sua caracterstica,
podendo esta ser residencial, comercial ou mista, dividindo o horrio dos rudos em
diurnos e noturnos, alm do fato de considerar ambientes internos com janelas fechadas
ou abertas.
-
12
Tabela 3 Tabela de limite aceitvel para rudos segundo NBR 10151
Tipos de reas
Ambientes externos Ambientes internos
Diurno
Noturno Diurno Noturno
Janela
Aberta
Janela
Fechada
Janela
Aberta
Janela
Fecha
da
rea estritamente
residencial urbana ou
de hospitais ou de
escolas
50
45
40
35
35
30
rea mista,
predominantemente
residencial
55
50
45
40
40
35
rea mista, com
vocao comercial e
administrativa
60
55
50
45
45
40
Fonte: ABNT, 2000.
A Legislao Federal tambm trata da poluio sonora, atravs do decreto de lei
n 3.688, de 3 de outubro de 1941, intitulada Lei das Contravenes Penais, por meio de
seu artigo de nmero 42, estabelecendo responsabilidade penal de priso ou ao pagamento
de multa o indivduo que perturbar algum, o trabalho ou o sossego alheios:
I. com gritaria ou algazarra;
II. exercendo profisso incmoda ou ruidosa, em desacordo com as
prescries legais;
III. abusando de instrumentos sonoros ou sinais acsticos;
IV. provocando ou no procurando impedir barulho produzido por animal que
tem a guarda.
Tratando ainda do mbito nacional, o CONAMA por meio da resoluo n 001,
de 8 de maro de 1990, estabelece que a emisso de rudos, em decorrncia de
quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de
propaganda poltica, obedecer, no interesse da sade, do sossego pblico, aos padres,
critrios e diretrizes estabelecidos nesta resoluo (CONAMA, 1990). O rgo
considera prejudiciais sade e ao sossego pblico, os rudos com nveis superiores aos
considerados aceitveis pela NBR 10152. J na questo da execuo dos projetos de
-
13
construo ou de reformas de edificaes para quaisquer tipos de atividades
heterogneas, o nvel de rudo produzido no poder ultrapassar os nveis estabelecidos
pela mesma norma.
No estado de Minas Gerais, a Lei Estadual n 7.302, de 21 de julho de 1978
define em seu artigo 1 que constitui infrao, a ser punida na forma desta lei, a
produo de rudo, como tal entendido o som puro ou mistura de sons com dois ou mais
tons, capaz de prejudicar a sade, a segurana ou o sossego pblicos, colocando como
limites da produo de rudos 85 (oitenta e cinco) decibis para recintos nos quais esses
rudos se originam, e que atinjam esse nvel em seu interior ou que extrapole para seu
exterior rudo acima deste limite, aceitando como limites tolerveis o exposto pelas
normas da ABNT. O artigo 3 desta mesma lei institui que, independente de medio do
nvel sonoro, so proibidos os rudos:
I. produzidos por veculos com o equipamento de descarga aberto ou
silencioso adulterado ou defeituoso;
II. produzidos por aparelhos ou instrumentos de qualquer natureza utilizados
em preges, anncios ou propagandas nas vias pblicas, para elas
dirigidos;
III. produzidos por buzinas, ou por preges, anncios ou propagandas, viva
voz, nas vias pblicas, em local considerado pela autoridade competente
como zona de silncio;
IV. produzidos em edifcios de apartamentos, vilas e conjuntos residenciais
ou comerciais, por animais, instrumentos musicais, aparelhos receptores
de rdio ou televiso, reprodutores de sons, ou, ainda, de viva voz, de
modo a incomodar a vizinhana, provocando o desassossego, a
intranquilidade ou o desconforto;
V. provenientes de instalaes mecnicas, bandas ou conjuntos musicais, e
de aparelhos ou instrumentos produtores ou amplificadores de som ou
rudo quando produzidos em vias pblicas;
-
14
VI. provocados por bombas, morteiros, foguetes, rojes, fogos de estampido
e similares;
VII. provocados por ensaio ou exibio de escolas-de-samba ou quaisquer
entidades similares, no perodo compreendido entre 0 hora e 7 horas,
salvo aos domingos, nos dias de feriados e nos 30 dias que antecedem o
trduo carnavalesco, quando o horrio ser livre.
5.1.1 Legislao do municpio de Viosa
J em relao legislao do municpio de Viosa, a lei que regulamenta a
emisso de rudos esta contida no Cdigo de Posturas do Municpio, na forma da lei n
1.574 de 24 de dezembro de 2003, dizendo que o municpio observar as legislaes
federais e estaduais para assegurar a ordem, o decoro e o sossego pblicos. O artigo 136
da lei probe a emisso de rudos capazes de prejudicar a sade e o sossego pblicos a
partir dos limites estabelecidos pelas NBR 10151 e NBR 10152. O artigo 138 institui a
necessidade de tratamento acstico para os estabelecimentos, instalaes ou espaos,
inclusive aqueles destinados a lazer, cultura e hospedagem, cultos religiosos, diverses
e institucionais de toda espcie para limitar a passagem de som para o exterior, caso
suas atividades utilizem fonte sonora com transmisso ao vivo ou qualquer sistema de
amplificao, devendo esta ser uma condio satisfeita para a emisso do alvar de
funcionamento. Segundo a lei, independentes da medio do nvel sonoro so proibidos
rudos:
I. produzidos por veculos com equipamentos de descarga abertos ou
silencioso adulterado ou defeituoso;
II. de buzina e apito ou silvo de sirene de fbricas, ou quaisquer outros
estabelecimentos, por mais de 30 segundos antes das 7 horas ou depois
das 22 horas;
III. decorrentes de qualquer atividade que produza rudo caracterizando
flagrante incmodo comunidade circundante, antes das 7 horas e depois
das 19 horas, nas proximidades de escolas, hospitais, asilos, orfanatos e
congneres e antes das 7 horas e depois das 22 horas nas proximidades
de residncias.
-
15
A lei ainda estabelece excees para aplicao de penalidades, quando da emisso de
rudos por:
I. sinos e dispositivos similares de templos que abrigam cultos de qualquer
natureza, desde que utilizados apenas para assinalao das horas e dos
ofcios religiosos, no horrio compreendido entre 7 horas e 22 horas;
II. sirenes ou aparelhos sonoros de viaturas quando em servio de socorro
ou de policiamento;
III. sirenes ou aparelhos sonoros quando empregados para alarme e
advertncia de segurana;
IV. aparelhos sonoros usados durante a propaganda eleitoral, nos termos
estabelecidos pela legislao pertinente;
V. manifestaes e festividades pblicas desde que se realizem em horrio e
local previamente autorizados pelos rgos competentes e nos limites por
eles fixados;
VI. toda e qualquer obra ou circunstncia de emergncia pblica ou
particular que, por sua natureza, objetive evitar colapso nos servios de
infraestrutura urbana ou risco de integridade fsica da populao.
Em relao emisso de rudos provenientes de veculos automotores, devero
ser obedecidas as normas do CONTRAN.
Quanto s penalidades impostas pela lei, estas devero ser aplicadas a todo
aquele que cometer, mandar, constranger ou auxiliar algum a praticar infrao e ainda
os encarregados da execuo das leis que, tendo conhecimento da infrao, deixarem de
autuar o infrator, que ser multado. As multas so aplicadas de acordo com o nvel da
penalidade, que poder ser de grau mnimo, mdio ou mximo, e no caso de
reincidncia, a multa aplicada ser o dobro da ltima.
O artigo 148 coloca que os proprietrios de estabelecimentos comerciais,
industriais ou prestadores de servios de qualquer natureza que infringirem dispositivos
do cdigo de posturas sofrero penalidades de advertncia e tero suas licenas de
-
16
funcionamento suspensas por prazo determinado, de acordo com os critrios adotados
pela autoridade pblica municipal competente, sendo que no caso de reincidncia, a
licena de funcionamento do estabelecimento ser suspensa. A licena ainda poder ser
cassada no caso de sua atividade se tornar prejudicial sade, higiene, segurana, ao
sossego e moralidade pblica, porm a licena no pode ser cassada antes de ser
iniciada a apurao da infrao pela autoridade competente.
No ano de 2011 ocorreu uma reunio das autoridades do municpio (Polcia
Militar, Polcia Civil, Secretaria de Fiscalizao e Secretaria de Trnsito e Segurana
Pblica) para efetivar a aplicao do Cdigo de Posturas, principalmente no que tange
ao horrio de funcionamento de bares, casas noturnas, restaurantes e derivados,
impondo um limite de funcionamento at as 2 horas para estabelecimentos que no
possuem isolamento acstico e at as 3 horas para estabelecimentos que possuem
isolamento acstico.
5.2 Efeitos da poluio sonora na sade
Segundo Almeida (1999) a nocividade do rudo est relacionada ao seu espectro
de frequncias, intensidade da presso sonora, direo da exposio diria, bem
como suscetibilidade individual. A autora ainda cita a perda auditiva como uma
consequncia da exposio ao rudo, classificando esta perda em trs categorias:
trauma acstico, perda auditiva temporria e perda auditiva permanente.
O trauma acstico a perda de audio de instalao sbita, provocada
por rudo repentino e de grande intensidade, como uma exploso ou
uma detonao. J a perda auditiva temporria ocorre aps a exposio
a rudo intenso, por um curto perodo de tempo. Hoje em dia acredita-se
que um rudo capaz de provocar uma perda temporria ser capaz de
provocar uma perda permanente aps longa exposio. E a perda
auditiva permanente aquela que se instala lenta e progressivamente
devido exposio ao rudo excessivo e que, no decorrer dos anos, leva
a uma perda irreversvel (ALMEIDA, 1999, p. 3-4).
-
17
Os autores Zanni e Szeremetta (2003) apontam que a medicina instituiu o limite
de 65 dB(A) para que o rudo no afete a sade humana. Segundo eles, acima deste
limite, os problemas ocasionados sade da populao comeam a gerar preocupao.
A poluio sonora pode trazer danos sade da populao a ela exposta,
causando dentre outros males um estresse dos sistemas circulatrio, digestivo e
respiratrio quando o organismo exposto a um rudo constante. Cury Jnior (2002, p.
4) afirma que dependendo do tipo de rudo, o estresse, por conta da liberao de
hormnios, pode condicionar a elevao da presso arterial. Com o tempo, pode haver
outras complicaes.
O rudo, alm de afetar o aprendizado das crianas, tambm as afeta deixando-as
nervosas, inquietas e agressivas, com distrbios de conduta. O rudo forte aciona
tambm a sndrome do alarme do organismo, que desencadeia reaes hormonais, com
efeitos nas secrees gstricas, causando srios prejuzos para a digesto (SOUTO,
1992, p. 45). A autora diz ainda que
os ndices sonoros, estando acima do suportvel pelo homem, podem
provocar distrbios orgnicos como: irritabilidade, nervosismo,
perturbaes psquicas e do sistema nervoso central, alteraes na
presso sangunea, angstia e diminuio na produtividade. Esses
problemas so causados pelo trfego, atividades industriais, uso de
eletrodomsticos, etc. (SOUTO, 1992, p. 43).
Nucci (1999, p. 76) revela que o melhor bioindicador da poluio atmosfrica
o prprio ser humano, pois a concentrao de poluentes leva uma grande parte da
populao a apresentar problemas de sade, principalmente no inverno, quando as
inverses trmicas so mais frequentes. O aumento da poluio sonora consequncia
da urbanizao, afetando a qualidade ambiental, e as principais fontes de rudos em um
meio urbano so os meios de transportes terrestres, os aeroportos, as obras de
construo civil, as atividades industriais, os aparelhos eletrodomsticos e o prprio
comportamento humano.
Um problema causado sade de muitos indivduos e que passa por vezes
despercebido, so os barulhos noturnos, que nem sempre chegam a acordar as pessoas,
-
18
tendo, porm, a sua influncia maligna: eles podem deixar as pessoas cansadas, tensas e
esquecidas no dia seguinte, sem que elas saibam por que esto assim, provocando srios
danos sade humana (SOUTO, 1992). Ainda sobre os problemas noturnos provocados
pelo rudo Vernier (1994) fala que o rudo, perturba o sono, traz dificuldades para
adormecer, faz com que o indivduo desperte de noite e, sobretudo causa uma durao
mais curta do sono profundo, sendo este o mais reparador.
5.3 Poluio sonora em cidades brasileiras
Em trabalho realizado no municpio de Corumb, Mato Grosso do Sul, por
Brasil (et. al., 2009), acerca do problema da poluio sonora na rea central do
municpio citado, os autores citam como principais fontes de rudo no municpio: rudos
das ruas; rudo das habitaes; rudos das indstrias; cultos religiosos; bares e casas
noturnas; aeroportos; veculos automotores; e eletrodomsticos. Em medio realizada
na Avenida General Rondon, atingindo um pico de 95 dB(A), constatou-se que o nvel
sonoro na avenida apresenta um aumento durante os fins de semana, e que isso
desagrada populao que reside nas proximidades desta rea. Referindo-se Rua
Arthur Mangabeira, atravs de entrevistas aos moradores da rua, os autores concluram
que os moradores achavam ruim morar naquele local, apesar de estarem no centro da
cidade. Buscando amenizar a situao, foi institudo na cidade o Programa Silncio
Urbano PSIU, a fim de fiscalizar e controlar o rudo excessivo na cidade para que este
no cause interferncias na sade humana.
Analisando a rea central do municpio de Passo Fundo, Rio Grande do Sul,
Fritsch (2006) procurou problematizar a poluio sonora na rea central do referido
municpio. Para isso, o autor escolheu 4 pontos na rea central do municpio, realizando
medies em dias de semana, entre os meses de agosto e dezembro de 2005. O autor
obteve mdias nas medies variando de 47,4 a 96,5 dB(A). Segundo anlise do autor,
as principais fontes do rudo nos pontos mensurados, foram o trnsito e os
equipamentos de som para a realizao de propaganda por parte das lojas instaladas
naqueles locais. O autor concluiu que a poluio sonora na rea analisada estava acima
do limite recomendvel pela NBR 10151 e NBR 10152. O autor destacou que a
legislao municipal tolera nveis sonoros acima dos limites estabelecidos pelas normas
-
19
citadas, propondo uma reviso da legislao sobre o tema, e indaga o fato da elaborao
do Plano Diretor do municpio no se preocupar com a questo da poluio sonora.
No Jardim Botnico de Curitiba, Paran, em trabalho realizado por Zanni e
Szeremetta em 2003, avaliando a poluio sonora no local, mesmo dentro de um local de
lazer, onde as pessoas procuram por descanso, os nveis sonoros apresentados
aparentemente estavam acima do limite permitido pela legislao municipal de Curitiba,
que estabelece um limite mximo de 55 dB(A) para reas verdes, sendo que ainda, quase
metade do parque, apresentava um nvel de rudo acima do estabelecido pela medicina
como danoso sade humana, que de 65 dB(A). Apesar disso, atravs de entrevistas
realizadas com frequentadores do parque, constatou-se que a maior parte deles no se
incomodava com os rudos, tendo o autor considerado isto uma adaptao dos
frequentadores em relao aos rudos existente nos limites do local. Os autores no
demonstram no trabalho os resultados com os valores de decibis obtidos pelas medies,
citam apenas como foram realizadas as medies dos nveis sonoros dentro do parque,
dando nfase no trabalho s entrevistas realizadas. Mesmo assim colocam os fatores
urbanos como principal problema de gerao de rudos que chegam ao parque.
Em Itajub, cidade de Minas Gerais, Martins e Barbosa (2004) realizaram um
trabalho com o objetivo de caracterizar o rudo na comunidade da cidade. Os autores
fizeram levantamentos dos nveis de fundo e tambm dos nveis de efeito sonoro, com a
participao de rudo de fundo. Os valores obtidos pelas medies realizadas na cidade
variaram de 35,3 a 71,4 dB(A). Os autores concluram que o rudo na cidade estava
tambm acima do limite permitido, apesar de as zonas rurais e os bosques apresentarem
nveis de rudo que atendem ao conforto acstico. Os autores tambm mediram os
nveis sonoros nas intermediaes da Santa Casa de Misericrdia de Itajub,
constatando um nvel acima do permitido pela legislao para reas como esta. O
motivo alegado foi devido proximidade de um parque de estacionamento e de um
reservatrio de oxignio prximos Santa Casa, sugerindo uma adequao do local aos
nveis impostos pela NBR 10152.
No municpio de Boa Vista, Roraima, Magalhes e Almeida (2009) realizaram
uma pesquisa na cidade para analisar um programa contra a poluio sonora, institudo
pelo municpio, denominado Programa Operao Deixa Dormir. O objetivo dos autores
-
20
foi identificar o grau de conhecimento da populao com relao poluio sonora, o
conhecimento que esta tinha da legislao sobre o tema, e avaliar o grau de
conhecimento acerca dos problemas causados pela poluio sonora. Os autores
aplicaram uma pesquisa junto aos rgos pblicos e questionrios populao. A
concluso foi que era necessria uma campanha para a conscientizao da populao
acerca do tema, uma vez que atravs de entrevistas realizadas, foi constatado que grande
parte da populao no sabia da existncia do programa. Divulgaes atravs de rdio,
internet, televiso, folders, adesivos para carros, cartazes, dentre outros, foram sugeridos
pelos autores para que se obtivesse uma maior abrangncia da campanha.
Atravs de um estudo realizado no municpio de Feira de Santana, Bahia,
Gonalves Filho e Moraes (2004), objetivaram mensurar o incmodo causado pelo
rudo urbano aos trabalhadores e residentes em alguns logradouros da cidade. Para isso,
os autores escolheram 15 locais, com fontes de rudos fixas e mveis. Foram realizadas
medies, alm da aplicao de questionrios populao residente e aos trabalhadores
dos logradouros escolhidos, sendo tambm realizadas comparaes estatsticas de
variveis no acsticas (sexo, idade, renda e escolaridade da populao entrevistada)
com o incmodo causado aos que foram entrevistados. Os autores concluram que o
trnsito, apesar de causar um nvel de poluio sonora elevado, no causava tanto
incmodo aos moradores do municpio quanto as festas e bares que perturbavam o sono
das pessoas entrevistadas, o que acabava gerando muitas reclamaes junto ao rgo
fiscalizador do municpio. Como estes pontos geradores de rudos so fixos, para os
autores o nmero de reclamaes contra os bares se deve ao fato de a fonte do rudo
poder ser controlada e o responsvel por ela pode ser identificado. Ainda concluram
que, para os moradores, quanto maior o incmodo sentido maior o nvel escolar e o de
renda, enquanto para os trabalhadores, quanto maior o incmodo maior o nvel escolar e
a faixa etria. Bares, equipamentos instalados em indstrias, propaganda realizada com
a ajuda de aparelhagem de som instalada em lojas, cultos religiosos, marcenarias e
panificadoras foram citadas pela populao como as principais fontes de rudo nos
logradouros pesquisados.
No municpio de Santos, So Paulo, cidade com vocao turstica, so
frequentes as denncias envolvendo a poluio sonora gerada por aglomeraes no
-
21
entorno de estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e similares (DUTRA,
2007). Analisando este contexto, a autora elaborou um estudo para saber quais as
condies que levavam estes estabelecimentos a receberem tantas denncias, acusados
de causar incmodo aos habitantes de seu entorno. A autora utiliza um estudo de caso
para exemplificar a ao dos moradores junto ao poder pblico, atravs de reclamaes,
e a atuao deste frente ao problema, culminando com o fechamento do estabelecimento
conhecido fantasiosamente como Amarelinho. Rudos envolvendo carros de som,
msica alta, buzinas e brigas ocorridas nos estabelecimentos, so problemas observados
em vrias cidades do pas, foram as principais fontes de rudos na rea por ela analisada.
Em seu estudo, a autora concluiu que os maiores problemas relacionados ao incmodo
sentido pelos habitantes de reas urbanas, em relao poluio sonora, esto ligados
aos excessos praticados por estabelecimentos dos tipos citados, mesmo que sejam
licenciados. A maior dificuldade do poder pblico justamente a caracterizao do
sujeito poluidor, uma vez que
a atuao do poder de polcia ambiental se desenvolve na prtica de atos
administrativos, que devem se pautar no que preconiza a lei. Como
quando analisa, e aprova ou no, a expedio de um alvar de
localizao e funcionamento, ou mediante a fiscalizao do
cumprimento das normas locais, na aplicao de sanes, na cassao
de licenas, ou mesmo, na orientao e, inclusive, na conscientizao
dos infratores, quando recebem uma intimao que pode ser uma mera
advertncia, so informados de como devem agir. Este ato tem a
finalidade de no s reprimir como conscientizar o infrator e outros
interessados em abrir um estabelecimento comercial das consequncias
que podem advir do descumprimento da lei (DUTRA, 2007, p. 164).
As fontes de rudos provenientes do lazer noturno so problemas em vrias
cidades do pas. Falando sobre o tema em sua dissertao de mestrado, abrangendo o
municpio de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Freitas (2006) escolheu 8 pontos para
realizar sua anlise, todos prximos a estabelecimentos de lazer noturno. Foram
efetuadas medies em dias de grande movimentao e em dias menos movimentados,
no horrio compreendido entre 22 horas e 5 horas. Para analisar a reao da populao
residente prxima a estes locais, a autora pesquisou, junto brigada militar, ao
-
22
ministrio pblico estadual e prefeitura, dados referentes s reclamaes dos
moradores e as devidas aes tomadas pelos rgos citados. A autora ainda relatou que
mesmo em ambientes com isolamento acstico, o rudo proveniente destes locais, que
duram at altas horas da noite, acaba afetando toda a populao residente no entorno
destes estabelecimentos de lazer, gerando reclamaes, abaixo-assinados, e at mesmo
desvalorizando imveis prximos. O trnsito ocasionado pelos frequentadores destes
locais tambm influencia na poluio sonora, chegando a apresentar uma variao de 20
dB(A) dos dias de funcionamento para os dias de no funcionamento dos
estabelecimentos. J em locais que no possuem emisso de rudos elevados
internamente, como bares, lojas de convenincia em postos de gasolina e trailers fica
difcil o proprietrio controlar a emisso de rudos, uma vez que o som proveniente da
aglomerao de pessoas em torno destes estabelecimentos, sendo classificadas como
fontes mveis de rudo, ficando o controle a cargo do poder pblico.
Lima e Silva (2009) pesquisaram a poluio sonora ocasionada por uma igreja
evanglica, a Igreja Nova Aliana do Brasil, localizada no municpio de Natal, Rio
Grande do Norte, inserida em uma rea predominantemente residencial, cujos residentes
da vizinhana reclamavam dos altos volumes sonoros (principalmente no horrio
noturno, no qual as pessoas procuram por descanso), produzidos pelos cultos realizados
pela igreja. As queixas dos moradores foram principalmente quanto dificuldade para
dormir, para assistir televiso e ouvir msica no horrio de realizao dos cultos. Os
lderes da igreja disseram que, por se tratar de um prdio grande, teriam de aumentar a
potncia dos equipamentos sonoros para que todos os fiis pudessem escutar o que os
pregadores tinham a dizer. Foram realizadas medies em 7 pontos, 5 no interior da
igreja e outros 2 no entorno desta, com os valores obtidos variando de 63,8 a 104,6
dB(A), sendo o maior valor obtido no interior da igreja. Para o exterior, a medida maior
foi de 79,7 dB(A). Os autores apontaram que os principais problemas relacionados
poluio sonora causados pela igreja se devem sua estrutura arquitetnica, que no se
preocupou, quando na poca de sua construo, com o isolamento acstico do interior
do recinto, que permite uma livre propagao do som do interior para o exterior dela. A
concluso foi de que os templos deveriam ser locados em regies mais afastadas de
zonas residenciais, alm de serem realizadas pesquisas arquitetnicas para adequar as
-
23
igrejas, antes de sua construo, buscando o melhor isolamento acstico possvel no
interior destas para que no prejudique a qualidade de vida da vizinhana.
Troppmair (2002) realizou um trabalho no municpio de Rio Claro, So Paulo,
sobre a poluio sonora na rea central do espao urbano daquela cidade. Abaixo segue
uma tabela com os limites de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente, exposta no
trabalho:
Tabela 4 Limites de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente
dB(A) durao dB(A) Durao
85 8 horas 96 1 hora e 45 min.
86 7 horas 98 1 hora e 15 min.
87 6 horas 100 1 hora
88 5 horas 102 45 min.
89 4 horas e 30 min. 104 35 min.
90 4 horas 105 30 min.
91 3 horas e 30 min. 106 25 min.
92 3 horas 108 20 min.
93 2 horas e 40 min. 110 15 min.
94 2 horas e 15 min. 112 10 min.
95 2 horas 114 8 min. Fonte: Troopmair (2002, p. 85)
O municpio de Rio Claro conta com uma populao de 170 mil habitantes, e segundo o
autor, sua evoluo espacial seguiu o modelo de uma planta de um tabuleiro de xadrez,
como ruas e avenidas bem delimitadas seguindo um padro de 10 metros de largura
mais 1,5 metros de calada em cada lado, separando quarteires que tem 89 metros de
comprimento. A evoluo do municpio pode ser percebida pelo crescimento de seu
nmero de quadras, que contava no incio do sculo 20 com 150 quarteires, passando a
700 em 1950 e chegando a 2000 quarteires na data do trabalho. O autor ressalta que
mesmo com a rpida expanso, os limites de comprimento e largura das ruas e avenidas
foram respeitados, existindo poucas excees. A circulao no centro do municpio
lenta, contribuindo para o aumento da poluio sonora. Utilizando um decibelmetro, o
autor realizou medies na rea central da cidade, observando que os carros mais novos,
por serem mais aperfeioados e equipados com motores menos ruidosos, produzem
menos barulho que carros mais antigos, variando as medies entre 65 e 75 dB(A).
Caminhes e motos alcanaram de 75 a 85 dB(A), enquanto caminhes pesados
acusaram de 90 a 100 dB(A), e os nibus (quando freiam ou aceleram) de 80 a 90
-
24
dB(A). As medies foram realizadas em ruas com movimento intenso, mdio e fraco.
Os valores obtidos em vias de trnsito intenso variaram de 80 a 85 dB(A), as vias de
trnsito mdio de 65 a 70 dB(A) e as ruas de trnsito fraco de 50 a 60 dB(A). De acordo
com as medies obtidas, o autor concluiu que 80% do centro de Rio Claro apresentava
poluio sonora alta ou muito alta. Como o municpio apresenta uma expanso do
nmero de prdios intensa, o autor tambm mediu a intensidade sonora no sentido
vertical, concluindo que do 1 ao 3 andares o barulho alto e perturbador, do 4 ao 6
andares o barulho mdio e causa poucas reclamaes por parte dos moradores, do 7
ao 10 andares a poluio sonora fraca e acima do 11 andar o rudo produzido pelos
automveis nas vias praticamente imperceptvel.
Por fim, tem-se um estudo j realizado no prprio municpio alvo desta pesquisa,
Viosa, Minas Gerais, em trabalho realizado por Fia e Fialho (2008), no qual os autores
buscaram, atravs de medies realizadas em campo e de entrevistas, analisar o contexto
da poluio sonora no centro urbano da cidade. Foram escolhidos 13 pontos, medidos em
um espao de 1 hora, durante 10 dias, a fim de se traarem transetos mveis para a
realizao das anlises. As medies foram todas realizadas no centro da cidade, obtendo-
se a medio mxima de 118,4 dB(A) no horrio das 13 horas, quando o trnsito na rea
central do municpio est mais movimentado. Em relao aos resultados obtidos pelos
autores, todos os entrevistados disseram que grande parte da poluio sonora da cidade
estava relacionada aos estudantes da UFV, que contribuem para o aumento do trnsito
bem como para a aglomerao de pessoas nas festas realizadas no municpio, estas muitas
vezes sendo realizadas pelos prprios estudantes. Eles ainda disseram que nos perodos de
frias da instituio o rudo gerado no centro urbano era muito menor do que na
temporada de aulas. Os entrevistados disseram ter uma sensao maior de sossego durante
as frias estudantis, devido ao fato de grande parte dos estudantes retornarem s suas
residncias no perodo de recesso da UFV.
A tabela 5, apresentada abaixo, contm um resumo dos dados obtidos atravs da
reviso bibliogrfica realizada buscando informaes sobre trabalhos feitos em outros
municpios brasileiros.
-
25
Tabela 5 Cidades, local e decibis dos trabalhos analisados
Cidade Medies
em dB(A) Fonte do rudo Local Autor
Corumb, MS 95
Veculos automotores;
eletrodomsticos;
indstrias; cultos
religiosos; bares e casas
noturnas; aeroportos
rea central
do municpio
Brasil et. al
(2009)
Passo Fundo,
RS
mn 47,4
mx 96,5 Trnsito, lojas
rea central
do municpio Fritsch (2006)
Curitiba, PR
Fatores urbanos
Parque
municipal
Zanni &
Szeremetta
(2003)
Itajub, MG
mn 35,3
mx 71,4
Danceterias, trnsito,
igrejas, mercado
municipal
Diferentes
bairros do
municpio
Martins &
Barbosa (2004)
Boa Vista, RR
rea central
do municpio
Magalhes e
Almeida (2009)
Feira de
Santana, BA
Bares, indstrias, lojas,
igrejas, marcenarias,
panificadoras
Logradouros
do municpio
Gonalves Filho
e Moraes (2004)
Santos, SP
Carros de som, msica
alta, buzinas, brigas
Entorno do bar
Amarelinho Dutra (2007)
Santa Maria,
RS
mn 50
mx 84,4
Som dos centros de
lazer noturno
Centros de
lazer noturno Freitas (2006)
Natal, RN
mn 63,8
mx 104,6
Equipamentos de som
da Igreja Nova Aliana
do Brasil
Entorno da
Igreja Nova
Aliana do
Brasil
Lima & Silva
(2009)
Rio Claro, SP mn 50
mx 100 Trnsito
rea central
do municpio
Troppmair
(2002)
Viosa, MG mx 118,4 Trnsito, festas Centro urbano
do municpio
Fia & Fialho
(2008)
-
26
6 MATERIAIS E MTODOS
Para a realizao deste estudo foi feita uma pesquisa bibliogrfica para verificar
o que j havia sido feito em relao temtica, alm de obter informaes acerca das
metodologias utilizadas para empregar os melhores mtodos para a realizao desta
pesquisa. O intuito foi atingir os melhores resultados possveis. Tambm foram
levantados dados de trabalhos realizados em outros municpios brasileiros a fim de
realizar comparaes ao final desta pesquisa.
No trabalho de campo, primeiro foram levantados os locais onde ocorrem festas
mais frequentemente, e que atraem um maior pblico no municpio de Viosa. Para isso
verificou-se a existncia de divulgaes das festas ao longo da Avenida P. H. Rolfs
(tradicional ponto de colagem de cartazes promovendo festas) e tambm a existncia de
divulgao por parte dos organizadores das festas na entrada da UFV. Levantados os
locais, estes foram marcados com ajuda de um aparelho GPS do modelo GARMIN
GPSmap 60CSx, com o objetivo de espacializar os locais de realizao das festas.
Depois de marcados, os pontos foram transferidos para o computador com a ajuda do
software MapSource que acompanha o prprio aparelho GPS, sendo em seguida
armazenados no computador. O arquivo com os pontos devidamente salvos foram
exportados para o software ArcMap, onde foram manipulados juntamente com outros
dados, como mapa do limite municipal de Viosa e da mancha urbana do municpio,
para estabelecer os locais precisos de realizao das festas dentro do municpio. Os
mapas utilizados nesta etapa do trabalho foram adquiridos junto ao Laboratrio de
Geoprocessamento do Departamento de Solos. No foram levantadas neste trabalho as
festas com pequenos pblicos, realizadas, entre outras, pelas vrias repblicas estudantis
existentes no municpio, que so grande fonte de incmodo aos moradores do entorno
desses locais.
-
27
Figura 2 GPS utilizado no trabalho.
Fonte: Autoria prpria.
Para a medio do nvel de rudos nos locais de realizao de festas, foi utilizado
um aparelho de medio do nvel de presso sonora, popularmente denominado
decibelmetro, sendo utilizado um modelo Tenmars TM-103 Datalogging Sound Level
Meter, disponibilizado pelo professor Edson do Departamento de Geografia da UFV. O
aparelho foi configurado de acordo com as especificaes disponibilizadas no manual
oferecido, juntamente com o aparelho pela empresa vendedora, na opo de medio no
nvel mdio de som (opo SLOW), sendo selecionada a ponderao em A que
permite a medio de som de rudo geral. O instrumento foi segurado confortavelmente
na prpria mo, a uma distncia mnima de 1,5 metros das paredes e de outras fontes
refletidoras, e a distncia aproximada de 1,2 metros de altura, conforme manda a NBR
10151, sendo direcionado para a fonte de emisso do rudo.
-
28
Figura 3 Decibelmetro utilizado no trabalho.
Fonte: Autoria prpria.
O tempo de medio de cada ponto foi de 1 minuto, tempo este controlado com
a ajuda de um contador regressivo de um aparelho celular, sendo selecionadas as
distncias de 0 metro (entrada do local da festa), 10 metros, 20 metros, 40 metros, 70
metros e 100 metros a partir do ponto do local de entrada para a festa. Foi necessria a
ajuda de uma pessoa, pois enquanto um realizava as medies nos aparelhos, o ajudante
fazia as devidas anotaes acerca de cada ponto, como distncia do local de entrada da
festa e obstculos propagao do rudo.
Para a medio das distncias dos pontos em relao ao ponto de entrada da
festa, o mesmo aparelho GPS utilizado para marcar os locais de festas foi utilizado,
marcando-se o ponto de entrada, e caminhando-se em diferentes direes. Em alguns
locais foram realizadas as medies em sentidos diferentes, devido presena de
moradores prximos. Alguns locais, afastados das residncias, foram realizadas
medies apenas em uma direo.
O rudo registrado no aparelho decibelmetro se d de trs formas distintas: o
nvel mnimo de rudo (Lmin); o nvel mximo de rudo (Lmax); e a mdia de
-
29
intensidade de rudo (Leq), durante um tempo determinado. Foram escolhidos para a
pesquisa os dados do Leq, uma vez que o rudo se trata de uma grandeza dinmica, e
sua mdia permite um melhor resultado para os objetivos da pesquisa.
As medies foram realizadas sem interferncias audveis de fenmenos da
natureza como tempestades, ventanias, troves, etc. Alm disso, foi utilizada uma
proteo de espuma na ponta do aparelho, local que capta o nvel de presso sonora,
para minimizar a interferncia do vento e de outros fatores no resultado da medio. O
aparelho utilizado nesta pesquisa apresenta uma preciso de 1,5 dB(A).
Depois de realizadas as medies, o aparelho foi conectado ao computador,
sendo utilizado um software disponibilizado juntamente com o equipamento, o Data
Logger Sound Level Meter, que atravs de sua interface, permite que os dados sejam
transferidos e salvos no computador. O software apresenta a opo de atualizar a hora
interna do aparelho de acordo com a hora exibida no computador ao qual est
conectado, assim, a fim de facilitar a identificao dos pontos de medio, a hora
interna do aparelho era atualizada de modo que, ao realizar as medies em campo, a
hora era conferida atravs de um aparelho celular, e anotada a hora em que cada ponto
foi mensurado. Os arquivos salvos pelo programa so deixados em formas de tabelas,
sendo salvos em formato texto (.txt), apresentando os dados de data, hora,
unidade/velocidade e o valor das medidas obtidas. Com os dados devidamente salvos
no computador, foram confeccionadas tabelas, com o software Microsoft Office Excel
2010 e mapas com o auxlio do software ArcGis.
As datas e horrios das medies foram escolhidos de acordo com a realizao
das festas, e procurou-se optar por um horrio em que a maior parte dos frequentadores
j estivesse dentro do local e que o som ao vivo estivesse ocorrendo. As medies
foram realizadas de acordo com a tabela de datas abaixo (tabela 6), sendo estes dados
disponibilizados pelo programa utilizado para armazenamento dos dados no
computador:
-
30
Tabela 6 Local, data e horrio das medies dos pontos
Local Data
Multiuso 30 de abril de 2011
Stio das Palmeiras 30 de abril de 2011
Bar do Edilson 05 de maio de 2011
Flor e Cultura 06 de maio de 2011
Galpo 06 de maio de 2011
Multishow 06 de maio de 2011
Fama 06 de maio de 2011
Stio do Ado 07 de maio de 2011
A seguir foram confeccionados mapas com os raios de influncia do rudo
gerados no entorno das festas. Os mapas com o raio de influncia dos locais de festas
foram definidos da seguinte forma: abaixo de 50 dB(A) foi escolhida a cor Mango
; de 50,1 dB(A) 60 dB(A) a cor foi Cantaloupe ; de 60,1 dB(A) 70
dB(A) foi a cor Electron Gold ; de 70,1 dB(A) 80 dB(A) a cor selecionada foi
Fire Red ; acima de 80,1 dB(A) a cor escolhida foi Poinsenttia Red .
Para a confeco dos mapas foram obtidas as mdias das medidas de acordo com as
medies obtidas em diferentes direes a partir do local de entrada da festa. Por
exemplo, para os locais onde foram realizadas as medies em 4 direes, foram
somadas as medies e dividiu-se por 4, para se obter a mdia geral do rudo produzido
naquela distncia.
Ainda foram realizadas medies em locais no centro urbano do municpio,
especificamente em ambientes externos de escolas, hospitais e igrejas, a fim de verificar
se os nveis de rudo em ambientes externos existente nestes locais estavam de acordo
com a legislao. Os locais foram escolhidos por estarem localizados no centro urbano
do municpio, onde o trfego de automveis mais intenso, gerando um nvel de rudo
maior que em locais mais afastados do centro. O mapa utilizado para demonstrar os
locais medidos no centro da cidade foi obtido na internet pelo Google Maps, sendo a
-
31
seguir importado para o software ArcGis, onde o mapa foi georreferenciado para
determinar a localizao dos locais onde foram realizadas medies. O mapa foi
confeccionado da seguinte forma: para rudos de 50 dB(A) a 60 dB(A) foi utilizado um
crculo pequeno e a cor verde; para rudos entre 60,1 dB(A) e 70 dB(A) foi utilizado um
crculo mdio e a cor amarela; e para rudos acima de 70,1 dB(A) foi utilizado um
crculo maior com a cor vermelha. Os pontos foram todos medidos no dia 12 de maio de
2011, no horrio de 13:00 s 15:00 horas. Foram realizadas tambm medies no
horrio noturno nesses pontos, sendo realizadas no dia 3 de junho (data em que houve
um show de uma banda conhecida nacionalmente, atraindo um pblico em torno de 10
mil pessoas ao local do evento), e tambm no dia 6 de junho, uma segunda-feira.
Atravs da elaborao de um questionrio (ANEXO I), entrevistas foram
aplicadas junto populao residente no municpio bem como a estudantes
universitrios, no intuito de saber: os prejuzos que eles consideravam que a poluio
sonora causa sua sade; a opinio deles sobre o Cdigo de Posturas instituda pelo
poder municipal; quais medidas poderiam amenizar o problema da poluio sonora; o
conflito entre moradores e frequentadores das festas; dentre outras questes. As
entrevistas aos estudantes foram aplicadas na UFV durante o intervalo entre o horrio
de aulas, com o auxlio de ajudantes, estes aplicando os questionrios em suas turmas.
As entrevistas aos residentes no municpio foram aplicadas a pessoas que transitam pela
Avenida P. H. Rolfs e pela Avenida Castelo Branco, alm de frequentadores do
estabelecimento Renatus Lanches, localizado na Avenida P. H. Rolfs. Foram aplicados
um total de 40 questionrios, sendo 20 para estudantes universitrios e 20 para
moradores de Viosa. Os questionrios foram aplicados entre os dias 9 e 24 de maio de
2011.
Foi realizada uma entrevista ao policial civil do municpio, Marcelo
Mascarenhas, integrante da comisso que analisou a efetivao da aplicao do Cdigo
de Posturas, sendo esta gravada com a ajuda de um aparelho celular. A entrevista foi
realizada no dia 26 de maio de 2011 na prpria delegacia da polcia civil do municpio.
Tambm foram entrevistados funcionrios do estabelecimento Messias Bar, localizado
na Rua Milton Bandeira, um antigo ponto de encontro de jovens.
-
32
7 RESULTADOS E DISCUSSES
O mapa utilizado no trabalho para localizar os locais de festas foi confeccionado
coletando-se dados em campo com a localizao das festas permitindo uma melhor
visualizao, e posterior anlise, acerca dos locais de realizao de festas no municpio.
Nos mapas tem-se tanto os locais utilizados atualmente como os locais antigos
utilizados para festas, estes foram transformados, sendo hoje utilizados para outros fins,
alm dos que so utilizados j h vrios anos. Tambm foi confeccionada uma tabela
com as principais festas realizadas no municpio no ano de 2010 (tabela 7). Esta tabela
demonstra uma tendncia repetio quanto a data de realizao destas festas ao longo
dos anos.
Tabela 7 Agenda das festas mais frequentadas em 2010
Festa Mar Abr Mai Jun Ago Set Out Nov
Mais louco que o Batman X
Nicoloco X
Torresmo Cachaa e
Viola X
Shows (Fama) X X XX X
Calouradas X
Chegando e Bebendo X X
Festa Brega dos
Formandos X
8 Segundos X X
Arrai dos Formandos X
Quinta VIP X
Nicoloco x Mais Louco
que o Batman X
Fasta fantasia X
A tabela com a agenda de festas permite observar que as mesmas ocorrem
justamente durante o perodo de aulas da UFV, sendo que nos meses de janeiro,
fevereiro, julho e dezembro no ocorrem festas com um grande pblico frequentando-
as, dando margem afirmao de que os estudantes universitrios tm uma participao
importante na gerao dos rudos no municpio.
-
33
O mapa indicando os locais de festas no municpio de Viosa permite observar
que h uma reorganizao espacial dos locais de realizao das mesmas. Os eventos,
antes realizados em locais prximos ao centro urbano, onde habitam a maioria dos
estudantes universitrios, que so os principais frequentadores das festas, est indo para
lugares mais afastados, sendo agora realizadas em locais como stios, chcaras e espaos
construdos justamente para abrigar eventos. A prpria universidade, que j fora um
local onde se realizavam muitas festas, hoje controla a realizao das mesmas dentro de
seus limites, podendo agora, serem realizadas apenas por estudantes da instituio e em
nmero reduzido (um exemplo o das comisses de formatura, que dispe de apenas
uma data para a realizao de uma festa a fim de arrecadar fundos para as festividades
da formatura). O motivo constatado na universidade para que se diminusse o nmero
de festividades dentro de seu espao fsico, foi o fato de ocorrer depredao do
patrimnio da instituio, provocada pelos frequentadores, principalmente jovens
alcoolizados aps sarem dos eventos. Locais como o Recanto das Cigarras, Centro de
Vivncia, Ginsio de Esportes e Associao dos Ex-alunos, todos dentro dos limites
territoriais da UFV, j foram palcos de vrias festas no passado alm de abrigarem
shows musicais de bandas conhecidas no contexto da msica nacional. A universidade
ainda permite a realizao de eventos em seu campus, principalmente no Espao
Multiuso, mas agora estas festas ocorrem de forma menos recorrente e h um controle
maior.
-
34
Figura 4 - Localizao dos locais de festas em Viosa
-
35
Figura 5 - Recorte dos locais de festas em Viosa
-
36
Os estabelecimentos Jarbinhas, Corao de Estudante e Lanches Lu que estavam
localizados na Avenida PH Rolfs, a principal via de acesso universidade e importante
via de trnsito da cidade, foram vendidos por seus antigos donos. Essa venda pode ser
explicada pelo endividamento dos antigos donos e tambm pela valorizao imobiliria
do local, j que a universidade, principal polo de desenvolvimento do municpio,
aumentou consideravelmente a oferta de vagas tanto para estudantes como para
professores e funcionrios tcnico-administrativos, o que aumenta o nmero de pessoas
chegando ao municpio e buscando uma localizao mais prxima universidade para
morar. O Messias bar, localizado na Rua Milton Bandeira tambm j foi local de
encontro de jovens, mas devido ao Cdigo de Posturas, verificou-se a diminuio da
concentrao de pessoas naquele lugar.
Os locais mais utilizados para a realizao das festas atualmente podem ser
divididos como localizados prximos a reas residenciais e localizados distantes de
reas residenciais. Os locais afastados de reas residenciais so Dom Mingote, Stio das
Palmeiras, Multishow, Fama, Flor e Cultura e Stio do Ado. Nestes no se observa um
grande nmero de moradores, em alguns casos nenhum, em sua vizinhana, o que
facilita a realizao das festas, evitando as reclamaes de moradores junto ao rgo
fiscalizador do municpio. Os locais que esto prximos a zonas residenciais so Bar do
Edilson, Leo e Galpo. Portanto, existem mais locais sendo utilizados afastados do
centro urbano e longe de residncias do que prximos ao centro e a residncias, por
contarem tambm com espaos internos maiores, permitem que nestes locais sejam
realizadas as grandes festas, que necessitam de uma aparelhagem de som mais
sofisticada e que recebem maior pblico. A realizao de festas longe do centro urbano
proporcionou um aumento do lucro de pelo menos dois segmentos do comrcio local, os
taxistas e os nibus de transporte urbano, pois devido distncia ao centro, onde reside
a maior parte dos frequentadores das festas, a utilizao dos transportes citados acaba
por tornar-se mais vivel do que dispor de veculo prprio para chegar aos locais das
festas, alm de se caracterizar como meios de transportes mais seguros, evitando que
muitos motoristas, aps sarem das festas, conduzam seus veculos alcoolizados.
O Espao Aberto para Eventos, pertencente UFV, apesar de estar relativamente
prximo a uma rea residencial, est longe o bastante para que no provoque um
-
37
incmodo suficiente para que a populao procure os rgos competentes para reclamar.
Durante a realizao da pesquisa, no ocorreram festas no Dom Mingote, sendo este o
motivo da no realizao de medies no local. Este local utilizado principalmente
para as festas de calouradas no incio do ano.
J em relao aos locais antigos de aglomerao para a realizao de festas,
todos estavam localizados dentro do centro urbano do municpio ou dentro do espao
fsico da UFV. Como os locais estavam prximos ao centro urbano, isso acaba por
caracterizar uma proximidade s reas residenciais, o que gera muitas reclamaes dos
moradores vizinhos. A tabela 8 apresenta os nveis sonoros mdios obtidos em locais
utilizados atualmente para a realizao de eventos.
Tabela 8 Mdia dos decibis medidos nos locais de festas Local Mdia
dB(A) a 0
metros
Mdia
dB(A) a 10
metros
Mdia
dB(A) a 20
metros
Mdia
dB(A) a
40
metros
Mdia
dB(A) a
70
metros
Mdia
dB(A) a
100
metros
Bar do Edilson 76,0 73,2 65,7 62,9 59,3 61,3
Fama 77,1 70,6 69,1 68,5 63,6 61,2
Flor e Cultura 78,2 67,0 67,1 64,9 61,9 63,3
Galpo 68,5 66,4 61,8 56,8 53,8 48,0
Multishow 70,7 69,5 65,6 63,6 58,8 63,4
Multiuso 93,5 75,8 78,0 79,6 76,0 61,2
Stio das Palmeiras 72,3 62,2 69,7 70,4 70,8 76,9
Stio do Ado 71,1 71,2 72,7 75,7 69,0 66,5
As mdias obtidas nas medies realizadas no entorno do Bar do Edilson
apresentam tendncia queda do nvel dos rudos medida que se distancia do local. As
mdias caem em relao ao distanciamento do local e tambm devido ao relevo do
entorno, pois em duas direes tem-se uma rea de descida e outra de subida em relao
ao local da festa. O maior valor obtido foi no local onde so originados os rudos pelo
som ao vivo, com a mdia de 76 dB(A), estando 52% acima do limite permitido pela
legislao para reas residenciais mistas no horrio noturno. Mesmo o menor valor
obtido, nas medies, 59,3 dB(A), estava acima do valor permitido pela legislao
vigente.
-
38
Figura 6 Rudo no entorno do Bar do Edilson
O espao Fama apresentou uma queda contnua dos decibis obtidos medida
que se distancia do local. Como est em um local relativamente plano, a interferncia do
relevo minimizada, por isso a queda nas mdias obtidas pelas medies se d de forma
contnua. Neste local as mdias obtidas pelas medies tambm estavam todas acima do
limite permitido pela legislao, mas isto pode ser minimizado pelo fato de no
existirem residencias prximas ao local, o que acaba no gerando muitas reclamaes
por parte da populao junto aos rgos pblicos de fiscalizao.
O bar Flor e Cultura est localizado na mesma regio do espao Fama,
apresentando mdias bem prximas s obtidas pelas medies realizadas no local
anteriormente citado. As caractersticas da rea so muito prximas s caractersticas da
anterior, sem residncias prximas, porm, o local tambm apresentou mdias acima do
permitido pela legislao.
O Galpo foi o local onde se obteve as menores mdias em relao a todos os
locais analisados. Por se tratar de um estabelecimento com algum isolamento acstico, a
propagao do rudo para o ambiente exterior ao estabelecimento minimizada. O
-
39
estabelecimento est em uma rea predominantemente residencial, e embora atravs das
medies realizadas apresente pontos em que o nvel de rudo est abaixo do permitido
pela lei, a maior parte das medies apontou nveis acima do estabelecido pela
legislao, o que pode gerar reclamaes por parte da populao, e inclusive originar
um processo de cassao do alvar do funcionamento do local.
Figura 7 Rudo no entorno do Fama, Galpo e Flor e Cultura
O Multishow tambm est afastado de residncias, contando com um espao
aberto no qual se utiliza uma aparelhagem de som sofisticada, at os 100 metros, limite
mximo das medies realizadas, no se verifica a presena de nenhuma residncia. O
local apresentou mdias acima do permitido pela legislao, mas como no existem
residncias muito prximas ao local, dificilmente existem reclamaes acerca da
perturbao causada pelos rudos gerados ali.
-
40
Figura 8 Rudo no entorno do Multishow
As medies obtidas no Multiuso mostram uma tendncia da diminuio dos
decibis medida que aumenta a distncia, pois, alm do relevo relativamente plano, no
local dificilmente ocorrem outras fontes de rudo nos horrios de realizao das festas.
Pesa o fato de o local estar prximo ao centro da cidade, o que proporciona um trnsito
menor do que em locais de festas longe do centro urbano, uma vez que o acesso ao
Multiuso pode ser realizado a p por grande parte do pblico. Os nveis apresentados
pelas medies no Multiuso estavam acima do permitido pela legislao, chegando a
ultrapassar 107% do permitido. No local foi obtida a maior mdia de todas as medies
realizadas, chegando a 93,5 dB(A), nvel que pode causar danos permanentes ao sistema
auditivo do ser humano. As caractersticas da construo propiciam a propagao do
som, pois trata-se de um lugar com muitas janelas de vidro, o que acaba refletindo em
vrias direes o rudo produzido no interior do local.
-
41
Figura 9 Rudo no entorno do Multiuso
No Stio das Palmeiras, observou-se uma caracterstica peculiar, o aumento dos
decibis medidos a partir de 10 metros do local de entrada da festa por causa da
interferncia do trnsito intenso, por estar localizado em uma rodovia federal. A maior
medio encontrada se deve ao fato de passar uma carreta no local no momento da
medio, fato recorrente na via. Foi importante observar que, os automveis que
transitam pela rodovia, ao passar pela local de entrada da festa aumentam a acelerao
consideravelmente, aumentando assim a emisso de rudo. Como ocorre uma grande
aglomerao de pessoas na entrada e o trnsito no local intenso, o perigo de ocorrer
acidentes evidente, pois, alm da acelerao dos carros outro incoveniente a
bebedeira realizada pelos jovens, o que dificulta a ateno destes quando da sada do
local. Todos os nveis obtidos no local estavam acima do permitido pela legislao,
sendo que a medida mais alta estava 53% acima do limite aceitvel.
-
42
Figura 10 Rudo no entorno do Stio das Palmeiras
No Stio do Ado todas as medies realizadas no local tambm apresentaram
mdias acima do permitido pela lei. No entorno do local existem vrios stios e
chcaras, que normalmente so utilizados por seus donos apenas durante os fins de
semana, o que pode acarretar em reclamaes junto ao rgo fiscalizador, uma vez que
as pessoas que vo aos stios durante os fins de semana procuram por descanso, e as
festas ali realizadas ocorrem predominantemente nos fins de semana, incluindo as
sextas-feiras.
-
43
Figura 11 Rudo no entorno do Stio do Ado
Abaixo esto representados os mapas do centro urbano do municpio com os
locais nos quais foram realizadas as medies, em ambiente externo, e tabelas com as
medies realizadas no centro da cidade. A tabela 9 apresenta as medidas feitas no
horrio de 13:00 s 15:00 no dia 12 de maio, uma quinta-feira. A tabela 10 apresenta
nveis obtidos no horrio de 22:00 s 23:00 no dia 3 de junho, dia de um show de uma
banda conhecida nacionalmente. A tabela 11 apresenta os valores obtidos no dia 6 de
junho, uma segunda-feira tambm das 22:00 s 23:00. Os locais escolhidos foram
Igrejas, Hospitais, Escolas e o Lar dos Velhinhos, apresentando as seguintes mdias de
decibis:
-
44
Tabela 9 Decibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no dia 12
de maio
Local dB(A) Local dB(A)
Igreja Presbiteriana 63,6 Escola Edmundo Lins 67,7
Igreja Batista 58,2 Colgio gora 66,2
Igreja Maranata 59,2 Colgio Anglo 68,1
Igreja Matriz Santa Rita de Cssia 60,6 Hospital So Sebastio 66,4
Colgio de Viosa 58,1 Hospital So Joo Batista 71,0
Colgio Equipe 71,0 Lar dos Velhinhos 66,7
Tabela 10 Decibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no dia 3
de junho
Local dB(A) Local dB(A)
Igreja Presbiteriana 66,4 Escola Edmundo Lins 66,2
Igreja Batista 52,9 Colgio gora 65,7
Igreja Maranata 66,1 Colgio Anglo 73,7
Igreja Matriz Santa Rita de Cssia 63,9 Hospital So Sebastio 62,6
Colgio de Viosa 60,0 Hospital So Joo Batista 67,9
Colgio Equipe 62,6 Lar dos Velhinhos 61,7
Tabela 11 Deibis obtidos em locais de medio no centro urbano do municpio no dia 6
de junho
Local dB(A) Local dB(A)
Igreja Presbit