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JÁDER JOSÉ OLIVEIRA VIEIRA A casa platô no contexto da urbanidade: A cidade rizoma FORTALEZA 12/09/2015

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O artigo visa esmiuçar o problema da microarquitetura no seu contexto urbano através da visão de um platô. Analise comparativa da antiga residência do Dr. Leite Maranhão na Fortaleza de 1932. Situada á Rua Duque de Caixas, esquina com 24 de Maio. Atualmente sendo lojas comerciais desde 1990. A porta de entrada desse estudo se refere ao pensamento Deleuze-Guattariano no que se refere a platô, pois trataremos de visualizar uma residência de maneira qualitativa através de fotos e análise comparativa com o crescimento da urbs que nos levantam suspeitas do correlacionamento do surgimento do ecletismo arquitetônico no ceará com as imigrações e as mudanças econômicas globais sobre a ótica do conceito de rizoma.

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JÁDER JOSÉ OLIVEIRA VIEIRA

A casa platô no contexto da urbanidade:

A cidade rizoma

FORTALEZA12/09/2015

Analise comparativa da antiga residência do Dr. Leite Maranhão na Fortaleza de 1932. Situada á Rua Duque de Caixas, esquina com 24 de Maio. Atualmente sendo lojas comerciais desde 1990.

CONTEÚDO

1.INTRODUÇÃO 4

1.1 .CONSIDERAÇÕES INICIAIS 71.2.OBJETIVOS 131.3.JUSTIFICATIVA 132.DESENVOLVIMENTO 132.1 EMBASAMENTO TEÓRICO 152.2. FIM DO NEOCLASSICO 162.3.INICIO DO ECLETISMO NO CEARA 173.CONCLUSÃO 24

Bibliografia 25

Abreviações

a. artigo.arg. argumento.cap. capítulo

2

CRONOLOGIA1

1883 - Teve início a construção do quebra-mar, armazéns e prédio da

Alfândega de Fortaleza..

1890- Genericamente inicia um período apelidado de "Mundanismo chique "

pois uma febre de novidades nos campos da moda, sedução, higiene são

incorporados pela elite dominante brasileira devido ao culto pelo afrancesamento.

A primeira república - 18931896 - engenheiro João Felipe Pereira faz um estudo sobre o abastecimento

de água em Fortaleza

Dr. Nogueira Accioly chega a presidência do Estado do Ceará - 1896 A construção da Ponte Metálica aconteceu entre 1902 e 1906Inicia por força de interesse Acciolyna a primeira rede de esgoto e água

tratada no centro de fortaleza - 19081914. Inaugurado o Palacete Ceará, ponto de encontro da sociedade

cearense. Abrigou entre das décadas de 1920 a 1940, o Clube Iracema. A arquitetura

eclética predomina e o estilo neobarroco. Atualmente, pertence à Caixa Econômica

Federal e está localizada na praça do Ferreira, no Centro.

 Fundado o teatro São José pela Igreja Católica. Surgiu como uma forma de

aproximação das classes operárias.

1920. A partir desta década, bairros como Jacarecanga, Praia de Iracema e

Aldeota passam a ser habitados pelas elites que começam a valorizar a proximidade

com o mar.

1921. Luís Severiano Ribeiro abre as porta do Cine Moderno.

A famosa Ponte dos Ingleses foi construída em 1921.

1930. Nesta década, tem início o funcionamento da pista de vôo do Alto da

Balança, que originaria mais tarde ao aeroporto de Fortaleza. Construída durante a II

Guerra Mundial, serviu de base de apoio às forças aliadas. 

1931. Inaugurado o Mercado Central para a venda de hortifrutigranjeiros. Hoje,

no local, funciona o Centro de Referência do Professor.

1932. Fundado o colégio Santa Cecília. Na época, era a escola primária Santa

Cecília, também chamada de Casarão Amarelo. Em 1961, a família Teixeira é

orientada pelo patriarca a voltar-se para a educação. A pequena escola se transforma

no colégio que existe até hoje, na avenida Senador Virgílio Távora.

1 (STUDART 2001.)

3

1932.  Instala-se a Liga Eleitoral Católica-LEC.

1.INTRODUÇÃO

A porta de entrada desse estudo se refere ao pensamento Deleuze-

Guattariano no que se refere a platô, pois trataremos de visualizar uma

residência de maneira qualitativa através de fotos e análise comparativa com o

crescimento da urbs que nos levantam suspeitas do correlacionamento do

surgimento do ecletismo arquitetônico no ceará com as imigrações e as

mudanças econômicas globais sobre a ótica do conceito de rizoma.

A dissertação procura iniciar um debate novo sobre vários temas

importantes com relação ao crescimento urbano no Brasil, no passado e na

atualidade e o suas respectivas desavenças com a memória. Assim como o

debate da modernização nas grandes capitais, cada uma com suas

particularidades, acontecem quando um grande fluxo de imigrantes chegam

aos litorais trazendo os conhecimentos da Europa, Ásia e África e junto

também com um grande êxodo rural que busca formar mão de obra para a

indústria que começa a se instalar em pontos estratégicos como próximo a

portos e estações ferroviárias ao longo da costa Atlântica.

(...) é feito de direções móveis, sem início nem fim, mas

apenas um meio, por onde ele cresce e transborda, sem remeter

a uma unidade ou dela derivar ". (PELBART, 2003: 216) O rizoma

não é um sistema hierárquico, é “(...)uma rede maquínica de

autômatos finitos-centrados”

Fortaleza está inserida geograficamente na lógica de rotas comerciais

para escoamento de matéria prima. Os impostos desse capital gerado pelos

descendentes dos antigos colonos portugueses foram convertidos em

representação nas câmaras municipais, estruturação de um sistema viário,

4

definição de leis de uso e ocupação de solo, código de posturas. Como

também gerou atritos e conflitos políticos das mais diversas ordens entre

partido liberal e conservador.

Outro exemplo de cidade rizoma é Brasília onde o próprio plano piloto

não visa abrigar os trabalhadores que tiveram que formar aglomerações na

circunvizinhança da capital aleatoriamente sem ser mais possível nem ao

menos prever onde e quando irá terminará Brasília. Ou as grandes remoções

de bairros para assentar trilhos alocando o povo em outro lugar totalmente

diferente. Mesmo principio para as comunidades que habitam em locais de

risco, que também são removidos por imposição urbana para qualquer outro

lugar. A esquizofrenia do sistema político vigente dá lugar a uma disputa

arquitetônica que beira a bestialidade por subordinação aos interesses do

capital. Deleuze vai enxergar nessa contradição uma certa esquizofrenia do

sistema capitalista. Como resposta ao descaso das autoridades surge a

Estética da ginga ou A arte de se virar que é a reação espontânea pela

liberdade recusada(ou contra a opressão deliberada) pelo espaço quando é

projetado. Isso se refere: os comércios informais, biscates, reciclagem, jogos e

tudo que seja ambulante ; sendo inclusive alvo de marginalização e ate

criminalização. Óbvio que o Oscar Niemeyer não iria projetar o local para os

trabalhadores, porque na imaginação dele os trabalhadores iriam construir

outras cidades iguais a Brasília para eles morarem. Entretanto depois de

Brasília nunca nenhuma cidade foi levantada em termos que se igualem em

conforto e arquitetura.

.

5

1.1 .CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A modernidade nos anos 30 em Fortaleza está em alguma sintonia

com os movimentos de vanguarda belas artes e arquitetura urbana que

ocorrem no eixo Sul-Sudeste apesar de toda diferença sócio econômica entre

as elites nordestinas e as elites mineira e paulista. Fortaleza já conta com pista

de pouso que daria origem ao aeroporto, Fortaleza recebe cinemas, praças são

reformadas, ruas são asfaltadas e recebem acesso ao esgoto e a água

tratada. No campo da cultura Fortaleza vem dinamizando por receber também

um Museu antropológico. Não podemos dizer que isso fosse para todas as

pessoas, infelizmente, porém se trataria de uma semente para futuras

gerações realmente pudessem comercializar de avião, pudessem comercializar

por terra, pudessem se locomover de maneira mais rápida. Contudo o sonho

da modernidade acabou com as constantes crises políticas nos países

exportadores de petróleo, pois é a principal matéria prima para garantir a

dinamização da economia nos estados unidos e também nos países latinos

que adotaram o capitalismo como preceito político e conseqüentemente

gerando procura maior pelas mesmas matérias primas que sustentam o dólar

americano.

Benévolo utiliza do mesmo arg. de Bertrand Russel2 nas suas dúvidas

filosóficas para modernizar a autoridade e o individuo, considera os avanços do

racionalismo no nível individual uma maneira de diminuir o poder exercido

pelas grandes instituições e pelo Estado na cultura e no ser.

"Afim de avaliar corretamente a situação dos primeiros

dois decênios do século XX [...] , desde 1890, a teoria e a prática

da arquitetura, porém no ínterim, as condições técnicas,

econômicas e sociais das quais depende o trabalho dos

arquiteturas, [...], e os modelos culturais utilizados para controlá-2 Influente matemático do Século XX. Filosofo ateu e ganhador de Prêmio

Nobel de Literatura. Autor de Autoridade e Individuo, a. O poder nu, Dúvidas filosóficas e a Filosofia entre a religião e a ciência. O seu avô foi arquiteto da Grande Reforma Bill de 1832 e duas vezes Primeiro Ministro. Ficou orfão de mãe aos 4 anos. Desenvolveu seus estudos no Trinity College.

6

las." (BENEVOLO, Leo).: As condições de Partida.Página .: 371.

cap. 12.

"A segunda revolução industrial é tornada possível por

algumas inovações técnicas: a difusão do procedimento

Bessemeter (inventado em 1856) na industria siderúrgica, que

leva à substituição gradual da gusa pelo aço em quase todas as

aplicações." (BENEVOLO, Leo).: As condições de

Partida.Página .: 371. cap. 12.

Os problemas gerados pela urbanística medieval trouxeram para os

burgos que desenvolviam o comércio como profissão uma outra utilidade para

os espaços das cidades, das ruas, dos boulevares. Mas não exatamente que

na Idade Média não houvesse vanguardas. Claro que elas existiam, porém os

problemas metafísicos que influenciavam diretamente na arquitetura. As

instalações funerárias3 por exemplo era sempre parte integrante da Igreja e

principal fonte de sua renda. Os próprios mortos eram pensados na morada

urbanística como entes que deveriam continuar fazendo parte lógica urbana da

cidade perpetuamente. No gótico aparece a exaltação do luto e da morte e

como relação inscrita no espaço e na sociedade. Quando não. Costume

bastante singular dos clérigos de disporem dentro de alcovas espaços

tumulares na vertical dentro de mosteiros e confrarias contendo os restos

mortais de santos e autoridades eclesiais. Obvio que suas crenças justificam a

preocupação excessiva dos vivos com seus defuntos e a influencia dessas

crenças nos leigos. Talvez essa fosse a maneira mesmo que contraditória que

eles tinham para guardar a memória sem sentir remorsos. É assim também que

o cristianismo sempre renova suas crenças.

"Contudo, as carências da cultura de vanguarda tornam-

se evidentes sobretudo perante os problemas da urbanística e do

3 "Simultaneamente, importantes transformações das estruturas sociais levaram a redefinir o lugar dos indivíduos em grupos e em comunidades que permaneciam solidárias depois do desaparecimento de cada um de seus membros: os grupos de parentesco, carnal ou espiritual, do mosteiro, da linhagem nobre, da paróquia, da confraria eram o quadro dessas novas relações entre os vivos, mas também entre os vivos e os mortos."( SCHMITT, Jean-Claude.)

7

desenho industrial." (BENEVOLO, Leo).: As condições de

Partida.Página .: 372. cap. 12.

"[...] Os modelos formais utilizados nessas operações são

os da tradição clássica e do grand doût sobre os quais esse

encaixam, nas últimas décadas do século, os traçados curvilíneos

e irregulares derivados da tradição paisagística inglesa."

(BENEVOLO, Leo).: As condições de Partida.Página .: 372. cap.

12.

O autor atribui o fato da nacionalização recente da industria e a

efervescência cultural e arquitetônica disponibilizava novos instrumentos para

crítica em arquitetura na Alemanha. A priori em todos os locais que não se usa

ferro nas construções podem ser então um bom palco para criatividade dentro

de qualquer vanguarda estética.

"A mais importante organização cultural alemã de antes

da guerra é a Deustcher Werkbund, fundada em 1907 por um

grupo de artistas e críticos associados a alguns produtores."

(BENEVOLO, Leo).: As condições de Partida.Página .: 374. cap.

12.

" Walter Gropius (1883-1969), filho de um abastado

arquiteto e funcionário berlinense, trabalha no estúdio de Behrens,

porém logo começa a projetar por sua conta: em 1906, um grupo

de casa agrícolas em Janikov; em 1913, [..] em 1911 um

esplendido edifício industrial, a fabrica de formas para sapatos

Fagus ad Alfed an der Leine." (BENEVOLO, Leo).: As condições

de Partida.Página .: 378. cap. 12.

Nesse período, Gropius começa também a escrever, Seu

primeiro artigo, publicado em Leipzg em 1911, traz este título

significativo: Na construção dos edifícios industriais, as exigências

artísticas podem ser postas em acordo com as praticas e

8

econômicas?." (BENEVOLO, Leo).: As condições de

Partida.Página .: 378. cap. 12.

Os novos sistemas de construção nascem

automaticamente condicionados pela perspectiva, os

procedimento de calculo registram seus preceitos e as sugestões

formais inéditas que nascem das experiências técnicas não

podem ser consideradas de modo isento de preconceitos ("les

yeux qui ne voyebt pas" diz Le Corbusier)" (BENEVOLO, Leo).: As

condições de Partida.Página .: 382. cap. 12.

O dialogo que se forma entre escultura, música, pintura e industria

junto com os movimentos estéticos como cubismo, abstracionismo formam

toda uma literatura de idéias sobre a arte e sobre a técnica, sobre as teorias,

sobre nossas próprias crenças, sobre a utilidade implícita da forma e da função

na geografia e na história da arquitetura.

"Picasso: "Um quadro não é pensado e estabelecido

desde o momento inicial; enquanto se trabalha ele se transforma

na mesma medida em que muda o pensamento;." (BENEVOLO,

Leo).: As condições de Partida.Página .: 386.

"A guerra de 1914-1918 não apenas detém a atividade

dos arquitetos e limita gravemente a dos pintores, mas também

interfere de varias maneiras em seu pensamento e imprime a

pesquisa um curso totalmente diverso." (BENEVOLO, Leo).: As

condições de Partida.Página .: 390

"A guerra põe em evidencia um conceito diverso da

técnica, mais limitado e indiferente aos conteúdos ideológicos. As

mesmas noções que serviam para fabricar os engenhos pacíficos

são agora empregas para produzir mecanismo de destruição e de

morte, e o s técnicos passam com surpreendente naturalidade de

um trabalho para o outro; [..] As atrocidades cometidas em larga

escala por pessoas não particularmente inclinadas ao delito

fazem notar quão pequena é a margem entre civilização e

9

barbárie, e quão precárias são as garantias da convivência

humana.". ." (BENEVOLO, Leo).: As condições de

Partida.Página .: 392. cap. 12.

"O futurismo é atraído, quase que imediatamente para a

ação política; Marinetti faz-se propagandista da intervenção da

Itália e muitos dos futuristas apresam-se como voluntários para a

guerra, onde morrem Boccioni e Sant'Elia; o movimento, porem

encontra-se prostrado no pós guerra e Marinetti guia seus restos,

que vão se confundir com o fascismo." ." (BENEVOLO, Leo).: As

condições de Partida.Página .: 394. cap. 12.

Conclusão: A experiência do movimento moderno não possui uma

linearidade política nem muitos menos cultural. Uma série de movimentos

estéticos na Europa passam a influenciar a Arte e Arquitetura até eclodir a

guerra. O que nos leva a crer que existe uma incompatibilidade entre a

tecnologia e a natureza humana, pois o animais fazem coisas por impulsos. Os

passarinhos constroem ninhos, os castores fazem diques. Eles não tem

capacidade de banir essa atividade da vida deles. Nem muitos menos

consideram atividades desagradáveis em si. Como o homem considera a caça,

a guerra, a luta como passatempos prazerosos mesmo que não caiba mais na

sociedade essas coisas, pois com a evolução da mulher no mercado de

trabalho, a entrada dos homossexuais e das mulheres na política trouxe

progressos no sentido de combater a escravidão, a exploração infantil, livrar os

prisioneiros de castigos físicos. Historicamente o que está posto é que nos

tempos antigos, ou seja, antes da Revolução Industrial, o desenvolvimento dos

ofícios aumentou o número dos trabalhadores que eram seus próprios patrões,

e que podiam, portanto, desfrutar algum orgulho do que produziam.

Subjetivamente havia um propósito comum o qual era dada alguma dignidade

ao oficio do trabalhador e orgulhar-se da qualidade do produto feito

inteiramente de sua responsabilidade. Hoje a gente compra uma coisa e num

instante se quebra. Nada presta. Não tem como culpar ninguém. Não se sabe

quem fez, o nome a pessoa, é tudo muito anônimo escondido por detrás de

grandes marcas. O consumidor parece que tem apenas o direito de deixarem

roubar o seu dinheiro sem poder reclamar nada, apenas se restringir a atitude

10

de nunca mais comprar aquele marca e aquele modelo. Isso quando não

somos dependentes de apenas uma marca do mercado. Porque aí mesmo

quando não presta a gente tem que comprar de novo da mesma marca como é

o caso da gasolina, telefonia e energia elétrica, esgoto e abastecimento de

água.

11

1.2.OBJETIVOS

Aqui no presente trabalho nos dispensaremos críticas quanto a

negligência municipal no sentido de que fugiria do objetivo do discurso final que

é trabalhar para conservar e revitalizar a memória como manda a Constituição,

pois levamos em consideração que por sermos moradores daqui de Fortaleza,

a prefeitura precisa das nossas orações e não das nossas críticas.

1.3.JUSTIFICATIVA

Com o advento do capital de credito especulativo na forma de industria,

setores têxteis e comerciais vão enxergar em Fortaleza um pólo para

industrias que driblam o problema da falta de residências de baixa densidade

para habitação da sua mão de obra pouco qualificada com a especulação de

alugueis em grandes casarões que outrora eram objeto de expressão

arquitetônica neoclássica das elites agrárias do Aracati, Sobral e Ícó e obvio

passam a ser reformados e repartidos para se adaptar a uma maior margem de

lucro e assim abrindo precedente para as elites industriais ocuparem outras

regiões de Fortaleza na década de 20 e 30 como a Jacarecanga e a Aldeota.

2.DESENVOLVIMENTO

O arg. que Sebatião Rogerio explica a situação do centro de fortaleza

no final do século XIX para o começo do XX. Nós fichamos algumas partes de

livros no quais eles relacionam a função do centro da cidade de fortaleza e a

difusão dos seus valores através da arquitetura. O objeto descritivo de estudo

do trabalho é da General Sampaio até a rua 24 de Maio, José de Alencar e

Castro e Silva. O estudo concluiu que o centro representa a evolução urbana4

4 Peter Eisenman se refere "O modernismo tem o objetivo de romper com o passado histórico,é o clima do pré guerra. E a polêmica do passado persiste até o pós guerra. O autor relata que com advento da industrialização e o atendimento a uma clientela de massa a

12

da cidade no sentido que uma zona residencial cerceada por industriais com o

passar dos anos e das intervenções políticas(ou ausência delas) tornaram

região predominantemente comercial de baixa densidade.

2.1EMBASAMENTO TEÓRICO

justificativa estética para as composições formais foram de obediência a função. Com certo alivio, o autor justifica citando a Trienal de Milão 73 e a Exposição de 75 do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque como dois momentos significativos que mostram o fim dessa transição no campo da arquitetura crítica. "

13

Figura 1. Mapa da cidade de fortaleza e o centro

era uma região em xadrez com largos boulevards

esquematizado por Adolf Webster no começo no século

XX .

Com a industrialização a população de fortaleza foi crescendo

geometricamente ao invés de aritmeticamente como até então.

Na tabela 5 extraida da tese de doutorado da professora Clélia 5

Figura 2. Tabela da densidade de Fortaleza 1890-2001

Além disso, por mais que se vivesse na cidade, a ligação com o interior

(ou sobre outro ponto de vista, a negação da urbanidade e a resistência à

modernidade) era mantida e no período das férias escolares a ida (ou volta) ao

interior, ao sertão, era um momento aguardado por muitos. Milton Dias observa

que “depois da leitura de notas, vinha a etapa, seguinte, a espera do caminhão

que nos conduziria à doce paz do interior” (Dias, 1998, p. 73).6

Na citação acima que foi extraída de uma revista que cita um

memorialista chamado Milton Dias o qual afirma que apesar do suposto

turbulento crescimento da urbanidade fortalezense as ligações com a o sertão

ou a serra ainda eram muitos fortes, o que denota a dificuldade em aderir a

uma cidade pensada de forma capsular que visa ser uma força maior e

independente das outras cidades do interior.

2.2. FIM DO NEOCLASSICO

5 Tabela retirada de Vulnerabilidades socio ambientais de fortaleza tese de Maria Clelia Lustosa Costa. Disponivel em: https://books.google.com.br/books?isbn=85728235306 Rev. Espacialidades [online ]. 2009, vol. 2, no. 1.

14

O neoclássico adquire muita importância para as belas artes do século

XVII até o fim da utilização da mão de obra escrava nas construção civis. No

Brasil, um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão por força da

tradição optava pelo Neoclássico pois era o gosto pessoal predileto do

imperador e a sua corte tratava de reproduzir como forma de simbolicamente

mostrar que tem os mesmas afinidades arquitetônicas da casa real.7

A construção da casa do Dr. Leite Maranhão marca o inicio da

influência do arquiteto Emilio Hinko que trazia tecnologias da Europa no modo

de pensar a residência familiar trazendo os banheiros para dentro da casa,

dando recuo para jardim, construindo dois pavimentos ao invés de um porão

que era a característica do Neoclássico, sem frontão, sem colunata.

Podemos dizer que o Neoclássico passa a ser um maneirismo a partir

do momento que já não há mais influencia da missão francesa ou de Vauchier,

ainda que a influência fosse bastante restrita a elite dominante escravocrata

tanto do açúcar,charque quanto do café, que também já tinha sido uma

arquitetura de contestação ao barroco e ao rococó.italiano e a casa que a

gente escolheu coincidentemente tem um ecletismo que recupera o barroco

espanhol.

7 Desde o século XV até o presente, a arquitetura se manteve sob a influencia de tres ficcoes. A despeito da aparente sucessao dos estilos arquitetonicos, cada um com sua designação propria - classicismo, neoclassicismo, romantismo, modernismo, pos modernismo e assim por diante - , essas tres ficcoes persistiram de uma forma ou de outra durante cinco seculos. Sao elas: a representacao, a razao e a historia. Cada uma destas ficcoes era dotada de um proposito subjacente: a representacao devia materializar a ideia de significado; a razao devia codificar a ideia de verde; a historia devia resgatar a ideia de eternidade a partir da ideia de mudança. A persistencia dessas categorias no tempo obriga a considerar esse longo periodo como uma manifestacao de uma continuidade no pensamento arquitetonico. refiro-me a essa forma persistente de pensamento como o clássico [the classical]( PETER EISENMAN . O FIM DO CLÁSSICO p.223)

15

2.3.INICIO DO ECLETISMO NO CEARANós se ocupamos de ler a analise acima e a casa foi construída pelo arquiteto Emílio Hinko um austríaco radicado em fortaleza. No documento o autor relatou que o perigo potencial dessa construção era o da demolição por falta de tombamento. E quando nós fomos ver o local da casa o pior já tinha acontecido. A residência tornou-se em um armazém comercial.

A casa no passado estava recuada, precedida de área verde com jardim com chafariz clássico, na época a residência tinha dois pavimento sendo o inferior nitidamente colonial português e o superior com barroco religioso espanhol. Tinha platibanda somente na parte central

A casa caracterizava-se pelo estilo de arquitetura eclética sem muita interferência nas técnicas e materiais que muito embora no mesmo tempo acontecesse em todo pais não aparecia no ceará devido ao atraso sócio econômico.

Figura 3.foto da Residência do Dr. Leite Maranhão.8

8 Podemos dizer que o ecletismo é uma tentativa burguesa de suprimir os valores aristocráticos implícitos na arquitetura Neoclássica. ou arquitetura paladiana que se refere a um arquiteto que se inspirava na estética grega e romana pois naquele momento representava o ideal político napoleônico de suprahomem ou de grande homem no sentido histórico como Alexandre, Péricles ou Cipião.

16

9

Figura 4. Planta de locação

Figura 5.Planta baixa dos dois pavimentos

9 Fotos extraídas da monografia.: ANÁLISE de uma residência da Fortaleza de 1932::. Casa do Dr. Leite Maranhão situada à rua Duque de Caxias, esquina com 24 de Maio. Fortaleza, CE, 1978. 13f. : Número de chamada: Trabalho de disciplina 030 (BCA)

17

Figura 6.Fachada

A casa tem friso, platibanda, arquitrave com detalhes simétricos. O pavimento superior continha um banheiro coletivo bem grande, inovação trazida da Europa bauhausniana, com 04 quartos com 04 varandas. O pavimento térreo coloca quarto de empregada sem banheiro entre o serviço e a cozinha precedido de copa. pavimento inferior tem uma varanda imensa com três portas em arco romano com bandeirola e maior bem larga que dava acesso ao um carro por exemplo(tecnologia que estava prestes a se popularizar com as indústrias Ford), a sala de jantar é na vertical entre um estar e uma sala de visita que tem por trás um conjugado com banheiro pequeno.

18

Figura 7.Fotografia da atual edificação.

Na visita de campo nos vimos que a casa do Dr. leite Maranhão foi vendida para esse virar esse armazém. 10Podemos ver que reaproveitaram o piso e o vitral, que é de fabricação artesanal talvez uma das poucas coisas encomendadas da Europa para a casa original. O piso tem detalhes do português colonial que já é uma influência do árabe no tempo da invasão da península pelo norte da áfrica. O que em suposição pertenceria ao pavimento

10 "Nos últimos anos pensadores como Michel Foucault, Derrida, Deleuze, Fish e Rorty desfraldaram a bandeira do individualismo nietzschiano; na arquitetura, Peter Eisenman e Bernanrd Tschumi fizeram o mesmo. A visão individualista de Nietzsche questiona vigorosamente os pressupostos aristotélicos acerca do bem estar do homem, da cidade, da natureza, da vida, da mora, do papel da razão e a definição de Aristóteles sobre autoridade. não é no contexto da vida comunitária mas no da sua progressiva emancipação e seu desligamento interior de uma diversidade de papeis e compromissos comunais que o individuo alcança uma condicao de bem estar. A cidade é, em essência, um empreendimento economia que propicia aos indivíduos os bens materiais e o anonimato necessário a realização dos seus planos pessoais. A vida moral é entendida sobre em termos de regras que devem ser seguidas quando conveniente, invocadas quando necessárias a proteção da pessoa e descartada quando entra em conflito com a busca de realização dos projetos particulares individuais." ( O individualismo Nietzchiano. p .407)

19

térreo mesmo, pois o superior remetia ao mosaico barroco espanhol na varanda na forma de carimbo.

A polemica dessa casa cujo titulo eu poderia até fazer uma homenagem ao famoso manifesto de Le corbusier, pois o armazém tem janelas em fitas, planta livre, fachada livre, pilotis. Para comentar os defeitos da arquitetura moderna podemos dizer que sofreu uma grande mudança na forma e na função, esse confronto com a sua antiga natureza residencial se faz com a sua nova finalidade comercial e para nós arquitetos teve a função de provocar reflexão sobre a memória e a função.

Figura 8. Piso reutilizado

Figura 9. Vitral reutilizado

20

Figura 10. Pavimento Superior

Mosaico da varanda do pavimento superior de influência espanhola.

Figura 11.Mosaico

21

Figura 12. Afresco na coluna

Figura 13. Local atual da escada

Aqui é o acesso da escada atual que foi modificada de lugar, nao nos foi permitido acesso porque o pavimento superior tornou-se um deposito de caixas que é possivel ver pelo vidro a quem observe pela calçada. Também é visivel

22

os detalhes construtivos das vigas e das colunas de sustentação do local onde era antigamente as varandas.11

3.CONCLUSÃOA rua 24 de Maio é muito importante para compreender a evolução espacial e arquitetônica do bairro do centro de fortaleza. Sofreu influência do Neoclássico, sofreu influência do eclético na arquitetura, quanto ao uso do solo a identidade cultural ainda é mais múltipla, dos grandes aristocratas exportadores de charque do interior e do proletário industrial até tornar-se quase que inteiramente comercial de baixa densidade com alta taxa de flamabilidade, criminalidade e grande gerador de poluição e lixo em menos de 130 anos.12 O que supostamente seria um espaço de disputa arquitetônica para as vanguardas tornou-se em um objeto de especulação sem muita forma, sem muito uso, gerando lucro e renda para uma minoria. Apesar do local hoje funcionar uma loja de venda de carrinhos para vendedores ambulantes montarem quiosques nas esquinas de churrasquinho, pipoca, algodão doce o espaço pode ser considerado subaproveitado do ponto de vista arquitetônico pela degradação do espaço porém no campo estrutural se modernizou com colunas e vergas de concreto armado porém poderia funcionar um curso no pavimento superior de línguas, ou de desenho, mas enfim, agora funciona como o estoque do dono e sabe-se lá Deus o que se guarda lá. A parte esquizofrênica do capitalismo consiste no fato de comercializar materiais para ambulantes e em todos os anos o que vem acontecendo no município é a redução do espaço dos feirantes e dos pequenos vendedores em detrimento de franquias que vendem os mesmos produtos que os ambulantes porém com mais marketing.

11 O local que está a escada hoje era onde estava o recuo, pois até então estava em voga construir casas emparelhadas com as calçadas o que possibilitou na hora de reconstruir seguir a mesma lógica da disposição espacial dos quartos superiores.

12 A funcao das ideologias conforme o marxismo, tem a função de mascarar o funcionamento do capitalismo ter uma importância fundamental na visão de Tafuri sobre a história da arquitetura. Ele atribuiu a crise porque passou a arquitetura no final da década de 60 a incapacidade da ideologia modernista de fazer frente aos fatos da economia.( MANFREDO TAFURI. PROBLEMAS À GUISA DE CONCLUSÃOp.388)

23

Bibliografia

BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: perspectiva, 2001.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol I. São Paulo: Ed. 34, 2004.

Kate NESBITT (ORG.). Uma nova agenda para arquitetura. Antologia teórica 1965-1995. São Paulo: EDITORA COSACNAIFY, 2009.

PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza belle époque: reformas urbanas e controle social (1860 - 1930). Fortaleza: Demócrito Rocha, 2014.

SCHIMITT, Jean Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Companhia das Letras - tradução Maria Lucia Machado., 1999.

SOUZA, Antonio Gilberto Abreu de. Arquitetura Neoclássica e Cotidiano Social do Centro Histórico de Fortaleza da Belle Époque. Belo Horizonte: UFMG, 2012.

STUDART, Guilherme. Datas e Fatos para a História do Cearrá.v. 1, 2, 3. Fortaleza: : Ed. Fac-sim., 2001.

Casa do Dr. Leite Maranhão situada à rua Duque de Caxias, esquina com 24 de Maio. Fortaleza, CE, 1978. 13f. : Número de chamada: Trabalho de disciplina 030 (BCA)

INDICE REMISSIVO

anos 30, 7Deustcher Werkbund, 9Dr. Nogueira Accioly, 4futurismo, 11grand doût, 9João Felipe Pereira, 4

neobarroco, 4Revolução Industrial, 11rizoma, 5, 6urbs, 5Walter Gropius, 9

Figura 1. Mapa da cidade de fortaleza e o centro era uma região em xadrez com largos boulevards esquematizado por Adolf Webster no começo no século XX .....................................................................................................................14

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Figura 2. Tabela da densidade de Fortaleza 1890-2001...................................15Figura 3.foto da Residência do Dr. Leite Maranhão..........................................17Figura 4. Planta de locação...............................................................................18Figura 5.Planta baixa dos dois pavimentos.......................................................18Figura 6.Fachada..............................................................................................19Figura 7.Fotografia da atual edificação.............................................................20Figura 8. Piso reutilizado...................................................................................21Figura 9. Vitral reutilizado..................................................................................21Figura 10. Pavimento Superior..........................................................................22Figura 11.Mosaico.............................................................................................22Figura 12. Afresco na coluna............................................................................23Figura 13. Local atual da escada......................................................................23

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