a cidade perdida - pedro terrón (1º capítulo)

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A Cidade Perdida - Pedro Terrón - Vol. 1 da Trilogia Kalixti

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A CIDADE PERDIDA

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A CIDADE PERDIDA

Pedro Terrón

Tradução Paulo Bentancur

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A “eles”, onde quer que estejam.Escrever este romance permitiu-me conhecer

pessoas muito interessantes, a quem sempre agradecerei sua indispensável colaboração,

em especial a Cipri e Mary Sol.

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Sumário

Advertência do Autor, 9

Prólogo, 11

A Perseguição, 15

O Cofre, 43

Na Cidade Perfeita, 104

Runy conhece a Kalixti atual, 129

Enuros, o eleito, 137

O Templo da Irmandade das Estrelas, 171

O Jogo das Sete Portas, 176

Sabotagem!, 201

A Ambição de Zoten, 227

A Catástrofe, 230

Novas Revelações, 254

Runy/Enuros no Grande Jogo, 263

O Disfarce do Mestre, 271

Os Ensinamentos do Mestre Karnú, 278

O Desfecho, 301

Até logo, 318

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Advertência do autor

Este é um livro para os que procuram. Para os que ainda têm vontade de aprender e por isso são jovens, independente da

idade que tenham. Certamente para alguém como você e possivel-mente esta seja a razão de ele ter caído em suas mãos.Esta obra, saída sabe-se lá de onde, é meu primeiro romance. Tudo o que aqui é narrado eu “vi” acontecer por aí. A imaginação é o olhar do espírito, e acredito que tudo o que pode ser imaginado exista em algum lugar.

Pedro Terrón Marín

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Prólogo

Já faz bastante tempo que o autor deste livro encaminhou-me uma primeira versão de A cidade perdida. À época, não nos

conhecíamos pessoalmente, porém pediu-me que lesse seu ori-ginal e lhe desse minha opinião. Reparei na coincidência de que um de meus primeiros artigos “fantásticos”, isto é, não adequado às pautas que habitualmente são propostas a nós, jornalistas, em qualquer meio de comunicação, se intitulava exatamente assim, “A cidade perdida”. E entendi que afinal não se tratava de uma casualidade. Assim, com mais ceticismo que outra coisa, pus mãos à obra.

Não é a primeira vez que recebo um pedido desta natureza, e geralmente o resultado costuma ser decepcionante. Acrescentando--se a responsabilidade de ter que opinar sem deixar de manter um difícil equilíbrio entre a sinceridade e o estímulo, tão necessário no começo, quando se é um escritor estreante. Tive uma agradável sur-presa. O relato me prendeu. Vibrei com a leitura, encontrando uma série de acenos de cumplicidade que me fizeram participar do que estava lendo. E o melhor, previ que o mesmo iria acontecer com muitos leitores. Senti-me entusiasmada por poder dar esta opinião

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favorável ao autor, e em animá-lo a seguir adiante. Porque Kalixti – A Cidade Perdida é muito mais que um relato.

Pedro Terrón tem mil e um planos associados a este livro, que vem a ser a coluna vertebral e o ponto de partida de muitas aven-turas relacionadas com o que se conta em suas páginas. Trata-se de uma inovadora e notável aposta cujo objetivo é contaminar a realidade com o que a ficção sugere. Estou convicta de que Pedro levará avante o ambicioso projeto que acaba de empreender. Nele se reúnem dois dos ingredientes que conduzem ao êxito: a fanta-sia e o empenho. Afirmo que se trata de um lutador incansável. E está tomado de entusiasmo. Desse entusiasmo que é a força que insuflam os deuses em algumas pessoas. E creio que, para tantos investigadores como ele, chegou já o tempo de encontrar o que pro-cura. Muitos desejarão participar do projeto Kalixti, porque é uma aventura que dilui e amplia as fronteiras entre o real e o imaginado. Por meio do jogo, as personagens ganham vida própria e entram em cheio na realidade, revelando que todos somos protagonistas do roteiro de nossa vida.

Em um mundo tão rígido e calculado, no qual tudo “obrigato-riamente” deverá ser previsto de acordo com os padrões estabeleci-dos, me encanta que o jogo seja o meio para encontrar alternativas capazes de tornar a vida mais intrigante e plena. É o caminho que prefiro, por particular sintonia, e que mais tenho tratado de fortale-cer em minha dupla condição de jornalista e escritora.

Por último, somente registrar que “o sinal é a alegria”.Quando a alegria e o entusiasmo crescem no coração – e

o motivo que os provoque pode ser qualquer coisa –, há que se ficar atento.

É o aviso de que algo vital e muito importante está a ponto de enraizar-se e crescer, iluminando os insondáveis abismos que mar-cam o longínquo, porém claro, caminho de nosso destino estelar.

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Que sua estrela pessoal o guie, querido leitor! E, sobretudo, que você desfrute e aprenda com tudo o que encontre em seu caminho. É claro que você também tem a lembrança distante de uma cidade perdida na qual desejava chegar. Cedo ou tarde, acabaremos por nos encontrar.

Enquanto isso, que a travessia lhe seja gratificante.

Mary Sol OlbaJornalista e escritora

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A Perseguição

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DüSSElDORf (AlEmANhA) – DIA 30/05/2000 – 4h

Em uma época remota, quase esquecida, dois poderosos corcéis ar-remessam o corpo, freio nos dentes, atrelados a um veloz carro de

guerra. Seguem-lhes vários outros. Vão atrás dele, perseguindo-o com inusitada violência. O ensurdecedor ruído de cascos e rodas quebra o silêncio do suntuoso palácio aonde acabam de invadir sem hesitação.

Velozes como relâmpagos, atravessam uma grande sala generosa em mármores limpos como espelhos e saem onde continua a selvagem perseguição. Agora jogam-se audaciosamente por meio de uma passa-gem junto à praça pavimentada. O lugar está repleto de pessoas que caminham alheias ao perigo que se avizinha. A rua parece não ter saída. No fim dela, só se distingue a porta entrefechada da mansão de algum nobre. O primeiro veículo que o persegue reduz a velocidade, instante em que o condutor aproveita para disparar seu arco. A seta fica cravada no ombro do fugitivo, transpassando-o dolorosamente...

De súbito, acordo sobressaltado na cama. Ainda sinto a dor que o ferro, lacerando minha carne, produz. Nervoso, apalpo o ombro e me surpreendo em encontrá-lo intacto, sem vestígios de ferimento

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nem de sangue... Ainda bem, tudo foi só um pesadelo. Um pesade-lo tão real que eu juraria ser aquele jovem grego ou romano – não saberia diferenciar – que fugia vomitando medo por cada poro de sua pele. Um resto do sonho continua tão latente que tremo como se ainda mantivesse o chicote entre as mãos.

O moderno despertador sobre o criado-mudo me tranquiliza. Estou no presente. Na realidade. Não há rastro de carros nem de gregos combatentes, tão só um relógio marcando em silêncio quatro da madrugada.

Volto à consciência de quem sou: Rafael Ulloa Navas del Yelmo, ainda que todos me chamem de Runy. Levanto-me, ligo a luz e observo a imagem refletida no espelho em frente à cama. Sou o de sempre: moreno, olhos azuis, um metro e oitenta, magro e de boa aparência. Ainda que esteja em um hotel em Düsseldorf, perto do rio Rin, moro em Ibiza, cidade onde nasci e lugar para o qual parti-rei assim que amanheça.

Meio acordado, meio dormindo, volto a atirar-me sobre o col-chão macio e procuro relaxar o corpo e os pensamentos. Pouco de-pois, sem causa aparente, entro num certo estágio de lucidez, entre a vigília e o cochilo. Esse ponto especial da consciência, no qual a percepção se amplia e a realidade aparece entremeada de múltiplas dimensões.

A mente, extremamente calma, atua por conta própria, repassan-do algumas impressões de minha vida. Um quarto de século bastan-te intenso é o que já carrego sobre as costas. As primeiras cenas que visualizo trazem a nostalgia do tempo de estudante de Belas Artes. Uma pena que tenha abandonado no primeiro ano: agora vejo as coisas de outra maneira. Fui muito impaciente e pouco constante. Dois defeitos que marcam meu temperamento inquieto.

Sigo evocando retalhos do passado, momentos intensos ocorridos durante a carreira universitária. Uma época tomada de namoricos e

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excessos. Custei a aceitar que ser mulherengo é algo incompatível com o estilo do bom estudante. Mal aconselhado pelo indomável impulso de meus hormônios, tive que espremer bem a matéria cin-za do cérebro para licenciar-me em Economia. Ainda que a façanha tenha valido a pena: consegui que meu progenitor financiasse a pri-meira de minhas empresas.

Cego pelo que parecia um negócio fácil, pretendi imitar os mag-natas americanos e decidi lançar-me como empresário montando uma pequena distribuidora de produtos de informática. Estava convencido de que seria uma atividade segura e bastante rentável. Possivelmente o seja, mas não para alguns. Cedo compreendi o significado do ditado “nem tudo o que reluz é ouro”. Em vez de reluzir, o que fiz foi consumir-me como um lingote afundando em um lamaçal.

Em pouco tempo tive que fechar as portas: estava praticamente na ruína. O motivo: um péssimo planejamento e um pior sistema administrativo. Quis abraçar mais do que podia, além de me preci-pitar em muitas decisões. Compreendi que se tivesse sido menos impulsivo teria controlado bem melhor a situação.

A experiência serviu para aceitar uma nova e interessante lição: com a desgraça se aprende. Estou convencido de que por isso ela existe. Os erros são parte do processo de crescimento.

Mas nem tudo foram sofrimentos nessa fase. Também houve bons momentos. Conheci uma encantadora moça chamada Mô-nica. Uma jovem atraente, dona de abundantes cabelos caramelos e grandes olhos escuros que fez comigo um curso de mergulho. Ainda agora relembro sua figura enfiada no traje de mergulho. Mes-mo vestida de neoprene, destacava-se surpreendente, nada parecida com as anoréxicas que alguns estilistas tentam nos vender. O impac-to acabou em núpcias. Há poucos meses, decidimos casar, após um rápido noivado.

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Com os olhos fechados, deixo que o projetor de minha memória continue emitindo imagens tão nítidas que parecem estar vivas. De imediato, revejo aquela ensolarada manhã em que meus pais e meus sogros, no mês da festa e meio ano depois da desgraça financeira, proporcionaram-me o capital necessário para que eu embarcasse na segunda empresa. Seu apoio incondicional representava um incen-tivo insuperável para eu lhes demonstrar que não se haviam se equi-vocado. Desta vez queria instalar uma concessionária para vender automóveis estrangeiros usados.

Tinha uma boa proposta com um amigo da universidade. Cha-mava-se Klaus, um alemão inteligente que atualmente vive na capi-tal da Renânia do Norte (Vestfália), cidade onde se encontra este se-nhorial hotel no qual estou hospedado. Klaus e o pai, por meio dos escritórios e concessionárias que têm espalhados pela Alemanha, se encarregariam de localizar as “pechinchas” que depois eu venderia a meus clientes nas Ilhas Baleares.

Conforme o combinado, viemos até aqui para conduzir pela ro-dovia dois arrojados modelos esportivos – de prestigiosa marca ale-mã – até o porto de Barcelona. Antes do anoitecer deverão estacio-nar no cais da cidade de Condal.

No percurso, Jorge, meu melhor amigo, vai junto. Um excelen-te companheiro de viagem e homem de inteira confiança, ainda que bastante inclinado às relações pagas ou de carona. Por esse motivo, dis-pensei o oferecimento de Klaus para dormir na casa de seus pais. Tem uma irmã tão bonita quanto jovem e é melhor não abusar da sorte.

7h30

Encontro-me no estacionamento do complexo hoteleiro. À mi-nha direita estão estacionados os reluzentes carros que comprei. Es-

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tão tão limpos e polidos que parecem novos. Ambos são da mesma marca e modelo; um azul discreto e o outro de um amarelo intenso. Abro a porta do segundo e me sento, à espera.

Jorge prometeu ser rápido na hora de despedir-se de sua corpu-lenta acompanhante. Não podia perder a oportunidade de vir até a Alemanha e deixar de provar o produto nacional.

— Que faz com a braguilha aberta? – pergunto, assim que chega.

— Opa! Claro que foi Veronika, quando nos despedimos – co-menta, tão à vontade. —Agora está explicado porque a recepcionis-ta ria tanto quando lhe entreguei a chave. Se continuar atendendo no balcão, a próxima vez que viermos darei em cima dela. Temos muita quilometragem: ela já sabe o que a espera.

Jorge é assim. Não sei como consegue, mas pode meter-se em qualquer encrenca que, aconteça o que acontecer, mantém seu senso do ridículo completamente à margem, sem ofender nin-guém. É igual a um menino, irresponsável e leal. Há pouco com-pletou 25 anos cronológicos; mentalmente, desconheço sua idade. No entanto, é preciso dizer em seu favor que sob essa aparência desleixada de descabelado e roupas informais, bate um coração que salta do peito.

— O que chegar primeiro ao pedágio de Barcelona fica com o cd player que ganhamos de presente.

Mal amanheceu e já começa com suas ideias. Jorge desafia-me com o olhar enquanto ajeita umas luvas sem dedos, uma jaqueta de couro e uns óculos escuros pronto para a disputa. Em poucos segun-dos converteu-se em um híbrido entre O Exterminador do Futuro e A Formiga Atômica.

— À toda velocidade.—Você é um frouxo – responde, tratando inutilmente de

me provocar.