biocombustíveis em foco (nov_2012)

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PÁGINA 4 E 5 A canola está se consolidando como uma boa alternativa para o cultivo de inverno no Sul do Brasil. EMPRESA ARGENTINA INVESTE EM VARIEDADES DE CANOLA PARA O BRASIL Novembro 2012 BIOCOMBUSTÍVEIS VOLTAM A ALIMENTAR POLÊMICA Usar alimentos para produzir combustível “verde” quando uma em cada sete pessoas no mundo passa fome já gerava certa polêmica. A controvérsia aumentou com a confirmação que esse tipo de combustível polui tanto quanto os fósseis. PÁGINA 10 E 11

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Revista sobre Biocombustíveis e energias renováveis de autoria da área de Agronegócios e Comercialização do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA.

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Page 1: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

PÁGINA 4 E 5

A canola está se consolidando como

uma boa alternativa para o cultivo de

inverno no Sul do Brasil.

EMPRESA ARGENTINA INVESTE EM VARIEDADES DE CANOLA

PARA O BRASIL

• Novembro 2012

BIOCOMBUSTÍVEIS VOLTAM A ALIMENTAR POLÊMICAUsar alimentos para produzir combustível “verde” quando uma em cada sete pessoas no mundo passa fome já gerava certa polêmica. A controvérsia aumentou com a confirmação que esse tipo de combustível polui tanto quanto os fósseis.

PÁGINA 10 E 11

Page 2: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

SUMÁRIO04 Empresa argentina investe em variedades de canola para o Brasil

06 PBio firma acordo sobre con-versão de resíduos da pesca em bio-diesel.

8 Brasil ajuda EUA a cumprir meta de utilização de biocom-bustíveis avançados

10 Biocombustíveis voltam a ali-mentar polêmica

12 Novozymes faz parceria com Beta Renewables para biocom-bustíveis

13 Zoneamento agrícola orienta o plantio de oleaginosas no Nordeste

14 Estudo aponta gargalos para certificação de bioquerosene no Brasil

Page 3: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Editor Chefe Marco Ortega - [email protected] Vice-Editor Daniel Torres - [email protected]

Assessoria de ComunicaçãoCaroline Esser - [email protected]

Diretora de Arte Caroline Esser - [email protected]

DiagramaçãoCaroline Esser - [email protected]

Carta ao Leitor

Estamos chegando no final do ano, e para antecipar as festividades quem gaha o presente é você leitor da revista Biocombustíveis em Foco.

A partir deste mês a publicação está com um novo visual, mais fácil e agradável para leitura. Além de conter um indice completo com as matérias que estarão presentes em cada edição, a revista terá no máximo vinte páginas em cada edição para facilitar a leitura.

Cada matéria está dividida em uma ou duas páginas, com várias fotos para ilustrar melhor a reportagem.

Caso deseje fazer sugestões de matérias ou temas para a próxima edição envie um e-mail para [email protected], ou curta a página do CERAGRO no Facebook

www.facebook.com/ceragro

Esperamos que você leitor, goste dessa novidade que preparamos especialmente para você.

Tenha uma boa leitura!

CAROLINE ESSER

Page 4: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Até há bem pouco tempo, a cultura de canola era praticamente desconhe-cida dos brasileiros. Entretanto, este cenário tem se modificado e, hoje, a canola está se consolidando como uma boa alternativa para o cultivo de

inverno no Sul do Brasil.De acordo com dados fornecidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se que o Brasil produzirá nesta safra 52 mil toneladas de canola. Há dois anos, a produção era de 42,2 mil toneladas.Mesmo assim, ainda há poucas cultivares de canola disponíveis no mercado nacional. Este cenário chamou a atenção da empresa argentina Al High Tech que tem mais de 20 anos de experiência em melhoramento genético de híbridos de canola com suas sementes exportadas para o Chile, o Peru, o Uruguai e a Alemanha.

EMPRESA ARGENTINA INVESTE EM VARIEDADES DE CANOLA PARA O BRASIL

Fonte: Fundação Pró-Sementes

Page 5: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Para esta região, faltam híbridos de ciclos mais longos, que sejam plantados logo após a colheita da soja para serem colhidos um pouco antes da semeadura do verão.”

José Luis Albero

No Brasil, as cultivares da Al High Tech estão sendo submetidas a Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) conduzi-dos pela Fundação Pró-Sementes com o objetivo de identificar cultivares melhor adaptadas ao país. Os ensaios estão sendo realizados pela segunda safra consecutiva em municípios do Rio Grande do Sul e do Paraná. Os locais foram escolhidos por serem regiões representativas no que se refere ao cultivo de canola no país, e também por apresentarem diferen-ças climáticas e de altitude. Em 2011, foram testadas 22 cultivares das quais uma foi registrada no Ministério da Agricultura – a Alht 1000. Neste ano, o número de variedades testadas foi

de 11.Segundo a coordenadora da unidade de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes e responsável pelos ensaios de VCU, Kassiana Kehl já é possível atestar que as novas varie-dades têm boas características. Os ensaios estão mostrando que as culti-vares da Al High Tech são mais produ-tivas que os materiais disponíveis hoje no mercado brasileiro”, avalia. “Já o diretor técnico da Al High Tech, José Luis Albero, informa que, como o Brasil apresenta diferenças climáticas e de solo com relação à Argentina e ao Uruguai, sua empresa vem investindo no desenvolvimento de cultivares específica para o país. O melhora-

mento genético é feito em parceria com empresas alemãs e os híbridos possuem linhagem de origem euro-peia. Albero acredita que as regiões de maior altitude, como o planalto gaúcho, sejam os locais com maior potencial produtivo para a canola no Brasil. “Para esta região, faltam híbri-dos de ciclos mais longos, que sejam plantados logo após a colheita da soja para serem colhidos um pouco antes da semeadura do verão”, afirma o executivo.As cultivares lançadas pela Al High Tech terão sementes produzidas na Argentina e a comercialização no Brasil deve começar já na próxima safra.

Page 6: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)
Page 7: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Pe t r o b r a s Biocombustível (PBio) e o Ministério da Pesca

e Aquicultura assinaram, nesta quinta-feira (25), um memorando de entendimentos para ampliar programas com foco na pesquisa e produção de biodiesel a partir de matéria-prima residual do pesca-do. A parceria foi firmada durante o evento de lançamento do Plano Safra da Pesca e Aquicultura que contou com a presença da presi-dente Dilma Rousseff.Para o presidente da PBio, Miguel Rossetto, a parceria tem o propósi-to de promover estudos para uti-lização desta matéria-prima na produção de biodiesel. “Vamos apoiar o desenvolvimento de uma nova alternativa de supri-mento e contribuir também para o aproveitamento de resíduos da atividade pesqueira na produção de bicombustíveis”, avalia o presi-dente.A iniciativa está alinhada ao Plano Safra que visa à expansão da ativi-dade e do comércio pesqueiro e tem como meta produzir 2 milhões de toneladas anuais de pescado

até 2014. A PBio já desenvolve iniciativas para avaliar o aproveita-mento de óleo de peixe para bio-diesel. Um exemplo é a parceria no projeto piloto Biopeixe real-izado com piscicultores da região de Jaguaribara (CE).O acordo tem como principais objetivos ampliar o aproveitamen-to e a produtividade dos recursos naturais, pesqueiros e aquícolas, aumentar a renda dos pescadores e agregar valor à sua produção, além de promover o desenvolvim-ento técnico, científico e de inova-ções tecnológicas para a atividade.

PBIO FIRMA ACORDO SOBRE CONVERSÃO DE RESÍDUOS DA PESCA EM BIODIESEL

A FONTE: ASSESSORIA PETROBRAS

Page 8: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

etanol brasileiro é o único

capaz de ajudar os Estados

Unidos a atingirem a meta de

utilização de 1,89 bilhão de

litros de biocombustíveis avançados não-

celulosicos em 2012, conforme estabelece

a Renewable Fuel Standard (RFS2), man-

dato federal que determina volumes de

produção e utilização de biocombustíveis

no país. Durante participação na conferên-

cia F.O. LICHT´S Sugar Trade Outlook, real-

izada em Londres na quinta-feira (18-10),

a assessora sênior da presidência da União

da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA)

para Assuntos Internacionais, Géraldine

Kutas, enfatizou o comprometimento do

setor sucroenergético brasileiro em for-

necer o volume de etanol não-celulósico

definido pela lei americana.

O etanol brasileiro produzido a partir da

cana-de-açúcar é o único que atende

à exigência do RFS, pois foi designado

pela Agência de Proteção Ambiental dos

EUA (Environmental Protection Agency,

ou EPA) como um biocombustível avan-

çado, devido a sua capacidade de reduzir

emissões de gases causadores de efeito

estufa (GEEs) em pelo menos 50% em

comparação à gasolina. Durante o evento

londrino, Kutas lembrou que segundo a

avaliação da EPA, o etanol de cana emite

até 90% menos GEEs em relação ao com-

bustível fóssil, uma grande vantagem

sobre o etanol de milho produzido nos

EUA, que reduz as emissões de GEEs em

apenas 38%, o que não se enquadra nas

exigências da RFS2 para o qualificar como

biocombustivel avançado.

“Atualmente, o Brasil é o único país que

pode atender a demanda americana de

utilização de biocombustível avançado

produzido com tecnologia de primeira

geração. Além de garantir a meta de 1,89

bilhão de litros para 2012, a industria

brasileira de etanol está comprometida

em fornecer o volume de 2,84 bilhões de

litros de etanol avançado não-celulósico

previstos para 2013 pela lei americana,”

ressaltou.

Kutas, que participou da conferên-

cia através da parceria da UNICA com

a Agência Brasileira de Promoção de

Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),

avaliou o potencial de exportação do

produto brasileiro para a União Europeia

(UE), onde também vigora um mandato

de utilização de combustíveis alternativos.

BRASIL AJUDA EUA A CUMPRIR META DE UTILIZAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS

OFONTE: AGRONOTÍCIAS

Page 9: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Segundo a assessora da UNICA, embora

o Brasil esteja preparado para ajudar os

europeus a cumprirem suas metas sus-

tentáveis de desenvolvimento, que entre

vários pontos prevêem o uso de 10% de

fontes renováveis no setor de transportes

até 2020, no momento não há como pro-

jetar o volume de etanol a ser consumido

na Europa.

“A futura demanda por etanol na UE até

2020, inicialmente projetada em um

pouco mais de 14 bilhões de litros, agora

está difícil de estimar devido a algumas

propostas de emendas feitas às Diretivas

Europeias para Promoção de Energias

Renováveis (RED, em inglês) e à Qualidade

dos Combustíveis (FQD, em inglês), leg-

islações que orientam o uso de fontes

alternativas ao petróleo,” explicou Kutas.

Apresentadas em 17 de outubro pela

Comissão Europeia, as recomendações

propõem a aplicação de medidas que

limitam os efeitos das chamadas mudan-

ças indiretas do uso da terra (ILUC, em

inglês) atribuídos aos biocombustíveis. A

executiva da UNICA informa que as pro-

postas deverão ser discutidas no parla-

mento europeu e no Conselho nos próxi-

mos meses, dentro de um processo que só

deve ser concluído no segundo semestre

de 2013.

Açúcar

Além de abordar as indefinições na UE

em relação ao etanol, os participantes da

conferência organizada pela F.O. LICHT´S

na capital britânica também discutiram

os instrumentos utilizados pela Comissão

Europeia para lidar com a situação defi-

citária que o mercado de açúcar europeu

enfrenta periodicamente. Segundo Kutas,

parte do problema se deve a dificuldades

que as empresas refinadoras do produto

enfrentam para comprar açúcar de países

como o Brasil, que não são beneficia-

dos com a isenção tarifária concedida a

países menos desenvolovidos e a algu-

mas ex-colônias europeias, agrupadas em

um grupo conhecido como África-Caribe-

Pacifico (ACP, na sigla em inglês).

Em síntese, estes acordos comerciais,

somados às quotas de açúcar estabeleci-

das para cada país da UE, deveriam asse-

gurar o abastecimento do mercado inter-

Atualmente, o Brasil é o único país que pode atender a demanda americana de utiliza-ção de biocombustív-el avançado produ-zido com tecnologia de primeira geração”.

Géraldine Kutas

no europeu, especificamente o de alimentos.

Ocorre que as quantidades de açúcar prove-

nientes dos países menos desenvolvidos e

os ligados ao ACP não vêm dando conta da

demanda existente na indústria alimentícia

do continente, o que obrigou as empresas

de refino a buscarem o produto a um preço

muito elevado no mercado externo, pagan-

do uma tarifa de até € 339 por tonelada.

Page 10: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Usar alimentos para produzir combustível “verde” quan-

do uma em cada sete pessoas no mundo passa fome já

gerava certa polêmica. A controvérsia aumentou com a

confirmação que esse tipo de combustível polui tanto

quanto os fósseis. Um estudo suíço relança o debate.

Em julho de 2008, o jornal britânico The Guardian abriu a caixa

de Pandora ao publicar um estudo interno do Banco Mundial,

segundo o qual 75% do aumento internacional dos preços dos

alimentos durante os últimos seis anos deveu-se aos chamados

combustíveis verdes.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

(FAO) reforçou o impacto desta notícia, ao confirmar que a popu-

lação mundial que

sofre de desnutrição

cresceu de forma

inusitada, passando

de 840 milhões em

2002 para 925 mil-

hões em 2008.

Por sua vez, a

Aliança Global

para Combustíveis

Renováveis (GRFA,

na sigla em inglês)

diz que, entre 2000

e 2010, a produção

mundial de biodiesel

se multiplicou por 22,

enquanto que a de etanol triplicou.

Distorção do mercado

Na Suíça, menos de 5% do consumo total de combustível é

derivado de biocombustíveis, de acordo com a Administração

Federal de Aduana.

Em setembro, o instituto de pesquisas EMPA apresentou um

balanço ecológico abrangente sobre a indústria de energia verde

confirmando que “poucos biocombustíveis são mais ecológicos

do que a gasolina”.

Rainer Zah, responsável pelo estudo, disse à swissinfo.ch que

“se os biocombustíveis forem produzidos em terras adequadas

ao cultivo, eles causarão um impacto ambiental maior do que o

gerado pelos combustíveis fósseis”.

Um sinal de alarme contra o rápido crescimento desta indústria.

Segundo a GRFA, o setor contribuiu em 374,43 bilhões de dólares

no PIB mundial em 2010 e sua participação irá aumentar para

679,75 bilhões em 2020.

Um desenvolvimento que seria impossível sem o estímulo finan-

ceiro dos governos.

“Se os biocombustíveis

competissem com os com-

bustíveis fósseis sem os subsí-

dios públicos, a interação das

forças do mercado permitiria

distribuir de forma ideal os

estoques de alimentos entre

alimentação e produção de

bioenergia”, diz à swissfinfo.ch

Ivetta Gerasimchuk, especial-

ista do Instituto Internacional

para o Desenvolvimento

Sustentável (IISD), em

Genebra.

“Mas há uma profunda dis-

torção no mercado causada

pelos incentivos fiscais e outras facilidades dos governos”, acres-

centa.

Comida barata

Peter Brabeck, presidente da Nestlé, tem sido um dos principais

críticos a condenar os biocombustíveis. Segundo ele, “os tempos

da comida barata acabaram”.

O porta-voz da gigante alimentícia suíça, Philippe Aeschlimann,

BIOCOMBUSTÍVEIS VOLTAM A ALIMENTAR POLÊMICA

UFONTE: SWISSINFO.CH

Page 11: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Se os biocombustíveis competissem

com os combustíveis fósseis sem os

subsídios públicos, a interação das

forças do mercado permitiria dis-

tribuir de forma ideal os estoques

de alimentos entre alimentação e

produção de bioenergia”,

Ivetta Gerasimchuck

nega que Brabeck esteja mesmo é preocupado com o aumento

do custo das matérias-primas, o que afetaria as perspectivas finan-

ceiras do grupo. “A nossa participação nesta discussão não está

relacionada com o impacto em nossos negócios, mas com as impli-

cações sociais dessas políticas”, disse à swissinfo.ch.

Segundo Aeschlimann, Nestlé pretende enfrentar o aumento dos

insumos através da redução dos custos, da inovação e, como última

opção, aumentando os preços ao consumidor.

Projeto em Serra Leoa

Entre os defensores dos biocombustíveis também se encontram

empresas suíças. Addax Bioenergy pretende inaugurar em 2013 em

Malal Mara, Serra Leoa, um complexo para a produção de etanol de

350 milhões de dólares.

A ONG suíça “Pão para o Próximo” (PPP) fez uma análise detalhada

do projeto. Segundo a organização, a empresa suíça teria desfru-

tado de numerosas isenções fiscais, o projeto teria um impacto

ambiental negativo, consumindo água de forma intensiva nos

períodos de seca, além de ter sido concebido de maneira ilícita com

as autoridades locais.

Segundo o suíço Yvan Maillard, membro da Transparência

Internacional e responsável do Programa de Financiamentos

Internacionais e Corrupção da PPP, o contrato de arrendamento da

terra onde se instalou Addax Bioenergy é por 50 anos, prorrogáveis

para 71, o que despojará várias gerações de suas terras.

“Addax nunca poderia ter feito na Suíça o que está fazendo em

Serra Leoa. Os proprietários têm muito mais segurança na Suíça.

Addax teria que assinar acordos com centenas de proprietários

individuais, ao invés de apenas três contratos de arrendamento

com as autoridades locais em Serra Leoa”, denuncia.

Nikolai Germann, diretor executivo da Addax Bioenergy, rejeita

essa visão e considera os relatórios da PPP totalmente errados.

“Estamos sendo supervisionados por consultores independentes

dos bancos de desenvolvimento que tiveram três anos para aval-

iar a sustentabilidade do projeto”.

“Podemos dizer com toda a certeza que o projeto Addax tem

melhorado a segurança alimentar por meio de seu programa de

desenvolvimento rural bem-sucedido que é a operação de gestão

privada mais importante realizada até agora em Serra Leoa”, disse

à swissinfo.ch. Ele acrescenta que a cana de açúcar não é um

alimento básico, como o trigo ou milho, por isso seu plantio não

desviará alimentos.

Segunda geração

Existe alguma alternativa para a situação?

De acordo com Rainer Zah, um primeiro passo seria promover

os biocombustíveis de segunda geração, que utilizam resíduos

de plantas e não apenas seus sucos e óleos. A desvantagem, no

entanto, é que eles ainda são muito caros e não têm sido sufici-

entemente desenvolvidos comercialmente.

No final de setembro, a União Europeia manifestou sua intenção

de limitar a produção de biocombustíveis, para a insatisfação das

empresas.

A Suíça sempre deixou claro que dá prioridade à produção de

alimentos em suas terras. No entanto, o assunto está inscrito na

agenda do G-20 e será discutido novamente em 2013.

Page 12: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

NOVOZYMES FAZ PARCERIA COM BETA RENEWABLES PARA BIOCOMBUSTÍVEIS

FABRICANTE DINAMARQUESA PROJETA QUE EM

ATÉ CINCO ANOS A COMPANHIA CONTRATE DE

fabricante de enzimas dinamarquesa Novozymes

informou nesta segunda-feira (29/10) que consti-

tuiu uma parceria estratégica com a companhia

de tecnologia para biocombustível celulósico Beta

Renewables, na qual investirá US$ 115 milhões. Com o negócio,

a Novozymes, que produz enzimas usadas na fabricação de bio-

combustível, e a Beta Renewables pretendem oferecer soluções

de larga escala para a produção de biocombustíveis.

Conforme o acordo, a Novozymes vai assumir uma participação

acionária de 10% na Beta Renewables e as duas empresas irão

apresentar, comercializar e garantir soluções para biocombustível

celulósico em conjunto. “A Beta Renewables está construindo

instalações avançadas de biocombustível ao redor do mundo, e,

por ser o seu fornecedor preferencial de enzimas, a Novozymes

ganhará acesso a oportunidades significativas de negócio”, afir-

mou o vice-presidente executivo da empresa dinamarquesa,

Peder Holk Nielsen.

A Novozymes projeta que a Beta Renewables contratará de 15 a

25 novas instalações produtivas dentro dos próximos três a cinco

anos. O potencial de vendas da Novozymes para essas plantas

pode chegar a US$ 175 milhões.

A companhia dinamarquesa acrescentou que irá descontinuar

o seu programa de recompra de ações de 2 bilhões de coroas

dinamarquesas (US$ 346 milhões), que havia sido lançado em 20

de janeiro e estava condicionado à não realização de aquisições (1

coroa dinamarquesa = US$ 0,172965). O acordo terá um impacto

negativo sobre o fluxo de caixa da Novozymes no quarto trimestre

de 2012 da ordem de 670 milhões de coroas, segundo a empresa.

A15 A 25 NOVAS INSTALAÇÕES

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

Page 13: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento

(MAPA) divulgou nessa

quinta-feira (25) o Zoneamento Agrícola

de Risco Climático para a produção de

gergelim, girassol, mamona na safra

2012/2013. Os estudos com as orientações

para plantio das culturas foram publica-

dos no Diário Oficial da União (DOU).

O objetivo do zoneamento é identificar os

municípios aptos e os períodos de plantio

com menor risco climático, levando em

consideração as características de cada

região. Os estudos ainda apresentam a

análise hídrica, tipos de solos, cultiva-

res indicadas e os municípios, em cada

Estado, mais habilitados para a o cul-

tivo. Essas identificações foram realizadas

a partir de análises técnicas feitas por

equipe do ministério.

Culturas

Com semente que contêm cerca de 50%

de óleo de qualidade, o gergelim é uma

oleaginosa utilizada tanto no segmento

agroindustrial quanto no de alimentos

in natura. O zoneamento orienta o cul-

tivo em cinco Estados nordestinos, com

destaques para os fatores climáticos tem-

peratura, chuva, luminosidade e altitude

no desenvolvimento da oleaginosa.

O zoneamento agrícola identificou sete

unidades da federação do nordeste e três

do centro-oeste como aptas ao plantio de

girassol. A espécie possui ampla capacid-

ade de adaptação a diversos ambiente. No

entanto, o estudo aponta que temperatu-

ras baixas podem aumentar o ciclo da cul-

tura, o que atrasa a floração e maturação.

Os estudos da mamona e do milheto são

voltado à produção em seis Estados nor-

destinos. A primeira cultura tem grande

tolerância à seca, o que a torna uma boa

alternativa de cultivo em diversas regiões

do país. Além disso, o óleo extraído pelas

amêndoas da mamona, com teor que

varia de 43% a 49%, tem várias aplica-

ções. O excesso de umidade é apontado

como prejudicial para a cultura.

Fonte: Assessoria de imprensa MAPA

O

ZONEAMENTO AGRÍCOLA ORIENTA O PLANTIO DE OLEAGINOSAS NO NORDESTE

Page 14: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

CAGÊNCIA FAPESP

ESTUDO APONTA GARGALOS PARA

CERTIFICAÇÃO DE BIOQUEROSENE

NO BRASIL

ertificações técnicas para biocombustíveis que

podem ser utilizados em aviões já existem, mas,

de acordo com especialistas, ainda não há um

certificado de sustentabilidade que ateste que um

determinado combustível obtido de biomassa – e

que se revele um candidato potencial para substituir o querosene

utilizado na aviação comercial – seja produzido levando em

consideração critérios como o bom uso da terra, a conservação

da biodiversidade e o cumprimento das legislações trabalhista e

ambiental.

Isso porque, apesar de existirem biocombustíveis produzidos no

exterior a partir de diferentes biomassas – que inclusive obtiveram

certificação técnica para utilização e vêm sendo usados em voos

de demonstração e até mesmo comerciais –, nenhum deles ainda

é produzido e comercializado em grande escala – o que dispensa

por ora a necessidade de terem certificação de sustentabilidade.

De modo a se antecipar a esse estágio, um estudo realizado pelo

Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais

(Icone) comparou as principais certificações globais para bio-

combustíveis existentes atualmente com o objetivo de identificar

gargalos para sua implementação no Brasil, país referência mun-

dial em biocombustíveis e com uma série de iniciativas para a

produção de combustíveis “verdes” para aviação.

A iniciativa foi financiado pela Boeing, Embraer e Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID) e analisou as certi-

ficações Bonsucro, Roundtable on Sustainable Biofuels (RBS)

e International Sustainability & Carbon Certification (ISCC).

Adotadas para certificação de biocombustíveis para diferentes

aplicações, as três certificações também poderiam ser utilizadas

para certificar biocombustíveis de aviação.

“Como os biocombustíveis de aviação ainda representam um

mercado muito novo, não há uma certificação de sustentabilidade

com foco específico para eles. Mas as certificações atuais para

biocombustíveis, em geral, provavelmente também serviriam

para certificar biocombustíveis de aviação porque eles não terão

grandes diferenças na produção”, disse Paula Moura, uma das

autoras do estudo, à Agência Fapesp.

De acordo com a pesquisadora, o estudo teve como foco uma

tecnologia desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris

para produzir bioquerosene de aviação a partir da cana-de-

açúcar – uma das diversas opções de biomassa utilizadas para

esta finalidade.

Como a tecnologia desenvolvida pela Amyris tem potencial de

desenvolvimento em escala – e para isso deverá requerer uma

certificação de sustentabilidade –, os pesquisadores fizeram

uma comparação entre os padrões adotados pelas certificações

Bonsucro, RBS e ISCC de modo a avaliar os desafios com os quais

a tecnologia deparará no futuro para adotá-las.

Uma das principais constatações do estudo feito pelo Icone é que

os padrões de sustentabilidade das três certificações são bastante

similares e se baseiam no cumprimento da legislação ambiental

vigente no país e no exterior. Entretanto, a principal diferença

entre eles está na exigência de alguns critérios adicionais, que

poderão interferir na expansão e adesão pelos produtores.

Critérios da União Europeia

Os critérios adicionais estão relacionados à “Diretiva de Energia

Renovável”, anunciada pela União Europeia em 2010, que estabel-

eceu um conjunto de regras sobre como deve ser implementada a

certificação de sustentabilidade da produção de biocombustíveis

em geral.

Algumas das exigências dos países europeus são que os biocom-

bustíveis não podem ser provenientes de áreas de floresta, pân-

tanos e áreas de reserva ambiental e que possibilitem diminuir

significativamente as emissões de gases de efeito estufa em com-

paração com os combustíveis fósseis.

Para possibilitar que os produtores brasileiros possam atender

também a essas exigências externas, o Bonsucro – única certifi-

cação para biocombustíveis derivados de cana-de-açúcar imple-

mentada no Brasil – incluiu algumas das exigências da União

Europeia.

Mas, por pressão dos produtores, a certificação optou por não

tratar ou abordar de forma genérica questões que ainda estão

Page 15: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

sendo discutidas e para as quais ainda não

há uma metodologia bem definida para

apurar o cumprimento. Entre elas estão

a limitação de expansão da produção

em áreas de alto valor de conservação,

mudanças indiretas no uso da terra e

segurança alimentar.

Como a RBS e a ISCC já adotaram alguns

desses critérios, a Bonsucro seria mais fácil

de ser implementada no Brasil em curto

prazo, de acordo com o estudo do Icone.

“Hoje, a maior parte dos certificados pela

Bonsucro são os grandes produtores de

cana-de-açúcar, que já têm uma série de

outras certificações de gestão e quali-

dade, mas que ainda não têm 100% da

produção certificada”, disse Moura.

Entretanto, na avaliação de Moura, um dos

principais desafios para expansão dessa

certificação no país será aumentar sua

abrangência e adesão pelos pequenos e

médios produtores e terceiros fornece-

dores de cana-de-açúcar, que têm maior

dificuldade em cumprir alguns pontos da

legislação trabalhista e ambiental brasilei-

ra.

A International Air Transport Association

(Iata), entidade privada internacional de

representação do setor de aviação, indi-

cou a RSB como a certificação de sustent-

abilidade de biocombustíveis que irá ado-

tar para os biocombustíveis que poderão

ser utilizados na aviação.

A Organização Internacional de Aviação

Civil (Ical), principal órgão público da avia-

ção, ainda não definiu qual modelo de cer-

tificação de sustentabilidade de produção

de biocombustíveis para aviação deverá

reconhecer.

De acordo com Moura, independente-

mente da decisão dos órgãos internacio-

nais de aviação, isso não inviabilizará a

existência das três certificações existentes

hoje.

“Pode ser que os órgãos de aviação recon-

heçam mais de uma certificação. E a partir

do momento que reconhecerem, isso exi-

girá um esforço das certificadoras em real-

izar adaptações, que dependerão muito

mais deles do que da indústria de aviação”,

avaliou a pesquisadora.

Convênio com Boeing e Embraer

Coordenado por André Nassar, membro

da coordenação do Programa FAPESP

de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), os

resultados do estudo foram apresentados

em um workshop sobre sustentabilidade

que integra uma série de oito encontros

que estão sendo realizados pela FAPESP,

Boeing e Embraer, no âmbito de um acor-

do firmado em outubro de 2011 com

o objetivo de estabelecer um centro de

pesquisa e desenvolvimento de biocom-

bustíveis para aviação comercial no Brasil

envolvendo as três instituições.

Iniciada no fim de abril, a série de oito

workshops tem o objetivo de coletar

dados com pesquisadores, integrantes da

cadeia de produção de biocombustíveis,

além de representantes do setor de avia-

ção e do governo, para identificar os prin-

cipais desafios científicos, tecnológicos,

sociais e econômicos para o desenvolvi-

mento e adoção de biocombustíveis pelo

setor de aviação comercial e executiva no

Brasil.

Em seguida, Fapesp, Boeing e Embraer

realizarão um projeto de pesquisa conjun-

to sobre os temas prioritários apontados

nos workshops e lançarão uma chamada

de propostas para o estabelecimento de

um centro de pesquisa e desenvolvimento

de biocombustíveis para aviação comer-

cial.

O último workshop, em que serão apre-

sentadas as conclusões do estudo, está

previsto para ser realizado ainda este ano

na FAPESP.

O estudo Benchmark of cane-derived

renewable jet fuel against major sustain-

ability standards, de Paula Moura e outros,

pode ser acessado em clicando aqui.

Page 16: Biocombustíveis em Foco (Nov_2012)

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