crystiane ribas batista ribeiro impacto ambiental ... ribas batista... · impacto ambiental,...

116
1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA-EEAAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE-MACCS CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: A Educação pelos Pares como estratégia de prevenção NITERÓI 2013

Upload: dangtruc

Post on 11-Feb-2019

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA-EEAAC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE-MACCS

CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO

IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE

GUANABARA - RJ, BRASIL:

A Educação pelos Pares como estratégia de prevenção

NITERÓI

2013

Page 2: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

2

CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO

IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE

GUANABARA - RJ, BRASIL:

A Educação pelos Pares como estratégia de prevenção

Dissertação apresentada ao Mestrado Acadêmico

em Ciências do Cuidado em Saúde (MACCS), da

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

(EEAAC), da Universidade Federal Fluminense

(UFF), como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre.

Campo de Confluência: Ambiente, Trabalho,

Saúde e Educação.

Orientadora:

Profª Drª Vera Maria Sabóia

Niterói, RJ

2013

Page 3: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

3

R 484 Ribeiro, Crystiane Ribas Batista.

Impacto ambiental, trabalho e saúde de pescadores da

Baía de Guanabara – RJ, Brasil ... / Crystiane Ribas Batista

Ribeiro. – Niterói: [s.n.], 2013.

116 f.

Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências do

Cuidado em Saúde) - Universidade Federal Fluminense,

2013.

Orientador: Profª. Vera Maria Sabóia.

1. Saúde do trabalhador. 2. Educação. 3. Poluição

ambiental. 4. Enfermagem.I.Título.

CDD 616.9803

Page 4: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

4

CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO

IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE

GUANABARA - RJ, BRASIL:

A Educação pelos Pares como estratégia de prevenção

Dissertação apresentada ao Mestrado Acadêmico

em Ciências do Cuidado em Saúde (MACCS), da

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

(EEAAC), da Universidade Federal Fluminense

(UFF), como requisito parcial à obtenção do

título de Mestre.

Campo de Confluência: Ambiente, Trabalho,

Saúde e Educação.

Aprovada em 12 de dezembro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Profª Drª Vera Maria Sabóia - UFF

Orientadora

Profª Drª Maria da Soledade Simeão dos Santos - UFRJ

Profª Drª Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho - UFF

Profª Drª Joseli Maria da Rocha Nogueira - FIOCRUZ

Profº Enéas Rangel Teixeira - UFF

Niterói

2013

Page 5: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

5

Aos Pescadores Artesanais da Comunidade Cassinú

Ao Eterno Mestre Paulo Freire (in memorian)

Page 6: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

6

PARÁBOLA DA VIDA MODERNA-UM HOMEM DE NEGÓCIOS

Um homem de negócios, americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana,

observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento, trazendo um único

pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O americano deu parabéns ao

pescador pela qualidade dos peixes e lhe perguntou quanto tempo levara para pescá-los.

- "Pouco tempo" - Respondeu o mexicano.

Em seguida, o americano perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe

teria permitido uma pesca mais abundante.

O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua

família.

O americano voltou à carga:

- "Mas o que é que você faz com o resto de seu tempo?"

O mexicano respondeu:

- "Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, tiro a sexta com minha

mulher, Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho e toco violão com meus

amigos. Levo uma vida cheia e ocupada, senhor".

O americano assumiu um debochado ar de pouco caso e disse:

- "Eu sou formado em Administração de empresas em Harvard, perito em 'Qualidade' e

poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco

maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria

uma frota de barcos pesqueiros. Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia

diretamente à uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia

controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria deixar esta pequena aldeia

costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México, em seguida para Los Angeles e,

finalmente, para Nova York, de onde dirigiria sua empresa em expansão".

- "Mas, senhor, quanto tempo isso levaria?" - Perguntou o pescador, com os olhos

arregalados.

- "15 ou 20 anos" - Respondeu triunfante o americano.

- "E depois, senhor?"

O americano riu, e disse que essa seria a melhor parte.

- "Quando chegasse a ocasião certa, você poderia abrir o capital de sua empresa ao público e

ficar muito, muito rico. Ganharia milhões".

- "Milhões, senhor? E depois?"

- "Depois..." - Explicou o americano - "...Você se aposentaria... Mudaria para uma pequena

aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os seus netos,

tiraria a sexta com a sua esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia tomar vinho e tocar

violão com os amigos..."

- "Pois é, senhor... É exatamente assim que eu vivo!" - Concluiu, sorrindo, o pescador...

Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NDYzOTA1/

Page 7: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

7

AGRADECIMENTOS

A conclusão do mestrado para mim hoje significa um turbilhão de novas idéias. O pouco que

conhecia sobre educação e educação popular não foi substituído, mas complementado por

essas novas idéias e ganharam uma forma encantadora. Tenho tanto a agradecer pelas

experiências que vivenciei ao longo desta pesquisa. As transformações que busquei realizar na

vida dos pescadores da Comunidade Cassinú, antes de tudo ocorreram dentro de mim. Do que

adianta pesquisar para tentar transformar algo se primeiro não somos transformados como

pessoas?

Começo, então, a agradecer àqueles que fizeram parte não da conclusão, mas do início do

caminho que pretendo trilhar como pesquisadora.

Ao meu precioso e amado Deus, a quem rendo toda a gratidão pelo sustento em todos os dias

de elaboração desta obra.

Ao meu amado, Reginaldo, pelas palavras de motivação, fé e esperança. Por enxergar a

importância desta etapa na minha vida e me acompanhar nas manhãs de coleta de dados

mesmo após noites inteiras de plantão. Você é incrível!

Aos meus pais, Márcio e Rosy, pelo carinho e apoio nesta empreitada. Mãe, nunca esquecerei

as tardes de transcrição dos achados da pesquisa. Sua ajuda foi imprescindível!

À minha linda irmã Camille, a sua idade definitivamente não contempla a imensidão da sua

esperteza e inteligência. Obrigada por fazer parte desse trabalho!

À minha querida orientadora Vera Sabóia, pelas palavras de sabedoria, pela profissional

exemplar que é e pela pessoa maravilhosa que se revelou a mim nesses 2 anos de mestrado.

Por me apresentar a Paulo Freire... Nem imagina como sou grata a Deus por tê-la colocado em

meu caminho. É uma honra dividir esse momento único com você!

À amiga e parceira Dayane. O que seria de mim sem você? Obrigada pelo compromisso e

pela dedicação sem igual.

À profª Joseli e ao Técnico de laboratório Licurgo, pela disposição em participar conosco

deste trabalho sem medir esforços, pela paciência nos dias de treinamento no laboratório.

Muito obrigada pela parceria!

Ao Cleber pelo grande auxílio com os números... que bom que surgiu em nosso caminho!

Muito obrigada!

À profª Alessandra, à profª Soledade e à profª Geilsa pelas belas contribuições para o

resultado final deste trabalho.

À profª Rose Rosa, como os versículos bíblicos, as doces palavras agiram de forma a renovar

as minhas forças. Deus continue usando a sua vida para abençoar muitas outras.

Page 8: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

8

Aos amigos do Mestrado Acadêmico Vangelina, Renata Santos, Edson, Márcia. Já sinto

saudade das nossas conversas. Agradeço a Deus pela amizade que construímos!

Ao Sr. Paulo e aos pescadores da Comunidade Cassinú. Não preciso dizer que se não fossem

vocês nada disso seria possível. Os dias que passamos juntos serão inesquecíveis, as trocas, as

discussões. Obrigada pela oportunidade de conhecer um novo olhar da pesca artesanal e o

amor que têm pela profissão de vocês apesar das inúmeras dificuldades que enfrentam!

Page 9: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

9

A humanidade socializada, em aliança com uma natureza

mediatizada, transforma o mundo em lar.

Ernst Bloch

Page 10: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

10

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa participante com abordagem qualitativa sobre o agir educativo-

participativo da enfermeira com pescadores artesanais da Baía de Guanabara – RJ, Brasil. No

entorno do rio Maribondo localizado em São Gonçalo-RJ-Brasil, existe uma colônia de

pescadores na Comunidade Cassinú. Em estudos prévios no referido rio, no que tange

aspectos microbiológicos e físico-químicos, foram detectados valores de elevado grau de

contaminação fecal. Por desembocar na Baía de Guanabara-RJ, o rio acaba contribuindo para

a poluição da mesma. Os pescadores estão sujeitos a riscos de acidentes e doenças, devido ao

grande esforço físico a que são submetidos, variações climáticas e contato com agentes

patológicos num ambiente sem saneamento. Acidentes por estruturas do próprio peixe podem

tornar-se uma porta de entrada para micro-organismos presentes na água contaminada

retardando a cicatrização da ferida. Pensando na tecnologia educacional denominada

educação pelos pares e suas interfaces com a educação popular Freiriana, a partir da

dialogicidade e assunção dos sujeitos, entende-se a importância da aplicação da mesma com

este grupo de trabalhadores. A pesquisa traz como objetivos caracterizar as condições de

trabalho e saúde de destes pescadores e discutir uma proposta participativa de cuidado em

saúde a partir da Educação pelos Pares com foco nas feridas cutâneas. Como técnica de coleta

de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada, observação participante e atividade grupal.

Dos 35 pescadores participantes 88,6% são do Rio de Janeiro, têm uma média 2,3 filhos, 3,4

dependentes, 34,3% possuem ensino fundamental 1 completo, renda mensal prevalente,

42,9%, entre 1 e 2 salários mínimos. A carga horária média de trabalho diário é de 11,8,

principal ponto de venda são atravessadores (88,6%), entram em contato com a água durante

toda a pesca (85,7%). Dos 71,4% que utilizam EPI, utilizam parcialmente. As principais

queixas/doenças apontadas pelos pescadores foram dor na coluna (11,4%), dor no joelho

(5,7%) e hipertensão (5,7%), além de problemas digestivos, câncer de pele entre outros. Os

ferimentos já ocorreram em 91,4% dos entrevistados em algum momento da pesca. As mãos e

as pernas são as regiões do corpo mais atingidas, com aplicação de substâncias como pó de

café, água do mar e secreção do olho do Bagre no local. Os resultados encontrados e os

relatos dos pescadores revelam suas precárias condições de saúde e trabalho, falta de proteção

social, risco de ferimentos, prejuízo das funções emocionais e físicas. A pesquisa participante

revelou a riqueza e a potencialidade da atividade pesqueira, dando visibilidade aos pescadores

artesanais, que apesar dos desafios que enfrentam destacam a satisfação e o prazer na

profissão, que persiste há anos e lhes proporciona liberdade de expressão e momentos de

descontração. Além disso, a reflexão das falas dos participantes, da observação participante e

da construção de saberes na atividade grupal à luz de Freire, por intermédio do agir educativo-

participativo, permitiu uma melhor percepção e compreensão da importância da educação em

articulação com o ambiente, a saúde e o trabalho.

Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Educação. Poluição Ambiental. Enfermagem.

ABSTRACT

Page 11: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

11

It is a participant research with a qualitative approach on the educational and participatory act

nurse with fishermen of Guanabara Bay - RJ, Brazil. Surrounding the river Maribondo located

in São Gonçalo - RJ - Brazil, there is a colony of fishermen in the Community Cassinú. In

previous studies in that river, regarding aspects of microbiological and physico - chemical

values were detected high degree of faecal contamination. For culminate in Guanabara Bay ,

RJ , the river ends up contributing to the pollution of the same . The fishermen are at risk of

accidents and diseases , because of the physical effort they undergo , weather changes and

contact with pathogens in an environment without sanitation. Accidental structures of the fish

itself may become a gateway for micro - organisms present in contaminated water delaying

wound healing. Thinking in educational technology called peer education and its interfaces

with popular education Freire, from the dialog and assumption of subject, understands the

importance of the application of the same with this group of workers. The research has as

objectives to characterize the working conditions and health of these fishermen and discuss a

proposal participatory health care from the Peer Education with a focus on skin wounds. For

the technique of data collection was used semistructured interviews, participant observation

and group activity. Of the 35 participants 88.6 % are fishermen from Rio de Janeiro, have an

average 2.3 children , 3.4 dependents , 34.3 % have primary education first full monthly

income prevalent , 42.9 % between 1 and 2 minimum wages . The average workload of daily

work is 11.8, the main selling point are middlemen (88.6 %) , come in contact with water

during the entire fishing (85.7 %). 71.4% using the PPE used in part. The main complaints /

diseases mentioned by the fishermen were back pain (11.4%), knee pain (5.7 %) and

hypertension (5.7 %), and digestive problems , skin cancer, among others . Injuries have

occurred in 91.4 % of respondents at some time fishing. The hands and legs are the body

regions most affected, with application of substances such as coffee powder, sea water and

eye Catfish’s secretion on site. The results and reports of fishermen reveal their poor health

and work, lack of social protection, risk of injury, loss of emotional and physical functions.

Participant observation revealed the richness and potential of the fishing activity, giving

visibility to the fishermen, who despite the challenges facing the satisfaction and pleasure out

in the profession, which persists for years and provides them freedom of expression and

moments of relaxation .Moreover, the reflection of participants' speech, participant

observation and the construction of knowledge in the light of group activity Freire, through

educational and participatory act, allowed a better perception and understanding of the

importance of education in conjunction with the environment, health and work .

Keywords: Occupational Health. Education. Environmental Pollution. Nursing.

RESUMEN

Se trata de una investigación participante con un enfoque cualitativo de la enfermera acto

educativo y participativo con los pescadores de la Bahía de Guanabara - RJ , Brasil. Alrededor

de la Maribondo río ubicado en São Gonçalo -RJ - Brasil, hay una colonia de pescadores de la

Page 12: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

12

Comunidad Cassinú . En estudios previos en ese río , en relación con aspectos de los valores

microbiológicos y físico - química se detectaron alto grado de contaminación fecal . Para

culminar en la Bahía de Guanabara , RJ , el río termina contribuyendo a la contaminación de

la misma . Los pescadores están en riesgo de accidentes y enfermedades , debido al esfuerzo

físico que sufren , los cambios climáticos y el contacto con agentes patógenos en un entorno

sin saneamiento . Estructuras accidentales de la propia peces pueden convertirse en una puerta

de entrada para los microorganismos presentes en el agua contaminada retrasar la

cicatrización de heridas . Pensando en la tecnología educativa llamada educación entre pares y

sus interfaces con la educación popular Freire , desde el diálogo y la asunción de la materia,

entiende la importancia de la aplicación de la misma con este grupo de trabajadores. La

investigación tiene como objetivos caracterizar las condiciones de trabajo y salud de los

pescadores y discutir una propuesta de atención de la salud participativa de la educación de

pares con un enfoque en heridas de la piel. Para la técnica de recolección de datos se utilizó

entrevistas semiestructuradas, observación participante y la actividad de grupo. De los 35

participantes en el 88,6 % son pescadores de Río de Janeiro , tiene un promedio de 2,3 hijos ,

3,4 personas dependientes , el 34,3 % tienen educación primero ingreso mensual total

primaria frecuente , 42,9 % entre 1 y 2 salarios mínimos. La carga de trabajo promedio de

trabajo diario es de 11.8 , el principal punto de venta son intermediarios ( 88,6 %), entrar en

contacto con el agua durante toda la pesca (85,7 %). 71,4 % con el PPE usado en parte. Las

principales quejas / enfermedades mencionadas por los pescadores fueron dolor de espalda

(11,4 %), el dolor de rodilla (5,7 % ) y la hipertensión ( 5,7 % ), y problemas digestivos,

cáncer de piel, entre otros. Las lesiones han ocurrido en el 91,4 % de los encuestados en algún

tiempo en la pesca. Las manos y las piernas son las zonas del cuerpo más afectadas, con el

uso de sustancias como el polvo de café , agua de mar y el pez gato ojo en el sitio. Los

resultados y los informes de los pescadores revelan su mala salud y el trabajo, la falta de

protección social, el riesgo de lesiones, pérdida de funciones físicas y emocionales. La

observación participante reveló la riqueza y el potencial de la actividad pesquera, dando

visibilidad a los pescadores, que a pesar de los desafíos que enfrenta la satisfacción y el placer

en la profesión, que persiste durante años y les proporciona la libertad de expresión y de

momentos de relax. Por otra parte, el reflejo del discurso de los participantes, la observación

participante y la construcción del conocimiento a la luz de actividad de grupo Freire, a través

del acto educativo y participativo, permite una mejor percepción y la comprensión de la

importancia de la educación en relación con el medio ambiente, la salud y el trabajo.

Palabras clave: Salud Ocupacional. Educación. Contaminación Ambiental. Enfermería.

Page 13: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, p. 19

1.1. Contextualização da Problemática, p.21

1.1.1. A realidade dos pescadores, p.22

1.1.2. A educação pelos pares como tecnologia educacional e estratégia de intervenção, p.24

1.2. Objetivos, p.26

1.3. Justificativa, p.27

1.4. Relevância/Contribuições, p.28

2. CONTEXTUALIZANDO A ATIVIDADE PESQUEIRA ARTESANAL NA BAÍA DE

GUANABARA – ANÁLISE SOB A ÓTICA DO IMPACTO AMBIENTAL , p.30

2.1. A pesca e o trabalho informal, p.30

2.2. Atividade pesqueira na Baía de Guanabara, p.32

2.3. A poluição aquática e os micro-organismos veiculados pela água contaminada, p.32

2.3.1. Febre tifóide causada por Salmonella enterica do sorogrupo Typhi, p.35

2.3.2. Diarréia causada por Escherichia coli, p.35

2.3.3. Cólera e outras doenças causada por espécies de Vibrio, p.36

2.4. A pele e as feridas cutâneas, p.37

3. EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO PELOS PARES: UMA VISÃO FREIRIANA, p.40

4. METODOLOGIA, p.45

4.1. Caracterização do estudo, p.45

4.2. Cenário, p.46

4.3. Participantes, p.48

4.4. Técnica de coleta de dados, p.48

4.5. Análise dos resultados, p.54

4.6. Aspectos Éticos, p.55

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO, p.57

6. CATEGORIAS ANALÍTICAS DO ESTUDO, p.85

6.1.1ª Categoria - Dualismo no trabalho informal: Prazer e Dor, p.85

6.2. 2ª Categoria - Individualismo na pós-modernidade: União para a libertação, p. 88

6.3. 3ª Categoria - Sustentabilidade ambiental: Saúde e Educação, p.91

7. CONCLUSÃO, p.98

Page 14: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

14

8. REFERÊNCIAS, p.100

8.1. Obras citadas, p.100

8.2. Obras consultadas, p.109

APÊNDICE I – FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS, p.110

APÊNDICE II - ROTEIRO PARA ATIVIDADE GRUPAL, p.112

APÊNDICE III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO , p.113

APÊNDICE IV – ROTEIRO PARA O DIÁRIO DE CAMPO-OBSERVAÇÃO

PARTICIPANTE, p. 115

ANEXO I – COMPROVANTE DE APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA. p. 116

Page 15: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

15

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig.1 Mapa dos distritos de São Gonçalo, RJ, f.22

Foto 1 Localização do Rio Maribondo próximo à BR-101, f.23

Quadro 1 Principais micro-organismos indicadores da qualidade da água e as doenças

que causam, f.35

Foto 2 Colônia de pescadores do Gradim Z-08 à margem da Baía de Guanabara, f.47

Foto 3 Associação de pescadores do Gradim – São Gonçalo, RJ, f.47

Foto 4 Local da realização das entrevistas dia 09/03, f.50

Foto 5 Entrevista com pescador, f.50

Foto 6 Atividade grupal na Associação de moradores da colônia de pescadores f.52

Foto 7 Discussão sobre poluição ambiental, f.52

Fig. 2 Alguns recursos visuais utilizados nas discussões com os pescadores, f.52

Fig. 3 Imagens de diferentes espécies de peixes utilizadas na dinâmica, f.53

Fig.4 Desenhos elaborados pelos pescadores educadores para avaliação da

atividade, f.53

Gráfico 1 Distribuição dos pescadores segundo a variável idade (N=35), f.57

Tabela 1 Distribuição dos pescadores segundo idade, filhos e dependentes, f.58

Gráfico 2 Distribuição proporcional dos pescadores segundo naturalidade (N=35), f.58

Gráfico 3 Distribuição proporcional dos pescadores segundo cor de pele (N=35), f.59

Gráfico 4 Distribuição dos pescadores segundo uso de protetor solar (N=35), f.59

Gráfico 5 Distribuição dos pescadores segundo principais motivos para não utilização de

protetor solar (N=31), f.60

Tabela 2 Distribuição dos pescadores segundo estado civil (N = 35), f.60

Gráfico 6 Distribuição proporcional dos pescadores segundo tipo de residência (N=35),

f.61

Foto 8 Dois caícos no quintal de um dos pescadores, f.61

Foto 9 Pescador no período da manhã preparando a rede que irá utilizar à tarde na

pesca, f.62

Gráfico 7 Distribuição proporcional dos pescadores segundo religião (N=35), f.62

Gráfico 8 Distribuição proporcional dos pescadores segundo principais responsáveis

pelo ensino da atividade pesqueira (N=35), f.63

Page 16: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

16

Gráfico 9 Distribuição proporcional dos pescadores segundo escolaridade (N=35), f.64

Gráfico 10 Distribuição proporcional dos pescadores segundo renda, por salário mínimo

(N=35), f.64

Gráfico 11 Distribuição dos pescadores que trabalham ou já trabalharam em outras áreas

(N=35), f.65

Gráfico 12 Distribuição dos pescadores segundo principais atividades realizadas para

complementação de renda, f.66

Tabela 3 Distribuição dos pescadores segundo tempo de profissão e horas de trabalho,

f.66

Gráfico 13 Distribuição dos pescadores segundo principais tipos de pescado, f.67

Gráfico 14 Distribuição dos pescadores segundo principais pontos de venda, f.68

Foto 10 Pier por onde chega o pescado, f.69

Foto 11 Pescado disposto em caixas para o leilão, f.69

Foto 12 Fim de mais um dia de leilão, f.69

Gráfico 15 Distribuição dos pescadores segundo uso de EPI (N=35), f.70

Gráfico 16 Distribuição dos pescadores segundo principais EPI’s utilizados, f.71

Gráfico 17 Distribuição dos pescadores segundo momentos destacados onde entram em

contato com a água, f.71

Gráfico 18 Distribuição dos pescadores segundo existência de caso de ferimento durante

a atividade pesqueira (N=35), f.72

Gráfico 19 Distribuição dos pescadores segundo principais partes do corpo atingidas por

ferimento, f.73

Foto 13 Imagem de cortes com faca na preparação da rede, f.73

Gráfico 20 Distribuição dos pescadores segundo principais causas de ferimento, f.74

Gráfico 21 Distribuição dos pescadores segundo principais formas de tratamento das

feridas, f.74

Quadro 2 Distribuição dos pescadores segundo doenças/queixas anteriores que levaram

ou não à internação, f.75

Gráfico 22 Distribuição dos pescadores segundo histórico de doença na família, f.76

Gráfico 23

Gráfico 24

Distribuição dos pescadores segundo principais queixas/doenças atuais, f.76

Distribuição dos pescadores segundo realização de tratamento para as

doenças/queixas atuais (N=17), f.77

Gráfico 25 Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades físicas, mínimo 1x

Page 17: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

17

por semana, f.77

Gráfico 26 Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades de lazer (N=35),

f.78

Gráfico 27 Distribuição dos pescadores segundo principais atividades de lazer, f.79

Gráfico 28 Distribuição da classificação de pressão arterial dos pescadores com base em

1 aferição, f.79

Gráfico 29 Distribuição da classificação dos pescadores pelo índice de massa corporal,

f.80

Gráfico 30 Distribuição dos pescadores segundo uso de drogas ilícitas, f.80

Gráfico 31 Distribuição dos pescadores segundo ingestão de álcool (N=35), f.81

Gráfico 32 Distribuição da frequência na ingestão de álcool entre os pescadores etilistas

(N=31), f.81

Gráfico 33 Distribuição da última realização de exame de sangue entre os pescadores,

f.82

Gráfico 34 Distribuição dos pescadores segundo hábito de fumar (N=35), f.82

Gráfico 35 Distribuição da quantidade de carteiras/dia utilizadas pelos 20 pescadores

fumantes (N=20), f.83

Quadro 3 Categorias formadas para discussão, f.85

Page 18: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

18

“Aprender, para nós, é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não

se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.

(Paulo Freire)

Page 19: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

19

1. INTRODUÇÃO

Em decorrência da intensa ação antrópica1 no entorno do rio Maribondo

2, favorecida

pelo aterro que originou a atual BR-101 e o crescimento populacional desordenado em suas

margens, tem-se observado nas últimas décadas a destruição de uma grande floresta de

manguezal na região. A poluição aquática gerada pelo despejo de lixo doméstico faz com que

hoje seja notada apenas uma larga planície lamosa que se estende de fronte a algumas casas e

a própria Rodovia.

Com a intenção de pesquisar sobre a qualidade das águas do rio Maribondo e outros

cinco rios do município de São Gonçalo que desembocam na Baía de Guanabara-RJ, foi

realizado um estudo para o Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), entre 2010 – 2011 (RIBEIRO, 2011). O

estudo foi sobre a influência de tais rios na qualidade das águas da Baía de Guanabara,

segundo padrões microbiológicos e físico-químicos estabelecidos pelo Conselho Nacional do

Meio Ambiente pela Resolução CONAMA 274/2000 (BRASIL, 2011).

Os resultados apontaram para contagem de coliformes termotolerantes3 na média de

106

NMP/ 100 mL no rio Maribondo, durante os seis meses de coleta. Na última amostragem

obteve-se um valor superior a 2.500 coliformes termotolerantes, e nas demais, todos os

valores apresentaram-se acima de 1000 coliformes fecais/ 100 ml. Assim, os resultados

ultrapassaram o valor aceitável pelo CONAMA para balneabilidade; proteção de

comunidades aquáticas; abastecimento para o consumo humano após tratamento

convencional; irrigação de hortaliças, plantas frutíferas, campos de esporte e lazer com os

quais o público possa vir a ter contato direto; inclusive atividade de pesca (BRASIL, 2011).

A partir dos resultados obtidos e em outra investigação desenvolvida durante a Pós-

Graduação em Enfermagem do Trabalho na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

da Universidade Federal Fluminense (UFF), evidenciou-se a necessidade de se investigar o

potencial risco dos pescadores desta região na aquisição de doenças por micro-organismos

patogênicos devido ao contato constante com a água contaminada e condição de trabalho de

1 São alterações realizadas pelo homem no planeta Terra. A ação antrópica em relação à natureza é precária,

pois o ser humano causa danos à fauna e à flora. 2 O rio Maribondo compõe a extensa rede hidrográfica do município de São Gonçalo no Rio de Janeiro e

atravessa um dos municípios do 4º Distrito, Gradim. 3 Os coliformes termotolerantes foram escolhidos como indicadores da presença potencial de organismos

patogênicos de origem fecal na água porque existem em grande número na matéria fecal e não existem em

nenhum outro tipo de matéria orgânica poluente; por conseguinte, são indicadores específicos de matéria fecal

(BRAGA, 2002).

Page 20: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

20

extrema precariedade corroborada por estudos realizados em grupos similares de pescadores

na região de Magé (ROSA & MATTOS, 2010).

Nesta perspectiva e vinculado ao projeto Casadinho/ Procad4 intitulado: “Inovação

em Enfermagem no Tratamento de Lesões Tissulares – sistematização, inclusão tecnológica e

funcionalidade”, o atual estudo em aderência a este projeto maior, tem como problemática a

caracterização das condições de trabalho e saúde de um grupo de pescadores artesanais da

Baía de Guanabara tendo em vista o cuidado e prevenção de feridas cutâneas. Visto que, foi

constatada a ocorrência frequente de acidentes traumáticos entre pescadores de várias regiões

do Brasil. Destacando-se ferimentos por animais do ambiente aquático em Tocantins; injúrias

e envenenamento por animais aquáticos no Mato Grosso do Sul; e ferimentos com anzol e

estruturas de peixes em Sergipe (GARRONE NETO, CORDEIRO, HADDAD JR., 2005;

SILVA et al, 2010; OLIVEIRA, 2012).

Cabe ressaltar que este estudo contou com a participação de uma bolsista de

Iniciação Cientifíca (CNPq) que auxiliou na coleta de dados sócio-demográficos dos

pescadores da colônia em estudo.

4 Projeto que conta com o apoio financeiro da MCTI/CNPq/MEC/Capes com vistas à implantação de cooperação

acadêmica entre o programa de Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de

Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense (UFF) com o programa consolidado

de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

(USP).

Page 21: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

21

1.1. Contextualização da Problemática

O meio ambiente redefine a economia, a sociedade e a política (BRUSCHI et al.,

2002). Essa afirmação traduz a busca, nas últimas décadas, de soluções para problemas

ambientais, não só no Brasil como em outros países do mundo. O gerenciamento dos

ambientes naturais tem se revelado de grande importância para a sociedade e para sua

sustentabilidade, de maneira que a pesquisa ecológica tem demonstrado ser uma eficiente

ferramenta capaz de detectar impactos nos ecossistemas por atividades antrópicas, e ainda,

prever a longo e médio prazo os efeitos de tais perturbações (SCHINDLER, 1987; JESUS et

al., 2003).

O município de São Gonçalo tornou-se o mais populoso da costa oriental da Baía de

Guanabara e um dos mais densos de toda a Região Metropolitana. Possui cerca de 249 Km²

de extensão e faz divisa com os municípios de Itaboraí, Niterói e Maricá. Sua população atual

é de 999.728 habitantes (BRASIL, 2010). A cidade tem registrado um intenso crescimento

populacional nos últimos anos e a exemplo do que ocorre em tantas outras no Brasil, seguiu o

modelo de ocupação desordenada que compromete os recursos naturais, muitas vezes já

escassos ou inexistentes.

Assim, o aumento populacional suscitou a construção de domicílios em áreas de risco

(encostas, manguezais, margens de rios), e não foi acompanhado de investimentos em infra-

estrutura (habitação, coleta regular de lixo, drenagem pluvial, abastecimento de água,

esgotamento sanitário, entre outros), além da ausência de planejamento e fiscalização do uso

do solo urbano, tornando crônico o problema a ser gerenciado nas cidades (ANDRADE et al.,

2010).

O Gradim, um dos bairros do município de São Gonçalo, pertencente ao 4ºdistrito em

conexão direta com a Baía de Guanabara (figura 1, p.22), concentra um grande contingente

populacional, sobretudo às margens da BR-101. As casas que ocupam a orla da comunidade

também não possuem coleta de esgoto, sendo este lançado diretamente na baía. Torna-se,

assim, perceptível o impacto gerado pela contaminação dos rios, dentre eles, o rio Maribondo.

Segundo Rodrigues (2009), a grande população moradora no bairro parece ter

modificado a dinâmica local da pesca, de acordo com o atual presidente da Associação de

Pescadores Livres do Gradim (APELGA), aumentando o número de indivíduos engajados

nessa atividade. Na história da baía da Guanabara, segundo Brandão (2004), o pescador

artesanal assoma como uma categoria de refugiados: eram escravos recém-libertos ou fugidos

e que se tornavam marisqueiros, pescadores e lenheiros nos mangues da baía, tornando-se

Page 22: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

22

invisíveis e desconsiderados. A atividade pesqueira outrora praticada por um número restrito

de pescadores artesanais em um ambiente aquático com grande diversidade de pescado

disponível é dificultada pela poluição ambiental e alta competividade, tendo em vista o

elevado número de pescadores artesanais atualmente.

Figura 1 - Mapa dos distritos de São Gonçalo, RJ.

Fonte: http://www.saogoncalo.rj.gov.br/mapas.php

1.1.1. A realidade dos pescadores

No entorno do rio Maribondo, localizado à 22º 49’12.1” S/ 0,43º04’54.9” W (foto 1,

p.23), um dos rios avaliados em estudos anteriores, que corta bairros do município de São

Gonçalo como Gradim, há uma colônia de pescadores denominada Z-08, onde residem

dezenas de pescadores associados à APELGA que utilizam o rio como via de acesso à Baía de

Guanabara diariamente, durante suas atividades laborais. Além desses, existem outros

pescadores, cujas casas foram construídas às margens deste rio em virtude da ocupação

desordenada anteriormente citada. Foi observado um engajamento destes trabalhadores com a

atividade pesqueira de forma informal. Atribui-se a este tipo de atividade o nome de pesca

artesanal que, de acordo com Diegues (1988); Ramires, Barella e Clauzet (2002) é aquela em

que os pescadores autônomos, sozinhos ou em parcerias, participam diretamente da captura,

usando instrumentos relativamente simples. Vale ressaltar que foi observado entre os

Page 23: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

23

pescadores da região, que os mesmos confeccionam tais instrumentos manualmente, como as

redes utilizadas para captura de peixes.

Foto 1 - Rio Maribondo próximo à BR-101.

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2011)

De acordo com Ramalho e Arrochelas (2004), em estudo realizado com pescadores

da Baía de Guanabara da região de Magé, a atividade informal desenvolvida por eles

apresenta uma situação de extrema precariedade no que tange as condições do ambiente de

trabalho, deixando-os totalmente desprotegidos.

Nos textos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), citados por

Parmeggianni (1989), já se apontavam várias enfermidades relativas ao trabalho com a pesca,

como bursites, tenossinovites, doenças do aparelho digestivo, tensão nervosa, excesso de

consumo de álcool e/ou fumo, provocando enfermidades respiratórias, sinusites, cáries

dentárias, dermatites originadas pelo contato com óleo diesel e perda de audição, provocada

pela exposição a ruído excessivo. As diversas enfermidades apresentadas podem ser

relacionadas ao contexto de vida dessa classe de trabalhadores, onde uma parcela significativa

possui baixa escolaridade e não têm acesso à saúde em função da própria dinâmica de

trabalho no qual estão inseridos.

Na convenção nº 188 da OIT (2007), refere-se em pesca como atividade perigosa

quando comparada com outras ocupações como o combate à incêndios e à mineração. A

fadiga, associada às largas jornadas de trabalho, foi identificada como um grave problema.

Os estudos realizados junto a esta categoria profissional revelam os mais variados

tipos de adoecimento, com influência negativa em sua vida econômica e social. Na região de

Page 24: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

24

Magé (RJ), os autores Chaves e Sant’anna (2003), realizaram estudos que identificaram casos

de agravo à saúde, inclusive mortes, com doenças de veiculação hídrica e de vetores, assim

como transtornos mentais.

Os pescadores estão sujeitos a riscos de acidentes e doenças, devido ao grande

esforço físico a que são submetidos, variações climáticas e contato com agentes patológicos

num ambiente sem saneamento. Acidentes traumáticos são muito comuns entre esta classe de

trabalhadores. Garrone, Cordeiro e Haddad Jr. (2005) em estudo sobre acidentes de trabalho

em pescadores do rio Araguacema em Tocantins, revelam que a principal causa de acidentes

deve-se a lesão por animal do ambiente aquático no momento da retirada do peixe do anzol ou

rede, sendo membros inferiores e superiores as partes do corpo mais atingidas.

Constrangimentos físicos do corpo por meio de feridas ou lesões superficiais também foram

apontados como uma das principais causas de acidentes com pescadores em estudo

internacional realizado em Portugal (JACINTO, 2002).

Subentende-se que, a realidade dos pescadores residentes na comunidade do entorno

do rio Maribondo não seja tão distoante. Além dos riscos inerentes à profissão, há o risco de

acidente traumático, com surgimento de feridas cutâneas e contaminação das mesmas com

micro-organismos presentes em água comprovadamente contaminada. Estas feridas podem

tornar-se uma questão de saúde pública importante, uma vez que estes agentes podem gerar o

agravamento de tais lesões e o retardamento cicatricial.

Estudo promovido por Rodrigues et al. (2001) indicam que foram detectadas

bactérias do gênero vibrio e outras espécies bacterianas, presentes em água contaminada, em

feridas nos membros inferiores de pescadores do município de Raposa no Estado do

Maranhão (MA), gerando manifestações clínicas como hiperemia, edema, secreção e dor

local.

1.1.2. A educação pelos pares como tecnologia educacional e estratégia de prevenção

Compreendendo o contexto de vida dos pescadores e a real importância de

assumirem-se como seres capazes de mudar a realidade na qual estão inseridos, a partir de

uma estratégia de ensino – aprendizagem, pensou-se no conceito de educação popular

proposto por Freire, associado à tecnologia de educação pelos pares. Nestas concepções,

educador e educando se educam simultaneamente e dialogicamente (FREIRE, 1987).

Page 25: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

25

As tecnologias podem ser relacionadas às valises5 que os profissionais utilizam. Nas

valises relacionadas às “mãos” dos profissionais cabem Tecnologias Duras, dispositivos

materiais utilizados no dia-a-dia do trabalho em saúde; na valise vinculada à “cabeça” cabem

Tecnologias Leve-Duras, dispositivos intelectuais que subsidiam o agir dos profissionais; na

valise vinculada às “relações” cabem diferentes dispositivos relacionais, que irão ser

utilizados nos encontros entre profissionais e usuários-pacientes, Tecnologias Leves

(MERHY, 2000).

As tecnologias podem ser de vários tipos: Tecnologias Educacionais (cabe aqui

salientar que são dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender, utilizadas

entre educadores e educandos nos vários processos de educação), Tecnologias Assistenciais e

Tecnologias Gerenciais. A Educação pelos Pares insere-se como uma tecnologia educativa,

utilizada na educação em saúde, que promove o intercâmbio de saberes e práticas por

intermédio do diálogo e da reflexão sobre o contexto social no qual os indivíduos estão

inseridos (SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

Dilly e Jesus (1995) corroboram esta questão quando dizem que a educação em

saúde se constitui num aspecto da educação integral, envolvendo, o reconhecimento de que as

ações educativas se processam em uma sociedade em mudança, como um processo contínuo.

Busca-se não a mera adaptação do educando a um mundo já construído, mas o alcance, por

meio desse processo, da própria mudança.

Em estudo promovido por Oliveira, Andrade e Ribeiro (2009) sobre educação em

saúde, os autores remetem-se ao modelo educativo proposto por Freire (1983), onde as

pessoas são estimuladas a desenvolver uma consciência crítica, pelo processo de análise

coletiva de problemas na busca de soluções e estratégias conjuntas para a mudança da

realidade. Ressalta-se esse modelo como apostador de um projeto onde o educador em saúde

desempenha um papel de facilitador de descobertas e reflexões dos sujeitos sobre a realidade,

facilitando o processo de construção ou reconstrução dessa realidade, para isso, o educador

em saúde ao desenvolver seu trabalho educativo deve levar em conta à relação entre a vida

dos indivíduos e a estrutura da sociedade onde estão inseridos, estimulando-os sempre a agir

como sujeito de suas próprias vidas.

A educação, como atividade teórico – prática, caracteriza-se por uma relação de

aprendizagem em que não existe o “educador que ensina” nem a “população que aprende”,

5 Estas valises representam caixas de ferramentas tecnológicas, enquanto saberes e seus desdobramentos

materiais e não-materiais, que fazem sentido de acordo com os lugares que ocupam naquele encontro e conforme

as finalidades que o mesmo almeja (MERHY, 2000).

Page 26: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

26

mas sim um grupo que, por meio do trabalho e da reflexão, vai produzindo seu próprio

conhecimento e vai aprendendo a conhecer a partir da realidade objetiva sentida (SABÓIA e

TEIXEIRA, 2011).

Portanto, ao trabalhar com base na Educação Popular, a enfermeira deve ser capaz de

instrumentalizar os participantes a desenvolver, sob uma consciência crítica, o exercício da

sua autonomia frente às decisões de saúde no âmbito individual e coletivo. Assim, o desafio é

desenvolver a dimensão político-social no contexto de ensino-aprendizagem, a fim de que se

efetivem práticas pedagógicas que dêem conta de promover efetivamente a autonomia dos

sujeitos (CHAGAS, XIMENES e JORGE, 2007).

A Educação pelos Pares tem sido empregada em diversos contextos por meio de

práticas educativas grupais, como no Grupo dos Diabéticos do Hospital Universitário Antônio

Pedro (HUAP-UFF) há alguns anos. Segundo Sabóia e Teixeira (2011), uma relação

horizontal entre educadores e educandos possibilita que ambos se eduquem em comunhão,

deixando clara a importância da enfermeira enquanto educadora em saúde, no planejamento,

na implementação e avaliação dessa tecnologia educacional.

Entendendo o contexto de pescadores de diversas regiões do Brasil e a Educação

pelos Pares como “uma outra” tecnologia utilizada na Educação Popular, percebe-se a

necessidade desta investigação. Diante deste contexto, a pesquisa traz como objeto o agir

educativo-participativo da enfermeira com pescadores artesanais da Baía de Guanabara

residentes no entorno do rio Maribondo, São Gonçalo/RJ, tendo em vista o cuidado e a

prevenção de feridas cutâneas.

As perguntas que nortearam o estudo foram: Quais as condições de trabalho e saúde

destes pescadores? Os acidentes traumáticos são comuns neste grupo populacional? Como a

Educação pelos Pares pode contribuir sustentavelmente diante da situação encontrada?

1.2. Objetivos

-Caracterizar as condições de trabalho e saúde de pescadores artesanais da Baía de

Guanabara residentes no entorno do rio Maribondo no município de São Gonçalo, RJ.

-Discutir uma proposta participativa de cuidado em saúde a partir da Educação pelos

Pares com foco nas feridas cutâneas.

Page 27: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

27

1.3. Justificativa

A pesquisa justifica-se pelo grande número de pescadores que se expõem a riscos de

acidentes traumáticos durante a atividade pesqueira. Segundo Navarro (2009), o termo risco

está associado à possibilidade de ocorrência de um evento indesejado e sua severidade. Sendo

assim, cabe ressaltar, que o acidente traumático e a consequente ferida gerada pode ser

agravada por sua exposição a um ambiente aquático insalubre. E, muitos pescadores

desconhecem essa possibilidade. Estudo previamente realizado aponta que a contaminação de

feridas cutâneas por micro-organismos patogênicos como Vibrio, outras bactérias gram-

negativas e positivas, foi possivelmente responsável por sinais e sintomas clínicos como

hiperemia, dor, edema e secreção (MULDER, RIES e BEAVER, 1989; RODRIGUES et al.,

2001). Estes sintomas dependendo da gravidade podem gerar comprometimento no processo

de trabalho e redução na capacidade produtiva dos pescadores.

Dentre outras definições, a educação em saúde segundo Pereira (2003), pressupõe

uma combinação de oportunidades que favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção,

não entendida somente como transmissão de conteúdos, mas também como a adoção de

práticas educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida, ou seja,

educação em saúde nada mais é que o pleno exercício de construção da cidadania.

A Educação Popular é percebida como um sistema educativo que contempla

princípios e diretrizes de uma maneira de educar privilegiando as questões sociais. Trata-se de

um jeito de estar no mundo que fundamenta as relações sociais tanto no trabalho quanto na

educação (CRUZ & VASCONCELOS, 2011). Esse jeito, segundo Melo Neto (1999), está

relacionado à crença no homem, possibilidade de mudança, compartilhamento, resistência,

superação, participação e organização popular. Constituindo-se num sistema educativo aberto

que fomenta mobilização, organização e capacitação das classes populares.

Acredita-se que a enfermeira tem desempenhado papel fundamental na prática da

Educação Popular, visto que, as ações educativas em saúde constituem-se em um dos

instrumentos utilizados pela enfermagem num contexto abrangente, cuja preocupação não se

restringe ao corpo individual mais ao controle de doenças no coletivo.

Sendo assim, o estudo possui pertinência social e científica e é de grande valia para

o trabalhador pescador que por meio da Educação pelos Pares, terá a oportunidade de refletir

não só sobre o cuidado e a prevenção de feridas, mas sobre sua saúde em sentido amplo e

condições de trabalho, propondo alternativas.

Page 28: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

28

1.4. Relevância/Contribuições

Foi realizada uma revisão integrativa com o objetivo de identificar em bases de dados

cientificamente reconhecidas a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o

tema investigado. A partir da busca realizada até a seleção dos 5 artigos referentes à temática,

constatou-se que não há publicações científicas realizadas por enfermeiras no que se refere a

saúde dos pescadores e a ocorrência de feridas cutâneas, o que aumenta ainda mais a

relevância deste estudo, contribuindo para a participação efetiva de enfermeiras em pesquisas

que envolvam a busca de novas alternativas para a melhoria das condições de saúde dos

pescadores.

A pesquisa trouxe contribuições para a saúde do trabalhador pescador por meio da

caracterização das condições de saúde e trabalho do grupo estudado e divulgação dos achados

relevantes para os participantes, objetivando uma reflexão conjunta dos problemas

identificados e apontando para possibilidades de mudanças. A partir da atividade educativa

grupal, foram trocadas informações sobre o impacto ambiental de resíduos domiciliares, sobre

vida aquática e saúde humana que poderão ser repassadas para seus familiares e assim

contribuir com a saúde coletiva e ambiental da comunidade. O estudo trouxe ainda

contribuições para área da saúde e da enfermagem em particular, uma vez que, pretendeu

revelar possibilidades de pesquisa e ação educativa da enfermeira em outros contextos, para

além dos muros do hospital e da academia.

Page 29: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

29

“Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o

mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida.

(Paulo Freire)

Page 30: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

30

2. CONTEXTUALIZANDO A ATIVIDADE PESQUEIRA ARTESANAL NA BAÍA DE

GUANABARA – ANÁLISE SOB A ÓTICA DO IMPACTO AMBIENTAL

2.1. A pesca e o trabalho informal

A pesca é o ato de capturar peixes ou outros animais aquáticos tais como crustáceos,

moluscos, equinodermes, entre outras, em rios, lagos ou mares com propósitos comerciais, de

subsistência, desportivos e outros (SAINSBURY, 1996). Trata-se de uma atividade antiga

que, tal como a caça e a agricultura. É praticada pelo homem desde a pré-história tendo em

vista conseguir obter os meios necessários à sua subsistência a partir do meio aquático –

alimentação humana. Sem ainda ter desenvolvido as formas tradicionais de cultivo da terra e

criação de animais, as sociedades primitivas praticamente dependiam da pesca como fonte de

alimentos (SAINSBURY, 1996).

Atualmente, a pesca é classificada como comercial, artesanal e de subsistência.

Alguns autores, todavia, inserem a pesca artesanal como uma modalidade de pesca comercial.

Sabendo-se que os pescadores residentes do entorno do rio Maribondo realizam a pesca

classificada como artesanal, torna-se de indiscutível importância compreender o

funcionamento dessa prática pesqueira.

De acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura, a pesca artesanal realiza-se

única e exclusivamente pelo trabalho manual do pescador. O pescador (a) artesanal é o

profissional que, devidamente licenciado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, exerce a

pesca com fins comerciais, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com

meios de produção próprios ou mediante contrato de parcerias, desembarcada ou com

embarcações de pequeno porte (BRASIL, 2011).

Para a maior parte dos pescadores o conhecimento é passado de pai para filho ou

pelas pessoas mais velhas e experientes de suas comunidades. Os pescadores utilizam

embarcações extremamente simples como botes ou caiaques. A remuneração é feita pelo

sistema tradicional de divisão da produção em “partes”, sendo o produto destinado

preponderantemente ao mercado. Da pesca retiram a maior parte de sua renda, ainda que

sazonalmente possam exercer atividades complementares.

Através da pesca os pescadores adquirem um extenso conhecimento sobre o meio

ambiente, as condições da maré, os tipos de ambientes propícios à vida de certas espécies de

peixes, o manejo dos instrumentos de pesca, identificação dos pesqueiros (melhores pontos de

pesca), o hábito dos diferentes peixes, o comportamento e classificação dos peixes

(RAMIREZ, BARELLA e CLAUZET, 2002).

Page 31: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

31

Para o pescador artesanal, admite-se uma relação de informalidade com o trabalho. O

trabalho informal é um fenômeno social que se encontra em praticamente todo o mundo

capitalista. Todavia, assume dimensões de maior proporção nos chamados países de

capitalismo periférico, como o Brasil.

Segundo Filgueiras, Druck e Amaral (2004) a condição informal é aquela em que o

trabalhador executa um trabalho que não é trocado por capital e não contribui diretamente

para aumentar o capital e/ou que não possui um vínculo de trabalho regulamentado.

Compreende tanto atividades e formas de produção não tipicamente capitalistas - legais ou

ilegais – quanto relações de trabalho não registradas, mesmo que tipicamente capitalistas. As

pessoas que se vêem incluídas nessa problemática são, geralmente, de menor escolaridade, de

baixa qualificação profissional, negros, jovens e mulheres (FAGUNDES, 1994; BARROS &

MENDONÇA, 1996; OLIVEIRA & IRIART, 2008).

Segundo dados obtidos em um estudo realizado por Rosa e Mattos (2010), a

escolaridade dos pescadores é baixa, ou seja, a maioria possui até o primeiro grau incompleto

63% e 12% são analfabetos. Os analfabetos estão distribuídos em todas as faixas etárias,

inclusive entre os mais jovens. Esse percentual ainda pode ser mais alto, visto que muitos dos

que assinam seu nome não sabem ler. Para eles, uma melhoria de vida está relacionada a uma

melhor educação, ou seja, um futuro melhor.

A precariedade da legislação trabalhista específica para o setor pesqueiro,

especialmente aquela relacionada aos segmentos feminino e artesanal, estimula a conivência

entre o pescador e o armador no desrespeito à legislação, agravando a ausência da cobertura

assistencial e social aos pescadores. O pescador, assim, precisa usar de sua criatividade para

“driblar” a falta de recursos. Muitos aprendem a fazer suas próprias redes e consertos em seus

barcos (ROSA & MATTOS, 2010).

Esta modalidade de trabalho, por sua vez, conforme aponta Tavares (2002), mostra-

se capaz de auferir lucros maiores para o capital, já que este último economiza gastos com a

legalização de sua força de trabalho. Desse modo, percebe-se que o capital promove um

constante aumento do já alarmante exército de reserva e uma crescente precarização do

trabalho, alicerçado pela desregulamentação do direito do trabalho.

2.2. Atividade pesqueira na Baía de Guanabara

Page 32: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

32

No Brasil, e mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro, a geografia de

grandes rios e afluentes sempre favoreceu a atividade pesqueira, além de um clima tropical

propício que favorece a biodiversidade, ou seja, uma ampla variedade de espécies de peixes

disponíveis para pesca.

Apesar da alteração brusca na qualidade das águas da Baía de Guanabara nas últimas

décadas em decorrência de um incremento populacional e ocupações habitacionais irregulares

em suas margens e nas margens dos rios que desembocam na mesma, persiste a vida aquática.

Esse fato permite um numeroso contingente de pescadores envolvidos em atividades

pesqueiras na baía, entre 5.000 a 18.000 (BRASIL, 2002; ROSA & MATTOS, 2010).

Todavia, frente ao desequilíbrio ecológico gerado pela poluição proveniente de

despejos domésticos e industriais, os pescadores tendem a associar sua única fonte de renda, a

pesca, com outras atividades a fim de manter a renda familiar. A destruição deste recurso,

para além dos prejuízos relacionados à biosfera, acrescenta ainda problemas relacionados com

a entrada dos trabalhadores de áreas urbanas no mercado de mão – de – obra. Assim, o

impacto ambiental passar a ser também indutor de variados problemas econômicos (SOARES

& LIMA, 2005).

2.3. A poluição aquática e os micro-organismos veiculados pela água contaminada

A população mundial cresceu de 2,5 bilhões de pessoas em 1950, para 6 bilhões no

ano 2000 e, atualmente, a taxa de crescimento está em aproximadamente 1,3 por cento ao ano

(BRAGA, 2002). Com um crescimento populacional em escala mundial e a imposição do

modelo consumista como paradigma de crescimento econômico e modernidade, tem-se

percebido nas últimas décadas uma atenção prioritária focada na preservação do meio

ambiente. Principalmente em virtude dos efeitos da poluição no meio ambiente, vários

programas têm sido criados com a finalidade de recuperação ambiental. No entanto, a

realidade mostra que ainda há um longo caminho a percorrer. Dentre os diversos assuntos

relacionados a este tema que têm sido alvo de discussões e debates, está a questão da poluição

da água (SISINNO & OLIVEIRA, 2000).

A água é considerada um bem essencial para as atividades humanas e indispensável à

sobrevivência do homem. Contudo, por ser o alimento mais consumido pela população, está

associada a grandes riscos à saúde pública (MARQUEZI, 2010). A alteração da qualidade da

água não está somente ligada a aspectos estéticos, já que a água aparentemente satisfatória

pode estar contaminada, ou seja, conter micro-organismos patogênicos e substâncias tóxicas

Page 33: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

33

para determinadas espécies, passíveis de serem transmitidos: o que traduz o impacto

fisiológico gerado (BRAGA, 2002).

O impacto ecológico em decorrência da poluição aquática pode produzir como

consequência o desequilíbrio de todo um ecossistema. No ambiente marinho, por exemplo, há

um equilíbrio natural entre seres produtores e consumidores, entre reação da fotossíntese e

respiração. Segundo Braga (2002), para que essas reações ocorram, são necessários diversos

elementos químicos, tais como o nitrogênio, fósforo, potássio, ferro, carbono, oxigênio e

hidrogênio. E, para que o ecossistema possa sobreviver, esses elementos devem ser

devolvidos ao meio novamente por meio de seres decompositores. Todavia, quando a matéria

orgânica biodegradável é despejada no meio aquático, os decompositores fazem sua digestão

por meio de mecanismos bioquímicos. Assim, os decompositores aeróbios respiram o

oxigênio dissolvido na água e passam a competir com os demais organismos, vencendo a

competição uma vez que têm alimento à disposição e possuem requisito metabólico baixo de

oxigênio levando à morte peixes e outros seres vivos. É dessa maneira que a matéria orgânica

biodegradável causa poluição.

No Brasil atualmente uma das regiões mais impactadas pela poluição ambiental é a

região Sudeste. Batista Neto, Wallner-Kersanach e Patchinelam (2008) apontam que do litoral

brasileiro, a região sudeste é uma das mais impactadas, já que mais de ¼ da população está

concentrada nessa região.

Localizada no estado do Rio de Janeiro (22º24’, 22º57’ S e 42º33’, 43º19’W) com

clima úmido subtropical prevalente entre os meses de dezembro a abril e temperatura média

anual de 20ºC a 25ºC, a Baia de Guanabara, comporta o segundo maior complexo industrial e

o segundo maior centro demográfico do país (GROHMANN, 2009), sendo considerado um

dos ambientes mais poluídos do litoral brasileiro (PEREIRA et al., 2007). De acordo com

SILVA e colaboradores (2008); FEEMA (1990), mais de 12.000 indústrias operam ao longo

da Baia de Guanabara, sendo responsáveis por 25% da poluição orgânica despejada na Baia.

O número de habitantes do entorno da Baia era de 10.2 milhões de pessoas, subindo

para cerca de 11 milhões em 2007, resultado da rápida urbanização e crescimento

populacional. Nos últimos 100 anos a área ao redor da baía tem sido fortemente modificada

pelo desmatamento e incontrolável assentamento. Essas atividades tem causado o incremento

na velocidade da correnteza dos rios e no transporte de sedimento (assoreamento) de 1 para 2

cm por ano (GODOY et al., 1998; PEREIRA, et al., 2007).

Além da localização geográfica peculiar (JABLONSKI, AZEVEDO e MOREIRA,

2006) a Baia de Guanabara recebe uma expressiva quantidade de poluição de matéria

Page 34: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

34

orgânica e inorgânica de origem doméstica e do parque industrial da região metropolitana e

municípios adjacentes. Um estudo recente realizado na porção sudoeste da Baía de Guanabara

por Santos, Carreira e Knoppers (2008) ratifica a acumulação recente de esgotos e de matéria

orgânica fitoplanctônica6 como consequência do processo de eutrofização

7 do sistema citando

a ação antrópica como indutora da alteração do equilíbrio natural do sistema como um todo.

Batista Neto, Wallner-Kersanach e Patchinelam (2008) afirmam que várias doenças

podem estar associadas à água, seja em decorrência da sua contaminação por excretas

humanas ou de outros animais (rota fecal-oral) ou pela presença de substâncias químicas

nocivas à saúde humana. A Organização Mundial da Saúde corrobora com essa questão

quando diz que 80% das doenças nos países em desenvolvimento são ocasionadas pela

contaminação da água, sendo o seu tratamento uma importante ferramenta contra essas

doenças (MARQUEZI, 2010).

Assim, a disseminação de patógenos pela água ocorre através da contaminação desta

com esgoto não tratado ou tratado inadequadamente. Uma vez contaminada com fezes de

humanos ou animais, a água se torna um reservatório para diversos patógenos, especialmente

aqueles que causam doenças gastrointestinais, tais como cólera, shigelose e leptospirose

(MARQUEZI, 2010), além de febre tifóide, salmonelose, hepatite A, parasitoses, giardíase e

amebíase (MARQUEZI, 2010).

Tradicionalmente, as doenças relacionadas com a água são classificadas em dois

grupos conforme Baptista Neto, Wallner-Kersanach e Patchinelam (2008): doenças de origem

hídrica, causadas por determinadas substâncias químicas orgânicas ou inorgânicas presentes

na água em concentrações inadequadas (em geral superiores as especificadas nos padrões para

consumo humano); e, doenças de transmissão hídrica, em que a água atua como veículo do

agente infeccioso (quadro 1, p. 35). É o que ocorre no caso de micro-organismos como as

bactérias.

Quadro 1 - Principais micro-organismos indicadores da qualidade da água e as doenças que

causam (BAPTISTA NETO, WALLNER-KERSANACH & PATCHINELAM, 2008)

Bactérias Doenças

6 Fitoplâncton é o conjunto de organismos microscópicos fotossintetizantes adaptados a passar parte ou todo o

tempo da sua vida em suspensão em águas abertas oceânicas ou continentais (REYNOLDS, 2006). 7 A eutrofização das águas significa seu enriquecimento por nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo,

levando ao crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, com conseqüente

desequilíbrio do ecossistema aquático e progressiva degeneração da qualidade da água (FIGUEIREDO et al,

2007).

Page 35: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

35

Enterobactérias Gastroenterite, diarréia ("diarréia do viajante")

Pseudomonas aeruginosa Infecções oportunistas

Vibrio sp Cólera,gastroenterite,diarreia

Streptococcus(Enterococcus) Infecção piogênica

Clostridium sp Botulismo, gastroenterite

Salmonella sp Gastroenterite, febre tifóide, febres entéricas, septicemia

2.3.1. Febre tifóide causada por Salmonella enterica do sorogrupo Typhi

Doença infecciosa que se caracteriza por febre contínua, mal estar, manchas róseas

no tronco, tosse, prisão de ventre mais freqüente do que diarréia, e comprometimento dos

tecidos linfóides. Devido à sobrevivência dessa bactéria na água do mar, os peixes e moluscos

tem um papel importante na transmissão da febre tifóide (COSTA, FERRAZ & NUNES,

2004).

2.3.2. Diarréia causada por Escherichia coli

Cepas de Escherichia coli colonizam o trato gastrointestinal de seres humanos e

animais poucas horas após seu nascimento, e constituem o principal membro anaeróbico

facultativo da microbiota intestinal destes organismos (NATARO & KAPER, 1998). Apesar

de seu papel como comensal, algumas cepas de E. coli são capazes de causar uma grande

variedade de doenças, devido à aquisição de fatores de virulência por transferência horizontal

(KAPER et al., 2004). Dentre estas doenças a diarréia é uma das principais, sendo as

Escherichia coli diarreiogênicas (ECD) responsáveis por inúmeros surtos de diarréias

registrados no mundo (MOURA, 2009).

Atualmente são conhecidos 6 patotipos de ECD: E. coli enteroinvasora (EIEC), E.

coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteropatogênica (EPEC), subdividida em EPEC típica

e EPEC atípica, E. coli produtora de toxina de Shiga (STEC), e seu subgrupo E. coli

enterohemorrágica (EHEC); E. coli enteroagregativa (EAEC), e E. coli que adere difusamente

(DAEC) (NATARO e KAPER, 1998).

2.3.3. Cólera e outras doenças causadas por espécies de Vibrio

Page 36: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

36

A cólera é uma doença intestinal bacteriana aguda que geralmente ocorre em surtos

explosivos e caracteriza-se por apresentar os sintomas de diarréia aquosa abundante, vômitos

ocasionais, rápida desidratação. O principal meio de propagação da cólera é a água e em casos

de epidemia o monitoramente e controle dos principais cursos de água superficiais (rios,

lagos, represas, entre outros) e águas subterrâneas (poços, nascentes, entre outros) devem ser

aumentados (COSTA, FERRAZ & NUNES, 2004).

Os membros da família Vibrionaceae são habitantes naturais de ambientes marinhos

e estuários e muitos podem causar infecções em humanos que comumente apresentam

quadros clínicos como diarréia, septicemia, otites, infecções de pele e tecidos moles. As

infecções são, geralmente, adquiridas por consumo de alimento e água contaminada ou mais

raramente, por contaminação direta de feridas cutâneas ocorridas durante o contato com a

água do mar ou estuarinas (WEST & COLWELL, 1984).

As doenças gastrointestinais são mais comuns dentre as doenças por veiculação

hídrica, todavia estudos apontam para distintos mecanismos de ação de determinados micro-

organismos no organismo humano. Há cerca de duas décadas atrás foram reportados 121

casos de infecção por Vibrio em 4 estados dos Estados Unidos (Alabama, Florida, Louisiana,

e Texas). Destes, as seguintes espécies foram identificadas: 34 V. parahaemolyticus, 30 V.

cholerae non-O1, 18 V. vulnificus, 9 V. hollisae, 7 V. alginolyticus e 7 V. fluvialis. Dos 121

casos, 14 pacientes tiveram septicemia primária; 71 pacientes, gastroenterite pela ingestão de

ostra contaminada; e 29 pacientes tiveram feridas infectadas (LEVINE & GRIFFIN, 1993).

Ainda segundo Levine e Griffin (1993), infecções cutâneas causadas por espécies de

Vibrio instalam-se após exposição a ambientes aquáticos, e as lesões começam com feridas

pequenas, às vezes já preexistentes, ou através de lacerações causadas por acidentes no local

de trabalho. Há descrições de casos de lesões sépticas superficiais, cujos pacientes foram

expostos ao ambiente marinho ou outras superfícies aquáticas, e dos quais foram isoladas

várias espécies de Vibrio, constituindo mais um indício do possível papel patogênico desta

bactéria. Muitas destas lesões cutâneas apresentam infecções mistas, podendo-se esperar que

organismos ubíquos (Enterobacteriaceae) e comensais associados à pele (Staphylococcus e

Streptococcus) estejam presentes em qualquer ferimento, não importando o local de

contaminação (RODRIGUES et al., 2001).

2.4. A pele e as feridas cutâneas

Page 37: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

37

A pele é o maior órgão do corpo e constantemente se adapta conforme necessidades

impostas pelo ambiente externo sendo, portanto, proteção contra o meio externo e importante

responsável pela manutenção da homeostase do meio interno (BRODERICK, 2009). Assume

funções como proteger as estruturas internas da ação de micro-organismos patogênicos,

termorregulação corporal, percepção, excreção, e secreção de várias substâncias capazes de

garantir a proteção bioquímica em sua superfície (FIGUEIREDO, 2003).

Segundo Smeltzer e Bare (2000) a pele é composta por três camadas: a epiderme, a

derme e o tecido subcutâneo, sendo a epiderme mais superficial em relação a derme e o tecido

subcutâneo. A epiderme possui uma série de camadas ou estratos, um dos estratos

denominado delgado estrato córneo, por exemplo, age de forma a proteger às células e os

tecidos subjacentes da desidratação e prevenir a entrada de certos agentes químicos, além de

permitir a evaporação de água a partir da pele e a absorção de certos medicamentos tópicos. A

derme, em contra partida, proporciona força tênsil, suporte mecânico e proteção aos

músculos, ossos e órgãos subjacentes. Contém principalmente colágeno, uma resistente

proteína fibrosa, tecido conjuntivo e poucas células (POTTER & PERRY, 2009).

O tecido subcutâneo ou hipoderme é um tecido principalmente adiposo, que

proporciona um acolchoamento entre as camadas da pele, músculos e ossos. Ele promove a

mobilidade da pele, delimita contornos do corpo e isola o corpo. Quando a pele é lesada, a

epiderme atua de modo a regenerar a superfície da ferida e restaurar a barreira contra

organismos invasores, enquanto a derme responde de modo a restaurar a integridade estrutural

(colágeno) e as propriedades físicas da pele (POTTER & PERRY, 2009).

Compreendendo melhor a função da pele é possível identificar que feridas cutâneas

impõem riscos à segurança do indivíduo e deflagram uma complexa resposta de cicatrização.

Uma ferida é uma interrupção da integridade e da função de tecidos no corpo (POTTER &

PERRY, 2009). Figueiredo corrobora esta questão quando diz:

“A quebra da integridade da pele é conhecida como lesão e poderá ser desencadeada

por hipóxia, desiquilíbrios nutricionais, distúrbios genéticos, reações imunológicas,

agentes químicos, físicos e infecciosos, ou ainda por ação traumática mecânica

(utilização de instrumentos adequados como lâminas de bisturi e tesouras), como é o

caso da ferida” (FIGUEIREDO, p. 342, 2003).

Segundo Potter e Perry (2009), as feridas podem ser classificadas conforme início e

duração (tempo) em feridas agudas e feridas crônicas. As feridas agudas progridem através de

um processo reparativo, ordenado e oportuno, que resulta na restauração sustentada da

integridade anatômica e funcional, são usualmente fáceis de serem limpas e reparadas. São

geralmente feridas traumáticas, como cortes, abrasões, lacerações, queimaduras e outras. Em

Page 38: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

38

geral cicatrizam sem complicações; a demora no processo cicatricial pode tornar a ferida

aguda em crônica. (FIGUEIREDO, 2003).

As feridas crônicas, por sua vez, não progridem através de um processo ordenado e

oportuno para promover a integridade anatômica e funcional. São causadas por

comprometimento vascular, inflamação crônica ou insultos repetitivos ao tecido, que

impedem a cicatrização da ferida (DOUGHTY & SPARKS-DEFRIESE, 2007). Feridas

crônicas são feridas complexas que usualmente não progridem nas fases de cicatrização. Isso

pode ser causado por fatores intrínsecos ou extrínsecos e todas as faixas etárias podem ser

afetadas.

Todas as feridas crônicas começam de forma aguda. As feridas crônicas mais

comuns são as úlceras de membros inferiores. A Insuficiência Venosa Crônica é responsável

por 80% a 90% dos casos de úlceras de membros inferiores. Aproximadamente 2 a 3 milhões

de pessoas sofrem de feridas crônicas nos Estados Unidos. A cicatrização das feridas é um

processo dinâmico para restaurar estruturas celulares e lesões teciduais (BRODERICK, 2009).

De acordo com a etiologia, as feridas podem ser traumáticas, ou seja, provocadas

acidentalmente por agentes cortantes, perfurantes, contundentes, por atrito, inoculações de

veneno, mordeduras, queimadura; cirúrgicas, que são feridas agudas intencionais,

preferencialmente realizadas em centro cirúrgico; patológicas, geralmente causadas por

alterações patológicas no organismo, como as úlceras venosas, arteriais, diabéticas,

neuropáticas, isquêmicas; e as iatrogênicas, causadas por resposta desfavorável ao tratamento

médico ou cirúrgico, ou seja, induzida pelo próprio tratamento (OLIVEIRA, 2005).

Faz parte do tratamento proposto pela enfermagem para recuperação de tecidos

lesados, orientações aos clientes sobre as ações necessárias para cuidar de si. Muito se deve a

ele a eficácia da recuperação. O uso adequado de substâncias e medicamentos é de grande

importância para o adequado processo cicatricial.

Para a enfermagem, que é uma profissão da educação em saúde e do cuidado, é

preciso um comprometimento no ensinar a cuidar de feridas, já que é uma de suas atribuições.

Tendo sempre uma visão holística do paciente, para promoção de um autocuidado menos

prescritivo e mais participativo (ANDRADE, OLIVEIRA e ANDRADE, 2010).

Page 40: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

40

3. EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO PELOS PARES: UMA VISÃO

FREIREANA

Paulo Reglus Neves Freire nasceu no Recife, Pernambuco, Brasil, em 1921. Foi

educador e filósofo e, como tal, comprometido com a vida, não pensou idéias e sim a

existência. Como educador, existenciou seu pensamento numa pedagogia em que o esforço

totalizador da práxis humana busca, na interioridade desta, retotalizar-se como “prática da

liberdade”. Destacou-se por seu trabalho na área da Educação Popular, voltada tanto para a

escolarização como para a formação da consciência política (FREIRE, 1987).

A sua prática pedagógica tem por fundamento o uso de uma prática dialética com a

realidade, criando assim o educando, sua própria educação e não a educação imposta e

arbitrária. Paulo Freire não inventou o homem, apenas pensou e praticou um método

pedagógico que procurava dar ao homem a oportunidade de re-descobrir-se por meio da

retomada reflexiva do próprio processo em que vai ele se descobrindo, manifestando-se e

configurando o “método de conscientização”. Mas ninguém se conscientiza separadamente

dos demais, ao passo que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se

educam entre si, mediatizados pelo mundo (FREIRE, 1987).

A educação fundamental para o desenvolvimento do homem e da sociedade remete os

educadores a acompanharem, criticamente, o surgimento de novos paradigmas, para que se

coloquem a serviço da construção de um mundo melhor, para além da incorporação

tecnológica, a qual somos cotidianamente submetidos. É preciso refletir sobre as relações

pedagógicas que devem considerar o educando como sujeito de seu processo educativo,

buscando resgatar valores como autonomia e liberdade, estes necessários à construção da

cidadania (JULIANI & KURCGANT, 2009).

A Educação pelos Pares é uma tecnologia educacional em saúde conhecida

internacionalmente na área da Educação em Saúde pelo termo inglês “peer education”. Esta

palavra, de origem britânica, teve origem há centenas de anos e significava ser membro de um

dos cinco ramos da nobreza. Atualmente, e de acordo com o dicionário Webster, a palavra

"peer" significa: "aquele que se situa ao mesmo nível do outro; aquele que pertence ao mesmo

grupo social, nomeadamente com base na idade, escolaridade, ou posição social". Por isso, o

termo "peer education" significará "peer-to-peer education", ou seja, aqueles que, pertencendo

ao mesmo grupo ou estatuto social, se educam uns aos outros. A Educação pelos Pares

envolve uma minoria de pares representativos de um grupo que tenta educar a maioria,

Page 41: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

41

promovendo uma reorientação de atitudes, crenças e comportamentos por meio do

conhecimento (SVENSON, 2001).

Assim, por meio de uma minoria de participantes (denominados clientes educadores)

busca-se educar outros indivíduos (denominados clientes educandos), que por sua vez,

possuem mesma escolaridade e nível social. A escolha dos clientes educadores deve atender a

alguns critérios de seleção, tais como: desejo de realmente integrar a proposta, aceitação pelo

grupo no qual se pretende atuar (grupo de pares educandos), e personalidade compatível com

o trabalho em grupo, ou seja, capacidade de trocar informações, abertura para mudanças e

vontade de inovar o outro e a si mesmo. A seleção dos clientes educandos não segue critério

específico, importa que sejam pares de seus educadores (SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

A fim de atender a essas exigências, primeiramente deve ser feito um convite às

pessoas selecionadas para participarem de um encontro para apresentação da tecnologia

educacional, Educação pelos Pares. Em seguida, devem ser agendados encontros com

dinâmicas participativas em grupo, dramatização e outras estratégias que favoreçam o

processo ensino-aprendizagem, além de abordarem conteúdos relativos a questões contextuais

(SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

Desse modo, ao desenvolver esta tecnologia educacional com pescadores artesanais no

sujeitos à contaminação de feridas e aquisição de outras doenças por água contaminada é

fundamental que sejam destacados temas como poluição ambiental, micro-organismos

patogênicos, doenças por veiculação hídrica, feridas cutâneas, cicatrização e tratamento de

feridas. É importante que os assuntos discutidos nos encontros gerem dúvidas e

questionamentos, e que sejam de interesse da população-alvo (SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

Os encontros grupais devem se fundamentar no conceito freireano de “assunção do

sujeito”, ou seja, os participantes serão estimulados a se assumir como seres capazes de

pensar, de se comunicar e de se transformar, contribuindo para a melhoria da qualidade de

vida de todos por meio do aprendizado construído coletivamente pelas pessoas envolvidas

(SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

Estudo realizado por Britto, Mendes e Homem (2012), com universitários de Coimbra,

por intermédio da Educação pelos Pares, destaca a importância dessa tecnologia para a

reorientação de comportamentos de risco entre universitários. Sobretudo, em relação à

condução de veículos sob efeito do álcool, pois referem que tomar consciência da alcoolemia

permite conscientizar-se acerca do risco. Os resultados evidenciaram elevada satisfação e

utilidade do aconselhamento par-a-par. Os estudantes-alvo referem que o aconselhamento

proporcionado pelos estudantes “educadores de pares” facilitou a reorientação em relação aos

Page 42: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

42

comportamentos de risco dos estudantes que frequentam as festas acadêmicas de Coimbra.

Esta tecnologia também proporcionou o aprofundamento do conhecimento sobre os efeitos do

álcool e de outras substâncias psicoativas no organismo, sobre sexualidade responsável, assim

como, maior conscientização sobre o grau de alcoolemia.

Enquanto educadora em saúde, a enfermeira deve contribuir para as condições de vida

e o retardo ou não aparecimento de doenças e complicações delas decorrentes. Lembrando

que o papel educativo deve ser construído numa perspectiva dialógica e que, portanto, o saber

ouvir e a percepção apurada da enfermeira pode torná-la a principal mediadora desse processo

(SABÓIA & TEIXEIRA, 2011).

Assim, pode-se admitir que os pilares da Educação pelos Pares tem por base o

referencial da proposta pedagógica da dialogicidade, do ensino problematizador e da

Educação Popular propostos por Freire.

A Educação Popular pode ser compreendida como uma forma de desenvolver um

referencial humanizador, democrático e justo nos processos educativos, não importando em

que espaço eles acontecem (CRUZ & VASCONCELOS, 2011).

Compreende-se a Educação Popular, fundamentada no referencial teórico-

metodológico freireano, como uma concepção de educação, realizada por meio de processos

contínuos e permanentes de formação, que possui a intencionalidade de transformar a

realidade a partir do protagonismo dos sujeitos. A sistematização da Educação Popular

inspirou a configuração de projetos de pesquisa e reivindicou para Paulo Freire o título de

‘criador’ de um estilo de pesquisa e ação educativa, que posteriormente foi conhecido como

pesquisa participante e pesquisa-ação.

Aplicadas ao campo da saúde, estas abordagens têm por objetivo discutir problemas de

saúde encontrados na realidade local por meio do diálogo, da problematização e da ação

comum entre os grupos sociais e os técnicos e intelectuais para a construção compartilhada de

conhecimentos e para organização política, necessárias à superação dos problemas

encontrados (STOTZ, DAVID E WONG-UM, 2005; VASCONCELOS, 2007).

A educação problematizadora proposta por Freire rompe com os esquemas

verticais característicos da educação bancária8, realiza-se como prática de liberdade.

Não mais educador do educando, não mais educando do educador, mas educador -

educando com educando-educador. Desta maneira, o educador não é o que apenas educa,

8 Educação bancária: o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Trata-se de uma

relação entre educador e educando fundamentalmente narradora, dissertadora. Onde os educandos são

transformados em “vasilhas”, recipientes a serem enchidos pelo educador”( FREIRE, 1987).

Page 43: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

43

mas o que enquanto educa, é educado em diálogo com o educando que ao ser educado,

também educa. Ambos crescem juntos enquanto sujeitos do processo.

Segundo Brandão (2012), não é apenas em uma sociedade transformada que se

cria uma nova cultura e um novo homem. É sim ao longo do processo coletivo de

transformá-la, pelo qual as classes populares se educam com a sua própria prática, e

consolidam o seu saber com o aporte da Educação Popular.

Entende-se assim, que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os

homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Desta maneira, o educador já não

é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o

educando que ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do

processo em que crescem juntos (FREIRE, 1987).

Insere-se neste contexto a dialogicidade apontada por Freire (1987) como uma

exigência existencial. O encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos

endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado. O diálogo está para além do ato de

depositar idéias de um sujeito no outro, envolve a abertura da alma, do eu para com o outro.

Para que o diálogo, seja consolidado Freire (1987) nos remete à quatro palavras: amor,

humildade, fé e esperança, sem as quais o diálogo inexiste.

O amor revela compromisso com a libertação dos homens. A humildade possibilita a

intenção dialógica, que se desfaz em um contexto onde um dos sujeitos demonstra-se

arrogante. A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento

pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber

articulado (FREIRE, 1996).

A fé no poder de criar e recriar, poder de fazer e refazer dos homens, sem qual o

diálogo é falso, manipulador. A esperança leva os homens a uma eterna busca, que por sua

vez, não se faz no isolamento, mas na comunicação entre eles. O que gera o ascender de um

pensar crítico, que percebe a realidade como processo, um fazer contínuo e não estático.

Ao fundar-se no amor, na humildade e na fé nos homens, o diálogo se faz numa

relação horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é consequência óbvia. Seria uma

contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse este clima de

confiança na antidialogicidade da concepção “bancária” da educação (FREIRE, 1987).

Page 44: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

44

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua

produção ou construção.

(Paulo Freire)

Page 45: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

45

4. METODOLOGIA

4.1. Caracterização do estudo

Trata-se de uma pesquisa participante, com abordagem qualitativa, sobre o agir

educativo-participativo da enfermeira com pescadores da Baía de Guanabara residentes do

entorno do rio Maribondo, São Gonçalo/RJ, tendo em vista o cuidado e a prevenção de feridas

cutâneas.

A pesquisa qualitativa é um método que envolve a obtenção de dados descritivos, por

meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do

que o produto e se preocupa em tratar a perspectiva dos participantes (LUDKE & ANDRÉ,

1986).

Referenciando Minayo (1993), essa abordagem metodológica pode ser entendida

como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como

inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no

seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas. Ainda

segundo Minayo (1994):

“A pesquisa qualitativa trabalha com um universo de significados,

motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que

corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos

e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização

de variáveis” (MINAYO, p. 21-22, 1994).

Inserida no rol das metodologias qualitativas, a pesquisa participante é uma proposta

metodológica emergente da crise nas Ciências Sociais, que se desenvolve durante a década de

1960 na América Latina e, com aspectos semelhantes, também na Europa. Segundo Brandão e

Streck (2006), conceitua-se, como uma proposta metodológica inserida em uma estratégia de

ação definida, que envolve os sujeitos na produção de conhecimentos, uma prática política de

compromisso popular. Persegue a transformação social vista como totalidade e supõe a

necessária articulação da pesquisa, educação e ação (WITT & GIANOTTEN, 1983).

Essa modalidade de pesquisa apresenta dois atributos básicos: relação de

reciprocidade entre sujeito e objeto e relação dialética entre teoria e prática. A distância entre

pesquisador e informante se não é eliminada é encurtada e o produto do conhecimento é mais

amplo, profundo, capaz de superar o imediato dado pela aparência do fenômeno em

consideração (BRANDÃO & STRECK, 2006).

Desde o início se manifesta por meio de várias bases conceituais e operativas.

Segundo Gajardo (1983) estas são a realidade concreta dos grupos com quem se trabalha; a

Page 46: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

46

luta por estabelecer relações horizontais e antiautoritárias; a prioridade dos mecanismos

democráticos na divisão do trabalho; o impulso dos processos de aprendizagem coletiva por

meio de práticas grupais; o reconhecimento das implicações políticas e ideológicas

subjacentes a qualquer prática social, seja de pesquisa ou de educação; o estímulo à

mobilização de grupos e organizações para a transformação da realidade social, ou para ações

em benefício da própria comunidade; e a ênfase à produção e comunicação de conhecimentos.

4.2. Cenário

A pesquisa foi realizada na colônia de pescadores da comunidade Cassinú

popularmente conhecida como Favela do Gato, localizada no entorno do Rio Maribondo –

São Gonçalo, localizada à margem da Baía de Guanabara, RJ, Brasil (foto 2, p. 47).

Nas últimas décadas, devido a grande produção de pescado na região, surgiram as

primeiras colônias de pesca e entrepostos, onde o produto, geralmente, é vendido em leilões.

A atividade pesqueira desenvolvida na Baía de Guanabara é voltada para o mercado interno.

Vários povoados e núcleos pesqueiros deram origem às colônias de Itaipu (Z-07), Jurujuba,

Ilha da Conceição, Gradim (Z-08), Itaóca, Mauá (Z-09), Ilha de Paquetá, Ilha do Governador

(Z-10), Ramos (Z-11), Caju (Z-12) e Copacabana (Z-13), além das associações de pesca

(cerca de 20). Na região do estudo se estabeleceu a colônia (Z-08) no Gradim-SG, um dos

bairros cortados pelo rio Maribondo. No município de São Gonçalo, encontram-se as

Associações do Gradim (APELGA- Associação de Pescadores Livres do Gradim), próxima a

colônia Z-08 (foto 3, p.47), além da Associação da Praia das Pedrinhas e Associação da Praia

da Luz (ROSA, 2005).

Segundo relatório da Petrobrás (2000), em 18 de janeiro do referido ano, ocorreu um

vazamento de óleo combustível resultante da ruptura de um dos nove oleodutos que ligam a

Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao terminal da Petrobrás na Ilha D'Água. O vazamento

atingiu principalmente a área do fundo da Baía de Guanabara, causando danos ao meio

ambiente e às comunidades da região. A poluição industrial e doméstica, associada ao

vazamento ocorrido tem causado uma série de danos, além de ecológicos (decréscimo

faunístico, grande quantidade de peixes mortos em decorrência da poluição ambiental) e

econômicos aos pescadores da colônia do Gradim, que em sua grande maioria vivem

exclusivamente da renda pesqueira.

Page 47: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

47

Foto 2 – Colônia de pescadores do Gradim Z-08 à margem da Baía de Guanabara.

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Foto 3 – Associação de pescadores do Gradim - São Gonçalo, RJ.

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

4.3. Participantes

Page 48: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

48

Os participantes do estudo foram pescadores artesanais residentes na colônia de

pescadores Z-08 no Gradim próximo ao rio Maribondo. Critérios de inclusão: homens entre

18 e 70 anos que exercem atividades pesqueiras na Baía de Guanabara, apresentando ou não

feridas cutâneas produzidas e/ou contaminadas no exercício desta função. Vale ressaltar que

segundo OIT (2007) a idade mínima para trabalho em uma embarcação é de 16 anos, todavia,

não tivemos participantes menores de idade. Critérios de exclusão: Foram excluídos os

pescadores que exerciam outras atividades de trabalho formal remuneradas como renda

primária e que estivessem sob efeito de bebida alcoólica no momento da entrevista, o que

poderia prejudicar a fluência das informações.

4.4. Técnica de coleta de dados

Inicialmente, para a coleta de dados foi estabelecida uma estratégia de entrada no

campo, em janeiro de 2013. Optou-se por contato telefônico com APELGA, disponível no site

da associação. Assim, foi agendado um encontro entre a equipe de pesquisadores com o

presidente dessa associação, onde foi exposta a intenção de pesquisa, questionado número

total de pescadores inscritos na mesma, entre outras informações. O presidente sugeriu que a

equipe também entrasse em contato com o presidente da Associação de Moradores para

identificação do número de pescadores residentes na colônia de pescadores da comunidade

Cassinú. Após o contato, esse morador informou a existência de cerca de 50 pescadores

residentes na comunidade. Porém, disse não haver precisão desse dado, visto que, é necessário

realizar atualização dos dados cadastrais.

Para técnica de coleta de dados foram utilizadas: a entrevista semi-estruturada, que

segundo Minayo (1993) combina perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o

entrevistado tem a possibilidade de discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições

prefixadas pelo pesquisador, adotando-se um formulário como instrumento (Apêndice 1,

p.110); e a observação participante, que ainda segundo Minayo (1993), é caracterizada como

um processo pelo qual mantém-se a presença do observador numa situação social, a fim de

realizar uma investigação científica. A fim de substanciar os achados relevantes em campo,

fossem eles objetivos ou subjetivos optou-se pela adoção de um diário de campo também

como instrumento (Apêndice 4, p. 115).

Ao desenvolver uma pesquisa numa comunidade, é preciso levar em conta os aspectos

legais e íntimos das relações sociais; aspectos culturais e sentimentos verbalizados por meio

de suas categorias de pensamento. Assim, o pesquisador poderá estabelecer uma relação face

Page 49: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

49

a face com os participantes, envolvendo-se no seu cenário sócio-cultural, ao mesmo tempo

modificando e sendo modificado por este contexto.

Para Queiroz et al. (2007), a observação participante é uma das técnicas muito

utilizada pelos pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa e consiste na inserção do

pesquisador no interior do grupo observado, tornando-se parte dele, interagindo por longos

períodos com os sujeitos, buscando partilhar o seu cotidiano, para sentir o que significa estar

naquela situação.

A observação participante enquanto técnica de coleta de dados tem proporcionado

uma maior aproximação do grupo social estudado. O levantamento de pessoas-chaves, no

caso do presente estudo, o presidente da associação de moradores, e a sistematização dos

dados, tem contribuído para efetividade desta técnica de coleta.

Antes do início das entrevistas, foi realizado um teste piloto por meio da aplicação do

formulário com um pescador residente próximo ao rio Maribondo, com vistas à aplicabilidade

do mesmo. Optou-se pela aplicação desse instrumento, uma vez que foi constatada por

trabalhos prévios a baixa escolaridade do grupo pesquisado, o que provavelmente

inviabilizaria a aplicação de um questionário auto-aplicável. Percebeu-se a necessidade de

redução dos itens, pois estava excessivamente longo, com tempo superior a 40 minutos, o que

gerou aparente desinteresse do pescador durante a entrevista.

Falkembach (1987) recomenda que sejam datadas as observações, especificando

local e hora. Refere ainda que o diário de campo pode ser organizado em três partes: (1)

descrição; (2) interpretação do observado, momento no qual é importante explicitar,

conceituar, observar e estabelecer relações entre os fatos e as conseqüências; (3) registro das

conclusões preliminares, das dúvidas, imprevistos, desafios tanto para um profissional

específico e/ou para a equipe, quanto para a instituição e os sujeitos envolvidos no processo.

De janeiro a fevereiro de 2013 pensamos na melhor estratégia para a coleta de dados,

enquanto mantínhamos contato buscando uma maior aproximação com o presidente da

Associação de Moradores. Inicialmente encontramos certa dificuldade, pois percebemos que o

horário que chegávamos ao local, os pescadores estavam dormindo, já que trabalhavam

durante a noite e a madrugada. O presidente da associação se inteirou do instrumento a ser

aplicado e mediou esse processo, sugerindo que agendássemos uma data específica para o

início da coleta dos dados na própria associação. Assim, elaboramos cartazes para divulgação

desse encontro e ele se encarregou de fixar em lugares estratégicos da comunidade, além da

divulgação corpo a corpo.

Page 50: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

50

Em 09 de março de 2013 iniciamos as entrevistas com a comunidade. Nesse primeiro

contato foram realizadas 8 entrevistas (fotos 4 e 5 , p. 50) que tiveram duração média de 20

minutos, seguidas da aferição da pressão arterial e medidas antropométricas. De modo geral,

os pescadores compreenderam a intenção da pesquisa e obtivemos boa adesão por parte dos

mesmos. Posteriormente, fomos encontrando horários possíveis para as entrevistas a partir das

orientações dos próprios pescadores. Descobrimos que entre 5 e 6 horas da manhã estariam

retornando da pesca, poderíamos, então realizar a coleta de dados mais facilmente e participar

do momento de leilão e venda do pescado. Encerramos a coletas de dados em maio de 2013,

totalizando 35 pescadores.

Foto 4 :Local da realização das entrevistas dia 09/03 Foto 5: Entrevista com pescador

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013) Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Após a etapa de coleta de dados realizamos a atividade grupal para aplicação da

tecnologia de Educação pelos Pares. O encontro ocorreu na associação, após a concordância

do presidente. Solicitamos mais uma vez seu auxílio para a seleção de um pequeno grupo de

pescadores, que denominamos de “pescadores educadores”. Foi indicada a participação de

pescadores que moravam próximos à associação com faixa etária diversificada e compromisso

com a causa pesqueira. Um jovem da comunidade nos guiou a pedido do presidente até as

casas dos pescadores. Ao chegarmos às casas foram feitos os convites verbalmente, para

encontro em data escolhida pela maioria desses pescadores. Dos seis sujeitos convidados,

cinco aceitaram participar da atividade grupal, sendo que dos cinco que aceitaram, quatro

pescadores compareceram na data e local marcados, 22 de julho de 2013.

Elaborou-se, assim, o roteiro para a atividade grupal (Apêndice 2, p.112) que teve

duração média de 1h e 30 min. Chegamos cedo ao local para preparação do encontro.

Page 51: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

51

Dispusemos as cadeiras em círculo, a fim de criar uma aproximação maior com os pescadores

e facilitar a observação do grupo como um todo (fotos 6 e 7, p. 52). Priorizamos o discurso

dos sujeitos, ressaltando a importância dos mesmos no processo de transformação. Utilizamos

recursos visuais (figura 2, p.52) e realizamos uma dinâmica participativa, com imagens de

peixes que valorizassem o conhecimento e a experiência dos pescadores sobre a atividade

pesqueira (figura 3, p.53).

Abordamos temas relativos à saúde e ao trabalho, que se destacaram durante as

entrevistas individuais realizadas, como os desafios da pesca, as principais doenças de

ocorrência na família, até chegarmos ao tema central do estudo que relacionava prevenção e

cuidado de feridas cutâneas com poluição ambiental buscando participativamente, estratégias

de prevenção e promoção da saúde.

Ao final da atividade, solicitamos que cada um dos pescadores elaborasse um desenho

que sintetizasse o que foi discutido na atividade educativa como forma de avaliação do

encontro (figura 4, p.53). Vale ressaltar que, o agir da enfermeira pesquisadora, mediou todo

este processo educativo-participativo.

A fim de retribuir a participação dos pescadores na pesquisa e ressaltar a contribuição

de alguns para a discussão na atividade grupal, foi elaborado um banner explicativo sobre o

cuidado com feridas e outros pontos relacionados à saúde que deverá ser afixado na

associação de moradores.

Desse modo, pretende-se que o conhecimento construído durante a tecnologia de

Educação pelos Pares, seja compartilhado entre os demais pescadores da comunidade

Cassinú, favorecendo a reflexão sobre as condições de saúde e trabalho destes pescadores,

bem como a construção e reconstrução de um saber ensinado aprendido simultaneamente e

multuamente pelos pescadores envolvidos.

Page 52: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

52

Foto 6 – Atividade grupal na Associação de Foto 7 – Discussão sobre poluição ambiental

moradores da colônia de pescadores

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013) Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Figura 2 – Alguns recursos visuais utilizados nas discussões com os pescadores

Fontes: www.andreiajoao.com.br; www.jfonline.ufjf.br; espacoeducar-liza.blogspot.com

Os recursos visuais utilizados foram imagens extraídas da internet sob forma de mini-

cartazes que facilitassem a compreensão dos temas abordados.

Page 53: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

53

Figura 3 – Imagens de diferentes espécies de peixes utilizadas na dinâmica

Fontes: www.vaqueiro.pt; sullpesca.blogspot.com; www.informacaonutricional.blog.br;

www.infoescola.com; mares-oceanos.blogspot.com

As espécies foram selecionadas por terem alta prevalência na Baía de Guanabara e

terem sido destacadas nas entrevistas individuais como principais espécies capturadas pelos

participantes. Seguindo-se de cima para baixo, da direita para esquerda, como são

popularmente chamadas, temos: Sardinha, Anchova, Corvina, Tainha e Bagre.

Figura 4 – Desenhos elaborados pelos pescadores educadores para avaliação da atividade

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Page 54: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

54

Considerando a numeração dos desenhos de 1-4, contados da esquerda para direita de

cima para baixo, no desenho 1, observam-se dois pescadores na embarcação de um rio,

provavelmente o rio Maribondo, o mais próximo da região. Na superfície da água

constatamos diversos materiais como pneus, garrafas plásticas, evidenciando a intensa

poluição da água, demonstrando a preocupação do pescador com o ambiente.

O desenho 2 , mostra o ato de captura de um peixe, que em relação ao barco tem um

tamanho considerável. A imagem nos leva a refletir sobre o grau de importância da pesca para

este trabalhador.

O desenho 3, mostra a tentativa de captura de um peixe, e o que nos chama atenção na

imagem agora, é o semblante do pescador, de tristeza e desânimo, provavelmente, devido à

escassez de peixes na água, o que reduz a renda e a satisfação pessoal do pescador com seu

trabalho.

No desenho 4, observa-se uma embarcação vazia e a imagem incompleta de um

pescador como se a difícil situação da pesca atual afetasse a auto-imagem do mesmo,

favorecendo a desvalorização da atividade pesqueira artesanal.

4.5. Análise dos resultados

Foi realizada análise estatística simples dos dados coletados por meio das questões

fechadas. As questões abertas foram analisadas com base na análise temática proposta por

Minayo (1993), que consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma

comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico

visado.

Os pescadores foram identificados com a letra “P” inicial da palavra pescador

seguida do número sequencial da entrevista, a fim de preservar o anonimato das colocações

feitas por eles. Obtivemos assim: P1, P2, P3, P4, P5,..., P35.

Operacionalmente, de acordo com Minayo (1993) a análise temática desdobra-se em

três etapas, as quais foram seguidas nesta pesquisa:

1ª) A pré- análise: consiste na escolha dos documentos a serem analisados; na retomada das

hipóteses e dos objetivos iniciais da pesquisa, reformulando-as frente ao material coletado; e

na elaboração de indicadores que orientem a interpretação final.

2ª) Exploração do material: consiste essencialmente na operação de codificação. Segundo

Bardin (1979), realiza-se na transformação dos dados brutos visando a alcançar o núcleo de

compreensão do texto. Finaliza-se com agregação dos dados em categorias teóricas.

Page 55: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

55

3º) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: consiste na submissão dos resultados

brutos a operações estatísticas simples, além da proposta de inferências e realização de

interpretações previstas em seu quadro teórico.

A análise proposta foi realizada sob a luz do referencial teórico de Paulo Freire e

outros estudiosos relacionados. Segundo Freire (1983) há um modelo educativo onde as

pessoas são estimuladas a desenvolver uma consciência crítica, pelo processo de análise

coletiva de problemas na busca de soluções e estratégias conjuntas para a mudança da

realidade. Essa pedagogia evidencia a formação de um indivíduo mais crítico e questionador.

As análises das informações foram realizadas utilizando-se os dados estatísticos

mostrados nas tabelas e quadros, juntamente com os depoimentos dos pescadores,

possibilitando a identificação de aspectos relevantes sobre as suas condições de trabalho e

saúde, geradoras de riscos e agravos, bem como um maior entendimento da atividade

pesqueira artesanal desenvolvida na Baía de Guanabara.

4. 6. Aspectos Éticos

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário

Antônio Pedro (UFF) conforme estabelecido pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional

de Saúde, sendo aprovado sobre o nº CAAE 05017512.1.0000.5243 (Anexo 1, p.116). Vale

ressaltar que a pesquisa foi explicada aos sujeitos e todos que aceitarem participar da pesquisa

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 3, p.113), sendo-lhes

garantidos o sigilo e o anonimato.

Page 56: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

56

“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.

(Paulo Freire)

[Digite uma citação do documento ou o

resumo de um ponto interessante. Você

pode posicionar a caixa de texto em

qualquer lugar do documento. Use a guia

Ferramentas de Desenho para alterar a

formatação da caixa de texto de citação.]

Page 57: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

57

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 35 homens com idade entre 24 e 68 anos. Segundo o gráfico

abaixo, contudo, o maior número de entrevistados possui entre 40 e 55 anos, sendo a média de

idade 46, 4 e a mediana 47, conforme tabela 1, p.58. Nota-se uma prevalência do gênero

masculino na atividade pesqueira da região; provavelmente pelo esforço físico exigido na

captura e remoção do pescado das embarcações. Todavia, existem estudos sobre mulheres que

atuam na atividade pesqueira. Segundo Fassarella (2007) constatou-se a participação das

mulheres na atividade na separação dos siris e camarões dos cardumes, além de descascar

camarões e desfiar siris, não participando, contudo, do ato da pesca, comercialização e

instâncias que discutem a pesca. A pesquisa chama a atenção para o sentimento por parte das

processadoras, de desvalorização e invisibilidade da atividade laborativa no âmbito da pesca,

além da impotência diante da degradação ambiental e, consequente redução da matéria prima.

Gráfico 1: Distribuição dos pescadores segundo a variável idade (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

O número reduzido de pescadores mais jovens pode ser atribuído a maior

possibilidade de estarem engajados em outras atividades laborais.

Outro fato importante a ser ressaltado é a presença de 4 pescadores com idade igual ou

superior a 60 anos, um deles com 68 anos de idade. Provavelmente para complementarem a

renda da aposentadoria, permanecem em pleno exercício. Os pescadores idosos precisam

fazer um esforço extra, pois apesar das alterações fisiológicas em decorrência do

envelhecimento, precisam tentar manter o mesmo ritmo de trabalho dos mais jovens.

Page 58: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

58

Tabela 1: Distribuição dos pescadores segundo idade, filhos e dependentes

idade Filhos Dependentes

N 35 35 35

Mínimo 24 0 1

Máximo 68 7 6

Mediana 47 2 3

Média 46,4 2,3 3,4

Desvio padrão 11,1 1,7 1,5

Fonte: Ribeiro (2013)

A tabela acima (1) apresenta as varáveis idade, número de filhos e número de

dependentes, segundo mínimo, máximo, mediana, média e desvio padrão.

É possível perceber que a média de filhos dos pescadores é de 2,3, um número baixo

considerando a realidade da comunidade local, onde observam-se famílias com um número

maior de filhos.

Vale ressaltar que há pescadores com elevado número de dependentes (6), recebendo

uma renda mensal de cerca de 2 salários mínimos (gráfico 10, p.64), o que nos leva a refletir

sobre as reais condições de vida dos pescadores e suas famílias.

Percebeu-se que os pescadores estão imersos no universo da pesca e gostam do que

fazem, como no depoimento de P6: “A gente só tira o fruto, não planta nada. Esse mar é uma

maravilha pra mim”. Entretanto, nota-se uma certa resistência de que seus filhos sigam a

mesma profissão, para P25: “ A pesca é um trabalho muito sofrido”, para P30: “De jeito

nenhum. O que tinha que dar já deu.”, para P16: Não tenho filhos, mas se tivesse…pesca não

é vida pra ninguém”.

Gráfico 2: Distribuição proporcional dos pescadores segundo naturalidade (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

No gráfico acima (2), observa-se que 88, 6% dos entrevistados nasceram no Rio de

Janeiro, entretanto, alguns vieram de outros estados. Tal fato justifica-se, provavelmente,

Rio de Janeiro; 88,6

Piauí; 2,9

Bahia; 2,9

Minas Gerais; 2,9

Alagoas; 2,9

Page 59: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

59

porque houve um período em que a pesca artesanal era lucrativa, o que favoreceu a instalação

de comunidades no entorno da Baía e mantêm-se neste ambiente porque não possuem

alternativas.

Atualmente isso não acontece em virtude das transformações ambientais e econômicas dos

últimos anos, conforme a fala de P4: “Não vale mais a pena, tem muitos pescadores, falta

peixe”.

Gráfico 3: Distribuição proporcional dos pescadores segundo cor de pele (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores 51,4% são pardos, 40% brancos e 8,6% negros. A pele mais clara

recebe com mais intensidade os efeitos da radiação solar.

Apesar dos pescadores estarem durante parte da jornada de trabalho sob exposição direta

ao sol, poucos utilizam protetor solar.

Gráfico 4: Distribuição dos pescadores segundo uso de protetor solar (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Conforme descrito no gráfico acima (4), 77,1% dos pescadores não utilizam protetor solar

e dos 22,9 que utilizam, utilizam parcialmente.

Branco; 40,0

Negro; 8,6

Pardo; 51,4

Não utilizam;

77,1

Utilizam de vez em

quando; 22,9

Page 60: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

60

São apontados diversos motivos para a não utilização do protetor solar, segundo gráfico 5,

p.54. Dos 31 pescadores que não utilizam protetor solar, muitos não vêem importância

(67,7%), acreditam que os anos de exposição de alguma forma os protege de futuros

problemas na pele. Conforme fala de P28: “Já sou acostumado com sol na pele”. Alguns não

usam por esquecimento (16,1%), lembram-se quando já saíram de casa. Outros por

trabalharem a maior parte do tempo à noite (6,5%), não estarem acostumados (3,2%) e pelo

alto preço do produto (6,5%), que está muito acima do que poderiam pagar com a renda que

ganham com a pesca.

Gráfico 5: Distribuição dos pescadores segundo principais motivos para não utilização de

protetor solar (N=31)

Fonte: Ribeiro (2013)

Fonte: Ribeiro (2013)

A tabela acima (2) revela um percentual significativo de pescadores solteiros. Muitos

optam por estar solteiros, provavelmente, pela liberdade que lhes é intrínseca e pela baixa

renda salarial.

Por meio de conversas identificamos que alguns pescadores valorizam a atividade

pesqueira e gostam de exercê-la pela possibilidade de liberdade inerente a profissão. A

liberdade de “ir e vir” sem dever submissão a um patrão e sem estar “preso”. Como diz P3:

“Vivo livre, vou na hora que quero”. A autonomia que lhes é dada por meio da pesca pode

67,7

16,1 6,5 6,5 3,2

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Não vêimportância

Esquecimento Alto preço doproduto

Trabalho maiorparte no tempo à

noite

Não tem ocostume

Tabela 2: Distribuição dos pescadores segundo estado civil (N = 35)

Frequência %

Casado 18 51,4

Solteiro 14 40,0

Divorciado 3 8,6

Total 35 100

Page 61: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

61

estar refletindo na vida pessoal, de forma que muitos pescadores optam por permanecerem

solteiros. Além disso, a baixa renda dificulta ou quase que torna inviável a manutenção de

uma família, mesmo para aqueles que desejam.

Gráfico 6 :Distribuição proporcional dos pescadores segundo tipo de residência (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Os pescadores em sua grande maioria moram em casa própria (82,9%) à margem da Baía

de Guanabara, o que facilita o acesso ao local de trabalho e isenta o pescador de custos com

transporte para o trabalho. Conforme registro em diário de campo, percebe-se que a

construção das casas da colônia deu-se de forma desordenada sem um planejamento prévio.

As casas são simples, inacabadas. É difícil o alcance de água encanada nas casas mais

próximas à margem, há falta de saneamento básico. Os fundos do quintal de algumas casas

são uma espécie de continuidade da Baía. Assim, muitos pescadores deixam seus caícos (foto

8, p.61) no próprio quintal e ali mesmo preparam os materiais que utilizam na pescaria, como

redes ( foto 9, p.62) , isopores e outros apetrechos.

Foto 8: Dois caícos no quintal de um dos pescadores

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Page 62: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

62

Foto 9: Pescador no período da manhã preparando a rede que irá utilizar à tarde na pesca

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Gráfico 7: Distribuição proporcional dos pescadores segundo religião (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores entrevistados, 54,3% dizem ser católicos e 25, 7% dizem não ter

religião. O que nos chama a atenção, visto que em nossa sociedade há um apego/vínculo

extremamente forte das pessoas com diversas religiões.

Talvez a precária condição de vida e a falta de esperança em possível mudança possa ser o

fator primordial a afastar qualquer possibilidade de vínculo do pescador com a religião.

54,3

14,3

2,9 2,9

25,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Católico Protestante Testemunhade Jeová

Espírita Não possui

Page 63: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

63

Alguns pescadores quando questionados sobre planos para o futuro demonstram total

desesperança. P15: “Não. Ando desanimado”. P18: “Não. Não tenho mais condições de ter

planos”. P27: “Não. Só de morrer, planos pra quê?”. P14: “Não. Sem dinheiro fica difícil”.

Gráfico 8: Distribuição proporcional dos pescadores segundo principais responsáveis pelo

ensino da atividade pesqueira (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

O gráfico acima (8) mostra que a maior parte dos pescadores aprendeu a profissão com o

pai (31,4%).

De fato a pesca em diversos outros cenários tem se revelado uma profissão que passa de

pai para filho. Os filhos iniciaram os primeiros passos na pesca ainda na infância e quando

adolescentes alguns relatam que deixavam de ir à escola algumas vezes para ajudar o pai na

pesca e assim ganhar um “trocado”. Mas parece que para a nova geração as coisas serão

diferentes. Quase 100% dos entrevistados afirmam que não desejam que os filhos sigam a

mesma profissão. Segundo P13: “Não. Nunca incentivei, meu filho de 21 anos não sabe nem

remar. Não tem expectativa. Muita poluição, escassez de peixe” e P7: “Não. Hoje tenho outra

visão. Eles têm que estudar para conhecer outro mundo, o mundo é informatizado”.

31,4

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

5,7

2,9

22,9

2,9

2,9

11,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Pai

Pai e amigo

Pai e avô

Pai e tio

Pai, avô e tio

Avô

Tio

Padrasto

Irmão

Cunhado

Amigo

Vizinho

Patrão

Influências diversas do meio

Page 64: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

64

Gráfico 9 :Distribuição proporcional dos pescadores segundo escolaridade (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

A escolaridade dos pescadores é baixa, a maioria possui até o Ensino Fundamental 1

completo, estudaram até a antiga 4ª série, hoje o 5º ano.

A baixa escolaridade além de reduzir a possibilidade de trabalho com carteira assinada,

aumenta as chances de desconhecimento sobre o cuidado em saúde e doenças veiculadas pela

água contaminada. Além de dificultar a articulação dessa classe de trabalhadores para luta por

melhorias nas condições de trabalho e saúde. Assim, se veem “obrigados” a assumirem uma

postura de submissão às questões políticas relacionadas à pesca artesanal, se adequando a

realidade de vida na qual estão inseridos.

Gráfico 10: Distribuição proporcional dos pescadores segundo renda, por salário mínimo

(N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

*Salário Mínimo atual (2013) = R$ 678,00

Fonte:http://br.advfn.com/indicadores/salario-minimo/2013

17,1

34,3

28,6

8,6 5,7 5,7

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

Ens. Fund. 1- Incompleto

Ens. Fund. 1- Completo

Ens. Fund. 2- Incompleto

Ens. Fund. 2- Completo

Ens. MédioIncompleto

Ens. MédioCompleto

14,3

17,1

42,9

11,4

5,7

2,9

2,9

2,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Menos que 1 SM

1 SM

Entre 1 e 2 SM

2 SM

Entre 2 e 3 SM

Entre 3 e 4 SM

4 SM

4 ou mais SM

Page 65: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

65

Considerando o valor do salário mínimo (SM) atual, 42,9% dos pescadores tem uma renda

mensal entre 1 e 2 salários mínimos (R$678,00 – R$1.344,00).

Apenas 25,8% dos pescadores entrevistados recebem renda mensal superior a 2SM

(R$1.344,00), em uma realidade média de 3,4 dependentes. O que deixa evidente a difícil

situação financeira que vivenciam.

Muitos demonstram clara indignação com a renda que recebem. P14: “Pescador ganha

muito pouco”. P1:“...Se tivesse condição de pagar um bom estudo, melhor área médica,

advogado”. P13: “Gostaria de sair pra tentar outra coisa. Hoje o pescador não tem um carro,

conta no banco, uma profissão que não te dá retorno”.

Alguns, apesar do baixo rendimento com a pesca, declaram grande satisfação com a

profissão. P8: “O problema é que ganha pouco, mas é divertido”. P12: “Agradeço muito a

Deus, já ganhei muito dinheiro, mas não tive cabeça, né?”.

Gráfico 11 : Distribuição dos pescadores que trabalham ou já trabalharam em outras áreas

(N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores 82,9% trabalham ou já trabalharam em outras áreas. Provavelmente na

tentativa de complementar a baixa renda que a pesca tem proporcionado nos últimos anos.

Dentre as atividades já realizadas por eles destacam-se auxiliar de estaleiro (14,3%),

seguido de comércio, ajudante de pedreiro, operário da fábrica de sardinha com 8,6% e

motorista, pedreiro, porteiro, eletricista, serviços gerais com 5,7% (gráfico 12, p.66).

Muitas funções relacionadas não tem possibilidade de fixação, demonstrando assim, que a

liberdade no fazer prevalece.

Sim; 82,9

Não; 17,1

Page 66: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

66

Gráfico 12: Distribuição dos pescadores segundo principais atividades realizadas

para complementação de renda

Fonte: Ribeiro (2013)

Tabela 3: Distribuição dos pescadores segundo tempo de profissão

e horas de trabalho

tempo de profissão horas de trabalho/dia

N 35 35 Mínimo 2 7 Máximo 40 15 Mediana 25 12 Média 21,5 11,8 Desvio padrão 10,2 1,7

Fonte: Ribeiro (2013)

A tabela acima (3) apresenta o tempo de profissão e jornada de trabalho dos pescadores.

Em relação ao tempo de profissão há uma média de 21,5 anos sendo o mínimo de 2 anos e o

máximo de 40 anos.

Em relação à jornada de trabalho verificou-se uma média de 11,8h sendo o mínimo de 7

horas e o máximo de 15 horas.

14,3

8,6

8,6

8,6

5,7

5,7

5,7

5,7

2,9

2,9

2,9

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Auxiliar de estaleiro

Comércio

Ajudante de pedreiro

Operário (fábrica de sardinha)

Motorista

Pedreiro

Porteiro

Eletricista

Ajudante de caminhão

Segurança

Operador de Marketing

Serviços gerais

Cobrador

Posto de gasolina

Balconista

Metalúrgica

Pintura

Ajudante de convés

Rodoviário

Açougueiro

Ajudante de cozinha

Calçador de rua

Padeiro

Pedágio da ponte

Page 67: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

67

Durante as entrevistas, muitos pescadores disseram que saem para pescar a tarde e só

retornam ao amanhecer para a venda do pescado. Quando terminam o período de venda, caso

necessário, utilizam o período da manhã também para consertos de equipamentos e

preparação do material para a próxima pesca. Por ficarem um longo período em alto mar, os

pescadores estão sujeitos a acidentes por alterações climáticas inesperadas, como

tempestades. Como já pescam há anos, e portanto, têm muita experiência no que fazem,

alguns pescadores saem para pescar sozinhos, sem ajudantes, ao contrário da maioria. Isso

aumenta ainda mais o risco de acidentes por eventuais contra-tempos, mas em contrapartida,

reduz a divisão da baixa renda com um ajudante.

Quando questionados sobre o perigo da profissão e a segurança das embarcações, a

maioria associou às questões climáticas e ao risco de colisão com embarcações maiores à

noite. P1: “O tempo que fica em alto mar. É sair e pedir a papai do céu para proteger e ir em

frente”. P6: “A gente tá em área de risco. Risco do navio passar por cima, perde rede direto”.

P13: “A gente sai pra pescar, mas não sabe se volta, pode bater em pedra, navio, dormir no

leme, temporal”. P28: “É sacrificante e perigosa. Pra você ter uma idéia, meu irmão se afogou

num temporal”.

Gráfico 13: Distribuição dos pescadores segundo principais tipos de pescado

Fonte: Ribeiro (2013)

68,6

37,1

31,4

25,7

20,0

8,6

8,6

2,9

2,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0

Tainha

Camarão

Corvina

Sardinha

Anchova

Bagre

Siri

Pescadinho

Lula

Page 68: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

68

Os pescadores entrevistados dentre as diversas espécies de pescado que capturam com

maior frequência destacaram a Tainha (68, 6%), Camarão (37,1%), Corvina (31,4%),

Sardinha (25,7%) e Anchova (20%).

Apesar do declínio no número de pescado disponível, em função do intenso despejo de

lixo doméstico e dos efluentes industriais, a Baía de Guanabara persiste apresentando uma

grande diversidade de espécies faunísticas.

Gráfico 14: Distribuição dos pescadores segundo principais pontos de venda

Fonte: Ribeiro (2013)

Segundo o gráfico acima (14) o principal ponto de venda do pescado pelos pescadores da

colônia se dá por meio de um atravessador.

Os pescadores ganham por dia de trabalho dependendo da quantidade e do tipo de

pescado. Quando chegam da pesca, o que foi pescado é disposto em caixas para o início do

leilão (fotos 10, 11 e 12, p.69). Os atravessadores estipulam um preço bem abaixo do

encontrado nos mercados. Como não têm como realizar o transporte e o armazenamento da

mercadoria para conseguirem a venda por um melhor preço nos grandes mercados, os

pescadores se submetem ao preço ofertado pelos atravessadores. Assim, o pescado é vendido

por um preço muito aquém do que os atravessadores vendem para os mercados e feiras livres.

88,6

14,3 8,6 5,7 5,7 5,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Atravessador Mercado Praia Comércio Domicílio Feiras livres

Page 69: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

69

Foto 10:Pier por onde chega o pescado Foto 11: Pescado disposto em caixas para o leilão

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013) Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Foto 12: Fim de mais um dia de leilão

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Page 70: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

70

Gráfico 15: Distribuição dos pescadores segundo uso de EPI (N=35)

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores entrevistados quando questionados sobre a utilização de Equipamento

de Proteção Individual (EPI), desconheciam o significado das siglas. Depois de explicado,

28,6 % disseram não utilizar e os 71,4% restantes disseram utilizar, mas de forma parcial, ou

seja, ora utilizam luvas, ora utilizam botas.

Os EPI’s, de acordo com os relatos não são utilizados com frequência. Um dos pescadores

afirmou que o uso de luvas de borracha, por exemplo, atrapalha a sensibilidade no contato

com o peixe. P7: “Tem que ter contato pra remover o peixe. Pescador confia muito em si

mesmo”.

Poucos costumam ter coletes, sinalizadores ou outros equipamentos que possam auxiliar

nos casos de emergência.

Os principais EPI’s utilizados segundo as informações obtidas são as botas (54,3%), o

macacão de oleado (34,3%) e luvas de borracha (28,6%), conforme gráfico 16, p.70.

De acordo com a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego, NR-6

(2011), os EPIs são definidos como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado

pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a

sua saúde. Na população de pescadores, contudo, o uso de EPI’s é um recurso pouco

explorado. Principalmente entre pescadores artesanais, onde não há compromisso

empregador/ empregado, e o uso de EPI’s, portanto, é de total responsabilidade do próprio

pescador.

Dentre os EPI’s a serem adotados pelo pescador artesanal segundo Ministério do Trabalho

e Emprego (2008) estão: colete salva-vidas, chapéu de palha ou boné, alicate pequeno (para

retirada do anzol da própria pele), faca ou facão com bainha de couro, botas de borracha de

Não utiliza; 28,6

Utiliza parcialmente; 71,4

Page 71: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

71

cano longo (quando pisar no fundo do rio), luvas grossas (para manusear peixes e cabos).

Além do uso de protetor com Fator de Proteção Solar (FPS) 25. Em algumas regiões do país,

onde pescadores pescam com linha de mão, recomenda-se utilização de um anel feito de

câmara de borracha para proteger os dedos.

Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s), por sua vez, também devem ser

utilizados, incluem-se neste grupo o estojo de primeiros socorros e bote salva-vidas.

Gráfico 16: Distribuição dos pescadores segundo principais EPI’s utilizados

Fonte: Ribeiro (2013)

Gráfico 17 : Distribuição dos pescadores segundo momentos destacados onde entram em

contato com a água

Fonte: Ribeiro (2013)

34,3

54,3

28,6

5,7

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Macacão oleado

Bota

Luvas de borracha

Guarda-sol

Calça de oleado

Luvas de pano

Chapéu

Toca

Meias de lã

Colete

85,7

8,6 2,9 2,9

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Durante toda pesca No ato de puxar arede

No ato de removero anzol

No ato dedescarregar o

pescado do barco

Page 72: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

72

Dos 35 pescadores 85,7 % dizem entrar em contato com a água durante toda a pesca,

conforme gráfico 17, p.71.

Alguns caícos ficam atracados no rio Maribondo. Segundo Ministério do Trabalho e

Emprego (2008), caíco é o nome utilizado pelos pescadores para Canoa (CAN), embarcação

movida a remo ou vela, sem convés, confeccionada em madeira (jaqueira ou marmeleiro) de

fundo chato ou não, também conhecida como curicaca, igarité, biana, patacho, canoa de

casco, batelão, iole.

Em dias de maré baixa, alguns pescadores precisam entrar no rio com a água até o nível

do joelho para empurrarem essa pequena embarcação até um nível em que seja possível

remar. Assim, quando não estão utilizando EPI’s podem sofrer lesões, pois no rio há intenso

despejo de lixo doméstico, inclusive, garrafas de vidro e outros materiais pérfuro-cortantes

como latas de alumínio.

É sabido que o contato com a água contaminada pode trazer prejuízos à saúde dos

pescadores.

Gráfico 18: Distribuição dos pescadores segundo existência de caso de ferimento durante

a atividade pesqueira (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Como já era esperado, os casos de ferimento entre os pescadores são muito comuns. Dos

35 entrevistados 91,4% afirmam já ter sofrido algum ferimento durante a atividade pesqueira

nos anos de profissão.

Não houve pescadores com lesões significativas no momento da entrevista, todavia alguns

apresentaram cicatrizes decorrentes de ferimentos de causas variadas durante a pesca.

Sim; 91,4

Não; 8,6

Page 73: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

73

Há casos de ferimentos mais simples com o próprio anzol e facas (foto 13, p.73), mas há

casos de ferimentos graves, como por exemplo, um pescador que se feriu com estrutura do

peixe Bagre e ficou internado no hospital por 1 mês.

As principais partes do corpo atingidas são as mãos (80%) seguidas de pernas (17,1%),

braço e pés (5,7%), rosto, regiões variadas, joelho (2,8%) (gráfico 19, p.73).

Gráfico 19: Distribuição dos pescadores segundo principais partes do corpo atingidas por

ferimento

Fonte: Ribeiro (2013)

Foto 13: Imagem de cortes com faca na preparação da rede

Fonte: Arquivo pessoal. Ribeiro (2013)

80,0

17,1

5,7

5,7

2,8

2,8

2,8

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

Mãos

Pernas

Braço

Pés

Rosto

Regiões variadas

Joelho

Page 74: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

74

Gráfico 20: Distribuição dos pescadores segundo principais causas de ferimento

Fonte: Ribeiro (2013)

Como principais causas de ferimentos destacam-se estrutura do próprio peixe (60%),

remoção de peixe do anzol (14,3%), mordida de peixe (14,3%).

Gráfico 21: Distribuição dos pescadores segundo principais formas de tratamento das

feridas

Fonte: Ribeiro (2013)

60,0

14,3

14,3

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0

Estrutura do peixe

Remoção de peixe do anzol

Mordida de peixe

Faca

Corda do timão

Remoção de peixe da rede

Estrutura da rede

Cracas

Falta de atenção

Ligação do motor -…

22,9

17,1

8,6

8,6

8,6

8,6

8,6

8,6

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Não faz nada

Água e sabão

Povidine

Posto de saúde

Pomada

Água, sal e vinagre

Pronto-socorro

Mão de molho em água da praia

Mercúrio

Pó de café

Qualquer remédio

Água e sal

Sabão de coco

Fura o olho do bagre e passa

Spray anti-inflamatório

Page 75: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

75

Por estarem no mar, a maioria dos pescadores ao se ferirem, optam por não fazer nada

(22,9%), outros (17,1%) dizem que assim que chegam da pesca lavam o local do ferimento

com água e sabão. Em casos mais graves se dirigem ao posto de saúde (8,6%) ou pronto-

socorro (8,6%).

Nota-se a aplicação de diversas substâncias tradicionalmente utilizadas pelo saber

popular como pó de café (2,9%), fura o olho do bagre e passa (2,9%), mão de molho em água

da praia (8,6%). Tais substâncias não possuem comprovação científica no processo cicatricial

podendo prejudica-lo e favorecer a contaminação da ferida.

Quadro 2: Distribuição dos pescadores segundo doenças/queixas anteriores

que levaram ou não à internação

Frequência %

Tuberculose 2 5,7

Acidente de trabalho 2 5,7

Hepatite 2 5,7

AVC 2 5,7

Apendicite 1 2,9

Hemorragia gástrica 1 2,9

Dor no estômago 1 2,9

Úlcera gástrica 1 2,9

Doença venérea 1 2,9

Queda da própria altura 1 2,9

Câncer de pele 1 2,9

Pedra nos rins 1 2,9

Problema nos rins 1 2,9

Problema na clavícula 1 2,9

Bronquite 1 2,9

Fonte: Ribeiro (2013)

Entre os pescadores entrevistados, segundo quadro acima, recebem destaque os casos de

tuberculose, acidente de trabalho, hepatite e AVC (Acidente Vascular Cerebral) todos com

5,7% de ocorrência.

Segundo histórico de doenças na família (Gráfico 22, p.76) destacam-se Diabetes (34,3%),

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) (22,9%) e Hipertensão arterial (20%).

Page 76: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

76

Gráfico 22: Distribuição dos pescadores segundo histórico de doença na família

Fonte: Ribeiro (2013)

Gráfico 23: Distribuição dos pescadores segundo principais queixas/doenças atuais

Fonte: Ribeiro (2013)

34,3

22,9

20,0

11,4

8,6

2,9

2,9

2,9

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Diabetes

IAM

Hipertensão arterial

AVC

Câncer

Tuberculose

Bronquite crônica

Mal de Alzheimer

11,4

5,7

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

Dores na colunaDores no joelho

HipertensãoInchaço nas pernas

Dores no ouvidoDores na virilha

Dores nas articulações do braçoDiabetes

Problemas na visãoDores no pé

EsquecimentoCâncer de pele

SoluçosDores no peito

Dormência lado esquerdoProblemas respiratórios

Problemas na peleProblemas digestivos (úlcera)

Tonteira

Page 77: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

77

As dores em diversos locais no corpo, como coluna, joelho, virilha estão presentes na

fala de alguns pescadores. A descarga do pescado dos caícos de forma inadequada e o excesso

de peso que carregam diariamente podem estar gerando alterações posturais com

consequências ergonômicas graves.

Gráfico 24: Distribuição dos pescadores segundo realização de tratamento para as

doenças/queixas atuais (N=17)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 17 pescadores que apresentam queixa/doença 58,8% não faz tratamento.

Os pescadores queixam-se da falta de profissionais de saúde no posto mais próximo e da

dificuldade de acesso. Segundo relatos, o posto municipal encontra-se praticamente inativado.

Não há dispensação de medicações básicas para a comunidade local.

Gráfico 25: Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades físicas, mínimo 1x por

semana

Fonte: Ribeiro (2013)

Sim; 41,2

Não; 58,8

25,7

2,9 2,9 2,9 2,9

62,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Futebol Caminhada Bicicleta Malhação Natação Não pratica

Page 78: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

78

A atividade física não é realidade para a maioria dos pescadores da colônia. Destes,

apenas 37,3% realizam algum tipo de atividade física por semana, enquanto 62,7% não

praticam qualquer atividade.

Para o pescador é extremamente complicado conseguir conciliar algum tipo de atividade

provavelmente devido à sobrecarga diária de trabalho. Quando chega da pesca, o tempo que

tem disponível busca descansar para a próxima pesca, algumas horas depois.

Das atividades físicas, realizadas pelo menos uma vez por semana, destacam-se o futebol

aos finais de semana, caminhada, bicicleta, malhação e natação.

Gráfico 26: Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades de lazer (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Em relação as atividades de lazer, observa-se um maior percentual de pescadores que

realiza (74,3%) e um menor percentual de pescadores que não realiza (25,7%), conforme

gráfico 26, p.78.

31,4% dos pescadores relatam como principal atividade de lazer tomar cerveja com

amigos e esposa.

Em diversas visitas à colônia foi possível observar pescadores no bar da comunidade.

Percebe-se que o uso de álcool é uma atividade habitual na colônia de pescadores.

Sim; 74,3

Não; 25,7

Page 79: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

79

Gráfico 27: Distribuição dos pescadores segundo principais atividades de lazer

Fonte: Ribeiro (2013)

Gráfico 28: Distribuição da classificação de pressão arterial dos pescadores com base em

uma aferição

Fonte para referência: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_06.pdf

A pressão arterial dos pescadores, com base em 1 aferição, foi classificada como normal

em 54,3% dos pescadores, pré-hipertensão em 22,9%, hipertensão estágio I em 5,7% e

hipertensão estágio II em 17,1%.

A classificação foi referenciada nos valores de pressão arterial estabelecidos pelo

Ministério da Saúde (BRASIL, 2006, p.14). Que segue: Normal (PAD < 85 e PAS< 130),

31,4

11,4

8,6

5,7

5,7

5,7

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

2,9

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Tomar cerveja com amigos e esposa

Jogos de mesa

Jogar futebol

Ouvir música

Passeios

Sair com a esposa

Desenho

Fazer churrasco

Igreja

Reunião de família

Reunião de amigos

Baile/Pagode

Cinema

Ir a ilha de Paquetá com amigos

54,3

22,9

5,7

17,1

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Normal Pré-hipertensão Hipertensão estágio I Hipertensão estágio II

Page 80: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

80

Limítrofe/Pré-hipertensão (PAD 85-89 e PAS 130-139), Hipertensão estágio I (PAD 90-99 e

PAS 140-159) e Hipertensão estágio II (PAD ≥100 e PAS ≥160).

Gráfico 29: Distribuição da classificação dos pescadores pelo índice de massa corporal

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores entrevistados, 40% está com peso normal, 48,6% está sobrepeso

segundo Índice de Massa Corpórea (IMC). E há casos de obesidade no grupo.

A falta de atividade física pode ser um fator a contribuir para a realidade encontrada.

Gráfico 30: Distribuição dos pescadores segundo uso de drogas ilícitas (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Em relação às drogas ilícitas foi identificado o uso por 8,6 % dos pescadores.

Dentre as principais drogas mencionadas estão a maconha, o craque e a cocaína.

0,0

40,0 48,6

5,7 5,7 0,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Abaixo dopeso

Peso normal Sobrepeso Obesidade I Obesidade II Obesidademórbida

Sim; 8,6

Não; 91,4

Page 81: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

81

Gráfico 31: Distribuição dos pescadores segundo ingestão de álcool (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores entrevistados 88,6% faz ingestão de álcool. Como dito anteriormente,

trata-se de uma prática bastante comum na colônia.

Dos 31 pescadores que ingerem álcool, a grande maioria (71%), bebe aos finais de

semana. Vale ressaltar que a ingestão mesmo sendo aos finais de semana, como relatado por

eles, é em grande quantidade na maior parte das vezes.

9,7 % ingere álcool todos os dias.

Gráfico 32: Distribuição da frequência na ingestão de álcool entre os pescadores etilistas

(N=31)

Fonte: Ribeiro (2013)

Sim; 88,6

Não; 11,4

12,9

71,0

3,2 3,2 9,7

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

As vezes Final de semana Mais de 3 vezespor semana

Quase todos osdias

Todos os dias

Page 82: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

82

Gráfico 33: Distribuição da última realização de exame de sangue entre os pescadores

(N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores 34,3% realizou exame de sangue há menos de 3 meses. Todavia,

28,6% não realiza exame de sangue há mais de 2 anos, conforme gráfico acima (33).

Parte dos pescadores por serem doadores de sangue tem direito a exame de sangue

gratuito, o que explica a última realização há menos de 3 meses em alguns casos.

A não periodicidade na realização de exames de sangue pode retardar a descoberta de

alterações fisiológicas importantes, dificultando o tratamento precoce.

Gráfico 34: Distribuição dos pescadores segundo hábito de fumar (N=35)

Fonte: Ribeiro (2013)

Dos 35 pescadores 57,1% fumam e 42,9% não fumam.

34,3

17,1 17,1

28,6

2,9

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Menos que 3meses

Entre 3 meses e 1ano

Entre 1 e 2 anos Mais de 2 anos Nunca realizou

Sim; 57,1

Não; 42,9

Page 83: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

83

Em relação à quantidade de carteiras de cigarro por dia, dos 20 pescadores que fumam

10% fumam mais de 1 carteira por dia.

Gráfico 35: Distribuição da quantidade de carteiras/dia utilizadas pelos 20 pescadores

fumantes (N=20)

Fonte: Ribeiro (2013)

Os resultados evidenciam as condições de trabalho e saúde de pescadores artesanais da

comunidade Cassinú, possibilitando um sólido caminho para análise mais aprofundada dos

achados.

45,0 45,0

0,0 5,0

0,0 5,0

0,0 0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Menos que 1 1 1 e meia 2 2 e meia 3 Mais de 3

Page 85: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

85

6. CATEGORIAS ANALÍTICAS DO ESTUDO

A partir da quantificação dos dados obtidos por meio das questões abertas e posterior

análise dos mesmos, os núcleos de sentido foram agrupados e categorizados conforme quadro

simplificado abaixo, a fim facilitar a análise dos temas emergentes e dos resultados obtidos

por meio da estatística simples.

Quadro 3- Categorias formadas para discussão

Dualismo no trabalho

informal: Prazer e Dor

Individualismo na pós-

modernidade: União para a

libertação

Sustentabilidade ambiental:

Saúde e Educação

“Porque não temos benefício de lado nenhum”. “Vivo livre, vou na hora que quero”. “O problema é que ganha pouco, mas é divertido”. “Tenho liberdade de expressão”. “É sacrificante e perigosa”. “Como vou planejar, se ganho pouco com a pesca”.

“O pescador tem que ser mais humilde”. “União do órgão competente”. “...pescador é tudo desigual”. “...pescador não tem união”. “Unir mais os pescadores”. “... pescador precisa ser mais humilde”. “...pescador é pouco unido”.

“Não tem médico se o cara cai e se machuca”. “O vazamento matou muito peixe”. “Não vale mais a pena, falta peixe”. “É preciso despoluir a Baía...”. “... hoje é bem diferente, tem que estudar”. “Eles tinham que dá um dinheiro pra ajudar a comprar remédio”.

6.1. 1ª Categoria - Dualismo no trabalho informal: Prazer e Dor

O trabalho na pesca é milenar e remonta aos modos de produção de coletores e

caçadores. Trata-se de um processo de trabalho pré-capitalista, que atravessou, na

antiguidade, modos de produção agrícola, escravista, feudal e que persiste até a presente data

em muitas regiões do globo (HOSBSAWM, 2000).

Page 86: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

86

Falar de pesca no Brasil hoje é entrar na vida de milhares de brasileiros e brasileiras,

usufruir de seus saberes, admirar suas habilidades, aprender a ver a natureza de uma forma

toda especial. Mas também, compreender encantos e tradições de uma classe de trabalhadores

que supera desafios diários, como fruto da precária condição de trabalho e dura realidade

sócio-econômica.

Na modalidade de pesca comercial, há dois tipos de pesca: a industrial e a artesanal.

Na primeira, o pescador exerce suas atividades com vínculo empregatício e utiliza os recursos

disponibilizados por seu empregador. Na segunda, não há vínculo empregatício, portanto o

profissional exerce sua atividade de forma autônoma.

A pesca artesanal é caracterizada pela atividade individual ou em equipes formadas

geralmente por grupos de relações familiares ou de vizinhança. A organização se estrutura por

saberes e práticas dos pescadores quanto a: locais de pesca adequados; tipo e uso de

instrumentos de trabalho; previsão tradicional do tempo; escolha do peixe a ser coletado em

função do valor econômico, do acesso e dos períodos de pesca na sua relação com a natureza;

modalidades de limpeza (PENA, MARTINS E REGO, 2013).

No Brasil, dados recentes mostram elevado número de pescadores artesanais. Segundo

IBGE (2009) são 833.205 pescadores que assumem com o trabalho uma relação de

informalidade. Esta, por sua vez, é reflexo de uma sociedade capitalista, em que há

centralidade na produção e no lucro em detrimento do ser trabalhador, sem o qual, todavia,

não haveria produção e lucro. Conforme descrito por Marx (1983):

“o motivo que impulsiona e o objetivo que determina o processo de produção

capitalista é a maior autovalorização possível do capital, isto é, a maior

produção de mais-valia, portanto, a maior exploração possível da força de

trabalho pelo capitalista” (MARX, p.263, 1983).

Sendo assim, apesar do elevado número de pescadores artesanais, esta categoria não

está protegida contra riscos existentes no trabalho contratual com o empregador e não há

políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) que garantam ações semelhantes às encontradas

para o assalariado. Realidade esta identificada também no grupo pesquisado. De acordo com a

fala dos pescadores, a saúde do grupo é negligenciada:

“Se for mudar, tem que mudar muita coisa. O pescador devia ter direito a

empréstimo pra comprar rede. Facilitar, porque pra conseguir é barra. Não tem

médico se o cara cai e se machuca”. (P20)

Page 87: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

87

Encontra-se como resultado desta realidade o desconhecimento das doenças do

trabalho, mantendo essas como patologias invisíveis e negligenciadas, considerando que elas

persistem dada a ausência de ações de prevenção, tratamento e reabilitação (PENA,

MARTINS E REGO, 2013).

Outro dilema enfrentado pelos pescadores no âmbito social favorecido pela

informalidade do trabalho é a baixa renda gerada com a pesca artesanal. A miséria social

impõe um ritmo intenso de trabalho para gerar mais produtos à venda. Quanto mais necessita

garantir a sobrevivência, mais se sobrecarrega de trabalho. Muitos, apesar de todo esforço,

não conseguem nem mesmo comprar o próprio caíco, conforme relatado nas entrevistas,

tendo que ceder parte da renda diária com a pesca para os proprietários do barco. A fala

seguinte descreve bem o desafio econômico que enfrentam:

“[...] A vida na pesca é muito difícil, a renda é pouca”. (P15)

“É uma profissão que não te dá retorno”. (P13)

“A pesca tá ficando muito defasada, muita área restrita para Petrobrás”. (P9)

Em meio à pressão econômica e a falta de condições para transporte de suas

mercadorias para mercados, a grande maioria, se vê à mercê de atravessadores que impõem

preços muito aquém do real valor do pescado que capturam. Fato este corroborado por estudo

recente realizado por Prosenewicz & Lippi (2012) em que foi constatada a baixa renda com a

venda do pescado para atravessadores.

Problemas sociais como estes, podem justificar o comportamento de alguns

pescadores da pesquisa em relação ao uso abusivo de álcool. De acordo com os resultados

encontrados, 88,6% dos entrevistados faz ingestão alcoólica. Deste percentual, 71% o faz

todos os finais de semana e cerca de 9% ingere álcool todos os dias. Sendo considerada

atividade de lazer por 31, 4% dos pescadores. Percebe-se, assim, como uma atividade habitual

e valorizada entre os mesmos.

Segundo Pereira (2001); Rosa & Mattos (2010) há inclusive casos de transtornos

psiquiátricos em decorrência do uso abusivo de álcool, como esquizofrenia em pescadores

residentes em Vigia (PA).

O contexto de vida dos pescadores e a informalidade do trabalho em estudo

evidenciam o descaso de uma sociedade opressora. Descaso das autoridades em relação à

saúde, moradia, saneamento básico, educação. Freire (1987) nos remete à reflexão a partir da

sua fala:

Page 88: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

88

“Quem melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o

significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que

eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a

necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas

pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da

necessidade de lutar por ela” (FREIRE, p. 31, 1987).

Nos depoimentos do grupo de pescadores participantes da pesquisa percebem-se

visões contraditórias que ora revelam a dor de uma classe de trabalhadores à margem das

condições de trabalho e saúde esperadas, desejadas e ora o contentamento por realizarem uma

atividade que tem alta representatividade pessoal, ensinada por seus pais e que lhes dá prazer.

“Me sinto muito bem quando pesco”. (P27)

“Gosto de ser pescador, porque tenho liberdade de expressão”. (P9)

“Eu amo muito. Um hobbie, ganhando um dinheirinho”. (P28)

Dentre as anotações descritas em diário de campo está o comportamento de alguns

pescadores durante a preparação do material para a pesca e no próprio ponto de venda, como

descontraído e alegre. Muitos pescam há mais de 20 anos conforme encontrado nos

resultados, e alguns iniciaram na pesca quando ainda eram adolescentes, sendo os pais

principais responsáveis pelos ensinamentos pesqueiros na própria colônia onde cresceram. O

tempo de profissão lhes confere um arcabouço significativo de conhecimento pesqueiro, além

de autoconfiança e aquisição de parceiros de longa data nas saídas para a pesca.

Essas questões fortalecem o elo entre o pescador e a sua profissão apesar das

tendências negativas inerentes à pesca artesanal atualmente.

6.2. 2ª Categoria - Individualismo na pós-modernidade: União para a libertação

Segundo Bauman (2000), dois processos simultâneos têm contribuído para a

privatização das liberdades individuais, transformando cidadãos em consumidores,

diminuindo assim, o poder de crítica e transformação global da sociedade. O primeiro envolve

precarizar os trabalhadores nos processos produtivos até incapacita-los como potenciais atores

da resistência. E o segundo envolve estimular desejos e expectativas, orientados para a

sociedade de consumo, que promete conferir status social para consumidores.

Brandão (2009) corrobora essa questão quando afirma que o interesse das empresas

capitalistas pela educação se dá levando-se em conta 3 focos principais dentre eles: procuram

intervir em políticas de educação, sabedores de que delas poderão resultar benefícios para o

Page 89: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

89

andamento e o desenvolvimento da estrutura e da lógica do mundo dos negócios , em um

cenário cada vez mais “competitivo”.

Na sociedade capitalista, a pessoa educada é o sujeito produtivo e o lugar onde se afere

o valor-de-uso ou o valor-de-troca do saber não é a sociedade em que se vive, mas o mercado

em que se produzem tipos de bens e serviços, modos de poder e estilos culturais, o “ser

alguém na vida” (BRANDÃO, 2009).

Assim, a precarização do trabalho, o estímulo ao consumo exacerbado e a inserção da

lógica da competição no sistema educacional tem contribuído para a ampliação do abismo

inter-humano na humanidade. A era do consumo, o “ter” em detrimento do “ser”, tem sido

uma marca cada vez mais intensa do século que vivemos, colocando em pauta o ser

individualista inserido em uma sociedade que aos poucos torna- se impregnada de

sentimentos como falta de solidariedade, de união e amor ao próximo.

Entre os pescadores, durante as entrevistas e atividade grupal, ficou claramente

manifesta a indignação para com a desunião desta classe de trabalhadores quando

questionados sobre formas possíveis de ação para mudança da realidade dos pescadores

artesanais, conforme a fala que segue:

“Olha, pescador é tudo desigual, pescador não tem união [...]”. (P6)

“Ajudar o próprio pescador, pescador é muito pouco unido, não há ajuda para

empréstimo”. (P13)

“Fazer reunião para mudar, mas é muito difícil”. (P26)

A situação de falta de união apontada, pode sim ser um dos fatores a contribuir para a

estagnação da sócio-político-econômica da classe. Conforme dito por Freire (1987):

“Conceitos como os de união, organização, luta, são timbrados sem demora

como perigosos. E realmente o são, mas para os opressores. É que a

praticização desses conceitos é indispensável à ação libertadora. Afinal, na

medida em que as minorias, submetendo as maiorias a seu domínio, as

oprimem, dividi-las e mantê-las divididas são condição indispensável à

continuidade de seu poder” (FREIRE, pg.138, 1987).

Não houve na história da humanidade caso de luta por libertação que não fosse

delineado por um processo, algo contínuo que culminasse com a libertação. Não há como

vencer uma batalha ao acaso, sem que haja uma busca incessante pela vitória, um esforço, um

trabalho demandado em favor do objetivo principal da busca coletiva. Todavia, o indivíduo na

Page 90: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

90

sociedade capitalista sempre deve se sobrepor ao coletivo, o que gera um contexto cada vez

mais competitivo e injusto.

Freire (1987) descreve a ação dialógica como instrumento de transformação da

realidade dos oprimidos. O encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos

endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não se reduz a um ato de depositar

ideias de um sujeito no outro, nem tão pouco discussão guerreira entre sujeitos que não

aspiram a comprometer-se com a pronúncia do mundo. A conquista implícita no diálogo é a

do mundo pelos sujeitos dialógicos. Conquista do mundo para a libertação dos homens. E

ainda:

“Se dizer a palavra é transformar o mundo, se dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas um direito de todos os homens, ninguém pode dizer

sozinho a palavra. Dizê-la sozinha significa dizê-la para os outros, uma forma

de dizer sem eles e, quase sempre, contra eles. Dizer a palavra significa, por

isso mesmo, um encontro de homens. Este encontro não pode realizar-se no

ar, mas tão-somente no mundo que deve ser transformado, é o diálogo em

que a realidade concreta aparece como mediadora dos homens que dialogam”

(FREIRE, 1981).

Compreende-se o poder da palavra quando endereçada ao outro em cumplicidade, mas

também a dita e pensada de maneira individualista. Conforme a fala de Brandão (2012),

palavra que ordena a vontade de poucos sobre o trabalho de muitos, é a que cria o nome de

todas as coisas na sociedade onde o poder existe separado do trabalho produtivo, tanto quanto

da vida simbólica coletiva. Mundos sociais onde o ofício de pronunciar a palavra necessária

distancia-se do consenso; do pensá-la em comum como poesia e pensamento da vida coletiva

sem a desigualdade, e da experiência da solidariedade através das diferenças.

No contexto de luta contra a globalização neoliberal, a resposta está em promover uma

planetarização (viver conectando e conectando-se com os outros, isto é, viver e entender a

partir das relações em que estamos envolvidos e das relações que estudamos, de forma

relacional) respeitosa e digna dos homens e das mulheres deste planeta, baseada numa ética de

trabalho, de comunicação e de solidariedade, mas também baseada numa ética da produção

que não esteja fundada na cobiça, na avareza ou na usura (TORRES et al., 2008).

O objetivo da ação dialógica, destacada por Freire (1987) está em proporcionar que os

oprimidos, reconhecendo o porquê e o como de sua situação atual, exerçam um ato de adesão

à práxis9 verdadeira de transformação da realidade injusta. Assim, unificados e organizados

9 É o processo pelo qual uma teoria, lição ou habilidade é executada ou praticada, se convertendo em parte da

experiência vivida. Entendida como a atividade de transformação das circunstâncias, de modo que nem a teoria

se cristaliza como um dogma e nem a prática se cristaliza numa alienação.

Page 91: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

91

farão de sua debilidade, força transformadora, que poderão recriar o mundo, tornando-o mais

humano.

6.3. 3ª Categoria - Sustentabilidade ambiental: Saúde e Educação

Com a Revolução Industrial, e principalmente ao longo do século XX, o crescimento e

a expansão dos processos produtivos para transformação de energias e materiais para

produção de matérias-primas e bens de consumo tornaram-se gigantescos, possibilitando uma

crescente integração econômica entre setores e países, resultando em crescimento

populacional e econômico em escala mundial.

Paralelo a esse processo ocorreu uma degradação ambiental e da saúde, que vem

contribuindo cada vez mais para que problemas de poluição locais, e por vezes globais,

alterem os sistemas ecológicos que são críticos para o desenvolvimento econômico e a própria

vida (MINAYO & MIRANDA, 2002).

As observações e anotações em diário de campo ressaltam o impacto ambiental sobre

a vida dos pescadores. As moradias próximas a um ambiente sem saneamento, a escassez de

água encanada, a grande quantidade de lixo doméstico e de efluentes industriais, lançados

diariamente no rio e na própria Baía, além de fornecerem risco à saúde desses trabalhadores,

geram grande preocupação no que tange às questões econômicas, uma vez que a fonte de

renda dos mesmos provém do pescado capturado das águas da Baía. Conforme os seguintes

depoimentos:

“[...] Precisa mudar mesmo a Baía de Guanabara, vai puxar rede vem pneu, lixo

agarrado”. (P21)

“Acho que agora não melhora não, o vazamento matou muito peixe”. (P12)

“[...] Não tem expectativa. Muita poluição, escassez de peixe”. (P13)

É notória a crescente poluição aquática nas últimas décadas na Baía de Guanabara e

no rio Maribondo, assim como a redução do quantitativo de peixes em decorrência dessa

poluição. Foram observados diversos utensílios domésticos flutuando no rio, desde objetos

pequenos como garrafas pet até utensílios domésticos de grande porte como sofá, que

provavelmente levaram décadas para sofrerem decomposição total.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais (ABRELPE, 2011), o estudo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, revela uma

Page 92: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

92

produção de 62 milhões de lixo em 2011, com um aumento de 1,8% de 2010 a 2011, taxa

duas vezes maior que o crescimento da própria população no período.

Essa realidade infelizmente, não é restrita a comunidade Cassinú, nem mesmo ao

Brasil. Mas a relação do homem com o meio ambiente tem se distanciado cada vez mais na

sociedade contemporânea, o que tem gerado descontentamento em alguns grupos sociais.

No contexto europeu, da reorganização das lutas sociais do século XX, certos

movimentos de organizações sociais e grupos de intelectuais, ao reconhecerem que há limites

nas relações materiais e energéticas que se estabelecem socialmente com a natureza,

colocaram em questão a viabilidade de uma existência alienada, destrutiva, acumuladora de

riquezas, conforme aponta Loureiro (2012). Identificando-se uma grande contradição

explicitada pela ecologia política: só é possível sustentar certo padrão de vida para alguns em

detrimento do péssimo padrão de vida para outros e com base no uso abusivo da natureza. A

separação sujeito-mundo havia se objetivado como nunca antes.

A partir disso, nas últimas décadas o conceito de sustentabilidade, ou seja,

desenvolvimento sustentável, tem se expandido como um conjunto de princípios manifestos

em busca de um desenvolvimento qualificado por uma preocupação, qual seja: crescer sem

comprometer a capacidade de suporte dos ecossistemas e seus ciclos, garantindo a existência

social e de outras espécies em longo prazo (LOUREIRO, 2012).

Atrelada à sustentabilidade está a educação, quando assume-se que não há

transformação social sem educação. A educação ambiental no Brasil, se volta para a formação

humana. O que significa que a essa cabe o conhecimento (ecológico, científico e político-

social) e o comportamento, mas para que isso ocorra, deve promover simultaneamente

segundo Loureiro (2012):

-a participação ativa das pessoas e grupos na construção de alternativas sustentáveis;

-a autonomia dos grupos sociais na construção de alternativas sustentáveis;

-o amplo direito à informação como condição para tomada de decisão;

-a mudança de atitudes;

-a aquisição de habilidades específicas;

-a problematização da realidade ambiental.

Isso significa dizer que o conceito central do ato educativo deixa de ser simplesmente

a transmissão de conhecimento, conforme Freire (1987):

“Enquanto na concepção ‘bancária’ o educador vai ‘enchendo’ os

educandos de falso saber, que são os conteúdos impostos, na prática

problematizadora, vão os educandos desenvolvendo o seu poder de

captação e de compreensão do mundo que lhes aparece, em suas

relações com ele, não mais como uma realidade estática, mas como

Page 93: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

93

uma realidade em transformação, em processo” (FREIRE, p. 71,

1987).

É a própria práxis educativa, a indissociabilidade teórico-prática na atividade humana

consciente de transformação do mundo e de auto-transformação que ganha a devida

centralidade. O que implica favorecer a contínua reflexão das condições de vida, na prática

concreta, como parte inerente do processo social e como elemento indispensável para a

promoção de novas atitudes e relações que estruturam a sociedade (LOUREIRO, 2012).

Outra questão intimamente relacionada à sustentabilidade e apontada como deficiente

pelos pescadores, é a saúde.

Há tempos a relação entre desenvolvimento, ambiente e saúde é indissociável. A

sociedade onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará sempre propensa à crises

ecológicas. Destacam-se as falas de P29 e P20:

“Eles tinham que dá plano de saúde, um dinheiro pra ajudar a comprar remédio”.

(P29)

“Se for mudar, tem que mudar muita coisa. O pescador devia ter direito a empréstimo

pra comprar rede. Facilitar, porque pra conseguir é barra. Não tem médico se o cara

cai e se machuca”. (P20)

Foram identificadas diversas queixas entre os pescadores como dor na coluna, joelho,

inchaço nas pernas, problemas de pele, respiratórios, digestivos, além de patologias como

hipertensão, diabetes e câncer de pele. As falas dos pescadores denunciam desamparo total

quando a questão é assistência à saúde. O posto de saúde mais próximo não atende as

expectativas da comunidade, há escassez de profissionais, falta de medicações, enfim, não há

a cobertura assistencial esperada e desejada por eles.

Conforme destacado por Prosenewicz e Lippi (2012) em estudo com pescadores

artesanais há necessidade de ampliação da atenção à saúde, com melhorias no saneamento

básico e expansão da estratégia Saúde da Família, a qual inclui promoção, prevenção,

recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, possibilitando a participação

social, conforme diretrizes do Ministério da Saúde.

Em função da precária condição de trabalho, os pescadores artesanais do estudo estão

sujeitos a diversos tipos de acidentes, inclusive risco de morte.

Os caícos, conforme descrição do Ministério do Trabalho (Brasil, 2008) são

embarcações movidas a remo ou vela, sem convés, confeccionadas em madeira de fundo

Page 94: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

94

chato ou não, também conhecidas como curicaca, igarité, batelão. Alguns pescadores

consideram suas embarcações seguras, conforme as falas a seguir:

“Ela é forte, tem proteção, tem equilíbrio”. (P5)

“ Tô acostumado nela. O pescador acredita muito nele”. (P7)

“Porque fui eu quem fiz, é bem feito”. (P24)

Contudo, em algumas falas é possível perceber a fragilidade de algumas dessas

embarcações e o risco inerente à profissão, como apontado por P28, P13 e P23:

“Não considero meu caíco seguro... porque quando o mar quer, o navio vira uma

caixa de fósforo. Pra você ter uma idéia, meu irmão se afogou num temporal.”(P28)

“A gente sai pra pescar, mas não sabe se volta, pode bater em pedra, navio, dormir

no leme, temporal”. (P13)

“Tem temporal e pode acontecer um acidente, porque não é tão forte”. (P23)

Além da variação climática, a opção por pescar sozinho e a não utilização de

Equipametos de Proteção Coletivos como colete salva-vidas por alguns pescadores, tende a

aumentar ainda mais o risco de acidentes graves em alto mar. E ainda, conforme estudo

realizado por Silva et al. (2010) destaca as condições estressantes do trabalho, a desatenção

com medidas preventivas básicas e o descuido como alguns fatores que mais contribuíram

para os acidentes.

Em estudo realizado por Neto, Cordeiro e Haddad Jr. (2005) a proporção de incidência

de acidentes do trabalho obtida para a população de pescadores artesanais, estudada em

Tocantins, foi de 85,9% ao ano. E dentre os principais tipos de acidentes já ocorridos nos

artigos destacam-se: afogamentos na água; acidentes com animais marinhos peçonhentos,

estruturas traumáticas de peixes; acidentes pérfuro-cortantes com mariscos, pedras e outras

condições existentes no ambiente aquático de manguezais que causam ferimentos, fraturas,

riscos de contrair doenças como o tétano; acidentes com raios, dentre outros. O estudo revela

ainda, que a principal causa de acidentes deve-se a lesão por animal do ambiente aquático no

momento da retirada do peixe do anzol ou rede, sendo membros inferiores e superiores as

partes do corpo mais atingidas.

As feridas cutâneas geradas por consequência de ferimentos são realidade na vida de

muitos pescadores. Dentre os 35 pescadores entrevistados, 32 (91,4%) em algum momento já

Page 95: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

95

se feriram durante o trabalho principalmente nas mãos, sendo a causa mais comum, a

estrutura do próprio peixe. Pesquisa realizada por Haddad Jr. et al. (2012) com 39 pescadores

artesanais de São Paulo, corrobora o achado, quando destaca que todos (100%) já foram

feridos por peixes em algum momento.

Acidentes traumáticos favorecem ainda a contaminação de feridas cutâneas por micro-

organismos patogênicos como os vibrios e associados a eles, sendo isoladas bactérias dos

gêneros Serratia, Proteus, Escherichia, Citrobacter, Enterobacter, assim como outras

bactérias não-fermentadoras e bactérias Gram positivas do gênero Staphylococcus. Muitas

destas lesões cutâneas apresentam infecções mistas, podendo-se esperar que organismos

ubíquos (Enterobacteriaceae) e comensais associados à pele (Staphylococcus e Streptococcus)

estejam presentes em qualquer ferimento, não importando o local de contaminação

(RODRIGUES et al. 2001).

Vale ressaltar que infecções de feridas cutâneas causadas por espécies de Vibrio

instalam-se após exposição a ambientes aquáticos, e as lesões começam com feridas

pequenas, às vezes já preexistentes, ou através de lacerações causadas por acidentes no local

de trabalho. Há descrições de casos de lesões sépticas superficiais em estudo realizado por

Levine e Griffin (1993), cujos pacientes foram expostos ao ambiente marinho ou outras

superfícies aquáticas, e dos quais foram isoladas várias espécies de Vibrio, constituindo mais

um indício do possível papel patogênico desta bactéria.

Um achado importante no que se refere às ações de enfermagem com a população alvo

foi a forma de tratamento das lesões adotada pelos pescadores. Nota-se a aplicação de

conhecimentos tradicionais no cuidado com as feridas. Constata-se o emprego de substâncias

como: pó de café, água da praia, líquido do olho do peixe bagre. Estudo realizado por

Haddad Jr. et al. (2012), aponta para a prevalência de aplicação de conhecimentos tradicionais

no cuidado com as feridas. Observa-se o emprego de substâncias como gasolina, óleo de

oliva, mercúrio e álcool.

O resgate do conhecimento que os pescadores possuíam a cerca do cuidado com as

feridas e o partilhar de novas formas de cuidar, permitiram a possibilidade de reconstrução do

saber. Foi compartilhado nosso conhecimento para com os pescadores de que a exposição do

ferimento à água da Baía, sabidamente contaminada, pode dificultar a cicatrização da ferida.

Assim como a aplicação do líquido do olho do peixe na ferida, compartilhado por eles, nos

instigou a pesquisar mais a respeito dos efeitos dessa substância no ferimento.

Page 96: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

96

Assim, foi encontrado em estudo realizado por Haddad Jr. et al. (2012) em que

constatou-se a aplicação do olho de peixe no ferimento, contudo, não se encontrou qualquer

informação e comprovação científica dos efeitos clínicos dessa substância em ferimentos.

Com efeito, atividades grupais como a realizada sobre o cuidado das feridas cutâneas e

outros aspectos que envolveram a saúde do pescador, podem ser instrumentos de grande valia

como estratégia de educação em saúde. Em estudo promovido por Oliveira, Andrade e

Ribeiro (2009) sobre educação em saúde, os autores remetem-se ao modelo educativo

proposto por Freire, onde as pessoas são estimuladas a desenvolver uma consciência crítica,

pelo processo de análise coletiva de problemas na busca de soluções e estratégias conjuntas

para a mudança da realidade.

A educação, partindo da premissa que deve ser vista no contexto cotidiano do

educando , deve ser vista no interior de sua morada: a cultura – o lugar social das idéias,

códigos e práticas de produção e reinvenção dos vários nomes e faces que o saber possui

(BRANDÃO, 2012). Ainda segundo Freire (1981):

“A educação ou ação cultural para a libertação, em lugar de ser

aquela alienante transferência de conhecimento, é o autêntico ato de

conhecer, em que os educandos – também educadores – como

consciências ‘intencionadas’ ao mundo ou como corpos conscientes, se inserem com os educadores – educandos também – na busca de

novos conhecimentos, como consequência do ato de reconhecer o

conhecimento existente” (FREIRE, p. 80, 1981).

Não se pode pensar em estratégia educativa qualquer que seja sem o estabelecimento

de um elo entre a ação e a cultura do educando, a valorização do conhecimento que lhe é

intrínseco e faz parte da sua formação.

Page 97: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

97

“Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes”.

(Paulo Freire)

Page 98: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

98

7. CONCLUSÃO

Ao final do estudo pode-se dizer que os objetivos foram alcançados, uma vez que, foi

realizada a caracterização das condições de trabalho e saúde de pescadores artesanais da Baía

de Guanabara residentes no entorno do rio Maribondo no município de São Gonçalo, RJ e a

discussão de uma proposta participativa de cuidado em saúde a partir da Educação pelos

Pares, com foco nas feridas cutâneas.

A reflexão das falas dos participantes, da observação participante e da construção de

saberes desenvolvida na atividade grupal à luz de Freire, por meio do agir educativo-

participativo, permitiu uma melhor percepção e compreensão da importância da educação em

articulação com o ambiente, a saúde e o trabalho. Por outro lado, ficou evidente a

inviabilidade de dissociação entre prática e teoria quando o fim principal é a transformação da

realidade, por mais complexa que seja a mesma.

Os resultados da pesquisa destacam, em relação aos pescadores, suas precárias

condições de saúde e trabalho, evidenciadas pela falta de proteção, risco de ferimentos,

prejuízo das funções emocionais e físicas, acometimento de diversas doenças, baixa

escolaridade, falta de saneamento, e de, principalmente, políticas públicas voltadas para o

trabalho, saúde, educação em interface com a sustentabilidade ambiental.

A degradação ambiental intensificada nas últimas décadas, além aumentar o risco de

danos à saúde dos pescadores, tem modificado as condições de trabalho e a renda com o

pescado, afetando negativamente a realidade sócio-econômica da comunidade local.

Assim, a enfermeira necessita urgentemente se fortalecer para que possa participar

efetivamente do desenvolvimento científico, tecnológico e social do Brasil. É importante

contribuir com as comunidades para a solução de problemas reais e é imprescindível que

sejam superadas as questões meramente técnicas, a fim de ir além dos cenários pré-

estabelecidos. Portanto, desafiar a criatividade e aprimorar-se, é fundamental, para que se

possa sair dos ambientes convencionais de cuidado, favorecendo a mediação entre o saber

científico e o saber popular.

Sobretudo, vale ressaltar que, qualquer ação de prevenção, cuidado ou de

planejamento realizada por enfermeiras, deve estar atenta aos valores, atitudes e crenças do

grupo a quem a ação se dirige. E, que educar e ser educado exige risco, aceitação do novo,

reconhecimento, assunção da identidade cultural e esperança de mudança.

A pesquisa participante revelou a riqueza e a potencialidade da atividade pesqueira,

dando visibilidade aos pescadores artesanais, que apesar dos desafios que enfrentam destacam

Page 99: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

99

a satisfação e o prazer na profissão, que persiste há anos e lhes proporciona liberdade de

expressão e momentos de descontração.

Constatou-se que educação popular e educação pelos pares não se aprendem na teoria,

e sim na prática, vivenciando e principalmente sentindo. É necessário se permitir viver outras

experiências transformadoras, a partir de relações que estabelecemos com as pessoas, famílias

e grupos participantes. Apesar da precariedade de condições de vida, os pescadores

demonstraram garra, determinação, criatividade e sensibilidade. Desse modo, favoreceram

uma visão para além dos preconceitos tão arraigados no senso-comum, que busca

desqualificar o potencial de pessoas consideradas menos favorecidas.

Pretende-se com este estudo, contribuir para que enfermeiros e outros profissionais da

área da saúde se preocupem com as populações que vivem à margem do desenvolvimento

científico e tecnológico, para as quais a ciência é algo inatingível. O verdadeiro profissional

de saúde deve se comprometer com problemas mais abrangentes que envolvam questões

ambientais, habitacionais, de transporte e lazer, constituindo-se em pessoas engajadas na luta

pela libertação da maioria da população brasileira.

Page 100: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

100

8. REFERÊNCIAS

8.1. Obras citadas

ANDRADE, N., OLIVEIRA, B. B., ANDRADE, I.. A importância das atividades de

autocuidado no atendimento ao paciente ambulatorial com lesão traumática: um estudo de

caso na enfermagem. Cadernos de estudos e pesquisas, América do Norte, 01 jul. 2010.

Disponível em:

http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=1studospesquisa2&page=article&op=view&

path%5B%5D=74&path%5B%5D=74. Acesso em: 21 Ago. 2013.

ANDRADE, T. A. G.; RIBEIRO, J. C. F.; SILVA, E. R.; MATTOS, U. A. O.;

NASCIMENTO, E. A. A integração de políticas públicas na ação contra enchentes em bacias

hidrográficas antropizadas: o caso do município de São Gonçalo, RJ. In: CONGRESSO

NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 6. , 2010. Rio de Janeiro. Disponível em:

http://www.eng.uerj.br/publico/anexos/1281057384/Aintegracaodepoliticaspublicas.pdf

Acesso em: 23 dez. 2012.

ABRELPE. Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 2011. Disponível em:

http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm Acesso em: 19 out. 2013.

BAPTISTA NETO, J. A.;WALLNER-KERSANACH, M.; PATCHINELAM, S. M.

Poluição Marinha. Rio de Janeiro: Interciência, 2008.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa. Edições 70. 1979.

BARROS, R. P.; MENDONÇA, R. Os determinantes da desigualdade no Brasil. Em R. P.

Barros & R. Mendonça (Orgs.), A economia brasileira em perspectiva. Rio de Janeiro: IPEA,

1996.

BAUMAN, Z. Em busca da Política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

BRAGA, B. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

BRANDÃO, A. A. Miséria da periferia: desigualdades raciais e pobreza na metrópole do

Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.

BRANDÃO, C. R. O que é educação popular. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BRANDÃO, C. R.; ASSUMPÇÃO, R. Cultura rebelde: escritos sobre a educação popular

ontem e agora. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.

BRANDÃO, C. R.; STRECK, D. R. Pesquisa participante: o saber da partilha. 2ª ed.

Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006.

Page 101: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

101

BRASIL. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Cidades@. Disponível

em: < http:// www. ibge.gov.br/cidadesat> Acesso em: 20 abr. 2012.

______. IBGE. Ministério da Pesca e Aquicultura. Boletim Estatístico da Pesca e

Aquicultura. 2008-2009. Disponível em:

http://www.sepaq.pa.gov.br/files/u1/anuario_da_pesca_completo.pdf. Acesso em: 03 mar.

2013.

______. IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis.

Levantamento de dados da atividade pesqueira na Baía de Guanabara como subsídio para a

avaliação de impactos ambientais e a gestão da pesca. Pescadores e embarcações em

atividade, produção, e valor do pescado na Baía de Guanabara - Abril de 2001 a março de

2002. Disponível em: www.ibama.gov.br/category/40?download=2449%3A.-p Acesso em:

18 nov. 2012.

______. Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000. Define os critérios de

balneabilidade em águas brasileiras. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,

Brasília, DF, seção 1, páginas 70-71. Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama Acesso

em: 26 jul. 2011.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério

da Saúde, 2006, pg. 14.

______. Ministério da Pesca e Aquicultura. Pesca artesanal. Brasília: Ministério da Pesca e

Aquicultura, 2011. Disponível em: http://www.mpa.gov.br/index.php/pescampa/apresentacao

Acesso em: 15 set. 2013.

______. Ministério do trabalho e Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde

no Trabalho – Norma Regulamentadora Nº6. Equipamentos de Proteção Individual. Brasília:

Ministério do trabalho e Emprego, 2011.

______.Ministério do Trabalho e Emprego. Pesca - Piscicultura : Guia de Estudo /

coordenação, Laboratório Trabalho & Formação / COPPE - UFRJ / elaboração, Escola de

Pesca de Piúma - ESCOPESCA. Reimpressão. Brasília : Ministério do Trabalho e Emprego,

2008.

BRITTO, I.; MENDES, F.; HOMEM F.; Antes que te queimes em Coimbra. Avaliação do

projeto 2007-2012. Atelier de expressividade da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

IN: PEER IVESCOLA DE VERÃO EM EDUCAÇÃO PELOS PARES & INVESTIGAÇÃO

ACÇÃO PARTICIPATIVA EM SAÚDE. Série Monográfica Educação e Investigação em

saúde, 2012.

BRODERICK, N. Understanding Chronic Wound Healing. The Nurse Practtioner: The

American Journal of Primary Health Care. USA. nº 10, vol. 34, oct. 2009.

BRUSCHI, D.M.; RIBEIRO, M. A.; SANTOS, R. de C. S.; PEIXOTO, M. C. D. FRANCO,

R. M. Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios. 3.ed. Belo

Horizonte: FEAM, 2002. 114 p. Disponível em :

Page 102: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

102

http://www.em.ufop.br/ceamb/petamb/cariboost_files/manual_20de_20saneamento_municipi

os_feam_2002.pdf Acesso em 23 jul. 2012.

CHAGAS, M.I.O.; XIMENES, L.B; JORGE, M.S.B. Educação em saúde e interfaces

conceituais: Representações de estudantes de um curso de enfermagem. Revista Brasileira de

Enfermagem, Brasília, nº 6, vol 60, nov-dez 2007. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000600006 Acesso

em: 18 abr. 2012.

CHAVES, T.C.O.; SANT’ANNA, R. F.C.R. Avaliação da situação de trabalho e condições

de vida dos pescadores de Magé- RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE

COLETIVA, 7. 2003, Brasília. Anais do VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva,

Brasília: Abrasco; 2003.

COSTA, A. M. K. ; FERRAZ, K. C.; NUNEZ, M. L.; van Weerelt, M. Qualidade da água em

ambientes urbanos. Rio de Janeiro: NADC/UFRJ, 2004.

CRUZ, P. J. S. C.; VASCONCELOS, E. M. Educação popular na formação universitária.

São Paulo: Hucitec; João Pessoa: Editora Universitária da UFPB; 2011.

DIEGUES, A. C. A Pesca Artesanal no Litoral Brasileiro: Cenários e Estratégias para sua

Sobrevivência. Instituto Oceanográfico. Cidade Universitária. São Paulo, 1988.

DILLY, C.M.L.; JESUS, M.C. P. de. Processo Educativo em enfermagem: das concepções

pedagógicas à prática profissional. São Paulo: Robe, 1995.

DOUGHTY, D.B.; SPARKS-DEFRIESE, B. Wound healing physiology. In: BRYANT, R.A.;

NIX, D.P. Acute and chronic wounds: current management concepts. 3 ed. St. Louis: Mosby

Elsevier, 2007.

FAGUNDES, T. L. Q. Trabajo, estrategias de supervivencia e la salud de los niños e las

niñas en los paises en las regiones de las Americas. Washington: PAHO, 1994.

FALKEMBACH, E. M. F. Diário de campo: um instrumento de reflexão. Revista Contexto e

Educação. Ijuí, RS Vol. 2, n. 7 (jul./set. 1987), p. 19-24.

FASSARELLA, S. S. A Vez e a Voz de Mulheres que atuam na atividade da pesca da Vila

São Miguel (RS): Trajetória e Perspectivas. [dissertação]. Rio Grande do Sul (RS): Fundação

Universidade Federal de Rio Grande; 2007.

FEEMA. Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. Análise da Balneabilidade de

praias do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em:

http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/praias.asp Acesso em 26 de julho de 2011.

FIGUEIREDO, M. C. B. et al . Avaliação da vulnerabilidade ambiental de reservatórios à

eutrofização. Eng. Sanit. Ambient., Rio de Janeiro , v. 12, n. 4, Dec. 2007 . Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141341522007000400006&lng=en

&nrm=iso>. Acesso em: 21 ago. 2013.

Page 103: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

103

FIGUEIREDO, N. M. A. Ensinando a cuidar de clientes em situações clínicas e cirúrgicas. -

São Caetano do Sul, SP: Difusão Enfermagem, 2003.

FILGUEIRAS, L. A. M., DRUCK, G.; AMARAL, M. F. O conceito de informalidade: um

exercício de aplicação empírica. Caderno CRH, Bahia: Faculdade Federal da Bahia, 17(41),

211-229, 2004.

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

______. Educação e mudança. 8 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

______. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e

Terra, 1996.

GAJARDO, M. Investigación participativa: propuestas y proyectos. Revista Latinoamericana

de Estúdios Educativos, vol. 13, n.1, 1983, p. 49-83. Centro de Estúdios AC. México DF.

GARRONE NETO, D. ; CORDEIRO, R. C.; HADDAD JR., V. Acidentes do trabalho em

pescadores artesanais da região do Médio Rio Araguaia, Tocantins, Brasil. Caderno de Saúde

Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, 2005 . Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2005000300013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 fev. 2013.

GODOY, J.M.; MOREIRA I.; BRAGANÇA, M. J.; WANDERLEY, C.; MENDES, L.B. A

study of Guanabara Bay sedimentation rates. Journal Radioanal Nucl Chem. 227:157-60,

1998.

GROHMANN, P. A. Hidroids (Cnidaria, Hidrozoa) of the intertidal zone of Governador and

Paquetá islands, Guanabara Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Iheringia. Série Zoologia, Porto

Alegre. 99(3): 291-294, 2009.

HADDAD JR.,V.; FÁVERO JR., E. L.; RIBEIRO, F. A. H.; ANCHESCHI, B. C.; CASTRO,

G.I.P.; MARTINS, R.C., et al. Traumas e envenenamentos por arraias e outros peixes em uma

colônia de pescadores no pontal do Paranapanema, Estado de São Paulo, Brasil:

epidemiologia, aspectos clínicos e propostas terapêuticas e preventivas. Rev. Soc. Bras. Med.

Trop. [serial on the Internet]. 2012 [cited 2013 Jun 02]; 45(2):238-42. Available from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822012000200019&lng=pt

HOSBSBAWM, E.J. Os trabalhadores: estudo sob a história do operariado. São Paulo: Paz

e Terra, 2000.

JABLONSKI, S.; AZEVEDO, A. F.; MOREIRA, L. H. A. Fisheries and Conflicts in

Guanabara Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Thecnology – An

International Journal. vol.49, n.1: pp.79-91, 2006.

JACINTO, C. Investigação sobre as causas dos acidentes de trabalho nas pescas. Portugal,

2002. Disponível em:

Page 104: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

104

http://www.mutuapescadores.pt/new/noticias.php?pagina=noticiacat&cat=12&accao=corpono

ticia&codigo=140. Acesso em 19 out. 2012.

JESUS, H.C.; COSTA, E. A.; MENDONÇA, A. S. F.; ZANDONADE, E. Avaliação da

contaminação por metais pesados em caranguejos e sedimentos de áreas de manguezal do

sistema estuarino de Vitória - ES. Relatório Técnico - Projeto Facitec/PMV-ES, contrato no

4985717/2001, 2003. 40 p. Disponível em:

http://www.cce.ufes.br/dqui/quimicaanalitica/Arquivos/relat%F3rio%20Projeto%20Carangue

jo.pdf Acesso em 21 abr 2012.

JULIANI, C. M. C. M.; KURCGANT, P. Tecnologia educacional: avaliação de um web site

sobre Escala de Pessoal de Enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São

Paulo, vol.43, n.3, pp. 512-519, 2009.

KAPER, J. B.; NATARO, J. P.; MOBLEY, H. L. Pathogenic Escherichia coli. Nat. Rev.

Microbiol., v.2, p. 123-40, 2004.

LEVINE, W. C.; GRIFFIN, P.M. Vibrio infections on the Gulf Coast: results of first year of

regional surveillance. Gulf Coast Vibrio Working Group. The Journal of Infectious Diseases.

USA, 167(2): 479–483, Feb. 1993. Disponível em :

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8421186 Acesso em: 05 set. 2012.

LOUREIRO, C. F. B. Sustentabilidade e Educação: um olhar da ecologia política. São

Paulo: Cortez, 2012.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.

São Paulo: EPU, 1986.

MARQUEZI, M. C. Comparação de metodologias para a estimativa do número mais

provável (NMP) de coliformes em amostra de água. Dissertação (Mestrado da Escola

Superior de Agricultura). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

MARX, K. O Capital: Crítica da economia política. Vol I, Tomo I. São Paulo: Abril Cultura,

1983. p. 263.

MELO NETO, J. F. Educação popular: uma ontologia. In: MELO NETO, J. F. &

SCOCUGLIA, A. C. (org) Educação popular: outros caminhos. 2ª ed. João Pessoa: Editora

da Universidade Federal da Paraíba, 1999, vol.1, p. 31-75.

MERHY, E. E. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas. Contribuições para

compreender as reestruturações produtivas do setor Saúde. Interface - Comunicação, Saúde,

Educação, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Brasil, Botucatu, vol. 4,

núm. 6, fev. 2000, p. 109-116. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832000000100009 Acesso

em: 20 jun. 2012.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento – Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-

Rio de Janeiro: HUCITEC-ABRASCO, 1993.

______. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.

Page 105: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

105

MINAYO, M. C. S.; MIRANDA, A. C. Saúde e Ambiente Sustentável: estreitando nós. Rio

de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002.

MOTTA, C. Produtiva apesar da poluição. O globo amanhã. Sustentabilidade: meio

ambiente, qualidade de vida, economia. 2013. Disponível em:

http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/413453611651968.pdf Acesso em: 25 set.

2013.

MOURA, R. A. Estudo das relações clonais entre amostras de Escherichia coli

enteropatogênica atípica de origem humana e animal. 2009. 152 f. Tese (Doutorado em

Microbiologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2009.

MULDER, G. D. RIES, T. M. BEAVER, T. R. Nontoxigenic Vibrio cholera wound infection

after exposure to contaminated lake water. The Journal of Infectious Diseases USA.159: 809-

811, 1989.

NATARO, J. P.; KAPER, J. B. Diarrheagenic Escherichia coli. Clin. Microbiol. Rev., v.11, p.

142-201, 1998.

NAVARRO, MVT. Risco, radiodiagnóstico e vigilância sanitária [online]. Salvador:

EDUFBA, 2009, 166 p. Disponível em: http://books.scielo.org Acessso em: 02 jan. 2013.

NETO, D.G.; CORDEIRO, R. C.; HADDAD JR., V. Acidentes do trabalho em pescadores

artesanais da região do Médio Rio Araguaia. Tocantins, Brasil. Cad. saúde pública [ serial on

the Internet]. 2005 [cited 2013 Jun 02]; 3 (21): 795-803. Available from:

http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n3/13.pdf

OLIVEIRA, E.; ANDRADE, I.M.; RIBEIRO,R. S. Educação em saúde: uma estratégia da

enfermagem para mudanças de comportamento. Conceitos e Reflexões. Goiás, 2009.

Monografia (Graduação em Enfermagem) - Universidade Católica de Goiás, Goiás, 2009.

OLIVEIRA, C. G. S. Avaliação das condições de saúde e qualidade de vida de comunidade

pesqueira sergipana. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente) Universidade Tiradentes

Sergipe, Rio de Janeiro, 2012.

OLIVEIRA, R. P.; IRIART, J. A. B. Representações do trabalho entre trabalhadores

informais da construção civil. Psicologia em estudo. Maringá, vol.13 no.3, jul.-set., 2008.

OLIVEIRA, B. G. et al. Cuidado para clientes com feridas cirúrgicas. In: Figueiredo, N. M.

A. Ensinando a cuidar de clientes em situações clínicas e cirúrgicas. São Paulo: Difusão em

Enfermagem, 2005. 463p.

OIT. Organização Internacional do Trabalho. Convenção Nº 188 - Trabalho na pesca.

Departamento de Atividades Setoriais. Secretaria Internacional do Trabalho. Suíça, 2007.

Disponível em: http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_dialogue/---

sector/documents/publication/wcms_161211.pdf Acesso em: 15 set. 2013.

Page 106: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

106

PARKER, P.P.M. Webster dictionary. 1999. Disponível em

http://www.wordreference.com/enpt/peer Acesso em 05 de fev de 2013.

PARMEGGIANI, L. Enciclopédia de salud y seguridade em il trabajo. Genebra: Oficina

internacional del trabajo; 1989.

PENA, P. G. L.; MARTINS V.; REGO, R. F. Por uma política para a saúde do trabalhador

não assalariado: o caso dos pescadores artesanais e das marisqueiras. Rev. bras. Saúde ocup.

2013; 38 (127): 57-68. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-

76572013000100009&lng=pt&tlng=pt

PEREIRA, A. C. Os isqueiros no pantanal de Mato Grosso do Sul, Brasil: uma abordagem

sócio-econômica, ambiental e legal [dissertação]. Brasília (DF): Universidade de Brasília;

2001.

PEREIRA, A. L. Educação em saúde. In: Ensinando a cuidar em Saúde Pública. Difusão,

2003.

PEREIRA, E.; BAPTISTA NETO, J.; SMITH, B. J.;McALLESTER, J. J. The contribution of

heavy metal pollution derived from highway runoff to Guanabara Bay sediments - Rio de

Janeiro / Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 79(4): 739 - 750, 2007.

PETROBRÁS BRASILEIRO S.A. Relatório Anual de Atividades. Rio de Janeiro, RJ: Autor,

2000.

POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem. Rio de Janeiro : Elsevier,

2009.

PROSENEWICZ, I.; LIPPI, U.G. Acesso aos Serviços de Saúde, Condições de Saúde e

Exposição aos Fatores de Risco: percepção dos pescadores ribeirinhos do Rio Machado de Ji-

Paraná, RO. Saúde Soc. [serial on the Internet] 2012 [cited 2013 Jun 13]; 1 (21): 219-31.

Available from: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v21n1/21.pdf

QUEIROZ, D. T.; VALL, J.; SOUZA, A. M. A.; VIEIRA, N. F. C. Observação participante

na pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. R Enferm UERJ, Rio de

Janeiro, 2007 abr/jun; 15(2):276-83.

RAMALHO, J. P.; ARROCHELLAS, M. H. Desenvolvimento,subsistência e trabalho

informal no Brasil. São Paulo: Cortez; 2004.

RAMIRES, M.; BARELLA, W.; CLAUZET, M. A pesca artesanal no Vale do Ribeira e

Litoral Sul do estado de São Paulo-Brasil. In: ENCONTRO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE

PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE, 1., 2002, São Paulo.

Disponível em:

http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro1/gt/biodiversidade/Milena%20Ramires.pd

f Acesso em 15 nov. 2012.

REYNOLDS, C. S. Ecology of phytoplankton. Cambridge: Cambridge University Press,

2006. 535 P.

Page 107: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

107

RIBEIRO, C. R. B. A influência dos rios do município de São Gonçalo sobra a qualidade das

águas da Baía de Guanabara-RJ. São Gonçalo, 2010. Monografia (Graduação em Ciências

Biológicas) - Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

RODRIGUES, S. M. A.; GONÇALVES, E. G. R.; MELLO, D. M.; OLIVEIRA, E. G.;

HOFER, E. Pesquisa de bactérias do gênero Vibrio em feridas cutâneas de pescadores do

município de Raposa-MA. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical., Uberaba.

34(5): 407-411,set-out, 2001.

RODRIGUES, D. H. X. B. C. Caracterização socioambiental de comunidades pesqueiras na

baía de Guanabara como subsídio à elaboração de um novo modelo de gestão para a pesca

de pequena escala. Rio de Janeiro, 2009. Monografia (Graduação em Oceanografia),

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

ROSA, M. F. M. As condições de trabalho e saúde dos pescadores e catadores de caranguejo

da APA de Guapimirim – RJ. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) Universidade

do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.

ROSA, M. F. M.; MATTOS, U. A. de O. The health and risks of fishermen and crab catchers

of Guanabara Bay. Ciência e. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 15(Supl. 1): 1543-1552, 2010.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232010000700066&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 15 fev. 2012.

http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000700066.

SABÓIA, V.M.; TEIXEIRA, E. Educação em saúde: tecnologias educacionais em foco. São

Paulo: Difusão Editora, 2011.

SAINSBURY, J.C. Commercial fishing methods: An introduction to vessels and gears, 3ª Ed.

Fishing New Books LTD, 1996.

SANT’ANNA, S. R.; HENNINGTON, E. A. Micropolítica do trabalho vivo em ato, ergologia

e educação popular: proposição de um dispositivo de formação de trabalhadores da saúde.

Trabalho Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 9, supl.1, p. 223-244, 2011.

SANTOS, E. S.;CARREIRA, R. S.; KNOPPERS, B. A. Sedimentary sterols as indicators of

enviromental conditions in Southeastern Guanabara’s Bay, Brazil. Brazilian Journal of

Oceanography, 56 (2) : 97-113, 2008.

SCHINDLER, D.W. Detection ecossystem response to antropogenic stress. Can. J. Fish

Aquat.Sci., 44: 6-65, 1987.

SILVA, F. S. et al. Bacteriological study of the superficial sediments of Guanabara Bay, RJ,

Brazil. Brazilian Journal of Oceanography, 56(1) :13-22, 2008.

SILVA, G. C. ; SABINO, J.; ALHO, C.J.R.; NUNES, V.L.B.; HADDAD JR., V. Injuries and

envenoming by aquatic animals in fishermen of Coxim and Corumbá municipalities, state of

Mato Grosso do Sul, Brazil: identification of the causative agents, clinical aspects and first aid

measures. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Uberaba, v. 43, n. 5, 2010.

Page 108: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

108

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-

86822010000500002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 mar. 2012.

http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822010000500002

SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA, R. M. Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde – uma visão

multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.

SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9ª ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

SOARES, M. T. C.; LIMA, G. B. A. Impactos econômicos da degradação ambiental: a crise

da atividade pesqueira em Jurujuba. Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de

Produção, Niterói /RJ, 4: 39-54, 2005.

STOTZ, E. N.; DAVID, H. M. S. L.; WONG-UN, J. A. Educação popular e saúde: trajetória,

expressões e desafios de um movimento social. Revista de Atenção Primária à Saúde, Rio de

Janeiro, v. 8, n.1, p. 49-60, 2005.

SVENSON, G. Os jovens e a Prevenção da SIDA- Guia Europeu de Educação pelos Pares.

Lisboa, 2001.

TAVARES, M. A. Trabalho informal: os fios (in) visíveis da produção capitalista. Revista

outubro, n. 7, 2002.

TORRES, C. A.; GUTIÉRREZ, F.; ROMÃO, J. E.; GADOTTI, M. GARCIA, W. E.

Reinventando Paulo Freire no século 21. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire,

2008.

VASCONCELOS, E. M. Educação popular: instrumento de gestão participativa dos serviços

de saúde. In: BRASIL (Org.). Cadernos de educação popular em saúde. Brasília: Ministério

da Saúde, 2007. p. 18-30.

WEST, P. A.; COLWELL, R. R. Identification and classification of Vibrionaceae-an

overview. Vibrios in the Environment, New York. p. 285-363, 1984.

WITT, T.; GIANOTTEN, V. “Investigación participative en un context de economia

campesina”, in: MONROY, G. V. (Org.) La investigación participative en América Latina:

Antología. Pátzcuaro, Michoacán: CREFAL, 1983, p.225-278, 341 p.

Page 109: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

109

8.2. Obras consultadas

ABREU, E.S.; TEIXEIRA, J. C. A. Apresentação de trabalhos monográficos de conclusão de

curso. 10. ed. Ver. E atualizada. Niterói: EdUFF, 2012.

ALVIM, N. A. T.; FERREIRA, M. A. Perspectiva problematizadora da educação popular em

saúde e a enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007 Abr-Jun; 16(2): 315-9.

COSTA, R. L.; CARREIRA, R. S. A comparison between faecal sterols and coliforms counts

in the investigation of sewage contamination in sediments. Brazilian Journal of

Oceanography, 53(3/4): 157-167, 2005.

DACACH, N. G. Saneamento Básico. 3ª Ed. Rev. Rio de Janeiro: Didática e Ciência, 1990.

FIGUEIREDO, N. M. A. Método e metodologia na pesquisa científica. 2ª Ed. Rio de Janeiro:

Yends, 2007.

FRADE, M. A. C.; CURSI, I. B.; ANDRADE, F. F.; SOARES, S. C.; RIBEIRO, W. S.;

SANTOS, S. V.; FOSS, N. T. Úlcera de perna um estudo de caso em Juiz de Fora MG

(Brasil) e região. An. Bras. Dermatol. vol.80 no.1 Rio de Janeiro Jan./Feb. 2005.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed . São Paulo: Atlas, 1996.

GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.

KREUTZ, I. Cuidado popular com feridas: representaçöes e práticas na comunidade de Säo

Gonçalo, Cuiabá-MT. Säo Paulo; s.n; 1999. 164 p. ilus, mapas.

SILVA, Geovane Cândido da et al . Injuries and envenoming by aquatic animals in fishermen

of Coxim and Corumbá municipalities, state of Mato Grosso do Sul, Brazil: identification of

the causative agents, clinical aspects and first aid measures. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 2010.

STOBAUS, C.; MOSQUERA, J. Educação para a Saúde: desafio para sociedades em

mudança. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 1983.

Page 110: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

110

APÊNDICE I – FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS

1.Identificação Data: ____/____/______

Nome:______________________________________________________________________

__________

Naturalidade:____________________

Data de Nasc.: ___/__/___ Idade: ________ Sexo: ( )M ( )F Raça: ( ) Branco ( ) Negro

( ) Pardo ( ) Índio Estado civil:________

Nível de escolaridade (anos de estudos):______________

Renda familiar (SM):__________ ( ) diária ( ) semanal ( ) mensal.

Nº de dependentes:____________

Nº de filhos:____________

Tipo de residência: ( ) própria ( ) alugada

Religião:______________

2.Trabalho

Trabalho: __________Tempo de profissão________

Com quem aprendeu a profissão? ____________________________________

Já trabalhou em outra área: Sim ( ) Não ( ) , Qual: ______________________

Realiza outra atividade para complementação de renda? ( ) Sim ( ) Não.

Qual?_______________________________________________________________

Duração da jornada de trabalho (horas/dia):_______

Qual o principal tipo de pescado? ( )peixe ( ) camarão . Espécies: ________________

Ponto de venda: ( ) atravessador ( ) comércio ( ) domicílio ( ) feiras livres ( ) mercado ( )

praia ( ) rua ( ) variável

Em que momento entra em contato com a água: _______________________________

Quanto tempo fica em contato com a água: ___________________horas.

Tempo de exposição ao sol diariamente: _____________horas. Uso de protetor solar: Sim ( )

Não ( ). Por quê? ( ) não vê importância ( ) alto preço Outro:_____________

Acredita que a sua profissão é perigosa? ( ) Sim ( )Não.

Por quê?_______________________________________________________________

Sabe que algumas doenças podem ser transmitidas por água contaminada?

( ) Sim ( ) Não. Gostaria de saber mais a respeito? ( ) Sim ( ) Não

Sabe o que é EPI? ( ) Sim ( ) Não. Utiliza EPI? ( ) Sim ( ) Não. Qual (is):

_____________________________________________________________________

Caso não por quê?_____________________________________________________

____________________________________________________________________

Já sofreu ferimentos em sua jornada de trabalho: Sim ( ) Não ( ). Em qual (is) parte(s) do

corpo ocorre com mais frequência?________________________________________

Qual (is) a(s) principal (is) causa(s) de ferimento?______________________________

Como costuma tratar o ferimento?___________________________________________

Considera a embarcação utilizada segura? ( ) Sim ( ) Não.

Por quê?_______________________________________________________________

Já esteve desempregado? ( ) Sim ( ) Não. Quanto tempo? ________________

É feliz na profissão? ( ) Sim ( ) Não . Por quê?________________________________

Deseja que os filhos sigam a mesma profissão?( ) Sim ( ) Não .

Por quê?_______________________________________________________________

Tem planos para o futuro?( ) Sim ( ) Não. Por quê? ____________________________

Page 111: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

111

Como é a relação com os órgãos de fiscalização? ( ) Bom ( )indiferente ( )Não há ( )

Regular

Quais as medidas a serem tomadas pelos órgãos públicos e pelos próprios pescadores para

melhorar a situação? _______________________________________________

3. Saúde

Qual o histórico de doenças na família? ( ) hipertensão ( )Diabetes ( ) AVC ( ) Obesidade (

) Tuberculose ( ) Infarto. Outros:____________________________

Grau de parentesco:_________________________________________________

Doenças anteriores ( ) não ( ) sim

Qual?__________________________________________________________________

Já foi Internado? ( ) não ( ) sim. Especifique (motivo e o período)_____________

Doença/Queixa atual: ( ) Hipertensão ( ) Diabetes ( ) Cardiopatias ( ) AVC ( ) Câncer (

)Obesidade ( ) Problemas respiratórios ( ) Problemas Digestivos ( ) Problemas de pele (

)Nefropatia ( )Outras

Quais?_______________________________________________________

Faz tratamento? ( ) Sim ( )Não.

Sobre a doença: ( ) muito ( ) pouco ( ) razoável ( ) não sabe ( ) Conceito errôneo

Sobre o tratamento: ( )muito ( ) pouco ( ) razoável ( ) não sabe

Especifique:___________________________________________________

Sobre as complicações: ( )muito ( ) pouco ( ) razoável ( ) não sabe

Especifique: _________________________________________

Gostaria de saber mais a respeito: ( ) Não ( ) Sim

Sono e Repouso: _____h/noite Problemas para dormir? ( ) Nenhum ( ) acordar cedo ( )

insônia ( ) dificuldade para pegar no sono ( ) outros

Sente-se descansado após o sono: ( ) sim ( ) não

Pratica alguma atividade física: ( ) Não ( ) Sim Especifique:______________________

( ) diariamente ( ) 2 vezes por semana ( ) 3 vezes por semana ( ) outros: __________

Atividade de lazer ( ) Não ( ) Sim Especifique: _____________________________

Tabagismo: ( ) Não ( ) Sim ( ) Já tentou parar? ( ) Não ( ) Sim. Quantidade de carteiras por

dia: ________________________________________________________

Etilismo ( ) Não ( ) Sim ( ) Qual a freqüência? __________Outras drogas ( ) não ( ) sim Tipo:

_______________________________

Frequência de exames laboratoriais: ( ) menos que 3 meses ( ) entre 3 meses e 1 ano ( ) entre

1 e 2 anos ( ) mais de 2 anos.

Peso:__________Kg, Altura:__________cm IMC: _______

PA:______x______ mmHg

OBS:_______________________________________________________________________

_________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Assinatura: _______________________________________

Page 112: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

112

APÊNDICE II – ROTEIRO PARA ATIVIDADE GRUPAL

Data:

Local:

Participantes:

Apresentação inicial – Aproximação com os pescadores.

O crescimento populacional e a poluição ambiental – Mostrar quadro com tempo de

decomposição do lixo.

Resultados das entrevistas individuais:

-Tempo de profissão

-Jornada de trabalho

-Ferimentos

-Vacina anti-tetânica

-Tratamento dos ferimentos

-Equipamentos de proteção individual

OBS: Utilizar recursos visuais

Histórico familiar de doenças:

-Diabetes mellitus

-Hipertensão arterial

OBS: Utilizar recursos visuais

Dinâmica: Qual o nome do peixe ?

Cada pescador é indagado sobre o nome do peixe da imagem. Um pode ajudar o outro na

resposta. À medida que dizem as respostas são questionados sobre formas de captura daquela

espécie, qual a mais difícil de limpar, qual rende mais lucro para o pescador, se há alguma

curiosidade sobre a espécie.

Page 113: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

113

APÊNDICE III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Título do projeto: Pesquisa de micro-organismos em feridas cutâneas de pescadores da Baía

de Guanabara, RJ, Brasil: A educação pelos pares como estratégia de prevenção.

Pesquisador(es) Responsável(is):

Vera Maria Sabóia e Crystiane Ribas B. Ribeiro

Instituição das Pesquisadoras: Universidade Federal Fluminense-UFF

Nome do Voluntário (a):

________________________________________________________

Idade do voluntário: _____ anos RG:__________________

O Senhor está sendo convidado a participar do Projeto de Pesquisa : Pesquisa de

micro-organismos em feridas cutâneas de pescadores da Baía de Guanabara, RJ, Brasil:

A educação pelos pares como estratégia de prevenção, de responsabilidade dos

pesquisadores: Vera Maria Sabóia e Crystiane Ribas B. Ribeiro, a pesquisa tem como

proposta identificar os micro-organismos que têm prejudicado a cicatrização das feridas e

assim orientá-lo no tratamento. Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento

você poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua

relação com a pesquisadora ou com a Unidade de Origem.

Os objetivos desta pesquisa são: Caracterizar as condições de trabalho e saúde de pescadores

da Baía de Guanabara residentes do entorno do rio Maribondo no município de São Gonçalo,

RJ; Identificar espécies bacterianas veiculadas por água contaminada em feridas cutâneas de

pescadores do entorno do rio Maribondo no município de São Gonçalo, RJ; Desenvolver uma

tecnologia educacional denominada educação pelos pares, com pescadores da comunidade;

Prevenir a cronificação de feridas cutâneas frente ao impacto da poluição sobre a saúde desse

grupo populacional específico.

Quanto a sua participação na pesquisa informamos que será através de entrevista,

atividades grupais e coleta de material da ferida para análise em laboratório.

Page 114: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

114

Pesquisadora: Vera Maria Sabóia

E-mail: [email protected]

Pesquisadora: Crystiane Ribas Batista Ribeiro

E-mail: [email protected]

Eu, __________________________________________, RG nº

. ___________________ declaro que entendi os objetivos do meu consentimento para a

realização da pesquisa acima descrita e concordo em participar, como voluntário.

São Gonçalo, ____ de ____________ de 2012.

______________________

Assinatura do voluntário

Page 115: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

115

APÊNDICE IV – ROTEIRO PARA O DIÁRIO DE CAMPO – OBSERVAÇÃO

PARTICIPANTE

Nome da pesquisadora:

Orientadora:

Local:

Hora:

1) Descrição:

- Atividade proposta

2) Interpretação do observado:

- Ambiente

- Características das pessoas envolvidas

- Interação com as pesquisadoras

3) Registro diversos:

-Imprevistos

-dúvidas

-desafios

-conclusões

Page 116: CRYSTIANE RIBAS BATISTA RIBEIRO IMPACTO AMBIENTAL ... Ribas Batista... · IMPACTO AMBIENTAL, TRABALHO E SAÚDE DE PESCADORES DA BAÍA DE GUANABARA - RJ, BRASIL: ... Ao meu precioso

116

ANEXO I – COMPROVANTE DE APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/ FM/

UFF/ HU

COMPROVANTE DE ENVIO DO PROJETO

Título da Pesquisa: Pesquisa de micro-organismos em úlceras de perna de pescadores da

Baía de Guanabara residentes das comunidades do entorno do rio Maribondo, RJ, Brasil: A

educação pelos pares como prevenção

Pesquisador:

Vera Maria Saboia de Souza Mota

Instituição Proponente: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Versão: 2

CAAE: 05017512.1.0000.5243

DADOS DO COMPROVANTE

Número do Comprovante: 038855/2012

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Patrocionador Principal: Financiamento Próprio

24.030-210

(21)2629-9189 E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Marquês de Paraná, 303 4º Andar

Bairro: Centro

CEP:24.030-210

Telefone: (21)2629-9189

UF: RJ Município: NITEROI

Fax: (21)2629-9189