curso educação ambiental

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1 Seja Bem Vindo! Curso Educação Ambiental Carga horária: 60hs

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Page 1: Curso Educação Ambiental

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Seja Bem Vindo!

Curso

Educação Ambiental

Carga horária: 60hs

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Dicas importantes

• Nunca se esqueça de que o objetivo central é aprender o

conteúdo, e não apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só

os determinados aprendem!

• Leia cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se

deixando dominar pela pressa.

• Explore profundamente as ilustrações explicativas disponíveis,

pois saiba que elas têm uma função bem mais importante que

embelezar o texto, são fundamentais para exemplificar e melhorar

o entendimento sobre o conteúdo.

• Saiba que quanto mais aprofundaste seus conhecimentos mais

se diferenciará dos demais alunos dos cursos.

Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o aproveitamento

que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os

“alunos certificados” dos “alunos capacitados”.

• Busque complementar sua formação fora do ambiente virtual

onde faz o curso, buscando novas informações e leituras extras,

e quando necessário procurando executar atividades práticas que

não são possíveis de serem feitas durante o curso.

• Entenda que a aprendizagem não se faz apenas no momento

em que está realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-

dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar

elementos para reforçar aquilo que foi aprendido.

• Critique o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação

do conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido

quando pode efetivamente ser colocado em prática.

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Conteúdo

Introdução

Educação Ambiental e Cidadania

Educação Ambiental e Cultura

Educação Ambiental Formal

Conteúdo Programático

Técnicas em Educação Ambiental

Três Técnicas de Educação Ambiental

Carta aos Professores

Como Organizar um Passeio à Floresta

Educação Ambiental Não-Formal

Duas Ideias Para Projetos

Educação Ambiental na Empresa

Educação Ambiental Informal

Textos Auxiliares

Agenda 21

Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global

Cuidando do Planeta Terra

Meio Ambiente na Constituição Federal

Modelos de Projetos

Bibliografia/Links Recomendados

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Introdução CURSO PRÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A unidades de conservação são porções de um ecossistema preservados em lei. Cada Estado possui parques, reservas e áreas de proteção que se constituem em verdadeiras salas de aula privilegiadas para o ensino da Educação Ambiental. Nesta foto, o autor faz uma palestra dentro da Reserva Biológica de Poço das Antas, em Silva Jardim (RJ), para alunos da Rede Municipal de Ensino, técnicos e comunidade, conscientizando sobre a importância da mobilização da sociedade para a preservação dessas últimas “testemunhas verdes” da antes exuberante natureza do País.

O estudo do ambiente deve ter por fim despertar apenas

secundariamente o aluno para os conhecimentos sobre os fatos do

ambiente. O objetivo primordial deve ser formar a sua inteligência, a

sua capacidade de descobrir e de encarar os problemas. - Pedagogia do Meio Ambiente - Louis Percher; Pierre Ferrant; Bernard Blot.

I. INTRODUÇÃO: A Mudança Começa em Nós Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um mutirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam achando mais fácil reclamar que ninguém faz nada, ou que a culpa é do “Sistema”, dos governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe.

Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual - pois isso é inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante é que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em defesa da natureza às mudanças nas

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estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar a vida humana com qualidade.

Durante anos tenho sido requisitado para palestras em escolas, empresas e comunidades para falar sobre educação ambiental, entre outros temas. Este livro é uma forma de democratizar este conhecimento. Procurei reunir aqui um pouco das experiências que acumulei em vários anos de militância com movimento popular, sindical e ecológico e na administração pública municipal, desde 1984, quando participei da fundação das Organizações Não-Governamentais (ONGs) UNIVERDE, em São Gonçalo (RJ), e em seguida com a fundação do Defensores da Terra, Rio de Janeiro (RJ) em 1988, além da experiência acumulada na elaboração e coordenação executiva de inúmeros projetos de educação ambiental seja nas prefeituras de Niterói e São Gonçalo, seja como consultor na Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

A pedagogia do meio ambiente é, incontestavelmente, uma pedagogia

da ação, isto é, dos alunos tomarem a seu próprio cargo problemas,

precisamente porque estes problemas dizem respeito a todos em sua

vida cotidiana, e não poderiam ser regulados pela simples recitação

de informações. - Pedagogia do Meio Ambiente - Louis Percher; Pierre Ferrant; Bernard Blot.

Educação Ambiental e Cidadania 1. Educação Ambiental e Cidadania

As árvores não são derrubadas, a fauna sacrificada ou o meio ambiente poluído por desconhecimento de nossa espécie dos impactos dessas ações sobre a natureza. A falta de conhecimento, assim como a falta de consciência ambiental são grandes responsáveis pelas destruições ambientais. Mas não é só isso. O meio ambiente é destruído, também – e principalmente

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– devido ao atual estágio de desenvolvimento existente nas relações sociais de nossa espécie.

Certos caçadores e desmatadores, por exemplo, possuem muito mais conhecimentos sobre ecologia, natureza e a vida silvestre que muitos ecologistas, mas usam esses conhecimentos para destruir e matar. Na década de 70, governos internacionais preocupados com a rápida destruição dos recursos naturais e a poluição do planeta, defenderam a tese do crescimento zero, ou seja, congelar os níveis de progresso à época. Ora, por diversas vezes durante nossa história econômica, o Brasil teve cres-cimento abaixo de zero, portanto negativo, e nem por isso viu diminuído seus problemas ambientais, muito pelo contrário. De-vido a crise econômica, as empresas investiram menos em con-trole de poluição.

A destruição da natureza não resulta da forma como nossa espé-cie se relaciona com o planeta, mas da maneira como se relaciona consigo mesma. Ao desmatar, queimar, poluir, utilizar ou desperdiçar recursos naturais ou energéticos, cada ser humano está reproduzindo o que aprendeu ao longo da história e cultura de seu povo. Portanto, a ação destruidora não é um ato isolado de um ou outro indivíduo, mas reflete as relações culturais, sociais e tecnológicas de sua sociedade. Então, é impossível pretender que seres humanos explorados, injustiçados e desprovidos de seus direitos de cidadãos consigam compre-ender que não devam explorar outros seres vivos, como animais e plantas, considerados inferiores pelos humanos. A atual relação de nossa espécie com a natureza é apenas um reflexo do atual estágio de desenvolvimento das relações humanas entre nós próprios. Vivemos sendo explorados, achamos natural explorar os outros.

Não há educação ambiental sem participação política. Logo, não é de estranhar que os governos até hoje não tenham conseguido estabelecer diretrizes e investir realmente em educação ambiental, pois é impossível estimular a participação mas não garantir os instrumentos, direitos e acesso à participação e interferência nos centros de decisão.

Não é à toa que os Conselhos de meio ambiente, nas diversas esferas do governo, onde se prevê a participação direta da

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sociedade civil, funcionam ainda tão precariamente, isso quando conseguem funcionar. O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, além de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias, estimular mudança de comportamentos e a cons-trução de novos valores éticos menos antropocêntricos. A educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia de ação. Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais sem se tornar também mais ativo, crítico participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio ambiente, é indissociável do exercício da cidadania.

A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político

baseado em valores para a transformação social. - Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. (Fórum Global da ECO 92)

Educação Ambiental e Cultura 2. Educação Ambiental e Cultura

O ensino para o meio ambiente está intimamente associado à Cultura. Por que as pessoas em geral se preocupam tão pouco com os problemas ambientais? Por que é preciso sempre muito esforço para mobilizá-las em defesa de seu meio ambiente? Para responder isso é importante compreender uma das mais cruéis conseqüências do modelo de desenvolvimento adotado para o Brasil: a perda da identidade cultural de grande parte da po-pulação. Ao migrar das cidades do interior para a capital, além de todos os problemas que acarretam com a concentração urbana, os grandes contingentes populacionais ainda perdem sua identidade cultural, sua memória. Sem essa identidade cultural, é como se cada pessoa vivesse isolada num mar enorme, cercada de gente igualmente solitária por todos os lados.

Sem identidade cultural, importa muito pouco saber que o patri-mônio da coletividade, seja ambiental, seja arquitetônico, histórico, cultural, a própria rua, a praça, está sendo ameaçado ou destruído. À medida que essa gente não se sente dona

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desses espaços coletivos - que são considerados como terra de ninguém ou como pertencentes aos governos dos quais não gostam - também não se mobilizam em sua defesa. Assim, não há nenhuma sensação de perda diante de uma floresta que deixa de existir ou de um lago ou manguezal aterrado, pois a população residente, em sua maior parte, por não ter identidade cultural com o lugar em que vive, também não se sente parte dele. Esse fenômeno acontece, hoje, principalmente nas periferias das grandes cidades brasileiras, onde se concentram milhares de trabalhadores que usam as cidades apenas para dormir constituindo-se em mão-de-obra pendular casa-trabalho/trabalho-casa das grandes cidades. Existe uma grande população, mas não um grande povo.

Essa alienação tem sido muito conveniente para as classes no poder, que aprenderam ainda a dominar com muita competência os meios de comunicação, principalmente a televisão, para substituir rapidamente os valores culturais tradicionais por outros mais convenientes a seus interesses, ao mesmo tempo em que desestimulam e depreciam os valores nativos, afinal, ninguém gosta de ser chamado de caipira, como sinônimo de atraso.

Um educador ambiental precisa ter clara compreensão dessa realidade, procurando, primeiro, associar-se às lutas populares pelo resgate cultural e, segundo, desenvolvendo técnicas, como a memória viva (veja página 00), para iniciar uma formação de identidade cultural dos educandos com o lugar em que vivem.

Nesse ponto retorna a questão fundamental da linguagem. É preciso partir da percepção dos educandos sobre o que são as questões ambientais, e não da dos educadores, para que os alunos assumam como suas as melhorias ambientais e a defesa de seu patrimônio ambiental, e não uma imposição dos governos ou da escola. Nesse sentido, o professor não deve pretender ser um condutor de novos conhecimentos, pois não se trata apenas de estimular o aluno a dominar maior número de informações, mas assumir o papel de estimulador, motivador, instrumento, apoio, levando os alunos a elaborarem seu próprio conhecimento sobre o que seja meio ambiente e o que ele - aluno -, pode fazer para evitar as agressões.

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A educação ambiental, à medida que se assume como educação mais política do que técnica, assume também o processo de formadora da identidade política e cultural de um povo. Nesse sentido, alinha-se a todas as lutas e movimentos da sociedade pela cidadania.

Por isso é fundamental que o educador ambiental fale uma linguagem que seja percebida por todos, evitando reforçar uma visão romântica de meio ambiente ou a idéia que ecologia é um assunto secundário, preocupação de elites e de segmentos da população que já resolveram seus problemas básicos de sobrevivência.

É fato que, por mais carente que seja, a população possui consciência ecológica, só que essa percepção é bastante romântica associando-se mais à proteção das plantas e dos animais e menos à qualidade de vida da espécie humana, como se não fizéssemos parte da natureza. Para a maioria, lutar pelo fim das valas de esgotos a céu aberto, más condições de trabalho nas fábricas não tem nada a ver com meio ambiente.

Nada mais falso, pois ecologia em países pobres é combater o esgoto a céu aberto, o lixo não recolhido, a água contaminada, etc. Para a população, especialmente a mais carente, as questões ecológicas devem ser associadas à qualidade de vida. Por exemplo, as diversas poluições, o lixo tóxico, os agrotóxicos são temas ligados à saúde; os desmatamentos e os reflorestamentos ligados à saúde e também à segurança civil, e por extensão, à moradia; as teses da descentralização econômica, de pólos industriais, de empresas poluidoras são ligadas a emprego e a salário; erosão, destruição de recursos naturais, ocupação de leitos de rios e de encostas, também associados à moradia; as ciclovias, os transportes de massa em vez de coletivos, o gás natural em vez de diesel, associados ao transporte mais confortável e barato, e assim por diante.

Artigo 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

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- Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988.

Educação Ambiental Formal EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL

Compreendemos a chamada Educação Ambiental Formal, como aquela educação sobre conceitos ambientais aplicados em sala de aula, através do currículo. Deve ser multidisciplinar, evitando concentrar o ensino sobre meio ambiente na cadeira de Ciências, a fim de não reforçar os aspectos físicos da questão, em detrimento dos demais aspectos sócio-econômicos, políticos, éticos, etc., pois a Educação Ambiental é ensino para a cidadania.

1. Princípios Básicos O educador ambiental deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, como por exemplo, diante de uma agressão ambiental ou de um bom exemplo de preservação ou conservação ambiental, apresentando os meios de compreensão do meio ambiente. Em termos ambientais isso não constitui dificuldades, uma vez que o meio ambiente está em toda a nossa volta. Dissociada dessa realidade, a educação ambiental não teria razão de ser. Entretanto, mais importante que dominar informações sobre um rio ou ecossistema da região é usar o meio ambiente local como motivador, para que o aluno seja levado a compreender conceitos como, por exemplo:

Visão física: Nada vive isolado na natureza. Tudo está inter-relacionado. Assim como influenciamos no meio, somos influenciados por ele. Um ser depende do outro para sobreviver. Não existem seres mais ou menos importantes para o conjunto da vida no planeta. A única coisa importante é a rede de relações que todos os seres vivos mantém entre si e com o meio em que vivem. Rompida esta "teia", ou diminuída em sua capacidade, a vida corre perigo.

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Visão cultural: O meio ambiente não é constituído apenas pelo mundo natural, onde vivem as plantas e os animais, mas também pelo mundo construído pelo ser humano, suas cidades, as zonas rurais e urbanas. Estes dois mundos relacionam-se e influenciam-se reciprocamente. Somos resultado dessas duas evoluções, a natural e a cultural. Visão político-econômica: O poder não está distribuído de maneira igual por toda a humanidade, sendo diferente, portanto, a distribuição das responsabilidades de cada um pela destruição do planeta e pela construção de um mundo melhor. Cada cidadão pode e deve fazer a sua parte, mas os empresários, políticos, administradores públicos, etc., têm uma responsabilidade muito maior. Atrás de cada agressão à natureza estão interesses sócio-econômicos e culturais de nossa espécie, que usa o planeta como se fosse uma fonte inesgotável de recursos. As relações entre a espécie humana e a natureza estão em desequilíbrio por que refletem a injustiça e desarmonia das relações entre os indivíduos de nossa própria espécie. Visão ética: A mudança para uma relação mais harmônica e menos predatória e poluidora com o planeta e as outras espécies depende de todos, mas especialmente começa em cada um de nós, individualmente, através de dois movimentos distintos: um para dentro de nós mesmos e de nossa família, com adoção de novos hábitos, comportamentos, atitudes e valores; e outro para a sociedade em torno de nós, buscando a união com outros cidadãos para influir em políticas públicas e empresariais que levem em conta o planeta, a qualidade de vida, a justiça social.

Logo, por mais que o ensino para o meio ambiente mude de lugar para lugar, em função das diferentes realidades, alguns princípios estão presentes praticamente em todas as situações, tais como:

Defina palavras e conceitos

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Defender a natureza, a flora e a floresta, o meio ambiente, a ecologia. Preservar os ecossistemas e os habitats, combater a depredação dos recursos naturais, a poluição de mananciais e do lençol freático. São palavras e conceitos que se tornaram comuns hoje em dia, mas afinal, do que se trata? É preciso definir o que se está falando, tomando o cuidado de não cair num tecnicismo que distancie o aluno da ação transformadora que ele precisa empreender como cidadão de seu tempo.

Mostre a importância Por mais sério que seja, ninguém consegue ter a sensação de importância por uma coisa abstrata, fora de sua realidade. Antes de se importar com a sobrevivência das outras espécies, o aluno precisa estar consciente de sua própria importância, sua capacidade de interferir no meio ambiente e de agir como cidadão. Afinal, como respeitar espécies consideradas inferiores se o aluno percebe que não há respeito entre os indivíduos de sua própria espécie?

Estimule a reflexão A cada ação deve corresponder uma reflexão, pois não é possível pretender transformar o mundo ou criar uma relação mais harmônica com a natureza ou os outros indivíduos de nossa própria espécie baseando-se apenas noacademicismo, onde se acumula um volume imenso de conhecimentos e informações sem que isso reverta em melhoria das condições de vida; ou no tarefismo, onde se procura transformar o mundo pela ação direta, como se nosso esforço fosse o suficiente para contagiar a todos. O equilíbrio entre as duas forças deve ser o objetivo de uma boa educação para o meio ambiente.

Estimule a participação Uma vez que o aluno já domina um mínimo de conhecimentos sobre palavras e conceitos e está consciente sobre a importância de seu papel como agente transformador o próximo passo é a participação. É no enfrentamento dos problemas de seu cotidiano que o aluno se formará como cidadão. Além disso, o jovem não precisa chegar à maioridade ou ter um diploma técnico para só

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então defender seus direitos a um meio ambiente preservado, pois cada omissão equivale à destruição de mais e mais recursos naturais, de mais e mais poluição. A mudança deve começar já, inicialmente através de novas atitudes e comportamentos, mas logo a seguir procurando engajar-se nas ações da sociedade em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida. Para estimular os alunos, uma boa técnica é estabelecer parceiras com os grupos ecológicos comunitários do lugar, convidando-os para se integrarem ao trabalho na escola.

Interesse-se a descobrir coisas novas Um diploma de conclusão de curso não significa o domínio total de um conhecimento. A gente continua aprendendo sempre. Interesse seus alunos pelos estudos da natureza, lendo com eles notícias recentes de jornais e revistas, comentando a última programação sobre ecologia na televisão. Estimule cantinhos da natureza na sala de aula, museus naturais, álbum de recortes, leituras coletivas de materiais etc.

Faça junto com eles O exemplo vale mais do que mil palavras. Os alunos são bastante impressionáveis diante da figura do professor. Ver o professor falar, falar, mas não agir conforme o que fala é desestimulante para os alunos e, ao mesmo tempo, um apelo ao não-agir, considerar o ensino para o meio ambiente como mais uma disciplina aborrecida que deve ser estudada apenas para tirar uma boa nota. Aproveite a oportunidade e engaje-se com seus alunos na tarefa de se construir as novas relações com o planeta, afinal, essa é uma tarefa de cidadania, muito mais que um compromisso de trabalho.

Saia da sala de aula O meio ambiente da sala de aula não é o mais adequado para ensinar sobre o mundo que está lá fora. Sair da sala de aula, entretanto, traz inúmeros problemas quando se dispõe de apenas 45 minutos para uma aula. Uma das soluções pode ser mutirão pedagógico com colegas de outras disciplinas, o que reforça o

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caráter interdiciplinar do ensino para o meio ambiente. Outra possibilidade é sugerir aos pais dos alunos que façam incursões em finais de semanas ou feriados para realizar estudos do meio ou investigar e fotografar um problema ambiental, levando no carro dois, três ou mais coleguinhas dos filhos. E isso nem é uma proposta absurda, já que muitos pais ajudam os filhos nos trabalhos escolares, e não deixa de ser um passeio interessante, além de promover a integração entre pais e alunos, escolas e comunidade.

Conteúdo Programático Conteúdo Programático

A realidade muda de pessoa a pessoa, de acordo com o modo de vida e de interação com o meio, além das diferenças físicas. Assim, a educação ambiental será sempre diferente entre os que moram numa zona rural ou numa cidade, junto de uma floresta, rio ou ao lado de um pólo industrial. O desafio é encontrar a ma-neira mais adequada de abordar a questão ambiental em cada disciplina, já que não existem receitas prontas. O ensino para o meio ambiente, muito antes de ser uma especialização, é uma preparação para a vida. Quando chega a aprender sobre o meio ambiente, é sobre sua própria vida que o aluno aprende.

Algumas sugestões e reflexões sobre a educação ambiental através de cada disciplina tradicional do currículo:

Língua Portuguesa Nada é mais estimulante que escrever sobre um tema que está em evidência, palpitante. Recortes de jornais e revistas, ou o último programa de televisão sobre ecologia têm o efeito de estimular a criatividade e a motivação para a escrita. Peça aos alunos que comentem a matéria jornalística e apontem soluções concretas para os problemas, escrevam uma carta à autoridade, uma convocatória para a comunidade, etc. Muito importante é trabalhar com eles os termos e conceitos que não ficaram claros, solicitando que consultem dicionários e enciclopédias. Os passeios ecológicos são ótimos para estimular a escrita, através da elaboração de relatórios.

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Matemática As questões ambientais fazem parte do dia a dia dos alunos. O professor pode propiciar situações de aprendizagem, estimulando os alunos a pensar sobre quantidades, percentagens, etc. envolvendo temas ambientais ligados à sua realidade.

Geografia Professores e alunos podem trocar informações entre si, e nenhum local propicia melhores estímulos que o rio ou floresta mais próximos, ou mesmo a praça, usando a técnica do estudo do meio (página 00), estimulando as formações de mutirões pedagógicos com as outras disciplinas. A visão crítica dos alunos contribuirá para transformá-los em agentes de mudança de sua própria realidade.

Ciências Acostumados a lidar com as questões da Biologia, Química e Fí-sica, os professores da área não deveriam encontrar dificuldades para o ensino do meio ambiente caso tivessem a preocupação de, primeiro, auxiliar os colegas de outras disciplinas a "ecologizar" suas aulas e, segundo, adotassem um ensino de ciências mais próximo da realidade e do interesse dos alunos, que ultrapasse os conceitos biológicos para incorporar o social, econômico e político.

História Estimule os alunos a consultar enciclopédias, ler reflexivamente os jornais em sala de aula, investigar as relações do passado com o meio ambiente e projetar essas relações para o futuro. Trazer para a sala de aula pessoas antigas da comunidade que possam falar aos alunos sobre como era a vida na comunidade.

Educação Artística A sucata é um excelente material para ampliar conceitos sobre reciclagem, sociedade de consumo, desperdício, além de

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estimular a criatividade. Com os materiais que normalmente são jogados fora pode-se fazer desde brinquedos até máscaras para dramatizações. Busque a integração com as outras disciplinas.

Técnicas em Educação Ambiental Técnicas em Educação Ambiental

Por Prof. Ricardo Harduim

Tendo recebido o convite do autor para escrever este capítulo, pensei no que poderia ser interessante para os leitores se envolverem ainda mais no tema Educação Ambiental.

Espero que após a leitura de toda a obra, você esteja motivado a realizar experiências com seus alunos e amigos. Provavelmente, em pouco tempo, estará infectado pelo “biovírus” do ambientalismo, idealizando projetos, elaborando planos de ação e participando de encontros, seminários e cursos.

Que bom se assim acontecer pois a natureza precisa cada vez mais de pessoas se transformando em busca da formação da consciência conservacionista!

É importante ressaltar que as atividades deste capítulo existem para serem construídas com os participantes, e não para serem elaboradas previamente pelo coordenador. Os participantes precisam construir ou participar da construção de todo o processo.

Quem vivencia, não esquece.

a) Corrida Ecológica

Esta atividade é uma adaptação de um conhecido jogo, cujos participantes vão saltado casas com seus peões de acordo com o número que ficar para cima após o lançamento de um dado.

Desenhe em papel craft, cartolina ou no quadro-de-giz, o percurso da corrida. Marque 3 casas que conterão um aspecto positivo da natureza e 3 casas com um problema ambiental.

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O jogador que cair com seu peão numa casa que apresente um ponto positivo em relação ao meio ambiente, irá avançar algumas outras casas como prêmio. Mas, se cair em uma das casas de problemas ambientais será penalizado retrocedendo ou ficando uma rodada sem jogar.

De posse do tabuleiro (percurso da corrida), do dado e dos peões que, certamente, você já aproveitou algum material para produzi-los, solicite aos participantes 3 pontos positivos e 3 negativos do meio ambiente de sua região ou comunidade.

Peça que atribuam valores (em números) a cada um dos pontos ditados relacionando-os em colunas para facilitar a visualização. Exemplo:

Pontos Positivos Pontos negativos

Estação de tratamento de água

– 5 Poluição do ar – 2

Saneamento – 3 Lixo – 4

Reflorestamento - 2 Desmatamento – 3

Você vai perceber como as pessoas têm mais facilidade de lembrar dos pontos negativos que positivos. Pense um pouco nisso.

E agora, ATENÇÃO, pois chegou o momento mais importante de atividade. Quando os valores estiverem definidos, inicie uma série de questionamentos. Por exemplo:

Vocês atribuíram 5 pontos para a Estação de Tratamento d’água e 3 pontos para o saneamento. Tudo bem, mas não poderia ser o contrário? Ou será os dois não são igualmente importantes e deveriam Ter a mesma pontuação?

Por que vocês deram 3 pontos para desmatamento e 2 pontos para reflorestamento? É melhor desmatar que reflorestar?

4 pontos para o lixo e 2 pontos para a poluição do ar... O lixo é 100% pior que a poluição do ar?

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Você fará perguntas aparentemente despretensiosas, evitando induzi-los para alguma resposta. Lembre-se que os próprios participantes constroem o jogo. Você é apenas um facilitador.

Este é o momento mais importante da atividade porque você provoca o debate. A idéia é mexer com a percepção e valores dos participantes trocando os números anteriormente estabelecidos quantas vezes forem necessárias. Isso ocorrerá de acordo com as novas opiniões dos participantes.

Você precisará apagar e colocar distintos números, todas as vezes que existirem sugestões e palpites. Se criar confusão, ótimo, pois neste caso, vale mais confundir do que você, arbitrariamente, definir os valores a partir de sua percepção.

Finalizando. Você já tem:

tabuleiro os peões o dado os pontos positivos e negativos com os respectivos valores as 6 casas distribuídas ao longo do percurso.

Acabou? Sim, mas seria ainda melhor se os participante inventassem avisos, lembretes, frases de efeito ou mensagens para cada uma das 6 casas que fazem avançar ou retroceder. Agora sim, pode começar.

b) Quebra-cabeça Ecológico

Este é um jogo mais aconselhável para crianças. E geralmente, crianças de divertem muito com quebra-cabeças.

Peça aos participantes para conseguirem papelão e revistas usadas com fotografias. Solicite que selecionem variadas fotografias sobre meio ambiente e colem no papelão.

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Com uma tesoura, faça cortes livres produzindo assim um quebra-cabeça. É claro que neste momento você não vai pedir para as crianças manusearem a tesoura, pois é perigoso.

É importante atentar para o fato de que as crianças sentem um maior prazer quando conseguem transpor um obstáculo mais difícil. Por isso, é interessante quebra-cabeça mais complicados com fotografias mais agradáveis. E quebra-cabeça mais simples, com fotografias que revelem a destruição da natureza e do ser humano.

Quando a criança monta com rapidez um quebra-cabeça simples – algo que, para ela, não é tão interessante – depara com uma imagem degradante e, provavelmente, a memoriza de forma negativa. O mesmo acontece ao contrário, com um quebra-cabeça que estimula sua montagem e que, ao final, reflete uma imagem harmoniosa.

c) Jogo do Slide

Para esta atividade você vai precisar de um projetor de slides (diapositivos), molduras de slides, papel acetato transparente e canetas coloridas para retroprojetor. A idéia é pedir para os participantes fazerem uma imagem ambiental (desenho ou esquema) num pedaço de 3,5 x 3,5 cm de acetato. Melhor se for após uma aula, palestra ou filme. A feitura da imagem exigirá habilidade e tempo por causa do pequeno tamanho do papel.

Os trabalhos realizados deverão ser anônimos, encaixados aleatoriamente nas molduras e exibidos um a um na parede com auxílio do projetor. É uma atividade que serve para qualquer faixa etária e todos gostam muito. Cadaslide exibido deve ser avaliado pelos participantes. A imagem geralmente apresenta uma síntese do que sente a pessoa no momento da elaboração. Cada traço, por mais simples que pareça, pode ter um significado importante para a evolução de toda a equipe. Os participantes, aos poucos, compreendem e

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interpretam melhor os distintos registros. Pode-se utilizar esta atividade como um instrumento de realização de um curso, oficina, conferência, etc.

Importante também é fazer uma análise comparativa entre o micro e o macro ao registrar uma imagem num tamanho pequeno e logo em seguida, vê-la gigantesca na parede, servindo de objeto de análise de outras pessoas. Pode-se entender, neste caso, que as ações exercidas pelo ser humano, mesmo aparentemente pequenas, possuem um poder muito grande, poder que, em sua essência, pode traduzir um processo construtivo, mas também, destrutivo.

Penso que esta atividade funciona melhor quando a imagem é feita no início de um Curso e a exibição só ocorre no final. Sem, contudo, que o participante saiba que sua minúscula imagem se transformará num slide a ser exibido. É sempre uma boa surpresa.

d) Presente da Natureza

Estimular a cooperação e a integração é sempre útil para afinar as relações interpessoais, principalmente quando se trata de natureza e Educação Ambiental. Esta atividade surge a partir da famosa brincadeira do “Amigo Oculto”: O presente oculto.

Todos trazem de casa um objeto retirado da natureza, com a orientação de não destruí-la. Pode ser uma flor, um arranjo de flores, uma planta, uma folha seca, uma pequena rocha, um curioso galho retorcido, uma fruta, uma verdura cultiva sem agrotóxico, etc. Todos os presente da natureza.

Dobra-se papéis numerados até a quantidade total de participantes. Inicia-se o jogo com a pessoa que sorteou o nº 1, escolhendo um presente e desembrulhando

Continuando, o participante nº 2 pode tanto escolher um presente daqueles embrulhados , quanto pode pegar o presente do participante nº 1, justificando porém sua escolha. Assim, o nº 1 tem o direito de escolher outro da mesa, e só poderá trocar se, por ventura, alguém escolher mais uma vez seu novo presente. O

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participante nº 3 continua o jogo escolhendo um presente embrulhado da mesa ou o presente do participante nº 2 ou ainda, do participante nº 3.

E assim sucessivamente, até que a brincadeira vai tomando forma e todos são contemplados.

Os objetivos são estimular a cooperação e o diálogo, favorecer a sintonia entre os participantes e entender a natureza como um bem que deve ser utilizado por todos, mas com consciência, sabedoria e solidariedade.

e) Feira Verde

Esta é uma ação que deve ser desenvolvida com a participação de todos. Sendo assim, exige muito diálogo e paciência. Uma escola poderia todo ano assumir esta responsabilidade. Mas também, seria igualmente importante que Associações de Moradores, Igrejas e outros espaços comunitários desenvolvessem este tipo de iniciativas.

Certamente você terá boas surpresas com o trabalho de pessoas aparentemente desmotivadas como também, terá decepções com a inexpressiva participação de alguns amigos. Mas, estas últimas não valem.

Consiste em definir uma data com bastante antecedência, para fazer um movimento de um ou mais dias, aberto à comunidade e que ofereça uma gama de atividades simultâneas, como:

mostras de trabalhos escolares, artísticos ou literários; resultado de concursos; murais de instituições convidadas; exposição fotográfica; painéis de Secretarias públicas; standes de ONGs convidadas; barracas de órgãos convidados, como Batalhão Florestal de Polícia

Militar, Divisão de Combate a Incêndio do Corpo de Bombeiro, IBAMA e outros.

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Algumas datas que podem ser aproveitadas para implementar a FEIRA VERDE:

21 de março - Dia Mundial das Florestas 22 de abril - Dia da Terra 5 de maio - Dia do Sol 5 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente 19 de setembro - Dia Mundial de Limpeza das Praias 21 de setembro - Dia da Árvore 1 de outubro - Dia Internacional das Águas 3 de outubro - Dia do Habitat 4 de outubro - Dia Mundial dos Animais 6 de novembro - Dia da Pilha

O objetivo desta ação é congregar a comunidade em torno de um tema gerador, incentivando a construção da consciência coletiva acerca da conservação do meio ambiente.

O importante será vivenciar o processo. Cada trabalho manual elaborado por uma criança, cada reunião preparatória organizada para definir atribuições, cada idéia apresentada, cada encaminhamento realizado, cada ofício preparado, cada lembrança e decisão de convidar uma palestrante, dente todos os outros atos e desdobramentos, ficará registrado na memória das pessoas envolvidas.

Que trabalhos manuais as crianças e pessoas de outras idades poderão desenvolver? Por exemplo: modelagem em argila, papel artesanal, maquetes, terrários, desenhos individuais em papel ofício, desenhos coletivos em papel pardo. Imagine as paredes e muros como um cenário montado composto de, pelo menos, um trabalho de cada membro de instituição.

É necessário reunir pessoas de perfil empreendedor para articular o comando das atividades. A responsabilidade e o compromisso serão qualidades fundamentais para o bom desenvolvimento do trabalho. Para tanto, deve-se redobrar a atenção para o cumprimento dos prazos estabelecidos no cronograma.

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Para enriquecimento da Feira Verde, você pode implementar o ECO-RÁDIO. Um pouco de articulação e boa vontade dos membros da comunidade, são suficientes para fazer funcionar no dia do evento, uma Rádio Ecológica. É um rádio comum emprestado por alguém, com fios (doados) interligando algumas caixas de alto-falantes tocando músicas com temas ambientais e informações relevantes para a área de meio ambiente, curiosidades, etc.

Pode-se montar uma equipe de locutores voluntários participando sob a forma de escala, assim como definir quem será o editor, redator dos textos, colecionador dos temas e assuntos.

Três Técnicas de Educação Ambiental Três Técnicas de Educação Ambiental

Estas três técnicas de educação ambiental, divulgados pela CETESB na cartilha "Educação e Participação", podem ser de grande utilidade tanto dentro quanto fora da sala de aula, pois possibilitam o encontro do aluno com o meio em que vive, desen-volvendo sua postura de análise, reflexão, crítica e ação. Pos-sibilita ainda o contato direto e o reconhecimento dos espaços físicos, bem como o encontro entre os que agem na mudança da sociedade e do meio natural.

a. Estudo do meio Leva o aluno a estudar os diversos componentes da natureza e da sociedade, tornando-o mais consciente da realidade em que se insere. Consiste numa técnica de colocar o aluno em contato progressivo com todos os elementos do ambiente em que vive e atua (escola, comunidade, meio físico etc.), através de passeios ecológicos.

Objetivos: O aluno deverá ser capaz de entrar em contato com a realidade, através de seus múltiplos aspectos, de modo objetivo e or-denado. Conhecer o meio a fim de senti-lo, usá-lo e aproveitá-lo; reconhecer os aspectos negativos da sociedade, sem

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desenvolver rancores, porém de forma coerente, visando a superação dos males de forma construtiva.

Planejamento: Deve ser realizado pelo professor com a participação dos alunos. É aconselhável um reconhecimento prévio do local a ser estudado. Com as informações e observações obtidas, os professores devem analisar as situações e escolher algumas para discuti-las com os alunos em função de cada disciplina. Para a coleta de dados tanto vale o relatório, quanto fotografias, entrevistas, consultas de arquivos etc. Os alunos devem atuar agrupados em equipes, cientes e preparados para as tarefas a serem cumpridas.

Execução: Fazer a coleta de dados, elaborar o trabalho e tirar conclusões. Cada grupo redigirá um relatório referente à tarefa e se informará dos relatórios dos outros grupos, a fim de se obter uma visão global do meio estudado.

Apresentação: Reunião para grupos exporem e discutirem seus relatórios, podendo-se usar diversas técnicas de apresentação: maquetes, slides, fotos, dramatização, painéis, jogral etc.

b. Estudo de caso Leva o aluno a averiguar com aprofundamento uma situação particular que constitua principal ameaça ao meio a que pertence a comunidade e refletir sobre ela, a fim de contribuir para a solução. Por exemplo: indústria poluidora, fonte fixa de poluição, depredação ou destruição ambiental etc.

Objetivos Conhecer melhor o meio através de contato com a realidade; descobrir aspectos particulares de um caso relevante na co-munidade através de pesquisa e reflexão; servir de veículo de integração entre várias disciplinas, séries, escola, comunidade e meio.

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Metodologia: Reconhecimento do meio a ser trabalhado para seleção de caso; averiguação do campo e anotações; contatos necessários (entidades, pessoas pertinentes ao assunto); planejamento global da aplicação técnica; elaboração de instrumentos para coleta de dados; execução do planejamento; análise dos dados coletados; apresentação dos resultados finais.

Planejamento: Direcionamento de conteúdo; qual a questão fundamental do caso? O que será mais enfocado no estudo? Quais os problemas relacionados e ocasionados por ele? Como isto está afetando o meio? Quem são os principais prejudicados e beneficiados? Como se processa e se processou o problema e por quê? Quais as alterações ocorridas e que poderão ocorrer?

c. Memória viva Resgate de imagens conservadas na memória, através do relato de pessoa idosa ou experiente, da comunidade, aos alunos. Possibilita voltar a sentir sensações de alegria e tristeza de fatos vividos. É conhecer, recriar, reconstruir e retratar fatos ocorridos no passado e, com visão crítica e de análise, associar as mudanças do meio no decorrer do tempo.

Objetivo: Proporcionar ao aluno a possibilidade de, em contato com o antigo meio, utilizar o raciocínio abstrato e associar as mudanças do meio no decorrer do tempo.

Procedimentos: As pessoas escolhidas para a entrevista com os alunos devem ter raízes antigas no bairro e apresentar tendência a conversar, ouvir, dialogar. Ao entrevistado solicita-se; falar onde nasceu e como foi a infância; descrever a casa, escola, quintal, pomar, o

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trajeto da casa a escola, os professores e colegas, o sistema de ensino; o bairro como foi criado, o que era o local antes (sítio, fazenda, chácara etc.), como era a disposição das casas na rua, no bairro, os recursos que o bairro apresentava quanto às áreas de uso coletivo como jardins, praças, bosques, parques, áreas verdes; os rios, riachos, os córregos que passam pelo bairro, se tinham águas límpidas, peixes; as pessoas os utilizavam para recreação e abastecimento etc. - e hoje, como está?; os hábitos alimentares; as festas religiosas e atividades culturais; as políticas e os políticos como eram e se haviam alguém que se interessava ou atuava em benefício do meio ambiente; qual a atividade econômica principal, quais os produtos agrícolas que existiam e quais perduram até hoje; a atividade industrial instalada no bairro e quais os benefícios e prejuízos que acar-retaram no bairro, como barulho, fumaça, poluição etc.; a atividade comercial instalada no bairro e quais os benefícios e prejuízos decorrentes com a provável expansão do comércio; os sistemas e meios de transporte; o sistema de comunicação e como as pessoas faziam para informar-se. Ressalta-se que não há necessidade de ter pressa ou qualquer outra linearidade na prosa.

Apresentação: É interessante que a realização da Memória Viva seja feita em conjunto com os estudos de caso e de meio.

Carta aos Professores Carta aos Professores

“Você, professor, pode não se considerar um ecologista na acepção da palavra, mas naturalmente gosta de natureza e não acha bom quando a destroem. Mas o que fazer? Os poluidores costumam argumentar que a poluição é o preço do progresso. Mas será que existe só esse tipo de progresso? Claro que não! E, depois, progresso é para gerar desenvolvimento e bem estar, por isso não se justifica que prejudique a saúde da população com poluição do meio ambiente. Esse tipo de progresso não é progresso. É atraso.

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Então, a primeira coisa a fazer diante de uma agressão à na-tureza é NÃO FICAR CALADO! A Constituição nos garante que um meio ambiente preservado é direito de TODOS! Precisamos nos organizar para garantir nossos direitos a um meio ambiente limpo, para nós e para os que virão depois de nós!

Mas como enfrentar problemas tão graves, se somos tão poucos? Pensando assim, muita gente que poderia ajudar, acaba ficando de fora. Se nenhum de nós nunca começar, nunca tomar uma atitude pessoal e firme diante da poluição ao nosso meio ambiente, seremos sempre poucos. Mas você pode ajudar a mu-dar isso a partir de sua sala de aula, com seus alunos.

Veja como ajudar:

REVEJA SEU PLANEJAMENTO ESCOLAR Introduza a questão ambiental em todas as matérias do seu plano de aula. A Educação Ambiental pode e deve estar presente em todas as matérias! Não só na Ciência, mas também na Matemática, Português, História, Geografia, Artes etc. Encontrar as maneiras de fazer isso é um desafio para você. Converse com seus colegas da mesma disciplina e estudem juntos as possi-bilidades de incluir a questão ambiental em cada item do plano de aula. Use a criatividade.

SAIA DA SALA DE AULA Será que aquele rio que passa ao lado da escola sempre foi poluído? Onde ele começa a ficar poluído? Onde ele nasce? Que tipo de poluição suja o rio? Quem suja mais? Como fazer para defender os rios? São perguntas que só podem ser respondidas botando o pé no chão, marcando dia e hora com sua turma para todos fazerem isso em equipe. Isto é só um exemplo das muitas possibilidades que você pode vivenciar com seus alunos.

Mas para isso acontecer você deve primeiro vencer algumas barreiras como, por exemplo:

"fazer atividades com alunos fora de sala é muito complicado, dá muito

trabalho. Se em sala de aula eles já não obedecem direito, imagina na

rua". Se precisar fazer a atividade num fim de semana ou feriado

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é ainda pior: "Sábado não é meu dia de trabalho, por tanto não vou me

prejudicar"; ou então: "não tenho tempo". Como se a conquista dos nossos direitos precisasse de pessoas desocupadas. Pessoas desocupadas normalmente não se interessam por coisa alguma, por isso são desocupadas. Tempo a gente arranja, administrando nossa vida.

Tem um provérbio árabe que diz assim:

QUANDO ALGUÉM QUER FAZER ALGUMA COISA, SEMPRE ARRANJA UM JEITO. QUANDO NÃO QUER FAZER, SEMPRE ARRANJA UMA DESCULPA! Por isso, estimule seus colegas a vencerem barreiras, se não, a natureza vai ficar cada vez pior, e os maiores prejudicados seremos nós próprios e aqueles que virão depois de nós, como nossos filhos e netos.

TRABALHE EM EQUIPE E BUSQUE AJUDA Existem grupos ecológicos, Associações de Moradores, Sindica-tos, Clubes de Serviço etc. que podem ser aliados.

Pelo lado do Governo você pode contar também com ajuda, mas não alimente muitas ilusões. Os órgãos governamentais de meio ambiente normalmente carecem de verba e pessoal. De qualquer maneira, você deve procurá-los ao constatar alguma irregu-laridade, exigindo direitos de cidadão.

Então, a defesa dos nossos direitos ao meio ambiente preservado, é feita assim: buscando aliados nas forças populares, procurando os órgãos governamentais de meio ambiente, evitando ser envolvido ou iludido pelos adversários naturais, que são aqueles que enriquecem com a destruição do meio ambiente.

Experimente dividir essa tarefa com seus alunos: identifique uma boa causa através do estudo do meio ou de caso, entre em contato com seus possíveis aliados, procure legislação e documentos sobre o problema, convoque técnicos para palestras na escola, escreva para entidades que tenham informações, pro-cure a imprensa para denunciar as agressões ambientais. Você

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vai descobrir que suas aulas se tornarão muito interessante e seus alunos bastante motivados.

Como Organizar um Passeio à Floresta Como Organizar um Passeio à Floresta

Medo. É a primeira palavra que surge na cabeça das pessoas que nunca puseram os pés numa floresta. Vai desde o medo com coisas reais, como cobras, buracos, ficar perdido etc., até o medo do imaginário como lobo mau, lobisomem etc. Ao entrar na floresta, após ter vencido ou controlado esses medos a tendência é o extremo oposto, como se fosse uma festa, sendo desne-cessário fazer silêncio, observar por onde se está indo ou onde pisa. Antes de fazer qualquer passeio à floresta, o professor deve preparar seus alunos, encontrando o meio termo entre o pavor sem fundamento e falta de cuidado ou desrespeito com a floresta.

O silêncio é fundamental na floresta. Correria, gritos, barulhos muito fortes, assustam os moradores da floresta, como os pássa-ros, por exemplo, que param logo de cantar, privando-nos de um dos grandes prazeres da mata, que é o seu som.

O ritmo da caminhada deve ser o do participante mais lento. Ter um objetivo definido para as observações também ajuda, pois são muitos os estímulos aos sentidos numa floresta. Só de tons de verde existem mais de 30 diferentes na mata. Sons nem se fala. Formas de folhas são uma infinidade. A floresta é uma verdadeira festa para os sentidos. É bom distribuir antes as tarefas sobre o que cada um deve fazer ou observar para depois, ao voltar à sala de aula, fazer os relatórios do passeio.

Do ponto de vista pedagógico, um passeio à floresta é uma rara oportunidade de integração entre as diferentes disciplinas: língua portuguesa cuida dos relatórios escritos; matemática coleta materiais para experiências concretas em sala de aula; educação artística identifica formas e materiais; e assim por diante.

Algumas dicas que podem ajudar o professor:

Onde ir. Para quê

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A discussão com os alunos dos lugares a serem visitados bem como outros preparativos já serão motivo suficiente para sensibili-zar os alunos sobre temas do currículo. Basta ficar atento para as oportunidades que irão surgindo. É importante preparar os alunos antes para o que você pretende que observem durante o passeio, em função do roteiro e objetivos. A floresta a ser visitada deve ser a mais próxima possível da comunidade. Não ajuda muito fazer viagens que só complicam e encarecem o passeio, para conhecer outras realidades distantes dos alunos.

Enfrente o Pessimismo Imobilista A tendência dos colegas e da escola é arranjar vários pretextos e dificuldades para desaconselhar o passeio. Por trás de todo esse "aconselhamento" está, na verdade, o comodismo. Procure es-timular a escola para a realização de mutirões pedagógicos.

Solicite Autorização É necessário estar devidamente autorizado tanto em nível dos pais dos alunos, quanto da direção da escola. Caso o passeio seja numa área de proteção ambiental, não esqueça de também pedir autorização ao órgão responsável pela guarda da área, bem como informar-se dos horários e até solicitar um técnico que conheça bem aquela área para orientar o passeio.

Faça Uma Lista A relação do material necessário varia em função do tempo de duração do passeio e do local. Para os alunos: roupas e calçados confortáveis e que protejam de arranhões e insetos (tênis com meia, sunga ou biquíni para o caso de algum rio ou cachoeira pelo caminho, calça comprida, camiseta de manga comprida para evitar insetos); pequena mochila com lanche frio (suco ou leite em caixinha, sanduíches, ovo cozido, frutas, biscoitos); água de beber: material para registros (caneta, caderno para escrever e desenhar, lápis e borracha, gravador, máquina fotográfica etc.); sacos para recolher o lixo e coletar materiais para o cantinho da natureza e museu natural. Para o Professor: os mesmos itens dos alunos e mais, papel higiênico para todos; material e manual de primeiros socorros (água oxigenada, mercúrio, gaze,

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esparadrapo, pomada anestésica, band-aid, algodão, atadura, amônia - para picadas de insetos, protetor contra queimaduras do sol, repelente, anti-alérgicos, analgésicos, álcool, tesoura, pinça, faca ou canivete etc.); fósforos etc.

Planeje Antes Programe bem o horário: tempo de viagem, hora para concentração, saída, paradas para lanche, retorno etc. Lembre-se que na mata escurece mais cedo. Planeje paradas estratégicas, em função das características locais, para aulas ao ar livre sobre temas curriculares. Por isso é aconselhável uma visita prévia do professor. Procure fazer um mapeamento das trilhas e sempre vá acompanhado por alguém que conheça o local, de preferência algum grupo ecológico que atue na área, para já ir fazendo a integração escola-comunidade. O transporte pode ficar ao encargo de cada aluno se o local do passeio for perto, não sendo necessário ônibus ou algum esquema especial. Combine um ponto onde todos possam chegar de ônibus. Daí em diante é andar à pé. Pode ser uma boa oportunidade para ensinar seus alunos a se portarem civilizadamente nas vias públicas.

Prepare os Alunos Em função de cada uma das disciplinas, o que você pretende que seus alunos observem? Comece uns 15 dias antes a preparar o passeio com os alunos, falando sobre temas do currículo para explicar o que pode vir a ser observado durante a estada na floresta. É como utilizar o meio ambiente como laboratório vivo para as observações da natureza. É muito importante orientar seus alunos sobre a maneira correta de portar-se na floresta. Ela é a casa das árvores e dos animais. A gente não costuma jogar lixo na casa dos outros quando vai visitá-los. A única coisa que podemos deixar numa floresta são pegadas. As únicas coisas que podemos tirar são fotografias (exceção aos materiais mortos para o museu ou trabalhos de arte a serem coletados com critério).

Relaxe e Aproveite

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Essa visita proporciona um clima de ensino e aprendizagem moti-vador. Preste atenção nos seus alunos, no brilho dos olhos, no interesse por tudo em volta. Você está vendo os homens e mulheres que estarão, amanhã, cuidando dos destinos do planeta. Deles talvez dependa a sobrevivência da própria floresta que visitam. Não se preocupe só em ensinar. Procure aprender também com seus alunos. Ver o mundo pelos olhos das crianças e dos jovens. Um exercício que pode ser revigorante.

“Contrapondo-se aos discursos genéricos e aos planos oficiais dos

governos, diversos grupos organizados têm trazido a público o ponto de

vista daqueles mais diretamente afetados pela degradação ambiental e

por um modelo de desenvolvimento predatório.”

- Educação Ambiental - Uma Abordagem Pedagógica dos Temas da Atualidade - CEDI/CRAB

Educação Ambiental Não-Formal EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL

Não-formal é aquela educação ambiental que não se limita à escola. Pode ser desenvolvida por autodidatas e através de projetos, como, por exemplo, a campanha Adote Uma Árvore ou a Gincana de Lixo. Deve buscar a integração escola-comunidade-governo-empresa, envolvendo a todos em seu processo educativo. O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO, definiu que a educação ambiental não-formal visa formar "uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam".

1. Como Fazer um Projeto de Educação Ambiental Há inúmeras formas diferentes para se elaborar um projeto, mas certos elementos são comuns como, por exemplo título, objetivos, metodologia, recursos disponíveis e a conseguir, cronograma custos, referências. Este modelo para projetos foi baseado no

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formulário do Fundo Mundial Para a Natureza (WWF). Entretanto não há um modelo universal para todos os casos. É preciso adaptar aos diferentes modelos de formulários a fim de obter patrocínio. Cada patrocinador costuma ter seu próprio modelo. Ligue antes e peça.

a. CAPA Título: Dê um título ao projeto que já deixe claro o principal ob-jetivo. Pode ser um título pequeno, uma ou duas palavras, com um subtítulo que identifique o objetivo a ser alcançado.

Candidato(s): Estipule os nomes e endereços dos responsáveis pelo projeto. Forneça também o nome e endereço das instituições e se possível, o endereço e telefone para contato no campo.

Endossamento institucional: Faça uma lista de organizações priva-das e/ou governamentais que apóiam o projeto que está sendo enviado e acrescente cartas de apresentação.

Período do projeto: Estipule as datas nas quais o financiamento será solicitado.

Orçamento total: Dê o custo total do projeto. Caso o projeto seja de múltiplos anos, determine o custo global e o custo para cada ano.

Resumo: o resumo deverá conter informações concisas sobre o requisitado na descrição do projeto.

b. DESCRIÇÃO DO PROJETO

Definição do problema ou assunto em questão: Faça uma definição concisa do problema ou assunto do projeto.

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Importância do projeto quanto ao tratamento do problema ou assunto em

questão: O leitor deve sentir que o problema pode ser tratado com su-cesso, num razoável período de tempo, com os recursos disponí-veis e que o projeto fará uma diferença mensurável no sentido de resolver ou melhorar o problema.

Objetivos Situe os objetivos do projeto.

Método/Plano de Ação: Defina os métodos que serão usados durante o projeto. Faça também um cronograma indicando, antecipadamente, as datas para as ações do projeto. A metodologia deve descrever como os objetivos serão alcançados. Verifique se ficou clara a conexão entre os objetivos do seu projeto e os métodos propostos, evite redundâncias.

c. CONTINUIDADE DO PROJETO Como os fundos são limitados, muitos doadores não estão inte-ressados em financiar projetos que representem esforços isola-dos de conservação. Ao contrário, eles buscam projetos bem vin-culados, com estratégias a longo prazo. E importante, portanto, demonstrar que haverá uma continuidade do projeto e que existe um compromisso verdadeiro entre a sua instituição a outros en-volvidos na implementação de recomendações, planos, estraté-gias, materiais, etc., resultantes do projeto. Indique se você pretende participar da continuidade do projeto, ou quem será o novo encarregado (indivíduo ou instituição).

d. RECURSOS HUMANOS Defina, de maneira breve, os antecedentes de cada indivíduo e que papel cada um deles desempenha nas diferentes fases do projeto. O curriculum vitae de cada indivíduo deve ser anexado ao projeto.

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e. ORÇAMENTO Certifique-se de que tenha feito uma lista com a quantia total necessária para o projeto. Forneça uma lista detalhada das despesas por categorias (ex.: recursos humanos, viagens, materiais de consumo, equipamentos, etc.).

Pessoas ou instituição para quem o pagamento deve ser feito: Se o pagamento for enviado em forma de cheque, indique como o cheque pode ser enviado. Inclua também o endereço o telefone da pessoa a qual o pagamento será enviado.

Caso o pagamento tenha que ser depositado numa conta, por telex, dê o nome, endereço e telefone do banco, pessoa de con-tato no Banco, nome e número da conta e nome da pessoa ou instituição que tem a conta.

Plano de pagamento requisitado: Indique a melhor forma de pagamento, de acordo com a ne-cessidade do projeto.

f. REFERÊNCIAS Forneça nomes, endereços e telefones de 3 pessoas compe-tentes para rever sua proposta e suas qualificações para ser o responsável pelo projeto.

g. APÊNDICES - Curriculum vitae e lista de publicações do pessoal que parti-cipará do projeto.

- Relatório anual ou relatório de atividades e declaração de renda da instituição.

- Mapa da área do projeto.

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- Carta de endosso de instituições locais, agências go-vernamentais, apoio de autoridades internacionais bem conheci-das, etc.

- Descrição mais detalhada dos métodos.

Duas Ideias Para Projetos Duas Idéias Para Projetos

Gincana da Reciclagem É preciso esclarecer que lixo não existe. O que se chama de lixo é só matéria prima fora do lugar. O objetivo da gincana da reciclagem e projetos de coleta seletiva do lixo não é motivar os alunos a lidarem com materiais recicláveis. Este é o alvo secundário. O objetivo principal é, através do envolvimento dos alunos nos projetos, estimular a reflexão crítica sobre a sociedade de consumo, baseada da superexploração ilimitada de recursos naturais limitados, no desperdício, no descartável, no supérfluo. Por isso é fundamental que a gincana da reciclagem seja o tema interdisciplinar de mutirões pedagógicos que envolvam todas as disciplinas. Cada professor, dentro das especificidades de sua disciplina, deve explorar ao máximo, em sala de aula, o tema da gincana, estimulando os alunos a re-fletirem criticamente sobre a questão do lixo diante do meio ambiente e da sociedade consumista e desperdiçadora em que vivemos.

Consiga um canto qualquer da escola, se possível fora do acesso dos alunos, para a estocagem dos materiais. A gincana pode durar um mês e envolver todas as turmas da escola ou só as turmas de um dos turnos. Ganha a gincana a turma que conseguir o maior peso de papel velho ou alumínio, por exemplo. Os materiais devem ser acondicionados em sacos grandes, com o número da turma bem visível. Ao final do período, percorra os ferros-velhos ou locais de compra de materiais e veja o melhor preço. Combine com o comprador um dia certo para a pesagem (deve ser feita na frente dos alunos), transporte e pagamento dos materiais. A metade do que for apurada com a venda total dos materiais fica para a turma vencedora. A outra metade fica para a escola adquirir uma vasilha de lixo extra para colocar em cada sala de aula para os materiais recicláveis, galões adequados para

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a seleção de materiais e impressão de circulares e manuais sobre como fazer a coleta seletiva de lixo, para distribuição entre os pais dos alunos e outras escolas.

Podem ainda ser desenvolvidos concursos paralelos de redação e cartazes com o tema lixo e meio ambiente, bem como palestras que estimulem a formação de grupos ecológicos na escola.

O lixo é, seguramente, ao lado da falta de rede de esgoto, o maior problema do meio ambiente nas cidades. Estimular a seleção e a reciclagem é contribuir para novas posturas dos cidadãos com suas cidades e o meio ambiente.

(fac-símile de matéria de jornal)

Uma Experiência Bem Sucedida de Educação Ambiental

A professora e orientadora educacional Sueli Berna, esposa do autor, de-

senvolveu o projeto da Gincana da Reciclagem na Escola Estadual Nilo

Peçanha (São Gonçalo, RJ), em 1990, com grande sucesso. Resultou na

coleta de cerca de duas toneladas de material inorgânico (papel e

alumínio), que correspondeu a cerca de 1,5kg por aluno, além de ter

estimulado a formação de três grupos ecológicos, com palestras sobre

meio ambiente e concurso de redação e cartazes na escola.

+++ Adote Uma Árvore A campanha Adote Uma Árvore tem por objetivo secundário estimular o reflorestamento das cidades, especialmente nas áreas críticas. Como objetivo principal, o projeto visa desenvolver nas crianças o respeito não apenas à árvore adotada, mas, por extensão, à todas as árvores, estimulando o amor pela natureza, a participação organizada dos alunos na defesa do meio ambiente e a cobrança às autoridades de políticas públicas que garantam a proteção das atuais áreas de vegetação, o plantio e recuperação de áreas degradadas e a manutenção das áreas reflorestadas.

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A campanha tem três momentos principais: o da divulgação, que pode ser através de palestras; o da entrega do termo de responsabilidade, onde cada aluno assume o compromisso pela árvore adotada, que deverá ser assinado pelo pai ou responsá-vel; e a entrega da muda, quando o aluno receberá ainda um di-ploma de Amigo da Natureza. Esse envolvimento é fundamental para criar-se vínculos entre o aluno e a árvore. Como tarefa de aula, pode ser pedido que o aluno mantenha um caderno para anotar o desenvolvimento de sua árvore, inclusive com desenhos, registrando as mudanças ao longo das estações do ano, bem como a ocorrência de pragas, animais, etc. Tais observações serão ótimas motivadoras para aulas sobre estudos dos vegetais e suas partes, seres vivos, interação entre vegetais e animais, poluição etc.

Modelo de texto para os alunos:

Adote Uma Árvore

Sem árvores a cidade se torna quente, abafada, cheia de poeira e

fumaça e, como as árvores são as casas dos animais, uma cidade sem

árvores também tem poucos pássaros. A vida de pessoas que moram

em cidades assim acaba ficando triste, e seus moradores desanimados e

até doentes. Nós, que gostamos da natureza e não queremos vê-la

destruída, precisamos ajudar a preservar as árvores que já existem. Elas

podem estar por todo lado. Na calçada em frente à nossa casa, na praça,

na mata próxima ou numa floresta. Essas árvores são todas órfãos, quer

dizer, ninguém ainda as adotou.

Adote uma árvore e assuma o compromisso de cuidar dela, proteja de

acidentes, cuide de suas pragas e doenças, regue sempre que possível

nos dias em que não chover e, muito importante, converse com sua

árvore. É isso mesmo. Os cientistas já constataram que as árvores es-

cutam, têm sentimentos e até lembram de você. Se puder leia o livro "A

Vida Secreta das Plantas", de Peter Tompkins e Christopher Bird. Você

vai ver que a árvore pode ser sua melhor amiga.

Mas se você não quiser adotar uma árvore que já existe. Mesmo que

esteja na rua ou na praça perto de sua residência, plante você mesmo a

sua árvore. É só conseguir a mudinha e escolher bem o local. Você vai

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ter uma amiga para sempre, afinal, dentre todos os seres vivos, as

árvores são as que têm vida mais longa.

Educação Ambiental na Empresa Educação Ambiental na Empresa

A educação ambiental feita por uma empresa deve se inserir numa política ambiental empresarial, que inclua não apenas projetos educacionais propriamente ditos, mas um compromisso com a gestão ambiental, controle de efluentes, etc. Depois, é preciso adotar a educação ambiental de forma sistêmica, ou seja, envolvendo toda a empresa e não apenas um de seus setores. Pois não adianta um setor para preservar e criar uma imagem de compromisso da empresa com o meio ambiente, se outros setores continuam contribuindo para a imagem de empresa poluidora. E finalmente, qualquer programa de educação ambiental deve estar baseado no desejo da empresa em se comunicar francamente com seus diversos públicos. Durante o período autoritário que vivemos no Brasil, muitas empresas adotaram o silêncio como estratégia para se protegerem de problemas. Hoje, com a abertura democrática, a omissão e a sonegação de informações é maneira mais rápida de estimular o boato e as notícias erradas, fonte de infortúnios para muitos empresários, obrigados a investir fortunas para recuperar depois a imagem da empresa, às vezes sem conseguir.

Dito isso, um programa básico de educação ambiental na empresa deve levar em conta quatro públicos distintos, mas interligados, para os quais podem ser desenvolvidos projetos específicos, a serem executados um a um, na medida dos recursos disponíveis e do planejamento estratégico da empresa. O primeiro público-alvo são os próprios funcionários, compreen-dendo a Diretoria, o corpo técnico e os operários, com extensão aos prestadores de serviços. Esse público é o melhor multi-plicador de opinião da empresa. É bom realizar seminários internos e campanhas de conscientização adequados a cada nível na empresa, engajando todos na nova responsabilidade com o meio ambiente. A implantação da coleta seletiva interna de lixo pode constituir numa boa ferramenta dessa nova mentalidade. Os resíduos podem ser trocados por cadernos para os filhos dos funcionários.

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O segundo público-alvo da empresa é a comunidade vizinha. Ela é a primeira a ser ouvida pela imprensa e políticos quando acontece algum problema na empresa ou imediações. Não adianta adotar a política de "comprar" as lideranças da comuni-dade, pois em momento de crise, quando a imagem da empresa corre risco, estas lideranças tendem a ficar ao lado da comunidade, pois poderão ser substituídas por outras.

O terceiro público-alvo é a chamada opinião pública, ou grande público, junto à qual a empresa deve manter uma imagem positiva, de credibilidade e prestígio. Aqui o melhor caminho, além de campanhas de publicidade na grande mídia, é a produção de notícias que interessem à imprensa como pauta jornalística. Isso requer uma política de relações públicas e comunicação que saiba identificar o que é notícia jornalística do que é release institucional no âmbito da empresa.

E, por quarto e último, o público específico, compreendido pelos jornalistas e ecologistas, devido seu alto poder de influência junto a opinião pública e de multiplicação de informação. É um público crítico, desconfiado e exigente. O melhor antídoto para esta desconfiança é a verdade e a transparência.

Um alerta. O fato de uma empresa decidir investir em sua imagem para adquirir credibilidade e querer cuidar do meio ambiente, não quer dizer que ela deixe de ser poluidora, muito menos que ela se livrará de seu passivo ambiental. Logo, não se pode esperar grandes progressos de um programa de educação ambiental da noite para o dia. Os resultados irão vindo aos poucos e poderão ser mais rápidos, se houver o engajamento dos setores da empresa como comunicação social, marketing, publicidade e propaganda, relações públicas.

Os efeitos prejudiciais que a mídia eletrônica tem sobre as pessoas não

são intrínsecas à própria mídia, mas resultam das formas como esta é

usada.

- Patrícia Marks Greenfield - O Desenvolvimento do Raciocínio na Era

da Eletrônica.

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Educação Ambiental Informal EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL

O que pode haver de comum entre o cantor Roberto Carlos, Ma-donna e Sting além da música? A Ecologia, é claro. Roberto canta músicas com temas ambientais, em defesa da baleia, e realiza show como o "verde é vida", sobre o assunto. Madonna fez uma grande festa ecológica com mais de dois mil convidados para arrecadar dólares em defesa da floresta Amazônica, assim como o Sting que viajou o mundo com o cacique Raoni. Cada vez que um cantor ou artista realiza um show, ou música com tema ecológico, mesmo que não saiba disso, assume o papel de motivador do processo educativo, contribuindo para a sensibi-lização do público.

A educação ambiental informal baseia-se mais na informação, ao contrário das outras, baseadas na formação. Por isso, é importante refletir sobre as interfaces entre informação e formação para efeito da educação ambiental. É preciso reconhecer que os meios de comunicação, por sua pró-pria natureza, estão muito mais em sintonia com o que a sociedade está querendo num determinado momento do que o sistema educacional. A diferença se dá no tempo. Os meios de comunicação procuram mostrar o fato quando o mesmo ocorre, ao vivo, ou quase. É tão eficiente, quanto mais rápido conseguir informar. Não há tempo para explicações didáticas e, com isso, pode ocorrer uma verdadeira confusão de conceitos envolvendo termos como ecologia, meio ambiente, preservação ambiental, controle de poluição, combate ao desperdício de recursos naturais, proteção à fauna e flora etc.

Ecologia é um tema do cotidiano das pessoas. Por isso, o ideal é que que a educação ambiental formal utilize jornais em sala de aula, ou mesmo vídeo com programas e shows com temas ambientais como motivadores para aulas bem interessantes e, sobretudo, próximas da realidade vivida. Desta forma, a educação ambiental formal incorpora a educação informal, garantindo maior agilidade ao processo educativo, levando o aluno a fixar o aprendizado ao mesmo tempo em que se torna capaz de pensar criticamente sobre sua realidade e também de influir sobre ela.

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Como Utilizar o Jornal em Sala de Aula

O livro “Educação Ambiental - Uma Abordagem Pedagógica da

Atualidade”, editado pelo CEDI/CRAB sugere o uso do jornal em sala de

aula como instrumento didático.

“(...) O jornal é um instrumento privilegiado para se articularem os

conhecimentos espontâneos dos alunos, os conteúdos escolares e os

temas do presente. (...)Vale enfatizar a necessidade de que os alunos

tenham contato com o jornal como um todo, antes de partir para o estudo

de um artigo específico. Assim, além de identificar os assuntos tratados

nas diversas seções, eles podem constatar qual a importância dada a

cada notícia; podem observar quais notícias merecem destaque na

primeira página e quais merecem apenas uma nota num canto de seção.

(...) É interessante os alunos observarem como a questão ambiental é

enfocada. Muitas vezes, uma mesma notícia pode ser tratada de formas

diferentes, dependendo do veículo de informação. Os alunos podem ser

incentivados ainda a comparar o noticiário da imprensa com o da

televisão.

(...) O jornal pode ser um excelente material didático para introduzir a

atualidade em sala de aula e abrir a escola para a realidade cotidiana

dos estudantes. No que diz respeito aos temas ambientais, ele é um

recurso indispensável para que possam relacionar as grandes questões

mundiais, nacionais ou regionais com as suas experiências vividas, com

suas percepções do que é o meio ambiente e qualidade de vida. Desde

cedo, a criança e o adolescente podem formar suas opiniões e se

posicionar diante dos fatos que ocorrem ao seu redor. O trabalho com

jornal é ainda uma boa oportunidade de integrar os conteúdos de

linguagem com os das outras disciplinas curriculares. Os estudantes

podem, por meio dele, desenvolver sua capacidade linguística não

apenas decorando regras e categorias gramaticais, mas utilizando o

texto para compreender criticamente a realidade.”

Textos Auxiliares Tudo está relacionado entre si

Carta que o cacique índio Seattle, da tribo Duwamish, do Estado de Washington, escreveu ao presidente Franklin Pierce, dos Estados Unidos, em 1855, depois do governo norte-americano ter

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dado a entender que desejava adquirir o território da tribo. Quase 150 anos atrás, quando nem mesmo haviam inventado o termo ecologia, um índio já ensinava os mais profundos conceitos ecológicos, válidos até hoje. Foi a leitura deste texto, na década de 80, que me fez decidir pela defesa do meio ambiente.

O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar nossa

terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua

benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não ne-

cessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em tua oferta, pois sa-

bemos que se não o fizermos o homem branco virá com armas e tomará

nossa terra. O Grande Chefe em Washington pode confiar no que o

chefe Seatle diz, com a mesma certeza com que os nossos irmãos

brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra

é como as estrelas. Elas não impalidecem. Como podes comprar ou vender o céu - o calor da terra? Tal idéia nos é

estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da

água. Como podes comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre o nosso

tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada uma folha

reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas

escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas

tradições e na consciência do meu povo. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver.

Para ele um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que

vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua

irmã, mas sim sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa

para trás o túmulo do seu pai, sem remorsos de consciência. Rouba a

terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece as sepulturas dos

antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrecerá a terra

e vai deixar atrás de si os desertos. A vista de tuas cidades é um

tormento para os olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim

por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende. Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um

lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o

tinir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada en-

tende, o barulho das cidades é para mim uma afronta contra os ouvidos.

E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz

do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio

prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho da água e o próprio

cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pi-

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nho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vi-

vos respiram o mesmo ar - animais, árvores, homens. Não parece que o

homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo,

ele é insensível ao mau cheiro. Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição. O homem branco deve

tratar os animais como se fossem irmãos. Sou um selvagem e não

compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões

apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco, que os

abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo

como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um

bisão que nós, índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria

vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais

acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo

quanto acontece aos animais pode afetar os homens. Tudo está

relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da

terra. Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos

guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota

passam o tempo em ócio, e envenenam o corpo com alimentos doces e

bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os

nossos últimos dias - eles não são muitos. Mas algumas horas, até

mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que

viveram nesta terra ou que tem vagueado em pequenos bandos nos

bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que um dia foi

tão poderoso e cheio de confiança como o nosso. De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a

descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que O podes

possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não

podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer o bem igualmente ao

homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar

dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco

também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua poluindo a tua própria cama e hás de morrer uma noite,

sufocado nos teus próprios dejetos! Depois de abatido o último bisão e

domados todos os cavalos silvestres, quando as matas misteriosas fede-

rem à gente - onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as

águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinhas da torre, à

caça do fim da vida e o começo da luta para sobreviver... Talvez compreenderíamos se conhecêssemos com que sonha o homem

branco, se soubéssemos quais esperanças transmite a seus filhos nas

longas noites de inverno, quais visões do futuro oferece às suas mentes

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para que possam formar os desejos para o dia de amanhã. Mas nós

somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E

por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. Se

consentirmos, é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez

possamos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que

o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da

sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu

povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos

como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te

vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a

como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando dela

tomaste posse. E com toda a tua força, o teu poder, e todo o teu coração

conserva-a para teus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma

coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por

ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

Agenda 21 Agenda 21

No dia 22 de dezembro de 1989, a Assembléia Geral das Nações Unidas convocou um encontro global para elaborar estratégias que interrompessem e revertessem os efeitos da degradação ambiental "no contexto de crescentes esforços nacionais e in-ternacionais para promover o desenvolvimento sustentável e am-bientalmente saudável em todos os países".

A Agenda 21 adotada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no dia 14 de junho de 1992, é a resposta da comunidade internacional àquela convocação. É um abrangente programa de ação a ser implementado - a partir de agora e se prolongando pelo século 21 - pelos governos, agências de desenvolvimento, organizações das Nações Unidas e grupos setoriais independentes em cada área onde a atividade humana afeta o meio ambiente.

Fundamentando a Agenda 21 está a convicção de que a hu-manidade chegou a um momento de definição em sua história. Podemos continuar com nossas políticas atuais, que servem para aprofundar as divisões econômicas que existem dentro dos países e entre os países; que aumentam a pobreza, a fome, a

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doença e o analfabetismo de todo o mundo; e que estão causando a contínua deterioração dos ecossistemas de que de-pendemos para a vida na Terra.

Podemos mudar de rumo. Podemos melhorar os padrões de vida daqueles que sofrem necessidades. Podemos administrar e proteger melhor os ecossistemas e tornar realidade um futuro mais próspero para todos nós. "Nenhuma nação pode alcançar esse objetivo sozinha", afirma Maurice Strong, Secretário Geral da Conferência, no preâmbulo da Agenda 21. "Mas juntos podemos, através de uma parceria global para o desenvolvimento sustentável".

Destacamos da Agenda 21 o compromisso das nações com a educação ambiental:

PROMOVENDO A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

(Capítulo 36, Seção IV)

A educação é crucial para a promoção do desenvolvimento sustentável e a efetiva participação pública na tomada de de-cisões. As propostas da Agenda 21 focalizam a reorientação da educação no sentido do desenvolvimento sustentável, aumentando a conscientização popular e promovendo o aperfeiçoamento.

Países, escolas e/ou instituições adequadas e organizações in-ternacionais e nacionais devem:

o Esforçar-se para garantir o acesso universal à edu-cação básica.

o Alcançar o objetivo de fornecer educação primária para no mínimo 80 por cento das meninas e 80 por cento dos me-ninos em idade escolar primária, através da escolaridade formal ou da educação informal.

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o Reduzir os índices de analfabetismo adulto para no mínimo a metade de seus níveis de 1990, com atenção particular para as mulheres.

o Sancionar as recomendações da Conferência Mundial de Educação para Todos (Atendendo às Necessidades Básicas de Aprendizado), realizada na Tailândia em março de 1990.

o Fornecer educação ambiental e de desenvolvimento desde a idade da escola primária até a idade adulta.

o Integrar os conceitos de meio ambiente e desenvolvi-mento, incluindo demografia, em todos os programas educacionais, com ênfase particular na discussão de problemas ambientais em um contexto local.

o Criar uma comissão nacional, representativa de todos os interesses ambientais e de desenvolvimento, para dar consultoria sobre educação.

o Envolver as crianças em estudos locais e regionais sobre saúde ambiental, incluindo água potável segura, saneamento, alimentos e ecossistemas.

o Promover cursos universitários interdisciplinares em campos que têm impacto sobre o meio ambiente.

o Promover programas de educação de adultos baseados em problemas locais relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento.

Ainda há uma falta considerável de conscientização sobre a na-tureza inter-relacionada das atividades humanas e o meio ambiente. Um esforço global de educação é proposto para forta-lecer atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudá-veis e que apóiem o desenvolvimento sustentável. A iniciativa deve também promover o turismo ecológico, fazendo uso de par-ques nacionais e áreas protegidas.

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O aperfeiçoamento é um dos instrumentos mais eficazes para promover e facilitar a transição para um mundo mais sustentável. Deve ter como foco específico o emprego, com o objetivo de suprir falhas em conhecimentos e habilidades, de modo a ajudar o indivíduo a se envolver em um trabalho ligado ao meio ambiente e ao desenvolvimento.

O treinamento científico exige a transferência de nova tecnologia, ambientalmente saudável, e de khow-how. Técnicos ambientais devem ser recrutados localmente e treinados para servir às necessidades das comunidades. Os governos, a indústria, os sindicatos e os consumidores devem promover a compreensão do interrelacionamento entre o meio ambiente saudável e as boas práticas empresariais.

O custo anual estimado dos programas da Agenda 21 para edu-cação, promoção da conscientização ambiental e aperfeiçoa-mento fica entre 14,2 bilhões de dólares e 16,3 bilhões de dólares no período 1993-2000. Desse total, de 5,6 bilhões a 6,6 bilhões de dólares têm que provir de fontes internacionais em termos de subvenção ou concessão.

Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global Durante a ECO 92 (Fórum Global das ONGs - Organizações Não-Governamentais) ecologistas e educadores ambientais de todo o mundo reuniram-se no Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, para discutir, entre outros temas da mais alta relevância, os caminhos da educação ambiental a nível planetário.

Após intensas discussões e várias reuniões em diferentes partes do mundo chegou-se a este tratado que, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente construção. Deve portanto propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. O texto aprovado é o seguinte:

Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção da vida na terra, reconhecemos o

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papel central da educação na formação de valores e na ação so-cial. Nos comprometemos com o processo educativo transformador através de envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e eqüitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pequeno, tumultuado mas ainda assim belo planeta.

I. Introdução

Consideramos que a educação ambiental para uma susten-tabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade indi-vidual e coletiva a nível local, nacional e planetário.

Consideramos que a preparação para mudanças necessárias depende de compreensão coletiva da natureza sistemática das crises que ameaçam o futuro do planeta. As causas primárias de problemas como o aumento da pobreza, da degradação humana e ambiental e da violência podem ser identificadas no modelo de civilização dominante, que se baseia em superprodução e superconsumo para uns e em subconsumo e falta de condições para produzir por parte da grande maioria.

Consideramos que são inerentes à crise a erosão dos valores bá-sicos e a alienação e a não-participação da quase totalidade dos indivíduos na construção de seu futuro. É fundamental que as comunidades planejem e implementem suas próprias alternativas às políticas vigentes. Dentre essas alternativas está a necessidade de abolição dos programas de desenvolvimento, ajustes e reformas econômicas que mantêm o atual modelo de crescimento, com seus terríveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espécie, incluindo a humana.

Consideramos que a educação ambiental deve gerar, com urgência, mudanças na qualidade da vida e maior consciência de

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conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com outras formas de vida.

II. Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Res-

ponsabilidade Global

1. A educação é um direito de todos: somos todos aprendizes e educadores.

2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não-formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade.

3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que res-peitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações.

4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social.

5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holís-tica, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.

6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas.

7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e interrelações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como: população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser abordados dessa maneira.

8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.

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9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingüística e ecológica. Isto implica em uma revisão da história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilíngüe.

10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas população, promover oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.

11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de co-nhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou monopolizado.

12. A educação ambiental deve ser planejada para estimular as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana.

13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais.

14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os in-teresses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de educação, não so-mente disseminando informações em bases igualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências métodos e valores.

15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ação. Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis.

16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma cons-ciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

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III. Plano de Ação

As organizações que assinam este Tratado se propõem a implementar as seguintes diretrizes:

1. Transformar as declarações deste Tratado e dos demais produzidos pela Conferência da Sociedade Civil durante o processo do RIO 92 em documentos a serem utilizados na rede formal de ensino e em programas educativos dos movimentos so-ciais e suas organizações.

2. Trabalhar a dimensão da educação ambiental para sociedades sustentáveis em conjunto com os grupos que elaboraram os demais Tratados aprovados durante a RIO 92.

3. Realizar estudos comparativos entre os tratados da sociedade civil e os produzidos pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Utilizar as conclusões em ações educativas.

4. Trabalhar os princípios deste Tratado a partir das realidades locais, estabelecendo as devidas conexões com a realidade planetária, objetivando a conscientização para a transformação.

5. Incentivar a produção de conhecimentos, políticas, metodoló-gicas e práticas da Educação Ambiental em todos os espaços de educação formal, informal e não-formal, para todas as faixas etárias.

6. Promover e apoiar a capacidade de recursos humanos para preservar, conservar e gerenciar o ambiente, como parte do exercício da cidadania local e planetária.

7. Estimular posturas individuais e coletivas, bem como pol¡ticas institucionais que revisem permanentemente a coerência entre o que se diz e o que se faz, os valores de nossas culturas, tradições e história.

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8. Fazer circular informações sobre o saber e a memória popula-res; e sobre iniciativas e tecnologias apropriadas ao uso dos recursos naturais.

9. Promover a co-responsabilidade dos gêneros feminino e masculino sobre a produção, reprodução e manutenção da vida.

10. Estimular e apoiar a criação e o fortalecimento de asso-ciações de produtores e de consumidores e redes de comer-cialização que sejam ecologicamente responsáveis.

11. Sensibilizar as populações para que constituam Conselhos Populares de Ações Ecológicas e Gestão do Ambiente visando investigar, informar, debater e decidir sobre problemas e políticas ambientais.

12. Criar condições educativas, jurídicas, organizacionais e políticas para exigir dos governos que destinem parte significativa de seu orçamento à educação e meio ambiente.

13. Promover relações de parceria e cooperação entre as ONGs e movimentos sociais e as agências da ONU (UNESCO, PNUNA, FAO, entre outras), a nível nacional, regional e internacional, a fim de estabelecer em conjunto as prioridades de ação para educação, meio ambiente e desenvolvimento.

14. Promover a criação e o fortalecimento de redes nacionais, regionais e mundiais para realização de ações conjuntas entre organizações do Norte, Sul, Leste e Oeste com perspectiva planetária (exemplos: dívida externa, direitos humanos, paz, aquecimento global, população, produtos contaminados).

15. Garantir que os meios de comunicação se transformem em instrumentos educacionais para a preservação e conservação de recursos naturais, apresentando a pluralidade de versões com fidedignidade e contextualizando as informações. Estimular transmissões de programas gerados por comunidades locais.

16. Promover a compreensão das causas dos hábitos con-sumidores e agir para a transformação dos sistemas que os sus-tentam, assim como para a transformação de nossas próprias práticas.

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17. Buscar alternativas de produção autogestionária apropriadas econômica e ecologicamente, que contribuam para uma melhoria da qualidade de vida.

18. Atuar para erradicar o racismo, o sexismo e outros precon-ceitos; e contribuir para um processo e reconhecimento da diversidade cultural, dos direitos territoriais e da autodeter-minação dos povos.

19. Mobilizar instituições formais e não-formais de educação superior para o apoio ao ensino, pesquisa e extensão em educação ambiental e a criação, em cada universidade, de centro interdisciplinares para o meio ambiente.

20. Fortalecer as organizações e movimentos sociais como espa-ços privilegiados para o exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida e do ambiente.

21. Assegurar que os grupos de ecologistas popularizem suas atividades e que as comunidades incorporem em seu cotidiano a questão ecológica.

22. Estabelecer critérios para a aprovação de projetos de edu-cação para sociedades sustentáveis, discutindo prioridades sociais junto às agências financiadoras.

IV. Sistemas de Coordenação Monitoramento e Avaliação

Todos os que assinam este Tratado concordam em:

1. Difundir e promover em todos os países o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, através de campanhas individuais e coletivas promovidas por ONGs, movimentos sociais e outros.

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2. Estimular e criar organizações, grupos de ONGs e Movimentos Sociais para implantar, implementar, acompanhar e avaliar os elementos deste Tratado.

3. Produzir materiais de divulgação deste Tratado e de seus desdobramentos em ações educativas, sob a forma de textos, cartilhas, cursos, pesquisas, eventos culturais, programas na mídia, feiras de criatividade popular, correio eletrônico, e outros.

4. Estabelecer um grupo de coordenação internacional para dar continuidade às propostas deste Tratado.

5. Estimular, criar e desenvolver redes de educadores ambien-tais.

6. Garantir a realização, nos próximos três anos, do 10. Encontro

Planetário de Educação Ambiental para Sociedades Sus-tentáveis.

7. Coordenar ações de apoio aos movimentos sociais em defesa da melhoria da qualidade de vida, exercendo assim uma efetiva solidariedade internacional.

8. Estimular articulações de ONGs e movimentos sociais para re-ver suas estratégias e seus programas relativos ao meio ambiente e educação.

V. Grupos a Serem Envolvidos

Este Tratado é dirigido para:

1. Organizações dos movimentos sociais-ecologistas, mulheres, jovens, grupos étnicos, artistas, agricultores, sindicalistas, asso-ciações de bairro, e outros.

2. ONGs comprometidas com os movimentos sociais de caráter popular.

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3. Profissionais de educação interessados em implantar e imple-mentar programas voltados a questão ambiental tanto nas redes formais de ensino, como em outros espaços educacionais.

4. Responsáveis pelos meios de comunicação capazes de aceitar o desafio de um trabalho transparente e comunicação de massas.

5. Cientistas e instituições científicas com postura ética e sensíveis ao trabalho conjunto com as organizações dos movimentos sociais.

6. Grupos religiosos interessados em atuar junto às organizações dos movimentos sociais.

7. Governos locais e nacionais capazes de atuar em sin-tonia/parceria com as propostas deste Tratado.

8. Empresários comprometidos em atuar dentro de uma lógica de recuperação e conservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida humana.

9. Comunidades alternativas que experimentam novos estilos de vida condizentes com os princípios e propostas deste Tratado.

VI. Recursos

Todas as organizações que assinam o presente Tratado se comprometem a:

1. Reservar uma parte significativa de seus recursos para o de-senvolvimento de programas educativos relacionados com a melhoria do ambiente e a qualidade de vida.

2. Reivindicar dos governos que destinem um percentual signifi-cativo do Produto Nacional Bruto para a implantação de programas de Educação Ambiental em todos os setores da administração pública, com a participação direta de ONGs e movimentos sociais.

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3. Propor políticas econômicas que estimulem empresas a desen-volverem e aplicarem tecnologias apropriadas e a criarem programas de educação ambiental parte de treinamentos de pes-soal e para a comunidade em geral.

4. Incentivar as agências financiadoras a alocarem recursos significativos a projetos dedicados à educação ambiental; além de garantir sua presença em outros projetos a serem aprovados, sempre que possível.

5. Contribuir para a formação de um sistema bancário planetário das ONGs e movimentos sociais, cooperativo e descentralizado, que se proponha a destinar uma parte de seus recursos para programas de educação e seja ao mesmo tempo um exercício educativo de utilização de recursos financeiros.

Cuidando do Planeta Terra Cuidando do Planeta Terra

Este texto foi publicado pelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em conjunto com a UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e o Fundo Mundial para a Natureza, em outubro de 1991. Propõe uma estratégia para o futuro da vida, dirigido a todos, mas em especial aos líderes de governo, empresas, entidades Não-governamentais, etc. Dos princípios estabelecidos destacamos o seguinte, pela sua importância para a educação ambiental:

Modificar atitudes e práticas pessoais Para adotar a ética de vida sustentável, as pessoas têm de reexaminar

seus valores e alterar seu comportamento. A sociedade deve promover

valores que apóiem esta ética, desencorajando aqueles que são

incompatíveis com um modo de vida sustentável. Deve-se disseminar in-

formação por meio da educação formal e informal, de modo que as atitu-

des necessárias sejam amplamente compreendidas. Para mudar as atitudes e hábitos das pessoas será necessária uma

campanha de informação, com apoio do governo, mas liderada por um

movimento não-governamental. Em todos os países, devem ser

preparados planos para motivar, educar e equipar cada indivíduo para

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que leve uma vida sustentável. Todos os meios de comunicação devem

colaborar com esses planos. A educação ambiental de crianças e adultos deve ser ampliada e

integrada ao ensino formal de todos os níveis. Os currículos e metodo-

logias didáticas, assim como o material disponíveis aos professores,

terão de ser reexaminados. Deverá haver maior apoio ao treinamento para o desenvolvimento

sustentável. É urgentemente necessária maior quantidade de trabalhado-

res e orientadores na assistência a fazendeiros, pescadores, extravistas,

artesãos, classes pobres urbanas e rurais e muitos outros grupos dentro

da sociedade, para que passem a usar os recursos naturais de forma

sustentável e mais produtiva. As entidades de assistência ao de-

senvolvimento devem dar alta prioridade a essa questão. Ao final do século, as entidades de assistência ao desenvolvimento

deverão ter duplicado o seu apoio à educação e treinamento ambiental,

em relação aos níveis de 1990. Todos os países deverão ter incorporado

o ensino ambiental aos seus currículos escolares e adotado planos

nacionais para promover a vida sustentável.

Meio Ambiente na Constituição Federal Meio Ambiente na Constituição Federal

Constituição da República Federativa do Brasil

Capítulo VI

DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Po-der Público.

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

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II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e mani-pulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços ter-ritoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de téc-nicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e

a conscientização pública para a preservação do meio

ambiente (Grifo do autor); VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a re-cuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

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§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

5. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 - Dispõe sobre a educação

ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1.o Entendem-se por educação ambiental os processos por

meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2.o A educação ambiental é um componente essencial e

permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Art. 3.o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm

direito à educação ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que

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desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

Art. 4.o São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Art. 5.o São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

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II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I Disposições Gerais

Art. 6.o É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 7.o A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em

sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.

Art. 8.o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação

Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas: I - capacitação de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; III - produção e divulgação de material educativo; IV - acompanhamento e avaliação.

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§ 1.o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação

Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.

§ 2.o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino; II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas; III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental; IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente; V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental.

§ 3.o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-

se-ão para: I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino; II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental; IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental; V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.

Seção II Da Educação Ambiental no Ensino Formal

Art. 9.o Entende-se por educação ambiental na educação escolar

a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

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I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.

§ 1.o A educação ambiental não deve ser implantada como

disciplina específica no currículo de ensino. § 2.

o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas

voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. § 3.

o Nos cursos de formação e especialização técnico-

profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.

Seção III Da Educação Ambiental Não-Formal

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Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.

Art. 15. São atribuições do órgão gestor: I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional; II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional; III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de educação ambiental.

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Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios: I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental; II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação; III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto. Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.

Art. 18. (VETADO)

Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de abril de 1999; 178.o da Independência e 111.

o da

República.

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Modelos de Projetos MODELOS DE PROJETOS

Este projeto foi implantado pelo autor na Rede Escolar Pedro II, na

Cidade do Rio de Janeiro, com o patrocínio do UNIBANCO ECOLOGIA.

Envolveu cerca de 1.000 professores e 10 mil alunos. 1. TÍTULO: LIXO - O EXEMPLO COMEÇA NA ESCOLA

2. OBJETIVOS: Implantar a coleta seletiva de lixo nos prédios da rede escolar do Pedro II, compreendendo nove unidades.

3. LOCALIZAÇÃO: Cidade do Rio de Janeiro

4. DURAÇÃO: 6 meses

5. PARCERIAS: Rede escolar do Pedro II e WM Reciclagem

II. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS 1. Estimular a mudança prática de atitudes e a formação de no-vos hábitos com relação à utilização dos recursos naturais e favorecer a reflexão sobre a responsabilidade ética de nossa espécie com o próprio planeta como um todo.

2. Oferecer ao professor um eficiente instrumento para a for-mação da consciência ambiental.

III OBJETIVOS OPERACIONAIS

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1. Implantar sistema de coleta seletiva de lixo nas nove unidades da rede escolar do Pedro II.

2. Estimular a coleta seletiva na casa dos alunos e, por extensão, na comunidade, procurando envolver empresas privadas e gover-nos.

3. Potencializar o trabalho já realizado, complementando e re-forçando as ações de sensibilização, através de programas de divulgação e educação ambiental sobre reciclagem.

IV. DESENVOLVIMENTO O projeto Lixo - O exemplo começa na escola consiste na implan-tação do sistema de coleta seletiva de lixo nos nove prédios das unidades escolares da rede Pedro II, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Em cada unidade, próximo à cantina, serão instalados recipientes coloridos para coleta de papel, plástico, metal, vidro, que além de coletar o lixo, funcionarão como sinalizadores do projeto e instrumentos de sensibilização e educação ambiental. Em cada sala de aula haverá duas vasilhas, uma para materiais recicláveis e outra para o restante. Os responsáveis pelo sistema de coleta em cada escola recolherá diariamente os materiais recicláveis, limpando-os e separando-os, acondicionando em sacos e guardando-os na própria unidade, no local combinado, para posterior recolhimento pela empresa compradora de materiais recicláveis (WM), nas datas combinadas. A WM fornecerá as vasilhas para as salas de aula, e trocará os resíduos por algo de interesse dos alunos, a combinar com cada unidade escolar. A sensibilização dos alunos para o projeto será feita pelos professores das próprias unidades escolares, prevendo-se a exibição de vídeos sobre reciclagem e palestras, com afixação de cartazes sobre a coleta seletiva em cada sala de aula e distribuição de uma cartilha colorida, que ensina o que separar, como fazer, qual a importância. O Projeto prevê uma etapa de consolidação, com a realização de Seminário ao final de seis meses, com os pais, alunos, professores para divulgação dos resultados, apresentação de vídeo do projeto e distribuição de prêmios as unidades escolares, turmas e funcionários que mais se destacarem.

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V. PRODUTOS DO PROJETO - Cartilha formato 21x28, ilustrada colorida,

- Cartaz duplo ofício, colorido

- Release e dossiê para imprensa.

VI. GANHOS PARA A COMUNIDADE O projeto produzirá ganhos pedagógicos, econômicos e ambientais a saber:

1. Pedagógicos: A coleta seletiva de lixo pode ser um eficiente instrumento pedagógico multi e interdisciplinar para obtenção de novas posturas e mentalidades de nossa espécie com o planeta. 2. Econômicos: A implantação do projeto implicará na economia de recursos naturais, que deixarão de ser explorados; de energia que deixará de ser usada ou terá sua quantidade reduzida; para a comunidade escolar, que passará a ter no lixo uma importante fonte de recurso suplementar. 3. Ambientais: Com o projeto milhares de toneladas de lixo dei-xarão de ir para os atuais vasadouros, aumentando sua vida útil, além de evitar a formação de lixeiras clandestinas em terrenos baldios, valões, etc, contribuindo de forma geral para melhor qualidade da vida urbana. 4. Multiplicação: Importante ainda, considerar como ganho do projeto para a comunidade a multiplicação de ações de coleta seletiva de lixo em cada casa de aluno e, por extensão, nas empresas e repartições nos quais os pais dos alunos trabalham.

VII. CUSTOS Os recursos solicitados ao PATROCINADOR visam atender aos seguintes itens:

1. Pessoal: Por se tratar de um trabalho que exige conscienti-zação, a fase de implantação deste projeto, até que se torne autosustentável, precisa da contratação de dois trabalhadores braçais para auxiliar na coleta dos materiais nas noves unidades, limpeza, acondicionamento, transporte e treinamento do pessoal que assumirá a tarefa após o fim do projeto.

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2. Despesa Direta: Este item prevê a aquisição, pelo PATROCINA-DOR, de 100 sacos resistentes para armazenamento do material selecionado e aquisição e instalação dos nove recipientes para coleta seletiva junto às cantinas. 3. Material Didático e de Divulgação: Este item prevê a cartilha de educação ambiental para distribuição aos alunos e cartaz de di-vulgação. 4. Documentação: Este item prevê a produção de um vídeo sobre o projeto com o objetivo de motivar para a participação no projeto e estimular sua multiplicação, além de fotos para relatórios e imprensa.

Com relação aos custos, acrescenta-se ainda:

1. Prestação de Contas; O coordenador do projeto prestará contas mensalmente através de relatórios, com fotos, cópias de notas fiscais. 2. Forma de Pagamento: O coordenador abrirá conta especial para os recursos do projeto, com o pagamento da primeira parcela do patrocínio. O pagamento pode ser feito em depósito direto na conta a ser aberta. 3. Cronograma de Desembolso O cronograma de desembolso deve ser de cinco parcelas iguais a ser depositada até o último dia útil de cada mês, ou de outra forma a ser combinada pelo PATROCINADOR.

Este projeto foi coordenado pelo autor e implantado numa comunidade

de baixa renda, envolvendo ainda as escolas do entorno. Recebeu

patrocínio da ONU, através do Programa Fundo Life/PNUD.

1. TÍTULO: CAMPANHA ADOTE UMA ÁRVORE

2. OBJETIVO:

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Contribuir para a estabilidade de área de encosta sujeita a risco junto à comunidade carente, com o reflorestamento de mudas de árvores nativas de mata atlântica, exóticas e frutíferas.

3. LOCALIZAÇÃO GEO-GRÁFICA Morro do Vital Brasil, no município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

4. DURAÇÃO: 6 meses

5. PARCERIAS: Prefeitura Municipal de Niterói, Associação dos Engenheiros Florestais - RJ; FAMERJ: UERJ; Instituto Vital Brasil.

II. OBJETIVOS 1. Estabilizar encosta sujeita a deslizamento, junto à comunidade carente, com o plantio de árvores nativas de mata atlântica, exó-ticas e frutíferas, com mão de obra remunerada da própria comunidade e participação voluntária de crianças da comunidade.

2. Divulgar a importância da preservação ambiental como estra-tégia para garantir a qualidade de vida na comunidade, evitando-se jogar lixo nas encostas e construir de forma irregular.

3. Estimular a participação da comunidade para a proteção das mudas plantadas através da estratégia de "adoção" das mudas, passeios educativos nos locais de plantio e mutirões comunitários voluntários de plantio.

4. Divulgar modelo de reflorestamento comunitário para outras comunidades em condições semelhantes, estimulando a multiplicação do projeto.

III. DESENVOLVIMENTO

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O Projeto da Campanha Adote Uma Árvore possui duas ações complementares, a saber:

1) Produção das mudas, plantio e manutenção das mudas;

2) Educação Ambiental. A equipe florestal trabalha integrada com a da Educação Ambiental.

Na fase preparatória, enquanto uma equipe cuida da escolha e preparação das áreas de plantio e viveiro e da produção de mudas, a outra cuida da reciclagem e reuniões com os professores e trabalho de educação ambiental com os alunos nas escolas circunvizinhas. O objetivo é engajar a comunidade no trabalho voluntário de plantar e manter as mudas plantadas.

A equipe florestal, em conjunto com as lideranças comunitárias, escolherão as áreas prioritárias, para a limpeza de terreno e plantio, combinando data para o mutirão comunitário. Também será escolhido e preparado o local para o viveiro das mudas. Nas escolhas das áreas serão realizadas análises do solo 9ph, Fertilidade, necessidade de calagem e/ou adubação) e cálculo da área disponível.

Através da parceria com Prefeitura, será feito mutirão comunitário para limpeza e roçado das áreas de plantio e viveiro, e para im-plantação do sistema de drenagem para promover a rápida eliminação da água superficial, com o objetivo de aumentar estabilidade da encosta e garantir o desenvolvimento das mudas.

A obtenção de mudas será feita pela implantação de viveiro. Na fase inicial serão compradas mudas já crescidas em hortos e viveiros públicos e particulares, ou mesmo permuta, a fim de proporcionar rápido incremento ao projeto.

A seleção de mudas, feita em conjunto com a comunidade, recairá sobre aquelas espécies mais aptas nativas da mata atlântica, que atendam a requisitos tais como rusticidade, resistência, alto potencial de germinação, etc. De um modo geral, as mudas selecionadas para o plantio seguirão a seguinte distribuição: Leguminosas de rápido crescimento - 50%; nativas da mata atlântica - 20%; Exóticas diversas - 15%; e, frutíferas - 15%.

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O preparo do terreno será feito em parceria Prefeitura-Comuni-dade local, em regime de mutirão, com os seguintes objetivos: 1) limpeza e roçada; 2) Drenagem do terreno; 3) Abertura de covas; 4) Marcação, dimensionamento e abertura das cores; 5) Calagem e adubação; 6) Plantio; 7) Manutenção das mudas.

A fase de manutenção exigirá vigilância assídua da própria co-munidade, daí a estratégia do projeto com a "adoção", para impedir ações predatórias, combate ou alarme contra fogo, replantio das mudas que não vingaram, manutenção dos aceiros, combate às pragas, principalmente às formigas saúva, quem-quem e o senador. nesta fase a equipe de educação ambiental usará a estratégia de adoção das mudas por um "padrinho", que pode ser criança ou adulto da própria comunidade.

Através de palestras com vídeos de sensibilização nas escolas circunvizinhas e na associação de moradores local, os interessados em adotar mudas preencherão um termo de compromisso e, após o plantio, receberão um diploma de Amigo da Natureza. São estratégias pedagógicas para criar compromisso e vínculos entre a muda e o novo "padrinho". Todo mês será feito caminhada ecológica da escola até as mudas para acompanhar seu crescimento. Em sala de aula os professores serão estimulados a empregarem a Campanha como tema de aula no próprio currículo, e estimularão os alunos a manterem um caderno em separado para acompanhar o crescimento de sua muda em função das estações do ano, ocorrência de pragas e animais, flores, frutos, etc.

IV. GANHOS PARA A COMUNIDADE: O Projeto trará benefícios diretos e indiretos para a comunidade como, por exemplo:

1. Maior sustentação dos terrenos em declive, que sofrerão me-nos com a ação das chuvas, evitando deslizamentos que causam acidentes e mortes.

2. Tendência à eliminação de vazadouros de lixo nas áreas ocu-padas pelas mudas.

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3. Contribuição para a melhoria da qualidade de vida no local, com atuação de pássaros, melhoria no microclima, melhoria na paisagem.

4. Com a contenção da erosão, as partes baixas da cidade dei-xarão de ter seu sistema de água pluviais entupidos em função de sedimentos que descem do morro por ocasião das chuvas.

5. Maior conscientização ambiental e participação popular na melhoria das condições de vida do lugar, contribuindo para a formação do cidadão crítico e participativo.

V. CUSTOS: Os recursos solicitados ao PATROCINADOR visam atender aos seguintes itens.

1. Pessoal Será necessário a contratação de três trabalhadores comunitários da própria localidade que trabalharão em tempo integral no pro-jeto, seja como mudeiros, seja auxiliando na integração do projeto com a comunidade e na manutenção das mudas plantadas.

2. Despesa Direta Além dos gastos com implantação do viveiro, será necessária a aquisição um número de mudas para o plantio inicial, até que o viveiro fique pronto.

3. Material Didático e de Divulgação Este item inclui a cartilha de educação ambiental, o cartaz para divulgação, o tempo de compromisso em papel xerox, o diploma de "Amigo da Natureza" e de papel reciclado e silk-screen, o dossiê para imprensa e a aquisição de placas de sinalização do projeto.

4. Documentação Será necessário recursos para a produção de um vídeo sobre o projeto, garantindo não só a motivação dos participantes como a multiplicação para outras comunidades, além da produção de fotos para relatórios e imprensa.

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(foto)

Este projeto foi elaborado pelo autor para a Rede de Supermercados

Zona Sul, localizado na Cidade do Rio de Janeiro.

I. TÍTULO: AMIGO DA NATUREZA

II. DEFINIÇÃO Conjunto de projetos interligados destinados ao público escolar de 5ª a 8ª séries de 1º Grau, nas áreas periféricas e de expansão da empresa patrocinadora, bem como ao público consumidor, frequentador da empresa. Visa contribuir com nova imagem da empresa junto ao público consumidor ou usuários, bem como desenvolver ou aprimorar a consciência ambiental através de ações práticas.

O papel reaproveitado pelo projeto será separado em "claro" e "não-claro". O papel claro será trabalhador pelos alunos, transfor-mando-se em cartões comemorativos da empresa, com frases e desenhos alusivos ao tema "Amigo da Natureza". Estas frases e desenhos serão objeto de concurso escolar.

Projetos propostos neste Programa:

1. Gincana da reciclagem - Consiste em concurso interno entre as turmas de cada escola, e dos totais entre as escolas, visando coletar a maior quantidade possível de papel que, normalmente, seria jogado no lixo. Por exemplo: papel claro, papelão, jornal, embalagens, revistas, etc. e de alumínio. A Gincana é precedida de palestras com audiovisual sobre a im-portância da reciclagem para a preservação da natureza e da melhoria da qualidade de vida, e porque da empresa estar patrocinando o trabalho, o que cada um pode fazer para ajudar, a destinação que o papel coletado vai ter, o estímulo para implantar a coleta seletiva como uma atividade permanente na escola e residências, a premiação da turma vencedora.

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A gincana terá a duração de um mês, iniciando no primeiro e terminando no último dia do mês escolhido. O papel coletado deverá ser acondicionado em sacos, com o número da turma, e guardado em pátio guarnecido da própria escola. A turma poderá coletar papel e alumínio de qualquer local, desde sua própria residência, como na de vizinhos, até em empresas. Ao término do mês, papel e alumínio serão pesados na presença dos repre-sentantes das turmas. A turma que somar o maior número de quilos será a vencedora, tendo direito a receber 50 por cento dos valores que resultam a venda do material. Os outros 50 por cento serão entregues à Escola para providenciar a compra de galões para implantação da coleta seletiva na escola, e material para circular aos pais e panfletos explicativos aos alunos sobre a coleta seletiva de lixo.

2. Concurso de Frases e Cartazes sobre o tema - Será realizado em paralelo à Gincana do Papel e à Campanha Adote Uma Árvore, funcionando ao mesmo tempo como motivador e avaliador do Programa de Educação Ambiental na Escola. Serão concedidos prêmios às melhores frases e desenhos por cada 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do Primeiro Grau. Haverá ainda concurso entre os melhores de cada série de cada escola, resultando em oito primeiros lugares de todas as escolas envolvidas para cada série, sendo quatro prêmios para as frases e quatro para os desenhos. A seleção dos melhores trabalhos em cada escola será feita por um juri formado por 2 representantes dos alunos, 2 dos pais, 1 dos professores, 1 da direção da escola e 1 da empresa patrocinadora ou indicado por ela. Os trabalhos serão indicados por pseudônimos, com os nomes em envelope lacrado pelo participante.

A seleção dos melhores trabalhos entre as escolas, será feita por juri formado por 1 representante da Secretaria Municipal de Edu-cação, 1 representante da Secretaria Estadual de Educação, 1 representante do Órgão Estadual de Controle Ambiental, 1 representante do Horto Botânico, 1 representante da empresa ou indicado por ela. A entrega dos prêmios aos melhores trabalhos em nível de cada escola, será feita em solenidade conjunta à entrega dos prêmios da Gincana do Papel e das mudas de árvores da Campanha Adote Uma Árvore. A entrega dos prêmios

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aos melhores trabalhos interescolares, será feita em solenidade especial, com a presença dos diretores da empresa, que também adotarão árvores.

Os quatro melhores trabalhos de desenho, bem como as quatro melhores frases, serão impressas em cartões comemorativos feitos a partir de papel claro reciclado, e distribuído pela empresa por ocasião do dia Mundial do Meio Ambiente, Natal, ou outra data comemorativa a seu critério.

3. Campanha Adote Uma Árvore - Visa incentivar a proteção às árvores, tanto públicas quanto particulares, conscientizando sobre sua importância para a manutenção da vida com qualidade sobre o planeta. Também visa a arborização urbana. As campanhas de arborização não costumam levar em conta a im-portância da manutenção das árvores plantadas, o que pretende ser corrigido pela Campanha Adote Uma Árvore, que atribui um padrinho para cada árvore doada, que terá a responsabilidade de plantar, cuidar, e substituir por outra em caso de acidente ou morte. A divulgação da Campanha será feita na mesma palestra de divulgação do Programa de Educação Ambiental nas Escolas, em conjunto com a divulgação da Gincana do Papel, dos Concursos, pois são assuntos interligados. Cada aluno ou pessoa interessada preencherá um termo de responsabilidade, solicitando uma muda de árvore, dizendo onde pretende plantar, assumindo o compromisso de cuidar da muda. No caso dos menores, o termo de responsabilidade será enviado para casa, para receber também a assinatura do responsável. A idéia é criar o maior envolvimento possível de padrinho com sua árvore.

Cerca de 10 dias após, são recolhidos os termos de com-promisso. Então se providencia as mudas de árvores junto aos hortos. Cada muda recebe uma cinta de papel onde consta o nome do padrinho, bem como as características da árvore, o título CAMPANHA ADOTE UMA ÁRVORE e o logotipo da empresa. Junto com a muda o padrinho recebe um Certificado de Adoção qualificando o padrinho como AMIGO DA NATUREZA por ter adotado uma árvore e um panfleto com especificações sobre como plantar, como cuidar, o que fazer se der praga ou

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acontecer acidentes, etc., com espaço para o padrinho escrever nome e características da muda, copiando da cinta. A entrega das mudas será feita na solenidade de entrega dos prêmios da Gincana do Papel e dos Concursos.

4. Reciclagem de papel - Consiste ensinar a grupos de alunos interessados nas escolas onde se está desenvolvendo o Programa de Educação Ambiental AMIGO DA NATUREZA a reciclar papel claro a partir de papel reaproveitado, fabricando cartões. A empresa deve comprometer-se a comprar por preço de mercado estes cartões caso atendam às especificações ensinadas. Na 4ª capa de cada cartão poderá constar o seguinte texto: "Este cartão foi fabricado por alunos da 5ª a 8ª séries do 1º Grau da escola durante a realização do Programa de Educação Ambiental AMIGO DA NATUREZA, com o patrocínio da empresa, a partir de papel reciclado, recolhido durante a Gincana do Papel."

III. JUSTIFICATIVA O Programa de Educação Ambiental AMIGO DA NATUREZA visa transmitir não só conhecimentos, mas sobretudo práticas. A adoção da árvore como motivador principal do Programa é especialmente oportuna. O papel produzido a partir da celulose extraída dos vegetais, constitui-se em cerca de 40 por cento do lixo urbano. Todo esse material tem sido desperdiçado, quando poderia ser reaproveitado facilmente e com enormes benefícios tanto para a natureza quanto para a economia. Na reciclagem de papel não é necessário plantar, cortar, fazer cavacos e cozinhar quimicamente as árvores. Logo, a fabricação de papel novo a partir do velho é muito mais barata e menos poluente. Para fazer uma tonelada de papel novo são gastos 100 mil litros de água e cinco mil quilowatts por hora de energia elétrica. Na reciclagem esses números caem para 2.000 mil litros de água e 2.500 quilowatts por hora de energia. Os lucros ambientais são enor-mes. O processo de reciclagem de papel causa 74 por cento menos poluição do ar e 35 por cento menos poluição da água, além de gerar cinco vezes mais empregos. E, muito importante para o Programa,cada tonelada reaproveitada de papel, evita o corte

de 40 novas árvores.

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As árvores, por sua vez, desempenham um papel muito especial na manutenção da vida sobre o planeta. Elas são as maiores entre todas as plantas e as que têm vida mais longa. Estão na base da cadeia alimentar, contribuem para a manutenção do clima, suas copas diminuem a velocidade dos ventos, as raízes retêem o solo impedindo a erosão e ainda auxiliam na captação de água pelos lençóis subterrâneos, diminuem os ruídos, produ-zem sombra, alimentos, dão abrigos aos animais, entre muitas outras utilidades. Devido a esse conjunto de importância, s árvores são objeto da preocupação de toda a população, que começa agora a despertar, com cada vez mais intensidade, para a necessidade da preservação da natureza e das árvores em particular.

IV. OBJETIVOS

a) Geral Estimular novos hábitos, atitudes e comportamentos que conduzam a um relacionamento mais harmônico entre nossa espécie, as outras espécies, o meio ambiente e o planeta como um todo, através de ações práticas baseadas na reciclagem e reaproveitamento de materiais, poupando recursos naturais, e na arborização urbana.

b) Específicos Estimular o reaproveitamento de papel e, por extensão, a coleta seletiva de lixo; estimular a criatividade e a reflexão sobre os pro-blemas ambientais urbanos; promover a arborização urbana e, por extensão, a proteção ao verde público; transferir conhecimentos sobre a reciclagem de papel claro e sua transformação em cartões comemorativos; associar a imagem da empresa patrocinadora com a de "Amigo da Natureza".

Os objetivos visam proporcionar os seguintes benefícios: promover o plantio de 30 mil árvores através da campanha Adote Uma Árvore; poupar do abate cerca de 2 mil árvores, a partir do reaproveitamento de 70 mil quilos de papel; promover a educação ambiental em 15 escolas, abrangendo um universo de cerca de 15 mil alunos

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VI. DESENVOLVIMENTO O Programa de Educação Ambiental AMIGO DA NATUREZA di-vide-se em três fases principais: preparação, divulgação e im-plantação.

FASE 1 - PREPARAÇÃO 1. Reuniões nas escolas, empresa e comunidade para expor o Programa e coletar sugestões, aperfeiçoar conteúdo, criar expectativa para a implantação;

2. Preparação do material didático e de divulgação, constando basicamente de:

- audiovisual

- cartilha para aluno

- livro do professor

- panfleto para funcionários da empresa patrocinadora

- cartazes de divulgação para escolas

- material da campanha Adote Uma Árvore (cinta para mudas, certificado de adoção, termo de responsabilidade, manual de ins-trução sobre plantio e cuidados)

- adesivos

- edital para a campanha publicitária

3. Levantamento de dados, diagnóstico, planejamento das etapas de implantação e cronograma, estabelecendo locais, prazos, público alvo, estratégia e custos

4. Equipamentos, ferramentas e materiais para coleta de papel (conteiners, etc.); aquisição de mudas de árvores frutíferas e nativas da mata atlântica; compra e preparação do material para reciclar papel (telas, esquadros, prensa, etc.), etc.

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5. Palestra para funcionários da empresa patrocinadora sobre o Programa e sua importância, o papel social da empresa, o papel de cada funcionário:

6. Convênios com empresas, entidades governamentais e não-governamentais

FASE 2 - DIVULGAÇÃO 1. Reunião nas escolas com professores, corpo pedagógico e di-reção para apresentação do projeto e do material didático e de divulgação, estabelecimento de tarefas da escola, eleição de responsável da escola junto ao Programa, estabelecimento de cronograma de implantação, distribuição do material didático.

2. Palestra aos alunos com audiovisual, lançamento da Gincana de reciclagem e dos concursos de frases e cartazes.

3. Reunião com chefias e demais interessados na empresa patro-cinadora para apresentação do Projeto, estabelecimento de procedimentos, escalação dos funcionários que irão lidar dire-tamente com o público participante do Programa.

4. Palestra com audiovisual aos funcionários que irão participar diretamente do Programa, com distribuição de panfleto explicativo, adesivo para uniforme, etc.

5. Distribuição de cartazes, panfletos e outros materiais, junto com reeleses para a imprensa;

6. Ofícios e envio de material de divulgação às entidades go-vernamentais e não-governamentais, especialmente as loca-lizadas na área de influência do Programa.

FASE 3 - IMPLANTAÇÃO 1. Supervisionar Gincana da reciclagem e acompanhar realização dos concursos de frases e cartazes nas escolas, em conjunto com cada responsável indicado pela Direção da Escola pra coordenar os trabalhos na Escola, participando, inclusive do juri que escolherá os melhores trabalhos;

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2. Distribuir termos de compromisso, providenciar mudas, entre-gar mudas adotadas com certificado de adoção e manual de instrução;

3. Acompanhar a venda do papel reaproveitado e a destinação dos recursos conforme o Programa;

4. Supervisionar a reciclagem do papel claro e sua transformação em cartão comemorativo, aproveitando as melhores frases e desenhos dos concursos escolares para impressão nos cartões comemorativos da empresa patrocinadora.

Bibliografia/Links Recomendados BERNA, Vilmar. Como fazer educação ambiental. São

Paulo: Paulus, 2004. SATO, Michele. Educação ambiental. São Paulo: Intertox-

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