deermatite atopica
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DERMATITE ATÓPICA EM CÃES E GATOS
A dermatite atópica (DA) é uma doença
que envolve vários fatores como aler-
gias, defeitos da barreira cutânea, infec-
ções cutâneas, infecções microbianas e
outros fatores predisponentes (NUTTAL,
2008).
A atopia é uma reação de hipersensi-
bilidade do tipo I, o que significa que
vários alérgenos são capazes de pro-
mover anticorpos alérgeno- específicos
(IgE e IgGd). A reação destes anticorpos,
fixados às superfícies dos mastócitos,
com os alérgenos específicos induzem
a liberação de mediadores responsáveis
pela reação inflamatória e pelo prurido.
Enzimas proteolíticas, histamina e leuco-
trienos são os mediadores mais comuns
(WILLEMSE, 1998).
Dependendo dos alérgenos envolvidos,
a atopia pode ser estacional ou perene.
Das alergias não estacionais, 30% irão
resultar em problemas alérgicos perenes
(WILLEMSE, 1998).
Introdução
A DA é comum em cães e também ocor-
re em gatos (MEDLEAU; RAKICH, 1996).
A idade de surgimento da doença situa-
se entre 1 e 3 anos em 75% dos cães
afetados e as raças mais predispostas
são Pastores alemães, Boxers, Labrador
retrievers, Golden retrievers, Cairn ter-
ries, West Higland White terriers, Fox
As mudanças microestruturais da epi-
derme levam à sensação de prurido e
iniciam o ciclo de amplificação de res-
posta inflamatória. O prurido contínuo
induz injúria mecânica dos ceratinócitos,
onde estes possuem importantes fun-
ções efetoras e determinam a direção
da resposta imune tegumentar. Quan-
do lesados, os ceratinócitos liberam IL-1,
IL-2, TNF-α, GM-CSF e TSLP, que promo-
vem migração e a proliferação de célu-
las dendríticas na epiderme. As células
dendríticas servem como sentinelas do
Incidência
Imunopatologia
terriers, Irish setters, Poodles e Schnau-
zers miniatura (WILLEMSE, 1998), po-
rém Lucas (2008) adiciona Shar Pei, Ter-
rier Escocês, Lhasa Apso, Dálmata, Pug,
Setter Irlandês, Cocker Spaniel, Buldo-
gue Inglês, Akita, Schnauzer miniatura,
mas pode ocorrer em qualquer animal,
mesmo naqueles sem raça definida.
sistema imune e, uma vez ativadas, mi-
gram para os linfáticos e linfonodos e, a
partir da liberação de IL-4, IL-5 e IL-13,
conduzem à diferenciação de linfócitos
T0 em linfócitos TH2, os quais migram
para a pele. (FARIAS, 2007).
Com a queda da barreira tegumentar,
inúmeros alérgenos são difundidos por
via transepidérmica. Estes são reconhe-
cidos, fagocitados e apresentados pelas
células dendríticas epidérmicas aos lin-
fócitos TH2, os quais estimulam a pro-
liferação de linfócitos B e a produção
Estima-se que entre 10 a 15% da po-
pulação de cães seja afetada pela der-
matite atópica, devendo ser suspeita em
todos os cães com prurido, piodermites,
otites e malasseziose recorrentes (FA-
RIAS, 2007).
de uma pletora de IgE alérgeno-espe-
cíficos. A IgE se distribui pela superfície
das células dendríticas e de mastócitos,
originando a formação de complexo
antígeno-anticorpo, o realce da capaci-
tação e da apresentação antigênica e a
degranulação mastocitária, o que con-
duz à amplificação da resposta imune,
da inflamação e do prurido associado à
dermatite atópica (FARIAS, 2007).
Outro fato importante no desenvolvi-
mento da resposta imunoalérgica em
pacientes atópicos está relacionado à
Referências Bibliográficas
8051
0693
- 0
309
OF0
1
ANDRADE, S.F.; GIUFFRIDA, R.; RIBEIRO, M.G.; Quimioterápicos, antimicrobianos e antibióticos. In: ANDRADE, S.F.; Manual de terapêutica
veterinária. 2.ed. São Paulo: Roca, 2002, p. 33-35.
DETHIOUX, F. Nutrição, saúde da pele e qualidade da pelagem. Veterinary Focus. v. 18, 2008. Disponível em www.ivis.com
FARIAS, M.R. Dermatite atópica canina: da fisiopatologia ao tratamento. Revista Clínica Veterinária. v. 69. 48-62 p. jul/ago 2007.
NUTTAL, T. Abordagem da dermatite atópica. Veterinary Focus. v. 18, 2008. Disponível em www.ivis.com
MEDLEAU, L.; RAKICH, P.; Doenças dermatológicas. In: LORENZ, M. D.; CORNELIUS, L.M.; FERGUSON; Terapêutica clínica em pequenos
animais. 1. ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. Cap. 3, p. 23-29.
WILLEMSE, T.; Dermatologia clínica de cães e gatos. 2.ed. São Paulo: Manole, 1998. p. 44-48.
WOLBERG, A.C.; BLANCO, A. O prurido no gato. Veterinary Focus. v. 18, 2008. Disponível em www.ivis.com
Boletim técnico Celesporin / Dermacorten Boletim técnico Celesporin / Dermacorten
THIOUX, 2008). Estes produtos podem
ser eficientes na redução do prurido
pelo bloqueio do metabolismo do ácido
araquidônico, diminuindo a liberação de
mediadores inflamatórios; mesmo que a
suplementação com ácidos graxos não
seja completamente eficiente sozinha,
seu uso com os glicocorticoides pode
permitir acentuada redução na dosagem
do glicocorticoide (MEDLEAU; RAKICH,
1996). Muitos animais atópicos melho-
ram de modo inespecífico após os en-
saios alimentares, provavelmente devi-
do às dietas utilizadas que apresentam
elevada qualidade e são enriquecidas
em ácidos graxos essenciais (NUTTAL,
2008).
O tratamento sintomático usando anti-
histamínicos, suplementação com áci-
dos graxos ou doses anti-inflamatórias
de glicocorticoides não interfere na imu-
noterapia e pode ser usado concomitan-
temente (MEDLEAU; RAKICH, 1996).

Boletim técnico Celesporin / Dermacorten Boletim técnico Celesporin / Dermacorten
diminuição na formação de TGF-α, o
que favorece a resposta de hipersensibi-
lidade a inúmeros alérgenos, na medida
em que esta citocina está intimamente
relacionada ao sistema de tolerância e
imunorregulação. (FARIAS, 2007).
A continuidade da resposta imunoalérgi-
ca e a cronificação da dermatite atópica
- Aero-alérgenos: Os alérgenos provenientes dos ácaros
da poeira doméstica são os principais
responsáveis pela sensibilização e pelo
desenvolvimento dos sintomas clínicos
de doenças alérgicas em ambiente do-
miciliar. Esses ácaros vivem geralmente
em roupas de cama, travesseiros, car-
petes, tapetes e outros materiais têxteis
do domicílio, onde se alimentam de des-
camações do epitélio humano, fungos,
bactérias, detritos orgânicos e secreções
humanas. A exposição a alérgenos de
baratas também tem sido implicada
como causa comum de sensibilização e
crise alérgica em indivíduos susceptíveis
(FARIAS, 2007).
- Trofo-alégernos: Capazes de induzir uma resposta de hi-
persensibilidade e têm origem nas pro-
teínas de carnes bovina, suína, equina e
de frango, do leite (caseína e lactona),
do ovo, do trigo, da aveia e de derivados
da soja ou em fungos e algas presentes
na água. Dessa forma, a grande varieda-
de de proteínas e ingredientes utilizados
na composição da ração, bem como os
seus métodos de processamento e con-
servação, têm sido responsáveis pela
estão intimamente relacionadas à pre-
sença da IL-5, a qual aumenta a sobrevi-
da e estimula a migração e ativação de
eosinófilos para a pele. Paralelamente,
observa-se uma inervação do perfil de
resposta imune envolvendo a produção
de citocinas TH1, como a TNFα de GM-
CSF, as quais estimulam a infiltração de
indução de resposta imunoalérgica em
cães (FARIAS, 2007).
- Alérgenos microbianos: O excesso de citocinas TH2 presentes na
dermatite atópica conduz a uma subex-
pressão de genes responsáveis pela for-
mação de peptídeos antimicrobianos na
pele, como as defensinas, fazendo com
que pacientes portadores dessa molés-
tia apresentem uma maior colonização
e uma tendência à infecção induzida por
bactérias e fungos, sendo grandes res-
ponsáveis pela indução, exacerbação e
manutenção dessa dermatite (NUTTAL,
2008; FARIAS, 2007).
- Irritantes: Frequentemente em cobertores ou rou-
pas de lã, tecidos sintéticos ou ásperos,
carpetes, tapetes, agentes de limpeza
ambiental ou de roupas, irritantes quí-
micos ou presentes na superfície de
plantas ou gramíneas podem provocar
irritação mecânica, modificar o pH te-
gumentar, alterar a barreira epidermal
e exacerbar a resposta inflamatória e o
prurido no cão atópico, sem o envolvi-
mento de mecanismos imunológicos
(NUTTAL, 2008; FARIAS, 2007; MEDLE-
células T, macrófagos e eosinófilos, con-
duzem a uma sub-regulação de ceratinó-
citos e inibem a apoptose de monócitos,
gerando a hiperceratose, a liquenização
e o aumento da deposição de colágeno
e fibrose tegumentar (FARIAS, 2007).
AU; RAKICH, 1996).
- Autoalérgenos: O trauma contínuo da pele induzido
pelo prurido tem conduzido à libera-
ção de uma proteína citoplasmática do
ceratinócito que tem a capacidade de
ativar células T, levar à formação de
IgE alérgeno-específico e à liberação
de citocinas tipo TH1, realçando a res-
posta imunoalérgica e o prurido, sendo
um dos responsáveis pela perpetuação
e cronificando as lesões tegumentares
(FARIAS, 2007).
- Alterações comporta-mentais: O excesso de estímulo ocasionado pelo
prurido contínuo da dermatite atópica
está associado a inúmeras alterações
comportamentais, indução de ansieda-
de e atos compulsivos. Adicionalmente,
a liberação de neuropeptídeos por fibras
nervosas epidermais, induzida pelo es-
tresse, tem sido relacionada à diminui-
ção da apoptose e ao aumento da meia-
vida de eosinófilos, o que colabora para
a iniciação ou a perpetuação dos sinto-
mas relacionados à doença (NUTTAL,
2008; FARIAS, 2007).
Fatores Intensificadores
A Ação dos Corticosteroides
Os glicocorticoides influem direta e in-
diretamente na expressão genética e
favorecem a ativação da anexina 1 e da
MAPK fosfatase 1, reprimindo a trans-
crição da cicloxigenase 2. Desta forma,
os glicocorticoides bloqueiam a libera-
ção de ácido aracdônico e a formação
de eicosanoides, que seriam as prosta-
glandinas, leucotrienos, tromboxanos e
prostaciclinas, inibem a transcrição de
citocinas, quimiocinas, fator de prolife-
ração vascular, moléculas de adesão e
de fatores de crescimento; diminuem a
ativação das células de Langerhans, lin-
fócitos T e ainda estabilizam a membra-
na dos mastócitos (FARIAS, 2007).
TratamentoExistem três possibilidades terapêuticas.
A primeira consiste na retirada dos agen-
tes causadores da alergia do ambiente
em que o animal vive, porém em muitos
casos isto não é possível, mas deve ser
considerado (NUTTAL, 2008; FARIAS,
2007; MEDLEAU; RAKICH, 1996).
A segunda possibilidade é a hipossen-
sibilização, esta consiste em uma série
de injeções de alérgenos diluídos que
são aplicados no animal para torná-lo
menos sensível à sua alergia, porém é
apenas apropriada em animais com sen-
sibilidades identificadas (NUTTAL, 2008;
FARIAS, 2007; MEDLEAU; RAKICH,
1996). Porém, em gatos, esta terapêuti-
ca, embora baixa, é similar, quando ba-
seada em testes intradérmicos e in vitro
(WOLBERG; BLANCO, 2008).
A terceira envolve ações combinadas
que controlam o prurido e consequente-
mente as lesões, mas que dependem da
colaboração do proprietário, esta possi-
bilidade envolve a retirada do máximo
possível dos locais colonizados por áca-
ros; controle de ectoparasitas (pulgas),
com produto(s) de eficácia excelente;
controle de infecções bacterianas, po-
dendo ser necessário o uso crônico ou
“pulsoterapia” de antibióticos; controle
de Malassezia pachydermatis, sempre
que necessário; uso inicial de anti-his-
tamínico ou corticoide; diminuição da
frequência e tempo de banhos e uso di-
ário de hidratantes; e uso de ácidos gra-
xos essenciais (NUTTAL, 2008; FARIAS,
2007; WILLEMSE, 1998; MEDLEAU;
RAKICH, 1996).
Porém, em atopia felina coexiste fre-
quentemente com outras alergias, é ne-
cessário excluir todas as alergias antes
de estabelecer um diagnóstico definitivo
(WOLBERG; BLANCO, 2008).
O controle de infecção bacteriana deve
ser feito com antibiótico de amplo es-
pectro como, por exemplo, a cefalexina,
que tem como característica distribuir
em todos os tecidos e atingem boas
concentrações, principalmente em pele
e tecido subcutâneo, com isso favore-
cendo o controle (ANDRADE; GIUFFRI-
DA; RIBEIRO, 2002).
O tratamento da Malassezia pachyder-
matis pode ser feito com produto con-
tendo Miconazol, quando necessário.
O corticoide é a droga mais utilizada na
dermatologia veterinária por ser econô-
mica, fácil de administrar e de elevada
eficácia. Em doses farmacológicas, ini-
be a expressão de genes que codificam
uma variedade de moléculas envolvidas
na imunidade e na inflamação, resul-
tando numa rápida e profunda imunos-
supressão e diminuição da inflamação
(NUTTAL, 2008; FARIAS, 2007; MEDLE-
AU; RAKICH, 1996).
Corticosteroides orais de curta ação,
como a prednisolona na dose de 0,5 a 1
mg/kg, podem ser indicados no controle
da exacerbação aguda da inflamação e
do prurido relacionados à dermatite ató-
pica, até a diminuição dos sinais clínicos.
Em casos crônicos e que não respondem
a terapias alternativas e dependem dos
corticoides para controlar o prurido, o
uso a longo prazo deve ser restrito. Nes-
ses casos, após a instituição da dose de
0,5 mg/kg/24h, seu uso deve ser espa-
çado para cada 48 horas e posterior-
mente a cada 72 horas, sua dose então
deve ser reduzida e espaçada até se en-
contrar um equilíbrio entre ausência de
sinais clínicos e de efeitos colaterais da
corticoideterapia (NUTTAL, 2008; FA-
RIAS, 2007).
Já o uso concomitante de ácidos graxos
essenciais é importante devido a estes
serem responsáveis pela manutenção de
uma pele elástica e para eficácia das de-
fesas contra as agressões externas (DE-

Boletim técnico Celesporin / Dermacorten Boletim técnico Celesporin / Dermacorten
diminuição na formação de TGF-α, o
que favorece a resposta de hipersensibi-
lidade a inúmeros alérgenos, na medida
em que esta citocina está intimamente
relacionada ao sistema de tolerância e
imunorregulação. (FARIAS, 2007).
A continuidade da resposta imunoalérgi-
ca e a cronificação da dermatite atópica
- Aero-alérgenos: Os alérgenos provenientes dos ácaros
da poeira doméstica são os principais
responsáveis pela sensibilização e pelo
desenvolvimento dos sintomas clínicos
de doenças alérgicas em ambiente do-
miciliar. Esses ácaros vivem geralmente
em roupas de cama, travesseiros, car-
petes, tapetes e outros materiais têxteis
do domicílio, onde se alimentam de des-
camações do epitélio humano, fungos,
bactérias, detritos orgânicos e secreções
humanas. A exposição a alérgenos de
baratas também tem sido implicada
como causa comum de sensibilização e
crise alérgica em indivíduos susceptíveis
(FARIAS, 2007).
- Trofo-alégernos: Capazes de induzir uma resposta de hi-
persensibilidade e têm origem nas pro-
teínas de carnes bovina, suína, equina e
de frango, do leite (caseína e lactona),
do ovo, do trigo, da aveia e de derivados
da soja ou em fungos e algas presentes
na água. Dessa forma, a grande varieda-
de de proteínas e ingredientes utilizados
na composição da ração, bem como os
seus métodos de processamento e con-
servação, têm sido responsáveis pela
estão intimamente relacionadas à pre-
sença da IL-5, a qual aumenta a sobrevi-
da e estimula a migração e ativação de
eosinófilos para a pele. Paralelamente,
observa-se uma inervação do perfil de
resposta imune envolvendo a produção
de citocinas TH1, como a TNFα de GM-
CSF, as quais estimulam a infiltração de
indução de resposta imunoalérgica em
cães (FARIAS, 2007).
- Alérgenos microbianos: O excesso de citocinas TH2 presentes na
dermatite atópica conduz a uma subex-
pressão de genes responsáveis pela for-
mação de peptídeos antimicrobianos na
pele, como as defensinas, fazendo com
que pacientes portadores dessa molés-
tia apresentem uma maior colonização
e uma tendência à infecção induzida por
bactérias e fungos, sendo grandes res-
ponsáveis pela indução, exacerbação e
manutenção dessa dermatite (NUTTAL,
2008; FARIAS, 2007).
- Irritantes: Frequentemente em cobertores ou rou-
pas de lã, tecidos sintéticos ou ásperos,
carpetes, tapetes, agentes de limpeza
ambiental ou de roupas, irritantes quí-
micos ou presentes na superfície de
plantas ou gramíneas podem provocar
irritação mecânica, modificar o pH te-
gumentar, alterar a barreira epidermal
e exacerbar a resposta inflamatória e o
prurido no cão atópico, sem o envolvi-
mento de mecanismos imunológicos
(NUTTAL, 2008; FARIAS, 2007; MEDLE-
células T, macrófagos e eosinófilos, con-
duzem a uma sub-regulação de ceratinó-
citos e inibem a apoptose de monócitos,
gerando a hiperceratose, a liquenização
e o aumento da deposição de colágeno
e fibrose tegumentar (FARIAS, 2007).
AU; RAKICH, 1996).
- Autoalérgenos: O trauma contínuo da pele induzido
pelo prurido tem conduzido à libera-
ção de uma proteína citoplasmática do
ceratinócito que tem a capacidade de
ativar células T, levar à formação de
IgE alérgeno-específico e à liberação
de citocinas tipo TH1, realçando a res-
posta imunoalérgica e o prurido, sendo
um dos responsáveis pela perpetuação
e cronificando as lesões tegumentares
(FARIAS, 2007).
- Alterações comporta-mentais: O excesso de estímulo ocasionado pelo
prurido contínuo da dermatite atópica
está associado a inúmeras alterações
comportamentais, indução de ansieda-
de e atos compulsivos. Adicionalmente,
a liberação de neuropeptídeos por fibras
nervosas epidermais, induzida pelo es-
tresse, tem sido relacionada à diminui-
ção da apoptose e ao aumento da meia-
vida de eosinófilos, o que colabora para
a iniciação ou a perpetuação dos sinto-
mas relacionados à doença (NUTTAL,
2008; FARIAS, 2007).
Fatores Intensificadores
A Ação dos Corticosteroides
Os glicocorticoides influem direta e in-
diretamente na expressão genética e
favorecem a ativação da anexina 1 e da
MAPK fosfatase 1, reprimindo a trans-
crição da cicloxigenase 2. Desta forma,
os glicocorticoides bloqueiam a libera-
ção de ácido aracdônico e a formação
de eicosanoides, que seriam as prosta-
glandinas, leucotrienos, tromboxanos e
prostaciclinas, inibem a transcrição de
citocinas, quimiocinas, fator de prolife-
ração vascular, moléculas de adesão e
de fatores de crescimento; diminuem a
ativação das células de Langerhans, lin-
fócitos T e ainda estabilizam a membra-
na dos mastócitos (FARIAS, 2007).
TratamentoExistem três possibilidades terapêuticas.
A primeira consiste na retirada dos agen-
tes causadores da alergia do ambiente
em que o animal vive, porém em muitos
casos isto não é possível, mas deve ser
considerado (NUTTAL, 2008; FARIAS,
2007; MEDLEAU; RAKICH, 1996).
A segunda possibilidade é a hipossen-
sibilização, esta consiste em uma série
de injeções de alérgenos diluídos que
são aplicados no animal para torná-lo
menos sensível à sua alergia, porém é
apenas apropriada em animais com sen-
sibilidades identificadas (NUTTAL, 2008;
FARIAS, 2007; MEDLEAU; RAKICH,
1996). Porém, em gatos, esta terapêuti-
ca, embora baixa, é similar, quando ba-
seada em testes intradérmicos e in vitro
(WOLBERG; BLANCO, 2008).
A terceira envolve ações combinadas
que controlam o prurido e consequente-
mente as lesões, mas que dependem da
colaboração do proprietário, esta possi-
bilidade envolve a retirada do máximo
possível dos locais colonizados por áca-
ros; controle de ectoparasitas (pulgas),
com produto(s) de eficácia excelente;
controle de infecções bacterianas, po-
dendo ser necessário o uso crônico ou
“pulsoterapia” de antibióticos; controle
de Malassezia pachydermatis, sempre
que necessário; uso inicial de anti-his-
tamínico ou corticoide; diminuição da
frequência e tempo de banhos e uso di-
ário de hidratantes; e uso de ácidos gra-
xos essenciais (NUTTAL, 2008; FARIAS,
2007; WILLEMSE, 1998; MEDLEAU;
RAKICH, 1996).
Porém, em atopia felina coexiste fre-
quentemente com outras alergias, é ne-
cessário excluir todas as alergias antes
de estabelecer um diagnóstico definitivo
(WOLBERG; BLANCO, 2008).
O controle de infecção bacteriana deve
ser feito com antibiótico de amplo es-
pectro como, por exemplo, a cefalexina,
que tem como característica distribuir
em todos os tecidos e atingem boas
concentrações, principalmente em pele
e tecido subcutâneo, com isso favore-
cendo o controle (ANDRADE; GIUFFRI-
DA; RIBEIRO, 2002).
O tratamento da Malassezia pachyder-
matis pode ser feito com produto con-
tendo Miconazol, quando necessário.
O corticoide é a droga mais utilizada na
dermatologia veterinária por ser econô-
mica, fácil de administrar e de elevada
eficácia. Em doses farmacológicas, ini-
be a expressão de genes que codificam
uma variedade de moléculas envolvidas
na imunidade e na inflamação, resul-
tando numa rápida e profunda imunos-
supressão e diminuição da inflamação
(NUTTAL, 2008; FARIAS, 2007; MEDLE-
AU; RAKICH, 1996).
Corticosteroides orais de curta ação,
como a prednisolona na dose de 0,5 a 1
mg/kg, podem ser indicados no controle
da exacerbação aguda da inflamação e
do prurido relacionados à dermatite ató-
pica, até a diminuição dos sinais clínicos.
Em casos crônicos e que não respondem
a terapias alternativas e dependem dos
corticoides para controlar o prurido, o
uso a longo prazo deve ser restrito. Nes-
ses casos, após a instituição da dose de
0,5 mg/kg/24h, seu uso deve ser espa-
çado para cada 48 horas e posterior-
mente a cada 72 horas, sua dose então
deve ser reduzida e espaçada até se en-
contrar um equilíbrio entre ausência de
sinais clínicos e de efeitos colaterais da
corticoideterapia (NUTTAL, 2008; FA-
RIAS, 2007).
Já o uso concomitante de ácidos graxos
essenciais é importante devido a estes
serem responsáveis pela manutenção de
uma pele elástica e para eficácia das de-
fesas contra as agressões externas (DE-

DERMATITE ATÓPICA EM CÃES E GATOS
A dermatite atópica (DA) é uma doença
que envolve vários fatores como aler-
gias, defeitos da barreira cutânea, infec-
ções cutâneas, infecções microbianas e
outros fatores predisponentes (NUTTAL,
2008).
A atopia é uma reação de hipersensi-
bilidade do tipo I, o que significa que
vários alérgenos são capazes de pro-
mover anticorpos alérgeno- específicos
(IgE e IgGd). A reação destes anticorpos,
fixados às superfícies dos mastócitos,
com os alérgenos específicos induzem
a liberação de mediadores responsáveis
pela reação inflamatória e pelo prurido.
Enzimas proteolíticas, histamina e leuco-
trienos são os mediadores mais comuns
(WILLEMSE, 1998).
Dependendo dos alérgenos envolvidos,
a atopia pode ser estacional ou perene.
Das alergias não estacionais, 30% irão
resultar em problemas alérgicos perenes
(WILLEMSE, 1998).
Introdução
A DA é comum em cães e também ocor-
re em gatos (MEDLEAU; RAKICH, 1996).
A idade de surgimento da doença situa-
se entre 1 e 3 anos em 75% dos cães
afetados e as raças mais predispostas
são Pastores alemães, Boxers, Labrador
retrievers, Golden retrievers, Cairn ter-
ries, West Higland White terriers, Fox
As mudanças microestruturais da epi-
derme levam à sensação de prurido e
iniciam o ciclo de amplificação de res-
posta inflamatória. O prurido contínuo
induz injúria mecânica dos ceratinócitos,
onde estes possuem importantes fun-
ções efetoras e determinam a direção
da resposta imune tegumentar. Quan-
do lesados, os ceratinócitos liberam IL-1,
IL-2, TNF-α, GM-CSF e TSLP, que promo-
vem migração e a proliferação de célu-
las dendríticas na epiderme. As células
dendríticas servem como sentinelas do
Incidência
Imunopatologia
terriers, Irish setters, Poodles e Schnau-
zers miniatura (WILLEMSE, 1998), po-
rém Lucas (2008) adiciona Shar Pei, Ter-
rier Escocês, Lhasa Apso, Dálmata, Pug,
Setter Irlandês, Cocker Spaniel, Buldo-
gue Inglês, Akita, Schnauzer miniatura,
mas pode ocorrer em qualquer animal,
mesmo naqueles sem raça definida.
sistema imune e, uma vez ativadas, mi-
gram para os linfáticos e linfonodos e, a
partir da liberação de IL-4, IL-5 e IL-13,
conduzem à diferenciação de linfócitos
T0 em linfócitos TH2, os quais migram
para a pele. (FARIAS, 2007).
Com a queda da barreira tegumentar,
inúmeros alérgenos são difundidos por
via transepidérmica. Estes são reconhe-
cidos, fagocitados e apresentados pelas
células dendríticas epidérmicas aos lin-
fócitos TH2, os quais estimulam a pro-
liferação de linfócitos B e a produção
Estima-se que entre 10 a 15% da po-
pulação de cães seja afetada pela der-
matite atópica, devendo ser suspeita em
todos os cães com prurido, piodermites,
otites e malasseziose recorrentes (FA-
RIAS, 2007).
de uma pletora de IgE alérgeno-espe-
cíficos. A IgE se distribui pela superfície
das células dendríticas e de mastócitos,
originando a formação de complexo
antígeno-anticorpo, o realce da capaci-
tação e da apresentação antigênica e a
degranulação mastocitária, o que con-
duz à amplificação da resposta imune,
da inflamação e do prurido associado à
dermatite atópica (FARIAS, 2007).
Outro fato importante no desenvolvi-
mento da resposta imunoalérgica em
pacientes atópicos está relacionado à
Referências Bibliográficas
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Boletim técnico Celesporin / Dermacorten Boletim técnico Celesporin / Dermacorten
THIOUX, 2008). Estes produtos podem
ser eficientes na redução do prurido
pelo bloqueio do metabolismo do ácido
araquidônico, diminuindo a liberação de
mediadores inflamatórios; mesmo que a
suplementação com ácidos graxos não
seja completamente eficiente sozinha,
seu uso com os glicocorticoides pode
permitir acentuada redução na dosagem
do glicocorticoide (MEDLEAU; RAKICH,
1996). Muitos animais atópicos melho-
ram de modo inespecífico após os en-
saios alimentares, provavelmente devi-
do às dietas utilizadas que apresentam
elevada qualidade e são enriquecidas
em ácidos graxos essenciais (NUTTAL,
2008).
O tratamento sintomático usando anti-
histamínicos, suplementação com áci-
dos graxos ou doses anti-inflamatórias
de glicocorticoides não interfere na imu-
noterapia e pode ser usado concomitan-
temente (MEDLEAU; RAKICH, 1996).