epidemiologia dos vÍrus htlv-1 e 2. anna barbara de freitas carneiro proietti 2012
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EPIDEMIOLOGIA DOS VÍRUS HTLV-1 E 2.
Anna Barbara de Freitas Carneiro Proietti
2012
PARTÍCULA VIRAL
Vírus linfotrópico de células T humanas - HTLV
Família: Retroviridae
Subfamília: Orthoretrovirinae
Gênero: Deltaretrovirus
envelope capsídeo
nucleóide
HISTÓRICO
• HTLV-1: primeiro retrovírus descrito. Inicialmente associado a leucemia de células T do adulto (ATL) no Japão em 1977. Isolado em 1980 de paciente com linfoma cutâneo de células T. (Poiesz et al, 1980)
• HTLV-2: identificado em 1982, numa linhagem de células T de paciente com leucemia de células pilosas.
(Kalyanaraman et al, 1982)
• HTLV-3 e HTLV-4: em populações do sul de Camarões.
(Mahieux e Gessain, 2005)
Robert Gallo, em cujo laboratório o HTLV-1 foi isolado
ATL: leucemia/linfoma de células T do adulto
Flower cells
Lesões de pele
DOENÇAS ASSOCIADAS AO HTLV-1
TSP: paraparesia
espástica tropical
HAM: mielopatia associada ao HTLV
HAU: uveíte associada ao
HTLV-1
Em média, 5% dos portadores poderão desenvolver manifestações clínicas.
DOENÇAS ASSOCIADAS AO HTLV-2
• Pouco associado a doenças.• Doença neurológica semelhante à HAM/TSP.
• Parece predispor os portadores a infecções bacterianas.
(Chen et al, 1983)
• Necessários mais estudos.
EPIDEMIOLOGIA
• HTLV-1 tem ampla distribuição mundial, estimando-se a existência de 15 a 20 milhões de pessoas infectadas.
(Proietti et al, 2005)
• Agregação em áreas geográficas diferentes.• Prevalência varia em regiões geográficas distintas.• Prevalência aumenta com a idade.• Soropositividade maior no sexo feminino.• Agregação de infecção em núcleos familiares.
(Manns et al, 1991)
(Proietti et al, 2005)1 a 5%
HTLV-1
< 1%
PREVALÊNCIA DO HTLV-1/2 NA AMÉRICA DO SUL
Carneiro-Proietti, 2002
HTLV- 1/2100/1000 a 477/1000
(Caiaffa W, 2002)
0.4/1000 a 10/1000
HTLV-1/2
(Catalan-Soares, 2005)
36/1000 to 338/1000
HTLV-2 na região Amazônica(Carneiro-Proietti, 2002)
2.500.000 infectados?
(Proietti FA, 2002)
PREVALÊNCIA DO HTLV-1/2 EM GRUPOS ESPECIAIS
SOROPOSITIVIDADE (EIA) PARA HTLV-1/2 EM DOADORES DE SANGUE DE 26 CAPITAIS BRASILEIRAS E DO DISTRITO FEDERAL
6.218.619 doações de 1995 a 2000 0.4/1000 to 10.0/1000
6.218.619 doações de 1995 a 2000 0.4/1000 to 10.0/1000 (Catalan-Soares, 2005)
VIAS DE TRANSMISSÃO
SANGUE
SEXOVERTICAL• transplacentária• canal de parto• amamentação
• mais eficaz• transfusão componentes celulares • agulhas contaminadas
• carga viral• tempo de exposição• ulcerações
• Transmissão pela via vertical: fator de risco para desenvolvimento da ATL.
(Tajima et al, 1982 e 1987; Hino S et al, 1985)
• No Japão, verificou-se redução de 80% das
transmissões verticais do HTLV-1 por meio de recomendações de não amamentação.
(Hino et al, 1994 e 1997)
TRANSMISSÃO
TRANSMISSÃO
• Presença anticorpos específicos anti-HTLV-1/2 em neonatos: marcador confiável de infecção materna.
• Presença anticorpos maternos da classe IgG anti-HTLV-1 em 98% das amostras de sangue de cordão umbilical de recém-nascidos.
(Ades et al, 2000; Tsuji et al, 1990)
• As taxas de transmissão vertical do HTLV-2 são reportadas como semelhantes às do HTLV-1.
(Van Dyke et al, 1995)
TRANSMISSÃO
• Aproximadamente 20% de transmissão em crianças amamentadas por mães soropositivas.
• Cerca de 3% de crianças nascidas de mães infectadas,
mas não amamentadas pelas mães, adquirem a infecção.
(Katamine et al, 1994; Kusuhara et al, 1987; Sugiyama et al, 1986)
ASPECTOS DA INFECÇÃO PELO HTLV QUE NECESSITAM DE MAIS
ESCLARECIMENTOS
• Patogênese de algumas doenças associadas ao HTLV-1.
• Prevalência populacional.• Heterogeneidade espacial.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS EM GESTANTES País Tipo viral
testadoTestes Amostras Positividade para o
HTLV por 10.000Referência
Bibliográfica
Alemanha HTLV-1/2 Método de gel aglutinação /ELISA
+ WB
58.747sangue seco de
neonatos
0,7 Taylor et al, 2005
Espanha HTLV-1/2 ELISA + WB + PCR 20.366 soro pré-natal
6,4 Machuca et al, 2000Taylor et al, 2005
França HTLV-1/2 ELISA + LIA 10.398sangue seco
pré-natal
11,5 Taylor et al, 2005
Argentina HTLV-1/2 sem confirmatório 3.143soro pré-natal
20 Trenchi et al, 2007
Peru HTLV-1/2
HTLV-1
ELISA + WB
ELISA
2492soro pré-natal e pós-
natal
211soro pré-natal
170
230
Alárcon et al, 2006
Zurita et al, 1997
Martinica HTLV-1 ELISA + WB 467 193 Mansuy et al, 1999
Nigéria HTLV-1/2 ELISA 120 1670 Forbil et al, 2007
Jamaica HTLV-1 ELISA + WB 200soro pré-natal
200 Dowe et al, 1998
Gabão HTLV-1/2 confirmatório 907 210 Etenna et al, 2008
Gana HTLV-1/2 ELISA + WB 960 250 Armah et al, 2006
Guiana Francesa HTLV-1 ELISA + WB 6.331 344 Tortevoye et al, 2005
Zaire HTLV-1 teste? soroprevalência
1.166 370 Delaporte et al, 1995
Japãoáreas hiperendêmicasáreas não endêmicas
HTLV-1 Não informado, artigo de revisão 61.150 e 16283
-400 a 50010 a 100
Fujino et al, 2000
País Tipo viral testado
Testes Tamanho da amostra
Soropositivos para
HTLV por 10.000
Referência Bibliográfica
Inglaterra HTLV-1/2 Método de gel aglutinação +WB
126.010
sangue seco de neonatos
5,3 Ades et al, 2000
Taylor et al, 2005
África do Sul HTLV-1 Método de gel aglutinação +WB
2.582 (1259 gestantes + 1323 sangue cordão)
Taylor et al, 1996
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS EM GESTANTES
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS EM GESTANTESBRASIL
Local Tipo viral testado
Testes Tamanho da amostra
Soropositivospara HTLV por 10.000
Referência
Botucatu HTLV-1/2 ELISA + WB 913 10 Olbrich et al, 2004
Mato Grosso do Sul
HTLV-1/2 ELISA + WB +PC
32.512
116.689
10 Figueiró-Filho et al, 2005
Dal Fabbro et al, 2008
Fortaleza HTLV-1/2 ELISA + WB 814 12 Broutet et al, 1996
Paraíba (nutrizes)
HTLV-1/2 ELISA + PCR 1033 70 Pimenta et al, 2008
Bahia
Salvador
Cruz das Almas
HTLV-1
HTLV
ELISA + WB + PCR
ELISA + WB
6754
408
84
98
Bittencourt et al, 2001
Magalhães et al, 2008
Belo Horizonte
HTLV-1/2 ELISA 1959 100 Andrade et al, 1999
CONTROLE DO HTLV
Medidas que visam diminuir os fatores de risco relacionados a:
• transmissão sexual.• uso compartilhado de seringas e agulhas.• triagem do sangue doado. • transmissão vertical, como por exemplo, a triagem no
pré-natal ou neonatal.
MATERIAL E MÉTODOS DESCRIÇÃO DO ESTUDO
MATERIAL E MÉTODOS DESCRIÇÃO DO ESTUDO
MATERIAL E MÉTODOS DESCRIÇÃO DO ESTUDO
Distribuição da taxa de mortalidade materna (TMM) e proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o
HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
TMM, 2005
até 19
19 --| 25
25 --| 33
33 --| 47
47 --| 103
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição do porcentual de responsáveis pelo domicílio com renda de até um salário mínimo e proporção de mães de
nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
Renda até 1 salário (%)
até 22
22 --| 31
31 --| 32
32 --| 48
48 --| 54
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição do porcentual de responsáveis pelo domicílio sem instrução ou com até um ano de instrução e proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2**,
por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
Sem ou com até 1 ano de instrução (%)
até 16
16 --| 18
18 --| 25
25 --| 40
40 --| 47
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição do porcentual da população residente, de 5 a 9 anos de idade, alfabetizada e proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
Alfabetizados (%)
até 47
47 --| 58
58 --| 60
60 --| 61
61 --| 66
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição de porcentual de domicílios particulares com lixo coletado e proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de
Minas Gerais.
Lixo coletado (%)
até 56
56 --| 71
71 --| 77
77 --| 85
85 --| 89
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição do porcentual de domicílios particulares com rede geral de esgoto pluvial e proporção de mães de nascidos
vivos soropositivas para o HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
Rede de Esgoto (%)
até 40
40 --| 58
58 --| 71
71 --| 76
76 --| 83
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa.
Distribuição do porcentual de população residente urbana e proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o
HTLV-1/2**, por mesorregião geográfica do estado de Minas Gerais.
População urbana (%)
até 64
64 --| 76
76 --| 80
80 --| 87
87 --| 94
**A proporção de mães de nascidos vivos soropositivas para o HTLV-1/2 por 10.000, de setembro a novembro de 2007, em cada mesorregião, está representada no mapa por meio de círculo, com diâmetro proporcional a magnitude da estimativa
DISCUSSÃO
• Doadores de sangue do hemocentro público de MG (2007): a soropositividade no teste ELISA foi de 8/10.000 e no Western Blot foi de 2/10.000.
(fonte: Laboratório de Sorologia da Fundação Hemominas)
• Soropositividade nas mulheres estudadas foi aproximadamente 4 vezes maior do que aquela para doadores de sangue.
DISCUSSÃO
• Destaca-se o tamanho da amostra do estudo.
• Poucos estudos comparáveis.
No Brasil: Mato Grosso do Sul (Figueiró-Filho et al, 2005; e Dal Fabbro et al, 2008)
DISCUSSÃO
• Distribuição geográfica do HTLV-1/2 foi heterogênea.• Tendência para agregação das taxas mais elevadas de
soropositividade nas mesorregiões do nordeste e norte do estado.
• Reflete a heterogeneidade e a tendência de aumento de soropositividade em direção ao norte e nordeste já observados em estudo prévio em doadores de sangue no Brasil.
(Catalan-Soares, 2005)
DISCUSSÃO
• É provável que diferenças sociais e econômicas possam explicar em parte o evento observado, mas outros fatores podem estar envolvidos, como por exemplo, migração de populações e demais fatores demográficos (etnia, sexo, idade).
• Duas amostras positivas para o HTLV-2 identificadas em mães de recém-nascidos indígenas Maxacalis, do Vale do Mucuri. Necessário estudos nessa comunidade.
DISCUSSÃO
Limitações do estudo
• Estima-se que 5,5% das crianças nascidas vivas no estado de MG não são triadas pelo PETN.
• As mulheres que sofreram abortos ou mães de natimortos não foram incluídas no estudo.
• Possibilidade de resultados falso negativos.
• Período curto de estudo.
DISCUSSÃO
CONCLUSÕES• Conhecimento da prevalência da infecção pelo HTLV-
1/2 e de sua heterogeneidade pode ajudar a direcionar as políticas de saúde.
• A detecção das portadoras do vírus, por meio de triagem no pré-natal ou neonatal, associadas a medidas de intervenção, como fornecimento de fórmulas lácteas aos recém-nascidos de soropositivas pode reduzir o risco de transmissão vertical do vírus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A verificação de provável correlação da distribuição geográfica da soropositividade para o HTLV-1/2 com determinantes de posição socioeconômica propiciou a discussão sobre os fatores que podem estar envolvidos na manutenção e transmissão desses vírus na população.
• Mais estudos são necessários para o melhor esclarecimento dos prováveis determinantes associados às diferenças epidemiológicas na distribuição geográfica do HTLV-1/2.
OBRIGADA!