joão calvino - institutas 3 - tradução do latim.by.edwards

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As Instituta s o u Tratado da Religião Cristã vol. 3

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Estudo biblico

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Institutas III

As Institutas

ouTratado da Religio Crist vol. 3Edio clssica (latim)Joo Calvino

N D I C E

EM FUNO DOS CAPTULOS E SUAS SEES

CAPTULO I

AS COISAS QUE FORAM DITAS ACERCA DE CRISTO NOS SO PROVEITOSAS EM VIRTUDE DA OPERAO SECRETA DO ESPIRITO

1. A unio com Cristo e a apropriao das bnos que ele nos conquistou operam-se atravs

do Esprito Santo ............................................................................................................................................... 00

2. Cristo, o receptculo do Esprito Santo, de quem recebemos os dons ............................................................. 00

3. Ttulos com que se designa o Esprito Santo na Bblia .................................................................................... 00

4. A f a principal obra do Esprito Santo em nossa salvao ............................................................................ 00

CAPTULO IIDA F DEFINIO E EXPOSIO DE SUAS PROPRIEDADES

1. Importncia e natureza da f polarizada em Cristo ......................................................................................... 00

2. Improcedncia da f implcita dos escolsticos ............................................................................................... 00

3. Improcedncia da tese romanista a requerer f implcita na autoridade absoluta da igreja ............................. 00

4. A correta acepo de f implcita: imperfeita, incompleta, incipiente ou germinal .......................................... 00

5. Pode-se dizer que f implcita a predisposio de crer, o que se pode chamar de f potencial ou preparatria 006. A verdadeira f embasada na Palavra de Deus escrita, polarizada no pleno conhecimento de sua vontade .. 00

7. A f repousa na promessa da graa, da misericrdia e da verdade de Deus em Cristo .................................... 00

8. Improcedncia da distino escolstica entre f formada e f informe ...................................................... 00

9. 1 Corntios 13.2 no corrobora a distino entre f formada e f informe ............................................... 00

10. A f informe, como se patenteia nos incrdulos, no f verdadeira ........................................................... 00

11. A f operante, ainda que no eficaz nem absoluta, at mesmo nos rprobos ................................................ 00

12. S nos eleitos a f real e eficaz; nos rprobos, ela apenas aparente e ineficaz ............................................ 00

13. Vrias e distintas acepes do termo f nas Escrituras ................................................................................... 00

14. A f conhecimento, e este de cunho transcendente, no sensrio, perceptivo ou especulativo ...................... 00

15. A f conhecimento certo e seguro, como se acha fundamentado em Deus e sua Palavra .............................. 00

16. A f slida confiana nas promessas divinas e firme apropriao da salvao que Deus nos propicia ........ 00

17. A certeza que a f nos confere de forma alguma exclui a tentao de dvida e inquietude, ora mais, ora menos sentida ............................................................................................................................................................. 00

18. O perene conflito do corao crente, dividido entre o poder do Esprito e a tentao da carne, decorrncia da imperfeio da f ............................................................................................................................................ 00

19. A f, por mais incipiente e rudimentar que seja, cresce em contnuo vigor e certeza ..................................... 00

20. A bipolaridade da experincia de f na perspectiva do ensino de Paulo ........................................................ 00

21. Firmada na divina palavra, a f jamais cede terreno incredulidade nem se deixa abater-se por ela ............ 00

22. A certeza da f no afetada pelo devido temor de Deus .............................................................................. 00

23. O temor no suprime a f nem impede a certeza ............................................................................................ 00

24. A f no vacila entre a esperana e o medo, atuada ora por aquela, ora por este ........................................... 00

25. A bipolaridade da f na palavra de Bernardo de Clareval .............................................................................. 00

26. A f redunda em temer a Deus como o Senhor e honr-lo como Pai .............................................................. 00

27. O temor de Deus que no crente filial, no incrdulo servil ......................................................................... 00

28. A f contempla, no a prosperidade terrena, mas a salvao e a vida eterna ................................................... 00

29. A f se fundamenta na divina promessa da graa ........................................................................................... 00

30. Improcedncia da tese de que a f no deve ser definida to-somente da promessa da graa, mas tambm das

ameaas de castigo ....................................................................................................................................... 00

31. A f se calca na Palavra da Escritura e nela se contm ................................................................................... 00

32. A f se polariza nas promessas de Deus e expresso de seu amor, cujo cumprimento se acha em Cristo ... 00

33. A f se firma na palavra da Escritura atravs da iluminao da mente e do alento do corao efetuados pelo

Esprito Santo ............................................................................................................................................... 00

34. S somos levados a Cristo e seu reino, em genuna e verdadeira f, em virtude do Esprito do Senhor ........ 00

35. A f obra de Deus, dom e manifestao de seu poder ................................................................................. 00

36. A f no s a iluminao da mente operada pelo Esprito, mas tambm o selo do Esprito no corao ...... 00

37. A f, sustentada pelo Senhor, vitoriosa ante as dvidas e tentaes que nos assaltam ................................... 00

38. Improcedncia do dogma escolstico de que a certeza da f uma conjetura moral ....................................... 00

39. A certeza e convico da f no presuno fortuita, mas testemunho e uno do Esprito .......................... 00

40. A f implcita a certeza da perseverana final dos santos ............................................................................ 00

41. O conceito de f luz de Hebreus 11.1, a qual se manifesta no amor a Deus ............................................... 00

42. A esperana indissoluvelmente associada f; aquela resulta necessariamente desta .................................. 00

43. No raro, a f e a esperana so exibidas na Escritura como recprocas ou sinnimas ................................... 00

CAPTULO IIISOMOS REGENERADOS MEDIANTE A F. ONDE SE TRATA TAMBM DO ARREPENDIMENTO

1. O arrependimento corolrio imprescindvel da f ......................................................................................... 00

2. O arrependimento fruto direto e necessrio da f .......................................................................................... 00

3. As duas faces do arrependimento: contrio e vivificao .............................................................................. 00

4. Arrependimento segundo a lei, e arrependimento segundo o evangelho ........................................................... 00

5. O arrependimento pode ser definido como a volta para Deus, em f, qual indissoluvelmente associado, porm inconfundivelmente distinto .................................................................................................................. 00

6. O arrependimento, volta para Deus, tem mudana implcita real de alma e corao ....................................... 00

7. O arrependimento suscitado por sincero e real temor de Deus, antevisto o justo, porm incoercvel, juzo em que lhe incorre o pecador ....................................................................................................................................... 00

8. Mortificao da carne e vivificao do Esprito, elementos integrantes do arrependimento ........................... 00

9. A mortificao da carne e a vivificao do Esprito resultam da participao da morte e da ressurreio de

Cristo, a regenerao real ou arrependimento ................................................................................................. 00

10. A regenerao livra da servido do pecado, cujos resqucios, no entanto, sempre perturbaro a vida do crente 0011. O pecado j no reina no crente, entretanto continua nele a habitar ............................................................. 00

12. O sentido real da corrupo total e geral de nossa natureza .......................................................................... 00

13. Afirmaes de Agostinho quanto subsistncia do estado pecaminoso nos regenerados, ainda que a culpa seja removida ...................................................................................................................... ................................ 00

14. Os excessos dos anabatistas e a improcedente concepo da ao do Esprito por eles sustentada, a perfeio que proclamam longe est da santificao nas Escrituras ............................................................................. 00

15. As chamadas causas, efeitos ou frutos do arrependimento luz de 2 Corntios 7.11 ...................................... 00

16. Interioridade e exterioridade do arrependimento em seus frutos .................................................................... 00

17. At onde relevante a chamada penitncia externa, especialmente o pranto e o jejum ................................ 00

18. A chamada penitncia exterior , afinal, confisso de culpa e pecado antes que expresso real do arrependi- mento .............................................................................................................................................................. 00

19. De elo indissolvel vinculam entre si o arrependimento e o perdo de pecados .............................................. 00

20. O arrependimento o pr-requisito do perdo dos pecados ........................................................................... 00

21. O arrependimento dom da graa divina, que faculta o perdo a todo pecado, exceto o pecado contra o Esprito

Santo .............................................................................................................................................................. 00

22. A natureza real do pecado que no tem perdo ............................................................................................. 00

23. A rejeio deliberada da verdade do evangelho apostasia real no suscetvel renovao do arrependimento que redime ....................................................................................................................................................... 00

24. As expresses de desespero dos mpios longe esto de arrependimento genuno e real .................................. 00

25. A contemplao divina para com os mpios no lhes granjeia real arrependimento ........................................ 00

CAPTULO IVQUO DISTANTE DA PUREZA DO EVANGELHO EST TUDO QUANTO OS SOFISTAS ENSINAM EM SUAS ESCOLAS A RESPEITO DO ARREPENDIMENTO.

ONDE SE TRATA DE CONFISSO E SATISFAO

1. A concepo escolstica de penitncia ou arrependimento e suas trs facetas: contrio, confisso e

satisfao ............................................................................................................................................................ 000

2. A angustiante falcia da contrio engendrada pelos escolastas .................................................................... 000

3. O perdo no procede da contrio humana, mas da misericrdia divina ...................................................... 000

4. A base precria da confisso auricular, a improcedncia do argumento calcado na apresentao aos sacerdotes dos leprosos curados ...................................................................................................................................... 000

5. Nem a ressurreio de Lzaro serve de base noo romanista da confisso ............................................... 000

6. Nem Joo Batista, nem Tiago endossam a confisso romanista ..................................................................... 000

7. A confisso auricular no era generalizada, nem obrigatria at o tempo de Inocncio III, papa do sculo

XIII ..................................................................................................................................................................... 000

8. No menos contrrias confisso auricular so as injunes de Crisstomo, eminente patriarca de Constantino- pla .................................................................................................................................................................... 000

9. A confisso ensinada nas Escrituras confisso a Deus, no a sacerdotes .................................................... 000

10. A confisso pblica dos pecados ................................................................................................................ 000

11. A confisso geral dos pecados .................................................................................................................... 000

12. A confisso pessoal em funo de mtuo aconselhamento e edificao ....................................................... 000

13. A confisso pessoal feita queles a quem tenhamos ofendido ou contra quem tenhamos pecado ............... 000

14. Natureza e aplicao do poder das chaves .................................................................................................... 000

15. Sntese da doutrina romanista da confisso auricular e do poder das chaves ................................................ 000

16. A impossibilidade de enumerao total dos pecados cometidos .................................................................. 000

17. O inominvel tormento da exigncia de enumerar, em confisso, todos os pecados cometidos ................. 000

18. Os efeitos danosos, desde a aflio at a hipocrisia, que resultam da exigncia de se enumerar, na confisso todo pecado cometido; alis, uma clara impossibilidade .......................................................................... 000

19. Os efeitos deletrios e os males resultantes da confisso auricular ............................................................... 000

20. Improcedente e irracional o recurso ao poder das chaves que os defensores da confisso auricular invocam 000

21. A clara impossibilidade da aplicao infalvel do poder de ligar e desligar por parte dos sacerdotes

romanistas ....................................................................................................................................................... 000

22. A precariedade da absolvio sacerdotal em contraste com a declarao de perdo proferida pelo ministro da

Palavra ........................................................................................................................................................ 00023. Incongruncias da doutrina romanista da confisso auricular .................................................................... 000

24. Breve smula dos pontos capitais em que se mostra ser descabida a confisso auricular ........................... 000

25. A doutrina romanista da satisfao contradiz o ensino bblico da remisso graciosa dos pecados ................. 000

26. A satisfao nica e suficiente pelos pecados o sacrifcio de Cristo por ns e em nosso lugar ................. 000

27. A doutrina romanista da satisfao priva a Cristo de sua honra e glria e a conscincia de certeza e paz .. 000

28. A distino romanista dos pecados como veniais e mortais improcedente, bem como a satisfao que engen- dram para eles .............................................................................................................................................. 000

29. improcedente a distino romanista entre pena e culpa, j que o perdo dos pecados, que exime da culpa, envolve a remisso da pena ......................................................................................................................... 000

30. O sacrifcio vicrio de Cristo por ns cancela tanto a culpa quanto a pena que incidem sobre ns ............ 000

31. O argumento, falsamente embasado em passagens da Escritura, de que a pena persiste a despeito do perdo da culpa, desmantelado pela noo do juzo divino como penal ou corretivo: aquele, punitivo, este,

disciplinar ................................................................................................................................................... 00032. O juzo punitivo externa a ira e maldio de Deus, o juzo corretivo testemunho de seu amor e constitui uma bno ......................................................................................................................................................... 000

33. O juzo vingador serve punio; o juzo corretivo ministra edificao .................................................. 000

34. Aos crentes o Senhor castiga os pecados, porm lhes propcio em amor, no devendo isso ser para seu acabrunhamento, mas para encorajamento ................................................................................................. 000

35. O castigo infligido a Davi e a outros, na Escritura, clara evidncia desse favor divino, e no expresso de sua justia punitiva ou forma de satisfao pelo pecado ................................................................................... 000

36. As boas obras no so meios de redeno de pecados, mas frutos de justia do corao regenerado .......... 000

37. Nem a passagem acerca da pecadora perdoada, em Lucas 7.36-50, lhes abona a tese da satisfao mediante boas obras .................................................................................................................................................. 000

38. Os doutores da Igreja, como Agostinho e Crisstomo o evidenciam, em confronto com a doutrina romanista da satisfao .................................................................................................................................................... 000

39. O ensino patrstico deturpado pelos escolastas em sua esdrxula doutrina da satisfao ............................. 000

CAPTULO V

DOS SUPLEMENTOS QUE ADICIONA M S SATISFAES, A SABER, AS INDULGNCIAS E O PURGATRIO

1. As indulgncias prescritas como meios apropriados de satisfao e os males deplorveis que da resultam .. 000

2. As indulgncias, alm de grosseira mistificao, blasfemo vilipndio da redeno operada no sacrifcio de

Cristo, como a Escritura o comprova ............................................................................................................ 000

3. Declaraes expressas do Papa Leo I e de Agostinho contra as indulgncias e os mritos dos santos, e conside- raes de Calvino quanto ao carter sacrlego e blasfemo dessas prescries, que ultrajam a suficincia da expiao de Cristo ......................................................................................................................................... 000

4. A afirmao paulina em Colossenses 1.24, quanto a suprir o Apstolo os sofrimentos de Cristo, no se refere redeno, satisfao ou expiao, o que, confirma Agostinho, prerrogativa exclusiva de Cristo .......... 000

5. As indulgncias contradizem a graa, pois so convertidas em compensaes erroneamente concebidas por meritrias diante de Deus ............................................................................................................................... 000

6. Dadas suas srias conseqncias e a natureza blasfema de que se reveste, foroso se faz refutar a doutrina do purgatrio ...................................................................................................................................................... 000

7. Improcedente o respaldo que se deriva de Mateus 12.32 doutrina do purgatrio, bem como de passagens paralelas e de Mateus 5.25, 26 ...................................................................................................................... 000

8. Tampouco Filipenses 2.10, Apocalipse 5.13 e 2 Macabeus 12.43 respaldam o purgatrio ............................. 000

9. Tampouco 1 Corntios 3.12-15 oferece fundamento doutrina do purgatrio ................................................ 000

10. A tradio da Igreja primitiva no consubstancia a tese romanista do purgatrio, a qual calcada no costume comum e na ignorncia generalizada da verdade da Escritura, por isso ser to propensa a tantos erros a orao pelos mortos ................................................................................................................................................ 000

CAPTULO VIDA VIDA DO HOMEM CRISTO. ARGUMENTOS DA ESCRITURA QUE NOS EXORTAM A ELA

1. A despeito da importncia da matria e da prolixidade dos escritos antigos, a exposio dela ser sumria e sucinta ............................................................................................................................................................ 000

2. O plano bblico da vida crist consta de dois pontos: o amor justia ou santidade no viver e a norma que no-lo regule ............................................................................................................................................................ 000

3. A Escritura demonstra sobejamente que a vida crist deve ser modelada em Cristo, padro nico pelo qual ajustar-se ...................................................................................................................................................... 000

4. A vida cristo no se reduz a mera profisso de lbios; ao contrrio, implica em experincia ntima e viver piedoso, no especulativa, mas existencial ................................................................................................... 000

5. A vida crist no implica em perfeio, inatingvel na presente condio humana, porm reclama esforo, diligente e contnuo, de busc-la, dia aps dia, sem desfalecimento ............................................................. 000

CAPTULO VIIA SUMA DA VIDA CRIST, ONDE SE TRATA DA RENNCIA PESSOAL

1. Pertencemos a Deus, no a ns, para quem temos de viver e morrer, em Cristo e pelo Esprito .................... 000

2. J que no nos pertencemos, e sim a Deus, ento que nos renunciemos e busquemos fazer sua vontade e promover sua glria ...................................................................................................................................... 000

3. A formulao paulina da vida crist bem delineada em Tito 2.11-14 ........................................................... 000

4. A natural presuno, arrogncia, despeito e insolncia com que encaramos ao prximo, e a humildade que, ao negarmos a ns mesmos, deve, sobretudo, caracterizar-nos o trato ................................................................ 000

5. A diretriz bblica da vida verdadeiramente crist a renncia pessoal e a dedicao ao bem do prximo .... 000

6. O amor ao prximo sem barreiras nem limites, j que em cada criatura humana se espelha a majestosa imagem

do Senhor ....................................................................................................................................................... 000

7. O amor ao prximo no um mero exerccio exterior de aes benvolas, mas o sentimento ntimo e emptico

do corao .................................................................................................................................................... 000

8. Nossa negao pessoal em relao a Deus polariza-se em fazer sempre e em tudo sua vontade e buscar sua bno ................................................................................................................................................................ 000

9. A vida crist norteada s pelo empenho de desfrutar a bno de Deus se pauta, confiante e resignadamente, por absoluta honestidade e retido ...................................................................................................................... 000

10. Nossa negao pessoal implica em aceitar em tudo a vontade divina, pelo que suportaremos com resignao as prprias adversidades ................................................................................................................................. 000

CAPTULO VIIIQUANTO A TOMAR A CRUZ, QUE PARTE DE NOSSA NEGAO PESSOAL

1. A vida do cristo uma dura caminhada, na qual, imitando a Cristo e sob sua glria, a cruz das provaes e embates carregada com pacincia .............................................................................................................. 000

2. A cruz das tribulaes e nossos fracassos nos leva a reconhecer nossa fragilidade e a confiar somente na graa de

Deus ............................................................................................................................................................... 000

3. Levar a cruz nos faculta experincia direta da fidelidade de Deus e segura esperana para o futuro ............ 000

4. Levar a cruz nos testa a paciente resignao e nos adestra para a confiante obedincia .................................. 000

5. Levar a cruz remdio eficaz para conter o desenfreamento de nossa natureza pecaminosa .......................... 000

6. As agruras da cruz so disciplina com que Deus trata nossos pecados passados e nos corrige obedincia genuinamente filial ....................................................................................................................................... 000

7. Sofremos perseguio e dano por causa da justia, o que nos deve ser motivo de grande conforto, nem devemos desanimar-nos ante os muitos reveses da vida ................................................................................................ 000

8. A vida repleta de adversidades e tribulaes, as quais suportamos firmados na divina consolao, inclusive glorificando o Senhor atravs delas ................................................................................................................ 000

9. Levar a cruz, no que respeita s tristezas e pesares, no a fria impassibilidade dos esticos, mas a aguda sensi- bilidade qual so naturais a dor e a lgrima ................................................................................................ 000

10. O sentimento natural de tristeza e prostrao se pe em conflito com o cultivo da resignao ou pacincia que

a cruz requer de ns, porm esta firmada pelo senso da vontade divina .................................................... 000

11. A profunda e necessria diferena entre a noo crist e o conceito filosfico dessa pacincia ou resignao ante as adversidades da vida ...................................................................................................................... 000

CAPTULO IXQUANTO MEDITAO DA VIDA FUTURA

1. Ante o fascnio que a presente vida nos exerce, Deus nos conclama constantemente vida futura .............. 000

2. O encanto e apego com que nos prendemos vida presente nos ofuscam a viso da vida futura ................. 000

3. A vida presente, embora no seja comparvel vida futura, est repleta de bnos, e em si mesma uma bno, pela qual importa que sejamos gratos a Deus ................................................................................... 000

4. A vida presente, qual nos cumpre acomodar-nos, longe est de comparar-se vida futura, bem-aventurada e eterna, a qual se deve sempre buscar ............................................................................................................. 000

5. No h por que temer a morte; ao contrrio, ante a glria da vida futura, ela deve ser acolhida com vvida expectativa, em vista da redeno que nos aguarda ...................................................................................... 000

6. A consolao que desfrutamos da expectativa da vida futura, de bendita felicidade para os que so de Cristo e de desventurada misria para os mpios ............................................................................................................ 000

CAPTULO X

COMO SE DEVE FAZER USO DA PRESENTE VIDA E DE SEUS RECURSOS

1. As benesses desta vida, quando polarizada com a venturosa vida futura, devem ser usadas sem parcimnia extremada, nem prdiga inconteno ........................................................................................................... 000

2. Princpio correto no uso das coisas servir-se delas conforme o fim e na medida a que se destinam, segundo a necessidade que se tenha e o deleite que proporcionam ............................................................................... 000

3. O uso apropriado das benesses desta vida consiste em que glorifiquem a Deus e lhe sejam real ao de

graas ............................................................................................................................................................ 000

4. Primeira regra do viver condigno: fazer uso de tudo com desprendimento, sem afetao, nem ostentao, na perspectiva da vida celestial ............................................................................................................................ 000

5. Segunda e terceira regras do viver condigno: suportar com resignao as privaes da pobreza, sem ceder a arrogante altivez em vinda a abundncia, e ter em conta que tudo o que temos so benesses de Deus confiadas

a nossa mordomia ............................................................................................................................................ 000

6. Quarta regra do viver condigno: Em todos os atos levar em conta a vocao ou ordenao divina pela qual se deve pautar ..................................................................................................................................................... 000

CAPTULO XIDA JUSTIFICAO PELA F, E, PRIMEIRAMENTE, DA PRPRIA DEFINIO DO TERMO E DA MATRIA

1. Necessidade e importncia de uma exposio completa da doutrina da Justificao ...................................... 000

2. Natureza e sentido da justificao ................................................................................................................. 000

3. A acepo bsica da justificao luz de algumas passagens relevantes da Escritura .................................. 000

4. A justificao pode ser sintetizada nestes quatro conceitos: aceitao por parte de Deus, imputao da justia de

Cristo, perdo dos pecados e reconciliao com Deus .................................................................................. 000

5. Falcias da doutrina da justia essencial formulada por Osiandro ................................................................ 000

6. A concepo de Osiandro da justia essencial o leva a confundir justificao e regenerao e santificao .. 000

7. A funo da f na justificao ....................................................................................................................... 000

8. Improcedncia da tese de Osiandro de que Cristo se fez nossa justia em funo unicamente de sua natureza divina, no da humana .................................................................................................................................. 000

9. A justificao obra do Mediador ou, seja, do Logos encarnado; portanto, da prpria natureza humana de

Cristo ............................................................................................................................................................ 00010. A apropriao da justia de Cristo se processa atravs da unio mstica ou espiritual com Cristo, no atravs de unio essencial, como Osiandro insiste ...................................................................................................... 000

11. A doutrina da justia essencial sustentada por Osiandro no s obscurece a distino de justificao santifica- o, mas tambm frustra a prpria natureza da salvao ............................................................................. 000

12. Considerao final em refutao tese de Osiandro: a justificao obra do Mediador, no s de sua natureza divina ......................................................................................................................................................... 00013. A justificao to-somente pela f, sem a incluso de qualquer obra humana ............................................ 000

14. Nem mesmo as prprias obras dos regenerados, feitas pelo poder do Esprito Santo, servem para a justificao 00015. A concepo errnea dos escolastas em relao funo da graa e das obras na justificao ................... 000

16. A justificao vista no enfoque da Escritura ................................................................................................ 000

17. A justificao luz de Romanos 10.1-10 ...................................................................................................... 000

18. A justificao luz de Glatas 3.11, 12 ........................................................................................................ 000

19. A falta de lgica dos opositores da justificao somente pela f, parte de qualquer obra da lei ................ 000

20. As obras da lei se revestem de valor no inerente; ao contrrio, pela apreciao divina; nem a justificao se apia em nosso prprio amor ...................................................................................................................... 000

21. A justificao pela f uma reconciliao com Deus que, essencialmente, consiste no perdo dos pecados 000

22. Comprovao bblica e juzos patrsticos de que a justificao consiste na reconciliao com Deus e no perdo dos pecados em mutualidade e equivalncia ................................................................................................ 000

23. A justificao nos deferida unicamente da justia de Cristo, com quem nos identificamos ..................... 000

CAPTULO XIIPARA QUE DEVERAS AQUILATEMOS A JUSTIFICAO GRACIOSA FAZ-SE NECESSRIO ELEVAR A MENTE AT O TRIBUNAL DE DEUS

1. Todos, sem exceo, nada podem esperar ante o tribunal de Deus seno indirimvel e inexorvel condenao, pois ningum inerentemente justo diante dele .............................................................................................. 000

2. Ainda que possamos vangloriar-nos de justia e retido diante dos homens, e em relao a eles, essa nossa retido nada diante de Deus ........................................................................................................................ 000

3. Para Agostinho e Bernardo, a justificao est calcada somente nos mritos de Cristo ................................ 000

4. Aos olhos de Deus os pretensos mritos humanos nada representam para nossa justificao ....................... 000

5. Falcia da pretensa dignidade e justia humana luz do juzo divino ........................................................... 000

6. Para fazer js justificao divina impe-se humildade real, isto , o sendo de total demrito diante de Deus 000

7. Cristo veio ao mundo chamar pecadores, no justos .................................................................................... 000

8. A arrogncia e a complacncia pessoal impedem que Cristo atenda o pecador em inteireza de f e humilde dependncia ................................................................................................................................................. 000CAPTULO XIII PRECISO OBSERVAR DUAS COISAS NA JUSTIFICAO GRACIOSA: QUE SALVAGUARDA INTE- GRALMENTE A GLRIA DE DEUS E ASSEGURA A PLENA PAZ DE CONSCINCIA

1. preciso assegurar que a glria de Deus, na justificao do pecador, em nada seja diminuda ................... 000

2. Gloriar-nos em nossa justia depreciar a glria de Deus na justificao do pecador ................................... 000

3. O que assegura a plena paz de conscincia to-somente a justificao com base nos mritos de Cristo, no em ns mesmos ................................................................................................................................................... 000

4. O senso de uma justificao calcada nos mritos pessoais invalida a promessa divina ................................ 000

5. A justificao unicamente pela f, sem o concurso das obras, por isso nos assegura do amor de Deus, nos facultando paz de conscincia e confiana no corao .................................................................................. 000

CAPTULO XIVQUAL O INCIO DA JUSTIFICAO E QUAIS SEUS AVANOS CONTNUOS

1. O homem natural ou no-regenerado completamente saturado de corrupo, juntamente com suas obras, vista de Deus .................................................................................................................................................. 000

2. H nos incrdulos virtudes e boas obras, as quais, no entanto, se devem divina munificncia, frutos da graa comum ......................................................................................................................................................... 0003. No h virtude real, nem verdadeiros boas obras que no sejam motivadas pela f, a servio de Deus, do contrrio procedem de intenes impuras ................................................................................................... 000

4. Na verdade, somente quando feitas na f em Cristo e na comunho com Cristo que merecem o ttulo de boas obras ............................................................................................................................................................ 000

5. As boas obras que so aprazveis a Deus no emanam de nossa prpria justia, mas da graa divina que nos vivifica para novidade de vida ....................................................................................................................... 000

6. To-somente na misericrdia divina tem o homem justia salvfica, nesse sentido nada podendo fazer por si mesmo, pois est morto em seus prprios delitos e pecados ........................................................................ 000

7. A justia salvfica, resultante da f e insinuando um corao regenerado, totalmente alheia aos hipcritas e aos cristos nominais, cujas obras, corruptas e ms, so sem valor vista de Deus ........................................... 000

8. Consideraes adicionais de que as obras dos no-santificados pelo Esprito do Senhor no se revestem nenhum mrito justificatrio; afinal s vale a f para a justificao ........................................................................... 000

9. Nem mesmo os regenerados pelo Esprito de Deus ostentam obras que no sejam conspurcadas aos olhos dele 00010. Dada a severidade da lei e a pecaminosidade humana, infrutfera a pretenso das boas obras para a justifica- o ................................................................................................................................................................ 000

11. As prprias obras dos piedosos esto longe de ser meritrias para a justificao, a qual sempre e somente procede da f .............................................................................................................................................. 000

12. improcedente a graa aceitante ensinada pelos escolastas ........................................................................ 000

13. Improcedncia das obras supererrogatrias vista da impossibilidade de se oferecer satisfao pelos pecados, devido gravidade destes e severidade de Deus ....................................................................................... 000

14. J que Deus requer perfeio total e normativa das obras, no h lugar para obras supererrogatrias, levando-

se em conta que homem algum consegue essa perfeio ............................................................................ 000

15. Tampouco o que Paulo afirma em 1 Corntios 11 argumento vlido em prol das obras de supererrogao 000

16. H duas pragas que preciso eliminar da mente: a confiana na justia procedente das obras e a vanglria que provocam .................................................................................................................................................... 000

17. Todas as causas de nossa salvao esto postas na graa, no nas obras .................................................... 000

18. As boas obras que pratiquem so motivo de conforto e confiana para os crentes, fortalecendo-lhes a f e testificando da operao do Esprito em seu viver ...................................................................................... 000

19. As boas obras, longe de revestir-se de mrito pessoal, so frutos da munificncia divina, dos quais o homem no tem como gloriar-se ............................................................................................................................. 000

20. Agostinho testifica que as boas obras no so motivo para a autoglorificao ou confiana jactanciosa ... 000

21. O sentido real das afirmaes bblicas nas quais parece que se atribui mrito s boas obras diante de Deus 000

CAPTULO XV

AQUELES QUE SE VANGLORIAM NOS MRITOS DAS OBRAS SUBVERTEM TANTO O LOUVOR A DEUS EM CONFERIR A JUSTIA QUANTO A CERTEZA DA SALVAO

1. Admitida a tese de que as obras no justificam, no se seguir que merecem para ns favor diante de Deus? 000

2. A inconvenincia do vocbulo MRITO, a despeito do uso que antigos autores eclesisticos fizeram dele .. 000

3. O pretenso mrito das obras no resulta delas, pois sempre so imperfeitas, mas somente da graa de Deus, que

as fazem aceitveis ...................................................................................................................................... 000

4. Refutao da evidncia evocada de Eclesistico 16.14 e Hebreus 13.16 quanto ao mrito das obras ............... 000

5. Em Cristo, e somente nele, est posta nossa salvao, que nele tem como nico inciador, sustentador e consuma- dor ................................................................................................................................................................ 000

6. Improcedncia do mrito das chamadas boas obras morais, advogado pelos escolastas, alis uma posio semi- pelagiana, j que todo mrito reside em Cristo ............................................................................................ 000

7. A insistncia na justificao pelo mrito das boas obras por parte dos escolastas, principalmente de Pedro

Lombardo, repelida por Agostinho e pela Escritura ................................................................................... 000

8. Somente na f em Cristo e na comunho com ele se prov ao crente slido fundamento de ensino, exortao e consolao ................................................................................................................................................... 000CAPTULO XVIREFUTAO DAS FALSAS ACUSAES COM QUE OS PAPISTAS TENTAM GRAVAR DE DIO A ESTA DOUTRINA DA JUSTIFICAO PELA F SOMENTE

1. A doutrina da justificao pela f, longe de abolir as boas obras, as faz no s possveis, porm necessrias, j que justificao e santificao no devem ser dissociadas ........................................................................... 000

2. A doutrina da justificao pela f, sem o mrito das obras, no debilita, antes acrisola o verdadeiro zelo pelas obras .............................................................................................................................................................. 000

3. A Escritura proclama reiteradamente que a glorificao de Deus e o senso de sua misericrdia so motivao indefectvel s boas obras ............................................................................................................................... 000

4. A doutrina do perdo gratuito dos pecados, em virtude do sacrifcio de Cristo, longe de incitar ao pecado, fonte

de boas obras .................................................................................................................................................. 000

CAPTULO XVIIA CONSONNCIA DAS PROMESSAS DA LEI E DO EVANGELHO

1. As promessas da lei no induzem salvao atravs do mrito das obras, o qual somente condenao poderia conduzir ....................................................................................................................................................... 0002. As promessas divinas no encontram nas obras cumprimento meritrio, mas to-somente na graa manifesta no evangelho ....................................................................................................................................................... 000

3. A eficcia das promessas divinas no se prende ao mrito das obras, e, sim, perfeio da graa ............... 000

4. Deus nos aceita no em virtude de qualquer mrito nosso, mas em razo de sua misericrdia ..................... 000

5. A aceitao do homem perante Deus resulta, alm do mais, das boas obras, as quais, no obstante, so produzi- das em funo da bondade divina, razo primordial dessa aceitao ............................................................ 000

6. As promessas da graa so diferentes das promessas da lei; as boas obras fluindo como fatores de glorificao, no meios de justificao .............................................................................................................................. 000

7. O sentido real das passagens da Escritura que denominam de justia s obras da lei e dizem que o homem justificado por meio delas ............................................................................................................................ 000

8. A tese paulina da justificao somente pela f exclui o valor das obras em seu papel de justificar, tidas por justas aos olhos de Deus em vista da obra perfeita de Cristo por ns .................................................................... 000

9. Da justificao pela f resulta que se tornam aceitveis as obras que so intrinsecamente imperfeitas, e por isso so destitudas de qualquer mrito ................................................................................................................ 000

10. Merc do perdo auferido na justificao pela f, em funo de nossa participao de Cristo, as obras se revestem no s de certa justia, mas inclusive so tidas por perfeitas e completas .................................... 000

11. Paulo e Tiago no se contradizem no tocante relao de f e obras ......................................................... 000

12. Tiago e Paulo usam o termo justificao em acepes diversas: aquele reportando-se ao aspecto do testemunho daf (penhor de justificao); este, ao aspecto da imputao (meio de justificao) ......................................... 000

13. Demonstrao de que Romanos 2.13 est bem longe de respaldar a justificao atravs das obras .................. 000

14. improcedente o argumento em prol do valor judicial das obras calcado em passagens bblicas nas quais se alega a retido pessoal e se pretende ser julgado por elas .......................................................................... 000

15. Tampouco outras passagens bblicas em que tanto se insiste na retido de vida diante de Deus endossam o mrito justificativo ....................................................................................................................................... 000

CAPTULO XVIIIDO GALARDO PROMETIDO DEDUZ-SE IMPROPRIAMENTE A JUSTIA DAS OBRAS

1. Sentido em que s obras se atribui galardo ou recompensa ................................................................................. 0002. A vida eterna, ou o reino dos cus, so galardo ou recompensa no sentido de herana, no de salrio ...................... 0003. O galardo ou recompensa que na Escritura se promete s obras expresso da graa, no mrito pessoal ...... 0004. A promessa divina de galardo no visa a mrito nas obras, mas a ajudar-nos em nossa fraqueza e a suster-nos anteas agruras do viver ................................................................................................................................................... 0005. Somente em decorrncia do perdo divino judicialmente se declara o mrito ou galardo das obras .................... 0006. As passagens bblicas que falam de riqueza ou tesouros nos cus no comprovam o mrito s obras ................... 0007. Nem se revestem de mrito judicial, diante de Deus, as prprias tribulaes e sofrimentos pelos quais ele nos faz dignos de seu reino .................................................................................................................................................... 0008. Tampouco procedente a tese de que a justificao seja resultante do amor, o qual tanto se exalta nas Escrituras 0009. Tampouco Mateus 19.17 corrobora a tese de que a justificao resulta da obedincia aos preceitos da lei, portantodo mrito das boas obras ...................................................................................................................................... 000

10. Do princpio dos opostos no se infere mrito judicial s obras ................................................................... 000

CAPTULO XIXDA LIBERDADE CRISTA

1. Importncia da doutrina da liberdade crist e sua relao com a justificao ............................................... 000

2. A primeira funo da doutrina da liberdade crist libertar-nos da servido da lei ...................................... 000

3. A iseno da servido lei o tema bsico da liberdade crist na Epstola aos Glatas ............................... 000

4. A segunda funo da doutrina da liberdade crist isentar-nos da obedincia compulsria lei para a livre obedincia vontade de Deus ........................................................................................................................ 000

5. A compulso da lei gera obedincia servil, a liberdade crist produz obedincia filial: aquela, opressiva; esta, prazerosa ....................................................................................................................................................... 000

6. Isentados do jugo da lei, vivendo sob a ao da graa, os requcios do pecado, que ainda persistem, no so imputados aos fiis ........................................................................................................................................ 000

7. A terceira funo da doutrina da liberdade crist conceder conscincia o livre uso das coisas havidas por indiferentes, as chamadas diforas ............................................................................................................... 000

8. A ponderao paulina quanto ao uso dos manjares sem ofensa conscincia, em funo do propsito a que servem ........................................................................................................................................................... 000

9. A liberdade crist no propicia os excessos da ostentao e do luxo, como pretendem os espritos imoderados 00010. A liberdade crist deve ser exercida sem alarde, nem acintosamente, evitando-se escandalizar a conscincia fraca .............................................................................................................................................................. 000

11. A questo dos escndalos, suas modalidades (causados ou recebidos, reais ou farisaicos) e atitudes a assumir em relao a eles ......................................................................................................................................... 000

12. O uso devido da liberdade crist visando sempre edificao do prximo em amor .................................. 000

13. O exerccio da liberdade crist visa ao amor ao prximo; todavia, esse amor no deve ser exercido em violao

da pureza da f ........................................................................................................................................... 000

14. A liberdade crist implica em que a conscincia crente no se sujeite aos preceitos e imposies humanas 000

15. A liberdade crist em relao aos dois reinos: o espiritual e o temporal, aos quais o homem jurisdicionado 000

16. O sentido real de liberdade da conscincia diante de Deus e para com os homens ....................................... 000

CAPTULO XX

DA ORAO, QUE O PRINCIPAL EXERCCIO DA F E MEDIANTE A QUAL RECEBEMOS DIARIAMENTE OS BENEFCIOS DE DEUS

1. A orao, corolrio absoluto e seqela necessria da f ................................................................................ 000

2. A funo e os frutos da orao ...................................................................................................................... 000

3. A improcedncia da objeo de que a orao suprflua diante da oniscincia de Deus, importuna diante de sua providncia e intil diante de sua liberalidade, demonstrada em seis arrazoados ........................................... 000

4. Primeira regra da orao: reverente disposio de alma e corao para com Deus ........................................ 000

5. A orao um colquio com Deus no qual nos absorvemos com toda concentrao e sobriedade, reverncia e comedimento, empenho e seriedade ............................................................................................................. 000

6. Segunda regra da orao correta: sincero senso de insuficincia pessoal; cnscia apresentao de nossa real necessidade e segura confiana de sermos atendidos ...................................................................................... 000

7. A constncia na orao, que indispensvel a todo tempo e em todas as circunstncias, ainda que em grau diferente, sempre respaldada em sinceridade e arrependimento contrito .................................................... 000

8. Terceira regra da orao correta: total renncia da autoconfiana, humilde reconhecimento do demrito pessoal

e sincero desejo de perdo ............................................................................................................................. 000

9. Humildade e confisso sincera das faltas e pecados, bem como splica fervorosa por perdo, so a prpria essncia da orao eficaz ................................................................................................................................. 000

10. Afirmaes de aparente retido inerente ou mrito pessoal expressas por santos de Deus, simplesmente retra- tam a confiana de que o agradam por sua graa ....................................................................................... 000

11. Quarta regra da orao correta: f slida e esperana confiante de que o Senhor, misericordioso, no deixar de atender com magnanimidade e benevolncia ............................................................................................... 000

12. Impe-se reiterar a certeza da f em que Deus nos responder s preces, em contraposio renitncia daqueles que o negam ............................................................................................................................................... 000

13. A certeza que assiste orao repousa no expresso preceito divino, a que complementa a promessa divina, que

segura e imarcescvel .................................................................................................................................. 000

14. Seguros de que Deus, em virtude de suas promessas, no deixar de ouvir nossas oraes, devemos orar com reverncia e temor, contudo, com total confiana ......................................................................................... 000

15. Oraes respondidas ainda quando no conformadas ao preceito divino, e rogos de servos de Deus em dispa- ridade com sua ordenana ............................................................................................................................ 000

16. Nossas oraes sofrem de imperfeies mltiplas e variadas, porm Deus, complacente e perdoador, no-las ouve a despeito disso .................................................................................................................................. 000

17. Unicamente pela mediao, e unicamente pelo nome de Cristo, nossa orao aceitvel diante de Deus .. 000

18. O Cristo ressurreto, assunto ao cu e glorificado nosso nico Intercessor junto ao Pai ........................... 000

19. Cristo o nico Mediador, por cuja intercesso nossa intercesso, por ns e por outros, ser ouvida pelo Pai 00020. Embora intercessores em favor de outros, aos fiis no assiste a funo mediatorial, visto ser Cristo o nico e perptuo Mediador ........................................................................................................................................ 000

21. A intercesso atribuda aos chamados santos, no romanismo, no se fundamenta no ensino da Escritura, e contradiz a singular mediao de Cristo, alis marginalizada, se no anulada ............................................. 000

22. A intercesso romanista dos santos engendra supersticiosa venerao dessas criaturas, s quais se prescrevem atribuies e honrarias prprias de Cristo e da Deidade .............................................................................. 000

23. Os chamados santos do romanismo, cujas funes afins no se equiparam s dos anjos, no podem exercer a funo de intercesso ................................................................................................................................... 000

24. Improcedncia da tese de que os santos que deixaram esta vida continuam a agir em nosso favor, j que no subsiste nenhuma comunho entre ns e eles ............................................................................................. 000

25. Improcedncia do argumento de que a invocao dos patriarcas, no Antigo Testamento, exemplo real da invocao dos santos ................................................................................................................................... 000

26. O fato de Deus ouvir as oraes de seus santos nesta vida no prova o poder de sua intercesso aps a morte, antes nos desafia a orar como fizeram .......................................................................................................... 000

27. Consideraes finais em refutao doutrina da intercesso dos chamados santos do romanismo ................ 000

28. Natureza e contedo da orao pessoal, e que deve estar polarizada na splica e na ao de graas .............. 000

29. Natureza e necessidade da orao particular e da orao pblica e deturpaes que precisam ser eliminadas 00030. As oraes pblicas demandam templos e santurios, no porque sejam por isso exclusivos e particularmente sagrados, j que nosso corpo o templo real do Esprito, e Deus no ouve apenas as oraes neles feitas 000

31. As oraes expressas verbalmente ou cantadas e as condies de sua aceitabilidade ................................. 000

32. Propriedade e requisitos do canto na Igreja ................................................................................................ 000

33. As oraes pblicas devem ser inteligveis; portanto, na lngua falada pelo povo ...................................... 000

34. A orao do Senhor, ou Pai Nosso, expresso da misericrdia divina em prover-nos forma modelar de

orao ......................................................................................................................................................... 00035. Diviso e sentido geral da orao do Senhor .............................................................................................. 000

36. O profundo significado da invocao de Deus como nosso Pai .............................................................. 000

37. Ao dizermos Pai nosso, Deus nos assegura seu amor paterno e sua acolhida graciosa, a despeito de nosso pecado e vileza ........................................................................................................................................... 000

38. Ao dizer-se Pai nosso, significa que ele o Pai de todos, razo pela qual devemos orar afetuosamente, porm,

de modo especial, pelos da famlia da f .................................................................................................... 000

39. A orao, ainda que sem fronteiras vise a todos, nada impede, como auxlio a indigentes, que se faa em favor

de alguns; mais especificamente, at em nosso prprio favor ...................................................................... 000

40. O consolador sentido da clusula que ests nos cus, no indicando localizao ou limitao em Deus, mas realando-lhe a majestade e soberania ........................................................................................................ 000

41. Primeira petio: Santificado seja teu nome .............................................................................................. 000

42. Segunda petio: Venha teu reino .............................................................................................................. 000

43. Terceira petio: Seja feita tua vontade, assim na terra como no cu ........................................................ 000

44. Quarta petio: nosso po de cada dia d-nos hoje ................................................................................... 000

45. Quinta petio: e perdoa nossas dvidas, assim como perdoamos nossos devedores ................................. 000

46. Sexta petio: e no nos deixes cair em tentao, mas livra-nos do mal ................................................... 000

47. Concluso ou poro doxolgica da orao do Senhor e seu significado ................................................... 000

48. O Pai Nosso um padro completo, perfeito e absoluto da orao legtima ................................................. 000

49. O elemento padronizante e incontestvel de nossas oraes no a forma do Pai Nosso, mas seu contedo 000

50. Motivos e momentos determinados para a orao regular ............................................................................ 000

51. Perseverana, pacincia e submisso que se fazem indispensveis no exerccio da orao ......................... 000

52. Nem sempre Deus parece ouvir-nos as oraes; mas, ainda assim, requer-se constncia e perseverana no exerccio da orao ..................................................................................................................................... 000

CAPITULO XXIDA ETERNA ELEIO, PELA QUAL DEUS A UNS PREDESTINOU PARA A SALVAO, A OUTROS PARA A PERDIO

1. Procedncia, razoabilidade e importncia da doutrina da eleio e predestinao, que a especulao explora e confunde ........................................................................................................................................................ 000

2. Somente da Escritura se deve perscrutar a predestinao, o que alijar a especulao temerria e mesmo

danosa .......................................................................................................................................................... 0003. Em contraposio atitude especulativa dos curiosos e tacitude dos timoratos, cabe abordar-se a doutrina da predestinao, porm, com moderao e vigilncia ..................................................................................... 000

4. Improcedncia da tese de que a doutrina da predestinao absurda, chocante e at mesmo perniciosa ....... 000

5. Predestinao e prescincia so elementos correlatos, no esta a causa daquela; a predestinao evidenciada na eleio de Israel, escolhido pelo mero beneplcito de Deus ........................................................................... 000

6. Em Israel se registra um segundo grau de eleio: Deus, soberanamente, escolhendo a uns e rejeitando a outros 0007. A eleio efetiva em relao aos indivduos ou pessoas; sntese da matria em pauta .................................. 000

CAPTULO XXIICONFIRMAO DESTA DOUTRINA DA ELEIO E PREDESTINAO AUFERIDA DOS TESTEMUNHOS DA ESCRITURA

1. Improcedncia da tese daqueles que subordinam a eleio prescincia de mritos ................................... 000

2. A eleio graciosa, absoluta, parte de qualquer mrito humano, luz de Efsios 1.4, 5 ............................. 000

3. A eleio para que sejamos santos, no porque somos santos; portanto, para as boas obras, no pelas boas obras; para os mritos, no pelos mritos ........................................................................................................ 000

4. A eleio gratuita luz de Romanos 9 ........................................................................................................... 000

5. A eleio gratuita e absoluta de Deus comprovada pelo exemplo de Jac e Esa ............................................ 000

6. A eleio de Jac no visa apenas a bnos temporais, expresso unicamente da misericrdia de Deus, que tambm elege do povo uma poro ............................................................................................................... 000

PAGE LIVRO III7. A eleio nas palavras de Cristo contidas no Evangelho de Joo .................................................................... 000

8. Agostinho rejeita que a prescincia divina seja a condio da eleio ......................................................... 000

9. No procedente a cavilao de Toms de Aquino de que a predestinao diz respeito graa merc da qual extramos mritos que so objeto da prescincia divina ............................................................................... 000

10. A universalidade do convite divino salvao no impugna o particularismo da eleio ........................... 000

11. A rejeio dos rprobos procede tambm da vontade divina, no da prescincia de suas obras ms .............. 000

CAPTULO XXIIIREFUTAO DAS CALNIAS COM AS QUAIS ESTA DOUTRINA TEM SIDO SEMPRE INIQUAMENTE IMPUGNADA

1. Improcedncia da tese de que a realidade da eleio no implica a realidade da reprovao ........................ 000

2. Primeira objeo refutada: seria injusto e tirnico se Deus votasse condenao criaturas que ainda no o haviam ofendido .......................................................................................................................................... 0003. Deus no injusto, nem arbitrrio, em votar condenao a quem, por sua corrupo, outra coisa no merece 0004. Improcedncia da tese de que os rprobos so inculpveis, j que so predestinados por Deus para o pecado 000

5. Inescrutvel a causa que assiste vontade divina na predestinao, contudo, absolutamente justa e

indiscutvel ................................................................................................................................................... 0006. Segunda objeo refutada: grosseira injustia por parte de Deus punir a quem condenvel por causa de sua predestinao, visto que no responsvel por seus pecados ....................................................................... 000

7. A queda de Ado foi preordenada por Deus, e da a perdio dos rprobos e de sua linhagem ....................... 000

8. A distino evocada entre a vontade e a permissividade de Deus irrelevante ............................................... 000

9. Reiterada a improcedncia da segunda objeo em pauta, o homem inescusvel na condenao a que predes- tinado ............................................................................................................................................................ 000

10. Terceira objeo refutada: A eleio implicaria favoritismo da parte de Deus, parcialidade e acepo de pesso- as, o que contrrio Escritura .................................................................................................................... 000

11. Aos eleitos Deus os predestina em funo de sua misericrdia; aos rprobos, em funo de sua justia .... 000

12. Quarta objeo refutada: A doutrina da predestinao desestimula o zelo e empenho por um viver ntegro e virtuoso .......................................................................................................................................................... 000

13. Improcedncia da objeo que sustenta serem as exortaes a um viver piedoso inteis e desnecessrias, nem

se deve ensinar a predestinao para no empedernir os incrdulos ............................................................ 000

14. O modelo em Agostinho de como proclamar-se bem a predestinao ........................................................ 000

CAPTULO XXIVA ELEIO CONFIRMADA PELA VOCAO DIVINA, MAS OS RPROBOS ENGENDRAM PARA SI A JUSTA PERDIO QUAL FORAM DESTINADOS

1. A vocao eficaz resulta da eleio e procede da mera graa divina ............................................................. 000

2. A prpria administrao da vocao eficaz, a resultar da pregao da palavra e da iluminao do Esprito Santo, evidencia ser ela obra da mera graa divina .................................................................................................. 000

3. A eleio no depende do assentimento humano, nem mesmo da f ............................................................ 000

4. Na Palavra e na experincia reside a garantia e certeza da eleio ................................................................. 000

5. Em Cristo, e to-somente nele, a eleio se baseia, se efetua e se assegura ................................................... 000

6. Temos na comunho com Cristo o penhor de nossa eleio, que nos faz ovelhas de sua Igreja e nos mantm perseverantes na f ........................................................................................................................................ 000

7. O verdadeiro eleito, cuja comunho com Cristo no mera aparncia, jamais decair de sua eleio, perseveran- do, com real humildade e piedoso temor, at o fim ...................................................................................... 000

8. H duas espcies distintas de vocao: geral ou particular ou especial ........................................................ 000

9. Tampouco o caso de Judas milita contra a certeza da eleio, o qual foi eleito para o apostolado, porm no para

a salvao ..................................................................................................................................................... 000

10. Os eleitos, antes de sua vocao, vivem como os no-eleitos, contudo, so por Deus guardados da perdio total, visto que neles no subsiste uma como que semente da eleio ......................................................... 000

11. Evidncias da Escritura que negam o pressuposto de uma semente da eleio ........................................... 000

12. Deus priva da graa salvfica os rprobos e os deixa entregues cegueira moral e espiritual ..................... 000

13. Instrumentos da ira justa de Deus, os rprobos se fazem ainda mais endurecidos com a pregao da Palavra 000

NDICE PAGE 14. A condenao dos mpios, que promove a glria de Deus, resulta no menos da dureza de corao e da impie-

dade dos rprobos que da divina determinao .......................................................................................... 000

15. A doutrina da reprovao no contradiz, como alegam os opositores, a Ezequiel 33.11 ............................ 000

16. Tampouco procedente que 1 Timteo 2.4, 2 Pedro 3.9 e outras passagens contradizem a doutrina da reprova- o .............................................................................................................................................................. 00017. Consideraes em refutao de outras objees suscitadas contra a doutrina da reprovao e concluso final da matria ........................................................................................................................................................ 000

CAPTULO XXV

DA RESSURREIO FINAL

1. Os eleitos so assistidos pela esperana da ressurreio e da bem-aventurana eterna, contudo, cercada de no poucos obstculos .......................................................................................................................................... 000

2. O sumo bem, nosso e de toda a criao, reside na unio com Deus, pelo que a redeno final, a culminar na ressurreio, a grande aspirao de nosso viver .......................................................................................... 000

3. Importncia nica de nossa ressurreio, o ressurgimento do corpo glorioso, do qual a ressurreio de Cristo o penhor, prottipo e garantia, sustentada por muitas e infalveis provas ......................................................... 000

4. A ressurreio de nosso corpo obra da onipotncia de Deus, como o afirma a Escritura, a qual nos incita esperana e ao deleite eternos ......................................................................................................................... 000

5. Embora a ressurreio seja negada por muitos, os prprios ritos fnebres dos pagos a atestam; tampouco procedente a concepo dos quiliastas ou dos que rejeitam as penas eternas ............................................... 000

6. A ressurreio se refere ao corpo, no alma, a qual no morre, nem se refere a um corpo novo; a condio da alma no estado intermedirio ............................................................................................................................ 000

7. luz de numerosas passagens da Escritura se evidencia que o corpo da ressurreio o mesmo de que somos dotados, no um novo corpo ........................................................................................................................... 000

8. Consideraes adicionais em favor da ressurreio do corpo; corroborao aos ritos fnebres patriarcais; o modo da ressurreio ..................................................................................................................................... 000

9. Os mpios ou rprobos, no menos que os justos ou eleitos, ressuscitaro corporalmente .............................. 000

10. A superlativa bem-aventurana que se reserva aos eleitos na glria celestial ............................................... 000

11. Requer-se sobriedade e moderao para as frvolas especulaes acerca da condio futura ....................... 000

12. A desditosa condio futura dos rprobos em tormentos, separados de Deus ............................................... 000

L I V R O T E R C E I R OO CONHECIMENTO DE DEUS O SANTIFICADOR NO ESPRITO SANTO; A MANEIRA DE SER RECEBIDA A GRAA DE CRISTO, E QUE FRUTOS DA NOS PROVENHAM, E QUE EFEITOS SE SIGAM

C A P T U L O IAS COISAS QUE FORAM DITAS ACERCA DE CRISTO NOS SO PROVEITOSAS EM VIRTUDE DA OPERAO SECRETA DO ESPIRITO

1. A UNIO COM CRISTO E A APROPRIAO DAS BNOS QUE ELE NOS CON-QUISTOU OPERAM-SE ATRAVS DO ESPRITO SANTOImpe-se-nos ver agora como nos advm as benesses que o Pai conferiu ao Filho Unignito, no para seu uso particular, mas para que enriquecesse a pobres e indi- gentes. E, primeiramente, deve ter-se em conta que, por quanto tempo Cristo estiver fora de ns e dele estivermos separados, tudo quanto ele sofreu e fez para a salvao

do gnero humano nos improfcuo e de nenhuma relevncia. Portanto, para que compartilhe conosco aquilo que recebeu do Pai, ele precisa tornar-se nosso e habitar em ns. Por isso, ele no somente chamado nossa cabea [Ef 4.15], mas ainda o primognito entre muitos irmos [Rm 8.29]. Ns tambm, de nossa parte, somos declarados estar enxertados nele [Rm 11.17] e dele estarmos vestidos [Gl 3.27], porquanto, como eu j disse, tudo quanto possui nada para ns at que com ele nos tornemos um.

Mas, ainda que seja verdadeiro que conseguimos isto atravs da f, entretanto, quando vemos que nem todos indiscriminadamente abraam a comunho de Cristo que oferecida mediante o evangelho, ensina-nos a prpria razo a subir mais alto

e a inquirir da secreta operao do Esprito, merc da qual frumos de Cristo e de todas as suas benesses.

Discorri anteriormente acerca da eterna divindade e essncia do Esprito. Con- tentemo-nos agora com este tpico especial: que Cristo veio na gua e no sangue, e

assim que dele testifique o Esprito [1Jo 5.6, 7], para que a salvao conferida

atravs deste no se reduza a nada. Pois, da mesma forma que so citadas trs teste- munhas no cu: o Pai, a Palavra e o Esprito, assim tambm trs so citadas na terra:

a gua, o sangue e o Esprito [1Jo 5.7, 8]. Nem debalde se repete o testemunho do

Esprito, pois que o sentimos ter sido gravado como um selo em nosso corao. Donde ocorre que ele sela a oblao e o sacrifcio de Cristo. Por essa razo diz tambm Pedro que os fiis foram eleitos na santificao do Esprito para a obedi- ncia e a asperso do sangue de Cristo [1Pe 1.2]. Com essas palavras ele adverte que, para que no seja sem efeito a efuso de seu sacro sangue, pelo secreto derra- mamento do Espirito com ele so purgadas nossas almas. Razo pela qual tambm

Paulo, em discorrendo acerca de nossa purificao e justificao, diz que nos tor- namos possuidores de ambas em o nome de Jesus Cristo e do Esprito de Deus

[1Co 6.11].

A isto se reduz a sntese desta matria: o Esprito Santo o elo pelo qual Cristo nos vincula efetivamente a si. Ao que so pertinentes tambm as coisas que temos ensinado a respeito de sua uno no livro precedente.

2. CRISTO, O RECEPTCULO DO ESPRITO SANTO, DE QUEM RECEBEMOS OS DONSMas, para que se patenteie com maior segurana o que singularmente digno de ser conhecido, impe-se-nos sustentar que Cristo veio dotado do Esprito Santo de um modo especial, a saber, para que nos segregasse do mundo e nos congregasse esperana da herana eterna. Da ser ele chamado o Esprito de santificao [Rm

1.4; 2Ts 2.13; 1Pe 1.2], porquanto no apenas nos vivifica e nutre mediante o poder

geral que se percebe tanto no gnero humano quanto nos demais seres animados, mas tambm a raiz e semente da vida celestial em ns. E por isso que os profetas enaltecem o reino de Cristo acima de tudo com este encmio: que haveria ento de trazer consigo mais exuberante afluncia do Esprito. Notvel , acima das outras, a passagem de Joel [2.28]: Naquele dia derramarei de meu Esprito sobre toda car- ne. Pois, se bem que o Profeta parece restringir os dons do Espirito funo prof- tica, entretanto, sob esta figura, subentende que, merc da iluminao de seu Espri-

to, Deus haver de fazer para si discpulos queles que foram antes carentes e desti- tudos da celeste doutrina.

Mas, porque Deus, o Pai, nos dota do Esprito Santo por mediao de seu Filho,

e contudo nele depositou toda a plenitude, para que lhe fosse ministro e despenseiro

da liberalidade, ele se chama ora o Esprito do Pai, ora o Esprito do Filho. Vs, diz Paulo em Rm 8.9, no estais na carne, mas no Esprito, se de fato o Esprito de Deus habita em vs, pois que, se algum no tem o Esprito de Cristo, esse tal no dele. Da, na verdade, outorgar a esperana de plena renovao, porquanto este que ressuscitou a Cristo dentre os mortos, vivificar nossos corpos mortais pela ao do Esprito que habita em ns [Rm 8.11]. Ora, nada de absurdo atribuir-se ao Pai o louvor de seus dons, dos quais o Autor, e todavia atriburem-se esses mesmos dotes a Cristo, em quem foram entesourados os dons do Esprito que

h de prodigalizar aos seus; por isso, convida a si todos os que tm sede para que bebam [Jo 7.37]. E Paulo ensina que o Esprito distribudo a cada um, segundo a medida da merc de Cristo [Ef 4.7].

E impe-se-nos tambm saber que ele chamado o Esprito de Cristo no apenas na extenso em que a Eterna Palavra de Deus associada com o Pai no

mesmo Esprito, mas ainda segundo a funo de Mediador, porquanto, a no ser que

provido deste poder do Esprito, em vo teria Cristo vindo at ns. Neste sentido, Cristo chamado o Segundo Ado que do cu foi dado como Esprito vivifican- te [1Co 15.45], onde Paulo contrasta com a vida animal, que comum tambm aos rprobos, a vida especial que o Filho de Deus instila aos seus, para que sejam um s com ele. De modo semelhante, onde roga a graa de Cristo e o amor de Deus [2Co

13.13] aos fiis, aduz, ao mesmo tempo, a comunho do Esprito, sem a qual nem

o paterno favor de Deus, nem a beneficncia de Cristo provar quem quer que seja, como, alis, diz ele em outro lugar: O amor de Deus foi derramado em nossos coraes pelo Esprito que nos foi dado [Rm 5.5].

3. TTULOS COM QUE SE DESIGNA O ESPRITO SANTO NA BBLIAE aqui convir notar com que ttulos a Escritura adorna o Esprito, onde se trata

do inicio e de todo o curso de implantao de nossa salvao. Ele , em primeiro lugar, chamado o Esprito de Adoo, porque nos testemunha da benevolncia gratuita de Deus, com que o Pai nos tem abraado no dileto Unignito, para que nos fosse por Pai, e nos anima confiana de orar, at mesmo dita as palavras, para que clamemos sem temor: Abba, Pai [Rm 8.15; Gl 4.6].

Pela mesma razo, chamado Penhor e Selo de Nossa Herana [2Co 1.22; Ef

1.13, 14], porque a ns, peregrinos no mundo e semelhantes a mortos, assim do cu nos vivifica, para que estejamos certos de que sob a fiel custdia de Deus em segu- rana nos est a salvao. Donde tambm lermos que vida por causa da justia

[Rm 8.10]. Uma vez que, porm, por sua secreta asperso nos fecunda para que despontem os renovos da Justia, freqentemente chamado gua, como em Isaas: Vinde s guas, todos os que estais sedentos [Is 55.1]. Igualmente: Derramarei meu Esprito sobre o que est sedento e correntes de gua sobre a terra seca [Is

44.3]. Palavras com as quais concorda a afirmao de Cristo que mencionei pouco

antes: Se algum tem sede, venha a mim [Jo 7.37]. Contudo, por vezes assim designado em virtude do poder de purificar e de limpar, como Ezequiel, quando o Senhor promete guas limpas com as quais lave a seu povo de sua sordidez [Ez

38.25].

Visto, porm, ele restaurar e nutrir o vigor da vida aos banhados pelo eflvio de sua graa, da o nome de leo e de uno [1Jo 2.20, 27]. Por outro lado, visto que persistentemente coze e queima as depravaes de nossa concupiscncia, nos in- cendeia o corao do amor de Deus e do zelo da piedade, tambm deste efeito com razo se chama fogo [Lc 3.16]. Finalmente, ele nos descrito como que a fonte [Jo

4.14] donde nos emanam todas as riquezas celestes; ou a mo de Deus [At 11.21]pela qual exerce sua soberania; porquanto, pela inspirao de seu poder, assim nos instila a vida divina, para que no mais sejamos guiados por ns mesmos, porm

PAGE LIVRO IIIregidos por sua ao e impulso; de maneira que, se em ns h algum bem, seja o mesmo fruto de sua graa; sem ele, porm, nossas capacidades sero trevas de en- tendimento e perversidade de corao.

Isto, na verdade, j foi claramente exposto: at que nossas mentes tenham sido polarizadas no Esprito, pode-se dizer que Cristo jaz ocioso, por isso que o miramos friamente fora de ns, at mesmo longe de ns. Sabemos, porm, que Cristo de nenhum proveito para outros, seno somente para aqueles dos quais ele a cabe- a [Ef.4.15] e o primognito entre irmos [Rm 8.29], aos que, afinal, dele se vestiram [Gl 3.27]. Somente esta unio faz com que, at onde nos concerne, no tenha ele vindo inutilmente com o nome de Salvador. A isso confirma esse sagrado matrimnio pelo qual somos feitos carne de sua carne e ossos de seus ossos, de fato, um com ele. Mas Cristo conosco se une somente pelo Esprito. Pela graa e poder

do mesmo Esprito somos feitos membros seus [Ef 5.30], para que nos mantenha sob sua direo e, de nossa parte, o possuamos.

4. A F A PRINCIPAL OBRA DO ESPRITO SANTO EM NOSSA SALVAOEntretanto, visto ser a f a principal obra sua, a ela se referem em grande parte

as asseres que, a cada passo, ocorrem nas Escrituras para expressar-lhe o poder e

a operao, porquanto somente atravs dela ele nos conduz luz do evangelho, como Joo Batista ensina: aos crentes em Cristo foi dado o privilgio de serem filhos de Deus, os quais no nasceram da carne nem do sangue, mas de Deus [Jo

1.12, 13], onde, opondo Deus carne e ao sangue, afirma ser um dom sobrenatural que, mediante a f, recebam a Cristo, os quais, de outra sorte, permaneceriam entre- gues sua incredulidade. Ao que semelhante esta resposta de Cristo: No foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai que est nos cus [Mt 16.17], coisas nas quais agora toco de modo conciso, porque delas j tratei extensamente em outra lugar.

Semelhante tambm esta declarao de Paulo: tiverem sido os efsios sela- dos com o Esprito Santo da promessa [Ef 1.13]. Ora, Paulo est a mostrar que o Esprito Santo o eterno ensinador, pela operao de quem mente nos penetra a promessa da salvao, promessa que, de outra sorte, apenas feriria o ar ou nossos ouvidos. De igual forma, onde diz que os tessalonicenses foram eleitos por Deus

na santificao do Esprito e na f da verdade [2Ts 2.13], contexto em que adverte,

em termos breves, que a prpria f no procede de outra parte seno do Esprito. Isto Joo explica mais claramente: Ns sabemos que ele permanece em ns medi- ante o Esprito que nos deu [1Jo 3.24]. Igualmente: Disto sabemos que permane- cemos nele, e ele em ns, porque nos deu de seu Esprito [1Jo 4.13]. E assim, para que fossem capazes da sabedoria celestial, Cristo prometeu a seus discpulos o Esprito da verdade que o mundo no pode receber [Jo 14.17]. E lhe atribui como

CAPTULO I PAGE ofcio prprio isto: trazer lembrana o que ele prprio ensinara com a boca, uma

vez que se ofereceria luz aos cegos, a no ser que aquele Esprito de entendimento lhes abrisse os olhos da mente. De sorte que se pode, corretamente, cham-lo a chave com que se nos abrem os tesouros do reino celestial e sua iluminao a agu- deza da viso de nossa mente. Por isso tanto encarece Paulo o ministrio do Esp- rito [2Co 3.6], porque clamariam sem proveito os ensinadores, a no ser que o prprio Cristo, o Mestre interior, por seu Esprito a si atrasse os que lhe foram dados pelo Pai [Jo 6.44].

Portanto, como na pessoa de Cristo dissemos achar-se perfeita salvao, assim, para que nos tornemos dela participantes, batiza-nos ele no Esprito Santo e no fogo [Lc 3.16], iluminando-nos f viva de seu evangelho, e assim nos regenera para que sejamos novas criaturas [2Co 5.17], e, purificados das impurezas profa- nas, a Deus nos consagra por templos santos [1Co 3.16, 17; 6.19; 2Co 6.16; Ef

2.21].

C A P T U L O IIDA F DEFINIO E EXPOSIO DE SUAS PROPRIEDADES

1. IMPORTNCIA E NATUREZA DA F POLARIZADA EM CRISTOCom efeito, estas coisas todas sero fceis de ser entendidas onde for proposta uma definio mais clara da f, para que os leitores aprendam sua fora e sua natureza. conveniente, porm, recordar as coisas que foram previamente expostas, a saber,

em primeiro lugar, como Deus, atravs da lei, nos prescreve o que se tenha de fazer

e, se em alguma parte lhe tenhamos falhado, sobre ns paira aquela terr