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Monografia de Serviço Social sobre a politica do idososTRANSCRIPT
FACIG FACULDADE CIDADE GUANHÃES
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
FRANCISCA VALDETE DE ARAÚJO
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM PROGRAMAS E ATIVIDADES VOLTADAS PARA OS IDOSOS INSERIDOS NO CRAS
BREJO SANTO-CE 2016
FRANCISCA VALDETE DE ARAUJO
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM PROGRAMAS E ATIVIDADES VOLTADAS PARA OS IDOSOS INSERIDOS NO CRAS
Monografia submetida à avaliação da banca examinadora da Faculdade – Facig. Como parte das exigências acadêmicas para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social sob a orientação da Professora e Orientadora Michelle
BREJO SANTO-CE 2016
FRANCISCA VALDETE DE ARAUJO
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM PROGRAMAS E ATIVIDADES
VOLTADAS PARA OS IDOSOS INSERIDOS NO CRAS
Monografia submetida à avaliação da banca examinadora da Faculdade Facig
como parte das exigências acadêmicas para obtenção do título de Bacharel em
Serviço Social sob a orientação da professora Michelle
APROVADA EM: ______/_____/______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
(Orientadora)
___________________________________________________________________ Prof.ª Michelle
(1ª Examinadora)
___________________________________________________________________ Prof.
Assim como estimo um adolescente no qual se
encontra algo de um velho, assim aprecio um
ancião no qual se encontra alguma coisa de um
adolescente; aquele que seguir essa regra,
poderá ser velho de corpo, não o será jamais
da alma. Marco Túlio Cícero
AGRADECIEMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me proporcionar esse momento único de
vitória em minha vida. Agradecer também aos meus filhos, Verônica, Sarah e Sávio
José, que sempre estiveram comigo, me encorajando, e dando forças para vencer os
obstáculos por mim enfrentado no decorrer desse curso. Agradeço aos meus pais
Manoel Raimundo de Araújo, e Luzia Rosa de Araújo (In Memoriam), apesar de não
estarem mais comigo, creio firmemente que de onde estão torcem pelo meu sucesso,
e se orgulham dessa conquista. Agradecer também a minha sobrinha Ana Recale,
que me ajudou, me encorajando, me apoiando para vencer os obstáculos durante todo
o curso.
Agradecer a gestão do IERG, Suzana, Jussara, Ana Paula e finalmente a todos
que compõe o corpo docente dessa Instituição. Agradeço também aos meus
professores que me ensinaram o melhor caminho para se alcançar algo, a
persistência, o esforço, a dedicação. Agradecer aos meus colegas de sala, em
especial a minha colega Ithamires que sempre esteve comigo, me ajudando nos
trabalhos coletivos, onde sempre trocávamos ideias. A você, o meu muito obrigada.
Agradecer a minha professora Marly, que também me ajudou muito com seus
conhecimentos e orientações. Agradecer a minha professora e orientadora Michelle,
que tanto colaborou para que eu concluísse esse trabalho, me orientando, me dando
forças para não desistir, acreditando no meu desenvolvimento intelectual, aguentando
minhas incertezas, e me mostrando o caminho certo. O meu muito obrigada a todos.
Muitos foram os obstáculos, mas maior é a alegria do diploma conquistado. Que o
Senhor nos abençoe e nos guie, nessa nova conquista, e que os desafios sirvam de
lições para a nossa competência no exercício que vamos desenvolver com ética e
compromisso profissional.
VELHO É SEU PRECONCEITO Eu vou falar de direitos, e não de violação.
Direitos garantidos pela Constituição
O estatuto do Idoso é uma Lei específica, e aplica punição.
Quem maltrata um idoso, não tem bom coração.
Desconhece seu passado, ignora gerações,
Quando estiver idoso, acredito que você, não quer sofrer agressões.
Respeitar nossos idosos é respeitar a História.
São pessoas que não devem sair da nossa memória,
Aos que chegam essa idade, vivem cobertos de glória.
Quem faz mal a alguém que não pode se defender.
É um sujeito covarde, e um dia vai perceber, pois o futuro lhe espera,
E o idoso de hoje, amanhã vai ser você.
As rugas que marcam o rosto, devido ao tempo vivido.
São pessoas que por nós, jamais serão esquecidos.
Dignos de muito respeito, e sujeitos de direitos
Pela Lei são garantidos.
Eu já ouvi essa frase, quem produziu fez bem feito,
Que todos nós somos jovens, velho é seu preconceito
O idoso tem saber, E o amor dentro do peito.
Sou de todas as idades, e gosto dessa mistura,
Sou negro, branco, e índio, está na minha estrutura
Isso traz conhecimento, e revela muitos talentos
Nos valores e na cultura.
Vocês pra gente são ouro, pelo que fizeram e faz,
É o nosso maior tesouro, experiência nos traz
Recebam essa homenagem, dessa futura Assistente Social.
RESUMO
Levando em conta a dimensão técno-operativa da profissão de Serviço Social, e entendendo que o trabalho do mesmo é constituído a partir de uma postura crítica e propositiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar a intervenção do Serviço Social frente aos Serviços e Programas voltados para o idoso. Investigar as possibilidades dos serviços e programas que se refere ao idoso na Política Pública da Assistência Social. Identificar as técnicas usadas pelo profissional Assistente Social na viabilização dos direitos em relação à pessoa idosa. Buscar compreender porque muitas vezes as políticas sociais relacionadas ao idoso não são efetivadas. Para isso é de grande importância a atuação do Assistente Social dentro do Centro de Referência em Assistência Social – CRAS, como também a situação dos idosos assistidos pelos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Esse Serviço é importante para os usuários que o frequentam, pois possibilita a interação dos mesmos com o grupo, e com a própria sociedade. As inserções dos indivíduos nesses Serviços levam os mesmos a se sentirem úteis, amparados, e inseridos no convívio social. O trabalho visa também apresentar uma pesquisa bibliográfica referente ao idoso com o intuito de melhor compreender a opinião de cada de determinados autores acerca da velhice. É necessário que o idoso seja esclarecido a respeito dos seus direitos. A intervenção do profissional Assistente social através da Política Da Assistência relacionada com a pessoa idosa, é de grande relevância para que seus direitos sejam realmente efetivados. Palavras-chave: Idosos, Serviço Social, Política Social
ABSTRACT
Considered to the dimension the technical-operative dimension of the profession of social work, and understanding that the work of the same is made from a critical and purposeful stance, the present study aims to analyze the intervention of Social Services forward to facing Services and Programs for the elderly. Investigate the possibilities of services and programs respect the elderly in Public Policy for Social Assistance. Identify techniques used by professional social worker in enabling rights in relation to the elderly. Search understand why the reasons the policies are related to the elderly do not take effect. For it is very important the role of the social worker in the Reference Center for Social Assistance - CRAS, but also the situation of the elderly assisted by Living Services and Links of Strengthening. This service is important for users who frequent because it enables the interaction of these with the group, and society itself. The inserts of the individuals in these services lead them to feel useful, supported and inserted into the social life. The work also aims to present a bibliographical research concerning the elderly in order to better understand the views of each of certain authors about old age. It is necessary for the elderly is enlightened about their rights. The intervention of the Professional Social Worker by Da Assistance Policy related to the elderly, it is of great importance so that their rights are actually hired. Keywords: Elderly people, Social Services, Social Policy
LISTA DE SÍGLAS E ABREVIATURAS
BPC- Benefício de Prestação Continuada
CRAS-Centro de Referência da Assistência Social
CEAS- Centro de Estudo da Ação Social
CF- Constituição Federal CRAS-Centro de Referência da Assistência Social CNSS- Conselho Nacional de Serviço Social
CNAS- Conselho Nacional de Assistência Social
EI-Estatuto do Idoso
IBGE-índice Brasileiro Geográfico
LOAS- Lei Orgânica da Assistência Social
LBA- Lei Brasileira de Assistência Social
MDS- Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome
NOB- Norma Operacional Básica
PNI- Política Nacional do Idoso
PNAS- Política Nacional do Idoso
SUAS- Sistema Único de Assistência social
TNSS- Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais
INTRODUÇÃO
O trabalho ora apresentado busca analisar a intervenção do profissional de
Serviço Social em relação à problemática da viabilização dos direitos dos idosos
juntamente com a Política de Assistência Social. Por base este trabalho teve como
método de pesquisa o Materialismo Histórico e dialético de Marx, uma vez que busca-
se compreender a realidade como um todo levando em consideração o contexto
histórico ao qual o objeto de estudo está vinculado, o mesmo consiste de uma
pesquisa com características bibliográfica e exploratória. a finalidade da pesquisa
bibliográfica “é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito, ou filmado sobre determinado assunto” (Lakatos e Marconi, 2003, p. 183).
O interesse pela temática de estudo surgiu a partir das discussões em sala de
aula, a partir da interação entre os alunos e os professores, bem como a leitura de
autores que refletem sobre o tema e fornecem sua contribuição acerca do Serviço
Social e suas práticas profissionais. O objetivo central deste trabalho é apresentar
uma discussão sobre o trabalho, a atuação do Assistente Social em programas e
atividades voltadas para os idosos inseridos nos espaços dos Centros de Referência
em Assistência Social – CRAS.
E como objetivo específicos busca-se investigar as possibilidades dos serviços
e programas voltados para o Idoso na Política Pública da Assistência Social e ainda
Identificar técnicas usadas pelo Assistente social na viabilização dos direitos da
pessoa Idosa, bem como Analisar as principais políticas voltadas para a velhice no
Brasil. Diante disso o que se espera deste estudo é que se consiga alcançar tais
objetivações e com isso que este trabalho possa contribuir para pesquisas futuras
acerca da temática da política de atenção ao idoso.
O capítulo inicial faz uma explanação da trajetória da Política da Assistência
com relação a primeira Lei de Assistencialismo (Lei dos Pobres). A hegemonia da
Igreja Católica sobre as pessoas daquela época e as mazelas sociais. O segundo
capítulo prossegue com o relato da velhice na sociedade contemporânea. Esse
capítulo constitui-se dos seguintes pontos: O envelhecimento na sociedade, desafios
e preconceitos, as políticas voltadas para o Idoso no Brasil, os avanços e retrocessos
da Política do Idoso, e a atuação do Assistente Social em programas e serviços
voltados para a Política da Assistência Social no ambiente do CRAS. Já no terceiro e
último capítulo será abordado a metodologia utilizada na construção do trabalho.
Tal trabalho se torna necessário uma vez que é de suma importância a ação
Assistente Social, diante da questão da política do idoso, sabemos que eles padecem
na exclusão social, e o Assistente Social deve propor soluções e abrir portas para um
diálogo entre gerações e a sociedade como um todo, a fim de gerar mais
possibilidades para a valorização da política para a pessoa idosa, despertar algum
sentimento dentro dessa sociedade para que vejam essas pessoas com outros olhos.
CAPÍTULO I – TRAJETÓRIA DA POLÍTICA PÚBLICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
1.1 Leis voltadas para a Assistência Social: Retomada Histórica
Ao se estudar o Serviço Social em seu processo de institucionalização,
passamos a entender a profissão encontra-se em um contexto social e que se
metamorfoseia de acordo com as modificações que ocorrem no meio. Do mesmo
modo as políticas públicas e sociais ascendem enquanto meios de atuação do estado
no tratamento das várias refrações da questão social.
Diante do exposto este primeiro capítulo decorre de uma retomada histórica
acerca das formas de proteção social e como o Serviço Social passa a requisitado
para atuar neste campo. A temática aqui exposta diz respeito ao início do
Assistencialismo, o qual teve seus primeiros passos na Inglaterra no ano de 1.601
com a conhecida Lei Dos Pobres, Lei de Assistencialista e Política de Bem Estar
Social. Aqui não nos deteremos totalmente ao que tange à história, uma vez que
acabaríamos por fugir da centralidade a que se propõe o estudo, mas a abordaremos
aqui de forma ampla, buscando satisfazer as objetivações.
As primeiras formas de políticas públicas que são de fato voltadas para de
alguma forma mudar uma determinada situação, dessa forma, ao analisarmos tais
políticas chegamos a concluir que a Inglaterra foi a pioneira dessa forma de atuação
e isso ocorreu devido ao aumento da população na Inglaterra no século XVI houve a
necessidade de criar um projeto de lei (Lei Dos Pobres, criada no ano de 1.601) que
pudesse assistir as pessoas que lá chegavam da zona rural a procura de trabalho.
Muitos deles ficavam perambulando nas ruas sem teto nem alimentação e assim
acabou gerando diversos problemas sociais. “Sua função baseia-se em zelar pela
instituição, tomar conta dos pobres, ajudar no profissionalismo, cuidar da saúde dos
mais humildes que também recebiam a incumbência de procurar trabalhos
remunerados. As Igrejas passaram a se tornar tomar instituições religiosas e também
estatais com a finalidade de abrigar esses indivíduos.” (Iamamoto, 1984 p.45).
Como frisa a autora nessa época a Assistência acontecia por meio da caridade
onde buscava resolver o problema apenas por meio de ajuda ilusória, uma cesta
básica, um medicamento, tudo somente para alguns dias, e depois tudo ficava como
antes sem seus direitos reconhecidos.
Alguns Hospitais foram criados e mantidos como asilos para abrigar os pobres
que viviam pelas ruas. A Lei dos Pobres foi criada em 1.601 logo após o reinado da
Rainha Elizabeth, foi criada devido ao grande aumento da população em situações de
pobreza extrema, e o fato da Igreja pregar que era dever do Estado suprir as
necessidades dos pobres. Os mesmos não tinham condições de sustentar seus filhos
então deveriam trabalhar para a Igreja e o Estado. As projeções e manutenções dessa
Lei foram às leis chamadas também de Bem Estar Social, que veio para suprir a
necessidade daqueles que estavam em plena vulnerabilidade social e sem renda
nenhuma para o sustento da família.
O aumento da população inglesa gerou esse ciclo que estabelecia um problema
de ordem social. Muitas famílias não tinham a menor condição de manterem seus
filhos e ficavam vagando pelas ruas. Logo depois o governo passou a ter a
responsabilidade de auxiliar os pobres juntamente com os setores dominantes que
objetivavam o controle da situação da população (Zaluar, 1997; Iamamoto, 1984;
Vieira, 1977).
Como se pode perceber o que seria uma lei que forneceria um auxílio às
famílias pobres na verdade trata-se de uma maneira que o estado encontrou de limpar
as ruas, bem como de trabalhar a questão da pobreza de forma paliativa e
assistencial, haja visto que tal lei por si só não proveria à população usuárias as
condições necessárias para a subsistência numa sociedade excludente e
extremamente desigual tal qual era o quadro social da Inglaterra no Século XVII.
Edson Bueno (2003) aponta que a Lei dos pobres veio para facilitar a vida dos
trabalhadores porém obrigava os mesmos a trabalharem em asilos e albergues. E
mesmo uma segunda lei promulgada posteriormente em 1834, tinha os mesmos
moldes. Os filhos eram obrigados a frequentarem a Escola, e quem não trabalhava
era preso e poderia até morrer. Essa Lei consolidou a ideia de que o governo seria
responsável por uma lei que fosse voltada à população pobre, mas no entanto ela se
apresentava com um caráter de ajuda.
Essa ajuda sempre seguiu o pensamento construído historicamente de que em toda sociedade haverá sempre os mais pobres, os doentes, os frágeis, os incapazes, os que nunca conseguirão reverter essa condição de miserabilidade, precisando sempre de ajuda e da misericórdia dos outros. (Yasbek, 2007, p 40).
O objetivo dessa lei era acabar com a vagabundagem, retirando mendigos das
ruas, constituir a Igreja como única administradora do auxílio aos pobres recebendo
taxas de fazendeiros, burgueses e os demais da elite da época. Essas taxas dariam
condições para a organização das estruturas responsáveis pelas crianças órfãos, e
as que os pais não poderiam tomar conta no trabalho.
Sem ter seus direitos sociais legalizados nessa época, viviam sem poder
expressar suas ideias e pensamentos. Dessa forma a questão da cidadania ficava
relegada a um segundo plano, uma vez que os direitos sociais acabavam sendo
negados, acerca desses direitos Marshall, (1967) afirma ainda que:
Os direitos sociais são aqueles onde o homem pode falar o que pensa opinar sobre qualquer situação, ter melhor condição econômica, ter seus direitos garantidos pela constituição, onde essa lei lhe ofereça condição de vida digna, sendo que as instituições responsáveis por esses direitos seriam o sistema educacional e o sistema social. (Marshall 1967 p.58)
Diante das afirmações o que se pode perceber é que o objetivo dessa Lei era
administrar o auxílio aos pobres da Inglaterra, bem como impedir o homem que
pudesse trabalhar de pedir ajuda, prover refúgio para o doente e repudiado, formando
um grupo para gerenciar as instituições que estavam sendo constituídas. Sabe-se que
até os dias atuais milhares de pessoas vivem nas ruas sem condição digna de vida, e
que o motivo principal dessa desigualdade social é a má distribuição de renda. No
entanto tal Lei surge como sendo um refúgio frágil, uma vez que a mesma
simplesmente servia uma ajuda pontual, por assim dizer, não havendo alterações
significativas nos modos de vida, bem como na afirmação da cidadania dos usuários
de tal política.
1.2 O Serviço Social Brasileiro
O Serviço Social no Brasil tem suas origens na primeira metade do século XX,
com suas raízes cristãs de assistencialismo. A Igreja católica controlava todo o
processo de ajuda ao próximo e benefícios aos menos favorecidos em parceria com
os fazendeiros da época. Com o início do capitalismo na Europa, mais precisamente
no Brasil, onde a produção é mais socialista, suas condições e resultados eram cada
vez mais privados.
Com o passar do dos anos o Assistente Social tem se destacado como
profissional, podendo assim elaborar e executar políticas de bem-estar social em prol
de uma melhor inserção socioeconômica de indivíduos, famílias e grupos nas
sociedades em que vivem, buscando nos próprios participantes a minimização dos
problemas sociais que tanto os afetam no meio da sociedade. Diante disso afirma
temos que nas linhas de pensamento de Vieira acerca do Assistente Social.
O conhecimento desse profissional está baseado nas técnicas adquiridas ao longo do seu processo de formação, fazendo com que os indivíduos analisados tornem-se mais independentes seguros e conscientes das suas próprias capacidades e atitudes, ao contrário dos profissionais pioneiros que não tinham a criticidade necessária para avaliar as situações e adequar o Serviço Social a estas. A criticidade apareceu aos poucos, não pela avaliação formal das situações em si, mas pela constatação de que os esforços não respondiam aos resultados desejados. Não houve nunca, senão em experiência limitada, um estudo científico avaliador do Serviço Social” (Vieira 1977 p.156)
Com o decorrer dos anos a prática de assistência social se espalhou por todo
o mundo sendo hoje uma profissão muito importante para a sociedade. Hoje espera-
se do profissional Assistente Social uma atuação crítica, bem com que o mesmo
possua competência teórica de modo que possam desmistificar o dia-a-dia e suas
relações retificadas pela sociedade capitalista, buscando estratégias que superem os
limites impostos pela sociedade, tendo como objetivos a justiça social e a democracia
para melhorar a vida da sociedade, sendo este o maior objetivo dessa tão digna e
honrosa profissão que é a do Assistente Social.
O Serviço Social é uma profissão de caráter sócio-político, crítico e interventivo
que se utiliza de instrumentos científicos multidisciplinar das ciências humanas e
sociais para uma análise crítica e de intervenção nas diversas áreas da questão social.
Essa profissão está inserida nas mais diversas áreas como: na saúde, na previdência,
na educação, habitação, lazer, assistência social, justiça.
Hans-Georg Flikinger et al (2000 p. 170) “Aponta que o referencial teórico e as
propostas metodológicas nas primeiras décadas do Serviço Social no Brasil tinham
como fundamentos os princípios filosóficos aliados às experiências de ação belgas e
francesas. Assim tais perspectivas tinham uma visão de que o Serviço Social era uma
missão, um serviço que era voltado ao bem da sociedade, assim sendo dependia de
uma ação vocacional de seus agentes”. O que se percebe é que ainda nos dias atuais,
mesmo tendo avançado teórica e metodologicamente as cicatrizes desta época ainda
podem ser vistas dentro da profissão devido à herança conservadora que a mesma
ainda carrega.
Há de fato, um longo caminho percorrido pela profissão até tornar-se uma
profissão voltada à intervenção, somente na década de 1990 é que a mesma
conseguiu então romper com o tradicionalismo e o conservadorismo que tanto fez
parte de suas práticas. Maria Carmelita Yasbek, aponta que:
Nos anos 1960, a profissão questiona seus referenciais e assume as inquietações e insatisfações de uma conjuntura histórica de intenso movimento político-cultural que reúne profissionais, intelectuais, trabalhadores, segmentos médicos e classes populares em torno da luta antimperialista na defesa de projetos de transformação social. (Yasbek, 2008 p. 16)
Diante das mudanças no mundo do trabalho, desencadeadas no Brasil nesta
década mesmo período em que o Serviço Social tem aprovada sua lei de
regulamentação da profissão (Lei n° 8.662, de 07 de junho de 1993) e o novo código
de ética profissional, resultado do amadurecimento teórico-metodológico do Serviço
Social nas décadas anteriores. E a partir de movimentos que ocorrem no seio da
profissão, a mesma busca desvencilhar-se das amarras do capitalismo, construindo
assim, um projeto profissional, como bem aponta Netto apud Braz:
Nosso projeto ético-político é bem claro e explícito quanto aos seus compromissos. Ele “tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor ético central – a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto profissional vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma
nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero”. (Netto, 1999 apud Braz 2004.).
No entanto embora tenham havidos avanços no seio da profissão atualmente
“o Assistente Social ao se inserir na divisão social e técnica do trabalho coletivo, torna-
se responsável por uma utilidade social que permite ao profissional vender sua força
de trabalho numa relação mercantilizada e, portanto, assalariada.” (Iamamoto 2012
p.215) Dessa forma a ação profissional ainda é condicionada de acordo com as
demandas da instituição e do poder exercido por aquele que o contrata, havendo
assim no exercício profissional uma “relativa autonomia”, como bem salienta
Iamamoto (2012 p.125)
De acordo com Iamamoto, (2009, p. 22), “o Serviço Social foi regulamentado
como uma “profissão liberal”, dela decorrendo os estatutos legais e éticos que
prescrevem uma autonomia teórico-metodológica, técnica e ético-política à condução
do exercício profissional”. O assistente social tem uma relativa autonomia no exercício
de suas atribuições, ou seja, o fazer profissional está intimamente condicionado às
condições que lhe são impostas e como são postas na realidade social.
Carlos Montaño (2007, p. 224 - 225) acerca do trabalho do Assistente Social
aponta que este profissional [...] “é que é o agente de implementação de políticas
sociais (instrumentalizada por esta), e não ao contrário, a política social o instrumento
de intervenção profissional. [...], entretanto essas políticas são executadas dentro do
neoliberalismo com a ideia de individualidade, de forma fragmentada e focalistas em
situações de risco, no qual a Questão Social encontra-se na esfera da sociedade Civil,
que deve se responsabilizar pelo seu trato, em consonância um cenário a
precarização para atuação do assistente social. E o que se percebe é que a ação
profissional acaba sendo por vezes enviesada e sendo usada como um meio para um
fim.
1.3 As políticas Sociais no Brasil: Um retrato.
Um fato inegável é a importância da Constituição Federal de 1988 quando se
fala de modelos de proteção social voltados para a população de forma geral, bem
como da afirmação da cidadania do povo brasileiro. No entanto até se chegar a este
ponto o que se tem no Brasil é uma série de políticas setoriais e de cunho emergencial,
funcionando muitas vezes apenas para fornecer as mínimos sócias à parcela
desfavorecida da população.
Nos anos de 20 e 30, o país vai passar por um processo de transição do modo
de produção agrário para a industrialização, com instauração das primeiras indústrias
ocasionando mudança socioeconômica e no mundo do trabalho, tendo uma
passagem de trabalho escravo para trabalho assalariado, e a divisão sócia técnica do
trabalho, onde o trabalhador irá vender a sua única mercadoria a força de trabalho.
Segundo Vieira (1992, p. 22), “política social é uma maneira de expressar as
relações sociais cujas raízes se localizam no mundo da produção.” A construção dos
direitos sociais e civis tanto no Brasil como no mundo esteve sempre ligada ao direito
trabalhista. Não me atarei aqui a um relato histórico a respeito das políticas nacionais
de forma mundial desde sua criação, no século XV, pois para tanto exigiria uma
extensa pesquisa. Será referido aqui sobre as políticas sociais no contexto histórico
brasileiro. O contexto brasileiro desde a sua
No Brasil nos primeiros três séculos de sua existência, o país passa por
profundas transformações na sua formação econômica, vai de Colônia de Portugal, a
Império e depois República, segundo Berenice Rojas Couto, no Brasil, os direitos civis,
sociais e políticos se constituíram a partir de uma realidade histórica particular. A
escravidão e a exploração da Colônia por Portugal são traços importantes na história
do Brasil.
Durante anos o Brasil passou por um período de intensa colonização, e sua
construção sócio histórico marcado pelo trabalho escravo, assim como em outros
países, no Brasil não foi diferente, a assistência social estava restrita a prática
caritativa, direcionada aos pobres, onde os mesmo não eram entendidos como
expressão da questão social, mas sim como caso de polícia, por serem
compreendidos como ameaça a sociedade, restringindo a assistência a
subalternização prestadas por meio de hospitais e asilos.
O que se nota é que sendo o Brasil, um país que tanto viveu sob o estigma da
escravidão, bem como da exploração enquanto Colônia da Coroa Portuguesa, seria
de fato que o Estado intervisse minimamente sobre questões relacionadas à
população pobre do país. Sobre tal quadro que se processava em nosso meio Maria
C. Yasbek comenta que:
Salvo exceções, até 1930 a consciência possível em nosso país não apreendia a pobreza enquanto expressão da questão social. Quando esta se insinuava como questão para o Estado, era de imediato enquadrada como “caso de polícia” e tratada no interior de seus aparelhos repressivos. Os problemas sociais eram mascarados e ocultados sob forma de fatos esporádicos e excepcionais. A pobreza era tratada como disfunção pessoal do indivíduo. (Yasbek 2007, p. 41).
Ao passo que na esteira de pensamento de Berenice Rojas Couto, que salienta
que
O tratamento ao povo que reclamava por atendimento às suas demandas era feito por intermédio de mecanismos ora de privilégios, ora de repressão. (...) Se era de interesse do projeto da elite nacional, havia mobilização para sua concessão; caso contrário, a repressão era utilizada como instrumentos de desmonte dos movimentos pela garantia dos mesmos. (Couto, 2004, p. 88)
Assim avanços foram ganhos paulatinamente, mas não sem lutas, uma vez
que todo o tecido social é marcado pelas lutas de classe. E somente nas décadas de
1920 e 1930 é que o país com o crescente processo de industrialização que se dá a
partir da criação do Estado Novo e o início da Era Vargas. Era o momento que o país
tanto esperava e almejava então crescer, Fonseca aponta que neste período.
Iniciava-se a crença de que com o desenvolvimento econômico os grandes problemas do país desapareceriam: a miséria, as desigualdades regionais, a incipiência do mercado interno e as demais questões de nacionalidade encontrariam finalmente uma solução. A construção de uma nova nação exigia trabalho e esforço de todos: dos empresários aos quais Vargas apelava a imaginação e à iniciativa, à realização de novos investimentos e à modernização dos processos produtivos e dos trabalhadores, dos quais se esperava trabalho e disciplina. Os primeiros teriam, em contrapartida imediata, o aumento dos lucros e do patrimônio individual; os segundos, a legislação trabalhista, de momento e a promessa futura de uma sociedade mais justa e igualitária. (Fonseca 1989 p. 257)
E é deste período que passa a existir então as primeiras formas de proteção do
trabalhador. Surgiram as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) através da Lei
Eloy Chaves (de n° 4.682 de 25 de janeiro de1923). As CAPs eram financiadas pela
união, empregadores e empregados e organizadas pelas empresas, tendo como
finalidade pagar pensões e aposentadoria ao grupo de específicos, os ferroviários,
onde a mesma marcara o início das políticas sociais no Brasil.
Tal período marca um avanço sem precedentes na história de nosso país, uma
vez que, o que se sabe é que por muito tempo a assistência social não foi merecedora
da atenção do poder público, portanto em 1930 há avanço no campo das políticas de
assistência social, evidenciando um progresso na legislação social como também nas
leis trabalhista.
Um dos marcos significativos no campo da Assistência Social, houve com a
criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) em 1938 a primeira grande
regulação da assistência social no país, tendo como meta estudar de forma mais
profunda os problemas sociais, e posteriormente em 1942 a Criação da Legião
Brasileira de Assistência (LBA) um grande instituto de assistência, ainda em 1942
criou-se o sistema conhecido como “Sistema S” Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI), posteriormente em 1943 à consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) que reúne todo legislação da área, em 1946 o Serviço Social da Indústria
(SESI), no qual estava voltado para a qualificação do trabalho.
O Estado passa a intervir diretamente nas relações entre o empresariado e a classe trabalhadora, estabelecendo não só um a relação jurídica do mercado de trabalho, através da legislação social e trabalhista especifica, mas gerindo a organização e prestação dos serviços sociais, assim como um novo tipo de enfretamento da questão social. (IAMAMOTO, 2005. p.79)
No Brasil as políticas sociais são caracterizadas por pessoas que dominam, e
por outro lado as que são dominadas. Em meio a essas classes sociais opostas, se
insere a questão social demarcada por grandes lutas e conflitos sociais, entre capital
e trabalho. Assim relata Ianni, (2004 p.77) que: “A questão social atravessa a história
da formação da sociedade brasileira como frutos das desigualdades econômicas,
políticas e culturais cujas expressões mais latentes são a questão de classe, a questão
racial e as desigualdades regionais sempre tencionando a relação entre sociedade
civil e o poder estatal.
No campo da seguridade social a assistência social é proteção, por tanto, deve operar preventiva e projetivamente nas situações de risco social. Deve provê proteção básica e especial, isto é, a assistência social estuda o processo de proteção social, de previdência e da saúde. Não se limita ao domicílio, pois chega até aos que estão nas ruas; não se limita ao legal ou ao formal; não restringe, por exemplo, a atenção ao transgressor. (Sposati 2004 p.41)
Até meados da década de 1980, temos no Brasil um quadro crítico ao que
refere no campo dos direitos, embora o Estado tenha criado vários organismos no
campo da previdência, saúde e assistenciais, suas práticas eram apenas pontuais,
focalizadas ou preventivas, que tinham por objetivo, apenas manter o controle sobre
a população, isto é um quadro que pode ser verificado em outras época da nossa
história, onde ao efetivar alguns direitos ou efetivá-los de forma mínima, deixa-se toda
uma população na situação de concessão, ou seja, tais direitos são repassados, em
detrimento de outros ainda mais essenciais.
As décadas de 1980 e 1990, são de suma importância para o entendimento
das políticas sociais na atualidade, verifica-se nesse período uma crescente
mobilização por parte da população brasileira que começava a buscar a efetivação
dos seus direitos, ao mesmo tempo em que o Serviço Social passa a conceber em
sua analise a tradição marxista, buscando um maior entendimento dos processos
relativos à emancipação do homem.
O atendimento por meio de políticas sociais era escasso, quase inexistindo
intervenção pelo Estado nesta área do social. Tudo isso ao mesmo tempo em que se
realizam os debates sobre a fundamentação do Serviço Social, que como foi dito
linhas acima a condição atual no Brasil já não satisfazia os anseios da profissão, e
consequentemente com a chamada agudização das refrações da questão social, faz-
se necessário uma mudança na forma de pensar o Serviço Social brasileiro, o que
ocorre em 1967.
Do ponto de vista dos direitos políticos, civis e sociais, os governos que se sucederam de 1964 a 1984 primaram por aniquilar os dois
primeiros e por, novamente acionar, de maneira restrita medidas na área social, desenhado um perfil limitado e autoritário dos diretos sociais, onde os mesmos tinham a função de assegurar a sustentação política do regime”. (COUTO, 2004, p. 122)
Assim somente na década de 1980 é que enfim é estabelecido um sistema de
assistência social que passa a fornecer um amparo ao que tange às formas de
proteção social tantos dos trabalhadores, bem como da sociedade em geral. O que
apenas foi possível devido ao caráter emancipatório que possuía a Constituição
Federal de 1988.
1.4 A Constituição Federal de 1988: Avanços em meio a retrocessos.
Esta Constituição, diferentemente de todas as outras teve uma forte
participação do povo brasileiro, devido as mobilizações que desde o início dos anos
1980 culminaram para o fim da Ditadura, tanto que ela ganha o apelido de
“Constituição Cidadã”, haja vista, a garantia dos direitos que nela foram assegurados.
Assim são lançadas as bases para a formação do sistema de proteção social
brasileiro, Berenice aponta que justamente no campo dos direitos sociais que esta
Constituição tem seus maiores avanços, com diversos estabelecidos no Artigo 203.
A assistência social nasceu como uma prática estatal, sob compreensão liberal, pela qual a cada um cabe suprir pelos seus meios suas próprias necessidade. Sob essa concepção, o dinheiro público só pode ser aplicado para atender a alguém que não tem mais condições pessoais e está em uma situação que coloque em risco. (Sposati, 2009, p. 22)
Embora prevista na Constituição Federal (CF) de 1988, no entanto ela não se
efetiva sozinha, sendo necessárias outras leis para que seja regulamentado o que
está prescrito na CF. A Assistência Social só teve sua efetivação enquanto política
pública em 1993, com a promulgação da LOAS, Lei Orgânica da Assistência Social
(Lei Nº 8.742/1993), sendo a última área da seguridade social a ser regulamentada.
O texto da Loas estabelece a universalização da assistência como direito de todos,
aliando-se à Constituição que diz que que ela é de quem necessitar, e também coloca
como dever do Estado a prestação da assistência.
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de
Seguridade Social não contributiva, que prove os mínimos sociais, realizada através
de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir
o atendimento às necessidades básicas.
Carlos Simões estabelece a LOAS como um evento extraordinário, sem par,
pois pela primeira vez na história brasileira, a Assistência Social é concebida enquanto
direito do cidadão e não como um fruto da benevolente mão do Estado, cabendo a
este o dever de assegurá-lo. Insere-se também com ela uma nova visão da sociedade,
que de acordo com o que se pode ver, desde os primórdios de nossa história era
sempre vista apenas como assistida, necessitada, onde as relações eram frágeis e
onde benefícios eram concedidos em troca de favores e para a manutenção do
sistema. Ela passa a ser vista como sociedade dona de direitos, que como foi dito a
pouco, é o Estado que deve zelar pela efetivação desses direitos.
A Lei nº 8662 de 07 de junho de 1993, é quem estabelece a regulamentação
do Assistente Social enquanto profissional, atribuindo-lhe competências e deveres
que determinam o fazer profissional, nesta lei, que é complementada pelo Código de
ética, também de 1993, ao mesmo passo que o país avança na garantia dos direitos
assistenciais, também temos como um marco na profissão. Desde os primeiros
seminários que buscavam a Reconceituação da profissão na década de 1940, até a
efetivação deste movimento ao final da década de 1970, tal lei é extremamente
importante para o entendimento do exercício profissional, somente visto até então
como facilitador do capitalismo, atuando na reeducação, e prevenindo conflitos.
Sobre o Serviço Social, A LOAS refere-se como recursos humanos, que nas
palavras de Carlos Simões, tornam eficazes os princípios constitucionais e
complementares nela previstos, ressaltando os serviços assistenciais, que podem ser
prestados por este profissional. Intervindo diretamente nas refrações da questão
social. No seu artigo 20, a LOAS prevê benefícios, serviços, programas e projetos
para com a Assistência Social. O BPC. Benefício de Prestação Continuada, é o “único
benefício garantido formalmente na LOAS”. (COUTO, 2004, p. 175), e também uma
série dos chamados benefício eventuais.
Também prevê uma série de princípio, objetivos, determinações e diretrizes,
com vistas sempre a nova configuração da sociedade, e com base na CF, a
Constituição Cidadã, em relação à pobreza, miséria, desigualdades sociais ela
estabelece estratégias para o seu enfrentamento. A partir dela (da LOAS) criam-se
também uma série de institutos referentes à organização e gestação das políticas
públicas, com isso o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) deixa de existir e
suas funções recaem sobre o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Que
em Cria o SUAS, Sistema Único de Assistência Social.
Através da Norma Operacional Básica NOB/SUAS, Resolução nº130 de 15 de
julho de 2005, que o CNAS, implantou o Sistema Único de Assistência Social, que
acaba por consolidar a PNAS, Política Nacional de Assistência Social, que por funções
assistenciais presta a proteção social, a vigilância social, e a defesa dos direitos
socioassistenciais. Caracterizando-se como: Proteção Social, que diz respeito à
proteção social básica e a especial; vigilância social, correspondente à gestão,
identificação de áreas de risco social e seu efetivo enfrentamento. E a defesa dos
direitos socioassistenciais, que ao pé da letra é a efetivação, da política em si.
Por proteção social básica, entende-se à matricial idade da família, pois é sobre
ela que incide esta parte da política. Com a criação do Centro de Referência de
Assistência Social – CRAS, que representa uma aproximação e garantia da
participação da comunidade, em especial da família em meio aos programas
assistenciais. A Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais especifica que:
os serviços prestados pelo CRAS são; “a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral
à Família (PAIF); b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; c) Serviço
de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas”.
Programa de Atenção Integral à Família, (PAIF), para crianças de zero a seis anos de idade; os projetos de geração de trabalho e renda; os centros de convivência para o idoso; os serviços de brincar para crianças de zero a seis anos de idade; as ações de socialização e sensibilização para a defesa dos direitos das crianças; os programas de incentivo ao protagonismo juvenil; os centros de informações e de educação para o trabalho para jovens e adultos. (Simões, 2006, p.330)
Exemplos de ações desenvolvidas nos Centros de Referência, com um caráter
eminentemente preveniste, marcando o acompanhamento em todas as esferas da
vida do cidadão em situação de vulnerabilidade social. A PNAS representa o ápice da
evolução dos diretos sociais do Brasil, há ainda uma série de benefícios e serviços
nela prescritos. No entanto, após um longo caminho das políticas públicas que ou era
inexistente ou se apresentavam como forma de concessão e manutenção do sistema
vigente.
Percebe-se ainda que temos uma longa caminhada a trilhar, pois a medida em
que determinadas demandas são compridas, sanadas outras que exigem também
atenção surgem. Cabendo assim o chamado processo de reatualizarão tanto da
atuação profissional como também das políticas públicas e assistenciais. A questão
social e suas refrações se metamorfoseiam em tantas outras demandas que exigem
uma intervenção diferenciada, ou seja, a cada dia faz-se necessário uma nova
intervenção do Assistente Social, visando sempre a emancipação humana do
indivíduo.
O que se nota é o árduo caminho pelo qual as políticas sociais e públicas
percorreram em nosso país e tal fato se deve ao processo de industrialização tardio,
como também a forte herança conservadora que o país possui, devendo-se a isso a
própria formação socioeconômica de nosso Estado. Destarte, o próximo capitulo
tratará de uma análise acerca das políticas públicas e sociais voltadas à pessoa idosa,
bem como a forma de a profissão atua neste espaço.
CAPÍTULO II – A VELHICE NA SOCIEDADE COMTEMPORÂNEA
2.1 A velhice: Conceituações
Em meio a essa nossa sociedade onde o capital predomina, tornam-se cada
vez mais visíveis as mazelas e as injustiças sociais, e desta forma o Estado vem agir
de maneira apenas assistencialista, baseando-se apenas na situação atual que o
indivíduo se encontra, negando assim os verdadeiros direitos sociais.
Longe, portanto de assumir o formato de política social, a assistência social desenrolou-se ao longo, como doação de auxílios revestida pela forma de tutela, de benesse, de favor, sem superar o caráter de prática circunstancial, secundária e imediatista, que no fim mais reproduz a pobreza e a desigualdade social na sociedade brasileira, já que opera de forma descontínua em situações pontuais. (Mestriner, 2008, p.16).
Segundo o guia de políticas e programas do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS), a Assistência Social, a partir da Constituição Federal
de 1.988, passou a ter o Sistema de Seguridade Social, como uma Política Pública
não contributiva, ficando claro que é um direito do cidadão e dever do Estado. Como
está escrito no artigo 1º da LOAS (LEI ORGANICA DA ASSISTENCIA SOCIAL),
instituída pela Lei nº 8742, de 07-12-1993 a Assistência é assim definida: A
Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade
Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o
atendimento às necessidades básicas. (Brasil, Lei nº 8742, de 07-12-1993)
O que se entende é a necessidade do estado atuar nas mais variadas refrações
da questão social, procurando assim diminuir a lacuna entre as classes, mesmo que
não se atenha a fornecer auxilio de forma ampla à classe subalternizada, mas também
procura proporcionar a esta classe uma melhoria na sua qualidade de vida. Ao se
questionar qualidade de vida invariavelmente acabamos chegando às questões
relacionadas a velhice, ou terceira idade como se referem alguns teóricos. Simone de
Beauvoir (1990) define velhice como um conjunto de vários e determinados fatores
que chocam o homem em um determinado momento de sua vida. Assim a autora
descreve que a velhice é entendida como sendo:
Um fenômeno biológico com consequências psicológicas que se apresentam através de determinadas condutas consideradas típicas da idade avançada. Modifica a relação do homem no tempo e, portanto, seu relacionamento com o mundo e com sua própria história. Por outro lado, o homem vive nunca em seu estado natural; na sua velhice, como em qualquer idade, seu estatuto lhe é imposto pela sociedade a qual pertence. (Beauvoir 1990, p.15)
A organização mundial da saúde define (OMS) define a população idosa como
aquela a partir dos 60 anos de idade, mas faz uma distinção quanto ao local de
residência dos idosos. Este limite é válido para os países em desenvolvimento,
subindo para 65 anos de idade quando se trata de países desenvolvidos. (IBGE, 2000
p.09) Assim passamos a entender a velhice que é tão diversificada de conceitos e
acepções, como por exemplo Messy apud Agustini argumenta que o termo pessoa
idosa serve apenas como uma definição social, como bem descreve.
Não existe um ser “pessoa idosa”. ..., é apenas um termo social que não tem realidade humana. O que não impede que descrevam com seus usos e costumes, seu temperamento, seus defeitos. Tudo isso projeta, para os mais jovens, uma imagem de velhice bastante ameaçadora, incapaz de corresponder a um ideal atingível, como acontece em outras civilizações e em outras culturas. Esse ideal de ego que envelhece adquire um aspecto de bicho-papão do ego, contra o qual vai se quebrar mais de um espelho (Jack Messy apud Agustini, 2003. p. 25),
Dessa forma, o que se percebe é que a velhice trata-se bem mais de
transformações sociais e culturais do que àquilo que se refere-se à pessoa em si e
mais uma vez o que se busca é como tratar dignamente essas pessoas que na
sociedade capitalista param de trabalhar, ou seja cessa sua condição de reprodutor
do capital. Assim sendo tais pessoas não ficam em desamparo, uma vez que o Estado
oferece ajuda através de políticas públicas e sociais que lhe permitam gozar de uma
vida digna na hora de seu descanso.
Lucimar Ferreira Faria aponta que “A legislação brasileira, uma das melhores
do mundo em relação aos idosos, tenta, de modo geral, amparar, proteger e garantir
aos idosos uma melhor qualidade de vida, mas o Estado não exerce essa proteção
efetivamente, seja pela falta de regulamentação legislativa, seja pela falta de
fiscalização” (Faria 2007 p.09) Assim tal fiscalização recai sobre os profissionais que
trabalham com a pessoa idosa.
A Lei 10.741/ 2003, que é denominada “Estatuto do Idoso”, em seu Artigo 1º
estabelece que idoso é a pessoa com mais de 60 anos, dessa forma cria-se um padrão
que acerca do entendimento dessa categoria, uma vez que as legislações pairavam
entre idades diversas, de fato tal definição acarreta um avanço ao que tange à
prestação de serviços voltados à esta parte da população.
2.2 Leis voltadas para à pessoa idosa
Podemos perceber que todo avanço relacionado à efetivação da cidadania,
bem como a proposta de uma melhora na qualidade de vida da população em geral
deu-se com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Em relação ao idoso no
seu Artigo 230 ela prevê que: “A família, a sociedade e o Estado tem o dever de
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na sociedade, defendendo
sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida.” (Brasil CF 88) assim
sendo, é um progresso na efetivação da defesa de direitos da pessoa idosa.
Após a Constituição foram então desencadeadas diversas leis de proteção ao
idoso, bem com questões relacionadas à velhice. A criação da LOAS – Lei Orgânica
de Assistência Social, permitiu a estruturação, da Política Nacional do Idoso, PNI. Lei
nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que tinha por objetivo assegurar os direitos sociais
do idoso e por sua vez criava mecanismos para promoção da sua autonomia,
integração, bem como uma participação efetiva na sociedade. Diante do exposto,
nota-se que o Estado passava então efetivar a integração do idoso, não apenas o
deixando de lado, mas buscando lhe fornecer uma participação mais ativa dentro da
sociedade.
Posteriormente foi instaurada a Portaria Nº 2.528 de 19 de outubro de 2006 que
institui a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. A finalidade primordial da
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a
autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas
e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes
do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política, todo brasileiros com 60 anos ou
mais de idade.
Assim o progresso que de fato ocorre é a instauração do Estatuto do Idoso,
(LEI nº 10.741, de 1º de outubro de 2003) que busca assim, assegurar os direitos às
pessoas a partir de 60 anos. Obrigando assim que a sociedade reconheça os idosos
enquanto agentes desta sociedade e não como pessoas que já realizaram sua
contribuição. É a afirmação a dignidade da pessoa humana. Mas esse
reconhecimento ocorre num duplo movimento, nota-se que é “a família que a fonte
primária de todo apoio que a pessoa idosa” (Sena 2009 p.11) assim as legislações
voltadas para esta classe da população buscam a retomada da dignidade das pessoas
humanas.
Pode-se perceber que a população idosa no Brasil tem envelhecido mais
rapidamente, com isso torna-se necessário criar novas políticas relacionadas ao
idoso, sendo de grande importância conhecer as características de cada idoso em
cada região. Os idosos brasileiros apresentaram muitas mudanças em seu estado
genérico deixando assim o perfil de mortalidade ainda jovem e apresentando
atualmente doenças mais graves, isso ocasiona maiores gastos para os gestores em
relação a pessoa idosa, sendo necessário novas políticas, mais modernas e eficazes
que possam vir de encontro a essa realidade atual que os idosos se encontram. Nota-
se elevados aumentos regionais e sociais, isso faz com que a pessoa idosa fique à
mercê dos descasos da sociedade, sem poder contar com um amparo seguro em
relação a saúde), a previdência, a moradia, fazendo com que os problemas sociais só
aumentem, como também a desigualdade e a dignidade da pessoa idosa.
(Benedetti,2004).
Calcula-se que em 2020, 13\% da população será idosa colocando o Brasil
como a sexta nação, com o maior número de idosos do mundo. Dessa forma
pressupõe que os problemas vão aumentar, com o aumento da população idosa
aumenta também os desafios em relação as políticas públicas com relacionadas ao
idoso. Segundo proposições do Banco Mundial, o Brasil apresenta a crise da velhice
através do aumento da expectativa de vida, provocando grandes pressões no sistema
de previdência social, podendo colocar em risco não somente a economia dos idosos,
mas também o desenvolvimento do próprio pais.
Tal mudança demográfica se deve a vários fatores: o controle de muitas
doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, sobretudo a partir da descoberta
dos antibióticos, dos imuno-biológicos e das políticas de vacinação em massa;
diminuição das taxas de fecundidade; queda da mortalidade infantil, graças à
ampliação de redes de abastecimento de água e esgoto e da cobertura da atenção
básica à saúde; acelerada urbanização e mudanças nos processos produtivos, de
organização do trabalho e da vida ( Minayo, 2000).
Segundo o autor essa mudança tem aumentado o número de idosos em
acompanhamento médico, o que reduziu as mortes precoces na pessoa idosa, como
também a prevenção de muitas doenças. O controle veio facilitar nos tratamentos, e
diminuir os riscos de contágios, uma vez que esses usuários merecem tratamento
específico para cada tipo de doença.
Cabe ressaltar que o idoso tem o direito de estar inserido no meio social,
desfrutando de seus direitos como cidadão e vivendo com dignidade, sem qualquer
forma de exclusão, muito não tem uma assistência legalizada, vivem ainda de favores
e formas de assistencialismo. Além disso o desenvolvimento tecnológico nos últimos
anos tem diminuído o status social do idoso, especialmente de suas habilidades e
conhecimentos, tornando assim suas contribuições menos relevantes. Nota-se que as
conquistas sociais em relação ao idoso e as políticas oferecidas aos mesmos são
resultados de muitas reivindicações, movimentos sociais entre eles, sociedades civis
e algumas Instituições. Como se pode ver, é através desses movimentos sociais que
o Idoso conseguiu construir sua própria identidade.
2.3 Caracterização do Centro de Referência
A unidade que foi tomada em questão para a cidade de Brejo Santo, por ser
uma cidade de pequeno porte, o que facilita a pesquisa. A cidade de Brejo Santo, de
acordo com o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), conta com uma população de Brejo Santo conta com uma
população de 45.193 habitantes, onde é caracterizado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, MDS. Como um município de pequeno
porte II, já que conta com uma população entre 20 a 50 mil habitantes contando com
duas unidades do Centro de Referência de Assistência Social, CRAS. Com metas
previamente definidas para atuação. Percebemos que a cidade de Brejo Santo conta
com duas unidades do CRAS, o que é mais que o suficiente preestabelecido pelo
MDS.
De acordo com o MDS, Centro de Referência de Assistência Social é uma
unidade pública estatal descentralizada da Política Nacional de Assistência Social O
principal serviço ofertado pelo CRAS é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral
à Família (Paif), cuja execução é obrigatória e exclusiva. Este consiste em um trabalho
de caráter continuado que visa fortalecer a função protetiva das famílias, prevenindo
a ruptura de vínculos, promovendo acesso e usufruto de direitos e contribuindo para
a melhoria da qualidade de vida.
Para tanto é necessário um local bem estruturado para que possa atender com
efetividades aas atividades planejadas. A Unidade é composta por uma sala
conjugada, que é usada como recepção e também espaço de conivência e
desenvolvimento de atividades, uma suíte, que é usada como sala da coordenação
com um banheiro, dois quartos. Um adaptado para a sala da Assistente Social e o
outro como sala de recreação. E um banheiro de uso coletivo. E possui também uma
copa. A unidade, assim como em tantas outras, não é um prédio construído
especificamente para o funcionamento do Centro de Referência, mas um imóvel
adaptado para tal função. Sabe-se que o espaço físico do CRAS corresponde a um
importante fator a influenciar na qualidade do atendimento aos usuários.
E dentro deste espaço que a efetivação das políticas de atenção ao idoso de
gestam e se formam. Abordaremos no terceiro e último capítulo a meteorologia, bem
como iremos trabalhar sobre as técnicas usadas dentro do espaço do CRAS em
atenção à pessoa idosa, na efetivação de seus direitos. Esse que é o trabalho
primordial do Assistente Social, que seja a defesa e a efetivação de direitos.
CAPITULO III – DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Procedimentos Metodológicos
Com o designío de descobrir e descrever o objeto de estudo, a pesquisa se deu
por um aprofundamento bibliográfico com pesquisas bibliográficas exploratória que no
decorrer do trabalho procurou algo que evidenciasse a atuação do profissional
Assistente Social na área da Assistência relacionada com os Idosos. Foi realizada
pesquisas em livros e artigos científicos, tendo em vista a participação constante do
Assistente Social frente aos desafios na dura realidade da vida do idoso. O estudo
teve por relevância analisar e desenvolver estratégias para que a efetivação das
políticas do idoso possa acontecer, com a atuação do profissional em pauta. É válido
salientar que toda a pesquisa aconteceu em torno das atividades e programas
desenvolvidos pelo Assistente Social no CRÁS, que é a porta de entrada para o SUAS
(Sistema Único De Assistência Social), assim também como é o lugar onde o
profissional desenvolve seu trabalho, promovendo mais qualidade de vida para as
famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.
Vale ressaltar ainda que durante o estudo foi abordado informações que
venham de encontro as mazelas sociais e a necessidade básica de cada usuário,
procurou a melhor forma de se trabalhar os desafios pelo profissional encontrado. O
estudo possibilitou ainda um maior entendimento acerca do trabalho desenvolvido
pelo (a) social. Embora com alguns avanços conquistados, não se encontrou
superações no que diz respeito aos direitos efetivos dos idosos, o profissional em
pauta não conseguiu superar as práticas assistenciais, é preciso investir mais nesse
contexto, para que possa atuar não só em um objetivo operativo, mas recupere o
potencial político dentro do trabalho em questão.
Nesse sentido a pesquisa mostrou que o profissional assume grande
importância na efetivação das políticas de direitos, fazendo parte do contexto histórico
de cidadania, através das medidas estabelecidas, no trabalho ligado diretamente com
o usuário, na formulação das políticas de assistência, com o objetivo de romper com
as práticas tradicionais de assistencialismo. Faz-se necessário esclarecer que durante
todo o estudo bibliográfico, foi em torno de buscar fatos evidenciais a respeito do
trabalho, técnicas e ações, que venha a garantir os princípios que norteiam a profissão
em curso, em contraproposta de solução mediante desafios expostos pelas demandas
existentes, rompendo assim com o seu caráter abstrato.
3.2 O CRAS e o Serviço Social
O Centro de Referência em Assistência Social – CRAS. Trabalha na efetivação
de direitos, sendo assim um importante instrumento a favor da política de assistência.
Sendo que a mesma é composta e realizada por um conjunto integrado de
profissionais, no entanto o Serviço Social é quem organiza seu trabalho. Uma vez que
essa profissão tem a marca na sua história de uma postura militante, que luta por
direitos.
[...] O Serviço Social responde tanto as demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro polo pela mediação de seu oposto. Para tantos mecanismos de dominação e exploração como, ao mesmo tempo e pela mesma atividade, da resposta às necessidades da classe trabalhadora e da reprodução do antagonismo nesses interesses sociais, reforçando as contradições que constituem o novel básico da história. (Iamamoto, 2003 p.75)
Sendo o Serviço Social uma profissão liberal, regulamentada por Lei e
possuidora de um código de Ética Iamamoto (2003) nos lembra que a mesma dispõe
de uma relativa autonomia, ou seja a efetivação de seu trabalho não corresponde
somente aos desejos que a profissão impõe, mas está condicionada às relações de
trabalho onde o Assistente Social se insere. Contudo, um dos maiores desafios no
presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas
de trabalho criativas, capazes de preservar e efetivar direitos, isso se remete a ser um
profissional propositivo e não só executivo.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) de 2004 visa incorporar as
demandas presentes na sociedade brasileira, no que tange à efetivação da
assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado, instaurou
a assistência social em duas direções: a proteção social básica e a proteção social
especial.
No campo da seguridade social a assistência social é proteção, por tanto, deve operar preventiva e projetivamente nas situações de risco social. Deve provê proteção básica e especial, isto é, a assistência social estuda o processo de proteção social, de previdência e da saúde. Não se limita ao domicílio, pois chega até aos que estão nas ruas; não se limita ao legal ou ao formal; não restringe, por exemplo, a atenção ao transgressor. (SPOSATI 2004 p.41)
A primeira visa prevenir situações de risco às famílias/indivíduos vulneráveis e
a segunda visa proteger famílias/indivíduos que já se encontram em situação de risco
social. Dessa forma, foram criados os CRAS (Centro de Referência em Assistência
Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) que são
instituições que objetivam oferecer à devida proteção de acordo com a complexidade
da demanda.
A Proteção Social Básica, como afirma a PNAS 2004, assume como foco de
atuação a ação preventiva, protetiva e proativa, tendo como objetivo prevenir
situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidade e aquisições, e
fortalecimento de vínculos familiares. A proteção social especial tem como objetivo
atender famílias e indivíduos que se encontram em situação decorrentes de vários
fatores, seja eles abando, maus tratos de todas as modalidades, cumprimentos de
medidas socioeducativas, situação de rua, trabalho infantil.
A Proteção social especial é dividida em duas modalidades Média
complexidade quando os direitos foram violados, entretanto os vínculos seja ele
familiares ou comunitários ainda não foram rompidos e a Alta complexidade, é um
serviço integral onde a família ou indivíduo encontra em situação de ameaça ou sem
referência, necessitando ser retirado do âmbito familiar ou comunitário, isto é, os
vínculos familiares já foram rompidos.
A intervenção profissional do assistente social pode ser caracterizada pelo atendimento às demandas e necessidades sociais de seus usuários, que podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais, quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais da vida da população, viabilizando seu acesso às políticas sociais (Yasbek, 2009 apud Cardoso, Prá 2012).
O Assistente Social inserido nesses espaços irá enfrentar as variadas
manifestações da questão social, para isso deve-se compreender a correlação de
forças existentes, bem como a dinâmica da vida social, os conflitos, as condições de
vulnerabilidade social dos usuários, enfim todo o contexto envolvido, deste modo é
necessário uma investigação crítica reflexiva a qual permita ao profissional desvelar o
espaço de atuação e as demandas, essa prática crítica não é possível sem a teoria, o
papel da teoria é transforma o fazer profissional numa prática teórica, e poder
desvendar os impasses da instituição e das políticas para compreender e conduzir a
prática profissional, superando as tendências conservadoras da profissão, do
contrário, torna-se incapazes, através de suas ações, transformar a realidade.
3.3 O Idoso Inserido no CRAS
Como outrora caracterizado o trabalho do Assistente Social Inserido no CRAS, é
o de efetivar direitos, bem como promover o fortalecimento de vínculos em famílias
que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social. Sendo que o
envelhecimento é um fator psicológico, na sociedade pautada nas relações de compra
e venda da força de trabalho os efeitos da velhice muitas vezes não são encarados
de bom grado, havendo assim efeitos devastadores na psique, bem como na vida
cotidiana dos idosos.
É sabido que na velhice, assim como na infância a presença da família, bem como
um acompanhamento profissional tem imensa importância, uma vez que nesta fase
as pessoas acabam se tornando mais vulneráveis e sentem mais o isolamento. Os
espaços de fortalecimento de vínculos dentro do CRAS servem para que a pessoa
idosa tenha uma maior interação nesta fase de sua vida.
Através de palestras atividades socioinformativas e educativas, que direcionam-se
aos interesses dos idosos que fornecem um amplo conhecimento acerca de temas
relevantes à esta categoria, tais como direitos voltados à pessoa idosa; saúde pessoal
e higiene, bem como oficinas e cursos voltados aos mesmos.
O que se nota é um empenho do idoso a se colocar de volta tanto no mercado de
trabalho, como também na sociedade, exercendo sua cidadania e se socializando com
outras pessoas que estão com sua idade. Dentro do CRAS, através de dinâmicas,
jogos e atividades há essa retomada de posicionamento do idoso dentro desta
sociedade excludente. Diante disso percebemos a importância de tais atividades no
sentido não de socializar a pessoa idosa, mas também de lhe proporcionar uma o
contato e a interação, retirando dele a ideia de que a pessoa idosa torna-se um fardo
para a família.
Diante do exporto, faz-se necessário o entendimento que os Centros de Referência
participam ativamente no processo de retomada de consciência das pessoas idosas,
isso porque como anteriormente nos referimos ao se chegar à 3ª idade as pessoas
acabam tendo uma visão de si mesmas que é perpassada pela mídia, que de os
idosos são pessoas que estão de lado no sistema capitalista, uma vez que os mesmos
já não participam ativamente do processo produtivo. Para tanto criam-se campanhas
publicitárias que referem-se à 3ª idade como sendo a “melhor idade” propondo assim,
que é neste período da vida que pessoas que sempre trabalharam podem de fato
colher os frutos de seu trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acabado o trabalho o que pudemos perceber é que o envelhecimento trata-se
mais que um processo físico, é de fato biológico e psicológico, uma vez que os seus
efeitos por mais que sejam trabalhados ainda trazem uma perda da autoestima nas
pessoas de idade avançada.
Notamos assim, a necessidade do trabalho com essas pessoas a fim de que
as mesmas possuam melhores condições de vida e não sintam tanto os efeitos da
velhice. Que se apresentam ainda mais devastadores nas classes menos favorecidas,
bem como aos idosos que não possuem uma boa estrutura familiar.
O Assistente social dentro da Assistência Social visa à consolidação dos
direitos sociais, sendo propositivo, crítico, ancorada na análise da totalidade da
realidade, fortalecendo os vínculos, e sanando com os riscos pessoais e sociais, afim
de emancipação dos indivíduos, buscando novas possibilidades de colocar em prática
o fazer profissional de qualidade os buscado parcerias através do trabalho
compartilhado com outros profissionais, exigindo um caráter intersetorial e
interdisciplinar das ações de trabalho que resume a capacidade que a profissão tem
de rever, de identificar o compromisso e de conseguir alcançar os objetivos.
Havendo assim a necessidade de se trabalhar com os idosos nos Centros de
Referência a partir de um movimento duplo que envolve a ação da comunidade e da
família, afim que se considerem as condições em que se insere o idoso e dessa forma
lhes permitir e proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos mesmos. Com o
estudo constatamos que esta temática se envolve num campo aberto onde sempre se
pode notar um caminho vasto para a pesquisa.
Para trabalhos futuros observa-se ainda que este não é uma pesquisa que se
esgota em seu termino, uma vez que per ser um tema de grande relevância, surgirão
sempre questionamentos ao que tange às políticas de atenção ao idoso. Dessa forma
este trabalho pode conter uma contribuição acerca das pesquisas neste campo. O que
de fato fica é o entendimento que o idoso é mais do que apenas alguém que não está
mais dentro do processo produtivo, mas sim pessoas que contribuíram para a nossa
sociedade e que ao se depararem com os efeitos da idade que recaem em sua maior
parte nas questões psicológicas, notamos a necessidade de se formular políticas
públicas e sociais que por sua vez possam permitir de fato uma melhora na qualidade
de vida das pessoas idosas.
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