orixas completos de esu a oxala

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Comenzamos por Ajalá …aquel Orixa que moldea y hornea los Ori, nuestro orixa principal,aquel q nos acompaña desde antes de nuestro nacimiento hasta q emprendemos el viaje al Orum…esta compilaacion se saco de Portal Do candomblé…Espero q les Guste… Ajalá é o oleiro primordial. Ele representa o aspecto mais orgânico do ser humano; o tipo de barro, de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor número de problemas), mais claro ou escuro. Ajalá mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de materiais que determinam como será aquela pessoa, como Ori poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o axé (energia) e precisam ser, de vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais de candomblé, entre eles a iniciação. Diz um dos mitos que Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno. Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru, ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira de Ajalá. Como os orixás não gostam de cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia do orixá.

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Texto con las principales características de cada Orixa, incluye Itans, y formas de culto.

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Page 1: Orixas Completos de Esu a Oxala

Comenzamos por Ajalá…aquel Orixa que moldea y hornea los Ori, nuestro orixa principal,aquel q nos acompaña desde antes de nuestro nacimiento hasta q emprendemos el viaje al Orum…esta compilaacion se saco de Portal Do candomblé…Espero q les Guste…

Ajalá é o oleiro primordial. Ele representa o aspecto mais orgânico do ser humano; o tipo de barro, de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor número de problemas), mais claro ou escuro. Ajalá mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de materiais que determinam como será aquela pessoa, como Ori poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o axé (energia) e precisam ser, de vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais de candomblé, entre eles a iniciação.

Diz um dos mitos que Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno. Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru, ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira de Ajalá. Como os orixás não gostam de cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia do orixá.

Da fusão da palavra bó, que em ioruba significa oferenda, com ori, que quer dizer cabeça, surge o termo bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode – se afirmar que o bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu bori é ( Iésè órìsà ).

Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido suas próprias potencialidades. Odu é o caminho pelo qual se chega à plena realização de orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas do outro. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande em seu próprio

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caminho, pois, embora se escolha o ori antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.

Exu, por exemplo, nos mostra a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é tarefa que cabe a cada ori, por isso o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por meio do bori que tudo é adquirido.

Os mais antigos souberam que Ajalá é o orixá funfun responsável pela criação de ori. Dessa forma, ensinaram – nos que Oxalá sempre deve ser evocado na cerimônia de bori. Yemanja é a mãe da individualidade e por essa razão está diretamente relacionada a orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.

A própria cabeça é síntese de caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabem, muitas vezes, se configurando como sinônimos) começam no ori, que ao mesmo tempo apota para as quatro direções.

A CABEÇA:

OJUORI – A TESTAICOCO ORI – A NUCAOPA OTUM – O LADO DIREITOOPA OSSI – O LADO ESQUERDO

Ajalá é orixá muito antigo. Olorum deu a Ajalá a tarefa de modelar o ori ( a cabeça) das pessoas. Todos os dias, Ajalá faz muitas cabeças que depois de prontas, são colocadas ao sol.Quando uma pessoas esta para nascer, ela antes vai até Ajalá para escolher uma cabeça.

O material usado para modelar cada cabeça dá, á pessoa que a escolher, seu destino e seus ewós ( proibições). Ori, portanto, e a parte pessoal da existência de cada um. Ao escolher uma cabeça, a pessoa esta também escolhendo o seu odu. O odu é semelhante ao signo astrológico e rege a vida da pessoa durante sua permanência no aiyê. Só Ajalá e Orumilá conhecem o odu de cada um. Por isso, o odu só pode ser desvendado através do jogo.

A cabeça nasce antes do corpo, sendo mais velha que a pessoa e até mesmo que o orixá que a tomou no momento em que ela nasceu. Por isso, antes de mais nada as pessoas devem adorar seu ori, cuidar dele. Cada pessoa tem o seu ori, não existindo dois iguais. Mas mesmo sendo único, o ori trás com ele a marca da ancestralidade.

O local de onde Ajalá tira a massa para modelar Ori é chamado ipori e aí se encontra a herança de cada um, especialmente do pai da mãe. Assim, tendo Ori em si um componente de ancestralidade, as pessoas devem, antes de tudo, venerar seus antepassados.

O alimento preferido da cabeça é o obi ( noz de cola ). O obi pode ser oferecido á cabeça sozinho ou acompanhado de outros alimentos. A obrigação na qual se “dá comida á cabeça” é o Bori.

Bori significa “festejo a cabeça, assim como outras obrigações são festejos aos Orixás ou aos ancestrais. Mesmo uma pessoa não iniciada pode dar um bori, desde que o jogo assim o recomende. Assim como qualquer outra obrigação, o bori deve ser precedido por um jogo, que indicará não só sua conveniência, como também tudo que deverá conter a obrigação, inclusive a descriminação dos alimentos a serem oferecidos.

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A cabeça está no nascente e os pés no poente,. Por isso, durante o bori os ancestrais da pessoa são invocados, batendo no pé direito para chamar o pai e no pé esquerdo para chamar a mãe. O simbolismo dos pés, em contraposição ao simbolismo da çabeça, é importante. Os pés estão em contato direto com a terra.

Assim como a cabeça recebe o Orixá, o pé a parte do corpo que permite a comunicação com os ancestrais. É na terra que os mortos são enterrados e é da terra que saem os eguns – espíritos dos mortos, que são os ancestrais cultuados nos terreiros de Kêtu.

O bori é uma obrigação que visa fortalecer a cabeça para que ela esteja preparada para sustentar a pesoa, seja na vida particular, seja na vida religiosa. Por isso, quando uma pessoa está atravessando uma fase difícil, usa-se recomendar um bori. Na vida religiosa, o bori tem também uma função determinante: é uma participação , uma forma de pedir licença a Ori para fazer qualquer coisa na cabeça da pessoa.

Outro aspecto importante é que o Orixá não pode atuar de forma positiva sobre a cabeça de um filho se essa pessoa estiver com a cabeça “fraca”. Como o agricultor prepara a terra onde a semente deverá germinar, também a Yalorixá ou Babalorixá prepara Ori para receber os axés que serão dados pelos seus filhos.

Exú

DIA: Segunda-feira.

CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.

SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.

ELEMENTOS: Terra e fogo.

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DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.

SAUDAÇÃO Laroié!

 

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás,

senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a

ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência

humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.

Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura

do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade,

que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém

em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom

nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar,

promover a paz e a guerra.

O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé,

muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre

bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto,

cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando,

agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do

amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.

Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como

se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel

escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o

negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e

dissabores.

Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois

só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu

fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os

homens.

Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam

com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre

o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par

Page 5: Orixas Completos de Esu a Oxala

afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião

e proteja o seu negócio.

É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles

que o agradam e sabem retribuir os seus favores.

Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região

de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto,

que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho

de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.

Características dos filhos de Exu

Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos,

extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e

diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o

maior número possível de amigos.

Rapidamente, os filhos de Exu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por

outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orixá não se desanimam nunca, mantêm

sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.

Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem

tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante

agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.

Os filhos de Exu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões,

são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências.

Esquecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de

se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio

de um orixá que é só alegria.

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Ogun

DIA: Terça-Feira

CORES: Verde ou Azul-escuro, Vermelho (algumas qualidades)

SÍMBOLOS: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas

ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e Fogo

DOMÍNIOS: Guerra, Progresso, Conquista e Metalurgia

SAUDAÇÃO: Ògún ieé!!

Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e

da tecnologia; protector do ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores,

sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de

todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.

Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra pelo seu carácter

devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum.

Entre os muitos Estados conquistados por Ogun estava a cidade de Iré, da qual se tornou

senhor após libertar a cidade da tirania do rei e substituí-lo pelo seu, próprio filho,

regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré.

Não é por acaso, portanto, que nas orações dedicadas a Ogun o medo fica tão evidente e a

piedade é um pedido constante, pois como diz uma das suas cantigas:

Page 7: Orixas Completos de Esu a Oxala

Ògún pá lélé pá

Ògún pá ojaré

Ògún pá, lélé pá

Ògún pá ojaré.

Ogum mata/extingui com violência

Ogum mata/extingui com razão

Ogum mata/extingui e destrói completamente.

Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé.

Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.

Ogum é um orixá importantíssimo em África e no Brasil. A sua origem, de acordo com a

história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé.

Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por

Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir

os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.

Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete

instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais

ajuda o homem a vencer a natureza.

Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço

daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita

gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado.

Espada! Eis o braço de Ogum.

Características dos filhos de Ogum

Fisicamente, os filhos de Ogum são magros, mas com músculos e formas bem definidas.

Compartilham com Exu o gosto pelas festas e conversas que não acabam e gostam de

brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a dos seus camaradas.

Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros,

pois possuem dificuldade de se fixar a uma pessoa ou lugar.

São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de

pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para

atingir os seus objectivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam

insistentemente e vencem.

Page 8: Orixas Completos de Esu a Oxala

Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder,

gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode

torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre.

Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se

divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade.Iansã

Dia: Quarta-feira

Cores: Marrom, Vermelho e Rosa

Símbolos: Espada e Eruexin

Elementos: Ar em movimento,qualquer tipo de vento, Fogo

Domínios: Tempestades, Ventanias, Raios, Morte

Saudação: Epahei!

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o

país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo

tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar.

Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos

nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o elemento fogo. Na

realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da

tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.

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A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que

se fecha sem chover.

Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-

dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor.

Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua

raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as actividades

relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os

afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda

de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

O facto de estar relacionada com funções tipicamente masculinas não afasta Iansã das

características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente; ela é extremamente

feminina e o seu número de paixões mostra a forte atracção que sente pelo sexo oposto.

Iansã (Oyá) teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores,

conquistou grandes poderes e tornou-se orixá.

Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os orixás. Ela é arrebatadora, sensual e

provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente

fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um

homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.

Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos cultos agrários

africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a menção aos chifres de novilho ou búfalo,

símbolos de virilidade, surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar

os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi capaz de transforma-se em

búfalo e tornar-se mulher da guerra e da caça.

Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para

sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do

batente: luta e vence.

Características dos filhos de Iansã / Oyá

Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida

são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por

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paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que

desejam.

São pessoas atiradas, extrovertidas e directas, que jamais escondem os seus sentimentos,

seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem,

partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de

promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só

enquanto amam.

Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu génio muda repentinamente

sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só

acontecem quando controlam os seus impulsos, aí, são capazes de viver para o resto da vida

ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que se tornem os senhores da situação.

Os filhos de Oyá, na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis, mas cuidado, os

mais prudentes, no entanto, não ousariam confiar-lhe um segredo, pois, se mais tarde

acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes de usar tudo que lhe foi

contado como arma.

O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma

brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que

comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam

se for preciso.

Orikí de Oyá. Eèpàrìpàà! Odò ìyá!

“ORI O! ORI OYA,

MO GBE DE. OYA MESAN, MESAN, MESAN.

OYA ORIRI, O, O, O.

OYA MESAN,

A JI LODA ORISA.

ORI O

ORI OL’ OYA,

MO GBE DE.

ORI MI!

ORI OYA , MO GBE DE.”

Page 11: Orixas Completos de Esu a Oxala

“O ORI do iniciado,

O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui.

OYA , que se desdobra em nove partes.

OYA , a grande mulher, charmosa e elegante.

OYA , que se desdobra em nove partes.

ORISA que usa a espada ao acordar.

O ORI do iniciado,

O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui.

Meu ORI.

O ORI daquele que é iniciado em OYA está aqui.”Xangô

DIA: Quarta-Feira

CORES: Vermelho (ou marrom) e branco

COMIDA: Amalá

SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê

ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.

DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.

SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!

Page 12: Orixas Completos de Esu a Oxala

Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Xangô

nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível. O prazer de Xangô

é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é

rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé

que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho,

goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem,

senão Xangô para assumir esse papel?

Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus

devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.

A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar

um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é

Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-

que-manda-na-savana, imponente, poderoso.

Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por

exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a

capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o

próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e

tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que

ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.

O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da

cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita

contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser

conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo

porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e

sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não

só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.

Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial,

que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que

nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo

popular. Em outros termos, o déspota reflecte a imagem de seu povo, e este ama o seu

senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a

postura de um pai. No caso de Xangô, sua rectidão e honestidade superam o seu carácter

Page 13: Orixas Completos de Esu a Oxala

arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de

tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.

Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos

grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso

de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no

fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o

caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram

seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.

Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões

históricas, seria terra de origem de sua família materna.

Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma

de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os

grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho

original, o seu tapete.

Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a

mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo

ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Xangô?

Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua

primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela

que divide o domínio sobre o fogo.

Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a

cabeça, só por ela chorou.

A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida

para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.

Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito

de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-

símbolo.

Características dos filhos de Xangô

É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo

é quase sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua

tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado. Há

também os magros e muito elegantes.

Page 14: Orixas Completos de Esu a Oxala

Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são

importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar

definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre

andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de

seus estigmas.

Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz

parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é

por acaso que Xangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são

os grandes objectos de sua vaidade.

São amantes vigorosos, em seu lado negativo, pobre das mulheres cujos maridos são de

Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado por amigos, auxiliares, no caso de

governantes, empresários, mas a tendência é que aqueles que decidem ao seu lado sejam

sempre homens.

Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo

que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita

gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem

que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

Ibeji

Dia: Domingo

Cores: Azul, Rosa e Verde

Elemento: Ar

Domínios: Nascimento e Infância

Page 15: Orixas Completos de Esu a Oxala

Símbolos: 2 Bonecos Gémeos, 2 Cabacinhas

Saudação: Bejiróó!

Ibeji é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades gémeas infantis, ligadas a todos os

orixás e seres humanos.

Por serem gémeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são

ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos,

o germinar das plantas, etc.

Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá

criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância.

Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem

cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a

concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o Orixá que rege a alegria, a

inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à

adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega.

Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a

sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do

canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores.

A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se

de um momento feliz, de uma travessura, e você estará a viver ou revivendo uma lenda

deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido,

gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras

que todos nós, seres humanos, vivemos.

A lenda e a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para

manter vivo este importante Orixá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo

o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivo.

Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do

sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz!

Características dos filhos de Ibeji

Page 16: Orixas Completos de Esu a Oxala

Os filhos de Ibeji são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes;

nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhões,

sorridentes, irrequietos – tudo, enfim, o que se possa associar ao comportamento típico

infantil.

Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se

teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida

revela-se no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua

dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.

Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar

as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento

complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim –

não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma

facilidade.

Ao mesmo tempo, as suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem

deixar grandes marcas. Como as crianças, em geral, gostam de estar no meio de muita

gente, das actividades desportivas, sociais e das festas

Ossain

DIA: Quinta-feira.

CORES: Verde e Branco.

Page 17: Orixas Completos de Esu a Oxala

SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).

ELEMENTOS: Floresta e Plantas selvagens (Terra).

DOMÍNIOS: Medicina e Liturgia através das folhas.

SAUDAÇÃO: Ewé ó!

Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais

do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece

os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.

Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a

sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o

poder do ‘sangue’ verde das folhas.

Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode

realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para

todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação,

para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi,

o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a

interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual

nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda,

como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do

poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não

permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela

entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.

Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram

na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma

cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro

grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor).

Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também

possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é

um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui

uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.

Page 18: Orixas Completos de Esu a Oxala

De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que

reflecte, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que

dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos

mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.

Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira

com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos

Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba.

Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o

seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.

Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um

orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve

tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido

relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais

comentado.

Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo

espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da

mata, da Terra.

Características dos filhos de Ossaim

Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem

que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam

perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de

discernimento e são frios e racionais nas suas decisões.

São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem

respeito. Participam em poucas actividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam

falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério.

Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.

Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos

detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por actividades

artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos,

não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que

Page 19: Orixas Completos de Esu a Oxala

querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem

um gosto exacerbado pela religiosidade.

Oxóssi

DIA: Quinta-feira

COR: Azul-Turquesa

SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré

ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)

DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura

SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!

Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam,

orixá da fartura e da riqueza. Actualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em

África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a

cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido

destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos

consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse

facto possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação

religiosa do Candomblé.

Page 20: Orixas Completos de Esu a Oxala

Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os

títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao

caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro

ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou

Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na

condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria

busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço

da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.

A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi,

orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela

sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar

os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso,

Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto

que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.

Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história,

esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra.

Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.

Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm

a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião e wúsí que

significa popular, ouseja Osowusí e na expressão populara cabou virando Oxóssi. Oxóssi

também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível

pássaro das Iyá-Mi.

Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos,

eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande

amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as

suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.

Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das

folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas,

mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.

Page 21: Orixas Completos de Esu a Oxala

A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais

antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de

Oxóssi com essa árvore.

A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que

Oxóssi se tornou orixá.

Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A

Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a

morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.

Características dos filhos de Oxóssi

Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão

quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são,

de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si.

São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os

filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito

bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não

confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são

incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam

uma amizade é para sempre.

São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o

que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos.

Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre

obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo

que não façam nada para isso acontecer.

Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente

tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e

discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor

do seu povo.

Page 22: Orixas Completos de Esu a Oxala

Obá

Dia: Quarta-feira

Cores: Marron raiado, Vermelho e Amarelo

Símbolos: Ofange (espada) e Escudo de Cobre, Ofá (arco e flecha)

Elementos: Fogo e Águas Revoltas

Domínios: Amor e Sucesso Profissional

Saudação: Obà Siré!

Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As suas roupas são vermelhas e

brancas, usa um escudo, uma espada e uma coroa de cobre.

0 tipo psicológico dos filhos de OBA, constitui o estereotipo da mulher de forte

temperamento, terrivelmente possessiva e carente, é mulher de um homem só, fiel e sofrida.

São combativas, impetuosas e vingativas.

Obá é um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela.

Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que enfrenta

qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas

rende-se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama.

Obá filha de Iemanjá e Oxalá. Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa

protectora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém

estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e

desafiava o poder masculino.

Embora Obá se tenha transformado num rio, é uma deusa relacionada ao fogo.

Page 23: Orixas Completos de Esu a Oxala

Obá é saudada como o Orixá do ciúme, mas não se pode esquecer que o ciúme é o corolário

inevitável do amor, portanto, Obá é um Orixá do amor, das paixões, com todos os

dissabores e sofrimentos que o sentimento pode acarretar. Obá tem ciúme porque ama.

O lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher e, por uma razão muito

elementar, é o lado do coração. Quando Obá é saudada como guardiã da esquerda, isso quer

dizer que é a guardiã de todas as mulheres, aquela que compreende os sentimentos do

coração, pois Obá pensa com o coração, por isso dança sempre com a mãe esquerda

apontando para o lado esquerdo na latura da orelha, poder genitor feminino, rainha em

África da sociedade Elecô, onde homem não entra, as grandes amazonas de Oba. Oba não

conhece a cabeça de homem.

Ligadas a Oxóssi pela caça e grande arqueira, ligada a Xangô através do fogo a luta pela

vida.

Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à guerra? Toda a energia das

suas paixões frustradas é canalizada por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais

valente, que nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver sem ser amada.

Obá troca um palácio por uma cabana, troca todas as riquezas do mundo por uma frase: “Eu

te amo”.

Características dos filhos de Obá

Os filhos de Obá não tem muito jeito para se comunicar com as pessoas, chegam a ser

duros e inflexíveis. Têm dificuldade em ser gentis e estabelecer um canal de comunicação

afectiva com os outros; às vezes são brutos e rudes afastando as pessoas. Isso deve-se ao

fato de os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem um certo complexo de

inferioridade achando que as pessoas que se aproximam querem tirar partido de alguma

coisa. De facto, isso tende a acontecer com os filhos de Obá.

A sua sinceridade chega a ferir; expressam as suas opiniões, fazem críticas e acabam por

magoar as pessoas, pois não se preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é

puramente defensiva.

São bons companheiros e amigos fiéis, são ciumentos e possessivos no amor, por isso não

têm muita sorte. Quando apaixonados, nunca são senhores da relação, cedem em tudo,

abdicam de todas as suas convicções.

Algumas vezes infelizes no amor, investem todas as suas cartas nas suas carreiras e, de

entre as mulheres que se destacam profissionalmente numa sociedade machista, podem-se

Page 24: Orixas Completos de Esu a Oxala

encontrar muitas filhas de Obá excelentes juizas, advogadas, comandando quartéis, etc.

Muitas vezes despertam a inveja dos seus inimigos e podem sofrer algumas emboscadas,

por isso devem vencer a tendência que possuem para a ingenuidade.

Omolú

DIA: Segunda-feira

CORES: Preto, branco e vermelho.

SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.

ELEMENTOS: Terra e fogo do interior da Terra.

DOMÍNIOS: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.

SAUDAÇÃO: Atotoó!!!

Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido

entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças

contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.

È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e

isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os

vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o

que é correcto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do

Page 25: Orixas Completos de Esu a Oxala

interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais

devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú!

Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da

África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus.

Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo

Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou

como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o

contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a

reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê

(Kábíyèsí Olútápà Lempé).

As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus

poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando

recebe sua oferenda preferida.

Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas

era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon,que

significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú.

Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã

Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos

na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com

folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e

hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua

doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o

próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò

de Obaluaiê.

O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos

não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a

visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um

significado profundo relacionado à vida e à morte.

O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve

ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só

os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria

Page 26: Orixas Completos de Esu a Oxala

o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da

palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser

compartilhados entre o iniciados.

A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os

mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce,

desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que

pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do

homem por ocasião da sua morte.

Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas

civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais,

peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou

todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência,

salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos

senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer

a Omolú que nunca lhes falta.

Características dos filhos de Obaluaiê/Omolú

Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir os

seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum

fim.

Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais optimista dos seres; acham que

nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem

manias de velho, como a rabugice.

Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planearam. Não são do tipo

que levam desaforo para casa e se se sentirem ofendidos respondem no acto, não importa a

quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes

ambições.

Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas.

São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas;

são lentos, exigentes e reclamam de tudo.

Page 27: Orixas Completos de Esu a Oxala

São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos

de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm

várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestáveis e

trabalhadores. São amigos de verdade.

O lado positivo da maioria dos filhos de Omolú supera em muito esse lado autodestrutivo

que todos têm uns mais, outros menos, mais tem sim.

São extremamente alegres, perseverantes, pacientes e amorosos, tiram a roupa do corpo

para agradar uma pessoa, tratam o dinheiro pelo lado do prazer, da satisfação.

Extremamente fiéis a uma causa. A justiça para os filhos de Omolú não é a dos homens e

sim a de Deus (Olorun), super limpos e vaidosos, ao contrário de muitos arquétipos, são na

maioria muito bonitos, se não fisicamente, são espiritualmente e ainda tem grande afinidade

pela atração que exercem nas pessoas. Tem uma capacidade mental atualizada ao seu

tempo, raramente adoecem e quando acontece se recuperam mais rápido ainda.

As pessoas de Omolú têm a tendência da mudança propriamente dita, para qualquer coisa

que desejarem, parecem dançar Opanijé o tempo todo, procurando por tudo. Trabalhadores

incansáveis,  filhos de Omolú numa roça fazem de um tudo, apenas não os magoem nem os

tratem com indiferença, ciumentos são capazes de exageros, se sentem incompreendidos e,

muitas vezes não sabemos o que lhes causam repentinas depressões.

Filhos do Sol e da Terra de Orixá vivo, os filhos de Omolú são maravilhosamente

despretensiosos. Um tanto radicais, podem mudar de opinião de uma hora para outra.

Também, céticos em sua fé, intuitivos, andarilhos e aguçados.

Page 28: Orixas Completos de Esu a Oxala

Oxun

Dia: Sábado

Cores: Amarelo – Ouro

Símbolo: Leque com espelho (Abebé)

Elemento: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)

Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e Maternidade

Saudação: Eri Yéyé ó!

Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a

morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe

da doçura e da benevolência.

Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais

importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a

dona do grande poder feminino.

Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e

formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Um de seus oriquis, visto com

mais atenção, revela o zelo de Oxum com seus filhos:

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O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que

todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços.

Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são

verdadeiras jóias, e ela só consegue ver seu brilho.

É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas

desde o ventre até que adquiram a sua independência.

Seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.

Características dos filhos de Oxum

Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo

contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos

seus objectivos.

Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas

finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande

desejo de ascensão social.

Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado

combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa

oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam

escândalos.

Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu

amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.

Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum,

que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.

O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das

maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.

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Yemanjá

Dia: Sábado

Cor: Branco, Prateado, Azul e Rosa

Símbolo: Abebé prateado.

Elementos: Águas doces que correm para o mar, Águas do mar

Domínios: Maternidade (educação), Saúde mental e Psicológica

Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá

Yemonjá, por presidir à formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça,

está presente em todos os rituais, especialmente o Bori.

É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da

expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na África era cultuada

pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse

povo transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os objectos sagrados da

deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver

com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua

origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e

cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação

Page 31: Orixas Completos de Esu a Oxala

Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar,

sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.

Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a

humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva

e seus seios chorosos, são sagrados.

Yemonjá é o espelho do mundo, que reflecte todas as diferenças, pois a mãe é sempre um

espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os

caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de

cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus

ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós

mesmos.

A energia de Yemanjá juntou-se a Orugan. Dessa interação nasceram diversos omo- Orixás

e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá é a própria água, suas

lágrimas transformaram transformar num rio que correu em direcção ao oceano. Portanto,

não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.

Dissimulada, e aridlosa, Yemonjá faz uso da chantagem afectiva para manter os filhos

sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo

de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho,

um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente.

Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não

saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino

cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu, o filho e senhor,

o rei da terra, o próprio Sol.

Características dos filhos de Yemonjá

São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e

dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia). São voluntariosos, fortes, rigorosos,

protectores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; têm o sentido da hierarquia,

fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades que lhes são

devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais.

Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum,

Page 32: Orixas Completos de Esu a Oxala

gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Eles têm tendência à vida

sumptuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal fausto.

As filhas de Yemonjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até

os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e

muito ciumentas.

São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem

seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes confortáveis

com certo luxo e requinte. Põe à prova as suas amizades, que tratam com um carinho

maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total confiança.

Elas costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de

chantagens emocionais e afectivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos,

mantêm com eles os conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.

Nas grandes famílias há sempre um filho de Yemonjá, pronto a envolver-se com os

problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente psicólogo.

Fisicamente, os filhos de Yemonjá tendem à obesidade, ou a uma certa desarmonia no

corpo. As mulheres, por exemplo, acabam por ficar com os seios caídos e as nádegas

contidas e preferem os cabelos compridos. São extrovertidos e sabem sempre de tudo

(mesmo que não saibam).

Nanã

Dia: Terça-feira

Page 33: Orixas Completos de Esu a Oxala

Cores: Anil, Branco e Roxo

Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)

Elemento: Terra, Água, Lodo

Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade

Saudação: Salubá!

Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo,

pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a

terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local

onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.

Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome

designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé,

significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas

vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita

como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso

povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e

Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos

os outros orixás.

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano.

Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu

âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava

para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana

faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição

fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu

que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.

Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.

Page 34: Orixas Completos de Esu a Oxala

Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do

homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.

Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o

orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos

deuses e dos homens.

Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para

aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado

que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o

coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com

isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a

sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias

cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a

imortalidade da sua essência.

Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o

próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão

ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os

mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza

que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Características dos filhos de Nana Burukú

Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas

tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de

Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças

e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no

modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado,

de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo

tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas

Page 35: Orixas Completos de Esu a Oxala

reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no

caminho da sabedoria e da justiça.

Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de

perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas,

simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do

Daomé.

Oxalá

Dia: Sexta-feira

Cor: Branco leitoso.

Simbolo: Opáxoró

Elementos: Atmosfera e Céu

Domínios: Poder procriador masculino, Criação, Vida e Morte

Saudação: Epa Bàbá

 

OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem

o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a

protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-

Page 36: Orixas Completos de Esu a Oxala

se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num

bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta

de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus

filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias

brancas.

Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico

de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja,

o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco.

Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se

significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o

comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais

conhecidas.

A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor

da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as

possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à

palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na

Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias

qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último,

jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.

Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que

foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo,

como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.

A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas

roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que

Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.

O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada

ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu

significado profundo. A acção de cobrir não evoca somente protecção, zelo, denota a

actividade masculina no acto sexual.

No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as

origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres

Page 37: Orixas Completos de Esu a Oxala

humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo

teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.

Características do filho de Oxalufã

O tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua

debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição humana no que

tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. Oxalufã é o poente.

Características do filho de Oxaguiã

O tipo OXAGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. Normalmente tem boa aparência,

podem ser altos, baixos, forte e magros, pois seu arquetipo não o traduz, não é agressivo

nem brutal, teimosos, individualistas e altruístas. Não despreza o sexo e cultiva o amor

livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador, brincalhão e ao mesmo tempo teem

muita seriedade e não perdoam a Injustiça. Ao mesmo tempo é idealista, defendendo os

injustiçados, os fracos e os oprimidos. Orgulhosos, gostam da boa briga pela boa causa, às

vezes, uma espécie de D. Quixote. Os seus pensamentos originais geralmente antecipam os

da sua época. Ele é o nascente e o dono das manhãs.

Orixas cultuados en el candomblé.

Ewá

Dia da semana: Sábado

Cores: Vermelho Vivo, Coral e Rosa

Símbolos: Ejô (cobra) e Espada, Ofá (lança ou arpão)

Page 38: Orixas Completos de Esu a Oxala

Elementos: Florestas, Céu Rosado, Astros e Estrelas, Água de Rios e Lagoas

Domínios: Beleza, Vidência (sensibilidade, sexto sentido), Criatividade

Saudação: Ri Ro Ewá!

O Orixá Ewá é uma bela virgem que Xangô se apaixonou, porém não conseguiu conquistá-

la, Ewá fugiu de Xangô e foi acolhida por Obaluaiye que lhe deu refúgio. Ewá mora nas

matas inalcançáveis, ligada a Iroko e Oxóssi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora

habilidosa. Ewá é casta, a Senhoradas possibilidades.

As virgens contam com a protecção de Ewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a

sua protecção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou

navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só é iniciada na cabeça de mulheres virgens,

pois ela mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem filha dileta de Oxalá e

Oduduwá

Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá lhe concedeu.

Em África, o rio Yewá é a morada desta deusa, mas a sua origem gera polémica. Há quem

diga que, tal como Oxumaré, Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada inicialmente entre os

Mahi, foi assimilada pelos Iorubas e inserida no seu panteão. Havia um Orixá feminino

oriundo das correntes do Daomé chamado Dan. A força desse Orixá estava concentrada

numa cobra que engolia a própria cauda, o que denota um sentido de perpétua continuidade

da vida, pois o círculo nunca termina.

Ewá teria o mesmo significado de Dan ou uma das suas metades – A outra seria Oxumaré.

Existem no entanto, os que defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô, sendo

originária na cidade de Abeokutá. Estes, certamente, por desconhecer o panteão Jeje - No

qual o Vodun Eowa, seria o correspondente da Ewá dos Nagô -Confundem Ewá com uma

qualidade de Iemanjá, Oyá e Oxun. Ewá é um Orixá independente, mas é conhecida entre

os jejes de Eowá e no povo de língua Yorubá por Ewá.

Características dos filhos de Ewá

Pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamente por isso. Possuem

tendência a duplicidade: Em algumas ocasiões podem ser bastante simpáticas, em outras

são extremamente arrogantes; às vezes aparentam ser bem mais velhas ou parecem

Page 39: Orixas Completos de Esu a Oxala

meninas, ingénuas e puras. Apegadas à riqueza, gostam de ostentar, de roupas bonitas e

vistosas, e acompanham sempre a moda, adoram elogios e galanteios.

São pessoas altamente influenciáveis, que agem conforme o ambiente e as pessoas que as

cercam, assim, podem ser contidas damas da alta sociedade quando o ambiente requisitar

ou mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos sofisticados. São vivas e

atentas, mas sua atenção está canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, o que as

leva a desligar-se do resto das coisas. Isso aponta uma certa distracção e dificuldades de

concentração, especialmente em actividades escolares.

Logun Edé

DIA: Quinta-feira

CORES: Azul-turquesa e Amarelo-ouro

SÍMBOLOS: Balança, Ofá, Abebè e Cavalo-marinho

ELEMENTOS: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras)

DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura e Beleza

SAUDAÇÃO: Logun ô akofá!!!

Page 40: Orixas Completos de Esu a Oxala

Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da

guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza

é uma das principais características dos seus pais.

Rei de Ilexá,caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de

Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.

Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis

meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já

que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério

e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se

alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.

Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilexa e é uma das mais ricas e prósperas da

África, anualmente fazem encontros com vários festivais vindo pessoas de toda as partes da

África.

Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólògún Ode – o guerreiro caçador

– o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se

observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do

caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos,

como também sua ligação com Ogun.

Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé Ibò, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi

que se consideram os pais de Logun Edé.

A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu

a ela posse do menino:

- Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar.

Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.

Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não

poderia separar-se de seu filho então declarou:

- Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e

da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: um

príncipe na floresta e um grande caçador!

Page 41: Orixas Completos de Esu a Oxala

Características dos filhos de Logun Edé

Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade,

gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em

comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.

No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi.

Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é

a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum

não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi

amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa

forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.

Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olho-de-gato,

algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais belos,

cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que

queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que

conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito

agradáveis.

Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar!

Logun Edé pertence ao panteão dos caçadores, é único, não tem qualidade, por isso só pode

existir um iniciado numa casa de candomblé.

Page 42: Orixas Completos de Esu a Oxala

Irôko

Dia da Semana: Terça-feira.

Cores: Branco, Verde (ou Cinza)castanho

Símbolo: tronco

Domínios: Ancestralidade

Saudação: Iroko Issó! Eró!Iroko Kissilé.

Iroko é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os

restantes Orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Iroko é o comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi

devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olórun, a árvore do Senhor do Céu.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela

nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação

Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando

todas as decisões que implicam directamente na sua acção eterna. É um Orixá pouco

conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus

desígnios.

É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que

Page 43: Orixas Completos de Esu a Oxala

acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e

o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que

acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o

deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até

atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha

entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e

Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço,

que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das

florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como

Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma

árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até

2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus

gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-

brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores

como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc.,

representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.

Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia,

os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu

povo… protegendo-o sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É

reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele

consagrados são a tartaruga e o papagaio.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos

também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu

Orixá.

Page 44: Orixas Completos de Esu a Oxala

Características dos filhos de Iroko

Os filhos de Iroko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes,

competentes, teimosos, turrões e generosos.

Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.

Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.

Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos

terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.

Um defeito grande, é o facto de não conseguirem guardar segredos.

Iroko Kisselé; Eró Iroko issó, eró!

El árbol iroko fue sustituido por la Ceiba en Brasil

Oxumarê

DIA: Terça-feira

CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris

SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá.

ELEMENTOS: Céu e terra

DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes.

Page 45: Orixas Completos de Esu a Oxala

SAUDAÇÃO: A Run Boboi!!!

 

Oxumaré (Òsùmàrè) é o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia

Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra

também se encontra em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os

movimentos de translação e rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite

permanente, um dia permanente. É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que

após o dia venha a noite, que as estações do não se alterem, que o vapor das águas suba aos

céus e caia novamente sobre a Terra em forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido,

pois o fim dos ciclos é o fim do mundo.

Oxumaré mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande

cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo.

Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido

como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza

aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé.

Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele

representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se

perpetua. Oxumaré é um Orixá masculino.

Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e à terra, que é macho e fêmea.

Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e

da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito).

Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação.

Omulú é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido

com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse acto, já

que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonassem as crianças

nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho,

belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no

alto, percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré.

Oxumaré que fica no céu

Controla a chuva que cai sobre a terra.

Chega à floresta e respira como o vento.

Pai venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida.

Page 46: Orixas Completos de Esu a Oxala

Características dos filhos de Oxumaré

São pessoas que tendem à renovação e à mudança. Periodicamente mudam tudo na sua vida

(de maneira radical): mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem rompendo

com o passado e buscando novas alternativas para o futuro, para cumprir seu ciclo de vida:

mutável, incerto, de substituições constantes.

São magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes, difíceis de encarar, mas ‘não

enxergam’. São pessoas que se prendem a valores materiais e adoram ostentar suas

riquezas; São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e desprendidas quando se

trata de ajudar alguém.

Extremamente activas e ágeis, estão sempre em movimento e acção, não podem parar.

São pessoas pacientes e obstinadas na luta pelos seus objectivos e não medem sacrifícios

para alcançá-los. A dualidade do orixá também se manifesta nos seus filhos, principalmente

no que se refere às guinadas que dão nas suas vidas, que chegam a ser de 180 graus, indo de

um extremo a outro sem a menor dificuldade. Mudam de repente da água para o vinho,

assim como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento.

Um lindo Itan sobre esse grande Orixá:

“A grande Divindade do Arco-Íris era um reconhecido Babalawo (Pai do Segredo). Diante

de sua sapiência, prestava serviços somente ao Rei da cidade de Ifé, que de certa maneira o

explorava de forma contumaz. Para o Rei de Ifé, o fato de Òsùmàrè ser o seu Babalawo

pessoal já era o grande pagamento pelos serviços que ele lhe prestara, afinal ele era o Rei e,

muitos queriam estar no lugar de Òsùmàrè, razão pela qual dava pequenas esmolas ao sábio

Babalawo, que em nada ajudavam em seu sustento.

Assim, mesmo sendo o Babalawo do Rei, Òsùmàrè estava passando por grandes

dificuldades e já não conseguia sustentar a sua família. Dessa forma, resolveu consultar Ifá

(o oráculo sagrado) para outras pessoas e não somente para o Rei, assim ele conseguiria

novamente poder oferecer uma vida melhor à sua esposa e filhos. Contudo, o Rei de Ifé não

aprovou o que Òsùmàrè estava fazendo e, solicitou que fosse ao seu palácio. O Rei disse a

Òsùmàrè que ele poderia estar feliz consultando Ifá para as outras pessoas, mas ele o Rei,

estava insatisfeito e, por isso, não iria mais lhe “pagar” e não queria mais que ele fosse o

seu Babalawo. Òsùmàrè ficou desesperado, pois ele sabia que bastava uma ordem do Rei e

ninguém iria procurar pelos seus serviços.

Page 47: Orixas Completos de Esu a Oxala

No mesmo dia a Divindade da Riqueza e Prosperidade Olokun Seniade, ordenou que todos

os Babalawos da cidade fossem até o seu reino, para saber o que deveria fazer para ter

filhos. Apesar da grande experiência dos Babalawos que lá estavam, nenhum conseguiu

responder à Olokun Seniade aquilo que tanto lhe tirava o sono. No entanto, alguém lhe

disse que Òsùmàrè, o Babalawo pessoal do Rei de Ifé não estava presente, recomendando-

lhe que procurasse a ajuda dele por desencargo de consciência.

Assim Olokun Seniade o fez, ordenou à um mensageiro que fosse buscar Òsùmàrè no

palácio do Rei de Ifé. Chegando lá, o Rei afirmou que havia dispensado os serviços de

Òsùmàrè, pois ele não lhe servia mais. O mensageiro de Olokun Seniade percorreu às ruas

de Ifé, perguntando por Òsùmàrè, até que finalmente ele o encontrou, o levando até o

palácio de Olokun.

Chegando lá, Òsùmàrè consultou Ifá e disse para Olokun que teria filhos bonitos e fortes,

mas que para isso, seria necessário realizar uma determinada oferenda.

Como forma de gratidão e agradecimento, Olokun convidou Òsùmàrè para ser o Babalawo

do seu palácio, que ele seria reconhecido e valorizado pelo seu grande conhecimento.

Olokun presenteou Òsùmàrè com aquilo que tinha de mais precioso, as sementes do

dinheiro (Owo Eyo – Búzios) e com um pano colorido.

Olokun Seniade disse à Òsùmàrè que, sempre que ele usasse aquele pano, as suas cores

refletiriam no céu, nascendo dessa forma, o Arco-Íris.

Essa linda história ilustra algumas importantes lições, seja sobre nossas vidas, seja sobe as

Divindades. Mostra que apesar das dificuldades que parecem insolúveis, sempre existe a

possibilidade de uma reviravolta em nossas vidas. Mostra ainda a razão de o Arco-Íris

representar o nosso Pai Òsùmàrè, bem como, a razão da utilização dos búzios por ele e seus

filhos, um grande presente de Olokun.”