otimização de níveis de estoque de uma rede varejista...

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  • UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

    CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS

    PROGRAMA INTERDISCIPLINAR DE PS-GRADUAO

    EM COMPUTAO APLICADA PIPCA

    NVEL MESTRADO

    FERNANDO GROMOWSKI ARTMANN

    Otimizao de Nveis de Estoque de uma Rede

    Varejista atravs do uso de Modelos Previsores,

    Simulao Discreta Determinstica e Metaheursticas

    So Leopoldo

    2011

  • FERNANDO GROMOWSKI ARTMANN

    Otimizao de Nveis de Estoque de uma Rede

    Varejista atravs do uso de Modelos Previsores,

    Simulao Discreta Determinstica e Metaheursticas

    Orientador: Prof. Dr. Leonardo Dagnino Chiwiacowsky

    So Leopoldo

    2011

    Dissertao de mestrado apresentada como

    requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre

    pelo programa de Ps-Graduao em Computao

    Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

  • 1

    .

    .

    Catalogao na Publicao: Bibliotecrio Eliete Mari Doncato Brasil - CRB 10/1184

    A791o Artmann, Fernando Gromowski

    Otimizao de nveis de estoque de uma rede varejista atravs do uso de modelos previsores, simulao discreta determinstica e metaheursticas / Fernando Gromowski Artmann. -- 2011.

    171 f. : il. ; 30cm. Dissertao (mestrado) -- Universidade do Vale do Rio dos

    Sinos. Programa de Ps-Graduao em Computao Aplicada, So Leopoldo, RS, 2011.

    Orientador: Prof. Dr. Leonardo Dagnino Chiwiacowsky. 1. Computao aplicada. 2. Estoque - Otimizao de nveis. 3.

    Gerenciamento - Cadeia de suprimento. 4. Demanda - Previso. 5. Guided Local Search. I. Ttulo. II. Chiwiacowsky, Leonardo Dagnino.

    CDU 004

  • 2

    Dedico este trabalho minha famlia, em

    especial a meus pais, Maria e Cludio. Se

    hoje cheguei aqui, foi devido ao apoio

    incondicional de vocs, sempre.

    Dedico este trabalho tambm minha noiva

    Paloma, pelo apoio e compreenso dados

    durante seu desenvolvimento.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer, primeiramente, ao professor Dr. Leonardo Dagnino

    Chiwiacowsky, orientador acadmico e da dissertao, pelo apoio dispensado ao

    desenvolvimento deste trabalho. Meus sinceros agradecimentos. Espero um dia

    conseguir retribuir.

    Agradeo ainda ao professor Dr. Jos Vicente Canto dos Santos pelo

    incentivo dado para o ingresso no mestrado, no final da minha graduao.

    Tambm agradeo Unisinos e ao corpo docente do PIPCA, por impulsionar

    meu desenvolvimento durante os dois anos do mestrado. O salto foi imenso.

    Este trabalho foi desenvolvido com o apoio da CAPES.

  • 4

    RESUMO

    Em um contexto empresarial, a competitividade entre companhias de um

    mesmo ramo de atividade se torna mais presente a cada dia que passa. Empresas

    estruturadas de forma enxuta em termos de custo podem ter maior vantagem

    competitiva sobre seus concorrentes. Reduzir custos , portanto, um objetivo

    almejado por todas as organizaes.

    A gesto e controle de estoques de produtos um problema presente em

    diversas empresas e organizaes. Diversos custos esto associados a este

    problema. O volume monetrio relacionado bastante grande. Assim, quanto melhor

    for o processo de controle e gerenciamento de estoques de uma empresa, menor

    ser o custo para manuteno dos mesmos.

    Este trabalho prope uma ferramenta para otimizao dos nveis de estoque

    de uma rede varejista, considerando caractersticas como lucratividade, custos e

    atendimentos s demandas. Isto feito atravs do uso de um mtodo previsor

    baseado em Suavizao Exponencial com Sazonalidade Multiplicativa, um mdulo

    Otimizador baseado na metaheurstica Guided Local Search, alm de um Simulador

    Discreto Determinstico. A ferramenta conta com uma srie de parmetros que

    permitem a criao de diferentes cenrios relativos ao sistema de estocagem da

    rede varejista.

    Os resultados obtidos durante a fase de experimentao da ferramenta

    demonstram sua capacidade de encontrar solues para o problema de nveis de

    estoque de forma satisfatria, alm de possibilitar a criao de cenrios alternativos

    realidade observada no sistema fsico.

    Palavras chave: Otimizao de Nveis de Estoque, Previso de Demandas,

    Otimizao da Simulao, Guided Local Search, Suavizao Exponencial.

  • 5

    ABSTRACT

    Competitiveness is an element that increases on a daily basis considering

    nowadays businesses. Companies with more efficient structures in terms of costs

    have an important advantage when compared to their competitors. This greatly

    motivates companies to reduce costs.

    Inventory control is an existing problem in many companies and organizations.

    Many types of costs are associated to this problem. Also, the amount of money

    involved in inventory maintenance is very considerable. So, the better the inventory

    control process is, the lower the costs related to it will be.

    This paperwork proposes a tool to optimize inventory levels on a retailer

    company, considering profit, costs and service level attendance. This is done by

    using a Forecasting Method called Exponential Smoothing with Multiplicative

    Seasonality, an Optimizer based on the Guided Local Search metaheuristic and a

    Discrete Deterministic Simulator. This tool uses a series of parameters in order to

    allow users to create different scenarios.

    The results obtained with the conducted experiments show that the tool is

    capable of finding good solutions to the problem of inventory levels, as well as

    creating alternative scenarios to operate the inventory system.

    Keywords: Inventory Level Optimization, Sales Forecasting, Simulation

    Optimization, Guided Local Search, Exponential Smoothing.

  • 6

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Passos para a criao de um projeto de simulao ......................... 49

    Figura 2.2 Fluxograma de um simulador ........................................................... 51

    Figura 2.3 Esquema geral do algoritmo Guided Local Search (GLS) ................ 60

    Figura 2.4 Esquema de funcionamento da Otimizao da Simulao .............. 62

    Figura 4.1 Disposio dos dados e exemplo de produto no pertencente

    ao mix da loja ................................................................................... 75

    Figura 4.2 Diagrama geral da ferramenta desenvolvida .................................... 78

    Figura 4.3 Soluo para o problema de Reposio de Estoques ...................... 85

    Figura 4.4 Espao tridimensional que representa as entidades

    envolvidas no simulador ................................................................... 91

    Figura 4.5 Funcionamento do Simulador .......................................................... 92

    Figura 4.6 Atributos ou PREs alternativas para o problema com um

    produto e uma loja ............................................................................ 108

    Figura 4.7 Atributos ou PREs alternativas para o problema com

    dois produtos e uma loja .................................................................. 109

    Figura 4.8 Estrutura do algoritmo desenvolvido no trabalho ............................. 128

    Figura 4.9 Rotinas de Gerao de Solues vizinhas integradas

    ao mdulo simulador ........................................................................ 129

    Figura 5.1 Anlise do indicador MAPE da categoria de produtos 18 ................ 133

    Figura 5.2 Demanda observada do produto da categoria 7 em seu

    primeiro ano...................................................................................... 134

  • 7

    LISTA DE FIGURAS (continuao)

    Figura 5.3 Demanda observada e prevista do produto da

    categoria 7 em seu segundo ano ..................................................... 134

    Figura 5.4 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 1 ...................... 145

    Figura 5.5 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 2 ...................... 147

    Figura 5.6 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 3 ...................... 149

    Figura 5.7 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 4 ...................... 151

    Figura 5.8 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 5 ...................... 154

    Figura 5.9 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 6 ...................... 156

    Figura 5.10 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 7 .................... 158

    Figura 5.11 Evoluo da FO para cada iterao Experimento 8 .................... 161

  • 8

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 4.1 Cadastro de Produtos ...................................................................... 76

    Tabela 4.2 Exemplo de sada do mdulo previsor com a Lista de

    Eventos de Demanda ...................................................................... 82

    Tabela 4.3 Poltica de Reposio de Estoques (PRE) ...................................... 83

    Tabela 4.4 Avaliao dos dados para verificao de reposio do

    estoque ........................................................................................... 87

    Tabela 4.5 Parmetros do Simulador ................................................................ 93

    Tabela 4.6 Parmetros do Otimizador ............................................................... 103

    Tabela 4.7 Probabilidades de escolha das estratgias de gerao de

    vizinhana ....................................................................................... 105

    Tabela 4.8 Representao da Soluo do Problema para uma loja e

    dois produtos ................................................................................... 110

    Tabela 4.9 Representao da Soluo do Problema para duas lojas e

    dois produtos ................................................................................... 111

    Tabela 4.10 Soluo Alternativa do Problema para duas lojas e dois

    produtos .......................................................................................... 111

    Tabela 4.11 PRE antes da Diviso do Evento com Maior Reposio ............... 116

    Tabela 4.12 PRE aps da Diviso do Evento com Maior Reposio ................ 116

    Tabela 4.13 PRE antes da Remoo Aleatria de Evento de

    Reposio ....................................................................................... 117

    Tabela 4.14 PRE aps a Remoo Aleatria de Evento de Reposio ............ 118

    Tabela 4.15 PRE antes da Variao Uniforme na Quantidade

    Reposta ........................................................................................... 119

  • 9

    LISTA DE TABELAS (continuao)

    Tabela 4.16 PRE aps a Variao Uniforme na Quantidade Reposta .............. 119

    Tabela 4.17 PRE antes da Variao Singular na Quantidade Reposta ............ 120

    Tabela 4.18 PRE aps a Variao Singular na Quantidade Reposta ............... 121

    Tabela 4.19 PRE antes da Insero Aleatria de Evento de

    Reposio ....................................................................................... 122

    Tabela 4.20 PRE aps a Insero Aleatria de Evento de Reposio .............. 122

    Tabela 4.21 PRE antes da Distribuio Uniforme da Quantidade

    Reposta ........................................................................................... 123

    Tabela 4.22 PRE aps a aplicao da Distribuio Uniforme da

    Quantidade Reposta ....................................................................... 124

    Tabela 4.23 PRE antes da aplicao da Distribuio Local da

    Quantidade Reposta ....................................................................... 125

    Tabela 4.24 PRE antes da aplicao da Distribuio Local da

    Quantidade Reposta ....................................................................... 125

    Tabela 4.25 Parmetros Gerais da Ferramenta ................................................ 126

    Tabela 5.1 Parmetros para o mdulo previsor ................................................ 131

    Tabela 5.2 Avaliao do indicador MAPE frente aos dados obtidos no

    processo de previso ...................................................................... 132

    Tabela 5.3 Parmetros utilizados nos Experimentos dos Problemas

    da Instncia IP1 .............................................................................. 139

    Tabela 5.4 Parmetros utilizados nos Experimentos dos Problemas

    da Instncia IP2 .............................................................................. 140

    Tabela 5.5 Parmetros utilizados nos Experimentos dos Problemas

    da Instncia IP3 .............................................................................. 141

  • 10

    LISTA DE TABELAS (continuao)

    Tabela 5.6 Parmetros da ferramenta comuns a todos os

    experimentos ................................................................................... 142

    Tabela 5.7 Caractersticas do Experimento 1.................................................... 144

    Tabela 5.8 Resultados do Experimento 1.......................................................... 145

    Tabela 5.9 Caractersticas do Experimento 2.................................................... 146

    Tabela 5.10 Resultados do Experimento 2........................................................ 147

    Tabela 5.11 Resultados do Experimento 3........................................................ 148

    Tabela 5.12 Resultados do Experimento 4........................................................ 150

    Tabela 5.13 Resultados do Experimento 5........................................................ 153

    Tabela 5.14 Resultados do Experimento 6........................................................ 155

    Tabela 5.15 Resultados do Experimento 7........................................................ 157

    Tabela 5.16 Resultados do Experimento 8........................................................ 160

  • 11

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ACO Ant Colony Optimization

    AG Algoritmo Gentico

    AR Autoregressive model

    ARIMA Autoregressive Integrated Moving Average Model

    CGE Custo Global de Estocagem

    CS Cadeia de Suprimentos

    CTE Custo Total de Estocagem

    DAN2 Dynamic Artificial Neural Network

    DAN2-H Dynamic Artificial Neural Network Hbrida com Srie de Fourier

    DP Demanda Prevista

    ER Evento de Reposio

    ES Exponential Smoothing

    FO Funo Objetivo

    FOA Funo Objetivo Aumentada

    GCS Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

    GLS Guided Local Search

    GMROI Gross Margin Return On Investment

    HIP Hybrid Inventory-Production

    IA Inteligncia Artificial

    IES Indicador de Eficincia do Sistema

    IR Intervalo de Reposio

    IRT Intervalo de Reposio Total

    JIT Just In Time

    LBV Lucro Bruto sobre Vendas

    LED Lista de Eventos de Demanda

    LGV Lucro Global sobre Vendas

    LT Intervalo Mnimo entre Eventos de Reposio/Leadtime

    MA Moving Average

    MAE Mean Absolute Error

    MAPE Mean Absolute Percentage Error

  • 12

    LISTA DE ABREVIATURAS (continuao)

    MIT Massachusetts Institute of Technology

    MLP Multiple Layer Perceptron

    MM Mdia Mvel

    MMFI Margem sobre Montante Financeiro Investido

    MMQ Mtodo dos Mnimos Quadrados

    MSE Mean-squared Error

    PA Pool de Atributos

    PE Percentage Error

    PIR Penalizao Individual do Intervalo mnimo entre Reposies

    PNSA Percentual de Nvel de Servio Individual Apurado

    PNSGA Percentual de Nvel de Servio Global Apurado

    PNSE Percentual de Nvel de Servio Individual Exigido

    PNSGME Percentual de Nvel de Servio Global Mnimo Exigido

    PRE Poltica de Reposio de Estoques

    PRV Problema de Roteamento de Veculos

    QOR Quantidade de Ocorrncias de Ruptura

    RBF Funo de Base Radial

    RFG Resultado Financeiro Global

    RG Ruptura Global

    RE Ruptura de Estoque

    RI Penalizao por Ruptura Individual

    RNA Rede Neural Artificial

    RNA-H Rede Neural Artificial Hbrida com Srie de Fourier

    RV Ruptura de Venda

    SA Simulated Annealing

    SC Supply Chain

    SCM Supply Chain Management

    SE Suavizao Exponencial

    SR Soluo de Reposio

    SS Scatter Search

    ST Srie Temporal

  • 13

    LISTA DE ABREVIATURAS (continuao)

    TS Tabu Search

    TSH Heurstica two-step hybrid

    UM Unidade Monetria

    VNS Variable Neighborhood Search

  • 14

    SUMRIO

    1 Introduo .............................................................................................................. 18

    2 Fundamentao Terica......................................................................................... 21

    2.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ................................................. 21

    2.2 Problemas relacionados a Estoques: Nveis de Estoque, Ruptura

    de Venda e Ruptura de Estoque .................................................................. 22

    2.3 Efeito Chicote .............................................................................................. 27

    2.4 Previso de Demandas ............................................................................... 27

    2.4.1 Tipos de Previso ........................................................................... 29

    2.4.2 Mtodos Previsores ........................................................................ 31

    2.4.2.1 Sries Temporais e Anlise de Regresso .............................. 32

    2.4.2.2 Mdia Mvel ............................................................................. 33

    2.4.2.3 Autoregressive Integrated Moving Average Model ................... 33

    2.4.2.4 Redes Neurais Artificiais .......................................................... 34

    2.4.2.5 Suavizao Exponencial .......................................................... 35

    2.4.3 Consideraes sobre modelos de previso .................................... 42

    2.5 Simulao .................................................................................................... 43

    2.5.1 Estratgias de Modelagem e Variveis de Estado ......................... 43

    2.5.2 Servidor .......................................................................................... 44

    2.5.3 Eventos ........................................................................................... 45

    2.5.4 Relgio de Simulao ..................................................................... 46

    2.5.5 Contadores Estatsticos e Indicadores de Desempenho ................ 46

  • 15

    2.5.6 Distribuies de Probabilidade, Tipos de Simulao e Cenrios

    Alternativos .............................................................................................. 47

    2.5.7 Projeto de Simulao e Simulador Computacional ......................... 48

    2.5.8 Vantagens e Desvantagens do uso de Simulao ......................... 52

    2.6 Otimizao Combinatria ............................................................................ 53

    2.7 Metaheursticas ........................................................................................... 55

    2.7.1 Metaheurstica Guided Local Search .............................................. 57

    2.8 Otimizao da Simulao ............................................................................ 60

    3 Reviso Bibliogrfica .............................................................................................. 63

    3.1 Mtodos Previsores e Previso de Demanda .............................................. 63

    3.2 Otimizao de Nveis de Estoque ................................................................ 67

    3.3 Otimizao da Simulao ............................................................................ 70

    4 Metodologia ............................................................................................................ 73

    4.1 Provedor dos dados ..................................................................................... 73

    4.2 Problema de Otimizao de Nveis de Estoque .......................................... 74

    4.3 Disposio dos Dados Histricos ................................................................ 75

    4.4 Ajustes e Preparao dos Dados Observados ............................................ 77

    4.5 Objetivos do trabalho ................................................................................... 77

    4.5.1 Objetivo Geral ................................................................................. 78

    4.5.2 Mdulo de Previso de Vendas ...................................................... 79

    4.5.3 Codificao da Soluo do Problema ............................................. 83

    4.5.4 Gerador de Poltica de Reposio Inicial ........................................ 86

  • 16

    4.5.4.1 Determinao da Atual Poltica de Reposio de Estoques .... 86

    4.5.4.2 Gerao de Polticas de Reposio de Estoque para Demandas

    Previstas .............................................................................................. 88

    4.5.5 Simulador........................................................................................ 89

    4.5.5.1 Parmetros do Simulador ......................................................... 92

    4.5.6 Processo de Otimizao de Nveis de Estoques ............................ 93

    4.5.6.1 Modelagem Matemtica do Problema e Funo Objetivo ........ 94

    4.5.6.2 Parmetros do Otimizador...................................................... 102

    4.5.7 Codificao do Problema no Modelo da Metaheurstica Guided

    Local Search .......................................................................................... 106

    4.5.8 Estratgias de Gerao de Vizinhana ......................................... 114

    4.5.8.1 Estratgia de Diviso do Evento com Maior Reposio ......... 115

    4.5.8.2 Estratgia de Remoo Aleatria de Evento de Reposio ... 117

    4.5.8.3 Estratgia de Variao Uniforme na Quantidade Reposta ..... 118

    4.5.8.4 Estratgia de Variao Singular na Quantidade Reposta ...... 120

    4.5.8.5 Estratgia de Insero Aleatria de Evento de Reposio .... 121

    4.5.8.6 Estratgia de Distribuio Uniforme da Quantidade Reposta 123

    4.5.8.7 Estratgia de Distribuio Local da Quantidade Reposta ...... 124

    4.5.9 Parmetros Gerais da Ferramenta ............................................... 126

    4.5.10 Estrutura Geral do Algoritmo Implementado ............................... 127

    5 Experimentos, Resultados e Validao ................................................................ 130

    5.1 Previsor de Demandas .............................................................................. 130

    5.2 Validao do Simulador e Gerador de Poltica de Reposio

    Inicial .......................................................................................................... 136

    5.2.1 Simulao Baseada em Demandas Observadas ................................... 137

  • 17

    5.2.2 Simulao Baseada em Demandas Previstas ........................................ 137

    5.3 Otimizador de Nveis Estoques ................................................................. 138

    5.3.1 Experimento 1 - Demanda Diria Constante .......................................... 143

    5.3.2 Experimento 2 - Demanda Cclica Constante ......................................... 146

    5.3.3 Experimento 3 - Demandas Diria Constante e Cclica

    Constante ................................................................................................... 148

    5.3.4 Experimento 4 - Demandas Previstas e Reposio para

    Atendimento Total ...................................................................................... 149

    5.3.5 Experimento 5 - Demandas Previstas Reduzidas................................... 152

    5.3.6 Experimento 6 - Demandas Previstas com Reduo do Lucro

    Unitrio ....................................................................................................... 155

    5.3.7 Experimento 7 - Demandas Previstas com Relaxamento das

    Restries .................................................................................................. 157

    5.3.8 Experimento 8 - Problema Completo da Rede Varejista ........................ 159

    5.4 Resumo sobre os Experimentos ................................................................ 162

    5.5 Plataforma de Desenvolvimento e de Conduo de Experimentos ........... 163

    6 Concluses ........................................................................................................... 164

    BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 167

  • 18

    1 Introduo

    Quando um consumidor entra em uma loja ou supermercado, ele busca um

    ou mais itens dos quais necessita, sejam eles produtos alimentcios, de limpeza,

    eletrodomsticos, bebidas, utenslios, entre diversos outros. esperado que, ao sair

    do local de compras, todas as demandas deste consumidor tenham sido supridas.

    Para que isto ocorra, diversos processos so executados e controles so

    verificados. Desde a produo do item, na planta fabril, onde todos os insumos e

    matrias-primas necessrias devem ser supridas, passando pelos meios de

    distribuio, como redes atacadistas ou centrais de distribuio, chegando ao

    comrcio varejista, onde o consumidor final ter acesso aos produtos.

    Os diversos componentes desta grande cadeia, chamada Cadeia de

    Suprimentos (CS), traduzida do ingls, Supply Chain (SC), precisam trabalhar

    alinhados para seu correto funcionamento. Dentro desta idia, o Gerenciamento da

    Cadeia de Suprimentos (GCS), do termo em ingls Supply Chain Management

    (SCM), trata de cuidar dos processos e dos componentes nos diversos nveis do

    sistema.

    A necessidade de manuteno de estoques de produtos est presente em

    vrios componentes de uma CS. Esta caracterstica pode gerar custos elevados,

    visto que, quanto maior o estoque, maior o montante financeiro investido nos

    prprios produtos e em espao fsico para estocagem (HILLIER; LIEBERMAN,

    2001). Desta forma, a utilizao de nveis apropriados de estoque imprescindvel

    para a viabilidade econmica das empresas componentes da CS e,

    consequentemente, da prpria cadeia. Tendo menores custos possvel acirrar a

    concorrncia e disputar e conquistar um nmero cada vez maior de consumidores.

    Isto significa dizer que, desde sua produo at a aquisio por parte do consumidor

    final, preciso atentar para a melhor poltica de estoques possvel. Segundo Ballou

    (BALLOU, 1998), o custo total envolvido na estocagem de um produto dentro de

    toda a Cadeia de Suprimentos representa entre 20% e 40% do seu valor final.

    Sabendo disto, qualquer melhoria obtida neste ndice pode representar uma

  • 19

    economia de milhares, at mesmo milhes, em termos monetrios, para os

    componentes da Cadeia de Suprimentos e para o consumidor final.

    A dificuldade em tratar do problema envolvido na reposio de estoques de

    produtos justamente definir quando as reposies ocorrero e quantas unidades

    devem ser repostas. Considerando o caso especfico de uma rede varejista que

    conta com centenas de pontos de venda que comercializam milhares de produtos, o

    problema toma uma dimenso onde encontrar a soluo exata para o problema

    torna-se invivel com o uso de mtodos exatos. Para resolver este problema,

    necessria a utilizao de um mtodo aproximativo que seja capaz de encontrar

    solues boas o suficiente para que sejam empregadas.

    Este trabalho tem como Objetivo Geral propor um modelo para otimizao de

    nveis de estoque de uma rede varejista, considerando as demandas pelos diversos

    produtos oferecidos em seus diversos pontos de venda, de forma a atender s

    necessidades dos consumidores e fazendo um balanceamento entre os custos de

    estocagem e os lucros obtidos com as vendas. Para atingir este objetivo, alguns

    passos intermedirios, denominados Objetivos Especficos, devem ser cumpridos.

    Tais objetivos so:

    a) desenvolver um mdulo para obteno de previses de demanda atravs

    do uso do modelo de Suavizao Exponencial com Sazonalidade

    Multiplicativa. Ter uma idia razovel das demandas dos produtos o

    primeiro passo para evitar excessos ou faltas de produtos em estoque;

    b) desenvolver um mdulo de Simulao Discreta Determinstica capaz de

    reproduzir o comportamento do sistema de estocagem da rede varejista,

    visando avaliar o comportamento do sistema de estocagem com base em

    uma poltica de reposio de estoques e uma previso de demandas. Este

    mdulo tambm deve permitir a gerao de cenrios alternativos,

    diferentes do observado no sistema real, atravs do emprego de

    parmetros especficos;

    c) desenvolver um mdulo otimizador baseado na metaheurstica Guided

    Local Search, capaz de sugerir diferentes polticas para reposio de

    estoques dos produtos atravs do emprego de diferentes estratgias. Este

  • 20

    mdulo tambm deve ser capaz de avaliar a qualidade das polticas de

    reposio sugeridas;

    d) desenvolver um mdulo capaz de gerar polticas de reposio iniciais

    viveis, permitindo que estas sejam utilizadas pelo mdulo otimizador

    como ponto inicial de busca por polticas de melhor qualidade.

    Estes mdulos integrados compem a ferramenta criada durante o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Durante a fase de experimentao, os resultados obtidos com o uso da

    ferramenta desenvolvida buscaro demonstrar que ela capaz de prever as

    demandas dos produtos segundo o comportamento observado em perodos

    anteriores. Ainda, o processo de otimizao, com o auxilio do mdulo de simulao,

    dever ser capaz de sugerir e avaliar a qualidade de novas polticas de reposio.

    Espera-se que as polticas de reposio sugeridas pelo otimizador atinjam

    resultados superiores aos obtidos com as polticas de reposio iniciais.

    Este trabalho est divido da seguinte forma: aps a Introduo, captulo 1,

    apresentada a Fundamentao Terica, captulo 2, trazendo os conceitos

    relacionados ao trabalho. No captulo 3 feita a Reviso Bibliogrfica, seguida da

    Metodologia a ser aplicada, no captulo 4. Os Experimentos, Resultados e Validao

    se encontram no captulo 5. No captulo 6 so apresentadas as concluses obtidas

    durante o desenvolvimento do trabalho.

  • 21

    2 Fundamentao Terica

    Neste captulo sero apresentados os conceitos necessrios para o

    desenvolvimento do presente trabalho, bem como para um melhor entendimento por

    parte do leitor.

    2.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

    Cadeia de Suprimentos um conjunto de entidades e processos que engloba

    todos os esforos envolvidos nas atividades empresariais visando criar valor na

    forma de produtos ou servios (ou ambos) para o consumidor final. tambm uma

    forma integrada de planejar e controlar o fluxo das mercadorias, desde o primeiro

    fornecedor at o consumidor final, envolvendo todas as organizaes participantes

    da CS.

    Dentro deste contexto, o papel do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

    (GCS) justamente o de controlar todos os processos, organizaes, pessoas, bens

    e servios envolvidos na Cadeia de Suprimentos. Algumas atividades envolvidas no

    GCS so o Gerenciamento da Oferta e da Demanda, Gerenciamento de Insumos e

    Matrias-primas, Gerenciamento de Processos de Manufatura, Controle de

    Estoques e Pedidos e Logstica de Materiais (CHOPRA; MEINDL, 2008).

    Tais conceitos so relativamente novos. Com incio nos anos 70, as idias a

    respeito de CS e GCS vm evoluindo desde ento. A motivao para isto gira em

    torno de maiores exigncias por parte dos consumidores, que necessitam de rpidas

    respostas em relao reduo de custos e atendimento de suas demandas.

    Empresas focadas nestes aspectos buscam constante reduo de custos para

  • 22

    oferecer bens e servios de qualidade com preos mais baixos, acirrando a

    concorrncia, uma vez que, por estarem em um mesmo nicho de mercado, devem

    ser competitivas entre si ou estaro obrigadas ao encerramento de suas atividades.

    Levando estes aspectos em considerao, integrar as diversas empresas que

    fazem parte de uma mesma cadeia benfico para todos. Portanto, planejar e

    controlar os processos e componentes de forma conjunta d condies s empresas

    de planejar sua produo, diminuindo as chances de atrasos em entregas. Por

    exemplo, considere uma cadeia com cinco empresas, onde o produto final de uma

    matria-prima em outra. Se a primeira empresa atrasar suas entregas, bem

    possvel que a ltima tambm tenha problemas com atrasos. Se a demanda da

    ltima empresa da CS aumentar repentinamente, os integrantes anteriores da CS

    podero no estar preparados para atender a esta nova realidade, possivelmente

    comprometendo a produo da ltima e afetando a entrega para o comprador.

    2.2 Problemas relacionados a Estoques: Nveis de Estoque, Ruptura de Venda

    e Ruptura de Estoque

    Diversos custos esto envolvidos na manuteno de estoques: aluguel ou

    imobilizao de capital em instalaes prediais e sua manuteno, instalaes

    fsicas como prateleiras, segurana, custos administrativos, o prprio material

    estocado, seja ele um produto acabado, em processo de produo (estocagem

    intermediria de produtos no acabados), e at mesmo as matrias-primas

    envolvidas no processo. Outra questo relevante o extravio, danificao ou roubo

    de mercadorias ou insumos que, por fim, transformam-se em custos. No caso de

    produtos perecveis, tambm podem ser consideradas perdas pela ultrapassagem

    do prazo de validade.

    Diante deste cenrio, fica evidente a importncia do correto gerenciamento

    dos estoques dentro das organizaes. Com a adoo de elevados nveis de

  • 23

    estoque, mais espao necessrio para armazenamento e maiores so as chances

    de danos e roubos de mercadorias. No caso de um nvel de estoque muito acima da

    demanda pelo produto, maior o risco de perda por vencimento. Assim, diminuir os

    nveis de estoque significa reduzir custos, objetivo este almejado por todas as

    organizaes. Dentro deste contexto, o conceito de estoque Just-in-time (JIT) busca

    maior eficcia na manuteno de estoques (CHING, 1999), uma vez que estes so

    mantidos em nveis que atendam estritamente demanda necessria, fornecendo

    os itens no momento exato em que so necessrios (HILLIER; LIEBERMAN, 2001).

    A filosofia JIT visa atender demanda instantaneamente, com qualidade e sem

    desperdcios. Ele possibilita a produo eficaz em termos de custo, assim como o

    fornecimento da quantidade exata de itens que se faz necessria, no momento e

    local corretos, utilizando o mnimo de recursos (CHING, 1999). Esta seria a situao

    ideal em redes de varejo, contudo, dificilmente se tem total certeza sobre a demanda

    de cada produto. Existe ainda o problema relacionado ao leadtime, que o tempo

    decorrido entre a colocao do pedido junto ao fornecedor e a entrega do mesmo,

    no local solicitado. Os itens vendidos nas lojas de uma rede varejista no tm

    entrega imediata por parte de seus fornecedores, como presume o JIT.

    O problema de Reduo de Nveis de Estoque vem sendo estudado h muito

    tempo. Segundo Lenard e Roy (LENARD; ROY, 1995) o estudo do controle de

    estoques teve incio em 1913 com Ford Harris, quando este props o modelo de

    Lote Econmico, que afirma que a quantidade tima a ser produzida aquela que

    possui o menor custo de obteno (ou de pedido) e estocagem, simultaneamente.

    Desde ento, diversas pesquisas e trabalhos na rea tm dado especial ateno a

    melhorias nas questes envolvidas, buscando sempre reduo de custos e

    manuteno do atendimento s demandas do mercado. Um apanhado de trabalhos

    relacionados ser feito no Captulo 3, Reviso Bibliogrfica.

    O gerenciamento de estoques um problema bastante complexo em funo

    de suas caractersticas como logstica de materiais, sazonalidade, necessidade de

    uma previso adequada das demandas de venda, fatores externos como cenrio

    econmico, poder aquisitivo da populao, concorrncia, clima, entre outras.

    Algumas das caractersticas citadas so previsveis, mas no de forma exata. Muitas

    vezes o que se tem so mtodos para previso que se aproximam da realidade com

    um grau de confiabilidade aceitvel para uso.

  • 24

    Atravs da utilizao de mtodos de previso possvel obter informaes

    sobre eventos futuros. Diversos mtodos estimam valores futuros com base em

    dados observados no passado. Como j mencionado, existem fatores externos, fora

    do alcance da organizao, que no podem ser controlados e, por vezes, nem so

    conhecidos. Um exemplo de fator externo conhecido, mas que no pode ser

    controlado o clima. Como exemplo disso, pode-se citar um tpico produto que sofre

    variaes em funo do clima, o sorvete. A venda de sorvetes sabidamente aumenta

    no vero e diminui no inverno por uma caracterstica de consumo do produto.

    possvel utilizar esta informao para auxiliar na previso de vendas, j que o clima

    regido pelas estaes do ano. Mas o que acontecer se ocorrer um inverno

    atpico, com muitos dias quentes? Neste tipo de situao, a previso baseada em

    estatstica ser menos precisa. Por causa desta caracterstica, neste exemplo, pode-

    se afirmar que os mtodos de previso no so exatos. No seria possvel, ento,

    baseado nas medies obtidas nas ltimas dcadas, prever, com certa margem de

    acerto, quando ocorrero estaes atpicas, considerando que existem ciclos

    caractersticos no clima? possvel verificar que diversos fatores esto envolvidos

    na previso de vendas de sorvetes, levando em conta apenas o clima e suas

    certezas e incertezas. Existem ainda diversos outros fatores, previamente citados,

    que no foram comentados neste exemplo especfico, mas possvel ter uma idia

    da complexidade envolvida em tentar prever a venda de itens no setor varejista.

    O exemplo recm citado pode ser utilizado tambm para demonstrar a

    necessidade de considerar a sazonalidade nas previses, no necessariamente

    ligada a fatores climticos. Existem pocas no ano em que determinados produtos

    tem maior demanda como Pscoa, Natal e outras datas comemorativas. O que vale

    para as estaes do ano tambm vale para estes perodos. Pode-se dizer que a

    sazonalidade relacionada ao sorvete est diretamente ligada s estaes do ano.

    Outro importante fator a ser levado em conta em uma rede varejista a

    localizao do ponto de venda. Uma previso de demanda geral, em alto nvel,

    considerando os volumes totais de venda para toda a organizao pode ser

    importante para anlise de resultados da empresa como um todo, mas no a mais

    adequada no que se refere distribuio de estoques. Existem diversos pontos de

    venda em diferentes cidades e regies, cada qual com uma caracterstica de

    consumo, muitas vezes determinada por costumes e pelo poder aquisitivo da

  • 25

    populao que habita seus arredores. Assim, a previso de demanda de um mesmo

    produto poder ser uma para determinada loja, e outra, completamente diferente,

    para outra loja, localizada em outra regio. Para exemplificar esta situao, imagine

    uma garrafa de alguma bebida importada, com anos de envelhecimento, de alto

    valor monetrio. Certamente ela ser vendida com freqncia muito menor em uma

    loja localizada em um bairro onde os moradores tenham menor poder aquisitivo, do

    que em outra, onde o poder aquisitivo consideravelmente mais elevado. Se a

    previso for feita para a empresa como um todo, como saber quantas unidades de

    cada produto sero necessrias em cada ponto de venda? Dividir uniformemente

    certamente levar a um nvel de acerto menor, basta pensar no exemplo da bebida

    importada, recm apresentado. Com isso, demonstra-se a necessidade de fazer a

    previso de demanda levando-se em considerao o fator de localizao.

    fundamental que, na manuteno dos estoques, o atendimento s

    demandas dos clientes seja considerado. Suprir o cliente com o produto correto e na

    quantidade adequada primordial. No suprir a necessidade do cliente significa no

    converter uma venda em lucro, na melhor das hipteses, uma vez que este no o

    nico problema. Caso no seja possvel atender demanda de um consumidor em

    um item especfico, ele possivelmente procurar outro local para efetuar esta

    compra. Tambm possvel que isso leve o consumidor a desistir de efetuar todas

    suas compras (no apenas daquele item indisponvel) e procurar o concorrente para

    tal, fazendo com que todos os produtos em sua lista de compras no sejam

    vendidos e, consequentemente, no sejam revertidos em lucro. Em uma loja de

    varejo, a variedade de itens vendidos e as suas quantidades so elevadas, o que

    pode fazer com que a perda da venda de um ou outro item seja insignificante.

    Contudo, ainda um ponto importante a ser considerado.

    O problema da falta ou indisponibilidade de itens leva ainda a outra

    conseqncia, o desgaste na imagem da empresa. possvel que a insatisfao

    gerada pela falta de produtos diminua a confiana do consumidor na empresa ou at

    mesmo faa com que ele no frequente mais o local. A questo da insatisfao e da

    perda de confiana subjetiva e difcil de ser medida.

    Se um item est indisponvel significa que todas as unidades, at ento em

    estoque, foram vendidas e agora o estoque est zerado. Quando isso ocorre diz-se

  • 26

    que o produto encontra-se em Ruptura de Estoque (RE). A conseqncia da

    Ruptura de Estoque a Ruptura de Venda (RV), uma vez que, se no h produto

    disponvel, no h venda. Existem outros motivos para a ocorrncia da Ruptura de

    Venda como concorrncia, promoes de produtos semelhantes dentro da mesma

    loja, posicionamento dos produtos nas gndolas, entre outros. Neste trabalho

    apenas a Ruptura de Venda motivada pela Ruptura de Estoque ser tratada. Desta

    forma, de agora em diante, esta informao ficar implcita.

    Os problemas apontados andam em direes opostas: para minimizar os

    custos de estocagem procura-se diminuir os nveis de armazenamento de produtos;

    para no incorrer na Ruptura de Venda, necessrio manter determinados nveis de

    estoque com margens de segurana. A partir destas afirmaes, alguns

    questionamentos podem ser feitos:

    a) Como manter os nveis de estoque de forma a no incorrer na Ruptura de

    Venda sem ter custos desnecessrios de armazenamento?

    b) Qual o nvel ideal de estoque de cada produto, em cada local de venda,

    alcanando um equilbrio entre atendimento das demandas geradas pelos

    consumidores, convertendo vendas em lucros, e o possvel no

    atendimento das mesmas (ou parte delas), para no incorrer nos custos

    de armazenamento?

    c) possvel diminuir os intervalos entre reposies de estoque nos pontos

    de venda a um custo razovel (relativo reposio), sendo este menor

    que o custo de armazenamento, que justifique a diminuio dos nveis de

    estoque nas lojas? Ainda relacionado frequncia de reabastecimento,

    qual o intervalo mnimo de tempo que os fornecedores necessitam para

    repor os produtos nos pontos de venda?

  • 27

    2.3 Efeito Chicote

    O Efeito Chicote o resultado da discrepncia entre a demanda real e a

    prevista, unida inteno das empresas em alinharem suas ofertas demanda real,

    sem deixar de atend-la. Por no possurem a informao precisa de seus

    consumidores, as empresas buscam se proteger e garantir o estoque para uma

    possvel variao nesta demanda, alterando seus volumes de pedido para cima

    (COELHO et al, 2007). A Previso de Demandas pode ocorrer nos diversos nveis

    da Cadeia de Suprimentos, desde o fabricante, passando pelos canais de

    distribuio, at o ponto de venda no varejo, porm, quanto mais distante do ponto

    de venda ao consumidor final, maior ser a discrepncia entre a demanda prevista e

    a demanda real. Para Warburton (WARBURTON, 2004), as ordens de compra dos

    vendedores para os seus fornecedores tendem a ter uma variao maior do que a

    demanda do consumidor que iniciou o processo, o que caracteriza o efeito chicote.

    Por causa deste fenmeno, prever demandas a partir de dados coletados no

    nvel mais prximo do consumidor final pode ser considerada uma estratgia

    adequada, se no a melhor, de estimar as vendas de uma empresa ou organizao.

    2.4 Previso de Demandas

    A demanda por um produto o nmero de unidades que precisaro ser

    retiradas do estoque para algum uso (venda, por exemplo) durante um perodo

    especfico (HILLIER; LIEBERMAN, 2001). Segundo Kotler, (KOTLER, 1998), a

    Previso de Vendas de uma empresa o nvel esperado de vendas em determinado

    perodo, baseado no plano de marketing escolhido e no ambiente de marketing

  • 28

    assumido. Tal previso impacta em diversos setores de uma empresa como

    Finanas, Comercial, Produo e Recursos Humanos.

    Prever demandas uma atividade importante para auxiliar no planejamento

    das organizaes. Especificamente no escopo do presente trabalho, a Previso de

    Demanda por produtos no varejo, ou Previso de Vendas, vital para que haja uma

    medida que possibilite o planejamento e manuteno de estoques de produtos. Sem

    uma previso adequada possvel incorrer em dois problemas: a) falta de produtos

    para atender s necessidades dos consumidores e b) manuteno de altos nveis de

    estoque sem necessidade, fazendo com que os custos da organizao aumentem.

    Segundo Corra (CORRA, 2001), previses ruins levam as empresas a tomar

    decises ruins, o que compromete a sua competitividade. Diversos fatores podem

    influenciar na demanda de determinado item. Em funo disso, a tarefa de prever

    com exatido a demanda de produtos torna-se bastante complexa.

    Dar ateno ao atendimento das necessidades dos clientes to importante

    quanto ficar atento aos custos de manuteno dos estoques. Diferentemente de

    setores especializados, onde existem poucos fornecedores de determinado produto,

    ou at mesmo um nico, no setor varejista, quando um cliente no encontra o

    produto desejado, ele se dirigir ao local mais prximo que possa ter o produto em

    questo disponvel para compra. Salienta-se mais uma vez que isto poder

    influenciar a confiana do consumidor, fazendo com que este no retorne mais,

    causando prejuzos para a organizao. O ideal encontrar o balano entre

    atendimento s demandas, que presume manuteno de estoques de segurana, e

    baixos nveis de estoque, buscando a minimizao de custos. Espera-se, com isso,

    obter o melhor resultado financeiro possvel para a empresa.

  • 29

    2.4.1 Tipos de Previso

    As previses podem ser classificadas, primeiramente, em previses de curto,

    mdio e longo prazo. Previses de longo prazo do uma idia geral sobre o

    direcionamento da organizao e tm especial ateno do alto escalo da empresa

    (nvel estratgico). As de mdio prazo tm como objetivo auxiliar na formulao dos

    planos de produo e so utilizadas principalmente por tomadores de deciso no

    nvel intermedirio (nvel ttico). J as previses de curto prazo so utilizadas pelas

    gerncias de baixo nvel (nvel operacional), fornecendo subsdios para a formulao

    de estratgias e decises para o futuro imediato (HANKE; REITSCH, 1981; BUFFA;

    SARIN, 1987). Em termos de tempo, estas trs classificaes podem variar em

    funo de especificidades do problema e do cenrio em que se encontram.

    Previses de curto prazo podem variar de trs a doze meses, as de mdio prazo de

    seis meses a dois anos, enquanto que as de longo prazo podem ir desde dois at

    cinco anos.

    Na mesma linha de pensamento, previses podem ser classificadas de

    acordo com a sua abrangncia: micro-previses e macro-previses. Enquanto a alta

    diretoria se preocupa em prever o total de produtos vendidos, tendo em vista o

    resultado financeiro global da empresa, os gerentes das filiais da mesma

    organizao empresarial esto preocupados em prever suas vendas com o objetivo

    de planejar os pedidos junto a seus fornecedores. A macro-previso mais

    abrangente e se preocupa com nmeros sumarizados ou totalizados, enquanto que

    a micro-previso se preocupa em detalhar os nmeros, firmando, desta forma, uma

    relao hierrquica entre elas (HANKE; REITSCH, 1981).

    Previses tambm podem ser classificadas em qualitativas ou quantitativas.

    As qualitativas so feitas com base em conhecimento especialista, de gerentes e

    cargos afins, ou seja, pessoas que conhecem o problema em questo,

    conhecimento este adquirido em experincias passadas. A tcnica qualitativa mais

    conhecida e utilizada o mtodo Delphi (MOREIRA, 1999). Outros mtodos

    qualitativos que podem ser citados so Pesquisa de Mercado, Painel de Consenso,

  • 30

    onde executivos e membros da fora de vendas da organizao do opinies sobre

    seu sentimento em relao s vendas futuras, e a Analogia Histrica, para o caso de

    novos produtos (SLACK et al, 2002). J as previses quantitativas descartam

    totalmente o conhecimento especialista, so procedimentos automatizados que

    utilizam dados histricos para produzir resultados (HANKE; REITSCH, 1981).

    Makridakis e colaboradores (MAKRIDAKIS et al, 1998) sugerem ainda outra

    classificao, vlida apenas para previses quantitativas, so os modelos

    explanatrios e modelos de sries temporais.

    Os modelos explanatrios assumem que a varivel ou fenmeno a ser

    previsto possui uma relao explanatria com uma ou mais variveis independentes.

    Como exemplo pode-se citar o preo de combustveis fsseis. Neste caso, as

    variveis independentes envolvidas podem ser dadas pelos indicadores econmicos

    mundiais e nacionais, nveis de produo de petrleo, importaes, exportaes,

    dentre outras. importante considerar tambm uma varivel de erro dentro deste

    modelo, uma vez que um limitado nmero de variveis independentes utilizado e

    todos os demais fatores que influenciam o preo de combustveis esto sendo

    desconsiderados (a varivel de erro tem o objetivo de reproduzir efeitos aleatrios

    do sistema). Assume-se que a relao entre a varivel dependente e as

    independentes no ir mudar com o passar do tempo, sendo possvel utilizar tal

    relao para prever valores futuros. Neste tipo de modelo o maior problema

    determinar quais variveis so adequadas para prever valores futuros de um

    sistema e, uma vez identificadas, necessrio identificar qual a forma de relao

    entre elas. Modelos explanatrios podem ser utilizados para previses em diversos

    outros sistemas.

    J os modelos baseados em sries temporais no tentam encontrar uma

    relao entre o fenmeno ou sistema observado com outras variveis, mas

    procuram entender o seu padro de comportamento, atravs da anlise de uma

    srie de observaes do passado. Uma vez que o comportamento do sistema

    conhecido, ele utilizado para prever valores futuros. Para exemplificar, possvel

    utilizar a recm citada varivel preo de combustveis fsseis, utilizada no exemplo

    do modelo explanatrio. Contudo, um modelo previsor baseado em sries temporais

    utilizaria observaes de seus prprios valores no passado, em intervalos

  • 31

    constantes (semanas, meses, trimestres, etc). A seo 2.4.2.1 trar, oportunamente,

    um maior detalhamento sobre sries temporais.

    2.4.2 Mtodos Previsores

    Alguns mtodos quantitativos foram pesquisados, tendo sido adotado para

    uso neste trabalho o mtodo por Suavizao Exponencial (SE) com Sazonalidade

    Multiplicativa. Trata-se de uma tcnica que considera sazonalidade e tendncia,

    aspectos muito importantes na previso de demandas por produtos no varejo. Outra

    motivao para o uso deste mtodo que ele permite, na forma como foi

    desenvolvido em virtude do contexto do presente trabalho, que diferentes

    parmetros sejam calibrados para diferentes comportamentos de demanda,

    dependendo do produto em questo. Isto feito atravs de um mtodo iterativo que

    verifica a qualidade da previso de demanda, segundo proposto por vrios autores.

    Ainda, a SE uma forma relativamente simples de efetuar previses, diferentemente

    de outros mtodos, onde h uma complexidade muito maior na tcnica. A SE traz

    uma boa relao custo/benefcio no que tange ao esforo de criao do modelo e ao

    desenvolvimento de um programa de computador que possa ser executado para

    obteno de resultados.

    Nesta seo ser apresentado o mtodo de previso por Suavizao

    Exponencial e conceitos relacionados, fundamentais para seu entendimento. Outros

    mtodos previsores quantitativos sero brevemente descritos.

  • 32

    2.4.2.1 Sries Temporais e Anlise de Regresso

    Uma Srie Temporal (ST) uma sequncia de pontos (dados) coletados em

    sucessivos momentos do tempo, tipicamente separados por intervalos distribudos

    uniformemente. Uma ST naturalmente ordenada de forma cronolgica, sendo esta

    a sua principal caracterstica: sempre existiro medies de um fenmeno qualquer

    em funo do tempo. O tempo uma varivel independente que pode ser medido

    em anos, meses, semanas, dias, ou at mesmo em horas, sendo geralmente

    denotada por . J a medio a ser registrada, que varia a cada observao, a varivel dependente, geralmente denotada por . Medies dirias de temperatura, valores de fechamento dirio de aes nas bolsas de valores, quantidade de

    veculos que transitam em uma estrada em intervalos de uma hora, quantidade de

    unidades vendidas de determinado produto dentro de um ms, so alguns exemplos

    de grandezas que podem ser descritas por de Sries Temporais.

    A Anlise das Sries Temporais, tambm chamada de Anlise de Regresso,

    pode ser utilizada para identificao de padres de comportamento, tendncias e

    mudanas dentro do fenmeno observado. Tal comportamento, referente a perodos

    anteriores, pode ento ser utilizado na Previso de Sries Temporais, olhando

    adiante no horizonte de tempo, fornecendo assim uma maneira de prever eventos

    futuros para o fenmeno em questo. No contexto de organizaes, por exemplo, do

    ramo varejista, existem diversas aplicaes para Sries Temporais, entre as quais o

    comportamento de vendas, o atendimento de demandas, o controle de estoques, o

    comportamento de rupturas, dentre outras. A previso de sries temporais no

    uma resposta certa para o comportamento futuro de grandezas de interesse, mas

    uma ferramenta valiosa para predio, ajudando a reduzir erros em previses

    (HANKE; REITSCH, 1981).

  • 33

    2.4.2.2 Mdia Mvel

    A Mdia Mvel (MM), do ingls Moving Average (MA), caracterizada por

    utilizar as ltimas q ocorrncias de uma Srie Temporal no clculo de uma mdia

    que representar a previso para o perodo imediatamente posterior. Este mtodo

    pode ser utilizado como uma forma bastante simplificada de previso (HANKE;

    REITSCH, 1981).

    Estabelecer o clculo da MM com base em poucas observaes anteriores

    no permite, por exemplo, que a sazonalidade seja considerada. Alm disso, ela

    pode ser utilizada apenas para previses de curto prazo, uma vez que somente

    observaes recentes do fenmeno em questo podem ser utilizadas. Por exemplo,

    possvel prever a demanda de determinado produto para o ms atual, atravs do

    clculo da mdia de demanda dos trs meses anteriores. A previso para o ms

    seguinte no pode ser feita antes de se conhecer a demanda por este mesmo

    produto no presente ms (HANKE; REITSCH, 1981).

    2.4.2.3 Autoregressive Integrated Moving Average Model

    Autoregressive Integrated Moving Average Model (ARIMA) um mtodo

    generalizado baseado em Sries Temporais. Ele pode ser usado para se obter um

    melhor entendimento do fenmeno em questo e para previso de valores futuros

    de uma ST.

    Tambm conhecido como Mtodo Box-Jenkins, nome este originado a partir

    de seus criadores, George Box e Gwilym Jenkins, ele se popularizou no incio da

    dcada de 70 (MAKRIDAKIS; et al, 1998). Este modelo composto por trs partes

  • 34

    distintas e, geralmente, se faz referncia a ele como ARIMA(p, d, q). As trs partes

    do modelo so:

    AR(p): parte autoregressiva de ordem p;

    I(d): diferenciao de grau d;

    MA(q): parte referente mdia mvel de ordem q.

    O ARIMA uma combinao do modelo autoregressivo (AR) com o modelo

    de mdia mvel (MA, Moving Average). Alm disso, este mtodo possui um

    componente de diferenciao (I). Ele responsvel por estabilizar os dados (tornar a

    srie temporal estacionria).

    Este modelo dito generalizado, pois qualquer uma das suas trs partes

    pode no ser usada, bastando, para isso, zerar o referido parmetro. Maiores

    detalhes sobre como valorar adequadamente estes parmetros podem ser obtidos

    em (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    2.4.2.4 Redes Neurais Artificiais

    Uma Rede Neural Artificial (RNA) um sistema computacional baseado em

    ligaes. Diversos ns simples so interligados tendo em vista a formao de uma

    rede. Esta tcnica se inspira no funcionamento do crebro de organismos

    inteligentes, que utiliza uma quantidade consideravelmente grande de neurnios

    (equivalentes aos ns, pequenas unidades processadoras) interligados como uma

    rede. Seu surgimento ocorreu na dcada de 1940 no Massachusetts Institute of

    Technology (MIT) e trata-se de uma tcnica relacionada rea de Inteligncia

    Artificial (IA). H uma vasta gama de aplicaes para RNA, alguns exemplos so

    reconhecimento de padres, anlise e processamento de sinais, anlise de imagens

  • 35

    e de voz, controle de processos e aproximao de funes (robtica), dentre outras

    (LOESCH, 1996).

    No que tange previso de demandas, possvel utilizar uma RNA para

    prever sries temporais. Segundo Portugal e Fernandes (PORTUGAL;

    FERNANDES, 1996), uma RNA tem alguns pontos em comum com os mtodos

    previsores clssicos baseados em sries temporais, porm so tratados com

    nomenclaturas diferentes em cada um dos mtodos. Por exemplo, as variveis

    dependentes e independentes do modelo baseado em sries temporais so

    equivalentes aos sinais de entrada e sada dos neurnios. Outro exemplo, agora em

    relao aos modelos ARIMA e de Suavizao Exponencial, so os fatores de

    sazonalidade, ciclo e tendncia. Em uma RNA estes fatores tambm podem ser

    contemplados no modelo utilizando neurnios especializados nestas caractersticas,

    equivalentes aos modelos citados.

    2.4.2.5 Suavizao Exponencial

    O mtodo de previso por Suavizao Exponencial, ou Exponential

    Smoothing (ES), uma tcnica recursiva aplicada a Sries Temporais. Ele difere da

    Mdia Mvel pelo fato de impor diferentes pesos aos valores observados na ST para

    o clculo da previso. Seu uso indicado para previses de curto prazo (HANKE;

    REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    A SE um procedimento para reviso contnua durante a previso,

    privilegiando observaes mais recentes de maneira exponencial, sendo que,

    quanto mais distante do perodo atual, menor o peso dado ao valor da observao.

  • 36

    Os pesos utilizados so:

    : para a observao mais recente ; : para a observao anterior ; : para a observao anterior .

    Sero utilizados tantos pesos quantos forem os valores utilizados.

    De forma geral, dada uma srie de observaes de uma varivel qualquer, a equao (2.1) representa o sistema de pesos e, consequentemente, a Suavizao

    Exponencial propriamente dita.

    , (2.1)

    onde:

    : o valor previsto suavizado exponencialmente no perodo t; : a constante de suavizao ( ); : o valor observado na Srie Temporal no perodo t; : o valor previsto suavizado exponencialmente no perodo t-1.

    pode ser considerada como uma combinao linear de todas as observaes anteriores com um fator ponderador que decresce geometricamente

    com o passar do tempo, sendo a constante a responsvel por isso. Quanto maior for o valor de (0 1), mais rapidamente os valores do passado perdem significncia na previso , aumentando a velocidade de resposta a mudanas em perodos mais recentes (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    O valor dado constante de suavizao um fator crtico para a utilizao deste mtodo de previso. Em geral, seu valor obtido atravs de um mtodo

  • 37

    iterativo que minimiza a soma dos erros obtidos entre os valores previstos e os

    valores observados elevados ao quadrado, conforme a equao (2.2). Este mtodo

    conhecido como Mtodo dos Mnimos Quadrados (MMQ).

    (2.2)

    onde:

    : o valor previsto para o perodo t; : o valor observado no perodo t.

    O valor de que produzir o menor valor para , atravs do uso da equao (2.2), deve ser utilizado para gerao das previses.

    Dentro do mtodo de suavizao exponencial tambm possvel inserir o

    Fator de Tendncia. Para tanto necessrio ajustar a equao (2.1), chegando-se

    equao (2.5), chamada de Mtodo Linear de dois Parmetros de Holt (HANKE;

    REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998). Para que seja obtida a expresso

    ajustada Tendncia, equao (2.5), necessrio ajustar a Srie de Suavizao

    Exponencial, equao (2.3), inserindo a Tendncia Estimada, equao (2.4), e

    conduzir a previso de perodos adiante, equao (2.5).

    ,

    (2.3)

    ,

    (2.4)

    , (2.5)

  • 38

    onde:

    : nvel estimado da srie temporal no perodo t; : constante de suavizao ( ); : valor observado na Srie Temporal no perodo t; : nvel estimado da srie temporal no perodo t-1; : constante de suavizao da tendncia ( ); : valor estimado de tendncia no perodo t; : valor estimado de tendncia no perodo t-1; : quantidade de perodos a avanar no futuro; : previso para perodos no futuro.

    A equao (2.5) difere da equao original de suavizao exponencial (2.1)

    pela adio do termo de tendncia do perodo anterior . Este termo, por sua vez, obtido atravs da diferena entre dois valores sucessivos de previso utilizando a

    suavizao, conforme equao (2.4). O clculo do termo de tendncia segue a idia

    de suavizao de valores de acordo com sua idade, atravs da utilizao do termo

    ponderador . A equao (2.5) utilizada para estimar a previso em perodos adiante no tempo.

    Outra importante caracterstica que pode ser levada em conta na gerao de

    previses utilizando SE a Sazonalidade. Para tanto, necessrio adaptar

    novamente a equao de suavizao, utilizando agora o Modelo Linear e Sazonal de

    Trs Parmetros de Winter (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    Este mtodo foi baseado no mtodo de Holt, adicionando o fator de Sazonalidade,

    sendo descrito pelas equaes (2.6) a (2.9). Na literatura, este mtodo baseado em

    trs componentes, nvel, tendncia e sazonalidade, comumente denominado

    Mtodo de Holt-Winters (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

  • 39

    , (2.6)

    , (2.7)

    , (2.8)

    , (2.9)

    onde:

    : nvel estimado da srie temporal no perodo t; : constante de suavizao ( ); : valor observado na Srie Temporal no perodo t; : valor estimado da srie temporal no perodo t-1; : constante de suavizao de sazonalidade ( ); : valor estimado da sazonalidade no perodo t; : valor estimado da sazonalidade no perodo t-s; : constante de suavizao de tendncia ( ); : valor estimado de tendncia no perodo t; : valor estimado de tendncia no perodo t-1; : quantidade de perodos a avanar no futuro; : comprimento do ciclo sazonal; : previso para perodos no futuro.

    A equao (2.6) expressa o fator sazonal como um valor indexado ao invs

    de um valor absoluto. Isto ocorre para que ele possa ser utilizado na equao (2.9)

    com o operador de multiplicao. A esta forma de tratamento d-se o nome de

    Sazonalidade Multiplicativa. Existe ainda a possibilidade de utilizar a SE com

    Sazonalidade Aditiva. Neste trabalho apenas a SE com sazonalidade multiplicativa

  • 40

    ser empregada, j que a mais comumente utilizada e apresenta, geralmente,

    menores erros ou desvios (MAKRIDAKIS et al, 1998). O fator de tendncia da

    equao (2.7) o mesmo da equao (2.4). A equao (2.8) responsvel pela

    determinao do nvel ou valor base da srie. J a equao (2.9) utilizada para

    estimar ou prever o valor da srie temporal perodos adiante no tempo. Com a insero dos fatores de tendncia e sazonalidade no modelo de

    previso por suavizao exponencial, surge novamente a situao onde

    necessrio calibrar os termos ponderadores , e . Isto deve ser feito atravs do mesmo mtodo iterativo que minimiza a soma dos erros obtidos pela diferena

    quadrtica entre os valores previstos e os valores observados, de acordo com a

    equao (2.2). Os valores de , e que produzirem o menor valor para a equao (2.2) sero os mais adequados.

    A SE utiliza valores observados no passado para gerar previses. Existe aqui

    um problema relacionado gerao do primeiro valor de previso, visto que as

    observaes necessrias esto fora dos limites da ST. Em funo disso,

    necessrio utilizar um mtodo de inicializao para o mtodo previsor. Uma das

    tcnicas empregadas a utilizao de uma mdia dos valores observados nos

    perodos mais recentes da ST (HANKE; REITSCH, 1981).

    Trs indicadores foram selecionados para verificar a adequao do modelo de

    previso utilizando SE. O primeiro, Erro Mdio Absoluto ou Mean Absolute Error

    (MAE), definido pela equao (2.10), mede a distncia mdia entre os valores

    obtidos pelo previsor e os valores observado, na mesma unidade dos valores

    observados (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    !" # $ $

    % . (2.10)

    O segundo indicador o Erro Mdio Quadrtico ou Mean-squared Error

    (MSE), dado pela equao (2.11). Ele tambm mede a distncia mdia entre os

  • 41

    valores previstos e observados, porm no na mesma unidade que os valores

    observados (HANKE; REITSCH, 1981; MAKRIDAKIS et al, 1998).

    !" #

    % . (2.11)

    O terceiro indicador o Erro Percentual Mdio Absoluto, ou Mean Absolute

    Percentage Error (MAPE). Primeiro necessrio calcular o Erro Percentual (EP) ou

    Percentage Error (PE), dado pela equao (2.12). Em seguida, o MAPE

    efetivamente calculado, segundo a equao (2.13) (HANKE; REITSCH, 1981;

    MAKRIDAKIS et al, 1998).

    &" ' , (2.12)

    !&" # $&"$

    % . (2.13)

    Para os trs indicadores, MAE, MSE e MAPE, os termos que compem as

    equaes so:

    : valor previsto (obtido com o mtodo) para o perodo t; : valor observado na srie temporal no perodo t; %: nmero de observaes/valores previstos.

    O indicador MAPE foi adotado neste trabalho para avaliar a adequao do

    modelo previsor, uma vez que ele possibilita a avaliao dos erros atravs de uma

    medida relativa magnitude dos valores observados.

  • 42

    Makridakis e colaboradores (MAKRIDAKIS et al, 1998) afirmam que a melhor

    forma de avaliar um modelo previsor compar-lo com outros. Os autores

    compararam onze mtodos de previso utilizando seis indicadores de qualidade,

    dentre eles o MAE, MSE e MAPE. Todos os indicadores apontaram para a SE com

    sazonalidade multiplicativa como sendo o mtodo mais apropriado para previses.

    Com base nisso, tomou-se a deciso de utilizar tal mtodo para o processo de

    previso de demandas no presente trabalho.

    2.4.3 Consideraes sobre modelos de previso

    Os mtodos apresentados na seo 2.4.2 consideram, basicamente, valores

    observados no passado para a predio de valores futuros, sejam eles relativos ao

    prprio fenmeno, que o caso das sries temporais, ou de variveis

    independentes, a exemplo da RNA. Existe uma vasta gama de outros fatores que

    podem influenciar as previses e que no so explicados por estes modelos, alm

    da natureza aleatria (imprevisvel) presente em situaes onde se faz necessrio o

    uso de modelos previsores.

    Por mais preciso que possa ser o mtodo, ocorrero situaes de impreciso

    nas previses, basta pensar no exemplo de produtos que deixam de ser fabricados

    em determinado perodo. Uma previso feita com base em dados do passado

    tentar reproduzir este comportamento de demanda para perodos futuros. Contudo,

    no caso de produtos descontinuados, sua venda poder passar para zero de um dia

    para o outro. Esta situao pode ser considerada durante o processo de previso,

    levando em conta as decises da empresa fabricante, que podero ser conhecidas

    com antecedncia. Neste trabalho no se tem conhecimento sobre este tipo de

    deciso, logo, no foi possvel considerar este aspecto para a construo da

    ferramenta de previso.

  • 43

    2.5 Simulao

    Simulao uma forma de reproduzir (imitar) um sistema (subsistema,

    processo), seja ele fsico ou abstrato. Primeiramente deve-se observar o

    comportamento do sistema que se deseja simular, tendo como objetivo entender seu

    funcionamento para que suas principais caractersticas possam ser corretamente

    representadas dentro de um modelo lgico/matemtico. Para modelos simples,

    possvel utilizar mtodos matemticos para a simulao, como lgebra, teoria das

    probabilidades ou clculo diferencial. Para sistemas mais complexos, pode ser

    necessrio traduzir tal modelo em um programa de computador e, possivelmente,

    simplificar sua modelagem. No mundo real, boa parte dos sistemas existentes so

    complexos o bastante para justificar o uso de computadores em conjunto com

    tcnicas de simulao para reproduzir seus comportamentos (LAW; KELTON, 2000).

    2.5.1 Estratgias de Modelagem e Variveis de Estado

    Com o objetivo de modelar os sistemas existentes no mundo real, podem ser

    utilizados dois tipos de estratgias: modelagem discreta ou modelagem contnua.

    Com relao aos modelos de simulao, este mesmo critrio de diviso pode ser

    empregado, uma vez que tenta-se reproduzir tais sistemas (LAW; KELTON, 2000).

    Sistemas discretos so caracterizados por apresentarem mudanas nas

    variveis de estado do sistema (conjunto de variveis que descrevem o sistema) em

    determinados instantes no tempo. O atendimento de clientes em um caixa de

    supermercado um exemplo deste tipo sistema. Um exemplo de varivel estado do

    sistema, neste mesmo exemplo, a quantidade de clientes na fila, aguardando pelo

    atendimento. Pode-se, por exemplo, a cada minuto, verificar a quantidade de

  • 44

    clientes aguardando na fila. possvel verificar que a varivel de interesse muda,

    possivelmente, a cada minuto, com a chegada ou sada de clientes da fila. Outro

    exemplo de sistema discreto que pode ser citado o de estocagem de um produto

    em um depsito. Neste caso, a varivel que descreve o sistema o nvel de estoque

    do produto. Medies do nvel de estoque podem ser verificadas ao final do

    expediente, j que no decorrer do dia podem ser retiradas ou repostas algumas

    unidades do produto em questo.

    Os sistemas contnuos so caracterizados por terem suas variveis de estado

    alteradas continuamente no tempo. Como exemplo, pode-se citar um avio, onde

    variveis de estado como posio, velocidade, nvel de combustvel e altitude podem

    variar continuamente em relao ao tempo. Em termos de simulao computacional,

    o que geralmente ocorre a discretizao dos sistemas contnuos. No exemplo do

    avio, as variveis de estado variam continuamente, porm elas podem ser medidas

    em instantes discretos, por exemplo, a cada segundo. O computador uma mquina

    que processa operaes sequencialmente, logo, simular um sistema contnuo pode

    ser bastante complexo. O que se pode fazer determinar um intervalo

    suficientemente pequeno para aproximar o sistema discreto do contnuo. Quanto

    menor for o intervalo de verificao das variveis de estado, mais prximo se estar

    de uma simulao contnua, Por exemplo, possvel reduzir o intervalo de

    verificao do estado de um segundo para um dcimo, um centsimo ou um

    milsimo de segundo.

    2.5.2 Servidor

    Em um simulador existe um componente do sistema denominado servidor.

    Ele responsvel pelo funcionamento do sistema, ou seja, executar o processo

    envolvido. Utilizando o exemplo dos clientes na fila do caixa de supermercado, a

    mudana da varivel quantidade de clientes na fila do caixa ocorre quando algum

  • 45

    cliente entra na fila ou quando o primeiro da fila passa a ser atendido pelo operador

    de caixa. Especificamente quando o primeiro cliente da fila entra em operao no

    caixa, passando suas compras, efetuando o pagamento, at o momento

    imediatamente anterior ao que ele deixa o caixa com os produtos adquiridos, diz-se

    que o cliente est em servio e, durante este intervalo de tempo, nenhum outro

    cliente poder utilizar o caixa. Neste exemplo, o caixa (operador e equipamentos)

    o servidor, um recurso necessrio e limitado dentro do sistema. Em um modelo de

    simulao com apenas um servidor, quando um cliente entra em servio, nenhum

    outro poder fazer o mesmo, j que o servidor pode atender apenas um cliente por

    vez. Se um novo caixa fosse colocado em operao, dois clientes poderiam ser

    atendidos paralelamente. Neste caso existiriam dois servidores.

    2.5.3 Eventos

    Outro importante componente utilizado em uma ferramenta de simulao

    denominado evento. Qualquer acontecimento que provoque mudana nas variveis

    de estado do sistema chamado de evento (LAW; KELTON, 2000). Retornando ao

    exemplo do nvel de estoque de um produto em um depsito, a entrega de um

    pedido do produto um evento que altera o estado do sistema, aumentando o nvel

    de estoque. Outro evento ocorre quando um consumidor compra uma ou mais

    unidades do produto, retirando-as do estoque, fazendo com que o nvel de estoque

    diminua. Quando um evento acontece, uma rotina de evento especfica executada,

    sendo ela a responsvel por atualizar o estado do sistema.

  • 46

    2.5.4 Relgio de Simulao

    O comportamento do sistema regido pela ocorrncia de eventos com o

    decorrer do tempo dentro de uma simulao. Isto remete a outro conceito

    importante, o relgio de simulao. Sua funo controlar o avano do tempo e

    reger o funcionamento do simulador. No exemplo da fila do caixa de supermercado

    possvel determinar que o relgio avanar em intervalos constantes de tempo.

    Assim, transcorrido cada intervalo de tempo, as variveis de estado do sistema

    podero sofrer mudanas e eventos podem ocorrer, por exemplo, clientes chegando

    na fila, clientes entrando em servio e clientes terminando de serem servidos e

    deixando o sistema. Outra forma utilizada para fazer a simulao avanar no tempo

    atravs do avano at o prximo evento. Neste caso, os instantes entre os eventos

    no so importantes, o simulador se concentra apenas nos instantes de tempo em

    que os eventos realmente ocorrem. Conforme exposto anteriormente, o sistema

    pode ser modelado de diferentes formas e cabe a quem o modela verificar qual a

    melhor forma para executar esta tarefa. Existe uma forte relao entre o relgio de

    simulao e a ocorrncia dos eventos.

    2.5.5 Contadores Estatsticos e Indicadores de Desempenho

    Dentro de um simulador, alm das variveis de estado, existem os contadores

    estatsticos. Estes contadores so responsveis por manter informaes estatsticas

    de interesse sobre o sistema em questo ao longo da simulao. No exemplo do

    sistema de estoque, exemplos de contadores estatsticos podem ser a demanda

    mdia diria, o intervalo mdio de reposies, o custo de reposio, o custo de

    manuteno de estoque ou a quantidade de reposies de um produto em um ms.

  • 47

    Estes contadores so atualizados ou contabilizados dentro das rotinas de eventos

    (LAW; KELTON, 2000). A escolha dos contadores estatsticos depende do sistema

    em estudo e do que exatamente se pretende obter como informao, atravs do

    exerccio de simulao. A deciso sobre quais contadores sero utilizados no

    simulador fica a cargo de quem modela o sistema.

    No presente trabalho ser utilizado um simulador discreto determinstico. Por

    esta razo, o termo Contadores Estatsticos ser substitudo por Indicadores de

    Desempenho, uma vez que o simulador no ir contabilizar estatsticas.

    2.5.6 Distribuies de Probabilidade, Tipos de Simulao e Cenrios

    Alternativos

    O exemplo do caixa de supermercado, citado anteriormente, representa um

    sistema de uma fila onde pessoas permanecem aguardando pelo atendimento do

    caixa. Este tipo de sistema, denominado Sistema de Filas, de grande interesse da

    teoria de Simulao (LAW; KELTON, 2000). Dentro deste conceito, podem ser

    citados outros exemplos como filas de bancos, atendimento a motoristas em um

    pedgio, uma pista de aeroporto onde existem avies para decolarem e outros para

    pousarem, dentre diversos outros exemplos.

    Ao falar genericamente em um sistema de filas, seu comportamento poder

    ser determinado com base na sua observao. Sero conhecidos horrios de pico

    de utilizao e horrios de baixa utilizao. Este comportamento das filas dado ou

    regido por uma distribuio de probabilidade. Com os dados coletados sobre

    chegadas de clientes, bem como o tempo gasto para cada operao (atendimento),

    possvel identificar a distribuio de probabilidade que melhor representa seu

    comportamento. A descrio de um sistema real via simulao computacional pode

    fazer uso de uma distribuio de probabilidade, ou mais de uma, dependendo do

    nmero de eventos regidos por funes desta natureza. Com estas informaes, o

  • 48

    simulador poder operar imitando o comportamento do sistema real observado. Isso

    no significa que o simulador pode prever o futuro, mas que ele reproduz seu

    comportamento de forma aleatria. Um simulador com esta caracterstica leva o

    nome de simulador estocstico, ou seja, ocorrero eventos aleatrios descritos com

    base em distribuies de probabilidade.

    H ainda outro modelo de simulador, denominado determinstico. Ele no faz

    uso de fatores estocsticos (aleatrios) e pode ser utilizado para simular sistemas

    onde eventos e variveis de estado so regidos por dados determinsticos, de forma

    que, para um conjunto conhecido de dados de entrada, tem-se sempre um nico

    resultado de sada. Um exemplo de aplicao deste modelo pode ser encontrado em

    sistemas de reposio de mercadorias: dado um conjunto de demandas previstas de

    determinado produto para cada dia dos prximos seis meses, e um conjunto (ou

    programao) de reposio de estoque para o mesmo perodo, quanto desta

    demanda ser atendida? Qual ser o lucro obtido? Qual ser o custo da operao?

    Em um simulador determinstico, se as mesmas entradas foram inseridas e o

    simulador for executado diversas vezes, em todas elas ser obtido o mesmo

    resultado, j que no existem fatores estocsticos. Em um simulador estocstico,

    no necessariamente tem-se a mesma resposta em cada execuo, justamente

    devido sua natureza aleatria.

    2.5.7 Projeto de Simulao e Simulador Computacional

    Law e Kelton (LAW; KELTON, 2000) sugerem uma sequncia de passos para

    a criao de um projeto de simulao. Um diagrama desta sequncia poder ser visto

    na figura 2.1.

  • 49

    Figura 2.1 Passos para a criao de um projeto de simulao. Fonte: Adaptado de (LAW; KELTON, 2000)

    1) Formular o problema e planejar o estudo: etapa inicial para

    estabelecimento do objetivo principal do projeto, definio de indicadores

    para avaliao do desempenho de cenrios alternativos, escopo do

    modelo e artefatos computacionais que sero utilizados;

    2) Coletar dados e formular o modelo de simulao: observar o sistema em

    estudo para definio das distribuies de probabilidade a serem utilizadas

    e definir procedimentos operacionais;

  • 50

    3) Modelo vlido: verificar a validade conceitual do modelo junto a pessoas

    com conhecimentos profundos no assunto;

    4) Codificar o simulador em um programa de computador: transformar o

    modelo conceitual em um programa de computador para que possa ser

    executado;

    5) Executar teste piloto: o programa testado para comprovao de sua

    validade na etapa 6;

    6) Programa vlido: avalia os resultados do teste piloto para verificar se o

    programa codificado reproduz o comportamento do sistema real;

    7) Projetar experimentos: definir tempo de execuo e nmero de diferentes

    rodadas do simulador utilizando diferentes sementes para gerao de

    nmeros aleatrios. Definir cenrios alternativos;

    8) Executar experimentos: obter resultados dos experimentos para avaliao

    na etapa 9;

    9) Analisar resultados: verificar o desempenho do sistema nos diferentes

    cenrios simulados e, se for o caso, escolher o mais apropriado de acordo

    com os objetivos do estudo;

    10) Documentar, apresentar e utilizar os resultados: documentar, dentre

    outros, o programa desenvolvido e os resultados obtidos, apresentar o

    modelo e promover discusso a seu respeito, utilizar os resultados obtidos

    em processos de tomada de deciso.

    Ainda segundo Law e Kelton (LAW; KELTON, 2000), a estrutura bsica de um

    simulador computacional segue o fluxograma apresentado na figura 2.2.

  • 51

    Figura 2.2 Fluxograma de um simulador. Fonte: Adaptado de (LAW; KELTON, 2000).

    A simulao inicia pelo programa principal no instante 0 (zero) com a

    chamada da rotina que ir inicializar as variveis de estado, os contadores

    estatsticos e a lista de eventos. O relgio inicializado com zero. Em seguida as

    rotinas de temporizao e rotinas de eventos (1 e 2, respectivamente) sero

    chamadas repetidamente at que a simulao atinja a condio de parada. A rotina

    de temporizao cuida do avano do relgio, seja com intervalos fixos de tempo ou

    pelo avano at o prximo evento. As rotinas de evento ( so responsveis por controlar as variveis de estado e contabilizar os contadores estatsticos da

    simulao. Cada evento poder ter uma rotina prpria e tratar de variveis

    especficas. As bibliotecas de rotinas so tambm utilizadas na gerao de variveis

  • 52

    aleatrias. Ao final sero contabilizados e apresentados os resultados obtidos com a

    simulao.

    2.5.8 Vantagens e Desvantagens do uso de Simulao

    Segundo Pedgen e colaboradores (PEDGEN et al, 1995), Simulao um

    processo de projetar um modelo de um sistema real e conduzir experimentos com o

    mesmo, objetivando entender seu comportamento e/ou avaliar estratgias para sua

    operao.

    Para Banks (BANKS, 1998), as principais vantagens obtidas pela utilizao da

    simulao, so:

    a) possibilidade de explorar o sistema real com modificaes de polticas,

    procedimentos, operaes ou mtodos, com custo relativamente baixo e

    sem interferir no sistema real;

    b) domnio sobre o tempo, j que, no caso de fenmenos que ocorrem muito

    lentamente, o tempo de simulao pode ser reduzido.

    Law e Kelton (LAW; KELTON, 2000) indicam ainda outras vantagens:

    a) possibilidade de estudar sistemas complexos, contendo elementos

    estocsticos, que no podem ser descritos matematicamente e resolvidos

    analiticamente;

    b) melhor controle sobre as condies do experimento em relao ao sistema

    real, uma vez que possvel alterar seus parmetros e avali-lo,

    fornecendo subsdios aos tomadores de deciso;

    c) experimentao de diferentes alternativas, diferente das condies reais

    de operao do sistema.

  • 53

    Law e Kelton (LAW; KELTON, 2000) indicam, por outro lado, algumas

    desvantagens no uso desta tcnica, a saber:

    a) modelos de simulao devem ser executados vrias vezes para

    averiguao de seu desempenho, uma vez que tm natureza estocstica;

    b) o modelo, criado a partir da observao do fenmeno ou sistema no

    mundo real, deve ser validado, a fim de garantir que seus resultados

    sejam compatveis e aplicveis;

    c) os dados de entrada precisam ser corretamente inseridos no modelo;

    d) a simulao no otimiza o fenmeno ou sistema, apenas testa as

    alternativas que o analista que a utiliza quer averiguar.

    H diversas aplicaes para simuladores, alm daquelas j citadas em

    exemplos anteriores. Um exemplo bastante conhecido o simulador de vo, que

    pode reproduzir condies climticas, panes e outras situaes, sendo largamente

    utilizado na formao de pilotos. Outros exemplos a serem citados so simuladores

    financeiros, simuladores de linhas de produo, simuladores para avaliao de

    sistemas de atendimento como call centers, hospitais, restaurantes, aeroportos,

    estradas, sistemas de sinalizao de vias, gerenciamento de cadeias de

    suprimentos, alm do anteriormente mencionado sistema de gerenciamento de

    estoques. Esta lista bastante extensa, no ficando limitada apenas aos exemplos

    comentados.

    2.6 Otimizao Combinatria

    Muitos problemas de importncia prtica e terica se preocupam com a

    escolha da melhor configurao ou conjunto de parmetros possvel para alcanar

  • 54

    determinado objetivo. A Otimizao Combinatria estuda problemas de otimizao

    que possuem um conjunto finito de possveis solues, chamado de espao de

    solues (PAPADIMITRIOU; STEIGLITZ, 1998). um ramo da Cincia da

    Computao e da Matemtica Aplicada (TAHA, 1997).

    Em um problema de otimizao, busca-se a obteno de uma soluo para

    um problema. Atravs de uma medida de qualidade possvel medir o quo boa

    uma soluo . Pode-se buscar a maximizao ou minimizao desta medida,

    dependendo do problema tratado e do objetivo a ser alcanado. Em geral, difcil

    determinar o quo prxima a soluo enco