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SOM NAS IGREJAS
A paróquia de São Francisco de Assis, em Queimados, na BaixadaFluminense (RJ), é um exemplo de como a Igreja Católica começa a ficarmais atenta para o áudio em suas igrejas. O objetivo é trazerinteligibilidade para a mensagem, com prioridade para uma coberturasonora bem distribuída.
Miguel Sá[email protected]
Paróquia
D
de São Francisco de Assis, em Queimados
e uns tempos para cá, também ostemplos da Igreja católica come-çam a dar mais importância para o
áudio. Afinal de contas, é preciso que osfiéis consigam ouvir o sermão do padre,além das bandas, com participação cadavez mais ativa nas missas, como explica opároco Matteo Vivalda, de origem italia-na, em Queimados desde 2003. “No Bra-sil, a música tem um espaço privilegiadodentro da celebração litúrgica. De vez emquando, recebemos visitas de colegas eamigos (de fora do país) que ficam real-mente impressionados pela participaçãodo povo na liturgia, sobretudo no canto”.Visto isso, o padre achou importante que,ao construir a nova igreja da paróquia, em
2003, o som também estivesse entre as pri-oridades. “É claro que um som bom é im-portante. A comunicação é essencial. Épreciso que a mensagem chegue aos fiéislimpa e de maneira eficiente”, diz Matteo.
Durante o período de pesquisas, duasempresas chegaram a fazer o orçamento.Mas o consultor e projetista Marcos Vinícius é que foi contratado, com a ajuda dofreqüentador da igreja Waltecyr. Ele en-controu Marcos Vinícius com a interme-diação de uma loja de equipamentos deNova Iguaçu, outro município da Baixa-da Fluminense. Marcos foi chamado parafazer o projeto de sonorização da igrejadentro de parâmetros bem definidos decusto-benefício. A escolha dos equipa-
mentos e a configuração deles na igrejateve a participação dos integrantes da pa-róquia mais envolvidos com o áudio. Opadre, por exemplo, teve participação ati-va na escolha do tipo de microfone queseria usado.
A sonorizaçãoA igreja mede 33 metros de largura por
15 de comprimento. A construção é sim-ples e não foi feito um projeto acústico es-pecífico para o local, o que tornou o traba-lho de Marcos um pouco mais complexo. Aidéia é que houvesse uma cobertura boa dolocal sem que fosse necessário o uso de umvolume alto. A inteligibilidade da mensa-gem e o conforto dos freqüentadores da
A igreja, do fundo para a frente, com as caixas de delay e a monitoração no palco
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igreja eram as prioridades que o projeto de-
via seguir. Marcos procurou então equipa-
mentos nacionais que considerasse confiá-
veis. “A idéia é que fossem confiáveis e de
fácil acesso”, comenta o projetista.
As caixas escolhidas para a sonorização
da igreja foram gabinetes da Taw 112 TI,
com tweeter e falantes de 12 polegadas de
titânio. Na monitoração em sidefill do placo
e do mezzanino na parte traseira da igreja,
onde eventualmente um coral canta, foram
usadas caixas de monitor da Frahm RF1000,
de duas vias, com falante de 12 polegadas e
via para médias e altas com cornetas CHM
1725. No rack de amplificação, um amplifi-
cador Ciclotron Wattsom DBK 2000 , dois
DBK 3000 para as caixas de delay e um
DBK 4000. Como não há tratamento acús-
tico, ainda há um set de equalização gráfica
da Ciclotron para filtrar as freqüências que
sobram e um multigate da Behringer, prin-
cipalmente para proteção dos microfones
condensadores da TSI e evitar as realimen-
O padre Matteo Vivalda lembra que a
Igreja Católica tem uma tradição musical
muito antiga, apesar de hoje ser conside-
rada um tanto defasada na questão da
música e do som. “Nós acreditamos na im-
portância do som, seja pela voz ou pelos
instrumentos, como um complemento das
celebrações. Mas se olharmos a história da
Igreja Católica, basta lembrar do canto
gregoriano. Eu me lembro quando era cri-
A Igreja Católica e a música
ança, na Itália, todas as igrejas, até as sim-
ples, tinham órgão. A igreja onde trabalhei
quatro anos atrás tinha um órgão de 1600.
Uma coisa belíssima, e tinha cantoria”. Se-
gundo o padre, a situação começou a mu-
dar com as modificações na liturgia feitas
na década de 60. “Houve uma espécie de
crise da música e estamos custando a nos
adaptar, mas a tradição musical da Igreja
é muito antiga”, comenta Vivalda.
tações que podem acontecer nos médios da
região da voz. Um dos equalizadores gráfi-
cos é um CGE 2312 S, usado para as caixas
de P.A. e delay mais dois CGE 2151 para os
monitores. A mesa de som é uma Ciclotron
CSM 24.4 IS C, de 24 canais. Não há
monitoração específica para os instrumen-
tos, apenas as caixas em sidefill para o padre
e o coral. Os microfones utilizados são, em
sua maioria, osTSI C3. O padre usa um sis-
tema sem fio, também da TSI. Há também
P.A. com caixas de duas vias
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Lista de Equipamentos
- Oito caixas Taw 112 TI, com tweeter e
falantes de 12 polegadas de titânio
- Quatro monitores Frahm RF1000
- Amplificadores Ciclotron Wattsom
DBK 2000, dois DBK3000 e DBK4000
- Dois equalizadores gráficos Ciclotron
CGE 2151
- Um equalizador gráfico CGE 2312
- Mesa Ciclotron CSM 24.4 IS C, de 24 canais
um kit de bateria da Superlux com seis pe-ças: dois overall, um para bumbo (modeloPRA 218) e três para tons e caixa (modeloPRA 228).
O conceitoPara resolver a questão do volume, o
projetista definiu três pontos de emissão emcada lado da igreja: foram usados dois decada lado do palco, quatro de cada lado naparte central da igreja e dois na parte detrás. Desta forma, ele conseguiu diminuir adistância entre as fontes sonoras e osfreqüentadores. “Em um templo comoeste, de pé direito alto, tivemos de aproxi-mar as caixas dos membros da igreja ecolocá-las de maneira que não precisasseter um nível de decibéis muito alto, paraque a mensagem não se desvirtuasse”, res-salva o projetista. “Em todo o espaço dotemplo a mensagem pode ser entendidasem nenhum tipo de realimentação. A pes-soa que não entende de som sente-se maisà vontade e retorna ao templo”, completa.
Os equalizadores e o Multigate têmum papel importante na sonorização.
“Tem de haver uma atenuação no equa-lizador, que deve ser preciso para que sejafeita apenas uma filtragem de realimenta-ção”, comenta Marcos Vinícius, ressaltan-do o cuidado para que o som da igreja nãofique descaracterizado. Foram feitos di-versos testes para que não houvesse bura-cos na cobertura e verificar as freqüênciasque ressoavam na sala para que fossematenuadas nos equalizadores gráficos.
Do ponto de vista da operação, não hámuito trabalho para o técnico, como expli-ca Leonardo Nascimento, um dos respon-sáveis pelo áudio, com Waltercy e AndréLuís. “Faz um ano e meio que entrei naequipe. Não precisa mexer muito (nosom), só no microfone do leitor e do co-mentarista, porque são pessoas diferentesque vão ler. Nos microfones de corais nãoprecisa mexer muito, e temos dois microfo-nes para padre, porque são dois padres naigreja”, comenta o técnico. Como nãopode deixar de ser, foi feito um sistema deaterramento para o equipamento de áudioda igreja. “Essa parte de alimentação dosom tem proteção própria, derivação pró-
pria para todo o sistema ter independênciano aterramento”, explica Marcos. Um bomexemplo de como isso pode ser importanteé que o equipamento não sofreu danoscom um raio que caiu na região e trouxediversos problemas para as pessoas que mo-ram na localidade.
ConhecimentoNão adianta ter o equipamento se ele
não pode ser operado de forma correta.Além da questão técnica, de uma mon-tagem correta, a forma como o equipa-mento é tratado influencia muito no de-sempenho dele. Marcos Vinícius destacaa importância do preparo dos operadorespara que o equipamento tenha uma vidaútil longa. “Você pode ter um sistemaque dure um tempo indefinido ou queacabe rápido se não tiver gente discipli-nada, que queira realmente evoluir. OBrasil abriu as portas da tecnologia e hojesó não aprende quem não quer. TemInternet e bastante acesso à informação”ressalta o projetista, destacando o desem-penho da equipe da igreja.
Mesa de som com 24 canais apenas para P.A. Microfones ligados em conexões no chão No rack, equalizadores e limiters
Léo é um dos três técnicos da equipe de som da igreja O Padre Mateo e Marcos Vinícius