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P A R Q 4 9 P A R Q 4 9

P A R Q P A R Q

F e v e r e i r o M a r ç o F e v e r e i r o M a r ç o2 0 1 6 2 0 1 6

M a g a z i n e M a g a z i n e

EDITORIAL

OITO ANOS

Queremos celebrar o 8º aniversário da PARQ com vocês, leitores com quem partilhamos uma perce-ção inconformada do mundo. Por vezes idealista ou absurdamente cruel, foram oito anos que con-solidaram a visão que temos do mundo e que, de uma forma ou de outra, teve sempre algum eco. Temos o prazer de acompanhar uma geração com a qual sentimos os mesmos sonhos e angústias e que, graças a essa ligação, tornaram a PARQ numa revista de culto na sociedade portuguesa.

Nesta edição, destacamos os Tinderstiks, a prova viva de um clássico que caminha para o essencial, evidenciando mais uma vez a sua eterna juventude. Porque a flor da idade é para aqui chamada, faze-mos também referência aos novos chef’s que revo-lucionam a cozinha contemporânea em Portugal: Carlos Fernandes, Manuel Lino e Nuno Bergonse.

Sendo a PARQ construída a partir de realidades díspares e antagónicas, mas que convivem em pa-ralelo, o tema central da edição é a atual crise dos refugiados, desta vez pela visão de alguém que está no terreno. Numa entrevista à PARQ, o fotógrafo Mohammed Alkouh conta de que forma o seu tra-balho artístico resgata a esperança de quem se en-contra no meio deste inferno humanitário.

Para os que encontram a PARQ nos lugares habi-tuais, sugiro que escolham espaço aberto, talvez um dos jardins ou miradouros da capital que, pela evidente claridade, permitem uma leitura agradável.

por Francisco Vaz Fernandes

DIRECTORFrancisco Vaz Fernandes [email protected]

EDITORFrancisco Vaz [email protected]

COORDENAÇÃO DE MODADaniel RibeiroSérgio Simões

DIRECÇÃO DE ARTEValdemar Lamego [email protected]

PERIOCIDADE: BimestralDEPÓSITO LEGAL: 272758/08REGISTO ERC: 125392

EDIÇÃOConforto Moderno Uni, Lda.NIF: 508 399 289

PARQRUA QUIRINO DA FONSECA, 25 – 2 ºESQ.1000 -251 LISBOAT. 00351. 218 473 379

IMPRESSÃOEURODOIS 12.000 exemplares

DISTRIBUIÇÃOConforto Moderno Uni, Lda.A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2015 PARQ.

ASSINATURA ANUAL12 euros

YOU MUST

OkudaJimmy the BullMAATSara FeioJosé EspinhoMúsica no CinemaLevisCheymoore10 DiscosSam AloneMaternidadeDiogo EspectroHibuModaBelezaShopping

SOUNDSTATION

Anderson .PaakTindersticks

CENTR AL PARQ

ChefsMohammed AlkouhPaolo Cappello

FASHION

CloserColor Unblock

PARQ HERE

Miss JappaBubble TeaSpot Real

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Street ArtFotografia

ArquitecturaIlustração

DesignMúsicaModa

MúsicaMúsicaMúsicaMúsica

Música / ArteModaModaBelezaModa

MúsicaMúsica

GastronomiaFotografia

Design

ModaModa

RestauranteDrink

Diversão

TEXTOS

Ana RodriguesAntónio Pereira RibeiroCarla CarboneCarlos Alberto OliveiraDiogo SimãoFrancisco Vaz FernandesJoana TeixeiraMarcelo MarceloMaria São MiguelMariana ViseuPedro LimaRoger WinstanleyRui Miguel AbreuSara BernardinoTeresa Melo

FOTOS

Ana Luísa SilvaAndy DyoAntónio MedeirosCarlota AndradeJoelma AguiarPedro PachecoSilvia Martinez

STYLING

Diogo RibeiroJoana BorgerMorgana AndradeSérgio Simões

www.parqmag.com

fotografia por António Medeirosass. fotografia por Sara Pinheiro

styling por Daniel Baptista Ribeiro & Rita Cerqueira

ass. styling por Joana Borgesmake-up por Inês Aguiarhair por Cláudio Pacheco

modelos @ KaracterAgency Beatriz AmaralCarla PereiraLucas Ribeiro

LUCAS: óculos em metal MARC JACOBS, pólo em jersey de algodão LACOSTE, camisa de

ganga de mangas compridas LEVI’S

BEATRIZ: colete em ganga COS, brincos em metal H&M

CARLA: casaco de ganga H&M STUDIO, calças de ganga CHEAP MONDAY, brincos em metal H&M

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texto por Joana Teixeira

www.okudar t .es

Em Llanera, nas Astúrias, um templo antigo foi convertido em La Iglesia Skate pelo coletivo de skaters LA CHURCH BRIGADE, que construiu as rampas dentro do espaço seguindo uma filosofia DIY. Em 2014, o artista espanhol OKUDA SAN MIGUEL encontrou este altar de peregrinação da cultura skate e apaixonou-se pelo seu conceito moderno adaptado a uma estética construída há mais de 100 anos.

Inebriado pela essência urbana do espaço, OKUDA visualizou a forma perfeita de o complementar. Inspirado pela sua instalação Kaos Star, uma rosa-dos-ventos assimétrica e colorida, o artista reinventou o interior da igreja através de formas geométricas, desenhos

caleidoscópicos e figuras surreais: coloriu paredes, tetos e arcadas, qual MIGUEL ÂNGELO pintando a Capela Sistina. OKUDA transformou La Iglesia Skate no Kaos Temple, a jóia da coroa do seu repertório artístico.

O skatepark foi reinaugurado em Dezembro do ano passado com a presença do skater DANNY LÉON e gerou uma forte agitação cultural devido à sua expressão artística única que desafia a própria história da arte.

La Iglesia Skate aka Kaos Temple de Okuda está agora aberta a entusiastas do skate e apreciadores de arte contemporânea em geral.

Kaos Temple

byOkuda

Y o u M u s t S e e

P A R Q M a g a z i n e4 FREDPERRY.COM

Authentic Store LisboaRua do Ouro, 234

Authentic Store PortoArrábida Shopping, Lj 107

texto por Joana Figueiredo

texto por Joana Teixeira

www.j immythebull.com

Um dia, o artista brasileiro RAFAEL MANTESSO deu por si sozinho numa casa vazia sem mobília nem decoração: a única coisa que a sua mulher lhe tinha deixado foi Jimmy Choo, um bull terrier.

MANTESSO pegou numa câmara fotográfica e começou a fa-zer retratos do cão, reinventando depois as fotografias com um marcador e construindo assim uma história de fantasia na qual Jimmy é o protagonista.

Jimmy The Bull transformou-se num fenómeno imagético no Instagram e as suas aventuras podem também ser folhea-das num livro homónimo. RAFAEL é o diretor criativo da vida de Jimmy, ilustrando-o em atividades como ler, voar, lavar os dentes ou vestindo a pele de outros animais como um tuba-rão, um leão ou um coelho.

Em nome da arte, sempre é melhor ficar com o cão do que mal acompanhado.

MAAT é a nova coqueluche cultural da contemporânea Lisboa, o novo museu da Fundação EDP a ser inaugurado em Outubro deste ano. À beira Tejo plantado, em Belém, o edi-fício foi concebido por AMANDA LEVETE, uma das grandes es-trelas da arquitetura contemporânea, conhecida por propor edifícios que combinam formas fluídas e orgânicas com tec-nologia avançada. Sempre com propostas futuristas, LEVETE –que ganhou recentemente o novo projeto de extensão do VICTORIA AND ALBERT MUSEUM em Londres– propõe para

Lisboa 3 mil metros quadrados de galerias, um restaurante com vista panorâmica e uma escadaria exterior a desaguar no rio. O arquiteto PEDRO GADANHO será o director do futuro museu, que promete um programa de exposições nacionais e internacionais centradas na cultura contemporânea e que co-locará em simbiose artes visuais e media, arquitetura e cida-de, tecnologia e ciência, sociedade e pensamento.

O MAAT é o novo concorrente a património cultural.

Jimmythe Bull

M A A T

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INDIVIDUAL STYLEUNITED SPIRIT

TASHA VLOGGER

PARQ_Ad_210x297mm_Tasha.indd 1 06/08/2015 10:49

*Estilo Individual | Espírito unido

O portefólio de SARA FEIO é um tesouro de texturas vi-suais e detalhes que se conectam sobretudo com a natureza. Parecendo saltar das páginas de uma fábula invulgar, as suas personagens carregam consigo uma sensação de movimento e subtileza e projetam uma visão mitológica sobre a realidade.

Habituada às artes desde muito cedo –a avó, professora de Artes e pintora e os pais, atores– SARA FEIO (31 anos) encon-trou na ilustração o instrumento perfeito para se manifestar.

Quem acompanha o percurso da ilustradora, apercebe-se do esforço e da preocupação em manter a qualidade das imagens produzidas, procurando nunca ofuscar a liberdade criativa que a define: «embora tenha os meus projetos pessoais onde faço o que me dá na cabeça –Pernas de Alicate sendo um deles– tenho tentado melhorar duas vertentes específicas do meu trabalho: stippling e linha; e as máscaras feitas em papel.»

Contudo, é a biologia e a anatomia animal os atributos que do-minam o seu trabalho. «Sempre tive um enorme fascínio por animais num ponto de vista fantasioso, não no sentido dos ani-mais reais mas daquilo que simbolizavam ou aquilo que eu ima-ginava que seriam se tivessem vozes e atitudes humanas.» A di-cotomia presa/predador no artwork para a banda KEEP RAZORS SHARP, as criaturas mitológicas no âmbito do 10º aniversário da LX’s Music, não esquecendo as máscaras psicadélicas em papel para diversos videoclips são apenas alguns dos trabalhos que sobressaem no seu website oficial.

Enriquecida continuamente por diferentes inspirações, «mui-tas nem são de desenho e ultimamente ando particularmente fascinada por escultura e cerâmica contemporânea,» foram as ilustrações do AUBREY BEARDSLEY que há 15/16 anos cativaram a artista para o desenho de linha. «Ele fazia trabalhos delicados cheios de pormenor, com flores e floreados mas que ao mes-mo tempo conseguiam ser satíricos ou até escandalosos.»

Quanto ao desenvolvimento do processo de criação, este tem sempre início por uma pesquisa prévia. Logo, aparecem as ideias, formam-se os conceitos, conjuram-se os esboços, aper-feiçoam-se os detalhes. «Faço quase sempre mais do que uma opção de layout, mas raramente as mostro aos outros, são só para mim. A duração de cada passo depende do nível do desa-fio e do tempo que me dão.»

E os instrumentos? «Para além da Wacom, para os traba-lhos digitais, são as folhas de papel vegetal, o meu material--fetiche para desenhar. Junta-lhes uma caneta Micron 0,05 e é uma orgia.»

Admiravelmente apurados, a cor, a fisionomia e o vigor das fi-guras criadas são por si só capazes de transportar a mente para universos quiméricos. Como ilustradora, são os mundos alternativos e as suas narrativas surreais, os seus lugares. «Isso permite-me viver nos bastidores, sem me expor demasiado mas dando o suficiente de mim para sentir que me consigo ex-pressar e que tenho uma voz.»

No fundo, é a linguagem pictórica que distingue SARA FEIO. Com uma sensibilidade inigualável, há em cada ilustração uma espécie de jogo entre o real e o fabuloso, a quietude e a provo-cação, como uma história que rompe a superfície da consciên-cia e penetra o sonho.

Y o u

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M u s t S e e

M a g a z i n e M a g a z i n e

Y o u M u s t S e e

I lustrações de uma Fauna Reinventada

www.sarafeio.com texto por Teresa Melo

S a r a F e i o

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O designer JOSÉ ESPINHO já há muito merecia uma exposição desta envergadura dada a sua extensa obra. José Espinho, Vida e Obra, no piso 3 do MUDE (Lisboa) é a homenagem ao homem que, com a OLAIO e a SOUSA BRAGA, criou peças es-senciais da arquitetura de interiores em Portugal.

Num primeiro momento, a exposição está organizada segun-do a vida do autor, perfilada com os seus objetos pessoais e retalhos de vida. De seguida é salientada a colaboração que teve com a Câmara Municipal de Lisboa, onde se faz menção do design gráfico e de diversas exposições. Por fim, eviden-cia-se a atividade que realizou junto da firma MÓVEIS OLAIO.

A curadora GRAÇA PEDROSA teve em 2013 na Galeria Bessa Pereira, um primeiro ensaio sobre a obra de JOSÉ ESPINHO que agora aparece ampliada. O trajeto do designer teve início nos anos 40, através da criação das cadeiras de estilo rústico com o característico espaldar recortado em forma de cora-ção. Na década seguinte, a sua abordagem é mais internacio-nal, entrando neste período as cores viçosas e materiais no-vos de origem sintética.

Espinho viajou intensamente entre 1950 e 1960, influenciando profundamente o desenvolvimento do seu critério estético. Cidades como Milão, Colónia ou Copenhaga moldaram-lhe o gosto e as formas dos objetos que criava. A mesa Modelo Folhas (1962) é um bom exemplo e que alude a uma outra de A.YOUNGER, a qual se revelam algumas analogias. Por sua vez, a superfície da cadeira Modelo Folhas apresenta-se em for-ma de folha, incrustada, que lhe dá o nome, e sugere o tam-po de mesa, Model no. 9015, em pauduk laminado, de TAPIO WIRKKALA, desenhado em 1958.

A exposição pauta-se pela diversidade e intensidade, denuncia-dora da forte dedicação de JOSÉ ESPINHO a esta causa. Nela po-demos ver cómodas, toucadores, secretárias, maples, estira-dores e uma profusão de fotografias sobre o trabalho do autor.

A exposição está patente até dia 6 de Maio de 2016.

José Espinho O designer que

mobilou Por tugal

Y o u M u s t S e e

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texto por Carla Carbone

fotografia por Luísa Ferreira

www.mude.pt

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“One great rock show can change the world!”. Este é um dos mantras professados pela personagem de JACK BLACK no subva-lorizado clássico de RICHARD LINKLATER, School of Rock (2003).

Aplicando essa teoria ao reino da 7ª arte, dir-se-ia que uma grande canção de rock pode mudar um filme, conferir-lhe um significado transcendente, espetar-lhe com uma dose abun-dante de badassness na veia ou simplesmente ajudar a intro-duzir uma personagem na maneira mais épica possível.

Em The Doors (1991), realizado por OLIVER STONE, JIM MORRISON (a melhor interpretação da carreira de VAL KILMER) tem uma trip psicotrópica em cima do palco. Lançando-se para o meio do público, canta e dança com(o) um índio ao som das músicas “Dead Cats”, “Dead Rats” e “Break on Through (to the other side)”. Encapsulando perfeitamente o espirito da banda e do filme, esta cena é indispensável à compreensão do seu todo.

No filme Reservoir Dogs (1992), de QUENTIN TARANTINO, Vic Vega (MICHAEL MADSEN) diverte-se a torturar um polí-cia. Ao clássico estilo deste realizador, é empregada uma das suas músicas de eleição: “Stuck in the Middle With You” dos STEALERS WHEEL. Servindo de contraponto à brutalidade apli-cada por Vega, o rock da banda britânica oferece uma diverti-da batida da qual facilmente se bate o pé.

Por último, em The Big Lebowski (1998), realizado pelos ir-mãos COHEN, Jesus (interpretado por JOHN TURTURRO) apre-senta-se à audiência enquanto lambe uma bola de bowling, realiza um strike, dançando e provocando os seus adversá-rios. Tudo ao som da versão dos THE GIPSY KINGS de “Hotel California”. Haverá introdução mais memorável que esta?

Y o u M u s t L i s t e n

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texto por Diogo Simão

Rock

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filmes

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Art_MdLx-Kiss_Parq_210x297.pdf 1 03/03/16 16:32

Mais de 50 mil seguidores no Instagram, este é o melhor cartão-de-visita do user “umtiago”, ou melhor dizendo, de TIAGO SILVA. Tudo começou por uma brincadeira, só porque a namorada também estava nessa rede social, mas desde que passou a ser sugerido pela equipa do Instragram, reconhece a satisfação de se ver sucedido em cada Like de um novo Post. Não gosta de complicações e até por isso não é fácil explicar o seu sucesso, quando muitos fazem o mesmo, mas não é indi-ferente que TIAGO SILVA trabalhe no mundo da imagem e tanto

no Instagram como na agência de publicidade, trabalhe em du-pla onde tudo é planeado ao milímetro. É esse gosto pelo ri-gor que encontra num modelo icónico como os 501, que faz com que seja sempre a sua opção natural quando sai de casa.

Qual foi a tua primeira história com umas LEVIS?Deve ter sido quando nasci. Eu ainda de fraldas, mas com um pai baboso com as suas 501. Deve ser genético.

O que representa para ti as tuas 501?Mais do que um par de calças, umas calças em denim ímpares.

Como muitos portugueses, a RITA CAROLINA desdobra-se para levar a vida pela frente. Faz o que ama e as suas 24 horas transpiram moda e música, quase sempre com as suas LEVIS. Tornou-se numa Dra. Denim nos 5 anos que está à frente da loja da LEVIS do Chiado mas também carimba no RCA Club para estar com a “família” e ganhar um extra. Tem um estilo muito pessoal, inspirado na juventude rebelde americana dos anos 50 e como tal, as suas 501, mais ou menos ajustadas, fa-zem parte do seu look. Os seus jeans são fonte de inspiração para os seus clientes que não a deixam de surpreender. Já lhe parece normal um cliente entrar na loja e querer o modelo de jeans que está a usar. Tal como um senhor lhe fez crer, as “calças não reconhecem cus!” e como tal, somos nós que moldamos os nossos jeans. Não há dois iguais.

Qual foi a tua primeira história com a Levis?Muito sinceramente começou no instante em que pus o pé dentro de uma loja para deixar um simples curriculum. Senti--me assustada e ao mesmo tempo fascinada com todo o uni-verso que via. Eram centenas de jeans perfeitamente alinha-das, um cheiro característico e pensei naquele instante “isto deve ser brutal, mas como é que se entendem aqui dentro?” Passados cinco anos a historia continua, mas com as minhas LEVIS vestidas. Devo dizer que nunca mais me senti capaz de usar qualquer outro jeans que não sejam as minhas LEVIS. Sei de cor cada pormenor dos nossos jeans, cada acabamento, o cheiro dos jeans já vem entranhado comigo para casa. É caso para se dizer que é amor às Jeans.

O que representa para ti as tuas 501?Power, conforto. O meu verdadeiro lado de “que se lixe o resto.”

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texto por Francisco Vaz Fernandes

fotografia por Andy Dyo

styling por Sérgio Simões

make-up por Luciano Fialho

Tiago SilvaCopywriter, Instagramer e Dj

Rita Carolina Santos Sub-gerente de loja e Bar tender

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Com uma carreira internacional como Dj, BRUNO CARDOSO, mais conhecido por XINOBI recorda que as primeiras 501 fo-ram uma enorme conquista e motivo de orgulho, porque era o ponto alto entre pares num liceu português da sua época. Muitos anos depois, tornaram-se naquele básico cómodo que não pode faltar quando entra em tournée. O ritmo pode ser alucinante e uma ida aos Estados Unidos, pode representar datas de atuação seguidas, que incluem muitas horas de voo e duas de sono por dia, como já lhe aconteceu. Para o se-nhor, que teria gostado de juntar numa noite perfeita, ENNIO MORRICONE e o SCIENTIST, o cheiro dos jeans joga com o seu sentido prático e assegura-lhe uma boa imagem pública des-preocupada fora e dentro do palco.

Uma história que te lembres com as tuas Levis?Lembro-me de particularmente de umas LEVIS escuras e de um blusão que comprei numa loja perto de casa. Com a ajuda da minha mãe, coloquei um patch de Metallica. Um combo mag-nifico que exibi com orgulho num concerto deles em Alvalade.

O que representam para ti as 501?501 é (e sempre será) o número mágico que associo à LEVIS. Esse número e os confortáveis 32/32 que é o tamanho que vis-to. Sempre as vi como o cânone das calças de ganga atuais por ser uma peça de vestuário que evoluiu a partir das necessida-des de um operário até se tornarem uma referência pop, om-nipresente. Do oeste americano até ao Denim Demon cantado pelos noruegueses TURBONEGRO, com tudo o que há pelo meio.

Para os que seguiram a primeira edição do Masterchef Portugal, ANN-KRISTIN é a modelo dinamarquesa que con-seguiu chegar a final do programa. Há 14 anos a viver em Portugal, primeiro por imposição do pai, adido militar trans-ferido para Lisboa, depois por opção porque nunca mais pode deixar o nosso calor, ANN-KRISTIN sempre lutou pela sua independência. Aos 18 anos já era autónoma e vivia dos trabalhos que uma carreira de modelo garantiam. Mas o gos-to pela boa comida levou-a desde cedo para cozinha e daí saiam bolos e jantares que confecionava para um círculo de amigos proporcionando desde cedo um extra. Sempre usou LEVIS, até porque fazia parte de imagem neutra com que se apresentava como modelo mas considera que os seus jeans representavam no essencial o seu espírito de independência e a sua capacidade de vencer. Confessa que deve ter surpreen-dido no MasterChef porque ninguém esperaria de uma mo-delo tanta capacidade de desafio. “Nunca podemos julgar um livro pela capa!”

A tua primeira história com umas LEVIS.As minhas primeiras LEVIS foram herdadas da minha irmã que era sete anos mais velha. Acho que as usei quatro anos segui-dos. Na época, numa escola dinamarquesa umas 501 eram uma peça essencial para estar na moda. Eu adorava tudo o que a minha irmã usava, era o meu ídolo, por isso tudo o que ela me passasse era como se estivesse a receber um tesouro. Estava sempre à procura de oportunidades para estar no quarto dela às escondidas para experimentar sem autorização tudo que ela tinha. Curiosamente estas calças também vieram comigo quando cheguei a Lisboa pela primeira vez. Foram cortadas e passaram a ser uns calções.

O que representam para ti as 501?Independência, mas também Portugal e o bom tempo que aqui faz. Serão sempre lembranças felizes dos tais calções que nasceram de umas 501 velhas.

P A R Q M a g a z i n e P A R Q M a g a z i n e

W e A r e 5 0 1 W e A r e 5 0 1

Bruno Cardoso Dj, Produtor e Programador

de música de dança

Ann-Kristin Wenzel Chef e Modelo

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Y o u M u s t L i s t e n

P A R Q M a g a z i n e

Y o u M u s t L i s t e n

P A R Q M a g a z i n e

BRUNO SANTOS é o nome impresso no Cartão de Cidadão do artista português nascido e criado em Viseu. Aos 18 anos mu-dou-se para Lisboa, viveu também um semestre em Istambul e outro em Paris. Agora está de malas feitas para Berlim. Não podia deixar de falar com ele antes de emigrar!

Mas quem é ele? É um jovem artista com um percurso invulgar. Esteve quase a concluir a licenciatura em Medicina Nuclear, de-pois percebeu que era a desenhar e manobrar os pincéis que era mais feliz. Abandonou o curso e transferiu-se para Design na Faculdade de Arquitetura da antiga Universidade Técnica de Lisboa, agora Universidade de Lisboa. Foi no mundo dos lá-pis, das canetas, dos pincéis, das reflex, do Creative Suite da Adobe e da música mais experimentalista que BRUNO SANTOS se mutou em MAX BINSKI –nome de uma faixa do duo NSI.

Os seus trabalhos preferidos são os artworks feitos para os dis-cos n.º 2 (Vlad Claia), o n.º 6 (Radiq) editados pela sua PLUIE/NOIR e os encomendados pelas editoras CLIMAT e HDNSM, pela promotora francesa IN/SIDE, pelo clube GARE PORTO e pelo bar LITTLE RED DOOR em Paris. Ao verem o seu portefólio percebe-rão que estamos na presença de um homem que também foi e parte dele ainda continua a ser das Ciências. Irão observar as influências matemáticas, a organização sistemática e, sobretudo nos trabalhos plásticos, uma descarada obsessão pelos detalhes.

A produção musical é mais tardia do que as manifestações e cria-ções visuais. Aos 23 anos, entre a maquinaria, o Ableton e todo o som emanado pelos monitores, nasceu uma outra nova muta-ção batizada de CLEYMOORE. BRUNO cria durante a noite e a ver-dade é que se sente tal influência nas suas edições. As subtilezas e o hipnotismo do ambiente imperam na sua música. CLEYMOORE deseja criar uma sensação de deslocamento espacial e temporal causado por frequências pouco comuns e a repetição de elemen-tos. Explicou-me que é por isso que os seus temas têm duração entre 10 a 30 minutos, pois acredita que só desta forma conse-gue provocar desorientação nas pessoas, uma manifestação do deslocamento supramencionado. Por isso, quando lhe pergunto como descreve a sua música de forma sintética me respondeu: Micro-abstrato-techno-hypno-eletrónica.

Cleymoore é também DJ e tocou em várias referências inter-nacionais: no CONCRETE e no Rex Club (Paris), no Picknic Electronic (Montreal), no Club Der Visionaere (Berlim) e voou até ao Extremo Oriente para tocar no AIR TOKYO e, no que é o Boiler Room japonês, o Dommune. E em Portugal? Já se apoderou dos pratos e mesa de mistura de clubes como o

Gare Porto, o MINISTERIUM ou as idílicas festas FOMO que aconteceram no verão passado em Lisboa.

As duas mutações de BRUNO SANTOS “CLEYMOORE” e “MAXBINSKI”, formaram e firmaram uma sociedade e começaram a colabo-rar com a fundação da PLUIE/NOIR em 2012. “Eles” são os cura-dores audiovisuais do projeto: o primeiro trata das questões da música e som, enquanto que o segundo se multiplica em funções, desde o design gráfico à web, dos vídeos ao artwork.

Possivelmente, o nome mais sonante publicado na sua editora PLUIE/NOIR é o romeno PETRE INSPIRESCU que BRUNO conheceu pelo velho MySpace. Enviou uma mensagem a PI ENSEMBLE inter-rogando-o se este não seria um disfarce de PETRE INSPIRESCU e recebeu a confirmação do próprio! Começaram a falar a partir daí, uma ligação natural de quem partilha visões semelhantes e que se mantém até hoje.

Com as malas feitas, para Berlim –cidade onde me disse que tem cada vez mais pessoas com quem colabora em múltiplos projetos– revelou-me que este será um ano com novas edi-ções na PLUIE/NOIR, colaborações internacionais e também ano de showcase da sua editora no novo Lisboa Dance Festival. MAX BINSKI, CLEYMOORE e a PLUIE/NOIR têm muito para oferecer. Mas melhor, o que têm para presentear é fora da norma!

www.maxbinski.com

soundcloud.com/cleymoore

www.pluienoir.comVlad Claia

Radiq

texto por Marcelo Marcelo

M a x B i n s k i

C l e y m o o r e

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P A R Q M a g a z i n e P A R Q M a g a z i n e

Aguardam-se dez álbuns com expectativa –sendo que alguns têm edição para breve– pelos quais se espera que iluminem os dias que aí vêm.

I. Comecemos pelos veteranos PRIMAL SCREAM, que edi-tam a 18 de março Chaosmosis, do qual já se conhece o sin-gle “Where the Light Gets In”, com a colaboração de SKY FERREIRA, numa canção altamente groovy.

II. O segundo álbum da eletrizante sueca ELLIPHANT, Living Life Golden, será lançado a 25 do mesmo mês.

III. O primeiro dia de abril será uma data aparentemente fér-til em edições. Neste dia, os STARWALKER, projeto paralelo de JEAN-BENOIT DUNCKEL dos AIR, preveem lançar o seu álbum de estreia. O single “Everybody’s Got Their Own Way” já é conhecido e adivinham-se canções inebriantes no horizonte.

IV. Por sua vez, será também lançado Amen & Goodbye, o novo trabalho dos YEASAYER do qual faz parte o estimulante single “I Am Chemistry” e “Prophecy Gun”.

V. Ainda neste dia, o magnífico duo PET SHOP BOYS irá lançar Super, o sucessor de Electric (2013). Certamente um disco irrepreensível.

VI. Este dia será sem dúvida, uma marca no calendário de 2016, uma vez que também os THE LAST SHADOW PUPPETS, ALEX TURNER e MILES KANE, de novo juntos, apresentarão o seu segundo álbum, Everything You’ve Come To Expect.

VII. Também já se conhece o espetacular single da soberba PJ HARVEY “The Wheel”, retirado do seu novo álbum The Hope Six Demolition Project, que sairá a 15 desse mês.

VIII. Os dinamarqueses THE RAVEONETTES já divulgaram o tema “This World is Empty (Without You)”, uma pequena pé-rola, que em nada desilude os fans da banda. Foi apresentado como primeiro avanço das Rave Sound Of The Month Series, cuja versão integral está prevista ainda para este ano, com a fórmula original de uma música em cada mês do ano. Até ao fecho da edição, ainda não é conhecido a data de lançamento, nem o título de álbum.

IX + X. DAMON ALBARN, o multifacetado mago britânico da música pop, alegou numa entrevista ao Jornal The Sun, que o seu projeto paralelo THE GOOD THE BAD AND THE QUEEN, apresentará finalmente o sucessor do álbum homónimo, ain-da este ano. O cantor também referiu que tem planos para lançar novo material dos GORILLAZ. Até ao fecho da edição, ainda não são conhecidas as datas de lançamento dos discos, nem os seus títulos.

O esforço é ele próprio um feito: assim é o trabalho de SAM ALONE & THE GRAVEDIGGERS. Depois de Dead Sailor (2008), Restless (2009) e Youth In The Dark (2012), o álbum Tougher Than Leather (2014) é editado mundialmente no dia 18 de março deste ano pela editora PEOPLE LIKE YOU RECORDS. Um verdadeiro testamento para ser ouvido, Tougher Than Leather –escrito e composto por POLI CORREIA, mentor da banda de hardcore DEVIL IN ME– é único na sua capacidade em elevar a esperança, entregando conselhos a quem os quer ouvir. Subtis, são preenchidos por uma inteligência in-comum e humildade que só poderiam ter vindo de um per-curso sem ressentimentos.

Ouvi-lo atentamente é cristalizar emoções. Num fluxo de resiliência e tenacidade, cada canção parece querer esten-der-se ou confrontar-se com a anterior. Compromisso, in-quietação, confiança, deceção, coragem e persistência ele-vam-se em simultâneo com solos magníficos. Por fim, a intensidade do single Tougher than Leather torna-se inevi-tavelmente no motor de todas elas: I know that we stand as one! I know that we will be heard!

O que faz este álbum tão especial é que nas suas extremida-des está a soma de uma série de vontades em que o amanhã seja melhor do que o ontem. Através de uma sonoridade mui-to própria que vai buscar ao rock n’roll, ao folk, ao country e aos blues a sua virtude, Tougher Than Leather é uma ode a todos os veteranos das suas próprias guerras que acreditam que a glória não é uma utopia.

Próximos Concertos

18.03.16 – Canecas Bar (Paços de Ferreira, Portugal)19.03.16 – RCA Club (Lisboa, Portugal)

30.03.16 – Hafenkneipe (Zürich, Switzerland)31.03.16 – Altes Schlachthaus

(Herzogenbuchsee, Switzerland)01.04.16 – Alte Hackerei (Karlsruhe, Germany)

02.04.16 – AJZ (Chemnitz, Germany)04.04.16 – Lux (Hannover, Germany)

05.04.16 – Cassiopeia (Berlin, Germany)06.04.16 – Rock Cafe St. Pauli (Hamburg, Germany)

07.04.16 – Trompete (Bochum, Germany)08.04.16 – W2 (Den Bosch, Netherlands)texto por Carlos Alberto Oliveira

fotografia por Catarina Espiga - Kitty Cat Kustom Arts

texto por Teresa Melo

D e z Sam Alone& The Gravediggers:

Tougher Than Leather

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Y o u M u s t L i s t e n Y o u M u s t S e e

P A R Q M a g a z i n e P A R Q M a g a z i n e

texto por Ana Rodrigues

D i o g o

E S P E C T R OM a t e r n i d a d e

Partimos à descoberta do universo do artista DIOGO ESPECTRO, que emerge entre as artes plásticas, a música, a moda e a banda desenhada. Reconhecemos-lhe a crueza da expressão que surge como uma experiência elementar e na-tural, à qual é necessário ceder o devido tempo e espaço –algo que, reconhece, nem sempre é fácil de coadunar com outras exigências quotidianas.

Tendo a poesia como ponto central do seu trabalho artís-tico, é a partir desta que se desenham outras experiências criativas. Na sua performance em palco, enquanto vocalista da banda THE ELECTRIC HOWL, revelam-se os meandros des-ta força criadora: toda a performance em que sou envolvido pela música é incrível, estar a tocar, suar, perder a voz e de-pois não me lembrar de nada, só sei que aconteceu –e que soube deliciosamente bem.

Para DIOGO é determinante rodear-se de uma atmosfera cria-tiva, em todos os pequenos achados: desde o espaço, aos ob-jetos ou à roupa, todos com um papel determinante na música e na expressão artística. É incrível quando todas essas cor-rentes artísticas misturadas acabam por formar algo coeso ou mesmo caótico, mas que resulta. «Não há uma sensação de conforto face a estes objetos artísticos, mas sim uma provo-cação. Se isso acontecer, estou a fazer o meu trabalho bem.»

Este é um espírito que herda dos gestos contraculturais que pontuaram o século anterior. As suas influências revisitam as incontornáveis referências do rock, com BEATLES, PINK FLOYD, LED ZAPPELIN ou PATTI SMITH. Demostra ainda espe-cial interesse pela cultura juvenil americana da década de 90, com NIRVANA, HOLE, SOUNDGARDEN ou SONIC YOUTH. Nas artes plásticas, a mesma irreverência –desde PICASSO, ANDY WARHOL, BASQUIAT, DON VAN VLIET (Captain Beefheart), PIPILOTTI RIST ou KIM GORDON.

Ghosts & Highways, exposição individual de pintura, está pa-tente no EKA PALACE até ao início de março, à qual se segue outra exposição com a PARATISSIMA. Este ano podemos ainda esperar a publicação de um livro de poemas e ilustrações, mui-tos concertos e o lançamento de um EP de THE ELECTRIC HOWL.

Sob o sol febril de 2014, andávamos ocupados a tentar justi-ficar a súbita onda de calor daquele verão, e eis que nascia, discretamente, a MATERNIDADE. Corpo estranho, em fase de puberdade, difícil de catalogar nos termos habituais. Não é uma editora, trabalha como agência e promotora, mas não é nenhuma destas coisas num sentido estrito. Assume-se, sem afirmações categóricas, como uma comunidade que reúne uma série de valências transversais, de modo a facilitar a cria-ção e promoção de novos artistas.

Apesar de tudo, no início estava a música –a música e as vontades de VAIAPRAIA, VAN AYRES e FILIPE SAMBADO. Os pri-meiros passos foram motivados pela necessidade de agen-dar datas e pela vontade de organizar concertos com outros músicos, amigos mais ou menos próximos. Assim surgiu o EXÍLIO no Minho, uma série de eventos organizados na Casa dos Amigos do Minho (Rua do Benformoso, no Intendente). Por esta altura a MATERNIDADE era batizada, contando mes-mo com o aval de quem melhor sabe destas coisas de nomear –uma mãe–, e solidificava a ideia de um projeto assente nos princípios do it yourself e do it together.

Fecha-se um ciclo, abre-se outro. Como qualquer outra coi-sa viva, a MATERNIDADE cresce como um organismo, que se adapta e evolui em função do meio. A residência no DAMAS (Rua da Voz do Operário, na Graça) é caso disso mesmo, mantendo-se regular desde que o espaço abriu portas, em Abril de 2015. Toma a intenção curatorial herdada dos EXÍLIOS e revela o know-how gradual de quem acompanha o projeto e cresce junto com ele.

Atualmente, a MATERNIDADE agencia um catálogo de artis-tas locais (que vai crescendo), reunindo LUÍS SEVERO, MIGHTY SANDS, FILIPE SAMBADO, VAIAPRAIA, CLEMENTINE, CALCUTÁ e JASMIM. Simultaneamente, faz booking de artistas internacio-nais, tendo recebido PEACH KELLI POP, DOG LEGS, CATHEDRALE e LULL, que asseguraram datas dentro e fora de Lisboa. Num

contexto em que a música atrai cada vez mais investimen-to, especialmente por parte dos grandes promotores, a MATERNIDADE traduz a necessidade de cultivar um espaço su-balterno em que projetos pequenos e independentes cum-prem a necessidade de acompanhar artista, numa etapa preli-minar –um momento mais frágil, mas que não deixa de ser o mais fértil. Este é, antes de mais, um espaço afeto à possibi-lidade, em diálogo com artistas visuais e programadores que trabalham no contexto da comunidade.

No final do ano passado, em aliança com a DAMACHINE, foi organizado o Girls to the Front –um dia de programação que celebrou a relação íntima entre o feminismo e o punk na cultura pop, cruzando música, conversas, filmes e per-formance. O evento é descrito como um «laboratório de outras coisas por vir», desvelando a intenção futura de pro-porcionar momentos que visam questionar quer o momen-to presente, quer a realidade local, a partir de uma posição politicamente comprometida com o rumo e a fluidez do fe-minismo contemporâneo.

Mantendo o formato de residência regular, o mês de fe-vereiro apresenta a primeira sessão de Domingos na Incubadora, uma nova programação dedicada à exibição te-mática de filmes, em matinés mensais com encontro marca-do n’O ARRANCA CORAÇÕES (Calçada do Cardeal, em Santa Apolónia).

Sem nunca assumir a prerrogativa sobre o trabalho criativo dos artistas, a MATERNIDADE traduz o seu selo como um espa-ço de acolhimento em que se partilham meios, experiências, laços afetivos e um fervor adolescente que nunca se apaga. Este corpo estranho permanece em mutação e amadureci-mento constante, seguro do talento que acolhe. Se, porven-tura, ainda não houve oportunidade de passar por um dos eventos da MATERNIDADE, ou descobrir um dos seus artistas, garantimos que a ocasião estará para breve.

texto por Ana Rodrigues

fotografia por Carlota Andrade

styling por Sérgio Simões

make-up por Cristina Cottinelli

calças e sweater CHEAP MONDAY e sapat i lhas One Star da CONVERSE em hair y suede

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P A R Q M a g a z i n e P A R Q M a g a z i n e

H I B U

Quando os designers MARTA GONÇALVES e GONÇALO PÁSCOA decidiram avançar com a HIBU em 2012, compartilhavam o desejo de criar um projeto transversal.

“Hibu” é uma alteração da palavra francesa hibou, que significa mocho ou coruja, mas não é por esse motivo que a inspiração deste duo dinâmico é particularmente noctívaga. Certos de conseguir incluir tudo e todos, nasceu uma marca conceptual marcadamente minimalista, que derruba quaisquer fronteiras de género. Coleções unissexo, de modo a preparar um futuro inclusivo e tolerante.

Os designers portugueses deram nas vistas no último PORTUGAL FASHION com a coleção “Impression#2”, um trabalho singular que recusa a sua própria definição e privilegia a múltipla interpretação de quem a lê. Seguiu-se a participação no INTERNATIONAL FASHION SHOWCASE, em Londres.

Visto daqui, o futuro da HIBU parece risonho. Aconselhamos a que estejam atentos à próxima coleção. Esperamos conseguir ultrapassar quaisquer expectativas, garantem os criativos inclusivos.

texto por António Pereira Ribeiro

fotografia por Pedro Pacheco

styling por Sérgio Simões

make-up por Marta Matias

hair Maria Castello Branco para a Slash Creative Hair Studio

modelos

Rufane Tomas@DabanDa MoDels

Claudio Gonçalves @Karacter MoDels

Agradecimentos Slash Creative Hair Studio, Lisboa

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Apesar de ter começado como uma empresa italiana de calçado de montanha, a DIADORA depressa adaptou-se aos ideais da prática desportiva no seio da sociedade europeia, apostando em calçado destinado ao futebol e ao running. Um dos seus modelos dos anos 90 que maior celebridade ganhou foi o N9000, que se tornou o calçado de eleição dos campeões de corrida dessa era. Para celebrar, a DIADORA recria-o nesta estação com os materiais em pele e cores idênticos aos originais. Para isso, passou a fabricar este modelo na sua própria sede em Itália, revitalizando as antigas máquinas de fabrico artesanal que estavam inativas há mais de uma década.

Criando peças clássicas sem complicações, a Authentic Collection celebra esta estação, o espírito da originalidade. A marca inglesa de vestuário desportivo, que inspirou grande parte das subculturas, renova os polos e os cardigans clássicos de fecho que aparecem agora em tecido waffle e malha Argyle. O estilo moderno do outerwear faz destacar um blusão feito com tecido técnico suíço Schoeller que rivaliza com o eterno Harrington, o Bomber jacket e a Parka. Este ano, os bolsos de alguns modelos aparecem com detalhes de costura contrastante, inspirados pelo original Tennis Bomber de 1950. Tudo isto, porque a coleção FRED PERRY Authentic é usada para ser reconhecida. A coroa de louros é como uma medalha de honra.

Or ig ina ls

A LE COQ SPORTIF regressa às suas raízes com uma linha de roupa inspirada no melhor que sempre soube fazer no sector têxtil. A coleção retoma a qualidade e autenticidade dos tecidos da época redesenhados para garantir um elemento de moda. Para o homem, as peças baseiam-se no vestuário desportivo, com um componente de lazer e têm sempre detalhes que se confundem, por vezes, com as cores francesas. Para a mulher, a coleção mantem as mesmas linhas de força, mas inspira-se essencialmente na prática do ténis clássico, conferindo um aspeto elegante e très chic.

French Sport

Madein Italy

A MERRELL propõe esta primavera dois modelos versáteis pensados para o dia-a-dia de cada um. Com um estilo casual de inspiração atlética –Civet para senhora e Versent para homem– foram desenhados para serem ultraleves e proporcionarem o máximo conforto e uma passada suave tanto num ambiente urbano como num passeio mais exigente.

Civet

&

Versent

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Porque a proposta de criar uma linha de relógios em aço que não representa apenas força e dureza, mas também um senti-do inovador e ousado ainda se mantém. A DIESEL tem renova-do periodicamente algum dos seus modelos de maior suces-so. O Ironside chega com nova roupagem e duas combinações possíveis: bracelete preta com mostrador preto e laranja ou bracelete verde escura com mostrador creme e vermelho. A escolha depende apenas do estilo pessoal de cada um.

Sempre irreverente, MARC JACOBS propõe para a coleção de eyewear desta estação, a reinterpretação de formas básicas que confere aos seus modelos um design futurístico. Destaca-se este modelo de óculos redondo com uma rara armação metá-lica e ultra plana cromada em contraste com as lentes colori-das. A primavera está aí e só pode ser muito atraente.

A PEPE JEANS LONDON em colaboração com a ONG BAHATI criou uma coleção cápsula de calçado para a Primavera/Verão 2016, inspirada nos prints etíopes. Traduz-se num conjunto de alpercatas para homem, mulher e júnior com desenhos geo-métricos e decorativos que refletem o trabalho artesanal cria-tivo da Etiópia. O objetivo da BAHATI, Organização lançada em 2012 em Barcelona, é a de reduzir a taxa de mortalidade ma-terna e infantil nos países africanos subdesenvolvidos através da distribuição de aparelhos de scanner ultrassom. Parte dos lucros das vendas desta coleção cápsula revertem, portanto, a favor desta missão.

I r o n s i d e

B e a u t y

Marc round

Pepe &Bahati

Noite

Pegar num clássico e rejuvenesce-lo para que se torne mais estimulante junto do público jovem e trendy, parece ser a pro-posta do novo perfume da YSL. Mantendo a natureza miste-riosa do antecessor Black Opium, Nuit Blanches equilibra os cheiros díspares da pimenta rosa, da laranja, da peónia, da baunilha, do café e do sândalo sobre um véu de almíscar bran-co. Uma fragrância concebida para viver a noite intensamente, sem limites, até à manhã do dia seguinte.

90s

Depois de ter criado a Blush Pallete para a URBAN DECAY, a cantora norte americana GWEN STEFANI, um dos ícones da moda dos anos 90, estende a sua colaboração propondo um Glide-On Lip Pencil. Um lápis delineador à prova de água para definir e moldar os lábios. Esta linha de batons mates garante uma cor intensa numa só camada. Um exclusivo SEPHORA.

Interdito

Um brilho extraordinário, cores altamente luminosas e um es-pantoso efeito vivo: assim poderia definir-se a Rouge Interdit Vinyl, uma nova geração de batons da Givenchy para mulheres urbanas e irreverentes. Está disponível em 16 tons.

Eternos

A partir do sucesso de Infusion d’Iris, a PRADA criou mais cin-co novos eau de parfum: Fleur d’Oranger, Iris Cédre, Vetiver, Oillet e Amande. São fragrâncias clássicas que vagueiam na nos-sa memória e recorda-las, são autênticas viagens ao passado.

texto por Maria São Miguel

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Artefato Zulu

Levis

Boss

Linda Farrow Fred Perry Nixon

IgorAdidas Originals

Adidas Originals Fila

Escultura de Anish Kapoor

Le Coq SportifFred Perry Element

DiadoraPepe Jeans x Bahati

Volcom

CAT Reef

ANERKJENDT

Merrell

Dr Martens

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Malibu (2016) sucede a Venice (2014) no périplo pessoal de ANDERSON .PAAK, cantor soul de exceção que é igualmen-te um dos grandes obreiros do futuro. Se o desmedido talento exposto até ao osso em Malibu não fosse tão evidente –voz de homem de trinta anos que viveu muito, que carrega óbvias ci-catrizes e transporta tudo para dentro da sua arte, sem filtros ou máscaras– poderia convencer-se qualquer cético enume-rando argumentos extra no percurso deste nativo de Oxnard, Califórnia (mesma terra de Madlib).

.PAAK trabalhou com SHAFIQ HUSAYN dos SA RA CREATIVE PARTNERS, acusou no radar da Stones Throw depois de algu-mas edições de menor visibilidade, construiu uma cumplicida-de com o produtor KNXLWLEDGE no projeto NXWORRIES e assinou uma participação de altíssima visibilidade em seis dos temas de Compton – A Soundtrack, o suposto álbum de despe-dida de DR. DRE. Já este ano, ANDERSON .PAAK fez saber que está a trabalhar com FLYING LOTUS e anunciou a sua assina-tura de contrato com a Aftermath de DRE. Qualquer uma des-tas entradas no seu rico currículo poderia servir de pilar para assentar uma carreira. Mas além disso tudo, .PAAK ainda edi-tou Malibu. Impressionante, de facto.

Filho de uma camponesa sul-coreana e de um ausente solda-do da força aérea americana que fez também carreira como

mecânico e presidiário, .PAAK sabe que a vida não é uma su-cessão de capítulos cor-de-rosa. E tudo isso existe na sua mú-sica: a luz e a sombra, o riso e o lamento. Na faixa de abertura “The Bird”, a voz passa em revista a sua a magoada biografia, retirando daí não os abismos, mas a dignidade com que se ul-trapassaram os obstáculos. Na sua voz a verdade vive livre.

ANDERSON .PAAK também é produtor e compreende as dinâ-micas da música, as suas diferentes eras, as suas múltiplas to-nalidades. O novo álbum navega entre soul clássica, devedora dos monumentos da Motown, hip hop dos anos 90 ou estilis-mos eletrónicos mais contemporâneos. E em todos esses con-textos, .PAAK soa natural, como se pertencesse a cada um dos lugares que se digna visitar, sem nunca se deter excessivamen-te em nenhum deles.

Com colaborações certeiras de gente como BJ THE CHICAGO KID, SCHOOLBOY Q, RAPSODY ou TALIB KWELI, .PAAK nunca se deixa ofuscar pelo igualmente assinalável talento das suas companhias, antes deixa claro que é tanto homem de mo-nólogos quanto de diálogos. Malibu vai ser um daqueles discos que vamos reencontrar no final do ano, quando se fizerem as contas ao que de melhor 2016 nos deixa. É o good kid, mAAd city que precisava de fazer agora. Quando assinar o seu próprio To Pimp a Butterfly o mundo já não o vai poder ignorar mais.

Dos férteis terrenos de Los Angeles emerge mais um notável talento que pega na soul para lhe oferecer uma nova perspetiva. Dr. Dre já é fã!

A n d e r s o n . P a a kS o u n d A n d e r s o n P a a k

P A R Q M a g a z i n e

S o u n d A n d e r s o n P a a k

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texto por Rui Miguel Abreu

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T i n d e r s t i c k s

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T i n d e r s t i c k s

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O namoro entre a música dos TINDERSTICKS e o cinema já é habitual, quer pela estrutura e textura das suas músicas, quer pela colaboração com cineastas, como a realizadora CLAIRE DENIS na construção das bandas sonoras dos seus filmes. Este novo álbum explora sobretudo essa lógica. A par das músicas, o disco conta também com a colaboração de vários realizadores como CHRISTOPH GIRARDET, PIERRE VINOUR, GREGORIO GRAZIOSI e CLAIRE DENIS para ilustrarem visualmente as faixas de The Waiting Room.

A referência cinematográfica começa logo na faixa de aber-tura com o instrumental “Follow Me”, um cover do tema de BRONISLAU KAPER, que em 1962, fez parte da banda sonora do filme Mutiny on the Bounty (LEWIS MILESTONE, 1962). Está assim dado o mote para a simbiose perfeita. O spoken word contribui ainda mais para a construção ci-nematográfica do disco, sendo “How He Entreded” o melhor exemplo. Com STUART a emprestar a voz a uma história de-sencantada e acompanhado por toda uma orquestração de sons familiares, o resultado é uma poderosa canção, como não se via desde “My Sister” de 1995.

Os restantes instrumentais, “This Fear of Emptiness” e “Planting Holes”, partem de inícios idênticos, que poderiam ser associados à chuva a cair em tachos e panelas de zinco, altamen-te sugestionável para uma célebre cena de um filme. A melanco-lia das melodias faz o resto, conduzindo o ouvinte para lugares pessoais, sentimentos e pedaços de memórias das suas vidas.

Novamente recorrendo a uma narrativa forte, “Second Chance Man” conta a história de um amor encontrado antes de ter sido identificado. Mais uma vez a voz de STAPLES cresce ao ritmo da canção, numa luta entre a contenção e a detonação, termi-nando num doce sussurro.

Ainda que seja habitual recorrerem aos trompetes Mariachi, a ver-dade é que estes nunca soaram tão bem como em “Help Yourself”, sobretudo com elementos afrobeat a servirem de contraponto.

O primeiro single a ser retirado do álbum, “Were We Once Lovers?”, regista um baixo com acordes que denunciam uma matriz disco invertida. Como se constata regularmente, a voz acompanha a canção, embora alcançando aqui o seu mais alto registo do álbum.

O centro nevrálgico do disco encontra-se em “Hey Lucinda”. A música desenrola-se numa conversa swingante entre STAPLES e LHASA de SELA, numa tentativa de convite para dançar. Curiosamente este é o tema mais antigo do álbum, gra-vado pouco antes da prematura morte de SELA. Provavelmente só agora, com o passar do tempo, se reuniram as condições emocionais para se poder trabalhar condignamente a música e, finalmente integrá-la no alinhamento de um álbum.

Também o tema “We Are Dreamers”, conta com a participa-ção de uma convidada, a JEHNNY BETH das SAVAGES. O ambiente tenso cresce ao som de precursões e de um saxofo-ne, numa melodia claustrofóbica, atingindo a apoteose numa convulsão alternada das vozes de STAPLES e da JEHNNY, na reta final da música.

O tema que dá o título ao álbum “The Waiting Room” e “Like Only Lovers Can”, que encerra o mesmo, remetem a banda para territórios já explorados nos outros álbuns. Aliás, não fos-se pelo poderosíssimo apelo ao cinema, este trabalho não ti-raria a banda da sua zona de conforto, como aconteceu com Simple Pleasures (1999) ou até mesmo os dois últimos registos The Something Rain (2012) e Falling Down a Mountain (2010).

É verdade que o ambiente Noir, os cigarros, o whiskey, a de-cadência chic dos bares dos anos 50 e a postura de crooner de STAPLES sempre esteve presente na aura da música da banda, mas a materialização dessa atmosfera cinematográfi-ca atinge a sua expressão máxima neste disco. The Waiting Room funciona como a construção de uma banda sonora do filme das muitas vidas dos TINDERSTICKS. Da minha vida. Da sua vida. Da nossa!

No ano em que completam 25 anos de carreira os TINDERSTICKS lançam mais um álbum assinalável na sua imaculada discografia. The Waiting Room não ilude ninguém porque não promete soluções rebuscadas ou reinvenções do género musical. Pelo contrário, aqui contam-se as histórias urbanas de seres comuns e dos seus pequenos demónios, inspirações recorrentes da banda. Criam-se ambientes para que os sentimentos respirem e se libertem. Vive-se a música no seu pleno e no seu propósito. Aliás, como sempre o fizeram.

T i n d e r s t i c k sCinema Melancolia texto por Carlos Alberto Oliveira

S o u n d S o u n dS t a t i o n S t a t i o n

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C h e f s

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C h e f s

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C e n t r a l C e n t r a lF o o d F o o d

Basta um zapping rápido pelos canais televisivos. Comida, receitas, chefs aos berros, facas a voar, concursos e eliminatórias. Nem é preciso sair dos generalistas que o fenómeno chegou há algum tempo. A cozinha virou palco e é já ponto de interesse do público em geral. Mas se descermos à terra vemos que talvez a realidade não seja assim. Pelo menos, essa é a opinião deste grupo de chefs, todos sub-30 e com experiências além-fronteiras. Estão os três a trabalhar na capital, com projeto próprio ou não, e vêm dar-nos umas luzes acerca do que é isto que é trabalhar na cozinha.

P o r A m o r à J a l e c a

Uma nova geração de Chefs portugueses

Car los FernandesLoco

Elogio à Loucura

E se em vez do esperado bolo de chocolate ou fatia de tar-te, aparecer caril e aipo no prato? «As sobremesas que eu gosto de fazer são muito pouco consensuais,» diz CARLOS FERNANDES, pasteleiro do LOCO, um restaurante de alta cozinha ali ao lado da Basílica da Estrela. Com vinte e qua-tro anos e dez de experiência (entrou para a escola com 14), o chef pasteleiro –ou simplesmente pasteleiro como prefere– gosta de usar produtos menos convencionais. «Dá-me gozo ver até que ponto posso explorar o ingrediente e até onde posso provocar as pessoas, desafiando por completo o que se espera da sobremesa.» Não escolhe preferidos entre os in-gredientes, «visto que estamos sempre na ponta do iceberg daquilo que os podemos utilizar,» explica. Apesar destas lou-curas, admite: «Sou viciado em chocolate e o arroz doce da minha mãe é o melhor do mundo.»

Durante o curso de cozinha na Escola de Hotelaria de Lisboa passou por vários restaurantes estrelados como o ALEJANDRE DEL TORO em Valência (na altura com uma

estrela Michelin). «Foi aqui que ganhei aquela paixão pela profissão, um momento decisivo para mim, decidi que este ia ser o meu caminho e o nicho onde me iria inserir,» conta o chef referindo-se à alta cozinha. Aprofundou a formação com MARTIN BERASATEGUI no País Basco (três estrelas) e com PACO TORREBLANCA, uma referência no mundo da paste-laria. Depois, novamente com MARTIN BERASATEGUI em Tenerife, onde presenciou a segunda estrela do restaurante: «A ressaca no dia a seguir é horrível.»

Mas porquê a pastelaria? «Tem muito método, muita ordem, ao mesmo tempo tens uma possibilidade de ser criativo que é imensa, tens uma vastidão de elementos que podes usar e com os quais podes criar,» explica.

Neste momento podemos encontrá-lo “na loucura do LOCO” como o próprio descreve, a magicar novas sobremesas: «Há pessoas que adoram e há pessoas que detestam, acaba por ser por um lado divertido ver até que ponto reagem bem ou mal algo fora da caixa,» desafia.

texto por Sara Bernardino

fotografia por Silvia Martinez

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Pela Avenida

À nossa volta existem apontamentos de verde entre as tábuas de madeira que enchem as paredes e ainda grandes reproduções de Carvaggio e Velázquez. «Aqui, se calhar ao contrário da ima-gem que as pessoas têm, a nossa ideia é fazer um restaurante de cozinha informal e descontraída,» explica MANUEL LINO. O chef do TABIK quer fazer pratos saborosos e fáceis de entender, mas com um toque criativo e que marque a diferença.

«Quando se rendeu ao mundo da cozinha ainda não era nada do que é hoje, nem pouco mais ou menos, mesmo a nível a de quantidade de chefs mediáticos, tudo era menor,» explica. Entrou na área encorajado pela mãe e porque simplesmente gostava de comer. Durante o curso de 3 anos fez vários está-gios e foi aí que o fascínio surgiu. A escola é sempre um mun-do irreal em comparação com o mundo lá fora e depois da experiência no VILA VITA no Algarve voltou com uma pers-petiva diferente e com mente mais aberta, «já só pensava nis-so, já investia tempo e dinheiro a comprar livros e revistas» diz o chef de 29 anos.

Passou pelo PRAGMA e pelo restaurante da QUINTA DE CATRALVOS com o chef LUIS BAENA, mas sempre com os olhos postos lá fora. Quando entrou para este último «já sabia que o meu tempo aqui em Portugal tinha os dias contados,» com um estágio planeado no MUGARIZ em Espanha, onde fi-cou cerca de 6 meses. Ao atravessar a fronteira, os horizontes voltaram a alargar e daí “zarpou” para Barcelona, a sua casa durante 5 anos. Passou pelo HOTEL MANDARIN ORIENTAL, EL CELLER DE CAN ROCA e VIA VENETO. Tem assim um currículo preenchido. Mas entretanto voltou para casa e par-ticipou em vários projetos, alguns a solo. No entanto explica que tem ainda um objetivo: «ainda não consegui montar o meu restaurante, o meu negócio.» Entretanto podemos en-contrá-lo em plena Avenida da Liberdade num registo mais descomplicado mas saboroso.

Uma espécie de Chef-Empresário

«Eu tenho estado a fugir ultimamente à alta gastronomia, já tive o meu passado todo. No fundo eu aqui faço o que me apetece.» Quem o diz é o chef NUNO BERGONSE, 28 anos, que a seu car-go tem uma série de restaurantes: MINISTERIUM CANTINA, MARISQUEIRA AZUL, LA PUTTANA e DUPLEX. «Cada vez mais vejo a perfeição na imperfeição,» afirma NUNO depois de 6 anos no mundo da fine cuisine. «A gastronomia não é o preciosismo.»

«Depois da minha passagem pela alta gastronomia, estrelas Michelin e por aí fora, decidi acalmar um pouco e revitalizar aquele espaço,» diz referindo-se ao MINISTERIUM CANTINA no Terreiro do Paço, onde criou um departamento de catering, um conceito novo de restaurante e ainda conta com clube e galeria. «Foi uma autêntica transformação estilo “Querido, mudei o restaurante”.» A seguir, a MARISQUEIRA AZUL, um espaço no Mercado Time Out, que sem fugir ao clássico, ten-ta ter uma imagem mais moderna. E como este chef não para quieto abraçou logo a seguir outra oportunidade de negócio. «Ficámos com este prédio e abrimos dois projetos quase ao

mesmo tempo, com uma diferença de 15 dias, o LA PUTTANA (pizzaria) e o DUPLEX, um bar/restaurante no Cais do Sodré, junto à rua cor-de-rosa. Há tempo para tudo, como eu costu-mo dizer, é uma questão de organização,» afirma.

Ao contrário do que se passa na alta cozinha, em que o resto é tudo uma tropa que está tudo calado e trabalha 18 horas por dia e ninguém pode falar, NUNO BERGONSE foge à norma. «Há regras como é óbvio, [mas] tenho música dentro da cozi-nha. Não sou de todo agressivo, não mando um único grito du-rante um serviço. Não mando, sou contra,» apesar de aprovei-tar o que ficou de experiências passadas em restaurantes como o ELEVEN, HOTEL OMM e o conhecido PEDRO E O LOBO que criou com o ex-sócio DIOGO NORONHA em Lisboa.

Isso significa que a imagem do GORDON RAMSAY aos gri-tos é fiel à realidade? NUNO BERGONSE diz que não, até por-que eles transmitem o que o povo quer, que é teatro basica-mente. «O que as pessoas procuram é dramas, cortes e gritos. Obviamente há uma tensão muito grande, há muita ganância, muita hormona ali a ferver, mas não é a realidade, de todo.»

C h e f s

P A R Q M a g a z i n e

C h e f s

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C e n t r a l C e n t r a lF o o d F o o d

Manue l L inoNuno BergonseTabikMisterium Cantina, Marisqueira Azul, La Puttana e Duplex

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Mohammed Alkouh

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Mohammed Alkouh

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C e n t r a l C e n t r a lF o t o F o t o

A visão fotográfica de MOHAMMED transparece uma cer-ta melancolia. Cada fotografia posiciona-se numa espécie de limbo entre o passado e o presente e é preenchida por memó-rias que acompanham o percurso dúbio, corajoso e persisten-te de milhares de indivíduos forçados pela guerra a abando-nar a sua vida e a construi-la de novo.

Four Hands Can’t Clap faz a analogia a um provérbio árabe que diz que “uma mão sozinha não pode bater as palmas”. E quatro conseguem?

Captados em campos de refugiados, são os homens sírios os protagonistas desta série. There are no women because each one of them has lost the girl he loved. As expressões faciais elevam a persistência e o cansaço extremo é hipnotizante. Após algum tempo passado nestes locais, alcançar a intimi-dade dolorosa dos indivíduos parecia arriscada, mas acessível.

It wasn’t much of a choice more than what was available as it’s not easy to have access to the camps if you’re not a press or with an Organization. For my luck, a friend of mine was doing a project in the camps of Turkey so I went with him. For the camps of Lebanon I had to go with an Aid Organization from Kuwait called “Layan” which was very helpful.

MOHAMMED foca-se na perda, no medo, na energia, no desejo humano pelo amor. Embora serenos, cada rosto tem uma fen-da provocada pela guerra que parece não ter fim. Prevalecem histórias incompletas, projetam-se momentos efémeros de felicidade e de esperança, elevam-se reminiscências tocadas pela presença constante de quem nunca deixaram de amar.

At the beginning I went there searching for couples who felt in love in the Syrian refugee camps but unfortunately I came across only heartbroken young men who lost the women they love. Love was defeated by family values, social expecta-tions, and economic motivations.

O processo de criação é singular. O fotógrafo elege o analó-gico e o rolo a preto e branco como matérias-primas do seu trabalho, o qual, após a revelação, pinta manualmente cada fotografia, transpondo os retractos para um lugar que paira entre o real e o imaginário.

With my work I shoot the things I feel that it’s changing and fading away. My biggest shock in life was growing up, every-thing around me started to change and I began to lose the people I love which is something I didn’t recover from yet. Here where I started to photograph them and everything I wish not to lose framing them in this staged reality so-mewhere between past and present.

Mais do que documental, Four Hands Can’t Clap é um de-poimento geracional, histórico e artístico. Um tributo a uma época de mudança na Humanidade. A maior lição? That the most important thing we need to survive is “hope”, and that love alone is not enough.

O trabalho de MOHAMMED encontra-se no Sultan Gallery.

Natural do Kuwait, o fotógrafo MOHAMMED ALKOUH escolheu os campos de refugiados na Turquia e no Líbano como cenários para provar o triunfo do amor em tempo de guerra. Contudo, nem sempre estas histórias têm um final feliz.

M o h a m m e d A l k o u h

Four hands can’t clap

texto por Teresa Melo

Abdulrahman, Bar e l ias Refugee camp Lebanon

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Mohammed Alkouh

P A R Q M a g a z i n e

Mohammed Alkouh

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Abdulrahman & Mohammed Holding Hands,Bar e l ias Refugee camp Lebanon

Aref, Adana Refugee camp Turkey

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P a o l o C a p e l l o

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P a o l o C a p e l l o

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C e n t r a l C e n t r a lD e s i g n D e s i g n

Em muitos dos seus trabalhos encontramos o som sempre presente. De que modo é importante a música na sua vida?

A música é um componente essencial na vida por-que tem a capacidade de influenciar emoções e es-tados de espírito; em todos os seus géneros, can-to gregoriano ou rock psicadélico, permite gerar emoções. Eu gosto de pensar na música como me-dicina natural. Esta forma de expressão tem a ca-pacidade de despertar o inconsciente.

Ao longo da história do design, os sistemas de som e o mo-biliário foram sendo cada vez mais desenhados em separa-do. Por que razão os une de novo, compactando-os? Estava a pensar na peça Caruso ou em Torototela.

Graças à miniaturização, a tecnologia vai-se inte-grando nos diferentes objetos, abrindo os horizon-tes a possíveis novos mundos para o design. A criação do meu mobiliário musical é gera-da através de uma análise profunda do mercado. Existem muitos produtores de sistemas áudio que tentam miniaturizar os seus produtos, fazendo com que a música se torne cada vez mais invisível e impossível de ser manipulada ou tocada. Eu ten-tei fazer o contrário, trazendo de volta à música a sua dimensão física, de modo a que eu próprio me tornasse parte integrante da mobília, como acon-tece com outros princípios da nossa vida.

Onde foi buscar as influências japonesas para fazer o papel de parede e a tapeçaria?

Sempre fui fascinado pela cultura e arte japone-sa por causa da abordagem discreta e silenciosa. Quando fui convidado pela London Art para criar

uma coleção de papel de parede, fiz um tributo à ilustração japonesa, mas modificando-a e reinter-pretando-a, sem lhe retirar a força. Assim, recriei alguns desenhos utilizando um padrão complexo, feito de linhas curvas. Processo que me fez demo-rar uma semana a fazer cada um.

Em que sentido o trabalho bidimensional é importante para um designer de mobiliário? (Para um designer que faz coisas tridimensionais, digamos assim)

Todos os projetos partem de um desenho feito numa folha de papel. É a transposição imediata de uma ideia. Para mim é impossível projetar usan-do somente um computador: a mão que desenha é o mais importante imediatamente a seguir a ter uma ideia boa para um produto.

O candeeiro suspenso Kiki tem uma forma peculiar? Como é que aconteceu? Quais foram as referências que ajudaram a criar essa forma?

Eu queria criar um candeeiro com uma forma suave, um candeeiro que reproduzisse o calor do barro cozido. Nesse sentido criei a forma subtil e contorcida de Kiki, que me lembra a antiga tra-dição italiana de cerâmica, mas com a adição das cores e combinações.

Quais foram as suas principais preocupações quando criou Vitos? Foram os materiais, a forma, a ergonomia?

Vitos surgiu de um pedido comercial específico: um assento simples para ser usado num local público. O desenho de uma peça para a ser usada num es-paço público pede uma atenção redobrada em to-dos os seus domínios: o material deve ser durável

Paolo Capello é um designer italiano. Cria peças que parecem desafiar as ideias feitas acerca dos objetos e de como estes devem ser no nosso quotidiano. No seu trabalho, procura contrariar a noção comum de que tudo se precipita para uma inevitável miniaturização. Segundo o próprio, uma peça de áudio pode ser outra coisa qualquer. Resolvemos conversar um pouco com ele.

P a o l o C a p e l l otexto por Carla Carbone

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mas igualmente versátil de forma a criar as for-mas desejadas e simultaneamente deveria ser fácil de manter e difícil de destruir, mesmo que usado de forma “agressiva”. As formas e as ergo-nomias devem responder às exigências do públi-co, e assim por diante.Em relação a Vitos, a necessidade surgiu de encon-trar algo adaptável a ambientes jovens, informais, de classe média. Tive que conciliar diferentes as-petos que aparentemente parecem entrar em con-flituo, mas só desta forma foi possível conseguir um produto adaptável e de sucesso, a responder a todos os diferentes requisitos.

Ser designer significa lidar com diferentes materiais e os seus comportamentos imprevisíveis, quando se procura dar-lhes forma. Pensa que é uma das tarefas mais difíceis de um de-signer? (A propósito do projeto Traco).

Se considerarmos que o gosto e o sentido das pro-porções podem ser encarados como capacidades inatas, o conhecimento do comportamento dos materiais, bem como a sua aparência só se conju-gam pela experiência. Quando desenhei o sofá Traco usei pele pela pri-meira vez, por isso, antes mesmo de começar a desenhar, quis ficar em contacto com os artesãos que iam produzir o meu sofá, apenas para com-preender qual o potencial que me era oferecido pelo material. Queria superar o caracter uso da “pele”, como superfície, para recriar, com o volu-me do sofá, os efeitos dados pelas típicas linhas do design 3D. Isto pedia um estudo muito profundo sobre as propriedades da pele, cortes, e a forma como a sua superfície poderia ser dobrada ou pu-xada. Só depois de muitas tentativas fomos capa-zes de encontrar o efeito desejado.

Tilta apresenta uma estrutura muito bonita, subtil e peculiar. Poderia explicar quais foram as escolhas para a sua forma? Referências assim como dificuldades para a criar?

Antes de me sentar na mesa para desenhar Tilta, antes mesmo de lhe desenhar uma forma ou li-nha, verti os meus olhos para o meu “Kindle”. Perguntei a mim mesmo, “se os livros estão a perder a sua fisicalidade, o que guardaremos nas nossas bibliotecas no futuro? E depois? Fará ain-da sentido desenhar estantes no futuro?”. Tilta nasceu destas interrogações, como peça de mo-biliário para abrigar objetos que um dia serão ex-tintos, todos enclausurados numa pequena coisa eletrónica. Por esse motivo decidi fazer uma peça de mobiliário que pudesse existir e tivesse sentido mesmo além da sua função: É uma biblioteca mas também uma escultura doméstica, uma peça de mobiliário com uma imagem forte, reconhecível e icónica. Pode ser até uma estante que nem sequer possa albergar um livro.

Tilta, ao mesmo tempo lembra-me um edifício. Desenhar es-tantes é um pouco como desenhar um edifício? Podemos fa-zer essa analogia?

Existem mais semelhanças do que diferenças no que toca a desenhar edifícios e estantes: o equilí-brio dos elementos, as proporções entre linhas, o cheio e o vazio, o modo como a luz interage com as superfícies, a escolha de cores, são tudo ele-mentos presentes no trabalho do designer, e tam-bém no trabalho do designer. ERNESTO NATHAN ROGERS, um reputado desig-ner italiano disse uma vez que a abordagem para de-senhar uma colher é a mesma para desenhar uma cadeira, um candeeiro e até uma cidade inteira.

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C e n t r a l C e n t r a lD e s i g n D e s i g n

www.paolocappello.com

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C L O S E Rfotografia por Ana Luísa Silvastyling por Sérgio Simões ass. styling por Morgana Andrademake-up&hair por Luciano Fialho

modelos @ Just ModelsFrancisco HenriquesRicardo Cotovio

FRANCISCOpolo FRED PERRY

RICARDOcamisola FRED PERRY

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RICARDOimpermeável ADIDAS

FRANCISCOcap DC, casaco VOLCOM, t-shirt CHEAP MONDAY, calças NIKE

RICARDOtop VOLCOM,

impermeável ADIDAS, Calções PEPE JEANS

FRANCISCOcasaco CARHARTT

FRANCISCOcap DC, t-shirt CHEAP MONDAY, cinto NEW LOOK, calções PEPE JEANS, meias CALZEDONIA, ténis NIKE

RICARDOpolo PEPE JEANS,

calças H&M by DAVID BECKAM, chinelos

PEPE JEANS

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RICARDOcamisola CALVIN KLEIN,

briefs e meias H&M,ténis ADIDAS NMD

RICARDOimpermeável e calções ADIDAS

FRANCISCOsweater e calções

ADIDAS, t-shirt CONVERSE

U N B L O C KC O L O R

fotografia por António Medeirosass. fotografia por Sara Pinheiro

styling por Daniel Baptista Ribeiro & Rita Cerqueira

ass. styling por Joana Borgesmake-up por Inês Aguiar

hair por Cláudio Pacheco com produtos L’Oreal Professionnel

modelos @ KaracterAgency Beatriz AmaralCarla PereiraLucas Ribeiro

CARLAchapéu ISIDRO PAIVAbody NIZZAcasaco MANGOcarteira em pele LOUIS VUITTON

LUCASchapéu ISIDRO PAIVA

camisa e casaco NAIR XAVIERcarteira monograma em

pele LOUIS VUITTON

BEATRIZchapéu ISIDRO PAIVA

colete comprido GONÇALO PEIXOTObrinco em metal

CHEAP MONDAY

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LUCASpolo em jersey LACOSTE

casaco SALSAcalças MANGO

BEATRIZcamisa em seda

MALENE BIRGERcasaco MANGO

carteira LOUIS VUITTON

CARLAcalças com laço CHEAP MONDAY

brinco em metal H&Mvestido camiseiro CAROLINA HERRERA

BEATRIZBlusão bomber CHEAP MONDAY

Óculos em metal CHEAP MONDAY

LUCASfato MIGUEL VIEIRA

colar e anel com pedra COSsapatos COS

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CARLAcamisola sem mangas e óculos de sol MALENE BIRGER

BEATRIZcasaco comprido MANGO

LUCASPólo em jersey LACOSTECasaco acolchoado SALSA

texto por Maria São Miguel

texto por Francisco Vaz Fernandes

MISS JAPPA

Praça do Príncipe Real, 5A, Lisboa19h às 24h.

Sexta e sábado até à 1h.Fecha segunda

telf 211 379 763

BOBALICIOUSGaleria Via Veneto, Avenida

João XXI, 72B, Lisboade segunda a sábado das 9h às 19h

telf 211 356 622

Mesmo a frente do jardim do Príncipe Real, em Lisboa, onde era o antigo Orfeu Café, abriu um novo restaurante japonês. Dirigido pela chef ANNA LINS e pelo seu marido, o sushiman PAULO MORAIS, tornaram-se uma referência no que se refere ao respeito pelas tradições culinárias nipónicas.

O projeto surge da vontade da Go Natural, grupo para o qual ANNA LINS se tornou chef executiva no final do verão de 2015. Mais do que um tradicional sushi bar, o novo projeto procura recriar o verdadeiro ambiente de um restaurante urbano japonês, onde o sushi aparece entre um conjunto de opções. A carta do Miss Jappa reflete essa tendência e por isso, para além do sushi bar, outras quatro se oferecem. Se a referencia a Old Timers nos leva para sugestões clás-sicas da cozinha japonesa, como a sopa misoshiru e as go-zas, já as do capítulo Atarashi – New Timers, oferece-nos uma visão mais contemporânea da cozinha japonesa. O us-suzukuri, uma espécie de carpaccio de peixe branco, é um prato que se tornou bastante comum. Existem ainda pratos quentes dos quais destacamos, os ramen que podem ser de camarão, corvina, espinafres.

É seguramente um restaurante que procura ter uma ementa simples, mas diferente do que se encontra no mercado e com preços competitivos (10 a 12 euros). Poderão estar em vista novos espaços Miss Jappa.

Bubble tea é um método inovador de preparação de chá e chega agora a Lisboa. Este sucesso, que começou em Taiwan nos anos 80 e se alastrou rapidamente a grande parte do continente asiático, tornou-se finalmente conhecido nesta última década na Europa. Londres e Berlim já não dispen-sam este chá com leite, servido bastante gelado num copo com bolas de tapioca cozida, sorvido a partir de uma fat straw, uma palhinha larga de plástico. Mas isto é apenas o básico que a Bobalicious na Av. D. João XXI tem para ofe-recer. A partir de produtos originais importados da Ásia, muito mais se pode juntar a essa mistura com leite ou con-centrado de fruta: popping bobas (esferas de gelatina que li-bertam vários sabores quando são trincadas) ou então gell’s (pequenos pedaços de gelatina). O importante é acrescen-tar texturas, sabores e cores a gosto. Segundo as regras da Bobalacious, nas cinco etapas de um Bubble Tea, é possível fazer mais de mil combinações.

Miss Jappa Bubble TeaP a r q H e r e & E a t

P A R Q M a g a z i n e

P a r q H e r e & D r i n k

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directório de arquitectos

Como encontrar um arquitecto? simulador de custo de obra

Quanto pode custar uma obra? plataforma de encomenda

Se vai fazer uma obra, porque não lançar um concurso? Nós ajudamos.

habitar / sobreviver / transformar / ocupar

Não basta falar sobre a importância dos concursos. Há que promovê-los.

ferramentas filmesconcursos exposiçãoe publicação boas práticas: estórias que

ligaram clientes e arquitectos

A arquitectura é feita de pessoas e estórias. Fomos à procura delas.

29 mar – 29 mai / Garagem Sul - CCB e Ordem dos Arquitectos

Arquitectura em Concurso: Percurso crítico pela modernidade portuguesa

www.escolha—arquitectura.pt

PARCEIRO ESTRATÉGICO CO-PRODUÇÃO ARQUITECTURA EM CONCURSO

CO-PRODUÇÃOBOAS PRÁTICAS

CO-PRODUÇÃOCONCURSOS TEMÁTICOS

ORGANIZAÇÃO PATROCINADOR APOIO À DIVULGAÇÃOMARCA ASSOCIADA APOIO

texto por Francisco Vaz Fernandes

www.academiaparkourl isboa.pt

Recriar os habituais obstáculos de uma malha urbana num recinto fechado de 700 m2 foi o principal repto imposto por ÂNGELO MORAIS (23), HILÁRIO FREIRE (31), RICARDO JORGE (24) e NUNO SANTOS (23), quatro amigos, habitua-dos aos desafios do Parkour. Propõem que a sua academia, a Spot Real, seja um espaço para a prática do Parkour e sirva como sala de treino para os mais experientes mas também de escola para os iniciantes. Os espaços estão bem diferenciados, dependendo do nível e a pensar nestes últimos uma parte da sala é composta por obstáculos forrados, colchões de queda e ainda um fosso de espuma. Todos os instrutores fizeram forma-ção em Inglaterra, o que os prepara para a pedagogia da prática pensada para várias faixas etárias a começar nos seis anos idade.

Há duas formas de pagamento para frequentar o Real Spot: mensalidade de livre-trânsito a 34,95€, ou com entradas diárias, que durante a semana custam 3,95€ e ao fim de se-mana custam 8,95€.

Spot RealPrimeira academia de Parkour

P a r q H e r e & T r y

P A R Q M a g a z i n e

SPOT REAL

Praça David Leandro da Silva, Nº 13, Marvila

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